The social and economic value of insurance

Transcrição

The social and economic value of insurance
O Valor Econômico e Social
do Seguro
Um Documento Elaborado pela Associação de Genebra
Traduzido pela CNseg
Setembro de 2012
1
Associação de Genebra
(A Associação Internacional
Para o Estudo da Economia de Seguros)
A Associação de Genebra é, em termos internacionais, o principal grupo de reflexão nas
questões estrategicamente importantes de seguro e gerenciamento de risco.
A Associação de Genebra identifica as tendências fundamentais e as questões estratégicas
em que o seguro desempenha um papel essencial ou que influenciam o setor de seguros.
Por meio da criação de programas de pesquisa, publicações regulares e da realização de
reuniões internacionais, a Associação de Genebra funciona como um catalisador para o
avanço no entendimento de questões sobre risco e seguro e um gerador e disseminador de
informações. Trata-se da voz condutora dos maiores grupos de seguros do mundo inteiro no
diálogo com as instituições internacionais. Em paralelo, promove – em termos econômicos e
culturais – o desenvolvimento e o emprego do gerenciamento de risco e o entendimento da
incerteza na economia moderna.
A Associação de Genebra tem como associados um máximo estatutário de 90 CEOs das
principais companhias de seguros e resseguros do mundo. Ela organiza redes de
especialistas internacionais e realiza fóruns de debates para diretores e especialistas em
seguros, bem como para formuladores de política, reguladores e organizações multilaterais.
A Assembleia Geral anual da Associação de Genebra é o encontro anual de maior prestígio
dos principais CEOs do setor de seguros do mundo inteiro.
Fundada em 1973, a Associação de Genebra, oficialmente, "Associação Internacional para o
Estudo da Economia de Seguros", conta com escritórios em Genebra e Basileia, na Suíça,
sendo uma organização sem fins lucrativos, mantida por seus membros.
Presidente: Dr. Nikolaus von Bomhard, Presidente do Conselho de Administração, Munich
Re, Munique.
Vice-Presidentes: Sr. John Strangfeld, Presidente e CEO, Prudential Financial, Inc.,
Newark; Sr. Kunio Ishihara, Presidente do Conselho, Tokio Marine & Nichido Fire Insurance
Co., Tóquio; Sr. Michael Diekmann, Presidente do Conselho de Administração, Allianz SE,
Munique.
Membros do Conselho: Dr. Carlo Acutis, Vice-Presidente, Vittoria Assicurazioni S.p.A.,
Torino; Dr. Sergio Balbinot, Diretor de Administração, Assicurazioni Generali S.p.A., Trieste;
Sr. Henri de Castries, Presidente do Conselho de Administração e CEO, AXA Group, Paris;
Sr. Patrick de Larragoiti Lucas, Presidente, Sul América Seguros, Rio de Janeiro; Sr.
Donald Guloien, Presidente e CEO, Manulife Financial Corporation, Toronto; Prof. Denis
Kessler, Presidente e CEO, SCOR, Paris; Sr, Michel Liès, CEO do Grupo, Swiss Re Group,
Zurique; Sr. Mike McGavick, CEO, XL Group plc, Hamilton; Sr. Martin Senn, CEO, Zurich
Financial Services, Zurique; Sr. Esteban Tejera Montalvo, 1º. Vice-Presidente, MAPFRE,
Madri; Sr. Tidjane Thiam, CEO do Grupo, Prudential plc, Londres; Dr. Richard Ward, CEO,
Lloyd’s, Londres; Dr. Yan Wu, Presidente e Diretor Geral, The People’s Insurance Company
(Group) of China Ltd., Pequim.
2
Secretário Geral: Sr. John H. Fitzpatrick, Basileia/Genebra.
Vices-Secretários-Gerais: Prof. Jan Monkiewicz (Principal da PROGRES, Liaison – Europa
Oriental), Varsóvia; Sr. Walter R. Stahel (Chefe do Gerenciamento de Risco), Genebra.
Chefes de Programas e Diretores de Pesquisa: Dr. Etti Baranoff (Diretor de Pesquisa em
Seguros e Finanças), Richmond; Dr. Christophe Courbage (Diretor de Pesquisa e Chefe de
Saúde e Envelhecimento e Economia de Seguros), Genebra; Sr. Daniel Haefeli (Chefe de
Seguros e Finanças), Genebra; Sr. Anthony Kennaway (Chefe de Comunicações), Genebra;
Prof. Krzysztof Ostaszewski (Diretor de Pesquisa de Vida e Previdência), Normal, Illinois.
Diretores Especiais: Sr. Katsuo Matsushita (Liaison – Japão e Ásia Oriental), Yokohama;
Sr. Richard Murray (Chefe do Liability Regimes Project), Nova Iorque; Sr. Gordon Stewart,
(Liaison – América do Norte), Nova Iorque; Dr. Hans Peter Würmli (Presidente da Chief Risk
Officers Network), Zurique.
Presidente do Conselho Consultivo Científico: Prof. Harold Skipper.
Ex-Presidentes da Associação de Genebra: Prof. Raymond Barre, Paris (1973-1976); Sr.
Fabio Padoa, Trieste (1976-1983); Sr. Julius Neave, Londres (1983-1986); Prof Dr. Dr. e.h.
Reimer Schmidt, Aachen (1986-1990); Sir Brian Corby, Londres (1990-1993); Drs. Jan H.
Holsboer, Amsterdã (1993-1999); Sr. Walter Kielholz, Zurique (1999-2003); Sr. Henri de
Castries, Paris (2003-2008), Sr. Martin J. Sullivan, Nova Iorque (2008); Sr. Jacques
Aigrain, Zurique (2008-2009).
Ex-Secretários-Gerais da Associação de Genebra: Prof. Orio Giarini (1973-2000), Sr.
Patrick M. Liedtke (2000-2012).
3
O Valor Econômico e Social
do Seguro
Um Documento Elaborado pela Associação de Genebra
por Eric Grant, Gerente de Comunicações, Associação de Genebra
4
Associação de Genebra
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Agradecimentos
O relatório oferece uma visão geral do material existente sobre o valor social e
econômico do seguro. O nosso muito obrigado a Miles Celic, Wendy Deller e Kevin Bowman,
Prudential plc, pelo trabalho inovador que realizaram na compilação de fontes de pesquisa, e
também a Lorenzo Savorelli, Assicurazioni Generali, por seus comentários nas primeiras
minutas. Agradecemos ainda a Christophe Courbage, Anthony Kennaway e Patrick M.
Liedtke, da Associação de Genebra, por suas contribuições. Revisão e layout realizados por
Françoise Jaffré, Associação Genebra.
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Setembro de 2012
O Valor Social e Econômico do Seguro
© Associação de Genebra
Publicado pela Associação de Genebra (Associação Internacional para o Estudo da Economia
de Seguros), Genebra/Basileia.
As opiniões expressas em boletins informativos e publicações da Associação de Genebra são
de responsabilidade dos autores. Portanto, isentamo-nos de qualquer responsabilidade ou
obrigação imputada resultante de tais matérias por parte de quaisquer terceiros.
Download da versão eletrônica em www.genevaassociation.org
5
Índice
Visão geral
Risco e o mecanismo do seguro
Entendendo o seguro
Identificando a falta de informação no mercado
8
10
10
12
Redução e atenuação de perdas: apoiando cidadãos e sistemas de proteção social
Da assistência mútua ao seguro
A lei dos grandes números
Melhorando a segurança financeira e garantindo tranquilidade
Apoiando sistemas de seguridade social
Seguro como um serviço de gerenciamento de risco
14
15
15
16
17
18
Promover a estabilidade financeira e o crescimento econômico
O elo empírico entre o desenvolvimento do seguro e o crescimento econômico
Incentivando a demanda e facilitando a oferta: apoiando o comércio
Aumentando a atividade empresarial
O mercado de seguros como um grande empregador e investidor
23
24
25
26
28
Fomentar o desenvolvimento de serviços financeiros
Concorrência entre bancos e seguradores: melhorando a eficiência do mercado
Interação entre bancos e seguradores: contribuindo para o crescimento econômico
Garantias associadas a risco
31
31
32
33
Olhar para o futuro
Riscos meteorológicos – climático, cibernético e espacial
A grande necessidade de uma comunicação eficaz
35
35
37
Referências
39
6
"O seguro deve ser visto
não apenas como um mecanismo de proteção,
e sim, e mais importante,
como uma parceria que permite
às pessoas e empresas
abrirem suas asas e irem aonde,
sem o seguro, elas não
ousaram ir."
7
Visão Geral
O presente documento procura, em primeiro lugar e antes de tudo, propiciar um
entendimento mais detalhado do papel, dos benefícios e recursos do mercado de seguros,
bem como uma visão geral do funcionamento do mecanismo do seguro. Também explana
sobre a enorme importância do seguro para as pessoas, instituições e a economia, ao
proporcionar uma sensação de segurança e tranquilidade, atenuar perdas, aumentar a
prosperidade e, de certa forma, tornar as pessoas mais conscientes quanto à realidade dos
riscos e suas consequências por meio de informações e indicadores de preço. Aborda ainda
alguns mal-entendidos sobre cobertura de seguro, em particular as áreas nas quais esses
mal-entendidos levaram à decepção ou desilusão sobre o mercado.
O papel do seguro como um mecanismo de proteção social é talvez o que primeiro vem
à mente quando somos solicitados a pensar sobre seus benefícios. Na verdade, atenuando
os efeitos de eventos externos sobre os quais não temos controle – doença, acidente, morte,
catástrofes naturais – o seguro permite às pessoas recuperarem-se de um súbito infortúnio,
aliviando ou, pelo menos, limitando o ônus financeiro. Em se tratando de seguro saúde, isso
pode até mesmo significar a diferença entre a vida e a morte.
Seguro, no entanto, tem um impacto bem mais amplo e muito mais profundo do que
essa percepção inicial, embora seu valor para a sociedade derive dessa função primária.
Posto que o seguro gerencia, diversifica e absorve os riscos de pessoas físicas e jurídicas,
muitas vezes, ele é uma condição prévia para o desenvolvimento de outras atividades
produtivas, como por exemplo, comprar uma casa e iniciar ou expandir um negócio. Por outro
lado, essas atividades incentivam a demanda, facilitam a oferta e sustentam o comércio –
mas, de maneira geral, ocorrem apenas se os riscos externos associados forem
administrados por meio do seguro.
