LEANDRO CÉSAR GOMES - Instituto de Computação
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LEANDRO CÉSAR GOMES - Instituto de Computação
UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO COORDENAÇÃO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO IDENTIFICAÇÃO POR RÁDIO FREQUENCIA (RFID) APLICADO AO RASTREIO DE BOVINOS LEANDRO CÉSAR GOMES CUIABÁ – MT 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO COORDENAÇÃO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO IDENTIFICAÇÃO POR RÁDIO FREQUENCIA (RFID) APLICADO AO RASTREIO DE BOVINOS LEANDRO CÉSAR GOMES Orientador: Prof. Ms. Nelcileno Virgílio de Souza Araújo Monografia apresentada ao Curso de Ciência da Computação da Universidade Federal de Mato Grosso, para obtenção do Título de Bacharel em Ciência da Computação. CUIABÁ – MT 2010 UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO COORDENAÇÃO DE ENSINO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA COMPUTAÇÃO CERTIFICADO DE APROVAÇÃO Título: Identificação por Rádio Frequencia (RFID) Aplicado ao Rastreio de Bovinos Autor: Leandro César Gomes Aprovada em ___/___/______ Prof. Ms. Nelcileno Virgílio de Souza Araújo Instituto de Computação - UFMT (Orientador) Profª. Ms. Luciana Correa Lima Faria Borges Instituto de Computação - UFMT Prof. Ms. Luís Cézar Darienzo Alves Instituto de Computação - UFMT DEDICATÓRIA A Deus, por ter me dado força, confiança e saúde. À minha família, e as pessoas que mesmo não sendo dela, fazem parte. AGRADECIMENTOS Ao Prof. Nelcileno, pela dedicação com que me orientou neste trabalho, que além de um “amigão”, é um ótimo professor. A minha mãe Glacir e irmã Larissa pelo incentivo, nas horas em que eu pensava em desanimar, ao meu pai Plínio pela paciência e aos meus irmãos Leonardo e Luiz Henrique, que mesmo não contribuindo de fato, estavam comigo me proporcionando momentos de alegria nas horas difíceis. E não menos importante, à minha namorada Jana, por ser uma peça muito importante para que pudesse finalizar esse trabalho, pela compreensão, grande incentivo, força e dedicação a mim! Agradeço também todos que me apoiaram, e quero dizer que todos estão no meu coração! SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS.......................................................................................... 7 RESUMO........................................................................................................... 8 ABSTRACT........................................................................................................ 9 INTRODUÇÃO...................................................................................................10 1- CERTIFICAÇÃO E RASTREABILIDADE...................................................... 14 2- TECNOLOGIA USADA PARA RASTREIO DE BOVINOS............................ 23 3- BENEFÍCIOS E EFETIVIDADE DAS TECNOLOGIAS EM RASTREIO DE BOVINOS.......................................................................................................... 31 4- CENÁRIO EM MATO GROSSO....................................................................36 CONCLUSÃO.................................................................................................... 41 REFERÊNCIAS................................................................................................. 43 ANEXO 1........................................................................................................... 51 ANEXO 2........................................................................................................... 52 7 LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Leitor de etiquetas RFID e Etiqueta............................................... 13 Figura 2 – Brinco Auricular “Ear Tags” e Bolus Intra-ruminal......................... 16 Figura 3 – Marcação a ferro quente, tatuadora com tinta e produto para marcação com ferro frio, a base de hidróxido de sódio.................................... 24 Figura 4 – Brinco eletrônico, leitora fixa e leitoras portáteis............................ 25 Figura 5 – Modelos de bolus com transponder e antena para leitora fixa...... 26 Figura 6 – Brinco eletrônico inovador com bolsa de medicamento (cor azul) e leitora com GPS, modem GPRS para comunicação TCP/IP e Bluetooth......... 27 Figura 7 – Micro transponder para aplicação subcutânea...............................33 Figura 8 – Funcionamento simplificado da cadeia de rastreabilidade............. 34 Figura 9 – Tela de um sistema de rastreabilidade...........................................38 Figura 10 – Teclado do Peão............................................................................ 39 8 RESUMO Problemas de saúde pública, ocasionados pelo consumo de carnes, submergem em vários países e forçam a cadeia agroalimentar a repensar o modo de produção e os preceitos de garantia de qualidade. Devido a este episódio, esta pesquisa tem como intuito investigar a rastreabilidade na cadeia bovina, tendo como foco o consumidor. O presente trabalho tem por desígnio oferecer um arcabouço analítico que permita formar as peças essenciais a serem trabalhadas no que diz respeito ao processo de certificação e rastreabilidade na cadeia. Esse trabalho ainda apresenta também formas de Identificação por Rádio Freqüência para rastreabilidade da cadeia produtiva internacional de carne bovina, seu histórico, modo de uso, benefícios e desvantagens. Hoje em dia, com cobrança cada vez maior do mercado externo, os países exportadores tiveram que intensificar o controle de condição do produto ao longo da cadeia produtiva. Com tudo que se apresentou até aqui, embora esta tecnologia seja potencialmente um aplicativo e apresente inúmeras vantagens aos agentes que a usarem, o seu aproveitamento na prática ainda levanta discussões e imprecisões, especialmente quanto ao valor de sua implementação. Palavras-Chave: Certificação – Rastreabilidade – RFID 9 ABSTRACT Problems of public health, caused by the consumption of meats, submerge at some countries and force the chain to foodstuffs to rethink the way of production and the rules of quality assurance. Had to this episode, this research has as purpose search the traceability in the bovine chain, with focus consumer. The main objective on this work is offer one analytical framework that allows to forms the essential parts to be will work about the certification process and traceability in the chain. This work still presents some forms of Identification for Radio Frequency for international traceability of bovine meat productive chain, its history, way of use, benefits and disadvantages. Nowadays, with the great requirement of the external market, the exporting countries had to intensify the quality control in all phase of productive chain. With that if it presented until here, even so this technology is potentially a applicatory one and presents innumerable advantages to the agents who use, its exploitation in the practical one still raise quarrels and inaccuracies, especially how much to its value of its implementation. KeyWords: Certification - traceability – RFID 10 INTRODUÇÃO Em 1986 no Reino Unido, foi diagnosticado o primeiro caso da doença Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE) mais popularmente conhecida como doença da “Vaca Louca”. Esta doença é provocada por proteínas existentes no cérebro do animal denominadas Prions (Proteinaceous Infections Particles). Quando seu estado é normal não o afeta, já quando entram em contato com outras proteínas do mesmo tipo com defeito, começam a se multiplicar rapidamente e consequentemente matando células do sistema nervoso e do cérebro, deixando-o com aparência esponjosa.1 No ano de 1987, foi identificado pelo Departamento de Epidemiologia do Laboratório Veterinário Central do Reino Unido que, a disseminação da BSE estaria sendo proveniente do consumo de rações por estes animais, fabricada com farinha a base de carcaças de animais contaminados. Nos seres humanos a doença causada pelos Prions é conhecida como Creutzfeldt-Jakob (CJD), sua incubação tem média de tempo de 4,5 (quatros vírgula cinco) meses e suas vitimas tem média de 65 (sessenta e cinco) anos de idade. Em 1996, foi reconhecida uma variante da CJD no Reino Unido, que foi associada à BSE. A variante denominada vCJD age igualmente à tradicional, diferindo apenas em relação ao seu período de incubação de 18 (dezoito) meses e suas vitimas caindo para idade média de 29 (vinte e nove) 1 COSTA, L. M. C., BORGES, J. R. J. Encefalopatia Espongiforme Bovina - "Doença da Vaca Louca” Disponível em: http://www.anvisa.gov.br/vacalouca/caderno_tecnico/pdf/ligia_borges.pdf Acessado em: 11 de Fev de 2010. 