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PORTUGUÊS E REDAÇÃO www.carlosluzardo.com.br [email protected] facebook.com/cluzardo1 51 9955.7502 twitter.com/carlosluzardo Virtual EXTENSIVO 11 Interpretação de textos PUCRS “Se não puder convencê-los, confunda-os.” Harry Truman, 33.º presidente americano. Universidades 3) IMED, UNIFRA, FAG 4) PEQUENO PRÍNCIPE, PUC-PR, PUC-MG Universal 2) ULBRA, UCS, UPF, UNISC, ACAFE Tradicionais 1) UFRGS, PUC, ENEM, UFSC ›› Relevância: Altíssima ›› Foco: PUC e tradicionais Módulo 11 Texto 01 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 Observe-se uma cidade brasileira. Nela, há um nítido movimento rotineiro. Do trabalho para casa, da casa para o trabalho. A casa e a rua interagem e se completam num ciclo que é cumprido diariamente por homens e mulheres, velhos e crianças. Pelos que ganham razoavelmente e até mesmo pelos que ganham muito bem. Uns fazem o percurso casa-ruacasa a pé; outros seguem de bicicleta. Muitos andam de trens, ônibus e automóveis, mas todos fazem e refazem essa viagem que constitui, de certo modo, o esqueleto da nossa rotina diária. Há uma divisão clara entre dois espaços sociais fundamentais que dividem a vida social brasileira: o mundo da casa e o mundo da rua - onde estão, teoricamente, o trabalho, o movimento, a surpresa e a tentação. É claro que a rua serve também como espaço típico do lazer. Mas ela, como conceito inclusivo e básico da vida social - como “rua”-, é o lugar do movimento, em contraste com a calma e a tranqüilidade da casa, o lar e a morada. 01) O convite feito pelo autor no início do texto é para que o leitor, ao observar a realidade focalizada, se dê conta, principalmente, a) do ritmo estressante da vida moderna b) da convivência democrática entre os cidadãos nas ruas brasileiras c) dos problemas gerados pelo trânsito congestionado nas grandes cidades d) da separação existente entre o espaço público e o espaço privado em nossa sociedade e) do quanto o homem urbano anseia por calma e ansiedade III. A palavra “típico” (linha 10) significa “único”. IV. A palavra “rua” encontra-se entre aspas na linha 11 por ter sido empregada com sentido irônico. Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa a) I e II b) II e III c) I, II e IV 04) A idéia de progressão do menos para o mais genérico pode ser depreendida dos elementos enumerados em a) b) c) d) homens - mulheres - velhos - crianças (linha 3) uns - outros - muitos - todos (linhas 4-5-6) bicicleta - trens - ônibus - automóveis (linha 5) trabalho - movimento - surpresa - tentação (linha 9) e) casa - lar - morada (linha 12) 02) No texto, o autor caracteriza a .............. como ................. . a) cidade - local desordenado e inseguro b) rotina - espelho da segregação entre ricos e pobres c) vida social brasileira - dividida entre os que trabalham e os que nada fazem d) casa - lugar da rotina e do lazer e) rua - espaço por excelência do lazer e do trabalho 05) A expressão que NÃO se refere ao mesmo fato no texto é 03) Analise as afirmativas I. II. d) I, III e IV e) I, II, III e IV A palavra “esqueleto” (linha 6) foi utilizada com sentido metafórico. As palavras “fundamentais” (linha 7) e “básico” (linha 11) têm sentido equivalente no texto. 274 a) “um nítido movimento rotineiro” (linha 1) b) “um ciclo que é cumprido diariamente” (linhas 2-3) c) “o percurso casa-rua-casa” (linhas 4 e 5) d) “essa viagem” (linha 6) e) “o movimento” (linha 9) Interpretação de Textos PUCRS Texto 02 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 As esquinas são a expressão suprema do desencontro entre o Brasil e o Brasil, entre um povo e outro que habita este país. São o lugar onde o Brasil que não conhece o outro Brasil cruza com ele. E o Brasil que roda de automóvel, mora e come é confrontado com o outro, o Brasil a pé e que pede esmolas, vestido com aquele típico uniforme de brasileiro que inclui uma camiseta de propaganda - de político, de preferência - e sandálias havaianas. Esse confronto pode até tomar a forma aterrorizante de um assalto, mas não é preciso chegar-se a tanto. Basta o assalto da realidade que é o rosto de uma criança pedindo esmola ou vendendo alguma coisa colado à janela do carro, às vezes até um rosto gracioso, puxa, eles são capazes de fazer crianças iguais às nossas, só que sujas. Nas esquinas o Brasil se exprime e se reconhece no desencontro entre brasileiros e brasileiros, entre os sérvios e os croatas em que nos desdobramos e nos perdemos. 06) O texto trata, basicamente, da ........... no Brasil. a) violência urbana b) infância abandonada c) a distância entre pobres e ricos d) questão separatista e) insegurança da classe média 07) Segundo o autor, as esquinas representam, sobretudo, a) o cruzamento das raças que constituem a nossa nacionalidade b) o confronto inevitável com a miséria, cuja visão incomoda c) o espaço que neutraliza as diferenças entre os brasileiros d) a ameaça constante da violência que aterroriza e) a expressão única do conflito entre o Brasil real e o imaginário 08) A palavra “expressão” (linha 1) está empregada com sentido semelhante no texto e na alternativa a) A liberdade de expressão é pré-requisito no debate dos problemas sociais que nos afligem. b) Os motoristas que buzinam no sinal fechado constituem a expressão acabada da falta de civilidade no trânsito. c) A expressão cândida da criança desarmou o motorista que, contrariando seus princípios, passou-lhe alguns trocados. d) O jovem ambulante esforçava-se para ler a expressão estrangeira que encabeçava o folheto publicitário por ele distribuído. e) As fisionomias sem expressão dos assaltantes procurados pela polícia povoam as folhas policiais do jornal. 09) Haveria perda na força expressiva da frase com a substituição de a) b) c) d) e) “suprema” (linha 1) por “máxima” “roda” (linha 3) por “circula” “uniforme” (linha 4) por “fardamento” “assalto” (linha 7) por “choque” “colado” (linha 8) por “grudado” 10) Responder à questão considerando as afirmativas abaixo sobre a linguagem do texto. I. As expressões “entre o Brasil e o Brasil” (linha 1) e “entre brasileiros e brasileiros” (linha 10) ressaltam a diferença onde deveria existir igualdade. II. Ao apresentar “o Brasil que roda de automóvel, mora e come” (linha 3), o autor refere-se, de forma figurada, à totalidade da população brasileira. III. A expressão “aquele típico uniforme de brasileiro” (linha 4) dá a entender que o leitor já conhece a realidade descrita. IV. A expressão “Esse confronto”, no início do segundo parágrafo, indica que o autor irá descrever uma idéia já apresentada no parágrafo anterior. 275 Qual está correta? a) I e II b) II e IV c) I, III e IV d) II, III e IV e) I, II, III e IV Módulo 11 11) A afirmativa INCORRETA sobre o trecho “puxa, eles são capazes de fazer crianças iguais às nossas, só que sujas” (linhas 8-9) é a) O autor reproduz literalmente a reflexão de um motorista ao ver o rosto gracioso da criança que pede esmolas. b) A expressão “puxa” é própria da linguagem oral e traduz a admiração do falante diante de um fato inesperado. c) A oposição entre “eles” e “nossas” reforça a idéia de distanciamento entre as realidades que se cruzam. d) A expressão “só que” introduz uma ressalva à semelhança entre as crianças comparadas. e) O recurso serve para evidenciar o distanciamento entre o autor, o leitor e o ponto de vista reproduzido. d) A insegurança nas grandes cidades brasileiras faz mais vítimas do que a guerra no Leste da Europa. e) As crianças abandonadas nas ruas constituem a verdadeira face da sociedade brasileira. 13) Responder à questão considerando as afirmativas sobre os textos 1 e 2 I. Ambos os textos buscam caracterizar a sociedade brasileira apresentando seus contrastes. II. Nos dois textos, o espaço físico urbano é ponto de partida para as análises desenvolvidas. III. A questão social abordada no texto 2 está implícita no primeiro texto. IV. Enquanto o primeiro texto apresenta uma visão bastante otimista da realidade brasileira, o segundo descreve-a de forma desalentadora. 12) A última frase do segundo parágrafo enfatiza uma idéia fundamental no texto, que é a) O cruzamento das duas realidades brasileiras é um alerta sobre um possível conflito social. b) Vivemos num país extremamente injusto, porém de índole pacífica. c) As desigualdades sociais e regionais ameaçam a unidade nacional. Qual alternativa está correta? a) I e II b) II e III c) I, II e III d) II, III e IV e) I, II, III e IV Texto 03 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 Tenho a impressão de que toda essa praga de música-ambiente, que nos persegue em elevadores, supermercados, consultórios ou piscinas, tem seu motivo no esforço de “dar vida” ao ambiente. Trata-se de dinamizar o entorno; de tornar objetivo, real e externo o movimento que não temos dentro de nós. É como se cada consumidor, cada indivíduo, estivesse separado da “vida” que se manifesta nos alto-falantes e nas caixas de som. É como se cada faixa de “dance music” na FM lhe assegurasse que está vivendo, que é uma pessoa dinâmica, esportiva, interessada no espetáculo do universo. A “vida” tem-se tornado uma espécie de exercício físico a ser protagonizado por outro, o boneco, a marionete em que cada indivíduo se transformou. Ser vital e dinâmico significa deixar de ser si mesmo. Estranho muito quando, parando num sinal de trânsito, ouço o carro vizinho barbarizar um ruído ensurdecedor de discoteca. Concluo que o toca-fita está vivendo por ele; que entrega à eletrônica - videogames, computadores, CDs - a função de estar vivo. São os aparelhos eletrônicos que se encarregam, hoje em dia, da vitalidade de que carecemos. O som faz, assim, as vezes da vida; a barulhada absorve e aniquila o homem. É uma máquina para distraí-lo da tarefa de ser si mesmo. Ser si mesmo: esse é o exercício mais difícil, exigente, doloroso que pode haver. 276 Interpretação de Textos PUCRS 14) Considere as idéias do texto. É correto afirmar que o homem contemporâneo a) encontra nos ambientes que freqüenta alento para viver b) tem dificuldade de viver autenticamente c) busca viver através dos alto-falantes d) é dinâmico e esportivo e) recebe da música do entorno alívio para suas exigências e dores 15) Segundo o texto, a música não se caracteriza por a) b) c) d) e) 18) De acordo com o sentido que têm no texto, as expressões que mais se assemelham em significado a entorno (linha 3), marionete (linha 10) e aniquila (linha 16) são a) b) c) d) e) 19) Sobre as expressões Ser si mesmo (linha17) é incorreto afirmar que dificultar-nos o autoconhecimento estar conosco em muitas situações cotidianas nos distrair e relaxar dar-nos a impressão de estarmos vivos similar um dinamismo que não temos a) nos dois casos, mesmo reforça o significado do antecedente si b) o primeiro si mesmo retoma a expressão homem c) se homem fosse substituído por pessoa, a palavra mesmo teria de passar para o feminino d) se o primeiro ser si mesmo fosse substituído por ser ele mesmo, a frase permaneceria correta e) por ser uma repetição, o segundo si poderia ser eliminado, sem alteração no significado básico da frase 16) Responder à questão considerando as afirmativas sobre as idéias do texto. Através da música ambiental, tenta-se tornar mais dinâmico o espaço que nos cerca. II. Geralmente, não temos a energia necessária dentro de nós. III. Música de discoteca deve ser escutada apenas em ambiente adequado. IV. Sermos nós mesmos não é difícil; basta ficarmos em silêncio. Qual alternativa está correta? a) I e II b) II e III c) I, II e III d) II, III e IV e) I, II, III e IV espaço - bicho - desmerece contorno - palhaço - atordoa lugar - animal - anula retorno - figura - desmonta ambiente - fantoche - destrói I. 20) A alternativa que contém uma afirmação correta é 17) De acordo com o sentido que as expressões têm no texto, não ocorre uso de linguagem figurada, conotativa em a) b) c) d) essa praga de música ambiente (linha 1) Trata-se de (...) tornar objetivo, real (linha 3) espetáculo do universo (linha 8) a marionete em que cada indivíduo se transformou (linha 10) e) É uma máquina para distraí-lo (linhas 16-17) 277 a) Se a expressão o movimento (linhas 3-4) fosse substituída por os movimentos, as qualidades que a precedem poderiam permanecer no singular. b) Se a palavra vida (linha 5) fosse substituída por vozes, manifesta deveria passar para o plural. c) Se a expressão em que cada indivíduo (linha 10) fosse substituída por em que nós, apenas a palavra transformou deveria ser alterada. d) Se a expressão o toca-fita (linha 12) fosse substituída por os toca-fitas, não seria necessário haver outras alterações na frase. e) Se a expressão a barulhada (linha 16) fosse substituída por os barulhos, mais quatro palavras da frase deveriam passar para o plural. Módulo 11 Texto 04 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 O peixe nada para a direita e para a esquerda na tela do computador. É controlado pelos pensamentos do usuário ou, pelo menos, assim parece. As imagens são geradas pelo sistema de computação RelaxPlus, apenas um de um número cada vez maior de programas de software criados para amenizar o estresse. Trata-se de um sistema multimídia “ativado pela mente” desenvolvido na Inglaterra. Um de seus jogos utiliza sensores que detectam e ampliam alterações físicas do indivíduo, de outro modo imperceptíveis. O padrão obtido é exibido na tela sob a forma de desenho, música e animação: se você relaxar, o peixe se transforma em sereia, e uma figura feminina surge, flutuando como um anjo ou uma estrela. Se você ficar tenso, a evolução se reverte e a imagem pode transformar-se outra vez num peixe. C. Cooper, especialista em estresse, afirma que esta condição sempre existiu, mas que a natureza mutante do trabalho e da sociedade está intensificando o sentimento de insegurança nas pessoas. “A diferença agora é que grande parte da sociedade ocidental é mais móvel: as pessoas vivem longe dos familiares e apresentam reduzido espírito comunitário; perderam, assim, seus pontos de apoio”, garante. Embora as soluções de alta tecnologia sejam sedutoras, há quem defenda outros métodos, como o consultor R. Jackson e o terapeuta R. Holden. Aquele recomenda exercícios físicos para reduzir os níveis de adrenalina e dissipar as tensões; este diz que o riso e a música são excelentes formas de terapia. Esses e outros profissionais estão conscientes de que saúde, humor e felicidade estão intimamente relacionados. 21) Considerando as idéias apresentadas no texto, é incorreto afirmar que 23) De acordo com o significado que possuem no texto, as expressões não apresentam oposição em a) o primeiro parágrafo apresenta uma inovação tecnológica b) no primeiro parágrafo, o autor utiliza descrições para melhor esclarecer o leitor c) no segundo parágrafo, o autor contrapõe duas situações marcadas no tempo d) no terceiro parágrafo, o autor opõe-se aos avanços da tecnologia, recomendando exercício, riso e música como terapia e) nos três parágrafos o autor apóia-se em dados da realidade para densenvolver o tema a) detectam (...) alterações físicas do indivíduo de outro modo imperceptíveis (linha 5/6) b) o peixe se transforma em sereia (linhas 7/8) a evolução se reverte (linha 9) c) sempre (linha 10) agora (linha 12) d) grande parte da sociedade (linha 12) as pessoas (linha 13) e) soluções de alta tecnologia (linha 15) outros métodos (linhas 15/16) 22) De acordo com o sentido que possuem no texto, as expressões são equivalentes em a) assim (linha 2) - é o que b) As imagens são geradas (linha 2) - As figuras são geridas c) O padrão obtido (linha 6) - O dispositivo conseguido d) sob a forma (linha 7) - abaixo da forma e) a natureza mutante (linha 11) - a característica muda 24) Responder à questão considerando as afirmativas a respeito das relações entre termos do primeiro parágrafo. assim (linha 2) refere-se à primeira frase do texto. Um de seus jogos (linha 5) faz parte do sistema de computação RelaxPlus (linha 3). III. imperceptíveis (linha 6) qualifica sensores (linha 5). IV. o segundo se da linha 9 refere-se a imagem. I. II. 278 Qual das alternativas está correta? a) I e II d) II e IV b) II e III e) III e IV c) I e III Interpretação de Textos PUCRS 25) Analise as afirmativas 26) Analise as afirmativas I. II. I. No texto 3 predomina a opinião do autor. II. O texto 4 apresenta fatos e aponta soluções. III. Ambos os textos criticam os efeitos nocivos da tecnologia moderna. IV. Os dois textos são otimistas quanto à possibilidade de o homem viver satisfatoriamente. O texto 3 é mais coloquial do que o texto 4. O texto 3 apresenta expressões como dance music, videogames, CDs para reforçar a idéia de que seguimos modismos estrangeiros. III. Os dois textos apresentam vocabulário relacionado a inovações tecnológicas. IV. usuário, software, multimídia, estresse são termos exclusivos da informática. De acordo com as afirmativas, está correta a alternativa a) b) c) d) e) I e III II e III II e IV II, III e IV I, II, III e IV De acordo com as afirmativas, está correta a alternativa a) b) c) d) e) I e II II e III II e IV I, II e III II, III e IV Texto 05 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 Neste século, a expansão do ensino e a demonstração da ciência têm permitido à mulher a mais fundamental das conquistas: o saber. Freqüentando escolas, aprendendo a ler e a pensar, ela rompeu os grilhões da ignorância que a mantinham reclusa ao universo doméstico, e passiva ao mundo masculino. Mesmo assim, o poder concentra-se ainda nas mãos do homem, em parte graças a uma crescente valorização de atributos culturalmente masculinos, como a agressividade. O acesso ao conhecimento, embora indispensável, não garante tudo. Isso porque, historicamente, a educação dos meninos predispõe-nos desde cedo à competição, à luta pelo poder. Entre os 25 e 35 anos, os jovens investem tudo em suas carreiras. Ao contrário, as jovens, inclinadas na infância à fluidez e à mansidão, dedicam-se a organizar novas famílias, sendo obrigadas, quando profissionais, a duplas e até triplas jornadas de trabalho. Além da difícil conciliação do trabalho com suas funções de matriz da espécie humana, a mulher ainda se debate com inibições próprias, medos herdados de milênios de existência como satélite do homem, que a fazem por vezes recuar diante de desafios que exigem audácia, afirmação de si e liberdade. Uma tendência, entretanto, parece inquestionável: a busca da mulher, hoje, não é o vencer por vencer, e sim o livre arbítrio na sua realização como profissional e como mulher, com resultados positivos para seus filhos - sejam homens, sejam mulheres. 27) A idéia que se encontra no texto é a) A mulher tem vencido a ignorância e a dependência graças ao esforço do homem em lhe proporcionar o saber. b) A competitividade e a agressividade são características masculinas já conquistadas por muitas mulheres. c) As mulheres acumulam dois ou três empregos quando se profissionalizam. d) Felizmente, por ser matriz à humanidade, a mulher tem vencido seus medos milenares. e) O livre arbítrio pode permitir à mulher definir-se em termos profissionais e pessoais. 279 Módulo 11 28) O texto fornece dados para responder à pergunta a) Como o saber tem garantido a independência? b) Em que época os jovens, sejam homens, sejam mulheres, profissionalizam-se? c) Quais são algumas das dificuldades que a mulher encontra para se tornar mais independente? d) De que forma a mulher pode conciliar suas jornadas de trabalho com a família? e) Por que os homens não desejam organizar novas famílias? c) cordas d) amarras e) limites delicadeza leveza condicionamento justiça determinação 30) A expressão da primeira coluna que retoma corretamente, no texto, a expressão da segunda coluna está na alternativa 29) As palavras “grilhões” (linha 3), “fluidez” (linha 10) e “arbítrio” (linha 16), equivalem, pelo sentido que têm no texto, aproximadamente a a) correntes b) portões rigidez suavidade beleza a) ela (linha 3) a mais fundamental das conquistas (linha 2) b) Isso (linha 7) tudo (linha 7) c) se (linha 10) as jovens (linha 10) d) a (linha 14) existência (linha 13) e) o primeiro que (l. 14) homem (linha 14) escolha competência Texto 06 01 02 03 04 05 06 07 08 09 O movimento pelo direito das mulheres e a consciência ecológica cresceram mais ou menos juntos, e não por acaso. As mulheres e a Terra não querem mais ser desrespeitadas, nem existirem só para procriar, servir ao homem e serem exploradas por ele. Muito menos serem consideradas coisas passivas que agüentam tudo sem reagir. (...) As mulheres estão voltando da China. Vêm cansadas, loucas para tirarem os sapatos e por uma chuveirada, mas, principalmente, convictas do seu poder. Elas são a “força de ataque” da Terra. Certamente saberão o que fazer: nada de violência, depredações, essas coisas de homem. Uma reação organizada, civilizada e eficiente. Afinal, estarão defendendo uma irmã. 31) Segundo o texto, o posicionamento das mulheres, no momento, deve ser de a) b) c) d) e) fragilidade evidente, como se pode constatar pela expressão “Vêm cansadas” (linha 5) radicalismo exacerbado, confirmado pelas reivindicações apresentadas no primeiro parágrafo defesa prudente, já que elas receiam a violência e as depredações reação consciente, em defesa delas próprias e do planeta convicção exaltada, porque são consideradas a “força de ataque da Terra” (linha 6-7) 32) Em relação às idéias apresentadas no texto, não é correto afirmar que a) o primeiro parágrafo especifica alguns problemas que a mulher e a Terra têm enfrentado b) a última frase do primeiro parágrafo coloca-se em oposição às idéias apresentadas na frase anterior c) a compreensão da primeira frase do segundo parágrafo requer do leitor informação sobre tema da atualidade d) a segunda frase do segundo parágrafo combina a idéia de fragilidade física com a de força moral e) a última frase do texto reforça a proximidade entre as mulheres e a Terra, já evidenciada em parágrafos anteriores 280 Interpretação de Textos PUCRS Texto 07 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Um recente debate entre a feminista americana Betty Friedan e a escritora francesa Elizabeth Badinter levantou uma questão que vai dar muito no que falar: o futuro relacionamento entre homens e mulheres no século 21. Segundo as duas autoridades no assunto, daqui para a frente veremos o fortalecimento da androginia, presente em ambos os sexos. Ou seja, os homens assumirão seu lado feminino e as mulheres seu lado masculino, num encontro harmonioso e definitivo.(...) Homem não deveria temer sutilezas, contradições, lágrimas. Não deveria sentir vergonha de beijar seu pai, seus irmãos, seus amigos, e muito menos olhar com cara feia para quem desconhece as regras do futebol ou usa lenço no pescoço. Neste aspecto, os europeus estão a milhas de distância dos brasileiros: falam de maneira mais suave, vestemse com mais charme e criatividade e, quando suas mulheres têm uma situação profissional mais bem encaminhada, não titubeiam em desfrutar a licença-paternidade. Não são menos homens que os nossos. São só mais seguros. (...) Jô Soares com sua afetividade, Regina Casé com sua irreverência, Fernando Gabeira com sua doçura, Denise Frossard com sua coragem, só para citar alguns nomes, não são pessoas que trocaram de lado, e sim pessoas que assimilaram novos papéis sem abrir mão de sua natureza. São os andróginos do próximo milênio. Destacam-se porque, além de competentes, souberam somar as vantagens de ambos os sexos, tornando-se mais completos. Conseguem transitar em diversos círculos, são compreendidos em qualquer lugar e se fazem notar neste mundo onde todos se parecem. Os que continuam achando que a força deve permanecer de um lado do ringue e a ternura do outro desperdiçam seu tempo vestindo Yamamoto ou plugando-se à Internet. Serão sempre do século passado. 33) A idéia que não se encontra no texto é a) a natureza contemplou Jô Soares, Regina Casé, Fernando Gabeira e Denise Frossard com qualidades incomuns b) alguns ainda consideram que o ringue está para o homem como a ternura está para a mulher c) as relações entre homens e mulheres, no futuro, tenderão a ser mais próximas e harmoniosas d) os brasileiros, em geral, ainda não exteriorizam o seu lado feminino e) os europeus não são menos másculos do que os brasileiros c) “falam de maneira mais suave” (linha 10) “vestem-se com mais charme” (linhas 10-11) d) “não são pessoas que trocaram de lado” (linhas 15-16) “e sim pessoas que assimilaram novos papéis” (linha 16) e) “vestindo Yamamoto” (linha 22) “plugando-se à Internet” (linha 22) 35) A frase em que não há expressão usada conotativamente é 34) A alternativa que apresenta expressões que se opõem no texto é a) “veremos o fortalecimento da androginia” (linha 4) “os homens assumirão seu lado feminino e as mulheres seu lado masculino” (linha 5) b) “desconhece as regras de futebol” (linha 9) “usa lenço no pescoço” (linha 9) 281 a) “estão a milhas de distância dos brasileiros” (linha 10) b) “São só mais seguros” (linha 13) c) “sem abrir mão de sua natureza” (linhas 16-17) d) “a força deve permanecer de um lado do ringue” (linhas 20/21) e) “Serão sempre do século passado” (linha 22) Módulo 11 36) Analise as afirmativas 37) Analise as afirmativas Se “Um recente debate” (linha 1) fosse substituído por “Recentes debates”, apenas uma palavra da frase deveria ser alterada. II. Se “Homem” (linha 7) fosse substituído por “Homens”, mais seis palavras deveriam ser obrigatoriamente alteradas entre as linhas. III. Se a expressão “os europeus” (linhas 9-10) fosse substituída por “o europeu”, não só os verbos mas também outras expressões deveriam ser alteradas até o final do parágrafo. IV. Se a expressão “Os que” (linha 20) fosse substituída por “Quem”, três verbos deveriam sofrer alterações até o final do parágrafo. Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa I. I. a) I e II b) I e IV c) II e III O texto nº 5 defende o acesso ao saber como condição indispensável e exclusiva para a emancipação feminina. II. O texto nº 6 sugere que a sobrevivência na Terra está nas mãos das mulheres. III. O texto nº 7 preconiza a aproximação entre europeus e brasileiros como forma de agradar às mulheres. IV. Os três textos abordam, a partir de perspectivas diferentes, os papéis do homem e da mulher na sociedade contemporânea. Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa d) I, II e IV e) I, III e IV a) b) c) d) e) I I e II I e IV II e III II e IV Texto 08 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 O mês de novembro assinalou o 90º aniversário de um dos episódios mais trágicos e mais patéticos - da história brasileira: a Revolta da Vacina. Durante vários dias, as ruas do Rio de Janeiro foram cenário de verdadeiras batalhas entre população e tropas federais. O pivô do conflito era um jovem médico chamado Oswaldo Cruz. Filho de sanitarista, Oswaldo, verdadeira vocação para microbiologia, estava voltando de Paris, onde cumprira brilhante estágio no famoso Instituto Pasteur. A sua fama começava a se espalhar e o presidente Rodrigues Alves convidou-o a assumir o cargo de Diretor da Saúde Pública, equivalente ao de ministro de hoje. Era uma época difícil, em todos os sentidos. Pestilências - febre amarela, peste, tuberculose – grassavam no país. Os navios estrangeiros recusavam-se a aportar no Rio. Com razão, porque tripulações inteiras eram dizimadas. O café, principal produto de exportação, não podia ser embarcado. As divisas não entravam, a dívida externa crescia. A missão de Oswaldo Cruz não tinha a ver só com saúde. Tinha a ver com a sobrevivência do país. Desta missão, Oswaldo Cruz se desincumbia com grande competência e não menor autoritarismo. Sua estratégia consistia em atacar as doenças uma a uma, dentro do conceito de campanha, que popularizou. Para combater a febre amarela, por exemplo, formou brigadas de mata-mosquitos que, fardadas, entravam nas casas em busca dos focos dos insetos. Essas medidas enfrentavam oposição, inclusive por parte dos médicos e até dos professores da Faculdade de Medicina. A esta altura ainda havia controvérsia sobre a causa de tais doenças. Muitos achavam que a febre amarela era transmitida por alimentos, não por mosquitos. A população assistia à polêmica entre irritada e divertida, mas tudo mudou quando foi lançada a campanha de vacinação antivariótica. Histórias estranhas começaram a circular: dizia-se, por exemplo, que a vacina era feita com sangue de rato. E que Oswaldo Cruz tivera a idéia de combater a peste bubônica comprando os ratos caçados pelas pessoas.(...) Oswaldo Cruz não contava com recursos de comunicação e não teve a habilidade suficiente para convencer o povo da necessidade da vacina. O episódio custou-lhe o cargo. Sua vida política declinou e ele encontrou consolo refugiando-se no instituto, que fundou e que leva seu nome. Um testemunho de sua visão de cientista - e de sua inabalável coerência. 282 Interpretação de Textos PUCRS 38) Pela leitura do texto, entende-se que a) outros problemas sérios afligiam os brasileiros no início do século, além das doenças b) a transmissão da febre amarela dava-se através de alimentos, não de mosquitos c) Oswaldo Cruz, homem polêmico, envolveuse nos conflitos de rua, no Rio de Janeiro d) o povo receava a vacina antivariótica devido à peste bubônica e) o microbiologista utilizou ratos para criar a vacina contra a peste bubônica 40) As palavras “grassavam” (linha 10), “dizimadas” (linha 11) e “inabalável” (linha 29) equivalem, pelo sentido que têm no texto, a a) b) c) d) e) preocupavam / infelicidade / indefectível afugentavam / liquidadas / irresponsável infestavam / fraudadas / inábil diluíam-se / contaminadas / audaciosa alastravam-se / exterminadas / arraigada 41) A frase que está sendo utilizada conotativamente, no texto, é 39) A partir de sua caracterização no texto, pode-se concluir que Oswaldo Cruz a) teria sido bem-sucedido se utilizasse mais adequadamente os recursos de comunicação de massas disponíveis. b) encontrou resistência para seus projetos entre a população ignorante e apoio nos meios acadêmicos. c) era tão intransigente que levou a população a verdadeiras batalhas. d) difundiu a idéia de atingir o povo através de campanhas de vacinação. e) era democrático e competente, características que o popularizaram. a) Era uma época difícil, em todos os sentidos (linha 9) b) Os navios estrangeiros recusavam-se a aportar no Rio (linha 10) c) As divisas não entravam, a dívida externa crescia (linha 12) d) (...) ainda havia controvérsia sobre a causa de tais doenças (linhas 19-20) e) (...) a vacina era feita com sangue de rato (linha 24) Texto 09 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 A ciência tem o direito de realizar quaisquer investigações na busca de novos conhecimentos. A opinião foi manifestada pelo cientista Osvaldo Frota Pessoa, professor da USP, ao participar de recente painel sobre Ética na Genética. Ele é favorável, entretanto a um controle ético sobre a metodologia das pesquisas e suas aplicações. “A ética deve disciplinar as ações da ciência sem interferir no seu avanço”, disse o cientista. O homem tem o dever de conhecer, enfatizou Pessoa. “Se não houvesse pesquisa, a roda não teria sido inventada.”. Para ele, a ciência precisa investigar em todas as áreas. Por isso, defendeu a pesquisa realizada pelos cientistas norte-americanos que descobriram a fórmula da duplicação do embrião humano para formação de clones - indivíduos geneticamente idênticos. Agora, enfatizou, é necessário definir se é ou não ético permitir a aplicação dessa técnica de reprodução humana. A ética deve evoluir para acompanhar as descobertas da biologia e da genética, e as normas éticas já estabelecidas pela sociedade, assinalou o cientista, devem ser transformadas em lei. 283 Módulo 11 42) Pela leitura do texto, pode-se concluir que o cientista tem, em relação ao tema abordado, uma posição a) lúcida, pois defende os avanços da genética sem descuidar aspectos éticos b) cética, pois considera a ética um padrão para a ciência c) rigorosa, pois defende uma legislação intransigente para a pesquisa científica d) inventiva, pois difunde a invenção norteamericana relacionada aos clones e) ultrapassada, pois utiliza como exemplo de avanço científico a invenção da roda 44) Sobre a concordância entre os termos do texto é correto afirmar que a) se a palavra “ciência” (linha 1) estivesse no plural, “tem” permaneceria sem alteração b) “investigações” (linha 1) poderia ser substituído por “investigação” sem alteração no restante da frase c) seria possível usar “ações das ciências” (linha 5), mas isso acarretaria o plural de “no seu avanço” (linha 5) d) a substituição de “pesquisa” (linha 8) por “pesquisas” não acarretaria alteração no respectivo verbo e) se “ciência” (linha 7) fosse substituído por “ciências”, “precisa”(linha 7) e “investigar” (linha 7) deveriam ir para o plural 43) Sobre o uso de termos que retomam outros no texto, é correto afirmar que I. “seu avanço” (linha 5) retoma “ações da ciência” (linha 5), acrescentando outro dado II. “ele” (linha 7), retoma “O homem” (linha 6) III. “isso” (linha 8) retoma a idéia precedente no texto IV. “que” (linha 8) retoma “a pesquisa” (linha 8) 45) Sobre relações entre termos do texto, é incorreto afirmar que Pela análise das alternativas, conclui-se que está correta a alternativa a) I e II b) I e III c) II e III d) I, II, e IV e) I, II, III e IV 284 a) “no seu avanço” (linha 5) poderia ser substituído por “em seu avanço” sem alteração básica de significado b) retirada de “em” (linha 7) alteraria o significado da frase c) “Ele” (linha 3) retoma “Osvaldo Frota Pessoa” (linha 2) d) “permitir” (linha 10) poderia ser retirado do texto sem acarretar ajustes na frase e) a substituição de “em lei” (linha 13) por “nas leis” tornaria o significado inadequado Interpretação de Textos PUCRS Texto 10 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 Historicamente, os recursos da saúde, no Brasil, têm sido escassos. Algumas áreas, entretanto, graças principalmente à fibra e criatividade que nos caracterizam diante da adversidade, desenvolvem um trabalho de excelência, de que são exemplos cirurgias cardíacas e transplantes bem-sucedidos, e procedimentos de diagnóstico e tratamento cada vez mais eficientes. Paradoxal e infelizmente, os benefícios decorrentes desse progresso limitam-se a uns poucos, enquanto as grandes massas não vêem sequer suas mais básicas angústias atendidas, enfrentando ambulatórios superlotados, ser viços de emergências precários e profissionais desmotivados, quando não despreparados. Parece necessário, assim, repensar a saúde do brasileiro a partir de dois pólos: a tecnologia de vanguarda, que nos aproxima do Primeiro Mundo, e a desassistência à maioria da população, que nos reduz ao mais perverso dos mundos - o da miséria. 46) Pela leitura do texto, é possível afirmar que a) há um grande descompasso entre dois aspectos relacionados com a saúde no Brasil b) a indiferença dos médicos não permite levar as conquistas da medicina aos carentes c) está próximo o momento em que todos terão acesso a transplantes e cirurgias sofisticadas d) somente a criatividade dos médicos torna os transplantes bem-sucedidos e) os profissionais estão desmotivados por receberem salários incompatíveis com sua formação 48) Se o termo “massas” (linha 7), fosse substituído por “massa”, o número de palavras que teriam de ser modificadas obrigatoriamente seria a) b) c) d) e) 49) As palavras “Paradoxal” (linha 6), “sequer” (linha 7) e “precários” (linha 8) poderiam ser substituídas, sem alteração do sentido básico do texto, respectivamente, por a) b) c) d) e) 47) Levando em conta as relações entre as expressões do texto, é possível afirmar que “bem-sucedidos” (linha 4) tanto pode referir-se a “transplantes” quanto a “cirurgias cardíacas e transplantes” (linhas 3-4) II. a expressão “eficientes” (linha 5) está diretamente relacionada com “procedimentos” (linha 4) III. “Paradoxal e infelizmente” (linha 6) caracteriza “benefícios” (linha 6) IV. a expressão “atendidas” (linha 7) poderia ser deslocada para depois de “vêem” (linha 7), sem alteração do significado da frase I. contraditória / nem mesmo / insuficientes antítese / nem sequer / pobres contrário / ao menos / deslocados conflitante / apenas / desatualizados oposta / sem querer / inadequados 50) Considerando os textos 8, 9 e 10 é incorreto afirmar que Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa a) I e II b) II e III c) I e IV dois três quatro sete oito d) I, II e IV e) II, III, e IV 285 a) os textos 08 e 10 têm em comum a abordagem de problemas relativos à medicina social b) o texto 09 discute um aspecto polêmico relacionado com a aplicação do progresso científico c) o texto 09 aborda o tema genericamente, enquanto os textos 08 e 10 localizam o problema no espaço d) os autores, nos três textos, apóiam-se em fatos para defender suas idéias e) os três textos fazem críticas ao sistema de saúde pública Módulo 11 Texto 11 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 Geralmente, o povo de uma nação inventa, interroga e venera algum tipo de imagem de si mesmo por duas razões. Para assoprar nas brasas do patriotismo ou porque faltam outros argumentos para justificar a existência da nação. Felizmente, o caso do Brasil é este (não o primeiro). Nos falta uma História moderna de fazeres coletivos: Independência, República, Abolição vieram de cima. Não foi necessário que o povo batalhasse nas ruas. E nos faltam registros de experiência comum. Me explico. Saiam da atmosfera qualidade-total-controlada de um prédio da Paulista com pouso de helicóptero no terraço e enfrentem ônibus, boteco de vila e desmoronamentos. Verão que, entre elites e povo, a experiência básica de vida mal se sobrepõe. Portanto, na hora de construir nossa nação moderna, era (ainda é) vital uma imagem que representasse a razão de estarmos juntos no Brasil. Como encontrá-la? 51) O texto apresenta, como idéia central, a) a falta de razões para o patriotismo dos brasileiros. b) o confronto entre a História oficial e a nossa realidade. c) a distância ainda existente entre ricos e pobres no país. d) a hegemonia das elites sobre as massas populares no Brasil. e) a necessária relação entre vivência compartilhada e identidade nacional. 52) As idéias apresentadas pelo autor no texto não permitem concluir que a) a qualidade de vida dos paulistas não tem equivalente no país. b) as transformações políticas de uma nação deveriam ser fruto de construção coletiva. c) o Brasil é um de extremos, no que diz respeito às diferenças sociais. d) toda nação precisa ter sua existência justificada. e) o Brasil ainda não é uma nação moderna. Instrução: Responder à questão 54 indicando V (verdadeiro) ou F (falso) em cada uma das afirmativas referentes aos recursos que conferem ao texto maior expressividade. ( ) No primeiro parágrafo, uma enumeração e uma metáfora sugerem o empenho dos povos na construção de uma auto-imagem positiva. ( ) No segundo parágrafo, as marcas da subjetividade do autor restringem-se ao uso da 1ª pessoa do discurso. ( ) No segundo parágrafo, a utilização de um qualificador composto não usual reforça a idéia de eficiente modernidade. ( ) No terceiro parágrafo, o uso da 1ª pessoa do plural dá ênfase à critica que o autor dirige a todos os brasileiros. 54) A alternativa que contém a seqüência correta é: 53) A seqüência que melhor corresponde ao modo como as idéias do primeiro parágrafo se relacionam com as do segundo é: a) do mais genérico para o mais específico. b) do mais concreto para o mais informativo. c) do mais concreto para o mais abstrato. d) do mais improvável para o mais provável. e) do mais afastado para o mais próximo no tempo. 286 a) b) c) d) e) V–F–V–F V–V–F–F F–V–F–V F–F–V–V V–F–F–V Interpretação de Textos PUCRS Texto 12 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 Como psicanalista, estou destinado a me interessar mais pelos processos emocionais que pelos intelectuais, mais pela vida mental inconsciente que pela consciente. Minha emoção ao encontrar meu velho mestre-escola leva-me a admitir uma coisa: é difícil dizer se o que exerceu mais influência sobre nós foi o interesse pelas ciências que nos eram ensinadas, ou pela personalidade de nossos mestres. Nós os cortejávamos ou lhes virávamos as costas; imaginávamos neles simpatias e antipatias que provavelmente não existiam; estudávamos seu caráter e sobre este formávamos ou deformávamos o nosso; bisbilhotávamos suas pequenas fraquezas e orgulhávamo-nos de sua excelência, seu conhecimento e seu senso de justiça. A psicanálise deu o nome de “ambivalência” a essa facilidade para atitudes contraditórias. É na segunda metade da infância – quando se dá uma mudança na relação do menino com o pai, e aquele descobre que este não é o mais poderoso e sábio dos seres – que esse menino entra em contato com os professores. Estes homens, nem todos pais de verdade, tornam-se nossos pais substitutos, e transferimos para eles o respeito e as expectativas ligadas ao pai onisciente da infância, e logo se manifesta a ambivalência que desenvolvemos em nossa família, e lutamos com eles como lutáramos com nossos pais de carne e osso. 55) Pela leitura do texto, é correto concluir que Freud a) compara sua experiência de vida à sua formação profissional. b) vale-se de um conhecimento especializado para justificar seus problemas infantis. c) atribui sua opção pela psicanálise à influência de seu mestre-escola. d) admite que a figura do professor é de grande importância na formação da criança. e) reconhece que o aluno se identifica melhor com o professor quando este é pai de verdade. 