o documento na íntegra - Academia da Vinha e do Vinho

Transcrição

o documento na íntegra - Academia da Vinha e do Vinho
Perfil-País
MALÁSIA
2010
1
Apex-Brasil
Alessandro G. Teixeira
PRESIDENTE
Maurício Borges
DIRETOR DE NEGÓCIOS
Ricardo Schaefer
DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO
Marcos Tadeu Caputi Lélis
COORDENADOR DA UNIDADE DE INTELIGÊNCIA COMERCIAL E COMPETITIVA (UICC)
Carla Ramos de Carvalho
Patrícia Steffen
AUTORAS DO ESTUDO
Guilherme Pedretti Cangussu de Lima
Roberta Peixoto Ataides
COLABORADORES DO ESTUDO
Simonny Valéria Soares
REVISORA
SEDE
Setor Bancário Norte, Quadra 02, Lote 11,
CEP 70.040-020
Brasília – DF
Tel. 55 (61) 3426.0202
Fax. 55 (61) 3426.0263
E-mail: [email protected]
© 2010 Apex-Brasil
Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte.
2
APRESENTAÇÃO
Este estudo traça um perfil da Malásia através da apresentação dos panoramas econômico, político e
comercial daquele país. A ênfase maior é dada às relações comerciais malaias, mais detalhadamente, àquelas
estabelecidas com o Brasil.
Além de analisar os principais dados do comércio entre Brasil e Malásia, o trabalho também traz
indicadores que estão envolvidos nas trocas comerciais entre esses dois países e as oportunidades de negócio
para os exportadores brasileiros que desejam atuar no mercado malaio.
Abaixo, são listadas as informações encontradas em cada uma das seis partes do estudo.
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Introdução
Panorama Econômico
Panorama Político
Localização
Pag.8
População
Pag.8
Principais cidades
Pag.10
Desempenho Econômico
Pag.13
Política Interna
Pag.22
Política Externa
Pag.22
Relações Bilaterais Brasil-Malásia
Pag.23
Política Comercial
Parte 4
Panorama Comercial
Acordos Comerciais
Pag.25
Características do Mercado
Ambiente de Negócios
Infraestrutura e Logística
Pag.26
Pag.29
Intercâmbio Comercial
Evolução do Comércio Exterior da Malásia
Pag.31
Destino das Exportações Malaias
Pag.33
Principais produtos da pauta de exportações da Malásia
Pag.34
Origem das Importações Malaias
Pag.35
Principais produtos da pauta de importações da Malásia
Pag.35
3
Intercâmbio Comercial Brasil – Malásia
Corrente de Comércio
Saldo Comercial
Pag.39
Principais rodutos importados pelo Brasil da Malásia
Pag.40
Pag.43
Índice de Intensidade de Comércio
Pag.44
Índice de Diversificação/Concentração das Exportações (HH)
Pag.46
Índice de Comércio Intrassetor Industrial
Pag.47
Índice de Especialização Exportadora
Pag.49
Índice de Preços e Índice de Quantum
Pag.51
Parte 6
Anexos
Pag.54
Agronegócios, alimentos e bebidas
Pag.56
Máquinas e Equipamentos
Pag.60
Casa e Construção
Pag.65
Moda
Pag.69
Multissetorial
Pag.73
Oportunidades
Brasil na Malásia
Pag.42
Índice de Complementaridade de Comércio
Apresentação da Metodologia de Identificação das Oportunidades
Comerciais
Comerciais para o
Pag.38
Principais produtos exportados pelo Brasil para a Malásia
Indicadores de Comércio
Parte 5
Pag.36
Anexo 1: Descrição da Metodologia de Identificação de
Oportunidades Comerciais
Pag.79
Anexo 2: SH6 referentes às exportações expressivas
Pag.84
A Unidade de Inteligência Comercial e Competitiva responsável pelo desenvolvimento deste estudo
gostaria de saber sua opinião sobre ele. Se você tem comentários ou sugestões a fazer, por favor, envie email
para: [email protected]
4
SUMÁRIO EXECUTIVO
Localizada no sudeste asiático, a Malásia compõe-se dois territórios: a Malásia Peninsular e a Malásia
Oriental, ao norte da Ilha de Bornéu. Seu território – 329,9 milhares de km2 – é o 66º maior do mundo e abriga o
14º maior contingente populacional da região1. A Divisão de População das Nações Unidas estima que, em 2010,
tal contingente chegue a 27,9 milhões de pessoas, dos quais 27,8% irão se situar na zona rural (Gráfico 1). Em
2015, esta proporção será um pouco menor: de 24,3%.
Quando se trata da magnitude da economia malaia, seu Produto Interno Bruto (PIB), medido pelo valor
corrente da moeda nacional convertida em dólares estadunidenses, chegou a US$ 221,6 bilhões no ano de 2008,
posicionando-a na 39ª colocação no ranking mundial. No entanto, se o conceito utilizado for o de PIB por
paridade de poder de compra (PPC), mais apropriado para a análise do padrão de vida das populações, o país
sobe nove degraus, assumindo o 30º lugar. Do ponto de vista da estrutura produtiva da economia malaia, em
2008, a agricultura respondia por 7,5% do produto; a indústria, por 37,2%; e os serviços, por 50,3%.
De 2003 a 2008, o desempenho econômico da Malásia impressionou: o crescimento médio do PIB no
período chegou a 5,7%. Para tanto, contribuíram o consumo privado aquecido e recuperação do investimento
privado, que contrabalançaram o baixo gasto do governo. Em fins de 2008, entretanto, o cenário interno
promissor começou a ruir, pois a Malásia mais uma vez sofria as conseqüências da sua dependência do setor
externo e da instabilidade por que passava a economia mundial. Houve queda de 21,1% do valor total exportado
em 2009 em relação a 2008 e a contração do PIB em 3,5 pontos percentuais. Para fazer a economia voltar a
crescer em 2010 e estabilizar o mercado de ações, o governou lançou dois planos econômicos, cujos valores totais
chegaram a 10% do PIB. Em 2010 o PIB deve se recuperar e chegar a e 1,3%.
A Malásia se tornou independente da Grã-Bretanha em 1957. Desde então, seu regime político é de
monarquia constitucional. O partido do atual primeiro ministro Najib Razak, Organização Nacional dos Malaios
Unidos (UMNO, em inglês), mantinha-se à frente do poder na Malásia desde a independência do país, com
grande maioria no parlamento. Entretanto, nas últimas eleições parlamentares, em 2008, a coalizão Frente
Nacional (Barisan Nasional – NB), que é composta majoritariamente por membros da UMNO, conquistou
somente 63% das cadeiras. Com apenas uma pequena maioria no parlamento, o primeiro ministro não consegue
viabilizar emendas constitucionais, cuja sanção prevê a aprovação de dois terços daquela Casa. A disputa entre o
primeiro ministro Najib Razak e o líder da oposição Anwar Ibrahim tem gerado instabilidade política na Malásia.
Quanto ao comércio exterior malaio, entre 2003 e 2008, tanto exportações quanto importações
cresceram em torno de 13%, ao ano, em média. Contudo, como resultado da crise, em 2009, ambas cederam
22,6% e 20,3%, nessa ordem. Já em 2010, o fluxo comercial malaio deve retornar retorne a patamares muito
1
Em um total de 46 países na base de dados Euromonitor.
5
próximos aos de 2008. Em 2008, o saldo comercial foi 45,9% maior do que o de 2007 e alcançou o maior valor do
período em análise: US$42,6 bilhões. Um superávit de tal monta só foi possível graças às vultosas exportações de
commodities, que resultaram dos altos preços do óleo de dendê e dos minerais no primeiro semestre de 2008. As
exportações de commodities de baixo conteúdo importado contribuíram em 73,6% para o valor exportado em
2008. Em 2009, o movimento do saldo comercial acompanhou a queda exportações e importações e reduziu-se
em 15,7%. Debelados os piores meses da crise, acredita-se que o saldo chegará a US$ 36,6 bilhões em 2010.
Historicamente a pauta exportadora da Malásia tem se amparado fortemente em eletrônicos, petróleo
e gás. Em 2008, maquinários e equipamentos para transportes representaram 47,2% dos US$210 bilhões
exportados pelo país. Cingapura, Estados Unidos e União Européia são os principais destinos das exportações
malaias e receberam, respectivamente, 14,7%, 12,5% e 11,6% das exportações de bens em 2008. Por outro lado,
a Malásia necessita importar maquinário e equipamentos, químicos e manufatura básica para sustentar seu setor
manufatureiro. Em 2008, os principais fornecedores desses e outros produtos para o país foram China, Japão e
Cingapura, com participação de mercado conjunta de 36,3%.
Em 2008, a corrente comercial brasileira totalizou US$370,9 bilhões, batendo, assim, seu recorde
histórico. Daquela quantia, US$ 2,5 bilhões resultaram da parceria comercial com a Malásia, o que se traduz em
uma representatividade pouco significativa, de apenas 0,007%. No que se refere às exportações brasileiras, o
cenário pouco se altera: em 2008, o Brasil direcionou apenas 0,44% de suas exportações à Malásia, sem que
tenha havido mudanças consideráveis nos dez anos anteriores. Entre 1998 e 2008, esse percentual variou entre
0,24% e 0,47%, tendo atingido o seu valor máximo em 2002 e 2006, de 0,47%, para retornar aos 0,44% de 2008.
Pela ótica das importações brasileiras, a Malásia tem representatividade duas vezes maior: de 0,99%, segundo os
dados de 2008. Entre 1998 e 2008, a representatividade média foi de 0,84%, tendo alcançado um pico isolado de
1,06% em 2007. Assim sendo, em termos relativos, os dados constantes desse parágrafo sugerem, portanto, que
a Malásia assume um papel discreto nas trocas comerciais com o Brasil, principalmente no que diz respeito às
exportações brasileiras.
A Malásia possui acordos comerciais tanto bilaterais como de alcance regional. Membro fundador da
Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o país também participa da Cooperação Econômica ÁsiaPacífico (APEC) e do Arranjo Preferencial de Tarifas do Grupo de Oito Países em Desenvolvimento. Estados
Unidos, Japão e Paquistão são alguns dos países com os quais a Malásia já possui ou está negociando acordos de
comércio bilateral
6
PARTE 1
INTRODUÇÃO
LOCALIZAÇÃO / POPULAÇÃO
7
Localizada no sudeste asiático, a Malásia compõe-se dois territórios: a Malásia Peninsular e a Malásia
Oriental, ao norte da Ilha de Bornéu. A área peninsular abriga a maior parte da população, sedia 11 dos 13
estados do país e faz fronteira com a Tailândia. Na porção insular, localizam-se os estados de Sabah e Sarawak, de
vasta cobertura florestal e que têm como fronteiras Indonésia, Brunei e o Mar da China Meridional. Kuala Lumpur
é a capital do país.
Mapa 1 – Localização geográfica da Malásia
Fonte: CIA,“The World Factbook”.
Seu território – 329,9 milhares de km2 – é o 66º maior do mundo e abriga o 14º maior contingente
populacional da região2. A Divisão de População das Nações Unidas estima que, em 2010, tal contingente chegue
a 27,9 milhões de pessoas, dos quais 27,8% irão se situar na zona rural (Gráfico 1). Em 2015, esta proporção será
um pouco menor: de 24,3%.
Gráfico 1- População da Malásia (em milhares de pessoas)
2
Em um total de 46 países na base de dados Euromonitor.
8
30.047
27.920
25.653
23.274
7.287
7.770
8.308
8.849
14.424
2000
17.345
2005
População urbana
20.150
2010*
População rural
22.760
2015*
*Previsão
Fonte: UN Population Division. Elaboração: UICC Apex-Brasil.
O perfil etário e de gênero dos malaios, entre 1980 e 2020, é ilustrado no Gráfico 2. No início da década
de 80 houve uma explosão demográfica que persiste até hoje e irá, possivelmente, ultrapassar 2020. Nesses 40
anos, a população irá mais do que dobrar. Em números, trata-se de um incremento de quase 19 milhões de
pessoas. Nas duas últimas décadas, contudo, o ritmo de crescimento populacional será mais brando: 1,67% ao
ano, contra 2,67% das duas décadas anteriores.
Em 1980, jovens de até 19 anos representavam a maioria da população (51,3%); indivíduos entre 20 e
59 anos, 43,2%; e, com mais de 60 anos, 5,5%. Entre 1980 e 2000, a faixa de maior crescimento (95,1%) foi a de
20 a 59 anos, o que alterou as proporções das faixas etárias na população total. Desse modo, em 2000, 49,8% da
população já se enquadravam no grupo com idade intermediária. Esse movimento se faz notar na pirâmide
ilustrativa do ano 2000, com o alargamento das linhas na cor vermelha. Importa notar ainda que, de 1980 a 2020,
a força de trabalho em potencial, definida pela participação de pessoas entre 15 e 65 anos, irá saltar de 7,8
milhões para 21,4 milhões.
Outra tendência que se faz notar ao longo dos 40 anos é o envelhecimento paulatino da população. Nos
anos 80, o número de idosos com mais de 60 anos não ultrapassava 5%; em 2020, porém, esse percentual deverá
atingir 10%. Na pirâmide elaborada para 2020, o topo, em verde, mostra-se bem mais alargado do que nas figuras
anteriores.
Por fim, entre crianças e jovens, o número de meninos supera o de meninas. No entanto, à medida que
a população envelhece, essa diferença diminui, invertendo-se a partir dos 40 anos. Quanto mais avançada a
idade, maior torna-se o descompasso entre o número de homens e mulheres. Em 2020, para os idosos com mais
de 80 anos, haverá 1,55 mulher para cada homem.
9
Gráfico 2 – Pirâmides etárias na Malásia – 1980, 2000, 2010 e 2020, da esquerda para direita – em milhões de
habitantes
1980
2,0
Homens
1,5
1,0
> 80
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
Mulheres
0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2000
2,0
Homens
1,5
1,0
> 80
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
Mulheres
0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
Milhões
2010
2,0
Homens
1,5
1,0
> 80
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
Mulheres
0,5
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
2,0
Milhões
2020
2,0
Homens
1,5
1,0
> 80
75-79
70-74
65-69
60-64
55-59
50-54
45-49
40-44
35-39
30-34
25-29
20-24
15-19
10-14
5-9
0-4
Mulheres
0,5
0,0
0,5
Milhões
1,0
1,5
2,0
Milhões
Fonte: Divisão de População das Nações Unidas. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
PRINCIPAIS CIDADES
Em relação aos grandes conglomerados urbanos da Malásia, conceituados como aqueles onde se
superou a marca dos 750 mil habitantes, prevê-se que, em 2010, 14,0% da população malaia residirá em uma das
três maiores cidades do país: Kuala Lumpur, Johore Bharu e Klang. Em valores absolutos, esse percentual
corresponde a 4,2 milhões de moradores, dos quais 1,7 milhão irá se estabelecer na capital, Kuala Lumpur.
Embora o percentual de malaios estabelecidos na capital esteja praticamente estável, oscilando não
mais que 0,1 ponto a cada cinco anos, nas outras duas regiões metropolitanas, ocorre concentração populacional.
Em 2000, 5,4% dos malaios residiam em Johore Bharu e Klang; em 2015, possivelmente serão 8,4% (Gráfico 3).
10
Gráfico 3 – População residindo em cada aglomeração urbana com 750 mil habitantes ou mais em
2007 (em %)
6,0%
5,0%
4,0%
3,0%
2,0%
1,0%
0,0%
2000
2005
2010*
2015**
* Estimativa
Kuala Lumpur
Johore Bharu
Klang
** Previsão
Fonte: Divisão de População das Nações Unidas. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
No caso da vizinha Indonésia, a Divisão de População das Nações Unidas (DPNU) prevê que, em 2015,
12% dos então 251,6 milhões de habitantes residirão em cidades com mais de 750 mil moradores. Desse
percentual, 4,3% irão se estabelecer na capital, Jacarta. Já para o Brasil os números diferem bastante: em 2015,
41,6% dos brasileiros deverão morar em grandes áreas metropolitanas.
11
PARTE 2
PANORAMA ECONÔMICO
12
DESEMPENHO ECONÔMICO
Quando se trata da magnitude da economia malaia, seu Produto Interno Bruto (PIB), medido pelo valor
corrente da moeda nacional convertida em dólares estadunidenses, chegou a US$ 221,6 bilhões no ano de 2008,
posicionando-a na 39ª colocação no ranking mundial. No entanto, se o conceito utilizado for o de PIB por
paridade de poder de compra (PPC), mais apropriado para a análise do padrão de vida das populações, o país
sobe nove degraus, assumindo o 30º lugar (Tabela 1). Para efeito de comparação, na Ásia em desenvolvimento3, o
PIB (PPC) malaio é o sexto maior, inferior aos da China, Índia, Indonésia, Tailândia e Paquistão. Por outro lado, o
PIB (PPC) per capita de US$ 14.081,00 – 60º maior do mundo e típico de um país de médio desenvolvimento – é
alcançado a partir da relativização do tamanho da economia pelo número de habitantes. O Índice de
Desenvolvimento Humano (IDH) corrobora tal entendimento: a Malásia é a 66ª nação mais desenvolvida, com
expectativa de vida de 74,6 anos e taxa de analfabetismo de 7,2%. A má distribuição de renda entre distintos
grupos étnicos e o desequilíbrio regional estão entre os maiores problemas sociais do país. O índice de Gini4 da
renda familiar é igual a 0,502, o que caracteriza a Malásia como a 12º nação mais desigual do mundo5.
Do ponto de vista da estrutura produtiva da economia malaia; em 2008, a agricultura respondia por
7,5% do PIB; a indústria, por 37,2%; e os serviços, por 50,3%. Entre os principais produtos do setor agrícola, incluise o óleo de dendê. A esse respeito, o governo tem incentivado a unificação das plantações de dendezeiros, de
modo a deixá-las sob o gerenciamento de uma única organização, potencialmente a maior do mundo, com a
possibilidade de controle de 600 mil hectares de plantações do produto6. A indústria emprega 20% da força de
trabalho malaia, e é dominada pela produção para o mercado externo, em especial de eletroeletrônicos. Com a
queda recente da demanda internacional desses produtos, causada pela crise econômica, a indústria apresentou
desempenho positivo em 2008 (1,3%) devido ao crescimento da procura interna. Entre 2007 e 2008, o setor de
serviços chegou a crescer 7,3%, impulsionado pelo comércio, turismo e finanças. Em 2009, o setor ficou à beira da
paralisação, com vários bancos em dificuldades.
3
Classificação utilizada pelo FMI, que inclui 26 países.
4
O Índice de Gini foi criado pelo matemático italiano Conrado Gini em 1912. É um dos indicadores adotado pelo Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na mensuração do grau de desigualdade existente na distribuição de
indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os
indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um um indivíduo detém toda a renda da
sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula).
5
De acordo com o Euromonitor, que possui o dado para 84 países.
6
Country Profile Malaysia – Euromonitor.
13
Pela ótica da demanda agregada7, em 2008, o consumo privado correspondeu a 45,2% do PIB; o
consumo público, a 12,5%; a variação dos investimentos, a 0,5%; a formação bruta de capital fixo, a 19,6% e as
exportações de bens e serviços, a 103,6%. Já pelo lado da oferta agregada8, as importações de bens e serviços
representaram 80,5% do PIB. Com efeito, o tamanho do superávit externo, considerando o comércio exterior de
bens e serviços, alcançou 23,1% do PIB.
Tabela 1- Indicadores socioeconômicos da Malásia
Indicadores selecionados da Malásia
Descrição
2008
1. Economia
Crescimento do PIB (%)¹
PIB 2008 PPP (I$ bilhões)¹
PIB per capita - PPP ¹
PIB PPP share ¹ (%)
Taxa de Inflação (%)¹
FBCF/PIB²
IDE/PIB (%)²
IDE - Estoque de entrada de investimento direto (US$ milhões)³
2.População
IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em 2007⁴
População em 2009 (milhões de habitantes)⁵
População economicamente ativa (mil)⁵
Taxa de desemprego (%)⁵
3. Tecnologia, Competitividade e Instituições
Network Readiness Index (Tecnologia de Informação), 2008-2009⁶
Gastos em Pesquisa e Desenvolvimento, média 2000-2005 (% do PIB)⁷
Exportações de Bens de Alta Tecnologia, 2005 (%do total manufaturado)⁸
Exportações de Bens de Alta Tecnologia, 2006 (%do total manufaturado)⁸
Índice de Competitividade Global 2009-2010⁶
Ranking
4,63
384,39
14.081
0,56
5,40
19,64
3,33
73262,12
30
60
66
44
38
0,829
28,098
11.297
3,30
66
44
40
112
4,76
0,59
54,61
53,78
4,87
28
45
3
4
24
Fontes: World Development Indicators 2009; World Economic Forum Competitiveness Report 2009; Human Development Report 2008 e
2009; International Trade Statistics, 2008; World Investiment Report , 2008; Global Information Technology Report, 2008; Euromonitor;
World Economic Outlook Database, October 2009.
(1) FMI. O Fundo considera 211 países para este ranking.
(2) The Economist. A fonte considera 82 países para este ranking.
(3) UNCTAD
(4) PNUD. A ONU considera 179 países em seu ranking. O IDH é elaborado com base na renda, escolaridade e expectativa de vida
(5) Euromonitor. A fonte considera 207 países para o ranking de população; 173 para população economicamente ativa e 137 para taxa de
desemprego.
7
Demanda agregada é a quantidade de bens ou serviços que a totalidade dos consumidores deseja e está disposta a adquirir
em determinado período de tempo e por determinado preço. É a soma das despesas das famílias, do governo e os
investimentos das empresas, consistindo na medida da demanda total de bens e serviços numa economia." (SANDRONI,
Paulo. Dicionário de Economia do Século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.231.
8
Oferta agregada é a quantidade de bens ou serviços que o conjunto dos ofertantes produz e oferece no mercado, em
determinado período de tempo e por determinado preço. É determinada somando-se as ofertas individuais a cada nível de
preço." (id, 2005.p.601).
14
(6) World Economic Forum WEF. Indicador que procura capturar várias dimensões do processo de inovação tecnológica. O ranking inclui
127 países.
(7) UNESCO. Índice que captura múltiplas dimensões da capacidade competitiva das nações. O ranking considera 134 países.
(8) Banco Mundial. O Banco considera 157 países para este ranking.