11 anos. Mesmo sendo reconhecida somente em 1996, há relatos de diagnósticos dos sintomas em 1994.2 Após este reconhecimento na União Européia, os fortes indícios e posteriormente comprovado que esta variante estaria sendo transmitida pela carne bovina gerou um colapso na cadeia da pecuária. Consumidores pararam de comprar carne por medo, pecuaristas tiveram muitos prejuízos, pois quase todo seu rebanho tivera de ser vendidos para o governo e posteriormente abatidos (porque não é possível detectar a doença com exames com o animal ainda vivo somente morto), embargos de importações e exportações de carnes, além de inúmeros protestos por parte dos pecuaristas.3 A partir desses acontecimentos, houve a necessidade de adotar medidas drásticas e emergenciais para os problemas na União Européia. Algumas delas foram: destruição das rações a base de carcaças de animais, abatimento de todo o rebanho acima de 30 (trinta) meses de idade, o embargo de importação e exportação da carne bovina, a obrigação de implantação de um sistema de segurança alimentar baseado na identificação e rastreabilidade de todo o processo de criação do gado, tanto internamente como para os países exportadores para o bloco Europeu.4 Mesmo com todas as precauções e obrigatoriedades em relação à segurança alimentar, até hoje a União Européia não conseguiu erradicar a BSE de seu território. Baseado em dados da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) foram registrados 71 (setenta e um) novos casos da doença da “Vaca 2 STEPAN, A. L. Encefalopatia Espongiforme Bovina (BSE) ou Doença da Vaca Louca Disponível em: http://www.webrural.com.br/webrural/artigos/pecuariacorte/sanidade/bse.htm Acessado em: 14 de Fev de 2010. 3 VEJA. Adeus à Carne Ed. 1.679 de 13 de dezembro de 2000. Disponível em: http://veja.abril.com.br/131200/p_060.html Acessado em: 13 de Fev de 2010. 4 RODRIGUES, L. C.; NANTES, J. F. D. Rastreabilidade na Cadeia Produtiva da Carne Bovina: situação atual, dificuldades e perspectivas para o Brasil In: Informações Econômicas, SP, v.40, n.6, jun. 2000. Disponível em: ftp://ftp.sp.gov.br/ftpiea/publicacoes/IE/2010/tec3-0610.pdf Acessado em: 16 de Fev de 2010 12 Louca” no ano de 2009, e entre janeiro a março de 2010 já se computa 15 novos casos.5 Hoje o desafio da produção de carne no Brasil é intensificar a oferta de um produto de qualidade a valores mais baixos. A previsão é que o mercado interno estará cada vez mais estreito para os pecuaristas que não se adaptarem a vontade do consumidor: carne mais barata e de melhor qualidade.6 Os obstáculos técnicos ao comércio internacional, relacionadas à segurança de alimentos, devem ser tecnicamente relevados e em concordância com o princípio da análise de risco formado nos acordos internacionais. A conseqüência para política pública é que se torna premente estruturar tais cláusulas de monitoramento de predicados qualitativos, por meio da articulação do Estado e setor particular, provendo laboratórios habilitados e adotando modelos de qualidade internacionalmente aceitos com regulamentos de monitoramento do mesmo modo aceitos. Essas táticas tendem a aumentar a composição da cadeia, à diminuição de custos e ao aumento da qualidade dos produtos oferecidos. A identificação eletrônica dos animalescos e a rastreabilidade dos dados dentro das propriedades consentem em criar um banco de informações informatizado, flexibilizando os processos de gestão da propriedade por meio de decisões mais céleres e apropriadas. Uma tecnologia que pode ser potencialmente usada para cumprir a rastreabilidade, sobretudo na produção agropecuária e no varejo de alimentos é a Identificação por Rádio Freqüência (RFID). A aplicação do RFID para a etapa do processamento de alimentos é de natureza mais difícil. A RFID é um processo de identificação que aproveita ondas de rádio. O seu funcionamento sucede por intercessão de um leitor que se comunica com um adesivo, ambos 5 PECUARIA.COM.BR, VALOR Vaca Louca continua na Europa Disponível em: http://www.pecuaria.com.br/info.php?ver=8137 Acessado em: 14 de Fev de 2010. 6 CORRÊA, A. N. Análise Retrospectiva e Tendências da Pecuária de Corte no Brasil - In : XXXVII Reunião Anual da SBZ, Viçosa-MG, 2000, Anais, p. 182-204 13 ilustrados através da Figura 1, a qual registra informação digital de um microchip.7 Figura 1: Leitor de etiquetas RFID e Etiqueta. Tanto a teoria quanto o tema escolhido são recentes e ainda há muito a ser analisado, grande parte dos preceitos de rastreabilidade obrigatórios começou somente a ser propagados no inicio do século XXI. Entretanto procurou-se fazer uma pesquisa ampla sobre o tema com o maior número de informações possíveis e uma pesquisa de campo aplicada a uma das partes envolvida no processo. Assim, visando ter uma perspectiva melhor de como se encontra todo o processo e está tecnologia, aplicada nos dias de hoje no Estado de Mato Grosso. Este trabalho procura apresentar a aplicabilidade do sistema de rastreabilidade brasileiro, usado na abordagem informacional. Busca-se, também, poder contextualizar os conceitos da nova Teoria Econômica da Informação dentro da realidade do setor exportador de carne bovina. Não iremos avaliar outros tipos de certificação, estaremos limitados ao caso da rastreabilidade, dado a sua seriedade estratégica para o setor. 7 SCHERER, F. L.; DIDONET, S. R.; LARA, J. E. Considerações sobre a utilização de etiquetas inteligentes no varejo. In: VII SEMEAD, 2004. FEA/USP. Anais do VII SEMEAD, SP, 2004. 14 1. CERTIFICAÇÃO E RASTREABILIDADE A cobrança pela rastreabilidade da carne por membros da Comunidade Européia trouxeram uma grande agitação aos países exportadores e em particular ao Brasil, em virtude do tamanho do rebanho, das qualidades de criação do gado, da expansão do território brasileiro e da ausência da utilização da tecnologia por parte da grande maioria de produtores, que ainda não estão habituados com o uso da informática ou da gerência e controles agregados ao dia-a-dia de suas atividades.8 Segundo Schiefer9, o setor de carne é marcado por um indicador de especificidades que depositam pressão no setor para praticar conceitos de gerenciamento, interligado em ambos os níveis ao mesmo tempo, tanto no nível da empresa, quanto no nível da cadeia; e torna a implementação dos conceitos de gerenciamento uma ação difícil de ser conseguida. Vinholis & Azevedo 10definem: “... um sistema de rastreabilidade, seja ele informatizado ou não, consente seguir, rastrear dados de diversos tipos (referente ao processo, produto, pessoal e ou serviço) a jusante e ou montante de um elo de cadeia ou de um departamento interno de uma empresa. A rastreabilidade permite ter um histórico do produto, sendo que a complicação do conteúdo deste histórico dependerá do desígnio a que se almeja alcançar. Este objetivo pode ser influenciado pelas estratégias seguidas e pelo ambiente externo em que a empresa está colocada”. A certificação representa um conjunto de métodos pelo qual uma entidade certificadora imparcial e autônoma reconhece e/ou atesta que o 8 ROLIM, F. J.; LOPES, M. A. Comparativo entre certificadoras de rastreabilidade credenciadas para o SISBOV-MAPA. Ciência e Agrontecnologia, Lavras, v. 29, n. 5, p. 1052-1080, 2005. 