Análise Setorial Setor de Bicicletas FIESP 2009

Transcrição

Análise Setorial Setor de Bicicletas FIESP 2009
DECOMTEC
Área de Competitividade
Análise Setorial
Setor de Bicicletas
FIESP
2009
Equipe Técnica
FIESP
13 de fevereiro de 2009
PRESIDENTE
Paulo Skaf
DECOMTEC
DIRETOR TITULAR
José Ricardo Roriz Coelho
ÁREA DE COMPETITIVIDADE
DIRETOR TITULAR ADJUNTO
Pierangelo Rossetti
GERENTE
Renato Corona Fernandes
DIRETORIA
Airton Caetano
Almir Daier Abdalla
André Luis Romi
Carlos William de Macedo Ferreira
Cássio Jordão Motta Vecchiatti
Christina Veronika Stein
Cláudio Grineberg
Cláudio José de Góes
Cláudio Sidnei Moura
Cristiano Veneri Freitas Miano (Representante do
CJE)
Denis Perez Martins
Dimas de Melo Pimenta III
Donizete Duarte da Silva
Eduardo Berkovitz Ferreira
Eduardo Camillo Pachikoski
Elias Miguel Haddad
Eustáquio de Freitas Guimarães
Francisco Florindo Sanz Esteban
Francisco Xavier Lopes Zapata
João Luiz Fedricci
Jorge Eduardo Suplicy Funaro
Lino Goss Neto
Luiz Carlos Tripodo
Manoel Canosa Miguez
Marcelo Gebara Stephano (Representante do CJE)
Marco Aurélio de Almeida Rodrigues
Mário William Esper
Nelson Luis de Carvalho Freire
Newton Cyrano Scartezini
Octaviano Raymundo Camargo Silva
Olívio Manuel de Souza Ávila
Rafael Cervone Netto
Robert William Velasquez Salvador (Representante
do CJE)
Roberto Musto
Ronaldo da Rocha
Stefano de Angelis
Walter Bartels
EQUIPE TÉCNICA
Albino Fernando Colantuono
André Kalup Vasconcelos
Célia Regina Murad
Egidio Zardo Junior
Guilherme Riccioppo Magacho
José Leandro de Resende Fernandes
Juliana de Souza
Paulo Henrique Rangel Teixeira
Paulo Sergio Pereira da Rocha
Pedro Guerra Duval Kobler Corrêa
Silas Lozano Paz
ESTAGIÁRIOS
Franciny Dornas de Andrade
Paula Pariz Lorenzoni de Oliveira
Roberta Cristina Possamai
APOIO
Maria Cristina Bhering Monteiro Flores
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
i
SUMÁRIO EXECUTIVO
. A bicicleta é um produto fabricado, basicamente, da montagem de peças ao
quadro (componente similar ao chassi nos automóveis). Por ser um processo
de produção, tecnicamente, simples, as barreiras à entrada encontram-se,
principalmente, na disponibilidade e nos preços dos componentes, uma vez
que a mão-de-obra necessária para a confecção do produto final não demanda
especialização técnica aprimorada. Todavia, para a produção em escala mais
elevada, o acesso aos principais canais de distribuição é muito importante,
além disso, as empresas devem dispor de recursos suficientes para os
investimentos de instalação da unidade produtiva, aquisições de máquinas,
equipamentos e para o capital de giro.
. A bicicleta é um produto fabricado em diversos países, notadamente na Ásia,
onde se encontram os principais produtores, como a China, a Índia e Taiwan. O
Brasil é o terceiro maior produtor e o quinto maior consumidor, com seu
mercado suprido, quase que integralmente, por empresas nacionais.
. O consumo mundial de bicicletas tem sua distribuição diferente da produção,
com grandes produtores, auto-suficientes e exportadores, além de países,
como os EUA e o Japão, que são grandes consumidores, com seus mercados
supridos, em sua grande maioria, por importações.
. Apesar de o Brasil ser o terceiro maior consumidor de bicicletas, o consumo
per capita encontra-se estagnado desde 1996. A estagnação do consumo per
capita é explicada pela elevação da renda da população, que se deu após o
Plano Real e; pela concorrência de bens substitutos, tanto entre o segmento do
público que usa a bicicleta como meio de transporte, como pelo público infantojuvenil. Os primeiros dispõem de bens substitutos, como as motocicletas e os
transportes coletivos, e os últimos lograram mudança nos gostos, ao preferirem
aparelhos eletrônicos, games e celulares.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
i
. A China lidera o setor de bicicletas no mundo, com aproximadamente 75% da
produção, 23% do consumo e 80% das exportações. Embora a participação
chinesa no comércio mundial de bicicletas, em volume, seja, indiscutivelmente,
superior à de todos os demais exportadores, em termos de valores, as
exportações
chinesas
equivalem
a
49%
do
total
transacionado
internacionalmente. Alguns países europeus, como a Holanda, Alemanha,
Bélgica, Itália e Franca, têm participação importante no comércio mundial de
bicicletas em termos monetários, reflexo de uma inserção internacional com
produtos diferenciados, tanto pela sofisticação, como pela identificação de uma
marca forte.
. A China também lidera o setor de bicicletas e de componentes analisados em
conjunto, porém, com uma penetração menor de suas exportações em termos
monetários, com 37% de participação no comércio internacional, o que
demonstra que, apesar de já produzir produtos sofisticados, a inserção
internacional da China está mais calcada em produtos que competem no
mercado internacional por preço. Além disso, os produtos chineses são
favorecidos pela permanência da taxa de câmbio desvalorizada da China.
. Os cinco principais importadores de bicicletas montadas, EUA, Japão,
Alemanha, Reino Unido e França, respondem por 62% das transações
mundiais, com destaque para os EUA e o Japão, que, conjuntamente, são
responsáveis por 43% das compras internacionais.
. No total das importações mundiais do setor (bicicletas e componentes), os
cinco principais compradores são os EUA, a Alemanha, o Japão, a França e a
Holanda, que respondem por 45% das transações internacionais.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
ii
. Entre os grandes importadores mundiais de componentes destacam-se a
Itália, a Alemanha e a França, que também são exportadores de bicicletas de
maior valor agregado. Dessa forma, parte das importações de componentes
deve complementar a produção interna de bicicletas desses países, o que
configura a indústria de bicicleta como uma indústria cada vez mais integrada
em uma cadeia global de valor, na qual a marca e os componentes de
qualidade destacam-se como diferenciais.
. A indústria de bicicletas já atingiu certa maturidade tecnológica, não obstante,
ainda existem oportunidades não desprezíveis para inovações de processos e
inovações incrementais de produto, tais como o desenvolvimento de peças
com novos materiais, que incorporem resistência, leveza e design ao produto
final.
. No Brasil, de acordo com a ABRADIBI, o setor de bicicletas gera,
aproximadamente, 20.000 empregos diretos, que estão distribuídos entre 124
produtores de bicicletas e mais de 220 fabricantes de bicipeças. Os grandes
fabricantes respondem por 45% do mercado, enquanto os pequenos e médios
produtores são responsáveis por 55% do mercado.
. A produção de bicicletas distribui-se por diversas localidades brasileiras, com
concentração no Piauí, em São Paulo e na Zona Franca de Manaus. Os
estados de São Paulo e de Santa Catarina têm participação importante na
produção de componentes.
. O emprego está concentrado em São Paulo, que responde por 54,5% do total
do pessoal ocupado do setor. Apesar disso, estados como Piauí, Santa
Catarina e Amazonas também se destacam ao empregarem, respectivamente,
13,7%, 8,4% e 7,9% do pessoal ocupado do setor.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
iii
. O segmento de bicipeças é mais heterogêneo do que o segmento de
fabricação de bicicletas, pois agrega empresas oriundas de três outros setores:
metal-mecânico, plástico e de borracha. Na metalurgia encontra-se a maioria
das empresas de bicipeças, na qual o aço constitui-se no principal insumo.
. A informalidade do setor de bicicletas foi estimada em 34% do consumo
presumido da Pesquisa de Orçamento Familiar do IBGE. Como as barreiras à
entrada são baixas, o fabricante informal necessita de ferramental básico e
funcionários
com
destreza
suficiente
para
a
montagem
do
produto,
dispensando a utilização de equipamentos sofisticados. A elevação das
importações de componentes de baixos preços pode ser uma das principais
fontes de peças às empresas informais.
. A importação de bicicletas e de bicipeças elevou-se a partir de 2004 e
aprofundou o déficit comercial do setor. Além da sobrevalorização do câmbio,
que torna os produtos importados mais baratos do que os nacionais, alguns
produtos, como a pedivela e o pneu novo de borracha de bicicleta, sofreram
dumping da China.
. Apesar da aplicação de direitos antidumping aos pneumáticos novos oriundos
da China, ocorreu o crescimento das importações, sobretudo, de pneus
oriundos do Vietnã e da Índia. A elevação repentina das vendas do Vietnã deve
ser investigada, pois podem ser re-exportações de produtos chineses.
. O setor elevou os gastos na Formação Bruta de Capital Fixo, mesmo com o
pequeno crescimento da receita líquida de vendas. Entre 1998 e 2006, o
crescimento dos gastos na FBCF do setor de bicicletas foi de 87,1%, enquanto
a Indústria de Transformação elevou os gastos na FBCF em 37,6%.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
iv
. A elevação das importações de bicicletas e de bicipeças refletiu no
desempenho de importantes indicadores do setor, como as vendas, o emprego
e o número de fabricantes. Entre 1998 e 2006, o emprego e o número de
empresas apresentaram crescimento inferior do que o apresentado pela
Indústria de Transformação.
. Entre 1998 e 2006, o emprego variou entre as regiões produtoras, com
redução de postos de trabalho da Zona Franca de Manaus e elevação nas
demais regiões. No Brasil como um todo, o emprego e o número de
estabelecimentos encontram-se estagnados desde 2004, período coincidente
com a elevação das importações de bicicletas e bicipeças.
. Do mesmo modo que na indústria de transformação, o grau de escolaridade
dos funcionários do setor de bicicletas elevou-se entre 1998 e 2006. A
evolução no grau de escolaridade da mão-de-obra permite às empresas à
elevação da produtividade, com a implantação de programas destinados à
melhoria da gestão e de processos de produção com equipamentos modernos.
No entanto, a redução do número de trabalhadores no setor de bicicletas com
nível superior pode configurar-se em um gargalo à inovação de produtos.
. Os indicadores econômico-financeiros FIESP/SERASA do setor de bicicletas
mostraram pequena rentabilidade das empresas quando comparadas a outras
opções de aplicações e à média da indústria de transformação, reflexo do
recrudescimento das vendas, que reduziu também a capacidade de gerar
caixa. Apesar disso, há condições satisfatórias ao pagamento das dívidas e
uma tendência similar à da indústria de transformação de reduzir a participação
de recursos onerosos de curto prazo no total do endividamento.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
v
. Pelo lado dos investimentos, os indicadores FIESP-SERASA apresentam
redução na obsolescência do imobilizado, esses investimentos podem ter
elevado a relação entre o patrimônio líquido e o ativo permanente, refletindo na
redução da liberdade financeira do setor. Os dados da PIA também
apresentam crescimento na Formação Bruta de Capital Fixo do Setor, o qual
foi, relativamente, maior que o apresentado pela Indústria de Transformação.
. Diante do crescimento das importações de componentes, que ameaçam uma
parte do setor, e do crescimento da informalidade, que emperram o
desenvolvimento das empresas, este estudo propõe medidas para elevar a
competitividade internacional e a consolidação da cadeia produtiva.
1) A utilização de instrumentos de Defesa Comercial que contemple os
produtos do mais afetados pelas importações. Esses instrumentos deverão ser
empregados após análise do DEREX/FIESP, a qual deverá avaliar as possíveis
turbulências
no
comércio
externo,
advindas
com
a
crise
financeira
internacional.
2) A redução da alíquota de IPI incidente sobre bicicletas e bicipeças, que
objetiva elevar a competitividade das empresas nacionais frente aos similares
importados, além de corrigir a distorção da taxação entre as bicipeças e as
autopeças;
3) A formação de Projeto de Parceria entre os empresários, SIMEFRE e
instituições de apoio às empresas (SEBRAE, IEL, SENAI), para a implantação
de Programas para a adaptação produtiva e melhoria da gestão, demandada
pelo Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes de Bicicletas
de Uso Adulto;
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
vi
4) A promoção de rodadas de negócios com empresas estrangeiras. As
empresas, associações e sindicatos patronais, com o apoio da APEX (Agência
de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil), deverão elaborar um
plano para promover rodadas de negócios com empresas estrangeiras
interessadas na importação de produtos brasileiros.
5) Participação do setor nos projetos de implantação de infraestrutura
cicloviária e de campanhas de esclarecimento e estímulo ao uso da bicicleta
como meio de transporte.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
vii
ÍNDICE DE ILUSTRAÇÕES
FIGURAS
Figura 1.1 Descrição Genérica das Partes da Bicicleta .......................................... 4
Figura 5.1 Capacidade de Circulação de Pessoas/Hora por Faixa de Trânsito 61
GRÁFICOS
Gráfico 2.1 Produção Mundial de Bicicletas e de Automóveis, 1950-2000 ......... 5
Gráfico 2.2 Evolução das Exportações – Países Selecionados, 1998-2006....... 9
Gráfico 2.3 Principais Destinos das Bicicletas Exportadas pela China, 2007 ... 10
Gráfico 2.4 Evolução das Exportações de Componentes - Países Selecionados,
1998-2006..................................................................................................................... 11
Gráfico 2.5 Distribuição das Exportações de Componentes de Bicicletas - Em
Valores Monetários, 1998-2006 ............................................................................... 12
Gráfico 2.6 Bicicletas e Componentes - Principais Exportadores Mundiais, 2006
........................................................................................................................................ 13
Gráfico 3.1 Principais Fabricantes de Bicicletas - 2006 ........................................ 19
Gráfico 3.2 Estrutura Simplificada de Custo - Fabricação de Bicicleta............... 20
Gráfico 3.3 Evolução do Consumo per capita de Bicicletas, 1991-2010............ 21
Gráfico 3.4 Elasticidade-Renda – Bicicleta ............................................................. 22
Gráfico 3.5 Evolução da População por Faixas de Renda, 2001-2012.............. 23
Gráfico 3.6 Consumo de Bicicletas no Brasil, 2006............................................... 24
Gráfico 3.7 Exportação de Bicicletas – Brasil, 2006 .............................................. 25
Gráfico 3.8 Importação de Bicicletas – Brasil, 2006 .............................................. 26
Gráfico 3.9 Origens das Importações de Bicicletas e Componentes – 2008* ... 27
Gráfico 3.10 Importações de Bicicletas e Componentes por Peso (Kg), 20022007 ............................................................................................................................... 28
Gráfico 3.11 Comércio Exterior do Setor de Bicicletas Brasileiro, 2000-2006 .. 29
Gráfico 3.12 Evolução do Preço Médio Unitário de Vendas – Países
Selecionados ................................................................................................................ 30
Gráfico 4.1 Evolução dos Estabelecimentos de Fabricantes de Bicicleta.......... 32
Gráfico 4.2 Evolução do Número de Trabalhadores, 1998-2006 ........................ 34
Gráfico 4.3 Evolução do Valor da Transformação Industrial 1998-2006............ 38
Gráfico 4.4 Evolução do VTI Médio por Empresa, 1998-2006............................. 39
Gráfico 4.5 Evolução do VBPI, 1998-2006.............................................................. 40
Gráfico 4.6 Evolução da Receita Líquida de Vendas, 1998-2006 ....................... 41
Gráfico 4.7 Evolução da Formação Bruta de Capital Fixo, 1998-2006............... 42
Gráfico 4.8 Composição dos Investimentos Realizados pelo Setor de Bicicletas,
1998-2006 ..................................................................................................................... 43
Gráfico 4.9 Evolução do Investimento por Empresa, 1998-2006. ....................... 44
Gráfico 4.10 Evolução do Gasto Médio com Pessoal, 1998-2006 ...................... 45
Gráfico 4.11 Evolução do Salário Médio Mensal, 1998-2006 .............................. 46
Gráfico 4.12 Evolução do Gasto Médio, Gasto Médio e PO do Setor de
Bicicletas ....................................................................................................................... 47
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
i
Gráfico 4.13 Evolução da Produtividade do Trabalho, 1998-2006...................... 48
Gráfico 4.14 Evolução do Custo das Operações Industriais, 1998-2006........... 49
Gráfico 4.15 Margem Bruta versus Gasto Médio com Pessoal ........................... 50
QUADROS
Quadro 5-1 Fatores que Influenciam o Uso de Transportes Não-Motorizado... 60
Quadro 5-2 IPI Incidente na Fabricação de Bicicletas e Componentes ............. 64
TABELAS
Tabela 2.1 Produção de Bicicletas – Países Selecionados, 2000-2007 .............. 6
Tabela 2.2 Consumo Mundial de Bicicletas, 2007 ................................................... 7
Tabela 2.3 Exportação de Bicicletas em Quantidade – Países Selecionados,
2000/07............................................................................................................................ 8
Tabela 2.4 Exportação de Bicicletas - Participação em Valores Monetários....... 9
Tabela 2.5 Importação de Bicicletas – Países Selecionados, 2000-2007 ......... 14
Tabela 4.1 Estabelecimentos - Indústria de Transformação, 1998-2006........... 32
Tabela 4.2 Estabelecimentos – Fabricantes de Bicicleta, 1998-2006 ................ 33
Tabela 4.3 Distribuição do Número de Trabalhadores por Regiões, 1998 e 2006
........................................................................................................................................ 35
Tabela 4.4 Evolução do Grau de Escolaridade, 1998 e 2006.............................. 36
Tabela 4.5 Evolução do Pessoal Ocupado – PO ................................................... 44
Tabela 4.6 Compras de Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e Componentes.
........................................................................................................................................ 49
Tabela 4.7 Rentabilidade de Investimentos Alternativos ...................................... 51
Tabela 5.1 Simulação da Evolução das Vendas de Bicicletas com Redução do
IPI ................................................................................................................................... 64
Tabela 5.2 Cronograma da Certificação de Componentes e da Bicicleta de Uso
Adulto............................................................................................................................. 67
Tabela 5.3 Créditos de PIS/COFINS - Lei 11.774, de 17 de Setembro de 2008
........................................................................................................................................ 72
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
ii
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO ........................................................................................................................................1
1. DESCRIÇÃO TÉCNICA E SEGMENTAÇÃO DE MERCADO...................................................................3
2. O SETOR DE BICICLETAS NO MUNDO .................................................................................................5
2.1.
Produção ................................................................................................................................................... 5
2.2.
Consumo ................................................................................................................................................... 6
2.3.
Comércio Internacional............................................................................................................................. 7
2.3.1.
Exportação ........................................................................................................................................... 7
2.3.2.
Importação ......................................................................................................................................... 13
2.4.
Dinâmica Tecnológica ............................................................................................................................ 14
3. ESTRUTURA DO SETOR DE BICICLETAS NO BRASIL.......................................................................17
3.1.
Produção ................................................................................................................................................. 17
3.1.1.
Breve Histórico.................................................................................................................................. 17
3.1.2.
Composição do Custo de Produção ................................................................................................... 19
3.2.
Consumo ................................................................................................................................................. 20
3.2.1.
Consumo Aparente e Informalidade .................................................................................................. 24
3.3.
Comércio Exterior................................................................................................................................... 25
4. DESEMPENHO DO SETOR DE BICICLETAS NO BRASIL ...................................................................31
4.1.
Evolução e Características dos Estabelecimentos e do Emprego (RAIS/MTE) ...................................... 31
4.1.1.
Estabelecimentos ............................................................................................................................... 31
4.1.2.
Emprego ............................................................................................................................................ 33
4.1.3.
Grau de Escolaridade da Força de Trabalho ...................................................................................... 36
4.2.
Indicadores do Setor de Bicicletas, PIA-IBGE ....................................................................................... 37
4.2.1.
Valor da Transformação Industrial - VTI .......................................................................................... 37
4.2.2.
Valor da Transformação Industrial por Empresa ............................................................................... 38
4.2.3.
Valor Bruto da Produção Industrial - VBPI....................................................................................... 39
4.2.4.
Receita Líquida de Vendas ................................................................................................................ 40
4.2.5.
Formação Bruta de Capital Fixo - FBCF ........................................................................................... 41
4.2.6.
Pessoal Ocupado – PO....................................................................................................................... 44
4.2.7.
Gastos com Pessoal............................................................................................................................ 45
4.2.8.
Produtividade do Trabalho................................................................................................................. 47
4.2.9.
Custo das Operações Industriais - COI .............................................................................................. 48
4.2.10.
Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e Componentes................................................................ 49
4.2.11.
Margem Bruta da Atividade ......................................................................................................... 50
4.3.
Desempenho Econômico-Financeiro – FIESP/SERASA........................................................................ 50
4.3.1.
Situação Econômica........................................................................................................................... 51
4.3.2.
Situação Financeira............................................................................................................................ 52
5. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS ..............................................................................................................54
5.1.
Instrumentos de Defesa Comercial ......................................................................................................... 56
5.1.1.
Tarifa Externa Comum - TEC............................................................................................................ 57
5.1.2.
Salvaguardas...................................................................................................................................... 57
5.1.3.
Direitos Antidumpings ....................................................................................................................... 58
5.1.4.
Valoração Aduaneira ......................................................................................................................... 59
5.2.
Proposta de Redução do IPI .................................................................................................................... 60
5.2.1.
IPI na Fabricação de Bicicletas e Componentes ................................................................................ 62
5.2.2.
Formalização da Proposta de Redução do IPI.................................................................................... 65
5.3.
Metrologia/Certificação .......................................................................................................................... 66
5.3.1.
Programas para Adaptação à Certificação ......................................................................................... 67
5.3.1.1
Programa Bônus Metrologia – SEBRAE/REMESP ......................................................... 67
5.3.1.2
Programa Bônus Certificação – SEBRAE/INMETRO ..................................................... 68
5.3.1.3
Programa Ferramentas de Gestão Avançada - SEBRAE .............................................. 69
5.3.1.4
Programa Qualidade Total – SEBRAE-SP. ...................................................................... 70
5.3.1.5
Revitaliza (BNDES).............................................................................................................. 70
5.3.2.
