Janeiro/Fevereiro 2010 #15 - Sociedade Portuguesa de Hipertensão
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Janeiro/Fevereiro 2010 #15 - Sociedade Portuguesa de Hipertensão
ISSN: 1646-8287 NÚMERO • Editorial • Hipertensão Arterial REVISTA PORTUGUESA DE HIPERTENSÃO E RISCO CARDIOVASCULAR e Factores de Risco Cardiovascular em Doentes Hemodialisados • Aliscireno: O Primeiro Inibidor Directo da Renina na Prática Clínica • Principais Conclusões/ Recomendações do Grupo de Peri- tos do “Portugal sem Fumo” 2009 • 4º Congresso Português de Hipertensão • Congressos Nacionais e Internacionais 2010 Janeiro / Fevereiro 2010 Índice 06 ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE introdução É conhecida a existência do que se viria a nomear como renina desde que em 1898 Tigerstedt provou em animais de experiência que um macerado de rim, quando injectado noutros, induzia hipertensão. O sistema em que se integra, renina-angiotensina-aldosterona, tem vindo a assumir um papel fundamental - de importância progressivamente maior - na compreensão fisiopatológica no espectro de doença que vai da hipertensão arterial à insuficiência cardíaca. Tem tido, como consequência, igual repercussão no desenvolvimento de terapêuticas inovadoras nos últimos trinta anos. Desde a descoberta inicial, decorreu meio século até que os principais actores do sistema em que se integra fossem conhecidos e os efectores principais – a angiotensina II e a aldosterona fossem articulados num modelo que tem servido de base à compreensão fisiopatológica. [1] O sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA) está envolvido na génese, manutenção e agravamento da tensão arterial elevada até à lesão vascular e falência cardíaca, no entanto, o seu conhecimento mais aprofundado só tem tido maior desenvolvimento nos últimos vinte a trinta anos. O aparecimento de fármacos de comprovada eficácia que condicionam diferentes passos da sua “cascata” de activação e de maneiras diferentes, tem levado a sucessivos aperfeiçoamentos do modelo inicial. Houve a tentativa do seu bloqueio no passo inicial e limitante do sistema, ao nível da renina, o que foi conseguido experimentalmente há décadas mas sem possibilidades práticas de 22 MATERIAl E MÉTODOS 9% Foi realizada a análise retrospectiva dos doentes do Centro de Hemodiálise da CVP/SPD num período de dois anos ( Janeiro de 2007 a Dezembro de 2008). Foram avaliados: • dados demográficos (sexo, idade); • a etiologia da Doença Renal Crónica (DRC); • o perfil tensional : a média ponderada dos valores de TA - medida mensalmente no inicio da sessão de HD, no dia de colheita das análises; • as lesões de órgãos alvo: Doentes com transplante renal prévio: 36 (34,6%) E > 55 xP lA nT Ca ME ll IT ES ET TR An SP uS E número de Doentes HT A EM IA ID AD ID ES OB A maioria dos doentes tem mais que um FR cardiovascular, isto é: 110-139 mm Hg 140-179 mm Hg • 81 doentes (77,8%) têm pelo menos dois FR • 53 dos doentes (50,9%) têm 3 ou mais FR. >180 mm Hg 2FR cardiovascular – 28 doentes 3FR cardiovascular – 33 doentes 4FR cardiovascular – 9 doentes 5FR cardiovascular – 8 doentes 6FR cardiovascular – 3 doentes TA DIASTÓlICA 67,30% 18 % (fig.1) Hipertensão Arterial Diabetes Mellitus Tipo 2 não Classificadas Outras: Lupus Eritematoso Sistémico, Mieloma Múltiplo, Doença Renal Poliquistica, Uropatia obstrutiva, Tuberculose Renal, Nefropatia a IgA, Pielonefrite Crónica, etc • Estudaram-se as seguintes lesões de órgãos- alvo: Acidente Vascular Cerebral (AVC), Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE), Doença Coronária (DC) e Doença Arterial Periférica (DAP). Observou-se que na população estudada 41 dos doentes (39%) têm pelo menos dois órgãos-alvo afectados e cerca de metade dos doentes -50,9% - têm três ou mais, o que contribui para o aumento significativo do risco cardiovascular (fig.4). 19,70% 12,10% 0,90% <60 mm Hg 60-89 mm Hg Perfil fArmAcocinético; utilização na clínica. Foi contudo o aparecimento dum “veneno” natural de uma cobra que permitiu o primeiro grande desenvolvimento da terapêutica moderna neste campo. Desde os anos oitenta do século passado, os inibidores da enzima de conversão da Angiotensina I (em angiotensina II) – IECAs - têm tido uma extraordinária utilização na prática clínica, não só no controlo da hipertensão mas em toda a cadeia de doenças daí decorrente: as cardio/cerebrovasculares. A complexidade do sistema começou a revelarse: esta enzima interferia com a degradação das bradicininas, que além de poderem justificar parte dos efeitos foi apontada como razão para um dos efeitos colaterais mais limitantes ao seu uso prolongado: a tosse. Outros aspectos foram sendo considerados: a possibilidade de se gerar angiotensina II utilizando vias alternativas com outras enzimas fazendo bypass da via classicamente conhecida. Mas estas “fugas” revelam-se úteis quando bem dominadas: o sistema pode ser modulado, mais ou menos frenado, mas nunca totalmente bloqueado. Permitiu também avaliar que este sistema tinha quer uma acção sistémica, a predominante, quer acções locais ao nível dos tecidos antevendo diferentes comportamentos locais nos diferentes órgãos (rim, endotélio, etc). O passo seguinte, o aparecimento dos bloqueadores dos receptores da angiotensina II, levou ao melhor conhecimento dos vários receptores envolvidos e seus efectores intracelulares. Estas inibições do sistema abaixo da clivagem inicial levam sempre, pela tendência natural do organismo para a homeostasia, e consequentemente, ao aumento reactivo da actividade da renina plasmática. Perante as várias ramificações deste sistema, que se foram ‘desdobrando’ aos nossos olhos quanto maior tem sido o conhecimento, tem vindo a afigurar-se muito mais complexo do que se julgava no início. Recentemente (2000) foi descrita a investigação duma segunda enzima de conversão da angiotensina I (a ECA 2) que leva à produção duma segunda cascata produtora de substâncias/péptidos vasoactivos, de predomínio vasodilatador. A produção local aumentada destes péptidos vasodilatadores pela acumulação angiotensina I aquando do uso de IECAs será outra explicação para a sua eficácia anti-hipertensora. Outras investigações neste sistema e a sua importância como o papel duma aminopeptidase B a nível cerebral ainda não está definida e aguarda novas achegas. Mais do que falar-se em inibição devemos falar em modulação de vários aspectos do SRAA. Contudo, desde sempre se levantou a dúvida se a actividade da renina plasmática não seria em si mesma nociva. A inibição da própria renina foi sempre um objectivo terapêutico mas, até recentemente, difícil de conseguir. Chegamos então ao que de mais novo se descobriu sobre este sistema e já com aplicação clínica terapêutica comprovada em ensaios: a possibilidade da inibição directa da renina plasmática, com aliscireno. Por mais apaixonante que todo este novo conhecimento possa vir a ser, a realidade do uso clínico do aliscireno é a sua eficácia antihipertensora com uma actividade prolongada (permitindo “tolerar” a falha de uma toma mais facilmente do que a maioria dos anti-hipertensores usados), a comodidade posológica e os efeitos adjuvantes, como a provada acção vasculo e reno-protectora que se tem revelado importante. Quer em uso isolado, comparado com as referências até agora usadas, quer a associação desta nova substância com outros fármacos que interferem com o SRAA, foi testada com sucesso em vários estudos que resumidamente se apresentam neste artigo de revisão. O conhecimento deste sistema, inadequadamente activado e desregulado na hipertensão arterial, cuja cascata leva às repercussões clínicas que constituem a maior causa de morbilidade e mortalidade actual, entrou numa nova fase com a inibição directa da renina, responsável pela sua activação inicial. Neste artigo pretende-se fazer uma revisão do perfil de eficácia e segurança de aliscireno, passando pelo seu programa de investigação clínica, o qual pretende avaliar os seus efeitos em termos de protecção cardiovascular e renal. 90-109 mm Hg >110 mm Hg O aliscireno é um inibidor directo, activo por via oral, não-péptido, potente e selectivo da renina humana (a concentração de aliscireno que produz uma inibição de 50% é 0,6 nmol/L) [2, 3]. O aliscireno tem uma biodisponibilidade absoluta de 2,6% e é rapidamente absorvido após administração oral, atingindo a concentração plasmática máxima após 1-3 horas [2, 4, 5, 6]. A sua ligação às proteínas plasmáticas é moderada (47-51%) e independente da concentração [2]. Uma vez absorvido, o aliscireno é eliminado através da via hepatobiliar como composto inalterado (78%) e, em menor medida, através de metabolismo oxidativo pelo citocromo P450 (CYP) 3A4 (1,4%). Apenas 0,6% da dose é recuperada na urina após administração oral [2, 7]. A semi-vida de eliminação do aliscireno é de aproximadamente 40 horas (intervalo entre 34-41 horas) e o estado estacionário das concentrações plasmáticas é atingido em 7-8 dias após administração única diária, sendo o factor de acumulação aproximadamente 2 [2, 6, 8, 9]. eficáciA e seGurAnçA: A eficácia e segurança do aliscireno foram avaliadas em numerosos ensaios clínicos, em monoterapia controlada com placebo [10-15], com outros agentes anti-hipertensores [10,13,15,16-20] ou em combinação [12,13,15,17,21,22]. As doses testadas nos ensaios clínicos variaram entre 37,5 mg e 600 mg/dia, mas nesta revisão serão apenas analisadas as doses de 150 e 300 mg/dia que estão aprovadas para uso clínico na Europa e nos Estados Unidos. 1. eficáciA em monoterAPiA a. estudos controlados por Placebo Foram realizados seis ensaios clínicos aleatorizados com dupla ocultação com uma duração de oito semanas de tratamento, após um período de uma a duas semanas sem tratamento anti-hipertensor e de duas a quatro semanas de run-in com placebo, que incluíram mais de três mil doentes com hipertensão ligeira a moderada (tabela 1). O aliscireno em monoterapia mostrou uma elevada eficácia anti-hipertensora na redução da pressão arterial (PA) diastólica (resultado principal) e sistólica, observando-se um efeito dose-dependente com o aumento da dose de 150 para 300 mg/dia. Todas as diferenças entre as duas doses de aliscireno e o placebo foram estatisticamente significativas na análise intention-to- treat, excepto no estudo de Pool et al. [13] para a diferença na redução da PA com a dose de 150 mg. No entanto, a diferença foi estatisticamente significativa na análise per protocol. As taxas de respondedores (PA diastólica <90 mmHg e/ou redução ≥10 mmHg em relação ao valor basal) e de controlo (PA <140/90 mmHg) foram superiores nas duas doses de aliscireno, sendo sempre estatisticamente significativas as diferenças entre a dose de 300 mg e o placebo. b. estudos controlados por composto Activo Estudos Controlados com Diurético. A eficácia anti-hipertensora do aliscireno em monoterapia foi comparada com a da hidroclorotiazida (HCTZ) num ensaio clínico aleatorizado e com dupla-ocultação de Schmieder et al. [16] em doentes com hipertensão ligeira a moderada. Após um período de duas a quatro semanas de run-in com placebo, os doentes recebiam 150 mg de aliscireno, 12,5 mg de HCTZ ou placebo. Após três semanas de tratamento as doses foram aumentadas para 300 e 25 mg respectivamente e os doentes medicados com placebo foram aleatorizados para aliscireno 300 mg ou HCTZ 25 mg. No final de doze semanas foi adicionada amlodipina 5 mg sendo aumentada para 10 mg às dezoito semanas nos doentes com PA não controlada. No final das doze semanas