9 SCHIEFER, G. Environmental control for process improvement and process eficiency in supply chain management – the case of the meat chain. International Journal of production economics. 78, pp.197-206, 2002. 10 VINHOLIS, M.B.; AZEVEDO, P.F. Efeito da rastreabilidade no sistema agroindustrial da carne bovina brasileira. X World Congress of Rural Socology, 2000. Rio de Janeiro. V1, p.114. 15 produto atende as condições pré-estabelecidas. Deve ser feito por um organismo autônomo, que atesta por meio de um sistema de rastreabilidade, onde opera como uma ferramenta de qualidade e mune as diretrizes fundamentais de controle. Uma produção autenticada não garante que um produto seja rastreável, entretanto, um produto rastreado deve atravessar por um processo de certificação do sistema.11 Para Rezende & Lopes,12 rastreabilidade sugere a probabilidade de seguir os passos de alguma coisa, no caso, o histórico do animal desde o ato de nascer ou aquisição até o momento do seu abatimento ou de uma de suas partes. Com ela é aceitável, por meio de identificação vinculada a um corte da carne bovina, distinguir todo o manejo do animal, desde o seu nascimento até seu abate e comercialização. De acordo com a ISO Quality Standards, rastreabilidade é definida como “a capacidade para rastrear a história, aproveitamento ou localização de uma entidade que denota em elementos gravados” 13. Desde os anos 80, quando o contágio de alimentos se tornou um acontecimento constante nos meios de comunicação social, a consciência da vulnerabilidade da vida vem crescendo. Grande parte dos problemas de ordem alimentar emana da distância, no tempo e no espaço, que separa cada vez mais a atividade produtiva do ato de consumo.14 11 IBA, S. K. Um panorama da rastreabilidade dos produtos agropecuários do Brasil destinados à exportação: carnes, soja e frutas. 2003. Monografia (Graduação) - Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz", Universidade de São Paulo, Piracicaba, 2003. 12 RESENDE, E. H. S.; LOPES, M. A. Identificação, certificação e rastreabilidade na cadeia da carne bovina e bubalina no Brasil. Lavras: UFLA, 2004. 39 p. 13 FOLINAS, D., MANIKAS, I. e MANOS, B. Traceability data management for food chains. British Food Journal. v.108, n.8, pp.622-633, 2006 14 LAW, M.T. The transaction cost origins of food and drug regulation. In: ANNUAL CONFERENCE OF THE INTERNATIONAL SOCIETY FOR THE NEW INSTITUTIONAL ECONOMICS, 5. Proceedings ... Berkeley, 2001. 16 Segundo Ambrosini et al.15 a rastreabilidade apareceu da necessidade de se garantir ao consumidor a origem do alimento carne, podendo-se assim, em caso de uma contaminação, realizar a retirada do produto de circulação em menor espaço de tempo e dando-lhes a alternativa de escolha do produto que conhecer por si próprio de melhor qualidade. Segundo informações de Naas et al.16 a Austrália, por exemplo, já tem um sistema de rastreabilidade muito ágio, que trabalha independentemente do governo. O sistema é fundamentado, sobretudo nos dispositivos eletrônicos de identificação, que submerge cerca de 10% (dez por cento) do gado, composto por 28 milhões de cabeças. A Figura 2 apresenta dois tipos de identificação mais usados, o brinco auricular (ear tags) e o bolus, implantado no segundo estomago do animal (rumem). As características sobre os lotes, que serão expedidos aos frigoríficos, podem ser transmitidas pela Internet e toda a informação sobre o animal é registrada num banco de dados e abreviada num código de barras nas embalagens, para a exportação ou para consumo interno. Figura 2: Brinco Auricular “Ear Tags” e Bolus Intra-ruminal. 15 AMBROSINI, L. B. et al. Rastreabilidade e Certificação. Porto Alegre: Planejar Brasil, 2003. 16 NAAS, I. A. SOBESTIANSKY, J.; JÚNIOR, P.B. et al. Manual de rastreabilidade na produção animal intensiva. Pfizer, Goiânia, 76 p., 2004. 17 Para não perder um de seus comércios fundamentais (Comunidade Européia), e se projetar à frente das requisições de outros mercados, o Brasil teve de adequar-se a essa disposição e inventar seu próprio sistema de rastreabilidade para acolher às reclamações dos seus consumidores.17 Diante disso, o governo brasileiro, buscando a manutenção das exportações de carne bovina, nomeou o Sistema Brasileiro de Identificação e Certificação de Origem Bovina e Bubalino (SISBOV), por meio da Instrução Normativa nº 1, publicada no Diário Oficial da União em 9 de janeiro de 2002.18 Rastreabilidade, rastrear e verificação da origem são termos usados universalmente para referenciar a capacidade de identificar animais de acordo com sua origem, tão longe quanto for indispensável para concluir o objetivo (geralmente por razões de segurança da carne química ou biológica). A concordância da rastreabilidade entre os produtores dos Estados Unidos está repartida, por ser “uma faca de dois gumes” pode apresentar recompensas ou penalidades.19 Alguns fatores estão contribuindo para a ampliação do mercado de certificações. Por exemplo, os progressos no setor alimentar, que são muitos complicados, e técnicos, portanto de difícil entendimento pelo consumidor, gerando em muitos acontecimentos conflitos, sobreestima ou subestimação dos seus efeitos à saúde humana.20 17 SARTO, F. M. Análise dos impactos econômicos da implantação do sistema de identificação e certificação de origem bovina e bubalina no Brasil. 2002. 18 BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 1, de 9 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, publicado em 10 de janeiro de 2002, seção 1, p. 19 SMITH, G.C.,et al. Traceback, Traceability and source verification in the U.S. beef industry. In: World Buiatrics Congress, 21, 2000, Punta del Este, Uruguai. Fort Collins:Colorado State University, Fort Collins, Colorado, USA.12 p. 20 PROENÇA, R. P. C. Desafios atuais na alimentação humana. 2001. 18 Segundo Nunes,21 “... a certificação é um serviço que tem por objetivo restaurar a transparência de mercados em que a informação não é compartilhada igualmente por vendedores e compradores e que a verificação dos atributos relevantes é custosa”. De acordo com Spers22 uma das utilidades dos certificados é evitar atuações oportunísticas (que podem aparecer quando a informação a respeito de o produto específico é disseminada pelo próprio fabricante) por parte de algumas empresas, ou seja, evitar que estas declarem processos ou elementos que não exercem ou usam, mas que são explorados na comunicação junto aos consumidores por serem de difícil verificação. Assim, nasce a importância da reputação das instituições certificadoras e regulamentadoras, que devem ser confiáveis e impedir essas ações oportunistas. Segundo Sans e Fontguyon apud Jank23, rastreabilidade é a: “... capacidade de reencontrar o histórico, o uso ou a localização de um produto qualquer por meio de meios de identificação registrados”. A ação da certificação de produtos e da rastreabilidade pode ser vista sob duas formas: atendimento às reivindicações internacionais e ao mercado interno. No primeiro caso, trazemos a identificação das chamadas “barreiras técnicas” e no segundo, a questão da distinção do produto, a partir de sua valorização. Em ambos os casos, a discussão sobre a obrigatoriedade ou não da certificação, é concludente.24 21 NUNES, R., et al Terra Preservada: coordenando ações para garantir a qualidade. Estudo de caso apresentado no IX Seminário Internacional do PENSA de Agribusiness. 