Esse efeito facilitador opera também em termos individuais, estendendo-se como uma
consequência natural de sua importância na proteção social. O segurado que não sofre
perda financeira indevida depois de um infortúnio inesperado conservará mais facilmente seu
poder de compra. O impacto global do seguro deve, portanto, nivelar os padrões de consumo
e contribuir mais amplamente para a estabilidade financeira e social. Esse fator de
estabilização é reforçado pelo papel do seguro como um investidor de longo prazo em
projetos e negócios.
Seguro tem um efeito real sobre a economia global, é claro, por meio do grande número
de pessoas que o setor emprega. Entretanto, ele também atua de uma forma complementar
ao sector bancário, oferecendo um acesso mais fácil ao crédito, canalizando a poupança para
investimentos de longo prazo e proporcionando maior transparência e liquidez aos mercados,
garantindo, dessa forma, maior apoio e crescimento para a economia. O seguro contribui
8
para a segurança pública e o desenvolvimento de novos produtos, aumentando a
conscientização sobre segurança, e assim melhorando as exigências de segurança que
poupam vidas e incentivam inovação no setor manufatureiro (por exemplo, seguro de
automóveis e cintos de segurança, seguro residencial e prevenção de incêndio).
Finalmente, como um provedor de serviços de gerenciamento de risco, o mercado de
seguros está na posição ideal para ajudar a desenvolver produtos inovadores e contribuir
para solucionar os urgentes desafios sociais mundiais, como por exemplo, envelhecimento
da população, e ameaças emergentes, tais como, mudanças climáticas e riscos cibernéticos.
As formas do seguro de contribuir para a sociedade e o crescimento econômico podem
ser resumidas a seguir:1
•
permite que riscos diferentes sejam gerenciados com mais eficiência;
•
reduz ou atenua a perda;
•
aumenta a tranquilidade e promove a estabilidade financeira;
•
ajuda a aliviar o ônus dos governos na prestação de todos os serviços de
proteção social aos cidadãos via sistemas de segurança social;
•
facilita as transações comerciais, apoiando as empresas e o crescimento
econômico;
•
mobiliza a poupança interna; e,
•
promove
uma
distribuição
de
capital
mais
eficiente,
fomentando
o
desenvolvimento de serviços financeiros.
Por essas tantas razões – e esse é o ponto que esse documento gostaria de destacar –
o seguro deve ser entendido corretamente, não apenas como um mecanismo de proteção e
gerenciamento de risco, que paga quando ocorre uma catástrofe, e sim, e mais importante,
como uma parceria que permite às pessoas e empresas abrirem suas asas e irem aonde,
sem o seguro, elas não ousaram ir.
____________________
1
Essas principais contribuições foram esboçadas por Skipper (1997).
9
Risco e
o mecanismo do seguro
O mecanismo do seguro envolve o gerenciamento e a atenuação de risco, e baseia-se em um
princípio de responsabilidade compartilhada entre segurador e segurado. No entanto, a
informação insuficiente do mercado de seguros tem, em grande parte, contribuído para a falta
de entendimento quanto ao seu benefício para a sociedade.
Se estamos conscientes disso ou não, é fato que o risco permeia nossas vidas.
Vivemos sob ameaça todos os dias pela possível ocorrência de eventos que podem acarretar
graves consequências sociais, humanas ou financeiras: dano material, catástrofe natural,
doença, invalidez, acidentes em suas inúmeras formas e, claro, morte. O melhor que
podemos fazer é minimizar suas consequências e, dessa forma, aliviar nosso medo de sua
ocorrência.
Considerando que o mecanismo do seguro aborda duas emoções humanas
fundamentais e interligadas – medo e esperança –, ele é uma parte intrínseca da sociedade e
do comportamento social. Em sua expressão mais óbvia, o seguro diminui o ônus financeiro
do infortúnio e do prejuízo inesperado de pessoas físicas ou jurídicas na forma de
compensação monetária ou serviços que às vezes podem fazer a diferença entre a segurança
financeira e a pobreza ou falência: cobrindo as necessidades de uma família depois da morte
de seu provedor, incentivando a pessoa a buscar ajuda médica sem temer a despesa,
ajudando um proprietário ou empresário na reconstrução de sua propriedade após um
incêndio ou uma enchente, protegendo tanto consumidores como fabricantes contra um
produto com defeito...
Mas isso levanta a questão: se o valor do seguro é tão difundido, por que o mercado é
tão mal compreendido e, muitas vezes, criticado ou – na melhor das hipóteses – é a vítima de
uma reputação que perdura há bastante tempo de insensibilidade e simples
conservadorismo? Na verdade, não parece muito ter mudado nos quase 40 anos, desde que
Woody Allen disse essa frase: "Há coisas piores na vida do que a morte. Você já passou
uma noite com um vendedor de seguros?" (Amor e Morte, 1975). Embora a frase provoque
risos, uma opinião tão terrível pode acarretar consequências radicais e negativas na
capacidade do mercado fazer negócios com eficiência, depositar todo o seu valor na
sociedade e conseguir com isso o reconhecimento.
Entendendo o seguro
Em seu nível mais básico e essencial, o mecanismo do seguro envolve pessoas físicas
ou jurídicas (segurados) que efetuam o pagamento de uma quantia fixa em intervalos
regulares (prêmio) em um fundo comum (o plano de seguro), do qual o dinheiro é retirado
10
(pagamento de um sinistro) para ressarcir um ou mais segurados vítimas de um evento
pré-definido mediante circunstâncias específicas (âmbito de cobertura).
A apólice de seguro – o contrato entre segurador e segurado – pode, portanto, ser
considerada um pacto baseado em confiança mútua; uma parceria por meio da qual o
segurado prefere pagar, com certeza, uma quantia definida para prevenir-se contra uma
perda incerta, as consequências financeiras seriam muito maiores sem o seguro, e o
segurador paga por essa perda no caso de infortúnio.
O termo principal no seguro é risco – ou melhor, "risco compartilhado". Tanto a
companhia de seguros, como o segurado, são afetados pela possibilidade de o evento
segurado ocorrer e pelas consequências se ele ocorrer, porém, é claro que não da mesma
maneira. Ademais, os riscos inerentes a um evento envolvem muito mais fatores do que
simplesmente a chance de o evento ocorrer. Com relação ao seguro de acidentes, por
exemplo, idade, ambiente, estilo de vida, comportamento, etc., são fatores que afetam não
somente a probabilidade de um acidente ocorrer, mas também, a extensão da perda se ele
ocorrer.
Portanto, para que o acordo seja justo para ambas as partes – para que os prêmios pagos
pelo segurado reflitam o risco apropriadamente – todos os aspectos do risco segurado devem
ser avaliados de forma correta, ou "calculados atuarialmente", levando em consideração o
âmbito e a natureza específica do evento, a extensão dos benefícios pagos, as características
do segurado, além do número de pessoas físicas ou jurídicas cobertas simultaneamente por
um risco semelhante (ou seja, o consórcio ou compartilhamento de risco, assunto a ser
abordado mais adiante). Em outras palavras, precificação de prêmio e avaliação de risco não
são práticas arbitrárias deixadas a critério dos seguradores.2
____________________
2
Chiappori(1997).
11
Essa noção de "risco compartilhado" entre segurados e seguradores é importante
porque realça as ideias de solidariedade e responsabilidade individual que estão por tradição,
na raiz do mecanismo do seguro. De fato, a solidariedade em seguros não pode ser
sustentada se cada participante individual no consórcio não se responsabilizar o máximo que
puder pela prevenção e atenuação do risco.
Identificando a falta de informação no mercado
Infelizmente, essa noção de um objetivo comum de consórcio de riscos contra
infortúnio por uma série de indivíduos considerados iguais nem sempre tem sido bem
transmitida pelo mercado de seguros. Ao longo dos anos, foi substituída por uma atmosfera
de desconfiança e uma mentalidade de "nós contra eles", ou seja, segurados contra grandes
e anônimas burocracias. E embora a confiança do público no sistema de seguros permaneça
estável, os segurados às vezes não enxergam seus prêmios como pagamento de um risco
compartilhado, mas sim como pagamento inicial para um reembolso futuro ou por um serviço
que eles estejam devendo.3
Em um artigo intitulado "A Mão Invisível do Seguro", Hans-Peter Würmli ressalta que
"se seguradores e bancos tivessem que competir por popularidade, os seguradores
perderiam com o público, mesmo à luz da recente crise financeira." 4 De fato, o setor
financeiro tem oferecido, de forma consistente, uma imagem relativamente clara de como ele
atua e quanto ele contribui para a sociedade e a economia.
O mercado de seguros, por outro lado, tem negligenciado sua imagem, e informado mal
ou simplesmente não informado sobre os mecanismos precisos que permitem o seu
funcionamento. Atribui-se isso a várias razões, muitas das quais têm relação com a pouca
notoriedade do segmento de seguros e sua estabilidade, em contraposição ao setor bancário,
assim como o fato de que o seguro é, em geral, realizado localmente, mesmo no caso de
algumas empresas operarem mundialmente.
Würmli escreve, "a comunidade de seguros”, em minha opinião, não convence o público
dos benefícios do seguro para a sociedade e, da mesma forma, os legisladores não regulam
corretamente. As habilidades, o conhecimento e a experiência dos seguradores para
desenvolver, colocar e manter coberturas de seguros apropriadas, nada disso é
suficientemente reconhecido pela sociedade."5
Entretanto, essa falta de informação, infelizmente, tem contribuído para uma série de
erros de interpretação, ou mesmo para uma total incompreensão e falta de conhecimento
sobre seguros, levando a uma reputação tendenciosa. Isso pode ter implicações de grandes
consequências sobre o comportamento do consumidor, das políticas públicas e da regulação
do mercado que não são óbvias de imediato.
____________________
3
4
5
Estamos nos referindo, principalmente, a seguro não vida (ou Propriedade & Responsabilidade); no caso de seguro vida,
em particular, seguro de longevidade, os segurados podem realmente esperar ser constituído um “fundo" para o futuro.
