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%HermesFileInfo:V-1:20061017: O ESTADO DE S. PAULO V TERÇA-FEIRA 17 DE OUTUBRO DE 2006 NÚMERO 2096 VIAGEM & AVENTURA FOTOS DIVULGAÇÃO Chegouasuavez Confira60pacotes paracurtiroúltimo feriadãodoano É radical. É Socorro Cidade faz subir a adrenalina. Seja por terra, água ou ar SentineladePedra Encareaemoçãode veroAconcágua,na CordilheiradosAndes q PÁGS. 4 A 7 q PÁGS. 15 E 16 q PÁG. 16 JERRY LEE HAYES SFCVB/DIVULGAÇÃO SãoFrancisco Um tour mágico pela festiva terra da tolerância A Era Hippie vai longe, mas a cidade mais aberta dos EUA continua só ‘Paz e Amor’ q PÁGS. 8 A 14 7 8 9 10 11 12 %HermesFileInfo:V-8:20061017: V8 VIAGEM&AVENTURA TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006 O ESTADO DE S.PAULO ESTADOS UNIDOS Flores no cabelo e um sorriso no rosto: você está em São Francisco Cidade segue fiel às vibrações dos tempos de paz e amor e cultua sentimento de fuga do ‘american way of life’ SILVIA CAMPOS/AE Silvia Campos SÃO FRANCISCO A cidade que foi o quintal dos hippies nos anos 60 pode não ser mais a mesma de quando Scott McKenzie gravou San Francisco (Be Sure to Wear Some Flowers in your Hair), hino do chamado verão do amor de 1967. Mas São Francisco continua emanando as boas vibrações daqueles tempos de paz e amor, e dos tais jovens com flores nos cabelos. Com pouco mais de 790 mil habitantes, o município californiano tem ruas arborizadas, pontuadas por coloridas casas em estilo vitoriano. As amplas calçadas servem ao vaivém de pessoas magras, bronzeadas e, obviamente, de bem com a vida – há quem desça do ônibus para dar orientações a um turista. Cafés, padarias e até restaurantes tailandeses abundam. Já as redes de fast-food americanas, onipresentes em outros pontosdopaís,ficamnummerecido segundo plano. “Instantaneamente, me chamou a atenção o sutil mas inegável sentimento de fuga dos Estados Unidos”, disse o escritor americano H.L. Mencken durante uma visita a São Francisco, em 1920. A frase é verdadeira ainda hoje. Historicamente multicultural, a cidade foi colonizada pelos espanhóis no século 18 e, depois, tomada pelos americanos. Quando ouro foi descoberto na ENERGIA POSITIVA – Reduto do movimento hippie nos anos 60, cidade destaca-se por suas ruas arborizadas, casas de estilo vitoriano e moradores de bem com a vida FOTOS CAROL SIMOWITZ/DIVULGAÇÃO ORIENTE-SE Até restaurantes tailandeses são mais comuns que redes de fast food Califórnia, em 1848, aventureiros de todos os cantos foram praláembuscadeumavidamelhor.“Pessoasdetodaparte vieram a São Francisco para se reinventar. A cidade foi construída assim”, afirma Tim Zahner, gerente de Relações Públicas do San Francisco Convention & Visitor’s Bureau. Os imigrantes asiáticos talvez sejam hoje o grupo mais representativo,com30%dapopulação. Foram eles que construíramosfamososdistritosdeChinatown e Japantown. Os italianos também deixaram sua marca, principalmente em North Beach, a Little Italy.Umadasatrações do bairro é pura delícia. Trata-se da Ghirardelli Chocolate Company (www.ghirardelli.com), fundada em 1852. Esses imigrantes europeus deram também uma mãozinha para criar outra instituição californiana: os vinhos dos vales de Napa e Sonoma (leia mais na pág. 14). Além de sorridentes, os moradores de São Francisco são bem abertos. Se a terra do Tio Sam tornou-se mais puritana nos últimos anos, ninguém percebe isso por lá. “Esta é uma das cidades menos conservadoras dos Estados Unidos”, diz a universitária Nikki Kunioka-Volz, de 19 anos. Ela faz parte de outraporçãosignificativadapopulação: a de gays e lésbicas. A bandeira do arco-íris que representa o movimentogay foi EUA NEVADA OCEANO PACÍFICO São Francisco CALIFÓRNIA N Idioma Moeda Câmbio