1999. Águas de São Pedro. 22 SPERS, E. E. Qualidade e segurança em alimentos. In: ZYLBERSTAJN, D., et al. Economia e Gestão dos Negócios Agroalimentares. São Paulo: Pioneira, 2000. Cap. 13. 23 JANK, Marcos Sawaya. Rastreabilidade nos agronegócios. In: ZYLBERSZTAJN, Décio; 24 LOMBARDI, M. C. Rastreabilidade: exigência sanitária dos novos mercados. In: Congresso brasileiro das raças zebuínas. A integração da cadeia produtiva, 3, 1998, Minas Gerais. Anais. Uberaba: Associação de Criadores de Zebu, 1998, p. 30-96. 19 Nassar25 define certificação como a garantia de que as qualidades, o processo e os serviços de determinado produto se encaixilham nas cláusulas pré-definidas. O produtor deve fornecer o certificado, servindo como um sinal de qualidade para o consumidor. Essa certificação pode se dar de uma forma espontânea ou involuntária, mas é importante para perceber o funcionamento desse processo, cabendo ao fornecedor do produto arcar com os valores da certificação. Sendo assim, existem diversos tipos de certificação, como a certificação de origem, de pureza, de saúde, de produtos orgânicos, de processo de produção e até mesmo a de rastreabilidade, todas objetivando informar melhor o consumidor, e assim diminuir o problema de assimetria de informação, que causa falhas de mercado e provoca perda de bem-estar. No caso particular da rastreabilidade e da certificação de origem, ênfases baseadas na experiência, indicam que cabe ao setor público um papel fundamental na ampliação de tais processos. As complicações inerentes a estas certificações e os distintos padrões internacionais de exigência, fazem imprescindível a ação de um agente que organize os dados de forma harmônica. Esta necessidade tende a crescer cada vez mais, dado a inserção de cada setor no mercado internacional.26 A rastreabilidade pode expressar coisas diferentes para os diferentes membros da cadeia de produção, mas para o consumidor, cada pedaço de carne precisa ser rastreado no mínimo com um código em conjunto, chegando até um grupo de animais, um grupo de abate.27 De acordo com a Abcz28, o início da rastreabilidade no Brasil, provocou uma reversão no mercado dentro de um prazo de quatro ou cinco 25 NASSAR, A;M. Certificação no Agribusiness. In: ZYLBERSZTAJN, D.; SCARE, R. F. (Orgs). Gestão da qualidade no Agribusiness. Editora Atlas, 2003. 26 CONCEIÇÃO, Júnia Cristina P. R.; BARROS, Alexandre L. Mendonça. Certificação e Rastreabilidade no Agronegócio: Instrumentos cada vez mais necessários, Brasília: Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 45 p. out. 2005. 27 28 MEAD, S. A Rastreabilidade no Reino Unido. 2002. ABCZ. Mercado internacional vai comprar somente bovinos de origem conhecida. Informativo ABCZ. In: www.abcz.org.br, n.147. julho/agosto de 1999. 20 anos, devido ao questionamento da população por também não ser favorecida com os padrões de qualidade, incentivando o produtor a aceitar a rastreabilidade. Jank29 recomenda dois planos requintados para rastreabilidade: os Sistemas Perfeitamente Rastreáveis (SPER) e os Sistemas Parcialmente Rastreáveis (SPAR), onde ele define que: “SPER, é quando é aceitável identificar todos os pontos difíceis e os elos do subsistema fecundo, até mesmo apontando os procedimentos envolvidos nas transações entre empresas diferentes”. Para o autor, quando é seguida a rastreabilidade plena, é provável identificar seu ponto de origem e, por conseguinte, os agentes envolvidos. Na carne bovina, por exemplo, um sistema perfeitamente rastreável permite identificar o animal de procedência, todas as suas características, bem como identificar as mudanças acontecidas até o ponto de venda. De acordo com Schaeffer & Caugant30, o conceito de rastreabilidade remete a recomposição da história do produto alimentício. Pode, deste modo, ser benéfico situar: a origem certa de uma produção de animais domésticos ou de vegetais, com os diversos fatores que congregam seu desenvolvimento; o histórico dos processos aproveitados ao produto; a distribuição e a localização do produto acabado. Para Nantes e Machado,31 a rastreabilidade é uma ferramenta capaz de identificar o histórico, possibilitando avaliar as origens da exigência do mercado e informações para administrar eventuais anormalidades, fornecendo auxílio 29 suficiente para embasar a análise e explicar processos de JANK, Marcos Sawaya. Rastreabilidade nos agronegócios. In: ZYLBERSZTAJN, Décio; SCARE, R. F. (org) Gestão da qualidade no agribusiness: estudos e casos. São Paulo: Atlas,2003. 30 SCHAEFFER, E.; CAUGANT, M. Traçabilité guide pratique pour l'agriculture e l'industrie alimentaire. [S.l.]: ACTA-ACTIA, 1998. 31 NANTES, J. F. D. e MACHADO, J. G. Segurança dos Alimentos e Rastreabilidade: O Caso da Carne Bovina no Brasil. In: BATALHA, M. O. (org) Gestão do Agronegócio: Textos Selecionados. São Carlos: UFScan, 2005. 21 responsabilidade ou justificação da empresa, além de permitir à empresa controlar seus riscos antes de se mostrar no mercado, o que acontece em quatro planos: Demanda da rastreabilidade pela organização: sendo empregada como uma ferramenta de melhoria continuada, produzindo de concordância com o perfil do cliente almejado, ganhando diferencial de concorrência e internacionalização. Demanda da rastreabilidade pelo cliente: onde o cliente pode acompanhar a concordância do produto por meio do processo de produção, em qualquer momento e lugar, oferecendo ainda segurança de responsabilidade pela empresa. Demanda da rastreabilidade para atender ao aspecto legal: a rastreabilidade consente o atendimento da legislação particular, como é o caso Europeu, norma 178/2002, artigo 18 que segundo Nantes e Machado, garantem a todas as fases de produção, mudança e distribuição a rastreabilidade dos gêneros alimentícios e demais conteúdos incorporados a eles ou em alimentos animais. Além disso, determina a rotulação ou identificação para promover a rastreabilidade. Demanda da rastreabilidade no social e na saúde publica: é de responsabilidade da empresa garantir o bem estar e a saúde da sociedade, produzindo alimentos seguros, que conquistem a confiança do consumidor tornando-o leal à marca de sua preferência, que escuta e acolhe suas reivindicações e está incomodada com a saúde pública. Oferecendo ao comércio um produto de origem e produção monitorada do início ao fim, podendo ser detectado a qualquer momento um problema qualquer, tornando mínimas as perdas da empresa e, sobretudo aos consumidores. Apesar da rastreabilidade ter sido determinada por questões sanitárias e de segurança dos alimentos, alguns autores, como Pineda32, 32 PINEDA, N. Rastreabilidade: Uma www.abcz.org.br/eventos/anais/2002 (2003). Necessidade do Mundo Globalizado. 22 consideram a probabilidade da rastreabilidade provocar uma série de aspectos favoráveis para o sistema agroindustrial da carne bovina no Brasil como um todo. Dentre estes fatores pode-se enfatizar: a probabilidade de progresso nas classes de comunicação (integração) entre os elos no sistema agroindustrial; aprimoramento da qualidade da carne bovina e melhora no gerenciamento do pecuarista. 