Nesse sentido, um dos principais componentes do sistema de
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Nesse sentido, um dos principais componentes do sistema de
ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR TÓPICOS APRESENTADOS DE FORMA RESUMIDA E ADAPTADA, RETIRADOS DOS ARTIGOS DE: EUCLIDES et al. (2001). Produção Intensiva de Carne Bovina em Pasto. Simpósio de Produção de Gado de Corte. II SIMCORTE. Anais..., Viçosa, MG, p. 55-82, 2001. MATTHEW et al. (2001). Understanding Shoot and Root Development. XIX International Grassland Congress. p. 19-27, 2001. WILSON et al. (1997). Structural and Anatomical Traits of Forages Influencing their Nutritive Value for Ruminants. Simpósio Internacional sobre Produção Animal em Pastejo. International Symposium on Animal Production under Grazing. Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, p. 173-208, 1997. ESTUDO SOBRE MORFOGÊNESE, ANATOMIA E CINÉTICA DE DIGESTÃO RUMINAL DE FORRAGEIRAS, OBJETIVANDO A INTENSIFICAÇÃO DA PRODUÇÃO DE BOVINOS EM PASTEJO PRODUÇÃO INTENSIVA DE CARNE BOVINA EM PASTO Introdução O sistema de produção para ser parte integrante de uma cadeia produtiva de carne eficiente necessitará de inversões diversas, especialmente tecnológicas. Sem inserção de tecnologias, nenhum segmento será capaz de vencer os desafios que são colocados pela globalização. Dentre os atores dessa cadeia talvez o sistema de produção seja aquele mais carente de utilização efetiva de tecnologias em larga escala. Essas tecnologias terão, em maior ou menor grau, a função de promover sua intensificação. Nesse sentido, um dos principais componentes do sistema de produção é a alimentação e, em especial, as pastagens. Ressalta-se, que para ser competitivo o sistema deverá ser capaz de, basicamente, possibilitar o aumento da capacidade de suporte das pastagens. Segundo Corsi e Nussio (1992), os pecuaristas precisam planejar sistemas de exploração de pastagens cada vez mais intensivos, sugerindo ser possível estabelecer metas para taxa de lotação de 17UA/ha. Várias são as formas disponíveis para se obter tal incremento, dentre as quais podem-se mencionar, a adubação das pastagens, o uso de irrigação, nas condições onde essa for uma prática recomendável, o uso de suplementação alimentar em pasto e mesmo o confinamento. Esse último, além de ser recomendado para aqueles animais de melhor desempenho potencial, é uma 1 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR estratégia importante para liberação de pastos para outras categorias animais. Para maiores eficiência e eficácia de quaisquer dessas alternativas é necessário que se conheçam as características das pastagens tropicais. Nesse texto será dada ênfase à adubação e à suplementação alimentar, uma vez que os tópicos irrigação das pastagens (Alencar, 2001) e o confinamento (Silveira, 2001) serão apresentados nesse evento. Características das pastagens tropicais A disponibilidade e a qualidade das forrageiras são influenciadas pela espécie e pela cultivar, pelas propriedades químicas e físicas do solo, pelas condições climáticas, pela idade fisiológica e pelo manejo a que a forrageira é submetida. A eficiência da utilização de forrageiras só poderá ser alcançada pelo entendimento desses fatores e pela sua manipulação adequada de modo a possibilitar tomadas de decisão sobre manejo objetivas de maneira a maximizar a produção animal. As forrageiras tropicais, em conseqüência da estacionalidade da produção, não fornecem quantidades suficientes de nutrientes para a produção máxima dos animais. Segundo t’Mannetje (1983), as principais limitações são, pelo menos, durante a metade do ano, a baixa disponibilidade de forragem verde e o seu baixo valor nutritivo durante a maior parte do período de rebrotação ativa da planta. O que se busca em uma forrageira é a capacidade de atender, pelo maior período possível, às demandas dos animais. Nessa revisão, as forrageiras foram classificadas em três grupos distintos: o de alta qualidade, composto por gramíneas dos gêneros Panicum (tanzânia, mombaça, tobiatã, vencedor), Cynodon (estrela, coastcross e tiftons) e Pennisetum (camoroon, napier e anão), o de média qualidade formado pelas gramíneas do gênero Brachiaria (ruziziensis, decumbens e marandu) e Andropogon (planaltina e baeti), e o de baixa qualidade constituído pelas gramíneas do gênero Brachiaria (humidicola e dictyneura cv. Llanero). As diferenças entre esses grupos parecem estar relacionadas, principalmente, com o conteúdo de proteína bruta e consequentemente com a redução no consumo voluntário e na produção animal. Uma vez que qualquer decréscimo no consumo voluntário tem efeito negativo significativo sobre a eficiência de produção, o entendimento dos fatores que restringem o consumo de forragem pode ser de grande importância 2 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR como elemento auxiliar no estabelecimento de manejos que permitam superar essas limitações e melhorar a utilização das pastagens. Vale ressaltar que o consumo só será controlado pelo valor nutritivo da forragem se a quantidade de forragem disponível não for limitante. O NRC (1987) contém uma revisão de dados sumarizados por Rayburn (1986) da qual pode-se concluir que, sob pastejo, o consumo máximo ocorre quando a disponibilidade de forragem é de, aproximadamente, 2.250 kg de matéria seca (MS)/ha, ou a oferta de forragem é da ordem de 40 g de matéria orgânica (MO)/kg PV0,75 . Pode-se observar ainda, que o consumo decresce rapidamente para 60 % do máximo, quando a oferta de forragem foi de 20 g de matéria orgânica/kg PV0,75. Esses resultados sugerem claramente que quanto melhor for a qualidade da forrageira, maiores ganhos de peso são obtidos por animal e menor oferta de forragem é necessária. Assim, o ponto crítico para se conseguir bons desempenhos por animal se constitui na determinação da oferta de forragem que não limite o consumo pelo animal. Algumas sugestões têm sido apresentadas na literatura. Gibb e Treacher (1976) sugeriram que a disponibilidade de forragem deve estar entre duas a três vezes o que o animal consome, e que em disponibilidades inferiores a essas o consumo decresce acentuadamente. Paladines e Lascano (1983) sugeriram uma oferta de MVS igual a 6 % do peso vivo. Já, Adjei et al. (1980) sugeriram ofertas de 6 a 8 kg de MS/100 kg PV. Por outro lado, Maraschin (2000) criticou de forma veemente essas recomendações, sugerindo que esses experimentos foram conduzidos com baixa oferta de forragem com conseqüente limitação de consumo por parte do animal, contribuindo assim para a falsa imagem de baixa qualidade das espécies forrageiras tropicais. Segundo esse autor, baseado no fato de que o animal seleciona, preferencialmente, lâmina foliar, a oferta forrageira não deve se fundamentar em MVS e sim, em matéria seca de lâmina foliar (MSLF). Este tipo de manejo tem beneficiado também às plantas, como evidenciado por Almeida et al. (1997), que observaram que os diâmetros das touceiras, cobertura de solo e o desenvolvimento radicular das forrageiras foram influenciados positivamente pelas maiores ofertas de MSLF. Dessa forma, fica 3 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR evidente a importância do manejo correto das pastagens para o estabelecimento de uma pecuária moderna e produtiva. ENTENDENDO O DESENVOLVIMENTO DA PARTE AÉREA E DA RAIZ DA GRAMÍNEA O subtítulo inclui uma ampla gama de tópicos e cada tópico é capaz de entrar num espectro de discussão em níveis diferentes para detalhar o nível fisiológico da planta para interações planta-planta e planta-ambiente (ecofisiologia), bem como para diferentes espécies. Isso inclui discussões relacionando forma e função da planta (Robson et al. 1988), aspectos morfogenéticos de crescimento de planta, interações recíprocas entre crescimento de planta e perfilhamento, e uso de C e N em zonas de crescimento e em forma e função de raiz. É importante o conhecimento de quatro processos de crescimento primários: aparecimento de folha, perfilho, formação de colmo verdadeiro e aparecimento de raiz. Busca-se as interrelações entre esses processos. Essa aproximação cria uma série de perguntas. 