I Seminário de Acervos Raros e Especiais

Transcrição

I Seminário de Acervos Raros e Especiais
I Seminário de Acervos
Raros e Especiais
Tema:
Obras raras: identificação e gestão
Palestra:
Critérios de Raridade em Coleções Públicas
Rizio Bruno Sant’Ana
Biblioteca Mário de Andrade
Biblioteca Mário de Andrade
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Fundada em 1926 como Biblioteca Pública Municipal, a partir do acervo
existente desde 1907 na Câmara Municipal de São Paulo. Estava
localizada na Rua 7 de Abril, no centro da cidade
Incorpora em 1937 o acervo da Biblioteca Pública do Estado
Inauguração em 1942 do prédio concebido por Rubem Borba de
Moraes e projetado por Jacques Pilon, considerado um marco da
arquitetura Art Déco e tombado por CONPRESP e CONDEPHAAT
Recebe em 1960 o nome do escritor Mário de Andrade, criador e
diretor da primeira Secretaria Municipal de Cultura instalada no Brasil
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1992 – primeira grande reforma no prédio
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2005 – transformação da Biblioteca em Departamento
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2006 – cessão pelo Governo do Estado do antigo edifício do
IPESP (prédio Anexo, início de reforma em dezembro de 2009)
2007 - início da última reforma no prédio (obra financiada com
recursos do Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID)
2010 – inauguração da Seção Circulante para empréstimos
Acervo Total (Estimativa)
Livros
Periódicos (fascículos)
Mapoteca (mapas, atlas e livros)
Multimeios e outros materiais
324.000
2.800.000
12.500
39.000
Considerada a segunda maior coleção do País, depois
da Biblioteca Nacional, do Rio de Janeiro
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Coleções
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Artes (livros, revistas, catálogos de exposição, hemeroteca)
Circulante
Coleção geral (Humanidades)
Mapoteca
Multimeios (Microfilmes, CDs, DVDs)
Obras Raras e Especiais (livros, periódicos, manuscritos, fotos)
ONU (parte no espaço da Circulante)
Periódicos (atualmente ocupando três prédios distintos)
Referência
São Paulo (no espaço da Circulante)
Ação Cultural
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Núcleo de Memória (Arquivo Histórico e Memória oral)
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Revista da Biblioteca Mário de Andrade (anual)
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Eventos culturais, cursos, lançamentos de livros, encontros com
autores, leituras dramáticas
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Site: http://www.bma.sp.gov.br/
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Catálogo: http://bibliotecacircula.prefeitura.sp.gov.br/pesquisa/
Situação durante a reforma
Vista geral do edifício principal da BMA + Anexo
Biblioteca Mário de Andrade
(Edifício principal)
Anexo (IPESP)
Rua Bráulio Gomes
Praça Dom José Gaspar
Rua da Consolação
CORTE TRANSVERSAL
Edifício Mário de Andrade e Anexo
Biblioteca Mário de Andrade
Anexo
Acesso restrito / Acervos
artes / raros / mapoteca
coleção geral
multimeios
periódicos / arquivo histórico / ONU
funcionários
Acesso livre
circulante
Mário de Andrade
Térreo: Circulante, Atualidades e internet
1º andar: Sala de Obras Raras, Sala de Artes,
Mapoteca e Auditório
2º andar: atendimento da Coleção Geral e
mezanino do Auditório
atualidades, internet e salas de atendimento
Anexo
Térreo: recepção e lojas
1º andar: Auditório e Sala de Leitura
2º/3º andar: atendimento da Coleção
de Revistas e Jornais
4º andar: Multimeios e Oficinas de
Microfilmagem e Digitalização
Seção de Obras Raras e Especiais
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Aberta ao público em julho de 1945, com acervo de obras raras,
manuscritos, mapas e obras de arte formado pela reunião de diversas
coleções de bibliófilos e pesquisadores, compradas ou doadas à
Biblioteca ao longo dos anos
As primeiras obras vieram da incorporação da antiga Biblioteca do
Estado e das coleções Félix Pacheco (escritor, senador e Ministro das
Relações Exteriores, comprada em 1936); Batista Pereira (advogado,
genro de Rui Barbosa, comprada em 1937); Paulo Prado (escritor,
organizador da Semana de Arte Moderna, doada em 1945) e Pirajá da
Silva (médico, pesquisador da Esquistossomose, doada em 1977)
Outras coleções: Carvalho Franco (genealogia), Pereira Matos (edições
de luxo), Paula Souza (arquivo pessoal), Maynard de Araújo (folclore),
Otto Maria Carpeaux (história da literatura) e José Perez (Cervantina)
Publicou o Catálogo de Obras Raras em 1969, com 4.600 títulos, e um
suplemento em 1980, com outros 1.400 títulos
Acervo Total (Estimativa)
Periódicos, Publicações Oficiais e Almanaques
Livros Catalogados
Livros por Catalogar
Outros (postais, mss, gravuras, fotos, mapas)
9.000
35.000
18.000
4.000
Sub-Total
66.000
Artes e Mapoteca
44.000
TOTAL
110.000
Alguns destaques
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9 incunábulos e as edições originais dos principais missionários,
cientistas e viajantes estrangeiros, como Nóbrega, Thévet, Léry,
Barleus, Debret, Rugendas, Spix e Martius
Manuscritos: códices em pergaminho do século 15, um Vocabulário na
língua brasilica, de 1628, o Códice Costa Matoso, coleção de textos
sobre a descoberta do ouro em Minas Gerais reunida em 1749, obras
literárias do século 18, coleção de 50 volumes de originais manuscritos
de Rui Barbosa, poemas de Machado de Assis e um conto de Mário de
Andrade, todos autógrafos, a correspondência de Paula Souza,
fundador da Escola Politécnica, e o arquivo de Otto Maria Carpeaux
Livros de arte originais como Jazz, de Henri Matisse; Cirque, de
Fernand Léger; e La Prose du Transsibérian, de Sonia Delaunay e Blaise
Cendrars
33 desenhos originais de Rugendas, 200 álbuns de gravuras e fotos
originais de Marc Ferrez, Militão Azevedo e Washington Luís
Identificando obras raras
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Um livro raro é um objeto ou artefato invulgar,
diferente, valioso ou precioso
Portanto, uma obra rara é uma publicação
incomum, difícil de achar e em geral com um valor
maior do que os livros disponíveis no mercado
Embora o conteúdo do livro seja essencial, o
continente é de suma importância, pois a
informação é transmitida pelo todo; assim, a
integridade é um requisito básico para determinar
seu valor enquanto documento histórico
Outros “tipos” de obras raras
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Bibliotecas, Museus e Arquivos dividem entre si a guarda dos acervos em papel
Os primeiros periódicos impressos só começaram a ser publicados 150 anos
depois dos livros e folhetos. Como são conservados tanto em bibliotecas como
em arquivos, podem ser considerados Obras Raras, desde que se avalie bem o
período coberto pelo periódico.
Atlas e mapas impressos também se enquadram nesta categoria, bem como
gravuras e ilustrações, principalmente quando retirados de livros
Outros materiais típicos de arquivos, como os manuscritos (tanto originais como
cópias, escritos à mão ou datilografados, encadernados ou em folhas soltas. com
características de obra única e original) não são considerados Obras Raras,
embora possam ser guardados também em Bibliotecas
Diversos objetos gráficos impressos (cartões-postais, pastas de recorte de jornais,
cartazes, rótulos de produtos) e originais (álbuns de fotografias, desenhos,
aquarelas, guaches) são guardados por museus, arquivos e bibliotecas, mas não
são obras raras
Em geral, estes materiais bibliográficos são frágeis e dividem com as obras raras
o conceito de Coleções Especiais, e devem ser acondicionados adequadamente
Critérios para definição de obras
raras na Biblioteca Mário de Andrade
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Livros editados até antes de 1801, qualquer que seja o local de publicação