Após a crise financeira asiática de 1998, quando o PIB malaio recuou 7,4%, a economia do país voltou a
crescer em 1999 e 2000 (6,2% e 8,7%), até sofrer novo revés em 2001. A demanda mundial por produtos
manufaturados, particularmente de tecnologia de informação e comunicação, despencou naquele ano,
consolidando um lento e sincronizado desaquecimento da economia global. A Malásia, dependente do setor
externo, sentiu a queda da demanda por seus produtos. Em meio à crise, os preços de algumas das principais
commodities exportadas pelo país, incluindo o petróleo, se retraíram. O resultado foi um minguado crescimento
do PIB, de 0,52%, em 2001. Já no primeiro semestre de 2002, a economia malaia mostrou sinais de recuperação,
estimulada pelo crescimento do consumo e do investimento público e pela elevação da demanda externa. De
2003 a 2008, o desempenho econômico da Malásia impressionou: o crescimento médio do PIB no período chegou
a 5,7%. Contribuíram o consumo privado aquecido e a recuperação do investimento privado, que
contrabalançaram o baixo gasto do governo.
Em fins de 2008, entretanto, o cenário interno promissor começou a ruir, pois a Malásia mais uma vez
sofria as consequências da sua vulnerabilidade frente às mudanças na economia mundial. A demanda externa –
em especial de eletrônicos, petróleo e gasolina – tem sido o maior vetor de dinamismo da economia malaia.
Prova disto é a contribuição de 94,4% das exportações para o PIB em 2008. Em 2009, já sob efeito da crise, a
demanda externa arrefeceu, e não raras foram as atitudes protecionistas tomadas por diversos países. Para
agravar a situação, soma-se o fato de os Estados Unidos – justamente o epicentro da crise – terem sido o 2º
principal destino das exportações malaias em 2008. Esse conjunto de acontecimentos teve como resultados a
queda de 21,1% do valor total exportado pela Malásia em 2009 em relação a 2008 e a contração de 3,5% do PIB.
Para fazer a economia voltar a crescer em 2010 e estabilizar o mercado de ações, o governou lançou
dois planos econômicos, cujos valores totais chegaram a 10% do PIB. O primeiro, anunciado ainda em 2008,
priorizou projetos de infraestrutura e treinamento. O segundo, de março de 2009, foi o maior lançado no país, e
traçou vários objetivos: socorro às firmas com escassez de crédito, estímulo ao consumo, apoio ao lançamento de
ações em bolsa e financiamento de projetos sem previsão orçamentária. Com tais medidas, o governo pretende
criar mais de 160 mil empregos. O empenho governamental em socorrer a economia malaia custará aos cofres
públicos M$67 bilhões, ou cerca de US$ 20,5 bilhões, e implicará um déficit de mais de 7,0% do PIB. Além do
lançamento dos planos, os gestores públicos tomam medidas de estímulo à demanda interna com a finalidade de
tornar o país menos dependente das exportações. Em 2010 o PIB deve se recuperar e chegar a e 1,3%.
15
Passando-se à retrospectiva do comportamento inflacionário da economia malaia, também ilustrada no
Gráfico 4, entre 2003 e 2007, o país apresentava taxas de inflação, medidas pelo índice de preços ao consumidor,
de 2,1% em média. De 2003 a 2006, a tendência do indicador foi de alta. Em 2007, sobreveio queda para 2,0% e,
em 2008, ocorreu um salto para 5,4%. O banco central da Malásia, Bank Negara Malaysia, atribuiu a escalada
inflacionária dos três primeiros meses de 2008 ao aumento acentuado dos preços dos combustíveis e dos
alimentos. Em 2009, a taxa de inflação recuou para 0,9%, devido à queda nos preços internacionais destes
mesmos produtos. Para 2010, o FMI prevê 2,5% de inflação.
Com respeito à política cambial9, em 2005, o país trocou o sistema de câmbio fixo pela flutuação suja10
do ringgit (denominação da moeda malaia). De acordo com o banco central, o monitoramento da moeda não
ocorre para manter a taxa de câmbio em determinado patamar, mas para minimizar sua volatilidade. Uma cesta
de moedas, cuja composição exata a entidade não divulga, serve de base para esse acompanhamento. Analistas
da empresa de análise econômica e política Economist acreditam que essa cesta inclua moedas de importantes
parceiros comerciais como o iuan (China), iene (Japão) e os dólares dos Estados Unidos e de Cingapura. Ademais,
com o objetivo de auxiliar a Malásia a controlar sua moeda e protegê-la de ataques especulativos, foi proibido o
envio de divisas a paraísos fiscais.
Em meados de abril de 2008, o ringgit alcançou sua menor cotação contra o dólar em dez anos:
M$3,1/US$1 em função de um grande superávit comercial e entrada de fluxos de capital de curto prazo. Ao final
daquele mês, a fuga de capitais originada no contexto de crise global causou a inversão dessa tendência de
valorização da moeda malaia. Como resultado, o ringgit desvalorizou-se em relação ao dólar. A média da cotação
em 2009 foi de M$3,5/US$1 contra M$3,3/US$1 no ano anterior.
Apesar de a economia ainda estar se recuperando da crise, o governo decidiu enfrentar os
desequilíbrios fiscais e cortar gastos em 2010. Em 2008, o déficit orçamentário já havia chegado a 4,8% do PIB em
consequência das políticas de subsídios. A expectativa das autoridades é que esse percentual chegue a 7,4% em
2009, devido às medidas adicionais de estímulo à economia. A redução dos gastos deve se pautar na eficiência
econômica e na diminuição dos subsídios. Mediante o sucesso das ações, o governo espera uma redução do
déficit para 5,6% do PIB em 2010.
9
Economist Intelligence Unit, Country Commerce Malaysia.
10
Na flutuação suja, o câmbio varia de acordo com o mercado, mas o Governo intervém caso a taxa oscile exageradamente.
16
Gráfico 4 - Crescimento do PIB e taxa de inflação da Malásia
6,8%
5,8%
5,3%
3,0%
5,8%
6,3%
4,6%
5,4%
3,6%
2,5%
2,0%
1,4%
1,3%
1,1%
0,9%
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
2010*
-3,5%
Crescimento do PIB
Taxa de Inflação
* Previsão
Fonte: FMI. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
No que concerne aos aspectos sociais, a diminuição da desigualdade de renda, do desequilíbrio regional
e da disparidade étnica são desafios centrais para o país. O índice de Gini do país está entre os maiores da Ásia.
Além disso, regiões diferentes alcançaram graus de desenvolvimento humano diversificados. Sabah, a região mais
empobrecida do país, tinha uma taxa de pobreza de 16% em 2007. Já no estado mais desenvolvido, o índice de
pobreza não ultrapassa 0,7%. Grupos étnicos distintos também têm níveis de qualidade de vida diferentes. A
maioria da população, que é malaia, é mais pobre do que a minoria chinesa. Enquanto a taxa de pobreza entre os
malaios era de 5,1% 2007, esse mesmo indicador era de 0,6% para os chineses e de 2,5 para os indianos. O temor
de que a má distribuição de renda gerasse tensões sociais, levou o governo malaio a implementar ações
afirmativas, como a que obriga empregadores a contratar ao menos 30% de sua mão de obra entre malaios e
indígenas. Tais ações têm sido bem-sucedidas, embora fortaleçam um ambiente econômico com menos
liberdade.
Ainda em respeito à distribuição de renda na Malásia, o Gráfico 5 especifica a participação dos lares por
faixa de renda anual entre 2003 e 2008. Em 2008, 58,7% dos lares malaios recebiam até US$ 15 mil anuais (41,3%
ganhavam acima). No caso da economia brasileira, para o mesmo ano, esse percentual localizava-se na faixa de
68,5%, de maneira que 31,5% dos lares brasileiros ganhavam acima do patamar de renda indicado.
Entre 2003 e 2008, há uma tendência de alteração na composição percentual das faixas de renda por
lares definidas no Gráfico 5. Os dados evidenciam um aumento relativo do número de lares que ganham entre
17
US$15.000 e US$65.000, de US$65.000 a US$150.000 e acima de US$150.000 anuais. Simultaneamente, há uma
diminuição relativa nos lares que recebem renda anual de US$2.500 a US$15.000 e abaixo de US$2.500. Essa
dinâmica de melhora da distribuição de renda das famílias malaias pode estar relacionada tanto às ações
afirmativas expostas acima como ao desempenho econômico do país, tendo em vista que o PIB da Malásia
cresceu em média 5,7% ao ano, entre 2003 e 2008. Outro componente que ajudou em parte na melhora do
padrão de renda da Malásia, embora de forma artificial, foi a evolução da taxa de câmbio nominal da moeda
malaia frente ao dólar estadunidense, uma vez que, as faixas de rendas são fixadas em US$. Nos cinco anos em
foco, essa taxa diminuiu 13% no acumulado, alterando-se de RM$3,8/US$ para RM$3,3/US$ no fim do período, o
que tornou os produtos importados relativamente mais baratos, aumentando o poder aquisitivo da população.
No Brasil, a contribuição do câmbio para o aumento da renda das famílias foi ainda maior, uma vez que o real
valorizou-se 38,9% neste mesmo quinquênio.
Gráfico 5 - Participação dos lares por faixa de renda anual em 2003 e 2008
100%
90%
0,5%
1,0%
1,0%
2,8%
19,7%
80%
37,4%
70%
acima de US$150.000
60%
de US$65.000 a US$150.000
50%
de US$15.000 a US$65.000
68,9%
40%
de US$2.500 a US$15.000
30%
53,8%
até US$2.500
20%
10%
9,8%
0%
4,9%
2003
2008
Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
A Malásia procura atrair investimentos, com algumas ressalvas. São bem-vindas iniciativas que
promovam o desenvolvimento da economia, transfiram expertise técnica e gerencial, qualifiquem trabalhadores e
abram postos de trabalho que os absorvam. Segundo fontes oficiais, a mera compra de ações para aquisição
integral ou parcial de empresas é desestimulada. O governo exerce considerável influência na aprovação de
projetos individuais e utilizou-se disto para restringir ações especulativas e conseguir acordos de joint venture e
18
transferência de tecnologia. Após a crise de 1998 e o abalo de 2001, restrições ao capital estrangeiro e requisitos
de exportação foram relaxados para aumentar a atração de investimentos11.
Investimentos estrangeiros em manufaturas para exportação e indústrias intensivas em capital e de alta
tecnologia são prioridade para a Malásia. Entre os setores que mais os receberam constam: equipamentos
elétricos e eletrônicos; petróleo e gás; biotecnologia; metalurgia e químicos. Ainda que, de modo geral, o governo
malaio não apoie investimentos em indústrias de pouco valor agregado ou intensivas em trabalho, nas partes
mais pobres do país, esse tipo de investimento pode ser bem-vindo.
Nos anos 2000, os fluxos de investimentos estrangeiros diretos (IED) ganharam importância para a
Malásia. Tome-se como exemplo o fluxo de entrada, medido como porcentagem da formação bruta de capital
fixo (FBCF), que passou de 17,6%, na média de 1990 a 2000, para 18,4%, em 2008. Em valores absolutos, trata-se
de US$ 8,1 bilhões, em 2008. A tendência de intensificação dos fluxos de IED entre 1997 e 2010 é mostrada no
Gráfico 6. As quedas mais expressivas, de 1998 e 2001, ocorreram justamente nos momentos de turbulência da
economia mundial.
Na Malásia, o fluxo de entrada de IED como razão da FBCF em 2008, de 18,4%, fica acima do patamar do
sudeste asiático (15,8%) e das economias em desenvolvimento (12,5%). No caso brasileiro, ainda que o montante
de IED recebido em 2008 (US$ 45,1 bilhões) tenha sido sensivelmente maior do que na Malásia, como proporção
do PIB, é menor: 15,1%. Na vizinha Indonésia, no mesmo ano, esse indicador não superou 5,6%.
11
Economist Intelligence Unit, Country Commerce Malaysia.
19
Gráfico 6- Malásia – fluxo de investimentos, 1997-2008 (US$ bilhões)
8,4
6,3
8,1
6,1
4,6
3,9
4,1
3,8
3,2
2,7
2,5
0,6
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Fonte: UNCTAD. Elaboração: UICC - Apex-Brasil.
20
PARTE 3
PANORAMA POLÍTICO
21
POLÍTICA INTERNA8
Política Interna12
A Malásia se tornou independente da Grã-Bretanha em 1957. Desde então seu regime político é de
monarquia constitucional. O partido do atual primeiro ministro Najib Razak, Organização Nacional dos Malaios
Unidos (UMNO, em inglês), mantinha-se à frente do poder na Malásia desde a independência do país, com
grande maioria no parlamento13. Entretanto, nas últimas eleições parlamentares, em 2008, a coalizão Frente
Nacional (Barisan Nasional – NB), que é composta majoritariamente por membros da UMNO, conquistou
somente 63% das cadeiras14. Nessas mesmas eleições, a NB também perdeu representatividade nas assembléias
estaduais.
Essa perda de cadeiras no parlamento se deve ao aumento das tensões étnicas e da inflação conjugado
à aparente incapacidade de se combater a corrupção15. Com apenas uma pequena maioria no parlamento, o
primeiro ministro não consegue fazer emendas constitucionais, já que para isso é necessária a aprovação de dois
terços dos membros daquela Casa. Razak, que está no poder desde 3 de abril de 2009, tem atualmente o desafio
de aumentar a popularidade do seu partido. Para isso, o primeiro ministro adotou a estratégia de diversificar a
velha política executada na Malásia, que beneficia somente os bumiputera, malaios étnicos e outros povos
indígenas que representam cerca de 60% da população. Os outros 40% são formados majoritariamente pelos
chamados chineses malaios. Atualmente disputas entre o primeiro ministro, Najib Razak, e o líder da oposição,
Anwar Ibrahim, têm gerado instabilidade política no país.
Política Externa16
POLÍTICA EXTERNA12
Após a sua independência em 1957, a Malásia adotou uma postura fortemente anticomunista e próocidente e concentrou seus esforços em manter sua independência.
Entre 1970 e 1976, como membro da Organização da Conferência Islâmica (OCI), o país passou a se
identificar como uma nação muçulmana. Ainda nos anos 70, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN)
12
Country Commerce and Country report Malaysia, Economist Intelligence Unit.
13
Nas eleições de 2004 a coalizão Frente Nacional (Barisan Nasional – NB), a qual é composta majoritariamente por membro
do partido UMNO, conquistou 90% das cadeiras do parlamento.
14
Country Commerce Malásia, Economist Intelligence Unit.
15
Country Commerce Malásia, Economist Intelligence Unit.
16
Fontes: Country Profile Malásia – Euromonitor e Ministério das Relações Exteriores da Malásia, disponível em:
http://www.kln.gov.my/web/guest/evolution
22
passou a ser uma das prioridades da política externa da Malásia. Foi nesse período também que o país fortaleceu
a sua política de não-alinhamento e equidistância das grandes potências.
Já nos anos 80, a política externa do país tomou rumos mais econômicos. Também nesse período, a
Malásia passou a defender fortemente os direitos e aspirações dos países em desenvolvimento e advogar pelo
incremento do intercâmbio técnico e comercial entre os países em desenvolvimento. A partir disso, o país
estreitou suas relações com países da África, América Latina e Leste Europeu, principalmente por meio do
comércio e da transferência de tecnologia no âmbito da cooperação Sul-Sul.
A partir de 2003, o país concentrou esforços, principalmente, em ter um papel de liderança influente na
OCI, na ASEAN e no Movimento dos Não-Alinhados (MNA). A Malásia também prioriza a disseminação da imagem
de uma nação islâmica tolerante e progressista.
Atualmente, o país tem algumas desavenças no cenário internacional. Recentemente, a Malásia
endureceu o tratamento aos trabalhadores ilegais em seu território. Como a maioria deles é proveniente da
Indonésia, essa atitude acabou aumentando o mal-estar entre os dois países. Mal-estar, esse, causado por uma
disputa territorial: a Malásia pressiona a Indonésia para que esta lhe devolva duas ilhas, Sipadan e Ligitan. A
Malásia também tem problemas territoriais com as Filipinas e com a China. As Filipinas reivindicam o território de
Sabah, mas o governo da Malásia rejeita essa reivindicação. Já no contencioso com a China, a Malásia é um dos
diversos países que disputam a posse das ilhas Spratly, no Mar da China Meridional.
RELAÇÕES BILATERAIS BRASIL-MALÁSIA
As relações diplomáticas entre Brasil e Malásia iniciaram-se em 1959. Desde então, a relação entre os
dois países é basicamente comercial e não muito estreita. O principal acordo comercial em vigor entre Brasil e
Malásia foi assinado em 1996 e prevê “o desenvolvimento e fortalecimento das relações comerciais e econômicas
entre os dois países” 17.
Também em 1996, Malásia e Brasil assinaram um acordo de cooperação técnica no setor de ciência e
tecnologia. Esse ajuste se propõe a beneficiar as seguintes áreas: “pesquisa industrial, microeletrônica,
biotecnologia, padronização dos serviços eletrônicos e de teste, meio ambiente, gerenciamento da vida selvagem
e recursos marinhos, sensoriamento remoto, informação científica e tecnológica, treinamento e gerenciamento
em ciência e tecnologia, meteorologia e quaisquer outras áreas mutuamente acordadas.18”
17
Brasil Trade Net. Disponível em:
<http://www.braziltradenet.gov.br/ARQUIVOS/Publicacoes/ComoExportar/CEXMalasia.pdf> Acesso em 15 abr 2010.
18
Acordo entre a República Federativa do Brasil e o Governo da Malásia sobre Cooperação Científica e Tecnológica.
Disponível em: < http://www2.mre.gov.br/dai/b_mala_04_3109.pdf> Acesso em: 15 abr 2010.
23
PARTE 4
PANORAMA COMERCIAL
24
POLÍTICA COMERCIAL
ACORDOS COMERCIAIS
A Malásia possui acordos comerciais tanto bilaterais como de alcance regional. Membro fundador da
Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o país também participa da Cooperação Econômica ÁsiaPacífico (APEC) e do Arranjo Preferencial de Tarifas do Grupo de Oito Países em Desenvolvimento. Estados
Unidos, Japão e Paquistão são alguns dos países com os quais a Malásia já possui ou está negociando acordos de
comércio bilateral.
Malásia e Paquistão implementaram um acordo de livre comércio em janeiro de 2008. Esse ajuste prevê
a liberalização de bens, produtos, serviços e investimentos, assim como cooperação técnica bilateral. Até 2012, a
Malásia eliminará 74,5% das suas tarifas de importação e o Paquistão, 43,2%.
Com o Japão, o país mantém um acordo que prevê eliminação das tarifas em 97% dos produtos que
comercializam entre si até 2015. Esse acordo não contempla alguns produtos agrícolas, como o arroz, e garante
aos produtos japoneses acesso ao mercado malaio de veículos, que é bem protegido. O Japão representa o
quarto maior parceiro comercial da Malásia.
Com os Estados Unidos, a Malásia está em processo de negociação de um acordo comercial, porém não
há data prevista para a assinatura. O motivo principal para a demora é consequência do programa de ação
afirmativa do governo da Malásia, que favorece as empresas nacionais. Apesar de alguns contratos com o
governo permitirem que empresas estrangeiras prestem serviços, os Estados Unidos exigem que o processo de
licitação seja mais transparente. Outros pontos de divergência são: a proteção da indústria de veículos da
Malásia; a proibição da participação majoritária estrangeira em bancos locais; a falta de proteção dos direitos de
propriedade intelectual, do meio ambiente e dos direitos trabalhistas. Em 2008, os Estados Unidos eram o
segundo maior parceiro comercial da Malásia, mas em 2009 foram ultrapassados pela China e agora ocupam a
terceira posição.
A ASEAN assinou acordos comerciais com a Nova Zelândia e com a Austrália, que cobrem bens,
investimentos e serviços, serviços financeiros, telecomunicações, comércio eletrônico e propriedade intelectual.
Já com a Índia, as negociações já foram concluídas, mas o acordo ainda não foi assinado. Quando entrar em vigor,
reduzirá tarifas até 2012. As negociações para um acordo entre a ASEAN e a União Européia (UE) começaram em
2007, mas estão paralisadas porque a UE impôs sanções a Mianmar, membro do bloco, em virtude do seu regime
de governo.
25
O Arranjo Preferencial de Tarifas do Grupo de Oito Países em Desenvolvimento é um acordo assinado
em 2006 entre a Malásia, Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, Nigéria, Paquistão e Turquia. O documento prevê
concessões tarifárias de bens selecionados entre os países partícipes.
CARACTERÍSTICAS DO MERCADO
AMBIENTE DE NEGÓCIOS
De acordo com a publicação do Banco Mundial, Doing Business 201019, a Malásia ocupa a 23ª posição no
ranking dos países segundo sua facilidade para fazer negócios, em um universo de 183 avaliações realizadas pelo
organismo. Para classificar os países, são levadas em conta a facilidade ou a dificuldade relacionada à abertura de
empresas, obtenção de alvarás, contratação de empregados, registro de propriedades, obtenção de crédito,
proteção de investidores, pagamento de impostos, comércio exterior, cumprimento de contratos e fechamento
de empresas.
Gráfico 7 - Doing Business 2010: Facilidade de fazer
negócios – posição no ranking
129
140
120
100
93
89
Vietnã
China
80
60
40
25
23
20
0
Indonésia
Malásia
Brasil
Fonte: Doing Business, Banco Mundial. Elaboração: UICC, Apex-Brasil.
Quanto menor a posição no ranking, melhor o ambiente de negócios. No Gráfico 7, a Malásia é o melhor
lugar, dentre os países analisados, para se realizar um negócio, seguida pela Indonésia na 25ª posição. Dentre os
países em análise, o Brasil apresenta-se na última posição do ranking, com a 129ª colocação.
19
Doing Business fornece medidas objetivas das regulamentações aplicáveis às empresas e seu cumprimento em 183
economias e cidades selecionadas no nível subnacional e regional.
26
Com auxílio da Tabela 2, percebe-se que, no geral, o desempenho da Malásia foi pouco alterado entre
2009 e 2010, uma vez que caiu duas posições neste ínterim, ao passar da 23ª para a 21ª colocação. Os critérios
“abertura de empresas” e “contratação de empregados” contribuíram para o declínio no ranking, pois o país
perdeu, nesses indicadores, doze e sete posições, respectivamente. No item “cumprimento de contratos”, a
Malásia apresentou melhor desempenho em relação ao ano anterior, subindo uma posição.
Tabela 2– Critérios para o índice “Facilidade de fazer negócios” Mudanças entre 2009 e 2010
Item
Ranking
de 2010
Facilidade de fazer negócios
Abertura de empresas
Obtenção de alvarás
Contratação de empregados
Registro de propriedades
Obtenção de crédito
Proteção de investidores
Pagamento de impostos
Comércio exterior
Cumprimento de contratos
Fechamento de empresas
Ranking
de 2009
23
88
109
61
86
57
4
24
35
59
57
21
76
105
54
81
57
4
21
31
60
57
Mudanças
no
Ranking
-2
-12
-4
-7
-5
0
0
-3
-4
1
0
Fonte: Doing Business, Banco Mundial.
Elaboração: UICC, Apex-Brasil.
