Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ
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0 Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ Centro de Ciências da Saúde - CCS Instituto de Estudos em Saúde Coletiva – IESC Mestrado em Saúde Coletiva Linha de Pesquisa: Tendências e Determinantes de Doenças Não-Transmissíveis PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM ADOLESCENTES BRASILEIROS: REVISÃO SISTEMÁTICA Erika da Silva Magliano Orientadores: Katia Vergetti Bloch Evandro da Silva Freire Coutinho 2012 1 ERIKA DA SILVA MAGLIANO Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica em Adolescentes Brasileiros: Revisão Sistemática. Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Banca Examinadora da Qualificação Maria Cristina Caetano Kuschnir, DSc., UERJ/INCL Mario Vianna Vettore, DSc., IESC/UFRJ Mônica Maria Ferreira Magnanini, DSc., IESC/UFRJ Rio de Janeiro - RJ 2012 0 M195 Magliano, Erika da Silva. Prevalência de hipertensão arterial sistêmica em adolescentes brasileiros: revisão sistemática/ Erika da Silva Magliano. – Rio de Janeiro: UFRJ/ Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2012. 90 f.; 30cm. Orientador: Kátia Vergetti Bloch, Evandro da Silva Freire Coutinho. Dissertação (Mestrado) - UFRJ/Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, 2012. Referências: f. 53-61 1. Doenças cardiovasculares. 2. Hipertensão. 3. Adolescente. 4. Metanálise como assunto. 5. Revisão. I. Bloch, Kátia Vergetti. II. Coutinho, Evandro da Silva Freire. III. Universidade Federal do Rio de Janeiro, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. IV. Título. CDD 614.591 2 FOLHA DE APROVAÇÃO ERIKA DA SILVA MAGLIANO "PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ARTERIAL SISTÊMICA EM ADOLESCENTES BRASILEIROS: Revisão Sistemática" Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, como requisito parcial à obtenção do título de Mestre em Saúde Coletiva. Aprovada em 13/04/2012 Profª Drª Katia Vergetti Bloch, IESC/UFRJ Orientadora Prof. Dr. Evandro da Silva Freire Coutinho, ENSP/FIOCRUZ Co-Orientador Profª Maria Cristina Caetano Kuschnir, UERJ/INCL Prof. Dr. Mario Vianna Vettore, IESC/UFRJ Profª Drª Mônica Maria Ferreira Magnanini, IESC/UFRJ 3 Dedico esta conquista aos meus pais, que, com amor incondicional, ensinaram-me a amar, viver e reconhecer os principais valores da vida. Sempre foram exemplo de confiança, garra, coragem e dedicação. Sei que tudo que alcancei e tudo o que sou é reflexo de seus ensinamentos. Com eles aprendi o que é ser um ser humano de verdade, com caráter, honestidade, sempre disposta a enfrentar a vida. A vocês, a quem muito amo e a quem devo tudo o que sou, ofereço essa vitória. 4 Agradecimentos Primeiramente, agradeço a Deus por ter me conduzido do início ao fim nessa jornada. Aos meus pais, José Henrique e Regina, pelo amor incondicional, fé, incentivo, apoio, zelo e pelo exemplo de ser humano que são. Ao meu irmão Diego. Ao meu marido, Robson, pela compreensão, paciência, dedicação e amor, pois sempre esteve ao meu lado nos piores momentos de estresse. Ao meu enteado Nathan e aos meus sogros Sebastião e Rudinalva, pelo carinho e apoio. Aos meus orientadores Katia Vergetti Bloch e Evandro da Silva Freire Coutinho, aos quais muito admiro pela forma como conduziram a orientação deste trabalho, pela paciência, confiança, disponibilidade, gentileza e pela indiscutível competência. Às minhas amigas especiais Adelina e Marina, que são insubstituíveis, pela amizade incondicional. Mesmo estando longe, eu as tenho bem perto, em meu coração. Aos meus amigos de longa data e que sempre estarão no meu coração: Fátima Adriana, Fernanda Machado, Gisele Mendes, Iane, João Henrique, Luana Braga, Luana Mendes, Lucas, Maria Carolina, Pricilla, Reinaldo, Thaís e Vívian. Às amizades que fiz no mestrado, que farei questão de preservar: Anna Barreto, Carolina Borges, Daianna, Edna, Erika Barreto, Gisela e Gabriela. À linda amiga Laura, que me ajudou de forma única, além da amizade incondicional e marcante na minha vida. Obrigada por tudo. Aos amigos e colegas do INCA, que sempre me apoiaram e incentivaram na conclusão deste projeto: André Rodrigues, Andrea Dias, Andrea Tofani, Daniele, Deise, Erika Stancher, Lenzie, Luciana Camacho, Marcelle, Mário, Paulo Garcia, Rafael Cardoso, Rafael Sadoc, Shirley, Vanessa, Viviane e Wendell. A vocês, muito obrigada. Ao corpo docente do IESC/UFRJ, que com toda certeza, foi essencial para a minha formação. 5 Aos funcionários do IESC/UFRJ, Ivisson e Fátima, sempre prestativos e gentis. À CAPES pela bolsa de mestrado. 6 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................14 1.1 HIPERTENSÃO ARTERIAL NA INFÂNCIA E ADOLESCÊNCIA............................20 1.2 REVISÃO SISTEMÁTICA E METANÁLISE...............................................................25 2 JUSTIFICATIVA...........................................................................................................27 3 OBJETIVOS...................................................................................................................28 3.1 OBJETIVO GERAL........................................................................................................28 3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...........................................................................................28 4 MÉTODOS.....................................................................................................................29 4.1 CRITÉRIOS PARA A SELEÇÃO DE ESTUDOS.........................................................29 4.1.1 Tipo de Estudo.................................................................................................................29 4.1.2 Tipo de Participantes........................................................................................................29 4.1.3 Tipos de Medidas de Resultados......................................................................................29 4.2 MÉTODOS DE BUSCA PARA IDENTIFICAÇÃO DOS ESTUDOS..........................30 4.3 INFORMAÇÕES EXTRAÍDAS.....................................................................................31 4.3.1 Seleção dos Estudos.........................................................................................................31 4.3.2 Extração das Informações................................................................................................31 4.3.3 Análise da Qualidade dos Estudos...................................................................................31 4.4 CODIFICAÇÃO DAS VARIÁVEIS DO ESTUDO.......................................................32 4.4.1 Características dos Estudos..............................................................................................32 4.4.2 Características da População............................................................................................32 7 4.4.3 Características do Método de Aferição da Pressão Arterial............................................32 4.5 METANÁLISE................................................................................................................33 5 RESULTADOS...............................................................................................................34 6 DISCUSSÃO...................................................................................................................48 7 CONCLUSÃO................................................................................................................52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................................53 APÊNDICE A...........................................................................................................................62 APÊNDICE B...........................................................................................................................82 APÊNDICE C...........................................................................................................................85 8 Resumo MAGLIANO, Erika da Silva. Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica em Adolescentes Brasileiros: Revisão Sistemática. Rio de Janeiro, 2012. Dissertação (Mestrado em Saúde Coletiva) - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2012. As doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na população geral e responsáveis por um elevado número de anos potenciais de vida perdidos ajustados para incapacidade. A elevação da pressão arterial representa um fator de risco independente, linear e contínuo para doença cardiovascular. Valores elevados de pressão arterial têm sido relatados também na população jovem e diversas pesquisas têm sido realizadas sobre o tema. Os trabalhos brasileiros que existem sobre hipertensão arterial na adolescência são locais, e, portanto, sem representatividade nacional. Este trabalho apresenta uma revisão sistemática/metanálise de estudos que mediram a prevalência de hipertensão arterial entre adolescentes no Brasil. Buscou-se identificar artigos publicados até setembro de 2010, sendo que a busca foi realizada em seis bases de dados eletrônicas. Não foram utilizados quaisquer limites de busca. Gráficos do tipo Forest plot foram construídos com prevalências de hipertensão arterial na população total e por sexo. A heterogeneidade foi avaliada através da estatística I2 e modelos de meta-regressão foram ajustados com o intuito de identificar suas possíveis fontes. De 3631 artigos inicialmente identificados, 17 foram considerados elegíveis para a revisão sistemática. A medida de prevalência combinada através de modelos de efeitos aleatórios foi de 8,12% (6,24 – 10,52) para a população total, 8,75% (5,81 – 12,96) para o sexo masculino e 6,31% (4,41 – 8,96) para o sexo feminino. Observou-se grande variação nos resultados de prevalência de hipertensão arterial e nos métodos para a sua avaliação entre os estudos realizados com adolescentes brasileiros, o que demonstra a necessidade de que sejam utilizados procedimentos padronizados e validados de mensuração da hipertensão arterial. Palavras-chave: Doenças cardiovasculares; Hipertensão; Adolescente; Metanálise como assunto; Revisão; Brasil. 9 Abstract MAGLIANO, Erika da Silva. Prevalence of arterial hypertension among brazilian adolescents: Systematic Review. Rio de Janeiro, 2012. Dissertation (Master in Public Health) - Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Federal University of Rio de Janeiro, 2012. Cardiovascular diseases are the main cause of death in the general population and account for a large number potential years of life lost adjusted to disability. Increased blood pressure represents an independent, linear and continuous risk factor for cardiovascular disease. Elevated blood pressures have also been reported in young population and many studies have been conducted on this subject. Brazilian studies on hypertension in adolescence are local, and therefore not nationally representative. This paper presents a systematic review / metaanalysis of studies that measured the prevalence of hypertension among adolescents in Brazil. We tried to identify articles published up to September 2010, and the search was conducted in six electronic databases. No search limits were used. Forest plot type charts were built with prevalences of hypertension in the total population and by gender. Heterogeneity was assessed using the I2 statistic, and meta-regression models were adjusted in order to identify their possible sources. Of 3631 articles initially identified, 17 were eligible for the systematic review. The measure of combined prevalence using random effects models was 8.12% (6.2410.52) for the total population, 8.75% (5.81-12.96) for males and 6.31% (from 4.41-8.96) for females. There was great variation in the results of prevalence of hypertension and methods for its assessment among the studies of Brazilian adolescents, which demonstrates the need to use standardized and validated procedures for blood pressure measurement. Keywords: Cardiovascular diseases; Hypertension; Adolescent; Meta-Analysis as topic; Review; Brazil. 10 Lista de Tabelas Tabela 1 – Morbidade Hospitalar do SUS (Internações) por Doenças do Aparelho Circulatório de 2008 a 2011 no Brasil. Tabela 2 – Dimensões da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braços em crianças e adultos. Tabela 3 – Características dos Estudos Incluídos. Tabela 4 – Prevalência de Hipertensão Arterial Total e por Sexo. Tabela 5 – Análise de Qualidade dos Artigos Tabela 6 – Odds Ratio e IC 95% das variáveis estudadas na população total e por sexo. Tabela 7 – Odds Ratio e IC 95% para a variável região na população total e por sexo. 11 Lista de Quadros Quadro 1 – Preparo do paciente para a medida da pressão arterial. Quadro 2 – Procedimentos de medida de pressão arterial. 12 Lista de Figuras Figura 1 – Fluxograma da seleção dos artigos. Figura 2 – Apresentação das Variáveis pelos Estudos. Figura 3A – Forest Plot das prevalências de hipertensão arterial nos adolescentes na população total por região. Figura 3B – Forest Plot das prevalências de hipertensão arterial nos adolescentes no sexo masculino por região. Figura 3C – Forest Plot das prevalências de hipertensão arterial nos adolescentes no sexo feminino por região. 13 Apresentação A idealização dessa revisão sistemática surgiu a partir de um estudo maior denominado “Estudo de Riscos Cardiovasculares em Adolescentes” (ERICA). O ERICA é um estudo multicêntrico, com uma amostra de cerca de 75 mil adolescentes de 12 a 17 anos que frequentam escolas públicas e privadas de 134 cidades brasileiras com mais de 100 mil habitantes, incluindo todas as capitais e o Distrito Federal. Tal pesquisa é financiada pelo Ministério da Saúde (MS), Chamada Pública – MCT/FINEP/MS/SCTIE/DECIT – CT-Saúde e FNS – Síndrome Metabólica – 01/2008. O ERICA é um estudo de delineamento transversal de base escolar com o objetivo de estimar a prevalência de diabetes mellitus, obesidade, fatores de risco cardiovascular e de marcadores de resistência à insulina e inflamatórios. Sendo o foco principal desta tese o de conhecer a prevalência de hipertensão arterial em adolescentes no Brasil, objetiva-se futuramente verificar se os dados obtidos no ERICA serão semelhantes aos relatados por esses estudos selecionados nessa revisão sistemática. Os resultados dessa revisão encontram-se no artigo intitulado: Prevalência de Hipertensão arterial entre adolescentes brasileiros: revisão sistemática (Apêndice A). 