Livros editados até antes de 1901 no Brasil, sobre o Brasil ou por autores
brasileiros (da chamada “Coleção Brasiliana”)

Livros editados até 1901 fora do Brasil, quando forem sobre viagens ao
Brasil e primeiras edições de obras importantes ou em edições luxuosas

Livros editados após 1901, no Brasil ou fora, em primeira edição, quando
forem de editores renomados e de escritores modernistas ou de vanguarda

Livros dos quais só existam poucas cópias conhecidas, por qualquer motivo
(destruição dos exemplares por desastre, acidente, perseguição moral ou
política, etc.), sem distinção de data

Livros artísticos ou de luxo, com encadernações especiais, tiragens limitadas
e ilustrações originais, sem distinção de data

Livros publicados em formatos pouco usuais, especialmente aqueles com
menos de dez centímetros de altura, sem distinção de data
Data de publicação como
critério de seleção
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As normas internacionais de catalogação de obras raras referem-se à
data como um dos principais critérios de raridade, reconhecendo o valor
intrínseco da história do documento, a possibilidade de seu uso e de
transmissão de conhecimento a partir de cada obra
“Quanto mais tempo um item tiver sobrevivido, mais valioso em termos
de preservação ele se torna, pois um item antigo passa a ser um dentre
um número decrescente de testemunhas de seu próprio tempo. (...) Há
uma crescente concordância quanto à proteção, nas mesmas condições,
de todos os materiais impressos antes de 1801, não importando sua
forma ou condição.” Guidelines on the selection of general collection
materials for transfer to special collections, ACRL, 1990
A utilização de um limite de data de publicação como critério de seleção
está baseada em um fato historicamente dado, qual seja, a mudança na
tecnologia dos meios de produção. Até o final do século 18, os livros
eram feitos artesanalmente. Como foram vários os aperfeiçoamentos
técnicos durante o tempo, por motivos de simplificação esta data foi
estabelecida como sendo o ano de 1801
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Nem todo livro antigo é raro no sentido de ter um conteúdo valioso ou
importante (“antiguidade não é sinônimo de raridade, nem garante o
mérito de um livro”, com diz Ana Virgínia), mas sua própria existência
serve de parâmetro para definir o que é bom ou não, em termos de
qualidade
Um livro antigo carrega em si mesmo as marcas da sua forma de
produção artesanal, servindo como um documento representativo dos
processos utilizados na época para a transmissão de informações
A própria estrutura do livro (sua forma de encadernação, tipo de papel
usado, ilustrações, etc.) é uma rica fonte de informações sobre o modo
de se pensar a cultura de um determinado período da história, levando à
conclusão de que todas as obras publicadas de forma artesanal devem
ser preservadas como raras
Devido à forma manual da impressão de livros, pode existir diferenças
entre exemplares de uma edição, pois erros de tipografia detectados
durante o trabalho de impressão eram corrigidos apenas nas próximas
cópias. Uma dada tiragem pode apresentar dois ou mais exemplares
distintos, os chamados “estados” da tiragem. O papel usado nesta época
era produzido manualmente, em folhas individuais, usando trapos de
linho e algodão
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Com as novas invenções que revolucionaram a tipografia, no início do
século 19, como a máquina de fabricar papéis de Nicolas Robert,
aperfeiçoada por Fourdrinier em 1803, rotativas de impressão off-set e
a linotipo, com o uso da força motriz a vapor, a utilização da polpa da
madeira na fabricação do papel e as novas reproduções fotomecânicas
de ilustrações, as editoras passaram a automatizar a produção do livro
A uniformização na publicação de livros aumentou incrivelmente a
quantidade de exemplares disponíveis por edição e fez com que todas
as cópias de uma mesma edição passassem a ser idênticas entre si
Deste momento em diante, as únicas diferenças possíveis serão
devidas às características individualizantes de algum exemplar em
