XVII Simpósio de Genética
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XVII Simpósio de Genética
XVII Simpósio de Genética 29 a 31 de outubro de 2014 EQUIPE DE EXECUÇÃO: Comissão Organizadora Coordenadora: Profª. Drª. Mary Massumi Itoyama Discentes: Ana Beatriz Bortolozo de Oliveira Cecília Artico Banho Dante Bruno Avanso Rosan Fernando Cesar Silva Junior Heloisa Trindade Moreira Janesly Prates Jéssica Zani Lacerda Jéssika Viviani Okumura Kaio Cesar Chaboli Alevi Luis Lenin Vicente Pereira Nara Cristina Chiarini Pena Barbosa Natalia Maria Candido Patrícia Pereira do Nascimento Renan Garcia de Oliveira Tatiani Seni de Souza Firmino Examinadores dos trabalhos científicos: 1. Biologia Celular e Molecular Bruno Moreira Carneiro Caroline Measso do Bonfim Danilo Grünig Humberto Da Silva Lilian Hiromi Tomonari Yamasaki Maria Etelvina Pinto Fochi Patricia Simone Leite Vilamaior Ricardo Alexandre Fochi Silvana Gisele Pegorin de Campos 2. Genética Animal e Evolução Bruna Victorasso Jardim Letícia Do Nascimento Andrade De Almeida Rego Márcia Maria Urbanin Castanhole Mariana Oliveira Gomes Yuri Campanholo Grandinete 3. Genética Humana e Médica Danilo Grünig Humberto Da Silva Édis Belini Junior Gustavo Capatti Cassiano Paola Jocelan Provazzi Trabulsi Rodrigo Castro 4. Genética Vegetal Letícia do Nascimento Andrade de Almeida Rego Lilian Hiromi Tomonari Yamasaki Silvana Gisele Pegorin de Campos PROGRAMAÇÃO CIENTÍFICA Dia 29/10 (Quarta-feira) 8h Entrega de materiais 9h Abertura 9h30 Palestra: Cromatina e Epigenética Profª. Drª. Maria Luiza Silveira Mello (UNICAMP/Campinas/São Paulo) 10h30 Coffee break 11h Palestra: Maconha e Canabinóides: Etnobotânica, Potenciais Terapêuticos e Efeitos Adversos Prof. Dr. Raphael Guimarães dos Santos (USP/Ribeirão Preto/São Paulo) 12h Almoço 14h Roda Viva: Empreendedorismo na Biologia Prof. Dr. Jesus Aparecido Ferro (UNESP/Jaboticabal/São Paulo) Entrevistadores: Renan Garcia de Oliveira (Biólogo – UNESP/São José do Rio Preto/São Paulo) Prof. Dr. Paulo Cesar Naoum (Academia de Ciência e Tecnologia/São José do Rio Preto/São Paulo) Artur Shoiti Santos Takesawa (Consultor do Sebrae) Paulo Peitl Júnior (Sócio-diretor da DNApta) Moderador: Fabiano Ferreira (Apresentador do Talk Show "Gente e Negócios" da TV Cidade) 20h Coquetel de Abertura Local: Tiquinho Buffet Dia 30/10 (Quinta-feira) 9h Café da manhã 10h Palestra: Genetics and Epigenetics of Sickle Cell Disease and its Management Prof. Dr. Samir Ballas (American University of Beirut-Faculty of Medicine/Philadelphia/ Pensilvânia/ EUA) 11h Palestra: Citotaxonomia e evolução cromossômica vegetal Prof. Dr. Marcelo dos Santos Guerra Filho (UFPE/Recife/ Pernambuco) 12h Almoço 14h Palestra: MicroRNAs e a regulação da embriogênese em sistema haplodiploide Drª. Camilla Valente Pires (USP/Ribeirão Preto/São Paulo) 15h Palestra: Vacinas Antitumorais: estratégias atuais para seu desenho e avaliação Prof. Dr. Alexander Baptista Duharte (Universidad de Ciencias Médicas de Santiago de Cuba. Centro de Toxicología y Biomedicina. Profesor Visitante do Exterior Facultade Ciencias Farmacéuticas. UNESP/Araraquara/São Paulo) 16h Coffee break 16h30 Palestra: Melhoramento genético animal Prof. Dr. Raphael Bermal Costa (UNESP/Jaboticabal/São Paulo) Dia 31/10 (Sexta-feira) 8h Exposição de trabalhos científicos 9h30 Coffee break 10h Palestra: Avanços em Genômica para Diagnósticos Moleculares no Esporte Prof. Dr. Rodrigo Gonçalves Dias (USP/São Paulo) 11h Palestra: TaqmanArrays e PCR Digital André Camargo (Life Technologies/Thermo Fisher Scientific) 12h Revelação dos ganhadores dos prêmios e Encerramento 12h30 14h Almoço Minicursos: Pipetas Gilson: como aumentar a vida útil e obter melhores resultados Me. Eduardo Fontana de Oliveira (Nova Analítica) Filogeografia Profª. Drª. Adriana Coletto Morales Corrêa e Castro (UNESP-Jaboticabal) "Existe realmente um relógio molecular evolutivo?" Dr. José Salvatore Leister Patané (Instituto Butantan – São Paulo) Genética do câncer e suas interfaces biológicas Prof. Dr. Paulo Cesar Naoum (Academia de Ciências e Tecnologia/São José do Rio Preto/ São Paulo) Didática em genética para o Ensino Fundamental e Médio Profª. Drª. Joseli Maria Piranha (UNESP/IBILCE/DQCA) TRABALHOS CIENTÍFICOS Biologia Celular e Molecular 1. Avaliação do efeito genotóxico e mutagênico de amostras de água da Bacia do Alto Paraná pelo teste de aberrações cromossômicas, em Allium cepa ....................................... 10 2. Diversidade de transposases em amostras de solo com cultivo de cana-de-açúcar e solo de floresta ............................................................................................................................... 13 3. Análise do perfil citotóxico de derivados semi-sintéticos de curcumina em células de carcinoma cervical humano HPV positivas ............................................................................. 15 4. Alterações morfológicas e imunohistoquímicas no lobodorsolateral da próstata de gerbilos após exposição prolongada ao BisfenolA e a dieta hiperlipídica .............................. 18 5. Formação do acrossomo durante a espermiogênese de Leptoglossus zonatus (Heteroptera: Coreidae) .......................................................................................................... 21 6. Efeitos genotóxicos em Oreochromis niloticus após exposição a metais em concentrações recomendadas pela legislação brasileira e a substância húmica aquática .... 23 7. Proteína anexina A1: um alvo potencial para a terapia angiogênica .................................. 26 8. Co-cultura de fibroblastos associados ao câncer (CAFS) com a linhagem tumoral mamária triplo negativa e a resposta terapêutica ao uso da melatonina ................................ 29 9. Análise molecular do subcomplexo Brasiliensis (Hemiptera, Triatominae), por meio do gene nuclear D2 ...................................................................................................................... 32 10. Perfil de metilação e modificação de histona em carcinoma renal de células claras ....... 34 11. Eficácia da melatonina como agente pró-apoptótico e anti-angiogênico no câncer de mama ...................................................................................................................................... 37 12. Mastócitos modulam o microambiente tumoral e favorecem o desenvolvimento de lesões colorretais quimicamente induzidas ............................................................................. 40 13. Avaliação do efeito citotóxico e genotóxico do preparado sólido artificial para refresco em cebola (Allium cepa) .......................................................................................................... 43 14. Subexpressão de fatores angiogênicos após tratamento com metformina e inibidor LY294002 em linhagem tumoral mamária canina ................................................................... 46 15. Nanocápsulas biocompatíveis como agentes antitumorais no tratamento do câncer de mama metastático: estudo in vitro .......................................................................................... 49 16. Ação da melatonina, curcumina e Y27632 sobre a expressão de ROCK-1 na metastatização do câncer de mama ....................................................................................... 52 Genética Animal e Evolução 17. Divergência genética entre touros Tabapuã em rebanhos do Paraná .............................. 56 18. Conjunto cromossômico diploide de Triatoma wygodzinskyi (Hemiptera, Triatominae) ... 59 19. Homogeneidade gamética em diferentes populações de Rhodnius neglectus e Panstrongylus megistus do Brasil ........................................................................................... 61 20. Medidas não paramétricas da estabilidade genotípica de bovinos da raça Tabapuã para característica peso aos 240 dias de idade ...................................................................... 63 21. Divergência genética entre touros Tabapuã avaliados em rebanhos de Minas Gerais .... 66 22. Espermatogênese em Triatoma rubrofasciata (Hemiptera, Triatominae) ......................... 69 23. Relação filogenética do Grupo trispinosus e seus subgrupos (Isoptera, Termitidae, Termitinae) .............................................................................................................................. 71 24. Perfil hemoglobínico como parâmetro de análise taxonômica e possíveis inferências sobre a evolução dos Testudinidae brasileiros ....................................................................... 73 25. Análise da espermatogênese de Triatoma sordida teratogênicos (Hemiptera, Triatominae) ............................................................................................................................ 76 26. Estrutura populacional de Nasuitermes corniger (Isoptera: Termitidae: Nasutitermitinae) na região Neotropical .............................................................................................................. 78 27. Análises de isoenzimas esterásicas em camarões dulcícolas do gênero Macrobrachium (Decapoda: Palaemonidae) .................................................................................................... 81 28. Morfometria do edeago e da asa em populações de Drosophila sturtevanti do bioma Mata Atlântica de Santa Catarina ........................................................................................... 84 29. Identificação de novo, caracterização e anotação dos elementos de transposição no genoma da broca-do-café (Hypothenemus hampei) ............................................................... 87 30. Reorganização do genoma durante a evolução do grupo pallescens (Hemiptera, Triatominae) ............................................................................................................................ 90 31. Caracterização molecular de Chrysoperla externa (Hagen, 1861) (Neuroptera: Chrysopidae) por meio de sítios de restrição no gene COI .................................................... 92 Genética Humana e Médica 32. Estudo do Equilíbrio de Hardy-Weinberg em uma população do Sudoeste do Paraná, utilizando o gene do tipo sanguíneo (sistema ABO) ............................................................... 96 33. Investigação de associação do polimorfismo no microRNA-499 T>C com o risco de desenvolvimento de câncer gástrico ....................................................................................... 99 34. Efeito da erradicação da Helicobacter pylori na expressão de mediadores inflamatórios e microRNAs ........................................................................................................................... 102 35. Associação do polimorfismo do microRNA-196a2 com o risco aumentado de câncer gástrico .................................................................................................................................... 105 36. Associação de fatores genéticos relacionados à angiogênese e vasculatura com a doença renal policística autossômica dominante .................................................................... 108 37. Proteína Anexina A1: alternativa terapêutica em câncer de colo uterino ......................... 110 38. Associação do Complemento do Fator H na Degeneração Macular Relacionada à Idade ....................................................................................................................................... 112 39. Manifestações clínicas em crianças com Doença Falciforme ........................................... 115 40. Polimorfismos nos genes TLR2 e TLR4 associados com risco de câncer colorretal e influência na expressão gênica e protéica .............................................................................. 118 41. Associação de polimorfismos do receptor TCR com a infecção por Plasmodium vivax no município de Goianésia do Pará, Estado do Pará ............................................................. 121 42. Aumento da expressão da proteína antiinflamatória Anexina-A1 no câncer gástrico ....... 124 Genética Vegetal 43. Estimação de parâmetros genéticos de caracteres de desenvolvimento inicial de progênies de castanha-do-brasil ............................................................................................. 128 44. Sequenciamento e análise de genótipos de cana-de-açúcar submetida à prolongada limitação hídrica ...................................................................................................................... 131 Biologia Celular e Molecular (BCM) __________________________________________________ Iniciação Científica (BCM) 1. Avaliação do efeito genotóxico e mutagênico de amostras de água da Bacia do Alto Paraná pelo teste de aberrações cromossômicas, em Allium cepa. 1 1 SILVA, I.C.P ; FERREIRA, M.A.M.M. 1 Universidade Federal do Mato Grosso do Sul - UFMS/CPTL Introdução O crescimento populacional desordenado vem gerando uma série de impactos sobre as paisagens dos ecossistemas naturais e que acabam também direta ou indiretamente afetando a dinâmica dos recursos hídricos. Grandes quantidades de resíduos provenientes de atividades domésticas, hospitalares, e principalmente agrícolas e industriais vem sendo despejados diretamente em ambientes aquáticos. Adicionalmente, a crescente necessidade em fornecer alimentos e energia gera uma maior devastação pela agricultura e pecuária, pondo em risco as nascentes e rios (ESPÍNDOLA e BRIGANTE, 2003). Conhecida como “Cidade das Águas” e grande produtora de papel e celulose, Três Lagoas, está localizada no estado de Mato Grosso do Sul e que vem se transformando muito na última década, não apenas com o crescimento populacional, mas também com a grande expansão industrial. O aumento significativo da instalação de indústrias no município trouxe muitos pontos economicamente positivos, mas por outro lado, vem atuando de maneira negativa em alguns aspectos para o meio ambiente. Entre os novos desafios para a política ambiental municipal encontra-se a chegada do Grupo Fibria (resultante da fusão do Grupo Votorantim com a Aracruz Celulose), que atua na produção de papel e celulose e lida com processos químicos altamente poluentes ao ambiente. Apesar dos licenciamentos e medidas mitigadoras terem sido aprovadas por órgãos ambientais responsáveis, é sabido que uma parte de resíduos poluentes continua sendo emitida no solo, ar e água. Consequentemente, estudos sobre a citotoxicidade de substâncias e elementos químicos, se revestem de grande importância, pois permitem determinar as respostas de um dado organismo à contaminação por estes, bem como avaliar o impacto e o efeito destes sobre células, tecidos e órgãos (PADRANGI et al., 1995). Objetivos Este trabalho teve por objetivo avaliar se amostras das águas superficiais dos rios que formam a Bacia do Alto Paraná (Três Lagoas, MS), tiveram efeito genotóxico e mutagênico, pelo teste de aberrações cromossômicas usando células meristemáticas de Allium cepa L e também através da comparação da frequência de micronúcleo. Materiais e Métodos As amostras de água foram coletadas em rios que formam a Bacia do Alto Paraná próximo ao município de Três Lagoas, MS, em seis pontos préestabelecidos, onde sabidamente estes rios recebem efluentes desta indústria de papel e celulose (Fibria). Para a realização deste estudo foram utilizadas sementes de cebola, sendo que cerca de 100 sementes foram colocadas para germinar em placas de Petri cobertas com papel de filtro umedecido com amostras de água dos diferentes pontos de coleta. Como controle negativo, sementes de cebola foram colocadas para germinar em água ultra pura. Quando as raízes atingiram 1,5cm de comprimento foram fixadas em Carnoy 3:1 (etanol: ácido acético) por 12 horas. Como controle positivo, foram processados ensaios de germinação de sementes de A. cepa em metil metano-sulfonato (4 x 10-4 M). 10 __________________________________________________ Iniciação Científica (BCM) As raízes fixadas foram coradas com reativo de Schiff, como descrito por MELLO e VIDAL (1978). Na preparação das lâminas, a região meristemática foi sobreposta por uma lamínula e esmagada delicadamente em orceína acética 2%. As lamínulas foram retiradas em nitrogênio líquido e as lâminas montadas em Entellan, para posterior análise. Resultados e Discussões A partir das células observadas foram encontrados diferentes tipos de aberrações cromossômicas, sendo as mais comuns analisadas nos pontos de coleta foram: metáfases com aderência cromossômica; metáfases poliplóides; C-metáfases e anáfases com pontes cromossômicas, não sendo encontrados micronúcleos. Nos pontos P1, P2, P3, P4, P5 e P6 as células meristemáticas de Allium cepa exibiram uma alta frequência de alterações cromossômicas em comparação ao controle negativo. Com base nas análises, concluímos que não ocorreu ação genotóxica, pois foram encontradas células com anormalidades durante os processos de divisões celulares e não foram encontrados micronúcleos, portanto, não houve indicativo de mutagenicidade. Foi observada também, a alta frequência de núcleos interfásicos em todos os pontos durante as análises o que pode ser indicativo de citotoxicidade das águas. Tabela: Número, núcleos interfásicos, fases da mitose normais e células anormais. Amostra Pontos Número de Núcleos Fases da mitose células Interfásicos normais analisadas normais FIBRIA P M A T Controle 2000 1978 5 3 - positivo Ponto 1 2000 1804 83 34 30 14 Células anormais 14 35 Ponto 2 2000 1862 76 19 8 12 23 Ponto 3 2000 1925 32 18 4 2 19 Ponto 4 2000 1875 28 33 19 14 31 Ponto 5 2000 1921 22 28 5 4 20 Ponto 6 2000 1946 13 11 6 5 19 72 44 32 8 18 Controle 2000 1826 negativo Abreviaturas: P, Prófase; M, Metáfase; A, Anáfase; T, Telófase. Conclusão A partir dos resultados concluiu-se que apesar de Allium cepa, ser um organismo-teste muito eficiente para estudos de biomonitoramento ambiental, os prováveis efeitos mutagênicos observados nas amostras não pôde ser comprovado, sendo necessários novos estudos para a confirmação do potencial mutagênico e genotóxico dessas águas. Auxilio Financeiro: UFMS/CPq. 11 __________________________________________________ Iniciação Científica (BCM) Referências Bibliográficas ESPÍNDOLA, E. L. G.; BRIGANTE, J. (Eds.) Limnologia fluvial: um estudo no rio Mogi-Guaçu. São Carlos: Rima, 278 p., 2003. PADRANGI, R.; PETRAS, M.; RALPH, S.; VRZOC, M. Alkaline single cell (coment): assay and genotoxicity monitoring using bulhead and carp. Environmental and Molecular Mutagenesis, v. 26, p. 345-356, 1995. MELLO, M. L. S.; VIDAL, B. C. A reação de Feulgen. Ciência e Cultura, São Paulo, v.30, p. 665-676, 1978. 12 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) 2. Diversidade de transposases em amostras de solo com cultivo de cana- de açúcar e solo de floresta. 1 1 PINTO, A. S. ; PEDRINHO, E.A.N.¹; VARANI, A.M. 1 Aluna do Programa de Pós-Graduação em Microbiologia Agropecuária na Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP - Campus de Jaboticabal ¹Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP - Campus de Jaboticabal Introdução Sequências de inserção (IS) são os menores e mais simples elementos genéticos móveis (EGM) de procariotos. Desempenham um importante papel na evolução de genomas, atuando como mediadores de eventos de transferência gênica horizontal (TGL). A enzima transposase é responsável por catalisar seu movimento e realizar a transposição. Estudos recentes sugerem que a transposase é o gene mais abundante presente nos bancos de dados públicos de genomas e metagenomas (AZIZ et al., 2010). A análise da abundância e distribuição taxonômica das transposases existentes na microbiota do solo pode auxiliar na compreensão do impacto que os eventos de TGL pode ocasionar nas populações bacterianas presentes nestes ambientes, assim como auxiliar na classificação de novas famílias de transposases. Objetivos Analisar a diversidade, abundância e distribuição taxonômica de transposases em amostras de solo com cultivo de cana-de-açúcar e floresta nativa provenientes de estação climáticas distintas (seca e chuva). Materiais e Métodos As amostras coletadas de solo com cultivo de cana-de-açúcar foram denominadas SCW (Sugarcane Wet) e SCD (Sugarcane Dry), e as amostras coletadas de solo de floresta foram denominadas FW (Forest Wet) e FD (Forest Dry). As bibliotecas metagenômicas foram construídas utilizando o protocolo “pairedend” (2x100bp) e sequenciadas utilizando a plataforma HiScanSQ Illumina®. As análises de abundância e distribuição taxonômica foram conduzidas através da plataforma MG-RAST, utilizando-se o banco de dados RefSeq como referência. Resultados e Discussão Foram obtidos um total de 60.606.976 e 79.208.498 reads das amostras SCW e SCD, respectivamente; enquanto 63.679.540 e 64.384.450 foram obtidos das amostras FW e FD, respectivamente. Dentre este conjunto de dados, os reads que codificam para transposases foram prospectados e classificados. Foram classificados como transposases pertencentes as mais diferentes famílias um total de 101.981 (0,17%) e 298.036 (0.38%) reads das amostras SCW e SCD, respectivamente; e 248.645 (0,39%) e 254.320 (0,40%) reads das amostras FW e FD, respectivamente. Em relação à organização taxonômica destas transposases; o filo Proteobacteria foi o mais abundante em SCW e SCD, contendo 20.618 (52,6%) e 58.118 (48,9%), respectivamente. O segundo filo mais abundante presente nas amostras SCW e SCD foi das Actinobacteria com 5.113 (13,1%) e 21.405 (18%), respectivamente. Os gêneros bacterianos mais abundantes em SCW são os gêneros Azospirillum e Mesorhizobium, com 2.102 (5,37%) e 1.885 (4,81%), respectivamente; enquanto que em SCD o gênero bacteriano mais abundante foi Streptomyces pertencente ao filo Actinobacteria, com 6.090 (5,12%) transposases, seguido do gênero Mesorhizobium, com 5.991 (5,04%) transposases. De acordo com Pisa et al. (2011), Azospirillum e Mesorhizobium são bactérias Gram-negativas relacionadas à fixação de nitrogênio e podem desempenhar importante papel no 13 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) crescimento de plantas. Streptomyces são bactérias Gram-positivas filamentosas, abundante em solos, caracterizadas pela capacidade de suprimir o crescimento de outros microrganismos através da produção de metabólitos secundários, dessa forma, possui destaque em estudos de bioprospecção, devido sua variabilidade na produção de produtos naturais de ampla atividade biológica (HODGSON, 2000; OSBURNE et al., 2000). Em FW e FD, os filos bacterianos mais abundantes também foram Proteobacteria com 48.734 (44,6%) e 51.411 (48,9%) transposases, respectivamente, e Actinobacteria com 31.893 (29,2%) e 23.258 (22,1%), respectivamente. Em FW e FD, o gênero bacteriano mais abundante foi Mycobacterium, com 11.885 (10,9%) e 6.592 (6,27%) transposases, respectivamente. Bactérias do gênero Mycobacterium são Gram-positivas, encontradas nos mais diversos ambientes, saprófitas de vida livre ou potenciais patógenos humanos (PONTIROLI et al., 2013). Conclusão Estes resultados forneceram um importante conjunto de dados a respeito da quantidade e diversidade taxonômica de transposases em solos cultivados com cana-de-açúcar e solo de floresta. Uma segunda etapa de análise será realizada, utilizando-se estes metagenomas montados (de novo assembly) em associação a utilização de ferramentas de genômica comparativa, visando à classificação das famílias destas transposases, assim como anotação e identificação de sequências de inserção completas e parciais, e estudo do contexto genômico. Auxílio Financeiro: CNPQ – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico Referências Bibliográficas AZIZ, R.K.; BREITBART, M.; EDWARDS, R.A. Transposases are the most abundant, most ubiquitous genes in nature. Nucleic Acids Res., v.13, p. 4.207-4.217, 2010. HODGSON, D.A. Primary metabolism and its control in streptomycetes: a most unusual group of bacteria. Adv Microb Physiol, v. 42, p.47-238, 2000. OSBURNE, MS; GROSSMAN, T.H.; AUGUST, T.R.; MACNEIL, I.A. Tapping into microbial diversity for natural products drug discovery. ASM News, v. 66, p. 411-417, 2000. PISA, G.; MAGNANI, G.S.; WEBER, H.; SOUZA, E.M.; FAORO, H.; MONTEIRO, R.A.; DAROS, E.; BAURA, V.; BESPALHOK, J.P.; PEDROSA, F.O.; CRUZ, L.M. Diversity of 16S rRNA genes from bacteria of sugarcane rizhosphere soil. Braz. J. Med. Biol. Res., v. 12, p. 1215-1221, 2011. PONTIROLI, A.; KHERA, T.T.; OAKLEY B.B.; MASON, S.; DOWD, S.E.; TRAVIS, E.R.; ERENSO, G.; ASEFFA, A.; COURTENAY, O.; WELLINGTON, E.M. Prospecting environmental mycobacteria: combined molecular approaches reveal unprecedented diversity. PloS One, v. 7, 2013. 14 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) 3. Análise do perfil citotóxico de derivados semi-sintéticos de curcumina em células de carcinoma cervical humano HPV positivas 1 1 1 1 1 OLIVEIRA, A. B. B. ; STUQUI, B. ; POLAQUINI, C. R. ; VANZATO, Y. P. ; REGASINI, L. O. ; 1 1 CALMON, M. F. ; RAHAL, P. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE Introdução Os papilomavírus humanos (HPVs) são vírus de DNA pertencentes à família Papillomaviridae, com tropismo por tecidos epiteliais, podendo ser divididos em HPVs de baixo e de alto risco de acordo com o potencial oncogênico (GOLDSTEIN et al., 2009). Os de alto risco estão associados a diversos tipos de cânceres, principalmente o cervical e, dentre suas proteínas, a E6 e a E7 são as principais responsáveis pela transformação celular (BADULESCU, et al., 2010; DOORBAR et al., 2012; STANLEY, 2012). Entretanto, embora apresentem grande importância clínica, ainda não há um agente antiviral para os HPVs, de modo que pesquisas com compostos naturais tem ganhado atenção, focando principalmente em E6 e E7 (YALLAPU, JAGGI, CHAUHAN, 2013; VICI et al., 2014). Nesse contexto, estudos relatam que a curcumina é uma substância capaz de inibir a expressão dessas oncoproteínas virais (DIVYA, PILLAI, 2006; MAHER et al., 2011). No entanto, desvantagens como o rápido metabolismo e a baixa biodisponibilidade tem gerado a busca por derivados semi-sintéticos de curcumina que superem essas limitações (PADHYE et al., 2010; VYAS et al., 2013). Objetivos Esse estudo teve como objetivo avaliar in vitro a citotoxicidade de cinco derivados semi-sintéticos de curcumina (AC1, AC2, AC7, AC10 e AC13) em linhagem celular de carcinoma cervical humano HPV 16 positiva (CasKi). Materiais e Métodos Células da linhagem CasKi foram incubadas com meio de cultura contendo derivados semi-sintéticos de curcumina em diferentes concentrações (10, 20, 40 e 80 µM). A curcumina foi utilizada como controle A viabilidade das células incubadas com cada composto foi analisada por meio de ensaio MTT após 24, 48 e 72 horas de incubação. Resultados e Discussão Dentre os cinco derivados semi-sintéticos de curcumina avaliados, AC1 e AC2 demonstraram ser altamente citotóxicos para as células CasKi mesmo na concentração mais baixa utilizada (Figura 1). Os demais compostos (AC7, AC10 e AC13) mantiveram a viabilidade celular acima de 80% na concentração de 10 µm (Figura 1) e, por isso, foram selecionados para próxima etapa do trabalho, onde será avaliado, por PCR quantitativo, se esses compostos são capazes de inibir a expressão dos oncogenes E6 e E7. 15 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) Figura 1. Viabilidade de células CasKi após 24, 48 e 72 horas de incubação com a curcumina e com os derivados semi-sintéticos de curcumina. Conclusão Considerando as inúmeras atividades anticâncer da curcumina já descritas em diversos estudos, a busca por compostos que consigam solucionar as limitações que esse composto apresenta é uma importante e promissora estratégia a ser utilizada no desenvolvimento de terapias antivirais. Auxílio Financeiro: CAPES e FAPESP (Processo nº 2014/04395-2) Referências Bibliográficas BADULESCU, F.; CRISAN, A.; BADULESCU, A.; SCHENKER, M. Recent data about the role of human papillomavirus (HPV) in oncogenesis of head and neck cancer. Rom J Morphol Embryol, v. 51, n. 3, p. 437- 440, 2010. DIVYA, C. S.; PILLAI, M. R. Antitumor action of curcumin in human papillomavirus associated cells involves downregulation of viral oncogenes, prevention of NFkB and AP-1 translocation, and modulation of apoptosis. Mol Carcinog, v. 45, n. 5, p. 320-32, 2006. DOORBAR, J.; QUINT, W.; BANKS, L.; BRAVO, I. G.; STOLER, M.; BROKER, T. R.; STANLEY, M. A. The Biology and Life-Cycle of Human Papillomaviruses. Vaccine, v. 30, p. F55-70, 2012. GOLDSTEIN, M.A.; GOODMAN, A.; DEL CARMEN, M.G.; WILBUR, D.C. Case records of the Massachusetts General Hospital. Case 10–2009. A 23-year-old woman with an abnormal Papanicolaou smear. N. Engl. J. Med, v. 360, n. 13, p. 1337–1344, 2009. MAHER, D. M.; BELL, M. C.; O'DONNELL, E. A.; GUPTA, B. K.; JAGGI, M.; CHAUHAN, S. C. Curcumin suppresses human papillomavirus oncoproteins, restores p53, Rb, and PTPN13 proteins and inhibits benzo[a]pyrene-induced upregulation of HPV E7. Mol Carcinog, v. 50, n. 1, p. 47-57, 2011. PADHYE, S.; CHAVAN, D.; PANDEY, S.; DESHPANDE, J.; SWAMY, K. V.; SARKAR, F., H. Perspectives on chemopreventive and therapeutic potential of curcumin analogs in medicinal chemistry. Mini Rev Med Chem, v.10, n.5, p. 372–87, 2010. STANLEY, M. A. Genital human papillomavirus infections: current and prospective therapies. J Gen Virol, v. 93, n. Pt 4, p. 681-91, 2012. 16 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) VICI, P.; MARIANI, L.; PIZZUTI, L.; SERGI, D.; DI LAURO, L.; VIZZA, E.; TOMAO, S.; MANCINI, E.; VINCENZONI, C.; BARBA, M.; MAUGERI-SACCÀ, M.; GIOVINAZZO, G.; VENUTI, A. Emerging Biological Treatments for Uterine Cervical Carcinoma. J Cancer, v. 5, n. 2, p. 86-97, 2014. VYAS, A.; DANDAWATE, P.; PADHYE, S.; AHMAD, A.; SARKAR, F. Perspectives on new synthetic curcumin analogs and their potential anticancer properties. Curr Pharm Des, v. 19, n. 11, p. 2047-69, 2013. YALLAPU, M. M.; JAGGI, M.; CHAUHAN, S. C. Curcumin nanomedicine: a road to cancer therapeutics. Curr Pharm Des, v. 19, n. 11, p. 1994-2010, 2013. 17 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) 4. Alterações morfológicas e imunohistoquímicas no lobodorsolateral da próstata de gerbilos após exposição prolongada ao BisfenolA e a dieta hiperlipídica 1 2 1 FACINA, C.H ; GONÇALVES, B.F ; TABOGA, S.R . 1 Departamento de Biologia, Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas, IBILCE/UNESP, São José do Rio Preto, SP, Brasil. 2 Instituto de Biociências IBB/UNESP, Botucatu, SP, Brasil. Introdução A próstata é uma glândula acessória do sistema genital masculino que juntamente com a vesícula seminal contribui com a produção de nutrientes para o fluido seminal e promove a manutenção do gradiente iônico e pH adequado desta secreção (UNTERGASSER et al., 2005). Pesquisas recentes têm demonstrado que a exposição a diversas substâncias químicas presentes no meio ambiente, os chamados desreguladores endócrinos, pode causar alterações morfofisiológicas permanentes na próstata. Muitos destes desreguladores endócrinos pertencem à classe dos xenoestrógenos, que são estrógenos sintéticos produzidos pelo homem. Atualmente é conhecida uma infinidade de xenoestrógenos com ação de desreguladores endócrino, como, por exemplo, o Bisfenol-A (BPA). O BPA é uma substância que tem potencial estrogênico, podendo mimetizar os estrógenos endógenos, se ligando aos receptores de estrógenos e ativando as vias de sinalização dos mesmos. Outro fator ambiental potencialmente associado com alterações prostáticas é a dieta rica em lipídeos. Há um consenso entre estudos correlacionando dietas ricas em gorduras e a patogênese prostática, os quais asseguram que o consumo de ácidos graxos saturados está relacionado com o desenvolvimento do câncer prostático (FLESHNER et al., 2004). O consumo de nutrientes com alta densidade calórica pode resultar em uma síndrome metabólica com sintomas associados com a resistência à insulina, hiperinsulinemia, dislipidemia, e certo grau de obesidade. Por conseguinte, é pensado que esta síndrome metabólica seja um dos principais contribuintes para o desenvolvimento da diabetes, complicações cardiovasculares, e uma variedade de desordens urológicas, incluindo a incontinência urinária, disfunção erétil, hiperplasia benigna da próstata, e câncer prostático (SHANKAR et al., 2012). As causas mais comuns da obesidade têm sido geralmente atribuídas ao alto teor calórico, dietas ricas em gorduras e a falta de exercício combinada com uma predisposição genética para a doença. No entanto, o aumento alarmante da obesidade não pode ser apenas explicado por esses fatores; um componente ambiental deve estar envolvido (NADAL, 2013). Objetivo Avaliar por métodos histopatológicos qualitativos e quantitativos, se a exposição prolongada ao desregulador endócrino Bisfenol A e a dieta hiperlipídica promove alterações morfofisiológicas no lobo Dorsolateral prostático de gerbilos adultos. Materiais e Métodos Foram utilizados 24 animais (n= 6 por grupo), divididos de maneira aleatória em 4 grupos: Controle (C), Dieta Hiperlipídica (D), Bisfenol A (BPA) e Dieta Hiperlipídica + Bisfenol A (D+BPA). Animais do grupo D e D+BPA foram submetidos a uma dieta hiperlipídica e hipercalórica. Esses animais receberam ração com elevado teor de lipídios e calorias, contendo 20% de lipídeos saturados. Aos grupos C e BPA foi oferecida a ração controle. Adicionalmente os grupos BPA e D+BPA receberam água ad libitum contendo BPA na concentração de 50μg/kg/dia e os grupos C e D receberam água filtrada ad libitum. Todos os animais foram pesados 18 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) no início e ao final do experimento para o monitoramento do ganho de peso. Adicionalmente, foi avaliado o consumo semanal médio de ração por animal para todos os grupos para determinação da ingestão calórica e a ingestão de BPA para os grupos BPA e D+BPA. O sacrifício dos animais aconteceu 6 meses após o início do experimento. As metodologias utilizadas envolveram análises do peso corpóreo dos animais, ingestão calórica semanal, consumo de Bisfenol A e análise dos depósitos de gordura corporal, incidência e multiplicidade de lesões prostáticas, bem como análises morfológicas por meio de técnicas citoquímicas (HE, Picrossírius e Reticulina de Gömöri) e imunohistoquímicas (PCNA, Alfa-actina). Os testes estatísticos utilizados para averiguação da significância foram o teste de KruskalWallis para dados não paramétricos e o teste ANOVA para dados paramétricos, por meio do software GraphPad Prism 5.00 (significância com valor de p < 0.05). Resultados e Discussão A análise dos dados provenientes de animais submetidos a diferentes tratamentos durante o período de 6 meses mostrou que, a ingestão calórica foi superior nos grupos submetidos à dieta hiperlipídica. O grupo Intacto e o grupo BPA permaneceram ingerindo uma quantidade menor de calorias. Consequentemente, o ganho de peso foi superior no grupo Dieta e BPA+D. Adicionalmente, verificou-se uma maior deposição de gordura corporal nos animais que receberam a dieta hiperlipídica. Os resultados encontrados indicam, portanto, que a metodologia utilizada foi eficaz em gerar alterações metabólicas, as quais comprometem diretamente a homeostasia prostática. Os animais que receberam Bisfenol A tiveram um aumento de peso, mas este não foi significativo em relação ao grupo controle. Foi possível observar uma maior deposição de gordura corporal no grupo BPA quando comparado ao grupo Controle. O consumo de Bisfenol A na água de beber foi semelhante entre os grupos BPA e BPA+D, não apresentando diferenças estatísticas entre os grupos que ingeriram este composto. A análise histológica permitiu avaliar a incidência, multiplicidade, fenótipo e distribuição das lesões histopatológicas que acometeram o tecido prostático após 6 meses de tratamento. Lesões de caráter pré-maligno e maligno foram constatadas no lobo Dorsolateral. No entanto, os animais submetidos à dieta hiperlipídica, ao Bisfenol A e a associação entre esses compostos, apresentaram uma maior incidência e multiplicidade de lesões prostáticas. Quando comparado ao grupo controle, os grupos BPA, BPA+D e D apresentaram maior número de inflamações subepiteliais, inflamações intraluminais e inflamações periductais, além de lesões pré-malignas (Neoplasia Intraepitelial Prostática (PIN)) e malignas (Carcinomas Microinvasivos). Nestes grupos foi possível notar aumento do volume epitelial seguido de redução luminal. As células apresentaram diversas atipias, tais como: aumento da área nuclear e nucléolo bastante evidente. O compartimento estromal dos grupos tratados apresentou remodelação das fibras de colágeno, além de diversos pontos de desestruturação da camada de células musculares lisas, favorecendo a invasão estromal. Quando comparado ao grupo Controle, a atividade proliferativa das células secretoras prostáticas aumentou nos grupos experimentais. O lobo Dorsolateral do grupo Dieta apresentou apenas lesões de caráter pré-maligno. Já nos grupos BPA e BPA+D foi constatado o desenvolvimento de lesões pré-malignas e malignas. A multiplicidade de lesões evidenciou um aumento significativo no número de lesões pré-malignas no grupo BPA+D, quando comparado com o grupo controle. Apesar dos grupos D e BPA não terem apresentado diferenças estatisticamente significantes em relação ao controle, estes grupos também apresentaram um incremento no número desta classe de lesões. Ao se tratar das lesões malignas, estas foram observadas nos grupos BPA e BPA+D. 19 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) Lobo Dorsolateral da próstata de gerbilos adultos, A e B. Epitélio prostático íntegro. C. Epitélio prostático atípico onde é possível observar a presença de Neoplasia Intraepitelial Prostática, com invaginação do epitélio para o interior do lúmen. Além disso, é possível notar uma extensa Inflamação Periductal (IPD). D. Detalhe da figura C. É possível observar células atípicas com núcleos aumentados e nucléolos evidentes. E. Ácino com Inflamação Intraluminal (IIL). F. Epitélio prostático atípico onde é possível observar a presença de Neoplasia Intraepitelial Prostática G. Epitélio prostático atípico (*). Notar extensa inflamação subepitelial e a presença de inúmeras células inflamatórias no lúmen acinar. H. Ácino acometido por Neoplasia Intraepitelial Prostática. Notar Inflamação Intraluminal. I. Epitélio prostático atípico. J. Extensa Inflamação Periductal. K. Ácino acometido por Neoplasia Intraepitelial Prostática. L. Ácino com Neoplasia Intraepitelial Prostática. M. Ácino acometido por Carcinoma Microinvasivo. Notar o epitélio anômalo e a diminuição da área luminal. N. Inflamação Intraluminal. Observa-se um grande número de células inflamatórias no lúmen. O. Carcinoma microinvasivo acometendo um ácino. A-O. HE Conclusão A partir dos dados acima conclui-se que, o BPA e a dieta hiperlipídica altera a morfofisiologia prostática contribuindo para o desenvolvimento de lesões prémalignas e malignas nesta glândula. Auxílio Financeiro: FAPESP; Capes Referências Bibliográficas FLESHNER N., BAGNELL P.S., KLOTZ L., VENKATESWARAN V. Dietary fat and prostate cancer. J Urol, v.171, p.19–24, 2004. NADAL, A. Fat from plastics? Linking bisphenol A exposure and obesity. Rev. Endocrinol., v. 9, p.9– 10, 2013. SHANKAR E., VYKHOVANETS E.V., VYKHOVANETS O.V., MACLENNAN G.T., SINGH R., BHASKARAN N., SHUKLA S., GUPTA S. High-Fat Diet Activates Pro-Inflammatory Response in the Prostate Through Association of Stat-3 and NF-Kb. The Prostate, v. 72, 233-243, 2012. UNTERGASSER G., PLAS E., MADERSBACHER S., BERGER. Benign prostatic hyperplasia: agerelated tissue-remodeling. Exp Gerontol. v. 40, p.121-128, 2005. 20 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) 5. Formação do acrossomo durante a espermiogênese de Leptoglossus zonatus (Heteroptera: Coreidae) SILISTINO-SOUZA, E. R.¹, SILVA JUNIOR, F. C.¹, SILISTINO-SOUZA, R.¹, PEREIRA, L. L. V.¹, TABOGA, S. R.¹, ITOYAMA, M. M.