56) Considerando o sentido das expressões no texto, a segunda estrutura NÃO substitui adequadamente a primeira em a) Minha emoção ao encontrar (linhas 2-3) A emoção que senti quando encontrei b) leva-me a admitir (linha 3) faz com que eu admita c) é difícil dizer (linha 3) é difícil que se diga d) que nos eram ensinadas (linha 4) que nos ensinavam e) que provavelmente não existiam (linha 6) provavelmente inexistentes Instrução: Responder à questão 57 com base nas afirmativas abaixo, sobre o uso de algumas expressões no texto. I. Se em lugar de “os” (linha 5), o autor tivesse utilizado “lhes”, o sentido da frase seria mantido, mas esta ficaria incorreta do ponto de vista norma culta. II. A forma singular de “seu” (linha 7) relaciona “caráter” a um professor em particular. III. A expressão “sobre este” (linha 7) tem sentido equivalente a “a respeito deste”. IV. O primeiro “e” da linha 16 introduz uma conseqüência dos fatos anteriormente mencionados. 57) Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas as da alternativa a) I e II b) I e IV c) II e III d) II e IV e) III e IV 58) De acordo com as relações que se estabelecem no texto, o segundo termo refere-se ao primeiro em a) interesse (linha 4) que (linha 4) b) segunda metade da infância (linha 11) quando (linha11) c) este (linha12) menino (linha12) d) estes homens (linha13) pais de carne e osso (linha16) e) ambivalência (linha15) nossa família (linha 16) 287 Módulo 11 Texto 13 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Instrução: Responder à questão 60 considerando a veracidade das afirmativas apresentadas em 1 a 4. Uma reflexão sobre o ensino de todo e qualquer conteúdo pode e deve ser feita de várias e diferentes perspectivas: a perspectiva da própria ciência de que se recortou o conteúdo para constituir uma disciplina cur ricular; uma perspectiva psicológica, que considera os processos de aprendizagem de conteúdo específico; uma perspectiva política, que busca identificar os pressupostos ideológicos que levam a instituir um certo conteúdo em disciplina curricular e que subjazem aos objetivos e procedimentos de ensino dessa disciplina; uma perspectiva social, que considera as condições sociais de produção de um deter minado conhecimento, as condições sociais daqueles a quem se destina o ensino e daqueles encarregados de ensinar, o papel e função atribuídos pela sociedade à instituição em que ensino e aprendizagem ocorrem, isto é, a escola; uma perspectiva cultural, que relaciona a disciplina e seu conteúdo com as características, as expectativas, as necessidades do grupo cultural a que se destina seu ensino; uma perspectiva histórica, que reconstrói os processos por meio dos quais um certo conhecimento vai-se configurando como saber escolar e, conseqüentemente, vai se constituindo em disciplina curricular, ao longo do tempo. 60) Analise as afirmativas 1. “todo e qualquer conteúdo” (linhas 1-2) equivale à totalidade de um conteúdo. 2. “pode e deve” (linha 2) sugere uma gradação. 3. “objetivos e procedimentos” (linha 13) correspondem, respectivamente, a metas e ações. 4. “ensino e aprendizagem” (linha 21) relacionamse como causa-conseqüência. 59) Sobre as diferentes perspectivas apresentadas no texto, só NÃO é correto afirmar que a perspectiva a) histórica precisa o momento em que determinado conteúdo passou a ser ensinado. b) social envolve professor, aluno e o contexto onde interagem. c) política se refere ao modo de pensar dos responsáveis pela definição dos conteúdos a serem ensinados. d) psicológica diz respeito, prioritariamente, ao “como” se aprende determinado conteúdo. e) da própria ciência se relaciona à área de conhecimento específica do conteúdo a ser ensinado. 288 Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas as da alternativa a) b) c) d) e) 1–2–3–4 1–2–4 1–2–3 2–3–4 3–4 Interpretação de Textos PUCRS Texto 14 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Quem trabalha em fazendas está sempre sujeito a contratempo – vai que chove demais ou que a estiagem seja muito longa... Além disso, há o perigo das doenças, dos predadores. Quem mexe com computadores, então, deve rezar com freqüência para santos e orixás: nunca se sabe quando essa máquinas vão pifar, e dias de trabalho são perdidos tentando descobrir, afinal, qual foi a “operação ilegal” executada. Você, professor, lida com gente. Pessoas são infinitamente mais complexas do que plantações e máquinas. Ainda mais quando elas estão formando sua personalidade e elaborando seus conceitos sobre o mundo. (...) Nem todos aprendem da mesma maneira. Há basicamente três tipos de alunos: os auditivos (que absor vem melhor o que ouvem); os visuais (que prestam mais atenção no que vêem); e os cinestésicos (cujo ponto forte de aprendizagem é o que é feito e experimentado). Toda sala de aula tem representantes dos três tipos. Você pode identificá-los pelos gestos (olhares mais ou menos fixos, movimentos de cabeça colocando a orelha em evidência) e pelas expressões usadas (“do jeito que eu vejo isso...”, “escuta aqui...”, “juntando essas informações....”). Procure atender a todos em suas aulas. Escreva no quadro para auxiliar os visuais, abuse dos exercícios e da formação de imagens mentais para os cinestésicos. Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas as da alternativa a) b) c) d) e) I e II I, II e III II e III II e IV III e IV Instrução: Considerando os recursos que os autores utilizam nos quatro textos, numere toda a coluna da direita pela coluna da esquerda. 1. 2. 3. 4. TEXTO 11 TEXTO 12 TEXTO 13 TEXTO 14 ( ) Alusão a vivências do passado. ( ) Atenção centrada no “eu” que fala. ( ) Predomínio da linguagem técnica. ( ) Presença de diálogo direto com o leitor. ( ) Distanciamento do(a) autor(a) em relação ao tema abordado. 62) Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa 61) Analise as afirmativas I. II. O autor dirige-se a um público leitor específico. O primeiro parágrafo prepara o leitor para o tema abordado, sem defini-lo. III. Contrapondo outras atividades à do magistério, o autor demonstra que nesta intervêm muitos fatores. IV. No segundo parágrafo, o autor evidencia que alguns alunos têm maior dificuldade para aprender do que outros. 289 a) b) c) d) e) 1–2–3–4–3 1–1–3–1–2 2–2–4–2–1 3–1–4–1–2 4–1–4–1–3 Módulo 11 Texto 15 d) o nível de aceitação da experiência junto à população. e) os objetivos que levaram os cientistas a realizar a pesquisa. Não vai dar certo 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 Outro dia, dois cientistas americanos apresentaram um pedido ao Ser viço de Marcas e Patentes dos Estados Unidos para registrar uma criatura que estão produzindo em laboratório. A tal criatura seria uma mistura de homem com animal. Não se sabe direito que animal é este, mas deram a entender que tanto pode ser um macaco com um camundongo. É fácil imaginar um homem-macaco. Afinal, todos nós, no passado, já protagonizamos essa dobradinha. E nem faz tanto tempo. Conheço gente que ainda se lembra de quando o avô desceu da ár vore (...) Já cruzamento de um homem com um camundongo é mais difícil de visualizar. O único parâmetro conhecido é o Mickey, o rato mais bem-sucedido da história. Em cima dele, construiu-se um império que é, na verdade, uma ratoeira humana (...). A idéia de cruzar artificialmente seres humanos com animais não é nova. Já foi imaginada no começo do século pelo inglês H. G. Wells, em A ilha do Dr. Moreau e, nos anos 50, pelo americano James Clavell, em A Mosca da Cabeça Branca . Ambas as histórias renderam vários filmes. Em todos eles, a parte humana levou um baita prejuízo. No filme do homem que virou mosca, o pobre Vicent Price ficou desesperado porque, com seu corpinho de mosc a, não co ns eguia chama r a atenção de sua mulher, para que esta o fizesse voltar ao normal. E olhe que ele foi o cientista que resolveu fazer a experiência. Boa idéia. O ideal seria se os dois cientistas se oferecessem como cobaias de suas experiências. Um cruzaria o outro com o macaco. E outro cruzaria o um com o camundongo. 64) Quanto às expressões utilizadas no texto, é incorreto afirmar que a) A expressão “A tal criatura” (linha 5) anuncia o tom crítico que caracteriza o texto. b) Expressões utilizadas no segundo parágrafo acentuam a ironia que perpassa o texto. c) A expressão “ratoeira humana” (linha 20-21) é metafórica. d) As expressões “imaginar” (linha 10) e “visualizar” (linha 17) são utilizadas como sinônimos. e) A expressão “o um “ (linha 40), por seu caráter de indeterminação, dificulta a compreensão da frase em que se encontra. 65) Se as expressões “Outro dia” (linha 1) , “A tal criatura” (linha 5), “dobradinha” (linha 12) e “corpinho” (linha 32), características da linguagem coloquial, fossem substituídas por expressões do português culto formal, sem alteração básica no significado, seria correto utilizar, respectivamente, a) Uma vez – a experiência – par – figura diminuta b) Dia desses – este monstro – dualidade – corpo minúsculo c) Certo dia – o experimento – dupla – silhueta pequena d) Há pouco tempo – o resultado – casal – corpete e) Recentemente – esse ser – parceria – corpúsculo 63) Com relação à experiência referida no texto, as informações permitem ao leitor conhecer a) a identidade dos cientistas. b) a espécie a que pertencem as cobaias a serem utilizadas. c) o estágio em que se encontra o estudo desenvolvido pelos cientistas. 290 Interpretação de Textos PUCRS Texto 16 A zona franca do pensamento 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Qual é a invenção que lhe deixa mais perplexo, aquela que foge à sua compreensão? Tantas. O avião, por exemplo. Como consegue voar aquele zepelim de aço, com 300 passageiros e suas respectivas bagagens provenientes de Miami? Internet: eu aqui e você em Cingapura, conversando a um custo de eu aqui e você ali na esquina. Fax: coloco uma folha de papel num aparelhinho e ele sai reproduzindo, no mesmo instante, em GuinéBissau. Televisão: uma câmera capta minha imagem e eu apareço, ao mesmo tempo, num casebre do Morro da Cruz e numa mansão da Barra da Tijuca, ao vivo e em cores. Ultrasonografia. Gestação in vitro. Clonagem. Reverencio a tecnologia e hoje me arrependo de ter matado algumas aulas de física e biologia, que me ajudariam a entender melhor como funciona o mundo que me cerca. Só numa invenção pisoteio e cuspo em cima: no detector de mentiras. (...) Uma geringonça que se julga capaz de adivinhar o que pensamos! O pensamento é o território mais protegido do mundo, e ao mesmo tempo o mais livre. Nele cabe um mundaréu de gente, todas as que conhecemos e mais aquelas que imaginamos, e delas somos seu deus e seu diabo. (...) O pensamento não tem fronteiras, lógica, advogado de defesa ou carrasco. É zona franca, terra de ninguém. V i v e m o s c e r c a d o s d e m i c ro c â m e r a s , p a rd a i s , c a e t a n o s , a l a r m e s . S o m o s constantemente vigiados, qualquer um nos localiza, identifica, surpreende. O pensamento é o único lugar onde ainda estamos seguros, onde nossa loucura é permitida e todos os nossos atos são inocentes. Que se instale um novo mundo cibernético, mas que virem sucata esses detectores de mentiras, tão sujeitos a falhas. Dentro do pensamento, não há tecnologia que consiga nos achar. 66) Quanto à relação entre escritor e leitor estabelecida pelo texto, não é correto afirmar que a cronista a) se dirige a um público leitor familiarizado com os avanços da ciência em várias áreas da vida. b) intui que, para o leitor, preservar o controle sobre o próprio pensamento é um valor. c) parte do princípio de que o leitor considera a ciência uma ameaça ao ser humano. d) procura captar a atenção do leitor dirigindose a ele diretamente. e) omite do leitor eventuais vantagens que o detector de mentiras possa trazer. 67) Analise das afirmativas I. O primeiro parágrafo apresenta o tema demonstrando a admiração incondicional da cronista pelos avanços da tecnologia. II. No segundo parágrafo, a autora soma argumentos na defesa de uma idéia específica. III. A descrição presente no segundo parágrafo dá sustentação às idéias que encerram o parágrafo precedente. IV. No terceiro parágrafo, a autora reafirma seu posicionamento, defendendo o pensamento como reduto indevassável. Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa a) I e II b) I, II e III c) II e III d) II, III e IV e) II e IV 68) Analise das afirmativas I. Na expressão “zepelim de aço” (linha 2), somam-se as idéias de passado e presente. II. As expressões “Só numa invenção (...) cuspo em cima” (linha 10) e “delas somos seu deus e seu diabo” (linha 14) são pleonásticas. III. As expressões “pisoteio e cuspo em cima” (linha 10 ) e “que virem sucata” (linhas 19-20) revelam uma avaliação pouco racional em relação à invenção a que se referem. IV. As construções interrogativas e exclamativa, assim como o diálogo com o leitor, reforçam o caráter coloquial do texto. Pela análise das afirmativas, conclui-se que está correta a alternativa 291 a) I, II e III b) I, II, III e IV c) I e III d) II, III e IV e) III e IV Módulo 11 69) Considerando que ler adequadamente significa compreender também o que está subentendido no texto, assinale a alternativa que contém a afirmativa incorreta. a) A expressão “Tantas” (linha 2) repre-senta, no texto, uma resposta hipotética do leitor. b) As expressões que antecedem os dois-pontos presentes nas linhas 3, 4 e 6 apresentam de modo simplificado estruturas mais complexas. c) Embora isoladas por pontos, as expressões da linha 8 estão encadeadas pelo sentido. d) O trecho “todas as que conhecemos” (linha 13) refere-se a uma palavra subentendida, que podemos entender como “pessoas”. e) Entre as frases iniciadas por “O pensamento” (linhas 12) e “Nele cabe” (linhas 13), percebe-se uma relação de oposição. Texto 17 O melhor substituto para a guerra 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Lenda ou não, a primeira referência ao jogo de futebol conhecida vem de um incidente de guerra. No ano 1000, ou por volta dele, os britânicos teriam celebrado a vitória sobre um chefe holandês invasor separando sua cabeça do restante do corpo e usando-a como uma bola de futebol. Não precisamos acreditar nessa história, mas sabemos que por volta do ano 1100 o fim do Carnaval era festejado, na Inglaterra, com partidas de futebol que mobilizavam cidades inteiras umas contra as outras: quinhentos jogadores de cada lado, um campo que podia ter vários quilômetros de comprimento e partidas que duravam o dia inteiro, sem regras fixas. Tornaram-se conhecidas como “futebol das massas”, e levaram a tantas lesões que, em 1314, Eduardo II baniu o jogo. Proibições posteriores foram feitas por Eduardo III, Ricardo II e Henrique IV, não apenas pela violência, mas por desviar a atenção da prática do arco-e-flecha, indispensável para a segurança do reino. No final do século 17, porém, a habilidade no arco-e-flecha deixou de ser obrigatória para os soldados, e o futebol passou a ser encorajado por Charles II. Depois de 1863, quando a Universidade de Cambridge fixou as regras do futebol contemporâneo, o jogo se disseminou por toda a Europa e pelo resto do mundo. Desde então, tornou-se o esporte mais praticado e popular da história. Os países fazem agora suas batalhas nos campos de futebol, com exércitos de calção. Supostamente é um jogo, e é divertido, mas uma estranha lembrança dos antagonismos do passado paira sobre cada partida e, toda vez que um gol é marcado, alguém ouve um eco de antigas vitórias e antigas perdas. Holanda versus Espanha. Inglaterra versus França. Polônia versus Alemanha. Quando assisti à Copa do Mundo da França, no verão de 1998, compreendi que os europeus tinham finalmente encontrado um substituto para a guerra. Sim, estou ciente de que existem os hooligans e sei das arruaças que ocorreram na França durante a Copa. Mesmo assim, podemos contar nossos mortos nos dedos das mãos. Uma geração atrás, contaríamos milhões. 292 Interpretação de Textos PUCRS 70) Pela leitura do texto, é correto concluir que o futebol a) é originário da Holanda. b) no passado, era considerado um esporte de elite. c) foi usado para defesa na Inglaterra de antigamente. d) é um sucedâneo para ações bélicas do passado. e) incita os espectadores a um comportamento violento. 71) Ao integrar o passado ao presente, o autor referese à origem de algumas características do futebol contemporâneo. Entre elas, não se inclui a) a disputa pela bola. b) a existência de regras. c) a rivalidade entre as seleções. d) o caráter comemorativo. e) o uso de uniforme pelos times. 72) Quanto ao sentido das palavras no texto, é correto afirmar que a) “conhecida” (linha 1) e “contemporâneo” (linha 15) têm o mesmo prefixo. b) “incidente” (linha1) e “ciente” (linha 24) apresentam o mesmo radical. c) “história” está empregada com o mesmo sentido nas linhas 5 e 17. d) “fixou” (linha 15) pode ser substituída por seu sinônimo “afixou”. e) “batalhas” (linha 18) está empregada no sentido conotativo. 73) Considerando o uso das expressões no texto, a afirmação correta é a) “ou por volta dele” (linha 2) relativiza a expressão a que se refere. b) “invasor” (linha 3) qualifica a palavra “holandês”. c) “Supostamente” (linha 19) reforça o sentido das expressões “é um jogo” e “é divertido”. d) “alguém” (linha 20) refere-se a um ser em particular. e) “atrás” (linha 26) indica anterioridade no espaço. Texto 18 Internautas de chuteira 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 Ao iniciar-se o novo milênio, a Inter net começa a mudar os hábitos daqueles que assistem a futebol grudados à TV, longe dos estádios, fora da órbita dos delinqüentes uniformizados e do perigo imediato das ruas. O telespectador ganhou o direito sagrado de dizer se a cobertura da decisão está agradando na hora do jogo. Pode sugerir e opinar. Não antes, nem depois, mas durante o prélio, no calor das divididas. (...) As grandes emissoras de televisão e os canais da TV por assinatura abriram as portas da interatividade para 9 milhões de internautas brasileiros, número que cresce sem parar. (...) Dentro desse universo especial, navegam “técnicos de futebol”, loucos para discutir com o comentarista da vez ou questionar o ex-juiz viciado em replay. (...) Companheira no ócio e na insônia, a televisão, ao menos no futebol, não é mais uma caixa estática de sons e imagens. A g e n t e e s c r e v e n o c o m p u t a d o r, o computador avisa a TV, e a TV responde. O processo está no começo, mas ninguém pode detê-lo. Nem uma zaga de seleção segura os internautas de chuteira. Segundo o texto, pessoas que assistem a jogos de futebol ao vivo correm riscos. II. apenas homens assistem a jogos de futebol. III. 9 milhões de internautas interagem hoje ao assistir a partidas de futebol. IV. é certo que irá aumentar a participação de internautas no processo mencionado. I. 74) Conclui-se que estão corretas as afirmativas 293 a) b) c) d) e) I e II I, II e III I e IV II e III II, III e IV Módulo 11 Texto 19 76) Pelas referências que faz, é correto concluir que o narrador relembra uma parte de seu passado de modo A primeira bola 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 Não sei de que material é feita a bola de hoje. Quando ganhei a minha primeira bola, ela era feita de couro. Tinha uma câmara dentro, como nos pneus. Enchiase a câmara com ar com uma bomba de bicicleta – ou com os pulmões mesmo, naquele tempo se tinha fôlego – e ajeitavase o mamilo da câmara dentro do couro da melhor maneira possível, antes de amarrar os cordões da bola, que tinha cadarços como as chuteiras. Isso tudo foi neste século, sim. Minha primeira bola tinha o tamanho regulamentar, era uma número cinco autêntica. (...) O couro reluzia. Hesitava-se muito antes de dar o primeiro chute na bola nova, pois o couro começaria a ficar arranhado no primeiro toque. Era um dilema, você não conseguia resistir ao impulso de levar a bola para a calçada e começar a narrar seus próprios movimentos com ela como um locutor entusiasmado – “Domina a número cinco, atenção, vai marcar, dá de charles... Gooooool! Sensacionaaaal!” – e ao mesmo t e m p o q u e r i a p ro l o n g a r a o m á x i m o aquela sensação de couro novo, intocado, nas mãos. (...) Quase tão bom quanto o cheiro da primeira bola era correr atrás dela, mesmo que só fôssemos craques na nossa própria apreciação (“Que lance, senhoras e senhores!”, eu gritava, mesmo que só estivesse fazendo tabela com a parede). 75) Pela leitura do texto, é correto concluir que o narrador a) b) c) d) e) desalentado e autêntico. claro e detalhado. realista e contraditório. minucioso e hesitante. exagerado e saudosista. 77) As duas expressões do texto presentes em cada alternativa referem-se à mesma idéia, exceto no caso de a) “Quando ganhei a minha primeira bola” (linhas 2-3) “naquele tempo” (linha 7) b) “Tinha uma câmara dentro” (linhas 3-4) “Enchia-se (...) com uma bomba de bicicleta” (linhas 4-5-6) c) “tinha o tamanho regulamentar” (linhas 12-13) “era uma número cinco autêntica” (linhas 13-14) d) “Hesitava-se muito” (linha 15) “Era um dilema” (linha18) e) “Quase tão bom” (linha 28) “na nossa própria apreciação” (linhas 30-31) Instrução: Responder à questão 78 com base nas afirmativas a seguir, sobre os três textos. I. No texto 17, os dados históricos fundamentam as reflexões do autor. II. O texto 18 é predominantemente informativo. III. No texto 19, predomina a visão subjetiva do autor. IV. Os três textos têm em comum a relação entre futebol e tecnologia. 78) Conclui-se que estão corretas as afirmativas a) guarda em seu poder, como lembrança, sua primeira bola de couro. b) considera que seu leitor não sabe como eram as bolas de futebol antigamente. c) está convicto de que atualmente as bolas de futebol não são de couro. d) teve uma infância solitária, pois não tinha com quem jogar. e) tornou-se narrador de partidas de futebol. 294 a) b) c) d) e) I e II I, II e III I e IV II e III II, III e IV Interpretação de Textos PUCRS Texto 20 Quando a linguagem culta é um fantasma. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 Antes de entrar-se no exame do problema do empobrecimento cada vez mais acentuado da linguagem dos jovens, é preciso estabelecer que em qualquer idioma há vários níveis de expressão e comunicação: popular, coloquial, culto, profissional, grupal, etc. As diferenças entre esses níveis são evidentes, por isso facilmente demarcáveis. Basta comparar, por exemplo, a chamada “fala dos magrinhos” com a de um deputado em sua tribuna. Assim, as dificuldades do jovem não estão, a rigor, na sua incapacidade de expressarse. No seu grupo – e aí é que vive a maior parte de seu tempo – certamente ele não sente o menor embaraço para dizer o que quer e entender o que os amigos lhe falam. A comunicação se faz ............ perfeição, sem quaisquer ruídos: “Sábado vou dar um chego lá na tua baia, tá?” E a resposta vem logo, curta e precisa: “Falô! Vê se leva o Beto junto. Faz tempo que ele não pinta lá. Depois, a gente sai pra dar uma banda”. Esse é o nível de sua linguagem grupal. Um nível meio galhofeiro e rico de tons que ele domina galhardamente. Está como um peixe dentro de seu elemento natural. Movimentase com segurança e muito consciente de sua capacidade expressional. As dificuldades que experimenta – e que o fazem inseguro e frustado – estão na aprendizagem da língua “ensinada” na escola. A língua culta representa para ele um obstáculo intransponível, uma coisa estranha que o assusta e deprime. E é fato compreensível. Para o jovem, habituado à fala grupal, à gíria, ao jargão de seus companheiros de idade e de interesses, a norma culta surge como um fantasma, um anacronismo com o qual não consegue estabelecer uma convivência amistosa. Se passa 23 horas e 10 minutos ............. dizer “tu viu”, “eu vi ela”, “me alcança a caneta”, “as redação”, como irá, nos 50 minutos de aula de português, alterar todo o comportamento lingüístico e aceitar sem relutância que o certo é “tu viste”, “eu a vi”, “alcança-me a caneta”, “as redações”? A força coercitiva da escola é pouca para opor-se ........... avalanche que vem de fora. É, pensando bem, quase uma violência que se comete contra a espontaneidade da linguagem dos jovens, principalmente quando o professor não é suficientemente esclarecido para dar-lhes a informação tranqüilizadora de que todos os níveis de linguagem são legítimos, desde que inseridos em contexto sociocultural próprio. Explicar-lhes, enfim, por que a escola trabalha preferencialmente com o nível lingüistico da norma culta. Isso os tiraria da situação constrangedora em que se acham metidos e que se manifesta mais ou menos assim: “Não sei como é eu não consigo aprender português!” Caso o leitor não conhecesse o significado da palavra “anacronismo” (linha 20), ele I. poderia chegar ao significado decompondo essa palavra em seus elementos constitutivos e observando o que cada um significa. II. encontraria pistas do seu significado nas expressões “coisa estranha” (linha18), “habituado(...) ao jargão de seus companheiros de idade” (linha 19). III. poderia chegar ao significado identificando a classe gramatical dessa palavra. 1. 2. 3. 4. 5. 80) As duas palavras se referem à mesma idéia nos casos 79) Pela análise feita, conclui-se que completam corretamente a frase a) apenas I b) apenas II c) I e II “fala” (linha 5) “a” (linha 5) “No seu grupo” (linha 8) “aí” (linha 8) “grupo” (linha 8) “ele” (linha 8) “ele” (linha 17) “o” (linha 18) “jovem” (linha 19) “o qual” (linha 20) d) I e III e) I, II e III 295 a) b) c) d) e) 1e2 1, 2, 3 e 4 1, 2 e 4 3, 4 e 5 3e5 Módulo 11 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 (...) É chegada a hora de se contestar o império das cruzinhas, responsáveis pela perda de muitas propostas pedagógicas. No sistema de cruzadinhas, o aluno não faz uso de seu raciocínio, apenas opta por uma das respostas, nascidas de outro cérebro (o do professor) e, assim, não elabora os conceitos, frutos de seu próprio aprendizado. Não se diga, por isso, que os cursinhos são a causa da “dor de cabeça” ........... passa o ensino: apenas lhe fornece a “aspirina”.(...) Por tudo isso, nos parece menos importante preocupar-se com os cursinhos e muito mais apoiar as iniciativas para salvar o ensino de primeiro e segundo graus, nos quais residem as mazelas que tanto ........... preocupando a sociedade brasileira. Instrução: Responder as questões 81 e 82 81) I. A primeira lacuna do texto deve ser completada com “por que”. II. A palavra “mazelas: significa “doenças”; “aflições”. III. A segunda lacuna do texto deve ser completada com “vêm”. a) Apenas a I está correta. b) Apenas a I e a II estão corretas. c) Apenas a I e a III estão corretas. d) Apenas a II e a III estão corretas. e) A I, a II e a III estão corretas. 82) I. Pode-se inferir do texto que o “império das cruzadinhas” baliza a forma de ensino nas escolas. II. O autor do texto toma partido dos “cursinhos”. III. Segundo o autor, o ensino nos “cursinhos” é muito melhor que o ensino nas escolas. a) Apenas a I está correta. b) Apenas a I e a II estão corretas. c) Apenas a I e a III estão corretas. d) Apenas a II e a III estão corretas. e) A I, a II e a III estão corretas. Texto 21 Sou visto, logo existo. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 296 Quando Or well escreveu “1984”, ainda tínhamos quem olhasse por nós. A guerra fria disputava cada centímetro da Terra para sua visão de mundo, éramos como filhos de pais separados que discutem quem manda mais. Ele previu a continuação do totalitarismo sob a forma tecnológica do olho que tudo vê: o “Grande Irmão”. Antes era Deus, para Or well era uma televisão. Hoje estamos .................. . Hoje somos muito visados, porém só na condição de consumidores universais. Interessada no bolso e não na alma, a propaganda seduz mas não julga. Em última instância, ninguém, seja divindade, potência ou multinacional, parece interessar-se pelo destino de cada um. Foi aí que começamos a instalar câmeras que transmitem via Internet imagens toscas de lares e pessoas chatas. Blogs, ou seja, diários on-line, oferecem notícias sem importância e confissões pueris. Reality shows criam situações e lugares que podem ser acompanhados ao vivo pela televisão. De tanto em tanto, ................... preocupações com a invasão na privacidade de telefones e correspondências, supondo que a intimidade de cada um seria objeto de espionagem, seja comercial, seja política. .............. somos tão ciosos de uma intimidade que temos compulsão de expor, compartilhar e profanar? Não dispondo de grandes ..................., cabe aproveitar a temporada sobre a Terra, porque a continuação é incer ta. Hoje precisamos ser apreciados individualmente e dentro do prazo de validade. É preciso ser visto para ser lembrado, para existir. (...) Sem fé nem esperança, restou o cotidiano. É uma pena que estejamos reduzidos a um registro tão infantil, interessados em assuntos tão domésticos. O Big Brother, assim como seus similares, são uma Big Mother, a única a quem impor ta a higiene, a alimentação e as banalidades de cada um. Nem a visão apocalíptica de Or well supôs que iniciaríamos um milênio tão desamparados e carentes. Interpretação de Textos PUCRS Instrução: Responder às questões 83 e 84 utilizando o código a seguir: a) I e II d) II e III b) I, II e IV e) III e IV c) I, III e IV 83) Pela leitura do texto, é correto concluir que a) Embora a propaganda seja movida por interesses materiais, ela também é usada para conquistar a alma das pessoas. b) Estamos todos desamparados e carentes porque a realidade, cada vez mais difícil, nos transformou em ateus. c) Somos seres paradoxais, pois gostamos de expor nossa vida pessoal mas tendemos à invasão de nossa privacidade. d) Ainda que não tenha lido Orwell e não saiba inglês, o leitor pode chegar ao sentido de “Grande Irmão”, “blogs”e “reality shows”pelas pistas presentes no texto. 84) Considerando o sentido de certas expressões no texto e relacionando-as com outras, fora do texto, é correto concluir que a) “Terra”(linha 04) está pra “Marte” assim como “Orwell”(linha 01) está pra “Jorge Amado”. b) “confissões pueris” (linha 23) está para confidências de criança” assim como “destino” (linha 18) está pra “futuro”. c) “profanar (linha 35) está para “sacralizar” assim como “pena”(linha 44) está para “lástima”. d) “restou” (linha 43) está para “permaneceu” assim como “banalidades”(linha 50) está para “particularidades”. Texto 22 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 86) Pela leitura do texto, é correto concluir que 85) De acordo com o texto , as palavras “ciosos” (linha 33) e “apocalíptica”(linha 51) equivalem, em sentido, respectivamente, a a) b) c) d) e) Vários pontos são intensamente discutidos no romance “1984”, tais como a língua, o controle da realidade e do passado, a guerra. Tudo isso se encontra resumido no grande lema do Par tido: Quem controla o passado controla o futuro; quem controla o presente controla o passado, e também nos três lemas do Ministério da Verdade: GUERRA É PAZ LIBERDADE É ESCRAVIDÃO IGNORÂNCIA É FORÇA O lema do Partido está explicado no seguinte diálogo, retirado de “1984”. – O passado existe concretamente, no espaço? Existe em alguma parte um mundo de objetos sólidos, onde o passado ainda acontece? – Não. – Então onde é que existe o passado, se é que existe? – Nos registros. – E em que mais? – Na memória. Na memória dos homens. – Na memória. Muito bem. Nós, o Partido, controlamos todas as memórias. Nesse caso, controlamos o passado, não é verdade? cobiçosos – assustadora invejosos – exagerada cuidadosos – equivocada zelosos – terrificante cientes – final 297 a) o passado está nos fatos realmente acontecidos, e não nos registros. b) o Partido pode controlar os registros, as memórias e, conseqüentemente, o passado. c) o Partido quer que o povo lembre o passado, porque “ignorância é força.” d) se o Partido pode alterar os registros, não vale a pena registrar os fatos passados. e) os lemas do Ministério da Verdade explicam o grande lema do partido. Módulo 11 Texto 23 Um bebê na Universidade 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 Depois do bebê de proveta, os cientistas conseguirão, um dia, abreviar o tempo de gestação para trinta dias? Por mais incômoda que _____ ser a gravidez, as mães, em geral, conformam-se com este indispensável prazo biológico, e não há notícias ______ tentando, de alguma forma, apressar o ciclo de desenvolvimento do embrião. O mesmo fazem os agricultores: esperam, pacientemente, que a semente germine e a planta cresça com seu próprio ritmo (o agricultor, necessariamente, tem que aprender a ter paciência, esperança e previsão). Quando o crescimento biológico perde seu ritmo natural, transforma-se em “câncer ”, deformando o projeto contido no código genético. Com o ser humano, de maneira estranha, logo que a criança nasce, iniciase violenta pressão para que supere rapidamente suas etapas de crescimento. Quem trabalha com crianças pequenas, em escolas maternais e em jardins de infância, conhece a “corrida ao pau-de-sebo”. Enquanto a criança não aprendeu a ler, os pais toleram que a escola experimente os mais diversos métodos e que siga as teorias mais modernas. Mas quando chega a idade tradicional de alfabetização, os pais perguntam se tudo aquilo não é apenas brincadeira e diversão. É que a alfabetização é o primeiro know-how contabilizável, isto é, com valor econômico, numa sociedade competitiva. Daí para a frente, o problema é fazer a c r i a n ç a e n t r a r n a c o r r i d a c u r r i c u l a r, transpor rapidamente o primeiro grau, entrar no segundo grau e, finalmente, o mais cedo possível, enfrentar o vestibular. Transposta essa barreira, cessa a angústia: o garoto está equipado para a luta pela vida. Ninguém pergunta se obedeceu aos ritmos de amadurecimento, se a escola realmente deu opor tunidade à estruturação mental, se a criança foi feliz durante esse período de crescimento. A entrada na quinta série, por exemplo, exige o amadurecimento das estruturas lógico-abstratas, sem o que toda aprendizagem se transforma em mera justaposição, que logo é eliminada por falta de estruturas de assimilação. O ingresso na universidade só deveria ser feito depois de, digamos, 21 anos, quando o jovem tivesse plena maturidade para manipular a complexidade dos processos científicos. O resultado é uma chusma de 59 60 61 62 63 64 65 66 67 68 69 70 doutorezinhos imaturos e semiletrados, sem o mínimo poder de reflexão, com a cabeça cheia de coisas decoradas. Mas os pais estão felizes de lhes terem fornecido o diploma, espécie de tacape com que enfrentarão os adversários na “luta por um lugar ao sol”. O resultado é semelhante ao que se obtém amadurecendo fr utas à força, por processos artificiais... E para onde vão todos nessa corrida? Perde-se o sentido de viver a vida em troca de subir rápido no “pau-de-sebo”. 87) Todas as afirmativas estão corretas, com EXCEÇÃO de a) O título do texto é uma hipérbole, empregada como estratégia para despertar a curiosidade do leitor. b) A interrogação (linhas 01 a 03) assinala previamente ao leitor o caráter opinativo do texto, levando-o a refletir sobre o tema. c) O autor do texto argumenta por analogia, que é um raciocínio a partir da comparação, da semelhança: o que vale para x provavelmente valerá para y, visto que são semelhantes. d) Na apresentação de seus pontos de vista, o autor mostra-se imparcial e cometido, embora o assunto que discute seja polêmico. e) O autor, na introdução e desenvolvimento do texto, conduz o leitor a concordar com a idéia que defende em seu final: a universidade é um processo de reflexão só acessível a pessoas maduras. 88) A idéia CENTRAL do texto é 298 a) A instrução obtida no ensino é um capital altamente rentável com que os indivíduos disputam “um lugar ao sol”. b) A vida moderna caracteriza-se pela competitividade entre os indivíduos, embora ninguém saiba explicar para onde todos vão nesta corrida. c) Os seres humanos tentam retardar a infância e acelerar a velhice, mas não conseguirão alterar o tempo determinado pelo desenvolvimento biológico. d) A angústia dos pais é a responsável pela pressão a que as crianças são submetidas, o que gera a infelicidade dos jovens. e) Há um tempo próprio para cada etapa de desenvolvimento dos seres: violar esse ritmo implica distúrbios. Interpretação de Textos PUCRS As aventuras da Família Brasil 89) Responder a questão conforme o código abaixo. I. II. A última fala da tira é um paradoxo em relação à segunda fala. O efeito humorístico da tira permaneceria inalterado se a última fala fosse esta: “Física, Química ou Matemática”. III. O efeito humorístico da tira é acentuado pela expressão “exatamente”, presente na segunda fala. a) Apenas a I está correta. b) Apenas a I e a II estão corretas. c) Apenas a I e a III estão corretas. d) Apenas a II e a III estão corretas. e) A I, a II e a III estão corretas. Texto 24 O canteiro de palavras 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Qual é o seu ofício – me pergunta com certa formalidade o simpático velhinho da fila do banco, depois do cumprimento habitual e do comentário sobre o tempo, rotinas que ser vem para quebrar o gelo (no nosso clima, literalmente) entre desconhecidos circunstacionalmente íntimos pela espera compartilhada. Quase digo que sou jornalista, mas me policio porque conheço o poder inibidor da minha profissão. – Vivo de escrever! – respondo no mesmo tom evasivo, tentando decifrar o efeito da resposta no seu olhar enrugado. Lembro de um escritor que falou coisa semelhante para uma empregada de poucas luzes e recebeu de volta um comentário um tanto surrealista, provavelmente buscado nos anúncios de empregos dos jornais: – Ah, o senhor tem redação própria? Mas o meu interlocutor momentâneo não manifesta qualquer curiosidade sobre o gênero dos meus escritos, se preencho notas fiscais ou elaboro poemas parnasianos. Está mais interessado em mostrar suas duas mãos, dois conjuntos desarmônicos de calos e cicatrizes. – Eu sou cortador de pedras – me diz com indisfarçável orgulho de quem detém um dote raro. Antes que a file ande, tenho o tempo ainda para ouvir algumas explicações sobre a arte de tirar paralelepípedos da rocha bruta, sobre as ferramentas que usa e sobre a quantidade de peças que produz. Ouço em silêncio para não perturbar a narrativa, mas seu trabalho não me é estranho. Perto de minha casa há uma pedreira. Conheço a faina dos homens empoeirados que lá labutam. De vez em quando fico ouvindo a distância o martelar 299 Módulo 11 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 dos canteiros e pensando na célebre fabula sobre ....................., escrita por Jabob Riis, que tem como personagem exatamente um cortador de pedras. Diz mais ou menos o seguinte: “Quando nada parece dar certo, eu observo o homem que corta pedras. Ele martela uma, duas, centenas de vezes, sem que uma só rachadura apareça. Porém, na centésima primeira martelada, a pedra se abre em duas. E eu sei que não foi aquela pancada que operou o milagre, mas todas as que vieram antes”. Pois escrever, me dou conta enquanto preencho o cheque, não deixa de ser um processo semelhante. A gente martela centenas de vezes até que brote do cérebro (ou do dicionário) a palavra adequada, talvez a única capaz de servir à construção literária planejada. Nem sempre se consegue. A não ser que o canteiro de letras tenha o talento daquele escultor de estátuas eqüestres que explicava com simplicidade como conseguia tal perfeição: – Eu tiro da pedra tudo o que não seja cavalo. 90) A expressão que completa corretamente a lacuna do texto, levando em consideração o contexto, é a) b) c) d) e) as adversidades da existência. a tenacidade das nossas ações. a falta de sorte da vida. a fraqueza diante das dificuldades. a revolta diante dos problemas. 91) A idéia central do texto está intimamente relacionada com todas passagens a seguir, EXCETO: a) “Adestrei-me desde os sete anos de idade para que um dia eu tivesse a língua em meu poder. E, no entanto, cada vez que eu vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada livro meu é uma estréia penosa e feliz.” (Clarice Lispector) b) “Um texto se constrói, às vezes lentamente, muitas vezes penosamente, raras vezes facilmente.” (Nilson de Souza) c) “... um aprendiz de escriba tem de penar na dura estiva de desembarcar idéias no teclado, dispô-las numa ordem razoável, dotá-las de algum ritmo, garimpar à procura da palavra precisa, do claro conceito.” (Liberato Vieira da Cunha) d) “Um simples telegrama, uma dedicatória já representam um esforço para mim. Consolo-me com aquele achado de Paulo Mendes Campos, segundo o qual quem tem facilidade para escrever não é escritor, é orador.”