respostas corporais à doença ii - Escola Superior de Enfermagem
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respostas corporais à doença ii - Escola Superior de Enfermagem
RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II Tegumentos Queimaduras Mar 2012 Ana Leonor Ribeiro Professora Coordenadora da ESEP [email protected] Processo do sistema tegumentar Ferida Fissura Ferida Maceração Pele Comprometida Ferida cirúrgica Pele Seca Ferida traumática Escoriação Pele Húmida Contusão Eritema Laceração Incisão Eritema pelas fraldas Queimadura Eritema do calor Queimadura por frio Exantema Necrose Úlcera Úlcera arterial Úlcera Venosa Úlcera de pressão UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura 10.10.2011 _23:13 País A1 aberta à circulação depois de mais de sete horas encerrada devido a acidente. A Autoestrada do Norte (A1) foi aberta à circulação cerca das 22:35 horas, após um acidente rodoviários que manteve a via encerrada, no sentido sul norte, mais de sete horas, disse fonte dos bombeiros à Agência Lusa. 06.OUT.2011 19:03 / Vida Três bombeiros feridos no combate às chamas Foto: Direitos Reservados Três bombeiros de Penedono ficaram feridos, esta quinta-feira, durante o combate a um incêndio no concelho de Moimenta da Beira. Apenas um precisou de assistência hospitalar. …o ferido «mais grave», com queimaduras em várias partes do corpo, «está a ser estabilizado» no hospital. Os outros dois apresentaram pequenas queimaduras e a viatura onde seguiam também sofreu danos, mas mantém-se operacional, de acordo com o comandante… Sónia Brazão com prognóstico "muito reservado" por Dn.pt/Lusa 04 Junho 2011 A actriz Sónia Brazão, internada na sexta-feira com queimaduras de segundo e terceiro graus em todo o corpo na sequência de uma explosão na casa onde vive, mantém-se estável, mas com prognóstico "muito reservado", anunciou hoje fonte hospitalar. A actriz Sónia Brazão sofreu ontem queimaduras muito graves em todo o corpo, incluindo vias respiratórias, apresentando um prognóstico reservado, informou o Hospital de São José, em Lisboa, onde está internada depois de ter sido vítima de uma explosão. "Foi vítima de uma explosão em ambiente fechado, o que lhe causou queimaduras muito graves em todo o corpo, incluindo vias respiratórias. O prognóstico é reservado", revelou ao DN fonte do Centro Hospitalar Lisboa Central, ao qual pertence o S. José….apresenta queimaduras de 1.º e 2.º grau, confirmou o INEM. Sónia Brazão deu entrada no hospital pelas 18h30 Queimadura Ferida Traumática: Rotura e perda da camada exterior do tecido da superfície do corpo ou das camadas mais profundas, devida a lesões pelo calor resultantes de exposição a agentes térmicos, químicos, eléctricos ou radioactivos; caracterizada por coagulação das proteínas das células, aumento do metabolismo, perda da reserva de nutrientes nos músculos e no tecido adiposo, perda de proteínas e compostos azotados, por grande dor, desconforto e stress, com risco de choque e com risco de vida; necrose dos tecidos, infeção da ferida, contraturas, escara hipotrófica com rigidez por espessamento, em que o doente fica profundamente desfigurado; queimadura de 1º grau, 2º grau e 3º grau. (ICN, 2011: 10-11) UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Agentes • Térmicos • Químicos • Radioativos • Elétricos • Solar Factores que afectam o prognóstico da queimadura: • Profundidade da lesão determinação do grau da lesão • Extensão da superfície corporal queimada UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - Regra dos nove ou esquema de Lund- Browder 2011-2012 Queimadura - Classificação 1º Grau – Lesão superficial da pele com manchas brancas, sensação de picadas, dor intensa devida a lesão das terminações nervosas superficiais. 2º Grau – Lesão profunda dos tecidos com pele branca e gelada, dura mas móvel em relação às estruturas tecidulares subjacentes, perda de sensação e dor devida a lesão do nervo . 