1) Como é organizado um perfilho como um todo? 2) O conhecimento da organização dentro do perfilho contribui para o entendimento da restrição dos processos individuais? 3) Qual o nível de conhecimento sobre cada um desses processos individualmente? 4) Como esses processos interagem com cada processo para determinar a performance geral da forrageira? 5) Qual a relevância deste processo para o desenvolvimento da planta? Estrutura segmentada do perfilho de gramínea Significância para a dinâmica do relvado Cada perfilho – cadeia de unidade de crescimento chamado fitômero. Esses fitômeros são depositados abaixo do meristema apical em sucessão linear. Apesar dos estudos, a implicação lógica dos 4 processos primários e eventuais morte de raiz atualmente representam 4 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR estágios sucessivos no desenvolvimento de fitômeros e são raramente estudados. Fitômero individual →formação de diferentes órgãos de diferentes estágios em seu próprio ciclo de vida, e um perfilho simples é uma cadeia coordenada de fitômeros em estágios diferentes do seu ciclo de desenvolvimento (FIGURA 1), são razões fundamentais porque o perfilho mantém uma aparência mais ou menos consistente ao longo do período de tempo. Entretanto, devido ao processo cíclico onde novos fitômeros são introduzidos no meristema e fitômeros velhos são eliminados por queda, a morfologia de um perfilho é dinâmica. Isso proporciona um mecanismo de plasticidade e permite mudanças sazonais na estrutura do relvado e no sistema de distribuição da raiz. Em contraste, em dicotiledôneas herbáceas ou lenhosas, o desenvolvimento de fitômeros envolve formação de tecido vascular primariamente, e a forma e o tamanho da planta mudam de forma irreversível ao longo do tempo, ou seja, toleram desfoliação quando novos colmos são formados de uma gema no colmo velho ou na coroa após a desfoliação. A estrutura segmentada do perfilho, entretanto, confere propriedades de sobrevivência fundamentais, explicado como processo de desenvolvimento individual, discutido mais à frente. Figura 1 Formação quantitativa da estrutura do eixo do perfilho A despeito do conhecimento da estrutura segmentada em perfilho, nós temos poucas descrições quantitativas do status do fitômero para cortes inteiros de perfilho. Isso é porque coletar dados descrevendo o eixo do perfilho é muito trabalhoso, e os dados são difíceis para interpretar e analisar. Em contraste, dados de taxas de alongamento de 5 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR folha e raiz e taxas de aparecimento de folha, perfilho e raiz são muito fáceis de coletar e interpretar. Então é mais fácil estudar processo individual de crescimento de folha, raiz e perfilhamento de forma mais detalhada. Etter (1951) mapeando fitômero de Poa pratensis, achou em planta com menos de dois anos de idade: 15 rizomas, 30 perfilhos e 1 inflorescência. Detalhes de folhas vivas em cada perfilho e tempo de desenvolvimento de raiz não apareceram como sendo bem mensurado. Concluiu que análise de dados foi mais dedutiva que estatística, mas focou no número de gemas depositado, e as gemas que se desenvolveram em perfilho e rizomas e concluiu que há uma possível especulação de um mecanismo de controle para desenvolvimento de gema. Yang et al. (1998) conduziram um estudo com modelo computacional para determinar dados sobre o eixo do perfilho. Eles examinaram perfilhos de nove meses de idade de L.perene (Lp) e Festuca arundinacea (Fa). Os perfihos de Lp produziram 6 primórdios foliares, 1 alongamento de folha dentro do pseudocolmo, 1 alongamento de folha visível, 3 folhas maduras e 8 fitômeros com raízes em vários estágios de desenvolvimento desde a formação da raiz até a sua morte, fazendo um total de aproximadamente 20 fitômeros no eixo do perfilho (FIGURA 1).Um perfilho típico de Fa no mesmo estudo teve menos fitômeros no estágio de primórdio foliar (também notado por Pearse and Wilman, 1984), mas teve uma folha madura extra comparada com Lp. Fitômeros com raízes anexadas em Fa foram em número de 6, mas foi notado que no eixo do perfilho de 9 meses de idade de Fa, as plantas não alcançaram seu comprimento final. Parece que os dados não foram suficientes para avaliar como o fitômero se arranja no eixo do perfilho, devendo variar dentro e entre espécies e em resposta ao estímulo do ambiente. Entretanto, é conhecido que o número de primórdio foliar não desenvolvido no ápice deve aumentar durante períodos que o alongamento foliar é reduzido por estresse. A liberação mais rápida 6 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR desse primórdio não desenvolvido tem sido implicado com a eliminação do estresse. Desenvolvimento de folha e perfilho Ambos interagem como determinantes de captura de luz. Nelson, 2000, revisou tópicos sobre formação de folha e perfilho no eixo do perfilho. Considerando que o crescimento da folha em fitômeros sucessivos á gradativo e contínuo, a liberação da gema do perfilho é regulada independentemente em um local pré-estabelecido. Todo fitomero forma um primórido foliar e uma gema do perfilho, e todo primórdio foliar se desenvolve para uma folha. O Intervalo do aparecimento de folha, ou filocrono (phyllochron), aproxima-se à taxa de aparecimento do fitômero no eixo do perfilho (Nelson, 2000). Em contraste com o aparecimento da folha, a probabilidade das gemas do perfilho de fitômeros sucessivos desenvolvendo-se para novos perfilhos é variavelmente grande, variando de 0 a 1, dependendo do caso. Conseqüentemente, o controle de liberação da gema do perfilho é um parâmetro melhor que o controle da formação de folha, sendo o principal meio para regulação do IAF do relvado (Matthew, 2000). Um mecanismo fisiológico envolvido no controle da liberação das gemas é responsável pelo aumento na relação vermelho: vermelho extremo. A proporção de desenvolvimento de gemas do perfilho foi primeiramente mensurada como a taxa de aparecimento de perfilho ( Davies, 1974), com um máximo de 0.69 quando as gemas se desenvolvem para perfilho. O valor máximo é menor que 1 por causa da diferença entre aparecimento de folha e perfilho no eixo do perfilho. Perfilhamento é muito importante durante o estabelecimento de um relvado ou quando a densidade de perfilho tem sido reduzida consideravelmente, por exemplo, pelo inverno rigoroso ou decapitação de