Veja "Redução e atenuação de perdas", pág. 14, para definições mais específicas das diferentes formas de seguro.
Würmli (2011).
lbid.
12
Essa questão é particularmente prejudicial em uma situação de crise financeira
avançada e para um mercado tão fortemente associado com administrar sofrimentos da vida,
considerado ainda mais assim pelo fato de que a visão do bem-estar social realçando o
seguro é concomitante à natureza lucrativa do negócio. No entanto, na verdade, isso
configura-se em um benefício para os consumidores, uma vez que "aonde a sociedade utiliza
os serviços dos seguradores, a confiança do público não precisa ser depositada em alguma
vaga esperança por parte de especialistas melhores e mais competentes, mas pode contar
com seu incentivo ao lucro e o desincentivo ao prejuízo, de que o risco seja avaliado e tratado
objetivamente."6
Várias associações têm publicado folhetos explicativos ultimamente com o objetivo de
melhorar o entendimento do mecanismo do seguro.7 Esse relatório continua e baseia-se
nesses esforços para enfrentar a lacuna reputacional que há no seguro, em uma tentativa de
informar os amplos benefícios do seguro e o papel que ele desempenha na sociedade e na
economia.
____________________
6
7
lbid.
Veja, por exemplo, Insurance Bureau of Canada (2012) How insurance works e Federação Europeia de Seguros e
Resseguros (CEA) (2005), Between the public and private: insurance solutions for a changing society, bem como
outros trabalhos citados nesse relatório pela Zurich, Associação de Seguradores Britânicos (ABI na sigla em inglês) e
Associação de Genebra.
13
Redução e atenuação de
perdas: apoiando cidadãos e
sistemas de proteção social
O seguro desempenha um papel crucial ao aliviar o medo que as pessoas têm de um
infortúnio inesperado, atenuando as perdas por meio de serviços e/ou compensação
financeira. Por extensão, o seguro também contribui para a proteção social dos cidadãos,
melhorando a sua segurança financeira e tranquilidade. Além do que, também produz
indicadores de preço que levam a um melhor comportamento resiliente ao risco.
Em grande parte, podemos separar o seguro em duas categorias: seguros saúde e
vida; e seguros gerais, também conhecidos como propriedade/responsabilidade ou seguro
não vida.
O seguro saúde destina-se a cobrir riscos relacionados à doença ou lesão corporal,
garantindo ressarcimento para medicamentos, consultas médicas, diárias hospitalares e
demais despesas médicas. O seguro vida paga ao(s) beneficiário(s) nomeado(s) em caso de
morte do segurado ou pode formar um tipo de fundo de aposentadoria (seguro de
longevidade), caso em que o segurado recebe pagamentos regulares da companhia de
seguros (renda vitalícia) a partir de uma determinada idade e por um número indeterminado
de anos, em troca de uma série pagamentos regulares antecipados ou de um pagamento
único ("prêmio único").
O seguro não vida ou propriedade/responsabilidade (P&C na sigla em inglês) abrange
todos os tipos de dano patrimonial, lesão corporal ou incidentes que afetam operações
comerciais e resultam de fatores externos ou de comportamento involuntário por parte do
segurado: acidente, incêndio, chuva, ação judicial, catástrofes naturais, etc.
Gerenciamento de riscos envolve, fundamentalmente, três princípios importantes –
avaliação, prevenção/atenuação e transferência – e seguro envolve todos esses três
aspectos. O presente trabalho fará uma análise aprofundada dos vários aspectos desses
princípios.
Os seguradores possuem anos de experiência e pesquisa em avaliação de uma ampla
gama de riscos. Muitas vezes isso leva o setor de seguros, direta ou indiretamente, a
produzir indicadores de preço que podem afetar um comportamento em relação ao risco que
auxilia medidas preventivas e de atenuação. A transferência de risco pode envolver
consórcio de riscos e garantir cobertura para um grande número de pessoas que pagam
prêmios para um fundo, cujos recursos serão utilizados para ressarcir qualquer um que seja
afetado por sinistro. Em termos individuais, o mecanismo do seguro transfere a perda
financeira da vítima para a companhia de seguros.
14
Da assistência mútua ao seguro
Ao invés de reservarem dinheiro contra uma potencial catástrofe e proteger-se contra os
imprevistos da vida, as pessoas inicialmente buscavam administrar as possíveis
consequências financeiras do risco agrupando-se em comunidades (por exemplo, famílias,
aldeias, organizações de comércio) e contribuindo para um fundo comum, cujos recursos
seriam utilizados para ressarcir qualquer membro que sofresse um infortúnio. Tais sistemas
de assistência mútua ainda são comuns em alguns países em desenvolvimento, aonde não
há o mecanismo do seguro formal e as pessoas contam com os valores tradicionais do apoio
do grupo, do artesanato e das entidades de classe.8
Os planos de assistência mútua, no entanto, apresentam uma desvantagem muito
grande que explica o número de entidades de classe, por exemplo, que acabaram evoluindo
para companhias de seguros modernas: os membros das comunidades apresentam um grau
semelhante de exposição ao risco. Os membros da família, muitas vezes, adoecem todos
juntos ou dentro de um espaço de tempo muito curto; ou, um incêndio em uma fábrica deixa
todos os trabalhadores desempregados e sob tensão financeira ao mesmo tempo. Nesses
casos, o fundo comum não é suficiente para cobrir todas as perdas individuais e, por
conseguinte, não protege contra as consequências do mesmo risco que a comunidade
tentava administrar.
A lei dos grandes números
A eficiência das companhias de seguros, ao contrário dos sistemas de assistência
mútua, baseia-se, em grande parte, na "lei dos grandes números". Os seguradores fazem um
consórcio de riscos independentes e agregam as exposições de risco individuais, a fim de
possibilitar o cálculo preciso com relação ao total estimado de perdas. Quanto maior o
número de segurados, mais estáveis e previsíveis são as perdas. E quando os seguradores
estão mais certos quanto à extensão de suas perdas futuras, podem oferecer prêmios
menores e mais estáveis. Dessa forma, o seguro preserva o objetivo social original de
compartilhamento de risco, bem como a dimensão humana, a confiança e a responsabilidade
individual da assistência mútua, enquanto reflete o desenvolvimento e a crescente
complexidade da sociedade.
A lei dos grandes números talvez seja melhor ilustrada pelo seguro automóvel, que
agrega exposições de risco bastante distintas em termos de sexo, idade, tipo de carro,
hábitos e experiência de direção, etc., possibilitando estatísticas relativamente confiáveis no
que diz respeito à frequência e severidade de acidentes.
____________________
8
Assuntos do Governo e da Indústria de Zurique (2011).
15
Melhorando a segurança financeira e garantindo tranquilidade
Permitir que famílias e empresas permaneçam financeiramente estáveis frente à
dificuldade constitui-se no mecanismo do seguro de proteção social que tem muitas
repercussões positivas ou efeitos facilitadores.
Dessa forma, o seguro pode ajudar a manter um padrão de vida e uma qualidade de
vida decentes depois da aposentadoria no caso de determinados produtos de seguro vida e
seguro saúde de longo prazo. O seguro pode evitar interrupções de negócios que poderiam
levar a falências, o que, por sua vez, pode resultar em perda de emprego e dificuldades
econômicas para os empregados. E a segurança financeira oferecida pelo seguro elimina o
risco de privação caso alguém fique doente por qualquer período de tempo ou sua casa
pegue fogo.
O infortúnio também pode acontecer por culpa de terceiros, como por exemplo, danos
resultantes de acidentes de carro ou de produtos com defeito. Nesses casos, o seguro de
responsabilidade civil desempenha um importante papel na proteção de vítimas inocentes via
processo de responsabilidade civil, porque a indenização por negligência não está mais
limitada exclusivamente à situação financeira do autor e pode ser proporcional à natureza das
lesões sofridas. Um exemplo disso pode ser encontrado no seguro de responsabilidade civil
contra terceiros (TPL na sigla em inglês).
A fim de prosseguir, da melhor forma possível, no seu papel de aumentar a proteção
social e promover o bem-estar de pessoas e empresas, o mercado de seguros tem, muitas
vezes, demonstrado um talento para oferecer produtos inovadores que atendam ou as novas
tendências nos hábitos de consumo ou, o mais importante, as necessidades sociais que
surgem. A assistência de longo prazo aos idosos, conforme veremos a seguir, é um desses
produtos. Os demais incluem seguro de câncer, que cobre as despesas médicas, assim
como as despesas não médicas que, em geral, não estão incluídas nas apólices regulares de
seguro saúde, e produtos de seguro de HIV/AIDS.
16
Microsseguro é um produto inovador para as economias em desenvolvimento, que
consiste em fornecer seguro vida, saúde, patrimonial e de colheita a um custo baixo para
sociedades de baixa renda, em que as pessoas contam, tradicionalmente, com uma rede
estendida de familiares e amigos que lhes dão apoio. Oferecendo seguro com custos de
operação baixos, o microsseguro é indicado para proteger as áreas mais vulneráveis a
enchentes, furacões e secas,9 e contribui para diminuir a pobreza e para o crescimento
econômico.
Apoiando sistemas de seguridade social
As economias avançadas enfrentam atualmente grandes problemas de dívida
soberana, ao mesmo tempo em que os sistemas de seguridade social, criados depois da
Segunda Guerra Mundial pesam cada vez mais nos orçamentos nacionais. De acordo com o
Fundo Monetário Internacional – FMI, "Em economias avançadas, a despesa pública com
previdência aumentou de 5 por cento do PIB em 1970 para 8,5 por cento em 2010", e o FMI
estima um aumento em torno de mais um ponto percentual nas próximas duas décadas.10 Ao
mesmo tempo, as economias avançadas enfrentam grandes aumentos nos gastos da saúde –
em torno de dois pontos percentuais na Europa e cerca de cinco pontos percentuais do PIB
ao longo dos próximos 20 anos nos EUA.11 O governo do Reino Unido é, atualmente,
responsável por 65 por cento da cobertura de seguros de riscos associados à aposentadoria,
acidentes, saúde e perda da receita.12
____________________
9
10
11
12
Kelly (2011).
Fundo Monetário Internacional (2012).
lbid.
Tesouro Britânico (2009).
