Relatorio_TFC_Jandira Neves

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Relatorio_TFC_Jandira Neves
Universidade de cabo Verde
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIENCIAS DO MAR (DECM)
Curso de Bacharelato em Biologia Marinha e Pescas
Estudo da abundância de ninhos da tartaruga Caretta caretta (LINNAEUS, 1758)
nidificante nas praias da zona Este de Boavista (Porto Ferreira) e a sua
contribuição no recrutamento de crias na população no ano de 2010
Relatório de estágio do curso de Biologia Marinha e Pescas
Jandira Monteiro Neves
Mindelo, 2011
Universidade de cabo Verde
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIAS E CIENCIAS DO MAR (DECM)
Curso de Bacharelato em Biologia Marinha e Pescas
Título: Estudo da abundância de ninhos da tartaruga Caretta caretta (LINNAEUS,
1758) nidificante nas praias da zona Este de Boavista (Porto Ferreira) e a sua
contribuição no recrutamento de crias na população no ano de 2010.
PALAVRAS-CHAVE: (Caretta caretta, reprodução, sucesso de emergência,
Mortalidade, Cabo Verde)
LOCAL DE ESTÁGIO: Praia de Porto ferreira – Boavista
DURAÇAO PREVISTA: 01/07/10 ao 01/10/10
HORAS PREVISTAS: 48 horas semanais
Estagiária
________________
/Jandira Neves/
Orientadora
_____________________
/Mara Abu-Raya/
*Co-orientadora
____________________
/Elena Abella/
* Não foi assinado pela co-orientadora por estar ausente mas o documento foi
aprovado por ela.
Agradecimentos
À ex. coordenadora do curso, Dra. Corrine Almeida por aceitar o meu estágio.
À «Natura 2000», agradeço a todos os colaboradores do projecto em especial a Dr.ª
Elena Abella Peréz e Dr. Amarco Adolfo pelo apoio e amizade
A Dra. Mara Abu-Raya Docente na UNICV pela orientação, pelo carinho, paciência,
disponibilidade e a confiança que fez com que este trabalho se realizasse, o meu muito
obrigada por tudo.
A Dra. Elena Abella Pérez investigadora da Estación Biológica de Doñana pela
paciência, tolerância, disponibilidade pela orientação e conhecimento transmitido, um
obrigado especial.
Ao meu professor, Rui Freitas pelo apoio e disponibilidade.
Aos colegas Constância Baptista, Danielson Silva, Éder Maurício, Éder Cruz, Eddyr
Barros, Nidia Silva e Nilson Braz pela camaradagem e pelos bons momentos
partilhados.
Aos meus avós Emilia Monteiro, Manuel Da Luz Gonçalves, Maria Neves e Gilberto
Neves pelo apoio.
Ao meu padrinho Nuno Rocha e esposa Adélia Rocha por acreditar sempre na minha
capacidade e pelo apoio.
Ao meu fiador Adelino Fonseca pela confiança depositada em mim.
Aos voluntários, monitores e directores do acampamento em especial Adilson Lima,
Carolina oújo, Eva Pedróz, Edson Rodrigues, Jucilena Fortes e Tiago Mourinho pelo
apoio, disponibilidade paciência e compreensão.
Um obrigado muito especial ao Hélder Andrade pelo apoio, camaradagem, amizade,
paciência e atenção disponível.
Aos meus pais Maria da Cruz Monteiro e João Evangelista Neves por me terem dado de
presente a vida.
À minha tia Maria de Conceição Neves pelo apoio sobretudo nas horas mais difíceis da
minha vida.
Aos meus tios António Gonçalves e Vitorina Gonçalves pelo apoio e amizade.
A todos o meu muito obrigado que de uma forma ou de outra me apoiaram na
realização deste trabalho.
Dedico este trabalho ao meu padrinho Nuno Rocha e aos meus avós Manuel Da Luz
Gonçalves e Emilia Maria Monteiro .
Indice
Resumo.......................................................................................................................................... 3
Abstrat ........................................................................................................................................... 3
1.
Introdução ............................................................................................................................. 4
1.1 Caracterização Geral das Tartarugas Marinhas de Cabo Verde .......................................... 6
1.2. Descrição do Processo de Nidificação de Caretta caretta ................................................. 6
1.3. Algumas ameaças para o sucesso de emergência das crias de Tartarugas Marinhas ......... 7
2.
3.
Objectivos: ............................................................................................................................ 9
2.1
Objectivos gerais ........................................................................................................... 9
2.2
Objectivos específicos................................................................................................... 9
Materiais e Métodos .............................................................................................................. 9
3.1. Área de estudo.................................................................................................................... 9
3.2. Caracterização das praias de estudo onde foram marcados ninhos .................................. 11
3.3. Contagem de rastros e ninhos........................................................................................... 12
3.4. Construção do viveiro ...................................................................................................... 13
3.5. Translocação de ninhos para o viveiro e marcação dos mesmos ..................................... 13
3.6. Marcação de ninhos in natura.......................................................................................... 14
3.7. Seguimento dos ninhos in natura e no viveiro e Colocação de redes nos mesmos ......... 15
3.8. Colocação de termómetros nos ninhos e no substrato...................................................... 16
3.9. Recolha de dados Biométricos das crias de C. caretta..................................................... 17
3.10. Abertura dos ninhos ....................................................................................................... 18
3.11. Comparações Estatísticas ............................................................................................... 19
4.
Resultados ........................................................................................................................... 20
4.1. Rastros e Ninhos ............................................................................................................. 20
4.2. Marcação, Translocação e Seguimento de ninhos in natura e em viveiro ....................... 21
4.3. Biometria das crias ........................................................................................................... 22
4.4 Temperatura dos ninhos e do substrato dos ninhos ........................................................... 24
1
4.5 Abertura dos ninhos .......................................................................................................... 26
5.
Discussão............................................................................................................................. 28
6.
Conclusão e Recomendações .............................................................................................. 30
7.
Referências Bibliográficas .................................................................................................. 32
8.
