Leia - Associação Brasileira de Angus

Transcrição

Leia - Associação Brasileira de Angus
Impresso
Março/Abril de 2008
Especial
1
2219/03 – DR/RS
Associação
Brasileira de Angus
Ciranda
CORREIOS
2
Março/Abril de 2008
Associação Brasileira de Angus
Diretoria Executiva
Diretor Presidente
José Paulo Dornelles Cairoli
Diretor 1º Vice-Presidente
Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção
Diretor Vice-Presidente
Eduardo Macedo Linhares
Diretor Vice-Presidente
Renato Zancanaro
Diretor Vice-Presidente
Paulo de Castro Marques
Diretor Financeiro
Fábio Luiz Gomes
Diretor Administrativo
João Francisco Bade Wolf
Diretor de Marketing
Luiz Eduardo Batalha
Diretor de Núcleos
Flávio Montenegro Alves
Diretor Programa Carne Angus Certificada
Vivian Diesel Potter
Conselho de Administração
Conselheiro Estratégico
Marcus Vinicius Pratini de Moraes
Membros Eleitos
Afonso Antunes da Motta
Antônio dos Santos Maciel Neto
Carlos Eduardo dos Santos Galvão Bueno
Luís Felipe Ferreira da Costa
Valdomiro Poliselli Júnior
Membros Natos – (Ex-Presidentes da ABA)
Angelo Bastos Tellechea
Antonio Martins Bastos Filho
Fernando Bonotto
Hermes Pinto
João Vieira de Macedo Neto
José Roberto Pires Weber
Reynaldo Titoff Salvador
Conselho Fiscal
Membros Efetivos
Cláudia Scalzzilli
Paulo Valdez
Roberto Soares Beck
Membros Suplentes
Elizabeth Linhares Torelly
Luís Henrique Sesti
Mariana Tellechea
Conselho Técnico
Ricardo Macedo Gregory – Presidente
[email protected]
Antônio Martins Bastos Filho
[email protected]
Ulisses Amaral
[email protected]
Luis Felipe Moura
EDITORIAL
Um ano de grandes avanços
Prezados associados, criadores e
amigos da raça, já estamos findando o primeiro trimestre do ano, período, no qual, a maioria de nós
já preparou uma agenda repleta de
ações a serem realizadas em 2008.
Nesse sentido, ressaltamos uma das
metas traçadas, e que consta na
agenda da Diretoria da Associação
Brasileira de Angus, para o ano
corrente: o incremento do Terneiro
Angus Certificado. Lançado na última Expointer, o programa da associação objetiva fomentar e promover a comercialização de
terneiros dos usuários da genética
VOCÊ SABIA?
Angus na Argentina
é maioria do rebanho
Que mais de 80% da composição genética de todo o gado na Argentina é Angus?
[email protected]
Luiz Alberto Muller
[email protected]
Susana Macedo Salvador
[email protected]
Amilton Cardoso Elias - Representante ANC
[email protected]
Coordenação
Fernando Furtado Velloso
[email protected]
Jornalistas Responsáveis
Eduardo Fehn Teixeira - MTb/RS 4655
e Horst Knak - MTB/RS 4834
Colaboradores: jorn. Nelson Moreira e jorn.
Luciana Radicione
Apoio: Assessoria de Imprensa da ABA jorn. Luciana Bueno
Diagramação: Jorge Macedo
Departamento Comercial: Daniela Manfron e
Gianna Corrêa Soccol
51 3231.6210 // 51 8116.9784
Edição, Diagramação, Arte e Finalização
Agência Ciranda - Fone 51 3231.6210
Av. Getúlio Vargas, 908 - conj. 502
CEP 90.150-002 - Porto Alegre - RS
www.agenciaciranda.com.br
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Associação Brasileira de Angus
Av. Carlos Gomes, 141 / conj. 501
CEP 90.480-003 - Porto Alegre - RS
www.angus.org.br
[email protected]
Fone: 51 3328.9122
* Os artigos assinados são de inteira
responsabilidade de seus autores.
Fotos de capa: ABA / Divulgação
Angus também
dá leite na Romênia
Que a Romênia, que produz
principalmente leite, à base de pastagem, escolheu a raça Aberdeen
Angus para cruzamento em melhoramento e explorações de leite? Óbvio que também utilizam Angus para
a sua primordial função, que é a produção de carne de qualidade ...
Meyer Natural
Angus adquire
Laura’s Lean Beef
A empresa norte-americana de
carne bovina natural, Laura’s Lean
Beef, de Lexington, Kentucky, foi
vendida para a empresa Meyer Natural Angus, de Colorado, em 28 de
dezembro de 2007, colocando as
companhias combinadas entre as
maiores fornecedoras de carne bovina oriunda de animais criados sem
antibióticos e hormônios de crescimento.
Angus. Através desse trabalho, que
começa no Rio Grande do Sul com
as feiras de terneiros de outono, e que
será estendido aos demais estados,
vamos criar mecanismos para aumentar a oferta de carne e qualificar nosso produto diante dos mercados brasileiro e externo (lá fora, não
se fala em outra coisa quando o assunto é carne, senão em Angus). Desta forma, a valorização da raça
Aberdeen Angus ficará ainda mais
evidente. Vale lembrar que por ser
uma matéria-prima diferenciada, o
Terneiro Angus Certificado é foco
tanto do produtor do Programa Carne Angus Certificada quanto daquele que está interessado em atuar como
fornecedor de carne de qualidade.
Nas páginas a seguir, você acompanhará a agenda de feiras que vende-
rão terneiros Angus certificados a
partir de maio.
Entretanto, não podemos vislumbrar mercados exigentes sem antes estimular o rastreamento e o rigor sanitário na pecuária. O setor, por sua
vez, terá de adaptar-se a essa exigência – já inerente aos tempos modernos. Um exemplo dessa
conscientização que se faz necessária no segmento, e que resulta, também, em melhores oportunidades, é
a portaria publicada no início de
março pelo governo do Rio Grande
do Sul, inédita ao se comparar ações
entre os governos de São Paulo,
Paraná e Santa Catarina (este, entretanto, cumprindo determinações
da OIE, deverá estar com todo seu
rebanho rastreado até o fim deste semestre). Sob o número 15/2008, a
portaria determina a preferência de
entrada em pista de animais
rastreados a partir das próximas
feiras oficializadas. Essas novas regras zootécnicas e sanitárias valem,
por enquanto, para a exposição de
animais nas feiras de terneiros, porém, a tendência é que passe a ser
obrigatória em qualquer concentração animal, vide rebanho comercial. Temos muitas outras novidades no Angus@newS. Verifique, e acrescente esses novos compromissos na sua agenda de trabalho em 2008. Contamos com você
nesse avanço de qualidade no cenário da carne.
Até a próxima!
muito satisfeito com os resultados que
venho obtendo, apesar de não ser proprietário do estabelecimento e criar a
raça em parceria com um amigo. Por
isso, gostaria de receber o
Angus@newS, para me manter informado e incrementar os conhecimentos sobre esta raça.
Weberson Carvalho
Uberlândia-MG
Receba em casa
o Angus@newS
José Paulo Dornelles Cairoli
Presidente da ABA
CARTAS
Triângulo Mineiro
Crio gado no Triângulo Mineiro,
no município do Prata, MG (Estância Vinhais) e
estou começando a fazer F1 de
Red Angus com Nelore e gostaria de
me manter informado sobre o que
acontece e as novidades da raça
Angus. Isto porque estou ficando
Se você é criador de Angus, cruza
com Angus ou tem interesses na raça
e nos conteúdos deste jornal, entre em
contato com a Associação Brasileira
de Angus, por e-mail, solicitando o
envio. A assinatura é gratuita. e-mail
para contato: [email protected].
Março/Abril de 2008
MOVIMENTO
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ABA apresenta eventos de 2008
Destacando a mostra de Avaré (já realizada em São Paulo,
SP), como a exposição que abre o disputado circuito de mostras
da raça neste 2008, e anunciando a primeira exposição de animais rústicos Angus como uma das novidades para este ano, a
Associação Brasileira de Angus (ABA), reuniu no dia 20 de fevereiro, para almoço servido com carne Angus na Churrascaria
Barranco, em Porto Alegre, RS, a Imprensa especializada, criadores, diretores da entidade, parceiros e convidados, para a
apresentação das ações já planejadas para este ano.
Foto: Horst Knak / Agência Ciranda
O presidente da ABA, José Paulo
Dornelles Cairoli, conduziu o evento, que também contou com a participação do diretor administrativo da
ABA, João Francisco Bade Wolf, e do
assessor administrativo da entidade,
Ignacio Silva Tellechea, além de técnicos e assessores da entidade. A primeira Exposição Nacional de Rústicos Angus foi um dos destaques da
ocasião, juntamente com o lançamento do Anuário Angus 2007/2008.
Valorização de Rústicos
e de produtores
A I Exposição Nacional de Rústicos Angus já está agendada para realização em outubro deste ano, juntamente com a 66ª Exposição
Agropecuária de Alegrete, em Alegre-
te, RS. O novo evento, criado e organizado pela ABA, tem como meta a
valorização também dos animais comerciais, assim como do produtor
que utiliza genética Angus e prioriza
reprodutores destinados à produção
de carne de qualidade.
“A idéia é fomentar o elevado padrão da raça no País, bem como a produção de animais de plantel e de corte”, definiu o presidente da ABA, José
Paulo Dornelles Cairoli. Segundo ele,
esse novo foco da Associação Brasileira de Angus resultará em valorização de animas a campo.
Nova exposição categoria “A”
Com a expansão da raça por todo
o País e de criadores interessados em
participar de exposições de Angus, no
Brasil, a Associação Brasileira de
Angus terá uma nova exposição da
categoria “A”, que pontua ao Ranking
Oficial de Expositores e Criadores de
Angus este ano – competição que é
formada por mostras das categorias
“A” e “B”. As exposições “A” são as
que têm maior peso e pontuação.
A nova mostra classificada como
“A” é a 43ª Exposição Municipal
Agropecuária de Avaré (Emapa), em
Avaré, SP, já realizada com sucesso de
26/02 a 02/03 (veja nesta edição), que
passou a aquecer ainda mais a competição nas pistas de julgamento, juntamente com as exposições de Londrina, PR, Uruguaiana, RS, Feicorte,
SP e Expointer, RS, todas de categoria “A” no ranking nacional da ABA.
As próximas mostras
Agora, após Avaré, a raça Aberdeen Angus promete brilhar em certames como:
- Expolondrina (Londrina/PR) – 08/04 a 13/04
- Exposição de Outono de Uruguaiana (Uruguaiana/RS) – 29/04 a 04/05
Presidente da ABA apresentou a extensa agenda do Angus à Imprensa
- Feicorte (São Paulo/SP) – 17/06 a 21/06
- Expointer (Esteio/RS) – 30/08 a 07/09
Feiras de Terneiro Angus Certificado
Anuário Angus 2007-2008:
o ano em revista
Fotos: Divulgação / ABA
Lançado no ano passado, como importante alavanca de fomento e promoção da
comercialização de terneiros de qualidade superior, produzidos pelos usuários da genética
Angus, o Programa Terneiro Angus Certificado também foi posicionado no encontro
pelo presidente da ABA como alvo de plena
continuidade e de desenvolvimento pela entidade neste ano. Segundo José Paulo Cairoli,
em 2007, os primeiros terneiros Angus e Cruza Angus certificados pela ABA, alcançaram
valorização média superior a 9% sobre o preço médio pago por animal, por exemplo, na
feira de Primavera de Caçapava do Sul, RS,
uma destacada praça de venda de terneiros no
Estado.
Por se tratar de uma matéria-prima diferenciada, o terneiro Angus certificado pela
ABA também é foco do produtor do Programa Carne Angus Certificada, além daqueles
que estão interessados em atuar como novos
fornecedores de carne de qualidade.
Feiras de 2008
-
São as seguintes as feiras que vão comercializar Terneiros Angus Certificados:
Glorinha (Santa Úrsula Remates) - 01/05
Cachoeira do Sul (Sindicato Rural de Cachoeira do Sul, RS) - 06/05
Butiá (Sindicato Rural de Butiá) - 10/05
Santana do Livramento (Sindicato Rural de Santana de Livramento) – 14/05
2ª Feira de Terneiros e Ventres Angus integrante da feira da Fenasul, promovida
pela Farsul, Gadolando e Santa Úrsula Remates (Esteio, RS) - 29/05
Anuário 2007/2008 - primoroso acabamento e resumo das ações do ano passado
Durante o evento de lançamento da programação anual da raça Angus, a ABA apresentou à
Imprensa especializada o Anuário Angus 2007/
2008 – publicação que destaca todo trabalho
realizado em 2007 envolvendo a raça Aberdeen
Angus especialmente no eixo Rio Grande do SulParaná-São Paulo (principal pólo de desenvolvimento e seleção de Angus no País). O Anuário
também apresenta informações técnicas, atualização do número de registro de animais da raça,
bem como artigos de pesquisadores do segmento corte e matérias inéditas. Entre as reportagens, destaque para a carne Angus certificada em
diversos países, utilização e vantagem da raça no
cruzamento industrial e a valorização dos touros
dupla marca no mercado.
Num total de 206 páginas, o anuário resulta
do trabalho conjunto dos diversos setores da ABA
como exposições, leilões, Programa Carne Angus
Certificada, Conselho Técnico, entre outros.
Outro diferencial da publicação, realizada pelo
terceiro ano consecutivo, é a agenda de fontes
do Corpo Técnico da ABA e dos técnicos do
Programa Carne Angus Certificada disponibilizada para jornalistas e demais interessados, bem
como a relação dos Núcleos de Criadores Angus.
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CARNE
Março/Abril de 2008
Concurso de Carcaças valoriza lotes
homogêneos e trabalho de seleção
Fotos: Felipe Ulbricht /ABA
Carcaças com padrão
de qualidade internacional
venceram primeiro concurso
O Leilão Nova Era, em seis de dezembro, no Country Club, em Porto
Alegre, RS, foi palco de muitas comemorações. Naquela ocasião, com a
presença dos mais destacados criadores, parceiros e investidores em Angus,
a Associação Brasileira de Angus (ABA), também aproveitou para realizar a
entrega oficial das premiações aos vencedores do II Concurso de Carcaças
Angus. O concurso foi desenvolvido na planta industrial do Frigorífico
Mercosul de Bagé, RS, em novembro de 2007.
Foram agraciados com as distinções de primeiro e segundo lugares,
respectivamente a AML Agropecuária, pertencente ao tradicional criador
de Angus José Azhaury Macedo
Linhares, com propriedades em
Santana do Livramento e Manoel
Viana, ambas no RS, e a Pulquéria
Agropecuária, também com larga tra-
dição em Angus, localizada em São
Sepé, RS, de propriedade do produtor de carne Fernando Costa Beber.
Um grande prêmio ao
trabalho realizado
Azhaury Macedo Linhares, que
por problemas de saúde não havia
José Azhaury Macedo Linhares, da AML Agropecuária, primeiro lugar
no Concurso de Carcaças Angus, é parabenizado por Mauro Pilz,
diretor-presidente do Frigorífico Mercosul
acompanhado ao abates do concurso, em Bagé, participou ativamente da
confraternização no Nova Era em
Porto Alegre. Ele recebeu a premiação
de Campeão do Concurso de Carcaças Angus e, literalmente, não cabia
em si de contente. “Durante toda a
minha vida, junto com minha família, trabalhei com nosso gado procurando fazer sempre mais e melhor.
Mas este reconhecimento, agora, para
nós, é tão importante, que fico até sem
palavras. É mesmo um grande prêmio
para todos nós”, disse ele, visivelmente emocionado.
Em Bagé, nos abates, a AML
Agropecuária foi representada por sua
filha, Elizabeth, juntamente com o
marido, Jorge Torelly.
Também muito atuante, Elizabeth Torelly
dirige o Núcleo de Criadores de Angus de
Santana do Livramento.
Perdemos em
volume, mas
temos qualidade
Lote de animais feitos na fôrma venceu concurso
O criador Fernando Costa Beber observou que
este concurso de carcaças, além de
cumprir o objetivo de promover a
carne Angus e o programa de carne
de qualidade da Associação Brasilei-
A Pulqueria Agropecuária, segundo colocada, recebe troféu de Mauro Pilz,
diretor-presidente do Frigorífico Mercosul, e de Vivian Pötter,
diretora do Programa Carne Angus Certificada
ra de Angus, também mostrou o
acerto do trabalho que vem sendo
desenvolvido em sua propriedade,
tanto na seleção, como no manejo,
com destaque para a alimentação
dos animais.
“O Rio Grande do Sul não tem
condições de competir com o resto
do Brasil em volume de carne produzida. Mas a nossa vantagem está
justamente na qualidade de nossa
carne. Por isto, temos que nos dedicar a identificar nichos de mercado, capazes de remunerar esta qualidade”, opinou.
Beber não é cabanheiro. É produtor de carne por excelência e em
sua propriedade a genética Angus é
utilizada guiando os cruzamentos há
mais de 25 anos. Ele integra o grupo seleto de produtores filiados ao
Programa Carne Angus Certificada
e já avisa: “no próximo concurso,
vou brigar pelo primeiro lugar”.
CARNE
Março/Abril de 2008
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Fotos: Divulgação/Fazenda Jequitibá
Jetiquibá lucra com engorda
de animais cruza Angus
Situada em Porto Feliz, próximo a São Paulo, a Fazenda Jequitibá é uma das grandes
fornecedoras do Programa Carne Angus, do Frigorífico Marfrig, localizado em
Promissão. A Fazenda Jequitibá é de propriedade do diretor-presidente do Grupo
Marfrig, Marcos Molina, e gerenciada por Roberto Barcellos. A unidade produz cerca de
500 animais em regime de confinamento por semana. O estabelecimento, com cerca de
350 hectares, tem capacidade para 7.500 bovinos confinados.
em dezembro em
Porto Alegre, RS.
A atividade
principal do estabelecimento, porém, é o confinamento de animais cruzados, especialmente
Angus x Nelore,
iniciado há cerca
de um ano. Os
animais, com no
mínimo 50% de
sangue Angus, são
adquiridos em São
Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás,
Lote de animais cruza Angus com o padrão da Fazenda Jequitibá
vão
para
confinamento e
A unidade foi visitada no final de tria do álcool e açúcar, bem como os são abatidos com peso de 450 kg (fêfevereiro pelo Programa Carne Angus da cervejaria. Com isso, há grande meas) ou 500 kg (machos), com idaCertificada. Estiveram presentes o ge- oferta de bagaço de cana e resíduos de limite de 20 meses, informa
rente de operações da ABA e coorde- da cevada, que garantem a oferta de Roberto Barcellos.
Segundo Barcellos, ainda há uma
nador do Programa Carne Angus volumoso para a engorda em sistema
espécie de “garimpo” de animais com
Certificada, Fernando Furtado de confinamento.