um relvado em estágio reprodutivo depois de um corte severo. A redução da densidade depois de um corte severo pode ser considerável e isso pode levar um longo tempo para sua recuperação. A redução 7 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR concomitante no rendimento pode ser explicada pela redução do aumento da área foliar depois da desfoliação por essa menor densidade de perfilho (Van Loo, 1993).Em geral, a menor densidade de perfilho de Cultivares tetraplóides em relação a cultivares diplóides de L. perene, em um relvado satisfatoriamente estabelecido, é associado a uma maior área foliar por perfilho em cultivares tetraplóides. Com sua maior área foliar por perfilho (tetraplóides), morte de perfilho por sombreamento ocorre em uma densidade de perfilho muito menor que para cultivares diplóides. Desenvolvimento coordenado de folhas em fitômeros sucessivos Para F. arundinacea, Skinner e Nelson (1995) observaram que o início da alongação da lâmina em um nó N, o início da lígula em um nó N-1, e o fim da divisão da bainha em um nó N-2 ocorrem aproximadamente ao mesmo tempo. Durand et al. (2000) argumentaram que uma folha foi conceituada como tendo uma zona meristemática (m), zonas de alongamento para lâmina e bainha (operando em diferentes tempos, g) e tecido maduro (l). Nesse modelo de regras de coordenação, quando o comprimento da folha (m+g+l) de uma folha particular (N) iguala-se à bainha maior das folhas prévias, o meristema pára de produzir novos tecidos meristemáticos, a adição de novas células à lâmina cessa (mas células em desenvolvimento continuam alongando-se) e começa o alongamento da bainha. O modelo deu simulações realistas da taxa de alongamento de folha, duração de alongamento de folha, e predisse o aumento progressivo dos sucessivos comprimentos finais das folhas após a desfoliação. A cessação da atividade meristemática da folha N-1 ao mesmo tempo que começa a atividade na folha N+2 foi predito pelo modelo e não precisou ser introduzido como uma regra de coordenação. Também predito foi que a folha N+1 deveria, neste tempo, ter em torno de 1 mm de comprimento, como observado por Skinner e Neslon (1994). 8 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR Zona de Crescimento da folha Em gramíneas, o meristema da folha e a associada zona de alongamento da folha estão localizados na base da folha e estão escondidos pelas bainhas das folhas velhas. Como resultado da produção continuada de células e expansão na base da folha, células produzidas pelos meristemas são deslocadas para cima. Esses processos resultam em formação de aumento de comprimento de células epidermais com aumento da distância da base da folha. Em condições ideais de crescimento, durante o período de alongamento ativo da folha, este gradiente é constante e unidirecional (Schnyder et al., 1990). O gradiente espacial da base para e extremidade do crescimento foliar evolui para um aumento do gradiente de células da base dividindo ativamente, células promovendo expansão e, próximo ao topo da folha, as células chegam ao seu tamanho final. Como conseqüência disto, a distribuição do comprimento das células ao longo da parte basal da folha pode ser usada para apurar a taxa de distribuição de crescimento (Silk, 1984), e para quantificar o comprimento da zona onde a divisão e a expansão celular ocorrem (FIGURA 2). Figura 2 É bem reconhecido que a distribuição espacial das taxas de crescimento em folhas de gramíneas podem mudar. Vários fatores externos e internos podem influir nisso: genótipo, nutrição nitrogenada, déficit hídrico, temperatura, duração do dia, irradiância e desfoliação. Efeitos da desfoliação no crescimento da folha e área foliar do dossel A desfoliação pode causar um decréscimo rápido e dramático na taxa de alongamento da folha e a relação entre a biomassa e a taxa de aparecimento de tecido foliar é agora bem conhecida. Tem sido 9 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR reconhecido que CHO de reserva é mobilizado principalmente pela bainha da folha em L perene, e é suficiente para não mais que dois dias de rebrotação, depois desse tempo, a fotossíntese líquida deve suprir a energia para a rebrotação. Também seguindo desfoliação, como um resultado da baixa força de crescimento das folhas, raízes podem se tornar uma fonte de C e nutrientes. A um nível morfogênico, Van Loo (1993), em experimento em casa de vegetação, encontrou que durante a recuperação da planta, o comprimento final da folha foi reduzido pela desfoliação severa. O índice de área foliar depois da desfoliação foi mais afetado pelo nível de suprimento de N que pela densidade de planta, e foi acompanhado por um aumento na área foliar específica. A partir desses estudos, Van Loo (1993) reconheceu que a taxa da área foliar recuperada após a desfoliação é limitada pela densidade de perfilhos presentes e pela sua capacidade física para gerar novas folhas. Bahmani (1999) nomeou essa limitação como limite morfológico de área foliar (MCLA) e explorou a possibilidade de predizer mudanças sazonais na densidade de perfilho pela comparação do MCLA com um limite ambiental teórico para uma área foliar que pode ser suportada. Estratégias alternativas de produção de folhas Robson (1969) percebeu que pode haver uma extensão de estratégias para produzir uma mesma quantidade de folhas, através da variação da taxa de aparecimento de folha (TAp), taxa de alongamento de folha (TAL) e duração de alongamento de folha (DAL). Em F. arundinacea, TAL alto foi associado com baixa porcentagem real de perfilho produzido a partir da gema (Zarrough et al., 1984). Similarmente, alto TAL e baixo perfilhamento têm sido associados em F. arundinacea por Robson (1967) e Allard et al. (1991), em trigo (Boss e Neuteboom, 1998). Um diagrama esquemático dessas interações foi apresentado por Bahmani 1999 (FIGURA 3). Tem em comum com as relações plantaplanta e planta-ambiente discutido no decorrer deste artigo (Lemaire, 2001). 10 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR Figura 3 Formação de colmo verdadeiro Colmo verdadeiro Uma importante conseqüência do turnover (mudança) do fitômero no eixo do perfilho é que a alongação do eixo do perfilho é inevitável. Mesmo em espécies categorizadas como gramíneas em forma de touceira ou em ramificações, o alongamento do eixo do perfilho não pode ser ignorado. Em L. perene, por exemplo, 30 a 40 novas folhas são formadas por ano (Davies, 1977), e, assumindo o comprimento do fitômero no eixo do perfilho sendo de 0.3 a 0.5 mm, este poderia resultar em 10 a 20 mm de formação de colmo verdadeiro por perfilho por ano, mesmo sem alongamento do entre-nó. De fato, o alongamento vegetativo do entrenó ocorre e o cultivo de um genótipo único pode atingir um diâmetro aproximando ou excedendo de um metro em relvados de azevém adulto através de uma expansão horizontal de plantas individuais com o tempo. (Harris et al., 1979). Esse alongamento deve ser adequado dentro da dinâmica do relvado. Em um experimento com L. perene, o comprimento total do colmo verdadeiro apresentou aumento de 60 para 173 m/m2, com maior quantidade de colmo presente sob mais leve desfoliação do relvado (Matthew et al., 1989). Como o colmo de L. perene teve uma massa seca em torno de 1mg/mm, o