o documento na íntegra - Academia da Vinha e do Vinho
Transcrição
o documento na íntegra - Academia da Vinha e do Vinho
Perfil-País MALÁSIA 2010 1 Apex-Brasil Alessandro G. Teixeira PRESIDENTE Maurício Borges DIRETOR DE NEGÓCIOS Ricardo Schaefer DIRETOR DE PLANEJAMENTO E GESTÃO Marcos Tadeu Caputi Lélis COORDENADOR DA UNIDADE DE INTELIGÊNCIA COMERCIAL E COMPETITIVA (UICC) Carla Ramos de Carvalho Patrícia Steffen AUTORAS DO ESTUDO Guilherme Pedretti Cangussu de Lima Roberta Peixoto Ataides COLABORADORES DO ESTUDO Simonny Valéria Soares REVISORA SEDE Setor Bancário Norte, Quadra 02, Lote 11, CEP 70.040-020 Brasília – DF Tel. 55 (61) 3426.0202 Fax. 55 (61) 3426.0263 E-mail: [email protected] © 2010 Apex-Brasil Qualquer parte desta obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. 2 APRESENTAÇÃO Este estudo traça um perfil da Malásia através da apresentação dos panoramas econômico, político e comercial daquele país. A ênfase maior é dada às relações comerciais malaias, mais detalhadamente, àquelas estabelecidas com o Brasil. Além de analisar os principais dados do comércio entre Brasil e Malásia, o trabalho também traz indicadores que estão envolvidos nas trocas comerciais entre esses dois países e as oportunidades de negócio para os exportadores brasileiros que desejam atuar no mercado malaio. Abaixo, são listadas as informações encontradas em cada uma das seis partes do estudo. Parte 1 Parte 2 Parte 3 Introdução Panorama Econômico Panorama Político Localização Pag.8 População Pag.8 Principais cidades Pag.10 Desempenho Econômico Pag.13 Política Interna Pag.22 Política Externa Pag.22 Relações Bilaterais Brasil-Malásia Pag.23 Política Comercial Parte 4 Panorama Comercial Acordos Comerciais Pag.25 Características do Mercado Ambiente de Negócios Infraestrutura e Logística Pag.26 Pag.29 Intercâmbio Comercial Evolução do Comércio Exterior da Malásia Pag.31 Destino das Exportações Malaias Pag.33 Principais produtos da pauta de exportações da Malásia Pag.34 Origem das Importações Malaias Pag.35 Principais produtos da pauta de importações da Malásia Pag.35 3 Intercâmbio Comercial Brasil – Malásia Corrente de Comércio Saldo Comercial Pag.39 Principais rodutos importados pelo Brasil da Malásia Pag.40 Pag.43 Índice de Intensidade de Comércio Pag.44 Índice de Diversificação/Concentração das Exportações (HH) Pag.46 Índice de Comércio Intrassetor Industrial Pag.47 Índice de Especialização Exportadora Pag.49 Índice de Preços e Índice de Quantum Pag.51 Parte 6 Anexos Pag.54 Agronegócios, alimentos e bebidas Pag.56 Máquinas e Equipamentos Pag.60 Casa e Construção Pag.65 Moda Pag.69 Multissetorial Pag.73 Oportunidades Brasil na Malásia Pag.42 Índice de Complementaridade de Comércio Apresentação da Metodologia de Identificação das Oportunidades Comerciais Comerciais para o Pag.38 Principais produtos exportados pelo Brasil para a Malásia Indicadores de Comércio Parte 5 Pag.36 Anexo 1: Descrição da Metodologia de Identificação de Oportunidades Comerciais Pag.79 Anexo 2: SH6 referentes às exportações expressivas Pag.84 A Unidade de Inteligência Comercial e Competitiva responsável pelo desenvolvimento deste estudo gostaria de saber sua opinião sobre ele. Se você tem comentários ou sugestões a fazer, por favor, envie email para: [email protected] 4 SUMÁRIO EXECUTIVO Localizada no sudeste asiático, a Malásia compõe-se dois territórios: a Malásia Peninsular e a Malásia Oriental, ao norte da Ilha de Bornéu. Seu território – 329,9 milhares de km2 – é o 66º maior do mundo e abriga o 14º maior contingente populacional da região1. A Divisão de População das Nações Unidas estima que, em 2010, tal contingente chegue a 27,9 milhões de pessoas, dos quais 27,8% irão se situar na zona rural (Gráfico 1). Em 2015, esta proporção será um pouco menor: de 24,3%. Quando se trata da magnitude da economia malaia, seu Produto Interno Bruto (PIB), medido pelo valor corrente da moeda nacional convertida em dólares estadunidenses, chegou a US$ 221,6 bilhões no ano de 2008, posicionando-a na 39ª colocação no ranking mundial. No entanto, se o conceito utilizado for o de PIB por paridade de poder de compra (PPC), mais apropriado para a análise do padrão de vida das populações, o país sobe nove degraus, assumindo o 30º lugar. Do ponto de vista da estrutura produtiva da economia malaia, em 2008, a agricultura respondia por 7,5% do produto; a indústria, por 37,2%; e os serviços, por 50,3%. De 2003 a 2008, o desempenho econômico da Malásia impressionou: o crescimento médio do PIB no período chegou a 5,7%. Para tanto, contribuíram o consumo privado aquecido e recuperação do investimento privado, que contrabalançaram o baixo gasto do governo. Em fins de 2008, entretanto, o cenário interno promissor começou a ruir, pois a Malásia mais uma vez sofria as conseqüências da sua dependência do setor externo e da instabilidade por que passava a economia mundial. Houve queda de 21,1% do valor total exportado em 2009 em relação a 2008 e a contração do PIB em 3,5 pontos percentuais. Para fazer a economia voltar a crescer em 2010 e estabilizar o mercado de ações, o governou lançou dois planos econômicos, cujos valores totais chegaram a 10% do PIB. Em 2010 o PIB deve se recuperar e chegar a e 1,3%. A Malásia se tornou independente da Grã-Bretanha em 1957. Desde então, seu regime político é de monarquia constitucional. O partido do atual primeiro ministro Najib Razak, Organização Nacional dos Malaios Unidos (UMNO, em inglês), mantinha-se à frente do poder na Malásia desde a independência do país, com grande maioria no parlamento. Entretanto, nas últimas eleições parlamentares, em 2008, a coalizão Frente Nacional (Barisan Nasional – NB), que é composta majoritariamente por membros da UMNO, conquistou somente 63% das cadeiras. Com apenas uma pequena maioria no parlamento, o primeiro ministro não consegue viabilizar emendas constitucionais, cuja sanção prevê a aprovação de dois terços daquela Casa. A disputa entre o primeiro ministro Najib Razak e o líder da oposição Anwar Ibrahim tem gerado instabilidade política na Malásia. Quanto ao comércio exterior malaio, entre 2003 e 2008, tanto exportações quanto importações cresceram em torno de 13%, ao ano, em média. Contudo, como resultado da crise, em 2009, ambas cederam 22,6% e 20,3%, nessa ordem. Já em 2010, o fluxo comercial malaio deve retornar retorne a patamares muito 1 Em um total de 46 países na base de dados Euromonitor. 5 próximos aos de 2008. Em 2008, o saldo comercial foi 45,9% maior do que o de 2007 e alcançou o maior valor do período em análise: US$42,6 bilhões. Um superávit de tal monta só foi possível graças às vultosas exportações de commodities, que resultaram dos altos preços do óleo de dendê e dos minerais no primeiro semestre de 2008. As exportações de commodities de baixo conteúdo importado contribuíram em 73,6% para o valor exportado em 2008. Em 2009, o movimento do saldo comercial acompanhou a queda exportações e importações e reduziu-se em 15,7%. Debelados os piores meses da crise, acredita-se que o saldo chegará a US$ 36,6 bilhões em 2010. Historicamente a pauta exportadora da Malásia tem se amparado fortemente em eletrônicos, petróleo e gás. Em 2008, maquinários e equipamentos para transportes representaram 47,2% dos US$210 bilhões exportados pelo país. Cingapura, Estados Unidos e União Européia são os principais destinos das exportações malaias e receberam, respectivamente, 14,7%, 12,5% e 11,6% das exportações de bens em 2008. Por outro lado, a Malásia necessita importar maquinário e equipamentos, químicos e manufatura básica para sustentar seu setor manufatureiro. Em 2008, os principais fornecedores desses e outros produtos para o país foram China, Japão e Cingapura, com participação de mercado conjunta de 36,3%. Em 2008, a corrente comercial brasileira totalizou US$370,9 bilhões, batendo, assim, seu recorde histórico. Daquela quantia, US$ 2,5 bilhões resultaram da parceria comercial com a Malásia, o que se traduz em uma representatividade pouco significativa, de apenas 0,007%. No que se refere às exportações brasileiras, o cenário pouco se altera: em 2008, o Brasil direcionou apenas 0,44% de suas exportações à Malásia, sem que tenha havido mudanças consideráveis nos dez anos anteriores. Entre 1998 e 2008, esse percentual variou entre 0,24% e 0,47%, tendo atingido o seu valor máximo em 2002 e 2006, de 0,47%, para retornar aos 0,44% de 2008. Pela ótica das importações brasileiras, a Malásia tem representatividade duas vezes maior: de 0,99%, segundo os dados de 2008. Entre 1998 e 2008, a representatividade média foi de 0,84%, tendo alcançado um pico isolado de 1,06% em 2007. Assim sendo, em termos relativos, os dados constantes desse parágrafo sugerem, portanto, que a Malásia assume um papel discreto nas trocas comerciais com o Brasil, principalmente no que diz respeito às exportações brasileiras. A Malásia possui acordos comerciais tanto bilaterais como de alcance regional. Membro fundador da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o país também participa da Cooperação Econômica ÁsiaPacífico (APEC) e do Arranjo Preferencial de Tarifas do Grupo de Oito Países em Desenvolvimento. Estados Unidos, Japão e Paquistão são alguns dos países com os quais a Malásia já possui ou está negociando acordos de comércio bilateral 6 PARTE 1 INTRODUÇÃO LOCALIZAÇÃO / POPULAÇÃO 7 Localizada no sudeste asiático, a Malásia compõe-se dois territórios: a Malásia Peninsular e a Malásia Oriental, ao norte da Ilha de Bornéu. A área peninsular abriga a maior parte da população, sedia 11 dos 13 estados do país e faz fronteira com a Tailândia. Na porção insular, localizam-se os estados de Sabah e Sarawak, de vasta cobertura florestal e que têm como fronteiras Indonésia, Brunei e o Mar da China Meridional. Kuala Lumpur é a capital do país. Mapa 1 – Localização geográfica da Malásia Fonte: CIA,“The World Factbook”. Seu território – 329,9 milhares de km2 – é o 66º maior do mundo e abriga o 14º maior contingente populacional da região2. A Divisão de População das Nações Unidas estima que, em 2010, tal contingente chegue a 27,9 milhões de pessoas, dos quais 27,8% irão se situar na zona rural (Gráfico 1). Em 2015, esta proporção será um pouco menor: de 24,3%. Gráfico 1- População da Malásia (em milhares de pessoas) 2 Em um total de 46 países na base de dados Euromonitor. 8 30.047 27.920 25.653 23.274 7.287 7.770 8.308 8.849 14.424 2000 17.345 2005 População urbana 20.150 2010* População rural 22.760 2015* *Previsão Fonte: UN Population Division. Elaboração: UICC Apex-Brasil. O perfil etário e de gênero dos malaios, entre 1980 e 2020, é ilustrado no Gráfico 2. No início da década de 80 houve uma explosão demográfica que persiste até hoje e irá, possivelmente, ultrapassar 2020. Nesses 40 anos, a população irá mais do que dobrar. Em números, trata-se de um incremento de quase 19 milhões de pessoas. Nas duas últimas décadas, contudo, o ritmo de crescimento populacional será mais brando: 1,67% ao ano, contra 2,67% das duas décadas anteriores. Em 1980, jovens de até 19 anos representavam a maioria da população (51,3%); indivíduos entre 20 e 59 anos, 43,2%; e, com mais de 60 anos, 5,5%. Entre 1980 e 2000, a faixa de maior crescimento (95,1%) foi a de 20 a 59 anos, o que alterou as proporções das faixas etárias na população total. Desse modo, em 2000, 49,8% da população já se enquadravam no grupo com idade intermediária. Esse movimento se faz notar na pirâmide ilustrativa do ano 2000, com o alargamento das linhas na cor vermelha. Importa notar ainda que, de 1980 a 2020, a força de trabalho em potencial, definida pela participação de pessoas entre 15 e 65 anos, irá saltar de 7,8 milhões para 21,4 milhões. Outra tendência que se faz notar ao longo dos 40 anos é o envelhecimento paulatino da população. Nos anos 80, o número de idosos com mais de 60 anos não ultrapassava 5%; em 2020, porém, esse percentual deverá atingir 10%. Na pirâmide elaborada para 2020, o topo, em verde, mostra-se bem mais alargado do que nas figuras anteriores. Por fim, entre crianças e jovens, o número de meninos supera o de meninas. No entanto, à medida que a população envelhece, essa diferença diminui, invertendo-se a partir dos 40 anos. Quanto mais avançada a idade, maior torna-se o descompasso entre o número de homens e mulheres. Em 2020, para os idosos com mais de 80 anos, haverá 1,55 mulher para cada homem. 9 Gráfico 2 – Pirâmides etárias na Malásia – 1980, 2000, 2010 e 2020, da esquerda para direita – em milhões de habitantes 1980 2,0 Homens 1,5 1,0 > 80 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 Mulheres 0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2000 2,0 Homens 1,5 1,0 > 80 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 Mulheres 0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 Milhões 2010 2,0 Homens 1,5 1,0 > 80 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 Mulheres 0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,0 Milhões 2020 2,0 Homens 1,5 1,0 > 80 75-79 70-74 65-69 60-64 55-59 50-54 45-49 40-44 35-39 30-34 25-29 20-24 15-19 10-14 5-9 0-4 Mulheres 0,5 0,0 0,5 Milhões 1,0 1,5 2,0 Milhões Fonte: Divisão de População das Nações Unidas. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. PRINCIPAIS CIDADES Em relação aos grandes conglomerados urbanos da Malásia, conceituados como aqueles onde se superou a marca dos 750 mil habitantes, prevê-se que, em 2010, 14,0% da população malaia residirá em uma das três maiores cidades do país: Kuala Lumpur, Johore Bharu e Klang. Em valores absolutos, esse percentual corresponde a 4,2 milhões de moradores, dos quais 1,7 milhão irá se estabelecer na capital, Kuala Lumpur. Embora o percentual de malaios estabelecidos na capital esteja praticamente estável, oscilando não mais que 0,1 ponto a cada cinco anos, nas outras duas regiões metropolitanas, ocorre concentração populacional. Em 2000, 5,4% dos malaios residiam em Johore Bharu e Klang; em 2015, possivelmente serão 8,4% (Gráfico 3). 10 Gráfico 3 – População residindo em cada aglomeração urbana com 750 mil habitantes ou mais em 2007 (em %) 6,0% 5,0% 4,0% 3,0% 2,0% 1,0% 0,0% 2000 2005 2010* 2015** * Estimativa Kuala Lumpur Johore Bharu Klang ** Previsão Fonte: Divisão de População das Nações Unidas. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. No caso da vizinha Indonésia, a Divisão de População das Nações Unidas (DPNU) prevê que, em 2015, 12% dos então 251,6 milhões de habitantes residirão em cidades com mais de 750 mil moradores. Desse percentual, 4,3% irão se estabelecer na capital, Jacarta. Já para o Brasil os números diferem bastante: em 2015, 41,6% dos brasileiros deverão morar em grandes áreas metropolitanas. 11 PARTE 2 PANORAMA ECONÔMICO 12 DESEMPENHO ECONÔMICO Quando se trata da magnitude da economia malaia, seu Produto Interno Bruto (PIB), medido pelo valor corrente da moeda nacional convertida em dólares estadunidenses, chegou a US$ 221,6 bilhões no ano de 2008, posicionando-a na 39ª colocação no ranking mundial. No entanto, se o conceito utilizado for o de PIB por paridade de poder de compra (PPC), mais apropriado para a análise do padrão de vida das populações, o país sobe nove degraus, assumindo o 30º lugar (Tabela 1). Para efeito de comparação, na Ásia em desenvolvimento3, o PIB (PPC) malaio é o sexto maior, inferior aos da China, Índia, Indonésia, Tailândia e Paquistão. Por outro lado, o PIB (PPC) per capita de US$ 14.081,00 – 60º maior do mundo e típico de um país de médio desenvolvimento – é alcançado a partir da relativização do tamanho da economia pelo número de habitantes. O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) corrobora tal entendimento: a Malásia é a 66ª nação mais desenvolvida, com expectativa de vida de 74,6 anos e taxa de analfabetismo de 7,2%. A má distribuição de renda entre distintos grupos étnicos e o desequilíbrio regional estão entre os maiores problemas sociais do país. O índice de Gini4 da renda familiar é igual a 0,502, o que caracteriza a Malásia como a 12º nação mais desigual do mundo5. Do ponto de vista da estrutura produtiva da economia malaia; em 2008, a agricultura respondia por 7,5% do PIB; a indústria, por 37,2%; e os serviços, por 50,3%. Entre os principais produtos do setor agrícola, incluise o óleo de dendê. A esse respeito, o governo tem incentivado a unificação das plantações de dendezeiros, de modo a deixá-las sob o gerenciamento de uma única organização, potencialmente a maior do mundo, com a possibilidade de controle de 600 mil hectares de plantações do produto6. A indústria emprega 20% da força de trabalho malaia, e é dominada pela produção para o mercado externo, em especial de eletroeletrônicos. Com a queda recente da demanda internacional desses produtos, causada pela crise econômica, a indústria apresentou desempenho positivo em 2008 (1,3%) devido ao crescimento da procura interna. Entre 2007 e 2008, o setor de serviços chegou a crescer 7,3%, impulsionado pelo comércio, turismo e finanças. Em 2009, o setor ficou à beira da paralisação, com vários bancos em dificuldades. 3 Classificação utilizada pelo FMI, que inclui 26 países. 4 O Índice de Gini foi criado pelo matemático italiano Conrado Gini em 1912. É um dos indicadores adotado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) na mensuração do grau de desigualdade existente na distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seu valor varia de 0, quando não há desigualdade (a renda de todos os indivíduos tem o mesmo valor), a 1, quando a desigualdade é máxima (apenas um um indivíduo detém toda a renda da sociedade e a renda de todos os outros indivíduos é nula). 5 De acordo com o Euromonitor, que possui o dado para 84 países. 6 Country Profile Malaysia – Euromonitor. 13 Pela ótica da demanda agregada7, em 2008, o consumo privado correspondeu a 45,2% do PIB; o consumo público, a 12,5%; a variação dos investimentos, a 0,5%; a formação bruta de capital fixo, a 19,6% e as exportações de bens e serviços, a 103,6%. Já pelo lado da oferta agregada8, as importações de bens e serviços representaram 80,5% do PIB. Com efeito, o tamanho do superávit externo, considerando o comércio exterior de bens e serviços, alcançou 23,1% do PIB. Tabela 1- Indicadores socioeconômicos da Malásia Indicadores selecionados da Malásia Descrição 2008 1. Economia Crescimento do PIB (%)¹ PIB 2008 PPP (I$ bilhões)¹ PIB per capita - PPP ¹ PIB PPP share ¹ (%) Taxa de Inflação (%)¹ FBCF/PIB² IDE/PIB (%)² IDE - Estoque de entrada de investimento direto (US$ milhões)³ 2.População IDH (Índice de Desenvolvimento Humano) em 2007⁴ População em 2009 (milhões de habitantes)⁵ População economicamente ativa (mil)⁵ Taxa de desemprego (%)⁵ 3. Tecnologia, Competitividade e Instituições Network Readiness Index (Tecnologia de Informação), 2008-2009⁶ Gastos em Pesquisa e Desenvolvimento, média 2000-2005 (% do PIB)⁷ Exportações de Bens de Alta Tecnologia, 2005 (%do total manufaturado)⁸ Exportações de Bens de Alta Tecnologia, 2006 (%do total manufaturado)⁸ Índice de Competitividade Global 2009-2010⁶ Ranking 4,63 384,39 14.081 0,56 5,40 19,64 3,33 73262,12 30 60 66 44 38 0,829 28,098 11.297 3,30 66 44 40 112 4,76 0,59 54,61 53,78 4,87 28 45 3 4 24 Fontes: World Development Indicators 2009; World Economic Forum Competitiveness Report 2009; Human Development Report 2008 e 2009; International Trade Statistics, 2008; World Investiment Report , 2008; Global Information Technology Report, 2008; Euromonitor; World Economic Outlook Database, October 2009. (1) FMI. O Fundo considera 211 países para este ranking. (2) The Economist. A fonte considera 82 países para este ranking. (3) UNCTAD (4) PNUD. A ONU considera 179 países em seu ranking. O IDH é elaborado com base na renda, escolaridade e expectativa de vida (5) Euromonitor. A fonte considera 207 países para o ranking de população; 173 para população economicamente ativa e 137 para taxa de desemprego. 7 Demanda agregada é a quantidade de bens ou serviços que a totalidade dos consumidores deseja e está disposta a adquirir em determinado período de tempo e por determinado preço. É a soma das despesas das famílias, do governo e os investimentos das empresas, consistindo na medida da demanda total de bens e serviços numa economia." (SANDRONI, Paulo. Dicionário de Economia do Século XXI. Rio de Janeiro: Record, 2005, p.231. 8 Oferta agregada é a quantidade de bens ou serviços que o conjunto dos ofertantes produz e oferece no mercado, em determinado período de tempo e por determinado preço. É determinada somando-se as ofertas individuais a cada nível de preço." (id, 2005.p.601). 