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Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
MEDICINA FORENSE I
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SUMÁRIO
FURLANI TRADUÇÕES
Traduções juramentadas em todas as línguas
1 - Notas Preliminares.......................................................1
Temas para os Seminários ...............................................1
2 - História da Medicina Legal...........................................2
3 – Conceitos de Medicina Legal ......................................3
4 - Nomenclatura...............................................................3
5 - Capítulos......................................................................3
PERÍCIA E PERITOS........................................................3
Tipos de Peritos ................................................................4
PERÍCIAS .........................................................................4
DOCUMENTOS MÉDICO-FORENSES ............................4
IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO....................................5
AGENTES MECÂNICOS ..................................................7
(A) INSTRUMENTOS CORTANTES; feridas
incisas........................................................................8
(B) INSTRUMENTOS CORTOCONTUNDENTES;
feridas cortocontusas.................................................8
(C) INSTRUMENTOS PERFURANTES; feridas
punctórias ..................................................................8
Leis (de Filhós e Langer), ou Características da
ferida punctória ..........................................................9
(D) INSTRUMENTOS PERFUROCORTANTES;
feridas pérfuro-incisas................................................9
Quanto à Gravidade das lesões......................................10
(E) INSTRUMENTOS CONTUNDENTES; feridas
lacerocontusas.........................................................10
Tipos de lesões de agentes contundentes......................10
1) Escoriações - importância........................................10
2) Equimoses, hematomas e bossas sanguíneas........10
3) Feridas Lacerocontusas - Mecanismos de
Produção..................................................................11
4) Fraturas e luxações. Rupturas de órgãos ................11
(F) INSTRUMENTOS
PERFUROCONTUNDENTES; lesões por
arma de fogo............................................................12
Lesões por projéteis de armas de fogo ...........................12
Orifício de Entrada ..........................................................12
Orifício de Saída .............................................................12
SEMINÁRIO: INSTRUMENTOS
PERFUROCONTUNDENTES..................................13
Agente Mecânico Interno: o Esforço ...............................13
Atos de Mecanismo do Esforço ......................................13
Efeitos Lesivos do Esforço..............................................14
HÉRNIAS e esforço ........................................................14
COMOÇÃO .....................................................................15
PROVA FINAL – matéria a ser exigida ...........................16
MACKENZIE - 2007
1
Fernando Furlani
Tel.: (11) 9770-6800
[email protected]
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Aula do dia 12/2/2007
1 - Notas Preliminares
Normalmente a Professora pega assuntos dentro do programa,
dividem-se os temas entre os alunos, para os alunos fazerem
seminários. A nota é de 0 a 3. Mas os seminários estão
mantidos apenas nos nonos semestres. Neste oitavo semestre,
só se candidatem a fazer seminário quem realmente estiver
disposto a se dedicar seriamente a isso, e a prova valerá 7,0, e
o trabalho 3,0. Para quem não quiser fazer seminário, a prova
valerá dez.
Temas para os Seminários:
i. Identificação Datiloscópica
Apenas em 2005, este setor - Instituto de
Criminalística - passou a ser gerido pela SPTC. Hoje, nossos
peritos têm qualificação excelente. No II Semestre de 2005 foi
iniciada a digitalização das fichas dos documentos, e agora,
com o intercâmbio, descobre-se que muitos meliantes estão à
solta tentando tirar outros documentos de identificação, mas
agora estão sendo flagrados.
ii. Manchas de Esperma.
Hoje em dia, por incrível que pareça, o crime de
violência sexual é muito presente no Brasil, resultante
provavelmente de problemas sociais, culturais e psicológicos.
Hoje em dia, com o exame do DNA é possível identificar (bem,
ainda é ficção científica no Brasil, apesar das afirmações da
professora). O ideal seria haver um banco de dados de
esperma. A mancha de esperma é o uso de DNA na área
criminal, em caso de corpos sem possibilidade de identificação
de imediato. A análise de DNA no crime é importante.
iii. Agora no oitavo semestre, estudaremos a mancha
de sangue. Por óbvio que possa parecer, é extremamente difícil
identificar uma mancha de sangue, principalmente passadas
algumas horas; outro desafio é saber se o sangue é humano.
Ora, alguém de má-fé pega sangue de animal, joga sobre si ou
sobre objetos, para agravar um quadro. Ainda, em caso de
crimes envolvendo várias pessoas, o desafio é saber de quem
é o sangue.
iv. Lesões produzidas por instrumentos
perfurocontundentes.
O instrumento lesivo por excelência é o projétil, que
pode ser único, como bala, em forma de ogiva, ou em forma de
canto vivo, a bala "dundun", que bate e explode, etc. E há os
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projéteis múltiplos, que vão dentro de cartuchos, na forma de
grãos de chumbo.
Hoje em dia há um uso muito grande de armas,
parece estar havendo uma involução do homem, e isso é
reflexo de problemas psicológicos. São indivíduos com o
"gérmen da periculosidade", e independe da classe social.
Os temas que não forem objeto de seminário, serão
ministrados em aulas.
Os seminários devem ser muito bem apresentados aos demais
alunos, com excelência, dispensando a forma escrita. Aqueles
trabalhos que tirarem 3,0 podem se qualificar para ganhar 50
horas de Ensino-Pesquisa.
Prazo: para estarem inscritos no "Pesquisa-Ensino", devem os
alunos se inscrever agora no Núcleo.
2 - História da Medicina Legal
Todos sabem que a Medicina Forense trata de "coisas feias".
Em todo caso que envolva morte violenta, ou violências sem
morte, temos a atuação da medicina legal, do Médico Legista,
do perito do Instituto de Criminalística, do IML.
Mas nem sempre foi assim. A Medicina Legal surgiu "sem
nome", para melhorar a convivência da sociedade, tentando
solucionar casos concretos. Sua origem remonta ao período
antes de Cristo. No Código de Hamurábi havia a seguinte
determinação: o médico que atender a um escravo, que viesse
a morrer, após o exame da morte, o médico deveria repor
aquele escravo - é a necessidade de indenização em caso de
erro médico. Outra disposição do Cód. de Hamurábi: crianças,
velhos, embriagados, débeis mentais e loucos não podem
servir de testemunha; hoje, temos as "interdições".
Nas Leis de Manu, ao se referir ao crime sexual, o suspeito era
atado a uma cama no meio do templo, sem roupas, com
mulheres nuas dançando; se ele tivesse uma ereção, seria
considerado culpado.
Há 25 anos, verificava-se a potencia de um homem diante da
alegação de impotência para anulação de casamento, era
assim: uma mulher experiente ia para a cama com o acusado,
sob a supervisão de pessoas experientes... e o relato da
mulher associado com a observação dos demais valia como
prova.
O Art. 129 também tem seus primórdios no Cód. de Manu.
Hipócrates afirmou que o prazo máximo da gestação era de 10
meses - o que foi comprovado cientificamente, e até hoje é
válido.
Aristóteles: observou que sempre que ocorria a morte e
expulsão de um feto, este feto morto e a mulher deveriam ser
analisados, a fim de diferenciar um aborto de um infanticídio.
Inumar = enterrar.
Exumar = desenterrar
Antigamente a autópsia (= necropsia) não era permitida, sendo
possível somente, na época de Justiniano, o exame externo.
2
Chegamos à Idade Média: iniciaram-se os exames
multidisciplinares - o indivíduo é submetido ao exame de vários
profissionais, e o resultado disso tudo sai em um relatório
único.
Na época de Justiniano, este determinou que, em caso de
anulação de casamento por motivo de desvirginação antes da
celebração do casamento, tal anulação só podia ser feita
depois de ouvir a mulher, e de esta ser examinada por um
médico.
Anulação por impotência na Idade Média: que ambos os
cônjuges tinham que se manifestar. Não é só o homem que
tem o ônus da impotência - a mulher também pode ser
impotente. Além disso, um médico também iria se manifestar a
respeito depois de examinar ambos. O exame era feito por um
médico, um cirurgião, e um boticário (farmacêutico).
Para o Direito Penal, a fragmentação do Império de Carlos
Magno foi péssima, porque passaram a vigorar os Ordálios
(decisões divinas). Assim, diante de alguma acusação, jogavase o acusado em águas escaldantes com um peso amarrado se ele se salvasse, seria "salvação divina". E ainda havia as
queimaduras, por óleo - o que é terrível, porque com 1/3 do
corpo queimado o ser humano tem grande probabilidade de
morrer, porque há uma série de fatores que causam um
desequilíbrio interno, dentre dor, desidratação, falência dos
rins, etc. Na Idade Média, havia a condenação de ser jogado
em "tachos de óleo quente".
Chegamos a 1532 - Renascença - Foi inaugurada
"oficialmente" a Medicina Legal, sendo finalmente possível
realizar os exames médicos necessários - na França é que
houve uma legislação possibilitando, em caso de morte
violenta, as necropsias. A força da permissão para que isso
fosse possível, foi que o primeiro corpo em que se pôde fazer
isso foi o de Júlio Cesar, cujo exame microscópico foi feito às
escondidas por um amigo, que detectou que a morte tinha sido
causada por 23 punhaladas, sendo que apenas uma delas
tinha sido mortal - este fato histórico é que abriu os olhos da
sociedade para a importância do exame cadavérico.
Ainda há poucos anos, as pessoas ainda relutam e fazer esse
exame cadavérico; já no Séc. XXI, as pessoas já estão
informadas e estão passando a exigir o exame cadavérico.
Sabe-se que muitos indivíduos, até com bom preparo físico,
têm a famosa "morte súbita". Há cerca de apenas 15 anos que
se sabe disso na Medicina, graças aos estudos cadavéricos.
