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VidaBosch maio | junho | julho | agosto de 2013 • nº 32 Recicle a informação: passe esta revista adiante Metais em brasa Mineração brasileira deve bater recorde e liderar investimento privado Angelo Giampiccolo/Shutterstock A construção das construções Como funcionam os alojamentos das grandes obras, que incluem área de lazer e até prefeito editorial 08 20 40 44 Os tesouros do nosso subsolo O mito de que, sob as florestas do então quase intacto Novo Mundo, escondia-se uma cidade inteira de ouro mostrou ser apenas isso – um mito. Frustraram-se (ou morreram em trilhas abertas em matas tropicais e montanhas andinas) os que esperavam encontrar por aqui o Eldorado. A lenda, de qualquer forma, serviu de ímã para que aventureiros europeus, sobretudo espanhóis e portugueses, aportassem no continente recém-descoberto. A persistência dos colonizadores até encontraria, nos séculos seguintes, algum ouro e alguma prata na América do Sul. Esses recursos, porém, logo rarearam. O que não quer dizer que o subsolo da região deixou de guardar riquezas – só que as riquezas mais duradouras eram outras. A reportagem de Brasil cresce, nesta 32ª edição da VidaBosch, mostra que a mineração é responsável por mais de 4% do Produto Interno Bruto (PIB) do país, gera 1 milhão de empregos diretos e indiretos e planeja injetar US$ 75 bilhões até 2016 – valor que, se efetivado, tornará o setor o maior em investimentos privados. Atualmente, há no país cerca de 3 mil minas em operação, que extraem 72 substâncias das entranhas do território brasileiro. A matéria apresenta as apostas desse ramo econômico. E também seus desafios – que incluem tanto aspectos que afetam outras atividades (como carência de mão de obra especializada e dificuldades de logística) quanto questões específicas (em locais frequentemente remotos, como assegurar abastecimento de energia? Como levar água aquecida? Como garantir a segurança dos funcionários e de todos os processos de transformação dos materiais?). A Bosch tem sido parceira de vários projetos na superação desses desafios – não se poderia esperar outra coisa de uma empresa que tem como lema “tecnologia para a vida”. Boa leitura! Sumário 02 Viagem | São Francisco Xavier, um oásis de paz nas montanhas paulistas 08 Eu e Meu Carro | Marcelo Mansfield: ao volante, quem se diverte é ele 10 Torque e Potência | Tratores de ponta ajudam o Brasil a alimentar o mundo 14 Em Casa | Tecnologia permite monitorar e controlar a casa pelo celular 20 Tendências | Turismo de gravata: Brasil vira polo de eventos corporativos 24 Grandes Obras | Empresas montam verdadeiras cidades para alojar operários 30 Brasil Cresce | Riquezas do subsolo atraem investimentos bilionários 36 Atitude Cidadã | Filantropia, um negócio cada vez mais forte no país 40 Aquilo Deu Nisso | Freio abriu caminho para o carro de passeio 44 Saudável e Gostoso | Veja por que comer lichia é um negócio da China Expediente VidaBosch é uma publicação trimestral da Robert Bosch Ltda., desenvolvida pelo departamento de Marketing e Comunicação Corporativa. Se tiver dúvidas, reclamações ou sugestões, fale com o SAC Bosch: 0800-7045446 ou www.bosch.com.br/contato Produção, reportagem e edição: PrimaPagina (www.primapagina.com.br), tel. (11) 3512-2100 / vidabosch@prima pagina.com.br • Projeto gráfico, direção de arte e diagramação: Buono Disegno (cargocollective.com/buonodisegno), tel. (11) 3512-2122 • Tratamento de imagem: Renata Lauletta • Acompanhamento gráfico: Inovater • Impressão: Gráfica Mundo • Jornalista responsável: José Roberto de Toledo (DRT-DF 2623/88) 2 | VidaBosch | viagem | Por Bruno Fiuza Werner Rudhart/kino.com.br A paz das montanhas O distrito de São Francisco Xavier, um enclave de beleza natural na Serra da Mantiqueira, esbanja o que tem faltado à sua prima rica Campos do Jordão: sossego “D viagem ois caminhos se abriam na mata. Eu segui pelo menos percorrido. E isso fez toda a diferença”. Estas linhas foram escritas em 1915 pelo poeta norte-americano Robert Frost, mas são um ótimo conselho para quem viaja hoje pela Serra da Mantiqueira, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais. O principal caminho que se abre nas matas da região é a rodovia Floriano Rodrigues Pinheiro, que leva a Campos do Jordão, famoso destino de férias dos paulistas nos meses de inverno. Quem, no entanto, estiver disposto a pegar o caminho menos percorrido e se perder pelas pequenas estradas que cortam as montanhas da Mantiqueira vai encontrar uma pequena joia: São Francisco Xavier. De tão singela, nem sequer é uma cidade. Trata-se de um distrito de São José dos Campos formado por uma simpática praça principal e algumas poucas ruas asfaltadas. No domingo à tarde os moradores se reúnem no coreto da tal praça para tocar e dançar uma típica moda de viola e, em pleno sábado à noite, é possível ver alguém chegando montado a cavalo e usando chapéu de caubói. Nada que lembre as lojas lotadas, as casas noturnas ou as buzinas de Campos do Jordão. Nos arredores, porém, é que está o grande atrativo de São Francisco Xavier: a natureza exuberante das montanhas que a rodeiam. Caminhando pela região é fácil encontrar cenários parecidos com os dos alpes europeus – com uma importante diferença: na Mantiqueira é possível se refrescar, sem morrer de frio, nas várias cachoeiras que se formam ao longo das encostas. Definitivamente, ao lugarejo também se encaixa o apelido de “Suíça brasileira” usado para sua prima rica. Um bom ponto de partida para curtir as belezas naturais de São Francisco Xavier é o Pouso do Rochedo, pousada construída em uma propriedade de 31 hectares que viagem | VidaBosch | 5 fica dentro de uma reserva ambiental, em plena montanha. Antigo ponto de parada dos tropeiros que desde o século 19 viajavam entre o sul de Minas Gerais e o Vale do Paraíba, o local foi comprado em 1975 por Antônio Vicente, que criou ali a primeira pousada da região. Naquela época, conta “Seu” Antônio, não havia turismo em São Francisco Xavier. Ele foi um dos pioneiros no ramo ao abrir e sinalizar trilhas e começar a receber hóspedes em sua propriedade. Hoje, os visitantes podem circular tranquilamente pelas oito cachoeiras e pelos três mirantes que ficam dentro da reserva. As trilhas são seguras e bem sinalizadas, e podem ser percorridas sem guias (quem não é hóspede paga R$ 10 por quatro horas de permanência). Para ver todas as cachoeiras caminha-se por 2 quilômetros em terreno pouco inclinado. Quem, no entanto, quiser apreciar vistas privilegiadas da região terá que encarar uma trilha de 4 quilômetros (ida e volta). Nesse caso, a primeira parada pode ser nos mirantes do Rochedo ou da Gruta, ambos a 1,8 mil metros de altitude, com um lindo panorama da Serra da Mantiqueira e do Vale do Paraíba. Seguindo adiante, chega-se ao mirante do Cruzeiro (2 mil metros de altitude), de onde é possível ver tanto o estado de São Paulo quanto Minas Gerais. O passeio completo pelo Pouso do Rochedo dura entre 3 e 4 horas, ida e volta, dependendo do ritmo da caminhada. A região oferece ainda opções mais radicais, que precisam do acompanhamento de profissionais especializados. Uma delas é a trilha até o município vizinho de Monte Verde, já em Minas Gerais. A caminhada pelas montanhas é de 22 quilômetros e dura cerca de 8 horas, ida e volta. Outros passeios populares são trilhas para picos com lindas vistas da região, como a Pedra da Onça (2 mil metros de altitude); o caminho de ida e volta é de 12 quilômetros e leva 5 horas para ser percorrido. Já o trajeto até o cume do Queixo D’Anta (1.700 metros de altitude) inclui trechos de escalada; o percurso de ida e volta tem 6 quilômetros e dura 5 horas. Os guias para fazer esses passeios podem ser contratados no Centro de Apoio ao Turismo, na praça Cônego Antônio Manzi (aquela mesmo, do coreto). Em pleno sábado à noite é possível passear pelas ruas do centro de São Francisco Xavier ouvindo o canto dos grilos e o barulho das águas de algum dos vários rios que correm pelas redondezas Fotos Miguel Schincariol 4 | VidaBosch | Quem não é fã de caminhada pode optar por outros tipos de aventura, como tirolesa, rapel ou acqua ride – esporte que consiste em descer pelos rios da região em botes infláveis. O acqua ride é praticado nos rios do Peixe e Santa Bárbara. A tirolesa e o rapel são duas das atrações do parque de aventuras do Portal do Equilibrium, outra pousada que fica em uma reserva ambiental nas montanhas. Charme e aconchego São Francisco Xavier, no entanto, não é só adrenalina. Ao contrário: a marca registrada da região é a tranquilidade. Mesmo no sábado à noite é possível passear pelas ruas do centro do distrito ouvindo o canto dos grilos e o barulho das águas de um dos rios que correm pelas redondezas, tudo isso em meio ao forte aroma de dama-da-noite e ao friozinho típico da Serra da Mantiqueira. Um convite ao aconchego das inúmeras pousadas da região, como a Muriqui e a São Francisco. As duas parecem sítios, mas estão a poucos metros do centro do distrito. O clima é provinciano, mas São Francisco Xavier não tem nada de simplório. O crescimento do turismo nas últimas décadas fez do local um importante polo de cultura e gastronomia. A rua XV de Novembro e seus arredores concentram os restaurantes mais sofisticados. O Photozofia, por exemplo, oferece massas, carnes e peixes da melhor qualidade em um ambiente pra lá de charmoso, com tijolos à vista, mezanino e piso de madeira. Aos sábados, o lugar se transforma em casa de shows e oferece apresentações de música ao vivo. A grande especialidade da região são as trutas. E nesse quesito nenhum outro restaurante bate o Trutas Mariser. Localizada em um imóvel de fachada simples na praça principal do distrito, a casa serve alguns dos pratos mais criativos e saborosos de São Francisco Xavier. Todos levam truta, A Cachoeira do Buraco (acima) é uma das maravilhas naturais do distrito, onde violeiros ainda se reúnem no coreto da praça (abaixo) viagem viagem | VidaBosch | 7 mas o segredo está na mistura inventiva com outros ingredientes, como explica a chef Marina Fornitano, que até os 59 anos era modista em São José dos Campos. Há dez anos começou a cozinhar por hobby e hoje é cortejada por chefs de São Paulo e do Rio de Janeiro. Onde ficar MG Pouso do Rochedo Conjunto de chalés, alojamento e casas construído em uma propriedade de 31 hectares, dentro de uma reserva ambiental nas montanhas. Na área há oito cachoeiras e três mirantes. Estrada Santa Bárbara, Km 8. www.pousodorochedo.com.br. (12) 3926-1214 Pousada São Francisco Chalés em clima rural. Praça Cônego Antônio Manzi, 138. (12) 3926-1673 Onde comer Trutas Mariser Lugar ideal para comer truta. Rua Ezequiel Alves Graciano, 16. www.restaurantetrutasmariser.com. (12) 3926-1422 Photozofia – Arte e Cozinha Mistura de restaurante e centro cultural. Largo São Sebastião, 105. www. photozofia.com.br. (12) 3926-1406 Pangea Restobar Bar com música ao vivo. Rua XV de Novembro, 97. www.pangeabar.com. br. (12) 3926-1502 Como chegar Saindo de São Paulo, pegue a Via Dutra até São José dos Campos, siga pela Via SP-50 (Rodovia Monteiro Lobato) até o município de Monteiro Lobato e, dali, tome a Estrada Vereador Pedro Davi até São Francisco Xavier. A viagem dura, em média, duas horas e meia. São Francisco Xavier Polo cultural Monteiro Lobato SP - 123 Os encantos da região não atraíram apenas grandes cozinheiros, mas também artistas. Vários músicos, pintores, escultores, artesãos e escritores se estabeleceram no distrito nas últimas décadas, transformando-o em um importante polo cultural na Serra da Mantiqueira. São Francisco Xavier é uma terra de violeiros (como Braz da Viola), e a música caipira está em várias partes, desde as rodas mais tradicionais no coreto da praça até as apresentações de músicos mais “eruditos” no palco do Photozofia nos finais de semana. Além disso, desde 2004, o Festival SP - 050 RODOVIA PRES. DUTRA São José dos Campos RJ Jacareí Guarulhos São Paulo SP - 70 RODOVIA AYRTON SENNA SP Werner Rudhart/kino.com.br Pousada Muriqui Localizada no centro de São Francisco Xavier, oferece apartamentos confortáveis e aconchegantes, além