zoometry

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XXV CONGRESSO BRASILEIRO DE ZOOTECNIA
ZOOTEC 2015
Dimensões Tecnológicas e Sociais da Zootecnia
Fortaleza – CE, 27 a 29 de maio de 2015
Correlações entre medidas in vivo e da carcaça de ovinos alimentados com palma forrageira e
diferentes volumosos em substituição à silagem de milho1
Correlations between in vivo and carcass measures in sheep fed different forages and cactus pear in
replacement of corn silage
Darlan Silva dos Santos2, Greicy Mitzi Bezerra Moreno3, Nahra Oliveira Balbino de Souza2, Namíbia
Oliveira Balbino de Souza2, Jordânia Kelly Barbosa da Silva2, Julimar do Sacramento Ribeiro3, Tobyas Maia
de Albuquerque Mariz3, Dorgival Morais de Lima Júnior3
1
Parte do Trabalho de Conclusão de Curso do terceiro autor, financiado pela FAPEAL.
Graduando (a) em Zootecnia – Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Campus Arapiraca, AL. E-mail:
[email protected];
[email protected];
[email protected];
[email protected];
3
Docente do curso de Zootecnia - Universidade Federal de Alagoas (UFAL), Campus Arapiraca, AL. E-mail:
[email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected].
2
Resumo: O presente trabalho objetivou determinar os coeficientes de correlação de Pearson entre algumas
medidas obtidas no animal vivo e na carcaça de 21 ovinos Santa Inês, terminados em confinamento e
alimentados com dietas contendo palma forrageira e bagaço de cana (Dieta bagaço), palma e feno de tifton
(Dieta feno) em substituição à silagem de milho (Dieta controle). O experimento teve duração de 64 dias,
onde ao final do período experimental, os animais foram pesados, mensurados e abatidos, sendo suas
carcaças também avaliadas e medidas. Foram realizadas correlações de Pearson e observou-se que as
medidas morfométricas in vivo largura do peito e perímetro torácico, tiveram alta correlação com o peso
corporal (0,68; e 0,77, respectivamente) e peso da carcaça fria (0,82; 0,81, respectivamente). Houve alta
correlação entre o perímetro da garupa e a área de olho de lombo (0,80). As medidas com alta correlação são
ferramentas úteis para indicar, com maior precisão, o peso vivo ao abate e o peso da carcaça fria de ovinos da
raça Santa Inês, sendo recomendada o perímetro torácico, escore de condição corporal e profundidade do
peito.
Palavras–chave: área de olho de lombo, bagaço de cana, Santa Inês, zoometria
Abstract: This study aimed to determine the coefficients of Pearson correlation between some measurements
in live animal and carcass of 21 Santa Inês sheep, finished in feedlot and fed diets with cactus pear and sugar
cane bagasse (Diet bagasse), cactus pear and hay Tifton (Hay Diet) to replace corn silage (Diet control). The
experiment lasted 64 days, where the end of the experimental period, the animals were weighed, measured
and slaughtered, and their carcasses also evaluated and measured. Pearson correlations were performed and it
was observed that the morphometric measurements in vivo chest width and chest perimeter, had high
correlation with body weight (0.68; and 0.77, respectively) and cold carcass weight (0.82 and 0.81,
respectively). There was a high correlation between the perimeter of the rump and ribeye area (0.80). The
high correlation measures are useful tools to indicate, more precisely, the live weight at slaughter and cold
carcass weight of Santa Ines breed sheep, and recommended the chest perimeter, body condition score and
chest depth.
Keywords: ribeye area, Santa Ines, sugarcane bagasse, zoometry
Introdução
A ovinocultura se destaca na região do semiárido nordestino como uma das mais importantes
atividades econômicas, sendo propícia para a criação de animais do tipo corte. As elevadas exigências
nutricionais de ovinos em crescimento e a baixa disponibilidade de proteína na maioria dos alimentos
volumosos tropicais, torna necessário suplementar as dietas com alimentos concentrados. A silagem de milho
é considerada volumoso base na dieta de ruminantes em confinamento, porém, apresenta altos custos de
produção. Nesse sentido, uma das alternativas para diminuição dos custos é o uso da palma forrageira, um
dos principais volumosos utilizados no Nordeste, associada a outros alimentos complementares. O bagaço de
cana, subproduto da produção sucroalcooleira, associado com a palma forrageira, poderia substituir a silagem
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de milho, reduzindo custos com a alimentação dos animais, no entanto, faz-se necessário mais estudos sobre
tal substituição. Diversas pesquisas têm sido realizadas para determinar correlações entre medidas tomadas
em tempo real e após o abate e para estimar equações de predição em ovinos (Delfa, 1992). Sendo assim,
objetivou-se com este trabalho estimar correlações entre algumas medidas obtidas no animal vivo e na
carcaça de ovinos Santa Inês terminados com dietas contendo palma forrageira e bagaço de cana ou feno de
tifton em substituição à silagem de milho.
