Aperfeiçoamento do software RAIOS para simulação - PADS
Transcrição
Aperfeiçoamento do software RAIOS para simulação - PADS
ACÚSTICA E VIBRAÇÕES no. 38, Janeiro de 2007 1 Aperfeiçoamento do software RAIOS para simulação numérica de acústica de salas com inclusão de modelo modal para baixas freqüências Melo, V.S.G.a; Tenenbaum, R.A.b; Camilo, T.S.c; Torres, J.C.Bd.; Pimentel, I.A.b a Laboratório de Acústica e Vibrações (LAVI), PEM, COPPE, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, [email protected] Laboratório de Instrumentação em Dinâmica, Acústica e Vibrações (LIDAV), IPRJ, UERJ, Nova Friburgo, RJ c PETROBRAS/Gás & Energia/ Engenharia de Logística, Rio de Janeiro, RJ d Departamento de Expressão Gráfica, Escola Politécnica, UFRJ, Rio de Janeiro, RJ b Resumo A performance do software RAIOS para simulação numérica de acústica de salas é revisada brevemente, utilizando-se como sala de referência para sua validação o estúdio de música utilizado na inter-comparação internacional denominada Round Robin 3. Em seguida, é apresentado o modelo modal para salas retangulares de paredes não-rígidas. O modelo híbrido utilizado na versão 3.0 do software RAIOS é confrontado com os resultados obtidos pelo modelo modal na região de 125 Hz (banda de oitava que contém a freqüência de Schroeder da sala). Verificou-se que parâmetros acústicos calculados diretamente a partir da curva de decaimento da sala, como T30 e EDT, são melhor avaliados pelo modelo híbrido; porém, parâmetros que dependem diretamente da resposta impulsiva quadrática, como é o caso do C80 e do D50, são melhor preditos, em 125 Hz, pelo modelo modal. A conclusão geral é de que o software de predição acústica RAIOS 4 ― envolvendo o modelo de raios acústicos, para o cálculo das reflexões especulares, o modelo de transição de energia, para a determinação das reflexões difusas, e o modelo modal para as baixas freqüências ― é bastante preciso e confiável como simulador numérico de acústica de salas. Abstract The performance of the software RAIOS 3 for room acoustics numerical simulation is briefly discussed. In the sequence the modal model for rectangular rooms with non-hard walls is presented. It is shown that for some room quality parameters the modal model, in the low-frequency range, provides a better prediction accuracy than the hybrid method adopted by software RAIOS. The version 4.0 of the software incorporates the modal model for the low-frequency range. However, it is shown that for parameters computed from the room decay curve, like T30 and EDT, the hybrid model obtain better results. On the other hand, parameters computed directly from the room’s quadratic impulse response, as C80, D50, are better predicted with the modal model. The results presented here were validated with the data of the inter-comparison called Round Robin 3, provided by the PTB, Germany. The general conclusion is that the software RAIOS 4 ― including the ray tracing technique for the specular reflections, the energy transition model for the diffuse reflections and the modal model for the low-frequency simulation ― is very accurate to predict room acoustics behavior. Palavras-chave: Qualidade acústica de salas, Simulação numérica de acústica de salas, Acústica modal, Comparação entre modelos para salas. 1. Introdução Atualmente, presenciamos o constante aperfeiçoamento e aumento da capacidade dos processadores, fazendo dos computadores uma ferramenta poderosa e capaz de calcular os mais diversos e complexos efeitos da propagação de ondas sonoras. Nesse contexto, os métodos numéricos são os principais protagonistas, ao transportar a realidade física para a linguagem computacional e, como a simulação numérica de acústica de salas demanda dispor de modelos para os diversos fenômenos físicos presentes, é essencial REVISTA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ACÚSTICA (SOBRAC) discutir e avaliar objetivamente sua eficácia. Algumas equações clássicas da acústica de salas falham em oferecer bons resultados quando as salas se afastam de suas hipóteses idealizadas ou assumem geometria complexa. Preenchendo essa lacuna, as técnicas numéricas nos oferecem boas predições, mesmo para salas com geometria extremamente complexa e materiais de revestimento diversos. Suas principais vantagens, comparando-se à utilização de modelos reduzidos, são o baixo custo, a rapidez na modelagem e remodelagem da sala e a possibilidade de variação na obtenção de resultados [1]. 