de duas piscinas, sauna, sala de massagem e bar. Rua Ezequiel Alves Graciano, 118. www.pousadamuriqui.com.br. (12) 3926-1169 Campos do Jordão Vários músicos, pintores, escultores, artesãos e escritores se estabeleceram no distrito nas últimas décadas, transformando-o em uma terra de artistas no coração da Serra da Mantiqueira Cordas da Mantiqueira, normalmente realizado em setembro, reúne músicos dos mais variados estilos. As artes plásticas também ocupam lugar de destaque. Aos sábados, domingos e feriados, seis ateliês espalhados pelas montanhas do distrito abrem suas portas para os visitantes, formando o Circuito das Artes de São Francisco Xavier. O grande evento cultural do distrito, no entanto, é o Festival da Mantiqueira, realizado desde 2008 entre o fim de maio e o começo de junho, que reúne importantes nomes da literatura brasileira. A edição de 2013 aconteceu entre 14 e 16 de junho e contou com a participação de Paulo Lins, Chacal, Ivan Ângelo, Fernando Bonassi, Cadão Volpato, Luiz Ruffato e Carlito Azevedo, entre outros. Passeio de fim de semana Com tanta paz e sossego, São Francisco Xavier parece estar a anos-luz de uma megalópole como São Paulo, mas o distrito fica a 138 quilômetros da cidade, e a viagem dura cerca de 2 horas e meia. Também não fica longe de Campinas, e é colada em São José dos Campos. É, portanto, um ótimo passeio de fim de semana para quem quer fugir do estresse das metrópoles. Saindo no sábado pela manhã e voltando no domingo à noite é possível fazer trilhas, mergulhar nas cachoeiras, conhecer os bons restaurantes e até se arriscar em algum esporte radical. Seja qual for o programa, uma coisa é certa: em meio às montanhas, é possível desfrutar de um pouco da paz que é tão difícil de encontrar nas grandes cidades. E isso faz toda a diferença. A Bosch na sua vida Para enfrentar o sobe-desce na terra Usar o carro para curtir as belezas naturais da Serra da Mantiqueira tem um preço. Por serem estreitas, com muitas subidas e descidas e cheias de curvas, as estradas da região exigem muito do veículo. Por isso, o motorista precisa tomar alguns cuidados antes de sair de casa e ficar sempre de olho no painel para evitar problemas durante a viagem. Na preparação para pegar a estrada, é fundamental que o motorista leve o carro a uma oficina para verificar as condições dos freios, afirma Francisco Hélcio Santiago, proprietário da Fix Center (foto), oficina da rede Bosch Service em São José dos Campos. “É preciso checar a situação das pastilhas e conferir o nível do fluido, que deve ser trocado a cada dois anos”, diz Santiago. Segundo ele, para pegar as estradas da serra um carro precisa estar com os freios em perfeito estado, pois as inúmeras curvas exigem muito deles. Outros itens que precisam ser cuidadosamente checados antes da viagem são os níveis do óleo e da água do motor, recomenda Alexandre Salgado Rodrigues Simões, gerente da Speedcar, outra oficina da rede Bosch Service em São José dos Campos. Segundo ele, nas estradas que levam a São Francisco Xavier o motor funciona por muito tempo em baixa rotação, e a falta de água ou de óleo pode causar superaquecimento. “O motorista tem que ficar sempre de olho no medidor de temperatura do veículo. Se esta começar a subir, pare e chame o guincho, antes que o motor funda”, avisa. O mesmo vale para os freios. “Quando há muito desgaste, é preciso pisar cada vez mais fundo no pedal para frear o veículo. Além disso, nesses casos uma luz vermelha acende no painel do carro”, diz Alexandre. Quando isso acontece, o melhor é interromper imediatamente a viagem e levar o automóvel à oficina mais próxima. Francisco Hélcio Santiago 6 | VidaBosch | Por fim, Alexandre lembra que o motorista deve tomar cuidado especial para pegar as estradas de terra da região. “Carros comuns podem encarar esses caminhos, contanto que haja bom senso”. Essas vias são irregulares e cheias de buracos, o que pode comprometer a suspensão, o balanceamento e o alinhamento. Por isso, o motorista deve calibrar bem os pneus antes de viajar e ficar atento a barulhos estranhos durante o percurso. eu e meu carro | Por Diana Ferreira Neto Rachel Guedes 8 | VidaBosch | Diversão desde menino O humorista Marcelo Mansfield aprendeu com o pai, em longas viagens pelo Brasil durante a infância, a se deliciar com a vida ao volante D esde que começou a se dedicar à carreira artística, há 28 anos, o paulistano Marcelo Mansfield sempre teve um pezinho na comédia. Ou melhor: os dois. Atualmente um dos integrantes do programa “Agora é Tarde”, da Band, o humorista foi um dos pioneiros do stand up comedy no Brasil e adora sua profissão. “Estou em uma maratona agora: TV de terça a quinta, shows às sextas e turnê com meu show, Nocaute. É uma carga pesada, mas me faz muito feliz. Não saberia mais viver de outro jeito.” Mas nem só de gargalhadas vive o comediante. O artista se realiza também quando encara o volante, especialmente durante longas viagens. Essa ligação com automóveis começou quando ainda era menino. Nas férias, sua família caía na estrada e viajava pelo Brasil a bordo de uma caminhonete Rural Willys pilotada pelo pai. Foi assim que o artista descobriu a alegria sobre quatro rodas. “Posso dizer que metade do país eu conheci com meu pai no volante. As cidades de Santa Catarina eram destino básico... Fomos até para a Argentina e para o Paraguai”, recorda o comediante, que nasceu e mora em São Paulo. As aventuras automobilísticas fixaramse na mente e no coração de Mansfield. Sobretudo porque ficaram associadas a momentos marcantes ao lado dos parentes. “Estávamos em Foz do Iguaçu quando o Neil Armstrong pisou na lua, no Rio de Janeiro no ano do quarto centenário da cidade. No Pão de Açúcar, vi a atriz Ginger Rogers, que estava lançando uma linha de roupas...”, relembra, saudoso. A paixão do pai pelos carros contaminou o filho. Quando criança, Mansfield lembra que desenhava com giz estradas por todo o quintal, por onde passeava com seus carrinhos de brinquedo. “Até hoje mantenho minha coleção de Matchbox ingleses, que eu comprava numa lojinha de importados.” O tempo passou e ele partiu para os carros de verdade. O primeiro a passar por suas mãos foi um Opala verde (“sem dúvida, um dos carros médios mais confortáveis da nossa história automobilística”). O modelo clássico ralou, literalmente, com as barbeiragens do novato, mas contribuiu para que ele pegasse ainda mais gosto pe- lo volante. “Depois, veio uma sucessão de Fuscas e Chevettes. Tive também um Passat, um Santana preto primeira geração (até hoje, para mim, um carro de design sofisticadíssimo), um Daihatsu Charade, Fiats Uno e Strada, Renault Clio e Citroën C3”, recorda. Uma paixão à parte são os carros antigos. “Tive um Bel Air 1957 duas portas, sem coluna, e uma Mercedes preta 65, que, glamourosamente, só usava para ir de casa para o teatro em que estivesse me apresentando”. Participou ativamente do restauro do carro de um amigo, um Aero Willys 62 bordô (“acompanhei todo o processo, até a cor original conseguimos achar”) e passou uma tarde inteira num telefonema internacional atrás das peças originais do Mustang de outro amigo. “Mas essas ajudas me fazem ganhar o dia. Como diria a outra, adoooooro.” Hoje, ele é o exigente dono de um Citroën C4 Pallas, que considera “bom, confiável e confortável”. E afirma não abrir mão de certos critérios para escolher seu possante. “Meu pai me ensinou que carro bom é carro zero. Não compro usado. Gosto de saber que ficarei anos sem nenhum problema, que não seja uma troca de pneus ou de óleo”. Usados, só os muuuito antigos. Velhos hábitos Embora o percurso e a razão da viagem tenham mudado, Marcelo Mansfield ainda pega a estrada pelo Brasil afora, como fazia com a família décadas atrás. Agora, excursiona a trabalho, levando seu humor a públicos de diversas regiões de São Paulo, Rio de Janeiro, Minas Gerais e estados do Sul. Nem sempre, porém, as aventuras têm tanta graça assim. O artista já passou por alguns perrengues, como ficar sem gasolina no meio de uma rodovia deserta. “Uma vez, meu carro foi roubado na véspera de uma viagem para Muzambinho (MG), onde eu faria uma apresentação. Levaram som, figurinos, cenários que estávamos carregando, sufoco total. Entre 10h da noite e 10h da manhã, tive de criar figurino às pressas, pedir emprestado equipamentos, fazer boletim de ocorrência, acionar o seguro e alugar um outro carro para pegar a estrada. Só fui relaxar depois do show”. A Bosch na sua vida Arquivo Bosch Tecnologia a serviço do clássico Aqueles que compartilham da paixão de Marcelo Mansfield por carros clássicos sabem que uma das grandes dificuldades para manter esse hobby é conseguir as peças necessárias para manter essas máquinas rodando. Pensando nisso, a Bosch criou, em 2005, uma divisão voltada especificamente para esse público. A Bosch Automotive Tradition vende, repara ou recria peças de reposição para carros antigos. Na Alemanha e na Suíça já existem oficinas dessa divisão da Bosch especializadas na manutenção de modelos vintage. No resto do mundo, quem estiver em busca de uma peça clássica tem duas opções: ir a uma oficina da rede Bosch Service e verificar se o produto ainda existe em algum dos estoques mantidos pela empresa ou entrar em contato diretamente com a divisão de carros clássicos por meio do site www.automotive-tradition.de. Se a Bosch tiver a peça em estoque, o item é encaminhado à oficina mecânica. Se não for possível localizar o produto, a empresa também restaura componentes antigos. Nesse caso, as peças recondicionadas são vendidas com garantia. Por fim, em alguns casos o cliente pode enviar sua peça para que seja remanufaturada pela Bosch. 10 | VidaBosch | torque e potência | Por Luis Roberto Toledo Tropa de elite Tratores de alto desempenho e tecnologia aumentam o conforto dos motoristas e ajudam a colocar o Brasil entre os maiores produtores de alimentos do mundo Sovlanik/Shutterstock U m poderoso exército está ocupando os campos brasileiros. Eficiente, preciso e munido de alta tecnologia, é fundamental para o avanço do país no mercado internacional de alimentos, um verdadeiro campo de batalha com competidores de peso e em que ganhos mínimos em rendimento podem fazer toda a diferença. Assim é a tropa de elite formada pelos tratores das fazendas nacionais de maior produtividade. Essas máquinas modernas dão suporte ao Brasil no ranking dos maiores produtores de grãos do planeta – em 2013, a safra nacional deve somar 185 milhões de toneladas de culturas como soja, milho, feijão e arroz, segundo previsão do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Motores de última geração, maior dirigibilidade, painel com vários tipos de informações sobre o funcionamento da máquina e até sistema de navegação por satélite (GPS), além de conforto para o operador, são algumas das características oferecidas pelos atuais tratores. Nada disso, entretanto, está ali em nome da suntuosidade. Nas propriedades voltadas à exportação, que concorrem globalmente, a figura do trator velho, barulhento e cheio de ferrugem está sendo deixada de lado em nome da eficiência. As novas máquinas agrícolas, que chamam atenção pelo desenho externo arrojado, também se destacam pelo que trazem do torque e potência torque e potência | VidaBosch | 13 em tratores vêm abrindo espaço para que mais mulheres assumam a direção dessas máquinas. Afinal, cada vez mais os músculos deixam de ser um “pré-requisito” para a profissão. O sistema de geoposicionamento global, ou GPS, cada vez mais popular em automóveis – sobretudo táxis –, também está disponível em tratores de última geração. Arbex Silva explica que essa é uma ferramenta extremamente valiosa para a realização de trabalhos no campo, como aplicação de defensivos agrícolas (agrotóxicos). “Com o uso de GPS, o tratorista sabe com precisão onde estão os limites das faixas onde o defensivo já foi aplicado, evitando que pontos da lavoura fiquem sem receber produto ou que algumas áreas recebam a aplicação em dobro, o que é antieconômico e pode trazer problemas à cultura”, diz o especialista. Renovação Os modelos mais recentes já saem de fábrica com cabine fechada, e alguns