Fortalecimento da Cadeia de Suprimentos......................................................................................... 71
5.3.3.
Inovação Tecnológica ........................................................................................................................ 74
5.4.
Estímulo às Exportações ......................................................................................................................... 76
5.4.1.
Proex.................................................................................................................................................. 76
5.4.2.
Drawback Verde-Amarelo ................................................................................................................. 77
5.4.3.
Exim .................................................................................................................................................. 77
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
iii
5.4.4.
APEX................................................................................................................................................. 78
FONTES .....................................................................................................................................................79
ANEXOS .....................................................................................................................................................81
A.1 Indicadores Econômico-Financeiros - SERASA/FIESP .................................................................................. 81
Tabela A.1.1 Fabricação de Bicicletas e Triciclos Não-Motorizados, 2004-07................................................. 81
Tabela A.1.2 Brasil - Grandes Empresas, 2004-07............................................................................................ 82
Tabela A.1.4 Brasil - Pequenas Empresas, 2004-07 .......................................................................................... 84
A.2. Tabulação da Pesquisa – Tópicos Selecionados.............................................................................................. 85
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
iv
APRESENTAÇÃO
Este relatório analisa o setor de bicicletas e oferece propostas para a melhoria
da competitividade do setor. O estudo baseia-se em informações provenientes
de fontes oficiais, como a Pesquisa Industrial Anual (PIA/IBGE), a Relação
Anual de Informações Sociais (RAIS/ MTE), o sistema de Análise das
Informações de Comércio Exterior (ALICE/ MDIC) e o Commodity Trade
Statistics Database (COMTRADE/ONU).
As atividades do setor de bicicletas são classificadas conforme a CNAE 3592,
que não só reúne a fabricação de bicicletas e triciclos não-motorizados; de
cadeiras de rodas e de outros veículos para deficientes, com ou sem motor, e
de peças e acessórios para bicicletas, como exclui as atividades de reparação
e manutenção de bicicletas e triciclos não-motorizados. Além das atividades
classificadas na CNAE 3592, as câmaras e os pneus de bicicletas (CNAE
2511) também serão estudados neste relatório.
Os fabricantes de bicipeças podem ser dedicados ao setor de bicicletas ou
produzirem produtos para múltiplos setores. Quando a empresa fabrica
produtos
para
vários
setores,
suas
informações
não
se
encontram
classificadas, necessariamente, na CNAE 3592, o que dificulta a análise
pormenorizada e o dimensionamento dos fabricantes de bicipeças, tanto na
PIA como na RAIS.
O relatório não tem a pretensão de esgotar o assunto, o intuito é o de
apresentar o setor de bicicletas no Brasil e no mundo, ao traçar o panorama
internacional para avaliar os efeitos da elevação das importações sobre a
indústria nacional.
O estudo compõe-se de cinco seções: a primeira apresenta tanto a descrição
da bicicleta, e a segmentação do mercado brasileiro. A segunda situa o setor
de bicicletas no mundo, ao caracterizar a oferta, a demanda, o comércio
internacional e a dinâmica tecnológica. Na terceira, a estrutura do setor de
bicicletas no Brasil é delineada, com análise da produção, do consumo e do
comércio exterior. A quarta, além de traçar a evolução dos indicadores do setor
de bicicletas entre 1998 e 2006, como a produtividade, o emprego e as vendas,
avalia o desempenho econômico-financeiro. A última seção dedica-se ao
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
1
diagnóstico setorial e à sistematização dos instrumentos de política industrial
para atendimento às demandas do setor.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
2
1. DESCRIÇÃO TÉCNICA E SEGMENTAÇÃO DE
MERCADO
A bicicleta é fabricada da montagem de peças, partes e componentes
(bicipeças) ao quadro1. Dessa forma, duas importantes barreiras à entrada de
novos fabricantes estão na disponibilidade e nos preços das bicipeças, uma
vez que a mão-de-obra necessária para a montagem final do produto não
demanda especialização técnica tão apurada.
A Figura 1.1 descreve, genericamente, a bicicleta e suas peças. Destacam-se
como importantes componentes da bicicleta: o conjunto de quadro e garfo; o
conjunto de direção (guidão e suporte de guidão); o conjunto de freios e
maçanetas de freio; o aro; o pneu de borracha; a câmara de ar; a cordoalha de
fios de aço; o raio; o niple; o freio; o pedal e a pedivela. Cada um desses
componentes pode ser produzido por uma ou mais unidades produtivas. Os
fabricantes de componentes, juntamente com as montadoras, compõem a
cadeia produtiva do setor de bicicletas.
Segundo
a
Associação
Brasileira
dos
Fabricantes
de
Motocicletas,
Ciclomotores, Motonetas, Bicicletas e Similares (ABRACICLO), a bicicleta tem
seu mercado segmentado em produtos fabricados com câmbio e sem câmbio.
O mercado brasileiro mantém certo equilíbrio entre esses dois segmentos, com
ligeira vantagem para as bicicletas fabricadas sem câmbio, cuja participação
nas vendas foi de, aproximadamente, 55% em 2007.
No Brasil, o mercado de bicicletas também pode ser segmentado conforme o
uso do produto, em:
produtos destinados ao transporte, com 50% de participação;
produtos direcionados ao público infantil, com 32% de participação;
produtos destinados à recreação e ao lazer, com 17% de participação; e
produtos destinados aos esportes (competições), com 1% de participação.
1 Armação tubular com função similar ao chassi nos automóveis, que pode variar em seu
formato e no material utilizado para fabricação. Apesar do ingresso de novos materiais, o aço
ainda predomina como principal matéria-prima.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
3
Figura 1.1 Descrição Genérica das Partes da Bicicleta
Partes de uma Bicicleta
1. Quadro
2. Garfo dianteiro
3. Movimento de direção
4. Guidão
5. Suporte de guidão
6. Pedivela
7. Movimento central
8. Pedais
9. Freios (dianteiro/traseiro)
10. Pneus
11. Aros
12. Selim
13. Alavancas de câmbio
14. Descarrilhador dianteiro
15. Descarrilhador traseiro
16. Protetor de câmbio
17. Protetor de raios
18. Porca da abraçadeira do selim
19. Alavanca de freio
20. Canote do selim
21. Corrente
22. Rodas dentadas
23. Blocagem rápida da roda
A ilustração acima possui caráter, exclusivamente, demonstrativo.
Os componentes mencionados não são comuns a todos os modelos de bicicletas.
Fonte: Extraído do site corporativo da Monark.
A bicicleta também pode ser classificada em seis tipos básicos: (i) bicicleta
urbana, voltada para o conforto e à estabilidade; (ii) mountain bike, que pode
ser subdividida em rígida, hard tail, e full suspension; (iii) road bike ou
estradeira, específicas para uso em asfalto; (iv) cross e afins: direcionadas ao
público infanto-juvenil; (v) infantil: projetadas para as crianças, em que a
qualidade e a segurança devem estar aliadas à facilidade de uso; (vi)
profissionais, que são destinadas às competições esportivas. Além disso, há,
ainda, outros tipos mais específicos de bicicleta.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
4
2. O SETOR DE BICICLETAS NO MUNDO
Até o início da década de 1970, as produções mundiais de bicicletas e
de automóveis cresceram a taxas muito similares (Gráfico 2.1). Todavia, a
partir da década seguinte, a fabricação de bicicletas desenvolveu-se
aceleradamente, momento em que a indústria chinesa desempenhou papel
fundamental nessa nova dinâmica, ao elevar, substancialmente, a oferta.
Gráfico 2.1 Produção Mundial de Bicicletas e de Automóveis, 1950-2000
Em Milhões de Unidades
120
100
Bicicletas
80
60
40
20
Automóveis
0
1950
1955
1960
1965
1970
1975
1980
1985
1990
1995
2000
Fonte: Earth Policy Institute. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
2.1. Produção
Em 2008, a produção mundial de bicicletas foi estimada em mais de 120
milhões de unidades. Embora existam muitos países fabricantes de bicicletas,
a maior parcela da produção mundial vem da Ásia, especialmente da China
(Tabela 2.1).
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
5
As bicicletas de maior valor unitário são elaboradas tanto nos países
desenvolvidos (Alemanha, Estados Unidos, França, Japão e Itália), como
também em países em desenvolvimento (China).
Tabela 2.1 Produção de Bicicletas – Países Selecionados, 2000-2007
Em Milhões de Unidades
Crescimento
Médio anual
China
52,2 51,2 63,0 73,0 73,0 80,7 84,9 87,0
7,6%
Índia
11,0 11,9 11,9
n.d.
n.d
n.d 10,0
n.d.
n.d.
Brasil
4,3
4,6
4,5
4,3
4,5
4,3
5,0
5,5
3,6%
Taiwan
8,0
5,0
4,4
4,3
4,4
4,7
4,3
4,9
-6,8%
Itália
3,2
2,7
2,4
2,6
2,6
2,5
2,5
3,5
1,3%
Alemanha
3,3
3,0
3,1
3,2
2,9
2,9
2,0
2,4
-4,4%
Japão
4,7
4,2
3,1
2,5
2,5
1,9
1,4
1,1
-18,7%
França
1,9
1,6
1,4
1,5
1,7
1,6
1,3
1,1
-7,5%
Estados Unidos
0,9
0,9
0,4
0,3
0,3
0,2
0,3
0,3
-14,5%
Fonte: ABRACICLO, Earth Policy Institute; NBDA. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
A China apresentou crescimento médio da produção de bicicletas, entre 2000 e
2007, de 7,6% a.a., consolidando sua posição de grande fabricante. Entre os
principais produtores mundiais, apenas o Brasil, a China e a Itália
apresentaram evolução positiva. O Japão e os Estados Unidos, que
apresentaram redução da produção interna, são grandes consumidores de
bicicletas e tiveram seus mercados supridos, principalmente, por importações.
2.2. Consumo
Além de grande produtora, a China também figura como a principal
consumidora de bicicleta, com 23% de participação em 2007. Nesse país, a
difusão do uso de bicicleta ganhou força após a tomada do poder pelo Partido
Comunista em 1949. Naquela época, os fabricantes locais eram pequenos e
produziam
cópias
de
modelos
europeus.
Devido
aos
incentivos
governamentais, a bicicleta passou a ser um dos principais meios de transporte
da China. Assim, o consumo elevou-se, de modo considerável, e proporcionou
à indústria de bicicletas chinesa a escala de produção apropriada ao seu
desenvolvimento.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
6
A Tabela 2.2 apresenta os principais consumidores mundiais de bicicletas. Os
cinco principais países detêm cerca de 60% do consumo mundial. O Brasil
aparece como o quinto maior consumidor de bicicleta, o que reforça a
importância desse setor na indústria do país.
Tabela 2.2 Consumo Mundial de Bicicletas, 2007
Localização
Em Milhões de
Unidades
China
Estados Unidos
Índia
Japão
Brasil
Alemanha
Rússia
França
México
Reino Unido
Outros
Total
27,6
18,6
11,6
9,9
5,5
4,1
3,8
3,8
3,0
2,8
31,8
122,5
Participação (%)
23%
15%
10%
8%
5%
3%
3%
3%
3%
2%
25%
100%
Participação (%)
Acumulada
23%
38%
48%
56%
61%
64%
67%
70%
73%
75%
100%
-
Fonte: ABRACICLO
2.3. Comércio Internacional
2.3.1.
Exportação
A análise das exportações será efetuada com a separação do setor de
bicicletas em dois segmentos: (a) bicicletas montadas e (b) componentes.
Dessa maneira, podem-se entender como cada país está inserido no comércio
mundial, e verificar quais são as estratégias adotadas.
Os dados das exportações foram obtidas no COMTRADE/ONU, que agrega as
informações de comércio da maioria dos países, e é considerado uma das
melhores referências disponíveis para a análise do comércio mundial.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
7
a) Segmento de Bicicletas Montadas
Os principais países exportadores de bicicletas encontram-se na Ásia (Tabela
2.3). Em 2007, os cinco maiores exportadores responderam por 90% das
bicicletas comercializadas internacionalmente. A China tem posição de
primazia no comércio internacional de bicicletas, com cerca de 80% de
participação na quantidade de bicicletas transacionadas mundialmente.
Tabela 2.3 Exportação de Bicicletas em Quantidade – Países
Selecionados, 2000/07
Em Milhões de Unidades
34,57
52,12
53,94
56,49
59,74
Participação
% 2007
80,60%
Tailândia
0,31
0,82
0,97
1,64
2,13
2,87%
83,47%
Japão
0,56
1,01
1,22
1,34
2,10
2,83%
86,30%
Itália
2,56
2,08
1,80
1,66
1,71
2,30%
88,60%
Polônia
n.d.
0,95
1,07
1,05
1,03
1,40%
90,00%
Portugal
n.d.
n.d.
0,77
0,00
1,01
1,36%
91,36%
Bélgica
0,35
0,85
1,30
0,87
0,96
1,30%
92,66%
País
2000
China
2004
2005
2006
2007
Participação
Acumulada
80,60%
França
0,50
0,77
0,92
0,92
0,90
1,21%
93,87%
Brasil
0,03
0,08
0,14
0,03
0,02
0,03%
93,90%
Outros
n.d.
n.d.
10,26
10,95
4,52
6,10%
100,00%
Total
n.d.
n.d.
72,39
74,95
74,12
100,00%
-
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP
O Gráfico 2.2 apresenta a evolução das exportações de bicicletas. A China
ocupou mercados antes servidos por outros países, o que demonstra que sua
estratégia é a de domínio do comércio internacional, evidenciada pelo
crescimento rápido de seu market-share que saltou de 13% em 1998, para
74% em 2006.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
8
Gráfico 2.2 Evolução das Exportações – Países Selecionados, 1998-2006.
Em unidades
100%
90%
BRASIL
60%
50%
0,1%
0,3%
0,1%
10,0%
MÉXICO
0,0%
0,1%
2,2%
0,1%
0,1%
POLÔNIA
5,5%
40%
4,9%
30%
24,0%
74,3%
ESPANHA
ALEMANHA
ITÁLIA
20%
10%
0,0%
2,2%
80%
70%
0,2%
CHINA
13,3%
0%
1998
1999
2000
2001
Tailândia
2002
2003
2004
Japão
Malásia
2005
2006
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP
Ao se analisar as exportações de bicicletas montadas em termos monetários,
as exportações chinesas, em 2007, responderam por 49% do valor
transacionado internacionalmente (Tabela 2.4). Apesar disso, diversos países
europeus despontaram como grandes exportadores, mesmo que em volumes
físicos, suas exportações sejam pequenas. Pressupõe-se que as economias
européias estejam inseridas no comércio mundial de bicicletas com produtos
de maior valor agregado.
Tabela 2.4 Exportação de Bicicletas - Participação em Valores Monetários
Em Milhões de US$
1998
China
Holanda
Alemanha
Bélgica
Itália
Portugal
França
Brasil
Outros
Total
615,03
161,51
67,92
86,91
215,24
20,79
60,56
1,49
664,79
1.894,23
2000
1.046,83
156,60
48,37
61,01
165,78
20,95
72,18
0,94
776,96
2.349,62
2004
1.649,34
281,11
121,34
149,30
182,27
61,48
111,68
1,61
1.070,05
3.628,18
2006
1.895,11
321,82
168,41
158,95
174,32
89,93
134,71
1,10
1.066,55
4.010,89
2007
2.176,82
349,97
231,65
190,14
187,05
157,40
150,44
0,70
997,05
4.441,22
Part.%
2007
49,01%
7,88%
5,22%
4,28%
4,21%
3,54%
3,39%
0,02%
22,45%
100,00%
Partic.
acumulada
49,01%
56,89%
62,11%
66,39%
70,60%
74,14%
77,53%
77,55%
100,00%
-
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
9
Em 2007, os EUA, o Japão e a Rússia adquiriram cerca de 50% das bicicletas
vendidas pela China (Gráfico 2.3). O Brasil, apesar de ser um grande
consumidor de bicicletas, não é um grande comprador externo, pois tem seu
mercado suprido, quase que integralmente, por fabricantes locais.
Gráfico 2.3 Principais Destinos das Bicicletas Exportadas pela China,
2007
Participação em quantidades comercializadas
Brasil
0,1%
Canadá
1,5%
Chile
1,6%
Ucrânia
1,6%
Irã
1,9%
Hong Kong
1,9%
Austrália
2,2%
Em. Árabes
2,7%
Malásia
2,8%
Coréia do Sul
Indonésia
Rússia
4,1%
4,4%
5,8%
14,6%
Japão
EUA
0,0%
30,5%
5,0%
10,0%
15,0%
20,0%
25,0%
30,0%
35,0%
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP
Entre os importadores de bicicletas chinesas, o Brasil ocupa a 62ª posição. No
entanto, em 2009, caso se configure um quadro recessivo entre os principais
compradores de bicicletas chinesas: EUA, Japão, Rússia, poderá ocorrer uma
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
10
pressão dos fabricantes chineses sobre o mercado de outros, para compensar
a redução de suas vendas nos mercados mais tradicionais.
b) Segmento de Componentes2 de Bicicletas
A liderança chinesa também se manifesta no segmento de componentes. Do
mesmo modo que no segmento de bicicletas montadas, a posição de liderança
da China é mais pronunciada em termos físicos do que em valores monetários
(Gráficos 2.4 e 2.5).
A estratégia da China de domínio do comércio internacional de componentes é
evidenciada no Gráfico 2.4. A participação da China nas exportações de
componentes saltou de 14,1% em 1998, para 53,7% em 2006. O Brasil
apresenta reduzida participação nas exportações de componentes, que
diminuiu ainda mais no período analisado, ao passar de 0,5% em 1998, para
0,3% em 2006.
Gráfico 2.4 Evolução das Exportações de Componentes - Países
Selecionados, 1998-2006.
Participação em Peso (kg)
100%
0,2%
90% 0,5%
BRASIL
0,5%
0,4%
80%
0,2%
0,5%
0,5%
0,4%
0,3%
70%
60%
12,4%
50%
72,8%
40% 14,9%
ÍNDIA
30%
53,7%
20%
CHINA
34,1%
10%
0%
1998
11,7%
1999
Cingapura
2000
Indonésia
2001
Tailândia
2002
Alemanha
2003
Itália
2004
Japão
2005
2006
Estados Unidos
Fonte: CONTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
2 Correspondentes aos seguintes produtos descritos no International Trade Statistics - HS
1996: 401150; 401320; 871491; 871492; 871493; 871494; 871495; 871496 e 871499. Nos
quais, estão incluídas tanto as partes e peças de bicicletas: quadros; garfos; aros; raios; roda
livro; pinhões; cubos de roda; reio e suas partes; selins; pedal, dentre outras, como os pneus e
as câmaras de ar.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
11
O Gráfico 2.5 apresenta a evolução da participação, em termos monetários,
dos países exportadores de componentes de bicicletas. A China possui a maior
participação no comércio internacional, no entanto, a penetração de
componentes chineses não é tão contundente, em termos monetários, como
em quantum. Por exemplo, a Itália e o Japão estão inseridos nesse segmento
com produtos de maior valor agregado, os quais são protegidos por marcas e
patentes e dispõem de conteúdo tecnológico mais elevado, como: os câmbios
de bicicleta da japonesa Shimano e da italiana Compagnolo.
Gráfico 2.5 Distribuição das Exportações de Componentes de Bicicletas Em Valores Monetários, 1998-2006
Participação em US$
80%
0,2%
70%
3,4%
3,3%
60%
4,8%
4,4%
BRASIL
0,2%
0,2%
0,2%
0,1%
0,2%
0,2%
3,3%
3,9%
4,6%
4,7%
5,0%
5,4%
50%
40%
30%
0,1%
0,2%
7,7%
8,1%
9,2%
9,8%
10,2%
11,0%
20%
10%
25,3%
24,2%
0%
1998
China
1999
2000
Japão
Itália
2001
Cingapura
França
2002
Alemanha
2003
2004
Estados Unidos
2005
India
2006
Holanda
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP
c) Setor de Bicicletas e de Componentes
O Gráfico 2.6 apresenta o comércio do setor de bicicletas tomado como um
todo (bicicletas e componentes). A participação da China também apresentou
evolução positiva ao passar de 24% em 1998, para 35% em 2007. A inserção
mais pronunciada no segmento de componentes de países, como Itália e
Japão, atenua a participação da China, em termos monetários, no comércio do
setor. Porém, o forte peso que a economia chinesa possui, asseguram a
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
12
liderança. O Brasil, que tem uma pequena participação no comércio
internacional do setor de bicicletas, teve, no mesmo período, a redução de sua
inserção de 0,2% para 0,1%.
Gráfico 2.6 Bicicletas e Componentes - Principais Exportadores Mundiais,
2006
Participação em Milhões de US$
80%
BRASIL
0,2%
70% 4,8%
60%
50%
0,2%
0,1%
0,2%
0,2%
4,8%
5,4%
3,5%
4,7%
2,8%
3,7%
8,1%
4,4%
3,4%
9,3%
40% 9,8%
0,2%
3,8%
3,5%
4,3%
5,2%
5,4%
7,3%
8,1%
5,8%
8,7%
8,8%
32,7%
31,3%
4,3%
4,3%
4,3%
3,6%
4,5%
7,0%
20%
10%
28,1%
24,2%
0%
1998
1999
China
2000
Itália
Japão
2001
Holanda
0,1%
4,0%
4,0%
3,8%
3,7%
3,8%
9,2%
30% 11,0%
0,1%
0,1%
2002
Alemanha
2003
Cingapura
35,1%
2004
França
2005
2006
Estados Unidos
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração FIESP/DECOMTEC.
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
2.3.2.
Importação
Em 2007, os cinco principais importadores (Tabela 2.5) responderam 62% das
transações mundiais. Os EUA compraram 18,2 milhões de bicicletas, das
quais, 17,4 milhões vieram da China. O Brasil não se configurou como grande
importador mundial de bicicletas, embora suas compras externas tenham se
elevado a partir de 2004.