17
Os países que não promoverem uma mudança significativa na sua estratégia de
bem-estar correm o risco de estarem sujeitos a baixo crescimento econômico, redução na
demanda e uma perda de sua competitividade em face das crescentes pressões
demográficas. Há espaço para compartilhamento do serviço entre seguro privado e social e,
sem dúvida, o setor de seguros pode ser uma peça importante na ajuda aos Estados para
garantir segurança aos cidadãos enquanto alivia seu ônus financeiro.
Em conjunto com iniciativas de política pública – iniciativas financeiras e
comportamentais, como por exemplo, isenções fiscais na poupança para aposentadoria,
regulação para melhorar a proteção ao risco e evitar seguro deficiente e dependência de
indivíduos do Estado – o mercado de seguros pode contribuir com sua experiência e
know-how em gerenciamento de risco para oferecer produtos e serviços complementares e
ajudar a desenvolver soluções para esses difíceis desafios.
Contrariamente aos planos públicos nacionais que cobrem a saúde básica, como na
França e no Reino Unido, alguns países, como a Suíça e hoje os Estados Unidos, visam a
cobertura de saúde compreensiva por intermédio de seguradores privados. Para tal, eles
impõem uma taxa ou penalidade fiscal aos indivíduos e/ou empregadores de grande porte,
enquanto os seguradores, por sua vez, estão sujeitos a determinados requisitos, como por
exemplo, análises para aumento de prêmio e nenhuma exclusão relativa a condições
pré-existentes. O mercado de seguros também pode ter um impacto significativo na redução
do risco saúde, não somente pela oferta de uma cobertura alternativa e adicional aos planos
públicos, mas também, por estimular a prevenção e enfatizar a reabilitação.13
Com relação ao financiamento de aposentadoria, os planos públicos do tipo “pagar
segundo o uso” (Pay-As-You-Go), muitas vezes chamados de "primeiro pilar" dos planos de
previdência, estão cada vez mais impossibilitados de atender a necessidades financeiras do
crescente número de idosos que estão vivendo mais tempo e gozando de uma saúde melhor.
Os planos públicos e privados na forma de planos de aposentadoria complementar e seguros
privados, os chamados "segundo pilar", surgiram para complementar o primeiro pilar, mas
hoje esses planos revelam-se inadequados para manter um padrão de vida depois da
aposentadoria.14 A necessidade de um "terceiro pilar" do sistema de aposentadoria na forma
de poupança privada surge, e o seguro – melhor equipado para avaliar e gerenciar o risco e
os investimentos – pode ser um importante contribuinte para ajudar governos e indivíduos a
administrar o custeio da velhice.
Seguro como um serviço de gerenciamento de risco
Adicionalmente à cobertura de risco, o mercado de seguros é uma fonte valiosa de
experiência em gerenciamento de riscos e informações que beneficiam a sociedade como um
todo. Tendo em vista a própria natureza de seus negócios, o setor precisa reunir uma grande
quantidade de pesquisa sobre o que constitui e contribui para o risco em muitas áreas e em
um amplo espectro de áreas: construção, geografia, geologia, demografia, saúde, finanças,
etc.
____________________
13
14
Associação de Seguradores Britânicos (2005b).
Ostaszew ski (2012).
18
Os resultados de tal pesquisa produzem indicadores de preço que alimentam muitos
bancos de dados públicos sobre segurança, levam a um comportamento mais resiliente em
relação ao risco por parte dos consumidores, e incentivam normas jurídicas mais abrangentes
e melhores, tais como, exigências mais aprimoradas para desempenho em segurança para
carros, alarmes de incêndio e sprinklers ou sistemas de segurança para residências e
empresas, normas de construção para proteção contra terremotos, enchentes ou ventos
fortes. Uma das consequências naturais de dispor de tal informação é a redução do número
de investimentos improdutivos (por exemplo, construção em uma área sujeita à avalanche).
Esses poucos exemplos destacam também o elo comum que há entre a existência de
seguros e as medidas de prevenção.15 Na verdade, o gerenciamento de risco antes de um
evento, em uma tentativa de evitar a ocorrência ou de conter seus efeitos
(pré-comportamento) é, em geral, mais benéfico para todas as partes do que as ações
empreendidas posteriormente (pós-comportamento), que só podem diminuir o impacto da
perda. De fato, o segurado geralmente preferiria não sofrer a perda física – ou sofrer menos
– e o segurador a perda financeira (embora seja possível argumentar que isso depende das
probabilidades, dos custos e do nível da perda).
A prevenção é, sem dúvida, e antes de mais nada, a responsabilidade do segurado.
Em alguns casos, as medidas preventivas acontecem em forma de exigências legais, tais
como, limites de velocidade ou uso de um cinto de segurança. Em muitos outros casos, os
incentivos a um pré-comportamento resiliente em relação ao risco são oferecidos pelo
segurador sob a forma de prêmios reduzidos, que incentivam o segurado a tomar medidas
preventivas benéficas (por exemplo, prêmios menores de seguro vida para não fumantes).
Isso ressalta como segurados e seguradores trabalham para o objetivo comum de atenuação
do risco, uma vez que os seguradores tornam-se corresponsáveis e apoiam os esforços dos
segurados para realizar uma prevenção eficaz em um cenário social cada vez mais complexo.
Gráfico 1.
Catástrofes naturais e desastres causados pelo homem 1970-2011
Fonte: Swiss Re (2012).
____________________
15
Liedtke (2007).
19
Todavia, medidas preventivas nem sempre são suficientes para proteger-se totalmente
contra determinados eventos de grande porte, tais como catástrofes naturais e terrorismo.
Nessas situações, as informações do setor de seguros têm um efeito bastante significativo
sobre o pós-comportamento, facilitando e acelerando os esforços empreendidos
pós-catástrofe. Depois do terremoto no Japão ocorrido em março de 2011, por exemplo, as
companhias de seguros destacaram cerca de 10.000 funcionários para ajudar nos esforços
de resgate e rapidamente liquidaram os sinistros a fim de disponibilizar imediatamente
recursos para os segurados.16
Por outro lado, a ausência de seguro pode resultar, por exemplo, em que as empresas
de construção fiquem relutantes em intervir depois de uma catástrofe, por medo de não serem
pagas, atrasando, dessa forma, os esforços para dar ajuda e aumentando o sofrimento
humano.17 Em casos extremos, tais como, acidente nuclear, grandes enchentes ou
terrorismo, a eficácia do seguro caminha lado a lado com a intervenção efetiva do governo.
Isso ressalta a importância das parcerias público-privadas, não apenas para atenuar os
efeitos de uma catástrofe, mas também, para promover o desenvolvimento de determinadas
regiões em risco aonde as empresas podem ficar relutantes em estabelecerem-se.
Do mesmo modo, o mercado de seguros pode contribuir, e tem contribuído,
expressivamente, para o debate em torno do risco climático e do impacto das mudanças
climáticas sobre os sistemas físicos, biológicos e humanos, assim como sobre as economias
locais e nacionais.18 Uma ampla pesquisa conduzida pelo mercado de seguros ajuda na
conscientização, na redução dos riscos sociais, no estímulo para redução dos gases de efeito
estufa (GHG na sigla em inglês) e na oferta de oportunidades em um cenário econômico em
transformação. Os seguradores também estão envolvidos na criação de produtos de seguros
inovadores para atender os desafios específicos do risco climático.
Caixa de Texto 1
O conceito de risco moral
Embora o seguro seja programado para permitir que as pessoas ajam com mais
serenidade e de forma mais positiva com a esperança de segurança financeira em caso de
infortúnio, isto pode também ser interpretado como um aumento no comportamento
arriscado, posto que o risco associado é atenuado e os segurados não têm que arcar com
as consequências de suas ações. Um exemplo disso seria um proprietário de uma casa
sendo negligente com os canos de água velhos ou um proprietário de carro que possui
seguro compreensivo sendo menos cuidadoso quanto a batidas e arranhões.
Não há dúvida de que a existência de seguro pode, às vezes, resultar em um
comportamento negativo ao invés de positivo. Por essa razão, a questão do risco moral
algumas vezes tem sido levantada para abafar o argumento de que o seguro funciona
como um mecanismo de proteção social, sugerindo que o seguro faz mal tanto quanto faz
____________________
16
17
18
Nagamura (2012).
Liedtke (2007).
Bosse e Liedtke (2009).
20
bem. No entanto, grande parte do debate centra-se em opiniões antagônicas sobre o
equilíbrio correto entre bem-estar social e responsabilidade pessoal, 19 e não sobre seguro
vida e não vida, em que os benefícios são geralmente entendidos como para superar as
consequências negativas do risco moral, mesmo em áreas controvertidas, como por
exemplo, a saúde.20
As companhias de seguros, contudo, tentam tratar da questão do risco moral e
corrigir o comportamento de risco por meio de uma precificação correta dos prêmios e
limitação do nível de ressarcimento, ou impondo uma franquia dedutível, ou um sistema de
copagamento, todas essas abordagens exigindo que o segurado compartilhe parte da
perda.21 No exemplo acima, presume-se que o proprietário do carro agora teria mais
cuidado porque ele vai ter que pagar por pequenos arranhões, mas não precisará temer
consequências graves no caso de um dano sério.
No entanto, há algumas situações em que o risco moral pode ser tão evidente que as
companhias de seguros podem optar por não cobri-las, por exemplo, cobrir corridas em
autódromos para motoristas que não sejam profissionais, em uma apólice regular de
seguro automóvel. O risco moral destaca em que grau começa a responsabilidade
individual.
Caixa de Texto 2
O conceito de seleção adversa
Seleção adversa é uma situação em que a carteira de um segurador inclui,
substancialmente, mais pessoas de alto risco se comparado à média da população. Tal
situação pode ocorrer quando, por exemplo, a maioria das pessoas com perfis arriscados
buscam uma cobertura de seguro específica em função dos prêmios vantajosos. Essa
correlação positiva entre risco e seguro torna a diversificação de riscos difícil (uma vez que
os segurados tendem a ter exposições semelhantes), e o consórcio de riscos torna-se não
apenas ineficaz, mas pode, eventualmente, aumentar a chance de sinistros, superando em
muito as somas cobertas pelos prêmios.