peso do colmo verdadeiro presente foi entre 0.5 a 2.0 t/ha. Crescimento da raiz Local e dinâmica da formação de raiz no eixo do perfilho Perfilhos de L. perene formaram seus primeiros quatro ou cinco fitômeros de raiz abaixo da folha emergente, e perfilhos de F. arundinacea formaram seus primeiros 5 a 7 fitômeros de raiz abaixo da primeira folha (Yang et al., 1998). Em geral, o local da iniciação do rápido alongamento da raiz correspondeu ao local de senescência da folha, sugerindo 11 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR transferência de metabólitos das folhas senescentes para o desenvolvimento de raízes, ou ao menos um sinal para a iniciação do alongamento de raiz deu-se pelos produtos da senescência da folha. O comprimento final do eixo principal ou nodal (Russell, 1977) das raízes pareceu ter sido atingido em torno de quatro fitômeros abaixo do local de iniciação de alongamento da raiz, e a acumulação do comprimento total, incluindo colmos, pareceu cessar ao redor de sete nós abaixo do local onde estava inserida a folha senescente (Matthew e Kemball, 1997). A média do número de raiz por fitômero gira em torno de duas, isso indica uma taxa de perfilho produzido por gema ao redor de 50 %, fazendo a formação do eixo de raiz mais plástica que a formação do perfilho, porém menos plástica que a formação da folha. O peso final da raiz em torno de 20mg/fitômero é indicativo de uma alocação de sistema radicular em torno de 15 a 20 % de acumulação de matéria seca em relação à planta inteira, assumindo comprimento foliar (plantas não desfoliadas) de 150 mm e um peso foliar específico de 0.07mg/mm. O comprimento final de raízes em torno de 2,5 m/fit é aproximadamente consistente com o valor mensurado por Matthew (1992) de 82km de raiz por metro quadrado, 3 2 em pastejo moderado (assumindo 6X10 perfilhos /m e 6 fitômeros de raiz/perfilho). Outro ponto a ser considerado na análise dinâmica da formação de raiz é a queda entre formação de folha e raiz em um dado fitômero no eixo do perfilho (Matthew et al., 1998). Plasticidade de raiz Diâmetro de raiz é um importante mecanismo de ajustamento para redução de suprimento de carbono e de nutrientes. Matthew (1992) observou uma consistente redução do diâmetro médio da raiz em relvados sob pastejo pesado. Mackie-Dawson (1999) encontrou que o diâmetro da raiz foi significativamente reduzido pela simples desfoliação a uma altura de 40 mm, e Fitter (1996) notou que sistemas mais jovens de raiz e aqueles solos pobres em nutrientes tenderam para ter comprimentos específicos de raízes maiores. Redução de suprimento de nutriente reduz fotossíntese (FS) total, mas aumenta a relação raiz:parte aérea. Em alguns casos, o crescimento de raiz sob baixa disponibilidade de nutrientes pode mesmo ser maior que em alta concentração do nutriente (Van Loo et al., 1992). Esse aumento na relação raiz : parte aérea ocorre junto com um aumento no comprimento específico da raiz originando-se de um decréscimo no diâmetro médio, e pode, freqüentemente, significar que o comprimento total da raiz não é muito reduzido, ou pode mesmo ser aumentado em situações de pouca fertilidade (Fitter 1996). Figura 4 Comparação dos sistemas parte aérea e raiz 12 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR Há semelhanças e diferenças entre os dois sistemas. O ápice do perfilho é único e gera novos fitômeros. Folhas e raízes são respectivamente órgãos dos fitômeros para captura de luz e absorção de nutrientes. Entretanto, eles operam em estádios diferentes na vida do fitômero. Há, aproximadamente, duas vezes mais fitômeros no eixo do perfilho produzindo raízes que folhas, indicando que as raízes axiais têm uma maior renovação com o tempo, do que folhas, para L. perene. Zonas de alongamento da folha estão na base da mesma, conferindo tolerância à desfoliação. Zonas de alongamento da raiz estão no topo da mesma, então facilitam a penetração no solo. PARTICULARIDADES ESTRUTURAIS E ANATÔMICAS DAS FORRAGENS INFLUENCIANDO SEU VALOR NUTRITIVO PARA RUMINANTES A estrutura física dos relvados, a anatomia dos órgãos e tecidos, e a arquitetura de todas as paredes individuais influenciam o valor nutritivo da forragem. Elas se dão por meio de efeitos na composição química do alimento, a facilidade de apreensão do material, a fragmentação de partículas durante a mastigação e ruminação, taxa de passagem de partículas e recuperação da energia e proteína digestíveis pelo ruminante. O artigo dá ênfase a dificuldades anatômicas associadas com forragens tropicais, particularmente às gramíneas, devido à sua baixa digestibilidade e consumo, em comparação a leguminosas e gramíneas temperadas, e por causa da compreensão sobre a grande fonte de alimentos nas regiões sub/tropicais. Entretanto, na avaliação das gramíneas tropicais, comparação de características anatômicas é feita com outros tipos de alimento, e a discussão dos problemas da degradabilidade das paredes celulares é genérica para todas as forragens. Características gerais de crescimento Gramíneas tropicais têm maiores taxas de crescimento e potencial de produção de matéria seca do que leguminosas e gramíneas temperadas. A maior taxa de crescimento de gramíneas tropicais pode, em parte, ser associada com sua capacidade fotossintética C4. A particular relação entre estrutura e significância funcional dessa capacidade versus a capacidade C3, que é dotada de gramíneas temperadas e todas as leguminosas, é considerada 13 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR na relação para fragmentação e digestão de tecidos, em seções posteriores. Entretanto, a anatomia C4 pode ter conseqüência no valor nutritivo na relação entre morfologia da folha e conteúdo de proteína da planta. As folhas mais compridas de muitas gramíneas tropicais requerem uma forte estrutura de suporte para manter seu crescimento ereto; e o suporte é largamente provido pelo esclerênquima e tecido vascular associados. Essa estrutura inerente ao caminho fotossintético C4, que resulta em alta densidade de estrutura esclerenquimática e vascular por unidade de largura (área) de folha, em comparação com gramíneas C3 é observado (Minson e Wilson, 1980). Estrutura adicional de suporte em muitas gramíneas tropicais estão associadas à largura da nervura central da folha que, embora contribua com somente 6 a 13% da área da seção da folha, pode compreender de 18 a 20% do peso da folha, e acima de 24% do tecido vascular (Wilson 1990). Extensão de nervuras centrais são detrimento para a qualidade porque tecido vascular e esclerênquima são normalmente lignificados e pobremente digestíveis, e as nervuras centrais são freqüentemente de pobre digestibilidade do que a lâmina foliar. Outra conseqüência da via de C4 e sua característica singular anatômica, que talvez não seja extensamente reconhecida por nutricionistas de animais, é sua contribuição para a maior eficiência de uso de N em gramíneas C4 que em C3 (Brown, 1978) e assim, através da diluição da produção para o conteúdo geralmente baixo de proteína de gramíneas tropicais comparadas a gramíneas temperadas (Wilson, 1984). Se o conteúdo de proteína for inferior a 6-8% pode limitar o consumo de forragens maduras porque N disponível no rúmen é insuficiente para sustentar uma população