particular (encadernação especial, autógrafo, associação)
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Como reação à industrialização, desde o final do século 19 pequenas
editoras passam a publicar obras utilizando papéis artesanais,
ilustrações artísticas ou novos tipos de letras
Destacam-se as produções de William Morris (designer, arquiteto e
poeta inglês que criou a Arts and Crafts Society visando revalorizar o
trabalho artesanal em várias áreas, como um desdobramento de seu
ideal socialista), feitas em sua editora Kelmscott, fundada em 1891 e
que deu início às modernas private press existentes em diversos países
Já no século 20, ficaram famosos os livros de arte produzidos por
Picasso, Matisse e Miró, entre outros, trazendo gravuras originais
assinadas pelos autores. Existem, aliás, vários exemplos de livros
recentes, produzidos para serem considerados raros (e que são
também chamados de livros de luxo ou artísticos), com uma tiragem
bem reduzida, usando gravuras exclusivas e informando que as
matrizes serão inutilizadas após a impressão.
Outros fatores de interesse
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O valor monetário de um livro é aumentado quando a procura é maior
que a oferta. Porém, se não houver procura ele não vai se tornar raro no
sentido de valioso
Os modismos, com o tempo, também mudam, o que faz mudar o tipo de
livro procurado e o valor que eles alcançam no mercado
Os principais fatores de interesse para a demanda e valorização do livro
raro, além do quesito data, são:
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Importância
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Escassez
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Idade
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Condição
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Associação
"Todo livro que cita pela primeira vez um fato importante, marca uma
data na História, tem um valor bibliográfico universal, é procurado e se
torna geralmente raro". (Moraes, R. B. O bibliófilo aprendiz. 3. ed.
Brasília: Briquet de Lemos, 1998, p.21)
Uma boa regra geral quanto às obras raras é usar de cautela: se um
livro é suspeito de ser raro, trate-o como tal, até prova em contrário
Tendências
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“Um livro e uma obra, a embalagem e o seu conteúdo, são coisas diferentes”
“Nem tudo vai ser mantido; uma instituição poderá reter em seus formatos
físicos originais os materiais que fazem parte da sua própria história. Livros
notáveis por sua beleza física ou o seu apelo sentimental terão uma boa
chance de retenção. Livros que são particularmente bons exemplos de seus
gêneros ou formatos físicos, serão mantidos rotineiramente: livros em
encadernações originais e em boas condições, por exemplo. Uma ligação ou
relevância local vai se tornar um fator cada vez mais importante como medida
pela qual se determina a manutenção ou o descarte de livros impressos em
papel; o foco das coleções especiais cada vez mais seguirá as linhas regionais”
“Os bibliotecários de livros raros [...] devem adotar um novo papel como
curadores de objetos de museu e expandir esse papel. Não há espaço para
muitos museus do livro, como tal, quer neste país ou no mundo inteiro; existe,
no entanto, muito mais espaço para os museus de história da comunicação”
“Precisamos trabalhar para a criação de instituições envolvidas com a história
da comunicação das idéias, seja através de livros, impressos e manuscritos,
ou por meio de imagens gráficas, ou através do cinema e vídeo, ou mesmo
imagens e sons digitalizados – em suma, é preciso tomar como nosso campo e
responsabilidade a história das palavras e – especialmente – a história das
entidades físicas que agora servem ou que serviram para transmitir essas
palavras”. (Terry Belanger, Library Trends, v. 52, n. 1, Summer 2003)”
Exemplos de Obras Raras da Biblioteca Mário de Andrade
Copia de unas cartas embiadas del
Brasil por el Padre Nobrega dela
Companhia de Jesus... Tresladadas de
portugues en castellano. Recebidas el
año de M.D.LI. [Coimbra: João da
Barreira e João Alvares, 1551?]
Obra de extrema raridade, de acordo