têm até sistema de ar-condicionado lado de dentro. A começar pelos motores. “Houve muita evolução nessa área, com aumento do rendimento e diminuição dos níveis de ruídos”, afirma o professor de mecanização agrícola Paulo Roberto Arbex Silva, da Faculdade de Ciências Agronômicas da Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Botucatu (SP). Um grande avanço, segundo ele, foi o surgimento de propulsores dotados de intercooler e turbina. Com essa tecnologia, fabricam-se modelos de maior potência sem aumento de emissões de poluentes, e já há no mercado marcas que utilizam biodiesel. Outra mudança marcante nas linhas de tratores nacionais foi o aumento da oferta de versões cabinadas, isto é, que saem de fábrica com cabine fechada, e não apenas com uma cobertura sobre o posto do operador. “Além de proteger o tratorista, ela oferece maior conforto, como sistema de ar-condicionado, e mais ergonomia”, explica o professor da Unesp. O custo mais elevado, em comparação a modelos de cabine aberta, pode ser compensado pela melhoria das condições de trabalho, que permitem que o operador exerça jornadas com menos interrupções. A maior comodidade se traduz ainda em assentos mais ergonômicos e de qualidade, assim como em instrumentos que tornam possível monitorar completamente a máquina. O painel dos tratores não só mostra a quantidade de horas trabalhadas e de tempo de funcionamento do motor, como controla, por exemplo, a marcha selecionada, a velocidade de deslocamento e a rotação da tomada de potência (sistema que fica na traseira, onde são acoplados arados e grades). Mudança de marcha A modernização dos equipamentos se estende aos sistemas de transmissão, que hoje apresentam câmbios muito mais suaves. Assim, a troca de marchas ocorre sem maiores esforços (tratores antigos exigiam, mais do que habilidade ao volante, boa dose de força para manipular as alavancas). E os fabricantes têm ampliado a gama de produtos com transmissão automática, que eliminam a necessidade do uso de pedal de embreagem – como acontece com automóveis. Recentemente, foi introduzido no segmento de tratores agrícolas um sistema ainda mais sofisticado e prático para o operador. Chama-se CVT (sigla em inglês para transmissão continuamente variável). “Em tratores equipados com CVT, se houver mudança no relevo do terreno trabalhado – de uma área plana para outra inclinada, por exemplo –, a própria máquina reduz a velocidade, buscando a faixa de rotação do motor que apresente a menor taxa de consumo de combustível”, explica Arbex Silva. Tais mudanças podem parecer pouco significativas, mas não são. Elas resultam numa enorme economia nos custos de produção agrícola, tanto pela diminuição de gastos com óleo diesel quanto pela redução do desgaste da máquina por excesso de aceleração. E, como sublinha o professor da Unesp, os novos tipos de transmissão Para o Brasil, uma boa notícia é que os benefícios econômicos e sociais dos novos tratores estão tornando-se paulatinamen- O painel dos novos tratores não só mostra a quantidade de horas trabalhadas como controla, por exemplo, a marcha selecionada, a velocidade do deslocamento e a rotação da tomada de potência te mais comuns. E um maior número de modelos “é, sem dúvida, um indicativo de mudança nos moldes produtivos do país”, como observa o geógrafo Jodenir Calixto Teixeira, professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), em artigo publicado na revista da Associação dos Geógrafos Brasileiros. Financiamentos governamentais têm ajudado a renovar o exército de tratores que labuta nas lavouras brasileiras. É o caso do Programa Mais Alimentos, do governo federal, e de projetos de âmbito estadual, como os dos governos de São Paulo e Paraná, com oferta de linhas de crédito a agricultores para a compra de máquinas novas, com juros mais baixos que os do mercado e prazo estendido para pagamento. Um exemplo é o Moderfrota, do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), que oferece juros de 5,5% ao ano, financia até 90% do valor do produto e tem prazo de quatro anos para pagamento. Ações como essas têm tornado a frota nacional de tratores mais jovem a cada ano. Segundo levantamento do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos (Sindipeças), a idade média dos tratores brasileiros era de 12 anos e 2 meses em 2008, 11 anos e 7 meses em 2009, 11 anos em 2010 e 10 anos e 5 meses em 2011 (os dados relativos a 2012 ainda não foram divulgados). Ainda assim, esse continua a ser o grupo de idade mais avançada no país – a dos automóveis é de 8 anos e 9 meses; a dos caminhões, 9 anos e 10 meses; e a dos ônibus, 9 anos e 4 meses, de acordo com o Sindipeças. No ano passado, foram vendidos 55.810 tratores no mercado brasileiro, segundo dados da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea), 6,7% a mais que em 2011. Uma frota nova, com recursos cada vez mais modernos. A Bosch na sua vida Tecnologia do carro para o trator Em um mercado em que a competição se dá em nível internacional, como o de alimentos, manter-se à frente dos competidores requer busca de eficiência em várias áreas. Não por acaso, a tecnologia agrícola tem avançado em diversos segmentos, entre eles o de maquinário. O objetivo é elevar os ganhos e aumentar o conforto de quem opera os equipamentos. É o que vem ocorrendo com os tratores, para os quais a Bosch fabrica os sistemas de injeção Common Rail. O dispositivo foi desenvolvido com base nos componentes utilizados nas aplicações de carros de passeio. A principal diferença foi a introdução de pacotes de robustez, para atender aos requisitos específicos desse setor. “O sistema precisou ser adaptado para enfrentar condições severas de operação, elevados perfis de carga e combustíveis com baixa lubricidade, entre outros fatores”, afirma Ricardo Daniel Wiens, engenheiro de desenvolvimento de produto da unidade da Bosch em Curitiba. Por ser mais flexível que os sistemas mecânicos convencionais, o Common Rail ajuda a aumentar a potência e o torque do motor, reduzir o consumo de combustível e os ruídos (com benefícios para os motoristas) e diminuir a emissão de poluentes no meio ambiente. “O melhor controle e a maior precisão da injeção de combustível obtidos com a utilização desse sistema trazem, como resultado final, uma otimização da combustão, o que, por sua vez, gera economia na operação desses veículos forade-estrada”, diz o engenheiro. Com a entrada em vigor de novas legislações ambientais, o Common Rail deve Arquivo Bosch Prudkov/Shutterstock 12 | VidaBosch | ganhar uma importância ainda maior no mercado de alimentos, ajudando o país a se adaptar às metas rígidas. Na avaliação de Wiens, o dispositivo será fundamental para atingir os limites exigidos pelo Programa de Controle de Poluição do Ar por Veículos Automotores para Máquinas Agrícolas e Rodoviárias (Proconve Mar-I), que passa a vigorar em 2015 no Brasil, e também para exigências futuras. em casa Fotos Shutterstock 14 | VidaBosch | Casa na palma da mão Já pensou em controlar sua residência a partir do tablet ou do celular? Graças ao barateamento da tecnologia, isso é cada vez mais comum no Brasil | Por Mariana Desidério I em casa magine chegar do trabalho e encontrar sua casa esperando por você: a banheira com água aquecida, as luzes da entrada já acesas, o ar-condicionado na temperatura certa e até uma música relaxante tocando na sala de estar. Tudo controlado por você mesmo, à distância. Pode parecer ficção científica, mas esse cenário é mais acessível do que muita gente pensa. As casas inteligentes são cada vez mais comuns no Brasil e no mundo. Nelas, sistemas e aparelhos eletrônicos são integrados e podem ser controlados por dispositivos móveis. Por meio de aplicativos, tablets e smartphones se tornam verdadeiros controles remotos capazes de operar equipamentos de iluminação, áudio, vídeo, ar-condicionado, segurança e aquecimento, entre outros. De acordo com José Roberto Muratori, diretor executivo da Associação Brasileira de Automação Residencial (Aureside), o mercado de casas inteligentes cresce cerca de 30% ao ano no Brasil desde 2009. Um dos principais fatores que impulsionam esse aumento, segundo ele, é a diminuição dos preços. Um projeto de automação residencial custa a metade do que se pagava há cinco anos. A estimativa da entidade é de que exista no Brasil 1,8 milhão de residências com potencial para automação. Hoje, são cerca de 300 mil casas inteligentes no país. Outro ponto que ajuda a impulsionar o setor, de acordo com Muratori, é que jovens familiarizados com tecnologia estão montando suas próprias casas. “Pessoas com esse perfil mais jovem, que já usam em casa | VidaBosch | 17 seu tablet e seu smartphone com naturalidade, passaram a perceber que isso também pode ser usado para gerenciar a sua casa. E essas pessoas estão começando a comprar seu primeiro imóvel”, diz. Além de mais barato, automatizar uma casa também ficou mais simples. O serviço não é mais necessariamente sinônimo de uma enorme reforma, afirma Guilherme Dellarole, sócio da Parallax, empresa de automação residencial sediada em São Paulo. “Você não precisa mais quebrar a casa inteira. É possível fazer o serviço com a casa pronta e todos os aparelhos que ela já tem. A pessoa não precisa se desfazer de nada”, diz. O processo de automação funciona da seguinte maneira: cada aparelho ou sistema eletrônico da casa recebe um pequeno dispositivo sem fio, chamado de módulo, que é controlado por frequência de rádio e se comunica com uma central de comando – uma espécie de cérebro da casa inteligente, em geral do tamanho de um roteador. Esse aparelho, por sua vez, recebe informações pela internet e as converte em sinais que são transmitidos aos módulos por ondas de rádio. É aí que a mágica acontece. Como a central de comando está conectada à internet, é possível controlar os itens inteligentes da casa por meio de tablets e smartphones equipados com aplicativos específicos. Para Dellarole, essa integração tem sido uma das grandes responsáveis pela disseminação da automação residencial. “Antes, esse controle era feito através de um painel na parede. Com a possibilidade de uso de tablets e smartphones, já estamos com um pé dentro da casa do cliente. Fica tudo muito mais simples, pois a pessoa já tem parte do que é necessário para a automação”, afirma. Divulgação/Jóia Bergamo 16 | VidaBosch | Mais conforto Automação feita, é hora de usufruir dos recursos que ela oferece. Segundo Sergio Corrigliano, gerente de pesquisa e desenvolvimento da iHouse – empresa paulistana especializada na área – um dos grandes atrativos de uma casa inteligente é a possibilidade de criar “cenas” para cada momento do dia. A arquiteta Jóia Bergamo usou recursos de automação no projeto que criou para a mostra Casa Cor São Paulo 2013. A tecnologia permite até gelar o champanhe no spa da casa 18 | VidaBosch | em casa em casa | VidaBosch | 19 Fotos divulgação/Jóia Bergamo Com a automação, é possível ainda acessar as imagens das câmeras de segurança remotamente, por computador, celular ou tablet. A integração do sistema de segurança com o restante da casa permite também a simulação de presença – quando a casa liga automaticamente luzes, TV ou rádio para parecer que há alguém no imóvel caso um estranho se aproxime. Por fim, a interligação da câmera da entrada com os aparelhos de televisão da casa permite saber imediatamente quem toca a campainha. Portanto, além do barateamento dos equipamentos, também a diversidade de recursos e as possibilidades abertas pelos dispositivos móveis estão tornando a automação residencial algo cada vez mais comum no Brasil, como afirma José Roberto Muratori, da Aureside. “Principalmente após essa integração com tablets e smartphones, a automação acaba se tornando um objeto de desejo. As pessoas querem ter essa sensação de liberdade e controle sobre a casa ao mesmo tempo, e a possibilidade de fazer isso pelo celular é a cereja do bolo.” No projeto de Jóia Bergamo também é possível controlar à distância a iluminação, o arcondicionado e os aparelhos de áudio e vídeo Mais segurança A automação residencial, no entanto, não é interessante somente por deixar o