14 (6) World Economic Forum WEF. Indicador que procura capturar várias dimensões do processo de inovação tecnológica. O ranking inclui 127 países. (7) UNESCO. Índice que captura múltiplas dimensões da capacidade competitiva das nações. O ranking considera 134 países. (8) Banco Mundial. O Banco considera 157 países para este ranking. Após a crise financeira asiática de 1998, quando o PIB malaio recuou 7,4%, a economia do país voltou a crescer em 1999 e 2000 (6,2% e 8,7%), até sofrer novo revés em 2001. A demanda mundial por produtos manufaturados, particularmente de tecnologia de informação e comunicação, despencou naquele ano, consolidando um lento e sincronizado desaquecimento da economia global. A Malásia, dependente do setor externo, sentiu a queda da demanda por seus produtos. Em meio à crise, os preços de algumas das principais commodities exportadas pelo país, incluindo o petróleo, se retraíram. O resultado foi um minguado crescimento do PIB, de 0,52%, em 2001. Já no primeiro semestre de 2002, a economia malaia mostrou sinais de recuperação, estimulada pelo crescimento do consumo e do investimento público e pela elevação da demanda externa. De 2003 a 2008, o desempenho econômico da Malásia impressionou: o crescimento médio do PIB no período chegou a 5,7%. Contribuíram o consumo privado aquecido e a recuperação do investimento privado, que contrabalançaram o baixo gasto do governo. Em fins de 2008, entretanto, o cenário interno promissor começou a ruir, pois a Malásia mais uma vez sofria as consequências da sua vulnerabilidade frente às mudanças na economia mundial. A demanda externa – em especial de eletrônicos, petróleo e gasolina – tem sido o maior vetor de dinamismo da economia malaia. Prova disto é a contribuição de 94,4% das exportações para o PIB em 2008. Em 2009, já sob efeito da crise, a demanda externa arrefeceu, e não raras foram as atitudes protecionistas tomadas por diversos países. Para agravar a situação, soma-se o fato de os Estados Unidos – justamente o epicentro da crise – terem sido o 2º principal destino das exportações malaias em 2008. Esse conjunto de acontecimentos teve como resultados a queda de 21,1% do valor total exportado pela Malásia em 2009 em relação a 2008 e a contração de 3,5% do PIB. Para fazer a economia voltar a crescer em 2010 e estabilizar o mercado de ações, o governou lançou dois planos econômicos, cujos valores totais chegaram a 10% do PIB. O primeiro, anunciado ainda em 2008, priorizou projetos de infraestrutura e treinamento. O segundo, de março de 2009, foi o maior lançado no país, e traçou vários objetivos: socorro às firmas com escassez de crédito, estímulo ao consumo, apoio ao lançamento de ações em bolsa e financiamento de projetos sem previsão orçamentária. Com tais medidas, o governo pretende criar mais de 160 mil empregos. O empenho governamental em socorrer a economia malaia custará aos cofres públicos M$67 bilhões, ou cerca de US$ 20,5 bilhões, e implicará um déficit de mais de 7,0% do PIB. Além do lançamento dos planos, os gestores públicos tomam medidas de estímulo à demanda interna com a finalidade de tornar o país menos dependente das exportações. Em 2010 o PIB deve se recuperar e chegar a e 1,3%. 15 Passando-se à retrospectiva do comportamento inflacionário da economia malaia, também ilustrada no Gráfico 4, entre 2003 e 2007, o país apresentava taxas de inflação, medidas pelo índice de preços ao consumidor, de 2,1% em média. De 2003 a 2006, a tendência do indicador foi de alta. Em 2007, sobreveio queda para 2,0% e, em 2008, ocorreu um salto para 5,4%. O banco central da Malásia, Bank Negara Malaysia, atribuiu a escalada inflacionária dos três primeiros meses de 2008 ao aumento acentuado dos preços dos combustíveis e dos alimentos. Em 2009, a taxa de inflação recuou para 0,9%, devido à queda nos preços internacionais destes mesmos produtos. Para 2010, o FMI prevê 2,5% de inflação. Com respeito à política cambial9, em 2005, o país trocou o sistema de câmbio fixo pela flutuação suja10 do ringgit (denominação da moeda malaia). De acordo com o banco central, o monitoramento da moeda não ocorre para manter a taxa de câmbio em determinado patamar, mas para minimizar sua volatilidade. Uma cesta de moedas, cuja composição exata a entidade não divulga, serve de base para esse acompanhamento. Analistas da empresa de análise econômica e política Economist acreditam que essa cesta inclua moedas de importantes parceiros comerciais como o iuan (China), iene (Japão) e os dólares dos Estados Unidos e de Cingapura. Ademais, com o objetivo de auxiliar a Malásia a controlar sua moeda e protegê-la de ataques especulativos, foi proibido o envio de divisas a paraísos fiscais. Em meados de abril de 2008, o ringgit alcançou sua menor cotação contra o dólar em dez anos: M$3,1/US$1 em função de um grande superávit comercial e entrada de fluxos de capital de curto prazo. Ao final daquele mês, a fuga de capitais originada no contexto de crise global causou a inversão dessa tendência de valorização da moeda malaia. Como resultado, o ringgit desvalorizou-se em relação ao dólar. A média da cotação em 2009 foi de M$3,5/US$1 contra M$3,3/US$1 no ano anterior. Apesar de a economia ainda estar se recuperando da crise, o governo decidiu enfrentar os desequilíbrios fiscais e cortar gastos em 2010. Em 2008, o déficit orçamentário já havia chegado a 4,8% do PIB em consequência das políticas de subsídios. A expectativa das autoridades é que esse percentual chegue a 7,4% em 2009, devido às medidas adicionais de estímulo à economia. A redução dos gastos deve se pautar na eficiência econômica e na diminuição dos subsídios. Mediante o sucesso das ações, o governo espera uma redução do déficit para 5,6% do PIB em 2010. 9 Economist Intelligence Unit, Country Commerce Malaysia. 10 Na flutuação suja, o câmbio varia de acordo com o mercado, mas o Governo intervém caso a taxa oscile exageradamente. 16 Gráfico 4 - Crescimento do PIB e taxa de inflação da Malásia 6,8% 5,8% 5,3% 3,0% 5,8% 6,3% 4,6% 5,4% 3,6% 2,5% 2,0% 1,4% 1,3% 1,1% 0,9% 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010* -3,5% Crescimento do PIB Taxa de Inflação * Previsão Fonte: FMI. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. No que concerne aos aspectos sociais, a diminuição da desigualdade de renda, do desequilíbrio regional e da disparidade étnica são desafios centrais para o país. O índice de Gini do país está entre os maiores da Ásia. Além disso, regiões diferentes alcançaram graus de desenvolvimento humano diversificados. Sabah, a região mais empobrecida do país, tinha uma taxa de pobreza de 16% em 2007. Já no estado mais desenvolvido, o índice de pobreza não ultrapassa 0,7%. Grupos étnicos distintos também têm níveis de qualidade de vida diferentes. A maioria da população, que é malaia, é mais pobre do que a minoria chinesa. Enquanto a taxa de pobreza entre os malaios era de 5,1% 2007, esse mesmo indicador era de 0,6% para os chineses e de 2,5 para os indianos. O temor de que a má distribuição de renda gerasse tensões sociais, levou o governo malaio a implementar ações afirmativas, como a que obriga empregadores a contratar ao menos 30% de sua mão de obra entre malaios e indígenas. Tais ações têm sido bem-sucedidas, embora fortaleçam um ambiente econômico com menos liberdade. Ainda em respeito à distribuição de renda na Malásia, o Gráfico 5 especifica a participação dos lares por faixa de renda anual entre 2003 e 2008. Em 2008, 58,7% dos lares malaios recebiam até US$ 15 mil anuais (41,3% ganhavam acima). No caso da economia brasileira, para o mesmo ano, esse percentual localizava-se na faixa de 68,5%, de maneira que 31,5% dos lares brasileiros ganhavam acima do patamar de renda indicado. Entre 2003 e 2008, há uma tendência de alteração na composição percentual das faixas de renda por lares definidas no Gráfico 5. Os dados evidenciam um aumento relativo do número de lares que ganham entre 17 US$15.000 e US$65.000, de US$65.000 a US$150.000 e acima de US$150.000 anuais. Simultaneamente, há uma diminuição relativa nos lares que recebem renda anual de US$2.500 a US$15.000 e abaixo de US$2.500. Essa dinâmica de melhora da distribuição de renda das famílias malaias pode estar relacionada tanto às ações afirmativas expostas acima como ao desempenho econômico do país, tendo em vista que o PIB da Malásia cresceu em média 5,7% ao ano, entre 2003 e 2008. Outro componente que ajudou em parte na melhora do padrão de renda da Malásia, embora de forma artificial, foi a evolução da taxa de câmbio nominal da moeda malaia frente ao dólar estadunidense, uma vez que, as faixas de rendas são fixadas em US$. Nos cinco anos em foco, essa taxa diminuiu 13% no acumulado, alterando-se de RM$3,8/US$ para RM$3,3/US$ no fim do período, o que tornou os produtos importados relativamente mais baratos, aumentando o poder aquisitivo da população. No Brasil, a contribuição do câmbio para o aumento da renda das famílias foi ainda maior, uma vez que o real valorizou-se 38,9% neste mesmo quinquênio. Gráfico 5 - Participação dos lares por faixa de renda anual em 2003 e 2008 100% 90% 0,5% 1,0% 1,0% 2,8% 19,7% 80% 37,4% 70% acima de US$150.000 60% de US$65.000 a US$150.000 50% de US$15.000 a US$65.000 68,9% 40% de US$2.500 a US$15.000 30% 53,8% até US$2.500 20% 10% 9,8% 0% 4,9% 2003 2008 Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. A Malásia procura atrair investimentos, com algumas ressalvas. São bem-vindas iniciativas que promovam o desenvolvimento da economia, transfiram expertise técnica e gerencial, qualifiquem trabalhadores e abram postos de trabalho que os absorvam. Segundo fontes oficiais, a mera compra de ações para aquisição integral ou parcial de empresas é desestimulada. O governo exerce considerável influência na aprovação de projetos individuais e utilizou-se disto para restringir ações especulativas e conseguir acordos de joint venture e 18 transferência de tecnologia. Após a crise de 1998 e o abalo de 2001, restrições ao capital estrangeiro e requisitos de exportação foram relaxados para aumentar a atração de investimentos11. Investimentos estrangeiros em manufaturas para exportação e indústrias intensivas em capital e de alta tecnologia são prioridade para a Malásia. Entre os setores que mais os receberam constam: equipamentos elétricos e eletrônicos; petróleo e gás; biotecnologia; metalurgia e químicos. Ainda que, de modo geral, o governo malaio não apoie investimentos em indústrias de pouco valor agregado ou intensivas em trabalho, nas partes mais pobres do país, esse tipo de investimento pode ser bem-vindo. Nos anos 2000, os fluxos de investimentos estrangeiros diretos (IED) ganharam importância para a Malásia. Tome-se como exemplo o fluxo de entrada, medido como porcentagem da formação bruta de capital fixo (FBCF), que passou de 17,6%, na média de 1990 a 2000, para 18,4%, em 2008. Em valores absolutos, trata-se de US$ 8,1 bilhões, em 2008. A tendência de intensificação dos fluxos de IED entre 1997 e 2010 é mostrada no Gráfico 6. As quedas mais expressivas, de 1998 e 2001, ocorreram justamente nos momentos de turbulência da economia mundial. Na Malásia, o fluxo de entrada de IED como razão da FBCF em 2008, de 18,4%, fica acima do patamar do sudeste asiático (15,8%) e das economias em desenvolvimento (12,5%). No caso brasileiro, ainda que o montante de IED recebido em 2008 (US$ 45,1 bilhões) tenha sido sensivelmente maior do que na Malásia, como proporção do PIB, é menor: 15,1%. Na vizinha Indonésia, no mesmo ano, esse indicador não superou 5,6%. 11 Economist Intelligence Unit, Country Commerce Malaysia. 19 Gráfico 6- Malásia – fluxo de investimentos, 1997-2008 (US$ bilhões) 8,4 6,3 8,1 6,1 4,6 3,9 4,1 3,8 3,2 2,7 2,5 0,6 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Fonte: UNCTAD. Elaboração: UICC - Apex-Brasil. 20 PARTE 3 PANORAMA POLÍTICO 21 POLÍTICA INTERNA8 Política Interna12 A Malásia se tornou independente da Grã-Bretanha em 1957. Desde então seu regime político é de monarquia constitucional. O partido do atual primeiro ministro Najib Razak, Organização Nacional dos Malaios Unidos (UMNO, em inglês), mantinha-se à frente do poder na Malásia desde a independência do país, com grande maioria no parlamento13. Entretanto, nas últimas eleições parlamentares, em 2008, a coalizão Frente Nacional (Barisan Nasional – NB), que é composta majoritariamente por membros da UMNO, conquistou somente 63% das cadeiras14. Nessas mesmas eleições, a NB também perdeu representatividade nas assembléias estaduais. Essa perda de cadeiras no parlamento se deve ao aumento das tensões étnicas e da inflação conjugado à aparente incapacidade de se combater a corrupção15. Com apenas uma pequena maioria no parlamento, o primeiro ministro não consegue fazer emendas constitucionais, já que para isso é necessária a aprovação de dois terços dos membros daquela Casa. Razak, que está no poder desde 3 de abril de 2009, tem atualmente o desafio de aumentar a popularidade do seu partido. Para isso, o primeiro ministro adotou a estratégia de diversificar a velha política executada na Malásia, que beneficia somente os bumiputera, malaios étnicos e outros povos indígenas que representam cerca de 60% da população. Os outros 40% são formados majoritariamente pelos chamados chineses malaios. Atualmente disputas entre o primeiro ministro, Najib Razak, e o líder da oposição, Anwar Ibrahim, têm gerado instabilidade política no país. Política Externa16 POLÍTICA EXTERNA12 Após a sua independência em 1957, a Malásia adotou uma postura fortemente anticomunista e próocidente e concentrou seus esforços em manter sua independência. Entre 1970 e 1976, como membro da Organização da Conferência Islâmica (OCI), o país passou a se identificar como uma nação muçulmana. Ainda nos anos 70, a Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) 12 Country Commerce and Country report Malaysia, Economist Intelligence Unit. 13 Nas eleições de 2004 a coalizão Frente Nacional (Barisan Nasional – NB), a qual é composta majoritariamente por membro do partido UMNO, conquistou 90% das cadeiras do parlamento. 14 Country Commerce Malásia, Economist Intelligence Unit. 15 Country Commerce Malásia, Economist Intelligence Unit. 16 Fontes: Country Profile Malásia – Euromonitor e Ministério das Relações Exteriores da Malásia, disponível em: http://www.kln.gov.my/web/guest/evolution 22 passou a ser uma das prioridades da política externa da Malásia. Foi nesse período também que o país fortaleceu a sua política de não-alinhamento e equidistância das grandes potências. Já nos anos 80, a política externa do país tomou rumos mais econômicos. Também nesse período, a Malásia passou a defender fortemente os direitos e aspirações dos países em desenvolvimento e advogar pelo incremento do intercâmbio técnico e comercial entre os países em desenvolvimento. A partir disso, o país estreitou suas relações com países da África, América Latina e Leste Europeu, principalmente por meio do comércio e da transferência de tecnologia no âmbito da cooperação Sul-Sul. A partir de 2003, o país concentrou esforços, principalmente, em ter um papel de liderança influente na OCI, na ASEAN e no Movimento dos Não-Alinhados (MNA). A Malásia também prioriza a disseminação da imagem de uma nação islâmica tolerante e progressista. Atualmente, o país tem algumas desavenças no cenário internacional. Recentemente, a Malásia endureceu o tratamento aos trabalhadores ilegais em seu território. Como a maioria deles é proveniente da Indonésia, essa atitude acabou aumentando o mal-estar entre os dois países. Mal-estar, esse, causado por uma disputa territorial: a Malásia pressiona a Indonésia para que esta lhe devolva duas ilhas, Sipadan e Ligitan. A Malásia também tem problemas territoriais com as Filipinas e com a China. As Filipinas reivindicam o território de Sabah, mas o governo da Malásia rejeita essa reivindicação. Já no contencioso com a China, a Malásia é um dos diversos países que disputam a posse das ilhas Spratly, no Mar da China Meridional. RELAÇÕES BILATERAIS BRASIL-MALÁSIA As relações diplomáticas entre Brasil e Malásia iniciaram-se em 1959. Desde então, a relação entre os dois países é basicamente comercial e não muito estreita. O principal acordo comercial em vigor entre Brasil e Malásia foi assinado em 1996 e prevê “o desenvolvimento e fortalecimento das relações comerciais e econômicas entre os dois países” 17. Também em 1996, Malásia e Brasil assinaram um acordo de cooperação técnica no setor de ciência e tecnologia. Esse ajuste se propõe a beneficiar as seguintes áreas: “pesquisa industrial, microeletrônica, biotecnologia, padronização dos serviços eletrônicos e de teste, meio ambiente, gerenciamento da vida selvagem e recursos marinhos, sensoriamento remoto, informação científica e tecnológica, treinamento e gerenciamento em ciência e tecnologia, meteorologia e quaisquer outras áreas mutuamente acordadas.18” 17 Brasil Trade Net. Disponível em: <http://www.braziltradenet.gov.br/ARQUIVOS/Publicacoes/ComoExportar/CEXMalasia.pdf> Acesso em 15 abr 2010. 18 Acordo entre a República Federativa do Brasil e o Governo da Malásia sobre Cooperação Científica e Tecnológica. Disponível em: < http://www2.mre.gov.br/dai/b_mala_04_3109.pdf> Acesso em: 15 abr 2010. 23 PARTE 4 PANORAMA COMERCIAL 24 POLÍTICA COMERCIAL ACORDOS COMERCIAIS A Malásia possui acordos comerciais tanto bilaterais como de alcance regional. Membro fundador da Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN), o país também participa da Cooperação Econômica ÁsiaPacífico (APEC) e do Arranjo Preferencial de Tarifas do Grupo de Oito Países em Desenvolvimento. Estados Unidos, Japão e Paquistão são alguns dos países com os quais a Malásia já possui ou está negociando acordos de comércio bilateral. Malásia e Paquistão implementaram um acordo de livre comércio em janeiro de 2008. Esse ajuste prevê a liberalização de bens, produtos, serviços e investimentos, assim como cooperação técnica bilateral. Até 2012, a Malásia eliminará 74,5% das suas tarifas de importação e o Paquistão, 43,2%. Com o Japão, o país mantém um acordo que prevê eliminação das tarifas em 97% dos produtos que comercializam entre si até 2015. Esse acordo não contempla alguns produtos agrícolas, como o arroz, e garante aos produtos japoneses acesso ao mercado malaio de veículos, que é bem protegido. O Japão representa o quarto maior parceiro comercial da Malásia. Com os Estados Unidos, a Malásia está em processo de negociação de um acordo comercial, porém não há data prevista para a assinatura. O motivo principal para a demora é consequência do programa de ação afirmativa do governo da Malásia, que favorece as empresas nacionais. Apesar de alguns contratos com o governo permitirem que empresas estrangeiras prestem serviços, os Estados Unidos exigem que o processo de licitação seja mais transparente. Outros pontos de divergência são: a proteção da indústria de veículos da Malásia; a proibição da participação majoritária estrangeira em bancos locais; a falta de proteção dos direitos de propriedade intelectual, do meio ambiente e dos direitos trabalhistas. Em 2008, os Estados Unidos eram o segundo maior parceiro comercial da Malásia, mas em 2009 foram ultrapassados pela China e agora ocupam a terceira posição. A ASEAN assinou acordos comerciais com a Nova Zelândia e com a Austrália, que cobrem bens, investimentos e serviços, serviços financeiros, telecomunicações, comércio eletrônico e propriedade intelectual. Já com a Índia, as negociações já foram concluídas, mas o acordo ainda não foi assinado. Quando entrar em vigor, reduzirá tarifas até 2012. As negociações para um acordo entre a ASEAN e a União Européia (UE) começaram em 2007, mas estão paralisadas porque a UE impôs sanções a Mianmar, membro do bloco, em virtude do seu regime de governo. 25 O Arranjo Preferencial de Tarifas do Grupo de Oito Países em Desenvolvimento é um acordo assinado em 2006 entre a Malásia, Bangladesh, Egito, Indonésia, Irã, Nigéria, Paquistão e Turquia. O documento prevê concessões tarifárias de bens selecionados entre os países partícipes. CARACTERÍSTICAS DO MERCADO AMBIENTE DE NEGÓCIOS De acordo com a publicação do Banco Mundial, Doing Business 201019, a Malásia ocupa a 23ª posição no ranking dos países segundo sua facilidade para fazer negócios, em um universo de 183 avaliações realizadas pelo organismo. Para classificar os países, são levadas em conta a facilidade ou a dificuldade relacionada à abertura de empresas, obtenção de alvarás, contratação de empregados, registro de propriedades, obtenção de crédito, proteção de investidores, pagamento de impostos, comércio exterior, cumprimento de contratos e fechamento de empresas. Gráfico 7 - Doing Business 2010: Facilidade de fazer negócios – posição no ranking 129 140 120 100 93 89 Vietnã China 80 60 40 25 23 20 0 Indonésia Malásia Brasil Fonte: Doing Business, Banco Mundial. Elaboração: UICC, Apex-Brasil. Quanto menor a posição no ranking, melhor o ambiente de negócios. No Gráfico 7, a Malásia é o melhor lugar, dentre os países analisados, para se realizar um negócio, seguida pela Indonésia na 25ª posição. Dentre os países em análise, o Brasil apresenta-se na última posição do ranking, com a 129ª colocação. 19 Doing Business fornece medidas objetivas das regulamentações aplicáveis às empresas e seu cumprimento em 183 economias e cidades selecionadas no nível subnacional e regional. 26 Com auxílio da Tabela 2, percebe-se que, no geral, o desempenho da Malásia foi pouco alterado entre 2009 e 2010, uma vez que caiu duas posições neste ínterim, ao passar da 23ª para a 21ª colocação. Os critérios “abertura de empresas” e “contratação de empregados” contribuíram para o declínio no ranking, pois o país perdeu, nesses indicadores, doze e sete posições, respectivamente. No item “cumprimento de contratos”, a Malásia apresentou melhor desempenho em relação ao ano anterior, subindo uma posição. Tabela 2– Critérios para o índice “Facilidade de fazer negócios” Mudanças entre 2009 e 2010 Item Ranking de 2010 Facilidade de fazer negócios Abertura de empresas Obtenção de alvarás Contratação de empregados Registro de propriedades Obtenção de crédito Proteção de investidores Pagamento de impostos Comércio exterior Cumprimento de contratos Fechamento de empresas Ranking de 2009 23 88 109 61 86 57 4 24 35 59 57 21 76 105 54 81 57 4 21 31 60 57 Mudanças no Ranking -2 -12 -4 -7 -5 0 0 -3 -4 1 0 Fonte: Doing Business, Banco Mundial. Elaboração: UICC, Apex-Brasil. A seguir, dois critérios que compõem o índice do Banco Mundial, de maior relevância para o exportador, “comércio exterior” e “cumprimento de contratos”, a partir de uma perspectiva comparada entre os países Indonésia, Vietnã, Malásia, China e Brasil são analisados. As médias regionais também são utilizadas como parâmetros. Gráfico 8 - Doing Business 2010 – Cumprimento de contratos 585 570 616 406 295 122,7 28,5 27,5 39 34 30 34 45 Número de procedimentos Indonésia Duração (dias) Vietnã Malásia 11,116,5 Custo (% da dívida) China Brasil Fonte: Doing Business, Banco Mundial. Elaboração: UICC, Apex-Brasil. 