viagem - 1 - DECAONLINE

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viagem - 1 - DECAONLINE
%HermesFileInfo:V-1:20061017:
O ESTADO DE S. PAULO
V
TERÇA-FEIRA
17 DE OUTUBRO DE 2006 NÚMERO 2096
VIAGEM
&
AVENTURA
FOTOS DIVULGAÇÃO
Chegouasuavez
Confira60pacotes
paracurtiroúltimo
feriadãodoano
É radical. É Socorro
Cidade faz subir a
adrenalina. Seja por
terra, água ou ar
SentineladePedra
Encareaemoçãode
veroAconcágua,na
CordilheiradosAndes
q PÁGS. 4 A 7
q PÁGS. 15 E 16
q PÁG. 16
JERRY LEE HAYES SFCVB/DIVULGAÇÃO
SãoFrancisco
Um tour mágico pela festiva terra da tolerância
A Era Hippie vai longe, mas a cidade mais aberta dos EUA continua só ‘Paz e Amor’ q PÁGS. 8 A 14
7 8 9 10 11 12
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V8 VIAGEM&AVENTURA
TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006
O ESTADO DE S.PAULO
ESTADOS UNIDOS
Flores no cabelo e um sorriso no
rosto: você está em São Francisco
Cidade segue fiel às vibrações dos tempos de paz e amor e cultua sentimento de fuga do ‘american way of life’
SILVIA CAMPOS/AE
Silvia Campos
SÃO FRANCISCO
A cidade que foi o quintal dos
hippies nos anos 60 pode não
ser mais a mesma de quando
Scott McKenzie gravou San
Francisco (Be Sure to Wear Some
Flowers in your Hair), hino do
chamado verão do amor de
1967. Mas São Francisco continua emanando as boas vibrações daqueles tempos de paz e
amor, e dos tais jovens com flores nos cabelos.
Com pouco mais de 790 mil
habitantes, o município californiano tem ruas arborizadas,
pontuadas por coloridas casas
em estilo vitoriano. As amplas
calçadas servem ao vaivém de
pessoas magras, bronzeadas e,
obviamente, de bem com a vida
– há quem desça do ônibus para
dar orientações a um turista.
Cafés, padarias e até restaurantes tailandeses abundam.
Já as redes de fast-food americanas, onipresentes em outros
pontosdopaís,ficamnummerecido segundo plano. “Instantaneamente, me chamou a atenção o sutil mas inegável sentimento de fuga dos Estados Unidos”, disse o escritor americano H.L. Mencken durante uma
visita a São Francisco, em 1920.
A frase é verdadeira ainda hoje.
Historicamente multicultural, a cidade foi colonizada pelos espanhóis no século 18 e, depois, tomada pelos americanos.
Quando ouro foi descoberto na
ENERGIA POSITIVA – Reduto do movimento hippie nos anos 60, cidade destaca-se por suas ruas arborizadas, casas de estilo vitoriano e moradores de bem com a vida
FOTOS CAROL SIMOWITZ/DIVULGAÇÃO
ORIENTE-SE
Até restaurantes
tailandeses são
mais comuns que
redes de fast food
Califórnia, em 1848, aventureiros de todos os cantos foram
praláembuscadeumavidamelhor.“Pessoasdetodaparte vieram a São Francisco para se
reinventar. A cidade foi construída assim”, afirma Tim Zahner, gerente de Relações Públicas do San Francisco Convention & Visitor’s Bureau.
Os imigrantes asiáticos talvez sejam hoje o grupo mais representativo,com30%dapopulação. Foram eles que construíramosfamososdistritosdeChinatown e Japantown.
Os italianos também deixaram sua marca, principalmente em North Beach, a Little
Italy.Umadasatrações do bairro é pura delícia. Trata-se da
Ghirardelli Chocolate Company (www.ghirardelli.com),
fundada em 1852. Esses imigrantes europeus deram também uma mãozinha para criar
outra instituição californiana:
os vinhos dos vales de Napa e
Sonoma (leia mais na pág. 14).
Além de sorridentes, os moradores de São Francisco são
bem abertos. Se a terra do Tio
Sam tornou-se mais puritana
nos últimos anos, ninguém percebe isso por lá. “Esta é uma das
cidades menos conservadoras
dos Estados Unidos”, diz a universitária Nikki Kunioka-Volz,
de 19 anos. Ela faz parte de outraporçãosignificativadapopulação: a de gays e lésbicas.
