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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
EXIGENCIAS DE MACROMINERAIS E MICROMINERAIS PARA GANHO DE
PESO DE CORDEIROS SANTA INÊS EM CONFINAMENTO
Tatiana Gouveia Pinto Costa
Zootecnista
AREIA – PB
NOVEMBRO-2003
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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
EXIGENCIAS DE MACROMINERAIS E MICROMINERAIS PARA GANHO DE
PESO DE CORDEIROS SANTA INÊS EM CONFINAMENTO
Tatiana Gouveia Pinto Costa
Zootecnista
AREIA – PB
NOVEMBRO-2003
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TATIANA GOUVEIA PINTO COSTA
EXIGENCIAS DE MACROMINERAIS E MICROMINERAIS PARA GANHO DE
PESO DE CORDEIROS SANTA INÊS EM CONFINAMENTO
Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado
em Zootecnia, da Universidade Federal da Paraíba, do
qual participam a Universidade Federal Rural de
Pernambuco e Universidade Federal do Ceará, como
requisito parcial para obtenção do título de Doutor em
Zootecnia.
Área de concentração: produção animal ou nutrição
animal
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto – Orientador principal
Prof. Dr. Aderbal Marcos de Azevedo Silva
Prof. Dr. Roberto Germano Costa
AREIA – PB
NOVEMBRO – 2013
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iv
iv
v
Ficha Catalográfica Elaborada na Seção de Processos Técnicos da
Biblioteca Setorial do CCA, UFPB, Campus II, Areia – PB.
C732e
Costa, Tatiana Gouveia Pinto.
Exigências de macrominerais e microminerais para ganho de
peso de cordeiros santa inês em confinamento. / Tatiana Gouveia
Pinto Costa. - Areia: UFPB/CCA, 2013.
97f. : il.
Tese (Doutorado em Zootecnia) - Centro de Ciências Agrárias.
Universidade Federal da Paraíba, Areia, 2013.
Bibliografia.
Orientador (a): Severino Gonzaga Neto.
Coorientador (a): Aderbal Marcos de Azevedo Silva e Robeto
Germano Costa.
1. Ovinos – raça Santa Inês - deslanado 2. Ovinos - nutrição 3.
Exigências nutricionais – semiárido I. Gonzaga Neto, Severino
(Orientador) II. Título.
UFPB/CCA
CDU: 633.3(591.53)
v
vi
AGRADECIMENTOS
A meu pequeno núcleo familiar Jaime Miguel e Ariel. O primeiro, esposo amado
e querido, que fez o papel de “Pãe” nos dias que permaneci distante, cuidando das
necessidades de nosso filho nos momentos de saúde e de doença, com seu amor
paciência, carinho. O segundo, meu pequeno presente de Deus, me recebia de braços
abertos após dias de ausência, com a felicidade e a pureza dos pequeninos, para se
aconchegar nos colo cansado da mãe que ansiava por suas presenças.
A minha família, meus pais Lourival e Marli, e irmãos Denize, Lourena,
Lourinal Neto, Renata e Denilson, por toda a trajetória percorrida juntos, pela torcida,
pelas orações, pelo amor e pelo exemplo. Vocês são o alicerce da minha vida, são minha
base moral, espiritual... Tudo que eu sou começou com vocês.
A Universidade Federal da Paraíba (CCA), por ser responsável pelo início de
minha formação profissional e que agora nessa fase final, me recebeu como a filha
pródiga que retorna ao lar.
À Universidade Federal de Campina Grande, na pessoa do Professor Aderbal
Marcos de Azevedo Silva, por ter me acolhido para a pesquisa, mas principalmente por
toda sua bagagem humana e científica, seu desprendimento ao nos ajudar, orientar,
confiar... o senhor é um Grande Mestre!
Ao Professor Severino Gonzaga Neto, por toda confiança, compreensão,
amizade, respeito e por tudo que tens feito por seus “filhos” adotados, no lar da ciência
zootécnica.
Ao Banco do Nordeste do Brasil, pelo financiamento da pesquisa, que
possibilitou a realização deste e outros sonhos.
A meus mestres.
Aos meus amigos
Aos meus colegas.
Aos funcionários...
Como vocês são importantes no passado, presente e futuro da minha vida, na
essência da instituição, para a construção de um Nordeste e de um Brasil melhor!!!
vi
vii
SUMÁRIO
Página
lista de tabelas........................................................................................
lista de figuras..........................................................................................
resumo geral............................................................................................
abstract....................................................................................................
Considerações Iniciais....................................................................................
Referências Bibliográficas..............................................................................
Capítulo 1 - Exigências nutricionais de microminerais para ganho em peso
de Carneiros Santa Inês .................................................................
Resumo...........................................................................................................
Abstract...........................................................................................................
Introdução.......................................................................................................
Material E Métodos.........................................................................................
Resultados e Discussão.................................................................................
Conclusões......................................................................................................
Referências Bibliográficas..............................................................................
Referências Bibliográficas..............................................................................
Referências Bibliográficas..............................................................................
Capítulo 3 – Exigência de microminerais para ovinos Santa Inês em
confinamento...................................................................................................
Resumo..........................................................................................................
Abstract.........................................................................................................
Introdução.......................................................................................................
Material E métodos.........................................................................................
Resultados E discussão...................................................................................
Conclusões......................................................................................................
vii
viii
Referências bibliográficas.............................................................................
Considerações Finais.....................................................................................
Anexos...........................................................................................................
viii
ix
LISTA DE TABELAS
Capítulo I
1.
Participação dos ingredientes e composição química da dieta dos
animais com base na MS........................................................................
2.
Valores médios do peso corporal inicial (PCI), peso corporal final
(PCF), peso do corpo vazio (PCV), ganho de peso médio diário
(GPMD), eficiência alimentar (EA), composição corporal em água,
gordura (Gord), matéria mineral (MM), proteína bruta (PB) cobalto
(Co), manganês (Mn), zinco (Zn) e cobre (Cu) com suas respectivas
equações de regressão, desvio padrão (s) coeficientes de
determinação (R2) e probabilidade (P), para carneiros Santa Inês sob
restrição alimentar..................................................................................
3.
Equações de regressão para o peso do corpo vazio (PCV) em função
do peso corporal (PC), e do logaritmo da quantidade de cobalto (Co),
manganês (Mn), zinco (Zn) e cobre (Cu) em função do logaritmo do
PCV de carneiros Santa Inês, sob restrição alimentar...........................
4.
Estimativa da concentração de cobalto, manganês, zinco e cobre em
função do peso do corpo vazio (PCV), em carneiros Santa Inês sob
restrição alimentar..................................................................................
5.
Equações de predição para o ganho de cobalto (Co), manganês (Mn),
zinco (Zn) e cobre (Cu) e suas respectivas quantidades depositadas
por kg de ganho em peso de corpo vazio (PCV), em de carneiros
Santa Inês dos 30 aos 45 kg de peso corporal........................................
6.
Estimativas de exigências líquidas de cobalto (Co) e manganês (Mn)
para ganho de peso corporal (PC), em mg animal-1 dia-1, de carneiros
da raça Santa Inês dos 30 aos 45 kg de peso corporal...........................
página
ix
x
LISTA DE TABELAS
Capítulo II
1.
Participação dos ingredientes e composição química da dieta dos animais
com base na MS...........................................................................................
2.
Equação de predição da ingestão de matéria seca (IMS), com suas
variáveis independentes, e respectivos desvios-padrão, nível de
significância e coeficiente de determinação................................................
3.
Estimativa de ingestão de matéria seca em função do peso vivo e do
ganho médio diário dos carneiros, a partir de equações de Cabral et al
(2008), Vieira et al (2013), NRC, (2007) e do modelo desenvolvido no
presente trabalho (EQ1)...............................................................................
4.
Equações de regressão para composição corporal de cálcio (Ca), fósforo
(P), Potássio (K) e magnésio (Mg) no corpo vazio de carneiros Santa Inês
em confinamento..........................................................................................
5.
Equações de estimativas de concentrações de minerais, e quantidades de
Ca, P, K e Mg depositados por kg de ganho do ganho no corpo vazio de
Carneiros Santa Inês de 30 a 40 kg de PV, em confinamento....................
6.
Exigência dietética de cálcio geradas pelo modelo do ARC (1980), NRC
(2007) e pela equação gerada no presente trabalho (EQ2.1)........
7.
Estimativa de exigência dietética de Fósforo geradas pelo modelo do
ARC (1980), NRC (2007) e pela equação gerada no presente trabalho
(EQ2.1)........................................................................................................
8.
Estimativa de exigência dietética de Magnésio geradas pelo modelo do
ARC (1980), NRC (2007) e pela equação gerada no presente trabalho
(EQ2.1).........................................................................................................
9.
Estimativa de exigência dietética de potássio gerado pelo modelo do
ARC (1980), NRC (2007) e pela equação gerada no presente trabalho
(EQ2.1).........................................................................................................
página
10.. Equações para estimativa da exigência diária de Cálcio, Fósforo, Potássio
e Magnésio para carneiros Santa Inês (30 a 45 kg de peso vivo) suas
variáveis e seu respectivo desvios-padrão, nível de significância,
coeficiente de determinação (R2), geradas a partir das estimativas de
exigência realizadas pelo método do ARC (1980) 1, e do modelo
avaliado no presente trabalho 2....................................................................
x
xi
LISTA DE TABELAS
Capítulo III
1.
Participação dos ingredientes e composição química da dieta dos
animais com base na MS........................................................................
2.
Rendimento de músculo, osso, gordura total, subcutânea e
intermuscular da carcaça de ovinos Santa Inês em função da restrição
alimentar.................................................................................................
3.
Proporção dos cortes e contribuição dos tecidos dos cortes nos tecidos
da carcaça...................................................................................
4.
Correlação entre os rendimentos dos tecidos componentes da carcaça
e dos cortes.............................................................................................
5.
Predição do peso do músculo da carcaça a partir do tecido muscular
dos cortes comerciais de ovinos Santa Inês...........................................
Predição do peso do osso da carcaça a partir do tecido ósseo dos
cortes comerciais de ovinos Santa Inês..................................................
6.
7
Predição do peso da gordura total, subcutânea e intermuscular da
carcaça a partir do tecido adiposo dos cortes........................................
8
Equações de predição do rendimento de tecido muscular da carcaça
(Y)apartir do rendimento dos tecidos (Variáveis independentes) dos
cortes comerciais....................................................................................
9
Equações de predição do rendimento de tecido ósseo da carcaça (Y) a
página
partir do rendimento dos tecidos (Variáveis independentes) dos cortes
comerciais...............................................................................................
10
Equações de predição do rendimento de tecido adiposo da carcaça
(Y) a partir do rendimento dos tecidos (Variáveis independentes) dos
cortes comerciais....................................................................................
xi
xii
LISTA DE FIGURAS
Capítulo II
1.
Relação entre o consumo de matéria seca (IMS) observado e o
estimado por Cabral et al. (2008), Vieira et al. (2013), NRC (2007) e
pela equação obtida no presente trabalho..............................................
2.
Estimativa da ingestão de matéria (kg/animal/dia) seca em função do
página
peso vivo, a partir de quatro equações de predição...............................
xii
xiii
RESUMO GERAL
A raça Santa Inês foi formada na região do nordeste brasileiro, e apresenta
características como rusticidade e bom potencial de produção que a tornam eletiva para
os diversos sistemas de produção no Brasil. Objetivou-se com este estudo avaliar as
exigências de minerais, a aplicação de modelos para estimativa de ingestão de matéria
seca e exigências de minerais, e estimar a composição física da carcaça por meio dos
cortes comerciais de carneiros Santa Inês em confinamento. Foi desenvolvido um
experimento 32 carneiros com peso vivo médio inicial de 30 kg, confinados
individualmente em baias, e distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado,
submetidos a três níveis de ingestão alimentar (à vontade, 30% de restrição e 60% de
restrição). Foram avaliados consumo de matéria seca e de nutrientes, peso inicial e final,
ganho médio diário, peso ao jejum, peso do corpo vazio, peso metabólico, composição
corporal de macrominerais (cálcio, fósforo, potássio e magnésio) e microminerais
(cobalto, cobre, manganês e zinco), composição tecidual (osso, músculo e gordura) da
carcaça e dos cortes comerciais (pescoço, paleta, costilhar, lombo e perna). Avaliandose a composição corporal em microminerais, foram estimadas as exigências líquidas de
microminerais para ganho de peso em carneiros da raça Santa Inês dos 30 aos 45 kg de
PC, que variam de 0,17 a 0,51 mg kg-1 PC dia-1 para Co; 8,13 a 33,38 mg kg-1 PC dia-1
para Mn; 11 a 37,29 mg kg-1 PC dia-1 para Zn e 2,65 a 8,06 mg kg-1 PC dia-1 para Cu. O
modelo gerado que melhor representou a ingestão de matéria seca dos animais resultou
na seguinte equação: IMS (g/dia) = (0,00204 x PV) + (2,662 x GMD) R²=0,97. Avaliouse equações para predição da composição corporal e exigência de macrominerais,
resultando nas seguintes estimativas de composição corporal, que variaram em cálcio
de 17,41 a 18,09 g kg-1 de PCV; em fósforo de 9,69 a 9,57 g kg-1 de PCV; em potássio
de 1,14 a 1,56 g kg-1 de PCV; e em magnésio de 0,67 a 0,7 g kg-1 de PCV. As
recomendações dietéticas variaram em cálcio de 1,32 a 3,29 g dia-1; em fósforo de 2,5 a
6,25 g dia-1; em magnésio de 0,20 a 0,49 g dia-1 e potássio de 015 a 0,38 g dia-1
respectivamente para os animais com ganho médio diário de 100g e 250g. Foram
geradas as seguintes equações para estimativa de macro minerais para carneiros Santa
Inês: Cálcio (g/dia) = -0,90725 + [(0,0785 x PV
0,75
)] + [16,1527 x GMD] /0,71;
Fósforo (g/dia) = [- 0,03972 x PV] + [0,04748 x PCV] + [7,8536 x GMD] / 0,73;
Potássio (g/dia) = -0,05856 + [0,0019755 x PV] + [1,3446 x GMD] / 0,89; Magnésio
(g/dia) = -0,03311 + [0,001135 x PV] + [0,60572 x GMD] / 0,35. Para a predição da
xiii
xiv
composição tecidual da carcaça de carneiros Santa Inês, verificou-se que os cortes que
apresentaram maiores correlações com os tecidos muscular, adiposo e ósseo da carcaça,
foram o costilhar e o lombo, os quais melhor predisseram os rendimentos dos tecidos na
carcaça.
Termos para indexação: minerais, pequenos ruminantes, requerimento.
xiv
xv
REQUIREMENTS OF MACROMINERALS AND MICROMINERAL FOR GAIN
WEIGHT OF LAMBS SANTA INÊS IN FEEDLOT
ABSTRACT
The Santa Inês breed was formed in the Brazilian Northeast, and presents characteristics
such as hardiness and good production potential that make elective for different
production systems in Brazil. The objective of this study was to evaluate the
requirements of minerals, the application of models to estimate dry matter intake and
mineral requirements, and estimate carcass physical composition through commercial
courts of ram Santa Inês. An experiment was developed 32 sheep with average live
weight of 30 kg, individually confined in stalls, and distributed in a completely
randomized design, subjected to three levels of food intake ( ad libitum, restriction 30%
and 60%). Consumption of dry matter and nutrients, initial and final body weight,
average daily gain, weight fast, the empty body weight, metabolic weight, body
composition of macro minerals (calcium, phosphorus, potassium and magnesium) and
trace minerals were evaluated (cobalt, copper were evaluated, manganese and zinc),
tissue composition (bone, muscle and fat) of carcass and commercial cuts (neck,
shoulder, rib, loin and leg). Evaluating body composition in microminerals, the
estimated net requirements of microminerals for weight gain in Santa Ines sheep from
30 to 45 kg BW, ranging from 0,17 to 0,51 mg kg-1 day PC 1 for Co , 8,13 to 33,38 mg
kg-1 day-1 to PC Mn, 11 to 37.29 mg kg-1 day-1 to PC Zn and 2,65 to 8,06 mg kg-1 PC
day-1 for Cu. The generated model that best represented the dry matter intake of the
animals resulted in the following equation : IMS (g/day) = ( 0,00204 x PV ) + ( 2,662 x
GMD ) R² = 0,97. We evaluated equations for predicting body composition and
requirement macrominerals, resulting in the following estimates of body composition,
calcium ranging from 17,41 to 18,09 g kg-1 of PCV; phosphorus from 9,69 to 9,57 g kg1
EBW, potassium 1,14 to 1,56 g kg-1, PCV, and magnesium 0,67 to 0,7 g kg-1 of PCV.
Dietary recommendations for calcium ranged from 1,32 to 3,29 g day-1; phosphorus
from 2,5 to 6,25 g day-1; magnesium 0,20 to 0,49 day-1 and g Potassium 0,15 to 0,38 g
day-1 respectively for animals with average daily gain of 100g and 250g . The following
equations to estimate macro minerals for Santa Inês rams were generated: Calcium
(g/day) = -0.90725 + [ ( 0.0785 x BW 0.75 ) ] + [ x 16.1527 GMD ] / 0,71; Phosphorus
xv
xvi
(g/day) = [- 0,03972 x PV ] + [ 0,04748 x PCV ] + [ 7,8536 x GMD ]/0,73; Potassium
(g/day) = -0,05856 + [PV 0,0019755 x] + [1,3446 x GMD] / 0,89; Magnesium (g/day) =
-0,03311 + [0,001135 x PV] + [0.60572 x GMD]/0,35. For the prediction of carcass
tissue composition of Santa Inês sheep, it was found that the cuts had higher
correlations with muscle, fat and bone of the carcass, were the ribs and loin, which
predicted yields better tissue in the carcass.
Index terms: minerals, small ruminants, requirement.
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1
CONSIDERAÇÕES INICIAIS
No Brasil a ovinocultura destinada à produção de carne vem se destacando há
alguns anos, e atualmente a região nordeste concentra 56,9% do rebanho ovino nacional
(IBGE, 2009). Nessa região há predominância do clima semiárido e os animais mais
difundidos para produção são de raças deslanadas, com destaque para a raça Santa Inês.
A raça Santa Inês encerra alto valor adaptativo e reprodutivo, o que a destaca
como excelente alternativa na produção de carne para quase todas as regiões tropicais
do Brasil, notadamente as zonas semi-áridas do Nordeste, com um diferencial de
apresentar uma boa resistência a parasitas gastrointestinais, excelente qualidade de pele,
além de um bom desenvolvimento ponderal, atributos que a coloca em posição
estratégica como reserva de diversidade genética factível de uso em programas de
melhoramento, por meio de seleção e cruzamentos (Sousa et al., 2003),.
A produção animal apresenta grandes avanços em genética, sanidade, e
principalmente na nutrição. A alimentação representa o maior custo na produção
animal, e caso não esteja bem balanceada para atender as exigências dos animais nas
diversas fases de crescimento, reprodução ou produção, causa redução do potencial
produtivo do rebanho, seja por falta, imbalanço, ou excesso de nutrientes.
Os ruminantes requerem na sua alimentação fontes de energia, proteínas,
minerais e vitaminas. A ausência de elementos essenciais na dieta desses animais pode
provocar alterações no metabolismo e redução das funções reprodutivas ou produtivas.
Todos os tecidos animais e todos os alimentos contêm elementos inorgânicos ou
minerais amplamente distribuídos em diferentes quantidades e proporções. Os
elementos minerais existem nas células e tecidos do corpo animal, em uma variedade de
combinações químicas e funcionais características, em concentrações que variam de
acordo com o elemento e o tecido. As concentrações dos elementos essenciais devem
geralmente ser mantidas dentro de limites bastante estreitos, para que a integridade
estrutural e funcional dos tecidos seja mantida e o crescimento, saúde e a produtividade
do animal conservem-se intactos. (Underwood & Suttle, 1999).
Diante dessa complexidade de funções exercidas com a participação dos
minerais, e de funções ainda desconhecidas pela ciência, o fornecimento dos minerais
torna-se preponderante para se alcançar bons índices produtivos. No entanto, a
mineralização requer muitos cuidados, pois existem relações sinérgicas e antagônicas
1
2
entre os minerais, onde um ou mais minerais podem aumentar ou comprometer a
absorção e até a atuação de outros minerais.
