Possibilidades do Corpo na Ginástica Geral a

Transcrição

Possibilidades do Corpo na Ginástica Geral a
UNIVERSIDADE METODISTA DE PIRACICABA
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE PÓS- GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA
POSSIBILIDADES DO CORPO NA GINÁSTICA GERAL A
PARTIR DO DISCURSO DOS ENVOLVIDOS
PATRÍCIA STANQUEVISCH
P IRACICABA
2004
FICHA CATALOGRÁFICA
St24p
Stanquevisch, Patrícia
Possibilidades do corpo na ginástica geral a partir do discurso
dos envolvidos / Patrícia Stanquevisch. -- Piracicaba, SP : [s. n.],
2004.
Orientador: Roberta Gaio
Dissertação (Mestrado) – Universidade Metodista de Piracicaba,
Faculdade de Ciências da Saúde.
1. Ginástica geral. 2. Ginástica. 3. Educação Física. I. Gaio,
Roberta. II. Universidade Metodista de Piracicaba, Faculdade
de Ciências da Saúde. III. Título.
POSSIBILIDADES DO CORPO NA GINÁSTICA GERAL A
PARTIR DO DISCURSO DOS ENVOLVIDOS
PATRÍCIA STANQUEVISCH
Dissertação de Mestrado apresentada
à Faculdade de Ciências da Saúde
para obtenção do título de Mestre em
Educação Física
Orientador: Profa. Dra. Roberta Gaio
PIRACICABA
2004
Este exemplar corresponde à redação
final da Dissertação de Mestrado
defendida por Patrícia Stanquevisch
e aprovada pela Banca Examinadora
em: ____/____/_____.
Profa. Dra. Roberta Gaio
Orientadora
Piracicaba
2004
BANCA EXAMINADORA
PROFA. DRA. ROBERTA GAIO
PROFA. DRA. CÁTIA MARY VOLP
PROF. DR. NELSON CARVALHO MARCELLINO
LISTA DE ABREVIATURAS
AABB – Associação Atlética Banco do Brasil
CBD – Confederação Brasileira de Desportos
CBG – Confederação Brasileira de Ginástica
COB – Comitê Olímpico Brasileiro
FEGIN – Festival Nacional de Ginástica
FIG – Federação Internacional de Ginástica
FPG – Federação Paulista de Ginástica
GINPA – Ginastrada Paulista
GA – Ginástica Artística
GG – Ginástica Geral
GGU – Grupo Ginástico Unicamp
GO – Ginástica Olímpica
GR – Ginástica Rítmica
GT – Ginástica de Trampolim
GUG – Grupo Unido de Ginastas
Gymbrasil – Gymnaestrada Brasileira
SESC – Serviço Social do Comércio
Unicamp – Universidade Estadual de Campinas
LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 - Grupo GG Movimento Mangue – Movimento de caranguejos – Ensaio
- 1998.
FIGURA 2 - Grupo GG Movimento Mangue – Molambos carregando caranguejos –
Ensaio - 1998.
SUMÁRIO
Resumo
Abstract
Lista de Abreviaturas
Lista de Figuras
INTRODUÇÃO
CAPÍTULO I
Conceitos e Características da Ginástica Geral: uma visão histórica
CAPÍTULO II
Ginástica Geral sob a Ótica do Professor e do Participante: a pesquisa
CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
APÊNDICES
APÊNDICE A
Questionário
15
22
51
72
79
83
84
APÊNDICE B
Entrevista Semi-Estruturada
85
APÊNDICE C
Depoimentos - Professores
86
APÊNDICE D
Depoimentos - Praticantes de Ginástica Geral
92
ANEXOS
ANEXO A
Escola de Animais
102
103
Dedico este trabalho
• Ao
meu
amor
Flávio,
pelo
amor,
amizade,
sacrifícios, apoio, companheirismo. Sem você não
haveria um porquê...
• Aos meus filhotes, Pedro e Thomas:
Ao Pedro, pela alegria, carinho e por todas as
sextas-feiras, nestes seus três aninhos, em que
você, compreensivo, esperou a mamãe voltar de
Piracicaba.
Ao Thomas, por você ter sonos noturnos tão
tranqüilos, permitindo que eu estivesse descansada
para escrever.
Obrigada, meus três amores.
Durante todo o desenvolvimento deste trabalho,
imaginei, ansiosa, o momento em que eu estaria compondo os
agradecimentos. A razão disso não foi somente o fato de que o
trabalho estaria finalizado, mas também pela vontade de querer
expressar todo meu carinho por pessoas tão especiais e
importantes na realização do meu mestrado.
Durante o curso, muitos dos dias foram felizes, outros
tantos foram de angústia e solidão. A cada novo conhecimento
absorvido, aumentava em mim a necessidade de encontrar, na
ciência, solução para minhas dúvidas sobre a Ginástica Geral e,
às vezes, pensei estar sozinha nesta caminhada. Cheguei a
pensar mesmo que eu criara uma ginástica que só eu acreditava
existir nas vezes em que me deparei com práticas que
contrariavam os discursos. Descobri, no final, que dúvidas são
parte do crescimento e que as diferenças de idéias são o que nos
faz ver além de nós mesmos. E, por fim, que a busca pelas
respostas está longe de ser finalizada.
Apesar disso, senti-me mais leve. O compromisso de
sempre ter respostas é pesado demais para qualquer ombro. E o
que nos faz ser mais humanos é justamente esta possibilidade de
não sabermos tudo. Descobri, então, que gosto de estar sempre
buscando as respostas, mesmo que elas não apareçam, porque
assim estarei aprendendo e ensinando, numa troca de
experiências.
Entendi também por que desde a adolescência uma
música emocionava meu coração. Gostaria de dividi-la com as
pessoas que aqui homenagearei. Pessoas que devem saber sobre
o alívio dado por elas à minha ânsia por soluções, mostrando
cada uma a sua maneira que as pedras do caminho podem servir
para se construir escadas, com degraus que me levarão às
respostas necessárias a cada pergunta.
Caçador de Mim
(Sérgio Magrão e Luiz Carlos de Sá)
Por tanto amor, por tanta emoção
A vida me fez assim:
Doce ou atroz, manso ou feroz.
Eu, caçador de mim.
Preso a canções, entregue às paixões
Que nunca tiveram fim.
Vou me entregar longe do meu lugar
Eu, caçador de mim.
Nada a temer, senão o correr da luta.
Nada a fazer, senão esquecer o medo.
Abrir o peito à força numa procura.
Fugir às armadilhas da mata escura.
Longe se vai, sonhando demais,
Mas onde se chega assim?
Vou descobrir o que me faz sentir
Eu caçador de mim.
Agradeço, então:
Aos meus pais que me ofereceram a possibilidade de estudar,
crescer e me desenvolver. Agradeço especialmente à minha mãe
que, nos últimos meses, tem aliviado os meus momentos mais
difíceis.
À minha irmã Mara, por não permitir que a distância fosse uma barreira para o
apoio, incentivo e amor.
À Anita e Valdemar Stanquevisch, pelo amor e apoio que ofereceram em prol
deste trabalho e da minha felicidade.
Ao meu amigo, professor, companheiro de trabalho José Carlos, pelo incentivo,
mas principalmente por acreditar em minha capacidade e me ensinar a cada dia
como brigar por ser eu mesma. Zé, obrigada.
Às minhas queridas meninas do Grupo de Ginástica Geral da Melhor Idade do
ABC, por fazerem de minhas quintas-feiras um momento leve e feliz. Sem vocês,
minha pesquisa estaria incompleta.
Aos meus amigos do Grupo Movimento Mangue, que iniciaram comigo o trilhar
pela Ginástica Geral e acreditaram também que poderíamos nos auto-superar.
Obrigada por investirem no mesmo sonho que eu.
Aos meus alunos do Grupo de Ginástica Geral Raiz de Pé, que me deram a
oportunidade de desenvolver um novo desafio na Ginástica Geral e sempre se
colocaram à disposição para me auxiliar em minha pesquisa.
À Teresa, que me iniciou na Ginástica Geral, mostrando-me caminhos que eu
nunca imaginara trilhar.
Às amigas super-poderosas, Daniela, Vany e Fatú, que se mantiveram firmes em
todos os meus momentos de estresse e fizeram, contundentemente, parte de
minha formação profissional.
A todos os meus professores na Licenciatura da FEFISA, mas especialmente:
Wlamir Marques, Maria Rodrigues, Luciana Lomakine, Chrys Frug, Isilda,
Vini, Ana Paula Lobo, Borelli, Uvinha, Léo Imamura, Roberto Ramuno,
Albertina, Ricardo Pinto, Manoel, Márcia Zendron, que, de alguma forma,
fazem, ainda, parte do que sou enquanto professora e ser humano.
Aos amigos Gulo e Cássia: Gulo, pelos bate-papos nas caronas semanais que
trocamos. Tanta informalidade trouxe uma forte amizade. Obrigada pela sua
“sabedoria oriental”. Cássia, pela amizade, pela troca de angústias, conversas,
caronas. Obrigada por você se tornar o que é hoje em minha vida.
Ao Prof. Dr. Marcellino, que, além de ser meu eterno ídolo, será sempre aquele
no qual tentarei me espelhar: pela organização, seriedade e competência
profissional.
Aos meus colegas e professores de Mestrado, com os quais travei longas
discussões a respeito da ginástica e da educação Física. Creiam que nestes
momentos cresci... e muito.
Aos meus colegas de trabalho na Confederação Brasileira de Ginástica: Edgar,
por ter confiado a mim uma experiência tão importante; Geisa, pela riqueza de
informações e história da ginástica; Nelma, pela amizade, pelas sugestões em
meu trabalho. Muito do que você opinou está hoje estampado nesta dissertação e
Ana Angélica, pela amizade, apoio, incentivo e carinho. Obrigada a todos pelos
dias em que passamos juntos trabalhando por um mesmo objetivo.
Ao Comitê Técnico de GG da Federação Paulista de Ginástica, por partilharem
comigo este trajeto na busca por uma Ginástica Geral mais democrática e fiel aos
nossos valores.
À Clarice Morales, pela oportunidade que me foi dada de compor o Comitê
Técnico na Federação Paulista, ampliando, assim, minha visão da ginástica e
possibilitando que eu trabalhasse no objetivo de desenvolver a GG no Estado de
São Paulo.
À Cristiane Guzzoni, companheira de viagem, amiga de bate-papo, que me
ajudou muitas vezes a iluminar meu caminho com meus grupos de Ginástica Geral
em momentos de escuridão.
À Malú, pelo incentivo para continuar escrevendo e fazer das horas de nossas
aulas momentos de grande poesia e carinho.
Ao Prof. Nestor Públio, pelo carinho, auxílio com sua enorme sabedoria.
À Profa. Dra. Cátia Volp, pela contribuição na finalização do meu trabalho.
À Profa. Dra. Roberta Gaio, minha orientadora, por sua dedicação, conhecimento
transferido e pela oportunidade de aprendizado no Grupo de Pesquisa em
Ginásticas, GPGs. Obrigada.
RESUMO
O presente estudo insere-se no Programa de Pós Graduação da Universidade
Metodista de Piracicaba – UNIMEP, no Curso de Mestrado em Educação Física,
na Linha de Pesquisa da Pedagogia do Movimento: Educação Motora. A questão
dos conceitos e definições a respeito da Ginástica Geral é a discussão principal
deste trabalho, que leva em conta a observação e percepção de professores e
praticantes envolvidos com a modalidade. O procedimento metodológico foi
definido pela abordagem qualitativa de pesquisa, dos tipos bibliográfica e de
campo. A pesquisa de campo foi dividida em dois momentos: o primeiro utilizou
como instrumento o questionário aplicado com professores que participavam do I
Brasil – 2003 - Fórum Internacional de Ginástica Geral, em Curitiba, e que, de
alguma forma, relacionavam-se com a modalidade; o segundo caracterizou-se por
uma entrevista semi-estruturada com praticantes de Ginástica Geral, incluindo
participantes e não-participantes da 12a Gymnaestrada Mundial em Lisboa,
Portugal. Levantados e interpretados os dados, constatou-se que tanto o professor
quanto o praticante de Ginástica Geral, têm definições abrangentes sobre ela,
porém reconhecem ser uma modalidade aberta para participação de todas as
pessoas, independentemente de suas características individuais. Os professores
identificam falhas na divulgação e desenvolvimento da GG, a partir de ações das
entidades responsáveis pelo fomento da ginástica no Brasil e no mundo. Os
praticantes valorizam a participação em eventos, principalmente, a Gymnaestrada
Mundial, como possibilidades de experiência cultural e indicam benefícios pela
prática. Verificou-se que, a partir do discurso dos pesquisados, a Ginástica Geral
esbarra em sua diversidade, sendo ainda necessário definir conceitos mais
sólidos, que organizem sua abrangência de características, para que seu
significado no Brasil não seja relacionado somente à participação na
Gymnaestrada Mundial, mas sim que valorize todo o processo em que ocorre a
sua prática. No final do trabalho concluiu-se como desejável que, no âmbito
educacional, a Ginástica Geral tivesse um espaço que estimulasse a participação
de todos os interessados e, a partir daí, que o praticante optasse pela competição
ou não.
Palavras-Chave: Ginástica geral, Ginástica, Educação Física.
ABSTRACT
This study is inserted in the Post-Graduation Program of the
Universidade Metodista de Piracicaba (UNIMEP), in the Physical Education Master
Course, in the Research Area of Movement Pedagogy: Motion Education.
Concepts and definitions about General Gymnastics are the main discussion of this
work, and this matter takes into consideration the observation and perception of
teachers and practitioners of the modality. The qualitative approach – of the field
type – has been the chosen methodological procedure, as well as the bibliographic
research. The field research has been divided in two moments. The first one has
used as its instrument a questionnaire applied with teachers participating in the I –
Brazil – 2003 – General Gymnastics International Forum, which occurred in
Curitiba - teachers who, in a certain way, are associated with such modality; the
second has been a semi-structured interview with General Gymnastics performers,
including participants and non-participants of the 12nd. World Gymnaestrada, in
Lisbon, Portugal. The deeds being raised and interpreted, it has been verified that
both teachers and performers have very broad definitions about General
Gymnastics, but they also recognize it as a modality which is open to everybody’s
participation, independently of his or her own specific characteristics. Teachers
have identified gaps in General Gymnastic’s diffusion and development, which they
have attributed to entities responsible for stimulating Gymnastics both in Brazil and
in the rest of the world. Performers have appraised participation in events and
mainly in the World Gymnaestrada as a possibility for cultural experience and have
also indicated benefits coming from such practice. It has been verified from the
interviewed subject’s discourse that General Gymnastics collides with its own
diversity, being still necessary to define more solid concepts, which may organize
its broadness of characteristics so that its meaning in Brazil may not be related
only to the participation in the World Gymnaestrada, but that it may give value to
the whole process involving its practice. At the end of this study, one has come to
the conclusion that, in the educational area, the desirable for the General
Gymnastics would be to have a space which stimulated the participation of
everyone interested in its practice, and only then the practitioner could choose
between to compete or not.
Key Words: General gymnastics, Gymnastics, Physical Education.
INTRODUÇÃO
Se você pensa que pode ou sonha que
pode, comece. Ousadia tem genialidade,
poder e mágica. Ouse fazer e o poder lhe
será dado.
GOETHE
O presente estudo reflete uma preocupação com a relação entre os
conceitos atuais da Ginástica Geral (GG) e o desenvolvimento de sua prática. O
que seria realmente a Ginástica Geral e qual o entendimento do professor atuante
e do praticante a respeito dela? Quais seus reais benefícios e como defini-los?
Para
respondermos
essas
questões,
julgamos
necessário,
primeiramente, comentar o vínculo que vimos construindo com a GG. Assim
também será possível entender a justificativa desta pesquisa.
Repensando nossa atuação como educadoras, deparamo-nos com
questões associadas à nossa própria experiência. O que é ser eficiente para a
sociedade? Uma pessoa não atleta poderia ser considerada eficiente só
intelectualmente?
Para nós, estes estereótipos só foram superados com a prática da GG,
em 1997, quando foi criado o Grupo de Ginástica Geral Movimento Mangue. A
partir desse momento, passamos a nos perguntar como alguém poderia sentir
prazer em realizar uma modalidade gímnica sem ao menos saber fazer uma
estrela “apresentável”. Descobrimos aos poucos na prática da GG, que isso era
possível, pois nela não é cobrada a execução técnica perfeita das destrezas.
Os quesitos básicos para participar do grupo eram: gostar de praticar
ginástica e assumir um compromisso com o grupo garantindo a presença nos
treinos. Foi fácil cumprir o determinado, pois gostávamos de realizar os
movimentos que nunca havíamos vivenciado antes e descobrirmos o que éramos
capazes de realizar. E gostávamos, sobretudo, de conviver com um grupo tão
heterogêneo e cheio de expectativas novas. E um dado que para nós foi
essencial: não precisávamos superar ninguém, somente a nós mesmos e às
nossas expectativas.
O grupo Movimento Mangue foi formado, a princípio, com a finalidade
de participação na 11ª Gymnaestrada Mundial que aconteceu na Suécia em 1999.
Este é um evento quadrianual, organizado pela Federação Internacional de
Ginástica (FIG), órgão máximo da ginástica no mundo, para onde vários países,
por meio de suas Federações Nacionais de Ginástica, levam seus trabalhos de
Ginástica Geral para demonstrações, numa grande troca de experiências, e sem
dúvida, também de emoções.
No Brasil, a FIG é representada pela Confederação Brasileira de
Ginástica (CBG). Visando a participação na Gymnaestrada, cada país forma uma
delegação nacional. A CBG, responsável pelas delegações de todas as
modalidades gímnicas no país, organiza festivais que qualificam os grupos, sendo
estes habilitados ou não a participar do evento da FIG. A intenção dos festivais
brasileiros não é comparar os trabalhos, mas, sim, verificar a qualidade e o
cumprimento dos itens do regulamento instituído pela CBG.
A primeira tarefa de nosso grupo era superar a etapa de seleção. Na
época, éramos todos graduandos da Faculdade de Educação Física e, na grande
maioria, com grandes dificuldades na realização das destrezas.
Deveríamos seguir o regulamento da CBG, o qual solicitava,
resumidamente, que o tema fosse relacionado ao Brasil; que a coreografia tivesse
até quatro minutos de duração; que se respeitasse a filosofia da GG. Além disso, o
grupo deveria custear todas as despesas com a viagem.
Além das dificuldades corporais, tínhamos, portanto, as dificuldades
financeiras. Não tínhamos nenhum patrocinador para nossa viagem, porém, no
primeiro momento, esse obstáculo não nos fez desistir. Mantivemos as atividades,
os treinos e trabalhos no sentido de conseguirmos a habilitação.
Decidimos, então, o tema: “A Vida nos Manguezais”. Do tema, saiu o
nome do Grupo: “Movimento Mangue”. Tudo foi pesquisado para expressarmos o
mangue, desde os molambos1 até os movimentos dos caranguejos. E por dois
anos, éramos os molambos da Faculdade de Educação Física de Santo André.
Após treinos e treinos, nos quais dividimos idéias, aprendemos todos a
rolar, a realizar movimentos mais complexos e a nos expressar de forma cênica.
Chegou a hora da apresentação seletiva. Cheios de energia e vontade,
mas também preocupados, nos deparamos com atletas vestidos com roupas que
eram os padrões da ginástica como colant colorido, sapatilha e algumas meninas
de cóqui no cabelo. Nós, molambos que éramos, chegamos de colant cor da pele,
cheios de lama da cabeça aos pés, mas lama mesmo, que compramos e
molhamos para passar no corpo. Fomos motivos de risada. Ora, onde
pensávamos estar? No primeiro momento, chegamos a pensar que não era um
local onde as pessoas participantes eram praticantes de Ginástica Geral. Mas
eram. São os paradigmas difíceis de quebrar, mesmo em uma atividade que não
fortalece nenhum padrão.
Seríamos o décimo terceiro grupo na apresentação. Muitos grupos bons
se apresentaram, e a nossa diferença começou a nos amedrontar. Seria difícil
alguém da CBG não escolher grupos tão simétricos e tecnicamente perfeitos. Até
nós não estávamos mais acreditando em nossa filosofia. Fizemos a coreografia
com amor e sem pretensões atléticas. Ali parecia não ser o suficiente. Poderíamos
ser desclassificados por seguirmos a filosofia da GG: compor uma coreografia que
contemplasse a participação de todos nós.
Chegou nossa vez. Começa então a música de Chico Science (pena
este papel não tocar a música para o leitor poder entender melhor o que era o
“Movimento Mangue”, enquanto expressão dos manguezais e enquanto amor ao
Brasil).
1
Chico Science em sua música “Rios, pontes & overdrivers” dá ao catador de caranguejos o nome de
molambo, que significa trapo, pano velho. LEÃO, C. C. A maravilha mutamte: batuque, sampler e pop na
música pernambucana dos anos 90. Pernambuco, Univ. Fed. Pernambuco, 2002. p. 53 - trapo é o próprio
ser humano que, nas condições em que vive não tem qualquer importância social.
O silêncio do público continuava. Começamos a coreografia: paradas
de mãos com os pés flexionados (um caranguejo não faria uma parada de mãos
com membros estendidos); estrelas com os membros inferiores flexionados,
saltos, acrobacias; movimentos dos caranguejos (FIGURA 1), rostos dos
molambos, pessoas em forma de caranguejos carregados nos ombros dos
molambos (FIGURA 2).
Figura 1: Grupo GG Movimento Mangue – Movimento de Caranguejos - Ensaio -1998.
Fonte: Arquivo pessoal da Profa. Patrícia Stanquevisch.
Figura 2: Grupo GG Movimento Mangue – Molambos carregando os caranguejos –
Ensaio - 1998.
Fonte: Arquivo pessoal da Profa. Patrícia Stanquevisch.
Pronto. O público estava pronto para entender o que era Ginástica
Geral para nós. E entendeu mesmo. Fomos aplaudidos em pé. Não pela
performance impecável, mas pela filosofia de respeitar as dificuldades individuais,
claramente percebidas por quem assistia. Nós respeitamos as experiências
singulares, a cultura que cada um trazia na bagagem. Isso fez do “Movimento
Mangue” um grupo coeso e feliz.
Etapa vencida. Fomos para a Suécia. Antes, tivemos que providenciar,
de diversas formas, o dinheiro. Mas esta é uma outra história para uma próxima
oportunidade. O que importa agora é o evento Gymnaestrada em si.
No continente da ginástica, Europa, vimos de tudo. Algumas
apresentações e ensaios chamaram nossa atenção. Um deles foi um grupo russo:
a técnica batia em suas alunas, com média de idade de sete a oito anos, quando
erravam posições e movimentos. As meninas pareciam estar acostumadas a
responder positivamente aos ataques físicos de sua treinadora. Com certeza
acertavam o passo ao apanhar, sem reclamar. No momento, aquilo nos revoltou.
Hoje, porém, compreendemos.
Outro grupo que nos surpreendeu e emocionou foi o de portadores de
Síndrome de Down. Aquilo era GG para nós. Eles dançavam, brincavam com o
corpo dentro de uma valsa gostosa. O principal: adoravam estar ali. Após a
coreografia, quando o público, emocionado, batia palmas em pé, eles voltavam
várias e várias vezes para agradecer e mandar beijos para as pessoas. Era nítido
o prazer deles, implícito no sorriso e explícito na consagração do trabalho.
Não tão menos emocionante apresentou-se o grupo de senhores com
mais de 60 anos. No princípio, uma coreografia básica com bolas; nada
surpreendente, mas, com certeza, fazia parte do que eles prepararam com
finalidade de extasiar o público.
Após esta primeira fase eles viram-se para o fundo do tablado, tiram a
roupa de cima e ficam maravilhosamente coloridos com a roupa de baixo. Inicia-se
então uma música divertida. E a coreografia flui com tanta graça e agilidade que
não deixa uma só pessoa, dentro daquele ginásio, sem um sorriso no rosto. Era a
GG pura e simples, mas cheia de beleza e riqueza. Riqueza nas experiências
corporais de cada senhor de cabelos brancos que compunha o grupo. Percebia-se
claramente que a atividade física fazia parte da vida dos senhores europeus desde
a infância, pois havia uma grande diferença em suas movimentações com relação
aos da mesma idade no Brasil.
E assim seguiu o evento com diversos grupos das mais diferentes
culturas, que dividiam com todos suas experiências e trabalhos finais.
No retorno da viagem ao Brasil, levamos em consideração a
importância para nossa formação e atuação profissional, daqueles momentos
vividas na Ginástica Geral. O prazer que sentíamos na prática da GG transformouse em amor pelas possibilidades infinitas que ela nos dava de melhorar a
qualidade da nossa vida e de conhecimento dos valores humanos. Dessa forma
poderia acontecer também com outras pessoas. Para tanto, passamos a nos
dedicar à pesquisa, que, conseqüentemente, culminou no desenvolvimento deste
trabalho, cujo objetivo foi delimitar as características, conceitos e definições da
Ginástica Geral a partir da percepção das pessoas envolvidas com ela e, pelos
dos resultados, sinalizar para novas discussões e propostas de trabalho.
Assim, no primeiro capítulo deste texto, são apresentados dados
históricos, que sinalizam definições, conceitos e características da Ginástica
Geral. Analisamos idéias de autores e estudiosos da modalidade, localizando-a
até a atualidade. Estudamos o caminhar da ginástica, desde a civilização primitiva,
trilhando pelos sistemas e métodos criados pelas escolas alemã, sueca e francesa
e relacionando todos os dados obtidos com a sistematização da Ginástica Geral
pela Federação Internacional de Ginástica.
No segundo capítulo apresentamos a metodologia que adotamos, que
foi a da pesquisa qualitativa, realizando uma revisão bibliográfica e uma pesquisa
de campo. O capítulo é subdividido em dois momentos: no primeiro apresentamos
o resultado e interpretação de um questionário aplicado com professores atuantes
na Ginástica Geral. No segundo momento apresentamos os resultados e
interpretação de uma entrevista realizada com praticantes.
CAPÍTULO I
CONCEITOS E CARACTERÍSTICAS DA
GINÁSTICA GERAL: UMA VISÃO HISTÓRICA
A teoria não tem razão de ser a não ser em
função da vida e a vida é um profundo
mistério diante do qual é conveniente se
inclinar com toda a humildade.
Edgar Willems
Muito se tem discutido, nacional e internacionalmente, acerca da
Ginástica Geral (GG), seus conceitos, objetivos e pressupostos teóricos. Estas
discussões ocorrem em Fóruns promovidos por instituições como, a Confederação
Brasileira de Ginástica, a Federação Paulista de Ginástica, a Unicamp e o SESC.
