crescimento crescimento - Frecuencia Latinoamérica

Transcrição

crescimento crescimento - Frecuencia Latinoamérica
Ano 9 - Nº 69 - Outubro/Novembro 2005
Edição em PORTUGUÊS
Latinoamérica
www.frecuenciaonline.com
SERVIÇOS
CONVERGENTES
IMPÕEM
MUDANÇAS
INDÚSTRIA
DEBATE
FUTURO DA
MOBILIDADE
MIGUEL MENCHÉN,
CRESCIMENTO
diretor geral da Telefónica
México, revela em entrevista
que a operadora se prepara
para ganhar mercado, mas sem
perder o foco na rentabilidade
SUSTENTÁVEL
FRECUENCIA LATINOAMÉRICA REALIZA CONFERÊNCIA
SOBRE GSM NO MERCADO MEXICANO
ISSN 1555-855X
Frecuencia
COMUNICAÇÃO SEM FIO NA AMÉRICA LATINA
3G CDMA2000 e WCDMA (UMTS)
O carisma da 3G
Localização
Carisma—ou você tem ou não tem. As redes celulares 3G têm. Olhe em volta e você
verá as pessoas sendo atraídas pela grande variedade de recursos e aplicativos de dados
com o padrão CDMA2000 e WCDMA (UMTS) das redes 3G. Com as redes 3G, você não
só pode falar com outras pessoas, como também pode acessar a Internet, os serviços
de localização e de e-mail, além de baixar músicas e jogos, toques personalizados e
protetores de tela.
Para conhecer melhor o carisma das redes 3G,
visite o site www.qualcomm.com/brasil ainda hoje!
© 2005 QUALCOMM Incorporated. Todos os direitos reservados.
Frecuencia
Latinoamérica
EDITORIAL
Nº 69 Outubro/Novembro 2005
MATRIZ
ITP Editorial
475 Biltmore Way, Suite 203
Coral Gables, FL 33134-5756
Tel: 1 305 567 2492 / Fax: 1 305 448 5067
DIRETORA & EDITORA-CHEFE
Ana María Yumiseva [email protected]
EDITORA EXECUTIVA
Ana Paula Lobo
[email protected]
EDITORA MÉXICO
Fabiola González
[email protected]
CORRESPONDENTES
Argentina - Elías Tarradellas
Chile - Antonio Alvarado
Colombia - Marcelo Ivan Ruiz
Equador - Jaime Yumiseva
Peru - Marco Villacorta
GERENTE FRECUENCIA LATINOAMÉRICA MÉXICO
Victor Hugo Ortiz
[email protected]
Tel: 52.55.2876.3199
Cel: 04455.1231.5858
CIRCULAÇÃO
Carmen Burgos
[email protected]
DISTRIBUIÇÃO / BRASIL
Sarlete Strobel
[email protected]
WEBMASTER
Danilo Bilbao
[email protected]
TRADUTORAS
Ana Cristina Gonçalves
Barbara Sipe
ADMINISTRAÇÃO & FINANÇAS
Carmen Luz Yumiseva
ESCRITÓRIOS REGIONAIS
REDAÇÃO FRECUENCIA - MÉXICO
Calle Once # 102-202
Col. Espartaco Del. Coyoacán
C.P. 04870 - México D.F.
Tel: 52 55 53 515302
ITP EDITORIAL - REGIÃO ANDINA
Av. Eloy Alfaro 3822 y Gaspar de Villaroel
Quito – Equador
Tel: 593-22-422-568 / Fax: 593-22-424-871
REDAÇÃO FRECUENCIA - BRASIL
Av. Dr. Cardoso de Melo, 146 / 44
Vila Olímpia - São Paulo
CEP: 04578-000
Telefone/Fax: 55-11-3045-3481
IMPRESSÃO
DirectPress
EDIÇÃO DE ARTE E DIAGRAMAÇÃO
PUBLICIDADE
Pedro R Costa
[email protected]
AMÉRICA LATINA, EUA E EUROPA
GERENTE de MARKETING & PUBLICIDADE
[email protected]
Sara Astoul
475 Biltmore Way, Suite 203 - Coral Gables, FL - USA
Tel: 305-567-2492
EUA OESTE
[email protected]
Jordan Sylvester
1715 Mtn. Ridge CT NE - Albuquerque, NM 87112
Tel: 505-480-5109
ÁSIA
[email protected]
Ben Sanosi
interAct Group
10 Anson Road - No. 11-17 International Plaza - Singapore
Tel/Fax: +65 68770418
FRECUENCIA LATINOAMÉRICA circula oito vezes no ano e é
distribuída às empresas e executivos do mercado de
telecomunicações sem fio.
Assinatura anual: Latinoamérica, EUA e Canadá: US$ 35.
Europa e Ásia: 60 Euros. Brasil R$ 50. México: $ 250
Direitos Reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta
publicação sem prévia autorização da direção. As opiniões contidas
na revista Frecuencia Latinoamérica refletem a posição dos autores e
não necessariamente a da ITP Editorial.
www.frecuenciaonline.com
Um olhar
para o futuro
T
ratar a América Latina como uma região, respeitando ao
mesmo tempo as particularidades de cada país, é um de nossos desafios à frente da direção editorial da FRECUENCIA
LATINOAMÉRICA. Há dois anos, por exemplo, para atender à demanda do leitor brasileiro, retomamos o projeto da revista em português. Agora, em virtude da crescente importância do México no mercado de comunicação sem fio, FRECUENCIA LATINOAMÉRICA passa a ter também uma edição voltada especialmente para esse país.
Para marcar esta nova etapa, contamos com a colaboração de
renomados especialistas da área de telecomunicações sem fio do México. Eles serão palestrantes no primeiro evento patrocinado pela ITP
Editorial – o GSM México 2005 – e, nesta edição, antecipam em artigos os temas mais relevantes a serem debatidos no seminário, que
reunirá na capital mexicana as principais operadoras, fabricantes e
estudiosos do setor. O GSM México 2005 é o primeiro de uma série de
novos eventos com o selo da IPT Editorial. Entre outros, estaremos à
frente, em março de 2006, de um seminário sobre conteúdo móvel,
que acontecerá em Miami, nos Estados Unidos.
Nesta edição, a equipe editorial da FRECUENCIA LATINOAMÉRICA
traz ainda um panorama do que foi apresentado e debatido em eventos
importantes ocorridos na América Latina, mais precisamente no Brasil,
especialmente, o Telecom Americas, realizado no início de outubro, em
Salvador, na Bahia. Nele foi possível constatar que, apesar de suas características peculiares e distintas, os países da região têm a mesma percepção do atual momento do setor. Ou seja, uma revolução tecnológica está
a caminho e o modelo regulatório precisa ser revisto para conciliar os
interesses dos consumidores, fabricantes e operadoras.
As agências regulatórias não têm tempo a perder. Serviços que já
começam a conquistar os assinantes, como Voz sobre IP e a distribuição de conteúdo pelo telefone celular, demandam novas regras e uma
reformulação na relação cliente/operadora/órgão regulador. As discussões têm sido apaixonadas, como costuma acontecer na região, e
uma conclusão se impõe: a América Latina ingressa com extrema
velocidade em uma nova era da comunicação sem fio. FRECUENCIA
LATINOAMÉRICA está atenta a esse movimento para trazer a vocês,
nossos leitores, todos os seus aspectos. Boa leitura e até a próxima!
Ana Maria Yumiseva - Diretora
Outubro/Novembro 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
3
ÍNDICE
NOTÍCIAS
NOTÍCIAS
CAPA
6
As 238 empresas concessionárias do serviço de TV a cabo
no México esperam que a Comissão Federal de
Telecomunicações (Cofetel) defina, ainda este ano, se irá ou
não permitir que elas ofereçam serviços de telefonia e
Internet pela sua infra-estrutura.
8
Pesquisa divulgada pela DMR Consulting coloca o Chile
como o país mais bem classificado no ranking de uso de
Tecnologia da Informação e Telecomunicações na América
Latina, no segundo trimestre deste ano.
9
Nos últimos três meses, o setor de telecomunicações do
país tem estado agitado, com anúncios de alianças e
fusões. Briga pelo controle da Colombia Telecomunicaciones,
operadora fixa estatal do país, segue acirrada.
OPINIÃO
34
A capa da revista The Economist do dia 17 de setembro
proclamou a morte do serviço telefônico em função da
Internet. Tendo em vista o desaparecimento dos negócios
de longa distância e de suas respectivas operadoras, é
difícil discordar do artigo. Entretanto, a The Economist erra
ao acreditar que as operadoras móveis passarão, nos
próximos anos, por momentos ainda piores do que os
vividos pelas operadoras fixas. Por Carlos Ponce de León.
A Telefónica Móviles México tem
diante de si um panorama
complexo. Com o desafio de
alcançar o ponto de equilíbrio
na subsidiária e começar a
mostrar um crescimento
rentável, a empresa decidiu
trazer um executivo que já
demonstrou ter a perícia
necessária para atingir o objetivo: Miguel Menchén, que
FRECUENCIA LATINOAMÉRICA entrevistou com exclusividade.
PÁGINA
Objetivo:
RENTABILIDADE
REGULAMENTAÇÃO
24
ESPECIAL GSM
21 a 23 de novembro, a FRECUENCIA
10 DeLATINOAMÉRICA
realizou o GSM México Summit 2005,
na cidade do México. Para marcar a entrada da ITP
Editorial na área de eventos, a revista convidou
representantes da indústria de comunicação móvel
– operadoras, fabricantes, consultores, analistas,
provedores de serviços e órgãos reguladores – para
discutirem o futuro da telefonia celular não apenas
no México, mas em toda a região.
4
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
18
Impulsionado pela convergência, o setor vive um
momento decisivo. Há uma necessidade urgente de
reformular os conceitos adotados até agora para a
prestação de serviços, até para preservar os direitos dos
consumidores nessa nova era da comunicação que se
desenha. Mudar os atuais marcos regulatórios é tema
atual de todos os atores desse emergente mercado.
