Boletim Informativo
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Boletim Informativo 8-2007 PPEETT IIM MA AG GEEM M –– DDIIA AG GN NÓ ÓSSTTIIC CO OSS V VEETTEERRIIN NÁ ÁRRIIO OSS PPRRO OBBEESSO OJJEETTO O PPEETT O O Dos pacientes para nós encaminhados para exames complementares, observamos muitos deles com peso acima do adequado, outros hipertensos ou diabéticos. Este fato estimulou o desenvolvimento de um novo Setor dentro do PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários para Pesquisa Clínica, com um projeto muito interessante e importante na rotina clínica. Neste projeto pretendemos estimar a obesidade na população canina na cidade de Curitiba e região metropolitana correlacionando com a hipertensão e a diabetes mellitus. Com isto estaremos firmando cada dia mais nossa parceria com os colegas médicos Veterinários a fim de prover dados complementares de suma importância para sua conduta clínica. O projeto contará com a parceria de algumas empresas e em breve estaremos entrando em contato com todos os colegas para maiores esclarecimentos técnicos e de que forma se dará essa parceria. Tenham certeza que todos terão a ganhar com esta pesquisa simples, mas muito pertinente ao momento atual. M ATTÉÉRRIIA A TTÉÉC OM MÊÊSS MA CN NIIC CA AD DO Estamos disponibilizando uma matéria à sobre colapso (convulsão e síncope) seu reconhecimento e seu plano diagnóstico. Dra. Danielle Murad Tullio Médica Veterinária Imaginologista Membro do Colégio Brasileiro de Radiologia Veterinária COLAPSO CONVULSÃO, SÍNCOPE E NARCOLEPSIA-CATAPLEXIA Podemos dizer que existem 3 tipos principais de colapso: convulsão, síncope e narcolepsiacataplexia. Estas três formas são caracterizadas por aparecimento súbito e geralmente por perda da consciência, sendo que estas são síndromes clínicas com mais de uma causa. Vamos então tentar definir estas alterações. 1. CONVULSÃO, ATAQUE, MAL SÚBITO E ICTUS São termos descritos para alteração de comportamento resultante de uma anormal função cerebral paroxística. A convulsão geralmente refere-se a um mal súbito com atividade tônico-clônica muscular generalizada. A epilepsia é uma desordem cerebral caracterizada por convulsões recorrentes. Uma ou mais alterações no comportamento estão presentes num mal súbito: a. perda ou transtorno da consciência, b. alteração do tônus muscular ou movimento; c. alteração da sensação; d. distúrbio da função autônoma; PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 8-2007 e. outras manifestações físicas. 2. SÍNCOPE É uma perda súbita da consciência causada por inadequada concentração de oxigênio e glicose no cérebro. São episódios geralmente breves, mas podem recorrer. A severa privação de oxigênio e glicose pode também levar a convulsões. 3. NARCOLEPSIA-CATAPLEXIA É uma síndrome que inclui excessiva sonolência (narcolepsia) e perda súbita do tônus muscular (cataplexia). A cataplexia é um sinal eminente em animais afetados. O animal subitamente cai repentinamente e permanece imóvel por períodos variáveis de tempo até ser perturbado. O toque ou o chamado ao animal geralmente resulta num retorno imediato do comportamento normal. Após uma breve introdução para definirmos estes termos vamos a mais detalhes de cada tipo citado. CONVULSÃO, ATAQUE, MAL SÚBITO E ICTUS O evento celular básico da convulsão é uma descarga paroxística de um grupo de neurônios, chamado de foco da convulsão. Este foco pode ser único ou múltiplo em alguns indivíduos. Alguns neurônios são capazes de uma grande despolarização da membrana (20 a 50 mV) que dura 50 a 100 msg. Uma grande despolarização pode levar a potenciais de ação múltiplos num curto período de tempo. Seguindo-se esta despolarização a membrana geralmente tem uma prolongada póshiperpolarização que tende a estabilizar a população de neurônios prevenindo maiores descargas por um período. Alguns neurônios têm um prolongado período pós-hiperpoparização que pode levar a um comportamento de ictus. Alterações em neurotransmissores inibitórios, como o ácido gama aminobutírico (GABA,) pode ser um fator importante no mecanismo da convulsão. A extensão da atividade da convulsão de um foco é necessária para que ela ocorra. A atividade pode se estender localmente, para os neurônios adjacentes e para outras áreas por propagação axonal. Eventualmente outros focos de convulsão podem desenvolver-se. O sistema reticular de ativação (SRA) tem um papel importante na gênese da convulsão, contudo o mecanismo exato ainda não está bem claro. Muitas convulsões ocorrem durante o sono quando o sistema PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 