Material e Métodos
O experimento foi conduzido no Centro Demonstrativo e Experimental do Curso de Zootecnia
(CEDEZOO) da Universidade Federal de Alagoas – Campus Arapiraca. Foram utilizados 21 ovinos machos,
não castrados, da raça Santa Inês com peso inicial médio de 22,86 ± 4,04 kg e cerca de 4 meses de idade. Os
animais foram alojados em baias individuais com 1,15m 2, providas de comedouros e bebedouros, sendo
previamente identificados, vermifugados e distribuídos em delineamento inteiramente casualizado, sendo os
tratamentos constituídos por três dietas diferentes, todas com relação volumoso:concentrado de 65:35, sendo:
Dieta Controle = 65% de silagem de milho + 35% de concentrado; Dieta Feno = 35% de palma forrageira +
30% de feno de Tifton + 35% de concentrado; Dieta Bagaço = 35% de palma forrageira + 30% de bagaço de
cana + 35% de concentrado. As dietas foram calculadas para atender as exigências nutricionais de acordo
com o NRC (2007). Os alimentos foram fornecidos duas vezes ao dia às 08h e às 16h, sendo pesadas
diariamente as quantidades fornecidas e as sobras, permitindo 10% de sobras. O experimento teve duração de
79 dias, sendo os primeiros 15 dias para adaptação dos animais às instalações e às dietas, e 64 de período
experimental. Ao final do período experimental, os animais foram pesados, e realizou-se as seguintes
medidas morfométricas no animal vivo: largura do tórax; profundidade do tórax; perímetro torácico;
perímetro da perna e os escores para conformação e condição corporal. Após 24 horas de jejum, os animais
foram pesados novamente e abatidos, e suas carcaças permaneceram durante 24 horas em resfriamento a 4ºC.
Após as 24h, foram tomadas as seguintes medidas: peso da carcaça fria, área de olho de lombo (através da
fórmula AOL = (A/2 x B/2)π, segundo Silva Sobrinho, 1999); comprimento interno da carcaça; largura do
tórax; perímetro da garupa; comprimento da perna; perímetro torácico e os escores de conformação da
carcaça (1 a 5), grau de engorduramento (1 a 5) e escore de gordura perirreal (1 a 3) (Cezar & Souza, 2007).
Foram realizadas correlações de Pearson entre essas medidas in vivo e da carcaça, pelo programa estatístico
SAEG (SAEG, 2000).
Resultados e Discussão
As medidas morfométricas in vivo largura do peito e perímetro torácico, tiveram alta correlação com o
peso corporal (0,68; e 0,77, respectivamente) e peso da carcaça fria (0,82; 0,81, respectivamente), como
observado na Tabela 1. Os resultados estão de acordo com os encontrados por Pinheiro & Jorge (2010), em
que o perímetro torácico e largura do peito, medidas in vivo, foram altamente correlacionados com o peso
vivo ao abate e com o peso de carcaça fria. Segundo Cunha et al. (1999), as medidas morfométricas
realizadas in vivo demonstram alta correlação com as medidas da carcaça e, dessa forma, podem ser
empregadas de forma conjunta ou isolada.
El Karim et al. (1988) observaram alta correlação entre a medida de profundidade do tórax com o peso
ao abate (0,62), resultado semelhante ao desse estudo, em que foram encontradas correlações médias entre
profundidade do tórax com o peso vivo de 0,61 e da carcaça fria de 0,66. O perímetro torácico realizado in
vivo, apresentou alta correlação com o peso corporal (0,77) e o peso da carcaça fria (0,81). Reis et al. (2004),
em estudo feito para avaliar a estimativa do peso vivo de novilhas leiteiras através de medidas corporais,
apontaram que o peso corporal pode ser considerado com acurácia por meio do perímetro torácico, pelo valor
obtido de correlação entre estas duas variáveis que, em seu experimento, foi 0,94. Inclusive existem fitas
métricas disponíveis no mercado onde é possível obter uma acurada estimativa do peso vivo de bovinos
através da medida do perímetro torácico, o que facilita o manejo e reduz os custos com aquisição de balanças
na propriedade. Este tipo de fita métrica dificilmente é encontrada no mercado para estimar o peso vivo de
ovinos.
O perímetro torácico foi a medida que obteve maior correlação entre as mensurações in vivo
analisadas, corroborando com o estudo realizado por Pinheiro & Jorge (2010). Dentre todas as avaliações
realizadas in vivo e na carcaça, apenas o estado de engorduramento (0,24) não apresentou correlação com o
peso vivo. O perímetro torácico foi à medida na carcaça que obteve o maior valor de correlação com o peso
da carcaça fria (0,92). O escore de condição corporal foi altamente correlacionado com o peso da carcaça fria
(0,88). Houve alta correlação entre o perímetro da garupa com a área de olho de lombo (0,80). As medidas
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com alta correlação são uma ferramenta que poderá servir como parâmetro para indicar, com maior precisão,
o peso vivo ao abate e o peso da carcaça fria de ovinos da raça Santa Inês.