¹ ¹Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE Introdução A subordem Heteroptera é um dos maiores e mais diverso grupo de insetos (SCHUH; SLATER, 1995), possuindo cerca de 75 famílias (LANZONE; SOUZA, 2006). Dentre estas, a Coreidae, possui atualmente pelo menos 1800 espécies de ampla distribuição geográfica. Os indivíduos desta família são fitófagos e alguns causam danos às plantas de valor econômico. Objetivo O objetivo deste trabalho foi o de analisar a formação do acrossomo, envolvendo o complexo de Golgi e o núcleo durante a espermiogênese da espécie Leptoglossus zonatus, com ênfase aos aspectos ultraestruturais. Apesar de sua importância, ainda não há estudos de características ultraestruturais nessa espécie, com isso visamos aumentar o conhecimento sobre o assunto. Material e Métodos Machos adultos da espécie Leptoglossus zonatus foram coletados em São José do Rio Preto, SP. Após dissecção, os testículos foram fixados em solução de Karnovsky, por 72 horas, em seguida, lavados duas vezes com tampão Milloning e pós-fixados, por 2 horas, no Tetróxido de Ósmio a 1%. Posteriormente, o material foi lavado com água bidestilada e desidratado em soluções crescentes de acetona. Após esse processo, foi dado inicio a pré-infiltração em araldite:acetona (1:1) overnight, em temperatura ambiente, em seguida o material passou pela infiltração em araldite, por 2 horas, a 37°C e, logo após, a inclusão em araldite, por 72 horas, a 60°C. Os cortes semifinos (500 nm) e ultrafinos (50 nm) foram obtidos em ultramicrótomo (Leica). A análise foi realizada em microscópio eletrônico de transmissão ZEISS-LEO 906 – IBILCE/UNESP, São José do Rio Preto. Resultados e Discussão Durante a espermiogênese ocorrem vários eventos específicos de especialização da célula para dar origem aos espermatozóides, dentre os quais podemos citar a formação do acrossomo. O Acrossomo é uma estrutura importante e essencial para a fecundação, pois em seu interior há a presença de enzimas capazes de transpor barreiras naturais do gameta feminino (FAWCETT; ITO, 1965). O desenvolvimento do acrossomo envolveu o complexo de Golgi e o núcleo, ambas estruturas se posicionam próximas uma da outra. O complexo de Golgi iniciou então um processo de liberação de vesículas contendo substâncias, estas vesículas se fundiram, dando origem ao grânulo pró-acrossomal. No interior deste grânulo ocorreu a formação de uma região mais eletrodensa localizado em sua periferia. O grânulo então, migrou em direção ao núcleo até se encostar nele. Transformações químicas ocorreram e o grânulo se tornou bem eletrodenso e se posicionou desde a lateral até a região apical do núcleo, recebendo então, o nome de acrossomo. Conclusão Concluímos a partir das análises desta espécie, que o comportamento destas ultraestruturas assemelha-se ao apresentado pelos indivíduos do grupo Coreidae. Este trabalho amplia o conhecimento da biologia reprodutiva desta espécie, porém 21 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) outros estudos são necessários para elucidar com detalhes o processo de formação do acrossomo. Auxílio Financeiro: FAPESP, CAPES Referências Bibliográficas FAWCETT, D. W.; ITO, S. The fine structure of bat spermatozoa. The American journal of anatomy, v. 116, p. 567-610, 1965. LANZONE, C; SOUZA, M. J. Chromosome complement and meiosis in three species of the Neotropical bug genus Antiteuchus (Heteroptera, Pentatomidae, Discocephalinae). Genet. Mol. Bio., v. 29, p. 49-55, 2006. SCHUH, T. T.; SLATER, J.A. True bugs of the world (Hemiptera: Heteroptera) Classification and natural history, Cornell UNIVERSITY press, Ithaca, New York, v. 12, 338 p., 1995. 22 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) 6. Efeitos genotóxicos em Oreochromis niloticus após exposição a metais em concentrações recomendadas pela legislação brasileira e a substância húmica aquática 1 1 1 1 BATALHÃO, I. G.¹; ALMEIDA, E. A. ; MARTINS, F. C. ; BISINOTI, M. C. ; MASCHIO, L. R. ; CASTIGLIONI, L.² 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE ²Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP Introdução A poluição dos recursos hídricos por compostos químicos é um grave e crescente problema que, apesar da existência de legislações específicas com o intuito de minimizarem os impactos aos ecossistemas, continua a ocorrer de forma indiscriminada (CLAXTON et al., 1998). No ecossistema aquático, os metais têm recebido uma atenção considerável, devido à sua toxicidade e acúmulo na biota (SAJWAN et al, 2008). A resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente 357/2005 estabelece concentrações limites para alguns metais presentes no meio ambiente. Porém estes limites são considerados para os metais isoladamente, e esses raramente ocorrem de forma isolada no ambiente, estando os organismos aquáticos expostos a misturas deles. Deste modo, é de suma importância predizer o impacto que os poluentes causam nos organismos, considerando as interações entre eles. No entanto, outras substâncias presentes no meio aquático podem interferir na biodisponibilidade de compostos tóxicos para os organismos aquáticos. Entre elas, as substâncias húmicas aquáticas (SHA) são importantes para estudos de toxicologia, uma vez que possuem a capacidade de se complexar com as espécies metálicas e as tornarem menos tóxicas aos organismos que habitam os ecossistemas aquáticos (HIROSE, 2007). Portanto, avaliações genotoxicológicas, como o teste do micronúcleo e das anormalidades nucleares, nos permitem diagnosticar os efeitos que esses contaminantes podem causar nos organismos aquáticos, contribuindo com os estudos de biomonitoramento ambiental e com a definição de leis que visam proteger esses ecossistemas. Objetivo Avaliar o potencial mutagênico e genotóxico, por meio do teste do micronúcleo e das anormalidades nucleares, que os metais isolados (Fe, Cd, Pb e Cu) e em mistura, na ausência e na presença de 1,5 mg/L e 5,0 mg/L de SHA, podem gerar no DNA de eritrócitos de Oreochromis niloticus. Materiais e Métodos Material biológico Os organismos-teste usados para a realização da pesquisa foram peixes da espécie Oreochromis niloticus, conhecidas como tilápias do Nilo. Os espécimes foram obtidos junto à piscicultura da UNESP, aclimatados por uma semana em temperatura média de 26°C, para posteriormente serem usados nos experimentos. Foram realizados três experimentos, sendo que, para o experimento sem SHA, foram utilizados 30 espécimes, enquanto que para os experimentos com SHA, por ter um grupo controle com SHA, foram utilizados 35 espécimes, com cerca de 12 cm de comprimento, para evitar diferenças relacionadas ao tamanho e idade dos peixes. 23 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) Exposição laboratorial a misturas de metais e a metais isolados Para cada experimento (peixes expostos aos contaminantes nas concentrações de 0,01mg/L para o cádmio; 0,033mg/L para o chumbo; 0,013 mg/L para o cobre; 5,0 mg/L para o ferro) foram utilizados 30 aquários de plástico para o experimento sem SHA e 35 para cada um dos experimentos com SHA, com capacidade de 20 litros, sendo que cada aquário recebeu apenas um peixe. Cada grupo experimental foi composto de cinco aquários (N=5). No primeiro experimento foi avaliado o efeito dos metais na ausência da SHA. O segundo e o terceiro experimento foram idênticos ao primeiro, exceto pelo fato de que as exposições aos metais, isolados e em mistura, foram feitas na presença de 1,5 mg/L e 5 mg/L de SHA extraída e caracterizada do Rio Preto. Um grupo controle contendo SHA foi também usado para fins comparativos. Os peixes permaneceram por 7 dias expostos aos tratamentos e, após esse período, os mesmos foram anestesiados com fenoxietanol (2 ml/L) e o sangue foi retirado para as análises do teste do micronúcleo. Nenhum alimento foi fornecido aos peixes durante o experimento. Teste do micronúcleo Para a realização do teste do micronúcleo (MN), foi realizada uma punção cardíaca, com seringa heparinizada, para a retirada de cerca de 3cc de sangue de cada espécime. Para o preparo das lâminas, a primeira gota de sangue da seringa foi descartada, com o intuito de evitar a contaminação do sangue com o líquido corporal e muco. Duas lâminas foram confeccionadas, pela técnica de esfregaço (extensões sanguíneas), para cada indivíduo. As lâminas foram coradas pela reação de Feulgen. Um total de 3.000 eritrócitos (1500 por lâmina), selecionados aleatoriamente, foram analisados para cada peixe do estudo, sob objetiva de imersão (100x). Resultados e Discussão Os resultados obtidos no presente trabalho mostraram que não ocorreu diferença estatisticamente significante para a formação de micronúcleos tanto para o experimento na ausência de SHA quanto para os experimentos na presença de SHA em eritrócitos de O. niloticus. Em relação ao somatório das anormalidades nucleares, obtivemos um aumento estatisticamente significante em relação ao controle para o experimento na ausência da SHA, ocorrendo para os animais expostos ao chumbo e à mistura de metais. Uma diminuição estatisticamente significante ocorreu para o cádmio, em relação ao controle sem SHA e também para animais expostos ao chumbo e ao cádmio, em relação ao controle com SHA no experimento na presença de 1,5 mg/L de SHA. Já no experimento onde os animais foram expostos aos metais na presença de 5mg/L de SHA, não houve diferenças significantes para nenhum dos grupos. As anormalidades nucleares, quando analisadas individualmente, nos permitiram constatar um aumento estatisticamente significante para alterações do tipo notched, entre animais do grupo controle e os animais expostos à mistura dos metais no experimento na ausência de SHA e uma diminuição estatisticamente significante entre animais expostos ao cádmio em relação ao controle sem SHA e expostos ao chumbo e ao cádmio em relação ao controle com SHA para o experimento na presença de 1,5 mg/L de SHA. No nosso estudo, os valores inalterados das frequências de micronúcleos nos animais expostos aos metais nos permitem inferir que as concentrações recomendadas pelo CONAMA para águas de Classe 3, na ausência e na presença 24 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) de SHA, e de acordo com as condições experimentais usadas, não apresentaram efeitos mutagênicos nos peixes, mas são genotóxicas, uma vez que houve aumento das anormalidades nucleares para o experimento na ausência de SHA . Dessa forma, deve-se levar em conta que, após 7 dias de exposição, os animais puderam ativar mecanismos de defesa e reparo contra as lesões em DNA, assim como puderam metabolizar os metais a substâncias menos tóxicas ou ainda bioacumular os metais em seus tecidos, tornando-os menos biodisponíveis aos organismos para exercerem seus efeitos genotóxicos ao longo do tempo de exposição. Conclusão Os metais, nas condições experimentais testadas, não causaram efeitos mutagênicos em espécies de O. niloticus após 7 dias de exposição. Por outro lado, causaram efeitos genotóxicos aos peixes, devido um aumento de anormalidades nucleares observado no experimento na ausência de SHA. Nos experimentos realizados, as SHA se complexaram com os metais diminuindo as anormalidades nucleares encontradas nos peixes, confirmando a sua capacidade de complexação com espécies metálicas, reduzindo os efeitos tóxicos causados pelos mesmos. Auxílio Financeiro: CAPES E FAPESP Referências Bibliográficas CLAXTON L.D.; HOUK V. S.; HUGLES T. J. Genotoxicity of industrial wastes and effluens, Mutation Research, v. 410, p. 237-243, 1998. HIROSE K., Metal-organic matter interaction: Ecological roles of ligands in oceanic DOM; Applied Geochemistry, v. 22, p.1636-1645, 2007. SAJWAN K. S., SENTHILKUMAR, K, PARAMASIVAM, S., COMPTON, S.S., RICHARDSON, J.P., Elemental status in sediment and American oyster collected from Savannah marsh/estuarine ecosystem. An preliminary assessment Archives of Environmental Contamination and Toxicology, v. 54, p.245-258, 2008. 25 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) 7. Proteína anexina A1: um alvo potencial para a terapia angiogênica 1 2 2 1 LACERDA, J.Z. ; DREWES, C.C. ; FARSKY, S.H.P. ; OLIANI, S.M. ¹Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho – UNESP/IBILCE 2 Universidade de São Paulo – USP Introdução A proteína anexina A1 (ANXA1) está envolvida na regulação da inflamação (GASTARDELO et al., 2009), apoptose (EL KEBIR; JÓZSEF; FILEP, 2008), crescimento (CÔTÉ et al., 2010) e diferenciação celular (BIZZARRO et al., 2010). Embora esses efeitos tenham sido explorados em diversas investigações, são raros os estudos na angiogênese (YI, M.; SCHNITZER, 2009). A formação de novos vasos sanguíneos apresenta um papel crucial em vários processos fisiológicos como no desenvolvimento fetal, reparo e regeneração tecidual, cicatrização de feridas, transplantes e recuperação pós-isquemia (YI, M.; SCHNITZER, 2009). Dessa forma, a terapia angiogênica, que consiste na manipulação do crescimento vascular, pode ser benéfica no tratamento de várias doenças, e a descoberta da ação da ANXA1 nesse processo pode resultar em novos procedimentos terapêuticos. Objetivos Em função da importância no entendimento da ação reguladora da proteína ANXA1 na formação de novos vasos, avaliamos, in vivo e in vitro, os efeitos do peptídeo ANXA12-26 (região N-terminal da ANXA1) sobre a angiogênese na vigência do fator de crescimento do endotélio vascular do subtipo A (VEGF-A). Material e Métodos Nas investigações in vivo avaliamos os efeitos da ANXA1 sobre a cinética de formação de novos vasos da rede microcirculatória da região dorsal da pele de camundongos BALB/c machos selvagens (WT) e destituídos do gene para ANXA1 (AnxA1-/-). A câmara dorsal foi implantada nesses animais e, após, ocorreu a administração tópica de PBS, VEGF (10ng/10µL) e/ou ANXA12-26 (1mg/kg) nos dias 4, 5 e 6. As imagens obtidas antes (dia 4) e após os tratamentos (dia 9) foram usadas para quantificação dos vasos da rede microcirculatória.Nas investigações in vitro, células endoteliais de veias umbilicais humanas (linhagem HUVEC) foram tratadas com PBS, VEGF (10, 25 ou 50 ng/mL) e/ou ANXA12-26(1, 10 ou 30 µM). A proliferação celular foi avaliada pelo Countess® Automated Cell Counter; a migração celular e tubulogênese por microscopia de luz e a aderência celular por espectrofotometria. Resultados e Discussão O número de vasos recém-formados aumenta nos animais WT tratados com ANXA12-26 (1 mg/kg) e VEGF (10 ng/10 µL) e nos AnxA1-/-tratados com VEGF (10 ng/10 µL) (Figura 1 A, B e C). Nos resultados in vitro, a proliferação celular aumenta com o VEGF e/ou tratamento com ANXA12-26 (1 µM) (Figura 1 D). No entanto, a migração celular aumenta após o tratamento com ANXA1 2-26 (10 µM) e, associado ao VEGF, nas concentrações de 10 e 30 µM (Figura 1 E). O processo de tubulogênese aumenta após indução com VEGF e não altera após tratamento com ANXA12-26 (1, 10 ou 30 µM). Diferentemente, VEGF associado com ANXA1 2-26 (10 µM) intensificam a formação das estruturas tubulares (Figura 1 F). Os ensaios de aderência celular mostram que o tratamento com VEGF aumenta esse processo nas células endoteliais ao Matrigel®, enquanto VEGF e ANXA12-26, juntos, inibem a aderência promovida somente pelo VEGF (Figura 1 G).Assim,nossos dados indicam que a ANXA1, na angiogênese, participa das seguintes etapas: induz a formação de 26 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) novos vasos, aumenta a proliferação emigração celular e, na presença do VEGF, acentua o processo de tubulogênese e diminui a aderência nas células endoteliais. A C 50 índice do número de vasos (antes vs depois do tratamento) Índice do número de vasos (antes vs depois do tratamento) B *** 40 30 * 20 10 0 Controle VEGF ANXA12-26 D VEGF + ANXA12-26 40 * 30 20 10 0 Controle VEGF E 200 Controle 150 * *** 50 50 800 Nº de células migradas Nº células x10 4 100 *** VEGF ANXA12-26 (1 µM) VEGF+ANXA12-26 40 30 20 10 ** ** * 600 400 200 0 0 Controle VEGF 24 h 48 h 1 10 72 h 30 1 10 30 ANXA12-26 (M) VEGF (50 ng/mL) G F 150 1.5 # 100 # * 50 Densidade óptica Nº de tubos * 1.0 *** &&& * &&& &&& 1 10 30 0.5 0.0 0 Controle VEGF 1 10 30 1 10 30 ANXA12-26 (µM) VEGF (50 ng/mL) Controle VEGF 1 10 30 ANXA12-26 (µM) VEGF (50 ng/mL) Figura 1. Efeitos do peptídeo ANXA12-26na angiogênese. [A] Imagens representativas do efeito do tratamento tópico com o peptídeo ANXA12-26sobre a rede microcirculatória dos camundongos BALB/c WT. Índice expressa o número de vasos da microcirculação subcutânea dorsal dos camundongos WT -/[B] e ANXA1 [C] após tratamentos. Os valores expressam a média ± S.E.M. de 5 animais por grupo (n = 5). * p<0,05 e *** p<0,001 versus controle. Efeitos do peptídeo ANXA12-26sobre a proliferação celular [D], migração celular [E], tubulogênese [F] e aderência [G] nas células HUVEC.Os resultados expressam a média ± S.E.M. de células de três ensaios independentes em triplicata. *p<0,05, **p<0,01, *** p<0,001 versus controle, # p<0,05 versus ANXA12-26 (10 e 30 µM respectivamente), &&& p<0,001 versus VEGF. 27 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) Conclusão Nossos dados revelam ações pró-angiogênicas da proteína ANXA1 na formação de novos vasos, podendo originar novo alvo biológico na intervenção terapêutica da angiogênese. Auxílio Financeiro: Processo FAPESP 2013/07487-2; CAPES. Referências Bibliográficas BIZZARRO, V.; FONTANELLA, B.; FRANCESCHELLI, S.; PIROZZI, M.; CHRISTIAN, H.; PARENTE, L.; PETRELLA, A. Role of annexin A1 in mouse myoblast cell differentiation. 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Proceedings of the National Academy Sciences, v. 106, n. 42, p. 17886-91, 2009. 28 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) 8. Co-cultura de fibroblastos associados ao câncer (CAFS) com a linhagem tumoral mamária triplo negativa e a resposta terapêutica ao uso da melatonina 1,2 1,2 1,2 MASCHIO, L.B. , GELALETI, G.B. , ZUCCARI, D.A.P.C. 1 Departamento de Biologia, Programa de Pós-graduação em Genética/Universidade Estadual Paulista - UNESP/IBILCE, São José do Rio Preto (SP). 2 Laboratório de Investigação Molecular do Câncer, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP, São José do Rio Preto (SP). Introdução O câncer de mama representa a neoplasia mais comum entre as mulheres (INCA, 2014). A glândula mamária é formada pelo epitélio ramificado e o microambiente circundante, composto por diversos tipos celulares, incluindo células inflamatórias, endoteliais e fibroblastos (LÜHR et al., 2012). A interconexão entre células epiteliais malignas e o microambiente modulam o comportamento das células tumorais (PORRETTI et al., 2014). CAFs são uma subpopulação de fibroblastos ativados, que secretam proteínas da matriz extracelular, fatores de crescimento e interleucinas, atuando na promoção da angiogênese e proliferação celular (KALLURI e ZEISBERG, 2006). A melatonina, um hormônio natural, tem sido associada a diversos mecanismos de ação oncostáticas (JARDIM-PERASSI et al., 2014), atuando na progressão do câncer controlando a ação dos fibroblastos no microambiente tumoral (ALVAREZ-GARCÍA et al., 2012). Objetivos Avaliar a ação da melatonina no controle da proliferação celular na linhagem tumoral triplo negativa (MDA-MB-231), CAFs e no sistema de co-cultivo entre essas células e sua atuação no microambiente tumoral, pela expressão diferencial de proteínas relacionadas à angiogênese, inflamação e indução da apoptose. Materiais e Métodos Para o cultivo celular de CAFs, foram coletados fragmentos tumorais mamários, cultivados pela técnica de explante celular, mantidos em estufa a 37 °C e 5 % CO2. Após atingirem a confluência celular de 90%, as células foram imunomarcadas por imunocitoquímica com os anticorpos anti-vimentina, anti-TGFβ, anti-α smooth muscle actin (α-SMA) e anti-citoqueratina para caracterização celular. A linhagem MDA-MB-231 foi cultivada em meio próprio, em estufa a 37 °C e 5 % CO2 até atingirem confluência celular de 90%. As células foram plaqueadas isoladas e em co-cultivo e realizado o tratamento com melatonina, na concentração de 1 mM, por 24 e 48 horas para avaliação da viabilidade celular. Posteriormente, foi realizada a técnica de Antibody array, a fim de avaliar a expressão diferencial de proteínas relacionadas aos processos de angiogênese, inflamação e apoptose celular após tratamento com 1 mM de melatonina. Resultados e Discussão Os marcadores para caracterização celular dos CAFs foram analisados qualitativamente sendo encontrada marcação expressiva da vimentina, potencial marcador do citoesqueleto de células mesenquimais como fibroblastos, anti-TGFβ e anti-α-SMA, marcadores característicos de CAFs (ASTEKAR et al., 2013) e baixa expressão da citoqueratina (AE1/AE3), marcador de células epiteliais. A melatonina na concentração farmacológica de 1 mM foi capaz de reduzir significantemente a viabilidade celular da linhagem MDA-MB-231 e CAFs em 24 e 48 horas (p<0,05), e na co-cultura em 48 horas (p<0,05). O papel oncostático da melatonina tem sido comprovado em diversos estudos, sendo que Jardim-Perassi et al. (2014) também demonstraram redução da viabilidade celular na concentração de 1 mM na linhagem 29 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) MDA-MB-231. Alvarez-Garcia et al. (2012), observaram redução na taxa de proliferação celular em fibroblastos diferenciados de pré-adipócitos em tratamento com melatonina. Observamos nesse estudo, que CAFs co-cultivados com a linhagem MDA-MB-231 apresentaram diminuição na viabilidade celular, porém o efeito não foi sinérgico comparado ao cultivo celular isolado. Acreditamos que a modulação dos CAFs no microambiente tumoral, em contato com a linhagem triplo negativa, ocasione a liberação de fatores de crescimento, atuantes na estimulação das células epiteliais, tornando-as mais resistentes aos efeitos oncostáticos e antiproliferativos da melatonina. A técnica de Antibody array mostrou que o tratamento com melatonina foi capaz de alterar a expressão de proteínas atuantes nos processos de angiogênese, inflamação e apoptose celular. Diversos estudos têm mostrado que citocinas desempenham papel chave na carcinogênese, atuando como fatores de crescimento, uma vez que podem ser produzidas por células tumorais (NICOLINI et al., 2006). O crescimento e progressão tumoral dependem da angiogênese, processo de formação de novos vasos sanguíneos a partir de um endotélio vascular preexistente (RYKALA et al. 2011). As proteínas ativas na angiogênese, leptina e MCP-1, tiveram sua expressão diminuída após o tratamento com melatonina. Corroborando ao nosso estudo, Jardim-Perassi et al. (2014) demonstraram que a melatonina é capaz de diminuir fatores envolvidos no processo de angiogênese tumoral em modelo de câncer de mama. Sabe-se que o processo inflamatório contribui em todos os aspectos da carcinogênese (SANSONE & BROMBERG, 2011) promovendo uma resposta fisiológica à proliferação e remodelação tecidual, facilitando assim a progressão neoplásica (SERVAIS & EREZ, 2013). Assim, as proteínas atuantes nesse processo, MMP-9, PECAM-1, TIE-2, TNF-α, uPAR, IL-12 e oncostatina tiveram seus níveis reduzidos ao tratamento com melatonina. Confirmando os nossos achados, alguns estudos demonstram que a melatonina minimiza a inflamação, bloqueando fatores de transcrição como o NF-kβ, inibindo a expressão de citocinas e interleucinas pró-inflamatórias (KORKMAZ et al., 2012). Além disso, foi encontrado aumento da expressão das proteínas próapoptóticas DR6, IGFBP-5, IGFBP-6, HTRA, HPs27 e IGF-R1sr. Estudos demonstram que a melatonina pode proteger as células normais da apoptose (YU et al., 2000), e inversamente, induzi-la em células de vários tipos tumorais. Jung et al. (2013) também confirmam que a melatonina atua como um indutor de apoptose. Conclusão Foi confirmada a influência dos CAFs no microambiente tumoral, uma vez que a melatonina foi capaz de diminuir a expressão de proteínas inflamatórias e angiogênicas e aumentar a expressão de proteínas apoptóticas, comprovando assim a ação anti-proliferativa e oncostática, sendo possível determinar seu potencial valor terapêutico no câncer de mama. Auxilio Financeiro: FAPESP Referencias Bibliográficas ALVAREZ-GARCIA. V., GONZA’LEZ A., GONZA’LEZ A. C., CAMPA M. C., COS S. Melatonin interferes in the desmoplastic reaction in breast cancer by regulating cytokine production. Journal of Pineal Research. V.52, p. 282-290, 2012. ASTEKAR, M.; METGUD, R.; SHARMA, A.; SONI, A. Hidden keys in stroma: Unlocking the tumor progression. Journal of Oral and Maxillofacial Pathology. v.17, p. 82-88, 2013. 30 _________________________________________________________ Mestrado (BCM) INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA) (2010) Estimativas da incidência e mortalidade por câncer no Brasil. Ministério da Saúde. Available: http://www.inca.gov.br/estimativa/2010/index.asp?link = conteudo_view.asp&ID = 5. Acesso em: 23/07/2014 JARDIM-PERASSI BV, ARBAB A S, FERREIRA LC,BORIN TF, VARMA NR, ISKANDER AS,SHANKAR A, ALI, Effect of melatonin on tumor growth and angiogenesis in xenograft modelo f breast cancer. PLOs ONE, n. 9, v. 1, 2014. KALLURI, R.; ZEISBERG, M.Fibroblasts in cancer. Nature, v.6, p.392-401, 2006. KORKMAZ A, ROSALES-CORRAL S, REITER RJ: Gene regulation by melatonin linked to epigenetic phenomena. Gene v. 03, p. 1–11, 2012. LÜHR, I.; FRIEDL, A.; OVERATH, T.; THOLEY, A.; KUNZE, T.; HILPERT, F.; SEBENS, S.; ARNOLD, N.; RÖSEL, F.; OBERG, H.; MAASS, N.; MUNDHENKE, C.; JONAT, W.; BAUER, M. Mammary fibroblasts regulate morphogenesis of normal and tumorigenic breast epithelial cells by mechanical and paracrine signals. Cancer Letters v. 325, p. 175–188, 2012. NICOLINI, A.; CARPI, A.; ROSSI, G. Cytokine & Growth Factor Reviews. 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Schofield e Galvão, em 2009, propuseram a classificação destes insetos em complexos e subcomplexos específicos e, para agrupá-los utilizaram como parâmetros a disposição geográfica e os caracteres morfológicos. O subcomplexo Brasiliensis é composto pelas espécies Triatoma brasiliensis, T. b. macromelanosoma, T. juazeirensis, T. melanica, T. petrochiae, T. lenti e T. sherlocki (SCHOFIELD e GALVÃO, 2009), uma vez que, recentemente, T. melanocephala, T. vitticeps e T. tibiamaculata foram excluídos do subcomplexo (ALEVI et al. 2012a). A posição de T. lenti no subcomplexo, embora fundamentada em estudos citogenéticos (ALEVI et al., 2012b, 2013), ainda é incerta. Análises moleculares tem se mostrado como importantes ferramentas para resgatar a monofilia dos subcomplexos. Objetivos Assim, o presente trabalho tem como objetivo reavaliar a posição taxonômica das espécies do subcomplexo Brasiliensis por meio do marcador molecular D2 (região variável do 28S rDNA), um gene nuclear. Materiais e Métodos No presente trabalho, foram analisados dois machos adultos de cada espécie do subcomplexo Brasiliensis e, como outgroup, foram utilizados dois indivíduos adultos da espécie T. infestans. Os insetos foram provenientes de colônias mantidas pelo insetário instalado na Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Câmpus de Araraquara, São Paulo. Os insetos adultos foram dissecados e as pernas foram utilizadas para extração material genético por meio do kit PureLink Genomic DNA Mini kit (Invitrogen), de acordo com as instruções do fabricante. Em seguida, foram realizadas as reações de PCR utilizando os oligonucleotídeos iniciadores para amplificação da região variável D2 do gene 28S (rDNA), de acordo com Porter e Collins (1996). Após a eletroforese, os fragmentos foram purificados utilizando o kit GFX PCR DNA & Gel Band (GE Healthcare and Life Technology), de acordo com as instruções do fabricante. Os produtos de PCR purificados foram submetidos ao sequenciamento direto, às amostras foram enviadas ao Centro de Pesquisas sobre o Genoma Humano e Células-Tronco, USP - SP. As sequências de todos os indivíduos foram analisadas pelo software BioEdit 7.0.5, e uma sequência consenso foi obtida para cada segmento de DNA. As sequências foram alinhadas utilizando o editor ClustalW. Posteriormente, utilizamos o programa MEGA 6.0 para construção de um dendrograma preliminar, baseado no método de Neighbor- Joining (NJ) para se obter uma representação gráfica do padrão de distribuição genética dessas espécies. A reamostragem por bootstrap foi aplicada para avaliar o suporte para os nós individuais (1000 repetições). Resultados e Discussão O dendrograma gerado a partir das sequências do gene D2 evidenciou que todas as espécies analisadas estão intimamente relacionadas, sendo o clado 32 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) suportado com 63% de bootstrap e T. infestans foi relacionado como outgroup. Os dados suportam a monofilia do subcomplexo Brasiliensis. Mendonça et al. (2009) analisaram sequências dos genes 16S rDNA e Cytb para avaliar a posição de T. sherlocki dentro do subcomplexo Brasiliensis e, por meio da reconstrução filogenética, agruparam a espécie como membro do subcomplexo. Da mesma forma, Gardim et al. (2014) avaliaram a posição taxonômica de T. melanocephala, T. vitticeps e T. tibiamaculata no subcomplexo e corroboraram a exclusão dos membros. No entanto, a posição taxonômica das espécies T. petrochiae e T. lenti nunca havia sido analisada por meio de dados moleculares, apenas pela morfologia, distribuição geográfica e citogenética. Conclusão Sendo assim, até o momento, podemos concluir que o clado do subcomplexo Brasiliensis é monofilético (suportado com 63% de bootstrap), confirmando a posição de T. lenti e T. petrochiae como membros do subcomplexo. No entanto, para que a filogenia fique mais robusta, outros genes e uma amostragem maior das espécies desse subcomplexo deverão ser realizadas. Auxílio Financeiro: CAPES e CNPq. Referências SCHOFIELD, C.J.; GALVÃO, C. Classification, evolution, and species groups within the Triatominae. Acta Tropica v.110, p. 88-100, 2009. ALEVI, K.C.C.; MENDONÇA, P.P.; PEREIRA, N.P.; ROSA, J.A.; AZEREDO- OLIVEIRA, M.T.V. Karyotype of Triatoma melanocephala Neiva and Pinto (1923). Does this species fit in the Brasiliensis subcomplex? Infection, Genetics and Evolution v. 12, p. 1652–1653, 2012a. ALEVI, K.C.C.; MENDONÇA, P.P.; SUCCI, M.; PEREIRA, N.P.; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Karyotype of Triatoma lenti (Hemiptera: Triatominae), a potential Chagas vector. Genetics and Molecular Research, v. 11, p. 4278–4284, 2012b. ALEVI, K.C.C.; MENDONÇA, P.P.; PEREIRA, N.P.; GUERRA, A.L.; FACINA, C.H.; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Distribution of constitutive heterochromatin in two species of triatomines: Triatoma lenti Sherlock and Serafim (1967) and Triatoma sherlocki Papa, Jurberg, Carcavallo, Cerqueira & Barata (2002) Infection, Genetics and Evolution, v. 13, p. 301–303, 2013. MENDONÇA, V.J.; SILVA, M.T.A.; ARAUJO, R.F.; JUNIOR, J.M.,; JUNIOR, M.B.; ALMEIDA, C.E.; COSTA, J.; GRAMINHA, M.A.S.; CICARELLI, R.M.B.; ROSA, J.A. Phylogeny of Triatoma sherlocki (Hemiptera: Reduviidae: Triatominae) inferred from two mitochondrial genes suggests its location within the Triatoma brasiliensis complex. The American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 81, p. 858–864, 2009. GARDIM, S.; ALMEIDA, C.E.; TAKIYA, D.M.; OLIVEIRA, J.; ARAÚJO, R.F.; CICARELLI R.M.B.; ROSA, J.A. Multiple mitochondrial genes of some sylvatic Brazilian Triatoma: Non-monophyly of the T. brasiliensis subcomplex and the need for a generic revision in the Triatomini. Infection, Genetics and Evolution, v. 23, p. 74–79, 2014. 33 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) 10. Perfil de metilação e modificação de histona em carcinoma renal de células claras 1 2 2 1 CONCEIÇÃO A.L.G. ; SILVA, C.T. ; JASIULIONIS, M.G. ; CALMON, M.F. ; RAHAL, P. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE 2 Universidade Federal de São Paulo - UNIFESP 1 Introdução O tumor renal é o oitavo câncer mais comum e altamente letal. É uma doença histologicamente heterogênea, sendo o carcinoma de células claras (ccRCC) o subtipo histológico mais comum, compreendendo 70% a 80% dos tumores renais (XU et al., 2011). Embora a nefrectomia seja um tratamento bem estabelecido, muitos pacientes desenvolvem metástases (NAGATA et al., 2011). O ccRCC, em estágios iniciais, pode sofrer alterações biológicas perdendo a diferenciação epitelial, processo denominado transição epitélio mesênquima (EMT) (REDOVA et al., 2011). A EMT é uma mudança molecular e celular coordenada, definida como uma redução na adesão célula-célula, das zonas de oclusão, da polaridade apicalbasolateral, bem como a aquisição de mobilidade, auxiliando no processo de metástase (TSUJI et al., 2009; LIU, 2010; JANG et al., 2011). Os genes OCLN e GAS1 participam do processo de adesão célula-célula e crescimento celular, a perda da expressão desses genes contribui para a EMT conferindo as características tumorais, como a invasão e metástase (KATOH & KATOH, 2008; HARTEN et al., 2009). Objetivos O objetivo desse estudo foi avaliar se a baixa expressão dos genes OCLN e GAS1 está relacionada com o perfil de metilação da região promotora ou com a modificação de histonas. Material e Métodos A análise de metilação global foi realizada por sequenciamento da região rica em dinucleotídeos CGs do OCLN (-438 até +1232; 164 dinucleotídeos CGs) e GAS1 (-485 até +1518; 269 dinucleotídeos CGs) da linhagem 786-O antes e após o tratamento com o agente inibidor de metilação 5-aza-2’- desoxicitidina (DAC). Já a análise de modificação de histona foi realizada por meio da imunoprecipitação da cromatina (ChIP) para quatro marcas de histonas, das quais três são marcas de ativação (H3K4me3, H3K4me2 e H3K9ac) e uma é marca de repressão (H3K27me3). Em seguida realizamos a PCR quantitativo (qPCR) para os genes alvos. Resultados e Discussão A análise de metilação global antes do tratamento com DAC na linhagem 786O do gene OCLN apresentou 24,39% de metilação, já o gene GAS1 apresentou 22,5% de metilação. Após o tratamento com DAC observamos que o gene OCLN apresentou 22,19% de metilação, já o gene GAS1 apresentou 22,23% de metilação. Por meio da análise de metilação global percebemos que não houve mudanças consideráveis na porcentagem de metilação global antes e após o tratamento com DAC para ambos os genes (variação de 2,2% para o OCLN; variação de 0,29% para o GAS1). Uma vez que os resultados de metilação não revelaram associação com a regulação dos genes de interesse, a investigação de outro mecanismo que altere a expressão gênica faz-se necessário. Dessa forma, a imunoprecipitação da cromatina foi realizada com a finalidade de revelar se a modificação das proteínas 34 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) histonas presente no DNA estariam alterando a expressão dos dois genes de interesse e consequentemente proporcionando condições para o desenvolvimento do carcinoma renal. As regiões analisadas referentes ao gene OCLN apresentaram uma baixa ocupação relativa tanto para a marca de repressão quanto para a marca de ativação. Já a análise da imunoprecipitação da região correspondente ao gene GAS1 revelou a presença tanto de marcas de ativação quanto da marca de repressão, evidenciando um predomínio de marcas de ativação. Diversos estudos já mostraram a importância da modificação de histonas em carcinoma de células renais (SELIGSON et al. 2009; ELLINGER et al., 2010; ROGENHOFER et al., 2012). Seligson e colaboradores (2009) mostraram que alterações do tipo H3K4me2, H3K18Ac e H3K9me2 estão correlacionadas com um prognóstico mais reservado e com uma baixa probabilidade de sobrevivência. Um trabalho em larga escala com amostras de ccRCC revelou os níveis de metilação de H3K4 estão inversamente relacionados com o estágio avançado, grau e metástase nesta doença (ELLINGER et al., 2010). Para que o ChIP mostre o real papel das modificações de histonas na linhagem de carcinoma renal será necessário uma contraposição com uma linhagem normal. Conclusão Não houve alteração no perfil de metilação da linhagem 786-O após o tratamento com o agente DAC. Além disso, é necessária a avaliação da linhagem celular normal para conclusão dos resultados de modificação de histonas. Referências Bibliográficas ELLINGER, J.; KAHL, P.; MERTENS, C. et al. Prognostic relevance of global histone H3 lysine 4 (H3K4) methylation in renal cell carcinoma. Int J Cancer. v. 127, p. 2360-2366, 2010. HARTEN, S. K. et al. Regulation of renal epithelial tight junctions by the von Hippel-Lindau tumor suppressor gene involves occludin and claudin 1 and is independent of E-cadherin. Mol Biol Cell. v. 20, p. 1089 – 1101, 2009. JANG, M. J.; BAEK, S. H.; KIM, J. H. UCH-L1 promotes cancer metastasis in prostate cancer cells through EMT induction. Cancer Letters, v. 302, p. 128 –135, 2011. KATOH, Y.; KATOH, M. Hedgehog signaling, epithelial-to-mesenchymal transition and miRNA (Review). Int J Mol Med. v. 22, p. 271 – 275, 2008. LIU, Y. 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Epithelial-Mesenchymal Transition and Cell Cooperativity in Metastasis, Cancer Research, v. 69, n. 18, p. 7135 – 7139, 2009. XU, Z. et al. Comparisons of three polyethyleneimine-derived nanoparticles as a gene therapy delivery system for renal cell carcinoma. Jounal of Translational Medicine, v. 9, n. 46, p. 1 – 33, 2011. 36 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) 11. Eficácia da melatonina como agente pró-apoptótico e anti-angiogênico no câncer de mama 1,2 1,2 2 2 2 GELALETI, G.B. ; MASCHIO, L.B. ; BORIN, T.F. ; MARTINS, G.R. ; MOSCHETTA, M.G. ; 1,2 1,2 LEONEL, C. ; ZUCCARI, D.A.P.C. 1 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP/IBILCE/Programa de Pósgraduação em genética, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. 