Anexo .................................................................................................................................. 37
2
Resumo
O presente estudo foi realizado no âmbito do Projecto «NATURA 2000», que decorreu durante
os meses de Julho a Outubro de 2010, em Porto Ferreira, situado á este da ilha da Boavista. A
ilha esta localizada a Este do arquipélago de Cabo Verde (14º50' - 17º20'N, 22º40' - 25º30'W), integra
o grupo de ilhas do Barlavento. No âmbito desse projecto este trabalho foi realizado com o
objectivo de estudar a abundância de ninhos da tartaruga Caretta caretta (LINNAEUS, 1758)
nidificantes nas praias da zona Este de Boavista (Porto Ferreira) e a sua contribuição no
recrutamento de crias na população no ano de 2010. Das sete espécies de tartarugas marinhas
reconhecidas actualmente, seis delas habitam no oceano Atlântico. Um dos aspectos prioritários no
esforço para a conservação dessas espécies é assegurar um adequado recrutamento de crias nas
populações. O método mais eficaz é a incubação de ovos em incubadoras protegidas ou em
viveiros controlados. No presente estudo registou-se, para essa região, um total de 3275 rastros e
1062 ninhos. O maior número de rastros e ninhos foi observado no mês de Agosto e na praia de
Nhô-Martin. Foi construído um viveiro para fazer uma comparação entre a taxa de eclosão e
mortalidade no viveiro e in natura, sendo a taxa de mortalidade in natura consideravelmente
maior que no viveiro (88% por 30%) e a de eclosão foi de 70% no viveiro e12% in natura. Pelas
observações feitas pôde-se ver que a mortalidade in natura tem como causa principal a predação
pelo caranguejo fantasma (Ocypode cursor) e a erosão das praias. Para diminuir a alta taxa de
mortalidade nas praias de estudo e pelos resultados obtidos no viveiro recomenda-se a
construção de um viveiro (hatchery), em temporadas futuras a fim de aumentar o sucesso das
eclosões. Os valores médios de comprimento recto, largura recta e peso foram de 42.9, 38.9cm e
17.8g. Por insuficiência de dados não foi possível estimar a temperatura de incubação e eclosão.
Palavras Chave: Caretta caretta, reprodução, sucesso de emergência, Mortalidade, Cabo
Verde
Abstrat
This study was conducted within the project «Natura 2000», held during the months of July to
October 2010, in Porto Ferreira, situated east of the island of Boavista. The island is located east of
the Cape Verde archipelago (14 º 50 '- 17 ° 20'N, 22 º 40' - 25 ° 30'W), part of the group of the
Windward Islands. Under this project the work was carried out with the aim of studying the
abundance of nests of turtle Caretta caretta (Linnaeus, 1758) nesting on the beaches of eastern
Boavista (Porto Ferreira) and its contribution in recruitment of young people in the year 2010. Of
the seven marine turtle species currently recognized, six of them inhabit the Atlantic Ocean. A
priority item in the effort to conserve these species is to ensure adequate recruitment of young
populations. The most effective method is the incubation of eggs in incubators protected or
controlled in nurseries. In this study there was, for this region, a total of 3275 traces and 1062 nests.
The largest number of tracks and nests were observed in August and the beach Nho-Martin. It was
built a pond to make a comparison between the hatching rate and mortality in the nursery and fresh,
with a mortality rate considerably higher than in nature in the nursery (88% to 30%) and hatching
was 70% in the nursery e 12 % raw. From observations made could be seen that mortality in nature is
the main cause was predation by the ghost crab (Ocypode cursor) and the erosion of beaches. To
reduce the high mortality rate on the beaches of study and the results obtained in the nursery
recommended the construction of a nursery (hatchery) in future seasons in order to increase the
success of the bursts. The average length straight, line width and weight were 42.9, 17.8g and
38.9cm. For lack of data was not possible to estimate the temperature of incubation and hatching.
Keywords: Caretta caretta, reproduction, success of emergency, Mortality, Cape Verde
3
1. Introdução
As tartarugas marinhas são répteis que evoluíram há mais de 200 milhões de anos
junto com os representantes da ordem Chelonia. Há aproximadamente 65-70 milhões de
anos, as tartarugas distribuíam-se por quatro famílias: Toxochelidae, Protostegidae,
Chelinidae, e Dermochelydae. No actualidade conhece-se espécies pertencentes a duas
famílias (Dermocheliidae e Cheloniidae) (López - Jurado et al., 1999 cit in Abu-Raya,
2004).
A tartaruga marinha C. caretta (tartaruga-comum ou vermelha) tem uma
distribuição vasta, ocorrendo em todos os mares quentes ou temperados dos oceanos
Atlântico, Pacífico e Índico (Pritchard & Trebbau, 1984; Dodd, 1988). As maiores
zonas de nidificação encontram-se nas costas dos oceanos Atlântico e Índico (Conant et
al., 2009), com maior abundância na costa Sudeste dos Estados Unidos da América (da
Florida a Carolina do Norte) (Ehrhart et al., 2003; Hawkes et al., 2005a), e de Omã
(Baldwin et al., 2003). A seguir, numa escala de tamanho da população, encontra-se a
colónia de Cabo Verde (López-Jurado et al., 2000a; Monzón-Argüello et al., 2010),
seguida das do Brasil (Marcovaldi & Chaloupka, 2007), de Quintana Roo e Yucatán, no
México (Zurita et al., 1993), e depois da Austrália Ocidental (Limpus & Limpus 2003),
Japão (Kamezaki et al., 2003), costa Sudeste da África do Sul (Baldwin et al., 2003) e
região do Mediterrâneo, em algumas praias de Grécia, Turquia e Chipre (Margaritoulis et
al., 2003).
A ilha da Boavista, em Cabo Verde, agrega uma das maiores colónias de
C.caretta do Mundo (López-Jurado et al., 2000a; Monzón-Argüello et al., 2010), e
representa mais de 90% de toda a nidificação do arquipélago (Marco et al., 2010; Marco
et al., in press). Na ilha da Boavista, de meados de Junho a finais de Outubro de cada
ano (Cejudo et al., 2000; Varo et al., 2007), aproximadamente 2000 a 5000 fêmeas
depositam cerca de 20000 ninhos em apenas 70 km de praias de areia branca (Marco et
al., 2010; Marco et al., in press). O sucesso destas posturas e a própria sobrevivência da
colónia é fortemente afectado pela captura ilegal nas praias de nidificação (Schleich, H.
1979; López-Jurado & Andreu 1997; Cabrera et al., 2000; López-Jurado et al., 2000b;
Fretey, 2001; López-Jurado, 2007; Loureiro & Torrão, 2008), e tal facto, contribuiu para
a redução de cerca de 37% das fêmeas reprodutoras em 2007 (Marco et al., 2008).
4
Estes animais circulam no sistema de correntes do Atlântico Norte até a
maturidade, altura em que regressam às costas natais, situados dentro das latitudes
tropicais (López - Jurado et al., 1999 it in Conceição, 2009; Neves, 2009). Os adultos da
população de tartarugas marinhas C. caretta de Cabo Verde deslocam-se para a Costa
Ocidental Africana até as águas costeiras desses países, ricas em alimento e nutrientes.