Com os primeiros sinais da crise financeira mundial, a demanda internacional
de
bicicletas
poderá
reduzir-se,
desse
modo,
conforme
mencionado
anteriormente, a China, principal exportadora mundial, poderá pressionar novos
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
13
mercado, uma vez que os principais importadores mundiais (EUA e Japão) são
os mais importantes destinos das vendas externas chinesas.
Os fabricantes de bicicletas de países em desenvolvimento, como o Brasil,
poderão enfrentar o acirramento da concorrência com a entrada de produtos
chineses. Apesar da desvalorização cambial, que dificulta a importação, os
produtores brasileiros deverão organizar-se para não lograrem perdas
importantes de mercado.
Tabela 2.5 Importação de Bicicletas – Países Selecionados, 2000-2007
Em Milhões de Unidades
Estados Unidos
Japão
Alemanha
Reino Unido
França
Malásia
Rússia
Austrália
Bélgica
Brasil
Outros
TOTAL
2000
2004
2005
2006
2007
20,47
6,23
4,69
2,57
1,58
0,33
0,16
1,11
0,58
0,18
n.d.
n.d.
18,49
9,14
4,71
4,02
2,58
0,77
1,86
1,44
1,11
0,02
n.d.
n.d.
19,80
9,14
5,67
3,34
3,24
0,92
2,23
1,30
1,79
0,04
19,97
67,45
18,21
9,34
5,80
3,69
2,84
2,28
1,68
1,42
1,45
0,05
18,81
65,57
18,23
9,60
5,62
3,88
2,63
2,30
2,29
1,65
1,47
0,09
16,70
64,48
Participação %
em 2007
28,28%
14,89%
8,72%
6,02%
4,08%
3,57%
3,55%
2,56%
2,29%
0,14%
25,91%
100,00%
Participação
Acumulada
28,28%
43,17%
51,89%
57,91%
61,99%
65,56%
69,11%
71,67%
73,96%
74,09%
100,00%
-
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
2.4. Dinâmica Tecnológica
O desenvolvimento da bicicleta foi gradual, com várias inovações que se
incorporaram no final do século XIX e configuraram o produto com o aspecto
conhecido atualmente (design padrão). Citam-se como inovações dessa época:
a transmissão por corrente; o pneu com câmara de ar (patenteado por James
Boyd Dunlop) e o pneu sem câmara (inventado por Edouard Michelin). Além
disso, outros avanços tecnológicos apareceram no mesmo período, como o
primeiro câmbio; o quadro trapezoidal, os tubos laminados e os pneus
tubulares. Essas inovações facilitaram a condução, melhoraram a segurança e
o conforto, além de difundirem e massificarem o produto.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
14
Os países europeus dominaram a produção de bicicletas até meados do século
XX. O Japão, que iniciou sua produção de bicicletas no final do século XIX, só
ganhou notoriedade mundial a partir dos anos 1980. Alguns fabricantes
japoneses como Araya, Shimano, Suntour e Tange, despontaram como
importantes fornecedores mundiais de peças de qualidade para bicicletas.
O desenvolvimento de produtos para diferentes segmentos ganhou força a
partir dos anos 1970. Em 1973, por exemplo, a Yamaha lançou um modelo de
bicicleta com aro de 20’’ e suspensão dianteira e traseira. Desde então,
surgiram
melhorias e
adaptações
que fizeram
com
que
o
produto
comercializado ficasse mais semelhante às bicicletas profissionais, cuja
utilização se dá, primordialmente, em competições esportivas.
A evolução do câmbio e a utilização de materiais mais leves e resistentes a
torções e a impactos distanciaram os modelos mais simples dos mais
elaborados, estes últimos, em virtude das novas exigências dos consumidores,
configuraram-se num dos mais rentáveis segmentos da indústria de bicicletas.
Na década de 1980, houve um grande crescimento das vendas de bicicletas
nos EUA e na Europa. Os anos 2000, por sua vez, se diferenciaram das duas
décadas anteriores, quanto aos modelos de bicicletas produzidas pela
incorporação de novos materiais e de modelos com ergonomia específica à
utilização.
Uma das inovações de produto mais recente foi introduzida por fabricantes de
bicicletas dos EUA em associação com a produtora de peças Shimano, as
quais, por meio do projeto Coasting, elaboraram pesquisas com o intuito de
elevar as vendas de bicicletas, sob a premissa de incluir novos ciclistas, para
isso, empenharam-se em descobrir o quê os potenciais consumidores dos EUA
desejavam.
O projeto Coasting começou em 2003 e contou, inicialmente com a
participação da Giant Bicycle; Raleigh Bicycles USA; Trek Bikes e da Shimano.
Em 2008, sete novos produtores de bicicletas ingressaram no projeto: Electra
Bicycle; Fuji Bikes; Jamis Bicycles; K2 Bike; Phat Cycles; Schwinn Bicycles e
Sun Cycles.
As pesquisas chegaram a um novo modelo de bicicleta de passeio, com
características simples, confortáveis e, acima de tudo, fácil de usar. Essa
bicicleta apresenta câmbio automático de três velocidades e freio acionado nos
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
15
pedais, além de não possuir cabos e acionadores aparentes. O produto visa ao
atendimento das necessidades específicas de usuários inexperientes.
Além do projeto Coasting, uma nova geometria nos quadros (Flat Foot
Technology), cuja finalidade também é a de tornar os ciclistas menos
experientes em consumidores de bicicletas, foi desenvolvida pela norteamericana Electra. Esse projeto alia ao desenho do quadro, o conforto em se
pedalar com as pernas esticadas e a praticidade nas paradas, visto que o
condutor pode apoiar-se com os dois pés ao chão. O conceito é simples, porém
inovador, ao incluir uma parcela da população que não utiliza a bicicleta por ter
receio de condução, especialmente, nas paradas.
Essas inovações incluem uma parcela de consumidores no mercado de
bicicletas, o que dissemina a utilização do produto nos mais diferentes
segmentos. O projeto Coasting, em particular, tem o mérito de reunir empresas
concorrentes na pesquisa e do desenvolvimento (P&D) do produto. A
cooperação entre esses produtores não só diminuiu os custos de P&D, como
tornou possível o aproveitamento conjunto dos resultados.
O Projeto Coasting e o Flat Foot Technology foram desenvolvidos com foco no
consumidor, efetuado por meio de pesquisas com ciclistas e potenciais
ciclistas, os quais apresentaram suas exigências e, assim, facilitaram as
pesquisas. Essa experiência pode ser replicada no Brasil, em que as
empresas, além de pesquisar os gostos do público, poderão verificar potenciais
nichos de mercados a serem explorados.
Em pesquisa realizada com empresas do setor, constatou-se que 11% das
empresas já desenvolvem programas conjuntos de P&D e 44% manifestaram
interesse em desenvolvê-los. A aproximação entre os fabricantes de bicicletas
e de componentes para a cooperação e a formação de programas conjuntos de
P&D pode ser muito importante na promoção de novos produtos, os quais
poderão tornar essas empresas mais competitivas, facilitando a entrada em
novos mercados e bloqueando o acesso de fabricantes informais e de
importações.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
16
3. ESTRUTURA DO SETOR DE BICICLETAS NO BRASIL
Segundo a Associação Brasileira dos Fabricantes, Distribuidores, Exportadores
e Importadores de Bicicletas, Peças e Acessórios (ABRADIBI), o setor de
bicicletas gera em torno de 19.650 empregos, dispostos em 124 empresas de
bicicletas e em mais de 220 fabricantes de bicipeças. Entre os fabricantes de
bicicletas, quatro são de grande porte, 20 de médio porte e 100 de pequeno
porte. Além destes fabricantes, a ABRADIBI calcula que existam cerca de
3.600 oficinas e pequenas montadoras responsáveis por mais 19.100
empregos.
3.1. Produção
3.1.1.
Breve Histórico
A produção de bicicletas, no Brasil, iniciou-se, efetivamente, na década de
1940. Nessa época, a indústria brasileira já contava com fabricantes como
Monark (que operava com a montagem de bicicletas importadas da Suécia);
Caloi e pequenos produtores, estes últimos montavam as bicicletas
empregando partes importadas.
Nos anos 1950, surgiram pequenos produtores, que, após os entraves
cambiais da década, reduziram-se consideravelmente, pois, detinham dívidas
em moeda estrangeira, que foram contraídas com a compra de insumos e
equipamentos importados. Desse modo, os fabricantes de bicicleta, no Brasil,
concentraram-se em praticamente duas empresas.
Os anos 1990 marcam a abertura do mercado brasileiro ao comércio
internacional. O setor de bicicletas começou a sofrer a concorrência de
produtos importados, notadamente no comércio de bicipeças. Os produtores de
alguns países possuíam algumas vantagens sobre os produtores nacionais,
como a maior escala de produção, que barateia o produto; os incentivos de
seus governos e a sobrevalorização da moeda brasileira, que impulsionou
ainda mais as importações e afetou o desenvolvimento do setor no Brasil.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
17
Até 1990, segundo a consultoria Lafis3, a Monark e a Caloi detinham mais de
90% do mercado nacional de bicicletas, porém, com o crescimento do número
de fabricantes de bicicletas,o market-share dessas montadoras reduziu-se para
51,4%, em 1995. Em 1998, a empresa Brasil & Movimento surgiu da fusão
entre Sundown, Magna e CR. De acordo com o estudo da Lafis, a Brasil &
Movimento, não só compartilhou o mercado nacional com as duas tradicionais
produtoras, como atingiu a liderança do mercado a partir de 2005. Em 2001, no
Piauí, a Bike do Nordeste estabeleceu-se e conquistou uma parcela do
mercado brasileiro, sobretudo, na Região Nordeste.
Em meados dos anos 2000 a produção de bicicletas ocorria em várias regiões,
notadamente nos Estados do Piauí, de São Paulo e na Zona Franca de
Manaus (ZFM). Nesses locais, concentram-se os grandes e médios produtores:
Brasil & Movimento; Caloi; Monark; Houston (Bike do Nordeste) e Prince,
dentre outros. Segundo a ABRADIBI, em 2006, os grandes fabricantes4
responderam por 45% do mercado brasileiro de bicicletas, restando aos
pequenos e médios, 55% de participação. O Gráfico 3.1 apresenta
Os pequenos produtores distribuem-se em diversos estados da federação, e
suas principais vantagens estão na proximidade com o mercado consumidor,
que propicia menores custos logísticos, além da flexibilidade da produção e da
disponibilidade de componentes, inclusive os importados. a participação dos
grandes fabricantes em função da Receita Líquida no ano de 2006.
Além dos fabricantes de bicicletas, o setor agrega, também, os produtores de
bicipeças, os quais provêm de três outros setores: metal-mecânico, plástico e
borracha. Todavia, a maioria dos fabricantes de bicipeças pertence ao setor
metal-mecânico.
Os produtores de bicipeças podem ser dedicados ao setor de bicicletas,
produzindo exclusivamente bicipeças, como podem fabricar produtos para o
atendimento a multissetores. As bicipeças podem ter como matérias-primas: o
aço (arames, fio-máquina, chapas e tubulares); o alumínio; o magnésio; o
titânio e as fibras de carbono. O aço, devido às facilidades de uso, à
3 Relatório Setorial: Brasil – Autopeças e Veículos: Bicicletas e Motocicletas, Lafis, 24/04/2008.
4 Como grandes fabricantes subentendem-se as empresas com produção acima de 400 mil
unidades anuais, enquanto as médias produzem entre 50 e 400 mil unidades anuais e os
pequenos, entre 5 e 50 mil unidades anuais.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
18
resistência, à durabilidade e ao preço mais competitivo, ainda é a matériaprima mais utilizada.
Gráfico 3.1 Principais Fabricantes de Bicicletas - 2006
Receita Líquida (2006) – R$ 586,8 milhões
Houston; 10,3%
Monark; 10,4%
CBB**; 58,0%
Caloi*; 21,3%
* Receita Líquida da Caloi São Paulo e da Caloi Norte.
** Brasil & Movimento, com a marca Sundown.
Fonte: Balanço Anual 2007 – Gazeta Mercantil in Lafis.
3.1.2.
Composição do Custo de Produção
O custo de produção da bicicleta compõe-se, basicamente, de: matériasprimas; embalagens; mão-de-obra e outros gastos (energia, transporte, etc.).
Os componentes têm o maior peso na estrutura de custo (Gráfico 3.2). Assim,
a disponibilidade e o acesso a componentes constituem-se em importantes
barreiras à entrada de novos fabricantes à indústria de bicicletas.
Como o acesso a bicipeças importadas disseminou-se nos anos 2000, além do
crescimento de micro e pequenos produtores ocorreu o avanço da
informalidade, visto que alguns fabricantes começaram a montar bicicletas,
prontamente, deixando de contribuir para a arrecadação tributária e
constituindo-se em uma concorrência desleal aos produtores formais.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
19
No Brasil, segundo o Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e
Equipamentos Ferroviários e Rodoviários (SIMEFRE), apesar de existir
equipamentos disponíveis para a produção, os seguintes componentes não são
mais fabricados: corrente de transmissão (NCM 7315.1100); roda livre (NCM
8714.9990) e câmbio (NCM 8714.9910). Isso ocorre devido ao baixo preço, que
se agrava com a desvalorização cambial e pela baixa escala frente ao
concorrente importado.
Gráfico 3.2 Estrutura Simplificada de Custo - Fabricação de Bicicleta
Outros Gastos
10%
Emabalagens
4%
Componentes
45%
Mão-de-obra
20%
Matéria-prima
21%
Fonte: Lafis
3.2. Consumo
O consumo de bicicletas distribui-se, geograficamente, da seguinte maneira:
Região Sudeste (44%); Região Nordeste (26%); Região Sul (14%); Região
Norte (8) e Região Centro-Oeste (8%). A comercialização, segundo a
ABRADIBI, é efetuada pelos grandes magazines, com 60% de participação;
pelas lojas especializadas, com 25% de participação e pelos pequenos
comerciantes, com 15% de participação.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
20
Apesar de o Brasil, ser o quinto maior mercado de bicicletas, o consumo per
capita5 encontra-se desde 1999. O Gráfico 3.3 apresenta o consumo por
habitante de bicicletas, calculado tanto pelos dados das vendas da
ABRACICLO, como pelos dados oficiais de consumo aparente6.
Gráfico 3.3 Evolução do Consumo per capita de Bicicletas, 1991-2010
0,04
PROJEÇÃO ABRACICLO
0,037
0,04
ABRACICLO
0,034
0,03
0,03
0,020
0,024
0,018
0,02
0,02
PIA/ALICE
0,015
Estimativa
0,01
0,01
0,00
1991
1994
1997
2000
2003
2006
2009
Fonte: IBGE; MDIC; ABRACICLO. Elaboração DECOMTEC/FIESP
O consumo per capita, calculado com os dados da ABRACICLO, apresentou
evolução entre 1991 e 1995, com pico em 1995. Após 1996, o consumo per
capita retrocedeu até, em 1999, atingir o mesmo patamar observado sete anos
antes.
O pico do consumo, alcançado nos primeiro anos do Plano Real, deve-se a
existência de uma demanda reprimida por anos de inflação, enquanto a
estagnação do consumo por habitante, após 1999, pode ser explicada pela
elasticidade-renda, visto que o consumo é afetado pela renda real da
população, pelo crédito e pelo preço de produtos e serviços alternativos de
transportes.
5 Consumo per capita dado pela relação entre o crescimento da produção e o da população.
6 O consumo aparente é obtido por meio da soma entre as vendas internas e a importação,
subtraindo-se as exportações. Os dados das vendas de bicicletas estão disponíveis na PIAPRODUTO/IBGE e os dados de exportações e importações no sistema ALICE/MDIC.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
21
Pelo Gráfico 3.4 observa-se que a elasticidade-renda de bicicletas entre as
famílias com renda mensal, entre R$ 600,00 e R$ 2.085,00, é de 0,45, ou seja,
a elevação de 1% nos ganhos dessas famílias, aumenta a despesa anual com
bicicleta em 0,45%. Já elasticidade-renda de bicicletas entre as famílias, com
rendimentos mensais, entre R$ 2.085,00 a R$ 8.000,00, é de -0,06, ou seja, a
elevação em 1% nos ganhos dessas famílias, reduz a despesa anual com
bicicleta em 0,06%.
Gráfico 3.4 Elasticidade-Renda – Bicicleta
30,00
Consumo Familiar Médio Anual ( R$)
Elasticidade-Renda = - 0,06
25,00
20,00
15,00
10,00
Elasticidade-Renda = 0,45
5,00
600,00
1.400,00 2.200,00 3.000,00 3.800,00 4.600,00 5.400,00 6.200,00 7.000,00 7.800,00
Rendimento Familiar Médio Mensal (R$)
Fonte: POF/IBGE (2002/03). Elaboração DECOMTEC/FIESP
Logo, as despesas com bicicletas são crescentes entre as famílias com rendas
mais baixas e, praticamente, estáveis nas famílias com rendas mais elevadas.
A elasticidade-renda explica, em parte, a relativa estagnação do consumo per
capita após 1999, período de crescimento da renda média familiar.
A estagnação do consumo per capita também pode ser explicada pela
mudança de hábitos do público infanto-juvenil, que passou a demandar
produtos substitutos à bicicleta, como jogos eletrônicos e celulares. Ademais,
as bicicletas usadas como meio de transporte enfrentam tanto a concorrência
de bens substitutos (motocicletas e transportes coletivos), como sofrem pelo
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
22
fato de haver pouca infraestrutura viária para sua utilização nas cidades
brasileiras.
No Brasil, com os programas governamentais de distribuição de renda, como o
Bolsa-Família, está ocorrendo o crescimento da renda entre as camadas
sociais mais pobres (Gráfico 3.5). Assim, desde que se sejam adotadas
estratégias adequadas, há oportunidades de elevação das vendas de bicicletas
nessas faixas de renda. Porém, no longo prazo, o setor precisará oferecer
produtos mais sofisticados, para isso, o fortalecimento da cadeia produtiva,
com programas de qualificação de fornecedores, e a realização de P&D em
conjunto, são ações importantes para a elevação da competitividade.
Gráfico 3.5 Evolução da População por Faixas de Renda, 2001-2012
Em milhões de Habitantes
210
10,1
População - por Faixa de Renda
180
150
10,0
9,2
18,5
17,2
14,4
62,7
53,4
40,2
120
90
44,3
70,6
60
30
101,8
65,9
38,1
9,1
2001
2002
2003
2004
2005
2006
2007
2008(p) 2009(p) 2010(p) 2011(p) 2012(p)
Abaixo de R$ 296,00
De R$ 296,00 a R$ 593,00
De R$ 1.482 a R$ 2.965
Acima de R$ 2.965
De R$ 593 a R$ 1.482,00
Os dados de 2008 a 2012 foram projetados (p).
Fonte: IBGE; QUADROS, W (2008). Elaboração DECOMTEC/FIESP.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
23
3.2.1.
Consumo Aparente e Informalidade
O número de fabricantes brasileiros de bicicletas elevou-se, em parte, devido à
disponibilidade de peças e de componentes. Em 2006, o consumo aparente de
bicicletas, obtido por meio da estimativa7 das vendas (PIA-Produto), somada às
importações e excluídas as exportações, foi de 3,9 milhões de bicicletas. A
diferença entre o valor encontrado nos dados da PIA e o consumo anual
expandido da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF/IBGE) foi de cerca de 2
milhões de bicicletas (Gráfico 3.5), volume que, possivelmente, está atrelado à
informalidade.
Gráfico 3.6 Consumo de Bicicletas no Brasil, 2006.
Em Milhões de Unidades
1.995.988
Infomalidade
3.893.424
Consumo Aparente
5.889.412
Consumo POF
0
1.000.000 2.000.000 3.000.000 4.000.000 5.000.000 6.000.000 7.000.000
Fonte: PIA/IBGE; POF-2003/IBGE; ALICE/MDIC. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
Conduzida por micros e pequenos estabelecimentos que utilizam componentes
importados e nacionais, a informalidade do setor de bicicletas foi estimada pela
FIESP em 34%8 do consumo. A significativa participação da informalidade
bloqueia o desenvolvimento dos produtores legalmente estabelecidos e
prejudica a arrecadação tributária do país.
7 Em 2006, da quantidade de bicicletas produzidas apresentadas na PIA-Produto, foi efetuado
um ajuste, com a inclusão dos micros estabelecimentos constantes na RAIS. Admitiu-se que a
homogeneidade da produtividade e do produto.
8 Na edição de 16/04/2008, o jornal Valor Econômico divulgou que o mercado informal de
montagem de bicicletas domina 35% das vendas.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
24
No que tange ao comércio internacional, a bicicleta, além de ter a Tarifa
Externa Comum (TEC) inferior à de automóveis de passeio9, possui
elasticidade-renda decrescente nas faixas mais elevadas de renda. Assim, há
entraves ao desenvolvimento, que estão associados à importação e à mudança
nos padrões de consumo.
3.3. Comércio Exterior
O Gráfico 3.6 apresenta os principais destinos das exportações de bicicletas
brasileiras. As vendas de 33.590 bicicletas10 geraram cerca de US$ 1,1 milhão
de receita. As exportações direcionaram-se para países da América Latina
(88%) e África (12%). O preço médio da bicicleta brasileira exportada foi de
US$ 32,88, com preços que oscilaram entre US$ 12,23 e US$ 515,00.
Gráfico 3.7 Exportação de Bicicletas – Brasil, 2006
Participação em Unidades. Total 33.590.
México
4,8%
Bolivia
1,0%
Angola
11,9%
Outros
0,3%
Paraguai
25,6%
Uruguai
16,1%
Argentina
21,1%
Chile
19,2%
Fonte: ALICE/MDIC. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
9 Os automóveis de passeio e as autopeças possuem TEC de 35% e 18%, respectivamente,
enquanto as bicicletas e as bicipeças possuem TEC de 20% e 16%, respectivamente.
10 PRODLIST 3592.0030: 33.580 bicicletas (NCM 8712.0010) e 10 bicicletas (NCM
8712.0090).
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
25
O Gráfico 3.7 apresenta as importações de bicicletas11 efetuadas pelo Brasil.