A bandeira do arco-íris que
representa o movimentogay foi
EUA
NEVADA
OCEANO
PACÍFICO
São Francisco
CALIFÓRNIA
N
Idioma
Moeda
Câmbio
Fuso horário
Inglês
Dólar
R$ 1 vale US$ 0,46
Cinco horas a menos
em relação a Brasília
1-800-344-1055
Para ligar a
cobrar para o
Brasil
Consulado-geral 300 Montgomery
brasileiro em
Street, 900
São Francisco
tel. (00--1-415)
981-8170
INFOGRÁFICO/AE
criada em São Francisco, em
1978. A cidade tem uma das
maiores concentrações de homossexuais do mundo e, não à
toa,foiaprimeiradopaísaaprovar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Um de
seus principais bairros, o Castro, é point de gays e lésbicas do
mundo todo desde os anos 70.
E os grupos convivem sem
problemas. Fica fácil, então, entender por que Scott McKenzie
diz em sua música que você encontrará gente boa por lá. Não
duvide. Embarque no tradicional bondinho vermelho e descubra o charme de São Francisco.
Se não voltar com flores no cabelo, terá um sorriso no rosto. ●
COSMOPOLITA – Imigrantes criaram redutos como Chinatown
ARCO-ÍRIS – Bandeira do orgulho gay foi idealizada lá, em 1978
Viagem feita a convite da Central de Intercâmbio
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ESTADOS UNIDOS
Do barco, todos
os ângulos da
Golden Gate
Cor de laranja forte – e não dourada, como sugere o
nome –, ponte se impõe na paisagem da cidade
SÃO FRANCISCO
Não tem jeito: a primeira imagem que vem à mente quando
se fala em São Francisco é a da
majestosa Golden Gate Bridge.
Seunome significa“portãodourado”, mas a ponte não tem – e
nunca teve – esse tom: é laranja
bem forte, como o uniforme da
seleção holandesa de futebol. A
denominaçãofoidadaàestrutura por causa do trecho de mar
que ela atravessa, o Estreito de
Golden Gate, e não o contrário,
como muitos pensam.
Com1.280metrosdecomprimento,aGoldenGatelevou quatro anos para ser construída e
custou US$ 35 milhões. Era a
maior ponte de suspensão do
mundo quando foi inaugurada,
em maio de 1937 (hoje, ocupa o
oitavolugarda listalideradapela japonesa Akashi Kaikyo, de
1.991 metros).
Uma das melhores formas
para apreciar o mais importantecartão-postal deSãoFrancisco é a bordo dos cruzeiros que
saem do Píer 39, na região de
Fisherman’s Wharf. O barco
passa por baixo da ponte, o que
permiteanalisar bem suaestrutura e fotografá-la de vários ângulos. Não se esqueça de levar
um casaco, porque o vento não
dá trégua.
Fique preparado, também,
para a possibilidade de a Golden Gate estar encoberta. A névoa, típica da cidade, até motivou a escolha da cor da ponte: o
laranja chama atenção em meio
à neblina. O passeio de uma hora da Blue & Gold Fleet (www.
blueandgoldfleet.com) custa
US$ 21.
Para os que estão em forma,
Está em forma?
Encare o trajeto
numa bike alugada
a US$ 7 por hora
uma boa pedida é atravessar a
Golden Gate numa magrela. “É
tudo plano e bem fácil de andar”, garante, em português, o
funcionário da locadora de bikes Blazing Saddles (www.blazingsaddles.com). O paulista
Raphael Bello Leon, de 22 anos,
trabalha há dois meses numa
unidade da empresa na Píer 41.
Leon recomenda que os turistas atravessem a ponte e sigam para a charmosa cidadezinha de Sausalito. “Lá, há muitos restaurantes. É ótimo para
fazer turismo.” São 13 quilômetros, ou uma hora e meia pedalando. A volta a São Francisco
pode ser feita de balsa. “Nós já
damos o tíquete da balsa, que
custa US$ 8,50. A pessoa só paga se usar.” O aluguel das bicicletas custa US$ 7 por hora, ou
US$ 28 por dia. O valor inclui
capacete e um mapa que mostra como seguir a ciclovia até
Golden Gate e Sausalito.
PARQUE
Toda grande cidade tem um
playground. Em São Paulo, é o
Parque do Ibirapuera, em Nova
York, o Central Park e em São
Francisco, o Golden Gate Park.
