acidez e condutividade elétrica do solo em unidades - PPG

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acidez e condutividade elétrica do solo em unidades - PPG
XVII Jornada de Iniciação Científica - 2013
ACIDEZ E CONDUTIVIDADE ELÉTRICA DO SOLO EM UNIDADES DE
AGRICULTURA FAMILIAR, NO MUNICÍPIO DE SANTO ANTÔNIO DE JESUS,
BAHIA.
Adriana Fernandes Lobo, [email protected], Rozilda Vieira Oliveira Sacramento,
[email protected]
Departamento de Ciências Humanas, Campus V, Santo Antonio de Jesus
Palavras Chaves: Palavras Chaves: Fertilidade do Solo; Agricultura Familiar; Latossolos; Argissolos
Introdução
Estudos realizados pela FAO (2011) indicam que das terras
agricultáveis no mundo, 8% encontra-se moderadamente degradadas,
36% levemente degradadas e 10% em estágio de recuperação. A
principal causa da degradação, apontada no relatório é atribuída ao
uso de práticas agrícolas inadequadas, causando erosão, perda de
nutrientes, compactação do solo, salinização e poluição do solo. O
conhecimento sobre os atributos do solo permite identificar os
fatores limitantes e as potencialidades para o uso adequado e
sustentável desse recurso pela agricultura, além de proporcionar
uma agricultura mais rentável.
No município de Santo Antônio de Jesus embora exista estudos das
classes de solos predominantes e as formas de ocupação, não há
nenhum levantamento da fertilidade do solo de forma detalhada.
Portanto, é relevante esta pesquisa, uma vez que, as informações
sobre a fertilidade dos solos fornecerão subsídios aos Órgãos locais
como Secretaria Municipal de Agricultura e EBDA, nas atividades
de assistência técnica aos agricultores e demais programas
resultantes das políticas públicas locais.
A cobertura pedológica do município de Santo Antônio de Jesus é
representada, principalmente, pelas classes dos Latossolos e
Argissolos, caracterizados pela baixa disponibilidade de nutrientes e
acidez natural em função do grau de intemperismo.
A presente pesquisa teve como objetivo avaliar a acidez e
condutividade elétrica dos solos cultivados nas unidades de
agricultura familiar, no município de Santo Antônio de Jesus, Bahia.
correlação de Pearson, utilizando o SAEG (UFV, 2007).
Resultados e Discussão
As unidades agrícolas avaliadas apresentam como principais
culturas o citros e a mandioca. A análise de solo não constitui
prática frequente entre os agricultores, 69% dos entrevistados fazem
reposição de nutrientes de forma casual, sem prévia análise do solo e
apenas 38% realizaram calagem nos últimos cinco anos.
Os resultados da estatística descritiva dos atributos avaliados nas
amostras de solo estão apresentados na tabela 1.
Tabela 1- Estatística descritiva dos parâmetros de acidez e
condutividade elétrica do solo em amostras coletadas nos distritos
de Tabocal, Sapucaia e Engenho Velho – Santo Antônio de Jesus,
Bahia – 2013.
Metodologia
Para caracterização do sistema de produção agrícola foram
realizadas 26 entrevistas com os agricultores distribuídos nas
comunidades rurais de Tabocal, Sapucaia e Engenho Velho, no
município de Santo Antônio de Jesus, Bahia. Nessa etapa foram
obtidas informações sobre as culturas instaladas, manejo e preparo
dos solos.
Para coleta das amostras de solo foram definidas as unidades de
amostragens identificadas conforme homogeneidade dos seguintes
critérios: topografia, vegetação, cor, textura e umidade do solo. As
amostras foram coletadas com trado holandês, nas profundidades de
0 a 20 cm e 20 a 40 cm, num total de 15 amostras simples em cada
profundidade, perfazendo uma amostra composta por profundidade
em cada unidade de amostragem. Após coleta as amostras foram
acondicionadas em sacos plásticos, previamente identificados e
encaminhadas ao Laboratório de Geociências da UNEB, Campus V.
Posteriormente foram postas para secar ao ar, destorroadas e
peneiradas em malha de 2 mm constituindo a Terra Fina Seca ao Ar
(TFSA). Para avaliação do solo foram determinados: pH H2O, pH
KCl, Al3+, (H + Al3+) e condutividade elétrica. Os procedimentos
analíticos foram realizados conforme Embrapa (2011). Os atributos
avaliados foram classificados conforme manual da Comissão de
Fertilidade do Solo do Estado de Minas Gerias - CFSEMG (1999).
Os dados foram submetidos a análise da estatística descritiva e
O pH em água e em KCl apresentaram os menores coeficientes de
variação apresentando um conjunto de dados homogêneos. De
acordo com o critério de classificação proposto por Warrick e
Nielsen (1980) para essa medida estatística de dispersão, os
atributos avaliados foram classificados como: baixo ( CV ≤ 12%)
para pH; médio (12% < CV ≤ 60%) para ∆ph, (H+Al3+) e CE; alto
(CV > 60%) para Al3+. Os resultados obtidos para esses atributos
estão de acordo com os encontrados por Sacramento et al (2007) em
solos dos Tabuleiros Costeiros cultivados com citros no Recôncavo
Baiano.