TENDÊNCIAS
28
Ter órgãos reguladores mais
preocupados em entender a
realidade de seus países a
seguir tendências globais,
como consolidação e
convergência, poderiam
disparar o desenvolvimento
das indústrias dos serviços
móveis na região latinoamericana, dizem empresas e
analistas que participaram do III
Foro Ibero-Americano Ahciet Móvil,
realizado em setembro, na Cidade do México.
www.frecuenciaonline.com
Cambiar a HSDPA sólo cuesta un pequeño paso.
Pero el efecto es enorme.
¿Está buscando una fácil actualización para mejorar su rendimiento de red?
Siemens Communications Mobile Networks está preparado para ofrecer una solución HSDPA
completa de gran potencia:
¡Desplegando acceso a Internet de alta velocidad, videostreaming, teletrabajo, gaming y
mucho más – disfrute de un nuevo mundo completo de servicios móviles.
www.siemens.com/mn
NOTÍCIAS
NOTÍCIAS
Da Espanha para a América Latina
Fabiola V. González
Cidade do México, México
Especializada na oferta de serviços
para plataformas de SMS e MMS, a espanhola Latinia comemora os bons resultados obtidos na América Latina. Em entrevista à FRECUENCIA LATINOAMÉRICA,
o diretor de desenvolvimento corporativo
da empresa, Oriol Rios, disse que o mercado da região apresenta claros sinais de
amadurecimento, apesar de ainda ter problemas com serviços de interconexão, principalmente na área de MMS (distribuição
de imagens via celular) e no que se refere
à repartição de receita entre as teles.
“O assinante latino-americano gosta
de novidades e de praticidade. O serviço
de SMS é o grande responsável, nas operadoras móveis, pela receita proveniente
de dados, embora isto ainda tenha pouco
peso na receita total”, afirma o diretor da
Latinia. “O MMS também será responsável por um incremento significativo, mas,
para isso, as operadoras precisam negociar’, acrescenta.
A expectativa da
Latinia quanto às operações na América Latina é
tão grande que o executivo não hesita em afirmar
que, de cada cinco oportunidades de negócios da
empresa, pelo menos
duas vêm de países como
México, Argentina, Colômbia, Venezuela e Chile, onde as operadoras querem ampliar a rentabilidade por
assinante com novos serviços de dados.
O grande entrave para a explosão de
novos negócios na área de dados está no
Acesso pela tomada
Os planos da Comissão Federal de Eletricidade (CFE)
de fornecer acesso à Internet e serviços de telefonia a
partir da infra-estrutura de distribuição de energia elétrica
estão cada vez mais próximos de se concretizarem. Segundo o diretor geral da instituição, Alfredo Elías Ayub, os
testes que verificam a capacidade da rede elétrica para o
transporte de serviços de telecomunicações estão bem
adiantados. Caberá agora ao governo decidir se o serviço
será prestado pela própria CFE ou se haverá licitação para
escolha de uma operadora tradicional de telecomunicações.
Os pilotos com a tecnologia PLC (Power Line
Communication) já estão em andamento em algumas
cidades mexicanas, onde os serviços de acesso à Internet
e telefonia começarão a ser disponibilizados para os moradores já em janeiro de 2006. Para Alfredo Ayub, essa
nova opção trará maior competitividade ao mercado e
redução nos preços aos consumidores.
6
FRECUENCIA Latinoamérica
fato de os participantes do processo – operadoras e provedores de serviços – ainda
não terem definido como o modelo irá
funcionar. “Os acordos de repartição de
receita ainda são desfavoráveis para os provedores
de conteúdo. As operadoras terão de rever os seus
modelos de negócios, se
quiserem, de fato, explorar melhor o potencial
desse mercado”, destaca
o diretor da Latinia.
Outro ponto desfavorável para a região é
a falta de acordo em relação ao MMS.
As operadoras, destaca Oriol Rios, não
podem demorar a selar uma parceria
de interconexão, como já acontece,
hoje, com o envio de SMS.
TVs a cabo à espera
do triple play
As 238 empresas concessionárias
do serviço de TV a cabo no México esperam que a Comissão Federal de Telecomunicações (Cofetel) defina, ainda este ano, se irá ou não permitir que
elas ofereçam serviços de telefonia e
Internet pela sua infra-estrutura. Até
o momento, a agência reguladora tem adotado uma postura
muito cautelosa quanto a abrir essa frente, sob a alegação de
que as operadoras de telefonia, que investiram no país, têm
direitos adquiridos. A Cofetel também vive um dilema semelhante ao de outros órgãos reguladores da região. Ela ainda
não conseguiu estabelecer uma regra de consenso, com todos os players do setor, no que se refere à portabilidade
numérica. Um acordo nessa área parece distante, uma vez
que as operadoras de telefonia não cogitam a hipótese de
perder assinantes para as entrantes.
Outubro/Novembro 2005
www.frecuenciaonline.com
O logotipo Nokia é marca registrada da Nokia Corporation, Finlândia.
Cada casa
é especial.
A vida em casa não é mais a mesma. Com voz e internet
juntas, trabalho e lazer estão cada vez mais próximos,
integrando residências e pequenos negócios. E, com o
parceiro certo, você pode ser o primeiro a aproveitar esse
mercado promissor, que está sempre exigindo novas soluções.
Para isso, é só contar com a gente.
A Nokia oferece mais do que idéias e serviços. Ela é a única
que dispõe de uma solução completa dentro do mercado de
comunicação com mobilidade. Por isso, está preparada para
acompanhar de perto as suas necessidades e as dos seus
clientes. Então, vamos olhar para o futuro juntos?
Let’s network.
www.nokia.com.br
NOTÍCIAS
Reinado absoluto
Pesquisa divulgada pela DMR Consulting coloca o Chile como
o país mais bem classificado no ranking de uso de Tecnologia da
Informação e Telecomunicações, no segundo trimestre de 2005.
O Chile obteve nota 5,5 numa escala de 1 a 10, à frente do
Brasil (4,2), do México (3,3) e da Argentina (3,8), no que se
refere ao uso de telefonia móvel, de
computadores e acesso à Internet.
A pesquisa ressalta ainda que o
Chile está à frente dos demais países latino-americanos em aspectos
macroeconômicos como renda por
habitante, taxa de desemprego,
infra-estrutura e desenvolvimento
de novos negócios.
No país, registra ainda o estudo,
353 de cada mil habitantes possuem
acesso à Internet. No México, esse índice cai para 175; na Argentina, para 152; e, no Brasil, para 147. Na média, a América
Latina tem 144 internautas para cada grupo de mil habitantes.
A pesquisa da DRM Consulting destaca também o crescimento
obtido pelo setor no México: o índice foi de 30%, em relação ao
mesmo período de 2004, o maior registrado na região.
Governo negocia
renovação dos contratos
O Poder Executivo equatoriano se prepara para renegociar
os contratos de concessão das operadoras Porta, controlada pela
América Móvil, do empresário Carlos Slim, e Movistar, do grupo
Telefónica. A renegociação deverá ser finalizada até agosto de
2006, para que entre em vigência em 2008, quando se encerram
os contratos firmados durante a privatização, ocorrida em 1993.
O processo de renegociação será conduzido por uma comissão de técnicos nomeada pelo Ministério das Comunicações e
pela Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), entidade reguladora do Equador. A comissão será responsável pela
contratação de uma consultoria independente, que terá como
principal missão estabelecer o valor a ser cobrado das duas
operadoras pela renovação da concessão.
A Otecel (Movistar) iniciou as operações no Equador em
29 de novembro de 1993; seu contrato de concessão termina,
portanto, em 29 de novembro de 2008. Já a Conecel (Porta)
começou as suas atividades no dia 26 de agosto de 1993 e
poderá utilizar a freqüência até 26 de agosto de 2008.
Telefonia móvel
cresce 300%
Autoridade cobra
redução de tarifa
O procurador responsável pela defesa dos consumidores
na área de serviços públicos do Peru, William Postigo, criticou
a postura do governo em relação à demora das operadoras
fixas e móveis de chegarem a um consenso em relação à redução da tarifa de interconexão de rede.
O órgão regulador peruano deu às operadoras prazo até
janeiro de 2009 para chegarem a uma tarifa de US$ 0,12,
considerada ideal para os custos de interconexão. O valor, que
representa quase a metade do cobrado atualmente, permitirá, de acordo com a agência reguladora, a oferta de serviços
com preços mais em conta para os consumidores.
O procurador público contesta as informações do órgão regulador. Segundo Postigo, o prazo concedido às operadoras é muito longo, se levado em conta o interesse dos
assinantes peruanos.
8
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
O Presidente de Honduras, Ricardo Maduro, ressaltou
a importância do setor de telecomunicações nos resultados
obtidos pelo país na área de desenvolvimento econômico/
social. O destaque ficou com a telefonia móvel. De acordo
com o presidente, a oferta do serviço celular cresceu de
238 mil linhas ativas, em 2001, para mais de um milhão de
linhas, em outubro deste ano. Na telefonia fixa, as linhas
passaram de 500 mil para 1,5 milhão, no mesmo período.
O presidente da República destacou a importância da
telefonia celular nos projetos de inclusão social do país. O
setor, afirmou Ricardo Maduro, apresentou um crescimento de 300%, nos últimos quatro anos. Segundo dados da
Comissão Nacional de Telecomunicações (Conatel), até
dezembro, o número de linhas móveis ativadas no país
deverá superar 1,2 milhão, com uma teledensidade de 16
telefones celulares para cada grupo de 100 habitantes.
www.frecuenciaonline.com
Longe da linha de chegada
Nos últimos meses, o setor de telecomunicações da Colômbia tem estado agitado, com anúncios de alianças e fusões.