São eventos que promovem a reflexão entre acadêmicos, profissionais de
Educação Física e praticantes da modalidade. Embora ainda aconteçam em
pequena escala, e, conseqüentemente, produzam pouco material científico, é o
que hoje contribui para o desenvolvimento da Ginástica Geral no Brasil e no
mundo.
É nosso objetivo que este trabalho acrescente alguma contribuição às
discussões que vêm sendo realizadas por essas entidades, refletindo sobre os
atuais conceitos e características da Ginástica Geral e relacionando-os com a
caminhada histórica da ginástica no âmbito mundial.
No nosso entender, a Ginástica Geral aparece no século XX, ganhando,
em 1984, sua forma sistematizada, graças à criação, pela Federação Internacional
de Ginástica (FIG), de seu Comitê Técnico (AYOUB, 2003). Percebemos, nesse
momento, o aparecimento de uma nova e diferenciada modalidade gímnica para a
FIG, porém a entendemos como manifestação corporal, que possibilita a
participação de todas as pessoas interessadas nessa prática, independentemente
de gênero, idade e característica física. A partir deste momento surgiram conceitos
firmados nos regulamentos técnicos da FIG, os quais serão citados ainda neste
capítulo, bem como definições de estudiosos da área da ginástica. A definição de
Santos (2001, p. 23) para a Ginástica Geral tenta nos esclarecer quanto ao que
realmente seja essa modalidade:
[...] é um campo bastante abrangente da ginástica, valendo-se de
vários tipos de manifestações, tais como danças, expressões
folclóricas e jogos, apresentados através de atividades livres e
criativas, sempre fundamentadas em atividades ginásticas. Objetiva
promover o lazer saudável, proporcionando bem estar físico,
psíquico e social aos praticantes, favorecendo a performance
coletiva, respeitando as individualidades, em busca da autosuperação pessoal, sem qualquer tipo de limitação para sua prática,
seja quanto às possibilidades de execução, sexo ou idade, ou ainda
quanto
à
utilização
de
elementos
materiais,
musicais
e
coreográficos, havendo a preocupação de apresentar neste contexto
aspectos da cultura nacional, sempre sem fins competitivos.
Na GG, a possibilidade de executar movimentos de forma técnica,
porém adaptada ao potencial individual, visando a auto-superação, propõe a
prática pela espontaneidade de expressão e o estímulo da criatividade, a partir da
história do praticante. É um elo de ligação entre o fascínio pelas modalidades
gímnicas de competição, com o corpo que não tem a necessidade ou a
característica específica de ser atleta.
Apesar da data oficial que a FIG faz constar sobre o aparecimento da
Ginástica Geral, supomos que ela exista há mais tempo. Um tempo em que a
ginástica ainda não era sistematizada. Souza (1996, p. 13) ratifica nosso
pensamento quando afirma que “a GG precede as Ginásticas de competição. Ela
não surgiu agora, em função das Gymnaestradas, mas é algo que já existia, que
antecede os outros tipos de ginástica.” Portanto, parece-nos interessante resgatar
um pouco da história da ginástica e refletir sobre as possíveis semelhanças entre
os métodos criados, a criação das modalidades pela FIG e a Ginástica Geral.
Desde a pré-história, a atividade física existiu com demasiada
importância visto que o ser humano, já naquele tempo, necessitava manter suas
qualidades físicas excepcionais, capazes de auxiliá-lo a sobreviver. Era preciso
proteger-se de grandes animais, andar em terrenos acidentados, caçar, correr,
nadar e lutar, movimentos cuja repetição contínua proporcionava ao ser humano
um grande condicionamento físico e força muscular. Marinho (1980, p. 29)
confirma tais argumentos:
Marchar, trepar, correr, saltar, lançar, atacar e defender, levantar e
transportar, que estão no cerne das lições de educação física dos
métodos de Hébert, Amorós, Francês e tantos outros, são denominações
eruditas daquela simples e natural repetição de movimentos, que a
hostilidade do “habitat” do homem primitivo o obrigava a empreender. Os
resultados desta movimentação, não só a assistematizada do homem
primitivo quanto a metodizada do homem moderno, são os mesmos:
desenvolvimento dos órgãos e aperfeiçoamento das funções [...]
Em sua vida diária, o ser humano pré-histórico desenvolvia as suas
capacidades físicas e habilidades motoras sem um método específico aplicado.
Somente executando os movimentos de forma natural de acordo com as
exigências de seu dia-a-dia. Porém, aos poucos surge a necessidade de
aperfeiçoar e, conseqüentemente, o treinamento dos movimentos torna-se a
maneira mais eficaz de evitar o erro durante uma luta contra o inimigo, por
exemplo. O ser humano seguiu o ritmo desta evolução, buscando sempre as
melhores formas de se exercitar.
No século XVI a.C., a Grécia formaliza o termo ginástica que, segundo
Barbanti (2003, p. 292), é um:
[...] derivado de Gymnos, que quer dizer nu, levemente vestido e
geralmente se refere a todo tipo de exercícios físicos para os quais se
tem que tirar a roupa de uso diário. Durante o curso da História as
interpretações de ginástica variaram. Atualmente o termo está perdendo
seu uso e tem sido substituído por exercício2.
A visão grega de desenvolvimento do ser humano, em comunhão com
sua essência, propunha três idéias: a justiça, o belo e o bem, isto é, estar e viver
bem, para ser feliz. Para tal, havia um incentivo à ginástica, que era sempre
acompanhada da música, da filosofia e da política, elementos fundamentais para a
vida humana.
Assim a ginástica era, também, considerada parte da educação para
todos os gregos, sem distinção de classe social (SILVA, 2001) e os exercícios que
a compunham incluíam corridas, lançamentos, saltos, lutas, isto é, exercícios que
atualmente são incluídos na categoria de desportes (LANGLADE e LANGLADE,
1970).
2
Os gregos pressupunham que a prática dos exercícios físicos com o corpo nu propiciava aproximação com
a natureza. A utilização de artefatos, produtos humanos, poderia interferir neste contato, por isso o requisito
da nudez para essa prática.
Marinho (1980) relata que, para Platão, dos sete aos dezessete anos,
pela ginástica e pela música, o ser humano mantinha seu corpo e alma em
harmonia. Já dos dezessete aos vinte anos, eram submetidos aos jogos militares
passando por uma seleção por aptidão. Dos vinte aos trinta anos, de acordo com
a capacidade intelectual, dedicavam-se ao estudo das ciências de modo
sistematizado. Entre trinta e trinta e cinco anos quando se finalizava a fase do
estudo das ciências, aqueles que demonstrassem superioridade intelectual
mereceriam o título de filósofo. Os indivíduos com idade acima de cinqüenta anos,
se sábios fossem, se retirariam da comunidade, isolando-se para meditar sobre
coisas justas e belas.
O autor ainda comenta uma fala de Sócrates com Glauco a respeito da
Ginástica: “Depois da música é pela ginástica que se deve educar os jovens. É
preciso que por ela se exercitem desde a infância e através de toda a vida.”
(MARINHO, 1980, p. 51).
O povo grego também é responsável pela criação dos exercícios de
solo. Segundo Públio (2002), tais exercícios eram executados para o
desenvolvimento muscular e bem-estar do praticante. Com a evolução, foram
acrescentados movimentos acrobáticos e música. Os exercícios de solo foram
desenvolvidos a partir dos exercícios livres, como, por exemplo, a calistenia.
Ainda segundo Marinho ([197-?], p. 309), a calistenia é uma palavra de
origem grega (Kallós – belo, Sthenos – força), cuja tradução seria “cheio de vigor”
e que, em português, diz-se que “serve para promover a graça e a força corporal
por meio de exercícios musculares”. Ainda segundo o autor, os exercícios
calistênicos eram divididos em oito grupos: de braços e pernas, para a região
póstero-superior do tronco, para a região póstero-inferior do tronco, para a região
lateral do tronco, de equilíbrio, abdominais, gerais de ombros e espáduas, saltos e
corridas.
A civilização romana não via a ginástica com os mesmos olhos que os
gregos. Para eles, a ginástica era uma atividade imoral devido à nudez dos
ginastas e atletas. Os exercícios físicos deveriam ser praticados, porém com
finalidade militar e não mais estética. Alguns de seus jogos privilegiavam os
indivíduos com mais força, agilidade e enquanto outros apresentavam gladiadores
que lutavam com feras animais e humanas (MARINHO, 1980).
Fatos importantes na ginástica mundial devem-se aos romanos. Por
exemplo, o cavalo com arções e as argolas, utilizados ainda atualmente, são
aparelhos de ginástica criados por eles para utilização em exercícios da cavalaria
(PÚBLIO, 2002).
Já a Idade Média é marcada pela pouca importância dada aos
interesses do corpo, pois se iniciou o domínio do Cristianismo. No entanto, as
Cruzadas que a igreja organizou exigiam uma grande preparação militar,
demandando a prática de exercícios físicos para condicionar os cavaleiros. Nesse
tempo foram disputados jogos brutais, com lutas armadas entre os combatentes,
caracterizando uma batalha (MARINHO, 1980).
A reação a esse lado belicoso da Idade Média surge com o
Renascimento, quando os humanistas descobrem as civilizações grega e romana
e, no âmbito da educação, resgatam também, a ginástica.
A ginástica, os jogos, a esgrima, a natação, a equitação, a corrida, a
luta, as longas marchas, a prática de exercícios de resistência ao frio e
ao calor, fazem reviver os princípios dos gregos harmonizando corpo e
espírito. (MARINHO, 1980, p. 81).
Jerônimo Mercuriale, médico italiano, desenvolve novas teorias sobre o
assunto gímnico, com seus efeitos, vantagens e desvantagens. É de sua autoria a
obra “De arte Ginástica” em que realiza uma pesquisa intensa sobre a história dos
gregos e romanos, o que torna o seu trabalho uma importante fonte de
informações históricas para os futuros estudiosos da época (PÚBLIO, 2002).
Foram os dados levantados por Mecuriale que deram subsídio aos
estudos para o desenvolvimento dos métodos e sistemas de ginástica, criados por
idealizadores, como Friedrich-Ludwig Jahn, Pedro Henrique Ling, Francisco
Amorós, Georges Denemy e outros, cada qual respeitando o momento político,
social e cultural de sua nação.
No período entre 1800 e 1900 surgem formas distintas de
desenvolvimento dos exercícios cada uma delas compondo uma escola diferente:
escola alemã, escola sueca, escola dinamarquesa, escola francesa e escola
inglesa. A escola inglesa caminhou para o estudo dos jogos, atividades atléticas e
esporte (LANGLADE e LANGLADE, 1970), o que não interessa para o presente
estudo.
A escola alemã que considerava importante incitar o espírito
nacionalista e pretendia fazê-lo por meio do corpo, teve como objetivo maior
formar homens e mulheres saudáveis e fortes para a defesa da pátria (SOARES,
2001).
Segundo Marinho (1980) J. B. Basedow foi o precursor da ginástica
Alemã, porém quem a fortaleceu foi Guts Muths. Basedow acreditou em um andar
paralelo entre a ginástica e o estudo intelectual. Desenvolveu seu trabalho com
este princípio. Respeitando suas idéias, seus auxiliares deram continuidade ao
trabalho, inserindo no sistema gímnico a ginástica grega, jogos, lutas,
lançamentos e saltos semelhantes aos que aconteciam na Grécia antiga.
Guts Muths, considerado o pai da Ginástica Pedagógica Moderna,
entendeu o ser humano como uma unidade física e espiritual e advogou que o
desenvolvimento do ser humano só seria completo se focasse, paralelamente, à
sua intelectualidade, também a educação do corpo. Defendeu, ainda que a
ginástica dos povos primitivos deveria ser substituída por uma arte gímnica, que
mesmo podendo ser atlética, militar ou médica, deveria ser a Ginástica
Pedagógica, que fortificava a alma e o corpo, além de ter significado social e
patriótico. Cabia ao Estado o dever maior de difundi-la e exigir sua prática diária
por todos.
Muths preocupou-se em estruturar seu método de acordo com a idade,
o gênero, a profissão e a constituição física, organizando os exercícios
metodicamente, em oito grupos: saltos, marchas, arremessos, lutas, trepar,
equilibrismo, levantar e transportar e exercícios de disciplina (MARINHO, 1980).
Ainda quanto à Ginástica Alemã, foi Joahn-Friedrich-Ludwig-Jahn, o pai
da Ginástica (PÚBLIO, 2002). Jahn acreditou na formação total do homem e
concebeu a ginástica como um instrumento de estímulo na aplicação de jogos
(SOARES, 2001a).
Seus pensamentos nacionalistas fizeram com que a palavra gimnasia
fosse alterada para turnkunst, palavra de origem alemã que significava arte
ginástica. Criou algumas palavras técnicas para facilitar seu trabalho, tais como
turnen (praticar ginástica); turner (ginasta) e turnplatz (local de praticar ginástica),
que, juntamente com outros, tornaram-se os termos técnicos da Ginástica em
aparelhos. O termo Turnkunst simbolizou um movimento nacionalista, que dará
início ao que conhecemos hoje como Ginástica Artística – mais familiarmente
como Ginástica Olímpica (LANGLADE e LANGLADE, 1970).
O movimento patriótico de Jahn entusiasmou a juventude alemã, que
formou sociedades de ginástica, seguindo os princípios do professor, o que a fez
ser vista pelo governo como revolucionária e demagógica, sendo o termo turn
proibido de uso pela censura. Jahn foi acusado de traição e preso por dois anos.
Quando solto, isolou-se do mundo (MARINHO, 1980).
Os exercícios do método de Jahn não eram sistematizados ou
organizados. Os alunos podiam inventar e descobrir novos movimentos e depois
dividi-los com os demais. Eram constituídos por caminhadas pelo campo; corridas
em linha reta, de resistência, de fundo e marcha; saltar e pular (corda, altura,
profundidade, distância, com vara); balançar como pêndulo (deste movimento
nasceram os diversos exercícios de salto sobre cavalo, de balanço de pernas,
apoios); exercícios na barra fixa (balanço e sustentação); exercícios nas barras
paralelas (flexão e extensão); escalada; arremesso; puxar e empurrar (cabo de
guerra); levantar cargas pesadas; carregar objetos pesados; alongamento; lutas e
exercícios com arco e com cordas longas e curtas, para pular. Além dos exercícios
gímnicos, Jahn utilizou em suas aulas jogos em geral, inclusive jogos folclóricos.
Seus alunos recebiam aulas sobre o planejamento dos turnplatz e método e
gerenciamento dos locais (PÚBLIO, 2002).
Tudo sob discreta direção, nasceu da natureza dos garotos, do seu
instinto por invenção e atividade. Em poucos anos, os aparelhos,
exercícios e interesses cresceram em proporções inacreditáveis. Toda a
nação tornou-se interessada [...] É preciso que o jovem ginasta saiba que
o seu dever mais sagrado, e o maior, é converter-se em um alemão, e
permanecê-lo sempre, para trabalhar com todas as suas forças pelo povo
e para a Pátria e para assemelhar-se a seus antepassados, os
libertadores do mundo. (JAHN apud PÚBLIO, 2002, p. 40-41).
Para o mesmo autor, se é a Guts Muths que se deve à introdução da
ginástica pedagógico-didática, constituindo-se a base da Ginástica educativa, é
Jahn quem propaga a Ginástica em aparelhos. Com seu método, Jahn cria
obstáculos artificiais, que, com o passar do tempo, foram denominados aparelhos
de ginástica. Alguns desses aparelhos utilizados por Jahn foram inventados por
outras pessoas e outros por ele próprio. As barras paralelas foram idealizadas por
ele para fortalecer a musculatura dos braços e facilitar os exercícios de apoio,
executados no aparelho cavalo. Atualmente, as barras são parte da Ginástica
Artística e figuram nos Jogos Olímpicos também como barras paralelas
assimétricas (com alturas desiguais) (PÚBLIO, 2002).
A ginástica de Guts Muths e de Jahn foi considerada de massificação
popular. Já Adolph Spiess, continuador da ginástica alemã, defendeu a Ginástica
escolar. Propôs que a ginástica fosse praticada todos os dias, durante
determinado período. Seu sistema era constituído por exercícios livres sem
aparelhos: exercícios de suspensão, nas barras, paralelas e cordas; exercícios de
apoio: apoio, com suspensões e balanceamentos; e ginástica coletiva: marchas e
exercícios de ordem unida (SOARES, 2001a).
Ainda no século XIX, Per Henrik Ling aparece como precursor da
Ginástica Sueca. A base do sistema sueco foi a ginástica pedagógica ou
educativa. Esta proposta de ginástica submetia o corpo à vontade. Era
considerada educativa e social, com a preocupação de satisfazer as necessidades
tanto
da
alma
quanto
do
corpo.
Destinava-se
a
ambos
os
sexos,
independentemente da idade e qualidades físicas, não importando os recursos
materiais existentes e à educação moral e serviço da sociedade. Para Ling a
ginástica não deveria considerar o corpo como uma massa mecânica e sim como
um instrumento vivo da alma, devendo ser acessível a todos (MARINHO, [197-?]).
A Ginástica de Ling remete a uma reflexão da sua influência no que é
hoje a Ginástica Geral. Esta reflexão é sobre a importância de o praticante sentir
prazer pela prática e pela execução do movimento. Ling propunha uma ginástica
que causasse satisfação aos alunos, respeitando os limites de suas características
físicas.
Segundo Marinho ([197-?], p. 241) para Ling:
O corpo humano não pode progredir dentro do seu desenvolvimento
mais do permitem os limites de suas disposições hereditárias [...]
excluir da ginástica a distração dos sentidos e não oferecer mais
que um trabalho desagradável e um ensinamento triste e severo é
matar o espírito da ginástica. A alegria deve iluminar sempre os
ensinamentos da verdadeira ginástica.
Apesar de toda esta preocupação com o ser humano em sua essência,
Ling mantinha o tom disciplinador e rígido que outros métodos utilizavam. Esta
rigidez somente foi quebrada após sua morte, quando seu filho Hjalmar Ling deu
seguimento ao seu trabalho. Com o apoio de alguns estudiosos, Hjalmar
disseminou a ginástica nas escolas. Surgiram os exercícios em forma de jogos
ginásticos para trabalhar com as crianças (MARINHO, [197-?]).
O método sueco mantinha em sua constituição exercícios livres,
saltitamentos, suspensão, equilíbrio, destreza com aparelhos, jogos, saltos em
aparelhos e exercícios de disciplina e descontração.
Seguindo os métodos de Ling, a escola Dinamarquesa difundiu a
ginástica na escola e a prática pela população, porém aos poucos foi criando um
novo método, pois não estavam satisfeitos com a sistematização dos exercícios.
Para os dinamarqueses o instrutor de ginástica não deveria somente sistematizar
os exercícios e sim conduzir um trabalho de forma que o aluno fosse consciente
do objetivo da atividade. Não em “razão do sistema”, mas em “razão do homem”.
A Ginástica dinamarquesa valorizava os movimentos naturais e sua utilização
como instrumento educativo (MARINHO, [197-?]).
No método francês, a contribuição de Amorós, é muito importante para a
ginástica. Ele é um militar que dá início a um trabalho de ginástica com o objetivo
de educação moral dos seus alunos. Sua idéia de ginástica afasta a prática por
entretenimento e busca fundamentá-la em exercícios severos, rigorosos e de
exigências acrobáticas (LANGLADE e LANGLADE,1970).
Eram realizados muitos espetáculos de demonstração da ginástica de
Amorós e sua intenção era alcançar o maior número de pessoas, estimulando a
prática pela população. Amorós cria, então a Ginástica Elementar, com
seqüências simples de exercícios, facilmente ensinada a diferentes grupos de
pessoas.
A Ginástica Elementar era constituída por marchas, corridas,
flexionamentos graduais de braços e pernas, exercícios de
equilíbrio, de força individual e de destrezas múltiplas. Seu objetivo
básico: desenvolver qualidades físicas e, deste modo, a resistência
à fadiga. Seu fim último: educar moralmente seus praticantes.
(SOARES, 1998, p. 50).
Apesar do objetivo de Amorós ser a educação moral, alcançada por
meio da educação corporal, o que aconteceu foi a extensão da prática da ginástica
a qualquer pessoa. Pelo mesmo caminho a ginástica passou a exigir a
preocupação com as necessidades individuais de cada aluno e de cada grupo. E,
prevalecendo esta mesma idéia da prática da ginástica não importando as
diferenças, foi incentivada a prática pelas mulheres, com exercícios desenvolvidos
especificamente para elas, mas com intenção de educá-las pela moral e isso
perpetuar aos filhos. Novamente vemos a ginástica como um dos instrumentos de
preparação do povo pela utilidade à nação.
Soares (1998) conta, ainda, que já no fim do século XIX e início do
século XX, outro colaborador para o desenvolvimento da ginástica, George
Denemy, apoiado na ciência, questiona o exagerado valor conferido à competição
dos jogos, pois considerava uma prática minoritária, não propícia aos menos
qualificados fisicamente.
A educação física dirige-se a todos, aos fracos, sobretudo. Não é preciso
restringir, como se faz muito freqüentemente, a educação física a simples
práticas atléticas. Estas servem antes para utilizar as forças que para
adquiri-las [...] sem pretender tais superioridades, todos podem se
desenvolver e sair de um estado deplorável de inferioridade nesse
aspecto. O fraco é tímido, bastante suscetível em questões de amor
próprio; não se deve desencorajá-lo, mas ao contrário, atraí-lo para o
exercício do qual ele necessita. Ele deve ser o objeto de atenção
complacente do educador preocupado com a prosperidade e o futuro de
seu país. Os fracos constituem a maioria [...]. (DENEMY apud SOARES,
1998, p. 97).
Uma mesma visão amorosiana denotou a preocupação de Denemy em
propor uma ginástica para todos e considerar uma forma de potencializar a pessoa
para o trabalho pela pátria. Mas ainda não se vê a prática da ginástica tendo como
fim próprio o praticante, pelo seu prazer e auto-superação, como se vê na prática
do circo e acrobatas. Apesar de um caráter inclusivo, o pensamento de Denemy
valoriza o corpo adestrado, como aprimoramento dos sentidos e controle da força
com menos dispêndio de energia, para que seja possível a realização das tarefas
de forma disciplinada e controlada, o que exclui, por exemplo, de certa forma, os
idosos e os portadores de necessidades especiais.
Denemy pensou que era essencial criar um método de motivação que
estimulasse a população à prática da ginástica. Encontrou na música e na dança
os instrumentos, que facilitaram seu trabalho.
Georges Hébert, também na França, elaborou o Método Natural, que foi
uma reação aos métodos artificiais e analíticos da ginástica sueca. Hébert
inspirou-se nos costumes dos homens primitivos, em seus exercícios diários que
os mantinham em boa forma física e virilidade (LANGLADE e LANGLADE, 1970).
El Método Natural no es, em consecuencia, más que la codificación, la
adaptación y la gradación de los procedimientos y medios empleados por
los seres viventes en estado natural para adquirir su desarrollo integral
(HÉBERT apud LANGLADE E LANGLADE, 1970, p. 274)3.
Hébert dividiu seu método em dez grupos fundamentais: a marcha, a
corrida, o salto, o quadrupedismo4, o trepar, o equilibrismo, o transportar, o lançar,
o defender e a natação (MARINHO, [197-?]). Para complementar estes dez
grupos, foram agregadas atividades com cavalos, bicicleta, canoa, patins, armas e
de simples recreação como jogos, danças, esportes, cantos (LANGLADE e
LANGLADE, 1970).
3
4
O método natural não é, em conseqüência, mais do que a codificação, a adaptação e a gradação dos
procedimentos e dos meios usados pelos seres vivos no estado natural para adquirir seu desenvolvimento
integral. (tradução nossa).
BARBANTI, V. J. Dicionário de Educação Física. São Paulo: Manole, 2003. p. 495. Movimento de
locomoção que consiste no modo de deslocamento adotado pelos quadrúpedes, isto é, a ‘quatro patas’.
Nesta posição fazem deslocamentos à frente, à retaguarda, para o lado, tendo o corpo em apoio nas mãos
e nos pés.
Era entendimento de Hébert que a natureza e a qualidade do trabalho
deveriam superar os aspectos relacionados à qualidade de execução.
“Fica,
assim, bem evidenciada a diferença entre qualidade do trabalho e qualidade de
execução, devendo a primeira ser considerada como substantiva e a última como
adjetiva.” (MARINHO, [197-?], p. 196). Este fato, inicialmente, não agradou aos
políticos de seu país, que consideravam a técnica, a sincronia dos movimentos e a
estética fundamentais para a prática gímnica, porém foi mantendo esta teoria que
Hébert conquistou a juventude francesa.
Para Langlade e Langlade (1970) faltou ao método natural o aspecto
lúdico, e tal ausência tornou-o uma atividade sem alegria para utilizar-se no âmbito
escolar. Mesmo assim, o método foi uma indiscutível contribuição para a ginástica
mundial.
Seguindo a evolução histórica da Ginástica, nossa atenção volta-se
para o surgimento dos chamados Grandes Movimentos, focalizando o Centro e
Norte, que aconteceram na Alemanha e Suécia, respectivamente.
Afirmam Langlade e Langlade (1970) que o Movimento do Centro foi
contemplado por dois tipos de manifestações: a artístico-rítmico-pedagógica e a
técnico-pedagógica. Consideramos relevante estudar o Movimento artísticorítmico-pedagógica, que foi constituído pela Ginástica Moderna e pela Ginástica
Rítmica de Jaques Dalcroze.
Podemos afirmar, baseados em Langlade e Langlade (1970) que o
verdadeiro criador da Ginástica Moderna foi Rudolf Bode, porém com importantes
influências de inspiradores. É interessante perceber que as contribuições vinham
da esfera artística, por profissionais da música, dança e teatro. O caminho trilhado
para que a Ginástica Moderna fosse criada acontece a partir do século XVIII com
Jean Georges Noverre, importante figura das novas tendências que a época
apresentava na esfera da dança.
Noverre era contrário a qualquer formalismo acadêmico. Desenvolveu estudos em matéria de dança, analisando cada detalhe do
ballet e as partes que o complementavam, como vestiário, iluminação e cenário. Porque compreendia a dança como uma forma de
emocionar pelos olhos, criando o ballet de ação dramática (MARINHO, [197-?]). Em uma de suas cartas, Noverre apud Langlade e
Langlade (1970, p. 41) expõe pensamentos sobre a dança que também seriam, posteriormente, inquietudes no campo ginástico:
Los pasos, la soltura y el brillo de su encadenamiento, el aplomo, la firmeza, la
rapidez, la ligereza, la precisión, las oposiciones de los brazos a las pernas: he
aquí lo que yo llamo el mecanismo de la danza. Cuando todas estas cosas no se
ponen en ejecución por el espíritu, cuando el genio no dirige todos estos
movimientos y el sentimiento junto con la expresión no le prestan las fuerzas que
séran capaces de conmoverme e interesarme, entonces aplaudo a la destreza,
admiro al hombre máquina, hago justicia a su fuerza y a su agilidad, pero éste no
me hace experimentar ninguna agitación, no me enternece [...]5
Entendemos este pensamento de Noverre como contribuição ao
processo gímnico, pois o movimento meramente técnico, sem emoção e
sentimento estampados no trabalho do ginasta, provavelmente seria de difícil
entendimento em sua essência pelo espectador.
