em revista - AAI Brasil/RS

Transcrição

em revista - AAI Brasil/RS
PLANEJAMENTO
URBANO
Com um desenvolvimento focado, principalmente, na questão
rodoviária – já dizia o ex-presidente Washington Luís, no começo do
século passado, que governar é abrir estradas –, as cidades brasileiras correm em direção a um colapso de mobilidade. Esse fato, aliado
à concentração populacional em determinadas áreas, à falta de acesso a equipamentos educacionais, de saúde e de lazer e à crescente
ocupação irregular de encostas e de áreas de preservação ambiental,
revela a importância da definição de diretrizes de longo prazo. Tais
parâmetros são definidos por um planejamento urbano que considere a cidade como um todo, projetando suas conexões e equilibrando densidades demográficas, áreas verdes, industriais, comerciais e
outras necessidades de uma comunidade.
Nesse ritmo de crescimento e sem uma mudança radical dos
atuais padrões de urbanização, o futuro não é dos mais promissores.
Os problemas enfrentados hoje nos municípios podem até se agravar, na opinião da arq. Sílvia Ribeiro Lenzi, especializada em Metodologias e Projetos de Desenvolvimento Municipal e Urbano. Diante
desse cenário, ela projeta a possibilidade do aumento de doenças
de origem hídrica (relacionadas com a precária proteção de mananciais de água para abastecimento e com a ausência de rede de esgoto associada a uma ocupação mais intensa), da insegurança e da
formação de paisagens indiferenciadas. “A maior divisão das cidades
em guetos, do mais baixo ao mais alto padrão social, pode ser outra
consequência. Isso articulado através de vias de circulação rápida,
de ponto a ponto. A rua deixará de ser o espaço de interação social”,
avalia. O resultado serão custos financeiros, sociais e ambientais
cada vez mais elevados, na tentativa de reverter os estragos provocados por um planejamento urbano ineficiente.
Por definição, o planejamento/parcelamento do solo urbano é
o estudo interdisciplinar que propõe sugestões que melhorem a qualidade de vida das pessoas, cabendo ao profissional da arquitetura
o trabalho de absorver as informações das mais variadas áreas de
em revista
Publicação da Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil/RS
conhecimento e transformá-las em medidas físicas. “Ele é o responsável por juntar as ideias e traduzi-las em um desenho”, resume a
arq. Lígia Maria Bergamaschi Botta, cuja trajetória profissional sempre esteve ligada ao Planejamento Urbano. Seu resultado está relacionado a análises espaciais do local em estudo, suas articulações
com o entorno e suas tendências de crescimento. Dados que dão a
fundamentação para propostas de desenvolvimento a serem negociadas previamente por edificadores e usuários do lugar. “A realização
deste pacto social busca uma maior harmonização na produção e
nas interferências em determinado espaço urbano. Mesmo assim,
o efeito nunca estará completamente assegurado devido à complexidade dos municípios como sistemas abertos”, afirma Silvia. “A relevância do planejamento urbano, no entanto, só ocorrerá quando
ele for assumido pelas autoridades e pela população como requisito
indispensável para a administração das cidades”, defende. As duas
arquitetas acreditam que é preciso competência técnica; vontade
política, com a criação de uma cultura de planejar no Brasil; recursos
destinados ao interesse coletivo; e participação comunitária.
A capital gaúcha, conforme Lígia, foi pioneira em termos de envolvimento da população na definição de prioridades no Plano Diretor, já em 1979. “Este foi um plano revolucionário, pois criou as
regras, com diferentes graduações, para a preservação do meio ambiente”, salienta a arquiteta, que atuou durante anos nesse segmento na Prefeitura de Porto Alegre. “Deve-se trabalhar sempre com o
conceito de que o planejamento não é algo isolado; ele está ligado
a uma esfera maior. Por exemplo, o do município lincado ao regional
e este a uma proposta da união, promovendo uma reação em cadeia
de expansão”, complementa. Para Silvia, técnica do Instituto de Planejamento Urbano de Florianópolis, é preciso integrar as distintas
políticas governamentais que ocorrem no espaço da cidade. “Entretanto, sua concretização é dificultada pela falta de um olhar sistêmico das autoridades responsáveis pela gestão urbana”, aponta. Ela
pondera que, de forma isolada, o planejamento não é a solução para todos os problemas dos municípios. “Para contribuir com resultados mais positivos, ele deveria ser concebido dentro de um contexto que adotasse um novo modelo de desenvolvimento mais sustentável, como referência para as iniciativas públicas”, indica. Dentro
desse quadro, as propostas colocariam em primeiro lugar os interesses coletivos, ao tratarem da cidade como um espaço de troca e de
interações entre pessoas.
Páginas 10 e 11
Desafios na Arquitetura é o tema do Seminário de
Qualificação Profissional da AAI Brasil/RS, em agosto
Veja página 18
Ano VIII
nº 49
Jul/Ago
2010
2
AAI Brasil/RS
No ano em que celebramos o cinquentenário de Brasília, trazemos o tema Planejamento Urbano a debate. A capital federal, traça­
­da pelo mestre Lúcio Costa, é referenciada como um exemplo de
ar­­­­quitetura moderna, de urbanismo eficiente – Patrimônio da Humanidade, tombado pela Unesco. Os estudos originais do arquiteto
e urbanista, vencedor do concurso nacional do Plano Piloto da Nova
Capital do Brasil, previram elementos essenciais para proporcionar
uma vida digna e saudável a sua população. Citam-se os parques, as
praças, o lago Paranoá, as calçadas, os pilotis, as largas vias e rodovias. Por outro lado, Brasília é uma metrópole rica em contradições
como todas as metrópoles brasileiras, avalia o arquiteto e urbanista
Fabiano Sobreira, Doutor em Desenvolvimento Urbano e morador
de Brasília. No artigo que assina nesta edição do AAI em revista, ele
destaca questões que estão no cerne das inquietações de todo o
planejador urbano, a promoção da inclusão social e da qualidade de
vida. Apresentamos, nas próximas páginas, aspectos da complexidade do planejamento urbano; discutimos as consequências da sua
ineficiência e trazemos exemplos nacionais de referência. O tema,
sem dúvida, encabeça a lista de desafios preocupações para a arquitetura em escala urbana. Desafios na Arquitetura, com foco em interiores, é o título escolhido para a edição deste ano do Seminário
de Qualificação Profissional da AAI Brasil/RS, cuja programação já
está sendo divulgada.