Interações com outros minerais podem modificar a sua disponibilidade e pode
ser uma importante causa de deficiências ou excessos de minerais. Estes problemas
podem surgir a partir de desequilíbrios naturais ou ser induzida por práticas de gestão
que promovam a ingestão de solo, contaminação das fontes de água, ou suplementação
mineral inadequada. Interações podem ocorrer durante a absorção, o transporte, a
absorção celular, função intracelular, em locais de armazenamento ou sítios de excreção
(NRC, 2007).
Verifica-se assim que os minerais são elementos indispensáveis na nutrição
animal, por isso Moraes et al. (2011) entendem que a mineralização de ruminantes é
uma prática zootécnica viável do ponto de vista prático e econômico, quando se deseja
aumentar a produtividade destas espécies. Entretanto, no Brasil são escassos os
suplementos formulados especificamente para cada espécie e tal fato leva os produtores
a utilizarem suplementos minerais formulados para bovinos na mineralização dos
ovinos, por exemplo.
Alguns mecanismos são indispensáveis para adequar o fornecimento dos
minerais visando atender as necessidades diárias dos animais, sem causar deficiências
ou toxidez, esses só são possíveis com a determinação das exigências dos macro e
microminerais, nas diversas situações, fisiológicas (animais em crescimento, gestação,
de acordo com o sexo e raça) e em sistemas de produção diferentes (confinamento e
pastejo), abrangendo assim as características externas e intrínsecas do animal, que
podem modificar suas exigências.
Comparativamente ao nível de estudo com outros animais domésticos, os
pequenos ruminantes são avaliados aquém de sua importância econômica, social e
nutricional. Esse déficit de estudos levam a erros na difusão de tecnologias e/ou raças
que ainda não foram estudadas quanto a sua eficiência, adaptação ou exigência em
condições diferentes de produção.
Não obstante muitos sistemas de produção mais eficientes utilizam rações
balanceadas buscando fornecer aos animais dietas que atendam suas exigências para
crescimento, reprodução, lactação e mantença. Apesar do aumento dos estudos com
exigências de ovinos na última década, a formulação de rações para esses animais, ainda
2
3
são baseadas em sistemas internacionais de exigência nutricional, como o NRC (1985;
2007), ARC (1981), AFRC (1991).
A maioria dos trabalhos com exigências de minerais realizados com pequenos
ruminantes no Brasil utilizam o método de abate comparativo recomendado pelo ARC
(1980), o qual é considerado pelo NRC (2007) como o método mais preciso, indicado
para minimizar problemas com super alimentação.
Queiroz et al (2000) descreve o método fatorial recomendado pelo ARC (1980)
para determinação das necessidades de minerais, dividindo as predição das exigências
em duas etapas. Na primeira, as necessidades do mineral são obtidas a partir dos
cálculos de acúmulos e excreções do mineral e de perdas endógenas inevitáveis durante
o crescimento, a gestação ou a lactação, sendo o resultado expresso como exigência
líquida. Na segunda, a exigência líquida é dividida pela disponibilidade do mineral nas
diversas fontes dietéticas, sendo o resultado expresso como exigência dietética.
O método de perdas endógenas também é utilizado para estimar as exigências de
minerais. Para a maioria dos elementos e na maioria das situações, o componente
principal de perda endógena é pelas fezes, no entanto essa avaliação torna-se menos
precisa quando se avalia minerais com particularidades nos controles homeostáticos.
Por exemplo, o fósforo e manganês, tem as fezes como vias de excreção do excesso
desses minerais, tornando o montante difícil de medir pois pode acarretar em
informações de retenção negativa, enquanto o ferro e sódio, são conservados no corpo
do animal durante a deficiência, reduzindo a excreção, e consequentemente dificultando
as avaliações (Undewoord e Suttle, 1999)
Os requisitos para estimar a exigência líquida de minerais são fornecidos pelo
teor do mineral em cada unidade de produção, tais como ganho de peso, a produção de
leite ou o crescimento de lã, e são geralmente constantes. No entanto, para elementos
tais como cálcio e fósforo, que são muito mais ricos no osso do que nos tecidos moles,
as exigências para crescimento podem diminuir em animais maduros, porque o osso
contribui progressivamente menos para cada unidade de ganho de peso vivo (AFRC,
1991).
Diante disso, sabe-se que os minerais são elementos essenciais para formação e
metabolismo corporal e precisam ser fornecidos na dieta e atender as exigências para
produção animal. A eficiência no crescimento e deposição de tecidos no corpo do
3
4
animal dependem de uma nutrição adequada, e nesse caso tanto o excesso quanto a
deficiência são prejudiciais. Por isso busca-se estimar a ingestão de alimentos dos
animais para garantir uma adequada nutrição, favorecendo o crescimento dos mesmos,
porém sem causar excesso de deposição de tecidos poucos nobres na carcaça de animais
para corte. A procura por maior controle dos fatores que influenciam no produto final
que chega ao consumidor, gera eficiência na produção, resultando financeiro e produto
de qualidade nas prateleiras.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AGRICULTURAL AND FOOD RESEARCH COUNCIL - AFRC. Energy and
protein requirements of ruminants. Wallingford: Commonwealth Agricultural
Bureaux International, 1993. 159p.
AGRICULTURAL RESEARCH COUNCIL - ARC. The nutrient requirement of
ruminant livestock. Technical review. London: Agricultural Research Council
Working Party, 1980. 351p.
BRASIL. Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística. Indicadores: Abate de animais, produção de leite, couro e
ovos. IBGE. Disponível em: < http://www.ibge.gov.br>Acesso em: out. 2013.
MORAES, S.A.; COSTA, S. A. P.; ARAÚJO, G. G. L. Nutrição e exigências
nutricionais. In: VOLTOLINI, T. V. (Org.). Produção de caprinos e ovinos no
Semiárido. ed. 1. Petrolina/PE: Petrolina/PE, 553p. 2011.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL – NRC. Nutrient requirement of small
ruminants: Sheep, goats, cervids and new camelids. Washington: National
Academy Press, 2007. 384p.
NATIONAL RESEARCH COUNCIL - NRC. Nutrient requirements of sheep.
Washington, D.C.: National Academy Press, 1985.
QUEIROZ, A. C. de.; GOUVEIA, L. J.de.; PEREIRA, J. C.et al. Exigências
Nutricionais de Caprinos da Raça Alpina em Crescimento. 1. Exigência
Nutricional de Fósforo para Mantença: Perdas Endógenas e Abate Comparativo
Revista Brasileira de Zootecnia. v. 29, p.1205-1215, 2000.
4
5
SOUSA, W. H.; LÔBO, R.N.B.; MORAIS, O.R. Ovinos Santa Inês: Estados de arte e
perspectivas.
EMBRAPA.
2003.
Disponível
em:
<http://ainfo.cnptia.embrapa.br>. Acesso em: 30 set. 2013.
UNDERWOOD , E.J.; SUTTLE, N.F. In: The mineral nutrition of livestock. 3rd ed.
CABI. Publishing, Oxon-New York. 1999.
5
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Capítulo I
Exigências nutricionais de microminerais para ganho em peso de Carneiros Santa
Inês
6
7
Exigências nutricionais de microminerais para ganho em peso de Carneiros Santa
Inês
Resumo
Com o objetivo de estimar as exigências nutricionais em ganho de cobalto,
manganês, zinco e cobre, foi desenvolvido um experimento utilizando 32 carneiros, com
peso corporal inicial médio de 30 kg, confinados em baias individuais, e distribuídos em
um delineamento inteiramente casualizado. Os animais foram divididos em quatro
grupos com oito animais cada, onde um grupo recebeu alimentação á vontade, e os
outros dois com restrição alimentar de 30% e 60%, além de um grupo de oito animais
que foram abatidos no início do experimento, para servir de referência. As
concentrações de Co, Mn, Zn e Cu no ganho de PCV variaram de 2,02 a 2,40; 95,65 a
157,13; 129,44 a 175,54 e 31,22 a 37,93 mg kg-1 de ganho de PCV, respectivamente. As
exigências líquidas para ganho de Co, Mn, Zn e Cu apresentaram um aumento
concomitantemente com o peso corporal dos carneiro entre 30 a 45 kg de PC,
demonstrando que existe uma relação entre a composição corporal desses minerais e o
peso do animal. As exigências líquidas para ganho de peso em carneiros da raça Santa
Inês dos 30 aos 45 kg de PC variam de 0,17 a 0,51 mg kg-1 PC dia-1 para Co; 8,13 a
33,38 mg kg-1 PC dia-1 para Mn; 11 a 37,29 mg kg-1 PC dia-1 para Zn e 2,65 a 8,06 mg
kg-1 PC dia-1 para Cu.
Termos para indexação: confinamento, minerais, pequenos ruminantes
7
8
Nutritional requirements of trace minerals for weight gain of Santa Ines ram
ABSTRACT
In order to estimate the nutritional requirements for gain cobalt, manganese, zinc
and copper, an experiment was conducted using 32 rams with an average initial body
weight of 30 kg, housed individually, and distributed in a completely randomized
design. The animals were divided into four groups of eight animals each, one group
where received food at will, and the other two with food restricted to 30% and 60%,
plus a group of eight animals were slaughtered at the beginning of the experiment, for
reference. The concentrations of Co, Mn, Zn and Cu to gain PCV ranged to from 2,02 to
2,40; 95,65 to 157,13; 129,44 to 175,54 and 31,22 to 37,93 mg kg-1 gain PCV,
respectively. Net requirements for gain Co, Mn, Zn and Cu showed an increase
concomitantly with the body weight between 30 and 45 kg BW, demonstrating that
there is a relationship between the composition of minerals and body weight of the
animal. Net requirements for weight gain in Santa Ines sheep from 30 to 45 kg of PC
ranging from 0,17 to 0,51 mg kg-1 day -1 for PC Co; 8,13 to 33,38 mg kg-1 PC day-1 for
Mn; 11 to 37,29 mg kg - 1 day-1 for PC Zn and 2,65 to 8,06 mg kg-1 day-1 for PC Cu.
Index terms: feedlot, minerals, small ruminants.
8
9
INTRODUÇÃO
Os tecidos animais e os alimentos contêm elementos inorgânicos ou minerais
amplamente distribuídos em diferentes quantidades e proporções. Os elementos
minerais existem nas células e tecidos do corpo animal, em uma variedade de
combinações químicas e funcionais características, em concentrações que variam de
acordo com o elemento e o tecido. As concentrações dos elementos essenciais devem
geralmente ser mantidas dentro de limites bastante estreitos, para que a integridade
estrutural e funcional dos tecidos seja mantida e o crescimento, saúde e a produtividade
do animal devem conservar-se intactos. (Underwood & Suttle, 1999).
A maioria dos animais requerem cobalto na forma de vitamina B12 (cobalamina),
porém ruminantes adultos precisam apenas do cobalto como micromineral, por causa da
capacidade dos microrganismos do rúmen em sintetizar a vitamina B12, na presença de
cobalto (McDowell, 2003). O cobalto (Co) é um exemplo característico de como a
disponibilidade e concentração de um micromineral pode afetar de forma diferencial os
microrganismos ruminais e o animal hospedeiro. Esse elemento é necessário para
síntese de vitamina B12 no rumem, a qual é requerida tanto para o corpo como para o
cofator da metil- malonil-CoA mutase, que catalisa a síntese de propionato no rúmen
(Nagaraja et al., 1997; Tiffany et al., 2006; Arelovich, 2008).
Após 48 hora de administração de uma dieta deficiente em cobalto, verifica-se
um grande acúmulo de succinato no rúmen (Tiffany, et al., 2006), de maneira que se
observa um efeito imediato do déficit de Co sobre os microrganismo, com alteração da
fermentação e potencial diminuição da síntese de propionato (Arelovich, 2008). Essa
redução na produção de proprionato irá afetar a síntese de glicose no fígado, e
consequentemente o aporte desse nutriente pra o corpo do animal.
O Manganês é um mineral que está associado a funções reprodutivas em
ruminantes, mostrando maior absorção pelo folículo de Graaf e corpo lúteo em ovinos,
ou sendo associado a condições de anestro, quando a dieta apresenta-se deficiente
(Baker, et al., 2003). É componente da metaloenzima superóxido dismutase, que está
associado ao combate ao estresse oxidativo nos tecidos (Malecki & Greger, 1996), é
essencial na formação do osso e cartilagem, como também ativa glicotransferases que
são responsáveis pela síntese de mucopolissacarídeos, além de está envolvido no
metabolismo de lipídios e carboidratos (Prasad, 1984). Underwood & Suttle (1999)
também identificaram manganês como um componente essencial para a função do
9
10
cérebro, a integridade estrutural das células, a atividade enzimática e mais interessante,
a coagulação do sangue.
As necessidades de Zn e Cu não podem ser definidas claramente nas dietas dos
ruminantes, quando estão presentes na dieta fatores que promovem interferências em
sua absorção no organismo do animal (Mendes,et al., 2010). A absorção e utilização de
Zn e Cu podem ser afetadas por outros nutrientes como Ca, P, Fe, Cr (Zn) e o Ca, Mo,
Cd e Hg (Cu), além de haver o antagonismo entre eles.
Diante dessa complexidade de funções exercidas com a participação dos
minerais, e de funções ainda desconhecidas pela ciência, o fornecimento dos minerais
torna-se preponderante para se alcançar bons índices produtivos. No entanto, a
mineralização requer muitos cuidados, pois existem relações sinérgicas e antagônicas
entre os minerais, onde um ou mais minerais podem aumentar ou comprometer a
absorção e até a atuação de outros minerais.
Quantidades muito pequenas de microminerais são requeridas pelos animais, e
para alguns a distância entre a deficiência e a toxidade são muito delicadas. Porém os
microminerais estão envolvidos em diversos mecanismos metabólicos e suas
deficiências nutricionais ou distúrbios no seu metabolismo são relativamente comuns, o
que torna importante a geração de informações sobre o seu metabolismo e os montantes
necessários para uma ótima saúde e produtividade dos animais.
É de fundamental importância determinar o perfil mineral baseado em
concentrações de fluidos ou tecidos animais para estimar as necessidades minerais dos
ruminantes. No entanto, nenhum fluido ou tecido retrata o estado de todos os minerais.
Testes com sangue, urina, saliva e leite são realizados sem a necessidade de sacrificar o
animal, mas não apresentam resultados fiéis à composição corpórea (Khan et al., 2007).
A importância de se estudar a composição química do corpo e do ganho em peso
do animal, está no fato desses constituírem parâmetros indispensáveis nas avaliações de
programas de nutrição e nas determinações das exigências nutricionais (Baião et al.,
3003)
O método direto é apontado, dentro dos estudos das exigências nutricionais,
como o mais confiável e preciso para a estimativa da composição corporal e do ganho,
que se traduzem como parâmetros fundamentais para a determinação das exigências,
estando esses diretamente relacionados (Nóbrega et al., 2008). Considerando os ovinos
deslanados, em especial, em fase de reprodução, trabalhos sobre a determinação da
10
11
composição corporal e das exigências nutricionais em microminerais são escassos, e
alguns deles têm utilizado o método fatorial para determinação das exigências
nutricionais, o qual fraciona as exigências dos animais em exigências de mantença,
crescimento, produção e gestação (ARC, 1980).
Com o desenvolvimento deste trabalho, objetivou-se determinar a composição
corporal e estimar as exigências para ganho em peso de cobalto, manganês, zinco e
cobre, em carneiros da raça Santa Inês.
MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi realizado, nas instalações de pequenos ruminantes do Centro de
Saúde e Tecnologia Rural da Universidade Federal de Campina Grande, localizado no
município de Patos, PB, cujo clima local, é classificado como quente e seco, tendo duas
estações bem definidas (seca e chuvosa), com precipitação, temperatura e umidade
relativa médias anuais de 500 mm, 29 oC e 60%, respectivamente.
Foram utilizados 32 carneiros da raça Santa Inês, com peso vivo inicial médio de
30 kg e idade média de 8 a 9 meses, identificados, pesados e tratados contra endo e
ectoparasitas. Em seguida, foram alojados em baias individuais (1,2 m2), com piso
ripado suspenso, contendo comedouro e bebedouro, distribuídos em um galpão com
piso de concreto e cobertura de telhas de fibrocimento.
Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com
três tratamentos e oito repetições, e submetidos a um período de dez dias de adaptação,
no qual receberam alimentação à vontade, calculada conforme a quantidade de sobras
referente ao dia anterior, mantida em torno de 15%. Após o período de adaptação, oito
animais foram abatidos para servir como referência para as estimativas do peso do
corpo vazio inicial (PCVI) e da composição corporal dos vinte e quatro animais
remanescentes.
Os tratamentos foram definidos em função do consumo da dieta experimental,
sendo pré-estabelecidos da seguinte forma: TR0 = alimentação à vontade ou 0% de
restrição alimentar, TR30 = 30% de restrição alimentar e TR60 = 60% de restrição
alimentar. À medida que os animais atingiam 30 kg de peso corporal, formaram-se
grupos de três animais, sendo um dos animais para cada tratamento, dando-se início a
11
12
fase experimental. Iniciada a fase experimental, o ajuste de 15% das sobras foi
considerado apenas para os animais com alimentação à vontade.
A dieta (Tabela 1), formulada conforme o NRC (2007), para animais de 8 a 9
meses, com ganho de peso corporal médio de 250 g dia-1 para os animais sem restrição
alimentar, foi composta de 45% de volumoso e 55% de concentrado, e constituída de
feno de Capim-elefante (Pennisetum purpureum), farelo de soja, farelo de milho,
calcário calcítico, fosfato bicálcico e premix mineral, ministrado diariamente, às 8h e
16h, em forma de ração completa.
Das sobras da dieta, coletou-se uma alíquota diária de 10%, formando-se amostras
compostas individuais, que foram acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas
para análises, ao final do experimento.
Nas amostras de água, colhidas na fonte de abastecimento dos bebedouros, não
foram detectadas concentrações dos minerais avaliados Co, Mn, Zn e Cu, que pudessem
influenciar nas quantidades ingeridas pelo animal.
Para determinação do teor de nutrientes digestíveis totais da dieta experimental,
foi desenvolvido um ensaio de digestibilidade, utilizando 12 carneiros do ensaio de
desempenho, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com quatro
repetições, e alojados em gaiolas de metabolismo, com dispositivo para separação e
coleta de urina e fezes e, livre acesso à água. Os animais foram submetidos aos mesmos
tratamentos alimentar, durante um período de 12 dias, sendo sete dias de adaptação às
instalações, e 5 dias de coleta de dados. Neste período, diária e individualmente, foram
retiradas todas as sobras de alimento oferecido no dia anterior, 10% da quantidade total
de fezes e 10% do volume de urina produzida, as quais foram mantidas em congelador
(-10 oC) até o final do ensaio, quando então, foram compostas por animal, e submetidas
às análises químicas pertinentes.
12
13
Tabela 1. Participação dos ingredientes e composição química da dieta dos animais
com base na MS
Ingredientes
g kg-1 de matéria seca
Farelo de soja
235,0
Milho moído
289,9
Feno de Capim-elefante (Pennisetum purpureum)
450,0
Calcário calcítico
11,9
Fosfato bicálcico
3,2
Sal mineral comercial1
10,0
Composição química (g kg-1)
Feno de CE
Ferelo de Milho
Farelo de Soja
Ração Completa
Matéria Seca
936,3
916,3
916,9
927,1
Matéria Mineral
78,6
16,2
57,9
55,1
Proteína Bruta
29,1
90,9
461,7
151,8
Extrato Etéreo
35,8
79,1
31,4
47,6
FDN
782,4
177,0
222,7
467,4
FDA
642,4
64,9
123,2
345,6
FDNCP
749,3
162,8
130,2
425,7
Lignina
200,3
12,3
10,6
98,7
CHOT
856,5
711,7
449,0
745,5
CNF
107,2
650,9
318,8
319,9
NDT
-
-
-
653,2
Cálcio
3,1
0,6
2,7
22,5
Fósforo
1,8
3,8
5,9
11,4
Potássio
16,9
4,8
18,7
13,4
Magnésio
3,5
2,7
mg kg-1 MS
3,9
04,1
Manganês
Cobalto
Zinco
Cobre
25,09
2,31
30,61
19,62
1
Níveis de garantia do Sal Mineral IrcaFós® 70 P: Ca 140 g, P 70 g, Mg 8g, Fe 1.200g, Mn 1.600, Zn
7.200 mg, Cu 128 mg, Co 208 mg, I 208 mg, Se 32 mg, F 700 mg, Na 145 mg;
2
Fibra em detergente neutro corrigida para cinzas e proteína;
3
Segundo Weiss (1999).
