“Lei tampão” reaquece a construção em São José - Sinduscon-SP
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Sua obra merece produtos de qualidade. Pensando nisso, a CompraCon-SP reuniu os melhores fornecedores do ramo, proporcionando para sua construtora condições especiais do setor. Acesse o site para conhecer mais sobre a CompraCon-SP e como a sua construtora pode fazer parte deste grupo! www.compracon.com.br EDITORIAL Desoneração urgente! Sergio Watanabe* N este início de 2011, foram baixados dois importantes dispositivos legais para aumentar a segurança do trabalho na construção. Um deles, de âmbito nacional, foi a portaria do Ministério do Trabalho e Emprego que introduziu aperfeiçoamentos sobre andaimes. Um dos maiores méritos das modificações introduzidas foi o processo de trabalho tripartite que as originou. Durante dois anos, o Comitê Permanente Regional de São Paulo da NR 18 realizou profundo diagnóstico, com intensa participação do SindusCon-SP e de outras entidades de empregadores, representantes dos trabalhadores, do MTE, do Ministério Público do Trabalho e dos fabricantes e montadores de andaimes. As propostas de alteração chegaram tão amadurecidas ao Comitê Permanente Nacional da NR 18 que logo foram aprovadas e publicadas. Entre as alterações está um prazo de 12 meses para que todas as partes dos andaimes tragam gravados, de forma aparente e indelével, o nome do fabricante, referência do tipo, lote e ano de fabricação. Somente empresas inscritas no Crea, com profissional legalmente habilitado, poderão fabricar andaimes completos ou componentes estruturais. Os projetos do tipo fachadeiro, suspensos e em balanço precisarão ser acompanhados por ART. Os trabalhadores devem utilizar cinto de segurança tipo paraquedista ligado a cabo guia fixado em estrutura independente do equipamento. Ficou proibido o trabalho em andaimes na periferia da edificação sem proteção adequada. Os andaimes de madeira só podem ser utilizados em obras acima de 3 pavimentos ou altura equivalente se projetados por profissional legalmente habilitado. Novos regramentos aumentam segurança do trabalho porém vão elevar custos Nos equipamentos deve constar a carga máxima de trabalho permitida. Em 48 meses, ficará vedada a utilização de guinchos tipo catraca dos andaimes suspensos para prédios acima de 8 pavimentos. A outra novidade, esta voltada à construção na capital paulista, foi a instituição de portaria dispondo que a instalação e a utilização de gruas em canteiros de obras particulares, quando a ponta da lança se projetar sobre o espaço público aéreo, ficam condicionadas à prévia expedição de alvará de autorização. A publicação da portaria aconteceu depois de meses de uma atuação intensa do SindusCon-SP e de outras entidades da construção, para que houvesse um en- tendimento uniforme dos diversos órgãos da prefeitura com base na legislação, sem que se fizessem exigências desprovidas de fundamento técnico das construtoras. A expedição do alvará será feita de forma eletrônica. A grua deverá ser instalada no terreno dentro dos recuos previstos em lei. Com exceção da ponta da lança sem carga, nenhuma outra parte do equipamento poderá se projetar para além dos limites do terreno. A ponta de lança terá de estar afastada no mínimo 3 metros de qualquer obstáculo e se projetará no máximo 10 metros além do limite do lote. A NBR 7678 deverá estar atendida, incluindo a construção de cobertura de proteção sobre o passeio, e os demais preceitos legais e normativos contidos na legislação municipal. E a grua deverá ser imediatamente desmontada em caso de paralisação da obra. A atuação do SindusCon-SP obteve sucesso, evitando-se exigências tecnicamente descabíveis. Mas é certo que as construtoras terão mais dois regramentos a cumprir que, embora meritoriamente visem elevar a segurança, inevitavelmente aumentarão o custo de produção. A necessidade de desonerar a produção é premente. O setor, um dos que mais promovem o crescimento econômico e geram emprego e renda, necessita urgentemente de medidas concretas para desonerá-lo e elevar sua produtividade. * Presidente do SindusCon-SP , entários, críticas Envie seus com as stões de tem perguntas e suge : para esta coluna .br dusconsp.com presidente@sin REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 3 Escreva para esta Seção [email protected] - Fax (11) 3334-5646 R. Dona Veridiana 55, 2º andar - 01238-010 - São Paulo voz do leitor 75 anos do SindusCon-SP Meus cumprimentos e felicitações ao presidente e aos ex-presidentes do SindusCon-SP pelo sucesso da festa dos 75 anos do SindusCon-SP. Vocês, numa demonstração de união e continuidade do ideário de lutas, conquistaram o reconhecimento da construção como uma das protagonistas do desenvolvimento sustentável. Ressalto outro motivo de grande alegria, o lançamento da edição especial do livro comemorativo, com a história do Estado de São Paulo e do SindusCon-SP, dando destaque à atuação da entidade pelo fortalecimento da construção civil no âmbito do pujante crescimento econômico paulista e brasileiro nestas últimas sete décadas e meia. A Fiabci/Brasil, com o orgulho de poder 6 Capa SindusCon-SP aponta desafios para disseminar o BIM no país ‘Há o pequeno e o grande BIM’ Modelagem 3D também vai à escola Gafisa testa quatro softwares Laser scanner controla qualidade no canteiro Processo afeta cotidiano dos profissionais Implantar é tarefa monumental 14 Habitação Prefeitura de SP almeja déficit zero Secretário defende Moradia Digna 17 Meio Ambiente Estudos balizarão ações ambientais Depave aceita debater TCAs contar com o SindusCon-SP como um de seus principal members, está à disposição para contribuir no que for necessário, Ricardo Yazbek Presidente da Fiabci/Brasil No Interior Agradeço o exemplar de Notícias da Construção (nº 96, dezembro/2010) e registro meus votos de parabenização, desejando sucesso e pleno êxito a todos os integrantes da Diretoria do SindusCon-SP. Coloco-me à disposição na sede do Poder Executivo de nossa cidade, Marco Aurélio Bertaiolli Prefeito de Mogi das Cruzes 18 SindusCon-SP em Ação Hato promete lutar pela habitação Ramalho atuará pela construção Dilma promete gerar emprego Capital sediará Enic em agosto 25 Relações Capital-Trabalho Antonio Pereira: dever cumprido 26 Relações Internacionais Britânicos visitam o sindicato Missão técnica irá a Londres 31 Responsabilidade social ConstruSer esperar reunir 40 mil 32 Regionais Campinas celebra sucesso de 2010 “Lei tampão” reaquece setor em São José Sorocaba apoia programa de TV Ribeirão orienta sobre segurança Rio Preto festeja Jubileu de Prata Bauru lidera geração de empregos Santos analisa potencial menor colunistas 5 Robson Gonçalves – Conjuntura 28 12 Celso Petrucci – Financiamento 30Maria Angelica Lencione Pedreti – Gestão 16 José Carlos Puoli – Legislação Ambiental 36Antonio Jesus de Britto Cosenza – Marketing Pedro Luiz Alves – Motivação 20Maria Angelica Covelo Silva – Gestão da Obra 38Marcos Minichillo de Araújo – Jurídico 24 40Ercio Thomaz – Soluções Inovadoras José Carlos Sampaio – Desafios no Canteiro Presidente Sergio Tiaki Watanabe Vice-presidentes Cristiano Goldstein Delfino Paiva Teixeira de Freitas Francisco Antunes de Vasconcellos Neto Haruo Ishikawa José Antonio Marsilio Schwarz José Carlos Molina José Roberto Pereira Alvim Luiz Antônio Messias Marcos Roberto Campilongo Camargo Maristela Alves Lima Honda Mauricio Linn Bianchi Odair Garcia Senra Paulo Brasil Batistella Diretores das Regionais José Batista Ferreira (Ribeirão Preto) José Roberto Alves (São José dos Campos) Luís Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente) Luiz Cláudio Minniti Amoroso (Campinas) Renato Tadeu Parreira Pinto (Bauru) Paulo Piagentini (Santo André) Ricardo Beschizza (Santos) Ronaldo de Oliveira Leme (Sorocaba) Emilio Carlos Pinhatari (São José do Rio Preto) Representantes junto à Fiesp Titulares: Eduardo Capobianco, João Claudio Robusti Suplentes: Sergio Porto, Artur Quaresma Filho Assessoria de Imprensa Rafael Marko - (11) 3334-5662 Nathalia Barboza - (11) 3334-5647 conselho editorial: Delfino Teixeira de Freitas, Eduardo May Zaidan, José Romeu Ferraz Neto, Maurício Linn Bianchi, Francisco Antunes de Vasconcellos Neto, Odair Senra, Salvador Benevides, Sergio Porto SUPERINTENDENTE: Antonio Laskos gerência de mercado: Igor Archipovas Secretaria: Marcia Laurino editor responsável: Rafael Marko REDAÇÃO: Nathalia Barboza (São Paulo) com colaboração das Regionais: Ester Mendonça (São José do Rio Preto) Giselda Braz (Santos) Homero Ferreira (Presidente Prudente) Enio Machado, Pasquarelli Junior, Denise Kelen (São José dos Campos) Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin (Ribeirão Preto) Nerli Peres (Sorocaba) Sabrina Magalhães (Bauru) Sueli Osório (Santo André) Vilma Gasques (Campinas) comunicação: Marcelo da Costa Freitas/Chefe de Arte Jecyane Costa/Produtora Gráfica Sanders Caparroz Giuliani/Designer Gráfico Bruno Rizzo Ludovici/Designer Gráfico Andressa Jesus da Silva/Web Designer Valdemir Lima/Programador Web PUBLICIDADE: Vanessa Dupont [email protected] Tel. 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Embalada por esses fatos e pegando carona no transbordamento da imensa popularidade de seu antecessor, imagina-se que a presidente irá se beneficiar do típico “efeito lua de mel”, aquela fase que caracteriza os primeiros meses de governo na qual a alegria da eleição consagradora contagia o ânimo dos governantes e a avaliação dos governados. Mas, se no campo político é possível “deitar em berço esplêndido” nessa fase, no campo econômico é preciso trabalhar duro, pois a herança deixada por Lula exige ações rápidas. Em qualquer país do mundo, as variáveis econômicas podem se combinar de formas diferentes, gerando diferentes conjunturas. Mas, se as proporções forem as erradas, os mesmos ingredientes que resultam em delícias podem gerar verdadeiros desastres. No caso brasileiro, crescimento econômico, emprego, inflação, juros e câmbio são esses ingredientes. Ao final da “Era Lula”, assistimos, finalmente, ao espetáculo do crescimento. 7% ou mais de expansão do PIB é algo que os brasileiros com menos de trinta e poucos anos jamais viram. Mas, despreparada para esse arranque, a economia do país acabou manifestando Herança econômica deixada por Lula exige ações rápidas do governo Dilma a febre inflacionária. O IPCA, índice oficial do Regime de Metas, fechou o ano se aproximando perigosamente de seu limite superior. Juros altos atraíram capitais especulativos e levaram à valorização excessiva do real. Mais de 2,5 milhões de empregos foram criados e, mesmo com juros altos, as vendas no varejo voaram alto. O saldo da balança comercial se deteriorou, colocando o país, uma vez mais, diante da necessidade de continuar atraindo capitais estrangeiros crescentemente especulativos. Aquecida pelo fogo alto da campanha eleitoral de 2010, que costuma afastar as medidas amargas do cardápio, essa receita gerou um resultado digno dos grandes confeiteiros. Um pão doce, de aparência agradável e delicada, chamado pleno emprego. Por fora, o brilho do crescimento econômico, do faturamento em alta, das lojas cheias de consumidores felizes, do crédito abundante, dos funcionários públicos com salários generosos e, por vezes, até merecidos. Mas a mistura também se mostra indigesta. Corrigi-la talvez exigiria um ou dois anos de sacrifícios. Por exemplo: medidas para corrigir a valorização cambial são potencialmente inflacionárias e demandariam juros mais altos para conter a alta de preços. Juros altos, por seu turno, elevam os gastos financeiros do governo e, portanto, requereriam cortes em outros gastos. Mas a folha de pagamentos do setor público, inchada nos últimos anos, é parcialmente incompressível. Restaria cortar investimentos. Mas isso aumentaria as carências de nossa infraestrutura já tão debilitada. Então, o que fazer? Se fosse possível voltar no tempo, talvez Dilma quisesse alertar o presidente Lula para que reunisse uma herança mais benéfica para sua sucessora e se encantasse menos com os recordes de popularidade. Mas, como não existem máquinas do tempo, é melhor esquecer a lua de mel e arregaçar as mangas. Antes que a receita desande de vez. * Professor dos MBAs da FGV e consultor da FGV Projetos , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co [email protected] lve robson.gonca REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 5 Fotos: Jorge´s Estúdio Fotográfico CAPA Membros do SindusCon-SP e convidados especialistas em BIM no seminário realizado no Centro Brasileiro Britânico SindusCon-SP debate desafios para disseminar o BIM no país Nathalia Barboza Interoperabilidade entre diferentes soluções e sistemas, falta de qualificação de equipes e desenvolvimento das bibliotecas de componentes. Esses foram alguns dos obstáculos ao desenvolvimento do BIM (Building Information Modeling) no Brasil apontados no “Seminário BIM – Modelagem da Informação na Construção – Meto- 6 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO dologia que revoluciona o processo produtivo de edifícios”, promovido em dezembro pelo SindusCon-SP. O seminário contou com a presença de experts internacionais, como Jan Reinhardt, dos EUA. O evento superou as expectativas e reuniu 210 profissionais de incorporadoras, construtoras, empresas de projetos, fabricantes de materiais, acadêmicos e outros agentes do mercado em torno do BIM, que pode ser definido como uma coleção de modelos digitais em 3D criados por diferentes agentes mas que dão, no final, uma visão unificada do projeto. O conceito envolve fundamentalmente a modelagem das informações de um edifício, criando um modelo integrado de todas as disciplinas associadas (estruturas, elétrica, hidráulica etc.). “Este é sem dúvida mais um serviço de grande valia que o CTQ (Comitê de Tec- nologia e Qualidade) presta às associadas do SindusCon-SP. Compartilhar conhecimentos que impulsionem a qualidade, a tecnologia e a produtividade na construção é uma das mais belas contribuições que o CTQ tem dado às empresas”, afirmou o presidente Sergio Watanabe, na abertura do evento, realizado em parceria com o Comasp (Comitê de Meio Ambiente). Na ocasião, também participaram o vice-presidente do SindusCon-SP Mauricio Linn Bianchi; Paulo Sanchez, coordenador do CTQ; Salvador Benevides, coordenador de Missões e Eventos do CTQ; e Fernando Augusto Correa da Silva e Jorge Batlouni Neto, membros do CTQ e coordenadores do evento. Durante o dia, especialistas de diferentes áreas discutiram ainda os atuais estágios do BIM no Brasil, as pesquisas em andamento e a realidade do ensino do processo nas universidades, além das necessidades para o desenvolvimento de projetos no país. Fortes razões Diante da recente mudança de patamar de produção da construção brasileira, as empresas “estão no limite que a metodologia de processos de projeto, orçamento, planejamento, controle