Fuso horário Inglês Dólar R$ 1 vale US$ 0,46 Cinco horas a menos em relação a Brasília 1-800-344-1055 Para ligar a cobrar para o Brasil Consulado-geral 300 Montgomery brasileiro em Street, 900 São Francisco tel. (00--1-415) 981-8170 INFOGRÁFICO/AE criada em São Francisco, em 1978. A cidade tem uma das maiores concentrações de homossexuais do mundo e, não à toa,foiaprimeiradopaísaaprovar o casamento civil entre pessoas do mesmo sexo. Um de seus principais bairros, o Castro, é point de gays e lésbicas do mundo todo desde os anos 70. E os grupos convivem sem problemas. Fica fácil, então, entender por que Scott McKenzie diz em sua música que você encontrará gente boa por lá. Não duvide. Embarque no tradicional bondinho vermelho e descubra o charme de São Francisco. Se não voltar com flores no cabelo, terá um sorriso no rosto. ● COSMOPOLITA – Imigrantes criaram redutos como Chinatown ARCO-ÍRIS – Bandeira do orgulho gay foi idealizada lá, em 1978 Viagem feita a convite da Central de Intercâmbio %HermesFileInfo:V-9:20061017: ESTADOS UNIDOS Do barco, todos os ângulos da Golden Gate Cor de laranja forte – e não dourada, como sugere o nome –, ponte se impõe na paisagem da cidade SÃO FRANCISCO Não tem jeito: a primeira imagem que vem à mente quando se fala em São Francisco é a da majestosa Golden Gate Bridge. Seunome significa“portãodourado”, mas a ponte não tem – e nunca teve – esse tom: é laranja bem forte, como o uniforme da seleção holandesa de futebol. A denominaçãofoidadaàestrutura por causa do trecho de mar que ela atravessa, o Estreito de Golden Gate, e não o contrário, como muitos pensam. Com1.280metrosdecomprimento,aGoldenGatelevou quatro anos para ser construída e custou US$ 35 milhões. Era a maior ponte de suspensão do mundo quando foi inaugurada, em maio de 1937 (hoje, ocupa o oitavolugarda listalideradapela japonesa Akashi Kaikyo, de 1.991 metros). Uma das melhores formas para apreciar o mais importantecartão-postal deSãoFrancisco é a bordo dos cruzeiros que saem do Píer 39, na região de Fisherman’s Wharf. O barco passa por baixo da ponte, o que permiteanalisar bem suaestrutura e fotografá-la de vários ângulos. Não se esqueça de levar um casaco, porque o vento não dá trégua. Fique preparado, também, para a possibilidade de a Golden Gate estar encoberta. A névoa, típica da cidade, até motivou a escolha da cor da ponte: o laranja chama atenção em meio à neblina. O passeio de uma hora da Blue & Gold Fleet (www. blueandgoldfleet.com) custa US$ 21. Para os que estão em forma, Está em forma? Encare o trajeto numa bike alugada a US$ 7 por hora uma boa pedida é atravessar a Golden Gate numa magrela. “É tudo plano e bem fácil de andar”, garante, em português, o funcionário da locadora de bikes Blazing Saddles (www.blazingsaddles.com). O paulista Raphael Bello Leon, de 22 anos, trabalha há dois meses numa unidade da empresa na Píer 41. Leon recomenda que os turistas atravessem a ponte e sigam para a charmosa cidadezinha de Sausalito. “Lá, há muitos restaurantes. É ótimo para fazer turismo.” São 13 quilômetros, ou uma hora e meia pedalando. A volta a São Francisco pode ser feita de balsa. “Nós já damos o tíquete da balsa, que custa US$ 8,50. A pessoa só paga se usar.” O aluguel das bicicletas custa US$ 7 por hora, ou US$ 28 por dia. O valor inclui capacete e um mapa que mostra como seguir a ciclovia até Golden Gate e Sausalito. PARQUE Toda grande cidade tem um playground. Em São Paulo, é o Parque do Ibirapuera, em Nova York, o Central Park e em São Francisco, o Golden Gate Park. Apesar do nome, a área verde não fica muito perto da ponte, mas é fácil chegar até ela. Basta pegar os ônibus 5 ou 21, que passam pela Market Street, na região central da cidade. Maior do que o Central Park, o Golden Gate tem localização privilegiada: fica entre o famoso bairro hippie de Haight Ashbury e o Oceano Pacífico. A área verde tem museus, planetário, jardim japonês e até um cercado com bisões. Um dos destaques é o Conservatory of Flowers. A estufa municipal foi construída em estilo vitoriano e inaugurada em 1879.