As companhias de seguros protegem-se contra seleção adversa por meio de uma
filtragem cuidadosa, que é a principal explicação para os incontáveis formulários muitas
vezes exigidos para certos tipos de seguro, como também, as diferenças nas taxas de
prêmio. A título de exemplo, uma empresa que cobra taxas fixas para todas as linhas de
seguro vida poderia correr o risco de atrair uma quantidade exagerada de fumantes, e não
estaria protegendo-se contra essa consequência, uma vez que poderia cobrar prêmios
mais altos para essa categoria de segurados de risco mais alto.
____________________
19
20
21
Dew an (2012).
Gladw ell (2005).
Associação de Genebra (2011a).
21
Outro exemplo reside na necessidade crescente de cuidado de longa duração (LTC
na sigla em inglês), considerando que as populações do mundo inteiro, mas em especial
dos países em desenvolvimento, tendem a ter uma vida mais longa. Esse quadro
representa um desafio especial para os seguradores de tornarem os produtos LTC
atraentes para ambas as partes, ou seja, prêmios baixos o suficiente para torná-los
apetecíveis aos consumidores, porém, não muito baixos a ponto de serem prejudiciais para
o segurador – um equilíbrio delicado – brigar por um produto que tende a interessar as
pessoas apenas à medida que elas se aproximam da velhice e representam um risco
maior.
Para tais situações, os seguradores estão desenvolvendo soluções, como por
exemplo, combinando o seguro LTC com o seguro vida, uma vez que eles são
complementares (ou seja, uma pessoa não pode representar um risco alto no seguro vida e
no seguro LTC), ou seguro em grupo. Planos patrocinados pelo empregado, por exemplo,
reduzem o impacto do aspecto de aceitação voluntária do LTC que contribui para seleção
adversa, e evita preocupações referentes à subscrição e antisseleção.22
____________________
22
Courbage (2102).
22
Promover a estabilidade financeira e o
crescimento econômico
Assim como o seguro garante aos indivíduos uma tranquilidade maior, ele também torna a
vida mais previsível para as empresas, facilitando o planejamento empresarial. E da mesma
forma como ele influencia o comportamento social, ele promove medidas de gerenciamento
de risco racionais por meio de consórcio e precificação transparente.23
Quando as pessoas não temem mais a privação decorrente do infortúnio súbito, elas
podem sentir-se mais inclinadas a gastar em confortos da vida e fazer investimentos de longo
prazo – e dispor dos recursos para tal. Os segurados de determinados tipos de seguro vida
não precisam restringir em demasia seus gastos na aposentadoria. Como consequência de
proporcionar segurança financeira e funcionar como um mecanismo de proteção social, o
seguro também contribui para um consumo mais estável e até maior, que por sua vez é um
motor do crescimento econômico.
Essa é a função de base do mercado de seguros, que cresceu em sua forma moderna
de gerenciar riscos referentes ao transporte e comércio marítimo no século XVIII (as primeiras
referências documentadas sobre seguro – em contratos marítimos – na verdade remontam à
antiga Babilônia).24
____________________
23
24
CEA (2006).
Associação de Seguradores Britânicos (2005a).
23
O elo empírico entre o desenvolvimento do seguro e o crescimento
econômico
Há uma relação circular e de longo prazo entre o tamanho do mercado de seguros e o
crescimento econômico, em particular o seguro de vida em países desenvolvidos.25 Isso
sugere não apenas que espera-se que o crescimento do mercado de seguros em países em
desenvolvimento será conforme a expansão de suas economias (considerando que indivíduos
e empresas buscam gerir suas novas exposições de risco), mas também que um aumento na
presença e disponibilidade de seguro deve ser ativamente encorajado a fim de estimular o
crescimento econômico.
Estudos empíricos têm destacado essa correlação positiva entre desenvolvimento do
seguro e crescimento econômico. Han et al. (2010) descrevem como uma curva em S, "que
determinou o início acentuado e depois o aumento suave da evolução do seguro
correspondendo aos estágios mais baixos e mais elevados de desenvolvimento econômico,
respectivamente". Marco Arena (2006), do Banco Mundial, baseou-se em dados oriundos de
56 países no período compreendido entre os anos de 1976 e 2004 para encontrar evidências
igualmente fortes de uma relação causal entre a atividade do mercado de seguros e o
crescimento econômico. E um estudo da Universidade Nacional de Cingapura comprova o
impacto significativo de investidores institucionais sobre a evolução do mercado de ações e o
crescimento econômico em Países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento
Econômico – OCDE. 26
Figura 2.
Apoio à prosperidade de longo prazo
 A confiança favorece a
poupança e o investimento
de longo prazo
 Utilizar esses investimentos
de longo prazo com
eficiência garante o
financiamento do
crescimento da economia
real
 O crescimento do PIB
impulsiona a dinâmica de
vários setores de serviços
financeiros, por exemplo, o
mercado de P&C
 E o crescimento do PIB
fortalece a confiança dos
consumidores
Fonte: Oliver Wyman
____________________
25
26
Soo (1996); Kugler e Ofoghi (2005).
Harichandra e Thagavelu (2004).
24
A figura 2 acima demonstra como o desenvolvimento do seguro e o crescimento
econômico tendem a caminhar de lado a lado. De fato, como vimos, o seguro proporciona
tranquilidade, aumenta o consumo, favorece a atividade empresarial e promove a criatividade
e a inovação – todos fatores de crescimento econômico. Por sua vez, à medida que a
economia cresce, as pessoas têm cada vez mais motivos para buscar seguro contra um
infortúnio inesperado, etc.
A título de ilustração, o microsseguro tem possibilitado o conceito básico do seguro de
transferência de risco (ou seja, o pagamento de um prêmio fixo contra o ressarcimento de um
sinistro potencial) para fornecer proteção em áreas onde esses mecanismos não estavam
disponíveis anteriormente. Isso pode contribuir largamente para ensinar as pessoas sobre o
mecanismo do seguro e seus benefícios, levando a uma maior penetração do seguro (total de
prêmios de seguro como um percentual do PIB) e à densidade do seguro (a importância
segurada per capita), dois fatores que contribuem para o crescimento econômico nos países
em desenvolvimento, em especial.
Incentivando a demanda e facilitando a oferta: apoiando o comércio
O seguro de linhas comerciais – como por exemplo, interrupção de negócios, acidente
de trabalho, incêndio e inundação, imperícia e responsabilidade civil, colheita e transporte
marítimo, e cobertura de erros e omissões para gerentes - garante que as empresas não
precisam reservar fundos para fazer face a eventos externos. O seguro está integrado em
suas operações de gerenciamento de risco e permite que elas concentrem-se em suas
atividades principais.
A esse respeito, os múltiplos aspectos de seguro comercial fornecem uma grande
variedade de benefícios para a economia como um todo. Ao evitar falências que poderiam
resultar de eventos externos não relacionados do ponto de vista comercial, o seguro poupa
empregos – o que significa menos sofrimento humano e social, menos encargos para o
sistema de proteção social do Estado e, novamente, consumo mais regular, não apenas de
empregados que mantêm seus empregos, mas também de clientes que de qualquer forma
não teriam condições de comprar os produtos da empresa. O impacto do seguro na oferta e
demanda está demonstrado no Gráfico 3 a seguir.
O seguro de responsabilidade civil de produto tem um efeito semelhante sobre as
empresas que não poderiam de qualquer forma desenvolver e fabricar novos produtos.27 No
caso do seguro de terrorismo, algumas companhias podem optar por não constituir empresas
em determinadas regiões em razão de uma grande ameaça potencial, porém, escolhem
assumir esse compromisso quando seguradas contra perdas.28 Por exemplo, o Canary
Wharf, em Londres, poderia ter perdido sua posição como um centro de serviços financeiros
importante, caso as empresas não tivessem sido capazes de fazer seguro contra o nível
relativamente alto do risco de terrorismo em Londres.29
____________________
27
28
29
Hess (2006).
Weisbart (2011).
Associação de Seguradores Britânicos (2005a).
25
Gráfico 3.
Por meio do gerenciamento de risco, o seguro facilita o
crescimento econômico, aumentando, dessa forma, a demanda e a
produção
Demanda/
Com
seguro
Produção
Sem
seguro
Risco
Por outro lado, o debate atual em torno da cobertura do seguro de inundação no Reino
Unido ameaça enfraquecer o mercado imobiliário. No acordo atual ad hoc de 1961, os
seguradores garantem cobertura, enquanto o governo investe em proteção contra
inundação.30 No entanto, há queixas de que o governo não vem cumprindo sua parte no
acordo desde os anos 90, e o mercado de seguros acredita que o acordo hoje é
insustentável, com muitos seguradores cobrindo um número desproporcional de propriedades
de alto risco de inundação.31 O mercado de seguros, portanto, planeja revogar o acordo, que
expira em junho de 2013, a menos que seja encontrada uma solução – e esses graves
problemas podem deixar 200 mil casas sem cobertura, e estão minando o restabelecimento
do mercado imobiliário, de acordo com o Conselho de Financiadores de Hipoteca.32
Aumentando a atividade empresarial
O risco, em si, e por si só, não é bom nem ruim;33 o comportamento da aceitação de
risco, por outro lado, pode ser interpretado como "bom" ou "ruim", à medida que ele pode ser
construtivo ou destrutivo (as Caixas de Texto 1 e 2 citam exemplos dentro do contexto de
risco moral e seleção adversa). A aceitação do risco construtivo, por sua vez, está
claramente visível quando alguém decide começar um novo negócio, considerando que uma
empresa de sucesso gera emprego e aumenta o consumo.34
____________________
30
31
32
33
34
Gray (2012).
King (2012).
Gray (2012).
Refere-se a "risco puro", o qual pode representar um prejuízo ou um lucro, e não a "risco financeiro", o qual representa
sempre um prejuízo.
Assuntos do Governo e da Indústria de Zurique (2011), citando Sinn, H.-W. (1986). Veja também: Zw illing (2011).
26
Nesse contexto, o seguro permite que os empreendedores concentrem-se nos desafios
comerciais e financeiros, e em seu modelo de negócios, sem temer as consequências
negativas de eventos súbitos, não relacionados do ponto de vista comercial. O seguro
permite ainda que companhias façam um melhor uso de suas reservas, reduzindo a
necessidade de liquidez contra uma perda potencial e incentivando investimentos de longo
prazo em infraestrutura e novos projetos.