23 2. TECNOLOGIA USADA PARA RASTREIO DE BOVINOS Eradus e Rossing33 debateram a importância da identificação eletrônica em animais por meio do acompanhamento dos dados desde o ato de nascer ao abate. O uso da tecnologia comporta uma classificação histórica dos animais impedindo a disseminação de doenças, o acompanhamento do uso de drogas nos arcabouços dos animais levados para os frigoríficos, notificando os criadores na época do abate e controle da procedência e deslocamento geográfico dos animais. Para a identificação eletrônica, tem-se a telemetria que, com implantações eletrônicas, ligadas a distância, dá um sinal eletromagnético com a numeração do animal. Este sinal é recebido por um sistema de informática que confere, inquestionavelmente, a chegada do animal naquele rebanho por rádio freqüência. Como esses dispositivos estão na carcaça do animal, são analisados como aditivos, portanto podem ser administrados por uma legislação específica que tem atrapalhado o uso desse processo.34 A identificação eletrônica pode cursar um sistema de certificação com base na rastreabilidade de informações na cadeia produtiva da carne. Favaret Filho e Paula35 tratam da instituição de um sistema de certificação por meio de selos de identificação. Esse sistema porá a rastreabilidade na cadeia da carne, permitindo a vinculação entre o pecuarista e o produto término (carne). Adicionalmente, os produtos de melhor qualidade poderão obter preços distinguidos, beneficiando os diversos segmentos da cadeia produtiva. Quando se fala em identificação eletrônica, precisamos nos atentar para a qualidade e rapidez no processo de coleta de informações. É muito 33 ERADUS, W.J., ROSSING, W. Animal identification, key to farm automation. Proceedings of the 5th International Conference of the ASAE. Orlando, FL, USA. 1994. p.189-93. 34 PIRES, P. P. Identificação e gerenciamento eletrônicos de bovinos. I Conferência Virtual Global sobre Produção Orgânica de Bovinos de corte. 02 de setembro a 15 de outubro de 2002. Embrapa 35 FAVERET FILHO, P., PAULA, S.R.L. de. Cadeia da carne bovina: O novo ambiente competitivo. BNDES Setorial, n.6, Rio de Janeiro: BNDES, setembro de 1997. 24 comum se constatar em fazendas a coleta de dados sendo feita por funcionários sem preparo e conhecimento técnico. Isso ocasiona prováveis desacertos e circunstâncias imprecisas, que serão depois usadas na tomada de decisões pelo administrador. Para tanto, modernas técnicas e metodologias avançadas de identificação têm sido desenvolvidas para diminuir essas dificuldades.36 Inúmeras técnicas de identificação animal vêm sendo abraçada pelos produtores. Segundo Jardim37, as mais aplicadas na bovinocultura, algumas ilustradas na Figura 3, são: brincos de plástico, colante com código de barras, marcação a ferro ardente no couro, marcação a ferro frio com hidróxido de sódio, tatuagem auricular com tinta e placas de alumínio para identificação noturna, em estudos de conduta do animal. Figura 3: Marcação a ferro quente, tatuadora com tinta e produto para marcação com ferro frio, a base de hidróxido de sódio. Outro procedimento de identificação animal que está sendo empregado dentro da União Européia é o uso de um novo brinco eletrônico. Os brincos eletrônicos, que se unificam a um transponder, foram desenvolvidos para auxiliar a identificação eletrônica de animais. Diferente dos procedimentos 36 ABLIN, E.R.; PAZ, S. Rumo à rastreabilidade no mercado mundial de soja: um novo olhar sobre a lei de oferta e procura. Revista Brasileira de Comércio Exterior. n. 73. 2002. 37 JARDIM, V.R. Curso de bovinocultura. Instituto Campineiro de Ensino Agrícola. Campinas, SP. 1973. 4ed. 81p. 25 de códigos de barras, esses brincos não formam qualquer linha direta da visão entre o brinco e a leitora e podem ser interpretados por meio de um display digital a uma distância de até um metro e meio. A principal desvantagem desse processo tem sido o custo dos brincos e dispositivos de leitura, visualizados na Figura 4, possivelmente o maior impedimento ao uso disseminado desses produtos em unidades comerciais.38 Figura 4: Brinco eletrônico, leitora fixa e leitoras portáteis. Ferreira e Meirelles, citados por Sarto39, compararam quatro sistemas de identificação animal: marca a fogo incandescente na anca do animal, brinco auricular, tatuagem no pavilhão auricular e bolus intra-ruminal com transponder, verificando-se que, o último aparelho foi mais competente que os demais, já que a leitura do transponder é atingida por meio de uma antena com o animal em movimento e não passa por interferência de artefatos ou imperícia do operador, gastando-se somente um segundo para se fazer a 38 CLARK, J.J. Livestock recording systems incorporating eletronic identification methods. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON COMPUTESS IN AGRICULTURE, 6, 1996, Cancun. Anais... Cancun: ASAE, 1996. p.428- 33. 39 SARTO, F.M. Análise dos Impactos Econômicos e Sociais da Implementação da Rastreabilidade na Pecuária Bovina Nacional. Disponível em: http://www.cepea.esalq.usp.br/pdf/impactos_rastreab_nov02.pdf. Acessado em 22 de Nov. de 2009. 26 leitura. Por outro lado, o custo total deste aparelho é relativamente elevado. Na Figura 5, alguns exemplos de bolus intra-ruminal e antena para leitora fixa. Figura 5: Modelos de bolus com transponder e antena para leitora fixa. Em 2005 já se encontrava em desenvolvimento, no mercado nacional, um sistema de identificação eletrônica utilizando transponders e um aparelho de leitura e gravação com tecnologia 100% nacional, que permitem o armazenamento de inúmeros elementos relevantes ao manejo da produção e a rastreabilidade ao longo da cadeia. Esse aparelhamento tem como objetivo chegar ao comércio a preços acessíveis a grande parte dos produtores.40 Em 2008 foi concluído o desenvolvimento do brinco eletrônico, leitora e software 100% nacional pelo Centro de Excelência em Tecnologia Avançada (CEITEC), barateando, assim, o custo para os produtores pecuaristas, por exemplo, o de royalties41 No mesmo ano, a empresa Korth, mais conhecida no setor como AnimallTag, além de ter produzido produtos nacionais e de qualidade, alguns ilustrados na Figura 6, conseguiu patentear inovações em um de seus produtos, como uma bolsa de medicamento cicatrizante no interior do brinco, 40 SILVA, C.A. Ciência e tecnologia na área de informática aplicada ao setor agropecuário. In: Seminário internacional de informatização da agropecuária. Juiz de Fora, MG, 1995. 41 AGÊNCIA BRASIL, Ceitec lança primeiro chip com tecnologia 100% nacional Disponível em: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=20840&sid=3 Acesso Em 10 de Jan de 2010 27 que quando rompida no ato da aplicação, libera um líquido que se espalha no ferimento e previne contra doenças e a cauteriza mais rapidamente. Outras tecnologias alcançadas foram: o material de revestimento hermeticamente fechado e inviolável, que evita a resistente, formação de microorganismos; uma balança eletrônica automática interligada a leitora; um leitor com GPS para localização, modem GPRS para comunicação TCP/IP e Bluetooth. Assim fazendo o processo de captação de dados e transmissão mais fácil, rápido e diminuindo significamente a margem de erros humanos. Em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), desenvolveu um sistema para rastreabilidade dos bovinos e para rastrear o transporte.42 Figura 6: Brinco eletrônico inovador com bolsa de medicamento (cor azul) e leitora com GPS, modem GPRS para comunicação TCP/IP e Bluetooth. Uma tecnologia muito usada para isto, sobretudo nas fazendas e varejo é a Identificação por Rádio Freqüência. Quanto à cadeia bovina, o controle sanitário do produto pode ser alcançado por meio da rastreabilidade com RFID, pois a rastreabilidade tem como função o rastreamento de produtos, desde sua procedência até o consumidor. A RFID é um processo de 42 OLIVEIRA, M. de. Revista Pesquisa Fapesp. v.155 - Janeiro 2009 In: Sistema de identidade bovina ganha mercado no Brasil e no exterior. Disponível em http://74.220.207.63/%7Eagrosoft/pdf.php/?node=209351 Acesso em 14 Jan de 2010 28 identificação singular usando ondas de rádio, o seu funcionamento acontece com um leitor se comunicando com uma etiqueta, que tem informações digitais em um