2 Melo, V.S.G., Tenenbaum, R.A., Camilo, T.S., Torres, J.C.B. & Pimentel, I.A.: Aperfeiçoamento do software raios para simulação numérica de acústica de salas com inclusão de modelo modal para baixas freqüências Diversos métodos têm sido desenvolvidos para a simulação numérica de acústica de salas. Os métodos mais consagrados são o de traçado de raios [2-4], o das imagens ou das fontes virtuais [5,6], o de traçado de cones ou de pirâmides [7-9] e o de transição de energia [10-12]. Estudos comparativos entre diversos métodos têm sido publicados [13-15]. Visto que a acústica de salas envolve vários fenômenos pertinentes à propagação do som, como a reflexão, a absorção, a difusão, a difração, a transmissão e a interferência, sua predição correta não pode ser atingida utilizando-se apenas um dos métodos numéricos descritos acima. Por essa razão, experimentos numéricos incorporando combinações desses têm sido realizados criando-se novos modelos de simulação, que são chamados métodos híbridos [16,17,7]. Nos códigos computacionais para simulação acústica atualmente disponíveis, essa filosofia tem sido adotada, embora nem sempre com o devido cuidado. Além da modelagem da propagação sonora, devem-se também modelar outros elementos tais como fontes, receptores e contornos da sala. Para fins de aurilização, deve-se modelar também a função de transferência relativa à cabeça humana (HRTF). Normalmente, a maioria dos programas existentes modela o conteúdo espectral da fonte pelo seu espectro de potência discretizado em bandas de oitava. Alguns modelos consideram a direcionalidade como função do azimute e da elevação enquanto outros somente consideram o ângulo azimutal. Essas discretizações estão de acordo com as aproximações propostas por normas [18-20] e atingem margens de erros consideradas satisfatórias, reduzindo consideravelmente o tempo de processamento. Mais recentemente, um grande enfoque tem sido dado ao estudo dos efeitos da difusão e sua quantificação. Inúmeras pesquisas concluem a importância da difusão para a qualidade acústica de uma sala, seja ela um auditório, um estúdio ou uma sala de concertos [21-25]. Espalhar as primeiras reflexões no ambiente proporciona uma sensação de envolvimento, evita ecos e torna o campo sonoro mais difuso, tornando-o, portanto, mais agradável ao ouvido. Novos coeficientes e métodos de medição da difusão de superfícies têm sido normalizados [20,30] a fim de compor uma base de dados útil a projetos e simulações numéricas em salas. A versão 3.0 do software RAIOS utiliza-se de dois métodos de simulação numérica, o primeiro consiste no método de traçado de raios e o segundo no método de transição de energia. O software apresenta novas técnicas para o aperfeiçoamento desses modelos através de um modelo híbrido. O código numérico que traduz esse modelo foi elaborado em linguagem C++ e implementado em plataforma Windows, tendo uma interface fortemente baseada em computação gráfica. Os principais dados de entrada do programa são: as ACÚSTICA E VIBRAÇÕES no. 38, Janeiro de 2007 características de cada fonte e de cada receptor; as características geométricas e acústicas da sala, incluindo os coeficientes de absorção e difusão; condições atmosféricas; critérios de parada do algoritmo; e as discretizações espacial da sala e temporal da resposta impulsiva desejadas [1]. A Fig. 1 ilustra a tela principal do programa RAIOS 3, com sua interface gráfica contendo cinco sub-telas, a saber: tela de edição (a maior); tela de inserção de dados (à sua direita); tela de verificação de dados (inferior central); tela de comandos (inferior direita); e tela de apresentação de resultados da simulação (inferior esquerda). Figura 1: Tela principal do código computacional RAIOS 3. O desempenho da implantação numérica desse modelo foi avaliado e validado, a partir dos resultados obtidos