Depois de uma permanência de dois a três anos regressam a Cabo Verde para completar
mais um ciclo reprodutivo.
Cabo Verde possui a terceira população mundial de tartaruga comum (SWOT,
2005 cit in Conceição, 2009; Neves, 2009), daí a necessidade de trabalhar arduamente
no âmbito de preservar essa espécie animal catalogada como ―em perigo crítico de
extinção‖ pelos últimos relatórios do seu estado de conservação (NOAA, US Fish and
Wildlife Service). Organizações não Governamentais (ONG) e instituições nacionais
têm realizado projectos de preservação e conservação de tartarugas marinhas. Por
exemplo, o «Projecto Cabo Verde Natura 2000», na ilha da Boa Vista, desde 1997, e o
INDP (Instituto Nacional para o Desenvolvimento das Pescas), em algumas ilhas do
grupo de Barlavento, desde 2006, através do Programa de Protecção e Conservação do
Ambiente, programa de investigação e conservação da biodiversidade marinha. Contudo
as tartarugas marinhas vêm sendo alvo de consumo desenfreado ao longo de décadas no
país, sendo a carne, os ovos e o pénis, muito apreciados. Foi estabelecido desde 1987
um Decreto-lei que proíbe a captura dessa espécie nas épocas de desova e mais tarde foi
aprovado o Decreto Regulamentar n.º 7/2002 de 30 de Dezembro, que estabelece a
protecção total desse grupo de espécies, proibindo a sua captura ao longo do ano.
O presente estudo justifica-se porque, até então, poucos eram os trabalhos intensivos
sobre as tartarugas desovantes em Porto Ferreira (ilha da Boavista), que estimasse a
abundância de ninhos. O primeiro estudo intensivo realizado nessa área foi no ano 2009,
onde os resultados revelaram um número significativo da ocorrência da espécie nessa
área logo esse estudo será uma contribuição para conhecer a abundância de ninhos da
tartaruga C. caretta nessa área da ilha da Boavista. Os resultados do ano 2009 (não
publicados) também mostraram um grande número de ninhos de C. caretta predados
pelo caranguejo fantasma (Ocypode cursor) e alguns ninhos erodidos pela maré, motivo
esse que justifica a construção de um viveiro com o objectivo de diminuir a mortalidade
pelas causas citadas acima
5
1.1 Caracterização Geral das Tartarugas Marinhas de Cabo Verde
Segundo L. Jurado (1999) no arquipélago de Cabo Verde ocorre apenas cinco das
sete espécies de tartarugas marinhas existentes actualmente:
Chelonia mydas: encontrada, principalmente, em costas rochosas e são
observados com maior frequência juvenis na ilha da Boavista e, pontualmente,
nas ilhas do Maio, Sal, São Vicente e Santiago;
Eretmochelys imbricata: os juvenis localizam-se na ilha do Maio e da Boavista,
principalmente nas formações coralinas à norte das ilhas;
Dermochelys coriácea: não é muito frequente nas águas de Cabo Verde,
contudo, já se observaram indivíduos nas ilhas da Boavista e Santa Luzia;
Lepidochelys olivacea: as observações dessa espécie limitam-se a espécimes
mortos ou doentes nas praias da Boavista e Sal;
Caretta caretta: é a espécie mais abundante, principalmente na ilha da Boavista
Maio e sal, onde se observa a maior população de fêmeas nidificando, sobretudo
na ilha de Boavista, onde se concentra 90% dos registos (Marco et al. 2010,
Varo, 2004 cit in Abu-Raya,), e sendo estas as ilhas com as maiores praias
arenosas do país (AnexoI).
1.2. Descrição do Processo de Nidificação de Caretta caretta
A reprodução é um processo sazonal e complexo, que envolve frequentemente
longas migrações das áreas de alimentação para as áreas de acasalamento (Miller, 1997
cit in Abu-Raya, 2004). Desovam durante a noite, depois da escolha do local isento de
perturbações humanas, por exemplo, luzes na praia. A incubação dos ovos depende de
certos factores físicos e químicos como a temperatura, a humidade e a salinidade. A
altos valores de humidade os ninhos morrem. Outro factor determinante na biologia das
tartarugas marinhas é a temperatura de incubação, já que são animais que apresentam
determinação sexual por temperatura. Condições ideais de incubação são: a temperatura
entre 26 a 32ºC, humidade em torno de 25% e salinidade inferior a 25 (Abella, 2010).
6
1.3. Algumas ameaças para o sucesso de emergência das crias de Tartarugas
Marinhas
Segundo Mortimer, 1979 cit in Abu-raya, 2004, estas ameaças podem ser agrupadas
em ameaças naturais, bióticas e abióticas, e ameaças antropogénicas.
Ameaças naturais abióticos:
Erosão e inundação pela maré: Ninhos depositados em praias podem ser destruídos
pela erosão. Muitas tartarugas depositam seus ovos abaixo da linha de maré-alta, com
isso, estão em áreas vulneráveis à inundação pela maré.
Ameaças naturais bióticas:
Vegetação: É a menor causa de mortalidade natural, raízes de plantas podem invadir os
ninhos das tartarugas causando destruição. Também as tartarugas podem prender-se na
vegetação, as crias recém-nascidas podem ficar emaranhados e ainda as fêmeas
desovantes podem ficar fatalmente presas na vegetação da praia.
Predação: Por exemplo, caranguejo fantasma (Ocypode cursor) é um dos maiores
predadores naturais de ovos e de crias de tartarugas em todo o mundo. Habitando em
praias com densidades muito elevadas escava no substrato de areia e alcança os ovos de
tartarugas com facilidade. Da mesma forma alimenta-se das crias recém-nascidas dentro
do próprio ninho, e durante a sua caminhada para o mar. As aves também se alimentam
das crias recém-nascidas quando estes se dirigem para o mar, como por exemplo as
fragatas, as gaivotas, as garças, os corvos e outras espécies que aproveitam a
vulnerabilidade das tartarugas nesta fase da sua vida.
No mar é desconhecido até que ponto as espécies de peixes consomem as crias e os
juvenis, aproveitando o momento em que estes entram no mar depois de saírem do
ninho. Também alguns mamíferos terrestres são predadores de crias e de ovos, dado ao
carácter oportunista e da facilidade em que podem capturar esta espécie nesta fase da
sua vida, podendo inclusivo escavar os ninhos, (como por exemplo gato) como simples
predador ocasional.