(Fernando Sabino) e) “Aprendi que, para escrever, tinha de escrever. Não adianta só ficar falando de como é bonito...”(Moacyr Scliar) 92) Considerando a linguagem e a tipologia do texto, é correto dizer que I. se trata de uma crônica: o autor parte de um fato do cotidiano para fazer sua reflexão sobre o ofício do escritor. II. a linguagem do texto é informal, o que justifica os erros gramaticais. III. o autor emprega o presente do indicativo para conferir maior vivacidade a um fato ocorrido no passado. IV. o texto, por ser jornalístico, pertence ao gênero informativo. 300 Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas a) b) c) d) e) apenas a I e a II. apenas a I e a III. apenas a II e a IV. apenas a II, a III e a IV. a I, a II, a III e a IV. Interpretação de Textos PUCRS 93) Um escritor sempre poderá encontrar uma forma criativa para expressar algo, sem incorrer em fórmulas desgastadas pelo uso excessivo. Tal, no entanto, NÃO ocorre em a) “Na rua, sustento o caule de uma grande rosa negra, que se abre sobre mim na chuva.” (guarda-chuva) b) “Aquela andorinha que vai subindo cada vez mais longe – será mesmo uma andorinha? OU minha saudade que te mando? (saudades) c) “Você disse que bala mata/ bala não mata ninguém/ a bala que mais mata/ são os olhos do meu bem.” (quadrinha) d) “Boião de leite que a noite leva com as mãos de trava para não sei quem beber e que embora levado devagarinho vai derramando pingos brancos pelo caminho.” (lua cheia) e) “Tu és o pão que vai matar a minha fome, a água que vai saciar minha sede, o sol que aquece minha vida.” (declaração de amor) 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 Aquele fogão velho, hoje extinto – bota mais lenha, tem feijão cozinhando -, era muito importante na minha casa. Mas ele subsiste, porque as palavras são capazes de atiçar-lhe o fogo. Outro fogo. Imersa no tempo, a casa também se foi. Mas ela não desapareceu. Ainda existem as ár vores, aquela taipa velha e bonita, a fonte no canto superior do parreiral. Essas coisas ficaram lá, nos arredores de 1950. Porém eu as per maneço através das palavras. 94) A frase que sintetiza a idéia central do texto é: a) As recordações da infância são as que mais marcam o ser humano. b) O homem perpetua o transitório mediante a linguagem. c) Recordar é viver, repetem com freqüência os saudosistas. d) Tudo passa, menos as recordações da infância. e) A palavra é o elo que une o passado, o presente e o futuro. Texto 25 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 Vamos admitir que o estudante se encontre diante da “página em branco”, de lápis e papel em punho, a esperar que as idéias lhe jorrem da mente com ímpeto proporcional à sua ansiedade. É um momento de transe .................. estão sujeitos todos os que ainda não adquiriram o desembaraço natural advindo da prática diuturna de escrever (transe e aflição traduzidos em mordiscar a ponta do lápis). O assunto sobre o qual se propõe a escrever é vago, não depende de pesquisa, mas apenas da experiência e das vivências. E agora? Vejamos como resolver isso, mediante a sábia lição do Professor Júlio Nogueira: “O assunto é um desses temas abstratos, que nos parecem áridos, avaros de idéias: a amizade, por exemplo. Que dizer sobre a amizade? Como encher tantas linhas, formando períodos sobre períodos, se as idéias nos escapam, se a imaginação está inerte, se nada encontramos no cérebro que nos pareça digno de ser expresso de forma agradável e, sobretudo, correta? Antes de tudo, se nosso estado de espírito é perplexidade, se nos domina essa preocupação pungente, esse desânimo de chegar a um resultado satisfatório, o que devemos fazer é não começar a tarefa imediatamente. Em vez de lançar a esmo algumas frases inexpressivas no papel, devemos refletir, devemos nos concentrar. Uma quarta parte do tempo ............... dispomos deve ser destinada a metodizar o assunto, a dividi-lo nos pontos que comporta. 95) Todas as alternativas apresentam um sinônimo adequado para a palavra em destaque, EXCETO a) “a imaginação está inerte” (linha 11) – “sem atividade”. b) “se nos domina essa preocupação pungente” (linhas 13 e 14) – “dolorosa”. c) “lançar a esmo algumas frases” (linha 15) – “a custo”. d) “destinada a metodizar o assunto” (linha 17) – “organizar”. e) “a dividi-lo nos pontos que comporta” (linha 17) – “admite”. 301 Módulo 11 96) A atenção predominante do autor, nesse fragmento de texto, é a) ressaltar a importância da correção gramatical na produção do texto. b) dar conselhos para a produção de um texto sobre a amizade. c) enfocar a perplexidade dos vestibulandos diante da “folha em branco” no processo de produção textual. d) orientar o planejamento do texto no momento da sua produção. e) buscar explicações para o fraco desempenho dos estudantes no momento da produção textual. 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 97) Dentre as sugestões de título para a crônica de Scliar, apresentadas a seguir, apenas uma sintetiza a idéia nela predominante. Qual é? a) b) c) d) e) Texto 26 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Todos temos, dentro de nós, um aventureiro em potencial. Todos ansiamos por uma aventura, pequena ou grande. É o antídoto contra a monotonia da rotina, que é necessária - sem rotina nada conseguiríamos-, mas que às vezes se torna mortalmente aborrecida. E aí, tratase de fazer o que para nós é inusitado, e ................ mesmo excitante: escrever um poema, saltar de pára-quedas, ter um caso amoroso. Mas, para a maioria das pessoas, especialmente para os jovens, a aventura ainda se traduz em viagem. Compreensível: viagem significa sair de casa, romper o cordão ..............., conhecer novos lugares, novas pessoas. Descobertas que são também autodescober tas; situações inesperadas, perigosas ou não, revelam facetas desconhecidas de nossa própria personalidade. E o inesperado é coisa que não falta em viagem. Que, ao menos para a classe média, já não é coisa tão difícil: dá para conseguir passagens de avião baratas, inclusive para o Exterior, dá para andar de moto pelo país, dá para recorrer a várias formas de transpor te. (...) Os jovens em geral viajam com pouco dinheiro: faz parte do desafio. Se a viagem é longa, isso significa trabalhar, ganhando pouco - os empregadores europeus ou americanos sabem tirar proveito da situação de ilegalidade. E aí, é lavar pratos, é fazer faxina, é cuidar da portaria de hotel barato à noite, ou fazer qualquer outra coisa. Um amigo meu quase caiu para ....................... ao encontrar o filho, menino mimado, tocando violão num metrô europeu para receber algumas moedas. De novo, tudo isso educa. Tudo, isso ajuda a amadurecer. Construindo a Auto-Estima Um Lazer para Poucos Viagem: Aventura e Crescimento Pessoal A Rotina de Viajar Viagens: uma Exclusividade dos Jovens 98) As palavras “antídoto” (linha 04) e “monotonia” (linha 04) têm, em sua formação, elementos sinônimos dos prefixos presentes, respectivamente, em a) b) c) d) e) antediluviano preconceito imoral desvendar contraproducente onipresente polivalente microcosmo multifacetado unicelular 99) Os pares de palavras abaixo, de acordo com o sentido que as primeiras têm no texto, apresentam uma relação de oposição, EXCETO no caso de 302 a) b) c) d) e) “aborrecida” (linha 07) - interessante “inusitado” - (linha 08) - costumeiro “excitante” (linha 09) - temerário “inesperadas” (linha 18) - previsíveis “barato” (linha 35) - dispendioso Interpretação de Textos PUCRS 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 Viagens são importantes: o mundo mudou por causa dos grandes navegadores. Descobrimos muitas coisas, e m nossas avent uras, mas uma da s descobertas, a mais importante, só aos poucos vai aparecendo; com a maturidade, constatamos que a grande aventura ainda é a aventura interior, é visitar os estranhos lugares que temos dentro de nós, conhecer as estranhas pessoas que somos. É possível fazer essa viagem na companhia de um psicanalista, na companhia de livros; mas é possível fazê-Ia por conta própria. Como toda aventura, esta envolve riscos e frustrações, mas, como toda aventura, envolve um componente glorioso. É a glória de estar vivo, a glória de sobreviver. É a grande aventura. 100) A idéia principal do texto assemelha-se à idéia predominante em a) “Pus meu sonho num navio e o navio em cima do mar; depois, abri o mar com as mãos para meu sonho naufragar.” Cecília Meireles b) “Restam outros sistemas fora do solar a colonizar. Ao acabar todos só resta ao homem (estará equipado?) a difícil dangerosíssima viagem de si a si mesmo. “ C. D. de Andrade c) “Não importa se longe na praia dourada Ficaram crianças e mãos a rendar. Singrar é preciso, e é a própria alvorada Que empurra a jangada pra dentro do mar.” G. D. Veneta d) “Ah, quem me dera ir-me Contigo agora para um horizonte firme (Comum, embora) Ah! Quem me dera ir-me.” Vinicius de Moraes Instrução: Responder às questões 101 a 103 com base no texto abaixo. Texto 27 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 40 e) “Valeu a pena? Tudo vale a pena Se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador Tem que passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, Mas nele é que espelhou o céu.” Fernando Pessoa 303 As grandes navegações européias à África, à Ásia e às Américas, ........................... do século 15, trouxeram conseqüências de destaque para o estudo da mitologia. Pela primeira vez ....................., esses povos cotejaram seus costumes e crenças e verificaram o improvável: que suas culturas, separadas pelo tempo e pela geografia, possuíam práticas religiosas e mitos notavelmente similares. No século 19, o ar tista-viajante George Catlin (1796-1872) morou em diversas tribos indígenas dos Estados Unidos, seu país natal. Em uma de suas obras, ele afirma que os rituais dessas tribos se assemelhavam aos dos judeus do Antigo Testamento e cita, entre outros indícios, a observância religiosa ao período menstr ual e uma festa parecida com Pessach (a Páscoa judaica). (...) Mas foi por volta de 1900 que o olhar rigoroso de diversas áreas do conhecimento recaiu sobre a religião e a mitologia, configurando-se duas abordagens básicas que hoje disputam a aceitação científica: a primeira considera que os mitos teriam sido produzidos em uma região ................., como a África, e de lá teriam se espalhado pelo mundo; a segunda crê que os elementos centrais das nar rativas sejam produtos da psique humana, portanto universais. “O mito é, sobretudo, uma forma de consolo coletivo”, acredita o antropólogo Everardo Rocha, da PUC-Rio. “É por meio dele que o homem busca uma origem para si e para sua cultura e seu possível destino após a morte.” Módulo 11 101) Sobre a forma e/ou o conteúdo do texto, é correto afirmar que a) trata-se de um texto predomi-nantemente narrativo, pois o objetivo do autor é narrar a viagem feita por George Catlin. b) o uso abundante de terminologia de uma área específica do conhecimento torna o texto obscuro à compreensão. c) o texto caracteriza-se como crônica, por ser escrito em linguagem informal e apresentar um ponto de vista do autor. d) trata-se de um texto informativo, tal como os freqüentemente encontra-dos em revistas de divulgação científica junto ao grande público. e) a ausência de uma parte do texto original, indicada pelos três pontinhos entre parênteses da linha 21, prejudica a relação lógica entre os dois trechos de texto (linhas 01 a 20 e 22 a 40). 102) As palavras que podem substituir “cotejaram” (linha 06), “similares” (linha 10) e “abordagens” (linha 25-26) sem alterar o sentido que essas têm no texto estão reunidas em a) b) c) d) e) organizaram / díspares / aproximações disputaram / análogos / pressupostos avaliaram / singulares / posturas compararam / semelhantes / perspectivas conflitaram / associados / posições 103) De acordo com o sentido do texto, as palavras/expressões pertencem ao mesmo campo de significação, EXCETO a) África (linha 29) / mundo (linha 30) / consolo (linha 35) b) povos (linha 05) / tribos (linha 13) / judeus (linha 16) c) costumes (linha 06) / crenças (linha 06) / mitos (linha 28) d) práticas religiosas (linha 09) / rituais (linha 15) / Pessach (linha 20) e) estudo (linha 04) / obras (linha 15) / conhecimento (linha 24) Texto 28 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 304 Vejo o menino cor-de-chocolate, pés descalços, perninhas magras, brincando distraído com uma lata de óleo. E, nem sei por quê, de repente me lembro do outro Menino que a gente ocidental acredita ter sido loiro e de olhos azuis. Penso que o Menino estará de aniversário em poucos dias e continuo a pensar nisso, mesmo sabendo que os homens alteraram o calendário e fixaram uma data que coincidisse com festas pagãs que deveriam ser banidas. De repente, me invade a sensação de ser Papai Noel e finjo estar vestida de vermelho e ter gorda barriga apertada em casaco de cetim e algodão. E de um saco feito de pedaços de pano, imagino tirar um pacote enfeitado de luzes e sinos para presentear o menino de chocolate. Depois, também tão de repente, volto a pensar no Menino que dos reis recebeu incenso e mirra, aconchegado em seu tosco berço. Diz o Livro que havia uma estrela enorme a indicar o caminho à manjedoura. De repente, me escuto a pedir a estrela. Eu, ansiando por doar, me surpreendo pedindo. Quero um céu profundo e luminoso nesta noite, para que nos acalente de paz. E que vaga-lumes imitem nas ruas o brilho dos astros. E que se escutem risos, e que se sinta pelo ar a ternura que o mundo teima em esconder. E que brote de muitos lábios uma prece intensa pela vida e pelos seus mistérios, e que os seres, todos eles, de repente, fiquem impregnados de esperanças. Eu vi um menino cor-de-chocolate, que me fez lembrar do outro, que os homens desenharam louro e com olhos claros como bonitas vivazes. E, de repente, imaginei a minha árvore de verdes grimpas feita de enfeites de chocolate e de doces de azul anil. E, então, me ouvi cantando uma canção de ninar aos dois meninos, tão próximos entre a distância de séculos. Mas, em seguida, notei surpresa que a minha voz era menina: de repente, cantávamos nós, as três crianças. Interpretação de Textos PUCRS 104) Pela leitura do texto, é possível concluir corretamente que ele manifesta a) uma aceitação das fantasias que nos fazem retornar à infância. b) um lamento pela existência de crianças esquecidas do Papai Noel. c) uma crítica ao encobrimento das diferenças raciais pela sociedade ocidental. d) um alerta contra a perda da ternura na idade adulta. e) um apelo em prol da doação de brinquedos às crianças carentes no Natal. 105) Quanto à relação entre escritor e leitor estabelecida pelo texto, é correto afirmar que a cronista se dirige especialmente a um público a) avesso à excessiva comercialização dos festejos natalinos. b) indiferente à situação das crianças de rua nas grandes cidades. c) infantilizado pelas emoções superficiais incentivadas pela mídia nesta época do ano. d) educado na fé cristã e imbuído de espírito religioso. e) familiarizado com as tradições natalinas ocidentais. Instrução: Responder à questão 106 indicando V (verdadeiro) ou F (falso) em cada uma das afirmativas referentes aos recursos que conferem ao texto maior expressividade. ( ) O tema do texto não é diretamente mencionado pela autora, e sim sugerido por expressões como “Papai Noel” (linhas 14), “Menino” (linha 21) e “incenso e mirra” (linha 22). ( ) A repetição da expressão “de repente” remete à realidade exterior, que altera subitamente o fluxo de pensamentos da cronista. ( ) A metáfora da árvore, apresentada no quinto parágrafo, aproxima o menino pobre de hoje do “outro, que os homens desenharam louro e com olhos claros” (linha 39). ( ) A passagem “E, então, me ouvi cantando uma canção de ninar aos dois meninos, tão próximos entre a distância de séculos” (linhas 44 a 46), contém um pleonasmo e uma antítese. 106) A alternativa que contém a seqüência correta é: a) b) c) d) e) V-F-V-V V-V-V-F F-F-V-F V-F-F-V F-V-F-V Texto 29 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 305 Certamente o Natal não sobreviveria se não fosse o gosto das crianças em ganhar presentes. O resto é subproduto: os presentes que se trocam no amigo secreto do escritório são tentativas, na maior par te das vezes patéticas, de infantilizar uma relação profissional entre adultos; de tornar a afeição cotidiana - que existe – em afeição excêntrica, em descoberta de afinidades, em festa que se desembr ulha entre grandes risadas e pequenas decepções. Disneylândias de fim de ano. O filósofo Alain (1868-1951) escreveu belas páginas, sem pieguice, a respeito do Natal. Uma de suas idéias é que o mais bonito, no ritual de dezembro, é ver os três reis magos se ajoelhando, com presentes, em face do menino Jesus na manjedoura. É como se o Poder se cur vasse, imagina Alain, frente à pureza e à espiritualidade. Não sei se é o caso de se chegar ............. tanto. Mas os sacrifícios do Natal nos shopping centers, o trabalho de presentear os outros têm algo dessa humildade, sempre renovada, que dedicamos ............. crianças. Alain fala de outra coisa. No hemisfério norte, o Natal corresponde mais ou menos noite mais longa do ano. Ou seja: depois da noite de Natal, as noites começam a ficar mais curtas e, embora o inverno aguce em janeiro e fevereiro seus rigores, na verdade já decresce. Não é ............. toa, então, diz Alain, que o Natal seja uma festa de esperança e de alegria: os astrônomos coincidem nesse ponto com os padres ao ver, em pleno inverno, prenúncios de vida e renovação. Módulo 11 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 55 56 No meio de um congestionamento, com uma lista interminável de presentes a comprar, lembro-me de Alain e procuro consolar-me: em cada presente errado ou certo que eu compre há algo de infantil, há homenagens à memória católica ou pagã, há forças de renovação – mesmo que, depois de empanturrado com doses imensas de peru e panetone, depois de decepcionado ou surpreendido com os presentes que eu próprio recebi, não pense mais nisso. Não faz mal. A criança – toda criança é um deus ganhou seus presentes. Merece. Nós também. c) no quarto parágrafo, o autor submete a subjetividade de suas concepções filosóficas e religiosas ao rigor objetivo da ciência. d) no quinto parágrafo, estabelece-se uma compensação entre o que há de bom e o que há de ruim nos ritos natalinos. e) o sexto e último parágrafo explica por que o autor afirmou “Não faz mal.” (linha 53). 109) Quanto à relação entre termos do texto, é correto dizer que retoma a) “suas” (linha 16) “belas páginas” (linha 15) b) “que” (linha 27) “o trabalho de presentear” (linhas 25 e 26) c) “então” (linha 36) “em janeiro e fevereiro” (linhas 34 e 35) d) “nesse ponto” (linha 39) “que o Natal seja uma festa de esperança e alegria” (linhas 37 e 38) e) “nisso” (linha 53) “decepcionado ou surpreendido com os presentes que eu próprio recebi” (linhas 51 e 52) 107) No texto, o autor se posiciona frente a duas concepções de Natal. As expressões que melhor traduzem a diferença entre essas concepções são a) “presentes que se trocam” (linha 04) e “descoberta de afinidades” (linha 10). b) ‘’festa que se desembrulha entre grandes risadas” (linhas 10 e 11) e “ritual de dezembro” (linha 17). c) “Disneylândias de fim de ano” (linhas 12 e 13) e “prenúncios de vida e renovação” (linhas 40 e 41). d) “trabalho de presentear os outros” (linhas 25 e 26) e “doses imensas de peru e panetone” (linhas 49 e 50). e) “festa de esperança e de alegria” (linhas 37 e 38) e “homenagens à memória católica ou pagã” (linhas 47 e 48). 108) Considerando as idéias apresentadas no texto, é INCORRETO afirmar que a) no primeiro parágrafo, há uma oposição entre o que é natural, espontâneo, e o que é artificial. b) no segundo e no terceiro parágrafos, o autor vale-se de uma imagem para sugerir que mais importante do que os presentes é a atitude de quem os oferece. Instrução: Para responder à questão 110 considere as palavras sublinhadas no texto 3. Neste Natal não quero o Papai Noel das lojas enfeitadas, do celofane brilhante das cestas de produtos importados, das garrafas em que os néscios afogam tristezas rotuladas de alegrias. Quero o Menino palestino em busca de uma terra onde nascer e viver, o Menino judeu arauto da paz na Terra. Neste Natal dispenso abraços protocolares, sentimentos retóricos e emoções que escondem a aridez do coração. Quero o amor sem dor, a oração só louvor, a fécomungada no sabor da justiça. 306 Interpretação de Textos PUCRS 110) De acordo com o sentido do texto, as expressões que mais se assemelham em significado a “arauto”, “protocolares” e “aridez” são ...................., e ................... a) b) c) d) e) precursor - afetivos - seguras mensageiro - formais - dureza emissário - efusivos - dureza adepto - formais - relevância símbolo - efusivos - segura Instrução: Responder à questão 111 considerando as afirmativas sobre os três textos. Os três textos, cada um a seu modo, 1. aprovam a prática de comprar e oferecer presentes. 2. pressupõem a existência de um Deus Menino. 3. colocam a alegria das crianças no centro das comemorações do Natal. 4. abordam problemas decorrentes das injustiças sociais. 5. convidam a considerar o Natal para além das aparências. 6. vêem o Natal como um momento de renovação da esperança. 111) Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas a) b) c) d) e) 1, 2 e 4. 1, 3 e 5. 2, 4 e 6. 2, 5 e 6. 3, 4 e 6. Texto 30 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Para alguns, os mais pragmáticos, o tempo não tem nada de misterioso: ele passa, envelhecemos e um dia morremos, ponto final. Já para outros, o tempo é um paradoxo, nosso grande amigo e inimigo. Amigo por nos ensinar a ser pacientes com a impaciência dos outros, por nos fazer esquecer coisas que devem ser esquecidas e lembrar aquelas que devem ser lembradas. Inimigo por interromper vidas e relações, por mudar coisas que não queremos que sejam mudadas, por nos fazer esquecer coisas que devem ser lembradas. Em termos psicológicos, não temos dúvidas: como ninguém consegue se lembrar do futuro, o tempo anda sempre avante. Mas a situação não é assim tão simples. Em arte, podemos inventar o futuro no presente, “visualizar” o que vai ser e tentar dar vida a essa visão. O paradoxo, aqui, é que toda criação depende apenas do passado: criamos o futuro reexperimentando e reintegrando o passado. Isso não significa que tudo já existe: significa apenas que existem infinitos modos de olhar para trás. 112) A expressão que serviria de título para o texto, por sintetizar as idéias nele contidas, é a) O tempo passa para todos. b) A misteriosa e incontrolável força do tempo c) O tempo como fator de insegurança na vida das pessoas d) A arte como forma de inventar o tempo e) Diferentes olhares sobre o tempo 113) As pessoas menos pragmáticas consideram a noção de tempo paradoxal porque ele a) não pode ser facilmente definido. b) apesar de não ter nada de misterioso, deixanos intrigados. c) responde pelos esquecimentos e pelas lembranças que preenchem nossas vidas. d) embora siga sempre avante, submete-se à invenção do artista. e) mesmo provocando mudanças, não pode ser modificado. 307 Módulo 11 Texto 31 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 A velocidade é uma mania contemporânea. Achamos que essa urgência toda achatou nossa qualidade de vida, quando na verdade a pressa propriamente dita faz par te da busca angustiada pela tal qualidade de vida. Quando, por exemplo, uma criança pequena fica agitada e irritadiça, exigindo ser levada de cá para lá, que lhe alcancem inúmeros objetos que ela em seguida joga ao chão, consideramos que ela está com sono, buscando nesses gestos alívio para um mal-estar difuso, e a tranqüilizamos para que durma. .......... um adulto muda constantemente de carro, namorado, profissão, estilo, mostrando-se entediado ou insatisfeito com tudo que planeja ou conquista, consideramos que ele está exercendo sua liberdade de escolha. ________ é bom poder mudar de idéia na vida, mas a urgência das trocas pode estar denunciando que, como a criança chorosa, estamos nos sentindo desamparados, esperando que um objeto ou uma posição social possam garantir bem-estar, certezas e aconchego. Talvez dure pouco exatamente porque somos mutantes quanto a quem somos e ao que queremos. Não nos sentimos inseguros porque a velocidade desestabiliza as coisas, pelo contrário: o culto à rapidez resulta da ansiedade de nossa busca por respostas e alívio. 114) O objetivo geral do texto é a) alertar sobre os danos provocados nas pessoas pelo ritmo acelerado da vida moderna. b) refletir sobre a mania de velocidade que acomete o homem contemporâneo. c) comparar a inconstância dos adultos insatisfeitos às reações de uma criança mimada. d) relacionar a angústia do homem urbano à sua incapacidade de resistir aos apelos da sociedade de consumo. e) questionar a liberdade de escolha exercida sem a devida consciência dos valores envolvidos. 115) Para responder à questão, considere as afirmativas I. A palavra “achatou” (l. 03) está empregada no sentido literal e significa “reduziu”. II. Ficar “irritadiça” (l. 08) é o mesmo que “ficar irritada”. III. “Um mal-estar difuso” (l. 13) é um mal-estar generalizado e não-circunscrito. IV. A palavra “mutantes” (l. 29) é utilizada para caracterizar nosso estado de constante insatisfação. Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas apenas a) I e II. b) I e III. c) II e IV. d) III e IV. e) II, III e IV. Instrução: Responder às questões 116 e 117 com base nas afirmativas sobre o texto. I. A tira de Quino constitui uma narrativa porque é marcada pela presença de um narrador. II. Entre o segundo e o terceiro quadrinho há uma relação de causa – conseqüência. III. A ação se desenvolve a partir do confronto entre os pontos de vista das personagens. IV. Há uma transformação que se opera no interior da personagem principal. 116) Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas apenas 308 a) b) c) d) e) I e II. I e IV. II e III. I, III e IV. II, III e IV. Interpretação de Textos PUCRS I. Não obstante a diferença na pontuação, todas as frases proferidas pelas personagens têm valor exclamativo. II. No primeiro quadrinho, o verbo “chegar” está empregado no sentido de “ter início” e não exige complemento. III. No segundo quadrinho, o verbo “chegar” significa “atingir” e exige um complemento introduzido por preposição. IV. O processo que distingue “chegar a primavera” de “chegar à primavera” equivale ao verificado em “chegar o fim” e “chegar ao fim”. 117) Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas a) b) c) d) e) I e II, apenas. I e IV, apenas. III e IV, apenas. I, II e III, apenas. I, II, III e IV. da nossa costa não se satisfaz com pequenas falcatruas, queremos pororocas de sujeira, dilúvios de canalhice. (...) Todas as sociedades deste lado do muro são, de um jeito ou de outro, cleptocracias, construídas pelos mais esper tos. Nas que deram cer to o proveito desse pioneirismo de canalhas foi distribuído, nas que continuam a dar er rado só uma minoria aproveita do resultado de seus próprios crimes. Instrução: Para responder às questões 118 a 120, preencha os parênteses que precedem as afirmativas com V para verdadeiro e F para falso e considere o código a seguir: a) b) c) d) e) V–F–F–F F–F–F–V V–V–V–F F–V–V–V F–F–V–V 118) Sobre a linguagem do texto, é correto afirmar que: Texto 32 VERGONHA 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 Será que a gente somos corrupto? De nascença? Por natureza? Alguma coisa na água, ou no leite da mãe? Em Paris, nos aconselhavam a não dizer que éramos “bresiliens”, pegava mal. (...) Devíamos dizer “ du Brésil ” – para não acabar dizendo “brasileiros, mas no bom sentido”. No cinema americano, é para o Brasil que vêm tradicionalmente os grandes caloteiros, pelo menos os que conseguem escapar com grana. Muito do nosso folclore é baseado no autodesprezo: somos a terra do malandro, do indolente, do encostado. Somos, paradoxalmente, a raça do jeito pra tudo e a raça que não tem jeito mesmo. Existiria, no brasileiro, uma falha estrutural que frustraria todas as tentativas de refor má-lo. (...)Não somos menos morais do que os outros mas gostamos de dizer que somos. Tem algo a ver com o nosso tamanho. Nosso mar de lama não é maior que os outros, a extensão ( ) Na linha 01, a concordância verbal não obedece à norma culta da língua, impedindo, por isso, a compreensão da frase. ( ) O contexto permite que o leitor entenda como sinônimas as palavras em francês, mesmo que ele não domine essa língua. ( ) Na referência à estada do cronista em Paris, são apresentadas três possibilidades para indicar a nacionalidade brasileira. ( ) O paradoxo a que se refere o autor no segundo parágrafo está expresso pela antítese presente nas linhas 15 e 17. 309 Módulo 11 119) Analisando o modo como o povo brasileiro é apresentado no texto, conclui-se que o autor ( ) considera que somos mais propensos à corrupção do que outros povos. ( ) mostra-se inconformado com o jeitinho brasileiro. ( ) atribui ao brasileiro uma certa tendência de vangloriar-se, ainda que injustificada. ( ) reconhece no brasileiro uma propensão ao exagero. 120) Desconsiderando o uso de maiúscula ou minúscula, o texto permaneceria correto se acrescentássemos: ( ( ( ( ) “Também” antes de “Somos” (l. 15) ) “Portanto” antes de “Existiria” (l. 17) ) “Na verdade”, antes de “Não somos” (l. 19) ) “Por isso”, antes de “Nas que deram certo” (l. 30) Texto 33 Instrução: Responder às questões 121 a 123 com base no texto, fragmento da mensagem do Papa João Paulo II no Dia Mundial da Paz (1o de janeiro de 1980). 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 Para se passar de uma situação menos humana para uma situação mais humana, quer na vida nacional quer na vida internacional, é longo o caminho a percorrer, e nele se há de avançar por fases. (...) Jamais haverá paz sem uma disponibilidade para o diálogo sincero e c o n t í n u o . A v e rd a d e d e s e n v o l v e - s e , também ela, no diálogo e, por outro lado, fortifica este meio indispensável para a paz. A verdade também não tem receio dos entendimentos honestos, porque traz consigo as luzes que permitem c o m p r o m e t e r- s e n e l e s , s e m t e r d e sacrificar convicções – e valores essenciais. A verdade aproxima de si os espíritos; faz ver aquilo que já une as partes até então opostas umas às outras; faz retroceder as desconfianças de ontem e prepara terreno para novos progressos na justiça e na fraternidade, na coabitação pacífica de todos os homens. (...) Sim, eu tenho 23 24 25 26 27 28 29 30 para mim esta convicção: a verdade fortifica a paz a partir de dentro. E um clima de sinceridade maior há de permitir mobilizar as energias humanas para a única causa que é digna delas: o pleno respeito da verdade sobre a natureza e o destino do homem, fonte da verdadeira paz na justiça e na amizade. Instrução: Para responder à questão 121, considere as possibilidades de complementação da frase a seguir, numeradas de 1 a 5. Pela leitura do texto, é correto concluir que o Papa João Paulo II 1. entende que a construção de uma sociedade constitui um processo lento e paulatino. 2. aponta para a existência de injustiça em diferentes estratos da organização social. 3. mostra-se convicto de que não há sinceridade nas relações entre povos e nações. 4. formula uma dura crítica às relações pouco verdadeiras que se desenrolam entre as nações. 5. revela-se cético quanto à possibilidade real de se construir um mundo mais fraterno. 121) Pela análise das afirmativas, conclui-se que estão corretas a) 1 e 2 b) 1, 2 e 3 c) 2, 3, 4 e 5 d) 3 e 4 e) 4 e 5 122) Quanto à relação entre termos do segundo parágrafo, é correto dizer que ......... retoma .......... . 310 a) “ela” (l. 09) – “uma disponibilidade para o diálogo sincero e contínuo” (ls. 06 a 08) b) “este meio” (l. 10) – “a verdade” (l. 08) c) “neles” (l. 14) – “os entendimentos honestos” (l. 12) d) “aquilo” (l. 17) – “o diálogo” (l. 09) e) “umas às outras” (l. 18) – “as luzes” (l. 13) e “convicções” (l. 15) Interpretação de Textos PUCRS 123) As expressões do texto equivalentes quanto ao sentido e ao papel sintático que desempenham nas frases são a) b) c) d) e) se (l. 01) Para (l. 01) a (l. 04) paz (l. 06) diálogo (l. 07) a) b) c) d) e) se (l. 08) para (l. 10) a (l. 11) paz (l. 24) diálogo (l. 09) 1–2–2–1–1–1 1–2–1–2–1–2 2–1–1–2–2–2 2–1–2–1–2–1 1–2–2–2–1–2 Instrução: Responder à questão 125 com base nas afirmativas sobre os três textos. Texto 34 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 124) Preenchidos corretamente os espaços, concluise que a seqüência correta de números é É célebre o paradoxo do mentiroso: Epimênides, sacerdote de Apolo, cretense que viveu no século VI a.C., disse de seus compatriotas: “Os cretenses mentem o tempo todo”. Ora, se Epimênides é mais um cretense que vive dizendo mentiras... nem todos os cretenses serão mentirosos. Ou, talvez, Epimênides seja o único cretense capaz de dizer verdades, e a verdade, então, é que todos os cretenses são sempre mentirosos, exceto Epimênides. A verdade mesmo é que ninguém consegue ser mentiroso 24 horas por dia. Mentir cansa, e possivelmente o próprio Epimênides, mentiroso renitente, fez uma pausa e disse essa verdade. (...) Mas se mentir o tempo todo é impossível, dizer sempre a verdade não é nada fácil. A verdade, afirmou Platão, “é que a verdade é um alvo em que poucos acertam”. I. Os textos 32 e 34 apresentam uma situação concreta para fundamentar a tese de seus respectivos autores. II. A linguagem do texto 33 distingue-o dos demais pelo tom coloquial e pela subjetividade. III. Nos textos 32 e 34, os autores utilizam o discurso alheio como recurso argumentativo. IV. Nos três textos, os autores comparam diferentes sociedades entre si. 125) Pela análise das afirmativas, é possível concluir que estão corretas apenas Instrução: Para responder à questão 124, considere o sentido do texto e preencha os espaços, utilizando para isso as expressões correspondentes aos números 1 e 2: 1. a verdade 2. uma mentira/mentiras Conforme Epimênides, nenhum natural de Creta falava .............. . Entretanto, pode ser que esse sacerdote estivesse falando ............. . Já segundo Perissé, o autor do texto, talvez o sacerdote cretense estivesse realmente falando .............. por ter se cansado de falar .............. . Enfim, ainda segundo o autor do texto, é menos difícil dizer sempre ................ do que falar ................ todo o tempo. 311 a) b) c) d) e) I e II. I e III. III e IV. II e IV. I, II e IV. Módulo 11 Texto 35 Pelo fim da “showblicidade” de cerveja 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 Em julho de 1990 pude vi s i t a r algumas cidades do Leste europeu que estavam saindo da ditadura socialista e e n tr ando na eco no mia de merca d o . Permaneci um mês entre Praga, Bratislava e Budapeste. Em Praga e Bratislava não havia publicidade de coisa nenhuma. Tudo era estatal e de escassa qualidade. Senti saudades do trabalho dos publicitários, das informações e dos atrativos de nossos produtos. Digo isso p a r a d e i x a r b e m c l a ro q u e n ã o s o u contra a publicidade comercial. Po r é m , h á m u i t o q u e n o B r a s i l a publicidade – sobretudo a telepublicidade – deixou de ser informativa para se tornar persuasiva e voraz. Perdeu aquela certa ingenuidade de ovelha que a tornava até simpática. Adotou estilo lobo voraz, mesmo com roupa de carneiro. A publicidade não trabalha mais apenas com o desejo de informar e de competir mostrando a qualidade do produto. Ela quer vender a qualquer custo, ser vindose de mecanismos psicológicos de indução ao consumo. Apoderou-se de várias festas populares, como o Dia da Criança e o Dia das Mães, impondo a elas apenas sentido comercial. Cria e descria diariamente VIPs (very important person), cuja finalidade é vender qualquer coisa – de revistas de fofocas a CDs de duvidoso valor cultural – aos NIPs ( no important person). A publicidade comercial televisiva está criando até um ser humano diferente, cada dia menos homo sapiens e mais homo bobo consumista, mostrando um mundo sempre bonitinho, onde nada dá errado. E é com tal mecanismo maquiador da realidade que ela faz também publicidade de cerveja, ou melhor, “showblicidade” de cerveja: criou uma “cultura da obrigatoriedade do álcool” em festas de qualquer tipo, como se fosse ingrediente capaz de promover felicidade. Todas as publicidades de cerveja que existem no Brasil mostram pessoas felizes, realizadas porque bebem esta ou aquela marca. Mas a verdade é outra: de cerveja se morre. 126) Com as informações do texto, o leitor pode responder a apenas uma das perguntas abaixo. Qual é ela? a) Com que objetivo o autor visitou o Leste europeu? b) Quanto tempo o autor permaneceu em Praga? c) Como se caracterizava a publicidade em Budapeste, quando o autor lá esteve? d) Qual o teor alcoólico da cerveja? e) Que relação existe entre datas comemorativas e publicidade comercial? 127) Pela leitura do texto, é correto concluir que o autor a) demonstra saudade do tempo em que esteve no Leste europeu. b) é contrário a várias festas populares, como o Dia das Mães e o Dia da Criança. c) aponta efeitos negativos da publicidade veiculada pela televisão brasileira. d) está desencantado com as pessoas que abusam do álcool. e) julga que o brasileiro se deixa influenciar pela propaganda mais facilmente do que o europeu. Instrução: Resolver a questão 128 considerando o sentido das palavras/expressões de cada par. 1. “ingenuidade” (linha 18) – “complacência” 2. “servindo-se de” (linhaS 24-25) – “utilizando” 3. “até” (linha 36) – “inclusive” 4. “promover” (linha 46) – “elevar” 5. “de cerveja” (linha 50) – “devido à cerveja” 128) As duas expressões são equivalentes em sentido apenas no caso de 312 a) b) c) d) e) 1, 2, 3 e 5. 1, 2 e 4. 2, 3 e 5. 3 e 5. 4 e 5. Interpretação de Textos PUCRS Texto 36 129) Quanto à distribuição de idéias no texto, é correto afirmar: Alcoolismo e adolescência 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 A última pesquisa sobre o uso do álcool entre adolescentes desenvolvida pelo Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, da Unifesp, revela que 48,3% dos adolescentes entre 12 e 17 anos já beberam alguma vez na vida (52,2% rapazes; 44,7% moças). Desses, 14,8% bebem regularmente e 6,7% são dependentes do álcool. (...) O álcool é considerado particularmente perigoso para o adolescente por motivos diversos. Em primeiro lugar, pelo fácil acesso: a lei 9.294/96 proíbe a venda de bebidas alcoólicas para menores de 18 anos, mas essa é uma daquelas leis que “não pegam”, por incapacidade de fiscalização das autoridades. Em segundo lugar, a bebida é tida como um elemento de socialização, de auto-afirmação e de inclusão no mundo adulto. Além do estímulo da propaganda e dos amigos, muitas vezes o contato com o álcool é propiciado pelos próprios familiares do adolescente. Os pais não têm em relação ao etanol, por exemplo, o cuidado que costumam ter com a maconha. Por outro lado, pesquisa realizada pela Universidade Duke (EUA), em 2000, demonstrou que o uso freqüente do álcool na adolescência produz danos ao cérebro, afetando a memória e prejudicando a aprendizagem, além de favorecer o desenvolvimento de problemas familiares e de uma vida sexual promíscua – o que se tornou um comportamento de alto risco na era da Aids. Sendo a adolescência a fase de constr ução da identidade, é particularmente perigoso que o jovem se habitue _____ experimentar situações específicas como festas, praia e namoro sob o efeito do álcool. Associando o uso de bebidas _____ sensações de prazer, o consumo de álcool torna-se cada vez mais freqüente, abrindo caminho _____ dependência, que pode ser tanto física quanto psicológica. a) No primeiro parágrafo, o autor informa que 6,7% das moças entrevistadas são dependentes de álcool. b) No segundo parágrafo, o autor atribui à legislação vigente o descaso com o controle do consumo de álcool entre adolescentes. c) No segundo parágrafo, o autor recomenda aos pais que imponham mais limites e dêem exemplos positivos aos adolescentes. d) No terceiro parágrafo, o autor demonstra que as conseqüências do uso do álcool entre adolescentes são múltiplas. e) No último parágrafo, o autor aponta uma possibilidade de solução para o problema discutido. 