microchip. Entretanto, têm formatos de etiqueta RFID sem o chip, onde só carrega informações de identificação de si mesma, e podem ser impressas diretamente no produto, assim, obtendo um custo mais baixo que o valor das tradicionais.43 Deste modo, a rastreabilidade de produtos vem se desenvolvendo em grande apreço, visto que é um quesito de qualidade do produto e tem grande valor no momento de sua saída. Para se obter a rastreabilidade, um processo que tem recebido força nos últimos anos é a RFID. Por meio desta tecnologia, é possível rastrear gado, frutas, hortaliça e bens diferentes.44 Para Taillieu, 45 diferente dos códigos de barra que identificam todos os produtos e são interpretados por feixe de luz, as etiquetas RFID identificam as embalagens individualmente, em todos os lugares do mundo como único e diferente, utilizam ondas de rádio, que podem ser decifradas por etiquetas RFID por meio de uma carteira, bolsos e até mesmo veículos. Além disso, não é necessária mira perfeita para a leitura no caso da etiqueta de RFID, ela pode ser lida por meio de materiais não-metálicos, muitas podem ser decifradas ao mesmo tempo, são resistentes a determinadas temperaturas e outros fatores externos, podem ser lidas e reprogramadas (reescrita de informações extras) em até 300.000 vezes, até ser recolocada. Quando são empregadas em containers recicláveis, as mesmas etiquetas podem ser aproveitadas várias vezes. 43 SCHERER, F. L., DIDONET, S. R., LARA, J. E. Considerações Sobre a Utilização de Etiquetas Inteligentes no Varejo. VII SEMEAD – FEA/USP. São Paulo: 2004 44 RIBEIRO, P C C, SCAVARDA, A J, BATALHA, M O Tecnologia na cadeia produtiva bovina internacional: o uso da RFID na rastreabilidade da carne bovina. Revista Gestão Industrial, v 04, p 175-187, 2008. 45 TAILLIEU, M. Radio Frequency Identification and the Need to Protect Personal Information. Disponível em http://www.parl.gc.ca/Infoparl/english/issue.htm?param=179&art=1213 Acesso Em 20/11/2009 29 O mercado dispõe de solução tecnológica para a identificação eletrônica de animais que alargam a praticidade, a segurança e a rapidez do processo, diminuem a probabilidade de desacertos de digitação e extinguem a cobrança do envio de passaportes em papel para a central pública de dados. Fundamentado em radiofreqüência, um microchip unido ao animal que contém informação que é captada por um leitor específico e transmitido para o computador do próprio instituidor e para o banco central de informações. Esse sistema garante a manutenção contemporânea da base central de dados, acompanhando passo a passo a circulação dos animais. Fundamentalmente, para se rastrear um bem qualquer, faz-se imprescindível uma etiqueta ou tag (transponder), que é de alguma forma incorporada ao bem que se quer rastrear e então um leitor (transceiver) emite ondas eletromagnéticas (freqüência de rádio), onde a etiqueta, ao recebê-la, canaliza-a transformando em energia e utiliza-a para responder ao leitor seus dados e assim tem conhecimento sobre o bem. Estes dados então podem ser emitidos a uma base de dados e assim ter o conhecimento do bem rastreado e suas características. Este é um tipo de transponder Passivo, pois não possui energia própria para seu funcionamento, assim ficando em stand by a maior parte do tempo de sua vida, podendo por isso chegar a ter vida útil teoricamente infinita. Já o transponder Ativo, que possui energia própria, fica ativo grande parte de sua vida, diminuindo drasticamente sua vida útil para no máximo 10 anos, dependendo da bateria. Outras funcionalidades do Ativo é o poder de leitura a uma distância maior e a possibilidade de leitura e gravação no chip, enquanto no Passivo a leitura é a curta distância e não é permitido escrita no chip. Porém este possui uma grande vantagem em relação ao Ativo, seu custo é muito inferior. Fazendo uma analogia, a etiqueta ou tag RFID é tal como um indicador de barras, no entanto, pode ser lido a uma distância maior que um leitor de código de barras, e a leitora de tags RFID pode ler mais de uma tag ao mesmo tempo, podendo a tag pode conter elementos diversos. 30 Outra vantagem do RFID em relação ao o código de barras é a ausência da necessidade de uma linha direta de leitura.46 46 NETO, A T, RABELLO, R M, VAZ, C M P. Plataforma Tecnológica para a Irrigação de Precisão em Citricultura. Comunicado Técnico da Embrapa. 2005. 31 3. BENEFÍCIOS E EFETIVIDADE DAS TECNOLOGIAS EM RASTREIO DE BOVINOS O crescente uso das tecnologias da informação, em particular dos sistemas de informação, nas mais diferentes áreas da capitalização, torna-se aos raros um elemento tão extraordinário à sociedade quanto o afazer humano. Não que ela irá substituí-lo, mas vem demonstrando cada vez mais uma ferramenta primordial na ampliação de qualquer atividade. O desenvolvimento do ambiente de globalização, coligado ao desenvolvimento de novas tecnologias e novas técnicas de organização da produção, geram inúmeras mudanças na distribuição espacial da fabricação mundial. Os fatores que determinam a competitividade são redefinidos, fazendo nascerem novas corporações de sucesso e tornando antiquadas aquelas incapazes de evoluir e adaptar-se ao novo ambiente.47 A diminuição dos custos dessa tecnologia pode vir de duas maneiras: por meio de valorização do produto, de acordo com a qualidade ambicionada pela indústria, ou na forma de lucros na eficácia produtiva, a partir de um gerenciamento informatizado da produção.48 Os acelerados progressos no processamento e conservação de alimentos permitiram diferentes benefícios tais como à diminuição dos custos de produção e os sensíveis aumentos na durabilidade e conveniência dos produtos. Porém, pelo fato desses aumentos serem complicados, técnicos e de difícil explicação, também é provocada muita desordem, superestimação ou subestimação com seus resultados à saúde humana.49 47 FERRAZ, J.C. et al. Made in Brazil: desafios competitivos para a indústria. Rio de Janeiro: Campus, 1997. 48 MACHADO, J. G. de C. F.; NANTES, J. F. D. Utilização da identificação eletrônica de animais e da rastreabilidade da gestão da produção da carne bovina. Revista Brasileira de Agroinformática, Viçosa, v. 3, n. 1, p.41-50, 2000. 49 PIÑEDA, Nelson. Rastreabilidade: uma resposta aos anseios do consumidor. In: 4º Encontro Nacional do Boi Verde. Uberlândia, 2002. Anais. Uberlândia. MG. Brasil. 2002. 32 Há benefícios para consumidores e fornecedores decorrentes do método de certificação. No caso dos consumidores, como mencionado anteriormente, há a diminuição da assimetria informacional, pois por meio de certificados os consumidores obterão mais informações sobre a qualidade e sobre os atributos intrínsecos aos produtos. Com a certificação, os produtos alimentícios passarão a ter uma identidade e uma "visibilidade" para os consumidores. Deste modo, pode se dizer que os principais benefícios para o consumidor são: aquisição de informação imparcial sobre o produto e sua referente qualidade, podendo, dessa forma, aprimorar seu critério de escolha, garantindo a qualidade dos produtos obtidos, além da facilidade de estimativa entre o preço e o desempenho do produto comprado. Um grande exemplo desse benefício é a iniciativa do Grupo Pão de Açúcar que disponibilizou um portal para que seus clientes verificarem toda a procedência de suas carnes e legumes a partir de sua identificação única, desde sua origem até a sua aquisição, podendo ser acessado em www.qualidadedesdeaorigem.com.br. A certificação é uma prova tangível de garantia e ajusta-se às situações de dúvida quanto à qualidade dos alimentos e aos efeitos que possam causar para a saúde, higiene e nutrição.50 A tecnologia conhecida como RFID é empregada para a identificação de indivíduos, animalescos e produtos de maneira geral. A grande proposta do RFID é gerar a localização e identificação de um grande número de objetos, animais e até seres humanos. Hoje, a tecnologia RFID é empregada em livros, carros, móveis, roupas, alimentos, animais e em muitos itens.51 Em relação aos benefícios do uso da RFID, estes são: probabilidade de leitura livre de falha a uma distância de 1,5 m, enquanto o animal se locomove a uma velocidade em média de 4 m/s; facilidade de leitura, identificação simultânea, capacidade de armazenamento, baixo período de réplica, transporte de dados, confiabilidade, resistência, dificuldade na adulteração. Os problemas da RFID estão relacionados a pontos éticos, como, 50 MACHADO, R. T. M. Rastreabilidade, tecnologia da informação e coordenação de sistemas agroindustriais. São Paulo: USP, 2000. 