3º Grau – Destruição da estrutura do tecido com necrose ou pele preta, perda de sensação e dor devida a lesão dos nervos, com alto risco de infeção da ferida. UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 (ICN, 2006) Queimadura 1º Grau 2º Grau 3º Grau - Classificação Queimadura Queimadura do 2º Grau UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Queimadura do 2º Grau UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Queimadura 2ºGrau UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Grande queimado UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Queimadura 3ºGrau UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Superfície corporal queimada (SCQ) – Regra dos nove Queimadura Determinação da área queimada Regra dos Nove Ou de Wallace 9% 18% 9% 21% 9% 18% (18%) 9% 1% 12% 1% 18% 12% 9% (18%) 18% Determinação da área queimada – Tabela de Lund e Browder Idade Área % 0-1 1-4 5-9 10-16 Adulto Cabeça 19 17 13 11 7 Pescoço 2 Tronco Anterior/ Posterior 13 Braço Direito/ Esquerdo 4 Antebraço Direito/ Esquerdo 3 Mão Direita/ Esquerda 2,5 Nádega Direita/ Esquerda 2,5 Genitália 1 Coxa Direita/ Esquerda 5,5 6,5 8 8,5 9,5 Perna Direita/ Esquerda 5 5 5,5 6 7 Pé Direito/ Esquerdo 3,5 Queimadura • Queimaduras - Classificação leves 1º Grau – qualquer extensão 2º Grau – ˂10% 3º Grau – ˂2% • Queimaduras moderadas 2º Grau – entre 10 e 20% 3º Grau – entre 3 e 5% • Queimaduras graves 2º Grau – ˃20% 3º Grau – ˃10% (Serra et al.,2004) UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura pelo frio Iniciou-se na escalada em rocha na Serra da Estrela, quando tinha 16 anos, através de um contacto com o Clube de Montanhismo da Guarda. Passou à escalada em neve e gelo em 1983, nos Alpes, e, dez anos mais tarde, integrou uma expedição internacional ao monte Cho-Oyo (8201 metros), no Tibete. Chegou ao topo sem recorrer a oxigénio e, no ano seguinte, decidiu repetir o feito numa outra expedição internacional, desta feita ao monte Dhaulagiri (8167 metros), no Nepal. Tornou-se, por isso, no primeiro português a escalar duas montanhas com mais de oito mil metros de altitude sem usar máscara de oxigénio. Queimadura pelo frio Em 1997 tentou, pela 1ª vez, escalar o monte Evereste (8848 metros) …mas o mau tempo impediu-o de chegar ao topo. No ano seguinte, voltou a tentar, mas apenas conseguiu chegar aos 8200 metros e, mesmo assim, ficou com geluras (queimaduras provocadas pelo frio) no nariz. Em 1999, juntamente com o belga Pascal Debrouwer, João Garcia voltou a tentar chegar ao topo do Evereste e, desta vez, conseguiu atingi-lo, novamente sem a ajuda de oxigénio. Pascal Debrouwer, no entanto, caiu numa ravina durante a descida e morreu. João Garcia teve de ser internado num hospital de Saragoça, em Espanha, especializado em queimaduras de segundo e terceiro grau, onde lhe amputaram alguns dedos de uma mão. João Garcia. In Infopédia [Em linha]. Porto: Porto Editora, Disponível na www: <URL: http://www.infopedia.pt/$joao-garcia>. 2003-2011. [Consult. 2011-10-13]. Queimadura pelo frio Ferida Traumática: Rotura e perda da camada exterior do tecido da superfície corporal ou das camadas mais profundas, devida a exposição prolongada ao frio, trombose dos capilares e congelação do líquido extracelular, especialmente nas partes do corpo com menor perfusão dos tecidos como, por ex., os dedos; os estádios graduam-se segundo a gravidade associada à duração da exposição e à quantidade de frio, desde a lesão superficial da pele com manchas brancas, sensação de picadas e viscosidade, progredindo para dor intensa devida a lesão das terminações nervosas superficiais (queimadura por frio de 1º grau), a profunda lesão dos tecidos com pele branca e gelada, dura mas móvel em relação às estruturas tecidulares subjacentes, perda de sensação e dor devida a lesão do nervo (queimadura por frio de 2º grau) e finalmente à destruição da estrutura do tecido com necrose ou pele preta, perda de sensação e dor devida a lesão dos nervos, com alto risco de infeção da ferida, perda de partes do corpo periféricas como os dedos dos pés ou das mãos (queimadura por frio de 3º grau) . ( ICN, 2011: 11) UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura pelo frio Classificação 1º grau – lesão superficial da pele, com manchas esbranquiçadas, sensação de picada, progredindo para dor intensa 2º grau – lesão profunda dos tecidos com aspeto branco e gelado, perda da sensação de dor 3º grau – lesão profunda dos tecidos com necrose de cor escura (preta), perda da sensação de dor UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Bases fisiopatológicas da queimadura na reposição da volémia: • A pele queimada leva ao ↑ da permeabilidade capilar que por sua vez gera o extravasamento de proteínas e fluidos do espaço intravascular para o extravascular o que leva à formação de edema intersticial. • Nas queimaduras pequenas a reacção é apenas local, no grande queimado a perda de fluidos plasmáticos é acentuada e generalizada levando à falência de múltiplos órgãos e à insuficiência renal. • O ↑ da permeabilidade capilar atinge o seu pico 3-6 horas após o trauma, embora regrida 24h, após pode durar 7 até dias. O