microbiana ativa. O risco de baixos conteúdos de proteínas em gramíneas tropicais C4 em solos de pobre fertilidade pode ser maior em áreas tropicais que em sub-tropicais por causa do aumento na eficiência de uso de N fotossintético do sistema C4 com o aumento da temperatura . Não é somente a eficiência bioquímica da fotossíntese ( quantidade de CO2 fixado por unidade de N investido) que é responsável pelo baixo conteúdo de N na folha, mas também a alta freqüência de feixes vasculares associados e em especial, a espessura da parede das células do feixe vascular ao redor de cada vaso, ambos essenciais para o funcionamento do sistema C4. Essas estruturas aumentam o conteúdo de fibra da folha 14 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR grandemente com conseqüente redução na % de N da folha. Além disso, as peculiares bainhas de células do feixe vascular contém a principal enzima fotossintética RUDP carboxilase (rubisco), para a qual, ao redor de 50% da proteína solúvel da folha é investido. Por causa da sua estrutura da parede, essas células são vagarosamente rompidas pelos microorganismos do rúmen (Akin et al., 1983) para liberar seus conteúdos para subseqüente digestão. Também, quando exposto aos microorganismos em estudos de digestão, os cloroplastos aparecem resistentes para o ponto de quebra. Então, a proteína contida neles pode escapar da degradação ruminal pela não quebra da bainha de células dos feixes vasculares ou, se os cloroplastos liberados (que contém amido), passam rapidamente indigestíveis para fora do rúmen. Isso tem influências positivas e negativas na qualidade do alimento. Se o teor de proteína bruta for abaixo de 6 a 8% que é o mínimo necessário para a efetiva função do rúmen, então, a inabilidade de grande quantidade de proteína em bainha de células do feixe ou de cloroplastos de serem utilizadas no rúmen pode tornar essas forragens ainda mais pobres que elas já sã,o pelo baixo teor de N encontrado na folha. Se o teor de PB for maior que 6 a 8%, então essa fonte de N, escapando do ponto de quebra no rúmen, pode ser – em efeito – uma forma de proteína by-pass perdida, para a maior eficiência de uso de N pelo ruminante. Certamente, bainha de células do feixe, intactas, podem ser observadas em partículas fecais (Pond et al., 1987). Anatomia dos órgãos e digestibilidade da matéria seca Digestão de tipos de tecidos Os últimos 20 anos têm sido de extensiva investigação sobre digestão de diferentes tipos de tecidos dentro de tecidos de folhas e colmos, ajudado pela disponibilidade de scanning e microscópios eletrônicos, e técnicas, como digestão de seções de corte mais finos de tecidos no fluido ruminal aderidos a lâminas de microscópios (Akin, 1982). Parece que em folhas, a facilidade e a rapidez da digestão de vários tecidos é nesse sentido: mesofilo e floema > paredes internas das células epidermais >> fios esclerenquimatosos > bainha de feixes vasculares >>xilema. A bainha de células de feixes com suas paredes espessas, e em alguns tipos de C4 que possuem uma lamela suberisada 15 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR dentro da parede, são de lenta digestão, e são talvez similares a esclerênquima na sua taxa de digestão. Em gramíneas C3, a bainha de células clorenquimatosas evidente ao redor dos feixes vasculares é fracamente constituída por paredes finas, que tem pouco ou nenhum cloroplasto especializado, e então, é rapidamente digerida. As paredes epidermais externas e a cutícula não são digeridas em folhas ou em qualquer outro órgão. A anatomia de bainhas e pecíolos é pouco estudada, mas em bainhas, o tipo de digestão parece similar para aquela em folhas com grande volume de células do parênquima, e prontamente digestíveis, como mesófilo da folha, porém onde essas células do parênquima se juntam aos feixes vasculares e fios de esclerênquima, elas são menos digestíveis. Deveria ser notado que a bainha de feixes de C4 é ausente ou muito pouco desenvolvida ao redor dos feixes vasculares da bainha da folha, e não é nada evidente em colmo de gramínea C4. Para digestão de pecíolo, parece que a ordem de digestão é a seguinte: córtex do clorênquima = floema cambial = parênquima meduloso > parede espessa das fibras do floema e colênquima >> anel de xilema e epiderme, que talvez não sejam digestíveis. Os feixes vasculares em, pecíolos maduros, permanecem espacialmente separados pelo parênquima interfascicular não-lignificado, diferentemente do colmo da leguminosa, onde essas células se tornam elementos lignificados, formando um contínuo anel de xilema, que é de difícil fragmentação pela mastigação ou digestão. Em colmos de gramíneas, a ordem de digestão é: córtex do clorênquima = floema > parênquima interno (colmos ocos) = parênquima meduloso (colmos sólidos) > parênquima interfascicular > bainha de MESTOME (feixes internos) > esclerênquima > xilema e epiderme. Como colmos de gramíneas maduros, todos esses tipos de células, com exceção das menores quantidades de clorênquima e floema, tornam suas paredes mais espessas e mais lignificadas, tornando a digestão lenta e menos extensa. Em leguminosa, a ordem é: clorênquima = florema cambial = medula central > fibras do floema = colênquima > parênquima interfascicular > xilema = epiderme. Como seus colmos vão amadurecendo, as células interfasciculares tornam as suas paredes espessas e fortemente lignificadas para formar um anel de xilema completo (Wilson, 1993) que parecem ser completamente indigestíveis. Em contraste às gramíneas, todas as outras células (excluindo a epiderme), em 16 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR colmos de leguminosas mais velhas, permanecem não-lignificadas e completamente digestíveis. Proporções de tecidos A extensão variável da digestão, bem como variáveis taxas de digestão de diferentes tecidos, leva a razões para diferenças na DMS (entre gramíneas tropicais e temperadas, leguminosas, e mesmo espécies/variedades), pela medida das proporções dos tecidos nas seções transversais do órgãos. Em gramíneas, devido à sua nervação paralela, pode-se usar um ponto no meio da folha para mensurar o volume do tecido. Entretanto, nas leguminosas, sua nervação reticular, classes múltiplas e vários tamanhos de nervuras, além de muitas folhas largas (ex. Glycine e Dolichos), essa relação não pode ser assumida e nem avaliada. A base para comparar proporções de tecidos para explicar diferenças na DMS entre plantas é uma quantificação do volume relativo de tecidos com alto conteúdo de célula solúvel e/ou paredes primárias finas não-lignificadas associados com alta DMS (mesofilo, floema, parênquima, clorênquima, células epidermais da folha, exceto para porções de cutículas fixadas na parede), em contraste com os tecidos que têm baixas células solúveis e paredes lignificadas e espessas associadas com baixa DMS (feixes vasculares, xilema, esclerênquima, epiderme do colmo). Entretanto, vários tecidos não se encaixam nessa simples classificação. Fibra do floema e colênquima, em colmos e pecíolos de leguminosas, têm paredes espessas, mas são rapidamente digeridas (Wilson, 1993), e as células da bainha do feixe, em gramíneas C4, contém altas quantidades de células solúveis, mas têm células espessas que não são facilmente digeridas. Alta % de tecidos lignificados (paredes espessas) explica uma considerável quantidade de variação da DMS entre grupos de plantas, como a menor DMS de folhas de gramíneas C4 versus C3, sendo a DMS da gramínea a seguinte: folha > bainha > colmo, e também diferenças entre cultivares, como para DMS de folha e colmo em capim búfalo. Um problema com o uso da área (volume) de proporções de tecido como critério de seleção de DMS, é que alguns tecidos que ocupam pouco volume 17 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR contribuem com alta proporção de MS do órgão ou conteúdo de parede, as quais realmente determinam DMS. Por exemplo, tecidos lignificados em folhas de gramínea contribuem apenas com 4-15% da área, mas com 43-61% do conteúdo de parede celular (CWC) (Wilson, 1990), e em colmos de milho, com 19% da área mas 80% do peso, ou sorgo, com 20% da área, 53% do peso seco e 79% do CWC (Wilson et al., 1993). Travis et al. (1996), por meio de técnicas computacionais (image skeletonisation – esqueleto em imagem) determinou, em diferentes tipos de tecidos de colmo de trigo e cevada, a proporção de cada área de tecido ocupada pela parede celular, em seção transversal, e as médias de valores foram: epiderme – 59%, esclerênquima – 40%, feixes vasculares – 28% e parênquima – 7%. A proporção da espessura da parede e estruturas fibrosas lignificadas no alimento não somente influenciam sua DMS, mas afetam grandemente o padrão, a facilidade e a extensão da quebra da partícula do material durante a alimentação, ruminação e digestão. Fatores estruturais influenciando o consumo de alimento e quebra de partícula Consumo de forragem A apreensão (prehension) atual de material por animais em pastejo é provavelmente influenciado, em parte, por esses fatores anatômicos (feixes vasculares e fios de esclerênquima), que concedem força estrutural. O corte da folha ou resistência à tração está relacionada à proporção de esclerênquima ou tecidos com parede celular espessa, com alto conteúdo de parede celular (Inoue et al.; 1994 a; Iwaasa et al.; 1995; 1996; Henry et al.; 1996) e em alguns casos, a baixa de resistência ao corte dos alimentos parece estar associada com o alto consumo do alimento. Medidas de resistência de folhas e colmo ao pastejo são pouco e difíceis de serem comparadas por causa dos diferentes parâmetros físicos mensurados e diferentes unidades para sua expressão. Com as forças de tração de quebra para folhas de gramíneas temperadas, de 1 a 15N (newtons), e a força máxima do bocado exercida por ovelhas, de 8 a 13N (Hughes et al.; 1991), para dureza de folhas, pelo menos para melhorar gramíneas temperadas, não parece ser um fator alterando a alimentação. Colmos maduros, como leucena, têm força de corte maior que 88-127N 18 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR (Iwaasa et al., 1996) e gramíneas devem ser pouco similar por causa do seu alto conteúdo de estruturas fibrosas consistentes – desse modo, fatores anatômicos podem em parte explicar a conhecida menor seleção de colmos pelos animais e maior gasto de energia e de tempo de mastigação durante a alimentação do colmo, comparado com a folha. Intuitivamente, a baixa resistência da folha não parece ser um importante selecionador para apontar um aumento na taxa de apreensão e consumo desta, pelo menos em gramíneas selecionadas e cultivadas. Para gramíneas nativas, com fios de esclerênquimas compridos, como para Stipa, acima de 30% de seção transversal de folha e com força de corte 10 vezes maior, pode ser um importante fator. Desenhos anatômicos da seção transversal de folhas de gramíneas C4 e C3 nativas da Austrália e sul da África sugeriram uma situação similar àquela mensurada por Stipa. Para folhas de leguminosas, baixa resistência de folha é um potencial de detrimento, por causa das cutículas finas e estruturas da fibra fracas que levam também, em alguns casos, para rápida quebra (Lees 1984). Para colmos, modificando anatomia para dar menor resistência ao corte, quebra ou tensão, deve parecer altamente desejável para aumentar a apreensão, e reduzir a mastigação, assim, aumentando o consumo da fração do relvado que contribui mais para a produção, pelo menos em forragens tropicais. Ohlde et al. (1992) encontrou grande variação no stress do corte e força de compressão de 8 tipos de palhas de cereais e também encontrou grande variação entre entrenós superiores e inferiores, como fez Iwaasa et al. (1996) para leucena, e esta variação posterior deve ser considerada no uso dessas medidas como particularidades seletivas. Fragmentação do alimento durante mastigação e digestão A anatomia tem tido uma influência significante na facilidade e padrão de fragmentação, e na forma e tamanho da partícula resultante. É bem estabelecido (Mtengeti et al., 1996), que folhas de leguminosa, facilmente, se fraturam e quebram em partículas esmagadas menores, enquanto, folhas de gramíneas rupturam-se menos facilmente e no sentido longitudinal, com alta taxa comprimento/largura dos fios vasculares, se comparado à leguminosa. Isso parece ser mais associado com o padrão de nevervação reticular em folhas de leguminosas, que fraturam mais facilmente nas muitas junções nervais comparado a nervação paralela nas gramíneas onde a ruptura da folha é entre as nervuras (Pond et al., 19 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR 1987; Kelly, 1988; Wilson, 1991). Nervações paralelas promovem a grande resistência de quebra das folhas porque os feixes separados as fazem insensíveis ao entalhe, isto é, um corte (ou mordida) através da borda da folha ou de algum nervo individual não diminui a resistência do resto da folha. A mesma nervação paralela (exceto, talvez, em regiões nodais onde nervos cruzam o colmo) aplica-se para colmos de gramíneas e leguminosas. O importante resultado disso é que cada quebra através de um pedaço de folha ou colmo deve implicar numa nova mordida naquele ponto, e isso significa que, em contraste ao material foliar, a relação comprimento/largura das partículas depois da mastigação do colmo é a mesma para leguminosas e gramíneas. A importância da mastigação é visualmente descrita de maneira “dramática” por pedaços de colmos de ryegrass não mastigados, de 50 mm de comprimento, contendo um nó, os quais mostraram pequena quebra, mesmo depois de 3 semanas, em sacos de nylon no rúmen do bovino. Pedaços de colmos de green panic mostraram um ponto fraco apenas na junção nodal; mais de 90% do peso das partículas foram classificadas como partículas grandes, isto é, que permaneceram em peneira de 1mm. Até longos pedaços desses colmos mastigados, de 50 mm de comprimento, quando digeridos por 3 semanas, embora tenham se quebrado no nó, num comprimento de 25 mm, mostraram uma pequena quebra adicional, exceto pela divisão lateral de muitos fragmentos largos. Ao redor de 38% do peso das partículas mastigadas, para ryegrass e panicum, ainda tinham muitos pedaços grandes de colmo após 3 semanas de digestão, ou seja, nem mesmo se quebraram. A mesma resistência longitudinal para quebra pela digestão (e a necessidade de um novo ponto de mordida para reduzir comprimento de partícula) será exposta por cada grupo de feixes vasculares isolados ou fios de esclerênquima, que acontece pela fragmentação de folhas e colmos de gramíneas. Entretanto Akin et al. (1990) encontrou que a digestão da parede celular pelos microorganismos do rúmen (fungos) enfraqueceu significativamente a resistência ao corte de partículas de colmo. Ele observou que sua estrutura longitudinal ainda permaneceu intacta. Folhas de gramíneas tropicais se fragmentam, durante a mastigação e digestão, menos facilmente que folhas de gramíneas temperadas, e Wilson et al. (1989) tem associado isso com diferenças nas características epidermais entre os dois grupos de plantas. A junção das paredes das células epidermais nas gramíneas tropicais são coladas e altamente resistentes à ruptura, enquanto que essas mesmas células, na maioria das gramíneas temperadas normalmente têm suas paredes separadas e se quebram facilmente. 