51 GLOVER, B E BHATT, B RFID ESSENCIAL. Editora alta Books Ltda, são Paulo, 2007. 33 por exemplo, o consumidor participar, involuntariamente, da investigação do hábito de compras, dificuldades como objetivos criminosos de detectar o valor dos bens utilizados quando o consumidor passar próximo a uma leitora. Isso pode acontecer, do mesmo modo, com clonagem de passaportes caso venham a utilizar esta tecnologia, como ações de terroristas, por exemplo.52 Na cadeia produtiva da carne bovina esta técnica tem sido utilizada no gerenciamento de propriedades rurais, no nutrimento automático e no registro de informações, como identificação eletrônica desde os anos 70. A primeira origem dos transponders (que é a etiqueta que faz parte do conjugado da tecnologia RFID) tinha como aspecto caixas pretas eletrônicas, agrupadas em colares, que eram assentados no pescoço dos animais. A segunda geração de transponders, visível na Figura 7, veio com a miniaturização da eletrônica, permitindo o desenvolvimento de microchips muito pequenos, que puderam ser injetados sob a pele. A terceira geração de transponders, em desenvolvimento, compreende, além de todas as probabilidades anteriores, a leitura e gravação, objetivando registrar o histórico de vida do animal e a técnica dos sensores, monitorando a saúde e o desempenho do animal.53 Figura 7: Micro transponder para aplicação subcutânea. 52 WYLD, D. C. RFID 101: the next big thing for management. Management Research News,v.29, n.4, 2006 53 MACHADO, J. G. de C. F.; NANTES, J. F. D. Identificação eletrônica de animais por rádio-freqüência (RFID): perspectivas de uso na pecuária de corte. Revista Brasileira de Agrocomputação, v. 2, n. 1, p. 29-36, jun. 2004. Ponta Grossa, PR, DEINFO/UEPG. 34 Wyld54 cita três informações indispensáveis para a RFID funcionar: Adesivo ou tag (transponder), leitora (transceiver) e um sistema (software) para juntar os componentes da tecnologia para um sistema de processamento de informações amplo. O funcionamento da cadeia de rastreabilidade ocorre como o ilustrado na Figura 8. Figura 8: Funcionamento simplificado da cadeia de rastreabilidade. 54 WYLD, D. C. RFID 101: the next big thing for management. Management Research News, v.29, n.4, 2006. 35 O leitor envia um sinal eletromagnético em ondas de rádio, a tag responde com a sua própria identificação; o leitor, então, transforma as ondas de rádio retornadas de uma tag em uma referência única, adiciona um evento e envia as informações para um sistema de processamento de dados para filtrar, categorizar, avaliar e disponibilizar a ação, motivada pela identificação da informação proveniente da tag. Posteriormente o sistema replicará esse evento em um servidor de dados global (governamental) para informar todas as ações relacionadas ao animal ou produto rastreado, como insumos utilizados, vacinas, atividades, transportes, etc., onde ficará disponível para qualquer consulta desde a base, produtores, como até frigoríficos, instituições governamentais, instituições internacionais e consumidores. 36 4. CENÁRIO EM MATO GROSSO Visando demonstrar como se encontra toda essa tecnologia, o processo de rastreabilidade, problemas e melhorias no Estado de Mato Grosso, desenvolveu-se uma pesquisa a nível Brasil por intermédio de email e telefone, exposta no Anexo 1. Foram escolhidas como destino da pesquisa as empresas certificadoras no Brasil, por se tratar da parte do processo da cadeia de rastreabilidade que, teria mais informações e visão global de todo o processo, por fazer a intermediação do pecuarista com a parte estatal, e por ser responsável pela verificação de todo o processo de rastreabilidade. A pesquisa englobou 101 (cento e uma) empresas, sendo 98 (noventa e oito) via email e 3 via telefone. Esse total é composto por 42 (quarenta e duas) empresas, listadas no Anexo 2, onde algumas possuem filias, assim totalizando as 101 (cento e uma). Infelizmente, a quantidade de retorno esperado não foi alcançada. Das 98 (noventa e oito) empresas pesquisadas via email, somente 3 (três) obteve-se retorno: “Tecniagro”, “TecBoi Certificadora” e “Planejar Informática e Certificação”, algumas até não existiam mais, pois o retorno era de destinatário desconhecido. Das 3 (três) pesquisadas via telefone que eram locais, a primeira o número não existia, a segunda não atendeu a 5 tentativas de ligações em horários e dias alternados, e a última, “Biorastro” (Filial Cuiabá), foi a única que realizou-se a pesquisa, porém, não trabalhava com identificação eletrônica no Estado de Mato Grosso, somente visual, assim não influenciando na pesquisa. Mesmo com a pequena quantidade de retorno, é possível estimar como se encontra o mercado atualmente, pois podemos confrontar os dados obtidos com artigos, seminários, entrevistas, publicações e reportagens atuais publicadas em meios eletrônicos. 37 Analisando e comparando os dados obtidos, percebemos que a rastreabilidade por RFID, não só no Mato Grosso como em todo Brasil, mesmo sendo a melhor tecnologia até o momento, ainda está passando por processos de transformações e melhoramentos, e sendo ainda muito pouco utilizada pelos produtores. Em média 3% (três por cento) se comparada à técnica de rastreabilidade visual com planilhas de 87% (oitenta e sete por cento), e visual com sistema de Gerenciamento com 10% (dez por cento), baseado no total de todos os produtores que utilizam rastreabilidade nas empresas de Certificação “TecBoi”, “Tecniagro” e “Planejar”. Isto porque, têm-se vários fatores que interferem na sua utilização, sendo os mais relevantes: o custo elevado de seus equipamentos, falta de mão de obra especializada e a falta de divulgação e incentivos. Para se ter uma idéia, um brinco eletrônico custa em média R$ 4,50 (quatro reais e cinqüenta centavos), tendo diminuído em média de 40% (quarenta por cento) se comparado ao passado. O bolus intra-ruminal, os valores não são divulgados abertamente, somente para pecuaristas cadastrados no SISBOV, no entanto, sabe-se que seu valor é superior ao brinco eletrônico e manteve-se estável por ser o mais confiável dos produtos, pois é praticamente inviolável, com risco de perca extremamente pequeno por não tem interferência externa como o brinco, fácil recuperação no abatimento, reutilização em outro animal após baixa, e vida útil alta. Já o transponder de aplicação subcutâneo possui preços mais elevados por ser uma tecnologia mais avançada de miniturização (pouco maior que o tamanho de grão de arroz) e o aumento de procura para utilização em animais domésticos e silvestres, mas foi proibido pelo SISBOV por questões de segurança alimentar, pois havia a possibilidade do mesmo se deslocar no corpo do animal, assim não podendo ser extraído no abatimento e consequentemente podendo chegar à mesa dos consumidores. Sem esquecer que a perda ou não leitura por deslocamento do produto de identificação acarreta em prejuízos, pois o animal