A seguir, dois critérios que compõem o índice do Banco Mundial, de maior relevância para o exportador,
“comércio exterior” e “cumprimento de contratos”, a partir de uma perspectiva comparada entre os países
Indonésia, Vietnã, Malásia, China e Brasil são analisados. As médias regionais também são utilizadas como
parâmetros.
Gráfico 8 - Doing Business 2010 – Cumprimento de
contratos
585
570
616
406
295
122,7
28,5
27,5
39 34 30 34 45
Número de
procedimentos
Indonésia
Duração (dias)
Vietnã
Malásia
11,116,5
Custo (% da dívida)
China
Brasil
Fonte: Doing Business, Banco Mundial. Elaboração: UICC, Apex-Brasil.
27
O “cumprimento de contratos” busca medir a eficiência dos tribunais locais na resolução de disputas
relacionadas a operações de venda. São avaliados o tempo, custo e número de processos envolvidos desde o
momento do registro da ação até a efetivação do pagamento requerido por uma das partes (Gráfico 8). Na
Malásia, o número de procedimentos (30) é o menor dentre os países analisados. Em compensação, os custos
processuais como percentagem da dívida (27,5%) da Malásia são maiores que os verificados na China e no Brasil.
A partir do Gráfico 8, resta evidente que o Brasil possui problemas com a burocracia, uma vez que, no quesito
“duração de dias”, seus índices são mais preocupantes.” Nesse aspecto, a Malásia possui uma duração de 585
dias para cumprimento de contrato, período considerado alto quando comparado aos dados do Vietnã e China.
Na composição do item “comércio exterior”, o Banco Mundial analisa os procedimentos, custo e tempo
implicados na importação e exportação de um contêiner padrão; desde a assinatura do contrato final entre as
partes envolvidas até a efetiva entrega dos bens. Nesse indicador, a Malásia apresenta um bom desempenho nos
quesitos envolvendo documentos para exportar, tempo para exportar documentos para importar e tempo para
importar, nessa ordem. Em relação ao custo para exportar e importar, a Malásia classifica-se em primeiro lugar,
conforme mostra o Gráfico 9.
Gráfico 9 - Doing Business – Comércio exterior
1.540
1.440
940
756
704
660
450 545
500
450
5 6 7 7 8
Documentos
para exportar
(número)
21 22 18 21 12
Tempo para
exportar (dias)
Indonésia
6 8 7 5 7
Custo para
exportar (US$
por contêiner)
Vietnã
Documentos
para importar
(número)
Malásia
27 21 14 24 16
Tempo para
importar (dias)
China
Custo para
importar (US$
por contêiner)
Brasil
Fonte: Doing Business, Banco Mundial. Elaboração: UICC, Apex-Brasil.
28
INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA
A Malásia é o segundo país do sudeste asiático com melhor infraestrutura de transporte, somente atrás
de Cingapura. A maior parte da sua população concentra-se na área peninsular que faz fronteira com Tailândia e,
por isso, abriga a maior parte dos portos, aeroportos e malha rodoviária do país. O cômputo geral, entretanto,
aponta a existência de, aproximadamente, 122.000 km de rodovias (70% estão pavimentadas); 2000 km de malha
ferroviária; 25 portos marítimos e 39 aeroportos20.
O governo conta com um plano de investimento para converter o país em uma economia desenvolvida
até 2020. O plano inclui pavimentação de rodovias, melhorias no sistema ferroviário e aumento das linhas de
transporte urbano. O governo também está empenhado na integração das diferentes modalidades e na
modernização das instalações aeroportuárias e marítimas de acordo com as necessidades.
Além do investimento do governo, muitas empresas estrangeiras estão vendo a Malásia como um
centro de negócios na região. Isso pode significar uma boa oportunidade para empresas brasileiras. Empresas
malaias muitas vezes não possuem tecnologia e, por isso, contratam empresas estrangeiras para os serviços em
que não possuem conhecimento.
Portos
A Malásia é uma das zonas com maior trânsito naval da região e possui 25 portos distribuídos entre a
costa peninsular e os estados de Sabah e Sarawak. O Ministério dos Transportes é a autoridade máxima, seguido
das autoridades estatais. O controle dos portos está compartilhado com as corporações estatais e empresas de
caráter privado, sendo que as empresas privadas mantêm a maioria da propriedade. O Departamento Naval da
Malásia é o organismo regulador do setor, que controla tarifas, licenças e seguros. O governo prevê a criação de
um Conselho Nacional Portuário para cuidar da coordenação da gestão de portos nacionais.
Os principais portos e terminais são Porto de Klang, George Town (Penang), Tanjung Pelepas, Bintulu,
Johor, Labuan, Lahad Datu, Lumut e Miri. Os principais portos para logística internacional são o Porto de Klang
(região central), Porto de Penang (região norte e Pasir Gudang) e o Porto de Tanjung Pelelepas (região sul). O
Porto de Klang é o centro de embarque e entreposto mais movimentado e uma de suas funções é abastecer o
vale do Klang, a região mais populosa e desenvolvida da Malásia. O Porto de Klang tem investido em técnicas e
fez modificações para facilitar o desembarque de mercadorias de maior valor agregado, além de agilizar a
liberação da documentação necessária ao desembaraço alfandegário. O porto cobre uma área de 806 hectares e
conta com Northpoint, Southpoint e Westport, que são os operadores desse grande porto malaio. Devido ao
grande volume de mercadorias que administra, o Klang é o 13º porto mais transitado do mundo.
20
Estudo de Mercado- Infraestruturas de Transporte na Malásia, ICEX
29
Tanjung Pelepas é o segundo porto mais importante da Malásia e concentra os serviços de gestão de
contêineres e de carga a granel. O porto foi criado para competir com o porto de Cingapura e hoje é uma das
rotas mais importantes entre Ásia-Europa e Ásia-Oriente Médio. Aproximadamente 70% do porto pertencem à
MMC Corporation Berhad, companhia de investimentos em ativos de infra-estrutura de transporte; enquanto os
30% restantes são de propriedade da gigante dinamarquesa Maersk Sealand.
Mapa 2 – Localização dos Portos na Malásia
Elaboração: UICC - Apex-Brasil.
Aeroportos
A Malásia possui 39 aeroportos, dos quais cinco são internacionais: Kuala Lumpur International Airport,
Langkawi, Pulau Pinang, Kota Kinabalu e Kuching. Essencial para o desenvolvimento do setor turístico, a rede de
aeroportos também é objeto de diversos projetos voltados para sua melhoria e modernização. No que tange à
utilização aeroportuária para fins de atividade logística e transporte de mercadorias, destacam-se as instalações
de Kuala Lumpur e Penang.
30
Estradas
A rede de rodovias da Malásia é essencial para o desenvolvimento da atividade econômica, sendo que
as estradas representam 94,8% das atividades de transporte de passageiros e mercadorias. Recentemente, no
nono plano do governo, as verbas alocadas para a melhoria de estradas e construção de novas rodovias
consistiram de 2,1 milhões de euros.
A Malásia possui 98.721 Km de estradas, sendo que 80,280Km estão pavimentas e 18,441 Km não estão
pavimentadas. A rodovia Norte-Sul (The North South Expressway) funciona como uma rede de interligação com
as outras rodovias. Existem atalhos que contornam o trânsito em cidades como Kuala Lumpur, Johor Bharu que
facilitam o transporte de frete. Oportuno ressaltar as boas condições das rodovias no interior e nas fronteiras
com a Tailândia. Além disso, existem diversos projetos para melhorar as estradas de todo o país.
Ferrovias
A malha ferroviária da Malásia, conhecida como KTM, representa uma das formas mais econômicas de
viajar e de transportar mercadorias no país. A KTM foi privatizada em 1992 e hoje possui 1.668 km de extensão,
cortando o país de norte a sul e oferecendo serviços de passageiros e de carga. Entretanto, o sistema ferroviário
ainda é de mão única e não é eletrificado, representando somente 0,5% do volume de transporte doméstico de
carga. Inconsistências no horário e a falta de locomotivas na fronteira com a Tailândia acabam não permitindo o
desenvolvimento do transporte ferroviário como ferramenta para o incremento do comércio naquela região.
Com relação ao comércio com o Brasil em 2009, 98,4 % das exportações brasileiras para a Malásia foram
feitas por via marítima; 1,5%, por via aérea e 0,008%, por outros meios. Nesse mesmo ano, 51,6% das
importações brasileiras provenientes da Malásia foram realizadas por via marítima; 48%, por via aérea e 0,22%,
por outros meios de transporte.
INTERCÂMBIO COMERCIAL
EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR DA MALÁSIA
O desempenho do comércio exterior malaio entre 1995 e 2010 pode ser traçado a partir da evolução de
suas exportações, importações e balança comercial, ilustradas no Gráfico 10. Em 15 anos, houve expansão do
valor exportado de US$74,0 bilhões, em 1995, para previstos US$172,2 bilhões, em 2010, o que se traduz em um
aumento percentual acumulado de 132,7%. De 1995 a 1997, o crescimento médio anual das vendas malaias foi
discreto, de apenas 3,2%, pois os efeitos da crise asiática já se faziam sentir em fins de 1997. Um grande revés,
31
porém, ocorreu em 1998, quando o valor exportado decresceu 7,0%. A retomada iniciou-se já em 1999, até nova
inversão da tendência em 2001, por ocasião de nova adversidade econômica mundial.
Quanto às importações, chama atenção a queda de 26,2% no valor importado em 1998. Tal fato
decorreu da própria queda das exportações - parcialmente constituídas por matérias-primas importadas - e do
desaquecimento da economia interna. Bens de capital e intermediários foram os principais responsáveis pelo
tombo. Em 1999 e 2000, o valor das importações voltou a subir, mas caiu novamente (-10,2%) em 2001, devido à
eclosão de nova crise e subsequente queda das exportações.
Entre 2003 e 2008, tanto exportações quanto importações apresentaram um crescimento médio anual
de, aproximadamente, 13%. Em 2009, porém, após o impacto da crise, essas atividades cederam 22,6% e 20,3%,
nesta ordem. Já em 2010, o fluxo comercial malaio deve retornar a patamares muito próximos aos de 2008.
Excetuados os três primeiros anos da série, a balança comercial malaia foi positiva. Em 2008, o saldo foi
45,9% maior que em 2007 e alcançou o maior valor do período em análise: US$ 42,6 bilhões. Um superávit de tal
monta só foi possível graças às vultosas exportações de commodities, fortalecidas pelos altos preços do óleo de
dendê e dos minerais no primeiro semestre de 2008. As exportações de commodities de baixo conteúdo
importado contribuíram com 73,6% do valor exportado em 2008. Em 2009, o movimento do saldo comercial
acompanhou a queda exportações e importações e reduziu-se em 15,7%. Debelados os priores meses da crise, o
saldo deverá chegar a US$ 36,6 bilhões em 2010.
Gráfico 10 – Evolução do comércio exterior da Malásia (1995-2010)
250
200
172,2
150
146,8
100
50
36,6
0
1995
1996
1997
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007 2008e 2009p 2010p
-50
Exportações (US$ bilhões)
Importações (US$ bilhões)
Balança comercial (US$ bilhões)
Fonte: Deutsche Bank Research. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
(e) (p): Estimativa e projeções do Deutsche Bank..
32
DESTINO DAS EXPORTAÇÕES DA MALÁSIA
Cingapura, Estados Unidos e o Japão são os principais destinos das exportações malaias e receberam,
respectivamente, 14,7%, 12,5% e 11,6% das exportações de bens em 2008. Em referência ao cenário de 2003,
houve alterações nas posições do ranking dos cinco maiores destinos (Gráfico 11). Os Estados Unidos perderam a
liderança para Cingapura, e a Tailândia assumiu a quinta colocação, antes ocupada por Hong Kong.
Cerca de 56% do total exportado pela Malásia teve como destino os países asiáticos. Dentre esses, os
que mais se destacaram foram Cingapura, Japão, China, Tailândia, Hong Kong, Coreia do Sul e Índia. Embora
mantenha um acordo de livre comércio com o Japão, a Malásia não registrou aumento das exportações para esse
país no período analisado. Já o ajuste firmado com a Coreia do Sul viabilizou o salto de 2% (2003) para 4% (2008)
na participação das exportações malaias naquele mercado. As exportações da Malásia para os Estados Unidos
caíram de 24% para 17,5% em 2008. A Malásia ainda está em negociação de um acordo de livre comércio com os
Estados Unidos que, se firmado, pode melhorar a participação das exportações malaias para esse país.
Gráfico 11 – Principais destinos das exportações da Malásia (2003 – 2008)
2008
2003
3,4%
3,4%
4,0%
8,3%
5,2%
4,6% 0,0%
22,4%
4,9% 0,0%
20,6%
5,2%
5,5%
6,0%
6,2%
6,7%
17,5%
24,1%
8,7%
13,4%
15,1%
14,9%
Outros
Cingapura
Estados Unidos
Japão
China
Tailândia
Hong Kong
Coréia do Sul
Índia
Austrália
Holanda
Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
33
PRINCIPAIS PRODUTOS DA PAUTA DE EXPORTAÇÕES DA MALÁSIA
As exportações da Malásia são concentradas e intensivas em mão de obra, como mostra a tabela dos
principais produtos, que representam cerca de 70% do total exportado. Os dados da tabela abaixo indicam que a
pauta exportadora da Malásia tem se amparado fortemente em produtos eletrônicos, petróleo e gás. As
exportações de petróleo e gás aumentaram de 7,7% (2003) para 12,7% (2008). Em compensação, a fabricação de
material eletrônico básico caiu de 22,9% (2003) para 14,9% (2008). Outros produtos que aumentaram a
participação em 2008 foram: produção de óleos e gorduras vegetais e animais; fabricação de serviços de borracha
e metalurgia de metais não ferrosos.
Tabela 3 – Setores Econômicos mais exportados pela Malásia por setor CNAE21 três dígitos – 2003 - 2008
CNAE 03
321
302
111
323
153
322
232
242
202
361
Descrição
Fabricação de material eletrônico
básico
Fabricação de máquinas e
equipamentos de sistemas
eletrônicos para processamento de
dados
Extração de petróleo e gás natural
Fabricação de aparelhos
receptores de rádio e televisão e
de reprodução, gravação ou
amplificação de som e vídeo
Produção de óleos e gorduras
vegetais e animais
Fabricação de aparelhos e
equipamentos de telefonia e
radiotelefonia e de transmissores
de televisão e rádio
Fabricação de produtos derivados
do petróleo
Fabricação de produtos químicos
orgânicos
Fabricação de produtos de
madeira, cortiça e material
trançado - exceto móveis
Fabricação de artigos do
mobiliário
Outros
Total
Valor exportado em
2003 (US$)
Participação
em 2003
22.961.907.639
22,9%
321
13.892.316.647
13,9%
302
7.671.793.164
7,7%
111
7.067.194.362
7,1%
153
6.066.832.614
6,1%
232
3.330.558.331
3,3%
323
2.845.972.024
2,8%
322
2.339.466.273
2,3%
242
1.751.421.396
1,7%
274
1.610.643.055
1,6%
251
30.574.571.024
30,5%
100.112.676.508
100,0%
CNAE 03
Descrição
Fabricação de material eletrônico
básico
Fabricação de máquinas e
equipamentos de sistemas
eletrônicos para processamento de
dados
Valor exportado em
2008 (US$)
Participação
em 2008
29.863.756.589
14,9%
25.893.079.199
13,0%
Extração de petróleo e gás natural
25.432.623.917
12,7%
Produção de óleos e gorduras
vegetais e animais
16.497.478.121
8,3%
10.691.595.400
5,4%
9.059.626.535
4,5%
5.085.779.943
2,5%
4.866.151.399
2,4%
Metalurgia de metais não-ferrosos
4.202.750.060
2,1%
Fabricação de artigos de borracha
3.457.132.402
1,7%
Fabricação de produtos derivados
do petróleo
Fabricação de aparelhos
receptores de rádio e televisão e
de reprodução, gravação ou
amplificação de som e vídeo
Fabricação de aparelhos e
equipamentos de telefonia e
radiotelefonia e de transmissores
de televisão e rádio
Fabricação de produtos químicos
orgânicos
Outros
Total
64.708.698.926
32,4%
199.758.672.483
100,0%
Fonte: GTIS. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
21
Na elaboração dessa tabela (desse estudo, deste capítulo) foi utilizada a Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE), na versão 1.0, com detalhamento em 3 dígitos. A CNAE foi elaborada nos anos 90 pelo IBGE em conjunto com os
órgãos de registro administrativo, com o objetivo de alcançar uma padronização das informações econômicas do Brasil. A
construção da CNAE tomou como referência a classificação padrão elaborada pela Divisão de Estatísticas das Nações Unidas,
a International Standard Industrial Classification of All Economic Activities (ISIC). Essa classificação associa produtos (NCMs)
aos setores da economia, com enfoque na cadeia produtiva a que pertencem. Para maiores informações, consultar
http://www.ibge.gov.br/concla/default.php.
34
ORIGEM DAS IMPORTAÇÕES DA MALÁSIA
Em 2008, os principais fornecedores para o país foram China, Japão e Cingapura, com participação de
mercado conjunta de 36,3%. Vale notar que, entre 2003 e 2008, a China ganhou cinco pontos percentuais de
participação de mercado, o que lhe valeu a liderança de mercado. Por outro lado, Japão, Estados Unidos e Coreia
do Sul perderam espaço na preferência do consumidor malaio. Em 2008, o Brasil foi o 27º fornecedor para a
Malásia.
Gráfico 12 – Principais fornecedores das importações da Malásia (2003 – 2008)
2003
2008
8,4%
12,8%
21,1%
26,2%
17,3%
2,6%
12,5%
4,8%
2,6%
12,0%
3,6%
5,3%
11,0%
4,3%
4,6%
4,9%
4,6%
4,6%
15,2%
4,8%
5,6%
10,8%
China
Japão
Cingapura
Estados Unidos
Tailândia
Taiwan
Coréia do Sul
Indonésia
Alemanha
Hong Kong
Outros
Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
PRINCIPAIS PRODUTOS DA PAUTA DE IMPORTAÇÕES DA MALÁSIA
As importações malaias totais praticamente dobraram de 2003 para 2008. Não são muito concentradas,
já que os dez principais produtos representam apenas cerca de 40% da pauta de importação em ambos os anos.
A Malásia necessita importar maquinário e equipamentos, químicos e manufatura básica para sustentar
seu setor manufatureiro. Os principais produtos importados são: fabricação de material eletrônico básico;
35
fabricação de máquinas e equipamentos de sistemas eletrônicos para processamento de dados e metalurgia de
metais não-ferrosos.
Tabela 4 – Setores Econômicos mais importados pela Malásia por setor CNAE três dígitos – 2003 - 2008
CNAE 03
321
302
232
Descrição
Fabricação de material eletrônico
básico
Fabricação de máquinas e
equipamentos de sistemas
eletrônicos para processamento de
dados
Fabricação de produtos derivados
do petróleo
Valor importado em
2003 (US$)
Participação
em 2003
26,421,313,089
7.6%
321
5,221,501,291
5.7%
302
2,583,467,653
4.3%
274
CNAE 03
Descrição
Fabricação de material eletrônico
básico
Fabricação de máquinas e
equipamentos de sistemas
eletrônicos para processamento de
dados
Valor impotado em
2008 (US$)
Participação
em 2008
34,547,953,665
6.7%
9,433,822,709
6.1%
Metalurgia de metais não-ferrosos
8,593,773,131
5.4%
274
Metalurgia de metais não-ferrosos
2,472,724,676
4.2%
232
Fabricação de produtos derivados
do petróleo
8,186,833,710
5.3%
323
Fabricação de aparelhos
receptores de rádio e televisão e
de reprodução, gravação ou
amplificação de som e vídeo
2,132,448,440
4.1%
111
Extração de petróleo e gás natural
7,128,185,189
5.3%
272
Siderurgia
2,008,239,685
3.5%
272
Siderurgia
6,808,079,978
3.0%
3,765,490,145
2.6%
3,548,673,591
1.9%
3,130,166,055
1.8%
296
Fabricação de outras máquinas e
equipamentos de uso específico
1,759,400,288
2.7%
323
111
Extração de petróleo e gás natural
1,729,729,542
2.4%
243
1,495,421,522
2.0%
241
1,475,060,654
1.8%
242
32,793,283,610
80,092,590,450
61.7%
100.0%
243
242
Fabricação de resinas e
elastômeros
Fabricação de produtos químicos
orgânicos
Outros
Total
Fabricação de aparelhos
receptores de rádio e televisão e
de reprodução, gravação ou
amplificação de som e vídeo
Fabricação de resinas e
elastômeros
Fabricação de produtos químicos
inorgânicos
Fabricação de produtos químicos
orgânicos
Outros
Total
2,929,379,332
1.4%
69,013,162,729
157,085,520,226
60.6%
100.0%
Fonte: GTIS. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
INTERCÂMBIO COMERCIAL BRASIL - MALÁSIA
CORRENTE DE COMÉRCIO
Em 2008, a corrente comercial brasileira totalizou US$ 370,9 bilhões, batendo, assim, seu recorde
histórico. Dessa quantia, US$ 2,5 bilhões resultaram da parceria comercial com a Malásia, o que se traduz em
uma representatividade pouco significativa, de apenas 0,007%. No que se refere às exportações brasileiras, o
cenário pouco se altera: em 2008, o Brasil direcionou apenas 0,44% de suas exportações à Malásia, sem que
tenha havido mudanças consideráveis nos dez anos anteriores. Entre 1998 e 2008, esse percentual variou entre
0,24% e 0,47%, tendo atingido o seu valor máximo em 2002 e 2006, de 0,47%, para retornar aos 0,44% de 2008.
Pela ótica das importações brasileiras, a Malásia tem representatividade duas vezes maior: de 0,99%, segundo os
dados de 2008. Entre 1998 e 2008, a representatividade média foi de 0,84%, tendo alcançado um pico isolado de
1,06% em 2007. Assim sendo, em termos relativos, infere-se que a Malásia assume um papel discreto nas trocas
comerciais com o Brasil, principalmente no que diz respeito às exportações brasileiras.
36
Passando-se à análise da evolução do valor total comerciado entre Brasil e Malásia, resta evidente que,
entre 1998 e 2008, houve um aumento de 296,2% no resultado acumulado, o que significou um salto de
US$634,6 milhões no primeiro ano da série para US$2,5 bilhões ao fim do período. Considerada a taxa de variação
média anual, o incremento foi de 14,8%. A guinada na corrente comercial ocorreu a partir de 2002 e, em boa
parte, foi impulsionada pelas importações brasileiras, que se aceleraram principalmente a partir de 2002, como
revela a inflexão mais acentuada da linha vermelha do Gráfico 13. Importa reforçar que, entre 1998 e 2001, as
importações apresentaram uma variação média anual de -7,6%. Já entre 2002 e 2008, essa mesma taxa elevou-se
para 28,9%, de modo que o valor importado chegou a US$1,6 bilhão ao fim do período. Em consequência da crise,
em 2009, observa-se nova inflexão no gráfico, resultante de uma diminuição de 25,1% nas compras brasileiras em
relação aos valores de 2008.