Velloso, a diretora do programa CarA Fazenda Jequitibá possui plantéis genética Angus, porque os produtone Angus Certificada, Vivian Diesel das raças Angus, Wagyu, Simental e res adeptos de cruzamentos com
Pötter, e o técnico do Programa, res- Brahman, criadas como uma espécie Angus preferem fazer sua própria terponsável pela área de extensão rural de show-room destinado a receber cli- minação. Entretanto, há boas persem São Paulo, Tito Mondadori, sen- entes, como restaurantes e redes de pectivas de mudança deste quadro, a
do recebidos pelo gerente de projetos auto-serviço. A Jequitibá é investidora partir do programa de fomento iniciespeciais do Marfrig, engenheiro na raça Angus, tendo adquirido uma ado em 2007 pelo Frigorífico Marfrig
agrônomo Roberto Barcellos.
prenhez ofertada pelo criador Augusto em parceria com a ABA, visando à
A propriedade possui localização Pinto Guedes, da Cabanha Feliz produção de animais precoces e proestratégica, porque aproveita como (Campina do Monte Alegre / SP), dutivos, a partir da raça Angus. Em
base alimentar os resíduos da indús- durante o Leilão Nova Era, realizado síntese, o programa de fomento for-
nece sêmen de touros Angus, assistência técnica e garantia de compra dos
produtos pelo Marfrig com valores
diferenciados.
A grande heterogeneidade dos lotes é outra dificuldade inicial
identificada por Roberto Barcellos: os
produtores ainda fazem cruzamentos
com muitas raças ou diferentes
biótipos da mesma raça. Entretanto,
a predominância do Angus nos programas de cruzamento está favorecendo a padronização dos lotes. Atualmente, a fazenda se obriga a pagar
para animais cruza Angus sobrepreços
de 10 a 15% sobre animais Nelore.
Paralelamente, as fêmeas Angus x
Nelore são muito procuradas para uso
como receptoras em programas de
transferência de embri ões.
Nesta primeira fase do projeto, alguns resultados positivos já foram observados. O uso de animais jovens e
de cruza Angus permitiu ótimo desempenho de engorda, em função da
heterose e da alta conversão alimentar destes animais. O ganho de peso
(GMD) foi bastante superior ao dos
lotes de zebuínos. Em resumo, a alta
eficiência dos animais Angus na terminação está garantindo excelente resultado econômico ao estabelecimento. Além disso, a qualidade da carne
produzida pelos animais cruza Angus
tem impressionado o frigorífico e clientes, pois os cortes são de alto rendimento e marmorizados. A carne resultante do projeto está sendo destinado ao mercado institucional (restaurantes finos).
Tito Mondadori, Vivian Pötter, Roberto Barcellos e Fernando Velloso
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CARNE
Genética Prime Marfrig: estímulo ao cruzamento com Angus
Roberto Barcellos, gerente
de projetos especiais do Marfrig
Apresentação do Programa Genética Prime Marfrig
Com a meta principal de incentivar, via frigorífico, o cruzamento industrial exclusivamente através de sêmen Angus no Brasil, o Frigorífico
Marfrig - parceiro da Associação Brasileira de Angus (ABA) na difusão do
Programa Carne Angus Certificada, no
centro do País - lançou em dezembro
de 2007, em solenidade realizada em
São Paulo, o Programa Genética Prime Marfrig.
O programa envolve financiamento, pelo Grupo Marfrig, de sêmen de
touros Angus credenciados, que devem passar por estudos de campo e
avaliações técnicas por ultra-som, avaliações de DEPs (Diferença Esperada
na Progênie) e análise de característi-
cas desejáveis por marcadores
moleculares (DNA).
Os projetos de pecuária participantes deste programa vão receber essa
genética diferenciada para inseminar
suas matrizes e contarão com assistência sanitária, nutricional e reprodutiva
de profissionais credenciados pelo Frigorífico Marfrig. O Genética Prime
Marfrig na verdade é uma extensão do
Programa Carne Angus Certificada, da
Associação Brasileira de Angus, que
tem como base padronizar animais, a
partir de genética diferenciada, gerando melhor remuneração aos produtores participantes.
O engenheiro agrônomo Roberto
Barcellos, gerente de projetos especiais do Marfrig, observou durante o lançamento que o programa de fomento
ao criador envolve integração dos
pecuaristas que buscam animais precoces e produtivos, com o uso de genética Angus. Entre os benefícios aos
pecuaristas, Barcellos ressalta o aumento da produtividade e garantia de compra com diferencial de remuneração
em relação ao mercado. “O Marfrig
assumirá o compromisso de compra de
todos os animais nascidos (machos e
fêmeas), pagando o mesmo preço do
boi gordo (base Esalq, a prazo), da região mais próxima da fazenda vendedora do gado”, garantiu Barcellos.
O novo programa já garantiu a
participação da Associação Brasileira de
Inseminação Artificial (Asbia), e é também aberto a todas as centrais, tendo
abrangência nacional a partir dos resultados obtidos entre 2007 e 2008
(projeto-piloto).
Segundo o gerente de operações da
Associação Brasileira de Angus (ABA),
Fernando Velloso, que acompanhou o
lançamento, “a ABA quer valorizar a
genética nacional e usá-la em larga escala. E com o programa, teremos uma
nova ferramenta para gerar informações técnicas sobre touros nacionais,
com dados desde o nascimento até o
abate dos animais”, avalia. Todos os
animais do projeto serão identificados
individualmente conforme as normas
do Sisbov, com o objetivo de controlar todas as etapas do processo de produção.
O lançamento do programa também contou com a presença do técnico do Programa Carne Angus Certificada em São Paulo, Tito Mondadori,
e do vice-presidente da Asbia, Adriano
Rubio.
Entre os criadores e investidores
em Angus, destaque no evento para a
participação dos criadores Jovelino
Mineiro e Antonio dos Santos Maciel
Neto.
Fazenda MC lança espaço gastronômico em São Paulo
Um espaço diversificado que abriga num mesmo endereço um restaurante e boutique de carnes nobres, hamburgueria, cafeteria com grãos italianos tipo exportação, adega com vinhos de qualidade e um loungue para se
curtir boa música. Estes ingredientes especiais convivem no novo espaço
gastronômico de São Paulo, a Fazenda MC - Red Angus Beef, que tem
tudo para se tornar o mais disputado “point’ dos Jardins. O coordenador
do Programa Carne Angus Certificada da ABA, Fernando Frutado Velloso,
realizou palestra durante a inauguração do restaurante, mostrando ao público a raça Aberdeen Angus, criada no Brasil desde 1906.
O projeto exigiu mais de 10 meses de construção, e investimento de
R$ 15 milhões por parte do empresário e criador Eloy Tuffi, presidente da
rede de escolas de informática
Microcamp e proprietário da Fazen-
da MC, em Espírito Santo do Pinhal,
de onde originou o nome do empreendimento, criadora da raça Angus.
Outra estratégia do empresário é
difundir o a raça Angus, que produz
carne reconhecida internacionalmen-
Restaurante Fazenda MC disputa clientes em exclusivo "point" nos Jardins
te pela maciez, suculência e sabor,
muito apreciada por argentinos, canadenses e europeus, mas ainda desconhecida de muitos brasileiros. A
proposta do criador é justamente
mostrar que o Brasil também produz
carne nobre de qualidade.
O restaurante fica num ambiente
reservado, requintado e acolhedor,
com capacidade para atender 140 pessoas confortavelmente. O carro chefe são as carnes da marca Red Angus
Beef, em especial o Cote de Bouef; T
Bone Steak, Chouriço, Baby beef e a
mini parrilhada.
As carnes são grelhadas em churrasqueira de carvão e os pratos preparados à vista do cliente, numa cozinha panorâmica. É ali que a casa prova que é competente em sua especialidade: o churrasco.
No comando da cozinha, está o
gerente gastronômico Gaspar
Lopes, um português de Lisboa que
começou como garçom e formouse na requisitada Glion Institute of
Higher Education, na Suíça, considerada como uma das maiores faculdades de hotelaria do mundo.
Lopes está no rol dos poucos que
conviveram com grandes astros
como Richard Burton, Elizabeth
Taylor, Orson Welles, Catherine
Ambiente interno do restaurante valoriza a raça Angus
Deneuve, Alain Delon e Frank
Sinatra. Também acumulou em seu
currículo diversas experiências em
hotéis de luxo até chegar ao Brasil
em 1984. Em seu currículo no país
acumulam-se passagens pelas redes
de hotéis Accor e Oton, além de
gerenciar o Marina Park Hotel, em
Fortaleza e o restaurante Leopoldo,
em São Paulo.
O showroom conta ainda com a
Red Angus Burguer, uma casa especializada em hambúrgueres diferenciados. Ao contrário dos hambúrgueres industrializados existentes no mercado, o hambúrguer não leva soja nem
água em sua composição. É feito com
100% de carne e é servido grelhado,
acompanhado de batata frita e salada.
Anexo à hamburgueria, fica a
boutique de carnes nobres, onde são
oferecidos os produtos da grife Red
Angus Beef. São 20 tipos de cortes
especiais feitos artesanalmente.
O ambiente da loja é climatizado,
as carnes são limpas, porcionadas e
dispostas em display próprio. Na loja
o cliente ainda encontra uma linha
completa de acessórios para churrasco, desde churrasqueira, talheres, tábuas até temperos especiais.
Foto: JG Martini
Março/Abril de 2008
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Março/Abril de 2008
PROGRAMAS ABA
ABA e Gruta fecham parceria no
programa Terneiro Certificado
Fotos: Divulgação / ABA
O programa Terneiro Angus Certificado, lançado no segundo semestre
de 2007 pela Associação Brasileira de Angus (ABA), com a meta principal
de valorizar os terneiros produzidos a partir de genética Angus, além de já
ter alcançado bons resultados iniciais ainda na temporada 2007, elevando o
preço pago por terneiros claramente caracterizados como portadores de
genética Angus, também já adicionou, no final de 2007, novas parcerias.
Foi o caso, por exemplo, da Fazenda Nossa Senhora da Gruta e do
Frigorífico da Gruta, grupo de
Herval, RS, empreendimento dirigido pelo criador de Angus Danilo
Arismendi Garcia. A Fazenda Nossa
Senhora da Gruta também pertence
a Clarice Costa Caldas.
A parceria deverá proporcionar
produção que, na reta final, estará voltada a abastecer tanto ao Programa
Carne Angus Certificada, da ABA,
quanto o Frigorífico da Gruta, reunindo produtores de destacados municípios da Metade Sul do Rio Grande do Sul.
Evento de sucesso
Em concorrido evento realizado
pela Estância da Gruta no dia 14 de
dezembro de 2007, no Sindicato Rural de Herval, Danilo Garcia apresentou a intenção de certificar até 800
terneiros Angus e cruza Angus pelo
Programa Reprodutivo Gruta (PRG),
agora em 2008. Segundo Garcia, o
PRG (que repassa touros para criadores parceiros produzirem na troca
por 1,5 mil quilos de terneiro vivo
para a Gruta engordar), já abrange os
municípios de Arroio Grande,
Jaguarão, Pedras Altas, Pedro Osório,
Rio Grande, além de Herval, na Me-
tade Sul gaúcha.
“A sociedade com a genética
Angus nós já realizamos e estamos
muito satisfeitos com os resultados.
Agora estamos começando uma parceria com a Associação Brasileira de
Angus, com a meta de difundir a raça
em nossa região, para termos melhor
qualidade de gado e de produção de
carne num futuro que está logo ali, a
julgar pela velocidade da genética
Angus”, anuncia Danilo Garcia. Ele
diz que entre suas metas, está a obtenção da certificação da carne produzida por seu projeto.
“Nesta nova parceria com a ABA
relativa ao programa Terneiro Angus
Certificado, através do Programa
Reprodutivo Gruta e do Frigorífico
da Gruta, vamos custear a certificação
dos animais dos parceiros integrantes
do PRG, assumindo o compromisso
de compra dos terneiros certificados
com sobrepreço de 5% sobre o preço
médio de mercado e, no caso de abate de animais, vamos dar a garantia
de bonificação de novilhos certificados pelo Frigorífico da Gruta”, explica o dirigente, que também é entusiasmado criador de Angus, juntamente com a esposa, Clarice Costa Caldas, na Estância da Gruta.
O grupo, a partir da esquerda: João Martins - administração do Frigorífico da Gruta,
Lucas Evaldt – veterinário da Angus da Gruta, Dimas Rocha e Velloso – técnicos da
ABA, Clarice Costa Caldas e Danilo Garcia – proprietários da Gruta e Luiz Sérgio Faria
- técnico da ABA.
Danilo Garcia (ao microfone) apresentou
o Programa da Gruta. Ao lado, o
presidente do Sindicato Rural de Herval,
Ildo Sallaberry.
Padronização já acontece
Durante o evento, que mobilizou
os produtores de toda a região Sul do
Estado gaúcho, o gerente de operações
da ABA e coordenador do Programa
Carne Angus Certificada, Fernando
Furtado Velloso, falou sobre as metas
e o funcionamento do novo programa
no RS. “Para quem produz cria, o
Terneiro Angus Certificado tem o
mesmo padrão do Programa Carne
Angus”, exemplificou, ao lembrar que
para participar deste programa os animais precisam ser Angus ou cruzas
Angus caracterizadas.
Além de Fernando Velloso, também participaram representando a
ABA os técnicos Dimas Rocha e Luiz
Sérgio Santos de Faria, técnico da
ABA para aquela região. O encontro
foi encerado com uma degustação de
carne Angus da produção da Gruta.
O evento também foi palco para o
lançamento da I Feira de Terneiros de
Herval, com a presença do presidente
do Sindicato Rural de Herval, Ildo
Sallaberry, e foi ainda apresentado o
resultado do Programa Reprodutivo da
Gruta pelo médico veterinário responsável pelo PRG, Lucas Martins Evaldt.
Terneiro Angus Certificado.
Velloso destacou o padrão de criação apresentado por países reconhecidos por sua excelência na produção
de carne Angus como Argentina, Uruguai, Austrália e Estados Unidos, ressaltando a padronização que já começa a ocorrer no Brasil, especialmente
Técnicos do Programa Carne Angus realizam reciclagem em Bagé
Ocorreu no primeiro sábado de março, em Bagé (RS), a Reunião Anual
dos Técnicos do Programa Carne Angus Certificada/RS, da Associação Brasileira de Angus (ABA). Além da revisão dos resultados de 2007, os técnicos passaram por reciclagem e atualização envolvendo treinamento que
orientava a adequada classificação de carcaças.
Nessa etapa, a equipe técnica coordenada por Fernando Velloso e Fábio Medeiros, com auxílio das
supervisoras Ana Doralina Menezes
e Gabriela Ribeiro da Silva, realizou
exercícios práticos onde os
certificadores apontavam o grau de
acabamento de gordura e conformação de carcaças mostradas em fotos.
Segundo
Velloso,
essa
metodologia teve o “intuito de se
aproximar do dia-a-dia deles no frigorífico e de aprimorar a técnica”. Na
seqüência, Medeiros apresentou as
atualizações do Manual de Qualidade do Programa Carne Angus Certificada. Ainda ocorreram debates e
uma palestra sobre o Terneiro Angus
Certificado, programa da ABA lançado na Expointer 2007. À tarde, estava prevista visita a campo na
Agropecuária Quiri (Dom Pedrito/
RS), de propriedade da diretora do
Programa Carne Angus Certificada,
Vivian Pötter, que atuou no planejamento e execução da reunião anual.
Lá, o grupo verificaria a produção de
genética com foco em qualidade de
carcaça. No entanto, a forte chuva que
caiu na região impediu o cumprimento da programação.
Estiveram
presentes
os
certificadores do Programa Carne
Angus Certificada/RS, Daniel Paz,
João Hermes Souza, Jonas Ferrari
Maximila, Márcia Gomes, Maria da
Graça Jacinto e Silvia Andrade da Silva, além dos coordenadores,
supervisores e da estagiária do Carne
Angus, Fernanda Werba. O encontro foi realizado na sede da Arco (Associação Brasileira de Criadores de
Ovinos).
Ainda neste ano deverá ocorrer a
Reunião Anual dos Técnicos do Programa Carne Angus Certificada/SP
reunindo os técnicos que acompanham os abates e produção no Frigorífico Marfrig e VPJ Beef, marca que
desde 2007 conta com certificação do
programa de carnes da ABA.
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Março/Abril de 2008
CONSELHO TÉCNICO
Como produzir animais geneticamente
superiores - Dupla Marca “PP e CACA”
Os produtores interessados em produzir
reprodutores geneticamente superiores devem
participar do PROMEBO (Programa de Melhoramento de Bovinos de Carne).
O Promebo® visa aumentar a Precisão de
Seleção para características herdáveis e de importância econômica, tais como peso ao nascer
cer, peso ao desmame
desmame, peso ao sobreano
sobreano,
reprodução regular
regular, habilidade materna e
conformação superior
superior.
Laços genéticos entre rebanhos, determinados pelo uso de touros em comum, através da
Inseminação Artificial, é que permitem a comparação direta de indivíduos de diferentes rebanhos.
A DEP - Diferença Esperada na Progênie - é
a forma de apresentação do mérito genético, sendo diretamente comparável entre todos os animais presentes na análise: touros pais, ventres e
produtos ainda sem progênie.
- Características importantes:
a) Todos os animais do rebanho em controNão há pré-seleção
le participam (Não
pré-seleção);
b) os animais são criados e avaliados nas condições normais de criação de cada estabelecimento;
c) todos os animais de mesmo sexo e código
ou regime de manejo alimentar recebem oporManejo e alimentação unitunidades iguais (Manejo
formes
formes);
d) O programa, apesar de usar uma
metodologia avançada de análise, é bastante SIMPLES para o criador, podendo, em rebanhos com
uma única estação de produção (primavera),
envolver somente um manejo de mangueira por
ano.
- Critérios do Promebo:
(*) Peso ao Nascer.
(*) Ganho de Peso do Nascimento a
Desmama: ajustado aos 205 dias e à idade da
mãe.
(*) Ganho de Peso do Nascimento até o
Sobreano: ajustado aos 410 dias de idade.
(*) Escores Visuais, para estimar a composição do ganho de peso dos animais, onde:
C: = Conformação;
P: = Precocidade;
M = Musculosidade;
T = Tamanho.
(*) Índice de Seleção: os dados são reunidos num índice, com uma ponderação de no
mínimo 50% para características ponderais (ganhos de peso).
(*) Circunferência Escrotal.
(*) Racial (animais com racial 3-5 podem
receber dupla marca).
(*) O programa estima ainda:
- para ventres: a Habilidade de Produção
Esperada (HPE), também chamada habilidade
maternal, e o Índice Materno do Promebo
(IMP), que leva em conta a HPE e intervalo
médio entre partos das vacas;
- para touros pais: mérito genético dos touros que o criador esteja utilizando na reprodução para cada uma das características avaliadas.
Outras características avaliadas:
(*) Pêlo
- adaptação: resistência ao calor e ao carrapato.
(*) Contagem de carrapatos
- seleção de linhagens resistentes ao carrapato.
(*) Características de carcaça
- Avaliação de carcaça por Ultra-som (AOL,
EGS e P8).
Resultados Práticos:
Seleção Animal Completa: visual, objetiva e
genética
a) Candidatos a touro;
b) Melhores novilhas para a reposição através da performance da mãe e da sua própria
performance;
c) Melhores touros pais em utilização, através da performance de suas progênies;
d) Vacas de melhor eficiência reprodutiva e
maior capacidade em desmamar terneiros pesados;
e) Identificação de animais dupla marca “PP
ou CACA”.
Reprodutores dupla marca “PP ou CACA”
Os animais classificados entre Deca 1 a 4 na
raça (os 40% superiores) recebem a marca “PP”
quando são da categoria PO ou “CACA” quando são da categoria PC.
Para garantir a evolução constante de nossos
rebanhos nos rebanhos PC (Puro Controlado)
somente utiliza-se touros PC quando eles forem
dupla marca “CACA”, pois estes são geneticamente superiores.
