índice geral - Infortreino - Apoio Especializado a Treinadores de

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índice geral - Infortreino - Apoio Especializado a Treinadores de
Marciano António Graça
Estudo de Caso Sobre a Observação dos Parâmetros Ventilatórios nas
Sessões de Treino Intervalado, Sobre a Distância de 400 metros, numa
Atleta Feminina de Meio Fundo
Monografia apresentada com vista à obtenção do grau de licenciatura em
Desporto, Variante de Treino Desportivo de Alto Rendimento
Orientador:
Prof. Dr.ª Filomena Calixto
Júri:
Prof. Dr.ª Filomena Calixto
Mestre António Moreira
Mestre Paulo Paixão Miguel
INSTITUTO POLITÉCNICO DE SANTARÉM
ESCOLA SUPERIOR DE DESPORTO DE RIO MAIOR
Novembro 2004
Agradecimentos
O presente estudo de caso só foi possível ser realizado com a cooperação das
várias pessoas envolvidas directa e indirectamente. Assim, expresso o meu
agradecimento aos seguintes intervenientes no estudo:
À Profª. Dr.ª Filomena Calixto (ESDRM) pela orientação nos aspectos teóricos e
metodológicos do presente estudo;
Ao Prof. Dr. Victor Reis (UTAD) pela contribuição na discussão e conselhos dos
aspectos teóricos e metodológicos do presente estudo, desempenhando um papel, não
oficial, de co-orientador;
Ao Mestre António Moreira (ESDRM) pela recolha dos dados e pela discussão dos
aspectos metodológicos do estudo;
Ao Mestre Paulo Paixão Miguel (ESDRM) um agradecimento retroactivo pelos quatro
anos de apoio e de transmissão de conhecimentos;
Ao Mestre João Brito (ESDRM) pela ajuda na recolha dos dados;
Ao Prof. Dr. José Rodrigues (ESDRM) pela disponibilização do equipamento utilizado
na recolha dos dados;
À atleta Filipa Coelho pela sua disponibilidade para a realização dos testes necessários
para a efectivação do estudo;
A todos os docentes da Escola Superior de Desporto de Rio Maior pela transmissão de
conhecimentos e que, de forma directa ou indirecta, vieram influenciar o resultado do
presente trabalho.
ii
Resumo
O treino intervalado sobre a distância de 400 metros é muito popular é Portugal.
No entanto, verifica-se que a literatura disponível sobre esta temática não é elucidativa
nem concordante sobre qual a percentagem de solicitação de consumo de oxigénio e de
energia (aeróbia e anaeróbia) durante estas sessões de treino.
Por este facto, o presente estudo de caso tem o propósito de avaliar as
solicitações ao nível da energia aeróbia (EnAer) e anaeróbia (EnAna) e o percentual do
.
consumo máximo de oxigénio (VO2máx) nas sessões de treino intervalado de 11X400
metros realizadas a 101% da velocidade associada ao consumo máximo de oxigénio
.
.
(vV O2máx) (79 segundos), 7X400 metros a 104.5% da vV O2máx (76.4 segundos) e
.
5X400 metros a 108% da vVO2máx (74.2 segundos) com 70 segundos de intervalo. O
estudo pretende quantificar a solicitação energética alcançada nas repetições e a
.
percentagem do VO2máx nas repetições e nas pausas.
O sujeito estudado é atleta de meio-fundo, do sexo feminino, 23 anos, de nível
.
nacional (9.46 min 3.000 metros e 16.47 min 5.000 metros), com um V O2máx de 68.92
ml/kg/min. A atleta realizou um teste sub-máximo (TSubMáx) de 5 patamares de 5 a 6
.
min cada, de forma a aferir os valores de referência ao nível do VO2máx, outro supra.
máximo (TSupMáx) a 111% da vVO2máx, como forma de aferir a capacidade
anaeróbia, através da quantificação do défice de oxigénio acumulado (DefO2Ac), e as
respectivas sessões de treino intervalado.
Foram controlados os parâmetros ventilatórios nos testes e nas sessões de treino
através do analisador de gases Cosmed K4b2. Os dados dos testes, depois de tratados,
.
.
foram os seguintes: V O2máx, 68.92 ml/kg/min; vV O2máx, 5.01 m/s (3.19 min/km);
DefO2Ac, 51.73 ml eqO2/kg. Quanto aos dados das sessões de treino observaram-se os
.
seguintes resultados: 11X400 metros, 81% de EnAer, 19% de EnAna, 82% do VO2máx
.
nas repetições, 66% do VO2máx nas pausas com média na sessão de 74%; 7X400
.
metros, 80% de EnAer, 20% de EnAna, 84% do V O2máx nas repetições, 68% do
.
VO2máx nas pausas e média na sessão de 77%; 5X400 metros, 79% de EnAer, 21% de
.
.
EnAna, 85% do VO2máx nas repetições e 70% do VO2máx nas pausas e com média na
sessão de 78%.
Os dados das três sessões de treino não mostraram diferenças significativas ao
.
nível da solicitação da EnAna e da percentagem do V O2máx. Os valores mais elevados
.
foram observados na sessão de treino 5X400 metros, realizada a 108% da vVO2máx, em
iii
.
que se alcançaram 70% de solicitação do VO2máx nas pausas e 85% de solicitação do
.
.
VO2máx nas repetições, com a média na sessão de 78% do VO2máx. Quanto à
solicitação energética foram registadas nesta mesma sessão de treino 21% de EnAna e
79% de EnAer. Os resultados de todas as sessões de treino apontam para uma baixa
.
solicitação da percentagem do V O2máx e, consequentemente, de baixa contribuição da
EnAna. Estes resultados parecem demonstrar que na realização de treinos intervalados
sobre 400 metros, mesmo as sessões realizadas a alta intensidade, com intervalos de 70
segundos, não é possível solicitar-se a potência máxima do sistema aeróbio nem um alto
percentual da capacidade anaeróbia. No entanto, estas sessões parecem solicitar a faixa
de esforço identificada com a capacidade aeróbia.
iv
Abstract
The interval training on the distance of 400 meters is very popular in Portugal.
However, it is verified that the available literature on this theme is neither elucidating nor
concordant on which the percentage of request of oxygen consumption and of energy (aerobic
and anaerobic) during these training sessions.
For this fact, the present work is the study has the purpose of evaluating the requests at
the level of the aerobic (EnAer) and anaerobic (EnAna) energy and the percentage of the
oxygen consumption in the sessions of interval training of 11X400 meters accomplished to
.
101% of the speed associated to the maximum consumption of oxygen (vV O2máx) (79
.
second), 7X400 meters to 104.5% of vVO2máx (76.4 second) and 5X400 meters to 108% of
.
vV O2máx (74.2 second) with an interval of 70 second . The study intends to quantify the
.
energy requested in the repetitions and the percentage of the VO2máx during repetitions and
pauses.
The subject used in this study was a female, 23 years old, athlete of middle-distance at
the national level (9.46 min 3.000 meters and 16.47 min 5.000 m), with maximum oxygen
consumption of
68.92 ml/kg/min. The athlete accomplished a sub-maximum test of 5
repetitions from 5 to 6 minutes each, in order to check the standard values at the level of the
.
oxygen consumption (VO2máx). The supra-maximum test was performed at 111% of
.
vV O2máx, in order to evaluate the anaerobic capacity, through the quantification of the deficit
of accumulated oxygen (DefO2Ac), and the respective sessions of interval training.
The ventilatory parameters were controlled in the tests and in the training sessions
through the gases analyzer Cosmed K4b2. The data of the tests, after treatment, was the
.
.
following: V O2máx, 68.92 ml/kg/min; vV O2máx, 5.01 m/s (3.19 min/km); DefO2Ac, 51.73 ml
eqO2/kg. The data of the training sessions was the following: 11X400 meters, 81% of EnAer,
.
.
19% of EnAna, 82% of VO2máx in the repetitions and 66% of VO2máx in the pauses and an
.
average in session of 74%; 7X400 meters, 80% of EnAer, 20% of EnAna, 84% of V O2máx in
.
the repetitions and 68% of VO2máx in the pauses and with average of 77%; 5X400 meters,
.
.
79% of EnAer, 21% of EnAna, 85% of VO2máx in the repetitions and 70% of VO2máx in the
pauses and with average in session of 78%.
.
The data concerning the requested EnAna and the percentage of V O2máx showed any
significant differences. The highest values were observed in the training session 5X400 meters,
.
.
accomplished to 108% of the vVO2máx, whereas 70% of request of VO2máx was reached in
.
the pauses and 85% of request of VO2máx in the repetitions, with the average in the session of
v
.
78% of VO2máx. In this session 21% of the energy requested was anaerobic and 79% was
aerobic. The results regarding all training sessions show a low request of the percentage of
.
VO2máx and, consequently, a low contribution of the anaerobic energy. These results seem to
demonstrate that the interval training of 400 meters, with pauses of 70 second, neither request
the maximum potency of the aerobic system nor the anaerobic capacity. However, these
sessions seem to request the s threshold identified as the aerobic capacity.
vi
Índice geral
Agradecimentos ......................................................................................................ii
Resumo ..................................................................................................................iii
Abstract...................................................................................................................v
Índice geral ...........................................................................................................vii
Índice de quadros....................................................................................................x
Índice de figuras ....................................................................................................xi
Lista de abreviaturas e símbolos...........................................................................xii
1. Introdução...........................................................................................................1
1.1. Âmbito do estudo .................................................................................................. 1
2. Revisão da literatura ...........................................................................................1
2.1. Definições e conceitos ........................................................................................... 2
2.1.1. Conceito de resistência ................................................................................... 2
2.1.2. Divisão da resistência ..................................................................................... 2
2.1.2.1. Divisão da resistência quanto à duração dos esforços............................. 2
2.1.2.2. Divisão da resistência quanto à solicitação dos sistemas energéticos ..... 3
2.1.2.3. Resistência anaeróbia .............................................................................. 3
2.1.2.4. Resistência aeróbia .................................................................................. 4
2.1.3. Capacidade e potência dos sistemas energéticos............................................ 4
2.1.3.1. Potência anaeróbia (láctica)..................................................................... 4
2.1.3.2. Capacidade anaeróbia (láctica)................................................................ 5
2.1.3.3. Potência aeróbia....................................................................................... 6
2.1.3.4. Capacidade aeróbia.................................................................................. 6
2.2. Métodos e parâmetros de avaliação da resistência aeróbia ................................... 6
2.2.1. Limiar anaeróbio ............................................................................................ 6
2.2.1.1. Limiar anaeróbio de lactato ..................................................................... 7
2.2.1.2. Limiar anaeróbio ventilatório .................................................................. 8
2.2.1.3. Velocidade de corrida associada ao limiar
anaeróbio ............................. 8
.
2.2.1.4. Limiar anaeróbio e percentagem do V O2máx. ........................................ 9
2.2.2. Consumo máximo de oxigénio..................................................................... 10
2.2.2.1. Consumo máximo de oxigénio .............................................................. 10
2.2.2.2. Inércia do consumo de oxigénio perante o exercício ............................ 11
2.2.2.3. Valores de referência de consumo máximo de oxigénio....................... 12
2.2.2.4. Velocidade de corrida associada ao consumo máximo de oxigénio ..... 13
2.3. Métodos ventilatórios para quantificar a contribuição anaeróbia no esforço...... 14
2.3.1. Excesso de consumo de oxigénio pós exercício........................................... 14
2.3.2. Défice de oxigénio acumulado ..................................................................... 16
2.3.2.1. Valores de referência do défice de oxigénio acumulado....................... 17
2.3.2.2. Contribuição relativa de energia anaeróbia e aeróbia em testes supramáximos ................................................................................................. 18
2.4. Protocolos para avaliar a resistência.................................................................... 19
2.4.1. Protocolos para determinar o consumo máximo de oxigénio ...................... 20
2.4.1.1. Protocolos contínuos ............................................................................. 21
2.4.1.2. Protocolos descontínuos ........................................................................ 21
vii
2.4.1.3. Critérios para considerar o carácter máximo do teste............................
22
.
V
2.4.1.4. Aumento da robustez do modelo
da
correlação
O
e
intensidade
......
22
2
.
2.4.1.5. Linearidade da correlação VO2 e intensidade .......................................
23
.
2.4.1.6. Metodologia para quantificar a velocidade associado ao V O2máx ....... 23
2.4.2. Protocolos para determinar o nível de capacidade anaeróbia através do défice
de oxigénio acumulado................................................................................. 24
2.4.2.1. Metodologia para quantificar a solicitação energética através do
DefO2Ac .................................................................................................
25
.
2.4.3. Referências para protocolar a quantificação o VO2 e a solicitação energética
durante o TI .................................................................................................. 25
2.5. Validade do Cosmed K4b2 .................................................................................. 27
2.5.1. Limitação do método breath by breath para recolha dos dados referentes aos
parâmetros ventilatórios ............................................................................... 27
2.5.1.1. Médias para tratamento dos dados dos parâmetros ventilatórios .......... 27
2.6. Treino intervalado ............................................................................................... 28
2.6.1. Treino intervalado extensivo longo .............................................................. 28
2.6.1.1. Quanto às distâncias .............................................................................. 28
2.6.1.2. Quanto à intensidade ............................................................................. 28
2.6.1.3. Quanto à pausa entre as repetições ........................................................ 29
2.6.1.4. Quanto ao número das repetições.......................................................... 29
2.6.2. Treino intervalado extensivo curto ............................................................... 29
2.6.2.1. Quanto às distâncias .............................................................................. 29
2.6.2.2. Quanto à intensidade ............................................................................. 29
2.6.2.3. Quanto à pausa entre as repetições ........................................................ 30
2.6.2.4. Quanto ao número das repetições.......................................................... 30
2.6.2.5. Quanto à acção durante as pausas.......................................................... 30
2.6.3. Treino intervalado intensivo......................................................................... 31
2.6.3.1. Quanto às distâncias .............................................................................. 31
2.6.3.2. Quanto à intensidade ............................................................................. 31
2.6.3.3. Quanto à pausa entre as repetições ........................................................ 31
2.6.3.4. Quanto ao número das repetições.......................................................... 32
2.6.4. Treino intervalado (30/30 s, 20/20 s e 10/10 s) ............................................ 32
2.6.4.1. Quanto às distâncias .............................................................................. 32
2.6.4.2. Quanto à intensidade ............................................................................. 32
2.6.4.3. Quanto à pausa entre as repetições ........................................................ 32
2.6.4.4. Quanto ao número das repetições.......................................................... 32
2.7. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI............................................ 33
2.7.1. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI extensivo longo .......... 33
2.7.2. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI extensivo curto ........... 33
2.7.3. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI intensivo ..................... 33
2.7.4. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI 30/30 s, 20/20 s e 10/10 s
...................................................................................................................... 34
2.8. Estudos similares sobre avaliação da solicitação energética e ventilatória no
treino intervalado................................................................................................ 34
3. Metodologia......................................................................................................35
3.1. Definição do problema ........................................................................................ 35
3.1.1.Objectivos do estudo ..................................................................................... 35
3.1.2. Questões em estudo ...................................................................................... 35
3.1.3. Formulação das questões em estudo............................................................. 36
viii
3.1.4. Fundamentação das questões........................................................................ 36
3.1.5. Pertinência do estudo.................................................................................... 36
3.1.6. Pressupostos e limitações do estudo............................................................. 37
3.2. Caracterização do sujeito..................................................................................... 37
3.3. Definição das variáveis........................................................................................ 37
3.3.1. Variáveis dependentes .................................................................................. 37
3.3.2. Variáveis independentes ............................................................................... 38
3.4. Instrumentos ........................................................................................................ 38
3.4.1. Validade dos instrumentos utilizados ........................................................... 39
3.5. Procedimentos ..................................................................................................... 40
3.5.1. Desenho experimental do estudo.................................................................. 41
3.5.2. Protocolos utilizados .................................................................................... 42
3.5.2.1. Protocolo do teste sub-máximo ............................................................. 42
3.5.2.2. Protocolo do teste supra-máximo .......................................................... 44
3.5.2.3. Protocolo para recolha de dados para as sessões de treino intervalado. 45
3.5.3. Informações prestadas ao sujeito.................................................................. 50
3.5.4 Tratamento dos dados e procedimentos estatísticos ...................................... 50
3.5.4.1. Análise estatística .................................................................................. 50
3.5.4.2. Tratamento das médias dos parâmetros ventilatórios............................ 51
3.5.4.3. Tratamento dos dados referente ao teste sub-máximo........................... 51
3.5.4.4. Tratamento dos dados referentes ao teste supra-máximo...................... 52
3.5.4.5. Tratamento dos dados referentes às três sessões de treino intervalado . 54
4. Apresentação dos resultados.............................................................................56
.
4.1. Dados do teste sub-máximo e da velocidade associada ao V O2máx................... 56
4.2. Dados relativos ao teste supra-máximo ............................................................... 59
4.3. Dados das sessões de treino intervalado.............................................................. 62
4.3.1. Sessão de 11X400 metros............................................................................. 62
4.3.2. Sessão de 7X400 metros............................................................................... 64
4.3.3. Sessão de 5X400 metros............................................................................... 66
4.3.4. Comparação dos resultados obtidos nas três sessões de treino intervalado . 68
5. Discussão dos resultados ..................................................................................72
5.1. Teste sub-máximo ............................................................................................... 72
5.2. Teste supra-máximo ............................................................................................ 73
5.3. Sessões de treino intervalado............................................................................... 74
5.3.1. Solicitação energética ................................................................................... 74
5.3.2. Solicitação do consumo de oxigénio ............................................................ 75
5.3.3. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI400m............................ 77
5.3.3.1. Solicitação da capacidade aeróbia no TI400m ...................................... 77
5.3.3.2. Solicitação da potência aeróbia no TI400m .......................................... 77
5.3.3.3. Solicitação da capacidade anaeróbia no TI400m .................................. 79
6. Conclusões e recomendações ...........................................................................79
6.1.Conclusões............................................................................................................ 79
6.1. Recomendações ................................................................................................... 80
7. Referências bibliográficas ................................................................................82
8. Anexos ..............................................................................................................92
ix
Índice de quadros
Quadro 1. Percentagem do consumo máximo de oxigénio em que se alcança o limiar anaeróbio.
............................................................................................................................................ 10
.
Quadro 2. Valores de referência do VO2máx em atletas femininas de resistência. .................... 13
Quadro 3. Valores de referência de défice de oxigénio acumulado, consoante o consumo
máximo de oxigénio dos diferentes atletas......................................................................... 18
Quadro 4. Valores de referência de solicitação aeróbia e anaeróbia no teste supra-máximo,
consoante a intensidade e a duração dos testes................................................................... 19
Quadro 5. Características físicas e de rendimento do sujeito em estudo..................................... 37
Quadro 6. Relação das variáveis dependentes que fazem parte do estudo.................................. 38
Quadro 7. Relação das variáveis independentes que fazem parte do presente estudo. ............... 38
Quadro 8. Desenho experimental do estudo................................................................................ 41
Quadro 9. Tempos de referência para a realização do teste do sub-máximo. ............................. 44
Quadro 10. Tempos de referência para a realização do teste supra-máximo. ............................. 45
Quadro 11. Dados relativos à evolução do teste sub-máximo..................................................... 56
Quadro 12. Dados referentes ao consumo de oxigénio e à velocidade alcançada em cada
patamar do teste sub-máximo. ............................................................................................ 57
Quadro 13. Valores máximos do consumo de oxigénio, do quociente respiratório (R) e da
frequência cardíaca alcançados no último minuto do teste sub-máximo............................ 58
.
Quadro 14. Valores da velocidade corrida associada ao VO2máx, em metros por segundo, em
minutos por quilómetro, em quilómetro por hora e por cada 400 metros. ......................... 58
Quadro 15. Valores mínimos e máximos do consumo de oxigénio e da frequência cardíaca
observados no último minuto do teste sub-máximo. .......................................................... 59
Quadro 16. Dados referentes à distância, duração e velocidade do teste supra-máximo. ........... 59
Quadro 17. Valores médios e máximos referentes ao consumo de oxigénio e à percentagem do
mesmo obtido a partir do teste supra-máximo.................................................................... 60
Quadro 18. Défice de oxigénio acumulado (DefO2Ac) e contribuição relativa da energia aeróbia
e anaeróbia durante a realização do teste supra-máximo.................................................... 61
Quadro 19. Percentagem (cumulativa) de solicitação energética, aeróbia e anaeróbia, no
decorrer do teste supra-máximo. ........................................................................................ 61
Quadro 20. Dados
. referentes à carga externa do treino intervalado de 11X400 metros realizado a
101% da vV O2máx. ............................................................................................................ 62
Quadro 21. Dados
. referentes à carga interna do treino intervalado de 11X400 metros realizado a
101% da vV O2máx. ............................................................................................................ 63
Quadro 22. Dados respeitantes. à carga externa da sessão de treino intervalado de 7X400 metros
realizada a 104.5% da vVO2máx........................................................................................ 65
Quadro 23. Dados referentes .à carga interna da sessão de treino intervalado de 7X400 metros
realizada a 104.5% da vVO2máx........................................................................................ 65
Quadro 24. Dados respeitantes à carga
. externa referente à sessão de treino intervalado de 5X400
metros realizada a 108% da vVO2máx. .............................................................................. 67
x
Quadro 25. Dados respeitantes à carga
. interna referente à sessão de treino intervalado de 5X400
metros realizada a 108% da vVO2máx. .............................................................................. 67
Quadro 26. Dados finais referentes à carga externa quantificada nas três sessões de treino
intervalado. ......................................................................................................................... 69
Quadro 27. Resumo dos dados referentes à carga interna quantificada através dos parâmetros
ventilatórios nas três sessões de treino intervalado. ........................................................... 70
Índice de figuras
Figura 1. Representação gráfica do défice de oxigénio originado no início do exercício, do
excesso de consumo de oxigénio pós exercício. Adaptado de Wilmore & Costilll (1998, p.
108)..................................................................................................................................... 15
Figura 2. Forma ilustrativa do método do défice de oxigénio acumulado. De Medbø et al. (1988,
p. 52)................................................................................................................................... 17
Figura 3. Representação gráfica do resultado do cálculo entre a energia solicitada (predição) e a
energia produzida no teste do DefO2Ac.. ........................................................................... 53
Figura 4. Exemplo gráfico de quando o tempo das repetições não coincidia com a média de 10 s
da filtragem dos dados........................................................................................................ 55
Figura 5. Exemplo gráfico de quando o tempo das repetições “coincidia” com a média de 10 s
da filtragem dos dados........................................................................................................ 55
Figura 6. Representação gráfica relativa à captação de oxigénio durante o teste sub-máximo... 57
Figura 7. Representação gráfica da evolução do teste sub-máximo de 5 patamares…............... 58
Figura 8. Representação gráfica do consumo de oxigénio e o respectivo défice durante o teste
supra-máximo.. ................................................................................................................... 60
Figura 9. Representação gráfica da percentagem de solicitação de energia relativa durante o
teste supra-máximo............................................................................................................. 61
Figura 10. Percentagem do consumo máximo de oxigénio
. solicitado na sessão de treino
intervalado de 11X400 metros percorridos a 101% da vVO2máx.. ................................... 63
Figura 11. Solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia (EnAer),
durante
. as repetições da sessão de treino intervalado de 11X400 metros realizada a 101%
da vVO2máx. ...................................................................................................................... 64
Figura 12. Percentagem do consumo máximo de oxigénio. solicitada na sessão de treino
intervalado de 7X400 metros percorridos a 104.5% da vVO2máx.. .................................. 66
Figura 13. Cinética da solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia
(EnAer), observada durante
. as repetições da sessão de treino intervalado de 7X400 metros
realizada a 104.5% da vVO2máx........................................................................................ 66
Figura 14. Percentagem do consumo máximo de oxigénio
. solicitada na sessão de treino
intervalado de 5X400 metros percorridos a 108% da vV O2máx.. ..................................... 68
Figura 15. Cinética da solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia
(EnAer), observada durante
as repetições da sessão de treino intervalado de 5X400 metros
.
V
realizada a 108% da v O2máx........................................................................................... 68
.
Figura 16. Representação gráfica referente à percentagem de solicitação do VO2máx das três
sessões de treino intervalado, nas repetições, nas pausas e média da sessão . ................... 71
Figura 17. Representação gráfica referente à média da percentagem de solicitação da energia
aeróbia e anaeróbia observada nas repetições nas três sessões de treino intervalado......... 71
xi
Lista de abreviaturas e símbolos
Abreviatura
.
Descrição
111%vV O2máx
Velocidade a 111% da vV O2máx.
%AerTI
Percentagem da energia aeróbia no treino intervalado.
%AerTSupMáx
Percentagem da EnAer no TsupMáx.
%AnaTI
Percentagem da energia anaeróbia no treino intervalado.
%V O2máx
Percentagem do consumo máximo de oxigénio.
%AnaTSupMáx
Percentagem da EnAna no TsupMáx.
ATP
Adenosina Trifosfato.
ºC
Graus centígrados.
CAna
Capacidade anaeróbia.
CeTI
Consumo energético do treino intervalado.
CeTSupMáx
Consumo energético do teste supra-máximo.
CO2
Dióxido de carbono.
DefO2Ac
Défice de oxigénio acumulado.
DefO2AcTSupMáx
Défice de oxigénio acumulado durante o TSupMáx.
Desc
Distância escolhida.
DurTSupMáx
Duração do TsupMáx.
EnAer
Energia aeróbia.
EnAna
Energia anaeróbia.
EPOC
Excesso de consumo de oxigénio pós exercício.
eqO2
Equivalente de oxigénio.
FC
Frequência cardíaca.
.
.
.
FcV O2máx
Frequência cardíaca ao nível do consumo máximo de oxigénio.
FcPico
Frequência cardíaca máxima encontrada no teste sub-máximo.
l/min.
Litros por minuto.
LAna
Limiar anaeróbio.
LAnaLact
Limiar anaeróbio de lactato.
LAnaVent
Limiar anaeróbio ventilatório.
M. G.
Massa gorda.
Máx
Máximo.
m/s
Metro(s) por segundo.
min
Minuto.
Min
Mínimo.
ml/kg/min
Mililitros por quilo por minuto.
mmol/l
Milimol por litro.
MV O2TSupMáx
Média de oxigénio consumido durante o TSupMáx.
O2
Oxigénio.
O2EqR
Primeiro membro da equação apresentada na equação da regressão recta.
PC
Fosfocreatina.
.
xii
PMA
Potência máxima aeróbia.
puls/min
Pulsações por minuto.
R
Quociente respiratório (relação entre V CO2 e o V O2).
R2
Coeficiente de determinação.
s
Segundos.
SD
Desvio padrão.
seg
Segundos.
TI
Treino Intervalado.
TI400m
Treino Intervalado sobre 400 metros.
TSubMáx
Teste sub-máximo.
TSupMáx
Teste supra-máximo.
VCEqR
Segundo membro da equação apresentada na equação da regressão recta.
VCO2
. .
VE/VCO2
. .
VE/VO2
Volume de dióxido de carbono num minuto.
vLAna
Velocidade do limiar anaeróbio.