2 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP. Laboratório de Investigação Molecular do Câncer, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. Introdução O câncer de mama é uma preocupação mundial, sendo a neoplasia mais comum entre as mulheres e a quinta maior causa de morte relacionada ao câncer (INCA, 2014). As neoplasias mamárias também são freqüentes na espécie canina, sendo que a maioria das estratégicas terapêuticas não é eficaz na prevenção da recidiva. Essas espécies compartilham características patológicas e de evolução clínica semelhantes, sendo os tumores mamários caninos excelentes modelo de comparação. O desenvolvimento de tumores envolve a alteração de receptores hormonais, apoptose insuficiente, desregulação da diferenciação celular e neovascularização (HAHN; WEINBERG, 2000). Acredita-se que tais efeitos possam ser modulados pela melatonina, hormônio naturalmente produzido pela glândula pineal, que possui ação oncostática no câncer (Di BELLA et al., 2013). Objetivos Verificar a ação da melatonina no tratamento das linhagens tumorais mamárias caninas (CF-41 e CMT-U229), e em co-cultivo com a linhagem linfoblástica (JURKAT), visando verificar sua ação oncostática, pró-apoptótica e antiangiogênica. Metodologia As linhagens tumorais mamárias caninas, metastática (CF-41) e nãometastática (CMT-U229) e a linhagem linfoblástica proveniente de linfócitos T (JURKAT) foram cultivadas em monocamada e em modelo tridimensional. O cocultivo celular foi estabelecido entre as linhagens tumorais caninas e a JURKAT com adição do lipopolissacarídeo (LPS), no intuito de ativar linfócitos e estimular a produção de citocinas pró-inflamatórias, mimetizando assim o microambiente tumoral inflamatório. Após confluência celular, foi realizado o tratamento com melatonina por 48 horas, a viabilidade celular mensurada pelo ensaio MTT, a expressão gênica e a quantificação protéica da caspase-3 e do fator de crescimento endotelial vascular (VEGF-A) por qPCR-RT e imunocitoquímica/imunofluorescência, respectivamente. Resultados A concentração farmacológica de 1 mM de melatonina reduziu a viabilidade celular nas linhagens CF-41 e CMT-U229 (p <0,05) e o mesmo pôde ser observado durante o co-cultivo entre as células CF-41 e CMT-U229 com JURKAT (p <0,01; p <0,05, respectivamente). O tratamento com melatonina aumentou a expressão gênica e protéica da caspase-3 e sua forma clivada nas células CF-41 (p <0,0003 e p <0,0001, respectivamente) e, diminuiu a expressão gênica e protéica do VEGF-A (p =0,0004 e p <0,05, respectivamente). Da mesma forma, verificou-se nas células CMT-U229, alta expressão gênica e protéica da caspase-3 em resposta ao tratamento com melatonina (p =0,0003 e p =0,01, respectivamente) e redução da expressão gênica e protéica do VEGF-A (p =0,01 e p =0,001, respectivamente), comprovando o efeito oncostático da melatonina. O co-cultivo das células CF-41 37 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) com JURKAT evidenciou menor expressão gênica e protéica de caspase-3 quando tratada com LPS (p =0,02 e p <0,0001, respectivamente), comprovando a malignidade celular por adição do mitógeno. O tratamento com 1 mM de melatonina durante o co-cultivo das células CF-41/JURKAT, também foi capaz de aumentar a expressão gênica e protéica da caspase-3 (p =0,004 e p =0,02, respectivamente) e diminuir a expressão gênica do VEGF-A (p =0,01). Para as células CMT-U229 em co-cultivo com JURKAT, também foi encontrado aumento do potencial maligno celular por adição do LPS. Em contraste, foi verificada diminuição da expressão gênica de caspase-3 após o tratamento com melatonina (p =0,01). Já a expressão gênica do VEGF-A diminuiu após o tratamento (p <0,0001). Para validar esses resultados, foi realizado o cultivo celular tridimensional, sendo encontrada expressão protéica da caspase clivada-3 em ambas as linhagens tumorais ao tratamento com melatonina. Discussão Nossos resultados reforçam a atividade antitumoral da melatonina. Diversos estudos têm mostrado que a melatonina, por meio de suas propriedades antiproliferativas, atua inibindo ou bloqueando o ciclo celular (Di BELLA et al., 2013, JARDIM-PERASSI et al. 2014), induzindo a apoptose e reduzindo o potencial metastático das células (JABLONSKA et al., 2012). Sabe-se que a correlação entre a inflamação, a imunidade inata e o desenvolvimento tumoral é bem estabelecida (PEDROSA et al., 2010). Receptores de melatonina estão presentes em neutrófilos, monócitos e linfócitos e vários estudos relatam a ação desse hormônio nas atividades imunomoduladoras autócrinas e parácrinas (COUSSENS & WERB, 2002). Assim, quando mimetizamos o microambiente inflamatório pelo co-cultivo celular, a ação da melatonina foi potencializada. Esses dados corroboram com Carrilo-Vico et al. (2004), que afirmam que a administração da melatonina in vitro e in vivo gera efeitos na resposta imune não-específica celular e humoral estando diretamente relacionada à modulação da atividade imunológica sobre a produção de citocinas. Di Bella et al. (2013) afirmam ainda que a ação direta da melatonina na inibição da proliferação e crescimento de células tumorais ocorre pelo direcionamento das células à via das caspases. Também tem sido demonstrado que a melatonina pode atuar na angiogênese direta ou indiretamente, inibindo a proliferação de células endoteliais e fatores pró-angiogênicos em diferentes tipos tumorais (DAI et al., 2008). A validação dos resultados pelo cultivo tridimensional evidenciou a expressiva marcação protéica da caspase clivada-3 no interior do esferóide, mimetizando os processos de apoptose e necrose celular nos organismos in vivo. Conclusão Nossos resultados reforçam as propriedades antitumorais, pró-apoptótica e anti-angiogênicas da melatonina, viabilizando seu uso como agente terapêutico e antiinflamatório no câncer de mama. Auxílio financeiro: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) Referências bibliográficas: CARRILLO-VICO, A.J.R.; CALVO, P.; ABREU, P.J.; LARDONE, S.; GARCIA-MAURINO, R.J.; GUERRERO, J.M. Evidence of melatonin synthesis by human lymphocytes and its physiological significance: possible role as intracrine, autocrine, and/or paracrine substance. FASEB J, v.18, p.537– 539, 2004. COUSSENS, L.M.; WERB, Z. Inflammation and cancer. Nature, v.19, n.420, p.860–867, 2002. 38 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) DAI, M.; CUI, P.; YU, M.; HAN, J.; LI, H. Melatonin modulates the expression of VEGF and HIF-1 alpha induced by CoCl2 in cultured cancer cells. J Pineal Res, v.22, p.121–126, 2008 DIBELLA, G.; MASCIA, F.; GUALANO, L.; DIBELLA, L. Melatonin Anticancer Effects: Review. Int J Mol Sci, v.14, p.2410-2430, 2013. HAHN, W.C.; WEINBERG, R.A. Rules for making human tumor cells. N Engl J Med, v.347, p.15931603, 2002. Instituto Nacional Do Câncer (INCA). Estimativas da incidência e mortalidade por câncer no Brasil. Rio de Janeiro: Ministério da Saúde, 2014. JABLONSKA, K.; PULA, B.; ZEMLA, A.; OWCZAREK, T.; WOJNAR, A.; RYS, J.; AMBICKA, A.; PODHORSKA-OKOLOW, M.; UGORSKI, M.; DZIEGIEL, P. Expression of melatonin receptor MT1 in cells of human invasive ductal breast carcinoma. J Pineal Res, v.54, p.334–345, 2013. JARDIM-PERASSI, B.V.; ARBAB, A.S.; FERREIRA, L.C.; BORIN, T.F.; VARMA, N.R.; ISKANDER, A.S.; SHANKAR, A.; ALI, M.M.; ZUCCARI, D.A.P.C. Effect of melatonin on tumor growth and angiogenesis in xenograft model of breast cancer. PLoS One., v.9, n.1, e85311, 2014. PEDROSA, A.M.C.; WEINLICH, R.; MONGNOL, G.P.; ROBBS, B.K.; VIOLA, J.P.B.; CAMPA, A.; AMARANTE-MENDES, G.P. Melatonin Protects CD4+ T Cells from Activation-Induced Cell Death by Blocking NFAT-Mediated CD95 Ligand Upregulation. J Immunol, v.184, p.3487-3494, 2010. 39 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) 12. Mastócitos modulam o microambiente tumoral e favorecem desenvolvimento de lesões colorretais quimicamente induzidas 1 2 2 o 1 AZEVEDO, L.R ; MIRANDA, D.O. , BISSON, G.S. ; OLIANI, S.M. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE 2 Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - USP/EERP 3 Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP/FMRP Introdução O câncer colorretal (CCR) é o terceiro mais comum no mundo e o segundo maior causador de morte no ocidente (SIEGEL et al., 2012). Dos modelos de estudo disponíveis, a instilação intrarretal do composto metil-N’-Nitro-N-Nitroso-Guanidina (MNNG) é uma técnica confiável e eficiente para a indução de tumores de forma seletiva na área exposta ao carcinógeno após 4 a 5 meses (MCLELLAN et al., 2006; MAURIN et al., 2006). Entre as células imunes associadas ao microambiente tumoral colônico, os mastócitos são células residentes de origem mielóide abundantes no estroma (HEIJMANS et al., 2012). No cólon normal, os mastócitos são encontrados no mesênquima adjacente ao epitélio intestinal e liberam proteases, citocinas e outros mediadores que afetam diretamente a organização da membrana basal e a função do epitélio colônico (GROSCHWITZ et al., 2009). Camundongos deficientes de mastócitos (KitW-sh/W-sh) possuem alterações na arquitetura do órgão, como aumento na profundidade das criptas, diminuição da migração de células epiteliais até as vilosidades e redução da expressão de proteínas de junção intercelular, em comparação aos animais selvagens (C57BL/6). Essas características são profundamente alteradas na carcinogênese do cólon, evidenciando o potencial envolvimento dos mastócitos nesse processo (CHICHLOWSKIET al., 2010). Objetivos Avaliar os mastócitos no estabelecimento de lesões neoplásicas colorretais quimicamente induzidas por MNNGe sua influência sobre a proliferação e morte de células epiteliais e, ainda, o perfil de citocinas produzidas no microambiente tumoral. Materiais e Métodos A carcinogênese foi induzida em camundongos C57/BL6 e Kit W/W-v (deficientes de mastócitos), de aproximadamente 25g, n=3 por grupo, utilizando quatro instilações intra-retais de 0,02 mg/Kg de MNNG (Sigma-Aldrich),a 3 cm da margem anal, por meio de uma sonda metálica. Os animais foram observados por 12 semanas até o estabelecimento das lesões pré-neoplásicas. Após a eutanásia, foram coletados os fragmentos colônicos para a macrodissecção. O cólon distal foi fixado em formol 10% e incluído em parafina para realização das análises histológicas. Cortes de 4 µm foram corados com hematoxilina-eosina e azul de toluidina 0,5% para quantificação dos mastócitos intactos e desgranulados.Outros segmentos colônicos foram utilizados nas reações imuno-histoquímicas para Caspase-3 e o antígeno nuclear de proliferação celular – PCNA. Para os controles negativos, o anticorpo primário foi excluído. A coloração imuno-histoquímica foi realizada utilizando o método de detecção avidina-biotina. A porcentagem de células positivas nas criptas colônicas foi calculada em razão do número de células positivas por 100 criptas. Os fragmentos colônicos utilizados para as dosagens de citocinas foram imediatamente lavados em solução salina e congelados em nitrogênio líquido. As amostras homogeneizadas (10% peso/volume) foram centrifugadas a 4°C, por 15 min, a 12000g. A concentração de proteínas do sobrenadante foi quantificada pelo ensaio de Coomassiee, após, os ensaios de imunoadsorção enzimática (ELISA) para a quantificação da produção das citocinas. IL-1β, IL-6, TNF-α, IFN-γ, IL-12, 40 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) TGF-β e IL-10. Quanto às análises estatísticas, uma vez reconhecida a normalidade dos dados obtidos pelo teste de Kolmogorov-Smirnov (teste K-S), as diferenças estatísticas das variáveis com distribuição normal foram determinadas por análise de variância (ANOVA). O teste de Bonferroni (post hoc) foi utilizado para analisar a significância estatística das comparações individuais. As diferenças estatísticas dos dados não-normais foram analisadas pelo Teste de Friedman. Os valores de P menores que 0,05 foram considerados significantes. O projeto de pesquisa obteve a aprovação do Comitê de Ética em Experimentação Animal da FMRP/USP (n.º 1456/2012). Resultados e Discussão Inicialmente, verificamos a completa ausência de lesões MNNNG-induzidas no cólon dos animais deficientes de mastócitos e aumento do número dessas células, desgranuladas, nos animais selvagens expostos ao MNNG. Os mastócitos liberam diversos mediadores que podem favorecer o desenvolvimento tumoral. Dados da literatura demonstram que a histamina, as peptidases triptase e quimase, IL-8, IL10, além de regularem a produção de TNF-α, os quais estimulam a vasodilatação, angiogênese, degradação tecidual, proliferação, morfogênese e metástase, promovendo um ambiente propício para o processo neoplásico (SUEKANE et al., 2010). As análises imunohistoquímicas mostram a proliferação e a morte celular nas criptas colônicas. PCNA e caspase-3foram observados fracamente expressos nos tecidos do cólon controle e aumentados após a indução com MNNG, o que confere aumento da celularidade nas criptas colônicas e desenvolvimento das lesões. Nos animais deficientes de mastócitos não observamos aumento no número de células PCNA positivas, indicando manutenção dos níveis de proliferação celular, associada à expressão regular de caspase-3, condicionando a homeostasia do órgão. Quanto às citocinas avaliadas, os mastócitos se mostraram um importante modulador da expressão do fator de necrose tumoral (TNF-α) einterleucinas1β, 6 e 12 (IL-1β, IL-6 e IL-12). Estes mediadores são apontados como inibidores do desenvolvimento tumoral, além de induzirem a apoptose das células tumorais e quimiotaxia dos leucócitos, estimulando a morte e/ou retardando o crescimento do tumor (PILIPONSKY et al., 2012). Os nossos resultados também sugerem que os mastócitos são importantes na regulação das citocinas anti-inflamatórias (IL-10 e TGF β) produzidas no cólon.Este fato corrobora com os efeitos imunomoduladores dessa célula no microambiente (TANAKA; ISHIKAWA, 2013). Conclusão Nossos resultados apontam os mastócitos como células fundamentais para o estabelecimento de lesões neoplásicas quimicamente induzidas, uma vez que influenciam na proliferação de células epiteliais intestinais expostas ao carcinógeno e interferem no microambiente imunológico, propiciando o desenvolvimento tumoral. Auxílio Financeiro: CNPq e FAPESP. Referências Bibliográficas CHICHLOWSKI, M. et al. Role of Mast Cells in Inflammatory Bowel Disease and InflammationAssociated Colorectal Neoplasia in IL-10-Deficient Mice.PLoS ONE.5(8), e12220, 2010. GROSCHWITZ, K. R. et al. Mast cells regulate homeostatic intestinal epithelial migration and barrier function by a chymase/Mcpt4-dependent mechanism. Proceedings of the National Academy of Sciences, 106: 22381–86, 2009. 41 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) HEIJMANS, J. et al. Role of mast cells in colorectal cancer development, the jury is still out. BiochimBiophysActa, 1822 (1), 9-13, 2012. MAURIN, N. et al. Progression of tumors arising from large ACF is associated with the MUC5AC expression during rat colon MNNG carcinogenis. Int J Cancer. 120, 477-83, 2006. MCLELLAN, K.R.; BIRD, R.P. Aberrant crypts: Potential preneoplastic lesions in the murine colon. Cancer Res., 48, 6187-92, 1988. SIEGEL, R. et al. Cancer treatment and survivorship statistics, 2012. CA Cancer J Clin., 62(4), 22041, 2012. SUEKANE, T. et al. Phenotypic change and accumulation of smooth muscle cells in strictures in Crohn's disease: relevance to local angiotensin II system. J Gastroenterol., v. 45, n. 8, p. 821-30, 2010. TANAKA, T. Colorectal carcinogenesis: Review of human and experimental animal studies. J Carcinog., v. 8, n. 5, 2009. 42 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) 13. Avaliação do efeito citotóxico e genotóxico do preparado sólido artificial para refresco em cebola (Allium cepa) 1 1 2 PEREIRA, L.L.V. ; ITOYAMA, M.M. ; CASTIGLIONI, L. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE 2 Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Introdução Os seres vivos estão expostos às ações de numerosos agentes potencialmente tóxicos, estes agentes podem ser físicos, químicos ou biológicos, sendo assim a genética toxicológica investiga agentes tóxicos ou mutagênicos que são capazes de induzir alterações no DNA, podendo resultar em danos genéticos (MATSUMOTO et al., 2006). Métodos para avaliação citotóxicas e genotóxicas utilizando raízes de Allium cepa perfazem uma vasta literatura, sendo utilizada como um organismo padrão para testes rápidos de várias substâncias por apresentar boa correlação com sistemas teste de mamífero (MATSUMOTO et al., 2006). Poucos são os trabalhos referentes aos preparados sólidos artificiais para refresco (PSAR) na literatura. Oliveira et al. (2006) relatam que os PSAR apresentam substâncias que podem desencadear reações adversas como urticária, angioedema, broncoespasmo, e até choque anafilático em alguns indivíduos justificando, portanto, o seu estudo com possível causador de dano ao DNA. Objetivos Avaliar o potencial citotóxico e genotóxico dos PSAR comparando diferentes tipos de marcas e sabores aos controles positivo e negativo, por meio de bioensaios realizados com o sistema teste Allium cepa. Materiais e Métodos Para as análises foram utilizados bulbos de Allium cepa e PSAR, sabores Limão e Morango de três marcas diferentes (que por motivos éticos não vamos fornecer), sendo identificados da seguinte forma: TL, TM, SL, SM e CL e CM (T, S, C = Marcas; L = limão, M= morango). Os bulbos foram submetidos ao enraizamento nas amostras de PSAR, em água Milli-Q (controle negativo) e trifluralina 1,67ppm (controle positivo). As raízes foram coletadas e fixadas em Carnoy 3:1 (metanol : ácido acético), por 20 minutos; posteriormente foram hidrolisadas por 10 minutos (1 HCl 1N: 1 etanol 95%); retornaram ao fixador por mais 10 minutos, logo após, foram confeccionadas lâminas das raízes utilizando orceína lacto-acética como corante. O parâmetro do efeito citotóxico foi obtido pelas análises do índice de divisão celular, dividindo o número de células em processo de divisão pelo total de células observadas e multiplicando o resultado por cem para obtenção da porcentagem. Resultados As análises das amostras incubadas em água Milli-Q mostraram um crescimento médio das raízes de 1,8 cm, após 3 dias de incubação. Já as enraizadas no suco ou trifluralina permaneceram incubadas por sete dias e cresceram, em média, 0,3 e 0,5 cm, respectivamente. O índice mitótico observado para o controle negativo foi de 21,8%, já o controle positivo foi de 16,8%. Todos os sucos analisados tiveram uma porcentagem de índice mitótico abaixo do controle positivo sendo o maior índice encontrado na amostra SL de 8,2% e o menor na amostra TM de 4,4% (Gráfico 1). 43 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) Índice Mitótico Série1 21.8 16.8 Água Trif 7.02 4.4 TL TM 7.2 5.8 8.2 5.2 CL CM SL SM Gráfico 1. Índice mitótico dos controles negativo (Água) e positivo (Trifluralina) e das amostras de preparado sólido para refresco TL, TM, CL, CM, SL e SM. Com relação à divisão mitótica, o controle negativo apresentou as diferentes fases da mitose sem qualquer tipo de alteração, já as raízes tratadas com a Trifluralina (controle positivo) apresentaram todas as alterações esperadas. Nas raízes tratadas com os seis PSAR foi possível observar as seguintes alterações: células com brotos nucleares (Figuras 1a), núcleos amebóides (Figura 1b), interfases com perda cromossômica e pontes cromossômicas (Figuras 1c), micronúcleos (Figuras 1d), C-metáfase (Figura 1e), anáfases com pontes cromossômicas (Figuras 1f) e telófases com ponte cromossômica (Figura 1g). Figura 1. Células das raízes de cebola tratadas com PSAR. a) células com broto nuclear (seta) (TL); b) núcleo amebóide (TM); c) interfases com perda cromossômica (seta) e pontes cromossômicas (cabeça de seta) (TM); d) micronúcleo (seta) (SL); e) C-metáfase (CM); f) anáfases com pontes cromossômicas (seta) (SM); g) telófases com ponte cromossômica (seta) (CM). Barra 10 µm Discussão As raízes tratadas com os PSAR apresentaram a maioria das células em interfase, sendo este, o motivo do não crescimento das mesmas, além disso, as células nas demais fases de divisão apresentaram várias alterações, tanto no padrão de migração dos cromossomos quanto em perda de material genético por formação dos micronúcleos, o que indica uma ação direta de uma ou mais substâncias presentes no PSAR sobre o DNA das células. Os micronúcleos são resultados de fragmentos acêntricos decorrentes de quebras cromossômicas durante o processo de divisão devido à inativação do fuso mitótico (FENECH; CROTT, 2002). Todas as alterações encontradas nos PSAR foram semelhantes aos controle positivo (Trifluralina) um agrotóxico da classe dos herbicidas, com classificação de risco classe III (mediamente tóxico) (Anvisa). Os níveis de 44 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) citotoxicidade de um composto podem ser determinados pelo aumento ou decréscimo do índice mitótico (FERNANDES et al., 2007), no presente estudo o teste de índice mitótico dos PSAR mostraram resultados menores que o controle negativo comprovando a citotoxicidade. Todos as 6 amostras de PSAR foram genotóxicas uma vez que apresentaram elevada frequência de aberrações cromossômicas, essas aberrações são caracterizadas por mudanças no número ou estrutura cromossômica, que podem ocorrer por exposição a agentes físicos ou químicos (LEME et al., 2008). Uma das substâncias encontrada nos PSAR, é o Dióxido de titânio (TiO2), Gheshlaghi et al. (2008) mostram que nanopartículas de Dióxido de titânio podem inibir a formação de microtúbulos que são essenciais para divisão celular, uma hipótese é que as anomalias como a C-metáfase encontrada nos nossos resultados seja devido sua presença. Conclusão Após a análise dos resultados do bioensaio Allium cepa, concluiu-se que todos os PSAR mostraram um alto grau de citotoxicidade e genotoxicidade um levantamento bibliográfico das substâncias utilizadas no PSAR sugeriu que o Dióxido de titânio pode ser um dos responsáveis por algumas alterações, porem uma análises de cada matéria prima devem ser realizada com a finalidade de determinar quais são os compostos citotóxicos e genotóxicos ou se há um sinergismo destes. Auxilio Financeiro: FAPESP e FUNDUNESP Referências Bibliográficas ANVISA. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Agrotóxicos e Toxicologia - Trifluralina. Disponível em [http://www.anvisa.gov.br]. Acesso 03 de julho de 2012. FERNANDES, T. C. C.; MAZZEO, D. E. C.; MARIN-MORALES, M. A. Mechanism of micronuclei formation in polyploidizated cells of Allium cepa exposed to trifluralin herbicide. Pestic. Biochem. Physiol. 88: 252-259, 2007. FENECH, M.; CROTT, J. W. 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OLIVEIRA, C. H.; BINOTTI, R. S.; QUAGLIARA, P. C.; REBECHI, M. Substâncias químicas presentes em sucos de frutas em pó comercializados no Brasil. Rev. bras. alerg. imunopatol. 29:3: 127-132, 2006. 45 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) 14. Subexpressão de fatores angiogênicos após tratamento com metformina e inibidor LY294002 em linhagem tumoral mamária canina 1 2 3 2 MOSCHETTA, M.G. ; MASCHIO, L.B. ; JARDIM-PERASSI, B.V. ; GELALETI, G.B. ; GONÇALVES, 1 2 2 2 3 N.N. ; LEONEL, C. ; FERREIRA, L.C. ; LOPES, J.R. ; ZUCCARI, D.A.P.C. 1 Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, FAMERP, São José do Rio Preto, SP, Brasil. 2 Programa de Pós-Graduação em Genética, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP/IBILCE, São José do Rio Preto, SP, Brasil. 3 Laboratório de Investigação Molecular do Câncer, Departamento de Biologia Molecular, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, FAMERP, São José do Rio Preto, SP, Brasil. Introdução O processo de angiogênese é regulado por inúmeros fatores, sendo os mais importantes o fator de crescimento vascular endotelial (VEGF) e o fator induzido por hipóxia - 1α (HIF-1α) (HIGASHIMURA et. al., 2011). O VEGF é uma glicoproteína ligante à heparina capaz de promover a angiogênese através do crescimento, migração e invasão de células endoteliais; sua expressão está sob o controle do HIF-1α, um fator de transcrição de importância funcional no câncer de mama (MIMEAULT; BATRA, 2013). As vias de sinalização PI3K-MAPK/Akt/mTOR são as principais vias envolvidas no processo de angiogênese e quando ativadas são capazes de estimular a expressão do VEGF através do aumento da expressão do HIF-1α (TREINS et al., 2006). Nesse sentido, diversas pesquisas têm como foco desenvolver estratégias de tratamento que possam intervir nessas vias de sinalização, na tentativa de inibir a progressão tumoral (XIONG et al., 2014). A metformina, um derivado de biguanidas (N', N'dimetilbiguanida), utilizado por via oral para reduzir a concentração de glicose no sangue de pacientes com diabetes tipo 2, é também capaz de inibir o crescimento celular através da via de sinalização MAPK/Akt/mTOR (PHOENIX et al., 2009). O LY294002, um importante inibidor da via de sinalização PI3K/Akt/mTOR, possui propriedades anti-angiogênicas capaz de diminuir a liberação de fatores de crescimento como o VEGF (DU et al., 2011). Objetivos Avaliar a influência do tratamento com metformina e com o inibidor LY294002 na angiogênese tumoral. Materiais e métodos As células procedentes da linhagem tumoral mamária canina RE-positiva (CMT-U229) foram cultivadas em incubadora a 37ºC e 5% de CO 2, em meio de cultura HAM-F12. A viabilidade celular foi verificada pelo ensaio colorimétrico MTT, a partir do tratamento das células com cinco concentrações diferentes de metformina (0,5 mM, 1 mM, 2 mM, 3 mM e 5 mM) e LY294002 (1µM, 2µM, 5µM, 8µM e 10µM), pelo período de 24 horas. Para a concentração de 1mM de metformina e 5µM de LY294002, a expressão protéica e gênica do HIF-1α e VEGF foram detectadas por imunocitoquímica e PCR em Tempo Real, respectivamente. Para a técnica de imunocitoquímica, foi utilizado o kit REVEAL Sistema de Detecção (Biogen). Resumidamente, as lâminas foram incubadas em panela à vapor com tampão citrato (pH 6,0) para recuperação antigênica seguida de água oxigenada 10V e incubação com os anticorpos primários anti-HIF-1α (1:50 – Santa Cruz) e anti-VEGF (1:500 – Santa Cruz) a 4ºC, overnight. A revelação foi realizada com substrato cromogênico DAB e a contra-coloração com Hematoxilina. A imunomarcação foi quantificada pela técnica de densitometria óptica, as lâminas foram analisadas e fotografadas ao microscópio Nikon Eclipse E200 em objetiva de 40X,e as proteínas foram quantificadas pelo analisador de imagens software ImageJ. Para o desenvolvimento da técnica de PCR em Tempo Real, a extração de RNA total foi realizada utilizando46 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) se o reagente Trizol (Invitrogen Life Technologies) e a obtenção do cDNA, pela técnica de RT-PCR utilizando-se o Kit High Capacity cDNA (Applied Biosystems). O valor da expressão relativa dos genes de interesse foi determinado com auxílio do software DataAssist v3.0, pelo método de quantificação em relação à média dos genes normalizadores utilizados como controle endógeno (ΔΔCt). Resultados e Discussão Os resultados do ensaio MTT mostraram que no período de 24 horas todas as concentrações, com exceção de 0,5 mM de metformina, foram capazes de reduzir significantemente a viabilidade celular, quando comparadas as células controle (sem tratamento) (p<0,05). Enquanto apenas as concentrações de 5uM e 10uM do tratamento com inibidor LY294002 foram capazes de reduzir a viabilidade celular em 43% e 66%, respectivamente (p<0,05). A imunomarcação do HIF-1α diminuiu significantemente nos grupos tratados com apenas 1mM de metformina e 5µM de LY294002, e no grupo tratado com 1mM de metformina em combinação com LY294002, quando comparados ao grupo controle (p<0,05). Com relação ao VEGF, houve diferença estatisticamente significante da imunomarcação quando comparados os grupos controle e tratado apenas com 1 mM de metformina ou 5µM LY294002 (p<0,05). Com relação a expressão gênica, o VEGFA apresentou-se subexpresso em todos os grupos tratados quando comparados ao grupo controle (p<0,05). Assim, a diferença da expressão do VEGFA entre as células tratadas apenas com 1mM de metformina, 5µM de LY294002 e o grupo controle foi de 0,1537 ± 0,01588 (média ± desvio padrão) e -0,1113 ± 0,02142, respectivamente. Para o grupo tratado apenas com LY294002 em combinação com 1mM de metformina, a diferença da expressão do VEGFA foi de -0,1943 ± 0,02689. O HIF1A apresentou-se subexpresso nos grupos tratados apenas com 1mM de metformina, 5µM de LY294002 quando comparados ao grupo controle (p<0,05), o tratamento em combinação não apresentou diferença estatisticamente significante (p>0,05). Assim, a diferença da expressão do HIF1A entre as células tratadas apenas com 1mM de metformina, 5µM de LY294002 e o grupo controle foi de -0,0735 ± 0,03138 (média ± desvio padrão) e --0,06383 ± 0,007472, respectivamente. No presente estudo, a concentração de 1mM de metformina e 5µM de LY294002, assim como a combinação dos tratamentos foram eficazes em diminuir a expressão protéica e gênica do VEGF e HIF-1α nas células da linhagem tumoral mamária CMT-U229, demonstrando assim a importante ação desses agentes no processo de angiogênese. De acordo com os nossos resultados, Soraya et al. (2012) demonstraram que o tratamento com metformina foi capaz de diminuir a expressão do gene VEGFA em linhagem de células endoteliais HUVECs. Da mesma forma, Treins et al. (2006) demonstraram que a metformina foi capaz de inibir a expressão do HIF-1α em células epiteliais. Além disso, Du et al. (2011) demonstraram que o tratamento com LY294002 diminuiu a expressão do HIF-1α e VEGF na linhagem celular de câncer de mama MCF-7. No entanto, pouco se sabe quanto à influência do tratamento com metformina em combinação com o inibidor LY294002 na angiogênese tumoral, apenas os trabalhos de Liu et al. (2011) e Li et al. (2012) demonstraram que o tratamento com LY294002 em combinação com a metformina foi eficaz em diminuir a proliferação celular em câncer de ovário e no tratamento do câncer de mama, porém sem relação com o processo de angiogênese. Conclusão Nossos resultados sugerem que o tratamento apenas com metformina e com o inibidor LY294002, ou uso destes em combinação, pode ter um papel importante 47 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) na supressão tumoral, criando assim, um caminho promissor para a utilização como agentes terapêuticos no tratamento do câncer. Auxílio Financeiro: FAPESP Referências Bibliográficas DU, J.; XU, R.; HU, Z.; TIAN, Y.; ZHU, Y.; GU, L.; ZHOU, L. PI3K and ERK-induced Rac1activation mediates hypoxia-induced HIF-1α expression in MCF-7 breast cancer cells. PLoS One, v.6, n.9, p.e25213, 2011. HIGASHIMURA, Y.; NAKAJIMA, Y.; YAMAJI, R.; HARADA, N.; SHIBASAKI, F.; NAKANO, Y.; INUI, H. Up-regulation of glyceraldehyde-3-phosphate dehydrogenase gene expression by HIF-1 activity depending on Sp1 in hypoxic breast cancer cells. Arch BiochemBiophys, v.509, n.1, p.1-8, 2011. LI, C.; LIU, V.W.; CHAN, D.W.; YAO, K.M.; NGAN, H.Y. 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Anti-angiogenic Effects of Metformin, an AMPK Activator, on Human Umbilical Vein Endothelial Cells and on Granulation Tissue in Rat. Iran J Basic Med Sci, v.15, n.6, p.15:1202-9, 2012. TREINS, C.; MURDACA, J.; VAN OBBERGHEN, E.; GIORGETTI-PERALDI, S. AMPK activation inhibits the expression of HIF-1alpha induced by insulin and IGF-1. Biochem Biophys Res Commun, v.342, n.4, p.1197-202, 2006. XIONG, J.; YANG, Q.; LI, J.; ZHOU, S. Effects of MDM2 inhibitors on vascular endothelial growth factor-mediated tumor angiogenesis in human breast cancer. Angiogenesis, v.17, n.1, p.37-50, 2014. 48 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) 15. Nanocápsulas biocompatíveis como agentes antitumorais no tratamento do câncer de mama metastático: estudo in vitro 1 1 2 2 2 1 CANDIDO, N. M. ; CALMON, M. F. ; PRIMO, F. L. ; DE MELO, M. T. ; TEDESCO, A. C. ; RAHAL, P. 1 Laboratório de Estudos Genômicos; Instituto de Biociência, Letras e Ciências Exatas – IBILCE/UNESP; São José do Rio Preto, SP, Brasil. 2 Grupo de Pesquisa em Fotobiologia e Fotomedicina; Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – FFCLRP/USP; Ribeirão Preto, SP, Brasil. Introdução Há mais de três décadas as neoplasias da mama representam a principal causa de morte por câncer nas mulheres brasileiras e tem-se observado um acréscimo nesta taxa de mortalidade. Por ser uma doença de etiologia multifatorial, quanto maior a exposição aos fatores de risco e mais tardio o diagnóstico, pior o prognóstico. Sendo assim, uma via comum diretamente relacionada à mortalidade do câncer de mama é o desenvolvimento de metástases (INCA, 2014). Os sítios acometidos mais comuns são os pulmões, fígado, ossos, cérebro e linfonodos e apenas uma pequena minoria das pacientes diagnosticadas com câncer metastático alcança a cura a longo prazo utilizando-se das combinações terapêuticas contemporâneas (GOLD; WINER, 2009). A terapia sistêmica de primeira linha para o câncer de mama metastático, em indivíduos com tumores negativos para receptor de estrogênio, é a quimioterapia (geralmente um regime contendo doxorrubicina ou epirrubicina associadas a taxanos e fluorouracil) e terapia hormonal para os indivíduos com receptor de estrogênio positivo (JONES et al., 2004). A quimioterapia é também geralmente preferida particularmente quando há metástase para sítios críticos ou quando o intervalo desde o tratamento prévio para doença em estágio inicial é curto. Além disso, normalmente, o tratamento visa o manejo dos sintomas e o aumento de sobrevida com qualidade de vida, sendo que a ressecção cirúrgica pode ser considerada paliativa, quando possível (PRONZATO; RONDINI, 2006). Portanto, o tratamento deste tipo de câncer envolve a utilização de recursos terapêuticos complexos, com resultados estéticos pouco satisfatórios que implicam, consequentemente, no comprometimento social e psicológico da paciente devido às mutilações originadas na região das mamas (PAULINELLI; MOREIRA; JÚNIOR, 2004). Sendo assim, outros delineamentos terapêuticos são almejados a fim de reverter o quadro insatisfatório de qualidade de vida, amenizando os efeitos colaterais e aperfeiçoando as terapias já existentes, para a escolha de um tratamento eficiente em todos os sentidos. As novas terapias envolvendo sistemas nanoestruturados aplicados ao tratamento do câncer vêm evoluindo rapidamente e estão sendo implementadas como técnicas alternativas a fim de resolver limitações das estratégias terapêuticas convencionais. Para isso, ativos veiculados aos mais diferentes sistemas nanoestruturados demonstram vantagens sobre outros sistemas de veiculação devido à sua estrutura em escala nanométrica com propriedades singulares, sendo que suas aplicações se estendem desde a entrega de fármacos a sistemas complexos até procedimentos clínicos envolvendo fotoprocessos e nanotecnologia, como a terapia fotodinâmica. Recentemente, nanopartículas desenhadas como sistemas de entrega de fármacos (drug delivery systems), que contêm agentes anticarcinogênicos, bem como inúmeros outros ativos, tem recebido grande atenção devido ao seu comportamento único de acúmulo no local do tumor e elevada sítio-especificidade (BRANNON-PEPPAS; BLANCHETTE, 2012). Vários sistemas de veiculação nanoparticulados podem ser utilizados para se alcançar esses objetivos, tais como as nanocápsulas que, juntamente aos lipossomas, são os carreadores mais 49 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) utilizados para entrega de drogas. Devido ao pequeno tamanho, sistemas nanoestruturados apresentam maior área de superfície por unidade de volume, permitindo a associação de quantidades maiores de drogas ou biomoléculas adsorvidas. Uma das grandes vantagens do uso de sistemas carreadores de drogas é a possibilidade de aumentar a concentração do fármaco no local de interesse, no tumor, maximizando a resposta terapêutica ao mesmo tempo em que diminui os danos às células normais (MISRA; ACHARYA; SAHOO, 2010). Entretanto, o uso de alguns tipos de sistemas nanoestruturados pode ser limitado por induzir alterações na morfologia e viabilidade celulares, permeabilidade da membrana plasmática ou desencadear processo apoptótico. Sendo assim, este trabalho torna-se importante para uma melhor compreensão em relação à biocompatibilidade e ação antitumoral das nanocápsulas recém sintetizadas, potencialmente comerciais e úteis, tanto nas pesquisas in vitro quanto in vivo. Objetivos O presente trabalho tem como objetivo geral verificar a ação de diferentes sistemas nanoestruturados em linhagens celulares murinas de mama normal (células 3T3) e de câncer de mama metastático (células 4T1). Materiais e Métodos Quatro diferentes nanocápsulas (NC) foram sintetizadas e caracterizadas: nanocápsulas vazias (V); nanocápsulas revestidas por ácido fólico (AF), que é encontrado com aumento de expressão em diversos tipos de câncer; nanocápsulas contendo ftalocianina de cloro-alumínio (AlClPc), que é um agente fotossensível; e, por fim, nanocápsulas revestidas por ácido fólico contendo ftalocianina (AF+AlClPc). Estes sistemas nanoestruturados foram incubados com células 3T3 e 4T1 sob diferentes concentrações (0,25; 0,5; 0,75; 1,0 e 1,25µM) e analisados após 3, 6, 9, 12, 24 e 48 horas. Depois da incubação, análises de captação intracelular, ensaio de migração e ensaio MTT foram realizados para garantir a entrada das NCs nas células alvo e para avaliar a biocompatibilidade e citotoxicidade. Resultados e Discussão De acordo com o ensaio MTT, pôde-se observar que os sistemas nanoestruturados vazios (V) não apresentaram citotoxicidade para células de câncer de mama 4T1 em nenhuma das concentrações avaliadas, mesmo após 48 horas de incubação. Apesar do decréscimo percentual visualizado ao longo do tempo conforme o aumento de concentração das NCs, tal diminuição de viabilidade celular não ultrapassou o limiar aceitável de toxicidade (valor referente a 80% de viabilidade), chegando a 80,62% na maior quantidade de NCs (1,25µM) e período de exposição (48 horas). Tal fato sugere que os nanocompostos que constituem a nanoestrutura estudada não desencadeiam processos indesejados de toxicidade. A mesma situação foi visualizada para os demais tipos de NCs (AF, AlClPc e AF+AlClPc) incubadas com as linhagens celulares 4T1 e 3T3. Um dado muito importante foi o resultado obtido de que os sistemas nanoestruturados AF não apresentaram toxicidade para a linhagem estudada, uma vez que se propõe o uso do ácido fólico nas formulações somente como agente vetorizador e não é de interesse que acarrete distúrbios na dinâmica celular. O experimento de motilidade celular avaliou a capacidade de repopulação das células 4T1 após a ruptura da camada celular em placa de cultura. Além disso, por meio da microscopia por contraste de fase, foi possível averiguar a morfologia das células, que permaneceram inalteradas independentemente do tipo e concentração de NC bem como do tempo de exposição avaliados. O mesmo perfil de migração 50 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) celular foi observado para todos os sistemas nanoestruturados nas diferentes concentrações e tempos de incubação. Portanto, as NCs não apresentaram caráter tóxico e, consequentemente, não afetaram a viabilidade e migração celular na ausência do laser utilizado em terapia fotodinâmica. Foram escolhidas as células normais 3T3 para os estudos de comparação com as células 4T1, pois em tecidos saudáveis o receptor folato é expresso nas células em concentrações menores que quando comparados às células neoplásicas, em especial no caso das células mamárias. Os resultados obtidos por microscopia de fluorescência para as células 3T3 e 4T1 mostraram o perfil de distribuição intracelular do fármaco fotossensível AlClPc, preferencialmente encontrado em células de câncer, reafirmando o caráter direcionador do revestimento com ácido fólico nestas NCs. Conclusão As formulações nanoencapsuladas mostraram-se biocompatíveis, apresentando viabilidade celular em torno de 80 a 100%, uma faixa percentual considerada não tóxica para células em cultivo in vitro. A biocompatibilidade, aliada a uma biodistribuição adequada, leva a resultados que favorecem o emprego destes processos em protocolos in vivo. Consequentemente, uma baixa citotoxicidade em relação às células normais está diretamente relacionada à redução de efeitos colaterais ocasionados após a administração sistêmica, tópica ou transdérmica de formulações. Desta forma, o potencial da terapia mediada por NCs é encorajadora e pode aperfeiçoar as metodologias terapêuticas disponíveis para tratamento do câncer de mama metastático, uma doença que necessita grande atenção. Entretanto, mais estudos devem ser conduzidos a fim de certificar os mecanismos celulares e sistêmicos destas novas NCs sintetizadas. Auxílio Financeiro: Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES). Referências Bibliográficas BRANNON-PEPPAS, L.; BLANCHETTE, J. O. Nanoparticle and targeted systems for cancer therapy. Advanced Drug Delivery Reviews, v. 64, n. 4, p. 1649-1659, 2012. GOLD, J.; WINER, E. P. Chemotherapy for metastatic breast cancer. In: Bland KI, Copeland EM, editors. The breast: comprehensive management of benign and malignant disease. Philadelphia: Saunders Elsevier, p. 1233-1261, 2009. INCA. Instituto Nacional do Câncer José Alencar Gomes da Silva. Ministério da Saúde. Estimativa 2014: Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2014 JONES, L.; HAWKINS, N.; WESTWOOD, M.; WRIGHT, K.; RICHARDSON, G.; RIEMSMA, R. Systematic review of the clinical effectiveness and cost-effectiveness of capecitabine (Xeloda®) for locally advanced and/or metastatic breast cancer. Health Technology Assessment, v. 8, n. 5, p. 1143, 2004. MISRA, R.; ACHARYA, S.; SAHOO, S. K. Cancer nanotechnology: application of nanotechnology in cancer therapy. Drug Discovery Today, v. 15, n. 19-20, p. 842-850, 2010. PAULINELLI, R. R.; MOREIRA, M. A. R.; JÚNIOR, R. F. A importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. Femina, v. 32, n. 3, p. 233-237, 2004. PRONZATO, P.; RONDINI, M. First line chemotherapy of metastatic breast cancer. Annals of Oncology, Suppl 5, p. 165-168, 2006. 51 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) 16. Ação da melatonina, curcumina e Y27632 sobre a expressão de ROCK-1 na metastatização do câncer de mama 1 2 2 2 1 BORIN, T. F. ; FERREIRA, L. C. ;GELALETI, G. B. ; MASCHIO, L. B. ; MOSCHETTA, G. M. ; 1,2 ZUCCARI, D. A. P. C. 1 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP. Laboratório de Investigação Molecular do Câncer, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. 