marrakech, marrocos

Transcrição

marrakech, marrocos
amanjena
marrakech, marrocos
É o mais reputado e luxuoso
hotel de Marrakech, oferecendo
uma experiência sibarítica
que envolve os hóspedes num
verdadeiro sonho das 1001
Noites, mas bem mais perto
da realidade do que as histórias
de encantar de Scheherazade
A
manjena, que significa paraíso de paz,
faz parte da famosa cadeia Amanresorts,
de Adrian Zecha, e é lugar frequentado
pelos Amanjunkies. Há poucos hotéis no
mundo que possam reclamar para si o
estatuto de religiosa devoção geralmente reservada para as
malas Louis Vuitton. Mas no rarefeito mundo dos refúgios
de luxo, os devotos dos super luxuosos Amanresorts são
mesmo conhecidos como Amanjunkies. São “viciados” na
marca e na arquitectura East-meets-West, na microscópica
atenção ao detalhe e de um serviço sem mácula; e raramente
ficam noutro lugar que não na meia dúzia de propriedades
instaladas em lugares fashionable à volta do mundo.
Decoração minimalista e atmosfera zen, perfeita combinação entre o passado e o presente, o esplendor e o essencial, o antigo e o moderno, o artesanal e a alta tecnologia:
estes são alguns dos segredos que, misturados com rigor,
fazem do Amanjena um hotel inesquecível. Foi projectado
por Ed Turtle, um arquitecto que se inspirou em monumentos da arquitectura marroquina como a Menara, os
Túmulos Saadianos, os riads, as muralhas dos kasbahs ou
os átrios das mesquitas, para criar um edificio de estilo
zen magrebino. Um espaço onde respeitou o amor pelos
lugares secretos e os mundos proibidos que tanto caracterizam a arquitectura local. No Amanjena, aspectos e pormenores destas tradições foram magnificados e casados
com o essencial dos elementos da paisagem marroquina: a
terra vermelha, a água refrescante, a luz intensa e o vento
do deserto. Turtle construiu um lugar de sonho.
Com as suas paredes rosa ocre (a cor de Marrakech) o
Amanjena é procurado por quem pretende a paz e serenidade que a sua localização oferece: instalado no meio da Palmeraie, numa propriedade com cerca
de cinco hectares, rodeado por palmeiras e oliveiras centenárias. Aliás, é esse
o estilo dos Aman: cada resort tem que ser um santuário, um lugar de paz.
A inesquecível estadia no Amanjena começa logo à entrada, mal atravessamos as monumentais portas de cedro trabalhado. A luz parece brincar, no
hall de entrada, acentuando as silhuetas dos arabescos da vasta arcada, recordando os arcos ogivais de uma mesquita de Córdova ou Kairouan. De lado,
duas enormes fontes de mármore verde de Ouarzazate e algumas cadeiras, sofás, pequenas mesas, tapetes berberes e lanternas cinzeladas formam
um lobby pouco comum e magnífico, que nos conduz a um espaço amplo,
aberto diante dos nossos olhos, como se de um imenso cenário ou de uma
miragem do deserto se tratasse... avistamos, ao fundo, um imenso bassin
(tanque rectangular) com 60 metros quadrados, onde se espelham – nas suas
águas – alguns dos pavilhões entrecortados por palmeiras.
Marrakech nasceu para o mundo no século XI com o brilhantismo do sistema de irrigação Almorávida. E a água parece ser, ainda hoje,
dez séculos depois, o elemento unificador do hotel, um elemento onmipresente, com a sua peça central, o tal amplo bassin (uma invenção
árabe, tradicionalmente utilizado para reunir a água vinda das montanhas do Atlas para posterior irrigação). Durante o dia, este espelho
de água reflecte a perfeição dos pavilhões, que parecem debruçar-se sobre
ele, admirando a sua beleza. Uma imagem tão bela reflectida nas águas, que
faria de Narciso um ser invejoso mais do que vaidoso, antes de ser transformado em flor pelo castigo dos deuses. Quando cai a noite (como mais tarde
viemos a constatar), as luzes das lanternas reflectem-se e espalham-se aqui e
ali, misturando-se nas águas imovéis com o reflexo da lua e das estrelas.