Se por um lado as importações cresceram interruptamente entre 2002 e 2008, o mesmo não ocorreu
com as exportações brasileiras: taxas positivas e mesmo negativas de grande amplitude sucederam-se ano a ano,
de maneira que a tendência expressa no Gráfico 13 mostra-se mais irregular. Tal irregularidade não impediu,
contudo, que nos onze anos em questão houvesse um crescimento acumulado de 349% do valor exportado. Este
saiu de 195,4 milhões, em 1998, para chegar a US$877,3 milhões em 2008. No período, a taxa de variação média
anual foi de 16,2%. Em 2009, as exportações brasileiras para o país caíram 7,6%.
Gráfico 13 – Corrente de comércio Brasil-Malásia
2.514,1
2.036,2
1.959,8
1.548,7
1.636,8
1.043,2
1.280,1
1.225,6
798,5
634,6
607,8
483,8
439,2
307,8
639,1
669,8
901,2
637,1
476,6
877,3
514,5
357,4
444,1
515,5
281,7
225,7
283,1
2002
2003
2004
346,9
195,4
176,0
131,1
167,6
1998
1999
2000
2001
647,4
679,8
2006
2007
810,6
406,1
Exp. Brasileiras - US$ milhões FOB
2005
Imp. Brasileiras - US$ milhões FOB
2008
2009
Corrente Comercial - US$ milhões
Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
37
SALDO COMERCIAL
Outro aspecto que chama a atenção é o fato de o saldo comercial ter sido favorável à Malásia durante
todo o período analisado (Gráfico 14). Em 2004, esse indicador chegou a medir -33%, o que significa que, do valor
da corrente de comércio entre o Brasil e a Malásia, 33% resultavam de déficit comercial brasileiro. Entre 2005 e
2007, a tendência foi de queda do déficit comercial. Em 2008, este voltou a crescer e, em 2009, fixou-se em -30%.
Gráfico 14 - Saldo comercial relativo – Brasil-Malásia
2003
2004
2005
2006
2007
2008
2009
-31%
-30%
-12%
-16%
-22%
-29%
-33%
Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
Um fator que, em algumas situações, colabora para a variação do saldo comercial relativo de um país frente a
outro é a dinâmica do câmbio real entre eles. Importa, portanto, investigar se esse seria um dos motivos da
diminuição do déficit relativo do Brasil frente à Malásia entre 2005 e 2007. O Gráfico 15 ilustra a evolução do
câmbio real das moedas da Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã e Brasil frente ao dólar estadunidense.
O câmbio real do ringgit valorizou-se com maior intensidade a partir de 2005, quando o banco central malaio deu
fim ao sistema de câmbio fixo e iniciou a flutuação suja22. A valorização continuou até abril de 2008, na esteira de
vultosos superávits comerciais e entrada de fluxos de investimentos de portfólio. A tendência de valorização
inverteu-se a partir de maio, pois no cenário de crise, os investidores estrangeiros necessitaram resgatar capitais
investidos para cobrir posições em outros mercados. Como resultado, durante todo o período, a moeda malaia se
valorizou 8,9% em termos reais frente ao dólar estadunidense. No caso da moeda brasileira, a valorização foi de
38,9% em termos reais. Tendo em vista que o real se valorizou em um patamar superior ao do ringgit, inclusive
entre 2005 e 2007, período em que o déficit comercial diminuiu, a consequência deveria ter sido o aumento do
déficit no período e não o contrário. Logo, não é possível afirmar que as variações do déficit relativo brasileiro
frente ao malaio tenham sido provocadas pelo câmbio.
22
Vide Desempenho Econômico, p.15.
38
Gráfico 15 – Evolução do câmbio real frente ao dólar estadunidense (Base: média 2003=100)
120,0
104,4
110,0
100,0
102,1
100
91,1
84,7
82,7
90,0
80,0
70,0
61,1
60,0
50,0
40,0
2003
Indonésia
2004
Malásia
2005
Filipinas
2006
Tailândia
2007
2008
Vietnã
2009
Brasil
Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS PELO BRASIL PARA A MALÁSIA
No que diz respeito à composição da pauta de exportações brasileiras para a Malásia por classificação
CNAE – 3 dígitos, em 2008, produtos relacionados à “extração de minério de ferro” (30%) e à “fabricação e refino
de açúcar” (20%) responderam juntos pela metade do valor exportado, como revela a Tabela 5. Em valores
absolutos, trata-se de um total de US$439,7 milhões. No que tange às alterações na composição da pauta entre
2003 e 2008, vale citar o aumento de quase dez vezes do valor do minério de ferro exportado, o que pode ser
explicado, em parte, pela escalada dos preços das commodities em 2008. Destaque para a entrada na pauta de
produtos relativos à “fabricação de máquinas e equipamentos de uso na extração mineral e construção”, com
US$ 17,8 milhões exportados pelo Brasil, devido à instalação da Vale, mineradora brasileira, no país. Esse fato é
positivo, pois esse CNAE possui maior valor agregado do que a grande maioria daqueles listados na Tabela 5.
39
Tabela 5 - Principais produtos exportados pelo Brasil para a Malásia – por setor CNAE três dígitos – 2003 - 2008
Setor
CNAE
Descrição
131 Extração de minério de ferro
272 Siderurgia
Produção de óleos e gorduras vegetais e
153
animais
271 Produção de ferro-gusa e de ferroligas
Fabricação de produtos derivados do
232
petróleo
Curtimento e outras preparações de
191
couro
11
Produção de lavouras temporárias
156 Fabricação e refino de açúcar
295
Fabricação de máquinas e equipamentos
de uso na extração mineral e construção
342 Fabricação de caminhões e ônibus
Outros
Total
Participação
Valor
nas
exportado em exportações
2003 (em US$) totais em
2003
27.901.799
12%
27.012.627
12%
Setor
CNAE
Descrição
131 Extração de minério de ferro
156 Fabricação e refino de açúcar
Fabricação de celulose e outras pastas
211
para a fabricação de papel
11 Produção de lavouras temporárias
Produção de óleos e gorduras vegetais e
153
animais
26.812.211
12%
16.567.219
7%
14.501.485
6%
13.617.755
6%
13.284.646
6%
12.059.277
5%
Extração de minerais metálicos nãoferrosos
342 Fabricação de caminhões e ônibus
9.648.283
4%
272 Siderurgia
9.259.287
4%
295
55.071.738
225.736.327
24%
100%
271 Produção de ferro-gusa e de ferroligas
132
Fabricação de máquinas e equipamentos
de uso na extração mineral e construção
Outros
Total
Participação
Valor
nas
exportado em exportações
2008 (em US$) totais em
2008
261.930.445
30%
177.757.606
20%
58.346.772
7%
55.632.898
6%
42.183.699
5%
33.000.128
4%
30.114.398
3%
28.763.804
3%
24.433.370
3%
17.776.569
2%
147.321.642
877.261.331
17%
100%
Fontes: Aliceweb. Elaboração: UICC - Apex-Brasil.
PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS PELO BRASIL DA MALÁSIA
Por outro lado, em 2008, 60% das importações brasileiras de origem malaia foram de produtos eletroeletrônicos, incluídos nos seguintes setores CNAE: “fabricação de material eletrônico básico”; “fabricação de
aparelhos e equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio” e “fabricação de
máquinas e equipamentos de sistemas eletrônicos para processamento de dados”. Em termos absolutos, tal
percentual significou US$ 976,6 milhões. Entre 2003 e 2008, a participação de material eletrônico básico na pauta
caiu de 44% para 36%. Apesar disso, o valor exportado quase triplicou em cinco anos. Já a representatividade do
setor de “fabricação de aparelhos e equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e
rádio” cresceu 9% no período. O valor exportado referente a esse CNAE cresceu de US$15,8 milhões em 2003
para US$207,2 milhões em 2008.
40
Tabela 6 - Principais produtos importados da Malásia pelo Brasil – por setor CNAE três dígitos – 2003 - 2008
Setor
CNAE
Descrição
Participação
Valor
nas
importado em importações
2003 (em US$) totais em
2003
Setor
CNAE
Descrição
Participação
Valor
nas
importado em importações
2008 (em US$) totais em
2008
321 Fabricação de material eletrônico básico
194.380.753
44%
321 Fabricação de material eletrônico básico
582.965.611
36%
Fabricação de aparelhos receptores de
323 rádio e televisão e de reprodução,
gravação ou amplificação de som e vídeo
59.227.685
13%
Fabricação de aparelhos e equipamentos
322 de telefonia e radiotelefonia e de
transmissores de televisão e rádio
207.159.713
13%
36.100.350
8%
186.511.578
11%
33.178.723
28.427.164
7%
6%
Fabricação de máquinas e equipamentos
302 de sistemas eletrônicos para
processamento de dados
13 Produção de lavouras permanentes
251 Fabricação de artigos de borracha
125.144.366
109.060.751
8%
7%
15.799.726
4%
153
Produção de óleos e gorduras vegetais e
animais
88.424.527
5%
15.110.299
3%
Fabricação de aparelhos receptores de
323 rádio e televisão e de reprodução,
gravação ou amplificação de som e vídeo
49.852.399
3%
11.763.099
3%
242
37.423.560
2%
9.346.535
2%
246 Fabricação de defensivos agrícolas
21.597.491
1%
18.351.746
1%
Fabricação de máquinas e equipamentos
302 de sistemas eletrônicos para
processamento de dados
13 Produção de lavouras permanentes
251 Fabricação de artigos de borracha
Fabricação de aparelhos e equipamentos
322 de telefonia e radiotelefonia e de
transmissores de televisão e rádio
242
Fabricação de produtos químicos
orgânicos
Produção de óleos e gorduras vegetais e
animais
Fabricação de vidro e de produtos do
261
vidro
153
21
Silvicultura, exploração florestal e
serviços relacionados
Outros
Total
5.276.834
35.477.634
444.088.802
1%
8%
100%
Fabricação de produtos químicos
orgânicos
Fabricação de fibras, fios, cabos e
244 filamentos contínuos artificiais e
sintéticos
Outros
Total
210.305.097
1.636.796.839
13%
100%
Fontes: Aliceweb. Elaboração: UICC - Apex-Brasil.
41
INDICADORES DE COMÉRCIO BRASIL - MALÁSIA
Esta seção apresentará um conjunto de indicadores que estão envolvidos nas trocas comerciais
internacionais e que também afetam o comércio existente entre Brasil e Malásia. Sua análise é importante para
que melhor se entenda a estrutura das relações comerciais entre esses dois países.
Na abordagem dos indicadores, frequentemente é utilizado o conceito de “Medida de Intensidade
Tecnológica”, empregado para classificar os setores econômicos envolvidos nas trocas comerciais entre dois
países. Este estudo adota a seguinte classificação para mensurar a intensidade tecnológica dos produtos
comercializados entre Brasil e Malásia:
Quadro 1 – Taxonomia da intensidade tecnológica e respectivos setores da economia
Intensidade Tecnológica
Setores da Economia
Produtos Primários
Agrícolas, Minerais e Energéticos
Indústria Agroalimentar, Indústria Intensiva em Outros
Indústria Intensiva em Recursos Naturais
Recursos Agrícolas, Indústria Intensiva em Recursos Minerais e
Indústria Intensiva em Recursos Energéticos.
Bens industriais de consumo não-duráveis mais tradicionais:
Indústria Intensiva em Trabalho ou
Têxteis, Confecções, Couro e Calçado, Cerâmico, Produtos
Tradicional
Básicos de Metais, entre outros.
Ind. Automóveis, Ind. Siderúrgica e Bens Eletrônicos de
Indústria Intensiva em Escala
Consumo23
Fornecedores Especializados
Bens de Capital sob Encomenda e Equipamentos de Engenharia.
Setores de Química Fina (produtos farmacêuticos, entre
Indústria Intensiva em P&D
outros), Componentes Eletrônicos, Telecomunicação e Indústria
Aeroespacial.
Fonte: Holland e Xavier (2004).
24
A análise das exportações brasileiras para a Malásia em 2008, considerando-se a intensidade
tecnológica dos produtos vendidos, mostra uma participação expressiva de bens primários (43,1%) e intensivos
em recursos naturais (35,8%), conforme o Gráfico 16. Tal configuração não é favorável ao Brasil, uma vez que o
país é mero tomador de preços das commodities, definidos em bolsas de valores.
Entre 2003 e 2008, as exportações concentraram-se em produtos primários, cuja representatividade na
pauta exportadora brasileira subiu de 24,2% para 43,1%. Em 2003, 51% das exportações era de produtos ligados à
“extração de minério de ferro” e 24,4% à “produção de lavouras temporárias”, com exportações conjuntas
23
Os bens eletrônicos de consumo são especificados em três linhas básicas: (a) Vídeo – televisores, videocassete e câmera de vídeo; (b)
Áudio – rádio, auto-rádio, cd player, toca disco, sistema de som, etc; (c) Outros Produtos – forno de microondas, calculadoras, aparelhos
telefônicos, geladeiras, instrumentos musicais, entre outros.
24
Dinâmica e competitividade setorial das exportações brasileiras: uma análise de painel para o período recente, Anais do XXXII Encontro
Nacional de Economia.
42
valoradas em US$ 41,2 milhões. Cinco anos depois, esses mesmos setores respondiam por 69,3% e 14,7% das
exportações de produtos primários, nessa ordem, correspondendo conjuntamente a US$ 317,6 milhões.
Em contrapartida, às exportações brasileiras de manufaturados intensivos em economias de escala
atribui-se a maior queda de participação em cinco anos: 15,7 pontos percentuais. Em 2003, os principais produtos
exportados, com 67,1% de representatividade no total dessa categoria, relacionavam-se com “siderurgia” e
“produção de ferro-gusa e de ferroligas”, com valor exportado total de US$ 43,6 milhões. Decorridos cinco anos,
os setores mais relevantes passaram a ser aqueles relativos à “produção de ferro-gusa e de ferroligas” e à
“fabricação de caminhões e ônibus”, com exportação de US$ 61,8 milhões ou 53,6% do nível tecnológico.
Por fim, importa esclarecer que, no âmbito da produção intensiva em recursos naturais, em 2003,
sobressaia-se o setor associado à “produção de óleos e gorduras vegetais e animais”, com US$ 26,8 milhões
exportados pelo Brasil e representatividade de 35,0%. Em 2008, “fabricação e refino de açúcar” passou a ser o
setor mais exportado, com participação de 56,6%, e exportações valoradas em US$ 177,8 milhões
Gráfico 16 – Exportações brasileiras para a Malásia por intensidade tecnológica – 2003 e 2008
2,4%
2,9%
2003
3,1%
0,0%
7,7%
4,3%
33,9%
13,1%
2008
0,5%
0,1%
43,1%
24,2%
35,8%
28,8%
Produtos Primários
Produtos Intensivos em Recursos Naturais
Manufaturados Intensivos em Economias de Escala
Manufaturados Intensivos em Trabalho
Manufaturados Produzidos por Fornecedores Especializados
Manufaturados Intensivos em P&D
Não-Classificados
Fonte: MDIC. Elaboração: UICC, Apex-Brasil.
ÍNDICE DE COMPLEMENTARIDADE DE COMÉRCIO (ICC)
O Índice de Complementaridade de Comércio (ICC) fornece informações sobre as perspectivas de
integração comercial entre dois países. O ICC entre o Brasil e a Malásia é obtido comparando-se a pauta de
43
exportações brasileira com a pauta de importações malaias. Por meio dessa comparação, é possível verificar em
que medida os produtos exportados pelo Brasil coincidem com os produtos importados pela Malásia25.
Um índice igual a zero significa que não há complementaridade entre as importações e as exportações
dos países analisados. Em contrapartida, se esse índice for igual a 100, então as pautas são perfeitamente
complementares, ou seja, um país exporta exatamente o que o outro deseja importar. Isso não significa,
entretanto, que essas trocas comerciais irão ocorrer exclusivamente entre ambos. O índice indica uma
possibilidade de integração comercial. Um índice superior a 50 aponta para uma alta complementaridade relativa.
O valor médio de complementaridade de comércio entre Brasil e Malásia é de 44. O maior valor
alcançado, entre 2003 e 2008, foi de 46,37 no último ano do período. Observa-se, ainda, que a
complementaridade cresceu ininterruptamente no período em foco. A Malásia sobressaiu-se dentre os países do
Gráfico 17 por apresentar aumento contínuo do ICC.
Gráfico 17 – Índice de Complementaridade de Comércio entre Brasil-Malásia e Brasil-Países selecionados
57
52
47
42
42,49
37
46,31
46,37
2007
2008
44,98
43,65
39,87
32
2003
Malásia
2004
Tailândia
2005
2006
Filipinas
Vietnã
Indonésia
Fonte: Comtrade/ONU. Elaboração: UICC, Apex-Brasil.
ÍNDICE DE INTENSIDADE DE COMÉRCIO (IIC)
Esse índice determina em que medida o valor das exportações de um país para outro é maior ou menor
que o esperado. O cálculo do Índice de Intensidade de Comércio (IIC) entre Brasil e Malásia é obtido pela razão
25
Neste estudo, o índice é calculado em nível setorial, de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas
(CNAE), versão 1.0, detalhada em três dígitos. Para saber mais sobre a Classificação, vide nota de rodapé 24, p. 42.
44
entre a participação das exportações brasileiras para a Malásia e a participação das exportações brasileiras para
resto o mundo. Um valor superior a 1 indica que as exportações do Brasil para o mercado malaio são maiores que
a média mundial.
Na série do IIC do Brasil com a Malásia, entre 2003 e 2008, encontram-se valores entre 0,3 e 0,5. Inferese, portanto, que a intensidade de comércio Brasil – Malásia chegou a, no máximo, metade da média mundial em
todo o período, em patamares inferiores aos da Indonésia e Tailândia (Gráfico 18).
Gráfico 18 – Índice de Intensidade de Comércio – Brasil-Malásia e Brasil-Países selecionados
0,13
0,39
0,28
2003
1,01
0,74
0,13
0,54
0,30
2004
0,78
0,17
0,42
0,38
2005
0,28
0,39
2006
0,66
0,44
0,57
0,30
0,77
0,71
0,52
0,52
2007
0,87
0,76
0,68
0,34
2008
0,00
0,20
0,40
Vietnã
Filipinas
0,44
0,50
0,79
0,60
Malásia
0,88
0,80
Indonésia
1,00
1,20
Tailândia
Fonte: Comtrade/ONU. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
Adicionalmente, o Gráfico 18 revela uma tendência de aumento da intensidade de comércio no período
(de 0,28 em 2003, para 0,50 em 2008). Tal movimento pode ser imputado às alterações do perfil tecnológico dos
produtos importados pela Malásia comparativamente aos exportados pelo Brasil entre 2003 e 2008. Em 2003,
20% das importações da Malásia concentravam-se em produtos primários e intensivos em recursos naturais. Em
2008, a representatividade desses dois setores aumentou para 31%. Por outro lado, a contribuição desses
mesmos setores para o total das exportações brasileiras alterou-se significativamente entre 2003 e 2008, tendo
saltado de 53% para 64%. À medida que o Brasil passa a exportar relativamente mais produtos primários e
intensivos em recursos naturais e o país importador – neste caso, a Malásia – aumenta seu patamar relativo de
45
compra desses mesmos produtos, há aumento tanto da intensidade de comércio como da complementaridade,
como demonstrado no Gráfico 17.
INDICADOR DE DIVERSIFICAÇÃO/CONCENTRAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES – ÍNDICE DE HERFINDHAL-HIRSCHMAN
(HHI)
O Índice de Herfindahl-Hirschman (HHI) indica se o valor das exportações de um país está concentrado
em poucos produtos26. Países com HHI menor que 1000 são considerados mercados com baixa concentração, ou
seja, o valor de suas exportações não está concentrado em alguns produtos. Países com HHI entre 1000 e 1800
são considerados de concentração moderada, e países com HHI superior a 1800 são considerados concentrados.
Os países em desenvolvimento possuem, frequentemente, um índice de concentração de exportações
bastante elevado. Ainda que suas pautas exportadoras possam ter alguma diversificação, o valor de suas
exportações está concentrado em poucos produtos primários – em geral, commodities cujos preços tendem a
oscilar fortemente em horizontes temporais longos, o que deixa as economias desses países muito expostas às
mudanças que ocorrem no cenário internacional. Quanto maior for o valor do índice de concentração das
exportações de um país, maior também será sua dependência em relação aos diferentes contextos mundiais.
A análise do HHI, ilustrada no Gráfico 19, revela a alta concentração da pauta de exportações brasileiras
para a Malásia, com o valor médio para o indicador situando-se próximo a 2000 pontos para os seis anos da série.
Em 2008, esse resultado torna-se ainda mais evidente pelo fato de apenas dois setores, classificados por CNAE
três dígitos, responderem por 50% das exportações: “extração de minério de ferro” (30%) e “fabricação e refino
de açúcar” (20%). Pela Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), maior nível de detalhamento das estatísticas
de exportação brasileiras, os produtos campeões foram: “minérios de ferro aglomerados e seus concentrados”
(29%) e “açúcar de cana, em bruto” (20%). Das economias asiáticas incluídas no gráfico, a Malásia apresenta nível
de concentração intermediário em 2008.
Quanto à variação do índice no período em análise, percebe-se uma tendência de concentração para a
Malásia. Essa constatação condiz com a composição da pauta das exportações brasileiras para aquele país em
2003 e 2008, conforme a Tabela 5, já analisada anteriormente. Vale reforçar que, em 2003, os cinco principais
produtos importados por classificação CNAE três dígitos representavam 50% das exportações brasileiras para a
Malásia. Passados cinco anos, os cinco principais setores CNAE respondiam por 68% das exportações. Em 2006,
26
O indicador é calculado a partir do setor CNAE 2 dígitos.
46
onde se vê o pico de 3.277 no indicador, os cinco setores de maior contribuição somavam 74% das exportações.
Desses, 43% foram do código NCM “açúcar de cana, em bruto”.
Gráfico 19 - Índice de Concentração das Exportações (Índice Herfindhal-Hirschman) – Brasil-Malásia e BrasilPaíses selecionados
3.500
3.277
3.000
2.500
2.189
2.058
2.000
1.627
1.500
1.322
1.244
1.000
2003
2004
Malásia
Tailândia
2005
2006
Filipinas
2007
Vietnã
2008
Indonésia
Fonte: Comtrade/ONU. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
ÍNDICE DE COMÉRCIO INTRASSETOR INDUSTRIAL
Esse índice mostra a dinâmica do comércio exterior entre países que têm em comum um mesmo setor
produtivo. Esse tipo de comércio é realizado não de forma concorrencial, mas sim a partir de uma dinâmica de
cooperação. Dessa forma, mesmo que as economias de duas regiões não sejam complementares, podem existir
trocas comerciais elevadas, haja vista o comércio intrassetor industrial.