Das sobras da dieta, coletou-se uma alíquota diária de 10%, formando-se amostras
compostas individuais, que foram acondicionadas em sacos plásticos e armazenadas
para análises, ao final do experimento.
Para determinação do teor de nutrientes digestíveis totais da dieta experimental,
foi desenvolvido um ensaio de digestibilidade, utilizando 12 carneiros do ensaio de
desempenho, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com quatro
repetições, e alojados em gaiolas de metabolismo, com dispositivo para separação e
13
14
coleta de urina e fezes e, livre acesso à água. Os animais foram submetidos aos mesmos
tratamentos alimentar, durante um período de 12 dias, sendo sete dias de adaptação às
instalações, e 5 dias de coleta de dados. Neste período, diária e individualmente, foram
retiradas todas as sobras de alimento oferecido no dia anterior, 10% da quantidade total
de fezes e 10% do volume de urina produzida, as quais foram mantidas em congelador
(-10 oC) até o final do ensaio, quando então, foram compostas por animal, e submetidas
às análises químicas pertinentes.
Para se evitar a perda de compostos nitrogenados da urina por volatilização, foi
colocado 10 ml de solução de ácido clorídrico a 10N, no recipiente antes da coleta.
Os animais foram pesados ao início, e a cada sete dias durante o experimento,
com pesagens intermediárias, à medida que o peso corporal aproximava-se do peso préestabelecido para o abate. Quando, pelo menos um dos animais de cada grupo atingiu o
peso corporal de abate (aproximadamente 45 kg), os três animais do grupo (um de cada
tratamento) foram abatidos, após serem submetidos a jejum de sólido e líquido por 18
horas, com pesagens antes e após o jejum, para obtenção, respectivamente, do peso
corporal ao abate (PCA) e do peso em jejum (PJ).
O abate foi realizado por atordoamento, seguido de sangria por aproximadamente
cinco minutos, com corte da carótida e jugular. Posteriormente, foi feita a esfola e
evisceração, seguidas de pesagens do trato gastrintestinal, bexiga e vesícula biliar,
cheios e esvaziados, para obtenção do peso do corpo vazio, sendo PCV = PJ –
(conteúdos do trato gastrintestinal, da bexiga e da vesícula biliar). Após pesagens, a
meia carcaça direita e todos os não-componentes da carcaça do animal foram
congelados e posteriormente serrados em serra de fita e moídos em moedor de carne
industrial. A massa moída dos não-componentes da carcaça foi misturada
proporcionalmente, à massa moída da meia carcaça e homogeneizadas. Após
homogeneização, foi retirada amostra de aproximadamente 500 g e armazenada em
freezer à -10 oC. Posteriormente, aproximadamente 40 g de cada amostra corporal, foi
liofilizada por 48 horas, processada em moinho de bola e acondicionada em recipiente
hermeticamente fechado para determinação de sua composição química, quanto aos
teores de matéria seca, matéria orgânica, matéria mineral e extrato etéreo, assim como,
proteína bruta, cálcio, fósforo, potássio e magnésio da amostra já desengordurada.
As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal
(LANA) da UFCG e nos Laboratórios de Biocombustíveis (LACOM) e Laboratório de
14
15
Química Analítica (LAQA) da UFPB, segundo metodologias descritas por Silva &
Queiroz (2002), Van Soest, et al. (1991) e Mertens (2002). Nas amostras da dieta, foram
realizadas as análises químicas conforme apresentado na Tabela 1. Para as amostras de
sobras da dieta e fezes, determinou-se os teores de matéria seca, matéria orgânica,
proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral, fibra em detergente neutro corrigida para
cinzas e proteína (FDNcp), cobalto e manganês (por espectrofotometria de absorção
atômica utilizando forno de grafite); enquanto nas amostras de urina, apenas o teor de
nitrogênio total, cobalto e manganês.
Os teores de carboidratos totais (CHOT) e não fibrosos (CNF) foram obtidos de
acordo com os seguintes modelos: %CHOT = 100 – (%PB + %EE + %MM), segundo
Sniffen et al (1993) e %CNF = 100 – (%FDNCP + %PB + % EE + %MM), conforme
Weiss (1999).
O consumo dos nutrientes foi calculado pela diferença entre a quantidade do
nutriente presente nos alimentos fornecidos e sua quantidade presente nas sobras,
expressando o resultado em g dia-1. A digestibilidade foi obtida segundo a equação:
Digestibilidade (%) = [nutriente ingerido (g) – nutriente excretado nas fezes
(g)/nutriente ingerido (g)] x 100. E os nutrientes digestíveis totais (NDT), de acordo
com Weiss (1999): NDT (%) = (PBD + CNFD + FDNcpD) + (EED x 2,25). Foi
considerado que 1 kg de NDT contém 4,409 Mcal de energia digestível e a energia
metabolizável, 82 % da energia digestível (NRC, 1996).
Em função da concentração do mineral nas amostras do corpo animal analisadas,
determinou-se a quantidade deste nutriente no corpo do animal, obtendo-se assim,
equações de regressão para a composição corporal.
Para estimar o conteúdo dos minerais por quilo de peso do corpo vazio dos
animais, o modelo mais adequado para explicar os dados foi o da equação alométrica
logaritmizada, preconizado pelo ARC (1980): log y = a + b . log x, em que: log y é o
logaritmo do conteúdo total do mineral no corpo vazio em kg; “a” é o intercepto; “b” é
o coeficiente de regressão do conteúdo total do mineral em função do peso do corpo
vazio e log x é o logaritmo do peso do corpo vazio em kg.
Para estimar a composição do ganho de peso em minerais, utilizou-se a técnica do
abate comparativo descrita pelo ARC (1980), objetivando determinar a quantidade de
mineral retido no corpo do animal, pela diferença entre a quantidade presente nos
animais sacrificados nos intervalos de pesos estudados, de 30 a 45 kg de peso corporal.
15
16
As exigências líquidas dos minerais para ganho de peso de corpo vazio foram
obtidas derivando-se a equação alométrica logaritmizada do conteúdo corporal do
mineral, em função do logaritmo do peso de corpo vazio, obtendo-se a equação: Y’ = b .
10a . x(b-1), em que: Y’ é a exigência líquida de ganho do mineral em g; “a” é o
intercepto da equação de predição do conteúdo corporal do mineral; “b” é o coeficiente
de regressão da equação de predição do conteúdo corporal do mineral e “x” é o peso do
corpo vazio em kg.
A conversão das exigências líquidas para ganho em função do peso do corpo
vazio (ELPCV), em exigências líquidas para ganho em função do peso corporal
(ELPC), foi obtida utilizando-se a formula: ELPC = ELPCV / f, onde f = PC / PCV.
Com a análise estatística foram gerados modelos lineares de regressão, utilizando
o procedimento PROC REG do SAS (2003) para as estimativas das exigências de
ganho.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A maior ingestão de matéria seca dos ovinos sem restrição alimentar (TR0 =
1,471, TR30 = 1,005 e TR60 = 0,590 kg dia-1), refletiu no maior ganho de peso médio
diário (TR0 = 247,54, TR30 = 132,83 e TR60 = 20,20 g dia-1), promovendo maior PC e
PCV (p<0,05) nos animais sem restrição alimentar, seguidos dos animais com 30% e
60% de restrição (Tabela 2). Embora a matéria seca não tenha apresentado diferença
significativa (p>0,05), a concentração de gordura, aumentou linearmente (p<0,05) em
função do ganho em peso dos animais.
16
17
Tabela 2. Valores médios do peso corporal inicial (PCI), peso corporal final (PCF),
peso do corpo vazio (PCV), ganho de peso médio diário (GPMD), eficiência
alimentar (EA), composição corporal em água, gordura (Gord), matéria
mineral (MM), proteína bruta (PB) cobalto (Co), manganês (Mn), zinco (Zn)
e cobre (Cu) com suas respectivas equações de regressão, desvio padrão (s)
coeficientes de determinação (R2) e probabilidade (P), para carneiros Santa
Inês sob restrição alimentar
Níveis de restrição (%)
Variável
Equação de Regressão
0
30
60
PCI (kg)
31,84
31,58
31,71
PCF (kg)
45,19
39,31
32,32
PCV (kg)
36,89
31,93
26,41
GPMD (g)
247,54
132,83
20,20
EA (%)
16,54
13,35
3,4
Ŷ = 31,77
Ŷ = 45,37 – 0,2145NR
Ŷ = 36,98 – 0,1747NR
Ŷ = 247,18 – 3,7889 NR
Ŷ = 17,66 – 0,2189NR
R2
Valor P
-
0,928
0,304
0,90
0,0001
0,523
0,87
0,0001
0,538
0,84
0,0001
0,758
0,80
0,0001
0,204
0,99
0,0001
0,907
0,88
0,0001
0,299
0,73
0,0001
0,734
0,83
0,0001
0,018
0,727
0,26
0,57
3,115
0,40
0,756
0,27
0,0065
<0,0001
0,0006
0,0101
s
% PCV
Água
63,13
68,07
73,56
Gord
13,76
11,14
8,23
MM
4,71
4,18
3,59
PB
18,40
16,61
14,62
Ŷ = 99,8425 - 0,9951 PCV
Ŷ = -5,7082 + 0,5277 PCV
Ŷ = 0,7671+ 0,1068 PCV
Ŷ = 5,0986 + 0,3606 PCV
mg kg-1 PCV
Ŷ = 0,0746 + 0,0024 PCV
Ŷ = -0,1194 +0,1830 PCV
Ŷ = -3,7762 + 0,5508 PCV
0,17
0,15
0,14
Co
6,63
5,72
4,71
Mn
16,55
13,81
10,77
Zn
Cu
4,54
4,07
3,55
Ŷ = 1,0500 + 0,0946 PCV
ŷ = variável dependente; NR = Nível de restrição alimentar entre 0 e 60%.
De acordo com Sanz Sampelayo et al. (2003), a gordura é um constituinte
corporal que está diretamente relacionado com a idade e com o peso do animal, de
modo que, à medida que aumenta o peso do corpo vazio e a maturidade fisiológica se
aproxima, diminui a deposição de tecido muscular e aumenta a de gordura. Os animais
do presente estudo estavam com a mesma idade (12 meses) quando foram abatidos,
diferindo apenas no peso corporal ao abate. Pode-se inferir que a ingestão de matéria
seca à vontade forneceu maior quantidade de nutrientes disponíveis, dos quais o excesso
foi armazenado como tecido adiposo de gordura.
Com o aumento do ganho em peso (Tabela 2), também foi observado (p<0,05)
aumento nas quantidades de PB e MM, no corpo do animal, o que pode ser explicado
pelo aporte de nutrientes, pois de acordo com Sniffen (1993), a ingestão de matéria seca
tem grande importância no desempenho de ovinos e pode ser considerada determinante
do aporte de nutrientes necessários para o atendimento das exigências de mantença e
ganho em peso dos animais, influenciando na composição corporal, razão pela qual se
17
18
justifica o aumento nas concentrações dos microelementos (Co, Mn, Zn e Cu) avaliados
nesta pesquisa, ao passo que os animais foram ganhando peso. De acordo com
Undewood & Suttle (1999) os elementos minerais existentes nas células e tecidos do
corpo animal, apresentam uma variedade de combinações químicas e funcionais
características, em concentrações que variam de acordo com o elemento e o tecido, com
isso a ingestão de minerais deve ser idealmente suficiente para garantir a manutenção de
reservas minerais adequadas dos tecidos do corpo e quantidades adequadas de produtos
comestíveis. Dessa forma, no presente estudo, com a redução na disponibilidade dos
nutrientes na dieta, houve redução do desempenho dos ovinos, assim como as
concentrações dos nutrientes em seu corpo.
Nour e Thonney (1987) relataram que existe uma relação inversa entre as
concentrações de minerais nos tecidos ósseo e comestíveis com a concentração de
gordura corporal, visto que a gordura tem baixo teor de minerais. No entanto, não foram
observadas diferenças significativas nas concentrações de Co e Mn, em relação ao
incremento de gordura no corpo do animal, pois ambos encontram-se em maior
concentração no fígado e sangue dos animais (Herdt & Hoff, 2011).
Baseando-se no aumento em ganho de peso, no aumento da proporção de gordura,
e da matéria mineral, no corpo vazio, observa-se que esses animais apesar de
apresentarem uma maturidade reprodutiva, ainda estavam na fase de ascensão da curva
de crescimento.
A partir dos valores de PC, PCV e quantidades de Co, Mn, Zn e Cu no corpo dos
carneiros estudados, foram determinadas equações de regressão para estimar o PCV em
função do peso corporal, e para estimar as quantidades de Co, Mn, Zn e Cu presentes no
corpo vazio em função do PCV para carneiros da raça Santa Inês dos 30 aos 45 kg de
peso vivo (Tabela 3).
Tabela 3. Equações de regressão para o peso do corpo vazio (PCV) em função do peso
corporal (PC), e do logaritmo da quantidade de cobalto (Co), manganês
(Mn), zinco (Zn) e cobre (Cu) em função do logaritmo do PCV de carneiros
Santa Inês, sob restrição alimentar
Variável
PCV (kg)
Co (mg kg-1)
Mn (mg kg-1)
Zn (mg kg-1)
Cu (mg kg-1)
Equação de regressão
R2
Valor P
PCV = - 1,263 + 0,885 . PC
log Co = -0,417 + 1,409. log PCV
log Mn = -0,007 + 2,176. log PCV
log Zn = 0,863 + 1,722. log PCV
log Cu = 0,683 + 1,461. log PCV
0,97
0,77
0,85
0,77
0,82
<0,0001
0,0008
<0,0001
0,0005
<0,0001
18
19
Os coeficientes de determinação obtidos indicam bom ajustamento das equações
(p<0,05), sendo estas utilizadas para estimar os conteúdos corporais de Co, Mn, Zn e Cu
em função do PCV (Tabela 4).
Tabela 4. Estimativa da concentração de cobalto, manganês, zinco e cobre em função
do peso do corpo vazio (PCV), em carneiros Santa Inês sob restrição
alimentar
Peso Corporal
(kg)
30
35
40
45
PCV
(kg)
25,30
29,73
34,15
38,58
Cobalto
(mg kg-1)
1,44
1,53
1,62
1,70
Manganês
(mg kg-1)
43,96
53,14
62,56
72,20
Zinco
(mg kg-1)
Cobre
(mg kg-1)
75,17
84,45
93,35
101,94
21,37
23,02
24,54
25,96
Foi observado um acréscimo nos conteúdos corporais em Co, Mn, Zn e Cu por
unidade de peso (mg kg-1 PCV) com o aumento do PCV. Este comportamento contraria
o que relata o ARC (1980), quando considera que a concentração de minerais no
conteúdo corporal é constante e independente do aumento em peso vivo.
O conteúdo corporal de Co, Mn, Zn e Cu, obtidos pelas equações, para carneiros
Santa Inês, variou de 1,44 a 1,70 mg kg-1 de Co; 43,96 a 72,20 mg kg-1 de Mn, 75,17 a
101,94 mg kg-1 de Zn e 21,37 a 25,96 mg kg-1 de Cu, para carneiros com pesos vivos
que variam de 30 a 45 kg, respectivamente.
Considerando que quantidades muito pequenas de Mn, Zn e Cu foram detectáveis
no músculo e gordura, e esses elementos no corpo dos animais estão presentes em maior
quantidade nos ossos, fígado pâncreas e rins (Bellof, et al., 2007; McDowell, 1992,
Herdt & Hoff, 2011) pode-se dizer que a proporção de ossos na carcaça reflete sobre as
diferenças nas concentrações de Mn, Zn e Cu corporal. Dessa forma, é possível explicar
o comportamento crescente na estimativa da composição corporal desse elemento, por
um aumento nos tecidos ósseo dos carneiros estudados nesse experimento, dos 30 aos
45 kg de PC.
Segundo Underwood & Suttle (1999), as concentrações de cobalto podem ser
medidas no sangue ou no fígado, pois é o órgão que apresenta a maior concentração de
cobalto e por ser o local de armazenamento da vitamina B12. A vitamina B12 tem
aproximadamente 4,35% de Cobalto e a quantidade de cobalamina sintetizada depende
da composição da ração (relação volumoso:concentrado, teor de fibras) e do consumo
de matéria seca, como também da concentração de Co na dieta (Stemmea, et al.,2008).
19
20
Diante disso, a alimentação à vontade promoveu alta ingestão de matéria seca, que pode
ter influenciado positivamente na ingestão de cobalto, e consequentemente na síntese e
armazenamento de cobalamina (Vitamna B12), refletindo no comportamento do Co no
PCV.
Vale ressaltar, que os valores de composição corporal propostos pelo ARC
(1980), AFRC (1991) e NRC (2007) não devem simplesmente ser extrapolados,
principalmente no caso de ovinos deslanados em regiões semiáridas, pois essa
composição pode variar em função da idade, raça, grupo genético, sexo, manejo
alimentar e em condições climáticas as quais o animal encontra-se submetido.
Para a predição da composição do ganho em Co, Mn, Zn e Cu, foram derivadas as
equações de estimativa da composição (Tabela 4), através das quais se obteve as
equações de conteúdo de Co, Mn, Zn e Cu, depositados por kg de ganho em PCV
(Tabela 5).
A partir das equações apresentadas na Tabela 5, foi possível estimar as
quantidades de Co, Mn, Zn e Cu para ganho em PCV de carneiros Santa Inês dos 30 aos
45 kg de peso corporal.
Tabela 5. Equações de predição para o ganho de cobalto (Co), manganês (Mn), zinco
(Zn) e cobre (Cu) e suas respectivas quantidades depositadas por kg de
ganho em peso de corpo vazio (PCV), em de carneiros Santa Inês dos 30 aos
45 kg de peso corporal
PV (kg)
Variável
Equação
R²
QM
PCV (kg)
30
35
25,30
29,73
40
45
34,15
38,58
-
mg kg ¹ GPCV
Co
Mn
Zn
Cu
Co = 0,5394. PCV
0,409
0,77
-
2,02
2,16
2,29
2,40
Mn = 2,1412. PCV
1,176
0,83
-
95,65
115,63
136,13
157,13
Zn = 12,5613. PCV
0,722
0,77
-
129,44
145,42
160,75
175,54
31,22
33,63
35,86
37,93
Cu = 7,0413. PCV
0,461
0,82
As concentrações de Co, Mn, Zn e Cu no ganho de PCV variaram de 2,02 a 2,40;
95,65 a 157,13; 129,44 a 175,54 e 31,22 a 37,93 mg kg-1 de ganho de PCV,
respectivamente. Tendo em vista que a composição corporal reflete sobre as
quantidades de Co, Mn, Zn e Cu no ganho de PCV, os valores aqui encontrados para a
composição do ganho, diferiram dos valores preconizados pelo ARC (1980), que
apresenta valores fixos, independente do crescimento do animal.
20
21
Como o Co, Mn, Zn e Cu estão diretamente relacionados a tecidos com altas taxas
metabólicas, como o fígado, e também são reportados efeitos desses minerais no
metabolismo de lipídios e carboidratos (Baker et a., 2003) e no crescimento ósseo, o
aporte adequado desses minerais somados a ingestão de matéria seca adequada,
permitirão um crescimento global dos tecidos dos animais, o que pode ter influenciado
no aumento de suas concentrações por quilo de ganho em peso.
As exigências líquidas de Co, Mn, Zn e Cu para ganho de PC (Tabela 6) foram
calculadas, dividindo-se as exigências líquidas para o ganho em PCV pelo fator 1,18,
calculado a partir da razão entre o PC e o PCV, valor próximo ao recomendado pelo
ARC (1980) de 1,10.