7
Ameaças antropogénicas:
O Homem é um dos principais predadores de tartarugas marinhas em todo o mundo.
Para além da captura das tartarugas para o consumo da carne e da recolha dos ovos, o
aumento da presença do homem nas praias de nidificação pode também causar a
interrupção das fêmeas desovantes, em qualquer estágio do processo de desova. Estes
distúrbios podem fazer com que a fêmea abandone a praia, atrase a postura dos ovos e
seleccione uma área não muito propícia para a desova.
Erosão das praias: A interferência humana na apanha da areia das praias provoca a
erosão das mesmas fazendo com que as tartarugas procurem outras áreas para desovar e
que muitas vezes não são as melhores.
Iluminação artificial: Luzes artificiais de prédios, veículos, ruas e outros podem causar
a desorientação dos juvenis, pois estes guiam-se pela claridade para chegar até o mar. O
resultado disso é geralmente fatal, fazendo-os caminhar para o lado oposto do mar.
Poluição: A poluição das águas por elementos orgânicos e inorgânicos interfere na
locomoção e alimentação e prejudica o ciclo de vida desses animais, desde a praia de
nascença até o mar (Figura1).
Figura 1: Exemplo de uma praia completamente poluída.
(Foto: J. Neves)
8
2. Objectivos:
2.1 Objectivos gerais
Estudar a abundância de ninhos em Porto Ferreira;
Construção de um viveiro de ninhos para estudar a possível diminuição a
mortalidade dos ninhos;
Conhecer o sucesso de emergência dos ninhos naturais das praias de Porto
Ferreira e conhecer as principais ameaças durante a sua incubação.
2.2 Objectivos específicos
Estudar o sucesso de emergência de ninhos em Porto Ferreira, para identificar
qual a contribuição das praias para o nascimento de crias e também identificar as
características biométricas das crias e o tempo de incubação;
Identificar as causas de mortalidade dos ovos e crias de C. caretta;
Estudar a temperatura do substrato e de incubação dos ninhos no viveiro e in
natura para estimar a proporção de fêmeas e machos das crias;
Fazer um estudo comparativo do sucesso de emergência in natura e no viveiro;
Identificar o sucesso de emergência no viveiro.
3. Materiais e Métodos
3.1. Área de estudo
O presente estudo foi realizado no âmbito do Projecto «NATURA 2000», que
decorreu durante os meses de Julho à Outubro de 2010, em Porto Ferreira, situado á
Este da ilha da Boavista.
A ilha da Boavista, esta localizada a Este do arquipélago de Cabo Verde (Figura
2) (14º50' - 17º20'N, 22º40' - 25º30'W), integra o grupo de ilhas do Barlavento, e é a mais
próxima (560 km) do Senegal, na costa Ocidental africana (Bravo de Laguna
9
1985). Com uma população de 9.162 habitantes (INE, 2010), concentrada
principalmente na região Oeste, é a terceira maior ilha em extensão, após as de Santiago e
Santo Antão. Apresenta 622 km2 de superfície, com uma morfologia plana, atingindo o
máximo de 387 metros de altitude no Monte Estância. É a ilha com maior diversidade
biológica marinha de Cabo Verde (MAAP, 2004), devido a sua extensa plataforma
continental e tem, por isso, uma função crucial no acasalamento e reprodução da baleia
preta (Megaptera novaeangliae) (Hazevoet e Wenzel, 2000). É igualmente uma
reconhecida zona de alimentação para juvenis de tartarugas-verde (Chelonia mydas) e
tartaruga-de-escamas-levantadas (Eretmochelys imbricata) (López-Jurado et al., 2000a).
Os seus fundos coralinos ricos em plâncton e pequenos pelágicos (Marques, 1997)
proporcionam actividade pesqueira importante (INDP, 1995), graças à concentração de
espécies como as das famílias Scombridae, Epinephelidae e Carangidae, e de lagostas
(Paniluridae e Palinuridae). Em termos económicos é uma zona importante para a
economia nacional, nomeadamente pelo grande crescimento nas actividades hoteleiras
(Freitas et al., 2009). É ainda uma zona de grande concentração de aves migratórias e
residentes (Hazevoet, 1996; Barone, 2000; Hidrocarpo, 2006), sendo a única zona
conhecida de nidificação da fragata (Fregata magnificens) no continente africano
(Hazevoet, 1995).
A zona litoral da ilha é predominantemente constituída por grandes praias arenosas
de natureza calcária, com extensos cordões dunares apreciáveis desde qualquer ponto ao
longo da zona costeira (DGMP, 1998).
10
Figura 2: Mapa da ilha da Boavista.
3.2. Caracterização das praias de estudo onde foram marcados ninhos
Tabela 1: Caracterização das Praias de estudo (anexo II)
Praias do Sul
Longitude (metro)
Bufador
Inclinada
Energia das Ondas: fortes
Largura: Estreita
 Substrato predominante: areia com fundo de
argila
Outros: tem dunas com vegetação
667
*Mosquito
Pouco inclinada
Energia ondas: muito baixa
Largura: Estreita
Substrato predominante: areia
 Outros: algumas dunas com vegetação e
rocha. Ribeira divide a praia no meio
382
11
Nho Martin
Pouca inclinação
Energia das ondas: muito baixa
Largura: estreita
Substrato predominante: areia
 Outros: dunas com vegetação
Praias do Note
525
Longitude (metro)
*Flor
Inclinada
Energia das ondas: forte
Largura: pouco larga
Substrato predominante: arena
 Outros: há pequenas dunas com pouca
vegetação
286
Figura
Inclinada
Energia das ondas: não muito fortes
Largura : muito larga
Substrato predominante: arena
 Outros: há muitas dunas com vegetação
684
Simon Nhô Narda
Inclinada
Energia das ondas: não muito fortes
Largura: muito larga
Substrato predominante: areia
 Outros: há muitas dunas com vegetação.
914
3.3. Contagem de rastros e ninhos
Antes de iniciar o estudo, foi feita uma prospecção as praias de estudo para
apagar todos os rastros dos dias anteriores (AnexoI).
As prospecções eram feitas a todas as praias de estudo as 5h e 30mn da manhã
registando os rastros e os ninhos das tartarugas que subiam as praias cada noite, numa
ficha de prospecção de rastros (Anexo III). Ao registar o rastro na respectiva ficha este
era apagado traçando um zig-zag com os pés sobre o rastro evitando a sua
contabilização na manhã seguinte (Anexo III).
12
Para a análise dos dados foi feita uma contagem total dos rastros e ninhos por
praia, de seguida esquematizados em gráficos.