VMA
Velocidade máxima aeróbia.
VO2
.
VO2Ac
.
VO2AcTSupMáx
.
VO2máx
Volume de oxigénio num minuto.
Consumo máximo de oxigénio num minuto.
vs
Versus.
vTSupMáx
Velocidade do TsupMáx.
vV O2máx
Velocidade associada ao V O2máx.
Média.
.
.
.
x
.
.
Equivalente para o dióxido de carbono.
Equivalente ventilatório para o oxigénio.
Consumo de oxigénio acumulado.
Consumo de oxigénio acumulado durante o TSupMáx.
.
xiii
1. Introdução
Há vários anos a esta parte que se pratica em Portugal uma metodologia muito
própria no que concerne à utilização do treino intervalado (TI) como método de treino.
Tudo começou com o lançamento do livro Carlos Lopes e a Escola Portuguesa de Meio
Fundo, do treinador de meio-fundo Prof. Moniz Pereira (1981), que rapidamente
popularizou o método do TI em Portugal. A partir desta divulgação, grande parte dos
treinadores de meio-fundo e fundo portugueses passaram, tradicionalmente, a utilizar na
preparação dos seus atletas TI com repetições de 400 metros, com 1 a 1.30 min de pausa
entre as mesmas. Sabemos dos excelentes resultados dos atletas meio-fundistas
portugueses na década de 70 e 80, quiçá, também, em resultado da utilização do TI. No
entanto, até hoje, nunca foi clarificado que regime energético é preponderantemente
solicitado na aplicação deste método de treino.
É, deste modo, que surge este estudo no sentido de tentar clarificar (num estudo
transversal através dos parâmetros ventilatórios) qual o regime energético é
preponderantemente solicitado por este método de treino tomando, exactamente, por
base as repetições de 400 metros utilizadas tradicionalmente nas sessões de TI pelos
portugueses.
1.1. Âmbito do estudo
O presente estudo insere-se no âmbito da disciplina de seminário da licenciatura
do curso de desporto, variante de treino desportivo de alto rendimento na opção de
atletismo. Em termos científicos, o estudo foi realizado no âmbito da investigação do
treino, principalmente do método de treino intervalado, de modo a avaliar e quantificar
alguns parâmetros ventilatórios que mais se evidenciam nas sessões de TI400m numa
atleta feminina de resistência.
2. Revisão da literatura
Sabemos que podemos dividir o esforço em várias zonas de trabalho. Estas
zonas de trabalho podem identificar-se com os regimes energéticos que habitualmente
são solicitados pelo treino de resistência dos meio-fundistas.
1
2.1. Definições e conceitos
2.1.1. Conceito de resistência
Existem vários conceitos associados à resistência física que podem ir desde
simples definições até mais complexas. Para Bompa (1983, p. 245), a resistência pode
definir-se como o “limite de tempo sobre o qual o trabalho a uma intensidade
determinada pode realizar-se”. Já para Zintl (1991, p. 31), numa definição mais
complexa, defende que a resistência é a “capacidade de resistir psíquica e fisicamente a
uma carga durante muito tempo, produzindo-se finalmente um cansaço insuperável
devido à intensidade e à duração da mesma e/ou de recuperar-se rapidamente depois
de esforços físicos e psíquicos”. Resumidamente, Navarro (1998, p. 25), define a
resistência como “a capacidade para suportar a fadiga frente a esforços prolongados
e/ou para recuperar-se mais rapidamente depois dos esforços”.
2.1.2. Divisão da resistência
A maioria dos autores é unânime em classificar a divisão da resistência em
resistência aeróbia e resistência anaeróbia láctica e aláctica. No entanto, uns têm
preferência pela divisão tendo em conta a duração do esforço como (como é o caso de
Zintl (1991, p. 43)), enquanto que outros, mais recentemente, optam pela divisão da
resistência tendo em conta a solicitação dos sistemas energéticos (Åstrand & Rodahl,
1980, p. 267; Wilmore & Costilll, 1998, p. 217; Mishchenko & Monogarov, 1995, p.
74; Chicharro & Muelas, 1996, p. 129; Garcia-Verdugo & Leibar, 1997, p. 62; e Gacon,
1995, p. 30).
2.1.2.1. Divisão da resistência quanto à duração dos esforços
Durante vários anos os autores alemães dividiram a resistência tendo em conta a
duração do esforço. Nesta perspectiva, a resistência, segundo Zintl (1991, p. 43), pode
classificar-se como resistência de curta duração, quando é referente aos esforços de 35 s
a 2 min de duração, resistência de média duração, quando é referente aos esforços de 2
min de duração até 10 min e a resistência de longa duração, quando é referente aos
esforços de mais de 10 min. Esta última, ainda de acordo com o mesmo autor, pode
2
subdividir-se em quatro zonas de duração: zona I, de 10 a 35 min; zona II, de 35 a 90
min; zona III, de 90 min a 6 horas e zona IV, mais de 6 horas de duração.
2.1.2.2. Divisão da resistência quanto à solicitação dos sistemas energéticos
Mais recentemente, os fisiologistas e investigadores optaram por uma divisão da
resistência de acordo com a solicitação dos sistemas energéticos durante o esforço onde
não só a duração do esforço é quantificada mas também a intensidade do mesmo.
Para fazer face ao desempenho de um determinado esforço há necessidade de
produzir energia. Segundo Navarro (1998, p. 29), “a única fonte de energia para a
contracção muscular é o ATP (Adenosina Trifosfato)”. As solicitações energéticas
obrigam a realizar continuamente a re-síntese desse ATP. Esta, por sua vez, pode
realizar-se de duas formas. A maioria dos autores são unânimes em denominar estas
duas formas de produção de energia em aeróbia e anaeróbia (láctica e aláctica), onde
tanto o sistema aeróbio como o anaeróbio ainda se podem subdividir em capacidade e
potência (sub-capacidades) desses mesmos sistemas.
2.1.2.3. Resistência anaeróbia
A solicitação do sistema anaeróbio para produzir energia é realizada quando o
organismo não consegue suprir, através do sistema aeróbio, as exigências energéticas do
esforço. Assim, segundo Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 35), no sistema anaeróbio
todas as reacções se produzem sem a presença de oxigénio. O facto do oxigénio não
estar presente em quantidades suficientes para a produção de energia solicitada implica
a produção de energia recorrendo ao sistema anaeróbio láctico (ou glicolítico), com
concomitante produção de lactato (Platonov, 1997, p. 80 e Åstrand & Rodahl, 1980, p.
27). De acordo com Åstrand & Rodahl (1980, p. 27) e Fox et al. (1991, p. 21), ainda
pode ser identificado mais um sistema produtor de energia, sem a presença de oxigénio
e sem a produção de lactato, o sistema anaeróbio aláctico.
Identificam-se, deste modo, dois sistemas de produção de energia anaeróbia
(EnAna). Mas, pelo facto do sistema anaeróbio aláctico não se enquadrar no âmbito
deste trabalho, faremos alusão apenas ao sistema láctico.
Os esforços máximos que solicitam o sistema anaeróbio láctico situam-se,
segundo Platonov (1997, p. 79), numa faixa de duração aproximada entre os 30 s e os 6
min. Este sistema de produção de energia é a base, de acordo com Platonov (1997, p.
3
80), para a resistência nas corridas de meio fundo curto. Segundo Åstrand & Rodahl
(1980, p. 535), nas provas de 800 metros (meio-fundo curto) a solicitação energética é
60% anaeróbia e nos 1.500 metros é 35%.
2.1.2.4. Resistência aeróbia
O sistema aeróbio é preponderantemente solicitado para produzir energia
enquanto o fornecimento de oxigénio é suficiente para suprir as necessidades
energéticas de um determinado esforço. Esta solicitação preponderante está identificada
com a duração e a intensidade de determinados esforços. Neste sistema energético, os
factores mais importantes que induzem à fadiga muscular não resultam da produção de
lactato mas sim da limitação dos depósitos dos substratos energéticos (Fox et al., 1991,
23, 24). De acordo com Platonov (1997, p. 79), este sistema produtor de energia está
associado à resistência solicitada em esforços que vão de 1.30 min e até várias horas.
2.1.3. Capacidade e potência dos sistemas energéticos
A produção continuada de energia pode realizar-se com maior ou com menor
intensidade consoante o nível de esforço produzido. Esta maior ou menor intensidade na
solicitação energética pode definir se a mesma é realizada ao nível da capacidade ou da
potência de um determinado sistema energético.
Segundo Åstrand & Rodahl (1980, p. 267), a capacidade denota a energia total
disponível e a potência significa energia produzida por unidade de tempo. Para Andrivet
et al. (1995, p. 45), a capacidade “é determinada pelo tempo durante o qual o sistema
energético em questão pode funcionar”, enquanto que a potência é designada como a
“quantidade máxima metabolizada por unidade de tempo”. Portanto, a capacidade está
intimamente ligada a processos quantitativos de produção de energia enquanto que a
potência está ligada a processos qualitativos da energia produzida.
2.1.3.1. Potência anaeróbia (láctica)
A divisão da resistência quanto à solicitação dos sistemas energéticos assenta na
solicitação máxima e relativa de cada sistema energético. Apesar da duração do sistema
láctico poder ir até aos 6 min em esforço máximo (Platonov, 1997, p. 79), a potência
4
máxima de produção de energia neste sistema situa-se entre os 30 e os 90 s. Para
Navarro (1998, p. 32), a potência do sistema energético láctico alcança-se entre os 30 e
os 45 s de esforço máximo. As provas que se identificam com a potência deste sistema
energético são, essencialmente, os 300 metros e os 400 metros planos e com barreiras.
2.1.3.2. Capacidade anaeróbia (láctica)
O sistema láctico alcança a sua máxima potência de produção energética, de
acordo com (Platonov, 1997, p. 79) e Navarro (1998, p. 32), entre os 30 e os 90 s de
esforço máximo. No entanto, é possível continuar a produzir EnAna láctica durante
mais tempo em esforço de intensidade mais reduzida. Por este facto, segundo Platonov
(1997, p. 79), a capacidade láctica está identificada com esforços que vão de 1 até 6
min.
Pela dificuldade que o sistema aeróbio apresenta em produzir energia de
imediato para satisfazer as carências num esforço de intensidade elevada, há
necessidade de fornecer energia anaerobiamente produzindo-se assim um défice de
oxigénio (DefO2). Este DefO2 reduz com a duração do esforço máximo, ou seja, quanto
maior for a duração do esforço menor a intensidade maior é a contribuição do sistema
aeróbio, menor o DefO2Ac e menor a contribuição do sistema anaeróbio. Segundo
dados de Medbø et al. (1988, p. 54), o DefO2Ac alcança valores máximos entre 2 a 3
min de esforço máximo. Medbø et al. (1988, p. 55) identificam este valor máximo como
a capacidade anaeróbia do atleta.
Os esforços com duração de 2 a 4 min têm já uma grande participação de energia
anaeróbia. As provas que solicitam a capacidade anaeróbia, de acordo com Mishchenko
& Monogarov (1995, p. 36), são os 800 e 1.500 metros (2 a 4 min) que têm uma
contribuição de EnAna entre 34 e 16%, respectivamente (Spencer & Gastin, 2001,
p.161). No entanto, os esforços máximos com duração de 2 a 3 min estão normalmente
identificados com uma contribuição EnAna de cerca de 27 a 37% (Gastin, 2001, p. 736).
Mas, de acordo Åstrand & Rodahl (1980, p. 535), a partir da distância dos 400 metros
os processos metabólicos aeróbios tomam cada vez mais importância, sendo de cerca de
40% para os 800 metros e de cerca de 65% para os 1.500 metros.
5
2.1.3.3. Potência aeróbia
.
O consumo máximo de oxigénio (VO2máx) significa a capacidade máxima que
os músculos possuem para extrair e consumir o oxigénio retirado da circulação
sanguínea. Segundo Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 64) e Denadai (1999, p. 54), o
termo potência máxima aeróbia (PMA) coincide com a quantidade máxima de energia
.
utilizada na unidade de tempo mediante processos aeróbios, isto é o VO2máx. Também
de acordo com Wilmore & Costilll (1998, p. 217) e Andrivet et al. (1995, p. 67), a
.
.
potência aeróbia identifica-se com o V O2máx. Podemos assim dizer que o V O2máx é a
potência máxima em que o sistema energético aeróbio funciona para produzir energia.
A potência aeróbia é solicitada em distâncias superiores a 1.500 metros.
Segundo Andrivet et al. (1995, p. 69) e Martin & Coe (1994, p. 179), para em
treino solicitar a potência aeróbia é preciso que os esforços realizados alcancem 90 a
.
100% do VO2máx.
2.1.3.4. Capacidade aeróbia
De acordo com Andrivet et al. (1995, p. 69), os esforços identificados com a
capacidade aeróbia são realizados de 70 a 90% da potência aeróbia (ou seja, do
.
VO2máx). Tendo em conta que os esforços identificados com o limiar anaeróbio
(LAna), segundo Wilmore & Costilll (1998, p. 109), se situam entre 70 e 80% do
.
VO2máx, ou, de acordo com Mishchenko & Monogarov (1995, p. 189), mesmo até os
.
90% do VO2máx, podemos sugerir que os esforços identificados com o LAna se
realizam nos limites definidos pela capacidade aeróbia. Também Meléndez (1995, p.
144) está de acordo com este pressuposto ao identificar o LAna com a capacidade
aeróbia.
2.2. Métodos e parâmetros de avaliação da resistência aeróbia
2.2.1. Limiar anaeróbio
Como se sabe, desde que o atleta inicia a realização de um esforço a baixa
intensidade, e vai aumentando até atingir o esgotamento, atravessa vários estados de
solicitação energética. Assim, num determinado momento alcançar-se-á um patamar de
produção de lactato que será superior à capacidade de remoção pelo organismo
6
(Navarro, 1998, p.190). A partir deste limiar a solicitação anaeróbia ganha maior
significado, enquadrando-se cada vez mais na zona de esforço onde se atinge o
.
VO2máx. De acordo com Wasserman (1986, p, 1) “o nível de oxigénio durante o
exercício, acima do qual a energia aeróbia é suplementada por mecanismos
anaeróbios, é definod como o limiar anaeróbio”.
O limiar anaeróbio (LAna) pode ser quantificado a partir da concentração de
lactato (LAnaLact) ou a partir de parâmetros ventilatórios (LAnaVent). Segundo
Wilmore & Costilll (1998, p. 207), o LAnaVent, pode ser identificado com o LAnaLact.
No entanto, segundo Powers et al. (1984, p. 183), o LAnaVent e o LAnaLact nem
sempre acontecem simultaneamente. Por isso, alguns autores identificaram diferenças
entre os valores obtidos por um e outro limiar. De acordo com Davis (1979), citado por
Chicharro & Muelas (1996, p. 136), pode existir um erro de 5 a 10% de diferença entre
os valores dos limiares obtidos pelos dois diferentes métodos.
2.2.1.1. Limiar anaeróbio de lactato
Em esforços de baixa intensidade o lactato produzido pelo organismo é
insignificante. E mesmo essa pequena quantidade produzida pelo organismo é por ele
mesmo facilmente removida através dos processos de re-oxidação e neutralização do
lactato. Após um ligeiro aumento da intensidade no esforço é provável que a quantidade
de lactato possa elevar-se acima dos valores de repouso, que são de cerca de 1.0 mmol
por litro de sangue (mmol/l) (Wilmore & Costilll, 1998, p. 98 e Robergs & Roberts,
2002, p. 127) ou de cerca de 1.1 mmol/l (Åstrand & Rodahl, 1980, p. 286 e Fox et al.,
1991, p. 21). Então o organismo intensifica os mecanismos de remoção deste produto
resultante da glicólise láctica. Mas, continuando a aumentar a intensidade do exercício,
existirá um incremento na produção de lactato podendo o organismo não conseguir
remover o referido metabólito à mesma velocidade com que este se produz. Segundo
Navarro (1998, p.190), quando a capacidade de produção de lactato é superior à sua
capacidade de remoção, pode dizer-se, teoricamente, que se alcançou o LAnaLact. Este,
por sua vez, pode ser identificado de forma individual ou de acordo com um valor
critério.
Muito se discute ainda sobre esta matéria. Mas tendo em conta que foram
encontrados valores do LAnaLact que oscilavam entre 3 e 5 mmol/l, Mader et al.
(1976), citados por Navarro (1998, p. 190), definiram que, grosso modo, o momento em
7
que o organismo não consegue remover o lactato à mesma velocidade que o produz é
alcançado cerca das 4 mmol/l.
Apesar de algumas evidências sobre a identificação do LAnaLact a uma
concentração de lactato igual a 4 mmol/l, sabe-se que o momento em que se alcança o
LAnaLact não é igual para todos os indivíduos. Por este facto, existem também
defensores da utilização do LAnaLact individual. Este é identificado, de acordo com
Navarro (1998, p. 197), através do traçar de uma pendente entre o lactato alcançado
durante o exercício e a fase de recuperação.
2.2.1.2. Limiar anaeróbio ventilatório
Segundo o Robergs & Roberts (2002, p. 176), o LAna também pode ser
.
.
detectado através do aumento da relação entre o V CO2 e o V O2. Segundo Wilmore &
Costilll (1998, p. 207), esta relação representa o quociente respiratório (R). De acordo
com McArdle et al. (1998, p. 43) e Åstrand & Rodahl (1980, p. 51), o aumento do valor
de R reflecte uma mudança para o metabolismo anaeróbio. Pelo facto da identificação
deste limiar anaeróbio ser obtida a partir de parâmetros ventilatórios, a maior parte dos
autores definiu-o como LAnaVent.
Segundo Wilmore & Costilll (1998, p. 207), uma nova técnica de identificar o
.
.
LAnaVent consiste no controlo do equivalente ventilatório para o oxigénio (VE/VO2) e
.
.
o equivalente para o dióxido de carbono (V E/V CO2) que é a proporção entre a
quantidade de ar respirado e a quantidade de dióxido de carbono produzido.
No entanto, de acordo com Wilmore & Costilll (1998, p. 207) e Robergs &
Roberts (2002, p. 277), o critério mais específico para a identificação do LAnaVent é
.
.
um incremento sistemático no V E/V O2, que corresponde a um aumento abrupto da
.
.
ventilação, sem que ocorram mudanças na relação VE/VCO2, já que o incremento no
.
.
VE/VO2 indica que o aumento da ventilação para eliminar o dióxido de carbono é
desproporcional em relação às necessidades do organismo para proporcionar oxigénio.
2.2.1.3. Velocidade de corrida associada ao limiar anaeróbio
A velocidade a que se alcança o LAnaLact ou o LAnaVent são normalmente
utilizadas para quantificar a velocidade do LAna (vLAna). Tanaka & Matsuura (1984),
citados por Denadai (1999, p. 62), demonstraram que o LAna está mais associado com
8
provas de 16 km (40 a 50 min). Para Mishchenko & Monogarov (1995, p. 187) a
velocidade a que se alcança o LAna tem uma alta correlação (r = 0.98) com o resultado
da maratona, logo com a distância e com o tempo de duração da mesma. Billat et al.
.
(2001, p. 202) encontrou em corredores de meio fundo (52.1 ml/kg/mim de VO2máx)
.
percentagens de 83.2% da vLAn em relação à velocidade associada ao VO2máx.
.
2.2.1.4. Limiar anaeróbio e percentagem do V O2máx.
De acordo com Bosquet et al. (2002, p. 692), vários estudos localizam o LAna
.
entre 70 e 80% do VO2máx. No entanto, e segundo o mesmo autor, foram encontrados,
.
em alguns estudos, valores de 65 e outros de 85% do VO2máx. Também Sleivert
.
(2000a, p. 16), refere que os atletas iniciantes alcançam o LAna a 65% do V O2máx e os
atletas de elite alcançam a 85%. No entanto, de acordo com Mishchenko & Monogarov
.
(1995, p. 189), é possível solicitar até 90% do VO2máx em esforços identificados com o
limiar anaeróbio.
Na realidade, os dados apresentados no Quadro 1 sobre a percentagem de
.
utilização do VO2máx ao nível do LAna são bastante díspares. Billat et al. (1998, p. 40),
identificaram num estudo com corredores de meio-fundo de alto nível (74.9 ml/kg/min
.
.
de V O2máx) o LAna a 72.2% do V O2máx. No entanto, num estudo com atletas de nível
.
regional (57.3 ml/kg/min de VO2máx), Billat et al. (2003b, p. 11) identificou-se o LAna
.
a 78.9% do VO2máx. Num outro estudo de Billat et al. (2000, p. 190) com atletas de
.
.
fundo de nível regional (59.8 ml/kg/min de V O2máx), o LAna a 82.5% do V O2máx.
Num estudo realizado com corredores de corta-mato de elite (57.3 ml/kg/min de
.
VO2máx), Paavolainen et al. (1999, p. 1530), encontrou-se valores de 74% de utilização
.
.
do VO2máx ao nível do LAna. Num estudo com atletas (66.2 ml/kg/min de VO2máx)
.
James & Doust (1999, p. 238) encontrou-se 77% de utilização do V O2máx ao nível do
LAna. Hill & Rowell (1996, p. 384) observaram, num estudo com atletas femininas de
.
400 até 1.500 metros (média de 52.1 ml/kg/min de VO2máx), valores de utilização do
.
VO2máx ao nível do LAna de 77%. Hue et al. (2000, 108) verificaram num teste de
.
corrida, 66% de utilização do V O2máx ao nível do LAna em triatletas (46 ml/kg/min
.
.
VO2máx) e 65% para triatletas de elite (51 ml/kg/min VO2máx).
9
Quadro 1. Percentagem do consumo máximo de oxigénio em que se alcança o limiar anaeróbio.
.
.
VO2máx
VO2máx ao nível
(ml/kg/min)
do LAna (%)
Atletas iniciantes
---
65
Sleivert (2000a, p. 16)
---
---
65 a 85
Bosquet et al. (2002, p. 692),
Atletas de elite
---
85
Sleivert (2000a, p. 16)
Corredores de meiofundo de elite
74.9
72.2
Billat et al. (1998, p. 40)
Em atletas
66.2
77
James & Doust (1999, p. 238)
Corredores de corta-mato
de elite
63.7
74
Paavolainen et al. (1999, p. 1530)
Corredores de fundo de
nível regional
59.8
82.5
Billat et al. (2000, p. 190)
Corredores de fundo de
nível regional
57.3
78.9
Billat et al. (2003b, p. 11)
Corredoras de 400 e
1500 m
52.1
77
Hill & Rowell (1996, p. 384)
Elite triatletas em corrida
51.0
65
Hue et al. (2000, p. 108)
Triatletas em corrida
46.0
66
Hue et al. (2000, p. 108)
---
65 a 90
Mishchenko & Monogarov (1995,
p. 189)
Atletas
---
Referência
Verifica-se assim, que além de valores serem díspares, a percentagem de
.
utilização do VO2máx ao nível do LAna não mantém uma relação coerente com o nível
do atleta. Os mesmos autores (Billat et al., 1998, p. 40; 2003b, p. 11; 2000, p. 190)
encontraram valores de 72.2% para atletas de meio fundo de elite (74.9 ml/kg/min de
.
VO2máx) e 82.5% em atletas de meio fundo de nível regional (57.3 ml/kg/min de
.
.
VO2máx), não se conseguindo identificar um padrão de correlação entre VO2máx e
.
percentagem do VO2máx utilizada ao nível do limiar anaeróbio.
2.2.2. Consumo máximo de oxigénio
2.2.2.1. Consumo máximo de oxigénio
.
Os autores consultados identificaram o VO2máx como um parâmetro muito
importante para avaliar a capacidade de rendimento nos desportos de resistência.
10
Para que seja produzida energia em regime aeróbio numa determinada célula é
necessário que exista oxigénio na célula em questão. Deste modo, podemos verificar
que o oxigénio é um elemento fundamental para a produção de energia. De acordo com
.
Chicharro & Muelas (1996, p. 130) e Viru & Viru (2003, p. 152), o VO2máx define a
quantidade máxima de oxigénio que o organismo consegue absorver, transportar e
consumir por unidade de tempo. Em esforço, as necessidades de oxigénio elevam-se e o
.
VO2 aumenta. De acordo com Denadai (1999, p. 1) e Martin & Coe (1994, p. 86),
durante o exercício a solicitação de oxigénio pelos músculos activos pode aumentar até
20 vezes. Este aumento é, grosso modo, linearmente proporcional à intensidade do
esforço, não sendo, no entanto, indefinido (Andrivet et al., 1995, p. 50). Após uma
.
determinada solicitação, o V O2 atingirá o limite e, mesmo que se intensifique o esforço,
.
o VO2 não aumentará mais (Manso et al., 1996, p. 259). Podemos então dizer que foi
.
alcançado o VO2máx.
No entanto, como a transição do sistema aeróbio para o sistema anaeróbio se
.
realiza de modo progressivo, o momento em que se atinge o V O2máx não significa que
se esteja a realizar um exercício totalmente aeróbio. O sistema energético anaeróbio já
.
tem aqui bastante significado já que, após este limite (VO2máx) não existe aumento no
.
VO2 e toda a energia solicitada, depois deste máximo, será ministrada a partir de
processos anaeróbios (Åstrand & Rodahl, 1980, p. 25).
.
O V O2máx relaciona-se mais com o rendimento em provas de 2.000 até 5.000
metros (Manso, 1999, p. 154; Péronnet et al., 2001, p. 224; Gacon, 1995, p. 33; Billat et
al., 1999b, p. 360). Por outro lado, o LAna poderá ter mais relação como o rendimento
em distâncias a partir de 16 km até à maratona (Mishchenko & Monogarov, 1995, p.
.
187). Verifica-se, também, que atletas de resistência lentos tem um VO2máx baixo e
.
atletas de resistência rápidos tem um VO2máx mais elevado (Noakes, 1991, p. 25).
.
.
O V O2máx absoluto é expresso em litros por minuto (l/min) e o V O2máx
relativo ao peso corporal pode ser expresso em mililitros por quilo por minuto
(ml/kg/min).
2.2.2.2. Inércia do consumo de oxigénio perante o exercício
No início do exercício, perante novas exigências na necessidade de oxigénio, o
sistema ventilatório não reage de imediato. Verifica-se sim uma certa inércia do sistema.
De acordo com Chicharro & Muelas (1996, p. 97), esta inércia verifica-se pelo facto de,
11
mesmo durante a respiração normal, serem necessários pelo menos 20 s para que
aconteça cerca de 50% da renovação do gás alveolar. Deste modo, a inércia do sistema
não permite que, perante o exercício, o organismo possa colmatar de imediato as
necessidades de oxigénio, já que, segundo Chicharro & Muelas (1996, p. 97), são
necessários diferentes ciclos respiratórios para que se realize a total renovação do gás
alveolar.
Esta inércia do sistema ventilatório só é totalmente quebrada quando o sistema
encontra o equilíbrio (ou estado estacionário, do inglês steady state) entre necessidade e
consumo de oxigénio. De acordo com Volkov (2002, p. 36) e Åstrand & Rodahl (1980,
p. 328), são necessários 2 a 3 min para alcançar este equilíbrio enquanto que para
Chicharro & Muelas (1996, p. 97), o equilíbrio entre necessidade e consumo de
oxigénio só se poderá verificar após 3 a 4 min de esforço. Para Garcia-Verdugo &
Leibar (1997, p. 58) este equilíbrio só se alcança ao fim de 2 a 4 min de esforço.