Tabela 6. Estimativas de exigências líquidas de cobalto (Co) e manganês (Mn) para
ganho de peso corporal (PC), em mg animal-1 dia-1, de carneiros da raça
Santa Inês dos 30 aos 45 kg de peso corporal
PC
(kg)
GPMD
(g d-1)
100
150
200
250
100
150
200
250
100
150
200
250
100
150
200
250
30
35
40
45
Co
0,17
0,26
0,34
0,43
0,18
0,28
0,37
0,46
0,19
0,29
0,39
0,49
0,20
0,31
0,41
0,51
Exigência líquida (mg dia-1)
Mn
Zn
8,13
11,00
12,19
16,50
16,26
20,32
9,83
14,74
19,65
24,57
11,57
17,36
23,14
28,93
13,35
20,03
26,71
33,38
22,00
27,50
12,36
18,54
24,72
30,89
13,66
20,49
27,32
34,16
14,92
22,38
29,84
37,29
Cu
2,65
3,98
5,31
6,63
2,86
4,29
5,72
7,15
3,05
4,57
6,09
7,62
3,22
4,84
6,45
8,06
Foi observado um aumento nas exigências líquidas para ganho de Co, Mn, Zn e
Cu em carneiros Santa Inês dos 30 aos 45 kg de PC, corroborando com o NRC (2007),
que considera crescente a concentração desses microminerais durante o crescimento do
animal. Entretanto, os valores encontrados nesse trabalho, para Mn, Zn e Cu foram
22,6%, 8,3% e 3,45% inferiores, respectivamente, aos valores preconizados por esse
comitê, para ovinos com peso corporal de 30 kg apresentando uma taxa de ganho de 200
g dia-1.
21
22
Para as exigências em Co, foi observado um valor (0,34 mg dia -1) superior ao
sugerido pelo NRC (2007) (0,22 mg dia-1), para ovinos de 30 kg de PC, com ganho de
200 g dia-1.
É importante ressaltar que a composição corporal e consequentemente, as
exigências de Co, Mn, Zn e Cu podem variar, dentre outros fatores, em função da
proporção de tecido ósseo, músculo e gordura corporal, então qualquer fator que afete
essas proporções, vai refletir sobre suas exigências no animal. Pois, apesar de serem
microelementos que estão em maior concentração no fígado, pâncreas e rins, eles estão
amplamente distribuídos por todo o corpo participando das diversas reações no
metabolismo de carboidratos, lipídios e aminoácidos.
Dessa forma, os valores de exigências de ganho preconizados pelos comitês
internacionais como ARC, NRC e AFRC devem ser adotados com certas restrições,
para carneiros Santa Inês na região semiárida, visto que esses foram estabelecidos com
animais, sistemas e condições ambientais diferentes das realidades brasileiras.
Considerando uma redução na eficiência de absorção de até 13% para Co, 75%
para o Mn, 14% para o Zn e até 5% para o Cu, como preconizadas pelo NRC (2007),
obtém-se uma variação nas exigências dietéticas diária desses microminerais de 1,3 a
3,9 mg kg-1; 11 a 44 mg kg-1; 220 a 745 mg kg-1 e 19 a 57 mg kg-1 para Co, Mn, Zn e
Cu, respectivamente. Resultando, no caso do Cu, um valor a cima do máximo permitido
segundo NRC (1985), que é de 25 mg kg-1 de alimento, já que o consumo de MS desses
ruminantes oscila em torno de 3% do peso corporal, conforme observado por Silva et al.
(2010).
A concentração dos microminerais deve ser mantida dentro de limites estreitos
para manutenção da integridade funcional e estrutural do tecido e conseqüentemente,
para apoiar o crescimento, saúde, e a produtividade do animal (McDowell, 1992;
Underwood & Suttle, 1999).
Durante os períodos de redução de ingestão adequada, ocorre uma alteração nos
locais de armazenamento e das formas de transporte dos microelementos (Herdt & Hoff,
2011). O corpo do animal, por vezes, pode ajustar-se a doses sub-ótimas através da
redução da quantidade de minerais nos seus produtos (Underwood & Suttle, 1999),
ajustando assim, a distribuição dos microminerais a fim de manter outras funções
essenciais. Mecanismos homeostáticos são acionados, aumenta-se a transcrição de
transportadores para os microelementos deficientes, acarretando no aumento na
22
23
eficiência da absorção, como também aumenta a taxa de reciclagem dos mesmos, como
por exemplo, a reciclagem do Mn pela bílis (Herdt & Hoff, 2011).
CONCLUSÕES
A composição corporal em Co, Mn, Zn e Cu de carneiros Santa Inês varia com o
peso corporal.
As exigências líquidas para ganho de peso em carneiros da raça Santa Inês dos 30
aos 45 kg de PC variam de 0,17 a 0,51 mg kg-1 PC dia-1 para Co; 8,13 a 33,38 mg kg-1
PC dia-1 para Mn; 11 a 37,29 mg kg-1 PC dia-1 para Zn e 2,65 a 8,06 mg kg-1 PC dia-1
para Cu.
As exigências líquidas para ganho de peso em carneiros da raça Santa Inês dos 30
aos 45 kg de PC foram inferiores para Mn, Zn e Cu e, superior para o Co, quando
comparadas aos valores preconizados pelo NRC (2007), considerando um ganho de 200
g dia-1.
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26
27
Capítulo II
Modelos matemáticos para estimar a ingestão de matéria seca e macrominerais em
carneiros Santa Inês
27
28
RESUMO
Com o objetivo de avaliar modelos para estimativa de ingestão de matéria e
exigências de cálcio, fósforo, potássio e magnésio para carneiros Santa Inês em
confinamento, foi desenvolvido um experimento 32 carneiros com peso vivo médio
inicial de 30 kg, confinados individualmente em baias, e distribuídos em um
delineamento inteiramente casualizado, submetidos a três níveis de ingestão alimentas
(à vontade, 30% de restrição e 60% de restrição). Os dados de desempenho foram
utilizados para testar um modelo que melhor representasse a ingestão de matéria seca
dos animais, resultando na seguinte equação: IMS (g/dia) = (0,00204 x PV) + (2,662 x
GMD) R²=0,97. A ingestão de matéria seca estimada para animais de 30 a 45 kg de
peso vivo, variou em média de 1,04 a 1,44 kg/dia, para animais com 100 a 250 g de
ganho médio diário. Foram estimadas as exigências dos carneiros por diferentes
modelos fatoriais ARC (1980), NRC(2007). Os valores de composição corporal dos
minerais variaram em cálcio de 17,41 a 18,09 g /kg de PCV; em fósforo de 9,69 a 9,57
g/kg de PCV; em potássio de 1,14 a 1,56 g/kg de PCV; e em magnésio de 0,67 a 0,7
g/kg de PCV. As recomendações dietéticas variaram em cálcio de 1,32 a 3,29 g/dia; em
fósforo de 2,5 a 6,25 g/dia; em magnésio de 0,20 a 0,49 g/dia e potássio de 015 a 0,38 g/
dia respectivamente para os animais com ganho médio diário de 100g e 250g. Foram
geradas as seguintes equações para estimativa de minerais para carneiros Santa Inês:
Cálcio (g/dia) = -0,90725 + [(0,0785 x PV
0,75
)] + [16,1527 x GMD] /0,71; Fósforo
(g/dia) = [- 0,03972 x PV] + [0,04748 x PCV] + [7,8536 x GMD] / 0,73; Potássio
(g/dia) = -0,05856 + [0,0019755 x PV] + [1,3446 x GMD] / 0,89; Magnésio (g/dia) = 0,03311 + [0,001135 x PV] + [0,60572 x GMD] / 0,35.
Termos para indexação: minerais, ovinos, pequenos ruminantes.
28
29
Mathematical models to estimate the dry matter intake and macro minerals in
Santa Inês rams
ABSTRACT
With the objective of evaluating models to estimate intake of matter dry and
demands for calcium, phosphorus, potassium and magnesium to Santa Inês ram, an
experiment was developed 32 ram with average live weight of 30 kg, individually
confined in stalls, and distributed in a completely randomized design under three levels
feed intake (ad libitum, 30% restriction and 60% restriction). The performance data
were used to test a model that best represented their dry matter intake of animals,
resulting in the following equation: IMS (g/day) = (0,00204 x PV) + (2,662 x GMD) R²
= 0,97. The dry matter intake estimated for animals 30-45 kg liveweight, ranged on
average from 1,04 to 1,44 kg / day for animals with 100 to 250 g average daily gain.
Requirements of ram for different factor models were estimated, ARC (1980),
NRC(2007). The values of the body composition in the minerals calcium ranged from
17,41 to 18,09 g/kg of PCV, phosphorus from 9,69 to 9,57 g/kg EBW, potassium 1,14
to 1,56 g/kg EBW, and magnesium 0,67 to 0,7 g/kg of PCV. Dietary recommendations
for calcium ranged from 1.32 to 3.29 g / day; phosphorus from 2,5 to 6,25 g/day;
magnesium 0,20 to 0,49 g/day and the potassium 0,15 0,38 g/day respectively for
animals with average daily gain of 100g and 250g. Were generated the following
equations to estimate mineral Santa Inês ram: Calcium (g/day) = -0,90725 + [(0,0785 x
BW 0,75)] + [x 16,1527 GMD] / 0,71: The, Phosphorus (g/day) = [- 0,03972 x PV] +
[0,04748 x PCV] + [7,8536 x GMD]/0,73; Potassium (g/day) = -0,05856 + [PV
0,0019755 x] + [1,3446 x GMD] / 0,89; Magnesium (g/day) = -0,03311 + [0,001135 x
PV] + [0,60572 x GMD]/0,35.
Index terms: minerals, sheep, small ruminants.
29
30
INTRODUÇÃO
A expansão da raça Santa Inês no Brasil tem levado a um aumento no interesse
em determinar suas exigência nutricionais para gerar tabelas de formulação de rações
que atendam o potencial de produção dessa raça.
Várias evoluções na produção contribuem para elevar continuamente as
exigências dietéticas de minerais. Segundo Underwood e Suttle (1999), o melhoramento
genético tem gerado um crescimento mais rápido dos animais e está acompanhado de
um maior consumo de ração, com isso a eficiência alimentar é aprimorada e suas
correspondentes exigências aumentam.
Os minerais participam em pequenas quantidades da ingestão de nutrientes,
porém são essenciais e inúmeros processos estruturais, fisiológicos e metabólicos.
De acordo com Bain e Watkins (1993), em animais adultos a morfologia do
esqueleto representa um compromisso entre a obrigação estrutural e a responsabilidade
metabólica, servindo de apoio e locomoção ao organismo enquanto participa ativamente
na regulação da homeostase do cálcio. O Cálcio (Ca) e o fósforo (P) são os minerais
mais abundantes no organismo animal, e representam juntos cerca de 70% dos
elementos inorgânicos do corpo. Aproximadamente 99% do Ca e 80% do P encontranse nos ossos e dentes. Porém a pequena fração de cálcio corre como o íon livre, ligada a
proteínas séricas e complexado com ácidos orgânicos e inorgânicos. Deste 1% de cálcio
plasmático e os 20 % de fósforo estão distribuídos nos fluidos e tecidos servindo para
uma variedade de funções essenciais (Underwood e Suttle, 1999).
O magnésio está presente em maior quantidade no esqueleto, porém apresenta-se
nos fluidos celulares, ficando atrás apenas do potássio. Ambos participam de várias
funções relacionadas ao metabolismo dos nutrientes no corpo do animal e para o
equilíbrio ácido-base (McDowell,1992).
Adequar o fornecimento dos mineras para atender as necessidades diárias dos
animais, sem causar deficiências ou toxidez só é possível com a determinação das
exigências dos macro e microminerais, nas diversas situações, fisiológicas (animais em
crescimento, gestação, de acordo com o sexo e raça) e em sistemas de produção
diferentes (confinamento e pastejo), abrangendo assim as características externas e
intrínsecas do animal, que podem modificar suas exigências.
30
31
O NRC (2007) apresenta equações para estimativa de ingestão de matéria seca,
exigências nutricionais de proteína, energia e minerais, todas geradas a partir de
avaliações em regiões temperadas utilizando alimentos e animais geneticamente
diferentes daqueles produzidos no nordeste brasileiro. Muitas dessas equações são
baseadas em indicações de outros comitês de recomendações nutricionais como o ARC
(1980), AFRC (1990), NRC (1985).
Acredita-se que outros modelos possam ser utilizados para estimar a composição
dos minerais no corpo dos animais e com isso contribuir para predizer exigências diárias
dos animais, gerando informações para formulação de dietas adequadas.
Diante disso objetivou-se com este trabalho foi avaliar alguns modelos para
estimar a ingestão de matéria seca e as exigências de cálcio, fósforo, potássio e
magnésio para carneiros Santa Inês em confinamento
MATERIAL E MÉTODOS
1. Animais e ensaio experimental
Os dados para realização deste estudo foram oriundos de dados individuais da
tese de Araujo Filho, (2012), onde foram utilizados 32 carneiros da raça Santa Inês, com
peso vivo inicial médio de 30 ± 2,8 kg, alojados em baias individuais contendo
comedouro e bebedouro, distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado
com três tratamentos e oito repetições, e submetidos a um período de dez dias de
adaptação, no qual receberam alimentação à vontade, calculada conforme a quantidade
de sobras referente ao dia anterior, mantida em torno de 15%.
Após o período de adaptação, oito animais foram abatidos para servir como
referência para as estimativas do peso do corpo vazio (PCV) e da composição corporal
dos vinte e quatro animais remanescentes.
Os tratamentos foram definidos em função do consumo da dieta experimental,
sendo pré-estabelecidos da seguinte forma: TR0 = alimentação à vontade ou 0% de
restrição alimentar, TR30 = 30% de restrição alimentar e TR60 = 60% de restrição
alimentar, com oito animais por tratamento. Grupos de três animais eram formados
quando atingiam 30 kg de peso corporal, com um animal por tratamento, dando-se
início a fase experimental. Iniciada a fase experimental, o ajuste de 15% das sobras foi
considerado apenas para os animais do tratamento TR0.
31
32
A dieta (Tabela 1), formulada conforme o NRC (2007), para animais de 8 meses,
com ganho de peso corporal médio de 250 g dia-1 para os animais sem restrição
alimentar, foi composta de 45% de volumoso e 55% de concentrado, e constituída de
feno de Capim-elefante (Pennisetum purpureum), farelo de soja, farelo de milho,
calcário calcítico, fosfato bicálcico e premix mineral, ministrando diariamente, às 8h e
16h, em forma de ração completa. O fornecimento foi de 4% do peso corporal, com
base na MS, para os animais do tratamento sem restrição, ajustado diariamente de forma
que estes tivessem um consumo voluntário. Considerando os animais dos tratamentos
com 30 e 60% de restrição, estes tiveram o fornecimento de ração corrigido para 70 e
40%, respectivamente, do consumido pelos animais do tratamento sem restrição.
Das sobras da dieta, coletou-se uma alíquota diária de 10%, formando-se
amostras compostas individuais, que foram acondicionadas em sacos plásticos e
armazenadas para análises, ao final do experimento.
Foi determinado o teor de nutrientes digestíveis totais da dieta experimental, por
meio de um ensaio de digestibilidade, utilizando 12 carneiros do ensaio de desempenho,
distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado com quatro repetições, e
alojados em gaiolas de metabolismo, com dispositivo para separação e coleta de urina e
fezes. Os animais foram submetidos aos mesmos tratamentos alimentar, durante um
período de 12 dias, sendo sete dias de adaptação às instalações, e 5 dias de coleta de
dados. Neste período, individualmente, foram retiradas todas as sobras de alimento
oferecido no dia anterior, 10% da quantidade total de fezes e 10% do volume de urina
produzida, as quais foram mantidas em congelador (-10 oC) até o final do ensaio,
quando então, foram compostas por animal, e submetidas às análises químicas
pertinentes.
32
33
Tabela 1. Participação dos ingredientes e composição química da dieta dos animais
com base na MS
Ingredientes
g kg-1 de matéria seca
Farelo de soja
235,0
Milho moído
289,9
Feno de Capim-elefante (Pennisetum purpureum)
450,0
Calcário calcítico
11,9
Fosfato bicálcico
3,2
Sal mineral comercial1
10,0
Composição química (g kg-1)
Feno de CE
Ferelo de Milho
Farelo de Soja
Ração Completa
Matéria Seca
936,3
916,3
916,9
927,1
Matéria Mineral
78,6
16,2
57,9
55,1
Proteína Bruta
29,1
90,9
461,7
151,8
Extrato Etéreo
35,8
79,1
31,4
47,6
FDN
782,4
177,0
222,7
467,4
FDA
642,4
64,9
123,2
345,6
FDNCP
749,3
162,8
130,2
425,7
Lignina
200,3
12,3
10,6
98,7
CHOT
856,5
711,7
449,0
745,5
CNF
107,2
650,9
318,8
319,9
NDT
-
-
-
653,2
Cálcio
3,1
0,6
2,7
22,5
Fósforo
1,8
3,8
5,9
11,4
Potássio
16,9
4,8
18,7
13,4
Magnésio
3,5
2,7
3,9
04,1
1
Níveis de garantia do Sal Mineral IrcaFós® 70 P: Ca 140 g, P 70 g, Mg 8g, Fe 1.200g, Mn 1.600, Zn
7.200 mg, Cu 128 mg, Co 208 mg, I 208 mg, Se 32 mg, F 700 mg, Na 145 mg;
Para se evitar a perda de compostos nitrogenados da urina por volatilização, foi
colocado 10 ml de solução de ácido clorídrico a 10N, no recipiente antes da coleta.
Os animais foram pesados no início e a cada sete dias durante o experimento,
com pesagens intermediárias, à medida que o peso corporal aproximava-se do peso préestabelecido para o abate. Quando, pelo menos um dos animais do grupo atingiu o peso
corporal de abate (aproximadamente 45 kg), todo os componentes do grupo foram
abatidos, após serem submetidos a jejum de sólido e líquido por 18 horas, com pesagens
antes e após o jejum, para obtenção, respectivamente, do peso corporal ao abate (PCA)
e do peso em jejum (PJ).
33
34
O abate foi realizado através de concussão cerebral seguido de sangria por
aproximadamente cinco minutos, com corte da carótida e jugular. Posteriormente, foi
feita a esfola e evisceração, seguidas de pesagens do trato gastrintestinal, bexiga e
vesícula biliar, cheios e esvaziados, para obtenção do peso do corpo vazio, sendo PCV =
PJ – (conteúdos do trato gastrintestinal, da bexiga e da vesícula biliar). Após pesagens, a
meia carcaça direita e todos os não-componentes da carcaça do animal foram
congelados e posteriormente serrados em serra de fita e moídos em moedor de carne
industrial. A massa moída dos não-componentes da carcaça foi misturada
proporcionalmente, à massa moída da meia carcaça e homogeneizadas. Após
homogeneização, foi retirada amostra de aproximadamente 500 g e armazenada em
freezer à -10 oC. Posteriormente, aproximadamente 40 g de cada amostra corporal, foi
liofilizada por 48 horas, processada em moinho de bola e acondicionada em recipiente
hermeticamente fechado para determinação de sua composição química, quanto aos
teores de matéria seca, matéria orgânica, matéria mineral e extrato etéreo, assim como,
proteína bruta, cálcio, fósforo, potássio e magnésio da amostra já desengordurada.
As análises químicas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal
(LANA) da UFCG e nos Laboratório de Biocombustíveis (LACOM) e Laboratório de
Química Analítica (LAQA) da UFPB, segundo metodologias descritas por Silva &
Queiroz (2002), Van Soest, et al. (1991) e Mertens (2002). Nas amostras da dieta, foram
realizadas as análises bromatológicas conforme apresentado na Tabela 1. Para as
amostras de sobras da dieta e fezes, determinou-se os teores de matéria seca, matéria
orgânica, proteína bruta, extrato etéreo, matéria mineral, fibra em detergente neutro
corrigida para cinzas e proteína (FDNcp), cálcio, magnésio (por espectrofotometria de
absorção atômica), potássio e fósforo (por colorimetria), enquanto nas amostras de
urina, apenas o teor de nitrogênio total, cálcio, fósforo, potássio e magnésio.