O valor do índice de comércio intrassetorial varia entre 0 e 1, sendo considerado relevante quando
superior a 0,5. Nos casos em que todo o comércio ocorre dentro do mesmo setor industrial, o índice se iguala a 1.
É a ocorrência do comércio intrassetorial que explica, por exemplo, porque o valor das trocas comerciais
entre países desenvolvidos, que possuem estruturas econômicas similares, centradas em produtos com maior
conteúdo tecnológico, seja mais alto que o comércio entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, os
quais em geral exportam produtos primários ou intensivos em trabalho (como têxteis e calçados).
Para a construção da Tabela 7, foram selecionados os setores, por classificação CNAE dois dígitos, cujo
indicador ficou acima de 0,5 em 2008. Em seguida, buscaram-se os setores, por classificação CNAE três dígitos,
47
que obedeceram à igual critério. Em algumas situações, pode haver comércio intrassetor se levada em conta a
classificação por CNAE dois dígitos, sem que o mesmo seja válido para a de três dígitos. Isso acontece porque o
comércio intrassetor pode ocorrer na mesma categoria por CNAEs dois dígitos, mas em categorias CNAEs de três
dígitos distintas. Seria o caso, por exemplo, de haver comércio intrassetor para “produtos químicos” (CNAE 24),
mas em que as exportações de A para B se concentrassem em “produtos químicos orgânicos” (CNAE 242),
enquanto as importações de B originárias de A se compusessem de “produtos químicos inorgânicos” (CNAE 241).
Para esses casos, foram apresentadas todas as subdivisões mais detalhadas, ainda que seus indicadores possam
ficar bem abaixo de 0,5.
Com o auxílio da Tabela 7, verifica-se que o comércio intrassetor perpassa indústrias de vários níveis de
intensidade tecnológica: desde a produção de produtos primários até manufaturados produzidos por
fornecedores especializados. Entretanto, se os diversos setores listados na Tabela 7 forem ponderados por sua
participação no total exportado pelo Brasil para a Malásia em 2008, no âmbito do comércio intrassetorial, o
resultado será o predomínio das indústrias de produtos primários (44%) e intensivos em recursos naturais (33%).
Para o setor CNAE “fabricação de motores, bombas, compressores e equipamentos de transmissão”, em
que o índice chega a 0,99, o comércio limita-se ao intrassetorial. Já no caso da “fabricação de produtos de metal exclusive máquinas e equipamentos”, o índice fica em torno de 0,7, mas é praticamente nulo para suas
subdivisões. Isso ocorre porque as exportações brasileiras para a Malásia concentram-se em produtos
relacionados à “fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos” (67%) e “fabricação de artigos de
cutelaria, de serralheria e ferramentas manuais” (29%), enquanto as importações brasileiras restringem-se a itens
relativos à “fabricação de produtos diversos de metal” (88%).
Vale comentar, por fim, que apenas 15% das exportações brasileiras para a Malásia (US$ 133,2 milhões)
são de caráter intrassetor.
A seguir, a Tabela 7 para verificação do que foi até aqui exposto:
48
Tabela 7 - Comércio Intrassetor Industrial – Brasil-Malásia
CNAE
01
011
012
013
014
15
152
153
28
281
282
283
284
289
29
291
296
Descrição
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Agricultura, pecuária e serviços relacionados
0,62
Produção de lavouras temporárias
0,00
Horticultura e produtos de viveiro
0,00
Produção de lavouras permanentes
0,09
Pecuária
0,00
Fabricação de produtos alimentícios e bebidas
0,40
Processamento, preservação e produção de conservas de frutas,
0,55
legumes e outros vegetais
Produção de óleos e gorduras vegetais e animais
0,61
Fabricação de produtos de metal - exclusive máquinas e
0,72
equipamentos
Fabricação de estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada
0,00
Fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos
0,00
Forjaria, estamparia, metalurgia do pó e serviços de tratamento de
0,58
metais
Fabricação de artigos de cutelaria, de serralheria e ferramentas
0,10
manuais
Fabricação de produtos diversos de metal
0,16
Fabricação de máquinas e equipamentos
0,52
Fabricação de motores, bombas, compressores e equipamentos de
0,67
transmissão
Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico
0,66
Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
0,62
0,00
0,00
0,11
0,00
0,36
0,09
0,00
0,00
0,09
0,00
0,37
0,08
0,00
0,00
0,08
0,00
0,15
0,29
0,00
0,00
0,08
0,00
0,38
0,67
0,00
0,00
0,11
0,00
0,56
0,75
0,91
0,98
0,85
0,61
0,67
0,88
0,36
0,66
0,65
0,57
0,75
0,64
0,83
0,71
0,00
0,17
0,00
0,00
0,00
0,02
0,45
0,02
0,00
0,00
0,04
0,41
0,03
0,03
0,00
0,10
0,90
0,69
0,43
0,21
0,58
0,60
0,49
0,53
0,25
0,77
0,08
0,72
0,09
0,85
0,77
0,97
0,73
0,58
0,99
0,69
0,64
0,97
0,77
0,71
ÍNDICE DE ESPECIALIZAÇÃO EXPORTADORA/COMPLEMENTARIDADE (IEE)
Na relação comercial entre dois países, este indicador aponta se o país A é mais especialista na
exportação de determinado produto que o país B. A idéia é que, se um país é mais especialista que o outro, existe
oportunidade de comércio entre eles, com o país A exportando para o país B. Entretanto, esse indicador só faz
sentido se analisado junto ao índice de complementaridade entre os dois países. Isto porque a especialização
exportadora aumenta o potencial de venda do país A para o país B, mas é necessário, sobretudo, que o país B
necessite adquirir o produto exportado pelo país A.
Neste estudo, o índice de especialização exportadora compara a participação das exportações de
determinados setores brasileiros para o mundo com a participação das exportações malaias dos mesmos setores
para o mundo. Um valor de IEE superior a 1 sugere que, no setor analisado, o Brasil tem vantagem de
especialização exportadora em relação à Malásia.
49
Em geral, os setores identificados com especialização exportadora do Brasil para Malásia são produtores
ou processadores de commodities, mas há setores intensivos em mão de obra e P&D.
Tabela 8 – Índice de Especialização Exportadora /Complementaridade
Setor/CNAE
Descrição
IEE 2008 ICC 2008
131
Extração de minério de ferro
155
Moagem, fabricação de produtos
amiláceos e de rações balanceadas
para animais
156
157
201
211
212
245
246
273
275
282
283
291
316
341
342
344
Fabricação e refino de açúcar
Torrefação e moagem de café
Desdobramento de madeira
Fabricação de celulose e outras
pastas para a fabricação de papel
Fabricação de papel, papelão liso,
cartolina e cartão
Fabricação de produtos
farmacêuticos
Fabricação de defensivos agrícolas
Fabricação de tubos - exceto em
siderúrgicas
Fundição
Fabricação de tanques, caldeiras e
reservatórios metálicos
Forjaria, estamparia, metalurgia do
pó e serviços de tratamento de
metais
Fabricação de motores, bombas,
compressores e equipamentos de
transmissão
Fabricação de material elétrico para
veículos - exceto baterias
Fabricação de automóveis,
caminhonetas e utilitários
Fabricação de caminhões e ônibus
Fabricação de peças e acessórios
para veículos automotores
share do Brasil
share do setor
nas importações
nas imp. da
malaias do setor
Malásia
2008
Principal
Fornecedor
Participação do
Principal Fornecedor
nas importações
malaias do setor
775.1
99.8
0.36%
67.51%
Chile
21%
3.5
66.4
0.90%
0.07%
Tailândia
41%
66.1
4.4
1.2
67.5
58.9
75.9
0.27%
0.03%
0.15%
35.66%
15.72%
4.38%
Austrália
Indonésia
Tailândia
38%
24%
27%
355.6
64.7
0.10%
54.95%
Estados Unidos
25%
5.9
51.1
0.91%
0.23%
Indonésia
19%
5.8
56.5
0.77%
0.18%
China
18%
2.7
99.7
0.03%
.
China
26%
1.1
54.6
0.91%
0.07%
Japão
40%
1.2
76.5
0.01%
.
China
39%
1.1
70.4
0.09%
1.20%
China
28%
1.5
97.0
0.13%
.
Japão
33%
2.2
55.5
1.81%
0.39%
Japão
17%
1.6
75.3
0.17%
0.06%
Japão
21%
24.6
84.8
1.15%
0.02%
Japão
46%
59.9
56.1
0.45%
1.85%
Japão
59%
8.3
75.4
1.11%
0.59%
Tailândia
35%
Fonte: COMTRADE. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
O Brasil possui alto índice de especialização e complementaridade em “extração de minério de ferro”;
“fabricação e refino de açúcar”; “fabricação de celulose e outras pastas para fabricação de papel”; “fabricações de
automóveis, caminhonetas e utilitários”; “fabricações de caminhões e ônibus” e “construção, montagem e
reparação de veículos ferroviários”. O país também é o principal fornecedor dos setores de “extração de minério
de ferro” e “fabricação de máquinas, aparelhos e equipamentos de sistemas eletrônicos dedicados à automação
industrial e controle do processo produtivo”. No setor de “fabricação e refino de açúcar”, o IEE do Brasil, em
2008, aumentou em torno de 50% em relação a 2003. O share do Brasil nesse setor foi de 36%, sendo que o
principal fornecedor foi a Austrália. A participação do Brasil é apenas 2% menor que a desse importante
50
fornecedor. Outro setor em que o Brasil está quase atingindo o nível do seu concorrente é “torrefação e moagem
de café”. O IEE desse setor para o Brasil é de 4%, ou seja, 4 vezes mais que o do próprio país. O share do Brasil nas
importações da Malásia é de 16%, enquanto a Indonésia participa com 24%.
Outros setores de destaque na tabela são: “fabricação de motores, bombas, compressores e
equipamentos de transmissão”; “fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos”; “fabricação de
caminhões e ônibus” e “fabricação de peças e acessórios para veículos automotores”. Em relação à “fabricação
de motores, bombas e compressores”, a participação do setor no total importado pela Malásia é de 0,02%. Nesse
segmento, o Brasil participa com menos de 1% das importações totais da Malásia e o Japão é o principal
fornecedor. No setor “fabricação de ônibus e caminhões”, o Brasil participa com 2% do mercado, apesar de
possuir um alto índice de especialização e complementaridade. O Japão é o principal fornecedor, com
participação de 59% do mercado.
Nota-se na tabela 8 que os principais fornecedores para a Malásia são países asiáticos como a China,
Japão, Tailândia e Indonésia, que mantêm robustas relações comerciais entre si.
ÍNDICE DE PREÇOS E ÍNDICE DE QUANTUM
Neste estudo, os cálculos dos Índices de Preços (Fischer) e Quantum (quantidade)27 medem,
respectivamente, quanto o preço e a quantidade dos produtos exportados influenciam na variação do valor das
exportações brasileiras para o mercado malaio.
A análise do passado recente revela que, em 2004, a taxa de crescimento do valor exportado para a
Malásia foi de 25%. Desse percentual, 10% decorreram de um aumento da quantidade exportada (quantum) e
14%, da variação de preços dos produtos. Em 2007, após aumentos sucessivos, o Índice de Preços das
exportações brasileiras recuou 1% e a quantidade cresceu, ainda que em patamar bastante inferior àqueles de
27
“O índice de preços adotado é o Índice de Fischer, que consiste na média geométrica dos índices de Laspeyres e de Paasche. O Índice de
Fischer mede a variação dos preços e, quanto maior seu valor, maior a variação de preços verificada nas exportações brasileiras para o país
em foco.
O Índice de Quantum, por sua vez, é obtido pela divisão do índice de variação do valor exportado pelo Índice de Fischer (índice de preços) e
mede o crescimento do volume exportado. Nessa análise, a medida de quantidade utilizada é o peso (em quilogramas) dos produtos,
disponível nos dados de exportação divulgados pelo MDIC/Aliceweb. Para o cálculo do índice de preços foram excluídas, por produto, as
taxas de crescimento do valor exportado, consideradas casos extremos da amostra, partindo da observação do gráfico Box-Plot de cada
ano.
O índice de Laspeyres pondera preços de insumos em duas épocas, inicial e atual,
51
2005 e 2006. Em 2009, já como resultado da crise econômica que atingiu a economia mundial, o Índice de Preços
caiu 8%, enquanto a quantidade exportada praticamente estagnou-se (aumento de 1% apenas).
Esse movimento dos preços acompanha a tendência mundial para as commodities, excetuados os
combustíveis, em função da alta concentração das exportações brasileiras de tais produtos para a Malásia. Nesse
sentido, o Gráfico 20 mostra uma desaceleração do aumento do nível de preços a partir de 2006, seguido de uma
explosão em 2008 (28%) e uma taxa negativa em 2009 (-8%). Mundialmente, os preços de commodities, exceto
combustíveis, cresceram 23,2% entre 2005 e 2006; 7,4%, no biênio seguinte; alcançaram 14% entre 2007 e 2008,
e caíram 18,7% entre 2008 e 2009.
Gráfico 20 – Crescimento de valor, Índice de Preços e Índice de Quantum das exportações brasileiras à Malásia
59%
43%
37%
29% 28%
25%
18%
22%
16%
14% 10%
6%
5%
1%
1%
2004
2005
2006
Crescimento de valor
-1%
2007
Índice de preços (Fischer)
2008
2009
-8% -8%
Índice de quantum
Fonte: Comtrade/ONU. Elaboração: UICC – Apex-Brasil.
52
PARTE 5
OPORTUNIDADES COMERCIAIS
PARA O BRASIL NA
MALÁSIA
53
OPORTUNIDADES COMERCIAIS PARA O BRASIL NA MALÁSIA
As oportunidades para os exportadores brasileiros no mercado malaio foram identificadas por meio de
uma metodologia desenvolvida pela Apex-Brasil que pode ser encontrada no Anexo 1.
Em termos gerais, a metodologia faz o cruzamento das importações malaias com as exportações
brasileiras para a Malásia, apontando as melhores chances para subgrupos de produtos28 brasileiros.
O trabalho se inicia com o levantamento dos produtos que a Malásia importou de todo o mundo entre
2003 e 2008. Esses produtos foram separados da seguinte maneira 29:
Produtos com Exportações Incipientes – são aqueles cuja participação brasileira nas importações
malaias é muito baixa, ou seja, o Brasil vende relativamente pouco para a Malásia. Também são considerados
como exportações incipientes aqueles produtos, cuja exportação brasileira para a Malásia não é contínua30. Outra
característica dos produtos incipientes é que o Brasil é especialista em sua exportação31. Além disso, o mercado
malaio apresenta bom nível de dinamismo32 em relação a esses produtos. A conjunção desses dois últimos fatores
indica que há chances para as exportações brasileiras, mas elas precisam ser trabalhadas, numa estratégia de
abertura do mercado malaio. Daí porque os subgrupos formados pelos produtos com exportações incipientes são
denominados “a desenvolver”.
Produtos com Exportações Expressivas – são aqueles cuja participação brasileira nas importações
malaias é maior do que 1%, ou seja, o Brasil tem um volume significativo de vendas para a Malásia. Além disso, a
exportação brasileira desses produtos para a Malásia é contínua. Os subgrupos de produtos com exportações
expressivas são classificados em cinco categorias:
28
Os produtos analisados no estudo são reunidos em grupos e subgrupos de acordo com critérios definidos pela Secretaria de Comércio
Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Os grupos, que são amplos, dividem-se em subgrupos. Normalmente, a
denominação dos grupos é abrangente e genérica enquanto a dos subgrupos é mais específica, permitindo que se identifiquem com maior
clareza os produtos neles incluídos.
29
Os critérios utilizados para classificar as exportações como incipientes e expressivas são apresentadas na metodologia, no Anexo 1.
30
Exportações contínuas são aquelas que, a partir da primeira venda efetuada, não são interrompidas em nenhum ano posterior. Em um
período de quatro anos, se determinado produto foi vendido apenas nos dois primeiros anos, suas exportações são ditas descontínuas. Se,
no entanto, as vendas do produto se iniciaram no terceiro ano e se repetiram no quarto, as exportações são consideradas contínuas.
31
O Brasil é especialista na exportação de um produto quando, na pauta de exportações brasileiras, este produto é mais importante do
que na pauta de exportações do mundo. Explicações mais detalhadas são fornecidas na metodologia encontrada no Anexo 1.
32
Constata-se que alguns grupos de produtos malaios são mais dinâmicos que outros, ou seja, suas importações crescem em um ritmo
mais acelerado que as importações mundiais. Efetivamente, quanto mais dinâmico é um grupo de produtos, maior é o crescimento de suas
importações e mais atraente ele se torna para os exportadores brasileiros. Foram então selecionados os subgrupos de produtos malaios
considerados muito dinâmicos, dinâmicos e de dinamismo intermediário. As faixas de dinamismo utilizadas no estudo estão descritas na
metodologia, no Anexo 1.
54
- Consolidados33 – é o caso dos subgrupos de produtos brasileiros que já estão bem posicionados no
mercado malaio (sua participação é igual ou superior a 30%) e gozam de uma situação confortável em relação aos
seus principais concorrentes. A estratégia de atuação para esses grupos de produtos é de manutenção do espaço
já conquistado. Aqui estão boas oportunidades para as exportações brasileiras;
- Em risco34 – é o caso dos subgrupos de produtos brasileiros que já estiveram consolidados no mercado
malaio e, hoje, ainda têm uma participação significativa, mas vêm perdendo, ano após ano, espaço para os
concorrentes. O esforço dos exportadores brasileiros deve ser para retomar o espaço perdido ou, ao menos,
reduzir a rapidez com que o Brasil perde participação para seus concorrentes;
- Em declínio35 – é o caso dos subgrupos de produtos brasileiros que nunca estiveram consolidados na
Malásia e que vêm perdendo participação naquele mercado. Aqui, as oportunidades para os exportadores
brasileiros são menos interessantes;
- A consolidar36 – é o caso dos subgrupos de produtos brasileiros que ainda não são consolidados na
Malásia, mas que estão crescendo naquele mercado em um ritmo próximo ou superior ao dos concorrentes. Aqui
estão as melhores oportunidades para os exportadores brasileiros.
Nas vendas do Brasil para a Malásia há muito mais produtos com exportações expressivas (90,55%) que
incipientes (9,45%) e, por conseqüência, o valor das exportações expressivas (US$ 942,06 milhões) é bastante
superior ao das incipientes (US$ 181,2 milhões), como mostra a Tabela 9.
Tabela 9 - Classificação de produtos importados pela Malásia
Importações
Exportações
Exportações
Importações totais
totais da
brasileiras para a brasileiras para
Nº de SH6 Nº de SH6 (%) da Malásia em 2008
Malásia em
Malásia – 2008
a Malásia (US$)
2008 (%)
(US$)
2008 (%)
Expressivo
Incipiente
Total
106
5283
5.389
1,97
98,03
4.228.298.407
152.857.221.827
2,69
97,31
100,00
157.085.520.234
100,00
942.062.609
98.281.735
90,55
9,45
1.040.344.344
100,00
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
33
O Brasil tem uma participação mínima de 30% nas importações malaias e o crescimento médio das exportações brasileiras para a
Malásia é superior ao do concorrente, ou inferior em até 25% ao crescimento das exportações do concorrente no período analisado.
34
A participação brasileira nas importações malaias é igual ou superior a 30%, mas o crescimento médio das exportações dos concorrentes
supera em mais de 25% o do Brasil no período analisado.
35
A participação brasileira nas importações malaias é inferior a 30% e o crescimento médio das exportações brasileiras é negativo, ou
inferior a 15%, desde que o crescimento médio das exportações dos concorrentes seja superior em 25% ao crescimento das exportações
do Brasil.
36
A participação brasileira nas importações malaias é inferior a 30%, mas o crescimento médio das exportações brasileiras é superior a
15% ao ano e, caso seja inferior a 15%, é superior a três quartos do valor do crescimento dos concorrentes no período analisado.
55
Para apresentar as oportunidades de exportação para o mercado malaio, os subgrupos de produtos
brasileiros foram organizados nos seguintes complexos: AGRONEGÓCIO, ALIMENTOS E BEBIDAS; MÁQUINAS E
EQUIPAMENTOS; CASA E CONSTRUÇÃO e MODA. Há produtos que permeiam mais de um complexo ou não se
encaixam em nenhum deles. Por isso, são classificados no complexo MULTISSETORIAL E OUTROS.
Para cada um desses complexos, são apresentados os subgrupos com exportações incipientes e
expressivas.
AGRONEGÓCIO, ALIMENTOS E BEBIDAS
O setor de agricultura representa 9,4% do PIB da Malásia e tem maior importância para o consumo
interno. Em 2007, o gasto per capita dos malaios com alimentos foi em torno de US$ 400 dólares 37, enquanto
gastos com comida nos países CLIFE38 foram de US$ 1.405 dólares. O gasto total com alimentos na Malásia
aumentou 17,3%, enquanto o gasto com bebidas não alcoólicas cresceu 592% entre 1995 e 2007.
Os itens mais comuns no almoço e na janta são arroz, carnes, peixes, legumes, frutas e vegetais. A
preferência por carne depende da etnia da população. Por exemplo, a carne suína é preferida pelos chineses,
porém não é consumida pelos mulçumanos. A carne bovina é uma das carnes preferidas pelos malaios, contudo
seu consumo é proibido no hinduísmo. Recentemente, o aumento da renda possibilitou que os malaios
aumentassem seu consumo de carnes, peixes e frutos do mar. O aumento de gasto com esses produtos foi de,
aproximadamente, 47,7%, enquanto o gasto com pão e cereais caiu 29,4% no período de 1995-2007.
Os malaios compram alimentos em feiras perto de suas casas não só pelo preço, mas também porque
procuram por produtos mais frescos. Porém, em grandes centros urbanos, a compra de alimentos acontece em
grandes redes de supermercados como, por exemplo, Giant, Tesco e Jusco. Nesses supermercados, a procura por
alimentos embalados é frequente. A previsão é que a dieta dos malaios mude nos próximos anos e fique cada vez
mais parecida com a dieta dos países asiáticos mais desenvolvidos como Japão e Taiwan.
A seguir são destacadas as principais oportunidades para agronegócio, alimentos e bebidas no mercado
malaio. O volume que a Malásia importou desses produtos, em 2008, chegou a US$ 3,3 bilhões, sendo que a
participação brasileira nesse total foi de US$ 255,4 milhões.
EXPORTAÇÕES INCIPIENTES
37
Segundo o Euromonitor
38
CLIFE- lista de países por expectativa de vida –Nações Unidas
http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_life_expectancy
56
A tabela 10 apresenta os cinco subgrupos de produtos brasileiros que têm oportunidade para abertura
do mercado malaio. Ao todo, o volume de importação desses produtos chegou a US$ 4,75 bilhões, em 2008,
estando a maior parte (43%) concentrada no subgrupo “adubos e fertilizantes”.