2 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – UNESP/IBILCE/Programa de Pósgraduação em genética, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil. Introdução O câncer de mama representa a neoplasia mais comum entre as mulheres, com alta taxa de mortalidade devido principalmente à invasão tumoral e ocorrência de metástases (INCA, 2014). As células metastáticas possuem um esqueleto pouco estruturado e a baixa ancoragem que permite a invasividade celular (LIOTTA et al., 1991). Tanto a migração como a ancoragem das células no substrato ocorre através dos rearranjos da actina do citoesqueleto, e estes são processos regulados por sinalização externa e efetores intracelulares, entre eles a proteína-quinase associada à Rho (ROCK-1) (ORTÍZ-LÓPEZ et al., 2009). A expressão de ROCK-1 está, portanto, relacionada à metástase (LIU et al., 2009), sendo a sua expressão gênica possivelmente modulada por melatonina (BENÍTEZ-KING, 2006), curcumina e seu inibidor específico (Y27632). Para controle de tais efeitos, estudos com a melatonina (hormônio secretado pela glândula pineal) e curcumina (componente do extrato de Curcuma longa L) demonstram ações oncostática e anti-metastática (OTALORA et al., 2008; SU et al., 2010). Objetivo Avaliar os efeitos in vitro e in vivo dos tratamentos com melatonina, curcumina e Y27632 na metástase do câncer de mama mediada pelo ROCK-1. Materiais e Métodos Linhagens de células de câncer de mama metastático (MDA-MB-231) e nãometastático (MCF-7) foram tratadas com melatonina, curcumina e Y27632. A viabilidade celular foi avaliada pelo ensaio MTT, a migração e invasão celular, para determinar o potencial metastático das células tumorais em resposta aos tratamentos, por ensaios de invasão em câmara de Boyden e a expressão gênica e protéica verificadas por PCR em tempo real e western blotting, respectivamente. Além disso, um estudo in vivo foi realizado desenvolvendo um modelo de metástase pulmonar. A metástase foi induzida pela injeção de 2 x105 células viáveis via endovenosa, mantida por 3 semanas. Os animais após uma semana de indução metastática foram tratados com melatonina, curcumina e Y27632 cinco vezes por semana durante duas semanas. A análise do crescimento metastático foi verificada pela tomografia computadorizada por emissão de fóton único (SPECT) com a utilização do radiofármaco para detecção de metástase pulmonar, Tc-99mtetrosfomin, que permitiu avaliar a extensão da metástase no modelo experimental. Foram realizadas análises histológicas e da expressão protéica de ROCK-1 por imunohistoquímica. Resultados Os tratamentos com melatonina, curcumina e Y27632 reduziram a viabilidade das células e a taxa de migração e invasão de ambas as linhagens celulares (p<0,05).O uso de melatonina e Y27632, em associação ou não, diminuiu a expressão protéica de ROCK-1 em células metastáticas, mas não alteraram a expressão na linhagem não-metastática (p>0,05). Uma redução estatisticamente 52 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) significante da expressão gênica de ROCK-1 foi observada em todos os grupos de tratamento (p<0,05) das células MDA-MB-231, exceto no grupo tratado com curcumina. As imagens cintilográficas captadas por SPECT in vivo, mostraram múltiplos focos de metástases nos pulmões (em imagens de Tc-99-tetrofomin) dos animais controles positivo quando comparados aos controles negativo. A análise semi-quantitativa mostrou menor atividade nos pulmões dos animais que receberam o tratamento com melatonina, curcumina e Y27632 (p<0,05). Discussão Segundo Liu et al. (2009), o aumento da expressão de ROCK-1 promove o crescimento de tumores e metástases, sendo limitado quando associado ao seu inibidor específico, o Y27632, que foi capaz de afetar a motilidade celular in vitro e a metástase in vivo. Linet al. (2010) mostraram a diminuição da expressão gênica e protéica de ROCK-1 correlacionado-as à diminuição da migração e invasão celular após tratamentos in vitro com curcumina. Em um estudo desenvolvido por Cos et al. (1998), camundongos nude atímicos tratados com melatonina durante 10 semanas apresentaram menor tamanho tumoral em comparação aos animais controle. Além disso, neste mesmo estudo foi demonstrado que o tratamento com melatonina levou a redução do desenvolvimento de metástase à distância e ao aumento de sobrevida dos animais. Acredita-se que a melatonina possa atuar como um modulador do citoesqueleto celular, por reorganizar as fibras envolvidas neste processo (BENÍTEZKING, 2006). Conclusão Melatonina e Y27632 são agentes eficazes no tratamento in vitro do câncer de mama metastático, confirmando seus efeitos na diminuição da viabilidade celular, invasão, migração e expressão protéica de ROCK-1 nestas células. In vivo, os tratamentos com melatonina, curcumina e Y27632 parecem ser eficazes na redução das metástases pulmonares. A melatonina, em particular, é mais eficaz quando combinada com inibidor de ROCK-1. Já a curcumina não possui resposta como um agente anti-metastático. Auxílio Financeiro: FAPESP e FAPERP. Referências Bibliográficas: BENÍTEZ-KING, G. Melatonin as a cytoskeletalmodulator: implications for cellphysiologyanddisease. J Pineal Res. v. 40, n. 1, p. 1-9, 2006. COS, S.; FERNANDEZ, R.; GUESMEZ, A.; SANCHEZ-BARCELO, E.J. 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Cancer Res. v. 69, p. 8742-8751, 2009. 53 _________________________________________________________ Doutorado (BCM) ORTÍZ-LÓPEZ, L.; MORALES-MULIA, S.; RAMÍREZ-RODRÍGUEZ, G.; BENÍTEZ-KING, G. ROCKregulated cytoskeletal dynamics participate in the inhibitory effect of melatonin on cancer cell migration. J Pineal Res. v. 46, p. 15-21, 2009. OTÁLORA, B.B.;MADRID, J.A.; ALVAREZ, N.; VICENTE, V.; ROL, M.A. Effects of exogenous melatonin and circadian synchronization on tumor progression in melanoma-bearing C57BL6 mice.J Pineal Res. v. 44, p. 307-315, 2008. SU, C.C.;YANG, J.S.; LU, C.C.; CHIANG, J.H.; WU, C.L.; LIN, J.J.; LAI, K.C.;HSIA, T.C.; LU, H.F.; FAN, M.J.; CHUNG, J.G. Curcumin inhibits human lung large cell carcinoma cancer tumour growth in a murine xenograft model. Phytother Res. v. 24, p. 189-192, 2010. 54 Genética Animal e Evolução (GAE) __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) 17. Divergência genética entre touros Tabapuã em rebanhos do Paraná 1 1 1 PLAZAS, B.M. ; SILVA, I.C.P. ; FERRAZ-FILHO, P.B. 1 Universidade Federal de Mato Grasso do Sul - UFMS Introdução Em programas de melhoramento genético animal, o estudo da distância genética entre progenitores tem se composto em uma ferramenta importante, pois segundo Ferraz-Filho (2008) a dissimilaridade entre progenitores pode ser útil para a previsão de cruzamentos que almejam a heterose. Alguns estudos de discordâncias genéticas possibilitam identificar progenitores que induziriam altos índices de coeficiente de endogamia, de acordo com Silva (2001) tornando possível maior controle endogâmico do rebanho, possibilitando cruzamentos com combinações hibridas com maior efeito heterótico. Objetivos Identificar grupos de touros da raça Tabapuã, com progênies em rebanhos do Paraná, com similaridade e dissimilaridade através das técnicas de análises multivariadas a partir de caracteres ponderais e reprodutivos, para orientar acasalamentos que visem à endogamia ou a heterose. Material e Métodos Foram efetuadas análises multivariadas por meio de informações obtidas das médias das progênies de cinco reprodutores da raça Tabapuã, em fazendas situadas no Estado do Paraná. Os dados aplicados são relativos as Diferenças Esperadas nas Progênies para peso aos 120 dias de idade, efeito materno (P120M), peso aos 120 dias, efeito total materno (P120TM), aos 240 dias, efeito direto, (P240), peso aos 240 dias, total materno (P240TM), peso aos 420 dias (P420), ganho de peso pré-desmama (GPRED), total maternal de ganho de peso pré-desmama (TMGPD), ganho de peso pós- desmama (GPPSD), Intervalo primeiro parto, em dias (IPP), intervalo entre o primeiro e o segundo parto (INT12P) intervalo entre outros partos (IOP) e perímetro escrotal (PE). As medidas de dissimilaridade foram obtidas através das distâncias Euclidianas médias, sendo que estas foram utilizadas para a formação dos grupos de dissimilaridade pelo Método de Otimização de Tocher. Coeficientes de ponderação de componentes principais foram estimados para avaliar a importância relativa dos caracteres sobre a divergência. Os dados foram processados pelo Programa Genes – Aplicativo Computacional em Genética e Estatística, versão Windows (Cruz, 2001). Resultados e discussão As aferições das distâncias Euclidianas médias mostrou que a maior dissimilaridade ocorreu entre os touros 2 e 5 (distância de 0,8438) e a menor similaridade entre os touros 3 e 4 (distância de 0.3093). O agrupamento genético, pelo Método de Tocher, com base nas distâncias Euclidianas médias padronizadas, permitiu o estabelecimento de 2 grupos homogêneos de similaridade, Tabela 1 Tabela 1. Grupos de touros da raça Tabapuã, com progênies em rebanhos do Estado do Paraná, estabelecidos pelo método de Tocher, com base nas distâncias euclidianas médias. Grupos Touros I 3, 4, 1 e 5 II 2 *Limite intergrupos = 0,5383 56 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) A partir da aferição dos autovalores e autovetores, verificou-se serem necessários os três primeiros componentes principais para explicar 94,51% da variação total entre os touros, o primeiro explicou 58,96%, o segundo respondeu por 28,10% e o terceiro por 07,45% da variância. Neste caso optou-se pela dispersão gráfica tridimensional (Figura 1), na qual são considerados simultaneamente os escores dos três primeiros componentes principais, o que confirma que os genótipos 2 e 5 apresentam a máxima diversidade, por situarem-se graficamente mais distantes, e que os touros 3 e 4 são os mais similares,, confirmando a eficiência do método de componentes principais, em que os três primeiros componentes foram suficientes para representar a formação dos grupos. Figura 1. Relações entre os três primeiros componentes principais para uma avaliação genética da diversidade entre os cinco touros A análise por componentes principais cujo autovalor não excedeu a 0,7 (Cruz e Carneiro, 2003), foram identificadas, em ordem crescente, as variáveis de maior coeficiente na última função linear, TMGPD, PE, GPPSD, P20TM, P420, IPP, P120M,GPRED, INT12P, respectivamente, como passíveis de descarte. Conclusão As distâncias genéticas obtidas permitiram identificar touros similares e dissimilares para o conjunto das características analisadas. Referencias CRUZ, C.D. Programa Genes: versão Windows; aplicativo computacional em genética e estatística, 2001. 648p. CRUZ, C.D. CARNEIRO, P.C.S. Modelos Biométricos Aplicados ao Melhoramento Genético.Vol. 2, Viçosa: UFV.2003, 585p. 57 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) FERRAZ FILHO, P.B.; SILVA, L.O.C.; SOUZA, J.C.; MALHADO, C.H.M. Divergência genética de touros Nelore com sêmen disponível em centrais de inseminação no Brasil. Archivos Latinoamericanos de Produção Animal, v.16, n.1: 25-31, 2008. SILVA, M.V.G.B.; FERREIRA, W.J.; COBUCI, J.A.; GUARAGNA, G.P.; OLIVEIRA, P.RP. Efeito da endogamia sobre características produtivas e reprodutivas de bovinos do ecótipo Mantiqueira. Revista Brasileira de Zootecnia, v.30, n.4, p.1236-1242, 2001. 58 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) 18. Conjunto cromossômico diploide de Triatoma wygodzinskyi (Hemiptera, Triatominae) 1 1 IMPERADOR, C.H.L ; ALEVI, K.C.C. ; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE 1 Introdução Os triatomíneos pertencem à ordem Hemiptera, subordem Heteroptera, família Reduviidae e subfamília Triatominae. Esses insetos hematófagos apresentam grande importância para a saúde pública, uma vez que todas as espécies são potenciais vetoras do protozoário Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas. Schofield e Galvão (2009), baseados, principalmente, em caracteres morfológicos e na distribuição geográfica, agruparam os triatomíneos em complexos e subcomplexos específicos. Triatoma arthurneivai, T. maculata, T. pseudomaculata e T. wygodzinskyi foram agrupados no complexo Infestans e subcomplexo Maculata. T. wygodzinskyi foi descrita por Lent, em 1951, e apresenta poucas informações na literatura, restringindo-se à biologia (CARBAJAL DE LA FUENTE et al., 2010), morfometria (CARBAJAL DE LA FUENTE et al., 2011) e distribuição geográfica (CARBAJAL DE LA FUENTE et al., 2009). Assim, novas análises devem ser realizadas nesse vetor, com ênfase, nas relações evolutivas de T. wygodzinskyi com o subcomplexo Maculata. Objetivo Descrever o cariótipo de T. wygodzinskyi, com ênfase citotaxonômica. Materiais e Métodos Dois machos adultos da espécie T. wygodzinskyi foram analisados citogeneticamente. Os insetos foram cedidos pelo “Laboratório de Referência em Triatomíneos e Epidemiologia da doença de Chagas”, instalado no Centro de Pesquisas René Rachou/Fiocruz, Minas Gerais. As lâminas com o material biológico (túbulos seminíferos) foram preparadas pela técnica de esmagamento celular e coradas com Orceína lacto-acética. As lâminas foram analisadas ao microscópio de luz Jenaval (Zeiss), acoplado à câmera digital e ao sistema analisador de imagens Axio Vision LE 4.8 (Copyright ©2006-2009 Carl Zeiss Imaging Solutions Gmb H), com aumento de 100 vezes. Resultados e Discussão Por meio da análise das metáfases meióticas, foi possível descrever o número de cromossomos de T. wygodzinskyi, a saber, 2n = 22, sendo 20 autossomos e dois cromossomos sexuais (X e Y). Esse cariótipo é observado em 46 das 86 espécies de triatomíneos com o número de cromossomos descrito (ALEVI et al., 2013), incluindo as outras três espécies quem compõem o subcomplexo Maculata. O cariótipo pode ser uma importante ferramenta para avaliar a relação evolutiva das espécies agrupadas nos subcomplexos. Alevi et al. (2012), por meio da descrição do número de cromossomos, propôs a exclusão de T. melanocephala, T. vitticeps e T. tibiamaculata do subcomplexo Brasiliensis, uma vez que as espécies apresentam fragmentação do cromossomos sexual X e, com isso, assemelham-se aos triatomíneos da América do Norte. Conclusão Sendo assim, o presente trabalho corrobora a inclusão de T. wygodzinskyi no subcomplexo Maculata, uma vez que as quatro espécies do subcomplexo apresentam homogeneidade cariotípica. 59 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) Auxílio Financeiro: FAPESP e CNPq. Referências Bibliográficas: ALEVI, K.C.C.; MENDONÇA, P.P.; PEREIRA, N.P.; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Karyotype and spermatogenesis in Triatoma melanocephala Neiva and Pinto (1923). Does this species fit in the Brasiliensis subcomplex? Infection Genetics and Evolution v. 12, p. 1652-1653, 2012. ALEVI, K.C.C.; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Mini review: Karyotypic survey in Triatominae subfamily (Hemiptera, Heteroptera). Entomology, Ornithology & Herpetology, v.2, p. 106, 2013. CARBAJAL DE LA FUENTE, A.L.; CUNHA, V.,; ROCHA, N.; MACEDO-LOPES, C.; NOIREAU, F. Comparative biology of the two sister species of Triatominae (Hemiptera: Reduviidae). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical v. 43, p. 15-18, 2010. CARBAJAL DE LA FUENTE, A.L.; JARAMILLO, N.; BARATA, J.M.S.; FRANÇOIS, N. ;DIOTAIUTU, L. Misidentification of two Brazilian triatomes, Triatoma arthurneivai and Triatoma wygodzinskyi, revealed by geometric morphometrics. Medical and Veterinary Entomology v. 25, p. 178-183, 2011. CARBAJAL DE LA FUENTE, A.L.; PORCASI, X.; NOIREAU, F.; DIOTAIUTI, L.; GORLA, D.E. The association between the geographic distribution of Triatoma pseudomaculata and Triatoma wygodzinskyi (Hemiptera:Reduviidae) with environmental variables recorded by remote sensors. Infection Genetics and Evolution v. 9, p.54-61, 2009. LENT, H. Novo Triatoma no Estado de Minas Gerais (Brasil) (Hemiptera: Reduviidae). Revista de Entomologia v. 22, p. 349–353, 1951. SCHOFIELD, C.J.; GALVÃO, C. Classification, evolution, and species groups within the Triatominae. Acta Tropica v.110, p. 88-100, 2009. 60 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) 19. Homogeneidade gamética em diferentes populações de Rhodnius neglectus e Panstrongylus megistus do Brasil 1 1 1 NUNES, G.M ; ALEVI, K.C.C ; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE Introdução Os triatomíneos são insetos hematófagos vetores do protozoário Trypanosoma cruzi, agente etiológico da doença de Chagas. Seis espécies apresentam maior importância vetorial, principalmente, por estarem associadas a regiões domiciliares, a saber, Triatoma infestans, Panstrongylus megistus, T. brasiliensis, T. sordida, T. pseudomaculata e Rhodnius neglectus (DIAS e COURA, 1997; SILISTINO-SOUZA, et al., 2013). As espécies P. megistus e R. neglectus estão amplamente distribuídos no Brasil, sendo que foram registradas em vinte e dois e treze Estados brasileiros, respectivamente. Recentemente, análises citogenéticas intraespecíficas foram realizadas para P. megistus e R. neglectus e os resultados demonstraram que ambas as espécies apresentam estabilidade cromossômica, ou seja, todas as populações analisadas apresentaram as mesmas características. Variações interespecíficas nos gametas de hemípteros machos já foram relatadas na literatura (CHAWANJI et al. 2005, 2006; ALEVI et al., 2013a; ALEVI et al., 2013b). Objetivos Assim, o presente trabalho tem como objetivo comparar as espermátides de R. neglectus e P. megistus provenientes de diferentes populações, com o objetivo de avaliar possíveis variações intraespecíficas nos gametas desses insetos. Metodologia No estudo, foram utilizados cinco indivíduos machos adultos da espécie P. megistus, provenientes dos Estados do Rio Grande do Norte, Rio Grande do Sul, Paraná, São Paulo e Minas Gerais e cinco indivíduos machos adultos da espécie R. neglectus, provenientes dos Estados do Rio Grande do Norte, Goiás, Minas Gerais e São Paulo. Os insetos foram cedidos pelo “Insetário de Triatominae”, instalado no Departamento de Ciências Biológicas, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Câmpus de Araraquara. Os túbulos seminíferos dos machos adultos, depois de dilacerados e fixados na lâmina, foram submetidos às técnicas citogenéticas de orceína lacto-acética (DE VAIO et al., 1985, com modificações de acordo com ALEVI et al., 2012). O material biológico foi analisado ao microscópio de luz Jenaval (Zeiss), acoplado à câmera digital e ao sistema analisador de imagens Axio Vision LE 4.8 (Copyright ©2006-2009 Carl Zeiss Imaging Solutions Gmb H), com aumento de 100 vezes. Resultados e Discussão Variação intraespecífica, durante a formação dos gametas masculinos, foi observada em três espécies de heterópteros: Antiteuchus tripterus, Platycarenus umbractulatus e Euschistus heros (SOUZA e ITOYAMA, 2010). As análises citogenéticas das espermátides de R. neglectus e P. megistus possibilitaram observar que as diferentes populações não apresentam variação na morfologia das células haplóides. Além disso, variações interespecíficas também não foram observadas. Análises da morfologia da espermátide já foram utilizadas para diferencias Triatoma melanocephala e T. vitticeps (ALEVI et al., 2013a) T. lenti e T. sherlocki (ALEVI et al., 2013b) e T. guazu e T. williami (REIS et al., 2014). Além disso, também foram utilizadas para corroborar a composição do complexo T. brasiliensis (ALEVI et al., 2014). 61 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) Conclusões Sendo assim, foi possível observar que as diferentes populações de R. neglectus e P. megistus apresentam homogeneidade na morfologia dos gametas. Referências Bibliográficas ALEVI, K.C.C.; MENDONÇA, P.P..; PEREIRA, N.P.; FERNANDES, A.L.V.Z.; ROSA, J.A.; AZEREDOOLIVEIRA, M.T.V. Analysis of spermiogenesis like a tool in the study of the triatomines of the Brasiliensis subcomplex. Comp. R. Biol. v. 336, p. 46-50, 2013b. ALEVI, K.C.C.; MENDONÇA, P.P.; PEREIRA, N.P.; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Heteropyknotic filament in spermatids of Triatoma melanocephala and T. vitticeps (Hemiptera, Triatominae). Inv. Rep. Dev. v. 58, p. 9-12, 2013a. ALEVI, K.C.C; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Cytotaxonomy of the Brasiliensis subcomplex and the Triatoma brasiliensis complex (Hemiptera: Reduviidae: Triatominae). Zootaxa v. 3838, p. 583-589, 2014. CHAWANJI, A.S.; HODGSON, A.N.; VILLET, M.H. Sperm morphology in five species of cicadettine cicadas (Hemiptera: Cicadomorpha: Cicadidae). Tiss. Cell v. 38, p. 373-388, 2006. CHAWANJI, A.S.; HODGSON, A.N.; VILLET, M.H. Sperm morphology y in four species of African platypleurine cicadas (Hemiptera: Cicadomorpha: Cicadidae). Tiss. Cell v. 37, p. 257-267, 2005. DIAS, J.C.P.; COURA, J.R. Epidemiologia. In: Dias, J.C.P.; Coura, J.R. (eds), Clínica e Terapêutica da Doença de Chagas. Uma Abordagem Prática para o Clínico Geral, Fiocruz, Rio de Janeiro, p. 3367, 1997. REIS, Y.V.; ALEVI, K.C.C; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Espermiogênese como ferramenta citotaxonômica para diferenciar Triatoma guazu e T. williami, espécies vetoras da doença de Chagas. Rev. Ciênc. Farm. Básica Apl. 2014, in press. SILISTINO-SOUZA, R.; ALEVI, K.C.C.; CASTRO, N.F.C.; FREITAS, M.N.; PAPA, M.D.; SCANDAR, S.A.S.; BESTETTI, R.R.; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Entoepidemiology of Chagas disease in northwest São Paulo and cytogenetic analysis of its main vector, Triatoma sordida (Hemiptera: Triatominae). Gen. Mol. Res. v. 12, p. 5810-5819, 2013. SOUZA, H.V.; ITOYAMA, M.M. Study of Acrosome Formation, Interspecific and Intraspecific, in the Testicular Lobes of Some Pentatomid Species. J. Insect Sci. v. 10, p. 132, 2010. 62 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) 20. Medidas não paramétricas da estabilidade genotípica de bovinos da raça Tabapuã para característica peso aos 240 dias de idade. MARTINS, H.H.D¹; PLAZAS, B.M.¹; SILVA, I.C.P¹; FERRAZ FILHO, P.B.¹ ¹Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS Introdução A interação genótipos x ambientes constitui-se num dos maiores problemas dos programas de melhoramento genético de bovinos de corte, seja na fase de seleção ou na recomendação de indivíduos geneticamente superiores. Entre as alternativas para se amenizar a influência desta interação tem sido recomendado o emprego de animais com ampla adaptabilidade e boa estabilidade (CRUZ E CARNEIRO, 2003). Objetivo O objetivo deste trabalho foi identificar dentro de cinco reprodutores da raça Tabapuã, com progênies em quatro regiões do Brasil, aqueles que responderiam vantajosamente à melhoria do ambiente, por intermédio de um método não paramétrico de avaliação da performance genotípica. Metodologia A característica de desenvolvimento ponderal utilizada para o estudo da estabilidade e adaptabilidade é referente à população de bovinos compostas por progênies de cinco touros da raça Tabapuã, criadas em quatro rebanhos, em três diferentes regiões do Brasil, Bahia (rebanhos 1 e 2), Paraná (rebanho 3) e Minas Gerais (rebanho 4), descritas em Marçal et al., 2014. As estimativas dos parâmetros de foram feitas a partir de médias oriundas das Diferenças Esperadas nas Progênies (DEPs) para peso (kg) aos 240 dias de idade. Para estimar a adaptabilidade e a estabilidade foi utilizado o método de análise o de Huehn (1990). Esse consiste na classificação dos touros nos vários ambientes em relação aos dados dos efeitos da interação genótipo x ambiente ( ĜAij ).As estimativas dos efeitos da interação genótipos x ambientes foram obtidas pelo meio da expressão: 𝑮𝑨𝒊𝒋 = 𝒀𝒊𝒋 + 𝒀𝒊. + 𝒀.𝒋 + 𝒀.. em que: 𝒀𝒊𝒋 𝒀𝒊. 𝒀.𝒋 𝒀.. = média do i-ésimo touro no j-ésimo ambiente (região); = média geral do i-ésimo touro = média geral do j-ésimo ambiente = média geral do ensaio. Para desenvolvermos a metodologia de Huehn (1990) serão obtidos; a) as estimativas dos efeitos da interação genótipos x ambientes; b) a classificação de cada touro nos vários ambientes, em relação aos respectivos valores de ĜAij ; e c) as medidas não-paramétricas da estabilidade, denotadas por S1i, S2i e S3i. Neste caso, têm-se: S1i : média das diferenças absolutas entre as classificações do touro i nos ambientes rij rij ' j j ' S1i a(a 1) / 2 63 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) em que rij: classificação do genótipo i no ambiente j. a : número de ambiente. S2i, : variância das classificações do touro i nos ambientes j (rij ri. ) 2 S 2i a 1 em que j rij ri a S3i : soma dos desvios absolutos de cada classificação em relação à média das classificações rij ri. S 3i jj ' ri. O touro de máxima estabilidade será aquele que apresentar S 1i, S2i e S3i iguais a zero ou mais próximo desse valor. Para as análises, foi utilizado programa Genes- aplicativo computacional em genética e estatística, versão Windows (CRUZ , 2001). Resultado e Discussão Inicialmente foram obtidos os valores dos efeitos da interação genótipo x locais e respectivas classificações resultantes da avaliação em quatro regiões, a partir dos quais foram calculadas as medidas de estabilidade, de forma que os resultados estão apresentados na Tabela 1. As significâncias das estatísticas Z1i e Z2i indicam que houve diferenças entre os touros avaliados quanto as medidas de estabilidade expressas por S 1 e S2, respectivamente, constatando que o touro 5 foi o que apresentou maior estabilidade para o peso aos 240 dias de idade, além de apresentar a vantagem de ter um bom desempenho. Tabela 1. Medidas de estabilidade de cinco touros avaliados em quatro rebanhos do Brasil, de acordo com a metodologia proposta por Huenh (1990), com os efeitos genótipos x locais. Touros S1 Z1i S2 Z2i S3 r i 1 2 3 4 5 𝝌2 (total) 3,00 2,50 2,75 2,75 4,25 2.67 1.67 1.50 1.17 1.17 3.61582 .014124 .03178 .596752 .596752 4,86 5.33 1.67 1.58 0,92 0,92 P=0,30 8.13 0,08 0,13 0,86 0,86 10,06 2,67 1,60 1,27 1,09 0,71 P=0,04 Conclusões A metodologia não-paramétrica utilizada é simples, porém bastante prática para inferir acerca da estabilidade de touros, possibilitando descartar genótipos indesejáveis, para concentrar os esforços naqueles potencialmente superiores. Referências Bibliográficas CRUZ, C.D.; CARNEIRO, P.C.S. Modelos biométricos aplicados ao melhoramento genético. Imprensa universitária. v. 2. Viçosa: UFV, 2003.585 p CRUZ, C.D. Programa Genes: versão Windows – Aplicativo computacional em genética e estatística. Ed. UFV, Viçosa: UFV, 2001. 648 p. 64 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) HUENH, M. Nonparametric measures of phenotypic stability. Part 2: Applications. Eunphytica, v.47, p.195-201, 1990 MARÇAL, M.F, Estabilidade e adaptabilidade de touros Tabapuã para característica de desempenho em função do índice de rebanhos. Arq. Bras. Med. Vet. Zootec., v.66, n.1, p.195-202, 2014. 65 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) 21. Divergência genética entre touros Tabapuã avaliados em rebanhos de Minas Gerais 1 1 1 1 BARBOSA, J.V.B ; SILVA, I.C.P. ; PLAZAS, B.M. ; FERRAZ FILHO, P.B. ; TINO, C.R.S. 1 Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - UFMS/CPTL 2 Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” - UNESP 2 Introdução No campo do melhoramento genético, estudos de diversidade genética entre grupos de reprodutores têm como meta identificar vigor híbrido diferenciado, de modo que haja maior possibilidade de recuperar genótipos superiores nas gerações segregantes. A fim de aproveitar melhor as vantagens fornecidas pela heterose, a identificação de genótipos divergentes vem sendo satisfatoriamente aplicada por meio de técnicas como analises de agrupamento e por componentes principais (FERRAZ FILHO et al. 2006). Apesar de fornecerem importantes informações, a análise de divergência genética tem sido pouco empregada em programas de melhoramento genético animal. Dessa forma o presente trabalho utilizou dados de cinco reprodutores da raça Tabapuã, com o objetivo de comparar e avaliar a dissimilaridade entre os animais, por intermédios das distâncias euclidianas médias, a eficiência de técnicas de agrupamento pelo Método de Tocher, além das técnicas de análise por componentes principais. Objetivos Identificar grupos de touros da raça Tabapuã, com progênies em rebanhos do Paraná, com similaridade e dissimilaridade através das técnicas de analises multivariadas a partir de caracteres ponderais e reprodutivos, para orientar acasalamentos que visem à endogamia ou a heterose. Material e Métodos Foram realizadas análises multivariadas por intermédio de informações obtidas do desenvolvimento ponderal de progênies de cinco reprodutores da raça Tabapuã, em fazendas localizadas no Estado de Minas Gerais. Os dados utilizados são oriundos das Diferenças Esperadas nas Progênies (DEPs) para peso (kg) aos 120 dias de idade, efeito materno (P120M), peso aos 120 dias, efeito total materno (P120TM), aos 240 dias, efeito direto, (P240), peso aos 240 dias, total materno (P240TM), peso aos 420 dias (P420), ganho de peso pré-desmama (GPRED), total maternal de ganho de peso pré-desmama (TMGPD), ganho de peso pós- desmama (GPPSD), Intervalo primeiro parto, em dias (IPP), intervalo entre o primeiro e o segundo parto (INT12P) intervalo entre outros partos (IOP) e perímetro escrotal (PE). Foram consideradas as médias de cada uma das características, obtidas das progênies dos touros, nas análises. As medidas de dissimilaridade foram obtidas através das distâncias Euclidianas médias, sendo que estas foram utilizadas para a formação dos grupos de dissimilaridade pelo Método de Otimização de Tocher. Coeficientes de ponderação de componentes principais foram estimados para avaliar a importância relativa dos caracteres sobre a divergência. Os dados foram processados pelo Programa Genes – Aplicativo Computacional em Genética e Estatística, versão Windows (CRUZ, 2001). 66 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) Resultados e Discussão As estimativas das distâncias Euclidianas médias mostrou que a maior dissimilaridade ocorre entre os touros 2 e 5 (distância de 0,8454) e a maior similaridade entre os touros 3 e 4 (distância de 0.3555). O agrupamento genético, pelo Método de Tocher, com base nas distâncias Euclidianas médias padronizadas, permitiu o estabelecimento de 2 grupos homogêneos de similaridade, Figura 1. Tabela 1 – Grupos de touros da raça Tabapuã, avaliados por meio de progênies criadas em rebanhos do Estado de Minas Gerais, estabelecidos pelo método de Tocher, com base na dissimilaridade expressa pela distância euclidiana média padronizada. Grupos Touros I 3, 4, 1 e 5 II 2 *Limite intergrupos = 0,5620 A partir da estimativa dos autovalores e autovetores, verificou-se serem necessários os três primeiros componentes principais para explicar 97,75% da variação total entre os touros, o primeiro explicou 44,76%, o segundo respondeu por 36,55% e o terceiro por 16,43% da variância. Neste caso optou-se pela dispersão gráfica tridimensional (Figura 1), na qual são considerados simultaneamente os escores dos três primeiros componentes principais o que, confirma que os genótipos 2 e 5 apresentam a máxima diversidade por situarem-se graficamente mais distante e os mais próximos, genótipos 3 e 4, como as menores diversidades. A dispersão gráfica, resultante dos componentes principais, deverá ser utilizada tanto na identificação de cruzamentos promissores quanto aqueles cuja variabilidade disponível em gerações segregantes deve ser restrita (CRUZ E REGAZZI, 1994). A análise por componentes principais cujo autovalor não excedeu a 0,7 (CRUZ E CARNEIRO, 2003), foram identificadas, em ordem crescente, as variáveis de maior coeficiente na última função linear, PE, P240TM, P120TM, P240, GPRED, P120M, IPP, GPPSD e INT12P, respectivamente, como passíveis de descarte. Figura 1. Dispersão gráfica de 5 touros da raça Tabapuã, em relação aos três primeiros componentes principais, estabelecidos pela combinação linear de doze características incluídas na avaliação da dissimilaridade . 67 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) Conclusão As estimativas de divergência genética encontrada permitem definir grupos genéticos, permitindo que a utilização de cruzamentos envolvendo suas progênies podem produzir ganhos significativos em função da heterose. Referências Bibliográficas CRUZ, C.D. REGAZZI, A.J. Modelos Biométricos Aplicados ao Melhoramento Genético. Viçosa: UFV, Impr. Univ., 1994. 390 p. CRUZ, C.D. CARNEIRO, P.C.S. Modelos Biométricos Aplicados ao Melhoramento Genético.Vol. 2, Viçosa: UFV.2003, 585p. CRUZ, C.D. Programa Genes: versão Windows; aplicativo computacional em genética e estatística, 2001. 648p. FERRAZ FILHO, P.B., SILVA, L.O.C., SOUZA, J.C. E MALHADO, C.H.M. 2006. Divergência genética de touros Nelores com sêmen. Disponível em Centrais de Inseminação no Brasil. In: 43 Reunião Anual da Sociedade Brasileira de Zootecnia. Anais SBZ. Joao Pessoa:SBZ. Viçosa. v. 1. 68 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) 22. Espermatogênese em Triatoma rubrofasciata (Hemiptera, Triatominae) 1 1 1 BORSATTO, K.C. ; ALEVI, K.C.C ; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE Introdução Os triatomíneos são insetos hematófagos vetores da doença de Chagas. A doença de Chagas é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. Embora seja uma das principais doenças parasitárias da América Latina, a doença de Chagas é negligenciada e, infelizmente, ainda não tem cura (WHO, 2014). A principal forma de minimizar os casos da doença é por meio do controle das populações de vetores. O conhecimento da biologia da reprodução desses insetos pode gerar subsídios para auxiliar na profilaxia da doença de Chagas. Triatoma rubrofasciata é uma espécie cosmopolita que já foi encontrada em, pelo menos, 45 países diferentes (GALVÃO et al., 2003). Por ser cosmopolita, credita-se que T. rubrofasciata possa ser a espécie ancestral do gênero Linshcosteus presente apenas na índia (HYPSA et al., 2012). Objetivo Assim, o presente trabalho tem como objetivo descrever a espermatogênese de T. rubrofasciata. Materiais e Métodos Três machos adultos de Triatoma rubrofasciata foram analisados citogeneticamente. Os insetos foram cedidos pelo “Insetário de Triatominae”, instalado no Departamento de Ciências Biológicas, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Câmpus de Araraquara. As lâminas com o material biológico (túbulos seminíferos) foram preparadas pela técnica de esmagamento celular e coradas com Orceína lacto-acética. As lâminas foram analisadas ao microscópio de luz Jenaval (Zeiss), acoplado à câmera digital e ao sistema analisador de imagens Axio Vision LE 4.8 (Copyright ©2006-2009 Carl Zeiss Imaging Solutions Gmb H), com aumento de 100 vezes. Resultados e Discussão Por meio da análise a espermatogênese de T. rubrofasciata, foi possível descrever as fases da meiose e o processo de espermiogênese. Durante a prófase inicial, observou-se um cromocentro formado pelos cromossomos sexuais e blocos heteropicnóticos dispersos no núcleo. A presença de blocos heteropicnóticos na cromatina do núcleo demonstra que essa espécie apresentará blocos heteropicnóticos e heterocromáticos em alguns autossomos, assim como observado, por exemplo, nas espécies do subcomplexo Brasiliensis (ALEVI et al., 2014). A análise das metáfases possibilitou descrever o número de cromossomos da espécie, a saber, 2n = 25 (22 autossomos +X1X2Y). Esse número de cromossomos é bastante peculiar na subfamília Triatominae e diferencia T. rubrofasciata de todas as outras espécies com o cariótipo descrito (ALEVI et al., 2013). Além disso, também foi possível visualizar as fases de anáfases e telófase. Durante a espermiogênese, foi possível observar todas as fases do alongamento das espermátides. Essas células haplóides apresentaram dois filamentos heteropicnóticos esféricos. Devido a dificuldade de coleta das espécies do gênero Linshcosteus, não existem estudos citogenéticos desses vetores do Novo Mundo. No entanto, a análise comparativa dos cromossomos e da meiose desses vetores seria de extrema importância para compreender a evolução desses vetores. 69 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) Conclusão Sendo assim, o presente trabalho descreve a espermatogênese da espécie e demonstra que embora a espécie apresente um número de cromossomos peculiar (2n = 25), o comportamento meiótico foi bastante semelhante aos outros triatomíneos. Auxílio Financeiro: FAPESP e CNPq. Referências Bibliográficas: ALEVI, K.C.C.; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Mini review: Karyotypic survey in Triatominae subfamily (Hemiptera, Heteroptera). Entomol. Ornithol. Herpetol, v.2, p. 106, 2013. ALEVI, K.C.C; ROSA, J.A.; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Cytotaxonomy of the Brasiliensis subcomplex and the Triatoma brasiliensis complex (Hemiptera: Reduviidae: Triatominae). Zootaxa v. 3838, p. 583-589, 2014. GALVÃO, C.; CARCAVALLO, R.U.; ROCHA, D.S.; JURBERG, J. A checklist of the current valid species of the subfamily Triatominae Jeannel, 1919 (Hemiptera, Reduviidae) and their geographical distribution, with nomenclatural and taxonomic notes. Zootaxa v. 202, p. 1-36, 2003. HYPSA, V.; TIETZ, D.F.; ZRZAVÝ, J.; REGO, R.O.M.; GALVÃO, C.; JURBERG, J. Phylogeny and biogeography of Triatominae (Hemiptera: Reduviidae): molecular evidence of a New World origin of the Asiatic clade. Molec. Phylog. Syst. v. 23, p. 447-457, 2002. 70 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) 23. Relação filogenética do Grupo trispinosus e seus subgrupos (Isoptera, Termitidae, Termitinae) PEREIRA, M.C¹; CARRIJO,T.F²; CORRÊA E CASTRO, A.C.M¹ ¹Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP ²Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo - MZUSP Introdução O grupo Isoptera é formado por mais de 2933 espécies, dentro de 282 gêneros e nove famílias reconhecidas atualmente (KRISHNA et al., 2013). Sendo que 70% destas espécies ocorrem em uma única família, Termitidae (ENGEL & KRISHNA, 2004). O gênero de cupim sul-americano Spinitermes foi hipotetizado como parafilético na filogenia mais abrangente em número de táxons feita com cupins até hoje (INWARD et al., 2007), com um dos seus representantes agrupados com o gênero Cavitermes, e os demais com Dihoplotermes. Da mesma forma, a recente revisão taxonômica do gênero corroborou os resultados encontrados pela filogenia, verificando uma grande amplitude na variação morfológica contida neste gênero e possibilitando a distinção de três grupos de espécies dentro de Spinitermes. Até 2011, eram reconhecidas seis espécies de Spinitermes: S. allognathus; S. brevicornutus; S. longiceps; S. nigrostomus; S. robustus e S. trispinosus. Entretanto, após uma revisão taxonômica do gênero, (CARRIJO, 2009) distribuiu estas seis espécies em três grupos baseado em caracteres morfológicos: Grupo allognathus, Grupo robustus, e Grupo trispinosus, que ainda pode ser divido em dois subgrupos de acordo com as características das válvulas entéricas: subgrupo de V.E. lisa (S. longiceps, S. nigrostomus, S. trispinosus e uma espécie nova) e subgrupo de V.E. rugosa (S. brevicornutus). Entretanto, apesar da revisão, dentro dos subgrupos do Grupo trispinosus existe uma variação muito grande nos caracteres morfológicos, e a taxonomia ainda não está definida. Objetivos Elucidar as relações dentro do Grupo trispinosus validando a existência dos dois subgrupos – válvula lisa e rugosa e espécies associadas aos subgrupos. Testar molecularmente a validade das espécies pertencentes aos subgrupos do grupo trispinosus. Material e método Como grupo interno serão utilizadas uma amostra de Dihoplotermes inusitatus, uma de Cavitermes sp. e 11 amostras de Spinitermes, sendo uma amostra do grupo robustus (S. robustus), 4 do grupo trispinosus subgrupo VE lisa, com uma ampla distribuição geográfica (GO, MG, MT e RO) e 5 do subgrupo VE rugosa também com ampla distribuição (MG, MS, MT e PA). Um indivíduo de cada amostra teve o DNA total extraído com uso do kit de extração Dneasy Blood & Tissues Kit (Qiagen). A Reação de Polimerase em Cadeia (PCR) foi utilizada para amplificar o gene mitocondrial COII. Seguidos de purificação e checagem em gel de agarose 1% para a verificação da presença das bandas esperadas e sequenciamento. A visualização da matriz de dados e eventuais equívocos de alinhamento foram corrigidos manualmente utilizado o programa BioEdit v7.0.9.0. Para reconstrução filogenética deste conjunto de dados foi utilizado método de análise da parcimônia pelo programa PAUP. As topologias obtidas dessa análise foram visualizada e editada no programa FigTree 1.3.1. 71 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) Resultados e Discussão Vários estudos filogenéticos têm sido realizados para se entender as relações filogenéticas de Isoptera (INWARD et al, 2007). 