Problemas de pele

Transcrição

Problemas de pele
Ide
i
Suge
s
s
tõe
&
as
Problemas cutâneos
A CUIDAR DOS SEUS AMIGOS
Por: Telma Almeida :: veterinária
O meu cão Twiggy, um Westie (West Highland
White Terrier), tem cinco anos e desde sempre que
tem problemas de pele. Recentemente, apareceu
com dois dedos de uma das patas dianteiras
inchados, vermelhos, com bolhas e coxeia.
Porque surgem recorrentemente estes problemas
cutâneos?
O Twiggy apresenta uma pododermatite, que
é uma lesão cutânea ao nível da região podal
(patas). Na pododermatite, as patas podem
apresentar-se muito inflamadas e inchadas, com
úlceras, nódulos e/ou bolhas que podem abrir
fístulas, drenando sangue e pus. As unhas podem
estar vermelhas e mais sensíveis. Os animais
lambem constantemente as patas o que conduz
à perda de pêlo e podem coxear devido à dor
causada pelas lesões cutâneas.
As causas da pododermatite são várias: corpos
estranhos (espigas), alergias (atopia, alergia
alimentar, alergia por contacto), infecções
parasitárias (demodex, leishmaniose), infecções
fúngicas (dermatofi
tose ou tinha, malassezia),
infecções bacterianas, doenças auto-imunes,
doenças endócrinas, etc.
Como refere que o Twiggy sempre teve
problemas cutâneos, é altamente provável que
a pododermatite seja secundária a uma doença
alérgica designada por atopia. Os cães com atopia
têm comichão por todo o corpo, lambem-se e
coçam-se provocando feridas que se localizam
mais frequentemente na cabeça, orelhas e nas
extremidades dos membros.
A atopia é uma doença alérgica causada por
uma hipersensibilidade hereditária aos pólens ou
a outros alergénos ambientais, como os ácaros
do pó. O sistema imunitário do animal reage de
uma forma exacerbada a substâncias comuns no
ambiente. A doença manifesta-se pela primeira
vez até aos três anos de idade e ocorre em raças
com predisposição genética, como é o caso da
Westie.
Os sintomas de atopia podem manifestar-se ao
longo de todo o ano, embora sejam mais comuns
sazonalmente, na estação dos pólens. Os cães com
atopia podem manifestar em associação outro
tipo de alergias como alergias alimentares.
Para o diagnóstico de alergias alimentares
deve fazer-se uma dieta de eliminação, em que se
fornece ao animal uma fonte de proteína diferente
da quem ele consome habitualmente e verifica-se
se a alergia desaparece.
Se existir uma forte suspeita de atopia, podem
realizar-se testes intradérmicos em que se
inoculam na pele vários alergénos e se verifica a
quais é que o animal é alérgico.
A pododermatite é uma lesão cutânea que pode
ser uma manifestação de várias causas envolvidas
como a atopia, alergia alimentar e complicação
bacteriana ou fúngica secundária. O tratamento
pode ter de ser dirigido para várias causas em
Ide
i
Suge
s
s
tõe
Problemas cutâneos
&
as
A CUIDAR DOS SEUS AMIGOS
simultâneo. O tratamento básico consiste na
imersão das patas em soluções antisépticas, uso de
pomadas locais com antibiótico e eventualmente o
uso de pensos. Os medicamentos a usar dependem
da causa subjacente. Em qualquer animal com
problemas cutâneos, os produtos anti-pulgas
devem fazer parte da profi laxia.
O meu gato Garfi
eld tem três anos e, em
consequência de difi
culdades em urinar e posterior
incapacidade de o fazer, está neste momento
internado no veterinário, onde vai ficar algaliado.
Disseram-me que, em princípio, tudo correrá bem.
Poderá esta situação voltar a acontecer?
O Garfield fez uma obstrução urinária que é
uma emergência médica. A uretra, por onde passa
a urina, fica obstruída por cálculos ou tampões
de células, não permitindo o uxo
fl de urina. Um
animal que não urine corre risco de vida. Nestes
casos, os gatos devem ser rapidamente assistidos,
colocando-se uma algália que torna a uretra
permeável à urina. Inicia-se tambémuidoterapia
fl
(soro intravenoso) para eliminar do sangue os
produtos tóxicos (produtos azotados, ureia) que
entretanto se acumularam. Geralmente, o tempo
mínimo é de três dias para regularizar a situação e
o prognóstico é favorável desde que o animal seja
assistido a tempo.
A obstrução urinária pode ocorrer, a partir do
primeiro ano de vida, em gatos machos de qualquer
idade e deve-se, na maioria dos casos, à presença
de areias ou pequenos cálculos na urina que
‘entopem’ a uretra. Os cálculos formam-se a partir
de cristais que se agregam, formando cálculos
de maior ou menor dimensão. Podem também
agregar material orgânico celular. Os cálculos
mais frequentes são os de estruvite, um mineral
composto pelos iões fósforo e magnésio. Estes
cálculos formam-se devido à ingestão de dietas
ricas nestes iões e à super-saturação da urina
com os mesmos. Existem outros tipos de cálculos
menos frequentes, como o oxalato de cálcio.
Outras causas de doença das vias urinárias
inferiores são a infecção urinária, a cistite
idiopática e tumores da bexiga, que, ao contrário
dos cálculos, mais raramente causam obstrução.
A infecção urinária ou a cistite idiopática
podem provocar um espasmo do músculo uretral
impedindo o fluxo de urina.
Os gatos com doença das vias urinárias inferiores
podem apresentar urina com sangue, difi culdade
em urinar (vocalizam), urina em pequenas
quantidades, micção em locais impróprios, dor e
desconforto.
O diagnóstico das várias causas de doença das
vias urinárias inferiores é feito através da análise
de urina e deve recorrer à ecografia da bexiga.
O tratamento dos cálculos urinários consiste
numa dieta própria que possa levar à sua
dissolução (quando possível) através da alteração
do PH da urina. Essa dieta deve ser pobre nos iões
que podem conduzir à sua formação. Os gatos
devem ainda ser estimulados a beber mais água,
para baixar a densidade da urina.
A obstrução urinária pode voltar a acontecer.
Porém, com uma cuidada supervisão por parte do
dono, a fim de prevenir os cálculos urinários, e
com a ajuda do veterinário, pode reduzir bastante
a sua recorrência.