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Newspaper clipping of the article
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Quinta-feira, 27 de Agosto de 2009
Ano XX, nº 7086
Portugal: 1,00€ (IVA incluído) Espanha: 2,00€ (IVA incluído)
Director: José Manuel Fernandes
Directores adjuntos: Nuno Pacheco, Manuel Carvalho e Paulo Ferreira
Gripe A
Grávidas na lista
de prioridades
da vacinação
a A ministra da Saúde declarou que,
“em princípio”, o país irá adoptar a
estratégia de vacinação proposta pelo
Comité de Saúde Pública da UE. Os
primeiros a receber a vacina contra
a gripe A (H1N1) deverão ser as grávidas, os doentes crónicos e os profissionais de saúde. c Portugal, 12
Edward
Kennedy
Legislativas
Campanha pode
não ter debates
televisivos
Morreu o último grande vulto
de uma dinastia de décadas.
Depoimento de Francisco
Pinto Balsemão
Págs. 2 a 6
e Editorial
a RTP, SIC e TVI aguardavam ontem
uma resposta final do PS e do PSD
sobre os debates televisivos entre os
principais líderes, mas a expectativa de um entendimento era já muito
baixa, tendo em conta a escassez de
tempo para concretizar todos os duelos propostos. c Portugal, 10
Irão
Afkhami
acredita que a
história está
do lado das
mulheres
P2
PSD vai propor que os processos
judiciais tenham prazo de duração
Desce à Liga Europa
Ferreira Leite apresenta hoje as cinco áreas prioritárias de governação
a Quatro jogos, quatro empates. É
este o balanço da prestação do Sporting na edição 2009-10 da Liga dos
Campeões. Ontem, os “leões” até estiveram em vantagem, mas permitiram
a igualdade (1-1) à Fiorentina e, consequentemente, viram-se relegados para a Liga Europa. c Desporto, 32
a O PSD vai propor no seu programa de governo, que hoje apresenta
em Lisboa, a obrigatoriedade de os
processos judiciais terem prazos indicativos da sua duração. A justiça é
considerada uma das cinco prioridades do programa, tanto mais que o
seu bom funcionamento é condição
indispensável para o investimento
estrangeiro no país. As outras áreas
prioritárias são a economia, a solidariedade social, a educação e a segurança. Entre outras medidas do
programa, o PSD propõe um ensino
mais descentralizado, a reposição do
anterior regime dos certificados de
aforro e uma diminuição das listas de
espera, permitindo aos utentes uma
mais ampla liberdade de escolha dos
serviços de saúde. c Portugal, 8/9
Quarto empate
afasta Sporting
da Champions
P2 • Quinta-feira 27 Agosto 2009 • [email protected]
DR
Alguns livros
para o Outono
Pág. 7
Afkhami acredita que a história está do lado das mulheres Pág.4/6
4 • P2 • Quinta-feira 27 Agosto 2009
a A 1 de Janeiro de 1976 fui
nomeada ministra de Estado para
os Assuntos da Mulher – a primeira
a exercer este cargo no Irão, e a
segunda em todo o mundo, depois
da francesa François Giroux. O
convite chegou num telefonema
do primeiro-ministro Amir-Abbas
Hoveyda, em Dezembro de 1975, e
não foi uma surpresa total.
A minha vida há muito que
estava ligada à defesa dos direitos
das mulheres. Nasci em 1941,
na província central iraniana
de Kerman, de uma família
tradicional. Quando eu tinha 13
anos, a minha mãe, uma pessoa
muito independente, separouse do meu pai e foi viver para os
Estados Unidos. Aos 17 anos, eu
segui as pisadas dela e fui trabalhar
como balconista para pagar os
meus estudos. Quando o patrão
me despediu, temporariamente,
para me contratar de novo e assim
não ter de me pagar merecidas
férias, apresentei queixa. Ganhei
o processo com a ajuda de um
sindicato onde me inscrevera.
Convenci-me de que não devemos
calar as injustiças, e aprendi o valor
da solidariedade.
Em 1967, concluídos os estudos
nas universidades de São Francisco
e do Colorado, regressei ao Irão,
para ser professora de Literatura
Inglesa na Universidade Nacional.
Juntei-me a outras estudantes
e fundámos a Associação das
Mulheres Universitárias. Em 1970,
fui escolhida para secretária-geral
da Organização das Mulheres do
Irão (OMI) e, em 1975, quando a
ONU instituiu oficialmente o Ano
Internacional da Mulher, estávamos
no apogeu de uma campanha pela
nossa independência numa cultura
dominada pelos homens e pela
religião.