2.2.2.3. Valores de referência de consumo máximo de oxigénio
.
Podemos encontrar no Quadro 2 valores de V O2máx em atletas femininas de
meio-fundo desde 56.9 ml/kg/min, para atletas de 5.13 min aos 1.500 metros
(Almarwaey et al., 2003, p. 481), até 77.3 ml/kg/min para atletas de meio-fundo
internacionais (Nevill et al., 2003, p. 491). No entanto, de acordo com Noakes (1991, p.
.
25), os atletas de resistência lentos têm um VO2máx mais baixo e atletas de resistência
.
rápidos tem um V O2máx mais elevado.
12
.
Quadro 2. Valores de referência do V O2máx em atletas femininas de resistência.
.
VO2máx
Atletas
(ml/kg/min)
Recorde pessoal
Referência
Atletas femininas
intern. ½ fundo
77.3
---
Nevill et al. (2003, p. 491)
Grete Waitz
75.1
2h24’ marat.
Ballesteros (1990, p. 86)
Atletas de alto nível
75
10km e maratona
Ballesteros (1990, p. 86)
Atletas de nível
internacional
75
Corrida de meio fundo
Péronnet et al. (2001, p.
203)
Zola Bud*
72.8
8’29” 3km
Péronnet et al. (2001, p.
224)
31’42” 10km
Médias em atletas de
alto nível
70
1.5km e 3km
Ballesteros (1990, p. 86)
Atletas de nível
internacional
70
Corridas de fundo
Péronnet et al. (2001, p.
203)
Atletas femininas
(fundo)
68.6
32’22" 10 km
Billat et al. (2003a, p. 299)
Predição
68.2
17’00” 5km
34’43” 10km
Noakes (1991, p. 42)
Pati Catalano*
67.9
9’35” 3km
32’06” 10km
Péronnet et al. (2001, p.
224)
Rosa Mota
67.2
2h23’ marat.
Noakes (1991, p. 49)
Atletas femininas
internacionais (fundo)
64.1
---
Nevill et al. (2003, p. 491)
Atletas femininas
(fundo)
63.2
Atletas femininas
(fundo)
* predição
56.9
9’36” 3Km
4’28” 1.5Km
Billat et al. (1996, p. 1050)
Almarwaey et al. (2003, p.
481)
5’13” aos 1.5km
2.2.2.4. Velocidade de corrida associada ao consumo máximo de oxigénio
.
A velocidade a que se alcança o V O2máx, segundo Garcia-Verdugo & Leibar
(1997, p. 65), designa-se de velocidade máxima aeróbia (VMA). Outros, como Denadai
.
.
(1999, p. 64), denominam-na de velocidade do VO2máx (vVO2máx). De acordo com
.
Åstrand (1996, p.10), é possível, em média, sustentar a vVO2máx até aos 10 min de
esforço. Mas, de acordo com Billat & Koralsztein (1994, p. 100), em média, apenas é
.
possível suster a vV O2máx durante cerca de 6 min, não se encontrando valores mais
elevados que os 12 min. Em estudos recentes, Billat et al. (1998, p.40) e Demarle et al.
13
(2001, p. 951), confirmam que a maioria dos atletas de meio-fundo apenas consegue
.
suster a vVO2máx durante cerca de 6 a 7 min.
.
As provas que solicitam preponderantemente a vVO2máx são as de meio-fundo.
Segundo Manso (1999, p. 154), as distâncias em que se alcançam valores entre 95% e
.
102% da vV O2máx são entre os 2.000 e os 3.000 metros. Também Péronnet et al.
(2001, p. 224), Gacon (1995, p. 33), Billat et al. (1999b, p. 360) e Billat & Koralsztein
.
(1994, p. 100) encontraram uma grande relação entre a vVO2máx e os 2.000 e 3.000
metros.
2.3. Métodos ventilatórios para quantificar a contribuição anaeróbia no
esforço
Segundo Robergs & Roberts (2002, p. 277) a capacidade anaeróbia de um
indivíduo representa a capacidade de regenerar ATP a partir de fontes anaeróbias. No
entanto, ainda de acordo com Robergs & Roberts (2002, p. 277), embora o nome
reflicta capacidade e, consequentemente, uma determinada quantidade de energia, essa
capacidade é difícil de ser medida. Os métodos conhecidos para quantificar a EnAna
num determinado esforço por meios ventilatórios são o défice de oxigénio acumulado
(DefO2Ac) e o excesso de consumo de oxigénio pós exercício (EPOC).
2.3.1. Excesso de consumo de oxigénio pós exercício
Segundo Wilmore & Costill (1998, p. 107), durante o início da realização de um
exercício, na transição do estado de repouso para o esforço, o organismo incorre num
défice de oxigénio. De acordo com Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 58) o equilíbrio
entre necessidade e consumo só se alcança ao fim de 2 a 4 min de esforço. Por este
facto, de acordo com Córdova & Navas (2000, p. 69), no início do exercício, até que se
consiga o equilíbrio entre a solicitação energética e a produção de ATP por via aeróbia,
o organismo recorre às vias anaeróbias para satisfazer a solicitação energética, tanto por
via aláctica (fosfagénios) como por via láctica (glicólise anaeróbia com produção de
lactato). De acordo com Wilmore & Costill (1998, p. 108), em exercício a célula
muscular utiliza as suas reservas de oxigénio (sob a forma de oximioglobina) para
oxidar a glicose, para além do oxigénio que chega aos músculos transportado pela
circulação sanguínea. Por este facto, durante os minutos iniciais da recuperação mesmo
14
.
que os músculos não estejam a trabalhar activamente, o VO2 não diminui de imediato,
ou seja, o organismo consome mais oxigénio do que necessitaria para uma situação de
.
repouso (Wilmore & Costill, 1998, p. 107). Este excesso de VO2 pós exercício acontece
no intuito de repor, aerobiamente, as reservas de ATP, Fosfocreatina (PC),
oximioglobina e para eliminar o dióxido de carbono acumulado nos tecidos resultante
do esforço anaeróbio (Wilmore & Costill, 1998, p. 108 e Fox et al., 1991, p. 216). O
consumo de oxigénio em excesso no fim do exercício foi denominado de dívida de
oxigénio mas, presentemente, denomina-se excesso de consumo de oxigénio pós
exercício (EPOC).
Observa-se na Figura 1 que durante o período de excesso de consumo de
oxigénio pós exercício pode identificar-se uma fase rápida e uma fase lenta. A primeira
fase, componente rápida, destina-se à reposição dos fosfagénios e das reservas de
oxigénio do organismo, enquanto que a segunda fase, componente lenta, destina-se a
metabolizar o lactato produzido durante a glicólise anaeróbia assim como os processos
de reposição da temperatura corporal para o estado normal pós exercício (Córdova &
Navas, 2000, p. 69). Mas, de acordo com Robergs & Roberts (2002, p.126), outros
.
factores podem ser apontados para o elevado V O2 pós exercício como o efeito do
aumento da concentração de catecolaminas, re-oxigenação do sangue venoso e
metabolismo de proteínas musculares.
Consumo de O 2
Exigência de O2
Défice de O 2
Consumo
constante de O2
Excesso de consumo
de O 2 pós exercício
C onsumo de O 2
e m repouso
Início do exe rcício
Fim do exercício
Fim da r ecuperaç ão
Tempo
Figura 1. Representação gráfica do défice de oxigénio originado no início do exercício, do excesso de
consumo de oxigénio pós exercício (zonas escuras) e do consumo de oxigénio durante o exercício.
Adaptado de Wilmore & Costill (1998, p. 108).
No entanto, de acordo com Reis (1997, p. 25), o método de consumo de
oxigénio pós exercício foi desacreditado por Medbø & Tabata (1989, p. 1881). Deste
15
modo, pelo facto do excesso de consumo de oxigénio pós exercício não resultar
exclusivamente da produção de EnAna durante o exercício, o método caiu em desuso.
2.3.2. Défice de oxigénio acumulado
De acordo com Åstrand & Rodahl (1980, p. 25), a partir do momento em que se
.
alcança o VO2máx não existe mais aumento no consumo de oxigénio. Assim, se a
.
solicitação energética for superior ao VO2máx, o défice será coberto a partir de
processos anaeróbios (Åstrand, 1996, p. 10). Deste modo, pela necessidade de oxigénio,
para produzir energia, que não foi suprida se alcança um défice quantificável. Segundo
Medbø et al. (1988, p. 51), o DefO2Ac é o resultado da estimativa em energia total
.
requerida para um determinado esforço e a subtracção do V O2 efectivamente consumido
(medição indirecta da energia). Segundo ainda Medbø et al. (1988, p. 50), este
parâmetro fisiológico pode ser utilizado para quantificar a capacidade anaeróbia. Manso
et al. (1996, p. 289, 291), apesar de considerar o método de DefO2Ac complexo,
considera-o o melhor teste para avaliar a capacidade anaeróbia de um indivíduo.
O défice máximo de oxigénio acumulado calcula-se através da diferença entre a
necessidade total de oxigénio e o consumo total do mesmo. Segundo Andrivet et al.
.
(1995, p. 90), numa determinação directa do V O2, o princípio básico é o aumento linear
.
do VO2, em função da potência desenvolvida durante o exercício até um valor máximo.
.
Tendo em conta esta linearidade na relação V O2 e intensidade, identificam-se assim 2
passos essenciais para a quantificação do DefO2Ac. De acordo com Medbø et al. (1988,
.
p. 52), os dados quantificados de V O2 a partir de cargas de esforço de exercícios sub.
máximos (inferiores ao VO2máx) são ajustados numa regressão linear; essa linha é
extrapolada para o custo de oxigénio estimado para a carga de trabalho num teste supramáximo (TSupMáx); quando o oxigénio é medido durante o exercício supra-máximo, a
diferença entre a integração do custo de oxigénio estimado e medido representa o
DefO2Ac. A ilustração gráfica do método proposto por Medbø et al. (1988, p. 52) pode
ser observada na Figura 2. A medida daqui resultante é apresentada em ml eqO2/kg já
que a quantificação é realizada de forma indirecta.
16
Figura 2. Forma ilustrativa do método do défice de oxigénio acumulado. O gráfico A representa a
linearidade alcançada num teste sub-máximo, com a respectiva extrapolação para o teste supra-máximo
(linha horizontal superior), e a gráfico B representa a evolução de solicitação do consumo de oxigénio e
do respectivo défice originado durante o teste supra-máximo. De Medbø et al. (1988, p. 52).
Mais tarde, Hill et al. (1998, p. 114), propuseram outro método alternativo para
determinar o DefO2Ac. Como se frisou anteriormente, a quantificação do DefO2Ac
consiste no cálculo a partir de uma recta de regressão com o consumo de oxigénio,
verificado durante um teste sub-máximo (TSubMáx), e a velocidade aferida no teste, e a
realização de um TSupMáx. No entanto, segundo este novo método de Hill et al. (1998,
p. 114), para se quantificar o DefO2Ac o atleta não tem necessidade de realizar o
TSubMáx. A quantificação realiza-se usando uma regressão não linear através da
seguinte equação: DefO2Ac = (solicitação de O2 x velocidade x tempo) - défice de
oxigénio. No entanto, não foram encontrados outros autores que utilizassem este
método para quantificar o DefO2Ac.
2.3.2.1. Valores de referência do défice de oxigénio acumulado
De acordo com Medbø et al. (1988, p. 52) o DefO2Ac significa o nível de
capacidade anaeróbia. Segundo Sleivert (2000b, p. 12), os atletas de resistência
possuem um DefO2Ac 20 a 30% mais elevado do que os atletas destreinados, apontando
valores de 42.7 ml eqO2/kg para mulheres destreinadas, 64.6 ml eqO2/kg para
corredores de resistência e 85.7 ml eqO2/kg para corredores de velocidade. Scott et al.
(1991, p. 620) registaram 56.9 ml eqO2/kg em atletas de fundo (70.9 ml/kg/min
.
.
VO2máx), 74.2 ml eqO2/kg em atletas de meio-fundo (66.5 ml/kg/min VO2máx) e 78.3
.
ml eqO2/kg em atletas de velocidade (59.7 ml/kg/min V O2máx). Os dados
17
anteriormente citados, assim como outros dados encontrados em estudos de vários
autores, são apresentados no Quadro 3.
Quadro 3. Valores de referência de défice de oxigénio acumulado, consoante o consumo máximo de
oxigénio dos diferentes atletas.
.
VO2máx
DefO2Ac
(ml eqO2/kg)
(ml/kg/min)
Corredores de
velocidade
85.7
---
Sleivert (2000b, p.12)
Atletas de velocidade
78.3
59.7
Scott et al. (1991, p. 620)
Atletas de meio fundo
74.2
66.5
Scott et al. (1991, p. 620)
Corredores de
resistência
64.6
---
Sleivert (2000b, p.12)
Quatrocentistas de nível
nacional*
60.75
62.9
Reis et al. (2004, p. 80)
Atletas de fundo
56.9
70.9
Scott et al. (1991, p. 620)
Atletas
48.8
67.0
Spencer & Gastin (2001, p. 159)
45.9 a 48.7
56.8
Finn et al. (2003, p. 158)
---
48.1
60.1
Bickham & Le Rossignol (2004,
p. 44)
Corredores de meiofundo
45.0
64.8
Craig & Morgan (1998, p. 33)
Corredoras 400 e
1500m
44
52.1
Hill & Rowell (1996, p.384)
Atletas femininas
(9’36” e 4’28”)
40.1
63.2
Billat et al. (1996, p. 1052)
42.7
---
Sleivert (2000b, p.12)
33.1
61.2
Demarle et al. (2001, p. 951)
Atletas
Atletas masculinos
Corredoras femininas
destreinadas
Atletas corredores de
meio-fundo
Referências
*dados referentes à distância de 400 metros
2.3.2.2. Contribuição relativa de energia anaeróbia e aeróbia em testes supra-máximos
As opiniões dos autores não são muito divergentes quanto à solicitação
energética a partir da utilização do método do DefO2Ac. De acordo com Scott et al.
(1991, p. 621), a percentagem da contribuição da energia aeróbia (EnAer) e EnAna em
fundistas no teste supra-máximo é de 70% de EnAer e 30% de EnAna, em meiofundistas de 63% de EnAer e 37% de EnAna e em velocistas de 61% de EnAer e 39%
18
de EnAna. Também Gastin (2001, p. 736), refere que um esforço máximo realizado
durante 2 min representa uma fracção de EnAer de 63% e de EnAna de 37%. Spencer &
.
Gastin (2001, p. 159), afirmam que um esforço realizado a 113% da vVO2máx, com a
duração de 1.53 min, tem a contribuição de 66% de EnAer e 34% de EnAna. Também
Bickham & Le Rossignol (2004, p. 44) apresentam valores idênticos com uma
solicitação de 65% de EnAer e 35% de EnAna num teste realizado a 110% da
.
vVO2máx, com a duração de 2.15 min. Medbø & Tabata (1989, p. 1881) encontraram
valores de 65% de EnAer e 35% de EnAna em esforço máximo de 2 min. Craig &
Morgan (1998, p. 33) foram os únicos autores encontrados que apresentaram valores
abaixo do intervalo de 70% de EnAer e 30% de EnAna em que referem cerca de 73% de
EnAer e 27% de EnAna num teste com a duração de 2.27 min, em esforço máximo a
.
112% vV O2.
Quadro 4. Valores de referência de solicitação aeróbia e anaeróbia no teste supra-máximo, consoante a
intensidade e a duração dos testes.
Anaeróbio
(%)
Aeróbio
(%)
Intensidade
.
(%vV O2máx)
Duração
(min)
Referências
39****
61
---
---
Scott et al. (1991, p. 621)
37
63
---
2.00
Gastin (2001, p. 736)
37***
63
---
---
Scott et al. (1991, p. 621)
35
65
---
2.00
Medbø & Tabata (1989, p. 1881)
35
65
110
2.15
Bickham & Le Rossignol (2004, p. 44)
34
66
113
1.53
Spencer & Gastin (2001, p. 159)
30**
70
---
---
Scott et al. (1991, p. 621)
2.27
Craig & Morgan (1998, p. 33)
27
73
112
*citado por Scott et al. (1991, p. 621)
**fundistas
***meio-fundistas
****velocistas
2.4. Protocolos para avaliar a resistência
Existem várias formas de controlo do rendimento em desportos de resistência.
Este pode realizar-se de forma indirecta ou através de parâmetros ventilatórios e/ou
bioquímicos (directa). No entanto, tendo em conta que o nosso estudo irá incidir apenas
nos parâmetros ventilatórios, iremos centralizar a pesquisa bibliográfica apenas nos
protocolos de avaliação directa que permitam quantificar esses mesmos parâmetros.
19
Segundo Denadai (1999, p. 15), baseando-se no princípio da especificidade, as
avaliações, principalmente em indivíduos altamente treinados, deverão ser realizadas, se
possível, em testes de terreno que mais se aproximem do movimento utilizado pelo
indivíduo durante os treinos ou competições. Os protocolos para quantificar os vários
parâmetros ligados ao rendimento na resistência a seguir mencionados serão, sempre
que possível, exemplos de protocolos realizados no terreno, já que neste trabalho se
pretende realizar uma recolha de dados em pista e não em laboratório.
2.4.1. Protocolos para determinar o consumo máximo de oxigénio
.
O V O2 pode ser medido de forma directa ou indirecta. No entanto, é lógico
pensar-se que a forma directa tem maior rigor que a indirecta. Para quantificar o
.
VO2máx de forma directa existem protocolos contínuos e descontínuos. Normalmente
nos protocolos contínuos os patamares têm geralmente menor duração Sleivert (2000, p.
5).
Medbø et al. (1988, p. 50) propõem 10 patamares para que se possa verificar
.
uma maior correlação entre o V O2 e a intensidade. No entanto, posteriormente, alguns
propuseram menor quantidade de patamares, como Buck & McNaughton (1999, p. 32)
uma vez que verificaram que reduzindo o número de pontos da regressão resultava
ainda um coeficiente de determinação de 0.99.
.
Para quantificar o valor do V O2 de cada patamar, Blondel et al. (2001, p. 28),
Reis et al. (2004, p. 78), Hill & Rowell (1996, p. 384) e Perrey et al. (2002, p. 299),
propuseram achar a média do consumo de oxigénio do último minuto do teste. Para
.
quantificar o VO2 Cárter et al. (2000, p. 1745) utilizaram a média do consumo de
oxigénio dos últimos 30 s dos patamares enquanto que Collins et al. (2000, p. 85)
defendem a utilização do valor mais elevado do consumo de oxigénio do último minuto
do teste.
Para a marcação do andamento num teste de 2 minutos, Kachouri et al. (1996, p.
485) utilizaram marcas de 50 em 50 metros. Blondel et al. (2001, p. 28), para controlar
o ritmo de um teste de 4 minutos, utilizaram marcas de 25 em 25 metros. Para a
realização de um estudo em que os atletas tinham que correr durante 6 minutos, Kuipers
et al. (2003, p. 488) usaram marcas de 200 em 200 metros.
20
2.4.1.1. Protocolos contínuos
Os testes contínuos têm quase sempre a duração de 1 a 3 min em cada patamar e
incrementos de 1ou 2 km/h. A duração do teste pode ter cerca de 15 a 20 min (Billat et
al., 2003b, p. 10). Os autores mais à frente citados defendem que as velocidades do
.
primeiro patamar sejam de 40 a 50% do VO2máx. Assim, podemos encontrar testes que
iniciam a 8k/h (Millet et al., 2003, p. 1353), 10km/h (Pichon et al., 2002, p. 591, e
Kuipers et al., 2003, p. 48), 12km/h (Billat et al., 2003b, p. 10) e 14km/h (Hanon et al.,
2002, p. 63). Quanto à duração e evolução dos patamares, Millet et al. (2003, p. 1353)
propõem incrementos de 0.5 km/h em cada 1 min, Pichon et al. (2002, p. 591) e Bernard
et al. (2000, p. 465) sugerem incrementos de 1km/h com patamares de 1 min, Billat et
al. (2003b, p. 10) propõem incrementos de 1 km/h em cada 2 min e Hannon et al.
(2002, p. 63) propõem incrementos de 2 km cada 3 min. O incremento da velocidade
continuará durante todo o teste até o testado alcançar a exaustão.
2.4.1.2. Protocolos descontínuos
Quanto aos testes descontínuos Andrivet et al. (1995, p. 90), alvitram o seguinte
.
protocolo para se alcançar o VO2máx: o sujeito tem que realizar esforços crescentes; o
tempo de duração de cada patamar deve ser de 3 a 4 min, separados por 1 min de
repouso; a intensidade dos patamares poderá iniciar por 10 km/h e terminar em 16 km/h,
sendo o incremento entre cada patamar de 2 km/h (10 km/h, 12 km/h, 14 km/h, etc.). No
entanto, para Billat et al. (2003a, p. 299), este incremento deverá ser de apenas 1km/h.
Para Carter et al. (2000, p. 1745), os patamares podem ter a duração de 4 min, com
velocidade de início de 8 km/h e um incremento de 1 km/h para atletas femininas com
intervalos entre cada patamar de 10 a 15 s. Hill & Rowell (1997, p. 114) propõem
patamares de 5 min de esforço com 5 min de repouso, enquanto que Reis (1997, p. 84)
sugere um teste descontínuo, com 5 a 6 patamares, com duração de 5 min cada sendo o
incremento entre cada um de 10% da velocidade. Os intervalos entre cada patamar (que
.
podem ir de 2 a 8 min) devem ter a duração que permita que o VO2 seja mais 2
ml/kg/min que o início do primeiro patamar (Reis, 1997, p. 84). Spencer & Gastin
(2001, p. 158) utilizaram, num estudo, 5 a 6 patamares de 6 min com 5 a 9 min de pausa
e com incremento de 1 km/h em cada patamar. Russel et al. (2000, p. 56) usaram
patamares com duração de 5 a 7 min com intervalos de 10 min, enquanto que Naughton
et al. (1997, p. 526) aconselham 4 a 5 patamares com duração de 6 a 8 min.
21
2.4.1.3. Critérios para considerar o carácter máximo do teste
.
De acordo com Chicharro & Muelas (1996, p. 131), um teste de VO2 deve
conter pelo menos três dos seguintes critérios para ser considerado de carácter máximo:
.
1) presença de uma estabilização na curva de VO2, de tal modo que mesmo com o
.
aumento da carga o V O2 não aumente; 2) que se alcancem valores de lactato de 8
mmol/l; 3) que o quociente de intercâmbio gasoso (R) seja maior de 1.15; 4) que seja
alcançada a frequência cardíaca máxima predita para a idade do sujeito. Billat et al.
(2003a, p. 299), defendem que o valor de R deve ser superior a 1.0 e que a frequência
cardíaca deve alcançar 90% da predita para a idade do atleta. Segundo Blondel et al.
(2001, p. 28), há também a necessidade de verificar uma subjectiva exaustão do sujeito.
.
Um dos critérios apontados é uma estabilização na curva de VO2. Para se
.
considerar que se alcançou a estabilização do VO2, Blondel et al. (2001, p. 28) e Billat
et al. (1996, p. 1050) propõem que as flutuações no último minuto do teste não excedam
2.1 ml/kg/min, ou, como propõe Shephard (1996, p. 204), a oscilação seja inferior a 2
ml/kg/min. No entanto, de acordo com dados de Billat et al. (2003a, p. 300) e Reis
(1997, p. 62), nem sempre os atletas conseguem alcançar todos os critérios descritos na
.
literatura para se considerar que se alcançou o V O2máx.
.
2.4.1.4. Aumento da robustez do modelo da correlação VO2 e intensidade
De acordo com Sleivert (2000b, p. 9), a precisão da estimativa do DefO2Ac,
.
através da regressão linear do VO2 e a velocidade do TSubMáx, é critica para
determinar a validade da medição da capacidade anaeróbia. Segundo Billat &
.
Koralsztein (1996, p. 98), alguns autores usam o V O2 em repouso para a relação linear
.
entre o VO2 e a velocidade do TSubMáx. Encontramos este procedimento em estudos
realizados por Koppo & Bouckaert (2002, p. 264), Russel et al. (2000, p. 56), Scott et
al. (1991, p. 619), Blondel et al. (2001, p. 22), Reybrouck et al. (2003, p. 44), Reis et al.
(2004, p. 79), Ross et al. (2003, p. 3) e Bickham & Le Rossignol (2004, p. 42). No
entanto, de acordo com Bearden & Moffatt (2000, p. 1411), o cálculo do DefO2Ac
requer uma determinação precisa do valor do oxigénio de repouso.
.
Segundo Billat & Koralsztein (1996, p. 98), entre os autores que usam o VO2 de
.
repouso para tornar a correlação V O2 e intensidade mais robusta, uns utilizam o valor
padrão de metabolismo basal de 3.5 ml/kg/min (1 MET) enquanto que outros, como di
.
Prampero (1986), utilizam o valor real do VO2 em repouso. Nos autores que utilizaram
22
um valor fixo não se encontrou nenhum que utilizasse o valor de 3.5 ml/kg/min (1
MET). O que provavelmente se deve ao facto do atleta, no momento da realização do
teste, estar acima do seu estado de metabolismo basal. Presumivelmente por este facto
alguns autores utilizaram o valor de repouso. Com este método encontraram-se valores
de 5.1 ml/kg/min (Medbø et al., 1988, p. 59), 5.0 ml/kg/min (Scott et al., 1991, p. 619 e
Blondel et al. 2001, p. 22). Nos autores que utilizaram o valor real medido antes do
teste encontrou-se 5.9 ml/kg/min (Koppo & Bouckaert, 2002, p. 264) e 6 ml/kg/min
(Reybrouck et al., 2003, p. 44, representando a média dos últimos 3 min antes do início
do teste). Segundo Ross et al. (2003, p. 3), o valor de repouso deverá ser a média dos 2
min antes do teste, no entanto, de acordo com Koppo & Bouckaert (2002, p. 263), o
.
valor do V O2 basal deverá ser definido através da média dos últimos 100 e 40 s antes do
teste.
.
2.4.1.5. Linearidade da correlação VO2 e intensidade
A quantificação do DefO2Ac exige precisão nos procedimentos utilizados. Um
dos procedimentos originalmente utilizados por Medbø et al. (1988, p. 50) é a obtenção
.
da equação da recta a partir da regressão linear V O2 e intensidade. Em vários estudos
.
que determinaram a linearidade V O2 e intensidade, foram encontrados valores de R2
bastante elevados: 0.988 (Sleivert, 2000b, p. 9); 0.994 (Aisbett & Le Rossignol, 2003, p.
346); 0.995 (Craig & Morgan, 1998, p. 33); 0.996 (Buck & McNaughton, 1999, p. 32);
0.997 (Medbø et al., 1988, p. 50); 0.998 (Tabata et al., 1996, p. 1328); 0.998 (Reis et
al., 2004, p. 79; Green & Dawson, 1996, p. 318; Russel et al., 2002, p. 26 e Russel et
al., 2000, p. 57).