O consumo dos nutrientes foi calculado pela diferença entre a quantidade do
nutriente presente nos alimentos fornecidos e sua quantidade presente nas sobras,
expressando o resultado em g dia-1. A digestibilidade foi obtida segundo a equação:
Digestibilidade (%) = [nutriente ingerido (g) – nutriente excretado nas fezes
(g)/nutriente ingerido (g)] x 100. E os nutrientes digestíveis totais (NDT), de acordo
com Weiss (1999): NDT (%) = (PBD + CNFD + FDNcpD) + (EED x 2,25). Foi
considerado que 1 kg de NDT contém 4,409 Mcal de energia digestível e a energia
metabolizável, 82 % da energia digestível (NRC, 1996).
34
35
2. Cálculo e análise de dados
2.1. Equações de estimativa de ingestão de matéria seca
Foram construídas planilhas no Excel, com as variáveis de ingestão de matéria
seca (IMS), peso vivo (PV), peso de corpo vazio (PCV), peso metabólico (PV0,75) e
ganho médio diário (kg/dia), onde foram testadas para obtenção da equação para
predição do consumo diário de matéria seca.
Equações de Cabral et al (2008), NRC (2007) e Vieira et al (2013) foram
utilizadas para comparação com aquelas obtidas neste estudo.
Cabral et al. (2008)
IMS (kg/dia)= [0,311+(0,0197 x PV+(0,682 x GMD) x 1000
Vieira et al. (2013)
IMS(kg/dia)= = [238,74 + (31,3574 x PV0,75) + (1,2623 x GMD) – (5,1837 x
Con)]
NRC (2007):
IMS(kg/dia)= = [0,04 x PM x (PV/PM)x (1,7-(PV/PM)] x1000
onde os pesos de referência (PV) foram assumidos como 30, 35, 40 e 45 kg, e o
peso a maturidade (PM) de 50 kg.
2.2. Cálculo da composição corporal e exigência de minerais
Para estimar a composição do ganho de peso em minerais, utilizou-se a técnica
do abate comparativo descrita pelo ARC (1980), objetivando determinar a quantidade
de mineral retido no corpo do animal, pela diferença entre a quantidade presente nos
animais sacrificados nos intervalos de pesos estudados, de 30 a 45 kg de peso corporal.
Em função da concentração do mineral nas amostras do corpo animal analisadas,
determinou-se a quantidade deste nutriente no corpo vazio do animal (PCV).
A partir da concentração dos minerais no corpo de cada animal, o conteúdo de
cada macromineral retido no corpo vazio foi estimado por regressão. Foram foram
testadas equações que melhor representassem a concentração do mineral no corpo dos
animais, das quais foi selecionada a equação apresentasse maior R2 , com também foi
35
36
realizada a regrassão do logaritmo do conteúdo de Ca, P, K ou Mg em função do
logaritmo do PCV como recomendado pelo ARC (1980) :
Equação
1:
𝐥𝐨𝐠 𝒚 = 𝒂 + 𝒃 × 𝐥𝐨𝐠 𝒙
Onde: y, é o conteúdo total do mineral (Ca, P, K, ou Mg ) em gramas; “a” é o
intercepto; “b” é o declive; e x é o logaritmo do peso do corpo vazio em kg.
Após a estimativa da concentração do mineral no corpo vazio dos animais por
meio das equações de regressão selecionadas, foi realizada a estimativa de exigência
líquida diária do mineral (g/dia) por meio de dois procedimentos:
1º. Foram utilizadas as seguintes equações para estimar a exigência líquida diária
(g/dia), e a exigência dietética:
EQ 2.
EQ 2.1
é
Onde: GMD é o ganho médio diário em kg/dia; PCV é o peso do corpo vazio em
kg; e CA é o coeficiente de absorção do mineral.
2º. Foi utilizado o procedimento preconizado pelo ARC (1980):
Após a aplicação do antilog, sobre a equação 1. no PCV, sua derivação foi
utilizada para determinar os requisitos diários líquidos de cada mineral por kg de ganho
de peso de corpo vazio.
Equação 1.2.
36
37
Onde: y’ é a exigência líquida para ganho de cada mineral (Ca , P , Na, K ou
Mg) , g / kg de ganho no PCV/d; a é o intercepto; e b é a inclinação , respectivamente,
da Eq.1.
A conversão das exigências líquidas para ganho e mantença em função do peso
do corpo vazio (ELPCV), em exigências líquidas para ganho e mantença diária
(ELMD), foi determinada segundo equação que segue:
Equação 1.3.
Onde f é a relação entre o peso corporal e peso de corpo vazio:
e GMD é o ganho médio diário em gramas.
As exigências dietéticas dos minerais foram estimadas pelo método fatorial
preconizado pelo ARC 1980, com base na equação:
Equação 1.4
Onde ELMD é a exigência líquida para ganho e mantença diária; e CA é o
coeficiente de absorção do mineral na dieta.
Foram aplicados os dados do estudo nas equações de predição de exigências de
Calcio, fósforo, potássio e magnésio do NRC (2007). As quais seguem abaixo
respectivamente:
Onde :
PM é o peso a maturidade, o qual foi considerado com 50 kg.
37
38
Após a determinação das exigências pelos dois métodos utilizados, e estimativa
de exigências para os animais a partir das equações do NRC (2007), foram então
geradas equações para predição da exigência dietética diária de Ca, P, K e Mg para
carneiros Santa Inês com 30 a 45 kg de peso vivo.
2.3. Análises Estatísticas
A análise estatística foi realizada utilizando o sistema SAEG 7.0.
Foi utilizada a ferramenta STEPWISE para seleção de variáveis dos modelos de
predição da ingestão de matéria seca e de exigência de minerais, onde foi fixado um
nível crítico de probabilidade no teste F de 0,05, para entrada e saída das variáveis no
modelo para estimativa da IMS, enquanto para o de exigência de minerais o nível de
probabilidade foi de 0,15.
Para seleção da equação para predição da composição corporal dos carneiros,
empregou-se o procedimento Modelos Pré-definidos do SAEG 7.0, para escolha
daquele que apresentasse maior significância e maiores coeficientes de determinação.
3. RESULTADOS E DISCUSSÇÃO
3.1. Modelo para estimativa de ingestão de matéria seca
Ao se avaliar modelos para determinação da composição corporal de minerais e
a geração de equações para estimativa de exigência de cálcio, fósforo, potássio e
magnésio, verificou-se a necessidade de estimativa da ingestão de matéria seca dos
carneiros Santa Inês, pois essa tem influencia no ganho médio diário dos animais, o qual
está diretamente relacionado com a exigência dos nutrientes.
Foi gerada uma equação para estimativa da ingestão de matéria a partir dos
dados observados, onde a ferramenta stepwise selecionou como variáveis mais
representativas para estimar com melhor precisão a ingestão dos animais, o peso vivo
(kg) e o ganho médio diário (kg), resultando na equação que segue na tabela.
Tabela 2. Equação de predição da ingestão de matéria seca (IMS), com suas variáveis
independentes, e respectivos desvios-padrão, nível de significância e
coeficiente de determinação
38
39
Variável
Dependente
IMS (kg/dia)
Variável independente 1 ±
desvio-padrão
Variável independente 2 ±
desvio-padrão
PV
ρ-valor
GMD
ρ-valor
R²
0,00204 ± 0,0015
<0,0001
2,662 ± 0,431
<0,0001
0,975
Dentre as variáveis testadas para a obtenção da equação de estimativa da IMS,
apenas o peso vivo e o ganho médio diário apresentou efeito significativo (p<0,001),
contribuindo para explicar 97% das variações de ingestão de matéria seca dos animais
do presente estudo. De acordo com Vieira et al (2013), a ingestão de matéria secas é
diretamente influenciada pelo ganho médio diário, o qual aumenta o coeficiente de
determinação em modelos de previsão, o que torna preponderante sua incorporação
dentre as variáveis para estimar a IMS.
Verificou-se ao uma variação nos dados estimados pelas equações de Cabral et
al. (2008), Vieira et al. (2013), do NRC (2007) e pela equação desenvolvida nesse
estudo, em relação aos dados observados representados na figura 1.
Figura 1. Relação entre o consumo de matéria seca (IMS) observado e o estimado por
Cabral et al. (2008), Vieira et al. (2013), NRC (2007) e pela equação obtida
no presente trabalho
Na figura 1. observa-se que o modelo proposto por Vieira et al. (2013), para
predizer a ingestão de matéria seca para ovinos Santa Inês, subestimou a ingestão de
matéria seca dos animais, enquanto que o NRC superestimou a ingestão dos mesmos.
39
40
Contudo a equação de Cabral et al. (2008), apresentou maior semelhança com os dados
observados.
Na tabela 1 encontram-se as estimativas para ingestão diária de matéria seca
(IMS) para carneiros Santa Inês em função da variação do peso vivo e do ganho médio
diário (GMD), considerando a equação gerada a partir do dados do trabalho (EQ1),
como também os valores gerados a partir das equações para predição da IMS sugeridas
por Cabral et al. (2008), Vieira et al. (2013) e pelo NRC (2007).
Tabela 3. Estimativa de ingestão de matéria seca em função do peso vivo e do ganho
médio diário dos carneiros, a partir de equações de Cabral et al (2008), Vieira
et al (2013), NRC, (2007) e do modelo desenvolvido no presente trabalho
(EQ1)
Ingestão de Matéria Seca
2
PV1(kg)
30
35
40
45
GMD
(g/dia)
EQ1
Cabral
kg/dia %PV kg/dia
100
0,88
2,93
0,97
150
1,01
3,38
1,00
200
1,15
3,82
1,04
250
1,28
4,27
1,07
100
0,98
2,81
1,07
150
1,12
3,19
1,10
200
1,25
3,57
1,14
250
1,38
3,95
1,17
100
1,09
2,71
1,17
150
1,22
3,05
1,20
200
1,35
3,38
1,24
250
1,49
3,71
1,27
100
1,19
2,64
1,27
150
1,32
2,93
1,30
200
1,45
3,23
1,33
250
1,59
3,53
1,37
1
2
Peso vivo; Ganho médio diário.
%PV
3,23
3,35
3,46
3,58
3,05
3,15
3,25
3,35
2,92
3,00
3,09
3,17
2,81
2,89
2,96
3,04
Vieira
kg/dia
0,48
0,54
0,61
0,67
0,53
0,59
0,66
0,72
0,58
0,64
0,70
0,77
0,62
0,69
0,75
0,81
%PV
1,61
1,82
2,03
2,24
1,52
1,70
1,88
2,06
1,45
1,60
1,76
1,92
1,39
1,53
1,67
1,81
NRC
kg/dia
1,32
1,32
1,32
1,32
1,40
1,40
1,40
1,40
1,44
1,44
1,44
1,44
1,44
1,44
1,44
1,44
%PV
4,40
4,40
4,40
4,40
4,00
4,00
4,00
4,00
3,60
3,60
3,60
3,60
3,20
3,20
3,20
3,20
Os dados estimados pela equação apresentaram um aumento de 400 gramas na
ingestão de matéria seca dos animais na mesma faixa de peso, para uma variação de 150
gramas no ganho médio diário. Quando o valor de ganho médio diário foi de 250 g, a
estimativa de ingestão de matéria seca aproximou-se aos valores preditos pelo NRC
(2007) nas faixas de peso de 30 a 40 kg, chegando a ultrapassar em 7,6 % a predição
40
41
nos animais com 45 kg e ganho médio diário de 250g. Porém nos demais ganhos de
peso as equações do NRC superestimaram em média 30,7%, 25% e 18,3% a ingestão de
matéria seca dos animais com 30, 35 e 40 kg de peso vivo respectivamente.
As estimativas do NRC (2007) apresentam valores bem superiores para faixas de
peso menores (30 e 35 kg), provavelmente devido essas equações serem geradas através
de avaliações com animais lanados, com alto potencial de ganho de peso e
consequentemente maior consumo de alimentos de alta qualidade. Contudo, as equações
sugeridas por Vieira et al. (2013), apesar de serem geradas a partir de avaliações com
cordeiros Santa Inês em condições brasileiras, subestimaram em média 47% a
estimativa de ingestão de matéria seca. Enquanto que o modelo sugerido por que Cabral
et al (2008) foi o que melhor representou os dados, dentre os modelos avaliados, apesar
de subestimar a ingestão dos animais quando o ganho médio diário foi superior a 150 g.
Na figura 2. observa-se a dispersão dos dados preditos em função do peso vivo
dos animais, permitindo melhor visualização da distinção entre os valores aferidos pelos
modelos, com destaque para a reduzida ingestão de matéria seca indicada pelo modelo
proposto por Vieira et al (2013).
Figura 2. Estimativa da ingestão de matéria (kg/animal/dia) seca em função do peso
vivo, a partir de quatro equações de predição
O modelo gerado proporcionou um impacto considerável do ganho médio diário,
provocando uma grande variação na estimativa de ingestão de matéria seca dos animais
de mesma faixa de peso, o que também foi observado por Cabral et al. (2008) e Vieira
et al (2013), porém com menor intervalo.
41
42
Para animais de 30, 35, 40 e 45 kg de peso vivo, a ingestão de matéria seca para
mantença foi estimada em 0,612; 0,714; 0,816 e 0,918 kg/ animal/ dia, respectivamente
no presente modelo. A equação de Cabral et al (2008) sobre-estima a ingestão de
matéria seca em 47, 40, 34 e 30%, ao considerar a manutenção do peso vivo de animais
de 30, 35, 40 e 45 kg, respectivamente. Analisando as equações propostas por Silva et
al. (2004), a ingestão de matéria seca ficaria em torno de 1,23, 1,38, 1,53 e 1,67 kg/dia,
para animais de 30 a 45 kg de peso vivo, assemelhando-se a ingestão estimada pelo
presente modelo ao considerar um ganho de peso de 250g/dia. Além disso, esses
mesmos autores verificaram que animais deslanados ingeriam em média 16% de
matéria seca a mais que animais lanados. Apesar da semelhança de estimativa de alguns
desses trabalhos com o modelo gerado a partir dos dados, Vieira et al (2013),
predisseram valores de ingestão de matéria seca para ganho de 250 g diários abaixo das
estimativas de ingestão de mantença encontrados no presente estudo, contudo ao
considerar o peso vivo na equação de predição proposta por esse autores, os valores
apresentados tornam-se similares aos preditos pelo presente modelo (ver figura x nos
anexos).
Como a ingestão de matéria seca apresenta relações discrepantes com as
estimativas geradas pelas equações do NRC (2007), e a IMS está diretamente
relacionada com o ganho médio diário e consequentemente com a retenção de nutrientes
no corpo do animal, foram utilizadas as equações de predição de IMS do NRC (2007) e
do modelo gerado para estimar as exigências liquidas e dietéticas de cálcio, fósforo,
potássio e magnésio para carneiros Santa Inês.
3.2. Modelos para estimativa de exigência de cálcio, fósforo, potássio e
magnésio.
A formulação de ração do presente trabalho foi feita com base nas
recomendações do NRC (2007), e apesar de ser um dos comitês de recomendação
nutricional mais utilizado aqui no Brasil para estimar as exigências de nutrientes em
pequenos ruminantes, alguns trabalhos mostram que em muitos casos, estas estimativas
podem não ser adequadas aos animais, às particularidades nutricionais e ambientais
existentes em regiões tropicais.
Na tabela 4 observa-se as equações de regressão geradas e a estimativa dos
conteúdos dos minerais no corpo vazio dos animais. Verifica-se que a equação
exponencial para estimar a composição de cálcio no corpo vazio dos animais apresenta
42
43
uma variação na concentração desse mineral de 73 g a 98g quando os pesos variaram de
29,77 a 25,39 kg e de 38,54 a 34,15 kg, respectivamente, enquanto a equação
logaritimizada considera uma variação constante na concentração de cálcio no corpo
vazio dos animais, com a alteração nos pesos do corpo vazio.
Tabela 4. Equações de regressão para composição corporal de cálcio (Ca), fósforo (P),
Potássio (K) e magnésio (Mg) no corpo vazio de carneiros Santa Inês em
confinamento
PV (kg)
30
35
40
45
25,39 29,77 34,15 38,54
Concentração de minerais no
corpo vazio (g)
442
515
599
697
439
520
602
684
246
287
328
369
245
287
328
369
Variável
Equações
R²
p-valor
PCV
PCV=-0,8977+0,8763 x PV
0,96
<0,0001
Ca¹
Ca²
P¹
P²
Ca = 183,73℮0,0346 x PCV
log Ca=1,51514 + 1,06155x log (PCV)
P =10,1404 x PCV 0,97926
log P = 1,014+ 0,9793 x log (PCV)
K= -25,2726+ (2,0898 x PV)– (46,08 x
GMD)
log K = 0,12587 + 1,0347 x log (PCV)
Mg = 7,0233 ℮0,0347 x PCV
log Mg = -0,27305 + 1,0676 x log
(PCV)
0,83
0,81
0,83
0,83
<0,0001
<0,0001
<0,0001
<0,0001
0,82
0,0001
29
39
50
60
0,77
0,80
<0,0001
<0,0001
38
17
45
20
52
23
59
27
0,79
<0,0001
17
20
23
26
K¹
K²
Mg¹
Mg²
¹ Equações que apresentaram maior R²; ² Equação logaritimizada preconizada
pelo ARC (1980).
O AFRC (1991) considera que a deposição de cálcio é reduzida à medida que o
animal se aproxima da maturidade, porém neste trabalho a concentração de cálcio foi de
17,4 a 18,1 g/kg em animais com 25,39 kg a 38,54 kg de PCV, respectivamente. Apesar
da equação logaritimizada (Ca²) variar apenas de 18,36 a 18,84 g/kg de PCV, mostrou
uma deposição crescente de cálcio do corpo desses animais.
O cálcio juntamente com o fósforo apresentam funções muito mais complexas,
das quais pode-se ressaltar, a formação de um depósito a partir do qual eles podem ser
mobilizados para emergências nutricionais e metabólicas, regulando as quantidades no
sangue e o tamponamento contra inadequações alimentares prolongadas (Underwood &
Suttle, 1999). Essas inferências podem explicar a maior concentração de cálcio e
43
44
fósforo no conteúdo do corpo vazio dos carneiros Santa Inês, quando comparado às
recomendações dos comitês internacionais. Por ser uma raça selecionada em regiões
com grandes variações nutricionais ao longo do ano, é possível que mecanismos
desenvolvidos para adequação e sobrevivência dos animais a sazonalidade nutricional
promova um acúmulo superior de Ca e P no corpo para poder ser mobilizados nos
períodos de escassez de alimentos.
As equações derivadas da função logarítmica encontram-se na tabela 5, com os
respectivos valores de concentração de Ca, P, K e Mg por kg de ganho do PCV.
Tabela 5. Equações de estimativas de concentrações de minerais, e quantidades de Ca,
P, K e Mg depositados por kg de ganho do ganho no corpo vazio de Carneiros
Santa Inês de 30 a 40 kg de PV, em confinamento
PV (kg)
Variável
Equações
R²
p-Valor
30
35
40
45
PCV
PCV=-0,8977+0,8763 x PV
0,96
<0,0001 25,39 29,77 34,15 38,54
g kg-1 PCV
2
Ca²
Ca=15,0442 x PCV0, 0616
0,81
<0,0001 18,36 18,54
18,7
18,84
P²
10,1144 x PCV -0,02073
0,83
<0,0001
9,46
9,43
9,4
9,38
K²
K = 1,3869 x PCV 0,038
0,77
<0,0001
1,57
1,58
1,59
1,59
Mg²
Mg = 0,5693 x PCV 0,03475
0,79
<0,0001
0,71
0,72
0,72
0,73
derivadas das funções logarítmicas.
Em recomendações anteriores (ARC, 1980; NRC, 1985) o cálcio depositado no
ganho de peso de cordeiros foi estimado em 11 g/kg de ganho de corpo vazio, no
entanto devido à redução no crescimento ósseo dos animais à maturidade o NRC (2007)
adequou a abordagem considerando uma relação entre o peso à maturidade e o peso
vivo do animal, estimando dessa forma a redução na exigência para o cálcio em animais
adultos.
As estimativas geradas pelas equações do atual estudo apresentam uma
deposição de aproximadamente 18 g/kg do PCV de Ca, cerca de 70 % superiores as
recomendações do NRC (2007).
As recomendações atuais do NRC (2007) estimam que a deposição de fósforo
para crescimento seja de 6 g/kg de PCV, porém que essa deposição seja reduzida com a
maturidade dos ovinos. A deposição de P foi de aproximadamente 9,4 g/kg de PCV para
44
45
carneiros Santa Inês, apresentando-se 40 % superiores as recomendações sugeridas pelo
NRC (2007) e ARC (1980).