Tabela 1. Coeficientes de correlação de Pearson entre medidas in vivo e da carcaça de ovinos alimentados
com palma forrageira e diferentes volumosos em substituição à silagem de milho
PVF
LT
PROFT
PT
PPERNA
CONFIV
ECC
1,00
0,47*
0,66***
0,49**
0,72***
0,85***
1,00
0,81***
0,44*
0,57***
0,60***
1,00
0,73***
0,77***
1,00
0,69***
0,59***
1,00
0,70***
1,00
0,50**
0,82***
0,68***
0,53**
0,65***
0,39*
0,66***
0,64***
0,52**
0,62***
0,50**
0,60***
0,66***
0,37*
0,55***
0,31NS
0,73***
0,48*
0,01NS
0,29NS
0,66***
0,81***
0,62***
0,57***
0,73***
0,44*
0,90***
0,69***
0,07NS
0,46*
0,52**
0,73***
0,39*
0,65***
0,62***
0,23NS
0,71***
0,48**
0,08NS
0,10NS
0,57***
0,79***
0,63***
0,76NS
0,61NS
0,32NS
0,76NS
0,44NS
0,24NS
0,37*
0,53**
0,88***
0,70***
0,62***
0,74***
0,48**
0,75***
0,66***
0,45*
0,66***
AOLcm2
PCF
CIC
1,00
0,69***
0,54**
0,66***
0,80***
0,58***
0,74***
0,39*
0,19NS
0,31NS
1,00
0,73***
0,73***
0,83***
0,47*
0,92***
0,69***
0,43*
0,50**
1,00
0,67***
0,75***
0,52**
0,70***
0,49**
0,41*
0,44*
Medidas in vivo
1,00
PVF
LT
0,68***
PROFT
0,76***
PT
0,77***
PPERNA
0,57***
CONFIV
0,66***
ECC
0,83***
Medidas na carcaça
AOLcm2
0,61***
PCF
0,85***
CIC
0,81***
LT
0,66***
PGAR
0,83***
PPERNA
0,58***
PT
0,83***
CONFCAR 0,49***
ENGOR
0,24NS
EGORPEL
0,52**
PVF- Peso Vivo; LT- Largura de tórax (cm); PROFT- Profundidade do Tórax (cm); PT- Perímetro Torácico (cm); PPERNA - Perímetro
da Perna (cm); CONFIV- Conformação in vivo; ECC- Escore de Condição Corporal; AOL- Área de Olho de Lombo (cm²); PCF- Peso
da Carcaça Fria; CIC- Comprimento Interno da Carcaça; LARTÓR- Largura do Tórax; PGAR- Perímetro da Garupa; PPERNAPerímetro da Perna; PT- Perímetro Torácico (cm); CONFCAR- Conformação da Carcaça; ENGOR- Engorduramento; EGORPÉLEscore de Gordura Pélvico- Renal.
Conclusões
Recomenda-se a utilização do perímetro torácico, escore de condição corporal e profundidade do
peito para estimar o peso vivo de ovinos Santa Inês em fase de terminação.
Literatura citada
CEZAR, M.F.; SOUSA, W.H. Carcaças ovinas e caprinas: obtenção, avaliação e classificação. Uberaba,
MG: Edit. Agropecuária Tropical, 2007.
CUNHA, E.A., BUENO, M.S., SANTOS, L.E. Correlações entre características de carcaça de cordeiros
Suffolk. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 36, 1999, Porto
Alegre. Anais... Porto Alegre: SBZ, 1999. (CD-ROM).
DELFA, R. Predicción de la composición corporal y de la canal a partir del animal vivo y de la canal. In:
CALIDAD DE LA CANAL OVINA, III, Ovis. v. 23, p. 25-56.
PINHEIRO, R. S. B.; JORGE, A. M. Medidas biométricas obtidas in vivo e na carcaça de ovelhas de descarte
em diferentes estágios fisiológicos. Revista Brasileira de Zootecnia, v. 39, n. 2, p. 440-445, 2010.
EL KARIM, A. I. A.; OWENS, J. B.; WHITAKER, C. J. Measurement on slaughter weight, side weight,
carcass joints and their association with composition of two types of Sudan Desert sheep. Journal
Agricultural Science, v. 110, n. 1, p. 65-69, 1988.
REIS, G. L.; ALBUQUERQUE, F. H. M. R.; TEODORO, R. L. et al. Estimativa do peso vivo de novilhas
mestiças leiteiras a partir de medidas corporais. In: SIMPÓSIO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE
MELHORAMENTO ANIMAL, 5., 2004, Pirassununga. Anais... Pirassununga: Sociedade Brasileira de
Melhoramento Animal, 2004.
SILVA SOBRINHO, A. G. Body composition and characteristics of carcass from lambs of different
genotypes and ages at slaughter. 1999. 54 f. Thesis (PostDoctorate in Sheep Meat Production) Massey University, Palmerston North, 1999.
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