para uma sala-padrão, em uma inter-comparação internacional com diversos outros programas de simulação participantes do Round Robin 3 (RR3), promovido pelo PTB, Alemanha. Nessa comparação entre programas de simulação numérica, realizada em três fases de crescente complexidade, participaram cerca de vinte equipes. O código computacional RAIOS 3 atingiu ótimos resultados, demonstrando a eficácia do modelo adotado. As Figs. 2 e 3 indicam os erros percentuais médios, relativos aos valores medidos, dos diversos participantes do RR3. Na Fig. 2 é mostrada a média dos erros relativos ― aos resultados medidos ― para os parâmetros: T30, EDT, C80, D50, TS, G e LF. Quanto menor a altura das colunas, menor é o erro médio relativo. A seta inferior indica o programa RAIOS 3. A Fig. 3 mostra o mesmo resultado, incluindo agora na média o valor predito para o parâmetro LFC, calculado somente por dez dos softwares participantes. Embora os resultados da simulação obtidos com o software RAIOS 3 tenham sido bastante satisfatórios, em se comparando com os valores medidos, verificou-se a sua ineficiência ― e dos demais programas de simulação participantes do RR3 ―, na banda de 125 Hz. ACÚSTICA E VIBRAÇÕES no. 38, Janeiro de 2007 Melo, V.S.G., Tenenbaum, R.A., Camilo, T.S., Torres, J.C.B. & Pimentel, I.A.: Aperfeiçoamento do software raios para simulação numérica de acústica de salas com inclusão de modelo modal para baixas freqüências Figura 2: Erros percentuais médios, relativos aos resultados das medições, dos diversos participantes do RR3, com a seta indicando o valor obtido pelo RAIOS 3. 3 Figura 4: Resultados de C80 para a combinação S2R2 em função da banda de freqüência. 2. Modelos de simulação para o software RAIOS 3 A seguir, veremos muito sucintamente os modelos utilizados como base para o software RAIOS 3. 2.1 Método de traçado de raios Figura 3: Erros percentuais médios, incluído o parâmetro LFC relativos aos resultados das medições, dos participantes do RR3, com a seta indicando o valor obtido pelo RAIOS 3. A título de exemplo, a Fig. 4 mostra o resultado das simulações obtidas pelos 21 participantes no cálculo do índice de clareza, C80, para a combinação S2 (fonte na posição 2) R2 (microfone na posição 2), em função da banda de oitava (entre 125 Hz e 4 kHz). Os resultados das medições são apresentados em linha preta cheia, os resultados simulados pelo RAIOS 3 estão mostrados em linha preta tracejada e os resultados dos outros participantes nas linhas finas de cores diversas. Observa-se claramente que na banda de oitava centrada em 125 Hz há um desvio ― aparentemente presente em todos os programas participantes ―, mas, em particular, no resultado simulado pelo software RAIOS 3, que indica claramente não haver um modelo adequado às baixas freqüências. Para resolver esse problema, utilizar-se-á um modelo modal, para salas retangulares, na região até a freqüência de Schroeder da sala, a ser confrontado com o modelo híbrido utilizado no software RAIOS 3. Trata-se de um dos métodos mais tradicionais de simulação numérica em acústica de salas. Nesse método, a modelagem da onda sonora é feita por analogia de raios luminosos, baseando-se na acústica geométrica. Cada um desses raios possui as informações do espectro de potência e do tempo de percurso da onda. Propagando-se em linha reta, o raio vai sendo submetido aos efeitos causados pela atenuação durante a propagação da onda sonora no ar e pelas superfícies de contorno da sala, que incluem os fenômenos de absorção, reflexão especular e reflexão não-especular. Chama-se especular a reflexão que obedece à lei de Snell, isto é, o ângulo de reflexão é igual ao ângulo de incidência. Essas reflexões especulares ocorrem em planos de superfície rígida com dimensões muito maiores do que o comprimento da onda incidente [20]. Qualquer parcela da energia da onda refletida que se espalha por direções diferentes da especular é considerada como reflexão não-especular. Usualmente essa reflexão é também chamada de reflexão difusa ou espalhamento. 