14 1 INTRODUÇÃO Em todo o mundo, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na população geral e responsáveis por um elevado número de anos potenciais de vida perdidos ajustados para incapacidade. Essas doenças possuem inúmeros fatores de risco, dentre os quais se destaca a hipertensão arterial. A hipertensão arterial consiste na permanência de valores elevados de pressão arterial em repouso, acima de limites considerados adequados, e tem sido uma afecção crescente na população adulta, aumentando o risco de problemas cardiovasculares nessa parcela da população (KANNEL, 1990). A elevação da pressão arterial representa um fator de risco independente, linear e contínuo para doença cardiovascular (LEWINGTON et al., 2002). Seus custos médicos e socioeconômicos são elevados, decorrentes principalmente de suas complicações, tais como: doença cerebrovascular, doença arterial coronariana, insuficiência cardíaca, insuficiência renal crônica e doença vascular de extremidades. As doenças do aparelho circulatório são responsáveis por alta freqüência de internações. No Brasil, no período de 2008 a 2011, segundo dados do Ministério da Saúde, foram registradas 4.533.417 internações por essas doenças, dados da Tabela 1 (MINISTÉRIO DA SAÚDE - SISTEMA DE INFORMAÇÕES HOSPITALARES DO SUS - SIH/SUS). Tabela 1: Morbidade Hospitalar do SUS (Internações) por Doenças do Aparelho Circulatório de 2008 a 2011 no Brasil. Região Número de Internações Norte 224.790 Nordeste 993.721 Sudeste 2.020.632 Sul 953.491 Centro-Oeste 340.783 Total 4.533.417 Fonte: Ministério da Saúde – Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) 15 A Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que 600 milhões de pessoas no mundo tenham hipertensão arterial sistêmica, que é responsável por 7,1 milhões de mortes anualmente, o que corresponde a 13% da mortalidade global (ISSUES OF COMMUNICATION AND RISK. WORLD HEALTH REPORT 2002: FROM NONCOMMUNICABLE DISEASES & MENTAL HEALTH (NMH) COMMUNICATIONS). Vários são os fatores de risco para a hipertensão arterial: idade, sexo e etnia, fatores socioeconômicos, consumo de sal, obesidade, consumo de álcool e sedentarismo, dentre outros (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO, 2006). Vasan et al., 2001, relataram que a pressão arterial aumenta linearmente com a idade, especialmente em adultos mais velhos. Revendo estudos de prevalência em várias partes do mundo, Kearney et al., 2005, observaram que embora a prevalência de hipertensão entre os homens, 26,6% (IC 95% 26 – 27,2) seja semelhante à de mulheres, 26,1% (IC 95% 25,5 – 26,6) existe uma interação entre sexo e idade: as prevalências de hipertensão são mais elevadas nos homens em idades mais jovens, e nas mulheres mais velhas. Em afro-americanos, a hipertensão arterial é mais comum, mais severa, desenvolve-se mais cedo, e conduz a mais seqüelas clínicas do que em brancos não-hispânicos (COOPER; ROTIMI, 1997). Níveis sócio-econômicos mais baixos estão associados a prevalências maiores de hipertensão arterial e de fatores de risco para elevação da pressão arterial, além de maior risco de lesão em órgãos-alvo e de eventos cardiovasculares (DRUMOND; BARROS, 1999). Hábitos dietéticos, incluindo consumo de sal e ingestão de álcool, índice de massa corpórea aumentado, estresse psicossocial, menor acesso aos cuidados de saúde e menor nível educacional são possíveis fatores associados ao aumento da pressão arterial. De acordo com os resultados de um estudo de Prevenção de Hipertensão de 1992 (WHELTON et al., 1992), o excesso de consumo de sódio contribui para a ocorrência de hipertensão arterial. Nesse estudo, foi relatado que intervenções no sentido de reduzir o consumo de sódio, diminuiu a pressão arterial diastólica em 0,9 mmHg (p < 0,05) e a pressão arterial sistólica em 1,7 mmHg (p < 0,01). Entre os índios Yanomami, que têm baixa ingesta de sal, não foram observados casos de hipertensão arterial nem obesidade (MANCILHACARVALHO; SILVA, 2003). 16 Estudos observacionais (NISKANEN et al., 2004 e CARNEIRO et al., 2003) mostraram que ganho de peso e aumento da circunferência da cintura são fatores de risco importantes para hipertensão arterial, sendo a obesidade central um indicador de risco cardiovascular aumentado. Carneiro et al., 2003, observaram em 499 pacientes com sobrepeso e obesidade, que a prevalência de hipertensão arterial passou de 23% no grupo de indivíduos com sobrepeso, para 67,1% em pacientes com obesidade grau III e que a obesidade central teve um importante papel no desenvolvimento da hipertensão arterial. Achados semelhantes foram observados por de Simone et al., 2006. Em metanálise realizada por Neter et al., 2003, foi demonstrado claramente que a perda de peso é importante para prevenção e tratamento da hipertensão arterial. O estudo relatou que uma redução de 5,1 kg de peso por restrição calórica, atividade física ou ambos, reduz a pressão arterial sistólica em 4,44 mmHg (IC 95% 2,95 – 5,93) e a diastólica em 3,57 mmHg (IC 95% 2,25 – 4,88). O consumo elevado de bebidas alcoólicas como cerveja, vinho e destilados aumenta a pressão arterial. O efeito varia com o sexo, e a magnitude está associada à quantidade de etanol e à freqüência de ingestão (STRANGES et al., 2004). O efeito do consumo leve a moderado de etanol não está definitivamente estabelecido. Segundo estudo de Xin et al., 2001, verifica-se redução média de 3,3 mmHg (IC 95% 2,5 a 4,1 mmHg) na pressão sistólica e 2,0 mmHg (IC 95% 1,5 a 2,6 mmHg) na pressão diastólica com a redução do consumo de etanol. O estudo observacional de Stranges et al., 2004, também indica que o consumo de bebida alcoólica fora de refeições aumenta o risco de hipertensão, independentemente da quantidade de álcool ingerida. O sedentarismo aumenta a incidência de hipertensão arterial. Estudos demonstram que indivíduos sedentários apresentam risco aproximado 30% maior de desenvolver hipertensão que os ativos (PAFFENBARGER et al., 1991 e HAYASHI et al., 1999). Paffenbarger et al., 1991, ressalvam ainda que esportes como atividade física vigorosa reduziram a incidência de hipertensão arterial. Hayashi et al., 1999, em um estudo de seguimento, relataram que homens que iniciaram a prática regular de exercícios físicos pelo menos uma vez por semana, reduziam em até 30% o risco de desenvolvimento de hipertensão. O exercício aeróbio apresenta efeito hipotensor tanto em indivíduos hipertensos quanto normotensos, demonstrado por uma redução de 3,84 mmHg na pressão arterial sistólica e 2,58 mmHg na diastólica em metanálise realizada por Whelton et al., 2002. O exercício resistido (realizado com pesos) 17 possui efeito hipotensor semelhante, mas menos consistente (CORNELISSEN; FAGARD, 2005). A presença de fatores de risco cardiovascular ocorre mais comumente na forma combinada (WILSON et al., 1999). Além da predisposição genética, fatores ambientais podem contribuir para uma agregação de fatores de risco cardiovascular em famílias com estilo de vida pouco saudável (KNUIMAN et al., 1996). De acordo com a IV Diretriz Brasileira de Hipertensão, 2004, em amostras da nossa população, a combinação de fatores de risco entre indivíduos hipertensos parece variar com a idade, predominando a inatividade física, o sobrepeso, a hiperglicemia e a dislipidemia. A obesidade aumenta a prevalência da associação de múltiplos fatores de risco (VANHALA et al., 1998). Um artigo de revisão (PASSOS; ASSIS; BARRETO, 2006) foi realizado com estudos de prevalência de hipertensão no Brasil a partir de 1990, em adultos. Dos 13 estudos selecionados, as taxas de prevalência mostram que cerca de 20% dos adultos apresentam hipertensão, considerando o critério de hipertensão arterial como pressão sistólica ≥ 140 mmHg e/ou pressão diastólica ≥ 90 mmHg. Apenas três estudos, realizados antes de 1995, utilizaram valores distintos para hipertensão arterial (pressão Arterial ≥ 160/95 mmHg): Ilha do Governador (RJ), Pelotas (RS) e Passo-Fundo (RS). Dentre os estudos da revisão, o de maior prevalência de hipertensão arterial foi o de Martins et al., 1997, em Cotia (SP) com 44,4%, em 1.041 indivíduos de 20-88 anos, considerando pressão arterial ≥ 140/90 ou estar sob tratamento. Levando em consideração esse mesmo critério, Barreto et al., 2001 e Firmo; Uchoa e Lima-Costa, 2004, do Projeto Bambuí (MG), relataram a menor prevalência, 24,8%, em 820 indivíduos de 18-59 anos, e em 1.494 indivíduos ≥ 60 anos. Considerando o critério de pressão arterial ≥ 160/95, a maior prevalência foi na Ilha do Governador (RJ), 24,9% por Klein et al., 1995 e a menor, 19,2% em Porto Alegre (RS) por Fuchs et al., 1995. A análise dessa revisão mostra que a maior parte dos estudos é realizada no Sul e Sudeste do país. A medida da pressão arterial é o elemento-chave para o estabelecimento do diagnóstico da hipertensão arterial e a avaliação da eficácia do tratamento. Tal medida nem sempre é realizada de forma adequada. No entanto, os erros podem ser evitados com preparo apropriado do paciente, uso de técnica padronizada de medida de pressão arterial e equipamento calibrado (PERLOFF et al., 1993 e PETRIE et al., 1986). Para que esses erros sejam evitados, procedimentos padronizados devem ser utilizados para o preparo do indivíduo 18 e para técnica de aferição da pressão arterial, como os descritos nos quadros (No. 1 e No. 2) abaixo. Preparo do paciente para a medida da pressão arterial 1. Explicar o procedimento ao paciente. 2. Repouso de pelo menos 5 minutos em ambiente calmo. 3. Evitar bexiga cheia. 4. Não praticar exercícios 60 a 90 minutos antes. 5. Não ingerir bebidas alcoólicas, café ou alimentos e não fumar 30 minutos antes. 6. Manter pernas descruzadas, pés apoiados no chão, dorso recostado na cadeira e relaxado. 7. Remover roupas do braço no qual será colocado o manguito. 8. Posicionar o braço na altura do coração (nível do ponto médio do esterno ou 4º espaço intercostal), apoiado, com a palma da mão voltada para cima e o cotovelo ligeiramente fletido. 9. Solicitar para que não fale durante a medida. Quadro No. 1. Preparo do Paciente para a medida da pressão arterial. Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006. Procedimento de Medida da Pressão Arterial 1. Medir a circunferência do braço do paciente. 2. Selecionar o manguito de tamanho adequado ao braço. 3. Colocar o manguito sem deixar folgas acima da fossa cubital, cerca de 2 a 3 cm. 4. Centralizar o meio da parte compressiva do manguito sobre a artéria braquial. 5. Estimar o nível da pressão sistólica (palpar o pulso radial e inflar o manguito até seu desaparecimento, desinflar rapidamente e aguardar 1 minuto antes da medida. 6. Palpar a artéria braquial na fossa cubital e colocar a campânula do estetoscópio sem compressão excessiva. 7. Inflar rapidamente até ultrapassar 20 a 30 mmHg o nível estimado da pressão sistólica. 8. Proceder à deflação lentamente (velocidade de 2 a 4 mmHg por segundo). 9. Determinar a pressão sistólica na ausculta do primeiro som (fase I de Korotkoff), que é um som fraco seguido de batidas regulares, e, após, aumentar ligeiramente a velocidade de deflação. 10. Determinar a pressão diastólica no desaparecimento do som (fase V de Korotkoff). 11. Auscultar cerca de 20 a 30 mmHg abaixo do último som para confirmar seu desaparecimento e depois proceder à deflação rápida e completa. 12. Se os batimentos persistirem até o nível zero, determinar a pressão diastólica no abafamento dos sons, (fase IV de Korotkoff) e anotar valores da sistólica/diastólica/zero. 13. Esperar de 1 a 2 minutos antes de novas medidas. 14. Informar os valores de pressão arterial obtidos para o paciente. 15. Anotar os valores e o membro. Quadro No. 2. Procedimento de medida da pressão arterial. Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão, 2006. O método mais utilizado para medida de pressão arterial na prática clínica é o indireto, com técnica auscultatória e esfigmomanômetro de coluna de mercúrio ou aneróide, ambos 19 calibrados. Apesar da tendência em substituir os aparelhos de coluna de mercúrio por equipamentos automáticos em razão do risco de toxicidade e contaminação ambiental pelo mercúrio, eles continuam sendo os mais indicados para a medida da pressão arterial porque se descalibram menos freqüentemente do que os aparelhos aneróides (MION Jr; PIERIN, 1998). Os aparelhos eletrônicos evitam erros relacionados ao observador e podem ser empregados quando validados de acordo com recomendações específicas, inclusive em estudos epidemiológicos (O´BRIEN et al., 1990 e 2001, e WHITE et al., 1993). É recomendado que todos os aparelhos sejam testados e devidamente calibrados a cada seis meses. (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006). A medida da pressão arterial na posição sentada deve ser realizada com manguitos de tamanho adequado à circunferência do braço, respeitando a proporção largura/comprimento de 1:2. Embora a maioria dos fabricantes não siga essas orientações, a largura da bolsa de borracha do manguito deve corresponder a 40% da circunferência do braço, e seu comprimento, à pelo menos 80%. Na tabela 2 estão descritos os tamanhos adequados de acordo com a circunferência do braço. Tabela 2: Dimensões da bolsa de borracha para diferentes circunferências de braços em crianças e adultos. Fonte: V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006. Denominação do Circunferência do Bolsa de Borracha (cm) Manguito Braço (cm) Largura Comprimento Recém – Nascido ≤10 4 8 Criança 11 – 15 6 12 Infantil 16 – 22 9 18 Adulto Pequeno 20 – 26 10 17 Adulto 27 – 34 12 23 Adulto Grande 35 - 45 16 32 As principais diretrizes internacionais e nacionais diferem entre si em relação à metodologia de aferição da pressão arterial. Poucas são as que se referem especificamente à crianças, sendo estas: I Diretriz de Prevenção da Aterosclerose na Infância e na Adolescência, 2005; Report of the Second Task Force on Blood Pressure Control in Children, 1987; The 20 Fourth Report on the Diagnosis, Evaluation, and treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescentes, 2004 e Task Force on Blood Pressure Control in Children, 1996. O III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1999; The Seventh Report of the Joint National Committee on Prevention, Detection, Evaluation and Treatment of High Blood Pressure, 2004 e as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2006 citam uma parte relacionada a crianças e adolescentes, como situações especiais. Apesar de existirem divergências, a maioria concorda em alguns aspectos: determinação das fases I e V dos sons de Korotkoff como pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica, respectivamente; repouso de pelo menos cinco minutos para aferição da pressão arterial; posição sentada; método auscultatório preferencialmente com aparelhos de coluna de mercúrio, sendo necessário que outros instrumentos sejam devidamente validados (oscilométricos) e calibrados (aneróides); manguito de tamanho variado, de acordo com a circunferência do braço; utilização da tabela de percentis como classificação da hipertensão arterial e que a largura da bolsa de borracha deve cobrir 40% da circunferência do braço e em comprimento, pelo menos 80%. As divergências principais são: número de medidas realizadas, intervalo entre as medidas e necessidade de repetição de medidas em caso de discrepância. Porém, são consensuais quanto à necessidade de medidas realizadas em pelo menos três ocasiões diferentes para diagnóstico de hipertensão arterial. Em algumas diretrizes específicas para crianças e adolescentes não fica claro como deve ser calculada a medida a ser classificada em cada ocasião, se utiliza apenas a segunda medida, a média entre primeira e segunda ou entre segunda e terceira medidas. (I DIRETRIZ DE PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA, 2005; THE FOURTH REPORT ON THE DIAGNOSIS, EVALUATION, AND TREATMENT OF HIGH BLOOD PRESSURE IN CHILDREN AND ADOLESCENTS, 2004). 