Realizávamos conferências e
seminários. Publicávamos livros e
panfletos. Organizámos o primeiro
festival de cinema de mulheres
no Médio Oriente. Ajudámos
a preparar um Plano de Acção
Mundial aprovado pela Assembleia
Geral da ONU. No mesmo ano, o
Irão propôs e contribuiu com dois
milhões de dólares para a criação do
Internacional Centre for Research
and Training of Women. O nosso
trabalho tornou mais visíveis as
questões das mulheres, e eu estive
directamente associada a esse
trabalho.
Não fiquei, pois, surpreendida
com o convite de Hoveyda. O
primeiro-ministro ligou-me quando
eu estava numa reunião de direcção
da OMI. Afastei-me e fui atender
o telefone no meu escritório. Ele
pediu-me segredo, até eu tomar
No tempo do xá, muitas
mulheres eram activas
na política, nas artes,
nos negócios. Homa
Rouhi, com a pasta das
Minas, da Indústria e do
Trabalho, era uma das
três vice-ministras
uma decisão e não pude satisfazer a
curiosidade dos meus colegas.
Dias depois, fui apresentada
como ministra ao xá Mohammad
Reza Pahlavi e à sua mulher, Farah
Diba. O imperador congratulou-me
e realçou a importância do papel
das mulheres no desenvolvimento.
A imperatriz desejou-me felicidades.
Na altura, ninguém sabia o que
uma ministra para os Assuntos da
Mulher deveria fazer. Actualmente,
há mais de 100 titulares deste
cargo, mas nesse tempo era apenas
Françoise Giroux, e o seu mandato
foi breve. A ausência de um modelo
permitiu-nos definir a nossa própria
agenda e conceptualizar a postura
que considerávamos adequada, de
maneira a enfrentar pouca oposição
dentro do Governo.
A resistência dos homens
Havia pelo menos 12 ministérios
e agências governamentais que
lidavam de perto com questões
das mulheres, designadamente,
os da Agricultura, da Educação,
do Planeamento e Orçamento,
da Saúde e Economia. Sugeri
que fosse criada uma comissão,
chefiada pelo primeiro-ministro,
na qual participariam aqueles
ministérios. A comissão reunir-se-ia
uma vez por ano, e eu encontrarme-ia uma vez por mês com
altos funcionários, para avaliar a
situação. Foi interessante ver o nível
de resistência – talvez nem fosse
tanto resistência, mas sim falta de
consciência para a possibilidade de
as mulheres serem líderes.
Por exemplo, o homem que
distribuía os documentos, a
princípio, não me identificou a
mim, uma jovem, como presidente
da mesa, e foi entregar os papéis ao
homem que na sala era o mais velho
e com mais cabelos brancos. Outro
exemplo: o guarda que saudava os
ministros à entrada para o gabinete
do chefe do Governo demorou
vários dias a perceber se tinha ou
não de saudar uma mulher – mesmo
sendo ela ministra.
Foi, apesar de tudo, um período
muito produtivo. Introduzimos
horários de trabalho flexíveis para
as mães e salários com benefícios
iguais para as trabalhadoras com
crianças pequenas; abrimos
centros para os filhos nos locais de
emprego; aprovámos uma nova
lei da família que dava direitos às
mulheres iguais aos dos homens
– em particular no divórcio e
custódia dos filhos; e ajudámos
várias mulheres a chegar a cargos de
topo no Governo.
À excepção, talvez, da Tunísia,
nenhum outro país muçulmano
aprovou, nos últimos 30 anos,
Na primeira pessoa
Mahnaz Afkhami
já não é a última
ministra do Irão
Khomeini acusou-a de “prostituição” quando ela ofereceu igualdade de direitos às iranianas. O
xá cedeu aos ayatollahs e demitiu-a em 1978. O exílio salvou-a de um pelotão de fuzilamento,
mas não lhe devolveu a identidade perdida. Mahnaz Afkhami foi a última ministra do Irão até
Ahmadinejad incluir três mulheres no seu Governo. Hoje, aos 68 anos, é um ícone feminista
no mundo muçulmano. Esta é a sua história. Por Margarida Santos Lopes
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legislação tão liberal como esta.
Para os mullahs no Irão, as leis que
deram mais direitos às mulheres
eram piores do que a reforma
agrária, que lhes retirou privilégios.