Ao primeiro movimento, do pré-acordo entre a Telmex e a Colombia Telecomunicaciones, seguiram-se os
da ETB e EPM. Mas por enquanto o processo de consolidação das operadoras continua indefinido
Marcelo Ruiz
Colômbia
Na Colômbia, os movimentos rumo à
consolidação se iniciaram com o pré-acordo entre a Telmex e a Colombia Telecomunicaciones, pelo qual a gigante mexicana assumiria a operação e a administração do negócio, com 51% de participação. De sua parte, a Colombia Telecomunicaciones ficaria encarregada de obter
recursos financeiros, know-how e tecnologia para investimentos em novas redes, especialmente em banda larga e Internet, e também para o fundo de pensão de seus funcionários. E, o mais importante, teria acesso ao serviço de telefonia celular por meio de uma aliança
com a Comcel (América Móvil).
O anúncio do pré-acordo fez com
que as operadoras ETB – Empresa de
Telecomunicaciones de Bogotá e EPM
– Empresas Públicas de Medellín se
movimentassem rapidamente na busca de alianças e parceiros internacionais estratégicos, como a Telefônica, da
Espanha. Esta, por sua vez, já manteve contatos com as duas operadoras
nacionais colombianas.
Mas a corrida pela consolidação das
telecomunicações na Colômbia já registra alguns revezes e iniciativas. O primeiro revés foi a ruptura do pré-acordo entre a Colombia Telecomunicaciones
www.frecuenciaonline.com
e a Telmex. A escolha do
COTA DE MERCADO 2005 (até junho 2005)
parceiro da Colombia
FATIA DE
Telecomunicaciones foi
OPERADOR MÓVEL
ASSINANTES
MERCADO
adiada para o ano que
Comcel (America Móvil)
9.174.469
59%
vem, em função da análiMovistar
(Telefônica)
4.756.506
31%
se do pré-acordo feita
OLA (EPM-ETB)
1.650.414
11%
pela Controladoria Geral.
Em seu estudo, a ControTotal
15.581.389
100%
ladoria destaca diversos
Fonte: Ministério das Comunicações
pontos: riscos para o
ções. A aliança não descarta acordos com
patrimônio público, falta de transparênparceiros externos. Cabe destacar que
cia no processo e avaliação apressada
ambas as empresas já contam com um
da empresa, além da ausência de uma
acordo estratégico para a prestação de
disputa verdadeira pela Colombia
serviços de telefonia celular com a
Telecomunicaciones, assim como de gaColombia Móvil (OLA).
rantias sobre o pagamento dos benefíO que fica claro é que estas intenções
cios do fundo de pensão.
de acordos e alianças não se concretizaParalelamente, os conselhos de adrão a curto prazo. Ainda há providências
ministração da ETB e da EPM aprovainternas a serem tomadas, no caso da
ram uma parceria visando a prestação
EPM. E, quanto à Colombia Telecomuniconjunta de serviços de telecomunicacaciones, ainda há muito para ser definido, o que levará algum tempo. Se e
COMPETIÇÃO
quando as negociações forem conclu2003
Penetração: Total
ídas, as telecomunicações da Co14%
de assinantes
lômbia passarão a operar em remóveis/
Total da
2005
gime de duopólio, em que esta2004
população
39%
rão presentes a concorrência e a
23%
guerra de tarifas que tem marcado o setor nos últimos anos. Es2005
pera-se, ainda, mais pacotes de
até junho
Fonte: Ministério das
34%
serviços, além de investimentos mais
Comunicações
altos e avanços tecnológicos.
Outubro/Novembro 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
9
ESPECIAL GSM
O dono
DO JOGO
De 21 a 23 de novembro, a FRECUENCIA LATINOAMÉRICA realizou o GSM
México Summit 2005, na cidade do México. Para marcar a entrada da ITP Editorial
na área de eventos, a revista convidou representantes da indústria de comunicação
móvel – operadoras, fabricantes, consultores, analistas, provedores de serviços e
órgãos reguladores – para discutirem o futuro da telefonia celular não apenas no
México, mas em toda a região.
O GSM demarcou um território sem igual na América Latina. Nada menos do que
80% das operadoras móveis celulares optaram pela tecnologia no momento que foi
preciso deixar a infra-estrutura TDMA para trás. Os investimentos nessa migração não
foram pequenos. Agora, as operadoras almejam criar ofertas de serviços que tragam
rentabilidade, especialmente na área de dados.
No pré-pago, a modalidade mais adotada na telefonia, a ordem é criar serviços
que permitam ampliar o ARPU (receita média por usuário). Com a evolução tecnológica batendo à porta, órgãos reguladores e operadoras discutem o melhor modelo
e o momento para programar a chegada da Terceira Geração na região.
Nesse cenário tão especial para o mercado móvel, FRECUENCIA LATINOAMÉRICA
convidou analistas do setor no México a apontar as tendências próximas e futuras na
telefonia celular. Seus artigos são uma prévia do que foi o GSM México Summit 2005.
A cobertura integral do evento estará na próxima edição.
10
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
www.frecuenciaonline.com
Um novo
ço se difundiu mais no ambiente corporativo. Alguns dos principais analistas estimam que, em
2008, a receita com o uso de mensagens instantâneas deverá alcançar US$ 413 bilhões, mundialmente. Com tal força, era claro que o produto
despontasse na comunicação empresarial. Até
porque, hoje, cada vez mais corporações utilizam
sistemas de mensagens instantâneas para facilitar a comunicação entre seus funcionários, permitindo inclusive a realização de chamadas de longa distância com uma qualidade muito alta (Skype).
Nesse cenário, todo o setor deverá estar atento ao
novo lançamento do Microsoft Office Live Communications Server 2005, atualmente em versão Beta, e o seu
posicionamento dentro das empresas. Será um evento
que marcará novas tendências de comunicação sincrônica
e assincrônica, não somente entre os empregados de
uma empresa, mas também entre verdadeiras comunidades de trabalho, onde colaboram provedores, clientes
e parceiros do negócio.
Outra tendência em evolução muito representativa
da passagem dos serviços de Internet para a rede móvel
são os Blogs, fenômeno em crescente aceitação na rede
fixa (em maio deste ano, existiam 70 milhões de blogs no
mundo). Eles já causam impacto nas redes celulares gerando FotoBlogs e a possibilidade imediata de publicar
textos através de mensagens MMS e SMS. Definitivamente, esta série de serviços posicionados para interrelacionar comunidades de jovens permitirá tirar proveito das seguindo características:
Comunicação Assincrônica (correio e agenda de
grupo compartilhada)
Planos de preços adaptados (mensagens e chamadas mais
baratas para os membros do grupo)
Comunicação sincrônica com contatos (IM móvel)
Comunicação sincrônica anônima (chat com filtro)
Segmentação de catálogo de conteúdo, segundo o perfil
da comunidade
Sistemas de criação de blogs móveis para usuários e grupos
Como é possível observar, os novos serviços combinados com a integração unificada para os usuários fazem desta área uma realidade extremamente atraente
para as operadoras. Basta alinhar os planos de negócios
de forma adequada.
MUNDO
O mercado de serviços móveis não pára de
crescer. OS SERVIÇOS DE INTERNET SOBRE
REDES CELULARES SÃO, ENTRE TODAS AS
OPÇÕES, OS MAIS PROCURADOS
Por Rodrigo Miranda
Dentro da ampla gama de produtos de valor agregado a serem ofertados aos assinantes da rede celular, a
tendência mais em voga é a transferência de serviços
tipicamente de Internet para a infra-estrutura móvel.
Dois exemplos são bastante significativos: e-mail e chat/
mensagem instantânea (IM).
Neste artigo abordo os serviços relacionados com as
comunidades de usuários, sobretudo os orientados ao
segmento jovem, assim como, para a convergência dos
serviços de Internet em direção à rede celular. Nesse
sentido, a tendência será a utilização do chat móvel (comunicação sincrônica entre usuários anônimos) por assinantes da própria operadora e a interconexão dos principais serviços de IM (mensagens instantâneas) com a
rede celular, para gerar a IM Celular (comunicação sincrônica entre usuários conhecidos).
Já existe um movimento na indústria para fechar
acordos de interconexão entre AOL, Google Messenger,
ICQ, MSN e Yahoo, com as principais operadoras celulares. É claro que esta funcionalidade terá seu maior auge
quando todos puderem se conectar com todas as operadoras celulares de um país. Enquanto isso, porém, se
percebe que a convergência de provedores de IM está a
caminho: recentemente, o Yahoo e o MSN anunciaram
sua interconexão, com a qual somarão 44% do mercado
mundial, com 275 milhões de usuários.
Por sua rapidez e facilidade, o uso deste tipo de serviwww.frecuenciaonline.com
•
•
•
•
•
•
RODRIGO MIRANDA é gerente regional da mCentric.
Seu e-mail de contato é [email protected]
Outubro/Novembro 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
11
ESPECIAL GSM
Dinamismo
prego, o aumento da receita
e, portanto, um maior poder
aquisitivo dos usuários de
serviços de telecomunicações). A atividade econômica
incide sobre o tráfego telefônico de tal forma que o aumento de 1,5% no IGAE (Índice de Atividades Econômicas), ocasionará um aumento
no tráfego de 0,5%, no mês seguinte, de 0,9%, dois meses depois e outra vez de 0,5% , durante o terceiro mês.
Por outro lado, empregam-se as variáveis como o
preço, o número de usuários, o custo dos equipamentos,
o preço de serviços substitutos (como a troca da telefonia fixa pela móvel) ao setor das TIC (Tecnologia da
Informação e Comunicação). O próprio dinamismo ou
crescimento inercial do setor constituem condições suficientes, ao menos em curto prazo, para explicar seu crescimento. Neste segundo grupo, encontram-se também a
cobertura geográfica, as funcionalidades dos serviços
(além da transmissão de voz e dados básicos), a portabilidade numérica, a localização de pontos de venda e o
impacto da publicidade.