lar mais A automação residencial não é interessante somente por deixar o lar mais agradável. Ela também pode ser sinônimo de segurança agradável. Ela também pode aumentar a segurança dos moradores. Corrigliano explica que um dos produtos disponíveis no mercado é uma fechadura inteligente, que pode ser acionada à distância e avisar o proprietário – sempre através de um tablet ou smartphone – se alguém entrou em casa sem ser convidado. Outro grande benefício está nas possibilidades que se abrem para os cuidados com pessoas com necessidades especiais, como idosos, doentes ou bebês. É o que diz o engenheiro Caio Bolzani, doutor em sistemas eletrônicos e autor dos livros “Residências Inteligentes” (Editora e Livraria da Física, 2004) e “Domótica - A Ciência das Casas Inteligentes”, com lançamento previsto para este ano. Uma das alternativas é o uso de câmeras internas em casa, cujas imagens possam ser vistas à distância. A facilidade pode tranquilizar as mães que precisam voltar a trabalhar após o nascimento do bebê ou ainda tornar mais rápida a chegada do socorro se houver algum acidente com um idoso em casa. O monitoramento da área externa da residência também ganha com a automação, principalmente por meio da integração de câmeras, sensores e alarmes à rede da casa, permitindo ao morador ter mais controle sobre o seu patrimônio. “As residências inteligentes podem, por exemplo, comparar movimentações atípicas com dados históricos para identificar situações de risco”, afirma Bolzani. Ele explica que, além disso, com um sistema inteligente a casa pode gerar respostas imediatas em casos de furto ou roubo, como contatar o próprio morador, a polícia ou empresas de segurança. A Bosch na sua vida Vigiando à distância Uma das possibilidades abertas pela automação residencial é a de monitorar a casa 24 horas por dia, a partir de qualquer lugar. Para isso, no entanto, não basta contar com os melhores equipamentos de vídeo instalados no lar. Também é importante poder acessá-los remotamente com uma qualidade de imagem que permita verificar se tudo está realmente em ordem. E é justamente isso o que faz o HD Anywhere and Everywhere da Bosch. Esse transcodificador de dados permite que o usuário assista pela internet às imagens captadas pelas câmeras de segurança, mesmo se estiver acessando a rede por meio de uma conexão de velocidade limitada. O dispositivo transforma os vídeos HD em arquivos digitais de baixa resolução, para que possam ser vistos de forma ágil e contínua. No entanto, a qualidade original das imagens é restaurada assim que o vídeo é pausado. Dessa forma, nenhum detalhe é perdido e fica muito mais fácil identificar as pessoas e situações de possível risco. Para completar, as câmeras de vídeo HD produzidas pela Bosch utilizam uma tecnologia que oferece excelente qualidade de imagem, mesmo em condições de iluminação adversas. Elas são capazes, por exemplo, de detectar automaticamente objetos retirados ou deixados, aglomeração de pessoas, velocidade e cores, e, em seguida, ajustar as configurações para garantir que mais imagens Arquivo Bosch “No momento do jantar, por exemplo, você pode configurar a casa para favorecer a iluminação da mesa e ligar o ar-condicionado na temperatura desejada. Se depois for assistir a um filme, pode acionar a configuração que liga a televisão, os aparelhos de home theater e ajusta a iluminação para aquela situação”, explica Corrigliano. O resultado é mais conforto e comodidade durante o descanso em casa. Esses diversos recursos foram utilizados pela arquiteta paulistana Jóia Bergamo no projeto que apresentou na última edição da mostra Casa Cor São Paulo, encerrada em 21 de julho. Segundo a arquiteta, além de permitir o controle de iluminação, ar-condicionado e aparelhos de áudio e vídeo, o ambiente também produzia energia por meio de placas solares e torres eólicas. sejam capturadas da maneira mais detalhada possível. O transcodificador de vídeo da Bosch pode ser adquirido tanto como unidade autônoma, para ser adicionada aos sistemas de segurança que o cliente possui, quanto como componente integrado ao outros produtos da Bosch. 20 | VidaBosch | tendências Anton Balazh/Shutterstock Brasil se consolida como importante polo mundial de eventos corporativos e mostra que tem mais a oferecer que belas paisagens e boas atrações culturais | Por Bruno Meirelles Praia, samba... e negócios tendências tendências | VidaBosch | 23 Riccardo Piccinini/Shutterstock 2007, do total de viajantes brasileiros, 5,4% declararam “negócios ou trabalho” como motivo de seu deslocamento. Em 2011, esse percentual subiu para 7,8%, somando 3,1 milhões de pessoas. A indústria farmacêutica é o segmento que mais tem contribuído para o crescimento do número de eventos no país. “Essa é uma área com várias limitações. Não pode fazer propaganda, por exemplo. Então, os encontros funcionam como uma verdadeira alavanca de negócios. Eles são a melhor forma de se comunicar com médicos e outros profissionais de saúde”, explica Elizabeth Kyoko Wada, presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Turismo. A especialista ainda destaca a área financeira, que aparece em segundo lugar no ranking, por exigir muito treinamento e reciclagem dos funcionários. “É um mercado bastante dinâmico. Qualquer erro resulta em grandes prejuízos”, diz Elizabeth. Rio em alta S ol, belas praias, natureza exuberante e uma enorme variedade de atrações culturais. Esses sempre foram os principais atrativos – e os principais clichês – que deram ao Brasil um lugar próprio no turismo internacional. Nos últimos anos, porém, o país tem chamado mais a atenção de um público específico: quem viaja a negócios. Nesse período, o Brasil se consolidou como um importante palco para a realização de congressos, convenções e outros eventos corporativos. O Brasil foi o sétimo país que mais recebeu eventos internacionais em 2012, segundo a Associação Internacional de Congressos e Convenções (ICCA, na sigla em inglês). Foram 304, um crescimento de 390% em relação a 2003, quando ocupávamos apenas o 19º lugar na lista. A tendência, para o Ministério do Turismo, reflete o momento positivo da economia brasileira em meio à crise global. De acordo com a pasta, é natural que quem faça negócios procure, para mostrar seus produtos, lugares onde o dinheiro está circulando. As importações do Brasil estão crescendo, o que faz com que as empresas queiram aumentar sua presença nesse mercado, e o turismo apresentou alta de 6% no ano passado, dois pontos percentuais acima da média mundial. Tudo isso influencia na escolha do país como destino para esses eventos. “A Copa do Mundo e a Olimpíada colocaram o Brasil em evidência. Hoje somos vistos como um destino com boa infraestrutura e centros de convenções modernos. Para completar, a Embratur vem fazendo um grande trabalho desde 2003, divulgando o país em feiras e simpósios internacionais”, afirma a presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos (Abeoc), Anita Pires. Aproveitando esse contexto favorável, o governo federal vem investindo no setor. Segundo o Ministério do Turismo, nos últimos dez anos, R$ 665 milhões foram repassados aos municípios apenas para a construção de centros de convenções, negócios e eventos. Com isso, o Brasil ganhou posições internacionalmente e ainda houve um aquecimento do mercado interno. Em Além de mostrar que o Brasil ocupa hoje uma posição de destaque no mercado de eventos, o estudo da ICCA trouxe outro dado surpreendente: o Rio de Janeiro ultrapassou São Paulo como principal palco desses acontecimentos no país. A cidade maravilhosa foi sede de 83 encontros internacionais em 2012, contra 77 da capital paulista. “Nos últimos anos, o Rio recebeu muitos investimentos do governo e de empresas em segurança e infraestrutura por causa dos grandes eventos esportivos. Sempre foi o mais belo destino brasileiro, e hoje está recuperado. São Paulo ainda tem os melhores serviços e é muito forte nacionalmente, mas no exterior o lugar preferido é o Rio”, afirma Anita. Apesar de estar atrás na quantidade de eventos, São Paulo ainda segue como destino brasileiro mais visitado quando o assunto são convenções, respondendo por mais de 50% da demanda nacional. Outras capitais que estão se sobressaindo nesse quesito são Brasília e Salvador. “Quando alguém quer fazer um evento para articulação econômica busca São Paulo. Já para articulação política, o lugar ideal é Brasília. Salvador, por sua vez, tem se qualificado bastante nos últimos anos e conta com o atrativo do aspecto exótico da sua cultura”, comenta Elizabeth. As especialistas concordam ainda que a regionalização dos eventos sempre é bemvinda, pois permite que outras cidades se beneficiem do bom momento vivido pelo turismo. “As sedes de congressos costumam se alternar, pois os participantes gostam de novos destinos. O Nordeste tem um atrativo climático e cultural, belas praias, ótima gastronomia. Com isso, a região se destaca, apesar de não ter uma estrutura tão boa quanto a encontrada no eixo RioSão Paulo”, diz a presidente da Abeoc. Polos alternativos Alguns fatores são fundamentais para que uma cidade se torne um polo de eventos. Em primeiro lugar, é preciso investir em infraestrutura, como um bom centro de convenções, grandes hotéis e restaurantes. “Mas também precisa estar preparado. Não adianta nada ter um espaço de even- O turismo de negócios já não se restringe ao eixo Rio-São Paulo. Salvador, Fortaleza e Foz do Iguaçu têm investido na área. Brasília se destaca em eventos políticos tos cinco estrelas e um serviço de duas. A convenção vai ser realizada uma vez e não volta mais”, destaca Anita. Além disso, atrativos turísticos fazem toda a diferença. É o que ocorre, por exemplo, com Foz do Iguaçu, que recebeu 16 eventos internacionais no último ano, ficando à frente de capitais como Porto Alegre e Florianópolis. A cidade paranaense reúne dois requisitos: conta com as Cataratas do Iguaçu e tem um centro de eventos de primeiro mundo, com capacidade para sediar congressos e feiras simultâneos. Também se destaca pela localização: fica em uma área de intensa movimentação econômica – a tríplice fronteira entre Brasil, Argentina e Paraguai – e é a segunda maior porta de entrada do turista estrangeiro que vem ao Brasil a lazer, segundo o Ministério do Turismo. A cidade oferece ainda bons preços e grande diversidade cultural. “Foz do Iguaçu está apta a sediar eventos de todos os portes e naturezas. Além disso, temos mais de 70 etnias identificadas pelo IBGE, que fazem do destino um celeiro de novas oportunidades e vivências”, argumenta Rodrigo Mattjie, assessor de comunicação do Iguassu Convention & Visitors Bureau (ICVB). Outro município que tem investido na área é Fortaleza. A capital cearense inaugurou em 2012 o mais moderno centro de convenções da América Latina. Custou mais de R$ 480 milhões e pode abrigar até 30 mil pessoas. Seu projeto arquitetônico foi inspirado em elementos típicos do Ceará, como as falésias, e ocupa 206 mil m2. “Foi um investimento feito pelo governo. Antes, o poder público não via o turismo como algo que dava resultados. Hoje isso mudou, perceberam que o retorno é quase imediato”, comemora Elizabeth. A Bosch na sua vida Reunião com tecnologia O aumento do número de eventos corporativos no país faz com que os centros de convenções brasileiros precisem estar em dia com as tecnologias do setor, que têm evoluído bastante. Hoje há vários produtos que oferecem uma série de novos recursos para facilitar a dinâmica dessas reuniões. Entre as grandes inovações está o DCN multimedia, sistema de conferência lançado pela Bosch em meados de abril em Frankfurt, na Alemanha. As unidades de discussão do sistema contam com microfone, autofalante e tela touch screen de alta qualidade integrados. Dessa forma, cada participante da reunião pode ver e ouvir o que os demais estão falando, independentemente de onde estiver. Além disso, o dispositivo permite compartilhar arquivos de diversos formatos e controlar câmeras móveis. O produto também é dotado de microfone direcional capaz de captar a voz mesmo quando se fala a uma distância de até 60 centímetros do