de tratamento em monoterapia a redução da PA sistólica e diastólica e a taxa de controlo foram significativamente superiores com o aliscireno (tabela 2). Estudos Controlados com Inibidor da Enzima de Conversão da Angiotensina. O aliscireno e o ramipril, em monoterapia, foram comparados em três ensaios clínicos aleatorizados e em dupla ocultação (tabela 2). O estudo de Uresin et al. [17] realizado em 837 doentes diabéticos com hipertensão ligeira a moderada durante oito semanas incluiu três braços de tratamento com aliscireno 150 mg titulado para 300 mg às quatro semanas, ramipril 5 mg titulado para 10 mg às quatro semanas e a combinação de ambos. O estudo de Andersen et al. [18] incluiu 842 doentes com hipertensão ligeira a moderada tratados de forma aleatória com aliscireno 150 mg ou ramipril 5 mg que foram titulados para 300 mg e 10 mg, respectivamente às seis semanas. Às 12 semanas foi adicionada HCTZ 12,5 mg e posteriormente titulada para 25 mg às 18 semanas nos doentes com PA não controlada. O estudo eficáciA Anti-HiPertensorA do Aliscireno nos estudos controlAdos Por PlAcebo estudo duração Gradman et al. [10] 8 semanas Kushiro et al. [11] 8 semanas Villamil et al. [12] 8 semanas Pool et al. [13] 8 semanas oh et al. [14] 8 semanas oparil et al. [15] 8 semanas tratamento n Alisc 150 Alisc 300 Placebo 127 130 131 11,4† 15,8§ 5,3 9,3† 11,8§ 6,3 Alisc 150 Alisc 300 Placebo 183 180 192 12,2† 15,7§ 7,5 8,9* 10,3§ 6,9 167 166 163 13,0§ 14,7§ 3,8 (mg/dia) Alisc 150 Alisc 300 Placebo Alisc 150 Alisc 300 Placebo Alisc 150 Alisc 300 Placebo Alisc 150-300 Placebo 112 113 115 177 175 176 430 455 redução PAs (mmHg) 8,7† 14,1§ 2,9 7,8§ 10,7§ 3,3 12,1 15,0§ 10,0 13,0§ 4,6 PAd taxa de taxa de respondedores (%) controlo (%) 10,3 12,3§ 8,8 59† 67§ 39 48† 64§ 28 52 64† 46 59* 68† 48 38* 50* 21 29† 42† 13 38 47§ 28 31 42 28 10,3§ 11,1§ 4,9 59§ 63§ 36 36† 42† 20 9,0§ 4,1 53§ 30 37§ 16 Alisc= Aliscireno; PAs = Pressão arterial sistólica; PAd = Pressão arterial diastólica * p<0,05; † p<0,01; § p<0,0001 todos versus placebo JAneiro / feVereiro (tabela 1) JAneiro / feVereiro 11 Programas NacioNais de saúde NatioNal HealtH Programs prinCipais ConClusões reCoMendações do Grupo de peritos do “portuGal seM FuMo” 2009 Main ConClusions and reCoMMendations oF the expert Group FroM “portuGal Without sMoke” 2009 Programas Nacionais de Saúde O tabaco representa, por si só, a maior causa de morte prematura e doença na União Europeia. Segundo as estimativas mais moderadas, em 2002 morreram na EU-25 79.000 adultos, incluindo 19.000 não fumadores, devido à exposição ao fumo do tabaco em casa (72.000) e no local de trabalho (7.300). A Resolução do Concelho da Comunidade Europeia de 1989 e a Recomendação sobre a Prevenção do Tabagismo de 2002 convidaram os Estados Membros (EM) a proporcionar protecção contra a exposição ao fumo de tabaco directo e indirecto em locais de trabalho fechados, recintos públicos fechados e transportes públicos. Para além da acção legislativa, duas campanhas para controlo do tabagismo nos meios de comunicação social – “Não hesites em dizer não” e “HELP: por uma vida sem tabaco” – procuraram, entre outros aspectos, chamar a atenção para os riscos do fumo de tabaco directo e indirecto. Em 2007, a Comissão Europeia lançou um debate público sobre a melhor forma de promover zonas sem fumo na União Europeia através do Livro Verde intitulado “Por uma Europa sem Fumo: Opções estratégicas a nível comunitário”. Actualmente, já vigoram políticas para controlo do Tabagismo em 10 países da EU, sendo que o Reino Unido e a Irlanda correspondem àqueles em que as disposições legais são mais restritivas. O último Inquérito Eurobarómetro sobre Tabaco, de Março de 2009, mostrou que as políticas “de prevenção e controlo do tabagismo” têm cada vez mais apoiantes na Europa: • 84% são favoráveis à interdição do tabaco em escritórios e noutros locais de trabalho fechados; • 77% defendem esta interdição em restaurantes e • 61% em cafés e bares. • Principais Conclusões/Recomendações do Grupo de Peritos do “Portugal sem Fumo” 2009 • Main Conclusions and Recommendations of the Expert Group from “Portugal Without Smoke” 2009 22 29 Sumariamente, desde 2007, Portugal tem vindo a desenvolver uma política tendente a uma maior protecção dos cidadãos à exposição involuntária ao fumo do tabaco (Lei nº 37 /2007). No entanto, a legislação contém significativas ambiguidades verificando-se profundas lacunas, nomeadamente de monitorização e fiscalização do cumprimento dos normativos em vigor e uma resposta incipiente de cuidados de saúde, de dinâmicas para a promoção da saúde e prevenção do tabagismo, bem como, do reforço de apoio económico-financeiro aos grupos mais desfavorecidos e/ou vulneráveis. Um estudo de impacte da Lei de prevenção do tabagismo na população de Portugal Continental, realizado em 2008 pela DGS com a colaboração do INSA, concluiu que 55% dos cidadãos inquiridos considera que a Lei não é penalizadora para os fumadores. A grande maioria dos inquiridos (94%) considerou que a Lei é protectora da sua saúde, embora só 35% afirmasse que a Lei é totalmente respeitada. Mais de metade dos fumadores portugueses inquiridos (53%) confirmou fumar em casa (sempre ou ocasionalmente). Quanto ao impacte da Lei nas atitudes e comportamentos dos fumadores verificaram-se apenas pequenas alterações relativamente ao hábito de fumar em casa na presença de crianças, grávidas e não fumadores. No que se refere aos efeitos da mesma ao nível da cessação tabágica na população total verificou-se que só 0,8% dos fumadores deixou de fumar e 3,7% afirmaram ter reduzido o consumo de tabaco. Em 2007, a DGS publicou e divulgou amplamente o Programa-Tipo de actuação em Cessação Tabágica. Em 2009, a pedido desta entidade, foi nomeado um grupo de trabalho multidisciplinar de peritos reconhecidos na área do tabagismo e com responsabilidades no domínio do sector público da saúde, para desenvolverem uma análise crítica e apresentarem uma “Proposta de Apoio Financeiro na Aquisição de Medicamentos para a Cessação Tabágica” (www.dgs.pt). Este grupo elaborou 5 propostas alternativas para a comparticipação do Estado no Preço de Venda ao Público de Medicamentos de apoio à Cessação Tabágica. Não obstante, o referido grupo foi unânime quanto à necessidade do financiamento. Sabendo-se que a medicação poderá duplicar a triplicar o sucesso da intervenção, facilitar o acesso a custo acessível ao tratamento farmacológico aumenta a proporção de fumadores que utiliza medicação, que tenta parar de fumar e que pára com sucesso. Este grupo, baseado nos resultados do trabalho de Gouveia et al, de 2007 e 2008 sobre a carga e os custos das doenças relacionadas com o tabagismo, estimou que se os fumadores, que desejam parar de fumar e procuram ajuda de um profissional de saúde para o fazer, quer através de tratamento farmacológico quer comportamental, fossem apoiados neste sentido, os custos redutíveis (dinheiro que o Estado deixaria de gastar pelo tratamento das doenças relacionadas com o consumo de tabaco) correspondentes a cerca de 5% dos fumadores, seriam da ordem dos 7,7 Milhões de Euros, caso a taxa de sucesso fosse de 100%. A CE adoptou este ano, após uma ampla con- “para aléM da aCção leGislativa, duas CaMpanhas para Controlo do tabaGisMo nos Meios de CoMuniCação soCial – “não hesites eM dizer não” e “help: por uMa vida seM tabaCo” – proCuraraM, entre outros aspeCtos, ChaMar a atenção para os risCos do FuMo de tabaCo direCto e indireCto.” sulta aos Estados Membros (EM), uma proposta de Recomendação do Conselho que insta todos aqueles a apresentarem até 2012 legislação para protecção dos seus cidadãos contra a exposição ao fumo do tabaco. Importa por isso, perspectivar como pode Portugal responder a este desafio e procurar responder com medidas efectivas às 3 principais Recomendações: • Recomendação 1: Adopção e aplicação de leis que garantam a plena protecção dos cidadãos contra a exposição ao fumo do tabaco em locais públicos fechados, locais de trabalho e transportes públicos, em conformidade com o artigo 8º da Convenção - Quadro de Controlo do Tabagismo, no prazo de 3 anos após a data de adopção da Recomendação; • Recomendação 2: Reforço da legislação de controlo do tabagismo recorrendo a medidas de apoio, como a protecção das crianças, incentivos à cessação tabágica e a aposição de advertências ilustradas nos maços de tabaco; • Recomendação 3: Reforço da cooperação a nível da UE, instituindo para o efeito uma rede de pontos focais nacionais no domínio do controlo do tabagismo. O painel de peritos do Portugal sem Fumo, no debate aprofundado sobre o tema (2 de Novembro 2009, ENSP), elencou um vasto conjunto de Recomendações / Propostas a implementar ao longo dos próximos 3 anos visando a concretização das Recomendações acima citadas. No que se refere à primeira Recomendação do CE, o painel reflectiu sobre como agir a nível nacional para garantir uma maior efectividade da actual lei (ou a sua alteração/reformulação, uma vez que em 2010 será efectuado o primeiro relatório a ser entregue na Assembleia da República de acordo com o artigo 24º, da Lei nº 37 / 2007) de forma a garantir um Portugal sem Fumo em 2012. O primado da informação sobre as consequências do tabagismo assim como a formação e a responsabilização dos profissionais de saúde sobre a abordagem aos doentes devem ser implementados de forma concertada e continuada, envolvendo a sociedade civil, dando ênfase aos benefícios resultantes da adopção de estilos de vida saudáveis. Por outro lado, considera-se fundamental desenvolver legislação que se traduza por “Espaços 100% Livres de Fumo”, nomeadamente através da remoção de ambiguidades da actual Lei, incentivos ao seu efectivo cumprimento, melhor definição e maior responsabilização na fiscalização e publicitação dos casos de não cumprimento e cumprimento exemplar da mesma, entre outros, nos “sites” da DGS e Portal da Saúde. Seria útil, que à semelhança do que acontece com a monitorização do consumo de tabaco, fosse criado um dispositivo informativo (tipo “Observatório”) que pudesse proceder à monitorização do cumprimento da Lei. Importa também criar uma “plataforma” de cooperação que congregue e envolva todos os actores, incluindo o poder local, com capacidade de intervenção quer no processo de informação, educação, prevenção ou tratamento do tabagismo, quer no planeamento estratégico de uma abordagem eficaz e integrada para a redução Janeiro / Fevereiro Janeiro / Fevereiro 23 Janeiro / Fevereiro 29 ARTIGO CONGRESSO CONGRESS ARTICLE 4º Congresso português de hipertensão international meeting on hypertension ARTIGO DO CONGRESSO • 4º Congresso Português de Hipertensão • International Meeting on Hypertension !" # $ %%%&'($ %) *+, 28 37 Caros Colegas, Volvidos cinco anos e assente numa síntese vacilante, o Congresso de Hipertensão não só provou a sua maturidade e sedimentação, como alargou o seu número de programadores e apoios, já para não falar na criação de novos públicos. Eles vêm-nos acompanhando desde o início, garantem o permanente rejuvenescimento e asseguram a continuidade da SPH-Sociedade Portuguesa de Hipertensão. No seguimento desta constatação, gostaria de cumprimentar todos os Congressistas e agradecer pessoalmente a sua colaboração. Um destaque especial é de estender aos oradores e moderadores que irão desenvolver os assuntos da respectiva área de interesse; idêntica consideração é tida para com todos os autores dos trabalhos enviados para Comunicações. Pela variedade e