A turbulência começou no final de
1977 e agravou-se em 1978. É certo
que muitas mulheres participaram
nas manifestações contra o xá,
mas o que elas exigiam era mais
liberdade, mais igualdade e mais
justiça. Não previam que grupos
islâmicos, os principais instigadores
e apoiantes do ayatollah Khomeini,
acabariam por instaurar o único
governo teocrático do mundo. Não
previram que uma das primeiras
decisões de Khomeini – ainda
antes de haver uma Constituição
ou um governo – seria abolir a lei
da família, tolerar a poligamia,
segregar os espaços públicos e
tornar o hijab (véu) obrigatório. Em
Março de 1979, um mês depois da
revolução, as mulheres realizaram
as primeiras manifestações contra
os ditames islâmicos.
Eu tinha ido a Nova Iorque,
no final de 1978, para negociar
os termos da criação, na capital
iraniana, do United Nations
Research and Training Institute for
Women. A viagem deveria durar
duas semanas, mas as negociações
demoraram mais do que se esperava
e, no final, a situação degradara-se
tanto no Irão que o meu regresso
teria sido perigoso.
As acusações do ayatollah
O xá cedeu aos ayatollahs e demitiume. Fechou o meu ministério,
julgando que assim parava a
revolução. Khomeini emitira uma
fatwa (édito religioso) em 1963,
quando as mulheres se tornaram
emancipadas, decretando que
qualquer actividade política por
parte delas era equivalente a
“prostituição”. As acusações de
“corrupção na Terra” e “guerra
contra Deus” eram dirigidas contra
todos os que o sistema considerava
serem opositores dos princípios da
República Islâmica.
Eu e Farrokhroo Parsa,
designada ministra da Educação
em 1968, fomos as primeiras
acusadas daquelas ofensas. Sob
estas acusações, um pelotão de
fuzilamento executou a minha
amiga e mentora, em 8 de Maio de
1980. Ela já não estava no Governo,
mas estava no país. Eu tive a
sorte de estar fora do alcance dos
revolucionários.
Na prisão, a senhora Parsa
escreveu aos filhos: “Estou disposta
a receber a morte de braços abertos
em vez de viver na vergonha e ser
forçada a usar o véu. Não vou ceder
aos que esperam que eu lamente
Farrokhroo Parsa,
designada ministra
da Educação em 1968,
foi executada por um
pelotão de fuzilamento
a 8 de Maio de 1980.
Era amiga e mentora
de Afkhami
Mahnaz Afkhami num dos centros da Organização das Mulheres do Irão, em 1975
50 anos de esforços pela igualdade
entre homens e mulheres. Não estou
disposta a usar o chador e recuar na
história.”
Farrokhroo Parsa deixou uma
carreira na Medicina para se dedicar
à educação feminina. Foi professora
de Biologia num liceu de Teerão.
Vinha de uma família de activistas. A
sua mãe, Fakhr-e Afagh, fundou um
dos primeiros jornais feministas e
foi forçada a um exílio interno pela
sua militância.
Uma das primeiras mulheres
eleitas para o Parlamento iraniano,
em 1963, Farrokhroo Parsa foi
ministra da Educação durante
vários anos. Quando eu assumi a
direcção da OMI, ela fez-me uma
visita de cortesia. Pedi-lhe apoio na
revisão dos textos escolares para
que melhorassem a imagem das
mulheres. Ela disse-me: “Prometo
fazer o que puder, mas não se
esqueça que eu sou ministra da
Educação e não ministra para as
mulheres.”
Estas palavras mostraram-me
que, para mudar a condição das
mulheres, era necessário haver
um cargo governamental com
autoridade. Ela formou mesmo
uma comissão para rever os livros
escolares, e pediu conselhos à OMI
– e esta foi outra das acusações no
seu julgamento “revolucionário”.
Eu e Farrokhroo Parsa fomos
as únicas ministras do xá, embora
houvesse outras mulheres activas
em todas as áreas, na política, nas
artes, nos negócios. Havia, por
exemplo, três vice-ministras, das
Minas, da Indústria e do Trabalho.
Havia governadoras, embaixadoras
e deputadas.
O exílio nos EUA
Depois de perder o cargo, fiquei
nos Estados Unidos porque estava
familiarizada com a língua e a
cultura. Vivo em Maryland com
o meu marido, Gholam Afkhami,
cientista político que acaba de
lançar o livro Life and Times of
the Shah. O meu único filho, Asef
Babak, é analista financeiro e reside
em Nova Iorque com a sua mulher
e os meus dois netos. Já não tenho
mais família próxima no Irão.