dispositivo, permitindo que a pessoa se manifeste recostada confortavelmente em sua cadeira. Para completar, o DCN multimedia faz uso de uma nova plataforma de transmissão e controle de áudio, chamada OMNEO, que possibilita o transporte de áudio em alta definição por redes IP. Arquivo Bosch 22 | VidaBosch | A Bosch produz ainda o DCN Next Generation, usado em reuniões das Nações Unidas e do G8, por exemplo. No Brasil, o sistema foi adotado pela Assembleia Legislativa do Maranhão. Ele conta com 32 canais para tradução simultânea, e a pessoa pode escolher o idioma por meio de um seletor. O sistema ainda permite votações eletrônicas e mostra os resultados ao vivo, em gráficos estatísticos nos telões. grandes obras | Por Bruno Meirelles DDCoral/Shutterstock 24 | VidaBosch | Cidades temporárias Nas grandes obras, alojamentos para milhares de pessoas têm área de lazer, lojas e, às vezes, até prefeito H idrelétricas, estádios, arranha-céus. Algumas obras de grande porte mobilizam tantos trabalhadores que é necessário construir verdadeiras cidades temporárias para abrigar todo esse povaréu. A estrutura montada para os funcionários pode ir muito além de quartos e banheiros, e chega a incluir áreas de lazer, campos de futebol, igrejas, lojas, bancos, livrarias e até prefeitura. “Já trabalhamos em obras onde as pessoas elegem alguém para cuidar da manutenção das moradias, como um prefeito mesmo”, conta Rogério Neves, gerente comercial da Novo Espaço, que há 15 anos trabalha com alojamentos para construção civil. Alguns fatores estão contribuindo para que, nos últimos anos, essas armações ganhem importância cada vez maior. O principal deles é a escassez de mão de obra no setor. Por um lado, o boom recente recrutou boa parte dos empregados disponíveis. A oferta não cresceu no mesmo ritmo. “Muita gente não quer mais trabalhar nesta área. O nível de educação melhorou no país, e a construção civil é um tipo de atividade pesada, que envolve risco de acidentes. Assim, as construtoras são obrigadas a contratar pessoas que moram longe, e elas acabam se instalando no próprio canteiro”, afirma o pesquisador Luiz Priori Junior, do Laboratório de Estudos Periurbanos do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Ele aponta que, muito mais do que simplesmente abrigar os funcionários, esses espaços assumem um papel muito importante no andamento das obras, pois suas condições são determinantes para o desempenho dos trabalhadores. “Eles já estão longe de sua região, sentem falta da família. Então, fatores como conforto, higiene e limpeza fazem toda a diferença para a motivação.” grandes obras | VidaBosch | 27 As diretrizes para a construção dos alojamentos são estipuladas por duas normas regulamentadoras do Ministério do Trabalho, a 18 e a 24. Elas determinam, por exemplo, que as estruturas tenham ventilação natural e pé-direito de pelo menos 2,40 metros. Com alguma frequência, acordos sindicais regionais acrescentam alguns benefícios – em Pernambuco, por exemplo, a construtora é obrigada a fornecer roupa de cama. Nos últimos anos, com o mercado de trabalho muito aquecido, as construtoras estão oferecendo mais do que o exigido por lei, visando aumentar a produtividade dos funcionários. “Enquanto a norma pede um banheiro para cada 20 pessoas, existem lugares onde se constroem suítes para abrigar quatro trabalhadores. Era algo inimaginável 15 anos atrás, mas hoje se dá muito valor a isso”, afirma Rogério Neves. Outro diferencial são as camas e armários, que antes eram feitos com o próprio material das obras, mas agora frequentemente vêm prontos. “Sai quase o mesmo preço, é mais higiênico e ainda pode-se aproveitar em outra obra. Sem falar que dessa maneira o empregado se sente mais valorizado”, explica Priori. Não se espera que as instalações sejam as de um hotel de cinco estrelas, mas têm de ser dignas. Priori usa uma medida que lhe parece bem adequada: o alojamento deve ser um lugar onde o engenheiro que o fez aceite dormir. Nas obras de ampliação da refinaria da Petrobrás em Paulínia (SP), que envolvem 2,5 mil funcionários – número superior à população de 285 municípios brasileiros –, alguns recursos foram planejados não só para reduzir custos, mas também para dar mais conforto aos empregados: 63 coletores solares aquecem 18 mil litros de água, usada nas 150 duchas dos vestiários da obra. Se o sol não aparece, três aquecedores movidos a gás entram em ação para garantir banho quente para os trabalhadores. “A economia de energia elétrica é de 63%, o que faz com que o investimento total se pague em um ano e meio. Como a reforma na refinaria deve levar três anos para ficar pronta, vale a pena”, explica Edson Nascimento, engenheiro de vendas da divisão de Benicce/Shutterstock grandes obras A construção de alojamentos deve seguir diretrizes do Ministério do Trabalho, mas as empreiteiras têm ido além, para fixar a mão de obra Sue Smith/Shutterstock 26 | VidaBosch | 28 | VidaBosch | grandes obras grandes obras | VidaBosch | 29 Bikeriderlondon/Shutterstock J. Quendag/Shutterstock Os abrigos podem ser feitos em módulos, para acompanhar a oscilação do número de trabalhadores ao longo da obra Segurança e economia Os alojamentos são sempre a primeira coisa a ser erguida em uma obra. Nesse serviço, vários fatores devem ser levados em conta, como localização e tamanho. A missão se torna mais difícil em construções urbanas, pois os espaços são escassos. Por isso, muitas vezes setores da própria obra são adaptados para a moradia dos empregados. Os alojamentos são sempre a primeira coisa a ser erguida em uma obra. Fatores como localização e tamanho precisam ser considerados “Há casos em que, por falta de planejamento, o alojamento é construído em um lugar que faz parte da obra e depois ele acaba sendo demolido, o que gera atrasos e custos extras. Para evitar isso, deve-se fazer o layout do canteiro inteiro, já prevendo onde ficarão as áreas de vivência”, recomenda Priori. Uma alternativa recorrente é a instalação de abrigos em módulos, pois boa parte das obras começa com poucos funcionários, atinge um pico de pessoal na metade do trabalho, e depois a quantidade de trabalhadores volta a cair. “Existem lugares em que se opta por erguer as moradias conforme os trabalhos avançam. Depois eles vão sendo desmontados aos poucos, acompanhando o ritmo da obra. Isso economiza espaço e dinheiro”, comenta o pesquisador da UFPE. Ele destaca ainda outros detalhes a serem considerados. É recomendável que o banheiro fique junto aos quartos. Já o alojamento não deve estar muito afastado da obra, para evitar grandes deslocamentos dos trabalhadores, nem muito colado, para evitar acidentes. Para completar, enquanto em estados mais quentes, como os do Nordeste, a preocupação está em refrescar os ambientes, no Sul se buscam formas de manter o espaço aquecido. “Isso é importante, pois a saúde do trabalhador é um bem da empresa. Acaba sendo mais economicamente vantajoso gastar com coisas simples, como cobertores ou revestimento nas paredes, do que ver o funcionário perder dias de trabalho”, compara. Seguindo essa tendência, cresce a preocupação com a segurança do pessoal. Hoje, os alojamentos são mais reforçados, têm extintores e sempre há alguém da brigada de incêndio no local. “Antes morriam pessoas nessas áreas. Hoje isso é bem raro. As empresas pensam primeiro na segurança, e depois na obra em si”, finaliza Neves. A Bosch na sua vida Luz e água quente Em uma grande obra, não basta construir uma “cidade” para abrigar os trabalhadores. Também é preciso pensar em formas de prover o alojamento de recursos básicos, como eletricidade e água quente. O conforto dos empregados é fundamental – não só para eles, como também para a melhoria da produtividade. A Bosch fornece equipamentos modernos que atendem a demandas do setor. O coletor solar SKN 3.0, por exemplo, é usado para aquecer a água, que passa pelo tubo de cobre interno do coletor e depois é armazenada em um reservatório térmico para ser distribuída aos chuveiros. O SKN 3.0 conta com 2,37 metros quadrados de área coletora, uma capacidade de produção mensal de 210 kW/h e pode ser instalado em baterias – quanto maior o número, maior a geração de água quente. “Na reforma da refinaria de Paulínia (SP), instalamos três baterias com 21 coletores cada”, declara Edson Nascimento, engenheiro de vendas da divisão de termotecnologia da Bosch. “A grande vantagem é que esse sistema usa o sol, uma fonte de energia infinita, que não emite gases e é sustentável. Mesmo com tempo nublado ele é capaz de absorver um pouco de energia”, destaca. A eletricidade que abastece os alojamentos pode ser garantida por geradores movidos a diesel, com sistemas de injeção da Bosch. Trata-se do Modular Common Rail System, cujo design – em módulos – permite adaptá-lo facilmente a motores com diferentes quantidades de cilindros (de quatro a 20). O equipamento, semelhante aos Arquivo Bosch termotecnologia da Bosch, empresa responsável pelo aquecimento da água na reforma da refinaria da região de Campinas. Ao término da construção, toda estrutura pode ser desmontada e reutilizada em outra obra. É algo vantajoso para a construtora, pois só terá de arcar com os custos de instalação no próximo serviço – afinal, os equipamentos já foram adquiridos. “No caso de Paulínia, foram quase dois meses para a montagem do sistema. Foi preciso, por exemplo, reforçar a estrutura dos alojamentos para que eles comportassem os coletores solares”, afirma o engenheiro de vendas da Bosch. utilizados em termelétricas em várias partes do mundo, é capaz de fornecer energia mesmo para alojamentos com milhares de empregados. brasil cresce Abutyrin/Shutterstock 30 | VidaBosch | O mapa da mina Setor de mineração prepara investimentos de US$ 75 bilhões em cinco anos, mas tem de enfrentar gargalos na logística e na capacitação | Por Manuel Alves Filho 32 | VidaBosch | brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 33 Tomas1111/Shutterstock Kuznetcov_konstantin/Shutterstock A mineração é uma atividade que envolve riscos, por isso as empresas precisam investir em equipamentos que garantam a segurança dos funcionários E nquanto alguns setores da economia brasileira seguem com o freio de mão acionado, à espera de melhores condições da pista, o da mineração pressiona gradativamente o acelerador. O Instituto Brasileiro de Mineração (Ibram), entidade que representa as empresas do segmento, prevê que os investimentos para o período de 2012 a 2016 alcancem US$ 75 bilhões – o que, se confirmado, representará um novo recorde, fazendo da atividade a responsável pela maior parte dos investimentos privados no país. Embora positivas, as cifras poderiam ser maiores, não fossem alguns obstáculos presentes no circuito. Conforme o mesmo Ibram, faltam recursos humanos qualifi- cados, conhecimento geológico e financiamento público, além de infraestrutura e logística adequadas. O Brasil conta, atualmente, com cerca de 3 mil minas em operação, a maioria de pequeno e médio porte, que extraem do subsolo 72 substâncias. Destas, 23 são metálicas, 45 não metálicas e quatro, energéticas. O setor, que compreende as etapas de geologia, mineração e transformação, participa com 4,2% do Produto Interno Bruto (PIB), gera 1 milhão de empregos diretos e indiretos e responde por 20% do total das exportações brasileiras, segundo o Plano Nacional de Mineração 2030, do Ministério das Minas e Energia. O mesmo documento avalia que o vi- gor está longe de esgotar-se. As projeções oficiais indicam que a produção de minerais e de bens neles baseados deverá crescer entre três e cinco vezes até 2030, para atender tanto ao mercado interno quanto ao externo. “A crescente demanda pelo minério de ferro, provocada principalmente pelos países asiáticos, deflagrou uma corrida a jazidas dessa substância em diversas regiões brasileiras. As próprias siderúrgicas estão se verticalizando no sentindo inverso, ou seja, abrindo empresas de mineração”, afirma Iran Ferreira Machado, especialista em política e em economia mineral e professor colaborador voluntário do Instituto de Geociências da Unicamp. A expansão se dará por meio de novos