Assim como Noverre, François Delsarte ofereceu contribuições no
âmbito teatral, para o desenvolvimento da Ginástica Moderna.
Entre seus
estudos, o que se destaca de importante para a ginástica foi a criação de gestos
corporais relacionando as regras empíricas da mímica com os estados do espírito
na tentativa de classificação e desenvolvimento científico. Isto é, ele estudou as
técnicas teatrais, especificamente da mímica, para explorar as emoções dos
alunos, de forma que suas idéias fossem cientificamente comprovadas.
Muito pouco deste estudo Delsarte deixou escrito, mas seus alunos
afirmavam que sua preocupação era sobre a unidade do corpo, com suas atitudes
e movimentos ligados aos estados espirituais, de forma que o espectador sentisse
a intensidade da representação cênica. Cada gesto deveria ter uma linguagem
expressiva própria, bem como cada parte do corpo do ator, deveria transmitir
emoções de forma convincente. Para atingir estas características em seus alunos,
Delsarte desenvolveu exercícios físicos exclusivamente para o fim, porém não
tentou criar um sistema de ginástica. Sua obra e suas idéias foram inspiradoras e
interpretadas de forma a acreditar-se que ele foi o precursor da Ginástica
Moderna.
Outra representante da dança, a contribuir com esse movimento renovador, foi Isadora Duncan, uma bailarina que no século XIX
revolucionou a arte de dançar. Duncan, segundo Langlade e Langlade (1970), inspirou o nascimento da Ginástica Expressiva de
Rudolf Bode, que por sua vez, influencia todas as demais ginásticas existentes na atualidade. Além disso, a Ginástica Feminina
sofreu influências diretas das idéias de Duncan, incorporando seus valores plásticos que ela utilizava com suas bailarinas. Isso
constituiu uma inovação, pois até então os movimentos gímnicos eram criados para praticantes masculinos, sendo construídos de
forma retilínea.
5
Os passos, a agilidade e o brilho da sua seqüência, a serenidade, a firmeza, a rapidez, a prontidão, a
precisão, as oposições dos braços às pernas: tenho aqui o que eu chamo o mecanismo da dança. Quando
todas estas coisas não estão postas na execução pelo espírito, quando o gênio não dirige todos estes
movimentos e o sentimento junto com a expressão não lhe empresta as forças que serão capazes de me
comover e de me interessar, então eu aplaudo a habilidade, eu admiro à máquina do homem, eu faço
justiça à sua força e à sua agilidade, mas esta não me faz experimentar nenhuma excitação, não me
enternece [...]. (tradução nossa).
A própria Isadora Duncan (1969, p. 143), em sua obra Isadora:
Memórias
de
Isadora
Duncan,
fala
da
Ginástica
como
princípio
do
desenvolvimento do movimento humano:
A ginástica deve ser a base da Educação Física. É preciso inundar o
corpo de ar e de luz. É essencial dirigir-lhe o desenvolvimento de uma
maneira metódica. Faz-se necessário captar tôdas as suas energias vitais
em proveito desse desenvolvimento. Esse é o dever do professor de
ginástica. Depois é que vem a dança. No corpo harmonicamente
desenvolvido e elevado ao ponto supremo de energia, penetra o espírito
da dança. Para o ginasta, o movimento e a cultura do corpo se bastam a
si mesmos; para o dançarino, são apenas recursos. Para este, conviverá
até que o corpo seja esquecido. Quando muito, ele não será mais do que
um instrumento valioso e bem afinado, no qual – ao contrário do que lhe
pede o ginasta, tão só a expressão dos movimentos do corpo – também
se possam refletir os sentimentos e os pensamentos da alma.
Langlade e Langlade (1970) afirmam que as propostas de Duncan são
propulsoras das posteriores “experiências pedagogo-musicais” de JaquesDalcroze.
Dalcroze, representando a contribuição da música para o surgimento de
novas formas de ginástica, criou a Rítmica, que foi desenvolvida com base na
observação em seus alunos no conservatório musical. Por este meio, o estudioso
concluiu que era necessário educar as crianças com uma série de exercícios,
harmonizando os movimentos corporais com o tempo e o espaço dentro de um
acompanhamento musical.
La música es la base de la rítmica, pero ésta no forma virtuosos de la
música, ni del movimiento del cuerpo. Ella constituye una preparación
para todas las artes basadas en el movimiento. Por consiguiente, este
estudio preparatorio deberá ser completado por la búsqueda de los
medios técnicos de expresión propios a cada arte especializada.
(CROPTIER apud LANGLADE e LANGLADE, 1970, p. 63)6.
A Rítmica de Dalcroze não era considerada um fim e sim um meio de desenvolvimento da pessoa, para harmonia dos movimentos,
6
A música é a base da rítmica, mas esta não forma virtuosos da música, nem do movimento do corpo. Ela
constitui uma preparação para todas as artes baseadas no movimento. Por conseguinte, este estudo
preparatório deverá ser completado pela busca dos meios técnicos de expressão próprios a cada arte
especializada. (tradução nossa).
com as sensações externas, internas e o ritmo. Os exercícios que a constituíam eram para desenvolvimento do vigor físico,
elasticidade, equilíbrio, exercícios para velocidade de reação, entre outros.
Enfim, Dalcroze e a Rítmica foram fortes influências no trabalho de
Bode e também na Ginástica Feminina, mas não pode ser caracterizado como
sistema gímnico ou modalidade gímnica.
Não podemos deixar de comentar o trabalho de Rudolf von Laban, que desenvolveu, na dança, novas técnicas de movimento. Sua
relação pessoal com alguns precursores da Ginástica Moderna facilitou a troca de experiências das descobertas corporais. A dança
expressionista foi sua criação, idealizada por uma dança livre e pelos movimentos dramáticos, inspirados pelos próprios alunos.
Segundo Gaio (1996, p. 31), Laban “reconstruiu o estudo da coreografia, em linguagem especial do corpo, espírito e da alma.”
Influenciado por Duncan, Laban, Delsarte e Dalcroze, Rudolf Bode,
fundou a escola de Ginástica Rítmica em Munique, Alemanha. Encarregado pela
Educação Física dos camponeses, provou que sua ginástica não era somente
dirigida para mulheres, mas também aos homens. Bode foi motivado pela
discordância que sentia em relação às idéias de uma ginástica meramente
preocupada com a anatomia e fisiologia e também os movimentos construídos.
Seu interesse era proporcionar ao aluno a possibilidade de encontrar no
movimento natural, com liberdade, uma forma de expressão, para que se pudesse
encontrar com seu eu criador (LANGLADE e LANGLADE, 1970).
A Ginástica Rítmica Expressiva de Bode foi dividida em três princípios:
da totalidade, da mudança rítmica e da economia.
O princípio da totalidade foi definido por Bode apud Langlade e
Langlade, (1970, p. 92) da seguinte maneira:
Psicológicamente, significa un atar, una sensación de impulsar;
fisiológicamente, un curso de movimiento de unificar; anatómicamente,
una totalidad que alcanza la educación corporal mediante una
coordinación de la musculatura7.
Isso significa que qualquer movimento realizado pelo aluno deveria ser executado de forma harmônica e rítmica entre o corpo e
espírito.
O princípio da mudança rítmica pressupunha que o movimento passaria
por alternâncias de estados de tensão e relaxamento. Para isso, o aluno deveria
deixar o sentimento influir no movimento.
O princípio da economia é uma junção dos demais, pois quando o aluno
executa o movimento com harmonia rítmica de seu corpo com a sua alma e
controla as alternâncias da musculatura, ocorrerá uma economia de esforço. Esta,
7
Psicologicamente significa um atar, uma sensação de impulsionar; fisiologicamente, um curso de
movimento unificado; anatomicamente, uma totalidade que atinge a educação corporal mediante uma
coordenação da musculatura. (tradução nossa).
para Bode, seria a forma natural do ser humano mover-se.
O sistema de Bode foi constituído por exercícios de: relaxamento,
oscilação, tensão, lançamento, empurrar, golpear, pressão, tração, resistência,
caminhar, marchar, correr, saltar, movimentos de expressão e ginástica com
aparelhos portáteis, com acompanhamento musical. A música era um importante
elemento de sua ginástica, pois era considerada como fator de motivação,
causando no aluno o efeito necessário para determinado tipo de reação. Por meio
dela os movimentos podiam ser criados, com inspiração.
A Ginástica Expressiva, conhecida como Ginástica Moderna, tornou-se
alvo de atenção na Alemanha e incitou discussões sobre os problemas gímnicos.
Surgiram daí discípulos da obra de Bode, entre eles, Hinrich Medau. Uma de suas
maiores contribuições foi à utilização de aparelhos portáteis na ginástica. Pela
observação ele pôde perceber que, com esses aparelhos, o aluno desenvolvia sua
execução de forma mais solta, natural e, conseqüentemente, mais completa. Um
desses aparelhos foi a bola, cujo valor ele descobriu a partir de seu interesse por
basquetebol. A maça8. Todas as possibilidades desse aparelho foram estudadas
para atender à uma de suas inquietações. Ele percebeu que nos movimentos
naturais humanos, não existia simetria rigorosa, isto é, os dois braços, no andar,
movem-se alternadamente. Com a utilização da maça na coreografia, ele pode
desenvolver este lado natural do movimento corporal e ampliá-lo. Mais tarde,
outros aparelhos portáteis manuais fizeram parte do trabalho de Medau, como o
aro e o tamburim. Com os aparelhos, o significado e conteúdo rítmico foram mais
ampliados na Ginástica Moderna (LANGLADE e LANGLADE, 1970).
No Movimento do Norte surgem os realizadores da ginástica criada por Ling na Suécia. Uma das mais importantes realizadoras da
ginástica neo-sueca foi Elli Björksten, cujos ideais foram uma reação contra a ginástica feminina de sua época. Elli via a ginástica da
época como uma atividade sem prazer e vida e considerava que suas formas eram rígidas e com características militares o que não
permitia que contemplasse mulheres e crianças (LANGLADE e LANGLADE, 1970).
Para Björksten os exercícios gímnicos deveriam satisfazer as
necessidades dos movimentos corporais de maneira completa, desenvolver a
postura, a força, a resistência, livre e harmoniosamente. O trabalho proposto
despertaria a precisão, a independência de pensamento e a força de vontade.
8
GAIO, R. Ginástica rítmica desportiva “popular”. São Paulo: Robe, 1996. p.134, diz que: a Ginástica
Rítmica foi caracterizada pelo manejo de aparelhos manuais coordenados com movimentos corporais. Dos
oficiais e mais utilizados encontram-se as maças, cordas, bola, arco, fita e bastão. A combinação dos
elementos determina o nível de qualidade de execução e o grau de dificuldade praticado pelo ginasta.
O plano de trabalho de Björksten foi dividido pelas finalidades:
fisiológica, que se dirigia à saúde e à beleza do corpo; morfológica que
desenvolvia a postura e mobilidade articular; estética pela beleza na execução dos
exercícios, com alma, leveza e graça; e psicológica que acentuavam os
movimentos espontâneos (LANGLADE e LANGLADE, 1970).
As diversas formas de ginástica se transformaram e deram origem às
ginástica competitivas e não competitivas, tais como ginástica de academia,
escolar e a geral.
É nosso entender que em cada um dos métodos comentados, há um
pouco da filosofia da GG que prevê a prática da ginástica por todas as pessoas e
dá importância à prática profissional, no sentido de valorização do ser humano.
Todas as formas gímnicas citadas contavam com a participação de crianças,
mulheres, homens, com objetivos distintos, como já dissemos, ajustados com a
condição política, econômica e social do país em que estava sendo desenvolvido
o trabalho naquele momento. Havia sempre uma necessidade de respeitar a
essência humana, buscando harmonia entre movimento, liberdade e emoção.
Claro que as metodologias podem não se adequar ao que atualmente
entendemos como ideal para a Ginástica Geral, mas eram relevantes ao momento
histórico. Destes métodos e escolas surgiram as modalidades competitivas que
atualmente compõem os Jogos Olímpicos, as quais fundamentam a Ginástica
Geral oficialmente reconhecida pela Federação Internacional.
A influência de varias escolas ou métodos ginásticos europeus fez com
que a ginástica fosse classificada em várias modalidades gímnicas,
sendo ou não competitiva. E desta maneira vem sendo estruturada em
todos os seus aspectos [...] o mundo sentiu necessidade de se organizar
em relação à prática esportiva que envolvia a ginástica. (MARTINS, 2001,
p. 44).
Desta forma, enquanto modalidade, podemos afirmar que a Ginástica
Geral acontece oficialmente com a criação do seu Comitê Técnico específico na
Federação Internacional de Ginástica e com a aprovação de um regulamento para
a Gymnaestrada Mundial (NEDIALCOVA e BARROS, 1999).
Segundo Souza (1997, p. 29) a FIG:
[...] é a organização mais antiga e com maior abrangência na área
da Ginástica. Está subordinada ao Comitê Olímpico Internacional
(COI), sendo responsável pelas modalidades gímnicas que são
competidas nos Jogos Olímpicos. É portanto a Federação com
maior poder e influência na Ginástica mundial.
A Federação Internacional de Ginástica foi criada em 1921 e seu presidente fundador, Nicolas Cuperus, tinha um ideal gímnico, que
era o de poder ver a ginástica praticada sem necessidade de competição, somente visando a saúde, força, agilidade e resistência para
os ginastas, porém os países filiados queriam os eventos competitivos e ele teria que atendê-los (HUGUENIN, 1981). Para Públio
(2002) a Ginástica Geral atende aos ideais do fundador da FIG.
Em seu estudo sobre entendimento da Ginástica Geral, Ayoub (1998) averiguou que a Ginástica Geral acontece enquanto proposta de
atividade motora de participação, na FIG, no final da década de 70 e início de 80. A intenção foi traçar uma diferença entre as demais
modalidades competitivas e, desta forma, a Federação Internacional utilizou a expressão Ginástica Geral, pois considerava que seria
facilmente traduzida para outros idiomas.
A FIG (1998, p. 8), em seu manual técnico, coloca algumas definições e objetivos que servem de diretrizes para os países federados
desenvolverem a Ginástica Geral:
General Gymnastics describes that aspect of gymnastics which is leisureoriented and offers a range of exercise programmes featuring special
characteristics, as follows: […] offers a varied range of sports activities
suitable for all age groups comprising essentially exercises from the field
of gymnastics with and without apparatus as well as games9.
A Ginástica Geral, por oferecer a possibilidade de trabalhar uma
grande parte das atividades esportivas, facilita o desenvolvimento de
esportes da cultura do praticante e estimula a prática e a melhoria dos
movimentos gímnicos. Exemplificando, alunos de uma escola, que não
gostem de ginástica e preferem o basquete ou o futebol, poderão descobrir
novas possibilidades se a coreografia tiver esses esportes como elementos
básicos, utilizando as bolas respectivas e os movimentos fundamentais.
Com a motivação da música, o aluno pode explorar os movimentos já
conhecidos e conhecer novas possibilidades.
Outro item da definição proposta pela FIG diz que “[...] develops health,
fitness and social integration. General Gymnastics contributes towards physical
and psychological well-being. Gymnastics is a social and cultural fator10.” (FIG,
1998, p. 8).
9
10
Ginástica Geral descreve um aspecto da ginástica o qual é orientado para o lazer e oferece uma gama de
programas de exercício que retratam (caracterizam) características especiais, como segue: [...] oferece
uma gama variada de atividades esportivas apropriadas para todos os grupos de idade que compreendem
exercícios essencialmente do campo da ginástica com e sem aparelhos, assim como jogo. (tradução
nossa).
“[...] desenvolve a saúde, a aptidão e a integração social. A Ginástica Geral contribui para o bem estar
físico e psicológico. A Ginástica é um fator social e cultural.” (tradução nossa).
Os objetivos primeiros da ginástica se mantêm na Ginástica Geral,
sendo o desenvolvimento da saúde e das habilidades motoras, em busca da
melhoria da qualidade de vida. Mas, além disso, levamos em consideração a
socialização. Sendo uma atividade essencialmente praticada em grupo, a
convivência é inevitável. A FIG acredita que, desta forma, haverá uma troca
cultural e uma contribuição para a melhoria das pessoas enquanto
sociedade, enquanto seres que vivem em comunidade.
[...] fundamentally, comprises regular games and exercise activies
which people enjoy mainly for their own sake. The purpose of these
activies is to maintain and/or improve personal fitness. General
Gymnastics
offers
aesthetic
experiences
in
movement
for
11
participants and spectators . (FIG, 1998, p. 8).
A intenção é criar levando em conta a história corporal do
praticante, porém propondo novas experiências, que possam contribuir para
a melhoria das habilidades e qualidades físicas. O fim é o praticante, seu
prazer e sua felicidade, sempre com uma proposta de qualidade na
execução, não de forma tecnicista, mas respeitando as individualidades.
Ainda em seus manuais, a FIG (1998, p. 8) afirma que “events and
competitions may also form part of General Gymnastics12.”
Entendemos que a competição descaracteriza a Ginástica Geral,
pois numa situação competitiva a seleção é natural e sugere a exclusão. A
Ginástica
Geral
diferentemente
disso,
prevê
a
participação
independentemente das qualidades físicas e o nível técnico do praticante,
pretendendo-se, portanto, que ela seja democrática e inclusiva. A
competição induz à superação do outro e, muitas vezes, para superar o
outro, não se vê a superação da própria pessoa, caminhando para o
desrespeito à sua individualidade e à sua história de vida. Os eventos de
competição primam pela vitória do melhor. Na nossa opinião os eventos de
11
12
[...] fundamentalmente, compreende atividades de jogos normais e exercícios que as pessoas apreciam
principalmente para sua própria causa. A finalidade destas atividades é manter e/ou melhorar a aptidão
pessoal. A Ginástica Geral oferece experiências estéticas no movimento para participantes e espectadores.
(tradução nossa)
“os eventos e as competições podem também formar parte da Ginástica Geral.” (tradução nossa).
Ginástica Geral devem primar pela vitória de todos os praticantes. Uma
vitória pessoal, uma vitória do grupo e uma vitória da sociedade.
Os objetivos da FIG com relação à GG não diferem muito das
demais
modalidades
que
ela
organiza.
Enquanto
maior
entidade
representativa da ginástica do mundo, a FIG pretende a divulgação entre os
países federados e também não federados, expandindo, assim, uma maior
participação em seus eventos e aumentando o número de filiados. O país
interessado em participar de seus festivais e cursos depende de uma filiação
que segue regras, entre elas a manutenção de taxas. Dentre os principais
objetivos da FIG para a Ginástica Geral, podemos citar:
World-wide spread of General Gymnastics; Activating all member
federations of the FIG for General Gymnastics; Activating other
federations for General Gymnastics; Activating as many people as
possible for General Gymnastics; Expanding the Worl Gymnaestrada as a
World Festival of the culture of movement. Structures for activities of
General Gymnastics. Organizational structures for General Gymnastics;
Structures for education and futher instruction in General Gymnastics in
the member federation of the FIG13. (FIG, 1998, p. 8).
A FIG (1998) divide os elementos da Ginástica Geral em três grupos de atividades: ginástica com dança, ginástica com aparelhos e
jogos. Dentro da Ginástica com dança estão inseridos a ginástica e dança jazz, aeróbica, condicionamento físico, ginástica especial,
danças (populares, moderna, rock), ballet, folclore, jogos dançantes, dança teatro, ginástica teatro e exercícios aquáticos. Na
Ginástica com aparelhos aparecem exercícios com e sobre aparelhos, trampolim, roda ginástica, acrobacias, tumbling e exercícios
típicos nacionais. Fazem parte do elemento jogo: os jogos de reação, jogos esportivos e jogos sociais.
Percebemos que existe uma grande diversidade de elementos na Ginástica Geral o que contribui com uma abrangência de trabalhos.
Não verificamos nos manuais da FIG como fazer a diferenciação entre eles. Não há regras estabelecidas. Ela é um espaço onde a
ginástica pode acontecer. Por isso valorizamos o processo em que ela acontece. Os elementos dos diversos estilos da dança podem
compor a Ginástica Geral, desde que o processo seja respeitado, não excluindo nenhum pretendente à prática e considerando as
condições dos executantes.
Para oficializar a Ginástica Geral, enquanto modalidade da FIG, foi criado um evento mundial denominado Gymnaestrada World
(Gymnaestrada Mundial) que teve seu início em 1953. Seu idealizador J. H. F. Sommer pretendeu englobar o maior número de
participantes possíveis para a Ginástica e na concepção da FIG a prática dessa nova atividade gímnica deveria estar voltada para o
lazer e para o prazer.
A Gymnaestrada apareceu como o berço da criatividade da Ginástica e uma forma de estimulá-la para todas as idades, com a
perspectiva de nunca trocar o contexto qualitativo pela seleção por performance de alto nível técnico. O nome Gymnaestrada vem de
Gymna=ginástica e strada=street (rua). O nome sugere a Ginástica na rua, enquanto um espaço para a prática de todo o povo, e um
caminho para novas idéias (FIG, 1998).
Huguenin (1981) relata que a primeira Gymnaestrada Mundial, em 1953, contou com participantes de quatorze países com sessenta
grupos, em Rotterdam (Holanda). Uma característica interessante deste primeiro evento foi a participação de grupos femininos, mais
do que masculinos, pela questão dos exercícios com música.
13
Difusão mundial da Ginástica Geral; ativar todas as federações membros da FIG para a Ginástica
Geral; ativar outras federações para a Ginástica Geral; ativar tantas quantas pessoas forem
possíveis para a Ginástica Geral; expandir a Gymnaestrada Mundial como um Festival Mundial da
cultura do movimento. Estruturas para atividades da Ginástica Geral; estruturas organizacionais
para a Ginástica Geral; estruturas para ensino e promover instrução na Ginástica Geral nas
federações membros do FIG. (tradução nossa).
Podemos verificar em Langlade e Langlade (1970, p. 20) que em 1939
Ling promoveu a primeira Lingíada, em Estocolmo, que pretendeu dar uma
“oportunidade mundial de amplo conhecimento e difusão das escolas, sistemas e
métodos e linhas de trabalho, que inicia a [...] universalização dos conceitos
ginásticos.” Ling idealizou e colocou em prática, assim, festivais que demonstram
ao mundo o que era a ginástica, divulgando as diversas escolas. Em 1949, na
segunda Lingíada, houve a participação de mais de cinco mil donas de casa, entre
elas, muitas com mais de cinqüenta anos (MARINHO, [197-?]), o que muito se
aproxima do que é hoje a Gymnaestrada Mundial.
Há de se ressaltar, porém, que este tipo de apresentação ou
demonstração antecede o fenômeno das Gymnaestradas e aparece
desde 1939 com a criação da Lingiade e das Espartaquíadas. Estes 3
eventos tiveram aspectos sócio-políticos diferentes, condizentes com o
momento histórico e local em que eram realizados, mas possuíram
características semelhantes em relação à não competitividade, ao grande
número de participantes, sem restrições à sexo ou idade, e à interação
social que promoveram. (TIBEAU, 1995, p. 58).
O evento não prevê competição entre equipes ou grupos, mas uma grande variedade de apresentações coreográficas,
gímnicas com grupos de diversas idades e características, participantes homens e/ou mulheres utilizando ou não equipamentos ginásticos,
variando de acordo com as características nacionais dos participantes. Podem participar delegações de países os quais são integrantes
com suas federações na Federação Internacional (FIG, 1998).
A Gymnaestrada Mundial acontece de quatro em quatro anos, em um dos países filiados à FIG, com duração de seis
dias, entre cerimônia de abertura, apresentações e cerimônia de encerramento (FIG, 1998).
Segundo o manual de Ginástica Geral da FIG (1998, p. 17), os objetivos
da Gymnaestrada Mundial incluem:
Advertising the value and diversity of General Gymnastic; encouraging the
spread of General Gymnastics world-wide; providing incentives for
meaningful work within national federation; inspiring enjoyment in exercise
and encouraging personal activity; demonstrating the possibilities of
different conceptions and diffusing ideas about the; presenting the most
recent findings and developments in General Gymnastic; assisting in the
general and technical education of instructor; bringing together gymnasts
from the four corners of the globe as a contribution towards the friendship
of nation; presenting General Gymnastics to a wide public14.
14
Anunciar o valor e a diversidade da Ginástica Geral; incentivar a propagação da Ginástica Geral Mundial;
fornecer incentivos para o trabalho significativo dentro das federações nacionais; inspirar o gosto pelo
exercício e incentivando a atividade pessoal; demonstrar as possibilidades de diferentes concepções e de
difundir idéias sobre elas; apresentar as mais recentes descobertas e os desenvolvimentos na Ginástica
Geral; ajudar no ensino geral e técnico dos instrutores; trazer ginastas dos quatro cantos do globo como
Este cenário de relatos históricos e considerações teóricas nos
auxiliaram na busca pela definição da Ginástica Geral hoje. Porém nossas dúvidas
permanecem e esbarram na diversidade proposta pela FIG e no entendimento dos
profissionais da área e praticantes a respeito do que seja a GG. Conseguimos
senti-la enquanto manifestação popular ou cultural, mas não conseguimos dizer
onde ela realmente está delimitada e quais seriam os caminhos que levem a uma
definição.
As pesquisas de Ayoub (1998) comprovam que a própria FIG tem questões que revelam a dificuldade em conceituar a GG, pela sua
diversidade de trabalhos, porém o que se percebe é que os conceitos e concepções pregadas pela FIG estão diretamente influenciando
a visão das pessoas envolvidas em trabalhos de Ginástica Geral. Segundo a autora, em suas entrevistas, foi diagnosticado que:
A maioria dos entrevistados, inclusive os membros da FIG que colaboraram na
elaboração dos manuais de GG, quando interrogados sobre “o que é a Ginástica
Geral”, declararam que a amplitude e diversidade da GG dificultam a
conceituação. Mesmo assim, os depoimentos trouxeram elementos significativos
para a compreensão da Ginástica Geral, demonstrando, como já era de se prever,
que a concepção da FIG tem influenciado diretamente as visões de Ginástica
Geral daqueles que têm participado dessa atividade. (AYOUB, 1998, p. 58).