com Rubens Borba, da qual só se
conhecem dois exemplares no mundo
(até hoje...); o outro está na Biblioteca
Nacional de Lisboa
Segundo Serafim Leite, este livro é um
“monumento bibliográfico”, a primeira
obra impressa sobre os jesuítas nas três
Américas. Publicado três anos antes da
fundação da cidade de São Paulo, traz
informações sobre a vila de São Vicente
e o planalto paulista
[Suetônio, De vita Caesarum] Suetonius Tranquillus cum Philippi Beroaldi et
Marci Antonii Sabellici commentariis. Veneza: Johannes Rubeus Vercellensis, 1506
Ulrich Schmidl era soldado da
esquadra de Pedro Mendonza, que
esteve no Brasil em 1534. Primeiro
autor a descrever o Sul do Brasil e a
região do Rio da Prata, onde esteve
antes de Hans Staden.
Quando voltou em 1552, fez uma
viagem por terra do Paraguai
seguindo pelo Rio Tietê através de
São Paulo até chegar em São
Vicente.
As gravuras de aldeias com índios
Guaranis são as primeiras
ilustrações de tribos do sul do
Brasil. Traz também a primeira
planta impressa de Buenos Aires.
Ortelius, Abraham. Theatrum orbis terrarum. Antuerpiae: ex Officina Plantiniana, 1595
Aldenburgk, Johann. West-Indianische Reitze und Beschreibung der Belag- und
Eroberung der Statt S. Salvador in der Bahie von Todos os Sanctos... Coburgk: F.
Gruners, 1627. Relato de um soldado alemão sobre a invasão holandesa na Bahia.
KORTE en Wonderlijcke
Beschryvinge. T' Amsterdam:
Gedruckt by Gillis J. Saeghman
[1635?] 16 p. ; 12 gravuras.
Obra de extrema raridade, não
citada por Asher; só se conhecem
outros três exemplares. Data
retirada da British Library; o
catálogo Maggs indica 1648, e o
catálogo da John Carter Brown,
1663.
Publicação anônima, com relato
sobre a região da Guiana e norte
de Roraima, com ilustrações das
mulheres amazonas e cenas de
canibalismo e festa dos índios.
Rubens Borba diz que Saeghman
publicou vários folhetos como
este e informa: "este é o mais
raro de todos".
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Obra de extrema raridade, da qual são conhecidos apenas três
exemplares no mundo. Publicação anônima, com a relação dos fortes e
navios capturados dos holandeses pelos espanhóis na costa do Brasil. A
data foi tirada do primeiro parágrafo, onde se lê: "No es poco embaraço
del ingenio, y no poco escrivir por menor los felizes sucessos que han
tenido las invecibles armas catolicas este verano de 1640".
Havia uma controvérsia sobre a data correta, pois Rubens Borba de
Moraes diz que é obra muito rara, dá a data de 1640 e comenta que
Leclerc, Salvá, Rodrigues e Palau não citam a obra.
O vol. 20 do Manual bibliográfico de Palau (publicado após RBM) não
traz esta edição mas indica uma 2.ed. de 1642 in 4. e uma ed. de 1650
in folio, como esta, sem indicar a localização. O Catálogo Maggs também
indica 1650 e descreve este exemplar, adquirido em leilão por Félix
Pacheco. Os outros dois exemplares conhecidos estão na John Carter
Brown e New York Public Library, ambos descritos com a data de 1640.
Segunda edição da obra de Barléus, de 1660
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Hooghe, Romein de, 1645-1708. Les Indes Orientales et Occidentales,
et autres lieux: représentés en très-belles figures, qui montrent au
naturel les peuples, moeurs, religions... etc. / par le Sr. Romein de
Hooghe. A Leide: chez Pierre vander Aa, marchand libraire [1685?] il.:
6 mapas e 42 gravuras, em formato oblongo.
Obra muito rara, inteiramente gravada em metal, tanto as imagens
como o texto; citada por Brunet e Rubens Borba de Morais
Há uma controvérsia quanto à data de publicação: adotamos a data do
site da Biblioteca de Harvard, que informa 1685. A Biblioteca Nacional
da França indica o ano de 1700 e a John Carter Brown mostra um facsímile, dado como "reimpressão da edição de 1710".
Livros de autores brasileiros do período colonial
Froger, François. Relation d’un voyage fait en 1695... Paris: dans l’Isle du Palais, 1698
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Castelnovo, João Bauptista Morelli de. D. O. M. Luzeiro evangelico:
que mostra à todos os christãos das Indias Orientais o caminho único,