27 O “cumprimento de contratos” busca medir a eficiência dos tribunais locais na resolução de disputas relacionadas a operações de venda. São avaliados o tempo, custo e número de processos envolvidos desde o momento do registro da ação até a efetivação do pagamento requerido por uma das partes (Gráfico 8). Na Malásia, o número de procedimentos (30) é o menor dentre os países analisados. Em compensação, os custos processuais como percentagem da dívida (27,5%) da Malásia são maiores que os verificados na China e no Brasil. A partir do Gráfico 8, resta evidente que o Brasil possui problemas com a burocracia, uma vez que, no quesito “duração de dias”, seus índices são mais preocupantes.” Nesse aspecto, a Malásia possui uma duração de 585 dias para cumprimento de contrato, período considerado alto quando comparado aos dados do Vietnã e China. Na composição do item “comércio exterior”, o Banco Mundial analisa os procedimentos, custo e tempo implicados na importação e exportação de um contêiner padrão; desde a assinatura do contrato final entre as partes envolvidas até a efetiva entrega dos bens. Nesse indicador, a Malásia apresenta um bom desempenho nos quesitos envolvendo documentos para exportar, tempo para exportar documentos para importar e tempo para importar, nessa ordem. Em relação ao custo para exportar e importar, a Malásia classifica-se em primeiro lugar, conforme mostra o Gráfico 9. Gráfico 9 - Doing Business – Comércio exterior 1.540 1.440 940 756 704 660 450 545 500 450 5 6 7 7 8 Documentos para exportar (número) 21 22 18 21 12 Tempo para exportar (dias) Indonésia 6 8 7 5 7 Custo para exportar (US$ por contêiner) Vietnã Documentos para importar (número) Malásia 27 21 14 24 16 Tempo para importar (dias) China Custo para importar (US$ por contêiner) Brasil Fonte: Doing Business, Banco Mundial. Elaboração: UICC, Apex-Brasil. 28 INFRAESTRUTURA E LOGÍSTICA A Malásia é o segundo país do sudeste asiático com melhor infraestrutura de transporte, somente atrás de Cingapura. A maior parte da sua população concentra-se na área peninsular que faz fronteira com Tailândia e, por isso, abriga a maior parte dos portos, aeroportos e malha rodoviária do país. O cômputo geral, entretanto, aponta a existência de, aproximadamente, 122.000 km de rodovias (70% estão pavimentadas); 2000 km de malha ferroviária; 25 portos marítimos e 39 aeroportos20. O governo conta com um plano de investimento para converter o país em uma economia desenvolvida até 2020. O plano inclui pavimentação de rodovias, melhorias no sistema ferroviário e aumento das linhas de transporte urbano. O governo também está empenhado na integração das diferentes modalidades e na modernização das instalações aeroportuárias e marítimas de acordo com as necessidades. Além do investimento do governo, muitas empresas estrangeiras estão vendo a Malásia como um centro de negócios na região. Isso pode significar uma boa oportunidade para empresas brasileiras. Empresas malaias muitas vezes não possuem tecnologia e, por isso, contratam empresas estrangeiras para os serviços em que não possuem conhecimento. Portos A Malásia é uma das zonas com maior trânsito naval da região e possui 25 portos distribuídos entre a costa peninsular e os estados de Sabah e Sarawak. O Ministério dos Transportes é a autoridade máxima, seguido das autoridades estatais. O controle dos portos está compartilhado com as corporações estatais e empresas de caráter privado, sendo que as empresas privadas mantêm a maioria da propriedade. O Departamento Naval da Malásia é o organismo regulador do setor, que controla tarifas, licenças e seguros. O governo prevê a criação de um Conselho Nacional Portuário para cuidar da coordenação da gestão de portos nacionais. Os principais portos e terminais são Porto de Klang, George Town (Penang), Tanjung Pelepas, Bintulu, Johor, Labuan, Lahad Datu, Lumut e Miri. Os principais portos para logística internacional são o Porto de Klang (região central), Porto de Penang (região norte e Pasir Gudang) e o Porto de Tanjung Pelelepas (região sul). O Porto de Klang é o centro de embarque e entreposto mais movimentado e uma de suas funções é abastecer o vale do Klang, a região mais populosa e desenvolvida da Malásia. O Porto de Klang tem investido em técnicas e fez modificações para facilitar o desembarque de mercadorias de maior valor agregado, além de agilizar a liberação da documentação necessária ao desembaraço alfandegário. O porto cobre uma área de 806 hectares e conta com Northpoint, Southpoint e Westport, que são os operadores desse grande porto malaio. Devido ao grande volume de mercadorias que administra, o Klang é o 13º porto mais transitado do mundo. 20 Estudo de Mercado- Infraestruturas de Transporte na Malásia, ICEX 29 Tanjung Pelepas é o segundo porto mais importante da Malásia e concentra os serviços de gestão de contêineres e de carga a granel. O porto foi criado para competir com o porto de Cingapura e hoje é uma das rotas mais importantes entre Ásia-Europa e Ásia-Oriente Médio. Aproximadamente 70% do porto pertencem à MMC Corporation Berhad, companhia de investimentos em ativos de infra-estrutura de transporte; enquanto os 30% restantes são de propriedade da gigante dinamarquesa Maersk Sealand. Mapa 2 – Localização dos Portos na Malásia Elaboração: UICC - Apex-Brasil. Aeroportos A Malásia possui 39 aeroportos, dos quais cinco são internacionais: Kuala Lumpur International Airport, Langkawi, Pulau Pinang, Kota Kinabalu e Kuching. Essencial para o desenvolvimento do setor turístico, a rede de aeroportos também é objeto de diversos projetos voltados para sua melhoria e modernização. No que tange à utilização aeroportuária para fins de atividade logística e transporte de mercadorias, destacam-se as instalações de Kuala Lumpur e Penang. 30 Estradas A rede de rodovias da Malásia é essencial para o desenvolvimento da atividade econômica, sendo que as estradas representam 94,8% das atividades de transporte de passageiros e mercadorias. Recentemente, no nono plano do governo, as verbas alocadas para a melhoria de estradas e construção de novas rodovias consistiram de 2,1 milhões de euros. A Malásia possui 98.721 Km de estradas, sendo que 80,280Km estão pavimentas e 18,441 Km não estão pavimentadas. A rodovia Norte-Sul (The North South Expressway) funciona como uma rede de interligação com as outras rodovias. Existem atalhos que contornam o trânsito em cidades como Kuala Lumpur, Johor Bharu que facilitam o transporte de frete. Oportuno ressaltar as boas condições das rodovias no interior e nas fronteiras com a Tailândia. Além disso, existem diversos projetos para melhorar as estradas de todo o país. Ferrovias A malha ferroviária da Malásia, conhecida como KTM, representa uma das formas mais econômicas de viajar e de transportar mercadorias no país. A KTM foi privatizada em 1992 e hoje possui 1.668 km de extensão, cortando o país de norte a sul e oferecendo serviços de passageiros e de carga. Entretanto, o sistema ferroviário ainda é de mão única e não é eletrificado, representando somente 0,5% do volume de transporte doméstico de carga. Inconsistências no horário e a falta de locomotivas na fronteira com a Tailândia acabam não permitindo o desenvolvimento do transporte ferroviário como ferramenta para o incremento do comércio naquela região. Com relação ao comércio com o Brasil em 2009, 98,4 % das exportações brasileiras para a Malásia foram feitas por via marítima; 1,5%, por via aérea e 0,008%, por outros meios. Nesse mesmo ano, 51,6% das importações brasileiras provenientes da Malásia foram realizadas por via marítima; 48%, por via aérea e 0,22%, por outros meios de transporte. INTERCÂMBIO COMERCIAL EVOLUÇÃO DO COMÉRCIO EXTERIOR DA MALÁSIA O desempenho do comércio exterior malaio entre 1995 e 2010 pode ser traçado a partir da evolução de suas exportações, importações e balança comercial, ilustradas no Gráfico 10. Em 15 anos, houve expansão do valor exportado de US$74,0 bilhões, em 1995, para previstos US$172,2 bilhões, em 2010, o que se traduz em um aumento percentual acumulado de 132,7%. De 1995 a 1997, o crescimento médio anual das vendas malaias foi discreto, de apenas 3,2%, pois os efeitos da crise asiática já se faziam sentir em fins de 1997. Um grande revés, 31 porém, ocorreu em 1998, quando o valor exportado decresceu 7,0%. A retomada iniciou-se já em 1999, até nova inversão da tendência em 2001, por ocasião de nova adversidade econômica mundial. Quanto às importações, chama atenção a queda de 26,2% no valor importado em 1998. Tal fato decorreu da própria queda das exportações - parcialmente constituídas por matérias-primas importadas - e do desaquecimento da economia interna. Bens de capital e intermediários foram os principais responsáveis pelo tombo. Em 1999 e 2000, o valor das importações voltou a subir, mas caiu novamente (-10,2%) em 2001, devido à eclosão de nova crise e subsequente queda das exportações. Entre 2003 e 2008, tanto exportações quanto importações apresentaram um crescimento médio anual de, aproximadamente, 13%. Em 2009, porém, após o impacto da crise, essas atividades cederam 22,6% e 20,3%, nesta ordem. Já em 2010, o fluxo comercial malaio deve retornar a patamares muito próximos aos de 2008. Excetuados os três primeiros anos da série, a balança comercial malaia foi positiva. Em 2008, o saldo foi 45,9% maior que em 2007 e alcançou o maior valor do período em análise: US$ 42,6 bilhões. Um superávit de tal monta só foi possível graças às vultosas exportações de commodities, fortalecidas pelos altos preços do óleo de dendê e dos minerais no primeiro semestre de 2008. As exportações de commodities de baixo conteúdo importado contribuíram com 73,6% do valor exportado em 2008. Em 2009, o movimento do saldo comercial acompanhou a queda exportações e importações e reduziu-se em 15,7%. Debelados os priores meses da crise, o saldo deverá chegar a US$ 36,6 bilhões em 2010. Gráfico 10 – Evolução do comércio exterior da Malásia (1995-2010) 250 200 172,2 150 146,8 100 50 36,6 0 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008e 2009p 2010p -50 Exportações (US$ bilhões) Importações (US$ bilhões) Balança comercial (US$ bilhões) Fonte: Deutsche Bank Research. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. (e) (p): Estimativa e projeções do Deutsche Bank.. 32 DESTINO DAS EXPORTAÇÕES DA MALÁSIA Cingapura, Estados Unidos e o Japão são os principais destinos das exportações malaias e receberam, respectivamente, 14,7%, 12,5% e 11,6% das exportações de bens em 2008. Em referência ao cenário de 2003, houve alterações nas posições do ranking dos cinco maiores destinos (Gráfico 11). Os Estados Unidos perderam a liderança para Cingapura, e a Tailândia assumiu a quinta colocação, antes ocupada por Hong Kong. Cerca de 56% do total exportado pela Malásia teve como destino os países asiáticos. Dentre esses, os que mais se destacaram foram Cingapura, Japão, China, Tailândia, Hong Kong, Coreia do Sul e Índia. Embora mantenha um acordo de livre comércio com o Japão, a Malásia não registrou aumento das exportações para esse país no período analisado. Já o ajuste firmado com a Coreia do Sul viabilizou o salto de 2% (2003) para 4% (2008) na participação das exportações malaias naquele mercado. As exportações da Malásia para os Estados Unidos caíram de 24% para 17,5% em 2008. A Malásia ainda está em negociação de um acordo de livre comércio com os Estados Unidos que, se firmado, pode melhorar a participação das exportações malaias para esse país. Gráfico 11 – Principais destinos das exportações da Malásia (2003 – 2008) 2008 2003 3,4% 3,4% 4,0% 8,3% 5,2% 4,6% 0,0% 22,4% 4,9% 0,0% 20,6% 5,2% 5,5% 6,0% 6,2% 6,7% 17,5% 24,1% 8,7% 13,4% 15,1% 14,9% Outros Cingapura Estados Unidos Japão China Tailândia Hong Kong Coréia do Sul Índia Austrália Holanda Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. 33 PRINCIPAIS PRODUTOS DA PAUTA DE EXPORTAÇÕES DA MALÁSIA As exportações da Malásia são concentradas e intensivas em mão de obra, como mostra a tabela dos principais produtos, que representam cerca de 70% do total exportado. Os dados da tabela abaixo indicam que a pauta exportadora da Malásia tem se amparado fortemente em produtos eletrônicos, petróleo e gás. As exportações de petróleo e gás aumentaram de 7,7% (2003) para 12,7% (2008). Em compensação, a fabricação de material eletrônico básico caiu de 22,9% (2003) para 14,9% (2008). Outros produtos que aumentaram a participação em 2008 foram: produção de óleos e gorduras vegetais e animais; fabricação de serviços de borracha e metalurgia de metais não ferrosos. Tabela 3 – Setores Econômicos mais exportados pela Malásia por setor CNAE21 três dígitos – 2003 - 2008 CNAE 03 321 302 111 323 153 322 232 242 202 361 Descrição Fabricação de material eletrônico básico Fabricação de máquinas e equipamentos de sistemas eletrônicos para processamento de dados Extração de petróleo e gás natural Fabricação de aparelhos receptores de rádio e televisão e de reprodução, gravação ou amplificação de som e vídeo Produção de óleos e gorduras vegetais e animais Fabricação de aparelhos e equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio Fabricação de produtos derivados do petróleo Fabricação de produtos químicos orgânicos Fabricação de produtos de madeira, cortiça e material trançado - exceto móveis Fabricação de artigos do mobiliário Outros Total Valor exportado em 2003 (US$) Participação em 2003 22.961.907.639 22,9% 321 13.892.316.647 13,9% 302 7.671.793.164 7,7% 111 7.067.194.362 7,1% 153 6.066.832.614 6,1% 232 3.330.558.331 3,3% 323 2.845.972.024 2,8% 322 2.339.466.273 2,3% 242 1.751.421.396 1,7% 274 1.610.643.055 1,6% 251 30.574.571.024 30,5% 100.112.676.508 100,0% CNAE 03 Descrição Fabricação de material eletrônico básico Fabricação de máquinas e equipamentos de sistemas eletrônicos para processamento de dados Valor exportado em 2008 (US$) Participação em 2008 29.863.756.589 14,9% 25.893.079.199 13,0% Extração de petróleo e gás natural 25.432.623.917 12,7% Produção de óleos e gorduras vegetais e animais 16.497.478.121 8,3% 10.691.595.400 5,4% 9.059.626.535 4,5% 5.085.779.943 2,5% 4.866.151.399 2,4% Metalurgia de metais não-ferrosos 4.202.750.060 2,1% Fabricação de artigos de borracha 3.457.132.402 1,7% Fabricação de produtos derivados do petróleo Fabricação de aparelhos receptores de rádio e televisão e de reprodução, gravação ou amplificação de som e vídeo Fabricação de aparelhos e equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio Fabricação de produtos químicos orgânicos Outros Total 64.708.698.926 32,4% 199.758.672.483 100,0% Fonte: GTIS. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. 21 Na elaboração dessa tabela (desse estudo, deste capítulo) foi utilizada a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), na versão 1.0, com detalhamento em 3 dígitos. A CNAE foi elaborada nos anos 90 pelo IBGE em conjunto com os órgãos de registro administrativo, com o objetivo de alcançar uma padronização das informações econômicas do Brasil. A construção da CNAE tomou como referência a classificação padrão elaborada pela Divisão de Estatísticas das Nações Unidas, a International Standard Industrial Classification of All Economic Activities (ISIC). Essa classificação associa produtos (NCMs) aos setores da economia, com enfoque na cadeia produtiva a que pertencem. Para maiores informações, consultar http://www.ibge.gov.br/concla/default.php. 34 ORIGEM DAS IMPORTAÇÕES DA MALÁSIA Em 2008, os principais fornecedores para o país foram China, Japão e Cingapura, com participação de mercado conjunta de 36,3%. Vale notar que, entre 2003 e 2008, a China ganhou cinco pontos percentuais de participação de mercado, o que lhe valeu a liderança de mercado. Por outro lado, Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul perderam espaço na preferência do consumidor malaio. Em 2008, o Brasil foi o 27º fornecedor para a Malásia. Gráfico 12 – Principais fornecedores das importações da Malásia (2003 – 2008) 2003 2008 8,4% 12,8% 21,1% 26,2% 17,3% 2,6% 12,5% 4,8% 2,6% 12,0% 3,6% 5,3% 11,0% 4,3% 4,6% 4,9% 4,6% 4,6% 15,2% 4,8% 5,6% 10,8% China Japão Cingapura Estados Unidos Tailândia Taiwan Coréia do Sul Indonésia Alemanha Hong Kong Outros Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. PRINCIPAIS PRODUTOS DA PAUTA DE IMPORTAÇÕES DA MALÁSIA As importações malaias totais praticamente dobraram de 2003 para 2008. Não são muito concentradas, já que os dez principais produtos representam apenas cerca de 40% da pauta de importação em ambos os anos. A Malásia necessita importar maquinário e equipamentos, químicos e manufatura básica para sustentar seu setor manufatureiro. Os principais produtos importados são: fabricação de material eletrônico básico; 35 fabricação de máquinas e equipamentos de sistemas eletrônicos para processamento de dados e metalurgia de metais não-ferrosos. Tabela 4 – Setores Econômicos mais importados pela Malásia por setor CNAE três dígitos – 2003 - 2008 CNAE 03 321 302 232 Descrição Fabricação de material eletrônico básico Fabricação de máquinas e equipamentos de sistemas eletrônicos para processamento de dados Fabricação de produtos derivados do petróleo Valor importado em 2003 (US$) Participação em 2003 26,421,313,089 7.6% 321 5,221,501,291 5.7% 302 2,583,467,653 4.3% 274 CNAE 03 Descrição Fabricação de material eletrônico básico Fabricação de máquinas e equipamentos de sistemas eletrônicos para processamento de dados Valor impotado em 2008 (US$) Participação em 2008 34,547,953,665 6.7% 9,433,822,709 6.1% Metalurgia de metais não-ferrosos 8,593,773,131 5.4% 274 Metalurgia de metais não-ferrosos 2,472,724,676 4.2% 232 Fabricação de produtos derivados do petróleo 8,186,833,710 5.3% 323 Fabricação de aparelhos receptores de rádio e televisão e de reprodução, gravação ou amplificação de som e vídeo 2,132,448,440 4.1% 111 Extração de petróleo e gás natural 7,128,185,189 5.3% 272 Siderurgia 2,008,239,685 3.5% 272 Siderurgia 6,808,079,978 3.0% 3,765,490,145 2.6% 3,548,673,591 1.9% 3,130,166,055 1.8% 296 Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico 1,759,400,288 2.7% 323 111 Extração de petróleo e gás natural 1,729,729,542 2.4% 243 1,495,421,522 2.0% 241 1,475,060,654 1.8% 242 32,793,283,610 80,092,590,450 61.7% 100.0% 243 242 Fabricação de resinas e elastômeros Fabricação de produtos químicos orgânicos Outros Total Fabricação de aparelhos receptores de rádio e televisão e de reprodução, gravação ou amplificação de som e vídeo Fabricação de resinas e elastômeros Fabricação de produtos químicos inorgânicos Fabricação de produtos químicos orgânicos Outros Total 2,929,379,332 1.4% 69,013,162,729 157,085,520,226 60.6% 100.0% Fonte: GTIS. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. INTERCÂMBIO COMERCIAL BRASIL - MALÁSIA CORRENTE DE COMÉRCIO Em 2008, a corrente comercial brasileira totalizou US$ 370,9 bilhões, batendo, assim, seu recorde histórico. Dessa quantia, US$ 2,5 bilhões resultaram da parceria comercial com a Malásia, o que se traduz em uma representatividade pouco significativa, de apenas 0,007%. No que se refere às exportações brasileiras, o cenário pouco se altera: em 2008, o Brasil direcionou apenas 0,44% de suas exportações à Malásia, sem que tenha havido mudanças consideráveis nos dez anos anteriores. Entre 1998 e 2008, esse percentual variou entre 0,24% e 0,47%, tendo atingido o seu valor máximo em 2002 e 2006, de 0,47%, para retornar aos 0,44% de 2008. Pela ótica das importações brasileiras, a Malásia tem representatividade duas vezes maior: de 0,99%, segundo os dados de 2008. Entre 1998 e 2008, a representatividade média foi de 0,84%, tendo alcançado um pico isolado de 1,06% em 2007. Assim sendo, em termos relativos, infere-se que a Malásia assume um papel discreto nas trocas comerciais com o Brasil, principalmente no que diz respeito às exportações brasileiras. 