130) A única sugestão de reescrita para uma parte do texto que ALTERA a correção ou o sentido é 313 a) “O álcool é considerado particularmente perigoso” (linhas 10-11) Considera-se o álcool especialmente perigoso b) “pelo fácil acesso” (linha 13) devido à facilidade de acesso c) “essa é uma daquelas leis que “não pegam” (linhas 15-16) essa é uma das leis que não são cumpridas d) “Além do estímulo da propaganda e dos amigos” (linhas 21 e 22) Além de estimular a propaganda e os amigos e) “Sendo a adolescência” (linha 38) Como a adolescência é Módulo 11 Instrução: Responder às questões 131 e 132 com base na tira a seguir. Instrução: Responder à questão 131 preenchendo os parênteses com V para verdadeiro e F para falso. Pela leitura da tira, é correto concluir que ( ) A expressão “a juventude” refere-se a uma pluralidade de seres. ( ) A expressão “continua morrendo” poderia ser substituída por “está morrendo” sem alteração no sentido. ( ) A frase da personagem à esquerda denota que a juventude morre por atropelamento. ( ) “potência” e “velocidade” estabelecem uma relação de causa-conseqüência com “emoção”. 131) A seqüência que completa adequadamente os parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) V–F–F–V V–V–V–F F–V–V–V V–V–F–F F–F–F–V 132) Observando-se todos os elementos do contexto, é correto concluir que a personagem da direita a) b) c) d) e) está distraída, e não ouve seu interlocutor. mostra-se assustada com a imagem do automóvel. chama a atenção de seu interlocutor para o mistério que o outdoor representa. atribui um caráter misterioso ao fato de o carro ser fabricado pela “Newcar”. relaciona o apelo da publicidade com o que acabou de ouvir. 314 Interpretação de Textos PUCRS Instrução: Responder às questões 133 a 134 com base no texto. Texto 37 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 Estamos na sociedade da infor mação. Somos autênticos infor mívoros , necessitamos de informação para sobreviver, como necessitamos de alimento, calor ou contato social. Nas ciências da comunicação, considera-se que informação é tudo aquilo que reduz a incerteza de um sistema. Nesse sentido, todos nós nos alimentamos de informação que nos permite não apenas prever como também controlar os acontecimentos de nosso meio. Previsão e controle são duas das funções fundamentais da aprendizagem, inclusive nos organismos mais simples. Na vida social, a informação é ainda mais essencial porque os fenômenos que nos rodeiam são complexos e cambiantes e, portanto, ainda mais incertos do que os que afetam os outros seres vivos. A incer teza é ainda maior na sociedade atual, como conseqüência da descentração do conhecimento e dos vertiginosos ritmos de mudança em todos os setores da vida. Um traço característico de nossa cultura da aprendizagem é que, em vez de ter de buscar ativamente a infor mação com que alimentar nossa ânsia de previsão e controle, estamos sendo abarrotados, superalimentados de informação, na maioria das vezes em formato fast food . Sofremos uma certa obesidade informativa, conseqüência de uma dieta pouco equilibrada. 133) Com relação às idéias apresentadas no texto, é correto concluir que a) as ciências da comunicação ensinam o homem a lidar com o excesso de informação. b) o culto à informação está sendo substituído pela cultura da aprendizagem. c) só aprendemos para melhor prever e controlar a realidade. d) a falta de informação sobre os fenômenos que nos cercam gera insegurança. e) toda informação que não buscamos ativamente resulta inútil. Instrução: Para responder à questão 134, preencha os parênteses que precedem as afirmativas com V para verdadeiro e F para falso e selecione a alternativa com base no código a seguir. a) b) c) d) e) F–V–V–F V–V–F–V V–F–V–F F–V–V–V F–F–V–V 134) Com relação à palavra “informívoros” (linha 02), é correto afirmar: ( )Está grafada em itálico por ser uma expressão da linguagem informal. ( )Relaciona-se semanticamente com “alimento” (linha 05), “fast food” (linha 33), “obesidade” (linha 34) e “dieta” (linha 35). ( )Poderia ser substituída por “informófagos”, de sentido análogo. ( )Expressa a ironia e a inconformidade do autor em relação ao tema discutido. Instrução: Responder às questões 135 a 136 com base no texto. Texto 38 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 315 Os adolescentes usam a web como uma espécie de laboratório social, para testar limites do relacionamento. A estudante paulista L.S.B., 15 anos, assídua no Orkut e no MSN, diz ter maior intimidade como computador do que com os pais. “ Q u a n d o e s t o u d a n d o u m a b ro n c a , prefiro falar pessoalmente, mas tem coisas que só consigo digitar”, diz. As novidades não dizem respeito apenas a relacionamentos e troca de informações – mas, também, a velocidade. A antropóloga Anne Kirah obser vou que a maior dificuldade dos imigrantes (isto é, aquelas pessoas nascidas quando o telefone tinha disco e que, em caso de urgência, enviavam telegramas) é entrar em sintonia com o ritmo atual e acelerado da sociedade on-line. Para os jovens, que não conheceram outra vida, isso é perfeitamente natural. A tecnologia abriu uma porta para que as pessoas possam estar em contato Módulo 11 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 permanente umas com as outras e para que tenham acesso ininterrupto à informação. Ainda é cedo para conhecer os efeitos a longo prazo da cultura da comunicação. O modelo é espetacular, e seus benefícios para a difusão do conhecimento são evidentes. Em contrapartida, a conexão permanente parece estar reduzindo o tempo disponível para simplesmente sentar e pensar. 136) A relação entre o primeiro e o segundo parágrafo se estabelece numa seqüência que vai do mais .............. para o mais ............... a) b) c) d) e) natural – artificial positivo – negativo abstrato – concreto específico – genérico efêmero – permanente 135) O título que melhor sintetiza as idéias do texto é a) b) c) d) e) Os jovens e o computador. A comunicação na sociedade on-line. Os problemas do relacionamento on-line. Os benefícios da cultura da comunicação. A difícil adaptação às novas tecnologias. 137) A partir da análise comparativa dos três textos, é correto concluir que a) b) c) d) A linguagem do texto 37 é mais coloquial do que a dos demais textos. O texto 38 oferece soluções para o problema levantado no texto 1. No texto 38, a narrativa se sobrepõe à exposição de idéias. A tira apresenta, de forma figurada, um ponto de vista semelhante ao desenvolvido no texto 37. e) Os três textos têm em comum o fato de se preocuparem com o futuro das relações humanas numa sociedade marcada pelo excesso de informações. 316 Interpretação de Textos PUCRS Texto 39 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 Valores apresentam diferenças significativas conforme a cultura e o país. Os universitários brasileiros, por exemplo, se preocupam mais com o sucesso pessoal e profissional do que os argentinos e uruguaios, sentimento que predomina também entre os homens, independentemente da nacionalidade, enquanto as mulheres valorizam a simplicidade e a segurança. Os brasileiros dão mais valor ..................... uma vida confortável, feliz e prazerosa. Um mundo de beleza (apreciação da arte e do que é belo) e paz, a igualdade e a segurança familiar são destacados pelos argentinos, e os uruguaios priorizam a liberdade e também a segurança familiar. Essas conclusões fazem par te da disser tação do professor de Administração do Campus Uruguaiana Elvisnei Camargo Conceição, defendida no Mestrado em Administração e Negócios da PUCRS e orientada por Paulo Fernando Burlamaqui. Os resultados surgiram de questionários respondidos por 624 estudantes de universidades situadas na fronteira, no interior ou nas capitais. O s v a l o r e s , e x p l i c a o a u t o r, expressam crenças duradouras, menos sujeitas ______ influências do ambiente. Fo r a m i n v e s t i g a d o s d o i s g r u p o s d e valores: os relacionados aos objetivos de vida (terminais) e os que assumimos como orientadores de conduta social (instrumentais). Segurança familiar, felicidade e liberdade são prioridades para os universitários das três nacionalidades. Como valores instrumentais, honestidade, responsabilidade e capacidade lideraram o ranking. Ambição está em sexto lugar entre os brasileiros e em 12º entre argentinos e uruguaios. Quanto ______ obediência, o autor considera que a sociedade moderna enxerga esse valor como subser viência e submissão, n ã o c o n d i z e n t e c o m a l i b e rd a d e d e escolha. (...) 48 49 50 51 52 53 54 55 56 57 58 59 60 Conforme o professor, os resultados científicos não são generalizáveis para toda a população, mas apontam indicativos para os meios acadêmicos e empresarial. Camargo ressalta que a aplicação é multidisciplinar, podendo interessar à Administração, à Psicologia, à Antropologia e à Sociologia. O estudo pode contribuir para a elaboração de planos de marketing e de programas de relacionamento com o cliente, para a definição de estratégias e de ações de endomarketing. 138) Por suas características, é correto dizer que o texto 39 é predominantemente a) narrativo, porque conta como se desenvolveu uma determinada pesquisa. b) informativo, porque apresenta dados e conclusões referentes a um estudo acadêmico. c) opinativo, porque revela juízos de valor sobre algumas características humanas. d) publicitário, porque faz propaganda de um trabalho de mestrado. e) dissertativo, porque defende o ponto de vista dos universitários. 139) Após a leitura do texto, é possível responder a apenas uma das perguntas abaixo. Qual é ela? 317 a) Quantas universidades brasileiras participaram da pesquisa? b) Quantas questões continha cada instrumento de coleta de dados? c) A que classes sociais pertenciam os universitários entrevistados? d) Que fatores influenciam na formação de valores humanos? e) Quais os quesitos menos valorizados pelos universitários brasileiros? Módulo 11 140) Quanto à pesquisa referida no texto, é INCORRETO dizer que ela a) examinou dois tipos principais de valores humanos, subdivididos em diversos quesitos. b) apresenta conclusões acerca de um universo delimitado. c) analisou dados a partir de indicadores como nacionalidade e gênero. d) reuniu dados referentes a diferentes níveis de escolaridade. e) oferece resultados cuja utilidade ultrapassa o cumprimento de uma exigência acadêmica. Instrução: Para responder às questões 141, considere o que está sendo solicitado e a veracidade das afirmativas, assinalando V (verdadeiro) e F (falso) nos parênteses. 141) Com base nos resultados da pesquisa apresentados no texto, conclui-se que: ( ) Mulheres e homens valorizam diferentemente o sucesso pessoal e profissional. ( ) Homens das três nacionalidades priorizam conforto e prazer. ( ) Segurança familiar é um valor essencialmente feminino. ( ) Os brasileiros priorizam o valor ambição mais do que os outros universitários. ( ) O valor paz é destaque tanto para argentinos quanto para uruguaios. Texto 40 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 Instrução: Para responder à questão 142 considere o uso das palavras “valor” e “valores” nos textos 1 e 2. 142) Quanto ao uso dessas palavras nos dois textos, a afirmação INCORRETA é: O preenchimento correto dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) Muitas vezes, passamos a utilizar expressões sem ter cer teza de seu significado. “Capital humano” é uma delas. Afinal, o que significa isso? Será que podemos mensurar o valor de um indivíduo? Colocar etiqueta de preço e transformá-lo em par te do patrimônio empresarial? Certamente tem gente que gostaria que assim fosse. Contudo, essa atitude não só é insensata como improdutiva. Apenas o desenvolvimento dos talentos e habilidades de um indivíduo que atue com objetivos claros e de forma voluntária e comprometida, a partir de um trabalho integrado, pode gerar resultados de valor. F–V–F–F–F F–F–F–V–V V–F–F–V–F V–V–V–F–V V – F– V – V – V 318 a) No texto 39, linha 01, a palavra “Valores” está sendo usada genericamente. b) No texto 40, “valor” apresenta sentidos idênticos nas linhas 05 e 16. c) No texto 40, “valor de um indivíduo” (linha 05 e 06) relaciona-se semanticamente com “talentos e habilidades” (linhas 12 e 13). d) A expressão “de valor”, na linha 16 do texto 40, equivale semanticamente a “que valham a pena”, ou “positivos”. e) No texto 39 “valor” é tratado como algo mensurável, enquanto no texto 40 essa possibilidade é rejeitada. Interpretação de Textos PUCRS Texto 41 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 Texto 42 A literatura constitui modalidade privilegiada de leitura, em que a liberdade e o prazer são vir tualmente ilimitados. Mas, se a leitura literária é uma modalidade de leitura, cumpre não esquecer que há outras, que desfrutam, inclusive, de maior trânsito social. A competência nessas outras modalidades de leitura é anterior e condicionante da participação no que se poderia chamar de capital cultural de uma sociedade e, conseqüentemente, responsável pelo grau de cidadania de que desfr uta o indivíduo. (...) Assim, no contexto de um projeto de educação democrática, vem à frente a habilidade de leitura, essencial para quem quer ou precisa ler jornais, assinar contratos de trabalho, procurar emprego através de anúncios, solicitar documentos na polícia, enfim, para todos aqueles que par ticipam, mesmo que à revelia, dos circuitos da sociedade moderna, que fez da escrita seu código oficial. Mas a leitura literária continua sendo fundamental. É à literatura, como linguagem e como instituição, que se confiam os diferentes imaginários, sensibilidades, valores e compor tamentos através dos quais uma sociedade expressa e discute, simbolicamente, seus impasses, seus desejos, suas utopias. Por isto, a literatura é impor tante no cur rículo escolar: o cidadão, para exercer plenamente sua c i d a d a n i a , p r e c i s a a p o s s a r- s e d a linguagem literária, alfabetizar-se nela, tornar-se seu usuário competente. Mesmo que nunca vá escrever um livro, ele precisará ler muitos. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Instrução: Para responder à questão 144, analise o sentido que as expressões a seguir têm no texto, e as possíveis relações entre elas. 1. “um sobrado” (linha 02) 2. “livros” (linha 03) 3. “(D) os instrumentos do homem” (linhas 20) 4. “(d) o homem” (linha 20) 5. “(d) aquela casa” (linha 18) 6. “o livro” (linha 23) 7. “seu corpo” (linha 22) 143) Segundo a autora, a leitura do texto literário a) é mais importante do que a leitura dos demais tipos e gêneros de textos que circulam no cotidiano. b) constitui uma forma de estimular o leitor a eventualmente tornar-se um escritor. c) é um privilégio, já que depende de meios virtuais, inacessíveis a boa parte da população. d) demanda um esforço de apropriação por parte do leitor, para além da competência básica. e) é condicionada pelo grau de cidadania de cada indivíduo. Muito legal o anúncio da Feira do Livro, que mostra um sobrado construído inteiramente de livros. (...) N a c a s a d o s l i v ro s i m p e r a u m f a n t a s m a p o d e ro s o c h a m a d o I m a g i nação. Haja criatividade para construir tantos mundos de letras, na forma de contos, crônicas, poesias e romances, que enchem páginas e páginas de informação e ficção. Quem lê tanto livro em tempos de realidade vir tual? Difícil saber, mas a verdade é que esse objeto medieval, quase tosco se comparado com a parafernália tecnológica dos nossos tempos, continua atraindo a atenção e a curiosidade das pessoas. Borges, que deve estar em algum desvão daquela casa encantada, definiu magistralmente essa invenção humana: “Dos instrumentos do homem, o mais assombroso é, sem dúvida, o livro. Os demais são extensão do seu corpo... Mas o livro é outra coisa, o livro é uma extensão da memória e da imaginação”. 144) Algumas das relações entre essas expressões estão corretamente indicadas a seguir, EXCETO no caso de 319 a) b) c) d) e) 1 e 2 – produto – matéria-prima. 1 e 5 – equivalência. 3 e 1 – oposição. 3 e 6 – geral – particular. 4 e 7 – todo – parte. Módulo 11 Texto 43 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 Geoficção é um passatempo ou hobby que consiste na criação de lugares imaginários, como países, cidades, bair ros, r uas, prédios ou até mesmo planetas e galáxias. Adeptos da geoficção comumente imaginam o lugar que criam num alto nível de detalhamento, com cada minúcia e par ticularidade que desejam. Em geral, escrevem descrições que contêm nomes, características geográficas, culturais, sociais, políticas, econômicas, históricas. Deve-se diferenciar lugares históricos de lugares fictícios, pois enquanto os primeiros podem ser simplesmente imaginados para quaisquer fins, estes últimos são criados necessariamente para obras de ficção ou ar te, como livros, filmes, poesias, quadrinhos, etc. A criação de países e universos como supor te, contexto e cenário para uma obra de ficção (como a galáxia de Star Wars, por George Lucas, ou a Terra Média, por J. R. R. Tolkien) costuma ser considerada um ramo derivado da geoficção, já que esta abarca também a invenção de lugares por puro deleite pessoal, sem aplicação determinada. 22 perdido a capacidade de procurar outras 23 respostas cer tas, e também perdido 24 muito em capacidade imaginativa. Instrução: Para responder à questão 145, considere o que está sendo solicitado e as afirmativas, preenchendo os parênteses com V (verdadeiro) e F (falso). 145) A partir da leitura do texto 44, é correto concluir que: ( ) O questionamento feito a propósito da marca de giz gerou ansiedade porque os alunos temiam o professor. ( ) Na situação referida, o objetivo do professor era mais formativo do que informativo. ( ) Os professores do Jardim de Infância mencionado eram mais qualificados do que os de Inglês. ( ) A escola em que estudou o autor do texto estimulava a criatividade desde o Jardim de Infância. ( ) É possível haver mais de uma solução para o mesmo problema. O preenchimento correto dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) Texto 44 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Quando eu estava no Curso Colegial, meu professor de inglês fez uma pequena marca de giz no quadro-negro, e perguntou à turma o que era aquilo. Passados alguns segundos, alguém disse: ‘É uma marca de giz no quadro negro!’ O resto da classe suspirou de alívio, porque o óbvio havia sido dito, e ninguém tinha mais nada a dizer. ‘Vocês me surpreendem’, falou o professor. ‘Fiz o mesmo exercício ontem, com uma tur ma do Jardim de Infância, e eles pensaram em umas cinqüenta coisas diferentes: o olho de uma cor uja, um inseto esmagado, e assim por diante. Eles estavam com a imaginação a todo vapor’. Nos dez anos que vão do Jardim ao Colegial, havíamos aprendido a encontrar a resposta certa, mas havíamos F–F–V–V–F V–F–V–V–V F–V–F–F–V V–F–F–F–F V–V–V–F–V Instrução: Para resolver a questão 146, considere os dados referentes aos textos 43 e 44 e analise as afirmativas. I. No texto 43, predomina a narração; no texto 44, a argumentação. II. O texto 44 é mais conclusivo do que o texto 43. III. Ambos os textos se desenvolvem a partir de uma característica humana abstrata. IV. Embora apenas o texto 44 seja redigido em primeira pessoa, os dois textos apresentam o mesmo grau de subjetividade. 146) As afirmativas corretas são, apenas, 320 a) I e II. b) I e IV. c) I e III. d) II e III. e) II, III e IV. Interpretação de Textos PUCRS Texto 45 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 Texto 46 Se não tivéssemos medo, não teríamos nenhum receio de carros em alta velocidade, de animais venenosos e de doenças contagiosas. Tanto nos seres humanos como nos animais, o medo tem por objetivo promover a sobrevivência. Com o decorrer do tempo as pessoas que sentiram medo tiveram mais pressão evolutiva favorável. Hoje, não precisamos mais lutar por nossas vidas na selva, mas o medo está longe de desaparecer, pois continua ser vindo ao mesmo propósito que ser via na época em que nos encontrávamos com um leão enquanto trazíamos água do rio. A diferença é que agora car regamos carteiras e andamos pelas ruas da cidade. A decisão de usar ou não aquele atalho deserto à meia-noite é baseada em um medo racional que promove a sobrevivência. Na verdade, o que mudou foram só os estímulos, já que corremos o mesmo risco que corríamos há centenas de anos e nosso medo ainda ser ve para nos proteger da mesma forma que nos protegia antes. A maioria de nós jamais esteve perto da peste bubônica (epidemia que atacou a Europa na época medieval), mas nosso coração para ao vermos um rato. Para o ser humano, além do instinto, também há outros fatores envolvidos no medo. O ser humano pode ter o dom da antecipação, o que nos faz imaginar coisas terríveis que poderiam acontecer: coisas que ouvimos, lemos ou vemos na TV. A maioria de nós nunca vivenciou um acidente de avião, mas isso não nos impede de sentar em um avião e agar rar fir me nos apoios dos braços. A antecipação de um estímulo de medo pode provocar a mesma reação que teríamos se vivêssemos a situação real. Isso também é um benefício obtido com a evolução. 147) A questão para a qual o texto NÃO apresenta resposta é a) b) c) d) e) 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 Quais os fatores envolvidos no medo? Quais os males provocados pelo medo? Para que serve o medo? Quando sentimos medo? De que sentimos medo? 321 A coragem (...) só se torna uma virtude quando a ser viço de outrem ou de uma causa geral e generosa. Como traço de caráter, a coragem é, sobretudo, uma fraca sensibilidade ao medo, seja por ele ser pouco sentido, seja por ser bem suportado, ou até provocar prazer. É a coragem dos estouvados, dos brigões ou dos impávidos, a coragem dos “durões”, como se diz em nossos filmes policiais, e todos sabem que a virtude pode não ter nada a ver com ela. Isso quer dizer que ela é, do ponto de vista moral totalmente indiferente? Não é tão simples assim. Mesmo numa situação em que eu agiria apenas por egoísmo, pode-se estimar que a ação generosa (por exemplo, o combate contra um agressor, em vez da súplica) manifestará maior domínio, maior dignidade, maior liberdade, qualidades moralmente significativas e que darão à coragem, como que por retroação, algo de seu valor: sem ser sempre moral, em sua essência, a coragem é aquilo sem o que, não há dúvida, qualquer moral seria impossível ou sem efeito. Alguém que se entregasse totalmente ao medo que lugar poderia deixar aos seus deveres? (...) O medo é egoísta. A covardia é egoísta. (...) Como virtude, ao contrário, a coragem supõe sempre uma forma de desinteresse, de altruísmo ou de generosidade. Ela não exclui, sem dúvida, uma certa insensibilidade ao medo, até mesmo um gosto por ele. Mas não os supõe necessariamente. Essa coragem não é a ausência do medo, é a capacidade de superá-lo, quando ele existe, por uma vontade mais forte e mais generosa. Já não é (ou já não é apenas) fisiologia, é força de alma, diante do perigo. Já não é uma paixão, é uma virtude, é a condição de todas. Já não é a coragem dos durões, é a coragem dos doces, e dos heróis. Módulo 11 148) Neste fragmento, o autor pretende esclarecer ao leitor que a) coragem e covardia são sentimentos contraditórios, mas necessários à sobrevivência. b) os brigões, os durões não podem ser considerados valentes, são apenas estouvados. c) como virtude, a coragem não prescinde da vontade orientada por valores morais. d) em sua essência, o homem é egoísta, pois só enfrenta o perigo movido por interesses pessoais. e) o heroísmo consiste em nada temer quando se trata de vencer o perigo. 150) Quanto ao emprego de pronomes no texto, afirma-se: 1. O “ela”, na linha 12, retoma “virtude” (linha 11). 2. Quanto ao sentido, o “eu”, na linha 16, tem valor equivalente ao de “alguém”, na linha 27. 3. A palavra “algo”, na linha 23, poderia ser substituída pela expressão “um pouco”, sem prejuízo à coerência e à correção do texto. 4. O “os” da linha 36 retoma “desinteresses”, “altruísmo” e “generosidade” (linhas 32 e 33). Estão corretas apenas as afirmativas a) 1 e 2. b) 2 e 3. c) 2 e 4. d) 3 e 4. e) 1, 3 e 4. Instrução: Para responder às questões 149 a 152, considerar o que é solicitado e os itens numerados de 1 a 4. 149) Analisando o processo de composição do texto, verifica-se que o autor 1. apresenta de início uma definição provisória, que, na sequência, é contestada e reformulada. 2. parte de uma ideia geral, convidando o leitor a examinar seus possíveis desdobramentos em situações específicas. 3. vale-se de contrastes, explicando o que “é” a partir do que “não é”. 4. utiliza questionamentos para apresentar uma série de hipóteses a serem consideradas em sua definição. 151) A propósito do sentido de certos vocábulos no texto, afirma-se: 1. “impávidos” (linha 09) significa “destemidos” e poderia ser substituído por “valentes” sem prejuízo à coerência da frase. 2. “egoísmo” (linha 16) e “altruísmo” (linha 33) são antônimos. 3. “virtude” (linha 01) inclui, em seu sentido amplo, os sentidos de “dignidade” (linha 20), “liberdade” (linha 20), “qualidades” (linha 21) e “generosidade” (linha 33). 4. Na composição das palavras “desinteresse” (linha 32) e “insensibilidade” (linha 35), há elementos de valor semântico equivalente. Estão corretas apenas as afirmativas a) 1 e 2. b) 1 e 3. c) 2 e 4. d) 3 e 4. e) 2, 3 e 4. As afirmativas corretas são, apenas: a) 1 e 2. b) 2 e 3. c) 1, 2 e 3. d) 1, 2 e 4. 322 Interpretação de Textos PUCRS Instrução: Responder à questão 152 com base na tira. ( ) O “dom da antecipação”, explicitado no texto 45 (linhas 32 a 36), pode ser ilustrado pela manifestação das crianças, no quinto quadro da tira. 153) A sequência correta, resultante do preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) V–F–F–V F–V–F–V V–V–F–F V–F–V–F F–F–V–V Instrução: Responder às questões 154 com base no texto 47. Texto 47 152) A conclusão que NÃO pode ser deduzida do texto é a) Entre os bárbaros, a hostilidade é uma virtude cultivada desde a infância. b) Para os bárbaros, ser capaz de provocar medo nos outros é um valor. c) Os pais se preocupam com o futuro de seus filhos e desejam que eles se enquadrem na sociedade. d) Por preferir os livros às guerras, Hamlet rompe com as tradições de seu meio social. e) Os amiguinhos de Hamlet são menos condicionados pelos valores de sua comunidade. Instrução: Para responder à questão 153, preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso), considerando as afirmativas sobre a tira e relacionando-as, se for o caso, com as ideias presentes nos textos 45 e 46. ( ) No primeiro quadrinho, a palavra “hostilidade” está sendo usada com uma conotação positiva. ( ) O conceito de “ação generosa”, apresentado no texto 46 (linhas 14 a 27), é exemplificado nos planos das crianças, no segundo quadro da tira. ( ) No terceiro e no quarto quadrinhos, as falas de Hamlet indicam que ele já vivenciou a situação descrita. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 323 Para os povos modernos, mito e História são considerados duas coisas distintas. Para o dito homem primitivo, porém, ambos pertence ....... . mesma esfera: a salva-guarda da memória. “A mitologia possui um profundo significado para o ato de recordação. Um mito contém a História que é preservada na memória popular e que ajuda a trazer ....... vida camadas enterradas nas profun dezas do espírito humano”, afirma o filósofo russo Nicolai Berdyaev (1874-1948). Em Mito e significado, Lévi-Strauss defende que nossa atual maneira de registrar o passado é simplesmente uma continuação do sistema anterior. “Não me parece improvável que a História tenha subst tuído ....... mitologia nas nossas sociedades e cumpra uma função idêntica, já que, para as sociedades sem escrita e sem arquivos, a finalidade da mitologia garantir que o futuro permaneça fiel ao passado.” Nas culturas tradicionais, lembra o mitólogo J. Bierlein, tudo o que acontece na vida das pessoas apenas ....... repetição de eventos que ocorreram nos mitos. Nesses contextos, a História, de acordo com o sentido atual da palavra – atos específicos e únicos de pessoas vivas e mortas –, pode até ser abolida, porque o mito é percebido como infinitamente mais significativo do que qualquer experiência humana. Para o antropólogo Everardo Rocha, “o mito é sobretudo, uma forma de consolo coletivo. É por meio dele que o homem busca uma origem para si, para sua cultura e para seu possível destino após a morte. A maioria dos mitos, se reduzida à essência, trata de vida, morte, nascimento e renovação. São as grandes questões sem resposta para a humanidade, por isso se repetem”. Módulo 11 Instrução: Para responder à questão 154, relacione as ideias aos respectivos autores, numerando os parênteses. Instrução: Responder às questão 156 com base no texto 48. 1. Nicolai Berdyaev 2. Lévi-Strauss 3. J. F. Bierlein 4. Everardo Rocha ( ) Alguns povos valorizam mais seus mitos do que os registros históricos. ( ) Mitologia e História desempenham papel comum: o de manter viva a memória. ( ) Mesmo prescindindo de registros escritos, é possível a uma sociedade manter sua memória. ( ) Os mitos estão impregnados da memória coletiva dos povos. ( ) É por meio dos mitos que a humanidade busca resolver seus dilemas existenciais. 154) A numeração correta dos parênteses, de cima para baixo é 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 a) b) c) d) e) 3–2–2–1–4 2–1–1–3–4 2–3–1–3–1 1–3–3–2–1 3–4–4–1–2 Instrução: Para responder à questão 155, relacione História e Mito, conforme seu sentido no texto 47, às características que seguem, numerando os parênteses. 1. História 2. Mito ( ) tem suas raízes nos dilemas humanos. ( ) origina-se em crenças ancestrais. ( ) baseia-se em fatos observáveis. ( ) está na memória coletiva. ( ) é o registro do passado. Texto 48 156) No texto, o autor caracteriza a ................. como .............. . 155) A correta numeração dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) Grande parte de nossas decisões é tomada de maneira mais ou menos automática. Esse processo é guiado pelo valor que se dá às diversas experiências do passado. Se uma pessoa desperta boas emoções em mim, toda vez que eu a encontrar vou reviver uma memória que se divide em dois aspectos: o cognitivo (quem é essa pessoa) e o emocional (é alguém de quem eu gosto). Não há memória ou tomada de decisões neutras, sem emoção. Na verdade, nada é mais essencial para a identidade de uma pessoa do que o conjunto de experiências armazenadas em sua mente. Por isso, o que mais distingue a memória humana é a capacidade de ter uma autobiografia. Cada um de nós sabe quando nascemos, quem são nossos pais, nossos amigos, quais são nossas preferências, o que já realizamos na vida… Enfim, qual é nossa história. Um chimpanzé ou um cão têm isso de forma limitada; sua memória não possui a mesma riqueza de detalhes e abrangência. Essa diferença é amplificada pela linguagem, que codifica memórias não verbais em formas verbais, expandindo enormemente tudo o que o ser humano é capaz de memorizar. Cada vez que a memória decai, e conforme a idade isso ocorre em maior ou menor grau, perde-se um pouco da interação com o mundo. Mas a ciência vem avançando no conhecimento dos mecanismos da memória e de como fazer para preservá-la. Pesquisas recentes permitem vislumbrar o dia em que será realidade a manipulação da memória humana. (...) A neurociência é um campo tão promissor que, nos Estados Unidos, um quinto do financiamento em pesquisas médicas do governo federal vai para as tentativas de compreender os mecanismos do cérebro. E os estudos sobre a memória têm lugar destacado nesse esforço científico. Afinal, mantê-la em perfeito funcionamento tornou-se preocupação central nas sociedades modernas, na qual dois fenômenos desafiam: a exposição a uma carga diária excessiva de informações, que o cérebro precisa processar, selecionar e, se relevantes, reter para uso futuro; e o aumento da expectativa de vida, que se traduz em uma população mais vulnerável a distúrbios associados à perda de memória. 1–1–2–1–2 1–1–1–2–1 2–2–1–2–1 2–1–2–1–2 1–2–2–1–1 324 a) identidade do ser humano – uma construção da memória b) memória – um atributo exclusivo dos seres humanos c) redução da memória – inevitável para humanos e animais d) longevidade crescente – problemática para os países desenvolvidos e) informação diária – danosa para a mente Interpretação de Textos PUCRS 157) Conforme seu uso no texto, “vislumbrar” (linha 29), “vulnerável a” (linha 43) e “distúrbios” (linha 43) equivalem, em sentido, respectivamente, a a) b) c) d) e) revelar – prejudicável por – desajustes entrever– sujeita a – problemas iluminar – enfraquecida por – confusões destacar – passível de – rebeliões deparar – sensível a – perturbações Instrução: Para responder à questão 158, analise as informações a seguir e preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso). Caso o leitor não conheça a palavra “neurociência” (linha 31), ele pode chegar ao sentido aproximado ( ) decompondo a palavra em seus elementos constitutivos e observando o que cada um significa. ( ) buscando pistas do seu significado no conteúdo do parágrafo anterior. ( ) identificando a classe gramatical e a função sintática dessa palavra no contexto. ( ) relacionando a palavra com outras do mesmo campo de significação, como “cérebro”, “estudos sobre a memória”, “esforço científico”. 158) A sequência correta de preenchimento dos parênteses,de cima para baixo, é a) b) c) d) e) V–V–V–F V–V–F–V V–F–V–F F–F–V–V F–V–F–V Instrução: Responder às questões 159 com base no texto 49. Texto 49 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 325 Grande parte de nossas decisões é tomada de maneira mais ou menos automática. Esse processo é guiado pelo valor que se dá às diversas experiências do passado. Se uma pessoa desperta boas emoções em mim, toda vez que eu a encontrar vou reviver uma memória que se divide em dois aspectos: o cognitivo (quem é essa pessoa) e o emocional (é alguém de quem eu gosto). Não há memória ou tomada de decisões neutras, sem emoção. Na verdade, nada é mais essencial para a identidade de uma pessoa do que o conjunto de experiências armazenadas em sua mente. Por isso, o que mais distingue a memória humana é a capacidade de ter uma autobiografia. Cada um de nós sabe quando nascemos, quem são nossos pais, nossos amigos, quais são nossas preferências, o que já realizamos na vida… Enfim, qual é nossa história. Um chimpanzé ou um cão têm isso de forma limitada; sua memória não possui a mesma riqueza de detalhes e abrangência. Essa diferença é amplificada pela linguagem, que codifica memórias não verbais em formas verbais, expandindo enormemente tudo o que o ser humano é capaz de memorizar. Cada vez que a memória decai, e conforme a idade isso ocorre em maior ou menor grau, perde-se um pouco da interação com o mundo. Mas a ciência vem avançando no conhecimento dos mecanismos da memória e de como fazer para preservá-la. Pesquisas recentes permitem vislumbrar o dia em que será realidade a manipulação da memória humana. (...) A neurociência é um campo tão promissor que, nos Estados Unidos, um quinto do financiamento em pesquisas médicas do governo federal vai para as tentativas de compreender os mecanismos do cérebro. E os estudos sobre a memória têm lugar destacado nesse esforço científico. Afinal, mantê-la em perfeito funcionamento tornou-se preocupação central nas sociedades modernas, na qual dois fenômenos desafiam: a exposição a uma carga diária excessiva de informações, que o cérebro precisa processar, selecionar e, se relevantes, reter para uso futuro; e o aumento da expectativa de vida, que se traduz em uma população mais vulnerável a distúrbios associados à perda de memória. Módulo 11 Instrução: Para responder à questão 159, relacione as ideias da esquerda às expressões da direitae numere os parênteses. 1. oposição 2. hipótese 3. conclusão 4. consequência 5. síntese 6. frequência 7. comparação ( ( ( ( ( ) “Se” (linha 04) ) “Enfim” (linha 17) ) “Cada vez” (linha 24) ) “Mas” (linha 26) ) “tão ... que” (linha 31) 28 29 30 31 32 33 34 35 160) As informações fornecidas pelo texto permitem responder à(s) pergunta(s): 159) A numeração correta dos parênteses, de cima para baixo, é A) 2 – 5 – 6 – 1 – 4 B) 1 – 7 – 2 – 2 – 1 C) 4 – 3 – 5 – 1 – 1 D) 3 – 4 – 1 – 5 – 6 E) 2 – 7 – 3 – 6 – 4 ( ( ( ( ( a) F – V – F – V – F b) F – F – V – F – V c) V – V – V – V – V d) F – F – F – F – F e) V – V – V – V – F Texto 50 Objetividade no jornalismo: falácia ou ideal? Existe uma linha muito tênue entre o que é subjetivo e o que é tendencioso. A subjetividade não pode ser excluída do homem e muito menos do jornalista. Todos carregamos uma bagagem cultural diferenciada, o que faz diversa a nossa visão de realidade. No meio jornalístico, existem regras que elucidam a maneira correta de se expressar; entretanto não conseguem uniformizar os discursos. Os discursos podem ter pontos em comum (uso de determinadas construções sintáticas, por exemplo), mas cada um possui um estilo ímpar. A tendenciosidade não é estilo de ninguém, é um artifício subliminar para convencer alguém, tentativa do jornalista de fazer com que os leitores compartilhem forçosamente de seu ponto de vista. Deve ser evitada no jornalismo, uma vez que a função básica do jornalista é fornecer subsídios para a construção de uma realidade mais próxima do fato ocorrido.(...) A objetividade é um ideal inatingível para o jornalista, no entanto o profissional deve insistir em alcançá-la. Esse paradoxo é garantia de qualidade dos veículos de comunicação. Nunca existirá um texto isento de subjetividade, de tons íntimos do autor. Quando alguém se propõe a redigir (seja um conto, seja uma cobertura de acidente automobilístico), é sabido que a intenção é sempre convencer os leitores ) Que é subjetividade? ) Que é tendenciosidade? ) De que decorre a falta de objetividade? ) O que se pode concluir sobre o estilo? ) Qual a relação entre objetividade, falácia e ideal,no jornalismo? O preenchimento correto dos parênteses, de cimapara baixo, é Instrução: Responder às questão 160 com base no texto 50. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 de que o ponto de vista presente é o mais apropriado. O que se quer com o paradoxo da objetividade é diminuir cada vez mais a emissão de juízos de valor, cujo teor pessoal arraigado à cultura do jornalista pode impedir que os leitores extraiam da notícia o essencial. Por isso, no jornalismo atual, fontes de categorias diversas são acionadas para montar um quadro amplo de notícia. 