1.1 Hipertensão Arterial na Infância e Adolescência Embora a maior parte dos diagnósticos de hipertensão arterial sistêmica seja firmada em adultos, a hipertensão pode ter seu início na infância, ser secundária a várias afecções ou indicar a existência de um fator de risco para outras doenças (SALGADO; CARVALHÃES, 2003). Valores elevados de pressão arterial têm sido relatados também na população jovem e 21 diversas pesquisas têm sido realizadas sobre o tema. Quase 20% dos 6.790 adolescentes norteamericanos de 11 a 17 anos participantes do estudo de McNiece et al. encontravam-se sob risco para doenças cardiovasculares futuras. O estudo de Oliveira et al. com 701 crianças de 5 a 9 anos em Feira de Santana (Bahia) destaca o papel importante de fatores biológicos e ambientais na gênese da hipertensão arterial em crianças. (McNIECE et al., 2007, MOURA et al., 2004 e OLIVEIRA et al., 2004) Epidemiologicamente, a forma secundária predomina na infância, embora não esteja associada a esta fase da vida, enquanto que as formas primárias são mais freqüentes entre adolescentes e adultos; fato que tem sido atribuído à adoção, por crianças e adolescentes, de hábitos ou estilos de vida que representam fatores de risco para a hipertensão arterial sistêmica (ALVES et al., 2004). Conforme preconiza as V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão (2006), é importante o rastreamento de crianças e adolescentes com risco aumentado de se tornarem adultos hipertensos, para que sejam adotadas medidas preventivas em idade precoce, reduzindo os riscos de doenças cardiovasculares e acidente vascular encefálico. Em crianças e adolescentes, o interesse pela avaliação da pressão arterial (PA) surge a partir da década de 1960. Entretanto, somente a partir de 1970 é que aparecem as primeiras recomendações sobre a medida rotineira de pressão arterial nessa faixa etária. Anteriormente, apenas alterações muito graves da PA eram identificadas em crianças ou adolescentes, e as causas secundárias, principalmente renais, eram as mais prevalentes. A partir da década de 1970, vários estudos surgiram, buscando conhecer o melhor comportamento da PA em crianças e adolescentes, seus fatores determinantes e a sua relação com futura hipertensão arterial ou doença cardiovascular, obviamente com vistas a medidas de prevenção primária (REPORT OF THE SECOND TASK FORCE ON BLOOD PRESSURE CONTROL IN CHILDREN, 1987. TASK FORCE ON BLOOD PRESSURE CONTROL IN CHILDREN, 1996 e SINAIKO, 1996). A partir desses estudos, verificou-se que alterações discretas de pressão arterial podiam ser observadas nessa faixa etária, sendo comuns particularmente em adolescentes e sem nenhuma causa secundária identificada (BARTOSH; ARONSON, 1999). O determinante mais importante de mudança na pressão arterial normal é a maturação, e não a idade cronológica. Apesar de o peso ser considerado o indicador mais potente, ele não é o índice mais apropriado porque é determinado não somente pela maturação fisiológica, mas 22 também pela adiposidade, que tem determinantes tanto externos quanto genéticos. A estatura, em contrapartida, é também uma medida facilmente obtida, indicadora da maturidade fisiológica e é melhor correlacionada com a idade do esqueleto do que com a idade cronológica. Ela é relacionada à pressão arterial, independentemente da idade (GILLUM; PRINEAS; HORIBE, 1982). Em crianças e adolescentes, a hipertensão é definida como elevação da pressão arterial que persiste em medidas repetidas iguais ou maiores ao percentil 95 para idade, estatura, e sexo. A hipertensão crônica está se tornando muito comum na adolescência e está geralmente associada à obesidade, estilo de vida sedentário e um histórico familiar positivo de hipertensão e outras doenças cardiovasculares (THE SEVENTH REPORT OF THE JOINT NATIONAL COMMITTEE ON PREVENTION, DETECTION, EVALUATION, AND TREATMENT OF HIGH BLOOD PRESSURE, 2004). A medida de pressão arterial em crianças é recomendada em toda avaliação clínica após os três anos de idade ou em circunstâncias especiais de risco antes desta idade, identificandose a pressão diastólica na fase V de Korotkoff e empregando-se manguito com bolsa de borracha de tamanho adequado à circunferência do braço (THE FOURTH REPORT ON THE DIAGNOSIS, EVALUATION, AND TREATMENT OF HIGH BLOOD PRESSURE IN CHILDREN AND ADOLESCENTS, 2004). Na década de 1960, vários estudos epidemiológicos foram empreendidos com o objetivo de se obter, por meio de métodos adequados, curvas de normalidade de pressão arterial em crianças e adolescentes. A metodologia empregada para a medida da pressão arterial em crianças e adolescentes é muito importante e deve ser cuidadosamente observada e executada. Ambiente calmo e familiaridade com o procedimento, tamanho do manguito de acordo com o braço da criança e a velocidade de desinsuflação são alguns pontos de grande importância. Estabeleceu-se a fase V de Korotkoff para a medida de PA diastólica e fase I para a medida de PA sistólica (BARTOSH; ARONSON, 1999, SINAIKO, 1996 e TASK FORCE ON BLOOD PRESSURE CONTROL IN CHILDREN, 1996). A aferição dos níveis de pressão arterial é influenciada por muitos fatores, incluindo os seguintes: tamanho do manguito (PRINEAS, 1991 e SPRAFKA et al., 1991), momento do dia (HELLER et al., 1978; MILLAR-CRAIG; BISHOP; RAFTERY, 1978 e PRINEAS et al., 1980), estação do ano (ROSE, 1961), posição do indivíduo (GAUER; THRON, 1965), tipo de esfigmomanômetro utilizado (De GAUDEMARIS et al., 1985), local de aferição da pressão 23 arterial (GILLUM et al., 1982b), tipo e número de observadores (CANNER et al., 1991 e KRAUS et al., 1982), tipo de campana do estetoscópio (PRINEAS; JACOBS, 1983), posição no braço (MITCHELL; PARLIN; BLACKBURN, 1964), número de aferições da pressão (CANNER et al., 1991), aferição em jejum ou não (GILLUM et al., 1982b), se a fase IV ou a fase V de Korotkoff é utilizada para caracterizar pressão diastólica (FOLSOM et al., 1984 e SINAIKO; GOMES-MARIN; PRINEAS, 1990). A classificação de hipertensão para crianças e adolescentes segue um padrão diferente. Deve ser interpretada de acordo com as curvas de distribuição da pressão arterial sistólica e pressão arterial diastólica por sexo, faixa etária e estatura, observando-se os valores correspondentes aos diversos percentis. Consideram-se os valores abaixo do percentil 90 como normotensão, desde que inferiores a 120/80 mmHg; entre os percentis 90 e 95, como limítrofe (“pré-hipertensão”, de acordo com o The Fourth Report on The Diagnosis, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents, 2004), e igual ou superior ao percentil 95, como hipertensão arterial, salientando-se que qualquer valor igual ou superior a 120/80 em adolescentes, mesmo que inferior ao percentil 95 deve ser considerado limítrofe (V DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2006). As IV Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial, 2004, já recomendavam a realização rotineira da medida da pressão arterial em ambiente escolar, mas não há ainda, evidências de que essas recomendações tenham sido incorporadas. O fato de a hipertensão arterial sistêmica ter baixa prevalência na infância e adolescência e de ocorrer em indivíduos assintomáticos certamente contribui para a não-incorporação da aferição de rotina da medida de pressão arterial no atendimento pediátrico até o momento. Além disso, nessas faixas etárias, a medida de pressão envolve a escolha de manguitos adequados ao braço da criança/adolescente, a utilização de curvas de crescimento para identificação do percentil de altura segundo idade e o sexo e a identificação do percentil de pressão arterial em tabelas específicas, o que demanda mais equipamentos e maior disponibilidade de tempo do que a realização da medida em adultos (EUROPEAN SOCIETY OF HYPERTENSION-EUROPEAN SOCIETY OF CARDIOLOGY: GUIDELINES FOR THE MANAGEMENT OF ARTERIAL HYPERTENSION, 2003; I DIRETRIZ DE PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA, 2005, IV DIRETRIZES BRASILEIRAS DE HIPERTENSÃO ARTERIAL, 2004 e THE FOURTH 24 REPORT ON THE DIAGNOSIS, EVALUATION, AND TREATMENT OF HIGH BLOOD PRESSURE IN CHILDREN AND ADOLESCENTS, 2004). Outros fatores de risco cardiovasculares na infância e adolescência, identificados como síndrome metabólica, representada pela hipertensão arterial, sobrepeso/obesidade, aumento dos triglicerídeos, diminuição do HDL colesterol e intolerância à glicose/diabetes tipo 2, vêm sendo observados também na população jovem (BRANDÃO et al., 2005). Dentre todos os fatores de risco que fazem parte da síndrome metabólica, contudo, a presença de sobrepeso/obesidade aparece como o mais importante (WEISS et al., 2004). Esse fenômeno também tem sido observado no Brasil. Um estudo realizado pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) confirmou efetivamente uma modificação no perfil antropométrico-nutricional de toda a população brasileira. A pesquisa confirmou a tendência de declínio da desnutrição infantil e ratificou a aceleração recente desse declínio na década de 2000. Por outro lado, em todas as idades, a partir dos cinco anos, houve um aumento acelerado do excesso de peso e obesidade. Em crianças de 5 e 9 anos de idade e entre adolescentes, a freqüência do excesso de peso, que vinha aumentando modestamente até o final da década de 1980, praticamente triplicou nos últimos 20 anos, alcançando entre um quinto e um terço dos jovens (PESQUISA DE ORÇAMENTOS FAMILIARES, 2008 - 2009). O padrão de consumo alimentar também foi avaliado nesse mesmo estudo, e mostrou que o brasileiro pratica um padrão alimentar incorreto, com teor excessivo de açúcar, consumo insuficiente de frutas e hortaliças e consumo excessivo de gorduras em geral. A obesidade e os outros fatores de risco cardiovasculares resultam em maior chance do indivíduo de desenvolver a doença aterosclerótica. Além disso, existe uma associação direta da obesidade com a atividade simpática e com a inflamação, também envolvida no processo aterosclerótico (RADER, 2007 e ROSS, 1999). A doença cardiovascular é uma consequência da instalação do processo aterosclerótico no organismo. A obesidade hoje tem sido vista como um estado inflamatório de baixa intensidade, pois o tecido adiposo branco produz uma série de citocinas ou adipocitocinas que estão envolvidas nesse processo inflamatório (LOPES, 2007). Nesse contexto, soma-se a grande tendência para o sedentarismo, contribuindo para o aparecimento de alterações relacionadas com o metabolismo glicídico e lipídico e para o aumento da pressão arterial, reconhecidos como fatores importantes para as doenças cardiovasculares. 25 A adoção de medidas de prevenção primária em jovens tem sido reconhecida como de enorme importância no cenário da abordagem das doenças cardiovasculares. A demonstração da presença da aterosclerose na infância, na adolescência, e na fase adulta jovem, aliada ao maior conhecimento dos fatores de risco nessa idade, aponta para propostas de programas racionais e efetivos que tenham como objetivo intervir sobre esses fatores o mais precocemente possível (KAVEY et al., 2003). A principal finalidade da cardiologia preventiva em populações jovens é prevenir os fatores de risco cardiovascular, mais especificamente, a hipertensão arterial, a dislipidemia, a obesidade, o diabetes e o tabagismo, com medidas amplas de promoção de saúde. As medidas de prevenção concentram-se em adoção de hábito alimentar saudável com redução da ingestão de calorias, sal, gordura saturada e de colesterol, na atividade física regular e na abstenção do fumo. 1.2 Revisão Sistemática e Metanálise Profissionais de saúde, consumidores, pesquisadores e formuladores de políticas públicas costumam deparar com uma grande quantidade de informações não-manuseáveis, incluindo evidências de pesquisas em saúde. Esses profissionais, em geral, não dispõem de tempo, habilidade e recursos para encontrar, selecionar e interpretar essas evidências, incorporandoas nas decisões sobre cuidados com a saúde. (MULROW, 1994). De modo particular, as revisões sistemáticas e as metanálises tornaram-se a melhor fonte de evidência na elaboração de estratégias de saúde pública, bem como na tomada de decisão clínica individual (ATALLAH, 1997). A revisão sistemática identifica, avalia criticamente e consolida as evidências empíricas para responder uma questão específica. Utiliza métodos sistemáticos e explícitos com a finalidade de minimizar vieses, propiciando achados mais confiáveis dos quais podem ser retiradas conclusões e decisões a serem tomadas. (ANTMAN et al., 1992, OXMAN; GUYATT, 1993). As características centrais de uma revisão sistemática são: - Definição clara dos objetivos e critérios de elegibilidade pré-definidos para a seleção dos estudos; - Metodologia explícita e reprodutível; 26 - Pesquisa sistemática que tenta identificar todos os estudos que poderiam ir ao encontro dos critérios de elegibilidade; - Avaliação crítica da validade dos achados dos estudos incluídos, através da avaliação do risco de vieses; - Apresentação sistemática das características e achados dos estudos incluídos. Muitas revisões sistemáticas incluem metanálise. Metanálise é um procedimento estatístico para combinar os resultados de estudos individuais, ou ainda, para explicar possíveis fontes de heterogeneidade entre seus resultados (GREENLAND; ROTHMAN; LASH, 2008). Através da combinação quantitativa dos achados, a metanálise pode proporcionar estimativas mais precisas dos efeitos dos cuidados com a saúde do que aqueles obtidos de estudos individuais incluídos numa revisão de estudos de intervenção. Stroup et al., 2000, relatam a importância da metanálise de estudos observacionais na epidemiologia, através da elaboração de um “check-list” para que os estudos desenvolvam-se criteriosamente, podendo revelar áreas que mais necessitam de pesquisas. Por estar calcada em um conjunto de estudos, ela também permite a investigação da consistência da evidência. 27 2 JUSTIFICATIVA Os trabalhos brasileiros que existem sobre Hipertensão Arterial na Adolescência são locais, e, portanto, sem representatividade nacional. Os estudos diferem na metodologia empregada e seus resultados são heterogêneos, o que dificulta a construção do perfil pressórico desse segmento populacional. É de fundamental importância que se conheça as prevalências de hipertensão arterial em adolescentes no Brasil, pois há fortes evidências de que níveis pressóricos elevados em crianças e adolescentes estejam correlacionados com hipertensão ou outras doenças cardiovasculares na idade adulta. Identificando-se indivíduos com níveis pressóricos elevados, medidas preventivas podem ser tomadas pela comunidade e pelo Estado para minimizar o risco de crianças e adolescentes desenvolverem, no futuro, doenças associadas com a hipertensão arterial. 28 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo Geral Avaliar a magnitude da Hipertensão Arterial Sistêmica em adolescentes no Brasil através de revisão sistemática de estudos de prevalência de hipertensão arterial dos últimos 20 anos. 3.2 Objetivos Específicos Avaliar a heterogeneidade dos estudos segundo: - Os diferentes métodos de aferição de pressão arterial utilizados (tipo do aparelho, número de medidas realizadas, intervalo entre as medidas, cálculo final da medida de pressão arterial). - O uso de diferentes critérios de hipertensão arterial em estudos de prevalência. Obter uma medida combinada das prevalências descritas pelos diferentes estudos. Avaliar a prevalência de hipertensão arterial por sexo. 29 4 MÉTODOS 4.1 Critérios para a seleção de estudos 4.1.1 Tipo de Estudo Foram considerados elegíveis os desenhos de estudo do tipo seccional realizados no Brasil e publicados entre os anos de 1990 a 2010. Não houve colocação de limite de data no processo de busca, artigos anteriores a 1990, foram excluídos no processo de leitura dos títulos. Optou-se por limitar inferiormente o tempo na inclusão dos artigos, pois as técnicas para aferição da pressão arterial e os critérios de classificação para hipertensão mudaram desde então. Além disso, o contexto sócio-demográfico era muito diferente há 20 anos, as prevalências naquela época não refletiriam o contexto atual. 4.1.2 Tipo de Participantes Adolescentes de ambos os sexos, habitantes de cidades brasileiras, de 10-20 anos. Estudos que incluíssem também outras faixas etárias foram analisados e incluídos, desde que apresentassem valores separados para os adolescentes. Foram excluídos estudos realizados somente em crianças (<10 anos) e os realizados exclusivamente com adolescentes em condições específicas de saúde (indivíduos hipertensos, filhos de pais hipertensos, obesos, diabéticos, e outros). 4.1.3 Tipos de Medidas de Resultados Prevalência de Hipertensão Arterial Sistêmica por faixa etária e sexo. Foram incluídos na revisão apenas estudos que informaram como prevalência de hipertensão arterial valores de pressão arterial acima do percentil 95. Aqueles que apresentaram como prevalência valores acima do percentil 90 (pressão arterial elevada) ou entre os percentis 90 e 95 (limítrofe ou pré-hipertensão) não foram incluídos. Seis estudos não disponibilizaram diretamente o valor da prevalência na população geral, que foi calculado utilizando as prevalências e o número de participantes, por sexo. Alguns valores de prevalência de hipertensão arterial também precisaram ser calculados para o sexo, utilizando o número de adolescentes por sexo, e a prevalência total ou do sexo oposto, ou por dados encontrados em tabelas nos próprios artigos. 