Em termos de determinados estudos, o Brasil está à frente de
profissionais dos EUA e da Europa. Tanto é que tais
pesquisadores brasileiros costumam trabalhar em território
estrangeiro.
Em 1578 surgiu a primeira obra sobre Medicina Legal - fazendo
uma compilação do que havia de material sobre o assunto.
Percebeu-se que sempre houvera a participação da área
médica ou paramédica, normalmente praticada por
profissionais voluntários, da área social, que ajudavam a
sociedade. Percebeu-se, então, que tal atuação ficava na
esfera da área jurídica - tal área era claramente da medicina,
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mas ligada ao direito, para solucionar fatos obscuros. Tal autor
foi Ambrosio Paré (1510-1590), francês.
Outro autor juntou todo o esqueleto da medicina legal em 10
livros, redigindo a espinha dorsal da Medicina Legal. O que
progrediram foram as técnicas, mas a espinha dorsal já fora
escrita por Paolo Zacchia (1584-1659), italiano: Tratado de
Medicina Legal.
Ao longo do tempo, ficou evidenciado o despreparo dos
profissionais que faziam os exames, sendo necessário
qualificar esses profissionais. Em 1920, a primeira faculdade a
ter tal disciplina foi na Alemanha, e em 1930 Portugal teve, na
faculdade de Direito, a matéria de Medicina Legal.
Por exemplo, no concurso para Delegado de Polícia exige-se o
conhecimento da Medicina Legal. Outros concursos também
estão passando a exigir esta disciplina.
Na seqüência, houve a necessidade de cuidar dos vestígios
dos crimes - inaugurou-se então a Criminalística, que é
desmembrada: estudo de vestígios e marcas em geral
(diferente de indícios), estudados sempre no próprio local do
crime.
3 – Conceitos de Medicina Legal
A) Ampliativo
Este conceito diz que a Medicina Legal é uma ciência
autônoma, porque tem Métodos, Objetos e Objetivo próprios.
Mas isso não se sustenta, porque é uma ciência interdisciplinar.
B) Restritivo
O médico, depois de formado, depois de passar em
concurso de médico-legista, passa ainda de 6 a 9 meses na
Academia de Polícia recebendo treinamento para isso.
C) Intermediário
Medicina Legal é o estudo e aplicação dos
conhecimentos médico-biológicos ao Direito Constituído e
ao Direito Constituendo. Fiscaliza o exercício profissional
da medicina.
Atenção com este conceito acima, ditado pela professora: se
exigido em prova, deve-se colocar LITERALMENTE, sem tirar
nem por nada!
Também, com a deontologia médica (conjunto de deveres
profissionais do médico estabelecidos em um código
específico), é feita a fiscalização do exercício profissional.
4 - Nomenclatura
3
I - Identificação
Ao estudar uma mancha de sangue, deve-se saber determinar
de quem é aquele sangue.
II - Traumatologia
É o estudo dos agentes lesivos e respectivas lesões.
Não
podemos
trocar
os
nomes:
instrumentos
cortocontundentes têm determinadas características, diferentes
de outros instrumentos.
III - Tanatologia
Estuda a morte, os cadáveres.
É a teoria ou estudo científico sobre a morte, suas causas e
fenômenos a ela relacionados.
IV - Sexologia
Capítulo social, pois nos ensina muita coisa em termos de
informação, de menores que engravidam muito cedo porque
não têm informação – como nos bailes funk, por exemplo.
V - Psicopatologia
Área da psicologia e psiquiatria - indivíduos imputáveis,
inimputáveis, e semi-imputáveis. Toxicologia, etc.
Aula do dia 26/2/2007
PERÍCIA E PERITOS
Uma "bofetada, por exemplo, não costuma deixar vestígios - só
uma vermelhidão, sendo um "evento passageiro".
Os "eventos permanentes" não duram a vida inteira, e sim
apenas o tempo necessário para que alguém veja, alguém - a
autoridade policial, por exemplo - que possa fazer uma
requisição de corpo de delito. Ou na delegacia, ou no posto
médico legal. Esse evento permanente dura o suficiente para
que alguém o visse e registrasse.
A perícia incide sobre os eventos denominados "permanentes".
Sobre o perito: para atuar profissionalmente, ele deverá estar
de plantão. Se o perito estiver, fora de seu horário de trabalho,
em algum local onde ocorrer um evento digno de registro, a
atuação dele não valerá - sua atuação só terá valor se o
profissional estiver em serviço, em horário de expediente, para
registrar um fato permanente. O perito deverá, ainda, estar
nomeado por uma "autoridade competente".
A autoridade competente = delegado de polícia, na fase de
inquérito, e ...
Medicina Legal é o mesmo programa ministrado aos
Acadêmicos de Medicina - eles aprendem a fazer perícia.
PERÍCIA: é a atuação de um douto (especialista) nomeado por
autoridade competente, para informar ao Poder Judiciário sobre
um fato de natureza permanente.
Medicina Forense é a disciplina aplicada aos acadêmicos de
Direito, que aprendem a INTERPRETAR os documentos
médico-forenses, feitos pelos médicos.
PERITO: é o douto nomeado por autoridade competente para
informar ao Poder Judiciário sobre um fato de natureza
permanente.
5 - Capítulos
Para fins Didáticos, a matéria é dividida em capítulos:
Vimos os elementos que tornam válida a figura do Perito, que
por sua vez torna válida a figura da Perícia.
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Tipos de Peritos:
Perito Oficial: prestou concurso, foi preparado, tomou posse, e
está exercendo seu cargo, estando de plantão.
Peritos Louvados, ou Nomeados (peritos "ad hoc"): são os
profissionais nomeados pelo juiz para funcionar como peritos
nos locais em que não há nem Instituto de Criminalística nem
Instituto Médico Legal - IML, e não há possibilidade de se
solicitar atuação deles. Eles só agem nos casos para os quais
tiverem sido nomeados; quando acabar o caso, cessa sua
atuação.
Peritos do Juiz: peritos que só atuam na área CÍVEL, e estão
elencados em uma lista que o juiz possui.
Exemplo: está havendo um vazamento de um apartamento
para outro, e as partes não se colocam em acordo sobre a
origem do vazamento. O juiz, diante da controvérsia, nomeia
um de seus peritos para ir até o local verificar a origem do
vazamento, e sua palavra valerá para o juiz dar sua sentença.
Há sempre 3 profissionais atuando: um perito oficial, mais um
assistente técnico de cada uma das partes. Quando as
opiniões são conflitantes, serão lavrados 3 documentos, cada
um assinado por uma parte diferente.
Em um laudo de autópsia, o primeiro signatário é o mais
importante, ele é que sabe de tudo. No IML, há 4 mesas para a
mesma autópsia, mas na realidade os profissionais trocam
idéias, e o que de fato fez a autópsia é que assina em primeiro
lugar.
INSTITUTOS:
IC - Instituto de Criminalística: pode ser qualquer profissional,
de qualquer área - o perito é denominado MÉDICO LEGISTA, e
dele se exige o terceiro grau de instrução.
PERÍCIAS:
São realizadas em:
- Pessoas: exames em pessoas vivas, seja de violência,
atentado sexual, ato libidinoso diverso da conjunção carnal,
enfim, existe um rol imenso de perícias que podem ser
realizadas em pessoas vivas.
- Cadáveres: os cadáveres não são mais considerados
"pessoas". O primeiro passo é a identificação do cadáver, pelo
seu sexo, idade, etc., mas, primordialmente, se aquele corpo é
de uma pessoa que está realmente morta. Já que será feita
uma autópsia, e o corpo será cortado, dissecado.
- Ossadas: tendo em vista o grande número de ossadas
encontradas na atualidade, além de se querer identificar a
altura do cadáver, a idade, sexo, etc., atua um perito criminal
especial, concursado, que trabalha no IML - o Dentista, que é
um perito criminal que trabalha nas perícias de ossadas. Ele
estuda muito Antropologia.
DOCUMENTOS MÉDICO-FORENSES
É como os peritos se manifestam, das seguintes formas:
4
- Atestado: é a afirmação pura e simples de um fato médico e
suas conseqüências. Existe também quando uma pessoa quer
pleitear seu direito, mas antes de mover uma ação ele precisa
de um atestado. Exemplo: digamos que um profissional
trabalha em um lugar com muita umidade ambiente, que acaba
causando dores nas juntas, etc., e o médico afirma ser daquela
umidade. Ora, para isso, é necessário que o médico expeça um
atestado afirmando isso.
- Pareceres: é a resposta dada a uma consulta feita
previamente. Vale pela pessoa que o emite, depende do
renome no meio em que o profissional atua. Quem vai
contestar o conteúdo do parecer é a outra parte.
- Auto:
Conceito: existe em duas circunstâncias:
1 - O juiz, ao não entender bem o conteúdo do laudo, chama o
autor do laudo para pedir esclarecimentos.
2 - Em um posto médico legal ou em uma delegacia de polícia,
apenas em casos de lesão corporal leve, permite o ingresso da
vítima na sala do Médico Legista, e o que ele falar o escrivão
vai digitar. Se isso for para o escritório do IML Central e for
impresso em papel timbrado, vai virar um laudo. Caso não seja
impresso dessa forma, será engavetado.
Exemplo: existe um laudo feito, mas que não foi compreendido.
O juiz intima o primeiro signatário a comparecer à Vara
aplicável, e o juiz pergunta o que ele quis dizer com aquilo que
está escrito no parecer. Ora, o escrivão vai lavrando todos os
esclarecimentos dados ao juiz, e isso se converte em um
"laudo complementar".
O auto lavrado na Delegacia, pode ou não se converter em
Laudo. Aquele feito no Fórum sim, sempre se converte em
laudo complementar.
- Laudo: bem diferente dos outros dois documentos, tem
caráter extensivo.