Arq. Silvia Barakat
Presidente da AAI Brasil/RS - Gestão 2010/2011
Projeto Empresarial AAI Brasil/RS
Estas empresas garantiram participação nos eventos e projetos
da AAI Brasil/RS em 2010. Informações na Arte Sul:
[email protected] ou fones: (51) 3228.0787 - 9981.3176.
Fotos Divulgação | AAI Brasil/RS
página
Editorial
REUNIÕES-ALMOÇO
No almoço de maio, a pa­­­les­­­tra “Será que o futuro é agora” foi proferida pelo arq. Gustavo de Mello Schnei­­­der, que tratou sobre detalhes na iluminação, tecnologias e LED. Em junho, com mais de 40
pessoas presentes, a Reunião-almoço contou com a parti­­cipação dos
arquitetos Luis Felipe Sfreddo Duarte
e Cícero Santini, que percorreram,
com uma grande equipe técnica, os
estádios de futebol da copa na África
do Sul, falando sobre o tema “TAB,
that’s Africa baby”.
FÓRUM DE ENTIDADES DE ARQUITETURA NO RS
O Fórum (IAB-RS, AsBEA-RS, AAI Brasil/RS e FNA), coordenado pela
representação da Associação, está organizando o Seminário Qualidade e Eficiência, a ser realizado em setembro, em Porto Alegre. O
evento tratará sobre a transição para o Conselho de Arquitetura e
Urbanismo (CAU) e faz parte de uma série de seminários que estão
sendo promovidos pelo País pelo Colégio Brasileiro de Arquitetos
(CBA), com o intuito de discutir questões básicas sobre o novo Conselho Profissional.
DIVULGAÇÃO
A AAI Brasil/RS produziu adesivos com a logo­­­
mar­­­ca da Entidade para divulgação da Associação pelos seus associados. Em julho, também
será disponibilizada a utilização do LOGO da As­
­­sociação, por meio digital, para os interessados.
Este logotipo foi elaborado especialmente para
a utilização pelos associados. Mais infor­­ma­­­ções
com a secretaria pelo fone (51) 3228.8519.
EM TEMPO
Na página central da última edição, sobre o trabalho desenvolvido
pela arq. Leiko H. Motomura, complementamos que, no laboratório
de conforto ambiental da FAU/USP, Leiko testa, de forma calculada
e simulada, todas as soluções de ventilações e iluminações naturais,
usos de geotermia e materiais específicos em soluções de arquitetura solar passiva. A intenção é tirar proveito da capacidade dos
materiais de conduzir e armazenar calor.
DIRETORIA - Gestão 2010/2011
Associação de Arquitetos
de Interiores do Brasil –
Seccional Rio Grande do Sul
Rua Sport Club São José, 67/407
Porto Alegre/RS CEP 91030-510
(51) 3228.8519 www.aairs.com.br
Presidência Silvia Monteiro Barakat
Vice-Presidência Cármen Lila Gonçalves Pires
Relações Acadêmicas Maria Bernadete Sinhorelli
Exercício Profissional Gislaine Saibro
Marketing Ana Paula Bardini
Eventos Rosinha Rodrigues
Sandra Nara Kury Berthier
Tesouraria Elisabeth Sant´Anna
CONSELHO EDITORIAL
em revista
JORNALISTA RESPONSÁVEL
Letícia Wilson (Reg. 8.757)
[email protected]
Colaboração:
Tatiana Gappmayer (Reg. 8.888)
Tiragem:
3.000 exemplares
Arq. Cristina Duarte Azevedo
Arq. Gislaine Saibro
Letícia Wilson
EDITORAÇÃO
Paica Estúdio Gráfico | Tiba
COMERCIALIZAÇÃO
Arte Sul Marketing & Comércio
(51) 3228.0787 - 9981.3176
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reservados. Publicação bimestral, com distribuição dirigida a arquitetos, entidades de classe, instituições de ensino e empresas do setor. Órgão oficial da Associação de Arquitetos de Interiores do Rio Grande do Sul.
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BRASÍLIA: FRAGMENTOS
DE UMA METRÓPOLE
O arquiteto e urbanista Fabiano Sobreira apresenta a sua visão dessa “metrópole rica em
contradições”. Fabiano é Doutor em Desenvolvimento Urbano (UFPE / University College London) e
tem Pós-Doutorado na École d’architecture – Université de Montréal
“Em 30 de setembro de 1956 era publicado no Diário Oficial da
União o Edital para o concurso nacional do Plano Piloto da Nova Ca­
­­pital do Brasil. O projeto vencedor, do arquiteto e urbanista Lúcio
Cos­­­ta, foi construído e inaugurado menos de 4 anos depois, em
1960. Brasília, a capital do Brasil, celebrou em abril de 2010 o seu
cinquentenário, mas o plano piloto original, estimado em 500.000
habitantes (população definida nas bases do Concurso de 1956) é
hoje apenas um bairro – que abriga apenas 10% da população – de
uma metrópole de mais de 2 milhões e 600 mil habitantes. Nesse
sentido vale lembrar que a parte de Brasília que se divulga como
cidade, e que eventualmente ganha manchetes nacionais e internacionais sobre sua alta qualidade de vida1, não é mais do que um
fragmento de uma metrópole rica em contradições, como todas as
metrópoles brasileiras2. A divulgação de Brasília como espaço urbano limitado ao Plano-Piloto e a referência equivocada aos bairros
desta metrópole como supostas “cidades-satélites” (dando a estes
fragmentos urbanos uma falsa ideia de autonomia e de autossuficiência) contribuem para os equívocos de planejamento e para o
agravamento da exclusão social e da fragmentação urbana3 desta
capital-metrópole em crescimento.
Apesar de Lúcio Costa ter declarado, em seu projeto original,
que a “gradação social poderá ser dosada facilmente”, que a distribuição e agrupamento das quadras permitiriam “certo grau a coexistência social, evitando-se assim uma indevida e indesejável estratificação” e que se deveria “impedir a enquistação de favelas tanto
na periferia urbana quanto na rural”, a realidade (social e espacial)
já se configurava em direção oposta, antes mesmo de inaugurada a
nova Capital. Poderíamos dizer que a ‘nova Capital do país’ nasceu
à custa da informalidade urbana. Grande parte da cidade se construiu de maneira fragmentada e informal – ora subsidiada pelo poder
público, ora por resistência popular – para a viabilização do projeto
oficial da Capital4. Não se tratava de um “canteiro de obras” transitório, mas de fragmentos da cidade, que já se formavam e se firmavam como partes inevitáveis, necessárias e indissociáveis – porém
não reconhecidas – da futura metrópole, antes mesmo da inauguração da Capital: Candangolândia (1956), Núcleo Bandeirantes (1956),
Varjão (1956), Taguatinga (1958) e Cruzeiro (1959). A informalidade
e a precariedade urbana em Brasília, portanto, não são eventos re-
centes; são partes de uma dinâmica social e urbana que está na origem da formação da Capital.