e execução de obras pode oferecer”, segundo Maria An- gelica Covelo Silva, coordenadora técnica do evento, diretora da NGI Consultoria e Desenvolvimento e coordenadora de um grupo interinstitucional sobre BIM no Brasil. “A modelagem veio para ficar. Por mais racionalizada, organizada e competente Para especialistas, principal barreira ainda é a interoperabilidade entre os softwares que seja a metodologia de uma empresa, não se conseguem resultados melhores do que os atuais que envolvem grande complexidade gerencial e um patamar de riscos ainda possível de redução”, argumentou a engenheira. Maria Angélica expôs pelo menos cinco fortes razões para que as empresas acreditem no potencial do inovador BIM como importante instrumento do setor e invistam em sua utilização. “A primeira delas é o aumento de horas de muitos especialistas para resolver todas as interfaces típicas de um projeto, após o crescimento de volume de produção.” Segundo ela, há ainda que se ponderar o aumento de tamanho e de complexidade técnica dos empreendimentos, a realidade de mão de obra insuficiente quantitativa e qualitativamente e o risco de queda da qualidade pelo uso de sistemas construtivos tradicionais. “O contexto atual da construção no país, em especial, da produção de edificações é determinante da necessidade de grandes alterações no processo de produção. O crescimento repentino do setor trouxe para as empresas a necessidade de reduzir drasticamente o ciclo de Maria Angélica: cinco razões para ter o BIM O consultor Jan Reinhardt, especialista na implementação do BIM nas empresas produção. A disponibilidade de recursos para financiamento e com ela o aumento da velocidade de vendas dos empreendimentos, assim como os compromissos de resultados perante investidores, conjugam condições que justificam e exigem a redução do ciclo de produção de empreendimentos a partir da compra do terreno”, sentenciou. “Por outro lado”, disse, “tais condições impõem a necessidade de reduzir o retrabalho, a correção de erros e as incompatibilidades, em especial, durante a execução da obra. Independentemente do sistema construtivo, a obra precisa ser contínua e ter alta produtividade”. Ela lembrou que as atividades no canteiro são sequenciais e não têm como se sobrepor simultaneamente aos projetos e compatibilizá-los na sua concepção. Para ela, esta redução do ciclo completo entre projeto e conclusão da obra deve ser acompanhada de precisão e garantia de desempenho do prédio. “Também não podemos deixar de considerar que a organização das informações num único modelo contribui enormemente para a gestão da operação e manutenção futura do edifício”, finalizou. ‘Há o pequeno e o grande BIM’ O BIM não é igual em duas empresas no mundo. Há o ‘pequeno BIM’ e o ‘grande BIM’. Cabe a cada construtora saber quais as suas reais necessidades e o melhor caminho. As afirmações são de Lúcio Soibelman, professor e pesquisador do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental de Carnegie Mellon University, nos Estados Unidos, que participou do Seminário sobre BIM do SindusCon-SP. “Todo mundo pode ir para o ‘grande BIM’, mas precisa ver se vale a pena”, completou. Para Soibelman, antes de “sair gastando US$ 100 milhões em softwares de BIM” é importante avaliar o custo benefício para a empresa e só depois dimensionar as ferramentas a serem adquiridas. Até os motivos pelos quais as empresas adotam o BIM nos EUA são diferentes daqueles das companhias brasileiras, afirmou Soibelman. “No Brasil, parece que é mais comum buscar o processo BIM para acelerar o projeto e organizar o trabalho, detalhando mais ou menos cada objeto, dependendo da necessi- dade. Por lá, é muito mais usado pelos general contractors, os donos do empreendimento, que usam a ferramenta para coordenar o trabalhos dos subempreiteiros, além de evitar mudanças que parem uma obra no canteiro”, comentou. “Por isso o número de change orders é tão medido e vale tanto nos EUA”, disse. Para ele, no Brasil dá-se muita importância para o projetista, que é quem menos ganha com o BIM –ele continua fazendo seus projetos como antes. Quem sai ganhando mais são o construtor, que não terá retrabalhos, e o cliente, que economizará recursos destes retrabalhos. Interoperabilidade A questão da mudança de cultura para quem passa a usar o BIM também é um ponto sensível. “Até os contratos precisam ser redigidos de forma diferente. Por se tratar de um projeto digital, tudo tem de ser definido entre as partes. Isso inclui os protocolos de como armazenar os arquivos, os tamanhos máximos e suas versões”, afirmou. Gaúcho, Soibelman é referência de BIM nos EUA A comunicação integral entre os diferentes softwares, chamada de interoperabilidade, foi apontada como um dos principais entraves à consolidação da ferramenta no Brasil. Para, o problema recai, principalmente, sobre as construtoras. “Não dá para pedir que cada projetista use o mesmo sistema BIM da construtora. O escritório trabalha com vários clientes e não é possível usar um software para cada cliente. A construtora tem de integrar as informações dos projetos”, ponderou. Modelagem 3D também vai à escola Duas apresentações do seminário refletiram a análise da metodologia BIM como tema de pesquisa que vem sendo conduzido por uma rede de universidades brasileiras e como tema de ensino nos cursos de graduação. “A Finep disponilizou R$ 2,5 milhões para, entre outras, uma pesquisa do uso do BIM no canteiro de obra”, revelou o professor Eduardo Toledo Santos, pesquisador do Departamento Sergio Scheer (acima) e Eduardo Santos discutiram o papel das universidades de Engenharia de Construção Civil da Poli-USP. O professor e pesquisador da Universidade Federal do Paraná Sergio Scheer afirmou que, além da formação e capacitação de pessoal, a universidade também precisa mudar a forma de “venda do seu conhecimento”. Segundo ele, “99% das teses ficam nas prateleiras porque não interessam às empresas”. Gafisa testa quatro softwares Algumas das primeiras experiências brasileiras de implantação do BIM em projetos residenciais foram apresentadas por Ewerton Bonetti, gerente de projetos da Gafisa. Ele revelou detalhes dos cinco projetos simultâneos que a incorporadora está desenvolvendo há um ano, cada um deles com um dos diferentes sistemas de softwares disponíveis no Brasil. “Não dá para manter a produtividade sem que, de vez em quando, seja preciso parar para afiar o machado”, justificou Bonetti, lembrando a parábola dos lenhadores que disputavam quem cortava mais madeira no menor tempo. “Para o volume de obras que temos pela frente, o BIM será fundamental, sobretudo porque representa um aumento de produtividade”, definiu. Pioneirismo A ideia pioneira da Gafisa é testar os principais softwares BIM disponíveis no mercado, com o apoio de entidades do setor, entre elas o SindusCon-SP. Para isso, a empresa montou cinco equipes de funcionários, projetistas terceirizados e consultores. Com o software Revit, estão sendo projetados um empreendimento em Brasília (DF) e outro em Goiânia (GO). Com a ferramenta da Bentley, um imóvel em Santos (SP). O Nemetschek/ VectorWorks ajuda a projetar outro em São José dos Campos (SP). E com o ArchiCAD, da AutoDesk, mais um prédio será feito em Goiânia (GO). “O objetivo é conhecer melhor cada uma das ferramentas e explorar o potencial dos projetistas”, disse Bonetti. “Para o futuro, nossa intenção é que 100% dos projetos sejam desenvolvidos com BIM, mas isso acontecerá no médio prazo. Em 2011, daremos continuidade a esses cinco projetos e iniciaremos outros nove”, revelou. Bonetti (no detalhe e apresentando os cases no evento): meta é conhecer melhor as ferramentas Abrir o leque Bonetti informou que, mesmo após a extensão do BIM a todos os projetos, a Gafisa pretende continuar usando as quatro plataformas. “Nunca pensamos em fazer tudo com uma ferramenta só. Nossa intenção sempre foi diversificar. Não queremos monopólio, queremos abrir o leque”. “É mesmo ruim que se tenham softwares proprietários”, alertou Jan Reinhardt, diretor da Adept Project Delivery. “A flexibilidade é necessária e não podemos nos dar ao luxo de usar uma ferramenta de segunda.” Bonetti justifica que, desta forma, a empresa dá aos projetistas mais liberdade para escolher o software que melhor se adapte a cada um. Porém, adverte: “É claro que se percebermos que alguma ferramenta não está se adaptando à nossa expectativa, ela pode ser descartada. Mas até o momento não descartamos nenhuma”. Laser scanner controla a qualidade no próprio canteiro Lúcio Soibelman apresentou também as vantagens do laser scanner, que calcula automaticamente as medidas de um ambiente e as passa para o computador, acelerando as decisões e controlando a qualidade do serviço. “Numa escavação, por exemplo, é possível medir a cada 10 minutos o terreno para saber qual a produtividade da equipe. Com isso, é possível definir a tempo se será preciso mais uma máquina escavadora para não atrasar a obra”, comentou. “Numa ponte, a análise do prumo da estrutura pode ser feita em duas ou três horas”, complementou. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 9 Processo BIM afeta cotidiano de todos os profissionais O debate das condições e necessidades para implantação do BIM nas diversas especialidades de projeto – arquitetura, estruturas e sistemas prediais– aconteceu na forma de uma mesa redonda, durante o Seminário BIM –Modelagem da Informação na Construção. Segundo Eduardo Sampaio Nardelli, professor e pesquisador da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Presbiteriana Mackenzie, para implementar o BIM só falta a integração dos processos entre os diferentes profissionais, “até porque os escritórios de arquitetura já contam com os softwares”. Mas ele alertou que a implantação do BIM deverá afetar também a composição das equipes de projeto. Para Eduardo Nardelli, composição das equipes será afetada pela implementação do BIM nas empresas “As decisões, que normalmente se concentram no projeto executivo, serão antecipadas. [Com o BIM] as deliberações na fase de concepção do empreendimento e de estudos preliminares já são, de certa forma, executivas. Essa talvez seja a mudança mais dramática da implantação do BIM: o cadista vai ser um especificador, mesmo que ele não queira. Significa que o staff terá que ser mais sênior”. completo. Faltam adaptações de funcionalidades, bibliotecas e recursos de cálculo”, comentou Fábio Pimenta, diretor da Projetar Projetos de Sistemas. Por outro lado, pouca adequação é necessária para modelar os sistemas de combate a incêndio e de climatização. Unicidade No curto prazo, o consultor Francisco Paulo Graziano, diretor da Pasqua Patinho feio Com relação ao desempenho individual de cada software, os participantes sinalizaram que a questão está resolvida para projetos de arquitetura e estruturas. O “patinho feio”, no entanto, é a área de instalações prediais, cujas ferramentas ainda não estão completamente adequadas. “Para hidráulica e elétrica, os softwares de BIM disponíveis ainda não são utilizáveis de imediato no projeto Esforço de transformação do jeito de trabalhar vai ser recompensado, afirmou Francisco Graziano 10 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Pimenta: instalações prediais estão atrasadas Graziano & Associados Consultoria, Concepção Estrutural e Projeto, afirmou que será possível arquivar todas as informações inerentes a um projeto em um mesmo banco de dados. No entanto, segundo ele, será necessário ter uma unicidade de linguagens entre os arquivos. Segundo ele, este esforço de transformação do jeito de trabalhar vai ser recompensado com um envolvimento maior de toda a equipe sem que isso signifique um número maior de reuniões de compatibilização dos diferentes níveis de projeto. A responsabilidade sobre a criação das bibliotecas de componentes e sistemas também esteve no centro das discussões, com as construtoras defendendo que os fabr icantes de materiais deveriam responsabilizar-se por d e s e nvo l ve r e disponibilizar as b i bl i o te c as de seus produtos. “Tenho conversado com diversos fabricantes. Estas bibliotecas vão sair”, garantiu Roberto de Souza, diretor-presidente do CTE (Centro de Tecnologia de Edificações). Para Roberto de Souza, as bibliotecas digitais de componentes devem começar a ser entregues ao mercado em breve pelos próprios fabricantes Implantar é tarefa monumental Implementar o BIM é uma tarefa monumental e o quão fundo se vai nisso é o próprio usuário que deve definir, garantiu Jan Reinhardt, diretor da Adept Project Delivery, empresa de consultoria para implantação de BIM, sediada em Pittsburgh (EUA). No seminário do SindusCon-SP, ele definiu o BIM como “uma ferramenta de gestão” e explicou que a ferramenta pode servir para coordenar as equipes, negociar com elas os espaços para tubulações, fios e canos de ar-condicionado, para orçar os custos ou só para fazer ótimas perspectivas artísticas. Tudo isso de uma vez só ou fatiado, o que for conveniente ao usuário. “A empresa é quem tem de responder qual valor ela quer ter para si. Por exemplo, pode ser simplesmente o nome dos arquivos. Seja lá qual for a resposta, o BIM é um ambiente muito mais integrado e permite fazer tudo com mais transparência”, afirmou o consultor. Reinhardt descreveu também a melhor forma de implementar o processo de modelagem. Para ele, o desafio do setor em aplicar o BIM “é aumentar os lucros, acrescentando valor às construções”. Mesmo assim, é importante perceber que um modelo muito detalhado custa muito mais e pode “travar o computador”. “As pessoas se empolgam e modelam em detalhes algo que, indicado por uma simples caixa, seria tão funcional quanto o ‘modelão’”, afirmou. O especialista completou: “O BIM facilita uma postura positiva de toda a indústria e garante maior precisão geométrica e confiabilidade no planejamento, quase transparência total e interatividade nos processos, com feedbacks mais rápidos”. para fazer suas bibliotecas. A universidade, por sua vez, pode ajudar a pensar nos procedimentos, leis e requisitos. Aos construtores caberá focar no que é necessário e selecionar a ferramenta certa”, delineou. “Podemos perceber que a distância é cada vez menor entre a nossa experiência e a de outros países. Eventos como este só colaboram para que ela seja ainda menor”, afirmou Fernando Correa, um dos coordenadores do seminário. O papel de cada um Já para o professor Lúcio Soibelman, a seu modo, todos podem ajudar a implementar o BIM no Brasil. “Os arquitetos devem continuar fazendo o mesmo de sempre. Já os fabricantes não precisam esperar pela elaboração e definição dos standards (modelos digitais padrão) Seminário colabora para disseminar informação sobre o BIM, afirmou Fernando Correa REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 11 HABITAÇÃO Meta é o déficit zero Nathalia Barboza Norteadas pelo minucioso trabalho da Secretaria Municipal de Habitação de São Paulo, compilado no recém-lançado Plano Municipal de Habitação (PMH), as ações da Prefeitura pretendem zerar o déficit por inadequação de moradias até 2024. O estudo inédito reúne dados defavelas, cortiços, loteamentos irregulares e áreas de risco, mapeados em campo por técnicos da PMSP, e resultou no sistema Habisp, que revelou haver 890 mil famílias vivendo em situação inadequada –a maioria depende de obras de infraestrutura, a reforma da própria edificação e do processo de regularização fundiária para se integrar à cidade formal. Em 2009, as necessidades de produção habitacional compunham-se pelo déficit por substituição, de 133 mil, mais 94 mil para cobrir quem mora em coabitação, somando a 227 mil. Além disso, há a necessidade futura de mais 629 mil. Em entrevista exclusiva, o secretário Ricardo Pereira Leite fala sobre o PMH e os caminhos para zerar o déficit. Qual a prioridade do PMH? A urbanização de favelas, compartilhado com a gestão das famílias que moram em áreas de risco. Graças a Deus não tivemos grandes catástrofes em São Paulo como em outros Estados. E, se não produzirmos habitação, não vamos gerar oferta compatível com a demanda. Seria Ricardo Pereira Leite: ideia é ter uma visão mais estratégica muito desejável ter estoque estratégico para quando remover O aumento da participação de famílias de uma área. Hoje, nosso estoque Estados e municípios na política haé negativo. O déficit bitacional passa pelos Conselhos de mais a demanda Habitação e pela criação dos Fundos futura soma 850 mil de HIS. Como incentivar a criação dos unidades, conside conselhos? rando que a RMSP Hoje ainda temos poucos conselhos, não vai agravar o embora seja uma obrigação constituproblema da Cacional. Porém, esta é uma tendência, pital. porque se estamos fazendo gestão dos Novo Plano Municipal de Habitação norteará ações da Sehab até 2024 O que é o PMH? É mais fácil atingir o objetivo se o vento estiver a favor. A partir de uma maneira fática, organizamos as estratégias de atuação. O Plano pega uma situação real –dar condições para a grande maioria das pessoas que compõem o déficit se adequar, como urbanizando favelas, gerindo as áreas de risco e corrigindo cortiços. 