Apesar do nome, a área verde
não fica muito perto da ponte,
mas é fácil chegar até ela. Basta
pegar os ônibus 5 ou 21, que passam pela Market Street, na região central da cidade.
Maior do que o Central Park,
o Golden Gate tem localização
privilegiada: fica entre o famoso bairro hippie de Haight Ashbury e o Oceano Pacífico. A
área verde tem museus, planetário, jardim japonês e até um
cercado com bisões.
Um dos destaques é o Conservatory of Flowers. A estufa
municipal foi construída em estilo vitoriano e inaugurada em
1879.“Éa coisamais maravilhosa que você pode imaginar”, diz
O
SÓ FLORES – Gramado do Golden Gate Park é preferido das noivas
o taxista Ranulto Teixeira.
Também brasileiro, ele mora
há cinco anos e meio em São
Francisco e adora passear no
Golden Gate Park.
A entrada para o Conservatoryof Flowers,que abrede terça a domingo, custa US$ 5. Em
frente à estufa, canteiros de flores formam um dos pontos
mais pitorescos do parque. Por
causa de sua beleza, virou o trecho preferido das noivas, que
atravessam o gramado de véu e
grinalda só para tirar fotos com
as flores ao fundo.
O Golden Gate tem também
seu lado alternativo, o Hippie
Hill, gramado perto da Haight
Streetque testemunhouasmuitas experimentações dos hippies. Hoje, vale conferir as rodas de batuque que reúnem jovensda região. Masvá preparado: segundo estudantes da San
Francisco University, que fica
perto do parque, as “viagens”
ainda ocorrem por lá. ● S.C.
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V10 VIAGEM&AVENTURA
TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006
O ESTADO DE S.PAULO
ESTADOS UNIDOS
Japão, China e Itália se misturam
num festival de cultura e delícias
A cada esquina, um rosto com fisionomia diferente. Em alguns momentos, a sensação é de estar em São Paulo
SANDOR BALANTORI SFCVB/DIVULGAÇÃO
SÃO FRANCISCO
Não é preciso conhecer a história de São Francisco para saber
que a cidade é extremamente
multicultural – basta olhar à
sua volta. A fisionomia das pessoas é tão variada quanto a da
população de São Paulo. Uma
conversa rápida com taxistas e
lojistas revela que um veio da
CoréiadoSul,outrosaiudaRússia e um terceiro, do Afeganistão. Também não faltam brasileiros, claro.
Historicamente,chineses,japoneses e italianos sempre formaram os grupos de imigrantes mais representativos de
São Francisco. Essa mistura só
poderia ter um resultado delicioso: uma farta seleção de restaurantes, concentrados em
bairros típicos de cada cultura.
Comece a aventura gastronômica comendo dim sum no
Chinatown, reduto dos chineses. Trata-se de uma espécie de
rodíziode petiscosorientais. As
garçonetes passam carregando vasilhas com porções de rolinhos primavera e bolinhos de
camarão ao vapor, entre outras
guloseimas, e as pessoas da mesaescolhemoquequeremexperimentar.NoFourSeasonsRestaurant (00--1-415-989-8188),
as porções custam entre US$ 2
e US$ 3.
Enquanto estiver em Chinatown, não deixe de apreciar os
prédios de arquitetura chinesa
e os postes com lanternas típicas.Tambémreserveumtempinho para as compras. A Grant
Avenue, a via principal do bairro, conta com lojas que vendem
desde budas de plástico a antiguidades chinesas.
Para a próxima parada, que
tal saborear um fondue no bairro japonês, o Japantown? Calma, não se trata do tradicional
prato suíço com pão e queijo
derretido, mas de shabu shabu
e sukiaki, pratos que o restaurante
Shabu-sen
(00--1-415-440-0466) anuncia
como sendo “fondue japonês”.
O conceito é realmente semelhante ao da iguaria. O shabu
shabu (US$ 13,95) seria como o
fondue de carne. As pessoas recebemvasilhascom carnefatiada fininha, legumes e cogumelos shitake para serem cozidos
num caldo de peixe quente, que
fica no centro da mesa. Já no
sukiaki (US$ 14,95), a carne e os
legumesvêm cozidos e quentes.
Antesde comer, você devemergulhá-los em ovo cru.