3.4. Construção do viveiro
No início da temporada foi construído um viveiro (Figura 3) na praia de Figura,
situada a Norte de Porto Ferreira. Depois de seleccionado o local para a sua construção,
este foi construído com a ajuda de pedras e folhas de palmeira, tendo 10m de largura e
15m de comprimento na praia de Figura.
Figura 3. Viveiro de C. caretta na praia de Figura, ilha de Boavista, construida no inicio da
temporada de 2010.
3.5. Translocação de ninhos para o viveiro e marcação dos mesmos
A translocação de ninhos ao viveiro era realizada sempre a noite. Eram
translocados ninhos apanhados e contados durante a desova e, no caso de encontrar um
ninho novo esse era desenterrado contados e translocado para o viveiro. O tempo de
percurso da praia de origem até serem enterrados novamente no viveiro era no máximo
de 30 minutos. Ao chegar no viveiro (Figura 3) os ovos eram contados novamente e
depois fazia-se um buraco com uma profundidade equivalente ao natural e colocava-se
13
os ovos dentro do buraco, posteriormente era tapado com a areia húmida extraída do
mesmo buraco, procedendo assim com a marcação do ninho com o seu número e a
colocação de uma rede, depois abria-se uma ficha com os dados do ninho (Anexo III).
Figura 4. Ninhos de C. caretta translocados para o viveiro
3.6. Marcação de ninhos in natura
Entre Julho e Agosto de 2010 procedeu-se a marcação dos ninhos, estes foram
marcados tanto a noite como de manhã.
Se os ninhos fossem encontrados durante a noite, a contagem dos ovos era feita
directamente, ou seja, no momento da desova com a ajuda de luvas látex e com a mão
por baixo da cloaca da fêmea para diminuir o erro de contagem. Na falta de luvas as
mãos tinham que estar limpas (sem qualquer resto de creme ou anti-mosquitos ou
qualquer outro químico que pudesse colocar em causa a incubação dos ovos). De
seguida prosseguia-se com a medição da profundidade do ninho, com uma estaca de
madeira vertical e outra horizontal para reduzir erros com o nível da superfície da areia.
Depois de tapado era marcado com uma estaca de madeira com o seu devido número á
20 cm dos ovos por de trás do ninho em relação a mar (Cruz et al., 2006).
Se os ninhos fossem encontrados de manhã estes eram identificados,
desenterrados e fazia-se a contagem dos ovos, procedimento esse que era feita com
14
muita cautela para evitar a rotação dos ovos e consequentemente a morte do embrião,
por não se saber o tempo exacto de incubação do ninho (Abella et al. 2007). Depois
eram enterrados e marcados com uma estaca de madeira com o número correspondente,
também à 20 cm dos ovos (Cruz et al., 2006). De seguida abria-se uma ficha de
seguimento de ninho (Anexo III) para cada ninho marcado.
3.7. Seguimento dos ninhos in natura e no viveiro e Colocação de redes nos
mesmos
Todos os ninhos marcados (tanto em praia como em viveiro) eram
monitorizados diariamente, com uma maior atenção quando completavam 45 dias de
incubação para o controlo das eclosões (Haya et al., 1992), registando os dados na
respectiva ficha (Anexo III). No caso dos ninhos in natura, também eram identificado o
número de buracos de caranguejo 50 cm ao redor do ninho. Estes eram tapados depois
de contados e registados na respectiva ficha (Anexo III).
Aos 45 dias de incubação procedia-se à colocação de redes nos ninhos para
facilitar a contagem das crias no dia das eclosões. Antes da colocação da rede o ninho
era desenterrado para a localização correcta dos ovos e também para determinar a área
do ninho evitando uma má colocação da rede e consequentemente a fuga de crias
(Figura5).
15
Figura 5. Localização, recolha e contagem de ovos de C. caretta (A, B e C); Medição da
profundidade do ninho, recolocação dos ovos no ninho e marcação do ninho (D, E e F);
colocação de redes nos ninhos (G e H).
3.8. Colocação de termómetros nos ninhos e no substrato
Para realizar o estudo da temperatura de incubação, de eclosão e do substrato do
ninho, foram colocados 5 termómetros (Figura 6). Durante a contagem dos ovos, o
termómetro era colocado entre a primeira e segunda metade dos ovos depois de registar o
número de ovos. Quando colocado a primeira metade media-se a profundidade do ninho
para ver a posição do termómetro, procedendo assim com a colocação da outra
16
metade dos ovos dentro do ninho. Depois marcava-se o ninho com uma estaca de
madeira com o devido número e o do termómetro. À 0.5m de distância do ninho
escavava-se um buraco com uma profundidade equivalente a profundidade do
termómetro dentro do ninho, nesse buraco era colocado um segundo termómetro na
areia a mesma profundidade do termómetro dentro do ninho. É de realçar que os
termómetros eram presos à estacas de madeira com um fio de linha depois de colocado
no ninho ou no substrato e antes de serem enterradas tirava-se o código de cada um dos
termómetros para a sua respectiva identificação. Os termómetros foram retirados do
ninho e do substrato no dia da eclosão massiva.
.
Figura 6. Recolha de dados de termómetro para a medição da temperatura dos ninhos (A);
Termómetro dentro do ninho de C. caretta (B) e Medição da temperatura do substrato (C).
3.9. Recolha de dados Biométricos das crias de C. caretta
No dia das eclosões eram retiradas aleatoriamente 10 crias de cada ninho para a
recolha das medidas rectas de comprimento e largura, com o auxílio de um paquímetro
digital (manual) e peso uma balança de precisão (Cruz et al., 2006). Depois de medidas e
pesadas, as crias eram colocadas na areia à uma distância do mar equivalente a um
ninho natural para se dirigirem ao mar de forma ―natural‖ (Abella, 2006) (Figura 7).
17
Figura 7. Crias de C. caretta recém eclodidos (A); Medição do comprimento recto da carapaça
(B); Medição da largura recta da carapaça (C); Pesagem das crias de C. caretta (D); crias de C.
careta caminhando em direcção ao mar (E).
3.10. Abertura dos ninhos
Após os 5 a 10 dia da primeira emergência procedia-se com a abertura dos
ninhos. No caso dos ninhos que não eclodiram a abertura foi feita aos 60 dias de
incubação. Mas no caso das que eclodiram, se o número de crias não correspondesse ao
número inicial de ovos procedia-se com a escavação do ninho com precaução quando
eram encontradas crias vivas dentro do ninho no princípio da escavação, tapa-se o ninho
18
permitindo a saída natural das crias do interior do ninho (Abella, 2006). Ao escavar o
ninho, os ovos sem eclodir eram abertos para ver o estágio de desenvolvimento
embrionário em que encontrava o embrião (Figura 8), segundo a tabela de classificação
de Muller, 1982 (Anexo IV).