Esta diversidade fixada pela Federação tem relação com o que foi a ginástica desde os primórdios, onde ela era entendida como
qualquer exercício físico e, em alguns momentos, como a própria Educação Física. Podemos ver que nas escolas e métodos
gímnicos, são abarcados pelos diversos estudiosos aqui referidos as lutas, arremessos, jogos, dança. Sendo a FIG uma instituição que
sistematizou a ginástica em modalidades competitivas e não competitivas, parece-nos lógico que ela tenha mantido as mesmas
atividades a serem praticadas dentro da GG. Mantém-se uma essência que já existia como princípio gímnico, incluindo um evento
mundial, de força cultural e política para promoção tanto da modalidade quanto da própria instituição.
Vemos na sistematização da GG pela FIG um esforço mínimo de
possibilitar a Ginástica Geral para todos, pois, apesar de todos os objetivos
citados em seus manuais e difundidos mundialmente, o único festival da
modalidade promovido por esta instituição é a Gymnaestrada Mundial.
Paralelamente, acontecem alguns cursos técnicos juntos às federações nacionais,
mas que se limitam aos interessados em desenvolver a modalidade no país. Não
percebemos um esforço no sentido de divulgar em massa a modalidade, de forma
que o público perceba que ele pode estar além de ser um mero espectador. Ele
pode ser um praticante, se assim quiser. Porém, o que vemos é ainda um
empenho grande na universalização das ginásticas competitivas.
No âmbito nacional há várias discussões em fóruns, publicações e em conversas informais sobre o que realmente é a GG. Discute-se
a questão da competição, da diversidade, da inserção ou não das lutas no contexto, da forma como as Federações internacionais e
nacionais conduzem a perspectiva da participação. Porém é escasso o trabalho bibliográfico que nos dê subsídios para uma
discussão mais científica. Sabemos que são publicados vários trabalhos sobre o desenvolvimento da GG em escolas, clubes,
associações e universidades, porém supomos ser de suma importância um levantamento sobre qual o conceito utilizado por
professores que utilizam a Ginástica Geral como conteúdo de aula e qual o parâmetro seguido por eles.
Entendemos que estas dificuldades de produção devem-se ao fato do desenvolvimento histórico brasileiro na Ginástica Geral ser
recente, levando-se em conta que ela foi oficializada somente na década de 80, pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG).
Porém, segundo Santos e Santos (1999), ela foi introduzida no Brasil, aproximadamente entre 1953 e 1956, com a chegada de Ilona
uma contribuição para a amizade das nações; apresentar a Ginástica Geral para um amplo público.
(tradução nossa).
Peuker, professora húngara que se instalou no Rio de Janeiro.
Para os autores, Ilona percebeu o grande potencial brasileiro para a Ginástica Geral, formando em 1956 o seu primeiro grupo de
ginastas, Grupo Unido de Ginastas (GUG). Este grupo desenvolvia a Ginástica Moderna de forma adaptada às características
brasileiras, utilizando diversos materiais alternativos, tais como cocos, pandeiros, numa junção com ritmos nacionais. Ilona
desenvolveu com o GUG um trabalho original, que chamou a atenção da imprensa internacional. Foi o primeiro grupo brasileiro a
participar de uma Gymnaestrada Mundial, em sua segunda edição, levando dez ginastas.
Até a sexta Gymnaestrada, o GUG foi o único grupo do Brasil a participar no evento. Em 1975, o país foi representado por três
delegações distintas: AABB de Niterói, com um grupo de Ginástica Rítmica Moderna; o GUG representando a Delegação da
Confederação Brasileira de Desportos (CBD) e os Grupos de Ginástica Rítmica Moderna e Folclórico da Paraíba que representaram
o Ministério da Educação e Cultura (SANTOS e SANTOS, 1999).
Em 1982, foi organizado, no Brasil, pelo Prof. Carlos Roberto Alcântara de Rezende, o I FEGIN, na Escola Técnica Federal de Ouro
Preto. Tal evento foi considerado o mais importante de Ginástica Geral em nível nacional. Em 1986, a Confederação Brasileira de
Ginástica, criou a Comissão Técnica de Ginástica Geral, oficializando a GG na entidade, tornando o FEGIN o evento oficial da CBG
para qualificação dos grupos interessados em participar da Gymanestrada Mundial (REZENDE, 1996).
A década de 80 foi então marcada pela institucionalização da Ginástica
Geral na Confederação Brasileira de Ginástica e a difusão desse termo
no Brasil. No período vários grupos se desenvolveram e as coreografias
apresentadas nos festivais de Ginástica foram aos poucos alterando as
características iniciais intimamente relacionadas com elementos da
Ginástica Olímpica, Ginástica Rítmica e Dança. (REZENDE, 1996, p. 53).
A influência de Ilona Peuker até então foi da Ginástica Rítmica
Moderna, essencialmente feminina. Com a criação do Fegin, novos grupos foram
se inserindo no contexto e disseminando novas idéias. Nosso povo tem uma
característica original, alegre, que não conseguiu manter a rigidez dos métodos
inseridos na ginástica brasileira. Fundiu-se, assim, a técnica da Ginástica Moderna
com a essência do país. Fundamentamo-nos em Marinho (1982, p. 49) pela
seguinte afirmação:
Perquirindo a história do nosso povo, encontramos as raízes da Ginástica
Brasileira em todas as suas manifestações culturais. A destreza, a
malícia, a arte dos nossos jogadores de futebol constituem expressões
históricas de nosso povo, no qual a força foi substituída pela agilidade,
pela velocidade dos movimentos. O nosso ritmo gímnico não pode ser
importado, pois ele nasce de nossa própria alma, como expressão de
sentimentos que dela brotam.
A partir do início da sua caminhada histórica dentro das Gymnaestradas com Ilona Peuker, o Brasil esteve em todas as
Gymnaestradas Mundiais até a sua última edição, em 2003.
Para Santos e Santos (1999), a participação do Brasil na nona edição do evento, iniciou uma nova fase da GG brasileira, pois os
grupos brasileiros estavam inseridos em momentos importantes, como a Noite Nacional, onde grupos brasileiros puderam se
apresentar em conjunto com os grupos portugueses e o FIG Gala, representado pelo Grupo Ginástico Unicamp.
Este novo ânimo deu incentivo para a elaboração do Regulamento Brasileiro para participação na Gymnaestrada Mundial, que
normatizava a habilitação dos grupos interessados em participa das próximas edições, oficializando o Gymbrasil (Gymnaestrada
Brasileira) como o evento da CBG, específico para a Ginástica Geral.
Em 1995, na Gymnaestrada de Berlim, o Brasil teve sua Noite Brasileira, sem dividir com outro país este momento, considerado um
dos ápices para as delegações participantes. Todos os grupos brasileiros puderam participar desta festa.
Outros eventos foram surgindo ao longo do tempo, todos no sentido de divulgar a GG ao público e aos profissionais da área da
Educação Física. Podemos citar o Ginpa (Ginastrada Paulista); o Encontro de Ginástica Geral, organizado pela Unicamp; os Fóruns e
as Clínicas Estaduais realizadas pela Federação Paulista de Ginástica, cursos internacionais para a formação e capacitação de
professores, com apoio e organização da Unicamp, da CBG, da FIG e do SESC, bem como festivais por todas as federações
estaduais do Brasil.
Refletindo com Souza (1997), a Ginástica Geral no Brasil acontece
antecedendo todos estes fatos oficiais citados nos últimos parágrafos. As escolas,
em datas especiais, transformam suas comemorações em demonstrações de
ginástica. Eventos são abertos com demonstrações gímnicas, organizadas muitas
vezes por professores de Educação Física com seus alunos.
A autora comenta que, em Campinas, São Paulo, era realizado
anualmente o Festival de Ginástica do Clube Campineiro de Regatas e Natação,
reunindo aproximadamente 500 ginastas. Estas manifestações vêm ocorrendo há
muitos anos, sem que alguns dos profissionais envolvidos se dêem conta de que o
que eles estão fazendo seja Ginástica Geral. A ginástica, assim representada, é
um reflexo da história, antes que a Federação Internacional tomasse controle,
sistematizando e oficializando-a em modalidades. Porém, foi a partir dos conceitos
e objetivos da FIG, que alguns estudiosos debateram e conceituaram a Ginástica
Geral.
No Encontro de Ginástica Geral de 1996, realizado pela Unicamp,
discussões surgiram sobre o que se entende pela GG e quais suas características
no contexto da Federação internacional. Para Perez Gallardo e Souza (1996, p.
34), a visão da FIG é
uma visão técnica ou organizacional que comportamentaliza as
modalidades, dividindo-as em competitivas e não competitivas e
colocando tudo que não é esporte reconhecido internacionalmente como
sendo conteúdo da Ginástica Geral
e defendem uma Ginástica Geral democrática,
integrada à outras formas de expressão corporal (dança, folclore, teatro,
etc) de forma livre e criativa, de acordo com as características do grupo
social, e contribuindo para o aumento da interação social entre os
participantes. (PEREZ GALLARDO e SOUZA,1996, p. 35).
Concordamos com os autores nesta argumentação, porém percebemos
em nossa experiência que, apesar desse tecnicismo que a FIG impõe à GG,
descaracterizando o processo, que seria o mais importante, a Gymnaestrada
ainda é, no Brasil, o evento que mobiliza as pessoas para a prática da Ginástica
Geral. Sendo assim, a Federação Internacional atende à sua própria necessidade
que segundo Tibeau (1996, p. 58) seria: “[...] garantir uma maior adesão dos
países participantes e com o objetivo claro de institucionalizar esta atividade.”
Para tal objetivo afirma a autora:
[...] a FIG globaliza praticamente todas as atividades corporais, que não
tenham fins competitivos, como componentes da GG. Desta forma,
grupos de GG de diferentes países têm apresentado, por exemplo, uma
série de saltos no mini-trampolim, acompanhada de música, como
também uma representação cômica de elementos acrobáticos, ou ainda,
uma verdadeira “salada de frutas”, onde se observam movimentos
corporais acrobáticos ou não, folclóricos, acompanhados de materiais de
grande e pequeno porte, e com alguma característica de jogo ou teatro.
(TIBEAU, 1996, p 58).
Este fato dá uma grande abrangência e o círculo se fecha, novamente, na diversidade, que não fornece subsídio para conceituar a GG
ou denominá-la corretamente. Entendemos que em nosso país, deve-se definir a Ginástica Geral conforme o processo em que ela
ocorre, importando realmente o praticante, levando em conta que este indivíduo traz nele uma bagagem de experiências corporais
definidas pela cultura em que ele está inserido.
Não fazemos ginástica desde pequenos, como fazem os europeus,
base da GG na FIG. Temos nossos limites nas características físicas e habilidades
motoras, que devem ser consideradas. E, por menos que concordemos com
alguns aspectos da FIG, ela mesma propõe, por meio de um de seus membros,
representante suiço, Jean Willisegger apud Ayoub (1998, p. 73), que na Ginástica
Geral deve haver a possibilidade de “se praticar a Ginástica a seu modo, de
acordo com as suas convicções, possibilidades, capacidades, necessidades,
meios físicos disponíveis, enfim, adaptando-a aos seus interesses e ao seu meio
ambiente.”
Para atingirmos estes objetivos, a Gymnaestrada não deve ser o foco
principal do grupo, mas uma coroação ao seu trabalho, sendo este um fator de
alta motivação para os participantes. Geralmente, o trabalho coreográfico é
desenvolvido por determinado tempo e culmina em demonstrações em eventos,
tais como festivais de ginástica e dança.
Apesar deste parecer ser o ponto forte para o participante, poder
demonstrar seu trabalho para amigos, família e amantes da ginástica, no geral, o
importante ainda é o processo em que acontece o desenvolvimento da
coreografia. Neste processo deve ser privilegiada a habilidade motora de cada
participante, não o excluindo de forma alguma, seja na criação, na execução e na
apresentação e a valoração das capacidades técnicas de cada ginasta. Nas
modalidades de competição o fim é a demonstração da série, que leva ou não à
vitória. O processo, neste caso, é o meio para obter o produto, a vitória.
A grande diversidade que a GG promove, facilita a participação, nos
festivais, de grupos não essencialmente da Ginástica Geral, tais como grupos de
dança, de academias, equipes de ginástica rítmica e artística, que normalmente
treinam para competições. Verificamos isso nas seletivas ocorridas em São Paulo,
onde participaram equipes de competição da ginástica artística e da ginástica
acrobática, o que descaracteriza o processo, pois, neste caso, o que importa é o
produto, e especificamente nas seletivas o produto é ser qualificado para participar
da Gymnaestrada Mundial. Ayoub (1996, p. 45) comenta este caso: “[...] os
eventos de GG assumem uma responsabilidade ‘compensatória’, funcionando
como uma espécie de ‘depósito’ de trabalho.”
Uma das principais características que diferem a Ginástica Geral das
demais modalidades gímnicas de competição, é a amplitude de possibilidades que
ela tem e que não limita a participação, seja por idade, sexo ou condição física do
praticante. A metodologia de trabalho é adequada ao grupo, de acordo com suas
individualidades, possibilitando uma forma adaptada dos movimentos gímnicos,
favorecendo, assim, uma maior participação. Além disso, outros elementos podem
ser privilegiados na composição coreográfica, tais como a utilização de material
alternativo e adaptado.
Outra característica é o processo de construção coletiva que pode
acontecer, por se tratar de um trabalho em grupo, necessariamente. Possibilita
que, na metodologia de aula, ocorra uma troca de experiências corporais,
explorando a criatividade do aluno participante, a diversidade cultural, estimulando
a socialização. Claro que a exploração das duas características citadas depende
da metodologia do professor, de sua formação, capacitação e filosofia de trabalho.
Dentro do processo em que o importante é o praticante, a liberdade de criação e a
não-exclusão podem ser favorecidas na Ginástica Geral.
Todas as modalidades gímnicas são constituídas pelos mesmos
fundamentos:
Elementos corporais: passos, corridas, saltos, saltitos, giros, equilíbrios,
ondas, poses, marcações, balanceamentos, circunduções. Elementos
acrobáticos: rotações (no solo, no ar, em aparelhos), apoios (no solo, em
aparelhos), reversões (no solo, em aparelhos), suspensões (em
aparelhos) e pré-acrobáticos. Exercícios de condicionamento físico: para
o desenvolvimento da força, resistência, flexibilidade, etc (exercícios
localizados). Manejo de aparelhos: tradicionais (bola, corda, arco, fita,
bastão, etc). Adaptados (pneus, panos, caixas, etc). (SOUZA, 1997, p.
28).
A Ginástica Geral, com a mesma constituição das demais, propõe que sejam utilizados metodologias diferenciadas, respeitando a
característica individual de cada praticante. O salto que é feito sobre cavalos pela Ginástica Artística pode acontecer desde que
adaptado às condições do executante. Os elementos da Ginástica Rítmica, Acrobática, Trampolim e Aeróbica podem ser utilizados
por todas as pessoas, com diferentes idade e características, devidamente aplicados, observando-se os limites individuais.
Consideramos que os métodos e sistematizações da ginástica vêm, até os tempos atuais, objetivando o equilíbrio humano, em que a
felicidade do ser esteja em primeiro plano. Seja pela sua sobrevivência, seja pela vitória e superação do outro. A ginástica sempre
esteve relacionada ao bem estar, ao prazer. As pessoas e as instituições ao longo do tempo, tentam sistematizá-la, regulamentá-la,
controlá-la. Para isso, em primeiro lugar, tentaram entendê-la, cientifica e empiricamente. E, possivelmente, isso vai acontecer ainda
por muitos anos, na tentativa de sempre haver o melhor.
Na Ginástica Geral, especificamente, não parece ser diferente. Ela vem caminhando junto dos métodos e das escolas gímnicas,
precedendo os mesmos, mas traçando uma rota de buscas e definições, também na intenção de ser melhor. Esperamos que ela seja
melhor no sentido de propor benefícios aos praticantes, por meio do trabalho coletivo, da criatividade, da humildade científica e não
para servir de escada política para instituições ou estudiosos da área. Buscando contribuir com este melhor é que realizamos este
estudo, entrevistando professores e praticantes da GG, tentando suscitar mais reflexões sobre seus conceitos. É o que examinaremos
no próximo capítulo.
C APÍTULO II
GINÁSTICA GERAL SOB A ÓTICA DO
PROFESSOR E DO PRATICANTE:
A PESQUISA
O trabalho que deu origem a este texto foi dividido em dois momentos.
No primeiro desenvolvemos uma pesquisa bibliográfica no sentido de verificar
conceitos históricos a respeito do nascimento da Ginástica Geral que pudessem
ser relacionados com as ações atuais das pessoas com ela envolvidas.
Lakatos e Marconi (2002, p. 71) comentam a importância de uma
pesquisa bibliográfica para a fundamentação da teoria escolhida pelo pesquisador,
dizendo que “sua finalidade é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o
que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências
seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, quer
publicadas, quer gravadas.” Consideramos bastante rico este primeiro momento,
pois nos orientou para a segunda parte do trabalho: a pesquisa de campo.
No princípio deste estudo, havíamos definido que nossa pesquisa de
campo seria realizada na 12a Gymnaestrada Mundial que aconteceu em julho de
2003, em Lisboa, Portugal. Elaboramos um questionário-piloto, o qual seria nossa
base para aplicação no evento internacional. Esta pesquisa piloto aconteceu no I
Brasil – 2003 - Fórum Internacional de Ginástica Geral, realizado de 14 a 16 de
março de 2003, em Curitiba, Paraná.
Levantados os dados, analisamos os resultados para prepararmos o
questionário para a Gymnaestrada. Os questionários foram elaborados em inglês
e entregues em Lisboa para cinqüenta técnicos participantes do evento, das mais
diversas federações internacionais. Infelizmente, foram devolvidos somente cinco
deles, respondidos integralmente, o que prejudicou muito o andamento do nosso
projeto.
Retornando ao Brasil, decidimos utilizar o estudo piloto neste trabalho,
descartar a pesquisa de Lisboa, complementar com entrevistas dos praticantes de
Ginástica Geral, participantes e não-participantes da Gymnaestrada de Portugal.
O objetivo da pesquisa de campo foi verificar qual o entendimento de
Ginástica Geral dos professores e praticantes envolvidos com a Ginástica no
Brasil. Caracterizamos a pesquisa como qualitativa. Segundo Ludke e André
(1986, p. 11), “a pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como sua fonte direta
de dados e o pesquisador como seu principal instrumento.”
Também a pesquisa de campo foi dividida em dois momentos. No
primeiro, realizado com os professores da área da Ginástica Geral, utilizamos
como instrumento de coleta de dados, utilizamos o questionário (APÊNDICE A),
que conforme Lakatos e Marconi (2002, p. 98) é “constituído por uma série
ordenada de perguntas que devem ser respondidas por escrito e sem a presença
do entrevistado.”
Nesse momento, pode-se dizer que nosso universo da pesquisa foi
definido: “o universo da pesquisa é o conjunto de seres animados ou inanimados
que apresentam pelo menos uma característica em comum.” (LAKATOS e
MARCONI, 2002, p.41).
Estabelecemos Curitiba, sede do I Brasil – 2003 - Fórum Internacional
de Ginástica Geral, como o local em que esse universo seria encontrado. Esse
evento, realizado pela Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), abriria espaço
para uma reunião com os técnicos que participariam da Gymanestrada, em julho
de 2003, propiciando que estivéssemos em contato direto com a maioria deles.
Além da reunião, também aconteceria um festival de Ginástica Geral, com grupos
de estados variados do Brasil, o que não só possibilitaria a participação de
profissionais não envolvidos com a Gymnaestrada, como também aumentaria o
número de propensos participantes para a pesquisa.
Foram entregues vinte e quatro questionários, a treze professores
participantes e seis não-participantes como técnicos de grupos da 12a
Gymnaestrada Mundial em Lisboa, julho de 2003. Cinco questionários não foram
devolvidos.
Onze questões abertas15 foram elaboradas: visaram verificar o
entendimento
de
professores
de
GG
sobre
conceitos,
características,
desenvolvimento da Ginástica Geral no Brasil e formação profissional. Cada
professor recebeu pessoalmente o questionário e teve a liberdade de respondê-lo
15
As questões um e dois não serão expostas no apêndice para preservar a identidade dos
pesquisados.
e devolvê-lo durante a realização do Fórum ou enviar pelo correio.
Os relatos de cada questão (APÊNDICE C) foram transcritos fielmente
de acordo com suas formas originais, sem correções de erros gramaticais. Com
igual rigor, mantivemos em sigilo os dados pessoais dos sujeitos pesquisados,
revelando apenas sua relação com o tema abordado. Os valores éticos
pretenderam ser resguardados rigorosamente.
Após a coleta, os dados foram analisados e interpretados. Talvez tenha
sido a parte mais difícil porque idéias diferentes são confrontadas com as nossas.
Se, por um lado, a experiência de coleta de informações foi difícil, por outro
podemos dizer que foi realizada com tranqüilidade, pois valorizamos as
possibilidades das diferenças. Diferenças de corpos, de idéias, de ideologias,
filosofias, de vidas. Se estudamos e valorizamos uma modalidade que prima pelas
diferenças, insensato seria não respeitar as diversidades e o contexto em que as
respostas se enquadram.
GAIO (1999, p. 76) diz:
[...] fazer uma leitura, com olhos de quem hoje consegue, não entender,
mas aceitar o mundo com as diversas diferenças, que brotam da
individualidade do ser humano, é se preparar para receber o ser humano
na dimensão do humano, para além das suas características biológicas; é
ajudar junto ao coletivo de pessoas que moldam a sociedade, construir
um mundo novo [...].
O objetivo desta primeira parte da pesquisa de campo foi verificar o que
se entende por Ginástica Geral no universo de professores envolvidos com ela,
bem como levantar reflexões a respeito de suas características, elementos
básicos e dificuldades.
Entre as pessoas questionadas há integrantes de grupos praticantes de
Ginástica Geral; membros e representantes de instituições específicas da GG, tais
como as federações estaduais; professores de graduação da área do curso de
Educação Física; pesquisadores da área da ginástica; professores que aplicam a
GG em escolas.
Muitos pesquisados eram integrantes de grupos GG; alguns migraram
de outras modalidades gímnicas. Há aqueles que tiveram contato com essa
modalidade já na graduação em Educação Física e os que a conheceram em
congressos e fóruns; outros tantos manifestaram interesse pelo caráter inclusivo e
de atividade diferenciada, ou pela prática da dança e de outros esportes que
compõem a Ginástica Geral.
Percebemos que o número de professores entrevistados, hoje expraticantes de outras ginásticas foi mínimo; eles não foram questionados a
respeito da prática de outra ginástica. Alguns professores podem ter migrado de
outra modalidade ou ainda estar atuando nela. Talvez não tenham comentado por
não terem sido questionados a respeito do assunto na pesquisa.
Seria importante, em uma próxima oportunidade, verificarmos qual a
relação do professor GG com outras modalidades gímnicas, questionando o
porquê da migração de uma para outra e relacionando as diferenças que os
praticantes observaram entre elas. É provável que os ex-praticantes de outras
ginásticas e atuais da Ginástica Geral possam nos dar respostas que subsidiariam
a importância da não-competição na GG, por exemplo. Sinalizamos a resposta do
professor dez que, quando conta sobre como iniciou sua relação com a GG:
“iniciei em escolas públicas e privadas do Estado de Sergipe, após perceber a
impossibilidade de GR com grandes grupos e novas possibilidades de
construção.”
Atualmente,
a
Ginástica
Rítmica
(GR)
não
permite,
enquanto
modalidade de competição, a construção de um trabalho com grupos acima de
cinco ginastas. Na Ginástica Geral é possível utilizar os elementos corporais a
Ginástica Rítmica e seus aparelhos, sem determinar um limite mínimo ou máximo
de participantes. É um estímulo para o trabalho comunitário, escolar, bem como
para a massificação das demais modalidades de ginástica.
A diversidade atribuída à Ginástica Geral, comentada no decorrer deste
trabalho, aparece nas respostas de maneira que corrobora nossas inquietações.
Quatro respostas para a questão “O que seria a Ginástica Geral?” apontam-na
como uma ginástica para todos.
O que seria uma Ginástica para todos? O que significaria “todos” no
contexto em que atuam os participantes da pesquisa? Analisando as respostas,
verificamos que Ginástica para todos estaria relacionada à participação sem
limites de idade, onde há por parte do técnico uma preocupação com a condição
física do praticante, isto é, não há a busca pela performance técnica, estimulando
a prática democrática. Democrática inclusive na vontade do aluno participar ou
não.
Na questão “quem pode praticar GG” temos duas respostas que
indicam a importância do interesse do praticante. Segundo o professor dezesseis
poderá praticar Ginástica Geral “Qualquer pessoa que queira e se permita
explorar seu corpo e suas possibilidades” e o professor doze considerou que
“todas as pessoas que se interessarem” podem praticar a GG. A vontade do
praticante deve ser preservada, contudo é essencial que ele conheça a filosofia da
modalidade, a fim de desmistificar a modalidade de competição. Muitas pessoas,
desconhecendo as características da GG, podem não saber ser possível a sua
prática independentemente de qualquer limite corporal existente. Em suma, todos
podem participar, desde que tenham interesse e conhecimento do lhe será
propiciado e desenvolvido.
Ainda quanto à questão de conceitos, cinco respostas sinalizam para as
demais modalidades gímnicas, como uma forma de agregar todas elas numa só.
Todas as cinco respostas observam a GG como uma possibilidade diferenciada de
se propor a ginástica, o que reforça os conceitos elaborados pela FIG. Podemos
verificar isso, por exemplo, nas respostas do professor seis que vê a GG como
“uma atividade que une as ginásticas (rítmica, olímpica), seus elementos, mas os
utiliza sem nenhuma regra, rigorosidade” e do professor cinco que afirmou ser
“uma oportunidade de divulgar a Ginástica (modalidades) em grupos diferentes,
sendo uma opção de atividade prazerosa sem a imposição do rendimento”.
Relacionando aos objetivos da FIG, a afirmações mostram que a ginástica pode
ser praticada em diferentes comunidades, sem que seja aplicado o rigor da
competição16.
Os próprios pesquisados se mostram envolvidos na diversidade. Três
16
Vale sempre relembrar que a FIG prevê a competição em seus regulamentos. Talvez para aquietar uma
parcela de membros que defende esta forma de ginástica e acredita que deva ser estabelecido eventos
competitivos também para a Ginástica Geral.
respostas indicaram existir, na Ginástica Geral, uma gama muito grande de
possibilidades, dificultando ao próprio professor definir o que ela seja. O
professor sete afirmou que, no seu ponto de vista “a GG é a maneira de
proporcionar, desenvolver, conhecer várias possibilidades de trabalho devido ao
seu grande leque de informações, conhecimentos do mundo da ginástica”. Já o
professor onze mostrou mais incerto como mostram as suas palavras: “ainda não
tenho uma definição de GG, mas hoje diria que tudo que envolve movimento pode
ser incluído na GG”. Corrobora este pensamento o professor quinze, na
afirmação “Ginástica Geral para mim está relacionada a toda e qualquer atividade
física, seja ela artística ou desportiva e até recreação”.