Se quiser encontrar um lugar animado até na noite de segunda-feira, a dica só poderia
serocantinhodositalianos,North Beach ou Little Italy. Escolha
uma mesa na calçada – comuns
em quase todos os restaurantes
– e saboreie uma massa. Para
queninguémsesinta incomodado com o vento frio de São Francisco,osestabelecimentosinstalam postes de aquecimento, comoosusadosnoinvernodeCampos do Jordão, perto das mesas
ao ar livre. No restaurante PantaRei (00--1-415-591-0900), a dicaé o carpaccio de salmão(US$
9,95). ● SILVIA CAMPOS
Ironia: bairro
dos hippies
virou centro
de consumo
SÃO FRANCISCO
Berço do movimento hippie no
mundo, o bairro de Haight Ashbury hoje representa uma ironia. As ruas onde os cabeludos
pregaram o desapego aos bens
materiais estão atualmente entreosprincipaistemplosdeconsumoda cidade. Punks, góticos,
clubbers e patricinhas dividem
as calçadas com turistas saudosistas. O destino? Uma das várias lojas e butiques descoladas
ao longo da Rua Haight. A mais
chique, a Ambiance (www.ambiancesf.com),costumater carrões como BMWs e Mercedes
parados em frente.
Independentemente de você
dirigir um Porsche ou um fusquinha cor-de-rosa, a Ambiance vale uma visita. A loja parece
um brechó de alta costura, com
a diferença de que as roupas
anos 60 e 70 que lotam suas araras são novas e feitascom materiais de alta qualidade. “Você se
sente em um armário gigante”,
descrevea psicólogaJustine Tideman, de 38 anos. “Eles têm
desde vestidos de festa a calças
jeans.”Ospreçosnãosãoproibitivos,porémnãoagradamquando convertidos para reais. Uma
blusinha sai por US$ 39.
Para achar bons negócios e
artigos alternativos de verdade, a pedida é entrar numa das
butiques que ficam mais à frente, depois do famoso cruzamento com a Rua Ashbury. Lá, os
estabelecimentos não apenas
parecem, são brechós mesmo.
Perfeito para quem vai a
uma festa brega, o Aardvark’s
Odd Ark (00--1-415-621-3141)
temjaquetasdouradasestiloElvis,uniformes deescoteiro eaté
roupas de cheerleader. No Held
Over (00--1-415-864-0818), o
preço das camisetas começa
emUS$ 5. Há, ainda,batas por a
partir de US$ 12.
BOAS VIBRAÇÕES
PEDAÇO DA ÁSIA – Assim como no paulistano bairro da Liberdade, Chinatown tem construções de arquitetura típica e amplo comércio
SILVIA CAMPOS/AE
FOUNDUE JAPONÊS – Experimente o shabu shabu e o sukiaki
RICK GERHARTER SFCVB/DIVULGAÇÃO
LITTLE ITALY – Mesas nas calçadas e animação a semana inteira
Cabeludos saíram de The Haight para
conquistar o mundo com ‘Paz e Amor’
SILVIA CAMPOS/AE
SÃO FRANCISCO
“Faça amor e não a guerra” ou
apenas “Paz e amor”. Com slogans como esses, uma geração
se preparava para transformar
o mundo – pelo menos era o que
sonhavam os jovens dos anos
60. O ponto de partida para a
revolução: o bairro de Haight
Ashbury, chamado carinhosamentede The Haight, ícone máximo do flower power.
Próximo ao Golden Gate Park, o distrito era reduto da classe trabalhadora negra e ofereciaaluguelbaratoemsuascharmosas e espaçosas casas de arquitetura vitoriana. Esses imóveis logo foram tomados por es-
tudantes e artistas, que passaram a viver em comunidades.
“Em 1966, não era difícil trabalhar ocasionalmente, vender
maconha ou LSD de vez em
quando e, assim, ganhar a vida
para si e para os amigos”, conta
opoetaAllen Cohennasua página na internet (www.rockument.com). Um dos fundadores do The San Francisco Oracle,
jornal símbolo da contracultura, ele relembra a vida que levava nos idos anos 60 em The Haight, quando dividia o tempo entre experiências psicodélicas,
escrita, música e discussões sobre como modificar as regras
estabelecidas.
Além de serem contra a
‘FLOWER POWER’ – Ícone dos 60
Um lugar para reviver as boas
vibrações das décadas de 60 e
70 é o Peace Café, que fica no
andarde baixo de um charmoso
Bed & Breakfast chamado Red
Victorian (www.redvic.com).