empreendimentos, como a mina Carajás S11D, prospectada pela Vale no Pará. Terá capacidade para extrair, numa primeira fase, 90 milhões de toneladas de minério de ferro ao ano. “A empresa vai substituir os gigantescos caminhões fora de estrada, com capacidade para transportar até 300 toneladas, por sistemas que utilizam correia transportadora, o que irá trazer benefícios econômicos e ambientais”, aponta Machado. O investimento previsto na operação é da ordem de R$ 20 bilhões. Embora o ferro desperte grande interesse, outros minerais também vêm atraindo a atenção dos investidores, como cobre, níquel, zinco e alumínio. “Uma área igualmente prioritária é a de extração de Terras-Raras, um conjunto de 17 elementos químicos de importância para as indústrias de alta tecnologia, notadamente as fabricantes de tablets, smartphones, televisores HD, aparelhos de ressonância magnética, carros híbridos, catalisadores para refino de petróleo e instrumentos para a indústria da defesa. Há perspectiva da abertura de algumas minas no médio prazo”, informa o professor da Unicamp. Outra área que cresce em relevância é a geologia marinha, uma nova fronteira para a pesquisa de recursos minerais ou energéticos fora do continente. Há indicações, por exemplo, de rochas com concentrações de óxidos de ferro e de manga- nês, níquel, cobre e cobalto no substrato do oceano Atlântico. “Essa exploração poderá se tornar economicamente viável no médio e longo prazos. Mas ainda existem questões legais a serem resolvidas entre as nações, de modo a definir os direitos dos Estados nacionais e das organizações privadas interessadas nesse tipo de exploração”, adverte Machado. Desafios O setor tem, de fato, expectativas promissoras, mas enfrenta gargalos nada triviais. “O país ainda se recente de recursos humanos qualificados, pesquisa mineral, conhecimento geológico e financiamento público para projetos na área. Outra questão brasil cresce brasil cresce | VidaBosch | 35 Andrey N Bannov/Shutterstock Novo marco regulatório para o segmento prevê fim das concessões por tempo indeterminado e criação de agência especializada Hoje, o transporte do minério da mina para o ponto de escoamento é todo automatizado, daí a importância de contar com máquinas importante a ser superada é a dificuldade para a obtenção de licenças ambientais”, cita o diretor de Assuntos Ambientais do Ibram, Marcelo Ribeiro Tunes. Um dos obstáculos é o já conhecido déficit brasileiro de engenheiros – com o agravante, aqui, de que a engenharia de minas é ainda menos procurada pelos estudantes, pois não querem trabalhar nas áreas remotas onde frequentemente estão as jazidas. “O mesmo ocorre com mecânicos, eletricistas, operadores de máquinas e topógrafos”, aponta o docente da Unicamp. As empresas chegam a levar meses para preencher algumas vagas, mesmo oferecendo salários atraentes (um engenheiro de minas sênior, por exemplo, pode ganhar de R$ 8 mil a R$ 30 mil). Na logística, o entrave é a estrutura para escoamento da produção. As grandes empresas até têm rentabilidade suficiente para bancar suas próprias estradas ou ferrovias – vide o caso da Vale. Já as de menor porte O setor enfrenta dois grandes obstáculos: a falta de engenheiros e a carência de infraestrutura no país correm o risco de não se viabilizar, pois não dispõem de recursos para implantar ou mesmo melhorar benfeitorias. É frequente, também, que as companhias tenham de bancar outras estruturas. “A mineração é uma atividade pontual, o governo não constrói infraestrutura para projetos médios ou pequenos, principalmente porque o retorno social é limitado”, declara Machado. Para o abastecimento de energia, segundo ele, pequenas usinas às vezes aproveitam o potencial hidráulico por ventura existente no local. “Mas, quando necessário, as minas em locais remotos são obrigadas a construir usinas termelétricas para o seu próprio consumo”, complementa o pesquisador. No aquecimento de água, uma solução recorrente é instalar caldeiras que atendam as necessidades da operação da mina, da fábrica e do núcleo residencial. Outro ponto complexo numa operação de mina, sobretudo quando subterrânea, é a segurança do empreendimento e dos que nele trabalham. Em alguns casos, a exploração ocorre a mais de 700 metros de profundidade – o que já deixa claro a necessidade de padrões rigorosos, procedimentos precisos e equipamentos eficientes. Boa parte das regras está listada num documento chamado Normas Reguladoras de Mineração, editado em 2002. Ele estabelece obrigações de proteção em etapas e áreas tão diversas como trânsito de trabalhadores, transporte de carga, sistema de ventilação, sinalização, saídas de emergência, planos de prevenção contra incêndio, explosão e inundação, sistemas de comunicação e iluminação. As normas padronizam até as instalações auxiliares, eficientes e confiáveis como carpintaria e oficina de soldagem. O documento determina, por exemplo, que o empreendedor mantenha, entre seus funcionários, profissionais qualificados para “promover a permanente melhoria das condições de segurança do empreendimento e da saúde dos trabalhadores”. A essas dificuldades soma-se a senilidade das regras para o setor, que datam de 1967. A reformulação do Marco Regulatório – que deveria ter ocorrido em 2010, mas cujo projeto de lei foi encaminhado pelo governo ao Congresso Nacional somente em 18 de junho deste ano – criou incertezas nos investidores, tanto brasileiros quanto estrangeiros. Apesar da demora, o diretor-presidente do Ibram, José Fernando Coura, garante que a entidade recebeu a proposta com tranquilidade. “Temas que o Ibram debateu durante todo esse tempo com o governo estão contemplados na matéria, como a segurança jurídica e respeito aos contratos”, disse ele no lançamento da proposta. “O Ibram irá trabalhar fortemente junto ao Congresso para que o novo marco seja bom para as empresas e para os municípios.” O projeto prevê que o governo passe a definir as minas a serem exploradas e as ofereça à iniciativa privada por meio de licitações. As concessões não seriam mais por tempo indeterminado, como acontece hoje – passariam a valer por 35 anos. Além disso, as concessionárias passariam a ser fiscalizadas por uma agência reguladora e poderiam perder suas licenças de exploração. Um ponto a ser enfrentado pela legislação, defende Machado, é a burocracia dos órgãos que atuam no setor mineral, considerada por ele rígida e lenta. Entre 93 produtores mundiais, o Brasil ocupa o 57º lugar em atratividade para o investidor privado estrangeiro, segundo dados do Instituto Fraser, sediado no Canadá. Segundo o professor da Unicamp, o país recebe apenas 3% dos investimentos mundiais em prospecção. “O Brasil está subavaliado diante do potencial do seu subsolo, que é muito promissor.” A Bosch na sua vida Pacote completo São muitos os desafios que a mineração terá de enfrentar para seguir crescendo em ritmo forte nos próximos anos. Para ajudar o setor a superar esses obstáculos, a Bosch oferece uma linha de produtos e soluções que permite gerenciar com eficiência e melhorar a produtividade das diversas operações envolvidas no processo de mineração. As ferramentas elétricas são ideais para atuar nas condições de trabalho mais extremas e atender às mais altas expectativas. Os sistemas de segurança da Bosch ajudam a monitorar todas as atividades eficientemente, possibilitando que emergências e ameaças como risco de incêndio sejam imediatamente detectadas e a área evacuada de forma rápida e controlada por meio de uma sistema de sonorização que coordena a operação por voz. Para um controle de processos e do perímetro, as câmeras da Bosch contam com uma tecnologia de alta definição de imagem que funciona mesmo em condições adversas, como o ambiente de uma mina, onde muitas vezes há pouca iluminação e muita poeira. Tudo isso é controlado a partir de uma plataforma única e integrada. Uma planta de mineração também precisa de soluções sustentáveis para a geração de água quente – seja para os processos de extração de alguns minérios, como o cobre; seja para os alojamentos de trabalhadores. Nesse campo a Bosch oferece tecnologias eficientes com a possibilidade de instalação modular, o que permite combinar os sistemas solar e a gás. Arquivo Bosch 34 | VidaBosch | No transporte de minérios, as soluções da Bosch Rexroth são voltadas para grandes projetos de automação e controle. Esses mecanismos fazem, por exemplo, com que os descarregadores dos navios trabalhem na velocidade certa quando estão transportando os materiais, ou que as esteiras tenham partidas e paradas suaves, para evitar perdas de material durante o trajeto. atitude cidadã | Por Frederico Kling Prixel Creative/Shutterstock 36 | VidaBosch | Do Jeca Tatu à profissionalização A filantropia empresarial, que no Brasil começou a deslanchar há quase cem anos a partir de uma campanha estrelada pelo personagem de Monteiro Lobato, hoje investe R$ 2 bilhões por ano na área social I nventar personagens famosos como Emília, Narizinho e Visconde de Sabugosa já é um feito e tanto. Mas, como se sabe, o paulista José Bento Renato Monteiro Lobato foi muito além desse trio memorável. Nascido em Taubaté, o escritor conseguiu proezas ainda maiores com outra de suas criações, o Jeca Tatu: o cativante caipira entrou para o dicionário (como sinônimo, justamente, de “caipira”) e ainda estrelou uma campanha que, para alguns especialistas, marca o início da filantropia empresarial no Brasil. Era o início do século 20. Uma doença chamada ancilostomose (conhecida popularmente como amarelão) causava comoção nacional. Os mais alarmistas viam nela uma das causas do atraso do Brasil: dizia-se que seus sintomas iniciais (cansaço, fraqueza, dificuldade de raciocínio) afetavam a saúde de muitos brasileiros e, por tabela, a economia. Foi nesse contexto que o escritor usou seu personagem matuto (que aparecera no conto “Urupês” em 1918) para disseminar informações sobre a enfermidade. Chegou a fazer uma versão mirim, o Jeca Tatuzinho, destaque maior num almanaque que visava divulgar o ciclo da verminose, seus sintomas e as principais medidas de prevenção. O almanaque fazia também propaganda do Biotônico Fontoura, um fortificante que, alegava-se, combatia o amarelão. A publicação, parceria entre Lobato e o laboratório Fontoura, chegou a ter tiragem de 1 milhão de exemplares. O tal biotônico é vendido até hoje, mas muita coisa mudou desde então. O investimento das empresas na área social cresceu, se profissionalizou e se diversificou. Um levantamento do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas (Gife), que reúne 140 entidades empresariais, mostrou que 100 de seus associados investiram, em 2011, cerca de R$ 2 bilhões em filantropia. A cifra é semelhante à encontrada por outra pesquisa, o Benchmarking do Investimento Social Corporativo (Bisc), que analisou 200 empresas. Em porcentagem do lucro, as corporações no Brasil investem até mais do que nos Estados Unidos. Os dois estudos coincidem também ao apontar uma tendência de crescimento nos últimos anos, apesar da crise econômica de 2008 – que derrubou os valores investidos em 2009, como indicam ambos os trabalhos. “Na ocasião, a queda foi de cerca de 5%, equivalente a cortes em outros setores das empresas, o que mostra que a ação social está integrada à estratégia corporativa e não é apenas a gordura que se corta em primeiro lugar”, comenta o secretário-geral do Gife, André Degenszajn. Em 2011, segundo o Bisc, as empresas no Brasil investiram 1,18% de seu lucro em ações sociais – mais que o 0,95% registrado pelas corporações dos Estados Unidos, onde a filantropia está bem consolidada. A área mais prestigiada é a educação. Na pesquisa do Gife, 86% das companhias disseram que trabalham com projetos relacionados a esse tema; no outro estudo, foram 35%. “A educação é um grande problema e tem impacto no desenvolvimento do país”, diz a coordenadora do Bisc, Anna Maria Peliano. Ações e institutos As diferenças principais entre o quadro atual e o do almanaque com o Jeca Tatuzinho são fruto principalmente de mudanças que surgiram na década de 1990. “Nessa época, marcada pela redemocratização, movimentos como