profundidade dos assuntos em análise, pelos tempos de exposição e intervenção, pelas sessões práticas e de interacção e, obviamente, pela qualidade científica dos palestrantes, esta reunião é um evento acreditado pelas organizações oficiais, como tendo interesse formativo. As sociedades internacionais de afiliação, como são a ESH-European Society of Hypertension e a WHL-World Hypertension League, conferem os respectivos patrocínios científicos, colaborando a primeira na realização de uma Sessão Plenária, mediante a participação científica de destacadas figuras do seu “Board”. Organismos governamentais interessados na promoção da Saúde participam activamente na definição de prioridades; as Sociedades Científicas afins dispuseram-se, prontamente, a colaborar no desenvolvimento de temas de interface e/ou de entrosamento; e, finalmente, outras instituições e associações profissionais conferem o seu apoio institucional. As reuniões organizadas no âmbito da Hipertensão Arterial (HTA) estableceram, desde longa data, um padrão de excelência científica. Além de proporcionar um palco onde são apresentados os resultados da investigação clínica, epidemiológica e básica, realizada nos respectivos centros, assiste-se a uma cuidada revisão de temas feita por oradores experientes e convidados internacionais; promovem-se ateliers de trabalho, relevantes para a prática clínica; estimulam-se os “pontos de vista” e, onde há abordagens controvertidas, produzem-se debates, ao estilo “prós e contras”. Todas estas facetas são analisadas por uma assistência atenta e são sujeitas ao respectivo escrutínio académico. Todavia, pelo interesse formativo óbvio que tem o período dedicado às perguntas e respostas, programaram-se apenas 3 apresentações por Mesa Redonda, permitindo um amplo debate, com a duração de meia-hora, entre todos os intervenientes e a assistência. Aqui deixo um convite especial aos colegas, que tiveram o privilégio de conviver com os antigos sócios fundadores e/ou honorários, para se “arrimarem” às primeiras filas, com o objectivo de melhor comentar e apresentar, à vista de todos, os seus POEMs “Patient- “... Cumprimentar todos os Congressistas e agradeCer pessoalmente a sua Colaboração. um destaque espeCial é de estender aos oradores e moderadores que irão desenvolver os assuntos da respeCtiva área de interesse; idêntiCa Consideração é tida para Com todos os autores dos trabalhos enviados para ComuniCações.” Oriented Evidence that Matters”, isto é “Evidência que interessa, Orientada para o Paciente”. Este convite é também extensivo a todos os congressistas que detêm responsabilidades, na formação pós-graduada, ao nível dos Internatos. Passando às principais linhas de trabalho, mereceram a nossa atenção e vão ser debatidos, durante o Congresso, alguns dos mais relevantes vectores de intervenção no combate e prevenção da HTA, que foram abordados e/ou consensuados no ano que recentemente terminou (2009), a destacar: 1) Actualiza- Janeiro / Fevereiro AGENDA 2010 CONgRESSOS NACIONAIS E INtERNACIONAIS 2010 AGENDA 2010 NACIONAIS: INtERNACIONAIS: XI Congresso Português de Endocrinologia e 61ª Reunião Anual da SPEDM 28 a 31 de Janeiro de 2010 Hotel Solverde - Espinho ACC - American College of Cardiology 14 a 16 de Março de 2010 Atlanta - EUA ASH - American Society of Hypertension 1 a 4 de Maio de 2010 Nova Iorque - EUA 4º Congresso Português do AVC 4 a 6 de Fevereiro de 2010 Centro de Congressos Porto Palácio Hotel - Porto ESPINHO ATLANTA 4º Congresso Português de Hipertensão 4 a 7 de Fevereiro de 2010 Tivoli Marinotel - Vilamoura • Congressos Nacionais e Internacionais 2010 • 2010 National and International Congresses VILAMOURA LISBOA XXXI Congresso Português de Cardiologia 9 a 12 de Abril de 2010 Centro de Congressos de Lisboa - Lisboa ESH - European Society of Hypertension - 18 a 21 de Junho de 2010 Oslo - Noruega ESC - European Society of Cardiology 28 Agosto a 1 de Setembro de 2010 Estocolmo - Suécia 16º Congresso Nacional de Medicina Interna 26 a 29 de Maio de 2010 Tivoli Marinotel - Vilamoura 38 Av. Bombeiros Voluntários, n.º 52 Loja 8 Sala G CaxP > 55: 37 doentes (35,5%) 8. 11,40% Aliscireno: 10 ISSN 1646-8287 46,60% 37,40% 4,60% Avaliação dos factores de risco cardiovascular clássicos e específicos para os doentes em HD. dA reninA nA PráticA clínicA da Renina na Prática Clínica Aliskiren: First Direct Renin Inhibitor Reaching Clinical Practice Grande Mensagem, Edições e Publicidade, Lda. Diabetes Mellitus: (HbA1c >7,5%) 18 doentes (17,3%) 6. 7. Hiperparatiroidismo: 58 doentes (55,7%) <110 mm Hg OBJECTIvOS o Primeiro inibidor directo * Interno de Cardiologia, Serviço de Cardiologia, Hospital Santa Cruz, Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental ** Cardiologista, Chefe de Serviço Medicina Interna do Hospital Santa Maria. Assistente convidado da Faculdade de Medicina de Lisboa • Aliscireno: O Primeiro Inibidor Directo 1495-022 Algés Tel: 91 439 81 85 Fax: 21 357 90 E-mail: [email protected] Design Gráfico: Miguel Moniz Tlm: 91 740 44 50 E-mail: [email protected] Dislipidemia: (TG>150 mg/dl; LDL colesterol >150 mg/dl) – 46 doentes (44,2%) 5. ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE ARTIGO DE REVISÃO N.ºs avulsos: 10€ Assinatura anual: 35€ Tiragem: 5.000 exemplares Depósito legal: 265384/07 Propriedade: (fig.2) JAnEIRO / FEvEREIRO AlisKiren: first direct renin inHibitor reAcHinG clinicAl PrActice. Revista Médica Bimestral, excluída de registo no ICS de acordo com a alínea a) do art. 12 do D.R. nº 8/99 de Junho de 1999. Tabagismo: 17 doentes (16,3%) 4. JAnEIRO / FEvEREIRO Pedro carmo*, md; Vítor ramalhinho**, md; FICHA TÉCNICA 17 (fig.3a; 3b) - TA sistólica e TA diastólica 10 • ETIOlOGIA DRC O controlo dos factores de risco cardiovascular modificáveis é o primeiro alvo para a diminuição da prevalência da doença e da mortalidade. Obesidade: 28.3% dos doentes têm IMC de 25-29 kg /m2 e 13.3% maior ou igual a 30 kg /m2 . Identificaram-se 57.2 % dos doentes com IMC de 18.5 – 24.9 e 1.2% com IMC < 18.5 kg /m2; 3. 36 TA SISTÓlICA % 38 • de Risco Cardiovascular em Doentes Hemodialisados Arterial Hypertension and Cardiovascular Risk Factors in Hemodialysis Patients ABSTRACT Cardiovascular disease is the main cause of death in Portugal. Nearly 20% of the renal failure patients undergoing haemodialysis die each year and at least half of these deaths are for cardiovascular causes. The mortality rate due to cardiovascular causes is on average thirty (30) times superior in haemodialysis patients when compared to the general population . The most effective intervention for the reduction of the cardiovascular mortality is the change in modifiable risk factors. The authors present a two years retrospective analysis of tensional profile, end-organ damage and cardiovascular - classical and dialysis specific - related risk factors in a 104 patients hemodialysis unit. To distinguish the high prevalence of arterial hypertension and hyperparathyroidism. The mortality in this series was 15,7%, with 80% of cases for cardiovascular causes. 37 18 RESulTADOS • Dos 104 doentes, 58 eram mulheres (55.9%) e 46 homens (44.1%). • A idade média foi de 58.5 anos. 20% com idades de 20 aos 44 anos ; 30.4% dos 45 aos 59 anos ; 34.1% dos 60 aos 74 anos e 15.5% dos doentes com idades superiores aos 75 anos. • Constatou-se o Ganho de Peso interdialítico de menos de 4 kg em 58.8% dos doentes; entre 4.1- 5.9 kg em 36% dos doentes e superior a 6 kg - 5.1 % . • Etiologia da DRC (fig.1): 56% dos doentes têm como etiologia da DRC a HTA e/ou a DM tipo 2. HTA: 56 dos doentes (53,2%) têm HTA não controlada, sendo destes 4,6% com TA sistólica >180mmHg e TA dias tólica > 90 mmHg) (fig.3a ; 3b). 2. 43 TA BA GI SM HI O PE RP AR AT IRO ID ISM O • Hipertensão Arterial e Factores Nos doentes em diálise além dos FR modificáveis clássicos como a HTA, a diabetes, a dislipidemia, ou tabagismo, foram identificados alguns FR específicos desta população, sendo de destacar as alterações do metabolismo mineral, nomeadamente a hiperfosfatemia e o hiperparatiroidismo [7]. 46 Sl IP A doença cardiovascular é a principal causa de morte em Portugal. Os doentes em hemodiálise têm mortalidade cardiovascular trinta vezes superior à população geral. Dado que a mais eficaz intervenção de controlo da mortalidade é a modificação dos factores de risco passíveis de redução, analisaram-se neste estudo retrospectivo de 104 doentes em hemodiálise a evolução da HTA e dos outros factores de risco, ao longo de 2 anos. Verificou-se uma alta prevalência de factores de risco múltiplos, com grande relevo de HTA e hiperparatiroidismo. A mortalidade desta série foi de 15,7% sendo de causa cardiovascular em 80% dos doentes falecidos. 1. 58 DI RESuMO Percentagem de Doentes *** Director do Centro de Hemodiálise CvP • FACTORES DE RISCO (fig. 2) FACTORES DE RISCO CARDIOvASCulAR nOS DOEnTES EM HEMODIÁlISE 104 46 % * Médico Residente Centro de Hemodiálise CvP ** nefrologista do Centro de Hemodiálise CvP De acordo com dados do Gabinete de Registo da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), morrem por ano em Portugal cerca de 20% dos doentes insuficientes renais em hemodiálise. Pelo menos metade destas mortes são atribuíveis a causas cardiovasculares [3]. A ocorrência dos eventos cardiovasculares depende da presença concomitante dos factores de risco (FR), de afeção sintomática ou não dos orgãos-alvo e das complicações clínicas associadas [4,5]. O efeito dos diferentes factores de risco é sinérgico e multiplicativo, amplificando o risco cardiovascular [6]. 1. Acidente vascular cerebral (AVC)- evidenciado pela TAC CE. 2. Hipertrofia ventricular (HV)- definida pelo Ecocardiograma TT (2) 3. Doença coronária (DC)- observada na Cintigrafia ou Cateterismo cardíaco 4. Doença arterial periférica (DAP)- evidenciada pela EcoDoppler • os factores de risco cardiovascular clássicosHTA, obesidade, tabagismo, dislipidemia, diabetes mellitus e específicos – metabolismo mineral (definido pelo produto CálcioxFósforo -CaxP e hiperparatiroidismo), existência de transplante renal prévio. Os doseamentos bioquímicos foram realizados mensalmente e considerada uma média ponderada do período avaliado. • a terapêutica dos doentes. 