161) O texto nos leva a concluir que ( ) A objetividade plena no texto jornalístico é uma falácia, pois não existem textos neutros. ( ) Na prática do jornalismo, pretender minimizar a interferência da subjetividade é uma utopia. ( ) Há contradição, ao menos na aparência, em visar à objetividade no texto jornalístico, já que esta é inatingível. ( ) As idiossincrasias do jornalista podem contaminar seu trabalho na redação de uma notícia. O preenchimento correto dos parênteses, de cima para baixo, é a) F – V – F – F b) F – F – F – V c) F – V – V – F d) V – F – V – V e) V – F – V – F 326 Interpretação de Textos PUCRS 162) Todas as passagens a seguir contêm grau significativo de subjetividade, COM EXCEÇÃO DE: a) O deputado estava visivelmente nervoso durante a entrevista na sede do partido, ontem. Era óbvio que ficou bastante contrariado ao reagir às indagações do repórter que o questionava acerca dos motivos que o levaram novamente a trocar de partido, o que demonstra claramente seu caráter volúvel. b) O deputado fumou uma carteira de cigarros durante a entrevista com o jornalista realizada ontem, na sede do partido. O repórter perguntava acerca dos motivos que o levaram a trocar pela terceira vez de partido. c) Demonstrando mais uma vez seu caráter volúvel, o deputado mudou novamente de partido. Apreensivo, tenso, mostrou-se ostensivamente desgostoso ao ser indagado pelos jornalistas acerca dos motivos que o levaram à nova filiação. d) O deputado deu provas, mais uma vez, de seu total desrespeito ao eleitorado ao mudar novamente de partido. Indagado pelo repórter a respeito desta manobra ou artimanha política, demonstrou visível constrangimento. e) Visando unicamente a perpetuar-se no poder, sem nenhuma preocupação com o bem servir a comunidade, o deputado – conhecido por sua infidelidade partidária – mudou novamente de partido. Instrução: Responder a questão 162 com base no texto 51. Texto 51 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 Tão paradoxal quanto o título deste editorial é o tema por ele abordado: o horário político obrigatório – ou gratuito, de acordo com a denominação do Tribunal Regional Eleitoral. Em primeiro lugar, não é gratuito, a não ser para candidatos, partidos e coligações, que nada pagam pelo acesso aos meios de comunicação. A sociedade paga. As empresas de mídia recebem compensação fiscal pelos espaços que dispensam à propaganda eleitoral. A polêmica, porém, é outra: tem sentido impor ao público uma programação geralmente demagógica e de má qualidade, que é rejeitada por parcela expressiva de espectadores e reduz a audiência dos programas de rádio e televisão? No Brasil, onde o voto também é obrigatório, faz 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 44 45 46 47 48 49 50 51 52 53 54 sentido. Pesquisa divulgada pelo Datafolha no mês passado, após consulta a 10.905 eleitores em 379 municípios do país, mostrou que 65% dos entrevistados utilizam a TV como mídia preferida para obter informaçõessobre partidos e candidatos. Os jornais aparecem em segundo lugar, com 12% da preferência, restando para o rádio e a internet o terceiro lugar, com 7%. Apenas 6% dos inquiridos disseram que se preparampara o voto com informações colhidas em conversas com amigos e familiares. Então, é inquestionável o valor da mídia eletrônica na orientação do eleitorado. Ainda assim, não deixa de ser uma imposição incômoda para a maioria da população. Pesquisa encomendada ao Ibope pela Associação Brasileira de Agências de Propaganda mostra que o brasileiro não simpatiza com a propaganda eleitoral compulsória: 76% dos consultados informaram que “não gostam nada” ou “não gostam muito”. Apenas 11% assinalaram “gostar” ou “gostar muito”. Além de impositivo, o horário eleitoral gera outras deformações, como a formação de alianças partidárias espúrias com o único propósito de ampliar o tempo de exposição de candidatos e siglas, com total prejuízo para os conteúdos programáticos e para a coerência ideológica. Também o tempo exíguo dispensado aos candidatos às eleições proporcionais mal permite que digam o nome, o número e, em certos casos, alguma gracinha, que só serve para ridicularizar o debate eleitoral. Ainda assim, existe pelo menos um fator insuperável a justificar a manutenção desta programação: o direito de todos os candidatos ao acesso à mídia. Se a propaganda fosse paga, ou dependesse apenas do interesse jornalístico, o poder econômico poderia prevalecer e os candidatos menos conhecidos talvez não tivessem oportunidade de se apresentar ao público. Agora, mesmo com todas as deformações, o horário eleitoral possibilita este contato entre o eleitor e os pretendentes a mandatos eletivos. Jornal Zero Hora, 22/08/2010 (editorial) 163) Segundo as informações contidas no editorial acima, pode-se concluir que o título que sintetiza seu tema, qualificado de “paradoxal” (linha 01) pelo autor, é 327 a) b) c) d) e) Mídia e Política Imposição Incômoda Incômodo Necessário Alianças de Conveniência Pontos Negativos e Positivos do Horário Eleitoral Módulo 11 164) Analisando-se o gênero, o conteúdo e o processo de composição do texto 51, conclui-se que a única afirmação FALSA é: 166) A propósito do sentido de certos vocábulos do texto, todas as afirmações são verdadeiras, EXCETO: a) Apresenta a questão conflitante, o ponto de vista a ser defendido, a discussão mediante argumentos e contra-argumentos e a conclusão. b) Baseia-se em ideias e argumentos, marcando a posição do jornal diante de fatos importantes do momento. c) Tem como objetivo principal apresentar informação de forma clara e isenta, ordenada em três partes essenciais: introdução, desenvolvimento, conclusão. d) Ao citar contra-argumentos, dá a impressão de ceder à tese contrária, para depois refutála mediante argumento mais forte. e) Apoia-se em recursos próprios da argumentação, como dados estatísticos e questionamento direto, além de nexos lógicos para encadear ideias. a) Pode-se chegar ao sentido aproximado de “compulsória” (linha 32) pela observação de outras características atribuídas, no texto, ao horário político obrigatório. b) “espúrias” (linha 37) significa “que não estão de acordo com a ética”; “desonestas”. c) “exíguo” (linha 40) é sinônimo de “diminuto”. d) “gracinha” (linha 43) deriva de “graça”, e significa “gracejo”. e) “mandatos” (linha 54) dá origem a “mandatários”, que significa “mandantes”. 165) Em sua forma original, o editorial referido apresenta um pequeno trecho em destaque, copiado do próprio texto, para ressaltar uma ideia especialmente importante para a posição defendida. O fragmento que tem essas características é a) “As empresas de mídia recebem compensação fiscal pelos espaços que dispensam à propaganda eleitoral” (linhas 07 a 09). b) “Apenas 6% dos inquiridos disseram que se preparam para o voto com informações colhidas em conversas com amigos e familiares” (linhas 23 a 25). c) “Além de impositivo, o horário eleitoral gera outras deformações, como a formação de alianças partidárias espúrias (...)” (linhas 35 a 37). d) “Também o tempo exíguo dispensado aos candidatos às eleições proporcionais mal permite que digam o nome (...)” (linhas 40 a 42). e) “Existe pelo menos um fator insuperável a justificar a manutenção desta programação: o direito de todos os candidatos ao acesso à mídia” (linhas 45 a 47). Instrução: Responder às questões 167 a 169 com base no texto 52. Texto 52 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 328 “Reconheço”, disse o homem, “fui um poluidor implacável. Matei todo tipo de bicho, criei todo tipo de lixo, transformei bom oxigênio em ar irrespirável.” E suspirou, contrito, envenenando mais um litro. “Nem sei quanto spray usei, mas aposto meu patrimônio: há um buraco com meu nome na tal camada de ozônio.” “Florestas foram arrasadas para me dar calor e notícia. Sem falar nos troncos de lei em que canivetei que amava uma tal de Letícia.” “Fui um flagelo sem dó, uma horda de hunos de um só.” “Transformei rios em cloacas e cloacas em rios de sujeira, em transbordante nojeira. ‘Abaixo o ecossistema’ foi, eu quase diria, meu lema.” “Fui um Átila irreciclável, um biodesagradável.” “Agredi a natureza. Destruí a sua beleza.” “Mas, em compensação, em matéria de devastação,de agressão e desatino...” (mostrando suas próprias rugas, sua calvície, sua velhice): “... vejam o que Ela fez com este menino.” Interpretação de Textos PUCRS 167) Pela leitura do texto, conclui-se que o narrador a) revela como suas agressões à natureza reverteram contra ele próprio. b) apresenta-se como um ser superpoderoso, capaz de atos de grandeza. c) sugere que continua apaixonado por uma garota chamada Letícia. d) estabelece uma relação entre seus desmandos e os efeitos do avanço da idade. e) mostra-se contrito e disposto a mudar de atitude. 168) Considerando a forma e a função do texto, é correto afirmar que a) o autor se apoia em uma narrativa subjetiva para apresentar seu ponto de vista. b) se trata de um texto explicativo, que demonstra a extraordinária força da natureza. c) a intenção do autor é contar a história de um ser humano em particular. d) o predomínio da descrição é característico neste tipo de texto. e) o narrador dirige-se a um leitor determinado, por se tratar da reprodução de uma fala. Instrução: Responder a questão 170 com base no texto 53. TEXTO 53 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. “Quando eu era bem pequena, meus pais me levaramparapassearnapraia,numlugarquetinha mar e luz. Tudo era bonito e alegre: a areia, as conchinhas, asondasinquietaseatéaquelemontãodegenteque caminhavadeumladoparaoutro,comoformigas.Um dia, cheguei na beira da água e vi um monte de coisinhas prateadas. Fiquei curiosa. Cheguei perto e descobri que eram peixinhos, como aqueles que a gente vê nos livros e na televisão. Só que não nadavam nem semexiam.Nãoseiporquê,masnaquelamanhãme deu vontade de chorar e de voltar para casa.” O texto permite concluir que a narradora 1. valoriza mais as boas lembranças do que as más. 2. chama o que vê na praia de “coisinhas prateadas” porque não conhece ainda a palavra “peixes”. 3. assusta-se com as ondas inquietas e a multidão que invade a praia. 169) Considerando o sentido de algumas palavras/ expressões no texto, NÃO é correto afirmar: 4. passa por uma quebra de expectativa no decorrer do episódio narrado. a) As expressões “na tal” (linha 06) e “uma tal de” (linha 10) indicam pouco caso do narrador em relação à camada de ozônio e a Letícia. b) “troncos de lei” (linha 09) relaciona-se a árvores que, mesmo protegidas por lei, não existem mais. c) “horda”, “hunos” (linha 11) e “Átila” (linha 16) pertencem ao mesmo campo de significação. d) “calor” (linha 08) está para lenha como “notícia” (linha 09) está para jornal. e) “rios” assume sentidos diferentes de acordo com seu uso nas linhas 13 e 14. 5. foi mais de uma vez à beira do mar. 170) Apenas estão corretas as afirmativas 329 a) b) c) d) e) 1, 2, 3 e 4. 2, 4 e 5. 1, 2 e 3. 1, 3 e 5. 4 e 5. Módulo 11 Instrução: Responder a questão 171 com base no texto 54. I. TEXTO 54 II. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. Um Maracanã de floresta acaba de desaparecer. Isso desde que você começou a ler este texto, há um segundo. Amanhã, neste mesmo horário, você levará a vida como sempre – esperamos. Mas os integrantes de 137 espécies de plantas, animais e insetos, não. Eles terão o destino que 50 mil espécies por ano têm: a extinção. Argumentos como “15 Maracanãs de mata tropical devastados desde o início deste parágrafo” são fortes, mas nem sempre suficientes. Só que existe outro, talvez ainda mais persuasivo: dinheiro não dá em árvore, mas árvore dá dinheiro. Hoje, manter uma floresta em pé é negócio da China. Em uma área estratégica perto do rio Yang Tsé, o governo chinês paga US$ 450 aos fazendeiros por hectare reflorestado. O objetivo é conter as enchentes que alteram o fluxo de água do rio. Equilíbrio ecológico, manutençãodoecossistema,maisespéciespreservadas, esses são os objetivos do Partido Comunista Chinês? Não. Trata-se de um investimento. O reflorestamento mantém o curso do rio estável e as árvores, sozinhas, aumentam a quantidade de chuva – as plantas liberam vapor d’água durante a fotossíntese. Resultado: mais água no Yang Tsé. O queissotemavercomdinheiro?Aáguaalimentaturbinas das hidrelétricas distribuídas pelo rio – inclusive amegausinadeTrêsGargantas,50%maiorqueItaipu, que abriu as comportas em 2008. Investindo em reflorestamento, os chineses agem deformapragmática.Pagarfazendeiros = maisárvores. Mais árvores = mais água no rio. Mais água = mais energia elétrica barata (ainda mais no país que inaugura duas usinas a carvão por semana para dar conta de crescer como cresce). Mais energia barata, maisproduçãoparaaeconomia–edinheiroparapagar os reflorestadores. O final dessa equação é surreal para os padrões brasileiros. A China, nação que mais polui e que mais consome matéria-prima, tem índice dedesmatamentozero.Abaixodezero,até:elesplantam mais árvores do que derrubam. No texto 54, o autor adota diferentes recursos de linguagem, como expressões metafóricas. apresenta dados da realidade para sustentar seu ponto de vista. III. utiliza interrogações de bom efeito retórico, mas não apresenta respostas para elas. IV. dirige-se a um público leitor especializado em ecossistemas. 171) Estão corretas apenas as afirmativas a) b) c) d) e) I e II. I e III. III e IV. I, II e IV. II, III e IV. Instrução: Para responder à questão 172, considere as afirmativas a seguir, referentes aos textos 52, 53 e 54. I. Os textos 52 e 53 têm em comum o uso da primeira pessoa e o fato de constituírem relatos pessoais. II. O texto 52 apresenta uma sequência de ações, enquanto o texto 53 enfatiza uma situação específica. III. Considerando o trecho “A China, nação que mais polui e que mais consome matéria-prima” (texto 54, linhas 36 e 37), seria possível imaginar que o narrador do texto 52 é um chinês. IV. O texto 52 generaliza a relação homem-natureza, enquanto o texto 54 define os espaços em que ocorre essa relação: na China e no Maracanã. 172) Estão corretas apenas as afirmativas 330 a) b) c) d) e) I e II. I e IV. III e IV. I, II e III. II, III e IV. Interpretação de Textos PUCRS Instrução: Responder a questão 173 com base no texto 55. d) O uso de recursos de aproximação com o leitor, como tratamento direto e exemplificação. e) Uma posição polêmica na abordagem do tema, tendendo à radicalização. TEXTO 55 Como num show de rock A nostalgia como um impulso para sair da inércia e construir um futuro melhor 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. Pergunte a um admirador do rock’n’roll aonde gostaria de ir e ele responderá: a um show do Led Zeppelin, ou talvez dos Beatles. Não é à toa que covers dessas bandas lotam casas de espetáculos. (...) Já para a carência dos Beatles, que se separaram, definitivamente, com a morte de John e mais tarde de George, o público busca amparo nos acordes de Paul, e esgota dois Morumbis de ingressos de uma só vez para ouvir e rever um pedaço do que foi a grande banda, que emplacou o rock para todo o sempre a partir dos anos 1960. (...) É de senso comum pensar o passado como a época dos melhores anos do rock. Pensar que o valor das coisas está no que se fazia na geração passada. Sabe-se que o tempo passado não volta mais e que, embora conservemos na estante da memória os antigos discos, livros e ideias de nossos ídolos da música, da literatura ou da política, não serão eles os responsáveis por fazer o presente e construir o futuro. Essa tarefa está nas mãos daqueles que criam e produzem agora. Mas a importância do que passou não pode ser minimizada. É combustível para a produção do conhecimento futuro. E é ainda mais premente valer-se das informações transmitidas por nossos predecessores quando se busca aperfeiçoar o sistema atual. A partir de erros e acertos, o rock se mantém aceso. Na educação, não poderá ser diferente. LESZCZYNSKI, Luciene. Revista Ensino Superior, São Paulo: Segmento, n. 154, p. 50. (fragmentos adaptados) 173) É possível reconhecer no texto algumas características do gênero conhecido como artigo jornalístico. A única que NÃO está evidente no texto é: a) O uso de períodos curtos, que facilitam o processo de leitura. b) A apresentação de um ponto de vista e de argumentos que o sustentam. c) A alusão a fatos pertencentes ao conhecimento de mundo do presumível leitor. Instrução: Para responder à questão 174, analise as afirmativas e preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso). ( )“Já” (linha 06) reforça a ideia de que o texto original, entre as linhas 04 e 06, faz menção a outro tipo de “carência”. ( )Expressões como “É de senso comum” (linha 13) e “Sabe-se” (linha 16) são compatíveis com a objetividade da autora na abordagem do tema. ( )O conteúdo do quarto parágrafo (linhas 16 a 21) opõe-se à ideia expressa nas linhas 13 a 15, a qual não mais será retomada. ( )A última frase do último parágrafo, que à primeira vista destoa do tema do texto, torna-se coerente ao se identificar a fonte de onde ele foi retirado. 174) O correto preenchimento dos parênteses, de cima para baixo é a) b) c) d) e) V–V–F–V F–V–V–F V–F–V–F F–V–F–V F–F–F–V Instrução: Responder à questão 175 com base nas afirmativas abaixo, sobre algumas expressões do texto. I. “aonde” (linha 01) é uma palavra interrogativa, usada para introduzir uma pergunta indireta que complementa a ideia que a precede. II. “à toa” (linha 03) evidencia o preconceito da autora em relação às bandas cover. III. “todo o” (linha 11) é uma expressão de ênfase, e sua eliminação prejudicaria a coerência do texto. IV. Substituindo-se “Na” (linha 27) por “Com a”, a frase permaneceria correta e coerente. 175) Estão corretas apenas as afirmativas 331 a) I e II. b) I e IV. c) II e III. d) I, III e IV. e) II, III e IV. Módulo 11 176) Considerando o sentido de certas expressões no texto, NÃO é correto afirmar que 177) Considerando as ideias do texto, é correto concluir que a) “dois Morumbis de ingressos” (linha 09) significa um número tão grande que nem os promotores do espetáculo puderam precisar. b) “de uma só vez” (linha 09) pode ser corretamente interpretada como “numa mesma temporada”. c) “um pedaço do que foi a” (linha 10) pode ser substituída, mantendo-se a coerência, por “um remanescente da”. d) “emplacou” (linha 11) é uma palavra polissêmica, cujo sentido no texto pode ser entendido como “consolidou”. e) na metáfora “estante da memória” (linha 17), combinam-se duas ideias: uma material e outra mental. a) as inovações que caracterizaram as produções cinematográficas do início do século passado foram recebidas com entusiasmo. b) por ser ainda incipiente em 1928, o cinema não despertava atenção da mídia nem do público. c) a emergência do “cinematographo falante” decretou o fim imediato do cinema mudo. d) a história da relação filme-cor passou por diferentes momentos, mas a previsão apresentada nas linhas 11 a 13 seria confirmada e até superada com o passar do tempo. e) em termos mentais, o homem do início do século XX era bastante diferente do homem contemporâneo. Instrução: Responder às questão 177 com base no texto 56. TEXTO 56 Publicado na Folha da Manhã de 14/10/1928 (mantida a grafia original) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. Com a applicação do cinematographo falante, surgiu recentemente uma aguda polemica sobre qual dos meios de expressão é o melhor. O que mais chamará a attenção do publico: as palavras ou as acções dos artistas? Alguns insistem em que os sons provocam mais a curiosidade dos assistentes. Outros acham que a ação é a verdadeira essencia do cinematographo e sendo a voz producto das machinas mechanicas, ella só serve para distrahir a attenção do publico. (...) Muitos não duvidaram em prognosticar que as pelliculas de côres se generalisariam, chegando a serem tão communs como as que hoje existem. Entretanto, não demorou em que fosse descoberto que a novidade da côr distrahia a mente nas partes mais culminantes do drama reflectido na tela. Logo depois, surgiu um systema de usar as côres unicamente em certas passagens para dar uma melhor impressão de effeito esthetico, mantendo-se invariavelmente o branco e o preto, para poder assim ficarem registrados os verdadeiros e intensos momentos da dramaticidade da scena. A psychologia comprova isto. Ainda que com nossos olhos apreciemos a natureza em suas proprias cores, o mesmo não acontece com a nossa mente. Instrução: Responder à questão 178 com base nas afirmativas abaixo, sobre o uso de algumas expressões do texto. 1. Se em lugar de “a applicação” (linha 01) fosse utilizado “o advento” ou “o uso”, a compreensão não seria prejudicada. 2. “Alguns insistem” (linha 05) e “Outros acham” (linha 06) contribuem para a relação de paralelismo entre as estruturas que iniciam. 3. “as que hoje existem” (linha 13) faz contraponto a “as pelliculas de côres”. 4. “apreciemos” (linha 23) está no subjuntivo, modo verbal exigido pelo nexo concessivo “Ainda que”. 178) Estão corretas as afirmativas Cinematógrafo: aparelho capaz de reproduzir numa tela o movimento, por meio de uma sequência de fotografias. 332 a) b) c) d) e) 1 e 2, apenas. 2 e 3, apenas. 2 e 4, apenas. 1, 3 e 4, apenas. 1, 2, 3 e 4. Interpretação de Textos PUCRS Instrução: Responder às questões 179 a 183 com base no texto a seguir. b) opinativo, pois apresenta uma tese e argumentos para sustentá-la. c) descritivo, pois descreve o comportamento das pessoas preconceituosas. d) poético, pois utiliza palavras raras na linguagem cotidiana, como “vitimizar” e “inócua”. e) informativo, pois tem como objetivo informar o leitor sobre aspectos relativos à linguagem. TEXTO 57 01. Não tive acesso ao conteúdo do livro “Por uma 02. vida melhor”, apenas a pequenos trechos. Portanto, 03. falo com base em informações e opiniões de terceiros. 04. Nessa perspectiva, vejo como positivo o debate que 05. a abordagem pouco ortodoxa dos autores desen06. cadeou, pondo fogo a um tema em geral tido como 07. irrelevante: a língua materna em uso. Entretanto, 08. um trecho da obra me preocupou, e destaco: “Posso 09. falar ‘os livro’?” “Claro que pode, mas dependendo 10. da situação, a pessoa pode ser vítima de preconceito 11. linguístico”. 12. Para começar, pedir licença para falar de um de 13. terminado jeito é um tiro no pé da tese defendida em 14. “Por uma vida melhor”. Porque pedir licença, neste 15. contexto, é reconhecer o poder do outro sobre nós – 16. o que parece ser exatamente o contrário do que os 17. autores pregam. Além disso, a resposta “Claro que 18. pode” é inócua: o aluno tanto sabe que pode que usa 19. essa concordância rotineiramente. 20. O problema maior, bem mais sutil e muito mais 21. complicado, porém, está na segunda parte da fala. 22. Agir livre de preconceito, o oposto de fazer alguém 23. “vítima de preconceito”, implica não só aceitar as 24. pessoas como são, mas também acreditar que todos 25. sejam capazes de evoluir por méritos próprios. Ao 26. afirmar que a modalidade “permitida” pode vitimizar 27. quem a utiliza – pela ação do “outro ameaçador” –, os 28. autores estão deslocando o foco da importância 29. de construir conhecimento de modo autônomo 30. e reflexivo e enfatizando o julgamento alheio, 31. novamente reforçando o preconceito. Ora, aula de lín32. gua materna é aula de cidadania, e ninguém se torna 33. cidadãoporreceiodo“outroameaçador”.Oalunodeve 34. ter oportunidade de conhecer e desenvolver múltiplas 35. linguagens porque assim ele poderá expressar ideias 36. e sentimentos com mais autonomia. E, talvez, com 37. menos preconceito. 38. Tudo isso pode parecer muito sutil, mas a lingua39. gem é feita de sutilezas, para o bem ou para o mal. . 179) Ao abordar o tema, a autora a) critica as sutilezas humanas. b) descreve múltiplas situações escolares. c) garante que o julgamento alheio é ameaçador. d) relaciona conhecimento de língua a cidadania. e) justifica a falta de interesse pela língua materna em uso. 180) O texto pode ser caracterizado como predominantemente a) narrativo, pois reproduz diálogos do livro “Por uma vida melhor”. 181) Duas expressões-chave para compreender o texto estão reunidas em: a) “língua materna em uso” (linha 07) “preconceito linguístico” (linhas 10 e 11) B) “um trecho da obra” (linha 08) “o poder do outro sobre nós” (linha15) c) “um tiro no pé” (linha 13) “segunda parte da fala” (linha 21) d) “ação do ‘outro ameaçador’” (linha 27) “importância de construir conhecimento” (linhas 28 e 29) e) “modo autônomo e reflexivo” (linhas 29 e 30) “para o bem ou para o mal” (linha 39) 182) Sobre o processo de composição do texto, NÃO é correto afirmar que a autora a) conclui seu texto com uma generalização sobre a linguagem. b) vale-se de um dado concreto, específico, para construir seu ponto de vista. c) entra em contradição no primeiro parágrafo, provocando certa desconfiança no leitor. d) apresenta uma ressalva em relação ao próprio conhecimento sobre a obra a que vai se referir. e) indica uma progressão de ideias com as expressões “Para começar” (linha 12) e “O problema maior (...) porém” (linhas 20 e 21). 183) Considerando o sentido de algumas palavras/ expressões no texto, NÃO é correto afirmar que a) “conteúdo do livro” opõe-se a “pequenos trechos” (linhas 01 e 02). b) a expressão “pouco ortodoxa” (linha 05) é sinônima de “inconveniente”. c) “pondo fogo” (linha 06) e “um tiro no pé” (linha 13) são expressões coloquiais metafóricas. d) “foco” (linha 28) e “ênfase” (“enfatizando”, linha 30) têm sentido semelhante no texto. e) a sequência “conhecer e desenvolver” (linha 34) sugere aprimoramento gradativo. 333 Módulo 11 Instrução: Responder às questões 184 a 189 com base nos textos a seguir. TEXTO 58 TEXTO 59 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. Revista de maior circulação no mundo, a Time mostrou como ficaram tênues os limites entre a ciência e a ficção. Em reportagem de capa, intitulada “Jovem para sempre”, não descarta nas entrelinhas a chance de que um dia, quem sabe, se descubra não a cura das doenças, mas a cura da morte. Menos sutilmente, estimula a esperança de que talvez o ser humano possa chegar aos 300 anos. A revista ancora o sonho em moscas e minhocas que, tratadas em laboratórios, passaram a viver muitas vezes mais. A suspeita é de que, em algum lugar, seria possível desmontar um relógio que determina o aparecimento de rugas, seios caídos, pernas flácidas, queda de cabelo. Ao tentar separar fantasias e bom senso, a reportagem estabelece como hipótese realista que, a partir das descobertas médicas das próximas três décadas, a expectativa de vida suba para 120 anos. Seria a continuação do impacto provocado pelo inglês Alexander Fleming, que descobriu o primeiro antibiótico. Traduzindo: as crianças de hoje se lembrariam de seus pais – ou seja, nós – como pessoas que morreram jovens porque não completaram 80 anos. Assim como achamos que nossos tataravós morriam cedo porque não completavam 60 anos de idade. Os novos mitos nutridos pela tecnologia reforçam o absurdo brasileiro. Dezenas de milhares de crianças que não completam parcos 12 meses de vida morrem anualmente, porque simplesmente não têm comida ou bebem água contaminada. 334 Interpretação de Textos PUCRS 184) A temática comum aos textos é de natureza ______, pois ambos ________________. a) filosófica – refletem sobre os objetivos da existência humana b) política – criticam o desamparo da infância e da velhice c) existencial – abordam a eterna preocupação humana com o envelhecimento e a morte d) ficcional – recriam a realidade humana de forma verossímil e criativa e) particular – apresentam fatos específicos localizados no tempo e no espaço 185) Sobre o processo de composição dos textos 58 e 59, NÃO é correto afirmar: a) No texto 58, as figuras formam uma narrativa que se desenrola, sucessivamente, no plano da fantasia e no de uma realidade possível. b) No texto 59, algumas expressões de sentido figurado servem para ilustrar dados veiculados na Time. c) No texto 58, a ausência de linguagem verbal é suprida pela reconstrução de cenas familiares à maior parte dos leitores. d) No texto 59, a argumentação se constrói de modo mais explícito do que no texto 58. e) Em ambos os textos, as ideias são expostas com isenção, sem interferência da subjetividade dos autores. Instrução: Para responder à questão 186, analise as afirmativas sobre os textos 58 e 59. I. Para uma adequada compreensão do texto 58, é necessário levar em conta dados contextuais, como veículo de divulgação, local e data. II. O texto 59 visa principalmente informar o leitor e fazê-lo refletir sobre fatos da atualidade. III. O texto 58 mobiliza o humor do leitor na medida em que aborda um tema sério ilustrando-o com uma metáfora. IV. Tanto o texto 58 quanto o texto 59 podem ter sido publicados, originalmente, em jornais. 187) Por suas características formais, por sua função e uso, os textos 58 e 59 pertencem, respectivamente, aos gêneros a) b) c) d) e) editorial artigo de opinião artigo científico carta do leitor comentário político Instrução: Responder às questões 188 a 190 com base no texto 59. 188) Pela leitura do texto 59, é correto concluir que a) ciência e ficção são áreas distintas do conhecimento humano. b) o conhecimento científico precisa da ficção para avançar. c) as doenças de hoje serão erradicadas num futuro próximo. d) a descoberta dos antibióticos ampliou a expectativa de vida para 120 anos. e) as pesquisas científicas no Brasil estão muito atrasadas. 189) No contexto em que foram empregados, os adjetivos “tênues” (linha 01) e “parcos” (linha 15) significam, respectivamente, a) b) c) d) e) “limitados” e “infelizes”. “finos” e “doentios”. “sutis” e “míseros”. “escassos” e “exíguos”. “insignificantes” e “comedidos”. 190) As alterações a seguir mantêm o sentido e a correção da frase, EXCETO no caso de 186) Estão corretas as afirmativas a) b) c) d) e) piada cartum charge quadrinhos caricatura I e II, apenas. I e III, apenas. I, II e IV, apenas. II, III e IV, apenas. I, II, III e IV. 335 a) “se descubra não a cura” (linha 03) por “seja descoberta não a cura”. b) “Menos sutilmente” (linha 04) por “De modo mais explícito”. c) “tratadas em laboratório” (linha 05) por “se forem tratadas em laboratório”. d) “Ao tentar separar fantasias e bom senso” (linha 08) por “Tentando discernir entre fantasias e bom senso”. e) “porque simplesmente não têm comida ou bebem água contaminada” (linhas 15 e 16) por “pela simples razão de não terem comida ou beberem água contaminada”. Módulo 11 INSTRUÇÃO: Responder às questões 191 a 192 com base no texto 60. 191) A leitura do texto NÃO permite concluir que a) a “Lei de Gérson” diz respeito à maneira astuciosa dos brasileiros de tirar proveito das situações em benefício próprio. b) as artimanhas que caracterizam o modo de agir dos brasileiros extrapolaram os jogos de azar. c) os brasileiros são conhecidos internacionalmente por agir de forma sagaz para obter resultados. d) os brasileiros não cumprem as leis no Brasil porque são muito rigorosas e pouco fiscalizadas. e) a própria Constituição deixa brechas que permitem a aplicação do jeitinho brasileiro. TEXTO 60 O jeitinho brasileiro Não há sistema que impeça a aplicação da “Lei de Gérson”. 01. 02. 03. 04. 05. A propaganda de cigarros com o jogador Gérson, nosanos70,cultuavaamentalidadedetirarvantagem em tudo. A filosofia mais vívida no povo brasileiro, eternizada em sambas de Bezerra da Silva, é a de que malandro é malandro, mané é mané. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. A cultura de passar os outros para trás é uma característicatãomarcantedosbrasileirosquedeixouas carpetas de jogos e transferiu-se para a prática quase diária, tornando-se mundialmente famosa. O jeitinho brasileiro é um selo de marca registrada, tornou-se uma forma de fazer as coisas da maneira mais fácil, menostrabalhosaeque,àsvezes,trazalgumretorno. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. O problema é que o jeitinho se transferiu para o âmbito jurídico e fez do Brasil o país das leis que não são cumpridas. Até mesmo a Constituição aplaude a malandragem. O cidadão não é obrigado a produzir provas contra si mesmo. O maior exemplo é a Lei Seca, elaborada para acabar com o estratosférico número de mortes no trânsito, causado, comprovadamente, por embriaguez ao volante. Foi preciso chegar ao rigor zero para que a lei seja cumprida, mas, ainda assim, a Procuradoria-Geral da União contesta no Supremo Tribunal, alegando que é inconstitucional. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. Há quem considere, no entanto, que o jeitinho brasileiro nem sempre é uma coisa “ruim”. Há alguns anos, era muito comum a comercialização das fichas de passagens do transporte coletivo. As transações nas paradas de ônibus viraram uma prática quase profissional,o que garantia renda para alguns ambulantes. Os que negociavam vale-transporte dessa forma viam, na venda, uma alternativa para fomentar os salários, que até hoje estão aquém das necessidades dapopulação.Aimplantaçãodeumsistemadecartão de crédito com passagens não evitou o comércio por muito tempo, e a prática está novamente na rua. Ojeitinhobrasileiroéisto:procurarumafalhanosistema e usá-la a seu favor. 192) Quanto às estratégias argumentativas e à progressão do texto, percebe-se que o autor 336 a) associa o jeitinho brasileiro a diferentes manifestações culturais para alertar a população sobre as consequências geradas por um comportamento de validade ética questionável. b) compara o comportamento dos brasileiros em situações diárias com o de outros povos para explicar como as pessoas aprenderam a “driblar” normas no Brasil. c) confronta duas situações da realidade para criticar a cultura da malandragem dos brasileiros, apresentando argumentos de autoridade. d) discorre sobre a evolução histórica do comportamento pouco ético da população do Brasil, analisando suas causas. e) recorre a fatos da realidade no Brasil para criticar a cultura da malandragem, mas faz uma ressalva que justificaria esse comportamento. Interpretação de Textos PUCRS INSTRUÇÃO: Responder às questões 193 a 196 com base no texto 61. de moradia em regiões pobres. c) as soluções encontradas pelos moradores de uma favela do Brasil para atenuar os problemas de moradia em regiões pobres só se aplicam a países subdesenvolvidos, como a Índia. d) Paraisópolis representa um exemplo da eficácia das iniciativas públicas para solucionar problemas de moradia em regiões pobres no Brasil. e) os profissionais indianos mudaram seu ponto de vista em relação a medidas para melhorar as condições de moradia em regiões pobres. TEXTO 61 Urbanistas da Índia querem importar “jeitinho brasileiro” para favelas de Mumbai 194) A questão para a qual o texto NÃO apresenta resposta é: a) Qual foi a iniciativa do governo indiano para melhorar as condições nas favelas no país? b) Que tipos de melhorias foram feitas pelos moradores das favelas brasileiras? c) A que conclusão os profissionais da Índia chegaram com a visita ao Brasil? d) Como os visitantes reagiram diante do que viram? e) Qual a intenção dos urbanistas a partir da visita ao Brasil?. Urbanistas ficaram empolgados com coisas que viram em Paraisópolis. 01. UmgrupodearquitetosdaÍndiaquerlevaralgu02. mas lições aprendidas nas favelas brasileiras para 03. Mumbai para melhorar as condições de moradia 04. em regiões pobres da cidade indiana. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. Arquitetos e urbanistas do Institute of Urbanology – uma fundação dedicada à pesquisa e difusão de ideias de urbanismo, com sede em Mumbai – acreditam que várias iniciativas do governo indiano de reconstruir conjuntos habitacionais acabaram produzindo apenas corrupção, prédios decrépitos e vizinhanças miseráveis. Em alguns casos, as condições de vida dosmoradoresnosnovosblocosatémesmopioraram quando eles trocaram seus casebres nas favelas por esses novos apartamentos. 15. 16. 17. 18. 19. Os arquitetos indianos visitaram a favela de Paraisópolis, em São Paulo, e ficaram empolgados com o que viram. Em vez de destruir casebres e construir conjuntos habitacionais novos, a maioria dos moradores da favela deu um “jeitinho” na sua própria casa. 20. Segundo os profissionais do Institute of Urbanology, 21. isso é muito mais eficaz para melhorar as condições 22. de moradia do que simplesmente destruir favelas 23. inteiras. 193) A partir da leitura do texto, é possível inferir que a) a corrupção na Índia deve-se às iniciativas do governo para solucionar o problema da habitação no país. b) a realidade da Índia e a do Brasil são bem diferentes quando se trata das condições INSTRUÇÃO: Para responder à questão 195, considere o conteúdo, a organização e os elementos constitutivos da notícia. 1. Na manchete, o uso de aspas em “jeitinho brasileiro” indica que a expressão assume uma acepção própria no texto, a ser explicada no corpo da notícia. 2. O contraste entre a imagem e o conteúdo da legenda contribui para aguçar a curiosidade do leitor. 3. A frase em destaque (linhas 01 a 04) amplia a manchete, acrescentando um elemento relativo ao fato anunciado. 4. No primeiro parágrafo do corpo do texto (linhas 05 a 14), o leitor encontra informações suficientes para compreender a lição aprendida pelos visitantes. 5. A citação direta no último parágrafo confere maior veracidade aos comentários do autor. 195) Estão corretas as afirmativas a) 1, 2 e 3. b) 1, 4 e 5. c) 2, 3 e 4. d) 1, 2, 3 e 5. e) 2, 3, 4 e 5. 337 Módulo 11 INSTRUÇÃO: Para responder à questão 196, considere o texto 60 e o texto 61. 196) Sobre as ideias dos dois textos, NÃO é possível afirmar que a) o posicionamento crítico do autor é mais evidente no texto 60 do que no texto 61. b) há apresentação de dados concretos para tratar do tema. c) nos dois textos os autores exploram aspectos positivos e negativos do jeitinho brasileiro. d) o primeiro texto apresenta o jeitinho brasileiro como uma prática a ser evitada; o segundo, como uma solução. e) os dois textos diferem quanto à finalidade e à composição. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 197) Pela leitura do texto, é possível completar as frases a seguir, com EXCEÇÃO de a) Às vezes, as câmeras de segurança são necessárias porque _________. b) As atividades desenvolvidas pelas escolas para incentivar a socialização das crianças são, entre outras, _________. c) As escolas, ao optarem pela colocação de câmeras de vigilância nas suas dependências, agem de acordo com _________. d) As dificuldades de as crianças adquirirem autonomia se agrava quando _________. e) Entre as razões que levam os pais a exigirem a presença de câmeras na escola, pode-se citar_________. INSTRUÇÃO: Responder às questões 197 a 200 com base no texto 62. TEXTO 62 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. As câmeras de vigilância estão em todos os lugares. No começo, a novidade incomodava, evocava ummundocontrolado,totalitário.Maslogonosdemos conta de que elas inibem e esclarecem crimes, ajudam em coisas prosaicas, como controlar o trânsito. É uma vigilância barata, segura, muitas mais virão. Porém, a presença de câmeras na escola coloca outras questões. O objetivo seria o mesmo, proteger e prevenir. As intenções são louváveis, mas não se pode ignorar um fator fundamental: a escola é a primeira socialização não controlada pelos pais e é necessário que assim seja. Com o olhar vigilante e onipresente da família não se cresce. Crescemos quando resolvemos sozinhos nossos problemas, quando administramos entre os colegas as querelas nem sempre fáceis. Entre as crianças, inúmeras rusgas se resolvem sozinhas, os pais nem ficam sabendo, e é ótimo que assim seja. O bullying deve ser combatido, mas não dessa forma. O preço a pagar pela suposta segurança compromete a essência de uma das funções da escola, que é aprender a viver em sociedade sem os pais e a sua proteção, evocada pela presença da câmera. Na sala de aula e no pátio da escola cada um vale por si. É preciso aprender a respeitar e ser respeitado.Nós todos já passamos por isso e sabemos como era difícil. Não existe outra forma, é isso ou a infantilização perpétua. A transição da casa para a escola nunca vai ser amena. Essa proposta de vigilância não se ancora em razões pedagógicas, e sim na angústia dos pais em controlar seus fi lhos. Não creio que seja a escola que reivindica câmeras, mas quem a paga. São os pais inseguros que querem estender seu olhar para onde não devem. Existe uma correlação forte entre pais controladores e fi lhos imaturos, adolescentes eternos que demoram para assumir responsabilidades. É possível cuidar dos nossos fi lhos mesmo permitindo a eles experiências longe dos nossos olhos. A escola é deles, esse é o seu espaço e seu desafio. 198) O ponto de vista do autor fundamenta-se numa concepção de escola que, acima de tudo, a) constitui uma extensão da vida familiar, estimulando o respeito e promovendo o diálogo com os pais. b) prioriza a preocupação com a segurança das crianças sob sua guarda, exercendo constante vigilância. c) reproduz a vida em sociedade, espelhando a violência com a qual devemos, desde cedo, aprender a conviver. d) assume seu papel educativo, combatendo o bullying e resolvendo os conflitos característicos da infância. e) promove o crescimento e a autonomia dos alunos,orientando-os 199) Conforme seu uso no texto, “prosaicas” (linha 05), “onipresente” (linha 13) e “amena”(linha 30) equivalem em sentido, respectivamente, a a) vulgares – onipotente – agradável b) objetivas – autoritário – encantadora c) corriqueiras – ubíquo – serena d) positivas – permanente – tranquila 338 Interpretação de Textos PUCRS e) triviais – soberano – sombria INSTRUÇÃO: Para responder à questão 200, analise o sentido que as expressões a seguir têm no texto e as possíveis relações entre elas. 1. “câmeras” (linha 07) 2. “escola” (linha 07) 3. “problemas” (linha 14) 4. “bullying” (linha 19) 5. “proteção” (linha 24) 6. “sala de aula” (linha 25) 7. “infantilização” (linha 29) 8. “olhos” (linha 40) 200) As relações entre essas expressões estão corretamente indicadas a seguir, EXCETO no caso de a) 1 e 8 – equivalência. b) 2 e 4 – causa – consequência. c) 2 e 6 – todo – parte. d) 3 e 4 – geral – particular. e) 5 e 7 – proporção. INSTRUÇÃO: Responder à questão 201 com base no texto 63. TEXTO 63 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Ninguém se surpreendeu com a notícia de que Washingtonpossuiumpoderososistemadeespionagem, masarevelaçãodesuaamplitudeporEdwardSnowden criou um escândalo planetário. Nos Estados Unidos, a novidade foi recebida com apatia. Estão distantes os dias em que as escutas telefônicas provocavam a ira da população. As revelações de Edward Snowden sobre a amplitudedoprogramadevigilânciaeletrônicadaAgênciade Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) levantam a questão da intromissão das agências de inteligência dos Estados Unidos na vida dos cidadãos. Contudo, para além do registro de metadados a partir de linhas telefônicas e da navegação na internet, esse caso revela outrarealidade,tambémpreocupante:amaiorpartedos norte-americanos aprova o controle das comunicações eletrônicas privadas. ________________________ _______________________________________. Esse consentimento perante a espionagem nem sempre existiu nos Estados Unidos. Algumas semanas antes do atentado de 11 de setembro de 2001, o jornal USATodaypublicavaamanchete:“Quatroemcadadez 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. norte-americanos não confi am no FBI” (20 jun. 2001). Durantedécadas,estudossucessivosdaSecretariade Justiça mostraram a forte oposição da população às escutastelefônicaspelospoderespúblicos.Entre1971e 2001,ataxadedesconfiançachegouaflutuarentre70% e80%.MasosatentadoscontraoWorldTradeCentere oPentágonoe,emseguida,aguerracontraoterrorismo empreendida por George W. Bush mudaram o cenário econduziramosnorte-americanosareconsiderarbruscamente a oposição secular à vigilância de cidadãos. Após um século de grande oposição, a sociedade norte-americana aprendeu a renunciar a seu direito à confidencialidade. Para grande parte da população – semlembrançasdessepassadonãomuitodistante–,o medodoterrorismoamplamentedifundidoeapromessa de respeito aos direitos dos “inocentes” tornaram-se mais importantes que as aspirações à proteção da vida privada e das liberdades civis. O “deserto do esquecimentoorganizado”,segundoaexpressãodosociólogo Sigmund Diamond, deixa o caminho livre para aqueles que desejam manter a ordem estabelecida. INSTRUÇÃO: Para responder à questão 201, analise as possibilidades de inserção dos períodos a seguir na lacuna no final do segundo parágrafo. 