A acidez do solo tem grande importância por afetar o rendimento
das plantas, pela influência que exerce sobre a fertilidade do solo,
interferindo na disponibilidade e assimilação dos nutrientes. A
distribuição dos valores de pH nas amostras analisadas, em classes
de acidez, está apresentada na Figura 1. De acordo com a CFSEMG
(1999) a faixa de pH entre 5,5 e 6,0 é considerada adequada para a
maioria das culturas por favorecer a disponibilidade de nutrientes.
Nos solos estudados percebe-se que mais de 70% das unidades
agrícolas amostradas apresentaram valores de pH abaixo da classe
adequada, em ambas as profundidades. Esse resultado indica a
necessidade de correção dos solos para que haja incrementos na
produtividade.
Os valores de pH KCl, em todos os solos foram menores que os
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determinados em água. Razão pela qual, os valores de ∆pH foram
negativos, indicando que no complexo de troca predominam as
cargas negativas responsáveis pela adsorção dos cátions.
Figura 1 – Frequência das classes de acidez ativa das amostras de
solo nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 cm, no município de
Santo Antônio de Jesus, Bahia.
Os teores de alumínio trocável encontrados nos solos
variaram entre 0,01 a 1,58 cmolc dm-3, distribuídos em
quatro classes: muito baixo, baixo, médio e alto (Figura 2).
Figura 2 – Frequência das classes de acidez potencial das amostras
de solo nas profundidades de 0 a 20 e 20 a 40 cm, no município de
Santo Antônio de Jesus, Bahia.
Figura 3. Teores de Al3+ em função dos valores de pH KCl.
Os valores de H+Al3+ variaram de 1,10 a 4,40 cmolc dm-3 sendo
classificadas em duas classes, baixo e médio do ponto de vista
químico e agronômico. Considerando os valores de alumínio
trocável de 0,01 a 1,58 cmolc em relação aos valores de (H+Al3+)
percebe-se que a maior acidez destes solos é de H+ responsável
pela acidez dependente de pH. O que justifica serem estes solos
extremamente intemperizados.
Os valores de CE nos solos analisados variaram de 82,0 a 377,0 µS
cm-1, considerado relativamente muito baixo. Em solos de regiões
semi-áridas e áridas valores de CE acima de 4.000 µS cm-1 podem
causar severas limitações ao desenvolvimento das culturas (GOMES
e FILIZOLA, 2006). Considerando a umidade e a temperatura, dois
dos parâmetros que influenciam na condutividade elétrica dos solos,
é possível afirmar que os baixos valores de CE encontrados nesses
solos deve-se ao clima da região, considerado subúmido a seco e
úmido.
Conclusões
De acordo com Malavolta (1980) concentração de alumínio na
solução do solo inferior a 0,005 cmolc dm-3 não deve ser tóxico,
entre 0,005 e 0,011 cmolc dm-3 é provavelmente tóxico e, acima
desse limite apresenta alta probabilidade de causar toxidez. Das
amostras analisadas, apenas uma apresentou concentração de
alumínio trocável igual a 0,011 cmolc dm-3, estando as demais
acima desse valor.
As amostras onde foram detectados altos teores de alumínio,
variando entre 1,06 a 1,58 cmolc dm-3, os valores de pH foram (<
4,5), o que justifica o alto teor de alumínio trocável em decorrência
da acidez do solo.
Os valores de pH em água e KCl apresentaram correlação negativa
moderada significativa (P < 0,01) com os teores de Al3+,
apresentando coeficiente de -0,78; -0,79 na profundidade de 0 a 20 e
-0,80; -0,83 na profundidade de 20 a 40 cm, respectivamente.
A mobilização do alumínio trocável no solo depende de um pH
abaixo de 4,5, por este motivo, em solos com o pH abaixo desse
valor, a principal causa da acidez do solo é o alumínio. Assim,
podemos visualizar na Figura 3, o modelo de regressão exponencial
que melhor se ajustou aos teores de alumínio trocável em função dos
valores de pH KCl.
Considerando os valores de pH H2O, pH KCl e Al3+ observou-se
que, em relação as três comunidades amostradas a Comunidade do
Engenho Velho foi a que registrou valores mais elevados de acidez
do solo. Esse resultado pode ser explicado em função da ausência de
calagem, uma vez que, de acordo com as entrevistas esses
agricultores realizaram a última calagem há mais de 5 anos.
1. As unidades agrícolas que realizaram calagem há mais de cinco
anos registram valores de pH inferiores a 4,5.
2. Aproximadamente 70% das unidades de agricultura familiar
apresentam acidez elevada.
3. Os resultados obtidos nessa pesquisa indicam a necessidade de
correção dos solos em função dos baixos valores de pH associados a
elevados valores de alumínio trocável, principalmente no distrito de
Engenho Velho.
Agradecimentos
Ao Programa Institucional de Iniciação Cientifica da UNEB pela bolsa concedida
e ao Departamento de Ciëncias Humanas, Campus V pelo apoio na realização da
pesquisa.
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