.
2.4.1.6. Metodologia para quantificar a velocidade associado ao VO2máx
De acordo com Almarwaey et al. (2003, p. 482) e Reis (1997, p. 64), a
.
velocidade que corresponde ao V O2máx é estimada através da extrapolação da equação
.
da regressão da recta alusiva à relação V O2 e velocidade do TSubMáx. Segundo estes
.
autores, utilizando os valores da equação podemos achar o valor referente à vVO2máx.
Como propõe Reis (1997, p. 64), para quantificar a velocidade que corresponde ao
.
.
.
VO2máx devem ser realizadas as seguintes operações: vVO2 = (VO2máx –VCEqR) /
.
.
O2EqR, em que V O2máx é o valor do V O2 em ml/kg/min alcançado pelo atleta no
23
TSubMáx, VCEqR é o valor referente ao segundo membro da fórmula apresentada na
equação do gráfico da regressão da recta e O2EqR referente ao primeiro membro da
mesma equação. Para quantificar a velocidade de cada patamar deve ser dividida a
distância pelo tempo em segundos e o resultado pode ser expresso em m/s, minutos/km
e km/h.
2.4.2. Protocolos para determinar o nível de capacidade anaeróbia através do
défice de oxigénio acumulado
De acordo com Medbø et al. (1988, p. 50), Tabata et al. (1996, p. 1328), Manso
et al. (1996, p. 291), e Reis (1997, p. 44), para se determinar o DefO2Ac é preciso
.
realizar uma prova de cargas sub-máximas (inferior à vV O2máx) e uma prova de
.
esforço com intensidade supra-máxima (superior à vVO2máx).
A duração do TSupMáx proposta por vários autores (Medbø et al., 1988, p. 50;
Tabata et al., 1997, p. 391; Robergs & Roberts, 2002, p. 280; Scott et al., 1991, p. 618;
Manso et al., 1996, p. 291; Sleivert, 2000b, p. 10) é de 2 a 3 min a velocidade constante.
Quanto à intensidade para a realização do TSupMáx os autores são unânimes de
.
que a mesma deve ser superior à vV O2máx. No entanto, diferem nas intensidades
propostas para a realização do teste. Para Tabata et al. (1997, p. 391), a intensidade
escolhida deve estar de acordo com a capacidade individual. Scott et al., (1991, p. 618),
.
num estudo realizado com velocistas, utilizaram a intensidade de 140% da vV O2máx;
.
Weber & Schneider (2002, p. 1795) utilizaram a intensidade de 120% da vVO2máx com
homens e mulheres destreinadas; Sleivert (2000b, p. 10) aconselha a utilização de 115%
.
da vV O2máx; Russel et al. (2002, p. 26), Billat et al. (1996, p. 1049), Buck &
.
McNaughton (1999, p. 29), utilizaram 110% da vV O2máx. No entanto, Weber &
Schneider (2001, p. 1056), consideram que quando realizado em condições standard a
determinação do DefO2Ac é altamente reprodutível a ambas as velocidades (110 e
.
120%vVO2máx) em atletas destreinados e em ambos os sexos. Também Sleivert
(2000b, p. 10) afirma que há evidências recentes que não existem diferenças
significativas na quantificação do DefO2Ac quando se comparam protocolos entre 110 e
.
125% da vV O2máx. Deste modo, verifica-se que as velocidades podem oscilar entre
.
110 e 140% da vV O2máx, provavelmente consoante a capacidade do indivíduo e o seu
perfil anaeróbio.
24
.
Para quantificar VO2 médio consumido durante o TSupMáx deve ser achada a
média de todo o teste (Reis (1997, p. 64).
2.4.2.1. Metodologia para quantificar a solicitação energética através do DefO2Ac
De acordo com Medbø et al. (1988, p. 51) e Robergs & Roberts (2002, p. 279), o
DefO2Ac é a estimativa da energia total exigida pelo exercício através do cálculo do
.
.
VO2 predito requerido para a intensidade e subtraindo desse valor o VO2 medido no
TSupMáx. Para quantificar o DefO2Ac Reis (1997, p. 105) e Medbø et al. (1988, p. 51)
propõem que se quantifique o consumo energético do TSupMáx (em equivalentes de
.
oxigénio já que é uma medida indirecta) e o volume de oxigénio acumulado (V O2Ac).
.
Patra tal deve ser resolvida a seguinte equação: CeTSupMáx = O2EqR x %vVO2 +
VCEqR, em que O2EqR e VCEqR são valores que estão presentes na equação obtida a
partir da recta da regressão resultante dos dados do TSubMáx. Para obter o valor de
.
.
VO2Ac durante o TSupMáx (VO2AcTSupMáx) Reis (1997, p. 105) e Medbø et al.
.
.
(1988, p. 51) propõem a seguinte equação: V O2AcTSupMáx = MV O2TSupMáx x
.
DurTSupMáx, em que MVO2TSupMáx é igual à média de oxigénio consumido durante
o TSupMáx e a DurTSupMáx é igual à duração do TsupMáx (minutos em valores
decimais). Os autores anteriormente citados propõem um último passo para se calcular o
DefO2Ac através da seguinte equação: DefO2Ac = CeTSupMáx – VO2AcTSupMáx, em
que CeTSupMáx é igual ao consumo energético do TSupMáx e o VO2AcTSupMáx é
igual ao VO2Ac durante o TSupMáx. Para o cálculo da percentagem da solicitação
energética durante a prova, Reis (1997, p. 105) propõe a seguinte equação:
.
%AerTSupMáx = VO2Ac/CeTSupMáx, em que %AerTSupMáx é referente à
percentagem aeróbia do TSupMáx e CeTSupMáx referente ao consumo energético do
TSupMáx. Para quantificar a percentagem da EnAna do TSupMáx (%AnaTSupMáx) os
autores anteriormente citados propõem a seguinte equação: %AnaTSupMáx =
DefO2Ac/CeTSupMáx.
.
2.4.3. Referências para protocolar a quantificação o V O2 e a solicitação energética
durante o TI
Como já anteriormente se frisou, este estudo pretende clarificar quais as
.
percentagens de solicitação do V O2max e qual o regime energético preponderantemente
25
solicitadas pelo TI tomando por base as repetições de 400 metros. Na bibliografia
.
consultada não se encontraram protocolos para quantificar o VO2 e a solicitação
energética durante as sessões de TI400m. No entanto, foram pesquisadas referências
que pudessem ser úteis na elaboração de um protocolo como seja: o local da realização
das sessões; o controlo do ritmo nas sessões de treino e o intervalo entre as sessões.
Além destas referências, foram também encontradas alusões que consideram os
parâmetros referentes à carga de treino mais comummente utilizados nas sessões de
TI400m. No entanto, estas serão apresentadas na secção 2.6. (referente à temática do
treino intervalado) na página 28.
Quanto ao local de realização das avaliações, segundo Denadai (1999, p. 15),
tendo em conta o princípio da especificidade, principalmente em indivíduos altamente
treinados, as mesmas deverão ser efectuadas com testes de terreno que mais se
aproximem do movimento utilizado pelo indivíduo durante os treinos ou competições.
No que concerne ao andamento a utilizar durante a realização de uma recolha de
dados, sabemos que quanto mais próximo dos ritmos previamente estabelecidos se
realizarem as sessões de treino menor serão as fontes de erro relativas ao teste. Para a
realização de um estudo com atletas, Dupont et al. (2003, p. 292) usaram marcas de 25
em 25 metros para controlar o ritmo de um esforço com 2 minutos de duração enquanto
que Kachouri et al. (1996, p. 485) e Billat et al. (2000, p. 189) utilizaram marcas de 50
em 50 metros. Zavorsky et al. (1998, p. 225) utilizaram, para controlar o ritmo de
repetições de 400 metros com atletas experientes, marcas de 200 em 200 metros.
Segundo Chicharro & Muelas (1996, p. 147), depois de um esforço de 2 horas
.
realizado a 70% da vVO2máx, com uma adequada ingestão de hidratos de carbono,
bastam 24 horas para poder recuperar as reservas de glicogénio hepático. Para Manso
(1999, p. 338), a re-síntesse do glicogénio muscular e hepático pode demorar 12 a 48
horas. Meléndez (1995, p. 149), defende que, após uma sessão intensa de TI, 48 horas
de intermédio de trabalho moderado podem ser suficientes para permitir uma boa
recuperação. Também Weyand et al. (1999, p. 2060), Weber & Schneider (2001, p.
1057) e Pompeu (2004, p. 82), propõem que os testes devem ter um intervalo mínimo
de 48 horas de modo a repor as reservas de glicogénio e possíveis efeitos da
desidratação.
26
2.5. Validade do Cosmed K4b2
Podem encontrar-se vários estudos realizados com o analisador de gases Cosmed
K4b2. Entre os investigadores, que o utilizaram em estudos com atletas, pudemos
encontrar nomes como Billat et al. (2000, p. 189, 2002, p. 337, 2003a, p. 299), Dupont
et al. (2002, p. 107), Demarle et al. (2001, p. 948), Millet et al. (2003, p. 413), Heugas
et al. (2001, p. 1), etc. Este facto, por si só, atesta bem da credibilidade que o
equipamento possa ter. No entanto, para uma validação mais efectiva, McLaughin et al.
(2001, p. 283), Doyon et al. (2001, p. 1), Pinnington et al. (2001, p. 324) e, mais
recentemente, por Duffield et al. (2004, p. 11), realizaram testes com o Cosmed K4b2
considerando-o válido para a medição de parâmetros ventilatórios.
2.5.1. Limitação do método breath by breath para recolha dos dados referentes aos
parâmetros ventilatórios
Neste trabalho fez-se a recolha dos parâmetros ventilatórios pelo analisador de
gases Cosmed K4b2 é realizada respiração (do inglês, breath by breath). Quer isto dizer
que os gases são medidos pelo analisador a cada respiração do atleta. Por esse facto, os
dados daí recolhidos são apresentados no software do aparelho e do computador tal
como são recolhidos pelo holter, ou seja, pelo tempo que demora cada respiração. No
entanto, estes dados, obtidos a partir do método breath by breath, nem sempre
representam valores reais já que uma inspiração ou expiração mais profunda, ou
forçada, pode apresentar dados anormais. Existe então a necessidade, tal como
aconselha Medbø et al. (1988, p. 57), recolhecer e expurgar os dados aberrantes e filtrar
os restantes através de médias, de acordo com a finalidade de cada recolha de dados, de
modo a torná-los mais consistentes.
2.5.1.1. Médias para tratamento dos dados dos parâmetros ventilatórios
Alguns autores têm proposto diferentes médias para a filtragem dos dados
referente às recolhas do TSubMáx. Aisbett & Rossignol (2003, p. 344), propõem a
média de 20 s para a filtragem dos dados enquanto que Robergs & Burnett (2003, p.
55), Dupont et al. (2003, p. 107), Vuorimaa et al. (2000, p. 97) e Blondel et al. (2001,
p.28) defendem a utilização de 15 s como média. Arena et al. (2003, p. 3) e Reis et al.
(2004, p78) utilizaram em estudos médias de 10 s.
27
Para a filtragem dos dados do TSupMáx Heubert et al. (2003, p. 221) e Reis
(comunicação pessoal) defendem a utilização de médias de 5 s.
Pesquisaram-se opiniões referentes ao tratamento das médias dos dados dos
treinos intervalados com velocidades idênticas às que realizámos, ou seja, superior à
.
vVO2máx. Billat et al. (2001, p. 203) e Dupont et al. (2002, p. 107) utilizaram médias
.
de 5 s em estudos sobre TI realizados desde 70 a 110% da vVO2máx e desde 110 a
.
140% da vV O2máx respectivamente. Vuorimaa et al. (2000, p. 97) utilizaram médias de
.
15 s em estudos sobre TI realizados à intensidade de 100% da vVO2máx.
2.6. Treino intervalado
O método de treino TI reside na realização de esforços intercalados com pausa,
normalmente, curtas. Podem utilizar-se intensidades elevadas (TI intensivo) ou médias
(TI extensivo). As distâncias utilizadas são várias. A partir destas podemos classificar o
TI como longo (distâncias maiores) ou como TI curto (distâncias mais curtas). No TI
são contabilizadas, para o efeito de treino, não só as pausas de trabalho mas também as
pausas de recuperação, já que, de acordo com Fox et al. (1991, p. 216), é durante as
pausas que os maiores efeitos do treino se verificam.
2.6.1. Treino intervalado extensivo longo
Este método difere do método repetitivo ou de competição em que as distâncias
são idênticas mas a intensidade e o intervalo diferem profundamente. O método
apresenta as seguintes características:
2.6.1.1. Quanto às distâncias
Para Pereira (1981, p. 51), as distâncias podem ir desde 1.000 metros até aos
3.000 metros e, segundo Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 152), devem ter a duração
de 2 a 25 min, sendo em média de 2 a 3 min.
2.6.1.2. Quanto à intensidade
De acordo com Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 152) a intensidade deverá
.
ser de 80 a 85% do VO2máx.
28
2.6.1.3. Quanto à pausa entre as repetições
Moniz Pereira utilizava intervalos de 6 a 3 min, só utilizando 2 min como
intervalo mínimo para Fernando Mamede (Paiva, 1995, p. 105). Mas, segundo GarciaVerdugo & Leibar (1997, p. 152), o atleta só deverá iniciar uma nova repetição quando
a frequência cardíaca estiver entre as 120 e as 140 pulsações por minuto (puls/min).
2.6.1.4. Quanto ao número das repetições
Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 152), a sessão de treino deve ir de 4 a
15 repetições ou ter a duração de 20 a 60 min.
2.6.2. Treino intervalado extensivo curto
O TI foi sistematizado pelos fisiologistas alemães, Gerschler e Reindell na
década de 50 (Manso et al., 1996, p. 333). O método sistematizado nessa época é o hoje
designado por alguns autores (Manso et al., 1996, p. 333) por TI extensivo curto. O
método apresenta as seguintes características:
2.6.2.1. Quanto às distâncias
Pode ler-se num estudo de Paiva (1995, p. 157), sobre a escola portuguesa de
meio-fundo e fundo, que as distâncias que mais comummente são utilizadas pelos
treinadores portugueses são os 200 e os 400 metros (16 respostas afirmativas em 17
inquiridos). Assim, o treino intervalado extensivo curto consiste em correr distâncias
curtas de 100, 200 ou 400 metros (Manso et al., 1996, p. 333), até 60 s de duração
(Meléndez, 1995, p. 138), ou até mesmo 90 s de duração (Garcia-Verdugo & Leibar,
1997, p. 154).
2.6.2.2. Quanto à intensidade
Para Navarro (1998, p. 112), a intensidade deve ser de 70 a 80% da velocidade
de competição, enquanto que, para Manso et al. (1996, p. 333), a intensidade deve ser
29
cerca de 75% da melhor marca da distância. Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p.
.
154), a intensidade deve ser de 85 a 100% da vVO2máx.
2.6.2.3. Quanto à pausa entre as repetições
Para Pereira (1981, p. 39), as pausas entre as repetições do TI deverão ser cada
vez mais reduzidas consoante aumenta a experiência do atleta devendo ir desde 40 a 90
s. No entanto, este treinador utilizou como intervalo mínimo entre as repetições de TI os
60 s (Paiva, 1995, p. 103). Num estudo sobre se se verificava a homogeneidade de
métodos de modo a se poder ou não validar a existência de uma escola portuguesa de
meio fundo e fundo, Paiva (1995, p. 160), recolheu dados respeitantes aos intervalos
que habitualmente os treinadores portugueses de meio-fundo utilizam no TI, sobre a
distância de 400 metros, concluindo que cerca de 67% dos mesmos utilizavam 1 min
como pausa entre as repetições.
As pausas devem ser incompletas entre as repetições. As mesmas, segundo
Meléndez (1995, p. 138), devem ser de 45 a 90 s para poder recuperar até 120-140
puls/min. Também para Pereira (1981, p. 39), os intervalos entre as repetições do TI
extensivo curto devem ir desde 40 a 90 s. No entanto, em termos práticos, este treinador
apenas utilizou como intervalo mínimo entre as repetições de TI os 60 s (Paiva, 1995, p.
103).
2.6.2.4. Quanto ao número das repetições
Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 152, 154) o total das repetições podem
ir de 15 a 20, ou a sessão ter uma duração de 30 a 45 min. Moniz Pereira utilizava, para
atletas de alta competição, de 8 a 20 repetições de 400 metros (Paiva, 1995, p. 103).
Segundo Pereira (1981, p. 40) e Paiva (1995, p. 161), o número de repetições a utilizar
nas sessões de TI deve ser sempre dependente da intensidade. Assim, quando a
intensidade aumenta a quantidade deve reduzir.
2.6.2.5. Quanto à acção durante as pausas
De acordo com Volkov (2002, p. 52), Åstrand (1996, p. 12), Andrivet et al.
(1995, p. 67) e Wilmore & Costill (1998, p. 211), o ritmo de eliminação do lactato será
30
acelerado se durante as pausas dos treinos intervalados se realizaram exercícios a 50%
.
da vVO2máx ou, segundo Fox et al. (1991, p. 37) e Chicharro & Muelas (1996, p. 147),
.
até 65% do VO2máx. Mas, além de grande parte dos autores referirem como benéfica a
pausa activa durante o intervalo das repetições, também se verificou no estudo de Paiva
(1995, p. 161) que cerca de 82% dos treinadores portugueses utilizam o trote lento
durante a pausa das repetições.
2.6.3. Treino intervalado intensivo
Na década de 60 uma outra proposta de TI foi introduzida pelo treinador
húngaro M. Igloi (Manso et al., 1996, p. 333). O método consistia no aspecto mais
intensivo do TI. Nesta vertente do método, quando as distâncias são mais curtas e a
carga mais intensa podem agrupar-se as repetições em séries (Navarro, 1998, p. 110).
Desta forma, segundo o mesmo autor, o intervalo entre as séries é superior afim de
retardar o cansaço. O método apresenta as seguintes características:
2.6.3.1. Quanto às distâncias
Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 155), devem ser distâncias que durem
15 a 45 s, ou seja, 150 a 300 metros.
2.6.3.2. Quanto à intensidade
De acordo com Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 156) e Weber & Schneider
(2001, p. 1056), a intensidade deve ser próxima da velocidade máxima na distância e
.
.
superior à vVO2máx, ou seja, 110 a 120% da vVO2máx, ou, segundo Martin & Coe
(1994, p. 180), entre 100 e 130%.
2.6.3.3. Quanto à pausa entre as repetições
Durante a recuperação o atleta deve alcançar 90 a 110 puls/min Garcia-Verdugo
& Leibar (1997, p. 156). Normalmente, este intervalo pode ir até 2 min.
31
2.6.3.4. Quanto ao número das repetições
Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 156), devem ser 3 a 9 repetições num
tempo de esforço entre 10 e 30 min de duração no conjunto das repetições.
2.6.4. Treino intervalado (30/30 s, 20/20 s e 10/10 s)
Os treinadores e os fisiologistas franceses introduziram ultimamente esta nova
vertente do TI. Segundo Gacon (1995, p. 35) o método apresenta as seguintes
.
características: duração curta com pausas idênticas e solicitação ao nível da vV O2máx.
2.6.4.1. Quanto às distâncias
Segundo Gacon (1995, p. 35), a duração media é de 10, 15, 20 ou 30 s.
Inclusivamente, para atletas de alto nível, as distâncias podem corresponder às
percorridas num tempo de 40 a 50 s.
2.6.4.2. Quanto à intensidade
A intensidade pode ir, de acordo com Gacon (1995, p. 35), de 95 a 105% da
.
velocidade do VO2máx.
2.6.4.3. Quanto à pausa entre as repetições
O intervalo é normalmente, igual ao tempo de esforço. Segundo Meléndez
(1995, p. 132), a pausa pode ser igual ou menor que os períodos de esforço. Mas, de
acordo com Gacon (1995, p. 35), a duração máxima do intervalo deve ser de 30 s. A
.
pausa deve ser efectuada de modo activo a cerca de 50% da vV O2máx.
2.6.4.4. Quanto ao número das repetições
De acordo com Gacon (1995, p. 35), a quantidade pode ir de 6 a 20 consoante os
tempos de duração do esforço.
32
2.7. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI
Consoante o método utilizado assim poderá ser a solicitação das diversas subcapacidades (capacidade ou potência) da resistência. Analisaremos o que os autores
defendem nos quatro métodos de treino intervalado.
2.7.1. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI extensivo longo
.
Tendo em conta que a intensidade proposta é de 80 a 85% do V O2máx (GarciaVerdugo & Leibar, 1997, p. 152), este método solicita uma zona de esforço identificada
com o LAna ou ligeiramente superior. Por este facto, de acordo com Navarro (1998, p.
107, 111), este método de treino solicita, preponderantemente, a capacidade aeróbia.
2.7.2. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI extensivo curto
Abrantes (2002, p. 25) afirma que o TI tem por objectivo desenvolver vários
tipos de resistência, tanto a potência aeróbia, como a capacidade láctica, como a
potência láctica, não especificando, contudo, qual a solicitação do TI extensivo quando
dá um exemplo de treino sobre 400 metros com intervalo de 60 s. Para Pereira (1981, p.
38), o TI melhora a capacidade de prolongar a velocidade resistência. No entanto, não
faz alusão a quais as distâncias que neste método têm maior incidência na melhoria
desta sub-capacidade física. Segundo Navarro (1998, p. 107, 113, 114) com este método
.
de treino é possível solicitar 100% do VO2, treinando-se, assim, a capacidade aeróbia e
.
o VO2. Para Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 154), este método deve incidir na zona
.
de esforço mista e próxima do V O2máx, activando, deste modo, os processos aeróbios e
anaeróbios. Também Volkov (2002, p. 25) afirma que o treino intervalado (1 min de
esforço, 1 min de pausa) solicita 75% do sistema aeróbio e 25% anaeróbio e como
.
possível de se alcançar 100% do VO2máx, sendo plausível assim de desenvolver a
potência aeróbia.
2.7.3. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI intensivo
Este método solicita, especialmente, a capacidade láctica (Navarro, 1998, p.
114). Também Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 155) preconizam que este método
solicita a tolerância láctica, aumentando, deste modo, a capacidade láctica e também o
.
.
VO2máx, já que solicita intensidades superiores à vVO2máx.
33
2.7.4. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI 30/30 s, 20/20 s e 10/10 s
Meléndez (1995, p. 132), defende que, com períodos curtos de trabalho (10 a 15
.
s), com alta intensidade, se pode alcançar o VO2máx, desde que a pausa seja igual ou
menor que os períodos de esforço. Também Gacon (1995, p. 35) sustenta que este
método de treino solicita, essencialmente, a potência aeróbia.
2.8. Estudos similares sobre avaliação da solicitação energética e ventilatória
no treino intervalado
Na revisão bibliográfica que realizámos apenas seleccionamos os estudos que
incidissem sobre distâncias de 400 metros, ou com durações idênticas em torno de 1
min até 1.20 min, e que entre as repetições tivessem pausas igualmente de 1 min até
1.20 min.
Num estudo realizado por Bergh (1982), citado por Meléndez (1995, p. 123), no
sentido de avaliar as modificações operadas a partir da alteração da pausa entre os
esforços no TI, chegou-se à seguinte conclusão: durante a sessão de treino sobre 400
metros percorridos em 70 s, com intervalo de 60 s, eram alcançados cerca de 80% do
.
.
VO2máx durante as fases de esforço; modificando a pausa para 20 s o VO2 alcançava
cerca de 100% do máximo durante as fases de esforço e nas pausas subia de 60 para
.
70%. No entanto, o autor não especifica a que percentagem da vVO2máx o atleta corria,
nem qual a percentagem de solicitação energética nas repetições.
.
Num outro estudo realizado com atletas masculinos especialistas de meio-fundo
(VO2máx de 69.4 ml/kg/min e 15.47 aos 5.000 metros), Vuorimaa et al. (2000, p. 98,
99) quantificou os esforços das repetições de uma sessão de TI de 14X1 min com
.
intervalo de 1 min, realizada à intensidade da vV O2máx durante 28 min. Os resultados
.
do estudo incidiam sobre a solicitação do VO2 das repetições, que alcançaram valores
.
.
de 88% do VO2máx, e das pausas (descanso passivo) que atingiram 40% do VO2máx.
Quando o estudo incidia apenas na quantificação ao nível energético do esforço durante
as repetições, os resultados, quantificados através do método do DefO2Ac, foram de
70.2% de solicitação da EnAer e de 29.8% da EnAna.
34
3. Metodologia
3.1. Definição do problema
Para Pereira (1981, pp. 38, 48), o TI400m, com intervalos que vão de 40 a 90 s,
melhora a capacidade de prolongar a velocidade resistência e permite treinar a
resistência orgânica. No entanto, Volkov (2002, p. 25) defende que no treino intervalado
.
com 1 min de esforço e 1 min de pausa é possível alcançar-se 100% do VO2máx
desenvolvendo assim a potência aeróbia. Navarro (1998, p. 107, 113, 114), GarciaVerdugo & Leibar (1997, p. 154) afirmam que, com este método de treino, é possível
.
.
solicitar 100% do VO2, treinando-se, assim, a capacidade aeróbia e o VO2.
Parece, assim, que a literatura disponível sobre esta temática não é elucidativa
nem concordante. No entanto, é lógico pensar que, perante diferentes intensidades, o
TI400m solicite, preponderantemente, regimes energéticos diferentes. Assim, tendo em
conta a falta de concordância dos autores sobre quais as solicitações energéticas no
TI400m, e a falta de investigações sobre esta temática, questiona-se qual será a
.
percentagem de energia aeróbia, de energia anaeróbia e do V O2máx, e qual o regime
energético solicitado durante estas sessões de TI?
3.1.1.Objectivos do estudo
O presente estudo tem por objectivo clarificar quais as solicitações energéticas
que ocorrem durante as sessões de TI400m com pausas de 70 s. Este estudo pretende
contribuir para o aumento do conhecimento sobre o método de treino intervalado o que
será uma mais valia para os treinadores de atletismo de meio-fundo e fundo.
Assim, os objectivos específicos do presente estudo são clarificar, através de
instrumentos científicos, as questões formuladas como objecto de estudo.
3.1.2. Questões em estudo
O presente estudo possibilita criar várias expectativas, quanto aos resultados do
mesmo, já que as três sessões de TI400m se realizam a várias intensidades e várias
quantidades podendo-se daqui observar várias solicitações.
35
3.1.3. Formulação das questões em estudo
O presente estudo pretende tirar conclusões sobre quais as solicitações
.
energéticas e qual a percentagem de solicitação do VO2máx durante as sessões de
.
TI400m realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da vVO2máx. Para tal
pretendemos responder às seguintes questões:
Q1 – Existem diferenças significativas na solicitação da percentagem de energia aeróbia
e anaeróbia para cada uma das intensidades do TI400m em estudo?
.
Q2 – Existem diferenças significativas na solicitação da percentagem do V O2máx para
cada uma das intensidades de TI400m em estudo?