Convidam-nos a sentar neste refrescante hall, entre colunas e fontes donde
sussura suavemente o barulho da água que banha as imensas pétalas de
rosas, flutuando num suave bailar. Somos recebidos pelo director-geral do
Amanjena, o holandês Ferdinand Wortelboer, e pelo assistant manager que,
com um sorriso, nos cumprimenta em português. É Nuno Sousa, um simpático português que estudou na Escola hoteleira de Lausanne e, após passar
alguns anos num hotel de 5 estrelas da Suíça , foi convidado
para o Amanjena, onde está desde Setembro de 2006.
Não se pense que é pelo facto de sermos jornalistas que
recebemos tantas atenções. Isto acontece com todos os
hóspedes que ali chegam, não interessando se é jornalista, Brad Pitt, Sting, os Beckham, Naomi Campbell,
Zidane ou Tom Hanks (que estava lá na altura), os Amanjunkies ou um ilustre desconhecido. Seja a que horas for,
Ferdinand ou Nuno, recebem sempre os hóspedes que
chegam, para dar as boas-vindas. Recebem como um
dono da casa que vem à porta receber os amigos, num
país onde a palavra hospitalidade tem tanto valor. Como
diz um provérbio magrebino “abre a porta da tua casa a
qualquer forasteiro, e oferece-lhe o que tens de melhor durante
três dias antes de lhe perguntares qual o motivo da sua visita”.
Deixam-nos depois, a saborear chá de menta e a patisserie
marroquina – outra forma tradicional de acolhimento
neste país – enquanto continuamos a deliciar-nos com o
cenário que se estende à nossa frente.
Chega alguém para nos acompanhar. O check-in é feito na
comodidade do quarto. Entramos, então, dentro do cenário. Telhados de telhas verde reflectem-se nos canais pouco
profundos que convergem para o bassin. Mais à frente, a
imensa piscina, rodeada por colunas. Ao longo do percurso,
água, muita água, um ouro líquido, transparente, paraíso
refrescante e tranquilizante para os povos do deserto. Estes
canais de água, a lembrar requintados canais de irrigação,
cruzam o resort, como se de ruelas se tratassem.
Apesar do Amanjena se encontrar no meio da Palmeraie,
onde as palmeiras imperam, veêm-se também, espalhadas pela área do hotel, romanzeiras e oliveiras centenárias, que parecem
trazer memórias do passado, contando histórias antigas de amor e guerra.
E rosas, muitas rosas por todo o lado: em pétalas, flutuando nas fontes;
espalhadas nos canais, em ramos imensos; ou solitárias, pousadas delicadamente em cima de uma toalha... sempre rosas da cor do Amanjena, da cor
de Marrakech, da cor do paraíso. A sua fragância enche o ar. O murmúrio
das fontes e a a brisa agitando as cortinas são os sons que se ouvem. Paz, paz,
muita paz, tranquilidade, sossego, silêncio, magia e encantamento.
A nossa imaginação voa mais longe, para lá de Marrakech, trazendo lembranças de outros cantos, de outros paraísos mouros. A imaginação voa
ao sabor da aragem quente que sopra do deserto, voa ao olhar as imagens
reflectidas nos espelhos de água, como miragens. Imagens que nos veêm à
memória de Granada, de Córdova. Até, quem sabe, da longínqua Isphahan.
Talvez seja delírio da nossa imaginação, mas será isso o paraíso...
Dirigimo-nos ao nosso Pavillion, escondido por detrás de um portão de madeira,
rodeado por um muro cor rosa ocre. O hotel tem 32 pavilhões, todos eles,
como em qualquer casa de arquitectura tradicional árabe, feito para preser-
var a privacidade dos moradores, feito para que ninguém de fora
veja o que se passa para além dos muros ou das paredes. Entrámos
num pequeno jardim onde a água jorra de uma fonte murmurando
docemente. Também aqui, pétalas de rosa flutuam ao sabor da dança
da água. Duas chaise-longue parecem esperar para um doce remanso.
As “Mil e Uma Noites” ou “O Jardim Perfumado”, são alguns dos
livros que apetece ler por aqui. Ao fundo, um menzah – um gazebo,
de grossas colunas com tecto trabalhado, encimado por telhas verdes,
forma uma sala ao ar livre. Local agradável para nos refugiarmos ao
fim do dia, ou em noites quentes de Verão... ou mesmo logo depois
de acordar, ao amanhecer. Por ora, sentámo-nos confortavelmente
nos sofás brancos, e preenchemos a papelada do check-in. Entramos,
de seguida, no quarto, de forma oval, com o tecto em cúpula, onde o
cheiro a cedro nos embriaga de imediato. Uma música, suave, paira
no ar. Abderrahim diz-nos que se trata de Malhoun, uma música
tradicional andalusa, a “welcome music” para receber o hóspede no seu
quarto. Candeeiros de ferro forjado e tapetes berberes dão um toque
discreto de decoração marroquina, e o estilo “mil e uma noites”
minimalista.