Conceito: é a descrição pormenorizada de um fato qualquer, e
suas conseqüências.
Para que o laudo seja claro para nós, leigos, ele deve ser
separado em diversas partes:
1. Preâmbulo: indica o tipo de perícia que está sendo
realizada, os nomes das partes, o objeto da perícia, etc.
2. Histórico: os fatos, resumidamente.
3. Descrição: onde o perito diz tudo o que ele viu, e tudo o que
ele fez no cadáver ou na pessoa viva. É uma descrição
pormenorizada, é a parte mais importante.
4. Discussão
Existe quando há divergência doutrinária entre estudiosos do
assunto, e o perito já se adianta dizendo que conhece as
opiniões conflitantes a respeito do assunto, para ganhar tempo
no processo. Deve haver concorrência claríssima da Discussão
com a Descrição.
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NDN = Nada Digno de Nota.
5. Conclusão
6. Resposta aos Quesitos (perguntas)
TIPOS DE QUESITOS:
- Quesitos Oficiais: existem só sobre matéria
PENAL, e não na área cível. Ex.: num laudo de lesão corporal,
tenta-se subsumir o fato prático com o tipo penal.
- Quesitos do Juiz: são os quesitos na área CÍVEL.
São formulados pelo próprio juiz.
- Quesitos Complementares: valem tanto para a
área Penal como para a área Cível. O Delegado - na fase de
inquérito - pode fazer quesitos sim! Mas a grande maioria dos
delegados não apresenta quesitos, porque a maioria não sabe
fazer isso.
Se o laudo tiver um único signatário, ele será nulo, não terá
validade, porque a lei exige no mínimo DOIS signatários.
7. Data e Assinatura:
Dois na área penal, e um na área cível.
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IDENTIDADE E IDENTIFICAÇÃO
1. IDENTIDADE
Conceito: identidade é o conjunto de propriedades ou
características que tornam alguém essencialmente diferente de
todos os demais, com quem se assemelhe ou possa ser
confundido.
É o conjunto de elementos positivos e estáveis que definem a
pessoa física de alguém.
A identidade tem dois aspectos, o subjetivo, que é a percepção
de nós mesmos, e é feita pelo nosso eu/consciência, não há
interesse imediato na medicina forense (resulta da consciência
individual), e o objetivo, que possui interesse na medicina
forense, corresponde a uma forma de aferição de
características objetivamente, concretamente observadas.
A identificação é o emprego de meios adequados para
determinar a identidade ou a não-identidade, é a descrição de
uma pessoa que se quer fazer reconhecer. Assim, a
identificação é uma forma de se aferir a identidade de alguém.
É o processo usado para evidenciar as propriedades
exclusivamente individuais.
Não se deve confundir reconhecimento com identificação, são
coisas diversas. O reconhecimento é um processo que tem
base empírica e não se socorre de nenhuma técnica de base
científica.
2. HISTÓRICO
5
As primeiras tentativas de identificação foram muito brutas,
marcava-se os assassinos amputando partes do seu corpo.
A primeira tentativa científica foi medindo os ossos, depois
medindo a circunferência da cabeça. Bertillon buscou identificar
os pontos comuns aos seres, a sua base é a antropometria
(bertilhonagem), isto culminou com Gauton que descobriu o
sistema de identificação por meio de digitais.
Juan Vucetich desenvolveu a dactilologia, onde cada um tem
uma digital, a digital como meio de identificação.
A dactiloscopia é muito mais simples e segura do que a
bertilhonagem, tem a vantagem de ser aplicável em qualquer
período de vida, a partir do sexto mês de vida intra-uterina até
depois da morte, enquanto não for destruída a pele. É,
atualmente, o melhor método para a descoberta e identificação
dos criminosos, quer reconhecendo os reincidentes, cuja fichas
já estão arquivadas, quer servindo para descobrir o autor de
um delito que tenha deixado no local do crime sua impressão
digital.
A dactiloscopia é o estudo dos desenhos formados pelas
papilas dérmicas ao nível das polpas digitais. É método
científico. Os desenhos se formam no sexto mês de vida intrauterina e permanecem invariáveis até a destruição cadavérica.
São passíveis de classificação, tendo sido descritos nos
Sistemas de Vucetich e o de Galton Henry. Apresentam
configuração unitária em cada pessoa e seu estudo, por
decalque no papel, é simples, rápido e prático.
As qualidades (requisitos técnicos) que conferem às
impressões digitais valor sem igual para a identificação são a
imutabilidade, unicidade, classificabilidade e praticidade.
a) unicidade: o elemento usado para identificar seja único
em cada indivíduo que será identificado. As impressões
digitais não se repetem nos seres humanos. Ela é única,
ainda que gêmeos univitelinos;
b) imutabilidade: não se confundir com perenidade
(perene é algo que dura para sempre não é algo que não
muda). A impressão digital jamais muda, desde o momento
que a pessoa nasce até o momento que o corpo entre em
putrefação quando esta ainda não alcançar a mão do
cadáver;
c) classificabilidade: requisito pelo qual o elemento
identificador deve ser retirado das próprias características
da forma de identificação;
d) praticidade: característica que torna essa forma de
identificação prática, o método há de ser simples para
poder ser prático.
Há características nas impressões digitais que as classificam.
O arquivo de impressões digitais não é por ordem alfabética,
mas sim pela classificação das impressões digitais.
"Este que aqui se encontra, um dia aqui esteve"
O sistema de identidade civil é o decadactilar e o de identidade
criminal é o monodactilar.
3. SISTEMA DE VUCETICH
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A base do método de Vucetich é o delta, que vem a
ser as linhas dispostas em ângulos mais ou menos obtusos e
envolvendo o núcleo central da impressão. Ele divide os
desenhos digitais em quatro tipos fundamentais: arco, presilha
interna, presilha externa e veticilo, que se caracterizam pela
ausência de delta, pela presença de delta à direita do
observador, pela presença de delta à esquerda do observador
e pela presença de dois deltas.
Presilhas longitudinais são as que acompanham o
comprimento dos dedos; transversais, as que ficam deitadas;
verticiladas, as que, ao chegarem ao tórulo táctil, vão se
enrolando como se fossem fazer um verticilo. Os subtipos de
verticilo se definem pelo seu próprio nome. Além disso, no
estudo das impressões digitais, ainda encontramos os pontos
característicos, em número de 40 a 50 cm cada dactilograma.
Esses pontos característicos, ilhotas, linhas cortadas,
forquilhas, bifurcações e encerro, podem ser de grande
utilidade diferenciadora, quando forem encontradas individuais
dactiloscópicas muito semelhantes.
Para se escrever uma individual dactiloscópica,
procede-se da seguinte maneira: faz-se um traço de fração,
escrevendo-se no numerador a notação da mão direita, que se
chama série, e, no denominador, a da mão esquerda, que se
chama seção.
Da mão direita escreve-se a notação literal do
polegar, chamada fundamental, e os números correspondentes
aos demais dedos, chamados divisão. Da mão esquerda ou
seção escreve-se a letra do polegar, que se chama
subclassificação, e os números correspondentes aos demais
dedos, chamados subdivisão. Por estas fundamentais,
divisões, subclassificações e subdivisões é que se faz o
arquivamento das fichas no diferentes armários.
Seção Ö mão
esquerda
6
basal (ou basilar) e marginal (também chamado apical) se
continuam suavemente um no outro. O conjunto mostra que as
linhas vão se “arqueando” da base ao ápice. A essa figura
denominou arco e atribui-lhe o símbolo “A” ou o algarismo “1”.
2ª Hipótese: o sistema nuclear está presente e
situado bem no centro do desenho. Nesta eventualidade, os
três sistemas se entrecortarão à direita e à esquerda do
observador.
Assim, pode-se observar a formação de dois
triângulos, cujas faces pertencem aos diferentes sistemas de
linhas (nuclear, marginal e basal).
Esse desenho recebe o nome de Delta (D). A
presença
série de
Ö dois
mão deltas caracteriza a presença o sistema
direita
nuclear
centralmente localizado. Essa figura foi chamada
verticilo, passou a ser designada pela letra “V” e o algarismo
“4”.
polegar
Indicador
Médio
Anular
Mínimo
Para identificar o polegar – usam-se letras
Para identificar os outros dedos – usam-se números
3ª Hipótese: sistema nuclear presente, mas
marginalizado para a direita ou para a esquerda. Nestes casos,
ocorre a presença de um único delta, contralateral.
Fórmula Mágica
A
1
I
2
E
3
V
4
Vucetich inicialmente observou que as linhas
papilares se organizam em três sistemas. Um acompanha o
bordo da polpa digital (M); outro forma a base do desenho,
passando transversalmente de um bordo ao outro (B); um
último forma um núcleo (N).
Do comportamento relativo de cada sistema,
resultam figuras diferentes. É mais fácil entender as situações
extremas inicialmente:
1ª Hipótese: ausência do sistema nuclear (N), que
também pode ser chamado central. Neste caso, os sistemas
Vucetich denominou estas figuras de presilhas. A
determinação do lado para o qual se dera o deslocamento do
sistema nuclear começou a oferecer problemas. Os desenhos
foram decalcados no papel. Se o delta situa-se à esquerda do
observador a presilha é dita externa, passa a ser designada
pela letra “E” e recebe o algarismo “3”. Caso o delta venha a se
situar à direita do observador, a presilha será dita interna,
designada pela letra “I” e recebe o algarismo “2”.
3. 1. FÓRMULA DACTILOSCÓPICA
A fórmula dactiloscópica é a representação
resumida e convencional dos desenhos papilares dos dez
dedos das mãos, em forma fracionária, colocando-se no
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numerador os dedos da mão direita, no denominador os da
esquerda e servindo-se das letras e algarismos adotados por
Vucetich. As letras designam os polegares e os algarismos são
usados para os demais dedos.