Seriam os grupos de tai-chi-chuan, vistos Parque Ibirapuera, no domingo à tarde, com a prática aberta ao público, grupos de
Ginástica Geral? Caso sim, as rodas de capoeira também seriam. E toda e qualquer manifestação que permita a movimentação
corporal e participação indiscriminada, desde que seja democrática, desde que o processo privilegie o praticante e não o resultado.
Talvez por esse motivo a Federação Internacional de Ginástica tenha ampliado os elementos da Ginástica Geral, incluindo a dança
jazz, os jogos, as manifestações culturais de cada país, por exemplo. Ela vê a ginástica como ela era vista nos primórdios da
civilização humana. Toda exercitação humana é ginástica. E, para a FIG, em determinado momento histórico, era preciso possibilitar
a ginástica a todos. Sistematizou-se, então, a Ginástica Geral, como modalidade.
Em algumas respostas percebemos que o entendimento de Ginástica
Geral vai além dos interesses da FIG. O professor dezessete disse ser “uma
escola de vida” e o dezoito afirmou ser ela “[...] uma filosofia que direciona e
conduz meu trabalho, principalmente com os grupos de terceira idade”. A filosofia
surge a partir das possibilidades de se construir e criar. Quando se tem a condição
de permitir que o ser humano se supere e se desenvolva, cria-se uma filosofia de
trabalho.
Nossa experiência partilha da concepção que estes dois pesquisados
apresentam em suas respostas. A partir do momento que a GG torna-se um
instrumento que traz ao aluno resultados positivos não só biológicos, mas também
sociais e emocionais, ela se transforma em filosofia de trabalho. O professor dois
expressou isso em sua resposta: “é uma atividade meio que nos proporciona a
possibilidade do idoso criar, romper estereótipos e ter qualidade de vida numa
concepção biopsicosocial e espiritual”.
Não podemos afirmar que as respostas sejam consensuais no que diz
respeito a um conceito geral que ofereça um caminho aos trabalhos desenvolvidos
pelos professores de ginástica. O que percebemos é que todos entendem a
Ginástica Geral como, no mínimo, uma atividade que propõe benefícios aos
praticantes: em todas as respostas temos sinalizações positivas, tais como,
cooperação, descontração, prazer e integração.
Mas apesar de tanta diversidade, uma opinião se mostrou clara nas
respostas da maioria dos pesquisados. No que diz respeito à competição, dos
dezenove professores, quatorze responderam que a GG não tem ou não deveria
ter caráter competitivo. Entre os outros cinco, um deles acredita que conforme o
público alvo, pode ou não ter competição. Como vemos, o público aqui aparece
como prioridade. O professor dez argumentou que “cada grupo, a partir da
formação do profissional, terá a presença da competição como enfoque principal
ou não tendo nenhuma importância para o desenvolvimento do grupo”.
Observamos que na 12a Gymnaestrada, os grupos participantes eram
espelho do técnico. Na postura, na disciplina e no carisma. O técnico, assim, tem
um efeito determinante para que a competição ocorra entre integrantes de um
mesmo grupo ou entre grupos de uma mesma nação.
Como efeito, a competição nos parece inerente ao ser humano. Querer sempre ganhar, ser o melhor é saudável e natural. Porém, na
Ginástica Geral, privilegiar a competição pode transformar, incoerentemente, as características dessa modalidade, que defende a
participação livre de rigorosidade técnica. A partir do momento em que a competição preconiza uma seleção, ela não oportuniza a
participação de todos. Neste caso a interação social é muito mais restrita e leva à exclusão. Para se ter o melhor grupo há que se ter o
melhor ginasta. A cooperação fica prejudicada porque cada um busca ser melhor que o outro. No espetáculo, o público vai sempre
analisar qual o melhor grupo, inclusive na Ginástica Geral. A tal respeito, Almeida (2001, 104-105) narra o que se passa com o
espectador:
Os sentimentos, a felicidade e a infelicidade de cada um estarão
alienadas no corpo de cada atleta, representante da Virtude possível de
seu país. Frente a esse espetáculo, a alma do espectador conduzida pela
ação do personagem-atleta vive momentos de raiva e euforia; suas
emoções projetam-se, renovadas e devolvidas durante o desenrolar do
drama. As diferentes provas-ritos são a imagem em carne e osso do
movimento de ascensão e decadência da busca de chegar perto das
formas ideais divinas. Os corpos rígidos e suados dos atletas,
controlados pelos cocheiros da sua força de vontade, são os próprios
cavalos e asas de suas almas em provação e sofrimento atlético
A divulgação e transmissão de conhecimento sobre a Ginástica Geral podem transformar o sentimento do público pela competição
em um sentimento de solidariedade para com o outro, que está, enquanto ginasta, na condição de auto-superador. Em vários festivais
de GG, nos deparamos os mais variados grupos: de ex-ginastas; de senhoras e senhores da Melhor Idade; de crianças; de portadores
de deficiência. Entre todos, nenhum era mais aplaudido do que os grupos de Melhor Idade e de portadores de deficiência. Por quê?
Possivelmente, porque é importante perceber que existem formas de se auto-superar: para ele é melhor a esperança de poder ser
melhor, do que apenas observar alguém que ele nunca poderia ser embora quisesse.
Analisamos, anteriormente, que alguns pesquisados definiram a GG
como uma ginástica para todos. Quando questionados sobre quem pode praticar a
GG, foi reafirmada a possibilidade de todos poderem praticá-la, pois das dezenove
respostas, dezessete indicaram que sim. As duas outras respostas nos chamam
atenção. O professor quatro afirmou que pode praticar Ginástica Geral “qualquer
pessoa que atenda aos objetivos da coreografia17” e o professor dez responde
que “todos, dependendo do enfoque do trabalho18”.
Consideramos de muita importância que o profissional reflita sobre o
desenvolvimento da coreografia. A participação de todos só ocorrerá se os
objetivos forem relevantes para o desenvolvimento do aluno e não o contrário. Isto
é, a coreografia deve ser organizada, planejada e desenvolvida considerando seus
participantes. No caso de um participante não estar atendendo às expectativas
coreográficas, a adaptação deve acontecer de forma que a exclusão seja evitada.
Ayoub (2003, p. 67) nos fornece subsídio para consagrar o que afirmamos quando
diz que, para a FIG, um dos “pilares fundamentais que sustentam a GG” é que:
[...] o principal alvo de atenção deve ser a pessoa que a pratica, sendo
as suas metas fundamentais para promover a integração entre pessoas
e grupos e desenvolver o interesse pela prática da ginástica com prazer
e criatividade.
É possível que todas as dificuldades encontradas para definir, entender e divulgar a Ginástica Geral sejam conseqüência da pouca
produção científica sobre o tema, embora apareça explicitamente a importância dada por nossos pesquisados a esta questão. Sete
deles vêem o estudo da GG como um fator que possibilita a divulgação e difusão da modalidade para o público.
O conhecimento, quando transmitido, passa a auxiliar na organização da ação, de forma que ela tenha coerência no meio em que
ocorre. O professor treze entende este assunto, sugerindo que “toda prática cultural se sistematizada e divulgada para apreciação
se torna um conhecimento a ser passado, reorganizado e novamente construído pelas gerações que o compõem. Isto se faz pelos
estudos e pesquisas”. Concordamos com a resposta, pois dessa forma acontece um fortalecimento do objeto de estudo e, no caso da
GG, ganha-se em conceituação e definição. É necessário que isso ocorra a fim de que a modalidade cresça, evolua, faça parte da
grade curricular nas escolas e nas graduações de Educação Física. Sem fundamentação teórica, a prática se perde nos “achismos” dos
profissionais. Fica descaracterizada e respeitada somente nos anos de Gymnaestrada Mundial.
A Ginástica Geral há que ser descoberta com coerência de idéias. Apoiamos os eventos científicos que acontecem em torno dela e
sugerimos que muitos outros sejam criados. E não só. Que os professores participem, busquem e reivindiquem esse tipo de evento.
Os professores dez e dezesseis, respectivamente, corroboram nosso pensamento quando disseram que “quando estudamos algo que
existe, já é importante para sua compreensão, dessa forma os conhecimentos serão ferramentas para um embasamento teórico e
prático” e “devemos conhecer, fundamentar e pesquisar para garantir a sua efetivação no cotidiano, proporcionando à sociedade a
prática da atividade física não competitiva.”
Tão importante quanto a produção científica, se faz necessária a organização institucional da GG no país, para que ela se desenvolva
e se expanda. A Confederação Brasileira de Ginástica (CBG) é a entidade responsável pela direção, incentivo e difusão da ginástica
no Brasil. Cada Estado tem sua federação, que atende aos regulamentos da CBG, com as mesmas finalidades, porém limitando-se à
sua área estadual. Cabe a essas instituições a organização de eventos de Ginástica Geral que fomentem e possibilitem a participação
da sociedade, por meio de seus Comitês Técnicos, específicos da modalidade.
Questionamos em nossa pesquisa de que forma vêm acontecendo a participação e organização da GG no Brasil, segundo a
observação dos pesquisados. Oito deles concordaram que a Ginástica Geral está crescendo em seu Estado, com boa organização e
incentivo. Seis comentaram que o crescimento acontece de forma discreta.
O professor um chegou a comentar que “são iniciativas isoladas,
motivadas, principalmente, pela realização da Gymnaestrada Mundial”. Temos
17
18
Grifo nosso.
Grifo nosso.
comentado esse fato durante o trabalho. Essas motivações não garantem à
Ginástica Geral um desenvolvimento que possibilite a participação de um número
maior de pessoas. Os eventos devem acontecer independentemente da
Gymnaestrada, bem como os grupos devem perceber que o processo em que
acontece a GG é o principal fator para seu próprio benefício.
O professor oito afirmou ser péssima, para ele, a situação da GG, pelo
fato da desunião entre os profissionais. Em Sergipe, segundo o professor dez, a
GG acontece em forma de competição.
Percebe-se que o crescimento da Ginástica Geral no Brasil ainda é
discreto, considerando que muitos dos pesquisados representavam os mesmos
estados, sendo um de Sergipe, um do Rio Grande do Sul e um do Rio de Janeiro.
Um questionado era representante da Federação Portuguesa de Ginástica. Entre
os outros quinze, havia profissionais de São Paulo e Paraná.
Até o ano de 2002, não se tem conhecimento de ter ocorrido um evento científico em Federações Estaduais de Ginástica ou na
Confederação Brasileira. Em dezembro do ano citado, realizou-se o I Fórum de Ginástica Geral da Federação Paulista de Ginástica,
que promoveu mesas de debate com os temas: “Ginástica Geral: esporte de participação. Diferenciação da GG em relação às outras
modalidades gímnicas na FPG e CBG. Taxas, festivais, participação” e “discussão dos regulamentos geral e para a Gymnaestrada
Mundial/ FPG e CBG”. A partir destas discussões foi desenvolvido um documento de propostas para a Assembléia Geral da CBG
para estímulo do desenvolvimento da modalidade. Em março de 2003, a CBG promoveu também o seu I Fórum, sendo este
internacional. O evento contou com a presença da Presidente do Comitê Técnico de Ginástica Geral da FIG e de representantes da
Ginástica do México e Portugal. Notamos o início de um movimento diferenciado nestas duas importantes instituições representantes
da GG no Brasil. As palavras da Presidente da Federação Paulista, Clarice Morales (2002, p. 11), refletem tal intenção:
Sendo assim tão generosa e ao mesmo tempo tão abrangente, coube a decisão de
iniciarmos estes trabalhos por esta modalidade, e esperamos que dentro da
Federação Paulista de Ginástica possamos criar espaços para discussões sobre os
conceitos e metodologias que envolvem as ginásticas; tempo para diálogos a fim
de aprofundarmos nossos conhecimentos; fomentos para pesquisas, para que
possamos falar sobre todas as ginásticas com um saber científico e estatístico.
Assim como a Federação Paulista, a Paranaense dispôs-se a
promover a difusão da Ginástica Geral. Segundo Stadnik et al. (2002, p. 49):
[...] organizou no início de 2002 um plano de ações e metas para a
divulgação e prática da Ginástica Geral no Paraná [...] centrou suas
ações no âmbito da formação de professores [...] desenvolveu cursos e
oficinas [...] No âmbito da divulgação, o CTGG/FPRG indicou para a
abertura dos eventos da FPRG, apresentações de Ginástica Geral com a
leitura de texto informativo sobre a prática.
As iniciativas, por poucas que sejam, são importantes no contexto geral
da evolução da Ginástica Geral no Brasil. No entanto, a estrutura necessária para
alavancar a modalidade de forma efetiva ainda é dependente da questão
financeira. Os eventos organizados exigem pagamentos de taxas, e os grupos, por
serem compostos por muitos integrantes, necessitam de apoio externo para a
participação. Este fato é relevante aos olhos dos nossos pesquisados, pois cinco
perceberam a questão financeira como uma dificuldade para a formação dos
grupos. Para o professor um é necessário apoio financeiro “[...] para compra de
roupas, viagens”. Dizem que na prática diária há outros elementos limitantes como
a falta de espaço físico e de incentivo, que poderiam ser supridos, como comenta
o professor treze com “[...] apoio, políticas públicas e pedagógicas”.
Além dessas dificuldades apontadas pelos pesquisados, quatro dentre
eles vêem ainda como problema a pouco divulgação e reconhecimento da
Ginástica Geral. O professor quinze observa que “ainda há pouco conhecimento
sobre o assunto; a partir de que haja mais divulgação haverá mais participação”.
Essa idéia é corroborada pelo professor treze, que atribuiu as dificuldades, no
nosso país, à falta de informação. Estas respostas indicam que os eventos que
ocorrem e as ações iniciadas ainda são insuficientes para massificar a Ginástica
Geral. Somente o professor cinco afirma que “estão começando a entender a
modalidade, por isso estão se organizando especificamente para a GG.” Apesar
de essa questão indicar somente quatro professores que apontam a dificuldade
em formar grupos, dos dezenove respondentes, quando questionados em outro
momento da pesquisa sobre quais aspectos dificultam a formação, apenas dois
não vêem dificuldade.
Sete pesquisados consideraram a falta de capacitação dos profissionais, a maior dificuldade para a formação de grupos.
Isso nos leva a relacionar estas com as respostas da questão onze, que
pretendeu verificar qual a formação necessária para o professor trabalhar com
Ginástica Geral. Encontramos nove afirmações sobre a necessidade do
profissional que trabalha com Ginástica Geral ter nível de graduação ou
licenciatura, sendo que sete deles exigiram a formação em Educação Física; cinco
indicaram a importância de complementação com um curso de especialização e
capacitação.
Considerando-se a formação em Educação Física essencial para a capacitação do professor de GG, de que forma a Ginástica Geral
poderia estar inserida no conteúdo acadêmico? A resposta do professor treze reflete esta preocupação quando diz: [...] A
formação deverá ser no âmbito das licenciaturas de Educação Física, as quais deverão
desenvolver procedimentos teóricos e pedagógicos sobre a GG. Priorizando, assim, o
conhecimento sobre a GG na formação do “professor”. Este seria um foco – a formação inicial
[...] portanto, uma formação no âmbito da GG deverá estar preocupada com os vários níveis e
contextos de atuação do professor de EF.
Nosso entendimento é que, na licenciatura de Educação Física, o
movimento gímnico deve ser compreendido de forma pedagógica: espera-se que
subsidie o professor a trabalhar a ginástica com grupos diferenciados. A partir do
conhecimento dos elementos básicos da ginástica, a GG entraria como
possibilidade de metodologia a ser aplicada no desenvolvimento da ginástica, sem
intenção da competição ou, até mesmo como iniciação à ginástica no âmbito
competitivo das outras modalidades gímnicas.
Martins (2001, p. 49) afirma:
A Ginástica Geral, como disciplina, favorece a compreensão e a interpretação
dessa pedagogia, pois explora o máximo das experiências vividas, procura
resgatar os movimentos básicos, por meio de atividades da vida cotidiana,
levando-o a compreensão de sua prática [...] possibilita uma nova leitura do
movimento corporal, de forma natural, criativa e expressiva, contribuindo com
aspectos da formação humana.
Como complemento à graduação, atualmente temos alguns eventos
que sinalizam a preocupação com a capacitação e informação do profissional, tais
como a Clínica de Ginástica Geral da Federação Paulista de Ginástica, o Fórum
Internacional de Ginástica Geral organizado pelos SESCs e Unicamp e os Fóruns
realizados pela CBG.
A Clínica da Federação Paulista vem discutindo os conceitos, o
histórico e características da GG, sugerindo propostas de trabalho para o
profissional de escolas, clubes, associações e interessados no desenvolvimento
da ginástica em geral.
Os Fóruns do SESC e Unicamp acontecem com freqüência, o que tem possibilitando espaço para a apresentação de trabalhos
científicos sobre o assunto, bem como para apresentações de propostas práticas internacionais e nacionais da Ginástica Geral,
ocorrendo um intercâmbio de experiências entre praticantes e técnicos.
Estas iniciativas atendem às expectativas de cinco pesquisados, que
sugerem que a formação deve ser compreendida por meio das discussões em
congressos, fóruns, cursos de capacitação. O professor dezessete, por exemplo,
disse que o profissional deve ter “formação específica pela federação, quer em
complemento à licenciatura ou não”.
Os cursos e fóruns que ocorrem atualmente não são suficientes para
que o professor tenha a base necessária para desenvolver um trabalho de GG. É
importante uma formação básica na Educação Física, na qual ele terá, além do
conhecimento da ginástica, conhecimento pedagógico, didático, fisiológico e
contato com conteúdos a respeito de grupos especiais como o da Melhor Idade e
de portadores de deficiência. Os eventos científicos, culturais e de capacitação
atendem a uma necessidade de reciclagem, reflexão, discussão e obtenção de
novos conhecimentos acerca
da Ginástica Geral, mas não suprem a
fundamentação teórica nem a experiência prática.
Concordamos com o professor dezesseis quando afirma que “acredita
que a formação do professor de GG deve priorizar a motivação, a criatividade, a
busca pelo conhecimento prazeroso [...]”, pois de nada adianta o conhecimento
sem o estímulo ao praticante para que ele sinta prazer na prática. A possibilidade
de diversificação tanto na metodologia do trabalho, quanto na escolha dos
elementos a serem utilizados no desenvolvimento coreográfico, pode proporcionar
momentos ricos em movimento e beleza artística, simples e alegres.
É preciso observar que o profissional não necessita unicamente de
formação específica em Ginástica Geral, mas é fundamental que tenha
conhecimentos que lhe dêem subsídios para trabalhar com o aluno. É essencial
que ele perceba as limitações de seu próprio corpo, para que possa valorizar o do
praticante assim como é importante buscar sempre fontes que forneçam
estratégias de trabalho que possam contribuir para a melhoria da qualidade de
vida de seu aluno; que não orientem sua visão apenas para o corpo biológico, mas
estendam-na para o corpo social e afetivo. Daólio (1995, p. 49) propõe:
[...] analisar as representações que os professores possuem, tanto a
respeito do corpo como a respeito de sua prática profissional, apresentase como importante tarefa quando se objetivam a reciclagem desses
profissionais e a conseqüente qualificação do seu trabalho.
Claro que o processo formativo do professor vai depender da sua
cultura, da sociedade em que vive e dos seus valores pessoais. Muitas culturas
européias ainda utilizam o castigo corporal como forma de atingir objetivos,
inclusive dentro da Ginástica Geral, conforme já referimos anteriormente. O
enriquecimento da cultura corporal depende da capacidade do professor em
aproveitar as experiências singulares de seus alunos, assim como do seu poder
de inovação, e do desprendimento da estagnação profissional.
Marcellino (1989, p. 110) fala com propriedade sobre o educador, de
forma que podemos utilizar seus pensamentos para corroborar nosso comentário:
[...] é preciso levar em conta que os educadores de hoje são formados
por uma escola que não valorizou a sua experiência da cultura infantil [...]
e continuam a ser educados por uma sociedade, cujos valores de
produtividade e consumo não são estimulantes ou motivadores para um
processo de ensino/aprendizagem, de características lúdicas, marcado
pela opção da “não-seriedade”, pelo prazer e alegria, e desligado de
interesses
imediatistas.
Isso
significa
exigir
do
educador
um
comportamento contrário ao que lhe é cobrado e no qual foi e está sendo
formado.
Apesar de todas as dificuldades (financeiras, de capacitação profissional, de falta de incentivos e espaço físico) a formação de grupos
acontece e é motivada por alguns fatores. Seis pesquisados responderam que o aspecto social é motivacional para os participantes. O
praticante, lidando com o outro, descobre suas próprias limitações e aprende a cooperar; seus valores humanos são colocados em
prática. Pela nossa experiência, podemos verificar que a pessoa da Melhor Idade, por exemplo, sente-se feliz na convivência de
grupo; pode contribuir com sua sabedoria, trocar conhecimento ou simplesmente usufruir momentos de descontração.
Segundo Souza (1997, p. 125) “fazer parte integrante de um grupo, de um projeto, vem ao encontro de uma necessidade natural do
ser humano de sentir-se valorizado e reconhecido pelo seu grupo social.” A Ginástica Geral, dessa forma, atende a este elemento da
formação humana, que é a socialização.
Cinco dos depoimentos manifestaram-se com relação ao fato de a
modalidade, por suas características, não ter limites de participação. O professor
cinco complementou que é “por não ser competitiva, aberta para todos”. Outras
cinco respostas indicaram que o praticante se motiva pelo prazer e alegria que a
Ginástica Geral proporciona. Três apontaram a inclusão, como elemento que
respeita as habilidades e características individuais do executante. O depoimento
do professor treze expressa essa motivação principal da GG: “a prática de uma
atividade corporal que respeita as condições de execução, que oportuniza as
relações sociais com objetivo e ‘prazer’ ”.
Para os professores envolvidos na pesquisa, há outros fatores
motivacionais para a prática da Ginástica Gera: ludicidade, criatividade e
diversidade proporcionadas. Entendemos que as respostas refletem observações
pessoais, cada professor analisando sua prática com seus grupos ou discussões
de senso comum. Por este motivo, partimos para o segundo momento de nossa
pesquisa de campo, entrevistando praticantes de Ginástica Geral.
Optamos pela técnica da entrevista, que, segundo Lakatos e Marconi
(2002, p. 92):
[...] é um encontro entre duas pessoas, a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de
natureza profissional. É um procedimento utilizado na investigação social, para a
coleta de dados ou para ajudar no diagnóstico ou no tratamento de um problema
social.
A entrevista realizada compõe-se de sete questões abertas (APÊNDICE B); as pessoas que não participaram da Gymnaestrada em
Lisboa só responderam a cinco delas. Foram entrevistados vinte e dois participantes praticantes dos Grupos de Ginástica Geral da
Melhor Idade do ABC, Movimento Mangue e Raiz de Pé, sendo que quinze estiveram no evento de Portugal, em julho de 2003 e sete
não. A idade varia de vinte e dois a setenta e um anos.
Por considerarmos importante o domínio dos conceitos e características
de qualquer atividade pelos praticantes e que esse conhecimento propicie a
criticidade do ser, entendemos pertinente investigar o conhecimento dos
entrevistados para verificar como conceituam GG. Oito pessoas responderam que
Ginástica Geral é tudo que seja relacionado ao movimento humano e exercício. O
praticante dois diz que entende a GG por “todo movimento que fazemos com
nosso corpo, com nossa mente, enfim todos os movimentos que nós possamos
aproveitar”; o praticante vinte explica da seguinte forma: Ginástica Geral, eu
compreendo como sendo um conjunto de atividades que vem representar a forma
de expressão do ser humano de trabalhar os movimentos. Não há uma
especialização, mas, sim, uma forma de expressão do ser humano sem visar a
performance e, sim, o desenvolvimento motor através do movimento.
Outras dez respostas vêem a GG como uma modalidade de ginástica propriamente dita; seis delas afirmam ser aberta à participação
de todos. Duas outras respostas apontam a possibilidade de participação por qualquer pessoa, mas não a conceituam como ginástica.
Tentamos entender o significado, para os entrevistados, da expressão “participação de todos” e verificamos que, segundo os
praticantes vinte e um e doze, respectivamente: Ginástica Geral é uma ginástica que pode ser praticada por qualquer indivíduo,
de qualquer idade, portador ou não de deficiência física, por que engloba vários tipos de exercícios e de movimentos, então é uma
atividade destinada a qualquer tipo de pessoa e: Ginástica Geral é um tipo de atividade física em que todos são capazes de fazer,
não importa as dificuldades e todos os trabalhos serão adaptados para o grau de dificuldade de cada um. Acho que todas as
pessoas com deficiência física, terceira idade, crianças, jovens, adolescentes todos tem a capacidade de praticar a Ginástica Geral.
Assim como os professores, o participante entende a característica básica da Ginástica Geral, que é a participação sem discriminação,
adaptada ao potencial individual.
O praticante nove afirma que: Ginástica Geral é a possibilidade das pessoas praticarem uma modalidade ginástica onde elas não
tem a obrigatoriedade de ter uma capacidade técnica e uma habilidade muito acentuada. Eu vejo como uma possibilidade de uma
prática sem um compromisso com uma execução dentro de alguns padrões de técnica.
Cinco respostas indicaram a relação da dança com a Ginástica Geral e
outras quatro denotaram a diversidade que nela existe. O praticante onze
demonstra isso quando afirma que “é um tipo de ginástica que junta um
pouquinho de cada coisa e qualquer um pode participar, então cada um faz o que
consegue fazer”.
Algumas respostas indicaram que o praticante conceitua GG pela
essência que a qualifica como boa para o ser humano. O praticante quatro, por
exemplo, diz: A Ginástica Geral para mim é uma motivação. É uma coisa que
serviu para fazer exercícios, tirar a mente de coisas negativas. Então a gente
participa, este grupo forma bastante amizade. Uma coisa para mim que foi muito
bom, por que eu nunca participei de nada na minha vida.
Assim também, o praticante quinze mostrou que para ele a GG se
traduz no benefício que traz: Eu entendo assim, que ela é para o bem da pessoa
e, em primeiro lugar, para o ego da pessoa. Depois, basicamente, uma união de
amigas e que a gente se distrai, a gente vai para um campo completamente
diferente de casa. Então ela é boa para o corpo, boa para a alma e boa para tudo,
enfim [...]