30 4.2 Métodos de busca para identificação dos estudos As buscas eletrônicas foram realizadas em seis bases de dados, sem restrição de idioma, data, desenho de estudo ou tamanho da amostra. As bases e o idioma das palavras utilizadas foram: Pubmed via Medline em inglês, Scopus em inglês, Isi Web of Science em inglês, Adolec em português, Lilacs em português e inglês e Scielo em português e inglês. As buscas foram realizadas no dia 13 de setembro de 2010 para todas as bases, exceto para a base Scielo que foi realizada no dia 22 de setembro de 2010. Para aquelas bases em que havia a opção de colocar limite de data (Pubmed, Scopus e Isi Web of Science), a busca foi filtrada entre os anos de 1990 a 2010. As referências bibliográficas dos estudos encontrados também foram pesquisadas, a fim de localizar estudos que não foram identificados pela busca. Apesar de ter sido realizada uma busca no Banco de Teses da CAPES, optou-se por não incluir teses, dissertações e monografias em um primeiro momento. A seleção dos descritores utilizados no processo de revisão foi efetuada mediante consulta ao DeCs (Descritores em Ciências da Saúde da BIREME) e ao MeSH (Medical Subject Headings, do Pubmed). Foram feitos três blocos de conceitos. O primeiro continha termos relacionados à idade através das palavras: “child” OR “adolescent”, o segundo com termos relacionados à hipertensão arterial: “blood pressure” OR “hypertension” e o terceiro bloco com termos relacionados ao Brasil: “brazil” OR “brasil” OR "minas gerais" OR "são paulo" OR "espírito santo" OR "rio de janeiro" OR bahia OR pará OR "mato grosso" OR "mato grosso do sul" OR goiás OR "rio grande do sul" OR ceará OR pernambuco OR "santa catarina" OR amazonas OR maranhão OR tocantins OR piauí OR rondônia OR roraima OR paraná OR acre OR amapá OR paraíba OR "rio grande do norte" OR alagoas OR Sergipe OR "distrito federal”. Recorreu-se ao operador lógico “OR” para combinar os descritores dentro da cada bloco e ao operador lógico “AND” para combinar os blocos entre si. Utilizou-se também o recurso de “truncagem” dos termos quando necessário. As diferenças entre as bases nas buscas em relação a palavras livres, uso de descritores (MeSH, DeCS), “truncagem”, local de busca (título e abstract, todos os campos) e idioma das palavras podem ser verificados no Apêndice B. Obtidos os resultados das buscas nas seis bases, as duplicatas foram removidas através da utilização do software gerenciador de referências EndNoteWeb® 3.3 (Thomson Reuters). Os 31 artigos foram analisados em grupos de 50 a 50 verificando-se duplicidade por título, autor, ano e revista. Além disso, foi feita uma procura manual por duplicatas através do título. 4.3 Informações Extraídas 4.3.1 Seleção dos Estudos Após os resultados obtidos nas buscas nas bases, foi feita a seleção dos artigos, inicialmente pelos títulos. Esta leitura foi realizada por duas pessoas, a investigadora principal (ESM) e uma colaboradora especialista em cuidados com adolescentes (LGG), e as discordâncias foram resolvidas por consulta a uma terceira pesquisadora (KVB). Depois, procedeu-se a leitura dos resumos, o que também foi feito pelas mesmas pesquisadoras. Após essa etapa, seguiu-se a leitura do artigo completo, selecionando-se, entre os elegíveis, aqueles que preenchiam os requisitos necessários para a revisão sistemática. Nos casos em que havia mais de uma publicação com os dados do mesmo estudo, o artigo mais completo foi selecionado. 4.3.2 Extração das informações Foi elaborado um formulário para extração dos dados do texto completo do artigo (Apêndice C). O formulário contém as seguintes informações: ano e local do estudo, características da população, amostra, tipo de instrumento utilizado, características do método utilizado para aferição da pressão arterial e critérios para classificação da hipertensão. 4.3.3 Análise da Qualidade dos Estudos Como não existem critérios específicos para avaliação da qualidade de estudos de prevalência, a qualidade dos estudos incluídos foi avaliada considerando-se as seguintes etapas do estudo: 1 – Amostra a. Tipo de Amostra: Aleatória (+) ou Conveniência (-) b. Tamanho da Amostra: < 250 (-); 250-499 (+); 500-999 (+ +); ≥1000 (+ + +). 2 – Método de aferição da PA a. Número de Medidas: (-) uma medida; (+) duas medidas; (+ +) três medidas, (+ + +) acima de três medidas. 32 b. Cálculo da Medida Final: (-) uma única medida; (+) terceira medida; (+ +) média de duas medidas; (+ + +) média de duas últimas medidas; (+ + + +) média de mais de três medidas. c. Tratamento de Medidas Discrepantes: sim (+) 3 - Disponibilização das estimativas de prevalências geral e por grupos estimativa calculada (+); estimativa fornecida (+ +). 4.4 Codificação das Variáveis do Estudo Para análise estatística, agrupamos e analisamos as seguintes variáveis: 4.4.1 Características dos Estudos - Local: foi codificado segundo a região do Brasil onde foi realizado o estudo. - Tipo de Amostra: aleatória simples, conglomerado/domicílio, sistemática e por conveniência. - Tamanho da Amostra: (1) < 250, (2) 250 - 499, (3) 500 - 999 e (4) ≥ 1000 indivíduos. 4.4.2 Características da População - Faixa Etária: utilizou-se o limite inferior do espectro das idades de cada estudo. - Percentual de adolescentes do sexo masculino na população estudada. 4.4.3 Características do Método de Aferição da Pressão Arterial - Tipo de Instrumento utilizado para a aferição: (1) auscultatório ou (2) oscilométrico. - Número de Medidas realizadas da pressão arterial. - Número de medidas utilizadas para cálculo da pressão arterial final: (1) média de duas medidas, (2) menor valor, (3) apenas a segunda medida, (4) média de três medidas, (5) média de seis medidas, (6) terceira medida somente e (7) descarte da primeira medida. - Diretriz utilizada para os procedimentos de aferição da pressão arterial e para classificação da pressão arterial. - Uso ou não de manguito adequado para a circunferência do braço. - Intervalo de repouso entre as medidas em minutos. 33 4.5 Metanálise Foram analisadas as freqüências das características dos estudos incluídos. Gráficos do tipo Forest plot foram construídos com as prevalências de hipertensão arterial na população total e por sexo, quando disponíveis. Para obtenção das medidas-sumário, foram utilizados modelos de efeitos aleatórios em decorrência da grande heterogeneidade dos resultados. Esses modelos levam em conta as variâncias intra e inter estudos. Para combinar as medidas de prevalência, inicialmente foram feitas transformações logit para lidar com a assimetria da distribuição. Essas prevalências foram ponderadas pelo inverso da variância do logit, através das fórmulas (UTHMAN, 2008): 𝐸𝑆𝑙 = log 𝑒 1 𝑆𝐸𝑙 = 𝑤𝑙 = 𝑛𝑝 1 𝑆𝐸𝑙2 𝑝 (1) 1−𝑝 + 1 𝑛(1−𝑝) (2) = 𝑛𝑝 1 − 𝑝 (3) 𝑝= 𝑒 𝑙𝑜𝑔𝑖𝑡 𝑒 𝑙𝑜𝑔𝑖𝑡 + 1 (4) Onde: 𝐸𝑆𝑙 = logit da prevalência observada de cada estudo; 𝑝 = prevalência de hipertensão arterial; 𝑤 = peso do estudo no cálculo da medida-sumário. Modelos de meta-regressão foram ajustados com o intuito de identificar possíveis fontes de heterogeneidade das prevalências. A heterogeneidade não pôde ser avaliada para determinadas características da população do estudo, tais como: estado nutricional e presença de doenças crônicas, pois a maioria dos estudos não fornecia tais dados. No entanto, foram analisadas as características da população e do estudo, além das metodológicas de aferição da pressão arterial, conforme mencionadas na seção 4.1. As análises univariadas e multivariadas com as medidas em logit foram realizadas com os programas STATA versão 9.0 (StataCorp, 2004-2007). Os gráficos (Forest plot) e os logits convertidos em prevalência foram obtidos com o programa StatsDirect 2.7.8b (StatsDirect Ltda, 2011). 34 5 RESULTADOS Scielo Português: 110 Scielo Inglês: 243 Lilacs Português: 1903 Lilacs Inglês: 1158 Duplicatas removidas: 1125 Duplicatas removidas: 97 Web of Science: 202 Scielo: 256 Adolec: 1368 Scopus: 821 Lilacs: 1936 Medline: 476 Total das bases antes de retiradas duplicatas: 5059 Duplicatas: 1428 Total de referências para avaliação: 3631 Exclusão por título: 2553 Exclusão por resumo: 964 Entrada por Referências: 1 Exclusão pelo artigo: 98 Artigos completos incluídos: 17 Figura 1 – Fluxograma da seleção dos artigos Na Figura 1 é apresentado o fluxograma do processo de seleção dos artigos. Foi obtido um total de 5.059 referências na busca pelas seis bases. Destas, 1.428 eram duplicadas. Entre os 3.631 artigos restantes, 2.553 foram excluídos pela leitura dos títulos, 964 pela leitura dos resumos e 98 pela leitura do artigo completo. Um artigo foi obtido pela leitura das referências. No total, 17 estudos foram considerados elegíveis para a revisão sistemática. As características dos estudos encontram-se na Tabela 3. A maior parte dos estudos foi realizada na região Sudeste (oito estudos), seguida pelas regiões: Nordeste (seis estudos) e Sul (dois estudos). Apenas um estudo foi realizado na região Centro-Oeste. Não foi incluído nenhum estudo realizado em municípios da região Norte. 35 A maior parte dos estudos teve seus dados coletados a partir do ano 2000, e apenas dois estudos fizeram a coleta entre 1990 e 2000. A maioria dos estudos foi de base escolar, sendo apenas um deles de base domiciliar. O tamanho da amostra variou de 71 até 3.906 adolescentes, sendo que quatro dos 17 estudos foram realizados com amostras de até 249 indivíduos (CHAVES et al., 2006; CHRISTOFARO et al., 2010; PAIXÃO et al., 2009 e PETERS et al., 2009), cinco com amostras de 250 até 499 adolescentes (CANDIDO et al., 2009; de CAMPOS et al., 2010; RODRIGUES et al., 2006; ROSA et al., 2007 e SOUZA et al., 2006), quatro com amostras de 500 até 999 adolescentes (COSTA et al., 1998; da SILVA et al., 2007; MOURA et al., 2004 e SILVA et al., 2008) e quatro com amostras de mais de mil indivíduos (BRANDÃO et al., 1996; GOMES et al., 2009; MONEGO et al., 2006 e ROELOFS et al., 2010). A faixa etária variou bastante entre os estudos, tendo a idade mínima oscilado de 10 a 16 anos. No entanto, na maioria dos estudos, ela foi de 10 a 12 anos. No geral, a proporção de adolescentes do sexo masculino na amostra foi semelhante à do sexo feminino, variando de 31,4% no estudo de Souza et al (2006) em São Luís, a 52,3% no estudo de De Campos et al (2010), em Curitiba. Em um estudo, não foi possível obter essa informação. Houve grande diversidade com relação aos procedimentos adotados na mensuração da pressão arterial. Os estudos utilizaram dois tipos de instrumentos para aferir a pressão arterial: 12 inquéritos fizeram uso do método auscultatório (cinco com esfigmomanômetro aneróide, quatro com esfigmomanômetro de coluna de mercúrio e três sem discriminar qual método auscultatório foi utilizado) e cinco estudos utilizaram o oscilométrico. 36 Tabela 3: Características dos Estudos Incluídos Faixa Ano coleta N de dados Total 1987 3906 Rio de Janeiro SE 10-15 2006 487 Ouro Preto SE 10-14 2001-2002 179 Fortaleza NE 2008 233 Londrina S 1995-1996 646 Rio de Janeiro SE 12-19 51.4 2005 674 João Pessoa NE 14-17 2008 497 Curitiba S Gomes et al, 2009 2006 1878 Recife Monego et al, 2006 2001-2002 2118 Moura et al, 2004 2000-2002 898 Referência Brandão et al, 1996 Candido et al, Numero Medidas/ Tratamento medidas Medida utilizada discrepantes Auscultatório 3/ Terceira medida somente. SI Task Force 1987 48.5 Oscilométrico 3 ≥ p90, repetia por ausculta V DBHA 2006 12-18 50.3 Auscultatório SI SI IV DBHA 2004 10-15 51.5 Oscilométrico 2/ Média de 2 SI The Fourth Report 2004 V DBHA 2006 Oscilométrico 2/ Média de 2 ≥5 mmHg/realizava a terceira medida e descartava a primeira. V JNC 1983 44.9 Auscultatório 2/ Média de 2 SI The Fourth Report 2004 10-18 52.3 Auscultatório 2/ Média de 2 ≥4 mmHg/realizava a terceira medida. The Fourth Report 2004 NE 14-20 39.3 Auscultatório 1 SI Goiânia CO 10-14 49.7 Auscultatório 2/ Segunda medida SI V DBHA 2006 Task Force 1996 Task Force 1996 Maceió NE 11-17 42.3 Auscultatório 2/ Avalia as duas medidas separadamente. SI Cidade Região Etária (anos) % Masculino Instrumento 2009 Chaves et al, 2006 Christofaro et al, 2010 Costa et al, 1998 Da Silva et al, 2007 De Campos et al, 2010 Diretriz Task Force 1996 III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial 1999 37 Paixão et al, 2009 2006 71 Itabira SE 11-16 46.5 Auscultatório 3/média das duas últimas (V DBHA) SI Peters et al, 2009 2006 205 Indaiatuba SE 16-20 51.7 Auscultatório 3/ Média das duas últimas medidas SI 2003-2005 380 Vitória SE 10-14 46.6 Auscultatório 3/ Média de 3 SI Roelofs et al, 2010 2008 1002 Aracaju NE 12-17 44.1 Oscilométrico 3/ Média das duas últimas medidas. SI Rosa et al, 2007 2003-2004 456 Niterói SE 12-17 44.5 Oscilométrico 6/ Média de 6 SI Silva et al, 2008 2007 704 Cubatão SE 10-15 47.3 Auscultatório 3/média das duas últimas (V DBHA) SI V DBHA 2006 Souza et al, 2006 2004 302 São Luís NE 12-18 31.4 Auscultatório 3 SI IV DBHA 2004 Rodrigues et al, 2006 CO – Centro-Oeste, NE – Nordeste, S – Sul, SE – Sudeste, SI – Sem Informação. V DBHA 2006 V DBHA 2006 The Fourth Report 2004 IV DBHA 2004 Task Force 1996 The Fourth Report 2004 The Fourth Report 2004 IV DBHA 2004 38 A maioria dos estudos seguiu o procedimento recomendado de utilizar tamanhos diferentes de manguito; no entanto, estes não foram descritos pelos autores. Em relação ao número de medidas realizadas, o intervalo entre essas medidas e aquela utilizada para análise, observou-se uma grande heterogeneidade nos procedimentos. Quatro estudos foram semelhantes nesse sentido, realizando duas medidas de pressão arterial e a média das duas como medida final, enquanto outros quatro realizavam três medidas, descartando a primeira e obtendo a média das duas últimas. Entre os restantes, seis estudos descartaram a primeira medida, e cinco não informaram o procedimento usado. Apenas três estudos tinham informação sobre o tratamento de medidas discrepantes. A maioria dos estudos não informou em qual dos braços foi realizada a aferição. Muitos artigos não mencionaram todos os procedimentos do processo de determinação da pressão arterial. Quando o método de aferição não era descrito detalhadamente, mas os autores citavam uma referência para a metodologia, geralmente uma diretriz, considerou-se que o estudo utilizou a técnica descrita na referência. Dentre as diretrizes utilizadas, as IV e V Diretrizes Brasileiras de Hipertensão Arterial 2004 e 2006, respectivamente, The Fourth Report 2004 e o Task Force 1996 foram os mais utilizados para procedimentos de aferição da pressão arterial e classificação da hipertensão arterial. As prevalências gerais e por sexo (com Intervalo de Confiança 95%) de hipertensão arterial encontram-se na Tabela 4. Foram excluídos estudos que só apresentaram valores de pressão arterial limítrofes (p90-p95) ou que agruparam valores limítrofes com hipertensão arterial, apresentando o resultado como a prevalência de pressão arterial > p90 ou pressão arterial elevada. Observou-se uma grande variação entre as estimativas da prevalência de hipertensão arterial para a população geral nos 17 estudos, sendo a menor, 2,7%, em São Luís, e a maior, 20,1%, em Fortaleza. No sexo masculino (13 estudos) o menor valor encontrado foi de 2,8% em Goiânia e o maior, 24%, em Recife, enquanto no sexo feminino (13 estudos) a prevalência foi 0% em Itabira (MG) e 14,2% em Londrina (PR). Oculto 39 Tabela 4: Prevalência de Hipertensão Arterial Total e por Sexo Referência N Total N Masculino/N feminino Brandão et al, 1996 Candido et al, 2009 3906 487 236/251 179 Chaves et al, 2006 90/89 Christofaro et al, 233 2010 120/113 646 Costa et al, 1998 332/314 Da Silva et al, 674 2007 303/371 De Campos et al, 497 2010 260/237 1878 Gomes et al, 2009 738/1140 2118 Monego et al, 2006 1052/1066 898 Moura et al, 2004 380/518 71 Paixão et al, 2009 33/38 205 Peters et al, 2009 106/99 Rodrigues et al, 380 2006 177/203 1002 Roelofs et al, 2010 442/560 456 Rosa et al, 2007 203/253 704 Silva et al, 2008 333/371 302 Souza et al, 2006 95/207 SI – Sem Informação Prevalência Total (%) Prevalência Masculina (%) Prevalência Feminina (%) (IC95%) (IC95%) (IC95%) 8,7 SI SI (7,89-9,66) 3,3* 3,8* 2,8* (2,03-5,31) (1,99-7,15) (1,34-5,74) 20,1 SI SI (14,86-26,61) 12,4 10,6 14,2 (8,75-17,28) (6,22-17,49) (8,90-21,91) 8,9* 10,9 7 (6,94-11,35) (7,97-14,73) (4,65-10,40) 7,4 10,2 5,1 (5,65-9,64) (7,26-14,14) (3,27-7,86) 12,6* 13,8 11,5 (9,96-15,81) (10,11-18,55) (8,02-16,22) 17,3 24 13* (15,65-19,07) (21,05-27,21) (11,17-15,08) 2,9* 2,8* 3,1* (2,26-3,71) (1,95-3,98) (4,41-8,96) 10,6* 11,8* 9,6* (8,75-12,79) (8,92-15,44) (7,34-12,45) 4,2 9 0 (1,36-12,26) (3,00-24,57) (0,005-31,30) 12,2 SI SI (8,37-17,42) 3,4 3,4 3,4 (1,98-5,78) (1,54-7,35) (1,62-7,00) 14,7* 17 12,9 (12,64-17,03) (13,77-20,80) (10,36-15,94) 4,6 5,9 3,6 (3,02-6,95) (3,38-10,10) (1,90-6,74) 9,5 SI SI (7,56-11,92) 2,7 6,1 1,1* (1,36-5,27) (2,73-13,09) (0,30-3,94) * Valores estimados calculados Não foi possível a obtenção das prevalências por sexo em quatro estudos. De uma forma geral, as prevalências foram maiores no sexo masculino em relação ao sexo feminino, com exceção de dois estudos, um em Londrina e outro em Goiânia. Rodrigues et al., 2006 relatou uma prevalência igual entre o sexo masculino e feminino de 3,4%, em Vitória. 