70% das espécies de cupins pertencem à família Termitidae, de modo que é importante o entendimento de suas relações filogenéticas para se entender a história evolutiva do grupo em questão. Na filogenia proposta por Inward (2007), o Grupo-Spinitermes dentro de Termitinae é tido como não monofilético, mas suas relações não foram bem elucidadas. Spinitermes abriga o Grupo trispinosus que pode ser dividido em dois outros subgrupos devido a morfologia da válvula entérica. Nossos resultados utilizando sequências de DNA mitocondrial validam os dois subgrupos morfológicos como distintos geneticamente, evidenciando que há variação tanto genética quanto morfológica para validação dos destes dois subgrupos. O subgrupo de V.E. rugosa se apresenta na filogenia como monofilético e grupo irmão de [(Cavitermes sp +D. inusitatus) + S. robustus]. O subgrupo de V.E. lisa também é monofilético e mais basal na filogenia molecular (Figura 1). A morfologia da válvula entérica lisa pode ser confirmada para as espécies S. longiceps de S. trispinosus as quais formaram um grupo também monofilético com o táxon não identificado Inward et al. (2007). Figura 1: Filogenia molecular do Grupo Spinitermes, ênfase nos subgrupos de trispinosus Conclusão Assim, os resultados moleculares validam os dois subgrupos dentro do Grupo trispinosus como também os táxons pertencentes a estes subgrupos. Referências Bibliográficas CARRIJO, T.F. 2009. Revisão taxonômica do gênero Spinitermes Wasmann, 1897 (Isoptera, Termitidae, Termitinae). Master thesis, Ribeirão Preto, São Paulo, Brazil: University of São Paulo, 2009. ENGEL, M.S. & KRISHNA, K. Family-Group Names for Termites (Isoptera). American Museum Novitates, n. 3432, p.1-9, 2004. INWARD, D.J.G.; VOGLER, A.P.; EGGLETON, P. A comprehensive phylogenetic analysis of termites (Isoptera) illuminates key aspects of their evolutionary biology. Molecular Phylogenetics and Evolution, n.44, p. 953–967, 2007. doi:10.1016/j.ympev.2007.05.014 KRISHNA, K.; GRIMALDI, D.A.; KRISHNA, V.; ENGEL, M.S. Treatise on the Isoptera of the world. Bulletin of the American Museum of Natural History, n.377, p. 1–200, 2013. 72 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) 24. Perfil hemoglobínico como parâmetro de análise taxonômica e possíveis inferências sobre a evolução dos Testudinidae brasileiros 1 2 1 1 1 COSTA, N. R. A. ; SILVA, T. L. ; CARDOSO, V. L. ; VENANCIO, L. P. R. ; CARROCINI, G. C. S. ; 1 BONINI-DOMINGOS, C.R. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE 2 Universidade Federal do Acre - UFAC Introdução No Brasil, são oficialmente conhecidas apenas duas espécies de jabutis (Testudinidae), Chelonoidis carbonaria e C. denticulata. No entanto, estudos recentes observaram populações de C. carbonaria divergentes entre si em relação à haplótipos de DNA mitocondrial e características morfológicas, o que questiona as referências vigentes de que a espécie C. carbonaria corresponda a uma única unidade taxonômica (VARGAS-RAMÍREZ et al., 2010). Baseando-se em dados morfológicos e citogenéticos, Silva (2011) sugeriu que um morfotipo previamente denominado C. carbonaria* fosse, na verdade, uma nova espécie. No entanto, para que a separação entre C. carbonaria e o morfotipo C. carbonaria* seja comprovada de forma inequívoca, resultados de análises com outras metodologias devem ser empregadas. O estudo do comportamento eletroforético das hemoglobinas e das cadeias de globina consistem em uma alternativa para diferenciação entre espécies, podendo somar novos dados aos resultados das metodologias convencionais (SULLIVAN; RIGGS, 1967). As hemoglobinas apresentam conservação de genes em vertebrados e seu estudo tem importância na diferenciação entre espécies, podendo auxiliar a análise taxonômica (DESSAUER et al., 1957). Análises morfológicas, citogenéticas e de padrão de proteínas, enriquecem os estudos taxonômicos e geram resultados que permitem a caracterização adequada das espécies. Objetivos Fornecer dados à elucidação da taxonomia dos Testudinidae brasileiros, por meio dos resultados do perfil hemoglobínico das espécies C. carbonaria, C. denticulata e do morfotipo C. carbonaria*. Materiais e Métodos Foram coletados aproximadamente 1 ml de sangue da veia margino costal (SILVA et al., 2012) de 15 animais provenientes do Zoológico Municipal de São José do Rio Preto e do Zoológico Municipal de Araçatuba “Dr. Flávio Leite Ribeiro”. O perfil hemoglobínico foi obtido por meio de eletroforese em pH alcalino em fitas de acetato de celulose e eletroforese em pH ácido em gel de ágar-fosfato. A quantificação das frações e confirmação do perfil eletroforético foram determinados por HPLC. Para determinação das globinas, foram realizadas eletroforese de cadeias polipeptídicas em pH alcalino em acetato de celulose, e em pH ácido em gel de poliacrilamida. Resultados e Discussão Na eletroforese em pH alcalino em acetato de celulose foi possível a visualização de diferenças no perfil eletroforético entre os três grupos avaliados. C. denticulata diferenciou-se dos outros dois, e apresentou quatro frações, sendo duas delas majoritárias. C. carbonaria e C. carbonaria* apresentaram seis frações, duas delas majoritárias, mas ambas localizam-se em regiões distintas na fita de acetato de celulose, estando uma das frações majoritárias de C. carbonaria* mais próxima do pólo negativo sugerindo ponto isoelétrico mais eletropositivo, enquanto as duas frações majoritárias de C. carbonaria encontram-se na porção mediana - o que sugere que essas frações sejam mais eletronegativas. Na eletroforese em pH ácido 73 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) em gel de ágar-fosfato observou-se novamente diferenças no perfil de corrida eletroforética entre C. denticulata (uma fração) e C. carbonaria e C. carbonaria* (duas frações), mas nenhuma diferença entre as duas últimas. A cromatografia líquida de alta performance (HPLC) permitiu a observação de cinco frações, identificadas por picos de retenção, nas hemoglobinas de C. carbonaria e C. carbonaria*, evidenciando semelhanças entre os dois grupos. Ambas diferenciaramse do perfil de C. denticulata, no qual foi possível observar quatro picos de retenção. Os resultados das eletroforeses de cadeias polipeptídicas foram iguais entre todos os grupos, o que sugere semelhança na composição das globinas para a formação dos tetrâmeros funcionais. No perfil de cadeias polipeptídicas em pH ácido foram observadas seis globinas, e na eletroforese de cadeias em pH alcalino, duas globinas. No entanto, observamos a existência de uma fração a mais nos machos de C. denticulata, totalizando três frações. Essa observação provavelmente está relacionada a um possível padrão de dimorfismo sexual nesta espécie. Essas divergências podem ser devidas ao fato de que as cadeias globínicas (tipo alfa e não alfa) se unem de forma distinta em cada tetrâmero de hemoglobina, com modificações na carga elétrica da molécula, permitindo a observação de diferenças na eletroforese. Quando as globinas são separadas no tetrâmero, observa-se a migração das frações alfa e não alfa globina separadamente. A composição dos aminoácidos que compõem as cadeias globínicas não é a mesma para as globinas alfa e não alfa, e consequentemente as diferentes combinações entre elas formam moléculas com cargas elétricas diferentes, resultando em mobilidades diferentes durante a corrida eletroforética. Destacamos ainda que o pH e o substrato exercem influência sobre a corrida eletroforética, pois determinam as condições nas quais se deseja observar o comportamento das hemoglobinas. É possível que as diferenças entre os perfis hemoglobínicos de C. denticulata e C. carbonaria estejam relacionadas ao ambiente em que essas espécies são encontradas: a primeira geralmente em florestas tropicais, e a segunda em regiões de cerrado (PRITCHARD; TREBBAU, 1984). As diferenças na conformação do tetrâmero, visualizadas nas eletrofores em pH alcalino em acetato de celulose e em pH ácido em gel de ágarfosfato, ocorrem provavelmente de acordo com a necessidade e eficiência do transporte de O2 ao tecidos, conforme a demanda em relação ao habitat em que as espécies estão inseridas. C. carbonaria e C. denticulata possuem características mais perceptivelmente distintas, tanto morfológica como molecularmente, devido ao fato de essas espécies terem divergido há milhares de anos em um evento vicariante ocorrido durante o Pleistoceno, que resultou na fragmentação da floresta amazônica (VARGAS-RAMÍREZ et al., 2010). Eventos de hibridização não podem ser confirmados neste estudo, visto que os animais utilizados são provenientes de cativeiro e possuem origem incerta, o que também dificulta o estabelecimento correto de fatores como idade e tempo de geração de cada animal estudado. Assim, as diferenças observadas no perfil eletroforético de C. carbonaria e C. carbonaria* em pH alcalino provavelmente são devidas a uma possível pressão evolutiva que pode estar relacionada a requerimentos fisiológicos que envolvem as hemoglobinas, bem como ao habitat desconhecido de onde os espécimes estudados originaram-se, o que pode estar resultando na separação de C. carbonaria a outras linhagens, como C. carbonaria*. Conclusão Existem diferenças na mobilidade eletroforética das moléculas de hemoglobina entre C. denticulata, C. carbonaria e C. carbonaria* na eletroforese em pH alcalino. A cromatografia líquida de alta performance evidenciou diferentes 74 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) tempos de retenção nas frações de globina de C. denticulata e C. carbonaria, mas não entre C. carbonaria e C. carbonaria*. O comportamento eletroforético das cadeias de globina é semelhante nos três grupos. Auxílio Financeiro: Universal CNPQ – Processo: 475074/2012-2 Referências Bibliográficas: VARGAS-RAMÍREZ, M. et al. Red- and yellow-footed tortoises, Chelonoidis carbonaria and C. denticulata (Reptilia: Testudines: Testudinidae), in South American savannahs and forests: do their phylogeographies reflect distinct habitats? Organisms Diversity & Evolution, v.10, p.161-172. 2010. SILVA, T.L. Estudo morfológico e citogenético em duas espécies de jabutis do gênero Chelonoidis (Testudines). Dissertação apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Biologia Animal, para obtenção do Título de Mestre em Biologia Animal, 2011. SULLIVAN, B.; RIGGS, A. Structure, function and evolution of turtle hemoglobins. II. Electrophoretic studies. Comparative Biochemistry Physiology, v.23, p.449-458, 1967. SILVA, T. L. et al. Blood Sampling in Testudinidae and Chelidae. Herpetological Review, v.43 (1), p. 64-65, 2012. PRITCHARD, P.C.H.; TREBBAU, P. The Turtles of Venezuela, Fundación de Internados Rurales (Venezuela). Society for the study of Amphibians and Reptiles, p.111-117, 1984. DESSAUER, H.C.; FOX, W.; RAMIREZ, J.R. Preliminary attempt to correlate paper-electrophoretic migration of hemoglobins with phylogeny in Amphibia and Reptilia. Archives of Biochemistry and Biophysics, v.71, p.11-16, 1957. 75 __________________________________________________ 25. Análise da espermatogênese (Hemiptera, Triatominae) de Triatoma Iniciação Científica (GAE) sordida teratogênicos REIS, Y.V¹; ALEVI, K.C.C¹; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V¹. ¹Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE Introdução A doença de Chagas é uma tripanossomíase causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi (Kinetoplastida, Trypanosomatidae) que afeta, principalmente, a América do Norte. Esse protozoário é transmitido aos humanos por meio das fezes de triatomíneos contaminados, uma vez que os triatomíneos são insetos hematófagos que tem o hábito de defecar durante o repasto (NOIREAU et al., 2009). Triatoma sordida é um importante vetor da doença de Chagas, pois apresenta grande distribuição geográfica, podendo ser encontrado em, pelo menos, 13 Estados brasileiros (GURGUEL-GONÇALVES et al., 2012) e já foi encontrado infectado em regiões de peridomicilio e intradomicilio (DIOTAIUTI et al., 1998; SILISTINO-SOUZA et al., 2013). Alterações morfológicas, principalmente das asas, já foram observadas para T. sordida (CARCAVALLO et al.,1998). Objetivo Dessa forma, o objetivo desse trabalho foi analisar a espermatogênese de exemplares teratogênicos de T. sordida, com o objetivo de avaliar a viabilidade dos gametas desses triatomíneos. Material e métodos Foram utilizados 3 machos adultos teratogênicos da espécie T. sordida, cedidos pelo “Insetário de Triatominae”, instalado no Departamento de Ciências Biológicas, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Câmpus de Araraquara. Os túbulos seminíferos dos machos adultos, depois de dilacerados e fixados na lâmina, foram submetidos à técnica citogenética de orceína lacto-acética (DE VAIO et al., 1985, com modificações de acordo com ALEVI et al., 2012). O material biológico foi analisado ao microscópio de luz Jenaval (Zeiss), acoplado à câmera digital e ao sistema analisador de imagens Axio Vision LE 4.8 (Copyright ©2006-2009 Carl Zeiss Imaging Solutions Gmb H), com aumento de 100 vezes. Resultados Por meio das análises citogenéticas, algumas peculiaridades puderam ser observadas durante a meiose dos exemplares de T. sordida, como um grande cromocentro heteropicnótico na prófase inicial, ausência de recombinação entre alguns homólogos no diplóteno, pontes cromatínicas na diacinese e ausência de pareamento entre alguns cromossomos homólogos durante a metáfase, resultando em monovalentes. Discussões Em 1998, Noireau e colaboradores propuseram que pudesse estar ocorrendo um fenômeno de especiação críptica em algumas populações de T. sordida, uma vez que os autores observaram isolamento reprodutivo entre diferentes populações. Os autores sugeriram que havia uma divergência evolutiva recente entre as populações, pois o índice de hibridização foi de apenas 3%. T. sordida apresenta um conjunto diploide de 22 cromossomos (20 autossomos + XY) (SCHREIBER e PELLEGRINO, 1950). Peculiaridades observadas no presente estudo, como cromossomos condensados e quiasmas, presença de pontes de cromatina entre os cromossomos em diacinese, bem como o não pareamento de alguns cromossomos metafásicos, nunca haviam sido descritas na literatura. 76 __________________________________________________ Iniciação Científica (GAE) Possivelmente, as teratogêneses e a meiose incomum sejam resultantes do cruzamento de populações de T. sordida isoladas reprodutivamente, resultando em uma F1 que, embora tenha conseguido chegar à fase adulta, apresente um baixo valor adaptativo e produza gametas inviáveis. Conclusões A partir dos resultados observados, é possível propor que o fenômeno de especiação críptica também esteja ocorrendo nas populações de T. sordida do Brasil. No entanto, ressaltamos a importância de estudos nessa área a fim de entender os mecanismos que conduzem esse fenômeno. Auxílio Financeiro: FAPESP e CNPq. Referências bibliográficas CARCAVALLO, R.U.; GALINDEZ-GIRON, I.; JURBERG, J.; GALVAO, C..; NOIREAU, F..; CANALE, D.M. Mutations, hybrids, and teratologies. In: Atlas of Chagas Disease Vectors in the America (CARCAVALLO, R.U.; GALÍNDEZ-GIRÓN, I.; JURBERG, J.; LENT, H., eds.). Editora Fiocruz, Rio de Janeiro, 515-536. DIOTAIUTI, L.; AZEREDO, B.V.M.; BUSEK, S.C.U.; FERNANDES, A.J. Controle do Triatoma sordida no peridomicílio rural do município de Porteirinha, Minas Gerais, Brasil. Rev Panam Salud Publica v. 3, p.. 21-25, 1998. GURGEL-GONÇALVES, R.; GALVÃO, C.; COSTA, J.; PETERSON, A.T. Geographic distribution of Chagas’s disease vectors in Brazil based on ecological niche modeling. J Trop Med v. 2012, p. 15, 2012. LENT, H.; WYGODZINSKY, P. Revision of the Triatominae (Hemiptera: Reduviidae) and their significance as vector of Chagas’s disease. Bull Am Mus Nat Hist v. 163, p. 123-520, 1979. NOIREAU F, DIOSQUE P, JANSEN AM. Trypanosoma cruzi: adaptation to its vectors and its hosts. Vet. Res., v. 40, p. 1-26, 2009. NOIREAU F, GUTIERREZ T, ZEGARRA M, FLORES R. Cryptic speciation in Triatoma sordida (Hemiptera: Reduviidae) from the Bolivian Chaco. Trop. Med. Int. Health v. 3, p. 364-372, 1998. SCHREIBER G, PELLEGRINO J. Heteropycnosis of the autosomes as possible mechanism of speciation: cytologicalresearch in some Neotropical Hemiptera. Sci. Genet. v. 3, p. 215-226, 1950. SILISTINO-SOUZA, R., ALEVI, K.C.C., CASTRO, N.F.C., FREITAS, M.N., PAPA, M.D., SCANDAR, S.A.S.; BESTETTI, R.R., ROSA, J.A., AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. Entoepidemiology of Chagas disease in northwest São Paulo and cytogenetic analysis of its main vector, Triatoma sordida (Hemiptera: Triatominae). Gen Mol Res v. 12, p. 5810-5819, 2013. 77 __________________________________________________________ Mestrado (GAE) 26. Estrutura populacional de Nasutitermes corniger (Isoptera: Termitidae: Nasutitermitinae) na região Neotropical SANTOS, A.F.¹; MORALES-CORRÊA e CASTRO, A.C.¹; CARRIJO, T.F.²; CANCELLO, E.M.² ¹Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias/UNESP ²Museu de Zoologia da USP – São Paulo Introdução Os cupins (infraordem Isoptera) são insetos eussociais, e desempenham papéis importantes no ecossistema, como o de “super decompositores” e auxiliares no balanço Carbono-Nitrogênio. Além disso, os cupins participam do processo de ciclagem de nutrientes, formação e aeração do solo, podendo ser chamados de “engenheiros do ecossistema” (LAWTON, 1994; LAVELLE et al., 1997). Recentemente, Isoptera foi posicionado dentro da ordem Blattaria, assumindo a posição de infraordem. Atualmente são conhecidos 92 gêneros e 562 espécies que ocorrem na região Neotropical (CONSTANTINO, 2014), área deste estudo. Isoptera apresenta nove famílias, dentre as quais Termitidae é a maior e mais diversa do mundo, abrangendo atualmente 70 gêneros, 399 espécies e oito subfamílias. Dentre essas, Nasutitermitinae é a subfamília mais diversa, contendo atualmente 28 gêneros e 161 espécies na região Neotropical (CONSTANTINO, 2014), e abrange a espécie deste estudo, Nasutitermes corniger. A distribuição da espécie nessa região é bastante ampla, abrangendo mais de 6000km de distância, desde o sul do México ao norte da Argentina, incluindo regiões como Colômbia, Venezuela, Guiana, Brasil, Equador e Bolívia (SNYDER, 1926; 1949; ARAUJO, 1977; TORALES e ARMUA, 1986; CONSTANTINO,1998; apud SCHEFFRAHN et al., 2005a, p. 273). Apesar da ampla distribuição, a evolução dos cupins ainda é pouco conhecida em relação a outros grupos de insetos eussociais. Marcadores moleculares, tanto nucleares como mitocondriais, vêm sendo utilizados para inferência de relações filogenéticas de Isoptera, em diferentes níveis hierárquicos, como também para a compreensão da estrutura populacional destes insetos, obtidas através da quantificação da variação genética dentro e entre as colônias (PAMILO et al., 1997; ROSS, 2001). Objetivos Este trabalho teve como objetivo geral analisar, através de gene mitocondrial 16S rRNA, variantes populacionais de N. corniger de ocorrência no alto rio Madeira, Rondônia, bem como compará-las com variantes populacionais de espécimes ocorrentes em Jaboticabal, SP, Corumbá, MS, e em outras localidades – distribuídas entre a América Central e norte da América do Sul – cujas sequências foram obtidas no GenBank. Para verificar a possível estruturação das populações analisadas, utilizou-se um enfoque filogeográfico, verificando se eventos recorrentes, como fluxo gênico e/ou históricos (tais como vicariância ou expansão de área), contribuem para a estrutura destas populações. Materiais e Métodos Foram amostradas 45 colônias de N. corniger, cujos locais de procedência dos indivíduos estão relacionados na Tabela 1. As amostras de DNA dos indivíduos foram extraídas utilizando-se a metodologia de Liu e Beckenbach (1992). O gene 16S rRNA foi amplificado utilizando-se PCR, de acordo com a metodologia proposta por Legendre et al. (2008). O produto de PCR foi purificado com o kit NucleoSpin®Geland PCR Clean-up. A amostras foram sequenciadas através do conjunto de reagentes “Big Dye” (Perkin-Elmer) no sequenciador automático de DNA ABI PrismTM377. Esta reação foi submetida aos mesmos ciclos da reação de amplificação do fragmento do gene mitocondrial. 78 __________________________________________________________ Mestrado (GAE) As sequências de nucleotídeos foram lidas no programa Chromas Lite versão 2.01, e alinhadas no BioEdit v. 7.0.9.0 pelo método ClustalWMultipleAlignment, e através de inspeção manual. Através do programa DnaSP v. 5.10.01 estimou-se os seguintes parâmetros: quantidade de sítios polimórficos (S); diversidade nucleotídica (π) e haplotípica (Hd) e número médio de diferenças nucleotídicas. A análise de similaridade genética Neighbor-joining e a distância genética entre as populações foram obtidos com o programa MEGA v.4. Através do programa Arlequim v. 3.11, foi realizada a análise de variância molecular (AMOVA), para a qual foram utilizados dois grupos: um contendo todas as populações brasileiras e outro contendo as populações estrangeiras. Para as análises filogeográficas foi utilizada a NCPA (Nested Clade Phylogeografic Analysis). Para esta análise, uma rede haplotípica foi obtida com o programa TCS v.1.21. Por meio do programa GeoDis v.2.5 foram calculados os valores de Dc (distância do clado), Dn (distância do clado agrupado) e I-T (interior-extremidade) para os clados formados na rede haplotípica. Os índices calculados e sua significância foram testados na chave de inferência filogeográfica de Templeton (2004). Resultados e discussão As populações de N. corniger analisadas demonstraram elevada diversidade genética, observada pelo alto número de sítios polimórficos (S), número de haplótipos, 18 no total, e alta diversidade haplotípica (Hd=0,909). De acordo com a árvore de similaridade genética Neighbor-Joining (Figura 1), essa variabilidade parece estar bastante individualizada pelas quatro grandes áreas de amostragem – Jaboticabal, SP, Rondônia, Corumbá, MS e países da América Central, México, Equador, e Suriname, pois os haplótipos encontrados nestas áreas não são extensamente compartilhados entre si, de modo que cada uma destas áreas pode ser caracterizada pelos haplótipos que possuem. A árvore de Neighbor-Joining evidencia esta subdivisão populacional presente nesta espécie, quando se observa que os grandes ramos desta topologia são formados por indivíduos de mesma localidade geográfica, não havendo compartilhamento de haplótipos entre as localidades. Desse modo, é possível afirmar que esta espécie se apresenta estruturada geneticamente nas populações analisadas. A maior parte dos indivíduos que representam os outros países formou um grupo coeso entre si, posicionado na extremidade da árvore equivalente a um grupo externo se analisados filogeneticamente. Este padrão de estruturação pode ser decorrente da grande distância geográfica que os separa, de modo que outras populações intermediárias podem ser futuramente analisadas para se corroborar ou não o resultado aqui apresentado. Pode-se inferir a ausência de fluxo gênico entre as grandes áreas de amostragem, fato suportado pelos valores obtidos na análise da AMOVA. Os altos valores significativos de Фst=0,58590 nessa análise indicam estruturação populacional dentro das áreas, demonstrando que as populações são diferentes geneticamente e, portanto, que não há compartilhamento haplotípico entre elas, nesse caso. Em relação às análises filogeográficas, para o clado da rede haplotípica que inclui todas as amostras de todas as regiões, os resultados indicaram expansão contígua de área, colonização a longa distância ou fragmentação passada. A amostragem não foi suficiente para discriminar entre estas três hipóteses, pois há a necessidade de se amostrar regiões intermediárias às amostradas. Contudo, a hipótese de expansão contígua de área é mais parcimoniosa, levando-se em conta a ampla distribuição da família Termitidae. Além disso, sabe-se, através de outros trabalhos, que o gênero Nasutitermes ocorre em regiões intermediárias às amostradas. 79 __________________________________________________________ Nº do indivíduo 88, 89, 90, 91, 92, 93, 94, 95 156, 158, 159, 161, 162 163, 164 Mestrado (GAE) Local de procedência Jaboticabal – SP Ilha de Búfalos, (Porto Velho) Jaci Paraná - RO Teotônio, Porto Velho – RO 165, 166, 167 (Porto Velho) Abunã – RO 168, 170 171, 172, 173, 174, 175, 176, 177, 178 179, 180, 181, 182, 183, 184, 185 194 Caiçara, (Porto Velho) Mutum Paraná - RO 195 Porto Rico* 196 Jamaica* 197 México* 198 Guadalupe* 199 Saint Kiss e Nevis* 200 Suriname* 201 Dominica* 202 Equador* 203 West Indies* (Porto Velho) Mutum-Paraná/Mutum - RO Passo do Lontra, Corumbá - MS República Dominicana* *Sequências nucleotídica obtidas no GenBank. Figura 2. Árvore de similaridade genética Tabela 1. Número dos indivíduos amostrados com seu respectivo Neighbor-joining não enraizada. local de procedência. Conclusão Verificou-se que as populações de N. corniger analisadas possuem elevada variabilidade genética, a qual parece estar bastante individualizada nas quatro grandes áreas de amostragem: Jaboticabal, SP, Rondônia, Corumbá, MS e países da América Central, México, Equador e Suriname. Os haplótipos encontrados nas áreas de estudo não são compartilhados entre si, portanto cada uma das áreas pode ser caracterizada pelos haplótipos que possuem, demonstrando que as populações estão estruturadas geneticamente. Para uma melhor compreensão dos fatores filogeográficos das áreas deste estudo, deve ser feita uma amostragem das regiões intermediárias que ocorrem entre as populações amostradas. Auxílio Financeiro: Pró-Reitoria de Pesquisa. Referências Bibliográficas LEGENDRE, F.; WHITING, M. F.; BORDEREAU, C.; CANCELLO, E. M.; EVANS, T. A.; GRANDCOLAS, P. The phylogeny of termites (Dictyoptera: Isoptera) based on mitochondrial and nuclear markers: Implications for the evolution of the worker and pseudergate castes, and foraging behaviors. Molecular Phylogenetics and Evolution, v. 48, p. 615-627, 2008. SCHEFFRAHN, R. H.; KRECEK, J.; SZALANSKI, A. L.; AUSTIN, J. W. Synonymy of Neotropical arboreal termites Nasutitermes corniger and N. costalis (Isoptera: Termitidae: Nasutitermitinae), with evidence from morphology, genetics, and biogeography. Annals of the Entomological Society of America, v. 98, n. 3, p. 273–281, 2005 (a). 80 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) 27. Análises de isoenzimas esterásicas em camarões dulcícolas do gênero Macrobrachium (Decapoda: Palaemonidae) 1,2 1,2 1,2 1,2 LOPES, A.G ; LIMA, A.V.B ; GUERRA, A.L. ; CASTIGLIONI, L. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE 2 Centro Universitário de Rio Preto - UNIRP Introdução Os camarões dulcícolas do gênero Macrobrachium pertencem à Família Palaemonídae. Com ampla distribuição geográfica, esses camarões habitam água doce e salobra, ocorrendo em rios, lagos, represas, pântanos e estuários. Apresentam hábitos crípticos, com maior atividade no fim da tarde e à noite, permanecendo no período diurno em abrigos formados por fendas, buracos ou raízes e folhas submersas. As espécies desse gênero possuem um potencial valor econômico, pois constituem fontes de proteína animal para a dieta humana e, também, são muito utilizadas como iscas vivas na prática de pesca esportiva. Além dos fatores econômicos, podemos destacar a importância dos mesmos nos ecossistemas aquáticos, onde atuam como predadores de peixes e de outros invertebrados, ou como presas de peixes, aves, répteis etc. Entretanto, pouco se sabe a respeito da biologia desses organismos, uma vez que os trabalhos encontrados na literatura abordam, principalmente, aspectos ecológicos e do manejo de espécies com potencial comercial (MAGALHÃES et al., 2005). Até o presente, poucos estudos para a caracterização de enzimas esterásicas foram realizados em crustáceos, mesmo sabendo-se da importância fisiológica das mesmas. As esterases são enzimas que hidrolisam ésteres de ácidos carboxílicos, pertencentes a uma grande família multigênica, conservada evolutivamente. Diferentes tipos de esterases têm sido caracterizados em inúmeros organismos, desde bactérias, insetos, aves, répteis e mamíferos (FRASCO et al., 2006; GUNNING, 2006). Outro aspecto importante é a problemática taxonômica existente entre M. jelskii e M. amazonicum, os quais são espécies sintópicas e morfologicamente muito semelhantes. Objetivos O presente trabalho teve como objetivo geral estudar a variabilidade genética de três espécies de camarões de água doce, pertencentes ao gênero Macrobrachium (M. jelskii, M. amazonicume, M. brasiliense), utilizando-se o padrão de isoenzimasesterásicas envolvendo órgãos como: cérebro, olhos e gônadas. Como objetivos específicos, pretendeu-se: caracterizar o padrão isoenzimático das esterases nas três espécies em questão; obter os padrões de esterases sexoespecíficos e órgão-específicos e inferir seus prováveis papéis fisiológicos; obter resultados pioneiros acerca da variabilidade genética das mesmas, as quais permitirão, futuramente, a aplicação de outras metodologias. Materiais e Métodos As amostras de M. jelskii (Mj) e M. amazonicum (Ma) analisadas no presente estudo foram coletadas na Represa Barra Mansa, Mendonça, SP (21º14’27”S e 49º56’28”W). As amostras de M. brasiliense (Mb) foram coletadas no córrego Talhadinho, em Talhados, SP (20º47’07”S e 49º20’35”W). Nas coletas foram utilizadas peneiras (2mm de diâmetro), passadas sob a vegetação subaquática e marginal. Os animais coletados foram armazenados em caixas de isopor e, então, transportados para o Laboratório de Zoologia da UNIRP, onde foram identificados segundo Melo (2003). Após a identificação e a separação por sexo, as amostras foram dissecadas e os órgãos congelados, para posterior análise. Os órgãos analisados foram cérebro, gônadas e olhos provenientes de 90 indivíduos de cada 81 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) espécie (30 machos e 60 fêmeas). Os procedimentos para a eletroforese foram os desenvolvidos de acordo com a técnica descrita por Ceron (1988). Após a corrida, os géis foram pré-incubados por 1 hora em 100 ml de tampão fosfato 0,1M pH 6,2, à temperatura ambiente. Após a remoção do tampão, foi adicionada uma solução de coloração contendo 60 mg de -naftilacetato, 40 mg de -naftilacetato, 120 mg de Fast Blue RR em 100 ml de Tampão Fosfato 0,1M pH 6,2, por 1 hora, na ausência de luz. Em seguida, os géis foram tratados por 24 horas com solução descorante (etanol-ácido acético) e mantidos em recipientes plásticos contendo solução conservante (glicerina-ácido-acético), para a documentação fotográfica ou aguardando o processo de secagem. Para a realização destes testes, foram utilizados os seguintes inibidores: malathion (0,4mM), pOHMB (parahidroximercuribenzoato, 1mM) e sulfato de eserina (1 mM). As concentrações utilizadas foram padronizadas previamente, e estão de acordo com dados da literatura, descritos por diversos autores (LIMA-CATELANI et. al., 2004; CASTIGLIONI; BICUDO, 2005). Para as comparações das freqüências das bandas esterásicas entre fêmeas e machos das três espécies analisadas e, também para as comparações interespecíficas, foi utilizado o teste de Qui-quadrado (X2), com nível de significância de p< 0,05. Resultados e Discussão Com relação ao padrão esterásico observado no cérebro, foram visualizadas 11 bandas esterásicas nas três espécies, denominadas EST1 a EST11, a partir da extremidade mais anódica do gel. Não foram observadas diferenças qualitativas na presença de bandas interespecíficas, e nem quanto ao sexo. Essas diferenças existem apenas nas freqüências das mesmas. As bandas que apresentaram maiores freqüências foram a EST3, EST5 e EST6, nas três espécies, com variação de 60,00% a 93,33%. As bandas EST7, EST8, EST9, EST10 e EST11 apresentaram freqüências um pouco menores, variando de 30,00% a 86,66%. Já as bandas EST1, EST2 e EST4 apresentaram as freqüências mais baixas, com variação de 6,66% a 30,00%. Com relação ao padrão esterásico observado no olho, foram visualizadas 11 bandas nas três espécies analisadas, com diferenças na ocorrência das mesmas: 9 bandas em Mj, 8 em Ma, e 7 em Mb. Denominadas EST1 a EST11, a partir da extremidade mais anódica do gel. As diferenças qualitativas interessantes foram detectadas entre as três espécies. Com relação às bandas exclusivas, podemos destacar EST2 e EST3 exclusivas de Ma, com freqüências que variaram de 33,33% a 40,00% e 20,00 a 26,66%, entre machos e fêmeas, respectivamente para as duas bandas; a banda EST9 exclusiva de Mj, com variação de 13,33% a 20,00%, em machos e fêmeas, respectivamente; a ausência da banda EST1 em Ma, sendo a mesma encontrada nas outras espécies, com variação de 33,33% a 53,33%; ausência de EST8 nesta mesma espécie, está sendo encontrada nas outras duas espécies, com baixa freqüência (variando de 10,00% a 13,33% em machos e fêmeas de Mj, respectivamente, e de 20,00% a 26,66% machos e fêmeas de Mb, respectivamente); e, ainda, ausência de EST4 em Mb sendo a mesma encontrada em frequências moderadas nas outras duas espécies (20,00% em Mj, para ambos os sexos e com variação de 30,00% a 33,33% em machos e fêmeas de Ma, respectivamente). Algumas bandas esterásicas apresentaram 100,00% de freqüência nas amostras analisadas, para ambos os sexos: EST5 e EST7 nas três espécies, para ambos os sexos, e a EST6 também nas três espécies, para ambos os sexos, exceto em fêmeas de Mj (93,00%). Também com alta freqüência podemos destacar as bandas EST10 e EST11 (90,00% nas três espécies, para ambos os sexos). Quanto ao sexo, não foram observadas diferenças qualitativas na presença de bandas. Essas diferenças existem apenas nas freqüências das mesmas. Nas 82 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) gônadas analisadas foram detectadas 11 bandas esterásicas, nas três espécies analisadas. Denominadas EST1 a EST11. Não foram observadas diferenças qualitativas interespecíifcas. As diferenças existem apenas quanto às freqüências das mesmas.A banda EST3 foi encontrada em 100% dos indivíduos analisados, nas três espécies. As demais bandas apresentaram frequências variadas: as bandas EST4 e EST5 variaram de 46,66% a 93,33%; com frequências médias encontramos as demais bandas (EST1, EST2 e EST6), variando de 10,00% a 73,33%. As bandas EST7 à EST11 foram encontradas apenas nas fêmeas das três espécies analisadas, com frequências que variaram de 26,66% a 73,33%. No cérebro foram detectadas onze bandas esterásicas, encontradas em ambos os sexos, nas três espécies analisadas. Os dados relacionados ao uso de inibidores mostraram que todas as bandas analisadas (EST3, EST5, EST6 a EST11) podem ser classificadas como sendo colinesterases, uma vez que todas foram sensíveis ao malathion e ao sulfato de eserina, independentemente do grau de inibição das mesmas. Na estrutura ocular foram observadas onze bandas esterásicas, encontradas em ambos os sexos, mas com variações interespecíficas. Os dados relacionados ao uso de inibidores mostraram que todas as bandas analisadas podem ser classificadas como colinesterases, uma vez que todas foram sensíveis ao malathion. Nas gônadas dos machos e fêmeas analisados foram detectadas onze bandas esterásicas. Quanto ao padrão de inibição, para as três espécies analisadas, as bandas EST1 (exceto em Mb, não detectada nestes experimentos devido à baixa freqüência), EST5, EST8 e EST9 foram inibidas de moderada a totalmente pelo pOHMB, indicando serem arilesterases. No presente trabalho, apesar do alto polimorfismo verificado nas três espécies analisadas, poucas variações interespecíficas foram detectadas. Provavelmente este achado esteja relacionado à importância fisiológica destas enzimas, uma vez que as mesmas são conservadas evolutivamente e, também, à maior proximidade genética entre Mj e Ma e a menor entre essas duas espécies em relação a Mb. As comparações interespecíficas dos valores de X2 mostraram que as diferenças nas freqüências das bandas esterásicas são significativas em todos os órgãos analisados, com exceção de apenas da estrutura ocular. Conclusão O alto grau de polimorfimoesterásico evidenciado no presente trabalho requer novos estudos capazes de aprofundar o conhecimento a cerca dos aspectos bioquímicos, genéticos e evolutivos que controlam a expressão dos genes pertencentes à família das esterases nestas espécies. Auxílio Financeiro: FAPESP Referências Bibiográficas CASTIGLIONI, L., BICUDO, H.E.M.C. Molecular characterization and relatedness of Haematobiairritans (horn fly) populations, by RAPD-PCR.Genetica, v. 124, p. 11-21, 2005. CERON, C.R. Padrão de esterases no desenvolvimento de Drosophila mulleri, D. arizonensise seus híbridos. Instituto de Biociências/USP, Ribeirão Preto (SP). (Tese de Doutorado) 1988. FRASCO, M.F.,FOURNIER, D., CARVALHO, F., GUILHERMINO, L. Cholinesterase from the prawn eyes. Aq. Tox., v.77, p.412-21, 2006. GUNNING, R.V. Inhibition of carbamate-insensitive acetylcholinesterase by piperonylbutoxide in Helicoverpaarmigera.J. Mol. Neurosci, v. 30, p. 21-22, 2006. LIMA-CATELANI, A.R., CERON,C.R., BICUDO, H.E.M.C. Variation of genetic expression during development, revealed by esterase patterns in Aedes aegypti (Diptera, Culicidae). BiochemGenetics, v. 42, n. 3-4, p. 69-84, 2004. MAGALHÃES, C., BUENO, S., BOND, G., VALENTI, W.C., SILVA, H.M., KIYOARA, F., MOSSOLIN, E.C., ROCHA, S. Exotic species of freshwater decapod crustaceans in state of São Paulo, Brasil: records and causes of their introduction. Biod.andConserv., v. 14, p. 1929-45, 2005. MELO, G.A.S. Manual de identificação dos Crustacea Decapoda de água doce do Brasil., 2003. 83 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) 28. Morfometria do edeago e da asa em populações de Drosophila sturtevanti do bioma Mata Atlântica de Santa Catarina 1 TRAVA, B.M. ; MADI-RAVAZZI, L. 1 UNESP/IBILCE 1 Introdução A diferenciação populacional é uma etapa fundamental do processo de especiação. Dois marcadores morfológicos têm sido amplamente utilizados nesse tipo de abordagem em populações de espécies de Drosophila, que são o edeago e a asa. O edeago constitui uma das estruturas da terminália mais importantes para diagnóstico de muitas espécies do grupo, além de apresentar evolução muito rápida e divergente quando comparada com outras características morfológicas (SOTO et al, 2007). O desenvolvimento da asa tem sido amplamente estudado e é relativamente bem compreendido (DE CELIS, 2003) e apresenta altos níveis de plasticidade fenotípica em relação a diferentes fontes de variação ambiental (CARREIRA et al., 2008; SOTO et al., 2008). Drosophila sturtervanti, subgrupo sturtevanti, grupo saltans, apresenta ampla distribuição geográfica, ocorrendo desde o do México ao sul do Brasil e nas ilhas Caribenhas. Mecanismos pré e pós zigóticos foram encontrados atuando entre as espécies desse subgrupo (BICUDO,1979; HOSAKI-KOBAYASHI E BICUDO, 1997) e um isolamento sexual incipiente entre linhagens geográficas de D. sturtevanti foi obtido por DOBZHANSKY (HOSAKI-KOBAYASHI E BICUDO, 1994). Dados preliminares, obtidos no nosso grupo de pesquisa têm indicado uma variação considerável da forma do edeago em populações de D. sturtevanti que pode estar relacionada com a estruturação populacional dessa espécie. Objetivo Avaliar a estrutura populacional de Drosophila sturtevanti em domínios da Mata Atlântica utilizando marcadores morfológicos Materiais e Métodos Neste trabalho foram analisados amostras de D. sturtevanti de três populações naturais localizadas em Santa Catarina (Reserva Biológica Estadual do Aguaí – AG, Piraí – PI e Ribeirão da Ilha – RI). A identificação da espécie foi realizada pela análise do edeago. As asas direitas e os edeagos são correspondentes de 35 indivíduos de cada população que foram utilizados nas análises. As lâminas contendo as asas foram fotografadas no microscópio estereoscópico (Leica MZ16) e os edeagos no microscópio (Leica DM 4000B). As análises morfométricas das asas foram realizadas utilizando o programa MorphoJ (KLINGENBERG, 2011), obtendo as diferenças de tamanho e forma da asa pela ANOVA, as distâncias de Procruste entre as populações e a análise das variáveis canônicas (CVA). Para a análise morfométrica do edeago foi utilizado o programa SHAPE v1.3, sendo possível avaliar o contorno de formas baseadas em Descritores Elípticos de Fourier (DEFs) (KUHL E GIARDINA, 1982). Após a determinação dos componentes principais (PCs), os valores encontrados foram submetidos ao teste de normalidade de Shapiro-Wilk (W). Os PCs com distribuição normal foram analisados por meio da ANOVA e aqueles que não apresentaram tal distribuição foram analisados utilizando o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis. A análise de agrupamento Mclust foi realizada pelo programa R para o edeago. 