“Éa coisamais maravilhosa que você pode imaginar”, diz O SÓ FLORES – Gramado do Golden Gate Park é preferido das noivas o taxista Ranulto Teixeira. Também brasileiro, ele mora há cinco anos e meio em São Francisco e adora passear no Golden Gate Park. A entrada para o Conservatoryof Flowers,que abrede terça a domingo, custa US$ 5. Em frente à estufa, canteiros de flores formam um dos pontos mais pitorescos do parque. Por causa de sua beleza, virou o trecho preferido das noivas, que atravessam o gramado de véu e grinalda só para tirar fotos com as flores ao fundo. O Golden Gate tem também seu lado alternativo, o Hippie Hill, gramado perto da Haight Streetque testemunhouasmuitas experimentações dos hippies. Hoje, vale conferir as rodas de batuque que reúnem jovensda região. Masvá preparado: segundo estudantes da San Francisco University, que fica perto do parque, as “viagens” ainda ocorrem por lá. ● S.C. %HermesFileInfo:V-10:20061017: V10 VIAGEM&AVENTURA TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006 O ESTADO DE S.PAULO ESTADOS UNIDOS Japão, China e Itália se misturam num festival de cultura e delícias A cada esquina, um rosto com fisionomia diferente. Em alguns momentos, a sensação é de estar em São Paulo SANDOR BALANTORI SFCVB/DIVULGAÇÃO SÃO FRANCISCO Não é preciso conhecer a história de São Francisco para saber que a cidade é extremamente multicultural – basta olhar à sua volta. A fisionomia das pessoas é tão variada quanto a da população de São Paulo. Uma conversa rápida com taxistas e lojistas revela que um veio da CoréiadoSul,outrosaiudaRússia e um terceiro, do Afeganistão. Também não faltam brasileiros, claro. Historicamente,chineses,japoneses e italianos sempre formaram os grupos de imigrantes mais representativos de São Francisco. Essa mistura só poderia ter um resultado delicioso: uma farta seleção de restaurantes, concentrados em bairros típicos de cada cultura. Comece a aventura gastronômica comendo dim sum no Chinatown, reduto dos chineses. Trata-se de uma espécie de rodíziode petiscosorientais. As garçonetes passam carregando vasilhas com porções de rolinhos primavera e bolinhos de camarão ao vapor, entre outras guloseimas, e as pessoas da mesaescolhemoquequeremexperimentar.NoFourSeasonsRestaurant (00--1-415-989-8188), as porções custam entre US$ 2 e US$ 3. Enquanto estiver em Chinatown, não deixe de apreciar os prédios de arquitetura chinesa e os postes com lanternas típicas.Tambémreserveumtempinho para as compras. A Grant Avenue, a via principal do bairro, conta com lojas que vendem desde budas de plástico a antiguidades chinesas. Para a próxima parada, que tal saborear um fondue no bairro japonês, o Japantown? Calma, não se trata do tradicional prato suíço com pão e queijo derretido, mas de shabu shabu e sukiaki, pratos que o restaurante Shabu-sen (00--1-415-440-0466) anuncia como sendo “fondue japonês”. O conceito é realmente semelhante ao da iguaria. O shabu shabu (US$ 13,95) seria como o fondue de carne. As pessoas recebemvasilhascom carnefatiada fininha, legumes e cogumelos shitake para serem cozidos num caldo de peixe quente, que fica no centro da mesa. Já no sukiaki (US$ 14,95), a carne e os legumesvêm cozidos e quentes. Antesde comer, você devemergulhá-los em ovo cru. Se quiser encontrar um lugar animado até na noite de segunda-feira, a dica só poderia serocantinhodositalianos,North Beach