Em 2006, foram compradas 50.615 bicicletas, das quais 35.972 vieram da
China, a principal exportadora em volume para o país. Taiwan aparece como
segundo maior exportador de bicicletas para o Brasil, porém, em termos
monetários, Taiwan configura-se no principal fornecedor externo, com 54% dos
valores transacionados, seguido pela China com 36%.
A Ásia é a principal fornecedora externa de bicicletas ao Brasil, com 94% do
total transacionado, já a importação de bicicletas da América Latina foi de,
apenas, 4%. A bicicleta importada apresentou preço médio unitário de US$
80,61, com preços que oscilaram entre US$ 15,46 e US$ 817,71.
Gráfico 3.8 Importação de Bicicletas – Brasil, 2006
Participação em Unidades. Total 50.615.
Uruguai
3,1%
Paraguai Indonésia
0,9%
0,9%
Outros
Hong Kong
1,7%
1,1%
Taiwan
21,2%
China
71,1%
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
No segmento de bicipeças, a China também figura como principal fornecedora
externa (Gráfico 3.9). Somente na importação de pneumáticos de borracha que
a China perde posição para o Vietnã e a Índia, devido à medida antidumping12
adotada em relação às importações chinesas desse produto.
11 Em 2006, o Brasil importou 50.615 bicicletas, das quais: 48.706 foram do NCM 8712.0010 e
1.909, do NCM 87120090.
12 Resolução CAMEX nº 48, de 10/10/2007.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
26
Gráfico 3.9 Origens das Importações de Bicicletas e Componentes – 2008*
Em US$ de 2008
Bicicletas ou outros ciclos, sem
motor, inclusive os triciclos
Aros ou raios para bicicletas
43,7%
7,1%
8,6%
0,1%
86,5%
0,0%
0,0%
1,7%
3,2%
49,1%
Freios, cubos de freios ou suas
partes, para bicicletas
Parte, peças ou acessórios para
bicicletas ou outros ciclos, sem motor
5,7%
8,8%
0,0%
3,2%
0,2%
73,8%
3,4%
77,9%
13,1%
13,1%
Pneumáticos novos de borracha
Câmaras de ar de borracha
25,9%
41,1%
88,3%
4,6%
10,2%
0,0%
0,1%
1,4%
6,4%
22,0%
Dados de Janeiro/2008 a Agosto/2008.
Fonte: ALICE/MDIC. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
27
A adoção de direitos antidumping sobre os pneumáticos novos de borracha
originários da China provocou oscilações na importação do produto nos
períodos correspondentes à suspensão e ao restabelecimento da medida,
respectivamente. Mesmo com a aplicação de direitos antidumping, a
importação de pneumáticos elevou-se, a partir de 2006, pois novos
fornecedores internacionais elevaram suas participações, como Vietnã e Índia,
e, praticamente, compensaram as importações da China.
O Gráfico 3.10 apresenta a evolução das importações de bicicletas e de
componentes. Entre 2002 e 2007, observa-se que o câmbio valorizado
favoreceu as importações, de maneira especial, a partir de 2004.
Gráfico 3.10 Importações de Bicicletas e Componentes por Peso (Kg),
2002-2007
Base: 2002 = 100
600
500
400
300
200
100
0
2002
2003
Quadros, Garfos, Pedais, Selins
Bicicletas, Ciclos e Triciclos
Câmbio Real
2004
Aros e Raios
Pneumáticos
2005
2006
2007
Freios, Cubos e Partes
Câmaras de Pneus
Taxa de câmbio (R$/US$) – (comercial/compra/média - deflator: IPCA).
Fonte: BCB Boletim/BP; DEPEC/BCB; ALICE/MDIC. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
O principal impacto da elevação das importações de componentes manifestouse no emprego, ao transferir para o exterior a produção desses produtos.
Conforme será visto na seção 4.1.2, o emprego no setor de bicicletas
estagnou-se nos anos de crescimento das importações.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
28
De acordo com o Gráfico 3.11, de 2000 a 2006, o déficit comercial no setor de
bicicletas13 aprofundou-se a partir de 2003, quando o câmbio começou se
valorizar. As exportações recuaram e, em 2006, eram inferiores às observadas
no início da década.
Gráfico 3.11 Comércio Exterior do Setor de Bicicletas Brasileiro, 20002006
80
60,5
60
40
Em US$ milhões
20
50,6
40,0
36,1
5,4
5,1
40,6
31,2
27,6
5,4
2,9
5,7
6,3
4,4
0
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
-20
-40
-34,9
-30,7
-28,3
-22,2
,
-34,9
-44,4
-60
-56,1
-80
Exportação
Importação
Saldo
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP
As exportações brasileiras de bicicletas são muito pequenas, e apesar dos
preços médios dos produtos serem semelhantes aos praticados pela China
(Gráfico 3.12), tanto a escala, como a pauta é diferente. A China, com uma
exportação de cerca de 60 milhões de unidades, atende a um número
expressivo de países e a vários segmentos, enquanto as exportações
brasileiras dirigem-se a poucos países, com uma pauta não tão diversificada,
constituída de bicicletas mais baratas, como as infantis e os triciclos.
No Gráfico 3.12 observa-se também que a Alemanha, a França e a Itália,
praticam preços médios mais elevados. As bicicletas desses países são mais
sofisticadas e possuem como diferenciadores, além do design e da marca, a
inclusão de componentes tecnologicamente mais avançados e protegidos por
13 Os dados são referentes às commodities códigos (COMTRADE - HS 1996): 871200,
871491, 871492, 871493, 871494, 871495. 871496 e 871499.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
29
patentes industriais. Frisa-se que esses países são importadores de
componentes, que podem complementar a produção interna da bicicleta.
Gráfico 3.12 Evolução do Preço Médio Unitário de Vendas – Países
Selecionados
Em US$
180
160
155,50
145,78
143,33
140
142,09
134,50
120
145,79
101,42
100
64,66
65,67
101,42
99,09
80,01
80
138,57
104,90
101,42
87,47
65,72
60
30,28
40
20
28,23
30,61
0
2000
28,44 31,94
30,79
2001
Brasil
27,91 29,53
30,19
31,64
33,55
32,55
28,36
33,75
2002
China
14,13
19,65
2003
2004
Itália
Alemanha
32,88
15,46
2005
2006
França
Fonte: COMTRADE/ONU. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
30
4. DESEMPENHO DO SETOR DE BICICLETAS NO
BRASIL
Os tópicos anteriores apresentaram o setor de bicicletas no Brasil e no mundo.
Por meio dessa exposição, foi possível conhecer o setor de modo abrangente:
a evolução da produção; o contexto tecnológico; comércio internacional; os
principais players e suas respectivas participações na indústria.
Nos próximos tópicos, serão analisados os indicadores de emprego; o número
de empresas e o grau de alfabetização da mão-de-obra. Além disso, serão
analisados os principais indicados econômico-financeiros do setor no Brasil.
Essas variáveis serão comparadas com as observadas na indústria de
transformação. A inclusão da indústria de transformação no estudo obedece ao
interesse de oferecer referências para a interpretação da evolução do setor de
bicicletas. Desse modo, o enfoque comparativo será amplamente utilizado.
4.1. Evolução e Características dos Estabelecimentos e do
Emprego (RAIS/MTE)
Os próximos tópicos são analisados com base em dados extraídos na RAIS
(Ministério
do
Trabalho
e
Emprego).
Na
análise
diferenciam-se
estabelecimentos de empresas, pois os primeiros representam distintas
unidades produtivas, as quais podem estar integradas a uma única empresa, e
os segundos representam as empresas, as quais podem possuir mais de um
estabelecimento.
4.1.1.
Estabelecimentos
O número de estabelecimentos de fabricantes de bicicletas passou de 155 em
1998, para 173 em 2006, com concentração na Região Sudeste. O Gráfico 4.1
apresenta a configuração dos estabelecimentos. Observa-se que entre 1999 e
2003 ocorreu o crescimento do número de estabelecimentos, e, entre 2003 e
2006, ocorreu a queda no número de estabelecimentos. Em 2006, a
quantidade de estabelecimentos era a mesma de 2001.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
31
Gráfico 4.1 Evolução dos Estabelecimentos de Fabricantes de Bicicleta
195
180
165
150
135
5
23
6
19
11
8
9
7
27
26
31
110
104
108
25
21
11
18
9
9
6
2003
2004
2005
9
10
18
11
21
23
109
118
110
116
17
8
21
18
8
2001
2002
26
120
105
90
75
104
95
14
9
19
10
19
6
1998
1999
2000
60
45
30
15
0
Norte
Nordeste
Sudeste
Sul
2006
Centro-Oeste
Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
Entre 1998 e 2006, o número de estabelecimentos da indústria de
transformação cresceu 30%, enquanto o crescimento na quantidade de
fabricantes de bicicletas foi de 12% (Tabelas 4.1 e 4.2). A configuração quanto
ao porte14 apresenta-se semelhante, tanto na indústria de transformação, como
no setor de bicicletas, nos quais se verificam um grande predomínio de
microestabelecimentos.
Tabela 4.1 Estabelecimentos - Indústria de Transformação, 1998-2006
∆%
98/06
27%
%
2006
82,9%
Contrib.% à
mudança
77%
40.734
49%
13,6%
19%
8.611
32%
2,9%
3%
1.449
1.571
56%
0,5%
1%
280.618
298.619
30%
100,0%
100%
Porte
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Micro
195.032
199.426
203.660
209.459
216.035
220.091
225.168
232.769
247.703
27.404
28.775
31.074
32.190
33.326
34.095
36.971
38.412
Médio
6.548
6.636
6.982
6.962
7.186
7.287
7.894
7.988
Grande
1.004
1.011
1.082
1.120
1.181
1.233
1.404
229.988
235.848
242.798
249.731
257.728
262.706
271.437
Pequeno
Total
Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP
Os microestabelecimentos foram responsáveis por 77% do crescimento do
número de estabelecimentos na indústria de transformação. Apesar de os
fabricantes de bicicletas terem experimentado um crescimento relativamente
14 Os estabelecimentos, quanto ao porte, classificam-se em: micros (até 19 trabalhadores);
pequenos (de 20 a 99 trabalhadores); médios (de 100 a 499 trabalhadores) e grandes (acima
de 500 trabalhadores).
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
32
menor do que o da indústria de transformação, com uma variação de 12% no
período, verificou-se um aumento de estabelecimentos de pequeno porte, e
uma diminuição relativa de micros e médios estabelecimentos (Tabela 4.2). O
crescimento da quantidade de pequenos estabelecimento relaciona-se às
facilidades e à disponibilidade de componentes, os quais reduzem as barreiras
à entrada no setor.
Tabela 4.2 Estabelecimentos – Fabricantes de Bicicleta, 1998-2006
Porte
Micro
Pequena
Média
Grande
Total
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
123
23
8
1
155
115
26
8
0
149
119
33
10
0
162
123
41
9
0
173
120
44
9
0
173
134
39
8
1
182
122
42
7
1
172
127
37
7
2
173
116
50
6
1
173
Participação
%
em 2006
67,1%
28,9%
3,5%
0,6%
100,0%
∆ % 98/06
Contribuição %
à Mudança
-6%
117%
-25%
0%
12%
-39%
150%
-11%
0%
100%
Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP
4.1.2.
Emprego
O emprego cresceu tanto na indústria de transformação como na fabricação de
bicicleta, porém, de forma desigual (Gráfico 4.2). Segundo dados da RAIS, o
número de trabalhadores nas fábricas de bicicletas passou de 3.783 em 1998,
para 4.835 em 2006, enquanto na indústria de transformação, o número de
trabalhadores passou de 4.476.993 em 1998, para 6.594.783 em 2006. No
período, o aumento do emprego nas fábricas de bicicletas foi de 28%, contra
47% da indústria de transformação.
No entanto, dentro do período analisado, o emprego variou bastante na
fabricação de bicicletas, com queda em 1999, e posterior recuperação até
2001. O emprego, desde 2001, apresenta uma tendência de estagnação, com
queda no total de pessoas ocupadas em 2006, comparativamente a 2001.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
33
Gráfico 4.2 Evolução do Número de Trabalhadores, 1998-2006
Indústria de Transformação e Fabricantes de Bicicletas
Em milhares
Indústria de Transformação
Bicicletas
7.000
7
6.000
6
5.000
5
4.000
4
3.000
3
1998
1999
2000
2001
2002
Transformação
2003
2004
2005
2006
Bicicletas
Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
A Tabela 4.3 exibe a distribuição do emprego da indústria de transformação e
das empresas fabricantes de bicicletas. O setor é importante empregador em
vários estados brasileiros, notadamente, no Amazonas, Piauí, Santa Catarina e
em São Paulo. Nesses estados concentram-se os principais fabricantes de
bicicletas e de componentes.
O emprego nas fábricas de bicicletas cresceu em quase todas as regiões, a
única exceção foi a região Norte, onde o número de trabalhadores, entre 1998
e 2006, reduziu de 690, para 390.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
34
Tabela 4.3 Distribuição do Número de Trabalhadores por Regiões, 1998 e
2006
1998
Localização
Norte
Norte s/ Amazonas
Amazonas
Nordeste
Nordeste s/ Piauí
Piauí
Sudeste
2006
Bicicletas
Part. % do
Setor na
Ind.
Transf.
118.763
690
0,58%
71.253
0
0,00%
Indústria de
Transformação
Bicicletas
Part. % do
Setor na
Ind.
Transf.
Part. % na
Fabricação de
Bicicletas
231.960
390
0,17%
8,1%
129.468
2
0,00%
0,0%
Indústria de
Transformação
47.510
690
1,45%
102.492
382
0,37%
7,9%
527.368
201
0,04%
848.777
894
0,11%
18,5%
512.011
201
0,04%
826.217
232
0,03%
4,8%
15.357
0
0,00%
22.560
662
2,93%
13,7%
2.573.621
2.560
0,10%
3.509.633
2.714
0,08%
56,1%
Sudeste s/ SP
829.996
695
0,08%
1.139.659
81
0,01%
1,7%
São Paulo
1.743.625
1.865
0,11%
2.369.974
2.633
0,11%
54,5%
1.084.443
292
0,03%
1.686.547
729
0,04%
15,1%
771.313
287
0,04%
1.155.083
322
0,03%
6,7%
Sul
Sul s/ SC
Santa Catariana
Centro-Oeste
Brasil
313.130
5
0,00%
531.464
407
0,08%
8,4%
172.772
40
0,02%
317.866
108
0,03%
2,2%
4.476.967
3.783
0,08%
6.594.783
4.835
0,07%
100,0%
Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
Em 2006, na região Sudeste, as fábricas de bicicletas empregavam 0,08% da
indústria de transformação, o que equivalia a 56% de todo o pessoal ocupado
no setor. Ainda em 2006, o estado de São Paulo possuía 94 estabelecimentos,
dos quais 55 eram micros; 36, pequenos e 3, médios, e concentrava 54,5% dos
trabalhadores da atividade no Brasil.
Na Região Norte, a produção de bicicleta empregava 0,17% da indústria de
transformação local, na qual, o estado do Amazonas era o maior empregador,
com 8% da mão-de-obra do setor no Brasil, distribuídos em seis
estabelecimentos: 3 micros, 1 pequeno e 2 médios. No Nordeste, a
participação do emprego do setor equivalia a 0,11% da indústria de
transformação da região. O estado do Piauí concentrava 13,7% do emprego da
produção de bicicleta no Brasil, em dois estabelecimentos: um micro e um
grande, que respondiam por 3% do emprego da indústria de transformação do
Piauí.
A Região Sul registrou o crescimento do número de emprego, notadamente em
São Catarina, onde o pessoal ocupado do setor passou de 5 em 1998, para
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
35
407 em 2006. Santa Catarina detinha, em 2006, 8,4% do pessoal ocupado no
setor de bicicletas, participação superior ao do Amazonas.
4.1.3.
Grau de Escolaridade da Força de Trabalho
Além de verificar o total de pessoal ocupado no setor de bicicletas, é
importante analisar o grau de escolaridade dessa mão-de-obra. O grau de
escolaridade fornece informações à respeito das características da força de
trabalho das empresas produtoras de bicicletas (Tabela 4.4), e pode indicar as
possibilidades das empresas quanto à geração de novos processos ou
produtos. Em tese, quanto maior a participação de trabalhadores com nível
superior, maiores serão as chances de que ocorram inovações.
Tabela 4.4 Evolução do Grau de Escolaridade, 1998 e 2006.
Indústria de Transformação
% em
% em
1998
2006
1998
2006
Analfabeto
105.530
2,4%
65.845
1,0%
Fundamental I 2.033.981
45,4% 1.721.631
26,1%
Fundamental II 1.315.190
29,4% 1.964.498
29,8%
Médio
795.708
17,8% 2.448.075
37,1%
Superior
226.584
5,1%
394.734
6,0%
Total
4.476.993
100,0% 6.594.783
100,0%
Fonte: RAIS/MTE. Elaboração DECOMTEC/FIESP
Fabricantes de Bicicletas
% em
% em
1998
2006
1998
2006
68
1,8%
17
0,4%
1.982
52,4% 1.073
22,2%
1.013
26,8% 1.823
37,7%
568
15,0% 1.795
37,1%
152
4,0%
127
2,6%
3.783
100,0% 4.835
100,0%
Os trabalhadores com Fundamental I eram maioria, em 1998, tanto na indústria
de transformação, como na fabricação de bicicletas. Em 2006, ocorreu à
elevação da participação de trabalhadores com o ensino Médio e a redução de
Analfabetos, o que indica uma melhoria no grau de alfabetização da força de
trabalho. Na indústria de transformação, a participação de trabalhadores com o
ensino Médio completo tornou-se predominante, enquanto nas fábricas de
bicicletas, destacaram-se tanto os trabalhadores com o Fundamental II
completo, como os com o ensino Médio.
Observou-se também que, nas fábricas de bicicleta, ocorreu a redução da
participação de trabalhadores com nível superior. Entre 1998 e 2006, o número
de trabalhadores com superior passou de 152, para 127. Em 2006, na
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
36
fabricação de bicicletas, das 127 pessoas com nível superior, 83 estavam
alocadas em São Paulo; 16, em Santa Catarina; 13, no Piauí; 12, no
Amazonas; 2, no Paraná e 1, no Rio Grande do Sul.
A redução do número de trabalhadores com nível superior pode relacionar-se
tanto ao crescimento de pequenos estabelecimentos, que costumam empregar
mão-de-obra menos especializada, como ao ajustamento do quadro por parte
das grandes empresas. Porém, a menor participação de trabalhadores com
curso superior pode configurar-se em um gargalo para a realização de
inovações. Já, o crescimento de trabalhadores com o Fundamental II e Médio
completo torna factível a aplicação de cursos técnicos e de aperfeiçoamento,
que podem refletir, diretamente, na elevação da produtividade.
4.2. Indicadores do Setor de Bicicletas, PIA-IBGE
Este tópico fundamenta-se nos dados da PIA/IBGE. Os dados foram
atualizados monetariamente para o ano de 2006 e refletem a situação do setor
de bicicletas e da indústria de transformação, a qual, novamente, foi tomada
como referência para a análise.
Os dados sobre pessoal ocupado do item 4.2.6 contemplam, tanto empresas
produtoras de bicicletas, como fabricantes de bicipeças, por isso, divergem das
informações do item 4.1.2, que apresenta o emprego na fabricação de bicicleta,
além disso, os dados da RAIS são amplos, já os da PIA apresentam
informações de empresas com mais de 30 funcionários.
4.2.1.
Valor da Transformação Industrial - VTI
O Valor da Transformação Industrial é um dos principais indicadores da
indústria e, analogamente ao Produto Interno Bruto (PIB), exibe o desempenho
da indústria ou de um setor em particular, e é obtido pela diferença entre o
valor bruto da produção industrial (VBPI) e os custos das operações industriais
(COI).
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
37
A participação do setor de bicicletas na indústria de transformação reduziu-se
de 0,13% em 1998, para 0,10% em 2006 (Gráfico 4.3). Em valores atualizados
pelo IPCA-2006, o VTI da indústria de transformação passou de R$ 290,2
bilhões em 1998, para R$ 520,8 bilhões em 2006, o que representou um
crescimento de 79,5%. No mesmo período, o VTI do setor de bicicletas cresceu
43,1%, ao passar de R$ 371,4 milhões, para R$ 531,4 milhões.
Gráfico 4.3 Evolução do Valor da Transformação Industrial 1998-2006
Em Milhões R$ 2006
Bicicletas
Indústria de
Transformação
550
550.000
500
500.000
Indústria de
Transformação
450
450.000
400
400.000
350
350.000
Bicicletas
300
300.000
250
250.000
200
200.000
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
4.2.2.
Valor da Transformação Industrial por Empresa
O VTI Médio, calculado pela razão entre o VTI e o número de empresas, está
exposto no Gráfico 4.4. Entre 1998 e 2006, o desempenho do setor de
bicicletas esteve distante do alcançado pela indústria de transformação. Nesse
período, o VTI Médio do setor de bicicletas cresceu 5,4%, enquanto na
indústria de transformação, a evolução foi de 26,1%.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
38
Gráfico 4.4 Evolução do VTI Médio por Empresa, 1998-2006
Em Milhões R$ 2006
18.000
15.730
16.991
15.698
15.606
16.000
16.661
15.429
14.000
12.000
14.239
15.168
INDÚSTRIA DA TRANSFORMAÇÃO
12.378
10.000
8.842
7.074
8.000
9.322
8.936
7.300
6.211
6.000
7.422
4.572
4.000
4.607
BICICLETA
2.000
0
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
4.2.3.
Valor Bruto da Produção Industrial - VBPI
Segundo o IBGE, o Valor Bruto da Produção Industrial (VBPI) é constituído
pela da soma de vendas de produtos e serviços industriais (receita líquida
industrial) com a variação dos estoques dos produtos acabados e em
elaboração e produção própria realizada para incorporada ao ativo imobilizado.
Logo, o VBPI é um importante indicador das operações das empresas.