36 Passando-se à análise da evolução do valor total comerciado entre Brasil e Malásia, resta evidente que, entre 1998 e 2008, houve um aumento de 296,2% no resultado acumulado, o que significou um salto de US$634,6 milhões no primeiro ano da série para US$2,5 bilhões ao fim do período. Considerada a taxa de variação média anual, o incremento foi de 14,8%. A guinada na corrente comercial ocorreu a partir de 2002 e, em boa parte, foi impulsionada pelas importações brasileiras, que se aceleraram principalmente a partir de 2002, como revela a inflexão mais acentuada da linha vermelha do Gráfico 13. Importa reforçar que, entre 1998 e 2001, as importações apresentaram uma variação média anual de -7,6%. Já entre 2002 e 2008, essa mesma taxa elevou-se para 28,9%, de modo que o valor importado chegou a US$1,6 bilhão ao fim do período. Em consequência da crise, em 2009, observa-se nova inflexão no gráfico, resultante de uma diminuição de 25,1% nas compras brasileiras em relação aos valores de 2008. Se por um lado as importações cresceram interruptamente entre 2002 e 2008, o mesmo não ocorreu com as exportações brasileiras: taxas positivas e mesmo negativas de grande amplitude sucederam-se ano a ano, de maneira que a tendência expressa no Gráfico 13 mostra-se mais irregular. Tal irregularidade não impediu, contudo, que nos onze anos em questão houvesse um crescimento acumulado de 349% do valor exportado. Este saiu de 195,4 milhões, em 1998, para chegar a US$877,3 milhões em 2008. No período, a taxa de variação média anual foi de 16,2%. Em 2009, as exportações brasileiras para o país caíram 7,6%. Gráfico 13 – Corrente de comércio Brasil-Malásia 2.514,1 2.036,2 1.959,8 1.548,7 1.636,8 1.043,2 1.280,1 1.225,6 798,5 634,6 607,8 483,8 439,2 307,8 639,1 669,8 901,2 637,1 476,6 877,3 514,5 357,4 444,1 515,5 281,7 225,7 283,1 2002 2003 2004 346,9 195,4 176,0 131,1 167,6 1998 1999 2000 2001 647,4 679,8 2006 2007 810,6 406,1 Exp. Brasileiras - US$ milhões FOB 2005 Imp. Brasileiras - US$ milhões FOB 2008 2009 Corrente Comercial - US$ milhões Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. 37 SALDO COMERCIAL Outro aspecto que chama a atenção é o fato de o saldo comercial ter sido favorável à Malásia durante todo o período analisado (Gráfico 14). Em 2004, esse indicador chegou a medir -33%, o que significa que, do valor da corrente de comércio entre o Brasil e a Malásia, 33% resultavam de déficit comercial brasileiro. Entre 2005 e 2007, a tendência foi de queda do déficit comercial. Em 2008, este voltou a crescer e, em 2009, fixou-se em -30%. Gráfico 14 - Saldo comercial relativo – Brasil-Malásia 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 -31% -30% -12% -16% -22% -29% -33% Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. Um fator que, em algumas situações, colabora para a variação do saldo comercial relativo de um país frente a outro é a dinâmica do câmbio real entre eles. Importa, portanto, investigar se esse seria um dos motivos da diminuição do déficit relativo do Brasil frente à Malásia entre 2005 e 2007. O Gráfico 15 ilustra a evolução do câmbio real das moedas da Indonésia, Malásia, Filipinas, Tailândia, Vietnã e Brasil frente ao dólar estadunidense. O câmbio real do ringgit valorizou-se com maior intensidade a partir de 2005, quando o banco central malaio deu fim ao sistema de câmbio fixo e iniciou a flutuação suja22. A valorização continuou até abril de 2008, na esteira de vultosos superávits comerciais e entrada de fluxos de investimentos de portfólio. A tendência de valorização inverteu-se a partir de maio, pois no cenário de crise, os investidores estrangeiros necessitaram resgatar capitais investidos para cobrir posições em outros mercados. Como resultado, durante todo o período, a moeda malaia se valorizou 8,9% em termos reais frente ao dólar estadunidense. No caso da moeda brasileira, a valorização foi de 38,9% em termos reais. Tendo em vista que o real se valorizou em um patamar superior ao do ringgit, inclusive entre 2005 e 2007, período em que o déficit comercial diminuiu, a consequência deveria ter sido o aumento do déficit no período e não o contrário. Logo, não é possível afirmar que as variações do déficit relativo brasileiro frente ao malaio tenham sido provocadas pelo câmbio. 22 Vide Desempenho Econômico, p.15. 38 Gráfico 15 – Evolução do câmbio real frente ao dólar estadunidense (Base: média 2003=100) 120,0 104,4 110,0 100,0 102,1 100 91,1 84,7 82,7 90,0 80,0 70,0 61,1 60,0 50,0 40,0 2003 Indonésia 2004 Malásia 2005 Filipinas 2006 Tailândia 2007 2008 Vietnã 2009 Brasil Fonte: Euromonitor. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. PRINCIPAIS PRODUTOS EXPORTADOS PELO BRASIL PARA A MALÁSIA No que diz respeito à composição da pauta de exportações brasileiras para a Malásia por classificação CNAE – 3 dígitos, em 2008, produtos relacionados à “extração de minério de ferro” (30%) e à “fabricação e refino de açúcar” (20%) responderam juntos pela metade do valor exportado, como revela a Tabela 5. Em valores absolutos, trata-se de um total de US$439,7 milhões. No que tange às alterações na composição da pauta entre 2003 e 2008, vale citar o aumento de quase dez vezes do valor do minério de ferro exportado, o que pode ser explicado, em parte, pela escalada dos preços das commodities em 2008. Destaque para a entrada na pauta de produtos relativos à “fabricação de máquinas e equipamentos de uso na extração mineral e construção”, com US$ 17,8 milhões exportados pelo Brasil, devido à instalação da Vale, mineradora brasileira, no país. Esse fato é positivo, pois esse CNAE possui maior valor agregado do que a grande maioria daqueles listados na Tabela 5. 39 Tabela 5 - Principais produtos exportados pelo Brasil para a Malásia – por setor CNAE três dígitos – 2003 - 2008 Setor CNAE Descrição 131 Extração de minério de ferro 272 Siderurgia Produção de óleos e gorduras vegetais e 153 animais 271 Produção de ferro-gusa e de ferroligas Fabricação de produtos derivados do 232 petróleo Curtimento e outras preparações de 191 couro 11 Produção de lavouras temporárias 156 Fabricação e refino de açúcar 295 Fabricação de máquinas e equipamentos de uso na extração mineral e construção 342 Fabricação de caminhões e ônibus Outros Total Participação Valor nas exportado em exportações 2003 (em US$) totais em 2003 27.901.799 12% 27.012.627 12% Setor CNAE Descrição 131 Extração de minério de ferro 156 Fabricação e refino de açúcar Fabricação de celulose e outras pastas 211 para a fabricação de papel 11 Produção de lavouras temporárias Produção de óleos e gorduras vegetais e 153 animais 26.812.211 12% 16.567.219 7% 14.501.485 6% 13.617.755 6% 13.284.646 6% 12.059.277 5% Extração de minerais metálicos nãoferrosos 342 Fabricação de caminhões e ônibus 9.648.283 4% 272 Siderurgia 9.259.287 4% 295 55.071.738 225.736.327 24% 100% 271 Produção de ferro-gusa e de ferroligas 132 Fabricação de máquinas e equipamentos de uso na extração mineral e construção Outros Total Participação Valor nas exportado em exportações 2008 (em US$) totais em 2008 261.930.445 30% 177.757.606 20% 58.346.772 7% 55.632.898 6% 42.183.699 5% 33.000.128 4% 30.114.398 3% 28.763.804 3% 24.433.370 3% 17.776.569 2% 147.321.642 877.261.331 17% 100% Fontes: Aliceweb. Elaboração: UICC - Apex-Brasil. PRINCIPAIS PRODUTOS IMPORTADOS PELO BRASIL DA MALÁSIA Por outro lado, em 2008, 60% das importações brasileiras de origem malaia foram de produtos eletroeletrônicos, incluídos nos seguintes setores CNAE: “fabricação de material eletrônico básico”; “fabricação de aparelhos e equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio” e “fabricação de máquinas e equipamentos de sistemas eletrônicos para processamento de dados”. Em termos absolutos, tal percentual significou US$ 976,6 milhões. Entre 2003 e 2008, a participação de material eletrônico básico na pauta caiu de 44% para 36%. Apesar disso, o valor exportado quase triplicou em cinco anos. Já a representatividade do setor de “fabricação de aparelhos e equipamentos de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio” cresceu 9% no período. O valor exportado referente a esse CNAE cresceu de US$15,8 milhões em 2003 para US$207,2 milhões em 2008. 40 Tabela 6 - Principais produtos importados da Malásia pelo Brasil – por setor CNAE três dígitos – 2003 - 2008 Setor CNAE Descrição Participação Valor nas importado em importações 2003 (em US$) totais em 2003 Setor CNAE Descrição Participação Valor nas importado em importações 2008 (em US$) totais em 2008 321 Fabricação de material eletrônico básico 194.380.753 44% 321 Fabricação de material eletrônico básico 582.965.611 36% Fabricação de aparelhos receptores de 323 rádio e televisão e de reprodução, gravação ou amplificação de som e vídeo 59.227.685 13% Fabricação de aparelhos e equipamentos 322 de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio 207.159.713 13% 36.100.350 8% 186.511.578 11% 33.178.723 28.427.164 7% 6% Fabricação de máquinas e equipamentos 302 de sistemas eletrônicos para processamento de dados 13 Produção de lavouras permanentes 251 Fabricação de artigos de borracha 125.144.366 109.060.751 8% 7% 15.799.726 4% 153 Produção de óleos e gorduras vegetais e animais 88.424.527 5% 15.110.299 3% Fabricação de aparelhos receptores de 323 rádio e televisão e de reprodução, gravação ou amplificação de som e vídeo 49.852.399 3% 11.763.099 3% 242 37.423.560 2% 9.346.535 2% 246 Fabricação de defensivos agrícolas 21.597.491 1% 18.351.746 1% Fabricação de máquinas e equipamentos 302 de sistemas eletrônicos para processamento de dados 13 Produção de lavouras permanentes 251 Fabricação de artigos de borracha Fabricação de aparelhos e equipamentos 322 de telefonia e radiotelefonia e de transmissores de televisão e rádio 242 Fabricação de produtos químicos orgânicos Produção de óleos e gorduras vegetais e animais Fabricação de vidro e de produtos do 261 vidro 153 21 Silvicultura, exploração florestal e serviços relacionados Outros Total 5.276.834 35.477.634 444.088.802 1% 8% 100% Fabricação de produtos químicos orgânicos Fabricação de fibras, fios, cabos e 244 filamentos contínuos artificiais e sintéticos Outros Total 210.305.097 1.636.796.839 13% 100% Fontes: Aliceweb. Elaboração: UICC - Apex-Brasil. 41 INDICADORES DE COMÉRCIO BRASIL - MALÁSIA Esta seção apresentará um conjunto de indicadores que estão envolvidos nas trocas comerciais internacionais e que também afetam o comércio existente entre Brasil e Malásia. Sua análise é importante para que melhor se entenda a estrutura das relações comerciais entre esses dois países. Na abordagem dos indicadores, frequentemente é utilizado o conceito de “Medida de Intensidade Tecnológica”, empregado para classificar os setores econômicos envolvidos nas trocas comerciais entre dois países. Este estudo adota a seguinte classificação para mensurar a intensidade tecnológica dos produtos comercializados entre Brasil e Malásia: Quadro 1 – Taxonomia da intensidade tecnológica e respectivos setores da economia Intensidade Tecnológica Setores da Economia Produtos Primários Agrícolas, Minerais e Energéticos Indústria Agroalimentar, Indústria Intensiva em Outros Indústria Intensiva em Recursos Naturais Recursos Agrícolas, Indústria Intensiva em Recursos Minerais e Indústria Intensiva em Recursos Energéticos. Bens industriais de consumo não-duráveis mais tradicionais: Indústria Intensiva em Trabalho ou Têxteis, Confecções, Couro e Calçado, Cerâmico, Produtos Tradicional Básicos de Metais, entre outros. Ind. Automóveis, Ind. Siderúrgica e Bens Eletrônicos de Indústria Intensiva em Escala Consumo23 Fornecedores Especializados Bens de Capital sob Encomenda e Equipamentos de Engenharia. Setores de Química Fina (produtos farmacêuticos, entre Indústria Intensiva em P&D outros), Componentes Eletrônicos, Telecomunicação e Indústria Aeroespacial. Fonte: Holland e Xavier (2004). 24 A análise das exportações brasileiras para a Malásia em 2008, considerando-se a intensidade tecnológica dos produtos vendidos, mostra uma participação expressiva de bens primários (43,1%) e intensivos em recursos naturais (35,8%), conforme o Gráfico 16. Tal configuração não é favorável ao Brasil, uma vez que o país é mero tomador de preços das commodities, definidos em bolsas de valores. Entre 2003 e 2008, as exportações concentraram-se em produtos primários, cuja representatividade na pauta exportadora brasileira subiu de 24,2% para 43,1%. Em 2003, 51% das exportações era de produtos ligados à “extração de minério de ferro” e 24,4% à “produção de lavouras temporárias”, com exportações conjuntas 23 Os bens eletrônicos de consumo são especificados em três linhas básicas: (a) Vídeo – televisores, videocassete e câmera de vídeo; (b) Áudio – rádio, auto-rádio, cd player, toca disco, sistema de som, etc; (c) Outros Produtos – forno de microondas, calculadoras, aparelhos telefônicos, geladeiras, instrumentos musicais, entre outros. 24 Dinâmica e competitividade setorial das exportações brasileiras: uma análise de painel para o período recente, Anais do XXXII Encontro Nacional de Economia. 42 valoradas em US$ 41,2 milhões. Cinco anos depois, esses mesmos setores respondiam por 69,3% e 14,7% das exportações de produtos primários, nessa ordem, correspondendo conjuntamente a US$ 317,6 milhões. Em contrapartida, às exportações brasileiras de manufaturados intensivos em economias de escala atribui-se a maior queda de participação em cinco anos: 15,7 pontos percentuais. Em 2003, os principais produtos exportados, com 67,1% de representatividade no total dessa categoria, relacionavam-se com “siderurgia” e “produção de ferro-gusa e de ferroligas”, com valor exportado total de US$ 43,6 milhões. Decorridos cinco anos, os setores mais relevantes passaram a ser aqueles relativos à “produção de ferro-gusa e de ferroligas” e à “fabricação de caminhões e ônibus”, com exportação de US$ 61,8 milhões ou 53,6% do nível tecnológico. Por fim, importa esclarecer que, no âmbito da produção intensiva em recursos naturais, em 2003, sobressaia-se o setor associado à “produção de óleos e gorduras vegetais e animais”, com US$ 26,8 milhões exportados pelo Brasil e representatividade de 35,0%. Em 2008, “fabricação e refino de açúcar” passou a ser o setor mais exportado, com participação de 56,6%, e exportações valoradas em US$ 177,8 milhões Gráfico 16 – Exportações brasileiras para a Malásia por intensidade tecnológica – 2003 e 2008 2,4% 2,9% 2003 3,1% 0,0% 7,7% 4,3% 33,9% 13,1% 2008 0,5% 0,1% 43,1% 24,2% 35,8% 28,8% Produtos Primários Produtos Intensivos em Recursos Naturais Manufaturados Intensivos em Economias de Escala Manufaturados Intensivos em Trabalho Manufaturados Produzidos por Fornecedores Especializados Manufaturados Intensivos em P&D Não-Classificados Fonte: MDIC. Elaboração: UICC, Apex-Brasil. ÍNDICE DE COMPLEMENTARIDADE DE COMÉRCIO (ICC) O Índice de Complementaridade de Comércio (ICC) fornece informações sobre as perspectivas de integração comercial entre dois países. O ICC entre o Brasil e a Malásia é obtido comparando-se a pauta de 43 exportações brasileira com a pauta de importações malaias. Por meio dessa comparação, é possível verificar em que medida os produtos exportados pelo Brasil coincidem com os produtos importados pela Malásia25. Um índice igual a zero significa que não há complementaridade entre as importações e as exportações dos países analisados. Em contrapartida, se esse índice for igual a 100, então as pautas são perfeitamente complementares, ou seja, um país exporta exatamente o que o outro deseja importar. Isso não significa, entretanto, que essas trocas comerciais irão ocorrer exclusivamente entre ambos. O índice indica uma possibilidade de integração comercial. Um índice superior a 50 aponta para uma alta complementaridade relativa. O valor médio de complementaridade de comércio entre Brasil e Malásia é de 44. O maior valor alcançado, entre 2003 e 2008, foi de 46,37 no último ano do período. Observa-se, ainda, que a complementaridade cresceu ininterruptamente no período em foco. A Malásia sobressaiu-se dentre os países do Gráfico 17 por apresentar aumento contínuo do ICC. Gráfico 17 – Índice de Complementaridade de Comércio entre Brasil-Malásia e Brasil-Países selecionados 57 52 47 42 42,49 37 46,31 46,37 2007 2008 44,98 43,65 39,87 32 2003 Malásia 2004 Tailândia 2005 2006 Filipinas Vietnã Indonésia Fonte: Comtrade/ONU. Elaboração: UICC, Apex-Brasil. ÍNDICE DE INTENSIDADE DE COMÉRCIO (IIC) Esse índice determina em que medida o valor das exportações de um país para outro é maior ou menor que o esperado. O cálculo do Índice de Intensidade de Comércio (IIC) entre Brasil e Malásia é obtido pela razão 25 Neste estudo, o índice é calculado em nível setorial, de acordo com a Classificação Nacional de Atividades Econômicas (CNAE), versão 1.0, detalhada em três dígitos. Para saber mais sobre a Classificação, vide nota de rodapé 24, p. 42. 44 entre a participação das exportações brasileiras para a Malásia e a participação das exportações brasileiras para resto o mundo. Um valor superior a 1 indica que as exportações do Brasil para o mercado malaio são maiores que a média mundial. Na série do IIC do Brasil com a Malásia, entre 2003 e 2008, encontram-se valores entre 0,3 e 0,5. Inferese, portanto, que a intensidade de comércio Brasil – Malásia chegou a, no máximo, metade da média mundial em todo o período, em patamares inferiores aos da Indonésia e Tailândia (Gráfico 18). Gráfico 18 – Índice de Intensidade de Comércio – Brasil-Malásia e Brasil-Países selecionados 0,13 0,39 0,28 2003 1,01 0,74 0,13 0,54 0,30 2004 0,78 0,17 0,42 0,38 2005 0,28 0,39 2006 0,66 0,44 0,57 0,30 0,77 0,71 0,52 0,52 2007 0,87 0,76 0,68 0,34 2008 0,00 0,20 0,40 Vietnã Filipinas 0,44 0,50 0,79 0,60 Malásia 0,88 0,80 Indonésia 1,00 1,20 Tailândia Fonte: Comtrade/ONU. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. Adicionalmente, o Gráfico 18 revela uma tendência de aumento da intensidade de comércio no período (de 0,28 em 2003, para 0,50 em 2008). Tal movimento pode ser imputado às alterações do perfil tecnológico dos produtos importados pela Malásia comparativamente aos exportados pelo Brasil entre 2003 e 2008. Em 2003, 20% das importações da Malásia concentravam-se em produtos primários e intensivos em recursos naturais. Em 2008, a representatividade desses dois setores aumentou para 31%. Por outro lado, a contribuição desses mesmos setores para o total das exportações brasileiras alterou-se significativamente entre 2003 e 2008, tendo saltado de 53% para 64%. À medida que o Brasil passa a exportar relativamente mais produtos primários e intensivos em recursos naturais e o país importador – neste caso, a Malásia – aumenta seu patamar relativo de 45 compra desses mesmos produtos, há aumento tanto da intensidade de comércio como da complementaridade, como demonstrado no Gráfico 17. INDICADOR DE DIVERSIFICAÇÃO/CONCENTRAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES – ÍNDICE DE HERFINDHAL-HIRSCHMAN (HHI) O Índice de Herfindahl-Hirschman (HHI) indica se o valor das exportações de um país está concentrado em poucos produtos26. Países com HHI menor que 1000 são considerados mercados com baixa concentração, ou seja, o valor de suas exportações não está concentrado em alguns produtos. Países com HHI entre 1000 e 1800 são considerados de concentração moderada, e países com HHI superior a 1800 são considerados concentrados. Os países em desenvolvimento possuem, frequentemente, um índice de concentração de exportações bastante elevado. Ainda que suas pautas exportadoras possam ter alguma diversificação, o valor de suas exportações está concentrado em poucos produtos primários – em geral, commodities cujos preços tendem a oscilar fortemente em horizontes temporais longos, o que deixa as economias desses países muito expostas às mudanças que ocorrem no cenário internacional. Quanto maior for o valor do índice de concentração das exportações de um país, maior também será sua dependência em relação aos diferentes contextos mundiais. A análise do HHI, ilustrada no Gráfico 19, revela a alta concentração da pauta de exportações brasileiras para a Malásia, com o valor médio para o indicador situando-se próximo a 2000 pontos para os seis anos da série. Em 2008, esse resultado torna-se ainda mais evidente pelo fato de apenas dois setores, classificados por CNAE três dígitos, responderem por 50% das exportações: “extração de minério de ferro” (30%) e “fabricação e refino de açúcar” (20%). Pela Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM), maior nível de detalhamento das estatísticas de exportação brasileiras, os produtos campeões foram: “minérios de ferro aglomerados e seus concentrados” (29%) e “açúcar de cana, em bruto” (20%). Das economias asiáticas incluídas no gráfico, a Malásia apresenta nível de concentração intermediário em 2008. Quanto à variação do índice no período em análise, percebe-se uma tendência de concentração para a Malásia. Essa constatação condiz com a composição da pauta das exportações brasileiras para aquele país em 2003 e 2008, conforme a Tabela 5, já analisada anteriormente. Vale reforçar que, em 2003, os cinco principais produtos importados por classificação CNAE três dígitos representavam 50% das exportações brasileiras para a Malásia. Passados cinco anos, os cinco principais setores CNAE respondiam por 68% das exportações. Em 2006, 26 O indicador é calculado a partir do setor CNAE 2 dígitos. 46 onde se vê o pico de 3.277 no indicador, os cinco setores de maior contribuição somavam 74% das exportações. Desses, 43% foram do código NCM “açúcar de cana, em bruto”. Gráfico 19 - Índice de Concentração das Exportações (Índice Herfindhal-Hirschman) – Brasil-Malásia e BrasilPaíses selecionados 3.500 3.277 3.000 2.500 2.189 2.058 2.000 1.627 1.500 1.322 1.244 1.000 2003 2004 Malásia Tailândia 2005 2006 Filipinas 2007 Vietnã 2008 Indonésia Fonte: Comtrade/ONU. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. ÍNDICE DE COMÉRCIO INTRASSETOR INDUSTRIAL Esse índice mostra a dinâmica do comércio exterior entre países que têm em comum um mesmo setor produtivo. Esse tipo de comércio é realizado não de forma concorrencial, mas sim a partir de uma dinâmica de cooperação. Dessa forma, mesmo que as economias de duas regiões não sejam complementares, podem existir trocas comerciais elevadas, haja vista o comércio intrassetor industrial. O valor do índice de comércio intrassetorial varia entre 0 e 1, sendo considerado relevante quando superior a 0,5. Nos casos em que todo o comércio ocorre dentro do mesmo setor industrial, o índice se iguala a 1. É a ocorrência do comércio intrassetorial que explica, por exemplo, porque o valor das trocas comerciais entre países desenvolvidos, que possuem estruturas econômicas similares, centradas em produtos com maior conteúdo tecnológico, seja mais alto que o comércio entre países desenvolvidos e países em desenvolvimento, os quais em geral exportam produtos primários ou intensivos em trabalho (como têxteis e calçados). Para a construção da Tabela 7, foram selecionados os setores, por classificação CNAE dois dígitos, cujo indicador ficou acima de 0,5 em 2008. Em seguida, buscaram-se os setores, por classificação CNAE três dígitos, 47 que obedeceram à igual critério. Em algumas situações, pode haver comércio intrassetor se levada em conta a classificação por CNAE dois dígitos, sem que o mesmo seja válido para a de três dígitos. Isso acontece porque o comércio intrassetor pode ocorrer na mesma categoria por CNAEs dois dígitos, mas em categorias CNAEs de três dígitos distintas. Seria o caso, por exemplo, de haver comércio intrassetor para “produtos químicos” (CNAE 24), mas em que as exportações de A para B se concentrassem em “produtos químicos orgânicos” (CNAE 242), enquanto as importações de B originárias de A se compusessem de “produtos químicos inorgânicos” (CNAE 241). Para esses casos, foram apresentadas todas as subdivisões mais detalhadas, ainda que seus indicadores possam ficar bem abaixo de 0,5. Com o auxílio da Tabela 7, verifica-se que o comércio intrassetor perpassa indústrias de vários níveis de intensidade tecnológica: desde a produção de produtos primários até manufaturados produzidos por fornecedores especializados. Entretanto, se os diversos setores listados na Tabela 7 forem ponderados por sua participação no total exportado pelo Brasil para a Malásia em 2008, no âmbito do comércio intrassetorial, o resultado será o predomínio das indústrias de produtos primários (44%) e intensivos em recursos naturais (33%). Para o setor CNAE “fabricação de motores, bombas, compressores e equipamentos de transmissão”, em que o índice chega a 0,99, o comércio limita-se ao intrassetorial. Já no caso da “fabricação de produtos de metal exclusive máquinas e equipamentos”, o índice fica em torno de 0,7, mas é praticamente nulo para suas subdivisões. Isso ocorre porque as exportações brasileiras para a Malásia concentram-se em produtos relacionados à “fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos” (67%) e “fabricação de artigos de cutelaria, de serralheria e ferramentas manuais” (29%), enquanto as importações brasileiras restringem-se a itens relativos à “fabricação de produtos diversos de metal” (88%). Vale comentar, por fim, que apenas 15% das exportações brasileiras para a Malásia (US$ 133,2 milhões) são de caráter intrassetor. A seguir, a Tabela 7 para verificação do que foi até aqui exposto: 48 Tabela 7 - Comércio Intrassetor Industrial – Brasil-Malásia CNAE 01 011 012 013 014 15 152 153 28 281 282 283 284 289 29 291 296 Descrição 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Agricultura, pecuária e serviços relacionados 0,62 Produção de lavouras temporárias 0,00 Horticultura e produtos de viveiro 0,00 Produção de lavouras permanentes 0,09 Pecuária 0,00 Fabricação de produtos alimentícios e bebidas 0,40 Processamento, preservação e produção de conservas de frutas, 0,55 legumes e outros vegetais Produção de óleos e gorduras vegetais e animais 0,61 Fabricação de produtos de metal - exclusive máquinas e 0,72 equipamentos Fabricação de estruturas metálicas e obras de caldeiraria pesada 0,00 Fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos 0,00 Forjaria, estamparia, metalurgia do pó e serviços de tratamento de 0,58 metais Fabricação de artigos de cutelaria, de serralheria e ferramentas 0,10 manuais Fabricação de produtos diversos de metal 0,16 Fabricação de máquinas e equipamentos 0,52 Fabricação de motores, bombas, compressores e equipamentos de 0,67 transmissão Fabricação de outras máquinas e equipamentos de uso específico 0,66 Fonte: MDIC. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. 0,62 0,00 0,00 0,11 0,00 0,36 0,09 0,00 0,00 0,09 0,00 0,37 0,08 0,00 0,00 0,08 0,00 0,15 0,29 0,00 0,00 0,08 0,00 0,38 0,67 0,00 0,00 0,11 0,00 0,56 0,75 0,91 0,98 0,85 0,61 0,67 0,88 0,36 0,66 0,65 0,57 0,75 0,64 0,83 0,71 0,00 0,17 0,00 0,00 0,00 0,02 0,45 0,02 0,00 0,00 0,04 0,41 0,03 0,03 0,00 0,10 0,90 0,69 0,43 0,21 0,58 0,60 0,49 0,53 0,25 0,77 0,08 0,72 0,09 0,85 0,77 0,97 0,73 0,58 0,99 0,69 0,64 0,97 0,77 0,71 ÍNDICE DE ESPECIALIZAÇÃO EXPORTADORA/COMPLEMENTARIDADE (IEE) Na relação comercial entre dois países, este indicador aponta se o país A é mais especialista na exportação de determinado produto que o país B. A idéia é que, se um país é mais especialista que o outro, existe oportunidade de comércio entre eles, com o país A exportando para o país B. Entretanto, esse indicador só faz sentido se analisado junto ao índice de complementaridade entre os dois países. Isto porque a especialização exportadora aumenta o potencial de venda do país A para o país B, mas é necessário, sobretudo, que o país B necessite adquirir o produto exportado pelo país A. Neste estudo, o índice de especialização exportadora compara a participação das exportações de determinados setores brasileiros para o mundo com a participação das exportações malaias dos mesmos setores para o mundo. Um valor de IEE superior a 1 sugere que, no setor analisado, o Brasil tem vantagem de especialização exportadora em relação à Malásia. 49 Em geral, os setores identificados com especialização exportadora do Brasil para Malásia são produtores ou processadores de commodities, mas há setores intensivos em mão de obra e P&D. Tabela 8 – Índice de Especialização Exportadora /Complementaridade Setor/CNAE Descrição IEE 2008 ICC 2008 131 Extração de minério de ferro 155 Moagem, fabricação de produtos amiláceos e de rações balanceadas para animais 156 157 201 211 212 245 246 273 275 282 283 291 316 341 342 344 Fabricação e refino de açúcar Torrefação e moagem de café Desdobramento de madeira Fabricação de celulose e outras pastas para a fabricação de papel Fabricação de papel, papelão liso, cartolina e cartão Fabricação de produtos farmacêuticos Fabricação de defensivos agrícolas Fabricação de tubos - exceto em siderúrgicas Fundição Fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos Forjaria, estamparia, metalurgia do pó e serviços de tratamento de metais Fabricação de motores, bombas, compressores e equipamentos de transmissão Fabricação de material elétrico para veículos - exceto baterias Fabricação de automóveis, caminhonetas e utilitários Fabricação de caminhões e ônibus Fabricação de peças e acessórios para veículos automotores share do Brasil share do setor nas importações nas imp. da malaias do setor Malásia 2008 Principal Fornecedor Participação do Principal Fornecedor nas importações malaias do setor 775.1 99.8 0.36% 67.51% Chile 21% 3.5 66.4 0.90% 0.07% Tailândia 41% 66.1 4.4 1.2 67.5 58.9 75.9 0.27% 0.03% 0.15% 35.66% 15.72% 4.38% Austrália Indonésia Tailândia 38% 24% 27% 355.6 64.7 0.10% 54.95% Estados Unidos 25% 5.9 51.1 0.91% 0.23% Indonésia 19% 5.8 56.5 0.77% 0.18% China 18% 2.7 99.7 0.03% . China 26% 1.1 54.6 0.91% 0.07% Japão 40% 1.2 76.5 0.01% . China 39% 1.1 70.4 0.09% 1.20% China 28% 1.5 97.0 0.13% . Japão 33% 2.2 55.5 1.81% 0.39% Japão 17% 1.6 75.3 0.17% 0.06% Japão 21% 24.6 84.8 1.15% 0.02% Japão 46% 59.9 56.1 0.45% 1.85% Japão 59% 8.3 75.4 1.11% 0.59% Tailândia 35% Fonte: COMTRADE. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. O Brasil possui alto índice de especialização e complementaridade em “extração de minério de ferro”; “fabricação e refino de açúcar”; “fabricação de celulose e outras pastas para fabricação de papel”; “fabricações de automóveis, caminhonetas e utilitários”; “fabricações de caminhões e ônibus” e “construção, montagem e reparação de veículos ferroviários”. O país também é o principal fornecedor dos setores de “extração de minério de ferro” e “fabricação de máquinas, aparelhos e equipamentos de sistemas eletrônicos dedicados à automação industrial e controle do processo produtivo”. No setor de “fabricação e refino de açúcar”, o IEE do Brasil, em 2008, aumentou em torno de 50% em relação a 2003. O share do Brasil nesse setor foi de 36%, sendo que o principal fornecedor foi a Austrália. A participação do Brasil é apenas 2% menor que a desse importante 50 fornecedor. Outro setor em que o Brasil está quase atingindo o nível do seu concorrente é “torrefação e moagem de café”. O IEE desse setor para o Brasil é de 4%, ou seja, 4 vezes mais que o do próprio país. O share do Brasil nas importações da Malásia é de 16%, enquanto a Indonésia participa com 24%. Outros setores de destaque na tabela são: “fabricação de motores, bombas, compressores e equipamentos de transmissão”; “fabricação de tanques, caldeiras e reservatórios metálicos”; “fabricação de caminhões e ônibus” e “fabricação de peças e acessórios para veículos automotores”. Em relação à “fabricação de motores, bombas e compressores”, a participação do setor no total importado pela Malásia é de 0,02%. Nesse segmento, o Brasil participa com menos de 1% das importações totais da Malásia e o Japão é o principal fornecedor. No setor “fabricação de ônibus e caminhões”, o Brasil participa com 2% do mercado, apesar de possuir um alto índice de especialização e complementaridade. O Japão é o principal fornecedor, com participação de 59% do mercado. Nota-se na tabela 8 que os principais fornecedores para a Malásia são países asiáticos como a China, Japão, Tailândia e Indonésia, que mantêm robustas relações comerciais entre si. ÍNDICE DE PREÇOS E ÍNDICE DE QUANTUM Neste estudo, os cálculos dos Índices de Preços (Fischer) e Quantum (quantidade)27 medem, respectivamente, quanto o preço e a quantidade dos produtos exportados influenciam na variação do valor das exportações brasileiras para o mercado malaio. A análise do passado recente revela que, em 2004, a taxa de crescimento do valor exportado para a Malásia foi de 25%. Desse percentual, 10% decorreram de um aumento da quantidade exportada (quantum) e 14%, da variação de preços dos produtos. Em 2007, após aumentos sucessivos, o Índice de Preços das exportações brasileiras recuou 1% e a quantidade cresceu, ainda que em patamar bastante inferior àqueles de 27 “O índice de preços adotado é o Índice de Fischer, que consiste na média geométrica dos índices de Laspeyres e de Paasche. O Índice de Fischer mede a variação dos preços e, quanto maior seu valor, maior a variação de preços verificada nas exportações brasileiras para o país em foco. O Índice de Quantum, por sua vez, é obtido pela divisão do índice de variação do valor exportado pelo Índice de Fischer (índice de preços) e mede o crescimento do volume exportado. Nessa análise, a medida de quantidade utilizada é o peso (em quilogramas) dos produtos, disponível nos dados de exportação divulgados pelo MDIC/Aliceweb. Para o cálculo do índice de preços foram excluídas, por produto, as taxas de crescimento do valor exportado, consideradas casos extremos da amostra, partindo da observação do gráfico Box-Plot de cada ano. O índice de Laspeyres pondera preços de insumos em duas épocas, inicial e atual, 51 2005 e 2006. Em 2009, já como resultado da crise econômica que atingiu a economia mundial, o Índice de Preços caiu 8%, enquanto a quantidade exportada praticamente estagnou-se (aumento de 1% apenas). Esse movimento dos preços acompanha a tendência mundial para as commodities, excetuados os combustíveis, em função da alta concentração das exportações brasileiras de tais produtos para a Malásia. Nesse sentido, o Gráfico 20 mostra uma desaceleração do aumento do nível de preços a partir de 2006, seguido de uma explosão em 2008 (28%) e uma taxa negativa em 2009 (-8%). Mundialmente, os preços de commodities, exceto combustíveis, cresceram 23,2% entre 2005 e 2006; 7,4%, no biênio seguinte; alcançaram 14% entre 2007 e 2008, e caíram 18,7% entre 2008 e 2009. Gráfico 20 – Crescimento de valor, Índice de Preços e Índice de Quantum das exportações brasileiras à Malásia 59% 43% 37% 29% 28% 25% 18% 22% 16% 14% 10% 6% 5% 1% 1% 2004 2005 2006 Crescimento de valor -1% 2007 Índice de preços (Fischer) 2008 2009 -8% -8% Índice de quantum Fonte: Comtrade/ONU. Elaboração: UICC – Apex-Brasil. 52 PARTE 5 OPORTUNIDADES COMERCIAIS PARA O BRASIL NA MALÁSIA 53 OPORTUNIDADES COMERCIAIS PARA O BRASIL NA MALÁSIA As oportunidades para os exportadores brasileiros no mercado malaio foram identificadas por meio de uma metodologia desenvolvida pela Apex-Brasil que pode ser encontrada no Anexo 1. Em termos gerais, a metodologia faz o cruzamento das importações malaias com as exportações brasileiras para a Malásia, apontando as melhores chances para subgrupos de produtos28 brasileiros. O trabalho se inicia com o levantamento dos produtos que a Malásia importou de todo o mundo entre 2003 e 2008. Esses produtos foram separados da seguinte maneira 29: Produtos com Exportações Incipientes – são aqueles cuja participação brasileira nas importações malaias é muito baixa, ou seja, o Brasil vende relativamente pouco para a Malásia. Também são considerados como exportações incipientes aqueles produtos, cuja exportação brasileira para a Malásia não é contínua30. Outra característica dos produtos incipientes é que o Brasil é especialista em sua exportação31. Além disso, o mercado malaio apresenta bom nível de dinamismo32 em relação a esses produtos. A conjunção desses dois últimos fatores indica que há chances para as exportações brasileiras, mas elas precisam ser trabalhadas, numa estratégia de abertura do mercado malaio. Daí porque os subgrupos formados pelos produtos com exportações incipientes são denominados “a desenvolver”. Produtos com Exportações Expressivas – são aqueles cuja participação brasileira nas importações malaias é maior do que 1%, ou seja, o Brasil tem um volume significativo de vendas para a Malásia. Além disso, a exportação brasileira desses produtos para a Malásia é contínua. Os subgrupos de produtos com exportações expressivas são classificados em cinco categorias: 28 Os produtos analisados no estudo são reunidos em grupos e subgrupos de acordo com critérios definidos pela Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio. Os grupos, que são amplos, dividem-se em subgrupos. Normalmente, a denominação dos grupos é abrangente e genérica enquanto a dos subgrupos é mais específica, permitindo que se identifiquem com maior clareza os produtos neles incluídos. 29 Os critérios utilizados para classificar as exportações como incipientes e expressivas são apresentadas na metodologia, no Anexo 1. 30 Exportações contínuas são aquelas que, a partir da primeira venda efetuada, não são interrompidas em nenhum ano posterior. Em um período de quatro anos, se determinado produto foi vendido apenas nos dois primeiros anos, suas exportações são ditas descontínuas. Se, no entanto, as vendas do produto se iniciaram no terceiro ano e se repetiram no quarto, as exportações são consideradas contínuas. 31 O Brasil é especialista na exportação de um produto quando, na pauta de exportações brasileiras, este produto é mais importante do que na pauta de exportações do mundo. Explicações mais detalhadas são fornecidas na metodologia encontrada no Anexo 1. 32 Constata-se que alguns grupos de produtos malaios são mais dinâmicos que outros, ou seja, suas importações crescem em um ritmo mais acelerado que as importações mundiais. Efetivamente, quanto mais dinâmico é um grupo de produtos, maior é o crescimento de suas importações e mais atraente ele se torna para os exportadores brasileiros. Foram então selecionados os subgrupos de produtos malaios considerados muito dinâmicos, dinâmicos e de dinamismo intermediário. As faixas de dinamismo utilizadas no estudo estão descritas na metodologia, no Anexo 1. 54 - Consolidados33 – é o caso dos subgrupos de produtos brasileiros que já estão bem posicionados no mercado malaio (sua participação é igual ou superior a 30%) e gozam de uma situação confortável em relação aos seus principais concorrentes. A estratégia de atuação para esses grupos de produtos é de manutenção do espaço já conquistado. Aqui estão boas oportunidades para as exportações brasileiras; - Em risco34 – é o caso dos subgrupos de produtos brasileiros que já estiveram consolidados no mercado malaio e, hoje, ainda têm uma participação significativa, mas vêm perdendo, ano após ano, espaço para os concorrentes. O esforço dos exportadores brasileiros deve ser para retomar o espaço perdido ou, ao menos, reduzir a rapidez com que o Brasil perde participação para seus concorrentes; - Em declínio35 – é o caso dos subgrupos de produtos brasileiros que nunca estiveram consolidados na Malásia e que vêm perdendo participação naquele mercado. Aqui, as oportunidades para os exportadores brasileiros são menos interessantes; - A consolidar36 – é o caso dos subgrupos de produtos brasileiros que ainda não são consolidados na Malásia, mas que estão crescendo naquele mercado em um ritmo próximo ou superior ao dos concorrentes. Aqui estão as melhores oportunidades para os exportadores brasileiros. Nas vendas do Brasil para a Malásia há muito mais produtos com exportações expressivas (90,55%) que incipientes (9,45%) e, por conseqüência, o valor das exportações expressivas (US$ 942,06 milhões) é bastante superior ao das incipientes (US$ 181,2 milhões), como mostra a Tabela 9. Tabela 9 - Classificação de produtos importados pela Malásia Importações Exportações Exportações Importações totais totais da brasileiras para a brasileiras para Nº de SH6 Nº de SH6 (%) da Malásia em 2008 Malásia em Malásia – 2008 a Malásia (US$) 2008 (%) (US$) 2008 (%) Expressivo Incipiente Total 106 5283 5.389 1,97 98,03 4.228.298.407 152.857.221.827 2,69 97,31 100,00 157.085.520.234 100,00 942.062.609 98.281.735 90,55 9,45 1.040.344.344 100,00 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. 33 O Brasil tem uma participação mínima de 30% nas importações malaias e o crescimento médio das exportações brasileiras para a Malásia é superior ao do concorrente, ou inferior em até 25% ao crescimento das exportações do concorrente no período analisado. 34 A participação brasileira nas importações malaias é igual ou superior a 30%, mas o crescimento médio das exportações dos concorrentes supera em mais de 25% o do Brasil no período analisado. 35 A participação brasileira nas importações malaias é inferior a 30% e o crescimento médio das exportações brasileiras é negativo, ou inferior a 15%, desde que o crescimento médio das exportações dos concorrentes seja superior em 25% ao crescimento das exportações do Brasil. 36 A participação brasileira nas importações malaias é inferior a 30%, mas o crescimento médio das exportações brasileiras é superior a 15% ao ano e, caso seja inferior a 15%, é superior a três quartos do valor do crescimento dos concorrentes no período analisado. 55 Para apresentar as oportunidades de exportação para o mercado malaio, os subgrupos de produtos brasileiros foram organizados nos seguintes complexos: AGRONEGÓCIO, ALIMENTOS E BEBIDAS; MÁQUINAS E EQUIPAMENTOS; CASA E CONSTRUÇÃO e MODA. Há produtos que permeiam mais de um complexo ou não se encaixam em nenhum deles. Por isso, são classificados no complexo MULTISSETORIAL E OUTROS. Para cada um desses complexos, são apresentados os subgrupos com exportações incipientes e expressivas. AGRONEGÓCIO, ALIMENTOS E BEBIDAS O setor de agricultura representa 9,4% do PIB da Malásia e tem maior importância para o consumo interno. Em 2007, o gasto per capita dos malaios com alimentos foi em torno de US$ 400 dólares 37, enquanto gastos com comida nos países CLIFE38 foram de US$ 1.405 dólares. O gasto total com alimentos na Malásia aumentou 17,3%, enquanto o gasto com bebidas não alcoólicas cresceu 592% entre 1995 e 2007. Os itens mais comuns no almoço e na janta são arroz, carnes, peixes, legumes, frutas e vegetais. A preferência por carne depende da etnia da população. Por exemplo, a carne suína é preferida pelos chineses, porém não é consumida pelos mulçumanos. A carne bovina é uma das carnes preferidas pelos malaios, contudo seu consumo é proibido no hinduísmo. Recentemente, o aumento da renda possibilitou que os malaios aumentassem seu consumo de carnes, peixes e frutos do mar. O aumento de gasto com esses produtos foi de, aproximadamente, 47,7%, enquanto o gasto com pão e cereais caiu 29,4% no período de 1995-2007. Os malaios compram alimentos em feiras perto de suas casas não só pelo preço, mas também porque procuram por produtos mais frescos. Porém, em grandes centros urbanos, a compra de alimentos acontece em grandes redes de supermercados como, por exemplo, Giant, Tesco e Jusco. Nesses supermercados, a procura por alimentos embalados é frequente. A previsão é que a dieta dos malaios mude nos próximos anos e fique cada vez mais parecida com a dieta dos países asiáticos mais desenvolvidos como Japão e Taiwan. A seguir são destacadas as principais oportunidades para agronegócio, alimentos e bebidas no mercado malaio. O volume que a Malásia importou desses produtos, em 2008, chegou a US$ 3,3 bilhões, sendo que a participação brasileira nesse total foi de US$ 255,4 milhões. EXPORTAÇÕES INCIPIENTES 37 Segundo o Euromonitor 38 CLIFE- lista de países por expectativa de vida –Nações Unidas http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_countries_by_life_expectancy 56 A tabela 10 apresenta os cinco subgrupos de produtos brasileiros que têm oportunidade para abertura do mercado malaio. Ao todo, o volume de importação desses produtos chegou a US$ 4,75 bilhões, em 2008, estando a maior parte (43%) concentrada no subgrupo “adubos e fertilizantes”. Tabela 10 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER” Grupos Subgrupos Nº de SH6 Importações da Malásia em 2008 (US$) Dinamismo VCR do Brasil Adubos e fertilizantes 26 2.065.813.861 41,51 Dinâmico 0,74 Cereais em grão e esmagados 44 1.811.680.354 30,03 Muito dinâmico 1,28 Chá, mate e especiarias 28 174.763.606 20,71 Muito dinâmico 2,02 Farinhas para animais 23 313.976.924 15,23 Intermediário 0,70 Farelo de soja 1 393.691.770 29,17 Dinâmico 18,74 Soja mesmo triturada 1 307.230.736 12,51 Intermediário 25,49 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. O principal produto importado no subgrupo “adubos e fertilizantes” foi o SH6 310420 “cloreto de potássio para uso como fertilizante” que representou 44% do total do subgrupo em 2008. Canadá e Rússia foram os principais fornecedores desse produto, representando 32% (US$ 651,9 milhões) das importações malaias. O Brasil não exportou esse produto para a Malásia e suas exportações mundiais foram somente de US$ 11,8 milhões. Vale ressaltar que “cereais em grãos esmagados” foram o segundo produto mais importado. Nesse subgrupo, o principal produto importado foi o SH6 100630 “arroz semibranqueado ou branqueado, mesmo polido ou brunido (glaceado)” e o valor importado foi de US$663,7 milhões. Nos subgurpos de “chá, mate e especiarias”, o chá preto foi o principal produto importado (US$17,7 milhões). As importações de mate foram de US$53,9 mil. EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS • Subgrupos A CONSOLIDAR As importações malaias dos subgrupos “a consolidar” alcançaram US$ 408,6 milhões, sendo que “carne de boi in natura” concentrava 56,6% das importações desse subgrupo em 2008 e o principal fornecedor para a Malásia foi a Índia que teve participação de 79,72%. 