Com respeito a este último item, aliás, sabe-se que
ele gera para as agências de propaganda do México
ganhos superiores a US$ 400 milhões. Os gastos dos
anunciantes superam a casa dos US$ 5 bilhões. Os efeitos da publicidade influenciam, sim, na conquista de
novos consumidores. Isto explica o empenho da
Movistar em redefinir globalmente sua denominação para ganhar uma unidade na região
e o de concentrar sua atuação junto ao segmento jovem. Já a Nextel
projeta sua inovação tecnológica, complementada
por um enfoque em serviços
de alta qualidade e uma cobertura geográfica crescente. E a
Telcel continua com sua campanha intensa, reativa e
estável ao longo do tempo, refletindo seu enfoque vertical no mercado de todos os níveis socioeconômicos.
CONSTANTE
Sem dúvida, GSM e iDEN são
os principais responsáveis
pelo CRESCIMENTO DO
MERCADO MÓVEL NO MÉXICO
Por Ernesto Piedras
Ao final de 2005, o número de linhas móveis (celulares
e terminais de trunking) no México irá superar os 45 milhões, índice superior às expectativas dos próprios analistas do setor. Efetivamente, o mercado de serviços móveis
baseados em todas as tecnologias disponíveis aumentou de
26 milhões (final de 2003) para 43,8 milhões no mês de
setembro deste ano; ou seja, quase 18 milhões de linhas
adicionais, em pouco mais de dois anos e meio.
Praticamente a totalidade dessas novas adições ao
mercado são oriundas das empresas que operam com
tecnologias GSM e iDEN, ou seja, Telefónica Móviles, Telcel
e Nextel. Será por acaso um
problema de tecnologia que
deixa para trás a Iusacell e a
Unefon? Definitivamente a respostas é não. O CDMA demonstrou
em outros países da América Latina,
a sua capacidade de penetração de mercado, rentabilidade e satisfação dos usuários. Ainda assim, no México, são as outras duas
tecnologias que dominam o mercado. No entanto, a
pergunta se mantém: de que depende a demanda? Suas
determinantes principais dividem-se em dois grupos.
O primeiro é representado pelas variáveis demográficas e macroeconômicas. Elas são condições essenciais
para o crescimento dos negócios. Este é o dinamismo da
economia, que se traduz em demanda por equipamentos e novos serviços. As variáveis que representam tal
desempenho macroeconômico são os níveis de atividade
econômica e de produção medidos pelo PIB (cujo efeito
é positivo, já que o crescimento amplia a oferta de em-
12
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
ERNESTO PIEDRAS, economista pela London School of
Economics e pelo ITAM, é diretor geral da The Competitive
Intelligence Unit (www.the-ciu.net).
Seu e-mail de contato é [email protected]
www.frecuenciaonline.com
ESPECIAL GSM
radores o acesso às freqüências da maneira mais econômica, simples e sensata possível. A regulamentação exerce um papel
extremamente importante neste processo,
já que ao definir as regras do jogo, pode
fomentar ou inibir o desenvolvimento da
indústria das telecomunicações.
O mercado dos Estados Unidos é um exemA América Latina precisa
plo atual de fomento ou inibição dos serviços
alinhavar uma estratégia única
de telecomunicações sem fio. Originalmente,
em meados dos anos noventa, durante o leilão
para a nova etapa da telefonia
de freqüências de PCS 1900, foram pagas
celular. NO PROCESSO DE
quantias exorbitantes pelas freqüências. Essa
TOMADA DE DECISÃO, O PAPEL
estratégia fez com que muitas operadoras se
DOS REGULADORES SERÁ, MAIS
descapitalizassem e praticamente desistissem
do negócio. Situação semelhante aconteceu
UMA VEZ, PRIORITÁRIO
com os leilões de freqüências no México, onde
algumas empresas atrasaram o pagamento ao governo
Por Raúl Lúcido de la Parra
por vários meses e, por fim, tiveram suas capacidades
Na Europa, a telefonia celular teve início na décade investimento na aquisição de equipamento e de amda de 80, convertendo-se num dos mercados mais mapliação da cobertura afetadas.
duros do mundo. É possível identificar esse fenômeno
O importante é que a lição foi absorvida. Tanto é
lembrando que há países onde o índice de penetração
que, hoje em dia, novas tecnologias, como o Wi-Fi e o
da telefonia celular é praticamente igual ao do númeWiMAX estão sendo desenvolvidas em freqüências
ro de habitantes. No final da década de noventa, coonde não é preciso haver atribuição por parte do remeçou a febre da terceira geração (3G) de telefonia
gulador, nem leilão; um exemplo palpável de recocelular. O movimento reaqueceu a economia e o mernhecimento tácito aos erros cometidos anteriormente
cado de telecomunicações de tal maneira que as opecom a distribuição de freqüências. Por tudo isso, o
radoras pagaram quantias exorbitantes pelas freqüêncontinente americano enfrentará grandes decisões
cias exigidas para o serviço.
para definir sua estratégia em direção à terceira geraCom uma visão histórica, podemos afirmar que
ção de telefonia celular.
essa busca incessante – somada à ruptura da bolha
Ao não contar com o mesmo plano de freqüências
da Internet – determinou a crise que envolveu o meradotado na Europa, Ásia, África e Oceania, a América
cado mundial de telecom por mais de quatro anos.
Latina está correndo o risco de se transformar em uma
Desse período de baixa, as principais lições apreenpequena ilha, como também se não forem levadas em
didas foram que a melhor maneira de fomentar o
conta as economias de escala necessárias para se poder
desenvolvimento dos serviços é outorgando aos operealmente implementar, no futuro, o serviço
3G. O custo dos terminais é o fator-chave do
“Ao não contar com o mesmo plano de
êxito. Que os atores do processo saibam esfreqüências adotado na Europa, Ásia, África e
colher as tecnologias e freqüências que garantam, hoje e amanhã, o acesso às melhores
Oceania, a América Latina está correndo o risco
economias de escala.
de se transformar em uma pequena ilha, como
3G
Rumo à
também se não forem levadas em conta as
economias de escala necessárias para se poder
realmente implementar, no futuro, o serviço 3G”
14
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
RAÚL LÚCIDO DE LA PARRA é vice-presidente
executivo da Associación Nacional de Telecomunicaciones de México (Anatel). Seu e-mail de contato
é [email protected]
www.frecuenciaonline.com
Why is this
cable titan
focused on
WIRELESS?
DayOneKeynote
Glen Britt, Chairman & CEO
Time Warner Cable
The Most Important Technology Event of the Year!
April 5-7, 2006
Las Vegas Convention Center Las Vegas, NV USA
LOOK FOR
SCHEDULES
CO-LOCATED CONFERENCES
EDUCATION
HOUSING
@
WWW.CTIA.ORG
ESPECIAL GSM
Dever de
CASA
Por que a retenção
de clientes NÃO É
PRIORIDADE PARA AS
OPERADORAS MÓVEIS?
Por Hugo Riveroll
A explosão de consumidores nos últimos anos concentrou a atenção das operadoras para a captação de
novos assinantes, sem uma preocupação maior em manter aqueles que já estavam na carteira. Em 1999, o
crescimento anual do número de assinantes foi de 67%,
cifra que caiu para 27%, no final de 2004. Nesse mesmo período, o faturamento com o serviço mais do que
duplicou. Para o segundo trimestre de 2005, o índice
de crescimento foi estimado em 16%. Trata-se de um
percentual significativo, sobretudo se comparado com
o aumento total da economia mundial.
No entanto, os números não são tão animadores
agora. Para 2005 e 2006, o crescimento previsto é de
19% e 12%, respectivamente, com uma tendência de
queda de 6%, no faturamento médio por usuário
(ARPU), enquanto que, em termos de faturamento por
minuto (RPM), a cifra cai ainda mais, para menos de
12%. Diante de tal prognóstico, seria aconselhável que
Uma operadora com 10 milhões de assinantes, com uma
taxa de crescimento anual de 24% e um churn médio de
3% ao mês, perderia 300 mil assinantes. Essa prática
exigiria a aquisição de 500 mil novos usuários para repor
a perda determinada pela troca de provedora.
Mas se essa operadora decidir manter seus
clientes e reduzir o churn para 2%, poderia deixar
de subsidiar 100 mil assinantes.
16
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
as operadoras retomassem o conceito da retenção de
clientes e o implementasse o quanto antes, para evitar
a perda de clientes de alto valor.
Em outro nível, porém estreitamente ligado a esse,
está o custo de aquisição de novos clientes (SAC), que se
refere principalmente a fatores como o esforço de promoção em campanhas de publicidade e marketing e ao
subsídio de aparelhos telefônicos para os novos assinantes, empreitada que consome a maior parte dos recursos
das operadoras e impacta de forma significativa a economia dos distribuidores.
Sua relação com o CHURN (percentual do total de
clientes que abandonam uma operadora por mês) é
muito próxima. No segundo trimestre de 2005, o
CHURN mensal médio foi de 2,2%. No México, o
percentual cresceu 2,9% no mesmo período. Isso significa que, em 12 meses, cerca de 40% dos assinantes
no país trocaram de provedor de serviço. É inegável
que o alto índice de usuários de pré-pago influi intensamente no CHURN alto, e no México, 94% dos consumidores se encaixaram nesta modalidade. Hoje, apenas 6% dos usuários de pós-pago representam 35% a
40% do faturamento total.
Definir as estratégias de retenção de clientes é missão das operadoras. E na opinião do autor deste artigo,
usuário de pós-pago por mais de dez anos, seria interessante experimentar algumas iniciativas existentes.
A) MUDANÇA DE PLANO. Com freqüência, as operadoras oferecem planos melhores e mais atrativos para os
novos usuários, mas nunca ampliam o convite aos usuários atuais, para que se incorporem de maneira simples e rápida a eles.