Cada suíte do hotel é decorada
comumtema,comdestaquepara o Flower Child Room, cujo
teto tem um arco-íris (diária de
US$ 149). No Peace, o principal
atrativo é o ambiente zen, com
pôsteres pedindo a paz e Bob
Marley no som. O café é orgânico e custa US$ 1,50.
Haight Ashbury é também
um lugar com muitos pedintes.
Mas não fique com medo. Jovens, eles abordam os turistas
com humor. “Tem um trocado
para eu comprar uísque?” Alguém se habilita a ajudar o cara? ● S. C.
Guerra do Vietnã e defenderem
o uso de drogas para expandir a
mente,os jovensde HaightAshbury abraçavam filosofias
orientais, usavam cabelos longos e roupas velhas. Eles eram
contra as instituições do mundo ocidental, promoviam a vida
em comunidades e o amor livre.
A mídia deu um apelido ao grupo: eram os hippies.
São Francisco, principalmenteTheHaight,virouumcaldeirãocultural.Tantoé quemúsicoscomoJanisJoplincomeçaram sua carreira por lá. O auge
foi no chamado verão do amor,
em 1967, quando 100 mil jovens
de várias partes do planeta viajaram até a cidade para participar de festivais de música e conhecer o movimento hippie.
Depois disso, os profetas cabeludos da paz e do amor saíram da esquina das Ruas Haight e Ashbury para ganhar o
mundo. ● S.C.
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ESTADOS UNIDOS
Sozinho numa
triste cela escura
Alcatraz: impossível agora é um turista deixar de ir até
a ilha onde funcionou a mais temida prisão do país
FOTOS SILVIA CAMPOS/AE
SÃO FRANCISCO
“Vocêtemdireitoacomida,roupa e abrigo. Qualquer outra coisa é um privilégio.” Essa era a
regra número cinco do manual
entregue a cada detento ao pisar na Ilha de Alcatraz, onde
funcionou entre 1934 e 1963 a
maistemidapenitenciáriadesegurança máxima dos Estados
Unidos, apelidada de The Rock
– a rocha.
O intuito não era reabilitar, e
sim punir mesmo. Os prisioneiros passavam de 16 a 23 horas
por dia nas celas sem janela. A
prisão foi construída na era dos
gangsters e pretendia assustar
por seu rigor. Chegou a abrigar
o chefão supremo da máfia, Al
Capone. Histórias que até hoje
fascinam os turistas.
A melhor maneira de visitar
Alcatraz é pegar a balsa da Blue
and Gold Fleet (www.
blueandgoldfleet.com) no Píer
41e pagarpeloAudioTour.Custa US$ 16,50. No passeio, cada
visitante ganha um par de fone
de ouvidos e pode acompanhar
uma gravação que conta histórias sobre as infames tentativas
de fuga dos detentos. Escapar
era quase impossível. Trinta e
seis tentaram, mas apenas um
teria sobrevivido às fortes correntese à baixa temperaturada
água (14 graus) ao redor da ilha.
Aparte mais interessante do
tour é, sem dúvida, entrar numa escura solitária. Por alguns
segundos, é possível sentir a
agonia dos condenados. ● S.C.
INFERNO – Quem tentava fugir era tragado pela correnteza
AL CAPONE – Chefão supremo da máfia passou por este corredor
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V12 VIAGEM&AVENTURA
TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006
O ESTADO DE S.PAULO
ESTADOS UNIDOS
Gap, Banana Republic e bondinhos
Prepare seu cartão de crédito e vá às compras. E o melhor: usando o fácil sistema de transporte público local
FOTOS SILVIA CAMPOS/AE
melhor lugar para fazer compras nos Estados Unidos. Todas as lojas estão aqui e tudo é
perto”, diz a universitária canadense Maria Fukuhara, de 23
anos. “Há tanta seleção quanto
em Nova York, mas aqui as coisas são mais baratas.”
Maria sugere uma visita à loja de descontos Loehmann’s, na
Sutter Street, também na regiãodeUnionSquare.Lá,as grifesdeluxosãovendidaspelametade do preço. Basta ter paciênciaparavasculhar osquatroandaresdemodamasculinaefeminina, onde as roupas estão todas amontoadas, como numa
enorme liquidação. A boa notícia: há blusas italianas de cashmere por US$ 50.