Baião et al. (2003) estimaram os valores de Ca em ovinos Santa Inês variando de
12,63 a 11,63g/kg de peso de corpo vazio, enquanto que para P os valores ficaram em
torno de 10,25 a 9,44 g/kg de PCV, para ovinos Santa Inês de 30 e 45 kg de peso vivo
respectivamente.
Dias et al (2011) verificaram a relação entre Ca/P no osso de 1,97, ao avaliar a
cinética de Ca e P em ovinos, confirmando a relação encontrada na concentração de Ca
e P por kg de PCV no presente estudo.
Apesar de apresentar neste estudo a quantidade de Ca e P depositados por kg de
PCV superiores ao NRC (2007), o valores recomendados por este comitê para exigência
de potássio e magnésio são bem superiores aos valores observados por kg de ganho de
PCV nos carneiros Santa Inês.
Confirmando os dados verificados, foram encontrados por Baião et al. (2004)
valores médios de 0,527 g de Mg e 1,643 g de K/kg de peso de corpo de peso de corpo
vazio de ovinos Santa Inês.
As exigência líquidas de Ca, P, K e Mg foram calculadas multiplicando-se o
ganho médio diário pela concentração do mineral estimada no corpo do animal, e
dividindo esse valor pelo peso do corpo vazio do animal, o que resultou na estimativa
da quantidade do mineral necessária para o ganho diário dos animais.
As equações sugeridas para estimativa da exigência líquida diária, e dietética
resultaram em valores semelhantes aos estimados pelo método o ARC (1980), podendo
tornar-se uma alternativa simples e eficaz para estimar as exigências de pequenos
ruminantes.
A utilização de modelos matemáticos que apresentem melhor coeficientes de
determinação é uma das formas para prever o comportamento da variável dependente,
que nesse caso é a concentração do mineral retido no corpo dos animais. Esta serve de
indicativo para estimar a quantidade dos minerais necessária para que o animal
desempenhe suas funções de crescimento e manutenção adequadamente.
As estimativas de ingestão de minerais não levam em conta as diferenças de
absorção ou utilização pelo animal (Underwood &Suttle, 1999). Por isso existe a
45
46
necessidade de avaliação das exigências em diversas condições de manejo e
alimentação, com raças diferentes em estados fisiológicos distintos, para tornar a
mireralização mais eficiente do ponto de vista fisiológico e produtivo. Uma das formas
de se garantir isso é dividindo a exigência líquida diária pelo coeficiente de absorção do
mineral.
Encontra-se na tabela 6 as estimativas de exigência de Ca originadas a partir dos
dados aplicados nos modelos do ARC (1980), NRC (2007), as equações propostas neste
trabalho (EQ2. 1).
As estimativas de ingestão de matéria seca recomendadas pelo NRC (2007)
superestimam a ingestão de animais com peso vivo de 30 a 35 kg, principalmente
quando os ganho médio diário apresenta-se abaixo de 150 g/dia. Como a IMS está
intimamente relacionada com o ganho de peso dos animais, consequentemente as
exigências dietéticas para manutenção e crescimento diários serão alterados caso a
ingestão seja superestimada. Por isso foi estimado exigências darias dos minerais Ca, P
e K, a partir IMS predita pela equação gerada neste estudo. No Mg não foi realizado o
mesmo procedimento, pois o modelo de estimativa do NRC (2007) para exigências
desse mineral, não contempla a IMS como variável independente.
Tabela 6. Exigência dietética de cálcio geradas pelo modelo do ARC (1980), NRC
(2007) e pela equação gerada no presente trabalho (EQ2.1)
PV
(kg)
30
35
40
45
GMD
(g/dia)
100
150
200
250
100
150
200
250
100
150
200
250
100
EQ2.1
g/dia
2,45
3,68
4,91
6,13
2,43
3,65
4,87
6,09
2,47
3,71
4,94
6,18
2,55
ARC
g/dia
2,20
3,30
4,40
5,49
2,22
3,33
4,44
5,55
2,24
3,36
4,48
5,60
2,25
NRC¹
g/dia
2,69
3,26
3,84
4,41
2,71
3,26
3,81
4,36
2,71
3,24
3,77
4,30
2,69
NRC²
g/dia
2,30
2,99
3,69
4,38
2,34
3,01
3,69
4,36
2,40
3,05
3,70
4,35
2,46
46
47
150
3,82
3,38
3,19
3,09
200
5,10
4,51
3,70
3,73
250
6,37
5,64
4,21
4,36
*NRC valores estimados através da equação de IMS gerada no presente trabalho
O aumento no ganho médio diário intensifica a exigência líquida e dietética do
mineral. Como o GMD está relacionado à ingestão de matéria seca, e esta contribui
diretamente para o fornecimento dos minerais e retenção dos mesmos no corpo dos
animais. Reforçando assim as características inferidas pelo AFRC (1990), de que as
exigencias de Ca diminuem com a idade, mas aumentam com a taxa de crescimentos,
isto é, o ganho de peso médio diário.
De acordo com Underwood & Suttle (1999), todos os tecidos animais e todos
os alimentos contêm elementos inorgânicos ou minerais amplamente distribuídos em
diferentes quantidades e proporções, as quais são alteradas caso ocorra desequilíbrio na
ingestão dos minerais. O consumo abaixo ou acima das necessidades de minerais, induz
a alterações na forma ou concentração do mesmo nos tecidos do corpo dos animais.
Para prevenir essas alterações é recomendado fornecer uma dieta aceitável e que contém
os minerais necessários, nas proporções adequadas e em formas biodisponíveis.
Tabela 7. Estimativa de exigência dietética de Fósforo geradas pelo modelo do ARC
(1980), NRC (2007) e pela equação gerada no presente trabalho (EQ2.1)
PV
(kg)
30
35
40
45
GMD
(g/dia)
100
150
200
250
100
150
200
250
100
150
200
250
100
EQ2.1
g/dia
1,32
1,99
2,65
3,31
1,32
1,98
2,64
3,30
1,32
1,97
2,63
3,29
1,31
ARC
g/dia
1,10
1,65
2,20
2,75
1,10
1,65
2,20
2,74
1,10
1,65
2,19
2,18
1,09
NRC
g/dia
1,98
2,37
2,76
3,16
2,03
2,41
2,79
3,17
2,04
2,41
2,78
3,15
2,02
NRC*
g/dia
1,49
1,98
2,46
2,95
1,58
2,07
2,56
3,05
1,68
2,17
2,66
3,15
1,78
47
48
150
200
250
1,97
2,63
3,28
1,64
2,18
2,73
2,39
2,75
3,11
2,27
2,76
3,25
*NRC valores estimados através da equação de IMS gerada no presente trabalho
Para estimar a exigência dietética, o NRC (2007) adotou o coeficiente de
absorção de 0,60 sugerido pelo ARC (1980).
O fósforo é o mineral que apresenta maiores riscos de impacto ambiental quando
é ofertado em excesso para os animais. Por isso este comitê ajustou a fórmula para
estimar a exigência dietética desse mineral, considerando a maturidade dos ovinos e as
mudanças correspondentes na deposição do P nos ossos, e assim minimizar o uso na
dieta, a contaminação ambiental e a incidência de cálculos renais em ovinos (NRC,
2007).
Apesar desses mecanismos adotados pelo comitê internacional, as estimativas
diárias para consumo de fósforo são superiores às encontradas para carneiros Santa Inês
de 30 a 45 kg com ganho de até 200 g/dia.
Exigências de minerais dos animais dependem de muitos fatores, incluindo a
idade, estágio de crescimento, estágio de lactação, e o equilíbrio com outros nutrientes,
como também, estão sujeitas a algumas raças particulares dentro das espécies que
mostram adaptações à disponibilidade mineral local (Khan et al., 2007).
Na tabela 8. Observa-se os valores de exigência do magnésio em g/dia,
estimados pelos modelos avaliados nesse estudo.
Tabela 8. Estimativa de exigência dietética de Magnésio geradas pelo modelo do ARC
(1980), NRC (2007) e pela equação gerada no presente trabalho (EQ2.1)
PV
(kg)
30
35
40
GMD
(g/dia)
100
150
200
250
100
150
200
250
100
150
EQ2.1
Kg/dia
0,19
0,29
0,38
0,48
0,18
0,28
0,38
0,47
0,19
0,29
ARC
Kg/dia
0,17
0,26
0,34
0,48
0,17
0,26
0,35
0,43
0,18
0,26
NRC
g/dia
0,77
0,89
1,01
1,13
0,86
0,98
1,10
1,22
0,95
1,07
48
49
45
200
250
100
150
200
250
0,38
0,48
0,20
0,30
0,40
0,50
0,35
0,44
0,18
0,27
0,35
0,44
1,19
1,31
1,04
1,16
1,28
1,40
Segundo o NRC (2007) a exigência dietética de magnésio para pequenos
ruminantes podem variar com a idade, taxa de crescimento ou de produção, como
também de acordo com o status de Mg do animal. Este comitê vem aumentando ao
longo dos anos a recomendação de Mg para ovinos, principalmente para superar os
problemas associados à tetania das pastagens, por isso adotaram um coeficiente de
absorção de 0,17, proporcionando assim maiores margens de segurança.
No entanto, essas estimativas superam em demasia as estimativas encontradas
nesse estudo, que variaram de 0,19 a 0,50 g/dia para carneiros Santa Inês com pesos de
30 a 45 kg respectivamente. Mesmo se fosse adotado o coeficiente de absorção
preconizado pelo NRC (2007), as exigências corresponderiam a uma variação de 0,98 a
1,03 g/dia, considerando animais de 30 kg e 45 kg, respectivamente, com ganho de peso
de 250 g /dia.
Utilizando apenas a equação para exigência de Mg para crescimento (g/dia) do
NRC (2007), os valores estimados correspondem a 0,24; 0,36; 0,48 e 0,60 g/dia para
ganhos médios diários de 100 a 250 g, respectivamente.
No entanto a redução no coeficiente de absorção na equação de predição pode
ser uma alternativa para regiões onde problemas relacionados à tetânia das pastagens
são frequentes.
Geraseev et al. (2000) estimaram as exigências dietéticas para mantença e ganho
de magnésio variando de 0,30 a 0,60 g/dia para ovinos Santa Inês de 15 a 20 kg de peso
vivo com ganho médio diário de 100 a 200g.
As exigências dietéticas de potássio encontram-se na tabela 9, estimadas por
diferentes métodos.
Observa-se semelhança nas exigências estimadas pelo método do ARC (1980), e
pelo sugerido nesse estudo.
O NRC (2007) utiliza a abordagem fatorial para estimar a exigência de K,
visando aumentar a precisão e reduzir a superalimentação, devido a preocupações com
49
50
contaminação ambiental por K, já que ele não é armazenado no corpo e o excesso seria
eliminado. No entanto as equações recomendadas sobre-estimam em 94% as exigências
para carneiros Santa Inês.
Corroboram com os dados estimados pela EQ2.1 as estimativas feitas pelo
método do ARC(1980).
Geraseev et al (2000), observaram exigência dietética de
potássio média de 0,235g, 0,468g e 0,702g /dia para ovinos Santa Inês com taxas de
ganho de 100, 200 e 300 g/dia,
A concentração de K por kg do PCV de carneiros Santa Inês estimadas por meio
do abate comparativo foram em média de 1,58 g. Esse valor é menor do que o
recomendado pelo ARC (1980), de 1,8g/kg de ganho do PCV, e adotado pelo NRC
(2007), nas equações de predição da exigência de K para crescimento. Considerando a
estimativa para ganho do NRC (2007), a exigência para crescimento de K é estimada
em 0,20; 0,30; 0,40 e 0,50 g/dia para animais com 100, 150, 200 e 250 g/dia de ganho
de peso. Caso se considere apenas essas estimativas para ganho deste comitê, os valores
ainda são superiores, aos encontrados pelo método do ARC e EQ2.1.
Tabela 9. Estimativa de exigência dietética de potássio gerado pelo modelo do ARC
(1980), NRC (2007) e pela equação gerada no presente trabalho (EQ2.1)
PV (kg)
30
35
40
45
GMD
(g/dia)
100
150
200
250
100
150
200
250
100
150
200
250
100
150
200
250
EQ2.1
g/dia
0,13
0,19
0,23
0,32
0,15
0,22
0,29
0,37
0,16
0,25
0,33
0,41
0,17
0,26
0,35
0,44
ARC
g/dia
0,15
0,22
0,30
0,37
0,15
0,23
0,30
0,38
0,15
0,23
0,30
0,38
0,15
0,23
0,30
0,38
NRC
g/dia
5,28
5,38
5,48
5,58
5,72
5,82
5,92
6,02
6,05
6,15
6,25
6,35
6,26
6,36
6,46
6,56
NRC*
g/dia
4,01
4,50
4,98
5,47
4,52
5,0
4,49
5,97
5,02
5,51
5,99
6,48
5,53
6,02
6,50
6,99
*NRC valores estimados através da equação de IMS gerada no presente trabalho
50
51
Encontra-se na tabela 10 equações de estimativa da exigência diária de cálcio,
fósforo, potássio e magnésio para carneiros Santa Inês com peso vivo de 30 a 45 kg,
desenvolvidas a partir das exigências estimadas pela EQ2.1 e pelo método semelhante
ao ARC (1980).
Foi utilizado para a elaboração das equações um método para seleção das
variáveis que mais se adequaram e fossem mais representativas no modelo, aumentando
o coeficiente de determinação e o nível de significância do modelo.
Tedeschi et al. (2005) descreve um modelo de nutrição de ruminantes como um
conjunto integrado de equações e coeficientes de transferência que descrevem as
exigências nutricionais e utilização de alimentos para uso na formulação de dietas. Esse
é elaborado com o propósito de descrever matematicamente a resposta de cada
compartimento ou de vários compartimentos ligados a uma variável ou combinação de
variáveis.
Em todos os modelos gerados percebe-se a variável do ganho médio diário
presente nas equações, bem como seu efeito na alteração da estimativa da exigência dos
minerais.
Partindo da elaboração dessas equações, é necessário a condução de
experimentos que avaliem a utilização dessas equações para a estimativa das exigências
diárias de cálcio, fósforo, potássio e magnésio, para possam ser validadas e contribuir
com a formulação de dietas mais acuradas para carneiros Santa Inês.
51
52
Tabela 10. Equações para estimativa da exigência diária de Cálcio, Fósforo, Potássio e
Magnésio para carneiros Santa Inês (30 a 45 kg de peso vivo) suas variáveis
e seu respectivo desvios-padrão, nível de significância, coeficiente de
determinação (R2), geradas a partir das estimativas de exigência realizadas
pelo método do ARC (1980) 1, e do modelo avaliado no presente trabalho 2.
Minerais
Ca¹ =
Ca2=
P1 =
P2 =
K¹=
K2=
Mg1=
Mg2 =
Equações para estimar a exigência de macrominerais
Cálcio (g/dia)
-0,90725± 0,3914 (0,03) + [0,0785 ± 0,032 (0,02) x PV0,75)]
+ [16,1527 ± 0,501 (0,0001) x GMD] /0,71
0,00579 ± 0,0026 (0,038) x PCV] – [(0,0135 ± 0,0061(0,03)
x PV0,75] + [15,8457± 0,034 (0,0001) x GMD] /0,71
Fósforo (g/dia)
[- 0,03972 ± 0,012 (0,0043) x PV] + [0,04748 ± 0,0144
(0,003) x PCV] + [7,8536 ± 0,168 (0,0001) x GMD] / 0,73
[-0,000984 ± 0,00044 (0,03) x PCV] + [0,00231 ± 0,001
(0,03) x PV0,75] + [7,9669 ± 0,0058 (0,0001) x GMD] /0,73
Potássio (g/dia)
-0,05856 ± 0,0313 (0,075) + [0,0019755 ± 0,00095 (0,05) x
PV] + [1,3446 ± 0,0523 (0,0001) x GMD] / 0,89
0,0496 ± 0,011 (0,0003) + [0,00514 ± 0,0011 (0,0002) x
PCV] – [0,01592 ± 0,0036 (0,0002) x PV0,75] + [1,34372 ±
0,0013 (0,0001) x GMD] /0,89
Magnésio (g/dia)
-0,03311 ± 0,0212 (0,13) + [0,001135 ± 0,00067 (0,11) x
PV] + [0,60572 ± 0,034 (0,0001) x GMD] / 0,35
-0,0207 ± 0,0039 (0,0001) + [0,002173 ± 0,00039 (0,0001) x
PCV] – [0,00673 ± 0,00122 (0,0001) x PV0,75] + [0,54566 ±
0,00045 (0,0001) x GMD] / 0,35
R²
BIC
AIC
0,996
-16,72 -21,43
0,999
-13,65 -19,54
0,996
-43,88 -47,39
0,999
-242,8 -248,6
0,992
-132,3 -137,1
0,999
-299,3 -305,2
0,985
-151,8 -156,6
0,999
-350,7 -356,6
¹ equações geradas a partir das exigências do modelo apresentado no presente trabalho;
²equações geradas a partir das exigências estimadas pelo modelo do ARC (1980).
52
53
CONCLUSÃO
Os valores de composição corporal dos minerais variaram em cálcio de 17,41 a
18,09 g /kg de PCV; em fósforo de 9,69 a 9,57 g/kg de PCV; em potássio de 1,14 a 1,56
g/kg de PCV; e em magnésio de 0,67 a 0,7 g/kg de PCV.
As recomendações dietéticas variaram em cálcio de 1,32 a 3,29 g/dia; em
fósforo de 2,5 a 6,25 g/dia; em magnésio de 0,20 a 0,49 g/dia e potássio de 015 a 0,38 g/
dia respectivamente para os animais com ganho médio diário de 100g e 250g.
Para estimar as exigências diárias de minerais para carneiros Santa Inês com 30
a 45 kg de peso vivo em confinamento, sugere-se a utilização das seguintes equações:
Cálcio (g/dia) = -0,90725 + [(0,0785 x PV 0,75)] + [16,1527 x GMD] /0,71
Fósforo (g/dia) = [- 0,03972 x PV] + [0,04748 x PCV] + [7,8536 x GMD] / 0,73
Potássio (g/dia) = -0,05856 + [0,0019755 x PV] + [1,3446 x GMD] / 0,89
Magnésio (g/dia) = -0,03311 + [0,001135 x PV] + [0,60572 x GMD] / 0,35
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55
56
Capítulo III
Predição da composição tecidual da carcaça de ovinos Santa Inês sob restrição
alimentar
56
57
Predição da composição tecidual da carcaça de carneiros Santa Inês, sob restrição
alimentar
RESUMO
Objetivou-se avaliar as correlações e gerar equações de predição da composição
tecidual da carcaça de ovinos Santa Inês, a partir dos cortes comerciais, perna, paleta,
costilhar, lombo e pescoço. Os animais do experimento foram confinados, recebendo
dieta completa, e os tratamentos corresponderam a alimentação á vontade (SR), 30% de
restrição alimentar (30R), e 60% de restrição alimentar. Os animais foram abatidos com
média de 45kg, 39kg e 32 kg de peso vivo, para os tratamentos SR, 30R e 60R
respectivamente. Os cortes comerciais foram dissecados para separação dos tecidos, os
quais foram pesados, e calculados seus rendimentos em g/kg. Os rendimentos de
gordura reduziram e os rendimentos do osso aumentaram com os níveis de restrição. Os
tecidos da costela e do lombo apresentaram maiores correlações com os tecidos da
carcaça, e para predizer a composição da carcaça a partir das equações de regressão.
Palavras chave: rendimento tecidual, correlações, cortes comerciais.
57
58
Prediction of tissue composition of the carcass of Santa Ines sheep beneath feed
restriction
ABSTRACT
This study aimed to evaluate correlations and generate equations prediction
tissue composition of carcasses from Santa Ines sheep, from commercial cuts, leg,
shoulder, rib, loin and neck. The animals of experiment fed were, getting full ration, and
the treatments were feeding ad libitum (SR), 30% food restriction (30R), and 60% food
restriction (60R). The aminals were slaughtered averaging 45kg, 39kg and 32 kg of live
weight, for the treatments SR, 30R and 60R respectively. Os cortes comerciais foram
dissecados para a separação dos tecidos que foram pesados, medidos e seu rendimento
em g / kg. The fat yields reduced and yields of bone increased with the restriction
levels. The tissues the rib and loin presented greatest correlation with the tissues the
carcass, as well as to predict the carcass composition from equations regression.