2.2. Método de transição de energia Esse método é também chamado de método dos caminhos aleatórios, método da radiosidade (utilizado em computação gráfica), ou método dos pacotes de energia. Ele se baseia na troca de energia entre a fonte, as superfícies da sala e o receptor, em intervalos regulares de tempo iguais ao tempo característico da sala, ou seja, τ = 4V/c S, onde V é o volume da sala, c é a velocidade do som e S é a área total das superfícies da sala [1,11]. Esse intervalo é também chamado de tempo de transição. O método se fundamenta na mesma hipótese adotada por Sabine (campo completamente 4 ACÚSTICA E VIBRAÇÕES no. 38, Janeiro de 2007 Melo, V.S.G., Tenenbaum, R.A., Camilo, T.S., Torres, J.C.B. & Pimentel, I.A.: Aperfeiçoamento do software raios para simulação numérica de acústica de salas com inclusão de modelo modal para baixas freqüências difuso) e utiliza equações matriciais em seus cálculos. 2.3. Método híbrido O uso de apenas um método para simulação de todos os fenômenos da propagação do som não produz resultados satisfatórios, conforme observado anteriormente. O método híbrido proposto na versão 3.0 do RAIOS utiliza uma combinação dos métodos descritos nos itens 2 e 3 como uma forma de simular os quatro fenômenos mais importantes da propagação do som em salas, a saber: absorção nas fronteiras; absorção do ar; reflexão especular; e reflexão difusa. Viu-se que os métodos de traçado de raios e de transição de energia variam sua precisão em direções opostas com a variação do coeficiente médio de espalhamento, δ, das superfícies da sala, conforme ilustrado na Fig. 5. freqüência de corte da sala, também conhecida como freqüência de Schroeder, dada, aproximadamente, por f s = 2000 T / V , (2) onde T é o tempo de reverberação da sala, em segundos, e V é o seu volume, em m3. (a) Figura 5: Precisão dos métodos de traçado de raios e de transição de energia em função do coeficiente médio de espalhamento da sala. Na versão 3.0 do RAIOS adotou-se o método de traçado de raios para a simulação das reflexões especulares e o método de transição de energia para a simulação das reflexões difusas. A resposta impulsiva quadrática, RIQ, final é obtida adicionando-se simplesmente as RIQ’s especular e difusa. A Fig. 6 ilustra essas respostas, sem filtragem em freqüência, para uma determinada sala. Observa-se claramente a introdução de energia difusa, principalmente na segunda metade da abscissa, ampliando a cauda reverberante da sala. (b) 3. Do modelo modal para salas retangulares O modelo modal para salas retangulares é bem conhecido, estando satisfatoriamente, detalhado em textos clássicos de acústica de salas, tais como, p. ex., o Kuttruff [26]. Muito sucintamente, o campo de pressão sonora de baixa freqüência em uma sala retangular pode ser expresso por p ( x, y, z, t ) = Q cos nLxπxx cos n yπy Ly cos nLzπz z eiωt , (1) onde Q é uma amplitude, dependente da potência da fonte, nx, ny e nz são inteiros, Lx, Ly, e Lz são as iω t dimensões da sala e o termo e representa uma função harmônica de freqüência angular ω. A Eq. (1) expressa a solução geral para equação de Helmholtz [27] no interior de uma sala retangular, onde cada função cossenoidal exprime um modo da sala, para cada uma das três direções coordenadas. A pressão sonora efetiva em um determinado ponto será a soma de todos os modos nas três direções, computados até o limite da (c) Figura 6: (a) RIQ especular; (b) RIQ difusa; (c) RIQ especular + difusa. Observe que as escalas verticais não são iguais. As freqüências naturais, ou de ressonância, da sala são as auto-freqüências do operador diferencial de Helmholtz, dadas por c f ( nx , n y , nz ) = ⎡ 2 ⎢⎣ ( ) +( ) +( ) nx 2 Lx ny 2 Ly nz 2 Lz 1 ⎤2 . ⎥⎦ (3) A Fig. 7 ilustra a pressão sonora correspondente à soma dos quatro primeiros modos nas direções x e y. Para o cálculo do modelo modal, portanto, determina-se, primeiramente, a freqüência de Schroeder da sala, de modo a se verificar até que banda de oitava deve ser aplicado o modelo modal e quais os modos serão excitados até aquela freqüência. Em seguida, dados os ACÚSTICA E VIBRAÇÕES no. 38, Janeiro de 2007 Melo, V.S.G., Tenenbaum, R.A., Camilo, T.S., Torres, J.C.B. & Pimentel, I.A.: Aperfeiçoamento do software raios para simulação numérica de acústica de salas com