12 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Há cidades da RMSP que sequer aderiram ao Sistema Nacional de HIS. Como fazer um trabalho de conscientização política destas cidades para uma gestão integrada? Estão diminuindo os preconceitos partidários. Mas muitas cidades ainda têm orçamento incompatível com suas necessidades. Elas não têm corpo técnico, massa crítica. Mal estão usando o orçamento para pagar o funcionalismo. É tarefa do Estado ajudar nisso. A área técnica precisa de muitos recursos. A cidade poderia delegar a habitação para o Estado, assim como ocorre com o saneamento. recursos públicos escassos, é bom que a sociedade diga onde o dinheiro deve ser aplicado. Os conselhos tendem a ser especialidades. Os conselheiros especialistas são representantes da sociedade pela sociedade, não têm interesses particulares, então acho uma forma boa de decidir melhor sobre os recursos públicos. O PMH contabiliza 3 milhões de paulistanos vivendo em assentamentos precários. Qual a sinergia entre o plano e os programas federais? O financiamento federal que atua nos assentamentos é o PAC e já sentimos sinal de que os recursos aumentarão. Já o Minha Casa Minha Vida é para quando precisarmos desalojar famílias. Eles se complementam. A questão orçamentária é o grande viés para viabilização do HIS? Acho que diminuiu sua importância. Ainda é, mas já foi mais grave esta falta de recursos financeiros. Hoje, os terrenos são o maior gargalo nas grandes cidades. O dinheiro ainda é o maior problema nos municípios menores. Como o município tem trabalhado esta escassez de terrenos? Sempre nos preocupamos em lidar com a Região Metropolitana. O PMH dá alguns elementos adicionais e preocupantes sobre isso. Se não tivermos uma política metropolitana única, certamente teremos problemas. Se houver uma cidade onde as pessoas tenham mais facilidade que outra para adquirir um imóvel, vai atrair mais gente e talvez não tenha infraestrutura e emprego suficientes para isso. Temos de tomar cuidado com isso. Na RMSP, a situa ção é inadequada porque o emprego se manteve na Capital. O movimento pendular de pessoas consome todo tipo de recursos. Um espalhamento tão grande da população obriga-nos a levar infraestrutura para áreas muito afastadas. Isso porque, dos 39 municípios na RMSP, só 6 têm PIB per capita maior que o de São Paulo. As outras 32 cidades tendem a ser dormitório. Isso é indesejado. Esperamos que, a partir do PMH e do Plano Estadual, que está sendo finalizado, essa discussão ganhe um peso muito grande. Este é um assunto que tem de ser tratado de forma bem pragmática. As instituições têm que ser bem maduras e o embate político não pode ser feito na área do Plano Diretor. Esta é uma maldade que as instituições estariam fazendo para os próprios cidadãos. Hoje temos vários agentes barrando a revisão do Plano Diretor e, ao mesmo tempo, temos o Brás, que poderia perfeitamente atender a uma boa demanda de habitações e não tem mais estoque. Quem tem a insensibilidade ou a coragem de criar obstáculo para corrigir o problema da melhor forma possível? O Renova Centro seria um modo rápido de ter oferta numa área pronta. Como está o programa? Acabamos de desapropriar o primeiro prédio. O grande problema do processo é a burocracia da desapropriação. Já temos vistorias marcadas em vários prédios. Mas o mais importante do programa é recuperar o Centro e atrair mais agentes privados. A “epidemia” é mais legal do que o projeto em si. Como aproveitar as potencialidades de adensamento urbano na cidade? To d o m u n d o acha que a cidade está muito adensada. O estereótipo é o trânsito. Mas ele pode estar sendo gerado não pelo empreendimento em si e sim porque o cidadão mora longe e só pode ir de carro. As regiões mais densas não são as mais centrais, mais verticais. Onde nós queremos fazer a Operação Urbana Lapa Brás, por exemplo, verificamos que a densidade populacional ainda é baixa. Precisamos mostrar para a população que a situação dela não vai se agravar. Outro problema da Sehab parece ser a reposição de técnicos qualificados. A complexidade está aumentando. Todo dia a gente cria uma lei nova com uma especificidade nova que precisa de um técnico para lidar. A gente deveria crescer o número de técnicos só por isso. Ao mesmo tempo, os salários privados estão altos e não conseguimos competir. Mas o Brasil tem um nível intelectual alto. Acho que a gente consegue vencer rapidamente isso. Além disso, problemas novos vão se apresentando. As áreas contaminadas eram um tema que não existia. Hoje, há uma quantidade enorme de processos ligados a isso e não temos técnicos em número compatível com a demanda. Da mesma forma ocorre com as questões ambientais e de patrimônio histórico. O tráfego é outro ponto de inflexão. Administrar isso é um grande problema da cidade. ‘Se não tivermos uma política metropolitana única, certamente teremos problemas’ Secretário defende Moradia Digna O secretário municipal da Habitação, Ricardo Pereira Leite, se diz “muito otimista” quanto ao sucesso da Campanha Nacional pela Moradia Digna (saiba mais em www.moradiadigna.org.br). “A sociedade quer. O recurso é do povo. Se o interesse é do povo, temos de ouvi-lo”, afirma. Segundo ele, está claro que há uma situação grave que tem de ser corrigida na questão da habitação. “Resolvê-la vai ser bom para o país, vai torná-lo mais justo e equilibrado socialmente.” Para ele, o lado ambiental também deve ser levado em conta. “Se não dermos um lugar para as pessoas morarem organizadamente, elas podem escolher algo que prejudicará toda a sociedade.” Pereira Leite destacou que os municípios têm muita dificuldade de atacar o problema pela falta de recursos. “O dinheiro está no Estado ou na União. Alocar recursos federais faz todo o sentido. Então, a Campanha é lógica, bem racional, pois busca os recursos necessários onde eles existem”, disse. “As forças envolvidas na Campanha pela Moradia Digna estão sendo o conduíte deste anseio. Num único dia, 21 mil pessoas entraram no site da Cohab interessadas em adquirir um imóvel. Não há como não se sensibilizar com isso”, definiu o secretário. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 13 FINANCIAMENTO Dois dormitórios predominam Celso Petrucci * O ano passado se iniciou com expectativas extremamente positivas para o mercado imobiliário, e que no decorrer dos meses se confirmaram. Somente o PIB deverá registrar o maior crescimento da década (2001 a 2010), estimado de 7,5% a 8%. O mercado de trabalho também refletiu esse bom momento, chegando em novembro de 2010 com taxa de 5,7% de desemprego –a menor desde 2002, quando o IBGE alterou a metodologia deste cálculo. Foram criados, até aquele mês, 2,5 milhões de empregos formais, dos quais 28% correspondentes à construção civil –aí inserido o setor imobiliário. Comparativamente aos países integrantes da União Europeia, que enfrentam crescente endividamento e forte deficit público, o Brasil se destacou principalmente por seu elevado crescimento do PIB e baixo nível de desemprego. Este e outros fatores fizeram o país continuar na rota de investimentos externos em 2010. Embora as expectativas da entrada de novos investidores para 2011 se mantenham positivas, não se espera o mesmo desempenho do ano passado. De fato, 2010 foi um marco na história econômica do Brasil, e os empresários do setor imobiliário apostam na continuidade dos níveis de crescimento em 2011. Os principais fatos que marcaram o ano de 2010 no segmento imobiliário foram o crescimento da participação da classe média na compra de imóveis; a política de escoamento de estoque das empresas incorporadoras; a valorização dos preços das unidades habitacionais novas e usadas, e a falta de mão de obra qualificada. Nos estandes de vendas, já faz alguns anos que os empresários vêm percebendo 14 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Classe média impulsiona o crescimento das vendas de imóveis mais famílias e compradores da nova classe média em busca do primeiro imóvel. No ano passado, o que era simples interesse virou negócio. Conforme dados da Embraesp (Empresa Brasileira de Estudos do Patrimônio), até novembro de 2010, 48% dos lançamentos residenciais na cidade de São Paulo foram de imóveis de dois dormitórios, voltados para compradores da classe média e para o público do Programa Minha Casa, Minha Vida. Essa tendência é altamente positiva. Na Região Metropolitana de São Paulo, foram lançadas 51 mil unidades no mesmo período, das quais 52% concentradas na Capital. Diferentemente do município de São Paulo, a RMSP pode ter ultrapassado seu melhor desempenho, ocorrido em 2008, quando foram lançadas 63 mil unidades. Com a escassez de terrenos na Capital e a expansão das incorporadoras, a RMSP ganhou força e passou a representar cerca de 50% do mercado, contra 20% antes da mudança do Plano Diretor (2002) e da Lei de Zoneamento (2004). Os consumidores de imóveis super econômicos, que ficaram por muitos anos afastados do mercado imobiliário, em virtude da falta de crédito e de produtos adequados, responderam positivamente a esse bom momento conjuntural do país. Na cidade de São Paulo, os empresários adotaram a política de escoamento do estoque já em 2009, como forma de driblar os efeitos negativos da crise financeira internacional. Isso fez o número de unidades habitacionais vendidas superar o volume daquelas lançadas. Para 2011, espera-se equilíbrio entre lançamentos e vendas. Agora o setor tem de encontrar formas de suprir a falta de mão de obra nos canteiros, que há muito dispensaram o uso das placas de “Precisa-se...”. Para tanto, as empresas terão de investir em treinamento e implantar novas tecnologias construtivas. * economista-chefe do Secovi-SP, diretor executivo da vice-presidência de Incorporação Imobiliária do Sindicato e membro titular do Conselho Curador do FGTS , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co uol.com.br celsopetrucci@ REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 15 LEGISLAÇÃO AMBIENTAL Risco aumentado José Carlos Baptista Puoli * O ano de 2011 começou com excelentes perspectivas para o mercado imobiliário. Uma delas se liga ao programa Minha Casa, Minha Vida que continuará incrementando o setor e cumprindo a importante função de construir moradias populares. É tamanha a demanda que será necessário realizar conjuntos de porte sobre grandes glebas. Neste ponto, acende-se uma luz amarela. Nas maiores cidades há notória falta de terrenos. Grande parte das glebas situa-se em locais com desafios ambientais e fatores de risco que se cumulam com questões ambientais (por exemplo, áreas de preservação próximas a cursos d’água e/ou em topos de morro). Isto exige do empreendedor desempenho satisfatório na verificação da viabilidade ambiental da obra. O próprio programa exige que as “necessidades de habitação da população de baixa renda” sejam atendidas “garantindo o acesso à moradia digna com padrões mínimos de sustentabilidade, segurança e habitabilidade”. Esta exortação merece destaque, à vista das catástrofes geradas pelas chuvas de verão. A recorrência dessas fortíssimas precipitações tornou-as fenômenos previsíveis. Isto leva à necessidade de maior preocupação com as edificações em áreas de risco. E pior. O conceito do que venha a ser “área de risco” acaba sendo ampliado em vista da natural cautela que se segue a ocasiões de graves acidentes. Este contexto já trouxe repercussões para empreendimentos imobiliários devidamente aprovados e financiados. Em janeiro, houve notícia de que o Ministério Público Federal estava atuando para embargar obra licenciada nas proximidades de um curso d’água, por acreditar que a distância 16 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO As catástrofes tornaram maiores as exigências feitas aos empreendedores resguardada pelo projeto seria menor que a necessária para vazão das águas na cheia. Como este, muitos outros questionamentos ocorrerão num contexto em que o Judiciário está ainda mais cauteloso à vista do desejo de todos de evitar novas tragédias. Isto motiva “maior receptividade” para argumentos no sentido de caracterizar um maior número de locais como “de risco”, podendo gerar ordens judiciais que inviabilizem determinados empreendimentos ou, ao menos, exijam como condição da obra a tomada de outras providências não previstas originalmente (por exemplo, para contenção de encostas, aumento da drenagem etc.). Tudo isto pode mudar radicalmente a conta de viabilidade de empreendimentos. Aquela obra que seria rentável pode, em pouco tempo, transformar-se em fonte de sérios prejuízos. Isto tudo nos obriga a realçar estes aspectos e renovar o espírito de precaução