Keywords: commercial cuts, correlations, yield tissue
58
59
INTRODUÇÃO
Nos sistemas produtivos de animais de corte diversos fatores atuam
influenciando o produto final, desde a raça, a nutrição e sazonalidade na oferta de
alimento, e o mercado consumidor que dita o tipo de carne que deseja.
Para atender um mercado consumidor exigente, adequar a produção de carcaças
mais magras, muitas vezes não condiz com os melhores rendimentos de carcaça nem de
seus cortes, porém pode ser benéfico para o produtor, pois diminui o tempo de
permanência dos animais no rebanho, reduzindo assim o consumo de alimento, e
aumentando a rotatividade dos animais no sistema.
O descarte de animais adultos também se apresenta como fonte de renda na
propriedade rural, porém esses podem apresentar maior deposição de gordura na carcaça
e serem menos apreciados pelo mercado consumidor. Com isso existe a necessidade de
avaliar a melhor relação entre deposição de músculo e gordura na carcaça dos animais, e
a influência dos fatores intrínsecos e extrínsecos ao animal, para atender a demanda do
mercado, e para orientar sobre o nível de alimentação e sobre o momento de decisão
para comercializar os animais para abate.
A avaliação objetiva de animais para produção de carne só pode ser significativa
quando estão disponíveis informações sobre as quantidades de osso, músculo e gordura
na carcaça, e/ou a distribuição destes tecidos através da carcaça. A taxa de melhoria na
eficiência da produção de carne em animais tais como cabras e ovelhas depende, até um
certo nível na precisão com a qual é possível discriminar o teor de carne magra entre as
carcaças. (Owen, et al. 1978).
A alimentação acarreta alterações no peso vivo do animal, em sua carcaça e na
composição tecidual dos cortes comerciais. Existe uma relação inversa entre a
deposição de gordura e o rendimento do tecido ósseo nos cortes. Dessa forma, à medida
que o animal cresce, ocorre uma deposição da gordura em sua carcaça, e a proporção do
tecido ósseo é reduzido. Porém deve-se ter cuidado com o desequilíbrio nessa
deposição.
Através de avaliações físicas da carcaça, busca-se determinar formas de estimar
com maior confiabilidade os melhores rendimentos nos tecidos comestíveis na carcaça
59
60
de ruminantes. Desde métodos diretos como indiretos são utilizados para predizer a
composição tecidual, como também o acabamento da carcaça.
Atender a exigência de animais de produção é princípio básico de qualquer
exploração zootécnica. Porém conhecer o nível ideal de consumo e aproveitamento do
alimento, de maneira que os extremos como a falta e o excesso de nutrientes não
comprometam a quantidade e qualidade do produto final, é primordial, contudo muitos
fatores concorrem para obtenção dessa precisão no manejo alimentar e produtivo.
Nos sistemas de produção de caprinos e ovinos no Brasil, são utilizadas
recomendações de exigências de tabelas internacionais para formulação de rações, isso
pode acarretar em excesso de nutrientes fornecidos aos animais, e consequentemente,
em deposição demasiada de gordura na carcaça dos mesmos. A restrição alimentar em
alguns casos pode reduzir a deposição de gordura em excesso na carcaça.
Diante disso, objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da restrição sobre a
composição e rendimento dos tecidos muscular, ósseo e adiposo, nos cortes comerciais,
como também verificar quais cortes predizem a composição tecidual da carcaça de
ovinos Santa Inês.
MATERIAL E MÉTODOS
A pesquisa foi desenvolvida no setor de pequenos ruminantes do Centro de
Saúde e Tecnologia Rural da Universidade federal de Campina Grande, no Campus de
Patos. Foram utilizados 24 ovinos da raça Santa Inês, machos não-castrados, com peso
vivo inicial médio de 30 kg, identificados, pesados e tratados contra endo e
ectoparasitas. Em seguida, foram alojados em baias individuais (1,2 m2), com piso
ripado suspenso, contendo comedouro e bebedouro, e distribuídas em um galpão com
piso de concreto e cobertura de telhas fibrocimento.
Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente casualizado,
com oito repetições, submetidos a um período de adaptação, no qual receberam
alimentação à vontade, calculada conforme a quantidade de sobras referente ao dia
anterior, mantida em torno de 15%. Os tratamentos foram definidos em função do nível
de ingestão da dieta experimental, sendo pré-estabelecidos da seguinte forma: TR0 =
alimentação à vontade ou 0% de restrição alimentar, TR30 = 30% de restrição alimentar
e TR60 = 60% de restrição alimentar. À medida que os animais atingiam 30 kg de peso
60
61
corporal, formavam-se grupos de três animais, sendo um para cada tratamento, dando-se
início a fase experimental. Iniciada a fase experimental, o ajuste de 15% das sobras foi
considerado apenas para os animais com alimentação à vontade, a partir da qual foram
calculadas as quantidades de ração fornecidas aos demais animais dos tratamentos com
30% e 60% de restrição alimentar.
Foram realizadas análises laboratoriais para determinação da composição
bromatológica da dieta experimental (Tabela 1), que foi formulada conforme o NRC
(2007), para ganho de peso corporal de 250 g dias-1 para os animais sem restrição
alimentar.
A ração, composta de 45% de volumoso e 55% de concentrado, foi constituída
de feno de Capim-elefante (Pennisetum purpureum), farelo de soja, farelo de milho,
calcário calcítico, fosfato bicálcico e núcleo mineral, abastecida diariamente, às 8h e
16h, em forma de ração completa. O fornecimento foi de 4% do peso corporal, com
base na MS, para os animais do tratamento TR0, ajustado diariamente, de forma que
estes desfrutassem de um consumo voluntário. Considerando os animais dos
tratamentos TR30 e TR60, estes tiveram um fornecimento de ração baseado no
consumo de MS efetuado pelos animais sem restrição alimentar, recebendo 70% e 40%,
respectivamente, do consumido pelos animais do tratamento TR0.
Os animais foram pesados ao início, e a cada sete dias durante o experimento,
com pesagens intermediárias, à medida que o peso corporal aproximava-se do peso préestabelecido para o abate. Quando um animal do grupo atingia o peso corporal de abate
(aproximadamente 45 kg), os três animais daquele grupo (um de cada tratamento) eram
abatidos, após serem submetidos a jejum de sólidos e líquido por 18 horas, com
pesagens antes e após o jejum, para obtenção, respectivamente, do peso vivo ao abate
(PCA) e do peso em jejum (PJ), segundo descrito por Cezar & Sousa (2007).
61
62
Tabela 1. Participação dos ingredientes e composição química da dieta dos animais
com base na MS
Ingredientes
g kg-1 de matéria seca
Farelo de soja
235,0
Milho moído
289,9
Feno de Capim-elefante (Pennisetum purpureum)
450,0
Calcário calcítico
11,9
Fosfato bicálcico
3,2
Sal mineral comercial1
10,0
Composição química (g kg-1)
Feno de CE
Ferelo de Milho
Farelo de Soja
Ração Completa
Matéria Seca
936,3
916,3
916,9
927,1
Matéria Mineral
78,6
16,2
57,9
55,1
Proteína Bruta
29,1
90,9
461,7
151,8
Extrato Etéreo
35,8
79,1
31,4
47,6
FDN
782,4
177,0
222,7
467,4
FDA
642,4
64,9
123,2
345,6
FDNCP
749,3
162,8
130,2
425,7
Lignina
200,3
12,3
10,6
98,7
CHOT
856,5
711,7
449,0
745,5
CNF
107,2
650,9
318,8
319,9
NDT
-
-
-
653,2
Cálcio
3,1
0,6
2,7
22,5
Fósforo
1,8
3,8
5,9
11,4
Potássio
16,9
4,8
18,7
13,4
Magnésio
3,5
2,7
3,9
04,1
1
Níveis de garantia do Sal Mineral IrcaFós® 70 P: Ca 140 g, P 70 g, Mg 8g, Fe 1.200g, Mn 1.600, Zn
7.200 mg, Cu 128 mg, Co 208 mg, I 208 mg, Se 32 mg, F 700 mg, Na 145 mg;
O
abate
foi
realizado
por
atordoamento,
seguido
de
sangria
por
aproximadamente cinco minutos, com corte da carótida e jugular e o sangue foi
recolhido em recipientes previamente tarados e pesados. Posteriormente, foi feita a
esfola e evisceração, seguida da retirada da cabeça (com secção na articulação atlantooccipital, sem a pele que a recobria) e as patas (secção nas articulações carpo e
tarsometatarsianas). Após evisceração, as carcaças foram colocadas em câmara
frigorífica com temperatura de 4oC, onde permaneceram por 24 horas, suspensas pelos
tendões calcâneos dos jarretes, com o auxílio de ganchos apropriados para manutenção
62
63
das articulações tarço-metatarcianas, mantidas a uma distância de aproximadamente 12
cm. Ao término desse período, obteve-se a carcaça fria.
As carcaças resfriadas foram divididas longitudinalmente, sendo a metade
esquerda seccionada em cinco regiões anatômicas (cortes comerciais) conforme
sugerido por Cezar e Sousa (2007) e pesadas individualmente para determinação das
porcentagens que representam do todo. Foram obtidos os seguintes cortes comerciais:
pescoço, compreendendo a região anatômica das sete vértebras cervicais, sendo obtido
através de um corte oblíquo, entre a sétima vértebra cervical e a primeira torácica;
paleta, compreendendo a escápula, úmero, rádio, ulna e carpo, sendo obtido com a
desarticulação da escápula; costilhar, compreendendo as 13 vértebras torácicas e 13
costelas, seccionada entre a última vértebra cervical e a primeira torácica, e a última
torácica e a primeira lombar; lombo, compreendendo as seis vértebras lombares, sendo
seccionado entre a última vértebra torácica e a primeira lombar, e a última vértebra
lombar e a primeira sacral; e perna, compreendendo metade do sacro, metade do coxal
(ísquio, ílio e púbis), fêmur, paleta, tíbia, fíbula e ossos társicos, seccionando-se entre a
última vértebra lombar e a primeira sacral.
Os cortes das ½ carcaças foram congelados a -20ºC, posteriormente foram
dencongelados em câmara fria por 12 h e dissecados mediante uso de bisturis, pinças e
tesouras, separando-se os tecidos muscular, ósseo, adiposo, subdividido em gordura
intermuscular e subcutânea e outros tecidos (tecido conjuntivo, linfonodos, nervos vasos
sanguíneos e tendões), de acordo com a metodologia de Cezar e Sousa (2007). Ao final
da dissecação, o peso da ½ carcaça e da carcaça foi reconstituído, a partir dos pesos dos
ossos, músculos e gorduras.
O peso dos músculos, gorduras e ossos foram expressos em peso absoluto e
foram calculados os rendimentos de cada tecido para os cortes e para a carcaça em g/kg.
O delineamento experimental foi inteiramente casualizado, onde os tratamentos
corresponderam à restrição alimentar de 0%, 30% e 60%.
Foi realizada a correlação entre os componentes dos cortes e da carcaça. O
método Stepwise, foi utilizado para a seleção das variáveis no modelo de regressão. As
médias dos dados coletados foram comparadas pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade, efetuando-se análise de regressão das diferentes variáveis em função da
restrição alimentar, utilizando o SAEG (2003).
63
64
RESULTADOS E DISCUSÃO
Os animais sem restrição foram alimentados de acordo com os níveis de
exigências preconizados pelo NRC (2001), para ganhos de 250 g/dia, e os demais
tratamentos basearam-se na redução da alimentação em 30 e 60%, em função do
consumo ad libitum. Foi observado ganho de peso médio diário de 247,54 g, 132,83g e
12,41 g por dia, nos tratamentos sem restrição (SR), 30% de restrição (30R) e 60% de
restrição (60R), respectivamente. Observaram-se diferenças significativas apenas nos
rendimentos dos tecidos adiposo e ósseo, quando submetidos ao maior nível de restrição
(60R), em função dos demais (30R e SR). Esses tecidos apresentam correlações
negativas em relação a sua participação na carcaça ao longo da vida do animal. Quanto
maior é a deposição de tecido adiposo na carcaça, menor será a proporção ou o
rendimento do tecido ósseo na mesma.
O rendimento de músculo da carcaça não foi alterado em função dos níveis de
alimentação. Esse comportamento nos rendimentos dos tecidos possibilita avaliar que a
restrição de 30%, não alterou significativamente os rendimentos dos tecidos muscular,
ósseo e adiposo, quando comparado ao grupo sem restrição.
Alguns fatores influenciam os rendimentos de tecidos na carcaça, como o grupo
racial, sexo, sistema de produção, idade, e nível de alimentação. Animais que são
alimentados acima de sua exigência para mantença e ganho de massa magra, vão
acumular o excesso de energia na forma de gordura, tanto na carcaça (subcutânea e
visceral), como inter e intramuscular, além de eliminar o excesso de nitrogênio pelas
fezes e urina. Isso também acarreta aumento nos custos de produção. Dessa forma podese sugerir que uma redução em 30 ou 20% na alimentação do ovinos Santa Inês, não
interfere no rendimento do tecido muscular, e reduz a deposição de gordura na carcaça,
além de reduzir em 20 ou 30 % os custos com a alimentação.
64
65
Tatbela 2. Rendimento de músculo, osso, gordura total, subcutânea e intermuscular da
carcaça de ovinos Santa Inês em função da restrição alimentar
% Restrição Alimentar
Características
Músculo
(g/kg de carcaça)
Gordura
(g/kg de carcaça)
Osso
(g/kg de carcaça)
Gord. Subcutânea
(g/kg de carcaça)
Gord. Intermuscular
(g/kg de carcaça)
CV
Ρ
652,21
3,47
0,149
176,46ª
141,90b
15,0
0,002
177,13b
190,46b
205,87a
8,0
0,0018
50,46
53,20
53,38
44,79
22,3
0,24
120,22
140,49ª
123,08ab
97,11b
18,8
0,037
Média
0
30
60
639,14
632,16
633,06
170,69
193,70ª
190,16
As maiores variações no rendimento total da gordura na carcaça foram
influenciadas pela gordura intermuscular, pois a gordura subcutânea não apresentou
diferenças significativas entre os tratamentos.
Ovinos deslanados apresentam menor deposição de gordura subcutânea, do que
ovinos lanados, devido a adaptação ao meio ambiente e a sua necessidade de dissipar
calor. Algumas raças de ovinos deslanados apresentam acúmulo de gordura em regiões
determinadas (cauda e garupa), que funcionam como reserva energética para serem
utilizadas nos períodos de escassez de alimentos, sem comprometer a manutenção da
temperatura corporal, já que são raças adaptadas a regiões tropicais e semiáridas.
O Santa Inês não apresenta esse acúmulo de gordura característico de algumas
raças, e podemos verificar que a gordura subcutânea variou menos de 10 g, entre os
animais que foram alimentados à vontade e àqueles que receberam uma restrição de
60%, mesmo com diferenças entre os ganhos de aproximadamente 220 g por dia,
respectivamente. Enquanto a gordura intermuscular apresentou uma variação média de
49g entre o tratamento sem restrição e com restrição de 60%. Esse fato remete a alguns
questionamentos, relativos ao excesso de alimentação que são fornecidos aos animais
com o objetivo de melhorar o acabamento de gordura da carcaça de ovinos deslanados,
65
66
que podem estar equivocados, pois esses animais apresentam uma limitação genética e
fisiológica na deposição de gordura subcutânea na carcaça. O que também levanta a
necessidade de uma tipificação de acabamento diferenciada entre raças de ovinos
lanadas e deslanadas, de acordo com o que recomendam Cezar e Sousa (2007).
Os excesso de gordura na carcaça do animal não é benéfica, aumentando a
exigência de mantença, no animal vivo, causando problemas relativos a reprodução, se
levarmos em consideração matrizes e reprodutores, e em animais para abate, esse
excesso de gordura vai proteger a carcaça durante o resfriamento em câmara fria, porém
será descartado dos cortes, pois não é aceito pelo consumidor. Atualmente o mercado
consumidor vem apelando por carnes mais magras, e boa parte dessa gordura
sobressalente será descartada, no frigorífico ou na casa do consumidor.
Santos et al. (2009) avaliando ovinos Santa Inês em pastagem nativa,
suplementados com 0, 1,0 e 1,5% do peso vivo, para atender a um ganho de 200 g/dia,
no maior nível de suplementação, verificaram que o rendimento de gordura subcutânea
não diferiu estatisticamente entre os tratamentos, tanto para o lombo, como para a perna,
enquanto a deposição de gordura total e intermuscular só apresentou diferenças
significativas para os tratamentos 0 e 1,5%, na perna. Outro fator observado foi que o
rendimento da gordura intermuscular sofreu influencia do nível da dieta, e determinou
variação estatística no rendimento de gordura total, o que também foi observado nesse
estudo.
Yanéz, et al. (2009), verificaram a taxa de deposição dos tecidos na carcaça de
caprinos Saanen, com peso vivo variando de 5,5 a 35 kg, e observaram maior deposição
de gordura nos caprinos castrados e abatidos com 27,5-35,0 kg de PV, o que resultou
num custo mais elevado de alimentação, devido ao alto custo energético de deposição
de tecido adiposo. Diante disso, recomendam a terminação dos animais até 27 kg de
peso vivo, uma vez que há um alta demanda por carnes magras e que a partir deste peso
a taxa de crescimento do tecido adiposo é maior do que a diminuição da proporção de
tecido ósseo, levando a considerar que após 35 kg de peso vivo, há uma baixa variação
no peso como também a qualidade da carcaça o que afeta negativamente pela deposição
de gordura.
Avaliando a raça cordeiros da raça Texel em diferentes sistemas de manejo, Da
Rosa et al. (2002), verificaram proporções de osso, músculo e gordura de 180,3 g/kg,
592,82g/kg, e 220,96g/kg, respectivamente, na carcaça dos animais abatidos com 33kg
66
67
de peso vivo. Levando em consideração a deposição proporcional de músculo,
comparativamente, os animais Santa Inês apresentaram maior proporção de músculo e
osso, e menor de gordura. Isso deve-se a características de maior acabamento e
deposição de gordura de raças lanadas, comparadas a raças deslanadas. Este fato é
comprovado quando verifica-se a deposição de tecidos na perna e na paleta dos animais
da raça Texel, onde as proporções de osso são menores em ambos os cortes, e de
gordura são bem maiores principalmente na perna (202,09g/kg), quando comparados
aos animais Santa Inês do presente estudo.
A carne ovina, produzida a partir de animais jovens, é a que tem maior
aceitabilidade pelo mercado consumidor dos grandes centros urbanos (Oliveira et al.,
2004). No entanto, não se deve desvalorizar a carne de animais mais velhos, pois, em
determinada fase da vida do animal, a eficiência de produção diminui, e é necessário o
seu descarte. Porém a carne proveniente desses animais pode ser utilizada na produção
de embutidos. A procura pela carne de animais jovens ou adultos pode estar relacionada
com as tradições culinárias e a preferência dos consumidores (Pinheiro, et al.,2007).
A importância em determinar a idade ideal de abate de cada raça, compreendendo
suas particularidades quanto à deposição dos tecidos, possibilita ao produtor manter os
animais apenas o tempo necessário para que eles atinjam as características específicas
para serem comercializados. Vale salientar que se deve ter o cuidado ao se propagar
características ideais de acabamento da carcaça, espessura de gordura subcutânea,
conformação, como metas que determinam a qualidade da mesma e a ponto de abate,
pois certas características são totalmente influenciadas pela raça, ou outros fatores, não
só pela dieta. Dessa forma, animais alimentados com dietas acima de suas exigências,
da raça Santa Inês, por exemplo, vão depositar muito mais gordura interna e gordura
intermuscular, do que subcutânea, caso fique um período mais longo para acabamento,
refletindo assim no aumento do custo de produção, e na perda da qualidade final do
produto, o que parcialmente foi observado na presente avaliação.