Tabela 10 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER”
Grupos
Subgrupos
Nº de SH6
Importações da
Malásia em 2008
(US$)
Dinamismo
VCR do Brasil
Adubos e fertilizantes
26
2.065.813.861
41,51
Dinâmico
0,74
Cereais em grão e esmagados
44
1.811.680.354
30,03
Muito dinâmico
1,28
Chá, mate e especiarias
28
174.763.606
20,71
Muito dinâmico
2,02
Farinhas para animais
23
313.976.924
15,23
Intermediário
0,70
Farelo de soja
1
393.691.770
29,17
Dinâmico
18,74
Soja mesmo triturada
1
307.230.736
12,51
Intermediário
25,49
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
O principal produto importado no subgrupo “adubos e fertilizantes” foi o SH6 310420 “cloreto de
potássio para uso como fertilizante” que representou 44% do total do subgrupo em 2008. Canadá e Rússia foram
os principais fornecedores desse produto, representando 32% (US$ 651,9 milhões) das importações malaias. O
Brasil não exportou esse produto para a Malásia e suas exportações mundiais foram somente de US$ 11,8
milhões. Vale ressaltar que “cereais em grãos esmagados” foram o segundo produto mais importado. Nesse
subgrupo, o principal produto importado foi o SH6 100630 “arroz semibranqueado ou branqueado, mesmo polido
ou brunido (glaceado)” e o valor importado foi de US$663,7 milhões. Nos subgurpos de “chá, mate e especiarias”,
o chá preto foi o principal produto importado (US$17,7 milhões). As importações de mate foram de US$53,9 mil.
EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS
•
Subgrupos A CONSOLIDAR
As importações malaias dos subgrupos “a consolidar” alcançaram US$ 408,6 milhões, sendo que “carne
de boi in natura” concentrava 56,6% das importações desse subgrupo em 2008 e o principal fornecedor para a
Malásia foi a Índia que teve participação de 79,72%.
57
Tabela 11 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR”
Grupos
Subgrupos
Nº de SH6
Chocolates, balas e
confeitos
Café cru
Demais produtos de
café
Carne de boi "in
natura"
Chocolate e suas
preparações
Massas alimentícias
e preparações
alimentícias
Massas alimentícias e
preparações
alimentícias
Café
Carne bovina
Carne suína
Cereais em grão e
esmagados
Sucos
Carnes salgadas
suínas
Cereais em grão e
esmagados
Demais sucos
Crescimento
Importações
Exportações
médio dos
da Malásia brasileiras para
concorrentes
em 2008
a Malásia em
entre 2003(US$)
2008 (US$)
2008 (%)
Crescimento
médio do Brasil
entre 200032008 (%)
Participação
brasileira em
2008 (%)
Principal
concorrente em
2008
Participação do
principal
concorrente em
2008 (%)
1
97.360.404
2.312.818
46,29
31,17
2,38
Vietnã
47,70
2
34.284.507
6.599.423
13,68
16,71
19,25
Indonésia
25,47
1
231.513.777
17,46
44,35
3,65
Índia
79,72
2
36.830.648
5,94
62,32
18,96
China
12,86
8.452.566
6.981.859
1
7.114.944
546.286
14,39
21,57
7,68
Estados Unidos
75,35
2
473.635
90.216
12,77
,00
19,05
China
28,30
17,85
0,00
7,40
Índia
50,56
41,16
42,12
3,19
Espanha
70,49
1
394.424.409
2
1.584.011
29.173.158
50.531
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
O grupo café foi o segundo mais importado, sendo que o subgrupo “café cru” foi o mais representativo
dentro da categoria. A participação do Brasil foi de somente 2,38% e o crescimento médio dos concorrentes foi de
46,29%, comparado ao crescimento médio do Brasil de 31,17% no período de 2003-2008.
Gráfico 21 – Participação dos principais fornecedores do subgrupo “café cru” (%) – 2003 a 2008
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Vietnã
38,7
36,6
36,7
49,4
51,9
47,7
Indonésia
45,1
47,1
45,4
29,8
30,1
34,1
Guatemala
0,1
0,0
0,0
0,0
5,8
12,0
Brasil
4,0
6,1
5,2
3,0
2,2
2,4
Papua e Nova Guiné
1,2
4,8
9,0
3,4
1,3
1,7
Outros
10,9
5,3
3,8
14,4
8,8
2,2
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
De acordo com o Gráfico 21, nota-se que os principais fornecedores foram Vietnã (47,7%) e Indonésia
(34,1%). No período analisado, Vietnã cresceu, enquanto Indonésia perdeu mercado. Dentre os outros países
fornecedores de “café cru” para a Malásia, nota-se que Guatemala ganhou participação, chegando a 12% no
mercado enquanto outros fornecedores perderam durante o período analisado.
58
Na categoria “demais produtos de café”, dois SH6 tiveram destaque: extratos, essências e concentrados
de café e preparações à base de extratos, essências e concentrados de café.
Os subgrupos “carnes salgadas” e “cereais em grão esmagados” (milho para semeadura) não
apresentaram crescimento e o crescimento médio dos concorrentes foi maior do que o brasileiro, 12,77% e
17,85%, respectivamente. Nesses subgrupos, o Brasil precisa aumentar suas exportações para não perder
mercado. O principal concorrente para “carne salgada” foi a China, que obteve 28,30% do mercado; e o principal
concorrente no subgrupo de “cereais em grãos esmagados” foi a Índia, com 50,56% do mercado.
No grupo “chocolates e suas preparações”, o Brasil obteve um ótimo crescimento médio de 62,32% em
relação aos seus concorrentes, que ficaram em 5,94%. O subgrupo é composto por dois SH6: “chocolate e outras
preparações alimentícias com cacau, recheadas, em tabletes, barras e paus” e “outros chocolates e preparações
alimentícias contendo cacau”. O principal concorrente nesse subgrupo foi a China, que obteve participação de
12,86%.
A participação brasileira de massas alimentícias nas importações da Malásia foi pequena (7,68% em
2008); porém, o Brasil apresentou um crescimento médio de 21,57% em relação aos seus concorrentes
(crescimento médio de 14,3%) no período analisado. Nesse subgrupo, os Estados Unidos representam um forte
concorrente, com participação de 75,35% do mercado malaio.
As importações malaias de sucos foram de US$ 1,5 milhão em 2008, sendo que a participação brasileira
foi de 3,19%. Nesse subgrupo, a Espanha representa um forte concorrente, já que possui 70,49% do mercado.
•
Subgrupos CONSOLIDADOS, EM DECLÍNIO e EM RISCO
Tabela 12 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “CONSOLIDADOS”, “EM DECLÍNIO” e “EM
RISCO”
Grupos
Subgrupos
Nº de SH6
Importações da
Importações da
Malásia
Malásia em 2008 provenientes do
(US$)
Brasil em 2008
(US$)
Crescimento
médio dos
concorrentes
entre 2003 -2008
(%)
Crescimento
médio do Brasil
entre 2003 - 2008
(%)
Participação
brasileira em
2008 (%)
Principal
concorrente
em 2009
Participação
do principal
concorrente
em 2008 (%)
Classificação
Açúcar e álcool
Açúcar em bruto
1
412.122.424
147.828.025
3,95
50,68
35,87
Austrália
38,52
Consolidado
Carne bovina
Carnes salgadas
bovinas
1
238.114
94.768
9,78
0,00
39,80
Índia
31,39
Em risco
Chá, mate e especiarias
Chá, mate e
especiarias
1
2.207.838
150.710
0,56
-9,56
6,83
Indonésia
45,14
Em declínio
3
5.553.989
3.543.905
31,37
251,57
63,81
China
19,18
Consolidado
1
25.929.148
17.344.535
31,31
0,00
66,89
Índia
17,76
Em risco
1
75.526.404
38.921.234
13,43
29,15
51,53
Argentina
48,20
Consolidado
1
828.180
117.831
1,79
-6,84
14,23
Cingapura
28,21
Em declínio
5.790.807
2.436.170
10,85
53,03
42,07
Holanda
12,71
Consolidado
Gorduras e óleos
animais e vegetais
Produtos hortícolas e
plantas vivas
Soja (grãos, óleos e
farelo)
Sucos
Gorduras e
óleos animais e
vegetais
Produtos
hortícolas e
plantas vivas
Óleo de soja em
bruto
Suco de laranja
não congelado
Suco de laranja
congelado
1
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
59
Na Tabela 12, verifica-se que quase metade dos produtos estão consolidados e representam 54% do
total (US$ 498,9 milhões) analisado na tabela. Os produtos em declínio representam 43%, com um valor
equivalente a (US$ 397,9 milhões).
Os produtos em declínio apresentaram crescimento médio negativo no mercado malaio. “Chá, mate e
especiarias” apresentaram um crescimento negativo de -9,56%, sendo que a participação brasileira foi de 6,83%.
O principal concorrente desse produto é a Indonésia, que possui 45,14% do mercado. “Suco de laranja não
congelado” também apresentou crescimento negativo de -6,84%. A participação brasileira foi de 14,23% e o
principal concorrente foi Cingapura com 28% de participação.
Dentre os subgrupos analisados, “açúcar em bruto” foi o produto com maior valor nas importações
malaias. A participação brasileira foi de 35,87% e o crescimento médio foi de 50,68% em comparação ao
crescimento dos concorrentes, de 3,95%. É muito provável que as exportações brasileiras ultrapassem às do
principal concorrente, Austrália, que possui uma participação de 38,52% - somente 2,65% a mais que o Brasil.
O Brasil é o principal fornecedor de gorduras e óleos e animais vegetais, óleo de soja em bruto e sucos
de laranja para a Malásia e possui uma posição consolidada, ou seja, com mais de 30% de participação naquele
mercado. Dentre os subgrupos já mencionados, a Argentina é o segundo maior fornecedor de “óleo de soja em
bruto”, respondendo por 48,20% do mercado, em comparação a 51,53% fornecidos pelo Brasil. No subgrupo
“gordura, óleos animais e vegetais”, o crescimento médio brasileiro foi de 251,57% em relação aos seus
concorrentes, cujo crescimento foi de 31,37%. Nesse subgrupo, o principal concorrente brasileiro é a China, que
possui uma participação de mercado de 19,18%. Em relação ao subgrupo, “suco de laranja”, é interessante notar
que a Holanda aparece como o principal concorrente do Brasil devido à reexportação.
Carne bovina salgada e produtos hortícolas foram os produtos classificados “em risco”, já que as
exportações brasileiras para aquele país estagnaram e houve crescimento médio dos concorrentes. No caso de
carne bovina salgada, os concorrentes tiveram, em média, um crescimento de 9,78%. A Índia, entretanto, obteve
uma participação de mercado de 31,39%, percentual bem próximo ao do Brasil (39,80%), que lhe tem como seu
principal concorrente. Em relação aos “produtos hortícolas”, o Brasil possui uma grande vantagem, já que sua
participação no mercado é de 66,89%, bem acima dos 17,76% da Índia, seu principal contendor nesse segmento.
Máquinas e Equipamentos
A indústria representa 40,9% do PIB da Malásia e o país pretende se tornar um hub de manufaturas e
distribuição na região. O país importa, principalmente, máquinas e equipamentos no setor de geração de energia,
60
máquinas para indústrias específicas e máquinas para transformação de metais para partes e peças em geral.
Seus principais fornecedores são: Japão, Estados Unidos, Taiwan, Cingapura e Alemanha.
A Malásia possui uma indústria bem desenvolvida nos setores elétricoeletrônico e de energia solar. No
setor eletrônico, várias multinacionais estão instaladas no país como Intel, Freescale, Agilent, Hitachi, Infineon,
Texas Instrument, National Semiconductor, Silterra and X-Fab. A presença dessas fábricas contribui para maior
especialização da mão de obra local; o que, por seu turno, garante um incremento na produção, com preços finais
mais competitivos e melhor distribuição regional. Além desses setores, o país conta com uma indústria
desenvolvida para plásticos e máquinas de embalagens para alimentos e bebidas. Entretanto, a produção
nacional ainda não é suficiente, razão pela qual o governo incentiva a instalação de fábricas em vários setores.
De acordo com a Autoridade de Desenvolvimento Industrial da Malásia (MIDA), existem oportunidades
para instalação de fábricas de máquinas e equipamentos que se encontram nos seguintes setores: petróleo e gás
natural; alimentos; bebidas; madeiras; papel e celulose; agricultura; indústria automotiva; biotecnologia;
processamento; petroquímicos; biotecnologia; farmacêutica; impressoras; semi-condutores; construção;
transformação de metais; geração de energia; e partes e componentes.
No setor de petróleo e gás natural, várias empresas já se instalaram para fabricar equipamentos de
exploração de petróleo em águas profundas. Devido ao crescimento desse tipo de atividade no sul da China e na
costa noroeste da Austrália, a procura e o desenvolvimento de equipamentos de alta tecnologia deve crescer na
região.
EXPORTAÇÕES INCIPIENTES
A Tabela 13 apresenta os 9 subgrupos de produtos brasileiros que têm oportunidade para abertura do
mercado malaio. Ao todo, o volume de importação desses produtos chegou a US$ 5,9 bilhões em 2008, estando a
maior parte (53,44%) concentrada no subgrupo “aviões, autopeças e compressores e bombas”.
61
Tabela 13 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER”
Grupos
Aviões
Subgrupos
Aviões
Borracha e suas obras
Máquinas e motores
Veículos automotores e
suas partes
Nº de SH6
Importações da
Malásia em 2008
(US$)
Crescimento médio
anual das imp. da
Malásia 2003 - 2008 (%)
Dinamismo
VCR do Brasil
3
965.767.878
126,21
Muito dinâmico
2,92
22
286.431.857
29,07
Muito dinâmico
1,74
20
905.907.322
13,04
Intermediário
1,21
16
447.725.885
15,50
Dinâmico
1,65
7
171.998.420
19,81
Intermediário
1,25
5
233.202.239
5,07
Muito dinâmico
1,52
2
319.108.160
31,71
Muito dinâmico
2,30
11
214.844.379
22,77
Muito dinâmico
1,05
Rolamentos e
engrenagens
15
607.996.220
16,34
Intermediário
0,91
Autopeças
17
1.300.936.196
28,25
Muito dinâmico
0,87
7
483.127.099
11,12
Muito dinâmico
1,42
Pneumáticos e câmara
de ar
Compressores e
bombas
Máquinas e aparelhos
de terraplanagem,
perfuração
Máquinas e aparelhos
p/trabalhar pedra e
minério
Motores para veículos
automóveis
Partes de motores
para veículos
automóveis
Refrigeradores e
congeladores
Veículos de carga
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
O subgrupo com maior valor importado foi “autopeças” (US$1,3 milhão), composto por 17 produtos,
dentre os quais se destacam: “outras partes e acessórios, para veículos automóveis das posições 8701 a 8705”
(US$955,5 milhões); “caixas de marchas (velocidade) para veículos automóveis das posições 8701 a 8705” (US$
275,2 milhões); “eixos de transmissão com diferencial, para veículos automóveis das posições 8701 a 8705” (US$
236,6 milhões) e “rodas, suas partes e acessórios, para veículos automóveis das posições 8701 a 8705” (US$ 62,9
milhões). As importações de autopeças cresceram 28,25% em 2008 e os principais fornecedores foram Tailândia,
Indonésia, China, Alemanha. O Brasil aparece como 27º fornecedor de autopeças para a Malásia.
Os principais produtos importados no subgrupo “aviões” foram o SH6 “aviões e outros veículos aéreos,
de peso; 15.000kg, vazios” e “aviões e outros veículos aéreos, de peso &; 2.000kg e =&lt; 15.000kg, vazios”, sendo
que os principais fornecedores foram, respectivamente, França e África do Sul. O crescimento médio anual das
importações de aviões foi alto (126%), e as importações foram classificadas como muito dinâmicas, com
Vantagem Comparativa Relativa (VCR) de 2,92. O VCR indica a especialização do Brasil na exportação de produtos
daquele grupo em relação à especialização exportadora do principal concorrente. Se o VCR for maior que 1, o
Brasil possui vantagem em relação ao concorrente.
As importações de máquinas e aparelhos de terraplanagem e perfuração somaram (US$447,7 milhões).
Os principais produtos importados dentro dos subgrupos foram: “máquinas escavadoras, com capacidade de
efetuar uma rotação de 360 graus, autopropulsores” (US$262 milhões); “outras máquinas de sondagem ou
perfuração” (US$ 71,43 milhões); “outras pás mecânicas, escavadores e carregadoras, autopropulsores” (US$65,2
62
milhões); “carregadoras e pás carregadoras, de carregamento frontal, autopropulsores” (US$62,2 milhões) e
“bulldozers e "angledozers", de lagartas, autopropulsores” (US$56,8 milhões). O aumento do crescimento médio
anual foi de 15,5% e foi considerado um setor dinâmico, além da vantagem comparativa do Brasil- VCR que foi de
1,65. Os principais fornecedores foram Japão, Estados Unidos, Tailândia, Indonésia e Coreia do Sul. O Brasil foi o
8º maior fornecedor desses equipamentos para a Malásia.
Compressores e bombas somaram US$905,9 milhões nas importações malaias e o crescimento médio
foi de 13,04%, apresentando um dinamismo intermediário. Os principais produtos importados foram: “outras
bombas de ar, coifas aspirantes para extração ou reciclagem” (US$ 262 milhões); “outras partes de compressores
de ar ou de outros gases” (US$122 milhões); “outras bombas para líquidos” (US$71,4 milhões) e “outras bombas
centrífugas” (US$65,2 milhões). Nesse subgrupo, os principais fornecedores foram Japão, Estados Unidos, China,
Indonésia e Reino Unido. O Brasil apareceu como 25º maior fornecedor desses produtos para a Malásia.
EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS
•
Subgrupos A CONSOLIDAR
As importações malaias dos subgrupos “a consolidar” alcançaram US$225,8 milhões e o subgrupo que
“veículos automotores e suas partes” representou 11% das importações malaias em 2008.
Tabela 14 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR”
Grupos
Máquinas e motores
Materiais elétricos e
eletro-eletrônicos
Subgrupos
Turbinas hidráulicas e rodas
hidráulicas
Aparelhos
mecan.p/projetar/pulverizar
líquidos/pós
Nº de SH6
Crescimento
Importações do
Exportações
médio dos
país em 2008
brasileiras para o concorrentes
(US$)
país em 2008 (US$) entre 200032008 (%)
Crescimento
Participação do
médio do
Participação
Principal
principal
Brasil entre
brasileira concorrente em
concorrente em
20003-2008 em 2008 (%)
2008
2008 (%)
(%)
1
26.580.425
2.700.016
384,01
-
10,16
Coréia do Sul
32,19
1
14.934.237
1.620.547
10,59
157,50
10,85
China
47,08
Laminadores de metais
1
30.468.697
3.188.183
17,61
77,43
10,46
China
21,43
Apars. eletr. de
iluminação/sinalização
p/automóveis
1
279.312
38.662
-2,04
,00
13,84
China
24,13
Plásticos e suas obras Plásticos e suas obras
1
5.097.743
1.423.802
-7,32
19,09
27,93
Tailândia
45,48
Veículos automotores
e suas partes
2
175.045.213
26.587.795
28,26
35,99
15,19
Japão
25,10
Tratores
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
As importações de tratores da Malásia somaram US$175 milhões em 2008 e os dois principais SH6(s)
foram “tratores rodoviários para semi-reboques” (US$97,5 milhões) e “outros tratores” (US$77,5 milhões). Em
2008, o Brasil foi o segundo maior fornecedor deste SH6 e o principal fornecedor daquele. Entre 2003-2008, o
crescimento médio brasileiro foi de 35,99%, superior ao do concorrente (28,6%) e com perspectivas de aumento
de participação nesse mercado.
Apesar de o Brasil ter uma participação em torno de 10% nas importações de “laminadores de metais,
aparelhos elétricos de iluminação/sinalização para automóveis” e “aparelhos mecânicos para projetar, pulverizar
63
líquidos/pós”, seu crescimento médio no período analisado foi de 77,43% e 157,50% respectivamente. Tal
desempenho indica um aumento na participação das exportações desses produtos. O gráfico abaixo mostra os
principais fornecedores de laminadores de metais.
Gráfico 22 – Participação dos principais fornecedores do subgrupo “laminadores de metais” (%) – 2003 a 2008
90,0
80,0
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
2003
2004
2005
2006
2007
2008
China
8,2
32,2
13,8
14,8
26,8
21,4
Brasil
0,0
0,0
2,1
3,3
7,0
10,5
Coréia do Sul
1,5
3,9
12,2
1,9
8,2
9,8
Tailândia
6,2
8,9
3,1
3,8
3,1
9,5
Estados Unidos
7,7
6,6
6,8
6,0
7,4
7,7
Outros
76,7
48,6
62,3
70,1
47,6
41,2
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
Da análise do Gráfico 22 infere-se que, de modo geral, as importações desse subgrupo concentraram-se
em alguns poucos países. Outros fornecedores, que representavam 76,7% em 2003, caíram para 41,2% em 2008.
A China se manteve como principal fornecedor no período em análise. Por entrar nesse mercado somente em
2005, o Brasil obteve um crescimento significativo de 10,5%, seguido pela Coreia do Sul, Tailândia e Estados
Unidos. A vantagem do Brasil está no crescimento médio de 77,43% no período, o que indica possibilidade de
aumento da sua participação naquele mercado.
Em 2008, o Brasil começou a exportar “turbinas e rodas hidráulicas” e ficou em 4º lugar nas exportações
desse produto. A Coreia do Sul foi o principal concorrente, com 32,19% de participação do mercado - o percentual
brasileiro para esse indicador não passou de 10,16%. Outros fornecedores para esse produto foram Alemanha
(2º) e França (3º).
•
Subgrupos CONSOLIDADOS e EM DECLÍNIO
64
Tabela 15 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “CONSOLIDADOS” e “EM DECLÍNIO”
Grupos
Subgrupos
Crescimento Crescimen
médio dos
to médio Participação
Importações da Importações da Malásia
Nº de SH6 Malásia em 2008 provenientes do Brasil concorrentes do Brasil brasileira em
(US$)
em 2008 (US$)
entre 2003 - entre 2003 2008 (%)
2008 (%)
2008 (%)
Principal
concorrente
em 2009
Participação
do principal
concorrente
em 2008 (%)
Classificação
Compressores e bombas
1
18.677.031
118.090
14,62
-10,10
,63
Japão
48,17
Em declínio
Máquinas e aparelhos de
terraplanagem, perfuração
1
7.801.250
414.102
36,51
2,43
5,31
China
29,42
Em declínio
Demais materiais elétricos e
eletrônicos
1
1.589.728
427.037
-5,66
-12,34
26,86
Japão
42,25
Em declínio
Veículos automotores e Chassis e carroçarias para veículos
suas partes
automóveis
1
58.047.621
361.669
31,66
-37,84
,62
Japão
59,60
Em declínio
Máquinas e motores
1
20.834.449
6.273.826
17,47
34,29
30,11
China
20,31
Consolidado
Máquinas e motores
Materiais elétricos e
eletro-eletrônicos
Ferramentas manuais, pneumáticas
ou hidráulicas
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
Observa-se, na Tabela 15, que 84,40% dos produtos exportados foram classificados como “em declínio”,
com apenas um subgrupo “consolidado”. O subgrupo “chassis e carroçarias para veículos automóveis”
representou 43,47% do total importado e é o mais preocupante, pois apresenta um crescimento negativo de 37,84%, enquanto o Japão - principal concorrente - apresenta um crescimento de 31,66%. As exportações
brasileiras foram de somente US$361 mil em 2008 e precisam crescer para que o Brasil aumente a sua
participação.