As respostas nos permitiram verificar se a Ginástica Geral, realmente,
beneficia o praticante. Todos os entrevistados afirmaram que sim, por variados
motivos.
O praticante três afirma que estava entrando em depressão e quando
iniciou a prática, melhorou. Já o praticante quatro diz que “trouxe para mim
coisas que eu nunca esperei na minha vida, coisas que eu me sinto feliz. Eu fecho
os olhos e me lembro de coisas que foram muito boas que não tem quase como
explicar”.
Outro benefício foi percebido nas respostas dos praticantes nove e
dez, que comentaram a importância do intercâmbio cultural. A participação na
Gymnaestrada Mundial foi uma experiência que ampliou o conhecimento dos
praticantes. Comparar-se com outras equipes, nacionais e internacionais, levou a
uma reflexão sobre as próprias limitações. Quatro respostas comentam o advento
da comparação. Entre elas vale citar o praticante cinco, participante do grupo da
Melhor Idade, que contou que o grupo: [...] se comparou com outras pessoas e a
gente acha que cada vez mais podemos melhorar mais, apesar da idade, apesar
de saber que com a idade nosso corpo já tem um limite para fazer exercícios,
acho que vendo aquilo a gente fica mais animada para continuar praticando.
No grupo da Melhor Idade, durante os meses de preparação para a
Gymnaestrada, houve dificuldades na confecção das roupas de apresentação,
pois a maioria queria preservar suas características físicas não apreciadas
individualmente, por uma questão de timidez, inibição. Após assistirem, em
Lisboa, a vários grupos da mesma idade, de outros países e até a um do Brasil,
elas perceberam que poderiam extravasar a vontade de usar roupas mais
extravagantes, coloridas, curtas, que explorasse suas sensualidades. O público de
GG não ultrapassa o limite do respeito com o praticante. Não há interesse em
colocá-los em uma situação que os envergonhe. No caso específico da
Gymnaestrada, a comparação foi positiva. E deveria ser sempre. Não no sentido
de ser melhor que o outro, mas de perceber que é possível ultrapassar limites.
O evento Gymnaestrada, não apenas por propiciar uma viagem
internacional, é rico em troca de alegria. Há uma vontade de conhecer o outro,
mesmo não se falando a mesma língua. Nove pesquisados comentam o fator.
Entre as respostas destacamos: “Eu achei uma coisa maravilhosa,
uma coisa que é emoção encima de emoção. O fato da gente ter contato com
outros países, mesmo que a gente não fale nenhuma língua, mas a gente trocava
energia só de olhar”.
Quinze foram os entrevistados participantes da Gymnaestrada em
Lisboa; todos indicaram pontos positivos. Quatro deles falaram de pontos
negativos na estrutura do evento: café da manhã ruim, cidade muito grande
(dificulta a locomoção e o conhecimento do local) e pouco tempo para desfrutar
das apresentações. O praticante dez diz que o evento foi: [...] maravilhoso. Um
evento muito legal [...] dá para você ver nitidamente as linhas de trabalho de cada
país, de cada grupo. [...] Não posso ver isso como ponto negativo, por que você
aprende a conviver com pessoas diferentes, que fazem coisas diferentes, então
não posso ver isso como ponto negativo.
Participar de uma Gymnaestrada é uma das motivações dos praticantes. Há, no grupo, um movimento em prol da viagem;
organizam-se ações coletivas para arrecadação dos valores necessários para pagamento de taxas, uniforme, passagem aérea. Cinco
participantes pretendiam continuar a praticar GG com objetivo de participar da próxima Gymnaestrada, na Áustria.
Parece-nos que os pontos positivos da Gymnaestrada superam até
mesmo a dificuldade financeira para a viajem. Um entrevistado aponta que há
pouco incentivo por parte das autoridades no Brasil, dificultando a participação.
Ir para a Gymnaestrada não é privilégio de todos os participantes da
Ginástica Geral. Por isso, devemos ter em mente quais são outros benefícios
vistos por nossos entrevistados.
Seis deles afirmaram que valorizam a amizade que acontece no grupo,
considerando-se beneficiados por este fator. O praticante sete contou: [...] eu fiz
muitos amigos, conheci muitas pessoas e como o caráter não é competitivo é muito mais
fácil, no intuito você consegue muito mais amigos do que numa prática competitiva, que já
é um intercâmbio. Então nessa prática eu consegui muito mais amigos e melhorou muito
minha qualidade de vida [...]
O fato de a Ginástica Geral beneficiar a todos os entrevistados está diretamente relacionado ao fator motivacional de praticarem-na.
Dos vinte e dois pesquisados, doze afirmaram que a amizade e o contato em grupo é a maior motivação para a prática. O praticante
sete resumiu todas as demais: Realmente encontrar meus amigos. Como não tem competição, eu vou lá, vejo meus amigos, converso
bastante, um ajuda o outro. É claro que tem os conflitos, mas é sempre pensando no melhor para o grupo e nós acabávamos
entrando um pouquinho na vida de cada um. Cada um tinha um problema, chegava lá no ensaio e contava e todos tentavam ajudar
da melhor maneira possível. Isso que mais me motivou, além de gostar muito de dançar, isso que me prendeu ao nosso grupo.
Gonçalves (1994, p. 91) entende a importância de relação interpessoais
para o ser humano da seguinte forma:
O homem não existe isolado dos outros homens. Por sua natureza, o
homem é um ser social. Mesmo que se isole em uma ilha, distante do
convívio de outros homens, na sua forma de lidar com o mundo e no seu
próprio pensamento está a marca do caráter de sua própria existência: a
própria linguagem, com a qual estrutura seus pensamentos, é uma
dimensão criada pelo homem para comunicar-se com os outros e
aprendida numa situação intersubjetiva. Possui, em si mesma, um fim
social e sua aquisição somente pode ser feita em uma situação social.
As pessoas podem encontrar inúmeras possibilidades de manter o contato social. A Ginástica Geral é uma delas, por ser caracterizada
pelo trabalho em grupo. A linguagem, dependendo da metodologia que o professor utilize, pode ser ampliada pelo convívio com os
colegas. Além das possibilidades de conhecer novos movimentos corporais a partir do movimento do outro, existe a amizade que se
constrói e que permite um interesse pelos sentimentos, pela vida diária e por tudo que diz respeito ao amigo.
Além do fator social, outros foram encontrados. Benefício à alegria, à
auto-estima, à independência. Percebemos que, para todos os participantes, há
prazer na prática. Seja pelo social, seja pelo aprendizado. Conseqüentemente,
verificamos que todos os vinte e dois entrevistados pretendem continuar a praticála - um número ratifica a importância da Ginástica Geral na vida das pessoas. Dois
entrevistados deram indícios de que a prática influencia a vida profissional,
enquanto professores de Educação Física. O praticante nove depõe: Tenho
muito o que aprender com a Ginástica Geral, com certeza, e para poder, inclusive,
aplicar, não a Ginástica Geral propriamente dita, necessariamente, mas tudo o
que ela oferece das possibilidades de educação física na minha área profissional.
A participação cria uma série de expectativas: continuar com os amigos, participar de eventos, não só como a Gymnaestrada, mas
também de festivais no Brasil. Entre as perguntas a respeito dos eventos nacionais, nossos entrevistados deram respostas similares às
que deram sobre o evento internacional: novas experiências e possibilidade de aprendizado. Nove indicam que foram bons eventos.
Os demais apontam para falhas que poderiam ser sanadas para um melhor aproveitamento dos grupos. Entre elas, a falta de incentivo
foi comentada por três pessoas, inclusive pelo praticante três [...] se tiver ajuda de custo é muito bom, pois a gente ter que custear é
que complica. A gente não tem incentivo nenhum, fica pesado para a gente. Se tivesse incentivo mais gente participaria”.
O praticante sete lembrou também que há falta de público, “muita
gente não conhece ou fica preso às quatro modalidades, basquete, handbol, voley
e futebol, então a prática da ginástica fica muito restrita ao grupo que conhece ou
quer participar [...] Quando há público são os familiares que você chama [...]”.
Os problemas verificados na entrevista com os praticantes foram
comentados também pelos técnicos e discutidos anteriormente em nosso texto.
Falta maior divulgação, que traria um maior público, incentivaria a participação e
fomentaria a organização.
A análise e interpretação dos dados nos deram clareza de que a visão
dos professores e praticantes envolvidos nesta pesquisa atendem ao que vimos
no caminhar histórico da ginástica. Existe sempre a busca por estar bem e ser
feliz. Assim como Basedow, Jahn, Ling e muitos outros estudiosos citados, nossos
pesquisados percebem a importância de uma ginástica voltada para todos, de
forma massificada. Valorizam eventos onde podem apresentar os trabalhos
desenvolvidos, criados com arte com objetivo de desenvolver o ser humano.
Assim como os objetivos da Ginástica Moderna, para os pesquisados esses
aspectos denotam a concepção da ginástica como o meio para alcançar esse
objetivo e não como fim.
E, pelas respostas encontradas, entendemos que a FIG tem seus
objetivos atingidos, pois os pesquisados valorizam a diversidade de conhecimento,
têm gosto pela prática, enfatizam a importância do intercâmbio entre culturas
diferenciadas e qualificam a Gymnaestrada Mundial como um evento muito bom.
Porém nossa compreensão é que a Ginástica Geral supera, em sua
essência, os objetivos da FIG. Estes deveriam ser revistos e ampliados, pois sua
proposta se limita ao acontecimento da Gymnaestrada. Um único evento não
deveria ser base da GG e sim as ações que facilitassem o desenvolvimento dela
nas federações nacionais.
A linha diretiva da Federação Internacional revela que as modalidades
de competição permanecem como suas vigas mestras. Portanto, no Brasil, é
preciso que o desenvolvimento da Ginástica Geral siga além dos propósitos da
FIG. As instituições interessadas devem propor mais discussões entre professores
e praticantes de GG e potencializar o desenvolvimento de ações que inspirem
maior participação das pessoas e um efetivo apoio das entidades públicas.
CONSIDERAÇÕES
FINAIS
Verificou-se que, a partir do discurso dos pesquisados, a Ginástica Geral esbarra em sua diversidade, sendo ainda necessário definir
conceitos mais sólidos, que organizem sua abrangência de características, para que seu significado no Brasil não seja relacionado
somente à participação na Gymnasestrada Mundial, mas sim que valorize todo o processo em que ocorre a sua prática. É no processo
que acontece o desenvolvimento geral do praticante, quando se contribui para elementos citados pelos questionários e entrevistados,
tais como as experiências sociais e culturais, a auto-valoração, entre outros. Esses elementos são resultado de um todo que acontece
desde o primeiro momento em que o praticante inicia seu contato com a prática até à sua participação em eventos.
Relacionamos os problemas citados por nossos pesquisados no sentido de pouca divulgação, pouco apoio à prática, falta de público
nos eventos e dificuldades financeiras a uma questão cultural no país. A ginástica, no Brasil, ainda é vista como sinônimo de alto
nível na competição. É fácil perceber essa intenção pela cobertura que a mídia dá aos eventos e acontecimentos das modalidades
competitivas e das não-competitivas. A delegação brasileira presente na última Gymnaestrada Mundial, em Lisboa, foi integrada por
trezentos e trinta participantes, entre ginastas, de diferentes idades, gêneros, técnicos e assistentes (CBG, 2003), fato pouco divulgado
nas televisões brasileiras. Na Olimpíada de Sidney, a delegação brasileira foi composta por duzentos e cinco atletas, homens e
mulheres, de diversas modalidades esportivas (COB, 2000). A diferença entre os dois eventos é marcada pela quantidade de
medalhas trazidas para o Brasil. Os participantes da Gymnaestrada não são medalhistas, apesar de vencerem o obstáculo da autosuperação.
É preciso enxergar além do rendimento para que seja possível a todo ser humano integrar-se dentro da ginástica. Os estereótipos
definem que algumas pessoas não atingem o nível ideal de performance no esporte não atendendo às expectativas produtivas
propostas. Nem mesmo em peladas de futebol aos domingos, essa cobrança deixa de existir. Vide os “gordinhos” que acabam sempre
como goleiros, para cobrir a maior parte possível o espaço entre as traves ou para não atrapalhar o andamento do jogo, dando chance
ao atacante goleador. Entre outros exemplos, podemos verificar que a criança alta e menos esbelta pode não ser encaminhada à
ginástica por não ter o padrão ideal para o desenvolvimento da modalidade. Questionamos se esta criança não teria o direito de
experimentar a ginástica enquanto espaço lúdico, independentemente do rendimento ou do quanto ela pode se movimentar dentro dos
padrões existentes.
Não é comum a prática da ginástica pelo simples motivo de se gostar dela. A competição e seu resultado, na maioria das
vezes, são o fim, o objeto de desejo da escola, do professor, dos pais e, por conseqüência, da criança, do praticante. O esporte, assim,
deixa de ser o meio para melhoria da qualidade de vida, da busca pela felicidade, fonte de prazer, quando inserido em espaços que não
são dele. Isto é, a escola é um espaço para a participação dos conteúdos esportivos, mas em forma educacional, em forma de jogo. O
problema não está no esporte, mas no local em que ele se desenvolve e em quem o ministra inadequadamente. Pensamos que a Ginástica
Geral pode ser o caminho para que, na escola ou fora dela, aconteça o primeiro contato da criança com o mundo da ginástica. Após isso, é
possível que se opte ou não pela competição.
Ayoub (2003) questiona a posição do esporte nos dias atuais, quando
ele
acontece
numa
concepção
de
rendimento,
produção
e
resultado,
independentemente dos meios. Nesse sentido, acontece a seleção do melhor, do
mais apto, em detrimento dos que não atendem a estas especificidades.
Quantas pessoas não tiveram vontade, quando crianças e até adultas, de voar como os ginastas da Ginástica Artística e flutuar como
as meninas da Ginástica Rítmica? Colocar seus corpos em planos invertidos, absolutamente fora do normal cotidiano, vendo o
mundo por diversos ângulos, experimentando aparelhos que transformam a força física em beleza de movimento? Essa vontade,
muitas vezes, dependeu do interesse de um professor, de um pai. Dependeu da crença de que todos têm o direito de praticar a
Ginástica, de aprender a superar limites e, por fim, superá-los. Essa crença, muitas vezes, apagada pelos dogmas, pelas vivências
acadêmicas equivocadas, pelos processos pedagógicos indiferentes às particularidades da pessoa, impossibilita a prática da ginástica
por uma criança com poucos talentos gímnicos. Uma visão limitada do professor ou do responsável. Uma visão que poderia
possibilitar ao aluno uma maior vivência corporal e prazer da prática da atividade física escolhida.
Para convalidar nossos pensamentos, utilizamos Lima (2000)
quando diz que o professor deve ver o aluno como um ser humano
completo, com ações, sentimentos e pensamentos próprios. Como todo ser,
complexo, ele não podendo, assim, ser separado de seu contexto social e
cultural.
Então, por que muitas vezes não é permitido ao aluno refletir sobre a
importância do seu movimento, ou expressar-se com liberdade de ser o que é ou
foi? Provavelmente porque não seja esta a proposta educacional. O movimento
passa a ser mecânico, caracterizado unicamente pela repetição: o aluno, não
percebe qual a intencionalidade em mover-se para que determinada ação corporal
ocorra.
Entendemos que, primeiramente, devam acontecer mudanças na atitude profissional e pessoal do educador. Pensamos ser necessário
fortalecer o conceito de respeito pela individualidade de cada ser humano; compreender a dinâmica de trabalho em que se aproveita a
experiência vivida, no sentido de acrescentar ao aluno e não subtrair dele o que já se viveu, em detrimento das técnicas e das
seqüências pedagógicas; permitir que ele se expresse. É preciso dar oportunidade ao aluno ser fonte criadora da sua própria
identidade assim como é necessário fortalecê-la perante a sociedade.
Expressar-se com liberdade pelo movimento é transcender obstáculos sociais impostos enquanto rótulos de comportamento. Essas
são Imposições que limitam a necessidade intrínseca do ser humano em sentir prazer em tudo que faz, inclusive em mover-se, na
direção de sua auto-superação.
A Ginástica Geral, nesse sentido, parece atender às expectativas comentadas, pois, por meio dela, podemos respeitar o aluno em suas
experiências individuais, propondo a criatividade e a reflexão. Cabe ao professor utilizar esta metodologia de trabalho e respeitar o
corpo do outro que, em aula, é sua responsabilidade.
Apesar das características comuns, cada corpo tem as suas. Temos nosso próprio contexto social, nossa própria família, cultura e
sentimentos, enquanto seres humanos. Há que se observar a complexidade do nosso corpo, o quanto ele é diferente de outros por
essas influências tão importantes. O corpo é sujeito a circunstâncias inesperadas e imprevisíveis, o que deixa nosso trabalho de
educadores mais excitante: temos de trabalhar com o que pensamos conhecer, mas não sabemos.
É fundamental poder respeitar a diversidade de cada um, como por exemplo, do corpo idoso que merece uma atenção diferenciada,
pela sua expectativa de vida, pelas suas características fisiológicas, pelas suas necessidades sociais e afetivas. Tal como diz Okuma
(2002), no sentido da ação pedagógica, e fundamental considerar a história de vida dos idosos, pois ela influencia a significação de
cada coisa que fazem.
A atividade física para um
grupo da melhor idade não deve ser
desenvolvida
para
atender
às
necessidades do professor ou do
técnico
ou
coreografia
às
características
escolhida...
da
Cada
ser
deste grupo tem peculiaridades das
mais diversificadas. Não há modelos
de trabalho. Não há “receita de
bolo”. E nem devemos sugeri-las.
[...] além da área da culinária, onde mesmo sendo previamente
testadas, não eliminam riscos de “perda de ingredientes” ou
“intoxicações”, elas não deveriam existir, principalmente em se
tratando de formulação de alternativas de atuação com pessoas ou
grupos
sociais.
Tenho
muito
receio
quando
se
procura
experimentar “receitas”, em forma de políticas educacionais ou
culturais (MARCELLINO, 2000, p. 140).
O que deve haver é o
compromisso profissional com cada
aluno,
compromisso
esse
que
permita ao próprio professor, criar e
desenvolver estratégias de trabalho
para atingir objetivos coletivos e
individuais. Não é uma tarefa fácil,
mas pensamos ser possível.
O respeito pelo idoso deve
partir
do
mesmo
princípio
de
respeito que temos pela criança. É
preciso criar subsídios que
lhes
dêem autonomia. O ser idoso, ser
criança, ser portador de deficiência
não é sinônimo de ineficiência, mas,
sim,
significa
ter
necessidades
diferenciadas que podem nos levar a
adaptar
ações,
desenvolver
estratégias diferenciadas que podem
nos
levar
a
desenvolver
adaptar
ações,
estratégias
diferenciadas. É preciso auxiliá-los a
conhecer
suas
seu
potencial;
experiências
explorar
atuais,
as
passadas, assim como as prováveis
para que a pessoa descubra em si
formas de auto-superação e novas
possibilidades
influenciem
na
corporais
melhoria
da
que
sua
qualidade de vida.
Não nos parece utópico
pensar que se para nós foi possível
praticar a ginástica, superar nossos
limites,
sentir
prazer
em
nos
expressar por meio dos movimentos
ginásticos, por que então outras
pessoas não poderiam se realizar da
mesma forma, independentemente
de
suas
condições
físicas,
e
principalmente, independentemente
do que se espera delas. O que
importa mesmo são as expectativas
que cada um tem de si próprio. E a
Ginástica Geral as respeita.
É hora de abandonarmos o discurso do corpo ineficiente, para
oferecer novos horizontes na prática da atividade física. O ser humano não
pode mais ser medido pelo quanto produz, mas pelo que ele é.
O profissional de Educação Física precisa perceber o universo de
descobertas que pode ter se estiver aberto a trabalhar com as diferenças, as
singularidades, ou seja, para exercer um trabalho de paciência e exploração de
novos conceitos, novas possibilidades corporais.
Visualizamos na GG este trabalho com novos conceitos, no qual
se permite o despertar da autenticidade do aluno. A partir daí é possível
estimular a expressão dos sentimentos do participante em uma coreografia.
No desenvolvimento coreográfico, vemos esse aluno situando-se no
contexto histórico e social do tema escolhido. Na coreografia completa, o
professor poderá perceber um pouco da essência de cada participante de
seu grupo. Isso acontece, seja na percepção da melhoria das capacidades
individuais,
seja
na
descoberta
dessas
capacidades,
que
estavam
adormecidas: cada aluno percebe suas possibilidades e seus limites,
aprendendo a lidar com eles.
A Ginástica Geral é uma modalidade essencialmente caracterizada
pela participação, onde o praticante tem a condição de criar, experimentando
novos movimentos e refletindo sobre os já adquiridos. O ser humano tem o direito
à liberdade de movimentar-se conforme sua história, seu momento e seus
desejos, e pode quebrar o paradigma da ginástica contemporânea, que ainda é
vista como forma de manter o corpo saudável, sendo a saúde restrita ao ser
biológico, separado de sua história e da sociedade em que vive (AYOUB, 2003).
Como praticantes e professoras de Ginástica Geral, sabemos que vale a pena refletir sobre como é importante respeitar o nosso aluno,
permitindo a descoberta com liberdade; proporcionando a possibilidade de aquisição de sua autonomia; estimulando a cooperação
entre os colegas; dando a chance do exercício da criatividade e do espírito crítico; suscitando reflexões sobre o que cada pessoa é e
por quê; levando cada um a buscar sua essência, seu ponto de equilíbrio.
Não é pretensão deste trabalho poetizar a Ginástica Geral, mas
declarar que sabemos de sua importância como modalidade para todos que
gostariam
de
capacidades
praticar
físicas
uma
de
atividade
flexibilidade,
gímnica,
independentemente
coordenação
motora,
das
equilíbrio;
independentemente da impossibilidade de flexionar os joelhos até o solo, pela
idade não permitir; independentemente da agilidade ser comprometida por alguns
quilos a mais; mas de forma livre, com vontade de criar, de expressar-se e de
comprometer-se com seu próprio prazer. O objetivo maior deve ser a felicidade do
ser, e de ser por completo um indivíduo. Por isso, esperamos que algum dia:
O corpo-objeto da educação física ceda lugar para o corpo-sujeito na educação
motora; o ato mecânico no trabalho corporal da educação física ceda lugar para o
ato da corporeidade consciente da educação motora; a busca frenética do
rendimento da ef19 ceda lugar para a prática prazerosa e lúdica da em20; a
participação elitista que reduz o número de envolvidos nas atividades esportivas
da educação física ceda lugar a um esporte participativo com grande número de
seres humanos festejando e se comunicando na educação motora; o ritmo
padronizado e uníssono da prática de atividades físicas na educação física ceda
lugar ao respeito ao ritmo próprio executado pelos participantes da educação
motora. (MOREIRA,1995, p.102).
Esperamos também que a Ginástica Geral encontre na ciência, sua
linha mestra e possa ser instrumento de trabalho para todos que busquem a
participação democrática da sociedade em geral na prática da ginástica; que os
estudiosos e envolvidos com a modalidade busquem refletir a respeito dos
conceitos da GG e que praticantes e professores descubram que todos têm o
direito de praticar ginástica sem a preocupação com erros ou acertos, sendo
apenas felizes.
19
20
Educação Física.
Educação Motora
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sínteses. Campinas: Ed. da Unicamp, 1996.
APÊNDICES
APÊNDICE A
QUESTIONÁRIO
I Brasil – 2003 - Fórum Internacional de Ginástica Geral,
realizado de 14 a 16 de março de 2003 – Curitiba - Paraná
Nome:
Estado:
Endereço E-mail:
Nível escolar:
Área de atuação:
1. Qual a sua relação com a Ginástica Geral?
2. Como você iniciou esta relação com a Ginástica Geral?
3. O que é a Ginástica Geral para você?
4. Ela tem caráter competitivo ou não no seu entender?
5. Quem pode praticar/participar da GG?
6. Qual a importância do estudo da Ginástica Geral?
7. Como você observa a Ginástica Geral atualmente no seu estado, em
relação à participação e organização?
8. Como você observa a formação dos grupos de Ginástica Geral?
9.
Quais os aspectos que dificultam a formação desses grupos?
10. Quais aspectos que motivam a existências desses grupos de
Ginástica Geral?
11. Como você considera que deva ser a formação profissional do professor de
GG?
APÊNDICE B
Entrevista Semi-Estruturada
Praticantes de Ginástica Geral
participantes da 12a Gymnaestrada Mundial em Lisboa / 2003
NOME:
IDADE:
GRUPO:
1. O que você entende por Ginástica Geral?
2. Você se sente beneficiado com a prática da Ginástica Geral?
3. O que você achou do evento Gymnaestrada Mundial? Quais os pontos
positivos e negativos do evento?
4. Em relação à sua participação e do grupo no evento Gymnaestrada
Mundial, o que você teria a comentar?
5. Quais são suas expectativas com relação a continuar praticando a
modalidade?
6. Qual o maior fator de motivação para que você pratique GG?
7. Com relação à sua participação nos eventos de GG no Brasil, o que você
tem a comentar?
Praticantes de Ginástica Geral
NÃO participantes da 12a Gymnaestrada Mundial em Lisboa / 2003
1. O que você entende por Ginástica Geral?
2. Você se sente beneficiado com a prática da Ginástica Geral?
5. Quais são suas expectativas com relação a continuar praticando a
modalidade?
6. Qual o maior fator de motivação para que você pratique GG?
7. Com relação à sua participação nos eventos de GG no Brasil, o que você
tem a comentar?
APÊNDICE C
Depoimentos - Professores
As Questões 1 e 2 não serão descritas para resguardar a identidade dos professores.
3. O que é a Ginástica Geral para você:
Uma possibilidade de agregar todas as formas de ginástica.
PROFESSOR 1
PROFESSOR 2
PROFESSOR 3
PROFESSOR 4
PROFESSOR 5
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PROFESSOR 7
PROFESSOR 8
PROFESSOR 9
PROFESSOR 10
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PROFESSOR 14
PROFESSOR 15
PROFESSOR 16
PROFESSOR 17
PROFESSOR 18
PROFESSOR 19
É uma atividade meio que nos proporciona a possibilidade do idoso criar, romper
estereótipos e ter qualidade de vida numa concepção biopsicosocial e espiritual.
É uma Ginástica para todos.
É o meio mais cooperativo e descontraído de se praticar qualquer tipo de
ginástica.
Oportunidade de divulgar a Ginástica (modalidades) em grupos diferentes, sendo
uma opção de atividade prazerosa sem a imposição do rendimento.
É uma atividade que une as ginásticas (rítmica, olímpica), seus elementos, mas os
utiliza sem nenhuma regra, rigorosidade.