84 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) Resultados e Discussão Variação do Tamanho e na Forma da Asa e da Forma do edeago A ANOVA revelou diferença significativa no tamanho das asas entre as três populações de D. sturtevanti (F=5,37; p=0,0053). Na análise da forma das asas também foi observada diferença significativa entre as populações (F=2,48; p<0,0001). Na análise da forma do edeago, cinco PCs foram eficazes e descreveram 91,7% da variação total. A análise de normalidade dos dados mostrou que PC1, PC2, PC3 e PC5 apresentaram distribuição normal, sendo analisados por ANOVA, enquanto PC4, que não apresentou distribuição normal, foi analisado pelo teste de Kruskal-Wallis. Sendo significativos PC1 e PC4 (<0,0001 e 0,006). As populações apresentaram diferenças significativas para o tamanho e para a forma de suas asas e para a forma de seus edeagos, o que corrobora o poder taxonômico destes caracteres morfológicos, que já havia sido demonstrado para outras espécies de Drosophila (SHORROCKS, 1972), inclusive para espécies crípticas. Distância de Procrustes e Análise das Variáveis Canônicas das Asas Os maiores valores de distância de Procrustes foram observados entre as populações de Aguaí e Piraí e Aguaí e Ribeirão da Ilha (0,0072 e 0,0075, respectivamente) e, a menor distância foi encontrada entre Ribeirão da Ilha e Piraí (0,0058), todas significativas (p<0,01). Para a análise das variáveis canônicas, os valores médios de CV1 e CV2 representaram 78,93% da variância total da forma entre as populações. A distribuição de cada população no espaço das variáveis canônicas mostrou que, para CV1, Aguaí apresenta um deslocamento do posicionamento dos marcos 5 e 6 quando comparada com as demais populações. Sendo possível reconhecer diferentes formas da asa em compartimentos distintos, onde os indivíduos de D. sturtevanti de Aguaí demonstraram uma maior distância e diferenciação quando comparada entre os indivíduos das demais populações na Região Intervenal D (IVRD) localizada perto da região distal da asa. Estes resultados também foram obtidos por Cavicchi e colaboradores (1985) para D. melanogaster, o qual demonstrou que a parte posterior da asa exibe uma resposta plástica para a variação na temperatura do ambiente. Quando há movimentação das veias transversais, como ocorreu nos marcos anatômicos equivalentes ao marco 4 e 5, em direção à porção proximal da asa ou em direção à porção mais distal, está relacionado à variação de temperatura como também observado nos estudos com D. cardini (RIBEIRO et al, 2014) e D. melanogaster (DEBAT et al, 2009). Análise de agrupamento MCLUST A análise de agrupamento MCLUST, realizada para verificar a existência de estruturação morfológica nos edeagos de D. sturtevanti sem uma suposição a priori da existência de qualquer agrupamento , resultou em quatro modelos que melhor explicaram a dispersão dos dados para a forma . Estes modelos foram : " EEE": distribuição elipsoidal ; volume, forma e orientação iguais; "EEV": distribuição elipsoidal; volume e forma iguais; "EVI": distribuição diagonal; volume igual e forma variável, e; "VVI": distribuição diagonal ; volume e forma variáveis . Dentre estes agrupamentos, observa-se seis grupos reconhecidos a partir da variabilidade morfológica total dos edeagos analisados onde o maior número de indivíduos de Piraí (14) e Ribeirão da Ilha (11) foram agrupados no grupo 1, e a maioria dos indivíduos de Aguaí (10) foram agrupados no grupo 4 conforme mostra a tabela. A variação no tamanho e forma do edeago de diversas espécies de Drosophila pode ser influenciada pela temperatura e o tipo de substrato larval, o que poderia ser responsável pelos resultados encontrados (SOTO et al, 2007). 85 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) Conclusão As populações de Drosophila sturtevanti analisadas diferem significativamente uma maior diferenciação em comparação com as populações de Ribeirão da Ilha e Piraí. A variação observada pode estar relacionada a diferentes pressões seletivas das populações ou apenas uma plasticidade fenotípica dos caracteres analisados. Isso deverá ser analisado juntamente com novos estudos com marcadores moleculares e do isolamento reprodutivo para um melhor entendimento da estrutura dessas populações. Auxílio Financeiro: FAPESC, CNPq. Referências Bibliográficas BICUDO, H.E. M.C. Reproductive isolation in the saltans group of Drosophila. IV. The sturtevanti subgrupo. Rev. Brasil.Genetics.v. 2, n.4, p. 247-258, 1979. CARREIRA, V.P.; SOTO, I.M.; FANARA, J.J.; HASSON, E. A study of wing morphology and ßuctuating asymmetry of interspeciÞc hybrids between Drosophila buzzatii and D.koepferae. Genetica, v. 133, p. 1-11, 2008. CAVICCHI, S.; GUERRA, D.; GIORGI, G.; PEZZOLI, C. Temperature-related divergence in experimental populations of Drosophila melanogaster. I. Genetic and developmental basis of wing size and shape variation. Genetics, v. 109, p. 665-689, 1985. DE CELIS, J.F. Pattern formation in theDrosophilawing: the development of the veins. Bioessays, v. 25, p. 443–451, 2003. DEBAT, V., DEBELLE, A.; DWORKIN, I. 2009. Plasticity, canalization, and developmental stability of the Drosophila wing: joint effects of mutations and developmental temperature. Evolution. v.6, p.2864-2876, 2009. HOSAKI-KOBAYASHI, M. K.; BICUDO, H.E. M.C. Reproductive incompatibilities among Drosophila sturtevanti laboratory stocks in mass mating and pair mating crosses. 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SOTO, I.M.; MANFRIN, M.H.; HASSON, E. Host-dependent phenotypic plasticity of male genital morphology in cactophilic Drosophila. J. Zool. Syst. Evol. Res., v. 46, p.368-373, 2008. 86 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) 29. Identificação de novo, caracterização e anotação dos elementos de transposição no genoma da broca-do-café (Hypothenemus hampei) 1 2 2,3 HERNÀNDEZ, E. M ; BENAVIDES , P; NAVARRO L. ; CARARETO, C. M. A. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE 2 Centro Nacional de Investigaciones del Café, CENICAFÉ. Colombia. 3 Department of Entomology, Purdue University. EUA. 1 Introdução A Broca-do-Café (bdC) Hypothenemus hampei (Ferrari) é a praga mais devastadora da produção cafeeira já que gera uma redução na produção e qualidade da bebida. Seu estrago principal é sobre o grão do café o qual é o produto comercial do cultivo, o qual gera perdidas econômicas que perdidas anais que excedem os U$500 milhões, afetando mais de 20 milhões de famílias agricultoras em cerda de 80 países. O comportamento da BdC é caracterizado pela endogamia e por conseguinte tem uma variabilidade genética baixa, embora isto não tenha sido uma limitante para sua bem-sucedida colonização em cultivos novos e sua dispersão por todos os países produtores de café. Devido a sua importância como praga para o café, o Centro Nacional de Pesquisa do Café (Cenicafé) na Colômbia iniciou o projeto do genoma da espécie o qual ainda esta em curso e do qual esta pesquisa faz parte. Uma fração importante e altamente diversa dos genomas está representada pelos elementos de transposição (TEs), que são sequências ubíquas de DNA com a capacidade de se movimentar e de se propagar de um local para outro no genoma e são classificados em duas classes principais em base a se precisam de um passo de transcrição reversa (Classe 1) o se não (Classe 2). Os TEs como entidades dinâmicas que são têm efeitos relevantes no genoma hospedeiro que vão desde efeitos deletérios por interrupção de genes durante o processo de inserção, passando por mudanças no tamanho do genoma pela propagação deles, até ser parte importante na regulação genômica e geração de diversidade genética adaptativa; por outro lado, como os TEs estão distribuídos por o genoma tudo, os padrões de inserção gerados constituem uma fonte poderosa de marcadores para análises genéticos de diversidade, inclusive no âmbito intrapopulacional. A baixa variabilidade genética da BdC poderia ser um indicador de uma reduzida capacidade de resposta a novas estratégias de controle genético e o conhecimento do "mobiloma" em esta espécie ganha importância como contribuição para o entendimento futuro da sua influencia na estrutura e função do genoma. Objetivo Construir uma biblioteca de sequências de referencia dos TEs especifica da espécie e classificá-los hierarquicamente em ordem, superfamílias e famílias de elementos. Anotar os elementos de transposição no genoma da broca-do-café e avaliar a frequência, distribuição e variação estrutural dos TEs. Materiais e Métodos O rascunho do genoma da BdC procede do sequenciamento de alto desempenho 454-FLX de reads únicos e pareados, assim como do sequenciamento Illumina baseado em tags de BACs. A montagem tem 218.3Mb representados em 25,643 scaffolds com tamanho médio de 8,511pb, um N50 de 27,956 e um conteúdo de 38% de GC. A identificação dos TEs de referência foi feita por meio de análises estruturais e por homologia. Estruturalmente a procura de repetições terminais longas (LTRs) para os LTR-Retrotransposons foram feitas com LTRharvest e a suas sequências 87 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) internas anotadas com LTRdigest usando modelos protéicos pHMMs. Foram identificadas as ORFs dos elementos e com BLASTp corroborados os domínios das proteínas da maquinaria de transposição. Apos, para classificação das sequências em superfamílias, foram clusterizadas sob critério 80-80-80 em nível de nucleotídeos e distancia p em aminoácidos. A busca da presença de transcriptase reversa, endonuclease e ribonuclease com posterior alinhamento das sequências com estes domínios foram feitas para a identificação dos NLTR-retrotransposons e a clusterização baseada em similaridade nucleotídica e protéica foi realizada para obtenção das sequências consenso. A classificação nos diferentes clados de NLTRs foi feita por relação filogenética com os elementos presentes na base de dados Repbase. Elementos de DNA não autônomos (MITEs e DNA transposons degradados) foram identificados estruturalmente pela presença de repetições terminais invertidas (TIRs) e baseados em estas sequências suas contrapartes autônomas foram procuradas pela presencia de domínios associados com a enzima transposase. Igualmente, as sequências identificadas foram agrupadas pela sua homologia em nucleotídeos e sequência traduzida em aminoácidos. As sequências com estrutura similar a Helitrons foram identificadas com ferramentas bioinformáticas específicas para este tipo de TEs. A anotação do genoma foi realizada usando RepeatMasker e análise de elementos possivelmente ativos foi feita. Resultados e Discussão A biblioteca de sequências de referência foi conformada por 53, 14 e 7 famílias para as superfamílias dos LTR-retrotransposons Gypsy, Bel-Pao e Copia, respectivamente, estes elementos junto com duas sequências similares a DIRS conformaram um 46% da biblioteca. Os NLTR-retrotransposons representaram o 20% dos elementos presentes na biblioteca e incluíram 78 sequências consenso nos diferentes clados com predomínio dos clados R1 e Jockey, mas incluindo nove dos 12 clados que são geralmente encontrados em insetos. A maioria dos transposons identificados pertence à superfamília Tc1-Mariner com 36 sequências representativas e das sequências pequenas e não autônomas MITEs, 104 sequências foram agrupadas em 38 famílias. O conteúdo de TEs em Hypothenemus hampei cobrem uma porção genômica de 18.1Mb correspondente ao 8,2% do total do genoma. A fração mais importante de elementos é conformada por MITEs atingindo quase o 50% do conteúdo total de TEs. Os elementos mais frequentes na biblioteca de repetições foram os LTRsretrotransposons, no entanto, estas sequências representam o 16,7% do total do mobiloma da BdC. A maioria dos elementos encontra-se em alto grado de deterioração indicado pelo grande numero de fragmentos isolados e os graus de divergência em relação às sequências de referencia. Conclusão A proporção de TEs encontrada no genoma é similar ao conteúdo reportado para as espécies de coleópteros com genoma sequenciado (Tribolium castaneum e Dendroctonus ponderosae). A pesar do baixo conteúdo de TEs, o genoma da BdC apresenta uma alta diversidade de elementos e superfamílias, embora que a maioria das sequências estão degeneradas foi possível identificar elementos com pelo menos uma copia intacta estruturalmente o qual sugere transposição recente e consequentemente atividade. 88 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) Auxílio Financeiro: Este trabalho é desenvolvido com o apoio dos processos 2013/15070-4 da linha de fomento Auxílios a Pesquisa e 2012/24813-8 da linha de fomento Bolsa Doutorado. Referências Bibliográficas FLUTRE, T. et al. Considering Transposable Element Diversification in De Novo Annotation Approaches. PLoS ONE, v. 6, n. 1, p. e16526, 31 jan. 2011. JIANG, N. Computational methods for identification of DNA transposons. Methods in molecular biology (Clifton, N.J.), v. 1057, p. 289–304, 2013. KEELING, C. I. et al. 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Reorganização do genoma durante a evolução do grupo pallescens (Hemiptera, Triatominae) 1 1 ALEVI, K.C.C ; AZEREDO-OLIVEIRA, M.T.V. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE Introdução Os triatomíneos são insetos hematófagos vetores da doença de Chagas. A subfamília Triatominae é composta por seis tribos (GALVÃO et al., 2003). A tribo Rhodniini é composta por 22 espécies, sendo 19 do gênero Rhodnius e três do gênero Pasammolestes. As espécies do gênero Rhodnius foram dividas em três principais grupos: pallescens, prolixus e pictipes. R. colombiensis, em conjunto com R. pallescens e R. ecuadoriensis formam o grupo monofilético pallescens (ABADFRANCH et al., 2009, DÍAZ et al., 2014). Abad-Franch and Monteiro (2007) propuseram que análises citogenéticas entre as três espécies que compões o grupo pallescens poderia auxiliar no entendimento da evolução do grupo. Objetivo Assim, o presente trabalho descreve o padrão de heterocromatina nas três espécies do grupo pallescens, com ênfase na evolução cromossômica do grupo. Materiais e Métodos Três machos adultos de cada espécie (R. colombiensis, R. pallescens e R. ecuadoriensis) foram analisados citogeneticamente. Os insetos foram cedidos pelo “Insetário de Triatominae”, instalado no Departamento de Ciências Biológicas, da Faculdade de Ciências Farmacêuticas, Câmpus de Araraquara. As lâminas com o material biológico (túbulos seminíferos) foram preparadas pela técnica de esmagamento celular e coradas com Bandamento C. As lâminas foram analisadas ao microscópio de luz Jenaval (Zeiss), acoplado à câmera digital e ao sistema analisador de imagens Axio Vision LE 4.8 (Copyright ©2006-2009 Carl Zeiss Imaging Solutions Gmb H), com aumento de 100 vezes. Resultados e Discussão Por meio da análise citogenética das metáfases meióticas, foi possível descrever o padrão de heterocromatina das espécies do grupo pallescens. R. pallensces, apresentou blocos heterocromatina em uma ou ambas extremidades de todos os autossomos, R. colombiensis apresentou blocos C nas extremidades em 5 pares de autossomos e R. ecuadoriensis não apresentou blocos heterocromáticos nos autossomos. Acredita-se que R. colombiensis e R. ecuadoriensis derivaram de R. pallensces, sendo que a primeira divergência está associada ao Istmo do Panamá (mais recente) (DÍAZ et al., 2014) e a segunda com o surgimento dos Andes no Plioceno (mais antigo) (ABAD-FRANCH et al., 2009). Assim, durante a especiação, ocorreu perda de heterocromatina nos autossomos desses insetos. Panzera et al. (2004) sugere que a perda de heterocromatina está relacionada com mudanças adaptativas do genoma que contribuem para a sobrevivência, reprodução e dispersão para novos ambientes. Conclusão Sendo assim, o presente trabalho demonstra que durante a especiação de colombiensis e R. ecuadoriensis a partir de R. pallensces ocorreu perda de heterocromatina. Propomos que esse fenômeno esteja relacionado com o processo de adaptação das espécies aos novos ambientes. Auxílio Financeiro: FAPESP e CNPq. 90 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) Referências Bibliográficas: GALVÃO, C.; CARCAVALLO, R.U.; ROCHA, D.S.; JURBERG, J. A checklist of the current valid species of the subfamily Triatominae Jeannel, 1919 (Hemiptera, Reduviidae) and their geographical distribution, with nomenclatural and taxonomic notes. Zootaxa v. 202, p. 1-36, 2003. ABAD-FRANCH, F.; MONTEIRO, F.A. Biogeography and evolution of Amazonian triatomines (Heteroptera: Reduviidae): implications for Chagas disease surveillance in humid forest ecoregions. Mem. Inst. Oswaldo Cruz v. 102, p. 57-70, 2007. ABAD-FRANCH, F.; MONTEIRO, F.A.; JARAMILLO, O.N.; GURGEL-GONÇALVES, R.; DIAS, F.B.S.; DIOTAIUTI, L. Ecology, evolution, and the long-term surveillance of vector-borne Chagas disease: a multi-scale appraisal of the tribe Rhodniini (Triatominae). Acta Trop. v. 110, p. 159-177, 2009. DÍAZ, S.; PANZERA, F.; JARAMILLO-O, N.; PÉREZ, R.; FERNÁNDEZ, R.; VALLEJO, G.; SALDAÑA, A.; CALZADA, J.E.; TRIANA, O., GÓMEZ-PALÁCIO, A. Genetic, Cytogenetic and Morphological Trends in the Evolution of the Rhodnius (Triatominae: Rhodniini) Trans-Andean Group. PLoS ONE v. 9, p. e87493, 2014. PANZERA, F.; DUJARDIN, J.P.; NICOLINI, P.; CARACCIO, M.N.; ROSE, V.; TELLEZ T.; BERMÚDEZ, H.; BARGUES, M.D., MAS-COMA, S.; O’CONNOR, J.E., PÉREZ, R. Genomic changes of Chagas disease vector, South America. Emerg. Infec. Dis. v. 10, p. 438-446, 2004. 91 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) 31. Caracterização molecular de Chrysoperla externa (Hagen, (Neuroptera: Chrysopidae) por meio de sítios de restrição no gene COI. 1 2 BARBOSA, N.C.C.P. ; SILVA, N.I.O. ; CORRÊA E CASTRO, A.C.M. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE 2 Universidade Federal de Alfenas - UNIFAL-MG 3 Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP/FCAV 1861) 1,3 Introdução Os crisopídeos são insetos predadores e suas larvas se alimentam de diversas espécies consideradas pragas agrícolas. No Brasil ocorrem quatro espécies do gênero Chrysoperla, sendo C. externa a mais frequente (FREITAS, 2001). Sua identificação é baseada em caracteres morfológicos e, muitas vezes, é incerta, devido à grande semelhança dos mesmos (BROOKS; BARNARD, 1990). A utilização de técnicas moleculares, como RFLP, vem sendo empregada para estudos de taxonomia molecular de diversas espécies de insetos, incluindo crisopídeos (CLARK, et. al., 2001; LUCHETTI; MANTOVANI; TRENTINI, 2005; MURAJI; NAKAHARA, 2002; CADENA et. al., 2007), utilizando-se diferentes genes. Desse modo, conhecer as características genéticas de cada espécie se torna importante na escolha dos genes mais adequados para estudos taxonômicos de um grupo. Objetivo Este trabalho teve como objetivo geral, realizar a caracterização molecular de C. externa, utilizando os sítios de restrição presentes no gene mitocondrial citocromo oxidase subunidade I (COI), a fim de auxiliar estudos amplos de taxonomia molecular de crisopídeos. Materiais e Métodos A espécie C. externa foi analisada por meio de 477 sequências do gene mitocondrial COI, a partir de espécimes provenientes de 118 localidades brasileiras, distribuídas nos estados de SP (107), MG (7), PR (2), GO (1) e RN (1) e uma localidade no Paraguai. A região mitocondrial analisada, com 730pb, corresponde ao segmento de 2255bp a 2985bp do genoma de referência de Chrysoperla nipponensis (Okamoto, 1914) (número de acesso AP011623). Os haplótipos foram submetidos à digestão virtual com a ferramenta NEBcutter V2.0 (http://tools.neb.com/NEBcutter2/). Resultados e Discussão Foram observados 66 padrões de restrição para C. externa, formados por 43 enzimas diferentes. Destes padrões, o mais frequente incluiu 76 haplótipos (364 sequências), enquanto os demais compreenderam de um a seis haplótipos cada. O padrão mais frequente apresentou sítios para 31 enzimas (Figura 1), os quais estavam presentes em pelo menos um padrão dentre os demais, não havendo nenhum sítio exclusivo do padrão mais frequente. Neste padrão, 15 enzimas apresentaram apenas um sítio por sequência, enquanto o sítio reconhecido pela enzima MluCI (^AATT_) apareceu 15 vezes na mesma sequência. 92 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) Figura 1: Mapa representando o padrão de restrição mais frequente para o gene COI de Chrysoperla externa. A: comprimento da sequência; B-E: sítios de restrição e respectivas enzimas. Apenas quatro sítios foram compartilhados por todas as sequências, sendo um reconhecido pela enzima AluI na posição 312 e os demais pela enzima MluCI nas posições 55, 228 e 474. Vinte e seis padrões diferiram do mais frequente pela ausência de um a sete sítios, 16 diferiram pela presença de um a cinco novos sítios e 22 por ausência de um a cinco sítios e presença de um a quatro sítios extras. As doze enzimas que não foram observadas no padrão mais frequente (Acc65I, AciI, BseYI, BspGI, BssIMI, CdiI, EcoRI, EcoRV, EsaSSI, HaeIII, HindIII, KpnI) apresentaram um sítio cada e formaram 10 padrões de restrição. Não houve correlação entre a distribuição geográfica e o padrão de restrição apresentado pelos haplótipos, de modo que o padrão de restrição mais comum, bem como o haplótipo mais frequente, aparecem distribuídos por todas as localidades amostradas. Os padrões de restrição mostraram-se semelhantes, diferindo em poucos sítios e/ou enzimas em relação ao padrão mais frequente. Além disso, muitos padrões incluíram apenas um haplótipo, o qual era representado por um espécime, de modo que o grande número de padrões foi formado por haplótipos exclusivos e, portanto, mais raros. Conclusão O padrão de restrição mais frequente representa de forma satisfatória o padrão da espécie, uma vez que engloba o maior número de haplótipos e, dentre eles, os mais frequentes, os quais estão distribuídos em todas as regiões amostradas. Além disso, o padrão mais frequente foi obtido por meio das enzimas que reconhecem sítios de restrição no maior número de haplótipos, apresentando poucos sítios distintos em relação aos demais. Auxílio Financeiro: CNPq e FAPESP (processo nº 2006/03494-0). Referências Bibliográficas BROOKS, S. J.; BARNARD, P. C. The green lacewings of the world: a generic review (Neuroptera: Chrysopidae). Bulletin of the British Museum Natural History (Entomology), London, v. 59, n. 2, p. 117-286, 1990. CADENA, P.; ÁNGEL. F.; GÓMEZ, L. A.; GONZÁLEZ, R. Diferenciación morfológica y molecular de especies de crisópidos (Neuroptera: Chrysopidae). Revista Colombiana de Entomología, Santafe de Bogota, v. 33, n. 2, p. 171-177, 2007. 93 _________________________________________________________ Doutorado (GAE) CLARK, T. L.; MEINKE, L. J.; FOSTER, J. E. PCR–RFLP of the mitochondrial cytochrome oxidase (subunit I) gene provides diagnostic markers for selected Diabrotica species (Coleoptera: Chrysomelidae). Bulletin of Entomological Research, Farnham Royal, v. 91, n. 6, p. 419-427, 2001. FREITAS, S. O uso de crisopídeos no controle biológico de pragas. Jaboticabal: Funep, 2001. 66 p. LUCHETTI, A.; MANTOVANI, B.; TRENTINI, M. Rapid identification of non-neosomic Tunga penetrans and Tunga trimamillata (Insecta Siphonaptera) specimens through PCR-RFLP method. Bulletin of Insectology, Bologna, v. 58, n. 1, p. 15-18, 2005. MURAJI, M; NAKAHARA, S. Discrimination among pest species of Bactrocera (Diptera: Tephritidae) based on PCR-RFLP of the mitochondrial DNA. Applied Entomology and Zoology, Tokyo, v. 37, n. 3, p. 437-446, 2002. 94 Genética Humana e Médica (GHM) _________________________________________________ Iniciação Científica (GHM) 32. Estudo do Equilíbrio de Hardy-Weinberg em uma população do Sudoeste do Paraná, utilizando o gene do tipo sanguíneo (sistema ABO) 1 ROSA, F. M. C .; MENIN, L. E.; CUTCHMA, T. R.; PONTES, L. J. P. O.; STURMER, S.; PERETTO, 1* E.; BATTISTI, L.; LOCATELI, B. T.; BERLATTO, A. F.; GHISI, N.C . 1 Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR), Câmpus Dois Vizinhos Introdução A cidade de Francisco Beltrão fundada em 1951 e situa-se na região sudoeste do Paraná. Os registros mostram que desde o século XIX, esta região já era habitada por indígenas, caboclos e também argentinos interessados na riqueza natural – erva-mate e madeira, além de refugiados maragatos, desempregados sem terra da Ferrovia São Paulo – Rio Grande e, mais tarde, derrotados da Guerra do Contestado (SILVA 2010). O povoamento se efetivou em 1943 no bairro conhecido como Cango, onde muitas famílias de agricultores foram estabelecidas. Estas receberam ofertas de terra e suporte para a produção agrícola, com isso, houve a construção de barracões às margens do Rio Marrecas. Devido à valiosa reserva florestal nativa, os migrantes descendentes ítalo – germânicos tomaram posse das terras, grande parte vinda dos estados de Santa Catarina e do Rio Grande do Sul (SILVA, 2010). Em populações regionais diversas como a do sudoeste do Paraná, sabe-se que existem numerosos polimorfismos nos componentes do sangue humano. O sistema sanguíneo ABO é considerado o mais importante na prática transfusional (BATISSOCO, 2003). Este foi descoberto por Landsteiner no começo do século XX, que atribuiu quatro tipos ao sangue humano: A, B, AB e O (THOMPSON et al., 1993). É possível determinar o fenótipo ABO, com reagentes imuno-hematológicos, através da detecção sorológica, onde ocorre a identificação dos açúcares específicos das hemácias (BATISSOCO, 2003). Os grupos sanguíneos ABO são controlados por um único gene no cromossomo 9 (locus 9q31.3-qter), e são representados por três alelos, dois co-dominantes (IA e IB) e o terceiro recessivo (i). As proporções relativas dos tipos A, B, AB e O diferem nas diversas populações, por exemplo, o alelo IB é comum em asiáticos, mas ausente nas populações americanas nativas (THOMPSON et al., 1993). Usando-se o teorema de Hardy-Weinberg, é possível estimar as frequências populacionais dos alelos do sistema ABO, a partir do conhecimento da distribuição fenotípica, isto é, de seus grupos sanguíneos. Essas estimativas podem ser obtidas com o emprego do método de verossimilhança máxima proposto por Bernstein (1924,1925,1930). Desta forma, os dados dos tipos sanguíneos ABO podem ser utilizados para verificação do Equilíbrio de Hardy-Weinberg em determinado grupo de pessoas. Este equilíbrio preconiza que: “caso não existam fatores evolutivos atuantes na população, as frequências alélicas se mantém inalteradas e as proporções dos alelos atingem um equilíbrio estável, com frequências constantes ao longo do tempo”. A relação matemática proposta por eles, entre as frequências alélicas e as frequências genotípicas, nos permite prever as frequências genotípicas da população de acordo com as frequências alélicas (SNUSTAD, 2010). Existem alguns fatores que podem perturbar este equilíbrio, que podem ser os ditos fatores evolutivos: mutação, migração, seleção natural e deriva genética aleatória (SNUSTAD, 2010). Objetivos O objetivo do presente trabalho constituiu-se em verificar se o equilíbrio de Hardy-Weinberg está ocorrendo na população da região de Francisco Beltrão (Paraná), usando as frequências dos alelos IA e IB e i do sistema ABO. 96 _________________________________________________ Iniciação Científica (GHM) Materiais e Métodos Os dados usados para realização do teste do equilíbrio de Hardy-Weinberg foram obtidos através do Hemonúcleo de Francisco Beltrão. Este hemonúcleo atende toda a 8ª Regional de Saúde, são 27 municípios do sudoeste do Paraná e mais um município de Santa Catarina, a listar: Ampére, Barracão, Bela Vista da Caroba, Boa Esperança do Iguaçu, Bom Jesus do Sul, Capanema, Cruzeiro do Iguaçu, Dionísio Cerqueira, Dois Vizinhos, Enéas Marques, Flor da Serra do Sul, Francisco Beltrão, Manfrinópolis, Marmeleiro, Nova Esperança do Sudoeste, Nova Prata do Iguaçu, Pérola D'Oeste, Pinhal de São Bento, Planalto, Pranchita, Realeza, Renascença, Salgado Filho, Salto do Lontra, Santa Izabel D'Oeste, Santo Antonio do Sudoeste, São Jorge D'Oeste e Verê. O hemonúcleo mantém registros dos doadores desde sua abertura em 1999. Foram obtidos um total de 7.0342 registros de doadores. Os dados foram catalogados de acordo com o tipo sanguíneo e submetido a tratamento estatístico para obtenção das estimativas das frequências dos alelos IA, IB e i. Estas estimativas foram corrigidas de acordo com o Ajuste de Bernstein (BEIGUELMAN, 2008). As estimativas corrigidas foram comparadas aos dados observados realizando-se um teste do X2. O número obtido neste teste foi lançado na tabela do X 2 para obtenção de uma probabilidade (p). O nível de significância considerável como significativo foi p< 0,05. Resultados e Discussão A partir das análises de máxima verossimilhança de Bernstein foram estimadas as freqüências alélicas de IA (0,247256) e IB (0,068212) e i (0,684531). O resultado obtido no teste do X2 foi 10,35, que para 1 grau de liberdade gera um p<<0,001. Visto um desvio tão grande, rejeita-se a hipótese de que esta população está em Equilíbrio de Hardy-Weinberg. Uma vez que o Equilíbrio não ocorre em um determinado lócus, deve-se investigar por que estes alelos e seus genótipos estão sofrendo alteração nas suas frequências esperadas. A Lei de Hardy-Weinberg é baseada em várias suposições: 1) a população é grande e a reprodução é aleatória em relação ao lócus em questão; 2) as frequências alélicas permanecem constantes com o tempo, pois (i) não há taxa apreciável de mutação; (ii) não há seleção contra nenhum genótipo em particular; (iii) não houve imigração significativa de indivíduos de uma população com frequências alélicas muito diferentes da população endógena (THOMPSON et al., 1993). A razão clara para a discrepância no Equilíbrio de Hardy-Weinberg não é conhecida, mas uma possibilidade provável é a migração para dentro da população de pessoas com frequências alélicas significativamente diferentes. A migração interfere na frequência alélica, uma vez que frequência alélica de imigrante difere de forma expressiva na população inicial. Neste sentido, a população esteve recebendo constantemente indivíduos oriundos de outros locais. Com isso, a população não se manteve fechada para que o equilíbrio de Hardy-Weinberg fosse atingido (THOMPSON et al., 1993). Com relação à migração na cidade em que se situa o Hemonúcleo, Francisco Beltrão teve um crescimento populacional relevante. Os dados para 1960 indicam que a cidade possuía 55.253 habitantes. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2014), somente no intervalo de 1992 a 2012, a população da cidade de Francisco Beltrão aumentou 25.485 habitantes, estimandose uma população de 85.486 em 2014. Sabe se que deste número, parte dos moradores são descendentes dos pioneiros desta região, mas, que segundo Hartl & Clark (2010), são raras as populações que sejam completamente isoladas. 97 _________________________________________________ Iniciação Científica (GHM) As frequências dos tipos sanguíneos observadas na região de Francisco Beltrão foram as seguintes: O (47%), A (40%), B (10%) e AB (3%). Estas frequências fenotípicas são muito semelhantes às frequências observadas em populações europeias, mostrando a origem ítalo-germânica colonizadora da região. Segundo Thompson et. al. (1993) as frequências dos tipos sanguíneos em europeus ocidentais são: O (46%), A (42%), B (9%) e AB (3%). Conclusão As estimativas realizadas demonstraram que a probabilidade de que a população da região de Francisco Beltrão esteja em equilíbrio de Hardy-Weinberg é muito baixa. Desta forma, é possível considerar que a diferença é significante e a hipótese deve ser rejeitada. Dentre os fatores que interferem no equilíbrio, possivelmente o mais atuante foi a migração de um grande número de indivíduos com frequências alélicas distintas em relação á população inicial, até os dias atuais. Para obtenção resultados adicionais, sugerem-se estudos posteriores, principalmente utilizando marcadores moleculares. Agradecimentos: Os autores agradecem ao Hemonúcleo de Francisco Beltrão (8ª Regional de Saúde) pela concessão dos dados relativos aos tipos sanguíneos. Referências bibliográficas BATISSOCO, A. C.; NOVARETTI, M. Z. Aspectos moleculares do Sistema Sanguíneo ABO. Revista brasileira de hematologia e hematoterapia. 2003; v. 25, nº1, p 47-58. BEIGUELMAN, B. Genética de Populações Humanas. Ribeirão Preto: SBG, 2009, 236p. GIRELLO, A. L.; KÜHN, T. B. B. Fundamentos Da Imuno-hematologia Eritrocitária. 2ª Edição. Editora Senac: São Paulo, 2002. Página 121. HARTL, D. L.; CLARK, A. G. Princípios de Genética de Populações. 4ª Edição. Editora Artmed: São Paulo, 2010. Página 310. IBGE- Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, 2014, disponível em: <http://www.ibge.gov.br/home/>, acessado em 10 de out de 2014. SILVA, A. I. M. A Posse da Terra e os Lugares de Memória: Francisco Beltrão - 1969-2007, dissertação, Departamento de História. Universidade Federal do Paraná, 2010. SNUSTAD, D. Peter, 1940 – Fundamentos de genética/ D. Peter Snusted, Michael J. Simmons; tradução Paulo A. Motta. – 4 ª ed. – [Reimpr.]. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2010; pag. 774. THOMPSON, M. W.; MCINNES, R. R.; WILLAD, H. Thompson e Thompson: Genética Médica. 5ª ed. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Koogan, 1993. 98 _________________________________________________ Iniciação Científica (GHM) 33. Investigação de associação do polimorfismo no microRNA-499 T>C com o risco de desenvolvimento de câncer gástrico MADEIRA, F.F.¹; RODRIGUES, G.H.¹; POLTRONIERI, A.B.¹, SILVA, A.E.¹ ¹Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (IBILCE-UNESP), São José do Rio Preto,SP. Introdução O câncer gástrico (CG) apresenta alta incidência mundialmente, representando a segunda principal causa de morte por neoplasia maligna. A progressão dessa neoplasia é influenciada por fatores genéticos e ambientais. Dentre os fatores genéticos, podem ser destacadas alterações em oncogenes, genes supressores de tumor e em genes de reparo do DNA envolvidos na carcinogênese do estômago. A regulação da expressão desses genes ocorre por meio de eventos epigenéticos, a exemplo do silenciamento gênico pós-transcricional promovido pelos microRNAs (miRNAs) que atuam em processos biológicos importantes, como proliferação celular, diferenciação e apoptose. Porém, os genes de miRNAs estão sujeitos a ocorrência de polimorfismos em nucleotídeos únicos (SNP), que podem alterar sua capacidade de regular seus genes alvos e, assim, estes têm sido associados ao risco de desenvolvimento de alguns tipos de câncer. Objetivos Determinar a frequência do polimorfismo miRNA-499 (rs3746444, C/T) em pacientes com câncer gástrico em comparação com indivíduos sem a doença, e a ocorrência de associação desse polimorfismo com suscetibilidade a esta neoplasia, bem como avaliar a associação deste com os fatores de risco gênero, idade, tabagismo e etilismo. Materiais e Métodos Foram genotipadas 345 amostras de DNA extraído de sangue periférico, sendo 197 de indivíduos sem a doença (grupo controle) e 148 com câncer gástrico (grupo CG). A amostragem foi constituída de 111 mulheres e 109 homens para o grupo caso e, para o grupo controle, 75 mulheres e 35 homens. Para a genotipagem do polimorfismo miRNA-499 foi utilizada a técnica de PCR-RFLP (Polymerase Chain Reaction – Restriction Fragment Length Polymorphism), com a enzima de restrição BclI, seguida de eletroforese em gel de agarose a 3% (Figura 1). A análise do SNP foi realizada nos modelos dominante, recessivo e log-aditivo, ajustados aos fatores de risco (sexo, idade, tabagismo e etilismo). Resultados e Discussão As frequências genotípicas e alélicas para este polimorfismo estão apresentadas na Tabela 1. Tanto o grupo controle (p = 0,064) como o grupo caso (p = 0,81) tem suas frequências em equilíbrio de Hardy-Weinberg. No modelo dominante (homozigotos selvagens vs heterozigotos + homozigotos polimórficos), não foi observada associação dos genótipos TC e CC com risco de desenvolvimento de CG (OR= 0,73; IC95% 0,44 – 1,19; p = 0,21). Da mesma forma, pelos modelos recessivo (homozigotos selvagens + heterozigotos vs homozigotos polimórficos) e log-aditivo (homozigotos selvagens vs heterozigotos vs homozigotos polimórficos) também não foram encontradas diferenças significantes (OR= 1,18; IC95% 0,29 – 4,84; p = 0,82 e OR= 0,79; IC95% 0,51 – 1,23; p = 0,29, respectivamente) (Tabela 1). Os fatores de risco gênero, idade, tabagismo e etilismo foram avaliados em 328 das amostras genotipadas. A regressão logística múltipla mostrou que o sexo masculino (OR =1,81; IC95% = 1,03 – 3,21; p = 0,040) e a idade avançada (>57 anos) (OR = 4,87; IC95% = 3,00 – 7,91; p = 0,000) estão associados a um maior risco de desenvolvimento desta neoplasia. 99 _________________________________________________ Iniciação Científica (GHM) Figura 1. Padrão eletroforético dos fragmentos gerados na técnica de PCR-RFLP com a enzima BclI para a avaliação do polimorfismo miRNA-499 (rs3746444). As colunas 1, 2, 5 a 7 representam indivíduos heterozigotos (TC), com fragmentos de 146 pb (alelo C), 120 pb e 20 pb (não visível) (alelo T). As colunas 4 e 8 representam indivíduos homozigotos selvagens (TT), com fragmentos de 120 pb e 20 pb (não visível). A coluna 3 representa um indivíduo homozigoto polimórfico (CC), com fragmentos de 146 pb. L: marcador de peso molecular de 100 pb. Tabela 1. Distribuição das frequências genotípicas e alélicas do polimorfismo miRNA-499 (rs3746444, C/T) e análise de regressão logística múltipla entre os grupos controle (C) e câncer gástrico (CG), ajustada aos fatores de risco idade, gênero, tabagismo e etilismo. Polimorfismo Modelo Estatístico miRNA-499 (rs3746444) Dominante Genótipo/ Alelos C CG T/T T/C C/C n= 197 115 (58%) 77 (29%) 5 (3%) N= 148 92 (62%) 49 (33%) 7 (5%) T C 307 (78%) 87 (22%) 233 (79%) 63 (21%) T/T T/C + C/C 108 (58,4%) 91 (63,6%) 77 (41,6%) 52 (36,4%) 0,73 (0,44 - 1,19) 0,21 T/T + T/C C/C 180 (97,3%) 138 (96,5%) 5 (2,7%) 5 (3,5%) 1,18 (0,29 - 4,84) 0,82 T/T T/C C/C 115 (58%) 92 (62%) 77 (39%) 49 (33%) 5 (3%) 7 (5%) 0,79 (0,51 - 1,23) OR (IC95%) Recessivo OR (IC95%) Log-aditivo P OR (IC95%) OR: Odds ratio. IC95%: Intervalo de confiança de 95%. 0,29 Conclusão Nossos dados evidenciam uma ausência de associação entre as variantes do polimorfismo no microRNA-499 com o risco de desenvolvimento do câncer gástrico. Contudo, foi evidenciada uma associação dos fatores sexo masculino e idade avançada com maior risco para essa neoplasia na população de estudo. 100 _________________________________________________ Iniciação Científica (GHM) Auxílio Financeiro: FAPESP e CNPq. Referências Bibliográficas GAL-YAM, E.N.; SAITO, Y.; EGGER, G.; JONES, P.A. Cancer Epigenetics: Modifications, Screening and Therapy. Annu Rev Med, v. 59, p. 267-80, 2008. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA). Disponível em: <http://www2.inca.gov.br/wps/wcm/connect/tiposdecancer/site/home/estomago/definicao>. Acesso em: 10/07/2014. PANANI, A.D. Cytogenetic and molecular aspects of gastric cancer: clinical implications. Cancer Letters, v. 266, n. 2, p. 99-115, 2008. PANDEY, S.; MITTAL, B.; SRIVASTAVA, M.; SINGH, S.; SRIVASTAVA, K.; LAL, P.; MITTAL, R.D. Evaluation of Toll-like receptors 3 (c.1377C/T) and 9 (G2848A) gene polymorphisms in cervical cancer susceptibility. Mol Biol Rep, v.38, p.4715-4721, 2010. 101 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) 34. Efeito da erradicação da Helicobacter pylori na expressão de mediadores inflamatórios e microRNAs ROSSI, A.F.T.¹; CADAMURO, A.C.T.¹; BISELLI-PÉRICO, J.M.