Outros subgrupos “em declínio”, com crescimento negativo, foram “compressores e bombas”, “demais
materiais elétricos e eletrônicos” e “chassis e carroçarias para veículos automóveis”.
Do subgrupo “máquinas e aparelhos de terraplanagem, perfuração”, o único SH6 classificado como “em
declínio” foi “niveladores”, cujas importações somaram (US$7,8 milhões). O principal fornecedor foi a China, que
obteve 29,42% do mercado. O Brasil foi o 4º maior fornecedor (US$2,2 milhões) em 2008 e vem perdendo
mercado no período analisado. Em 2004 e 2005, o Brasil foi o principal fornecedor desses produtos para a
Malásia, enquanto a China praticamente não exportou. O crescimento médio do Brasil foi de 2,43%, enquanto o
crescimento médio dos concorrentes foi de 36,51%. Outros países fornecedores para esses produtos foram Japão,
Indonésia e Estados Unidos. O Brasil precisa melhorar sua competitividade para reconquistar sua participação
nesse mercado.
O único subgrupo classificado como “consolidado” foi “ferramentas manuais, pneumáticas ou
hidráulicas”, sendo que a participação brasileira do mercado foi de 30,11% e o crescimento médio foi de 34,29%.
A China foi o principal concorrente e obteve 20,31% do mercado.
Casa e Construção
65
O setor de construção é extremamente competitivo na Malásia, sendo que grande partes das empresas
de construção estão no Vale do Klang. Apesar da indústria ter atingido um nível de maturidade, o setor de
construção civil ainda sofre com obstáculos como burocracia, baixa produtividade, fragmentação e transparência
em licitações. O governo tende a dar preferência por firmas locais de construção e engenharia e firmas
estrangeiras são convidadas a participar de projetos que requerem alguma especialidade que as firmas locais não
conseguem atender. Isso ocorreu no projeto das famosas torres de Petrona, em que firmas estrangeiras foram
contratadas para gerenciar o empreendimento.
As oportunidades na Malásia para esse setor estão ligadas diretamente à demanda de infraestrutura e
construção de casas. A participação de empresas privadas no setor de infraestrutura deve incentivar o número de
obras nesse setor. No setor de construção de casas, a previsão em 2020 é de que o problema de falta de moradia
se agrave, já que a população será de 28 milhões de pessoas. O setor público e o privado estão estudando novas
formas e tecnologias para que a construção seja rápida e ofereça qualidade. Está previsto no Nono Plano da
Malásia (2006-2010), um programa para a construção de 709.400 casas populares, com o orçamento de US$ 130
milhões pelo programa Rumah Rakyat Mesra. O Departamento Nacional de Casas supervisiona o trabalho para
que as casas sejam construídas em locais adequados e dentro dos padrões de qualidade estabelecidos.
A base das construções na Malásia é o concreto e as construções residenciais são planas, seguindo o
padrão de 20 casas alinhadas. Um projeto típico consiste de 30% de casas populares, 40% de casas de médio
custo e 30% de casas de alto custo. Dentre os desafios para o setor, sobressaem-se o alto custo do cimento e aço
utilizado na construção, além dos custos de combustível e mão de obra qualificada. Construções modulares e
casas pré-fabricadas diminuem alguns custos, especialmente de cimento e combustível. As casas pré-fabricadas
também reduzem os custos de acabamento e são mais econômicas.
O ambiente competitivo exige das empresas conhecimento especializado. Empresas locais conseguem
suporte do governo e assistência de instituições de educação superior, que ajudam no aprendizado de novas
tecnologias, priorizando o emprego de materiais desenvolvidos localmente. Entretanto, há espaço para empresas
estrangeiras nas áreas em que faltam conhecimento e serviços especializados, como na construção de túneis,
plantas nucleares e grandes incineradores. Uma das formas de acesso ao mercado é por meio de joint ventures ou
empresas de consultoria para direcionamento e aconselhamento. É comum empresas locais assumirem o
gerenciamento de projetos e contratarem empresas estrangeiras para fornecer algum tipo de tecnologia não
existente no país.
EXPORTAÇÕES INCIPIENTES
O subgrupo “cerâmicos” possui 29 SH6(s), dentre os quais se destacam “outras obras de cerâmica”
(US$35,1 milhões); “tijolos e peças cerâmicas semelhantes, refratários, contendo & gt; 50% em peso de
66
magnesianos ou de óxido de cromo” (US$20,1 milhões); “outros produtos cerâmicos refratários” (US$17 milhões)
e “outros ladrilhos e artigos semelhantes, de cerâmica, não vidrados nem esmaltados” (US$ 17 milhões). Os
principais fornecedores foram Estados Unidos, França e Alemanha. Em relação ao grupo, o Brasil foi considerado
muito dinâmico e é especialista nesse setor, já que o VCR >1.
Dentre os subgrupos classificados, “demais produtos minerais” concentrou o maior valor. Nesse
subgrupo, os principais produtos importados foram: “fosfatos de cálcio naturais, fosfatos aluminocálcicos
naturais, cré-fosfatado, moídos” (US$114, 4 milhões); “cimentos não pulverizados - clinkers" (US$78,6 milhões);
“sal (incluídos o sal de mesa e o sal desnaturado) e cloreto de sódio puro, mesmo em solução aquosa ou
adicionados de agentes antiaglomerantes” (US$41,7 milhões); “kieserita, epsomita - sulfatos de magnésio
naturais” (US$ 30,1 milhões) e “gipsita; anidrita” (US$ 26,9 milhões).
Tabela 20 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER”
Grupos
Subgrupos
Importações da
Malásia em 2008
(US$)
Nº de SH6
Crescimento médio anual
das imp. da Malásia 2003 2008 (%)
Dinamismo
VCR do Brasil
Produtos cerâmicos
Produtos cerâmicos
29
200.869.432
10,74
Muito dinâmico
1,31
Produtos minerais
Demais produtos
minerais
74
509.449.503
20,78
Dinâmico
1,68
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS
•
Subgrupos A CONSOLIDAR
As importações malaias dos subgrupos “a consolidar” alcançaram US$ 322,6 milhões e os subgrupos
“madeira serrada” e “tubos de ferro fundido, ferro ou aço” representaram 74% do total importado em 2008.
Tabela 21 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR”
Grupos
Ferramentas,
talheres e outras
obras de metais
Subgrupos
Ferramentas e
talheres
Madeira
Madeiras, cortiças
laminada
e obras de
trançaria
Madeira serrada
Obras de pedras
e semelhantes
Obras de pedra e
semelhantes
Tubos de ferro
fundido,ferro ou
aço
Exportações
Importações
brasileiras para
Nº de SH6 do país em
o país em 2008
2008 (US$)
(US$)
Crescimento
médio dos
concorrentes
entre 200032008 (%)
Crescimento
médio do Brasil
entre 200032008 (%)
Participação
brasileira em
2008 (%)
9,15
18,49
4,45
Estados Unidos
52,01
Principal
concorrente em
2008
Participação
do principal
concorrente
em 2008 (%)
2
65.085.410
2.898.493
1
13.868.644
966.039
14,46
23,93
6,97
China
43,72
4
110.996.460
3.405.999
10,54
64,91
3,07
Tailândia
44,31
1
2.049.699
177.301
23,32
46,16
8,65
Japão
35,50
3
130.623.457
4.309.176
94,44
185,52
3,30
China
41,19
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
67
O subgrupo de maior valor importado foi “tubos de ferro fundido, ferro ou aço” (US$ 130,6 milhões),
sendo que os principais produtos importados dentro desse subgrupo foram: “outros tubos ocos ferro/aço/ para
oleoduto/gasotuduto” (US$ 117,9 milhões); “outros tubos de ferro ou de aços não ligados, sem costura, de seção
circular” (US$ 9,4 milhões). Os principais fornecedores desses produtos foram: China, Japão, Argentina, Inglaterra
e Brasil. Esse subgrupo, além de ter o maior valor, obteve o maior crescimento médio do Brasil (185,62%) em
relação a seus concorrentes (94,44%), que também apresentaram ótimo desempenho. Isso indica que a
construção está aquecida no país e que o Brasil pode aumentar a sua participação.
Dentro do subgrupo “madeira serrada”, o SH6 “outras madeiras, serradas, cortadas em folhas ou
desenroladas, de espessura & gt; 6mm” representou 73% do total importado. Os principais fornecedores desses
produtos foram Tailândia, Indonésia, Austrália, Estados Unidos, Filipinas e Brasil. O crescimento médio do Brasil
foi de 64,91% em comparação ao do concorrente e as expectativas são que o país aumente a sua participação de
mercado.
Em produtos para o lar, o Brasil se destacou no subgrupo “ferramentas e talheres”, apresentando o dobro
de crescimento em relação de seus concorrentes. “navalhas e aparelhos de barbear de metais comuns” foi o
produto mais importado (US$64,5 milhões). O principal fornecedor desse subgrupo foi os Estados Unidos, que
garantiu 76,5% do total importado pela Malásia. O SH6 “outras facas de lâmina fixa, de metais comuns” foi o
segundo produto mais importado (US$554 mil) e teve, como mostra o gráfico abaixo, Suíça, China, Alemanha,
Brasil e Japão como principais fornecedores. Os dados do Gráfico 24 indicam que a China perdeu
aproximadamente a metade da sua participação no mercado durante o período analisado.
Gráfico 24 – Participação dos Principais Fornecedores do Subgrupo outras facas de lâmina fixa, – 2003 a 2008
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Suíça
19,2
22,7
16,9
8,9
16,7
26,7
China
56,2
39,9
52,3
30,0
33,9
25,6
Alemanha
0,0
9,7
4,0
8,2
9,2
17,2
Brasil
5,0
3,6
0,5
2,1
1,1
9,0
Japão
5,3
7,4
1,7
7,9
15,9
6,3
Outros
14,3
16,7
24,7
42,8
23,2
15,3
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
68
Em termos de crescimento, fortes concorrentes do Brasil são a Alemanha e a Suíça. Observa-se que o
crescimento do Brasil é grande em relação a 2007, quando o Brasil obteve somente 1,1% do mercado.
•
Subgrupos CONSOLIDADOS e EM DECLÍNIO
O grupo “madeiras, cortiças e obras de trançaria” surge, novamente, como oportunidade; porém dessa
vez, o subgrupo “madeira compensada ou contraplacada” é classificado como “em declínio”. O Brasil apresentou
um crescimento médio negativo de -2,11%, sendo que o principal concorrente foi a China, que participou com
54,54% do mercado. Vale ressaltar que o crescimento médio dos concorrentes foi de 99,10%.
Tabela 22 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “CONSOLIDADOS” e “EM DECLÍNIO”
Grupos
Subgrupos
Nº de
SH6
Madeiras, cortiças e Madeira compensada
obras de trançaria ou contraplacada
2
Produtos minerais
2
Demais produtos
minerais
Crescimento
Importações
Crescimento
Importações
Participação
Principal
médio dos
da Malásia
médio do
da Malásia
brasileira em concorrente em
provenientes concorrentes
Brasil entre
em 2008
2008 (%)
2009
do Brasil em entre 2003 -2008
2003 - 2008 (%)
(US$)
2008 (US$)
(%)
7.455.978
468.549
99,10
-2,11
6,28
China
3.287.144
1.483.698
-13,56
2,39
45,14
Canadá
Participação
do principal
concorrente
em 2008 (%)
Classificação
54,54
Em declínio
43,21
Consolidado
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
O subgrupo “produtos minerais” foi classificado como “consolidado”, já que a participação brasileira ficou
acima dos 30%. Os principais produtos importados nesse subgrupo foram: “amianto - asbesto” (US$ 1,5 milhão) e
“outras formas de amianto - asbesto” (US$ 1,7 milhão). O principal fornecedor de amianto foi o Brasil e o
principal fornecedor de “demais produtos” foi o Canadá, seguido do Brasil. O Brasil possui pouca vantagem em
relação ao seu principal concorrente, haja vista que suas participações foram, respectivamente, de 45,14% e
43,21%.
Moda
Os malaios compram roupa e calçados em épocas festivas ou quando precisam de novas roupas para
uma ocasião especial. Em comparação aos consumidores de outros países, os malaios não se preocupam tanto
com roupas no dia a dia e compram-nas em períodos festivos como Hari Raya Aidilfitri39, o Ano Novo Chinês,
Deepvali40 e Natal. Os malaios de origem chinesa têm por tradição vestir roupas novas durante o Ano Novo e os
shopping centers locais oferecem promoções durante esse período. As promoções conhecidas como “Mega
39
Hari Raya Aidilfitri é a festa dos mulçumanos que celebram o fim do Ramadan
40
Deepvali é o festival de luzes do hindus. Nesse festival os hindus agradecem os deuses a alegria, conhecimento, paz e o que
receberam no ano.
69
Sales”, que ocorrem algumas vezes ao ano, são eventos em que os consumidores compram a maior parte das
suas roupas e calçados.
Devido ao clima tropical, a preferência dos malaios é por roupas confortáveis - modas sazonais não têm
grande influência no consumo. Muitos malaios, especialmente mulheres malaias e indianas, ainda vestem Baju
Kurung e Sari. Por outro lado, os jovens procuram roupas com design de países como o Japão, Estados Unidos e
Coreia do Sul.
Entre 1995 e 2007, o gasto com roupas e sapatos cresceu 68,6% na Malásia, devido ao aumento da
renda disponível, baixa nos preços e abertura de novas lojas. O total gasto com roupas prontas para vestir foi
significativo, passando de RM 3,6 bilhões (US$ 1,16 bilhão) em 1995 para RM 6,3 bilhões (US$ 2,03 bilhões) em
2007, representando um aumento de mais de 75%. Segundo dados do Euromonitor, devido à crise que começou
em 2008, a previsão em 2009 era de que os gastos com roupas caíssem 2% e chegassem a RM13 bilhões (US$ 4,2
bilhões).
Em relação aos gastos com sapatos, o crescimento no período relativo de 1995-2007 foi RM 804 milhões
(US$259,52 milhões) para RM1,3 bilhão (US$ 420 milhões), o que representou um aumento de 68,6%. Além disso,
jóias passaram a ser um item de consumo na Malásia devido ao aumento da renda disponível. Os malaios estão
ávidos para comprar itens de luxo e, por isso, as vendas de jóias, relógios, artigos de prata aumentaram de RM 1,3
bilhão (US$ 420 milhões) em 1995 para RM 2,6 bilhões (US$ 660 milhões) em 2007, o que representou um
aumento de 92%. A compra de jóias é feita especialmente em lojas especializadas e lojas de departamentos. O
design aumentou a demanda por acessórios, jóias e pedras preciosas e semipreciosas, além de pérolas, cristal,
zircônia e pedras associadas ao mês de aniversário (birthstones).
Apesar da crise em 2009, novos shopping centers foram abertos como o “Square One Mall” em Batu
Pahat e “Tropicana City Mall” em Petaling Jaya. Além disso, o “Bintang Mega Mall” em Miri foi reformado para
receber mais lojas. No total, 223 novas lojas de roupas e sapatos foram abertas, oferecendo maior variedade de
produtos e lojas aos consumidores.
EXPORTAÇÕES INCIPIENTES
Dentro do grupo metais e pedras preciosas, o único subgrupo classificado foi “ouro em formas
semimanufaturadas” que representou US$ 2,4 milhões e apresentou um crescimento de 27,17%. A vantagem
comparativa revelada foi de 3,73, ou seja, a especialização do Brasil na exportação desses produtos é alta VCR>1;
porém, o país ainda não exporta esse produto para a Malásia. Os principais fornecedores desses produtos foram
Emirados Árabes Unidos, Japão, Cingapura, Suíça e Hong Kong.
70
Tabela 16 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER”
Grupos
Subgrupos
Nº de SH6
Metais e pedras
preciosas
Ouro em formas
semimanufaturadas
1
Crescimento
Importações da
médio anual das
Malásia em 2008 imp. Da Malásia
(US$)
2003 - 2008 (%)
2.427.205.826
Dinamismo
VCR do Brasil
Dinâmico
3,73
27,17
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS
•
Subgrupos A CONSOLIDAR
As importações malaias dos subgrupos “a consolidar” alcançaram US$ 122,8 milhões, com participação
de 62% do subgrupo “demais produtos têxteis” em 2008.
Tabela 17 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR”
Grupos
Subgrupos
Calçados Calçados
e suas
Partes de calçados
partes
Metais e
Pedras preciosas e
pedras
semipreciosas
preciosas
Têxteis
Demais produtos têxteis
Crescimento
Exportações
Crescimento
médio dos
Participação
Principal
brasileiras
médio do Brasil
concorrentes
brasileira em concorrente em
para o país
entre 20003entre 200032008 (%)
2008
em 2008 (US$)
2008 (%)
2008 (%)
36.257.186
1.870.569
44,68
163,38
5,16
Vietnã
3.544.956
373.954
34,06
26,51
10,55
China
Importações
Nº de SH6 do país em
2008 (US$)
1
1
Participação do
principal
concorrente em
2008 (%)
38,87
52,22
1
6.196.074
413.592
63,71
15,14
6,68
Vietnã
42,76
2
76.407.111
2.155.656
6,09
59,93
2,82
Índia
21,81
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
Dentro do subgrupo “demais produtos têxteis”, o SH6 de destaque foi “algodão, não cardado nem
penteado” (US$74 milhões). “Outros fios têxteis, lâminas e formas semelhantes, revestidos ou recobertos de
borracha ou plástico” contribuíram com US$ 2,3 milhões das importações. O crescimento médio brasileiro para
têxteis foi de 59,93%, enquanto o crescimento médio dos concorrentes ficou em 6,09%. A Índia foi o principal
concorrente e participou com 21,81% do mercado, enquanto o Brasil limitou-se a escassos 2,82%.
“Calçados e suas partes” foi o segundo grupo mais importado dos grupos classificados “a consolidar”.
Apesar do Vietnã possuir uma participação de 38,87%, o crescimento médio do Brasil no período 2003-2008, foi
de 163,38%, bem superior à média dos concorrentes, que foi de 44,68%. Esse crescimento mostra que o Brasil
pode ganhar participação de mercado e aumentar suas exportações. Em relação ao setor de calçados, além da
forte presença da China, o crescimento médio das exportações brasileiras foi inferior ao dos concorrentes. O
gráfico abaixo mostra os principais fornecedores de calçados para a Malásia:
71
Gráfico 23 – Participação dos principais fornecedores do subgrupo “calçados” (%) – 2003 a 2008
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
2003
2004
2005
2006
2007
2008
Vietnã
4,5
14,4
22,6
22,2
24,3
38,8
Inglaterra
2,2
1,9
3,5
25,9
12,9
18,0
China
59,1
57,8
30,4
16,4
25,1
12,7
Indonésia
8,8
5,8
9,8
4,6
3,8
5,4
Brasil
0,3
2,0
4,3
3,7
5,3
5,2
Outros
25,1
18,0
29,4
27,1
28,6
20,0
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
A análise do Gráfico 23 demonstra que houve uma desconcentração do mercado, já que a participação da
China caiu de 59,1% em 2003 para 12,7% em 2008. Durante o período analisado, a Inglaterra chegou a ter 25,9%
do mercado em 2006; esse indicador, porém, caiu para 18% em 2008. O Brasil teve um pequeno aumento na
participação, que chegou a 5,2%, enquanto o Vietnã expandiu sua participação para 38,8%, tornando-se o
principal fornecedor.
As importações de pedras preciosas e semipreciosas somaram de US$ 6,19 milhões, garantindo ao Brasil
uma participação de somente 6,68%. O Vietnã foi o principal concorrente e sua participação naquele mercado foi
de 42,76%. Devido à superioridade do crescimento médio de seus concorrentes, é possível que o Brasil perca
mercado caso não melhore as exportações para a Malásia.
•
Subgrupos EM DECLÍNIO
Nessa classificação, apenas os subgrupos “em declínio” foram classificados no complexo de moda. As
importações da Tabela 18 somaram US$ 111,6 milhões.
72
Tabela 18 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “EM DECLÍNIO”
Grupos
Subgrupos
Higiene pessoal e
Higiene pessoal e
cosméticos
cosméticos
Peles, peleteria e couros e
seus artefatos (exceto
Couro
calçados e suas partes)
Têxteis
Confecções
Nº de
SH6
Importações da
Malásia em 2008
(US$)
Crescimento
Crescimento
Importações da
Malásia
médio dos
médio do
Participação
provenientes
concorrentes
Brasil entre brasileira em
do Brasil em entre 2003 -2008 2003 - 2008
2008 (%)
2008 (US$)
(%)
(%)
1
136.833
11.833
7
105.354.899
6.116.073
3
Principal
concorrente
em 2009
Participação
do principal
Classificação
concorrente
em 2008 (%)
1,26
-16,87
8,65
Estados Unidos
48,90
Em declínio
5.215.118
11,57
-25,14
4,95
Índia
37,28
Em declínio
407.100
43,42
,00
6,66
China
48,23
Em declínio
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
O principal subgrupo importado foi “couro”, que representou 94,3% do total importado dos grupos
classificados na tabela. Seus dois principais SH6(s) foram: “outros couros e peles curtidos, de bovinos ou de
eqüídeos,
depilados,
no
estado
seco
("crust")”
(US$
54,2
milhões)
e
“couros e peles curtidos, de bovinos ou de eqüídeos, depilados, no estado seco ("crust"), plena flor; não divididos;
divididos, com a flor” (US$ 27,9 milhões). Esses dois produtos representaram 78% do subgrupo “couro”. O
principal concorrente do Brasil nesse subgrupo foi a Índia, que obteve 37,28% do mercado. A posição do Brasil é
preocupante, já que seu crescimento médio foi negativo (-25,14%) e o crescimento dos concorrentes foi de
11,57%, o que indica uma possível perda de mercado.