Q3 – As sessões de TI400m realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da
.
vVO2máx, com pausas de 1.10 min, solicitam a capacidade aeróbia?
Q4 – As sessões de TI400m realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da
.
vVO2máx, com pausas de 1.10 min, solicitam a potência aeróbia?
Q5 – As sessões de TI400m realizadas à intensidade de 101, 104.5 e 108% da
.
vV O2máx, com pausas de 1.10 min, solicitam a capacidade anaeróbia?
3.1.4. Fundamentação das questões
Tendo em conta que o estudo é realizado com sessões de treino com três
intensidades diferentes, será lógico pensar que existam diferenças nas solicitações dos
diversos regimes energéticos, na percentagem de solicitação da energia e na
.
percentagem de solicitação do VO2máx durante a realização das mesmas.
3.1.5. Pertinência do estudo
A maioria dos treinadores portugueses não têm um conhecimento profundo e
justificado nem as opiniões da comunidade científica são concordantes sobre quais as
sub-capacidades da resistência (capacidade ou potência) que as sessões do TI400m
solicitam. Moniz Pereira (1981, pp. 38, 48), no seu livro Carlos Lopes e a Escola
Portuguesa de Meio Fundo, evidencia pouca consistência quando se refere à solicitação
da resistência nas sessões de TI400m. Daí pensar-se que a realização do presente estudo
tem plena justificação.
36
3.1.6. Pressupostos e limitações do estudo
O estudo apresenta as seguintes limitações: 1) foi realizado apenas com uma
atleta não podendo os resultados serem generalizados; 2) houve uma só sessão de cada
intensidade, não permitindo obter uma média dos dados de cada uma; 3) o estudo foi
realizado com uma distância (400 metros); 4) o estudo apenas foi realizado com um
intervalo (1.10 min); 5) as variáveis climatéricas não foram controladas desconhecendose a sua influência nos resultados obtidos.
Deste modo, as conclusões deste estudo referem-se a um caso particular, para a
distância e intervalo em estudo, não podendo, deste modo, serem generalizadas.
3.2. Caracterização do sujeito
O sujeito em estudo é do sexo feminino, é atleta de meio-fundo de nível
nacional, especialista de 3.000 e 5.000 m, e realiza habitualmente TI400m. O Quadro 5
apresenta as características da atleta em estudo.
Quadro 5. Características físicas e de rendimento do sujeito em estudo.
Peso
(kg)
52
Altura
(m)
1.73
M. G.
(%)
12
Idade
(anos)
23
Rec. Pessoal
3.000/5.000 m
9’46” – 16’47”
Rec. da época
3.000/5.000 m
9’48” – 16’47”
C. Nac.* de
Corta-mato
10ª Class.**
* Campeonato Nacional
** Classificada
3.3. Definição das variáveis
A realização do presente estudo implicará a utilização de diversas variáveis
dependentes e independentes. Deste modo, para melhor identificação, foram criadas
abreviaturas das mesmas e apresentadas no Quadro 6 e no Quadro 7.
3.3.1. Variáveis dependentes
As variáveis dependentes, apresentadas no Quadro 6, foram utilizadas para
descrever e tratar os dados referentes às respostas do sujeito em estudo aos vários testes
e às sessões de treino.
37
Quadro 6. Relação das variáveis dependentes que fazem parte do estudo.
Variável
Descrição da variável
%AerTI
Percentagem da energia aeróbia no TI
%AerTSupMáx
Percentagem da EnAer no TsupMáx
%AnaTI
Percentagem da energia anaeróbia no TI
%AnaTSupMáx
Percentagem da EnAna no TsupMáx
%V O2máx
Percentagem do consumo máximo de oxigénio.
CeTI
Consumo energético do TI
CeTSupMáx
Consumo energético do teste supra-máximo
DefO2AcTSupMáx
Défice de oxigénio acumulado durante o TSupMáx
DurTSupMáx
Duração do TsupMáx
MV O2TSupMáx
Média de oxigénio consumido durante o TSupMáx
VO2Ac
.
VO2AcTSupMáx
.
VO2máx
Consumo de oxigénio acumulado.
Consumo máximo de oxigénio num minuto.
vTSupMáx
Velocidade do TSupMáx.
.
.
.
Consumo de oxigénio acumulado durante o TSupMáx.
3.3.2. Variáveis independentes
As variáveis independentes, apresentadas no Quadro 7, foram utilizadas para
descrever os dados referentes ao estudo, no que respeita às intensidades com que
queremos trabalhar.
Quadro 7. Relação das variáveis independentes que fazem parte do presente estudo.
.
Variável
.
Descrição da variável
vV O2máx
Velocidade associada ao V O2máx
101%vV O2
101% da velocidade em que se alcança o V O2máx
104.5%vV O2
104.5% da velocidade em que se alcança o V O2máx
108%vV O2
108% da velocidade em que se alcança o V O2máx
111%vV O2máx
111% da velocidade em que se alcança o V O2máx
.
.
.
.
.
.
.
.
3.4. Instrumentos
Como meio de medição dos parâmetros ventilatórios foi utilizado um analisador
de gases portátil Cosmed K4b2 (Cosmed, Sarl. - Italy). Este sistema de análise de gases
.
.
.
permite medir vários parâmetros ventilatórios das trocas gasosas (V E, V O2 e V CO2) a
cada ciclo respiratório (respiração a respiração, do inglês breath by breath), assim como
a frequência cardíaca, a temperatura ambiente, o tempo de realização dos teste e a
38
.
.
.
humidade relativa do ar. A partir da medição do VE, do VO2 e do VCO2 o equipamento
.
.
.
.
.
permite quantificar outros parâmetros como o V E/V CO2, V E/V O2, V O2/FC e o
.
VO2/kg/minuto. O equipamento, que é de utilização móvel e pesa 550 g, faz parte de
um conjunto que inclui uma máscara, uma unidade portátil (holter) e um emissor e
receptor de sinal de telemetria que permite ligar-se a um computador. Por este facto os
dados podem ser visualizados num computador em tempo real, a partir do software
fornecido com o equipamento, podendo ser aos mesmos registados na unidade portátil
ou no computador.
Foram também utilizados um computador pessoal portátil Toshiba Satélite 2450
e o software Versão 7.4b referente ao analisador de gases Cosmed K4b2 para tratamento
dos parâmetros ventilatórios. Este software permite o tratamento dos dados recolhidos,
nomeadamente a filtragem das médias de medição dos parâmetros ventilatórios, editar,
apagar e alterar valores aberrantes do teste, a quantificação de LAnaVent e a realização
de gráficos. Este programa permite exportar os dados para uma folha do Excel.
Para tratamento dos dados referentes aos testes e às sessões de TI400m, foi
também utilizado o Excel (Microsoft Office) versão 2003. Este software permitiu a
realização de operações matemáticas simples numa folha de cálculo, assim como a
média e o desvio padrão bem como a realização dos gráficos.
Para a realização do TSubMáx, TSupMáx e a realização das sessões do TI400m
foi utilizada uma pista de atletismo ao ar livre, de tartan, com 400 metros de perímetro
e cones plásticos de 30 cm de altura para marcação das distâncias (de 50 em 50 metros
ou de 100 em 100 metros).
Para cronometrar os tempos do TSubMáx e TSupMáx e das sessões de TI400m,
foram utilizados 3 cronómetros: 2 de pulso, Casio Accelator 1531 Acl 200 e Timex
Ironman; 1 de mão, Casio HS-30W. Todos os cronómetros tinham contagem regressiva,
memorização dos tempos registados e contagem ao centésimo de segundo.
3.4.1. Validade dos instrumentos utilizados
Encontram-se vários trabalhos realizados por investigadores de renome com o
analisador de gases Cosmed K4b2. McLaughin et al. (2001, p. 283), Doyon et al. (2001,
p. 1), Pinnington et al. (2001, p. 324) e, mais recentemente, por Duffield et al. (2004, p.
11), realizaram testes com o Cosmed K4b2 considerando-o válido para a medição de
parâmetros ventilatórios.
39
Quanto aos restantes instrumentos utilizados estão validados por natureza já que
cumprem as funções para as quais foram utilizados.
3.5. Procedimentos
A quantificação energética das sessões do TI foi realizada através do método do
défice de oxigénio acumulado (DefO2Ac). No entanto, tendo em conta que a utilização
do método do DefO2Ac para quantificar a solicitação energética apenas é válido em
.
velocidades superiores à vV O2máx (Medbø et al., 1988, p. 52), no presente estudo só
foram quantificadas as repetições (todos as sessões de TI foram realizadas a velocidades
.
superiores à vVO2máx) já que as pausas foram realizadas a intensidades inferiores à
.
.
vVO2máx (cerca de 50 a 60% da vVO2máx). No entanto, existe um outro método que
permite avaliar esta mesma solicitação energética através de parâmetros ventilatórios
.
em que a imposição da intensidade superior à vV O2máx não existe. Por este facto, a
solicitação energética nas pausas podia ser avaliada a partir do EPOC. No entanto, este
método, conforme referenciado na literatura (Wilmore & Costill, 1998, p. 108 e Fox et
al., 1991, p. 216), não reflecte a solicitação energética operada durante a pausa mas sim
o défice de oxigénio resultante do esforço da repetição e cujo excesso de consumo de
oxigénio verifica-se após o termo do esforço, ou seja, durante a pausa. Logo, este
método não quantifica a energia produzida durante a pausa mas sim o esforço que se
realizou antes da mesma. Pela existência deste impedimento metodológico, e tendo em
conta que não encontramos nenhum procedimento para quantificar a solicitação
energética durante a pausa, optámos por quantificar apenas a taxa de energia que se
produziu durante as repetições das sessões de treino e não a que se reflectiu no conjunto
da repetição e da pausa (média). Sabemos, no entanto, que, pelo facto desta
quantificação não reflectir a solicitação energética total das sessões de treino, ou seja,
não incluir também as pausas, não cumpre um dos princípios do TI que diz que a sessão
de TI é o resultado não só das repetições mas também das pausas, já que o treino vale
pela totalidade do tempo da sessão e não só pela soma dos tempos das repetições (Fox
et al., 1991, p. 216).
.
Quanto à solicitação do VO2 durante as sessões do TI, o problema da
quantificação das pausas já não se coloca. Apesar de durante os intervalos se reflectir
mais o que se passou na repetição do que na própria pausa, é a medição da percentagem
.
do VO2 durante a totalidade da sessão de treino que interessa independentemente do
40
destino desse oxigénio ser, ou não, para pagar a “dívida” contraída durante o esforço
antecedente.
3.5.1. Desenho experimental do estudo
.
.
A atleta foi sujeita à realização de um TSubMáx, para quantificar VO2máx e a
.
vVO2máx, um TSupMáx realizado a 115% da vVO2máx, para se poder quantificar o
DefO2Ac assim como as respectivas velocidades a que se alcançaram estes parâmetros,
no sentido dos dados daí adquiridos servirem como referência para o presente estudo.
Antes de cada teste, para calibragem do analisador de gases, foi aferida a
ventilação e a medida da fracção da concentração de gás do K4b2 usando ar ambiente,
de acordo com as instruções do fabricante.
Após a realização dos testes de referência a atleta foi sujeita, em dias diferentes,
às sessões de TI400m realizadas a várias intensidades. O estudo foi realizado com a
seguinte sequência sistematizada no Quadro 8: TSubMáx; TSupMáx; TI 11X400 metros
.
.
a 101% da vV O2máx; TI 8X400 metros a 104.5% da vV O2máx e TI 5X400 metros a
.
108% da vV O2máx.
Quadro 8. Desenho experimental do estudo.
Procedimentos
Datas
14-06
16-06
18-06
21-06
25-06
Testes
TSubMáx
5 a 6X 5 a 6’ progr. 10%
TSupMáx
2 a 3’. a 115% da
vV O2máx
11XTI400m
101%
.
vV O2máx
8XTI400m
104.5%
.
vV O2máx
5XTI400m
108%
.
vV O2máx
.
VO2máx
Variáveis
.
DefO2Ac
.
% V O2máx
nas repetições
e pausa
.
% V O2máx
nas repetições
e pausa
.
% V O2máx
nas repetições e pausa
vV O2máx
Equação da
regressão da recta
CAna
% EnAer e % EnAna
nas repetições
% EnAer e % EnAna
nas repetições
% EnAer e % EnAna
nas repetições
O estudo teve a duração de 12 dias. Entre cada teste e cada sessão de treino foi
sempre respeitado um intervalo mínimo de 48 horas de acordo com o proposto por
Weyand et al. (1999, p. 2060) e Pompeu (2004, p. 82). Nos dias seguintes à realização
dos testes a atleta efectuou sempre treino normal de corrida contínua (40 a 50 min) não
realizando, no entanto, qualquer tipo de treino específico (repetições ou TI).
41
3.5.2. Protocolos utilizados
Além do protocolo para recolha de dados referentes ao estudo das sessões de
.
treino intervalado, foi realizado um teste TSubMáx para quantificar o VO2máx a
.
vVO2máx e outro a velocidade supra-máxima para quantificar DefO2Ac.
Foram utilizados um relógio com contagem regressiva e cones, para referenciar
a pista com distâncias de 50 em 50 metros, no sentido de cadenciar mais facilmente o
ritmo da atleta durante a realização do teste TSubMáx e das sessões de TI400m.
Durante a recolha de dados dos TSubMáx, TSupMáx e das sessões de treino
estudadas tomaram-se em conta os seguintes aspectos: adaptação da atleta ao analisador
de gases; medição e recolha dos parâmetros ventilatórios breath by breath (respiração a
respiração); recolha da frequência cardíaca do sujeito em estudo; recolha dos tempos de
cada repetição assim como de cada intervalo.
3.5.2.1. Protocolo do teste sub-máximo
.
.
Para quantificarmos o V O2máx e a vV O2máx utilizámos o protocolo utilizado
por Reis (1997, p. 61), Hill & Rowell (1997, p. 114), Spencer & Gastin (2001, p. 158),
onde propõem 5 a 6 patamares de 5 a 6 min de esforço, com um incremento entre cada
patamar de 10% e os intervalos entre cada patamar (que podem ir de 2 a 8 min), de
.
acordo com Reis (1997, p. 61), devem ter a duração que permita que o V O2 seja mais 2
ml/kg/min que o inicio do primeiro patamar
Neste protocolo, Reis (1997, p. 61) aconselha que a velocidade do primeiro
.
patamar seja entre 40 a 50 % da vVO2. Para quantificar esta a velocidade inicial
.
previmos a vV O2máx da atleta. Esta predição baseou-se na relação encontrada por
Péronnet et al. (2001, p. 224), Gacon (1995, p. 33), Billat et al. (1999b, p. 360) e Billat
.
& Koralsztein (1994, p. 100), entre a vV O2máx e os recordes pessoais nas distâncias de
2.000 e 3.000 metros. Para tal, calculámos a média dos recordes pessoais destas
distâncias. A velocidade média do recorde pessoal da atleta na distância de 3.000 metros
foi de 5.13 metros por segundo (m/s) e de 5.41 m/s na distância de 2.000 metros. Logo,
a média das duas distâncias foi de 5.27 m/s. Tomou-se este valor como predição para a
.
vVO2máx da atleta estudada. No entanto, após calcularmos a velocidade de 40 a 50% da
mesma, verificámos que a velocidade do primeiro patamar era muita lenta. O cálculo
realizado levou-nos a um tempo por km de 7.01 min. Este ritmo é cerca de 2 min por
quilómetro mais lento do que o que a atleta habitualmente realiza a corrida contínua
42
média nos seus treinos. Por outro lado, seguindo ainda o protocolo proposto por Reis
(1997, p. 62) em que propõe evoluções de velocidade entre cada patamar de 10%,
.
verificou-se que se o teste se iniciasse a 45% da vVO2máx e evoluísse 10% nos 5
patamares seguintes ao primeiro, a evolução somava 50%. Logo, o resultado seria 45%
.
da velocidade de início + 50% das evoluções = 95% da vVO2máx. Deste modo, não se
.
dava oportunidade a que se alcançasse os 100% da vV O2máx no 6º patamar. Tendo por
base os dois motivos apontados anteriormente, refez-se os cálculos para a velocidade do
.
primeiro patamar a 55% da velocidade prevista para alcançar o VO2máx. O resultado
destes novos valores (ritmo de 5.45 min/km) anulou os dois motivos atrás apontados
.
para a não utilização dos 45% da vVO2máx. Assim, optou-se pelo primeiro patamar a
.
iniciar-se a cerca de 55% da velocidade determinada para a vV O2máx. Os cálculos
realizados, para obtenção do ritmo de cada patamar, são apresentados no Quando 9.
A atleta foi ajudada exteriormente, durante a realização do teste, no intuito de
mais facilmente manter o ritmo de corrida pretendido. Deste modo, foi utilizado um
relógio Timex Ironman com contagem regressiva, tomando por referência os pinos
colocados na pista de 50 em 50 metros. Assim, a atleta era avisada com um sinal
sonoro, do próprio relógio, para identificar se o ritmo era o mais adequado para que a
velocidade final de cada esforço fosse o mais próximo possível do tempo previsto em
cada repetição de sessão de treino
A atleta realizou um aquecimento de cerca de 35 min, similar ao que costuma
realizar para esforços idênticos ao teste, considerado apropriado para o esforço a
realizar. Este aquecimento foi composto por 20 min de corrida contínua lenta, cerca de
10 min de mobilização geral, exercícios de flexibilidade e 4 a 5 acelerações de cerca de
100 metros percorridos a alta velocidade.
43
Quadro 9. Tempos de referência para a realização do teste do sub-máximo.
Distâncias (m) 1º Patamar
2º Patamar
3º Patamar
4º Patamar
5º Patamar 6º Patamar
50
0’17”3
0’14”6
0’12”7
0’11”2
0’10”0
0’09”0
100
0’34”5
0’29”2
0’25”3
0’22”3
0’20”0
0’18”1
150
0’51”8
0’43”8
0’38”0
0’33”5
0’30”0
0’27”1
200
0’69”0
0’58”4
0’50”6
0’44”6
0’39”9
0’36”1
250
1’26”3
1’13”0
1’03”3
0’55”8
0’49”9
0’45”2
300
1’43”5
1’27”6
1’15”9
1’07”0
0’59”9
0’54”2
350
2’00”8
1’42”2
1’28”6
1’18”1
1’09”9
1’03”3
400
2’18”0
1’56”8
1’41”2
1’29”3
1’19”9
1’12”3
1000
.
5’45”0
4’52”0
4’13”0
3’43”0
3’20”0
3’01”0
55%
65%
75%
85%
95%
105%
% vV O2máx*
*valor predito.
.
.
Após a realização do teste considerámos como o valor do VO2máx a média do
VO2 do último minuto de teste conforme proposto por Blondel et al. (2001, p. 28), Reis
et al. (2004, p. 78), Hill & Rowell (1996, p. 384) e Perrey et al. (2002, p. 299). Com
base na opinião de Billat et al. (2003a, p. 299) e Chicharro & Muelas (1996, p. 131),
.
foram tidos em conta os seguintes critérios para se considerar que o VO2máx tinha sido
.
atingido: alcançar uma estabilização do VO2; alcançar 90% da frequência cardíaca
predita pela equação 220 – a idade em anos); alcançar um valor de R igual ou superior a
1.0 e alcançar um nível de exaustão evidente. Considerámos que se alcançava a
.
estabilização do V O2, tal como propõem Blondel et al. (2001, p. 28) e Billat et al.
(1996, p. 1050), desde que as flutuações não excedessem 2.1 ml/kg/min no último
minuto de teste.
3.5.2.2. Protocolo do teste supra-máximo
Para quantificar a percentagem de solicitação de EnAna optámos pelo método do
DefO2Ac. A nossa opção tem a ver com o facto de vários autores (Medbø et al., 1988,
p. 50; Manso et al., 1996, p. 289, 291; Tabata et al., 1997, p. 391; Scott et al., 1991, p.
618 e Hill et al., 1998, p. 114) considerarem o melhor método para o efeito.
Para quantificar o DefO2Ac optámos pela duração que Medbø et al. (1988, p.
50), Tabata et al. (1997, p. 391) e Scott et al. (1991, p. 618) propõem, ou seja, 2 a 3 min
corridos a velocidade constante até a atleta alcançar a exaustão e não conseguir
continuar o ritmo anteriormente previsto. Quanto à intensidade seguimos a proposta de
44
Sleivert (2000b, p. 10), Russel et al. (2002, p. 26), Billat et al. (1996, p. 1049) e Buck &
.
McNaughton (1999, p. 29), ou seja, 110 a 115% da vVO2máx. Esta opção teve por base
a opinião de Tabata et al. (1997, p. 391) que aconselham escolher a intensidade que
mais se ajusta às capacidades da atleta. Assim, pelo facto da atleta ter como recorde
pessoal aos 800 metros 2.17 min e a intensidade de 115% prever um tempo nesta
distância de cerca de 2.19 min, pareceu-nos que esta seria a intensidade mais ajustada à
atleta.
Antes do teste a atleta realizou um aquecimento de cerca de 30 min, apropriado
para o esforço a realizar, composto por cerca de 15 min de corrida contínua lenta, cerca
de 10 min mobilização geral, exercícios de flexibilidade e 4 a 5 acelerações de cerca de
80 metros percorridos a alta velocidade. Os tempos de referência do teste, tendo por
.
base 115% da vVO2máx (5.76 m/s), são apresentados no Quadro 10.
Quadro 10. Tempos de referência para a realização do teste supra-máximo.
Dist (m)
Tempo
50
0’08”7
100
0’17”4
150
0’26”0
200
0’34”7
250
0’43”4
300
0’52”1
350
1’00”7
400
1’09”4
650
1’52”8
800
2’18”8
1000
2’53”5
De acordo com Medbø et al. (1988, p. 51) e Robergs & Roberts (2002, p. 279) o
DefO2Ac foi calculado a partir da estimativa da energia total exigida pelo exercício
.
através do cálculo do VO2 predito requerido para a intensidade e subtraindo desse valor
.
o VO2 medido no teste de intensidade supra-máxima.
3.5.2.3. Protocolo para recolha de dados para as sessões de treino intervalado
O presente estudo pretende quantificar três sessões de TI400m, a intensidades
consideradas para a atleta como baixas, médias e altas, através de parâmetros
45
ventilatórios. Esta quantificação permite-nos avaliar a solicitação energética ao nível
.
aeróbio e anaeróbio e o grau de solicitação do VO2. No entanto, na bibliografia
.
consultada não se encontraram protocolos para quantificar o VO2 e a solicitação
energética durante as sessões de TI400m. Mas, tendo por base a opinião de vários
autores (Andrivet et al., 1995, pp. 69, 67; Åstrand, 1996, p. 12 ; Chicharro & Muelas,
1996, p. 147; Denadai, 1999, p. 15; Fox et al., 1991, p. 37; Garcia-Verdugo & Leibar,
1997, p. 156; Manso, 1999, p. 338; Martin & Coe, 1994, pp. 179 e 180; Meléndez,
1995, p. 149; Mishchenko & Monogarov, 1995, p. 189; Paiva, 1995, pp. 157, 159, 160,
161, 103 e 160; Pereira, 1981, pp. 39 e 40; Pompeu, 2004, p. 82; Wilmore & Costill,
1998, pp. 109 e 211; Weber & Schneider, 2001, pp. 1056 e 1057; Weyand et al., 1999,
p. 2060; Kachouri et al., 1996, p. 485 e Volkov, 2002, p. 52) sobre o tema em questão,
elaborámos um protocolo que mais se ajustasse aos objectivos do estudo com as
fundamentações que a seguir se descrimina.
• Fundamentação do protocolo
Os dados do estudo de Paiva (1995, pp. 157, 159, 160 e 161), apresentam as
sessões-tipo de TI que os atletas portugueses habitualmente utilizam. Tentou-se, sempre
que possível, aproximar os parâmetros da carga das sessões de treino em estudo às
pausas, às intensidades, às quantidades e às distâncias mais utilizadas pela atleta em
estudo e mais comummente utilizados pelos atletas portugueses. Deste modo, o
protocolo utilizado para o presente estudo tentou reproduzir o mais fielmente as mesmas
sessões de TI400m. À falta de um protocolo validado, utilizou-se o descrito em
Protocolo para recolha dos dados do TI, na página 49, com as seguintes justificações
abaixo descriminadas.
Quanto ao intervalo:
Para Pereira (1981, p. 39), as pausas entre as repetições do TI serão cada vez
mais reduzidas consoante aumenta a experiência do atleta devendo ir desde 40 a 90 s.
No entanto, este treinador utilizou como intervalo mínimo entre as repetições de TI os
60 s (Paiva, 1995, p. 103). Num estudo sobre se se verificava a homogeneidade de
métodos de modo a poder-se ou não validar a existência de uma escola portuguesa de
meio fundo e fundo, Paiva (1995, p. 160), recolheu dados respeitantes aos intervalos
que habitualmente os treinadores portugueses de meio-fundo utilizam no TI, sobre a
46
distância de 400 metros, concluindo que cerca de 67% dos mesmos utilizavam 1 min
como pausa entre as repetições.
Estes dados indicavam que o intervalo a utilizar entre as repetições no neste
estudo fosse de 1 min. No entanto, a atleta em estudo utiliza 1.10 min de intervalo nas
suas sessões de TI400m. Assim, apesar dos dados apontados por Paiva (1995, p. 160),
optámos pelo intervalo que a atleta habitualmente usa, ou seja, 1.10 min.
Quanto à acção durante o intervalo:
De acordo com Volkov (2002, p. 52), Åstrand (1996, p. 12), Andrivet et al.
(1995, p. 67) e Wilmore & Costill (1998, p. 211), o ritmo de eliminação do lactato será
acelerado se durante as pausas dos treinos intervalados se realizaram exercícios a 50%
.
da vV O2máx ou, segundo Fox et al. (1991, p. 37) e Chicharro & Muelas (1996, p. 147),
.
até 65% do VO2máx. Mas, além de grande parte dos autores referirem como benéfica a
pausa activa durante o intervalo das repetições, também se verificou no estudo de Paiva
(1995, p. 161) que cerca de 82% dos treinadores portugueses utiliza o trote lento durante
a pausa das repetições. Por outro lado, a atleta também realiza habitualmente trote lento
durante as pausas nas suas sessões de TI400m.
.
Pelos factos anteriormente citados, utilizámos o trote lento a cerca de 50% da
vV O2máx durante as pausas do TI400m.
Quanto à distância:
Pode ler-se num estudo de Paiva (1995, p. 157), sobre a escola portuguesa de
meio-fundo e fundo, que as distâncias que mais comummente são utilizadas pelos
treinadores portugueses são os 200 e os 400 metros. Outra razão pela qual se opta pela
distância de 400 metros é o facto da atleta estudada ser especialistas de 3.000 e 5.000
metros e utilizar, preferencialmente, os 400 metros como distância de treino em
detrimento dos 200 metros.