O grau em que a redução do risco externo promove o crescimento da empresa e a
competição, libera pensamento criativo e estimula a inovação não pode ser exagerado: o
seguro permite que indivíduos e empresas abram suas asas, inovem, e expandam suas
atividades econômicas gerenciando, diversificando e absorvendo riscos para eles. Na
verdade, muitos investidores de capital exigem que os empresários estejam segurados antes
que eles invistam.35
Isso destaca outro benefício importante do seguro para a economia – o acesso ao
crédito – que também se dá em termos de consumidor se consideramos que é praticamente
impossível obter um empréstimo hipotecário sem seguro residencial, mesmo quando não é
exigido por lei.
Um artigo recente postado na versão on-line da revista LifeHealthPro cita exemplos da
vida real, de como o seguro vida possibilitou o desenvolvimento, ou até mesmo a
sobrevivência, de ícones bastante conhecidos, como por exemplo, Disneylândia e
McDonalds. "Depois de não encontrar meios tradicionais de financiamento para construir o
que viria a ser a Disneylândia, Walt (Disney) decidiu-se pelo autofinanciamento. Uma grande
parte disso foi, paralelamente, dinheiro do seu seguro de vida", escreve o autor Brian
Anderson.36 Da mesma forma, Ray Kroc, que comprou o McDonalds em 1961, tomou dinheiro
emprestado de duas apólices de seguro vida para pagar os salários dos principais
funcionários nos oito primeiros anos.37
____________________
35
36
37
Associação de Seguradores Britânicos (2005a).
Anderson (2012).
Anderson (2012).
27
O mercado de seguros como um grande empregador e investidor
Em termos de números, as companhias de seguros administraram em torno de
US$24,63 trilhões em ativos no ano de 2010, excluindo os fundos de pensão, que são
responsáveis por quase US$30 trilhões.38 O total de prêmios atingiu a soma de US$4,34
trilhões ou, aproximadamente, 5,5 por cento do PIB mundial.39 O setor emprega diretamente
milhões de pessoas no mundo inteiro, e indiretamente muito mais se levarmos em conta
prestadores de serviços secundários, como por exemplo, agentes, corretores, intermediários
financeiros, suporte de TI, transporte, auditores e consultores – muitas vezes empregos
altamente qualificados e especializados em economias domésticas.40
Como um componente integral da gestão global de ativos e investimentos, o mecanismo
do seguro favorece, em geral, investimentos de longo prazo que são canalizados para e
projetos de geração de emprego e setores mais produtivos da economia. Essas são
contribuições para reduzir a pobreza e gerar novas classes de ativos, bem como apoiar a
energia limpa e projetos ecologicamente corretos.41
O efeito é visível nos países em desenvolvimento, aonde os ativos do seguro vida são a
base para investimentos em projetos de longo prazo, tais como, infraestrutura.42 De fato, o
investimento em infraestrutura no mercado emergente representa uma nova classe de ativos
potencialmente importantes que podem gerar confiança, receita de longo prazo e servir para
pagar as pensões das populações que envelhecem rapidamente.43
Os recursos para investimentos de longo prazo derivam, principalmente, de produtos de
seguro com um horizonte de investimento de longo prazo, como por exemplo, o seguro vida,
assim como da dinâmica do capital disponibilizado por empresas que não precisam constituir
poupança como precaução, graças à existência do seguro. Conforme foi apresentado, esse
financiamento de longo prazo é o principal motor do crescimento e da prosperidade na
economia: acumulando enormes recursos em receita de prêmio, os seguradores
incentivam a poupança de longo prazo e ajudam a aumentar a taxa da poupança. Dessa
forma, o mecanismo do seguro acrescenta profundidade financeira à economia, canalizando
essa poupança para investimentos nos mercados de ações primário e secundário, em títulos
corporativos e no mercado imobiliário,44 transformando assim o capital inativo ou improdutivo
em capital mais dinâmico, de longo prazo.
____________________
38
39
40
41
42
43
44
TheCityUK (2011).
Sw iss Re (2011).
Liedtke (2007).
Liedtke et al. (2009).
Banco Mundial (1994).
Comitê sobre o Sistema Financeiro Global (2011).
Associação de Seguradores Britânicos (2005a).
28
Caixa de Texto 3
O debate sobre seguro e risco sistêmico
A experiência em seguro é uma condição essencial no debate corrente sobre risco
sistêmico – a ameaça representada por grandes instituições à economia global no caso de
uma falência – e a necessidade de regular as instituições financeiras, mesmo com base nos
mais altos níveis regulatórios.45 A falta de entendimento sobre o mercado de seguros e
como ele opera pode contribuir para uma regulação equivocada no contexto das atuais
reformas na área de fiscalização.
Isso teria um efeito negativo sobre a capacidade do mercado de fazer negócios e, por
conseguinte, teria repercussões financeiras e sociais como consequência. Tais
consequências podem incluir prêmios mais elevados para os consumidores e uma
capacidade reduzida do mercado para contribuir no desenvolvimento de serviços
financeiros (veja na página 31, "Fomentar o desenvolvimento de serviços financeiros"),
assim como uma capacidade reduzida para segurar causada por maiores exigências
regulatórias de capital.
A Associação de Genebra e outras entidades têm demonstrado, no entanto, que as
principais atividades de seguro não apresentam risco sistêmico – que, de fato, o mercado
de seguros funcionou como uma fonte de estabilidade durante a crise financeira.46
Terri Vaughan, CEO da Associação Nacional dos Comissários de Seguro (NAIC)
levantou essa questão em sua palestra na 39ª. Assembleia Geral da Associação de
Genebra, realizada em Washington, D.C., no dia 7 de junho de 2012. Ela referiu-se ao
precedente histórico da Grande Depressão, em que o seguro provou ser uma fonte de
estabilidade em tempos de agitação e os seguradores de vida em particular
"desempenharam um importante papel como fonte de capital nos anos seguintes." Na
verdade, dentro de um contexto de alta volatilidade, como por exemplo, o que existe hoje,
"um sector que pode sobreviver a esta volatilidade tem um papel importante a
desempenhar."
A primeira razão pela qual os seguradores não contribuem para a instabilidade, e sim
funcionam como estabilizadores, é o funcionamento estrutural do seguro, ou seja, ele é
pré-financiado por pagamentos antecipados de prêmios. Os riscos dos eventos ocorrerem,
os quais resultam em pagamentos, são calculados atuarialmente e estocasticamente, e são
mantidos em fundos de reserva apropriados.
Ademais, considerando que esses eventos, em geral, não podem desencadear-se
voluntariamente, uma corrida às companhias de seguros é um estranho conceito para o
setor, em absoluto contraste com a tão temida corrida aos bancos . Há também o
desincentivo geralmente criado sob forma de sanções para segurados no que diz respeito a
resgate, ou seja, a renúncia prematura a um contrato, caso de forma alguma exista a opção
de resgate, em particular em se tratando de seguro vida.47
____________________
45
46
47
Associação de Genebra (2012b).
OCDE (2011) e Associação de Genebra (2010).
Associação de Genebra (2012a).
29
Uma segunda razão é a falta de interligação entre o mercado de seguros e demais
setores financeiros,48 e a independência do mercado em relação aos ciclos econômicos
(pessoas diferentes, em regiões geográficas diferentes, são afetadas pelo risco de maneira
diferente, e em momentos diferentes).49 Em outras palavras, e com base na pesquisa
detalhada disponível atualmente, a falência até mesmo de uma companhia de seguros de
grande porte não desestabilizaria o maior mercado financeiro.
No entanto, os reguladores podem inclusive solicitar – como fizeram com os bancos –
que qualquer seguradora que eles considerem sistemicamente importante50 deve
estabelecer um procedimento de resolução que lhes permitisse encerrar suas operações
em um processo bem ordenado. Entretanto, novamente em contraste com o segmento
bancário, o mercado de seguros já tem uma estrutura de longa data para ressarcimento e
resolução destinada a proteger os segurados em caso de falência. Qualquer
regulamentação adicional poderia afetar, indevidamente, o funcionamento do mecanismo
do seguro, ou até mesmo ser contraproducente.
Figura 4.
Seguro – Um estabilizador na recente crise
____________________
48
49
50
Veja Associação de Genebra (2010), página 20, "Os seguradores não dependem de financiamento do mercado para
liquidez", e página 36, "A exposição em relação a outras instituições financeiras".
Han et al. (2010).
É importante notar que a partir da publicação do presente relatório, "seguradoras sistemicamente importantes", se
houver, serão apontados no início de 2013.
30
Fomentar o desenvolvimento
de serviços financeiros
Seguradores são investidores de longo prazo que contribuem para a estabilização dos
mercados financeiros, fornecendo liquidez em momentos críticos, quando esses mercados se
retraem. Desse modo, eles agem como uma força poderosa contracíclica e proporcionam
benefícios sociais gerados por seus investimentos, além de lucros provenientes de
investimentos de longo prazo.51
Concorrência entre os bancos e segurador es: melhorando a
eficiência do mercado
Como acumuladores alternativos de grandes somas de capital, os investidores
institucionais, tais como, seguradores de vida e fundos de pensão, competem diretamente
com os bancos, melhorando, dessa forma, o desempenho e a eficiência, em termos gerais, do
setor financeiro. Em função de sua capacidade de disponibilizar recursos essenciais para
investimentos de longo prazo, as companhias de seguros são partes interessadas
importantes com sistemas de gerenciamento profissional em muitas sociedades nacionais e
multinacionais – e, como tal, exercem freios e contrapesos eficientes sobre as empresas nas
quais elas investem.52
Na verdade, com um interesse garantido em fluxos de receita de longo prazo mais
estáveis, os seguradores estão mais inclinados a fazer uma pressão positiva na adoção de
práticas de investimentos mais prudentes, incentivando uma maior transparência nos
mercados de ações e freando o “imediatismo”. No Reino Unido, depois da crise financeira de
2008, o Departamento de Inovação e Experiência em Negócios empreendeu uma série de
iniciativas e apresentou várias propostas para reformar a governança corporativa, a fim de
tratar desse foco excessivo em lucros de curto prazo em atenção à geração de valor de longo
prazo.53
Em uma situação como a que existia desde 2008, com os bancos recuando de
financiamentos de longo prazo e reduzindo suas compras de títulos e garantias, os
seguradores também estão ajudando a melhorar essencialmente a liquidez do mercado,
oferecendo fontes adicionais de recursos. Portanto, é particularmente preocupante que o
Solvência II – o novo arcabouço regulatório de seguros da Europa antecipado para janeiro de
2014 – ameace basear suas exigências de capital para securitizações em uma suposição
____________________
51
52
53
Fórum Econômico Mundial (2011).