Para mim a GG é uma maneira de proporcionar, desenvolver, conhecer várias
possibilidades de trabalho devido ao seu grande leque de informações,
conhecimentos do mundo ginástica.
GG é para todos, integra, prazer e explora a criatividade.
São práticas corporais de caráter recreativo para pessoas de diferentes idades,
que envolve ginástica, dança, teatro....
Manifestação corporal que possibilita uma diversidade de construções a partir das
modalidades gímnicas (GR, GO, GT, GA, etc) bem como atividades relacionadas
a cultura de um país.
Não tenho uma definição ainda de GG, mas hoje diria que tudo que envolve
movimento pode ser incluído na GG.
É uma atividade que dá oportunidade de participação a todos – visa a inclusão.
Uma prática corporal que oportuniza sistematizações, vivências e demonstrações
culturais de movimentos em grupo, respeitando as condições de execução de
todas as pessoas que se propõe a participar.
Uma modalidade/atividade gímnica sem técnica/ sem buscar a performance.
Ginástica Geral para mim está relacionada a toda e qualquer atividade física, seja
ela artística ou desportiva e até recreação.
É a prática democrática e social da ginástica, proporcionando qualidade de vida,
conhecimento, inter relação social, cultural, etc.
Uma escola de vida.
Na atualidade é uma filosofia que direciona e conduz meu trabalho, principalmente
com os grupos de terceira idade.
** Não respondeu**
4. A GG tem caráter competitivo ou não:
PROFESSOR 1
PROFESSOR 2
PROFESSOR 3
PROFESSOR 4
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PROFESSOR 6
PROFESSOR 7
PROFESSOR 8
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PROFESSOR 14
PROFESSOR 15
PROFESSOR 16
PROFESSOR 17
PROFESSOR 18
PROFESSOR 19
Podem ser avaliados aspectos estruturais, virtuosismo, que mesmo que subjetivos
valorizam ou empobrecem a coreografia. Não creio que a GG seria com um
processo de avaliação e premiação. O importante é que através dela possamos
mobilizar o maior número de pessoas à prática da ginástica – com ou sem
avaliação, de acordo com a necessidade do público alvo com que trabalhamos.
Dentro da minha área de atuação não.
De certa forma tem um caráter competitivo, pois existem as seletivas, por
exemplo.
Não, e não deve ter, nem para seleção para a Gymnaestrada.
Não.
Não. Ao contrário, tendo como objetivo a criatividade, a liberdade de movimentos.
Não.
Não
Não. Recreativo.
Cada grupo, a partir da formação do profissional, terá a “presença” da
“competição” como enfoque principal ou não tendo nenhuma “importância” para o
desenvolvimento do grupo.
Não.
A GG tem caráter competitivo. Visa enfatizar a superação (a pessoa com ela
mesma).
Não
Não, deveria...
No meu entender ela não deve ter caráter competitivo.
Para mim ela não pode nunca ter caráter competitivo.
Não.
Não respondeu.
Não.
5. Quem pode praticar GG:
PROFESSOR 1
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PROFESSOR 4
PROFESSOR 5
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PROFESSOR 7
PROFESSOR 8
PROFESSOR 9
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PROFESSOR 11
PROFESSOR 12
Todo e qualquer ginasta que seja tecnicamente orientado dentro de uma prática
correta e que promova a saúde.
Todos podem, não há limite de idade.
Todos.
Qualquer pessoa que atenda aos objetivos propostos da coreografia.
Todos / do infantil a terceira idade.
Qualquer pessoa em qualquer idade que tenha interesse.
Todas as pessoas.
Todos.
Qualquer pessoa, em todas as idades.
Todos, dependendo do enfoque do trabalho.
Todas as pessoas de todas as idades.
Todas as pessoas que se interessarem.
PROFESSOR 13
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PROFESSOR 19
Todas as pessoas, independente de idade, sexo e condições corporais.
Todas as pessoas de todas as idades.
Qualquer pessoa, da criança ao mais velho.
Qualquer indivíduo que queira e se permita explorar seu corpo e suas
possibilidades.
Todos.
Todos os indivíduos, não há exclusão e sim inclusão, portanto é um trabalho
inclusivo, direcionado a qualquer pessoa.
Todos, mas com atividades apropriadas para os praticantes.
6. Qual a importância do estudo da GG:
PROFESSOR 1
PROFESSOR 2
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PROFESSOR 8
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PROFESSOR 18
PROFESSOR 19
Conhecer as motivações de quem se interessa por ela, possibilitando seu maior
envolvimento e disseminando cada vez mais a sua área de atuação e público.
Para obter ganhos de saúde (como um todo) de acordo com a OMS.
O desenvolvimento da modalidade
Verificar que se pode aprender de forma equilibrada e descontraída.
Poder dar qualidade aos participantes, entender as condições individuais para a
prática da GG.
Importante para dar clareza e trazer conhecimento às pessoas que não conhecem
e para reforçar sua importância e objetivos.
Para mostrar várias formas de podermos estar trabalhando, divulgando a GG e
trocando informações, conhecimentos alheiros.
Esporte para todos
Disseminação de uma prática corporal com fins recreativos, educativos, de saúde,
integração...
Quando estudamos algo que existe, já é importante para sua compreensão, dessa
forma os conhecimentos serão ferramentas para um embasamento teórico e
prático.
Fazer com que as pessoas entendam a GG como uma necessidade vital.
Difundir a modalidade.
Toda prática cultural se sistematizada e divulgada para apreciação se torna um
conhecimento a ser passado, reorganizado e novamente construído pelas
gerações que o compõem. Isto se faz pelos estudos e pesquisas.
O conhecimento e divulgação que todos são aptos a praticar.
Fundamental para compreender a importância da atividade física.
Devemos conhecer, fundamentar e pesquisar para garantir a sua efetivação no
cotidiano, proporcionando à sociedade a prática da atividade física não
competitiva.
Muito importante
A importância de divulgar a todos que existem metodologias de trabalho na GG
que promove o esporte para todos.
O ponto de partida para qualquer, para todas ações vem da mente, quando você
pensa, discute os pontos se multiplicam.
7. Como você observa a GG, atualmente, no seu estado, em relação à
participação e organização:
PROFESSOR 1
PROFESSOR 2
PROFESSOR 3
PROFESSOR 4
PROFESSOR 5
PROFESSOR 6
PROFESSOR 7
PROFESSOR 8
PROFESSOR 9
São iniciativas isoladas,
Gymnaestrada Mundial.
motivadas,
principalmente,
pela
realização
da
A participação, bem como sua divulgação, é discreta; quanto à organização ainda
é falha. Ex: Um grupo realizar trabalho científico e somente um componente
poderá receber certificado.
Acredito que estamos no caminho certo, ela (GG) está crescendo em nosso
estado tanto na participação quanto na organização.
Falta divulgação desta idéia, pois as pessoas estão muito “bitoladas” no aspecto
competitivo.
Está melhorando muito.
Não conheço muito, mas percebo que está crescendo cada vez mais.
Vivencio através do GG Fefisa e observo através de congressos.
Péssima, pois ainda trabalhamos em poucos e desunidos.
Não tenho muita noção, mas acredito que é recente, porém os profissionais
PROFESSOR 10
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envolvidos estão tentando fazer maior divulgação. Este evento é um exemplo.
Em Sergipe acontece de forma produto, com caráter competitivo.
É a primeira vez que entro em contato, como instituição e estou apenas
observando.
Atualmente iniciando um bom trabalho de divulgação e incentivo aos novos
grupos.
Esta prática acontece, mas de forma tímida. Portanto, são necessárias informação
e oportunidades de vivências, trocas de experiência e formação docente.
Cada vez mais crescendo com uma melhora de 100%.
A Ginástica Geral para mim é uma novidade e acho que em SP ainda há muito
espaço a ser preenchido e quanto à organização também sempre há o que
melhorar, porém do que vi até agora penso estar bem organizado.
Aos poucos ela está conquistando espaço, mas devemos aplicar na escola e
colher estes frutos.
Com muito potencial para o desenvolvimento.
Atualmente existe um maior número de grupos realizando GG. Justamente pelo
aumento de festivais nas cidades e o intercâmbio entre os grupos que atuam na
área.
No geral a GG no Brasil ainda não despertou a devida importância, lógico que tem
suas exceções.
8. Como você observa a formação dos grupos de GG:
PROFESSOR 1
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No meu caso são atletas da escolinha de ginástica olímpica que apresentam
algum destaque, seja técnico ou motivacional que precisam ser estimulados de
uma forma menos rotineira que em uma aula de formação. O estímulo a mais vem
com apresentações, possibilidades de viagens, intercâmbios.
Por interesses em comum, prazer e por idade.
Acredito que existem inúmeras dificuldades, contudo a GG é apaixonante, o que
facilita a participação dos ginastas.
Geralmente são homogêneos.
Estão começando a entender a modalidade, por isso estão se organizando
especificamente para GG.
Percebo grande importância a GG na formação do ser humano, é preciso a
formação de muitos grupos para dar possibilidade de mais pessoas praticarem.
Através de congressos, fóruns e etc.
Com muita felicidade, mas anda pouco divulgado e reconhecido.
Não sei.
Atualmente, com muito entusiasmo e crença de um melhor ou mesmo um novo
entendimento da GG no Brasil.
Que são muitos, melhor dizendo, variedades.
Vejo um grande interesse pelas pessoas de diferentes áreas da ginástica
competitiva em formar grupos de GG.
No nosso país, com dificuldades pela falta de informação.
Não observo... Em clubes, academias tem GG para todos e idades.
Acredito que ainda há pouco conhecimento sobre o assunto e a partir de que haja
mais divulgação haverá mais participação.
No meu caso o grupo é formado partindo do interesse dos próprios alunos. Todos
na escola tem o conteúdo GG e os interessados são integrados ao grupo.
Quanto mais melhor.
Eles se formam através do interesse de desenvolver trabalhos que motivem os
indivíduos a realizarem uma atividade física onde são favorecidas as
potencialidades e respeitados os limites de cada um.
Iniciativas pessoais dos técnicos.
9.
Quais os aspectos que dificultam a formação desses grupos:
Sempre as financeiras – para compra de roupas, viagens.
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Ausência de local, imposição de diretrizes por líderes, a falta de incentivo.
Espaço físico para treinamento, dinheiro, interesse comuns, manter um grupo por
um longo tempo.
Tenho pouca experiência e pouco contato com outros grupos, portanto, baseado
na minha realidade, não há dificuldade.
O entendimento da modalidade; falta de calendário próprio, falta de cursos de
capacitação.
A falta de conhecimento a respeito da Ginástica Geral.
A má informação, divulgação.
Falta de livros, inclusive aceito retorno por e-mail de alguns, pois não conheço.
Acredito que os mesmos de outras áreas: falta de profissionais qualificados,
recursos financeiros e físico.
Aspectos relacionados à formação profissional e apoio financeiro.
Penso que não há dificuldade, pois esta modalidade demanda liberdade de
criação.
A dificuldade de entendimento (da característica da GG, objetivos, participação.)
Conhecimento, formação docente, apoio, políticas públicas e pedagógicas.
Um profissional adequado para se trabalhar a GG como GG.
Justamente a falta de conhecimento sobre o assunto.
A falta de interesse por parte dos meninos (mas isto já está se modificando).
A pessoa (técnico) no lugar certo e com vontade de trabalhar.
A falta de informação e formação de profissionais em GG. Ainda o grande
interesse na competitividade.
Fatores financeiros.
10. Quais aspectos motivam a existência desses grupos de GG:
Os intercâmbios.
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Relacionamento, o prazer a atividade, o fazer parte de um grupo.
Fazer parte de um grupo, aspecto social.
O bem-estar ao praticante devido ao aproveitamento das habilidades individuais.
Por não ser competitiva, aberta a todos.
A GG em si, seus objetivos e princípios.
A participação de todos, sem especificidade propriamente dita.
O prazer pela atividade. Alegria.
Os próprios benefícios da GG e a integração nos festivais.
Os valores que são transmitidos na GG e absorvidos pelos profissionais,
apresentando novas formas de pensar e agir como corpo.
A liberdade de movimentar.
O trabalho lúdico, oportunidade para todos.
A prática de uma atividade corporal que respeita as condições de execução, que
oportuniza as relações sociais com objetivo de integração e “prazer”.
Saber que todos “são” GG. Há espaço para todos no mundo da ginástica.
Não respondeu.
O que motiva o meu grupo é o prazer e a diversidade do universo da
PROFESSOR 17
PROFESSOR 18
PROFESSOR 19
GG.Podemos inventar, criar, recriar tudo o que nos interessar.
Formação global da pessoa e o estar em grupo.
O simples fato de que esta modalidade favorece a inclusão e respeita o
participante nos seus limites.
A paixão por atividades físicas, a emoção de executar um trabalho e como a
organização dessas forças atingem e mudam quem participa deste movimento
(ginastas, responsáveis e público)
11. Como você considera que deva ser a formação profissional do professor de GG:
PROFESSOR 1
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Deve ter formação na área de ginástica, seja ela rítmica, olímpica ou acrobática e
a básica. O mais complexo seria uma experiência por todas as áreas, que se
obtém, a grosso modo, na universidade e em cursos de formação técnica,
principalmente na Europa.
Que tenha graduação, qualificação profissional, carisma e reciclagem.
Graduação em Ed Física mais cursos específicos de GG, participação em
congressos, fóruns, etc.
Que haja uma disciplina específica nas escolas de educação física (faculdades
para desmistificar o esporte de rendimento, o esporte de competição. E
“desenvolver” a gama de possibilidades de movimentos, materiais e aparelhos a
serem utilizados).
Iniciar na graduação, pois o ideal é ter um professor de educação física como
responsável. Formar curso de capacitação no qual as Federações divulguem;
cursos de especialização.
Formação contínua e específica, através da pesquisa e da atuação prática.
Na graduação.
O compromisso com a inclusão para todos e livros e referências bibliográficas.
A melhor possível, isto quer dizer, com conhecimentos pedagógicos, técnicos,
morais, éticos, científicos.
Totalmente comprometida com as predisposições teóricas-práticas existentes no
universo da GG.
Através de cursos de especialização.
Com cursos de capacitação, encontros, mostras e especialização.
Penso que não existe um profissional de GG. A formação deverá ser no âmbito
das licenciaturas de Educação Física, as quais deverão desenvolver
procedimentos teóricos e pedagógicos sobre a GG. Priorizando, assim, o
conhecimento sobre a GG na formação do “professor”. Este seria um foco – a
formação inicial – que deverá integrar-se com a formação continuada dos
professores de Educação Física por meio dos cursos de aperfeiçoamento e pósgraduação (lato-sensu e stricto-sensu). Portanto, uma formação no âmbito da GG
deverá estar preocupada com os vários níveis e contextos de atuação do
professor de EF.
Formação em Educação Física.
Não respondeu
Principalmente, ele deve ser graduado em Educação Física, em algumas
instituições já temos a GG na grade curricular, mas uma especialização na área
também é interessante. Acredito que a formação do professor de GG deve
priorizar a motivação, a criatividade, a busca pelo conhecimento prazeroso e de
maneira alguma embasar a GG a alguma outra modalidade gímnica unicamente.
Formação específica pela federação, quer em complemento à licenciatura ou não.
Que ele seja formado em educação física, que tenha uma cabeça aberta a romper
paradigmas e vencer desafios, ser criativo buscando sempre o novo. E acreditar
que tudo é possível.
Graduados em educação física ou dança.
APÊNDICE D
Depoimentos - Praticantes de Ginástica Geral
1. O que você entende por Ginástica Geral?
PRATICANTE 1
PRATICANTE 2
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PRATICANTE 13
PRATICANTE 14
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Ginástica Geral para mim é todo aquele movimento que a gente faz com ritmo,
harmonia, enfim englobando a dança.
Eu entendo por Ginástica Geral todo movimento que fazemos com nosso corpo,
com nossa mente, enfim todos os movimentos que nós possamos aproveitar.
Eu entendo que a gente faz desde dança e também, assim, trabalhos com arcos,
com bastão, com fitas e com um monte de adereços.
A Ginástica Geral para mim é uma motivação. É uma coisa para mim que serviu
para fazer exercícios, tirar a mente de coisas negativas. Então a gente participa,
este grupo forma bastante amizade. Uma coisa para mim que foi muito bom por
que eu nunca participei de nada na minha vida.
A Ginástica Geral são todos os movimentos que você pode fazer com seu corpo.
É toda atividade que a gente faz, movimentos coordenados ou não. Tudo isso
para mim é Ginástica Geral.
Entendo como uma modalidade onde todos tem a possibilidade de participar
independente de suas capacidades ou habilidades.
Ginástica para mim é um mix de tudo. Mistura dança, mistura ginástica em si.
GRD que eu não conheço muito, mas eu acho que mistura um pouco de cada
coisa.
Ginástica Geral é a possibilidade das pessoas praticarem uma modalidade de
ginástica onde elas não tem a obrigatoriedade de ter uma capacidade técnica e
uma habilidade muita acentuada. Eu vejo como uma possibilidade de uma prática
sem um compromisso com uma execução dentro de alguns padrões de técnica.
É uma ginástica participativa, onde mescla várias modalidades da ginásticas, onde
participam pessoas de ambos os sexos e de todas as idades, independente do
nível técnico e onde é praticada pelo prazer de estar praticando.
É um tipo de ginástica que junta um pouquinho de cada coisa e qualquer um pode
participar, então cada um faz o que consegue fazer.
Ginástica Geral é um tipo de atividade física em que todos são capazes de fazer,
não importa as dificuldades e todos os trabalhos serão adaptados para o grau de
dificuldade de cada um. Acho que todas as pessoas com deficiência física,
terceira idade, crianças, jovens, adolescentes todos tem a capacidade de praticar
a Ginástica Geral.
Ginástica Geral é onde qualquer pessoa pode estar fazendo qualquer tipo de
movimento dentro das suas possibilidades e limites.
É uma Ginástica que engloba tudo, desde movimento simples até o mais
elaborado.
Eu entendo assim, que ela é para o bem da pessoa e em primeiro lugar para o
ego da pessoa. Depois, basicamente, uma união de amigas e que a gente se
distrai, a gente vai para um campo completamente diferente de casa. Então ela é
boa para o corpo, boa para a alma e boa para tudo, enfim. Eu venho de lá de
PRATICANTE 16
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Piracicaba me unir a um grupo que para mim é uma maravilha, eu espero que
continue muito tempo. Eu me sinto maravilhosamente bem.
Ginástica Geral para mim seria todas as maneiras que a gente tem para poder se
manifestar através do ritmo, de dança, usando instrumentos diversos.
Acho que Ginástica Geral engloba tudo. Exercícios físicos, acho que todo tipo,
dança, exercícios, ginástica.
Ginástica Geral é todo exercício que a gente faz. Todo tipo de exercício.
Ginástica Geral para mim é todo tipo de atividade em grupo, individual.
Ginástica Geral eu compreendo como sendo um conjunto de atividades que vem
representar a forma do ser humano de trabalhar os movimentos. Não uma
especialização, mas sim uma forma de expressão do ser humano sem visar a
performance e sim o desenvolvimento motor através do movimento.
A Ginástica Geral é uma ginástica que pode ser praticada por qualquer indivíduo
de qualquer idade, portador ou não de deficiência física, por que engloba vários
tipos de exercícios e de movimentos, então é uma atividade destinada a qualquer
tipo de pessoa.
Entendo por Ginástica Geral uma ginástica que é para todos, ginástica inclusiva e
não exclusiva.
2. Você se sente beneficiado com a prática da Ginástica Geral ?
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Sem dúvida. Ginástica Geral para mim é a melhor coisa do mundo, a melhor coisa
que eu pude fazer dentro destes meus 53 anos.
Eu me sinto muito, muito mesmo beneficiada com a Ginástica Geral. Ela me
trouxe muitas coisas boas.
Me sinto. Para mim foi uma maravilha. Eu estava entrando em depressão e aqui
eu já parei.
É claro que eu me sinto gratificada, muito feliz, por que esta ginástica trouxe para
mim coisas que eu nunca esperei na minha vida, coisas que eu me sinto feliz. Eu
fecho os olhos e me lembro de coisas que foram muito boas que não tem quase
como explicar.
Muito, imensamente.
Eu me sinto muito, pois eu adoro fazer ginástica, sempre gostei.
Sim, principalmente em relação a amigos, eu fiz muitos amigos, conheci muitas
pessoas e como não tem o caráter competitivo é muito mais fácil, no intuito você
consegue muito mais amigos do que numa prática competitiva, que já é um
intercâmbio. Então nessa prática eu consegui muito mais amigos e melhorou
minha qualidade de vida por ter conseguido mais amigos.
Me sinto beneficiada sim, por que eu acho que qualquer esporte faz bem para o
corpo e para a mente.
Sem dúvida. De cara eu já lembro da Gymnaestrada. Indiretamente teve a
possibilidade de conhecer uma cultura diferente, ir para a Europa, diretamente
pela prática, com certeza, pela possibilidade de criação, auxílio de criação de
coreografia, isso me expandiu as possibilidades de trabalhar este lado, com
certeza.
Sinto pelo intercâmbio que ela proporciona, pela vivência com várias outras
modalidades, pelo conhecimento para saber a diferença entre ginástica de
competição e não competitiva.
Me sinto. Acho que qualquer exercício que você faz, de dança, de tudo, está
trabalhando seu corpo e está ajudando um pouco.
Na parte de atividade física nem tanto por que eu regularmente pratico atividade
física. É uma coisa a mais que eu faço. Mas é legal pela parte social, estar com os
amigos, fazer a atividade física com os amigos, socialização.
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Bastante. Eu me sinto melhor, tanto é que quando eu procurei o grupo foi
melhorar a minha vida e meu bem estar.
Muito, por que ela não exige mais do que o meu corpo é capaz de realizar.
Eu me sinto lisonjeada, por que é um grupo que já há quatro anos que conheço
não participando e que eu fui convidada pela minha professorinha que é hoje e eu
me sinto muito bem no meio delas. Aprendi muita coisa, continuo aprendendo,
pena que a distância é longa.
Muito em todos os sentidos. Primeiro que a gente executa exercícios ou certos
movimentos que não são comuns no dia-a-dia, então quer dizer que fisicamente
eu me sinto super beneficiada e além de tudo eu acho que a coisa mais
importante que é a companhia, o grupo gostoso que a gente tem de uma amizade
muito gostosa que a gente vai formando ao longo do tempo.
Me sinto sim. Por que eu era muito encucada com as coisas e agora eu não tenho
nem tempo de pensar. Eu gosto muito de dançar e a Ginástica Geral está me
fazendo muito bem.
Muito, principalmente por que eu tenho problemas de osteoporose, pressão alta e
eu não dou mais bola para estas coisas por causa da Ginástica.
Muito beneficiada, tanto fisicamente, quanto emocionalmente, com o convívio com
outras pessoas. Eu acho isso muito importante.
Sim, por que acredito que muito o que consegui e sou hoje devo à Ginástica
Geral.
Sim, a Ginástica Geral beneficia o indivíduo tanto física quanto psicologicamente
por que algumas pessoas que se sentem excluídas, por exemplo de praticar
fitness em academias, encontram na Ginástica Geral uma forma de se exercitar e
conviver com um grupo,então isso beneficia a pessoa de um modo geral, e eu
também.
Sinto com certeza. Por que eu me sinto muito bem dançando, o contato com as
pessoas, conhecer mesmo sobre a Ginástica Geral que eu não conhecia.
3. O que você achou do evento Gymnaestrada Mundial? Quais os pontos
positivos e negativos do evento?
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Achei maravilhoso. Para mim foi uma experiência inigualável, e acredito que não
tenha os pontos negativos, pois os pontos positivos superam totalmente os pontos
negativos.
Foi muito boa esta viagem para Portugal. Aprendi muito e os pontos positivos
superaram os pontos negativos. Como foi a primeira vez que a gente saiu do
Brasil foi uma experiência maravilhosa.
Eu achei uma coisa maravilhosa, uma coisa que é emoção encima de emoção. O
fato da gente ter contato com os outros países, mesmo que a gente não fale
nenhuma língua, mas a gente trocava energia só de se olhar.
Os positivos, a gente teve boa recepção, local apropriada para nossos dias de
estadia, condução. Tudo o que a gente teve para participar da Gymnaestrada foi
muito bom. Agora, algumas coisinhas que eu me senti um pouquinho diferente foi
o café da manhã lá na escola que para minha idade, pelo que estava passando na
época, não estava apropriado, e eu estranhei um pouco os costumes deles. Foi
uma das únicas coisas que me deixou assim.
Eu achei fabuloso, a integração de todos os países é fantástico. O desafio da
gente ter esta meta e conseguir ir, às vezes parece impossível. A troca de
conhecimentos do pessoal. O que a gente faz aqui, o que o pessoal está fazendo
fora, outros grupos da mesma idade, o que podem fazer. Negativo. Eu não vejo
coisa negativa. Acho que teve muito mais positivo. Acho que teve muito mais
positivo.
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Eu adorei a Gymnaestrada. Não conhecia. Achei uma coisa maravilhosa, gostosa
mesmo. De positivo, tudo foi tão bom, emocionante, cansativo, mas gostoso.
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Eu achei maravilhoso o evento. Foi muito importante para mim conhecer uma
outra nação, novas culturas. Foi primeira vez que eu fui. A única parte negativa foi
quanto à CBG, mas o evento em si, Gymnaestrada não teve nada errado. Talvez
na próxima eu possa apontar algum erro, mas nessa...
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Foi muito legal. Achei maravilhoso. De ponto positivo é o contato com outras
línguas, outras culturas, outras pessoas. De ponto negativo eu acho que,
infelizmente, existe um clima de competição, de querer um mostrar que é melhor
que o outro. Em alguns casos, algumas vezes eu vi isso.
Pontos positivos é fácil mencionar. Intercâmbio cultural, a possibilidade de
observar várias culturas, vários estilos de ginástica, então, isso teve um leque
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grande de possibilidade de aprendizagem. Como ponto negativo, talvez no caso
do grupo a gente ter que ensaiar nos dias de apresentação. Não da Ginástica
Geral, mas da nossa apresentação.
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Maravilhoso. Um evento muito legal. Pontos positivos neste evento dá para você
ver claramente as linhas de trabalho de cada país, de cada grupo. Pontos
negativos, eu acho que não pode colocar como pontos negativos por que você
aprende a conviver com pessoas diferentes, que pensam diferente, que fazem
coisas diferentes, então não posso ver isso como ponto negativo. Pode não ser na
hora muito interessante de estar acontecendo, mas não é ponto negativo.
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Achei super legal. Muito mais do que esperava. Pontos positivos é o contato que
você tem com gente do mundo inteiro que nunca na vida imaginava que ia ter.