Num nicho fundo, um vaso com um imenso ramo de rosas frescas.
Serão cem? Talvez mais! Não é só a cor rosa que é símbolo de Marrakech: a flor também lhe está completamente associada. Talvez por
ser a mais bela, a mais famosa, a mais poética entre todas as flores. Para
lá do quarto, uma imensa casa-de-banho, com uma grande banheira
que dá para um pequeno jardim interior ocupado por uma árvore.
Algo familiar por aqui... dois pares de havaianas. Também dois pares
de babouchas e duas cestas de palha se encontram à disposição dos
hóspedes, recordações do Amanjena que o hóspede levar para casa.
Parece que estamos instalados no melhor aposento do hotel, mas
não. Os pavilhões são os mais “simples” dos quartos: alguns têm
piscina, e ainda há seis maisons com dois andares, lembrando os
riyads da medina, com as suas janelas trabalhadas olhando um
pátio interior, e que dispõem de piscina e mordomo – para além
da Al-Hamra Maison, a maior de todas elas.
O pequeno-almoço e almoço são servidos junto à area da imensa
piscina, de medidas quase olímpicas (33 metros de comprimento,
revistida de zellijes azul turquesa e aquecida nos meses de Inverno).
Também aqui os hóspedes são mimados com pequenos requintes:
além das toalhas estendidas nas espreguiçadeiras, um elegante chapéu
de palha com fita de seda verde ou preto, e uma garrafa de água num
balde de gelo, à sua espera. Mal se acomoda, surge um empregado
com um tabuleiro de cheiroso cedro com copos, spray de água para o
rosto e uma caixa, também de cedro, com lenços de papel.
Como Ferdinand – há 13 anos no grupo de Adrian Zecha – nos
contou, nos Amanresorts tentam que o detalhe faça a diferença,
e procuram incutir esse espírito no staff, que é gentil, simpático e
eficiente. Todos eles, quando passam pelos hóspedes, cumprimentam-nos, levando a mão direita junto ao coração, num significativo
gesto árabe, e murmurando “as-salaam maleikoum”, que significa “a
paz esteja contigo”. Com 255 empregados, num staff-to-guest ratio
de seis e meio para um, o serviço do Amanjena pode considerarse excepcional. E isso nota-se bem, principalmente nas refeições,
onde um primeiro pedido não necessita de ser repetido, pois, na
próxima vez, o solícito empregado já fixou o gosto do hóspede.
Khalid, Abdu, Abdel el-Kebir, Zacharias, Abderrahim, Dadda ou
Ouissam, são alguns dos incansáveis e simpáticos empregados que
guardamos na memória da nossa estadia no Amanjena.
O Thai é uma opção para almoçar, servindo cozinha tailandesa
e ocidental, ao som de um músico gnaoua (ao jantar). Pode-se
também comer na privacidade dos pavilhões ou das maisons. Ao
jantar, além do Thai, o Amanjena abre as portas do seu principal
restaurante: o Restaurant, que parece um enorme pátio árabe, com
uma fonte no meio, e onde dezenas de colunas de onyx nascem do
chão, como se plantadas fossem, misturando-se com as oliveiras ali
existentes e as velas que se espalham pelo chão em finos candelabros. A iluminação é subtil, as velas imperam, e come-se divinamente pratos de cozinha marroquina ao som de música andaluza.
O hotel dispõe ainda de um Bar (e fumoir), decorado com espelhos marroquinos, tapetes berberes e espadas árabes, e Biblioteca,
com livros revistas, jornais, jogos, Cd’s e DVD’s. A biblioteca
coloca ainda à disposição dos hóspedes uma grande variedade de
material de pintura para livre utilização.
O Spa do Amanjena é outro paraíso de tranquilidade. A dirigi-lo,
Whittle, uma simpática inglesa – tibetana-budista por opção –,
de sorisso franco e rosto sereno com mais de 20 anos de viagens
pelo mundo, os primeiros dez por prazer e ânsia de conhecer os
tratamentos tradicionais de vários povos, o poder das plantas e o
seu uso. Depois de dez anos a deambular e a recolher conhecimentos ancestrais pela India,Tailândia e Fidji, entre outros países,
começou a trabalhar em spas. O primeiro foi em Zanzibar, continuando a viagem por outros lugares, como África do Sul, Austrália, Sri Lanka (nesta altura já num Amanresort, o Amangalla,
e por onde passou a horrível e inesquecível experiência do tsunami, do qual fala com os olhos marejados de lágrimas).