que tem sido salientado nesta coluna. Por exemplo, por mais atraente que seja determinada gleba, deve haver real e efetivo cuidado na verificação dos fatores de risco, seja para eliminá-los com atributos do projeto, seja para eventualmente deixar de lado determinados terrenos que tecnicamente possam oferecer muitos desafios. Tudo para o bom momento do mercado ser bem aproveitado, não permitindo que a empolgação de hoje se transforme em “fator de risco” para a própria empresa. Num eventual acidente, o empreendedor será chamado judicialmente a responder de modo grave, por vezes com demolição de unidades imobiliárias, remoção de adquirentes, pagamentos de indenizações materiais e morais gerando, em suma, “conta” que efetivamente pode abalar uma empresa, por mais sólida que ela seja. Que se aproveite o bom momento do mercado, com extrema atenção para estes elementos “de risco” físico, evitando que eles virem “risco” jurídico e financeiro para o próprio empreendedor. * Advogado do Escritório Duarte Garcia, Caselli Guimarães e Terra, Doutor em Direito/USP e Membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge .br : [email protected] para esta coluna Estudos balizarão ações ambientais A área de Meio Ambiente do SindusCon-SP definiu como diretrizes de atuação para este ano a encomenda de estudos técnicos diferenciados e o fortalecimento do relacionamento com outras entidades. O vice-presidente de Meio ambiente, Francisco Vasconcellos Neto, anuncia que deverão ser encomendados estudos específicos sobre “Mudanças climáticas e a construção civil brasileira”; “Características energéticas do cimento brasileiro em relação ao produzido em outros países”; “Resíduos”; “Análise do ciclo de vida e desempenho ambiental de produtos”; e “Emissão de carbono e construção civil”. “A ideia é promover o conhecimento e a divulgação de informações ambientais a partir do desenvolvimento de estudos que serão contratados junto a especialistas ou a instituições renomadas”, afirma. “Queremos fazer um trabalho diferente em áreas que são de grande interesse e provocam dúvidas ao setor. Em muitos dos assuntos, não temos informações precisas e queremos levantar dados para discuti-los com mais critério.Vamos atrair técnicos que tragam este conhecimento, para balizar a tomada de posicionamento do SindusConSP”, completa Vasconcellos. Os estudos darão suporte aos debates dentro do recém-criado Conselho de Meio Ambiente, uma estrutura mais próxima da Presidência do sindicato e que pretende apoiar também as demais áreas do SindusCon-SP. Segundo o vice-presidente, os temas gerais definidos ainda deverão ser avaliados para se estabelecerem os pontos a serem aprofundados. Parcerias e eventos Vasconcellos conta ainda que 2011 estará recheado de importantes eventos promovidos pela sua área. O calendário predefinido começará em abril ou maio com a realização do 2° Seminário Programa Madeira é Legal, organizado no âmbito do Protocolo Madeira Legal. O evento lançará o site e a logomarca do Programa e marcará a conclusão da 1ª Turma de Treinamento para Aquisição Responsável de Madeira, orientada pelo WWF Brasil em parceria com o SindusCon-SP. Também em maio o Comasp deverá realizar um evento internacional sobre Certificação de Edifícios. A expectativa é trazer informações e promover a reflexão, apresentando o panorama atual no Brasil e no mundo e as principais tendências. Ideia é uniformizar conhecimento para orientar posicionamentos Em outubro, um evento sobre Licenciamento Ambiental discutirá os entraves nas obras e proporá ações para a melhoria dos procedimentos públicos. Vasconcellos pretende ampliar as divulgações interna e externa das atividades e dos seus posicionamentos e fortalecer a relação com ONGs ligadas à questão ambiental. “As boas relações com algumas entidades ainda não são suficientes. Queremos explicitar isso, fortalecendo os laços de respeito que já temos com algumas delas e ampliando estas parcerias inclusive com instituições internacionais”, afirma. Este trabalho inclui ainda a elaboração conjunta de cartilhas orientativas para os associados. Duas delas devem ficar prontas em 2011: Gestão de Resíduos de Madeira e Gestão de Resíduos de Impermeabilização. (Nathalia Barboza) Depave aceita debater TCAs No final de janeiro, o diretor do Depave, Carlos Fortner, aproximou os agentes fiscalizadores do Depave 2, produtores (viveiristas) e consumidores (construtores e incorporadores) numa reunião que esclareceu dúvidas geradas pela Portaria 84/SVMA-G/2010, que trata de normas e especificações para recebimento de mudas de árvores provenientes dos Termos de Compensação Ambiental (TCAs). Pelo SindusCon-SP, participaram o vice-presidente Odair Senra, o membro do CTQ Luiz Lúcio e a coordenadora técnica do Comasp, Lilian Sarrouf. A maior preocupação é conhecer a “oferta” e “demanda” para não desabastecer de espécies o mercado, o que inviabilizaria o cumprimento dos TCAs e dos demais compromissos, adiando a obtenção do Habite-se. Na reunião, foram feitas algumas propostas, como a elaboração de uma lista de fornecedores e a prorrogação do prazo de atendimento dos TCAs, hoje fixado em 6 meses da sua aprovação, para o prazo vinculado ao Habite-se. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 17 SINDUSCON-SP EM AÇÃO Hato promete lutar pela habitação Foto: Claudiney Bitman à época, uma verdadeira Depois de quase três vanguarda no país. Foi aindécadas de atuação como da um dos primeiros ramos vereador paulistano, Jooji econômicos a organizar-se e Hato (PMDB) iniciou novo hoje novamente o pioneirismo mandato neste mês, desta do setor está trazendo ao vez como deputado estadual, país métodos sustentáveis e na Assembléia Legislativa ecológicos de construção. A de São Paulo. Entre seus geração de emprego é outra projetos, estão: atuar em importante contribuição do frentes parlamentares pela setor para o desenvolvimento. construção de moradias e urA construção gera seus posbanização de comunidades, tos de trabalho e movimenta destinar verbas para a edifiuma cadeia de empregos em cação de habitação popular e outros setores. reduzir o ICMS dos materiais de construção. Quais são seus princiAutor da homenagem Hato (dir.) homenageou o sindicato com a Salva de Prata, recebida por Watanabe pais objetivos na Assemque concedeu a Salva de bléia? desagregação familiar, e que foi seguida Prata da Câmara Municipal JH - Na Câmara, propus projeto por várias cidades. Em Diadema, reduziu ao SindusCon-SP pelos 75 anos de de lei que destinava parte das verbas a criminalidade em mais de 80%. prestação de serviços da entidade à arrecadadas com as multas previstas no sociedade, Hato fala nesta entrevista Código de Obras à construção civil –para Qual foi a legislação de sua autoria sobre sua trajetória e seus planos futuros. moradias populares. Quero atuar em que, embora aprovada na Câmara, * frentes parlamentares pela construção acabou injustamente vetada pelo O sr. se notabilizou pela longevide moradias e urbanização de comuExecutivo? dade de sua vida parlamentar. Quais nidades, além de destinar verbas para JH - Duas leis: a que proíbe o trânsito foram suas principais atuações? o setor no que diz respeito às moradias de motocicletas com garupas nos dias Jooji Hato: São 28 anos de trabalho populares. úteis da semana, o que acabaria com o ininterruptos na Câmara Municipal de Quero ainda levar a Lei Seca para famoso crime da “saidinha” dos bancos, São Paulo, perfazendo 7 mandatos. todas as cidades do Estado, através e a que veda o comércio e ingestão de Logo que entrei na Câmara, em de visitas às Câmaras Municipais, já bebidas alcoólicas em lojas de conveni1982, lutei pela derrubada da apoque esta lei deve ser proposta por seus ência e postos de gasolina. sentadoria parlamentar. Através deste respectivos municípios. mecanismo, o parlamentar poderia se Estarei sempre pronto a ouvir as Como o sr. vê o papel do setor da aposentar com apenas 8 anos de manreivindicações do setor e a trabalhar construção e no que ela pode contridatos, uma postura injusta. em prol do desenvolvimento do nosso buir mais para o desenvolvimento? Presidi a CPI dos Postos de CombusEstado, privilegiando os trabalhadores JH - O setor tem sido o responsável tíveis e a dos Passivos Ambientais, onde da construção e com empenho para a pelo fortalecimento e crescimento de detectamos e trabalhamos muito contra a construção de moradias populares que São Paulo e do país. Além de erguer contaminação da empresa Shell, na Vila atendam às classes menos privilegiadas. a cidade, recordo-me na década de 70 Carioca, na Zona Sul da cidade. A redução do ICMS para os insumos da quando a construção tomou a frente Destaco ainda a Lei Seca, que reconstrução também estará entre minhas em campanhas de alfabetização e gulamenta o horário de funcionamento prioridades. (Rafael Marko) profissionalização de seus operários, dos bares, diminuindo a violência e a 18 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Foto: Sintracon-SP Entre Senra, Robusti, Jorge, Ramalho e Watanabe, Ishikawa propõe Frente Parlamentar Paulista da Construção, em encontro no SindusCon-SP Ramalho atuará pela construção O deputado estadual pelo PSDB e presidente do Sintracon, Antonio Ramalho, anunciou às lideranças da construção paulista reunidas em janeiro no SindusCon-SP seu propósito de atuar em favor não só dos trabalhadores mas pelo setor todo, na Assembléia Legislativa e no Executivo estadual. Da reunião coordenada pelo presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, participaram os vice-presidentes Haruo Ishikawa e Odair Senra (este também representando a presidência do Secovi); o representante do sindicato junto à Fiesp, João Claudio Robusti; o presidente da Apeop, Luciano Amadio, o vice-presidente Osvaldo Garcia e o diretor executivo, Carlos Eduardo Jorge; o presidente da Abramat, Melvin Fox; o presidente do Sinaenco-SP, José Ro- Dilma promete gerar emprego O presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe, recebeu em janeiro telegrama da presidente da República, Dilma Rousseff, agradecendo as congratulações transmitidas pela entidade por ocasião da eleição dela. Na mensagem, a presidente afirma que “dará continuidade à atual política, que se vem mostrando vitoriosa, de geração de emprego e renda” e “trabalhará vigorosamente para o bem-estar e a elevação da qualidade de vida das famílias brasileiras.” berto Bernasconi; o diretor do Sinicesp, Manuel Rossito; o presidente em exercício do Instituto de Engenharia, Camil Eid, e o assessor da presidência, Victor Brecheret Filho; o diretor de Relações Institucionais da Anamaco, Antonio Eustáquio; o diretor executivo do Sintracon, Darcy Gonçalves, o advogado Heber Duarte e o assessor Vanderley Alexandrino. Watanabe destacou a união da cadeia produtiva e a disposição do setor em dialogar com o Legislativo e o Executivo paulistas. Amadio e Fox lembraram o compromisso do governador Alckmin de instituir um conselho com representantes da construção. Bernasconi e Rossito manifestaram preocupação com a falta de novos investimentos na infraestrutura. Robusti apontou para a necessidade de compatibilizar a participação do setor no futuro conselho com sua atuação em diversos fóruns já existentes no âmbito das secretarias estaduais. Concordando, os presentes decidiram levar ao governador uma proposta de trabalho. Ishikawa propôs a formação de uma frente parlamentar da construção civil na Assembleia Legislativa. O deputado acatou a sugestão, se dispôs a estreitar o diálogo com os novos secretários e incrementar a qualificação de mão de obra. Ramalho também informou que prosseguirá na presidência do Sintracon, mantendo normalmente sua interlocução com as entidades patronais em negociações trabalhistas, segurança e saúde do trabalho e projetos de formação de mão de obra e responsabilidade social. “Não muda nada na relação capital-trabalho, fica tudo igual”, disse. Capital sediará Enic em agosto O 83º Enic (Encontro Nacional da Indústria da Construção) acontecerá de 10 a 12 de agosto, no World Trade Center, em São Paulo. São esperados 1.500 participantes. Promovido pela CBIC, este evento, o maior realizado anualmente pela indústria da construção, será organizado pelo SindusCon-SP com o apoio das entidades paulistas associadas à CBIC: Aconvap, Aelo, Apeop e Secovi-SP, bem como com o apoio da Fiesp e das outras entidades paulistas da cadeia produtiva da construção. GESTÃO DA OBRA Não basta saber fazer Maria Angelica Covelo Silva * S empre que me deparo com situações extremas de engenharia como desabamentos de edifícios, situações graves de necessidade de reparos em obras ou em empreendimentos entregues, procuro identificar qual foi o conhecimento que faltou ali para que aquilo não acontecesse. Não podemos dizer que não temos conhecimento de geotecnia, estruturas, tecnologia de materiais, e vários outros temas que afetam diretamente o desempenho e a vida útil de edifícios. Mas, até que ponto o conhecimento percola por toda a cadeia de produção e chega efetivamente na ponta, onde ocorre a geração do produto final edifício? O conhecimento na engenharia civil é gerado nas escolas e instituições de pesquisa, nas empresas de projeto e consultoria, nas empresas de fabricação de materiais e sistemas, nas empresas de equipamentos, nas empresas incorporadoras e construtoras, enfim, em toda a cadeia de empresas e profissionais que de alguma forma interferem na produção. O conhecimento resultante da experiência e o conhecimento resultante do desenvolvimento da ciência e tecnologia não podem caminhar separados, pois não são aplicáveis se não considerarem as condições reais de produção ou não apresentam resultados satisfatórios se não forem baseados na ciência e tecnologia. A experiência em executar revestimento de fachadas é essencial para se conhecer o que fazer para esta fachada ter bom desempenho, mas conhecer o efeito que cada variável tem sobre o material argamassa ou que cada variável do método de execução ou das condições de exposição tem sobre o desempenho final do revestimento é também indispensável. 