sucesso da reanimação está em prevenir o choque hipovolémico. • O extravasamento de líquido para o espaço extracelular pode levar à diminuição de 50-70% do volume plasmático nas primeiras 5 horas após o trauma, em pessoas com mais de 40% da SCQ. Pessoas com queimaduras de 15% apresentam risco de falência renal. (Barreto,2004) UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Reposição da volémia Deve obedecer a determinados critérios: estado clínico do paciente e região afectada pela queimadura Nas primeiras 24 horas: • Administrar NaCl 7,5% , 4ml/Kg em perfusão durante 30 min. • Administração de Lactato de Ringer, de forma a manter débito urinário entre 30-50 ml/h em crianças 1ml/Kg/h Como calcular? 3-4 ml (LR)× Kg × % SCQ ½ deve ser infundido nas primeiras 8h após o trauma e a outra ½ nas restantes 16 h (Baxter, 1974) Após as 24 horas: • Administrar Albumina (até 10 frascos de 50 ml a 20%) • Manter infusão de Lactato de Ringer (Serra, Gomes e Cunha,2004) UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Intervenções de enfermagem Procedimentos imediatos: • Imobilizar o indivíduo/ criança (deitar a pessoa e limitar a actividade motora) • Observar vias aéreas (risco de anóxia) • Despir indivíduo /criança • Remover adornos (anéis, pulseiras, colares) • Puncionar veia • Inserir cateter venoso (de grosso calibre) • Colher sangue para análise • Administrar vacina antitetânica ao indivíduo • Inserir cateter vesical no indivíduo/criança • Inserir sonda nasogástrica no indivíduo/criança (excepto nos casos de queimadura do tubo digestivo, ex: lixívia) • Administrar analgésico segundo prescrição UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Intervenções de enfermagem Tratamento local: • Determinar extensão da queimadura • Executar tricotomia da região corporal circundante à queimadura (evita a retenção de secreções nos pêlos) • Nas queimaduras de pequena dimensão (˂10% SCQ): Limpar região corporal queimada com solução salina Não perfurar (rebentar) flictenas Aplicar gaze parafinada Aplicar penso absorvente • Nas queimaduras de grande dimensão (≥10% SCQ): Limpar região corporal queimada com solução salina Envolver região corporal queimada em lençol esterilizado ou em lençol de queimado • Prevenir infeção UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Escarotomia: Nas queimaduras circulares e de espessura total no tórax e nos membros superiores e inferiores, forma-se uma escara que se desidrata e garrota os tecidos subjacentes (cinta constritiva) Escarotomia Sinais: • Cianose • Dor • Parestesias • ↓ou ausência de pulso • Sensação de frio (Júnior e Ferreira,2004) UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Intervenções de enfermagem Considerações relativas à abordagem terapêutica: [No quadro da emergência] - Queimadura por chama /líquido quente - limitar a atividade motora (imobilizar e deitar a pessoa) - aplicar cobertura (por forma a tapar) - aplicar líquido não inflamável - H2O (de forma a apagar a chama) - Queimadura térmica do tubo digestivo - administrar líquido frio - Queimadura química - lavar parte do corpo com H2O corrente durante 20 a 30 minutos - remover as roupas - Queimadura por radiação - remover a fonte de radiação - aplicar creme hidratante UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Queimadura Intervenções de enfermagem Cuidados específicos: • Queimadura eléctrica: Executar monitorização ECG • Queimadura da face: Penso aberto Elevação do tronco a 300 • Queimadura das mãos: Elevar extremidades acima do nível do coração Movimentar membros cada 5 minutos UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012 Bibliografia • BARANOSKI, S.; AYELLO, E. - O Essencial Sobre o Tratamento de Feridas. Princípios práticos. Loures: Lusodidacta, 2006. • BAXTER, C. - Fluid volume and electrolyte changes in the early post-burn period. Clinic Plastic Surgeri, 1. 693-709, 1974. • DEALEY, C. - Tratamento de Feridas. Um Guia para a Enfermagem. 1ª Ed. Lisboa: Climepsi Editores, 2006. • HELLEWELL, T et al. - A citotoxicity evaluation of antimicrobial and nonantimicrobial wound cleansers: Wounds, 9 (1), 1997, 15-20. • IGIF - Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde - Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem. Versão 1.0. Lisboa: Ordem Enfermeiros, 2006. • MACIEL, M; SERRA, M. - Tratado de Queimaduras. São Paulo: Editora Atheneu, 2004. • PHIPPS, W.; SANDS, J.; MAREK, J - Enfermagem Médico- Cirúrgica. Conceitos e prática clínica. 6ª Ed. Vol. II. Loures: Lusociência, 2003. UC: RESPOSTAS CORPORAIS À DOENÇA II - 2011-2012