seguro & certo da recta fé, para chegarem ao porto da salvação
eterna... Escrita em S. Thome cidade da India Oriental, anno de 1708
& impressa em Mexico cidade da India Occidental: s.c.p., 1710.
A abreviatura inicial significa Deo Optimo Maximo: Deus, o melhor e
maior.
Obra de extrema raridade. Primeiro livro impresso em português nas
Américas, na cidade do México, quase cem anos antes da introdução
oficial da imprensa no Brasil. Escrito por um missionário das Filipinas
para combater as doutrinas protestantes que apareciam em
publicações portuguesas impressas na Índia.
Exemplar adquirido em Londres, na Maggs, por Félix Pacheco, com
seu ex-libris, e descrito em sua obra “Duas charadas bibliographicas”.
Rogers, Woodes. Voyage fait autour du monde. Amsterdam: chez l’Honoré... 1725.
Livro publicado anonimamente,
com falsa imprenta. De autoria
de Claude Prosper Jolyot de
Crebillon, foi provavelmente
impresso em Paris ou Londres
Publicação da Typographia Chalcographica, Typoplastica e Litteraria do Arco do Cego
Primeiro livro publicado no Brasil com gravuras impressas por litografia por Johan Jacob
Steinmann, esta obra, muito rara, é uma compilação de 35 outros trabalhos científicos.
Encadernações
Encadernação francesa do século 19, no estilo de Jean Groglier, com entrelaços
Encadernações portuguesas e inglesas do século 19
Ex-libris de Félix Pacheco, desenhado por Maurice Jubim
Periódicos
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Diabo Coxo. São Paulo, Linothypo de H. Schroeder, 1864-1865.
Jornal semanal. 24 números, de 8 p. cada, total de 192 páginas.
Coleção completa do primeiro jornal ilustrado impresso em São
Paulo. Publicado, escrito e desenhado por Angelo Agostini. As
ilustrações ocupam a primeira e última páginas e as duas
páginas centrais; o restante é preenchido com textos, poesias,
reportagens, etc.
Único exemplar conhecido, adquirido em 1995 para o acervo da
Seção de Obras Raras da BMA
É da maior importância para a história da imprensa no estado
de São Paulo, por se tratar do primeiro exemplo de jornal
paulista a usar a litografia para ilustração
ZÉ CARIOCA. Florença, Itália, 194445. Jornal mimeografado das Forças
Expedicionárias Brasileiras.
Esta coleção completa pertencia ao
General João Batista Mascarenhas de
Moraes, comandante da FEB.
“Zé Carioca, um pequeno boletim
mimeografado em Florença e que
trazia, muito resumidamente, as
notícias do mundo apanhadas pelo
rádio. O Redator-chefe do Zé Carioca
era o Cabo José Cesar de Andrade
Borba, do QG da Artilharia
Divisionária. Tinha edição duas vezes
por semana, e esses boletins corriam
toda a frente da FEB”. (SILVEIRA,
Joel. O Inverno da Guerra. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2005.)
Manuscritos
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Serra, Diogo Baduem da. Rellação da viagem q Diogo Baduem da Serra
da familia do Exmo. Snr. Embaixador fes a Macao, China e Mosse
[Moçambique] e Rio de Janeiro em a nao N. S. da Conceição e Lusitania
Grande... [1754?] Diário manuscrito encadernado em couro de vaca,
guardado em caixa protetora, comprado por Félix Pacheco em 1929, na
Livraria Maggs Bros., de Londres.
O autor era membro da família do Embaixador Português, Francisco
Xavier de Assis Pacheco, e fez parte da comitiva enviada pelo Rei D. José
à China, nos anos de 1753-1754, para estreitar as relações entre as duas
nações e proteger as missões católicos naquele país.
A obra descreve a viagem de ida e volta entre Lisboa e Pequim.
Comenta a vida social e política chinesa e traz uma planta do Palácio da
Corte Imperial, onde a embaixada portuguesa ficou hospedada. Mostra
também um retrato em corpo inteiro de um Mandarim de armas e
diversas vistas coloridas das cidades chinesas visitadas pela comitiva. Na
viagem de volta, a comitiva passou por Moçambique e Rio de Janeiro,
onde foram embarcados 1,5 milhão de arrobas de diamantes enviados a
Portugal.
Carta topographica de parte da Comarca do Rio das Mortes, 1750?
O escritor Machado de Assis ocupava uma diretoria no
Ministério da Indústria, Viação e Obras Públicas desde 1889
Sketchbook: ex-libris de José Wasth Rodrigues; desenhos de Oscar Pereira da Silva