35 ARTIGO ORIGINAL InTRODuÇÃO: A doença cardiovascular é a principal causa de morte em Portugal. A taxa de mortalidade por causa cardiovascular é em média 30 vezes superior nos doentes em hemodiálise, quando comparada com a população geral [1,2]. DI AB EM DOEnTES HEMODIAlISADOS Percentagem de Doentes HIPERTEnSÃO ARTERIAl E FACTORES DE RISCO CARDIOvASCulAR ARTERIAl HyPERTEnSIOn AnD CARDIOvASCulAR RISk FACTORS In HEMODIAlySIS PATIEnTS Monica nechita Ferreira*, Isménia Oliveira*, MJ Sampaio**, MT Mendes**, A. Gomes da Costa*** AHA - American Heart Association 13 a 17 de Novembro de 2010 Chicago - EUA OSLO ESTOCOLMO JANEIRO / FEVEREIRO Impressão: Impriluz, Gráfica, Lda R. Faustino da Fonseca, nº1 Alfragide 2610-070 Amadora Tel: 21 470 25 60 Fax: 21 471 36 51 E-mail: [email protected] Janeiro / Fevereiro 2010 EDITORIAL Editor Chefe / Editor-in-Chief Prof. J. Braz Nogueira Editor Adjunto / Deputy Editor Dr. Vitor Ramalhinho Conselho Científico Nacional e Internacional National and International Scientific Board Prof. Manuel Carrageta Prof. Ricardo Seabra Gomes Prof. Luís Martins Prof. Fernando Pádua Prof. Gorjão Clara Prof. Pereira Miguel Prof. Martins Prata Prof. José Barbas Prof. Rocha Gonçalves Prof. Victor Gil Prof. Luciano Ravara Prof. Salgado Borges Prof. Rui Carrapato Prof. Jose Juanatey Prof Josep Redon Prof. Fernando Nobre Prof. Pinto Carmona Prof. Agostinho Monteiro Prof. Massano Cardoso Prof. Luz Rodrigues Prof. Jorge Polónia Prof. Manuel Bicho Prof. José Luís Medina Prof. Davide Carvalho Prof. Luís Sobrinho Dr. Alcindo Maciel Barbosa Dr. João Saavedra Dr. Oliveira Soares Dr. Soares Franco Dr. Vital Morgado Dr. Mariano Pego Dr. Rasiklal Ranchhod Dr. Lacerda Nobre Dr. Pastor Santos Silva Dr. António Jara Conselho Redactorial / Editorial Board Prof. Pinto Carmona Prof. Agostinho Monteiro Prof. Massano Cardoso Prof. Jorge Polónia Prof. Manuel Bicho Prof. José Luís Medina Prof. Davide Carvalho Dr. Luís Calçada Correia Dr. José Nazaré Dr. Jorge Cotter Dra. Teresa Fonseca Dr. João Maldonado Dr. Carlos Moreira Dr. Mesquita Bastos Dr. José Alberto Silva Dra. Paula Amado Dra. Paula Alcântara Dra. Teresa Rodrigues Dr. Pedro Marques da Silva Dr. Fernando Pinto Dr. Pedro Guimarães Cunha Janeiro / Fevereiro 2010 4º Congresso Português de Hipertensão O número de Janeiro/Fevereiro da Revista Portuguesa de Hipertensão e Risco Cardiovascular sairá durante o decurso do nosso 4º. Congresso Português de Hipertensão. Por isso chama-se em particular a atenção para o texto do Presidente da Comissão Organizadora desta reunião Dr. Rasiklal Ranchhod. No artigo da Dra. Mónica Ferreira e colabs. faz-se, de uma forma simples mas sistematizada, uma análise retrospectiva de 104 doentes em hemodiálise (unidade do Hospital da Cruz Vermelha) durante um período de 2 anos relativamente à evolução (e terapêutica) da hipertensão e de vários factores de risco e repercussões cardiovasculares, confirmando-se o elevado número de factores de risco presentes nesta população, bem como a importante repercussão sistémica (cerca de 40% dos doentes tinham grave envolvimento e pelo menos 2 órgãos - alvo). São publicadas as principais conclusões/recomendações do Grupo de Peritos do “Portugal sem Fumo” 2009 que merecem reflexão adequada dado a percentagem ainda elevada de fumadores em Portugal, não esquecendo que o tabaco continua a ser a principal causa de morte prematura e doença na U.E. Por fim o artigo dos Drs. Pedro Carmo e Vítor Ramalhinho faz uma revisão aprofundada de um novo anti-hipertensor recentemente introduzido no nosso armamentarium terapêutico, aliscireno, que é o 1º inibidor da renina activo por via oral, das suas potencialidades terapêuticas e eventual mais valia na prática clínica. Resta-me fazer votos para que o 4º Congresso de Hipertensão tenha, pelo menos, o êxito dos anteriores o que se me afigura certo pela análise do programa bem estruturado com temas aliciantes, e pela empenhada participação de todos que convictamente espero. Faço também, desde já, o habitual pedido para que surjam publicações a partir das várias comunicações apresentadas que possam constituir um válido contributo para o êxito da nossa Revista. J. Braz Nogueira ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE EM DOENTES HEMODIALISADOS Arterial hypertension and cardiovascular risk factors in hemodialysis patients Monica Nechita Ferreira*, Isménia Oliveira*, MJ Sampaio**, MT Mendes**, A. Gomes da Costa*** * Médico Residente Centro de Hemodiálise CVP ** Nefrologista do Centro de Hemodiálise CVP *** Director do Centro de Hemodiálise CVP RESUMO A doença cardiovascular é a principal causa de morte em Portugal. Os doentes em hemodiálise têm mortalidade cardiovascular trinta vezes superior à população geral. Dado que a mais eficaz intervenção de controlo da mortalidade é a modificação dos factores de risco passíveis de redução, analisaram-se neste estudo retrospectivo de 104 doentes em hemodiálise a evolução da HTA e dos outros factores de risco, ao longo de 2 anos. Verificou-se uma alta prevalência de factores de risco múltiplos, com grande relevo de HTA e hiperparatiroidismo. A mortalidade desta série foi de 15,7% sendo de causa cardiovascular em 80% dos doentes falecidos. ABSTRACT Janeiro / Fevereiro 2010 De acordo com dados do Gabinete de Registo da Sociedade Portuguesa de Nefrologia (SPN), morrem por ano em Portugal cerca de 20% dos doentes insuficientes renais em hemodiálise. Pelo menos metade destas mortes são atribuíveis a causas cardiovasculares [3]. A ocorrência dos eventos cardiovasculares depende da presença concomitante dos factores de risco (FR), de afeção sintomática ou não dos orgãos-alvo e das complicações clínicas associadas [4,5]. O efeito dos diferentes factores de risco é sinérgico e multiplicativo, amplificando o risco cardiovascular [6]. Nos doentes em diálise além dos FR modificáveis clássicos como a HTA, a diabetes, a dislipidemia, ou tabagismo, foram identificados alguns FR específicos desta população, sendo de destacar as alterações do metabolismo mineral, nomeadamente a hiperfosfatemia e o hiperparatiroidismo [7]. O controlo dos factores de risco cardiovascular modificáveis é o primeiro alvo para a diminuição da prevalência da doença e da mortalidade. OBJECTIVOS Avaliação dos factores de risco cardiovascular clássicos e específicos para os doentes em HD. MATERIAL E MÉTODOS Foi realizada a análise retrospectiva dos doentes do Centro de Hemodiálise da CVP/SPD num período de dois anos ( Janeiro de 2007 a Dezembro de 2008). Foram avaliados: • dados demográficos (sexo, idade); • a etiologia da Doença Renal Crónica (DRC); • o perfil tensional: a média ponderada dos valores de TA - medida mensalmente no início da sessão de HD, no dia de colheita das análises; • as lesões de órgãos alvo: RESULTADOS • Dos 104 doentes, 58 eram mulheres (55.9%) e 46 homens (44.1%). • A idade média foi de 58.5 anos. 20% com idades de 20 aos 44 anos ; 30.4% dos 45 aos 59 anos; 34.1% dos 60 aos 74 anos e 15.5% dos doentes com idades superiores aos 75 anos. • Constatou-se o Ganho de Peso interdialítico de menos de 4 kg em 58.8% dos doentes; entre 4.1- 5.9 kg em 36% dos doentes e superior a 6 kg - 5.1 % . • Etiologia da DRC (fig.1): 56% dos doentes têm como etiologia da DRC a HTA e/ou a DM tipo 2. ETIOLOGIA DRC % 38 Cardiovascular disease is the main cause of death in Portugal. Nearly 20% of the renal failure patients undergoing haemodialysis die each year and at least half of these deaths are for cardiovascular causes. The mortality rate due to cardiovascular causes is on average thirty (30) times superior in haemodialysis patients when compared to the general population . The most effective intervention for the reduction of the cardiovascular mortality is the change in modifiable risk factors. The authors present a two years retrospective analysis of tensional profile, end-organ damage and cardiovascular - classical and dialysis specific - related risk factors in a 104 patients hemodialysis unit. To distinguish the high prevalence of arterial hypertension and hyperparathyroidism. The mortality in this series was 15,7%, with 80% of cases for cardiovascular causes. INTRODUÇÃO: A doença cardiovascular é a principal causa de morte em Portugal. A taxa de mortalidade por causa cardiovascular é em média 30 vezes superior nos doentes em hemodiálise, quando comparada com a população geral [1,2]. 1. Acidente vascular cerebral (AVC)- evidenciado pela TAC CE. 2. Hipertrofia ventricular (HV)- definida pelo Ecocardiograma TT (2) 3. Doença coronária (DC)- observada na Cintigrafia ou Cateterismo cardíaco 4. Doença arterial periférica (DAP)- evidenciada pela EcoDoppler • os factores de risco cardiovascular clássicosHTA, obesidade, tabagismo, dislipidemia, diabetes mellitus e específicos – metabolismo mineral (definido pelo produto CálcioxFósforo -CaxP e hiperparatiroidismo), existência de transplante renal prévio. Os doseamentos bioquímicos foram realizados mensalmente e considerada uma média ponderada do período avaliado. • a terapêutica dos doentes. % E FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR 35 HIPERTENSÃO ARTERIAL 9% 18 % (fig.1) Hipertensão Arterial Diabetes Mellitus Tipo 2 Não Classificadas Outras: Lupus Eritematoso Sistémico, Mieloma Múltiplo, Doença Renal Poliquistica, Uropatia obstrutiva, Tuberculose Renal, Nefropatia a IgA, Pielonefrite Crónica, etc 58 56 46 43 37 HTA: 56 dos doentes (53,2%) têm HTA não controlada, sendo destes 4,6% com TA sistólica >180mmHg e TA dias tólica > 90 mmHg) (fig.3a ; 3b). 2. Obesidade: 28.3% dos doentes têm IMC de 25-29 kg /m2 e 13.3% maior ou igual a 30 kg /m2 . Identificaram-se 57.2 % dos doentes com IMC de 18.5 – 24.9 e 1.2% com IMC < 18.5 kg /m2; TR ANSPL 4. Dislipidemia: (TG>150 mg/dl; LDL colesterol >150 mg/dl) – 46 doentes (44,2%) ANTE 5 >5 xP Ca ISMO AG 1. 3. Tabagismo: 17 doentes (16,3%) AR ATIROIDISMO ETES AB DI 36 17 TA B MELLITUS ADE O BESID A DISLIPIDEMI HT A 18 HIPERP Número de Doentes 104 • FACTORES DE RISCO (fig. 2) FACTORES DE RISCO CARDIOVASCULAR NOS DOENTES EM HEMODIÁLISE (fig.2) TA SISTÓLICA 5. Diabetes Mellitus: (HbA1c >7,5%) 18 doentes (17,3%) 6. CaxP > 55: 37 doentes (35,5%) Percentagem de Doentes 7. Hiperparatiroidismo: 58 doentes (55,7%) 46,60% 8. Doentes com transplante renal prévio: 36 (34,6%) 37,40% A maioria dos doentes tem mais que um FR cardiovascular, isto é: 11,40% 4,60% <110 mm Hg 110-139 mm Hg 140-179 mm Hg >180 mm Hg TA DIASTÓLICA • 81 doentes (77,8%) têm pelo menos dois FR • 53 dos doentes (50,9%) têm 3 ou mais FR. 2FR cardiovascular – 28 doentes 3FR cardiovascular – 33 doentes 4FR cardiovascular – 9 doentes 5FR cardiovascular – 8 doentes 6FR cardiovascular – 3 doentes Percentagem de Doentes 67,30% 19,70% 12,10% 0,90% <60 mm Hg 60-89 mm Hg 90-109 mm Hg >110 mm Hg • Estudaram-se as seguintes lesões de órgãos-alvo: Acidente Vascular Cerebral (AVC), Hipertrofia Ventricular Esquerda (HVE), Doença Coronária (DC) e Doença Arterial Periférica (DAP). Observou-se que na população estudada 41 dos doentes (39%) têm pelo menos dois órgãos-alvo afectados e cerca de metade dos doentes -50,9% - têm três ou mais, o que contribui para o aumento significativo do risco cardiovascular (fig.4). (fig.3a; 3b) - TA sistólica e TA diastólica Janeiro / Fevereiro 2010 ARTIGO ORIGINAL ORIGINAL ARTICLE ÓRGÃOS-ALVO AFECTADOS 15.7% sendo em 80% dos casos de causa cardiovascular (EAM e AVC). • Independentemente de factores de risco cardiovascular associados à DRC e/ou hemodiálise é evidente nesta série o elevado número de factores de risco “clássicos” que a população de doentes em hemodiálise apresenta, justificando a necessidade de motivar os doentes no cumprimento das medidas modificadoras do estilo de vida e farmacológicas, para um melhor prognóstico a longo prazo. Número de Doentes 57 37 HVE 32 DC 30 DAP AVC (fig.4) TERAPÊUTICA DOS DOENTES EM HEMODIÁLISE Agradecimentos ao Dr. António Oliveira Soares, pela disponibilidade, investimento e entusiasmo na concretização deste artigo. Número de Doentes Bibliografia 44 40 38 24 BB BCC IECA • A terapêutica realizada pelos doentes em hemodiálise inclui principalmente anti-hipertensores (beta-bloqueantes BB; bloqueantes de canais de cálcio BCC; inibidores de enzima conversora de angiotensina IECA; antagonistas de receptores de angiotensina II- ARA; diuréticos-D), quelantes de fósforo (carbonato de cálcio, hidróxido de alumínio, sevelamar); inibidores de receptores da paratiroide. Analisa-se neste contexto só a terapêutica anti-hipertensora (fig. 5). Constatouse que 62,5% dos doentes hipertensos fazem pelo menos dois fármacos antihipertensores. Janeiro / Fevereiro 2010 ARA Classe de Anti-Hipertensores 22 22 D OUTROS (fig.5) CONCLUSÕES • A HTA associada aos efeitos hemodinâmicos provocados pela diálise, a inflamação [8], as alterações do metabolismo mineral nomeadamente a hiperfosfatémia, a hipercalcémia, o hiperparatiroidismo torna a população dos doentes em hemodiálise um grupo de elevado risco cardiovascular. • A mortalidade anual média dos doentes em hemodiálise é de 20%, mas na população estudada verificou-se no período estudado uma mortalidade de 1 - Foley RN et al. Clinical epidemiology of cardiovascular disease in chronic renal disease, Am J Kidney Dis 1998;32(5 suppl 3):S112–9 2 - Zoccali C et al. Novel Cardiovascular Risk Factors in End-Stage Renal Disease, Kidney Int 2004;65:1492–98 3 – vide site SPN - www.spn.pt 4- Sierra C, de la Sierra A. Early detection and management of the high-risk patient with elevated blood pressure. Vasc Health Risk Manag. 