Banco Mundial (1989).
Kay (2012).
31
equivocada de que as condições pré-2008 no mercado de securitização que contribuíram
para a brusca redução do crédito atual são similares àquelas que regem o mercado
atualmente.54 Isso é oportuno para seguradores em um momento em que os bancos estão
muito mais relutantes em comprar títulos e a Europa está carente de crédito.
Quanto aos países em desenvolvimento, aonde as atividades de seguros são bastante
prejudicadas devido aos baixos níveis de renda e riqueza, e a uma falta de conscientização e
penetração do seguro, uma estrutura de supervisão eficiente pode contribuir para expandir o
papel do seguro e reforçar o seu efeito positivo sobre a economia, em especial, por meio da
criação de um clima de segurança empresarial, e proporcionar às empresas de pequeno porte
um acesso mais fácil ao capital.55
Ao competir com os bancos como provedores de crédito, as companhias de seguros,
muitas vezes, fornecem o tão necessário crédito para os mercados financeiros e aumentam a
eficiência do setor em termos gerais. Entretanto, os bancos "normalmente cobram depósitos
e poupança de curto prazo dos clientes e emprestam esses recursos aos mutuários,
geralmente, com base em um vencimento mais longo".56 Os seguradores, por outro lado,
têm, de fato, um papel estabilizador, porque há uma correlação positiva entre suas
responsabilidades de longo prazo e seus investimentos de longo prazo e relativamente de
baixo risco, levando a uma proporção entre ativo/passivo a longo prazo favorável. Isso tem
uma influência importante sobre o debate em torno da regulação de instituições financeiras no
que diz respeito ao perigo ou risco sistêmico que elas representam para a economia global
(veja Caixa de Texto 3, página 29).
Interação entre bancos e seguradores:
crescimento econômico
contribuindo
para
o
O mercado de seguros também promove o desenvolvimento de serviços financeiros,
como vimos, facilitando as operações de crédito e de intermediação bancária.57 O seguro não
vida, em particular, é utilizado para garantir crédito para bens de consumo e operações
comerciais, por exemplo, oferecendo garantia aos bancos em caso de falência do segurado,
reduzindo, assim, a exposição de risco do banco e encorajando novos empréstimos. Isso
reduz o custo de capital do mercado das companhias e influencia o crescimento econômico
gerando mais demanda de serviços financeiros. 58
Com bancos e seguradores operando dessa forma complementar, "as contribuições
individuais (para a economia) são maiores quando ambos estão presentes" 59 e ficou provado
que um número maior de seguro vida e uma maior penetração bancária promovem o aumento
da produtividade.60
____________________
54
55
56
57
58
59
60
Financial Times (2012).
Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e Desenvolvimento (2007) .
Drzik (2012).
Grace e Barth (1993).
Zou e Adams (2006).
Brainard (2008).
Webb et al. (2002).
32
Garantias associadas a risco61
Embora seguradores e resseguradores planejem e reservem recursos para catástrofes
naturais, o escopo de sinistros resultantes dessas catástrofes pode, por vezes, pesar até
mesmo para companhias de grande porte – em especial, se tais catástrofes naturais
acontecerem em série, como em 2011. O ano passado testemunhou não apenas o terremoto
e o tsunami que ocorreu a seguir em Fukushima, no Japão, mas também os terremotos na
Nova Zelândia, enchentes na Austrália e na Tailândia, e os furacões nos Estados Unidos. As
perdas seguradas originais somaram cerca de US$105 bilhões e custos econômicos diretos
de até US$380 bilhões, fazendo de 2011 o ano mais caro registrado na história das
economias nacionais e do mercado de seguros.62
As garantias associadas a risco, como por exemplo, os títulos de risco de catástrofe
(CAT na sigla em inglês) permitem ao mercado de seguros levantar capital para pagar os
sinistros resultantes desses mega eventos.
Considerando que não existem ativos
subjacentes às garantias associadas a risco, elas destinam-se a pagar três tipos principais de
variáveis de gatilho: 1) gatilhos da indenização, em que os pagamentos baseiam-se no
tamanho das perdas reais do segurador patrocinador; 2) gatilhos do índice, em que os
pagamentos baseiam-se em um índice que não está diretamente ligado às perdas da
empresa patrocinadora; 3) gatilhos paramétricos, com base nas características físicas do
evento.
(...) Os títulos CAT, muitas vezes, são emitidos para cobrir as chamadas faixas altas da
proteção de resseguro, por exemplo, a proteção contra eventos com uma probabilidade
de ocorrência de 0,02 ou menos (isto é, um período de retorno de no mínimo 50 anos)
(...) Pelo fato de os títulos CAT serem integralmente garantidos, eles eliminam as
preocupações sobre o risco de crédito.63
Os títulos CAT revelaram-se, em particular, resilientes à crise financeira de 2008,
especialmente por oferecerem maior transparência e menor risco moral (veja Caixa de Texto
1) do que a maioria das garantias que são garantidas por ativos, e também porque, em
grande parte, eles não têm correlação com os mercados financeiros.
____________________
61
62
63
Para mais informações sobre garantias associadas a risco e seu papel em prover o setor dos seguros com recursos para
fazer face às catástrofes naturais, veja Cummins (2012).
Veja, por exemplo, Courbage e Stahel (2012).
Cummins (2012).
33
Etti Baranoff, Professor Associado de Seguros e Finanças na Commonwealth University
de Virgínia e Diretor de Pesquisa da Associação de Genebra, e Kim Staking, Principal da
Staking Financial Consulting, destacou recentemente durante a 14ª. reunião do Amsterdam
Circle of Chief Econonomists (ACCE), a importância econômica dos seguradores como
investidores estáveis, especialmente dentro de um contexto de alta volatilidade, cenários de
risco em transformação e crise financeira em curso.64 Eles apontaram que "o mercado de
seguros continua a ser um provedor vital de financiamento de investimento para a economia
real, com mais de 50 por cento da carteira de investimento global de mais de US$17 bilhões
distribuídos entre títulos e empréstimos."65
Staking e Baranoff também explicaram que "desde 2008, o crédito por parte de
instituições depositárias diminuiu 1,2 por cento, enquanto o crédito de seguro aumentou 14,4
por cento no segmento vida e 4,4 por cento no segmento não vida. Enquanto isso,
seguradores fornecem 42 por cento e 51 por cento do crédito concedido por instituições
depositárias e bancos comerciais, respectivamente. Em geral, o mercado de seguros oferece
crédito com um prazo de vencimento mais longo."66
____________________
64
65
66
Schanz (2012).
lbid.
lbid.
34
Olhar para o futuro
Por meio de sua experiência em gerenciamento de risco e investimentos, e seu conhecimento
em subscrição e precificação, o mercado de seguros é, de maneira única, talhado para
desempenhar um papel importante no atendimento das necessidades em transformação da
sociedade e na oferta de soluções abrangentes para lidar com ameaças atuais e emergentes.
O aumento da cooperação público-privada é essencial no enfrentamento dos grandes
desafios globais, tais como, envelhecimento da população, mudança climática e outros riscos
emergentes. Embora a regulamentação equivocada do seguro impedisse o setor de fazer
negócios e, em última análise, prejudicasse os consumidores, não há dúvida de que um
arcabouço regulatório eficiente poderia aumentar o valor e o benefício do seguro para a
sociedade e a economia. Por esse motivo, esforços para propalar de forma clara e eficiente o
valor do seguro, e interagir de forma mais dinâmica com os segurados, devem ser
empreendidos pelo mercado.
Riscos meteorológicos – climático, cibernético e espacial
No que diz respeito ao risco climático e a proporcionar maior resiliência contra
catástrofes naturais, uma melhor cooperação público-privada poderia, de fato, utilizar os
serviços do mercado de seguros como uma ferramenta de gerenciamento de risco na melhor
preparação e reagir aos mega eventos atenuando, assim, a perda humana, social e
econômica resultante.
O impacto das enchentes que atingiram Queensland, na Austrália, no ano de 2011,
certamente teria sido menos grave se tivesse havido uma maior comunicação e coordenação
sobre as informações relativas aos riscos de enchente e um mapeamento constante das
enchentes no país que permitissem montar esquemas de prevenção.67 Além disso, muitas
casas estavam sem seguro: a perda patrimonial não era compensada, levando à perda
financeira e mais sofrimento. Para aumentar a penetração do seguro sem tornar compulsório
o seguro contra enchente, a Pesquisa Nacional sobre Seguro de Catástrofe sugere agora a
exigência para que todas as apólices de seguro residencial incluam o seguro contra enchente,
entretanto, dando direito aos consumidores de "optarem".68
____________________
67
68
Ma et al. (2012)
lbid.
35
O mercado de seguros, portanto, representa uma potencial e valiosa parceria do setor
privado para os governos, tanto como um consultor em gerenciamento de risco, quanto
como um mercado que, quando apoiado por um arcabouço legal e regulatório
apropriado, pode produzir indicadores de preço baseado no risco, incentivar um
comportamento resiliente em relação ao clima e apoiar o desenvolvimento sustentável.69
Com o desenvolvimento onipresente da Internet ao longo dos últimos 15 anos, surgiu a
nova e substancial ameaça do risco digital. Mike Rogers, Presidente do Comitê de
Inteligência do Congresso Americano, declarou recentemente que os “ataques cibernéticos
representam ‘a única grande ameaça’ enfrentada pelos Estados Unidos", de acordo com o
citado pelo Business Insurance.70 Desde o advento da Internet, ataques cibernéticos – em
particular na forma de ameaça à engenharia social e roubo de dados – tornaram-se muito
mais perniciosos e potencialmente devastadores do que nunca, provocados por profissionais
muitas vezes trabalhando para o crime organizado ou Estados-Nações estrangeiros.