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Andrade, Carlos Drummond de. Meus versos. A Revista, Belo
Horizonte, v.1, n.2, p.23-24, ago. 1925.
Esta revista, editada por Carlos Drummond e outros poetas mineiros,
foi uma das primeiras a publicar textos modernistas no Brasil.
Carta de Carlos Drummond de Andrade a Sérgio Milliet. Rio de Janeiro,
24 janeiro 1947. 2 p. Mss.
Carta original manuscrita, na qual Carlos Drummond de Andrade
agradece ao poeta e crítico de artes Sérgio Milliet, então diretor da
Biblioteca Municipal de São Paulo, o envio de dois livros: o Diário
crítico, terceira parte, e Poesias.
Sentimento do mundo. Rio de Janeiro: Pongetti, 1940. 119 p.
"Edição de 150 exemplares, em papel Antique. Exemplar nº 69". Com
autógrafo e dedicatória do autor a Sérgio Milliet


Arinos, Affonso. O contractador dos diamantes: peça em 3 actos
e um quadro; epoca: 1751-1753; a acção passa-se no Tijuco,
hoje Diamantina. Rio de Janeiro: Livraria Francisco Alves, 1917.
124 p.
Com retrato e autógrafo do autor. Esta peça de teatro serviu de
inspiração para a primeira ópera composta por F. Mignone.
Mignone, Francisco. O contratador de diamantes: esboço
manuscrito do segundo ato da ópera de F. Mignone. 1921? 103p.
Ópera composta em Milão; sua estréia se deu em 1924, no
Teatro Municipal do Rio de Janeiro.
Calendário de obras raras
Preservação
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“O suco [da babosa] é empregado pelos sapateiros, seleiros e
encadernadores, de preferência a qualquer cola, por afugentar
os insetos. Mas o preventivo é de pouco efeito nas bibliotecas,
principalmente na do Rio de Janeiro, onde o governo mantém,
em cada uma das salas, um empregado especialmente
encarregado de espanar os volumes folha por folha, a fim de
retirar os óvulos ou mesmo as larvas dos insetos.
[...] O que dificulta a aplicação dos processos divulgados de
conservação dos livros, no Brasil, é a carência de um preventivo
suficientemente forte que não seja ao mesmo tempo nocivo à
saúde dos leitores”.
(Debret, Jean Baptiste. Viagem pitoresca e histórica ao Brasil;
tradução e notas de Sergio Milliet. São Paulo: Martins, 1940.
v.1, p. 207. A 1.ed. é de Paris, 1835)
Segurança do Acervo
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Lista de obras roubadas:
http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/
cultura/bma/acervos/index.php?p=1080
Matéria de jornal:
http://oglobo.globo.com/sp/mat/2006/10/06/286006
149.asp
Catalogação de obras raras