40 Para avaliar a qualidade dos artigos, foi criada uma tabela com a análise das características metodológicas dos estudos (Tabela 5) e também uma figura (Figura 2) apresentando o grau de adequabilidade dos métodos utilizados. Disponibilização das Estimativas para a População Total Disponibilização das Estimativas por Sexo Número de Medidas Realizadas Cálculo para a Medida Final Tratamento para Medidas Discrepantes 1996 1998 2004 2006 2006 2006 2006 2007 2007 2008 2009 2009 2009 2009 2010 2010 2010 Tamanho da Amostra Brandão et al., Costa et al., Moura et al., Chaves et al., Monego et al., Rodrigues et al., Souza et al., Da Silva et al., Rosa et al., Silva et al., Candido et al., Gomes et al., Paixão et al., Peters et al., Christofaro et al., De Campos et al., Roelofs et al., Tipo de Amostra (Aleatória/ Conveniência) Artigo Ano de publicação Tabela 5: Análise de Qualidade dos Artigos + + + + + + + + + + +++ ++ ++ +++ + + ++ + ++ + +++ + +++ ++ + + ++ + ++ ++ ++ ++ ++ + ++ ++ ++ ++ + + ? ++ + ? + ++ ++ ++ ++ ? + ++ ++ ? ++ ++ ++ ++ + + ? + ++ ++ + +++ ++ ++ ++ ++ + + ++ + ++ + ? + ++ ? ++ ++++ +++ ? +++ +++ ++ ++ +++ ? + ? ? ? ? ? ? ? ? + ? ? ? ? + ? Grau de Adequabilidade +a++++ Não Adequado - Sem informação ? Legenda: Tipo de Amostra: Aleatória (+) ou Conveniência (-). Tamanho da Amostra: < 250 (-); 250-499 (+); 500-999 (+ +); ≥1000 (+ + +). Disponibilização das estimativas de prevalências geral e por grupos: estimativa calculada (+); estimativa fornecida (+ +). Número de Medidas: (-) uma medida; (+) duas medidas; (+ +) três medidas, (+ + +) acima de três medidas. Cálculo da Medida Final: (-) uma única medida; (+) terceira medida; (+ +) média de duas medidas; (+ + +) média de duas últimas medidas; (+ + + +) média de mais de três medidas. Tratamento de Medidas Discrepantes: sim (+). 41 Tipo de Amostra Aleatória/Conveniência Tamanho da Amostra Número de Medidas Realizadas Cálculo para a Medida Final Tratamento para Medidas Discrepantes Disponibilização das Estimativas para a População Total Disponibilização das Estimativas por Sexo Número de Estudos 1 2 3 Grau de Adequabilidade 4 5 6 7 8 9 10 Não Adequado 11 12 13 14 15 16 17 Sem informação Figura 2 – Apresentação das Variáveis pelos Estudos Em relação ao tipo de amostra, em pouco mais da metade dos estudos, foi realizada amostra aleatória de conglomerados, predominantemente de escolas, apenas um em domicílio. O tamanho das amostras foi bem diversificado, apenas quatro estudos com número de participantes abaixo de 250. Quanto ao método de aferição da pressão arterial, muitos estudos não informaram os procedimentos, principalmente no que se refere ao tratamento de medidas discrepantes, ou seja, se medidas com uma diferença elevada entre as pressões sistólicas ou diastólicas foram descartadas e substituídas por medidas mais homogêneas. A maioria dos estudos realizou pelo menos duas medidas de pressão arterial e o cálculo para a medida final a ser classificada considerou a média de pelo menos duas medidas em 10 dos 17 estudos analisados. A apresentação das prevalências na população total foi extraída de todos os estudos, sendo que em seis, elas tiveram que ser calculadas para serem computadas na presente revisão sistemática/metanálise. Para quatro estudos não foi possível extrair ou calcular as prevalências por sexo e em cinco estudos elas foram calculadas. 42 A Figura 3 (A, B e C) mostra a medida sumária de prevalência encontrada na população geral, por sexo e região, respectivamente. Metanálise da Prevalência de Hipertensão Arterial na População Total Prevalência (IC 95%) CANDIDO, A. P. C., et al. 3,30 (2,03, 5,31) COSTA, R. S. D. et al. 8,90 (6,94, 11,35) PAIXÃO, M. P. C. P. et al. 4,20 (1,36, 12,26) PETERS, B. S. E. et al. 12,19 (8,37, 17,42) RODRIGUES, A. N. et al. 3,40 (1,98, 5,78) ROSA, M. L. G. et al. 4,60 (3,02, 6,95) SILVA, M. C. P. D. et al. 9,52 (7,56, 11,92) BRANDÃO, A. P. et al. 8,73 (7,89, 9,66) Região Sudeste 6,73 (5,14, 8,79) CHAVES, E. S. et al. 20,10 (14,86, 26,61) DA SILVA, K. S. et al. 7,40 (5,65, 9,64) GOMES, B. D. M. R. et al. 17,30 (15,65, 19,07) MOURA, A. A. et al. 10,60 (8,75, 12,79) SOUZA, F. G. M. D. et al. 2,70 (1,36, 5,27) ROELOFS, R. et al. 14,70 (12,64, 17,03) Região Nordeste 11,19 (7,97, 15,50) CHRISTOFARO, D. G. D. et al. 12,40 (8,75, 17,28) DE CAMPOS, W. et al. 12,60 (9,96, 15,81) Região Sul 12,53 (10,32, 15,13) MONEGO, E. T. et al. 2,90 (2,26, 3,71) Região Centro-Oeste 2,90 (2,26, 3,70) Medida Sumário 8,12 (6,24, 10,52) 1 2 5 10 100 Prevalência (%) Figura 3A – Forest Plot das Prevalências de Hipertensão Arterial nos Adolescentes na população total por região. 43 Metanálise da Prevalência de Hipertensão Arterial no Sexo Masculino Prevalência (IC 95%) CANDIDO, A. P. C., et al. 3,80 (1,99, 7,15) COSTA, R. S. D. et al. 10,91 (7,97, 14,73) PAIXÃO, M. P. C. P. et al. 9,00 (3,00, 24,57) RODRIGUES, A. N. et al. 3,40 (1,54, 7,35) ROSA, M. L. G. et al. 5,90 (3,38, 10,10) Região Sudeste 6,09 (3,58, 10,16) DA SILVA, K. S. et al. 10,20 (7,26, 14,14) GOMES, B. D. M. R. et al. 24,00 (21,05, 27,21) MOURA, A. A. et al. 11,80 (8,92, 15,44) SOUZA, F. G. M. D. et al. 6,10 (2,73, 13,09) ROELOFS, R. et al. 17,00 (13,77, 20,80) Região Nordeste 13,56 (8,93, 20,07) CHRISTOFARO, D. G. D. et al. 10,60 (6,22, 17,49) DE CAMPOS, W. et al. 13,80 (10,11, 18,55) Região Sul 12,86 (9,85, 16,64) MONEGO, E. T. et al. 2,80 (1,95, 3,98) Região Centro-Oeste 2,80 (1,96, 3,99) Medida Sumário 8,75 (5,81, 12,96) 1 2 5 10 100 Prevalência (%) Figura 3B – Forest Plot das Prevalências de Hipertensão Arterial nos Adolescentes no sexo masculino por região. 44 Metanálise da Prevalência de Hipertensão Arterial no Sexo Feminino Prevalência (IC 95%) CANDIDO, A. P. C., et al. 2,800 (1,340, 5,740) COSTA, R. S. D. et al. 7,000 (4,650, 10,400) PAIXÃO, M. P. C. P. et al. 0,005 (0,005, 31,300) RODRIGUES, A. N. et al. 3,400 (1,620, 7,000) ROSA, M. L. G. et al. 3,600 (1,900, 6,740) Região Sudeste 4,100 (2,570, 6,490) DA SILVA, K. S. et al. 5,100 (3,270, 7,860) GOMES, B. D. M. R. et al. 13,010 (11,170, 15,080) MOURA, A. A. et al. 9,600 (7,340, 12,450) SOUZA, F. G. M. D. et al. 1,100 (0,300, 3,940) ROELOFS, R. et al. 12,900 (10,360, 15,940) Região Nordeste 8,490 (5,750, 12,350) CHRISTOFARO, D. G. D. et al. 14,200 (8,900, 21,910) DE CAMPOS, W. et al. 11,500 (8,020, 16,220) Região Sul 12,420 (9,350, 16,320) MONEGO, E. T. et al. 3,100 (2,210, 4,320) Região Centro-Oeste 3,100 (2,210, 4,330) Medida Sumário 6,310 (4,410, 8,960) 0,001 0,01 0,1 0,2 0,5 1 2 5 10 100 Prevalência (%) Figura 3C – Forest Plot das Prevalências de Hipertensão Arterial nos Adolescentes no sexo feminino por região. Para a análise na população total (Figura 3A), foram incluídos os 17 estudos, e a medida combinada da prevalência foi de 8,12% (6,24-10,52). A maior prevalência por região foi encontrada no Sul, de 12,53% (10,32-15,13), em seguida a região Nordeste, de 11,19% (7,9715,50). A prevalência estimada para a região Sudeste foi de 6,73% (5,14-8,79), enquanto na Centro-Oeste foi de 2,9% (2,26-3,70); no entanto, essa última teve apenas um estudo. A medida de heterogeneidade I2 estimada foi de 95,3%. Para o sexo masculino (Figura 3B), foram incluídos 13 estudos e a medida combinada da prevalência foi de 8,75% (5,81-12,96). A maior prevalência foi encontrada na região 45 Nordeste, 13,56% (8,93-20,07), seguida pela região Sul, 12,86% (9,85-16,64) e Sudeste, 6,09% (3,58-10,16). O único estudo da região Centro-Oeste encontrou uma prevalência de 2,80% (1,96-3,99). A medida de heterogeneidade I2 estimada foi de 94,1%. Para o sexo feminino (Figura 3C), foram incluídos 13 estudos e a medida combinada foi de 6,31% (4,41-8,96). A maior prevalência foi encontrada na região Sul, 12,42% (9,35-16,32), seguida pela região Nordeste, 8,49% (5,75-12,35) e Sudeste, 4,10% (2,57-6,49) e a menor na região Centro-Oeste, 3,1% (2,21-4,33). A medida de heterogeneidade I2 estimada foi de 90,4%. O estudo de Paixão et al., 2009 apresentou valor quase nulo para a prevalência, o que o destaca como apenas um “ponto” no Forest plot. A medida de heterogeneidade I2 foi menor quando analisadas apenas o sexo feminino, embora tenha apresentado um valor alto. Foram investigadas as variáveis: região, tipo e tamanho da amostra, faixa etária inferior, percentual de adolescentes do sexo masculino, tipo de instrumento, número de medidas, cálculo da medida final, diretriz, manguito e intervalo entre as medidas na análise da heterogeneidade (Tabela 6). Os coeficientes obtidos pela meta-regressão foram transformados em odds ratio através da expressão: 𝑂𝑅 = 𝑒 𝛽 Onde β = coeficiente da meta-regressão. Nenhuma dessas variáveis analisadas, tanto para a população total como separadamente por sexo, mostrou-se associada com a variação das prevalências de hipertensão arterial. 46 Tabela 6 – Odds Ratio e IC95% das Variáveis Estudadas na População Total e por Sexo Variável Faixa Etária Inferior Percentual de Homens Amostra por Conglomerado (Referência: Amostra Aleatória) Amostra por Conveniência (Referência: Amostra Aleatória) Amostra por Domicílio (Referência: Amostra Aleatória) Utilização de Instrumento Oscilométrico (Referência: Instrumento Auscultatório) Estudo realizado em Domicílio Tamanho da Amostra: 250-499 (Referência: < 250) Tamanho da Amostra: 500-999 (Referência: < 250) Tamanho da Amostra: ≥1000 (Referência: < 250) Ano de Coleta Número de Medidas Medida Utilizada – Descarte da Primeira Medida (Referência: Utilização da Primeira Medida) Intervalo entre as Medidas IC – Intervalo de Confiança; OR – Odds Ratio OR para População Total (IC 95%) 1,1420 (0,9313-1,4000) 1,0325 (0,9567-1,1144) 2,8580 (0,5258-15,5350) 2,4326 (0,4242-13,9493) 2,8627 (0,3069-26,6997) 0,9588 (0,8648-2,1829) 1,1288 (0,2363-5,3910) 0,3572 (0,1346-0,9480) 0,7235 (0,2663-1,9656) 0,7392 (0,2736-1,9972) 1,0118 (0,9426-1,0861) 0,7860 (0,5676-1,0883) 0,9537 (0,4049-2,2462) 1,0162 (0,9177-1,1251) OR para Sexo Masculino (IC 95%) 1,3134 (0,9730-1,7297) - OR para Sexo Feminino (IC 95%) 1,0801 (0,7547-1,5460) - 2,8510 (0,4363-18,6314) 1,8143 (0,2246-14,6578) 3,0970 (0,2725-35,1994) 1,2989 (0,3860-2,6735) 1,2989 (0,2361-7,1457) 0,5827 (0,1195-2,8414) 1,1169 (0,2093-5,9595) 1,1415 (0,2152-6,0550) 1,0515 (0,9258-1,1942) 0,7828 (0,5369-1,1411) 0,8042 (0,2012-3,2148) 1,0220 (0,9017-1,1583) 3,0760 (0,5352-17,6789) 0,7560 (0,0947-6,0321) 2,6129 (0,2760-24,7333) 1,2845 (0,4430-3,7245) 1,1725 (0,17795-7,7260) 0,3315 (0,0489-2,2433) 0,6299 (0,0866-4,5775) 0,7482 (0,1041-5,3767) 1,0602 (0,9440-1,1908) 0,7501 (0,5016-1,1271) 0,7703 (0,1744-3,1031) 1,0198 (0,8752-1,1884) 47 A única variável capaz de explicar parcialmente a heterogeneidade foi região. Na Tabela 7 são apresentados os odds ratio obtidos através da meta-regressão. A região Sudeste foi utilizada como categoria de referência no cálculo dos coeficientes, por apresentar o menor valor de prevalência combinada (a da região Centro-Oeste foi menor mas com apenas um estudo). Ainda que os coeficientes da meta-regressão apontem nessa mesma direção, prevalências maiores nas regiões NE e S, essas estimativas não foram estatisticamente significativas. Tabela 7 – Odds Ratio e IC 95% para a Variável Região na População Total e por Sexo Região Sudeste Nordeste Sul População Total (n=17) OR P valor (IC95%) 1 Homens (n=13) OR (IC95%) 1 P valor Mulheres (n=13) OR (IC95%) 1 P valor 1,776 (0,861 – 3,66) 0,110 2,420 (1,106 – 5,285) 0,031 2,125 (0,772 – 5,847) 0,126 2,067 (0,724 – 5,90) 0,159 2,140 (0,769 – 5,950) 0,127 3,534 (0,981 – 12,728) 0,053 Centro0,4320 0,4410 0,212 Oeste (0,110 – 1,717) (0,123 – 1,578) IC = Intervalo de Confiança, OR = Odds Ratio 0,180 0,7754 (0,158 – 3,801) 0,726 Essa mesma tendência de prevalência combinada mais baixa na região Sudeste foi observada quando os modelos de meta-regressão foram separados por sexo. Nesse caso, as diferenças foram estatisticamente significativas apenas para a comparação com a região Nordeste (sexo masculino) e Sul (sexo feminino). 48 6 DISCUSSÃO Essa revisão sistemática mostrou uma grande variação nos resultados de prevalência de hipertensão arterial entre os estudos realizados com adolescentes brasileiros. Os métodos de aferição variaram bastante e não explicaram a heterogeneidade entre as prevalências. É possível que isso tenha ocorrido por não existirem subgrupos, com um número significativo de estudos, utilizando métodos semelhantes para serem comparados. Observou-se ainda uma predominância de estudos nas regiões Sudeste e Nordeste. Embora tenha sido identificado um perfil de hipertensão arterial por regiões, o pequeno número de estudos das regiões CentroOeste e Sul incluídos nesta revisão não permite uma análise mais profunda desse resultado. A medida sumária da prevalência de hipertensão arterial na população geral de adolescentes é semelhante às referenciadas no III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial, 1999. McNiece et al., 2007, relataram uma prevalência de 9,4% em 6790 adolescentes nas escolas de Houston, em um estudo realizado entre 2003 e 2005. Os valores obtidos das medidas sumárias refletem apenas estudos que relataram hipertensão como sendo ≥ percentil 95, por isso a impressão da estimativa ser baixa. Percentuais mais elevados geralmente se referem a valores acima do percentil 90. Sorof et al., 2004, realizaram um estudo com 5.102 escolares norte-americanos, com idade entre 10-19 anos. Os autores encontraram prevalências bem mais elevadas do que as encontradas nessa revisão, com valores mais elevados no sexo masculino, 23%, do que no feminino, 16%, utilizando medidas realizadas em uma primeira ocasião. Dentre as variáveis estudadas: região, tipo e tamanho da amostra, faixa etária, percentual de adolescentes do sexo masculino, tipo de instrumento, número de medidas, cálculo da medida final, diretriz, manguito e intervalo entre as medidas, a única variável que pareceu explicar uma parte da heterogeneidade entre as prevalências foi a região do país onde o estudo foi conduzido. Excluindo-se a região Centro-Oeste, que só tinha um estudo, a região Sudeste foi a que apresentou a menor prevalência combinada, tanto na população geral quanto por sexo. É importante observar que quando a heterogeneidade por região foi avaliada na população total, os coeficientes para as regiões Nordeste e Sul não foram estatisticamente significativos, ainda que indicando prevalências maiores do que aquela obtida pelos estudos da região Sudeste. A estratificação por sexo mostrou tendência semelhante. 