Figura 8. Abertura de ninhos de C. caretta depois da eclosão (A); Embrião de C. caretta morto
(B).
3.11. Comparações Estatísticas
No tratamento estatístico dos dados pretendeu-se testar a existência de
diferenças significativas entre os ninhos em função das biometrias das tartarugas: Peso
(g), LRC (mm) - comprimento recto e ACR (mm) - largura recto. Quando se
verificaram as condições de aplicação dos testes paramétricos, utilizou-se a análise de
variância, ANOVA, seguida do teste de Tukey quando se observaram diferenças
significativas. As diferenças significativas foram estabelecidas para um nível de
significância de 5% ( = 0,05).
Assim temos a Hipótese nula: Ho: 1=2=3=n e a Hipótese alternativa: Ha: médias
não são todas iguais. Do ponto de vista do resultado prático do teste devemos não
Rejeitar Ho, se o efeito não existe, as variações observadas são resultado da variação
natural da variável resposta ou Rejeitar Ho, Factor afecta a variável resposta, ou seja,
quando o p-value calculado é menor que o nível de significância alfa=0,05, deve-se
rejeitar a hipótese nula H0 em favor da hipótese alternativa Ha.
Efectuou-se ainda análises de correlação, recorrendo ao coeficiente de Pearson,
para testar o grau de associação entre os ninhos, para perceber em que medida estes
factores (Peso, LRC, ACR) poderiam variar conjuntamente ( = 0,05).
19
Para estudar padrões gerais de distribuição espacial dos ninhos efectuou-se uma
análise de componentes principais (PCA). Foi utilizado o aplicativo XLStat 2009.3.02
complemento do MSExcel.
4. Resultados
4.1. Rastros e Ninhos
Tabela 2: Número de ratros e ninhos por praias
Praias
Total rastros
Total de ninhos
Simom Nhô Narda
225
104
Figura
227
74
Flor
338
108
Bufador
148
5269
Pecamos
264
283
Nhô Martin
696
185
Praiona
543
123
Carreto
528
64
Praia do Roque
307
1062
Total
3276
Figura 9. Número de rastros e ninhos da tartaruga C. caretta por praia na zona este de Boavista
em 2010.
20
4000
3500
3000
2500
2000
Total rastros
1500
Total ninhos
1000
500
0
Julho
Agosto
Setembro
Outubro
Total
Figura 10 . Número de rastros da tartaruga C. caretta, distribuídos pelas praias à Este da ilha da
Boavista, durante os meses de Julho a Outubro de 2010.
4.2. Marcação, Translocação e Seguimento de ninhos in natura e em viveiro
Dos 1062 ninhos registados, 105 foram marcados e seguidos. Destes, 40 foram
translocados para o viveiro, 32 permaneceram em Nhô Martim, 3 em Mosquito, 3 em
Bufador, 10 em Flor, 5 em Figura e 12 em Simon Nhô Narda.
Dos ninhos marcados nas praias 15% foram levados pela maré viva e 57% foram
completamente predados por caranguejofantasma (Ocypode cursor). Quanto a mortalidade,
as praias representam maior percentagem (88%) e o viveiro com 30% aproximadamente. A
taxa de eclosão nas praias é de aproximadamente 12% e no viveiro é de aproximadamente
70% (Figura 11). O tempo de incubação em praias é em média 55 dias e no viveiro é de 51
dias.
21
Figura 11: Ninho cavado pela maré viva (A); Ninho predado por caranguejo (Ocypode cursor
(B); Cria de C. caretta predada por caranguejo (Ocypode cursor) (C).
Figura 12. Taxa de mortalidade e eclosão no in natura e no viveiro.
4.3. Biometria das crias
O peso máximo em Nhô Martim (n=12) e em Simon-Nhô-Narda (n=2) foi de
19.8g e no viveiro (n=38) foi de 22.5g. O comprimento máximo (LRC) em Nhô Martim e
em Simon-Nhô- Narda foi de 46 cm em ambos e no viveiro 49.87cm, e a largura
máxima (ARC) foi de 37.53 em Nhô Martim e Simon Nhô. O peso (W), o comprimento
mínimo e a largura mínima em Nhô Martim e Simon Nhô Narda foi de respectivamente
12.5g, 36.4mm e 29.98mm e no viveiro foi de 10.4g, 28.36 e 17.8 mm. Quanto as
médias, em Nhô Martim, Simon-Nhô-Narda e no viveiro, o peso foi de 16.3g, 17.21g e
17.47g. O comprimento médio foi de 42.92, 42.8 e 42.79mm e a largura média foi de
33.77,33.05 e 32.71mm. os máximos, mínimos e medias em Flor foram menores que
nas outras praias e no viveiro (Tabela 3).
22
Tabela 3. Pesos (W), Comprimentos (LCR) e largura (ARC) máximos, mínimos e médios dos
nados vivos da tartaruga C. caretta, nas praias da zona este de Boavista, na época reprodutiva do
ano 2010.
Máximo
Mínimo
Média
Praias
W (g)
LCR
(mm)
ARC
(mm)
W (g)
LCR
(mm)
ARC
(mm)
W (g)
LCR
(mm)
ARC
(mm)
Simon Nhô
narda
Nhô Martim
Flor
Viveiro
19,8
19,8
16,7
22,5
46
46
42,33
49,87
37,53
37,53
34,02
39,85
12,5
12,5
15
10,4
36,4
36,4
40,83
28,36
29,98
29,98
32,16
17,8
16,63
17,21
15,7
17,47
42,92
42,80
41,64
42,79
33,77
33,04
33,05
32,71
Do ponto de vista na ANOVA (F-Fisher; graus liberdade; p value) os resultados
foram considerados extremamente significativos (existe diferença) para todos os
tratamentos/ninhos para Peso (F = 27,16 - 52;477 pvalue < 0,0001), LRC (F = 10,61 52;477 pvalue < 0,0001) e ACR (F = 7,31 - 52;477 pvalue < 0,0001).
