O Guru e o Sisya - Escola Jaya de Yoga
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O Guru e o Sisya - Escola Jaya de Yoga
O Guru e o Sisya Escrito por Alexandre Dos Santos O tratado de Hatha Yoga chamado de Shiva Samhita divide os Sadhakas (praticantes do Sadhana chamado Yoga) em quatro categorias que são: mrudu (fraco), madhyama (médio), adhimatra (superior) e maha adhimatra (supremo). Este último é o mais elevado e o único capaz de transpor todos os obstáculos do mundo manifestado. Os fracos são os que não possuem entusiasmo, criticam seus mestres são maliciosos e com tendências a maus costumes, comem muito, são subjugados pelas mulheres e são instáveis emocionalmente, covardes, maus, sempre rudes ao falar e mostram um caráter fraco carecendo de virilidade. O Guru (professor ou mestre) conduz tais indivíduos apenas pelo caminho do Mantra Yoga, os quais com muito esforço podem dominá-lo em 12 (doze) anos. A palavra Mantra deriva da raiz “Man” que significa pensar. Então Mantra significa um pensamento sagrado, ou uma pregação que deve ser repetida com plena compreensão de seu significado. Leva algum tempo para fazê-lo arraigar a mente do discípulo fraco, muitas vezes anos, e também é necessário mais tempo para que dê frutos. Um espírito capaz de um trabalho paciente, procurando sempre obter um resultado perfeito, amável no falar e moderado em todas as circunstâncias, é um discípulo médio. Reconhecendo suas qualidades, o Guru o levará pela senda do Laya Yoga, que proporciona a liberação. (Laya significa devoção, absorção ou dissolução). Um espírito estável capaz de praticar o Laya Yoga, viril, independente, nobre, misericordioso, disposto sempre a perdoar, veraz e fiel, bravo e jovem respeitoso e venerando o seu mestre, é na prática do Yoga um aluno superior. Pode obter sua finalidade em seis anos de prática e seu Guru instrui este homem vigoroso no Hatha Yoga. Um homem com grande virilidade e entusiasmo, bem parecido, bravo, versado nas escrituras, estudioso, de mente sã, isento de melancolia, mantendo-se jovem, regular nas refeições, com perfeito controle dos sentidos, generoso, firme, inteligente, independente, disposto sempre a perdoar e a ajudar, com bom caráter, palavra amável e veneração para com seu Guru, é o aspirante do tipo supremo. Ele poderá chegar a iluminação em três anos. 1/3 O Guru e o Sisya Escrito por Alexandre Dos Santos Todavia o Shiva Samhita e o Hatha Yoga Pradipika mencionem os períodos de tempo dentro dos quais pode se chegar ao êxito, Patañjali, não obstante reduz o tempo necessário para a união da alma individual coma alma Universal. Segundo ele, Abhyasa (prática constante e decidida) e vairagya (ausência de desejos) tornam a mente calma e tranqüila. Ele define Abhyasa como um esforço de longa duração conduzido com devoção e sem interrupções, a fim de criar uma fundamentação sólida. O estudo do Yoga não é como o trabalho efetuado para a obtenção de um diploma ou uma graduação universitária por alguém que busca um resultado favorável dentro de um tempo fixado. Os obstáculos, ensaios, fracassos e tribulações na senda do Yoga podem ser afastados e superados em grande parte pela ajuda de um Guru. (A sílaba “Gu” significa obscuridade e “Ru” indica “luz”. Só um Guru é profundo e significativo. Não se trata de um guia comum se não um mestre espiritual que mostra o caminho da vida e não apenas como obter a subsistência. Ele transmite o conhecimento do espírito e quem recebe tal ensinamento é um Sisya, um discípulo. A relação entre um Guru e um Sisya é uma relação especial que transcende a existência entre pai e filho, entre marido e mulher ou entre amigos. Um Guru está livre de todo o egoísmo e acompanha a seu Sisya para sua finalidade última sem nenhum interesse para fama ou a ganância. Ele mostra o caminho de Deus e vigia o progresso de seu discípulo guiando-o ao longo do caminho. Inspira confiança, devoção, disciplina, conhecimento profundo e iluminação através do amor. Com fé em seu aluno o Guru se esforça em comprovar que aquele assimile os ensinamentos e lhe estimula a perguntar e a conhecer a verdade através da analise. Um Sisya deveria possuir as qualidades necessárias de elevada realização e desenvolvimento. Deve ter confiança, devoção e afeto a seu Guru. Exemplos perfeitos das relações entre Guru e seu Sisya são os de Yama (o Deus da morte) e Nachiketa, no Kathopanisad, e o de Krsna e Arjuna na Bhagavad Gita. Nachiketa e Arjuna obtêm a iluminação graças a suas mentes concentradas, seu grande desejo e seu espírito investigador. O Sisya deverá ter verdadeira fome de conhecimento e espírito de humildade assim como perseverança e tenacidade nos propósitos. Não deve se socorrer ao Guru por simples curiosidade se não que lhe é necessário possuir Shraddha (fé dinâmica) e não deverá abater-se se não for possível chegar a sua finalidade no tempo esperado. Requer assim mesmo uma enorme paciência para acalmar sua mente inquieta e cheia do colorido de experiências passadas e de Samskara (resíduos acumulados de pensamentos e antigas ações). Escutando apenas as palavras do Guru não será possível ao Sisya assimilar seus 2/3 O Guru e o Sisya Escrito por Alexandre Dos Santos ensinamentos. Isto é o que se extrai da história de Indra e Virochana. Indra, Rei dos Deuses, e Virochana, um príncipe dos demônios, acudiram juntos ao seu preceptor espiritual, Brahma, a fim de obter dele o conhecimento do Ser Supremo. Ambos escutaram as mesmas palavras de seu Guru, mas enquanto Indra obteve o conhecimento facilmente, Virochana não pode obtê-lo. A memória de Indra havia se desnvolvido por sua devoção ao tema ensinado e por seu amor e fé para com seu mestre; sentia-se unido ao seu Guru e essas foram as razões de seu êxito. A memória de Virochana só se desenvolvera através de seu intelecto, sem que sentisse devoção alguma pelo tema ensinado nem por seu preceptor, e permaneceu tal como era originariamente: um gigantesco intelectual e nada mais. E de novo duvidou. Indra era intelectualmente humilde enquanto que Virochana estava possuído de forte altivez intelectual, o que fez com que se considerasse em estado de condescendência para com Brahma. A aproximação de Indra foi devota, o de Virochana foi prática. Virochana era impelido pela curiosidade e precisava do conhecimento prático que considerava lhe ser útil para que mais tarde pudesse ganhar poder. O Sisya deve possuir por cima de todo tesouro, moderação e humildade. O amor engendra valor, a moderação cria abundância e a humildade gera poder. Valor sem amor é brutalidade. Abundância sem moderação conduz a excessiva auto-indulgência e a degeneração. O poder sem humildade da origem a arrogância e a tirania. O autêntico Sisya aprende de seu Guru um poder que nunca o abandonará, pois está regressando ao Uno original, a fonte do seu Ser. 3/3
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