2008:4; 289-296. 5- Basile J. Management of global risk across the continuum of hypertensive heart disease. J Clin Hypertens (Greenwich). 2006; 8:21-30. 6 - Stegmayr BG, Stegmayr BG. A study of patients with diabetes mellitus (type 1) and end-stage renal failure: tobacco usage may increase risk of nephropathy and death, J Intern Med. 1990 Aug; 228(2):121-4. 7 - Zimmermann J et al. Inflammation enhances cardiovascular risk and mortality in hemodialysis patients, Kidney Int, 1999;55:648–58. 8 - Blayney MJ, Tentori F, Trends and consequences of mineral bone disorder in haemodialysis patients: Lessons from the dialysis outcomes and practice patterns study - J Ren Care. 2009 Mar; 35 Suppl 1:7-13. Estudo Duração Tratamento N Gradman et al. [10] Alisc 150 Alisc 300 Placebo 127 130 131 8 semanas Kushiro et al. [11] 8 semanas Villamil et al. [12] 8 semanas Pool et al. [13] 8 semanas Oh et al. [14] 8 semanas Oparil et al. [15] 8 semanas (mg/dia) Alisc 150 Alisc 300 Placebo 112 113 115 Redução PAS (mmHg) 8,7† 14,1§ 2,9 7,8§ 10,7§ 3,3 48† 64§ 28 10,3 12,3§ 8,8 59* 68† 48 11,4† 15,8§ 5,3 PAD 9,3† 11,8§ 6,3 Alisc 150 Alisc 300 Placebo 183 180 192 12,2† 15,7§ 7,5 8,9* 10,3§ 6,9 Alisc 150 Alisc 300 Placebo 167 166 163 13,0§ 14,7§ 3,8 10,3§ 11,1§ 4,9 Alisc 150 Alisc 300 Placebo Alisc 150-300 Placebo 177 175 176 430 455 12,1 15,0§ 10,0 13,0§ 4,6 9,0§ 4,1 Taxa de Taxa de Respondedores (%) Controlo (%) 59† 67§ 39 38* 50* 21 29† 42† 13 52 64† 46 38 47§ 28 59§ 63§ 36 36† 42† 20 53§ 30 31 42 28 37§ 16 Estudo Duração Tratamento (mg/dia) Schmieder et al. [16] Alisc 150-300 12 semanas HCTZ 12,5-25 Uresin et al. [17] Alisc 300 Ram 10 8 semanas Andersen et al. [18] 12 semanas Duprez et al. [19] 12 semanas Stanton et al. [20] 4 semanas Gradman et al. Alisc 150-300 Ram 5-10 Alisc 150-300 Ram 5-10 Alisc 150 Alisc 300 Losartan 100 [10] 8 semanas 8 semanas 14,7* 12,0 11,3 10,7 73* 66 5,1* 3,6 - 46* 39 PAD 17,4† 14,7 12,2‡ 10,3 420 422 14,0† 11,3 11,3† 9,7 41 40 36 10,0 11,8 11,4 2,2 5,7 5,5 282 278 457 444 14,0* 11,6 Taxa de Taxa de Respondedores (%) Controlo (%) - 60† 51 - 48 43 - - 11,4 15,8† 12,5 9,3 11,8 8,9 59 67 56 38 50* 34 Alisc 150 Alisc 300 177 175 58 58 60 12,1 15,0 11,2 15,5 16,5 10,3 12,3 10,5 11,0 11,3 59 68 55 66 63 31 42 38 47 42 430 453 13,0 12,8 9,0 9,7 53 55 37 34 Valsartan 80 Valsartan 320 8 semanas (mmHg) 127 130 133 Valsartan 160 Oparil et al. [15] 560 547 Redução PAS Alisc 150 Alisc 300 Irbesartan 150 Pool et al. [13] N Alisc 150-300 Valsartan160-320 Estudo Duração Tratamento N Villamil et al. [12] Alisc 150 Alisc 300 183 180 188 173 184 (mg/dia) 8 semanas HCTZ 12,5 HCTZ 25 Alisc 150 + HCTZ 12,5 8 semanas 8 semanas Oparil et al. [15] 8 semanas Pool et al. [13] 8 semanas Drummond et al. [22] 6 semanas Duprez et al. [19] 22-36 semanas 38 47 38 37 50* 71* 54* 180 19,8* 13,9* 81* 59* Alisc 300 + HCTZ 25 173 21,2* 14,3* 77* 60* Alisc 150-300 + 113 15,8§ 11,9§ 74* 57‡ Irbe 150-300 + 117 15,4 11,3 71 55 Amlo 5-10 + 122 13,6 10,3 68 45 HCTZ 25 117 HCTZ 25 457 19,6*r 8,6 7,9 59 - 69*r Ram 10 + HCTZ 444 17,3 7,3 - 58 Alisc 150-300 Ram 5-10 Alisc 150-300 + Ram 5-10 282 278 277 14,7 12,0 16,6§r 11,3 10,7 12,8* 73 66 74*r 8 8 13 430 453 43 13,0 12,8 17,2§ 9,0 9,7 12,2§ 53 55 66† 37 34 49† Alisc 150 Alisc 300 Val 160 Val 320 Alisc 150 +Val 160 Alisc 300 +Val 320 177 175 58 60 60 12,1 ± 15,0 ± 15,5 16,5 16,6 10,3 ± 12,3 ± 11,0 11,3 12,1 59 68 66 63 67 31 42 47 42 37 58 18 12,9 76 50† Alisc 150 + Amlo 5 Amlo 5 Amlo 10 187 11†a 8,5†a 64†a 43†a 177 177 5,0 9,6†a 4,8 8,0†a 45 60†a 23 38†a Alisc±HCTZ + Amlo 5-10 Alisc±HCTZ + Amlo 5-10 457 20,0 8,2* r - 66* r 444 18,1 7,0 - 58 Alisc 300 + 12,5-25 Uresin et al. [17] 52 64 61 59 70† 12,7* HCTZ 12,5-25 12-22 semanas Taxa de Taxa de Respondedores (%) Controlo (%) 19,5* HCTZ 25 Duprez et al. 8,9 10,3 10,1 9,4 11,9* 12,2 15,7 13,9 14,3 17,6* PAD 187 HCTZ 25 [19] (mmHg) Alisc 150 + HCTZ 25 Alisc 300 + HCTZ 12,5 Jordan et al. [21] Redução PAS Alisc 150-300 Val 160-320 Alisc 150-300 +Val 160-320 8,2 34 Estudo Duração Oh et al. [14] 8 semanas Oparil et al. [15] 8 semanas Redução PAS (mmHg) Tratamento (mg/dia) Alisc 150 Alisc 300 Placebo Alisc 150-300 Val 160-320 Alisc 150-300 +Val 160-320 24 h 9,6§ 8,8§ -1,8 9,8§ 10,1§ 14,4 Dia 9,9§ 9,6§ -1,5 Redução PAD (mmHg) Noite 9,2§ 6,7§ -2,6 24h 6,6§ 6,0§ -1,6 7,1§ 7,1§ 10,3 Dia 6,6§ 6,2§ -1,3 Noite 6,9§ 4,8§ -2,2 Placebo 781 Alisc 150 mg 774 Alisc 300 mg 768 Alisc total 2316 314 (40,2) 290 (37,5) 309 (40,2) 922 (39,8) Cefaleias 68 (8,7) 42 (5,4)* 44 (5,7)* 132 (5,7)† Nasofaringite 45 (5,8) 33 (4,3) 29 (3,8) 101 (4,4) Tonturas 17 (2,2) 9 (1,2) 19 (2,5) 42 (1,8) Infecção 12 (1,5) N Qualquer EA Grave n (%) Qualquer EA n (%) Interrupção por EA n (%) 5 (0,6) 27 (3,5) 3 (0,4) 12 (1,6) 4 (0,5) 20 (2,6) 11 (0,5) 45 (1,9) EA reportados em >2% dos doentes n (%) Diarreia Cansaço respiratória superior 9 (1,2) 12 (1,5) 9 (1,2) 5 (0,6) 7 (0,9) 18 (2,3) 13 (1,7) 13 (1,7) 61 (2,6)* 36 (1,6) 31 (1,3) Edema periférico 5 (0,6) 6 (0,8) 7 (0,9) 24 (1,0) Obstipação 5 (0,6) 1 (0,1) 5 (0,7) 17 (0,7) ~8600 doentes com diabetes mellitus tipo 2 e risco elevado para eventos CV e renais Estudo aleatorizado, em dupla-ocultação, controlado por placebo ~4 anos Duração Determinar se o aliscireno, quando adicionado ao tratamento convencional atrasa a ocorrência de um endpoint primário composto por complicações CV e renais (morte CV, morte súbita com reanimação, EM não fatal, AVC não fatal, hospitalização não planeada por IC, início de doença renal terminal, duplicação da concentração basal de creatinina sérica ou falência renal) Objectivo Principal ~7000 doentes com IC crónica, FEVE ≤35% e níveis de BNP elevados Estudo aleatorizado, em dupla-ocultação, com comparador activo ~2-4 anos Duração ~1800 doentes hospitalizados e estabilizados após um episódio de IC aguda Estudo aleatorizado, em dupla-ocultação, controlado por placebo 15 meses Duração Determinar se o aliscireno, quando adicionado à terapêutica padrão, atrasa a ocorrência de morte CV ou re-hospitalização por IC, nos 6 meses seguintes após hospitalização por um episódio de IC aguda Objectivo Principal Determinar se o aliscireno é superior/não-inferior ao enalapril e/ou se a associação aliscireno/enalapril é superior ao enalapril na redução da mortalidade cardiovascular ou hospitalização por IC, em doentes com IC crónica Objectivo Principal 8 semanas ~1100 doentes hospitalizados e estabilizados após-SCA, péptidos natriuréticos elevados e FSVE preservada Estudo aleatorizado, em dupla-ocultação, controlado por placebo ~800 doentes com enfarte agudo do miocárdio associado DSVE (FEVE ≤45%) Estudo aleatorizado, em dupla-ocultação, controlado por placebo 36 semanas Duração Doentes ~600 doentes com DAC estável, que necessitem de angiografia coronária Desenho Estudo aleatorizado, em dupla-ocultação, controlado por placebo 2 anos Duração AQUARIUS[36] (Aliskiren Study in Post-MI patients to Reduce rEmodelling) Doentes Desenho ASPIRE[35] (Aliskiren Study in Post-MI patients to Reduce rEmodelling) Duração Doentes Desenho Avaliar o efeito de aliscireno na progressão da aterosclerose coronária em comparação com placebo, medida como a variação percentual no volume de ateroma Objectivo Principal Avaliar a remodelagem ventricular, medida por ecocardiografia Objectivo Principal Determinar o efeito de aliscireno e valsartan (em monoterapia ou em associação) na variação dos níveis de NT-proBNP, comparativamente ao placebo e às monoterapias Objectivo Principal AVANT-GARDE[34] (Aliskiren and VAlsartan to reduce NT-proBNP via renin-anGiotensin-AldosteRone system blockade) Doentes Desenho ASTRONAUT[33] (AliSkiren TRial ON Acute heart failure oUTcomes) Doentes Desenho ATMOSPHERE[32] (Aliskiren Trial to Minimize OutcomeS in Patients with HEart failuRE) Doentes Desenho ALTITUDE[31] (ALiskiren Trial In Type 2 diabetes Using cardio-renal Disease Endpoints) ARTIGO DE REVISÃO REVIEW ARTICLE Referências 1 – Ingelfinger JR. Aliskiren and Dual Therapy in Type 2 Diabetes Mellitus. N Engl J Med 2008; 23 (358): 2503-2505 2 – Vaidyanathan et al. Clinical Pharmacokinetics and Pharmacodynamics of Aliskiren. Clin Pharmacokinet 2008; 47 (8): 515-531 3 – Wood JM, Maibaum J, Rahuel J, et al. Structure-based design of aliskiren, a novel orally effective renin inhibitor. Biochem Biophys Res Commun 2003; 308 (4):698-705 4 – Vaidyanathan S, Reynolds C, Yeh C-M, et al. The pharmacokinetics of the oral direct renin inhibitor aliskiren alone and in combination with the P-glycoprotein modulators ketoconazole, digoxin and atorvastatin in healthy subjects [abstract no. PIII-175]. Clin Pharmacol Ther 2007; 81 Suppl. 1: S109 5 – Vaidyanathan S, Reynolds C, Yeh C-M, et al. Pharmacokinetics, safety, and tolerability of the novel oral direct renin inhibitor aliskiren in elderly healthy subjects. J Clin Pharmacol 2007; 47 (4): 453-60 6 – Vaidyanathan S, Jermany J, Yeh C-M, et al. Aliskiren, a novel orally effective renin inhibitor, exhibits similar pharmacokinetics and pharmacodynamics in Japanese and Caucasian subjects. Br J Clin Pharmacol 2006; 62 (6): 690-8 7 – Waldmeier FJ, Glaenzel U, Wirz B, et al. Absorption, distribution, metabolism and elimination of the direct renin inhibitor aliskiren in healthy volunteers. Drug Metab Dispos 2007; 35 (8): 1418-28 8 – Vaidyanathan S, Bigler H, Yeh C-M, et al. Pharmacokinetics of the oral direct renin inhibitor aliskiren alone and in combination with irbesartan in renal impairment. Clin Pharmacokinet 2007; 46 (8): 661-75 9 – Vaidyanathan S, Limoges D, Yeh C-M, et al. Aliskiren, an orally effective renin inhibitor, shows dose linear pharmacokinetics 20 Janeiro / Fevereiro 2010 in healthy volunteers [abstract no. PIII-23]. Clin Pharmacol Ther 2006; 79 (2 Suppl. S): P64 10 – Gradman AH, Schmieder RE, Lins RL, et al. Aliskiren, a novel orally effective renin inhibitor, provides dose-dependent antihypertensive efficacy and placebo-like tolerability in hypertensive patients. Circulation 2005;111:1012-8. 11 – Kushiro T, Itakura H, Abo Y, et al. Aliskiren, a novel oral renin inhibitor, provides dose-dependent efficacy and placebolike tolerability in Japanese patients with hypertension. Hypertens Res 2006;29:9971005. 12 – Villamil A, Chrysant SG, Calhoun D, et al. Renin inhibition with aliskiren provides additive antihypertensive efficacy when used in combination with hydrochlorothiazide. J Hypertens 2007;25:217-26. 13 – Pool JL, Schmieder RE, Azizi M, et al. Aliskiren, an orally effective renin inhibitor, provides antihypertensive efficacy alone and in combination with valsartan. Am J Hypertens 2007;20:11-20. 14 – Oh BH, Mitchell J, Herron JR, et al. Aliskiren, an oral renin inhibitor, provides dose-dependent efficacy and sustained 24-hour blood pressure control in patients with hypertension. J Am Coll Cardiol 2007;49:1157-63. 