Há uma série de profundas responsabilidades potenciais para as empresas, incluindo:
riscos operacionais, riscos financeiros, riscos de propriedade intelectual, riscos legais e
regulatórios, e riscos reputacionais. Um relatório do Lloyd’s sobre riscos digitais 71 revela que
enquanto muitas apólices tradicionais de seguro não cobrem ou não mencionam o risco
digital, há um número crescente de produtos de risco cibernético e soluções sendo
disponibilizados. Assim como fez no passado – na verdade desde os primórdios com o
seguro marítimo – o mercado de seguros também pode contribuir para aumentar a
conscientização sobre essa questão, produzindo indicadores de preço, por exemplo,
recusando-se a cobrir determinados riscos caso as empresas não adotem normas mínimas
de segurança.
O clima espacial é outra área de preocupação, não só para as empresas, mas para
todas as economias e sociedades. Erupções solares, em particular, resultam em
tempestades magnéticas e de radiação que podem afetar o meio ambiente da Terra e,
potencialmente, danificar condutores e redes de energia, causando apagões, bem como as
comunicações por satélites e rádio, interrompendo os setores de transporte e aviação.
____________________
69
70
71
Associação de Genebra (2011b).
Hofmann (2012).
Baldw in et al. (2010).
36
De acordo com Richard Ward, CEO do Lloyd’s, "o mercado de seguros tem
considerável experiência em segurar ativos espaciais e inclui os riscos provenientes do clima
espacial ao precificar tais ativos."72 Entretanto, acrescentou que novos produtos devem ser
desenvolvidos para cobrir as ameaças aos ativos e serviços com base no Planeta a partir de
eventos meteorológicos espaciais moderados. Ademais, "o mercado de seguros pode apoiar
esforços conjuntos de governos, autoridades reguladoras, cientistas, geradores e
distribuidores de eletricidade, e demais indústrias, para reduzir o risco associado a eventos
climáticos extremos."73
A grande necessidade de uma comunicação eficaz
A informação correta e imparcial sobre como o seguro contribui para a sociedade e a
economia é soberana, uma vez que a falta de conhecimento suficiente, muitas vezes, resulta
em uma opinião negativo do mercado que pode afetar seriamente a confiança do consumidor
– um componente essencial da eficiência do mercado no gerenciamento de riscos e redução
do sofrimento. Como exemplo, podemos citar a confusão que costuma existir sobre o que
uma apólice cobre e o que ela não cobre: uma responsabilidade, muitas vezes,
compartilhada por segurado e segurador, em que o primeiro não lê diligentemente e o último
não explica suficientemente.
Na verdade, embora os mecanismos de precificação do seguro e da prorrogação de
cobertura sejam claros em alguns casos – por exemplo, a diferença entre o seguro
compreensivo de automóvel e o sinistro de responsabilidade civil de terceiros – eles podem
ser bem menores em outros. Parte do enorme dano causado pelo furacão Katrina, que
atingiu Nova Orleans em 2005, por exemplo, não estava coberta pelos seguradores porque
resultou das inundações subsequentes quando os diques romperam-se – e não do furacão
em si.74
O mercado de seguros já deu um passo importante educando os consumidores e os
ajudando a avaliar melhor o que o seguro cobre e o que ele não cobre, compreendendo os
clausulados da apólice.75 As empresas podem fazer muito mais tratando as reclamações de
sinistro de forma justa e rápida depois do evento, informando claramente e verbalmente os
motivos para negar sinistros quando a negativa é justificada.76 Outras soluções adicionais
são para que os seguradores diferenciem-se do setor bancário e melhorem a padronização
dos produtos de seguros de linha comercial.77
Tais esforços só podem ser verdadeiramente eficazes, no entanto, se houver um maior
entendimento entre os consumidores, tomadores de decisão e órgãos do governo quanto ao
real e grande valor do seguro para a sociedade e a economia. Para resumir, Hans
Peter Würmli destaca "três forças decisivas da comunidade do seguro: a capacidade
____________________
72
73
74
75
76
77
Ward (2012).
Associação de Genebra (2011b).
O seguro de furacões não cobre automaticamente enchentes que resultam dos furacões. Em alguns casos, (por
exemplo, no Japão), o mercado de seguros, de qualquer forma, acabou pagando muitos sinistros sem recorrer a
reguladores de sinistros.
Associação de Seguradores Britânicos (2005a).
Insurance Day (2009).
Hess (2006)
37
e a independência de avaliar o risco, incluindo discernimento quanto aos limites de
segurabilidade; a capacidade de criar produtos de seguros para internalizar o custo externo,
por exemplo, de eventos temidos; e, o mais importante de tudo, ter o incentivo certo para
impor disposições e medidas para administrar as exposições de risco que podem tornar os
eventos temidos mais improváveis."78
Na verdade, é importante lembrar por que o seguro está tão onipresente (e, geralmente,
de maneira voluntária) no mundo desenvolvido atualmente e está aumentando a sua
presença no mundo em desenvolvimento – porque satisfaz algumas das nossas
necessidades mais básicas e, em geral, custa muito menos a longo prazo estar segurado do
que não estar segurado.
____________________
78
Wurmli (2011).
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43
Associação de Genebra
Associação de Genebra:
 fornece uma plataforma para os CEOs de seguros:
A Associação de Genebra atua como um fórum para seus membros, proporcionando uma
plataforma única no mundo inteiro para os principais CEOs de seguros. Organiza a
estrutura para que seus membros troquem ideias e discutam questões estratégicas,
especialmente na Assembleia Geral, onde uma vez por ano, reúnem-se mais de 50 dos
principais CEOs de seguros.
 elabora pesquisas:
A Associação de Genebra investiga a crescente importância das atividades de seguro do
mundo inteiro em todos os setores da economia.
Tenta identificar tendências
fundamentais e questões estratégicas em que o seguro desempenha um papel substancial
ou que influencie o setor de seguros. Paralelamente, a Associação de Genebra
desenvolve e estimula diversas iniciativas no que diz respeito à evolução – em termos
econômicos e culturais – de gerenciamento de risco e à ideia de incerteza na economia
moderna.
 organiza redes de especialistas:
A Associação de Genebra organiza redes de especialistas mundiais em diversas áreas
associadas a seguro: finanças, regulação, gerenciamento de risco, pensões, saúde, etc.
Também administra várias redes de especialistas oriundos das companhias de seus
membros: diretores financeiros, diretores de risco, diretores de investimento, diretores de
comunicação, o Amsterdam Circle of Chief Econonomists (ACCE), assim como o Liability
Regimes Planning Board com resseguradores líderes e administradores de sinistros e a
iniciativa PROGRES Net para diretores de regulação e principais especialistas em
regulação de seguro.
 mantém um diálogo com as instituições internacionais:
A Associação de Genebra usa sua grande experiência e seu profundo conhecimento em
risco e seguro para levantar temas de relevância para o setor de seguros em fóruns
mundiais. A Associação de Genebra é a interface principal do mercado de seguros com
importantes instituições internacionais e defende o papel do seguro e sua relevância para a
economia moderna.
 publica os principais periódicos, boletins informativos, livros e monografias:
 periódicos: The Geneva Papers on Risk and Insurance Issues and Practice (4 edições
por ano) e The Geneva Risk and Insurance Review (2 edições por ano);
 relatórios especiais: os relatórios da Associação de Genebra abordam questões de
importância estratégica para o mercado de seguros, os quais merecem atenção
especial e análise detalhada;
44
 os boletins informativos da Associação de Genebra, geralmente publicados duas
vezes por ano, sobre Seguros e Finanças, Gerenciamento de Riscos, PROGRES
(regulação e supervisão) Economia de Seguros, Quatro Pilares (seguro vida,
previdência e aposentadoria), Saúde e Envelhecimento, e Estatísticas Mundiais sobre
Incêndio;
 série de documentos de trabalho (Estudos e Dossiês): atas de conferências,
relatórios especiais, etc;
 Livros e monografias.

organiza conferências e seminários:
Ao longo do ano, a Associação de Genebra organiza ou apoia cerca de 20 conferências
e seminários sobre temas de grande relevância para o mercado de seguros, reunindo
especialistas de todos os setores para trocar conhecimento. Os eventos abordam
tópicos e questões específicas e têm por objetivo desenvolver novos conhecimentos e
novas ideias, como também, proporcionar plataformas para o intercâmbio de opiniões
pelos especialistas.

estimula e patrocina pesquisas em seguro e gerenciamento de risco:
A Associação de Genebra tem várias maneiras de estimular e patrocinar o trabalho de
pesquisa em gerenciamento de risco e áreas relacionadas a seguros por meio da
disponibilidade de incentivos para pesquisa, bolsas de estudo, prêmios e apoio para
publicação.
A filiação à Associação de Genebra é limitada a um máximo de 90 pessoas, os CEOs
das mais proeminentes companhias de seguros do mundo. Trata-se de uma organização sem
fins lucrativos com sede em Genebra e Basileia, na Suíça.
45
www.genevaassociation.org
O seguro é um mecanismo de proteção social essencial que promove a estabilidade
financeira e econômica, bem como o crescimento. Esse artigo procura destacar o papel do
seguro na sociedade, explanando sobre o valor real que ele oferece às pessoas, instituições e
à economia, proporcionando uma sensação de segurança e tranquilidade, atenuando perdas,
aumentando a prosperidade, e tornando as pessoas mais conscientes quanto à realidade dos
riscos e suas consequências. Também analisa alguns dos mal-entendidos sobre cobertura
de seguro, em particular as áreas nas quais esses mal-entendidos levaram à decepção ou
desilusão sobre o mercado.
The Geneva Association—“International Association for the Study of Insurance Economics”
Associação de Genebra
“Associação Internacional para o Estudo da Economia de Seguros”
Geneva | Route de Malagnou 53, CH-1208 Geneva
Tel: +41 22 707 66 00 | Fax: +41 22 736 75 36
Basel | Sternengasse 17, CH-4051 Basel
Tel: +41 61 201 35 20 | Fax: +41 61 201 35 29
46

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