ou Little Italy. Escolha uma mesa na calçada – comuns em quase todos os restaurantes – e saboreie uma massa. Para queninguémsesinta incomodado com o vento frio de São Francisco,osestabelecimentosinstalam postes de aquecimento, comoosusadosnoinvernodeCampos do Jordão, perto das mesas ao ar livre. No restaurante PantaRei (00--1-415-591-0900), a dicaé o carpaccio de salmão(US$ 9,95). ● SILVIA CAMPOS Ironia: bairro dos hippies virou centro de consumo SÃO FRANCISCO Berço do movimento hippie no mundo, o bairro de Haight Ashbury hoje representa uma ironia. As ruas onde os cabeludos pregaram o desapego aos bens materiais estão atualmente entreosprincipaistemplosdeconsumoda cidade. Punks, góticos, clubbers e patricinhas dividem as calçadas com turistas saudosistas. O destino? Uma das várias lojas e butiques descoladas ao longo da Rua Haight. A mais chique, a Ambiance (www.ambiancesf.com),costumater carrões como BMWs e Mercedes parados em frente. Independentemente de você dirigir um Porsche ou um fusquinha cor-de-rosa, a Ambiance vale uma visita. A loja parece um brechó de alta costura, com a diferença de que as roupas anos 60 e 70 que lotam suas araras são novas e feitascom materiais de alta qualidade. “Você se sente em um armário gigante”, descrevea psicólogaJustine Tideman, de 38 anos. “Eles têm desde vestidos de festa a calças jeans.”Ospreçosnãosãoproibitivos,porémnãoagradamquando convertidos para reais. Uma blusinha sai por US$ 39. Para achar bons negócios e artigos alternativos de verdade, a pedida é entrar numa das butiques que ficam mais à frente, depois do famoso cruzamento com a Rua Ashbury. Lá, os estabelecimentos não apenas parecem, são brechós mesmo. Perfeito para quem vai a uma festa brega, o Aardvark’s Odd Ark (00--1-415-621-3141) temjaquetasdouradasestiloElvis,uniformes deescoteiro eaté roupas de cheerleader. No Held Over (00--1-415-864-0818), o preço das camisetas começa emUS$ 5. Há, ainda,batas por a partir de US$ 12. BOAS VIBRAÇÕES PEDAÇO DA ÁSIA – Assim como no paulistano bairro da Liberdade, Chinatown tem construções de arquitetura típica e amplo comércio SILVIA CAMPOS/AE FOUNDUE JAPONÊS – Experimente o shabu shabu e o sukiaki RICK GERHARTER SFCVB/DIVULGAÇÃO LITTLE ITALY – Mesas nas calçadas e animação a semana inteira Cabeludos saíram de The Haight para conquistar o mundo com ‘Paz e Amor’ SILVIA CAMPOS/AE SÃO FRANCISCO “Faça amor e não a guerra” ou apenas “Paz e amor”. Com slogans como esses, uma geração se preparava para transformar o mundo – pelo menos era o que sonhavam os jovens dos anos 60. O ponto de partida para a revolução: o bairro de Haight Ashbury, chamado carinhosamentede The Haight, ícone máximo do flower power. Próximo ao Golden Gate Park, o distrito era reduto da classe trabalhadora negra e ofereciaaluguelbaratoemsuascharmosas e espaçosas casas de arquitetura vitoriana. Esses imóveis logo foram tomados por es- tudantes e artistas, que passaram a viver em comunidades. “Em 1966, não era difícil trabalhar ocasionalmente, vender maconha ou LSD de vez em quando e, assim, ganhar a vida para si e para os amigos”, conta opoetaAllen Cohennasua página na internet (www.rockument.com). Um dos fundadores do The San Francisco Oracle, jornal símbolo da contracultura, ele relembra a vida que levava nos idos anos 60 em The Haight, quando dividia o tempo entre experiências psicodélicas, escrita, música e discussões sobre como modificar as regras estabelecidas. Além de serem contra a ‘FLOWER POWER’ – Ícone dos 60 Um lugar para reviver as boas vibrações das décadas de 60 e 70 é o Peace Café, que fica no andarde baixo de um charmoso Bed & Breakfast chamado Red Victorian (www.redvic.com). Cada suíte do hotel é decorada comumtema,comdestaquepara o Flower