A análise de componentes principais é uma técnica estatística multivariada poderosa que
pode ser utilizada para redução do número de variáveis/parâmetros e fornecer uma visão
estatisticamente privilegiada do conjunto de dados, ou seja, é uma ferramenta adequadas
para identificar as variáveis mais importantes no espaço das componentes principais
(Jolliffe, 2002). Na figura 13 utilizou-se a média dos três parâmetros biométricos em
função dos ninhos e produziu-se uma Análise de Componentes
Principais (ACP) sendo os 2 primeiros componentes e explicarem 93% do sistema.
23
Figura 13. Análise de Componentes Principais usando o Biplot com vectores dos parâmetros e
o posicionamento dos ninhos na ACP.
4.4 Temperatura dos ninhos e do substrato dos ninhos
A temperatura média registada pelos termómetros foi de 30ºC (Tabela 4). No
viveiro e nas praias de Figura e Nhô Martim registaram uma temperatura média dentro
do ninho de 27 e 34ºC e no substrato de 26 e 31ºC (Figura 11). A temperatura média no
viveiro foi de 31ºC (termómetro dentro do ninho), em Nhô Martim de 30ºC e Figura
31ºC.
Tabela 4. Temperatura média registada nos ninhos de C. caretta das Praias de Nhô Martim,
Figura e no viveiro.
Localização
Nhô Martim
Figura
Viveiro
Total
Termometro 987369 848128* 979615
281379 272864* 990608
6
TºC Média
30
29
30
29
29
31
30
Amplitude [28.33] [28.31] [25.34] [2632] [24.30] [2735] [24.34] *Termómetros
controlo nos ninhos 1 e 3.
24
A
B
C
25
D
Figura 14. Registo da temperatura ninho *J1 e termómetro colocado no substrato (A) na praia
de Nhô Martim, ninho J2 (B) Nhô Martim, ninho J3 e termómetro colocado no substrato (C) e
ninho *H38 (D).
4.5 Abertura dos ninhos
Os ninhos do viveiro, e os ninhos in natura foram abertos para observar as fases de
mortalidade dos embriões. Registou-se maior percentagem de mortalidade tanto no viveiro
como in natura foi nas fases SEV (sem embrião visível) (Figura 12), e o DV (duvidoso) de
seguida o estágio 1 e 5 e menores percentagens nos estágios 2,3, 4, 6 e 7 (Anexo IV).
*J-ninhos marcados nas paraias
*H- ninhos marcados no viveiro
26
Figura 15. Percentagem por fases de mortalidade dos nados vivos da tartatura C. caretta, nas
praias da zona Este de Boavista: SEV - sem embrião visível. Consultar anexo para ver
significado de números.
Figura 16. Percentagem por fases de mortalidade dos nados vivos da tartatura C. caretta, nas
praias da zona Este de Boavista, na época: SEV - sem embrião visível; DV - Duvidoso;
Consultar anexo para ver significado de números.
27
5. Discussão
Segundo (Marco et al., 2010) a ilha da Boavista é uma das maiores colónias de
tartaruga comum do Mundo e representa mais de 90% de toda a nidificação do
arquipélago.
Foram contabilizados 3276 rastros e 1062 ninhos nas praias a Este da ilha da
Boavista. O número de ninhos foi muito reduzido em relação ao número de rastros,
representando menos de 55% dos rastros contabilizados. Segundo Miller (1997 cit in
Abu - Raya (2004), isso pode ser explicado pela dificuldade que as fêmeas de C.
caretta têm por vezes para encontrar o substrato ideal para a desova e por vezes não
encontram esse local adequado voltando para o mar e retornando a mesma praia a
mesma noite ou na noite seguinte.
A praia com maior número de ninhos e rastros registados foi a de Nhô Martin,
seguido de Praiona, Carreto, Simon Nhô Narda, Flor, Figura, Mosquito, Praia do
Roque e por fim a praia de Bufador.
A baixa taxa de nidificação está relacionada com algumas características físicas
das praias. Segundo Mortimer (1990), uma praia deve ser acessível a partir do mar,
deve ser alta para prevenir a inundação, o substrato deve facilitar a difusão de gás e
ser húmida e fino para prevenir o colapso das câmaras de ovos durante a sua
construção. Carreto, Nhô Martin, Praiona, são as praias que apresentaram todas
estas características em comum durante toda a temporada, isto é, oferecem
condições adequadas para a desova e incubação de ovos de C.caretta. A praia de
Bufador mesmo sendo uma praia com boa inclinação, o substrato não é favorável,
visto que ela aparenta ser uma extensa praia de areia mas ao escavar um buraco até
os 20-25cm de profundidade ela é composta na sua maioria por argila e pedras, o
que explica a baixa taxa de nidificação na referida praia sendo a argila um substrato
duro o que dificulta a construção das câmaras de ovos como também não facilita a
difusão de gases. A praia do Roque é constituída maioritariamente por pedras e
rochas o que dificulta o acesso a praia e a construção das câmaras de ovos. Mosquito é
uma praia que no princípio da temporada é completamente de areia mas na segunda
metade da temporada ela é uma praia completamente rochosa dificultando assim o
seu acesso pelas fêmeas C. caretta. Simon-Nhô-Narda e Figura são duas praias com
muitas similaridades apresentando uma inclinação muito baixa inundando
parcialmente na época da maré viva. É de realçar que o lixo inorgânico é
28
um problema para as nidificantes de C. caretta dificultando-as em encontrar o local
ideal para a construção da câmara de ovos, essa é uma característica apresentada por
todas as praias desta zona de Boavista.
Analisando os dados dos ninhos e rastros por mês pode-se verificar que o mês de
Agosto foi o mês com maior número de rastros e ninhos, seguido do mês de Julho,
Setembro e por fim o mês de Outubro com um número de rastros e ninhos muito
reduzido. Segundo Lopes-Jurado (1999) cit in Andrade (2008), o período de
reprodução da espécie é normalmente entre Julho e Outubro, com um pico no mês
de Agosto.
Pela análise de componentes principais (ACP), pode-se ver que os ninhos
H38, H21 e H8 forma com crias de maior peso e maior comprimento e estes dois
parâmetros estão fortemente correlacionados. As crias mais pequena e com menor
peso foram encontradas no ninho H31, as com maior largura foram encontradas nos
ninhos J34 e J37. Pode-se notar também que as variáveis LCR- comprimento recto
da carapaça e W- peso estão fortemente correlacionados.
O desenvolvimento embrionário dos ovos é condicionado por algumas
características do substrato. Uma delas é a temperatura mas não foi estimada porque à
falta de material, não foram recolhidos dados suficientes para obter resultados
significativos para a temperatura de incubação e eclosão dos ninhos de C. caretta.