15 – Oparil S, Yarows SA, Patel S, et al. Efficacy and safety of combined use of aliskiren and valsartan in patients with hypertension: a randomised, double-blind trial. Lancet 2007;370:221-9. 16 – Schmieder RE, Philipp T, Guerediaga J, et al. Long-term antihypertensive efficacy and safety of the oral direct renin inhibitor aliskiren: a 12-month randomized, doubleblind comparator trial with hydrochlorothiazide. Circulation 2009;119:417-25. Conclusões 17 – Uresin Y, Taylor AA, Kilo C, et al. Ef- • Os ficacy vários and estudos safety of the apresentados direct renin inhibitor demonstram aliskiren que oand aliscireno ramipril proporciona alone or in combinauma importante tion in patients eficácia withanti-hipertensora diabetes and hypertenaliada a um sion. perfil J Renin de tolerabilidade Angiotensin Aldosterone semelhante Syst a placebo, 2007;8:190-8. podendo ser administrado em monoterapia ou em combinação com as principais 18 – Andersen classesK,deWeinberger anti-hipertensores. MH, Egan B, et al. Comparative efficacy and safety • Os of aliskiren, estudos an com oralMAPA direct renin mostraram inhibitor, que o efeito and ramipril anti-hipertensor in hypertension: doa aliscireno 6-month, é mantido randomized, e consistente double-blindaotrial. longo J Hypertens das 24 horas 2008;26:589-99. do intervalo terapêutico, preservando o seu efeito mesmo após a falha de uma 19toma. – Duprez A sua D, Davis eficácia P, Botha anti-hipertenJ. The soraAGELESS demonstrou Study:ser Theindependente effect of aliskiren vs da idade ramipril e doalone género, or incom combination reduções withsemelhyhantes drochlorothiazide nos homens andeamlodipine nas mulheres. in patients ≥ 65 years of age with systolic hypertension. • Os Circulation resultados 2008;118(Suppl.18):S886dos três estudos já publicados S887do programa ASPIRE HIGHER, sugerem que o aliscireno poderá ter um papel 20 –importante Stanton A, Jensen em termos C, Nussberger de proJ, tecção et al. cardiovascular, Blood pressure lowering nomeadamente, in essential em doentes hypertension com nefropatia with an oral renin diabética, inhibitor, insuficiência aliskiren. cardíaca Hypertension e hipertrofia 2003;42:1137-43. ventricular esquerda. 21 – Jordan J, Engeli S, Boye SW, et al. • Apresentámos Direct Renin inhibition uma visão with actualizada aliskiren in do mais obese recente patients elemento with arterial de modulação hypertension.do sistema Hypertension SRAA,2007;49:1047-55. que inibe a renina no inicio da cascata de agressão vascular quando inadequadamente 22 – Drummond W, activada, Mungercomo MA, Rafique acontece na hipertensão Essop M, et al.eAntihypertensive em todas as consequentes efficacy of agressões the oral vasculares. direct renin inhibitor Esta é aaliskiren reacçãoaslimitante add-on neste therapy sistema. in patients not responding to amlodipine monotherapy. J Clin Hypertens • A2007;9:742-50. sua importância clínica já está demonstrada nos vários ensaios clínicos publicados23que – Palatini se resumiram P, Jung W, e apresenta-se Shlyakhto E, etum al. sumário Maintenance de todoof oblood-pressure-lowering programa de investigação clínica effectem following curso.a missed dose of aliskiren, irbesartan or ramipril: results of a randomized, double-blind study. J Hum Hypertens 2009 May 21.[Epub ahead of print] 24 – Schmieder RE, Philipp T, Guerediaga J, et al. Aliskiren-based therapy lowers blood pressure more effectively than HCTZ-based therapy in obese patients with hypertension: sub-analysis of a 52-week, randomized, double-blind trial. J Hypertens 2009;27:1493-501. 33 – Data on file, Novartis Pharma AG 2009; Study SPP100A2368 protocol (ASTRONAUT). 25 – Weir MR, Bush C, Anderson DR, et al. Antihypertensive efficacy, safety and tolerability of the oral direct renin inhibitor aliskiren in patients with hypertension: a pooled analysis. J Am Soc Hypertens 2007;1:264-77. 34 – Clinicaltrials.gov. AVANT-GARDE study design. Efficacy and safety of aliskiren and valsartan versus placebo in lowering NTerminal proB-Type Natriuretic Peptide in patients stabilized following an acute coronary syndrome. ClinicalTrials.gov identifier: NCT00409578. Acedido em: http://clinicaltrials.gov/ct/show/NCT00409578?order=1 26 – Sica D, Gradmann A, Lederballe O, et al. Aliskiren, a novel renin inhibitor is well tolerated and has sustained BP-lowering effects alone or in combination with HCTZ during long-term (52 weeks) treatment of hypertension [P797]. Eur Heart J 2006;27(Abstr Suppl):121. 27 – Sever P, et al. Managing cardiovascular and renal risk: the potential of direct renin inhibition. J Renin Angiotensin Aldosterone Syst 2009; 10; 65 28 – Hans-Henrik Parving, et al. Aliskiren Combined with Losartan in Type 2 Diabetes and Nephropathy. N Engl J Med 2008; 358:2433-46 29 – John J.V. McMurray, et al. Effects of the Oral Direct Renin Inhibitor Aliskiren in Patients With Symptomatic Heart Failure. Circ Heart Fail. 2008;1:17-24 35 –Clinicaltrials.gov. Safety and Efficacy of Aliskiren in Post Myocardial Infarction Patients (ASPIRE). ClinicalTrials. gov Identifier: NCT00414609 Acedido em: http://www.clinicaltrials.gov/ct/show/ NCT00414609?order=1 36 – Clinicaltrials. gov. Safety and Efficacy of Aliskiren on the Progression of Atherosclerosis in Coronary Artery Disease Patients (AQUARIUS) ClinicalTrials.gov Identifier: NCT00853827 Acedido em: http://www. clinicaltrials.gov/ct2/show/NCT00853827 Analisa-se neste contexto só a terapêutica anti-hipertensora (fig. 5). Constatou-se que 62,5% dos doentes hipertensos fazem pelo menos dois fármacos anti-hipertensores. 30 – Scott D. Solomon, et al. Effect of the Direct Renin Inhibitor Aliskiren, the Angiotensin Receptor Blocker Losartan, or Both on Left Ventricular Mass in Patients With Hypertension and Left Ventricular Hypertrophy. Circulation. 2009;119:530-537 31 – Hans-Henrik Parving, et al. Aliskiren Trial in Type 2 Diabetes Using CardioRenal Endpoints (ALTITUDE): rationale and study design. Nephrol Dial Transplant. 2009 May;24(5):1663-71 32 – Data on file, Novartis Pharma AG 2009; Study CSPP100F2301 protocol (ATMOSPHERE). Janeiro / Fevereiro 2010 21 Programas Nacionais de Saúde National Health Programs Principais Conclusões /Recomendações do Grupo de Peritos do “Portugal sem Fumo” 2009 Main Conclusions and Recommendations of the Expert Group from “Portugal Without Smoke” 2009 O tabaco representa, por si só, a maior causa de morte prematura e doença na União Europeia. Segundo as estimativas mais moderadas, em 2002 morreram na EU-25 79.000 adultos, incluindo 19.000 não fumadores, devido à exposição ao fumo do tabaco em casa (72.000) e no local de trabalho (7.300). A Resolução do Concelho da Comunidade Europeia de 1989 e a Recomendação sobre a Prevenção do Tabagismo de 2002 convidaram os Estados Membros (EM) a proporcionar protecção contra a exposição ao fumo de tabaco directo e indirecto em locais de trabalho fechados, recintos públicos fechados e transportes públicos. Para além da acção legislativa, duas campanhas para controlo do tabagismo nos meios de comunicação social – “Não hesites em dizer não” e “HELP: por uma vida sem tabaco” – procuraram, entre outros aspectos, chamar a atenção para os riscos do fumo de tabaco directo e indirecto. Em 2007, a Comissão Europeia lançou um debate público sobre a melhor forma de promover zonas sem fumo na União Europeia através do Livro Verde intitulado “Por uma Europa sem Fumo: Opções estratégicas a nível comunitário”. Actualmente, já vigoram políticas para controlo do Tabagismo em 10 países da EU, sendo que o Reino Unido e a Irlanda correspondem àqueles em que as disposições legais são mais restritivas. O último Inquérito Eurobarómetro sobre Tabaco, de Março de 2009, mostrou que as políticas “de prevenção e controlo do tabagismo” têm cada vez mais apoiantes na Europa: • 84% são favoráveis à interdição do tabaco em escritórios e noutros locais de trabalho fechados; • 77% defendem esta interdição em restaurantes e • 61% em cafés e bares. 22 Janeiro / Fevereiro 2010 Sumariamente, desde 2007, Portugal tem vindo a desenvolver uma política tendente a uma maior protecção dos cidadãos à exposição involuntária ao fumo do tabaco (Lei nº 37 /2007). No entanto, a legislação contém significativas ambiguidades verificando-se profundas lacunas, nomeadamente de monitorização e fiscalização do cumprimento dos normativos em vigor e uma resposta incipiente de cuidados de saúde, de dinâmicas para a promoção da saúde e prevenção do tabagismo, bem como, do reforço de apoio económico-financeiro aos grupos mais desfavorecidos e/ou vulneráveis. Um estudo de impacte da Lei de prevenção do tabagismo na população de Portugal Continental, realizado em 2008 pela DGS com a colaboração do INSA, concluiu que 55% dos cidadãos inquiridos considera que a Lei não é penalizadora para os fumadores. A grande maioria dos inquiridos (94%) considerou que a Lei é protectora da sua saúde, embora só 35% afirmasse que a Lei é totalmente respeitada. Mais de metade dos fumadores portugueses inquiridos (53%) confirmou fumar em casa (sempre ou ocasionalmente). Quanto ao impacte da Lei nas atitudes e comportamentos dos fumadores verificaram-se apenas pequenas alterações relativamente ao hábito de fumar em casa na presença de crianças, grávidas e não fumadores. No que se refere aos efeitos da mesma ao nível da cessação tabágica na população total verificou-se que só 0,8% dos fumadores deixou de fumar e 3,7% afirmaram ter reduzido o consumo de tabaco. Em 2007, a DGS publicou e divulgou amplamente o Programa-Tipo de actuação em Cessação Tabágica. Em 2009, a pedido desta entidade, foi nomeado um grupo de trabalho multidisciplinar de peritos reconhecidos na área do tabagismo e com responsabilidades no domínio do sector público da saúde, para desenvolverem uma análise crítica e apresentarem uma “Proposta de Apoio Financeiro na Aquisição de Medicamentos para a Cessação Tabágica” (www.dgs.pt). Este grupo elaborou 5 propostas alternativas para a comparticipação do Estado no Preço de Venda ao Público de Medicamentos de apoio à Cessação Tabágica. Não obstante, o referido grupo foi unânime quanto à necessidade do financiamento. Sabendo-se que a medicação poderá duplicar a triplicar o sucesso da intervenção, facilitar o acesso a custo acessível ao tratamento farmacológico aumenta a proporção de fumadores que utiliza medicação, que tenta parar de fumar e que pára com sucesso. Este grupo, baseado nos resultados do trabalho de Gouveia et al, de 2007 e 2008 sobre a carga e os custos das doenças relacionadas com o tabagismo, estimou que se os fumadores, que desejam parar de fumar e procuram ajuda de um profissional de saúde para o fazer, quer através de tratamento farmacológico quer comportamental, fossem apoiados neste sentido, os custos redutíveis (dinheiro que o Estado deixaria de gastar pelo tratamento das doenças relacionadas com o consumo de tabaco) correspondentes a cerca de 5% dos fumadores, seriam da ordem dos 7,7 Milhões de Euros, caso a taxa de sucesso fosse de 100%. A CE adoptou este ano, após uma ampla con- “Para além da acção legislativa, duas campanhas para controlo do tabagismo nos meios de comunicação social – “Não hesites em dizer não” e “HELP: por uma vida sem tabaco” – procuraram, entre outros aspectos, chamar a atenção para os riscos do fumo de tabaco directo e indirecto.” sulta aos Estados Membros (EM), uma proposta de Recomendação do Conselho que insta todos aqueles a apresentarem até 2012 legislação para protecção dos seus cidadãos contra a exposição ao fumo do