O VBPI do setor apresentou evolução relativamente menor do que o observado
na indústria de transformação (Gráfico 4.5). Entre 1998 e 2006, o VBPI da
indústria de transformação aumentou 89,3%, o que reflete um crescimento
anual médio de 8,3%; enquanto no setor de bicicletas, o VBPI acumulou 18,9%
de incremento, com crescimento anual médio de 2,2%. Assim, no período
analisado, as vendas do setor de bicicletas não acompanharam o ritmo das
vendas da indústria de transformação, o que será confirmado pelo
desempenho da Receita Líquida de vendas no item 4.2.4.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
39
Gráfico 4.5 Evolução do VBPI, 1998-2006
Em R$ 2006
1.300.000
1.300.000.000
1.200.000
1.200.000.000
Indústria de
Transformação
1.100.000
1.100.000.000
1.000.000
1.000.000.000
900.000
900.000.000
800.000
800.000.000
700.000
700.000.000
600.000
600.000.000
Bicicletas
500.000
500.000.000
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
4.2.4.
Receita Líquida de Vendas
Conforme mencionado anteriormente, a vendas do setor de bicicletas
apresentaram evolução abaixo da média da indústria de transformação. Esse
baixo desempenho indica que o setor enfrentou dificuldades, como a expansão
da importação de bicipeças que elevou a concorrência, tanto no setor de
componentes como na produção de bicicletas. Além disso, existe a mudança
nas preferências de uma parcela dos consumidores, especialmente entre o
público
infanto-juvenil,
que
associados
aos
parcos
investimentos
governamentais em ciclovias, dificultaram a difusão da bicicleta como meio de
transporte nas grandes cidades.
Na indústria de transformação, a evolução da receita líquida de vendas, entre
1998 e 2006, foi de 88,3%, porcentagem bem mais elevada que os 10,5%
obtidos pelo setor de bicicletas (Gráfico 4.6).
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
40
Gráfico 4.6 Evolução da Receita Líquida de Vendas, 1998-2006
Base: 1998=100
200
188
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO
180
189
186
173
160
140
132
120
156
146
110
117
100
108
80
78
77
91
78
77
60
64
BICICLETA
40
20
0
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
O baixo crescimento das vendas do setor de bicicletas compromete os
resultados das empresas, que, diante da elevação dos preços de alguns
insumos, incorrem em dificuldades no repasse dos custos de produção aos
consumidores finais. Ressalta-se que os preços das principais matérias-primas,
como o aço15 e o alumínio, apresentaram sucessivos reajustes a partir de 2003,
fenômeno associado à grande demanda internacional de commodities,
impulsionada pelo crescimento de grandes países, como a China e a Índia.
4.2.5.
Formação Bruta de Capital Fixo - FBCF
O setor de bicicletas apresentou elevação em seus investimentos, apesar de
ter apresentado resultados das vendas não tão expressivos. Entre 1998 e
15 Nos últimos quatro anos, o minério de ferro acumulou aproximadamente 268,7% de
elevação em seus preços: 65% em 2008, 9,5% em 2007, 19% em 2006 e 71,5% em 2005. O
carvão mineral apresentava relativa estabilidade em seus preços, com média de US$ 40/t,
porém, a partir de 2003 os preços do carvão aumentaram cerca de 90%. Com a elevação do
preço desses insumos, a indústria siderúrgica repassou ao preço do aço o encarecimento de
seus insumos, esse reajuste só foi possível devido à crescente demanda chinesa de produtos
siderúrgicos.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
41
2006, a Formação Bruta de Capital Fixo16 do setor cresceu 87,1%, ao passar
de R$ 17,2 milhões para R$ 32,2 milhões (Gráfico 4.7). Na indústria de
transformação, a FBCF elevou-se em 37,6%, passando de R$ 56,7 bilhões
para R$ 78,5 bilhões.
O investimento efetuado pelo setor de bicicletas, provavelmente, exigiu um
grande esforço de suas empresas, uma vez que estas não lograram
crescimento tão favorável nas receitas. O dispêndio na FBCF elevou a relação
FBCF/VTI do setor de 4,6% em 1998, para 6,1% em 2006. No mesmo período,
a razão FBCF/VTI da indústria de transformação decresceu de 19,5% para
15,0%.
90
80
Bicicletas (em R$ Milhões)
90
85,1
78,0
Indústria de Transformação
70
60
70
37,6%
56,7
60
50
50
40
87,1%
32,2
30
40
30
Bicicletas
20
10
80
20
17,2
10
0
Indústria de Transformação (em R$ Bilhões)
Gráfico 4.7 Evolução da Formação Bruta de Capital Fixo, 1998-2006
0
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
EM R$ 2006
FONTE: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
No Gráfico 4.8 são exibidas as destinações dos investimentos realizados pelas
empresas do setor entre 1998 e 2006. Mais de metade dos investimentos
foram direcionadas à compra de máquinas e equipamentos, o que, por si só,
explica à manutenção do quadro de funcionários em um patamar,
16 Total de investimentos na aquisição de terceiros, produção própria ou melhoria de terrenos
e edificações, máquinas e equipamentos, meios de transporte e outras aquisições que se
incorporem ao ativo imobilizado da empresa.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
42
relativamente, estável, contribuindo para elevação da produtividade do
trabalho.
Gráfico 4.8 Composição dos Investimentos Realizados pelo Setor de
Bicicletas, 1998-2006
Em milhões de R$
Outras
Aquisições
28%
Melhorias
1%
Terrenos e
Edificações
15%
Meios de
Transporte
4%
Máquinas e
Equipamentos
52%
Fonte PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
O investimento médio por empresa, obtido pela razão entre o total de
aquisições e o número de empresas, no setor de bicicletas foi inferior à media
da indústria de transformação no período entre 1998 e 2006. Em 1999, em
decorrência dos gastos de instalação de um novo fabricante, os investimentos
foram mais elevados, resultando em um investimento médio muito próximo à
da indústria de transformação.
O investimento por empresa no setor de bicicletas é, historicamente, menor do
que em outros setores, isso ocorre devido à própria dinâmica industrial e
características internas. No entanto, o investimento médio do setor elevou-se
em 167%, enquanto na indústria de transformação essa variação foi de 78%.
Esse aumento nos investimentos retrata uma situação de modernização das
empresas, que, conforme visto no Gráfico 4.8, elevou a aquisição de máquinas
e equipamentos.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
43
Gráfico 4.9 Evolução do Investimento por Empresa, 1998-2006.
2500
1.912
2000
1.997
2.165
1.846
1.593
1.579
1.334
1500
1.217
Indústria de
Transformação
1.215
1.181
1000
Bicicletas
545
500
380
204
0
1998
1999
199
224
176
210
2000
2001
2002
2003
242
2004
2005
2006
Valores em R$ 2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
4.2.6.
Pessoal Ocupado – PO
A Tabela 4.5 apresenta a evolução do pessoal ocupado17 no setor de bicicletas
e na indústria de transformação. Entre 1998 e 2006, o pessoal ocupado da
indústria de transformação cresceu 38,3%, enquanto no setor de bicicletas
ocorreu aumento de apenas 3,2%. No período, o emprego no setor de
bicicletas variou consideravelmente, o que refletiu nos resultados da
produtividade do trabalho.
Tabela 4.5 Evolução do Pessoal Ocupado – PO
Bicicletas
Transf.
Pessoal Ocupado
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
6.192
4.650
5.105
4.775
4.759
5.220
5.892
4.829
6.392
3.819.409 3.868.572 4.064.179 4.187.836 4.283.254 4.660.422 4.956.074 5.051.814 5.283.670
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
17 As diferenças entre as informações da RAIS com as da PIA derivam da metodologia de
cada um dos bancos de dados, enquanto na RAIS as informações são compulsoriamente
transmitidas ao Governo, na PIA, por se tratar de uma pesquisa, a amostra varia de ano a ano.
Todavia, para o cálculo da produtividade devem ser utilizados os dados de VTI e PO da PIA,
mantendo as coerências do método e do s resultados.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
44
4.2.7.
Gastos com Pessoal
O Gasto de pessoal, segundo o IBGE, reflete: as despesas com: salários,
retiradas e outras remunerações; contribuições por parte do empregador para a
previdência social, previdência privada e FGTS; indenizações trabalhistas;
dispensas incentivadas e benefícios concedidos aos empregados (auxíliorefeição, transportes, despesas médicas e hospitalares, creches, educação,
dentre outros).
O gasto médio com pessoal é obtido por meio da razão entre o gasto com
pessoal e o pessoal ocupado, e indica o valor médio despendido com cada
funcionário. O Gráfico 4.9 mostra a evolução do gasto médio com pessoal na
indústria de transformação e no setor de bicicletas.
.
Gráfico 4.10 Evolução do Gasto Médio com Pessoal, 1998-2006
35
33,5
Em Milhares de R$ 2006
33
31
33,1
30,5
29
Indústria de Trasnformação
27
25
Bicicletas
23
23,2
21
19
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
No período examinado, ocorreu redução do gasto médio na indústria de
transformação e no setor de bicicletas, com maior amplitude neste último. A
redução do gasto médio com pessoal no setor pode ter ocorrido em
decorrência da melhor gestão; da redução do salário real (Gráfico 4.11); da
automação e mecanização; dentre outros.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
45
Gráfico 4.11 Evolução do Salário Médio Mensal, 1998-2006
1.800
1.700
1.673
1.600
1.621
1.633
1.608
1.581
1.570
1.554
1.532
1.547
1.555
1.500
Indústria de
Transformação
1.400
1.325
1.300
1.257
1.200
1.288
1.144
Bicicletas
1.100
1.034
1.000
900
1998
1999
2000
2001
2002
1.056
1.029
1.005
2003
2004
2005
2006
Valores em R$ 2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
No setor de bicicletas, conforme visto no item 4.2.5, os investimentos na
Formação Bruta de Capital Fixo foram mais elevados que os da indústria de
transformação, e podem ter elevado a produtividade da mão-de-obra,
possibilitado a contratação de pessoas menos especializadas para atividades
mais simples, como as de montagem.
O Gráfico 4.12 apresenta o Gasto Médio, o Gasto Médio com Pessoal e o
Pessoal Ocupado do setor de bicicletas no período entre 1998 e 2006. Há a
redução de 27,6% nos gastos com pessoal, que explicam a queda no gasto
médio, uma vez que o pessoal ocupado cresceu apenas 3,2% no período.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
46
Gráfico 4.12 Evolução do Gasto Médio, Gasto Médio e PO do Setor de
Bicicletas
250.000
35,0
33,1
200.000
24,7
26,0
205.058
30,0
Gasto Médio
com Pessoal
26,2
21,6
23,2
21,7
20,2
150.000
25,0
19,1
20,0
132.535
100.000
114.967
127.782
125.296
102.888 105.401
Gastos com
Pessoal
Pessoal
Ocupado
50.000
6.192
4.650
5.105
4.775
4.759
5.220
148.422
92.199
15,0
10,0
5,0
5.892
4.829
6.392
0
0,0
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Valores em Milhares de R$ 2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
4.2.8.
Produtividade do Trabalho
Entre 1998 e 2006, apesar da elevação da produtividade do trabalho18, o setor
de bicicletas não atingiu os valores observados na indústria de transformação.
A produtividade do setor de bicicletas acumulou 39% de crescimento, taxa
superior aos 30% obtido pela indústria de transformação (Gráfico 4.13). O
crescimento do VTI melhorou a produtividade, em que, possivelmente, os
investimentos em automação influenciaram nessa melhor performance.
18 A produtividade do trabalho é obtida pela razão entre VTI e PO (pessoal ocupado).
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
47
Gráfico 4.13 Evolução da Produtividade do Trabalho, 1998-2006.
Milhões R$ 2006
120
100
98,8
94,4
89,1
103,7
103,1
104,4
100,2
98,6
76,0
80
81,5
Indústria de
Transformação
60
60,0
60,9
60,1
54,6
40
52,8
83,1
68,2
45,0
Bicicletas
20
0
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Em Milhares R$ 2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
4.2.9.
Custo das Operações Industriais - COI
O custo das operações industriais19 do setor de bicicletas variou durante 1998
e 2006, com crescimento elevado no ano 2000, e uma posterior redução até
2006, quando foi inferior ao apresentado em 1998. Entre 1998 e 2006, a
redução dos custos das operações industriais do setor de bicicletas foi de
2,8%, enquanto a indústria de transformação logrou crescimento em seus
custos, no mesmo período, de 97,6%. Observa-se, no Gráfico 4.14, que os
custos das operações industriais do setor caíram a partir de 2003, que pode
estar relacionado à elevação das compras de componentes mais baratos da
China, que foram favorecidas pelo câmbio valorizado. Conforme será visto no
próximo
tópico,
o
custo
das
matérias-primas,
materiais
auxiliares
e
componentes utilizados pelo setor reduziram-se no período, o que influenciou
na redução do COI.
19 De acordo com o IBGE, o custo das operações industriais reflete os custos ligados
diretamente à produção industrial: consumo de matérias-primas, materiais auxiliares e
componentes; energia elétrica; combustíveis, peças e acessórios; serviços industriais de
manutenção e reparos de máquinas e equipamentos ligados à produção prestados por
terceiros.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
48
Gráfico 4.14 Evolução do Custo das Operações Industriais, 1998-2006
750
750
695
700
687
700
718
651
650
650
637
600
550
568
500
450
412
500
452
434
424
410
414
450
400
373
400
405
350
550
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO
525
468
600
400
BICICLETA
350
348
300
300
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
2006
INDÚSTRIA DE TRANSFORMAÇÃO - VALORES EM BILHÕES DE R$ 2006
BICICLETA - VALORES EM MILHÕES DE REAIS DE R$ 2006
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
4.2.10.
Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e Componentes
A Tabela 4.6 é apresentada a evolução dos dispêndios em matérias primas,
materiais auxiliares e componentes. No período examinado ocorreu a queda
dos valores gastos com esses materiais, resultado das importações de
componentes chineses, que foram favorecidas pelo câmbio valorizado. Dessa
maneira, as montadoras devem ter substituído fornecedores internos de alguns
componentes, por outros de outros países. Esse cenário pode ter beneficiado
as
montadoras,
porém
prejudicou
alguns
fabricantes
nacionais
de
componentes.
Tabela 4.6 Compras de Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e
Componentes.
Em Milhões R$ 2006
1998
370.658
Compras de Matérias-Primas, Materiais Auxiliares e Componentes
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
379.305
570.445
376.510
389.388
415.917
384.303
346.509
2006
∆%
98/06
352.525
-4,9%
Fonte:PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
49
4.2.11.
Margem Bruta da Atividade
A margem bruta expressa, de modo sintético, a rentabilidade da atividade
(Gráfico 4.15). A margem bruta do setor de bicicletas cresceu seis vezes mais
do que a da indústria de transformação. A rentabilidade do setor elevou-se a
partir de 2003, enquanto a margem bruta da indústria de transformação
manteve-se estagnada.
A boa rentabilidade do setor deve-se à redução de seus custos de operação e
dos gastos com pessoal, associados aos investimentos em modernização.
Gráfico 4.15 Margem Bruta versus Gasto Médio com Pessoal
35,0%
35,0
37,9%
33,5
33,0
35,7%
33,1
31,0
Margem Bruta
30,5
30,0%
27,7%
25,0%
33,0%
29,3%
23,9%
28,9%
28,4%
23,8%
28,7%
29,0
28,1% 27,0
25,0
27,8%
28,8%
23,2
21,0%
20,0%
23,0
21,0
Gasto Médio Anual
(em milhares R$ 2006)
40,0%
19,0
18,2%
19,3%
17,6%
15,0%
1998
1999
2000
17,0
18,1%
15,0
2001
2002
2003
2004
2005
2006
Bicicletas - Margem Bruta
Ind. Transf. - Margem Bruta
Bicicletas - Gasto Médio de Pessoal
Ind. Transf. - Gasto Médio de Pessoal
Fonte: PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
4.3. Desempenho Econômico-Financeiro – FIESP/SERASA
As
informações
deste
tópico
são
resultado
da
análise
dos
dados
FIESP/SERASA. É importante salientar que o período analisado difere-se do
estudado no tópico 4.2, assim algumas informações que, em principio, podem
parecer contraditórias, são na verdade dados mais pontuais, que expõe um
cenário mais recente do setor.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
50
4.3.1.
Situação Econômica
Os indicadores econômico-financeiros FIESP/SERASA20 apontaram queda na
rentabilidade do setor de bicicletas entre 2004 e 2007. Esse cenário foi
evidenciado pela evolução nominal das vendas, que decresceu no período,
pela redução da geração de lucro líquido, notadamente no biênio 2006-2007.
Não há informações da rentabilidade patrimonial nos anos de 2004 e 2005. Em
2006, observou-se rentabilidade patrimonial nula que pode ter gerado perdas
aos acionistas das empresas do setor.
Conforme exposto na Tabela 4.7, em 2007, a rentabilidade patrimonial das
empresas do setor de bicicletas configurou-se mais elevada do que a de
algumas aplicações financeiras, e esteve acima da rentabilidade das pequenas
e médias empresas da indústria de transformação. Apesar disso, o resultado
do setor de bicicletas não se configurou totalmente satisfatório, pois em outros
indicadores, como o que mede a evolução das vendas, da margem líquida e da
rentabilidade do ativo, os resultados estiveram aquém dos alcançados pela
indústria de transformação.
Tabela 4.7 Rentabilidade de Investimentos Alternativos
2004
2005
15,6% 18,7%
Renda Fixa
16,0% 19,1%
Referencial DI
17,9% 19,3%
Multimercados com RV
n.d.
n.d.
Rent. Patrimonial - Setor de Bicicletas
4,0%
3,0%
Rent. Patrimonial - Ind. Transformação - Grandes
14,0% 12,0%
Rent. Patrimonial - Ind. Transformação - Médias
Rent. Patrimonial - Ind. Transformação - Pequenas 19,0% 17,0%
Fonte: ANBID; FIESP/SERASA. Elaboração DECOMTEC/FIESP
2006
15,4%
15,0%
21,6%
0,0%
18,0%
11,0%
9,0%
2007
12,3%
11,8%
13,6%
16,0%
18,0%
12,0%
13,0%
Na categoria da gestão do capital de giro, apesar de o setor possuir recursos
suficientes para arcar com seus compromissos, a capacidade de gerar caixa
reduziu-se sensivelmente. A margem EBITDA apresentou certa estabilidade
entre 2004 e 2007, em patamares similares aos apresentados pela indústria de
transformação. O desempenho do setor sugere a existência de condições
satisfatórias ao pagamento de dívidas. Ao mesmo tempo, as despesas
20 Os indicadores FIESP/SERASA utilizados na análise deste tópico encontram-se nos Anexos
deste relatório.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
51
financeiras do setor reduziram-se comparativamente ao seu EBITDA, mas são
superiores à relação despesa financeira/EBITDA das empresas da indústria de
transformação. Esse ambiente pode estar relacionado a um afastamento das
empresas dos recursos onerosos de curto prazo, ou até mesmo a obtenção de
empréstimos e financiamentos em prazos mais longos.
O setor precisa reduzir o prazo médio de recebimento de suas vendas, alongar
os prazos médios de pagamentos de suas compras e melhorar a gestão de
estoques, de modo que reduzam-se o prazo de renovação destes, pois, há
uma necessidade de capital de giro de pelo menos 97 dias, superior às
necessidades da indústria da transformação, tanto a das grandes empresas,
como das médias e pequenas.
4.3.2.
Situação Financeira
A interpretação dos indicadores sugere que a situação financeira das empresas
do setor de bicicletas modificou-se consideravelmente. Esses indicadores
apontaram para uma provável redução da liberdade financeira, isto é, pode ter
ocorrido uma diminuição do capital circulante para novos investimentos, devido
à evolução da relação entre o patrimônio liquido e o ativo permanente.
Do
mesmo
modo
que
apresentado
no
item
4.2.5,
os
indicadores
FIESP/SERASA indicam que o parque industrial modernizou-se, pois, há a
redução na obsolescência do imobilizado, que era de 61% em 2004, e passou
para 30% em 2007.
Os
investimentos
em
novas
unidades,
equipamentos,
máquinas
e
equipamentos utilizando empréstimos e financiamentos com prazos e
condições
de
financiamentos
mais
favoráveis
podem
ter
reduzido,
relativamente, à dependência das empresas em recursos onerosos de curto
prazo.
Há a elevação do endividamento, da dependência financeira e do
endividamento oneroso financiado por capital de terceiros. Notou-se que a
utilização do desconto bancário de duplicatas oscilou de ano para ano,
relacionado à procura desse recurso conforme as taxas de juros. As dívidas
bancárias reduziram vis-à-vis às despesas financeiras, uma vez que os prazos
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
52
médios, em dias de faturamento, para arcar com esses compromissos
reduziram-se de 278 dias em 2004, para 49 dias em 2007.
Na categoria liquidez, os dados disponíveis sugerem que o setor de bicicletas
dispõe de condições satisfatórias para o cumprimento de todas as obrigações,
sejam estas de curto ou de longo prazo. Em outras palavras, existem recursos
suficientes para arcar com os compromissos assumidos.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
53
5. PROPOSIÇÃO DE POLÍTICAS
Este estudo contextualizou o setor de bicicletas no Brasil e no mundo,
explicitando o comércio externo, o desempenho dos principais indicadores de
emprego, rentabilidade, custos e receitas, além de explorar quais os gargalos
que emperram o desenvolvimento.
No Brasil, por exemplo, há um esforço de alguns produtores de componentes
para se manterem no mercado, ocasionado pela elevação das importações e
pelo aumento dos preços dos insumos, além do acirramento da concorrência
com o crescimento da informalidade, que prejudica tanto os fabricantes de
bicicletas, como produtores de bicipeças.
O Brasil é um grande produtor mundial de bicicletas, mas mantém o foco de
seus negócios no mercado interno, que é, por isso, auto-suficiente. Há uma
cadeia produtiva constituída, que em parte já é exportadora, mas que sofre
com a concorrência asiática, que se elevou a partir de 2003, impulsionada pela
valorização do câmbio.
A partir de 2003, a importação de componentes, especialmente da China,
favoreceu parte dos produtores formais de bicicletas - com redução dos custos
industriais – e pode ter promovido à entrada de novos fabricantes, inclusive os
informais. Porém, as importações de componentes prejudicam algumas
empresas nacionais dedicadas à fabricação desses produtos.