inclusão de modelo modal para baixas freqüências 5 Figura 8: Sala adotada para a inter-comparação durante o RR3 utilizada para a validação do modelo modal. Figura 7: Soma dos quatro primeiros modos em uma sala retangular em um determinado instante de tempo. pontos onde se situa(m) a(s) fonte(s) sonora(s), determinam-se os valores de Q para cada posição de fonte. Finalmente, a Eq. (1) é aplicada, substituindo-se os valores das coordenadas espaciais pelas respectivas coordenadas das posições dos microfones, ou receptores. Cumpre notar que, como deseja-se conhecer a resposta impulsiva em cada um dos pontos de recepção, deve-se substituir o termo harmônico no tempo, eiωt, por e-δt, que expressa um decaimento no tempo, com δj = 2αjL/c, j=x,y,z. A constante de decaimento δ, portanto, será uma para cada direção, bem como os coeficientes de absorção α. 4. Validação dos resultados em 125 Hz Apresentaremos a seguir uma comparação entre os dados experimentais medidos pelo PTB, na terceira fase do RR3, os resultados obtidos pelo programa RAIOS 3 e pela aplicação do modelo modal proposto, na banda de oitava centrada em 125 Hz. A freqüência de corte da sala é de, aproximadamente 85 Hz. Para isso utilizaremos as dimensões da sala utilizada no RR3, os coeficientes de absorção dos materiais que a compõem, encontrando a resposta impulsiva e calculando seus parâmetros acústicos, tais como, C80, D50, EDT e T30. Na terceira fase do RR3, a sala adotada foi um estúdio de música, localizado no próprio PTB, onde todos os detalhes construtivos da sala foram fornecidos, incluindo os perfis do teto e parede difusores, conforme mostrado na Fig. 8. Note-se que duas condições, cortinas abertas e fechadas, foram simuladas e medidas (ver Fig. 9). Ressaltamos que o modelo modal foi desenvolvido apenas para salas retangulares. Contudo, o comportamento dos modos não terá variação significativa se assumirmos que a sala é retangular, neste caso, onde a planta baixa mostra efetivamente, um trapézio, como indica a Fig. 9. Dessa forma, utilizou-se como Lx o valor médio entre as dimensões das duas bases do trapézio, como indica a figura. Figura 9: Planta baixa da sala adotada para a inter-comparação durante o RR3 utilizada para a validação do modelo modal. As Figs. 10 e 11 mostram os erros relativos percentuais tanto do modelo híbrido (software RAIOS 3) como do modelo modal, sempre na freqüência de 125 Hz, para a sala do RR3, e para cada par fonte-receptor, na condição 140 T30-Modelo modal T30-Raios 3 EDT-Modelo modal EDT-Raios 3 D50-Modelo modal D50-Raios C80-Modelo modal C80-Raios 120 100 80 60 40 20 0 S1R1A S1R2A S1R3A S2R1A S2R2A S2R3A Figura 10: Erros relativos percentuais obtidos com o modelo híbrido e o modelo modal, em 125 Hz, cortinas abertas. 120 T30-Modelo modal T30-Raios 3 EDT-Modelo modal EDT-Raios 3 D50-Modelo modal D50-Raios C80-Modelo modal C80-Raios 100 80 60 40 20 0 S1R1F S1R2F S1R3F S2R1F S2R2F S2R3F Figura 11: Erros relativos percentuais obtidos com o modelo híbrido e o modelo modal, em 125 Hz, cortinas fechadas. 6 Melo, V.S.G., Tenenbaum, R.A., Camilo, T.S., Torres, J.C.B. & Pimentel, I.A.: Aperfeiçoamento do software raios para simulação numérica de acústica de salas com inclusão de modelo modal para baixas freqüências de cortinas abertas (Fig. 10), e na condição de cortinas fechadas (Fig. 11). Observa-se que, em geral, os parâmetros T30 e EDT não tiveram reduzido o seu erro relativo com o modelo modal, ao passo que os parâmetros C80 e D50 obtiveram sensível melhora, excetuando-se S1R2A, S2R2A, S2R3A e S2R3F. 6. Conclusões Analisando-se as Figs. 10 e 11, verifica-se que, na maioria dos casos, a utilização de um modelo modal para baixas freqüências, nos conduz a valores mais próximos dos medidos no interior da sala, na banda de oitava de 125 Hz. Contudo, nem T30 nem EDT é bem avaliado pela teoria ondulatória, não melhorando com o a adoção do modelo modal, devendo-se manter o cálculo pelo método híbrido. A conclusão preliminar parece indicar que parâmetros que dependem da curva de decaimento da sala, como o T30 e o EDT, são melhor preditos pelo modelo híbrido, ao passo que aqueles que dependem exclusivamente das