B) PRIVILÉGIOS DE "USUÁRIO FREQÜENTE". Este é, possivelmente, o único ponto em que as operadoras fizeram
algo de fato, oferecendo atualmente pontos que podem
ser trocados por um telefone novo ou outros artigos.
C) PRIVILÉGIOS DE "ASSINANTE FIEL". Quem é assinante
há muitos anos deveria ter privilégios, como por exemplo, atendimento especial nos centros de atendimento.
Uma operadora sul-americana já ofereceu aos seus assinantes fiéis uma mensagem de felicitação, via SMS, na
data de aniversário do cliente, além de tornar gratuitas
todas as ligações locais realizadas nesse dia.
HUGO RIVEROLL, é vice-presidente de Vendas e
Marketing da ZTE Corporation do México.
Seu e-mail de contato é [email protected]
www.frecuenciaonline.com
CAPA
A Telefónica Móviles México tem diante de si
um panorama complexo. Com o desafio de
alcançar o ponto de equilíbrio na subsidiária
e começar a mostrar um crescimento
rentável, a operadora decidiu trazer um
executivo que já demonstrou ter a perícia
necessária para atingir o objetivo:
MIGUEL MENCHÉN, QUE FRECUENCIA
LATINOAMÉRICA ENTREVISTOU
COM EXCLUSIVIDADE
Objetivo:
RENTABILIDADE
Fabíola V. González
Cidade do México, México
A nomeação de Miguel Menchén para a direção geral da Telefónica Móviles México não é gratuita. Além de uma longa carreira
dentro da operadora espanhola (27 anos), a última atuação de
Menchén, no Marrocos, foi decisiva para que, em setembro passado, ele fosse colocado à frente de uma das subsidiárias da empresa
onde o ponto de equilíbrio ainda não foi alcançado, e cuja principal meta é o crescimento rentável. Não apenas isso. A subsidiária
mexicana é uma das bases em que a operadora pretende apoiar
seu crescimento futuro, e é necessário demonstrar que os fortes
investimentos feitos no país finalmente darão frutos.
Menchén esteve, durante cerca de um ano e meio, à frente da
Médi Telecom, a subsidiária marroquina que a companhia espanhola divide com a Portugal Telecom. Nas palavras do executivo,
que também é membro da Junta Diretora da Open Mobile Alliance
(OMA) e do conselho da IBM Persuasive Computing, durante sua
gestão, a MédiTel tornou-se "uma empresa moderna". Entre mar-
18
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
www.frecuenciaonline.com
MIGUEL MENCHÉN
diretor geral da Telefónica Móviles México
www.frecuenciaonline.com
Outubro/Novembro 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
19
CAPA
ço de 2004 e março de 2005, a operadora acelerou
consideravelmente seu ritmo de crescimento: aumentou em mais de 56% o número de assinantes (chegando a 3,2 milhões de clientes) e incrementou o
faturamento em cerca de 25%, alcançando também
um EBITDA positivo de 154 milhões de euros.
Miguel Menchén está encarregado de fazer com
que a empresa alcance crescimento rentável no México, assim como nas quatro operações que a Telefóni-
ca tem na América Central, ou seja, na Guatemala, El
Salvador, Panamá e Nicarágua. Com certeza, a subsidiária mexicana é a de maior peso, considerando que
é responsável por grande parte do faturamento da empresa na região centro-americana e que o país é um
dos mercados-chave da companhia e de todo o setor
de telecomunicações no continente americano.
A seguir, um resumo da entrevista exclusiva de
Menchén à FRECUENCIA LATINOAMÉRICA.
“O DESAFIO MAIS IMPORTANTE É O CRESCIMENTO
RENTÁVEL. COMO ATINGI-LO? AUMENTANDO O
FATURAMENTO E REDUZINDO OS GASTOS. PARECE
COMPLICADO, MAS NEM TANTO: AUMENTAREMOS O
FATURAMENTO AMPLIANDO O NÚMERO DE CLIENTES,
E PARA REDUZIR GASTOS É PRECISO APLICAR AS
MELHORES PRÁTICAS DE GESTÃO QUE SEJAM
POSSÍVEIS, ALÉM DE MINIMIZAR OS CUSTOS DE
MANUTENÇÃO E RETENÇÃO DE CLIENTES”
Qual o seu principal objetivo à frente da Telefónica
Móviles México e que estratégia irá adotar?
O desafio mais importante é alcançar o objetivo determinado pela companhia, que é o crescimento rentável.
Como atingi-lo? Aumentando o faturamento e reduzindo
os gastos. Parece complicado, mas nem tanto: aumentaremos o faturamento ampliando o número de clientes, e
para reduzir gastos é preciso aplicar as melhores práticas
de gestão que sejam possíveis, além de minimizar os custos de manutenção e retenção de clientes.
Nesse sentido, o mais difícil será reduzir o churn,
ou taxa de abandono, pois o mercado mexicano, com
3,9%, é um dos que tem, nesse quesito, os mais altos
índices do mundo. O porquê é algo que não entendo.
Acredito que seja pela inexistência de políticas de retenção de clientes móveis, tanto da Telcel como da
Movistar, Unefon, Iusacell, de todas. Uma das peçaschave para atingir essa redução será, sem dúvida, a
melhoria do atendimento ao assinante.
Outro objetivo é a conquista de clientes. O México
representa para nós um mercado com uma taxa de cres-
20
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
cimento muito acelerada nessa questão, e isso está sendo conseguido com base em políticas de captação muito
agressivas, que pressupõem custos muito altos para as
operadoras, tanto por subsídios como por pagamento de
comissões ao canal de distribuição. Não é o primeiro país
do mundo a passar por uma fase de crescimento tão
acelerado com estas características. Em etapas posteriores, a rentabilidade aparece.
Finalmente, há que se levar em consideração que
nem todos os clientes são iguais, nem consomem a mesma coisa, nem dedicam quantias iguais à telefonia móvel. Por isso, outro desafio das operadoras é adaptar os
custos de captação e manutenção do cliente ao valor
específico de cada um deles. Ou seja, se avançamos no
crescimento do número de clientes de poder aquisitivo
mais baixo (classe D ou E), temos que reduzir os custos
de aquisição e fidelização desses clientes.
Em matéria de regulamentação, como vê a
situação do México no segmento das
comunicações móveis, considerando a tendência
www.frecuenciaonline.com
pierda más tiempo
y promocione
8 anos deNocompromisso
com
a América Latina
su compañía en el número de
Frecuencia
Latinoamérica
Cobertura única e analítica da
indústria de comunicação sem fio e de TI.
CAPA
global da convergência de serviços,
portabilidade numérica e outros temas?
A convergência de serviços está clara dos pontos de
vista tecnológico e de mercado. A questão é que as regras
que são aplicadas hoje no mercado fixo e móvel são diferentes. Existe um desequilíbrio competitivo que faz com
que, tanto no nicho fixo como no móvel, exista um gigante
com fatia de mercado de mais de 70%, e isso não é bom.
Precisamos de concorrência saudável, equilibrada,
que beneficie todas as partes e traga vantagens para o
cliente no que se refere a melhores tarifas, serviços, etc.
A Telefónica Móviles quer se colocar no México e nos
demais países do continente como essa concorrência útil
e necessária para melhorar o serviço ao cliente e acabar
com o antigo monopólio.
“PORTABILIDADE, PARA MIM, É UM
TEMA VITAL NESTE PAÍS. É UMA
GRANDE VANTAGEM PARA OS
USUÁRIOS, COMO JÁ FOI DEMONSTRADO
NA EUROPA E NA AMÉRICA DO NORTE. A
REGULAMENTAÇÃO NO MÉXICO DEVERIA
IR NESSA DIREÇÃO E FAVORECER O
CLIENTE EM PONTOS COMO ESTE”
Portabilidade, para mim, é um tema vital neste país.
Com ela, os clientes, se não estiverem satisfeitos, poderem mudar de operadora sem ter de mudar o número do
telefone. É uma grande vantagem para os usuários, como
já foi demonstrado na Europa e na América do Norte. A
regulamentação no México deveria ir nessa direção e favorecer o cliente em pontos como este. O número de telefone deve estar associado ao usuário, e não à operadora.
A regulamentação é muito importante em todos os
países, porque estabelece as regras do jogo. A concorrência, por exemplo, é um valor de tal magnitude que
acredito que os órgãos reguladores deveriam tentar
favorecê-la, já que promove serviços de qualidade para
os usuários a preço menor e nas melhores condições
possíveis. Se uma operadora dorme em serviço e não
satisfaz, se tivermos a portabilidade, então o usuário
pode passar para outra. A regulamentação deveria criar
o marco para que isso fosse possível.
22
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
Qual o patamar dos investimentos previstos pela
empresa para o México e a América Central, e para
onde serão direcionados, sobretudo no México?
Para 2006, o investimento previsto na região que
comando é de 200 milhões de euros. Dos cinco países, o
México responderá por 80%, cabendo os 20% restantes
à Guatemala, El Salvador, Panamá e Nicarágua. Praticamente todo o investimento CAPEX (sigla de capital expenditure) será destinada a melhorar e ampliar a cobertura e
a capacidade; ou seja, para o aspecto tecnológico, e uma
parte importante dele estará voltada a plataformas de serviços de valor agregado. No aspecto comercial, haverá custos de aquisição de clientes, o que não se considera investimento. O objetivo de tais investimentos é, com certeza,
continuar absorvendo fatias de mercado da Telcel, mas não
posso revelar cifras a esse respeito.
A Telcel é líder indiscutível, ainda que se
reconheça o rápido avanço da Telefónica em
poucos anos. A prioridade é continuar expandindo
o número de assinantes ou tentar aumentar o
ARPU, que continua muito baixo na maioria das
operadoras móveis do país? Em que pé está o
fortalecimento em direção à Terceira Geração?