tabaco. Importa por isso, perspectivar como pode Portugal responder a este desafio e procurar responder com medidas efectivas às 3 principais Recomendações: • Recomendação 1: Adopção e aplicação de leis que garantam a plena protecção dos cidadãos contra a exposição ao fumo do tabaco em locais públicos fechados, locais de trabalho e transportes públicos, em conformidade com o artigo 8º da Convenção - Quadro de Controlo do Tabagismo, no prazo de 3 anos após a data de adopção da Recomendação; • Recomendação 2: Reforço da legislação de controlo do tabagismo recorrendo a medidas de apoio, como a protecção das crianças, incentivos à cessação tabágica e a aposição de advertências ilustradas nos maços de tabaco; • Recomendação 3: Reforço da cooperação a nível da UE, instituindo para o efeito uma rede de pontos focais nacionais no domínio do controlo do tabagismo. O painel de peritos do Portugal sem Fumo, no debate aprofundado sobre o tema (2 de Novembro 2009, ENSP), elencou um vasto conjunto de Recomendações / Propostas a implementar ao longo dos próximos 3 anos visando a concretização das Recomendações acima citadas. No que se refere à primeira Recomendação do CE, o painel reflectiu sobre como agir a nível nacional para garantir uma maior efectividade da actual lei (ou a sua alteração/reformulação, uma vez que em 2010 será efectuado o primeiro relatório a ser entregue na Assembleia da República de acordo com o artigo 24º, da Lei nº 37 / 2007) de forma a garantir um Portugal sem Fumo em 2012. O primado da informação sobre as consequências do tabagismo assim como a formação e a responsabilização dos profissionais de saúde sobre a abordagem aos doentes devem ser implementados de forma concertada e continuada, envolvendo a sociedade civil, dando ênfase aos benefícios resultantes da adopção de estilos de vida saudáveis. Por outro lado, considera-se fundamental desenvolver legislação que se traduza por “Espaços 100% Livres de Fumo”, nomeadamente através da remoção de ambiguidades da actual Lei, incentivos ao seu efectivo cumprimento, melhor definição e maior responsabilização na fiscalização e publicitação dos casos de não cumprimento e cumprimento exemplar da mesma, entre outros, nos “sites” da DGS e Portal da Saúde. Seria útil, que à semelhança do que acontece com a monitorização do consumo de tabaco, fosse criado um dispositivo informativo (tipo “Observatório”) que pudesse proceder à monitorização do cumprimento da Lei. Importa também criar uma “plataforma” de cooperação que congregue e envolva todos os actores, incluindo o poder local, com capacidade de intervenção quer no processo de informação, educação, prevenção ou tratamento do tabagismo, quer no planeamento estratégico de uma abordagem eficaz e integrada para a redução Janeiro / Fevereiro 2010 25 Programas Nacionais de Saúde National Health Programs da carga comunitária das doenças atribuíveis ao tabagismo e dos custos a estas associados. Há ainda outras áreas de investimento que importa ressaltar tais como: - Intervenções com carácter de continuidade, segmentadas e diferenciadas, por grupos vulneráveis (crianças e jovens, grávidas e fumadores socialmente desfavorecidos) e populações específicas (por exemplo: 1. doentes com patologias específicas – asma, doença pulmonar crónica obstrutiva (DPOC), doenças cardiovasculares, certos tipos de cancro – ou com maior incidência de fumadores – doentes psiquiátricos; 2. planeamento familiar e actividades associadas quer ao nível dos Cuidados de Saúde Primários quer dos médicos obstetras; 3. saúde oral; 4. Bombeiros e Forças de Segurança (públicas e privadas); - Afectação de uma proporção significativa dos “...Fundamental melhorar o acesso do fumador, que quer parar de fumar, aos profissionais de saúde...” impostos sobre o tabaco para acções de controlo do tabagismo em geral e da cessação tabágica em particular, acções de promoção da saúde e prevenção da doença, verificação da efectividade da Lei (fiscalização e monitorização) e que suportem também a intervenção comunitária (ONG, etc.) visando a mudança da actual norma cultural. Seria importante também desenvolver campanhas de Marketing Social, executada por profissionais do ramo, e com o nível de investimento necessário para que conseguissem impor-se à “máquina” de Marketing da indústria tabaqueira. - Reforço das estratégias e aplicação no terreno de medidas integradas no Plano Nacional de Saúde (2011-2020), visando a prevenção efectiva das doenças crónicas (cancro, doenças respiratórias crónicas e doenças cardiovasculares). Volta-se a salientar, por unanimidade, e no terceiro ano consecutivo, que o impacto do tabagismo na 26 Janeiro / Fevereiro 2010 saúde e os custos daí inerentes justificariam um Programa Nacional de Prevenção e Tratamento do tabagismo. Quanto à segunda Recomendação do CE, procedeu-se à análise da forma como se poderá reduzir o impacto negativo do fumo de tabaco directo e indirecto sobre a saúde e a qualidade de vida, através da redução do número de fumadores. Ressalta aqui como fundamental melhorar o acesso do fumador, que quer parar de fumar, aos profissionais de saúde através do incremento do apoio intensivo em consulta (Artigo 21º, Lei 37/2007) mas também, de uma forma ainda mais abrangente, através da universalização da intervenção breve, a executar por todos os profissionais de saúde em todos os actos em saúde (ex: quando se executa um RX ou um electrocardiograma, durante um internamento, etc.). Para tal, torna-se necessária também uma abordagem sistemática nos vários níveis de resposta do Sistema de Saúde e em diferentes contextos profissionais e/ou sociais (ex: nas empresas, nas associações comunitárias, etc.), recorrendo sempre que possível a equipas pluridisciplinares. No entanto, tal só fará sentido se o acesso aos serviços de saúde estiver facilitado de forma que os momentos de motivação para deixar de fumar sejam maximizados e os profissionais utilizem todas as “janelas de oportunidade” que surjam. Emerge com grande importância a necessidade de um modelo de intervenção populacional de base comportamental que vise a já referida mudança da norma cultural, através da qual seja atribuída ao tabaco a sua relevância como o principal factor de risco prevenível, que é possível deixar de fumar e contribuir para a não iniciação dos mais jovens. O reforço e publicitação de pontos de acesso a recursos de apoio mais abrangentes, como sites de informação específica e credível na INTERNET (detentoras do selo de qualidade internacional), linhas de atendimento telefónico tipo SOS, programas educacionais interactivos dirigidos aos jovens, acções de informação / sensibilização que os farmacêuticos comunitários possam exercer junto das comunidades que servem a partir da rede de farmácias nacional, divulgação de informação através dos sites de Sociedades Científicas e Associações de Doentes, entre outros. Salientamos ainda outras medidas dirigidas particularmente aos mais jovens visando a aquisição precoce e sustentada de estilos de vida saudável: - A promoção da actividade física e de comportamentos alimentares saudáveis (por ex: formação e promoção de escolhas saudáveis e equilibradas nas escolas, incluindo a prevenção e controlo da iniciação precoce e consumos excessivos de álcool); - Articulação mais eficiente entre os Ministérios da Educação e da Saúde e outros parceiros sociais visando a integração destas estratégias nas matérias dos curricula escolares e participação alargada da comunidade e dos docentes. De facto, a área do tabagismo já integra o Curriculum Nacional do Ensino Básico, desde o 3º ano do 1º Ciclo. Todavia interessaria avaliar até que ponto é que este é devidamente implementado e quais os seus resultados práticos. A discussão centrou-se em seguida na necessidade de alterar os padrões de medição da produção do Sistema Nacional de Saúde, nomeadamente no que respeita às consultas de cessação tabágica e sua referenciação. A utilização de registos electrónicos uniformizados, de indicadores de resultados em saúde e de linguagem classificada comum aos vários intervenientes são requisitos para tal. Assim, deve ficar garantida que todos os tipos de intervenção são devidamente registados e valorizados (ex: apoio comportamental, apoio telefónico, tal como contemplado no Programa Tipo de Actuação em Cessação Tabágica). O debate centrou-se em seguida na discussão sobre que alternativas e soluções poderão ser viáveis num quadro político favorável ao financiamento pelo Estado de terapêuticas para a cessação tabágica, mas garantindo a sustentabilidade do Sistema de Saúde. Neste sentido, foi considerado prioritária a introdução de Terapêutica de Substituição Nicotínica nos formulários hospitalares, disponibilizando assim apoio medicamentoso a doentes internados em síndroma de privação. Foi também considerado prioritário o financiamento dos medicamentos de 1ª linha para a cessação tabágica para todos os fumadores em programas de cessação que cumpram as Recomendações do Programa-Tipo, quer para a intervenção breve, quer para a intervenção intensiva. O financiamento do tratamento farmacológico melhora e aumenta a probabilidade da cessação e tem um valor simbólico ao equiparar o tabagismo a outras doenças e factores de risco relacionados com comportamentos: obesidade, hipertensão arterial, dislipidémia e infecção por VIH. Para maximizar a qualidade da intervenção clínica deverá ser facilitada em tempo útil a referenciação e o acesso ao nível de cuidados mais adequado e efectivo para acompanhamento do percurso de cessação tabágica dos doentes. Torna-se fundamental prioritizar o registo de “...estilos de vida saudável: A promoção da actividade física e de comportamentos alimentares saudáveis.” hábitos tabágicos nos utentes do SNS, bem como a implementação de ferramentas de suporte a esse registo clínico por todos os profissionais de saúde intervenientes no processo do cuidado ao doente. Desta forma conseguem potenciar-se todas as janelas de oportunidade (incluindo a oportunidade de intervir através da metodologia ABC – ask, brief intervention, cessation) oferecidas sempre pelos profissionais de saúde quer estejam perante um fumador motivado para deixar de fumar quer pretendam promover a sua motivação. Finalmente, para responder à terceira Recomendação da CE, discutiu-se como implementar uma rede integrada de observação e análise da qualidade clínica das intervenções na cessação tabágica, a nível nacional, utilizando indicadores adequados de monitorização das mesmas. Estes indicadores de avaliação dos resultados da intervenção ao nível da cessação tabágica estão Janeiro Janeiro / Fevereiro / Fevereiro 2010 27 Programas Nacionais de Saúde National Health Programs disponíveis em Recomendações Internacionais baseadas na evidência científica actual, devendo ser aplicados de um modo sistemático e uniforme. Para tal é indispensável sensibilizar e formar os profissionais de saúde para a necessidade e prioridade do registo sistemático dos hábitos tabágicos e sua evolução (preferencialmente num registo único, electrónico e centralizado), dos diagnósticos associados ou agravados pelo tabagismo, das intervenções terapêutica (medicamentosa e outras), e sua efectividade, assim como monitorização e acompanhamento no período pós-cessação. Esta rede seria constituída por todos os profissionais de saúde com intervenção na área do tabaco, e a base de dados alimentada pelos registo clínicos sistemáticos já referidos (hábitos tabágicos, intervenções, fármacos e resultados) os quais