- Exigências para o criador
a) Balança apropriada (individual e com bom
nível de precisão), eletrônica ou mecânica;
b) Rebanho Controlado: animais identificados, com controle de nascimentos, pais conhe-
Este é um diferencial da raça Aberdeen Angus
no melhoramento genético do seu rebanho
cidos e avaliações em momentos estratégicos (desmame e pós-desmame).
• Implementação da avaliação genética:
• Realizar o controle genealógico dos
animais;
• Contatar os técnicos credenciados pelo
PROMEBO/ABA para realizar as avaliações;
• Realizar a avaliação ao desmame, dando início ao melhoramento genético na
propriedade.
Lembre-se: PROMEBO é investimento!
Maiores informações www.promebo.rg3.net
Técnicos ABA estão preparados
para certificar terneiros Angus
O Terneiro Angus Certificado está preparando uma intensiva de certificações nos meses de
abril e maio com o objetivo de aumentar o número de terneiros certificados nos leilões apoiados
pela ABA. O corpo técnico esta pronto para iniciar as certificações.
Todos os produtores de terneiros do Brasil que
tenham terneiros Angus e Cruza Angus (associados ou não da ABA) podem participar do programa e certificar os seus terneiros.
1.1. Pré-requisito para participar
Utilizar touros ANGUS registrados CA,
CACA, PO ou POPO, e/ou sêmen. Comprovados através de cópia do Registro Definitivo dos
animais ou Nota Fiscal (NF) do Sêmen.
2. Animais selecionados para o Programa
2.1. Processo de Seleção
Todos os terneiros (as) devem ser inspecionados por um Técnico da ABA credenciado.
2.2. Padrão Animal
Animal:
Serão selecionados para o Programa animais
Angus e Cruza Angus conforme descrição
abaixo:
ANGUS
1. ANGUS E RED ANGUS definidos (pretos e vermelhos), com o padrão racial da Raça
Abeerden Angus com tolerância no item referente as manchas brancas. Serão permitidas
manchas brancas em toda a extensão da linha
ventral (inferior).
Cruza ANGUS
2. Brangus e Red Brangus definidos;
3. Cruzamentos com zebuínos: mínimo de
5/8 de “sangue” Angus (RS).
4. Cruzamentos com zebuínos: mínimo de
1/2 de “sangue” Angus (outros estados).
5. Cruzamentos com raças européias: mínimo 50 % de “sangue” Angus.
Neste padrão de cruzamentos, as principais
pelagens que ocorrem são: Preta, osca tapada,
fumaça, amarela; pampa preta, mascarada preta, mascarada vermelha; brazina e vermelha. Os
MOCHOS,
animais selecionados devem ser MOCHOS
preferencialmente “Rastreados” e os machos
obrigatoriamente CASTRADOS
CASTRADOS.
2.3. Identificação
Identificação da ABA:
Brinco ABA com numeração seqüencial.
Obs.: Agenda de leilões - veja anúncio do
Terneiro Angus neste jornal.
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MOVIMENTO
Março/Abril de 2008
ExpoLondrina 2008 mostra
força da raça no Paraná
Fotos: Divulgação / ABA
“Eles olharam nossos animais, deram uma olhada em nós, e
acho que só não nos chamaram de loucos por respeito”, ilustrou
o criador Reynaldo Tittof Salvador, ao recordar da primeira vez
que pisou no parque de exposições de Londrina, levando um lote
de reprodutores Angus da Cabanha Azul para a exposição daquela cidade paranaense. “Nós e nossos animais, naquele parque, éramos os verdadeiros peixes fora dágua”, definiu Salvador.
Mas isto aconteceu em 1985. E
convenhamos que, de lá para cá, tudo
mudou ...
Conforme o criador, naquela época, além de desconhecida naquela região do Brasil, a raça Aberdeen Angus
sequer contava com uma programação naquela importante feira de gado.
“Não tinha nem julgamento de classificação em pista e os animais que
levamos eram todos rústicos”, conta
o ex-presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA) e atual diretor
comercial da Cia Azul, em
Uruguaiana, RS.
“Agimos como desbravadores e
fomos até lá para ver no que ia dar”,
definiu.
Pois a exposição se realizou, muita gente olhou com ar de curiosidade
os reprodutores Angus lá expostos,
mas nenhuma venda foi feita”, conta
Salvador.
João Vieira de Macedo
Neto, proprietário da
Cabanha Azul, estava à frente do grupo, naquele 1985.
Segundo diz, depois da mostra, a tourada Angus foi levada para a propriedade do
então presidente da Sociedade Rural do Paraná, o criador Brasílio Araújo. “Não queríamos
levar os reprodutores de volta para
Quaraí e ainda tínhamos alguma esperança de fazer negócios”, justificou
Macedo.
Pois Brasílio Araújo usou a tourada Angus (eram dez touros CA) na
época da monta, cobrindo com eles
uma vaca anelorada de seu rebanho.
E a grande e boa surpresa aconteceu
quando nasceu a terneirada resultante deste cruzamento. Araújo gostou
tanto, que sem discutir preço, um ano
depois, arrematou a totalidade dos
ExpoLondrina: Angus já tem uma trajetória de 23 anos de sucesso nas pistas
touros.
Era o início da boa fama da genética Angus naqueles pagos do Brasil.
Outros produtores da região viram os
resultados e, também embalados e
orientados pelo então Programa
Natura, tocado em parceria com a
Cabanha Azul, passaram a realizar
cruzamentos usando touros Angus
sobre vacadas Nelore. O mentor e
orientador do Programa Natura, digase de passagem, era o saudoso pesquisador e geneticista gaúcho Luiz
Alberto Fries.
Workshop Angus
destaca eficiência da raça
Nesta 48° Exposição de Londrina, um dos
grandes destaques da raça Aberdeen Angus será a
realização do Workshop “A eficiência do Angus
na pecuária do Paraná”. O evento, programado
para o dia 10 de abril, às 14h30min, terá como
local o auditório da Sociedade Rural do Paraná.
Pelo segundo ano consecutivo, a Associação
Brasileira de Angus (ABA) promove um evento
técnico durante a ExpoLondrina, com o objetivo
de levar informações aos produtores e divulgar as
vantagens da utilização da genética Angus naquela importante região de produção pecuária do País.
Os produtores do estado paranaense, que possui atualmente um dos principais criatórios de
Angus do Brasil, terão a oportunidade de partici-
par de debates e palestras com o foco voltado á
eficiência da raça Aberdeen Angus na cria e produção de novilhos precoces. Também poderão
conhecer informações técnicas sobre os diferenciais de qualidade da carne Angus, além de assistirem palestra sobre os programas de fomento da
ABA – Terneiro Angus Certificado e Carne Angus
Certificada.
No ano passado, mais de 70 pessoas acompanharam a primeira edição do evento organizado
na ExpoLondrina pela ABA, que igualmente contou com palestras e debates em torno da raça. Este
ano o evento é uma promoção conjunta da Associação Brasileira de Angus e do Núcleo de Criadores de Angus do Paraná.
A partir daí, a Associação Brasileira de Angus (ABA) tomou as rédeas das iniciativas e passou a interagir
com a Sociedade Rural do Paraná,
organizando a presença da raça
Aberdeen Angus naquele importante
evento da agropecuária brasileira.
Angus cresce no Paraná
Na atualidade, a raça Aberdeen
Angus é uma das mais importantes
na programação da ExpoLondrina. A
mostra da raça conta pontos ao
Ranking Nacional de Angus e reúne
no parque de Exposições Governador
Ney Braga, em Londrina, PR, uma
representação de cerca de 200 animais
de argola, pertencentes a um seleto e
crescente grupo de criadores de vários pontos do Brasil.
A representação de Angus nesta
48ª edição da Exposição de Londrina, que para a raça começa no dia 8
de abril, promete não só manter, mas
ampliar o destaque que vem alcançando nesta feira nos últimos anos, no
parque de Exposições Governador
Ney Braga, em Londrina, PR.
Veja aqui a programação
da raça na ExpoLondrina
Período: 08/04 a 13/04/2008 - 2° turno
Workshop – A eficiência do Angus na pecuária do Paraná: 10/04 – 14h30min
Julgamento de machos/Argola: 11/04 – à tarde – Pista Central
Julgamento fêmeas: 12/04 – manhã e tarde – Pista central
Leilão GB Agropecuária – 11/04 - Recinto José Garcia Molina
1º Leilão Conexão Angus – 13/04 – às 14h - Recinto Horácio Sabino Coimbra
Ciranda
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Vem aí a Expo Nacional
de Rústicos Angus
Março/Abril de 2008
Isto mesmo. Assim como já vem
realizando com sucesso durante a
Feicorte, em São Paulo, SP, a mostra nacional de animais de argola, a
Associação Brasileira de Angus
(ABA) também vai promover e
alavancar a comercialização de animais rústicos, e se proximando ainda mais da área de produção de
campo. A I Exposição Nacional de
Rústicos Angus, anunciada como
boa novidade para este ano pelo
presidente da ABA, José Paulo
Dornelles Cairoli, em encontro
com a mídia especializada no final
de fevereiro, será realizada em outubro deste ano, paralelamente à
66ª Exposição Agropecuária de Alegrete, em Alegrete, RS. É a ABA
próxima ao campo, ao gado comercial, rústico, e ao produtor de rústicos Angus.
O novo evento, criado e organizado pela ABA, tem como meta impulsionar a valorização também dos
animais comerciais, assim como do
produtor que utiliza genética Angus
e tem seu foco de trabalho voltado aos
reprodutores destinados à produção
de carne de qualidade. “Queremos
fomentar o alto padrão da raça no
País, assim como a produção de animais de plantel e de corte”, definiu o
presidente da ABA.
“O produtor e vendedor de bois
ou de novilhos já tem seu vínculo com
a ABA Através do Programa Carne
Angus Certificada. O produtor de
terneiros valoriza os resultados de sua
atividade através do recém lançado
Terneiro Angus Certificado. E agora
a ABA se aproxima ainda mais do produtor que utiliza a genética Angus
para a produção e comercialização de
reprodutores rústicos, pois é através
desses animais que a genética Angus
chega aos rebanhos de campo”, examina o gerente de operações da associação, Fernando Velloso.
MOVIMENTO
A mostra de Rústicos Angus será
realizada justamente num momento
de excelência para a raça Aberdeen
Angus no Brasil. Em 2007, a Angus
foi a primeira raça taurina em
comercialização de reprodutores no
Brasil. É um feito que deve ser comemorado por todos os criadores e produtores que utilizam a eficiente genética Angus no País e é também uma
colocação que agrega ainda mais valor a todo o trabalho de desenvolvimento e seleção de rebanhos Angus
no País.
Para a Exposição Nacional de
Rústicos Angus, estão sendo esperadas inscrições de mais de 500 animais,
para
julgamento
e
para
comercialização. E juntamente com
o novo evento, serão realizadas outras
atividades ligadas ao incremento da
raça, tais como palestras técnicas e
ações práticas no parque de Alegrete.
“Nossa missão é de estar ao lado do
produtor de Angus e de criar eventos
capazes de agregar cada vez mais informações aos criadores”, sintetiza
Velloso.
Leilões Chancelados ABA
alavancam marketing da raça
Sempre preocupada em ser parceira dos criadores em todas as atividades que envolvem a raça, a Associação Brasileira de Angus (ABA) desenvolveu uma ação especial para
aquecer os leilões de Angus. São os
Leilões Chancelados, um serviço que
a ABA oferece aos associados, para
que, juntos, potencializem ainda
mais a Raça Aberdeen Angus no País.
Chancelar um leilão junto à ABA
traz vantagens ao promotor do evento e ao mesmo tempo funciona como
uma
forte
alavanca
na
comercialização do remate de Angus.
Através desta iniciativa conjunta, o criador contribui com a ABA
para um fundo destinado ao
marketing da raça, que tem como
objetivo proporcionar uma divulgação cada vez maior e melhor dos Leilões Angus pelo País, através de
anúncios em vários meios de Comunicação de efeito comprovado em
resultados, tais como o site Angus,
revistas, folders e jornais, com destaque ao informativo oficial da ABA,
o jornal Angus@newS.
Veja, a seguir, algumas das vantagens para quem “chancela seu leilão junto à ABA”:
- Full Banner rotativo no site da ABA
- www.angus.org.br com link de
acesso ao site da propriedade;
- Divulgação na Agenda de Eventos
no site da ABA;
- Divulgação do Leilão via
Newsletter distribuída ao mailing da
ABA;
- Divulgação no Jornal
Angus@newS;
- Disponibilização da Assessoria de
Imprensa da ABA - Chamada para o
evento e divulgação dos resultados;
- Divulgação ampla pela ABA, especialmente em revistas do setor rural,
como DBO e AG Leilões, entre outros veículos.
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Março/Abril de 2008
MOVIMENTO
Foto: Horst Knak / Agência Ciranda
Exposições ranqueadas:
um novo desafio em 2008
Um novo desafio está começando. A largada foi dada em Avaré, quando foram computados os primeiros pontos do Ranking Angus 2008. O próximo momento será a
ExpoLondrina, quando ficará demonstrado o potencial da raça no Paraná, Sudeste e
Centro-Oeste. A cada ano que passa, novos criadores intensificam a disputa, já que o
Ranking Angus revelou-se uma ferramenta de intensa e constante valorização dos produtos dos vencedores. Este ano, 22 mostras integram o Ranking Angus 2008. Veja na
tabela todas as mostras já ranqueadas pela ABA.
EXPOSIÇÕES RANQUEADAS 2008
FEVEREIRO
• 25/02 a 02/03 - Exposição de Avaré
(argola)
ABRIL
• 08/04 a 13/04 - 2° Turno - 48°
ExpoLondrina - PR (argola)
• 18/04 a 27/04 - Exposição de Itapetininga
(argola)
• 29/04 a 04/05 - 6° Exposição de Outono
de Uruguaiana/RS (argola e rústico)
MAIO
• 08/05 a 18/05 - Exposição de Maringá
(argola)
• 28/05 a 01/06 - Outono Angus Show
(argola e rústicos)
JUNHO
• 17/06 a 21/06 - Feicorte/SP (argola)
JULHO
• 04/07 a 13/07 - Exposição de Araçatuba
(argola)
AGOSTO
• Agosto/2008 - Guarapuava (argola)
• 30/08 a 07/09 - Expointer/RS (argola e
rústicos)
SETEMBRO
• 30/09 a 05/10 - Exposição de Primavera de
Uruguaiana (argola e rústicos)
OUTUBRO
• 03/10 a 14/10 - Expofeira de Pelotas
• 06/10 a 12/10 - Exposição de São José do
Rio Preto (argola)
• 11/10 a 21/10 - Expofeira de Bagé (rústicos)
• 11/10 a 21/10 - 66° Expofeira de Alegrete 1ª Exposição Nacional de Rústicos Angus
• 13/10 a 21/10 - Expofeira de Santa Maria
(rústicos)
• 16/10 a 19/10 - Exposição de Cachoeira do
Sul (rústicos)
• 17/10 - Exposição de Santana do
Livramento (rústicos)
• 23/10 a 27/10 - 42° Exposição Agropecuária
de São Francisco de Assis (rústicos)
• Outubro/2008 - Expofeira de Dom Pedrito
(rústicos)
NOVEMBRO
• 04/11 a 10/11 - Expofeira de Rio Grande
(rústicos)
• Novembro/2008 - Cascavel (argola)
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MOVIMENTO
Março/Abril de 2008
Com charme e otimismo, Leilão Nova
Era fechou o ano comercial Angus
Fotos: Felipe Ulbricht /ABA
Realizado no dia 6 de dezembro de 2007, nas dependências do Country
Club, em Porto Alegre, RS, a quarta edição do Leilão Angus Nova Era
comercializou um total de R$ 157.050,00, com a comercialização de 17 prenhezes e 115 doses de sêmen de destacados reprodutores Angus. Parte da
renda do pregão destina-se à aplicação, pela ABA, em eventos promocionais
com o intuito de promover, cada vez mais, a raça Aberdeen Angus no Brasil.
Ao cair do martelo do leiloeiro Eduardo Knorr, da Knorr Remates, o
destaque entre as prenhezes ofertadas foi para o lote com genética de Catanduva
TE 18 com King Rob, da Cabanha Catanduva, de Fábio e Fabiana Gomes,
de Cachoeira do Sul, RS. O lote foi valorizado em R$ 15 mil pelo tradicional
criador João Vieira de Macedo Neto, da centenária Cabanha Azul, de Quarai,
RS. A prenhez apresenta a mesma combinação genética do touro bi-Grande
Campeão da Expointer, Catanduva Nostradamus.
Já na oferta de sêmen, a sensação da noite foi a aquisição de cinco doses
do touro Whitestone Widespread MB, da reserva da Cabanha Don Messias,
de São Gabriel, RS, de propriedade de Carlos Messias Marques Antunes.
Cada dose foi arrematada no leilão à média de R$ 7,5 mil, representando o
recorde de preço na venda de doses de sêmen na raça”. A compra foi realizada
por Eltar Tólio, da Tólio´s Farm (Formigueiro, RS) que desembolsou R$
37.500,00 pelo material genético.
O criador observou que já possui sêmen do mesmo touro em sua propriedade, pela enorme importância do reprodutor Widespread. “Na exposição
de primavera de Santa Maria, RS deste ano, houve preferência por filhos de
Widespread, no remate”, lembrou Eltar Tólio.
Casa do Angus em Rio Grande
Foto: Divulgação /ABA
Leilão Angus Nova Era arrecada recursos para investimento no marketing da raça
Angus Grande do Sul
Foto: Divulgação /ABA
Diretores do Núcleo Sudeste nas novas instalações
Os criadores de Angus já tem um
novo e exclusivo espaço no parque
de exposições da cidade gaúcha de
Rio Grande. Presidido pelo criador
Joaquim Francisco de Assumpção
Mello (que também ocupa uma das
vice-presidências da Associação Brasileira de Angus), o Núcleo Sudeste
de Criadores de Aberdeen Angus,
com base em Pelotas, RS, recebeu do
presidente do Sindicato Rural de Rio
Grande, Eduardo Cardoso, um espaço cedido no parque de exposições
do município onde funcionará a
Casa Angus.
“Agora o criador e o interessado
em Angus, seja da região ou de fora,
já sabe onde ficar durante os eventos da raça no parque de Rio Grande”, comemora Joaquim Mello. E segundo Ronaldo Zechlinski de Oli-
veira, membro do Núcleo Sudeste de
Criadores de Angus, a nova Casa do
Angus, que passou por reformas em
2007, será ponto de encontro dos
criadores da raça que participarem
de exposições e remates no município.
A inauguração do novo espaço
Angus ocorreu no final do ano passado, durante a realização da terceira exposição de animais a campo
ranqueada da raça Aberdeen Angus.
Os julgamentos de classificação de
26 trios foi realizado pelo técnico da
Associação Brasileira de Angus
(ABA) Irajá Cibilis, com o auxílio do
também técnico da ABA Luiz Sérgio Santos de Faria, durante a 33ª
Expofeira do município, promovida
pelo Sindicato Rural de Rio Grande.
Melhor touro rústico da mostra
No 5º Leilão Angus Grande do
Sul, realizado durante o evento, em
Rio Grande, foram vendidos 40 touros e 20 fêmeas Angus. O reprodutor
mais valorizado saiu por R$ 7 mil
para Márcio Jacobs, de Rio
Grande,RS. O exemplar foi apresentado pela Estância Santa Eulália, de
Joaquim Mello, em Pelotas, RS. O
maior investidor foi Luiz Fidel, que
arrematou cinco touros no total de
R$ 27,5 mil para produção em Rio
Grande e Santa Vitória do Palmar,
RS. A média dos touros foi de R$
5,2 mil.