A prioridade é ampliar a base de assinantes, mas não
a qualquer preço. Tem que ser um crescimento rentável.
São duas estratégias, e elas podem ser utilizadas ao mesmo tempo.Assim será feito, de fato, mas espero mais do
aumento da base de assinantes do que do faturamento.
Para ampliar a base, temos que acrescentar clientes e
diminuir o número dos que perdemos, utilizando para isso
políticas de fidelização, como campanhas e outras. Enquanto
isso, para incrementar o ARPU, temos que fortalecer a oferta
de serviços de valor agregado, como SMS, MMS, acesso a
correio eletrônico, etc. Tecnologicamente, as redes estão
prontas para oferecer serviços já lançados em outros países, como Japão ou outros lugares da Europa.
Na Espanha, por exemplo, já temos serviços corporativos em que a tecnologia móvel é empregada nos processos de negócio, mediante aplicações bancárias e de
localização via celular, gestão de frotas e de força de
vendas, entre outras. Para os consumidores individuais,
os serviços mais inovadores seriam o download de jogos,
música, acesso a informações selecionadas, envio de fotos, etc. No mercado espanhol, este tipo de aplicação
aumentou significativamente o ARPU. Segundo nossos
resultados mais recentes, o ARPU é de 34 euros e 20
www.frecuenciaonline.com
centavos, e trata-se de um país em que os serviços de
dados superam os 15% do total.
Sobre o fortalecimento rumo à 3G, honestamente, não
é algo sobre o qual tenha refletido no pouco tempo que
estou à frente da região. Prefiro aguardar a implementação efetiva da Terceira Geração na Europa e conhecer casos
de sucesso antes de lançar a operadora, no México, em um
processo de investimento nessa direção. Hoje temos GPRS/
EDGE e podemos oferecer muitas aplicações.
Qual a situação financeira atual da Telefónica
no México, depois de ter registrado margens
negativas de EBITDA?
Estamos em uma situação complexa; ainda não alcançamos o ponto de equilíbrio e temos um EBITDA negativo. De janeiro a setembro, nosso faturamento aumentou quase 22% e o EBITDA mais do que esse índice,
mas no México continua negativo, está em menos de
130 milhões de euros. No terceiro trimestre de 2005,
trimestre por trimestre, o faturamento aumentou 33%,
e o EBITDA, 34,5%. No nível regional, o crescimento do
faturamento no período foi de 62%.
O que nos atingiu mais foi a diminuição do faturamento de interconexão, porque o governo decidiu baixar essas tarifas em 10%. A mesma repercussão teve a
decisão dos reguladores para a caixa de mensagens de
voz, porque não se gera nenhum faturamento com uma
decisão mal definida.
do que o previsto. Existe uma tendência em direção ao
download de TV por celular, mas ainda não se tem um modelo e um caso de negócio claro para este tipo de serviço.
Outro ponto a se considerar é a falta de licitação de
UMTS no México. Ainda não começamos a discutir o assunto, e acredito que não seria problema adiar a discussão por mais um ano, porque aí teríamos informação
confiável sobre a situação, por exemplo, na Europa, o
que nos dará uma visão mais ampla.
O que já está decidido é que não apostaremos em
CDMA, ainda que hoje em dia tenhamos um milhão de
clientes nessa plataforma. Quando chegar a hora, entraremos na Terceira Geração com o UMTS, seguindo uma
trajetória de evolução do GSM para UMTS. Só no Brasil
e na Venezuela a empresa continua apostando em CDMA;
em ambos os casos, por meio das operadoras com quem
trabalha e porque já havia infra-estrutura pronta. Quais são os planos a curto, médio e longo
prazos para UMTS, como via para chegar à 3G?
Para quando podemos esperar que a Terceira
Geração seja uma realidade no México? Qual
seria o roteiro para chegar à 3G? E em que lugar
estaria o México com relação a outros países da
América Latina em termos do início da estratégia?
Para o México, o UMTS é uma forma racional de se
chegar à 3G; foi lançado em quase todos os países da
Europa. Os serviços de vídeo e acesso rápido à Internet
mais sofisticados que oferece estão sendo bem aceitos no
continente, o que está ajudando também a diminuir a
lacuna digital, ao permitir que as pessoas acessem de
qualquer local. Nesse sentido, vejo uma oportunidade
para o México, pois o país continua muito atrasado no
que se refere a acesso à Internet.
Outras aplicações pensadas para o UMTS são o vídeo e o
telefone com vídeo, mas estão avançando mais lentamente
www.frecuenciaonline.com
Outubro/Novembro 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
23
REGULAMENTAÇÃO
Muito
POR FAZER
24
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
www.frecuenciaonline.com
O setor de telecomunicações vive um momento decisivo, impulsionado pela
convergência e, conseqüentemente, pela necessidade de reformular procedimentos
adotados até agora. Para que os consumidores tenham seus direitos assegurados
nessa nova era da comunicação, em que despontam serviços como VoIP, IPTV e
redes celulares de alta velocidade, são necessárias mudanças na legislação.
NESSA ESTRADA QUE COMEÇA A SER PAVIMENTADA, A AMÉRICA LATINA, EM FUNÇÃO
DOS BONS RESULTADOS OBTIDOS NOS ÚLTIMOS CINCO ANOS, E TAMBÉM DEVIDO
A SEU IMENSO POTENCIAL DE CRESCIMENTO, CONTINUA UM BOM ALVO PARA OS
INVESTIDORES. A QUESTÃO É FORMULAR AS REGRAS ADEQUADAS PARA CONQUISTAR OS
RECURSOS FINANCEIROS QUE PODEM REDUZIR O GAP DA REGIÃO, EM TERMOS DE
ADOÇÃO DE NOVAS TECNOLOGIAS, EM RELAÇÃO AOS PAÍSES DO PRIMEIRO MUNDO
Ana Paula Lobo
São Paulo, Brasil
Os serviços oriundos da evolução da infra-estrutura de
telecomunicações, entre eles, a oferta de televisão via rede
de telefonia fixa (IPTV) e os produtos multimídia na rede
móvel, como a TV no celular e o MMS, ainda estão distantes
da maior parte dos consumidores da América Latina, mas
já começam a desenhar um novo cenário. Essa nova onda
implica uma transformação significativa na gestão do setor,
não apenas do ponto de vista dos órgãos reguladores, como
também por parte das operadoras e fabricantes.
Este, pelo menos, foi o tema das palestras e dos corredores nos dois maiores eventos de telecomunicações
realizados recentemente na região, mais precisamente
no Brasil. O primeiro deles foi o Telecom Americas, organizado pela União Internacional de Telecomunicações,
em Salvador, na Bahia, no início de outubro, cinco anos
depois da edição anterior, e o outro foi o Futurecom, que
aconteceu no final do mesmo mês, em Florianópolis, Santa
Catarina. Em ambos, ficou evidente que os países latinoamericanos compartilham a mesma dúvida: como lidar
com as transformações e assegurar a oferta de serviços
para todas as camadas da população?
PAVIMENTAÇÃO
Foram bons os resultados colecionados pela região
nos últimos cinco anos, especialmente na telefonia móvel. Dados do estudo “American Telecommunications
Indicators 2005”, divulgado pela UIT, durante o Telewww.frecuenciaonline.com
com Americas, revelam que a base de assinantes na
telefonia móvel na região cresceu de forma expressiva.
Ela praticamente triplicou em cinco anos, passando de
128 milhões para 374 milhões.
Em que pesem os números, ainda há muito a se conquistar nesse segmento, uma vez que apenas o Chile,
exceção à regra na região, possui um índice de penetração do serviço móvel próximo dos 70%. Brasil, México e
Argentina, considerados cruciais para a oferta de serviços, estão muito distantes dessa marca, apresentando,
respectivamente, índices de 44%, 42% e 40%, o que
significa uma oportunidade concreta de novos negócios.
Nos demais países, as chances multiplicam-se, pois, em
sua maioria, tais índices estão abaixo dos dois dígitos.
O novo presidente mundial da Nokia, Olli-Pekka
Kallasvuo, reconhece a força da região. A expectativa da
fabricante, líder de vendas na AL, é que até 2009 a base
de assinantes cresça em mais 125 milhões. O otimismo
não é à toa. No terceiro trimestre deste ano, por exemplo, o aumento na região foi de 37%, o maior percentual
em termos mundiais. A China, hoje menina dos olhos de
todos os fabricantes, registrou uma expansão de 25%.
“Essa é a prova de que a América Latina é um grande
mercado a ser conquistado, e nela vamos focar nossas
ações para manter a liderança. Sem a AL, nossos planos
podem não se concretizar”, destacou o CEO da Nokia ao
ser apresentado aos jornalistas da região, em uma videoconferência realizada na Cidade do México. Mundialmente, a fabricante estima que cerca de 780 milhões
Outubro/Novembro 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
25
REGULAMENTAÇÃO
de terminais serão comercializados até o final deste ano.
O otimismo dos fornecedores com o potencial do mercado tem o seu contraponto. A base de assinantes cresceu
e mantém um ritmo constante, mas ainda há muito por
fazer para, de fato, ampliar o acesso às comunicações.
Durante o Telecom Americas, o vice-secretário geral da
UIT, Roberto Blois, lembrou que ele ainda é incipiente em
muitos países. Na Bolívia, por exemplo, apenas 7% da
população têm acesso à telefonia fixa. Na Nicarágua, 3%
da população usam a Internet. Em Honduras, somente
um em cada 10 habitantes possui um terminal móvel.
“Esses dados refletem os contrastes do continente quanto
Crescimento da indústria de países emergentes
Expectativa de crescimento de assinantes móveis de 2004 a 2009
Mundo
Oriente Médio
África
América Latina e Caribe
Ásia/Pacifico
Europa oriental
EUA/Canadá
Europa ocidental
56%
166%
137%
80%
65%
58%
32%
20%
Fonte: EMC Mobile Subscribers Forecast, 2004
aos serviços de comunicação. O nosso dever é reduzir
essa desigualdade”, disse o executivo.