8-2007 reticular de ativação é menos ativo. Em estudos experimentais quando se diminui o potencial do sistema reticular de ativação aumenta-se a atividade de convulsão. O término da atividade da convulsão é primariamente uma função do pós-hiperpolarização e feedback inibitário do cerebelo, tálamo, núcleo caudado e possivelmente outras áreas de cérebro. O conceito de “exaustão metabólica” provavelmente não é válida. A suscetibilidade da atividade convulsiva varia entre populações de neurônios e entre indivíduos, por exemplo, os neurônios do hipocampo facilmente desenvolvem atividade excitatória, e o limiar convulsivo varia entre indivíduos dentro de uma espécie. Uma predisposição genética para convulsões pode ser simplesmente um baixo limiar, que pode ser baixo devido a uma variedade de fatores internos e externos, como o sono e aumento dos níveis de estrogênio. Alterações no substrato energético, eletrólitos, e muitas toxinas endógenas e exógenas podem precipitar as convulsões. A ocorrência de convulsões aumenta a probabilidade de convulsões adicionais. As mudanças sinápticas têm sido comparadas a “mecanismos de aprendizagem” responsáveis por memória. Há também uma mudança patológica nos neurônios após convulsões, primariamente nas estruturas dos dendritos. Estas alterações variam de distorções mínimas a ausência virtual do processo no neurônio, para uma eventual morte do neurônio. A prevenção destas alterações é uma importante consideração na decisão de tratar ou não o animal com convulsões. As convulsões podem ser classificadas de acordo com uma modificação da classificação internacional de epilepsia humana. Manifestação clínica GENERALIZADA Tônico-clônica Ausente com ou sem fenômeno motor PARCIAL Motora Parcial Psicomotora Comentários Tipo mais comum Pode ser causada por doença cerebral orgânica, toxinas ou desordens metabólicas; A forma idiopática pode ser genética Raro em animais Sinais focais durante a convulsão podem generalizar para convulsão tônico-clônica Indica lesão cerebral adquirida Atividade comportamental complexa estereotipada e similar em cada vez; Acredita-se ser lesão do sistema límbico A diferenciação de convulsões parciais das generalizadas é importante, pois as parciais são causadas por uma lesão cerebral focal, contudo, são adquiridas não idiopáticas. Convulsões generalizadas envolvem todo o corpo de uma vez. As convulsões parciais, que também são chamadas focais, têm sinais focais, mas elas podem generalizar secundariamente. As convulsões idiopáticas podem ser hereditárias. A seguir faremos uma lista de raças que devem ser estudadas para um programa de controle, que são reportadas frequentemente tendo convulsões idiopáticas. PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 8-2007 HEREDITÁRIA Beagle Dachshund Pastor Alemão Pastor Belga ALTA INCIDÊNCIA Cocker Spaniel Collie Golden Retriever Setter Inglês Retrevier do labrador Schnauzer miniature Poodle São Bernardo Husky Siberiano White Fox terrier Abaixo listaremos as causas mais comuns de convulsão em pequenos animais. Categoria Degenerativa Anomalias Metabólica Neoplásica Nutricional Idiopática Inflamatória Tóxica Traumática Vascular Doenças Doenças de armazenamento Hidrocefalia Lisencefalia Hipoglicemia Hipocalcemia Falência renal Falência Hepática Hipotireoidismo Tumores cerebrais (primário ou metastático) Tiamina Parasitismo (múltiplos fatores) Não conhecida Genética Viral: cinomose, raiva, peritonite infecciosa felina Bacteriana: qualquer Micótica: qualquer Protozoário: toxoplasmose, neosporose, meningoencefalite granulomatosa, meningoencefalite imune Metais pesados Organofosforados Organoclorados Estricnina Tétano Outras desordens Injúria traumática aguda Pós-traumática: semanas a meses após a injúria Infarto Arritmia PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 8-2007 SÍNCOPE A perda transitória da consciência é causada por uma privação temporária do suprimento de oxigênio e glicose do cérebro. Normalmente tem curta duração, mas pode levar a morte súbita. A síncope é resultado de: 1. impedimento da circulação cerebral; 2. diminuição transitória do fluxo cardíaco; 3. diminuição da pressão sanguínea sistólica; 4. inadequada distribuição de substrato energético para o cérebro. As causas da síncope são relatadas na tabela abaixo. Causa geral Patofisiologia Doença ou problema Diminuição da circulação cerebral Obstrução vascular ou insuficiência Diminuição do débito cardíaco Taxa cardíaca ou ritmo anormal Trombos, êmbolos, ateriosclerose, neoplasia, trauma Disrritmias Condução do impulso Formação do impulso