¹; SILVA, A.E. ¹Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE Introdução Infecção persistente da mucosa gástrica pela Helicobacter pylori promove inflamação crônica que propicia um microambiente favorável para o desenvolvimento e progressão do câncer de estômago a partir de lesões precursoras (CHIBA; MARUSAWA; USHIJIMA, 2012). A resposta inflamatória desencadeada por esta bactéria é caracterizada por expressão desregulada de vários mediadores inflamatórios, como IL-1β, TNFα, IL-8 e IL-6 (WILSON; CRABTREE, 2007). Esta desregulação de genes inflamatórios pode modificar a resposta imune causada pelo patógeno, contribuindo para a manutenção da infecção por longo período (WILSON; CRABTREE, 2007). Alteração na expressão gênica também pode ser resultante de mecanismos epigenéticos pela atuação dos microRNAs (miRNAs). Estes pequenos RNAs não codificantes regulam a expressão gênica, influenciando várias funções celulares, como apoptose e proliferação, e sistêmicas, como a inflamação (RANJHA; PAUL, 2013). Além disto, estudos apontam que a infecção por H. pylori é capaz de desregular a expressão de miRNAs, alterando, por consequência, a expressão de genes regulados por ele, como os codificantes de interleucinas (NOTO; PEEK, 2012). A erradicação da H. pylori tem sido a estratégia adotada para prevenção do câncer gástrico, por ser capaz de reverter lesões pré-cancerosas e, assim, prevenir a transformação maligna (TSAI et al., 2006). Estudos mostrando a expressão de genes e miRNAs antes e após o tratamento para erradicação desta bactéria são escassos e importantes para compreender os efeitos causados pela infecção por H. pylori na mucosa gástrica. Objetivos Os objetivos do presente estudo foram avaliar a expressão quantitativa do mRNA dos genes das citocinas TNFA, IL6, IL1B, IL12A, IL2 e TGFBRII e a expressão dos miRNAS hsa-miR-103a-3p, hsa-miR-181c-5p, hsa-miR-223-3p, hsamiR-370-3p e hsa-miR-375 em tecido gástrico de pacientes com dispepsia H. pyloripositivos antes e após o tratamento de erradicação da bactéria, em comparação com um grupo com dispepsia sem infecção pela bactéria. Material e Métodos Um total de 51 biópsias coletadas da região do antro de pacientes com dispepsia gástrica foram avaliadas: 31 de indivíduos H. pylori-positivos (Hp+) antes e três meses após o tratamento de erradicação da bactéria e 20 de indivíduos H. pylori-negativos (Hp-). Quatro biópsias de indivíduos com mucosa gástrica histologicamente normal e sem infecção pela H. pylori foram utilizadas para a calibração das análises. A infecção pela H. pylori foi avaliada por dois métodos distintos: coloração com Giemsa para diagnóstico histopatológico por um patologista e PCR multiplex utilizando iniciadores para os genes ureA e tsaA bacterianos e para CYP1A1 humano para diagnóstico molecular. A presença ou ausência de infecção foi considerada quando os dois métodos apresentavam resultados concordantes. A partir do RNA foi realizada a síntese de DNA complementar (cDNA) utilizando High Capacity cDNA Archive Kit (Applied Biosystems) para os genes de citocinas e do receptor e TaqMan® MicroRNA Reverse Transcription Kit (Applied Biosystems) para os miRNAs. Posteriormente, ambos foram submetidos a pré-amplificação específica com TaqMan® PreAmp Master Mix (Applied Biosystems). A quantificação relativa (RQ) dos mRNAs e dos miRNAs foi realizada por PCR quantitativa em tempo real 102 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) (qPCR) usando ensaio TaqMan® e sondas específicas (TaqMan® gene expression - Ct assay e TaqMan® microRNA assay, respectivamente). O método do 2 (LIVAK; SCHMITTGEN, 2001) foi utilizado para obter o valor de RQ, usando como calibrador um pool das amostras do grupo de mucosa normal Hp-. Para normalização, os genes ACTB e GAPDH e os RNAs RNU6B e RNU48 foram utilizados como referência para os genes de interleucinas e miRNAs, respectivamente. A comparação entre os grupos foi realizada pelo Teste de Mann-Whitney e o Teste de Wilcoxon foi utilizado para avaliar aumento ou redução na expressão, considerando como mediana teórica o valor 1, referente ao pool de amostras normais Hp-. Foram considerados significantes valores de p≤0,05. Resultados e Discussão Os genes TNFA, IL6, IL1B e IL12A apresentaram expressão gênica relativa elevada no grupo Hp+ antes do tratamento (RQ= 3,23, 6,66, 1,79 e 2,05, respectivamente), mas apenas TNFA e IL6 mostraram redução significante de expressão após a erradicação da H. pylori (p<0,001 e p=0,029, respectivamente) (Figura 1A). De modo contrário, os genes IL2 e TGFBRII mostraram expressão relativa reduzida antes do tratamento (RQ= 0,65 e 0,62, respectivamente) e TGFBRII apresentou aumento de expressão após a erradicação (p=0,019) (Figura 1A). Figura 1: Quantificação relativa (RQ) do mRNA dos genes TNFA, IL6, IL1B, IL12A, IL2 e TGFBRII (A) e dos microRNAs hsa-miR-103a-3p, hsa-miR-181c-5p, hsa-miR-223-3p, hsa-miR370-3p e hsa-miR-375 (B) nos grupos Hp- e Hp+ antes e após o tratamento de erradicação (erradicado e não erradicado), mostrando diferença significante entre os grupos. * p≤0,05; ** p<0,01; *** p<0,001. Dos pacientes tratados, 10 permaneceram infectados e a expressão dos genes TNFA, IL6, IL1B e IL12A manteve-se aumentada (RQ= 2,72, 4,34, 2,38 e 2,37, respectivamente) e de TGFBRII reduzida (RQ=0,77). O grupo Hp- apresentou expressão aumentada apenas para TNFA (RQ= 1,35) e IL1B (RQ=1,58), não sendo observada diferença significante na expressão de IL1B neste grupo em comparação ao Hp+ antes do tratamento. Estes resultados indicam que a resposta inflamatória desencadeada pela H. pylori é atenuada após sua erradicação, o que pode ser indicado pela redução na expressão de TNFA e IL6 e aumento na expressão de TGFBRII, principal receptor da citocina anti-inflamatória TGF-β. Embora reduzida, a resposta inflamatória não foi totalmente resolvida na ausência da bactéria, pois IL12A e IL1B permaneceram com expressão elevada. Além disto, aumento de expressão de IL1B no grupo Hp- evidencia o papel do processo inflamatório decorrente da gastrite e independente da infecção pela bactéria, visto que a expressão deste mediador não foi alterada na presença do patógeno. Os microRNAs miR-103, miR-181c, miR-370 e miR-375 apresentaram 103 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) expressão relativa reduzida nos grupos Hp+ antes do tratamento (RQ= 0,33, 0,12, 0,21 e 0,13, respectivamente) e após tratamento tanto no grupo erradicado (RQ= 0,68, 0,23, 0,45 e 0,34, respectivamente) como no não erradicado (RQ= 0,60, 0,11, 0,29 e 0,18, respectivamente). Contudo, todos eles mostraram aumento significante de expressão no grupo após a erradicação da H. pylori quando comparado com o grupo Hp+ antes do tratamento (p<0,001, p=0,045, p=0,002 e p<0,001, respectivamente) (Figura 1B). O grupo Hp- também apresentou expressão reduzida para estes microRNAs (RQ= 0,46, 0,09, 0,33 e 0,12, respectivamente), não sendo observada diferença entre este grupo e o Hp+ antes do tratamento (p=0,118, p=0,836, p=0,056 e p= 0,682, respectivamente). O miR-223 apresentou expressão relativa reduzida para o grupo Hp- (RQ= 0,27), mas expressão basal para o grupo Hp+ antes do tratamento (RQ= 0,89), evidenciando diferença significante entre a mediana destes grupos (p=0,001) (Figura 1B). Contudo, não foram observadas diferenças significantes entre a mediana de expressão após a erradicação e antes do tratamento (RQ= 0,62; p= 0,177). Conclusão A infecção pela H. pylori aumenta a expressão de genes de mediadores inflamatórios que regulam a inflamação crônica, como TNFA, IL6, IL1B e IL12A e, após a erradicação, a diminuição na expressão de alguns destes mediadores indica uma redução da resposta inflamatória. Do mesmo modo, a eliminação desta bactéria é capaz de aumentar a expressão de alguns microRNAs relacionados ao processo inflamatório, como miR-103, miR-181c, miR-370 e miR-375. Assim, a terapia de erradicação da H. pylori é uma estratégia relevante para reduzir o processo inflamatório e possivelmente prevenir a progressão maligna, embora não normalize a expressão de todos os mediadores avaliados neste período de tempo. Auxílio Financeiro: FAPESP (Processo nº 2013/03625-1) e CNPq. Referências Bibliográficas CHIBA, T.; MARUSAWA, H.; USHIJIMA, T. Inflammation-Associated Cancer Development in Digestive Organs: Mechanisms and Roles for Genetic and Epigenetic Modulation. Gastroenterology, v. 143, p. 550-563, 2012. NOTO, J.M.; PEEK, R.M. The role of microRNAs in Helicobacter pylori pathogenesis and gastric carcinigenesis. Frontiers in Cellular and Infection Microbiology, v.1, p.1-19, 2012. RANJHA, R.; PAUL, J. Micro-RNA is inflammatory diseases and as a link between inflammation and cancer. Inflamm. Res, 2013. DOI 10.1007/s00011-013-0600-9 TSAI, M.Y.; WANG, S.; HEIDINGER, J.M.; SHUMAKER, D.K.; ADAM, S.A.; GOLDMAN, R.D.; ZHENG, Y. A mitotic lamin B matrix induced by ranGTP required for spindle assembly. Science, v. 311, p. 1887-93, 2006. WILSON, K.Y.; CRABTREE, J.E. Immunology of Helicobacter pylori: Insights Into the Failure of the Immune Response and Perspectives on Vaccine Studies. Gastroenterol, v.133, p.288-308, 2007. 104 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) 35. Associação do polimorfismo do microRNA-196a2 com o risco aumentado de câncer gástrico 1 2 1 1 POLTRONIERI-OLIVEIRA, A.B. ; OLIVEIRA, J.G. ; RODRIGUES, G.H. ; BISELLI-PÉRICO, J.M. ; 1 SILVA, A.E . 1 2 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas – Unesp, São José do Rio Preto, SP Universidade do Sagrado Coração – USC, Bauru, SP Introdução O câncer é o principal problema de saúde pública mundialmente (SIEGEL et al., 2012), responsável pela morte de 7,6 milhões de pessoas em 2008. O câncer gástrico (CG) apresenta incidência elevada, representando a segunda causa de morte por neoplasia maligna, inclusive no Brasil (INCA, 2014). Neste tipo de câncer, observa-se uma interação complexa entre os componentes ambientais e genéticos, a exemplo dos polimorfismos genéticos (PANDEY et al., 2010). Os polimorfismos de nucleotídeo único (SNPs) são a forma mais comum de variantes genéticas no genoma humano, alguns dos quais têm potencial influência funcional na suscetibilidade a doenças humanas. SNPs podem alterar o processamento de genes importantes, como os de microRNAs (miRs), podendo influenciar na transcrição de seus miRNAs primários (pri-miRNAs) ou em sua maturação (KONTOROVICH et al., 2010). Os miRNAs são pequenas moléculas de RNAs de fita simples não-codantes que atuam como potentes reguladores pós-transcricionais (RICARTE-FILHO; KIMURA, 2006) de múltiplos mRNAs alvos, degradando-os ou inibindo sua tradução (CALIN; CROCE, 2006; RICARTE-FILHO; KIMURA, 2006). Assim, SNPs podem modificar sua habilidade de regulação transcricional devido a capacidade diminuída de reconhecer seus mRNA alvos (HOFFMAN et al., 2009; SUN et al., 2010). Nesse sentido, o miRNA-196a2 apresenta um SNP funcional (rs11614913) decorrente da substituição de citosina por timina (C>T), que apresenta potencial habilidade de modificar o risco de desenvolvimento de cânceres (GUO et al., 2012). Objetivo Determinar a frequência do polimorfismo miRNA-196a2 (rs11614913) em pacientes com câncer gástrico em comparação com indivíduos saudáveis e a ocorrência de associação desses polimorfismos com suscetibilidade ao câncer gástrico; avaliar a ocorrência de associação dos fatores de risco gênero, idade, tabagismo e etilismo no desenvolvimento dessa neoplasia. Material e Métodos Um total de 313 amostras de DNA extraído de sangue periférico foram genotipadas para o polimorfismo do miR-196a2 (rs11614913), sendo 169 de indivíduos saudáveis (grupo controle; média de idade: 46 ± 16 anos) e 144 de pacientes com CG (grupo caso; média de idade: 63 ± 12 anos). Para isto, foi empregada a técnica de PCR-RFLP (Polymerase Chain Reaction / Restriction Fragment Length Polymorphism). Inicialmente, as amostras foram submetidas a reações de PCR utilizando primers específicos (F: CCCCTTCCCTTCTCCTCCAGATA; R: CGAAAACCGACTGATGTAACTCCG) para amplificar a região gênica contendo o SNP com 149 pb de comprimento. Após, os produtos de PCR gerados foram submetidos a restrição enzimática utilizando a enzima MspI resultando fragmentos de 149 pb (alelo T) e 125 pb (alelo C), os quais foram visualizados em gel de agarose a 3%. As análises estatísticas dos genótipos foram realizadas no programa SNPStats nos modelos dominante, recessivo e log aditivo. O equilíbrio de Hardy-Weinberg foi realizado utilizando teste Qui-quadrado, e a regressão logística múltipla foi utilizada para avaliar a associação dos fatores de risco idade, gênero, hábitos tabagista e etilista no desenvolvimento do câncer. 105 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) Valores de p≤0,05 foram considerados significantes. O projeto foi aprovado pelo CEP/IBILCE/UNESP conforme parecer n° 117/08. Resultados e Discussão As frequências genotípicas nos grupos caso e controle foram 42% e 42% (CC), 39% e 49% (CT) e 19% e 9% (TT), respectivamente. Os resultados mostraram que no grupo caso a distribuição dos genótipos não estavam em equilíbrio de HardyWeinberg (p=0,02), com uma maior proporção de homozigotos CC e TT do que o esperado. A análise dos genótipos revelou que o genótipo polimórfico TT esta associado com o risco de desenvolvimento do CG, de acordo com o modelo recessivo (OR=2,78; IC95%=1,30-5,98; p=0,00). Também, idade avançada (OR=5,23; IC95%=3,17-8,64, p=0,00), hábito tabagista (OR=1,78; IC95%=1,03-3,90; p=0,03) e gênero masculino (OR=1,86; IC95%=1,05-3,30; p=0,03) estão associados com o risco de desenvolvimento desta neoplasia (Tabela 1). Estes resultados indicam que a presença do genótipo TT pode ser preditiva para a ocorrência de CG em indivíduos saudáveis, podendo servir como biomarcador de diagnóstico precoce. Além disso, ressalta a relevância da idade avançada, do hábito tabagista e do gênero masculino como fatores de risco para o desenvolvimento desta neoplasia. Tabela 1. Frequência alélica e genotípica do miR-196a2 (rs11614913) nos grupos câncer gástrico (CG) e controle comparados no modelo recessivo (TT vs CC + CT), e sua associação com o desenvolvimento CG. Cálculo do equilíbrio de Hardy-Weinberg. n° de indivíduos Genótipo Total Grupo CG 313 144 Total Frequência Grupo Controle 169 Valor de (95% IC) P Total Frequência Total Frequência CC 131 40% 62 42% 71 42% CT 137 43% 55 39% 82 49% TT 43 17% 27 19% 16 9% Alelo OR 2,78 (1.305.98) 0.00 Total Frequência Total Frequência Total Frequência C 399 69% 211 72% 224 70% -- -- T 180 31% 82 38% 98 30% -- -- Fatores de risco Grupo CG Grupo controle OR (95% IC) Valor de P Idade avançada (>56 anos) 101 56 5,23 (3,17-8,64) 0,00 Hábito tabagista 103 86 1,78 (1,03-3,90) 0,03 Gênero masculino 107 97 1,86 (1,05-3,30) 0,03 Equilíbrio de Hardy-Weinberg P Grupo Controle 0,35 Grupo CG 0,002 106 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) Conclusão O genótipo polimórfico do miR-196a2 (rs11614913) TT apresenta associação com o risco aumentado de ocorrência do câncer gástrico. Além disso, idade avançada, hábito tabagista e o gênero masculino também estão associados ao desenvolvimento desta neoplasia. Auxílio Financeiro: FAPESP (Processo nº 2013/03625-1) e CNPq (Processo n° 474.776/2013-1). Referências Bibliográficas: CALIN, G.A.; CROCE, C.M. MicroRNA signatures in human cancers. Nat Rev Cancer, v. 6, p. 857866, 2006. GUO, J.; JIN, M.; ZHANG, M.; CHEN, K. A Genetic Variant in miR-196a2 Increased Digestive System Cancer Risks: A Meta-Analysis of 15 Case-Control Studies. PLoS One, v. 7, n. 1, p. 1-7, 2012. HOFFMAN, A.E.; ZHENG, T.; YI, C.; LEADERER, D.; WEIDHAAS, J.; SLACK, F.; ZHABG, Y.; PARANJAPE, T.; ZHU, Y. microRNA miR-196a-2 and breast cancer: a genetic and epigenetic association study and functional analysis. Cancer Res, v. 69, n. 14, 2009. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA). Disponível em: <http://www.inca.gov.br/estimativa/2014/sintese-de-resultados-comentarios.asp>. Acesso em: 01/10/2014. KONTOROVICH, T.; LEVY, A.; KOROSTISHEVSKY, M.; NIR, U.; FRIEDMAN, E. Sigle nucleotide polymorphisms in miRNA binding sites and miRNA genes as breast/ovarian cancer risk modifiers in Jewish high-risk woman. Int J Cancer, v. 127, n. 3, p. 589-597, 2010. RICARTE-FILHO, J.C.M.; KIMURA, E.T. MicroRNAs: Nova Classe de Reguladores Gênicos Envolvidos na Função Endócrina e Câncer. Arq Bras Endocrinol Metabol, v. 50, n. 6, 2006. SIEGEL, R.; NAISHADHAM, M.A.; JEMAL, A. Cancer statistics. CA Cancer J Clin, v. 62, p. 10-29. SUN, Q.; GU, H.; ZENG, Y.; XIA, Y.; WANG, Y.; JING, Y.; YANG, L.; WANG, B. Has-mir-27a genetic variant contributes to gastric cancer susceptibility through affecting miR-27a and target gene expression. Cancer Sci, v. 101, n. 10, p. 2241-7, 2010. 107 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) 36. Associação de fatores genéticos relacionados à angiogênese e vasculatura com a doença renal policística autossômica dominante 1 1 1 1 1 1 TENANI, G.D ; MARTINS, D.P ; CALDAS, H.C ; SOUZA, M.A ; BAITELLO, M.E.L ; NOGUEIRA, V ; 1 1 1 ANDRADE, D.O ; SOUZA, D.R.S ; ABBUD FILHO,M . 1 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto – FAMERP Introdução A doença renal policística autossômica dominante (DRPAD), de caráter hereditário, evolui para insuficiência renal crônica terminal, podendo apresentar influência de genes modificadores. Nesse contexto, destaca-se o fator de crescimento endotelial vascular (VEGF), importante regulador da angiogênese (LI et al., 2012), processo responsável pela formação de novos vasos diretamente relacionado ao suprimento sanguíneo das células císticas em franca proliferação (REED et al., 2011), além do Colágeno tipo 1 alfa 2 (COL1α2) componente da matriz extracelular, envolvido na ampliação, estabilização, maturação e remodelação vascular (LIU et al., 2012; ZUO et al., 2012). Estudos envolvendo variantes genéticas na DRPAD possibilitam perspectivas de diagnóstico, prognóstico e tratamento da doença. Objetivo Avaliar a associação dos polimorfismos VEGF-C936T e COL1α2-G1645C com DRPAD. Metodologia Foram estudados 302 indivíduos distribuídos em dois grupos: G1 - 73 pacientes com diagnóstico de DRPAD e G2 - 229 indivíduos sem a doença. Todos foram submetidos a um questionário, considerando perfil demográfico, antecedentes pessoais e história familiar de DRPAD, além de coleta de amostra de sangue periférico para extração de DNA, seguido de análise dos referidos polimorfismos por PCR/RFLP (polymerase chain reaction / restriction fragment slenght polymorphisms). Admitiu-se nível de significância para valor–P<0,05. Resultados Polimorfismo VEGF-C936T: prevaleceram o alelo C e o genótipo homozigoto selvagem CC em G1 (0,89; 78%, respectivamente) e G2 (0,89; 79%, respectivamente), sem diferença significante entre os grupos (P>0,05). Polimorfismo COL1α2-G1645C: notou-se maior frequência do alelo C e genótipo homozigoto mutante CC em G1 (0,59; 19%, respectivamente) comparado a G2 (0,37; 9%, p=0,0001; p=0,02, respectivamente). Discussão O polimorfismo VEGF-C936T não se mostrou associado à doença no presente estudo, corroborando Reiterová et al. (2008) em análises de haplótipos de VEGF em casuística Tcheca. São escassos os estudos que avaliam a influência de variantes genéticas de VEGF na DRPAD ou sua progressão, dificultando a comparação entre as populações. O COL1α2-G1645C no modelo recessivo (C/C versus C/G+G/G) ora analisado, mostrou prevalência do genótipo homozigoto mutante C/C nos pacientes, fortalecendo os achados da literatura que relacionam a presença dos cistos que podem surgir em qualquer porção do túbulo renal a aumento dos níveis de colágeno, sugerindo que a expressão de colágeno tipo I nos rins de portadores de DRPAD pode desempenhar um papel crucial na formação e alargamento de cistos renais (REED et al., 2011). 108 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) Conclusão O polimorfismo VEGF-C936T não se associa com a DRPAD, porém COL1α2G1645C, representado pelo genótipo homozigoto mutante, parece influenciar na doença, o que deve ser confirmado em estudo prospectivo e casuísticas mais numerosas. Auxílio Financeiro: BAP/FAMERP Referências Bibliográficas LI Y, LIANG J, LIU X, et al. Correlation of polymorphisms of the vascular endothelial growth factor gene and the risk of lung cancer in an ethnic Han group of North China. ExpTher Med. v. 3, n. 4, p. 673-6, 2012. LIU B, LI C, LIU Z, et al. Increasing extracellular matrix collagen level and MMP activity induces cyst development in polycystic kidney disease. BMC Nephrol. v. 13, p. 109, 2012. REED BY, MASOUMI A, ELWALEED E, et al. Angiogenic growth factors correlate with disease severity in young patients with autosomal dominant polycystic kidney disease. Kidney International, v. 79, p. 128-134, 2011. REITEROVÁ J, OBEIDOVÁ H, LENÍCEK M, STEKROVÁ J, MERTA M, MAIXNEROVÁ D, et al. Influence of VEGF polymorphism on progression of autosomal dominant polycystic kidney disease. Kid Blood Press Res.,v. 31, n. 6, p. 398-403, 2008. ZUO C, WEN F, LI M, et al. COL1A2 polymorphic markers confer an increased risk of neovascular age-relatedmacular degeneration in a Han Chinese population. Mol Vis.,v. 18, p. 1787-93, 2012. 109 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) 37. Proteína Anexina A1: alternativa terapêutica em câncer de colo uterino 1 1 1 2 1 2 MOREIRA, H. T. ; LACERDA, J.Z. ; PRATES, J. ; CUNHA, B. R. ; OLIANI, S.M. ; TAJARA, E.H. ; 3 RODRIGUES-LISONI, F. C. 1 Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas - UNESP/IBILCE 2 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP 3 Faculdade de Engenharia - UNESP/FEIS Introdução O câncer cervical é comum entre as mulheres jovens, especialmente em populações imunocomprometidas. Os fatores de risco para o desenvolvimento do câncerdo colo do útero são: sexo em idade precoce, múltiplos parceiros sexuais, tabagismo, contraceptivos hormonais, imunossupressão, infecções e a contaminaçãopelo HPV (ROUZIER, 2014). A carcinogênese de colo de útero também está relacionada com angiogênese, processos inflamatórios e a abundância de células inflamatórias, que é uma característica do microambiente tumoral, sendo seu papel na progressão neoplásica foco de muita discussão (ZIJLMANS et al., 2009). A resposta inflamatória é controlada pela ação de mediadores antiinflamatórios, que atuam para manter a homeostasia da resposta imunológica e prevenir a lesão tecidual. Entre esses mediadores destacamos a anexina-A1 (ANXA1), proteína de 37 kDa, que é expressa pelas células tumorais e atua como moduladora do processo inflamatório (ALVES et al., 2008; SILISTINO-SOUZA et al., 2007). Diante dessas considerações, investigamos, in vitro, a ação da proteína antiinflamatória ANXA1 sobre as células tumorais SiHa, avaliando a proliferação e a migração celular etambém a expressão dos genes COX-2, EP3, EP4, MMP2 e MMP9, TIMP1 e TIMP2para determinar como a ANXA1 atua na expressão desses genes e como essas alterações podem participar do processo tumorigênico. Objetivos Investigar, in vitro, a influência da proteína anti-inflamatória ANXA1 exógena na proliferação e migração celular e na expressão dos genes COX-2, EP3, EP4, MMP2, MMP9, TIMP1 e TIMP2nas células SiHa. Materiais e Métodos Nas investigações in vitro, células derivadas de carcinoma epidermóide de cérvix (linhagem celular SiHa) foram tratadas com o peptídeo ANXA12-26 (região Nterminal da ANXA1)na concentração de 2 µM. A proliferação celular foi avaliada pelo Countess® Automated Cell Counter; migração celular por microscopia de luz e expressão gênica por PCR quantitativo em tempo real. Resultados e Discussão Os resultados in vitro mostram que a migração celular foi reduzida após o tratamento com ANXA12-26 (2 µM) nos tempos de 48h e 72h (Figura 1A). A proliferação celular foi reduzida no tempo de 72 horas de tratamento com ANXA12-26 (2 µM) (Figura 1B). A redução significante da expressão dos genes COX-2, EP4 eTIMP1 foi observada após a realização da técnica de PCR quantitativo em tempo real (Figura 1C). Então, nossos dados indicam que a proteína anti-inflamatória ANXA1, no câncer de colo de útero, participa das seguintes etapas: reduz a proliferação e a migração celular, além de reduzir significantemente a expressão dos genes COX-2, EP4 eTIMP2. 110 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) Figura 1. Efeitos do peptídeo ANXA12-26 sobre as células SiHa. O efeito do tratamento com o peptídeo ANXA12-26 sobre a migração celular [A], proliferação celular [B]e expressão gênica [C] em células derivadas de carcinoma epidermóide de cérvix (linhagem SiHa). Os resultados expressam a média ± S.E.M. de células de três ensaios independentes em triplicata. *** p<0,001 versus controle (migração celular); P ≤ 0,05 na proliferação celular e a expressão gênica foi considerada significante exibindo valores ≥ 1.0 ou ≤ -1.0 versus controle. Conclusão Nossos dados revelam ações da proteína ANXA1 exógena no tratamento em linhagem de células de câncer de colo uterino podendo representar um avanço nas investigações terapêuticas. Auxílio Financeiro: CAPES; CNPq; FAPESP. Referências Bibliográficas ALVES, V.A.F. et al. Annexin A1 subcellular expression in laryngeal squamous cell carcinoma. Histopathology, Oxford. v.53, p.715 - 27, 2008. ROUZIER, R. Epidemiology and risk factors for cancer of the uterus. Rev Prat. v.64, p. 774-779, 2014. SILISTINO-SOUZA, R. et al. Annexin 1: differential expression in tumor and mast cells in human larynx cancer. International journal of cancer, New York. v. 120, n.12, p. 2582-9. 2007. ZIJLMANS, H.J. et al. Expression of endoglin (CD105) in cervical cancer. British journal of cancer, London. v.100, n.10, p.1617-26, 2009. 111 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) 38. Associação do Complemento do Fator H na Degeneração Macular Relacionada à Idade 1 1 1 2 2 2 CALASTRI, M.C.J ; CEZARIO, S.M ; OLIVEIRA, C.I.F ; COTRIM, C.C ; PINHEL, M.A.S ; JORGE, R ; 1 1, 2 SOUZA, D.R.S ; SIQUEIRA, R.C . 1 Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto - FAMERP 2 Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto – FMRP/USP Introdução Degeneração macular relacionada à idade (DMRI) é a principal causa da perda de visão acima de 50 anos de idade, sendo responsável por metade de todos os novos casos de cegueira nos paises desenvolvidos (NGAI et al., 2011; FURTADO et al., 2012). Fatores genéticos envolvidos na desregulação do sistema complemento (SC), principal mediador do processo imunoinflamatório, que se caracteriza como conjunto de proteínas solúveis no plasma ou expressas na membrana celular ativado por diversos mecanismos, incluem-se entre as causas da doença (KLEIN et al., 2005; GANGNON et al., 2012). Nesse contexto, destacam-se variantes genéticas do fator H do sistema complemento (CFH) (DIKMETAS; KADAYIFCILAR; ELDEM, 2013), proteína reguladora do SC cuja deficiência associa-se a maior susceptibilidade a infecções (WEISMANN et al., 2011; SHAW et al., 2012). Desse modo, a identifcação de fatores genéticos relacionados à patogênese de DRMI poderá contribuir para diagnóstico, prognóstico e tratamento da doença, combatendo, consequentemente, a perda da visão. Objetivos Avaliar a associação do polimorfismo CFH-Y402H da proteina regulatória Fator H do SC humano e hábitos de vida em pacientes com DMRI. Metodologia Foram estudados 254 indivíduos distribuidos em dois grupos: Grupo Estudo (GE) – 146 pacientes com DMRI (idade: 50 a 89 anos; 52,1% sexo feminino); Grupo Controle (GC) – 108 indivíduos sem a doença (idade: 50 a 84 anos; 55,0% sexo feminino). A genotipagem de CFH-Y402H foi analisada por PCR/RFLP (polymerase chain reaction/restriction fragment lenght polymorphism), identificando-se os genótipos CC (de risco), CT e TT. Admitiu-se nível de significância para valorP<0,05. Hábitos de vida, incluindo tabagismo e etilismo, além de perfil demográfico foram obtidos por meio de entrevista e questionário. Resultados e Discussão O genótipo de risco (CC) e o alelo C prevaleceram em GE (22%; 0,42, respectivamente), comparado a GC (9%; 0,31; P=0,03; P=0,01, respectivamente). Entre os pacientes 32 (22%) relataram consumo frequente de álcool, comparado a 9 (8%) indivíduos sem a doença (P=0,006), no entanto, houve semelhança entre os grupos considerando o hábito tabagista (GE=40%; GC=34%; P=0,047). A associação do polimorfismo CFH-Y402H (ora representada pelo genótipo de risco CC) com DMRI, corrobora outros estudos (HAGEMAN et al., 2005; KLEIN et al., 2005). Isso sugere alteração nos mecanismos de ação do fator H conferindo, consequentemente, maior suscetibilidade a inflamação, fator de risco para DMRI (GEHRS et al., 2010; HECKER et al., 2010; GANGNON et al., 2012). Reconhecidamente, o fator H controla a ativação da via alternativa do complemento, que proporciona meio de resistência contra infecção sem a participação de anticorpos e, portanto, fornece a primeira linha de defesa contra uma variedade de agentes infecciosos (CHARBEL ISSA; CHONG; SCHOLL, 2011). Adicionalmente, fatores ambientais são relevantes na patogenia de DMRI incluindo o etilismo, 112 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) observado com maior frequência no grupo de pacientes, comparado a controles, relatado também por outros autores (ARNARSSON et al., 2006; CHONG et al., 2008), enquanto tabagismo não diferenciou os grupos neste e em outro estudo (TAN et al., 2007), embora há referência de sua associação com a doença (SEDDON et al., 2009; CHAKRAVARTHY et al., 2010). Nesse contexto, destaca-se a relação dos referidos hábitos com a produção de radicais livres desencadeando processo inflamatório e, consequentemente, desenvolvimento e evolução de DMRI (HOLLYFIELD et al., 2008; PATEL; CHAN, 2008; THURMAN et al., 2009). Conclusão O polimorfismo CFH-Y402H associa-se com DMRI, assim como etilismo, sugerindo a influência desses fatores na sua patogênese, o que deve ser avaliado também em estudos prospectivos considerando a gravidade e evolução da doença. Auxílio Financeiro: Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP Referências Bibliográficas ARNARSSON A, SVERRISSON T, STEFÁNSSON E, et al. Risk factors for five-year incident agerelated macular degeneration: the Reykjavik Eye Study. Am J Ophthalmol. 2006;142(3):419-28. CHAKRAVARTHY U, WONG TY, FLETCHER A, et al. Clinical risk factors for age-related macular degeneration: a systematic review and meta-analysis. BMC Ophthalmol. 2010;13;10:31. CHARBEL ISSA P, CHONG NV, SCHOLL HP. The significance of the complement system for the pathogenesis of age-related macular degeneration - current evidence and translation into clinical application. Graefes Arch Clin Exp Ophthalmol. 2011;249(2):163-74. CHONG EW, KREIS AJ, WONG TY, et al. Alcohol consumption and the risk of age-related macular degeneration: a systematic review and meta-analysis. Am J Ophthalmol. 2008;145(4):707-715. DIKMETAS O, KADAYIFCILAR S, ELDEM B. The effect of CFH polymorphisms on the response to the treatment of age-related macular degeneration (AMD) with intravitreal ranibizumab. Mol Vis. 2013;19:2571-8 FURTADO JM, LANSINGH VC, CARTER MJ, et al. Causes of blindness and visual impairment in Latin America. Surv Ophthalmol. 2012;57(2):149-77. GANGNON RE, LEE KE, KLEIN BE, et al. Effect of the Y402H variant in the complement factor H gene on the incidence and progression of age-related macular degeneration: results from multistate models applied to the Beaver Dam Eye Study. Arch Ophthalmol. 2012;130(9):1169-76. GEHRS KM, JACKSON JR, BROWN EN, et al. Complement, age-related macular degeneration and a vision of the future. Arch Ophthalmol. 2010;128(3):349-58. HAGEMAN GS, ANDERSON DH, JOHNSON LV, et al. A common haplotype in the complement regulatory gene factor H (HF1/CFH) predisposes individuals to age-related macular degeneration. Proc Natl Acad Sci U S A. 2005; 102(20):7227-32. HECKER LA, EDWARDS AO, RYU E, et al. Genetic control of the alternative pathway of complement in humans and age-related macular degeneration. Hum Mol Genet. 2010;19(1):209-15. HOLLYFIELD JG, BONILHA VL, RAYBORN ME, et al. Oxidative damage-induced inflammation initiates age-related macular degeneration. Nat Med. 2008; 14(2):194-8. KLEIN RJ, ZEISS C, CHEW EY, et al. Complement factor H polymorphism in age-related macular degeneration. Science. 2005;15;308(5720):385-9. 113 _________________________________________________________ Mestrado (GHM) NGAI LY, STOCKS N, SPARROW JM, et al. The prevalence and analysis of risk factors for agerelated macular degeneration: 18-year follow-up data from the Speedwell eye study, United Kingdom. Eye (Lond). 2011;25(6):784-93. PATEL M, CHAN CC. 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Complement factor H binds malondialdehyde epitopes and protects from oxidative stress. Nature. 2011; 478(7367):76-81. 114 ________________________________________________________ 39. Manifestações clínicas em crianças com Doença Falciforme 1 1 1 1 Doutorado (GHM) 1 OKUMURA, J.V ; SILVA, D.G.H ; TORRES, L.S ; BELINI-JUNIOR, E ; OLIVEIRA, R.G ; 1 2 1 SALVARANI, M ; LOBO, C.C.L ; BONINI-DOMINGOS, C.R . 1 Universidade Estadual Paulista “Julio de Mesquita Filho” - Instituto de Biociências, Letras e Ciências Exatas (UNESP/IBILCE) 2 Instituto estadual de Hematologia “Arthur Siqueira Cavalcanti” (HEMORIO) Introdução A Doença Falciforme (DF) é caracterizada pela presença da hemoglobina (Hb) S (HBB:c.20A>T – rs334), sendo mais frequente em homozigose, denominada de Anemia Falciforme (AF), e menos frequente em interação com outras Hb alteradas como a Hb C, D e a beta-talassemia (WEATHERALL; CLEGG, 2001). Por se tratarem de mutações no gene da beta-globina (HBB), os principais sintomas começam a aparecer após o sexto mês de vida, quando há troca das cadeias globínicas, principalmente das gamas (γ) por betas (β) para formar as Hb adultas (SCHECHTER, 2008). As principais ocorrências clínicas em uma criança com DF são: infecções, sequestro esplênico (SE), síndrome torácica aguda (STA), crises de dores e síndrome mão-pé (dactilite) (BALLAS et al., 2010; MEIER; MILLER, 2012). Juntamente com estas ocorrências as crianças são internadas e geralmente recebem transfusões como forma de tratamento. Os genótipos que caracterizam a clínica mais grave são os SS e Sβ0 (MEIER; MILLER, 2012). No Brasil nascem aproximadamente 3.500 crianças por ano com AF, sendo 1:1200 com DF nascidas vivas no Rio de Janeiro (CANÇADO; JESUS, 2007). Objetivo Avaliar as manifestações clínicas de recém-nascidos com DF que fazem acompanhamento no HEMORIO. Materiais e Métodos O resultado apresentado faz parte de um estudo de doutorado intitulado “Vaso-oclusão em Doença Falciforme: interação gênica e/ou características intrínsecas da manifestação clínica?”. O grupo de estudo foi composto por 103 recém nascidos com DF provenientes do HEMORIO. A última avaliação das manifestações clínicas ocorreu em março de 2014 e as crianças apresentavam média de idade de 17,0±6,54 meses (mínimo seis meses - máximo 48 meses). O levantamento clínico se baseou na consulta aos prontuários, do banco de dados do HEMORIO (SASH) e em parceria com a pediatra responsável. Foram verificados a ocorrência de febre, SE, esplenomegalia, pneumonia (PNM), STA, crises de dor e dactilite e também o número de internações e transfusões. A caracterização da presença das hemoglobinas ocorreu por meio de eletroforese alcalina e ácida, resistência globular osmótica, análise da morfologia eritrocitária e quantificação das frações globínicas por HPLC. A confirmação genotípica foi realizada por PCR-RFLP para a detecção das mutações HBB:c.20A>T – rs334 para Hb S com a enzima de restrição DdeI, da mutação HBB:c.19G>A – rs33930165 para Hb C com a enzima BseRI e da HBB:c.364G>C – rs33946267 para Hb D com a enzima EcoRI. Para a detecção das beta-talassemias foi utilizado a técnica de PCR-AE. No presente trabalho, não separamos os indivíduos de acordo com as mutações de betatalassemia para a análise das manifestações clínicas. Os resultados foram apresentados como média ± desvio padrão. A análise estatística de Qui-quadrado foi realizada no software Statistica 9.0 (Statsoft Inc.) e o nível de significância foi fixado em p<0.05. 115 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) Resultados e Discussão Dos 103 indivíduos com DF, 98 estão genotipados para a presença da Hb S sendo 73 (74,5%) homozigotos para a Hb S (possuem AF), 17 (17,3%) com Hb SC, sete (7,2%) com Hb Sβ talassemia e um (1,0%) com Hb SD. O evento mais frequente foi a internação (83,67%), seguido da transfusão (77,55%), provavelmente devido a ocorrência das manifestações clínicas de febre (75,51%) e PNM (68,36%). As crises de dor (32,65%), dactilite (17,34%), não foram acentuadas devido aos níveis elevados de Hb F(média de 67,96 ± 15,9; mín 1,3 e máx 91,4). Até este momento, faz parte do grupo amostral apenas um paciente com Hb SD e este possui um dos piores fenótipos encontrados, pois apresentou cinco ocorrências de febre, cinco internações, duas transfusões, uma dactilite, duas PNM, uma crise de dor e dois SE com 22 meses de idade. Não foi relatado, mas um paciente dos 73 com Hb SS foi a óbito por bronco aspiração com sete meses de idade. O indivíduo com Hb SD não foi incluído nas análises. A figura 1 apresenta os eventos clínicos e de procedimento em cada grupo amostral. Figura 1. Manifestações e procedimentos clínicos nas crianças com DF. A. Ocorrência das manifestações clínicas entre os genótipos da Doença Falciforme. B. Ocorrência dos procedimentos adotados como tratamento contra as manifestações clínicas. IVAS: insuficiência das vias aéreas superiores; PNM: pneumonia; SE: seqüestro esplênico; STA: síndrome torácica aguda. Podemos verificar que nos Sβ as ocorrências de febre, PNM, crises de dor e SE foram maiores em relação aos outros grupos amostrais. O que mais se destacou foi o SE, pois, por ser uma doença hemolítica grave, desde cedo o SE é presente nos pacientes com Sβ. O grupo SC apresentou menos ocorrência de todas as manifestações clínicas em relação aos outros grupos, o que era esperado. A combinação do alelo S, considerado a complicação mais grave, com o alelo C, que causa clínica mais branda, ameniza a ocorrência das complicações. Porém aumenta a viscosidade sanguínea, podendo acarretar nos indivíduos adultos a retinopatia. O grupo SS apresentou a ocorrência de dactilite, IVAS e STA maiores que os outros grupos amostrais. A tabela 1 apresenta a comparação das manifestações clínicas entre os genótipos da DF. Esta comparação ressalta a semelhança entre indivíduos com o genótipo SS e Sβ, sendo responsáveis pelas maiores ocorrências das manifestações clínicas ao indivíduo, como mostra a figura 1B, sendo os genótipos que mais necessitam de tratamento. O contrário ocorre nos indivíduos com genótipo SC que apresentam uma clínica mais branda em relação aos outros genótipos da DF refletido com menos internações e transfusões. 116 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) Tabela 1. Comparação da ocorrência das manifestações clínicas de acordo com os genótipos da DF no grupo de estudo prospectivo Manifestações Freq. Freq. Freq. Genótipos p Genótipos p Genótipos p Clínicas (100%) (100%) (100%) SS 71.23 SS 71.23 SC 41.17 Febre 0.18 0.41 0.04* SC 41.17 Sβ 85.71 Sβ 85.71 Dactilite SS SC 21.91 0 - SS Sβ 21.91 0 - SC Sβ 0 0 - IVAS SS SC 35.61 5.88 0.015* SS Sβ 35.61 0 - SC Sβ 5.88 0 - PNM SS SC 61.54 41.17 0.12 SS Sβ 61.54 71.42 0.60 SC Sβ 41.17 71.42 0.17 Esplenomegalia SS SC 6.84 5.88 0.88 SS Sβ 6.84 0 - SC Sβ 5.88 0 - Crises de dor SS SC 35.61 5.88 0.015* SS Sβ 35.61 42.85 0.70 SC Sβ 5.88 42.85 0.02* SE SS SC 28.76 11.76 0.14 SS Sβ 28.76 71.42 0.02* SC Sβ 11.76 71.42 <0.01* SS 2.73 SS 2.73 SC 0 SC 0 Sβ 0 Sβ 0 IVAS: infecção das vias aéreas superiores; PNM: pneumonia; SE: seqüestro esplênico; STA: síndrome torácica aguda; N: número de ocorrências; Freq.: freqüência; p: valor de p; * valor de p significativo <0.05. STA Conclusão As ocorrências das manifestações clínicas em indivíduos com DF iniciam-se desde a primeira infância e o genótipo SS e Sβ são responsáveis por causar as mais graves manifestações clínicas. Já a presença da Hb C juntamente com a Hb S torna a clínica mais branda nestes indivíduos. Nada podemos inferir sobre a co-herança do alelo D com S. Referências Bibliográficas BALLAS, S.K.; LIEFF, S.; BENJAMIN, L.J., et al. Definitions of the phenotypic manifestations of sickle cell disease. American Journal of Hematology. p.1-8, 2010. CANÇADO, R.D.; JESUS, J.A. A doença falciforme no Brasil. Revista Brasileira de Hematologia e Hemoterapia. v. 29, n. 3, p. 203-206, 2007. MEIER, E. R.; MILLER, J.L. Sickle cell disease in children. Drugs. v.72, n.7, p. 896-906, 2012. SCHECHTER, A.N. Hemoglobin research and the origins of molecular medicine. Blood. v. 112, n. 10, p. 3927-3938, 2008. WEATHERALL, D.J.; CLEGG, J.B. Inherited haemoglobin disorders: an increasing global health problem. Bulletin of the World Health Organization. v.78, n. 8, p. 704-712, 2001. 