Enquanto falo com Whittle oferecem-me um refrescante sumo
de limão com menta. Fala-me dos produtos utilizados em todos
os resorts da cadeia. São os Aman products, feitos na Indonésia
em exclusividade para os Amanresorts, todos à base de plantas e
óleos essenciais. Whittle sugere-me que, estando em Marrocos,
e se tivesse de optar por um único tratamento no Spa, escolhesse
o “Traditional Moroccan Hammam”. O hammam (Banho
Turco) é um elemento essencial na vida marroquina, e as
mulheres que neles trabalham,
ainda o fazem da maneira tradicional, uma profissão que se
ensina e passa de mãe para filha.
Apesar de conhecer bem os tratamentos feitos num hammam, foi
pelo que optei, seguindo o conselho de Whittle. Uma hora, numa
experiência de odores em que nosso
o corpo e a pele vão sendo adornados
e tratados por vários produtos, absorvendo múltiplos aromas. Savon noire,
rhassoul, flor-de-laranjeira, água de rosas...
tudo envolto pelos lânguidos vapores do Hammam.
Acabo o tratamento num jacuzzi forrado de zellijes azuis, com
pétalas de rosa flutuando ao sabor das borbulhas da água, e deliciando-me com chá de menta e patisserie marroquina. Voltei no
dia seguinte para uma massagem, a mais relaxante que recebi na
vida. E no outro... e no outro ainda... queria experimentar todos
os tratamentos disponíveis!
Para quem preferir mais actividade, o resort dispõe de dois courts de
ténis e fica instalado bem perto de dois campos de golfe com 18
buracos. Mais para lá, Marrakech, com a confusa, agitada e labiríntica medina repleta de gente que por ali circula em direcção aos souks.
Os mágicos, encantadores de serpentes, adivinhos, dançarinos e todo
o mistério do Oriente podem sentir-se na lendária Praça Djemaa el
Fna. Excursões aos arredores de Marrakech, como uma ida às montanhas do Atlas, ou até mesmo para além de Ouarzazate e Zagora até
às dunas do Sahara, podem ser também organizadas pelo hotel.
Começa a entardecer. E esta passagem para o anoitecer é a hora
de encantamento do Amanjena, que se transforma ainda mais no
cenário das Mil e Uma Noites. Reflectidas na água, as imagens lembram miragens, sonhos. Uma cegonha voa para o seu ninho feito no
telhado do pavilhão 11. A reforçar este ambiente
feérico, tal como
nos tempos em
que não existia
electricidade, um
homem inicia a
tarefa de iluminar as centenas de
lanternas que se
espalham pelo hotel
– como os lampiões
de outrora. Pequenas
chamas brilham por
todo o lado, reflectidas na
água, nos espelhos, no bassin, na piscina, nos canais, ofuscando a
ténue luz eléctrica que passa quase despercebida. O céu enchese de estrelas, como brilhantes cravejados num imenso manto
de veludo escuro. O Amanjena parece ser só nosso. Apesar de
estar com cem por cento de ocupação, não se vê ninguém. A
noite é silenciosa, mágica, única e nossa.
O minimalismo da arquitectura, do design e da cozinha do Amanjena não foram pensados para reduzir as sensações, mas antes para
concentrar os sentidos diminuindo a distracção. A cor é uniforme.
Os padrões simplificados. As texturas idem. Os sabores purificados. Assim, um elemento arquitectónico tantas vezes visto e utilizado assume uma nova elegância; ou uma mistura de especiarias
provada tantas vezes, surpreende e delicia, quando utilizada de
uma forma simples. O minimalismo desenvolve-se numa celebração dos sentidos. Tudo, então, se transforma num luxo, discreto, de espaço, de tranquilidade, de calma, de beleza, de sossego,
de paz, sereno... o verdadeiro luxo dos actuais dias agitados. Ed
Turtle conseguiu criar um lugar inesquecível, onde o nome é mais
do que merecido: Amanjena, um paraíso de paz.
Route De Ouarzazate, Km 12, Marrakech · Tel. 00.212.24 403 353 · www.amanresorts.com
· [email protected] · O Amanjena fica na Palmeraie, a 7 km de Marrakech