Nesse sentido, as agendas da Preservação e do Planejamento
Urbano de Brasília-Metrópole devem incluir em suas metas a recuperação do espírito de inclusão social anunciado por seu idealizador.
A manutenção de um Plano-Piloto excludente e elitizado e sua consequente segregação urbana e social é tão ou mais agressiva e danosa ao espírito original do Plano tombado quanto a ocupação e a
privatização dos espaços livres dos pilotis nas superquadras residenciais; o desrespeito à escala monumental da Esplanada dos Ministérios ou a ocupação irregular das mansões sobre as margens do Lago
Paranoá. Por isso, deve-se entender que o reconhecimento da complexidade social e urbana5 e o enfrentamento da fragmentação e da
exclusão social de Brasília enquanto metrópole não se configuram
como uma crítica ou afronta ao Plano original. Pelo contrário, são
ações necessárias de planejamento, de preservação e de recuperação do espírito de um Plano que, segundo seu idealizador, deveria
ser capaz de “prover dentro do esquema proposto acomodações
decentes e econômicas para a totalidade da população.”
É importante lembrar, enfim, que Brasília se tornou Patrimônio
da Humanidade pelo seu conceito, pelos princípios estabelecidos no
Plano Original. Não foi apenas pelas edificações, nem foi unicamente pelo traçado, mas principalmente pelas ideias nele subentendida.
Entre essas ideias estava não apenas a cidade “monumental, cômoda, eficiente (...), concisa e bucólica”, mas também a cidade cujo
“agenciamento urbanístico”, nas palavras de Lúcio Costa, não deveria “afetar o conforto social a que todos têm direito”.
Referências
1 BBC Brasil (www.bbc.co.uk), 26 de maio de 2010.
2 Paviani, Aldo. Brasília: In: Moradia e Exclusão. “A Realidade da
Metrópole: mudança ou transformação na cidade?” Brasília, 1996;
Paviani, Aldo. “Próteses” Urbanas em Brasília. Revista Minha Cidade, n.
107.06, ano 09, 2009. Portal Vitruvius (www.vitruvius.com.br).
3 Holanda, Frederico de. Brasília – cidade moderna, cidade eterna.
FAU-UnB,2010.
4 Souza et al. Taguatinga: uma história candanga. In: Brasília: Moradia e
Exclusão.
5 Sobreira, Fabiano. “A Lógica da Diversidade: complexidade e dinâmica
em assentamentos espontâneos.” Tese de Doutorado. UFPE, 2002.
Foto acervo pessoal | Fabiano Sobreira
página
Profissão
Contrastes sociais. Em primeiro
plano: barracos em “área de
transição” para moradores retirados
de “áreas de risco ambiental” do
Varjão, bairro cuja ocupação foi
iniciada em 1956 e é situado ao norte
do Plano-Piloto, de Brasília. Ao fundo:
área de expansão do Lago Norte
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UM MUSEU VIVO
A arquiteta associada e artista visual Dânia Moreira apresenta o Museu Sport Club Internacional, do
qual é diretora. Ela participou de todas as etapas do desenvolvimento do projeto, que reúne
tecnologia e tradição no resgate da história dos 100 anos do clube
“Porto Alegre recebeu, no início de abril, mais um equipamento
urbano cultural que se incorpora ao sistema de instituições de cultu­
­­ra de nossa cidade: o novo Museu do Sport Club Internacional – Ruy
Tedesco. A construção do museu, viabilizada por recursos próprios
do clube e que prestigiou o trabalho de profissionais locais, foi uma
iniciativa da direção do Inter. O objetivo foi promover a manutenção,
o resgate e a celebração do patrimônio material e imaterial destes
100 anos de história do clube, gerando um processo contínuo a partir da implantação do Museu.
O Museu foi construído a partir de uma concepção museológica
contemporânea, como lugar de vivência e troca de experiências. É
dedicado à história do Sport Club Internacional, que é a história da
comunidade porto-alegrense, unida pelos laços intangíveis do amor
ao clube e do interesse pelo esporte. No entanto, o público
não fica restrito aos apaixonados pelo time ou pelo futebol.
O trabalho da curadoria se desenvolveu, também, no sentido de estabelecer as devidas relações entre o clube e a cidade, o
torcedor e a comunidade. Os visitantes podem fazer uma viagem aos momentos marcantes, competições,
lugares e personagens – dos astros aos anônimos atores dessa
história, em todos os tempos.
Instalado no estádio BeiraRio, em Porto Alegre, em uma área
to­­­tal de aproximadamente 1.400 m2,
sendo quase 1.000 m2 dedicados à
exposição, o Museu do Inter teve a
curadoria do arquiteto Nico Rocha. O projeto arquitetônico e museográfico foi realizado pelo escritório Tangram Arquitetura e
Design, de Porto Alegre, dirigido pela arquiteta
Ceres Storchi, com larga experiência em pro-
jetos nesta área. O trabalho contou, ainda, com a colaboração de
equipes técnicas no desenvolvimento de soluções tecnológicas, construtivas e softwares. O investimento se dividiu entre a pesquisa e
restauração do acervo, as obras civis e a equipagem do museu, das
estruturas ex­­­­positivas e de armazenagem do acervo ao desenvolvimento de conteúdos e instalação de multimídias.
O projeto contemplou a acessibilidade, com elevadores em todos
os níveis da exposição. Janelas estrategicamente instaladas no meza­
­nino possibilitam a comunicação visual com a parte interna do estádio. As limitações de área foram resolvidas pela flexibilização de usos,
como no espaço de anfiteatro, em forma de arena, com capacidade
para 80 pessoas, cuja arquibancada pode receber eventos diversos.
Em parte dos módulos expositivos, o conteúdo pode ser substituído.