49 Uma possível explicação para esses resultados pode ser a falta de precisão das estimativas. Consistente com essa hipótese é o fato de, ao se agrupar as regiões Nordeste e Sul, considerando-se a semelhança das suas prevalências, os coeficientes obtidos na metaregressão, confrontando esta nova categoria com a região Sudeste, foram estatisticamente significativos, tanto para a população total quanto por sexo (análise não apresentada). Ainda que sem suporte por parte das análises por meta-regressão, algumas características dos estudos que poderiam explicar uma maior prevalência de hipertensão arterial no Nordeste, são as que podemos enumerar: maior faixa etária; maior freqüência de inclusão da primeira medida e de menor número de medidas. A inclusão ou não da primeira medida pode estar relacionada com o fenômeno de regressão à média, ou seja, uma variável de valor extremo em uma primeira medida tende a ter um valor mais próximo da média em medidas subseqüentes. Além disso, os seis estudos desta região foram todos em capitais, enquanto que no Sudeste, cinco de oito estudos foram realizados fora de capitais. Todas essas observações sugerem que existam diferenças no rigor da metodologia de aferição da pressão arterial por região. Por outro lado, nos estudos da região Sudeste havia um maior percentual de adolescentes do sexo masculino (em média 48,1% vs 42,1%), e o aparelho oscilométrico, que tende a superestimar os valores de pressão arterial (PARK; MENARD; YUAN, 2001), foi utilizado com maior freqüência para aferição da pressão arterial (3/8 vs 1/6). Sorof et al, 2004 relataram que a prevalência da pressão arterial elevada foi de 19,4% na primeira avaliação, 9,5% na segunda e 4,5% na terceira. Adolescentes que apresentassem medidas acima do percentil 95 na primeira vez, uma a duas semanas depois, faziam novas medidas e assim também entre a segunda e a terceira avaliação. A ausência de muitas informações sobre características dos métodos utilizados nos estudos e a grande variabilidade da técnica de aferição detectada tornou difícil uma análise melhor de como essas diferenças poderiam explicar a heterogeneidade encontrada. A primeira medida tende a ser mais elevada, devido à ansiedade e ao fenômeno de regressão à média, e a utilização dessa medida isoladamente tende a superestimar a prevalência de hipertensão. A média entre a primeira e a segunda ou entre a segunda e terceira medidas tendem a apresentar valores mais representativos e são mais adequados do que a utilização de apenas uma medida, mesmo que essa seja a segunda ou a terceira medida. Esse aspecto é discutido nas diretrizes específicas apenas em relação ao uso de medidas em diferentes ocasiões, necessárias para o diagnóstico clínico de hipertensão arterial, mas não em 50 relação às medidas em cada ocasião, sendo essa a situação mais comumente encontrada em estudos de prevalência de hipertensão arterial. No entanto os mesmos princípios que levam à recomendação de medidas em diferentes ocasiões, devido à variabilidade da pressão arterial e de efeitos da ansiedade da primeira medida e da regressão à média, servem para a definição da medida final de uma única ocasião. (I DIRETRIZ DE PREVENÇÃO DA ATEROSCLEROSE NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA, 2005; THE FOURTH REPORT ON THE DIAGNOSIS, EVALUATION, AND TREATMENT OF HIGH BLOOD PRESSURE IN CHILDREN AND ADOLESCENTS, 2004). Poucos estudos tinham alguma informação sobre estado nutricional, maturação sexual, presença de doenças crônicas ou outros dados sobre as populações dos estudos que pudessem explicar a heterogeneidade entre as prevalências (caso essa não seja devida basicamente às diferenças metodológicas). A ausência de informações desse tipo impossibilitou uma análise mais detalhada das diferenças entre as prevalências de hipertensão arterial. Além disso, a falta de representatividade das amostras dos estudos, a maioria utilizou amostras por conveniência, também pode ter contribuído para a grande heterogeneidade encontrada, uma vez que grupos específicos de escolares podem ter características diferentes da população de escolares como um todo. Não foi realizada análise de viés de publicação, através dos gráficos em funil, devido à grande heterogeneidade observada, que por si só, já provocaria assimetria neste tipo de gráfico. Pode ter ocorrido viés de publicação na região Sul, pois estudos de prevalência de hipertensão que não foram incluídos sugerem que os estudos são menores. Uma última consideração a ser feita é quanto à escassez de estudos encontrados. É possível que muitos estudos realizados em grupos populacionais pequenos (bairros, cidades de menor porte) não tenham sido encontrados por não estarem publicados em periódicos indexados nas bases investigadas, e consequentemente, acabam não sendo citados por outros autores. A busca em periódicos locais, de sociedades de especialidades e ainda em anais de eventos e dissertações/teses poderia ter identificado um número maior de estudos mas seria de difícil operacionalização, principalmente se levarmos em conta o grande número de estudos apresentados em eventos científicos, municipais, regionais e nacionais. Por outro lado, esses estudos de literatura cinzenta tendem a ter mais problemas metodológicos e estimativas mais imprecisas. 51 Não foi encontrada nenhuma revisão sistemática internacional sobre esse assunto para fins comparativos. Existe ainda um subgrupo de estudos não incluidos que são estudos que investigam associações específicas, sem o objetivo de estimar prevalências. Assim pesquisadores com volumosa produção científica sobre o tema não tiveram estudos incluidos nessa revisão de prevalência de hipertensão arterial em adolescentes brasileiros. 52 7 Conclusão Essa revisão teve como objetivo sistematizar o conhecimento sobre um assunto de grande relevância para a saúde pública, a prevalência de hipertensão arterial do adolescente no Brasil. De acordo com o Censo Demográfico de 2010, realizado pelo IBGE, atualmente são 34.157.633 adolescentes no Brasil entre 10 a 19 anos, o que corresponde a 17,91% de toda a população brasileira. Caso a prevalência de hipertensos nessa idade seja segundo nossas estimativas, de 8,12%, isso corresponderia a quase 3 milhões de adolescentes brasileiros que necessitam de cuidados e orientações para que quando adultos não desenvolvam doenças cardiovasculares, contribuindo para a elevação da atual estimativa de 20% de hipertensos na população adulta. A análise dos estudos revistos indica a necessidade de padronização dos procedimentos utilizados na aferição da pressão arterial de acordo com diretrizes nacionais e internacionais. É fundamental também que esses procedimentos sejam adequadamente descritos possibilitando que o leitor avalie o impacto das características metodológicas que sabidamente influenciam na acurácia das medidas. A enorme variabilidade do método impediu que dados fossem agrupados na tentativa de explicação das prevalências de hipertensão arterial encontradas. Apesar da heterogeneidade encontrada, a medida sumária da prevalência observada, tanto no sexo masculino quanto no feminino, mostra que a hipertensão arterial sistêmica deve ser monitorada na população de 10 a 20 anos e que são necessárias medidas específicas de prevenção e controle da doença, assim como sobre seus fatores de risco. Desse modo, pode-se esperar uma redução das complicações precoces no futuro para esses jovens, ao invés de consequente redução da expectativa de vida dessa geração, que poderia fazer com que, pela primeira vez, após muitas décadas essa expectativa de vida fosse menor do que a dos seus pais (OLSHANSKY et al., 2005). 53 Referências Bibliográficas ALVES, J.; FIGUEIRA, F. Prevenção na infância de doenças crônicas não-transmissíveis dos adultos. In: Pediatria do IMIP. 3 ed., p.33-38. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2004. ANTMAN, E. M. et al. 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Hypertension, v. 38, p. 1112-1117, 2001. 62 APÊNDICE A - “PREVALÊNCIA DE HIPERTENSÃO ADOLESCENTES BRASILEIROS: REVISÃO SISTEMÁTICA” ARTERIAL ENTRE “PREVALENCE OF ARTERIAL HYPERTENSION AMONG BRAZILIAN ADOLESCENTS: SYSTEMATIC REVIEW” Título corrido: BRASILEIROS HIPERTENSÃO ARTERIAL ENTRE ADOLESCENTES Erika da Silva Magliano 1 Luciane Gaspar Guedes1 Evandro Silva Freire Coutinho 2 Katia Vergetti Bloch1 1 Instituto de Estudos em Saúde Coletiva, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, Brasil. Endereço: Avenida Horácio Macedo, S/N – Próximo a Prefeitura Universitária Ilha do Fundão, Cidade Universitária CEP 21941-598 Rio de Janeiro - RJ, Brasil Tel: (21) 2598-9280 [email protected] [email protected] [email protected] 2 Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil. Endereço: Rua Leopoldo Bulhões 1480, Manguinhos. CEP 21041-210 Tel: (21) 2598-2622 [email protected] Contribuições dos autores: ES Magliano participou da busca bibliográfica, seleção dos artigos, extração e análise dos dados e redação do manuscrito. LG Guedes participou da seleção dos artigos e redação do manuscrito. KV Bloch participou da seleção dos artigos, extração e análise dos dados e redação do manuscrito. ESF Coutinho participou da análise dos dados e redação do manuscrito. 63 RESUMO Este artigo apresenta uma revisão sistemática/metanálise de estudos que mediram a prevalência de hipertensão arterial entre adolescentes no Brasil. Buscou-se identificar artigos publicados até setembro de 2010, sendo que a busca foi realizada em seis bases de dados eletrônicas. Não foram utilizados quaisquer limites de data para busca. Gráficos do tipo Forest plot foram construídos com prevalências de hipertensão arterial na população total e por sexo. A heterogeneidade foi avaliada através da estatística I 2 e modelos de meta-regressão foram ajustados com o intuito de identificar suas possíveis fontes. De 3631 artigos inicialmente identificados, 17 foram considerados elegíveis para a revisão sistemática. A medida de prevalência combinada através de modelos de efeitos aleatórios foi de 8,12% (6,24 – 10,52) para a população total, 8,75% (5,81 – 12,96) para o sexo masculino e 6,31% (4,41 – 8,96) para o sexo feminino. Observou-se grande variação nos resultados de prevalência de hipertensão arterial e nos métodos para a sua avaliação entre os estudos realizados com adolescentes brasileiros, o que demonstra a necessidade de que sejam utilizados procedimentos padronizados e validados de mensuração da hipertensão arterial. Palavras-chave: hipertensão arterial, adolescente, Brasil, revisão sistemática, metanálise. 64 Abstract This article presents a systematic review / meta-analysis of studies that measured the prevalence of hypertension among adolescents in Brazil. We tried to identify articles published up to September 2010, and the search was conducted in six electronic databases. No date search limits were used. Forest plot type charts were built prevalences of arterial hypertension in the total population and by gender. Heterogeneity was assessed using the I2 statistic, and meta-regression models were adjusted in order to identify their possible sources. Of 3631 articles initially identified, 17 were eligible for the systematic review. The measure of combined prevalence using random effects models was 8.12% (6.24-10.52) for the total population, 8.75% (5.81-12.96) for males and 6 31% (4.41-8.96) for females. There was great variation in the results of prevalence of arterial hypertension and in methods for its assessment among the studies of Brazilian adolescents, which demonstrates the need to use standardized and validated procedures for measurement of arterial hypertension. Keywords: hypertension, teenager, Brazil, systematic review, meta-analysis. 65 INTRODUÇÃO Em todo o mundo, as doenças cardiovasculares são a principal causa de morte na população geral, sendo ainda responsáveis por um elevado número de anos potenciais de vida perdidos ajustados para incapacidade (DALY). Schramm et al., 2004, utilizando o indicador DALY, demonstraram através de seu estudo que há um predomínio no Brasil de doenças não transmissíveis, correspondendo a 66,3% da carga de doença, seguida das doenças transmissíveis, com 23,5%. Passos et al., em artigo de revisão de prevalência de hipertensão no Brasil, a partir de 1990, observaram em 13 estudos selecionados, uma prevalência em adultos de aproximadamente 20%, variando de 24,8% a 44,4% (PASSOS; ASSIS; BARRETO et al., 2006). Estudos como os de Oliveira et al., 2004 e da Silva et al., 2007, sugerem que tem ocorrido o aumento de doenças associadas à obesidade e ao excesso de peso, levando a um maior número de adolescentes com complicações cardiovasculares, como a elevação da pressão arterial. A Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF 2008-2009) aponta para dieta dos brasileiros como uma alimentação com reduzido em nutrientes e de alto teor calórico, também em adolescentes. Além disso, somam-se a ausência de atividade física e os hábitos sedentários, temas abordados na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE – 2009) e obtemos um panorama de aumento de sobrepeso e obesidade nessa faixa etária. Em crianças e adolescentes, a hipertensão é definida como níveis de pressão arterial persistentes em medidas repetidas, iguais ou maiores ao percentil 95 para idade, estatura, e sexo. A hipertensão arterial cresceu na última década entre crianças e adolescentes, como reflexo do aumento da prevalência de obesidade nessas faixas etárias (MUNTNER et al., 2004 e GARCIA et al., 2004). Esse quadro se traduz por aumento da hipertensão primária, em relação à secundária, nesse grupo etário (SOROF et al., 2004). Os trabalhos brasileiros sobre hipertensão arterial na adolescência são locais, e, portanto, sem representatividade nacional. O objetivo desse estudo foi realizar uma revisão sistemática de estudos de prevalência de hipertensão arterial sistêmica em adolescentes no Brasil para avaliar a magnitude do problema no país. 66 METODOLOGIA Esta revisão sistemática/metanálise procurou identificar artigos publicados de 1990 até setembro de 2010, sendo a busca realizada nas bases de dados eletrônicas MEDLINE (http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/), LILACS (http://lilacs.bvsalud.org/), SCIELO (www.scielo.org), WEB OF SCIENCE (http://apps.webofknowledge.com), SCOPUS (http://www.scopus.com/home.url) e ADOLEC (http://www.adolec.br/php/index.php). As referências bibliográficas dos estudos encontrados também foram pesquisadas, a fim de localizar estudos que não foram identificados pela busca. A seleção dos descritores utilizados no processo de revisão foi efetuada mediante consulta ao DeCs (Descritores em Ciências da Saúde da BIREME) e ao MeSH (Medical Subject Headings, do Pubmed). A busca foi realizada em língua portuguesa e/ou inglesa (dependendo da base de dados) utilizando-se três blocos de conceitos: o primeiro com os termos relacionados à idade (“criança” e “adolescente”); o segundo bloco com os termos relacionados à hipertensão arterial (“pressão arterial” e “hipertensão”); e o terceiro bloco com termos relacionados ao Brasil (“Brasil”, “Brazil” e cada um dos estados separadamente). Recorreu-se ao operador lógico “OR” para combinar os descritores dentro de cada bloco e ao operador lógico “AND” para combinar os blocos entre si. Utilizou-se também o recurso de “truncagem” dos termos quando necessário. Não foram utilizados limites de busca para data, idioma, desenho de estudo ou tamanho de amostra. Os critérios para inclusão dos artigos foram: (a) amostra incluindo adolescentes (10 a 20 anos) mesmo que abrangendo outras faixas de idade, desde que os dados fossem apresentados separadamente para os adolescentes; (b) mensuração da pressão arterial; (c) coleta de dados realizada no Brasil; (d) artigo original de pesquisa com seres humanos. Foram excluídos estudos de revisão ou com amostra exclusiva de adolescentes em condições específicas de saúde (obesos, hipertensos, diabéticos, etc). Optou-se por não incluir teses, dissertações e monografias, visto que a realização de uma busca sistemática das mesmas é inviável logisticamente. A seleção dos artigos foi realizada primeiramente com base na leitura do título e resumo dos artigos e, em seguida, pela leitura dos artigos pré-selecionados na íntegra. Essa seleção foi feita sempre em pares (ESM e LGG) e, nos casos de discordância, foi consultada uma terceira pessoa (KVB). Nos casos em que havia mais de uma publicação com os dados do mesmo estudo, o artigo mais completo foi selecionado. 