57 Tabela 11 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR” Grupos Subgrupos Nº de SH6 Chocolates, balas e confeitos Café cru Demais produtos de café Carne de boi "in natura" Chocolate e suas preparações Massas alimentícias e preparações alimentícias Massas alimentícias e preparações alimentícias Café Carne bovina Carne suína Cereais em grão e esmagados Sucos Carnes salgadas suínas Cereais em grão e esmagados Demais sucos Crescimento Importações Exportações médio dos da Malásia brasileiras para concorrentes em 2008 a Malásia em entre 2003(US$) 2008 (US$) 2008 (%) Crescimento médio do Brasil entre 200032008 (%) Participação brasileira em 2008 (%) Principal concorrente em 2008 Participação do principal concorrente em 2008 (%) 1 97.360.404 2.312.818 46,29 31,17 2,38 Vietnã 47,70 2 34.284.507 6.599.423 13,68 16,71 19,25 Indonésia 25,47 1 231.513.777 17,46 44,35 3,65 Índia 79,72 2 36.830.648 5,94 62,32 18,96 China 12,86 8.452.566 6.981.859 1 7.114.944 546.286 14,39 21,57 7,68 Estados Unidos 75,35 2 473.635 90.216 12,77 ,00 19,05 China 28,30 17,85 0,00 7,40 Índia 50,56 41,16 42,12 3,19 Espanha 70,49 1 394.424.409 2 1.584.011 29.173.158 50.531 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. O grupo café foi o segundo mais importado, sendo que o subgrupo “café cru” foi o mais representativo dentro da categoria. A participação do Brasil foi de somente 2,38% e o crescimento médio dos concorrentes foi de 46,29%, comparado ao crescimento médio do Brasil de 31,17% no período de 2003-2008. Gráfico 21 – Participação dos principais fornecedores do subgrupo “café cru” (%) – 2003 a 2008 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Vietnã 38,7 36,6 36,7 49,4 51,9 47,7 Indonésia 45,1 47,1 45,4 29,8 30,1 34,1 Guatemala 0,1 0,0 0,0 0,0 5,8 12,0 Brasil 4,0 6,1 5,2 3,0 2,2 2,4 Papua e Nova Guiné 1,2 4,8 9,0 3,4 1,3 1,7 Outros 10,9 5,3 3,8 14,4 8,8 2,2 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. De acordo com o Gráfico 21, nota-se que os principais fornecedores foram Vietnã (47,7%) e Indonésia (34,1%). No período analisado, Vietnã cresceu, enquanto Indonésia perdeu mercado. Dentre os outros países fornecedores de “café cru” para a Malásia, nota-se que Guatemala ganhou participação, chegando a 12% no mercado enquanto outros fornecedores perderam durante o período analisado. 58 Na categoria “demais produtos de café”, dois SH6 tiveram destaque: extratos, essências e concentrados de café e preparações à base de extratos, essências e concentrados de café. Os subgrupos “carnes salgadas” e “cereais em grão esmagados” (milho para semeadura) não apresentaram crescimento e o crescimento médio dos concorrentes foi maior do que o brasileiro, 12,77% e 17,85%, respectivamente. Nesses subgrupos, o Brasil precisa aumentar suas exportações para não perder mercado. O principal concorrente para “carne salgada” foi a China, que obteve 28,30% do mercado; e o principal concorrente no subgrupo de “cereais em grãos esmagados” foi a Índia, com 50,56% do mercado. No grupo “chocolates e suas preparações”, o Brasil obteve um ótimo crescimento médio de 62,32% em relação aos seus concorrentes, que ficaram em 5,94%. O subgrupo é composto por dois SH6: “chocolate e outras preparações alimentícias com cacau, recheadas, em tabletes, barras e paus” e “outros chocolates e preparações alimentícias contendo cacau”. O principal concorrente nesse subgrupo foi a China, que obteve participação de 12,86%. A participação brasileira de massas alimentícias nas importações da Malásia foi pequena (7,68% em 2008); porém, o Brasil apresentou um crescimento médio de 21,57% em relação aos seus concorrentes (crescimento médio de 14,3%) no período analisado. Nesse subgrupo, os Estados Unidos representam um forte concorrente, com participação de 75,35% do mercado malaio. As importações malaias de sucos foram de US$ 1,5 milhão em 2008, sendo que a participação brasileira foi de 3,19%. Nesse subgrupo, a Espanha representa um forte concorrente, já que possui 70,49% do mercado. • Subgrupos CONSOLIDADOS, EM DECLÍNIO e EM RISCO Tabela 12 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “CONSOLIDADOS”, “EM DECLÍNIO” e “EM RISCO” Grupos Subgrupos Nº de SH6 Importações da Importações da Malásia Malásia em 2008 provenientes do (US$) Brasil em 2008 (US$) Crescimento médio dos concorrentes entre 2003 -2008 (%) Crescimento médio do Brasil entre 2003 - 2008 (%) Participação brasileira em 2008 (%) Principal concorrente em 2009 Participação do principal concorrente em 2008 (%) Classificação Açúcar e álcool Açúcar em bruto 1 412.122.424 147.828.025 3,95 50,68 35,87 Austrália 38,52 Consolidado Carne bovina Carnes salgadas bovinas 1 238.114 94.768 9,78 0,00 39,80 Índia 31,39 Em risco Chá, mate e especiarias Chá, mate e especiarias 1 2.207.838 150.710 0,56 -9,56 6,83 Indonésia 45,14 Em declínio 3 5.553.989 3.543.905 31,37 251,57 63,81 China 19,18 Consolidado 1 25.929.148 17.344.535 31,31 0,00 66,89 Índia 17,76 Em risco 1 75.526.404 38.921.234 13,43 29,15 51,53 Argentina 48,20 Consolidado 1 828.180 117.831 1,79 -6,84 14,23 Cingapura 28,21 Em declínio 5.790.807 2.436.170 10,85 53,03 42,07 Holanda 12,71 Consolidado Gorduras e óleos animais e vegetais Produtos hortícolas e plantas vivas Soja (grãos, óleos e farelo) Sucos Gorduras e óleos animais e vegetais Produtos hortícolas e plantas vivas Óleo de soja em bruto Suco de laranja não congelado Suco de laranja congelado 1 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. 59 Na Tabela 12, verifica-se que quase metade dos produtos estão consolidados e representam 54% do total (US$ 498,9 milhões) analisado na tabela. Os produtos em declínio representam 43%, com um valor equivalente a (US$ 397,9 milhões). Os produtos em declínio apresentaram crescimento médio negativo no mercado malaio. “Chá, mate e especiarias” apresentaram um crescimento negativo de -9,56%, sendo que a participação brasileira foi de 6,83%. O principal concorrente desse produto é a Indonésia, que possui 45,14% do mercado. “Suco de laranja não congelado” também apresentou crescimento negativo de -6,84%. A participação brasileira foi de 14,23% e o principal concorrente foi Cingapura com 28% de participação. Dentre os subgrupos analisados, “açúcar em bruto” foi o produto com maior valor nas importações malaias. A participação brasileira foi de 35,87% e o crescimento médio foi de 50,68% em comparação ao crescimento dos concorrentes, de 3,95%. É muito provável que as exportações brasileiras ultrapassem às do principal concorrente, Austrália, que possui uma participação de 38,52% - somente 2,65% a mais que o Brasil. O Brasil é o principal fornecedor de gorduras e óleos e animais vegetais, óleo de soja em bruto e sucos de laranja para a Malásia e possui uma posição consolidada, ou seja, com mais de 30% de participação naquele mercado. Dentre os subgrupos já mencionados, a Argentina é o segundo maior fornecedor de “óleo de soja em bruto”, respondendo por 48,20% do mercado, em comparação a 51,53% fornecidos pelo Brasil. No subgrupo “gordura, óleos animais e vegetais”, o crescimento médio brasileiro foi de 251,57% em relação aos seus concorrentes, cujo crescimento foi de 31,37%. Nesse subgrupo, o principal concorrente brasileiro é a China, que possui uma participação de mercado de 19,18%. Em relação ao subgrupo, “suco de laranja”, é interessante notar que a Holanda aparece como o principal concorrente do Brasil devido à reexportação. Carne bovina salgada e produtos hortícolas foram os produtos classificados “em risco”, já que as exportações brasileiras para aquele país estagnaram e houve crescimento médio dos concorrentes. No caso de carne bovina salgada, os concorrentes tiveram, em média, um crescimento de 9,78%. A Índia, entretanto, obteve uma participação de mercado de 31,39%, percentual bem próximo ao do Brasil (39,80%), que lhe tem como seu principal concorrente. Em relação aos “produtos hortícolas”, o Brasil possui uma grande vantagem, já que sua participação no mercado é de 66,89%, bem acima dos 17,76% da Índia, seu principal contendor nesse segmento. Máquinas e Equipamentos A indústria representa 40,9% do PIB da Malásia e o país pretende se tornar um hub de manufaturas e distribuição na região. O país importa, principalmente, máquinas e equipamentos no setor de geração de energia, 60 máquinas para indústrias específicas e máquinas para transformação de metais para partes e peças em geral. Seus principais fornecedores são: Japão, Estados Unidos, Taiwan, Cingapura e Alemanha. A Malásia possui uma indústria bem desenvolvida nos setores elétricoeletrônico e de energia solar. No setor eletrônico, várias multinacionais estão instaladas no país como Intel, Freescale, Agilent, Hitachi, Infineon, Texas Instrument, National Semiconductor, Silterra and X-Fab. A presença dessas fábricas contribui para maior especialização da mão de obra local; o que, por seu turno, garante um incremento na produção, com preços finais mais competitivos e melhor distribuição regional. Além desses setores, o país conta com uma indústria desenvolvida para plásticos e máquinas de embalagens para alimentos e bebidas. Entretanto, a produção nacional ainda não é suficiente, razão pela qual o governo incentiva a instalação de fábricas em vários setores. De acordo com a Autoridade de Desenvolvimento Industrial da Malásia (MIDA), existem oportunidades para instalação de fábricas de máquinas e equipamentos que se encontram nos seguintes setores: petróleo e gás natural; alimentos; bebidas; madeiras; papel e celulose; agricultura; indústria automotiva; biotecnologia; processamento; petroquímicos; biotecnologia; farmacêutica; impressoras; semi-condutores; construção; transformação de metais; geração de energia; e partes e componentes. No setor de petróleo e gás natural, várias empresas já se instalaram para fabricar equipamentos de exploração de petróleo em águas profundas. Devido ao crescimento desse tipo de atividade no sul da China e na costa noroeste da Austrália, a procura e o desenvolvimento de equipamentos de alta tecnologia deve crescer na região. EXPORTAÇÕES INCIPIENTES A Tabela 13 apresenta os 9 subgrupos de produtos brasileiros que têm oportunidade para abertura do mercado malaio. Ao todo, o volume de importação desses produtos chegou a US$ 5,9 bilhões em 2008, estando a maior parte (53,44%) concentrada no subgrupo “aviões, autopeças e compressores e bombas”. 61 Tabela 13 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER” Grupos Aviões Subgrupos Aviões Borracha e suas obras Máquinas e motores Veículos automotores e suas partes Nº de SH6 Importações da Malásia em 2008 (US$) Crescimento médio anual das imp. da Malásia 2003 - 2008 (%) Dinamismo VCR do Brasil 3 965.767.878 126,21 Muito dinâmico 2,92 22 286.431.857 29,07 Muito dinâmico 1,74 20 905.907.322 13,04 Intermediário 1,21 16 447.725.885 15,50 Dinâmico 1,65 7 171.998.420 19,81 Intermediário 1,25 5 233.202.239 5,07 Muito dinâmico 1,52 2 319.108.160 31,71 Muito dinâmico 2,30 11 214.844.379 22,77 Muito dinâmico 1,05 Rolamentos e engrenagens 15 607.996.220 16,34 Intermediário 0,91 Autopeças 17 1.300.936.196 28,25 Muito dinâmico 0,87 7 483.127.099 11,12 Muito dinâmico 1,42 Pneumáticos e câmara de ar Compressores e bombas Máquinas e aparelhos de terraplanagem, perfuração Máquinas e aparelhos p/trabalhar pedra e minério Motores para veículos automóveis Partes de motores para veículos automóveis Refrigeradores e congeladores Veículos de carga Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. O subgrupo com maior valor importado foi “autopeças” (US$1,3 milhão), composto por 17 produtos, dentre os quais se destacam: “outras partes e acessórios, para veículos automóveis das posições 8701 a 8705” (US$955,5 milhões); “caixas de marchas (velocidade) para veículos automóveis das posições 8701 a 8705” (US$ 275,2 milhões); “eixos de transmissão com diferencial, para veículos automóveis das posições 8701 a 8705” (US$ 236,6 milhões) e “rodas, suas partes e acessórios, para veículos automóveis das posições 8701 a 8705” (US$ 62,9 milhões). As importações de autopeças cresceram 28,25% em 2008 e os principais fornecedores foram Tailândia, Indonésia, China, Alemanha. O Brasil aparece como 27º fornecedor de autopeças para a Malásia. Os principais produtos importados no subgrupo “aviões” foram o SH6 “aviões e outros veículos aéreos, de peso; 15.000kg, vazios” e “aviões e outros veículos aéreos, de peso &; 2.000kg e =< 15.000kg, vazios”, sendo que os principais fornecedores foram, respectivamente, França e África do Sul. O crescimento médio anual das importações de aviões foi alto (126%), e as importações foram classificadas como muito dinâmicas, com Vantagem Comparativa Relativa (VCR) de 2,92. O VCR indica a especialização do Brasil na exportação de produtos daquele grupo em relação à especialização exportadora do principal concorrente. Se o VCR for maior que 1, o Brasil possui vantagem em relação ao concorrente. As importações de máquinas e aparelhos de terraplanagem e perfuração somaram (US$447,7 milhões). Os principais produtos importados dentro dos subgrupos foram: “máquinas escavadoras, com capacidade de efetuar uma rotação de 360 graus, autopropulsores” (US$262 milhões); “outras máquinas de sondagem ou perfuração” (US$ 71,43 milhões); “outras pás mecânicas, escavadores e carregadoras, autopropulsores” (US$65,2 62 milhões); “carregadoras e pás carregadoras, de carregamento frontal, autopropulsores” (US$62,2 milhões) e “bulldozers e "angledozers", de lagartas, autopropulsores” (US$56,8 milhões). O aumento do crescimento médio anual foi de 15,5% e foi considerado um setor dinâmico, além da vantagem comparativa do Brasil- VCR que foi de 1,65. Os principais fornecedores foram Japão, Estados Unidos, Tailândia, Indonésia e Coreia do Sul. O Brasil foi o 8º maior fornecedor desses equipamentos para a Malásia. Compressores e bombas somaram US$905,9 milhões nas importações malaias e o crescimento médio foi de 13,04%, apresentando um dinamismo intermediário. Os principais produtos importados foram: “outras bombas de ar, coifas aspirantes para extração ou reciclagem” (US$ 262 milhões); “outras partes de compressores de ar ou de outros gases” (US$122 milhões); “outras bombas para líquidos” (US$71,4 milhões) e “outras bombas centrífugas” (US$65,2 milhões). Nesse subgrupo, os principais fornecedores foram Japão, Estados Unidos, China, Indonésia e Reino Unido. O Brasil apareceu como 25º maior fornecedor desses produtos para a Malásia. EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS • Subgrupos A CONSOLIDAR As importações malaias dos subgrupos “a consolidar” alcançaram US$225,8 milhões e o subgrupo que “veículos automotores e suas partes” representou 11% das importações malaias em 2008. Tabela 14 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR” Grupos Máquinas e motores Materiais elétricos e eletro-eletrônicos Subgrupos Turbinas hidráulicas e rodas hidráulicas Aparelhos mecan.p/projetar/pulverizar líquidos/pós Nº de SH6 Crescimento Importações do Exportações médio dos país em 2008 brasileiras para o concorrentes (US$) país em 2008 (US$) entre 200032008 (%) Crescimento Participação do médio do Participação Principal principal Brasil entre brasileira concorrente em concorrente em 20003-2008 em 2008 (%) 2008 2008 (%) (%) 1 26.580.425 2.700.016 384,01 - 10,16 Coréia do Sul 32,19 1 14.934.237 1.620.547 10,59 157,50 10,85 China 47,08 Laminadores de metais 1 30.468.697 3.188.183 17,61 77,43 10,46 China 21,43 Apars. eletr. de iluminação/sinalização p/automóveis 1 279.312 38.662 -2,04 ,00 13,84 China 24,13 Plásticos e suas obras Plásticos e suas obras 1 5.097.743 1.423.802 -7,32 19,09 27,93 Tailândia 45,48 Veículos automotores e suas partes 2 175.045.213 26.587.795 28,26 35,99 15,19 Japão 25,10 Tratores Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. As importações de tratores da Malásia somaram US$175 milhões em 2008 e os dois principais SH6(s) foram “tratores rodoviários para semi-reboques” (US$97,5 milhões) e “outros tratores” (US$77,5 milhões). Em 2008, o Brasil foi o segundo maior fornecedor deste SH6 e o principal fornecedor daquele. Entre 2003-2008, o crescimento médio brasileiro foi de 35,99%, superior ao do concorrente (28,6%) e com perspectivas de aumento de participação nesse mercado. Apesar de o Brasil ter uma participação em torno de 10% nas importações de “laminadores de metais, aparelhos elétricos de iluminação/sinalização para automóveis” e “aparelhos mecânicos para projetar, pulverizar 63 líquidos/pós”, seu crescimento médio no período analisado foi de 77,43% e 157,50% respectivamente. Tal desempenho indica um aumento na participação das exportações desses produtos. O gráfico abaixo mostra os principais fornecedores de laminadores de metais. Gráfico 22 – Participação dos principais fornecedores do subgrupo “laminadores de metais” (%) – 2003 a 2008 90,0 80,0 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 China 8,2 32,2 13,8 14,8 26,8 21,4 Brasil 0,0 0,0 2,1 3,3 7,0 10,5 Coréia do Sul 1,5 3,9 12,2 1,9 8,2 9,8 Tailândia 6,2 8,9 3,1 3,8 3,1 9,5 Estados Unidos 7,7 6,6 6,8 6,0 7,4 7,7 Outros 76,7 48,6 62,3 70,1 47,6 41,2 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. Da análise do Gráfico 22 infere-se que, de modo geral, as importações desse subgrupo concentraram-se em alguns poucos países. Outros fornecedores, que representavam 76,7% em 2003, caíram para 41,2% em 2008. A China se manteve como principal fornecedor no período em análise. Por entrar nesse mercado somente em 2005, o Brasil obteve um crescimento significativo de 10,5%, seguido pela Coreia do Sul, Tailândia e Estados Unidos. A vantagem do Brasil está no crescimento médio de 77,43% no período, o que indica possibilidade de aumento da sua participação naquele mercado. Em 2008, o Brasil começou a exportar “turbinas e rodas hidráulicas” e ficou em 4º lugar nas exportações desse produto. A Coreia do Sul foi o principal concorrente, com 32,19% de participação do mercado - o percentual brasileiro para esse indicador não passou de 10,16%. Outros fornecedores para esse produto foram Alemanha (2º) e França (3º). • Subgrupos CONSOLIDADOS e EM DECLÍNIO 64 Tabela 15 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “CONSOLIDADOS” e “EM DECLÍNIO” Grupos Subgrupos Crescimento Crescimen médio dos to médio Participação Importações da Importações da Malásia Nº de SH6 Malásia em 2008 provenientes do Brasil concorrentes do Brasil brasileira em (US$) em 2008 (US$) entre 2003 - entre 2003 2008 (%) 2008 (%) 2008 (%) Principal concorrente em 2009 Participação do principal concorrente em 2008 (%) Classificação Compressores e bombas 1 18.677.031 118.090 14,62 -10,10 ,63 Japão 48,17 Em declínio Máquinas e aparelhos de terraplanagem, perfuração 1 7.801.250 414.102 36,51 2,43 5,31 China 29,42 Em declínio Demais materiais elétricos e eletrônicos 1 1.589.728 427.037 -5,66 -12,34 26,86 Japão 42,25 Em declínio Veículos automotores e Chassis e carroçarias para veículos suas partes automóveis 1 58.047.621 361.669 31,66 -37,84 ,62 Japão 59,60 Em declínio Máquinas e motores 1 20.834.449 6.273.826 17,47 34,29 30,11 China 20,31 Consolidado Máquinas e motores Materiais elétricos e eletro-eletrônicos Ferramentas manuais, pneumáticas ou