Para acolher o acervo, foi construída área de reserva técnica e
laboratório, com cerca de 180 m2, com controle dos níveis de climatização, umidade e iluminação, e segurança adequados à guarda e
conservação das peças. O Museu conta com recursos expográficos
e museográficos, associando soluções tradicionais e tecnologias adequadas aos conceitos atuais de economia de energia e sustentabilidade, tais como iluminação com LEDs de última geração, software
de gerenciamento da projeção das imagens, estações multimídia
com touch screens para acesso ao banco de dados e telões de LEDs.
O Museu do Inter foi estruturado com todas as funções de um
museu; é um museu completo, uma instituição viva. Não se resume
a um espaço de exposição, mas cumpre as funções de pesquisa histó­
­rica e preservação. E a equipe técnica, embora enxuta, está estrutura­
­da para desenvolver esse trabalho. Apesar disso, é preciso salientar
que apenas o pontapé inicial foi dado; há muito trabalho pela frente,
em todas as áreas. O banco de dados será ampliado à medida que
os programas de pesquisa forem sendo executados. A proposta mu­
­­seo­­­lógica se completa com um programa contínuo de atividades e
eventos, tais como seminários, debates e encontros, prevendo ativi­
­­dades para públicos específicos e famílias. O programa educativo,
ora em desenvolvimento, prevê atendimento especial para estudantes, crianças, para o público assistido pelos projetos sociais do clube
e para a comunidade.”
Saiba mais: www.internacional.com.br
Exposição reúne troféus, flâmulas, fotos, vídeos e esculturas de jogadores
em quase 1.000 m2 de área
Tótens com fechamento em vidro exibem objetos de personagens
fundamentais do clube, como Vicente Rao e Bodinho
Fotos arquivo pessoal | arq. Dânia Moreira
página
Detalhe
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DESAFIOS NA ARQUITETURA
O arq. André Detanico será um dos palestrantes do Seminário de Qualificação Profissional que a AAI
Brasil/RS realizará em agosto, na FIERGS, em Porto Alegre, sob o tema “Desafios na Arquitetura”
Acompanhar as transformações das necessidades da sociedade
exige a permanente reavaliação do papel a ser desempenhado pela
arquitetura no cenário atual e do seu impacto a médio e longo prazo. Esse é um dos grandes desafios dos profissionais do segmento a
ser respondido através de projetos que aliem qualidade, sustentabilidade e acessibilidade. Assim como pensar questões com as quais
os ar­­­­quitetos precisam lidar em seu dia-a-dia, como analisar o contexto ur­­­bano e mecanismos que reduzam os desperdícios das obras
plane­­­jadas.
Para o arquiteto André Detanico, do escritório AT. Arquitetura,
de Porto Alegre, é preciso também refletir sobre a configuração dos
municípios, constituídos por intervenções arquitetônicas isoladas,
muitas vezes desconectadas de uma visão de conjunto. “Este perfil
urbano heterogêneo gerado por circunstâncias sociais, econômicas,
culturais e legislativas é a cidade que iremos conviver por muitos
anos. A meta de qualificação desse ambiente talvez seja a mais difícil de ser alcançada, justamente pelo envolvimento desses fatores”,
pondera Detanico, que comanda o escritório, criado em 1985, ao
lado do colega Tarso Carneiro. Ele aponta como um dos fenômenos
que vêm alterando o aspecto dessas regiões o crescimento da oferta de terrenos em condomínios. “A casa surge nessa condição como
uma alternativa aos apartamentos, pois consegue unir segurança e
lazer com custos equivalentes”, afirma.
O desenvolvimento de planos que resultem em menor impacto
ao meio ambiente, com a busca constante por soluções que diminuam o consumo de energia, é outro objetivo a ser perseguido na opinião de Detanico. Conforme ele, esse trabalho começa no projeto,
na escolha dos sistemas construtivos e materiais, continua na obra
com o gerenciamento de resíduos, passa pela diminuição do consumo no período de uso do prédio e termina com a reciclagem dos
produtos utilizados. “O tema de conceber as construções como sistemas funcionais e eficientes está sendo retomado com força pelos
escritórios de arquitetura”, informa. Outro desafio é a viabilização
econômica e a argumentação do valor agregado dessas medidas
para os clientes. “Em geral, por motivos financeiros, essas ações são
as primeiras a serem cortadas pelos investidores”, salienta.
Foto Eduardo Aigner | Acervo AT. Arquitetura
Residência Trinajstich, em Viamão, projeto de 2006
O estilo contemporâneo de viver
O arquiteto comenta que entre os alvos a serem atingidos está,
ainda, o de criar ambientes que atendam aos anseios das pessoas
frente a um ritmo acelerado de vida, elevado grau de informação e
à mudança de comportamento. Dentro desse contexto, a casa virou
o local onde as famílias querem aproveitar as poucas horas de convívio da melhor maneira possível. “Lugares destinados à convivência
e ao estilo contemporâneo de viver, com adaptações a referências
culturais e ao regionalismo como, por exemplo, a churrasqueira para o gaúcho; e o forno, o fogão e a relação com a cozinha nas colonizações italiana e alemã, também são elementos a serem considerados para a formulação desses espaços”, descreve Detanico.
Outro ponto destacado por ele refere-se à concepção de uma
linguagem própria e coerente. Detanico defende que, cada vez mais,
o projeto do edifício seja tratado de forma semelhante ao processo
de design de objetos, equipamentos e veículos, nos quais a eficiência e o significado de seus usos interferem diretamente no resultado
formal. “Trabalhamos com a ideia de que as funções exercidas nos
prédios, as necessidades dos seus usuários bem como os sistemas
e soluções estruturais empregados no projeto sejam valorizados e
incorporados à linguagem arquitetônica”, ressalta.
Sobre as recentes Normas de Desempenho para especificações
técnicas, ele considera que estas ainda são pouco conhecidas pelos
profissionais. “As entidades profissionais, como a AsBEA-RS, estão
formando grupos de trabalho para melhor entendimento do assunto e elaboração de manuais de aplicação”, adianta o profissional.
Foto Leopoldo Plentz e Renata Biglia | Divulgação AT. Arquitetura
página
Debate
Editora Artmed, em Porto
Alegre, projeto de 2002
10
página
Capa
PENSANDO ESPA
Diferentes experiências de planejamento urbano mostram medidas encontradas, e
A realidade do desenho das cidades brasileiras, com todos os pre­­­juízos já identifi­
c­ ados que ele traz, impõe um desafio aos arquite­tos: a busca por soluções criativas
que valorizem a qualidade de vida das pessoas, premissa de todo planejamento urba­
­­no. As visões mais tradicionais, que priorizavam a malha viária e onde, a partir dela,
a setorização dos bairros de uma cidade já estão ultrapassadas.