Directory of Web Resources for the Rare Materials Cataloger:
http://lib.nmsu.edu/rarecat/
DCRB (1991): http://www.itsmarc.com/crs/rare0170.htm
DCRM(B) (2007): http://www.loc.gov/cds/PDFdownloads/dcrm/
(Ainda não disponível on line; à venda por US$ 80.00 no site da LC)

Fontes de pesquisa: http://www.vialibri.net/library_search.php

Código de barras do futuro: http://pt.wikipedia.org/wiki/QR_Code

Novo uso para as fichas:
http://www.lib.uiowa.edu/pr/cartalog/gallery.htm
Referências
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

Berner, Andrew J. Rare Book Collections. In: Encyclopedia of Library and Information
Science. New York: Marcel Dekker, 2003. v. 4, p.2.338-2.447.
Blog Tesouro Bibliográfico: http://tesourobibliografico.wordpress.com/livroraro/
Camargo, Ana Maria de Almeida. Obras antigas, preciosas e raras: o livro como
documento. In: Bibliotheca universitatis: livros impressos dos séculos XV e XVI do
acervo bibliográfico da Universidade de São Paulo. São Paulo: EDUSP / Imprensa
Oficial, 2000. p. 21-28.
Carter, John. ABC for book collectors. 8.ed. rev. and enl. by Nicholas Barker. New
Castle, Delaware: Oak Knoll Books; London: British Library, 2004:
http://www.ilab.org/eng/documentation/29-abc_for_book_collectors.html
Carteri, Karin Kreismann. O Livro Raro e os Critérios de Raridade. Revista Museu, 2005:
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Muito obrigado
Rizio Bruno Sant’Ana
[email protected]
Curador de Obras Raras
Biblioteca Mário de Andrade

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