hidráulicas Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. Observa-se, na Tabela 15, que 84,40% dos produtos exportados foram classificados como “em declínio”, com apenas um subgrupo “consolidado”. O subgrupo “chassis e carroçarias para veículos automóveis” representou 43,47% do total importado e é o mais preocupante, pois apresenta um crescimento negativo de 37,84%, enquanto o Japão - principal concorrente - apresenta um crescimento de 31,66%. As exportações brasileiras foram de somente US$361 mil em 2008 e precisam crescer para que o Brasil aumente a sua participação. Outros subgrupos “em declínio”, com crescimento negativo, foram “compressores e bombas”, “demais materiais elétricos e eletrônicos” e “chassis e carroçarias para veículos automóveis”. Do subgrupo “máquinas e aparelhos de terraplanagem, perfuração”, o único SH6 classificado como “em declínio” foi “niveladores”, cujas importações somaram (US$7,8 milhões). O principal fornecedor foi a China, que obteve 29,42% do mercado. O Brasil foi o 4º maior fornecedor (US$2,2 milhões) em 2008 e vem perdendo mercado no período analisado. Em 2004 e 2005, o Brasil foi o principal fornecedor desses produtos para a Malásia, enquanto a China praticamente não exportou. O crescimento médio do Brasil foi de 2,43%, enquanto o crescimento médio dos concorrentes foi de 36,51%. Outros países fornecedores para esses produtos foram Japão, Indonésia e Estados Unidos. O Brasil precisa melhorar sua competitividade para reconquistar sua participação nesse mercado. O único subgrupo classificado como “consolidado” foi “ferramentas manuais, pneumáticas ou hidráulicas”, sendo que a participação brasileira do mercado foi de 30,11% e o crescimento médio foi de 34,29%. A China foi o principal concorrente e obteve 20,31% do mercado. Casa e Construção 65 O setor de construção é extremamente competitivo na Malásia, sendo que grande partes das empresas de construção estão no Vale do Klang. Apesar da indústria ter atingido um nível de maturidade, o setor de construção civil ainda sofre com obstáculos como burocracia, baixa produtividade, fragmentação e transparência em licitações. O governo tende a dar preferência por firmas locais de construção e engenharia e firmas estrangeiras são convidadas a participar de projetos que requerem alguma especialidade que as firmas locais não conseguem atender. Isso ocorreu no projeto das famosas torres de Petrona, em que firmas estrangeiras foram contratadas para gerenciar o empreendimento. As oportunidades na Malásia para esse setor estão ligadas diretamente à demanda de infraestrutura e construção de casas. A participação de empresas privadas no setor de infraestrutura deve incentivar o número de obras nesse setor. No setor de construção de casas, a previsão em 2020 é de que o problema de falta de moradia se agrave, já que a população será de 28 milhões de pessoas. O setor público e o privado estão estudando novas formas e tecnologias para que a construção seja rápida e ofereça qualidade. Está previsto no Nono Plano da Malásia (2006-2010), um programa para a construção de 709.400 casas populares, com o orçamento de US$ 130 milhões pelo programa Rumah Rakyat Mesra. O Departamento Nacional de Casas supervisiona o trabalho para que as casas sejam construídas em locais adequados e dentro dos padrões de qualidade estabelecidos. A base das construções na Malásia é o concreto e as construções residenciais são planas, seguindo o padrão de 20 casas alinhadas. Um projeto típico consiste de 30% de casas populares, 40% de casas de médio custo e 30% de casas de alto custo. Dentre os desafios para o setor, sobressaem-se o alto custo do cimento e aço utilizado na construção, além dos custos de combustível e mão de obra qualificada. Construções modulares e casas pré-fabricadas diminuem alguns custos, especialmente de cimento e combustível. As casas pré-fabricadas também reduzem os custos de acabamento e são mais econômicas. O ambiente competitivo exige das empresas conhecimento especializado. Empresas locais conseguem suporte do governo e assistência de instituições de educação superior, que ajudam no aprendizado de novas tecnologias, priorizando o emprego de materiais desenvolvidos localmente. Entretanto, há espaço para empresas estrangeiras nas áreas em que faltam conhecimento e serviços especializados, como na construção de túneis, plantas nucleares e grandes incineradores. Uma das formas de acesso ao mercado é por meio de joint ventures ou empresas de consultoria para direcionamento e aconselhamento. É comum empresas locais assumirem o gerenciamento de projetos e contratarem empresas estrangeiras para fornecer algum tipo de tecnologia não existente no país. EXPORTAÇÕES INCIPIENTES O subgrupo “cerâmicos” possui 29 SH6(s), dentre os quais se destacam “outras obras de cerâmica” (US$35,1 milhões); “tijolos e peças cerâmicas semelhantes, refratários, contendo & gt; 50% em peso de 66 magnesianos ou de óxido de cromo” (US$20,1 milhões); “outros produtos cerâmicos refratários” (US$17 milhões) e “outros ladrilhos e artigos semelhantes, de cerâmica, não vidrados nem esmaltados” (US$ 17 milhões). Os principais fornecedores foram Estados Unidos, França e Alemanha. Em relação ao grupo, o Brasil foi considerado muito dinâmico e é especialista nesse setor, já que o VCR >1. Dentre os subgrupos classificados, “demais produtos minerais” concentrou o maior valor. Nesse subgrupo, os principais produtos importados foram: “fosfatos de cálcio naturais, fosfatos aluminocálcicos naturais, cré-fosfatado, moídos” (US$114, 4 milhões); “cimentos não pulverizados - clinkers" (US$78,6 milhões); “sal (incluídos o sal de mesa e o sal desnaturado) e cloreto de sódio puro, mesmo em solução aquosa ou adicionados de agentes antiaglomerantes” (US$41,7 milhões); “kieserita, epsomita - sulfatos de magnésio naturais” (US$ 30,1 milhões) e “gipsita; anidrita” (US$ 26,9 milhões). Tabela 20 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER” Grupos Subgrupos Importações da Malásia em 2008 (US$) Nº de SH6 Crescimento médio anual das imp. da Malásia 2003 2008 (%) Dinamismo VCR do Brasil Produtos cerâmicos Produtos cerâmicos 29 200.869.432 10,74 Muito dinâmico 1,31 Produtos minerais Demais produtos minerais 74 509.449.503 20,78 Dinâmico 1,68 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS • Subgrupos A CONSOLIDAR As importações malaias dos subgrupos “a consolidar” alcançaram US$ 322,6 milhões e os subgrupos “madeira serrada” e “tubos de ferro fundido, ferro ou aço” representaram 74% do total importado em 2008. Tabela 21 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR” Grupos Ferramentas, talheres e outras obras de metais Subgrupos Ferramentas e talheres Madeira Madeiras, cortiças laminada e obras de trançaria Madeira serrada Obras de pedras e semelhantes Obras de pedra e semelhantes Tubos de ferro fundido,ferro ou aço Exportações Importações brasileiras para Nº de SH6 do país em o país em 2008 2008 (US$) (US$) Crescimento médio dos concorrentes entre 200032008 (%) Crescimento médio do Brasil entre 200032008 (%) Participação brasileira em 2008 (%) 9,15 18,49 4,45 Estados Unidos 52,01 Principal concorrente em 2008 Participação do principal concorrente em 2008 (%) 2 65.085.410 2.898.493 1 13.868.644 966.039 14,46 23,93 6,97 China 43,72 4 110.996.460 3.405.999 10,54 64,91 3,07 Tailândia 44,31 1 2.049.699 177.301 23,32 46,16 8,65 Japão 35,50 3 130.623.457 4.309.176 94,44 185,52 3,30 China 41,19 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. 67 O subgrupo de maior valor importado foi “tubos de ferro fundido, ferro ou aço” (US$ 130,6 milhões), sendo que os principais produtos importados dentro desse subgrupo foram: “outros tubos ocos ferro/aço/ para oleoduto/gasotuduto” (US$ 117,9 milhões); “outros tubos de ferro ou de aços não ligados, sem costura, de seção circular” (US$ 9,4 milhões). Os principais fornecedores desses produtos foram: China, Japão, Argentina, Inglaterra e Brasil. Esse subgrupo, além de ter o maior valor, obteve o maior crescimento médio do Brasil (185,62%) em relação a seus concorrentes (94,44%), que também apresentaram ótimo desempenho. Isso indica que a construção está aquecida no país e que o Brasil pode aumentar a sua participação. Dentro do subgrupo “madeira serrada”, o SH6 “outras madeiras, serradas, cortadas em folhas ou desenroladas, de espessura & gt; 6mm” representou 73% do total importado. Os principais fornecedores desses produtos foram Tailândia, Indonésia, Austrália, Estados Unidos, Filipinas e Brasil. O crescimento médio do Brasil foi de 64,91% em comparação ao do concorrente e as expectativas são que o país aumente a sua participação de mercado. Em produtos para o lar, o Brasil se destacou no subgrupo “ferramentas e talheres”, apresentando o dobro de crescimento em relação de seus concorrentes. “navalhas e aparelhos de barbear de metais comuns” foi o produto mais importado (US$64,5 milhões). O principal fornecedor desse subgrupo foi os Estados Unidos, que garantiu 76,5% do total importado pela Malásia. O SH6 “outras facas de lâmina fixa, de metais comuns” foi o segundo produto mais importado (US$554 mil) e teve, como mostra o gráfico abaixo, Suíça, China, Alemanha, Brasil e Japão como principais fornecedores. Os dados do Gráfico 24 indicam que a China perdeu aproximadamente a metade da sua participação no mercado durante o período analisado. Gráfico 24 – Participação dos Principais Fornecedores do Subgrupo outras facas de lâmina fixa, – 2003 a 2008 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Suíça 19,2 22,7 16,9 8,9 16,7 26,7 China 56,2 39,9 52,3 30,0 33,9 25,6 Alemanha 0,0 9,7 4,0 8,2 9,2 17,2 Brasil 5,0 3,6 0,5 2,1 1,1 9,0 Japão 5,3 7,4 1,7 7,9 15,9 6,3 Outros 14,3 16,7 24,7 42,8 23,2 15,3 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. 68 Em termos de crescimento, fortes concorrentes do Brasil são a Alemanha e a Suíça. Observa-se que o crescimento do Brasil é grande em relação a 2007, quando o Brasil obteve somente 1,1% do mercado. • Subgrupos CONSOLIDADOS e EM DECLÍNIO O grupo “madeiras, cortiças e obras de trançaria” surge, novamente, como oportunidade; porém dessa vez, o subgrupo “madeira compensada ou contraplacada” é classificado como “em declínio”. O Brasil apresentou um crescimento médio negativo de -2,11%, sendo que o principal concorrente foi a China, que participou com 54,54% do mercado. Vale ressaltar que o crescimento médio dos concorrentes foi de 99,10%. Tabela 22 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “CONSOLIDADOS” e “EM DECLÍNIO” Grupos Subgrupos Nº de SH6 Madeiras, cortiças e Madeira compensada obras de trançaria ou contraplacada 2 Produtos minerais 2 Demais produtos minerais Crescimento Importações Crescimento Importações Participação Principal médio dos da Malásia médio do da Malásia brasileira em concorrente em provenientes concorrentes Brasil entre em 2008 2008 (%) 2009 do Brasil em entre 2003 -2008 2003 - 2008 (%) (US$) 2008 (US$) (%) 7.455.978 468.549 99,10 -2,11 6,28 China 3.287.144 1.483.698 -13,56 2,39 45,14 Canadá Participação do principal concorrente em 2008 (%) Classificação 54,54 Em declínio 43,21 Consolidado Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. O subgrupo “produtos minerais” foi classificado como “consolidado”, já que a participação brasileira ficou acima dos 30%. Os principais produtos importados nesse subgrupo foram: “amianto - asbesto” (US$ 1,5 milhão) e “outras formas de amianto - asbesto” (US$ 1,7 milhão). O principal fornecedor de amianto foi o Brasil e o principal fornecedor de “demais produtos” foi o Canadá, seguido do Brasil. O Brasil possui pouca vantagem em relação ao seu principal concorrente, haja vista que suas participações foram, respectivamente, de 45,14% e 43,21%. Moda Os malaios compram roupa e calçados em épocas festivas ou quando precisam de novas roupas para uma ocasião especial. Em comparação aos consumidores de outros países, os malaios não se preocupam tanto com roupas no dia a dia e compram-nas em períodos festivos como Hari Raya Aidilfitri39, o Ano Novo Chinês, Deepvali40 e Natal. Os malaios de origem chinesa têm por tradição vestir roupas novas durante o Ano Novo e os shopping centers locais oferecem promoções durante esse período. As promoções conhecidas como “Mega 39 Hari Raya Aidilfitri é a festa dos mulçumanos que celebram o fim do Ramadan 40 Deepvali é o festival de luzes do hindus. Nesse festival os hindus agradecem os deuses a alegria, conhecimento, paz e o que receberam no ano. 69 Sales”, que ocorrem algumas vezes ao ano, são eventos em que os consumidores compram a maior parte das suas roupas e calçados. Devido ao clima tropical, a preferência dos malaios é por roupas confortáveis - modas sazonais não têm grande influência no consumo. Muitos malaios, especialmente mulheres malaias e indianas, ainda vestem Baju Kurung e Sari. Por outro lado, os jovens procuram roupas com design de países como o Japão, Estados Unidos e Coreia do Sul. Entre 1995 e 2007, o gasto com roupas e sapatos cresceu 68,6% na Malásia, devido ao aumento da renda disponível, baixa nos preços e abertura de novas lojas. O total gasto com roupas prontas para vestir foi significativo, passando de RM 3,6 bilhões (US$ 1,16 bilhão) em 1995 para RM 6,3 bilhões (US$ 2,03 bilhões) em 2007, representando um aumento de mais de 75%. Segundo dados do Euromonitor, devido à crise que começou em 2008, a previsão em 2009 era de que os gastos com roupas caíssem 2% e chegassem a RM13 bilhões (US$ 4,2 bilhões). Em relação aos gastos com sapatos, o crescimento no período relativo de 1995-2007 foi RM 804 milhões (US$259,52 milhões) para RM1,3 bilhão (US$ 420 milhões), o que representou um aumento de 68,6%. Além disso, jóias passaram a ser um item de consumo na Malásia devido ao aumento da renda disponível. Os malaios estão ávidos para comprar itens de luxo e, por isso, as vendas de jóias, relógios, artigos de prata aumentaram de RM 1,3 bilhão (US$ 420 milhões) em 1995 para RM 2,6 bilhões (US$ 660 milhões) em 2007, o que representou um aumento de 92%. A compra de jóias é feita especialmente em lojas especializadas e lojas de departamentos. O design aumentou a demanda por acessórios, jóias e pedras preciosas e semipreciosas, além de pérolas, cristal, zircônia e pedras associadas ao mês de aniversário (birthstones). Apesar da crise em 2009, novos shopping centers foram abertos como o “Square One Mall” em Batu Pahat e “Tropicana City Mall” em Petaling Jaya. Além disso, o “Bintang Mega Mall” em Miri foi reformado para receber mais lojas. No total, 223 novas lojas de roupas e sapatos foram abertas, oferecendo maior variedade de produtos e lojas aos consumidores. EXPORTAÇÕES INCIPIENTES Dentro do grupo metais e pedras preciosas, o único subgrupo classificado foi “ouro em formas semimanufaturadas” que representou US$ 2,4 milhões e apresentou um crescimento de 27,17%. A vantagem comparativa revelada foi de 3,73, ou seja, a especialização do Brasil na exportação desses produtos é alta VCR>1; porém, o país ainda não exporta esse produto para a Malásia. Os principais fornecedores desses produtos foram Emirados Árabes Unidos, Japão, Cingapura, Suíça e Hong Kong. 70 Tabela 16 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER” Grupos Subgrupos Nº de SH6 Metais e pedras preciosas Ouro em formas semimanufaturadas 1 Crescimento Importações da médio anual das Malásia em 2008 imp. Da Malásia (US$) 2003 - 2008 (%) 2.427.205.826 Dinamismo VCR do Brasil Dinâmico 3,73 27,17 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS • Subgrupos A CONSOLIDAR As importações malaias dos subgrupos “a consolidar” alcançaram US$ 122,8 milhões, com participação de 62% do subgrupo “demais produtos têxteis” em 2008. Tabela 17 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR” Grupos Subgrupos Calçados Calçados e suas Partes de calçados partes Metais e Pedras preciosas e pedras semipreciosas preciosas Têxteis Demais produtos têxteis Crescimento Exportações Crescimento médio dos Participação Principal brasileiras médio do Brasil concorrentes brasileira em concorrente em para o país entre 20003entre 200032008 (%) 2008 em 2008 (US$) 2008 (%) 2008 (%) 36.257.186 1.870.569 44,68 163,38 5,16 Vietnã 3.544.956 373.954 34,06 26,51 10,55 China Importações Nº de SH6 do país em 2008 (US$) 1 1 Participação do principal concorrente em 2008 (%) 38,87 52,22 1 6.196.074 413.592 63,71 15,14 6,68 Vietnã 42,76 2 76.407.111 2.155.656 6,09 59,93 2,82 Índia 21,81 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. Dentro do subgrupo “demais produtos têxteis”, o SH6 de destaque foi “algodão, não cardado nem penteado” (US$74 milhões). “Outros fios têxteis, lâminas e formas semelhantes, revestidos ou recobertos de borracha ou plástico” contribuíram com US$ 2,3 milhões das importações. O crescimento médio brasileiro para têxteis foi de 59,93%, enquanto o crescimento médio dos concorrentes ficou em 6,09%. A Índia foi o principal concorrente e participou com 21,81% do mercado, enquanto o Brasil limitou-se a escassos 2,82%. “Calçados e suas partes” foi o segundo grupo mais importado dos grupos classificados “a consolidar”. Apesar do Vietnã possuir uma participação de 38,87%, o crescimento médio do Brasil no período 2003-2008, foi de 163,38%, bem superior à média dos concorrentes, que foi de 44,68%. Esse crescimento mostra que o Brasil pode ganhar participação de mercado e aumentar suas exportações. Em relação ao setor de calçados, além da forte presença da China, o crescimento médio das exportações brasileiras foi inferior ao dos concorrentes. O gráfico abaixo mostra os principais fornecedores de calçados para a Malásia: 71 Gráfico 23 – Participação dos principais fornecedores do subgrupo “calçados” (%) – 2003 a 2008 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 Vietnã 4,5 14,4 22,6 22,2 24,3 38,8 Inglaterra 2,2 1,9 3,5 25,9 12,9 18,0 China 59,1 57,8 30,4 16,4 25,1 12,7 Indonésia 8,8 5,8 9,8 4,6 3,8 5,4 Brasil 0,3 2,0 4,3 3,7 5,3 5,2 Outros 25,1 18,0 29,4 27,1 28,6 20,0 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. A análise do Gráfico 23 demonstra que houve uma desconcentração do mercado, já que a participação da China caiu de 59,1% em 2003 para 12,7% em 2008. Durante o período analisado, a Inglaterra chegou a ter 25,9% do mercado em 2006; esse indicador, porém, caiu para 18% em 2008. O Brasil teve um pequeno aumento na participação, que chegou a 5,2%, enquanto o Vietnã expandiu sua participação para 38,8%, tornando-se o principal fornecedor. As importações de pedras preciosas e semipreciosas somaram de US$ 6,19 milhões, garantindo ao Brasil uma participação de somente 6,68%. O Vietnã foi o principal concorrente e sua participação naquele mercado foi de 42,76%. Devido à superioridade do crescimento médio de seus concorrentes, é possível que o Brasil perca mercado caso não melhore as exportações para a Malásia. • Subgrupos EM DECLÍNIO Nessa classificação, apenas os subgrupos “em declínio” foram classificados no complexo de moda. As importações da Tabela 18 somaram US$ 111,6 milhões. 72 Tabela 18 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “EM DECLÍNIO” Grupos Subgrupos Higiene pessoal e Higiene pessoal e cosméticos cosméticos Peles, peleteria e couros e seus artefatos (exceto Couro calçados e suas partes) Têxteis Confecções Nº de SH6 Importações da Malásia em 2008 (US$) Crescimento Crescimento Importações da Malásia médio dos médio do Participação provenientes concorrentes Brasil entre brasileira em do Brasil em entre 2003 -2008 2003 - 2008 2008 (%) 2008 (US$) (%) (%) 1 136.833 11.833 7 105.354.899 6.116.073 3 Principal concorrente em 2009 Participação do principal Classificação concorrente em 2008 (%) 1,26 -16,87 8,65 Estados Unidos 48,90 Em declínio 5.215.118 11,57 -25,14 4,95 Índia 37,28 Em declínio 407.100 43,42 ,00 6,66 China 48,23 Em declínio Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. O principal subgrupo importado foi “couro”, que representou 94,3% do total importado dos grupos classificados na tabela. Seus dois principais SH6(s) foram: “outros couros e peles curtidos, de bovinos ou de eqüídeos, depilados, no estado seco ("crust")” (US$ 54,2 milhões) e “couros e peles curtidos, de bovinos ou de eqüídeos, depilados, no estado seco ("crust"), plena flor; não divididos; divididos, com a flor” (US$ 27,9 milhões). Esses dois produtos representaram 78% do subgrupo “couro”. O principal concorrente do Brasil nesse subgrupo foi a Índia, que obteve 37,28% do mercado. A posição do Brasil é preocupante, já que seu crescimento médio foi negativo (-25,14%) e o crescimento dos concorrentes foi de 11,57%, o que indica uma possível perda de mercado. No subgrupo “confecções”, os principais SH6(s) que se destacaram foram “cintas e cintas-calças” (US$2,8 milhões); “modeladores de torso inteiro (cintas "soutiens")” (US$2,3 milhões) e “luvas, mitenes e semelhantes, de malha, impregnadas, revestidas ou recobertas, de plástico ou de borracha” (US$ 896 mil). Higiene pessoal e cosméticos foi o grupo menos importado dentre os classificados como “em declínio”, composto por um único produto “óleo essencial de laranja”. A participação do Brasil foi de somente 8,65% e os Estados Unidos foram seu principal concorrente, com 48,90% do mercado. Apesar do crescimento médio brasileiro ser de -16,85%, o de seus concorrentes foi de somente 1,26%. MULTISSETORIAL Nesta seção são analisados os subgrupos que ou estão em mais de um complexo ou não pertencem a nenhum dos quatro complexos já analisados. EXPORTAÇÕES INCIPIENTES As oportunidades multissetoriais somaram US$25,9 milhões e vários tipos de produtos apareceram como oportunidades “a desenvolver”. O produto com o maior valor importado foi “petróleo e derivados de petróleo”, com 43 produtos. 