o do Betinho chamaram as empresas a assumirem responsabilidades sociais”, comenta Anna Maria, fazendo referência ao sociólogo Herbert de Souza e ao seu programa Ação da Cidadania, lançado em 1993 com o objetivo de mobilizar a sociedade para o combate da miséria no Brasil. “Houve um reconhecimento de que a empresa é parte de uma sociedade e deve atitude cidadã atitude cidadã | VidaBosch | 39 Dmitry Berkut/Shutterstock ficiou em torno de 1 milhão de pessoas, entre crianças, adolescentes, professores e educadores. A entidade conta com cerca de R$ 20 milhões por ano, provenientes de um fundo de investimento. Mais recente (de 2005), o Instituto Gerdau também atua em educação, mas trabalha ainda com mobilização solidária e qualidade de gestão. Foi criado para aprimorar as ações sociais da multinacional brasileira. “Foi um importante passo para a consolidação da cultura de responsabilidade social da companhia”, afirma o diretor da entidade, José Paulo Soares Martins. Com um orçamento de R$ 52 milhões em 2012, a instituição atualmente apoia mais de 900 iniciativas em 14 países, seja dando suporte ao empreendedorismo, seja participando de grandes iniciativas coletivas setoriais, como o Movimento Todos pela Educação. Incentivos fiscais Um aspecto interessante da expansão do investimento social corporativo ao longo das últimas décadas é que ela se deu a despeito de os incentivos tributários para a doação serem irrisórios no Brasil. Aliás, há até desincentivo: de acordo com a le- desempenhar papel no desenvolvimento do país”, completa Degenszajn. Ao mesmo tempo, a abertura para o mercado externo exigiu que as empresas brasileiras se adaptassem a parâmetros internacionais de responsabilidade social. “Entre 1995 e 2005, o terceiro setor triplica de tamanho e a responsabilidade social ganha força”, afirma Degenszajn. A própria entidade que ele dirige, o Gife, é um exemplo disso. Foi criada em 1995 por 25 organizações, como um grupo informal para troca de experiências, e agora atua em frentes mais amplas, como relações com o governo e a construção de um ambiente regulatório para o terceiro setor. A idade média dos associados é um indicativo da nova ação social das empresas: 62% deles foram fundados nos últimos 20 anos. O impulso ajudou a profissionalizar as organizações da sociedade civil, na medida em que a injeção de recursos privados frequentemente vem acompanhada de pres- sões ou orientações para a implantação de estratégias empresariais de gestão e mensuração de resultados. Nesse período, várias empresas que já atuavam na área social passaram a formalizar suas ações. A C&A, por exemplo, fundou seu instituto em 1991, apesar de estar no país desde 1976. “Antes, tínhamos uma atuação mais difusa, com aporte financeiro em vários temas, mas sem proposta”, lembra Paulo Castro, diretor-executivo do Instituto C&A, cuja fundação respondeu a um desejo de construir uma política de investimento e ganhar maior envergadura em suas ações. A entidade centra seu foco em educação, por meio do apoio a iniciativas de outras organizações. “Nós temos dois mecanismos de seleção. Prioritariamente, abrimos editais públicos para que as entidades submetam projetos, mas, por vezes, o instituto procura oportunidades”, explica Castro. Desde sua fundação, a organização bene- A filantropia corporativa ganhou força na década de 1990, quando as empresas reconheceram que são parte de uma sociedade e devem desempenhar um papel no desenvolvimento do país gislação, sobre os valores doados incide o Imposto sobre Transmissão “Causa Mortis” e Doação de Quaisquer Bens ou Direitos (ITCMD). O tamanho da mordida varia de estado para estado – em São Paulo, por exemplo, é de 4%. Mas, como Jeca Tatu, o terceiro setor brasileiro não precisaria de um fortificante? Há controvérsias. A ação social das empresas tem se mantido robusta com recursos próprios. O Benchmarking do Investimento Social Corporativo mostra que apenas 23% dos R$ 2 bilhões foram investidos utilizando-se incentivos fiscais. Nada mais natural, diria Castro, do Instituto C&A. A atuação empresarial, argumenta, implica a doação voluntária de recursos privados. O incentivo é, no fim das contas, uma contribuição com chapéu alheio (o dinheiro público). “Quando a empresa só trabalha com recursos de renúncia fiscal, não é investimento próprio.” Ainda assim, Degenszajn, do Gife, avalia que a legislação poderia mudar de modo a incentivar a doação de pessoas físicas. “Nos Estados Unidos, onde há isenção para doação, 70% dos recursos vêm de indivíduos”, justifica. De qualquer modo, não é apenas o terceiro setor que se beneficia da ação social privada. “Há um aprendizado mútuo, pois as organizações têm capacidade de mobilização forte, produzem muitas lideranças”, aponta Castro. O investimento empresarial melhora a imagem da corporação (esse é, em muitos casos, um objetivo primordial) e, sugere Degenszajn, a atuação dos empregados. “Os funcionários ficam mais motivados e engajados na medida em que reconhecem o valor da empresa na sociedade”. Já na década de 20 o almanaque escrito por Monteiro Lobato percebia isso. “Se forem fazendeiros”, dizia o texto, voltado à garotada da época, “procurem curar os camaradas. Além de ser para eles um grande benefício, é para você um alto negócio. Você verá o trabalho dessa gente produzir três vezes mais”. A Bosch na sua vida De terrenos a computadores A atuação da Bosch na área social brasileira é anterior ao boom do terceiro setor do final do século 20. Já em 1971 a empresa criou a Associação Beneficente Robert Bosch, transformada, em 2004, no Instituto Robert Bosch. A entidade faz trabalhos em cultura, saúde, meio ambiente e educação. O primeiro grande projeto apoiado no Brasil foi o Centro Médico, hospital de Campinas (SP) inaugurado em 1973. O Instituto custeou a construção e contribuiu, nas décadas seguintes, para modernizá-lo e ampliá-lo. A ação na área de saúde incluiu doação de terreno e de US$ 1 milhão para as obras do Centro Infantil Boldrini, de Campinas. Inaugurado em 1986, oferece atendimento médico a crianças e adolescentes portadores de doenças sanguíneas e câncer, além de desenvolver atividades de ensino e pesquisa. O Instituto doou ainda R$ 500 mil ao Boldrini, em 2004, para construção de um centro de radioterapia e medicina nuclear. Outra organização beneficiada é a creche Irmã Ruth – Firmacasa, que oferece educação infantil e oficinas com atividades como informática, ginástica e música para 460 crianças e adolescentes. O trabalho conjunto teve início em 2005, com mudanças estruturais, como a doação de um terreno vizinho à Firmacasa, onde foi criado um espaço chamado Canto do Sol, para atendimento de crianças entre 6 e 15 anos. O instituto deu computadores, nos quais os jovens aprendem informáti- ca. O resultado? “Professores das escolas do entorno relatam que as crianças do Canto do Sol têm desempenho melhor do que as outras”, diz Irmã Helene, presidente da entidade. Já o apoio ao Projeto Gente Nova (Progen), criado em 1984, começou com o Instituto Robert Bosch chamando a entidade social para instalarem, na periferia de Campinas, a iniciativa Peça por Peça. “Buscamos potencializar as duas escolas locais”, diz Isabel Cristina, coordenadora geral do Progen. No Peça por Peça, que beneficia 2 mil alunos, os professores apresentam projetos que, se selecionados, têm apoio do instituto. Foi assim que, por exemplo, o laboratório de química de uma das escolas recebeu equipamentos. Arquivo Bosch 38 | VidaBosch | aquilo deu nisso | Por Frederico Kling Eugene Sergeev/Shutterstock 40 | VidaBosch | A arte de parar O primeiro teste com o primeiro carro da história resultou no primeiro acidente por falta de freios. A indústria aprendeu a lição a tal ponto que hoje faz dispositivos que brecam os carros automaticamente E m 1771, o engenheiro militar francês Nicolas-Joseph Cugnot criou um veículo de três rodas movido a vapor. Sua invenção, concebida para carregar armas, pesava duas toneladas e meia e era dotada de um inédito sistema de autopropulsão. Alguns especialistas o consideram o primeiro carro da história – que, em seu primeiro teste, envolveu-se... no primei- ro acidente automobilístico registrado. Inicialmente o veículo andou bem, mas, sem freios, chocou-se contra um muro, derrubando-o. A invenção de Cugnot atualmente repousa no Musée des Arts et Métiers, em Paris. Mas, como se sabe, deu início a uma das indústrias mais poderosas e sofisticadas do planeta. Graças ao fatídico muro, aprendeu-se que não basta fazer um bólido andar, é preciso também fazê-lo parar. A necessidade foi tão bem compreendida que, hoje, há freios que funcionam automaticamente em caso de perigo. Até chegar ao estágio atual, porém, o dispositivo passou por várias fases. O material de que é feito, por exemplo, mudou bastante. Os primeiros freios eram 42 | VidaBosch | aquilo deu nisso aquilo deu nisso | VidaBosch | 43 ARENA Creative/Shutterstock Bhakpong/Shutterstock Os freios a tambor e a disco seguem o mesmo princípio: fazem pressão sobre as rodas e detêm o veículo sapatas (peças que provocam atrito) de madeira. Depois foram usados o couro e um mineral chamado asbesto, segundo o professor de engenharia mecânica Luiz Carlos Gertz, da Universidade Luterana do Brasil, em Canoas, Rio Grande do Sul. Até cabelos humanos foram empregados em alguns sistemas, relata Omar Maluf, doutor em engenharia de materiais pela Escola de Engenharia de São Carlos, da USP. A primeira grande evolução veio, coincidentemente, de outro francês. Em 1902, Louis Renault criou o freio a tambor, que consiste, basicamente, num disco que sofre o atrito de uma sapata, parando o veículo. Sua vantagem é que todo o sistema é acondicionado dentro de um compartimento – um dos grandes problemas dos modelos anteriores é que eles ficavam expostos ao ambiente, perdendo, assim, eficiência. Uma desvantagem é que é cheio de peças, o que dificulta a manutenção. Outra é que, por ser fechado, tem mais dificuldade de dissipar o calor. Este último ponto é um grande problema. Afinal, basicamente, o que os freios fazem é transformar a energia cinética do movimento do carro em energia térmica, esquentando o sistema – em casos mais extremos, a temperatura pode atingir 600°C. É preciso que ele perca rapidamente esse calor para funcionar eficientemente. “Uma das necessidades mais importantes do freio é que aguente bem a fadiga térmica, pois ele basicamente aquece e esfria, aquece e esfria, e não pode se deformar no processo”, explica o professor Dirceu Spinelli, do Departamento de Engenharia de Materiais da USP de São Carlos. O freio a disco cumpre bem esse papel. Idealizado em meados do século 19 para bicicletas, foi apenas com a descoberta de novos materiais, na década de 1950, que se tornou mais eficiente do que o de tambor. O componente mais utilizado nos freios a disco a partir de então é o ferro fundido cinzento, composto basicamente por carbono, silício e manganês. “Ele dissipa bem o calor, tem boa resistência à vibração e representa um bom custo-benefício”, diz Omar Maluf. O princípio é o mesmo do freio a tambor: pinças que exercem pressão sobre o disco. Mas, por ser aberto e por ter manutenção mais simples, é mais leve e troca mais facilmente calor com o ambiente. A maioria dos carros modernos usa o disco nas rodas da frente – onde a pressão da frenagem é maior – e o tambor atrás, onde a exigência é menor. Inspiração em trens e aviões Se o freio a disco veio da bicicleta, foram os trens e os aviões que inspiram outra revolução na área, o ABS. Os primeiros insights vieram da análise do comportamento dos trens durante freadas de emergência. Os projetistas concluíram que não faltava força ao sistema, ao contrário: o excesso travava as rodas e prejudicava a estabilidade dos comboios. Em 1908, o britânico J. E. Francis apresentou um dispositivo para Um sistema da Bosch detecta obstáculos e prepara o veículo para frear. Se o motorista não agir, um dispositivo automático para o carro driblar essa dificuldade. Em 1929, o aviador francês Gabriel Voisin criou um modelo que evitava o travamento em aviões. Vários protótipos foram desenvolvidos depois da 2ª Guerra