Alternativas de recuperação urbanísticas já são aplicadas, há algumas décadas, em
países desenvolvidos através de parcerias entre poder público, comunidades e o seg­
­men­­­to privado. A arq. Lígia Maria Bergamaschi Botta destaca o efeito em cascata des­
­­­sas iniciativas. “Is­­­so já foi feito em Barcelona, Lisboa e Paris. A requalificação de bairros ou regiões específicas foi indutora de melhorias em outras partes dessas cida­­des”,
conta. Ela cita Puerto Madero, em Buenos Aires, como um exemplo na América Latina. “Ações como essa também são políticas de desenvolvimento urbano que podería­
­mos aplicar aqui e que trariam avanços muito importantes”, aponta. No Brasil, algumas
novidades começam a surgir para construção de um modo de vida onde o ser humano está em primeiro lugar.
Um centro-bairro diferente
É o caso do novo centro bairro do empreendimento Pedra Branca que está em
desenvolvimento em Palhoça, Santa Catarina, numa área de 2 milhões de metros
quadrados e que deverá abrigar até 30 mil moradores nos próximos 15 anos. O projeto iniciou, em 1999, com a urbanização da região, na Grande Florianópolis, e teve
como âncora para seu crescimento a instalação de um campus da Universidade do
Sul de Santa Catarina (Unisul) e de um polo industrial. Hoje, a Cidade Universitária
Pedra Branca tem cerca de quatro mil habitantes e aproximadamente dez mil alunos.
A segunda etapa da proposta começou em 2005, quando os conceitos de urbanismo
sustentável foram definidos como os norteadores da criação de um centro-bairro inovador, lançado em maio deste ano, que possibilitará às pessoas morar, trabalhar, fazer
suas compras e ainda se divertir no mesmo lugar. “As cidades não podem continuar
sob esse padrão norte-americano que empurra as pessoas para os subúrbios onde
tudo depende dos carros. Temos que ter um urbanismo mais inteligen­­te”, afirma o
diretor executivo da Pedra Branca Empreendimentos Imobiliários, Marcelo Gomes.
Para viabilizar o centro-bairro, foram reunidos sete dos principais escritórios de arquitetura catarinenses para “tropicalizar” os princípios internacionais do Novo Urbanismo e projetar as 20 primeiras quadras (serão 47 no total), seguindo as orientações
de consultores como os arquitetos e urbanistas Jaime Lerner e Silvia Lenzi e a companhia DPZ Latin America – nas chamadas charretes, um fato inédito no Brasil.
Fugindo do padrão de condomínios fechado, o novo centro do bairro Pedra Branca estará integrado ao seu entorno e permitirá que as ruas voltem a ser o ambiente
de interação entre as pessoas. A ideia é que o caminhar seja o principal meio de locomoção dos futuros moradores. As calçadas chegarão a oito metros de largura nas
vias de comércio e ciclovias acompanharão todas as quadras. Bolsões de áreas verdes,
praças e um parque linear ao longo de um lago estão previstos. A preocupação com
as densidades populacionais equilibradas também
esteve presente na elaboração dos projetos das
quadras, desenvolvidos pelos escritórios Desenho
Alternativo, Mantovani e Rita, Marchetti + Bonetti,
MOS Arquitetos Associados, RC Arquitetura, Ruschell e Nelson Teixeira Netto, Studio Domo e Vigliecca & Associados.
Os projetos das edificações seguem as diretrizes do sistema Lea­­dership in Energy and Environmental Design (Leed), a mais importan­­te certificação mundial de sustentabilidade. Entre as práticas
sustentáveis estão a captação e o reuso da água
da chuva, o aproveitamento da energia solar e o
tratamento de esgoto. Por seus diferenciais, o Pedra Branca é o único empreendimento da América
do Sul Latina entre os 16 projetos fundadores do
Programa de Desenvolvimento Positivo do Clima,
da Clinton Climate Initiative (CCI), que apoiará o
desenvolvimento de propostas urbanas de larga
escala que comprovem a possibilidade das cidades
crescerem de forma “positiva para o clima”. A meta é reduzir as emissões líquidas de gases causadores do efeito estufa para abaixo de zero. A arq.
Silvia Lenzi considera co­­­mo principal diferencial do
empreendimento a visão de longo prazo, o comCalçadas
Amplas e com perfis
adequados aos usos, são
também ecológicas
(permeáveis ampliando a
eficiência da drenagem
urbana)
Iluminação
Sempre
adequada às
características
específicas dos
diferentes
espaços urbanos
Paisagismo
Presente em todas as ruas,
com espécies diferenciadas
que favorecem ao
sombreamento das calçadas
Bollards
Balizas para
proteção do
pedestre
Estacionamento
Espaço reservado para
vagas junto às calçadas
Esquinas
Esquinas das áreas
comerciais em rampa,
garantindo
acessibilidade universal
Imagens e fotos Divulgação
O corte esquemático apresenta os diferenciais de sustentabilidade do novo centro-bairro da
Pedra Branca, projetado em conjunto por diversos arquitetos locais nas chamadas charretes
Ruas
Pavimentação
asfáltica
Rede de Gás
Rede de Esgotos
Rede de Água
Rede Lógica
Fone | Dados | TV | Segurança
Rede Elétrica
Sistema de drenagem
AÇOS URBANOS
em épocas e regiões distintas, para promover o desenvolvimento dessas localidades
Plano Diretor próprio para o residencial Jurerê
Internacional, em Santa Catarina
promisso com os conceitos mais contemporâneos
de sustentabilidade e a valorização estética e da
competência técnica. “A participação de um número expressivo de profissionais locais é outra característica única, assim como a metodologia de
trabalho estruturada a partir de oficinas de trabalho denominadas charretes, com reuniões de todos
os envolvidos”, reforça.