20 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Cada empresa precisa acumular seu próprio acervo de conhecimento Fazer a conexão entre os diversos tipos de conhecimento precisa começar com o reconhecimento de que todos os tipos de conhecimento são necessários: do pesquisador, do consultor, do engenheiro, do projetista, do fabricante e fornecedor, do mestre de obras e assim por diante. Em muitos momentos a decisão por “comprar” conhecimento pode parecer difícil porque o raciocínio é de que “não cabe” este “custo” do conhecimento no empreendimento. No entanto, tal custo evitará gastos de produção ou futuros, o que mais do que paga este “investimento”. Um estudo geotécnico mais aprofundado, uma avaliação de efeitos dinâmicos por ensaios em túnel de vento, uma simulação acústica, uma simulação térmica, um projeto de fachada ou de impermeabilização, são em muitas situações considerados “luxos” que não cabem no empreendimento que é “simples como tantos que já fizemos” mas que depois apresenta um desempenho inadequado decorrente do fato de estes itens não terem sido tratados. Este conhecimento não pode ser apenas pranchas de projeto ou relatórios. Engenheiros, mestres, estagiários, enfim toda a equipe precisa absorvê-lo e ser capaz de entender os porquês, os princípios, os conceitos e em próximos empreendimentos terem os benefícios do efeito aprendizado. Os mesmos problemas e erros podem ser repetidos como decorrência da falta de registro e memória de situações vividas na prática e de soluções que precisaram ser adotadas depois, mas que deviam ter sido previstas. Na base de tudo isso tem que haver uma coisa em comum: o desejo de conhecer, de aprofundar conhecimento, pois o que acumulamos com nossa experiência natural do dia a dia na profissão nunca é o bastante, porque a humanidade não para de buscar e gerar necessidades novas que por sua vez exigem conhecimento novo. Cada profissional tem que buscar o seu próprio aperfeiçoamento e cada empresa o seu “acervo de conhecimento”. * Engenheira civil, mestre e doutora em engenharia, diretora da NGI Consultoria e Desenvolvimento , entários, críticas Envie seus com stões de temas perguntas e suge : para esta coluna ria.com.br to ul ns ico ng ngi@ (11) 3334 5601 Central de Seguros www.grupocentraldeseguros.com.br RC Profissional Seguro de Responsabilidade Civil para Empresas de Engenharia Você desenha a obra e nós cuidamos dos outros riscos. O seguro RC Profissional foi desenvolvido para oferecer segurança e tranquilidade para a empresa de engenharia no exercício de suas atividades, protegendo o seu patrimônio, caso esta seja obrigada a reparar danos. A legislação brasileira, principalmente o Código de Defesa do Consumidor (C.D.C.), é extremamente severa com empresas e profissionais liberais, expondo-os à possibilidade de sofrerem perdas que podem impactar na continuidade de suas atividades. Por isso, o ACE RC Profissional é um diferencial perante os seus concorrentes, pois demonstra que o segurado se preocupa com a qualidade de seus serviços e possui mecanismos de reparação, caso um imprevisto ocorra. CARACTERÍSTICAS E VANTAGENS Limites A ACE é seguradora e um dos principais resseguradores mundiais, o que possibilita aceitar limites até o valor de US$25.000.000,00 Público-Alvo O seguro visa cobrir empresas de engenharia, empresas de arquitetura, consultorias, escritórios de decoração e demais prestadoras de serviços relacionados à área. Coberturas Principais Custos de defesa: Despesas necessárias para a defesa na esfera civil, criminal e administrativa. Condenações pecuniárias: Indenizações ou acordos extrajudiciais que o segurado é obrigado a pagar. Coberturas Adicionais - Danos Materiais e Morais; - Perdas Financeiras decorrentes de Sinistros Cobertos; - Despesas Judiciais ou arbitrais e Honorários Advocativos; - Assessoria de imprensa (sub-limite de R$100.000,00) Modalidades de Contratação Apólice Anual: Cobre riscos do segurado no período de um ano. Apólice para Projetos Específicos: Protege o proprietário de uma obra específica contra danos financeiros causados por erros de projetistas, designers, empreiteiros, sub-contratados e demais envolvidos. Invista na sua proteção: consulte um corretor de seguros. (11) 3334 5601 Central de Seguros www.grupocentraldeseguros.com.br m arço 2 0 1 1 Dia 3, em São Paulo Gestão de Resíduos na Construção Civil Dia 18, em São Paulo Estruturação e Técnicas em Administração de Cargos e Salários na Construção Civil Dia 4, em Ribeirão Preto Homolognet - Novas Regras para Rescisão do Contrato de Trabalho Dia 18, em Bauru A Nova Secretária Dia 4, em São Paulo Aplicação do Conceito de Gestão de Pessoas na Construção Civil Dia 18, em São Paulo ICMS na Construção Civil Aplicação da Substituição Tributária Dia 14, em São Paulo Habilidades em Finanças para Executivos não Financeiros Dia 21, em São Paulo Como Administrar melhor seu Tempo Dia 15, em São Paulo Assistente Fiscal com Foco na Construção Civil Dia 21, em Santos Entendendo a NR-33 – Espaços Confinados Dia 15, em São Paulo INSS na Construção Civil – Importantes Mudanças na Legislação Dia 31, em São Paulo Os Contratos na Legislação Previdenciária Dia 17, em São José dos Campos Cuidados na Elaboração de Contratos Dia 31 em Mogi das Cruzes PIS/PASEP e COFINS nos Regimes Cumulativos e não-cumulativo-IRPJ e CSLL CURSOS IN COMPANY Para atender às necessidades das empresas do setor, o SindusCon-SP criou a modalidade In company, que tem como objetivo treinar e capacitar profissionais de forma exclusiva. A facilidade na escolha da data, os temas e a redução dos custos são alguns dos diferenciais desta modalidade. ÁREAS DE ATUAÇÃO Comércio Exterior • Empresarial • Estoque e • Logística • • • • • Financeira Marketing e Vendas Produção Qualidade • Recursos Humanos • Responsabilidade Social • Tributária e Trabalhista Centro de Atenção ao Associado (11) 3334-5600 Acesse www.sindusconsp.com.br e conheça o calendário completo de treinamentos Desafios no canteiro INSS intensifica ações José Carlos de Arruda Sampaio * A lerta importante para as construtoras, especialmente as de pequeno e médio porte. Agora, com maior rigor, o INSS exigirá reembolso dos gastos com acidentes causados por negligência de empresas, que não ocorreram por culpa do empregado e sim por uma condição insegura do ambiente de trabalho. Com as ações regressivas acidentárias, o INSS busca rever na Justiça gastos com pensões por morte, afastamentos e aposentaria por invalidez, causados por acidentes de trabalho que, segundo o órgão, aconteceram pelo não seguimento das normas de segurança pela empresa. De janeiro a outubro de 2010, a AGU (Advocacia Geral da União) ajuizou 380 ações desse tipo, com as quais prevê reembolsar R$ 50 milhões aos cofres públicos. Desde a regulamentação da lei que instituiu a cobrança em 1991 até 2007, foram movidos 465 processos. Em 2008 e 2009 foram ajuizadas mais 636 ações. O INSS alega que os gastos com acidentes são maiores do que os encargos recebidos. Segundo especialistas, os acidentes ocorrem com maior frequência nas empresas de pequeno e médio porte. A maioria das que responde a processos é de médio porte. Segundo a AGU, 90% das ações foram julgadas procedentes, em 2009 foram recolhidos R$ 9 bilhões com o Seguro de Acidente de Trabalho e o gasto com benefícios acidentários foi de R$ 12 bilhões. Com toda esta polêmica, só resta às construtoras a completa adequação às normas de segurança com ênfase na NR 18 –Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção. As construtoras devem priorizar medi- 24 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Empresas são acionadas para ressarcir gastos com acidentes das de proteção contra quedas de altura, riscos elétricos e mecânicos e soterramento, considerados de maior incidência. Além disto, é preciso atuar fortemente na eliminação das causas-raízes dos acidentes. Não esquecer que o desempenho da segurança e saúde é decisivo para a rentabilidade da empresa, pois diminui o risco de acidentes e incidentes, promove a saúde e satisfação do trabalhador, melhora os resultados operacionais e cria novas oportunidades de crescimento para o profissional e a empresa. O investimento na prevenção se traduz em locais de trabalho mais seguros e saudáveis, ambiente mais limpo e economia significativa. Os problemas são identificados e podem ser resolvidos antes de causarem acidentes. Para prevenir acidentes, torna-se necessário um planejamento cuidadoso, com ênfase na análise minuciosa do projeto, na aplicação de técnicas eficazes de identificação de perigos, de avaliação e controle dos riscos e, sobretudo, na participação dos trabalhadores nas equipes que planejam os trabalhos e estabelecem os padrões de segurança. Os líderes devem se esforçar em monitorar permanentemente suas frentes de trabalho para identificar práticas ou condições inseguras, bem como implementar rapidamente as ações corretivas. Envolver as pessoas no processo para que tenham atitudes prevencionistas é imprescindível. É muito mais motivador trabalhar em busca de um resultado quando se tem apoio, criando motivação contagiante e sinergia que ajudam a superar obstáculos. Isso nos obriga a continuar, mesmo quando as coisas não vão bem. Todos podem participar dando ideias e sugestões: muitas não serão aproveitadas, mas algo bom sempre aparece. Usar parte do tempo conquistando apoio e comprometimento das pessoas, unindo o útil ao agradável. Ser feliz no trabalho aumenta a produtividade. É impossível entender o que um homem é capaz de alcançar sem ver o teto da Capela Sistina (Goethe). Acredite. * Consultor de empresas e diretor da JDL Qualidade, Segurança no Trabalho e Meio Ambiente ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge .br : [email protected] para esta coluna capital-trabalho Cumprindo o dever Engenheiro metalurgista especializado em Saúde e Segurança do Trabalho, o auditor-fiscal do trabalho da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de São Paulo (SRTE-SP), Antonio Pereira do Nascimento, ingressou no MTE em janeiro de 1984, vindo do grande concurso público de 83. Junto com outros auditores, encabeçou em 88 a montagem do Programa Estadual da Construção Civil e hoje coordena os colegas que fiscalizam o setor. Nesta entrevista exclusiva a Notícias da Construção, ele fala sobre a atuação da SRTE e das dificuldades de implementar a cultura prevencionista nas empresas. dos Auditores Fiscais do Trabalho, a reposição razoável dos quadros demandaria 600 novos auditores neste ano. Um dos problemas está na forma de ingressar no MTE. Na minha época, havia os cargos de fiscal, engenheiro e médico do trabalho. Hoje, só há a figura do auditor-fiscal e o candidato só precisa ter nível superior. Isso dificulta a melhor capacitação dos profissionais –muitos deles vêm de áreas muito distantes da engenharia ou da medicina do trabalho. E, no interior, as condições são ainda mais difíceis. Quais as atribuições dos auditores? Os auditores paulistas se dividem no atendimento a seis programas: Construção Civil, Rural, Ergonomia (bancos e telemarketing), Metalúrgica, Hospitalar e “Outras Demandas” (setor elétrico, portos etc.). Cada um deve escolher dois programas e deve atuar em sua jurisdição (são 22 regiões no Estado). Na construção, devido à falta de pessoal, priorizamos a construção leve, que é a mais carente de ações prevencionistas. Como trabalham os auditores? Partimos de 3 princípios: motivados por denúncias da sociedade, sindicatos ou entidades profissionais como o Crea, do Ministério Público ou Judiciário; da fiscalização rotineira da SRTE, a partir da comunicação de início de obra que as construtoras precisam fazer; ou ainda por meio de programas que às vezes a SRTE faz, como serão os do Trecho Leste do Rodoanel e da ampliação do Aeroporto de Viracopos. Neles, produzimos notificações coletivas cobrando providências preventivas para possíveis falhas. Quantos auditores fiscalizam a construção? Em todo o Estado, temos 140 auditores inscritos no programa mas, infelizmente, ao longo dos anos estamos perdendo muitos engenheiros, o que dificulta o trabalho. Em 2008, havia 18 engenheiros nos nossos quadros. Hoje, 6 deles se aposentaram. Segundo o Sindicato Nacional As leis são suficientes? A legislação brasileira é muito rica, não devemos nada a ninguém. Temos a NR 18 e várias outras normas reguladoras voltadas à atividade, mas é preciso atualizar as normas técnicas (NBRs), sobretudo as de máquinas e equipamentos. Falta, sim, cumprir as regras. No Brasil, ainda encontramos nas obras desde realidades Fiscalização prioriza a construção leve, a mais carente de ações prevencionistas Antonio Pereira: Falta cumprir as regras de primeiro mundo até situações muito difíceis de suportar. Caiu a média de acidentes fatais? A média é de 15 por ano. Mas é importante destacar que isso é o que saiu na mídia, ou seja, que teve apelo popular. Não se trata de informação oficial, divulgada pela Previdência. Em 2010, foram 6 mortes, número muito abaixo da curva, da mesma forma que os 22 registros de 2009 ficaram muito acima da média. É óbvio que com mais obras, a tendência é haver mais acidentes. Mas não vimos trabalho que justificasse esta redução acentuada. A maioria das mortes ocorre em obras pequenas. Infelizmente é muito difícil a gente saber pelos jornais de acidentes acontecidos em construtoras médias para grandes. O que é preciso fazer? Mudar a cultura de todos os atores sociais. O mercado tem dificuldade de entender que o prevencionismo é o caminho. Mas prevenção é ter planejamento, projeto. Há quem ache que só fornecer EPI resolve tudo. Uma empresa pró-ativa não se limita a cumprir a norma. Tem que falar e fazer, implementar a prevenção na empresa de cima para baixo. Por isso o empresário deve se cercar de informação. O ConstruSer e as Megasipats são importantes processos de conscientização. Mas é necessário garantir que a informação chegue a todos. (Nathalia Barboza) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 25 Benevides, Doddrell, Watanabe, Bianchi e Oliveira, no SindusCon-SP; na mesa, Oliveira, Zaidan, Vasconcellos, Benevides e Sanchez Britânicos visitam o sindicato Para explorar possibilidades de acesso ao mercado brasileiro de construção sustentável, uma missão de empresários britânicos visitou o SindusCon-SP em dezembro, liderada pelo cônsul geral John Doddrell e coordenada por Valeria Martinez, gerente para Construção e Meio Ambiente da UK Trade and Investment. “Move-nos o desejo de aproveitar no longo prazo o bom momento vivido pelo Brasil”, afirmou o cônsul geral. Receberam os visitantes o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os vice-presidentes Francisco Vasconcellos (Meio Ambiente) e Maurício Bianchi (Tecnologia e Qualidade); os diretores Eduardo Zaidan (Economia) e Salvador Benevides (Relações Internacionais); o coordenador do Comitê de Tecnologia e Qualidade, Paulo Sanchez, e o presidente da CompraCon-SP (Associação de Compras da Construção Civil no Estado de São Paulo), Alexandre Oliveira. tados no Construbusiness 2010, realizado em novembro. Benevides recomendou aos representantes das empresas britânicas que se informem profundamente sobre o mercado brasileiro e realizem parcerias com empresas nacionais, caso decidam atuar aqui. Ele apontou um vasto campo para investimentos em sustentabilidade, citando como exemplo a nascente energia eólica. Vasconcellos notou que ainda há um bom percurso na trajetória da construção sustentável e qualificou a relação com o governo como “mais madura”, no que tange às legislações ambientais. Ele apontou dois campos de atração de investimentos: a conservação de energia, “que já conta com ações estratégicas bem estruturadas como o