De qualquer forma, há na região uma clara vantagem dos serviços móveis, e algumas peculiaridades merecem destaque. Apesar de a maior parte da base de
assinantes estar concentrada na modalidade pré-pago,
os latino-americanos são adeptos da inovação. Por esse
motivo, serviços como MMS e TV no celular, embora ainda estejam reservados aos consumidores de maior poder aquisitivo, começam a movimentar os bastidores.
No caso do MMS, ou transmissão de imagens multimídia pelo celular, além de incrementar as vendas de terminais com câmeras fotográficas ou capazes de transmitir
música, as operadoras da região precisam costurar, com
urgência, acordos de interoperabilidade. Isto para evitar
repetir a perda de tempo que tiveram com o SMS, campeão absoluto na preferência dos assinantes e principal
fator de rentabilidade nos serviços de dados.
Por enquanto, apenas usuários de uma mesma operadora podem trocar fotos. Mas o quadro começa a mudar. O primeiro país a deflagrar uma parceria nacional
foi o Brasil. As operadoras móveis contrataram a
VeriSign para desenhar uma plataforma comum, mas o
serviço ainda não está disponível.
Capítulo À PARTE
TV no celular ganha força, MAS REGULAMENTAÇÃO DIVIDE REGIÃO
Que as novidades na telinha do celular cativam o assinante, as operadoras não têm mais dúvida. Paralelamente, a evolução das redes celulares, com
a crescente capacidade para transmissão de dados e imagens em alta velocidade, começa a incomodar mercados
tradicionais, especialmente, o de TV. As
emissoras reclamam da invasão e pregam respeito às leis atuais.
No Brasil, por exemplo, o Ministro
das Comunicações, Hélio Costa, é favorável à cobrança de imposto na
veiculação de conteúdo pelo celular, e
recebe críticas das operadoras. O ministro alega que é preciso proteger não
apenas as emissoras, mas também os
profissionais de conteúdo. A saída para
uma convivência pacífica é estabelecer
uma regulamentação clara e transparente, mas alterar a atual Lei Geral de Telecomunicações não será tarefa fácil.
A questão não é debatida apenas no
Brasil. Ela está em pauta em todos os
países da região. No Uruguai, por exemplo, as quatro operadoras do país, que
juntas têm um índice de penetração de
17%, entregaram formalmente um do-
26
Outubro/Novembro 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
cumento ao órgão regulador, a Conatel Comissão Nacional de Telecomunicações,
solicitando uma alteração no artigo 32
da Lei Geral do país.
Segundo as operadoras, o artigo registra que as teles não podem prover
serviços de audiotexto, por serem inerentes às empresas de radiodifusão. As
operadoras celulares querem a revogação deste artigo, sob o argumento
que a tecnologia atualmente possibilita a entrega de serviços de dados e
imagens e, portanto, a legislação precisa acompanhar essa evolução. Problemas semelhantes estão fomentando o debate em outros órgãos regulatórios da região. Até o momento, não houve nenhuma decisão oficial que pudesse ser considerada como referência ou,
ao menos, ponto de partida.
www.frecuenciaonline.com
TENDÊNCIAS
A caminho de uma
INDÚSTRIA MÓVEL
Ter órgãos reguladores mais preocupados em entender a realidade de
seus países e seguir tendências globais, como consolidação e convergência,
PODERIAM DISPARAR O DESENVOLVIMENTO DA INDÚSTRIA DOS SERVIÇOS
MÓVEIS NA REGIÃO LATINO-AMERICANA, DIZEM EMPRESAS E ANALISTAS
Fabiola V. González
Cidade do México, México
A conclusão deixada pelo III Foro Ibero-americano AHCIET Móvil, realizado no final de setembro na
Cidade do México, é de um panorama positivo recheado de oportunidades, mas também de desafios, especialmente o de modificar o jogo regulatório que,
segundo as operadoras e representantes de associações de telecomunicações, só tem servido para colocar obstáculos na dinâmica que deveria – e poderia –
tomar conta do mercado.
No fórum, que teve o patrocínio da Associação
Hispano-americana de Centros de Pesquisa e Empresas de Telecomunicações (AHCIET - Asociación
Hispanoamericana de Centros de Investigación y
Empresas de Telecomunicaciones), operadoras, provedores de serviços móveis, analistas e órgãos reguladores se reuniram com o objetivo de definir o
papel da mobilidade na Ibero-América como elemento-chave para a inclusão social e os serviços avançados de telecomunicações.
Apesar dos entraves, trata-se de uma indústria em
circunstâncias positivas: no México, segundo Abel
Hibert, membro do comitê da Área Geral de Planejamento e Análise Econômica da Comissão Federal de
Telecomunicações (Cofetel), o setor de telecomunicações cresceu 21,5% no segundo trimestre de 2005, com
relação ao mesmo período do ano passado, enquanto o
índice de expansão da economia em geral ficou em 3,1%.
“Grande parte deste crescimento deve-se ao compor-
28
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
www.frecuenciaonline.com
TENDÊNCIAS
“É um crescimento
explosivo, que traz consigo
um perigo em termos
regulatórios, caso exista a
idéia de regulamentar a
indústria móvel como se
fosse fixa. Essa expansão
aconteceu livremente e em
um ambiente de
concorrência, e temos que
ficar atentos para que essas
condições sejam mantidas”
Luis Di Benedetto,
presidente da AHCIET
tamento do segmento móvel", destaca Hibert.
Mesmo assim, as principais operadoras daquele país,
a Telefónica Móviles e a América Móvil, solicitaram aos
encarregados da regulamentação dos serviços móveis
não criar impedimentos ao rumo dos negócios sob o
argumento de uma suposta proteção ao usuário. De
acordo com as operadoras, colocar obstáculos a estra-
tégias e iniciativas que poderiam desenvolver
a indústria põe em risco os investimentos privados e deixa a América Latina ainda mais
atrasada em relação a outras regiões mais maduras em matéria de telecomunicações.
COMPLEXIDADE CRESCENTE
Segundo Luis Di Benedetto, presidente
da AHCIET, a evolução da indústria de comunicações móveis – que, longe de se restringir à voz, inclui Internet, vídeo, diversos
formatos de mensagens e uma série de serviços em torno das redes celulares – torna o
segmento cada vez mais complexo do ponto
de vista de investimentos e de regulamentação. “É um crescimento explosivo, que traz
consigo um perigo em termos regulatórios,
caso alguém tenha a idéia de regulamentar a
indústria móvel como se fosse fixa”, observa.
“Essa expansão aconteceu livremente e em um ambiente de concorrência, e temos que ficar atentos para
que essas condições sejam mantidas.”
Responsável pela comercializaçao de infra-estrutura de Terceira Geração na Nokia Networks, Petri Reijonen,
acredita que os serviços que combinam voz e dados vão
atrair cada vez mais assinantes na região, mas acredita
O QUE ESPERA A INDÚSTRIA DE SERVIÇOS MÓVEIS?
OS DESAFIOS
• Oferecer serviços que melhorem a experiência no uso das redes de dados
• Contar com uma estrutura que permita fornecer um serviço ágil, eficiente e inovador, sem perder de
vista as opções simples, confiáveis e econômicas
• Preparar o terreno para a consolidação e a convergência, incluindo alianças com provedores de conteúdo
e demais serviços de valor agregado
• Conseguir crescer em ARPU (Average Revenue per user, ou receita média por usuário), a curto e a longo prazos
• Aumentar a base de assinantes e de redes no ritmo exigido pela demanda
AS TENDÊNCIAS
• Convergência de redes móveis e fixas
• Serviços IP e multimídia (GPS, videoconferência e TV no celular, entre outros)
• E-serviços (banco móvel, comércio móvel e governo eletrônico)
• Roaming e interoperabilidade entre redes GSM e CDMA2000 1X (tanto em voz quanto em dados)
• Terceira Geração
• Next Generation Networks (NGN)
30
FRECUENCIA Latinoamérica
Outubro/Novembro 2005
www.frecuenciaonline.com
TENDÊNCIAS
que a migração das operadoras GSM para a nova infraestrutura será gradual, de acordo com a possibilidade
de receita. Para o executivo, Brasil e Argentina deverão
ser os primeiros países a implementarem redes WCDMA
na AL. Mas ainda assim, destaca o diretor de vendas da
Nokia, os serviços de voz continuarão sendo o fiel da
balança na rentabilidade das operadoras. "Dados são
atraentes, mas levarão um tempo para alcançarem um
equilíbrio com o produto voz. Falar em movimento ainda
é o grande atrativo do serviço celular", completa.
Purificación Carpintero, responsável pela área de
Vendas Corporativas da Telefónica Movistar, garante que
a convergência finalmente está acontecendo, incluindo
a dos serviços móveis com os fixos. “Hoje falamos de
aplicações construídas sobre redes fixas e/ou móveis,
que se incorporam ao dia-a-dia para torná-lo mais produtivo”, comenta. “Isto representa uma grande oportu-
nidade para as operadoras ajustarem planos estratégicos e determinarem o novo caminho a seguir, com o objetivo de enfrentar a demanda crescente, tanto de consumidores individuais quanto do nicho corporativo”. Ainda de acordo com a executiva, “os órgãos reguladores
devem ficar de fora e permitir que as operadoras façam
novos negócios, e que a tecnologia atenda a todos.”
Na opinião dos analistas da indústria, os países latinoamericanos, respeitadas suas peculiaridades e diferentes
níveis de evolução, estão começando a trilhar o longo caminho em direção à liberalização. Ainda que seja o início
de um processo que levará muito tempo para ser concluído, os analistas apontam que na América Latina são poucos os países com monopólio estatal . “Na África, por exemplo, somente 28 dos 57 países privatizaram o setor”, compara Rob Stephens, executivo da Divisão de Políticas de
TI e Comunicações Globais do World Bank Group.