Child Room, cujo teto tem um arco-íris (diária de US$ 149). No Peace, o principal atrativo é o ambiente zen, com pôsteres pedindo a paz e Bob Marley no som. O café é orgânico e custa US$ 1,50. Haight Ashbury é também um lugar com muitos pedintes. Mas não fique com medo. Jovens, eles abordam os turistas com humor. “Tem um trocado para eu comprar uísque?” Alguém se habilita a ajudar o cara? ● S. C. Guerra do Vietnã e defenderem o uso de drogas para expandir a mente,os jovensde HaightAshbury abraçavam filosofias orientais, usavam cabelos longos e roupas velhas. Eles eram contra as instituições do mundo ocidental, promoviam a vida em comunidades e o amor livre. A mídia deu um apelido ao grupo: eram os hippies. São Francisco, principalmenteTheHaight,virouumcaldeirãocultural.Tantoé quemúsicoscomoJanisJoplincomeçaram sua carreira por lá. O auge foi no chamado verão do amor, em 1967, quando 100 mil jovens de várias partes do planeta viajaram até a cidade para participar de festivais de música e conhecer o movimento hippie. Depois disso, os profetas cabeludos da paz e do amor saíram da esquina das Ruas Haight e Ashbury para ganhar o mundo. ● S.C. %HermesFileInfo:V-11:20061017: ESTADOS UNIDOS Sozinho numa triste cela escura Alcatraz: impossível agora é um turista deixar de ir até a ilha onde funcionou a mais temida prisão do país FOTOS SILVIA CAMPOS/AE SÃO FRANCISCO “Vocêtemdireitoacomida,roupa e abrigo. Qualquer outra coisa é um privilégio.” Essa era a regra número cinco do manual entregue a cada detento ao pisar na Ilha de Alcatraz, onde funcionou entre 1934 e 1963 a maistemidapenitenciáriadesegurança máxima dos Estados Unidos, apelidada de The Rock – a rocha. O intuito não era reabilitar, e sim punir mesmo. Os prisioneiros passavam de 16 a 23 horas por dia nas celas sem janela. A prisão foi construída na era dos gangsters e pretendia assustar por seu rigor. Chegou a abrigar o chefão supremo da máfia, Al Capone. Histórias que até hoje fascinam os turistas. A melhor maneira de visitar Alcatraz é pegar a balsa da Blue and Gold Fleet (www. blueandgoldfleet.com) no Píer 41e pagarpeloAudioTour.Custa US$ 16,50. No passeio, cada visitante ganha um par de fone de ouvidos e pode acompanhar uma gravação que conta histórias sobre as infames tentativas de fuga dos detentos. Escapar era quase impossível. Trinta e seis tentaram, mas apenas um teria sobrevivido às fortes correntese à baixa temperaturada água (14 graus) ao redor da ilha. Aparte mais interessante do tour é, sem dúvida, entrar numa escura solitária. Por alguns segundos, é possível sentir a agonia dos condenados. ● S.C. INFERNO – Quem tentava fugir era tragado pela correnteza AL CAPONE – Chefão supremo da máfia passou por este corredor %HermesFileInfo:V-12:20061017: V12 VIAGEM&AVENTURA TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006 O ESTADO DE S.PAULO ESTADOS UNIDOS Gap, Banana Republic e bondinhos Prepare seu cartão de crédito e vá às compras. E o melhor: usando o fácil sistema de transporte público local FOTOS SILVIA CAMPOS/AE melhor lugar para fazer compras nos Estados Unidos. Todas as lojas estão aqui e tudo é perto”, diz a universitária canadense Maria Fukuhara, de 23 anos. “Há tanta seleção quanto em Nova York, mas aqui as coisas são mais baratas.” Maria sugere uma visita à loja de descontos Loehmann’s, na Sutter Street, também na regiãodeUnionSquare.Lá,as grifesdeluxosãovendidaspelametade do preço. Basta ter paciênciaparavasculhar osquatroandaresdemodamasculinaefeminina, onde as roupas estão todas amontoadas, como numa enorme liquidação. A boa notícia: há blusas italianas de cashmere por US$ 50. SÃO FRANCISCO Esqueça a imagem da típica cidade americana, onde tudo é longe e os habitantes usam