O setor necessita de mecanismos de apoio para sua consolidação, que
promovam a elevação da produtividade, a fim de se torná-lo competitivo
internacionalmente; que agreguem valor ao produto e fortaleça a cadeia, para
que haja maior interação entre os fabricantes de bicicletas e os produtores
nacionais de componentes.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
54
Os principais gargalos que emperram o desenvolvimento do setor de
bicicletas e de componentes são:
1) A elevação das importações de componentes da China, que tanto
alimenta a informalidade na fabricação de bicicletas, como bloqueia o
desenvolvimento da indústria nacional de componentes.
2) Estagnação do consumo per capita de bicicletas no mercado interno
devido à mudança no padrão de consumo da população: a elevação da
renda afeta tanto o segmento de bicicletas de transporte, pois, o
consumidor, em tese, pode obter bens ou serviços substitutos à
bicicleta, tais como motocicletas ou transportes coletivos.
3) Redução do número de trabalhadores com curso superior completo, que
pode se configurar em um gargalo à inovação de produtos.
Diante desses elementos são propostas as seguintes medidas de Política
Industrial, factíveis e passíveis de consenso:
1) A utilização de instrumentos de Defesa Comercial que contemple os
produtos do setor mais afetados pelas importações. Esses instrumentos
deverão
ser
empregados
após
análise
da
área
competente,
DEREX/FIESP, e alguns deles serão especificados no tópico 5.1;
2) A redução da alíquota de IPI, que terá como principal efeito a elevação
da competitividade das empresas nacionais frente aos similares
importados. Além disso, a redução da alíquota do IPI objetiva corrigir a
distorção de taxação do setor de bicicletas, comparativamente, ao setor
automobilístico. No tópico 5.2 será apresentada a proposta de redução
do IPI, a qual será fundamentada no critério da essencialidade da
bicicleta como meio de transporte;
3) A formação de Projeto de Parceria entre os empresários, SIMEFRE e
instituições de apoio às empresas (SEBRAE, IEL, SENAI), para a
implantação de programas para a adaptação produtiva e a melhoria da
gestão das empresas, que será demandado na certificação compulsória
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
55
dos
componentes
em
virtude
do
Programa
de
Avaliação
da
Conformidade para Componentes de Bicicletas de Uso Adulto21.
4) Coordenação por associação ou sindicato patronal de um plano para a
elevação das exportações, com promoção de rodadas de negócios com
empresas estrangeiras interessadas na importação de produtos
brasileiros22. As empresas exportadoras contam com incentivos e
desonerações fiscais, como o drawback verde-amarelo; e o apoio da
Agência de Promoção de Exportações e Investimentos do Brasil (Apex
Brasil), que é responsável pela coordenação da política de promoção
comercial do governo brasileiro, conjugando a promoção de exportações
com a atração de investimentos.
5) Participação efetiva do setor nos projetos de implantação de
infraestrutura urbana destinada à utilização de bicicletas como meio de
transporte, evitando a sobreposição de ciclovias ao lado de meios de
transportes concorrentes. Isto é, deve-se interligar bairros com ciclovias,
com ligações entre ciclovias e estações de trens urbanos e de metrôs.
Estudar a viabilidade da implantação de ciclovias ao lado de marginais
de rios, aproveitando a topografia favorável. Além disso, deve-se
elaborar uma campanha de esclarecimento à população, conjuntamente
com as instituições governamentais, para estimular a utilização da
bicicleta.
5.1. Instrumentos de Defesa Comercial
Os principais instrumentos de defesa comercial disponíveis são: (i) a Tarifa
Externa Comum (TEC); (ii) as Medidas de Salvaguarda; (iii) os Direitos
Antidumping e; (iv) a Valoração Aduaneira (que deve ser adotada
simultaneamente com a aplicação de cursos de treinamento aos agentes
21 A resolução do CONMETRO nº 7, de 16/09/2008 validou a continuidade do Programa de
Avaliação da Conformidade para Componentes de Bicicletas de Uso Adulto. Assim, torna-se
importante a adoção de programas que auxiliem as empresas à adaptação da certificação
compulsória a instituída até 2011.
22 Na pesquisa realizada com o setor, 78% das empresas manifestaram interesse na
participação de rodadas de negócios com empresas estrangeiras interessadas na importação
de produtos brasileiros.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
56
alfandegários). O emprego desses instrumentos deverá ser recomendado após
a realização de estudo técnico a ser elaborado pelo DEREX/FIESP.
5.1.1.
Tarifa Externa Comum - TEC
A TEC23 fundamenta-se na Nomenclatura Comum do MERCOSUL (NCM) e
segue diretrizes aprovadas pelo Conselho do Mercado Comum (CMC), e pode
variar de 0% a 20%, em intervalos de dois pontos percentuais. Dentro desses
limites, a competência para a edição de resoluções referentes às modificações
da TEC é do Grupo do Mercado Comum (GMC), que admite, em alguns casos,
a adoção de TEC superior a 20%.
As alterações da TEC somente serão incorporadas ao acervo jurídico de cada
país duas vezes por ano: 1° de janeiro ou 1° de julho. O trâmite dos pedidos de
alteração permanente da TEC ocorre no âmbito de todos os países que
compõe o MERCOSUL. A petição inicia-se no Comitê Técnico de Tarifas,
Nomenclatura e Classificação de Mercadorias (CT.1) e prossegue para a
Comissão de Comércio do MERCOSUL (CCM), sendo finalmente encaminhada
ao Grupo do Mercado Comum (GMC), para que, em caso de aprovação, seja
publicada uma resolução estabelecendo as datas de vigência das alterações.
O exame dos pedidos de alteração de TEC é complexo e demanda certo
espaço de tempo, pois necessita de análises técnicas e consultas públicas.
Além disso, as alterações só podem ser efetuadas em uma das duas datas préestabelecidas.
5.1.2.
Salvaguardas
Na existência de prejuízo grave ou ameaça de prejuízo grave à indústria
doméstica decorrente do aumento das importações constatada em processo na
SECEX, poderá ser aplicada medida de salvaguarda, constituída de:
23
A alíquota da TEC das bicicletas é de 20%, tarifa inferior aos 35% de TEC dos veículos de
passeio. No setor de bicipeças, a TEC é de 16%, também menor que os 18% praticados na
importação de autopeças.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
57
•
Elevação do imposto de importação, por meio de adicional à TEC;
•
Restrições quantitativas.
A medida de salvaguarda terá, inicialmente, prazo de vigência de até quatro
anos, e tem como objetivo a reorganização da indústria nacional no prazo de
sua vigência.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
“a aplicação de medida de salvaguarda será precedida de investigação que
tem por objetivo determinar a existência de prejuízo grave ou ameaça de
prejuízo grave à indústria doméstica decorrente do aumento de importações e
deverá ser conduzida de acordo com as regras estabelecidas pela OMC. Tais
regras buscam garantir a oportunidade de ampla participação de todas as
partes interessadas e a transparência na condução do processo”.
Assim, em um pedido de salvaguardas todas as partes poderão manifestar-se,
com apresentação de dados e argumentação, e terão acesso às informações e
argumentações apresentadas por outras partes, desde que não revestidas de
caráter confidencial.
Segundo a SECEX, os pedidos de aplicação de medidas de salvaguarda
deverão ser formulados por escrito e instruídos com elementos suficientes de
prova, demonstrativos do aumento das importações, do prejuízo grave ou da
ameaça de prejuízo grave à indústria doméstica e da relação causal entre
ambas as circunstâncias.
Em algumas circunstâncias pode-se aplicar uma medida de salvaguarda
provisória, quando da existência de indícios suficientes de prejuízo grave ou de
ameaça de prejuízo grave, em que a morosidade do processo possa causar
danos irreversíveis à indústria nacional.
5.1.3.
Direitos Antidumpings
A imposição de direitos antidumpings à importação de algum produto tem a
finalidade de eliminar o prejuízo causado pelo dumping à indústria doméstica.
O acordo do GATT (1994) permite a imposição de direitos antidumpings a
mercadorias objeto de dumping em cota igual à diferença entre seu preço de
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
58
exportação e seu valor normal, se o dumping causar prejuízo a produtores de
países concorrentes no país importador.
A aplicação do direito antidumping é fundamentada em relatório técnico
elaborado com base em pesquisas de preços no país de origem e no de
destino, além da inclusão de um terceiro país como parâmetro. Igualmente às
solicitações de alteração na TEC ou de salvaguardas, a aplicação do direito
antidumping demanda tempo para sua efetivação.
O setor de componentes de bicicletas possui dois direitos antidumpings em
vigor:
•
Pedivela fauber monobloco para bicicletas (NCM 8714.96.00);
•
Pneumáticos novos de borracha para bicicletas (NCM 4011.50.00).
A aplicação de direitos antidumpings aos pneumáticos novos oriundos da
China ocasionou a elevação repentina das importações desse produto do
Vietnã, que deve ser investigada, pois, podem ser re-exportações de pneus
chineses.
5.1.4.
Valoração Aduaneira
A valoração aduaneira24 serve de base para a aplicação de taxas aduaneiras, e
está fundamentada em informações merceológicas prestadas pelos órgãos
representativos do setor.
Para uma melhor eficácia da Valoração Aduaneira é necessário a realização de
cursos de treinamento dos agentes aduaneiros. A finalidade é a de ajudar na
identificação dos possíveis subfaturamentos, falsificações e classificações
tarifárias indevidas, que se caracterizam como práticas ilícitas para driblar as
restrições à importação de determinado produto.
A valoração aduaneira auxilia o Governo na fiscalização das importações e no
recolhimento de tributos, como também propicia ao setor uma melhor seleção
dos produtos importados.
24
Segundo o SIMEFRE, está em andamento a elaboração da planilha com as informações
merceológicas para o setor de bicicletas.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
59
5.2. Proposta de Redução do IPI
Na proposta de redução do IPI cabe citar a relevância e a essencialidade do
produto como meio de transporte, destacando as vantagens que a bicicleta
oferece à sociedade e ao meio ambiente. Essa exposição é pertinente, pois a
legislação estabelece que o IPI deva ser um tributo seletivo, em função da
essencialidade do produto. Dessa forma, o pedido de redução do IPI deve
basear-se na Lei e observar o critério de essencialidade.
A redução do IPI poderá permitir investimentos em inovação, Tecnologia
Industrial Básica (TIB) e programas de gestão, qualidade e qualificação de
fornecedores, que são essenciais ao fortalecimento da cadeia e a elevação da
competitividade.
A bicicleta é considerada um meio de transporte transparente e invisível devido
às suas características físicas, que promovem baixo impacto ao ambiente,
utilizando pouco espaço à circulação e ao estacionamento, além de não emitir
ruídos e gases do efeito estufa.
O Quadro 5.1 apresenta os fatores que, influenciam a opção da bicicleta como
modo de transporte.
Quadro 5-1 Fatores que Influenciam o Uso de Transportes NãoMotorizado
Fatores subjetivos
•
Comprimento da viagem
•
Segurança no tráfego
•
Conveniência (conforto, confiabilidade, tempo de
viagem e facilidade de acesso)
Fatores Objetivos
a) Fatores ambientais:
•
Clima;
•
Topografia.
•
Valor atribuído ao tempo
•
Custo da viagem
•
Existência de ciclovias;
•
Valorização dos exercícios físicos
•
Existência de calçadas;
•
Circunstâncias familiares
•
Acessibilidade e
•
Hábitos cotidianos das pessoas
•
Atitudes de valores individuais
•
Aceitabilidade social
b) Infraestrutura:
continuidade das rotas;
•
Disponibilidade de
alternativas de transporte.
Fonte: FHWA (1992) apud PEZZUTO, C. C. (2002)
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
60
A bicicleta desempenha papel importante nos deslocamentos de muitas
pessoas em diversas cidades do Brasil25. Para disseminar sua utilização o
Governo tem implantado políticas públicas, como o Programa Bicicleta Brasil26,
que objetiva a integração da bicicleta aos sistemas de transportes.
A bicicleta é importante para a construção de cidades sustentáveis, já que
reduz o custo de mobilidade das pessoas e contribui para a conservação do
meio ambiente. Para maior eficiência, nas grandes cidades, é importante a
integração da bicicleta aos trens e metrôs.
A Figura 5.1 mostra que a bicicleta é um meio de transporte eficiente na
capacidade de transporte de pessoas.
Figura 5.1 Capacidade de Circulação de Pessoas/Hora por Faixa de
Trânsito
Fonte: Extraído do Caderno de Referência para Elaboração de Plano de Mobilidade por
Bicicleta nas Cidades do Ministério das Cidades.
25 Para o Ministério das Cidades, o uso da bicicleta para ida ao trabalho é mais comum nas
pequenas e médias cidades brasileiras, com destaque para as cidades com vocação industrial
na parte meridional do país, mas também no interior da Nordeste.
26 A Resolução nº 07, de 16 de junho de 2004, do ConCidades, impulsionou a criação do
Programa Nacional de Mobilidade por Bicicleta (Bicicleta Brasil), instituído pela Portaria nº 399,
de 22 de setembro de 2004. A Resolução nº 34, do ConCidades, emitiu orientações e
recomendações ao conteúdo mínimo do Plano Diretor, tendo por base o Estatuto da Cidade, e
institui em seu artigo 8º o Plano Diretor de Transporte e da Mobilidade (PlanMob), o qual deve
garantir a diversidade das modalidades de transporte, priorizando o transporte coletivo e os
modos não motorizados e valorizando o pedestre.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
61
A Secretaria Nacional de Transporte e da Mobilidade Urbana (SEMOB) tem o
objetivo de promover investimentos e debates para integração da bicicleta nos
demais sistemas de transportes coletivos. Para isso, existem três programas
que dispõem de recursos para projetos e obras de desenvolvimento cicloviário:
•
Programa de Mobilidade Urbana, que atua com o apoio a projetos de
sistemas de circulação não motorizados, com recursos do Orçamento
Geral da União (OGU);
•
Programa de Infraestrutura para Mobilidade Urbana (Pró-Mob), com
recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT);
•
Pró-Transporte para financiamento de infraestrutura para o transporte
coletivo urbano com recursos do FGTS que atende, além dos órgãos
gestores de Municípios e Estados, a empresas concessionárias.
Nos programas acima são disponibilizados recursos para desenvolvimento de
projetos e para a implantação de infraestrutura à circulação de bicicletas nos
espaços urbanos, como ciclovias, bicicletários, ciclofaixas e sinalização, que
sejam integrados, preferencialmente, ao sistema de transporte coletivo.
Segundo o Caderno de Referência para elaboração de Plano de Mobilidade por
Bicicleta nas Cidades, do Ministério das Cidades, “as bicicletas são os veículos
individuais mais utilizados no Brasil, constituindo na única alternativa ao
alcance de todas as pessoas, não importando a renda, podendo ser usadas por
aqueles que gozam de boa saúde, a partir da infância até a idade mais
avançada”.
5.2.1.
IPI na Fabricação de Bicicletas e Componentes
O Artigo nº 153 da Constituição da República Federativa do Brasil estabelece a
competência
da
União
na
instituição
de
impostos
sobre
produtos
industrializados, sendo facultado ao Poder Executivo, atendidas às condições e
limites estabelecidos em lei27, alterar suas alíquotas. Além disso, a Lei
preconiza que o imposto será seletivo, em função da essencialidade do
27 O Decreto nº 4.544, de 26 de dezembro de 2002, no Artigo nº 64, estabelece que para
atingir os objetivos da política econômica governamental, mantida a seletividade em função da
essencialidade do produto, ou, ainda, para corrigir distorções, as alíquotas do IPI poderão ser
reduzidas até zero ou majoradas até trinta unidades percentuais.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
62
produto, ou seja, o critério estabelecido à seletividade do IPI é a essencialidade
do bem. Logo, o bem considerado essencial deve ter alíquota mais baixa do
que a de outro bem considerado menos essencial. Além disso, o Governo pode
alterar a alíquotas do IPI para corrigir distorções.
A legislação tributária aponta que o critério da essencialidade dos produtos,
para os fins da seletividade do IPI, é o da importância desses produtos para a
sociedade. A bicicleta, além de ser um produto que não agride a natureza,
possui, de acordo com o Ministério das Cidades, o atributo de ser um meio de
transporte indispensável a muitas pessoas, as quais, em sua grande maioria,
não possuem condições financeiras de acessar outras formas de locomoção.
A redução da alíquota do IPI sobre a fabricação de bicicletas e de bicipeças,
além de facilitar o alcance da bicicleta à população, pode alavancar o setor,
gerando empregos ao permitir recursos para a inovação, investimentos em
Tecnologia Industrial Básica (TIB) e programas de gestão, qualidade e
qualificação de fornecedores.
O Quadro 5.2 apresenta as atuais alíquotas de IPI incidentes sobre a
fabricação de bicicletas e de bicipeças (componentes). Com exceção das
câmaras e pneus, tanto a fabricação de bicicletas como a de bicipeças
possuem alíquotas de IPI de 10%, enquanto a fabricação de autopeças possui
alíquotas que variam entre 4% e 5%, e a fabricação de automóveis de até
1.000 cm3 (NCM 8703.21.00) possui alíquota de 7%.
As bicicletas não devem ter tributação mais elevada que a dos automóveis de
até 1.000 cm3, pois a maioria das pessoas que utiliza a bicicleta como meio de
transporte, normalmente, não possui condições financeiras de comprar nem
mesmo os automóveis populares.
Do mesmo modo que a bicicleta, as bicipeças são produtos essenciais à
segurança do usuário. A redução da alíquota de IPI, além de corrigir a
distorção atual com relação às autopeças, permitirá aos usuários da bicicleta
usufruir de melhores condições de manutenção, que elevarão a segurança.
Além disso, a alteração da tributação do IPI, uma vez repassada aos preços,
permitirá às empresas a melhoria em suas vendas, possibilitando o retorno e a
escala necessária à superação dos entraves gerados pela concorrência dos
produtos importados.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
63
Quadro 5-2 IPI Incidente na Fabricação de Bicicletas e Componentes
NCM
Descrição
Alíquota de IPI
4011.50.00 Pneus novos para bicicletas
4013.20.00 Câmaras de ar de borracha
8712.00.10 Bicicletas sem motor
8712.00.90 Outros ciclos sem motor, inclusive triciclos
8714.92.00 Aros e raios para bicicletas e outros ciclos
8714.93.00 Outros cubos e pinhões de rodas livres para bicicletas, etc.
8714.93.10 Cubos, exceto freios (travões) para bicicletas e outros ciclos
8714.93.20 Pinhões de rodas livres para bicicletas e outros ciclos
8714.94.10 Cubos de freios p/bicicletas e outros ciclos
8714.94.90 Outros freios e suas partes p/bicicletas e outros ciclos
8714.91.00 Quadros, garfos e suas partes p/bicicletas e outros ciclos
8714.95.00 Selins de bicicletas e outros ciclos
8714.96.00 Pedais, pedaleiros e suas partes, para bicicletas, etc.
8714.99.10 Cambio de velocidades p/bicicletas e outros ciclos
8714.99.90 Outras partes e acessórios p/bicicletas e outras ciclos
8714.99.00 Outras partes e acessórios p/bicicletas e outras ciclos
Fonte: TIPI/ Receita Federal. Elaboração DECOMTEC/FIESP.
15%
10%
A Tabela 5.1 simula alguns cenários possíveis com a redução da alíquota de
IPI, que poderá elevar as vendas, uma vez que a elasticidade-preço da
demanda28 de bicicletas é superior à unidade, isto é, a demanda de bicicletas é
elástica, ou seja, responde às variações de preços.
Tabela 5.1 Simulação da Evolução das Vendas de Bicicletas com Redução
do IPI
Cenários
Alíquota do IPI
Crescimento das Vendas (%)
Tributação Atual
10,0%
Cenário 1 (redução de 3,0% do IPI)
7,0%
Cenário 2 (redução de 5,0% do IPI)
5,0%
Cenário 3 (redução de 7,0% do IPI)
3,0%
Cenário 4 (redução de 8,0% do IPI)
2,0%
Fonte: TIPI/SRF; PIA/IBGE. Elaboração DECOMTEC/FIESP
4,44%
7,40%
10,36%
11,84%
A redução do IPI, além de elevar a competitividade do setor, permitirá o acesso
das micro e pequenas empresas a programas necessários para a certificação
compulsória de componentes de bicicletas de uso adulto (aro ≥ 16’’).
28 A elasticidade-preço da demanda mede a resposta dos consumidores quando ocorre uma
variação no preço de um determinado bem ou serviço Os fatores que influem no grau da
elasticidade são a disponibilidade de bens substitutos, a essencialidade do produto e a
importância do produto quanto ao seu gasto no orçamento do consumidor.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
64
5.2.2.
Formalização da Proposta de Redução do IPI
1. Proposta da redução da alíquota do IPI incidente sobre a fabricação de
bicicletas, conforme apresentado a seguir:
i.
de 10% para 5% para as bicicletas com marcha;
ii.
de 10% para 2% para as bicicletas sem marcha (atribuição de destaque
“Ex.” 29);
iii.
promover a participação dos demais elos da cadeia produtiva,
fornecedores de componentes (bicipeças), de modo a obter o seu
comprometimento com os objetivos e metas da proposta;
iv.
manter o nível de emprego nas fábricas produtoras de bicicletas, em
todo o território nacional, durante o período de vigência da redução da alíquota;
v.
direcionar parte dos investimentos na modernização e adaptação do
setor ao Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes de
Bicicletas de Uso Adulto, com investimentos em máquinas e equipamentos e
em Programas de Certificação, de Metrologia e de Gestão.
2. Proposta da redução da alíquota de IPI incidente sobre a fabricação de
bicipeças conforme a seguir:
i.
para 3% nas NCMs especificados no Quadro 5.1;
ii.
manutenção do nível de emprego nas empresas produtoras de bicipeças
contempladas com a redução do IPI em todo o território nacional durante o
período de vigência da redução da alíquota;
iii.
os fabricantes de bicipeças que possuírem componentes incluídos no
Programa de Avaliação da Conformidade para Componentes de Bicicletas de
Uso Adulto, deverão destinar investimentos em Programas que contemplem
Certificação, Metrologia, Gestão, dentre outros.