73 Tabela 23 – Subgrupos de produtos de exportações incipientes “A DESENVOLVER” Grupos Subgrupos Metais nãoferrosos Barras, perfis, fios, chapas e tiras, de alumínio Catodos de cobre Ligas de alumínio Papel e celulose Petróleo e derivados de petróleo Produtos metálurgicos Produtos químicos Nº de SH6 Crescimento Importações da médio anual das Malásia em 2008 imp. Da Malásia (US$) 2003 - 2008 (%) Dinamismo VCR do Brasil 14 916.086.875 26,32 Muito dinâmico 0,91 1 1 1.287.687.689 400.815.894 40,70 23,03 Dinâmico Muito dinâmico 0,82 1,87 Papel e suas obras 112 1.702.237.937 12,64 Muito dinâmico 0,83 Petróleo e derivados de petróleo 43 17.027.566.604 29,86 Intermediário 0,83 Fio - máquinas e barras de ferro ou aço 27 578.041.632 29,10 Intermediário 1,54 76 2.897.760.110 23,56 Dinâmico 1,08 184 1.114.151.705 17,09 Intermediário 1,78 Produtos laminados planos de ferro ou aço Produtos químicos inorgânicos Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. Dentre as oportunidades para o Brasil, o subgrupo “papel e suas obras foi classificado como “muito dinâmico” e apresentou um crescimento anual de 12,64%. As importações somaram US$1,7 bilhão, porém, há uma desconcentração, já que as oportunidades estão dispersas em 112 produtos. Os principais produtos importados foram: “papéis jornais, em rolos ou em folhas outros papéis e cartões de camadas múltiplas, revestidos de caulim, em rolos ou em folhas” (US$ 109 milhões); “papéis contendo < = 10% de fibras obtidas por processo mecânico” (US$102,1 milhões); “absorventes e tampões higiênicos, fraldas para bebês e artigos higiênicos semelhantes, de papel” (US$89,9 milhões) e “outros papéis, cartões, pasta de celulose e mantas de fibras de celulose, em rolos ou folhas” (US$ 86,80 milhões). EXPORTAÇÕES EXPRESSIVAS • Subgrupos A CONSOLIDAR No complexo multissetorial, apenas três grupos foram classificados como “a desenvolver”. O grupo de maior peso nas importações desses produtos foi “produtos laminados planos de ferro ou aço”. Esse resultado evidencia um momento de alta no setor de construções da Malásia, já que o subgrupo também apareceu como oportunidades em outras análises. 74 Tabela 24 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “A CONSOLIDAR” Grupos Subgrupos Demais produtos de borracha e suas obras Demais produtos metalúrgicos Produtos Produtos metálurgicos laminados planos de ferro ou aço Demais minérios Produtos minerais metalúrgicos Borracha e suas obras Importações da Malásia Nº de SH6 em 2008 (US$) Exportações brasileiras para o país em 2008 (US$) Crescimento Crescimento médio dos Participação médio do Brasil concorrentes brasileira em entre 20003entre 200032008 (%) 2008 (%) 2008 (%) Principal concorrente em 2008 Participação do principal concorrente em 2008 (%) 2 21.122.231 2.084.050 33,02 45,44 9,87 Japão 36,30 3 96.455.107 7.137.244 27,88 137,30 7,40 Chile 33,15 5 620.811.330 22.278.456 48,46 27,21 3,59 Coréia do Sul 13,78 1 87.372.031 7.029.441 9,61 650,08 8,05 África do Sul 24,46 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. Apenas cinco produtos foram classificados como oportunidades “a consolidar” dentro do subgrupo de “produtos laminados planos de ferro ou aço”. O SH6 mais importado do subgrupo foi “produtos laminados planos, de ferro ou aços não ligados, de largura => 600mm, não enrolados” (US$ 289,5 milhões) e os outros quatro SH6(s) foram ”produtos laminados planos, de aços inoxidáveis, laminados a quente, de largura => 600mm, em rolos, de várias espessuras” (US$331,2 milhões). O crescimento do Brasil ficou abaixo da média de seus concorrentes e o principal fornecedor foi a Coreia do Sul, com 13,78% de participação. O segundo subgrupo mais importado, “demais produtos metalúrgicos”, apresentou somente três produtos: “produtos ferrosos obtidos por redução direta dos minérios de ferro” (US$37,5 milhões); “fios de ferro ou aços não ligados, não revestidos, mesmo polidos” (US$8,6 milhões) e “recipientes para gases comprimidos ou liqüefeitos, de ferro fundido, ferro ou aço” (US$ 50,2 milhões). Nesse mercado, o Brasil ainda tem muito a ganhar, já que seu crescimento médio foi de 137,30%, bem superior ao do seu concorrente (27,88%). O subgrupo que apresentou maior crescimento (650%) foi “demais minérios metalúrgicos” e o único produto classificado foi “minérios de estanho e seus concentrados”. As importações somaram US$ 87,3 milhões e o principal fornecedor para esse mercado foi a África do Sul em 2008 (Gráfico 15). Nota-se, no gráfico abaixo, que houve uma desconcentração de fornecedores. A Indonésia, que era o principal fornecedor, com 50% do mercado em 2003, perdeu participação em 2008, ficando com 11,6%. 75 Gráfico 25 – Participação dos principais fornecedores do subgrupo “minérios de estanho e seus concentrados” 2003 a 2008 70,0 60,0 50,0 40,0 30,0 20,0 10,0 0,0 2003 2004 2005 2006 2007 2008 África do Sul 7,4 15,2 23,6 26,5 32,8 26,2 Congo 0,0 0,0 0,0 0,0 8,1 16,9 Austrália 10,1 6,3 18,4 10,1 13,4 14,2 Indonésia 49,9 23,5 19,6 4,7 10,7 11,6 Ruanda 0,4 9,5 7,4 0,5 3,9 9,1 Brazil 0,0 0,0 0,0 0,2 2,7 7,4 Outros 32,3 45,4 31,1 58,0 28,6 14,5 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. Os países africanos apresentaram um bom desempenho no fornecimento desse produto. O Congo entrou como principal fornecedor em 2007 e dobrou sua participação em 2008, saltando para 16,9%. Apesar da Ruanda apresentar variação em sua participação durante o período analisado, teve melhor desempenho que o Brasil em 2008. A participação da África do Sul mais que triplicou entre 2003 e 2008. • Subgrupos CONSOLIDADOS e EM DECLÍNIO O grupo “madeiras, cortiças e obras de trançaria” aparece novamente como oportunidade; porém, desta vez, o subgrupo “madeira compensada ou contraplacada” é classificado como “em declínio”. O Brasil apresentou um crescimento médio negativo de -2,11%, sendo que seu principal concorrente foi a China, que participou com 54,54% do mercado. Vale ressaltar que o crescimento médio dos concorrentes foi de 99,10%. 76 Tabela 25 – Subgrupos de produtos de exportações expressivas “CONSOLIDADOS” e “EM DECLÍNIO” Grupos Metais não-ferrosos Papel e celulose Produtos metalúrgicos Produtos minerais Produtos para fotografia Subgrupos Nº de SH6 Importações da Crescimento Crescimento Participação médio dos Participação Principal Importações da Malásia médio do Brasil do principal brasileira em concorrente Classificação Malásia em provenientes concorrentes entre 2003 concorrente entre 2003 2008 (%) em 2009 2008 (US$) do Brasil em 2008 (%) em 2008 (%) 2008 (US$) 2008 (%) Demais produtos de metais nãoferrosos 2 5.799.103 Papel e suas obras 1 Celulose 3 Ferro fundido bruto e ferro "spiegel" (ferro gusa) Alemanha 44,57 Em declínio ,30 Japão 26,09 Em declínio 86,98 Canadá 6,30 Consolidado 32,83 Austrália 11,96 Em risco -,17 51,02 Japão 28,00 Em risco 61,88 135,49 82,38 Alemanha 8,92 Consolidado 23,49 63,80 67,47 Chile 20,32 Consolidado 3,45 ,00 29,09 Alemanha 40,60 Em declínio 105.032 14,94 -27,43 15.034.030 45.698 15,42 -25,44 99.995.543 86.978.727 2,07 580,45 3 149.737.472 49.165.128 40,56 7,54 Produtos sem imanufaturado s de ferro ou aço 1 23.273.840 11.873.217 1,90 Ferro-ligas 1 4.239.531 3.492.589 Minérios de ferro 2 560.214.811 378.004.059 Produtos para fotografia 1 1.810.778 526.672 1,81 Fonte: UICC, Apex-Brasil, a partir de dados do GTIS. O grupo “produtos minerais” foi classificado como “consolidado”, já que a participação brasileira ficou acima dos 30%. Os principais produtos importados nesse subgrupo foram “minérios de ferro não aglomerados ou aglomerados e seus concentrados”, sendo que o Brasil foi o principal fornecedor. Selecionando por critério de valor importado, “ferro fundido bruto e ferro "spiegel" (ferro gusa)” foi o segundo produto mais importado, registrando US$ 149,7 milhões. Os principais fornecedores desses produtos foram Japão, China, África do Sul, Coreia do Sul e Indonésia. O Brasil foi o 13º maior fornecedor desse produto para a Malásia. No grupo “papel e celulose”, o subgrupo “celulose” apresentou maior valor nas importações que “papel e suas obras”. No subgrupo “celulose”, “pasta química de madeira de não conífera, à soda ou sulfato, semibranqueada ou branqueada” representou US$ 91,1 milhões. Os principais fornecedores desse produto foram Brasil, Canadá e Tailândia. No subgrupo “papel e suas obras”, os principais fornecedores foram Japão, Estados Unidos e Alemanha. 77 PARTE 6 ANEXOS 78 Anexo 1 Metodologia de identificação de oportunidades para as exportações brasileiras em determinado mercado-alvo O trabalho de identificação de oportunidades para as exportações brasileiras se inicia com o levantamento de todos os produtos (SH6) que o mercado-alvo importou do mundo nos últimos seis anos. Esses produtos são separados em dois grupos: produtos com exportações expressivas e produtos com exportações incipientes. Para identificar quais produtos têm exportações expressivas, são realizados 3 passos, na ordem estabelecida abaixo : 1º - Identificam-se os produtos, cuja participação média das exportações brasileiras em relação à média do total importado pelo mercado-alvo tenha sido superior a 1% nos últimos seis anos; 2º - Desconsidera-se o primeiro quartil formado pelos produtos identificados no passo 1. Consideramse, assim, apenas os produtos que estão entre os 75% com maior participação nas exportações brasileiras para o mercado-alvo; 3º - Verifica-se, então, se as exportações dos produtos identificados ao final do passo 2 são contínuas. Exportações contínuas são aquelas que, a partir da primeira venda efetuada, não são interrompidas em nenhum ano posterior. Analisando-se, por exemplo, um período de quatro anos, se determinado produto foi vendido apenas nos dois primeiros anos, suas exportações são descontínuas. Se, no entanto, as vendas do produto se iniciaram no terceiro ano e se repetiram no quarto, suas exportações são consideradas contínuas. Os produtos com exportações incipientes são aqueles excluídos de um dos três passos acima descritos. Dessa maneira, assegura-se que todos os produtos importados pelo mercado-alvo, mesmo os que não são exportados pelo Brasil, tenham participado da análise de oportunidade. Uma vez separados os produtos que têm exportações expressivas dos que têm exportações incipientes, ambos são agregados em grupos. A partir de então, os grupos de produtos com exportações expressivas e incipientes são analisados separadamente por meio de diferentes critérios metodológicos. Análise de oportunidades para grupos de produtos com exportações expressivas Para se identificar, no conjunto de exportações expressivas, os grupos de produtos que têm maior destaque no mercado-alvo são analisados, num período de seis anos, dois indicadores: 79 1 – A contribuição de cada grupo de produtos para o crescimento das importações totais do mercadoalvo ou das exportações brasileiras para esse mercado; 2 – O crescimento médio das importações totais do mercado ou das exportações brasileiras do grupo de produtos. Aplica-se uma média geométrica simples nesses dois valores, chegando a dois índices para cada grupo de produtos: um considerando as importações totais do mercado e, outro, as exportações brasileiras nesse mercado. Os grupos que alcançarem um desempenho superior à média geral em ao menos um dos índices são avaliados mais detalhadamente. A inclusão da contribuição para o crescimento na construção desse índice busca minimizar o chamado “efeito base” sobre a taxa de crescimento dos grupos de produtos. Esse efeito ocorre porque os grupos de produtos com menor valor exportado tendem a indicar taxas de crescimento superiores àquelas atingidas pelos grupos de produtos com maior valor exportado. A taxa de contribuição para o crescimento aponta para um movimento contrário, em que os grupos de produtos com maior participação na pauta de exportação ou importação, em princípio, apresentarão uma taxa mais elevada que os grupos de produtos com menor participação. A média geométrica dessas duas taxas visa suavizar os grupos com baixo valor exportado e forte taxa de crescimento, tornando a análise mais eficiente. Já o cruzamento entre as importações totais do mercado e as exportações brasileiras destinadas ao mercado-alvo busca avaliar os grupos de produtos, tendo em conta tanto a demanda do mercado (importações totais) como a oferta brasileira para o mercado (exportações brasileiras). Os grupos de produtos com exportações expressivas são classificados em cinco categorias: “consolidados”, “em risco”, “em declínio”, “desvio de comércio” e “a consolidar”. A classificação é feita, considerando-se: • O posicionamento do Brasil em relação a seus concorrentes em cada grupo de produtos. Isso é verificado por meio da análise da participação brasileira e do principal concorrente nas importações do mercadoalvo no último ano do período considerado e do crescimento médio das exportações brasileiras em relação ao crescimento médio das exportações dos concorrentes. • A especialização do Brasil na exportação de produtos daquele grupo em relação à especialização exportadora do principal concorrente, definida a partir do cálculo da Vantagem Comparativa Revelada (VCR) de cada país41. 41 A VCR é calculada pela participação do grupo de produtos nas exportações totais brasileiras para o mundo em relação à participação do mesmo grupo nas exportações mundiais totais. 80 Um grupo de produtos é considerado “consolidado” quando o Brasil já tem, no mínimo, 30% de participação no mercado-alvo e o crescimento médio das exportações brasileiras é igual ou superior ao crescimento médio das exportações dos concorrentes no período considerado. A característica principal desses grupos de produtos é que eles já gozam de uma situação confortável no mercado-alvo, o que demanda apenas esforços para sua manutenção. Os grupos de produtos considerados “em risco” são aqueles em que o Brasil tem uma participação de mercado igual ou superior a 30%, mas o crescimento médio das exportações dos concorrentes supera em mais de 50% o crescimento médio das exportações brasileiras, o que significa que a posição do Brasil encontra-se ameaçada. Grupos de produtos com “desvio de comércio” são aqueles cujo crescimento médio das exportações brasileiras é inferior ao das exportações dos concorrentes, apesar do Brasil apresentar vantagens na exportação do grupo de produtos observado ( >1), ao contrário de seu principal concorrente ( ). Isso indica que há algum elemento não determinado pela simples observação dos fluxos comerciais globais favorecendo o principal concorrente do Brasil no mercado-alvo. Pode ser a existência de acordos comerciais, a proximidade geográfica, entre outros. Para se contornar o desvio de comércio são necessários esforços que normalmente vão além da promoção comercial. Um grupo de produto está “em declínio” se não há diferença de especialização na exportação entre o Brasil e o principal concorrente (VCRBR>1 e VCRConc.>1 ou VCRBR<1 e VCRConc.<1) e a variação média das exportações brasileiras é negativa. A situação de declínio também acontece quando, ao mesmo tempo, o crescimento das exportações do Brasil é positivo, porém inferior a 15%42 e a taxa de crescimento dos concorrentes é o dobro da taxa de crescimento brasileira. Nos grupos de produtos classificados como “a consolidar”, a participação do Brasil no mercado-alvo é inferior a 30%, mas as exportações brasileiras acompanham o ritmo dos concorrentes ou são mais aceleradas. Esses são os grupos de produtos onde estão as melhores oportunidades para o aumento das exportações brasileiras. Por isso, eles são investigados mais profundamente. Para tanto, os grupos de produtos “a consolidar” são abertos em subgrupos. O objetivo é encontrar os segmentos mais significativos para o desempenho do grupo como um todo. Os subgrupos recebem classificação semelhante às dos grupos “consolidado”, “em risco”, “em declínio” e “a consolidar”. Apenas a categoria de desvio de comércio não é utilizada para subgrupos, porque neste ponto não se considera o principal concorrente do Brasil. Nos casos em que a participação brasileira no 42 A taxa média anual de crescimento abaixo de 15% foi definida como valor máximo para um grupo caracterizar-se como “em declínio” porque, acumulada em um período de seis anos, representa um crescimento total de aproximadamente 100% no valor exportado pelo Brasil. Assim, ainda que a taxa de crescimento das exportações brasileiras seja menos da metade da taxa dos concorrentes, considera-se que a variação total das vendas do Brasil para o mercado foram significativas, e o grupo de produtos não poderia ser caracterizado como “em declínio”. 81 mercado-alvo for inferior a 30% e o crescimento das exportações nacionais for menor que o dos concorrentes, o grupo de produtos poderá estar “em declínio” ou “a consolidar”. Da mesma forma que os grupos de produtos, os subgrupos “a consolidar” são considerados como as principais oportunidades para as exportações brasileiras. Neste caso, são levantados os produtos, representados por códigos SH6, mais significativos. Para isso, utilizam-se duas variáveis: 1 - Contribuição de cada produto para o crescimento total das exportações brasileiras do subgrupo; 2 - Tendência de crescimento de cada produto. Essa tendência é calculada comparando-se o valor exportado pelo Brasil no último ano do período analisado com a média do valor exportado nos últimos três anos. Produtos que contribuíram mais que a média para o crescimento do seu subgrupo e que foram mais exportados no último ano que na média dos últimos três anos são considerados mais determinantes para o desempenho positivo do subgrupo. Análise de oportunidades para grupos de produtos com exportações incipientes No caso das exportações incipientes, as variáveis adotadas para seleção dos principais grupos e subgrupos de produtos levam em conta apenas a demanda do mercado-alvo (dados de importações), já que o Brasil ainda não se estabeleceu no país com esse conjunto de produtos. Em primeiro lugar, determina-se o dinamismo do grupo de produtos. O dinamismo relaciona o desempenho das importações do mercado-alvo com as importações mundiais. Calcula-se a média entre as taxas de crescimento do primeiro e do último biênio do período em análise, tanto para as importações do mercado de um determinado grupo de produtos quanto para as importações mundiais totais. Essa média é calculada para minimizar os efeitos de grandes variações de valores ao longo do período, que podem ser causadas não por um aumento de quantidades importadas, mas por um aumento anormal de preços ou pela inflação, por exemplo. O dinamismo do grupo de produtos no mercado será determinado pela comparação de sua média com a média das importações mundiais totais. Em relação ao dinamismo, um grupo de produtos pode estar “em decadência”, apresentar “baixo dinamismo”, “dinamismo intermediário”, ser “dinâmico” ou “muito dinâmico”. Apenas os grupos dinâmicos e muito dinâmicos prosseguem na análise. Para eles, é calculada a vantagem comparativa do Brasil, com o objetivo de avaliar se a economia brasileira tem oferta exportável para entrar no mercado-alvo com aquele grupo de produtos. 82 Os grupos de produtos em que o Brasil tem VCR acima de 0,7 são classificados como “a desenvolver”, ou seja, aqueles em que o Brasil apresenta maiores chances de abertura de mercado. Esses grupos, assim como os “a consolidar”, do conjunto de exportações expressivas, são abertos em subgrupos. Para os subgrupos “a desenvolver”, o Brasil também deverá apresentar VCR mínima de 0,7 e os subgrupos deverão ser “intermediários”, “dinâmicos” “muito dinâmicos”. Mas, nesse caso, o dinamismo será avaliado tendo-se em conta não a média das importações mundiais totais, mas a média das importações do mercado para o grupo de produtos no qual o subgrupo se insere. Os subgrupos “a desenvolver” são aqueles que impulsionam o desempenho do grupo e, portanto, representam as principais oportunidades do conjunto de exportações incipientes, sendo analisados com mais profundidade. Os principais produtos dentro de cada subgrupo são determinados a partir da VCR do Brasil nas exportações daquele produto para o mundo e da tendência de crescimento das importações daquele produto. Produtos para os quais a VCR do Brasil seja maior que 0,7 e que tenham sido mais importados pelo mercado-alvo no último ano de análise que na média dos últimos três anos são considerados como os mais determinantes para o desempenho positivo do subgrupo. 83 Anexo 2 SHs referentes às exportações EXPRESSIVAS 020230 021011 021019 021020 071332 090111 090700 100510 150710 151221 151229 152110 170111 180631 180690 200911 200919 200931 200969 210111 210112 210610 240110 240120 240130 252400 252490 260111 260112 260900 290944 291413 291440 291539 291811 291814 292229 292242 292320 300230 300320 330112 370400 391220 400259 400591 410411 410419 410441 410449 410711 410719 410799 440791 440792 440795 440799 440810 441232 441299 470200 470329 470500 480591 520100 560490 611610 621220 621230 640399 640699 680430 710310 720110 720120 720150 720293 720310 720711 720851 720852 721710 721912 721913 721914 730419 730439 730459 731100 740620 750712 821192 821210 841013 841311 842481 842920 845530 846781 851210 854610 870120 870190 870600 902121 970190 84