117 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) 40. Polimorfismos nos genes TLR2 e TLR4 associados com risco de câncer colorretal e influência na expressão gênica e protéica 1 1,2 1 1 3 PROENÇA, M. A. , OLIVEIRA, J. G. , CADAMURO, A. C. T. , SUCCI, M. , NETINHO, J. G. , 3 3 1 GOLONI-BERTOLO, E. M. , PAVARINO, É. C. , SILVA, A. E. 1 UNESP, Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus São José do Rio Preto, SP. 2 USC, Univesidade do Sagrado Coração, Bauru, SP. 3 FAMERP, Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto, SP. Introdução O câncer colorretal (CCR) é um dos principais modelos de associação inflamação-câncer devido a constante exposição a microrganismos e à doença inflamatória intestinal (COUSSENS; WERB, 2002; WOGAN et al., 2012). Diferentes classes de genes participam ativamente do processo inflamatório, como receptores de membrana e de citocinas pró- e anti-inflamatórias, e quando desregulados ou alterados podem estar relacionados ao desenvolvimento do câncer. Os receptores Toll-like (TLRs) tem um papel essencial no reconhecimento direto dos agentes infecciosos, levando à ativação das respostas imune inata e adaptativa. Assim, polimorfismos em genes que desempenham um papel importante na suscetibilidade a doenças inflamatórias, como os receptores TLR2 e TLR4 podem ser alvos interessantes para estudos de possíveis marcadores moleculares para CCR (NIHON-YANAGI et al., 2012). Objetivos Avaliar a associação dos polimorfismos TLR2 -196 a -174del, TLR4 -1607 T/C (rs10759932) e TLR4 +896 A/G (rs4986790) com o desenvolvimento de CCR, assim como determinar os níveis de expressão de RNAm e proteínas no tecido tumoral e a influência dos polimorfismos funcionais sobre esses níveis de expressão. Materiais e Métodos Foram genotipadas 434 amostras (194 de pacientes com CCR e 240 de indivíduos saudáveis) de DNA de leucócitos de sangue periférico ou de células de tecido tumoral (DNA e RNA), por meio das técnicas de PCR alelo-específico e PCRRFLP. A análise de regressão logística múltipla foi utilizada para avaliar a associação dos polimorfismos com risco de CCR, aplicando os modelos log-aditivo, dominante e recessivo, ajustados para os fatores de risco (gênero, idade, tabagismo e etilismo). Para a quantificação relativa (RQ) do RNAm foi utilizada a técnica de PCR quantitativa em tempo real (qPCR) em 40 amostras de tecido tumoral. As análises de expressão protéica foram realizadas pela técnica de imunohistoquímica (anticorpo policlonal de coelho anti-TLR2 - 06-1119, 1:50, Millipore e anticorpo monoclonal de camundongo anti-TLR4 -76B357.1, 1:200, Abcam) e em seguida quantificadas por densitometria. Resultados e Discussão A variante polimórfica TLR2 -196 a -174del foi associada com risco aumentado de desenvolvimento de CCR de acordo com os modelos dominante (OR=1,72, IC95%=1,03-2,89; p=0,038) e log-aditivo (OR=1,59, IC95%=1,02-2,48; p=0,039), porém para os polimorfismos TLR4 -1607 T/C e TLR4 +896 A/G não foram encontradas associações. A análise de quantificação relativa (RQ) do RNAm evidenciou aumento significante na expressão de TLR2 (RQ=2,36) no tecido tumoral quando comparado 118 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) com o tecido normal adjacente (p<0,0001), enquanto para o gene TLR4 não foi observada diferença significante (RQ=0,74; p=0,452). Quando as amostras de tecido tumoral foram estratificadas conforme os polimorfismos em região promotora, os portadores da variante TLR2 -196 a -174 del apresentaram mediana de RQ do RNAm cerca de 2,19 vezes maior em comparação com o genótipo selvagem, indicando que o alelo polimórfico del pode estar influenciando no aumento da expressão gênica de TLR2. Contudo, não foi observada influência do polimorfismo TLR4 -1607 T/C sobre os níveis de expressão gênica. Os resultados de imunohistoquímica mostraram expressão protéica maior de TLR2 no tecido tumoral quando comparado com a mucosa normal adjacente (Figura 1 A-C). Porém não foi observada diferença entre a expressão protéica de TLR4 entre o tecido tumoral e o normal adjacente (Figura 1 D-F). Quando as amostras foram estratificadas de acordo com o polimorfismo, os portadores do alelo polimórfico del para o polimorfismo TLR2 -196 a -174 del também apresentaram expressão protéica maior do que os homozigotos selvagens (Figura 1 G), assim confirmando os resultados da expressão gênica. A deleção -196 a -174 do gene TLR2 na região promotora deve aumentar os níveis de transcrição gênica no tecido tumoral, assim acentuando o processo inflamatório e consequententemente favorecendo a progressão tumoral. Conclusão O polimorfismo funcional TLR2 -196 a -174del encontra-se associado com risco de CCR, e parece exercer influência sobre os níveis de expressão gênica e protéica, aumentando a expressão do gene e da proteína TLR2 no tecido tumoral, evidenciando seu papel importante na carcinogênese colorretal esporádica. Referências Bibliográficas COUSSENS, L M.; WERB, Z. Inflammation and cancer. Nature, v. 420, n. 6917, p. 860-867, 2002. NIHON-YANAGI, Y. et al. Tissue expression of Toll-like receptors 2 and 4 in sporadic human colorectal cancer. Cancer Immunol Immunother, v. 61, p. 71-77, 2012. WOGAN, G. N. et al. Infection, inflammation and colon carcinogenesis. Oncotarget, v. 3, n. 8, p. 737738, 2012. 119 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) Figura 1. Expressão protéica de TLR2 e TLR4 no citoplasma do epitélio da mucosa intestinal (seta) por imunohistoquímica. (A) Expressão moderada de TLR2 na mucosa normal adjacente (NT), comparada com (B) uma forte imunomarcação no tecido de câncer colorretal. (C) Baixa expressão de TLR4 na mucosa normal adjacente, comparada com (E) uma moderada imunomarcação de TLR4 no tecido de câncer colorretal. (C e F) Análise de densitometria (média ± SE) evidenciando uma diferença significante entre o tecido normal e tumoral para a proteína TLR2 (p <0,001), mas não para TLR4. (G) Valores de densitometria estratificados de acordo com os polimorfismos. Portadores do genótipo polimórfico ins/del apresentaram expressão protéica maior do que os homozigotos selvagens ins/ins (p=0,03). Nenhuma diferença estatística foi encontrada para os valores da proteína TLR4. A.U.= unidade arbitrária. Todas as imagens são de um mesmo paciente. 120 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) 41. Associação de polimorfismos do receptor TCR com a infecção por Plasmodium vivax no município de Goianésia do Pará, Estado do Pará 1,2 1,2 2 2 CAPOBIANCO, M. P. ; CASSIANO, G. C. ; FURINI, A. A. C. ; TOMAZ, F.M.M.B. ; TRINDADE, 2 2 2 1 1,2,3 P.C.A. ; FRAGA, V. D. ; CONCEIÇÃO, L. M. ; BONINI-DOMINGOS, C. R.. ; MACHADO, R. L. D. 1 Universidade Estadual Paulista, São José do Rio Preto, UNESP/IBILCE. 2 Centro de Investigação de Microrganismos – CIM – FAMERP. 3 Instituto Evandro Chagas, Pará, Brasil. Introdução A migração humana é uma realidade entre as diferentes regiões do país, e a pouca habilidade no manejo clínico da doença pelos diversos profissionais da área de saúde se constitui em um sério agravante para a saúde pública. Associado a estes aspectos sociais o surgimento da resistência às drogas pelo Plasmodium vivax nos últimos anos é uma realidade (SHEEHY, et al., 2013). Ademais, as evidências recentes de complicações clínicas associadas com casos fatais, justificam a busca pelo desenvolvimento de uma vacina para malária (ALECRIM et al.; 2006; LACERDA et al., 2008; ANDRADE et al., 2010). Estudos de resposta sorológica a diferentes peptídeos do Plasmodium spp. tem apresentado resultados variáveis dependentes do antígeno utilizado e da população analisada e o componente genético do hospedeiro também é importante na modulação da resposta imune (MEDINA et al., 2011). Polimorfismos em genes de moléculas envolvidas na resposta imunológica podem influenciar no desenvolvimento da resposta imune e consequentemente no estabelecimento do parasito. O receptor do linfócitos T (TCR) é um heterodímero formado por duas cadeias polipeptídicas unidas entre si por pontes dissulfídicas, que na superfície dos linfócitos T, estão ligados a uma molécula sinalizadora, denominada CD3. Estas cadeias apresentam regiões constantes e variáveis, que atribuem especificidade ao antígeno e se diferenciam entre os clones celulares (LAROCQUE et al. 1996). Primeiramente, polimorfismos nos genes que codificam as cadeias variáveis podem resultar em diferenças no número de segmentos gênicos expressos ou em mudanças na sequência de aminoácidos do produto do gene. Em segundo lugar, as células T no processo de seleção clonal podem estar aptas a resposta imune em uma seleção positiva, ou sofrerem apoptose na seleção negativa dependendo do tipo de TCR que apresentam e de sua afinidade com as moléculas do complexo maior de histocompatibilidade (MALHOTRA et al., 1992). Alguns dos polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) são identificados no gene do TCR e observados na cadeia beta. Nesta região, o TCRBV20S1 (C/T) e o TCRBV3S1 (C/T) têm sido amplamente investigados, pois parecem afetar significativamente o repertório dos receptores de células T por modificar a capacidade de desenvolvimento de uma resposta imunológica ( POSNETT et al., 1994). Objetivos Identificar dois polimorfismos no gene TCR, estimar as freqüências alélicas e genotípicas de variantes neste gene em amostras de pacientes infectados por P. vivax no Estado do Pará e associar estes polimorfismos com a parasitemia do indivíduo. Materiais e Métodos Área de estudo: Foram investigados indivíduos infectados por P. vivax provenientes do município de Goianésia do Pará, Estado do Pará devido ao fato deste município estar, atualmente, entre os 5 municípios que concentram 50% dos casos de malária do Estado do Pará. Em 2012 foram registrados 1.136 casos de malária sendo a maioria ocasionada pelo P. vivax (79,0%). 121 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) Amostra: Foi constituída por 83 indivíduos infectados por P. vivax com mais de 18 anos de idade, residentes na localidade de abrangência do projeto, confirmadas como diagnóstico positivo para malária por P. vivax pelo método da Gota Espessa e por PCR aninhado. O projeto foi aprovado no CEP/UNESP (n° 331.162) em 10 de julho de 2013. Extração de DNA: O DNA foi extraído empregando-se o kit de extração/purificação Easy DNATM (Invitrogen, Califórnia – USA). Genotipagem do TCR: Foram avaliados dois polimorfismos em dois diferentes segmentos gênicos codificadores de cadeias variáveis beta (TCRBV). Para análise do polimorfismo do TCRBV20S1(C/T) foram utilizados os seguintes iniciadores: 5´ ATTCATCAATGGCCAGCGAC 3´ e 5´ GGAGCTTCTTAGAACTCAG 3´. O fragmento resultante foi de aproximadamente 235 bp e foi digerido com a endonuclease de restrição KpnI. Uma substituição de Citosina por Timina leva a formação de um códon interruptor na sequência do segmento gênico TCRBV20S1 e, simultaneamente, elimina um sítio de restrição desta enzima. Sendo assim, indivíduos homozigotos para o alelo nulo poderão ser identificados pela presença de um único fragmento de 235 bp quando o produto da PCR for digerido com esta mesma endonuclease de restrição. No entanto, o DNA dos homozigotos para o outro alelo foi identificado pela presença de dois fragmentos de 100 e 135 bp e os indivíduos heterozigotos apresentaram três fragmentos cujos tamanhos foram de 100, 135 e 235 bp (CHARMLEY et al., 1993). Para análise do polimorfismo do TCRBV3S1(C/T), localizado na SSR deste segmento gênico, as amostras de DNA foram amplificadas pela técnica de PCR utilizando os seguintes iniciadores específicos: 5´ CCTTGATGGCCTGTTTTTCAC 3´ e 5´ GTGCCATCGGAGCCAGCAC 3´. O tamanho dos fragmentos resultantes da amplificação foi de 431bp. Estes fragmentos foram digeridos com a endonuclease de restrição Pvu. As duas variantes alélicas do TCRBV3S1 diferem somente em um nucleotídeo (C/T) e a transição de Citosina para Timina gera um sítio para a enzima PvuII dentro da SSR deste segmento gênico. Indivíduos homozigotos para este alelo foram identificados pela presença de um único fragmento de 431 bp, refletindo assim, a ausência do sítio de restrição. Mas, indivíduos homozigotos para o outro alelo foram identificados pela presença de um fragmento de aproximadamente 352 bp e os heterozigotos foram identificados pela presença de dois fragmentos de 352 e 431 bp, respectivamente (POSNETT et al., 1994; CARPENTER et al.,2007). Análises estatísticas: Toda a análise estatística foi realizada com o programa R v 2.11.1 (http://www.r-project.org). As frequências genotípicas e alélicas para cada variante foram obtidas por meio do pacote genetics (WARNES et al., 2011). Utilizando este pacote, foram avaliados desvios do Equilíbrio de Hardy-Weinberg pelo teste do Qui-quadrado. As diferenças nas medianas da parasitemia em relação aos genótipos foram avaliadas utilizando o teste não paramétrico de Mann-Whitney. Valores de p < 0,05 foram considerados significantes. Resultados Para o polimorfismo no segmento gênico do TCRBV20S1, o genótipo mais freqüente foi o CC (53,7%) e o alelo mais freqüente foi o C (88,3%). Para o polimorfismo no segmento gênico do TCRBV3S1 o genótipo mais frequente foi o TC (46,3%) e o alelo mais freqüente foi o C (82,5%). Ambos os genes se encontram em equilíbrio de Hardy e Weinberg. A parasitemia variou de 15 a 70.000, com mediana de 1.500 parasitos por microlitro de sangue. Não houve diferença na parasitemia em relação aos genótipos de TCRBV20S1 (p = 0,63) e de TCRBV3S1 (p = 0,10). As frequências genotípicas e associação com a parasitemia são apresentadas na Tabela 1. 122 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) Tabela 1. Frequência dos polimorfismos em TCRBV3S1 e TCRBV20S1 e associação com a parasitemia. Polimorfismo Frequência Parasitemia p-value TCRBV3S1 0.10 CC 35,4 2000 CT 46,3 1500 TT 18,3 1000 TCRBV20S1 0.63 CC 53,7 1500 CT 35,3 2000 TT 11,0 3000 Conclusão Os resultados deste estudo sugerem que as variantes genéticas analisadas nos diferentes segmentos gênicos do TCR não afetam a funcionalidade das moléculas de modo que possa interferir na parasitemia da malária causada por P. vivax. Auxílio Financeiro: CAPES, UNESP/São José do Rio Preto/SP e Instituto Evandro Chagas/SVS/MS. Referências Bibliográficas ALECRIM, M.G; LACERDA, M.V.; MOURÃO, M.P; ALECRIM, W.D.; PADILHA A.; CARDOSO, B.S.; BOULOS, M.M.Successful treatment of Plasmodium falciparum malaria with a six-dose regimen of artemether-lumefantrine versus quinine-doxycycline in the Western Amazon region of. The American journal of tropical medicine and hygiene, v. 74, n.1, p. 20-25, 2006. ANDRADE, B.B; REIS-FILHO, A.; SOUZA-NETO, S.M.; CLARÊNCIO, J.; CAMARGO, L.M.; BARRAL, A.; BARRAL-NETTO, M. Severe Plasmodium vivax malaria exhibits marked inflammatory imbalance. Malaria Journal , v. 9, p.13, 2010. CARPENTER, D; ROOTH, I; FAMERT, A; ABUSHAMA, H; QUINNELL, R.J; SHAW, M.A. Immunogenetic control of antibody responsivenessin a malaria endemic area. Hum. Immunology, v. 68, p.165–169, 2007. CHARMLEY, P.; WANG, K.; HOOD, L.; NICKERSON, D.A. Identification and physical mapping of a polymorphic human T-cell receptor V beta with a frequent null allele. The Journal of experimental medicine, v.177, p.135–143, 1993. LACERDA, M. V.; HIPÓLITO, J. R.; PASSOS, L. N. Chronic Plasmodium vivax infection in a patient with splenomegaly and severe thrombocytopenia.Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 41, n. 5, p. 522-523, 2008. LAROCQUE, R.; ROBINSON, M.A. Diversity in the human T cell receptor beta chain. Human Immunology, v. 48, n.1-2, p.3-11, 1996. MALHOTRA, U.; SPIELMAN, R.; CONCANNON, P. Studies of identical twins, siblings and insulindependent diabetes mellitus patients. Journal of Immunology, v.149, p. 1802-1808, 1992. MEDINA, T.S.; COSTA, S.P.; OLIVEIRA, M.D.; VENTURA, A.M.; SOUZA, J.M.; GOMES, T.F.; VALLINOTO, A.C.; PÓVOA, M.M.; SILVA, J.S.; CUNHA, M.G. Increased interleukin-10 and interferong levels in Plasmodium vivax malaria suggest a reciprocal regulation which is not altered by IL-10 gene promoter polymorphism. Malaria Journal , v.10, p. 264, 2011. POSNETT, D.N.; VISSINGA, C.S.; PAMBUCCIAN, C.; WEI, S.; ROBINSON, M.A.; KOSTYU, D.; CONCANNON, P.Level of TCRBV3S1(V beta 3.1) expression correlates with allelic polymorphism in the spacer region of the recombination signal sequence. The Journal of experimental medicine, v.179, p.1707–1711, 1994. WARNES, G.; GORJANC, G.; LEISCH, F.; MAN, M .Genetics: Population Genetics. R package version 1.3.6. 2011. Disponível em <http://CRAN.R-project.org/package=genetics>. Acesso em 30 Jul. 2012. 123 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) 42. Aumento da expressão da proteína antiinflamatória Anexina-A1 no câncer gástrico 1 2 3,4 1 1 MANIEZZO-STUCHI, N.M ; OLIVEIRA-CARDOSO,M.F ; SANTI-NETO,D ; OLIANI,S.M ; SILVA,A.E 1 Departamento de Biologia, Universidade Estadual Paulista (UNESP-IBILCE), São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil 2 Departamento de Biologia Estrutural e Funcional, Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), São Paulo, Brasil. 3 Hospital de Base, São José do Rio Preto, São Paulo, Brasil 4 Faculdades Integradas Padre Albino (FIPA), Catanduva, São Paulo, Brasil. Introdução Existe uma forte associação entre estados de inflamação crônica e câncer, e acredita-se que mediadores da inflamação possam estar associados a este fenômeno (RASCH; ALGUL, 2014). Vários estudos indicaram a inflamação crônica como um dos principais fatores de risco para o desenvolvimento de diversos tipos de câncer, dentre eles, o câncer gástrico (VANNELLA et al., 2012). Uma proteína que tem sido relacionada com processos inflamatórios crônicos e com o câncer é a Anexina-A1 (AnxA1). Esta proteína se liga ao cálcio e a fosfolipídeos e além da ação antiinflamatória apresenta também ação antiproliferativa (ZHU et al., 2010). Outras funções da AnxA1 são o crescimento celular, fusão de membrana, endocitose e exocitose, transdução de sinais, diferenciação de queratinócitos e apoptose (HUO; ZANG, 2005; JONH et al, 2008). Expressão alterada da AnxA1, tanto aumentada como reduzida, tem sido descrita em diversos tipos de neoplasias como mama (KHAU et al., 2011), esôfago, próstata e estômago, respectivamente, assim como correlacionada com progressão tumoral e sobrevivência (PAWELETZ et al., 2000; WANG et al., 2006), com participação nos estágios iniciais e progressão do câncer gástrico (ZHU et al., 2010), assim como correlação entre a expressão elevada em tumores gástricos e parâmetros clínicopatológicos (ZHANG et al., 2013). Objetivos Avaliar a expressão da proteína AnxA1 nas amostras tumorais de pacientes com adenocarcinoma gástrico comparando-as com as áreas metaplásicas e normal adjacente ao mesmo. Materiais e Métodos O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) desse Instituto (Parecer nº 122.117). Caracterização da amostra: Foram processados 21 casos de adenocarcinoma gástrico selecionados no setor de patologia do Hospital de Base de São José do Rio Preto-SP. Os blocos com os tumores foram cedidos pelo médico patologista responsável pelo setor, Dr.Dalisio de Santi Neto. O grupo amostral foi composto por 8 mulheres e 13 homens, e a média de idade para o grupo foi de 64 anos. Imuno-histoquímica: A técnica de imuno-histoquímica foi realizada para avaliar a expressão e localização da proteína Anexina-A1 nas amostras de adenocarcinoma gástrico e tecido normal adjacente, ou metaplasia na ausência de tecido normal. Foi utilizado o anticorpo primário da AnxA1 (Zymed Laboratories ) na concentração de 1:1000. A densitometria da proteína AnxA1 foi realizada utilizando-se o software AXIOVISION Release 4.8 versão 15. Para cada amostra foram analisados o citoplasma e o núcleo das células epiteliais e o estroma a partir de 20 pontos distribuídos aleatoriamente em três diferentes campos de cada lâmina, totalizando 60 pontos em cada uma dessas três regiões. A análise densitométrica foi realizada utilizando-se escala arbitrária de 0 a 255. 124 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) Resultados e Discussão Foram processados 21 casos pareados (tecido tumoral x tecido normal adjacente ou tecido tumoral x tecido metaplásico adjacente), que foram avaliados pela técnica de imuno-histoquímica, para verificar a expressão e localização da proteína AnxA1. Foi possível observar aumento significante da expressão da Anexina A1 no citoplasma tumoral em relação ao citoplasma normal (p<0,01). Estes resultados podem ser observados na Tabela 1 e Figura 1. A análise estatística foi realizada por teste Kruskal- Wallis com pós-teste Dunn’s Multiple Comparison. Tabela 1: Médias dos valores de densitometria da proteína AnxA1 para o citoplasma, núcleo e estroma das células normais, metaplásicas e tumorais. Média ± S.E.M p Normal Metaplasia Tumor Nor/Met Nor/Tum Met/Tum Citoplasma 170,3 ± 39,0 176,8 ± 39,3 182,7 ± 34,8 >0,05 <0,01* >0,05 Núcleo 205,5 ± 32,8 209,3 ± 19,4 209,7 ± 29,7 >0,05 >0,05 >0,05 Estroma 180,7 ± 37,4 177,9 ± 36,9 180,0 ± 34,4 >0,05 >0,05 >0,05 Anxa1 u.a. (unidades arbitrárias) Nor (Normal); Met (Metaplasia); Tum (Tumor); *diferença significante 250 200 Normal ** Metaplásico Tumor 150 100 50 0 Citoplasma Estroma Núcleo Figura 1: Expressão da proteína anti-inflamatória anexina A1 em tecido gástrico (A-C). (A) Mucosa normal com fraca expressão da proteína AnxA1 no citoplasma e estroma e com leve aumento da expressão do núcleo das células epiteliais (seta branca). (B) Tecido gástrico apresentando metaplasia intestinal com marcação fraca para a proteína no citoplasma (seta vermelha) e estroma (seta amarela). (C) Amostra de adenocarcinoma gástrico com presença de células mucinosas (círculo vermelho), mostrando aumento da marcação para a proteína AnxA1 no núcleo (seta branca), citoplasma (seta vermelha) e estroma (seta amarela). Barras: 20 µm. ** Análises densitométricas da AnxA1 (D). Resultados demonstrados como média ±S.E.M (n=21). , p<0,01 versus citoplasma normal. Já está bem estabelecido que os níveis da proteína Anexina-A1 variam de acordo com a patologia estudada, no caso de neoplasias a expressão da mesma parece ser tecido específica (KANG et al., 2012), para o câncer gástrico a relação entre a expressão da proteína e a progressão da doença permanece contraditória. Entretanto, em recente estudo finalizado em nosso grupo de pesquisa os níveis de expressão relativa para o mRNA do gene ANXA1 foi aumentado em relação a mucosa normal em 90% dos casos de gastrite crônica (média de 4,26 ± 2,03), similarmente ao observado em câncer gástrico (média de 4,38 ± 4,77), em que 80% 125 ________________________________________________________ Doutorado (GHM) dos casos apresentaram expressão elevada (JORGE et al., 2013). Neste mesmo estudo foi encontrado expressão intensa da proteína AnxA1 no epitélio e estroma tanto para os casos de gastrite crônica quanto para os casos de adenocarcinoma gástrico. Em lesões pré-cancerosas nosso grupo encontrou aumento da expressão relativa para o mRNA do gene ANXA1 em 100% das amostras de metaplasia intestinal e úlcera gástrica, e por densitometria encontrou maior expressão da proteína AnxA1 no núcleo, citoplasma e estroma nos casos de metaplasia intestinal e úlcera gástrica em relação à mucosa normal (ROSSI et al., 2014). Desta forma a proteína AnxA1 além de exercer papel anti-inflamatório já confirmado na literatura, pode também participar nas fases iniciais da carcinogênese gástrica, contribuindo para a progressão tumoral (ZHU et al., 2010), sendo indicada como um possível biomarcador de prognóstico para esta neoplasia (ZHANG et al., 2013). Conclusão As análises realizadas até o momento demonstraram aumento da expressão da proteína AnxA1 no citoplasma tumoral em relação ao citoplasma normal, porém as conclusões sobre a expressão da proteína AnxA1 neste grupo amostral poderão ser definidas somente ao fim das análises, nas quais serão avaliadas também a localização e quantificação da expressão desta proteína em relação aos achados clínico-patológicos. Auxílio Financeiro: FAPESP e CNPq Referências Bibliográficas FERNANDES A.M., BABETO E., RAHAL P., PROVAZZI P.J., HIDALGO C.A., ANSELMO-LIMA W.T. Expression of genes that encode the annexin-1 and galectin-1 proteins in nasal polyposis and their modulation by glucocorticoid. Braz J Otorhinolaryngol. 2010; 76:213-218. HUO X.F., ZHANG J.W. Annexin1 regulates the erythroid differentiation through ERK signaling pathway. Biochem Biophys Res Commun. 2005, 331:.1346–1352. JOHN C.D., et al. Annexin A1 and the formyl peptide receptor family: neuroendocrine and metabolic aspects. Curr Opin Pharmacol. 2008, 8: 765–776. JORGE Y. C., MATARUCO M M, ARAÚJO L P, ROSSI A F T, DE OLIVEIRA J G, VALSECHI M C, CAETANO A, MIYAZAKI K, FAZZIO S J, THOMÉ J A, RAHAL P, OLIANI S M, SILVA A E. Expression of Annexin-A1 and Galectin-1 Anti-inflammatory Proteins and mRNA in Chronic Gastritis and Gastric Cancer. Med Inflamm. 2013; 1-11. KANG W.Y., CHEN W.T., HUANG Y.C., SU Y.C., CHAI C.Y. Overexpression of annexin A 1 in the development and differentiation of urothelial carcinoma. Kaohsiung J Med Sci. 2012; 28:145-150. KHAU T, LANGENBACH SY, SCHULIGA M, HARRIS T, JOHNSTONE CN, ANDERSON RL, STEWART AG. Annexin-1 signals mitogen-stimulated breast tumor cell proliferation by activation of the formyl ppeptide receptors (FPRs) 1 and 2. FASEB. 2011; 25: 483-496. PAWELETZ CP, ORNESTEIN PK, ROTH MJ. Loss of annexin 1 correlates with early onset of tumorigenesis in exophageal an prostete carcenoma. Cancer Research. 2000; 6:6293-6297. RASCH R AND ALGUL H. Aclinical perspective on the role of chronic inflammation in gastrointestinal cancer. Clin Exp Gastroenterol. 2014; 7: 261-272. ROSSI A F T, DUARTE M C, POLTRONIERI A B, VALSECHI M C, JORGE Y C, SANTI-NETO D, RAHAL P, OLIANI S M, SILVA A E. Deregulation of Annexin- A1 and Galectin -1 Expression in Precancerous Gastric Lesions: Intestinal Metaplasia and Gastric Ulcer. Med of Inflamm. 2014; 1-11. VANNELLA L, LAHNER E, ANNIBALE B. Risk for gastric neoplasias in patients with chronic atrophic gastritis: a critical reappraisal. 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Apesar da grande importância socioeconômica da espécie, quase toda a produção de castanha-do-brasil é oriunda do extrativismo, fato que justifica a introdução de castanhais cultivados. No entanto, o cultivo é limitado pela indisponibilidade de material genético selecionado, bem como pela dificuldade na produção de mudas. A qualidade das mudas produzidas, a qual é, geralmente, acessada por meio de caracteres ligados ao desenvolvimento da raiz e da parte área, é essencial para programas de melhoramento e, consequentemente, para o sucesso de qualquer plantio florestal. Sendo assim, informações sobre a magnitude da variabilidade genética, bem como da herdabilidade destes caracteres são necessárias. Objetivo Estimar parâmetros genéticos de caracteres de desenvolvimento inicial da parte área de progênies de castanha-do-brasil. Materiais e Métodos O material genético utilizado no estudo consistiu de dezesseis progênies de polinização livre de castanheira-do-brasil, selecionadas, com base em dados de produção de sementes, em três populações nativas de Roraima. Uma das populações está localizada no município de São João da Baliza, enquanto que as outras duas estão localizadas em Caracaraí, sendo uma na região do Itã e a outra na região do Cujubim. Quatro progênies foram selecionadas da população de São João da Baliza, sete da população do Itã e sete da população do Cujubim. Cinco frutos foram aleatoriamente coletados de cada uma das progênies na safra 2013 e transportados para o Laboratório de Solos da Embrapa Roraima, onde as sementes foram utilizadas para plantio. Cerca de dez dias após a emergência, plântulas de cada uma das 16 progênies foram transplantadas para sacos de plástico preto com dimensões de 15 cm de largura, 26 cm de altura e 100 micras de espessura. O substrato utilizado no transplantio foi constituído por solo + areia lavada + serragem curtida na proporção volumétrica de 2:1:1. As plântulas foram levadas para viveiro com 50% de sombreamento, com irrigação três vezes ao dia. O delineamento experimental utilizado foi o inteiramente casualizado com 16 tratamentos (progênies) e quatro repetições, sendo cada parcela experimental constituída por cinco plântulas. Três meses após o transplantio, as plântulas foram avaliadas quanto ao número de folhas (NF), altura da plântula (ALT; cm) e diâmetro do colo (DC; mm). Os parâmetros genéticos de cada caractere de desenvolvimento foram estimados usando o modelo 05 do Programa SELEGEN-REML/BLUP (Resende, 128 ___________________________________________________ Iniciação Científica (GV) 2002). Apesar de este modelo ser específico para avaliar experimentos de blocos ao acaso, com progênies de meio-irmãos provenientes de várias populações e com várias plantas por parcela, o mesmo foi adaptado para o delineamento inteiramente casualizado. Resultados e Discussão Não há, na literatura, informações genéticas para caracteres de desenvolvimento em castanheira-do-brasil. Pelas estimativas dos parâmetros genéticos do NF, da AP e do DC apresentadas na Tabela 1, pode se observar que a variância genética entre populações (Vpop) foi bastante reduzida (0,00; 1,12 e 0,06 para NF, AP e DC, respectivamente) e inferior à variância genética aditiva (V a) (8,16; 17,78 e 0,50 para NF, AP e DC, respectivamente). A superioridade das estimativas da Vpop em relação à Va pode indicar predominância de alogamia nas populações estudadas. Buckley et al. (1988) observaram elevado nível de variação genética dentro populações de castanheira, consequência da elevada taxa de cruzamento entre os indivíduos (O’MALLEY et al., 1988). Tabela 1. Estimativas de parâmetros genéticos para os caracteres número de folhas (NF), altura (AP; cm) e diâmetro do colo (DC; mm) de mudas de 16 progênies de castanheira-do-brasil pertencentes a três populações nativas, avaliados aos três meses após o transplantio. Boa Vista – RR, 2014 Caracteres Parâmetros NF AP DC Va Vparc 8,16 0,12 17,78 0,08 0,50 0,00 Vpop 0,00 1,12 0,06 Ve Vf 6,05 14,35 2,44 21,42 0,13 0,69 h2a 0,57 0,83 0,72 ICh2a 0,24 0,29 0,27 c2parc 0,01 0,00 0,00 c2pop 0,00 0,05 0,09 CVgi (%) 29,62 43,75 25,06 CVgp (%) 14,81 21,88 12,53 CVe (%) 16,58 18,67 11,33 Média geral 10 9,65 2,82 Va: variância genética aditiva; Vparc: variância ambiental entre parcelas; 2Vpop: variância genética entre populações; Ve: variância residual; Vf: variância fenotípica individual; h a: herdabilidade individual no 2 2 2 sentido restrito; ICh2 a:intervalo de confiança para a h a; c parc: coeficiente de determinação dos efeitos de parcela; c pop: coeficiente de determinação dos efeitos de populações; CVgi: coeficiente de variação genética aditiva individual; CVgp: coeficiente de variação genética entre progênies; CVe: coeficiente de variação residual. 2 As estimativas de herdabilidade individual no sentido restrito (h a) foram elevadas para os três caracteres (0,57; 0,83, e 0,72 para NF, AP e DC; respectivamente), indicando expressivo controle genético sobre estes caracteres. Estas estimativas elevadas devem também representar o reflexo das pequenas variações ambientais que atuaram sob as plantas durante a condução do experimento. A variabilidade genética dentro de progênies foi, aproximadamente, duas vezes maior que a variabilidade genética entre progênies para os três caracteres, fato que pode ser observado pelos coeficientes de variação genética aditiva 129 ___________________________________________________ Iniciação Científica (GV) individual e de variação genética entre progênies (CV gi e CVgp, respectivamente), os quais representam, em porcentagem da média geral, a quantidade de variação genética existente para cada um destes níveis. Estes coeficientes foram elevados e variaram de 25,06% (DC) a 43,75% (AP) para o CVgi e de 12,53% (DC) a 21,88% (AP) para o CVgp. Estes valores indicam que, para maximizar os ganhos genéticos e manter a variabilidade genética em um programa de melhoramento, a seleção de indivíduos deve ser priorizada. A razão entre o CVgi e o coeficiente de variação experimental (CV e) é também usada como indicador de sucesso obtido com a seleção de indivíduos, devendo haver expectativa de progresso quando a razão é superior a 1,0 (VENCOVSKY, 1992; FALCONER, 1987). No presente estudo, a razão CVgi/CV e variou de 1,79 para NF a 2,34 para AP. Conclusão Os elevados valores de herdabilidade obtidos indicam possibilidade de seleção para caracteres da parte aérea na fase inicial de desenvolvimento. No entanto, genótipos selecionados nesta fase devem ser avaliados em idades mais avançadas para confirmar o desempenho dos mesmos. Referência Bibliográfica: FALCONER, D. S. Introdução a genética quantitativa. Viçosa: Imprensa Universitária, 1987. 279 p. O'MALLEY, D.M., BUCKLEY, D.P., PRANCE, G.T. & BAWA, K.S. 1988. Genetic of Brazil nut (Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl.: Lecythidaceae). 2. Mating system. Theoretical and Applied Genetics 76: 929-932. TONINI, H. Fenologia da castanheira-do-brasil (Bertholletia excelsa Humb. & Bonpl., Lecythidaceae) no sul do estado de Roraima. Cerne, Lavras, v. 17, n. 1, p. 123-131, jan./mar. 2011. VENCOVSKY, R.; BARRIGA, P. Genética biométrica no fitomelhoramento. Ribeirão Preto: Sociedade Brasileira de Genética, 1992. 130 __________________________________________________________ Mestrado (GV) 44. Sequenciamento e análise de genótipos de cana-de-açúcar submetida à prolongada limitação hídrica 1 1 1 2 3 BELESINI, A.A. ; TELLES, B.R. ; PINHEIRO, D.G. ; GIACHETO, P.F .; CAVALLARI, S.D.C. , 1 1 CAZETTA, J. O. , FERRO, M.I.T. 1 Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP / FCAV – Jaboticabal 2 EMBRAPA Informática Agropecuária 3 APTA- Pólo Centro Oeste Introdução A cana-de-açúcar é uma importante cultura para a produção de açúcar e etanol. A expansão do cultivo desta cultura no Brasil avançou nos últimos anos para regiões conhecidas por apresentarem longos períodos de restrição hídrica durante o ano (CARLIN & SANTOS, 2009). Para manter a produtividade vegetal sob condições de pouca umidade nos solos, há um grande interesse na identificação de características bioquímicas e moleculares durante a adaptação ao estresse que, posteriormente, poderão ser utilizadas na produção de cultivares tolerantes em programas de melhoramento genético (SILVA,2010). Um poderoso recurso para a análise das respostas das plantas ao estresse, é o estudo do transcriptoma (LESTARI et al., 2006), A técnica de RNA-Seq , uma das técnicas para a identificação de genes diferencialmente expressos, permite o mapeamento e quantificação de transcriptomas (RODRIGUES, 2011), e segundo Ambrosone et al. (2012) essa ferramenta tem sido utilizada para descrever as respostas genéticas das plantas aos estímulos ambientais. Os resultados obtidos serão importantes para o melhor entendimento das respostas e mecanismos de tolerância dessas plantas à deficiência hídrica e ajudarão a estabelecer métodos seguros para identificar e recomendar cultivares que realmente sejam tolerantes a esse estresse. Objetivos Sequenciar, pela técnica de RNA-Seq, dois genótipos de cana-de-açúcar SP81-3250 (tolerante à seca) e RB855453 (suscetível à seca), em três períodos de deficiência hídrica (90, 120 e 150 dias) e analisá-los por ferramentas de bioinformática. Materiais e Métodos Instalação do Experimento O experimento foi instalado e conduzido em casa de vegetação, com delineamento experimental em blocos casualizados, no esquema fatorial 2×3 (duas cultivares (C) × três tensões superficiais (T)), com três repetições, perfazendo um total de 18 tratamentos. Foram utilizadas duas cultivares comerciais de cana-deaçúcar consideradas potenciais em produtividade: SP81-3250 (padrão de tolerância) e RB855453 (padrão de suscetibilidade) (PINCELLI, 2010). Aos 60 dias após o plantio, houve a diminuição da tensão superficial do solo, dando início a aplicação dos tratamentos correspondentes, os quais serão mantidos e avaliados em três épocas: E1 (30 dias após aplicação do estresse), E2 (60 dias após aplicação do estresse) e E3 (90 dias após aplicação do estresse). Constituindo-se das idades de 90, 120 e 150 DAP, período dentro do qual aproximadamente 70 a 80% da produção de cana é constituída (SINGH & RAO, 1987). 131 __________________________________________________________ Mestrado (GV) Coleta das amostras Para as avaliações moleculares, a folha+1 de cada uma das plantas foi coletada, fragmentada, envolvidas em papel alumínio e imediatamente transferidos para o nitrogênio líquido e armazenados em ultrafreezer – 80°C, até sua utilização. Foram realizadas três coletas, aos 30, 60 e 90 dias após aplicação do estresse. Extração do RNA Total Para extração do RNA total das folhas foi utilizado o kit PureLink® RNA Mini Kit da Ambion, segundo as recomendações do fabricante. Para avaliações de integridade, concentração e pureza do RNA utilizou-se respectivamente o Bioanalyzer 2100 (Agilent), Qubit® 2.0 (Invitrogen) e NanoDrop ND-1000. Sequenciamento do RNA O sequenciamento dos mRNAs via RNA-Seq foi realizado na Facility de sequenciamento da FCAV/UNESP utilizando a plataforma HiScanSQ System Illumina, seguindo as instruções do fabricante para sequenciamento paired-end e fragmentos de 100 bp. Análise dos dados Os dados gerados no sequenciamento (sequenciador HiScanSQ, Illumina) estão organizados por bibliotecas em arquivos no formato FASTQ, onde os dados das leituras foram previamente processados, incluindo poda de adaptadores e regiões de baixa qualidade. Foi construído um banco de dados de referência com sequências já descritas e armazenadas em bancos referente à cana-de-açúcar, bem como organismos aparentados como sorgo e milho. Estes bancos de dados incluem sequências de cloroplastos, RNA ribossomal e transportador, DNA e plasmídeo mitocondrial, sequências de cana-de-açúcar descritas em artigos recentes, além daquelas presentes no UNIGENE (NCBI). As bibliotecas foram confrontadas com tais bancos, utilizando as ferramentas Bowtie e TopHat. Resultados e Discussão Após a extração do RNA total, os mesmos foram submetidos à quantificação. As amostras de RNA, foram quantificadas em Nanodrop para verificação de contaminação, e os mesmos se apresentaram dentro dos valores esperados, dando suporte às etapas seguintes do projeto. A análise da integridade do RNA total foi realizada através do equipamento Agilent 2100 Bioanalyzer (Agilent Technologies). O software do equipamento expressa a integridade das amostras baseado em um sistema numérico de 1 a 10, onde o 1 representa o perfil mais degradado e o 10 o mais intacto, chamado de RNA Integrity Number (RIN) (BISELLI,2011). Os resultados do número de integridade do RNA (RIN) de todas as amostras de RNA total apresentaram valores entre 7,3 a 8,2 demonstrando que todos os RNAs extraídos estavam íntegros e de qualidade. Por fim, a fluorimetria (Qubit- Invitrogen) fornece uma quantificação mais precisa pois utiliza um sistema de fluorescência altamente específico, onde fluoróforos se intercalam apenas na fita de RNA e o sinal emitido por estes fluoróforos é detectado pelo aparelho. As concentrações de RNA variaram de 38,10 a 250,0 ng/µL, tendo, portanto, uma concentração de RNA suficiente para se realizar as bibliotecas e sequenciar os transcritos. Após a seleção das melhores amostras de RNAs, realizou-se a confecção dos cDNAs, clusterização e finalmente o sequenciamento. Ao fim do sequenciamento, iniciou-se a análise de dados do mesmo. O primeiro passo, foi fazer um 132 __________________________________________________________ Mestrado (GV) levantamento dos dados brutos, revelando assim, o número de leituras geradas para cada uma das amostras, bem como o índice de qualidade. Posteriormente foi realizada uma poda dos adaptadores, bem como a retirada de regiões de baixa qualidade, os dados para cada uma das épocas amostrais estão apresentados na Tabela 1. Os dados do alinhamento ainda estão em andamento, e por esse motivo, ainda não estão disponíveis. Tabela 1. Somatória das leituras geradas em cada uma das épocas amostrais (30, 60 e 90 dias) Conclusão Os dados gerados até o momento sugerem uma discrepância no número de leituras nas diferentes épocas amostrais. Um estudo detalhado está sendo realizado a fim de identificar quais são os genes expressos envolvidos e qual sua função diante do estresse a que a planta foi submetida. 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