O setor deverá sustentar o compromisso da manutenção do nível de emprego
nas produtoras de bicicletas e de bicipeças, bem como nos demais segmentos
empresariais que forem beneficiados, durante o prazo de vigência da redução
do IPI.
29 O destaque “Ex.” cria desdobramentos na descrição dos códigos de classificação do
produto.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
65
5.3. Metrologia/Certificação
Segundo o INMETRO, a metrologia tem como objetivo principal proteger o
consumidor ao tratar das unidades de medida, métodos e instrumentos de
medição, de acordo com as exigências técnicas e legais obrigatórias.
Na fabricação de bicicletas, conforme exposto neste relatório, existe a
propensão de disseminação de fabricantes devido às barreiras à entrada serem
facilmente superadas, não se necessitando de grandes investimentos para o
ingresso na atividade.
Assim, para garantir padrões técnicos no produto final, a certificação dos
componentes, mediante o Programa de Avaliação de Conformidade para os
Componentes de Bicicletas de Uso Adulto, torna-se um importante instrumento
para melhorar a qualidade e a procedência dos componentes da bicicleta,
principalmente aqueles essenciais à segurança do usuário30.
A certificação não impede nem bloqueia as importações, apenas define
tecnicamente qualidades, com o objetivo de proteger o consumidor.
A Câmara aprovou o Projeto de Lei 717/03, que sujeita os produtos importados
às mesmas normas de certificação impostas às mercadorias nacionais, com a
proibição da importação ou o fornecimento de artigo em desacordo com a
regulamentação técnica federal. O projeto será votado ainda pelo Senado.
A Tabela 5.4 apresenta o cronograma do INMETRO para a certificação dos
componentes da bicicleta de uso adulto e da certificação da bicicleta de uso
adulto.
30 Os componentes contemplados pelo Programa de Avaliação da Conformidade para
Componentes de Bicicletas de Uso Adulto no âmbito do Plano de Ação Quadrienal 2008-2011
são: (i) conjunto quadro e garfo; (ii) conjunto de direção (guidão e suporte de guidão); (iii) aro;
(iv) pneu de borracha; (v) câmara de ar; (vi) cordoalha de fios de aço; (vii) raio; (viii) niple; (ix)
freio; (x) pedal e; (xi) pedivela.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
66
Tabela 5.2 Cronograma da Certificação de Componentes e da Bicicleta de
Uso Adulto
Pneu de Bicicleta
de Uso Adulto
Componentes*
Bicicleta
de Uso
Adulto
Março de
2009
Julho de
2009
Fevereiro
de 2010
Setembro
de 2010
Setembro
de 2010
Instrução Normativa
Portaria 342 Set/2008
Fevereiro de 2009
OAC/LAB
Janeiro de 2009
Junho de 2009
Procedimento de Fiscalização
Agosto de 2009
Janeiro de 2010
Treinamento de Fiscais
Dezembro de 2009
Julho de 2010
Entrada em Vigor
Março de 2010
Julho de 2010
Comercialização por fabricantes e
importadores dentro dos
requisitos estabelecidos no
regulamento
Março de 2010
Julho de 2010
Setembro
de 2010
Comercialização por atacadistas e
varejistas dentro dos requisitos
estabelecidos no regulamento
Março de 2011
Julho de 2011
Agosto de
2011
* Aros; Câmaras; Cordoalhas; Freios; Guidão; Suporte de Guidão; Niple; Pedal e Pedivela;
Quadro e Garfo e; Raio.
Fonte: INMETRO: Elaboração DECOMTEC/FIESP.
5.3.1.
Programas para Adaptação à Certificação
Os Programas para as empresas, destinados à certificação compulsória dos
componentes de bicicletas, são importantes instrumentos de apoio de gestão e
de alavancagem tecnológica para as companhias do setor. A seguir são
apresentados alguns Programas relevantes à certificação dos componentes e a
melhoria da gestão e da qualidade das empresas.
5.3.1.1 Programa Bônus Metrologia – SEBRAE/REMESP
O Bônus Metrologia é uma parceria entre o SEBRAE/SP e a REMESP (Rede
Metrológica do Estado de São Paulo), com o objetivo de promover a melhoria
da qualidade e da competitividade das Pequenas e Microempresas e o
fortalecimento do Sistema Metrológico do Estado de São Paulo.
As Pequenas e Microempresas que demandam serviços de metrologia são as
beneficiadas do programa e poderão solicitar os serviços diretamente ao
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
67
laboratório participante do programa, ou procurar um Escritório Regional do
SEBRAE ou diretamente com a REMESP.
O SEBRAE subsidia 50% do valor do serviço executado pelo laboratório
cadastrado ao programa, limitado a R$ 2.000,00 ao ano por empresa.
5.3.1.2
Programa Bônus Certificação – SEBRAE/INMETRO
A pesquisa realizada com algumas empresas do setor constatou que 33%
delas nunca tentaram certificar algum produto, e que 67% possuem produtos
certificados e não apresentaram dificuldades na certificação.
Para as empresas que nunca certificaram seus produtos, como às empresas
que possuem conhecimentos dos procedimentos, o Programa Bônus
Certificação do SEBRAE/INMETRO serve como importante instrumento.
O Bônus é um instrumento criado pelo SEBRAE, em parceria com o INMETRO,
para facilitar o acesso das empresas aos Programas de Avaliação da
Conformidade de seus produtos, processos e serviços.
Segundo o SEBRAE, “o Programa Bônus Certificação está estruturado para
grupos de empresas que produzem o mesmo produto e que irão negociar, em
conjunto, a contratação dos serviços do organismo certificador, porém
assumindo individualmente os custos para certificação dos serviços de seus
produtos. Serão emitidos certificados de conformidade dos produtos para cada
empresa”.
As empresas devem possuir os seguintes atributos: serem geradoras de
emprego; terem viés exportador; integrar os Arranjos Produtivos Locais (APLs)
ou estarem articuladas em ações coletivas, por exemplo, em um sindicato;
demonstrarem viabilidade de auto-sustentabilidade do sistema produtivo; terem
potencial econômico e; estarem contempladas no Programa Brasileiro de
Avaliação da Conformidade (PBAC).
As propostas para o Programa devem contemplar grupos de empresas, com
um número mínimo de 10 participantes para cada grupo formado. O SEBRAE
subsidia 50% dos custos do programa, limitado a R$ 15.000,00 ao ano por
empresa.
Para a formalização da proposta, o sindicato deverá constituir um grupo de
empresas e relacionar os produtos a serem certificados e entrar em contato
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
68
com o SEBRAE – Unidade de Inovação e Acesso à Tecnologia – Programa
Bônus Certificação ou com o Inmetro – Diretoria da Qualidade.
5.3.1.3
Programa Ferramentas de Gestão Avançada - SEBRAE
De acordo com o SEBRAE, o Programa Ferramentas de Gestão Avançada
estará embasado em dez pilares, como o diagnóstico do desempenho e da
competitividade da empresa, o desenvolvimento de um plano empresarial, a
definição de objetivos estratégicos, a implantação de um modelo de gestão
baseado em indicadores e metas e o acompanhamento sistemático da
execução e dos resultados. O Programa, previsto para o primeiro semestre de
2009, contará com 209 horas totais, das quais 136 horas serão de consultoria
em cada empresa participante.
As propostas do Programa são a de levar conhecimentos sobre gestão
empresarial para os participantes por meio de estratégias como palestras,
capacitações em áreas chave da gestão empresarial, consultorias individuais e
encontros que estimulam o intercâmbio de experiências e conhecimentos entre
empresários.
O Programa é composto de três fases. Na primeira, há o diagnóstico da
empresa, efetuado com base nos Fundamentos da Excelência da gestão
usados pela Fundação Nacional da Qualidade (FNQ), no Modelo Internacional
de Avaliação de Gestão Empresarial, com referência no Prêmio Malcom
Balridge, e na Avaliação dos Sete Critérios de Excelência de Gestão de
Negócios.
Os Critérios de Excelência são adotados por muitas organizações de Classe
Mundial e construídos em conceitos essenciais à obtenção da excelência no
desempenho. Entre os conceitos estão presença da cultura da inovação, visão
de futuro, responsabilidade social, valorização das pessoas e conhecimento
sobre o cliente e o mercado.
Na segunda fase, o consultor visita as empresas para dialogar com os
empresários sobre a situação atual e os planos para o futuro. As informações
obtidas servem para elaborar um Projeto Empresarial para o participante do
programa e de indicadores de resultado.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
69
Na terceira fase do Programa, ocorre o monitoramento mensal dos resultados e
a implantação de projetos ou plano de ação específica, workshops sobre
gestão empresarial nas áreas de Finanças, Clientes, Pessoas e Processos e
consultoria individualizadas para implantação de projetos específicos com foco
nos temas dos workshops e encontros empresariais.
O Custo do Programa é aproximadamente R$ 1.300,00 por mês, por empresa.
Segundo a SEBRAE-SP, em projetos com setores específicos, incluindo uma
série de produtos, a questão da precificação pode ser discutida.
5.3.1.4
Programa Qualidade Total – SEBRAE-SP.
O Programa Qualidade Total busca compreender os fundamentos da
excelência e relacionar a gestão de qualidade como uma estratégia para
alcançar um modelo de excelência de gestão; diagnosticar a situação da
empresa em relação aos fundamentos da excelência; definir e implementar um
conjunto de indicadores de desempenho empresarial; planejar, desenvolver,
checar e agir e envolver-se na melhoria de gestão da empresa. O custo do
programa é de R$ 1.900,00 por empresa.
5.3.1.5 Revitaliza (BNDES)
Atualmente, o programa é voltado ao financiamento de alguns setores
específicos da indústria como o segmento couro-calçadista, móveis de
madeira, pedras ornamentais, têxtil e confecção, de software e serviços de TI,
frutas e bens de capital e amplia a relação de itens financiáveis, incluindo
investimentos para a melhoria da Gestão Empresarial.
Os Itens financiáveis do programa são: as máquinas; os equipamentos; as
obras civis e de infraestrutura; a gestão empresarial Industrial (permitindo às
indústrias
utilizar
os
investimentos
para
desenvolver
programas
de
capacitação, treinamento, aperfeiçoamentos gerenciais e de apoio operacional,
além de realizar pesquisas e desenvolvimento de novos produtos e processos,
investimentos em marketing, estudos, consultorias, projetos e certificações).
O Revitaliza também oferece benefícios diferenciados para a utilização da linha
de financiamento na melhoria da Gestão Empresarial da indústria, com taxa de
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
70
juros fixa de 9,0% a.a. e limite de financiamento de R$ 100 milhões por grupos
de empresas (sendo R$ 10 milhões por beneficiária), o nível de participação no
financiamento de 100% e o prazo total de pagamento é de 96 meses (incluídos
até 36 meses de carência). Os recursos disponíveis são da ordem de R$ 3
bilhões, e são acessíveis às empresas de todos os portes dos setores
contemplados pelo programa.
O Revitaliza reúne benefícios que podem ajudar às empresas do setor de
bicicletas na certificação de seus produtos e, ainda, podem ajudar a elevar a
competitividade. O setor poderá propor ao MDIC a inclusão da categoria na
Política de Desenvolvimento Produtivo, pois isso é uma condição necessária
para utilização do Revitaliza.
5.3.2.
Fortalecimento da Cadeia de Suprimentos
A redução do IPI e a certificação dos componentes e da bicicleta de uso
adulto são importantes medidas para elevação da competitividade das
empresas do setor, porém o setor deve fortalecer a cadeia de suprimento
nacional para reduzir a dependência das importações e, sobretudo, para criar
competências que possam ser exploradas no longo prazo.
Para o fortalecimento da cadeia de suprimentos são sugeridos:
a) Desenvolvimento Tecnológico em Conjunto;
b) Incubadoras de empresas de componentes;
c) inclusão do setor na PDP, para usufruir de benefícios como o
Revitaliza e a desoneração de Investimentos em Máquinas e Equipamentos
destinados à fabricação final do produto, na qual cada empresa deverá analisar
a viabilidade de opção entre o regime tributário adotado (Lucro Real x
Presumido), pois os benefícios fiscais são estendidos para as empresas que
são tributadas pelo lucro real.
A Tabela 5.3 apresenta uma simulação dos valores de créditos nos dispêndios
de máquinas e equipamentos destinados à produção de bens e serviços para o
período entre 2008 e 2010, para as empresas jurídicas que são tributadas com
base no lucro real.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
71
Tabela 5.3 Créditos de PIS/COFINS - Lei 11.774, de 17 de Setembro de
2008
Valores em R$
2008
FBCF
23.764.951,00
Aquisição de Máquinas e Equipamentos
14.496.620,11
(61% da FBCF)
Créditos do PIS/PASEP-COFINS (9,25%)
1.340.937,36
Valor Presente - Créditos em 24 meses
946.229,21
Valor Presente - Créditos em 12 meses
1.112.307,99
Ganhos com a Lei 11.774/2008
166.078,78
Valor Presente ao Custo de Oportunidade de 3,0% a.m.
Fonte: Elaboração DECOMTEC/FIESP
2009
24.596.724,00
2010
25.457.610,00
15.004.001,64
15.529.142,10
1.387.870,15
979.347,23
1.151.238,75
171.891,52
1.436.445,64
1.013.624,40
1.191.532,14
177.907,74
A aplicação da Lei 11.774 reduz o custo de final de aquisição do bem em
1,24%. Por exemplo, no investimento de R$ 14.496.620,11, efetuado na
compra de máquinas e equipamentos destinados à fabricação final do produto,
o setor tem direito a R$ 1.340.937,36 em créditos de PIS/PASEP e COFINS31.
Em 24 meses o Valor Presente dos créditos é de R$ 946.229,21 e, em 12
meses, o Valor Presente é de R$ 1.112.307,99. Logo, o recebimento em 12
meses dos créditos de PIS/PASEP e de COFINS reduz o custo final dos
investimentos de R$ 13.550.390,90 para R$ 13.384.312,12, ou seja, uma
diminuição de 1,24% do valor total do investimento. Além disso, a prorrogação
da depreciação acelerada e do crédito da depreciação na CSLL reduz o custo
do Investimento em 9,26%.
Recomendam-se os seguintes programas para o fortalecimento da
cadeia de suprimentos são:
o IEL Desenvolvimento e Qualificação de Fornecedores32. Programa do
Instituto Euvaldo Lodi (IEL) para a qualificação das empresas
fornecedoras com base em requisitos estabelecidos pelas empresas
compradoras (âncoras). Mais informações: Av. Paulista, 1313 - sala 702
– Fone 3284 2955 - Fax: 3253 6478.
31 Empresas tributadas sobre o lucro real, não-cumulativo: PIS/PASEP (1,65%) e COFINS
(7,6%).
32 Na pesquisa realizada com o setor foi constatado que 67% das empresas mantêm
relacionamentos comerciais de longo prazo com seus fornecedores; 56% realizam compras
com fornecedores certificados; 89%, com fornecedores cadastrados e, que 56% das empresas
pretendem realizar programas de qualidade assegurada pelos fornecedores.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
72
o Programa SEBRAE-SP de Incubadoras de Empresas, que oferece
assessorias e consultorias nas áreas de finanças, marketing e vendas;
treinamento e dinâmicas diversas; cursos, palestras, fóruns e debates;
contato com profissionais capacitados; apoio à elaboração de plano de
negócios; aproximação de instituições de crédito; participação em feiras
, rodadas de negócios, workshops, congressos e conferências; e
integração com centros geradores de tecnologias.
o Programa Alavancagem Tecnológica. Programa para atender as
necessidades de redução de custos e tempo de produção, elevar a
produtividade, melhorar a qualidade dos produtos e a competitividade no
mercado, com processos e soluções de fácil implantação.
o Programa de Consultoria Tecnológica – SEBRAE – SP. O programa
proporciona o acesso ao conhecimento tecnológico a um custo baixo,
com diagnostico, oficinas, suporte tecnológico, apoio tecnológico à
exportação,
atendimento
tecnológico
in
loco,
aperfeiçoamento
tecnológico, inovação tecnológica e clínica tecnológica.
o Programa de Design – SEBRAE – SP. Apenas 11% das empresas
declararam que utilizaram consultoria no desenvolvimento do projeto
básico. Assim, esse programa poderá ser uma ferramenta útil para
empresas que necessitem elevar a competitividade de seus produtos,
agregando valor a um custo reduzido e com uma qualidade melhor.
o Centro São Paulo de Design, que objetiva promover a coleta, análise e
difusão de informações relevantes para profissionais, entidades,
empresas e estudantes de design visando melhoria contínua dos
produtos, através da gestão, promoção e educação em design. Mais
informações: IPT – Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de
São Paulo S/A. Av. Prof. Almeida Prado, 532 – Prédio 36 - 1° andar Cidade Universitária. Fone: (11) 3719.1331. FAX: (11) 3710.1331. Email: [email protected].
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
73
5.3.3.
Inovação Tecnológica
A inovação é indispensável para agregar valor aos produtos, ampliar a
competitividade das empresas no mercado doméstico e fortalecer a inserção
externa.
Além das pesquisas individuais ou conjuntas das empresas, o setor poderá
instituir concurso para premiar jovens pesquisadores de universidades que
desenvolvam projetos com novos materiais, componentes, peças, design
dentre outros.
Dentre os instrumentos disponíveis de incentivos à inovação tecnológica citamse:
(1) Lei do Bem (Lei nº. 11.196, de 21 de novembro de 2005). Redução de 22%
nos custos de pesquisa e desenvolvimento. A Lei fornece incentivos fiscais às
empresas
que
realizarem
pesquisa
e
desenvolvimento
de
inovação
tecnológica:
o Redução, na apuração do Imposto de Renda devido, dos dispêndios
com P&D, inclusive aqueles com instituições de pesquisa, universidades
ou inventores independentes;
o Redução de IPI na compra de equipamentos destinados a P&D;
o Depreciação acelerada dos equipamentos comprados para P&D;
o Amortização acelerada dos dispêndios para aquisição de bens
intangíveis para P&D;
o Crédito do imposto de renda retido na fonte incidente sobre as remessas
ao exterior de valores para pagamento de royalties relativos a
assistência técnica ou científica e de serviços especializados para P&D;
o Redução a zero da alíquota do imposto de renda retido na fonte nas
remessas
efetuadas para
o exterior destinadas ao
registro
e
manutenção de marcas, patentes e cultivares.
Além dos incentivos fiscais, existem subvenções econômicas concedidas em
virtude de contratações de pesquisadores, titulados como mestres ou doutores,
empregados em empresas para realizar atividades de pesquisa.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
74
(2) Linhas FINEP, que são recursos financeiros para a inovação e a pesquisa
científica e tecnológica em empresas públicas e privadas:
(a) Linhas de apoio às inovações disponíveis para empresas;
o PRÓ-INOVAÇÃO - Programa de Incentivo à Inovação nas Empresas
Brasileiras.
o APGEFOR - Financiamento com encargos reduzidos para a realização
de estudos e projetos de pré-investimento (de geração de energia
elétrica a partir de fontes renováveis).
o JURO ZERO - Financiamento ágil, sem exigência de garantias reais
para atividades inovadoras de produção e comercialização em pequenas
empresas (setores prioritários da PDP).
o INOVAR SEMENTE - Programa de Investimentos à Criação de
Empresas de Base Tecnológica.
o INOVAR - Incubadora de Fundos Inovar.
o PAPPE - Programa de Apoio à Pesquisa em Empresas.
o INOVAR - Fórum Brasil Capital de Risco.
o PNI - Programa Nacional de Incubadoras e Parques Tecnológicos.
(b) Apoio à Cooperação entre empresas e ICTs:
o COOPERA - Programa de Cooperação entre ICTs e Empresas:
o PPI-APLs - Programa de Apoio à Pesquisa e à Inovação em Arranjos
Produtivos Locais;
o ASSISTEC - Programa de Apoio à Assistência Tecnológica;
o PROGEX - Programa de Apoio Tecnológico à Exportação;
o PRUMO - Programa Unidades Móveis (IPT);
o RBT- Rede Brasil de Tecnologia
(3) BNDES:
o Linha Capital Inovador (Foco na Empresa): apoiar empresas no
desenvolvimento de capacidade para empreender atividades inovativas
em caráter sistemático. Isso compreende investimentos em capitais
tangíveis, incluindo infra-estrutura física, e em capitais intangíveis. Tais
investimentos deverão ser consistentes com as estratégias de negócios
das empresas e ser apresentados conforme modelo de Plano de
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
75
Investimento
em
Inovação
(PII).
Modalidades
de
operação:
financiamento de longo prazo e/ou subscrição de valores mobiliários.
o Linha Inovação Tecnológica (Foco no Projeto): Objetivo: apoiar projetos
de inovação de natureza tecnológica que busquem o desenvolvimento
de produtos e/ou processos novos ou significativamente aprimorados
(pelo menos para o mercado nacional) e que envolvam risco tecnológico
e oportunidades de mercado. Modalidades de operação: financiamento
de longo prazo e/ou subscrição de valores mobiliários.
o Programa CRIATEC: Objetivo: capitalização de micro e pequenas
empresas inovadoras de capital semente.
(3) SEBRAEtec: Oferece consultorias adequadas para cada tipo de negócio,
proporcionando, através de seus parceiros, o acesso ao conhecimento
tecnológico com apoio de 80% a 100%.
5.4. Estímulo às Exportações
5.4.1.
Proex
O Programa de Financiamento às Exportações – PROEX foi instituído pelo
Governo Federal para proporcionar às exportações brasileiras condições de
financiamento equivalentes às do mercado internacional. O agente
financeiro da União para operacionalização do Programa é o Banco do
Brasil S.A. São duas as modalidades de assistência creditícia:
•
PROEX Financiamento: modalidade de crédito ao exportador ou ao
importador, para pagamento à vista ao exportador.
•
PROEX Equalização: o PROEX assume parte dos encargos financeiros
nos financiamentos concedidos por instituições financeiras, através do
pagamento
de
equalização,
tornando
os
encargos
financeiros
compatíveis com os praticados no mercado internacional.