Os campeões
Machos PO - Trio grande campeão (tatuagem 440, 425 e 417), de
Melhor fêmea rústica de Rio Grande
Joaquim F. B. A. Mello, Estância Santa
Eulália, Pelotas, RS; Trio reservado
grande campeão (tat. E53, E47 e E41),
Parceria Evaldo Marchand e Valdir
Silveira, Fazenda Areial Santa Cecília,
Rio Grande, RS; Terceiro melhor trio
(tat. 456, 453 e 450), de Joaquim F. B.
A. Mello, Estância Santa Eulália,
Pelotas, RS.
Fêmeas PO - Trio grande campeão
(tat. 458, 449 e 451), de Joaquim F. B.
A. Mello, Estância Santa Eulália,
Pelotas, RS; Trio reservado grande campeão (tat. 470, 457 e 460), de Joaquim
F. B. A. Mello, Estância Santa Eulália,
Pelotas, RS.
Machos PC - Trio grande campeão
(tat. 1226, 1223 e 1219), Parceria Rotta
Assis, Estância Tradição, Santa Vitória do Palmar, RS; Trio reservado
grande campeão (tat. 880, 879 e 878),
Joaquim F. B. A. Mello, Estância Santa Eulália, Pelotas, RS; Terceiro melhor trio (tat. 960, 948 e 941), Joaquim F. B. A. Mello, Estância Santa
Eulália, Pelotas, RS.
Fêmeas PC - Trio grande campeão (tat. 939, 936 e 935), de Joaquim F. B. A. Mello, Estância Santa
Eulália, Pelotas, RS; Trio reservado
grande campeão (tat. 953, 950 e 938),
de Joaquim F. B. A. Mello, Estância
Santa Eulália, Pelotas, RS; Terceiro
melhor trio a campo (tat. 979, 956 e
951), de Joaquim F. B. A. Mello, Estância Santa Eulália, Pelotas, RS.
MOVIMENTO
Março/Abril de 2008
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Março/Abril de 2008
RANKING 2007
Ranking Angus
cresce no ritmo da raça
A oitava edição do Ranking Oficial de Criadores e Expositores da Associação Brasileira de Angus
(ABA), mais uma vez em 2007 acompanhou e por certo ampliou o brilho da raça nas pistas de julgamentos de todo o País. Na verdade, especialmente em 2007 ficou evidente que o interesse do mercado pelo
Ranking Angus cresce na proporção da escalada de sucesso que principalmente na última década vem
sendo comemorada pela raça em todo o Brasil.
Foto: Felipe Ulbricht / ABA
Presidente da ABA, José Paulo Dornelles Cairoli, ao lados dos diretores da ABA, fez as honras da entrega
dos prêmios aos vencedores do Ranking Angus 2007, durante a realização do Leilão Nova Era 2007
Por Eduardo Fehn Teixeira
Em regiões de destaque tais como
São Paulo, Paraná e Rio Grande do
Sul, o Ranking Angus 2007 foi disputado em 21 certames ranqueados
pela entidade. As exposições que em
2007 reuniram as condições para a
classificação “A” no circuito do
ranking da ABA foram: Expolondrina
(Londrina, PR), Feicorte (São Paulo,
SP), Expointer (Esteio, RS) e a Exposição de Outono de Uruguaiana
(em Uruguaiana, RS). As mostras
classificadas como categoria “B” foram formadas pelo grupo das 17 exposições que integram o circuito, todas devidamente chanceladas pela
ABA.
As exposições são divididas em
categorias conforme o número de
animais expostos. Na categoria “A”,
os exemplares em julgamento devem
ser no mínimo 100. E o número de
expositores não pode ser menor do
que 15. Já na categoria “B”, os animais que vão formar as filas de julga-
mento devem ser 50 e os expositores
oito.
Em síntese, fazem parte da categoria “A” as exposições nacionais da
raça e os certames que cumpram as
exigências de números de animais e
de expositores por três edições, que
não necessitam ser consecutivas. Só é
permitida uma exposição de categoria “A” por município. As demais integram a categoria “B” do Ranking
ABA.
Mas o otimismo dos criadores de
Angus é realmente enorme. Via de
regra, eles sinalizam para um crescimento incomum em toda a pecuária
brasileira e garantem que, se a pecuária será melhor em 2008, para a genética Angus deverá ser muitíssimo
melhor, pelo interesse e os resultados
que vem sendo conquistados pela raça
em todo o País.
Mas vejamos, no detalhe, o que
as pessoas estão dizendo sobre o
Ranking Angus e sobre as perspectivas para este 2008.
cumpriu a sua missão original, pois o
número de animais passou a crescer
nas mostras e aumentou ainda mais
com o grande crescimento que vem
sendo experimentado pela raça em
todo o País”, observa.
Gregory assinala, por exemplo,
que surgiram mais exposições classificadas na categoria “A”, que os criadores e expositores passaram a considerar a competição, a um só tempo,
como uma ferramenta de certificação
de qualidade de seus animais e também como um agregador de valor aos
reprodutores aos olhares do mercado.
“Animais bem colocados no ranking
não só passam a valer e também agregam valor a seus descendentes, como
também passam a interessar mais aos
investidores na raça na hora das escolhas para investimentos”, sintetiza o
dirigente do Conselho Técnico da
ABA.
Um qualificador
de reprodutores
Com a nova vitória no Ranking
de animais de argola, tanto na categoria criador como na de expositor, o
atual presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), José Paulo
Dornelles Cairoli, proprietário da
Reconquista Agropecuária, de Alegrete, RS, consagrou o seu hexacampeonato na competição. Como criador,
na etapa de 2007 Cairoli cravou 5.030
pontos e na categoria de expositor fixou 4.980 pontos na classificação da
competição.
Criado pela Associação Brasileira
de Angus (ABA) em 2002 com a meta
principal de incentivar as cabanhas a
uma maior participação com seus animais nas exposições da raça, o
Ranking Angus, segundo o presidente do Conselho Técnico da ABA,
Ricardo Macedo Gregory, é atualmente um eficiente qualificador de
animais. “O ranking efetivamente
Reconquista é hexacampeã
nos animais de argola
Março/Abril de 2008
RANKING 2007
O festejado e concorrido ranking da Associação Brasileira de Angus está impulsionando o
desenvolvimento da raça em todo o País. Além da saudável concorrência que se reverte
virtualmente em bons negócios para os vencedores, a raça experimenta um considerável crescimento
em novos criadores, no incremento da qualidade genética dos animais e dos negócios. Afinal, em
2007, a raça obteve excelentes médias em praticamente todos os leilões realizados no Brasil
Fotos: Felipe Ulbricht /ABA
21
mas especialmente acredita que essas
vitórias de seus animais nas exposições e por conseqüência no ranking
agregam valor primeiramente à raça,
ao seu trabalho e a seus reprodutores.
“Minha tradição é de ser empresário. Assim, procurei montar um
time de eficiência para tocar a fazenda e passei a investir forte, construindo meu plantel Angus através da aquisição de reprodutores dos principais
criadores da raça no País, especialmente no Rio Grande do Sul, onde
está o berço da raça no Brasil”, observa ele.
O mundo precisa da
carne de pasto brasileira
José Paulo Cairoli recebe o prêmio de campeão do Ranking 2007
do diretor-presidente do Frigorífico Mercosul, Mauro Pilz
Para José Paulo Cairoli, o
Ranking Angus vem crescendo em
notoriedade no mercado na mesma
proporção do crescimento que vem
sendo experimentado pela raça. “Considero esta competição importante
porque engloba exposições em todo
o Brasil e, para participar, o criador
precisa ter um grupo de animais de
real qualidade”, avalia.
Ele considera também que é uma
competição acirrada, mas que proporciona ampla visibilidade do mercado
aos vencedores, agregando valor aos
animais e ao trabalho da cabanha
como um todo.
Pecuária cresce, mas
Angus cresce ainda mais
E sobre o setor da pecuária brasileira em 2008, otimismo não falta ao
dirigente da Associação Brasileira de
Angus e proprietário da Reconquista
Agropecuária. “O segundo semestre
de 2007 já deu mostras de concentração de demanda e de crescimento,
especialmente para a raça Aberdeen
Angus. Houve expressivo abate de fêmeas e busca de reprodutores para a
cria, com destaque às vacas em produção. Mas além disso, a demanda
por animais em geral, com destaque
para os touros, igualmente já antecipava o cenário positivo para este
2008”, sintetiza o criador.
Para Cairoli, em 2008 a pecuária
de modo geral vai experimentar um
crescimento muito bom. E em termos
de Angus, esse crescimento deverá ficar bem acima da média geral. “O
mundo inteiro teve condições de comprar mais carne, numa tendência que
deverá se ampliar ainda mais. E nunca
na história tivemos preços para o setor, com valores acima de um dólar
para a carne. Assim, a perspectiva é de
franco crescimento para toda a pecuária e de um desenvolvimento e interesse bem maiores pela raça Aberdeen
Angus”, prospecta o criador.
O ranking é um
show de raça
A criadora Cláudia Indarte Silva
considera que o Ranking Angus realmente agrega valor aos plantéis dos participantes. Avalia que é uma oportunidade de mostrar o trabalho que ela e
sua equipe realizam no desenvolvimento do plantel Angus e de animais de
exceção dentro da raça em seu estabelecimento. “Por ser técnico e focado
em qualidade, o ranking é um verdadeiro show do melhor da raça”, define.
Proprietária da Cabanha Rincon
del Sarandy, em Uruguaiana, RS, ela
tem figurado entre os primeiros colocados na competição nos últimos quatro anos. Em 2007, a Rincon del
Sarandy conquistou o vice-campeonato do Ranking Angus na importante
categoria Criador de animais de Argola, com 4.027 pontos. E também foi a
terceira colocada no Ranking Angus de
Rústicos (tanto como criador e como
na condição de expositor).
Cláudia Silva também acredita que
o ranking funciona como um enorme
estímulo para todos os envolvidos com
Cláudia Silva e os filhos recebem o prêmio do ex-presidente
da ABA, Angelo Bastos Tellechea
a raça. “Nós, criadores, nos sentimos
atraídos por esta competição, vibramos
com ela e trabalhamos sempre focados
nos melhores resultados. Com isto,
também ganha a raça, porque são vários criadores apurando mais e mais os
seus plantéis e animais. E igualmente
ganham os criadores e interessados/investidores em Angus, porque acompanhando o ranking, podem contar com
uma sinalização efetiva para a orientação de suas escolhas sobre as criações e
os animais onde vão investir”, detalha.
Angus é inevitável
Para este ano, Cláudia Silva
prospecta seus planos a partir de perspectivas mais do que otimistas. “2008
será excelente para toda a pecuária
brasileira e por isto mesmo será fantástico também para a raça Aberdeen
Angus”, opina.
Para ela, a raça já está consolidada no País e um dado importante destacado por Cláudia é que os criadores já sabem até onde podem ou devem ir nos negócios com seus touros,
fêmeas ou com a inseminação a partir de genética Angus.
“O neloristas sempre souberam da
qualidade que a genética Angus imprime nos cruzamentos. Eles até tentaram,
mas Angus é inevitável”, sustenta a criadora.
que contempla uma maior integração
com o universo da raça (criadores e
interessados/investidores), mas integra
também um meticuloso planejamento empresarial. A Fazenda MC, com
3851 pontos, foi a segunda colocada
no ranking Angus 2007 na categoria
expositor de animais de argola.
“Desde que decidi investir em
pecuária e me apaixonei pela Angus,
fixei como meta ser vencedor do
ranking em três anos. E fui em dois
(em 2006), sendo vice na última edição do concurso, no ano passado”, recorda, com orgulho, o criador.
Segundo ele, a par da paixão pela
raça, suas ações sempre tiveram cunho empresarial e, portanto, metas
definidas, claras. Eloy Tuffi afirma
que não só busca sempre maior
integração com os demais criadores,
Quando o assunto é o futuro, o
desempenho da pecuária brasileira
neste 2008, por exemplo, Eloy Tuffi
não tem dúvidas sobre o crescimento
da produção de carne produzida a
pasto no Brasil, do consumo interno
e das exportações do produto para
praticamente todo o mundo. “O
grande problema do mundo é que o
Brasil tem e cada vez terá mais o que
o resto do mundo não tem e precisa
cada vez mais: carne bovina de qualidade”, sintetiza o criador. Ele não entra nos detalhes atuais, das idas e vindas das negociações, por exemplo,
com o Mercado Europeu.
Mas defende, isto sim, que os
produtores de Angus se organizem,
capitaneados por exemplo pela associação brasileira da raça, visando
obter cada vez maior valorização
para a carne (e para os reprodutores)
de genética Angus. “Deve nos interessar sim elevar o volume da produção. Mas é urgente que a carne
Angus represente um produto realmente diferenciado no mercado e
por isto com valorização bem superior às carnes comuns, produzidas
a partir de outras genéticas”,
posiciona-se Tuffi. “O mercado
precisa pagar o preço da qualidade”,
alerta o criador e empresário.
Foco empresarial
Para o criador Eloy Tuffi, proprietário da Fazenda MC, em Espírito
Santo do Pinhal, SP, a participação no
ranking Angus é uma decisão pessoal,
O vice-campeão do ranking expositor, Fazenda MC, recebeu o prêmio
do presidente da ANC, José Roberto Pires Weber
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RANKING 2007
Março/Abril de 2008
"Trabalhando com rústicos, estamos mais
próximos da realidade da produção no campo"
Fotos: Felipe Ulbricht /ABA
Luiz Felipe da Costa e esposa, com o prêmio de vencedor do ranking de rústicos,
recebido do ex-presidente da ABA, João Vieira de Macedo Neto
“Levamos muitíssimo a sério, desde o início de nossas atividades com
o eficiente gado Angus, a nossa participação no ranking nacional da raça,
organizado pela Associação Brasileira
de Angus (ABA). Entendemos que
esta vitória em 2007 – e é importante
destacar que foi a nossa quinta vitória consecutiva no Ranking Angus no
setor de Rústicos – representa um
enorme reconhecimento dos resultados que temos obtido com nosso trabalho e nossos animais junto ao mercado”, define o criador Luiz Felipe
Ferreira da Costa, que junto com os
filhos Ângela e Luiz Felipe e a equipe, administram a seleção dos animais
da já consagrada Tarumã Agropecuária - Fazenda Querência, com sede
em Alegrete, RS. Com 12.870 pontos, o estabelecimento faturou o primeiro lugar no Ranking de animais
Rústicos.
Luiz Felipe enfatiza que sua família já tem larga tradição em produção
pecuária, com 200 anos de dedicação
ao setor. “Mas nossas vitórias no
ranking Angus também ganham evidência pelo fato de termos passado a
trabalhar com a raça há cerca de oitos
anos. E já temos este nível de resultado”, aponta o criador. Ele recorda que
desde o início da seleção em Angus, a
busca de dois objetivos máximos sempre foram muito claros: o foco voltado ao gado rústico e a seleção sempre
em busca de incremento em qualidade do plantel e rebanho.
“Achamos que a pista e os animais
de argola são de vital importância para
qualquer raça, porque é ali que os
selecionadores apresentam animais de
máxima pressão seletiva e qualidade
genética. Mas ao mesmo tempo optamos por trabalhar com animais rústicos porque entendemos que assim
estamos mais próximos da realidade
do campo, da produção de carne, do
criador que gera animais em escala
para o abate”, explica.
Maior visibilidade no mercado
Para o vencedor do Ranking
Angus 2007 na categoria de animais
rústicos, tanto como criador quanto
como expositor, 2008 deverá ser um
ano de ações visando dar maior visibilidade ao trabalho da Tarumã/
Querência. “A pecuária de qualidade
está conquistando seu espaço e respectivo reconhecimento do mercado
e, principalmente com a ampliação
das exportações, avaliamos que daqui para a frente esta tendência de
valorização da carne de qualidade (e
por conseqüência dos reprodutores
melhoradores de rebanhos) será cada
vez maior”, anima-se Luiz Felipe da
Costa.
Ser destaque no ranking
significa estar na
direção certa
Para o proprietário da Cabanha
Santa Eulália, de Pelotas, RS, Joaquim Francisco Bordagorry de
Assumpção Mello, pontuar bem no
Ranking da Associação Brasileira de
Angus como criador e expositor de
reprodutores rústicos significa estar na
direção certa no trabalho de seleção
genética dos animais destinados à produção de carne de qualidade. “E representa também um importante ganho em imagem para o trabalho da
cabanha, através da maior visibilidade no mercado”, sustenta Joaquim
Mello. Com um total de 7.162 pontos, a Santa Eulália conquistou a segunda colocação no ranking de ani-
mais rústicos da Associação Brasileira de Angus de 2007.
Com larga tradição em produção
pecuária e dono de um rebanho invejável em termos de expressão de qualidade, o criador observa que estar
bem colocado no ranking revela que
um grupo de seletos jurados, que atuaram em várias exposições realizadas
em diferentes regiões, escolheram
aqueles animais (em detrimento de
outros, de outras propriedades) como
os melhores dessas mostras.
Por outro lado, Joaquim Mello
reconhece que também é gratificante
para o criador obter uma boa colocação no ranking da raça. “Receber um
prêmio como este é elogioso, é um
incentivo sem igual para tocarmos em
frente, procurando fazer ainda mais e
melhor”, sintetiza.
Mas ele vai além. Um dos atuais
vice-presidentes da ABA, ele diz, por
exemplo, que exposições ranqueadas
também funcionam como um grande fomento à maior participação dos
criadores, assim como agregam valor
para a raça.
Qualidade e bons negócios
Olhando para este 2008, Joaquim
Mello acredita que os animais e a carne de real qualidade (principalmente
de genética Angus) serão cada vez mais
valorizados por todo o mercado. “Vamos ter alguns problemas para administrar o evidente protecionismo por
parte de importadores de nossa carne,
mas com organização competente, produtos de qualidade e hábeis negociadores, vamos superar as barreiras, que
alias, sempre vão existir”, prospecta o
criador. Joaquim Mello também dirige o Núcleo Sudeste de Criadores de
Aberdeen Angus de Pelotas, no Rio
Grande do Sul.
Joaquim Francisco Bordagorry de Assumpção Mello recebeu o prêmio
de segundo colocado do presidente da ABA, José Paulo Cairoli,
e do diretor da Progen, Reynaldo Titoff Salvador
MOVIMENTO
Março/Abril de 2008
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Santa Joana recebe primeiro
Prêmio Mérito Genético
Fotos: Felipe Ulbricht /ABA
Instituído em 2007 pela Associação Brasileira de Angus (ABA), em parceria com a Alta Genetics/Progen, o Prêmio Mérito Genético Luiz Alberto
Fries foi conquistado, em sua primeira edição, pela Cabanha Santa Joana,
de propriedade do criador Ulisses Amaral, de Santa Vitória do Palmar, RS.
A distinção foi entregue na noite
de 6 de dezembro, durante a realização do Leilão Nova Era e da grande
confraternização de final de ano organizada pela ABA nas dependências do
Coutry Club, em Porto Alegre, RS.
O reconhecimento traduzido através desta premiação teve como alvo
produtores que participam do Programa de Melhoramento de Bovinos de
Carne (Promebo) e que se destacaram
em itens avaliados como: estar ativo no
Promebo, ter dados de avaliação de
desmame e sobreano, ter apresentado
machos e fêmeas no Promebo e a soma
do índice de desmame e índice final
nas safras 2000 a 2004 ter sido avaliado como positivo.