Mundial, instalados em motos e carros de testes, mas o sistema ainda era muito caro. Foi na década de 1970 que a Bosch apresentou uma alternativa economicamente viável, o AntiblockierBremssystem. A empresa apostou na fabricação de um sistema gerenciado por módulo eletrônico, que funcionava como um computador, com leitura e processamento de informações. “O ABS trava e destrava a roda. Quando se freia sem ele, os pneus deixam um risco no chão, com ele, deixam pontilhados”, explica Gertz. O sistema faz também com que as rodas brequem independentemente, controlando a frenagem em cada uma. Por isso, o carro não derrapa, por exemplo, quando passa em uma poça de óleo. “A grande vantagem do ABS é o maior controle do veículo quando se freia”, destaca o professor de engenharia mecânica. Freio sem motorista Se os freios ABS têm ajudado a diminuir muito os acidentes decorrentes de derrapagens, faltava algo para evitar outro tipo comum de colisão: as batidas por distração. Muitas vezes, os motoristas não pisam no freio, ou pisam de modo insuficiente. Um novo sistema, também desenvolvido pela Bosch e lançado em 2010, age justamente nesse tipo de situação. É o Predictive Emergency Breaking System. “O sistema tem um radar e uma câmera que detectam obstáculos à frente e retornam a informação para o veículo”, afirma Carlo Gibran, gerente de vendas e marketing da divisão de chassis da Bosch. O equipamento percebe os objetos e começa a preparar o carro para frear. Se o motorista não pisar no freio, o sistema toma as rédeas e para o carro automaticamente. Da mesma forma, se o condutor não pisa suficientemente fundo no pedal, a nova tecnologia fornece a força restante para deter o veículo. Gibran explica que o sistema é calibrado de acordo com o ambiente em que o carro anda. Assim, um automóvel que vai circular em um lugar com neve vai ter regulagem diferente de um que não enfrenta esse tipo de condição. O Predictive Emergency Breaking System pode, inclusive, ser associado ao piloto automático de um carro, tecnologia que mantém o veículo em uma velocidade pré-determinada. “Com isso, o veículo se adapta à velocidade do trânsito, anda e para sozinho, e o motorista só tem que se preocupar com o volante.” A tecnologia está disponível para automóveis top, como modelos da Audi e da BMW. Gibran, no entanto, acredita que uma mudança no perfil dos motoristas no Brasil vai fazer com que o sistema chegue logo mais às montadoras do país. “O consumidor brasileiro não se contenta mais com tecnologia defasada, está cada vez mais exigente.” A tendência, portanto, é que, logo mais, carros de fabricação nacional passem a incorporar o dispositivo. Futuro Se carros que param sozinhos parecem coisa do futuro, Gertz faz apostas ainda mais ousadas para os próximos anos. “A grande mudança vai ser o veículo elétrico, que vai gerar energia quando freia”, prevê o professor. É o chamado sistema de frenagem regenerativa, que transforma a energia cinética em energia elétrica, alimentando uma bateria. Carros de Fórmula-1 já utilizam esse tipo de tecnologia. Batizada de Kinect Energy Recovery System (KERS), ela capta a energia da frenagem e a transfere para um capacitor, aumentando a potência do motor. No carro elétrico, seria como se o freio produzisse o combustível do automóvel. É mais um sinal de que, se a roda foi uma das grandes invenções da humanidade, o dispositivo que a faz parar não tem ficado atrás. saudável e gostoso | Por Ricardo Meirelles Saudável o ano todo A lichia, muito rica em vitamina C e potássio, virou fruta de Natal e Ano-Novo no Brasil. Mas não precisa ser assim Frank Oppermann/Shutterstock 44 | VidaBosch | A saudável e gostoso lichia tem cara de fim de ano: sua casca traz o vermelho tão comum nas decorações natalinas e a superfície rugosa de outros ingredientes típicos da ceia, como nozes e damasco seco. A lichia tem gosto de fim de ano: um agridoce que, embora com sabor um tanto diverso, aparece também na farofa, na salada ou no molho do peru de Natal e Réveillon. E a lichia tem preço de fim de ano – não é raro ser vendida a mais de R$ 70 o quilo. Claro, diriam os mais apressadinhos: afinal, a lichia é uma fruta de fim de ano. Sim, no Brasil, é. Mas não precisa ser. Na China, onde surgiram, essas frutinhas chegam às prateleiras principalmente no meio do ano. Na Austrália, de novembro a março. No Brasil é que predomina a colheita nas primeiras semanas de dezembro. Nessa época fica carregada a maior parte (entre 70% e 80%) das lichieiras fincadas em território brasileiro, quase todas elas da variedade bengal. Se vem a ser tão curto o período em que a lichia está disponível para o consumidor, é porque pouco mudou desde que essa prima do guaraná aportou por aqui, nas mãos do oficial da marinha Luís de Abreu Vieira e Silva. Preso no leste da África, nas Ilhas Maurício (então uma colônia da França) após o navio em que estava ter naufragado, esse português obteve permissão para visitar canteiros em que os franceses testavam a introdução de novas culturas nos trópicos. Como relatam os engenheiros agrônomos João de Paula Araújo e Ângelo Márcio Silva em artigo publicado na revista Ciência e Cultura, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, Vieira e Silva usou sua lábia para adquirir (alguns pesquisadores preferem dizer “obter clandestinamente”) diversas espécies – de cravo-da-índia a jaca, passando por palmeira-imperial e... lichia. A Coroa portuguesa pagou o resgate de seus súditos que estavam na ilha e os levou ao Brasil – inclusive Vieira e Silva, inclusive suas mudas e sementes. No Rio de Janeiro, em 1809, o navegador doou o material a D. João 6º, que mandou plantar tudo no Real Horto, hoje Jardim Botânico. Entre as mudas que vingaram estava a de lichieira, uma planta que chega a atingir 12 metros de saudável e gostoso | VidaBosch | 47 A lichia contém mais vitamina C que a laranja e o limão, e é rica em potássio. Por isso seu consumo ajuda a bloquear os radicais livres e a manter o equilíbrio do pH do corpo altura e produz ramos voltados para baixo, com as frutas próximas umas das outras, como nos cachos. De modo que, vista de longe, carregada de pontos vermelhos ou rosados, ela pode até lembrar uma... árvore de Natal. Ainda que a pequena epopeia de Vieira e Silva tenha ocorrido há mais de 200 anos, durante muito tempo a lichia permaneceu desconhecida no Brasil. “Comercialmente, ela começou a ser plantada nas últimas duas décadas do século 20”, conta o agrônomo Juan Aguila, professor da Universidade Federal do Pampa (Unipampa), com doutorado sobre a fruta chinesa. Hoje, a cultura ocupa cerca de 2 mil hectares no país, estima o pesquisador. Quase nada, em comparação à manga, para citar uma espécie que também veio na nau de Vieira e Silva: 76 mil hectares, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São Paulo é o maior estado produtor, à frente de Minas Gerais e Paraná. A lenta disseminação da lichia está em parte ligada às características de sua semente: ela perde qualidade rapidamente. “Nas condições brasileiras, em menos de uma semana”, aponta Aguila. Ao contrário do que pode parecer, o clima e o solo brasileiros, sobretudo em São Paulo e Minas, são propícios à produção dessa fruta. O que é preciso, avaliam especialistas, é oferecer mais assistência técnica aos agricultores, desenvolver melhores técnicas de conservação e, destaca o professor da Unipampa, introduzir variedades já existentes em outros países – o que ampliaria a colheita em outras épocas do ano. Há também pesquisas no Brasil sobre tecnologias de armazenamento que possam ampliar o tempo de conservação da fruta e, portanto, seu período de comercialização. Saudável frescor Seria uma oportunidade para os brasileiros provarem com mais frequência essa iguaria de polpa gelatinosa, de um branco qua- se transparente e sabor suave, levemente azedo. “Seu frescor é a característica mais marcante”, avalia o chef Tsuyoshi Murakami, do restaurante paulistano Kinoshita. O ganho não seria só de sabor, mas, possivelmente, de saúde. A lichia contém mais vitamina C que a laranja e o limão, por exemplo, o que significa que tem atividade antioxidante – ajuda a bloquear os radicais livres, substâncias que podem prejudicar o DNA, enzimas, proteínas e lipídeos das células. “Alimentos fontes de antioxidantes, quando utilizados regularmente na dieta, ajudam a reduzir o risco de doenças crônicas não transmissíveis, como doenças cardiovasculares e câncer”, observa a farmacêutica e nutricionista Lys Mary, professora da Universidade Tecnológica Federal do Paraná. A vitamina C, destaca ela, também é importante na síntese do colágeno, uma proteína que reforça cartilagens, ossos, dentes, pele e vasos sanguíneos. É uma fruta também abundante em potássio (sete lichias têm a mesma quantidade de potássio que uma banana), um mineral que desempenha ação relevante em atividades neuromusculares, na transmissão entre os nervos, na contração dos músculos, na liberação de insulina pelo pâncreas e na manutenção do equilíbrio do pH do organismo. A falta desse elemento, aponta Lys, pode acarretar problemas de ritmo cardíaco e distúrbios como cãibras e paralisias. “Uma das causas da hipertensão arterial é o desequilíbrio entre sódio e potássio. Assim, o consumo regular de alimentos ricos em potássio tem efeito benéfico no controle da pressão arterial”, afirma a professora. “Uma dieta deficiente em potássio pode levar a sintomas como fadiga e fraqueza muscular”, complementa. Quase sempre se come a lichia in natura – que é mesmo o melhor jeito, diz Murakami. Mas não é preciso se contentar com a fruta sozinha. O chef do restaurante Kinoshita passou para os leitores de VidaBosch duas receitas que a mesclam com elementos bem diversos – uma com pepino, outra com chocolate. São uma entrada e uma sobremesa. Saiba nas páginas ao lado como fazê-las – de preferência, não só na ceia de fim de ano. Studio Oz 46 | VidaBosch | Lychee Dream (Lichia recheada com chocolate branco) Rendimento: seis porções | Tempo de preparo: 15 minutos Ingredientes 100 g de chocolate branco belga 100 ml de creme de leite fresco 10 lichias, sem casca e sementes Modo de preparo Em banho-maria, aqueça o creme de leite a 75 oC e acrescente o chocolate branco, mexendo sempre até adquirir a consistência desejada (isso também pode ser feito no micro-ondas, suspendendo o aquecimento periodicamente para verificar a consistência). Retire do fogo e leve à geladeira. Após gelar o chocolate, insira-o na lichia e sirva gelado. saudável e gostoso Studio Oz 48 | VidaBosch | Lychee no Sunomono (Sunomono de lichias e molho ponzu) Rendimento: duas porções | Tempo de preparo: 20 minutos Molho ponzu Sumo de 5 limões-sicilianos Sumo de 6 laranjas-limas maduras 100 ml de shoyu japonês suave 1 trouxinha de katsuobushi 1 folha de alga kombu Modo de preparo Tire fatias finas do pepino e deixe-as 3 minutos no sal para desidratar. Lave e retire o sal. Escorra o excesso de água pressionando as fatias levemente com as mãos. Reserve. Descasque o nabo, faça, no centro dele, uma pequena incisão e insira com cuidado a pimenta. Em seguida, rale em ralador fino e escorra o excesso de água. Você estará, então, com uma preparação chamada momiji oroshi (nabo ralado com pimenta). Fatie o limão bem fininho. Molho ponzu Misture todos os ingredientes (encontráveis em lojas de produtos orientais) e deixe descansar de um dia para o outro na geladeira. Antes de usar a mistura, retire a alga e a trouxinha de katsuobushi. Montagem Para finalização, coloque um montinho do pepino e, por cima, uma colher de café de momiji oroshi. Ao lado, disponha as lichias em torre, decore com o limão, as flores e a cebolete. Regue o molho gelado ao lado da montagem. Para comer, leve tudo junto à boca. Receitas de Tsuyoshi Murakami Restaurante Kinoshita - Rua Jacques Félix, 405 - Vila Nova Conceição - São Paulo - (11) 3849-6940 destaque para colecionar Ingredientes 6 lichias frescas, sem casca nem sementes 50 g de nabo fresco descascado 1 pimenta dedo-de-moça sem semente 1 limão siciliano 2 pepinos-japoneses Cebolete decorativa Flores decorativas Molho ponzu
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