20 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR Características da partícula do rúmen Todo o peso da matéria particulada no rúmen de gramíneas ou leguminosa é tecido vascular/esclerênquima, e isso é claramente suportado pelas observações de Cherney et al. (1988), que em partículas do conteúdo do rúmen, peneiradas em cada fração de tamanho, em peneiras de 0.15 ou 4mm foram indistinguíveis anatomicamente. O autor acredita que mesofilo com fina parede, parênquima, floema e outros tecidos menores são quebrados em pedaços menores e progridem mais ou menos diretamente para uma fração não particular “fines” (boas). As observações de Wilson et al. (1989) sugerem que os fios multivasculares de partículas de folhas de gramíneas tropicais com epidermes fixadas podem incluir em digestão mais lenta da bainha de células dos feixes, ou mesmo poucas células do mesofilo produzindo gás na sua fermentação, aumentando a flutuabilidade dessas partículas, e se mantendo na digesta por mais tempo que partículas de colmo ou de gramíneas temperadas. Também, as partículas de feixe vascular que derivaram de gramíneas tropicais podem ter um maior fator de obstáculo para a digestão, porque sua superfície é áspera, devido a fragmentos epidermais fixados ou células radiais indigestíveis da bainha de células vasculares, sobressaindo ao redor de sua circunferência; enquanto os fios vasculares de ryegrass têm superfície da parede lisa. Análises de passagem de partícula sugerem que fatores de flutuabilidade e obstrução podem retardar a passagem das partículas pelo rúmen, mas estudos de taxas de segmentação são inconclusivas (Kennedy, 1995). Comparando gramíneas tropicais e temperadas, Prigge et al. (1993) encontraram diferenças entre as partículas de alimento dessas gramíneas afetando sua taxa de passagem pelo rúmen, embora elas tivessem tido tamanho e gravidade específica similares, sugerindo que outros fatores intrínsecos foram importantes. Também, é necessário determinar a natureza anatômica das partículas “fines”(boas) que passam para fora do rúmen na fração líquida, ou seja, se todos os componentes facilmente triturados (mesofilo, parênquima, floema, etc.) são facilmente digestíveis no rúmen ou talvez sejam perdidos, para uma variável extensão de diferentes alimentos, nas fezes. 21 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR Influência da arquitetura e ultraestrutura do tecido na degradabilidade da parede celular Inacessibilidade das paredes Muitas medições da distribuição do tamanho da partícula (usualmente baseados em tamanhos de peneiras) têm sido feitas no rúmen e nos conteúdos fecais, devido à importância dada pelos nutricionistas à redução do tamanho da partícula e rapidez de passagem pelo rúmen como fatores controlando o consumo e as cinéticas de digestão. Partículas classificadas pelo nutricionista animal como pequenas, ou seja, aquelas que passam através de peneira de 1mm, não são consideradas pequenas pelo anatomista vegetal em termos de arquitetura de célula; elas têm um comprimento médio em torno de 1.4-2 vezes a abertura da tela de 1mm (Kelly e Sinclair, 1989). Partículas retidas na peneira têm uma relação comprimento/abertura de 2.5-3 (2.5 vezes maior que a abertura) e até partículas fecais com tamanho pequeno, baseado na retenção em tela de tamanho 0.4-0.68 mm, terão comprimento de 1.2-2mm, e acima de 10% das partículas podem ter comprimento maior que 3mm (Kennedy, 1995). Tamanho médio de partículas medidas na digesta ruminal tiveram 2.63mm de comprimento X 0.63mm de largura X 0.26mm de espessura. Uma partícula, por exemplo, de casca de colmo pode conter mais de 2000 células na espessura de sua parede, baseado em cálculos de Wilson e Mertens (1995). Mesmo partículas fecais conterão centenas a milhares de células na sua parede. A recuperação do potencial de energia digestível das paredes nessas partículas anatomicamente grandes, durante seu tempo no rúmen, é uma difícil tarefa para os microorganismos ruminais. A grande extensão para a limitação principal da digestão dessas partículas tem sido considerado a presença de lignina ou éster ou éter-ligados a polissacarídeos fenólicos ou outras estruturas químicas (Jung e Deetz, 1993) evitando a degradação enzimática microbiana das paredes secundárias (SW). Wilson e Hatfield (1997) propuseram que problemas na arquitetura do tecido e ultraestrutura da parede são limitações igualmente ou mais importantes para a digestão dos polissacarídeos da parede nessas partículas 22 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR fibrosas que a composição química da parede secundária (SW). Isso é baseado em muitas observações de seções finas de tecidos, em que a relação lamela média lignificada/parede primária (ML/PW) de células de paredes espessas é completamente resistente à degradação no fluido ruminal após digestão de 48 horas ou mesmo acima de 3 semanas; e nessas seções finas, o material ML/PW em superfícies seccionadas é imediatamente acessível aos microorganismos ruminais (Engels e Schuurmans, 1992). Por causa dessa estrutura de “cimento juntando células adjacentes”, parece que nas partículas do rúmen que são compostas de esclerênquima e tecido vascular, as células não se separam durante a digestão, e as bactérias, então, não podem acessar a superfície externa da parede de algumas células da partícula. A digestão é então confinada na superfície interna (SW) via o lúmen de algumas dessas células que se quebraram, abrindo-se no ponto de mastigação da partícula. A indigestiblilidade da relação ML/PW entre células então evitam o movimento das bactérias de algumas células abertas para células não abertas e juntas em fileiras adjacentes ou na mesma fileira. Como o processo de digestão dessas paredes por bactérias celulolíticas requer a aderência da bactéria na superfície, e a ação da enzima é apenas na superfície da célula imediatamente adjacente (Chesson e Forsberg, 1988), então a proporção de digestão total da parede/unidade de tempo terá grande influência pela espessura da parede. Em células de parede espessa, muito da parede secundária (SW) será inacessível durante o tempo (12 a 36 horas) que as partículas estarão retidas no rúmen. Como uma medida da inacessibilidade relativa, Wilson e Mertens (1995) calcularam a taxa de área de superfície/volume de parede celular (SA/CWV) no lúmen, para células de parede espessa (esclerênquima) e paredes finas (mesofilo). Essas indicam que o material da parede em uma célula