Grande distinção
“Este prêmio é uma distinção
muito grande. Foi uma honra para
nós, da Santa Joana, termos sido reconhecidos desta forma pelo trabalho
que realizamos na seleção e melhoramento genético de nossos animais”,
assinala, bastante satisfeito, o criador
Ulisses Amaral.
Atento ao mercado, ele argumenta que Angus, no mundo, há anos é
uma das principais raças. E no Brasil, segundo dados de 2007, já é a
segunda raça em reprodutores
comercializados. “Assim, ser reconhecido com destaque em Angus, é mesmo muito bom, muito importante
para nós, para nosso trabalho e para
Fábio Barreto, da Alta Genetics; Carlos Fries, irmão de Luiz Fries, e Susana Macedo
Salvador entregam a Ulisses Amaral o Prêmio Mérito Genético Luiz Alberto Fries.
Reynaldo Salvador, da Progen, e José Paulo Cairoli, presidente da ABA,
acompanham entrega da honraria
agregar ainda mais valor a nossos animais”, observa o criador.
Ulisses Amaral lembra que, quando a Santa Joana iniciou o trabalho
de melhoramento genético através do
Promebo, poucas cabanhas acreditavam e participavam desde programa
que, com o tempo e respostas, mos-
trou seu enorme valor. “Nós, desde o
início, apostamos forte no Promebo
e passados todos esses anos percebo
que estávamos certos em basear todo
o apuro genético de nosso rebanho
nos dados revelados através das avaliações do Promebo”, reconheceu o criador. Ele inclusive informou que já
há cinco anos também está avaliando
carcaças através do Promebo.
Mais homenagens
Durante a cerimônia igualmente
foram agraciados com certificados
alusivos a esta nova premiação a
Cabanha Santo Antão, de Alegrete,
RS, de propriedade de Ana Luiza e
Flávio Montenegro Alves; a Cabanha
Santa Nélia, em Jaguarão, RS, de
Nélia Teixeira Gonçalves da Silva e
filhos; a GAP Genética, de Eduardo
Macedo Linhares, em Uruguaiana,
RS e a Cabanha Catanduva, de Fábio
Gomes e sua filha Fabiana Gomes, de
Cachoeira do Sul, RS.
24
Março/Abril de 2008
REPORTAGEM
Rastreabilidade made in Brazil em xeque
Foto: Divulgação / ABA
A notícia do embargo da União Européia à carne brasileira pegou de surpresa a cadeia da carne, em 1º de fevereiro deste ano.
Desde que o País se comprometeu em cumprir as regras exigidas
pelo bloco econômico da Europa, diversas adaptações no modelo
produtivo brasileiro foram feitas para garantir as exportações para
aquele mercado. A corrida pelo “ouro” exigiu até mesmo mudanças no sistema de rastreabilidade bovina, o Sisbov.
Exportadoras de Carne (Abiec), os
Por Luciana Radicione
negócios com a exportação de carne
raticamente tudo vinha sen- bovina brasileira para a União Eurodo feito para a manutenção péia renderam ao Brasil, no âmbito
dos embarques para um dos global, divisas da ordem de US$ 1,5
principais mercados da carne bovina bilhão.
Mas a liderança brasileira no coin natura produzida no País. As restrições não atingiram a carne indus- mércio mundial de carnes – 2,3 mitrializada, mas apenas o produto in lhões de toneladas vendidas, equivanatura, cujas vendas, conforme da- lentes a US$ 4,4 bilhões em 2007 –
dos recolhidos nas principais fontes não foram suficientes para minimizar
do mercado pela revista DBO, em o efeito “Irlanda”, país que lançou
2007 somaram 1,8 milhão de tone- manifesto pelo embargo ao produto
nacional, alegando problemas no
ladas em equivalente-carcaça.
Desse total, 272.315 toneladas processo de rastreabilidade nas fazen(14,4%) foram destinadas a países da das do País, fator incompatível com
União Européia, gerando receita de as exigências sanitárias da União EuUS$ 1,02 bilhão, 29,3% dos US$ ropéia.
Ferrenho defensor da carne bra3,48 bilhões faturados com o produto. Só no ano passado, segundo a sileira e um dos grandes negociadoAssociação Brasileira das Indústrias res do produto quando ainda era mi-
P
Animais rastreados são exigência da União Européia
nistro da Agricultura, Marcus
Vinícius Pratini de Moraes, atual presidente da Abiec, mantém otimismo
em relação ao contencioso. “Acredito que gradualmente a situação vá se
normalizar e o número de propriedades aptas a exportar volte a crescer”, diz. Para que isso aconteça, no
entanto, será necessário um maior
empenho do governo brasileiro nas
tratativas com as autoridades européias. Em outras palavras, Pratini
considera fundamental que haja mais
firmeza, mais postura e, principalmente, maior rigor técnico por parte
dos negociadores brasileiros. “O Brasil tem que se acostumar a ser o maior do mundo em algumas coisas. No
caso da nossa carne, temos o melhor
produto, somos os mais competitivos, mas ainda não sabemos nos
posicionar como líder”, reitera.
O presidente da Abiec afirma ainda que o embargo foi resultado de
falhas cometidas pelo governo brasileiro durante as tratativas internaci-
onais com a União Européia. “Nunca se deve prometer o que não se pode
cumprir”, disse, referindo-se às grandes diferenças entre o modelo de produção pecuária dos 27 países do bloco europeu e o modelo brasileiro.
Neste caso, a falha reside no fato de
o Brasil ter se comprometido em implantar em suas fazendas o mesmo
sistema adotado pelos criadores europeus. “Aqui, além do grande número de animais e propriedades, as
fazendas são muito maiores. Não há
como comparar”, explica Pratini.
Ao mesmo tempo em que a carne brasileira gera suspeita nos mercados da Europa, em outras regiões
é reconhecida e desejada. Recentemente em Dubai, nos Emirados Árabes, o presidente da Abiec teve a
oportunidade de conversar com representantes de 12 países da região e
constatou o grande interesse pelo
produto. “Tive uma recepção excelente e muito respeitosa”. Ciente das
dificuldades dos frigoríficos brasileiros em direcionar a produção para
outros mercados, Pratini acredita
REPORTAGEM
cada vez mais no potencial da carne
in natura em outros países, caso da
Rússia, países do Oriente Médio,
Arábia e África. “Em curto prazo não
é possível substituir o volume que é
vendido à União Européia, mas também não podemos nos esquecer que
há outros mercados de olho no nosso trabalho”, salientou. Engana-se
quem pensa que a União Européia é
apenas o único grande cliente do
País. “A Rússia é o maior comprador
individual da nossa carne”, frisou
Pratini. Os números da balança comercial divulgados pelo Ministério
da Agricultura reforçam a afirmação.
Somente no mês de fevereiro os russos importaram US$ 74,4 milhões do
produto in natura. Já os embarques
mensais para a União Européia antes do embargo somavam, em média,
US$ 90 milhões.
Enquanto o Brasil não adaptar
seus sistema de rastreabilidade à realidade de suas fazendas, não será possível monitorar 100% das propriedades como exige a União Européia. A
afirmação é do zootecnista e analista
da Scot Consultoria, Fabiano Tito
Rosa. “O Brasil não tem condições
de copiar o modelo dos europeus pelas suas características regionais. Enquanto lá 200 cabeças são conside-
radas latifúndio, aqui isso só acontece com quem tem mais de 2 mil cabeças”, ressalta. O especialista sugere que o Brasil deve tomar a frente
nas negociações e implantar um modelo de gestão capaz de atender à totalidade das fazendas. A
rastreabilidade brinco-a-brinco, segundo ele, compromete a eficiência
do programa, já que nem todas as fazendas conseguirão essa meta, seja
pela sua extensão, seja pela capaci-
que muitos estabelecimentos eficientes fiquem de fora da lista de fazendas aptas a exportar para a União
Européia, relação que será revista
após inspeção que técnicos da UE
fizeram nas fazendas brasileiras durante os meses de fevereiro e março.
O produtor será o maior penalizado,
pois os europeus são os que mais valorizam a carne brasileira. O plus
pode chegar a 100% sobre o valor
pago pelos demais compradores. “A
Março/Abril de 2008
dita que dessa forma será possível
implantar um processo eficiente de
rastreabilidade no País que resulte em
ganhos para o produtor. “Com certeza é viável, mas isso é trabalho de
quem negocia”, lembra.
O diretor de uma das principais
certificadoras do País, a Brasil
Certificação, com cerca de 1.500 estabelecimentos auditados nos Estados de Goiás, Mato Grosso, Mato
Grosso do Sul, Rondônia, Tocantins,
Enquanto o Brasil não adaptar seus sistema de rastreabilidade à
realidade de suas fazendas, não será possível monitorar
100% das propriedades como exige a União Européia.
dade de gerenciamento, ou seja pelo
alto custo. “Não é verdade que o custo do sistema seja, em média, de R$
4,00 por animal. Não estão nessa
conta os gastos com mão-de-obra,
manejo e manutenção”, afirma. Segundo ele, o custo médio da
rastreabilidade por cabeça gira em
torno de R$ 7,00. “Não é todo mundo que tem dinheiro para isso”. O
preço salgado da tecnologia para algumas propriedades pode fazer com
UE é a que melhor remunera, por
isso a importância da manutenção
desse mercado”, afirma o analista.
Uma alternativa ao modelo de
rastreabilidade copiado pelos brasileiros seria um sistema que pudesse
certificar, em vez dos animais, as propriedades. “Defendo que seja feita
com base em informações como
Guias de Trânsito Animal (GTAs) e
comprovantes de vacinação contra
febre aftosa”, exemplifica. Ele acre-
Minas Gerais e São Paulo, defende
com unhas e dentes a necessidade de
rastrear 100% dos rebanhos para
abrir mercados ao produto brasileiro. “Essa é um tendência irreversível
e não há protestos, seja de quem for,
capaz de mudar essa realidade”, salienta Vantuil Carneiro Sobrinho. O
sistema, segundo ele, além de atender às exigências dos países importadores é uma excelente ferramenta de
gestão da propriedade. O diretor
25
opercional da Brasil Certificação critica, no entanto, algumas considerações feitas pelos técnicos europeus
quando da visita às propriedades brasileiras, especialmente no que diz respeito à rastreabilidade dos recém-nascidos. “A legislação brasileira diz que
os animais devem ser identificados
antes do desmame ou até os 10 meses de idade, o que vier primeiro”,
explica.
Trata-se de uma questão técnica
que precisa ser respeitada pelos estrangeiros e principalmente, ser mais
bem negociada pelas autoridades do
País. “Na França a rastreabilidade
também é feita dessa forma e ninguém reclama”, informa. Vantuil
Sobrinho também não perde a
chance de criticar a postura do Ministério da Agricultura quando lançou as normas do antigo Sisbov. “A
Lei anterior pedia, por exemplo, que
fossem colocadas as informações dos
possíveis pais do animal que seria
rastreado. Para quem inicia a
rastreabilidade já com exemplares
adultos isso era praticamente impossível”, constata. Segundo ele, a luta
foi difícil até as certificadoras convencerem o governo de que o sistema tinha que começar pelos animais
nascidos e não
26
Março/Abril de 2008
adultos, cuja regra faz parte do novo
Sisbov.
Embora a rastreabilidade não seja
obrigatória para o produtor, mas sim
para o frigorífico que vende para o
mercado externo, o diretor da Brasil
Certificação aconselha os pecuaristas
a fazerem as contas. Além de todo o
processo de rastreabilidade, ainda há
os custos da certificação. Duas vezes
ao ano as fazendas são obrigadas a
receber os técnicos para que o rebanho possa ser auditado. “Principalmente o pequeno produtor precisa
nes e Derivados de São Paulo
(Sindicarnes-SP), Algemiro Tonetto,
a “falha” cometida com os europeus
se concentra nas certificadoras. “Hoje
o que confirma a rastreabilidade é o
brinco, por isso defendo que o
pecuarista, ao comprar o brinco,
comprove que tem estoque para usálo”, diz. O dirigente acredita que
muitos produtores estão fazendo
“uso” da tecnologia para se beneficiarem com o crédito de custeio mais
barato do governo federal. “Defendo uma maior fiscalização sobre as
Projeto gaúcho prevê a criação de um fundo
a ser custeado pelos frigoríficos com o
objetivo único de custear o preço da
brincagem aos pecuaristas do RS
fazer as contas’”, afirma.
O Estado de São Paulo, com quatro plantas exportadoras de carne bovina, acumulou prejuízo diário de
US$ 4,5 milhões após o embargo da
União Européia, situação que parcialmente voltou a se normalizar com
a aprovação de apenas 106 fazendas
brasileiras em condições de vender a
carne para o bloco. Para o presidente do Sindicato das Indústrias de Car-
certificadoras e os processos de
auditagem”, afirma. Tonetto, que é
produtor de Angus no Mato Grosso,
também é cético em relação ao sucesso do novo Sisbov. “Quem no
Brasil vai fiscalizar todos os animais,
percorrer todas as fazendas? As regras
são exigentes em todos os aspectos e,
a meu ver, quase impossíveis de serem cumpridas.”
RS dá passo à frente
REPORTAGEM
Enquanto europeus e técnicos
brasileiros brigam para saber quem
tem razão, a cadeia produtiva gaúcha começa a se mobilizar para atender o mercado internacional. O Sindicato das Indústrias de Carnes e
Derivados do Rio Grande do Sul
(Sicadergs) deve deflagrar em breve
um programa de incentivo à
rastreabilidade. De acordo com o diretor-executivo da entidade, Zilmar
Moussalle, um projeto alinhavado
entre o Sicadergs, a Farsul e a Fetag
prevê a criação de um fundo a ser
custeado pelos frigoríficos com o
objetivo único de custear o preço da
rastreabilidade aos pecuaristas do Rio
Grande do Sul. “Nossa intenção é
inserir o maior número de propriedades no modelo Eras (Estabelecimentos Rurais Aprovados pelo
Sisbov”), explica.
O projeto, que prevê a destinação
ao fundo de R$ 5,00 por animal abatido nos frigoríficos gaúchos já passou
pelo crivo de algumas secretarias de
Estado e agora está no aguardo da apreciação pelo governador Yeda Crusius.
“Temos a convicção que esta iniciativa
vai despertar o interesse de muitos criadores e com isso, nossa meta é agregarmos valor à produção gaúcha”, disse Moussalle.
O dirigente confia na competiti-
Foto: Divulgação / ABA
Carcaças Angus possuem padrão de qualidade exigido pelos europeus
vidade da carne gaúcha não apenas nos
mercado europeu. A localização geográfica é um aliado dos gaúchos. O fato
de estar entre Uruguai e Argentina, que
já exportam para os Estados Unidos, e
entre Santa Catarina, que detém o
status de livre de febre aftosa sem vacinação, é uma realidade que pode culminar na abertura de novos mercados
para a carne produzida no Rio Grande
do Sul. “Somos uma ilha e temos condições de oferecer garantias, desde que
façamos a lição de casa”, ressalta o dirigente.
No Rio Grande do Sul, assim como
em outros mercados nacionais, o embargo de quase um mês deflagrado pela
União Européia teve efeito contrário,
se analisado do ponto de vista do vare-
jo. O segmento percebeu que cortes de
carnes nobres que entraram de outros
Estados no mercado gaúcho tiveram
seus preços rebaixados em até 20% ao
consumidor. Este, segundo o presidente da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas), Antônio Cesa Longo, foi
o único “reflexo” do contencioso sobre o setor. Apesar do efeito positivo
para o consumidor, o dirigente destaca
fundamental um maior controle das
autoridades brasileiras sobre a qualidade da carne que é produzida e
comercializada, seja para o mercado
interno, seja para o externo. “O mundo está de olho no Brasil. Precisamos
estar preparados.”
Jornalista
Março/Abril de 2008
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Março/Abril de 2008
REPORTAGEM
PERFIL
Março/Abril de 2008
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Cabanha Feliz: lucro certo com Angus
Fotos: Divulgação
Pertencente a uma família com várias gerações de tradição em pecuária,
o arquiteto Augusto Vieira de Rua Pinto Guedes (Guto, como é conhecido
entre os criadores), passou a criar Angus no final dos anos 90, em sua propriedade, a Cabanha Feliz, em Campina do Monte Alegre, SP. Ele recorda
que começou adquirindo alguns animais Angus Puros por Cruzamento,
uma vez que a principal meta era a produção de carne.
“Minha opção por Angus teve influência direta de um tio, Roberto
Ivens Vieira (já falecido), que todos
os anos participava da feira de
Palermo, na Argentina, e muito impressionado, costumava fazer comentários elogiosos sobre a qualidade e a
importância de um certo gado Angus
que havia lá. Daí foi que tudo começou e eu passei a me interessar por
esta raça. Busquei informação no
mercado e o que passei a conhecer
muito me agradou. Logo já estava
investindo e criando Angus”, contou
Guedes. “Uma amiga que criava
Angus também elogiou as caracterís-
ticas da raça e me recomendou criá-la. Foi Sandra
Babick, de quem comprei o
meu primeiro touro PC”, diz
o criador.
De imediato, Guedes passou a trilhar os caminhos das
grandes exposições de Angus. Esteve
na Feicorte e, lógico, na Expointer,
entre outras mostras pelo Brasil. Conheceu – e até fez negócios – algumas propriedades na raiz do Angus
no Brasil – o Rio Grande do Sul e
logo adiante reorientou seu trabalho.
Optou pela montagem de uma
cabanha e se tornou um selecionador
de reprodutores, portadores de uma
potencialidade genética capaz de gerar carne de qualidade ao mercado.
“Vi que a cabanha era o melhor caminho. Percebi que se adequava ao
meu gosto pessoal, que é mais fácil
de controlar e vi também que, agregando valor a esse trabalho e à genética de meu plantel, teria uma relação
custo-benefício amplamente favorável”, justificou.
Atualmente, entre animais PC e
PO, o plantel da Cabanha Feliz supera os 120 animais. “Nos PO, entre
machos e fêmeas, já são cerca de 40
reprodutores, todos resultantes de alta
pressão seletiva e de investimentos
meticulosamente
estudados”,
enfatiza. Augusto Guedes cita com
orgulho que nesses anos dedicados ao
Angus vem investindo em tecnologias
de ponta, verticalizando seu negócio.
“Contratei um técnico argentino, especialista em transferência de embriões, técnica a partir da qual consigo
aperfeiçoar a seleção e ganhar muito
tempo e dinheiro, porque Angus dá
lucro certo”, garante o criador. Na
última temporada, a Cabanha Feliz
já comercializou dez touros de sua
produção. E para a próxima, projeta
ofertar em torno de 15 machos.
Integrante ativo do Núcleo Angus
São Paulo, onde ocupa o cargo de Diretor de Desenvolvimento, Augusto
Guedes participa do Rankin Nacional de Angus desde 2002. “Disputar
o ranking, acompanhar as exposições
para encontrar e conhecer pessoas, ver
e comparar os trabalhos, os animais
que estão em pista. Tudo isso além
de ser prazeroso, também enriquece
o conhecimento, e vendo os grupos
de animais nas pistas a gente vai treinando o olho, para acertar na seleção
do tipo ideal ao mercado”, ensina.
Olhando para o futuro, Guedes não
tem nenhuma dúvida: “quem está
investindo em Angus está sempre à
frente e terá um mercado cada vez
maior e mais qualificado”, define.