carrões que mais parecem banheiras para ir de um quarteirão a outro. Em São Francisco, a distância entre os bairros é pequena e o transporte público, barato e eficiente. Boa parte da população usa a Muni, rede que combina metrô, ônibus e bondes fechados (não os turísticos bondinhos abertos), para ir ao trabalho. Lá também existe o sistema de bilhete único. O passe dá direito ao uso de quantos meios de transporte forem necessários num intervalo de duas horas. Custa US$ 1,50. De manhã cedo, os vagões ficam lotados de executivas vestindo terninho, meia-calça e tênis. O sapato de salto alto vai na bolsa – ou na mão mesmo, hábito curioso que reflete o espírito descontraído de São Francisco. Para os viajantes, a rede Muni também é uma maneira fácil e barata de conhecer os principais pontos de interesse. No centro de informações ao visitante, que fica na Estação Po- FINAL FELIZ PERDIÇÃO – Union Square reúne lojas como Macy’s, Dolce & Gabbana e Calvin Klein well do metrô, é possível pegar um folheto com as rotas que levam a cartões-postais como a ponte Golden Gate. Outraboa fonte éositewww. transit.511.org. Basta digitar o ponto de partida e o endereço de onde você deseja ir que a pá- ginaindicaquaisônibusvocêdeve pegar e até quanto tempo a viagem vai durar. Saber onde descer do ônibus, aliás, é extremamente fácil. Uma gravação anuncia a chegada de cada ponto, falando o nome das ruas nos cruzamentos. SEM ERRO – Bonde, ônibus e metrô por US$ 1,50 Agora que você já sabe como se locomover, que tal ir às compras? São Francisco pode não ser Paris, Milão ou Nova York, mas também mereceria estar no circuito da moda. Afinal, uma das peças mais usadas no mundo surgiu lá: a calça jeans, criada pelo imigrante alemão Levi Strauss, em 1873. Além da Levi’s, nasceram em São Francisco as grifes de moda esporte Gap, Banana Republic e Esprit. Esta, cujos produtos são vendidos em 44 países, começou em 1968,bemno espíritohippie:Susie e Doug Tompkins transformaram uma perua em showroom para suas roupas. Para achar várias grandes marcas de uma vez só, a pedida é seguir para a praça Union Square,nocoraçãodeSãoFrancisco. Lá, você encontrará a enorme loja de departamentos Macy’s, que tem artigos da Esprit e também das grifes Dolce &Gabbana,Moschino, MarcJacobs e Calvin Klein, entre outras. É uma festa para os olhos, mas os preços são salgados: uma blusa de seda Marc Jacobs custa US$ 228. SaindodaMacy’s,pelaentrada que dá para a Union Square, os consumistas vão achar que chegaram ao paraíso. Ao redor da praça, a grife de lingerie Victoria’s Secret, a joalheria Tiffany&Co.e aslojasdedepartamento Saks Fifth Avenue e Neiman Marcus convidam a dívidas no cartão de crédito. Na mesma região, estão Levi’s, Niketown (tênis a partir de US$ 60), Giorgio Armani, Burberry London, Diesel (jeans a partir deUS$180)e,claro,GapeBanana Republic. “Acho que São Francisco é o Após um dia de compras, presenteie-se com uma sobremesa no bistrô francês Crêpe o Chocolat (00-1-415-362-0255), na O’FarrellStreet.Ocrepedechocolate custa US$ 5,25. Por fim, você não pode deixarocentrosemandarno famoso bondinho vermelho. O primeiro começou a operar na Powell Street, em 1877. Os bondes foram a solução encontrada para enfrentar os morros íngremes da cidade, que dificultavam o uso de veículos com tração animal. Há duas linhas do antigo bonde ainda em funcionamento: a Powell-Mason e a Powell-Hyde. Ambas partem do cruzamento entre as Ruas Market e Powell e terminam na região de Fisherman’s Wharf, mas elas passam por pontos diferentes da cidade. Tente evitar os bondinhos nos fins de semana, quando turistas formam filas gigantescas para embarcar no veículo. A passagem custa US$ 5. ● SILVIA CAMPOS %HermesFileInfo:V-13:20061017: TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006 O ESTADO DE S. PAULO VIAGEM&AVENTURA V13 VIAGEM&AVENTURA V13 ESTADOS UNIDOS FOTOS SILVIA CAMPOS/AE Píer 39: gente do mundo todo. E você também Complexo inegavelmente voltado aos visitantes estrangeiros reúne de leão-marinho a Hard Rock Café UM PASSINHO PRO LADO, POR FAVOR – Trecho fica lotado a qualquer hora, não importa o dia da semana SÃO FRANCISCO Hard Rock Café, leões-marinhos, carrossel e até uma loja de mágica.OPíer39,lugarmaisassumidamente turístico de São Francisco, não pode faltar na programação de quem for visitar a cidade. O passeio já começa no meio de transporte. A maneira mais fácil para chegar no píer é a bordo dos bondinhos fechados da F-Line, que fazem parte da rede Muni. Chamados de historic streetcars, eles vieram de vários cantosdomundoeforamrestaurados para ganhar os trilhos de São Francisco. A história de cada um é contada numa placa em seu interior. Uma vez no píer, é impossível não parar para ver os leõesmarinhos. Os animais rechonchudos passam o dia tomando sol sobre plataformas de madeira no mar, alheios às levas de turistas que se acotovelam para tirar fotos. Só que o cheiro dos mamíferos não agrada muito. Cumprida essa missão, que tal experimentar uma sopa de mariscos no pão? A iguaria é vendida por cerca de US$ 5 em barraquinhas próximas ao local onde ficam os leões-marinhos. DOCES E MÁGICA Com tantos turistas reunidos, o Píer 39 não poderia deixar de ter dezenas de lojinhas com tudo para arrancar dólares até dos mais contidos. Muitas vendem apenas os tradicionais suvenires, mas algumas se destacam pela originalidade. É o caso da Houdini Magic Shop, que emprega mágicos para vender truques de magia. Lá dentro, cartas de baralho voam e os turistas se sentem num filme do Harry Potter. O mundo da fantasia continua na loja vizinha, a Studio 39. Na porta, os vendedores chamam os visitantes para subir num tapete voador. Na verdade, o estúdio grava um DVD de você e seus amigos fazendo macaquices em cima de um tapete qualquer. Depois, com a ajuda do efeito chroma key, a imagem é sobreposta a um vídeo de São Francisco para parecer que vocêestava sobrevoandoa cidade. O DVD sai por US$ 39,95. Um estabelecimento encantador é o Puppets on the Pier, que vende fantoches e marionetes de todos os tipos e tamanhos. “Somos uma das lojas mais velhas do píer. Estamos aqui há 28 anos”, conta o dono, Leomid Golinsky. Segundo ele, boa parte dos marionetes é importadadaRepública Checa.Os bonecos fascinam, mas são caros. O Pinóquio de madeira custa US$ 115. Quem quiser apenas uma lembrancinha, no entanto, pode optar pelos fantoches de dedo, feitos de tricô, que saem por US$ 2,25 cada. Se você não resiste a doces vai enlouquecer na loja Candy Baron. Balas de todos os sabores estão distribuídas em enormes barris. Uma caixa custa US$ 10,99. ● SILVIA CAMPOS AO SOL – Animais nem se mexem %HermesFileInfo:V-14:20061017: V14 VIAGEM&AVENTURA TERÇA-FEIRA, 17 DE OUTUBRO DE 2006 O ESTADO DE S.PAULO ESTADOS UNIDOS Em Napa, o reinado das vinhas Na região vinícola mais renomada da Califórnia, viajante visita parreirais e se esbalda na degustação da bebida FOTOS SILVIA CAMPOS/AE NAPA VALLEY Napa Valley, a uma hora de carro de São Francisco, é quase sinônimoderegiãovinícoladaCalifórnia.Querumaprova?Quando se falou que o badalado Sideways havia sido gravado no Estado, não deu outra. Todos acharamqueasvinícolasdeNa- pa haviam servido de locação – e não os bem menos conhecidos vinhedos da região de Santa Barbara, mais ao sul, onde tudo foi, de fato, filmado. Outra característica pode ter ajudado a criar a confusão. Équeauvapinotnoir–apreferidadeMiles Raymond(Paul Giamatti), o personagem principal – se dá muito bem no clima