respostas impulsivas são melhor avaliados pelo modelo modal. O programa RAIOS 4, em fase final de implementação, incorporará os dois métodos, com uma rotina de seleção automática do método a utilizar para cada parâmetro. Referências [1] Camilo, T. S., Tenenbaum, R. A.: Método Híbrido para Simulação Numérica de Acústica de Salas: Teoria, Implantação Computacional e Validação Experimental, Acústica & Vibrações, 36, 2006. ACÚSTICA E VIBRAÇÕES no. 38, Janeiro de 2007 non-diffuse spaces by a random walk approach, J. Sound and Vibration, 81(4), p. 549-564, 1982. [11] Alarcão, D., Bento Coelho, J. L., Tenenbaum, R. A.: On modeling of room acoustics by a sound energy transition approach, In EEA Symposium on Architectural Acoustics, Madrid, 2000. [12] Vorländer, M.: Room acoustical simulation algorithm based on the free path distribution, J. Sound and Vibration, 232(1), p. 129-137, 2000. [13] Kuttruff, K. H.: Simulation models for auralization in room acoustics, In ICA 92, F2-2, Beijing, 1992. [14] Stephenson, U.: Comparison of the mirror image source method and the sound particle simulation method, Applied Acoustics, 29, p. 35-72, 1990. [15] Lam, Y. W.: A comparison of three diffuse reflexion modeling methods used in room acoustics computer models, J. Acoust. Soc. Am., 100(4), p. 2181-2192, 1996. [16] Vorländer, M.: Simulation of the transient and steadystate sound propagation in rooms using a new combined ray-tracing/image-source algorithm, J. Acoust. Soc. Am., 86(1), p. 172-178, 1989. [17] Rindel, J. H., Naylor, G.: Computer modeling of sound fields in rooms – The state of the art and outlook to the future, In ICA 92, F2-1, Beijing, 1992. [18] ABNT NBR 12179: Tratamento acústico em recintos fechados, 1992. [19] ISO 3382: Acoustics – Measurement of the reverberation time of rooms with reference to other acoustical parameters, 2 ed., 1997. [2] Kulowski, A.: Algorithmic representation of the ray tracing technique, Applied Acoustics, 18, p. 449-469, 1984. [3] Embrechts, J. J.: Randomly traced sound ray techniques, Acustica, 51, p. 285-295, 1982. [21] D'Antonio, P., Cox, T. J.: Diffusor application in rooms, Applied Acoustics, 60, p. 113-142, 2000. [4] Ballesteiros, M. L.: Simulação Numérica de Acústica de Salas, Tese de M.Sc., COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, RJ, Brasil, 1989. [22] Bermond, R., Davies, W.: Influence of diffuse reflections on the playing of musicians, In ICA 2001, 4D.10.01, Rome, 2001. [5] Dance, S. M., Shield, B. M.: The complete imagesource method for the prediction of sound distribution in non-diffuse enclosed spaces, J. Sound and Vibration, 201(4), p. 473-489, 1997. [23] D'Antonio, P., Cox, T. J.: Two decades of sound diffusor design and development. Part 1: Applications and design, J. Audio Eng. Soc., 46(11), p. 955-976, 1998. [6] Allen, J. B., Berkley, D. A.: Image method for efficiently simulation small-room acoustics, J. Acoust. Soc. Am., 108(4), p. 1710-1720, 2000. [24] Haan, C. N., Fricke, F. R.: Surface diffusivity as a measure of the acoustic quality of concert halls, In ANZAScA Conference, p. 81-90, Sidney, 1993. [7] Lewers, T.: A combined beam tracing and radiant exchange computer model of room acoustics, Applied Acoustics, 38, p. 161-178, 1993. [25] Torres, R. R., Kleiner, M., Svensson, U. P., et all: Subjective evaluations of scattering in rooms, In ICA 2001, 3B.08.02, Rome, 2001. [8] Farina, A.: RAMSETE - A new pyramid tracer for medium and large scale acoustic problems, In EuroNoise 95, Lyon, 1995. [26] Kuttruff, K. H.: Room Acoustics, 4 ed. London, Spon Press, 2000. [9] Stephenson, U. M.: Quantized pyramidal beam tracing A new algorithm for room acoustics and noise immission prognosis, Acta Acustica, 82, p. 517-525, 1996. [10] Kruzins, E., Fricke, F.: The prediction of sound fields in [20] ISO/DIS 17487: Acoustics – Measurement of the sound scattering properties of surfaces, Draft ed., 2001. [27] Helmohltz, H. L. F. V.: Equação de helmholtz, Für die Reine und Angewandte Mathematik, 57, p. 1, 1860. [28] Bork, I.: Report on the 3rd Round Robin on room acoustical computer simulation - Part I: Measurements, Acta Acustica, 91(4), p. 740-752, 2005.