Foto: Divulgação/ABA
Intercâmbio Angus Austrália e ABA
Por Luciana Bueno
O estudante australiano
Andrew Carey, 19 anos, membro
do programa australiano de jovens
da Associação de Angus da Austrália, esteve no Brasil desde janeiro
conhecendo o sistema de produção do país e percorrendo
criatórios de Aberdeen Angus.
visita, por meio de intercâmbio promovido pela associação australiana em parceria com a Associação Brasileira de
Angus (ABA), ocorreu por dois
meses. Nesse período, Carey foi
recepcionado pelos associados
A
Ayrto Alberto Schvan (Dom Pedrito/
RS), Felipe Moura (Santa Maria/RS)
e Ignacio Tellechea (Uruguaiana/RS),
assessor administrativo da ABA. Em
visita à sede da ABA, em fevereiro, o
estudante detalhou sua preferência
pelo Brasil, país que admira especialmente pelo tamanho do rebanho e
expressão de volume de carne exportada, e a confiança que a Associação
de Angus da Austrália deposita nos
jovens criadores.
Escolha pelo Brasil – “É importante verificar como se trabalha aqui,
conhecer os sistemas de produção e
de rastreabilidade e o mercado da carne. O país é fascinante pelo tamanho
do rebanho, volume de exportação e
similaridade de clima e solo com a
Austrália.”
Programa australiano de jovens da
Associação de Angus da Austrália – “É
muito comum os filhos de criadores
participarem e atuarem no programa.
Há exposições específicas para jovens
onde estes atuam levando animais jovens. É importante o envolvimento
com a raça desde cedo e a associação
preza que todos saibam as razões da
Angus ser a melhor raça do mundo.”
Intercâmbio – “São três destinos
possibilitados por ano pela associação:
Inglaterra, Estados Unidos ou Nova
Zelândia. Esta foi a primeira vez que
abriram inscrições para o Brasil.”
O estudante cursa Ciências Agrárias e sonha futuramente atuar com
exportação trabalha com a família,
que é produtora e fornecedora do programa carne Angus certificada da
Austrália, Certified Australian Angus
Beef (CAAB), no estado da Victoria.
Carey informa que parte do rebanho
comercial de seu pai é formado por
300 matrizes da raça. “O foco da produção é o mercado asiático com embarques especialmente para países
como a Coréia.”
Dando seqüência à parceria entre
as associações de angus australiana e
brasileira, neste ano, o estudante de
medicina veterinária da UFRGS
Andrei Beskow, que tem atuado
como estagiário em exposições da
ABA, seguirá para intercâmbio na
Austrália.
Assessora de Imprensa ABA
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Março/Abril de 2008
MOVIMENTO
Fumaça vence nos machos em Avaré
Parceria Casa Branca Agropecuária e Rincon del Sarandy fica com reservado e Reconquista com terceiro melhor animal
Fotos: Divulgação/ABA
Grande Campeão: Escudo da Fumaça TE 223
Jurado Flávio Montenegro Alves atuou na pista da Emapa
A 43ª Exposição Municipal
Agropecuária de Avaré, SP (Emapa),
realizada de 25 de fevereiro a 2 de
março, marcou o início do calendário de exposições da Associação Brasileira de Angus, em 2008. A 43ª
Emapa integrou o calendário de exposições “A” do Ranking Oficial de
Expositores e Criadores da ABA e teve
como jurado o criador e técnico da
ABA, Flávio Montenegro Alves. Segundo o jurado, que avaliou 160 animais da raça, “todos os três finalistas
são animais Angus melhoradores”.
Alves ainda parabenizou os produtores pela qualidade dos animais apresentados, ressaltando que os machos
apresentaram o mesmo nível das fêmeas.
A faixa de grande campeão da raça
Angus ficou com a Agropecuária Fumaça (Paranapanema/SP), de Elio
Sacco, proprietário de Escudo da Fumaça TE 223, touro “impressionante” como definiu o jurado Flávio
Montenegro Alves. O jurado desta-
Reservado Grande Campeão: Rincon Pau Ferro 906
ficando como reservado grande
campeão
da
Expolondrina.
“Na época, Escudo chamou atenção do jurado
americano que
atuou em Londrina e de lá para cá
vem colecionanTerceiro Melhor Macho: Reconquista 1083 Ladino Gramático do campeonatos”,
cou o volume, peso e qualidade do pontuou Elio Sacco.
Como reservado grande campeão
posterior do reprodutor que “caminha com incrível leveza”. O proprie- Angus foi indicado o touro Rincon
tário salientou que, aos seis meses de Pau Ferro 906, de 2005, parceria Casa
idade, Escudo – da geração 2004 - já Branca Agropecuária (Fama/MG), de
obteve um campeonato de destaque, Paulo de Castro Marques, e Rincon
del Sarandy (Uruguaiana/RS), de
Cláudia Silva. O jurado elogiou o nível do exemplar “que também caminha muito bem”. Martin Silva
Tellechea observou que Rincon Pau
Ferro foi terceiro melhor macho da
Exposição Nacional da Raça
Aberdeen Angus em 2007. “O touro
segue em pista este ano, vai para Londrina, em abril, e a partir de 2009 irá
para uma central de inseminação artificial”, comentou Tellechea, da
Rincon del Sarandy. O terceiro melhor macho Angus da Emapa - o touro jovem Reconquista 1083 Ladino
Gramático (2005) - pertence à Reconquista Agropecuária (Alegrete/RS), de
José Paulo Dornelles Cairoli.
Parceria Reconquista e Dom Francisco
apresenta fêmea campeã
Agropecuária Fumaça fica com reservado grande campeonato e Agropecuária Ponderosa com terceiro melhor exemplar
O título de grande campeã da raça
Abeerden Angus na 43ª Exposição
Municipal Agropecuária de Avaré
(Emapa) ficou com a Reconquista
Agropecuária (Alegrete/RS), de José
Paulo Dornelles Cairoli, proprietário
de Reconquista 1085 Lagoa Gramático em parceria com Paulo Valdez
(Lapa/PR). A fêmea geração 2005
chamou atenção na pista ao desfilar
com dois terneiros ao pé, gêmeos,
cada qual com uma pelagem típica da
raça (vermelha e preta).
O jurado Flávio Montenegro
Alves, que comentou a excelência das
três finalistas, todas vacas jovens com
cria ao pé, ao citar que podem ser criadas em qualquer criatório do mundo, classificou a grande campeã como
excepcional. “É um exemplar que tem
tudo o que se busca numa fêmea
Angus como boa estrutura óssea, feminilidade, boa mãe, e de gêmeos, o
Grande campeã: Reconquista 1085 Lagoa Gramático
que não é comum, e habilidade materna”, citou, evidenciando para seu
equilíbrio. Cairoli afirmou que a vaca
participará de pistas, neste ano, simultaneamente ao trabalho de coleta de
embriões. “Isso é possível pela qualidade do animal”, assinalou. Em leilão da Reconquista, metade da fêmea
foi adquirida pelo expositor Paulo
Valdez (Agropecuária Dom Francisco) através de um sistema de
comercialização chamado eleição no
Res. Grande campeã: Fabulosa da Fumaça TE 336
qual se vende 50% de um animal que
nascerá no ano da realização do remate. “A premiação é um reconhecimento importante, pois o cliente confiou no nosso trabalho e hoje obtém,
também, a vitória”, salientou.
Como reservada grande campeã
Angus destaque para Fabulosa da Fumaça TE 336 da Agropecuária Fumaça (Paranapanema/SP), de Elio Sacco.
A vaca jovem foi grande campeã da
Exposição Nacional da Raça Aberdeen
Terceira Melhor Fêmea: Rincón Atrevida 903
Angus 2007, realizada na Feicorte, em
São Paulo (SP). O jurado que evidenciou a busca pela pureza racial aliada à
conformação carniceira denominou
como “magnífica” a fêmea reservada.
Elio Sacco observa que Fabulosa da
Fumaça debutou em pista em 2007 e
logo já conquistou seu primeiro grande campeonato. “Precisamos aproveitar e tirar embriões dessas vacas excepcionais”, revelou.
A roseta de terceira melhor fêmea
Angus foi entregue para Rincón Atrevida 903, da Agropecuária Ponderosa (Manduri/SP), de Felipe Moura.
A vaca que foi terceira melhor fêmea
na Expolondrina 2007 retornará para
a exposição paranaense neste ano. “Ela
está entrando no programa de coleta
da Ponderosa, que significa saírem
pista logo mais, mas participará de
Londrina”, ressaltou sobre o animal
adquirido da Rincon del Sarandy
(Uruguaiana/RS), em 2006.
MOVIMENTO
Março/Abril de 2008
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Em Dubai, Carne Angus
foi referência de qualidade
Fotos: Divulgação ABIEC
Convidados degustaram carne brasileira também em pratos típicos árabes
Presidente da Abiec, Pratini de Moraes, foi um verdadeiro
embaixador da carne brasileira em Dubai
A maior feira do setor de alimentos do Oriente
Médio, Gulfood, em Dubai, reuniu dirigentes e
empresários do agronegócio brasileiro nos últimos
dias de fevereiro nos Emirados Árabes Unidos. Uma
comitiva formada por 15 pessoas, entre elas o
presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA),
José Paulo Dornelles Cairoli, integrou a missão
organizada pela Associação Brasileira das Indústrias
Exportadoras de Carne (Abiec).
E
m Dubai, o grupo - também
integrado por parceiros da
ABA (Frigorífico Marfrig e
Frigorífico Mercosul) participou
da Gulfood, que contou com a
participação de 11 empresas do
setor da carne no estande da
Abiec e mais cinco frigoríficos
com estandes próprios, e de um
workshop com churrasco promovido pela Abiec no Hotel
Madinat Jumeirah (o segundo
grande hotel de luxo no município, atrás apenas do famoso Burj
Al Arab).
Conforme o presidente da
ABA, a preferência pela carne
Angus foi um ponto marcante
observado em encontro com líderes do setor e exportadores.
“Em jantar realizado a exportadores, o comentário era sobre a
carne de qualidade que está diretamente ligada à carne Angus”,
explicou. Cairoli ainda ressaltou
o trabalho realizado pela Abiec
que atua nas principais feiras de
alimentação do mundo levando
informações da carne produzida
no país, mas também do Brasil.
“Com o crescimento da renda no
mundo, o setor estará muito
aquecido daqui para frente e não
existe o que possa substituir a
proteína vermelha”, salientou,
reiterando o crescimento do mer-
cado e da produção de carne.
Segundo a gerente de
marketing da Abiec, Andréa
Veríssimo, desde 2007 a Abiec
participa da Gulfood devido ao
grande interesse por parte do
empresariado brasileiro em investir naquela região. Andréa destacou que tanto nas degustações realizadas no estande da Abiec,
como no workshop, com churrasco, sempre houve uma integração
entre a culinária típica do Brasil
e a árabe. “Sempre salientamos a
produção brasileira de carne e o
mercado como um todo, mos-
trando também produtos como o
arroz, feijão, sucos e vinhos, além
da música, como a bossa nova,
originária do país, mas de uma
forma respeitosa, integrando a
cultura da região”, revelou, sobre
os pratos árabes também apresentados.
A gerente de marketing considerou que foram realizados importantes contatos com importadores do norte da África e do
Oriente Médio no levantamento
previamente colhido com os expositores brasileiros. “Todos comentaram que receberam clien-
tes importantes e com perspectivas positivas de negócios.” O presidente da Abiec, Marcus
Vinicius Pratini de Moraes, e o
diretor-executivo Antonio
Camardelli também apreciaram
muito a presença da comitiva
brasileira, em sua grande maioria formada por integrantes do
Rio Grande do Sul, frisou
Andréa. A Abiec também participa de outras feiras de alimentação representativas no mundo
como Sial, na França; Anuga, na
Alemanha; e a Feira Mundial da
Alimentação, na Rússia.
Eventos de associados no primeiro semestre
Confira aqui a agenda de eventos que envolvem a raça Angus, promovidos por associados da ABA.
05/04/2008 - Remate Tradição e Qualidade - Hora: 15h
Local: Sindicato Rural de Butiá
26/04/2008 - 29º Remate da Cabanha Santa Clara - hora: 14h
Local: Parque de exposições de São Borja
23/04/2008 a 29/04/2008 - 4ª Feira de Outono de terneiros e terneiras de Alegrete
21/04/2008 a 27/04/2008 - 25ª Feira de terneiras e vaquilhonas de outono de Alegrete
21/04/2008 a 27/04/2008 - 25° Feira do terneiro de Alegrete
20/05/2008 e 21/05/2008 - 3ª Feira da vaca, terneiros e terneiras de São Francisco de Assis
Corpo Técnico da Associação Brasileira de Angus - faça contato
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Março/Abril de 2008
MOVIMENTO
GENÉTICA ANGUS
Março/Abril de 2008
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Uma necessidade e ao mesmo tempo uma deficiência da atualidade é o
produtor não poder contar com informações sobre o desempenho de progênie de touros nacionais. Quando um touro nacional, a partir de sua produção, torna-se provado para uso pelo mercado, ele já está com idade avançada ou muitas vezes já está morto e sem sêmen disponível. “Com o Teste
de Progênie vamos direcionar o uso desses touros jovens e assim acelerar a
obtenção dos resultados para informação ao mercado”, resume o gerente
de operações da ABA, Fernando Velloso.
egundo o técnico, os produtores
integrantes do programa já utilizaram o sêmen dos touros selecionados para o teste na temporada
2007/2008. E assim, já vamos dispor
de dados de desempenho ao desmame
no outono de 2009. “Já vamos conseguir provar o touro em apenas dois
anos”, antecipa Velloso. Em 2007, já
foram inseminadas 800 fêmeas com o
sêmen dos touros selecionados pela
ABA.
O Teste de Progênie, lançado pela
Associação Brasileira de Angus (ABA)
durante a Feicorte 2007, desponta
como a forma mais eficaz para testar
touros superiores nacionais. O teste
S
segue a filosofia de que para que um
touro seja bom, não basta que tenha
premiações em exposições ou que tenha produzido muito bem em determinada propriedade, se esse reprodutor
não tiver a capacidade de transmitir as
suas características para a sua descendência.
O teste de progênie trabalha coletando sêmen de animais superiores,
distribuindo-o para vários criadores de
regiões distintas e registrando os dados de desempenho via Promebo, para
nascimento, desmame e sobreano.
“Será o início da identificação dos
touros-pais melhoradores nacionais”,
sintetiza o presidente do Conselho Téc-
Fotos: Felipe Ulbricht /ABA
Touros nacionais: Teste de Progênie
terá primeiros dados já em 2009
Centenário, Grande Campeão da
Expointer 2007
nico da ABA, Ricardo Macedo
Gregory.
Já para o ex-presidente da ABA e
diretor da central Progen, Reynaldo
Titoff Salvador, esta é a primeira vez
que a ABA implanta esse tipo de trabalho, que está sendo desenvolvido em
parceria com a Alta Genetics, de
Uberaba, MG, e a Progen, de Dom
Pedrito, RS. Ele lembra que os touros
em provação foram selecionados pelo
Conselho Técnico e pelo Comitê de
Melhoramento Genético da ABA, em
comum acordo com as duas centrais
de sêmen. E dá alguns exemplos: um
desses reprodutores é Centenário,
Grande Campeão de argola da
El Saycan, melhor touro rústico da
Expointer 2007
Expointer 2007, de criação da
Cabanha Azul, de Quarai, RS; o outro é El Saycan, que foi o Campeão
Rústico da Expointer 2007, de criação da Cabanha Rincon Del Sarandy,
de Uruguaiana, RS. E o terceiro touro
é um o reprodutor Santo Antão 523,
de criação da Cabanha Santo Antão,
de Alegrete, RS. Salvador antecipa que
para os próximos anos, a meta é de aumentar o número de touros e de criadores, sendo que a produção dos três
touros em uso já vai gerar dados para
carcaças.
“O teste de progênie aprimora a
comparação dos rebanhos para avaliação genética, disponibiliza aos produ-
Santo Antão 523, da Cabanha Santo
Antão, de Alegrete, RS
tores um sêmen de alto valor por um
preço subsidiado e acelera o resultado
dos testes de performance dos touros”,
enfatiza Reynaldo Sanvador.
O técnico da ABA, veterinário Dimas
Rocha, informa que existem atualmente
16 criadores inscritos que já usaram a
genética dos touros selecionados nesta
temporada. “Esses criadores já estão participando do trabalho de melhoramento
genético proposto pela ABA, em parceria com as centrais de sêmen”, comemora. Conforme Rocha, a meta é valorizar
a genética nacional e encontrar neste universo touros comprovadamente
melhoradores, que vão agregar características desejáveis aos rebanhos nacionais.
Semeia define participantes do Seminário 30 anos de Genética
Reprodução animal e genética nos
rebanhos de gado de corte e de leite e
painéis retratando o mercado destes
setores serão a tônica do Seminário
Semeia 30 anos de Genética que já
tem palestrantes definidos, muitos
deles especialistas de renome internacional atuantes em universidades da
Argentina, Estados Unidos e Brasil.
O seminário da Semeia Genética nos
dias 08 e 09 de maio no Hotel Deville,
em Porto Alegre (RS), será aberto pelo
professor Dr. José Luiz Rodrigues, do
Laboratório de Embriologia e
Biotécnica da Reprodução da Faculdade de Veterinária, da Ufrgs. Na seqüência, será a vez do vice-presidente
executivo da Select Sires, David
Thorbahn, que é especialista em gado
de leite, retratar, em breve histórico,
a parceria de três décadas entre a Semeia Genética e a Select Sires que tem
sede nos Estados Unidos.
a seqüência, às 11h, o professor
Dr. Amauri Alfieri, da Universidade Estadual de Londrina, consultor da Pfizer, falará sobre controle sanitário dos rebanhos bovinos. Neste primeiro dia, destinado à reprodução animal, também haverá palestra sobre os
problemas e soluções na reprodução do
gado leiteiro apresentado pelo professor
N
Dr. Ricardo Chebel, da Universidade da
Califórnia (EUA). Os benefícios da
Inseminação Artificial por Tempo Fixo
(IATF) para produção de leite serão abordados por Leandro Gofert, do Departamento Técnico da Tecnopec. Na maratona de palestras do primeiro dia, ainda
haverá apresentação de Danilo Menezes
Sant´anna, da Ufrgs, que falará sobre
impacto da reprodução nos sistemas de
produção. No desfecho do dia 08, o professor Dr. Gabriel A. Bó, da Universidade Católica de Córdoba (Argentina),
abordará sobre sincronização de cio em
gado de corte (IATF).
O dia 09 será dedicado à genética e
aos painéis de agribusiness (leite e corte). A partir das 8h30min, o especialista
em gado de corte, chefe do Programa de
Gado de Corte da Select Sires, Brian
House, apresentará informações sobre
melhoramento genético no setor. A seguir, Thorbahn, especialista em gado de
leite da Select Sires, enfocará o melhoramento genético no gado leiteiro. Às 11h,
será a vez de Henry Berger, gerente
Igenity América Latina, da Merial, conduzir o tema Genética molecular a serviço do melhoramento animal. À tarde, a
partir das 14h, ocorrerá o painel do leite. A participação ficará a cargo do gerente do Departamento Técnico da Cooperativa Piá, Gilberto Kny. Ele falará
sob o tema Uma parceria de sucesso. O
gerente técnico e de marketing da Semeia
Genética, João Almir Bondan, conduzirá, na seqüência, o tema Qualidade do
leite, um benefício para a cadeia láctea.