•
Recursos: R$ 2,4 bilhões
Os recursos, de R$ 2,4 bilhões, estão disponíveis para os setores:
saúde/software/display e serviços de TI, automotivo, bens de capital, têxtil e
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
76
de confecções/couro, calçados e artefatos, madeira e móveis plásticos,
higiene pessoal, perfumaria e cosméticos. Portes: pequenas, médias e
grandes empresas.
5.4.2.
Drawback Verde-Amarelo
As aquisições de mercadorias, no mercado interno, para incorporação em
produto a ser exportado, por beneficiário do regime aduaneiro especial de
drawback, na modalidade de suspensão, têm suspensão do pagamento do
IPI, do PIS/PASEP e do COFINS.
5.4.3.
Exim
O Programa abriga todos os produtos exportáveis e os serviços a eles
associados,
exceto
automóveis
de
passeio,
commodities
em
geral
(mercadorias negociadas em bolsas) e produtos de menor valor agregado, tais
como celulose, açúcar e álcool, grãos, suco de laranja, minérios, animais vivos
e também alguns bens intermediários.
BNDES-EXIM compreende as seguintes modalidades, especificamente para
produção e comercialização:
•
BNDES-EXIM
Pré-Embarque:
financia
a
produção
de
bens,
principalmente de longo ciclo, a serem exportados em embarques
específicos. Prazo de pagamento de até 18 meses, não podendo o
último embarque ultrapassar o prazo de 12 meses e a liquidação da
operação, 6 meses. A critério do BNDES, estes prazos poderão ser
estendidos para 30 meses (para pagamento) e 24 meses (para
embarque) mediante Consulta Prévia.
•
BNDES-Exim Pré-Embarque Ágil: financia a produção nacional de bens
a serem exportados, associada a um Compromisso de Exportação, para
um período de 6 (seis) a 12 (doze) meses.
•
BNDES-Exim Pré-Embarque Especial: financia a produção nacional de
bens exportados, sem vinculação com embarques específicos, mas com
período pré determinado para a sua efetivação.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
77
•
BNDES-Exim Pré-Embarque Modalidade Empresa Âncora: financia a
comercialização de bens produzidos por micro, pequenas e médias
empresas por meio de empresa exportadora (empresa âncora).
•
BNDES-Exim Pós-Embarque: financia a comercialização de bens e
serviços no exterior, por intermédio do refinanciamento ao exportador,
ou por meio da modalidade buyer's credit (crédito ao comprador).
•
Todos os Portes e Setores: Pequenas, Médias e Grandes Empresas
5.4.4.
APEX
A APEX-Brasil trabalha com o objetivo de estimular as exportações
brasileiras. Entre projetos e eventos, a APEX-Brasil trabalha com
aproximadamente 60 setores da economia brasileira.
•
Alguns setores apoiados pela APEX-Brasil:
•
Agronegócio, Casa e Construção Civil, Entretenimento e Serviços,
Máquinas e Equipamentos, Moda, Tecnologia e Saúde.
•
Recursos: R$ 1,2 bilhão (investimentos APEX e parceiros - 2007)
•
Setores: Todos
•
Portes: Pequenas, Médias e Grandes Empresas
•
Mais Informações: http://www.apexbrasil.com.br/
Se houver interesse em algum dos Programas citados, a FIESP auxiliará
institucionalmente
os empresários,
colocando-os
em
contato
com
as
instituições para a solicitação dos serviços.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
78
FONTES
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES DE MOTOCICLETAS,
CICLOMOTORES, MOTONETAS, BICICLETAS E SIMILARES. Dados do
Setor – Bicicletas. ABRACICLO: Disponível em: <http://www.abraciclo.com.br>.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DOS FABRICANTES, DISTRIBUIDORES,
EXPORTADORES E IMPORTADORES DE BICICLETAS, PEÇAS E
ACESSÓRIOS.
Mercado
Brasileiro.
ABRADIBI:
Disponível
em:
<http://www.abradibi.com.br>.
BANCO CENTRAL DO BRASIL. Índice da taxa de câmbio real - dólar
americano. Disponível em: <http://www.bcb.gov.br>.
BICICLETAS MONARK S.A. Partes de uma Bicicleta. Disponível em:
<http://www.monark.com.br>.
BUSTOS, V. F. História da Bicicleta. Museu da Bicicleta de Joinville. Disponível
em: <http://www.museudabicicleta.com.br>.
EARTH POLICY INSTITUTE. Bicycle Production by Top Countries, 1990-2007.
Disponível
em:
<http://www.earthpolicy.org/Indicators/Bike/2008_data.htm#table3>.
ELECTRA BIKE COMPANY.
<http://www.electrabike.com>.
Flat
Foot
Technology.
Disponível
em:
FVG Consult. Estudo Comparativo dos Custos Totais de Fabricação de
Bicicletas na Zona Franca de Manaus, Nordeste e São Paulo. São Paulo, FGV:
2006.
HORI, J. Alteração nos PPBs de bicicletas: sugestões para equilibrar eventuais
distorções. SIMEFRE, 2006.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Índice Nacional
de Preços ao Consumidor Amplo, IPCA. Disponível em: <http://ibge.gov.br>.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa de
Orçamentos Familiares - POF 2002-2003. Disponível em: <http://ibge.gov.br>.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa
Industrial
Anual,
PIA/Empresa.
Vários
Anos.
Disponível
em:
<http://www.ibge.gov.br>.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Pesquisa
Industrial Anual, PIA/Produto. Vários Anos. Disponível em: <http://ibge.gov.br>.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Sistema de
Contas Nacionais, SCN. Vários Anos. Disponível em: <http://ibge.gov.br>.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
79
LAFIS. Brasil – Autopeças e Veículos: Bicicletas e Motocicletas. São Paulo,
2008.
MACHADO, H. B. O ICMS no Fornecimento de Energia: questões da
seletividade e da demanda contratada. Revista Dialética de Direito Tributário,
nº. 155. Ago/2008
.
MINISTÉRIO DAS CIDADES. Programa Brasileiro de Mobilidade por Bicicleta –
Bicicleta Brasil. Caderno de referência para elaboração de Plano de Mobilidade
por Bicicleta nas Cidades. Brasília: Secretaria Nacional de Transporte e da
Mobilidade Urbana, 2007.
MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO
EXTERIOR. Sistema de Análise das Informações de Comércio Exterior, ALICE.
Vários Anos. Disponível em: <http://www.mdic.gov.br>.
MINISTÉRIO DO TRABALHO E EMPREGO. Relação Anual de Informações
Sociais, RAIS. Vários Anos. Disponível em: <http://www.mte.gov.br>.
NBDA. Bicycle Retailer and Industry News. Vol. 16, nº. 5, April, 2007.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS. Commodity Trade Statistics
Database,
COMTRADE.
Vários
Anos.
Disponível
em:
<
http://comtrade.un.org>.
PEZZUTO, C. C. Fatores que Influenciam o Uso de bicicleta. Dissertação de
Mestrado em Engenharia Urbana. Departamento de Engenharia Civil da
Universidade Federal de São Carlos. São Carlos, 2002.
QUADROS, W. A evolução recente da estrutura social brasileira. Texto para
Discussão. IE/UNICAMP, nº 148. Campinas, UNICAMP: nov. de 2008.
Disponível
em:
<http://www.eco.unicamp.br/docdownload/publicacoes/textosdiscussao/texto14
7.pdf.> Acesso em dezembro de 2008.
SHIMANO COASTING. Disponível em: <http://www.coasting.com>.
SIMEFRE - Sindicato Interestadual da Indústria de Materiais e Equipamentos
Ferroviários e Rodoviários. Estatísticas dos Setores. Disponível em:
http://www.simefre.org.br
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
80
ANEXOS
A.1 Indicadores Econômico-Financeiros - SERASA/FIESP
Tabela A.1.1 Fabricação de Bicicletas e Triciclos NãoMotorizados, 2004-07
Indicadores Econômico-Financeiros - Brasil
Estrutura de Capitais
Nível de Endividamento
2004
2005
2006
2007
n.d
n.d
271%
516%
54%
45%
55%
50%
64%
47%
45%
51%
n.d.
140%
n.d.
467%
127%
42%
265%
29%
Nível de Desconto Duplicatas
Imobilizado do PL
3%
n.d.
24%
n.d.
2%
100%
11%
230%
Obsolescência do Imobilizado
61%
63%
44%
30%
Capacidade de Pagamento de Dívidas
Liquidez Geral
Liquidez Corrente
0,32
0,59
0,11
0,18
0,99
1,47
0,74
1,48
Liquidez Seca
Liquidez Imediata
0,43
0,01
0,12
0
1,21
0,19
0,96
0,05
Atividades (Prazos Médios)
Prazo Médio Recebimento de Vendas
77
46
97
70
Prazo Médio Renovação Estoques
Prazo Médio Pagamento Compras
69
49
46
69
93
114
86
72
Ciclo Financeiro (Atividade)
Endividamento de Curto Prazo
Endividamento Oneroso/endividamento
Endividamento Oneroso/PL
Endividamento Oneroso CP/AC
97
23
75
84
Rentabilidade
Rentabilidade Patrimonial
Rentabilidade do Ativo
n.d.
12%
n.d.
16%
0%
0%
16%
2%
Giro do Ativo (Vezes)
Margem Líquida
1,51
8%
1,6
10%
0,95
0%
1,55
1%
Evolução Nominal Vendas
43%
49%
12%
15%
Gestão do Capital de Giro
Gir/Faturamento Líquido
Margem EBITDA
1%
9%
7%
6%
3%
5%
0%
9%
212
131%
538
293%
185
138%
92%
87%
Dívida Bancária em dias faturamento
Prazo Médio de Recebimentos
278
162
500
104
130
198
49
153
Prazo Médio de Pagamentos
Ciclo Financeiro (Capital de Giro)
47
115
60
43
60
137
55
97
Cobertura de Dívidas (meses)
Despesa Financeira/EBITDA
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
81
Tabela A.1.2 Brasil - Grandes Empresas, 2004-07
Indicadores Econômico-Financeiros
2004
2005
2006
2007
Estrutura de Capitais
Nível de Endividamento
Endividamento de Curto Prazo
Endividamento Oneroso/endividamento
Endividamento Oneroso/PL
Endividamento Oneroso CP/AC
Nível de Desconto Duplicatas
321%
420%
109%
106%
61%
59%
53%
54%
33%
30%
33%
34%
106%
126%
36%
36%
30%
32%
16%
19%
10%
7%
2%
3%
137%
195%
106%
107%
33%
34%
43%
39%
Liquidez Geral
0,88
0,77
0,94
0,92
Liquidez Corrente
1,21
1,09
1,23
1,12
Liquidez Seca
0,81
0,74
0,93
0,82
Liquidez Imediata
0,05
0,04
0,12
0,14
Prazo Médio Recebimento de Vendas
49
59
44
42
Prazo Médio Renovação Estoques
65
78
60
65
Imobilizado do PL
Obsolescência do Imobilizado
Capacidade de Pagamentos de Dívidas
Atividades (Prazos Médios)
Prazo Médio Pagamento Compras
67
75
108
118
Ciclo Financeiro (Atividade)
47
62
4
11
Rentabilidade Patrimonial
4%
3%
18%
18%
Rentabilidade do Ativo
1%
0%
8%
8%
Giro do Ativo (Vezes)
1,52
1,24
0,8
0,77
0%
0%
11%
11%
26%
10%
7%
13%
Rentabilidade
Margem Líquida
Evolução Nominal Vendas
Gestão do Capital de Giro
Gir/Faturamento Líquido
1%
2%
19%
23%
Margem EBITDA
4%
5%
19%
18%
Cobertura de Dívidas (meses)
139
167
42
45
Despesa Financeira/EBITDA
104%
116%
26%
32%
45
56
28
31
Dívida Bancária em dias faturamento
Prazo Médio de Recebimentos
113
140
101
101
Prazo Médio de Pagamentos
62
75
72
77
Ciclo Financeiro (Capital de Giro)
50
65
29
23
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
82
Tabela A.1.3 Brasil - Médias Empresas, 2004-07
Indicadores Econômico-Financeiros
Estrutura de Capitais
Nível de Endividamento
2004
2005
2006
2007
178%
158%
119%
129%
Endividamento de Curto Prazo
Endividamento Oneroso/endividamento
65%
29%
63%
27%
60%
32%
61%
36%
Endividamento Oneroso/PL
Endividamento Oneroso CP/AC
52%
24%
44%
19%
38%
21%
47%
23%
Nível de Desconto Duplicatas
Imobilizado do PL
10%
106%
9%
97%
6%
85%
6%
91%
Obsolescência do Imobilizado
34%
34%
37%
35%
Capacidade de Pagamento de Dívidas
Liquidez Geral
Liquidez Corrente
0,96
1,34
1,01
1,45
1,12
1,56
1,06
1,48
Liquidez Seca
Liquidez Imediata
0,86
0,09
0,96
0,12
1,11
0,14
1,05
0,16
Atividades (Prazos Médios)
Prazo Médio Recebimento de Vendas
54
53
57
52
Prazo Médio Renovação Estoques
Prazo Médio Pagamento Compras
75
72
74
74
70
73
74
69
Ciclo Financeiro (Atividade)
58
53
54
58
Rentabilidade
Rentabilidade Patrimonial
Rentabilidade do Ativo
14%
5%
12%
4%
11%
5%
12%
5%
Giro do Ativo (Vezes)
Margem Líquida
1,51
3%
1,5
3%
1,19
4%
1,21
4%
Evolução Nominal Vendas
25%
11%
7%
19%
Gestão do Capital de Giro
Gir/Faturamento Líquido
Margem EBITDA
6%
9%
6%
8%
8%
9%
10%
9%
63
52%
68
54%
66
45%
67
41%
36
129
31
130
37
133
40
129
64
65
65
64
58
75
58
70
Cobertura de Dívidas (meses)
Despesa Financeira/EBITDA
Dívida Bancária em dias faturamento
Prazo Médio de Recebimentos
Prazo Médio de Pagamentos
Ciclo Financeiro (Capital de Giro)
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
83
Tabela A.1.4 Brasil - Pequenas Empresas, 2004-07
Indicadores Econômico-Financeiros
Estrutura de Capitais
Nível de Endividamento
2004
2005
2006
2007
175%
184%
141%
120%
Endividamento de Curto Prazo
Endividamento Oneroso/endividamento
66%
26%
68%
30%
60%
32%
59%
34%
Endividamento Oneroso/PL
Endividamento Oneroso CP/AC
46%
19%
55%
24%
45%
21%
42%
19%
Nível de Desconto Duplicatas
Imobilizado do PL
9%
97%
9%
100%
6%
90%
5%
92%
Obsolescência do Imobilizado
30%
29%
33%
31%
Capacidade de Pagamento de Dívidas
Liquidez Geral
Liquidez Corrente
1,01
1,38
0,99
1,31
1,06
1,37
1,06
1,47
Liquidez Seca
Liquidez Imediata
0,88
0,13
0,86
0,14
0,95
0,11
1,02
0,12
Atividades (Prazos Médios)
Prazo Médio Recebimento de Vendas
52
52
61
50
Prazo Médio Renovação Estoques
Prazo Médio Pagamento Compras
77
78
75
79
72
85
78
79
Ciclo Financeiro (Atividade)
51
48
48
49
Rentabilidade
Rentabilidade Patrimonial
Rentabilidade do Ativo
19%
7%
17%
6%
9%
3%
13%
6%
Giro do Ativo (Vezes)
Margem Líquida
1,54
4%
1,52
3%
1,12
3%
1,08
5%
Evolução Nominal Vendas
26%
12%
14%
23%
Gestão do Capital de Giro
Gir/Faturamento Líquido
Margem EBITDA
7%
9%
6%
8%
8%
9%
11%
11%
59
42%
65
50%
73
42%
61
37%
29
128
38
127
38
140
34
128
70
58
67
60
65
74
60
68
Cobertura de Dívidas (meses)
Despesa Financeira/EBITDA
Dívida Bancária em dias faturamento
Prazo Médio de Recebimentos
Prazo Médio de Pagamentos
Ciclo Financeiro (Capital de Giro)
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
84
A.2. Tabulação da Pesquisa – Tópicos Selecionados
A média de tempo de treinamento por funcionários da amostra é de 122
horas por ano;
67% das empresas têm interesse em participar de treinamento de
capacitação técnica;
56% das empresas possuem algum acordo com empresas estrangeiras
para a incorporação de novas tecnologias ou design aos produtos
lançados no mercado.
100% utilizam normas técnicas internacionais no desenvolvimento dos
seus produtos e 78% utilizam normas nacionais.
56% das empresas possuem algum produto certificado e declararam
que não enfrentaram problemas para certificar os produtos.
33% nunca tentaram certificar algum produto.
67% das empresas exportam ou já exportaram nos últimos cinco anos e
relataram que enfrentaram problemas nas exportações: 56% citaram o
câmbio, a carga tributária, a falta de incentivos governamentais, o preço,
o frete, a concorrência da China, a falta de agentes locais câmbio, a
carga tributária e 33% apontaram a burocracia excessiva; 22%
enfrentam dificuldades de divulgação e, 11% tiveram dificuldades em
encontrar importadores.
Das empresas que exportam: 67% efetuam exportações diretas e
indiretas e 33% apenas exportações diretas.
78% dos entrevistados manifestaram interesse em participar de rodadas
de negócios com empresas estrangeiras interessadas na importação de
produtos brasileiros.
56% representam ou comercializam produtos acabados importados e
67% representam ou comercializam componentes importados.
11% declararam que desenvolvem programas conjuntos de P&D e 44%
manifestaram interesse em desenvolver projetos conjuntos de P%D.
56% estabelecem cooperação para o desenvolvimento de produtos e
processos e 22% pretendem implantar nos próximos anos.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
85
67%
trocam,
sistematicamente,
informações
sobre
qualidade
e
desempenho.
67% mantêm relacionamentos comerciais de longo prazo com seus
fornecedores.
56% realizam compras com fornecedores certificados pela empresa.
89% realizam compras com fornecedores cadastrados pela empresa.
56% pretendem realizar programas de qualidade assegurada pelos
fornecedores.
78% participam em eventos.
89% realizaram investimentos em máquinas e equipamentos nos últimos
dois anos e 78% irão realizar investimentos nos próximos dois anos em
máquinas e equipamentos.
67% expandiram a planta industrial nos últimos dois anos e 56% farão
investimentos nessa área nos próximos dois anos.
56% aumentaram o quadro funcional nos últimos dois anos e 44%
pretende contratar nos próximos dois anos.
78% realizaram cursos e treinamentos para a capacitação dos
funcionários nos últimos dois anos e 100% declaram que pretendem
realizá-los nos próximos dois anos.
11% pretendem realizar programas de excelência e produtividade nos
próximos dois anos.
As principais fontes de financiamentos nos últimos dois anos foram os
recursos próprios (89%); os créditos públicos (78%) e créditos em
instituições bancárias (56%).
33% contrataram consultoria no desenvolvimento de tecnologia e 44%
pretendem contratar.
11%
contrataram
consultoria
no
desenvolvimento
do
projeto
básico/desenho técnico.
11% contrataram consultoria no desenvolvimento do projeto detalhado.
11% contrataram consultoria em estudos de viabilidade.
56% contrataram consultoria em estudos e testes e ensaios.
44% contrataram consultoria em Metrologia e normalização e 33%
pretendem contratar.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
86
56% contrataram consultoria em certificação e conformidade e 56%
pretendem contratar.
44% contrataram consultoria em qualidade e 44% pretendem contratar.
33% contrataram consultoria em marketing e 44% pretendem contratar.
33% contrataram consultoria gerencial e 33% pretendem contratar.
56% possuem ISO 9000, 22% ISO 14000 e 22% outras certificações.
11% têm processos de certificação de ISO 9000 e 14000 em andamento
e 22% estaram certificadas nos próximos dois anos.
O equipamento mais importante de 56% das empresas tem idade entre
6 e 10 anos.
O equipamento mais importante de 33% das empresas tem idade acima
de 10 anos.
A importação de produtos foi para 78% das empresas que mais
impactou as estratégias nos últimos dois anos.
Tanto a dificuldade de acesso a mercados internacionais como a
elevação das tarifas de matérias primas impactaram as estratégias de
44% das empresas nos últimos dois anos.
O surgimento de novos concorrentes foi para 56% o elemento que
impactou as estratégias nos últimos dois anos.
Para 100% das empresas, a principal fonte de informação do setor para
norteamento de estratégias são as feiras realizadas no país.
Para 89% das empresas, tanto as revistas especializadas como as feiras
e congressos nos exterior também se configuram em importantes fontes
de informações para tomada de decisões estratégicas.
78% das empresas monitoram a ação da concorrência para definir suas
estratégias.
A mídia e as visitas a outras empresas no Brasil e no Exterior também
são fontes de informações para tomada de decisões de 67% das
empresas.
Para 56% das empresas, a participação em atividade promovida por
associações de classe e a pesquisa própria são fontes de informações
para definição ou norteamento de estratégias.
56% das empresas têm planejamento estratégico desenvolvido e
disseminado periodicamente com o envolvimento de diversos setores da
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
87
empresa, 22% possuem esse tipo de planejamento disseminado
informalmente e 11% não possuem estratégia desenvolvida formal ou
informalmente.
A forte identificação com a marca foi apontada por 89% das empresas
como a principal estratégia ligada aos produtos.
67% das empresas assinalam a conformidade e as especificações
técnicas como estratégias ligadas aos produtos.
56% das empresas admitem que diminuição do tempo para o
desenvolvimento do produto, sua durabilidade e o atendimento às
especificações dos clientes são estratégias ligadas aos produtos.
Nos próximos dois anos, 78% das empresas pretendem reduzir custos
com estoques e elevar os rendimentos das matérias-primas.
56% das empresas pretendem tanto reduzir as necessidades de mão de
obra, como remover gargalos produtivos.
FIESP – Federação das Indústrias do Estado de São Paulo
DECOMTEC – Departamento de Competitividade e Tecnologia
88