Arco
Presilha Externa
Presilha Interna
Verticilo
Série
Seção
Fórmula dactiloscópica
E 1 4
3
V 2 0 (ausência de 4
dedo)
A
E
I
V
1
3
2
4
X (cicatriz)
1
Se a pessoa não tiver dedo ou falange usa-se o símbolo 0,
X significa cicatriz que impede a identificação.
3. 2. PONTOS CARACTERÍSTICOS DO SISTEMA VUCETICH
Os pontos característicos são acidentes
apresentados pelas linhas papilares. O que faz identificar a
pessoa são os pontos característicos que existem nas linhas
que formam a impressão digital. Eles são os seguintes: ilhota,
cortada, bifurcação, forquilha e encerro.
A ilhota se caracteriza por estar a linha papilar reduzida a
quase um ponto; a cortada é linha que se interrompe logo;
na bifurcação uma linha se desdobra em duas em ângulo
aberto e curvilíneo; na forquilha observa-se fenômeno
semelhante, com ângulo agudo e quase retilíneo; o encerro
é imagem resultante de duas cortadas que se opõem,
formando um anel oval ou bifurcações que se interligam.
7
apresentam com a nitidez e perfeição das colhidas para
organização dos arquivos, são usualmente incompletas,
fragmentárias e apenas de um ou alguns dedos. Em todos os
objetos podem-se procurar por impressões digitais. Elas podem
se apresentar basicamente em três formas: coloridas,
moldadas e latentes.
As coloridas são aquelas que são deixadas porque o agente
imprimiu a digital, pois sua mão está suja de alguma
substância, evidenciando a impressão. É a segunda em
freqüência.
As moldadas são deixadas porque o objeto é mole (massa,
manteiga, material), o dedo da pessoa fica impressa porque a
substância é depressível, obtém-se um molde das saliências
das papilas dérmicas. Não é freqüente.
A latente é a que mais ocorre. Em princípio ela não é vista. Na
mão humana há ácidos graxos e gorduras, que pela própria
natureza ficam impressas com a digital no substrato. A
revelação depende do tipo de substrato que ela se encontra.
De acordo com o substrato em que ela se encontra, a técnica
de revelação muda. O mais freqüente são os reveladores em
pó. Ha claros e escuros (contraste). O pó precisa ser fino e
pesado para não se perder a digital.
O revelador liquido só é usado em objetos que podem ser
mergulhados, ele recobre apenas o local que tem impressão
digital.
Objetos que podem ser transportados não serão analisados no
local e sim levados a perícia, para análise em laboratório.
A impressão revelada deve ser retirada e isto é feito por meio
de fita adesiva.
A digital é fotografada e aumentada para ser analisada.
Aula do dia 12/3/2007
AGENTES MECÂNICOS
Agentes Mecânicos: feridas incisas, punctórias e mistas
Esses são os elementos realmente
identificadores. Para que haja semelhança é preciso ser
encontrado 12 pontos de coincidência entre a impressão digital
encontrada e a que está na impressão.
Há impressões digitais:
a) coloridas: por exemplo, colocar a mão no
sangue e ficar estampado no papel;
b) latente: aquelas que não são visíveis.
Há um pó de chumbo escuro muito fino que "colore"
a identidade digital latente. Há também uma fita que "cola" a
impressão digital, caso não seja possível transportar o material
(retirar a impressão de uma parede, por exemplo).
4. IMPRESSÃO DIGITAL NO LOCAL DO CRIME
Nos locais de crime encontram-se, com certa freqüência,
impressões digitais dos autores. É evidente que não se
Entre os agentes causadores de lesões, pela freqüência com
que ocorrem se destacam os de natureza mecânica:
estatisticamente, 99% dos homicídios da cidade de São Paulo
são praticados com ações mecânicas.
Os agentes mecânicos são distribuídos em 2 subgrupos:
1) Agentes mecânicos externos:
(a)
(b)
(c)
(d)
(e)
(f)
Instrumentos cortantes
Instrumentos perfurantes
Instrumentos contundentes
Instrumentos perfurocortantes
Instrumentos cortocontundentes
Instrumentos perfurocontundentes
2) Agente mecânico interno: o esforço
============================================
8
Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
(A) INSTRUMENTOS CORTANTES; feridas incisas
2.
Gravidade: em regra, são de pouca gravidade, mas há
casos em que as incisões são profundas, mutilantes, ou
atingem importantes vasos sanguíneos, causando
hemorragias debilitantes ou mortais. Incisões profundas no
pescoço podem deixar ar entrar no sistema circulatório
(causando embolias), ou sangue no sistema respiratório
(causando asfixia por sufocação).
3.
Quesitos como: - Homicídio, suicídio, ou acidente? Lesão
produzida por outrem, ou autolesão (pretendendo simular
algo)? Podem-se responder a tais quesitos levando-se em
conta circunstâncias como: localização das feridas, seu
número, sua direção, o sentido em que foram produzidas,
sua profundidade; a unicidade ou multiplicidade de armas;
o fato de o ferido ser canhoto ou destro, ou se for alienado
mental.
4.
Incisões no antebraço, mão ou dedos podem muito bem
ser “feridas de defesa”: a vítima procurou rebater ou
agarrar a arma. Inexistirão se a vítima tiver sido
surpreendida pelo agressor, ou se aquela estivesse
inconsciente. Porém, o suicida também pode produzir em
si próprio estas incisões, por imperícia ou exasperação.
Sua ação ocorre pelo “gume”, ou corte.
Exemplos: navalha (o mais típico), faca, bisturi, canivete,
tesoura (desde que firam só pelo gume, e não pela ponta), A
guilhotina, o cutelo das máquinas de cortar, lâminas de vidro ou
de metal.
A ação ocorre:
(a) Por simples pressão, como na guilhotina
(b) Por pressão e deslizamento (mais comum), que aumenta
a capacidade de penetração do instrumento.
Na maior parte dos casos é o instrumento que – acionado por
força humana (de outrem ou da própria vítima) – atinge um
corpo mais ou menos imóvel. Porém, ocorre ainda de o corpo
se precipitar contra o instrumento que está imóvel
Tipos de Feridas (instr. cortantes):
a)
b)
c)
Ferida incisa: quando o instrumento penetra os tecidos
em direção mais ou menos perpendicular à superfície do
corpo.
Feridas com retalho: quando o instrumento, tendo
penetrado obliquamente, deixa pendente do corpo um
retalho cortado em bisel, preso por uma das pontas.
Ferida mutilante: quando o instrumento, atravessando os
tecidos de lado a lado, destaca certa parte saliente do
corpo: o pavilhão da orelha, a ponta do nariz, um dedo,
etc.
Ainda neste tipo, a incisão da parte frontal do pescoço é
chamada de “esgorjamento”; a que separa a cabeça do
corpo chama-se “decapitação” ou “degola”.
(B) INSTRUMENTOS
cortocontusas
CORTOCONTUNDENTES;
feridas
Sua ação ocorre (1) pela força de penetração de um gume
pouco afiado, associado, ou seja, CORTE, e (2) ao peso do
instrumento, mais (3) a energia do golpe desfechado [2 +3 =
CONTUSÃO].
Contusão = lesão produzida por golpe ou impacto;
traumatismo.
Exemplos: machado, foice, enxada, facão (desde que o corte
da lâmina também cause lesão).
Características da Incisão (são 4):
Características da lesão:
(i)
Além da feridas incisas causadas pela ação do corte das
lâminas (que nestes instrumentos costumam não ser muito
afiadas), podem se distinguir pela grande profundidade e por
lesar também os ossos, normalmente, além dos órgãos
internos. Costumam ter maior gravidade do que as feridas
incisas.
Predominância do comprimento sobre a profundidade
(ação do gume).
(ii) Nitidez e lisura das bordas da ferida, sem irregularidades,
nem sinais de contusão. Em geral, é retilínea; mas gumes
denteados ou cegos produzem incisões menos lisas.
(iii) Afastamento das bordas da ferida, pela elasticidade e
tonicidade dos tecidos, sendo maior quando produzida em
corpo vivo.
(iv) Presença de “cauda”: nas extremidades, a ferida é menos
profunda do que no centro. O estudo das “caudas” da
ferida serve para informar a direção em que o golpe foi
dado.
Problemas médico-legais das feridas incisas
1.
As características da lesão permitem identificação
“genérica” (instrumento cortante), mas não específica
(navalha, faca), e muito menos individual (esta navalha,
aquela faca). Tesouras podem determinar ferida em V.
Problemas médico-legais das feridas cortocontusas
Pode ser difícil distinguir ferida “cortocontusa” de
“lacerocontusa” (ver adiante), para identificar o instrumento
causador.
Acidentes e homicídios costumam causar estas feridas,
havendo também suicídios. Mutilação voluntária também: no
caso da fraude de seguros ou previdência.
(C) INSTRUMENTOS PERFURANTES; feridas punctórias
Os instrumentos perfurantes (instrumentos simples) são longos,
pontiagudos, de reduzido diâmetro transverso.
Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
Exemplos de instrumentos perfurantes: chave de fenda,
ATENÇÃO, ISTO SERÁ EXIGIDO EM PROVA! Outros
exemplos: estaca de madeira, alumínio (aquelas colocadas
sobre muros), caneta, agulha de tricô, espeto de churrasco
(desde que seja cilíndrico e pontudo), tesoura fechada, alfinete,
agulhas de modo geral, picador de gelo (desde que seja uma
haste, na forma de sovela), grampos de pressão, prego,
compasso, florete, flecha, espinhos vegetais, etc.