SÃO FRANCISCO
Esqueça a imagem da típica cidade americana, onde tudo é
longe e os habitantes usam carrões que mais parecem banheiras para ir de um quarteirão a
outro. Em São Francisco, a distância entre os bairros é pequena e o transporte público, barato e eficiente.
Boa parte da população usa
a Muni, rede que combina metrô, ônibus e bondes fechados
(não os turísticos bondinhos
abertos), para ir ao trabalho. Lá
também existe o sistema de bilhete único. O passe dá direito
ao uso de quantos meios de
transporte forem necessários
num intervalo de duas horas.
Custa US$ 1,50. De manhã cedo, os vagões ficam lotados de
executivas vestindo terninho,
meia-calça e tênis. O sapato de
salto alto vai na bolsa – ou na
mão mesmo, hábito curioso que
reflete o espírito descontraído
de São Francisco.
Para os viajantes, a rede Muni também é uma maneira fácil
e barata de conhecer os principais pontos de interesse. No
centro de informações ao visitante, que fica na Estação Po-
FINAL FELIZ
PERDIÇÃO – Union Square reúne lojas como Macy’s, Dolce & Gabbana e Calvin Klein
well do metrô, é possível pegar
um folheto com as rotas que levam a cartões-postais como a
ponte Golden Gate.
Outraboa fonte éositewww.
transit.511.org. Basta digitar o
ponto de partida e o endereço
de onde você deseja ir que a pá-
ginaindicaquaisônibusvocêdeve pegar e até quanto tempo a
viagem vai durar. Saber onde
descer do ônibus, aliás, é extremamente fácil. Uma gravação
anuncia a chegada de cada ponto, falando o nome das ruas nos
cruzamentos.
SEM ERRO – Bonde, ônibus e metrô por US$ 1,50
Agora que você já sabe como
se locomover, que tal ir às compras? São Francisco pode não
ser Paris, Milão ou Nova York,
mas também mereceria estar
no circuito da moda. Afinal,
uma das peças mais usadas no
mundo surgiu lá: a calça jeans,
criada pelo imigrante alemão
Levi Strauss, em 1873. Além da
Levi’s, nasceram em São Francisco as grifes de moda esporte
Gap, Banana Republic e Esprit.
Esta, cujos produtos são vendidos em 44 países, começou em
1968,bemno espíritohippie:Susie e Doug Tompkins transformaram uma perua em showroom para suas roupas.
Para achar várias grandes
marcas de uma vez só, a pedida
é seguir para a praça Union
Square,nocoraçãodeSãoFrancisco. Lá, você encontrará a
enorme loja de departamentos
Macy’s, que tem artigos da Esprit e também das grifes Dolce
&Gabbana,Moschino, MarcJacobs e Calvin Klein, entre outras. É uma festa para os olhos,
mas os preços são salgados:
uma blusa de seda Marc Jacobs
custa US$ 228.
SaindodaMacy’s,pelaentrada que dá para a Union Square,
os consumistas vão achar que
chegaram ao paraíso. Ao redor
da praça, a grife de lingerie Victoria’s Secret, a joalheria Tiffany&Co.e aslojasdedepartamento Saks Fifth Avenue e Neiman Marcus convidam a dívidas no cartão de crédito. Na
mesma região, estão Levi’s, Niketown (tênis a partir de US$
60), Giorgio Armani, Burberry
London, Diesel (jeans a partir
deUS$180)e,claro,GapeBanana Republic.
“Acho que São Francisco é o
Após um dia de compras, presenteie-se com uma sobremesa
no bistrô francês Crêpe o Chocolat (00-1-415-362-0255), na
O’FarrellStreet.Ocrepedechocolate custa US$ 5,25.
Por fim, você não pode deixarocentrosemandarno famoso bondinho vermelho. O primeiro começou a operar na Powell Street, em 1877. Os bondes
foram a solução encontrada para enfrentar os morros íngremes da cidade, que dificultavam o uso de veículos com tração animal. Há duas linhas do
antigo bonde ainda em funcionamento: a Powell-Mason e a
Powell-Hyde. Ambas partem
do cruzamento entre as Ruas
Market e Powell e terminam na
região de Fisherman’s Wharf,
mas elas passam por pontos diferentes da cidade. Tente evitar os bondinhos nos fins de semana, quando turistas formam
filas gigantescas para embarcar no veículo. A passagem custa US$ 5. ● SILVIA CAMPOS
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TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006
O ESTADO DE S. PAULO
VIAGEM&AVENTURA
V13
VIAGEM&AVENTURA V13
ESTADOS UNIDOS
FOTOS SILVIA CAMPOS/AE
Píer 39: gente
do mundo todo.