É claro que a identidade é tudo
na vida de um exilado. O Governo
revolucionário iraniano ficou com
a minha casa, os meus livros, as
minhas fotografias, tudo o que me
pertencia. A maior perda foi a da
identidade – o sentido de quem sou.
Quando somos transplantados para
um cenário diferente, tudo é posto
em causa ou acaba perdido.
Eu tive sorte de, através do meu
trabalho no Irão, ter estabelecido
uma boa rede internacional de
c
FOTOS: DR
6 • P2 • Quinta-feira 27 Agosto 2009
mulheres activistas. Escrevi um
livro chamado Women in Exile,
que é a história do meu exílio e
as histórias das mulheres de 12
países que, tal como eu, acabaram
por ser exiladas. Elas levaramme a trabalhar com o movimento
internacional de mulheres e esse
trabalho permitiu-me manter a
minha identidade como feminista e
activista dos direitos humanos.
Em 2000, fundei em Washington
a Women’s Learning Partnership
for Rights, Development and
Peace (WLP). Sou presidente desta
ONG e directora executiva da
Foundation for Iranian Studies.
A WLP é uma parceria de 20
organizações, a maioria em países
predominantemente muçulmanos.
Damos cursos de liderança e
gestão, adaptados em particular às
culturas e línguas dos países onde
trabalhamos. Já publicámos os
nossos trabalhos em duas dezenas
de línguas. Um dos países é o
Irão. Ajudamos a que as vozes das
mulheres iranianas sejam ouvidas
pelo mundo.
Quando foi apresentada
ao casal Pahlavi,
o imperador falou-lhe
da importância
das mulheres para
o desenvolvimento,
Farah Diba (aqui com
a ministra, em 1976)
desejou-lhe felicidades
As novas ministras
A decisão do actual Presidente
iraniano, Mahmoud Ahmadinejad,
de nomear três ministras – Marzieh
Vahid Dastjerdi (Saúde), Fatima
Ajorlou (Assuntos Sociais) e Sousan
Keshvarz (Educação) – é um sinal
da proeminência e da visibilidade
das mulheres nas últimas eleições
e nos protestos pós-eleitorais.
Neste sentido, é um sinal positivo.
No entanto, dado que as opiniões
dele e das que ele escolheu para
ministras são reaccionárias, não
creio que tentarão ou serão capazes
de trabalhar em benefício das
mulheres.
Dastjerdi é uma forte apoiante da
segregação nos hospitais e centros
de cuidados médicos. Ajorlou é uma
defensora do chador. As três têm
uma postura ultraconservadora em
relação ao papel das mulheres na
família e na sociedade.
Apesar de tudo, estou confiante.
Em termos de acção política,
as mulheres iranianas têm
demonstrado uma extraordinária
maturidade e sofisticação. A
campanha que lançaram de recolha
de milhões de assinaturas para
reformar as opressivas leis da
família assentou num movimento de
base, democrático e não-ideológico.
Activistas foram de porta em
porta, de cabeleireiros a mercearias,
onde quer que as mulheres se
encontrassem, para explicar as leis e
ouvir as suas opiniões. Construíram
uma vasta rede, usando SMS e
e-mail, o Twitter e o Facebook.
Chegaram a acordo sobre uma série
de reivindicações. Convenceram os
candidatos às eleições presidenciais
de Junho da razão dos seus clamores
e mostraram o poder de estarem
unidas.
Essas mulheres estão no coração
do movimento pela mudança. Não
tenho dúvidas de que ganharão a
batalha pela liberdade e pela justiça.
Enfrentam violência e opressão
num futuro imediato. Mas a história
está do lado delas.
A partir de uma entrevista por email com Mahnaz Afkhami e da
sua biografia oficial em http://
learningpartnership.org
IRMÌ DE CHICO BUARQUE.
MULHER DE JOÌO GILBERTO.
MÌE DE BEBEL. ENFIM,
ESTç TUDO EXPLICADO.
TEXTOS DE
RUY CASTRO
Ela tinha a Bossa Nova no viol‹o, na voz e nos gŽnes. Cantou com Jobim, viveu com Gilberto e ainda
ensinou o mano caula a tocar os primeiros acordes. Neste livro+CD podemos ouvir temas como
"Turma do Funil", "Vai levando", "Pela Luz dos Olhos Teus", "Samba do Avi‹o", entre outros. Colec‹o
Bossa Nova. Olha que coisa mais linda.
C A DE V I N I L
LIVRO+CD MIòCHA, SçBADO 29 DE AGOSTO, POR APENAS + 6,90Û.
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COLEC‚ÌO BOSSA NOVA
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