Aula do dia 19/3/2007
A professora nos mostrou um instrumento perfurante, e uma
foto com as marcas características.
Eles não têm nenhuma angulação, só atingindo a pele pela
ponta, são redondos. Entretanto, eles podem fazer um
"arranhão". Mas estamos estudando estes instrumentos porque
eles "perfuram", não porque arranham. Por não ter "gume", eles
penetram no tecido "afastando" as fibras do tecido. Assim, as
características da ferida dependem totalmente das "fibras" dos
nossos músculos, não dependendo do instrumento – de forma
diversa dos instrumentos cortantes, em que o gume é usado
para cortar, e diferente ainda dos instrumentos
cortocontundentes, que atuam pela "pressão", pela força.
Ação do instrumento perfurante: o agressor age por pressão.
As feridas por eles causadas são chamadas "punctórias" (este
termo vem da palavra "ponto", segundo a professora, mas não
consta do dicionário Houaiss da Língua Portuguesa). Podem
elas ser:
- Superficiais, ou as
- Profundas (ou "penetrantes"), que são:
i) CAVITÁRIAS: quando o instrumento nos atinge em
uma das três cavidades: cabeça, tórax e abdome,
ii) TRANSFIXANTES - EXEMPLO: brinco, furo da
orelha.
iii) EMPALAÇÃO: quando o instrumento perfurante (e
somente ele) é introduzido no: ânus, períneo (no homem, fica
entre o escroto e o ânus, e na mulher entre a vagina e o ânus),
ou vagina, teremos uma lesão chamada de "empalação" (e não
empalamento).
O corpo humano é formado de ossos, músculos e pele. Os
músculos são formados de FIBRAS musculares. A carne
vermelha é formada de fibras, e tais fibras têm uma direção.
Sobre as fibras musculares: elas têm uma direção, e a direção
delas é que irá definir a impressão, nas lesões, as
características das feridas punctórias.
Filhós e Langer fizeram um trabalho muito bom para descrever
essas feridas, nas chamadas “Leis de Filhós e Langer”.
Portanto, as características são a MESMA COISA do que as
"Leis" de Filhós e Langer - PROVA!
Leis (de Filhós e Langer), ou Características da ferida
punctória:
1) Em uma mesma região, a direção da lesão é sempre a
mesma. Ou seja, qualquer indivíduo que seja ferido na mesma
9
região do corpo, todas as feridas terão as mesmas direções.
Por exemplo, isso não ocorre com os instrumentos cortantes,
cuja direção da ferida é dada pelo gume, ou corte, do
instrumento, e não pela direção das fibras.
2) A ferida produzida por um instrumento perfurante é
"alongada e achatada", como se tivesse sido produzida por
um perfurocortante de dois gumes (punhal). Qual a diferença
entre uma e outra? A diferença é que a ferida do instrumento
perfurante é achatada porque perfurou e repuxou, e a outra, do
perfurocortante de dois gumes fica achatada porque os gumes
dela fizeram um corte, e isso será identificado pelo perito.
Quando uma pessoa está morta e é ferida por um instrumento
perfurante, a ferida fica redondinha, porque não há mais a
tonicidade muscular que faria repuxar as fibras.
3) Quando a ferida de instrumentos perfurantes tomam o
aspecto de figuras geométricas: triângulo, losango, etc., é
porque naquele ponto há o CRUZAMENTO de fibras
musculares.
Atenção: as fibras musculares são tremendamente
ELÁSTICAS, e NÃO rompem. Elas não estão isoladas, e sim
formadas por chumaços.
(D) INSTRUMENTOS
pérfuro-incisas
PERFUROCORTANTES;
feridas
Instrumentos compostos
São instrumentos que perfuram, mas que também cortam.
Aqui, as fibras não determinam o sentido do corte, que é dado
pelo gume das lâminas.
Podem eles ter 1 ou 2 gumes (canivete ou punhal), e 3 ou mais
ângulos (certos estiletes especiais).
Ação: em primeiro lugar eles perfuram, e em segundo lugar
também cortam. Não é possível inverter essa seqüência. A
ação é por PRESSÃO, idêntica ao do instrumento perfurante.
Exemplos: tesoura, desde que agindo primeiramente por
pressão. ATENÇÃO COM ISTO NAS PROVAS! Outro
exemplo: facas de ponta em geral (não as arredondadas).
Cacos de vidro, punhal, lança, adaga, dardo, chave de fenda.
Atenção: estiletes simples e navalhas NÃO são exemplos de
perfurocortantes.
Lembremos: para lesar, deverá o instrumento ter PONTA,
sempre!
Outros exemplos: canivete. Salto de sapato fino. Ponteira de
guarda-chuva, varetas de guarda-chuva, desde que sejam
achatadas.
As feridas produzidas por instrumentos perfurocortantes são as
pérfuro-incisas, que podem ser:
- Superficiais
- Penetrantes:
- Cavitárias
- Transfixantes
Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
10
- A "empalação" NÃO existe aqui, porque o
instrumento também corta
A pele é formada por duas membranas: [i] epiderme
(superficial); e [ii] derme (mais profunda), ou cório.
Características de Instrumentos de 1 só gume: a ferida parece
uma "botoeira", ou seja, uma casa de botão. Na análise de uma
lesão destas, pode-se inferir a intenção do agressor, se era ou
não matar, se ele introduziu o instrumento várias vezes, se
girou o instrumento ou não, etc.
A escoriação ocorre quando um instrumento contundente atua
de forma leve sobre a pele e lhe arranca só a epiderme,
deixando a derme (ou cório) à mostra.
Quando o instrumento é mais novo, em vez de ter a forma de
botoeira, a forma se assemelhará à de um triângulo.
Exemplos: unha que arranha, pedra que atrita um corpo
arrastado, bastão que resvala sobre o braço, etc.
Evolução da escoriação
Características de Instrumentos de 2 gumes: a ferida ficará
alongada e achatada. A ferida produzida por um instrumento de
3 ou mais ângulos, é a ESTRELADA, cujo número de raios
corresponde ao número de ângulos.
– Escoriação em pessoas (vivas): tipicamente, [i] surge na pele
a linfa (líquido sanguíneo incolor, com glóbulos brancos), [ii]
que em 24 horas seca e se torna uma crosta serosa de cor
amarelada.
Quanto à Gravidade das lesões - vejamos o que prevalece:
Nos instrumentos cortantes, as lesões corporais de natureza
leve é que prevalecem.
É possível que a escoriação seja um pouco mais grave
(profunda) e atinja as “papilas dérmicas”, quando virá com a
linfa uma pequena quantidade de sangue, originando depois
uma “crosta soro-hemática”, que é amarelo-avermelhada.
Nos instrumentos cortocontundentes, prevalecem as feridas
graves e gravíssimas, pois são instrumentos pesados.
Costuma ser dolorosa, e a cura se dá em poucos dias, sem
deixar vestígios.
Nos instrumentos perfurocortantes, prevalecem as lesões
GRAVES.
– Escoriação em cadáveres (ou poucos instantes antes da
morte): a quantidade de linfa ou sangue que verte é
insignificante, ou nula; não há formação de crosta, e a pele
adquire aspecto de um pergaminho amarelo - é o chamado
pergaminhamento da pele.
Aula do dia 26/3/2007
(E) INSTRUMENTOS
lacerocontusas
CONTUNDENTES;
feridas
Ações contundentes são causadas quando saliências obtusas
(sem corte) ou superfícies duras tocam com violência o corpo
humano (ou este se choca contra aquelas).
Alguns exemplos, de quase infinitos objetos (segundo Thoinot):
a)
b)
c)
Órgãos naturais de defesa e ataque de pessoas e animais:
mãos, pés, dentes, cascos, unhas, chifres.
Instrumentos de ataque e defesa: bastão, chicote, soco
inglês, cassetete, palmatória.
Instrumentos ocasionais: martelo, barra de ferro, pedra,
tijolo, garrafa, perna de cadeira.
Também agem como contundentes nos casos de quedas de
alguma altura considerável, ou nos desabamentos e
desmoronamentos; atropelamentos ou choques de veículos;
explosões (objetos projetados contra os indivíduos).
Tipos de lesões de agentes contundentes
1)
2)
3)
4)
5)
1)
Escoriações
Equimoses, hematomas e bossas sanguíneas:
Feridas lacerocontusas
Fraturas e luxações de ossos
Ruptura das partes moles ou órgãos internos
Escoriações - importância
Importância médico-legal da escoriação:
Embora não tenham gravidade clínica, o exame de seu número
e distribuição pode indicar se houve ou não lutas, ou acidente.
Escoriações nas saliências do corpo indicam quedas ou
arrastamento. Já escoriações em partes menos expostas
indicam violência intencional.
Escoriações como indícios da intenção do agente: em torno da
boca e narinas, indicam sufocação. No pescoço, esganadura
(ou estrangulamento, se houver um sulco de escoriação). Na
face interna das coxas e ao redor dos genitais, indicam
atentados libidinosos.
Escoriações podem, finalmente, indicar a forma dos
instrumentos que a causaram: unha (por beliscões de sevícia),
sola de sapato, rodas de veículos, etc.
2)
Equimoses, hematomas e bossas sanguíneas
Equimose: Lesão que deixa a pele roxa.
É uma mancha na pele, de coloração variável, produzida por
extravasamento de sangue que não consegue escorrer para o
exterior.
Eritema: não é possível verificar-se com exame de corpo de
deito
Edema (ou "inchaço"): é o aumento de volume na região
traumatizada. Há uma contusão, por um chute por exemplo, e
um aumento de volume. No caso de fratura, tem-se um edema,
bem como uma escoriação, e outras contusões. Por isso é que
Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
o edema é uma "lesão companheira": ela sempre acompanha
uma outra contusão.