Planejamento à beira-mar
Vem de Santa Catarina, também, outra experiência de planejamento urbano: o residencial Jurerê Internacional, na praia de mesmo nome em Florianópolis. Prestes a completar 30 anos, o em­­­pre­­­en­
­­dimen­­to foi concebido para ser um destino residencial e turístico de al­­­to padrão e vem sendo construído em etapas para garantir uma ocupação ordenada e atualizada de acordo com os padrões urbanísticos e estilos de vida de cada época. O segmento residencial foi baseado em regras rígidas de
cons­­­trução e uso, estipuladas nos contratos de compra e venda e garantidas pela deci­
­­são dos clientes de assumirem e manterem o conceito proposto pelo Grupo Habita­­sul,
responsável pe­­­lo empreendimento. O bairro nasceu e cresceu a partir de um Pla­­­no
Diretor próprio, elaborado pelo arquiteto e urbanista Sergio Sclows­­­ky há quase três
décadas. O residencial possui, hoje, cerca de cinco mil moradores permanentes e uma
população flutuante em torno de 13 mil pessoas, na alta temporada. No total, são 1,2
mil casas e cer­­­ca de 1,3 mil apartamentos, em 50 prédios. A área de proteção da praia,
estabelecida no atual Plano Diretor, é de 45 metros de lar­­gu­­ra, além da faixa de 33
metros da região da marinha. Um espaço verde e um passeio para pedestres complementam a infraestrutura local. O empreendimento conta com estação própria de
tratamento de efluentes, coleta seletiva de lixo, e preocupa-se com a ampliação de
conceitos de desenvolvimento sustentável a cada nova fase.
Em formato de condomínio aberto, impedindo a construção de muros nas casas,
Jurerê Internacional foi projetada com foco no setor residencial, mas sem deixar de
lado conveniências para melhorar a qualidade de vida de seus habitantes. Para isso,
desde o princípio, foram definidas áreas específicas de uso comercial e turístico. Entre
as ações permanentes estão a recuperação da vegetação da orla, que compreende
7,2 hectares, ações de educação ambiental e cons­­tru­­ção de postos salva-vidas. De
acordo com os empreendedores, cerca de 45% da área original já foi implantada. O
restante está em permanente revisão de seus termos conceituais. A previsão é de, no
futuro, alcançar uma densidade menor de ocupação do uso do solo, estabelecendo
uma interação sustentável com o meio ambiente em que se insere.
Modelo Alphaville
Pioneira no Brasil na implantação dos condomínios fechados, os conceitos de planejamento urbano e infraestrutura aplicados pela AlphaVille surgiram ainda na década de 1970. Em um terreno de 500 hectares, em Barueri/SP, acabou por se transformar
em um complexo urbanístico. Reunindo em um mesmo espaço moradia, lazer, comércio, clube, área educacional e segurança, hoje os empreendimen­­­tos da companhia
estão presentes em 40 cidades de 17 estados.
Para levar o modelo além dos limites de São Paulo, em 1995, o engenheiro e arq. Re­
­­nato de Albuquerque e o advogado Nuno Lopes Alves fundaram a AlphaVille Urbanismo,
ampliando os princípios aplicados no empreendimento, com a inclusão de itens co­­­mo a
preservação ambiental. Outra novidade introduzida foi a autogestão, pe­­la qual os pró­
­­prios moradores fiscalizam o cumprimento das orientações por meio de associa­­ções.
Brasília: símbolo do modernismo
O principal exemplo de planejamento urbano inovador no País
é o de Brasília. Passados 50 anos de sua construção, a primeira cidade moderna do Brasil mostra os acertos e as deficiências que precisam
ser corrigidas. O professor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo
da Universidade de Brasília e doutor em desenvolvimento sustentável, arq. Cláudio José Pinheiro Villar de Queiroz, acredita que um dos
grandes problemas para a qualidade de vida das pessoas e do meio
ambiente na capital federal e em seu entorno é a ausência de postos
de trabalho, equipamentos urbanos, produtividade, planejamento
e políticas públicas nesses sentidos, exigindo o deslocamento de um
elevado contingente de pessoas. A situação do transporte coletivo
se agrava, “assim como os contínuos propósitos de adensamento
urbanístico, incrementados das maneiras mais retrógradas e antide-
mocráticas, embora revestidos de discurso intelectual, ditos contemporâneos”, afirma. Em contrapartida, salienta o que considera positivo, como o povoamento do centro-oeste com a criação de Brasília
e os bons Índices de Desenvolvimento Humano (IDH). “Ela é boa de
morar, prática, confortável e saudável. Não se pode negar que funciona, sendo admirada pelo mundo, com referenciais positivos, como
poucas e raras cidades projetadas”, defende o professor. E complementa: “esta é a primeira cidade moderna do mundo classificada
como patrimônio cultural da humanidade pela Unesco”. Para o próximo meio século, o professor acredita que o desafio urbanístico a
ser enfrentado será o de reverter o processo de planejamento incremental e reconhecer em Brasília “o verdadeiro modelo inspirador da
Agenda XXI, para que possa inspirar novos modelos urbanos”.
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Profissão
Na plenária final do
Congresso, leitura da Carta
de Recife, um documento em
defesa da profissão e da
sociedade
Foto Divulgação IAB
ARQUITETURA EM TRANSIÇÃO
A criação e o aprimoramento de mecanismos que induzam o ca­
­­pital imobiliário a colaborar com a qualidade do espaço habitável; a
re­­­versão do modelo predatório de desenvolvimento, exigindo dos
ar­­quitetos novos meios de projetos e construções sustentáveis; a
uni­­versalização do direito à arquitetura pela qualificação das obras
pú­­blicas, na defesa de concursos públicos de projetos; e a implantação imediata da Lei de Assistência Técnica, resultado de mais de 30 anos
de luta: esses são os principais pontos da Carta do Recife, elaborada
pelos organizadores do 19º Congresso Brasileiro de Arquitetos, rea­
­li­­zado de 1 a 4 de junho em Recife (PE).
Tais questões representam um consenso entre os cerca de três mil
partipantes do evento, que contou com nove palestras internacionais
e mais de 40 nacionais. “Essas são as tarefas que nos mobilizam no
mo­­­­­mento de transição para o nosso Conselho de Arquitetura e Urba­
­nismo, instrumento de defesa da sociedade e da garantia do exercício
profissional responsável. É da transição, da tradição e da prospecção
do futuro que surgirão a inovação e a criatividade, ferramentas coti­
­­dianas dos arquitetos. É hora, portanto, da retomada da histórica
prá­­­tica da política como ação para o bem comum”, finaliza o documen­
­to lido a todos os presentes na plenária final.
E muitas dessas questões passam pela atuação mais efetiva dos
ar­­­quitetos, como lembrou o arq. Gilson Paranhos, presidente do IAB
Na­­­cional, em seu discurso de posse, na abertura do 19º Congresso,
cuja cerimônia foi realizada na Igreja Madre de Deus, no centro
anti­­go do Recife.