permitirão a monitorização, acompanhamento, análise e avaliação por grupo de peritos a nomear para o efeito. Os pontos de observação poderão ficar sediados nas Unidades de Saúde Pública dos Agrupamentos de Centros de Saúde (ACES), ou outras a definir após consulta dos principais intervenientes nesta área. Em conclusão, pode afirmar-se que - uma Nação mais saudável é inequivocamente uma Nação que conhece e defende os mecanismos de protecção e promoção da saúde de todos os seus cidadãos. Sendo o controlo do tabagismo a medida preventiva de máximo custo-benefício, a ignorância desta realidade traduz-se, entre nós, 28 Janeiro / Fevereiro 2010 por fracassos significativos onde outros Países têm demonstrado sucessos relevantes – Plano Oncológico Nacional, Plano de Prevenção das Doenças Cardiovasculares, Plano de Prevenção das Doenças Respiratórias Crónicas. O painel de peritos do Portugal sem Fumo considera que à prevenção e controlo do tabagismo deveria ser dada a máxima prioridade e as estratégias recomendadas deveriam ser aplicadas, no maior interesse público, sem qualquer tibieza ou hesitação, baseada na estratégia MPOWER da Organização Mundial de Saúde através da qual se reforça a importância destas estratégias serem multifacetadas e integradas. Assim recomenda que a ênfase seja colocada simultaneamente em seis pilares Monitor Monitorizar o uso do tabaco e suas consequências Protect Proteger as pessoas do fumo do tabaco Offer help Oferecer apoio para o abandono do uso do tabaco Warn Avisar sobre os riscos do tabaco Enforce Aplicar a legislação abolindo qualquer propaganda, promoção ou patrocínio Raise Aumentar os impostos sobre o tabaco 4º CONGRESSO Português de hipertensão International meeting on hypertension Janeiro / Fevereiro 2010 29 4º CONGRESSO Português de hipertensão International Meeting on Hypertension Caros Colegas, Volvidos cinco anos e assente numa síntese vacilante, o Congresso de Hipertensão não só provou a sua maturidade e sedimentação, como alargou o seu número de programadores e apoios, já para não falar na criação de novos públicos. Eles vêm-nos acompanhando desde o início, garantem o permanente rejuvenescimento e asseguram a continuidade da SPH-Sociedade Portuguesa de Hipertensão. No seguimento desta constatação, gostaria de cumprimentar todos os Congressistas e agradecer pessoalmente a sua colaboração. Um destaque especial é de estender aos oradores e moderadores que irão desenvolver os assuntos da respectiva área de interesse; idêntica consideração é tida para com todos os autores dos trabalhos enviados para Comunicações. Pela variedade e profundidade dos assuntos em análise, pelos tempos de exposição e intervenção, pelas sessões práticas e de interacção e, obviamente, pela qualidade científica dos palestrantes, esta reunião é um evento acreditado pelas organizações oficiais, como tendo interesse formativo. As sociedades internacionais de afiliação, como são a ESH-European Society of Hypertension e a WHL-World Hypertension League, conferem os respectivos patrocínios científicos, colaborando a primeira na realização de uma Sessão Plenária, mediante a participação científica de destacadas figuras do seu “Board”. Organismos governamentais interessados na promoção da Saúde participam activamente na definição de prioridades; as Sociedades Científicas afins dispuseram-se, prontamente, a colaborar no desenvolvimento de temas de interface e/ou de entrosamento; e, finalmente, outras instituições e associações profissionais conferem o seu apoio institucional. As reuniões organizadas no âmbito da Hipertensão Arterial (HTA) estableceram, desde longa data, um padrão de excelência científica. Além de proporcionar um palco onde são apresentados os resultados da investigação clínica, epidemiológica e básica, realizada nos respectivos centros, assiste-se a uma cuidada revisão de temas feita por oradores experientes e convidados internacionais; promovem-se ateliers de trabalho, relevantes para a prática clínica; estimulam-se os “pontos de vista” e, 30 Janeiro / Fevereiro 2010 onde há abordagens controvertidas, produzem-se debates, ao estilo “prós e contras”. Todas estas facetas são analisadas por uma assistência atenta e são sujeitas ao respectivo escrutínio académico. Todavia, pelo interesse formativo óbvio que tem o período dedicado às perguntas e respostas, programaram-se apenas 3 apresentações por Mesa Redonda, permitindo um amplo debate, com a duração de meia-hora, entre todos os intervenientes e a assistência. Aqui deixo um convite especial aos colegas, que tiveram o privilégio de conviver com os antigos sócios fundadores e/ou honorários, para se “arrimarem” às primeiras filas, com o objectivo de melhor comentar e apresentar, à vista de todos, os seus POEMs “PatientOriented Evidence that Matters”, isto é “Evidência que interessa, Orientada para o Paciente”. Este convite é também extensivo a todos os congressistas que detêm responsabilidades, na formação pós-graduada, ao nível dos Internatos. Passando às principais linhas de trabalho, mereceram a nossa atenção e vão ser debatidos, durante o Congresso, alguns dos mais relevantes vectores de intervenção no combate e prevenção da HTA, que foram abordados e/ou consensuados no ano que recentemente terminou (2009), a destacar: 1) Actualização 2009, das Recomendações 2007 para o tratamento da HTA da ESH e ESC; 2) Novos alvos terapêuticos como a Rigidez Arterial; 3) Monoterapia vs terapia combinada, associações fixas: bases para uma escolha racional; 4) A Prédoença cardiovascular e/ou metabólica: aguardar, tratar, como?; 5) Estudos epidemiológicos de HTA e outros factores de risco; 6) Tabelas, ajudas visuais e cálculo do risco global; 7) Directrizes vs Directivas, Recomendações sectoriais vs Consensos alargados; 8) Técnicas não-invasivas de avaliação do Hipertenso; 9) Questões práticas, questões em aberto, abordagem de grupos especiais de hipertensos; 10) HTA e órgão alvo: Coração, Rim, SNC, Vasos; 11) Genética, genómica, diferenças étnicas: relevância clínica; 12) Exercício, Desporto, Nutrição e Ambiente Psicosocial. Além destes assuntos, tratados de uma maneira mais formal, trazemos este ano dois figurinos com novas roupagens, para uma participação e intervenção, o mais alargada possível e em regime de Sessão Plenária: 1) O primeiro, é um Debate Inter-disciplinar, com a colaboração de vários especialistas e profissionais de saúde, em que se confrontará a visão clínica e individualizada do tratamento do hipertenso com uma estratégia de abordagem populacional da HTA. O nosso objectivo é estimular a formação de equipas multiprofissionais, ao nível local, no ponto de atendimento do serviço de prestação de cuidados de saúde; em simultâneo, desejamos estimular, através de associativismo, o desenvolvimento de actividades comunitárias, com o apoio das Autarquias, profissionais de Comunicação social e representantes da Sociedade civil. Este debate é realizado sob a moderação de uma grande profissional de jornalismo, Fátima Campos Ferreira, seguindo um modelo de debate de que ela é uma exímia, elegante e justa facilitadora; 2) O segundo, é a Sessão de Casos Clínicos. Serão, em princípio, casos trazidos por colegas de MGF e seguidos nos Centros de Saúde e, outros casos, que foram acompanhados nos Serviços Hospitalares. Tal como acontece nas sessões clínicas dos Centros Hospitalares ou Unidades Locais de Saúde/ACES/USF’s, será uma discussão aberta ao plenário dos congressistas. Não haverá lugar para televotações ou outro tipo de aferições. Seguir-se à o formato clássico do NEJM-New England. Pese embora os efeitos gerais da atmosfera económica e financeira que temos vindo a atravessar, mantivemos uma linha de rumo que foi adoptada desde a institucionalização da SPH e que foi sempre ratificada pelos corpos sociais em funções. Tem sido seguida uma gestão rigorosa e transparente, face a todos os intervenientes na produção do Congresso, bem como uma atitude contida e de bom gosto, no que toca aos aspectos lúdicos. Ao mesmo tempo, há um esforço contínuo de alargamento da base de apoio, em termos de associados novos e de notoriedade junto da população. É agradável registar o dinamismo dos colegas mais novos, através do NISPH-Núcleo de Internos da SPH, e dos colegas mais antigos, através da Comissão de Formação Continuada. A presença de muitos congressistas jovens é disso o melhor testemunho. Resta-nos, ainda, dar conta antecipada do Programa Social alinhado. Inspirados nas várias efemérides recentemente celebradas, com origem em figuras universais incontornáveis como foram Galileu, Vieira ou Darwin, vamos desfrutar de duas manifestações que certamente irão enriquecer a nossa bagagem cultural. O espírito extremamente pragmático dos jesuítas sempre soube utilizar as diferentes artes como ferramentas fundamentais na acção de envangelizar, educando pela diversão através do Teatro, Dança e Música. O Sarau Cultural de Abertura exprime esta vertente híbrida, num processo de assimilação e influência de outras culturas. O encerramento vai ser com Chave de Ouro: uma leitura das gravuras do Vale do Côa e da paisagem envolvente, conduzida pelo seu estudioso Professor António Martinho Baptista. A Conferência será feita com recurso a audio-visuais e poderá constituir uma primorosa introdução e/ou complemento a qualquer visita “in situ”. “... cumprimentar todos os Congressistas e agradecer pessoalmente a sua colaboração. Um destaque especial é de estender aos oradores e moderadores que irão desenvolver os assuntos da respectiva área de interesse; idêntica consideração é tida para com todos os autores dos trabalhos enviados para Comunicações.” Colegas, termino com este nosso entusiasmo associado ao da Comissão Organizadora no seu conjunto. Fazemos o apelo de virem logo à primeira hora, Quinta-feira e só partirem à hora do fecho do Congresso, no Domingo. Estaremos no zénite do Inverno e, por isso, estarão disponíveis as reposições energéticas condizentes à chegada e à partida. Bem hajam, Bom convívio científico e social! Rasiklal Ranchhod Presidente da Comissão Organizadora Janeiro / Fevereiro 2010 31 32 Janeiro / Fevereiro 2010 Novembro | Dezembro 2009 - Número 14 37 38 Novembro | Dezembro 2009 - Número 14 Janeiro / Fevereiro 2010 33 34 Janeiro / Fevereiro 2010 Novembro | Dezembro 2009 - Número 14 39 AGENDA 2010 Congressos Nacionais e Internacionais 2010 2010 National and International congresses Janeiro / Fevereiro 2010 37 AGENDA 2010 Congressos Nacionais e Internacionais 2010 NACIONAIS: INTERNACIONAIS: XI Congresso Português de Endocrinologia e 61ª Reunião Anual da SPEDM 28 a 31 de Janeiro de 2010 Hotel Solverde - Espinho ACC - American College of Cardiology 14 a 16 de Março de 2010 Atlanta - EUA ASH - American Society of Hypertension 1 a 4 de Maio de 2010 Nova Iorque - EUA 4º Congresso Português do AVC 4 a 6 de Fevereiro de 2010 Centro de Congressos Porto Palácio Hotel - Porto ESPINHO ATLANTA 4º Congresso Português de Hipertensão 4 a 7 de Fevereiro de 2010 Tivoli Marinotel - Vilamoura ESC - European Society of Cardiology 28 Agosto a 1 de Setembro de 2010 Estocolmo - Suécia 16º Congresso Nacional de Medicina Interna 26 a 29 de Maio de 2010 Tivoli Marinotel - Vilamoura VILAMOURA LISBOA 38 Janeiro / Fevereiro 2010 XXXI Congresso Português de Cardiologia 9 a 12 de Abril de 2010 Centro de Congressos de Lisboa - Lisboa ESH - European Society of Hypertension - 18 a 21 de Junho de 2010 Oslo - Noruega AHA - American Heart Association 13 a 17 de Novembro de 2010 Chicago - EUA OSLO ESTOCOLMO