1. Segundo pesquisa realizada pelo jornal Washington Post alguns dias depois das declarações de Snowden, 56% da população julgam que o programa vigilância eletrônica é “aceitável” e 45% acreditam que o Estado deve “ser capaz de vigiar os e-mails de qualquer pessoa na luta contra o terrorismo”. 2. Dados veiculados pelo jornal Washington Post, logo depois das revelações de Snowden, informam que 56% da população consideram “aceitável” o programa de vigilância eletrônica, pois, segundo 45% dos entrevistados, não é dever do Estado “vigiar os e-mails de qualquer pessoa na luta contra o terrorismo”. 3. Logo após as denúncias de Snowden, uma pesquisa realizada pelo jornal Washington Post confirmou que 56% da população rejeitam o programa vigilância eletrônica e que, para 45%, cabe ao Estado “vigiar os e-mails de qualquer pessoa para fazer frente ao terrorismo”. 201) O(s) período(s) que pode(m) completar a lacuna do segundo parágrafo, mantendo a coerência do texto, é/são, apenas, a) 1. b) 2. c) 3. 339 Módulo 11 d) 1 e 2. e) 2 e 3. ( ( 202) Pelas ideias expostas no texto, é correto deduzir que o autor a) se revolta contra a insegurança gerada pelas escutas telefônicas. b) é cético quanto à possibilidade de combater o terrorismo com o uso da tecnologia. c) defende o direito à confidencialidade, desde que não represente ameaça à segurança nacional. d) espera, com seu posicionamento, conscientizar a população para que tenha mais cuidado ao usar a internet. e) critica a apatia do povo americano diante da violação de direitos individuais. 203) Sobre as relações sintáticas presentes em “o medo do terrorismo amplamente difundido e a promessa de respeito aos direitos dos ‘inocentes’ tornaram-se mais importantes que as aspirações à proteção da vida privada e das liberdades civis” (linhas 36 a 40) NÃO é correto afirmar que a) há uma relação de equivalência entre “medo” e “promessa”. b) “terrorismo” está para “medo” assim como “respeito” está para “promessa”. c) “amplamente” e “mais”, por serem termos acessórios, poderiam ser suprimidos. d) “vida” e “liberdades” são, ao mesmo tempo, elementos subordinados e principais em relação aos termos aos quais estão relacionados. e) “privada” e “civis” exercem a mesma função sintática. INSTRUÇÃO: Para responder à questão 204, analise as afirmações a seguir sobre a forma e o conteúdo dos textos 62 e 63, e preencha os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso). ( ( ) O texto 62, mais subjetivo, fundamenta o ponto de vista desenvolvido em argumentos do senso comum. ) O texto 63, fortemente marcado no tempo, mobiliza conhecimentos prévios mais específi cos do leitor. ( ) No texto 63, as sequências narrativas estão a serviço da argumentação. ) Ambos os textos valem-se da opinião de outros autores. ) Ambos os textos são notícias, pois partem de um acontecimento particular para discutir questões mais amplas. 204) A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – V – F – V – F b) V – F – V – F – V c) F – V – F – V – F d) F – F – V – V – V e) V – V – V – F – F INSTRUÇÃO: Responder às questões 205 e 209 com base no texto 64. TEXTO 64 Analfabetismo funcional 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 340 A condição de analfabeto funcional aplica-se a indivíduos que, mesmo capazes de identificar letras e números, não conseguem interpretar textos e realizar operações matemáticas mais elaboradas. Tal condição limita severamente o desenvolvimento pessoal e profissional. [...] Uma variação do analfabetismo funcional parece estar presente no topo da pirâmide corporativa e na academia.Emumalongasériedeentrevistasrealizadas por este escriba, nos últimos cinco anos, com diretores de grandes empresas locais, uma queixa revelou-se rotineira: _____ a muitos profissionais da média gerência a capacidade de interpretar de forma sistemática situações de trabalho, relacionar devidamente causas e efeitos, encontrar soluções e comunicá-las de forma estruturada. Não se trata apenas de usar corretamente o vernáculo, mas de saber tratar informações e dados de maneira lógica e expressar ideias e proposições de forma inteligível, com começo, meio e fim. Na academia, o cenário não é menos preocupante. Colegas professores, com atuação em administração de empresas, frequentemente reclamam de pupilos incapazes de criar parágrafos coerentes e expressar suas ideias com clareza. A dificuldade Interpretação de Textos PUCRS 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. afeta alunos de MBAs, mestrandos e mesmo doutorandos. Editores de periódicos científicos da mesma área frequentemente deploram a enorme quantidade de manuscritos vazios, herméticos e incoerentes recebidos para publicação. E frequentemente seus autores são pós-doutores! O problema não é exclusivamente tropical. Michael Skapinker registrou recentemente em sua coluna no jornal inglês Financial Times a história de um professor de uma renomada universidade norte-americana. O tal mestre acreditava que escrever com clareza constitui habilidade relevante para seus alunos, futuros administradores e advogados. Passava-lhes, semanalmente, a tarefa de escrever um texto curto, o qual corrigia, avaliando a capacidade analítica dos autores. Pois a atividade causou tal revolta que o diretor da instituição solicitou ao professor torná-la facultativa. Os alunos parecem acreditar que, em um mundo no qual a comunicação se dá por mensagens eletrônicas e tuítes, escrever com clareza não é mais importante. [...] Por aqui, vivemos uma situação curiosa: de um lado, cresce a demanda por análises e raciocínios sofisticados e complexos. E, de outro, _____ competências básicas relacionadas ao pensamento analítico e à articulação de ideias. O resultado é ora constrangedor, ora cômico. Nas empresas, muitos profissionais parecem tentar tapar o sol com uma peneira de powerpoints, abarrotados de informação e vazios de sentido. Na academia, __________ textos caudalosos, impenetráveis e ocos. Se aprender a escrever é aprender a pensar, e escrever for mesmo uma atividade em declínio, então talvez estejamos rumando céleres à condição de invertebrados intelectuais. INSTRUÇÃO: Para responder à questão 205, considere o que o texto apresenta sobre “empresa” e “academia”. I. Na empresa há queixa da escassez de profissionais para a gerência. II.Tanto na empresa quanto na academia, há profissionais que se expressam de forma ininteligível. III. Se, nas empresas, os profissionais tentam “tapar o sol com uma peneira de powerpoints” (linhas 53 e 54), na academia isso é feito com “textos caudalosos, impenetráveis e ocos” (linhas 56 e 57). 205) Tem (Têm) suporte no texto a(s) afirmativa(s) a) I, apenas. b) II, apenas. c) III, apenas. d) II e III, apenas. e) I, II e III. 206) Para o autor, o analfabetismo funcional a) restringe a ascensão pessoal e profissional. b) provém do uso inadequado da língua culta. c) transforma-nos em “invertebrados intelectuais”. d) aplica-se a indivíduos que não conseguem identificar letras e números. e) impossibilita a ascensão das empresas ao topo da pirâmide corporativa. INSTRUÇÃO: Para responder à questão 207, analise as afirmações a seguir sobre os recursos linguísticos empregados pelo autor como estratégia argumentativa, preenchendo os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso). ( ( ( ) O emprego de vocabulário mais erudito, como “vernáculo” (linha 17) e “pupilos” (linha 24), contrasta com tema desenvolvido no texto. ) A enumeração de adjetivos nas linhas 29, 54 e 55, 56 e 57 revela a avaliação parcimoniosa do autor em relação aos textos produzidos no mundo acadêmico. ) O raciocínio que encerra a argumentação (linhas 57 a 60) indica que “aprender a escrever” e “aprender a pensar” são atividades equivalentes e interdependentes. 207) A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é 341 a) V – F – V b) F – V – F c) V – F – F d) F – F – V e) V – V – V Módulo 11 208) Quanto ao sentido das palavras do texto, é correto afirmar que a) “analfabeto” (linha 01) e “análises” (linha 48) têm o mesmo prefixo. b) “herméticos” (linha 29) e “impenetráveis” (linha 57) estão relacionadas por sinonímia. c) A palavra “tal” tem o mesmo sentido nas linhas 36 e 41. d) “facultativa” (linha 43) está empregada em sentido conotativo. e) “céleres” (linha 60) poderia ser substituída por seu sinônimo “exaltados”. INSTRUÇÃO: Para responder à questão 209, analise as afirmações sobre a organização do texto 64. I. Parte do particular para o geral. II. Vale-se de linguagem figurada. III. Trata, no 2º e no 3º parágrafos, de situações recorrentes no Brasil. IV. Estabelece um contraste entre a realidade brasileira e a de países desenvolvidos. 209) Estão corretas apenas as afirmativas a) I e II. b) I e III. c) II e III. d) II e IV. e) III e IV. INSTRUÇÃO: Responder à questão 210 com base no texto 65. TEXTO 65 No Brasil, 38% dos universitários são analfabetos funcionais. Pesquisa aponta que estudantes não conseguem interpretar e associar informações. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. Entre os estudantes do ensino superior, 38% não dominam habilidades básicas de leitura e escrita, segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf), divulgado nessa segunda-feira pelo Instituto Paulo Montenegro (IPM) e pela ONG Ação Educativa. Criado em 2001, o Inaf é realizado por meio de entrevista e teste cognitivo aplicado em uma amostra nacional de 2 mil pessoas entre 15 e 64 anos. Elas respondem a 38 perguntas relacionadas ao cotidiano, como, por exemplo, sobre o itinerário de um ônibus ou o cálculo do desconto de um produto. O indicador classifica os avaliados em quatro níveis diferentes de alfabetização: plena, básica, rudimentar e analfabetismo. Aqueles que não atingem o nível pleno são considerados analfabetos funcionais, ou seja, são capazes de ler e escrever, mas não conseguem interpretar e associar informações. 210) Assinale a alternativa correta sobre os textos 64 e 65. a) O texto 64 credita à tecnologia a atual ausência de pensamento crítico e de criatividade. b) O texto 65 apresenta a causa do analfabetismo funcional. c) No texto 64, pode-se depreender que o autor é um escritor renomado, o que se confirma pela utilização da palavra “escriba” (linha 10). d) Ambos os textos pertencem ao mesmo gênero textual. e) Os dois textos valem-se de tipos diferentes de pesquisa para discorrer sobre o tema. 342 Interpretação de Textos PUCRS INSTRUÇÃO: Responder às questões 211 a 215 com base no texto 66. 211) Pela leitura do texto, é possível concluir que a) os moradores de rua não têm preocupação com sua intimidade. b) aqueles que fazem da rua sua casa dão um novo significado para seus objetos pessoais. c) as ruas têm uma lógica própria de funcionamento, que inviabiliza a proteção do indivíduo. d) os excluídos constroem nas ruas limites invisíveis para substituir o espaço que lhes é vedado. e) os aspectos mais violentos da existência humana são expostos por aqueles que vivem na rua. TEXTO 66 Entre o espaço público e o privado 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. Excluídos da sociedade, os moradores de rua ressignificam o único espaço que lhes foi permitido ocupar, o espaço público, transformando-o em seu “lugar”, um espaço privado. Espalhados pelos ambientes coletivos da cidade, fazendo comida no asfalto, arrumando suas camas, limpando as calçadas como se estivessem dentro de uma casa: assim vivem os moradores de rua. Ao andar pelas ruas de São Paulo, vemos essas pessoas dormindo nas calçadas, passando por situações constrangedoras, pedindo esmolas para sobreviver. Essa é a realidade das pessoas que fazem da rua sua casa e nela constroem sua intimidade. Assim, a ideia de individualização que está nas casas, na separação das coisas por cômodos e quartos que servem para proteger a intimidade do indivíduo, ganha outro sentido. O viver nas ruas, um lugar aparentemente inabitável, tem sua própria lógica de funcionamento, que vai além das possibilidades. A relação que o homem estabelece com o espaço que ocupa é uma das mais importantes para sua sobrevivência. As mudanças de comportamento social foram sempre precedidas de mudanças físicas de local. Por mais que a rua não seja um local para viver, já que se trata de um ambiente público, de passagem e não de permanência, ela acaba sendo, senão única, a mais viável opção. Alguns pensadores já apontam que a habitação é um ponto base e adquire uma importância para harmonizar a vida. O pensador Norberto Elias comenta que “o quarto de dormir tornou-se uma das áreas mais privadas e íntimas da vida humana. Suas paredes visíveis e invisíveis vedam os aspectos mais ‘privados’, ‘íntimos’, irrepreensivelmente ‘animais’ da nossa existência à vista de outras pessoas”. O modo como essas pessoas constituem o único espaço que lhes foi permitido indica que conseguiram transformá-lo em “seu lugar”, que aproximaram, cada um à sua maneira, dois mundos nos quais estamos inseridos: o público e o privado. INSTRUÇÃO: Para responder à questão 212, analise as afirmações a seguir sobre a organização das ideias no texto, preenchendo os parênteses com V (verdadeiro) ou F (falso). ( ( ( ( ) A sequência descritiva do primeiro parágrafo confere concretude às ideias apresentadas. ) Há uma relação de oposição entre as duas últimas frases do primeiro parágrafo. ) O segundo parágrafo discorre sobre as causas da situação, apresentando argumentos baseados em dados históricos. ) A última frase do texto reforça o ponto de vista do autor e propõe uma solução para o problema discutido. 212) A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) V – F – V – F b) V – F – F – F c) F – F – F – V d) V – V – V – F e) F – V – F – V 213) Levando em conta o sentido original e a correção do texto, o trecho _________ pode ser substituído por _________. a) “Excluídos da sociedade” (linha 01) – “Conquanto sejam excluídos da sociedade” 343 Módulo 11 b) “que lhes foi permitido ocupar” (linhas 02 e 03) – “cuja ocupação lhes foi permitida” c) “ganha outro sentido” (linha 16) – “ganham outro sentido” d) “foram sempre precedidas de” (linha 22) – sempre precederam e) “dois mundos nos quais estamos inseridos” (linhas 38 e 39) – “dois mundos aos quais estamos inseridos” INSTRUÇÃO: Responder às questões 216 e 217 com base no texto 67. TEXTO 67 214) Considerando o uso das expressões no texto, a afirmação correta é a) “assim” (linha 07) e “Assim” (linha 13) expressam a ideia de consequência. b) “aparentemente” (linha 17) modifica o sentido de “lugar” (linha 17). c) “sempre” (linha 22) refere-se a “mudanças físicas de local” (linhas 22 e 23). d) “mais que” (linha 23) e “mais” (linha 26) estabelecem comparações. e) “senão” (linha 26) contrapõe uma ideia provável a uma certeza. INSTRUÇÃO: Para responder à questão 215, analise as afirmações sobre o sentido e a formação das palavras no texto. I. Há uma relação de sinonímia entre “ressignificam” (linha 02) e “constituem” (linha 35). II. “calçadas” (linha 09) está para “ruas” (linha 08) assim como “cômodos” (linha 14) está para “casas” (linha 14). III. A relação entre “Excluídos” (linha 01) e “inseridos” (linha 39) é a mesma que se estabelece entre “individualização” (linha 13) e “separação” (linha 14). IV. As palavras “intimidade” (linha 13), “inabitável” (linha 17) e “invisíveis” (linha 32) têm o mesmo prefixo. 215) Estão corretas apenas as afirmativas INSTRUÇÃO: Para responder à questão 216, considere as sugestões de reescrita para o slogan da campanha. 1. Dar esmola? Não ajuda. 2. Dar esmola? Não. Ajuda. 3. Dar esmola não! Ajuda. 4. Dar esmola? Ajuda não? 5. Dar esmola ajuda, não? 216) O sentido da campanha e a correção gramatical seriam mantidos considerando-se apenas a) 1 e 3. b) 2 e 4. c) 1, 2 e 3. d) 3, 4 e 5. e) 1, 2, 3 e 5. 217) De acordo com a ideia veiculada pela campanha, o nexo que estabeleceria a correta relação entre as orações do cartaz mostrado pelo morador de rua, desconsiderando-se as modificações de pontuação, é a) I e II. b) I e III. c) I e IV. d) II e III. e) II, III e IV. a) que. b) mesmo que. c) portanto. d) contanto que. e) enquanto. 344 Interpretação de Textos PUCRS INSTRUÇÃO: Responder à questão 218 com base nos textos 66 e 67. 218) Pela leitura dos textos, é possível chegar à seguinte conclusão: a) A linguagem do texto 66 é tão persuasiva quanto a do texto 67. b) Ao contrário do texto 66, o texto 67 apresenta um ponto de vista único. c) A presença de aspas no texto 66 marca a posição contraditória do autor. d) Há uma passagem do texto 67 que faz uso de ambiguidade semântica intencional para provocar estranhamento. e) Em ambos os textos, a variante linguística é a norma padrão. 345 Módulo 11 “O tolo nem perdoa nem esquece; o ingênuo perdoa e esquece, o sábio perdoa, mas não esquece.” Thomas Szasz, psiquiatra húngaro. NÃO FINALIZE ESTE MÓDULO Se você chegou até aqui, parabéns. 01.D 02.E 03.A 04.B 05.E 06.C 07.B 08.B 09.D 10.C 11.E 12.A 13.C 14.B 15.C 16.A 17.B 18.E 19.E 20.B 21.D 22.A 23.D 24.D 25.A 26.A 27.E 28.C 29.A 30.C 31.D 32.B 33.A 34.D 35.B 36.E 37.E 38.A 39.D 40.E 41.B 42.A 43.B 44.D 45.D 46.A 47.D 48.B 49.A 50.E 51.E 52.A 53.A 54.A 55.D 56.C 57.B 58.B 59.A 60.D 61.B 62.A 63.B 64.E 65.E 66.C 67.D 68.B 69.E 70.D 71.E 72.E 73.A 74.C 75.B 76.B 77.E 78.B 79.C 80.C 81.E 82.B 83.E 84.A 85.D 86.B 87.D 88.E 89.C 90.B 91.E 92.B 93. E 94. B 95. C 96. D 97. C 98. E 99. C 100.B 101.D 102.D 103.A 104.A 105.E 106.A 107.C 108.C 109.D 110.B 111.D 112.E 113.C 114.B 115.D 116.E 117.E 118.D 119.E 120.C 346 121.A 122.C 123.D 124.B 125.B 126.E 127.C 128.C 129.D 130.D 131.A 132.E 133.D 134.A 135.B 136.D 137.D 138.B 139.D 140.D 141.C 142.B 143.D 144.C 145.C 146.D 147.B 148.C 149.E 150.B 151.D 152.E 153.A 154.A 155.C 156.A 157.B 158.B 159.A 160.C 161.D 162.B 163.C 164.C 165.E 166.E 167.D 168.A 169.B 170.E 171.A 172.D 173.E 174.A 175.B 176.A 177.D 178.E 179.D 180.B 181.A 182.C 183.B 184.C 185.E 186.D 187.B 188.A 189.C 190.C 191.D 192.E 193.E 194.B 195.A 196.C 197.B 198.E 199.C 200.B 201.A 202.E 203.C 204.E 205.D 206.A 207.A 208.B 209.C 210.E 211.D 212.B 213.B 214.E 215.A 216.C 217.A 218.D 12 Aulas, modelos e temas de redação I “Ninguém pode fazer você se sentir inferior sem seu consentimento.” Theodore Roosevelt. Módulo 12 PUC Tema 83 – O difícil para mim é começar... – Estou sem inspiração, hoje. – Fico bloqueado quando tenho que escrever obrigado! – Minha letra é horrorosa... – Idéias até que eu tenho, o que não sei é a gramática. – Tenho muitas idéias, mas não consigo colocá-las no papel... – Dá muito trabalho ficar escrevendo, prefiro falar por telefone. – Ah, não! Redação de novo?! Embora em situação escolar muitas vezes seja possível driblar essa obrigação, ou realizá-la apenas para “passar de ano”, mais cedo ou mais tarde chega o momento em que comunicar-se por escrito - e bem - tornase indispensável, às vezes até decisivo. Neste caso, a solução para os que não têm proficiência de escrita será identificar suas dificuldades e buscar maneiras de superá-las. Caso esse for seu caso, leve em consideração os seguintes questionamentos: Por que escrever nem sempre é fácil? O que se pode fazer para superar as dificuldades com a escrita? Se, entretanto, você não tem dificuldades para escrever, ou prefere abordar o assunto pelo lado positivo, poderá fazê-lo, refletindo sobre o tema seguinte: A importância de escrever com proficiência para o sucesso pessoal e profissional. Qualquer que seja sua opinião, organize um texto opinativo apresentando seus pontos de vista por meio de argumentos consistentes. Não se esqueça de que em uma dissertação devem predominar nossas reflexões sobre o tema proposto. Modelo O domínio da língua portuguesa 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 Na sociedade atual, um domínio adequado da língua portuguesa é fundamental para a manutenção de nossas relações pessoais e profissionais. Por domínio adequado, entende-se um conhecimento que permita estabelecer um diálogo eficaz e que não provoque más impressões. Alguém que cometa erros elementares na fala transmite a impressão, geralmente verdadeira, de ser inculto e até mesmo ignorante. Porém, ao nos comunicarmos utilizando uma estrutura complexa, podemos, despropositadamente, demonstrar arrogância e afastar outras pessoas devido a essa primeira impressão. É comum encontrarmos indivíduos que, ao falarem, demonstram sua falta de conhecimento. Através de erros de elementos básicos do idioma, exibem uma origem humilde e, por isso, perdem oportunidade de melhorar sua vida. Em qualquer entrevista de emprego, os avaliadores eliminam automaticamente alguém que demonstre não ter um bom domínio da língua portuguesa, pois, se o candidato ao emprego não sabe sequer falar corretamente, não poderá desempenhar uma função importante, na qual, provavelmente, será necessário o uso escrito do idioma, que exige um conhecimento ainda maior para ser usado. Então, é necessário conhecer o português em um nível que não demonstre ignorância para ser possível viver num patamar social menos ordinário. Por outro lado, não é necessário chegar ao extremo de saber e usar todas as regras do padrão culto do idioma, pois até nos romances brasileiros isso é difícil de ser encontrado. O uso desta língua portuguesa formal pode, por si só, passar a impressão de que estamos sendo esnobes e arrogantes, além de haver o risco de não compreenderem o que dizemos. Qualquer profissional, como médicos e advogados, que precise lidar com a classe popular, enfrentará dificuldades se utilizar um modo complexo de falar, pois seu público de clientes não conseguirá estabelecer um diálogo eficaz com ele e tomará para si que aquele não é um bom profissional, obtendo uma má reputação. Assim, é essencial procurar sempre melhorar o nosso conhecimento sobre a língua portuguesa para não passarmos impressões negativas a nosso respeito, mas sem cometer exageros, que podem ser tão ruins quando não saber usar o idioma. O nosso modo de falar pode definir a opinião de uma pessoa sobre nós, e, por isso, devemos saber adequar o uso de nosso domínio do Português a cada situação. 348 Aulas, Modelos e Temas de Redação 1 Aula 1“Estrutura do Parágrafo” “Para que um grande sonho se torne realidade, você precisa primeiro de um grande sonho.” NÍVEL EXCELENTE: Os parágrafos são semanticamente autônomos, bem divididos, tendo em sua maioria mais de uma frase cada, todas elas convergentes com o tópico tratado. NÍVEL PÉSSIMO : Não há divisão dos parágrafos ou a divisão é arbitrária, não refletindo organização semântica Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - 349 Módulo 12 PUC Tema 75 A tira acima, retirada de mensagem publicitária, faz graça de uma realidade bem próxima de você: o período que precede a realização do concurso vestibular, no qual todos os recursos possíveis são mobilizados, inclusive a intermediação dos santos. Suponha que você esteja concluindo o Ensino Médio e seja convidado a escrever um texto opinativo para o jornal do Grêmio Estudantil de sua Escola, sobre o tema. Fatores que tornam bem sucedida a preparação para o Vestibular. Baseado em sua experiência e no que você observa a seu redor, redija um texto opinativo, dissertativo, apresentando seus pontos de vista sobre o que considera importante para ser bem sucedido no vestibular. Embora seja um texto direcionado a sua comunidade escolar, o jornal é exigente: sua dissertação deve ser apresentada de acordo com norma culta escrita no idioma. Modelo Preparação 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 A preparação para vestibulares concorridos é uma verdadeira fonte de estresse para muitas pessoas. A incapacidade de alguns vestibulando de programar um roteiro de estudos que deve ser seguido por longo período, além da supervalorização que dão a seus concorrentes, são fatores que contribuem para o aumento de seu estresse, o qual implica, não raro, a obtenção de resultados insatisfatórios no concurso. A organização de uma produtiva rotina de estudos, porém não exaustiva, é fundamental à preparação para o vestibular. Entretanto, é justamente essa a dificuldade de inúmeros vestibulandos, os quais, próximo à data da prova, percebem que, como conseqüência da ausência de um planejamento de estudos, o período de pouco menos de um ano tornou-se insuficiente para estudar o grande volume de matéria exigida pelo concurso. Então, ser extremamente disciplinado em relação aos horários e distribuição dos conteúdos de estudos é necessário para o bom aproveitamento do tempo disponível até o vestibular. Ademais reservar períodos do dia para o lazer e atividades físicas é essencial para que o estudante se mantenha disposto a estudar durante meses, sem que seja tomado pelo estresse e pela monotonia que tal rotina pode causar. Outro fator relevante que atrapalha os vestibulandos é a pressão que sentem devido ao grande número de candidatos por vaga nos cursos mais concorridos. Isso acarreta em muitos o sentimento de inferioridade em relação aos concorrentes, que nem sempre é coerente com a realidade, mas invariavelmente, baixa a auto-estima do estudante. A fim de evitar essa frustração antecipada, é imprescindível que o vestibulando realize provas simuladas, por meio das quais é possível comparar seu desempenho com os de outros candidatos, além de, obviamente, avaliar se sua preparação está atendendo às suas expectativas e, caso contrária, modificá-la. Portanto, adaptar-se a uma rotina de estudos, na qual também haja tempo para a distribuição e ter noção de como está seu desempenho em relação ao de outros candidatos ao mesmo curso no vestibular são fatores que tornam bem sucedida a preparação para o concurso. Sendo que o aspecto fundamental para que todo o esforço feito durante um ano não seja em vão é a consciência de que, de fato, sabe-se tudo que foi estudado. 350 Aulas, Modelos e Temas de Redação 1 Aula 2 “Ângulo de Abordagem” “Espere o melhor, prepare-se para o pior e aproveite o que vier.” Zig Ziglar, escritor americano. CLAREZA: NÍVEL EXCELENTE: Percebe-se claramente o ponto de vista do autor sobre o tema, ou no início ou ao longo do texto. NÍVEL PÉSSIMO : O autor não expressa claramente seu ponto de vista. O texto se exime de ter idéias, tergiversa. Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - 351 Módulo 12 14) UFRGS 1996 O ser humano é capaz de experienciar uma grande variedade de estados emocionais. Assim, podemos estar tristes, ou ansiosos, ou eufóricos, etc. Muitas vezes não sabemos por que estamos nos sentindo desta ou daquela maneira. Há ocasiões, inclusive, em que não sabemos sequer definir o que sentimos. As emoções são, por natureza, muito complexas. O sentimento de solidão é um claro exemplo da complexidade das emoções humanas. Em primeiro lugar, defini-lo não é tão simples como pode parecer à primeira vista. Solidão não significa ausência de companhia. Podemos nos sentir solitários mesmo estando cercados de pessoas; por outro lado, muitas vezes, sozinhos, não sentimos solidão. Outro aspecto controverso desse sentimento diz respeito ao seu valor para o indivíduo. Será que a solidão é sempre prejudicial, ou ela pode trazer, também, benefícios? Sua dissertação tratará deste tema - a solidão. Procure caracterizar esse sentimento e identifique um episódio ou um momento na sua vida em que você tenha se sentido solitário. Discuta as possíveis causas e conseqüências dessa experiência, buscando avaliar o papel que ela exerceu na formação da sua personalidade. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida em um texto argumentativo e organizado dissertativamente. Modelo 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 Para sermos leais a seu verdadeiro significado em nossas vidas, devemos considerar a solidão como a expressão de um estado de carência sentimental que, diferentemente da significação dada a ela no dicionário, pode manifestar-se tanto quando estamos sós como quando acompanhados por amigos. Dessa forma, a solidão não é causada por deficiência social - falta de relacionamentos - mas sim por insuficiência sentimental. Durante toda nossa vida buscamos relacionamentos que supram nossas necessidades sentimentais. A relação mais importante no âmbito do sentimento é, sem dúvida, a que temos com nossos pais. São eles que nos provêem com o incentivo e a compreensão frente às adversidades por que passamos durante a vida, bem como com o carinho e amor necessários a consolar-nos quando fracassamos na luta para superá-las. A falta de um deles, por qualquer que seja o motivo, abre lacunas sentimentais que, se não preenchidas rapidamente, repercutirão nos levando à solidão. Por exemplo, um menino cuja vida foi alicerçada na proteção materna e na segurança paterna, ficará desamparado no caso de faltar-lhe um desses, especialmente o pai, cuja segurança servia como suporte emocional diante das provações da vida. Nessa situação (falta da estrutura paterna) esse menino, se nada fizer para alterá-la, aprofundará a solidão e conseqüentemente tornar-se-á propenso à depressão. Pode, entretanto, ao tentar preencher tal lacuna, tornar-se mais maduro, propiciando a formação de uma personalidade mais responsável, uma vez que seus problemas devem ser encarados e solucionados sem o auxílio daquele que antes lhe ditava a postura adequada para enfrentar cada situação. Portanto, essa carência sentimental, ou seja, essa solidão, embora represente sofrimento, pode repercutir positivamente em nossas vidas. Como exemplificado, a busca de sua superação possibilita um rápido amadurecimento que, acompanhado de responsabilidade, permite-nos a formação de uma personalidade mais preparada para o enfrentamento das dificuldades da vida. Anotações 352 Aulas, Modelos e Temas de Redação 1 Aula 3 “Consistência” “Conselho é o que nós pedimos quando sabemos a resposta mas não a desejamos.” Erlsa Jong, escritora americana. NÍVEL EXCELENTE: É integra a abordagem do tema construída a partir do ponto de vista, que se mantém ao longo do texto sem contradições ou dispersões. NÍVEL PÉSSIMO : O texto deixa idéias soltas, que não convergem ou se contradizem. O que se promete não é cumprido. Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - 353 Módulo 12 13) UFRGS 1996 Projeto Piloto Ficar irritado é um comportamento bastante comum no ser humano. É difícil definir com precisão este estado de espírito, mas é fácil identificá-lo. Todos nós já passamos por situações em que ficamos irritados. Na vida atribulada das grandes cidades, com todos os seus compromissos e contratempos, a irritação já faz parte do dia-a-dia de muitas pessoas. Várias são as circunstâncias que podem levar um indivíduo a ficar irritado: o trânsito congestionado, uma fila que não anda, uma música barulhenta, uma gripe persistente, etc. Cada pessoa reage diferentemente a essas situações, sendo que, muitas vezes, o que é irritante para alguns pode ser agradável para outros. Pois bem, sua dissertação versará sobre este tema - a irritação. Para desenvolvê-la, identifique uma ou mais situações em que você tenha ficado realmente irritado. Discuta os motivos de sua irritação, as atitudes mais comuns que as pessoas tomam quando estão irritadas e as maneiras mais adequadas de enfrentar situações que provocam irritação. Desde já fique claro que não estará em julgamento o fato em si, mas sim o texto que você produzirá para discutir o assunto. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida em um texto argumentativo e organizado dissertativamente. Modelo A Irritação 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 Atualmente, o sentido de irritação faz-se cada vez mais comum entre nós. Vivemos em uma sociedade truculenta e repleta de dificuldades, as quais atiçam as imprevisíveis manifestações da incontida irritabilidade do homem. Mesmo aparentando ser um comportamento inesperado, há inúmeras razões plausíveis para ficar irritado, tais como uma dificuldade financeira, problemas amorosos, dificuldades no trabalho, congestionamento no trânsito, entre tantos outros. Seja qual for a causa aparente da irritação, uma notória expressão desse sentimento dá-se dentro dos nossos lares. É comum termos a idéia de que nossas casas são o refúgio ideal para os problemas do cotidiano, evitando que as dificuldades externas pertubem-nos, consolidando, dessa forma, nossos lares como ambientes pacíficos e livres de casualidades exteriores que nos irritam. Todavia, o nosso lar pode ser o estopim desencadeador da irritação. Essa aparente dicotomia é facilmente esclarecida quando analisamos o dia-a-dia de um aposentado. Após décadas de árduo trabalho, no início do período de aposentadoria na vida do homem, a fatigante rotina do emprego é substituída por horas de lazer e descanso dentro de casa. Inicialmente, tal situação é muito confortável, mas ao longo do tempo, passar meses dentro de casa e estar em maior contato rotineiro começam a gerar uma série de atritos familiares e os primeiros sinais de irritação, os quais tendem a ficar menos corriqueiros e mais intensos, transformando-se em uma irritação exarcebada e crônica. Logo, o tédio por estar mais tempo em casa, oriundo da falta de trabalho, e o agastamento com os demais familiares caracterizam-se como causas imediatas da irritação. Como conseqüência, o volumoso excesso de exasperação incontida pode levar o homem a súbitas reações violentas dentro do próprio lar como única forma de atenuar tamanha irritabilidade, misto de angústia e sufocamento que irrita e desespera o homem nessa situação. É evidente que estar aposentado e passar mais tempo dentro de casa são apenas motivos superficiais e momentâneos para esse sentimento. Então, qual é a verdadeira causa de tais exarcebadas irritações? Certamente, não são os motivos externos que desencadeiam esse estado de espírito, mas sim os próprios conflitos internos que um aposentado experiencia diante da sua irremediável realidade. Eis, portanto, a causa primordial desse sentimento pertubador: a inexorável desestruturação psicológica do homem em virtude da noção de paulatina desagregação de parte de sua vida, ou seja, do trabalho a que dedicou anos a fio de incansável esforço. Esse contexto desencadeia um profundo conflito psicológico, no qual o aposentado passa a questionar-se diante da sua nova posição perante a vida, percebendo que não há mais os antigos objetivos que o motivavam e o impulsionavam ao trabalho, à busca do sustento e à realização profissional. Logo, quando vislumbra que nada mais resta daquele árduo passado – agora tão enaltecido – sente-se verdadeiramente inútil e desiludido, reflexo de uma total frustração e insatisfação pessoal diante da vida, incrustando, em si próprio, de forma definitiva, um grande desconforto que gera toda a irritabilidade ao seu redor, a qual eclode, de maneira repentina, em virtude dos mais ínfimos contragostos. 354 Aulas, Modelos e Temas de Redação 1 32 33 34 35 36 37 Portanto, muitas razões nem sempre identificam os verdadeiros motivos da irritabilidade das pessoas; fica claro que existem, de fato, tantas causas superficiais quanto o autêntico motivo para comportar-se de modo irritadiço. Além disso, a junção desses fatores faz da irritação um problema permanente com o qual é muito difícil lidar, tanto para quem está irritado quanto para quem sofre as conseqüências da irritação. Enfim, cabe a todos os envolvidos com tal sentimento exercitar a paciência e a indulgência, a fim de amenizar ao máximo as acachapantes conseqüências desse comportamento entre nós. Aula 4 “Autonomia” “Nunca aprendi nada com aqueles que sempre concordam comigo.” Dudley Field Malone, advogado americano. NÍVEL EXCELENTE: O texto revela esforço pela autoria, ou por seu ponto de vista criativo e original, ou por suas idéias incomumente relacionadas; por isso, desperta interesse. NÍVEL PÉSSIMO : O ponto de vista adotado é banal e apenas constata obviedades. As idéias que o sustentam trabalham no plano do senso comum e são relacionadas de forma previsível. Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - 355 Módulo 12 10) UFRGS 1994 Ao longo de nossas vidas, fazemos parte, voluntária ou involuntariamente, de diversos grupos humanos a um só tempo. Numa tentativa de identificação de tais grupos, perceberemos que seu delineamento está relacionado à existência de critérios de inclusão. Isso significa que determinadas características, valores, comportamentos, etc. marcam um indivíduo como pertencendo ou não a um grupo. Em muitos casos, tais critérios abrem duas opções ao indivíduo: ele poderá, com maior ou menor grau de consciência, aderir a eles, tornando-se um integrante do grupo, ou negá-los, diferenciando-se do mesmo. Digamos, por exemplo, que o grupo dos ex-fumantes se caracterize por uma conduta de eterna vigilância, produzindo freqüentemente discursos acerca dos malefícios do cigarro e segregando os fumantes, entre outros traços. Essa é a “bandeira” dos ex-fumantes. Muitos grupos existem, caracterizados por diferentes “bandeiras”: os próprios fumantes, as feministas, os machões, os esportistas, os “caretas”, as “peruas”, os viajados, os conquistadores, os intelectuais, os esnobes, etc. O importante é constatar que, em relação a grupos como os acima, as pessoas sempre têm o inarredável direito de não fazer parte deles, rejeitando seus valores e sua forma de ser. Pois bem: sua dissertação versará sobre este tema - os critérios de inclusão em um determinado grupo e as razões pelas quais você não quer fazer parte dele. Para desenvolvê-la, identifique um grupo humano do qual você não quer fazer parte, defina suas características, comentando-as, e exponha por que você não quer integrar esse grupo. Desde já fique claro que não estarão em julgamento nem a imagem que você faz de determinado grupo, nem o mérito de suas opções, mas sim a qualidade de sua análise e a consistência de sua argumentação. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida em um texto argumentativo e organizado dissertativamente. Modelo Ser Modelo 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 O sonho da grande parte das adolescentes brasileiras é tornar-se modelo. Entretanto, muitas dessas meninas esquecem que participar desse grupo significa abandonar uma série de valores pessoais e começar uma batalha, a qual, por não depender apenas da modelo, não traz, na maioria das vezes, os benefícios esperados. A participação no grupo das modelos exige muitos sacrifícios. Para iniciar a carreira de modelo, a menina precisa, primeiramente, mudar-se para os grandes centros urbanos, abdicando da família, dos amigos e dos estudos. Nesses locais, as adolescentes têm péssimas condições de higiene e alimentação, pois mais de dez meninas compartilham minúsculos apartamentos. Além disso, essas jovens são obrigadas a expor seu corpo, o qual deve estar exatamente dentro dos padrões exigidos pelas agências. Essa supervalorização do físico acaba denegrindo o caráter da modelo, que é, em muitos casos, confundida com prostitutas. Deve-se considerar, ainda, que essas jovens jamais terão chance de mostrar seus sentimentos e suas opiniões, já que seu corte de cabelo, o comprimento de suas unhas, enfim, tudo é determinado pela agência. Há, assim, uma negação da personalidade e um descontrole perante os rumos futuros, o que torna a vida dessas adolescentes um tanto vazias, restando, apenas, a falta de perspectiva quando o sucesso não é alcançado. Por outro lado, fora desse grupo, muitas meninas investem em seus estudos, escolhem uma profissão e constituem uma família. Nesse caso, existe a possibilidade do contato humano e da preocupação com os outros, ocorrendo, então, uma humanização. Ao contrário do que acontece com as modelos, pessoas que investem no lado intelectual e humano têm seu caráter valorizado. Exige-se, nessa situação, opiniões bem estruturadas que possam, até mesmo, servir de exemplos para outros indivíduos, já que muitos intelectuais fazem trabalhos voluntários, sendo capazes de influenciar na formação da opinião de grande número de pessoas humildes, devido ao carisma que alcançam através desse tipo de ajuda. Além disso, uma pessoa escolarizada tem maior capacidade de administrar a própria vida, não permitindo que outros a manipulem. Assim como no grupo das modelos, a participação em diversos outros grupos pode trazer uma série de malefícios para a vida pessoal do indivíduo. Cabe, portanto, a cada um escolher os grupos dos quais quer fazer parte. Porém, antes de tomar qualquer decisão, convém analisar os aspectos positivos e negativos de cada grupo, associando-os aos valores pessoais. 