E você também
Complexo inegavelmente voltado aos visitantes
estrangeiros reúne de leão-marinho a Hard Rock Café
UM PASSINHO PRO LADO, POR FAVOR – Trecho fica lotado a qualquer hora, não importa o dia da semana
SÃO FRANCISCO
Hard Rock Café, leões-marinhos, carrossel e até uma loja de
mágica.OPíer39,lugarmaisassumidamente turístico de São
Francisco, não pode faltar na
programação de quem for visitar a cidade.
O passeio já começa no meio
de transporte. A maneira mais
fácil para chegar no píer é a bordo dos bondinhos fechados da
F-Line, que fazem parte da rede
Muni. Chamados de historic
streetcars, eles vieram de vários
cantosdomundoeforamrestaurados para ganhar os trilhos de
São Francisco. A história de cada um é contada numa placa em
seu interior.
Uma vez no píer, é impossível não parar para ver os leõesmarinhos. Os animais rechonchudos passam o dia tomando
sol sobre plataformas de madeira no mar, alheios às levas de
turistas que se acotovelam para
tirar fotos. Só que o cheiro dos
mamíferos não agrada muito.
Cumprida essa missão, que
tal experimentar uma sopa de
mariscos no pão? A iguaria é
vendida por cerca de US$ 5 em
barraquinhas próximas ao local
onde ficam os leões-marinhos.
DOCES E MÁGICA
Com tantos turistas reunidos, o
Píer 39 não poderia deixar de
ter dezenas de lojinhas com tudo para arrancar dólares até
dos mais contidos. Muitas vendem apenas os tradicionais suvenires, mas algumas se destacam pela originalidade.
É o caso da Houdini Magic
Shop, que emprega mágicos para vender truques de magia. Lá
dentro, cartas de baralho voam
e os turistas se sentem num filme do Harry Potter.
O mundo da fantasia continua na loja vizinha, a Studio 39.
Na porta, os vendedores chamam os visitantes para subir
num tapete voador. Na verdade, o estúdio grava um DVD de
você e seus amigos fazendo macaquices em cima de um tapete
qualquer. Depois, com a ajuda
do efeito chroma key, a imagem
é sobreposta a um vídeo de São
Francisco para parecer que vocêestava sobrevoandoa cidade.
O DVD sai por US$ 39,95.
Um estabelecimento encantador é o Puppets on the Pier,
que vende fantoches e marionetes de todos os tipos e tamanhos. “Somos uma das lojas
mais velhas do píer. Estamos
aqui há 28 anos”, conta o dono,
Leomid Golinsky. Segundo ele,
boa parte dos marionetes é importadadaRepública Checa.Os
bonecos fascinam, mas são caros. O Pinóquio de madeira custa US$ 115. Quem quiser apenas
uma lembrancinha, no entanto,
pode optar pelos fantoches de
dedo, feitos de tricô, que saem
por US$ 2,25 cada.
Se você não resiste a doces
vai enlouquecer na loja Candy
Baron. Balas de todos os sabores estão distribuídas em enormes barris. Uma caixa custa
US$ 10,99. ● SILVIA CAMPOS
AO SOL – Animais nem se mexem
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V14 VIAGEM&AVENTURA
TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006
O ESTADO DE S.PAULO
ESTADOS UNIDOS
Em Napa, o reinado das vinhas
Na região vinícola mais renomada da Califórnia, viajante visita parreirais e se esbalda na degustação da bebida
FOTOS SILVIA CAMPOS/AE
NAPA VALLEY
Napa Valley, a uma hora de carro de São Francisco, é quase sinônimoderegiãovinícoladaCalifórnia.Querumaprova?Quando se falou que o badalado Sideways havia sido gravado no
Estado, não deu outra. Todos
acharamqueasvinícolasdeNa-
pa haviam servido de locação –
e não os bem menos conhecidos
vinhedos da região de Santa
Barbara, mais ao sul, onde tudo
foi, de fato, filmado.
Outra característica pode
ter ajudado a criar a confusão.
Équeauvapinotnoir–apreferidadeMiles Raymond(Paul Giamatti), o personagem principal
– se dá muito bem no clima dos
vales do norte da Califórnia, caso de Napa e Sonoma, onde faz
calor de dia e frio à noite.