No entanto é de salientar que estudos laboratoriais revelam que o processo de
incubação até a eclosão pode ser afectado por altas e baixas temperaturas, a troca
limitada de gás, humidade ou condições hídricas secas (MeGehee, 1990).
Pode-se ver que é importante a construção de um viveiro para a colocação da
maior parte dos ninhos com modo de conservação. Ao analisar os resultados
referentes a percentagem de eclosão e mortalidade in natura, visto que in natura,
houve uma taxa de mortalidade muito grande em relação ao viveiro assim como
uma baixa taxa de eclosão. Essa alta taxa de mortalidade teve como maior causa a
predação pelo caranguejo fantasma (Ocypode cursor), chegando à taxas de predação
de até 100% e a erosão devido a maré viva. A taxa de eclosão no viveiro foi
consideravelmente maior que in natura, o viveiro apresenta um sucesso de
aproximadamente 70% enquanto in natura a taxa de eclosão foi de
aproximadamente 12%. A construção de um viveiro é uma estratégia plausível para a
conservação mas o processo requer muita cautela, principalmente no caso da
translocação de ninhos com mais de 12 horas de incubação (Abella, 2010), exemplo
29
dos ninhos 1 e 6 que tiveram uma mortalidade de aproximadamente 95% por serem
manuseadas e transportados de forma errada. Em relação ao tempo de incubação o
viveiro apresentou tempo de incubação menor que in natura ao contrario de estudos
feito no viveiro de Benguinho em comparação com as praias de Ponta Cosme e
Ervatão por Abella ( 2010).
Dos ovos que não eclodiram a maioria não foram fertilizados ou o
desenvolvimento embrionário foi interrompido antes de aproximadamente 25 dias
de incubação tanto in natura como no viveiro. Dos ovos ainda viáveis após
aproximadamente 25 dias, o sucesso de incubação tende a ser de aproximadamente
92,2% (Foley et al, 2006), o que explica a menor percentagem de embriões mortos
nas últimas fases de desenvolvimento embrionário.
6. Conclusão e Recomendações
A ilha de Boavista é de grande importância para as tartarugas marinhas, por
apresentar extensas praias frequentadas pela tartaruga C. caretta, e ser uma zona de
alimentação de algumas espécies como a C. mydas e E. imbricata.
A zona Este de Boavista (Praia do Roque à Simon Nhô Narda) é uma das zona
mais importantes para a nidificação da espécie em estudo em Boavista. Por isso
recomenda-se uma patrulha reforçada para diminuir a captura da mesma espécie pelos
apanhadores.
O maior número de rastros e ninhos foi registado no de mês Agosto e na praia
de Nhô Martin. Pode-se concluir que as praias ao sul de Porto Ferreira são as que dão
maior contribuição para o recrutamento de crias na população de C. caretta.
A mortalidade dos ninhos é maioritariamente causada pela predação e pela
erosão. É de salientar que as redes colocadas nos ninhos não impedem a entrada de
caranguejos dentro dos mesmos.
Recomenda-se um estudo sobre o caranguejo fantasma (Ocypode cursor) e a taxa
de predação comparado com a sua densidade nas praias na zona de estudo.
A maior taxa de eclosão foi observado no viveiro, por isso recomenda-se a
construção de um viveiro em campanhas futuras para a translocação da maior parte de
ninhos das praias ao Este de Boavista como modo de conservação da tartaruga marinha
C. caretta.
30
Também recomenda-se que a translocação dos ninhos seja feita durante a noite
logo após a desova porque translocar ninhos após 12 hora de incubação é um risco,
visto que o embrião já está no pólo animal e qualquer movimento brusco pode
desprende-lo da membrana e consequentemente causar a morte do embrião, ou seja é
uma fase de grande vulnerabilidade dos ovos.
O tempo de incubação in natura foi maior que no viveiro.
Ainda recomenda-se um estudo da temperatura de incubação no viveiro, para ver
se há maior probabilidade de nascer fêmeas ou machos e se essa temperatura causa
algum efeito significativo no tempo de incubação dos ovos.
Quanto aos ovos não eclodidos a maior mortalidade foi observada no estágio em
que o embrião é ainda invisível (a olho nú).
31
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36
8. Anexo
37
Anexo I
Classificação taxonómica da tartaruga comum
De acordo com a classificação moderna, seguindo Bowen et al. (1993) e Pritchard
(1997), a tartaruga comum é classificada da seguinte forma:
•
Reino - Animalia
•
Filo - Chordata
•
Classe - Reptilia
•
Ordem - Testudines
•
Subordem - Cryptodira
• Família - CheloniidaeTribo - CarettiniGénero - Caretta
• Espécie: Caretta caretta (Linnaeus, 1758)
Figura 1: Tartaruga comum adulta
Figura 2: Rastro de C. caretta com ninho.
38
Anexo III
39
Anexo II
A
B
C
Foto: J. Neves
D
Foto: D. Funko
*Figura 3: Algumas das praias de estudo, A- Simom-Nhô-Narda; B-Figura; C-NhôMartim e C-Bufador
*Não foi possivel obter imagens da Praia de flor e Mosquito
40
Anexo IV
Tabela 1: Classificação Embrionaria para a abertura de ninhos segundo Miller, 1982
Duvidoso
Sem embrião visivel
Estágio 1
Estado de decomposição não permite distinguir se
há ou não embrião
Não é possivel diferenciar o embrião
Presença do polo animal
Embrião de pequeño tamaño, sem pigmentar e sem
glóbulos oculares
Estágio 2
Embrião sem pigmentar, presença da cabeça e
globulos oculares
Estágio 3
Embrião não pigmentado, com olhos bem
diferenciados, barbatanas anteriores e posteriores
diferenciados
Estágio 4
Presença de barbatanas e carapaça. Pigmentação
muito débil
Estágio 5
Embrião com pigmentação clara na carapaça e nas
barbatanas
Estágio 6
Embrião com pigmentação intensa na carapaça e nas
barbatanas
Estágio 7
Vitelo maior que embrião: pigmentada excepto nas
axilas e no pescoço
Estágio 8
Vitelo=embrião
Estágio 9
Vitelo menor que embrião: morfología e pimentação
de recém nascido
Viva/Morta eclosionando
Viva/Morta dentro do ninho
Embrião saindo do ovo
Embrião saído do ovo que se encontra dentro do
ninho
41
Figura 4: Embriões de C. caretta em diferentes estágios de desenvolvimiento incluindo
um albino.
(Fotos: J. Neves)
Figura 5: Cria de C. caretta com o lado direito da carapaça deformada
(Foto: J. Neves)
42

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