Quanto à intensidade:
Este estudo foi realizado com sessões de treino a várias intensidades: baixa;
média e alta. De acordo com a literatura consultada, só assim será possível solicitar,
.
mais preponderantemente, a capacidade aeróbia (até 70 a 90% do V O2máx, de acordo
com Andrivet et al., 1995, p. 69; Wilmore & Costill, 1998, p. 109 e Mishchenko &
.
Monogarov, 1995, p. 189), ou a potência aeróbia (90 a 100% da vVO2máx, de acordo
47
com Andrivet et al., 1995, p. 69 e Martin & Coe, 1994, p. 179), ou a capacidade
.
anaeróbia (superior a 100% e até 130% da vVO2máx, de acordo com Garcia-Verdugo &
Leibar, 1997, p. 156; Weber & Schneider, 2001, p. 1056 e Martin & Coe, 1994, p. 180).
No entanto, tendo em conta que as repetições serão intercaladas com intervalos, as
mesmas foram realizadas a intensidades superiores à intensidade de solicitação das
referidas sub-capacidades da resistência. Conhecendo a intensidade que a atleta
habitualmente utiliza, e tendo em conta o número de repetições proposto, calculou-se a
velocidade a que se realizaram as repetições de cada sessão de treino tendo por base a
.
.
.
vVO2máx, ou seja, 101% da vVO2máx (79 s), 104.5% da vVO2máx (76.4 s) e 108% da
.
vV O2máx (74 s).
Quanto ao número de repetições:
Segundo Pereira (1981, p. 40) e Paiva (1995, p. 161), o número de repetições a
utilizar nas sessões de TI deve ser sempre dependente da intensidade. Assim, quando a
intensidade aumenta a quantidade deve reduzir. Tomámos este princípio como norma,
recorremos à experiência prática e às quantidades utilizadas em treinos pela atleta deste
estudo de modo a ajuizar das quantidades mais ajustadas tendo em conta a intensidade
utilizada.
Por estes factos, escolhemos realizar 11X400 metros (79.0 s), 8X400 metros
(76.4 s) e 5X400 metros (74.0 s). Tendo em conta a intensidade antecipadamente
escolhida, ajustaram-se as repetições de modo que diminuíssem de quantidade
inversamente à intensidade.
Quanto ao controlo do ritmo nas sessões de treino:
Quanto mais próximo dos ritmos previamente estabelecidos se realizarem as
sessões de treino menor será o erro inerente à experimentação possibilitando que os
dados tenham mais garantia. Assim, tentou-se utilizar objectos e instrumentos para
marcar a pista e o tempo como referência de ritmo. Deste modo, colocaram-se cones de
50 em 50 metros na pista e utilizou-se um relógio com contagem regressiva para que a
atleta pudesse aferir se o andamento se efectuava dentro do previsto. Este procedimento
é idêntico ao utilizado por Kachouri et al. (1996, p. 485), em que usou marcas de 50 em
50 metros para marcar o ritmo de um teste com duração de 2 minutos.
48
Quanto ao intervalo entre as sessões:
Segundo Chicharro & Muelas (1996, p. 147), depois de um esforço de 2 horas
.
realizado a 70% da vVO2máx, com uma adequada ingestão de hidratos de carbono,
bastam 24 horas para poder recuperar as reservas de glicogénio hepático. Por outro lado,
para Manso (1999, p. 338), a re-síntesse do glicogénio muscular e hepático podem
demorar entre 12 a 48 horas. Meléndez (1995, p. 149), defende que, após uma sessão
intensa de TI, um intervalo de 48 horas com realização de trabalho moderado pode ser
suficiente para permitir uma boa recuperação. Também Weyand et al. (1999, p. 2060),
Weber & Schneider (2001, p. 1057) e Pompeu (2004, p. 82), propõem que os testes
devem ter um intervalo mínimo de 48 horas de modo a repor as reservas de glicogénio e
possíveis efeitos da desidratação. Assim, optou-se por utilizar 48 horas de intervalo
entre as várias sessões de TI no sentido de existir uma completa recuperação da atleta de
modo que a sessão anterior não fosse afectar a seguinte.
Quanto ao local:
Segundo Denadai (1999, p. 15), baseando-se no princípio da especificidade, as
avaliações, principalmente em indivíduos altamente treinados, deverão ser realizadas, se
possível, em testes de terreno que mais se aproximem do movimento utilizado pelo
indivíduo durante os treinos ou competições. Por este facto, optou-se por realizar a
recolha de dados referentes ao estudo no local habitual de treino, ou seja, na pista de
400 metros de tartan.
Quanto ao aquecimento:
Para a realização das sessões de treinos a atleta realizou um aquecimento
considerado apropriado para o esforço a realizar, já que é similar ao que costuma
realizar para sessões de treino intervalado realizadas a estas intensidades, de acordo com
instruções do seu treinador. O aquecimento teve a duração de cerca de 35 min, foi
composto por cerca de 15 a 20 min de corrida contínua lenta, de cerca de 10 min
mobilização geral, exercícios de flexibilidade e 4 a 5 acelerações de 100 a 80 metros,
realizadas a alta velocidade.
• Protocolo para recolha dos dados do TI
Pelas justificações anteriormente apresentadas, pareceu-nos lógico escolher-se o
seguinte protocolo: realização em momentos diferentes, com intervalo mínimo de 48
49
.
horas, de sessões de 11X400 metros a 101% da vVO2máx (79 s), 8X400 metros a
.
.
104.5% da vVO2máx (76.4 s) e 5X400 metros a 108% da vVO2máx (74 s). As pausas
entre as repetições foram de 1.10 min, sendo estas realizadas em trote lento a cerca de
.
50 a 60% da vV O2máx. A atleta realizou um aquecimento de cerca de 30 min sendo
.
composto por 20 min de corrida contínua a cerca de 50% da vVO2máx, cerca de 10 min
de exercícios de mobilização geral, exercícios de flexibilidade e 5 acelerações a cerca de
.
150% da vVO2máx e foi ajudada exteriormente, durante a realização das sessões de
treino, na manutenção do ritmo de corrida pretendido. Esta ajuda foi realizada através
de um relógio Timex Ironman com contagem regressiva, tomando por referência os
pinos colocados na pista de 50 em 50 metros. Deste modo, a atleta era avisada com um
sinal sonoro, do próprio relógio, para identificar se o ritmo era o mais adequado para
que a velocidade final de cada esforço fosse o mais próximo possível do tempo previsto
em cada repetição de sessão de treino.
3.5.3. Informações prestadas ao sujeito
O sujeito testado, que participou no estudo de livre vontade dando para tal o seu
consentimento, foi, antecipadamente, elucidado do objectivo do estudo e do modo como
o mesmo iria decorrer. O sujeito também foi informado sobre a salvaguarda dos dados
individuais resultante dos testes realizados.
3.5.4 Tratamento dos dados e procedimentos estatísticos
Foram vários os procedimentos estatísticos envolvidos para tratamento dos
dados obtidos nos dois testes e nas três sessões de treino, e que se referem
seguidamente.
3.5.4.1. Análise estatística
Para tratamento dos dados foram utilizadas as seguintes técnicas estatísticas:
coeficiente de determinação; regressão linear; média e desvio padrão. Sempre que
utilizados, os resultados são apresentados como média ± desvio padrão (média ± SD).
50
3.5.4.2. Tratamento das médias dos parâmetros ventilatórios
Alguns autores têm proposto diferentes médias para a filtragem dos dados
referente às recolhas do TSubMáx. No entanto, optou-se pela média mais utilizada por
vários autores (Robergs & Burnett, 2003, p. 55; Dupont et al., 2003, p. 107; Vuorimaa
et al., 2000, p. 97 e Blondel et al., 2001, p.28) e também aquela que nos pareceu mais
lógica, ou seja, a filtragem dos dados em parcelas de 15 s.
Para a filtragem dos dados do TSupMáx Heubert et al. (2003, p. 221) e Reis
(comunicação pessoal) defendem a utilização de médias de 5 s. Deste modo, usámos a
filtragem defendida por estes autores.
Para tratamento dos dados das sessões do TI, optou-se pela média de 10s. Tendo
em conta que se tinha optado por uma média de 15 s para dados obtidos a velocidades
.
inferiores, ou idênticas à vV O2máx, e 5 s para os dados referentes à velocidade de 111%
.
.
da vVO2máx (o valor previsto era 115% vVO2máx, veja-se secção 4.2. Dados relativos
ao teste supra-máximo, página 59), pareceu-nos lógico utilizar a média de 10 s para
.
filtrar os dados obtidos a velocidades superiores à vV O2máx e inferiores a 111% da
.
vV O2máx (caso das recolhas referentes às três sessões de TI).
3.5.4.3. Tratamento dos dados referente ao teste sub-máximo
Após a filtragem dos dados com médias de 15 s, como propõem Robergs &
Burnett (2003, p. 55), Dupont et al. (2003, p. 107), Vuorimaa et al. (2000, p. 97) e
.
Blondel et al. (2001, p.28). Os mesmos foram utilizados para quantificar o VO2máx e a
.
vV O2máx a partir dos dados do TSubMáx e foi seguido o procedimento descrito e
utilizado por Blondel et al. (2001, p. 28), Reis et al. (2004, p. 78), Hill & Rowell (1996,
.
p. 384) e Perrey et al. (2002, p. 299). De acordo com estes autores, o valor do V O2máx
.
deve ser a média do VO2 do atleta no último minuto do patamar em que o mesmo não
conseguiu continuar por ter alcançado a exaustão. Também foi utilizado o mesmo
.
.
procedimento (média do V O2 do último minuto) para quantificar os valores de V O2
referentes a cada patamar.
.
.
Para quantificar a velocidade associada ao V O2máx. (vV O2máx) seguimos os
procedimentos utilizados por Almarwaey et al. (2003, p. 482) e Reis (1997, p. 64).
.
Segundo estes autores, a vVO2máx deve ser obtida através da recta de regressão entre o
.
VO2 e a velocidade de corrida. Para tal considerou-se o valor de repouso e apenas os
patamares que o atleta tenha completado e não o patamar que a atleta não conseguiu
51
.
continuar por exaustão. Assim, devem ser introduzidos os valores de VO2 em repouso e
.
a velocidade associada (zero), assim como os valores do VO2 de cada patamar válido e
as velocidades dos mesmos. Segundo Koppo & Bouckaert (2002, p. 264), Russel et al.
(2000, p. 56), Scott et al. (1991, p. 619), Blondel et al. (2001, p. 22), Reybrouck et al.
(2003, p. 44), Reis et al. (2004, p. 79), Ross et al. (2003, p. 3) e Bickham & Le
Rossignol (2004, p. 42), os valores de repouso devem ser introduzidos para tornar a
equação da recta mais robusta. Como proposto por Reybrouck et al. (2003, p. 43), foi
.
utilizada a média para o valor de V O2 de repouso dos primeiros três minutos dos quatro
que antecederam o teste. Na realidade, a introdução do valor de repouso tornou o
modelo mais linear através do aumento do R2 da recta de regressão (R2 = 0.992 para R2
= 0.993).
Os valores da recta foram quantificados a partir do gráfico executado no
.
programa informático Excel em que os valores referentes ao VO2 de cada patamar são
apresentados em y e os das velocidades dos mesmos apresentados em x. Utilizando os
.
valores da equação podemos achar o valor referente à vVO2máx. Como propõe Reis
.
.
(1997, p. 64), foram realizadas as seguintes operações: vV O2 = (V O2máx –VCEqR) /
.
.
O2EqR, em que VO2máx é o valor do VO2 em ml/kg/min alcançado pelo atleta no
TSubMáx, VCEqR é o valor referente ao segundo membro da fórmula apresentada na
equação do gráfico da regressão da recta (no presente caso y = 13.221x+2.6536) e
.
O2EqR referente ao primeiro membro da mesma equação. O valor da vVO2máx foi
expresso em m/s. Para obtermos o tempo para as várias distâncias resolvemos a seguinte
operação: Desc / m/s, em que Desc é a distância escolhida.
Para quantificar a velocidade de cada patamar foi dividida a distância pelo
tempo em segundos. O resultado foi expresso em m/s, minutos/km e km/h.
3.5.4.4. Tratamento dos dados referentes ao teste supra-máximo
.
.
.
Para quantificar a velocidade de 111% da vV O2máx (111%vV O2máx), a
vVO2máx foi multiplicada por 1.11. O resultado foi expresso em m/s. Para quantificar
.
VO2 médio consumido durante o teste foi achada a média de todo o teste, de acordo
com Reis (comunicação pessoal). Os dados foram filtrados em espaços temporais de 5 s
como anteriormente descrito na secção 3.5.4.2. (Tratamento das médias dos parâmetros
ventilatórios) na página 51.
52
Segundo Medbø et al. (1988, p. 51) e Robergs & Roberts (2002, p. 279), o
DefO2Ac é a estimativa da energia total exigida pelo exercício através do cálculo do
.
.
VO2 predito, requerido para a intensidade e subtraindo desse valor o VO2 medido no
TSupMáx. Para quantificar o DefO2Ac foi utilizado o procedimento descrito e utilizado
por Reis (1997, p. 105) e Medbø et al. (1988, p. 51). Assim, de acordo com o método
proposto pelos autores, para se obter os valores finais do DefO2Ac quantificou-se o
consumo energético do TSupMáx (CeTSupMáx) (em equivalentes de oxigénio) e o
.
volume de oxigénio acumulado (VO2Ac) para o TSupMáx. Para obter o valor de
.
CeTSupMáx resolveu-se a seguinte equação: CeTSupMáx = O2EqR x 111%vV O2 +
VCEqR. Recorde-se que O2EqR e VCEqR são valores que estão presentes na equação
obtida a partir da recta da regressão resultante dos dados do TSubMáx. Para obter o
.
.
valor de VO2Ac durante o TSupMáx (VO2AcTSupMáx) resolveu-se a seguinte
equação:
.
.
VO2AcTSupMáx
=
.
MVO2TSupMáx
x
DurTSupMáx,
em
que
MV O2TSupMáx é a média de oxigénio consumido durante o TSupMáx e DurTSupMáx
é a duração do TsupMáx (minutos em valor decimais em que 117 segundos é igual a
1.95 minutos). O último passo para calcular-se o DefO2Ac foi a resolução da seguinte
equação: DefO2Ac = CeTSupMáx – VO2AcTSupMáx. A representação gráfica deste
processo é apresentada na Figura 3.
90
80
Velocida de pre dita pa ra 111% da vVO2m áx
Energia predita para 111% da vVO2máx
O2 (ml/kg/min)
70
60
Energia a 100% do VO2má x
50
40
30
20
Velocida de do VO2má x
10
0
0.00
1.00
2.00
3.00
4.00
5.00
6.00
Velocidade (m/s)
Figura 3. Representação gráfica do resultado do cálculo entre a energia solicitada (predição) e a energia
produzida no teste do DefO2Ac. Neste gráfico pode observar-se a linearidade da evolução do consumo de
oxigénio num teste sub-máximo (linha diagonal), com a inclusão do valor do consumo de oxigénio e da
velocidade em repouso, assim como a predição da velocidade (linha vertical da direita)
e do consumo de
.
oxigénio (linha horizontal superior) no teste supra-máximo realizado a 111% da vV O2máx.
53
O cálculo da percentagem da solicitação energética durante a prova foi realizado
a partir da equação utilizada por Reis (1997, p. 105). Assim, para quantificar a
percentagem de EnAer durante o TSupMáx (%AerTSupMáx) resolve-se a seguinte
.
equação: %AerTSupMáx = VO2Ac/CeTSupMáx. Para quantificar a percentagem da
EnAna do TSupMáx (%AnaTSupMáx) resolveu-se a seguinte equação: %AnaTSupMáx
= DefO2Ac/CeTSupMáx.
.
O valor da percentegem da vVO2máx a que o teste foi realizado, obtida através
.
da relação directa entre vV O2máx e vTSupMáx, da seguinte forma: vTSupMáx x
.
.
100/vVO2máx em que vTSupMáx foi a velocidade alcançada no TSupMáx e vVO2máx
.
a velocidade associada ao VO2máx. Também se utilizou esta relação para quantificar a
.
percentagem do V O2máx da média de oxigénio consumido durante o TSupMáx.
3.5.4.5. Tratamento dos dados referentes às três sessões de treino intervalado
O procedimento estatístico para quantificar a percentagem de energia solicitada
nas repetições do TI foi idêntico ao procedimento para quantificar a energia solicitada
no TSupMáx, seguindo os mesmos passos metodológicos descritos por Reis (1997, p.
64) e Medbø et al. (1988, p. 51).
Nas sessões de TI foram quantificadas as médias dos tempos das repetições (em
segundos), da velocidade média das mesmas (em metros por segundo) e a média do
.
VO2 consumido em cada repetição e em cada pausa. Como se frisou no tratamento
estatístico, os dados foram filtrados com médias de 10 s, ou seja, apesar dos dados
serem recolhidos breath by breath, posteriormente os mesmos foram agrupados em
médias de blocos (intervalos) de 10 s. No entanto, tendo em conta que nem todos os
tempos das repetições ou das pausas coincidiam com os somatórios dos blocos das
.
médias de cada 10 s, a média do VO2 foi quantificada da seguinte forma: quando o
tempo da repetição não coincidia com o somatório das médias dos blocos da filtragem
dos dados e o desvio, para mais, ultrapassava os 2.5 s até 7.4 s do bloco de 10 s, foi
.
utilizada a metade do valor do V O2 dessa parcela de 10 s, enquanto que o restante valor
.
do V O2 foi adicionado à próxima leitura (da pausa quando se tratasse de quantificar o
valor da repetição e vice-versa); quando o tempo da repetição tinha um desvio não
superior a 2.5 s, a mais ou a menos em relação ao tempo do somatório dos blocos das
.
médias de 10 s, foi utilizada a média do valor do somatório do VO2 de todos os blocos
54
incluindo o valor do bloco de 10 s mais próximo do tempo da repetição ou da pausa. Se,
por exemplo, o tempo da repetição ficava dentro do intervalo entre 72.6 s e 77.4 s (2.5 s,
a mais ou a menos, que o somatório dos blocos de 10 s), era incluído apenas metade do
.
valor do VO2. Por outro lado, se, por exemplo, o tempo da repetição ficava dentro do
intervalo entre 67.5 s e 72.5 s (até 2.5 s a mais ou a menos que o somatório dos blocos
.
de 10 s) era quantificado por inteiro o valor do VO2 do somatório dos blocos. Na Figura
4 mostra-se o exemplo do caso em que o tempo das repetições coincide com a média de
10 s e na Figura 5 mostra-se o exemplo do caso em que o tempo das repetições não
coincide com a média dos 10 s.
0
10
20
60
70
80
Tempo da repetição ou pausa entre 72”6 e 77”4
Somatórios dos bl ocos d e 10 s
Figura 4. Exemplo gráfico de quando o tempo das repetições não coincide com a média de 10 s da
filtragem dos dados. Pode observar-se que quando o tempo da repetição não coincide com o somatório
das médias dos blocos da filtragem dos dados e o desvio, para mais, ultrapassou de 2.5 s a 7.4 s. do bloco
de 10 s (zona cinzenta), foi adicionado ao último bloco de 10 s apenas
a metade do valor do V O2 dessa
.
parcela de 10 s (zona escura) para assim poder achar a média do V O2 da repetição (ou da pausa).
0
10
20
60
70
80
Tempo da repetição ou pausa entre 67”5 e 72”5
Somatórios dos blocos d e 10 s
Figura 5. Exemplo gráfico do caso em que o tempo das repetições “coincidiu” com a média de 10 s da
filtragem dos dados. Pode observar-se que quando existia um desvio do somatório das médias dos 10 s,
não superior a 2.5 s, para mais ou para menos. (zona cinzenta), em relação ao tempo da repetição, foi
incluindo o bloco de 10 s mais
utilizada a média do valor do somatório do V O2 de todos os blocos
.
próximo do tempo da repetição para assim poder achar a média do V O2 da repetição (ou da pausa).
.
Para quantificar a percentagem de solicitação de VO2 durante as repetições e
durante as pausas do TI foi utilizada a regra de três simples multiplicando a média do
consumo das repetições ou das pausas por 100 e dividindo por 68.92 ml/kg/min (100%
.
do VO2).
Quanto à quantificação da EnAna das repetições do TI o procedimento foi
idêntico ao descrito para a quantificação da percentagem da EnAna do TSupMáx.
.
Assim, sabendo a percentagem da vV O2máx a que as repetições foram realizadas, e
utilizando a equação da regressão da recta (VCEqR e O2EqR) obtida a partir do
55
.
TSubMáx, podemos saber qual a solicitação do VO2 predito para as repetições de TI e,
consequentemente, o DefO2Ac. O cálculo da percentagem da solicitação energética
durante a prova foi realizado a partir da equação proposta por Reis (1997, pp. 64, 105).
Assim, para quantificar a percentagem de EnAer durante as repetições do TI (%AerTI)
.
resolveu-se a seguinte equação: %AerTI = VO2Ac/CeTI. Para quantificar a
percentagem da EnAna do TI (%AnaTI) resolveu-se a seguinte equação: %AnaTI =
DefO2Ac/CeTI
4. Apresentação dos resultados
.
4.1. Dados do teste sub-máximo e da velocidade associada ao VO2máx
O protocolo utilizado para a recolha dos dados deste teste consistiu na realização
de 5 a 6 patamares de corrida durante 5 a 6 min conforme descritos no capítulo dos
protocolos escolhidos para a realização do estudo. No decorrer do teste foi realizada a
medição directa dos parâmetros ventilatórios. Durante a realização do teste a
temperatura ambiente oscilou entre 27 e 32 ºC, a humidade relativa era de 55% e o
vento era nulo. O teste teve a duração 41.32 min. Os resultados obtidos estão descritos
no Quadro 11 e a Figura 6 mostra uma representação gráfica da evolução do teste.
Quadro 11. Dados relativos à evolução do teste sub-máximo. Pode observar-se o tempo, a distância
percorrida, a velocidade e o incremento por cada patamar.
1º
Tempo
(mm:ss)
6’17”
Distância
(m)
1100
Velocidade
(m/s)
2.9
Incremento
(m/s)
---
Incremento
(%)
---
2º
5’59”
1200
3.3
0.4
14.6
3º
5’12”
1200
3.8
0.5
15.1
4º
6’08”
1600
4.3
0.5
13.0
5º
4’46”
1400
4.9
0.5
12.6
Patamares
56
80
70
VO2 (ml/kg/min)
60
50
40
30
20
10
0
00:00:15
00:12:45
00:25:15
00:37:45
T empo (min:seg)
Figura 6. Representação gráfica relativa à captação de oxigénio durante o teste sub-máximo. Nesta figura
pode observar-se as oscilações do consumo de oxigénio em cada patamar assim como nas pausas. A linha
contínua diagonal representa a tendência da evolução do consumo de oxigénio por cada patamar do teste.
.
O Quadro 12 apresenta os valores de VO2 e da velocidade de cada patamar
.
obtidos durante a realização do TSubMáx. Os valores do V O2 apresentado são o
.
resultado da média do último minuto de cada patamar. O VO2máx do teste foi de 68.92
ml/kg/min e a média dos incrementos da velocidade entre cada patamar foi de 13.8%.
Quadro 12. Dados referentes ao consumo de oxigénio e à velocidade alcançada em cada patamar do teste
sub-máximo.
.
VO2
(ml/kg/min)
Velocidade
(m/s)
Repouso
4.00
0
1º
39.65
2.9
2º
44.08
3.3
3º
54.67
3.8
4º
60.71
4.3
5º
68.92
4.9
Patamares
.
A correlação entre o VO2 e a velocidade de corrida do TSupMáx está
representada na Figura 7 pela recta da regressão e pela respectiva equação (y = 13.221x
+ 2.6536), assim como pelo coeficiente de determinação (R2) cujo valor foi de 0.993.
57
80
y = 13.221x + 2.6536
R2 = 0.9931
70
VO2 (ml/kg/min)
60
50
40
30
20
10
0
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
2.5
3.0
3.5
4.0
4.5
5.0
5.5
Velocidade de corrida (m/s)
Figura 7. Representação gráfica da evolução do teste sub-máximo de 5 patamares. Neste gráfico pode
observar-se a linearidade da evolução do consumo de oxigénio no teste sub-máximo (linha contínua
diagonal), com a inclusão do valor do consumo de oxigénio e da velocidade de repouso. Pode observar-se
também o valor do coeficiente de determinação (0.9931) e a equação (y = 13.221x + 2.6536) referente à
inclinação da recta.
.
Os valores tratados dos resultados obtidos para o VO2máx e para a velocidade
associada ao mesmo são mostrados nos Quadros 13, 14 e 15.
Quadro 13. Valores máximos do consumo de oxigénio, do quociente respiratório (R) e da frequência
cardíaca alcançados no último minuto do teste sub-máximo.
.
VO2máx
.
FcVO2máx
(puls/min)
173
R
(ml/kg/min)
68.92
0.96
.
Quadro 14. Valores da velocidade corrida associada ao V O2máx, em metros por segundo, em minutos
por quilómetro, em quilómetro por hora e por cada 400 metros.
.
vVO2máx
(m/s)
5.01
.
vVO2máx
(min/km)
3.19
.
vVO2máx
(km/h)
18.036
58
.
vVO2máx
(s/400 m)
79.84
Quadro 15. Valores mínimos e máximos do consumo de oxigénio e da frequência cardíaca observados no
último minuto do teste sub-máximo.
.
VO2 Mín e Máx*
(ml/kg/min)
68.27 - 70.21
.
Diferença do V O2 entre Mín e
Máx*
(ml/kg/min)
1.94
FcPico
(puls/min)
179
* valores relativos ao último minuto do último patamar do teste.
4.2. Dados relativos ao teste supra-máximo
O protocolo utilizado para a recolha de dados deste teste consistiu na realização
de uma corrida em pista a velocidade supra-máxima. Durante o teste foi realizada a
recolha e medição directa dos parâmetros ventilatórios, do tempo de realização do teste
e da distância. Apesar da velocidade prevista, a atleta, durante o teste, só conseguiu
.
alcançar 111% da vV O2máx. A duração do teste foi de 1.57 min e a distância percorrida
foi de 650 metros. No Quadro 16 apresentam-se os valores resultantes da realização do
TSupMáx.
No momento da realização do teste a temperatura ambiente foi de 31 ºC, a
humidade relativa de 55% e o vento era nulo.
Quadro 16. Dados referentes à distância, duração e velocidade do teste supra-máximo.
Distância
(m)
650
Duração
(mm:ss)
1.57
Velocidade
.
(%V O2máx)
111
.
A Figura 8 mostra a representação gráfica da evolução do V O2 e do DefO2
durante a realização do TSupMáx.
59
100
90
80
Défice de O2
70
VO2 (%)
60
50
Consumo de O2
40
30
20
10
0
00:00
00:15
00:30
00:45
01:00
01:15
01:30
01:45
02:00
T empo (mm:ss)
Figura 8. Representação gráfica do consumo de oxigénio (zona mais clara) e o respectivo défice (zona
mais escura) durante o teste supra-máximo. Observa-se que a atleta, durante o teste, nunca alcançou o
consumo máximo de oxigénio tendo atingido, até aos 30 s de teste, um grande défice de oxigénio.