A produção de Napa é 20 vezes menor que a de Sonoma,
mas no mundo dos vinhos é a
exclusividade que conta. Para
ser um autêntico Napa Valley, o
rótulo preciso ser feito só com
uvas cultivadas no local. Já para ganhar um selo de Sonoma
basta que 85% das uvas sejam
do vale. E as condições da região são perfeitas para o cultivo. “Se assemelham às da Borgonha, na França”, explica aos
visitantes a guia Dace Rutland,
da Madonna Estate (www.madonnaestate.com).
A vinícola, como muitas das
240existentes emNapa, foi fundada por um italiano, Andrea
Bartolucci, em 1922. Hoje, é tocada pela quarta geração de
descendentes do imigrante.
O tour oferecido pelo estabelecimentocomeçacomumavisita aos vinhedos e a oportunidade de colher e experimentar as
uvas. A degustação da bebida
fica para o fim, mas a espera vale a pena. Por US$ 15 dá para
provar seis tipos de vinho.
Antes que um apressadinho
vire a taça, a guia explica o ritual da degustação. Primeiro, é
preciso colocar o líquido contra
a luz, para buscar possíveis impurezas. Depois, é hora de sentir seu aroma e tentar decifrá-
Confusão comum:
achar que
‘Sideways’ foi
filmado por lá
lo. A prova é a última etapa.
“Gostei da maneira como
eles ensinaram a experimentar
o vinho. Nunca havia provado
umtãobom”,afirmaaengenheira colombiana Lucero Mesa, de
49 anos.
BORGONHA AMERICANA – Uvas encontram solo e clima perfeitos
SONOMA
Antes de se aventurar pelas vinícolasdaregiãodeSonoma,vale parar para almoçar na cidade
de mesmo nome, a principal daquele trecho. Com apenas 5 mil
habitantes, o município tem
uma charmosa praça rodeada
por dezenas de restaurantes.
Não deixe de visitar a Missão de
São Francisco Solano, de 1823.
Trata-se da última das 21 missõesespanholas(posteriormente mexicanas) construídas na
Califórnia.
Pronto para provar mais vinhos? O tour da Viansa (www.
viansa.com), cuja sede imita
uma vila da Toscana, na Itália, é
uma boa pedida. O preço é bom
(US$5) e os vinhos não deixam
a desejar. ● SILVIA CAMPOS
BEM DE PERTO – Turistas passeiam no campo e participam da colheita
NA PONTA DO LÁPIS
Operadora
Duração
O que inclui
Preço*
6
noites
Passagem aérea, quatro noites de hospedagem em São Francisco, duas em Napa Valley, locação de carro por uma semana
US$
1.649
Designer
(0--11-2181-2900;
www.designertours.com.br)
6
noites
Passagem aérea, quatro noites em São Francisco e duas em Napa Valley, locação de veículo por uma semana, seguro-viagem
US$
1.659
Prime Tour
(0--11-3178-4760;
www.primetour.com.br)
6
noites
Passagem aérea, três noites em São Francisco e três em Napa Valley, tour a bordo do
Trem do Vinho, visita a vinícolas locais, jantar
de boas-vindas, almoço em Chinatown (São
Francisco)
US$
3.453
Central de Intercâmbio
(0--11-3677-3607;
www.ci.com.br)
5
noites
Passagem aérea, cinco noites em São Francisco, passeio de barco, almoço no Hard Rock
Café, locação de carro e seguro-viagem
US$
1.636
Interpoint
(0--11-3087-9400;
www.interpoint.com.br)
5
noites
Passagem aérea, três noites em São Francisco e duas em Napa Valley, locação de
carro por seis dias
US$
3.200
Nascimento
(0--11-3156-9944;
www.nascimento.com.br)
5
noites
Passagem aérea, hospedagem em São Francisco, excursão a Napa Valley com visitação a
vinícolas, seguro-viagem
US$
1.465
Atlantis
(0--11-5532-0888;
www.atlantisviagens.com.br)
Passagem aérea: a rota São Paulo–São Francisco–São Paulo custa a partir de US$ 1.287 na Delta Airlines
(4003-2121), US$ 1.307 na United Airlines (0--11-3145-4200) e na American Airlines (0--11-4502-4000),
US$ 1.363 na Continental (0--11-2122-7500) e US$ 1.980 na TAM (4002-5700).
*Mínimo por pessoa em acomodação dupla
ArtEstado/Gustavo Tortelli

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