O Edema é um aumento de volume, mas não tem coloração,
porque esse aumento de volume é feito pelo plasma do
sangue, que é incolor.
De modo geral: se aumenta a gravidade, aumenta a
intensidade.
Hematoma:
Acúmulo de sangue em um órgão ou tecido após uma
hemorragia.
Idem aos 4 itens acima, mais:
5) A parte restante do sangue afasta as malhas do tecido, ali se
alojando.
No caso de haver uma lesão do tipo do "edema", mas no couro
cabeludo, chama-se de Bossa Linfática (é o vulgo "galo"),
para poder analisar a gravidade da lesão.
Bossa Sanguínea: seria a equimose ou o hematoma, mas no
couro cabeludo. É uma lesão tão grave, que se a vítima já não
está em coma, deve-se induzi-la a entrar em coma.
Formação da equimose:
1)
2)
3)
4)
Contusão (murro, pontapé, paulada, chicotada,
sucção)
Arrebentamento da parede do vaso sanguíneo.
Saída do sangue do vaso sanguíneo.
Infiltração do sangue nas malhas do tecido.
Evolução cromática da equimose (cai em provas):
- Vermelho escuro (1º e 2º dias)
- Azulada (3º a 6º dias)
- Esverdeada (7º ao 12º dia)
- Amarelada, até normalizar a cor da pele
A evolução cromática serve para determinar a data em que
ocorreu o trauma. Obs.: equimoses pequenas evoluem mais
rapidamente.
Essa evolução de cores ocorre somente em um organismo
vivo, pois em um cadáver isso não ocorre.
Problemas médico-legais da equimose:
1) Podem ser de causa externa (traumática), ou interna (por
esforço, como tosse, ou várias doenças como epilepsia,
púrpura hemorrágica, escorbuto, tifo, varíola, etc.). Além disso,
há até pessoas sadias que apresentam equimose por sofrer
“emoção forte”, com evolução igual à das traumáticas.
2) Equimoses em indivíduos vivos apresentam sangue
coagulado, infiltrado e preso às malhas dos tecidos, enquanto
que nos cadáveres as equimoses aparecem só nas partes
declives do corpo, são pequenas em tamanho e têm sangue
fluido ou fracamente coagulado, não aderente aos tecidos.
11
3) Equimoses indicam, em regra, a sede (ponto central)em que
o instrumento contundente foi aplicado. Exceções: ocorrer
equimoses subconjuntivais em caso de fratura da base do
crânio ou em contusão nos olhos; amplas equimoses na
cabeça e pescoço ("máscara equimótica") em caso de
contusões no tórax e abdome.
4) Em regra, a forma das equimoses é arredondada. Mas pode
ser também na forma de vergões (por açoite de chicote ou
bastão), quadrangular (por cabeça de martelo), grupo de cinco
ou mais (dedos da mão humana), em forma de arco
(dentadas).
Como nas escoriações, o número e distribuição das equimoses
ajudam a fundamentar conjeturas plausíveis das circunstâncias
(agressão, luta, acidente, atos de caráter sexual, etc.).
5) Ocorrem ainda as simulações de equimose (soldados,
operários, detentos), para atribuí-las a causa diversa, seja pela
coloração da pele com tinta ou com injeção de parafina
colorida, e o exame adequado irá afastar essas simulações.
3) Feridas Lacerocontusas - Mecanismos de Produção
1. Compressão (é a batida de um instrumento contundente): a
pele, sob ação de violência exterior, é esmagada e se deixa
atravessar.
2. Tração. Exemplo típico: o beliscão com a mão (e não com o
alicate, que produz a dilaceração do tecido). O beliscão deixa
roxo porque se tenta virar e puxar a pele com o vaso sanguíneo
no sentido longitudinal.
3. Sucção. Sucção libidinosa (o "chupão" no pescoço, etc.) ou
medicamentosa, que é utilizada na homeopatia, com ventosas.
Ocorrem algumas equimoses.
Temos a pressão de dentro dos vasos, e a extra-vasal. Com a
sucção, fica diminuída a pressão extra-vasal, e a parede do
vaso arrebenta.
4. Arrebentamento: instrumento de forma roliça (bastão,
garrafa, bola de madeira) atinge uma superfície cutânea que
reveste parte óssea arredondada (na cabeça, p.ex.), que faz
ferida linear como se fosse ferida incisa (de instrumento
cortante).
5. Esforço: é o esforço braçal, muscular, que todos fazemos,
de carregar peso. A parede do vaso fica desguarnecida, e
arrebenta.
4)
Fraturas e luxações. Rupturas de órgãos
LUXAÇÕES: as extremidades articulares dos ossos, ao se
deslocar, perdem suas funções normais. Se o osso lesado for
imediatamente recolocado no lugar, não oferecem gravidade,
mas podem impor repouso por dias ou semanas. Criam
tendência à recidiva (recorrência). Alguns casos impedem a
reposição no lugar, sobrevindo incapacidade permanente do
membro afetado.
Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
FRATURAS: podem ser diretas (o osso se quebra onde
recebeu a pancada) ou indiretas (a violência ocorre em região
distante da zona fraturada).
Mecanismos da fratura: [a] compressão (paulada no braço),
[b] flexão (p.ex., tensão do osso, fazendo-o vergar), e
[c] torção (uma das extremidades do osso é torcida, enquanto
a outra é fixa em outro osso, e se quebra).
Nas fraturas, podem ocorrer rupturas de órgãos internos, como
nas contusões de grande violência (atropelamentos,
soterramentos, quedas do alto, etc.). Ocorre ainda a esquírola
(lasca/lâmina) óssea, em que, p.ex., uma ponta de costela
fraturada venha a ferir o coração ou outro órgão.
No encéfalo, as contusões cerebrais, com ou sem fratura do
crânio, podem acarretar lacerações do tecido nervoso. Tem
interesse forense a hemorragia da artéria meníngea média, em
que a vítima permanece em boas condições entre o momento
do trauma e o aparecimento dos sintomas graves, que podem
levar à morte.
Lesões da medula espinhal resultam de fraturas vertebrais,
seja por violência direta, ou indireta, nos casos em que a vítima
caia sentada, ou em pé, ou de ponta-cabeça.
Contusões no tórax, com ou sem fratura de costelas, as
compressões, quedas do alto ou acidentes com veículos
costumam produzir lacerações do coração e/ou pulmões. [Nota
do Furlani: lacerar = dilacerar = rasgar com força, despedaçar].
As rupturas das vísceras (mais comuns: fígado, baço, e rins)
têm gravidade: as hemorragias viscerais levam à morte
imediata, se forem abundantes.
EXPLOSÕES: explosões de artefatos explosivos de processo
físico-químico com grande força expansiva e provocando
efeitos mecânicos e sonoros. Provoca lesões de diversas
espécies: resultantes da onda explosiva (blast injury), pelo
arremesso de fragmentos do próprio artefato, pelo
desabamento/destruição de construções do local da explosão
(crush injury), e pelo calor e pela chama, provocando
queimaduras, além das lesões ao aparelho auditivo.
(F) INSTRUMENTOS PERFUROCONTUNDENTES; lesões
por arma de fogo
As armas de fogo figuram em alto percentual entre os
instrumentos usados para crimes dolosos e suicídio, ocorrendo
também em alguns crimes culposos.
O instrumento vulnerante, de ação perfurocontundente, é a
bala ou os grãos de chumbo. À arma, em si, cabe a tarefa de
impelir violentamente o projétil.
À perícia interessam tanto a arma como o projétil dela
disparado, pois com sua análise pericial se podem descobrir
detalhes que ajudarão a desvendar um crime e seus detalhes.
A bala, forçada no interior do cano, recebe impressões
correspondentes à raiação do cano, cujos detalhes
microscópicos peculiares a cada arma possibilitam a análise da
“estriação lateral fina”, que individualizam a arma que produziu
certo disparo, e a identificam com o projétil.
12
Lesões por projéteis de armas de fogo
São instrumentos perfurocontundentes. Nos casos bem típicos,
a bala penetra no corpo da vítima, atravessa e sai para o
exterior. Há assim um orifício de entrada, um trajeto e um
orifício de saída.
Orifício de Entrada: quase sempre localizado na pele (pode
ser na boca, olhos, reto). Merecem atenção (i) a forma do
orifício, (ii) suas dimensões, e (iii) suas zonas de contorno.
(i) Forma do orifício: em regra, a bala produz ferida circular ou
ovalar. Mas varia em função da direção do tiro (tiros oblíquos
dão orifícios alongados, balas de raspão podem produzir uma
ferida linear ou mera escoriação), da distância (nos tiros de
muito perto há dilaceração dos tecidos e feridas irregulares;
nos de muito longe, formam feridas atípicas por ferirem não de
ponta, mas de lado ou pela base), e das condições do projétil
(balas que ricocheteiam e se deformam antes de ferir).
(ii) Dimensões: o tamanho do orifício de entrada deve ser
considerado em relação ao projétil (o orifício em geral é menor,
pela elasticidade da pele; mas nos tiros muito próximos o
diâmetro da ferida será maior do que o da bala), e em relação
ao orifício de saída (em regra é maior do que o de entrada, mas
há várias exceções a se considerar no caso concreto).
(iii) Orlas e Zonas de Contorno: o orifício de entrada da bala
apresentará estas orlas e zonas, cujas características
dependerão da distância do tiro.
(a) Orla de Contusão: antes de atravessar as duas
camadas da pele, a bala contunde a derme (interna, e mais
densa) exibe pequena orla escoriada e de cor escura, chamada
de orla de contusão, característica do orifício de entrada.