O Quadro 17 apresenta os valores médios e máximos, do consumo de oxigénio,
obtidos após o tratamento dos dados, conforme descrito na secção 3.5.4.4. (Tratamento
dos dados referentes ao teste supra-máximo) na página 52.
Quadro 17. Valores médios e máximos referentes ao consumo de oxigénio e à percentagem do mesmo
obtido a partir do teste supra-máximo.
Média do teste
Valor máximo
VO2 (ml/kg/min)
49.63
59.15
VO2máx (%)
72.01
85.82
.
.
Quanto aos dados referentes ao DefO2Ac e à energia relativa (aeróbia e
anaeróbia) solicitada no TSupMáx, os resultados são apresentados no Quadro 18. Os
dados referentes ao DefO2Ac são apresentados em mililitros equivalentes de oxigénio
por quilo (ml eqO2/kg) já que é uma medida indirecta (veja-se secções 2.3.2. Défice de
oxigénio acumulado e 2.4.2.1. Metodologia para quantificar a solicitação energética
através do DefO2Ac, nas páginas 16 e 25, respectivamente).
60
Quadro 18. Défice de oxigénio acumulado (DefO2Ac) e contribuição relativa da energia aeróbia e
anaeróbia durante a realização do teste supra-máximo.
EnAer
(%)
65
EnAna
(%)
35
DefO2Ac
(ml eqO2/kg)
51.73
Quadro 19. Percentagem (cumulativa) de solicitação energética, aeróbia e anaeróbia, no decorrer do teste
supra-máximo.
Tempo (s)
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
117
EnAer (%)
24.42
31.72
41.44
48.78
53.74
56.91
58.98
60.53
61.80
63.09
64.13
65.17
EnAna (%)
75.58
68.28
58.56
51.22
46.26
43.09
41.02
39.47
38.20
36.91
35.87
34.83
A solicitação de energia anaeróbia relativa durante o TSupMáx teve uma
contribuição de 50% a cerca dos 40 a 50 s de esforço, enquanto que no final do teste
(117 s) esta contribuição era de 35%. Inversamente, a solicitação da energia aeróbia
relativa durante o TSupMáx teve uma contribuição, até cerca dos 40 a 50 s de esforço,
de 50% alcançando no final do teste 65%. A Figura 9 ilustra a progressão operada
durante a realização do TSupMáx.
80%
Solicitação energética (%)
70%
60%
50%
EnAer
EnAna
40%
30%
20%
10
20
30
40
50
60
70
80
90 100 110 117
T empo (s)
Figura 9. Representação gráfica da percentagem de solicitação de energia relativa durante o teste supramáximo. No gráfico pode observar-se a evolução da solicitação da energia aeróbia (z) e energia
anaeróbia (■) durante o teste supra-máximo. Verifica-se que existe, a cerca de 40 a 50 s do início do teste,
uma contribuição de 50% de energia aeróbia e 50% de energia anaeróbia.
61
4.3. Dados das sessões de treino intervalado
Os dados referentes às três sessões de TI400m são apresentados em separado,
por sessão, e também em conjunto de forma a comparar os resultados das três sessões.
4.3.1. Sessão de 11X400 metros
Durante a sessão de TI de 11X400 metros foi realizada a medição directa dos
parâmetros ventilatórios e registo dos tempos de cada esforço e pausa. No momento da
realização da sessão de TI a temperatura ambiente oscilou entre 27 e 30ºC, a humidade
relativa era de 55% e o vento era nulo.
O protocolo utilizado para a recolha de dados desta sessão de treino consistia na
realização de uma série de 11 repetições de 400 metros de corrida em pista à velocidade
.
de 101% da vV O2máx, que correspondia a 79 s cada repetição, com uma pausa prevista
entre cada repetição de 70 s. A atleta cumpriu o tempo previsto para a realização das
repetições mas não cumpriu o tempo de pausa realizando a média de 70.9 s. O tempo
total de treino, no conjunto das repetições e pausas, foi de 26.18 min. Os valores,
referentes à carga externa da sessão de treino de 11X400 metros, são apresentados no
Quadro 20.
Quadro
20. Dados referentes à carga externa do treino intervalado de 11X400 metros realizado a 101% da
.
V
v O2máx.
Treino previsto
Treino realizado
Tempo de treino
Tempo das repetições (s)
79.0
79.0 ± 1.1
869
Tempo das pausas (s)
70.0
70.9 ± 1.3
709
---
---
26.18
Tempo total de treino (min)
O Quadro 21 mostra os valores referentes à carga interna da sessão de treino de
.
11X400 metros. A percentagem de solicitação do V O2 na sessão de TI de 11X400
metros foi de cerca de 82% nas repetições e de 66% nas pausas, sendo a média na
sessão de cerca de 74%. A percentagem da solicitação de EnAer, nesta sessão de treino,
foi de cerca de 81% e 19% EnAna.
62
Quadro
21. Dados referentes à carga interna do treino intervalado de 11X400 metros realizado a 101% da
.
vV O2máx.
Repetições
Pausa
Média da sessão
56.6 ± 3.5
45.3 ± 1.5
51.2 ± 6.4
82.2 ± 5.1
65.8 ± 2.2
74.4 ± 9.3
Intervalo (Min-Máx) do V O2máx (%)
68.6 – 85.7
62.8 – 68.5
---
EnAer (%)
81.4 ± 5.2
---
---
EnAna (%)
18.6 ± 5.2
---
---
O2 (ml/kg/min)
.
VO2máx (%)
.
As Figuras 10 e 11 mostram as representações gráficas referentes aos valores
apresentados no Quadro 21.
100
90
80
% do VO2 máx
70
60
50
Repet
P aus a
Média
40
30
20
10
0
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Repetições
Figura 10. Percentagem do consumo máximo
. de oxigénio solicitado na sessão de treino intervalado de
11X400 metros percorridos a 101% da vV O2máx. Pode observar-se esta percentagem de solicitação
durante as repetições (repet), durante as pausas (pausa) e os valores médios entre os anteriores (média).
63
100%
90%
80%
70%
Energia
60%
EnAna (%)
50%
EnAer (%)
40%
30%
20%
10%
0%
1
2
3
4
5
6
7
8
9
10
11
Repetições
Figura 11. Solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia. (EnAer), durante as
repetições da sessão de treino intervalado de 11X400 metros realizada a 101% da vV O2máx.
4.3.2. Sessão de 7X400 metros
Durante a sessão de TI de 7X400 metros foi realizada a recolha e medição
directa dos parâmetros ventilatórios e dos tempos de cada esforço e pausa. No momento
da realização da sessão de TI a temperatura ambiente oscilou entre 27 e 28 ºC, a
humidade relativa era de 55% e o vento era nulo.
O protocolo utilizado para a recolha dos dados desta sessão de treino previa a
realização de uma série de 8 repetições de 400 metros de corrida em pista à velocidade
.
de 104.5% da vVO2máx com uma pausa entre cada repetição de 70 s. A atleta
apresentava-se bastante exausta e realizou 7 repetições.
O tempo médio das repetições foi de 76.4 s e nas pausas a média foi de 72.4 s. O
tempo total de treino, no conjunto das repetições e pausas, foi de 16.09 min. Os valores
referentes à carga externa, obtidos nesta sessão de treino de 7X400 metros, apresentamse no Quadro 22.
64
Quadro 22. Dados
. respeitantes à carga externa da sessão de treino intervalado de 7X400 metros realizada
a 104.5% da vV O2máx.
Treino previsto
Treino realizado
Tempo de treino
Tempo das repetições (s)
76.4
76.4 ± 0.8
535
Tempo das pausas (s)
70.0
72.4 ± 4.0
434
---
---
16.09
Tempo total de treino (min)
.
O Quadro 23 mostra as percentagens de solicitação do V O2 na sessão de TI de
7X400 metros, que foi de cerca de 84% nas repetições e de 68% nas pausas e a média
na sessão que foi de cerca de 77%. A percentagem da solicitação de EnAer e EnAna
nesta sessão de treino foi de cerca de 80% e 20%, respectivamente.
Quadro 23. Dados
referentes à carga interna da sessão de treino intervalado de 7X400 metros realizada a
.
104.5% da vV O2máx.
Repetições
Pausa
Média da sessão
57.8 ± 3.0
47.1 ± 3.3
52.8 ± 6.3
83.8 ± 4.3
68.3 ± 4.7
76.7 ± 9.1
Intervalo (Min-Máx) do VO2máx (%)
75.3 – 88.7
62.5 – 74.7
---
EnAer (%)
80.4 ± 4.0
---
---
EnAna (%)
19.6 ± 4.0
---
---
O2 (ml/kg/min)
.
VO2máx (%)
.
As Figuras 12 e 13 mostram as representações gráficas referentes aos valores
anteriormente apresentados no Quadro 23.
65
100
90
80
% do VO2 m áx
70
60
50
R e pe t
40
P a us a
30
M é dia
20
10
0
1
2
3
4
5
6
7
Repetições
Figura 12. Percentagem do consumo máximo
. de oxigénio solicitada na sessão de treino intervalado de
7X400 metros percorridos a 104.5% da vV O2máx. Pode observar-se esta percentagem de solicitação
durante as repetições (repet), durante as pausas (pausa) e os valores médios entre os anteriores (média).
100%
90%
80%
Energia
70%
60%
50%
EnAna (%)
40%
EnAer (%)
30%
20%
10%
0%
1
2
3
4
5
6
7
Repetições
Figura 13. Cinética da solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia (EnAer),
observada
durante as repetições da sessão de treino intervalado de 7X400 metros realizada a 104.5% da
.
vV O2máx.
4.3.3. Sessão de 5X400 metros
Durante a sessão de treino de 5X400 metros foram realizadas a recolha e
medição directa dos parâmetros ventilatórios e dos tempos de cada esforço e pausa. No
66
momento da realização da sessão de TI a temperatura ambiente oscilou entre 27 e 28ºC
e a humidade relativa foi de 55% e o vento era nulo.
O protocolo utilizado para a recolha dos dados deste treino previa a realização de
uma série de 5 repetições de 400 metros de corrida em pista à velocidade de 108% da
.
vVO2máx o que corresponde a 74 s de velocidade de corrida em cada repetição, com
pausas previstas de 70 s. No entanto, a atleta realizou a velocidade média de corrida de
74.2 s nas repetições e de 76.9 s nas pausas. O tempo realizado nas repetições equivale
.
.
assim a 107.6% da vVO2máx, ou seja, aproximadamente, 108% da vVO2máx, como
será futuramente referenciado neste trabalho. O tempo total de treino, no conjunto das
repetições e pausas, foi de 11.19 min. Os valores referentes à carga externa desta sessão
de treino são apresentados no Quadro 24.
Quadro 24. Dados respeitantes
à carga externa referente à sessão de treino intervalado de 5X400 metros
.
realizada a 108% da vV O2máx.
Treino previsto
Treino realizado
Tempo de treino
Tempo das repetições (s)
73.9
74.2 ± 0.5
371
Tempo das pausas (s)
70.0
76.9 ± 5.4
308
---
---
11.19
Tempo total de treino (min)
.
No Quadro 25 são apresentadas as percentagens de solicitação do V O2 na sessão
de TI de 5X400 metros, que foi de cerca de 85% nas repetições e de 70% nas pausas e a
média na sessão que foi de cerca de 78%. A percentagem da solicitação de EnAer e
EnAna nesta sessão de treino foi de cerca de 79% e 21%, respectivamente.
Quadro 25. Dados respeitantes
à carga interna referente à sessão de treino intervalado de 5X400 metros
.
V
realizada a 108% da v O2máx.
Repetições
Pausa
Média da sessão
58.3 ± 4.8
48.3 ± 1.7
53.8 ± 6.3
84.5 ± 6.9
70.1 ± 2.5
78.1 ± 9.2
Intervalo (Min-Máx) do V O2máx (%)
72.5 – 89.5
66.6 – 72.7
---
EnAer (%)
78.8 ± 6.7
---
---
EnAna (%)
21.2 ± 6.7
---
---
O2 (ml/kg/min)
.
VO2máx (%)
.
As Figuras 14 e 15 mostram as representações gráficas referentes aos valores
anteriormente apresentados no Quadro 25.
67
100
90
80
% do VO2 máx
70
60
50
R e pe t
40
P a us a
30
M é dia
20
10
0
1
2
3
Repetições
4
5
Figura 14. Percentagem do consumo máximo
. de oxigénio solicitada na sessão de treino intervalado de
5X400 metros percorridos a 108% da vV O2máx. Pode observar-se esta percentagem de solicitação
durante as repetições (repet), durante as pausas (pausa) e os valores médios entre os anteriores (média).
100%
90%
80%
Energia
70%
60%
50%
EnAn (%)
40%
EnAer (%)
30%
20%
10%
0%
1
2
3
4
5
Repetições
Figura 15. Cinética da solicitação energética, relativa à energia anaeróbia (EnAna) e aeróbia (EnAer),
observada
durante as repetições da sessão de treino intervalado de 5X400 metros realizada a 108% da
.
vV O2máx.
4.3.4. Comparação dos resultados obtidos nas três sessões de treino intervalado
Os dados (ajustados à unidade), referentes às três sessões de TI400m, são
apresentados nos Quadros 26 e 27. No arredondamento dos dados exceptua-se o caso da
68
.
velocidade da sessão de TI de 7X400 metros (104.5% da vVO2máx), uma vez que o
último digito é exactamente metade da unidade e também, deste modo, mantinha-se a
.
.
mesma diferença da sessão de 101% da vVO2máx para 104.5% da vVO2máx e desta
.
.
para 108% da vV O2máx, ou seja, 3.5% da vV O2máx.
No Quadro 26 podem observar-se os valores dos parâmetros referentes à carga
externa das três sessões de treino. No que se refere ao tempo das repetições, verifica-se
que, em média, existe uma diferença de 3 s da sessão de 11X400 metros para a sessão
de 7X400 metros e de 2 s desta última para a sessão de 5X400 metros. Da sessão mais
lenta para a mais rápida observou-se uma diferença de 5 s. No que respeita às pausas
entre as repetições, verificou-se que quando mais rápidas foram as sessões de TI
maiores foram as pausas. Em relação à velocidade de realização das três sessões de
.
treino verificou-se que existe uma diferença de 3.5 % da vVO2máx entre cada uma, o
que perfaz uma diferença de 7% entre a sessão de treino mais lenta e a mais rápida. No
tempo total da sessão de treino verificou-se que a sessão de treino de 11X400 metros
demorou 26.18 min, a sessão de treino de 7X400 metros demorou menos 10.09 min que
a primeira e a sessão de 5X400 metros demorou menos 4.50 min que esta última.
Quadro 26. Dados finais referentes à carga externa quantificada nas três sessões de treino intervalado.
Parâmetros da carga externa do treino
11X400 m
7X400 m
5X400 m
Diferença*
79 ± 1.1
76 ± 0.8
74 ± 0.5
5
Tempo das pausas (s)
71 ± 1.3
.
101 ± 1.4
vVO2máx nas repetições (%)
Total do tempo das pausas na sessão
11.49
(min)
Total do tempo das repetições na
14.29
sessão (min)
Tempo total da sessão (min)
26.18
* entre a sessão mais lenta e a sessão mais rápida
72 ± 4.0
77 ± 5.4
6
104.5 ± 1.1
108 ± 0.7
7
7.14
5.08
6
8.55
6.11
8
16.09
11.19
15
Tempo das repetições p/400 m (s)
Apresenta-se no Quadro 27 os valores dos parâmetros referentes à carga interna
das três sessões de treino. Neste, pode observar-se que, na sessão de TI de 11X400
metros, a solicitação de consumo de oxigénio nas repetições foi de 82%, em relação ao
máximo, na sessão de TI de 7X400 metros foi superior em 2% e na sessão de 5X400
metros foi superior em 1% em relação à última sessão citada. A diferença da
percentagem do consumo máximo de oxigénio nas repetições, entre a sessão de treino
mais lenta (11X400 metros – 79 s) e a mais rápida (5X400 metros – 74 s), foi de 3%. A
69
percentagem de solicitação de consumo de oxigénio nas pausas foi de 66% na sessão de
treino de 11X400 metros. A sessão de 7X400 metros teve um valor superior em 2%,
relativamente ao primeiro, e a sessão de 5X400 metros teve um aumento em 2% em
relação a este último. A diferença da percentagem do consumo máximo de oxigénio nas
pausas, entre a sessão de treino mais lenta (11X400 metros – 79 s) e a mais rápida
(5X400 metros – 74 s), foi de 4%. Quanto à média da percentagem de solicitação de
.
oxigénio do conjunto das repetições e das pausas (V O2máx na sessão), o valor obtido
para a sessão de treino de 11X400 metros foi de 74%. A sessão de 7X400 metros
solicitou um valor de 3% superior a este e a sessão de 5X400 metros solicitou um valor
de 1% superior a este último. A diferença da percentagem na média do consumo
máximo de oxigénio das repetições e pausas, entre a sessão de treino mais lenta
(11X400 metros – 79 s) e a mais rápida (5X400 metros – 74 s), foi de 4%, isto é 74 vs
78%, respectivamente.
Quanto à percentagem de solicitação energética nas repetições, também
apresentada no Quadro 27, verificou-se que a diferença entre cada sessão na solicitação
de EnAer foi de 1% inferior, respectivamente, entre a sessão de 11X400 metros e a
sessão de 7X400 metros e entre esta e a sessão de 5X400 metros. A diferença dos
valores obtidos para a percentagem de solicitação de EnAna foi igualmente de 1% entre
os parâmetros comparados anteriormente. Daí que a diferença da solicitação de EnAer e
EnAna nas repetições, entre a sessão de treino mais lenta (11X400 metros – 79 s) e a
mais rápida (5X400 metros – 74 s), tenha sido de 2%.
Quadro 27. Resumo dos dados referentes à carga interna quantificada através dos parâmetros ventilatórios
nas três sessões de treino intervalado.
Parâmetros da carga interna do treino
.
VO2máx nas repetições (%)
.
VO2máx nas pausas (%)
.
VO2máx na sessão (%)
11X400 m
7X400 m
5X400 m
Diferença*
82 ± 5.1
84 ± 4.3
85 ± 6.9
3
66 ± 2.2
68 ± 4.7
70 ± 2.5
4
74 ± 9.3
77 ± 9.1
78 ± 9.2
4
EnAer nas repetições (%)
81 ± 5.2
80 ± 4.0
79 ± 6.7
2
EnAna nas repetições (%)
19 ± 5.2
20 ± 4.0
21 ± 6.7
2
* entre a sessão mais lenta e a sessão mais rápida
Na Figura 16 pode observar-se a comparação gráfica, referente à carga interna,
verificada nas três sessões de treino, relativamente à percentagem média da solicitação
70
consumo de oxigénio nas repetições, nas pausas e à média de cada sessão (conjunto da
repetição e da pausa).
100%
90%
VO2 máx
70%
85%
84%
82%
80%
74%
66%
78%
77%
68%
70%
60%
R e pe t
50%
P a us a
M é dia
40%
30%
20%
10%
0%
11X101%vVO2máx
7X104,5%vVO2máx
5X108%vVO2máx
Sessões de treino
.
Figura 16. Representação gráfica referente à percentagem de solicitação do V O2máx das três sessões de
treino intervalado, nas repetições (repet), nas pausas (pausa) e média da sessão (média).
A Figura 17 é a representação gráfica da carga interna, verificada nas três
sessões de treino, quanto à energia relativa, aeróbia e anaeróbia, observada durante as
repetições.
100%
90%
19 %
20%
2 1%
8 1%
80%
79 %
11X10 1%vVO2 máx
7X10 4 ,5%vVO2 máx
5X10 8 %vVO2 máx
80%
Energia
70%
60%
50%
%EnAna (rep.)
40%
%EnAer (rep.)
30%
20%
10%
0%
Sessões de treino
Figura 17. Representação gráfica referente à média da percentagem de solicitação da energia aeróbia
(EnAer) e anaeróbia (EnAna) observada nas repetições durante as três sessões de treino intervalado.
71
5. Discussão dos resultados
Para melhor clarificar a discussão dos dados, cada tema foi discutido em
separado. Seguem-se, assim, as três secções de discussão relativas ao TSubMáx,
TSupMáx e às sessões de TI400m.
5.1. Teste sub-máximo
Tal como descrevem vários autores (Koppo & Bouckaert (2002, p. 264), Russel
et al. (2000, p. 56), Scott et al. (1991, p. 619), Blondel et al. (2001, p. 22), Reybrouck et
al. (2003, p. 44), Reis et al. (2004, p. 79), Ross et al. (2003, p. 3) e Bickham & Le
.
Rossignol (2004, p. 42), para aumento da robustez do modelo da correlação do VO2 e
velocidade pode integrar-se nos dados o valor de repouso. Apesar do valor padrão de
repouso ser de 3.5 ml/kg/min, os valores encontrados na literatura sobre estudos
similares oscilam entre 5.0 e 6.0 ml/kg/min (Medbø et al., 1988, p. 59; Scott et al.,
1991, p. 619; Blondel et al. 2001, p. 22; Koppo & Bouckaert, 2002, p. 264 e Reybrouck
.
et al., 2003, p. 44). O valor de VO2 em repouso de 4 ml/kg/min, encontrado na atleta
antes do teste, não se enquadra nos valores referidos pelos autores consultados que
utilizaram o valor real de repouso. No entanto, pode considerar-se este valor aceitável já
que existem autores, segundo Billat & Koralsztein (1996, p. 98), que defendem a
utilização de um valor padrão de 3.5 ml/kg/min.
Os critérios mais utilizados pelos diversos autores (Chicharro & Muelas, 1996,
p. 131; Billat et al., 2003a, p. 299; Blondel et al., 2001, p. 28) para se considerar que se
.
alcançou o V O2máx (excluindo o critério da lactatémia, já que não se enquadra no nosso
estudo) são os seguintes: alcançar-se um valor de R igual ou superior a 1.0; alcançar-se
.
90% da frequência cardíaca predita para a idade; verificar-se uma estabilização no VO2
(oscilação no último minuto não superior a 2.1 ml/kg/min) e alcançar um nível de
exaustão evidente. A atleta em estudo alcançou no último minuto do TSubMáx um
valor de R = 0.96, a frequência cardíaca (FC) média de 173 (88% da FC máxima
predita), com um valor máximo de 179 (91% da FC máxima predita), uma oscilação do
.
VO2 no último minuto de 1.94 ml/kg/min e uma evidente exaustão. Podemos, assim,
considerar que a atleta em estudo apenas não cumpriu um dos quatro critérios apontados
pela literatura, ou seja, um valor do quociente respiratório inferior a 1 (R = 0.96).
Considerou-se, no entanto, o teste válido já que, segundo dados de Billat et al. (2003a,
72
p. 300) e Reis (1997, p. 62), são frequentes os exemplos de atletas que não conseguem
alcançar todos os critérios descritos na literatura para se considerar que se alcançou o
.
VO2máx.
.
A realização do TSubMáx permitiu demonstrar a linearidade entre o VO2 e a
intensidade. Os valores do coeficiente de determinação (R2) encontrados na literatura
(Sleivert, 2000b, p. 9; Aisbett & Le Rossignol, 2003, p. 346; Craig & Morgan, 1998, p.
33; Buck & McNaughton, 1999, p. 32; Medbø et al., 1988, p. 50; Tabata et al., 1996, p.
1328; Reis et al., 2004, p. 79; Green & Dawson, 1996, p. 318; Russel et al., 2002, p. 26
e Russel et al., 2000, p. 57) oscilam entre 0.988 e 0.998. O R2 da regressão da recta
resultante do TSubMáx da atleta em estudo foi de 0.993, o que está de acordo com os
dados referidos e demonstra a exactidão da progressão na realização do teste.
.
No que concerne aos dados do V O2máx podemos encontrar na literatura (Nevill
et al., 2003, p. 491; Ballesteros, 1990, p. 86; Péronnet et al., 2001, p. 203 ; Billat et al.,
2003a, p. 299 ; Noakes, 1991, p. 42; Billat et al., 1996, p. 1050; Almarwaey et al., 2003,
p. 481) valores em atletas femininas de fundo desde 56.9 ml/kg/min, para atletas de 5.13
min aos 1.500 metros, até 77.3 ml/kg/min para atletas internacionais de meio-fundo.
Recorrendo aos valores de atletas femininas de 3000 metros, encontrámos valores de
.
67.9 ml/kg/min (9.35 min) e 63.2 ml/kg/min (9.36 min). O V O2máx encontrado na
atleta em estudo foi de 68.92 ml/kg/min. Tendo em conta o recorde pessoal da atleta
.
(9.46 min aos 3.000m), o valor de VO2máx encontrado no teste parece-nos um pouco
elevado atendendo à literatura citada.
5.2. Teste supra-máximo
Os dados encontrados na literatura em testes supra-máximos apontam para
valores de DefO2Ac de 40.1 ml eqO2/kg para atletas femininas (63.2 ml/kg/min de
.
VO2máx, 9.36 min aos 3.000m e 4.28 min aos 1.500m, Billat et al., 1996, p. 1052) e 44
.
ml eqO2/kg para corredoras de 400 e 1.500m (52.1 ml/kg/min de V O2máx, Hill &
Rowell, 1996, p.384). No entanto, Scott et al. (1991, p. 620) encontraram valores em
.
atletas masculinos de fundo de 56.9 ml eqO2/kg (70.9 ml/kg/min de VO2máx). No teste
realizado pela atleta em estudo, o valor de DefO2Ac foi de 51.73 o que excede os
valores anteriormente referidos para as atletas femininas. No entanto, se confrontarmos
.
com a última referência relativa a atletas masculinos, tanto o VO2máx dos sujeitos como
o valor do DefO2Ac são coincidentes com os valores da atleta em estudo.
73
A capacidade anaeróbia é solicitada em esforços identificados com intensidades
.
superiores à velocidade associada ao VO2máx. Estes esforços, segundo Mishchenko &
Monogarov (1995, p. 36), são identificados com os 800 e 1.500 metros ou 2 a 4 min de
esforço máximo. De acordo com Gastin (2001, p. 736) e Åstrand & Rodahl (1980, p.
535), estas distâncias podem ter solicitações de EnAna próximas de 27 a 35% para os
1.500 metros e 37 a 50% para os 800 metros. A atleta em estudo alcançou, durante a
realização do TSupMáx, em cerca de 2 min de esforço, a percentagem de solicitação de
EnAer e EnAna de 65 e 35%, respectivamente. Estes resultados estão de acordo com os
de alguns autores para atletas meio-fundistas: 63 e 37% para EnAer e EnAna,
respectivamente, (Gastin, 2001, p. 736, e Scott et al., 1991, p. 621); 65 e 35% para
EnAer e EnAna, respectivamente, (Medbø & Tabata, 1989, p. 1881, e Bickham & Le
Rossignol, 2004, p. 44). Segundo Medbø et al. (1988, p. 50), o DefO2Ac representa a
capacidade anaeróbia da atleta.