67 A classificação de hipertensão para crianças e adolescentes foi realizada de acordo com as curvas de distribuição da pressão arterial sistólica (PAS) e pressão arterial diastólica (PAD) por sexo, faixa etária e estatura, observando-se os valores correspondentes aos diversos percentis. Valores abaixo do percentil 90 foram considerados normais, desde que inferiores a 120/80 mmHg; valores entre os percentis 90 e 95, como limítrofe (“pré-hipertensão”, de acordo com o The Fourth Report on The Diagnosis, Evaluation, and Treatment of High Blood Pressure in Children and Adolescents, 2004), e valores iguais ou superiores ao percentil 95, como hipertensão arterial, salientando-se que qualquer valor igual ou superior a 120/80 em adolescentes, desde que inferior ao percentil 95, deve ser considerado limítrofe. Além das prevalências de hipertensão arterial foram extraídas dos artigos informações relativas ao local e período da coleta de dados, tipo de população, método de avaliação e classificação da hipertensão arterial. Os dados de prevalência nessa revisão foram obtidos apenas dos estudos que classificaram como hipertensão arterial valores de pressão arterial acima do percentil 95. Gráficos do tipo Forest plot foram construídos com prevalências de hipertensão arterial na população total e por sexo, quando disponíveis. Para obtenção das medidas-sumário, foram utilizados modelos de efeitos aleatórios em decorrência da grande heterogeneidade dos resultados. Para combinar as medidas de prevalência, inicialmente foram feitas transformações logit para lidar com a assimetria da distribuição. Essas prevalências foram ponderadas pelo inverso da variância do logit (UTHMAN, 2008). Em seguida, esses valores combinados foram reconvertidos para prevalências. A heterogeneidade entre os estudos foi avaliada através da estatística I² (HIGGINS et al., 2003). Modelos de meta-regressão foram ajustados com o intuito de identificar possíveis fontes de heterogeneidade das prevalências. As variáveis consideradas para essa análise foram: faixa etária, região, idade, percentual de adolescentes do sexo masculino na população estudada, tipo de amostra, tamanho de amostra, diretriz utilizada, instrumento de aferição, local do estudo, ano da coleta, uso de manguito adequado para a circunferência do braço, número de medidas realizadas, intervalo entre as medidas e número de medidas utilizadas para cálculo da pressão arterial. As análises foram realizadas com os programas STATA versão 9.0 (StataCorp, 20042007) e StatsDirect 2.7.8b (StatsDirect Ltda, 2011). 68 RESULTADOS Na Figura 1 é apresentado o fluxograma do processo de seleção dos artigos. De 3.631 artigos inicialmente identificados (após a retirada de duplicidades), 17 foram considerados elegíveis para a revisão sistemática, sendo um obtido a partir da leitura das referências. As características dos estudos encontram-se na Tabela 1. A maioria foi realizada na região Sudeste (8 estudos), seguida pelas região Nordeste (6 estudos) e Sul (2 estudos). Apenas um estudo foi realizado na região Centro-Oeste. Não foi incluído nenhum estudo realizado em municípios da região Norte. A maior parte dos estudos teve seus dados coletados a partir do ano 2000, sendo que apenas dois deles fizeram a coleta entre 1990 e 2000 (Brandão et al, 1996 e Costa et al, 1998). Apenas um deles de base domiciliar (Costa et al, 1998). O tamanho da amostra variou de 71 até 3.906 adolescentes, sendo que quatro dos 17 estudos foram realizados com amostras de até 249 indivíduos, cinco com amostras de 250 até 499 adolescentes, quatro com amostras de 500 até 999 adolescentes e quatro com amostras de mais de mil indivíduos. Quanto ao método de mensuração da pressão arterial, 12 estudos pelo método auscultatório e cinco estudos pelo oscilométrico (CANDIDO et al., 2009; CHRISTOFARO et al., 2010; COSTA et al., 1998; ROSA et al., 2007 e ROELOFS et al., 2010). 69 Scielo Português: 110 Scielo Inglês: 243 Lilacs Português: 1903 Lilacs Inglês: 1158 Duplicatas removidas: 1125 Duplicatas removidas: 97 Web of Science: 202 Scielo: 256 Adolec: 1368 Scopus: 821 Lilacs: 1936 Medline: 476 Total das bases antes de retiradas duplicatas: 5059 Duplicatas: 1428 Total de referências para avaliação: 3631 Exclusão por título: 2553 Exclusão por resumo: 964 Entrada por Referências: 1 Exclusão pelo artigo: 98 Artigos completos incluídos: 17 Figura 1: Fluxograma da seleção dos artigos Houve grande diversidade com relação aos procedimentos considerados na mensuração da pressão arterial. Foram utilizados diferentes tamanhos de manguitos na maioria dos estudos, o que é recomendado. Porém, o número de medidas realizadas, o intervalo entre essas medidas e a medida utilizada para análise foram muito heterogêneos entre os estudos. Muitos artigos não mencionaram todas essas variáveis do processo de aferição da pressão arterial. Quando o método de aferição não era descrito detalhadamente, mas os autores citavam uma referência, geralmente uma diretriz, considerou-se que o estudo utilizou a técnica descrita na referência. 70 Tabela 1: Características dos Estudos Incluídos Faixa Ano coleta N de dados Total 1987 3906 Rio de Janeiro SE 10-15 2006 487 Ouro Preto SE 10-14 2001-2002 179 Fortaleza NE 2008 233 Londrina S 1995-1996 646 Rio de Janeiro SE 12-19 51.4 2005 674 João Pessoa NE 14-17 2008 497 Curitiba S Gomes et al, 2009 2006 1878 Recife Monego et al, 2006 2001-2002 2118 Moura et al, 2004 2000-2002 898 Referência Brandão et al, 1996 Candido et al, Numero Medidas/ Tratamento medidas Medida utilizada discrepantes Auscultatório 3/ Terceira medida somente. SI Task Force 1987 48.5 Oscilométrico 3 ≥ p90, repetia por ausculta V DBHA 2006 12-18 50.3 Auscultatório SI SI IV DBHA 2004 10-15 51.5 Oscilométrico 2/ Média de 2 SI The Fourth Report 2004 V DBHA 2006 Oscilométrico 2/ Média de 2 ≥5 mmHg/realizava a terceira medida e descartava a primeira. V JNC 1983 44.9 Auscultatório 2/ Média de 2 SI The Fourth Report 2004 10-18 52.3 Auscultatório 2/ Média de 2 ≥4 mmHg/realizava a terceira medida. The Fourth Report 2004 NE 14-20 39.3 Auscultatório 1 SI Goiânia CO 10-14 49.7 Auscultatório 2/ Segunda medida SI V DBHA 2006 Task Force 1996 Task Force 1996 Maceió NE 11-17 42.3 Auscultatório 2/ Avalia as duas medidas separadamente. SI Cidade Região Etária (anos) % Masculino Instrumento 2009 Chaves et al, 2006 Christofaro et al, 2010 Costa et al, 1998 Da Silva et al, 2007 De Campos et al, 2010 Diretriz Task Force 1996 III Consenso Brasileiro de Hipertensão Arterial 1999 71 Paixão et al, 2009 2006 71 Itabira SE 11-16 46.5 Auscultatório 3/média das duas últimas (V DBHA) SI Peters et al, 2009 2006 205 Indaiatuba SE 16-20 51.7 Auscultatório 3/ Média das duas últimas medidas SI 2003-2005 380 Vitória SE 10-14 46.6 Auscultatório 3/ Média de 3 SI Roelofs et al, 2010 2008 1002 Aracaju NE 12-17 44.1 Oscilométrico 3/ Média das duas últimas medidas. SI Rosa et al, 2007 2003-2004 456 Niterói SE 12-17 44.5 Oscilométrico 6/ Média de 6 SI Silva et al, 2008 2007 704 Cubatão SE 10-15 47.3 Auscultatório 3/média das duas últimas (V DBHA) SI V DBHA 2006 Souza et al, 2006 2004 302 São Luís NE 12-18 31.4 Auscultatório 3 SI IV DBHA 2004 Rodrigues et al, 2006 CO – Centro-Oeste, NE – Nordeste, S – Sul, SE – Sudeste, SI – Sem Informação. V DBHA 2006 V DBHA 2006 The Fourth Report 2004 IV DBHA 2004 Task Force 1996 The Fourth Report 2004 The Fourth Report 2004 IV DBHA 2004 72 As prevalências de hipertensão arterial geral e por sexo encontram-se na Tabela 2. Foram excluídos estudos que só apresentaram valores de pressão arterial limítrofes (p90-p95) ou que agruparam valores limítrofes com hipertensão arterial, apresentando o resultado como a prevalência de pressão arterial > p90. Observou-se uma grande variação dessas estimativas, sendo para a população geral, a menor delas 2,7% (SOUZA et al., 2006) e a maior 20,1% (CHAVES et al., 2006). Tabela 2: Prevalência de Hipertensão Arterial Total e por Sexo Referência N Total N Masculino/N feminino Brandão et al, 1996 Candido et al, 2009 3906 487 236/251 179 Chaves et al, 2006 90/89 Christofaro et al, 233 2010 120/113 646 Costa et al, 1998 332/314 Da Silva et al, 674 2007 303/371 De Campos et al, 497 2010 260/237 1878 Gomes et al, 2009 738/1140 2118 Monego et al, 2006 1052/1066 898 Moura et al, 2004 380/518 71 Paixão et al, 2009 33/38 205 Peters et al, 2009 106/99 Rodrigues et al, 380 2006 177/203 1002 Roelofs et al, 2010 442/560 456 Rosa et al, 2007 203/253 704 Silva et al, 2008 333/371 302 Souza et al, 2006 95/207 SI – Sem Informação Prevalência Total (%) Prevalência Masculina (%) Prevalência Feminina (%) (IC95%) (IC95%) (IC95%) 8,7 SI SI (7,89-9,66) 3,3* 3,8* 2,8* (2,03-5,31) (1,99-7,15) (1,34-5,74) 20,1 SI SI (14,86-26,61) 12,4 10,6 14,2 (8,75-17,28) (6,22-17,49) (8,90-21,91) 8,9* 10,9 7 (6,94-11,35) (7,97-14,73) (4,65-10,40) 7,4 10,2 5,1 (5,65-9,64) (7,26-14,14) (3,27-7,86) 12,6* 13,8 11,5 (9,96-15,81) (10,11-18,55) (8,02-16,22) 17,3 24 13* (15,65-19,07) (21,05-27,21) (11,17-15,08) 2,9* 2,8* 3,1* (2,26-3,71) (1,95-3,98) (4,41-8,96) 10,6* 11,8* 9,6* (8,75-12,79) (8,92-15,44) (7,34-12,45) 4,2 9 0 (1,36-12,26) (3,00-24,57) (0,005-31,30) 12,2 SI SI (8,37-17,42) 3,4 3,4 3,4 (1,98-5,78) (1,54-7,35) (1,62-7,00) 14,7* 17 12,9 (12,64-17,03) (13,77-20,80) (10,36-15,94) 4,6 5,9 3,6 (3,02-6,95) (3,38-10,10) (1,90-6,74) 9,5 SI SI (7,56-11,92) 2,7 6,1 1,1* (1,36-5,27) (2,73-13,09) (0,30-3,94) * Valores estimados calculados No sexo masculino o menor valor encontrado foi de 2,8% (MONEGO et al., 2006) e o maior o de 24% (GOMES et al., 2009), enquanto que no sexo feminino foram de 0% 73 (PAIXÃO et al., 2009) e 14,2% (CHRISTOFARO et al., 2010), respectivamente. De uma forma geral, as prevalências foram maiores no sexo masculino em relação ao sexo feminino, com exceção dos estudos de Christofaro et al, 2010 e Monego et al, 2006. A Figura 2 (A, B e C) mostra a medida sumária encontrada na população geral, por sexo e por região, respectivamente. Metanálise da Prevalência de Hipertensão Arterial na População Total Prevalência (IC 95%) CANDIDO, A. P. C., et al. 3,30 (2,03, 5,31) COSTA, R. S. D. et al. 8,90 (6,94, 11,35) PAIXÃO, M. P. C. P. et al. 4,20 (1,36, 12,26) PETERS, B. S. E. et al. 12,19 (8,37, 17,42) RODRIGUES, A. N. et al. 3,40 (1,98, 5,78) ROSA, M. L. G. et al. 4,60 (3,02, 6,95) SILVA, M. C. P. D. et al. 9,52 (7,56, 11,92) BRANDÃO, A. P. et al. 8,73 (7,89, 9,66) Região Sudeste 6,73 (5,14, 8,79) CHAVES, E. S. et al. 20,10 (14,86, 26,61) DA SILVA, K. S. et al. 7,40 (5,65, 9,64) GOMES, B. D. M. R. et al. 17,30 (15,65, 19,07) MOURA, A. A. et al. 10,60 (8,75, 12,79) SOUZA, F. G. M. D. et al. 2,70 (1,36, 5,27) ROELOFS, R. et al. 14,70 (12,64, 17,03) Região Nordeste 11,19 (7,97, 15,50) CHRISTOFARO, D. G. D. et al. 12,40 (8,75, 17,28) DE CAMPOS, W. et al. 12,60 (9,96, 15,81) Região Sul 12,53 (10,32, 15,13) MONEGO, E. T. et al. 2,90 (2,26, 3,71) Região Centro-Oeste 2,90 (2,26, 3,70) Medida Sumário 8,12 (6,24, 10,52) 1 2 5 10 100 Prevalência (%) Figura 2A – Forest Plot das Prevalências de Hipertensão Arterial nos Adolescentes na população total por região. 74 Metanálise da Prevalência de Hipertensão Arterial no Sexo Masculino Prevalência (IC 95%) CANDIDO, A. P. C., et al. 3,80 (1,99, 7,15) COSTA, R. S. D. et al. 10,91 (7,97, 14,73) PAIXÃO, M. P. C. P. et al. 9,00 (3,00, 24,57) RODRIGUES, A. N. et al. 3,40 (1,54, 7,35) ROSA, M. L. G. et al. 5,90 (3,38, 10,10) Região Sudeste 6,09 (3,58, 10,16) DA SILVA, K. S. et al. 10,20 (7,26, 14,14) GOMES, B. D. M. R. et al. 24,00 (21,05, 27,21) MOURA, A. A. et al. 11,80 (8,92, 15,44) SOUZA, F. G. M. D. et al. 6,10 (2,73, 13,09) ROELOFS, R. et al. 17,00 (13,77, 20,80) Região Nordeste 13,56 (8,93, 20,07) CHRISTOFARO, D. G. D. et al. 10,60 (6,22, 17,49) DE CAMPOS, W. et al. 13,80 (10,11, 18,55) Região Sul 12,86 (9,85, 16,64) MONEGO, E. T. et al. 2,80 (1,95, 3,98) Região Centro-Oeste 2,80 (1,96, 3,99) Medida Sumário 8,75 (5,81, 12,96) 1 2 5 10 100 Prevalência (%) Figura 2B – Forest Plot das Prevalências de Hipertensão Arterial nos Adolescentes no sexo masculino por região. 75 Metanálise da Prevalência de Hipertensão Arterial no Sexo Feminino Prevalência (IC 95%) CANDIDO, A. P. C., et al. 2,800 (1,340, 5,740) COSTA, R. S. D. et al. 7,000 (4,650, 10,400) PAIXÃO, M. P. C. P. et al. 0,005 (0,005, 31,300) RODRIGUES, A. N. et al. 3,400 (1,620, 7,000) ROSA, M. L. G. et al. 3,600 (1,900, 6,740) Região Sudeste 4,100 (2,570, 6,490) DA SILVA, K. S. et al. 5,100 (3,270, 7,860) GOMES, B. D. M. R. et al. 13,010 (11,170, 15,080) MOURA, A. A. et al. 9,600 (7,340, 12,450) SOUZA, F. G. M. D. et al. 1,100 (0,300, 3,940) ROELOFS, R. et al. 12,900 (10,360, 15,940) Região Nordeste 8,490 (5,750, 12,350) CHRISTOFARO, D. G. D. et al. 14,200 (8,900, 21,910) DE CAMPOS, W. et al. 11,500 (8,020, 16,220) Região Sul 12,420 (9,350, 16,320) MONEGO, E. T. et al. 3,100 (2,210, 4,320) Região Centro-Oeste 3,100 (2,210, 4,330) Medida Sumário 6,310 (4,410, 8,960) 0,001 0,01 0,1 0,2 0,5 1 2 5 10 100 Prevalência (%) Figura 2C – Forest Plot das Prevalências de Hipertensão Arterial nos Adolescentes no sexo feminino por região. Para a análise na população total, foram incluídos os 17 estudos, sendo a heterogeneidade muito elevada (I2 = 95,3%). A medida combinada (prevalência) pelo modelo de efeitos aleatórios foi de 8,12%. A maior prevalência por região foi encontrada no Sul (12,53%) e a menor no Centro-Oeste (2,9%). Treze estudos foram incluídos para a estimativa combinada no sexo masculino, com I2 = 94,1%. A prevalência combinada foi de 8,75%, sendo a maior na região Nordeste (13,56%) e a menor na região Centro-Oeste (2,80%). Para o sexo feminino, foram incluídos também 13 estudos com I 2 = 90,4%. A medida combinada foi de 6,31%. A maior prevalência foi encontrada na região Sul (12,42%) e a menor na região Centro-Oeste (3,1%). 