(b) Orla de Enxugo: a bala sai da arma com resíduos (da
pólvora, de ferrugem do cano), e ao entrar na pele ela se
“enxuga” dessas impurezas nas bordas da ferida, deixando-as
no orifício de entrada.
(c) Zonas de Tatuagem: como parte da pólvora sai ainda
incombusta do cano, os respectivos grânulos se dispersam
diante da boca da arma, formando um cone de fogo cuja base
fica para o lado do alvo. Se o alvo estiver muito perto, os
grânulos e poeiras que ficarem superficialmente na pele serão
a zona de “esfumaçamento”, e aqueles que ficarem incrustados
na pele formarão a “zona de tatuagem”.
A zona de tatuagem é útil para a perícia determinar a
distância do tiro, a qualidade da pólvora, se o tiro foi oblíquo ou
perpendicular.
(d) Zona de Esfumaçamento: formada pelos elementos da
pólvora não completamente queimada que se depositam em
torno do orifício de entrada, cobrindo a zona de tatuagem. São
superficiais e facilmente removidos.
(e) Zona de Chamuscamento: área da pele, pêlos e/ou
roupa que ficam chamuscados pelos gases superaquecidos ou
grânulos de pólvora queimados fora do cano (na lingüeta de
fogo), nos tiros muito próximos (queima-roupa).
Orifício de Saída: elementos que o diferenciam do de entrada
- (i) o projétil que sai do corpo sofreu deformações pela
resistência do corpo, e traz fragmentos de tecidos, e portanto o
de saída tem tamanho maior, (ii) tem forma irregular ou de
fenda, (iii) não apresenta orla de contusão, nem de enxugo,
Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
nem zonas de tatuagem; (iv) há presença de tecidos orgânicos
por fora da ferida.
As vestes: podem produzir indícios dignos de apreciação, pois
apresentarão sinais de combustão na zona da entrada da bala.
Problemas Periciais:
1.
2.
3.
4.
5.
6.
Identificação do atirador pelo exame da arma: por
impressões digitais nela deixadas.
Determinação da qualidade da pólvora, que pode permitir
verificar a data do último disparo: o exame do sarro
(fuligem que a pólvora queimada deixa nas armas) permite
verificar se o disparo foi feito com pólvora negra (deixa
abundante resíduo) ou pólvora sem fumaça (deixa pouco
resíduo).
Identificação da arma pelo exame do estojo (estojo =
cápsula: parte da bala que acomoda a espoleta, a pólvora
e o projétil). Os estojos detonados, que podem ser
encontrados no local dos disparos, merecem ser
examinados acerca das marcas feita pela superfície
externa do cano, marcas deixadas na espoleta pelo
percussor, marca do extrator na gola do estojo, etc., que
serão confrontadas com as que foram feitas nos tiros de
prova dados com a arma suspeita.
Identificação da arma pelo exame da bala. A diferença de
raiação das balas e a estriação lateral fina, comparadas
com as balas dos tiros de prova, é que ajudarão na
identificação da arma suspeita.
Qual mão atirou? A questão surge para diferenciar
homicídio de suicídio, e nos casos em que a arma é
colocada na mão do cadáver para simular suicídio.
Distância do tiro.
(i) Tiro encostado: apresenta na pele a "câmara de mina",
com paredes enegrecidas pela pólvora e fumaça;
(ii) Tiro próximo, ou a curta distância, ou à queima-roupa:
apresenta as zonas de contorno - além de possuir orifício
com as orlas de contusão e de enxugo, caracteriza-se
pelas zonas de tatuagem (sobretudo). Apresenta orifício +
orlas de contusão/enxugo + zona de tatuagem, mas a
tatuagem será levíssima, semelhante a uma cinza de
cigarro. Ao bater no alvo, ela se esfumaça; portanto,
apresenta a “zona de esfumaçamento”.
No tiro à queima-roupa, gases superaquecidos saem do
cano da arma e, em contato com o oxigênio, entram em
combustão – sai então uma lingüeta de fogo que se apaga
rapidamente. Assim, tudo o que estiver perto dessa
lingüeta de fogo sofrerá um chamuscamento: roupa, pele,
pêlos, etc.
(iii) Tiro à distância: com orifício, caracterizado pelas orlas
de contusão e de enxugo. Não apresenta zonas de
contorno.
Aula do dia 28/5/2007
SEMINÁRIO: INSTRUMENTOS PERFUROCONTUNDENTES
O conteúdo do seminário, já enviado pela Internet aos alunos,
será exigido em prova.
13
Comentários da Professora sobre o seminário:
A professora nos ensinou a importância do teste de
RESIDUOGRAFIA METÁLICA, que é feito na mão de um
suspeito, para o estudo da balística. Este estudo, de extrema
importância, foi desenvolvido pela professora Irene e colegas
da área (Regina do Carmo Pestana de Oliveira Branco, perita
criminal química, especialista na área de físico-química), sobre
o que ela orienta que nos informemos melhor.
Aula do dia 14/5/2007
Agente Mecânico Interno: o ESFORÇO
Trata-se de qualquer tipo de esforço: tanto o estudante que
carrega seu material escolar, até o estivador que carrega
volumes pesadíssimos. A diferença é que um tipo de esforço
causa uma lesão aguda, e o outro tipo causa uma lesão
crônica. Não se pode confundir "esforço" (agente lesivo
mecânico) com "fadiga" (que gera tóxicos, e pode agir por
processo bioquímico).
A forca braçal, que é a mais primitiva de todas, está
relacionada com mão-de-obra, de pouca remuneração; por isso
é que esse esforço, que causa uma lesão, deve ser protegido,
pelo direito do trabalho.
Esforços Internos: o fato de tossir, de urinar, ou defecar - para
tudo isso usamos nossas musculaturas, de forma voluntária ou
involuntária.
Por exemplo: quem, desde jovem, faz esforço para defecar,
porque não tem uma função intestinal regulada, acaba
desenvolvendo pequenas lesões chamadas "divertículos"; isso
costuma se transformar, na terceira idade, em diverticulite inflamação nos divertículos.
Conceito de Esforço:
O esforço é a atuação de uma potência representada por uma
energia de contração muscular para contrabalançar outra
potência ou vencer uma resistência.
Lembrem-se: na prova, a professora irá querer exatamente o
conceito ditado por ela; ela afirma que há essa exigência, que
não é dela, e sim da própria disciplina.
Quando vemos, na TV, um indivíduo que pega peso, em
modalidade olímpica, ou outros atletas que sabem pegar
pesos, que sabem a forma mais adequada de pegar pesos e
fazer esforços. Ora, mesmo essas pessoas podem desenvolver
lesões, como hérnias na região baixa - abaixo dos quadris, ou
ainda varicocele nos homens (varizes no pênis).
Atos de Mecanismo do Esforço:
Temos oito (8) atos do mecanismo do esforço, vejamos:
1) Ato de inspiração
Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
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Inspiração, com fechamento da glote, ou seja, inspirar e
segurar a respiração.
preocupam com as "predisposições" tidas por alguns pacientes,
e por isso é que as perícias costumam demorar.
Antes de fazer um esforço, é necessário fazer uma inspiração
profunda.
b) Fora do Aparelho Locomotor
2) Fechamento da Glote
3) Contração expiratória
É o ato de prender o ar - é um ato que dá "explosão", que
triplica a força normal.
4) Aumento da Tensão Intratorácica
5) Aumento da Pressão Intra-abdominal
6) Aumento da pressão Intracraniana
Ao segurar o ar, tudo fica mais comprimido.
7) Aumento da pressão sanguínea
No esforço, a pressão sanguínea aumenta; um hipertenso, ou
cardíaco, não podem fazer esforço, porque se arriscaria a
morrer.
8) Contração dos Músculos
Agindo sobre tendões e articulações, faz-se o esforço.
Efeitos Lesivos do Esforço
a) No Aparelho Locomotor
1) Aparelho circulatório
O aumento da pressão sanguínea ocorrido durante
um esforço (ao empurrar um veículo ou ao levantar um grande
peso) pode fazer romper as válvulas cardíacas, ou até a válvula
mitral, mas sempre se pensa em predisposição a isso, por
doenças infecciosas, arteriosclerose, sífilis, alcoolismo, etc.
2) Aparelho respiratório
A lesão típica (por aumento da pressão intratorácica)
é nos pulmões (já doentes antes), causada pelo respiração de
ar poluído, existente nas grandes metrópoles; além disso,
lesões causadas pelo hábito de fumar. Exemplos: hemoptise
(expectoração de sangue vindo dos pulmões, como na
tuberculose) por esforço, pneumotórax (presença de ar na
pleura) por esforço, enfisema.
3) Abdome
No abdome, não temos tecidos que o sustentem, a
não ser um chumaço de fibras musculares, que, em quem não
faz exercícios abdominais, são frágeis como um chumaço de
cabelos. Mesmo em quem tem os músculos abdominais
desenvolvidos, essas fibras musculares não são muito
resistentes. Podem ocorrer rupturas do estômago, do intestino,
do útero grávido, etc.
A lesão típica é a hérnia, que hoje em dia passou também a
afetar as mulheres. A tendência da hérnia é crescer; o
tratamento é unicamente cirúrgico. Ela pode crescer tanto que
não poderá ser mais operada.
1. Músculos: um ato desajeitado pode causar lesão à
musculatura, principalmente quando esta está fria, ou esfria de
mau jeito. A falta de hábito do indivíduo e do músculo para
realizar movimento insólito são as principais causas da ruptura
de um músculo.
2. Ossos: sim, é possível ossos se quebrarem por esforço,
mas se for causada só por esforço (interno) sempre se pensa
em lesão óssea preexistente (ou concausas), como ossos já
fragilizados atacados antes por tuberculose, sífilis, tumores
malignos, osteoporose senil, etc. Também, observa-se em
pessoas que tomaram muito cálcio quando crianças, e seus
ossos adquiriram uma dureza acima o normal, e assim ficam
mais fáceis de quebrar por não ter a flexibilidade comum que
deveriam apresentar.