dos vales do norte da Califórnia, caso de Napa e Sonoma, onde faz calor de dia e frio à noite. A produção de Napa é 20 vezes menor que a de Sonoma, mas no mundo dos vinhos é a exclusividade que conta. Para ser um autêntico Napa Valley, o rótulo preciso ser feito só com uvas cultivadas no local. Já para ganhar um selo de Sonoma basta que 85% das uvas sejam do vale. E as condições da região são perfeitas para o cultivo. “Se assemelham às da Borgonha, na França”, explica aos visitantes a guia Dace Rutland, da Madonna Estate (www.madonnaestate.com). A vinícola, como muitas das 240existentes emNapa, foi fundada por um italiano, Andrea Bartolucci, em 1922. Hoje, é tocada pela quarta geração de descendentes do imigrante. O tour oferecido pelo estabelecimentocomeçacomumavisita aos vinhedos e a oportunidade de colher e experimentar as uvas. A degustação da bebida fica para o fim, mas a espera vale a pena. Por US$ 15 dá para provar seis tipos de vinho. Antes que um apressadinho vire a taça, a guia explica o ritual da degustação. Primeiro, é preciso colocar o líquido contra a luz, para buscar possíveis impurezas. Depois, é hora de sentir seu aroma e tentar decifrá- Confusão comum: achar que ‘Sideways’ foi filmado por lá lo. A prova é a última etapa. “Gostei da maneira como eles ensinaram a experimentar o vinho. Nunca havia provado umtãobom”,afirmaaengenheira colombiana Lucero Mesa, de 49 anos. BORGONHA AMERICANA – Uvas encontram solo e clima perfeitos SONOMA Antes de se aventurar pelas vinícolasdaregiãodeSonoma,vale parar para almoçar na cidade de mesmo nome, a principal daquele trecho. Com apenas 5 mil habitantes, o município tem uma charmosa praça rodeada por dezenas de restaurantes. Não deixe de visitar a Missão de São Francisco Solano, de 1823. Trata-se da última das 21 missõesespanholas(posteriormente mexicanas) construídas na Califórnia. Pronto para provar mais vinhos? O tour da Viansa (www. viansa.com), cuja sede imita uma vila da Toscana, na Itália, é uma boa pedida. O preço é bom (US$5) e os vinhos não deixam a desejar. ● SILVIA CAMPOS BEM DE PERTO – Turistas passeiam no campo e participam da colheita NA PONTA DO LÁPIS Operadora Duração O que inclui Preço* 6 noites Passagem aérea, quatro noites de hospedagem em São Francisco, duas em Napa Valley, locação de carro por uma semana US$ 1.649 Designer (0--11-2181-2900; www.designertours.com.br) 6 noites Passagem aérea, quatro noites em São Francisco e duas em Napa Valley, locação de veículo por uma semana, seguro-viagem US$ 1.659 Prime Tour (0--11-3178-4760; www.primetour.com.br) 6 noites Passagem aérea, três noites em São Francisco e três em Napa Valley, tour a bordo do Trem do Vinho, visita a vinícolas locais, jantar de boas-vindas, almoço em Chinatown (São Francisco) US$ 3.453 Central de Intercâmbio (0--11-3677-3607; www.ci.com.br) 5 noites Passagem aérea, cinco noites em São Francisco, passeio de barco, almoço no Hard Rock Café, locação de carro e seguro-viagem US$ 1.636 Interpoint (0--11-3087-9400; www.interpoint.com.br) 5 noites Passagem aérea, três noites em São Francisco e duas em Napa Valley, locação de carro por seis dias US$ 3.200 Nascimento (0--11-3156-9944; www.nascimento.com.br) 5 noites Passagem aérea, hospedagem em São Francisco, excursão a Napa Valley com visitação a vinícolas, seguro-viagem US$ 1.465 Atlantis (0--11-5532-0888; www.atlantisviagens.com.br) Passagem aérea: a rota São Paulo–São Francisco–São Paulo custa a partir de US$ 1.287 na Delta Airlines (4003-2121), US$ 1.307 na United Airlines (0--11-3145-4200) e na American Airlines (0--11-4502-4000), US$ 1.363 na Continental (0--11-2122-7500) e US$ 1.980 na TAM (4002-5700). *Mínimo por pessoa em acomodação dupla ArtEstado/Gustavo Tortelli