Programa de Eficiência Energética”, e a gestão, reciclagem e tratamento dos resíduos da construção, “campo em que ainda estamos engatinhando”. Vasto campo O presidente do SindusCon-SP apresentou a previsão de que a construção de habitação e infraestrutura demandará investimentos de R$ 5 trilhões até 2022, previsão esta feita nos estudos apresen- Filé e osso Zaidan comentou que as alíquotas do Imposto de Importação para máquinas e equipamentos não são elevadas. “O problema é a carga tributária das empresas, que inibe maior produtividade. Por isso, Empresários interessados em contribuir com a construção sustentável têm aula sobre o Brasil 26 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO não devemos nos iludir, imaginando que conseguiremos levar o filé e deixar o osso.” Bianchi opinou que se deve acreditar no Brasil e não esperar retorno a curto prazo. Segundo ele, há espaço para equipamentos novos que elevem a produtividade. Nas questões ligadas à construção sustentável, chamou a atenção para a importância do projeto da obra, do uso de materiais apropriados e da educação do usuário. Segundo Sanchez, a construção vive um momento ascendente mas seu maior problema é a produtividade. “As construtoras vêm buscando industrializar a atividade cada vez mais desde a fase de projeto, estando abertas a parcerias.” Os visitantes Além do cônsul geral, acompanharam a delegação Peter Cain, Jamie-Douglas Watson, Helen Foxley e Valeria Martinez, da United Kingdom Trade & Investment. Integraram a delegação os representantes das seguintes empresas: MLM Consulting Engineers (Chris Neeves e Annabel Beales); Seacon Environment (Colin Somerville); Tailormade Software (Ghaham Henderson); B2B (Jeanna Parma); URS / Scott Wilson (John Nutt); Youngman Group (John Stamen); SRS Finlay; (Johnny Astald); SnagR Software (Liz Henderson); OMP Kompass International Architects (Martin MacKenna) e Sea-Tech Construction (Philip Wright). (Rafael Marko) Missão Técnica irá a Londres para cerca de 17 mil atletas e oficiais, juntamente com estruturas temporárias de lojas, restaurantes e centro médico. A área de lazer mantém a tradição de Londres de construção de casas ao redor de praças e pátios comuns. O roteiro também prevê visitas a várias construções sustentáveis e a empresas com experiências bem sucedidas de utilização das ferramentas BIM (Building Information Modeling). “Como sempre, nosso objetivo é promover o máximo possível de intercâmbio internacional para as nossas associadas e buscar boas práticas e novas tecnologias que possam ser aplicadas nas nossas Agenda inclui visitas a Vila Olímpica, construções sustentáveis e BIM London2012.com De 25 de fevereiro a 5 de março, um grupo formado por 24 empresários e executivos de construtoras brasileiras estará em Londres para mais uma Missão Técnica promovida pelo SindusCon-SP, por meio de sua Diretoria de Relações Internacionais, em parceria com o CTQ (Comitê de Tecnologia e Qualidade) e o Comasp (Conselho de Meio Ambiente). Na capital do Reino Unido, a Missão Técnica cumprirá uma extensa agenda que incluirá visitas à Vila Olímpica. Construída para as Olimpíadas 2012 a 7 minutos do centro da cidade, a vila é composta por apartamentos residenciais de total acessibilidade Acima, perspectiva artística da Olympic Village, a vila olímpica que abrigará 17 mil pessoas para os Jogos 2012; no alto, London Eye no pôr-do-sol de Londres obras”, declara Salvador Benevides, diretor de Relações Internacionais do SindusCon-SP. A viagem à Inglaterra terá o apoio do Consulado Britânico e da United Kingdom Trade & Investment. A cobertura completa da Missão Técnica Londres 2011 estará na edição de abril de Notícias da Construção. (NB) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 27 MOTIVAÇÃO Um líder de verdade Pedro Luiz Alves * D urante as férias li “Os caminhos de Mandela” com a expectativa de conhecer a vida de um dos personagens mais importantes da História. Imaginei que me depararia com toda uma vida de sofrimento, pelos 27 anos que ele passou na prisão por lutar contra o apartheid, mas tive a grata surpresa de conhecer as lições de um líder verdadeiro. A primeira é que todo líder deve ter coragem para enfrentar os desafios da vida e do trabalho. Mandela ensina que “coragem não é deixar de ter medo e sim superá-lo e derrotálo”. Para tanto um líder deve manter a dignidade. Permanecer firme sob circunstâncias adversas e resistir ao medo e à ansiedade é um forte sinal de coragem de que todos nós somos capazes. Nas organizações as pessoas esperam que o líder possa ter respostas para as mais diversas dificuldades do cotidiano e é natural que essas respostas fujam em muitas oportunidades. Quando isso ocorre um verdadeiro líder deve ter coragem e enfrentar com humildade a sua palidez, encorajando os subordinados a ajudarem na obtenção das respostas. Isso não enfraquece o exercício de liderança e sim amplia o poder natural da pessoa. Você pode estar coberto de razões para massacrar seu interlocutor. Entretanto, um verdadeiro líder deve manter-se ponderado, eis aqui outra lição de Mandela: “Perca o controle e você perde a situação”. Quantas vezes não nos sentimos estimulados 28 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Coragem não é deixar de ter medo e sim derrotá-lo, ensina Mandela a “detonar” quando, numa discussão, temos a certeza de nossa razão? Quantas vezes isso não significou a perda dessa razão, por não sabermos manter a ponderação ao argumentar? Um líder deve manter a calma em momentos de tensão e buscar respostas ponderadas no coração e na razão. Se mesmo assim tiver que explodir, deve calcular cuidadosamente como fazêlo, pois uma situação mal resolvida é definitiva e provavelmente não haverá nova chance de reconstrução. As pessoas querem ver no líder alguém distante da confusão e calmo para oferecer as respostas ponderadas às mais diversas situações. Um líder não precisa nem deve se exaltar para mos- trar poder, suas respostas precisam ser completas, claras e explicativas e isso só com ponderação! Um líder não deve apenas liderar, precisa ser visto liderando. Em muitas ocasiões, deve estar à frente dos demais, mostrando-se: eis outra lição de Mandela. Deve dar exemplo e se necessário realizar tarefas simples como ele fez, limpando urinóis e latrinas dos carcereiros ou dos prisioneiros. Liderar na frente é ter iniciativa. Um líder em oportunidades difíceis deve manter-se à frente, inclusive para preservar os demais, mas sempre informando sua equipe sobre o que está acontecendo. Nunca deve se descolar de seu grupo deixando-o para trás. Isso é fundamental para garantir que todos se alinhem na superação de obstáculos e saibam seu papel. Liderar na frente também é assumir a responsabilidade. Isso significa que o líder deverá tomar aquelas decisões que ninguém mais quer tomar e deve assegurar que as coisas aconteçam. Muitas vezes, essas decisões são impopulares, mas precisam ser tomadas! Para Mandela, outras vezes um líder deverá andar atrás de sua equipe, deixando que ela caminhe por si só e mostre seus conhecimentos, habilidades e atitudes. Desta forma ele poderá observar o desempenho de seus subordinados. Quando estamos atrás aprendemos mais com a experiência dos outros. A humildade do líder em aprender com os subordinados amplia a lealdade do grupo. Manterse a frente o tempo todo exigirá que o líder olhe para trás a fim de observar o grupo. Ficando na retaguarda o campo de visão é muito maior, o que facilita esse exercício. Todo líder, de acordo com Mandela, deve possuir um princípio, um propósito essencial, do qual ele não abre mão. Porém, deve ter sabedoria para mudar estratégias e táticas, abrindo mão, muitas vezes, de alguns valores, para adequar-se às condições impostas pela situação vivida. Muitos líderes corporativos não exercem sua flexibilidade para lidar com as adversidades, acreditando que ser líder é nunca abrir mão de nada. No mundo corporativo, quem não estiver disposto a fazer concessões para chegar a uma relação em que todos possam ganhar terá muita dificuldade de liderar. É comum interpretarmos as atitudes das pessoas e julgá-las sem estabelecer qualquer empatia. Antes de prejulgar o comportamento dos demais precisamos compreender que A humildade do líder em aprender amplia a lealdade de todo o grupo “todos nós, sem exceção, iremos agir pelos nossos próprios interesses”. Isso é antropológico e faz parte da sobrevivência da espécie. Em virtude disso, temos a tendência de, inconscientemente, olhar para as coisas negativas dos demais. Portanto a última lição, das muitas que aprendi com Mandela, é a mais singela de todas: “Veja o que há de bom nos outros”. Quando focamos naquilo que as pessoas possuem de bom, acabamos minimizando tudo o que elas têm de mal! Todos os dias temos um estoque limitado de tempo para usar e não podemos acumular. Dependendo de como utilizarmos esse tempo vamos atrair b ons ou maus result ad os. Porém, temos também, a cada dia, a oportunidade de recomeçar. Que em 2011 possamos aplicar algumas dessas lições, para nos sentirmos melhores e termos a certeza de que fizemos bom uso de nossas vidas. Boa leitura e bom ano para todos. Administrador, consultor de RH e sócio da Ação Consultoria e Treinamento , entários, críticas Envie seus com as tem de es stõ perguntas e suge : na lu co ta para es r nsultoria.com.b pedro@acaoco REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 29 GESTÃO EMPRESARIAL EBITDA: dias contados? Maria Angelica Lencione Pedreti * U m conceito financeiro muito conhecido, o EBITDA, pode cair em desuso no futuro. Nesta edição, vamos tratar de entendê-lo. EBITDA é a sigla para Earnings Before Interest, Taxes, Depreciation and Amortization: ganhos (não lucros) antes dos juros, impostos, depreciação e amortização. Ele é usado como uma aproximação do fluxo de caixa originado das operações da companhia. Esta medida foi desenvolvida quando se percebeu que a medida Lucro, que era muito usada, não refletia o poder de geração de valor de uma empresa, pois uma companhia pode ter lucro, mas não ter dinheiro se tiver financiado os clientes e sua receita for toda a receber futuramente; da mesma forma, há deduções dos ganhos que não representaram efetivas saídas de caixa, por exemplo, as depreciações (elas reduzem o lucro contábil, mas não foram saídas de caixa); finalmente, ter lucro não quer dizer deixar o acionista cada vez mais rico, já que ele receberá apenas o que sobrar depois de realizados investimentos para manter o negócio e para que este cresça (o lucro não considera investimentos necessários). Quando se concebeu que a riqueza do acionista está no valor de sua empresa, o qual por sua vez está no valor dos fluxos de caixa futuros que ela poderá prover ao acionista (devidamente trazidos a valor presente pelo custo de capital da companhia), notou-se a distância entre o que se considerava medida relevante (o lucro) e o que se precisava de fato (o fluxo de caixa). Assim, surge a necessidade de se averiguar o fluxo de caixa e não de lucros da companhia. Mas, se por um lado é importante saber o fluxo de caixa que 30 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Medida serve para aferir a qualidade do fluxo de caixa sobra, ou seja, livre, depois de todos os investimentos, por outro é importante saber se tal fluxo vem das operações saudáveis que a companhia tenha ou se virá de aplicações financeiras. Isto porque se a operação é saudável, atualizada tecnologicamente, produtiva, ela se sustentará mesmo em períodos desfavoráveis. Se, contudo, a riqueza da companhia vem de aplicações financeiras, ela fica mais dependente da conjuntura econômica, níveis de taxa de juros, regulamentações etc. do que de sua própria competência e isto não é sustentável (toda a teoria de valor parte do princípio de que a companhia é uma entidade perene, ou seja, sustentável para sempre). Daí a importância de se saber o fluxo de caixa das operações, e por isso a popularidade do EBITDA. Ele não é lucro, pois as deduções devidas a depreciações e amortizações são excluídas do cálculo, conforme o próprio nome diz. Então, tem que ser o ganho (earnings), e desta forma se aproxima do fluxo de caixa, a medida relevante de criação de valor. Mas é o ganho (ou fluxo de caixa) operacional, ou seja, antes dos juros, que representam ganhos ou gastos financeiros não necessariamente situados na regra de negócio da companhia, mas que surgem como consequência da decisão de financiar e ser financiado. É assim que o EBITDA nos dá uma idéia da saúde das operações, se elas são capazes de gerar caixa suficiente destinado a novos investimentos e sobras para o acionista. Então, a idéia não será mais tomar decisões que simplesmente gerem lucro para criar valor, mas fluxo de caixa, e que ele venha das operações, para ser sustentável. Que seja suficiente para financiar os novos investimentos que, por sua vez, serão responsáveis pela perenidade da companhia que produz e se renova. Na próxima edição, comentaremos sobre o futuro do EBITDA e outras formas de análise. * Professora de Contabilidade e Finanças da FGV, mestra em Administração de Empresas, trabalha em Planejamento Estratégico , entários, críticas Envie seus com as tem stões de perguntas e suge : na lu para esta co @fgv.br maria.lencione RESPONSABILIDADE SOCIAL Evento buscará fortalecer os vínculos familiares Com o tema central “A Família que se Respeita Constrói uma Sociedade Cidadã e Sustentável”, o SindusCon-SP realizará em 26 de março, das 9h às 17h, o 4º Encontro Estadual da Construção Civil em Família –ConstruSer. Como de costume, o evento acontecerá simultaneamente nos centros de atividade do Sesi na Capital e das 9 Regionais do Interior. Com a finalidade de valorizar e incluir socialmente o trabalhador da construção civil e incentivar a interação com seus familiares, o ConstruSer é organizado pela Vice-Presidência de Responsabilidade Social, com o apoio da Vice-Presidência de Relações Capital-Trabalho do sindicato. A mensagem central do evento deste ano será transmitida em atividades lúdicas, enfatizando a importância dos vínculos familiares saudáveis. Segundo Maristela Alves Honda, vicepresidente de Responsabilidade Social do SindusCon-SP, “atuamos com o firme compromisso de despertar no trabalhador a consciência da importância da família enquanto formadora do indivíduo. Quanto mais sólidos e íntegros forem esses vínculos, melhor será a formação de seus integrantes”. Para ela, estas pessoas certamente terão a autoestima necessária para serem excelentes cidadãos e profissionais. “É com esses indivíduos que se forma uma sociedade cidadã e sustentável”. ConstruSer visa integrar a família e melhorar a saúde e a qualidade de vida dos trabalhadores Haruo Ishikawa, vice-presidente de Relações Capital-Trabalho, destaca que, por meio do ConstruSer, o Sindus Con-SP vislumbrou a possibilidade de contribuir para além da formação pessoal