Às 16h30min ocorrerá o painel de corte
sob o tema Potencialidade e perspectivas
no mercado da carne com a presença de
Keith Redpath, coordenador do Conselho Técnico da Qualidade e Marketing
da Carne Escocesa, da Escócia; Andréa
Veríssimo, gerente de marketing da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (Abiec); Fernando
Velloso, gerente de operações da Associação Brasileira de Angus (ABA), coordenador do Programa Carne Angus Certificada; e Roberto Barcellos, gerente de
projetos especiais do Frigorífico Marfrig.
Inscrições:
As inscrições para o Seminário Semeia 30 anos de Genética serão realizadas pelo endereço eletrônico
[email protected] ou
pelo telefone da Semeia Genética, (51)
3222 9688, com Adriana. Nas inscrições
por e-mail é preciso enviar nome e endereço completos assim como a atividade
que exerce. No primeiro dia do evento,
o profissional ou estudante inscrito deverá entregar 2 kg de leite em pó que serão doados ao Lar dos Idosos Santa Bárbara, de Porto Alegre. O Hotel Deville
dispõe de reservas a preço especial aos
participantes.
Programação
08/05 – Dia da reprodução animal
08h - Abertura (credenciamento)
08h30 - Desenvolvimento e perspectivas das biotécnicas da reprodução prof. Dr. José Luiz Rodrigues / Laboratório de Embriologia e Biotécnica da
Reprodução; Faculdade de Veterinária
– Ufrgs
09h30 – Breve histórico parceria Select
Sires e Semeia Genética - David
Thorbahn / vice-presidente executivo da
Select Sires
10h30 - Coffee Break
11h – Controle sanitário dos rebanhos
bovinos - prof. Dr. Amauri Alfieri / Universidade Estadual de Londrina / consultor Pfizer
12h – Almoço / Intervalo
Tarde - 14h - Problemas e soluções na
reprodução do gado leiteiro – prof. Dr.
Ricardo Chebel / Universidade da
Califórnia (EUA)
15h - Benefícios da Inseminação Artificial por Tempo Fixo (IATF) para produção de leite – Dr. Leandro Gofert / Departamento Técnico da Tecnopec
16h - Coffee Break
16h30 - Impacto da reprodução nos
sistemas de produção – Dr. Danilo
Menezes Sant´anna / UFRGS
17h30 - Sincronização de cio em gado
de corte (IATF) – prof. Dr. Gabriel A. Bó
/ Universidade Católica de Córdoba (Argentina)
09/05 - Dia da genética e painéis de
agribusiness (leite e corte)
08h30 – Melhoramento genético em
gado de corte – Brian House, especia-
lista em gado de corte / chefe do programa de Gado de Corte da Select Sires
09h30 – Melhoramento genético em
gado leiteiro - David Thorbahn / especialista em gado de leite / vice-presidente executivo da Select Sires
10h30 – Coffee Break
11h – Genética molecular a serviço do
melhoramento animal – Dr. Henry
Berger / gerente Igenity América Latina, Merial
Tarde - Painel Leite:
14h – Uma parceria de sucesso / Dr.
Gilberto Kny / gerente do Departamento Técnico da Cooperativa Piá
Qualidade do Leite, um benefício para
a cadeia láctea / Dr. João Almir Bondan
/ gerente técnico e de marketing da
Semeia Genética
16h – Coffee Break
Painel Corte:
16h30 – Potencialidade e perspectivas
no mercado da carne
Participantes –
Keith Redpath / coordenador do Conselho Técnico da Qualidade e Marketing
da Carne Escocesa, na Escócia (promoção da carne escocesa na Europa);
Andréa Veríssimo / gerente de
marketing da Associação Brasileira das
Indústrias Exportadoras de Carnes
(Abiec);
Fernando Velloso / gerente de operações da Associação Brasileira de
Angus (ABA) / coordenador do Programa Carne Angus Certificada
Roberto Barcellos / gerente de projetos especiais do Frigorífico Marfrig
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Março/Abril de 2008
MOVIMENTO
OPINIÃO
Março/Abril de 2008
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Agregando Valor na Vaca de Descarte
Uma vez tomada a decisão de que a vaca de descarte
será terminada dentro do sistema é necessário
estabelecer o processo tecnológico de engorda
tem uma participação maior nos ingressos do que nos
EUA, independente da taxa de desmama. À medida
que a taxa de desmama é maior ocorre menor venda
Por Prof. Júlio Otávio Jardim Barcellos
& Luciana Fagundes Christofari
& Ricardo Pedroso Oaigen
1 – Participação Econômica
da Vaca de Descarte na Cria
As matrizes de um rebanho comercial de bovinos
de corte de ciclo completo podem representar em média 40% do total efetivo da produção, sendo este valor variável conforme os índices de natalidade. As causas do descarte das vacas do rebanho de cria são a
idade avançada (39,8%) ou falhas reprodutivas (25%),
determinado por decisões estratégicas devido ao clima, mercado ou redução de rebanho (18,5%) e problemas de baixa produção (5,7%).
Conforme levantamento relatado pelo Anualpec
(2006), do total do rebanho bovino destinado à produção de carne no Brasil, a categoria animal que apresentou aumento significativo na última década foi a
vaca de cria (16,4%), enquanto as demais categorias
mantiveram-se estáveis ou até diminuíram sua participação. Como conseqüência à oferta da carne bovina oriunda de vacas de descarte vem aumentando consideravelmente no mercado, pois a taxa de abate de
fêmeas no primeiro semestre de 2006 alcançou em
média 40% do total de bovinos abatidos, o maior
nível dos últimos dez anos.
A vaca de descarte recebe essa denominação depreciativa, por ser considerado um subproduto do sistema de cria, em termos qualitativo. Esse é um conceito equivocado e ele tem origem da pequena participação dessa categoria no sistema de cria dos países
desenvolvidos (Canadá e Estados Unidos), pois nesses o valor comercial da vaca é extremamente baixo
quando comparado com a pecuária brasileira (Quadro 1). Nele nota-se que o preço pago pela vaca de
descarte nos EUA é em torno de 60% do preço do
boi gordo, enquanto no Brasil esse valor representa
85% e, em algumas situações, pode igualar-se ao preço do boi. Outro aspecto importante é a relação do
preço do bezerro com a vaca, pois no Brasil a magnitude é muito inferior ao que ocorre nos EUA.
Na pecuária norte-americana a vaca de descarte é
responsável por 20-25%% da renda da empresa en-
quanto no Brasil essa participação é muito superior
(Quadro 2). Isto se deve ao fato de que o destino da
carne dessa categoria no Brasil, é similar a carne do
boi, não havendo diferenciação clara no varejo, embora a grande maioria das empresas informe na
rotulagem que a carne é de machos. Por outro lado,
nos EUA a carne de vaca de descarte tem um valor
muito baixo para o consumidor e geralmente é processada industrialmente.
É demonstrado no Quadro 2 que no Brasil a vaca
de vacas de descarte e maior venda de bezerras, pois a
reposição é menor. Por isso, diminui a participação
da vaca de descarte com o aumento da taxa de desmama.
Os dados do Quadro 2 explicam parcialmente as
motivações acadêmicas para defenderem a tese de que
as vacas devem ser de tamanho moderado ou pequeno, pois essa categoria, com baixo valor comercial, só
oneraria o sistema devido ao alto custo de mantença.
Assim, quanto menor a vaca mais eficiente. Isto é
válido quando os índices de desmama são elevados e
poucas vacas de descarte estão à disposição para venda que é o caso da pecuária norte-americana. No entanto, no Brasil, índices extremamente elevados de
desmama podem ser menos eficientes economicamente, em virtude da participação da vaca. Neste caso possivelmente as vacas de maior tamanho determinarão
uma cria mais eficiente.
Um outro aspecto que deve ser considerado é a
diferença entre o preço da vaca em relação ao preço
do boi gordo, sendo que em alguns meses do ano,
determinado por maior demanda de carne (dezem-
bro, janeiro e fevereiro) ocorre uma queda na diferença entre vaca e boi (Veja na Figura 1).
A discussão anteriormente apresentada sempre faz
referência à venda da vaca de descarte como vaca para
o abate (gorda). No entanto, também existe a opção
no sistema de produção que é a venda da vaca magra
(invernar). Esta tem preços muito mais variáveis do
que a vaca gorda, pois depende da raça, do peso vivo,
da região de produção, da idade, do frame e da condição corporal. Porém, o que realmente interessa na
cria é o seu preço em relação à mesma vaca quando
gorda.
De um modo geral a vaca magra tem um valor/
kg em torno de 90% do valor pago pelo kg da vaca
gorda. Isto já demonstra a grande margem que o produtor de bezerro tem para engordar suas vacas, pois
poderá transformar em pouco tempo num produto
de maior valor agregado. Evidentemente que isto so-
bre efeitos do mercado e muitas vezes a demanda por
vacas magras é tão alta que o preço pago por kg é
igual ou superior ao da vaca gorda. Nesse caso a retenção da vaca até a venda ao abate só é justificável se
o custo de engorda é menor do que o acréscimo de
renda por vendê-la como gorda. Assim, é importante
considerar esses aspectos para uma tomada de decisão.
2 – Estratégias de Produção:
Uma vez tomada a decisão de que a vaca de descarte será terminada dentro do sistema é necessário
estabelecer o processo tecnológico de engorda. Neste
aspecto é fundamental levar em consideração a idade
da vaca e o seu estado corporal para definir o processo, cuja base principal é a alimentação.
Um dos aspectos importantes é o aproveitamento do potencial de ganho compensatório que as vacas
magras apresentam, sendo que nos primeiros 45 dias
os ganhos em tecido magro e gordura são muito elevados e a um baixo custo. A partir daí os ganhos em
gordura predominam até os 90 dias de engorda e são
menos eficientes. Contudo, a eficiência geral do sistema é razoável, por tratar-se de animais de baixa conversão alimentar. Então, considerando o tipo e a condição da vaca associada com a disponibilidade o custo do alimento será definido o sistema de engorda se
a pasto ou confinado.
A engorda a pasto é mais econômica na primeira
metade do período pois a exigência de energia para
ganho ainda é relativamente baixa. Por outro lado,
muitos sistemas de cria, dependem de áreas de pastos
para outras categorias e julgam-se incapazes de manter a vaca de descarte nessas condições. De um modo
geral, a engorda da vaca de descarte ocorre após o
diagnóstico de gestação, na entrada da estação da seca
(Brasil Central) ou do inverno (Sul). Nesse caso os
pastos perdem qualidade e dificilmente ocorre a engorda num período inferior a 120 dias. Portanto, nesse
caso será necessário ou uma suplementação energética
do pasto ou a utilização de pastagens de inverno.
No sistema a pasto ainda há a possibilidade de
realizar uma engorda mais lenta e concluir o processo
a partir de outubro conduzindo as vendas para os
meses de novembro e dezembro cujos preços encontram-se próximos ao do boi gordo. Isto, no entanto,
precisa ser analisado sob o ponto de vista sistêmico
onde poderá haver competição dos pastos por outras
categorias, principalmente porque será a época de
pastos e monta.
A engorda em confinamento, além de melhorar
o grau de acabamento da carcaça, permite uma terminação mais rápida. Entretanto, como já foi comentado anteriormente, via de regra a vaca tem baixa eficiência de conversão e o custo do alimento pode
inviabilizar o sistema. Além disso, os sistemas de cria
geralmente estão localizados em regiões com pequena disponibilidade de resíduos agroindustriais e com
problemas de logística para o confinamento ou semi-
confinamento.
Portanto, o objeto deste módulo é demonstrar os
caminhos para melhorar o valor da vaca de descarte e
não discutir processos tecnológicos de engorda.
3 – Comercialização
A comercialização da vaca de descarte, quando
magra, é pontual e logo após o diagnóstico de gestação. Contudo, ainda que pontual é possível que o
pecuarista implemente algumas alternativas que melhorem a remuneração final (Quadro 3). Um deles é
a segregação por peso ou por idade da vaca na hora de
oferecer ao cliente.
No exemplo do Quadro 3, se o pecuarista ofertasse
todo o lote e atribuísse um preço de R$ 550,00 por
cabeça, faria uma receita total de R$ 55.000,00. Provavelmente o comprador não pagasse mais do que
isso. Porém, dividindo em quatro lotes uniformes e
atribuindo preços diferentes a cada um deles o cliente
perceberia as diferenças e pagaria mais pelas melhores, o que resultaria num maior valor médio por cabeça. Essa é uma estratégia comercial importante para
a venda de vacas magras.
Uma alternativa é a formação de lotes homogêneos por pelagens e condição corporal ou por outras características perceptíveis e importantes para o cliente.
A comercialização de vacas gordas ainda não tem
merecido muita atenção no Brasil, porém com novos
mercados, padrões de conformidades para bois, já começam a serem implementadas tabelas de classificação das vacas e para cada classe um preço correspondente. Deste modo, o direcionamento e a preparação
da vaca de descarte para um determinado mercado
poderá representar diferenças expressivas nos preços
recebidos e na eficiência econômica da cria. Assim,
de um modo geral é listado um conjunto de medidas
que podem melhorar o valor comercial da vaca de
descarte destinada ao frigorífico.
- Minimizar o grau de condenações de carcaças pelo
monitoramento da saúde da vaca durante o ciclo na cria.
- Não conduzir o manejo da vaca até os extremos de
magreza, pois compromete a qualidade final da carcaça
e os perfis musculares.
- Melhorar o manejo nas instalações, pelo emprego de
boas práticas de bem estar, para evitar contusões e lesões
permanentes até o abate.
- Controlar as práticas sanitárias durante a vida produtiva da vaca, evitando formação de lesões crônicas.
Núcleo de Estudos em Sistemas de Produção de
Bovinos de Corte e Cadeias Produtivas
Departamento de Zootecnia e CEPAN UFRGS www.ufrgs.br/zootecnia/nespro.htm
[email protected]
36
Março/Abril de 2008
MERCADO
Angus: genética líder nas pistas de leilões
Fotos: Divulgação / ABA
Touros Angus: genética disputada em todos os leilões particulares e de exposições
A procura por reprodutores e matrizes em 2007 foi muito forte porque os
pecuaristas precisaram recompor os rebanhos, reduzidos por conta da
crise que se abateu sobre o setor lá pelos idos de 2005 e princípio de 2006.
A falta de terneiros (bezerros) nas feiras especializadas elevou o preço
desta categoria de animal no mercado. Juntando a isto o aumento do
preço médio da arroba (kg vivo), o bolso do produtor ganhou uma boa
folga, o que permitiu maiores investimentos nas compras durante o
concorrido circuito de leilões da última Primavera no Rio Grande do Sul
ou nos leilões de machos e fêmeas para campo ou produção de genética
mais elaborada, em pregões que já alcançam similar qualificação pelo
Brasil afora, com destaque para Paraná e São Paulo.
Por Nelson Moreira
P
recisando de touros prontos
para monta, o mercado não se
furtou de pagar mais pelo produto que queria. Em geral reprodutores com 24 meses nas raças taurinas
e 30 meses nas zebuínas ou sintéticas. Assim a comercialização de
reprodutores teve um aquecimento
da ordem de 4% sobre 2006. Os preços médios também foram 61% maiores que o ano anterior, ficando em
R$ 4,3 mil, algo que não acontecia
há 10 anos.
Mas não foi nenhuma surpresa
verificar que a raça Aberdeen Angus
despontou como a de melhor desempenho de comercialização de
reprodutores entre a raças européias
em 2007. E mesmo entre as sintéticas, que são cruzamentos de européias com zebuínas, o sangue Angus venceu a disputa com muitos corpos de
vantagem. Só perdeu mesmo para os
zebuínos Nelore, o que, além de compreensível (é disparado o maior re-
banho do Brasil), é um enorme destaque na comparação com todas as
demais raças e espécies que competem no mercado.
No quadro geral de vendas de
machos a Angus ficou atrás somente
dos numerosos Nelore, raça que tem
o maior rebanho no País. Ao todo foram 2.167 reprodutores machos
Angus vendidos em leilões, com a
média de R$ 5.088 mil. Em terceiro
lugar aparece o Nelore Mocho, com
1.820 machos vendidos, á méida de
R$ 3,76 mil, conforme levantamento realizado junto às leiloeiras brasileiras pela especializada revista DBO,
de São Paulo, SP. A raça Brangus,
resultado de cruzamento com Angus,
ficou em quinto lugar com 902 animais e a média de R$ 4.079 mil.
E quando se faz um retrato do
que ocorreu em 2007 somente na
Região Sul, aí então o predomínio da
raça Aberdeen Angus se torna muitíssimo mais forte. Contabilizados
nada menos que 57 leilões, a raça
comercializou 5.340 mil animais,
obtendo uma renda de R$ 18,8 milhões e a média de R$ 3.505 mil. É
bom ressaltar que nestes números estão contabilizados machos e fêmeas.
Aliás, segundo levantamento feito
pela revista DBO Rural, pelo segundo ano consecutivo as fêmeas obtiveram resultados superiores, fato motivado pela necessidade de aumentar
a produção de terneiros (bezerros). A
valorização superou a casa dos 40%
com preço médio de R$ 4.797 mil.
Angus faturou R$ 20,9
milhões em 2007
Entre as raças taurinas não há discussão. A Angus movimentou o cenário e faturou R$ 20,9 milhões em
62 leilões. Os reprodutores fizeram
médias acima de R$ 5,5 mil, muito
além do registro histórico que era de
R$ 3 mil. Já as fêmeas também estiveram neste nível alto de preços. Mesmo que os pecuaristas e leiloeiros dissessem que 2007 foi um ano de recuperação, com preços superando os
de 2006, fato é que as pistas ficaram
limpas, na sua maioria, e quem chegou atrasado, “bebeu água suja”,
como se diz no campo.
A julgar por estes resultados e pela
contínua procura por reprodutores e
matrizes para repovoar os campos, a
tendência é que 2008 mantenha pelo
menos os valores médios do ano anterior. Mas tudo está a indicar que
também neste ano a pecuária brasileira e a genética Angus, por certo,
estarão na mira de novos investimentos e ainda maiores.
Para os analistas do setor de carne, a valorização do reprodutor e da
fêmea vai continuar, porque é preciso seguir produzindo terneiros para
ter boi gordo a fim de atender à crescente demanda pela carne Angus.
Resultado esperado
Para o vice-presidente da Associação Brasileira de Angus (ABA), Joaquim Mello, todos estes números
vêm comprovar que a Angus está
crescendo a cada ano, porque é a genética que melhor carne produz. E é
esta carne que o mercado interno e a
Europa querem, porque reconhecem
a qualidade, o sabor e a maciez.
“Em vários mercados – EUA,
Austrália, Argentina – a base do rebanho é Angus para justamente dar
esta qualidade do marmoreio, e por
isto é a carne mais procurada. Por ser
a mais buscada é também a que mais
valor obtém e esta valorização se reflete no campo, na renda do produtor que cria Angus”, ressalta o criador.
Mello lembra que já há alguns
anos a raça vem despontando como
a que mais vende animais, a que melhor média faz nos leilões e a que mais
vende sêmen. Tudo isto é conseqüência de um processo de maturação
da raça, de crescimento do seu interesse no mercado consumidor, considerando tanto o pecuarista, quanto
a demanda por carnes de qualidade
na cidade. “Isto movimenta o negócio carne Angus de um jeito tal que
todos acabam investindo na raça e lucrando muito com a atividade, agregando valor a seu trabalho”, salienta.