76 A única variável capaz de explicar parcialmente a heterogeneidade encontrada foi região. Na Tabela 3, são apresentados os valores dos parâmetros da meta-regressão sendo a região Sudeste a categoria de referência. Tanto na população total quanto em ambos os sexos, as regiões Nordeste e Sul apresentaram maiores valores de prevalência e a região Centro-Oeste os menores valores, em relação à região de referência. Nenhuma das demais variáveis analisadas mostrou-se associada com a variação das prevalências de hipertensão arterial, tanto para a população total como separadamente por sexo. Tabela 3: Parâmetros da Meta-regressão para a Variável Região na População Total e por Sexo Região Sudeste Nordeste Sul População Total (n=17) OR P valor (IC95%) 1 Homens (n=13) OR (IC95%) 1 P valor Mulheres (n=13) OR (IC95%) 1 P valor 1,776 (0,861 – 3,66) 0,110 2,420 (1,106 – 5,285) 0,031 2,125 (0,772 – 5,847) 0,126 2,067 (0,724 – 5,90) 0,159 2,140 (0,769 – 5,950) 0,127 3,534 (0,981 – 12,728) 0,053 Centro0,4320 Oeste (0,110 – 1,717) IC = Intervalo de Confiança 0,212 0,4410 (0,123 – 1,578) 0,180 0,7754 (0,158 – 3,801) 0,726 DISCUSSÃO Essa revisão sistemática mostrou uma grande variação nos resultados de prevalência de hipertensão arterial entre os estudos realizados com adolescentes brasileiros. Os métodos de aferição variaram bastante, mas não explicaram a heterogeneidade entre as prevalências, provavelmente por não existirem subgrupos de estudos utilizando métodos semelhantes para serem comparados. Observou-se ainda uma predominância de estudos nas regiões sudeste e nordeste. Embora tenha sido identificado um perfil de hipertensão arterial por regiões, o pequeno número de estudos das regiões Centro-Oeste e Sul incluídos nesta revisão não permite uma análise mais detalhada desse resultado. As prevalências foram maiores em indivíduos do sexo masculino. Esse resultado vai ao encontro do estudo de Sorof et al., 2004, realizado com 5.102 escolares americanos, com idade entre 10-19 anos, no qual a prevalência de hipertensão nos adolescentes do sexo 77 masculino (23%), foi maior do que a do sexo feminino (16%), considerando-se a medida de pressão arterial numa primeira ocasião. A única variável que pareceu explicar parcialmente a heterogeneidade foi a região do país. A região Sul, com dois estudos incluídos, foi a que apresentou maior prevalência de hipertensão arterial, tanto na população geral quanto no sexo feminino, e a 2ª maior no masculino. A região Centro-oeste foi a que apresentou a menor prevalência, mas só teve um estudo incluído. Comparando-se as duas regiões que tiveram um maior número de estudos incluídos, observou-se maior prevalência na região Nordeste do que na Sudeste. Dentre as características dos estudos que poderiam explicar uma maior prevalência de hipertensão arterial no Nordeste, podemos enumerar: maior faixa etária; inclusão da primeira medida da pressão arterial e menor número de medidas. Além disso, os seis estudos desta região foram todos em capitais, enquanto que no Sudeste, cinco de oito estudos foram realizados fora de capitais. Por outro lado, nos estudos da região Sudeste havia um maior percentual de homens e o aparelho oscilométrico, que tende a superestimar os valores de pressão arterial, foi utilizado com maior freqüência para aferição da pressão arterial (PARK; MENARD; YUAN, 2001). Esses fatores parecem ter tido menor impacto do que os citados anteriormente. Sorof et al., 2004, encontrou uma prevalência da pressão arterial elevada de 19,4% na primeira avaliação de adolescentes, sendo que a prevalência foi de 9,5% entre os que apresentaram medidas acima do percentil 95 e foram novamente avaliados após uma a duas semanas e de 4,5% numa terceira avaliação. Esses resultados refletem o já conhecido fenômeno de regressão à média que norteia a recomendação de que sejam realizadas medidas em mais de uma ocasião para que se estabeleça o diagnóstico de hipertensão. É possível supor, portanto, que as prevalências estimadas estejam superestimadas, uma vez que a realização de medidas em duas ou mais ocasiões diferentes é de difícil operacionalização em estudos populacionais. A ausência de muitas informações sobre características dos métodos utilizados nos estudos e a grande variabilidade do método de aferição detectada, certamente dificultou a análise mais adequada de como essas diferenças poderiam explicar a heterogeneidade encontrada. A primeira medida tende a ser mais elevada e a utilização dessa medida isoladamente tende a superestimar a prevalência de hipertensão. A média entre a primeira e a segunda ou entre a segunda e terceira medidas tendem a apresentar valores mais 78 representativos e são mais adequados do que a utilização de apenas uma medida, mesmo que essa seja a segunda ou a terceira medida (OLIVEIRA, R. G. et al., 1999). Poucos estudos tinham alguma informação sobre obesidade, maturação sexual, ou outros dados sobre as populações que pudessem explicar a heterogeneidade entre as prevalências por outros fatores além das diferenças metodológicas. Além disso, a falta de representatividade das amostras dos estudos, já que a maioria utilizou amostras por conveniência, também pode ter contribuído para a grande heterogeneidade encontrada, uma vez que grupos específicos de escolares podem ter características diferentes da população de escolares como um todo. Conclusão Essa revisão teve como objetivo sistematizar o conhecimento sobre um assunto de grande relevância para a saúde pública, a prevalência de hipertensão arterial em adolescentes no Brasil. A análise dos estudos revistos indica a necessidade de padronização dos procedimentos utilizados na aferição da pressão arterial de acordo com diretrizes nacionais e internacionais. É fundamental também que esses procedimentos sejam adequadamente descritos possibilitando que o leitor avalie o impacto das características metodológicas que sabidamente influenciam na acurácia das medidas. Apesar da heterogeneidade encontrada a medida sumária da prevalência observada para ambos os sexos, ainda que possivelmente superestimada, mostra que a hipertensão arterial sistêmica deve ser monitorada na população de 10 a 20 anos e que são necessárias medidas específicas de prevenção e controle da doença e de seus fatores de risco. Isso evitaria complicações futuras para esses jovens, como consequente redução da expectativa de vida dessa geração, o que poderia fazer com que, pela primeira vez, após muitas décadas essa expectativa de vida fosse menor do que a dos seus pais (OLSHANSKY et al., 2005). 79 Referências Bibliográficas BRANDÃO, A. P. et al. Avaliação da pressão arterial em crianças e adolescentes. Estudo do Rio de Janeiro. Hiperativo, v. 3, n. 2, p. 86-92, 1996. CANDIDO, A. P. C. et al. Cardiovascular risk factors in children and adolescents living in an urban area of Southeast of Brazil: Ouro Preto Study. European Journal of Pediatrics [S.I.], v. 168, n. 11, p. 1373-1382, 2009. CHAVES, E. S.; LOPES, M. V. O.; ARAÚJO, T. L. de. Investigação de fatores de risco associados à hipertensão arterial em grupo de escolares. Revista de Enfermagem da UERJ [S.I.], v. 14, n. 2, p. 169-175, 2006. CHRISTOFARO, D. G. D. et al. High blood pressure in adolescents of high economic status. 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BioMed Central Public Health, v. 8, n. 226, 2008. 82 APÊNDICE B – Busca Detalhada nas Bases Busca Pubmed – 13/09/2010 – http://www.ncbi.nlm.nih.gov/pubmed/ (child*[Title/Abstract] OR adolesc*[Title/Abstract] OR adolescent[MeSH] OR child[MeSH]) AND ("blood pressure"[MeSH] OR "blood pressure"[Title/Abstract] OR hypertension[MeSH] OR hypertension[Title/Abstract] OR hypert*[Title/Abstract]) AND (brazil*[Title/Abstract] OR brazil[Title/Abstract] OR brazil[MeSH] OR brasil[Title/Abstract] OR "minas gerais"[Title/Abstract] OR "são paulo"[Title/Abstract] OR "espírito santo"[Title/Abstract] OR "rio de janeiro"[Title/Abstract] OR bahia[Title/Abstract] OR pará[Title/Abstract] OR "mato grosso"[Title/Abstract] OR "mato grosso do sul"[Title/Abstract] OR goiás[Title/Abstract] OR "rio grande do sul"[Title/Abstract] OR ceará[Title/Abstract] OR pernambuco[Title/Abstract] OR "santa catarina"[Title/Abstract] OR amazonas[Title/Abstract] OR maranhão[Title/Abstract] OR tocantins[Title/Abstract] OR piauí[Title/Abstract] paraná[Title/Abstract] OR OR rondônia[Title/Abstract] acre[Title/Abstract] OR roraima[Title/Abstract] OR OR amapá[Title/Abstract] OR paraíba[Title/Abstract] OR "rio grande do norte"[Title/Abstract] OR alagoas[Title/Abstract] OR sergipe[Title/Abstract] OR "distrito federal"[Title/Abstract]) Publication Date from 1990 to 2010 Busca Scopus – 13/09/2010 – http://www.scopus.com/home/url (TITLE-ABS-KEY(child* OR adolesc*) AND TITLE-ABS-KEY("blood pressure" OR hypertension OR hypert*) AND TITLE-ABS-KEY(brazil* OR brazil OR brasil OR "minas gerais" OR "são paulo" OR "espírito santo" OR "rio de janeiro" OR bahia OR pará OR "mato grosso" OR "mato grosso do sul" OR goiás OR "rio grande do sul" OR ceará OR pernambuco OR "santa catarina" OR amazonas OR maranhão OR tocantins OR piauí OR rondônia OR roraima OR paraná OR acre OR amapá OR paraíba OR "rio grande do norte" OR alagoas OR sergipe OR "distrito federal")) AND PUBYEAR AFT 1989 Isi Web of Science – 13/09/2010 – http://apps.webofknowledge.com TS=(child* OR adolesc*) AND TS=("blood pressure" OR hypertension OR hypert*) AND TS=(brazil* OR brazil OR brasil OR "minas gerais" OR "sao paulo" OR "espirito santo" OR "rio de janeiro" OR bahia OR para OR "mato grosso" OR "mato grosso do sul" OR goias OR 83 "rio grande do sul" OR ceara OR pernambuco OR "santa catarina" OR amazonas OR maranhao OR tocantins OR piaui OR rondonia OR roraima OR parana OR acre OR amapa OR paraiba OR "rio grande do norte" OR alagoas OR sergipe OR "distrito federal") Timespan=1990-2010. Databases=SCI-EXPANDED, SSCI, A&HCI. Adolec – 13/09/2010 – http://www.adolec.br/php/index.php criança$ OR adolesc$ [Palavras] and "pressão arterial" OR hipertensão OR hipert$ [Palavras] and brasil$ OR brasil OR "minas gerais" OR "são paulo" OR "espírito santo" OR "rio de janeiro" OR bahia OR pará OR "mato grosso" OR "mato grosso do sul" OR goiás OR "rio grande do sul" OR ceará OR pernambuco OR "santa catarina" OR amazonas OR maranhão OR tocantins OR piauí OR rondônia OR roraima OR paraná OR acre OR amapá OR paraíba OR "rio grande do norte" OR alagoas OR sergipe OR "distrito federal" [Palavras] Lilacs – 13/09/2010 – http://lilacs.bvsalud.org/ Inglês: child$ OR adolesc$ [Words] and "blood pressure" OR hypertension OR hypert$ [Words] and brazil$ OR brazil OR brasil OR "minas gerais" OR "são paulo" OR "espírito santo" OR "rio de janeiro" OR bahia OR pará OR "mato grosso" OR "mato grosso do sul" OR goiás OR "rio grande do sul" OR ceará OR pernambuco OR "santa catarina" OR amazonas OR maranhão OR tocantins OR piauí OR rondônia OR roraima OR paraná OR acre OR amapá OR paraíba OR "rio grande do norte" OR alagoas OR sergipe OR "distrito federal" [Words] Português: criança$ OR adolesc$ [Palavras] and "pressão arterial" OR hipertensão OR hipert$ [Palavras] and brasil$ OR brasil OR "minas gerais" OR "são paulo" OR "espírito santo" OR "rio de janeiro" OR bahia OR pará OR "mato grosso" OR "mato grosso do sul" OR goiás OR "rio grande do sul" OR ceará OR pernambuco OR "santa catarina" OR amazonas OR maranhão OR tocantins OR piauí OR rondônia OR roraima OR paraná OR acre OR amapá OR paraíba OR "rio grande do norte" OR alagoas OR sergipe OR "distrito federal" [Palavras] Scielo – 22/09/2010 – http://www.scielo.org Português: SciELO.org > Pesquisa > (criança$ OR adolesc$) and ("pressão arterial" OR hipertensão OR hipert$) and (brasil$ OR brasil OR "minas gerais" OR "são paulo" OR 84 "espírito santo" OR "rio de janeiro" OR bahia OR pará OR "mato grosso" OR "mato grosso do sul" OR goiás OR "rio grande do sul" OR ceará OR pernambuco OR "santa catarina" OR amazonas OR maranhão OR tocantins OR piauí OR rondônia OR roraima OR paraná OR acre OR amapá OR paraíba OR "rio grande do norte" OR alagoas OR sergipe OR "distrito federal") Inglês: SciELO.org > Search > (child$ OR adolesc$) and ("blood pressure" OR hypertension OR hypert$) and (brazil$ OR brazil OR brasil OR "minas gerais" OR "são paulo" OR "espírito santo" OR "rio de janeiro" OR bahia OR pará OR "mato grosso" OR "mato grosso do sul" OR goiás OR "rio grande do sul" OR ceará OR pernambuco OR "santa catarina" OR amazonas OR maranhão OR tocantins OR piauí OR rondônia OR roraima OR paraná OR acre OR amapá OR paraíba OR "rio grande do norte" OR alagoas OR sergipe OR "distrito federal") 85 APÊNDICE C – Ficha de Extração de Dados REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA 1. Ano de Estudo (coleta de dados / Publicação): ______/__________ 2. Local do Estudo ( ) 1. domicílio 2. escola 3. trabalho 4.outro: _______________ 3. Cidade do Estudo:_________________ 4. Estado do Estudo:_________________ 5. Região: ( ) 1. N 2. NE 3. Co 4.SE 5. S MÉTODOS 6. Desenhos de Estudo ( ) 1.Inquérito 2.Coorte (estudo de base) 7. Tipo de População ( ) 1. População Geral 2. Grupo-específico – Qual? ________________ 8. Amostra: ( ) 1. Aleatória simples 2. Conglomerado 3. Estratificada 4. Voluntários 5. Outra: _______________________ 99. Não Informou Obs.:_________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 86 Aferição da PA 9. Instrumento de Aferição da PA: ( ) 1. Esfigmomanômetro aneróide 2. Esfigmomanômetro de coluna de mercúrio 3. Aparelho digital. Qual? _______________ 99. Não Informou 10. Número de Medidas de Aferição da PA: ( ) 1. Uma 2. Duas 3. Três 4. Quatro ou mais 99. Não informou Obs.:_________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ 11. Qual Medida utilizou? ( ) 1. 1a 2. 2a 3. Média de 2 4. Média de 3 5. Descartou a 1ª ou a mais discrepante e usou média de 2 ou 3 6. Outra. Qual? ____________________________ 99. Não Informou Critério para discrepância 2. Diferença de PAS e PAD ____ 1. Não usou 3. Diferença de PAS ____ e de PAD ____ 12. Descreve treinamento dos examinadores? ( ) 1.Sim 2.Não, mas diz que fez 3.Não, diz que não fez 4.Não, não informa se fez 13. Guideline Utilizado ( ) 1. The Fourth Report 2. IV DBHA 3. V DBHA 4. _______________________________________________________________ Outro: 87 99. Não informou 14. Classificação da Pressão Arterial: ( ) 1. Percentil >90% 2. Percentil >95% 3. Percentil >99% 4. PAS140mmHg e PAD90mmHg 5. Outro: _______________________________________________________________ 99. Não informou 15. Manguito: ( ) 1. Padrão – 13 x 26 cm 2. Variados de acordo com a circunferência do braço (40%) 99. Não informou Características da População 14. Sexo ( ) 1. Masculino (n/%): ________ 2.Sexo Feminino (n/%):__________ 15. Total de Participantes: ___________ 16. Faixa(s) Etária(s): _________ Média de Idade: ________ DP: __________ Características que possam explicar heterogeneidade 17. Obesidade: Prevalência___________ IC 95% 18. Sobrepeso e Obesidade: Prevalência___________________ IC 95% 19. IMC: Média _____________ DP __________ EP ________ 20. Obesidade central: Prevalência___________ IC 95%________ 21. Circunf. Abdominal: Média (masc)_____________ DP __________ EP ________ Média (fem) _____________ DP __________ EP ________ 88 22. Diabetes: Prevalência___________ IC 95%________ Comentários: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ DESFECHO 23. Média da Pressão Arterial: ( ) 1. Sim 2. Não 24. Pop. total: PAS _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ PAD _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ 25. Por sexo: Masculino: PAS _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ PAD _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ Feminino: PAS _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ PAD _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ 26. Por faixa etária: _________: PAS _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ PAD _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ _________: PAS _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ PAD _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ _________: PAS _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ PAD _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ _________: PAS _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ PAD _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ 27. Por IMC: 89 28. Por outras características (raça, comorbidades, etc): _________: PAS _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ PAD _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ _________: PAS _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ PAD _______ DP ______ EP_______ IC 95% _________ 29. Prevalência de Hipertensão Arterial: ( ) 1. Sim 2. Não 30. Critério adotado pelo estudo para os dados de prevalência: 1. PAS140mmHg e PAD90mmHg 2. p95 3. p90 4. Outro: _______________________________________________________________ 31. Pop. total: P_________ IC 95%: _______________ 32. Por sexo: Masculino:_________ IC 95%: _______________ Feminino:__________ IC 95%: _______________ 1. Por faixa etária (qual/is): __________ P_________ IC 95%: _______________ __________ P_________ IC 95%: _______________ __________ P_________ IC 95%: _______________ __________ P_________ IC 95%: _______________ 23. Por IMC: __________ P_________ IC 95%: _______________ ___________P_________ IC 95%: _______________ __________ P_________ IC 95%: _______________ __________ P_________ IC 95%: _______________ 90 24. Por outras características (raça, comorbidades, etc): __________ P_________ IC 95%: _______________ __________ P_________ IC 95%: _______________ __________ P_________ IC 95%: _______________ __________ P_________ IC 95%: _______________ Comentários: ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________ ___________________________________________________________________________