única de esclerênquima foi aproximadamente 66X menos acessível que em célula de mesofilo. Em uma partícula com células de esclerênquima (3mm de comprimento X 0.5mm de largura X 0.05mm de espessura), a inacessibilidade relativa da parede celular devido a muitas células não abertas aumentou para 180X em relação ao mesófilo. Mastigação de uma partícula em 4 pedaços deu apenas um pequeno aumento na acessibilidade. Aumentando a espessura do esclerênquima (SW) de 2,4 para 3,2mm, decresce grandemente a relação 23 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR SA/CWV e aumenta a inacessibilidade relativa para 266X, mas quando há digestão de 50% da espessura da parede, seu efeito é revertido. Superação dos problemas anatômicos para a qualidade nutritiva Os principais constrangimentos anatômicos parecem ser os seguintes: todos os feixes vasculares são unidos nas plantas e associados à bainha de esclerênquima no anel do colmo e nos fios da folha. Parece que o problema nutritivo é taxa de apreensão do alimento, mastigação e tempo de ruminação, DMS, redução do tamanho da partícula e passagem, ou recuperação da alta concentração de energia digestível das estruturas da parede celular. O problema do alto volume de parede espessa vascular e tecidos de esclerênquima é mais pronunciado em folhas de gramíneas tropicais C4 e em todos os colmos, e é acentuado em gramíneas tropicais por causa da maior temperatura de crescimento em sua zona climática normal, promovendo mais rapidamente a maturação do tecido, e portanto, lignificação dessas estruturas anatômicas aumentando sua resistência e diminuindo a DMS da planta. Esse efeito adverso da temperatura na DMS é maior em colmos de gramíneas tropicais devido a células em todos os tecidos (exceto as proporções muito menores de floema e clorênquima) serem capazes de desenvolver uma espessa SW, e mais importante, uma forte lignificação da região ML/PW cimentando todos os tecidos. Em colmos de leguminosas, o efeito adverso das altas temperaturas de crescimento é mais baixo devido à sua lignificação, que afeta apenas o tecido do xilema, mas não às outras células. Quais características podem ser designadas para modificação? Promessas para tecnologias para modificação de gene É provável talvez que algumas estruturas principais como feixes vasculares possam estar sob controle de muitos genes e não prontamente acessível para a modificação genética. Entretanto, algumas particularidades anatômicas para qualidade nutritiva, como presença de pêlos ou cutícula, 24 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR colmos anões e lignificação (nervura central marrom mutante) são conhecidos por estar sob controle de um gene único e talvez isso pode ser, então, para a diferenciação do parênquima e espessura da parede celular. Células contendo tanino, que causa influência adversa na DMS de leguminosas herbáceas, têm sido recentemente identificadas por meio de manchas histoquímicas em uma grande extensão de gramíneas africanas. Isso é uma surpresa, porque tanino tem sido raramente encontrado pelas análises químicas em gramíneas C4; se o problema para a qualidade nutritiva é comprovada, então a eliminação de taninos pode ser um candidato no futuro para a manipulação genética. Melhoramento da população e atividade de fungo no rúmen poderia causar benefícios. Fungo tende a colonizar as estruturas fibrosas da parede celular espessa lignificada e superar muitos dos obstáculos anatômicos, devido à sua atividade digestiva não estar confinada à superfície do lúmen. Seus rizóides podem ramificar ao longo da SW, e penetrar através das regiões ML/PWs, assim em partículas fibrosas, acessando as paredes das células que são inacessíveis para as bactérias ruminais. Eles não podem utilizar lignina, mas digerem paredes lignificadas, causando grande enfraquecimento das estruturas fibrosas da parede espessa (Akin, 1994). É possível que há microorganismos presentes (como um menor componente da flora ruminal) que podem ser isolados, entendidos e nutridos dentro do rúmen, ou sua capacidade digestiva transformada em espécies principais de bactérias. Será que aumenta a degradação das importantes estruturas da parede? DESEMPENHO ANIMAL – OBJETIVO FINAL As interações entre pressão de pastejo e os ganhos de peso, por animal e por área, estão bem discutidas na literatura (Mott, 1960; Maraschim, 1994). É importante ressaltar que aumentando-se a taxa de lotação, a produção por área é acrescida, e a produção por animal é reduzida, e isso nem sempre é desejável. Enquanto a produção por área é importante para o produtor, a produção por animal não deve ser esquecida, uma vez que o desempenho e a terminação do animal são de grande importância, pois esses podem influenciar o retorno econômico do empreendimento. Isso reforça a importância de as pastagens serem manejadas o mais próximo possível da sua capacidade de suporte. Nesse contexto, vale mencionar os resultados obtidos por Pereira e Batista (1991) em pastagens de B. decumbens e por Biachin (1991) em 25 ZOO 750 - Luciano de Melo Moreira-Ms. FORRAGICULTURA E PASTAGENS Professor PhD: Domicio do Nascimento JR pastagens de capim-marandu. Esses autores mostraram a importância de se utilizar uma taxa de lotação adequada como forma de terminar novilhos aos 28 ou 30 meses de idade. Em ambos os experimentos, independentemente do aumento de produtividade, em taxas de lotação mais altas, os animais precisaram de 6 meses a mais para atingir o peso de abate. A adubação e o manejo corretos das pastagens têm proporcionado sensíveis melhorias nos índices de produtividade, porém, essas estratégias não são suficientes para resolver o problema de alimentação do gado no período seco. Euclides et al. (1997, 2001) mostraram que é possível reduzir a idade de abate de animais suplementados durante o período seco em pastagens de B. decumbens. Essa redução variou de 2 a 9 meses, dependendo da suplementação utilizada. Além disso, houve aumentos, de 24% a 30%, na capacidade de auporte dos pastos, onde os animais receberam suplementação. No caso da suplementação alimentar em pasto, o que deve ser feito é complementar o valor nutritivo da forragem disponível de forma a se atingir o ganho de peso desejado. Assim, fica evidente a necessidade de se terem estimativas do consumo e da qualidade da forragem. Além disso, faz-se necessário conhecer as exigências nutricionais dos animais. 26 Trabalho Final – ZOO 750 FIGURA 1. Diagrama de um perfilho de gramínea mostrando o arranjo de fitômeros no colmo verdadeiro. EL, alongamento de folha; ML, folha madura; AM, meristema apical; AB, gema axilar; R, raiz. TF 2 FIGURA 2. Posição das zonas de crescimento e processos fisiológicos associados durante expansão da folha em F. arundinacea. TF 3 FIGURA 3. Interrelações entre taxa de alongamento de folha (LER), duração de alongamento de folha (LED), taxa de aparecimento (Al), dinâmica de perfilho e LAI. TF 4 FIGURA 4. Esquema dos quatro quadrantes para análise da resposta a nutrientes, em culturas. O quadrante inferior esquerdo mostra disponibilidade de nutrientes como função dos nutrientes supridos, refletindo químicos e biológicos do solo. O quadrante inferior direito mostra absorção pela planta como uma função do nutriente disponível para a mesma.