356 Aulas, Modelos e Temas de Redação 1 Aula 5 “Coesão Textual” “Guardar ressentimento é como tomar veneno e esperar que a outra pessoa morra.” Malachy McCourt, escritor americano. NÍVEL EXCELENTE: Há um uso adequado e preciso de nexos, de modalizadores, dos tempos verbais, de referências anafóricas e da substituição lexical. NÍVEL PÉSSIMO : O texto não faz uso de recursos de coesão para qualificar-se, ou emprega-os inadequadamente. Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - Introdução - D1 D2 Conclusão Objetivo - 357 Módulo 12 PUC Tema 78 Você sabe o que quer dizer preconceito? A palavra vem de PRÉ + CONCEITO, ou seja, é um conceito formado por antecipação, sem reflexão. Veja o que diz o dicionário Houaiss da Língua Portuguesa: preconceito (...) “atitude, sentimento ou parecer insensato, especialmente de natureza hostil, assumido em conseqüência da generalização apressada de um experiência pessoal ou imposta pelo meio; intolerância (...). Essa “doença da alma’, conforme define Lya Lyft, pode tomar muitas formas - preconceitos em relação à raça, à classe social, à lingua, à aparência física, à idade, a deficiências físicas ou mentais são apenas alguns exemplos. Se preferir este tema, pense no que diria em resposta a esta pergunta: Qual o pior tipo de preconceito? Após, redija sua dissertação, identificando o tipo de preconceito que selecionou e justificando sua escolha por meio de argumentos consistentes e de exemplos. Anotações 358 Temas UFRGS 2) UFRGS 1986 Como sabemos, a linguagem funciona como uma ponte entre as pessoas, permitindo a transmissão de idéias e o estabelecimento de relações interpessoais. No entanto, todos já passaram pela situação de não ver bem compreendida a mensagem que pretendiam transmitir. Muitas vezes, isso ocorre por usarmos termos que podem aludir a vários significados ou possibilitam diferentes interpretações. Tal situação é mais freqüente quando se trata de palavras ou expressões relativamente novas, ou de significado novo. É o caso generalizado da gíria, que tem uma agilidade muito grande no que se refere a designar fenômenos recentes, mas, ao mesmo tempo, ocasiona problemas de compreensão. Às vezes, isso se deve à sua aplicabilidade, restrita a um fenômeno conhecido somente por pequenos grupos; às vezes, ao fato de “subverter” o significado original de uma palavra, que passa a ter outra acepção. Pois bem: a redação que você vai escrever deverá abordar uma palavra ou expressão de gíria. Localize em sua experiência uma gíria que você conheça, apresente-a, defina seu significado, seu uso, os grupos em que ela circula, as reações que ela pode suscitar, os equívocos que ela pode ocasionar, etc. Para executar essa tarefa, lembre-se de que você está sendo solicitado a escrever uma dissertação, texto que se caracteriza por apresentar um esforço de racionalização, de objetivação das idéias de seu autor. Fique claro que não estará em questão a escolha da palavra ou expressão de gíria em si, sob qualquer ponto de vista imaginável (estético, lingüístico, moral, etc.) mas sim sua capacidade de elaborar um texto dissertativo claro, coerente e bem estruturado, que atenda à solicitação feita. 3) UFRGS 1987 As ações e atitudes que as pessoas tomam no decorrer de sua vida são, de certa maneira, regidas por valores e normas próprias de cada um. Evidentemente, para cada decisão mais importante, concorrem diversos aspectos que são ponderados entre si e acaba prevalecendo o de maior importância para cada indivíduo. Isso, evidentemente, também ocorre com você e é possível, depois do fato ocorrido, fazer uma reflexão sobre essa atitude, tentando compreendê-la. Sua redação terá como tema, exatamente, uma reflexão sobre uma atitude tomada. Você situará um ato ou atitude de sua vida passada (não interessando sua importância, originalidade, etc) e fará uma análise crítica da mesma, verificando que alternativas de ação você tinha, quais os valores implicados em cada uma e identificando aquele que mais pesou no seu ato. Se for o caso, você poderá fazer uma reflexão adicional: a atitude tomada naquela ocasião seria a mesma que tomaria hoje? Quais os motivos da manutenção ou da mudança verificada? Embora sua redação tenha como pano de fundo um episódio, você deverá identificá-lo apenas brevemente, passando à reflexão que constituirá o foco de sua dissertação. 359 Módulo 12 Modelo Sonhos de Criança 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 “O que você quer ser quando crescer? “ Essa é uma pergunta tão fácil de ser respondida quando somos crianças, entretanto, no momento em que realmente temos de fazer essa escolha, a questão torna-se complexa. Comigo não foi diferente. No tempo de menina não hesitava em dizer que seria médica. Hoje, a resposta surge depois de um longo período de reflexão e já não é a mesma: optei por medicina veterinária. Essa foi a mais difícil decisão que tomei em minha vida, pois a medicina sempre me chamou a atenção. O heroísmo de salvar vidas e o desafio que é lidar com o ser humano me fascinam. Além disso, eu adoro trazer o bem às pessoas, dar-lhes esperança e, pelo menos, um pouco de alegria e conforto. Na hora de decidir, coloquei no papel todos os prós e contras dessa profissão e o resultado foi inesperado; mudei de idéia. O que mais contribuiu para eu tomar essa decisão foi o estilo de vida de um médico. Sempre correndo, ele precisa de tempo para fazer consultas e/ou cirurgias, realizar plantões, estudar, cuidar da própria saúde e ainda por cima ter uma vida particular. Por outro lado, um veterinário tem um dia-a-dia mais calmo: vive em contato com a natureza e com os animais, além de ter mais tempo para si e para a família. Por isso me identifiquei tanto com esse curso; sempre fui muito ligada à família e quero ter tempo livre para praticar esportes e viajar. Paralelamente a isso, existe uma grande paixão por cavalos e animais de grande porte. Economicamente, embora a veterinária apresente uma desvantagem (na maioria das vezes, os profissionais não são reconhecidos e recompensados como deveriam ser), ela não é suficiente para desanimar-me. Assim, não creio em desistir de um sonho. Acredito que os sonhos infantis crescem e amadurecem com o indivíduo, podendo até transformarem-se em outros como aconteceu comigo. Talvez, se essa decisão fosse tomada daqui a alguns anos, a minha escolha seria um pouco diferente, uma vez que eu seria um pouco diferente. 4) UFRGS 1988 O tema da sua redação tomará por base esta pequena história que você deve ler atentamente. Era o final da 3ª série do 2º grau. Para aquela segunda-feira, estava marcada uma prova de uma disciplina cujo professor, ao longo de todo o ano, demonstrava muita solidariedade com os alunos, estimulando-os e ajudando-os nas dificuldades. Um certo aluno precisava de muita nota. Mais que isso, necessitava concluir naquele ano o 2º grau, pois disso dependia a obtenção de algo muito desejado por ele. Entretanto, por um motivo que considerou sério, não estudou o suficiente para a prova daquela segunda-feira. Chegou o dia, afinal. O aluno dirigiu-se à sala, cumprimentou o professor, sentou-se e preparou seu material. Entre as folhas recebidas, colocou a “cola”, que havia preparado anteriormente. O professor percebeu tudo; bastante contrariado, ordenou que o aluno entregasse a prova e fosse embora. Sua nota seria zero, e ele, então, fatalmente precisaria repetir a série no ano seguinte. Ao final do período, o aluno dirigiu-se ao professor e, além de explicar os motivos de sua atitude, pediu que seu desempenho escolar fosse levado em conta. O professor, então, disse ao aluno que retornasse à escola dali a dois dias, quando lhe daria uma resposta. Essa história, relatada apenas em suas linhas gerais, é o ponto de partida para sua dissertação, que deverá conter uma reflexão sobre a situação apresentada, apreciando e discutindo as atitudes das personagens, os motivos que as determinaram e os critérios de valor utilizados por eles. Se julgar necessário, você pode imaginar detalhes para sua história, tais como a matéria da prova, a expectativa que o aluno alimentava, a exigência do professor, alguma característica pessoal dos envolvidos, ou mesmo as atitudes que possam ter antecedido o incidente ou dele ter decorrido. Desde já fique claro que sua redação será avaliada independentemente de qualquer critério moral que possa aprovar ou reprovar os posicionamentos que você apresentar. O essencial é que ela apresente uma reflexão crítica sobre a situação, sobre os valores e atitudes nela envolvidos, dentro de uma estrutura dissertativa, caracterizada pela exposição clara, coerente e consistente de idéias articuladas logicamente. 360 Temas UFRGS 6) UFRGS 1990 Leia o seguinte texto: “Em seu livro A Cartucha de Parma, o escritor francês Stendhal fez o personagem Fabrício atravessar toda a batalha de Waterloo, durante uma viagem, sem se dar conta do que realmente estava acontecendo. À sua volta desmoronava o grande império construído por Napoleão com seus exércitos, e ele não percebeu nada. Algo parecido acontece atualmente com quase todos nós: vivemos em revolução (...) e poucos conseguimos acompanhar seus desdobramentos e adivinhar a que futuro nos levará. (...) É fácil entender o que acontece com o personagem de Stendhal: tendo como referência apenas o campo que podia ser abarcado por seus olhos, não tinha mesmo condições para entender o alcance maior das escaramuças militares que aconteciam a seu redor. O cidadão moderno está às voltas com o mesmo problema, mas em escala muito maior. (...) Como o Fabrício literário, atravessamos o campo de uma grande batalha enxergando apenas uma briga de esquina.” Que revolução estamos vivendo? Que transformações estão acontecendo, das quais talvez nem todos nós estamos nos dando conta? É para reponder essa pergunta que você fará sua redação. Escolha uma mudança significativa que você percebe estar ocorrendo (em qualquer área: nas ciências, nas artes, nos esportes, nos costumes, nas instituições sociais, etc.) e escreva sobre ela: em que ela consiste, quais suas causas, suas manifestações no cotidiano, qual o grau de consciência que as pessoas têm dela e que modificações possivelmente ela trará no futuro. Desde já fique claro que não estará em questão a mudança que você escolher, mas sim sua capacidade de apresentar uma resposta à questão sugerida. Lembre-se de que seu texto deve ser uma dissertação. Modelo Individualismo: uma profunda mudança comportamental. 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 Percebem-se, no mundo contemporâneo, diversas modificações. Dentre as quais, pode-se destacar as transformações ocorridas no comportamento da sociedade mundial. Constata-se que a falta de espírito de coletividade torna o ser humano moderno cada vez mais individualista e, conseqüentemente, auto-suficiente. A grande urbanização atual e o conseqüente aumento demográfico são fatores determinante na superficialidade dos relacionamentos estabelecidos entre as pessoas. Dessa forma, o homem atual isola-se em um universo paralelo à realidade, o qual é restrito ao meio de trabalho e ao ambiente domiciliar. O ritmo de vida demasiadamente acelerado faz com que as pessoas não disponham de tempo para o convívio social, acarretando, dessa forma, a inviabilização do estreitamento de laços afetivos. Nota-se que essa situação deparada também se vincula ao excesso de competitividade presente na sociedade atual, a qual instiga, cada vez mais, o afastamento das pessoas e a sobreposição dos interesses individuais aos coletivos. Verifica-se, portanto, que a forma de organização social a que somos submetidos é responsável pelas dificuldades de relacionamento e, por conseguinte, o ser humano atual torna-se individualista e julga-se auto-suficiente. Constata-se que a maior parte da população não está atenta ao distanciamento estabelecido entre as pessoas. Essa falta de consciência é decorrente de uma certa resignação, a qual faz com que as pessoas se adaptem às mais diversas realidades e não sejam capazes de questioná-las. Verifica-se o desinteresse por parte de todos na análise dessas alterações comportamentais, acarretando, dessa forma, o crescimento das proporções do problema deparado. Além disso, percebe-se que o individualismo é associado erroneamente à independência. Ao fazerem essa interpretação, as pessoas acabam alienando-se da realidade e encontrando saídas estratégicas para a verdadeira situação presenciada. A falta de consciência sobre o isolamento do ser humano atual em relação a seus semelhantes faz com que encaremos a realidade de forma distorcida e nos conformemos com as situações vividas. Em um futuro próximo, o individualismo fará com que se alterem completamente os vínculos interpessoais, de forma que não haja mais a necessidade de compartilhamento de idéias, sentimentos e emoções com aqueles que nos cercam. É preciso ressaltar que essas transformações comportamentais farão com que certos valores que visam ao bem-estar comum sejam esquecidos, acarretando, dessa forma, a predominância da mentalidade de que o homem é auto-suficiente em detrimento da percepção do quão solitário estará ficando. 361 Módulo 12 7) UFRGS 1991 Não é novidade nenhuma afirmar que vivemos mergulhados num mar de música, embora nem sempre tenhamos consciência disso. A televisão embala as novelas com música, a propaganda utiliza o “jingle”; grande parte de nós trabalha ou estuda com um rádio ou um toca-fitas ligado; nos supermercados, consumimos produtos ao som de sucessos. Não são todas as músicas, no entanto, que nos chamam a atenção. Por algum motivo, apenas um seleto grupo de composições musicais penetra nossa sensibilidade, às vezes a ponto de nos fazer decorar trechos da melodia ou a letra que a acompanha. Por vezes, tais canções chegam a tornar-se verdadeiros hinos pessoais, tamanha é sua significação para nós. Pois bem: sua dissertação versará sobre este assunto - a significação especial que certas músicas têm para nós. Localize em sua experiência uma canção, um conjunto delas ou um tipo, que seja ou tenha sido significativo para você ou para um grupo, e a seguir discuta os motivos pelos quais essa música desempenha papel relevante em sua vida. Fique claro que não estará em julgamento a música ou o conjunto de músicas, nem os motivos pelos quais a escolha foi feita, mas sim o texto que você produzirá para discutir o assunto. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida em um texto argumentativo e organizado dissertativamente. Modelo O Papel Atual da Música 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 No decorrer dos anos, as músicas têm sido utilizadas com diversas finalidades. Verifica-se, no mundo contemporâneo, o constante uso de recursos musicais em campanhas publicitárias e, até mesmo, em propagandas políticas. Dessa foram, essas canções acarretam a vinculação por grande parcela da população de determinadas músicas a certos produtos e personalidades. Nota-se que os recursos fonográficos utilizados para a promoção de marcas e pessoas, acabam influenciando a população em geral. Muitas pessoas deixam-se levar pelos famosos “jingles” de determinados produtos sem que verifiquem se o que está implícito na letra da música realmente condiz com as qualidades do artigo a ser comprado. É preciso ter em mente que o objetivo fundamental dessas canções é impressionar o consumidor em detrimento da mostra dos verdadeiros atributos do produto a ser comercializado. Constata-se, por isso, que, geralmente, essas composições possuem ritmos extrovertidos e contagiantes. Essas músicas são um artifício comercial extremamente importante para os fabricantes do produto e para as empresas responsáveis por sua divulgação, pois, através delas, conseguem ampliar seu mercado consumidor e, conseqüentemente, aumentar seus lucros. Em anos de eleições, milhares de canções são compostas com o intuito de promover aqueles que visam a um cargo eletivo e conseguir o eleitorado. Uma boa música contribui significativamente na divulgação da figura do candidato e de suas propostas, sendo, atualmente, indispensável em uma campanha eleitoral. Assim como ocorre com as músicas utilizadas em comerciais , as canções usadas em propagandas político-partidárias nos remetem imediatamente à imagem do candidato a que elas se referem. Dessa forma, mesmo que sua letra não seja lembrada ou não possua um valor significativo, a própria melodia é memorizada, sendo, portanto, imprescindível para o êxito de uma campanha eleitoral. Inúmeras vezes podemos constatar o quão ilusórias são as mensagens de tais canções, as quais procuram valorizar as virtudes muitas vezes inexistentes no candidato e nos fazer acreditar em propostas impraticáveis, induzindo-nos, assim, a votar nos candidatos por elas anunciadas. É indispensável que as pessoas estejam cientes das armadilhas que certas músicas utilizadas em comerciais podem conter. Verifica-se que a difusão de recursos fonográficos com fins promocionais vem influenciando significativamente as pessoas, seja na hora de consumir, seja no momento de votar. É necessário, por isso, termos autonomia em nossas atitudes e não nos deixarmos conduzir por canções feitas com um único objetivo: enaltecer aquilo que divulgam. 362 Temas UFRGS 9) UFRGS 1993 Quando se formam grupos humanos, costuma ocorrer um fenômeno peculiar: ao mesmo tempo em que se estabelecem traços de identidade entre os integrantes, se forjam também conceitos de exclusão em relação a determinados elementos. Parece mesmo haver uma estreita relação entre demarcar fronteiras para incluir certos valores e, de outra parte, indicar limites para excluir outros tantos. Tal processo pode não ser inteiramente consciente. Grupos de jovens ou adolescentes, por exemplo, adotam positivamente certos valores que lhes convêm, mas rotulam negativamente outros que são tidos como indesejados, podendo estes últimos estar representados num indivíduo considerado estranho por ser ou muito estudioso ou muito relapso, ou muito gordo, ou muito magro, ou muito pobre, ou ainda por ser de outra raça, outra religião, outra ideologia - em suma, por ser diferente. E isso, que ocorre nessa faixa etária e nesse âmbito, pode ocorrer em qualquer idade e em várias outras circunstâncias. O curioso é que, em todos os casos, parece haver um paradoxo: os grupos excluem este diferente, mas precisam dele para existir, às vezes até convivendo rotineiramente com ele. Pois bem: sua dissertação versará sobre este tema - a maneira como os grupos humanos lidam com a diferença e com a exclusão. Para tanto, localize em sua experiência um episódio representativo (ocorrido com você mesmo ou com alguém de cuja história você tenha tomado conhecimento), apresente-o e a partir dele organize seu raciocínio, de forma a analisar o tema apontado. Fique claro que não estarão em julgamento nem o episódio em si (o local, a época, as circunstâncias, as repercussões), nem o mérito de seus pontos de vista específicos, mas sim a análise que você fará e a consistência de sua argumentação. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se da experiência como ponto de partida, mas apresente-a articulada num texto argumentativo, organizado dissertativamente. Modelo Ser Excluído 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 Ao longo de nossa vida, participamos de vários grupos humanos, os quais apresentam seus valores e, conseqüentemente, suas diferenças em relação aos que a eles não pertencem, o que gera a exclusão. Na minha adolescência, eu andava com um grupo de meninas do meu clube que pertencia a uma classe social superior à minha. Por causa das atividades sociais e preocupação com o futuro delas serem diferentes de meus valores, eu acabava sendo excluída do grupo. Na adolescência, o jovem começa a inserir-se na sociedade, mas a maneira como é feita essa inserção é diferente em cada meio social. No meu caso, as atividades que minhas amigas faziam eram totalmente fora da realidade financeira de minha família. Elas combinavam ir à fazenda de uma delas, a coquetéis e passeios de iate de outra. Já que eu não possuía nada como elas, não tinha o que oferecer. Assim, acabavam deixando de me convidar para essas atividades. Enfim, me excluíram. Muitos indivíduos também sofrem com a exclusão devido à diferença de valores em relação à preocupação com o futuro. Essa falta de compatibilidade de objetivos futuros também fazia com que eu fosse excluída do grupo de amigas do clube. Enquanto eu me preocupava com minhas notas e estudo para as provas, já elas pensavam em festas e viagens. Assim, achavam-me “careta” e estudiosa demais. O que, na verdade, fazia a distinção de objetivos e assuntos era a situação econômica estável e segura de elas terem famílias ricas e eu não. Se elas quisessem ficar a vida inteira sem estudar nem trabalhar, elas poderiam. Entretanto, se eu não fizesse algo para no futuro ganhar dinheiro, passaria por necessidades. Sendo assim, é notória a dificuldade de se ter uma relação harmônica entre os indivíduos quando esses apresentam diferenças de comportamento e valores. Os grupos humanos, ao se formarem, criam critérios de inclusão que excluem indivíduos os quais não têm a mesma maneira de agir. Na minha situação, os critérios usados pelo grupo de meninas eram os financeiros. 363 Módulo 12 11) UFRGS 1995 Falar com as pessoas que nos cercam é uma atividade que, de tão corriqueira, não chega a ser objeto de nossa atenção. Nossos diálogos rotineiros nos são quase tão naturais quanto andar, comer, escovar os dentes ou até, quem sabe, respirar. Se pararmos para pensar no assunto, no entanto, damo-nos conta de que, caso não tivéssemos sucesso na comunicação com as pessoas com quem convivemos ou mesmo com quem nos encontramos mais fortuitamente, teríamos enormes dificuldades. Imagine o esforço que seria refletir todo o tempo sobre como dizer o que queríamos dizer. De qualquer forma, cada um de nós pode certamente lembrar muitos momentos em que, por uma razão ou por outra, esteve em dificuldades para se comunicar com alguém. Momentos em que surgem perguntas como: o que dizer quando for inevitável conversar com aquela garota? Como conseguir explicar para a nova faxineira chegada do interior o funcionamento do forno de microondas? O que será que o vô quis dizer com aquela longa história que ele contou com tanta ênfase ontem? Como acompanhar aquele diretor que usa todos os esses e erres? O que fazer com aquele estrangeiro monolíngüe que vai passar o dia lá em casa? Como abordar o patrão para pedir um aumento de salário? Enfim, o grau de facilidades na comunicação depende de tantos fatores que poderíamos listar uma infinidade de situações como essas. Pois bem: sua dissertação versará sobre este tema – dificuldades de comunicação e estratégias para superá-las. Para desenvolvê-la, identifique um ou mais momentos em que você teve dificuldades em se comunicar com alguém, explique as razões para tais dificuldades e discuta o desfecho do episódio. Desde já, fique claro que não estará em julgamento o fato em si, mas o texto que você produzirá para discutir o assunto. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida num texto argumentativo e organizado dissertativamente. Modelo Dificuldades de Comunicação 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 Falar com as pessoas que nos cercam é algo tão normal que, nem sempre, percebemos o quão difícil é ter uma boa comunicação. Contudo, as dificuldades de comunicação se tornam irrefutáveis quando ela é feita entre pessoas com características diferentes, como o grau de escolaridade. Nem sempre é fácil termos êxito ao tentar fazer com que as pessoas entendam o que queremos dizer. Todavia, quando pressupomos que a pessoa a qual temos que explicar algo é incapaz de entender o que estamos falando, a nossa comunicação fica ainda mais árdua. Alguns médicos pensam, preconceituosamente, que seus pacientes - por não terem, grande parte das vezes, o mesmo nível de escolaridade que eles têm - não conseguem, nem mesmo, descrever o que estão sentindo. Dessa forma evitando um provável desgaste de ter que escutar o paciente falando sobre o seu sofrimento e, ainda, dar a ele a chance de caturrar sobre a sua doença, o que, inexoravelmente, faria com que o médico perdesse algum tempo explorando as dúvidas do paciente, esse profissionais limitam a sua comunicação com o enfermo a uma simples receita. Logo, essa falta de comunicação entre médicos e pacientes, provocada, indubitavelmente pela maneira discriminatória que alguns médicos tratam os pacientes de menor nível de escolaridade, torna o tratamento, que, muitas vezes, é traumático para o doente, em um acachapante padecimento. Não obstante, a culpa pela falta de diálogo não é somente do médico. Muitas vezes, o paciente tem medo de perguntar sobre o tratamento que terá que fazer, pois acredita que qualquer questionamento ao médico deixaria evidente a sua ignorância e que, conseqüentemente, seria ridicularizado. Sendo assim, ao surgir alguma dúvida, como, por exemplo, sobre os efeitos colaterais da medicação, prefere parar de tomá-la. Entretanto, ao ser questionado pelo médico sobre como está se sentindo, não fala a ele que não está seguindo as suas indicações, pois, assim, se sente protegido contra uma provável repreensão do médico em relação às corolárias da sua atitude de não tomar a medicação corretamente. Essa falta de comunicação, portanto, poderá tanto transformar uma doença que poderia ser facilmente resolvida em algo mais sério, como colocar em dúvida o procedimento do médico, afetando-o obviamente, na sua vida profissional. Logo, a dificuldade de comunicação é gerada por vários motivos. No caso do relacionamento entre médicos e pacientes, ele seria mais fácil caso os médicos fossem cientes da importância da anamnese, pois assim, o paciente, irrefutavelmente, adquiriria uma maior confiança nesses profissionais, revelando a eles se estão fazendo o tratamento corretamente, o que possibilita que o médico tenha uma maior certeza de qual é o procedimento mais indicado em relação a cada caso. 364 Temas PUC PUC Tema 1 A validade do trote aos calouros. Qual deve ser o objetivo do trote? De que forma pode contribuir para o perfeito entrosamento entre calouros e veteranos? PUC Tema 2 As grandes cidades em geral têm vários problemas. Aponte e diga como podem ser resolvidos. PUC Tema 3 Dinheiro não traz felicidade, mas ajuda. PUC Tema 4 A participação do jovem na vida nacional. Apresente as formas de participação e discuta seus problemas. Modelo Consciência Política 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 No mundo tumultuado e globalizado em que vivemos, devemos sempre ter uma opinião crítica formada sobre qualquer assunto político. Ter consciência política, principalmente nos dias de hoje, não é mais um privilégio dos intelectuais, mas um dever de todo cidadão. O posicionamento político de cada cidadão sempre é muito importante e faz diferença em qualquer setor social. Lembro-me de um caso muito peculiar. No início dos anos noventa, tramitava pelo Senado Federal o processo de cassação do mandato do então presidente Fernando Collor. Naquela ocasião, houve uma enorme mobilização de grande parte da população, principalmente dos jovens para derrubar o presidente. Aquelas pessoas tinham um posicionamento político definido, tinham consciência política madura e, principalmente, tinham união. Vemos, então, que o posicionamento político e a luta por ideais que julgamos justos e verdadeiros são virtudes que devem caber a todo cidadão. O posicionamento político é vital na vida de todos nós. Devemos exercê-lo em todos cenários, desde questões de importância nacional, como pleitos eleitorais, até em situações bem mais particulares, como escolha de um síndico. Nossa posição em relação a qualquer situação é muito importante, e só com consciência política temos alicerce para darmos e mantermos nossa opinião. Devemos ter consciência também de que nossa opinião, nosso posicionamento, nosso voto são de extrema importância, pois, na democracia, cada um é parte - mesmo que muito pequena – da engrenagem que dá os rumos do país. Consciência política é, então, ,um sentimento que está dentro de cada um de nós. Todos temos condições para nos posicionarmos perante qualquer assunto, uns com mais argumentos e autoridade e outros mais timidamente. Devemos sempre acreditar que só com posições políticas fortes e determinadas nossos anseios podem, algum dia, vir a se realizarem. 365 Módulo 12 PUC Tema 5 A ciência pode ser um auxiliar importante na busca de soluções para vários problemas. Desenvolva o tema, apontando as formas dessa contribuição. PUC Tema 6 Alienação ou participação? Convém participar ativamente na superação de problemas ou não envolver-se com eles? Por quê? Modelo Alienação política 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 O povo brasileiro, no âmbito político, é caracterizado por sua sobejada alienação. Tal fato pode ser justificado por diversos motivos, entre eles, pela trajetória histórica da política brasileira e pela descrença do brasileiro no político atual. Desde o processo de independência, o qual foi um movimento nitidamente elitista, quando o Brasil pode desligar-se de sua metrópole, Portugal, libertando-se formalmente do domínio luso, o povo brasileiro nunca teve seu espaço de ação na política nacional. Em todas as tentativas de emancipar-se e de reenvidicar maior participação, como nas revoluções regenciais, ele foi violentamente reprimido, sendo obrigado a calar-se perante a situação vigente. Fatos como esse, no decorrer da história, incutiram a alienação política nos brasileiros, levando-os a assimilar e até a aceitar essa dominação por parte de uma minoria elitista detentora do poder que vem perpetuando até os dias atuais. Além disso, a população brasileira tem desenvolvido uma ojeriza, cada vez maior, dos que, hoje, gerem o país. Tal antipatia é decorrente das constantes frustrações que vem sofrendo diante das inúmeras promessas de melhora das condições de vida feitas pelos governantes, as quais, na maioria dos casos, nunca são cumpridos, sendo elas apenas mais um instrumento de manipulação e de ilusão do eleitorado nas vésperas de eleições. Esse quadro gera no brasileiro uma aversão à política, pois, na sua concepção, tudo que esteja relacionado a ela envolve corrupção e mentiras. Conseqüentemente, cansado de ser iludido, participa cada vez menos da política brasileira, limitando-se a “dar” seu voto nas eleições àqueles políticos que considera menos corruptos. A alienação do povo brasileiro, no que se refere à política, não deveria ser tão presente no país. Porém, devido a fatores marcantes, tal alienação é compreensível, mas não passível de perpetuação, pois, caso contrário, uma minoria sedenta pelo poder continuará gerindo o país de acordo com seus interesses e excluindo grande parte da população. PUC Tema 7 A emoção do ingresso em uma universidade. Em que consiste a emoção do ingresso em uma universidade? Por quê? Anotações 366 Temas PUC PUC Tema 8 A prática de violência entre pessoas de certa instrução. Como se manifesta essa violência? Quais são suas causas? Ela pode ser justificada? Por quê? Modelo A violência no lar 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 A violência tem se manifestado cada vez mais entre as pessoas, com formas e intensidades variáveis. Já não nos causa mais espanto quando vemos, diariamente, a mídia noticiando inúmeros acontecimentos causados por essa ação opressora e tirana, mas tão presente entre nós. Seja a violência no trânsito, no trabalho, seja na família, a mais profunda expressão desse ato ocorre dentro dos lares em que os país agridem seus filhos. Em famílias que possuem uma vida simples e humilde, é comum o casal ter ou um ou mais filhos. O homem, chefe da família, encarrega-se do sustento financeiro, enquanto a mulher ocupa-se com as atividades domésticas. Porém, mesmo com o esforço de ambos, a vida que possuem é repleta de dificuldades, fazendo com que seja constante o sofrimento dentro da família. Todo o esforço do pai em trazer o sustento apropriado à mulher e aos filhos, muitas vezes, é em vão, pois o salário é insuficiente para suprir as necessidades, gerando ainda mais sofrimento e tristeza. Essa situação mostra ao homem, pai da família, que é incapaz de prover uma melhor condição de vida à sua família, trazendo-lhe um misto de angústia e raiva. Esses sentimentos, aliados às dificuldades habituais do cotidiano, tais como problemas no trabalho e atritos familiares, causam ainda mais tensões e instabilidade emocionais no pai, que se sente oprimido com tantas responsabilidades e fracassos. Como conseqüência, dá-se o extravasamento de todo esse estresse e raiva, que antes estavam reprimidos, através da violência, tanto verbal quanto física, sobre o ser mais indefeso e menos responsável por todas as dificuldades nessa situação: o próprio filho. É notório que apenas o estresse no trabalho e as brigas com a mulher e o filho são incapazes de levar um pai a uma atitude tão drástica quanto a agressão física da criança. Então, o que é capaz de forçá-lo a cometer tamanha torpeza? Obviamente, não são motivos externos do homem os verdadeiros geradores dessa situação, mas sim os conflitos internos que um pai experiencia diante do sofrimento irremediável da criança. Eis, então, a causa primordial desse ato vil: a insuportabilidade do fracasso pessoal refletida na imagem do filho. A dor de um pai quando evidencia o martírio do seu descendente, muitas vezes, sem comida, saúde e sem futuro, traz-lhe uma angústia insuportável, que, no afã do desespero, gera ódio e raiva contra o próprio filho, fazendo uso da violência como último recurso para livrar-se do desgosto do próprio fracasso. Há, com isso, uma clara tentativa de punição física da criança, pois é ela quem gera toda a frustração do pai, o qual prefere a morte do filho a uma vida desgraçada, em uma desesperada tentativa de pôr fim ao sofrimento de ambos. Não há dúvida de que semelhantes atitudes são intoleráveis e injustificáveis, pois, por mais drástica e desesperadora que seja a situação, um pai de família jamais deveria apelar a ímpetos agressivos, uma vez que [ seus filhos não são responsáveis por erros e fracassos que não lhes pertencem. Infelizmente, esse tipo de violência ocorre, diariamente, em centenas de famílias, e muitas crianças têm suas vidas ainda mais comprometidas quando vitimadas pela violência paterna. Portanto, sob qualquer aspecto, esse ato não é justificado, e somente a tolerância e a indulgência, no âmago de cada um de nós, seriam capazes de amenizar esses atos de violência que a todos prejudicam. Anotações 367 Módulo 12 PUC Tema 9 “Contra a violência, a melhor arma é a inteligência”. (Revista Veja, 7/03/90) De que forma a inteligência pode superar a violência? A inteligência é realmente a melhor arma contra a violência? Por quê? Modelo Inteligência e Violência 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 É uma obviedade o fato de que a inteligência pode superar a violência. Afinal, as pessoas que têm acesso à educação, conseqüentemente, tornam-se menos ignorantes em relação a inúmeros aspectos, percebem, geralmente a importância de não banalizar a violência. A educação é, pois, fundamental para o bem-estar de uma sociedade, motivo pelo qual devemos valorizá-la imensamente. Determinadas sociedades observam um crescente aumento da violência decorrente, entre outros aspectos, da falta de inteligência e cultura de parte de sua população. O aumento de uma camada social miserável e, conseqüentemente, não instruída, resulta num maior número de criminosos e delinqüentes. A partir disso é que se observa a estreita ligação entre a falta de inteligência e a falta de bem-estar social. Pessoas não instruídas não são capazes de descrever o que é certo ou errado em relação à violência, bem como ter consciência da importância de respeitar a vida. São influenciadas, muitas vezes, por uma cultura “distorcida”, que fornece a elas preceitos completamente equivocados, como, por exemplo, a falta de respeito em relação ao próximo. A educação é, inegavelmente, um dos aspectos mais importantes na vida de um indivíduo. Dentre as inúmeras lições que aprendemos enquanto somos educados, está a importância de respeitar determinadas regras. Afinal, a vida em sociedade impõe determinados limites, dentre os quais o respeito em relação à vida alheia é um dos mais importante . É por isso que a educação é tão fundamental, pois indivíduos conscientes não são, em geral, influenciados pelo desrespeito ao próximo e pela banalização da violência presentes em algumas sociedades, a exemplo da brasileira. É por isso que a situação brasileira é tão calamitosa, pois a não-valorização da educação e o crescimento constante de uma população miserável e ignorante constituem os principais fatores para que a inteligência se torne cada vez menor e, conseqüentemente, a violência continue a aumentar. Em suma, a principal forma de combater a violência em uma sociedade é estimular a educação e cultura da população. Afinal, indivíduos conscientes sabem discernir o que é certo daquilo que geralmente predomina na cultura de pessoas não instruídas: o que é errado. Anotações 368 Temas PUC PUC Tema 10 A busca de paz no mundo contemporâneo. Com base nos fatos de que você tem conhecimento, analise os esforços realizados para assegurar a paz entre as nações. Modelo A Paz e a Guerra 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 A humanidade pôde, ao longo dos séculos, vivenciar inúmeras guerras entre as nações fomentadas pela busca do poder, tendo, muitas delas, conseqüências catastróficas. Hoje a situação é ainda pior. Alguns países e organizações buscam o fim dos conflitos, mas esse objetivo de poucos está cada vez mais distante da nossa realidade. Há séculos, as guerras eram isoladas e seus efeitos eram regionais. Atualmente, em uma era globalizada, em que os países estão interligados pelos meios de comunicação, o mundo inteiro compartilha as tensões entre os países inimigos, elevando o problema à escala mundial. Mesmo assim, a ambição selvagem do homem ainda estimula as guerras, sempre calcadas nos mesmos motivos medievais: conquista de territórios e cobiça pelo poder. O egoísmo de poucos tem trazido miséria e aniquilação de milhares. Os esforços para conterem essas hostilidades tornam-se cada vez mais efêmeros, em virtude da presença de tantas disparidades sociais e econômicas, além do predomínio do sentimento de ganância e de posse, sobre quaisquer tentativas apaziguadoras. Tais sintomas acirram as disputas entre as nações fazendo da paz no mundo não mais que um devaneio, uma vez que os órgãos competentes mostram-se, cada vez, ineficazes e subjugados pelos países fortemente militarizados. Atualmente, a paz tem sido mantida através da imposição do poderio bélico de determinados países – uma irônica diplomacia – chegando ao ponto de entrarem em guerra para garantir a paz no futuro. Contudo, estaria certo fazer uma guerra contra outra nação para fim preventivos, ou seja, assegurar a paz com a própria guerra, mesmo quando as organizações responsáveis e a opinião pública colocam-se contra tal manifestação? Há uma evidente explicação para tal paradoxo: o medo. Tomando como exemplo os Estado Unidos, percebe-se um grande trauma na sua formação, pois a guerra fez-se necessária para garantir sua independência e sua paz em relação à metrópole britânica. Com o tempo, depois de fortalecido e devidamente armado, os Estados Unidos, em função da sua própria fobia, passaram a impor seu poderio bélico aos países que representam uma possível ameaça para sua estabilidade, em uma clara intimidação diplomática, em que os demais países ou sucumbem aos seus demandos ou morrem na guerra pela defesa da própria dignidade. Trata-se, evidentemente, da busca pela paz individual, a fim de suavizar o seu próprio receio de ser ameaçado e não de uma ação em prol da paz mundial. Por trás do nacionalismo e imposição exacerbados dos norte-americanos, há o medo e o temor de perder sua posição hegemônica e ter sua soberania abalada no cenário mundial. Por fim, é notório que os esforços mundiais pela paz tornam-se infrutíferos quando barrados pelos interesses e imposições das grande potências. Além disso, cabe lembrar que as instituições mundiais responsáveis pela manutenção da paz são formadas por países que também sofrem essa pressão diplomática e receiam ser atacados por tais países militarizados, o que os leva a uma aceitação das determinações dessas nações, as quais empenham em guerras a fim de buscar uma futura paz para seu próprio país, e não para fazer um esforço pela paz mundial. Infelizmente, é evidente que a humanidade está em um retrocesso moral aos tempos medievais, em que a força e o poder predominam sobre a inteligência e a razão. Anotações 369 Módulo 12 PUC Tema 11 Cooperação e progresso. Tendo em vista a crescente importância da troca de informações e do trabalho cooperativo para a atualização e desenvolvimento da ciência, examine os reflexos dessa tendência em determinada área do conhecimento. PUC Tema 12 O valor e as exigências do trabalho em grupo. Em sua vida escolar ou profissional, você já deve ter participado de um ou de vários trabalhos em grupo. Discuta a validade dessa experiência e diga o que é necessário para que ela se realize com sucesso. PUC Tema 13 “Estou preso à vida e olho meus companheiros. Estão taciturnos, mas nutrem grandes esperanças Entre eles considero a enorme realidade. O presente é tão grande, não nos afastemos. Não nos afastemos muito, vamos de mãos dadas.” A partir dos versos de Carlos Drummond de Andrade, comente a importância da solidariedade no dia-a-dia das relações humanas, desenvolvendo as idéias contidas na estrofe acima em sua dissertação. PUC Tema 14 Se o trabalhador brasileiro mudou, qual é o seu novo perfil? PUC Tema 15 Como deve ser encarado o trabalho na infância? PUC Tema 16 De que modo é considerado, na atualidade, o trabalho exclusivamente doméstico da dona de casa? PUC Tema 17 Como pode o jovem trabalhar conciliando atividade profissional com estudo? 