“Nossa participação deve ser efetiva na implementação do Estatuto das Cidades e na universalização do acesso à arquitetura, por
meio da Lei n° 11.888/2008 de Assistência Técnica. É responsa­­­
bilidade de todos nós, arquitetos, lutar por políticas públicas ambien­
­­talmente responsáveis no âmbito da arquitetura e dos espaços urba­
­­nos. ‘Desenvolvimento’ e ‘sustentabilidade’ são conceitos indissociá­
­veis e interdependentes na sociedade, na economia e na cultura
con­­­­temporânea”, ressaltou. Gilson Paranhos foi eleito pelo pleito
rea­­­lizado na véspera do Congresso, na Reunião do Conselho Superior do IAB (COSU). A regulamentação de concursos de projetos
está entre as prioridades de sua gestão (2010-2012). Paranhos é
coordenador adjunto da Coordenadoria Nacional da Câmara Especia­
­­li­­zada de Arquitetura (CCearq) e, em conjunto com os demais membros do Colégio Brasileira de Arquitetos (CBA), enca­­­beça a luta pela criação do Conselho de Arquitetura e Urbanismo – o CAU.
ARCHITECTOUR TRARÁ GRANDES NOMES AO ESTADO
Christian de Portzamparc, Poul Ove Jensen, Rummey Enviroment,
Surya Yaffar e Bernard Zyscovich, Sérgio Parada, Fernando Caruncho
e Patrick Blanc são alguns dos palestrantes confirmados da terceira
edição do Seminário Internacional de Arquitetura para a Cultura e o
Turismo, Architectour, que será realizado de 15 a 17 de setembro,
em Gramado.
As palestras e painéis previstos abordarão temas como a nova
visão da arquitetura, o desenho nas cidades, equipamentos nas formações das cidades e o tratamento dos vazios em ambientes urbanos. Uma das maiores estrelas do evento é Christian de Portzamparc
– ganhador do Prêmio Pritzker Prize em 1994 – é hoje, ao lado de
Jean Nouvel e de Dominique Perault, um dos arquitetos mais populares na França. Conhecido mundialmente pelo projeto da Cidade
da Música, obra construída no Parque de La Villette em Paris, e pela
Torre LVMH em Nova York, o arquiteto se dedica hoje, entre outros
projetos, à Filarmônica de Luxemburgo, ao Centro Hospitalar de Lyon,
a uma torre no bairro de La Defence e à finalização do bairro Massena em Paris.
Saiba mais em www.architectour.com.br
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Cultura
Arquitetura “hermana”
O vizinho Uruguai foi o local escolhido para a Viagem Cultural organizada pela AAI Brasil/RS em 2010.
O roteiro incluiu Montevidéu, Punta Del Este e Colônia de Sacramento
A proximidade dos gaúchos com os uruguaios não se limita apenas a uma questão geográfica. As semelhanças passam pela gastronomia, pela cultura do pampa e pela arquitetura colonial de seus
prédios mais tradicionais. Quem caminha pelas largas avenidas de
Montevidéu sente muitas vezes estar percorrendo bairros de Porto
Alegre, como o Cidade Baixa. Essas e outras características foram
observadas pelo grupo de arquitetos associados e convidados da AAI
Brasil/RS que esteve no Uruguai entre os dias 9 e 13 de junho, em
mais uma viagem promovida pela Associação.
Na capital uruguaia, os profissionais visitaram o Estúdio ZIP, dos
arquitetos Guillermo Probst e Luis Zino, em funcionamento desde
2001. Com atuação nos segmentos residencial, comercial e institucio­
­­nal, a dupla defende que, na arquitetura, o desenho, a tecnologia e
o estudo financeiro devem ser trabalhados em conjunto. A parada se­
­­­guinte foi o Estúdio Carlos Ott. Reconhecido internacionalmente por
seus projetos, Ott abriu seu escritório em Montevidéu em 1992, completando as sedes em que opera em diversos países. Formado pela
Faculdade de Arquitetura da Universidade Uruguaia, ele recebeu uma
bolsa de estudos que o levou para a Universidade do Havaí e, depois,
a um mestrado na Washington University School no Missouri, na década de 1970. Assim, começou sua carreira no exterior, que resultou
na parceria com renomados arquitetos dos Estados Unidos e do Cana­
­­dá. Participou, ainda, de concursos na França (onde projetou a Ópera Bastille, em Paris), na Alemanha e nos Emirados Árabes. No Uruguai,
desenvolveu o Shopping de Punta Del Este, o Aeroporto Internacional
do Balneário e a nova sede para a companhia estatal de telecomunica­
­­ções uruguaia, a ANTEL, na capital do País. Erguida entre os anos de
1996 e 2002, a obra destaca-se na paisagem local pela sua torre de
157,6 metros, seus 34 andares e 40 mil metros quadrados. Atualmente, Ott está com trabalhos em 15 nações, entre elas o Brasil.
Os participantes da viagem da AAI Brasil/RS também conheceram
outras edificações que representam as influências europeias, principalmente dos imigrantes espanhóis e italianos em Montevidéo. A
cida­­­de preserva construções que remetem ao século XIX, como a
Universi­­­dade da República, de 1849, o Teatro Solís, de 1856, o Museu
Nacional de História Natural e o de Belas-Artes e a Biblioteca Nacional do Uruguai. Se Porto Alegre conta com o Lago Guaíba, Montevidéu possui praias banhadas pelo Rio da Prata, como Pocitos, Punta
Carretas e Ramirez.
Um dos símbolos do Uruguai, a Casapueblo foi outro destino dos
profissionais. Localizada em Punta Ballena, a casa-escultura do artista e arquiteto uruguaio Carlos Paez Vilaró é um espaço para a
cultura, com museu, galeria de arte, restaurante e hotel. Já em Punta Del Este, uma das obras apreciadas foi a do Aeroporto Internacional da cidade, projeto de Carlos Ott. Com uma área de 7.920 metros
quadrados, o trabalho foi selecionado através de um concurso internacional. Sua composição horizontal remete a extensão da asa de
um avião, incorporando terraços abertos e com fachadas transparentes. Complementou o roteiro uma visita guiada a Las Piedras Villas
& Hotel Fasano, idealizada pelo arq. Isay Weinfeld e construído pela
empresa brasileira JHSF. Em 480 hectares, estão reunidos campos
de polo, de golfe, piscina, spa e boate.