No subgrupo “confecções”, os principais SH6(s) que se destacaram foram “cintas e cintas-calças” (US$2,8
milhões); “modeladores de torso inteiro (cintas "soutiens")” (US$2,3 milhões) e “luvas, mitenes e semelhantes,
de malha, impregnadas, revestidas ou recobertas, de plástico ou de borracha” (US$ 896 mil).
Higiene pessoal e cosméticos foi o grupo menos importado dentre os classificados como “em declínio”,
composto por um único produto “óleo essencial de laranja”. A participação do Brasil foi de somente 8,65% e os
Estados Unidos foram seu principal concorrente, com 48,90% do mercado.
Apesar do crescimento médio
brasileiro ser de -16,85%, o de seus concorrentes foi de somente 1,26%.
MULTISSETORIAL
Nesta seção são analisados os subgrupos que ou estão em mais de um complexo ou não pertencem a
nenhum dos quatro complexos já analisados.
EXPORTAÇÕES INCIPIENTES
As oportunidades multissetoriais somaram US$25,9 milhões e vários tipos de produtos apareceram como
oportunidades “a desenvolver”. O produto com o maior valor importado foi “petróleo e derivados de petróleo”,
com 43 produtos.
73
Tabela 23 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER”
Grupos
Subgrupos
Metais nãoferrosos
Barras, perfis, fios,
chapas e tiras, de
alumínio
Catodos de cobre
Ligas de alumínio
Papel e
celulose
Petróleo e
derivados de
petróleo
Produtos
metálurgicos
Produtos
químicos
Nº de
SH6
Crescimento
Importações da
médio anual das
Malásia em 2008
imp. Da Malásia
(US$)
2003 - 2008 (%)
Dinamismo
VCR do
Brasil
14
916.086.875
26,32
Muito dinâmico
0,91
1
1
1.287.687.689
400.815.894
40,70
23,03
Dinâmico
Muito dinâmico
0,82
1,87
Papel e suas obras
112
1.702.237.937
12,64
Muito dinâmico
0,83
Petróleo e derivados
de petróleo
43
17.027.566.604
29,86
Intermediário
0,83
Fio - máquinas e
barras de ferro ou
aço
27
578.041.632
29,10
Intermediário
1,54
76
2.897.760.110
23,56
Dinâmico
1,08
184
1.114.151.705
17,09
Intermediário
1,78
Produtos laminados
planos de ferro ou
aço
Produtos químicos
inorgânicos
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
Dentre as oportunidades para o Brasil, o subgrupo “papel e suas obras foi classificado como “muito
dinâmico” e apresentou um crescimento anual de 12,64%. As importações somaram US$1,7 bilhão, porém, há
uma desconcentração, já que as oportunidades estão dispersas em 112 produtos. Os principais produtos
importados foram: “papéis jornais, em rolos ou em folhas outros papéis e cartões de camadas múltiplas,
revestidos de caulim, em rolos ou em folhas” (US$ 109 milhões); “papéis contendo &lt; = 10% de fibras obtidas
por processo mecânico” (US$102,1 milhões); “absorventes e tampões higiênicos, fraldas para bebês e artigos
higiênicos semelhantes, de papel” (US$89,9 milhões) e “outros papéis, cartões, pasta de celulose e mantas de
fibras de celulose, em rolos ou folhas” (US$ 86,80 milhões).
EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS
•
Subgrupos A CONSOLIDAR
No complexo multissetorial, apenas três grupos foram classificados como “a desenvolver”. O grupo de
maior peso nas importações desses produtos foi “produtos laminados planos de ferro ou aço”. Esse resultado
evidencia um momento de alta no setor de construções da Malásia, já que o subgrupo também apareceu como
oportunidades em outras análises.
74
Tabela 24 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR”
Grupos
Subgrupos
Demais produtos
de borracha e suas
obras
Demais produtos
metalúrgicos
Produtos
Produtos
metálurgicos
laminados planos
de ferro ou aço
Demais minérios
Produtos minerais
metalúrgicos
Borracha e suas
obras
Importações
da Malásia
Nº de SH6
em 2008
(US$)
Exportações
brasileiras
para o país
em 2008
(US$)
Crescimento
Crescimento
médio dos
Participação
médio do Brasil
concorrentes
brasileira em
entre 20003entre 200032008 (%)
2008 (%)
2008 (%)
Principal
concorrente
em 2008
Participação do
principal
concorrente em
2008 (%)
2
21.122.231
2.084.050
33,02
45,44
9,87
Japão
36,30
3
96.455.107
7.137.244
27,88
137,30
7,40
Chile
33,15
5
620.811.330
22.278.456
48,46
27,21
3,59
Coréia do Sul
13,78
1
87.372.031
7.029.441
9,61
650,08
8,05
África do Sul
24,46
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
Apenas cinco produtos foram classificados como oportunidades “a consolidar” dentro do subgrupo de
“produtos laminados planos de ferro ou aço”. O SH6 mais importado do subgrupo foi “produtos laminados
planos, de ferro ou aços não ligados, de largura =&gt; 600mm, não enrolados” (US$ 289,5 milhões) e os outros
quatro SH6(s) foram ”produtos laminados planos, de aços inoxidáveis, laminados a quente, de largura =&gt;
600mm, em rolos, de várias espessuras” (US$331,2 milhões). O crescimento do Brasil ficou abaixo da média de
seus concorrentes e o principal fornecedor foi a Coreia do Sul, com 13,78% de participação.
O segundo subgrupo mais importado, “demais produtos metalúrgicos”, apresentou somente três
produtos: “produtos ferrosos obtidos por redução direta dos minérios de ferro” (US$37,5 milhões); “fios de ferro
ou aços não ligados, não revestidos, mesmo polidos” (US$8,6 milhões) e “recipientes para gases comprimidos ou
liqüefeitos, de ferro fundido, ferro ou aço” (US$ 50,2 milhões). Nesse mercado, o Brasil ainda tem muito a
ganhar, já que seu crescimento médio foi de 137,30%, bem superior ao do seu concorrente (27,88%).
O subgrupo que apresentou maior crescimento (650%) foi “demais minérios metalúrgicos” e o único
produto classificado foi “minérios de estanho e seus concentrados”. As importações somaram US$ 87,3 milhões e
o principal fornecedor para esse mercado foi a África do Sul em 2008 (Gráfico 15). Nota-se, no gráfico abaixo, que
houve uma desconcentração de fornecedores. A Indonésia, que era o principal fornecedor, com 50% do mercado
em 2003, perdeu participação em 2008, ficando com 11,6%.
75
Gráfico 25 – Participação dos principais fornecedores do subgrupo “minérios de estanho e seus concentrados” 2003 a 2008
70,0
60,0
50,0
40,0
30,0
20,0
10,0
0,0
2003
2004
2005
2006
2007
2008
África do Sul
7,4
15,2
23,6
26,5
32,8
26,2
Congo
0,0
0,0
0,0
0,0
8,1
16,9
Austrália
10,1
6,3
18,4
10,1
13,4
14,2
Indonésia
49,9
23,5
19,6
4,7
10,7
11,6
Ruanda
0,4
9,5
7,4
0,5
3,9
9,1
Brazil
0,0
0,0
0,0
0,2
2,7
7,4
Outros
32,3
45,4
31,1
58,0
28,6
14,5
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
Os países africanos apresentaram um bom desempenho no fornecimento desse produto. O Congo entrou
como principal fornecedor em 2007 e dobrou sua participação em 2008, saltando para 16,9%. Apesar da Ruanda
apresentar variação em sua participação durante o período analisado, teve melhor desempenho que o Brasil em
2008. A participação da África do Sul mais que triplicou entre 2003 e 2008.
•
Subgrupos CONSOLIDADOS e EM DECLÍNIO
O grupo “madeiras, cortiças e obras de trançaria” aparece novamente como oportunidade; porém, desta
vez, o subgrupo “madeira compensada ou contraplacada” é classificado como “em declínio”. O Brasil apresentou
um crescimento médio negativo de -2,11%, sendo que seu principal concorrente foi a China, que participou com
54,54% do mercado. Vale ressaltar que o crescimento médio dos concorrentes foi de 99,10%.
76
Tabela 25 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “CONSOLIDADOS” e “EM DECLÍNIO”
Grupos
Metais não-ferrosos
Papel e celulose
Produtos
metalúrgicos
Produtos minerais
Produtos para
fotografia
Subgrupos
Nº de SH6
Importações da Crescimento
Crescimento
Participação
médio dos
Participação
Principal
Importações da
Malásia
médio do Brasil
do principal
brasileira em concorrente
Classificação
Malásia em
provenientes concorrentes
entre 2003 concorrente
entre 2003 2008 (%)
em 2009
2008 (US$)
do Brasil em
2008 (%)
em 2008 (%)
2008 (US$)
2008 (%)
Demais produtos
de metais nãoferrosos
2
5.799.103
Papel e suas
obras
1
Celulose
3
Ferro fundido bruto
e ferro "spiegel"
(ferro gusa)
Alemanha
44,57
Em declínio
,30
Japão
26,09
Em declínio
86,98
Canadá
6,30
Consolidado
32,83
Austrália
11,96
Em risco
-,17
51,02
Japão
28,00
Em risco
61,88
135,49
82,38
Alemanha
8,92
Consolidado
23,49
63,80
67,47
Chile
20,32
Consolidado
3,45
,00
29,09
Alemanha
40,60
Em declínio
105.032
14,94
-27,43
15.034.030
45.698
15,42
-25,44
99.995.543
86.978.727
2,07
580,45
3
149.737.472
49.165.128
40,56
7,54
Produtos
sem imanufaturado
s de ferro ou aço
1
23.273.840
11.873.217
1,90
Ferro-ligas
1
4.239.531
3.492.589
Minérios de ferro
2
560.214.811
378.004.059
Produtos para
fotografia
1
1.810.778
526.672
1,81
Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS.
O grupo “produtos minerais” foi classificado como “consolidado”, já que a participação brasileira ficou
acima dos 30%. Os principais produtos importados nesse subgrupo foram “minérios de ferro não aglomerados ou
aglomerados e seus concentrados”, sendo que o Brasil foi o principal fornecedor.
Selecionando por critério de valor importado, “ferro fundido bruto e ferro "spiegel" (ferro gusa)” foi o
segundo produto mais importado, registrando US$ 149,7 milhões. Os principais fornecedores desses produtos
foram Japão, China, África do Sul, Coreia do Sul e Indonésia. O Brasil foi o 13º maior fornecedor desse produto
para a Malásia.
No grupo “papel e celulose”, o subgrupo “celulose” apresentou maior valor nas importações que “papel e
suas obras”. No subgrupo “celulose”, “pasta química de madeira de não conífera, à soda ou sulfato,
semibranqueada ou branqueada” representou US$ 91,1 milhões. Os principais fornecedores desse produto foram
Brasil, Canadá e Tailândia. No subgrupo “papel e suas obras”, os principais fornecedores foram Japão, Estados
Unidos e Alemanha.
77
PARTE 6
ANEXOS
78
Anexo 1
Metodologia de identificação de oportunidades para as exportações brasileiras em
determinado mercado-alvo
O trabalho de identificação de oportunidades para as exportações brasileiras se inicia com o
levantamento de todos os produtos (SH6) que o mercado-alvo importou do mundo nos últimos seis anos. Esses
produtos são separados em dois grupos: produtos com exportações expressivas e produtos com exportações
incipientes. Para identificar quais produtos têm exportações expressivas, são realizados 3 passos, na ordem
estabelecida abaixo :
1º - Identificam-se os produtos, cuja participação média das exportações brasileiras em relação à média
do total importado pelo mercado-alvo tenha sido superior a 1% nos últimos seis anos;
2º - Desconsidera-se o primeiro quartil formado pelos produtos identificados no passo 1. Consideramse, assim, apenas os produtos que estão entre os 75% com maior participação nas exportações brasileiras para o
mercado-alvo;
3º - Verifica-se, então, se as exportações dos produtos identificados ao final do passo 2 são contínuas.
Exportações contínuas são aquelas que, a partir da primeira venda efetuada, não são interrompidas em nenhum
ano posterior. Analisando-se, por exemplo, um período de quatro anos, se determinado produto foi vendido
apenas nos dois primeiros anos, suas exportações são descontínuas. Se, no entanto, as vendas do produto se
iniciaram no terceiro ano e se repetiram no quarto, suas exportações são consideradas contínuas.
Os produtos com exportações incipientes são aqueles excluídos de um dos três passos acima descritos.
Dessa maneira, assegura-se que todos os produtos importados pelo mercado-alvo, mesmo os que não são
exportados pelo Brasil, tenham participado da análise de oportunidade. Uma vez separados os produtos que têm
exportações expressivas dos que têm exportações incipientes, ambos são agregados em grupos. A partir de
então, os grupos de produtos com exportações expressivas e incipientes são analisados separadamente por meio
de diferentes critérios metodológicos.
Análise de oportunidades para grupos de produtos com exportações expressivas
Para se identificar, no conjunto de exportações expressivas, os grupos de produtos que têm maior
destaque no mercado-alvo são analisados, num período de seis anos, dois indicadores:
79
1 – A contribuição de cada grupo de produtos para o crescimento das importações totais do mercadoalvo ou das exportações brasileiras para esse mercado;
2 – O crescimento médio das importações totais do mercado ou das exportações brasileiras do grupo de
produtos.
Aplica-se uma média geométrica simples nesses dois valores, chegando a dois índices para cada grupo
de produtos: um considerando as importações totais do mercado e, outro, as exportações brasileiras nesse
mercado. Os grupos que alcançarem um desempenho superior à média geral em ao menos um dos índices são
avaliados mais detalhadamente.
A inclusão da contribuição para o crescimento na construção desse índice busca minimizar o chamado
“efeito base” sobre a taxa de crescimento dos grupos de produtos. Esse efeito ocorre porque os grupos de
produtos com menor valor exportado tendem a indicar taxas de crescimento superiores àquelas atingidas pelos
grupos de produtos com maior valor exportado. A taxa de contribuição para o crescimento aponta para um
movimento contrário, em que os grupos de produtos com maior participação na pauta de exportação ou
importação, em princípio, apresentarão uma taxa mais elevada que os grupos de produtos com menor
participação. A média geométrica dessas duas taxas visa suavizar os grupos com baixo valor exportado e forte
taxa de crescimento, tornando a análise mais eficiente. Já o cruzamento entre as importações totais do mercado
e as exportações brasileiras destinadas ao mercado-alvo busca avaliar os grupos de produtos, tendo em conta
tanto a demanda do mercado (importações totais) como a oferta brasileira para o mercado (exportações
brasileiras).
Os grupos de produtos com exportações expressivas são classificados em cinco categorias:
“consolidados”, “em risco”, “em declínio”, “desvio de comércio” e “a consolidar”. A classificação é feita,
considerando-se:
•
O posicionamento do Brasil em relação a seus concorrentes em cada grupo de produtos. Isso é
verificado por meio da análise da participação brasileira e do principal concorrente nas importações do mercadoalvo no último ano do período considerado e do crescimento médio das exportações brasileiras em relação ao
crescimento médio das exportações dos concorrentes.
•
A especialização do Brasil na exportação de produtos daquele grupo em relação à especialização
exportadora do principal concorrente, definida a partir do cálculo da Vantagem Comparativa Revelada (VCR) de
cada país41.
41
A VCR é calculada pela participação do grupo de produtos nas exportações totais brasileiras para o mundo em relação à participação do mesmo grupo nas
exportações mundiais totais.
80
Um grupo de produtos é considerado “consolidado” quando o Brasil já tem, no mínimo, 30% de
participação no mercado-alvo e o crescimento médio das exportações brasileiras é igual ou superior ao
crescimento médio das exportações dos concorrentes no período considerado. A característica principal desses
grupos de produtos é que eles já gozam de uma situação confortável no mercado-alvo, o que demanda apenas
esforços para sua manutenção.
Os grupos de produtos considerados “em risco” são aqueles em que o Brasil tem uma participação de
mercado igual ou superior a 30%, mas o crescimento médio das exportações dos concorrentes supera em mais de
50% o crescimento médio das exportações brasileiras, o que significa que a posição do Brasil encontra-se
ameaçada.
Grupos de produtos com “desvio de comércio” são aqueles cujo crescimento médio das exportações
brasileiras é inferior ao das exportações dos concorrentes, apesar do Brasil apresentar vantagens na exportação
do grupo de produtos observado (
>1), ao contrário de seu principal concorrente (
). Isso
indica que há algum elemento não determinado pela simples observação dos fluxos comerciais globais
favorecendo o principal concorrente do Brasil no mercado-alvo. Pode ser a existência de acordos comerciais, a
proximidade geográfica, entre outros. Para se contornar o desvio de comércio são necessários esforços que
normalmente vão além da promoção comercial.
Um grupo de produto está “em declínio” se não há diferença de especialização na exportação entre o
Brasil e o principal concorrente (VCRBR>1 e VCRConc.>1 ou VCRBR<1 e VCRConc.<1) e a variação média das exportações
brasileiras é negativa. A situação de declínio também acontece quando, ao mesmo tempo, o crescimento das
exportações do Brasil é positivo, porém inferior a 15%42 e a taxa de crescimento dos concorrentes é o dobro da
taxa de crescimento brasileira.
Nos grupos de produtos classificados como “a consolidar”, a participação do Brasil no mercado-alvo é
inferior a 30%, mas as exportações brasileiras acompanham o ritmo dos concorrentes ou são mais aceleradas.
Esses são os grupos de produtos onde estão as melhores oportunidades para o aumento das exportações
brasileiras. Por isso, eles são investigados mais profundamente. Para tanto, os grupos de produtos “a consolidar”
são abertos em subgrupos. O objetivo é encontrar os segmentos mais significativos para o desempenho do grupo
como um todo. Os subgrupos recebem classificação semelhante às dos grupos “consolidado”, “em risco”, “em
declínio” e “a consolidar”. Apenas a categoria de desvio de comércio não é utilizada para subgrupos, porque
neste ponto não se considera o principal concorrente do Brasil. Nos casos em que a participação brasileira no
42
A taxa média anual de crescimento abaixo de 15% foi definida como valor máximo para um grupo caracterizar-se como “em declínio” porque, acumulada
em um período de seis anos, representa um crescimento total de aproximadamente 100% no valor exportado pelo Brasil. Assim, ainda que a taxa de
crescimento das exportações brasileiras seja menos da metade da taxa dos concorrentes, considera-se que a variação total das vendas do Brasil para o
mercado foram significativas, e o grupo de produtos não poderia ser caracterizado como “em declínio”.
81
mercado-alvo for inferior a 30% e o crescimento das exportações nacionais for menor que o dos concorrentes, o
grupo de produtos poderá estar “em declínio” ou “a consolidar”.
Da mesma forma que os grupos de produtos, os subgrupos “a consolidar” são considerados como as
principais oportunidades para as exportações brasileiras. Neste caso, são levantados os produtos, representados
por códigos SH6, mais significativos. Para isso, utilizam-se duas variáveis:
1 - Contribuição de cada produto para o crescimento total das exportações brasileiras do subgrupo;
2 - Tendência de crescimento de cada produto. Essa tendência é calculada comparando-se o valor
exportado pelo Brasil no último ano do período analisado com a média do valor exportado nos últimos três anos.
Produtos que contribuíram mais que a média para o crescimento do seu subgrupo e que foram mais exportados
no último ano que na média dos últimos três anos são considerados mais determinantes para o desempenho
positivo do subgrupo.
Análise de oportunidades para grupos de produtos com exportações incipientes
No caso das exportações incipientes, as variáveis adotadas para seleção dos principais grupos e
subgrupos de produtos levam em conta apenas a demanda do mercado-alvo (dados de importações), já que o
Brasil ainda não se estabeleceu no país com esse conjunto de produtos.
Em primeiro lugar, determina-se o dinamismo do grupo de produtos. O dinamismo relaciona o
desempenho das importações do mercado-alvo com as importações mundiais. Calcula-se a média entre as taxas
de crescimento do primeiro e do último biênio do período em análise, tanto para as importações do mercado de
um determinado grupo de produtos quanto para as importações mundiais totais. Essa média é calculada para
minimizar os efeitos de grandes variações de valores ao longo do período, que podem ser causadas não por um
aumento de quantidades importadas, mas por um aumento anormal de preços ou pela inflação, por exemplo. O
dinamismo do grupo de produtos no mercado será determinado pela comparação de sua média com a média das
importações mundiais totais.
Em relação ao dinamismo, um grupo de produtos pode estar “em decadência”, apresentar “baixo
dinamismo”, “dinamismo intermediário”, ser “dinâmico” ou “muito dinâmico”. Apenas os grupos dinâmicos e
muito dinâmicos prosseguem na análise. Para eles, é calculada a vantagem comparativa do Brasil, com o objetivo
de avaliar se a economia brasileira tem oferta exportável para entrar no mercado-alvo com aquele grupo de
produtos.
82
Os grupos de produtos em que o Brasil tem VCR acima de 0,7 são classificados como “a desenvolver”, ou
seja, aqueles em que o Brasil apresenta maiores chances de abertura de mercado. Esses grupos, assim como os “a
consolidar”, do conjunto de exportações expressivas, são abertos em subgrupos. Para os subgrupos “a
desenvolver”, o Brasil também deverá apresentar VCR mínima de 0,7 e os subgrupos deverão ser
“intermediários”, “dinâmicos” “muito dinâmicos”. Mas, nesse caso, o dinamismo será avaliado tendo-se em conta
não a média das importações mundiais totais, mas a média das importações do mercado para o grupo de
produtos no qual o subgrupo se insere. Os subgrupos “a desenvolver” são aqueles que impulsionam o
desempenho do grupo e, portanto, representam as principais oportunidades do conjunto de exportações
incipientes, sendo analisados com mais profundidade.
Os principais produtos dentro de cada subgrupo são determinados a partir da VCR do Brasil nas
exportações daquele produto para o mundo e da tendência de crescimento das importações daquele produto.
Produtos para os quais a VCR do Brasil seja maior que 0,7 e que tenham sido mais importados pelo mercado-alvo
no último ano de análise que na média dos últimos três anos são considerados como os mais determinantes para
o desempenho positivo do subgrupo.
83
Anexo 2
SHs referentes às exportações EXPRESSIVAS
020230
021011
021019
021020
071332
090111
090700
100510
150710
151221
151229
152110
170111
180631
180690
200911
200919
200931
200969
210111
210112
210610
240110
240120
240130
252400
252490
260111
260112
260900
290944
291413
291440
291539
291811
291814
292229
292242
292320
300230
300320
330112
370400
391220
400259
400591
410411
410419
410441
410449
410711
410719
410799
440791
440792
440795
440799
440810
441232
441299
470200
470329
470500
480591
520100
560490
611610
621220
621230
640399
640699
680430
710310
720110
720120
720150
720293
720310
720711
720851
720852
721710
721912
721913
721914
730419
730439
730459
731100
740620
750712
821192
821210
841013
841311
842481
842920
845530
846781
851210
854610
870120
870190
870600
902121
970190
84

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