ficará sem identificação e terá que ser 38 desligado do rastreamento, onde pode ser oriundo de uma fuga do produtor vizinho, assim não tendo mais seu diferencial de preço no mercado e ainda um custo a mais, comparado ao animal não rastreado, por causa dos equipamentos e serviços que foram utilizados no mesmo. Por estes motivos, esta tecnologia está sendo mais empregada em animais domésticos e controle de saúde humana. Os aparelhos de leituras custam em torno de R$ 2.000,00 (dois mil reais) a R$ 5.000,00 (cinco mil reais), dependendo das funcionalidades, assim como os sistemas de interpretação dos leitores e/ou de gerenciamento (software), exemplificado na Figura 9. Figura 9: Tela de um sistema de rastreabilidade. Para contornar várias dificuldades, como a falta de mão de obra especializada no campo, muitas empresas têm desenvolvido soluções para facilitar, agilizar e diminuir erros em todo o processo de rastreio. Um grande exemplo disto, mostrado na Figura 10, o qual vem suprir a falta de conhecimento técnico da mão de obra, foi a criação de um teclado eletrônico denominado Teclado do Peão, que substitui conhecimentos avançados na área de informática. 39 Baseia-se no seguinte: o animal é registrado pelo leitor, após esse registro, o funcionário ira com o leitor ao Teclado do Peão e irá ler todos os brincos com o evento relacionado a ele que estão sendo aplicado no momento ao animal rastreado, removendo assim, muitos erros com digitações. Um bom exemplo seria a pesagem, onde caso seja interligada ao leitor, seria automaticamente feita ao momento que o funcionário ler no Teclado do Peão o evento “Pesagem”. Figura 10: Teclado do Peão. Outras dificuldades são percebidas em relação à falta de divulgação das normas de rastreabilidade do SISBOV e a constante alteração das mesmas e/ou rumores, onde tanto os pecuaristas como as certificadoras reclamam de falta de treinamento e divulgação. Percebe-se que, grande maioria das empresas e pecuaristas estão baseando-se no controle a base de acertos e erros, assim acarretando muita burocracia, tempo e custo. A rastreabilidade mesmo não eletrônica e não informatizada conforme pesquisa, trás bons retornos para o pecuarista, desde que o mesmo esteja incluído na lista TRACES para exportação. Estima-se que para cada animal rastreado consegue-se uma valorização de no mínimo 7% (sete por cento) por arroba até 22% (vinte e dois por cento), para se ter idéia ter-se-ia um custo a mais em torno de R$ 5,00 (cinco reais) e se obtêm um retorno de no mínimo R$ 100,00 (cem reais). Já a rastreabilidade informatizada porem visual, se conclui que além da valorização alcançada, conseguimos diminuir os custos 40 de produção. Com a informatizada e rastreada eletronicamente, além de todos os benefícios citados acima, temos menos erros de informação, produto com melhor aproveitamento, pois o mesmo não é muito maltratado, assim evitando perca de carne por hematomas e tomadas de decisões mais precisas e confiáveis, podendo diminuir mais ainda os custos e prevenir prejuízos ou minimizá-los. 41 CONCLUSÃO A rastreabilidade no Brasil foi propagada em junho de 2002, primeiramente exclusivamente aos criatórios com produção voltados para a exportação para os países membros da União Européia foram obrigados a implantar a rastreabilidade e se integrar ao SISBOV. Hoje, toda a carne exportada pelo Brasil deve ser rastreada, ampliando-se a necessidade de obtenção de bois rastreados. Com o objetivo de se rastrear estes animais, de obterem-se informações mais minudenciadas a seu respeito, de forma particular e não em lotes, utiliza-se a RFID. Esta tecnologia da informação permite que a informação passe pela cadeia de suprimentos através dos chips alojados nas etiquetas, onde estão contidos os dados do gado, desde seu nascimento até o seu abate, controlando a condição do fim da cadeia até o seu primeiro agente. A rastreabilidade, apesar de ser uma exigência, sobretudo, do mercado consumidor importador, ainda necessita de algumas mudanças por parte de órgãos adequados, no caso do SISBOV, do Ministério da Agricultura, para sanar algumas dificuldades que os pecuaristas ainda encontram, tais como as constantes mudanças, falta de incentivos e a falta de divulgação das normas. Mesmo sendo somente exigência do mercado importador, o consumidor nacional já vem demonstrando um interesse maior nos produtos, baseando que, quando houve o embargo das exportações, mesmo assim com a sua diminuição, o setor pecuário teve aumento no faturamento. As exigências dos consumidores, tanto de saúde como de qualidade, deixa bem claro que a rastreabilidade será um item naturalmente essencial no futuro, e baseando-se em todas as tecnologias já disponíveis, fica bem claro que a RFID é a mais completa, segura e rápida, além da possibilidade dos produtores diminuírem custos com tomadas de decisões mais precisas, minimização de prejuízos em caso detectado algum problema na produção e prevenção de prejuízos. Após estas ponderações, pode-se concluir que a tecnologia RFID ainda tem muitos assuntos que a cercam, como pontos de muitas 42 investigações e que não foram esgotados neste trabalho. É um assunto abundantemente rico, na medida em que se apresenta de forma muito clara, aspectos benéficos e contrários demandando, análises atentas para a decisão de seu uso ou não ou de seu uso restrito. Temas muitos interessantes seriam abordados na área de saúde humana, segurança financeira e realidade aumentada. Esta probabilidade torna muito atraente o tema, pois descrição, identificação de pontos críticos e sua porvindoura análise e avaliação são passos de toda pesquisa. 43 REFERÊNCIAS ABCZ. Mercado internacional vai comprar somente bovinos de origem conhecida. Informativo ABCZ. In: www.abcz.org.br, n.147. julho/agosto de 1999. AGÊNCIA BRASIL, Ceitec lança primeiro chip com tecnologia 100% nacional Disponível em: http://convergenciadigital.uol.com.br/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?infoid=20840& sid=3 Acesso Em 10 de Jan de 2010 ABLIN, E.R.; PAZ, S. Rumo à rastreabilidade no mercado mundial de soja: um novo olhar sobre a lei de oferta e procura. Revista Brasileira de Comércio Exterior. n. 73. 2002. AMBROSINI, L. B. et al. Rastreabilidade e Certificação. Porto Alegre: Planejar Brasil, 2003. BRASIL. Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento. Instrução Normativa nº 1, de 9 de janeiro de 2002. Diário Oficial da União, publicado em 10 de janeiro de 2002, seção 1, p. CLARK, J.J. 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AGROPECUARIOS SBC – SERVIÇO BRASILEIRO DE CERTIFICAÇÃO APCBH – ASSOCIAÇÃO PARANAENSE DE CRIADORES DE BOVINOS DA RAÇA HOLANDESA CERTBEEF – CERTIFICADORA DE ALIMENTOS E CARBONO INSTITUTO GENESIS BOVIFÉRTIL – AGRONEGÓCIO PARCERIA CERTIFICACOES E RASTRIABILIDADE GLOBAL CERTIFICADORA E RASTREABILIDADE SBR – SERVIÇO BRASILEIRO DE RASTREABILIDADE BOVINA ELETRONICA M. S. SANTOS BIG BOI CERTIFICADORA RASTRONORTE CERTIFICAÇÕES ANIMAIS CERTRASTRO CERTIFICADORA E IDENTIFICADORA DO BRASIL ZOOVET – SERVIÇOS DE RASTREABILIDADE E CERTIFICAÇÃO AGROPECUÁRIA AGRITRACE - SISTEMAS DE RASTREABILIDADE AGROPECUARIA INSTITUTO OMEGA PLANEJAR INFORMATICA E CERTIFICACAO TECBOI CERTIFICADORA BOV RASTRO – CONSULTORIA RASTREABILIDADE E REPRESENTAÇÃO BIORASTRO – WQS CERTIFICAÇÕES DE PRODUTOS GR RASTREABILIDADE ANIMAL EMATER – ASSOCIAÇÃO RIOGRANDENSE DE EMPREENDIMENTOS DE ASSISTENCIA TECNICA E EXTENSÃO RURAL OXXEN TECNOLOGIA EM RASTREAMENTO RBC – RASTRO DO BOI CERTIFICAÇÃO ARROBA – ASSESSORIA E CONSULTORIA AGROPECUARIA BOV SAT RASTREABILIDADE E CERTIFICAÇÃO IFM – SERVIÇOS TECNOLÓGICOS LOCALIZA RASTREABILIDADE E CERTIFICAÇÃO ANIMAL RASTREARBOV CERTIFICAÇÃO E RASTREABILIDADE DE BOVINOS TRACER - CERTIFICAÇÃO DE ORIGEM ANIMAL