3. Articulações: muitas vezes, um movimento ou ato
desajeitado é muito mais perigoso e maléfico do que um
grande esforço propriamente, pois levam a entorses (lesão dos
ligamentos) e luxações.
As "pernas" são também chamadas "apêndices abdominais", e
os braços são chamados de "apêndices torácicos".
As perícias se preocupam com o quadro completo do paciente
que sofreu lesão, a fim de estabelecer um vínculo entre a ação
e o efeito danoso. Afinal, o direito e medicina do trabalho se
Aula do dia 21/5/2007
HÉRNIAS e esforço
- Conceito:
Hérnia é a saliência formada pela saída de um órgão ou porção
de órgão da cavidade que o contém através de um orifício
natural ou acidental.
- Fatores da hérnia
Fatores = fatos existentes que poderão levar à hérnia ou não.
a) Locus minoris resistentia
É a existência de um ponto fraco, de menor resistência, como
no umbigo, a cicatriz cirúrgica, ou estrias nos músculos.
O problema da estria: onde há estria, o músculo fica
esgarçado, e é por ali que pode sair uma hérnia. Portanto, as
estrias são ruins do ponto de vista funcional e estético.
b) Pressão intra-abdominal
É a pressão do órgão, ou seja, o "peso" do órgão. Por exemplo,
um fígado costuma pesar 1,8 kg, podendo chegar a mais de 2
Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
kg no caso de quem bebe álcool com freqüência (que faz o
fígado aumentar de tamanho), e o próprio intestino.
TIPOS DE HÉRNIAS
A) Acidente
A hérnia não se presta a uma "fraude" de acidente de trabalho.
Este tipo surge de um esforço grande, súbito, e é violento,
manifestando-se naquele mesmo momento, arrebentando os
tegumentos na hora. Se isso ocorrer durante uma atividade
remunerada, caracteriza o acidente de trabalho, porque dali a
pessoa terá que ir para uma emergência médica do hospital.
Não é possível, por exemplo, alegar hérnia sem ter ido
diretamente para um atendimento médico de emergência.
B) Doença
Decorre de um "esforço repetitivo". Este tem seu efeito lesivo
decorrente da repetitividade do esforço. Pode ser, por exemplo,
até mesmo de uma criança que chora muito (e sofre lesão pela
contração dos órgãos internos), ou então a criança que se
senta de forma errada à carteira da escola, ou a criança que
carrega sua mochila pesada de forma errada.
A professora nos orienta que, como de 50 a 60 por cento das
doenças são muito influenciadas pelo emocional, é uma
minoria reduzida de pacientes que pode saber a verdade de
todo o diagnóstico. É tema da psicopatologia médica.
Digamos que um indivíduo vá ao médico sentindo dores e, ao
saber que é uma hérnia, diz ele "ter certeza de que foi de seu
trabalho".
Esse trabalhador irá então ser submetido a uma perícia, e
também seu local de trabalho será periciado. Essas perícias
são demoradas mesmo, para se ter certeza do nexo causal da
hérnia.
Agora, veremos algo propriamente da área da medicina, que
costuma ter implicações jurídicas: a Comoção, a Inibição
Cardíaca, e a Emoção.
==========================================
COMOÇÃO
Atenção: trata-se de uma lesão material, física, sendo uso
impróprio da palavra quando se quer dizer "comoção" de ordem
emocional.
Conceito: comoção é o abalo violento de um órgão, produzido
por um golpe direto ou indireto, acarretando um mau
funcionamento do órgão, mas desprovido de lesão material.
Exemplo: uma pessoa recebe um soco fortíssimo, mas ela sai
caminhando normalmente como se nada tivesse acontecido. E,
por outro lado, outra pessoa recebe um "piparote" (soquinho
leve), e morre instantaneamente.
Ao fazer um exame (ressonância, etc.), não aparece nenhum
resultado.
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1) Abalo (mais leve)
O indivíduo fica obnubilado, sente um apito no ouvido, e cai,
que é o caso típico do lutador de boxe que vai à lona,
nocauteado; este é um caso leve.
- Não há lesão material: diante de um exame, não existe
nada.
- Há amnésia retrógrada
É aquela amnésia curtinha, mas irreversível, do momento que
antecedeu a pancada, só daquele pequeno momento.
Exemplo: o filho do Paulo Silvino, chamado Flávio Silvino, ou
ainda do cantor Herbert Viana.
É o caso típico das crianças que batem a cabeça - e batem
fortemente a cabeça, porque as crianças não conhecem limites,
nem sabem o perigo que correm. Nesses casos de pancadas
fortes nas cabeças de crianças, a orientação é para que, nos
momentos seguintes à pancada, a criança seja mantida em
observação, para ver se não há vista dupla, etc., e avisar aos
pais para continuarem observando, e no dia seguinte levar a
exame.
2) Contusão Cerebral (mais grave)
O indivíduo (lutador, p.ex.) recebe um golpe, fica obnubilado, e
beija a lona; mas há uma diferença: ele não consegue enxergar
mais, só se consegue ver a parte branca de seus olhos; mas,
depois de 10 segundos fora do ar, ele sai andando. É mais
grave, e no dia seguinte deverá ser feita ressonância ou outro
exame, para ver se aparece alguma lesão material, mas só no
dia seguinte, porque a lesão só vai aparecer no dia seguinte. A
"vista dupla" é um sinal de evidência de lesão material - aí é
que passa a ser "contusão cerebral", e deixa de ser "comoção".
Ou seja, não foi mero abalo. Pode ser que o indivíduo entre em
coma, pelo agravamento do quadro clínico. O médico pode até
induzir a coma, para que o cérebro "repouse", e assim se
acelere a recuperação.
a) Contusão
b) Há lesão material
c) Amnésia mesmo: não há amnésia retrógrada
Aqui, o indivíduo não se lembra de absolutamente nada,
embora possa aos poucos recuperar "flashes" de certos fatos,
3) INIBIÇÃO Cardíaca, ou Reflexo de Hering
Causa morte súbita, normalmente, e não deixa reflexos nem
vestígios, nem ninguém para "contar história".
No bulbo raquiano existe um centro nervoso que, quando
excitado, ocasiona o retardamento do ritmo cardíaco ou mesmo
a parada do coração (síncope cardíaca): é o centro inibidor do
coração.
Morte por inibição: quaisquer regiões periféricas do organismo
humano (externas ou internas) podem, quando atingidas por
estímulos mecânicos, produzir uma corrente nervosa reflexa
inibidora do coração, fazendo-o parar.
Matéria de Medicina Forense I, preparada por Fernando Furlani com base nas aulas do 8º Semestre de Direito – Mackenzie em 2007
Locais:
- Pescoço:
Caso do rapaz dançando forró que, enciumado, deu um
chacoalhão na moça, e a moça morreu. Feita a autópsia,
absolutamente nada foi detectado.
- Abdome (é terrível)
Uma pessoa que brigava com um seu desafeto, discutindo, e
deu uma joelhada leve na barriga do outro, e este caiu morto.
Feita a autópsia, nada foi detectado.
-
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Perícia e Peritos
Documentos Médico-Legais
Instrumentos Cortantes e Cortocontundentes
Instrumentos Perfurocortantes e Perfurantes
Instrumentos Contundentes
Instrumentos Perfurocontundentes
Manchas de Esperma (Tema de Seminário)
Identificação Humana e Dactiloscópica (Tema de Seminário)
Esforço e Hérnias
Comoção
Inibição
- Órgãos genitais - tremendamente sensíveis.
Exemplo: o homem que foi agarrar uma moça, esta, surpresa,
deu um apertão no pênis e o afastou, e o homem caiu morto.
A inibição cardíaca já foi cientificamente observada em casos
de simples injeções medicamentosas em locais normais, na
simples retirada de um esparadrapo da pele de paciente, no
caso de água fria entrar em contato com a pele ou no
estômago de pessoas com corpo aquecido, enfim, simples
estímulos em regiões sensíveis. Entretanto, para ocorrer morte
há a existência de condições preexistentes debilitantes do
organismo, e ainda o período da digestão parece exercer papel
importante para haver morte por inibição. Ademais, a emoção é
fator adicional de forte influência (pessoas que crêem que irão
sofrer muito ao passar por uma situação estão mais
predispostas a morrer por inibição).
Destas histórias, podemos concluir que:
i)
A Inibição cardíaca se prova por “exclusão”. Ao se
fazer a autópsia, e nada se acha, será inibição.
ii) A inibição cardíaca “não tem trauma”, sendo
apenas um abalo leve, um toque periférico, do lado
de fora.
iii) O que atua é o “centro da vida vegetativo”.
É diferente da emoção, que o que atua é o centro superior do
cérebro.
4) Choque
O “estado de choque” (em inglês, shock) sobrevém a lesões
produzidas na pele, tórax, abdome, e extremidades. Os
traumas ocorrem em acidentes (atropelamento, desabamento,
esmagamento); em intervenções cirúrgicas (choque
operatório), ou em crimes (açoites, atos de tortura).
Sua manifestação fundamental é o colapso (queda), ou seja, a
súbita diminuição da energia vital, com sinais de: (a) depressão
nervosa, inquietação; (b) baixa na temperatura; (c) queda da
tensão arterial – cuja evolução tende para a morte.
===================================
PROVA FINAL – matéria a ser exigida:
===============================================
FURLANI TRADUÇÕES
Traduções juramentadas em todas as línguas
Fernando Furlani
Tel.: (11) 9770-6800
[email protected]
===============================================

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