5.3. Sessões de treino intervalado
5.3.1. Solicitação energética
Vuorimaa et al. (2000, pp. 98, 99) quantificaram, em atletas de meio-fundo, os
esforços das repetições de uma sessão de TI de 14X60 s com intervalos de 60 s,
.
realizadas a 100% da intensidade da vVO2máx. Quando o estudo incidia apenas na
quantificação ao nível energético do esforço durante as repetições, os resultados,
quantificados através do método do DefO2Ac, foram de 70.2% de solicitação da EnAer
e de 29.8% da EnAna. Volkov (2002, p. 25) qualifica o treino intervalado realizado em
60 s de esforço, com 60 s de pausa como sendo susceptível de solicitar 75% da energia
aeróbia e 25% da energia anaeróbia.
Durante as repetições das três sessões de TI400m realizadas pela atleta em
estudo observou-se uma solicitação de cerca de 81 a 79% de EnAer e de cerca de 19 a
21% de EnAna. Estes dados são ligeiramente inferiores aos encontrados por Vuorimaa
et al. (2000, pp. 98, 99) e aos indicados por Volkov (2002, p. 25).
Apesar de existir uma diferença de 7% de intensidade entre a sessão de treino
mais lenta e a sessão mais rápida, observa-se que apenas existem 2% de diferença na
solicitação energética entre a sessão de treino mais lenta e a sessão mais rápida (79 a
81% - EnAer e 19 a 21% - EnAna). Verifica-se, deste modo, que a solicitação
74
energética, durante as sessões de TI400m, não evolui proporcionalmente com a
intensidade das sessões de treino.
Talvez as diferenças encontradas entre os resultados dos autores consultados e
do presente estudo (70 a 75% vs 79 a 81% de EnAer e 30 a 25% vs 19 a 21% de
EnAna), e também as pequenas oscilações na solicitação energética entre cada sessão,
estejam relacionadas com uma fraca capacidade anaeróbia da atleta em estudo.
5.3.2. Solicitação do consumo de oxigénio
.
Apesar da atleta correr entre 101 e 108% da vV O2máx nas três sessões de
.
TI400m, a percentagem de solicitação do VO2máx nas três sessões da atleta em estudo
foi de 82 a 85% nas repetições e de 66 a 70% nas pausas, com médias das sessões de
treino de 74 a 78%. De acordo com Chicharro & Muelas (1996, p. 97), Volkov (2002, p.
36) e Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 58), só ao fim de 2 a 4 min é que se alcança o
equilíbrio entre necessidade e consumo de oxigénio. Deste modo, o facto de nas
.
repetições não se alcançarem valores máximos de V O2 pode ter a ver com a
circunstância da duração da repetição não ser suficiente para ultrapassar completamente
a inércia do sistema aeróbio apontada por estes autores. Esta inércia pôde ser verificada
no TSubMáx em que só a partir do segundo e terceiro minuto de esforço do último
.
patamar a atleta em estudo alcançou valores próximos do V O2, mesmo após ter
realizado quatro patamares de esforço. No que se refere às pausas, apesar da atleta
realizar apenas um trote ligeiro durante as mesmas, o consumo de oxigénio permaneceu
.
elevado (66 a 70% do VO2max). De acordo com Wilmore & Costill (1998, pp. 107,
108), Córdova & Navas (2000, p. 69), Fox et al. (1991, p. 216) e Robergs & Roberts
(2002, p.126), esta ocorrência é motivada pelo facto de durante os esforços os depósitos
de ATP, PC e oximioglobina serem esgotados e repostos aerobiamente após os mesmos,
.
fazendo, deste modo, com que o V O2 permaneça ligeiramente elevado mesmo durante
as pausas.
Num estudo realizado por Bergh (1982), citado por Meléndez (1995, p. 123),
durante uma sessão de TI400m percorridos em 70 s, com intervalos de 60 s, foram
.
alcançados cerca de 80% do V O2máx durante as fases de esforço e 60% nas pausas. No
.
entanto, o autor não especifica qual a percentagem da vVO2máx em que o treino foi
realizado nem a acção durante os intervalos. Vuorimaa et al. (2000, p. 98, 99)
.
quantificou, em atletas de meio-fundo, o V O2 durante as repetições e as pausas de uma
75
.
sessão de TI de 14X60 s com intervalo de 60 s, realizada à intensidade da vVO2máx. Os
.
.
resultados da solicitação do VO2 das repetições alcançaram valores de 88% do VO2máx
.
e de 40% do V O2máx nas pausas (passivas). Em relação ao estudo de Bergh (1982),
citado por Meléndez (1995, p. 123), os dados encontrados no presente estudo não
diferem muito nas repetições mas diferem nas pausas (80% vs 82 a 85% e 60% vs 66 a
70%, repetições e pausas, respectivamente). Quanto ao estudo de Vuorimaa et al. (2000,
pp. 98, 99), verifica-se que os valores alcançados nas repetições são apenas ligeiramente
diferentes dos deste estudo (88% vs 82 a 85%). Mas nas pausas a diferença foi elevada
(40% vs 66 a 70%). No entanto, no estudo realizado por Vuorimaa et al. (2000, pp. 98,
99), as pausas foram realizadas em repouso passivo e não activo como neste estudo.
Alguns autores (Åstrand, 1996, p. 12, e Wilmore & Costill, 1998, p. 211) defendem que
.
se durante a pausa se realizar um trote lento ao ritmo de 50% do VO2máx o lactato pode
.
ser mais facilmente oxidado (no entanto, este procedimento poderá aumentar o VO2
durante a pausa). Este facto permite iniciar a próxima repetição com menor quantidade
.
de lactato alcançando-se assim, na repetição, uma menor percentagem V O2. Deste
.
modo, eventualmente, o intervalo de percentagem de VO2max repetição-pausa é mais
dilatado. Tendo em conta que a pausa do estudo citado era passiva (contrariamente a
este estudo que era activa), supomos que seja este o motivo pelo qual os valores do
intervalo repetição-pausa apresentados por este autor são mais díspares.
Não se encontraram estudos de TI400m (ou similares) que quantificassem a
.
média da percentagem do VO2máx das repetições e das pausas. No entanto, os dados
.
encontrados neste estudo, sobre a percentagem de solicitação do V O2máx em sessões de
TI400m (74 a 78%), não confirmam os dados de Navarro (1998, pp. 107, 113, 114) e de
.
Volkov (2002, p. 25) que afirmam ser possível solicitar 100% do VO2máx em sessões
de TI400m.
Apesar de existir uma diferença de 7% na intensidade entre a sessão de treino
mais lenta e a sessão mais rápida, observa-se que existe apenas 3 a 4% de diferença na
.
solicitação do VO2 entre a sessão de treino mais lenta e a sessão mais rápida (82 a 85%
- repetições; 66 a 70% - pausas; 74 a 78% - média das sessões). Verifica-se, que a
.
solicitação do V O2, durante as sessões de TI400m, não evolui proporcionalmente com a
intensidade das sessões de treino.
76
5.3.3. Solicitação dos diversos regimes energéticos no TI400m
De acordo com Manso et al. (1996, p. 333), tendo em conta a distância, a
intensidade e as pausas utilizadas, podemos classificar as sessões de treino neste estudo
como fazendo parte do treino intervalado extensivo curto. De seguida analisaremos
quais as capacidades ou potências dos sistemas energéticos que são mais
preponderantemente solicitadas nas três sessões de treino intervalado utilizadas neste
estudo.
5.3.3.1. Solicitação da capacidade aeróbia no TI400m
Os autores consultados classificam os esforços ao nível do LAna como esforços
identificados com a capacidade aeróbia (Bosquet et al., 2002, p. 692; Sleivert, 2000a, p.
16; Billat et al., 1998, p. 40; James & Doust, 1999, p. 238; Paavolainen et al., 1999, p.
1530; Billat et al., 2000, p. 190; Billat et al., 2003b, p. 11; Hill & Rowell, 1996, p. 384).
Estes autores defendem que os esforços ao nível do LAna apresentam uma alta
.
percentagem de solicitação do V O2máx, em atletas altamente treinados, que oscilam em
média entre 70 e 85%. Assim, verifica-se que as solicitações ao nível das percentagens
.
do VO2máx nas sessões de TI400m são similares às solicitações dos esforços
.
identificados com o LAna já que nas três sessões de treino os valores do V O2máx
solicitado foram de 74% (66 e 82%), 76% (68 e 84%) e 78% (70 e 85%, pausas e
repetições, respectivamente), relativas às sessões de treino de 11X400 metros, 7X400
metros e 5X400 metros, respectivamente. Assim, os resultados deste estudo (74 a 78%
.
.
do V O2máx) encontram-se dentro do intervalo (70 a 85% do V O2máx) apontado pela
literatura como esforços ao nível do limiar anaeróbio (identificado também na literatura
como indicador do nível de capacidade aeróbia).
Os resultados do presente estudo parecem sugerir que as sessões de TI400m,
com pausas de 1.10 min, solicitam a zona de esforço identificada com o LAna. Deste
modo, podemos sugerir que as sessões de TI400m, com 1.10 min solicitaram,
principalmente, a capacidade aeróbia.
5.3.3.2. Solicitação da potência aeróbia no TI400m
.
Apesar da atleta correr entre 101 e 108 % da vVO2máx, em nenhuma das
.
sessões alcançou os 100% do VO2máx (média por sessão de 74% (66 e 82%%), 76%
77
(68 e 84%) e 78% (70 e 85%, para pausas e repetições, respectivamente)), sendo de
78% a média alcançada mais elevada. Pensamos que a duração das repetições de 400
.
metros (79 a 74 s) não possibilitou que o VO2 da atleta (82 a 85%) alcançassem valores
.
máximos, apesar das velocidades serem superiores à vVO2máx. Isto acontece pelo facto
da inércia do sistema não possibilitar tal ocorrência, uma vez que, segundo dados de
Hill & Rowell (1997, p. 113) encontrados em atletas femininas, e de acordo com
Chicharro & Muelas (1996, p. 97), Volkov (2002, p. 36) e Garcia-Verdugo & Leibar
.
(1997, p. 58), o V O2máx só se alcança a cerca dos 2 a 4 min de esforço. Por outro lado,
.
a pausa do presente estudo, relativamente longa (70 s), permitia que o VO2 decrescesse
.
bastante no intervalo das repetições (de 82 a 85% para 66 a 70% do VO2máx) o que
.
também não permitia recomeçar uma nova repetição a um nível elevado de V O2. Se o
.
VO2 não deduzisse tanto durante as pausas poderia possibilitar assim vencer mais
facilmente a inércia do sistema aeróbio. Esta nossa convicção vai de acordo com as
conclusões de Bergh (1982), citado por Meléndez (1995, pp. 123, 125), num estudo
realizado sobre um TI400m, percorridos em 70 s com intervalos de 60 s, demonstrou
que a solicitação em oxigénio alcançava 80% nas repetições e 60% nas pausas e que,
.
quando a pausa era reduzida para 20 s, o VO2 nas repetições subia para valores máximos
.
(95 a 100%), enquanto que nas pausas também se elevava a percentagem do V O2 (de 60
para 70%). Volkov (2002, p. 82) também afirma que o prolongamento da pausa conduz
a um notável decréscimo de consumo de oxigénio, tanto nas repetições como nas
pausas.
Andrivet et al. (1995, p. 69) e Martin & Coe (1994, p. 179) frisam a necessidade
.
da solicitação de 90 a 100% do VO2máx para estimular a potência aeróbia. Logo, tendo
em conta que a atleta em estudo apenas solicitou em média, durante as três sessões de
.
TI400m, 74 a 78% do VO2máx, poderemos sugerir que nestas sessões de treino a atleta
não solicitou, preponderantemente, a zona de esforço identificada com a potência
aeróbia.
Navarro (1998, pp. 107, 113, 114) e Volkov (2002, p. 25) qualificam o TI400m
como sendo possível de solicitar a potência aeróbia. No entanto, os dados provenientes
do presente estudo não confirmam a suposição destes autores.
78
5.3.3.3. Solicitação da capacidade anaeróbia no TI400m
.
Na sessão de TI de 11 a 5X400 metros (101 a 108%vVO2máx) a percentagem do
.
VO2máx é idêntica à percentagem solicitada ao nível do LAna mas fica aquém dos
esforços identificados com a potência aeróbia. No entanto, em cada repetição produziuse um pequeno défice de oxigénio o que motivou com que as três sessões alcançassem
uma contribuição de EnAna de cerca de 19 a 21%. A atleta em estudo alcançou no
TSupMáx 35% de solicitação de energia anaeróbia. No entanto, como já se frisou, as
percentagens de solicitação de EnAna durante as três sessões de TI400m foram
claramente inferiores (19 a 21% vs 35%). De acordo com Garcia-Verdugo & Leibar
(1997, p. 155), a capacidade anaeróbia é mais solicitada a partir de 110 até 120% da
.
vV O2máx, o que não aconteceu nas sessões de treino deste estudo que alcançaram um
.
valor máximo de 108% da vVO2máx.
Portanto, com base no anteriormente exposto, podemos sugerir que as sessões de
.
TI400m realizadas até 108% da vVO2máx, com 1.10 min de intervalo, não solicitam,
preponderantemente, a capacidade anaeróbia. Este resultado difere da opinião de Martin
& Coe (1994, p. 180) em que defendem que o treino da capacidade anaeróbia se efectua
.
.
entre 100 e 130% da vV O2máx. Julgamos sim que, além dos 100% da vV O2máx, se
solicite cada vez mais a capacidade anaeróbia. Mas, no entanto, haverá um intervalo de
intensidade,
além
da
.
vVO2máx,
em
que
a
solicitação
continua
a
ser,
preponderantemente, ao nível da potência aeróbia. Neste aspecto, julgamos que a
afirmação de Garcia-Verdugo & Leibar (1997, p. 155), já anteriormente citada, que
.
defende 110 a 120% da vVO2máx para a solicitação da capacidade anaeróbia, é mais
consistente.
6. Conclusões e recomendações
6.1.Conclusões
Em conclusão, podemos afirmar que os resultados de todas as sessões de treino
.
apontam para uma baixa solicitação da percentagem do V O2máx e, consequentemente,
.
de uma baixa contribuição da EnAna. Os valores mais elevados de solicitação do VO2
.
foram observados na sessão de treino 5X400 metros, realizada a 108% da vVO2máx,
.
com uma clara exaustão da atleta, em que se alcançou uma média de 78% V O2máx
79
.
(70% do VO2máx nas pausas e 85% nas repetições) e uma contribuição da EnAna 21%
nas repetições.
Concluído este estudo, foi possível responder às questões anteriormente
formuladas:
Q1 – Nos dados das três sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e
.
108% da vVO2máx com pausas de 1.10 min, não existem diferenças relevantes na
percentagem de solicitação de energia aeróbia e anaeróbia;
Q2 – Nos dados das três sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e
.
108% da vV O2máx com pausas de 1.10 min, não existem diferenças relevantes na
.
percentagem de solicitação do VO2máx;
Q3 – Os resultados das sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e
.
108% da vVO2máx com pausas de 1.10 min, parecem evidenciar que solicitam,
preponderantemente, a capacidade aeróbia;
Q4 – Os resultados das sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e
108%
da
.
vV O2máx
com
pausas
de
1.10
min,
parecem
não
solicitar,
preponderantemente, a potência aeróbia;
Q5 – Os resultados das sessões de TI400m, realizadas à intensidade de 101, 104.5 e
108%
da
.
vVO2máx
com
pausas
de
1.10
min,
parecem
não
solicitar,
preponderantemente, a capacidade anaeróbia.
6.1. Recomendações
Tal como a grande parte, se não todos os estudos de investigação científica,
também este oferece limitações que são de realçar e recomendações que se pretende
registar para perspectivas de estudos futuros. A generalização dos resultados obtidos é
uma limitação deste estudo por se tratar de um estudo de caso. No entanto, os resultados
obtidos abrem perspectivas para estudos futuros em que se utilize uma metodologia
semelhante, alargando a amostra para, pelo menos, cinco atletas. Propõem-se também,
para futuros trabalhos, a utilização de outras pausas, como 60 s, 50 s e 40 s e outras
distâncias, como os 300 e os 200 metros.
Os estudos futuros seriam enriquecidos com a quantificação da percentagem do
.
limiar anaeróbio (LAna), em relação ao VO2máx, como forma de aferir a relação directa
que os esforços produzidos nestas sessões de TI400m têm com LAna dos atletas
estudados.
80
O facto de existirem poucas diferenças, tanto na solicitação energética (aeróbia e
.
anaeróbia) como na solicitação da percentagem do VO2máx em sessões de treino a 101,
.
104.5 e 108% da vVO2máx com 1.10 min de pausa, não significa que não existam
diferenças ao nível das solicitações enzimáticas, hormonais, substratos energéticos
utilizados, etc. Ou seja, a não existência de diferenças significativas nas solicitações
atrás referidas, não invalida que não existem diferenças significativas nos efeitos de
treino nestas sessões. Assim, para melhor aferir das possíveis diferenças entre as várias
intensidades, propomos que em futuros estudos sejam realizados longitudinalmente e
quantificados os parâmetros sanguíneos relacionados com a concentração de lactato,
com a actividade de enzimas chave do metabolismo aeróbio e anaeróbio e com a
concentração de determinadas hormonas e enzimas relacionadas com o stress oxidativo.
81
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8. Anexos
• Dados do teste sub-máximo
Listagem dos dados do teste sub-máximo.
5ºpatamar
1º patamar 2º patamar 3º patamar 4º patamar 5º patamar
.
mm:ss
(ml/kg/min) (ml/kg/min) (ml/kg/min) (ml/kg/min) (ml/kg/min) (%VO2máx)
00:00
11.84033
14.28515
9.007954
7.644312
13.07543
18.97
00:15
15.58912
19.90392
25.36159
19.40008
30.16579
43.77
00:30
24.30149
29.28037
34.27839
36.80161
47.81983
69.38
00:45
37.52486
41.25558
47.49512
54.3078
57.88643
83.99
01:00
41.73073
44.38631
51.84131
55.6543
61.62615
89.42
01:15
43.86646
49.78983
52.0181
58.75668
65.4191
94.92
01:30
41.25778
48.21478
51.82549
57.12525
66.79164
96.91
01:45
39.98707
49.52186
52.9031
57.80069
68.87808
99.94
02:00
38.93314
47.03323
54.45805
60.77815
66.29721
96.19
02:15
38.41578
46.14423
53.11968
64.21013
67.87323
98.48
02:30
35.19163
45.10972
52.94079
64.27177
67.18283
97.48
02:45
37.46708
44.10097
54.23306
66.56815
67.86023
98.46
03:00
37.23878
44.26567
51.6909
65.30057
68.93221
100.02
03:15
36.20955
42.49052
54.10135
64.26927
69.17534
100.37
03:30
39.19785
43.46003
51.03325
66.26215
68.09281
98.80
03:45
36.42501
43.399
53.29243
65.42991
68.96292
100.06
04:00
37.21083
42.95251
53.91134
65.74059
68.26677
99.05
04:15
37.4991
44.81379
54.27989
62.47717
68.75504
99.76
04:30
37.80224
44.09149
55.1743
61.52606
70.21278
101.88
04:45
38.84508
42.63491
53.53665
60.54887
68.4514
99.32
05:00
37.58532
44.57079
55.67012
62.64065
05:15
41.61844
43.23319
54.9334
60.7786
05:30
40.88858
44.63398
59.84261
05:45
39.68763
44.73601
61.86381
06:00
38.47875
43.70915
60.02376
06:15
39.47797
61.11889
92
Evolução do teste sub-máximo
80
70
VO2 (ml/kg/min)
60
1º pa t.
50
2º pa t.
40
3º pa t.
4º pa t.
30
5º pa t.
20
10
0
00:00
00:45
01:30
02:15
03:00
03:45
04:30
05:15
06:00
T empo por patamar (min:seg)
Evolução do consumo de oxigénio nos vários patamares do teste sub-máximo.
Evolução do VO2 no último patamar
100
90
Consumo de O2 (%)
80
70
60
50
VO2
40
30
20
10
0
0
0.30
1.00
1.30
2.00
2.30
3.00
3.30
4.00
4.30
5.00
T empo (min.seg)
Evolução do consumo de oxigénio no último patamar do teste sub-máximo.
93
Relação VO2 - FC no decorrer do teste sub-máximo
80
R2 = 0.9964
VO2 (ml/kg/min)
70
60
50
40
30
20
10
0
50
70
90
110
130
150
170
190
Frequência cardíaca
Relação do consumo de oxigénio e da frequência cardíaca no teste sub-máximo.
Relação VO2 - VCO2 no decorrer do teste sub-máximo
70
65
R2 = 0.9689
CO2 (ml/kg/min)
60
55
50
45
40
35
30
25
35
40
45
50
55
60
65
70
75
VO2 (ml/kg/min)
Relação do consumo de oxigénio e da produção de dióxido de carbono no teste sub-máximo.
94
• Dados do teste supra-máximo
mm:ss
. Listagem referente .ao teste supra-máximo
.
VO2
VO2
VCO2
R
(ml/kg/min)
(%)
(ml/kg/min)
00:00
15.97
23.17
16.00
1.00
00:05
11.37
16.50
10.68
0.94
00:10
28.46
41.30
29.91
1.05
00:15
29.92
43.42
37.20
1.24
00:20
35.08
50.91
37.82
1.08
00:25
46.34
67.24
44.48
0.96
00:30
53.73
77.97
47.84
0.89
00:35
57.27
83.09
51.73
0.90
00:40
56.19
81.53
55.65
0.99
00:45
56.72
82.30
57.95
1.02
00:50
59.15
85.83
61.45
1.04
00:55
56.92
82.59
61.61
1.08
01:00
56.33
81.73
61.23
1.09
01:05
55.78
80.94
63.28
1.13
01:10
54.49
79.06
64.22
1.18
01:15
55.12
79.98
62.99
1.14
01:20
54.76
79.46
63.52
1.16
01:25
53.87
78.16
61.97
1.15
01:30
56.79
82.40
63.80
1.12
01:35
56.69
82.25
64.34
1.13
01:40
58.15
84.37
64.80
1.11
01:45
56.65
82.20
63.83
1.13
01:50
57.66
83.66
66.03
1.15
01:55
58.97
85.56
68.70
1.17
02:00
58.26
84.53
64.85
1.11
95
Evolução do teste supra-máximo
80
VCO2 e VO2 (ml/kg/min)
70
60
50
VO2
40
VC O2
30
20
10
0
00:00
00:15
00:30
00:45
01:00
01:15
01:30
01:45
02:00
T empo
.
.
Evolução do V O2 e V CO2 no teste supra-máximo.
96
• Dados das sessões do treino intervalado
.
Variáveis
Dados da sessão de TI de 11X400 metros realizada a 101% da vV O2máx.
1ª rep 2ª rep 3ª rep 4ª rep 5ª rep 6ª rep 7ª rep 8ª rep 9ª rep
10ª rep
11ª rep
80.2
81.6
Tempos (s)
77.9
EnAer rep (%)
67.04 78.80 82.28 82.94 83.29 84.58 84.07 84.36 84.86 79.29 83.59
78.6
78.8
78.8
78.0
78.7
78.7
78.2
79.4
32.96 21.20 17.72 17.06 16.71 15.42 15.93 15.64 15.14 20.71 16.41
EnAna rep (%)
.
68.62 79.96 83.28 83.95 85.14 85.72 85.20 86.03 85.27 78.92 81.82
VO2máx rep (%)
.
VO2máx pausa (%) 65.28 68.54 68.38 65.90 67.25 62.83 63.65 63.49 68.34 63.90 --
% do consumo de oxigénio durante o treino intervalado de
11X400 m a 101% da vVO2 máx
100
90
% do VO2 máx.
80
70
60
50
40
30
20
00:00.0
07:12.0
14:24.0
21:36.0
28:48.0
T empo (mm:ss)
.
Representação gráfica da sessão de TI de 11X400 metros realizada a 101% da vV O2máx. A linha
pontilhada representa a média do consumo de oxigénio da sessão.
.
Dados da sessão de TI de 7X400 metros realizada a 104.5% da vV O2máx.
Variáveis
1ª rep
2ª rep
3ª rep
4ª rep
5ª rep
6ª rep
7ª rep
Tempos (s)
76.7
76.9
76.3
76.6
74.7
76.4
77.3
EnAer rep (%)
72.50
81.19
81.14
83.40
79.77
85.09
79.67
EnAna rep (%)
.
VO2máx rep (%)
.
VO2máx pausa (%)
27.50
18.81
18.86
16.60
20.23
14.91
20.33
75.32
84.14
84.72
86.75
85.01
88.74
82.15
65.42
64.96
62.51
72.17
70.10
74.65
---
97
% do consumo de oxigénio durante o treino intervalado de
7X400 m a 104.5% da vVO2 máx
100
90
% do VO2 máx.
80
70
60
50
40
30
20
00:00.0
03:01.4
06:02.9
09:04.3
12:05.8
15:07.2
18:08.6
21:10.1
24:11.5
T empo (mm:ss)
.
Representação gráfica da sessão de TI de 7X400 metros realizada a 104.5% da vV O2máx. A linha
pontilhada representa a média da sessão.
.
Dados da sessão de TI de 5X400 metros realizada a 108% da vV O2máx.
Variáveis
1ª rep
2ª rep
3ª rep
4ª rep
5ª rep
Tempos (s)
73.8
74.2
73.8
75.0
74.2
EnAer rep (%)
67.27
79.32
80.55
84.30
82.69
EnAna rep (%)
.
VO2máx rep (%)
.
VO2máx pausa (%)
32.73
72.53
20.68
85.08
19.45
86.85
15.70
89.50
17.31
88.70
66.64
70.69
72.65
70.34
---
% do consumo de oxigénio durante o treino intervalado
de 5X400 m a 108% da vVO2 máx
100
90
% VO2 máx.
80
70
60
50
40
30
20
0 0 :0 0 .0
0 3 :0 1.4
0 6 :0 2 .9
0 9 :0 4 .3
12 :0 5.8
T empo (mm:ss)
.
Representação gráfica da sessão de TI de 5X400 metros realizada a 108% da vV O2máx. A linha
pontilhada representa a média da sessão.
98
• Resumo dos dados das três sessões de TI400m
Evolução das médias de percentagens do VO2 nas 3 sessões de TI400m
90
80
% VO2 máx
70
11X400m
60
7X400m
50
5X400m
40
30
20
0ª
1ª
2ª
3ª
4ª
5ª
6ª
7ª
8ª
9ª
10ª 11ª
Repetições
.
Evolução da solicitação média (repetições e pausas) da percentagem do V O2máx no decorrer do conjunto
das sessões de treino intervalado.
Evolução das médias de EnAna nas 3 sessões de TI400m
35%
% EnAna
30%
11X400m
25%
7X400m
5X400m
20%
15%
10%
1ª
2ª
3ª
4ª
5ª
6ª
7ª
8ª
9ª
10ª
11ª
Repetições
Evolução da solicitação energia anaeróbia das repetições no decorrer das sessões de treino intervalado. A
linha representa a média das 3 sessões.
99
• Registo fotográfico da recolha de dados
Aspectos da calibragem do Cosmed K4b2.
Adaptação ao Cosmed K4b2.
100

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