A viagem terminou em Colônia de Sacramento. Patrimônio Cultural da Humanidade, a cidade, que fica a duas horas de Montevidéu,
foi palco de disputas entre portugueses e espanhóis, que viam ali
Fotos Divulgação | AAI Brasil/RS
O grupo de participantes da viagem em frente ao prédio do escritório do
arq. Carlos OTT
Aeroporto Internacional de Punta Del Este, projeto do arq. Carlos Ott
Estúdio ZIP: edificação com lofts e espaço comercial. Projeto dos arquitetos
Guillermo Probst e Luis Zino
um acesso estratégico ao Uruguai e à Argentina. Entre suas principais
atrações estão o Bairro Histórico, com seus sobrados preservados e
pequenas ruas de paralelepípedos iluminadas por tradicionais faróis
amarelados, o Porto e sua orla. Os traços arquitetônicos desses dois
povos estão registrados nas construções, boa parte delas transformadas em museus, restaurantes ou comércio, como a Casa do Vicerei, a Igreja da Matriz e as casas da Rua dos Suspiros.
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Fotos Divulgação
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A Spazio Del Bagno apresenta o misturador monocomando de lavatório da
linha Quadra. Com uma alavanca ergonômica vazada e arejador integrado, o
produto possui uma ousada forma icônica. A tecnologia empregada – Grohe
SilkMove – permite fácil manuseio da alavanca, criando uma precisão sem
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Galeria
Para aproveitar a piscina também nos dias frios, a Hidrasul
oferece o aquecedor Tower
Plastic. O equipamento retira o
calor do ar ambiental e o transfere
para o sistema, onde este calor passará por um processo de elevação de temperatura. Através de um trocador de calor, devolve à piscina água na temperatura
desejada. O painel de controle digital possibilita a regulagem automática da temperatura da água por meio
de um termostato. O produto consome pouca energia
elétrica. Informações: (51) 3337.1616.
O novo vidro impresso da Saint-Gobain Glass – o SGG Infinity – tem
textura suave e apresenta grande versatilidade. Suas chapas podem ser
beneficiadas com têmpera, serigrafia, espelhação, curvação, laminação
com resina líquida, pintura a frio e aplicação de películas. O produto é
indicado para caixilharias, tais como janelas, fachadas de edifícios, portas e vitrais. A indústria atende o consumidor pelo 0800.125125.
A Gyotoku traz com exclusividade para o Brasil o revestimento Ecologic Stone. O produto é
desenvolvido com 55% de material reciclado em porcelanato e pedras naturais. Oferecido no
formato 60x60cm, pode ter 2 ou 3cm de espessura. Apresenta seis opções de cores, como o
Cimino e o Vulture. Mais informações em www.gyotoku.com.br
Associação prepara mais uma edição
do AAI em revista – arquitetos
Em dezembro deste ano, a Associação de Arquitetos de Interiores do Brasil/RS lançará a
oitava edição do AAI em revista – arquitetos, uma publicação especial – anual – do veículo
de comunicação da Entidade, AAI em revista. A primeira foi lançada em 2002, em comemoração aos 15 anos da Entidade, apresentando trabalhos de 26 arquitetos associados. De lá
para cá, esse instrumento de divulgação e valorização da arquitetura de interiores gaúcha
ganhou prestígio, reconhecimento e cada vez mais participantes. A última edição, lançada
em dezembro de 2009, contou com 55 arquitetos associados – um crescimento de mais de
100%! O número de empresas anunciantes também aumenta a cada ano, consolidando essa
publicação como uma referência no mercado.
Para este ano, algumas mudanças estão sendo planejadas, com foco na melhoria constante da qualidade do AAI em revista – arquitetos. Dentre elas está a forma de apresentação
dos projetos, com textos ainda mais atraentes ao público leitor. O objetivo é facilitar a compreensão sobre a intervenção realizada e, consequentemente, destacar a importância do
arquiteto para um resultado eficiente. O projeto da edição 2010 foi apresentado aos associados na Reunião-almoço de julho. A publicação será lançada no tradicional evento de fim de
ano da AAI Brasil/RS, em celebração ao Dia do Arquiteto, em dezembro. Para participar, o
associado pode entrar em contato com a Arte Sul Marketing & Comércio: (51) 3228.0787.
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ESCULTURAS DE PAREDE
Destaque
Produtos e Serviços
MÁRMORES E GRANITOS
DESAFIOS NA
ARQUITETURA
A edição deste ano do Seminário de Qualificação Profissional
realizado pela AAI Brasil/RS terá como tema “Desafios na Arquitetura’’, promovendo o debate sobre preocupações que envolvem a responsabilidade dos arquitetos com relação às questões ambientais e
sociais inerentes à atividade.
Os trabalhos que serão apresentados pelos palestrantes convida­
­dos, do Rio Grande do Sul e de outros estados do País, deverão des­
­­tacar os aspectos de sustentabilidade de suas obras. Sempre conside­
­rando a conservação do ambiente e a qualidade de vida das pessoas
e do planeta. A Associação também tem acompanhado a implantação das Normas de Desempenho para as especificações técnicas, que
começam a ser utilizadas pelos profissionais, ampliando a sua responsabilidade e comprometimento com a formação e atuação profis­
­sional, um novo desafio.
Já confirmaram participação no Seminário, que será realizado
no dia 19 de agosto, na FIERGS, em Porto Alegre, o arquiteto gaúcho
André Detanico e o arq. Ernani Freire (RJ), que tem destacado traba­
­lho nas áreas de reciclagem, revitalização, restauro e museologia,
co­­mo é o caso da intervenção feita no Parque das Ruínas, no Bairro
Santa Teresa, no Rio de Janeiro. O projeto do arquiteto, cuja obra foi
entregue em 1997, contou com a parceria da arq. Sonia Lopes.
Acompanhe a programação e mais informações sobre o evento
pelo site da Associação: www.aairs.com.br
HOME THEATER
MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO
INSTALAÇÕES COMERCIAIS
Produtos e Serviços
MÓVEIS
LAREIRAS
AR CONDICIONADO
CORRIMÃO
MARCENARIAS
BANHEIROS - ARTIGOS
CORTINAS E PERSIANAS
... Continua
AAI em revista : (51) 3228.0787
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(51) 3228.0787 - 9981.3176
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MÓVEIS
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MÓVEIS - PEÇAS E ACESSÓRIOS
PUXADORES
PISCINAS
TAPETES
PISOS
TINTAS
TOLDOS
MÓVEIS P/ ESCRITÓRIOS
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AAI em revista : (51) 3228.0787

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