Negativo, acho que poderia ser um local menor para ter mais contato e não ficar
tão dispersado.
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Eu gostei bastante, como eu tinha gostado da outra em Gotemburgo. Acho que é
uma experiência muito boa conhecer outros povos, outras culturas, outras
pessoas com diferentes idéias até sobre a Ginástica Geral, diferentes
apresentações, Os pontos positivos acabam sendo basicamente isso mesmo, a
diferença de trabalho, diferença de apresentações e toda esta socialização com
todo este monte de gente, pois foram mais de 20000 atletas. Parte negativa, por
falta de apoio nosso aqui do Brasil mesmo, infelizmente a gente tem que arcar
com nossas despesas e não tem um apoio maior, nem uma certa ajuda. Nós
temos que correr atrás de tudo, só nós mesmos. Acho que esta é a parte mais
complicada.
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Eu amei. Eu não imaginava o tamanho que era. Os pontos positivos é que eu
pude estar encontrando várias pessoas, tendo contato com várias culturas
diferentes, ponto negativo eu não encontrei nenhum. Apesar que eu pude estar
me encontrando melhor comigo mesma, vendo a minha forma de pensar e
modificando. Acho que não é negativo, só tive coisas positivas na minha vida na
Gymnaestrada.
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Eu acho o evento maravilhosa, e tem muito a contribuir por que você vê a cultura
dos povos, as etnias, aquilo o que mais o povo tem para demonstrar através do
movimento, da música, da dança. O único ponto negativo que eu vejo é que às
vezes é pouco tempo para ver as coisas. Você tem que estar vestido, e você quer
ver outro hall e não dá, estas confusões de muitas apresentações.
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Eu achei maravilhoso. Para mim foi uma experiência fantástica, até inédita, pois
jamais na minha vida eu pensaria que fosse para o exterior para participar. Agora
em relação à Gymnaestrada eu achei maravilhosa que as faculdades estão
excelentes, isso é um incentivo aos alunos da classe superior e também até....
tinha até criança de sete ou dez anos mais ou menos. É uma experiência ótima do
ponto de vista geral.
Os demais não participaram da Gymnaestrada.
4. Em relação à sua participação e do grupo no evento Gymnaestrada Mundial, o
que você teria a comentar?
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Lá nós pudemos aprender muito em relação ao comportamento das pessoas, por
estarmos em contato com pessoas de cultura totalmente diferentes da nossa.
Então para mim deu para ter um apanhado geral do que é realmente uma
Ginástica Geral no mundo, como ela é valorizada e coisa que aqui infelizmente a
gente não tem muito disso.
Foi assim uma experiência maravilhosa, como eu já disse e esta confraternização,
esta união, a participação dos outros países enriqueceu muito a nossa dança e o
nosso modo de ver, nosso modo de pensar, nosso modo de agir também tanto
aqui no Brasil quanto se a gente for se apresentar em outros lugares fora do
Brasil. Então foi uma experiência maravilhosa, aprendemos muito, mas muito
mesmo. Foi muito bom.
Eu acho que a gente poderia ter apresentado mais coisas. Eu acho que a gente
tem condição para isso.
Eu tenho que dizer assim: tudo o que acontece nesta vida é aprendizado e neste
aprendizado eu aprendi mais e muito mais. Lá na Gymnaestrada nós não fomos
muito.... nós fizemos as apresentações, mas era uma coisa corrida, ninguém
estava preparada com nada que estava acontecendo na hora. Você procurava um
lado era naquela porta, ia para outra não era. Foi isso que eu achei de diferente
só. Tenho muito mais coisa boa para falar do que ruim.
A gente se comparou com outras pessoas e a gente acha que cada vez podemos
melhorar mais, apesar da idade, apesar de saber que com a idade o nosso corpo
já tem um limite para fazer os exercícios, acho que vendo aquilo a gente fica mais
animada para continuar praticando.
O grupo ficou muito unido, muito amigo. A gente se ajudava. Foi muito bacana,
por que teve uma união perfeita.
O grupo no primeiro dia, principalmente, estava muito nervoso, bastantes
preocupado, se a coreografia ia ser legal, se ia ser aceita pelo público ou não.
Queria agradar a treinadora, então no primeiro dia estavam todos nervosos, mas
depois a gente entrou no clima da festa, que era realmente uma festa,
confraternização, não esquecendo da coreografia, mas ficamos menos
preocupados se ela ficaria perfeita ou não e nos preocupamos em participar
também da festa.
Eu acho que a gente poderia ter se apresentado um pouco mais em termos de
apresentações e de integração também. Minha participação pessoal, eu achei que
por ser a primeira, por não conhecer o evento até que me dei bem, foi uma
participação boa, que deu bastante resultado assim digamos.
Foi gratificante, foi satisfatório, o grupo teve alguns deslizes, que eventualmente
numa próxima não iremos cometer. Foram situações de marinheiro de primeira
viagem, mas no contexto geral foi exemplar.
Por ser a primeira participação, principalmente minha e de algumas pessoas do
grupo, o nervosismo tomou um pouco de conta da gente e a gente poderia ter feito
melhor, poderia ter sido melhor. Mas na próxima depois de ter experimentado
como é, ter visto como as coisas funcionam, ai vai rolar bem melhor.
Acho que nossa participação até foi boa nos eventos, mas poderia ser mais grupo,
união. Mas como cada um tinha um modo de vida diferente, não era todo mundo
com o mesmo tempo disponível para ensaiar... faltou um pouco disso. Mas no fim
acabou dando tudo certo.
Eu particularmente não gostei muito da minha participação pelo fato de fazer uma
comparação com a outra. Na outra nós tivemos muito mais tempo de ensaio,
muito mais apresentações, muito mais treinamento. Nesta, na minha opinião, acho
que faltou um pouco, por falta de disponibilidade do grupo, falta de disponibilidade
minha mesma e espero que na próxima o tempo maior de planejamento seja um
pouco melhor.
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Olha eu achei bastante interessante para o grupo estar analisando tanto para mim
pessoalmente para ver as diferenças que há entre cada grupo. Que o pessoal estando
unido sai bastante coisa interessante. A gente poderia sentar mais, conversar mais, ensaiar
mais para estar realizando uma coreografia bem melhor do que nós podemos estar
fazendo. A gente pode estar reunindo mais, por que criatividade nós temos, é que tem
preguiça é de expor cada um.
Você aprende a lidar mais com o ser humano, aprende a respeitar o limite do outro,
aprende a se dar melhor, se desenvolver melhor, e você enriquece o seu corpo, você
exercita mais o seu corpo, por que os ensaios exigem de você um condicionamento físico,
então ele exige que você fique em plena forma. Você aprende a se desibinir mais por que
tem uma platéia te olhando, você fica mais desenvolto e fica mais seguro de si.
Não tenho nada.... o meu eu que aprendi muita coisa. O grupo foi maravilhoso e me
ajudaram muito. Em muitas coisas que sou muita insegura. Neste ponto aprendi muito lá.
Os demais não participaram da Gymaestrada.
5. Quais são suas expectativas com relação a continuar praticando a
modalidade?
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Minha expectativa é continuar, principalmente pela amizade que fiz aqui e me
exercitando, por que eu acho que para o corpo e para a mente isso daí é
maravilhoso. Não tem o que é melhor.
Olha, é uma coisa maravilhosa que eu não penso nunca em deixar. Nós criamos
uma amizade maravilhosa e o grupo nos ajuda a continuar nosso dia-a-dia.
Na parte social a gente fica muito melhor, fica mais comunicativa, fica mais aberta
a qualquer diálogo e quanto ao físico eu acho que eu melhorei bastante.
Eu espero que Deus me dê saúde, bastante alegria, e continuar com toda esta
turma maravilhosa. Começa assim, as amigas, o que dá força mesmo é a
professora. A professora vem assim, às vezes você nem ta percebendo que você
não está correto. A professora me chama atenção. Então eu aprendi assim,
agradecer muito obrigada que ela está me chamando, por que nisso daí ela não
está sendo agressiva comigo, ela está me orientando uma coisa que eu preciso
aprender, por que eu nunca fiz ginástica na minha vida.
Eu espero continuar sentindo esta alegria imensa de encontrar com o pessoal,
espero poder sempre estar praticando estes exercícios, que eu consiga dominar o
meu corpo e não diminuir os meus limites mesmo sabendo que um dia vai
diminuir, mesmo que seja para fazer mais devagarzinho eu vou continuar.
Acho que sempre maior. Eu quero crescer nesta modalidade. Uma por que eu
gosto da ginástica, eu gosto da dança e não paro. Acho que o importante é que a
gente não para então não posso parar nesta atividade jamais.
Minhas expectativas são as maiores e melhores possíveis. Depois da minha
participação neste evento eu não quero mais parar. Não vejo a hora. Não quero
ver o tempo passar para daqui quatro anos estar na próxima Gymnaestrada,
participando, fazendo intercâmbio, tendo novos amigos, espero que entrem novas
pessoas no grupo, para também aproveitarem ou desfrutarem desta modalidade
que é muito importante para pessoas verem que não existe só competição e você
pode fazer uma prática sem competição.
As minhas expectativas é que o Brasil consiga um maior número de
representantes na delegação, que consiga maior ajuda para poder continuar
participando dos eventos, se fortifique cada vez mais. Eu espero , continuar e
espero que cada vez mais eu consiga ajudar, não só participando como ginasta,
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mas de repente eu consiga me envolver mais com a Gymnaestrada, ou com a
delegação em si, não só do Brasil, de outros países. Que seja uma troca de
conhecimentos.
As melhores possíveis. Quero continuar. Como somou até então, seria tolice eu
parar. Tenho muito o que aprender com a Ginástica Geral com certeza e para
poder, inclusive, aplicar, não a Ginástica Geral propriamente dita,
necessariamente, mas tudo o que ela oferece de possibilidades de educação
física na minha área profissional e pela satisfação de ir para a Europa de novo.
Enfim, as minhas expectativas são as melhores possíveis pela continuidade do
grupo.
Eu pretendo continuar praticando, por que me identifiquei muito, gostei muito da
Ginástica Geral. Quero participar de outros eventos, quero, inclusive, estar na
próxima Gymnaestrada.
Está nos meus planos de não parar. É ir para frente e ver no que vai dar.
As expectativas vão depender do grupo mesmo. Se o grupo tiver disposto a
continuar, se você perceber uma disposição para isso, se tiver empenhado acho
que tem tudo para dar certo e ser melhor organizado, melhor planejado do que foi
a última.
Eu irei continuar com certeza. Enquanto existir o grupo eu vou querer estar
participando, por que eu adoro dançar e foi uma forma que eu encontrei para dar
continuidade à dança, à Ginástica Geral no caso.
Como meu corpo não é capaz de realizar muitas coisas ele tende a ser mais
criativo. Então eu espero que eu consiga fazer novas formas de movimentos
simples, mas que dê um visual legal. Um final bem legal. E a música também
ajuda, a escolha de música e de repertório. Espero que o grupo consiga escolher
uma música bem legal e movimentos bem legais.
Ao meu ver talvez eu não possa continuar aqui. Se eu não puder continuar com o
grupo, pela distância, pelo orçamento financeiro, daí talvez na minha cidade eu
procure uma participação independente como aqui, mas por enquanto eu pretendo
continuar por que para mim vale muito.
Olha, o grupo tem como objetivo se apresentar, que é uma coisa muito gostosa, e
a continuidade acho que é esta mesma, de continuar sempre me exercitando,
fazendo novas amizades, conhecendo novos lugares, me atualizando, enfim.
Eu pretendo continuar. Eu espero me aperfeiçoar cada vez mais na Ginástica por
que antes de começar eu sentia que era muito dura, enferrujada e agora estou
bem melhor.
Espero continuar com mais saúde, mais vida, por que tudo que eu tenho
alcançado depois desta ginástica.
Eu espero continuar sempre fazendo atividade, principalmente a Ginástica Geral e
principalmente participar do grupo que estou participando.
Acredito que poder conciliar o tempo, trabalho e estudo é uma coisa pouco difícil,
mas como eu tenho a consciência de que isso é necessário eu consiga dar
continuidade à prática da Ginástica Geral.
As minhas expectativas são de continuar sempre pelos benefícios que eu citei,
visando uma realização pessoal também.
A minha expectativa é que a Ginástica Geral cresça, que outras pessoas possam
conhecer esta atividade e espero continuar e participar cada vez mais.
6. Qual o maior fator de motivação para que você pratique GG?
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A amizade é tudo, por que a gente aqui formou um grupo muito unido e a gente
não sabe mais viver uma sem a outra.
Esta motivação são nossas colegas, o trabalho, a ginástica enfim, que fazem que
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a gente saia de casa uma vez por semana pelo menos e a amizade... é muito
bom.
Em primeiro lugar por que a gente formou um grupo, um grupo maravilhoso, e que
a gente não é mais um grupo de estranhos, nós somos uma família. Inclusive com
a professora.
O que me motiva mais, o que eu disse, as amizades. Para mim passou a ser uma
coisa muito boa na saúde, por que a gente fazendo ginástica tudo melhora na vida
da gente e esta ginástica parece simples, mas não é tão simples não por que a
gente põe a cabeça para funcionar e em casa eu fico estudando as ginásticas e ali
estou fazendo os meus neurônios funcionarem direitinho.
Saúde, alegria, participação, entrosamento, valorização, auto-estima da gente
estar praticando isso. A alegria dos familiares, é incrível, mas a alegria dos
familiares dizendo “puxa vida, minha mãe fazendo estas coisas e eu não consigo
fazer”. É impressionante, é demais. Já arrepiei toda.
É exatamente a gente não ficar estagnada, não parar, por que sempre tem idéias,
sempre tem gente nova para conversar, motivos novos e se a gente ficar parada a
gente vai para trás. Eu acho. Tendo um grupo sempre a gente cresce.
Realmente encontrar meus amigos. Como não tem competição, eu vou lá vejo
meus amigos, converso bastante, um ajudo o outro. É claro que tem os conflitos,
mas é sempre pensando no melhor para o grupo e nós acabávamos entrando um
pouquinho na vida de cada um. Isso que motivava mais ainda a participar. Cada
um tinha um problema, chegava lá no ensaio e contava e todos tentavam ajudar
da melhor maneira possível. Isso que mais me motivou, além de gostar muito de
dançar, isso que me prendeu no grupo.
Eu adoro me movimentar, como eu já pratico ballet, como eu gosto de dançar foi o
motivo que me incentivou a participar e também o fato de entrar em contato com
gente de outros países, com gente de outros lugares do mundo.
A possibilidade de criar, de você explorar seu corpo sem a obrigatoriedade de
uma execução técnica melhor ou pior. Na verdade é você explorar seu corpo e
você criar. A criação coreográfica, eu acho genial esta possibilidade de você ver
um tema, ouvir uma música e você já pensar que pode colocar uma coreografia
encima. Isso está acontecendo comigo assim mesmo de uma maneira bem
grosseira, mas já me abriu esta possibilidade. Acho que isso pode me somar
muito.
A prática da ginástica mesmo. Estar em contato com uma modalidade e não ter
tanta cobrança. Você pratica mais pelo prazer de estar praticando um modalidade
ginástica e não ter um compromisso com o alto rendimento.
A maior motivação e estar fazendo uma coisa que eu gosto, ter dança no meio e a
viagem daqui 4 anos.
O maior fator para mim, realmente, é a viagem para o evento que é muito legal.
Infelizmente, mesmo você indo viajar antes ou depois da Gymnaestrada, por que
você acaba fazendo um pouco de correria, apesar de você ficar sete ou oito dias,
você sente que não conheceu o lugar, que precisava de mais. Pena que são só
sete dias, pois é um evento muito legal. Este é meu objetivo maior, meu ponto
principal. Lógico que estar com os amigos na viagem é muito legal.
A motivação que me dá em primeiro lugar é estar entre pessoas que eu gosto,
apesar das brigas, mas é algo que eu gosto de fazer, é dançar. Então eu quero
dar continuidade e é estar entre pessoas para estar expondo o meu modo de
pensar, meus sentimentos por que eu acho que na dança a gente consegue fazer
isso, expor nossos sentimentos.
Como meu corpo não é capaz de realizar muitas coisas ele tende a ser mais
criativo. Então eu espero que eu consiga fazer novas formas de movimentos
simples, mas que dê um visual legal. Um final bem legal. E a música também
ajuda, a escolha de música e de repertório. Espero que o grupo consiga escolher
uma música bem legal e movimentos bem legais.
Em primeiro lugar é uma independência para mim. Por que eu fui sempre aquela
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pessoa, tive cinco filhos então só via o lado maternal. Criei meus filhos, eu mesma
que cuidei, não dei para outras pessoas, e nem para a escolinha, como é o dia de
hoje. Mas para mim foi maravilhoso, continua sendo uma experiência notável.
Para mim ampliou muito minha visão, meu ego, sabe, eu mudei muitos aspectos
em relação à casa, eu consegui separar a família e o lazer. Para mim a Ginástica
Geral é uma realização, é um sonho por dentro de mim. Eu já mudei muito.
A amizade. É o grupo, esta amizade gostosa que tem, faz um bem muito grande.
Por que a gente compartilha não só a dança, mas amizades, os problemas, os
momentos de alegria, os momentos de tristeza, então isso é muito bom,
principalmente na faixa de idade que a gente se encontra é muito importante.
O maior fator justamente por que eu sou muito encucada com as coisas, eu
preciso sempre me ocupar com alguma coisa e a Ginástica está me fazendo bem.
É encontrar com minhas amiga da mesma idade que eu. Na idade que a gente
está tem que procurar sua turma.
Primeiro, eu gosto muito de estar com o grupo, gosto muito de atividade em grupo
e estes é um dos maiores motivos. Eu preciso estar em atividade em grupo.
Acredito que o principal fator de motivação seja o relacionamento com as outras
pessoas, o convívio em grupo.
Satisfação pessoal no sentido de conviver com o grupo e de poder continuar
praticando uma atividade que beneficia a mente e o corpo em conjunto.
O prazer de dançar e o contato com as pessoas.
7. Com relação à sua participação nos eventos de GG no Brasil, o que você tem a
comentar?
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É bom. Eu acredito que agora com esta participação na Europa, em Lisboa, vai
abrir mais caminho para a gente, para gente poder fazer mais apresentações aqui.
Acredito que isto já esteja ocorrendo.
Sim. A nossa participação aqui no Brasil foi muito boa. Onde a gente participou
tivemos novas experiências e sempre aprendendo cada vez mais. É muito bom
para gente. Pena que a gente não pode ir em todas as apresentações que tem.
Eu acho que a gente deve participar. Quando tiver oportunidade e também se tiver
ajuda de custo é muito bom, pois a gente ter que custear é que complica. A gente
não tem incentivo nenhum, fica pesado para a gente. Se tivesse incentivo mais
gente participaria.
Eu acho que sempre foram bons os eventos. No começo tivemos um pouquinho
de dificuldade que nós não tínhamos lugar para sentar, para esperar chegar nossa
vez. Aquilo foi um pouquinho desagradável. Mas de outras vezes foi bom demais.
Inclusive aquela que nós fomos para Curitiba, houve um desentendimento, uma
espécie de confusão com a pessoa que tinha que reservar o hotel para gente.
Tem gente que não entende, fica muito brava, mas eu procuro levar tudo na base
da brincadeira.
No Brasil.... bom... eu acho que está precisando um pouco de incentivo. Acho que
deveria ter sido um dos pontos negativos a ser falado. A gente não tem incentivo
de autoridades. A gente não tem muito incentivo do povo em geral, por que não é
fácil, acho que é mais difícil na idade em que a gente está estar fazendo isso. Mas
quem sabe muda. Acho que é incentivo público, da Prefeitura, do Estado. Eles
precisam dar mais atenção para gente. O que depender da gente a gente faz. O
que depender dos outros vai ser difícil a gente conquistar.
Muito bons. Eu não tenho nada de errado. Alguns eram um pouco cansativos, mas
de modo geral sempre foram muito gostosos, sempre muito bom.
O fato marcante realmente é a falta de público, muita gente não conhece ou fica
preso às quatro modalidades, basquete, voley, handbol e futebol, principalmente,
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então a prática de ginástica fica muito restrita ao grupo que conhece ou que quer
participar realmente agora público de fora que quer participar realmente nós não
temos e até um fato, até o futebol que motiva as pessoas a praticarem muitas
vezes é o público, no nosso caso não, nem sempre é o público. Quando há
público são os familiares que você chama por que você já está no meio da
ginástica. Isso que eu tenho a comentar sobre a ginástica no Brasil. A organização
peca muitas vezes, mas sempre tentando o melhor, alcançar a perfeição.
Como eu nunca tinha tido um contato antes, eu achei que são eventos muito bons,
muito importantes, mas eu acho que poderiam ter mais eventos, que o Brasil
poderia divulgar mais a Ginástica Geral.
Falta ainda... eu não digo que falta profissionalismo. Dá para ser mais organizado,
dá para ser mais bem feito. Acho que tem pessoas para trabalhar, para atuar, para
apresentar. Tem público, falta um pouco de organização. E as instituições
responsáveis direcionares os interesses de cada grupo e dialogar mais com estes
grupos. Deixar o ego de lado e deixar a modalidade fluir naturalmente.
Para mim são interessantes e mesmo nestes eventos vendo grupos brasileiros, e
dá para ver a diferença de entendimento da GG deles com relação à Ginástica
Geral. Cada grupo tem um entendimento, tem uma linha de trabalho. Esta
diferença fica clara nos grupos do Brasil.
Achei que no Brasil eu tive pouca participação. Eu participei de dois que foi o que
eu consegui por falta de tempo, eu acho que deveria ter participado muito mais,
mas foi o que eu consegui estar fazendo. No final eu consegui atingir o que eu
queria. Pretendo participar dos próximos.
Aqui no Brasil estão encaminhando bem. Infeizmente não tem um maior
intercâmbio entre os grupos de outros estados, por várias razoes: dimensão do
país, falta de apoio, falta da parte financeira mesma para você ir e para você ficar
em outros lugares. Eu acho que aqui no Estado de SP está sendo feito um bom
trabalho. Estão acontecendo apresentações, congressos, clínicas e acho que
poderia se intensivar um pouco mais. Depende também da disponibilidade da
federação e dos próprios grupos em participar de todos os eventos.
Eu participei de todas as apresentações e pretendo participar de mais por que eu
gosto.
Acho que são pouquíssimos eventos, por ter tantos atletas no Brasil deveria ter
uma maior integração entre os atletas, um grupo ter mais acesso ao outro. Os
eventos deveriam ser mais constantes, não sei se bimestrais ou semestrais e esta
troca acontecer mais e mais.
A participação foi maravilhosa, foi tudo de bom, foi uma emoção que eu não tenho
nem palavras para dizer. No meio daquelas ginastas, eu com 59 anos e foi a
primeira vez na minha vida que eu participei de eventos assim. Não tem como eu
falar o mais, o mais, o mais.Para mim foi.
Olha, gostei muito. São eventos que têm uma interação muito grande com outros
grupos, são bem organizados. A gente sente assim muito valorizada. De modo
geral gostei de todos eles.
Apesar do meu nervosismo, por que em todas as minhas apresentações eu fico
nervosa, eu sinto uma emoção em participar dos eventos.
Tenho a comentar que a gente só tem achado muito apoio de muita gente,
elogios.
Primeiro lugar, para mim foi muito importante por que eu passei a ser mais livre,
eu era muito tímida, eu me desinibi muito com isso.
Com relação aos eventos de GG no Brasil acredito que falta uma organização
geral para a realização destes eventos, onde muita politicagem ocorre,
prejudicando a massificação da atividade e assim, não tem desenvolvimento
nenhum dos lados, nem que participa nem quem tenta promover.
No Brasil minha participação foi bastante proveitosa, troquei vários tipos de
experiências, tanto participando como assistindo outros grupos também,
enriqueceram bastante o meu conceito sobre Ginástica Geral.
PRATICANTE 22
Foram poucas as minhas experiências, mas foram muito importantes,
principalmente a primeiro que foi muito marcante e acho que é bem organizado,
pena que as pessoas não conheçam, mas a partir do momento que comecei a
conhecer eu acho que dá para crescer muito mais a Ginástica Geral no Brasil.
ANEXOS
ANEXO A
Escola de Animais
Era uma vez uma época em que os animais freqüentavam a escola. Eles tinham quatro matérias:
corrida, escalada, vôo e natação. E todos os animais precisavam fazer todas as matérias.
A pata era boa em natação e teve notas para passar na corrida e no vôo, mas estava sem
esperanças na escalada. Então, os mestres a fizeram desistir de nadar a fim de que praticasse
mais a escalada. Em breve, ela se tornou apenas média em natação, e ninguém se preocupou
mais com isso, exceto o pato.
A águia era causadora de problemas. Na aula de escalada ela vencia todos no alto da árvore,
mas tinha seu próprio meio de chegar, o que era contra as regras. Ela sempre tinha que ficar
depois das aulas e escrever quinhentas vezes “trapacear é errado”. Isso a mantinha longe do
voar, que ela amava. Afinal, o trabalho escolar vinha em primeiro lugar.
O urso foi reprovado porque diziam que era preguiçoso, especialmente no inverno. Sua melhor
época para freqüentar a escola era nos meses do verão, mas a escola não funcionava nesse
período por causa das férias.
O pingüim nunca foi à escola porque não podia sair de casa e não havia possibilidade de se
abrir uma escola onde ele morava. A zebra, por sua vez, gostava de jogar hóquei, mas os pôneis
debochavam de suas listras e isso a deixava triste.
O canguru era um dos melhores na aula de corrida, mas se desencorajava a correr nas quatro
patas como os outros animais. Já o peixe abandonou de vez a escola. Para ele, as quatro
matérias eram muito parecidas e ninguém entendia isso. Os outros animais nunca tinham visto
um peixe.
O esquilo tirou nota “A” em escalada, mas seu professor de vôo o fez começar tudo de novo,
em vez de ficar pulando do alto da árvore para baixo. Suas pernas ficaram tão doloridas ao
praticar vôo, que ele conseguiu somente nota “C” em escalada e “D” em corrida.
De todos os animais, a abelha foi o que apresentou mais problemas. O professor a enviou ao Dr.
Coruja para que a testasse. O Dr. Coruja disse que as asas da abelha eram muito pequenas para
voar e, além disso, elas estariam no lugar errado. Mas a abelha nunca chegou a ver o relatório
do Dr. Coruja. Então, foi em frente e voou assim mesmo21.
21
Texto do Informativo da ABD – Associação Brasileira de Dislexia citado por PEREZ GALLARDO, J. S. et al.
Didática da Educação Física: a criança em movimento, jogo, prazer e transformação. São Paulo: FTD, 1998. p. 33.