Para ele um dos motores de todo
este processo é o Programa Carne
Angus Certificada, que começou há
cinco anos com 16 produtores e cerca de 16 mil cabeças abatidas ao ano
e agora, em 2007, fechou com 206
produtores e um abate de 96 mil cabeças ao ano, e inclusive exportação
para a Alemanha, por exemplo.
“Tudo isto trouxe uma conseqüência direta nos remates da última Primavera e nas vendas de Angus pelo
Brasil: as pistas ficaram limpas e as
médias foram altas”, comemora o
produtor.
Dados comprovam
supremacia Angus
A visão de quem já rodou o mundo em busca de informações sobre
animais, carne e mercados, traz para
o cenário atual o que o consumidor
está querendo, neste momento. Produtor rural e empresário do setor de
pecuária, Valdomiro Poliselli Jr, diretor da VPJ Beef (carne certificada
pela ABA), uma das empresas do grupo VPJ, argumenta que a escolha por
trabalhar com a raça Aberdeen Angus
deve-se à quantidade de trabalhos de
pesquisas e mensurações de desempenho já realizadas em vários itens de
produção, por todo o mundo. “Isto
acontece porque os americanos são
obcecados por números e desempenhos. E tanto pelo ponto de vista da
criação, quanto do econômico, a
Angus superou as outras raças e hoje
é a mais importante do mundo”, salienta.
Poliselli afirma que a carne Angus
traz o diferencial do marmoreio, da
qualidade de carcaça, da precocidade e de fêmeas com alta habilidade
materna. O empresário lembra que
desde o ano 2000 a raça vem despontando no mercado. Primeiro como
vendedora de grandes quantidades de
sêmen, a ponto de ficar em primeiro
lugar. Depois com o lançamento do
programa de carne de qualidade e o
retorno do interesse do pecuarista
para ter sangue Angus em seu rebanho, com o objetivo de ganhar mais
pelo seu gado, de agregar valor a seus
produtos e a seu trabalho. “Este movimento já está chegando aos grandes confinamentos do Brasil Central
e é nítido o crescimento da raça
Aberdeen Angus, tanto em produtos
de argola, de cabanha, como em animais cruzados, de produção. Os
confinadores querem ganhar mais”,
identifica o criador.
Para Poliselli Júnior, assim como
a maior parte do mercado – e num
crescente - a VPJ Beef é a mais inte-
MERCADO
ressada na criação da raça e na disseminação do sangue Angus pelos rebanhos brasileiros. “Isto possibilita
aos criadores o atendimento de nossos clientes com reprodutores e uma
carne de alta qualidade, que agrada a
todos e movimenta toda a cadeia de
produção”, finaliza.
Demorou, mas
aconteceu!
João Vieira de Macedo Neto, que
em 2007 comemorou o centenário de
sua Cabanha Azul, não se mostra surpreso com o crescimento da importância e da demanda por genética
Angus, não só no Sul do Brasil, mas
em todas as importantes regiões de
produção pecuária do País. “Considerando que Angus tem fama –
construída a partir de dados comprovados de performance e produção nos principais pólos de produção pecuária no mundo, acho até que demorou para os produtores brasileiros
perceberem os ganhos que podem
obter utilizando a genética Angus”,
argumenta o experiente criador da
raça.
Um dos pioneiros na criação e seleção de Angus no Brasil, Macedo
(como é mais conhecido entre os criadores) acredita que de agora em diante ninguém mais segura o cresci-
mento e a demanda pela genética
Angus no Brasil. “Existiam lobbies
muito fortes, criticando o desempenho dos animais Angus em regiões
como o Brasil Central, por exemplo.
Mas hoje são os próprios confinadores que se transformaram nos maiores propagandistas dos excelentes resultados que podem ser alcançados a
partir do uso correto da genética
Angus para a produção de carne de
qualidade”, enfatiza Macedo. Para ele,
Nelore não concorre com Angus, porque Angus e Nelore se complementam!
Jornalista
Março/Abril de 2008
37
AS DEZ RAÇAS QUE MAIS
VENDERAM MACHOS EM 2007
Raças
Nelore
Angus
Nelore Mocho
Hereford
Brangus
Braford
Tabapuã
Brahman
Guzerá
Charolês
Outras 13 raças
Total para 23 raças
Animais
12.361
2.167
1.820
1.112
902
804
749
562
568
364
740
22.253
Média (R$)
4.056
5.088
3.763
5.435
4.079
5.855
3.321
3.784
3.794
3.037
5.719
4.276
Critério de oferta. Fonte: Banco de dados DBO
DATAS
Angus perde Cláudio Gonzalez
Cláudio Ruas Gonzalez
A raça Aberdeen Angus perdeu o criador Cláudio Ruas Gonzalez, entusiasta da raça, falecido em Porto Alegre no
dia 16 de fevereiro último. Ele tinha 59
anos, era engenheiro químico formado
pela Escola Politécnica da USP, em São
Paulo, SP, e criador de Angus desde
2002. Juntamente a esposa, senhora Leila
Settineri, administrava a Cabanha La
Cornélia, de Tapes, RS.
Entre outras atividades, Cláudio
Ruas Gonzáles era Diretor Financeiro do
Núcleo Centro Litorâneo de Criadores
de Angus, presidido atualmente pela criadora Carla Sandra Staiger Schneider.
Morre nos EUA Roy Wallace
Zootecnista ligado à Select Sires também integrou Conselho Técnico da
Associação Americana de Angus
Um brinde aos 100 anos
da Cabanha Azul e GAP
Foto: Felipe Ulbricht /ABA
Durante a cerimônia de entrega de prêmios e confraternização do mundo Angus no Nova Era, o presidente da ABA, José Paulo Dornelles Cairoli,
ergueu um brinde e entregou honraria comemorativa aos 100 anos de
dedicação em prol da raça e serviços de seleção e melhoramento genéticos prestados à raça Aberdeen Angus pelo criador João Vieira de Macedo
Neto, da Cabanha Azul, de Quaraí, RS, e a Eduardo Linhares, da GAP
Genética, em Uruguaiana, RS, ao lado de Azhaury Macedo Linhares.
João Vieira de Macedo Neto, Azhaury Macedo Linhares,
Cairoli e Eduardo Macedo Linhares
Roy Wallace foi importante influência na
indústria da carne nos últimos 40 anos
A Semeia Genética/Select Sires
informou o falecimento do vice-presidente do Programa de Gado de
Corte da Select Sires, Roy Wallace,
ocorrido em 20 de janeiro deste ano,
nos Estados Unidos. Zootecnista formado pela Universidade de Ohio
(EUA), Wallace dedicou seus últimos
40 anos a serviço da Select Sires, período em que manteve estreito relacionamento com a Semeia Genética parceira no Brasil - tendo visitado inúmeras vezes o País, especialmente a
região Sul.
Nessas oportunidades, ele sempre
contribuiu com sua sabedoria e experiência no aconselhamento de programas de seleção e cruzamento. Um dos
sinais mais expressivos de seu prestí-
gio foi o reconhecimento pela Beef
Magazine, em 2004, quando foi
apontado como uma das 40 pessoas
que mais influenciaram a indústria da
carne internacional nas últimas quatro décadas.
O zootecnista recebeu inúmeras
honrarias pelo seu trabalho, tendo
participado, também, como integrante do Conselho Técnico da Associação Americana de Angus.
A Semeia Genética – empresa de
seleção, melhoramento e inseminação
artificial, tem sua sede em Porto Alegre, RS e está completando 30 anos
em 2008. A Select Sires, com sede nos
Estados Unidos, é considerada a maior central de cooperativas de
inseminação artificial do mundo.
38
Março/Abril de 2008
ARTIGO
Uso de marcadores moleculares em
programas de melhoramento, com
ênfase para caracteres reprodutivos
Por Leonardo Talavera Campos
A estimação atual do valor genético é baseada apenas em informações fenotípicas. O
advento de marcadores moleculares permite a
determinação do genótipo real em loci específicos de genes, sem erros devidos a efeitos
ambientais, ao acaso ou não.
Na situação ideal, podemos identificar diretamente genótipos nos loci que contêm genes
com efeitos substanciais sobre características
quantitativas (QTL). No entanto, uma situação mais real é aquela na qual usamos os
marcadores genéticos ligados aos QTLs para
aumentar a probabilidade de selecionar os animais com o genótipo QTL desejado. Com es-
tes marcadores indiretos, não há garantia de
detecção correta do genótipo QTL. Além disso, os alelos marcadores ligados ao alelo QTL
preferencial podem ser diferentes em famílias
diferentes, e a informação sobre a fase de ligação deve ser acumulada com base às informações fenotípicas e de pedigree (por exemplo,
um teste de progênie).
Genótipos marcadores podem ser usados
para orientar decisões de programas de sele-
fatores:
1) quando o valor da herdabilidade é baixa, o valor da informação proveniente de
marcadores tende a ser alta;
2) onde a característica de interesse não é
mensurada em um dos sexos, a informação do
marcador pode ser usada na classificação dos
animais deste sexo;
3) se a característica não é avaliada em
animais impúberes, as informações genômicas
A seleção assistida por Marcadores Moleculares é uma ferramenta
poderosa no auxílio de programas de melhoramento, mas a
avaliação fenotípica e análise quantitativa das características
continuam a ser o instrumento central da selação
ção, auxiliando no aumento da freqüência de
alelos favoráveis, ou assistindo a introgressão
de genes candidatos em linhagens divergentes. De acordo com Kinghorn e colaboradores, o valor da Seleção Assistida por Marcadores
(MAS) depende basicamente dos seguintes
podem auxiliar na seleção precoce; e
4) se a avaliação da característica é feita
“pós-morten”, a análise dos marcadores pode
prover dados que dispensem o sacrifício dos
animais.
Conclui-se, a partir destas considerações,
que os caracteres reprodutivos, sendo de baixa
herdabilidade, limitados a um dos sexos e não
medidos em animais impúberes, são exatamente os que mais podem se beneficiar com a utilização da Seleção Assistida por Marcadores
(MAS).
Finalizando, deve ser lembrado que a seleção de animais baseada unicamente em
marcadores deve ser evitada. Antes de descartar animais de alto valor genético pela ausência de um dado marcador, o melhorista deve
estar seguro de que tal locus é realmente fundamental no seu esquema de seleção.
É importante ter sempre em mente que a
Seleção Assistida por Marcadores é uma ferramenta no auxílio de programas de melhoramento, onde as avaliações fenotípicas e análises quantitativas das características continuam a ser o instrumento central da seleção.
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Estatísticas do Promebo
(Janeiro-Dezembro 2007)
OPINIÃO
Março/Abril de 2008
39
Exportações de carne bovina em 2008
Não será nada fácil para o Brasil, em 2008, quebrar um novo
recorde em termos de volume exportado. No entanto, a
hegemonia brasileira está muito longe de ser ameaçada
Por Fabiano Tito Rosa
De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes – ABIEC, o Brasil provavelmente exportou cerca de 2,50 milhões
de toneladas equivalente carcaça de carne bovina
em 2007, com faturamento de US$ 4,45 bilhões
(no fechamento desta análise os números ainda não
haviam sido consolidados). Em relação a 2006, portanto, espera-se por um aumento de 9% em volume e 15% em faturamento.
Para 2008 a expectativa é que os embarques alcancem 2,62 milhões de toneladas, com receita entre US$ 4,89 e US$ 5,11 bilhões. Dessa forma, em
relação a 2007, ter-se-ia um crescimento de 5% em
volume e mais ou menos 12% em receita.
O bom desempenho, em termos de
faturamento, se justifica pelo aumento dos preços
da carne exportada. A economia mundial se expande em ritmo forte, o que mantém a demanda por
alimentos aquecida e o mercado firme.
Além do mais, os exportadores brasileiros, graças à disparada das cotações do boi gordo, estão sob
forte pressão de custos. É natural, portanto, que
busquem repassá-la aos compradores. Como o Brasil responde por aproximadamente 33% das exportações mundiais de carne bovina, os frigoríficos nacionais conseguem exercer certa influência na formação dos preços internacionais. Pode-se dizer que
no caso da carne vermelha, o Brasil é formador e
não tomador de preços.
Mas e a expectativa de crescimento de “apenas”
5% para o volume exportado? Pessimista? Conservadora? Na opinião da Scot Consultoria, talvez ela
esteja até um pouco otimista.
Entre 1999 e 2006, a taxa de crescimento médio das exportações brasileiras de carne bovina, em
volume, foi de 23% ao ano. Vale destacar que foi
justamente na virada dos anos 90 para os anos 00
que o mercado internacional se abriu para o Brasil,
em função de problemas de ordem sanitária enfrentados por importantes exportadores.
Como o País vinha fazendo a lição de casa em
termos de sanidade, possuía preços competitivos e o
respaldo de uma produção em ascensão, ou seja, gozava de um belo excedente exportável, os exportadores brasileiros aproveitaram a chance para conquistar boa parte do planeta.
Ao final de 2005, porém, foram registrados focos de febre aftosa no Mato Grosso do Sul e Paraná.
Os reflexos foram sentidos em 2006, mas ao contrário do que previam os profetas do apocalipse, as exportações brasileiras estabeleceram um novo recorde. O Brasil, que desde 2004 já era o maior exportador mundial de carne bovina em volume, aumentou a vantagem e passou a ser também o número 1
em faturamento.
Foi em 2007 que os embarques começaram a
perder força. Em relação a 2006, como destacou a
ABIEC, um novo recorde foi estabelecido. Mas no
caso do volume exportado, ele se deve, exclusivamente, ao bom desempenho do primeiro semestre.
O segundo, é preciso deixar claro, foi ruim.
No que diz respeito às exportações de carne in
natura, desde junho
de 2007 os resultados
começaram a ficar
abaixo do registrado
no mesmo período de
2006. Considerandose o total, ou seja, in
natura + industrializada, as retrações começaram em julho, mas
com um recorde que
ainda veio a ser registrado em setembro.
Acompanhe na tabela
1.
Considerando-se
o desempenho das exportações de carne in
natura, em volume,
entre 1999 e 2006,
com base numa análise mês a mês, comparando os resultados de
um ano em relação ao
anterior, nunca antes haviam sido registradas sete
retrações, como em 2007 na comparação com 2006.
Os “recordes”, até então, estavam com 2002 na
comparação com 2001 e 2006 na comparação com
2005 (período em que o Brasil sentia os reflexos dos
casos de aftosa), com quatro retrações cada.
Portanto, está claro que houve queda de desempenho em 2007. Por quê?
Primeiro, a produção deixou de dar respaldo às
exportações, já que os abates diminuíram. E isso,
como alguns querem fazer crer, não é problema de
seca. Sempre o segundo semestre é seco, o anormal
seria se ele fosse chuvoso. Ao final de 2007 as chuvas vieram com uns 30 dias de atraso, portanto, se o
problema fosse falta d’água, haveria retração dos embarques em um único mês, quem sabe em dois, mas
não em sete.
A questão é de ordem estrutural. Mais de quatro anos de abate de matrizes e redução de investimentos levaram à retração do rebanho. O mercado
enxugou e os preços pecuários reagiram, intensificando a dificuldade de aquisição de matéria-prima
por parte dos frigoríficos, já que o produtor, agora,
voltou a reter matrizes.
Entre 1999 e 2006, enquanto as exportações
cresceram 23% ao ano, a produção aumentou 7%.
Já em 2007, a expectativa é que a produção de carne
bovina brasileira tenha recuado entre 2% e 3% em
relação a 2006, com nova retração em 2008.
Segundo, é preciso considerar que os aumentos
de preços, lá fora, deixaram de acompanhar o que
acontece aqui dentro. Veja na figura 1 uma comparação da evolução das cotações da arroba do boi gordo em SP, da carne bovina no atacado (boi casado) e
do preço médio da carne
bovina in natura exportada, em dólares.
Veja no Gráfico 1 que,
entre 2003 e 2006, a valorização do real deu sustentação ao aumento dos preços do boi em dólares, sendo que houve repasse para
a carne dentro e fora do
país.
Já a partir de 2007 o
boi começou a subir forte
também em reais. No mercado interno, houve repasse, contando com a ajuda
da melhoria de renda da
população. Já o preço da
carne exportada mantevese firme, mas ficou para trás na corrida com as cotações domésticas.
Acompanhe, na tabela 2, as mesmas variações
da figura 1, mas agora em termos porcentuais.
Em reais, ao longo de 2007, enquanto o preço
médio da carne in natura exportada subiu 14%, o
preço do boi gordo em SP reagiu 38% e o do boi
casado 30%. Essa situação levou alguns exportadores a direcionarem, propositadamente, uma maior
parte da produção para o mercado doméstico.
Além das questões relativas à redução da produ-
ção e ao aumento da competitividade do mercado
interno, as exportações enfrentam outro grande desafio: as novas ameaças por parte da União Européia
(UE).
Mediante o não cumprimento de algumas exigências, contando ainda com o aumento da pressão
por parte de produtores locais, os europeus estão
dispostos a impor novas restrições à carne bovina
brasileira. Fora isso, o SISBOV não emplaca. Aliás,
enfrenta forte resistência no campo, graças ao vai e
vem das determinações e dos prazos, aos problemas
de implementação e, muitas vezes, à ausência de repasse. Vez ou outra, frigoríficos de mercado interno
pagam mais por animais não rastreados do que os
exportadores pagam pelos rastreados.
Vale lembrar que a UE é o principal cliente brasileiro. Responde mais ou menos por 23% das exportações em volume e 34% em faturamento. Com
base na expectativa da ABIEC para o fechamento
de 2007, pode-se estimar que os europeus tenham
absorvido entre 500 e 600 mil toneladas equivalente carcaça de carne bovina brasileira no último ano,
algo em torno de US$ 1,50 a US$ 1,60 bilhão.
Para se ter uma idéia, essas 600 mil toneladas
européias equivalem, mais ou menos, a 100% das
exportações do Uruguai, a 2,5 milhões de cabeças
de 16@, a 100% dos bovinos confinados do Brasil,
a algo em torno de 5% a 7% da produção brasileira
de carne bovina, e por aí vai.
Além do mais, na comparação com os outros
dois grandes clientes brasileiros, Rússia e Oriente
Médio, os europeus pagam 73% e 60% mais pela
tonelada de carne, respectivamente.
Se esse mercado se retrair, seja por meio de novas restrições ou do fracasso do SISBOV, as exportações sofrem dois impactos. Primeiro, a redução da
demanda internacional pela carne bovina brasileira
(que poderia ser compensada com o aumento das
vendas a outros países). Segundo, conseqüência do
primeiro, o aumento da atratividade do mercado doméstico, já que as vendas para o importador que
paga melhor foram afetadas.
Em síntese, não será nada fácil para o Brasil, em
2008, quebrar um novo recorde em termos de volume exportado. Vale destacar, no
entanto, que a hegemonia brasileira está muito longe de ser
ameaçada.
Comparando as exportações
brasileiras com a do segundo exportador mundial, a Austrália, salta aos olhos uma margem de 830
mil toneladas equivalente carcaça,
a favor do Brasil. Em resumo, entre os dois tem-se o equivalente ao
volume exportado pelo terceiro colocado, que é a Índia. Mas de toda forma, o Brasil
deve mesmo perder um pouco de market share
(representatividade) no ano que vem.
Lógico que, se for para escolher, é muito melhor crescer em faturamento do que em volume. Mas
o ideal é conseguir os dois: exportar maior quantidade, para não dar espaço aos concorrentes, e com
preços médios mais altos.
Talvez em 2008 essa combinação não seja possível.
Zootecnista - Scot Consultoria
[email protected]
40
Março/Abril de 2008

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