dos trabalhadores e de seus familiares. “Buscamos também a integração da família nesse processo, pois entende-se que isso colabora para inovação, bem-estar, qualidade de vida e produtividade no trabalho”, justifica. O 4° ConstruSer deverá reunir 40 mil pessoas em 26/3 na Capital e Regionais O evento Realizado pelo SindusCon-SP junto com Fiesp, Senai e Sesi, o ConstruSer tem como parceiro o Seconci e conta com seus tradicionais apoiadores. O evento oferece um dia inteiro repleto de atividades dedicadas a promover uma melhora na qualidade de vida dos trabalhadores bem como elevar a autoestima e estimular o convívio familiar. Com este horizonte, é oferecida uma agenda extensa de atividades voltadas à saúde, educação e geração de renda complementar, além do incentivo a cultura, lazer e entretenimento, dentre outras. Segundo Maristela Honda, neste ano o evento tem como meta reunir cerca de 40 mil pessoas, entre trabalhadores, familiares e voluntários (20% a mais do que os 33,3 mil que participaram em 2010). A expectativa é de que somente o CAT Sesi de A. E. Carvalho, na zona leste da Capital, reúna pouco mais de um quarto dos participantes do evento. (Nathalia Barboza) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 31 regionais Campinas celebra o sucesso de 2010 Foto: Giancarlo Giannelli Um jantar da Regional Campinas que reuniu 110 convidados na sede da histórica fazenda Pau D´Alho, formada no século 18, contou com a presença de autoridades como o prefeito de Campinas, Hélio de Oliveira Santos. O evento também homenageou o superintendente regional da Caixa, Paulo José Galli. “É uma forma de reconhecimento, uma vez que o banco foi um grande parceiro do setor, especialmente com o financiamento do projeto Minha Casa, Minha Vida, e de outros projetos”, ressaltou o diretor da Regional, Luiz Cláudio Amoroso. Também compareceu o vice-presidente do SindusCon-SP, Paulo Brasil Batistella. O jantar também marcou uma nova parceria da Regional, intermediada pela arquiteta Maria Rita S. de Paula Amoroso. Protocolo de intenções assinado pelo prefeito Hélio e pelo secretário de Turismo, Sinval Dorigon, colocou a fazenda Pau D’Alho, cuja sede foi reformada pelo arquiteto Ramos de Azevedo no século O prefeito Dr. Hélio, Galli e Amoroso na fazenda Pau D’Alho; Maria Rita inicia projeto de resgate histórico 19, como ponto de partida para um projeto de turismo e educação patrimonial com o poder público e a iniciativa privada. Segundo Maria Rita, haverá visitas guiadas à fazenda, destinadas inicialmente apenas aos estudantes das escolas municipais. A Prefeitura fornecerá o transporte e um grupo teatral fará as apresentações dos personagens e do local. “Quando se faz esse resgate histórico, proporcionamos for- “Lei tampão” reaquece a construção em São José O diretor da Regional São José dos Campos do SindusCon-SP, José Roberto Alves, prevê, para o segundo semestre de 2011, um cenário positivo para a construção no município, após a liberação de 181 dos 314 projetos que estavam com suas aprovações suspensas por conta do conflito entre a nova e a antiga Lei de Zoneamento da cidade. O novo regulamento que limita a altura dos prédios em alguns bairros prejudicou o setor e levou ao fechamento de 3 mil postos de trabalho. Mas com a aprovação de uma “lei tampão” em outubro, os projetos foram 32 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO analisados segundo a lei anterior, resultando na liberação de 181 empreendimentos. “Foi uma excelente notícia, não podía mos mais ficar neste impasse. Com os novos projetos aprovados, entre eles 18 empreendimentos de 15 andares, conjuntos habitacionais e até hospitais, o mercado deve registrar um reaquecimento gradual no segundo semestre”, afirma Alves. Segundo ele, as construtoras partem agora para uma corrida contra o tempo para elaborar projetos complementares destas obras, selecionar e treinar mão de obra. (Denise Kelen) mação aos estudantes. E eles, conhecendo essa riqueza histórica, passam a cuidar, a proteger o patrimônio”, avalia Maria Rita. A ideia é levar o projeto para as outras 15 fazendas que fazem parte do latifúndio de Campinas, sempre com a Regional no papel de facilitadora do processo junto à Prefeitura. “Essa é nossa atitude como cidadão. De não deixar a história se perder.” (Vilma Gasques) Sorocaba apoia programa de TV Valorizar o mercado da construção civil e todos os envolvidos no processo, com informação de qualidade e orientações diversas para quem vai construir, foi o motivo que levou o diretor da Regional Sorocaba do SindusCon-SP, Ronaldo de Oliveira Leme, a apoiar o programa TV Guia do Construtor, que estreou em 1º de fevereiro, no canal 16 da NET. “Vimos no programa a oportunidade de valorizar os profissionais da área e esclarecer dúvidas de quem vai construir ou já está construindo”, afirma o gerente da Regional Sorocaba e conselheiro do programa, José Sarraccini Júnior. (Nerli Peres) Ribeirão orienta sobre segurança A Regional Ribeirão Preto realizou em janeiro a primeira reunião do ano do Comitê Permanente Regional (CPR) da NR-18, que trata da segurança do trabalho e saúde na construção civil. O encontro contou com a participação do diretor da Regional, José Batista Ferreira, e com grande adesão de representantes das empresas associadas e de várias entidades do setor. Além de um balanço das pautas concluídas de 2010, o CPR já colocou em prática a primeira ação deste ano: no final de janeiro, oito voluntários de empresas associadas atenderam proprietários de obras com 300 a 1000 m² de construção, que receberam convocação para comparecerem à Regional e obterem orientação sobre as condições de segurança e higiene do trabalho nos canteiros de obras. Os voluntários das empresas associadas orientaram sobre o planejamento 21.05.10 correto das atividades e equipamentos no canteiro de obras. Ao todo foram convocados 26 empresários. Para Sebastião Canuto Pimenta, proprietário de uma obra de 300 m² na Zona Sul, é importante contar com orientações que alertam na hora de iniciar uma obra. 09:38 Page 1 “Aqui tive conhecimento de minhas responsabilidades e obrigações. Muitas vezes contratamos terceiros e imaginamos que se algo acontecer na obra é de responsabilidade deles e na verdade não é, mas sim do contratante”, disse. (Marcio Javaroni e Ana Paula Popolin) mcason nambei-anuncio_205x140mm:Layout 1 Batista (ao centro) na reunião do CPR que contou com ampla participação de associadas e entidades A Nambei investe em modernos laboratórios e tecnologia, garantindo uma produção com qualidade e excelência no atendimento. VENDAS 0800 161819 [email protected] Avenida Ibirapuera, 2033 | 14º andar | São Paulo SP Tel (11) 5056.8900 | Fax (11) 5051.0067 / 5051.4122 www. nambei.com.br OS FIOS E CABOS NAMBEI SÃO PRODUZIDOS COM COBRE ELETROLÍTICO NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 99,99% REVISTA DE PUREZA 33 Martini Filho, Edinho Araújo, Pinhatari e Frederico, na festa em Rio Preto; Watanabe entrega placa a Nelson Sansão; Maristela com o novo diretor da Regional Rio Preto festeja Jubileu de Prata Nunes mandou e-mail de congratulações. Na solenidade de posse, o novo diretor da Regional, Emilio Carlos Pinhatari, que sucede Silvio Martini Filho, destacou os desafios e a representatividade do sindicato. “É preciso melhorar a tecnologia, capacitar trabalhadores e desenvolver o equilíbrio entre ocupação urbana e meio ambiente. São desafios que nos propomos a enfrentar, tendo sempre como objetivo a defesa dos interesses dos associados”. Watanabe enfatizou a “importância da representação regional” e colocou a estru- tura do sindicato à disposição. O primeiro diretor da Regional, Nelson Sansão, foi homenageado com uma placa, em um momento de emoção. Também estiveram presentes os diretores regionais José Roberto Alves (São José dos Campos), Luis Gustavo Ribeiro (Presidente Prudente), Luis Claudio Amoroso (Campinas) e Renato Parreira (Bauru); o delegado Orlando Pozzani Jr. (Mogi das Cruzes) e os adjuntos Antonio Carlos Frederico e Sidnei Tamelini (Rio Preto). (Ester Mendonça) Bauru lidera geração de empregos no Estado Santos analisa potencial menor Uma festa para 125 convidados no Buffet Félix Petrolli comemorou os 25 anos de criação da Regional São José do Rio Preto do SindusCon-SP e a mudança de sua diretoria. Participaram do evento o presidente do SindusCon-SP, Sergio Watanabe; os vice-presidentes Paulo Brasil Batistella e Maristela Honda; o conselheiro Norton Guimarães de Carvalho; o deputado federal Edinho Araújo e os deputados estaduais Orlando Bolçone e Sebastião Santos, entre outras autoridades. O senador Aloysio A Regional Bauru do SindusCon-SP tem se mantido no topo do ranking estadual da geração de empregos na construção. Ela registrou aumento de 30,65% no estoque de trabalhadores formais no acumulado de 12 meses encerrados em novembro. O destaque é Bauru, onde a elevação ultrapassou os 64% naquele mês. Em números absolutos, o estoque de empregos saltou de 9.853 para 16.190 vagas. O diretor Renato Parreira atribui o crescimento à expansão do setor. “A iniciativa privada tem investido mais no Interior, com mais prédios residenciais de alto e médio padrão na cidade. A construção de condomínios verticais e prédios de até quatro pavimentos cresce. 34 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Mas Parreira observa que o mercado precisa saber acompanhar este desenvolvimento e fazer as adaptações necessárias para manter os níveis de crescimento sem turbulências. “Uma expansão como esta exige ampliação na produção de insumos, políticas governamentais, principalmente na esfera municipal, que garantam verbas e investimentos, além de formação contínua de mão de obra qualificada. Hoje, as construtoras já têm dificuldades para encontrar alguns profissionais, como carpinteiros, pedreiros e armadores”, ressalta. Neste sentido, Bauru conta com a Escola da Construção Civil do Senai, que formou 110 alunos em 2010. (Sabrina Magalhães) A Câmara Municipal de Santos está iniciando o exame das alterações propostas à Lei de Uso e Ocupação do Solo, discutidas no ano passado pelo Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, com a participação do SindusCon-SP. Segundo o diretor da Regional, Ricardo Beschizza ,“ficou acertado que, em determinadas ruas, com menor capacidade de absorver o impacto de grandes obras, haverá uma redução do potencial construtivo equivalente a 20%”. Ações conjuntas Luiz Antônio Paiva dos Reis, conselheiro do SindusCon-SP e diretor adjunto da Regional Santos, foi eleito presidente (Giselda Braz) da Assecob. REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 35 marketing Sustentabilidade Antonio Jesus de Britto Cosenza * O Marketing Social, Verde ou Sustentável ainda não tem definição de princípios estruturada. Isso significa tempo para que sua empresa não permita que os seus concorrentes a realizem e deixem você a reboque. A última revista Harvard Business traz reportagem elucidativa sobre a questão. Não espere que seus competidores definam quais são os princípios da sustentabilidade no seu setor, pois a concorrência “verde” deixa de ser uma corrida de lançamentos de produtos “ecoamigáveis” para ser uma competição sobre o que significa ser ecologicamente correto. É o momento oportuno de você se engajar nesse debate para não se arriscar a ter padrões de sustentabilidade de seu setor que você não possa cumprir. A responsabilidade social e a sustentabilidade são uma tendência sem volta. É necessário que sua empresa lidere a definição das regras que orientarão seu ramo de atividade. Se isso ocorrer, ela terá uma vantagem competitiva sustentável. A reportagem apresenta quatro alternativas estratégicas para as empresas: a) adotar padrões que vigorarão, mas não ter competência para implantá-los; b) cooptar e modificar os padrões para operacionalizá-los, mas ser visto pelos clientes como incompetente que tenta representar um papel sem ter lido o roteiro; c) definir os padrões, o que requer competência instalada, credibilidade entre os pares e respeito do mercado, além de parcerias com instituições de ensino e ONGs confiáveis; isso proporcionará vantagem competitiva sustentável que levará à liderança de mercado a médio e longo prazos; d) se você já perdeu o time to Market, 36 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO A empresa que definir diretrizes para o seu setor sairá na frente ainda há a alternativa de quebrar os padrões estabelecidos e definir novos, mas essa estratégia de ruptura requer altos investimentos e uma comunicação convincente sobre as razões de modificação das diretrizes. Quanto mais recentes forem as normas, menor será a credibilidade na necessidade de modificações, uma vez que elas ainda não puderam ser comprovadas por todas as partes envolvidas, os stakeholders. A reportagem também orienta para a escolha da estratégia mais adequada. Responda sim ou não. Perguntas quanto ao estado atual dos padrões na sua empresa: Há fóruns para estabelecer padrões na sua indústria ou classe de produto? Caso os padrões existam, há consenso a respeito deles? Seus concorrentes já adotaram os padrões existentes? Os governos (municipal, estadual, federal) propuseram ou endossaram esses padrões? O mercado e os clientes os aceitaram? Perguntas quanto à habilidade da sua empresa para criar os padrões: Tem competência técnica para desenvolver padrões acreditáveis? Tem ativos de P&D e de desenvolvimento de produtos para uma inovação sustentável? Pode influenciar integrantes da cadeia produtiva para se tornarem mais sustentáveis? Tem bom relacionamento com organizações acreditadas em sustentabilidade? Tem a confiança dos clientes e de outros stakeholders? O maior número de respostas positivas às cinco primeiras questões coloca a sua empresa mais próxima das estratégias a e b. O maior número de respostas positivas às outras cinco questões coloca sua empresa mais próxima das alternativas c e d. Elabore o diagnóstico o quanto antes, enquanto a sustentabilidade é apenas um discurso promocional da maior parte das organizações, e defina os padrões que sua empresa tem condições de implantar e consolidar ao longo da cadeia produtiva. * Consultor de empresas e professor da EAESPFGV e da BBS ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna s.com.br nzaeassociado cosenza@cose C M Y CM MY CY CMY K PROCESSO SELETIVO FESPSP 2011 sua escola de ensino superior Estude em uma instituição com 77 anos de ensino superior A p r o v e it e o c o n vê n io e n t re o S IN D U S C o N -S P e a FESPSP 3 opções de processo seletivo cursos de Graduação em: ADMINISTRAÇÃO BIBLIOTECONOMIA E CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO SOCIOLOGIA E POLÍTICA INSCRIÇÕES ABERTAS www.fespsp.org.br 0800 7777 800 Rua General Jardim, 522 - Vila Buarque Rua Cesário Mota Junior, 266 - Vila Buarque Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo GRADUAÇÃO | PÓS-GRADUAÇÃO | EXTENSÃO (próximo às estações República e Sta. Cecília do Metrô) REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 37 JURÍDICO Compensação permitida Marcos Minichillo de Araújo * A A extinção de obrigação tributária federal pela via da compensação foi normatizada pela primeira vez por meio da Lei 8.383/91, permitida somente entre tributos e contribuições da mesma espécie. Em 1996, com a Lei 9.430, foi permitida a compensação entre tributos e contribuições de espécies distintas administradas pela Receita, desde que o contribuinte pedisse compensação na forma da IN 21/97. Em 2002, com a Lei 10.637/02, ficou estabelecido que os créditos apurados judicialmente poderiam ser compensados após o trânsito em julgado. A partir de então houve divergência do entendimento da Receita sobre a possibilidade de compensação entre tributos de espécies distintas reconhecidos judicialmente ou quando a sentença reconhecia o direito somente à restituição. Recentemente, a Coordenação-Geral do Sistema de Tributação da Receita definiu que o crédito relativo a tributos federais reconhecidos por sentença judicial, que tenha admitido somente a compensação com débitos de tributos de mesma espécie, ou que tenha reconhecido somente o direito à restituição, pode ser usado para quitar débitos de quaisquer outros tributos federais. Esse entendimento está consolidado na Solução de Divergência 2 de 2010, cuja ementa diz: “Compensação. Decisão judicial transitada em julgado após Lei 10.637, de 2002, restritiva a tributo de mesma espécie. Possibilidade de Compensação com outros tributos administrados pela Receita Federal. Os créditos relativos 38 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Crédito tributário reconhecido por sentença judicial pode ser utilizado a tributos administrados pela Receita, reconhecidos por sentença judicial transitada em julgado que tenha permitido apenas a compensação com débitos de tributos da mesma espécie, ou ainda, que tenha permitido apenas a repetição do indébito, poderão ser compensados com débitos próprios relativos a quaisquer tributos administrados pela Receita (a) se houver legislação superveniente que assegure igual tratamento aos demais contribuintes ou (b) se a legislação vigente quando do trânsito em julgado não tiver sido fundamento da decisão judicial mais restritiva.” Assim, os contribuintes que tiveram créditos reconhecidos judicialmente e estão aguardando a restituição pela via do precatório, podem agora pedir a compensação com quaisquer tributos administrados pela Receita. Os que obtiveram o direito de compensar créditos com débitos da mesma espécie tributária poderão solicitar a compensação com débitos de outras espécies tributárias. A Solução de Divergência indicou que é válida para as decisões transitadas em julgado após a Lei 10.637/02. A despeito de essa conclusão representar avanço para a Receita, a restrição temporal não está adequada, pois se a atual legislação permite a compensação com tributos de espécies distintas, pouco importa se o trânsito em julgado ocorreu antes ou depois de 2002. Se a lei ampliou o direito da compensação para todos os contribuintes, não há motivo para um deles ter seu direito reduzido apenas porque a decisão judicial transitada em julgado limitou esse direito, sobretudo porque possivelmente a decisão judicial deve ter se pautado na legislação mais restritiva vigente à época do início da ação. Nessa situação, a lei não está prejudicando o ato jurídico perfeito ou a coisa julgada. Ao contrário, a nova lei está ampliando o direito reconhecido pela decisão judicial transitada em julgado. Assim, permitir a compensação a esse contribuinte representa dar efetividade à legislação vigente e reconhecer que ele, além de obrigações, tem direitos. Advogado, membro do Conselho Jurídico do SindusCon-SP s, entários, crítica Envie seus com as m gestões de te perguntas e su illo@ : marcosminich na para esta colu dos.com.br almeidaeassocia REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 39 SOLUÇÕES INOVADORAS Novas opções de coberturas Ercio Thomaz * M eu velho professor Alberto de Campos Borges dizia que a boa construção começa pela solidez das fundações e termina com a boa qualidade do telhado. Além disso, a construção moderna exige cada vez mais racionalidade dos processos, maior produtividade e maior velocidade na execução, tudo sem comprometer a qualidade, a estética e a durabilidade da cobertura. Modernas técnicas e muitos materiais têm surgido para a execução das coberturas, incluindo sistemas de impermeabilização que serão abordados em outra oportunidade. Quanto aos telhados, nas últimas décadas foram desenvolvidas telhas em argamassa ou concreto, telhas cerâmicas esmaltadas, coberturas metálicas zipadas em aço, alumínio ou cobre, grandes canaletes em fibrocimento, vigas-calha pré-moldadas em concreto armado ou protendido, telhas metálicas tipo sanduíche, com miolo em lã de rocha, poliestireno ou poliuretano expandido, telhas de madeira, telhas de vidro, chapas em acrílico ou policarbonato, telhas shingle em ardósia, feltro ou cortiça impermeabilizada com material betuminoso e reforçadas com fibras de vidro ou de plástico, às vezes madeira reconstituída revestida com cobre. Isolantes térmicos e acústicos, em plásticos expandidos, lã de vidro ou lã de rocha, vêm se incorporando aos telhados, além de subcoberturas em finas lâminas de plástico e foils de alumínio. Forros em Agora é preciso combinar custos, engenharia e sustentabilidade alumínio ou aço escovado, placas minerais, madeira reconstituída, gesso acartonado, lâminas plásticas e outros vêm se integrando cada vez mais às coberturas, no sentido de que as mesmas venham a atender às amplas condições de desempenho que lhes são exigidas: estanqueidade à água, a poeiras e a insetos, isolação térmica e acústica, estabilidade de cores, durabilidade, resistência ao fogo, à ação do vento e do granizo, resistência a roedores, fungos e insetos xilófagos. Nas construções de pequena altura, até dois ou três pavimentos, a cobertura compõe-se com as fachadas, dando a elas continuidade e integrando-se à volumetria e ao próprio partido arquitetônico da obra. Nos telhados com grandes inclinações, o efeito estético da cobertura chega às vezes a predominar sobre o próprio efeito das fachadas. A arquitetura e a engenharia, incluindo a de materiais, têm criado diferentes possibilidades para as coberturas, traduzidas em sistemas totalmente transparentes, coberturas telescópicas, sanfonadas, retráteis e outras. Com as exigências ambientais, os “tetos brancos” e os “telhados ecológicos”, revestidos com vegetação ou suportando lâminas de água, vêm ganhando espaço cada vez maior, integrando-se muitas vezes com a própria paisagem. No campo dos componentes e acessórios, pode-se contar com peças de extrema utilidade como telhas de ventilação, cumeeiras reguláveis para diferentes inclinações dos panos, águas furtadas com largura regulável, telas e grades de contenção de pombos e outras aves, chaminés pré-fabricadas, rufos e calhas em plásticos resistentes aos raios ultravioleta, fitas e tiras aluminizadas auto-aderentes para arremates, ganchos para fixação de cabos do sistema de proteção contra descargas atmosféricas e outros. Para melhorar as condições de conforto térmico, Coberturas em estrutura de alumínio e policarbonato, em estrutura metálica e telhas de aço, e no sistema de telhas shingle Foto: TC Shingle do Brasil REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Foto: Metalfer Foto: Belmetal 40 Foto: Rossi Residencial Foto: Tetti Telhados Treliças em madeira reconstituída e vista parcial de sobrados da Vila Flora, em Sumaré Telhado em telhas cerâmicas esmaltadas Foto: Lafarge Roofing ou alumínio, ou uma central de produção de treliças em madeira. O sistema estrutural, obviamente, deve compor-se com a arquitetura e o tipo de telhas escolhido, com o projeto de águas pluviais e com todas as necessidades logísticas da obra, considerando-se a capacidade instalada de energia elétrica, disponibilidade local de serralheiros ou carpinteiros, necessidade de equipamentos de transporte horizontal ou vertical etc. Se não houver perfeita integração entre os projetos, e o planejamento/ compatibilização com os recursos disponíveis, os sistemas pré-industrializados isoladamente não produzirão resultados satisfatórios. Considerando o emprego de madeiras de reflorestamento (pinus e eucalipto), um bom exemplo de pré-industrialização de estrutura de madeira é o empreendimento Vila Flora Sumaré, da Rossi Residencial, obra com cerca de 3.000 unidades, localizada em Sumaré (SP), onde a estrutura de madeira dos telhados foi subempreitada para a empresa Tetti –Telhados e Sistemas Construtivos de Madeira Plantada. Com as peças recebendo prévio tratamento preservativo em autoclave, o sistema estrutural em questão foi composto por treliças leves, com barras ligadas por chapas tipo “gang-nail” e posicionadas próximas umas das outras. Interligando e contraventando as treliças, foram utilizados sarrafos que também atuaram como ripamento para apoio das telhas. Em relação aos telhados tradicionais, utilizou-se maior número de treliças, mas com a eliminação das terças Foto: Indústria Cerâmica Cláudio Vogel particularmente em coberturas industriais, existe a disponibilidade, além dos materiais isolantes, de ventiladores eólicos e sistemas automáticos de aspersão de água (“refrigeração evaporativa”). Relativamente às coberturas, para as quais estádios, shopping centers, terminais rodoviários e centros de distribuição vêm exigindo vãos cada vez maiores e prazos cada vez mais curtos, verifica-se notável desenvolvimento nas estruturas espaciais em ligas de alumínio, nas tenso-estruturas, treliças planas ou espaciais pré-fabricadas em aço, “vigas tesoura”, arcos e pórticos pré-moldados em concreto protendido e outras inovações. Com o aumento crescente da demanda por construções, e a necessária melhoria global da produtividade dos diferentes sistemas construtivos, os telhados não podem ser relegados a segundo plano, tanto do ponto de vista da engenharia quanto dos custos. Combinando essas necessidades com os imperativos de sustentabilidade, que só recentemente descobrimos, estruturas de telhados pré-industrializadas em madeira de reflorestamento representam uma importante opção, ainda mais num país com vasta área agriculturável, com possibilidade de “plantio” desse material de construção praticamente em todo território nacional. Considerando a necessidade de um número representativo de unidades, podese incorporar ao canteiro de obras uma pequena unidade de produção de engradados metálicos pré-industrializados em aço Telhado em telhas de concreto e dos caibros, no cômputo geral houve redução na metragem cúbica da madeira utilizada. ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna l.com.br uo erciothomaz@ REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 41 INOVAÇÃO Férias para os legistas Vahan Agopyan * É inevitável comentar as catástrofes vividas em janeiro no Sudeste, que nos comovem e nos deixam indignados pela impotência frente a um fenômeno natural, de certa forma previsível. A população dá mostras da sua grande solidariedade, mas o meio técnico e as autoridades não conseguem prover essa sociedade com informações adequadas. Podemos vislumbrar três posicionamentos dos profissionais para esses acontecimentos. Os técnicos ligados aos diversos governos justificam a calamidade pelo volume de chuvas acima das médias históricas, que não permitiu previsões mais seguras para o controle do volume de água nas barragens à montante dos locais destruídos. Vários técnicos independentes acusam o poder público de omissão pela ocupação urbana indevida das encostas e pela impermeabilização excessiva do solo e a sua instabilidade, resultados da mencionada ocupação indevida e do crescimento urbano sem planejamento. Os técnicos ligados aos grupos ambientalistas apontam o aquecimento da Terra, indicando essas chuvas torrenciais como consequência da ação nefasta do homem sobre o planeta. Todos estão de certa maneira corretos. Houve um crescimento urbano sem o planejamento adequado, ocupando terrenos inadequados para a construção, mas as chuvas foram atípicas, atingindo os centros de cidades como Franco da Rocha, Teresópolis e outras. Temos uma realidade distinta da existente há algumas décadas, o que exige uma postura técnica diversa. Um comentário marcante foi o de um colega com maior experiência, alertando que está faltando Engenharia nos gover- 42 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO Falta inovar na mitigação dos efeitos das intensas chuvas nos, em outras palavras, soluções técnicas e inovadoras. Muitas das decisões tomadas durante e principalmente depois das catástrofes acabam sendo de profissionais muito competentes em gestão, mas sem o embasamento técnico necessário para ter o discernimento imprescindível nesse tipo de decisão. Não se pode fazer a gestão de uma atividade se não se conhece o seu processo –frase proferida por um administrador de renome na primeira aula que tive de gestão num curso de especialização. A inovação pode servir como ferramenta para mitigar, já que é impossível evitar, os fenômenos da Natureza. O conhecimento avançou bastante nesta área e temos condições de colaborar com a sociedade. Além de apontar as áreas consideradas de risco e propor a remoção da população, a moderna Engenharia Geotécnica tem condições de oferecer soluções de estabilização de taludes (que até empregamos nas modernas rodovias) e garantir a preservação dos centros urbanos, até históricos, como o de São Luiz do Paraitinga. Os valores médios de vazões, chuvas típicas e outros parâmetros devem ser atualizados, levando em conta a nova realidade, e os sistemas urbanos revistos. Há soluções inovadoras de pavimentos que absorvem água (há um trecho experimental na Cidade Universitária) e tratamentos para dissipar e reduzir a velocidade de vazão das águas pluviais. Em resumo, o meio técnico tem propostas e pode desenvolver outras conforme a necessidade, e com isso melhorar a qualidade de vida da população. Mas dependemos de políticas públicas integradas, que permitam a incorporação das inovações no meio urbano. De fato falta Engenharia no setor público, no entanto temos a obrigação de mostrar isso para os governantes e convencê-los de que só com muita tecnologia inovadora podemos minimizar o efeito do meio ambiente na população e com isso, em poucos anos, ser possível para os médicos legistas tirarem férias em janeiro. * Professor Titular da Escola Politécnica da USP e Pró-Reitor de Pós-Graduação da USP ntários, críticas, Envie seus come stões de temas perguntas e suge : para esta coluna poli.usp.br vahan.agopyan@ REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO 43 44 REVISTA NOTÍCIAS DA CONSTRUÇÃO
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