Doença cardíaca congênita Doença cardíaca adquirida Perda sanguínea Postural, drogas, hiperventilação Cardiopulmonar Disfunção, anormal Hemoglobina, anemia Tumor insulino-secretante, overdose de insulina, doença de armazenamento da glicose, nutrição inadequada (mais comum em raças pequenas e animais jovens) Obstrução Diminuição da Pressão sanguínea Metabólica Diminuição do volume sanguíneo Aumento da resistência vascular Diminuição da oxigenação Diminuição da glicose As raças mais afetadas podem ser relatadas abaixo: HEREDITÁRIA Pug ALTA INCIDÊNCIA Boxer Doberman Pinscher Schanuzer Miniatura PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 8-2007 NARCOLEPSIA-CATAPLEXIA A narcolepsia é uma desordem do mecanismo do sono no cérebro. A principal queixa em humanos que é o sono excessivo durante o dia normalmente não é observado em animais. A cataplexia é facilmente reconhecida em animais afetados, pois o animal tem uma perda súbita do tônus muscular causando um colapso completo, mas a consciência geralmente é mantida e o animal é facilmente levantado despertado pelo toque ou barulho. A fisiologia do sono não é tão bem entendida, assim a patofisiologia das desordens do sono também é desconhecida. Normalmente o sono tem 2 estágios distintos: sono com movimento rápidos dos olhos (MRO) e sono com movimentos não-rápidos dos olhos (NMRO). A fase MRO do sono é caracterizada por atonia muscular, ocasionalmente fasciculação de músculos faciais e distais, e rápido movimento dos olhos. A fase MRO do sono normalmente ocorre após 90 minutos da fase NMRO e torna a ocorrer intermitentemente, ocorrendo por 11 a 13% do ciclo do sono. Cães narcolépticos têm um período da fase MRO significantemente menor que os cães normais, mas têm episódios de cataplexia com algumas características da fase MRO. Há também outras alterações no padrão do sono sugerindo que cães narcolépticos têm um rompimento no ciclo sono-alerta. Muitas causas da narcolepsia são idiopáticas, mas pode ocorrer subseqüente a desordem cerebral primária. O fator hereditário tem sido estabelecido em Doberman Pinscher e Retrevier do Labrador. A variedade de raças de outros cães também sido reconhecida como tendo narcolepsia, conforme tabela abaixo: HEREDITÁRIAS Doberman Pinscher Retrevier do Labrador CASOS REPORTADOS Afgan Hound Airdale Corgi Dachshund Setter Irlandês Malamute Poodle Springer Spaniel SRD PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 8-2007 PLANO DIAGNÓSTICO PARA CASOS SUSPEITOS Os dados básicos do animal e um exame minucioso são imprescindíveis para adequada diferenciação de síncope e narcolepsia conforme quadro abaixo. Dados Básicos para uma análise preliminar: um ou mais episódios Perfil do paciente: Espécie, idade, sexo Histórico: Ambiente que vive, Vacinações (datas) Alguma doença prévia ou concomitante Descrição do colapso: idade do primeiro episódio, freqüência, curso, geral ou parcial, duração, aura, pós-ictus, hora do dia, relação com exercícios, comida, sono ou estímulo Mudanças comportamentais Exame físico: Atenção especial para o sistema nervoso e cardio vascular Exame de fundoscopia Exame neurológico: Se o colapso foi dentro de 24 a 48 hrs e o exame neurológico for anormal, repetir em 24 hr Exames laboratoriais: Hemograma Urinálise Bioquímicos (uréia, ALT, Fosfatase alcalina, cálcio e glicose) Outros exames: Eletrocardiograma Dosagem de chumbo Dados completos para a análise: Episódios não controlados, evidência de doença de SNC, ou animal com o primeiro episódio até 5 anos de idade Ressonância magnética e Tomografia computadorizada Análise do fluido cerebroespinhal: contagem celular total e diferencial, proteína Eletroencefalograma Radiografias do crânio O plano está baseado na assertiva que as convulsões são causadas por 3 grandes categorias: 1. anormalidades extra-craniais como desordens metabólicas (como a hipoglicemia), tóxicas, alterações cardiovasculares e pulmonares; 2. doença intra-cranial como encefalite, tumor cerebral ou trauma; PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com Boletim Informativo 8-2007 3. epilepsia idiopática ou primária generalizada. Alguns achados podem ser sugestivos, mas há necessidade de outros testes específicos para fazer o diagnóstico definitivo. Achados anormais no exame neurológico podem necessitar de outros testes de auxílio diagnóstico conforme plano de diagnóstico citado anteriormente. Os tumores cerebrais devem ser considerados como opção de diagnóstico em animais de 5 anos de idade ou mais velhos quando as convulsões aparecem. PET IMAGEM – Diagnósticos Veterinários www.petimagem.com