A VOZ DOS ESPECIALISTAS
uma aplicação, é preciso uma operadora que
ofereça acesso, e essa operadora é móvel”
“Na América Latina, aproximadamente 95%
do mercado, incluindo todas as operadoras,
estão na modalidade pré-pago, mas o póspago gera 45% do faturamento das empresas”
Carlos Silva, diretor de Serviços de Dados da Iusacell (México)
Vicente Seoane, diretor de Desenvolvimento de Produtos
e Serviços da Telefónica Movistar no México
“O mundo móvel está crescendo de uma
maneira excepcional, o que fica claro nos
milhões de assinantes. No entanto, o
faturamento médio por usuário, hoje, é de US$
29, e este valor cai cinco por cento ao ano”
Raúl Lucido de la Parra, presidente da Anatel México (associação das
empresas de telecomunicações) e presidente da ZTE Corporation no México
“O WCDMA, na América Latina, chegará
primeiro a países como Argentina e Brasil.
A verdade é que a receita dos serviços móveis
na região continuará vindo do produto voz,
pelo menos, até 2009”
Petri Reijonen, diretor de vendas de WCDMA da Nokia América Latina
“Estamos caminhando cada vez mais em direção
à mobilidade e às redes de pacotes. Nesse
cenário de redes abertas, onde a voz é mais que
32
FRECUENCIA Latinoamérica
“O segmento móvel está diante de uma
crescente pressão regulatória: nivelação,
custos, carga tributária, problemas de instalação
de redes...Tudo isso pode impedir a expansão”
Pablo Marzilli, secretário da Comissão de Móveis da AHCIET
“A indústria celular é o segmento mais
dinâmico do mundo das telecomunicações.
O número de linhas celulares é maior que o de
fixas desde 2001 em toda a América Latina.
É preciso estabelecer novos indicadores de
teledensidade que incluam as linhas móveis,
para evitar a informação parcial”
Enrique Melrose, consultor de telecomunicações
“O entorno regulatório deve procurar dar
segurança e apoio ao trabalho das empresas,
permitindo que o mercado encontre as
soluções adequadas para continuar crescendo,
e promovendo a penetração mais que o uso,
visando evitar os efeitos da concentração de
faturamento e beneficiar os que têm menos”
Ernesto Flores, diretor de Marketing da Telefónica Móviles México
Outubro/Novembro 2005
www.frecuenciaonline.com
EVENTOS
ANUNCIANTES
COMPANHIA
WEBSITE
Qualcomm
www.qualcomm.com
Siemens
www.siemens.com
Página 5
Nokia
www.nokia.com
Página 7
Latinia
www.latinia.com
Página 9
CMA
www.frecuenciaonline.com
Páginas 13
Frecuencia Online
www.frecuenciaonline.com
Página 15
CTIA
PÁGINA
Capa 2
Página 21
Idea Valley
www.ideavalley.com.br
Página 27
Expocomm México
www.expocomm.com/mexico
Página 29
GSM Summit 2005
www.frecuenciaonline.com
Página 31
CSG Systems
www.csgsystems.com
Capa 3
Lucent
www.lucent.com
Capa 4
Assine e gerencie sua assinatura
em tempo real
Para servir melhor aos leitores, Frecuencia
Latinoamérica simplifica o modelo de assinatura.
O cupom impresso foi extinto. A partir de agora,
o processo é on-line se baseia em três itens:
Rapidez
Simplicidade
Objetividade
NOVEMBRO
GSM México Summit 2005
Novembro 21-23
Cidade do México, México
www.frecuenciaonline.com/espanol/eventos
6 a Exposição
de software espanhol
Novembro 21 - 23
Cidade do México, México
XII Encontro de Auditoria
Interna da AHCIET
Novembro 21 - 22
Montevidéu - Uruguai
XVIII Reunião Iberoamericana
de Tráfico Internacional
da AHCIET
Novembro 23 - 28
Buenos Aires - Argentina
VI Encontro
Iberoamericano de Cidades
Digitais da AHCIET
Novembro 30 e Dezembro 1 - 2
Rio de Janeiro - Brasil
DEZEMBRO
Redes de Dados
Corporativas
Dezembro, 14-17
Centro Banamex
Cidade do México
FEVEREIRO 2006
Expocomm México
Fevereiro, 14-17
Centro Banamex
Cidade do México
MARÇO 2006
Se voce já é leitor registrado no FrecuenciaOnline,
basta clicar em "minha conta" e, em tempo real, gerencie e administre
todo o processo de inscrição para receber a revista impressa.
CEBIT 2006
Feria Internacional do
Setor de Empresas
de Tecnologia da
Informação e de
Comunicações
Março 9-15
Organização: Deutsche Messe AG
Hannover
http://www.cebit.de/homepage
Se ainda não está registrado, aproveite o novo modelo!
Ingresse em www.frecuenciaonline.com/subscribe
Forneça os dados solicitados e faça uma assinatura
de forma simples, ágil e objetiva.
Contenido Móvil
Americas 2006
Março 15-17
Miami, FL, EUA
www.frecuenciaonline.com/espanol/eventos
As assinaturas para a revista impressa podem ser feitas através
do site: www.frecuenciaonline.com
www.frecuenciaonline.com
Outubro/Novembro 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
33
OPINIÃO
A morte da
telefonia móvel?
realidade (em 2007?), as tecnologias
celulares de banda larga terão completado quase cinco anos no mercado, e
mais tempo passará até que apareçam
dispositivos Wi-Max semelhantes a um
handset celular.
3. A PRINCIPAL FONTE DE INOVAÇÃO NO
Por Carlos Silva Ponce de León
A capa da revista The Economist do dia 17 de setembro deste ano
proclamava a morte do negócio da telefonia pelas mãos da Internet.
Tendo em vista o desaparecimento do negócio de longa distância e suas
respectivas operadoras, é difícil discordar do artigo. Entretanto, a The
Economist erra ao acreditar que as operadoras móveis passarão, nos
próximos anos, por momentos ainda piores do que os vividos pelas fixas.
A intenção deste artigo é demonstrar o porquê.
Primeiro, o fato. A revista The Economist parte da opinião de uma empresa de
investimentos, segundo a qual a maior parte do faturamento das operadoras
celulares – 80%, pelo menos – depende dos serviços de voz, o que as tornaria
particularmente vulneráveis em um mundo onde a voz será uma aplicação
quase gratuita, transportada sobre redes de dados como a Internet. Sim, o
percentual está correto, mas a conclusão é falsa: a indústria de telefonia móvel
foi, e continuará sendo, mais ou menos imune ao processo de "comoditização"
sofrido pelos serviços fixos, pelos seguintes motivos:
1. AS REDES CELULARES AINDA SÃO DONAS DE 2. O WI-MAX NÃO É CAUSA, APENAS MAIS
SEUS DESTINOS E CONTINUARÃO A SER POR ALGUNS ANOS. Diferentemente das operadoras fixas, que sofreram a ameaça das empresas de cabo ou de serviços como
Vonage/Skype, as operadoras móveis praticamente não tiveram ameaça externa
significativa a seus modelos de negócios.
Se na Europa algumas empresas celulares entraram em disputa, foi por conta
própria, ao superestimarem o valor das
freqüências de terceira geração, e não devido à entrada de uma pontocom que tenha derrubado os preços. Durante anos, o
que poderia ser a única ameaça real, o WiMax, não deixou de ser algo mais do que
belos sonhos descritos em arquivos
Powerpoint ou reportagens na imprensa.
UMA CONSEQÜÊNCIA DA REVOLUÇÃO DA
QUAL AS OPERADORAS CELULARES JÁ SÃO
PROTAGONISTAS. É provável que em alguns anos o Wi-Max seja visto como
o grande responsável pela ruptura
da rede celular tradicional, e isto
será um erro, assim como hoje é errado considerar empresas como a
Vonage a origem de uma nova revolução. A Vonage e a Skype são apenas algumas das conseqüências da
adoção do IP como protocolo universal para as telecomunicações.
É exatamente esse movimento universal a favor do IP que gera efeitos
como o interesse pelo Wi-Max. Entretanto, quando o Wi-Max móvel for uma
34
Outubro/Novembro 2005
FRECUENCIA Latinoamérica
MERCADO MÓVEL... CONTINUA SENDO A OPERADORA MÓVEL. Há anos as empresas celulares vêm investindo em redes 3G e
serviços de dados. As operadoras fixas
investiram em DSL apenas como resposta à ameaça do cabo ou buscando
faturamento que originalmente pertencia a ISPs independentes, como a
AOL, nos Estados Unidos; a Tiscali, na
Europa; e a UOL, no Brasil.
Para concluir, o acesso será predominantemente móvel. De acordo
com a The Economist (e este é o grande erro de juízo do artigo), em um
mundo IP só as operadoras fixas que
contam com linhas DSL estarão em
condições de sobreviver. Sim, a tendência em direção à adoção das redes
IP pode relegar as operadoras móveis
a simples provedores de acesso.
Mas a The Economist esquece que
hoje os usuários estão substituindo as
linhas de telefonia fixa por linhas móveis. Se o mundo da telefonia tradicional é predominantemente móvel, por
que motivo pensar que o mundo das
telecomunicações IP será dominado
por linhas DSL? Ou pior ainda, por
que declarar a morte do operador
móvel? Em seu exercício de análise, a
revista The Economist parece ter ignorado estas questões.
Carlos Silva Ponce de León,do México,
é especialista no setor de telecomunicações.
Tem 12 anos de experiência na indústria e
realizou trabalhos de pesquisa sobre o mercado
em diversas instituições acadêmicas.
O e-mail de contato é: [email protected]
www.frecuenciaonline.com

Documentos relacionados

Frecuencia Latinoamérica

Frecuencia Latinoamérica Fabiola González [email protected] CORRESPONDENTES

Leia mais