Como estratégia para minimizar o custo com a alimentação e a deposição de
gordura na carcaça, a restrição de 30 % mostrou-se uma opção segura para manter a
proporção dos tecidos ósseo, muscular e adiposo na carcaça e nos cortes.
Na tabela 3 observa-se as proporção dos cortes em relação a carcaça e o
rendimento dos tecidos de cada corte para constituição da carcaça.
67
68
Tabela 3. Proporção dos cortes e contribuição dos tecidos dos cortes nos tecidos da
carcaça
Cortes
Média
(kg)
Carcaça
Proporção
dos cortes
(g/kg)
Músculo
(g/kg)
Gordura
(g/kg)
(g/kg)
Osso
Perna
4,84
310,71
712,74
98,84
188,42
Lombo
2,27
144,2
629,51
229,58
140,91
Costilhar
4,03
257,13
562,25
225,87
211,88
Paleta
2,86
184,38
656,46
139,36
204,18
Pescoço
1,61
103,68
599,17
221,7
188,13
Carcaça
15,52
1000,1
639,14
170,69
190,16
A perna e o costilhar apresentaram maiores rendimentos em relação ao peso da
carcaça, representando 57% da carcaça. Os maiores rendimentos de músculo foram
observados na perna (712,74 g/kg) e paleta (656,46 g/kg) o quais representam cerca de
50% da carcaça, e são considerados cortes nobres na carcaça de pequenos ruminantes.
A paleta (corte de segunda) e a perna (corte de primeira) são os cortes mais
importantes da carcaça, pois são cortes nobres e de maior valor comercial (Frescura et
al., 2005).
Os cortes que apresentaram maiores proporções de gordura foram o lombo e o
costilhar (229,58 e 225,87 g /kg, respectivamente).
Quanto ao rendimento do tecido ósseo, o costilhar e a paleta apresentaram
maiores rendimentos, enquanto o lombo apresentou a menor proporção de tecido ósseo,
dentre todos os cortes avaliados.
Notadamente a carcaça de caprinos apresenta deposição de tecido adiposo
diferente dos ovinos, e dentre as duas espécies, os ovinos deslanados apresentam
características intermediárias entre os ovinos lanados e os caprinos. Apesar de ser
verificados rendimentos muscular semelhantes aos reportados por Silva et al. (2010), os
quais avaliaram caprinos suplementados em pastejo, neste trabalho os rendimentos do
tecido ósseo foi superior, e do tecidos muscular foi inferior, aos observados no presente
estudo. Demonstrado assim que as influencias na deposição de tecido adiposo, que
68
69
altera seu rendimento e do tecido ósseo nos cortes, sofrem impactos relativos da espécie
animal e do sistema de produção.
Foi avaliada correlação entre os rendimentos dos tecidos muscular, ósseo e
adiposo, e dos tecidos dos cortes (Tabela 4). Verificou-se correlação significativa entre
os músculos, ossos e gorduras da carcaça com os tecidos de todos os cortes. O lombo e
costilhar foram os cortes que apresentaram maiores correlações com a carcaça, para os
rendimentos dos tecidos muscular, adiposo e ósseo, correlações estas consideradas
fortes (> 0,70).
Tabela 4 . Correlação entre os rendimentos dos tecidos componentes da carcaça e dos
cortes
Carcaça
Perna
Lombo
Costilhar
Paleta
Musculo
Perna
0,55*
-
-
-
-
Lombo
0,87*
0,34*
-
-
-
Costilhar
0,83*
0,19NS
0,67*
-
-
Paleta
0,67*
0,08NS
0,55*
0,62*
-
Pescoço
0,72*
0,32NS
0,54*
0,51*
0,55*
Gordura
Perna
0,55*
-
-
-
-
Lombo
0,91*
0,43NS
-
-
-
Costilhar
0,85*
0,24NS
0,69*
-
-
Paleta
0,74*
0,24NS
0,71*
0,55*
-
Pescoço
0,68*
0,25NS
0,66*
0,45*
0,57*
Osso
Perna
0,66*
-
-
-
-
Lombo
0,76*
0,46*
-
-
-
Costilhar
0,89*
0,45*
0,53*
-
-
Paleta
0,62*
0,40NS
0,52*
0,36*
-
Pescoço
0,57*
0,12NS
0,27NS
0,52*
0,34*
*P<0,05, pelo teste de Tukey.
Silva et al. (2011), observaram maiores correlações (>0,70) entre o rendimento do
tecido muscular da carcaça com o rendimento do músculo do costilhar e paleta. Em
69
70
relação ao rendimento da gordura, todos os cortes apresentaram correlações fortes com
a gordura na carcaça, enquanto que para o rendimento do osso, apenas o costilhar e
paleta apresentaram fortes correlações com o mesmo tecido na carcaça.
Silva e Pires (2000) observaram maiores correlações do músculo do costilhar com
a carcaça, em ovinos mestiços Texel x Ideal.
Emerson (2012) verificou que os tecidos muscular, ósseo e adiposo dos cortes
costela e perna apresentaram as maiores correlações com os tecidos da carcaça, quando
avaliaram diferentes genótipos de caprinos. A alta correlação dos tecidos da perna com
os da carcaça em caprinos justifica-se, pois esse corte tem baixa deposição de gordura, e
a carcaça de caprinos também apresenta pouca deposição desse tecido. Enquanto que no
presente estudo a perna foi o corte que apresentou menor correlação com o tecido
adiposo da carcaça.
As equações de predição do peso dos tecidos da carcaça a partir dos pesos do
músculo, osso e gordura dos cortes, são apresentadas na tabela 5, 6 e 7,
respectivamente.
Tabela 5. Predição do peso do músculo da carcaça a partir do tecido muscular dos
cortes comerciais de ovinos Santa Inês
Cortes
Regressão
R2
P
Perna
Ŷ= 0,452 + 2,76 x
0,92
0,0001
Lombo
Ŷ= 2,79 + 5,06 x
0,90
0,0001
Costilhar
Ŷ= 2,60 + 3,26 x
0,81
0,0001
Ŷ= – 0,15 + 5,38 x
0,80
0,0001
Ŷ= 5,54 + 4,59 x
0,36
0,0010
Paleta
Pescoço
Pode-se verificar que os cortes, perna, lombo, costilhar, paleta e pescoço, podem
ser utilizados como preditores do peso do músculos da carcaça. A análise de regressão
foi linear positiva (P<0,05) para todos os cortes, porém a quantidade de músculo da
perna e do lombo proporcionaram as melhores estimativas para esse tecido na carcaça,
devido ao seu maior coeficiente de determinação (R²> 0,90) em comparação com os
resultados obtidos para os outros cortes. O lombo e a paleta também apresentaram
coeficientes de determinação altos (R²>0,80), o que os torna também eletivos para
predizer o peso do músculo na carcaça.
70
71
Tabela 6. Predição do peso do osso da carcaça a partir do tecido ósseo dos cortes
comerciais de ovinos Santa Inês
R2
P
Ŷ= 1,28 + 1,83 x
0,47
0,0002
Lombo
Ŷ= 3,49 – 5,73 x+12,1 x²
0,28
0,0164
Costilhar
Ŷ= 4,74 – 5,59 x + 4,02 x2
0,37
0,0050
Paleta
Ŷ= 1,24 + 2,90 x
0,65
0,0001
Pescoço
Ŷ= 2,22 + 2,37 x
0,36
0,0012
Cortes
Regressão
Perna
A análise de regressão foi linear positiva (P<0,05) para perna, paleta e pescoço,
e quadrática para lombo e costilhar (Tabela 6). Porém o corte que apresentou maior
coeficiente de determinação (R² = 65) foi a paleta.
A quantidade de gordura total e intermuscular do lombo e da costela
proporcionaram as melhores estimativas para o peso dessas gorduras na carcaça,
apresentando uma relação linear positiva, e coeficientes de determinação superiores a
0,8. Enquanto que a perna é o corte que melhor prediz a gordura subcutânea da carcaça,
apresentando relação quadrática, com o maior coeficiente de determinação (CV=0,71),
para esse tecido.
Como a gordura total é o resultado da soma das gorduras subcutânea e
intermuscular, e estas tem diferentes taxas de deposição nos cortes e na carcaça, utilizar
a gordura total dos cortes para predição da mesma na carcaça seria suficiente. Além
disso, muitos fatores influenciam a determinação da gordura subcutânea, um deles é
durante a esfola do animal, onde pode ocorrer retirada da gordura, junto com a pele.
Tabela 7. Predição do peso da gordura total, subcutânea e intermuscular da carcaça a
partir do tecido adiposo dos cortes
R2
P
Ŷ= 0,936 + 3,66 x
0,48
0,0001
G. Subcutânea
Ŷ= 0,750 – 1,61 x + 5,07 x²
0,71
0,0001
G. Intermuscular
Ŷ= 2,66 – 18,1 x + 67,51 x2
0,54
0,0003
Cortes
Regressão
Perna
G. Total
71
72
Lombo
G. Total
Ŷ= 0,96 + 3,26 x
0,87
0,0001
G. Subcutânea
Ŷ= 0,602 + 2,03 x
0,31
0,0004
G. Intermuscular
Ŷ= 0,660 + 2,84 x
0,81
0,0001
Costilhar
G. Total
Ŷ= 0,63 + 2,23 x
0,85
0,0001
G. Subcutânea
Ŷ= 1,05 – 0,02 x
0,33
0,0001
G. Intermuscular
Ŷ = 0,46 + 1,90 x
0,82
0,0001
Paleta
G. Total
Ŷ= 0,234 + 6,147 x
0,65
0,0001
G. Subcutânea
Ŷ= 0,469 + 2,06 x
0,33
0,0014
G. Intermuscular
Ŷ= 0,923 + 0814 x
0,43
0,0005
Ŷ= 1,19 + 4,33 x
0,42
0,0001
Ŷ= 0,24 + 10,29 X – 34,63x²
0,37
0,0010
Ŷ= 0,88 + 3,79 x
0,58
0,0001
Pescoço
G. Total
G. Subcutânea
G. Intermuscular
Segundo Cezar e Sousa (2007), dentre os tecidos que compõem a carcaça, a
gordura é o tecido mais variável tanto em quantidade como em distribuição, e essa
variabilidade é determinada por fatores extrísecos e intrínsecos ao animal. Os métodos
de dissecação também contabilizam o músculo da pele como gordura subcutânea,
devido a impossibilidade de removê-lo separadamente da gordura superficial.
Na tabela 8, verifica-se as equações de predição do rendimento de músculo da
carcaça em função das proporções dos tecidos (variáveis independentes) dos cortes
comerciais.
Tabela 8. Equações de predição do rendimento de tecido muscular da carcaça
(Y)apartir do rendimento dos tecidos (Variáveis independentes) dos cortes
comerciais
Carcaça
Variáveis independentes
Perna
Ŷ=
Constante
Músculo
R²
Ρ-valor
72
73
Músculo
244,36
0,5539
0,27
0,005
Lombo
Ŷ=
Constante
Músculo
Osso
R²
P-valor
Músculo
385,73
0,375
0,122
0,78
0,0001
Costilhar
Ŷ=
Constante
Músculo
R²
P-valor
Músculo
245,32
0,700
0,67
0,0001
Paleta
Ŷ=
Constante
Músculo
R²
P-valor
Músculo
132,6
0,772
0,43
0,0003
Pescoço
Ŷ=
Constante
Músculo
R²
P-valor
Músculo
385,49
0,4233
0,50
0,0001
Nas equações de predição do rendimento dos tecidos muscular da carcaça, o
método “stepwise” incluiu como variáveis independentes apenas os respectivos tecidos
nos cortes da perna, costilhar, paleta e pescoço (tabela 8).
O tecido muscular da perna apresentou-se com menor exatidão para predizer a
proporção desse tecido na carcaça, seguido da paleta e o pescoço. As equações
explicaram apenas 27%, 43% e 50% da variação do músculo na carcaça,
respectivamente.
As equações de predição do tecido muscular da carcaça de caprinos determinadas
por Emerson (2012), mostraram o osso e gordura da perna, e o músculo da costela como
melhores preditores.
Tabela 9. Equações de predição do rendimento de tecido ósseo da carcaça (Y) a partir
do rendimento dos tecidos (Variáveis independentes) dos cortes comerciais.
Carcaça
Variáveis independentes
Perna
Ŷ=
Constante
Osso
R²
P-valor
73
74
Osso
40,42
0,7946
0,42
0,0004
Lombo
Ŷ=
Constante
Osso
R²
P-valor
Osso
133,26
0,404
0,57
0,0001
Costilhar
Ŷ=
Constante
Osso
R²
P-valor
Osso
90,28
0,471
0,78
0,0001
Paleta
Ŷ=
Constante
Osso
R²
P-valor
Osso
15,14
0,857
0,36
0,0010
Pescoço
Ŷ=
Constante
Osso
R²
P-valor
Osso
118,15
0,3827
0,30
0,0035
As equações de predição do osso na carcaça apresentaram coeficientes de
determinação relativamente baixos, quando foi utilizado o osso do pescoço, paleta,
perna e lombo para estimar o rendimento do osso na carcaça, as quais explicam apenas
30%, 36%, 42% e 57% da variação do rendimento ósseo, respectivamente.
Como tecidos que melhor predisseram a proporção de tecido ósseo na carcaça de
caprinos, de acordo com Emerson (20012), foram o músculo e gordura da perna e o
músculo e gordura do costilhar.
Na tabela 10. observa-se as equações de predição da gordura da carcaça a partir
dos tecidos dos cortes, seus coeficientes de determinação e o nível de significância da
regressão.
Para a determinação da gordura da carcaça, a equação de predição gerada a partir
da gordura da perna, pescoço e paleta explica respectivamente 27%, 45% e 54% da
variação da gordura da carcaça em torno da média.
Emerson (2012), verificou a gordura do costilhar e o músculo e gordura da perna
como melhores preditores da composição da gordura na carcaça de caprinos.
74
75
Tabela 10. Equações de predição do rendimento de tecido adiposo da carcaça (Y) a
partir do rendimento dos tecidos (Variáveis independentes) dos cortes
comerciais.
Carcaça
Variáveis independentes
Perna
Ŷ=
Constante
Gordura
R²
P-valor
Gordura
99,19
0,7233
0,27
0,010
Lombo
Ŷ=
Constante
Gordura
R²
P-valor
Gordura
66,79
0,45
0,83
0,0001
Costilhar
Ŷ=
Constante
Gordura
Osso
R²
P-valor
Gordura
– 46,11
0,717
0,258
0,73
0,0001
Paleta
Ŷ=
Constante
Gordura
R²
P-valor
Gordura
39,97
0,939
0,54
0,0001
Pescoço
Ŷ=
Constante
Gordura
R²
P-valor
Gordura
69,43
0,476
0,45
0,0001
Dentre os cortes que melhor estimaram os rendimentos dos tecidos na carcaça,
foram o lombo e o costilhar (tabelas 8, 9 e 10).
A equação de predição do músculo da carcaça apresentou como variáveis
independentes o músculo e osso do lombo, com precisão de 78%. A gordura do lombo
também é um bom preditor da gordura na carcaça, e a equação gerada explica a variação
desta com 83% de exatidão. A equação de predição do osso da carcaça a partir do osso
do lombo explica cerca de 57% da variação desse tecido na carcaça.
Para perdição da proporção de músculo foi incluída apenas a proporção de
músculo do costilhar, apresentando um coeficiente de determinação de 0,67. O osso do
costilhar também se apresentou um bom preditor do rendimento do osso na carcaça,
com 78% de exatidão.
75
76
O método “stepwise” incluiu como variáveis independentes na predição da
gordura na carcaça, os tecidos adiposo e ósseo do costilhar. A equação gerada, explicou
73% da variação total da proporção de gordura na carcaça.
Os tecidos do lombo e costilhar apresentaram as melhores correlações com o
rendimento dos tecidos da carcaça, como também foram os cortes que melhor
predisseram os pesos dos tecidos muscular e adiposo na carcaça, como também os
rendimentos de músculo, gordura e osso na carcaça de ovinos Santa Inês entre 30 e 45
kg de peso vivo.
CONCLUSÕES
Os cortes comerciais que apresentaram maiores correlações com os tecidos
muscular, adiposo e ósseo da carcaça, foram o costilhar e o lombo.
Costilhar e lombo foram os cortes que melhor predisseram os rendimentos dos
tecidos na carcaça.
76
77
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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carneiros Santa Inês sob restrição alimentar. Fortaleza: Tese (Doutorado). UFC/
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
A raça santa Inês está sendo difundida por todo o país e contribuindo com o
crescimento da ovinocultura em todas as regiões brasileiras. Estão atrelados a este
crescimento uma vasta diversidade alimentar e climática, como também o
melhoramento genético desses animais para aumentar sua capacidade produtiva.
Para acompanhar a expansão desse genótipo nacional nas áreas mais distintas
desse país, o avanço nas pesquisas para atender a exigência nutricional desses animais
torna-se imprescindível para a formação de um banco de dados nacional de
recomendações nutricionais para ovinos Santa Inês, garantindo a formulação de rações
mais precisas para estes animais em condições práticas.
Devido à escassez de dados nacionais organizados para permitir a geração de
recomendações nutricionais para ovinos Santa Inês, as rações baseadas em comitês
internacionais de requisitos nutricionais, podem provocar o fornecimento de um excesso
de nutrientes aos animais. Isso traz como consequências o acúmulo demasiado de tecido
adiposo na carcaça, como também a excreção de minerais no ambiente, os quais podem
contribuir para aumento da poluição ambiental.
Sabendo disso, a adequação da ingestão de matéria seca com nutrientes
balanceados para atender animais com pesos e taxas de crescimento demandados pelo
mercado consumidor, contribuem para uma maior eficiência produtiva, econômica,
social e ambiental.
Dessa forma a presente pesquisa visa atender a demanda por essas informações.
A avaliação da composição tecidual dos animais pode contribuir para adequar o
fornecimento de alimentos para animais de 30 a 45 kg, visando reduzir o acúmulo de
tecido adiposo, sem afetar a deposição e tecido muscular. Com isso gerar redução nos
custos de produção e a oferta de uma carcaça de qualidade sem excesso de gordura, a
qual é rejeitada pelo mercado consumidor.
A determinação das exigências de minerais adequadas para carneiros Santa Inês
entre 30 e 45 kg de peso vivo, colaboram para uma possível elaboração de rações
completas ou sal mineral que atendam os requisitos reduzidos desses animais por cálcio,
fósforo, magnésio, potássio, manganês, zinco, cobalto e cobre. Como também o ajuste
do sal mineral para concentrações maiores de cálcio, fósforo e cobalto para ovinos de
alta performance produtiva, com ganhos de peso acima de 200g /dia.
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ANEXOS
Figura 1. Relação entre a ingestão de matéria Figura 2. Relação entre a ingestão de matéria
seca (IMS) observada e a estimada por Cabral et seca (IMS) observada e a estimada por Cabral et
al. (2008), Vieira et al. (2013), NRC (2007) e al. (2008), NRC (2007), pela equação obtida no
pela equação obtida no presente trabalho.
presente trabalho e por Vieira et al. (2013),
considerando na equação o peso vivo dos
animais como fator de perdição.
Tabela 1.. Estimativa de ingestão de matéria seca em função do peso vivo e do ganho
médio diário dos carneiros, a partir de equações de Cabral et al (2008),
*Vieira et al (2013), NRC, (2007) e do modelo desenvolvido no presente
trabalho (Mod).
GMD
(g/dia)
Mod1
Cabral
Vieira*
NRC
30
100
0,88
0,97
1,02
1,32
150
1,01
1,00
1,08
1,32
200
1,15
1,04
1,15
1,32
250
1,28
1,07
1,21
1,32
35
100
0,98
1,07
1,18
1,40
150
1,12
1,10
1,24
1,40
200
1,25
1,14
1,30
1,40
250
1,38
1,17
1,37
1,40
40
100
1,09
1,17
1,33
1,44
150
1,22
1,20
1,40
1,44
200
1,35
1,24
1,46
1,44
250
1,49
1,27
1,52
1,44
45
100
1,19
1,27
1,49
1,44
150
1,32
1,30
1,55
1,44
200
1,45
1,33
1,62
1,44
250
1,59
1,37
1,68
1,44
*equação corrigida : IMS= [238,74+ (31,3574 x PV + (1,2623 x GMD) – 5,1837 x Con]
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