370 Temas PUC PUC Tema 18 Não há uma só forma de amar: cada indivíduo deve descobrir a sua. PUC Tema 19 Mesmo quando a realidade nos impõe limites, nossos sonhos continuam a nos oferecer um amplo leque de oportunidades. PUC Tema 20 O jovem de hoje é mais autêntico em seus relacionamentos do que o jovem do passado. PUC Tema 21 Assistir o idoso em suas necessidades é uma questão de justiça. PUC Tema 22 Preconceitos - formas válidas de superá-los. PUC Tema 23 Educação e saúde - combinação necessária para o desenvolvimento de um povo. PUC Tema 24 Soluções para os problemas do homem - conseqüências de sua busca incessante. PUC Tema 25 Conscientização - fator primordial na doação de órgãos para transplante. PUC Tema 26 Homens e mulheres devem somar suas diferenças se quiserem construir um futuro melhor para a humanidade. 371 Módulo 12 PUC Tema 27 “Atrás de um grande homem, existe sempre uma grande mulher” parece um conceito ultrapassado, mas talvez não o seja. PUC Tema 28 Salários altos e reconhecimento da sociedade geralmente não caracterizam profissões exercidas predominantemente por mulheres. PUC Tema 29 Mesmo que tenha avançado significativamente, nossa cultura mantém conceitos como “Homem não chora”, ou “Isso não são modos para uma menina”. PUC Tema 30 Tecnologia avançada - um bem ou um mal? PUC Tema 31 Música - uma forma de expressar emoções ou idéias. PUC Tema 32 Insegurança - uma característica do homem de hoje. PUC Tema 33 ............. e .................. : duas condições indispensáveis para uma vida feliz. PUC Tema 34 O lazer sem sair de casa: uma tendência do homem urbano. PUC Tema 35 Shopping-Center: o espaço social dos jovens de hoje. 372 Temas PUC PUC Tema 36 A prática de esportes arriscados: uma saída contra a rotina da vida moderna. Modelo 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 O ritmo de vida cada vez mais acelerado faz com que o homem contemporâneo busque em práticas esportivas arriscadas, como “rafting” e o pára-quedismo, uma forma de extravasar suas angústias e emoções. Nota-se que, por estar inserido em um contexto onde o medo e a violência são constantes, os riscos representados por tais esportes tornam-se insignificantes perante àqueles enfrentados diariamente. O pára-quedismo, apesar de ser um esporte extremamente arriscado, se praticado sem as devidas precauções, proporciona ao homem sensações como a de completa liberdade, as quais se contrapõem às de sua rotina exaustiva. Constata-se, além disso, que esse esporte, ao estimular o homem a ultrapassar certos obstáculo, faz com que essa coragem reflita-se na superação das adversidades enfrentadas em seu dia-a-dia. Nota-se que, ao se exporem a certos perigos, as pessoas conseguem estimar o quão são valiosas suas vidas e como, apesar de todas as tecnologias desenvolvidas, as forças da natureza podem superar às do homem. Já ao praticar um esporte como o “rafting”, as pessoas encontram na natureza um refúgio da conturbada vida moderna, a qual se restringe a grandes centros urbanos. Além disso, para praticar esse esporte, é necessária a cooperação coletiva, fato cada vez mais raro no mundo contemporânreo, no qual os interesses individuais tornaram-se preponderantes. Nota-se, portanto, que, ao praticar o “rafting”, as pessoas empenham-se e depositam todos os seus esforços para atingir um objetivo comum: vencer as forças naturais através do comprometimento coletivo. Constata-se também que esse esporte, por ser praticado longe das cidades, em meio da natureza, desperta no homem a consciência do quão importante é preservar os recursos naturais, sem os quais a vida na terra seria impossível. Observa-se assim, que o interesse crescente por atividades esportivas que envolvam certos riscos é o reflexo de que as pessoas necessitam testar constantemente seus limites. Verifica-se, também, que, por viver em um mundo cada vez mais dinâmico, o homem procura formas diferentes de sair de sua rotina, as quais lhe propiciem momentos de singular emoção embora possam lhe oferecer riscos. PUC Tema 37 A qualidade de vida nos grandes centros e nas cidades menores. PUC Tema 38 O que significa: ser um país moderno? Modelo País Moderno 01 02 03 04 05 06 07 08 Para um país ser moderno, é preciso que o governo conceda à população o básico para se viver, como saúde, ensino e segurança. Ser um país moderno significa ter um governo organizado, responsável e empenhado em ajudar a população. No Brasil, é vergonhoso o salário que professores e médicos ganham, apesar de o governo ter consciência de que são profissões que ajudam o país a crescer. A discriminação, tanto física como cultural, de pessoas que gostariam de ter emprego atrasa o país, aumentando o número de desempregados. Além disso, um país evoluído precisa ter obrigatoriamente hospitais muito bem equipados. A saúde, no Brasil, é muito precária. Pessoas que não têm condições de pagar hospitais particulares não conseguem ser 373 Módulo 12 09 10 11 12 13 atendidas em hospitais públicos por causa da infra-estrutura que possuem. A polícia deve ser instruída para proteger os cidadãos. Devem também trabalhar em lugares onde o número de assaltos é maior, como em escolas e praças. Um país moderno não é só aquele que possui uma tecnologia avançada. Um país pode ser considerado moderno quando ele valorizar mais sua população. PUC Tema 39 Ficar desempregado no Brasil? PUC Tema 40 Frequentar uma universidade? PUC Tema 41 Aprender a aprender? PUC Tema 42 “Deus é brasileiro”, diz o ditado popular. Será verdade? PUC Tema 43 Condições para desenvolver o turismo no Brasil. PUC Tema 44 Ecoturismo – uma rica possibilidade de lazer. PUC Tema 45 Viajar: um modo prazeroso de aprender. PUC Tema 46 Num país de milhões de analfabetos como o Brasil, transpor as portas da universidade significa contrair uma divida social que mais cedo ou mais tarde deverá ser paga. Posicione-se sobre a afirmativa e aponte formas de resgatar essa dívida social. 374 Temas PUC PUC Tema 47 A vida dos adolescentes brasileiros não se resume a ir a festas e ao shopping. Analise o cotidiano dos jovens que você conhece e apresente dados que comprovem ou contestem essa afirmativa. Modelo 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30 31 32 33 34 35 36 37 38 39 Todos nós, quando vamos ao shopping em busca de lazer, por exemplo, temos a oportunidade de depararnos com adolescentes de duas classes sociais: da classe alta e da classe baixa. De uma forma geral, eles aparentam estar nesse local pelos mesmos motivos, mas, por trás dessa falsa impressão, podemos notar que cada um deles é dotado de razões distintas no que se refere à busca por distrações e por futilidades. Com isso, é possível definir duas realidades diferentes a partir desse ponto em comum: a do jovem de classe alta, que visa a futilidades despreocupadamente, e a do jovem de classe baixa, que apenas almeja não ficar à margem da sociedade. Na maioria das vezes, os jovens com um afortunado embasamento financeiro demonstram um certo descaso e indiferença quanto a problemas sociais, pois não se sentem na obrigação nem de contribuir para a melhoria das classes menos privilegiadas, uma vez que as mazelas sociais encontram-se cada vez mais distantes da sua realidade habitual, nem de empenhar-se na busca pelo seu sustento, visto que sua vasta estabilidade e privilégio financeiro são obtidos hereditariamente, e não através de esforço nem de empenho da sua força de trabalho. Dessa maneira, características como a grande comodidade financeira e a alienação quanto às discrepâncias sociais, além de uma enorme vacuidade de propósitos e de objetivos concretos de vida, levam a um delineamento padrão do perfil do jovem elitista: trata-se unicamente da busca contínua pelo lazer pueril e pelo entretenimento imediatista, a fim de suprir o grande vazio gerado pela ausência de responsabilidades. Sob tal perspectiva, festas, viagens, compras e eventos da alta sociedade nada mais são do que uma tentativa de encontrar um meio que satisfaça a sua necessidade de sentir-se útil, sem, contudo, assumir qualquer carga de responsabilidade. Dessa forma, todo o excesso de entretenimento fútil está deixando de ser um acontecimento casual, tornando-se, cada vez mais, uma constante rotina na vida do jovem elitista, estereotipando, por conseqüência, a identidade sócio-cultural dessa camada social e banalizando, definitivamente, a sua imagem e a sua participação dentro da sociedade. Contudo, ao referir-se aos adolescentes da classe baixa, torna-se evidente que a percepção da busca pelo lazer e pelo divertimento é baseada em motivos radicalmente opostos aos adolescente de classe alta, uma vez que possuem realidades de vida amplamente divergentes. Desde pequenos, os jovens menos favorecidos convivem com a miséria e a necessidade, o que os leva, muitas vezes, à busca precoce pelo sustento através de muita dedicação e esforço pessoal, desenvolvendo, assim, um forte senso de responsabilidade com seu trabalho e suas obrigações, mesmo cientes de que seu futuro possa jamais adquirir uma perspectiva de melhora. Entretanto, mesmo diante de tantas dificuldades, o jovem pobre deseja ter os mesmos direitos à diversão e ao entretenimento que todos os demais adolescentes com o intuito de não se sentir completamente à margem de uma vida social comum a todos. Logo, o devaneio de poder, algum dia, entreter-se despreocupadamente com futilidades é a expressão máxima da persistência do seu sonho inextinguível por uma vida mais igualitária e mais feliz. Não há dúvida de que tanto jovem de classe alta quanto jovem das camadas sociais mais inferiores procuram por lazer e distração, mas pode-se concluir que cada classe social busca tais objetivos calcados em razões amplamente antagônicas, o que elimina, de fato, a possibilidade de todos os jovens, só por fazerem parte de uma mesma faixa etária, apresentarem necessariamente um perfil de comportamento semelhante, visto que a condição social e a situação financeira são determinantes para a formação da mentalidade e do perfil da maioria desses jovens. Além disso, é notório que os motivos que os conduzem ao lazer e à distração não só são diferentes, como também sempre permanecerão diferentes enquanto continuarem existindo acachapantes diferenças socioeconômicas entre os distintos blocos sociais. 375 Módulo 12 PUC Tema 48 Ser solidário não significa dar esmolas nas esquinas. Diga o que entende por “ser solidário” e apresente maneiras efetivas de agir solidariamente. Modelo A Solidariedade na Mundo Moderno 01 02 03 04 05 06 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 O individualismo crescente que acomete a sociedade contemporânea faz com que os interesses coletivos fiquem à margem dos anseios pessoais. Como conseqüência desse comportamento, observamos que o cooperativismo outrora presente nas relações humanas tem sido abolido do cenário social e, por conseguinte, a humanidade tem se tornado cada vez mais solidária. Constata-se que um dos principais fatores impulsionadores da falta de solidariedade é o capitalismo exacerbado, o qual instiga a competição entre os seres humanos e, por conseguinte, valoriza o individualismo como artifício para alcançar o sucesso almejado. Além disso, verifica-se que a concentração urbana, decorrente do crescimento demográfico faz com que os relacionamentos interpessoais tornem-se superficiais, impedindo, dessa forma, a existência de confiança e de solidariedade entre as pessoas. Nota-se, entretanto, que, apesar desse aparente colapso social a que estamos submetidos, temos consciência do quão o ser humano é incapaz de viver isoladamente, necessitando, portanto, da ajuda alheia para manter sua existência. Observa-se, contudo, que, mesmo com a notoriedade e a inevitabilidade da interdependência entre as pessoas, esta é tratada como mero intercâmbio de interesses, no qual cada atitude é tomada visando a uma recompensa. No entanto, mesmo que atitudes solidárias sejam escassas em um mundo demasiadamente materialista e cada vez menos humano, há resquícios de cooperativismo, os quais são essenciais para uma convivência harmoniosa. Verifica-se tal fato principalmente nos países onde as discrepância sociais são acentuadas, acarretando, dessa forma a mobilização dos setores mais favorecidos da população em prol da amenização dos problemas enfrentados por aqueles que vivem em condições subumanas. Constata-se também, nesses países, a existências de medidas governamentais que visam à resolução de tal problemática através do incentivo à solidariedade. Observa-se, contudo, que a solidariedade não se restringe a atitudes grandiosas, mas se faz presente, principalmente, nos momentos de nosso dia-a-dia em que nos dispomos a ajudar os outros sem esperar alguma atitude recíproca. Observa-se, que, apesar da falta de solidariedade que acomete a sociedade contemporânea, o homem, através de seu poder de transformação, tem condições de alterar essa situação. Verifica-se que através de atitudes as quais não visem somente ao benefício individual, mas do coletivo, estamos praticando a solidariedade e colaborando para restruturação dos relacionamentos interpessoais. PUC Tema 49 Quando ajudamos ou outros, estamos muitas vezes beneficiando a nós mesmos. Comente a afirmativa e aponte benefícios que as ações solidárias podem trazer a quem as realiza. PUC Tema 50 Como se pode conciliar liberdade e responsabilidade nos meios de comunicação de massa? 376 Temas ENEM 1) ENEM 2009 A Proposta de Redação Com base na leitura dos seguintes textos motivadores e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da Iíngua portuguesa sobre o tema Valorização do idoso, apresentando experiência ou proposta de ação social, que respeite os direitos humanos. Selecione, Organize e Relacione, de forma coerente e coesa, Argumentos e Fatos para defesa de seu ponto de vista. ESTATUTO DO IDOSO Art. 3.° É obrigação da família, da comunidade, da sociedade e do Poder Público assegurar ao idoso, com absoluta prioridade, a efetivação do direito à vida, a saúde, a alimentação, a educação, a cultura, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, a cidadania, a liberdade, a dignidade, ao respeito e a convivência familiar e comunitária. [...] Art. 4.° Nenhum idoso sera objeto de qualquer tipo de negligência, discriminação, violência, crueldade ou opressão, e todo atentado aos seus direitos, por ação ou omissão, será punido na forma da lei. Disponível em: www.mds.gov.br/suas/arquivos/estatutojdosci.pdf Acesso em: 07 maio 2009. Foto: Angeluci Figueredo O aumento da proporção de idosos na população e um fenômeno mundial tão profundo que muitos chamam de “revolução demográfica”. No último meio século, a expectativa de vida aumentou em cerca de 20 anos. Se considerarmos os últimos dois séculos, ela quase dobrou. E, de acordo com algumas pesquisas, esse processo pode estar longe do fim. Disponível em: http://www.comciencia.br/reportagens/envelhecimento/texto/env16.htm. Acesso em: 07 maio 2009. Idoso e quem tem o privilégio de viver longa vida... ...velho é quem perdeu a jovialidade. [...] A idade causa a degenerescência das células... ...a velhice causa a degenerescência do espírito. Você é idoso quando sonha... .. .você é velho quando apenas dorme... [...] Disponível em: http://www.orizamartins.com/ref-ser-idoso.html. Acesso em: 07 maio 2009. 377 Módulo 12 2) ENEM 2009 B Proposta de Redação Com base na leitura dos textos motivadores seguintes e nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em norma culta escrita da língua portuguesa sobre o tema O indivíduo frente à etica nacional, apresentando proposta de ação social, que respeite os direitos humanos, Selecione, organize e relacione coerentemente argumentos e fatos para defesa de seu ponto de vista. Andamos demais acomodados, todo mundo reclamando em voz baixa como se fosse errado indignar-se. Millôr Fernandes Sem ufanismo, porque dele estou cansada, sem dizer que este é um país rico, de gente boa e cordata, com natureza (a que sobrou) belíssima e generosa, sem fantasiar nem botar óculos cor-de-rosa, que o momento não permite, eu me pergunto o que anda acontecendo com a gente. Tenho medo disso que nos tornamos ou em que estamos nos transformando, achando bonita a ignorância eloqüente, engraçado o cinismo bem-vestido, interessante o banditismo arrojado, normal o abismo em cuja beira nos equilibramos — não malabaristas, mas palhaços. LUFT, L Pontode vista Veja Ed 1988,27 det 2006 (adaplado) Qual e o efeito em nós do “eles são todos corruptos”? As denúncias que assolam nosso cotidiano podem dar lugar a uma vontade de transformar o mundo só se nossa indignação não afetar o mundo inteiro. “Eles são TODOS corruptos” e um pensamento que serve apenas para “confirmar” a “integridade” de quem se indigna. O lugar-comum sobre a corrupção generalizada não é uma armadilha para os corruptos: eles continuam iguais e livres, enquanto, fechados em casa, festejamos nossa esplendorosa retidão. O dito lugar-comum é uma armadilha que amarra e imobiliza os mesmos que denunciam a imperfeição do mundo inteiro. CALLIGARIS, C. A armadilha da corrupcao. Disponivel em: http://www1.folha.uol-COm.br (adaptado). 378 Temas ENEM 3) ENEM 2010 O que é trabalho escravo Escravidão contemporânea é o trabalho degradante que envolve cerceamento da liberdade A assinatura da Lei Áurea, em 13 de maio de 1888, representou o fim do direito de propriedade de uma pessoa sobre a outra, acabando com a possibilidade de possuir legalmente um escravo no Brasil. No entanto, persistiram situações que mantêm o trabalhador sem possibilidade de se desligar de seus patrões. Há fazendeiros que, para realizar derrubadas de matas nativas para formação de pastos, produzir carvão para a indústria siderúrgica, preparar o solo para plantio de sementes, entre outras atividades agropecuárias, contratam mão de obra utilizando os contratadores de empreitada, os chamados “gatos”. Eles aliciam os trabalhadores, servindo de fachada para que os fazendeiros não sejam responsabilizados pelo crime. Trabalho escravo se configura pelo trabalho degradante aliado ao cerceamento da liberdade. Este segundo fator nem sempre é visível, uma vez que não mais se utilizam correntes para prender o homem à terra, mas sim ameaças físicas, terror psicológico ou mesmo as grandes distâncias que separam a propriedade da cidade mais próxima. Disponível em: http://www.reporterbrasil.org.br. Acesso em: 02 sel.2010 (fragmento). O futuro do trabalho Esqueça os escritórios, os salários fixos e a aposentadoria. Em 2020, você trabalhará em casa, seu chefe terá menos de 30 anos e será uma mulher Felizmente, nunca houve tantas ferramentas disponíveis para mudar o modo como trabalhamos e, consequentemente, como vivemos. E as transformações estão acontecendo. A crise despedaçou companhias gigantes tidas até então como modelos de administração. Em vez de grandes conglomerados, o futuro será povoado de empresas menores reunidas em t0l110 de projetos em comum. Os próximos anos também vão consolidar mudanças que vêm acontecendo há algum tempo: a busca pela qualidade de vida, a preocupação com o meio ambiente, e a vontade de nos realizarmos como pessoas também em nossos trabalhos. “Falamos tanto em desperdício de recursos naturais e energia, mas e quanto ao desperdício de talentos?”, diz o filósofo e ensaísta suíço Alain de Botton em seu novo livro The Pleasures and Sorrows of Works (Os prazeres e as dores do trabalho, ainda inédito no Brasil). Disponivel em: http://revistagalileu.globo.com. Acesso em: 02 sel. 2010 (fragmento). INSTRUÇÕES: Seu texto tem de ser escrito à tinta, na folha própria. Desenvolva seu texto em prosa: não redija narração, nem poema. O texto com até 7 (sete) linhas escritas será considerado texto em branco. O texto deve ter, no máximo, 30 linhas. O Rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. 379 Módulo 12 4) ENEM 2011 Liberdade sem fio A ONU acaba de declarar o acesso à rede um direito fundamental do ser humano – assim como saúde, moradia e educação. No mundo todo, pessoas começam a abrir seus sinais privados de wi-fi, organizações e governos se mobilizam para expandir a rede para espaços públicos e regiões onde ela ainda não chega, com acesso livre e gratuito. ROSA, G.; SANTOS, P. Galileu. Nº 240, jul. 2011 (fragmento). A internet tem ouvidos e memoria Uma pesquisa da consultoria Forrester Research revela que, nos Estados Unidos, a população já passou mais tempo conectada à internet do que em frente à televisão. Os hábitos estão mudando. No Brasil, as pessoas já gastam cerca de 20% de seu tempo on-line em redes sociais. A grande maioria dos internautas (72%, de acordo com o Ibope Mídia) pretende criar, acessar e manter um perfl em rede. “Faz parte da própria socialização do indivíduo do século XXI estar numa rede social. Não estar equivale a não ter uma identidade ou um número de telefone no passado”, acredita Alessandro Barbosa Lima, CEO da e.Life, empresa de monitoração e análise de mídias. As redes sociais são ótimas para disseminar ideias, tornar alguém popular e também arruinar reputações. Um dos maiores desafios dos usuários de internet é saber ponderar o que se publica nela. Especialistas recomendam que não se deve publicar o que não se fala em público, pois a internet é um ambiente social e, ao contrário do que se pensa, a rede não acoberta anonimato, uma vez que mesmo quem se esconde atrás de um pseudônimo pode ser rastreado e identificado. Aqueles que, por impulso, se exaltam e cometem gafes podem pagar caro. Disponível em: http://www.terra.com.br. Acesso em: 30 jun. 2011 (adaptado). DAHMER, A. Disponível em: http://malvados.wordpress.com. Acesso em: 30 jun. 2011. INSTRUÇÕES: O rascunho da redação deve ser feito no espaço apropriado. O texto definitivo deve ser escrito à tinta, na folha própria, em até 30 linhas. A redação com até 7 (sete) linhas escritas será considerada “insuficiente” e receberá nota zero. A redação que fugir ao tema ou que não atender ao tipo dissertativo-argumentativo receberá nota zero. A redação que apresentar cópia dos textos da Proposta de Redação ou do Caderno de Questões terá o número de linhas copiadas desconsiderado para efeito de correção. 380 Questões do ENEM Questões do ENEM 1. Estudo do texto Considerando a relação entre os usos oral e escrito da língua, tratada no texto, verifica-se que a escrita 1.1. Os gêneros textuais (A) modifica as ideias e intenções daqueles que tiveram seus textos registrados por outros. (B) permite, com mais facilidade, a propagação e a permanência de ideias ao longo do tempo. (C) figura como um modo comunicativo superior ao da oralidade. (D) leva as pessoas a desacreditarem nos fatos narrados por meio da oralidade. (E) tem seu surgimento concomitante ao da oralidade. 1. (ENEM 2011) No capricho O Adãozinho, meu cumpade, enquanto esperava pelo delegado, olhava para um quadro, a pintura de uma senhora. Ao entrar a autoridade e percebendo que o cabôco admirava tal figura, perguntou: “Que tal? Gosta desse quadro?” E o Adãozinho, com toda a sinceridade que Deus dá ao cabôco da roça: “Mas pelo amor de Deus, hein, dotô! Que muié feia! Parece fote de cruis-credo, parente do deus-me-livre, mais horríver que briga de cego no escuro.” Ao que o delegado não teve como deixar de confessar, um pouco secamente: “É a minha mãe.” E o cabôco, em cima da bucha, não perde a linha: “Mais dotô, inté que é uma feiura caprichada.” BOLDRIN, R. Almanaque Brasil de Cultura Popular. São Paulo: Andreato Comunicação e Cultura, nº 62, 2004 (adaptado). Por suas características formais, por sua função e uso, o texto pertence ao gênero (A) anedota, pelo enredo e humor característicos. (B) crônica, pela abordagem literária de fatos do cotidiano. (C) depoimento, pela apresentação de experiências pessoais. (D) relato, pela descrição minuciosa de fatos verídicos. (E) reportagem, pelo registro impessoal de situações reais. 2. (ENEM 2010) 3. (ENEM 2010) Tampe a panela Parece conselho de mãe para a comida não esfriar, mas a ciência explica como é possível ser um cidadão ecossustentável adotando o simples ato de tampar a panela enquanto esquenta a água para o macarrão ou para o cafezinho. Segundo o físico Cláudio Furukawa, da USP, a cada minuto que a água ferve em uma panela sem tampa, cerca de 20 gramas do líquido evaporam. Com o vapor, vão embora 11 mil calorias. Como o poder de conferir calor do GLP, aquele gás utilizado no botijão de cozinha, é de 11 mil calorias por grama, será preciso 1 grama a mais de gás por minuto para aquecer a mesma quantidade de água. Isso pode não parecer nada para você ou para um botijão de 13 quilos, mas imagine o potencial de devastação que um cafezinho despretensioso e sem os devidos cuidados pode provocar em uma população como a do Brasil: 54,6 toneladas de gás desperdiçado por minuto de aquecimento da água, considerando que cada família brasileira faça um cafezinho por dia. Ou 4 200 botijões desperdiçados. Superinteressante. São Paulo: Abril, n° 247, dez. 2007. O contato com textos exercita a capacidade de reconhecer os fins para os quais este ou aquele texto é produzido. Esse texto tem por finalidade XAVIER, C. Disponível em: http://www.releituras.com. Acesso em: 03 set. 2010. (A) apresentar um conteúdo de natureza científica. (B) divulgar informações da vida pessoal do pesquisador. (C) anunciar um determinado tipo de botijão de gás. (D) solicitar soluções para os problemas apresentados. (E) instruir o leitor sobre como utilizar corretamente o botijão. 383 Questões do ENEM 4. (ENEM 2010) mos, ninguém ficou ferido durante a ação. O roubo aconteceu por volta das 23h30. Armados, os criminosos renderam 30 funcionários que estavam no local, durante cerca de 30 minutos, e levaram 135 caixas, cada uma delas contendo mil figurinhas. Cada pacote com cinco cromos custa R$ 0,75. Procurada pelo G1, a Panini, editora responsável pelas figurinhas, afirmou que a falta dos cromos em algumas bancas não tem relação com o roubo. Segundo a editora, isso se deve à grande demanda pelas figurinhas. Disponível em: http://g1.globo.com. Acesso em: 23 abr. 2010 (adaptado). A notícia é um gênero jornalístico. No texto, o que caracteriza a linguagem desse gênero é o uso de (A) expressões linguísticas populares. (B) palavras de origem estrangeira. (C) variantes linguísticas regionais. (D) termos técnicos e científicos. (E) formas da norma padrão da língua. Disponível em: http://www.dukechargista.com.br. Acesso em: 03 set. 2010. Todo texto apresenta uma intenção, da qual derivam as escolhas linguísticas que o compõem. O texto da campanha publicitária e o da charge apresentam, respectivamente, composição textual pautada por uma estratégia (A) expositiva, porque informa determinado assunto de modo isento; e interativa, porque apresenta intercâmbio verbal entre dois personagens. (B) descritiva, pois descreve ações necessárias ao combate à dengue; e narrativa, pois um dos personagens conta um fato, um acontecimento. (C) injuntiva, uma vez que, por meio do cartaz, diz como se deve combater a dengue; e dialogal, porque estabelece uma interação oral. (D) narrativa, visto que apresenta relato de ações a serem realizadas; e descritiva, pois um dos personagens descreve a ação realizada. (E) persuasiva, com o propósito de convencer o interlocutor a combater a dengue; e dialogal, pois há a interação oral entre os personagens. 5. (ENEM 2010) Assaltantes roubam no ABC 135 mil figurinhas da Copa do Mundo Cinco assaltantes roubaram 135 mil figurinhas do álbum da Copa do Mundo 2010 na noite de quarta-feira (21), em Santo André, no ABC. Segundo a assessoria da Treelog, empresa que distribui os cro- 6. (ENEM 2009) Gerente – Boa tarde. Em que eu posso ajudá-lo? Cliente – Estou interessado em financiamento para compra de veículo. Gerente – Nós dispomos de várias modalidades de crédito.O senhor é nosso cliente? Cliente – Sou Júlio César Fontoura, também sou funcionário do banco. Gerente – Julinho, é você, cara? Aqui é a Helena! Cê tá em Brasília? Pensei que você inda tivesse na agência de Uberlândia! Passa aqui pra gente conversar com calma. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004 (adaptado). Na representação escrita da conversa telefônica entre a gerente do banco e o cliente, observa-se que a maneira de falar da gerente foi alterada de repente devido (A) à adequação de sua fala à conversa com um amigo,caracterizada pela informalidade. (B) à iniciativa do cliente em se apresentar como funcionário do banco. (C) ao fato de ambos terem nascido em Uberlândia (Minas Gerais). (D) à intimidade forçada pelo cliente ao fornecer seu nome completo. (E) ao seu interesse profissional em financiar o veículo de Júlio. 384 Questões do ENEM 7. (ENEM 2009) Diferentemente do texto escrito, que em geral compele os leitores a lerem numa onda linear – da esquerda para a direita e de cima para baixo, na página impressa – hipertextos encorajam os leitores a moverem-se de um bloco de texto a outro, rapidamente e não sequencialmente. Considerando que o hipertexto oferece uma multiplicidade de caminhos a seguir, podendo ainda o leitor incorporar seus caminhos e suas decisões como novos caminhos, inserindo informações novas, o leitor-navegador passa a ter um papel mais ativo e uma oportunidade diferente da de um leitor de texto impresso. Dificilmente dois leitores de hipertextos farão os mesmos caminhos e tomarão as mesmas decisões. MARCUSCHI, L. A. Cognição, linguagem e práticas interacionais. Rio: Lucerna, 2007. No que diz respeito à relação entre o hipertexto e o conhecimento por ele produzido, o texto apresentado deixa claro que o hipertexto muda a noção tradicional de autoria, porque (A) é o leitor que constrói a versão final do texto. (B) o autor detém o controle absoluto do que escreve. (C) aclara os limites entre o leitor e o autor. (D) propicia um evento textual-interativo em que apenas o autor é ativo. (E) só o autor conhece o que eletronicamente se dispõe para o leitor. 8. (ENEM 2009) Os quadrinhos exemplificam que as Histórias em Quadrinhos constituem um gênero textual (A) em que a imagem pouco contribui para facilitar a interpretação da mensagem contida no texto, como pode ser constatado no primeiro quadrinho. (B) cuja linguagem se caracteriza por ser rápida e clara, que facilita a compreensão, como se percebe na fala do segundo quadrinho: “</DIV> </SPAN> <BR CLEAR = ALL> < BR> <BR> <SCRIPT>”. (C) em que o uso de letras com espessuras diversas está ligado a sentimentos expressos pelos personagens, como pode ser percebido no último quadrinho. (D) que possui em seu texto escrito características próximas a uma conversação face a face, como pode ser percebido no segundo quadrinho. (E) que a localização casual dos balões nos quadrinhos expressa com clareza a sucessão cronológica da história, como pode ser percebido no segundo quadrinho. 9. (ENEM 2009) Texto I É praticamente impossível imaginarmos nossas vidas sem o plástico. Ele está presente em embalagens de alimentos, bebidas e remédios, além de eletrodomésticos, automóveis etc. Esse uso ocorre devido à sua atoxicidade e à inércia, isto é: quando em contato com outras substâncias, o plástico não as contamina; ao contrário, protege o produto embalado. Outras duas grandes vantagens garantem o uso dos plásticos em larga escala: são leves, quase não alteram o peso do material embalado, e são 100% recicláveis, fato que, infelizmente, não é aproveitado, visto que, em todo o mundo, a percentagem de plástico reciclado, quando comparado ao total produzido, ainda é irrelevante. Revista Mãe Terra. Minuano, ano I, n. 6 (adaptado). Texto II Sacolas plásticas são leves e voam ao vento. Por isso, elas entopem esgotos e bueiros, causando enchentes. São encontradas até no estômago de tartarugas marinhas, baleias, focas e golfinhos, mortos por sufocamento. Sacolas plásticas descartáveis são gratuitas para os consumidores, mas têm um custo incalculável para o meio ambiente. Veja, 8 jul. 2009. Fragmentos de texto publicitário do Instituto Akatu pelo Consumo Consciente. Na comparação dos textos, observa-se que (A) o texto I apresenta um alerta a respeito do efeito da reciclagem de materiais plásticos; o texto II justifica o uso desse material reciclado. (B) o texto I tem como objetivo precípuo apresentar a versatilidade e as vantagens do uso do plástico na contemporaneidade; o texto II objetiva 385 Questões do ENEM alertar os consumidores sobre os problemas ambientais decorrentes de embalagens plásticas não recicladas. (C) o texto I expõe vantagens, sem qualquer ressalva, do uso do plástico; o texto II busca convencer o leitor a evitar o uso de embalagens plásticas. (D) o texto I ilustra o posicionamento de fabricantes de embalagens plásticas, mostrando por que elas devem ser usadas; o texto II ilustra o posicionamento de consumidores comuns, que buscam praticidade e conforto. (E) o texto I apresenta um alerta a respeito da possibilidade de contaminação de produtos orgânicos e industrializados decorrente do uso de plástico em suas embalagens; o texto II apresenta vantagens do consumo de sacolas plásticas: leves, descartáveis e gratuitas. 10. (ENEM 2009) Em uma escola, com o intuito de valorizar a diversidade do patrimônio etnocultural brasileiro, os estudantes foram distribuídos em grupos para realizar uma tarefa referente às características atuais das diferentes regiões brasileiras, a partir do seguinte quadro: Região Norte Nordeste alimentação peixe carne de sol música ciranda balão ponto turístico CentroSul Sudeste Oeste prato com milho e churrasco mandioca música vaneirão sertaneja zona praias do Serra de franca de Pantanal litoral Gramado Manaus tipo seringueiro baiana característico vaqueiro prenda Considerando a sequência de características apresentadas, os elementos adequados para compor o quadro da Região Sudeste são (A) mate amargo, embalada, elevador Lacerda, peão de estância. (B) acarajé, axé, Cristo Redentor, piá. (C) vatapá, Carnaval, bumba-meu-boi, industrial. (D) café, samba, Cristo Redentor, operário fabril. (E) sertanejo, pipoca, folia de Reis, Brasília. 11. (ENEM 2009) Dario vinha apressado, guarda-chuva no braço esquerdo e, assim que dobrou a esquina, diminuiu o passo até parar, encostando-se à parede de uma casa. Por ela escorregando, sentou-se na calçada, ainda úmida da chuva, e descansou na pedra o cachimbo. Dois ou três passantes rodearam-no e indagaram se não se sentia bem. Daria abriu a boca, moveu os lábios, não se ouviu resposta. O senhor gordo, de branco, sugeriu que devia sofrer de ataque. TREVISAN, D. Uma vela para Dario. Cemitério de Elefantes. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1964 (adaptado). No texto, um acontecimento é narrado em linguagem literária. Esse mesmo fato, se relatado em versão jornalística, com características de noticia, seria identificado em: (A) Aí, amigão, fui diminuindo o passo e tentei me apoiar no guarda-chuva ... mas não deu. Encostei na parede e fui escorregando. Foi mal, cara! Perdi os sentidos ali mesmo. Um povo que passava falou comigo e tentou me socorrer. E eu, ali, estatelado, sem conseguir falar nada! Cruzes! Que mal! (B) O representante comercial Daria Ferreira, 43 anos, não resistiu e caiu na calçada da Rua da Abolição, quase esquina com a Padre Vieira, no centro da cidade, ontem por volta do meio-dia. O homem ainda tentou apoiar-se no guarda-chuva que trazia, mas não conseguiu. Aos populares que tentaram socorrê-Ia não conseguiu dar qualquer informação. (C) Eu logo vi que podia se tratar de um ataque. Eu vinha logo atrás: O homem, todo aprumado, de guarda-chuva no braço e cachimbo na boca, dobrou a esquina e foi diminuindo o passo até se sentar no chão da calçada. Algumas pessoas que passavam pararam para ajudar, mas ele nem conseguia falar. (D) Vitima Idade: entre 40 e 45 anos Sexo: masculino Cor: branca Ocorrência: Encontrado desacordado na Rua da Abolição, quase esquina com Padre Vieira. Ambulância chamada às 12h34min por homem desconhecido. A caminho. (E) Pronto socorro? Por favor, tem um homem caído na calçada da rua da Abolição, quase esquina com a Padre Vieira. Ele parece desmaiado. Tem um grupo de pessoas em volta dele. Mas parece que ninguém aqui pode ajudar. Ele precisa de uma ambulância rápido. Por favor, venham logo! 12. (EXAMES DO MEC) Mídia de época Poucas coisas surgiram juntamente com a descoberta do Brasil. A propaganda é uma delas. Ou a carta de Pero Vaz de Caminha para o rei Dom Manuel não era um baita de um “reclame” bem bolado - muito mais que um mero relato jornalistico? Para alguns trata-se de uma das melhores malas diretas da história. Não satisfeito, Caminha ainda criou nosso primeiro slogan: “Em se plantando, tudo dá”. De lá para cá, surgiram os mascastes, a imprensa, os anúncios classificados, o rádio, a televisão, as agências de publicidade, a Internet... O texto acima trata do jornalismo e da publicidade também por causa das palavras que usa, como, por exemplo, (A) carta e descoberta do Brasil. (B) slogan e Pero Vaz de Caminha. (C) slogan e mala direta. (D) carta e Dom Manuel. 386 Questões do ENEM 13. (EXAMES DO MEC) Leia: Comunicação contra o preconceito Imagine assistir, na TV, a uma história infantil em que o príncipe se apaixona por uma dama do “Palácio dos Macacos”. Ela é representada por uma atriz branca com o rosto inteiramente pintado de preto. Ao ser beijada pelo príncipe, selando a união sob as benções do rei, ela se transforma: some a tinta preta e ela agora é uma princesa toda branca. O estarrecedor preconceito manifesto na história não foi veiculado em programa humorístico (o que não o tornaria menos condenável), nem em uma produção estrangeira pobre e inconseqüente, nem em produção independente brasileira. Foi levado ao ar na maior rede de televisão da América Latina, umas das maiores do mundo, em um dos programas infantis de maior audiência do Brasil. (Fonte: LORENZO, Aldé. Sessão Opinião do Jornal Educação Pública, 19/11/2003) Os termos de concessão de emissoras no Brasil prevêem compromissos com a educação, a informação e o entretenimento. A leitura do texto acima permite afirmar que a emissora (A) educou para a igualdade entre as etnias. (B) informou sobre a cultura afro-brasileira. (C) incorreu em manifestação de preconceito. (D) esclareceu sobre a diversidade étnica. 14. (ENEM 2009 - SIMULADO) Concordo plenamente com o artigo “Revolucione a sala de aula”. É preciso que valorizemos o ser humano, seja ele estudante, seja professor. Acredito na importância de aprender a respeitar nossos limites e superá-Ios, quando possível, o que será mais fácil se pudermos desenvolver a capacidade de relacionamento em sala de aula. Como arquiteta, concordo com a postura de valorização do individuo, em qualquer situação: se procurarmos uma relação de respeito e colaboração, seguramente estaremos criando a base sólida de uma vida melhor. Tania Bertoluci de Souza Porto Alegre – RS Disponível em: <:http://www.kanitz.combr/veja/cartas.html. Acesso em: 2 maio 2009 (com adaptações). Em uma sociedade letrada como a nossa, são construídos textos diversos para dar conta das necessidades cotidianas de comunicação. Assim, para utilizar-se de algum gênero textual, é preciso que conheçamos os seus elementos. A carta de leitor é um gênero textual que (A) apresenta sua estrutura por parágrafos, organizado pela tipologia da ordem da injunção (comando) e estilo de linguagem com alto grau de formalidade. (B) se inscreve em uma categoria cujo objetivo é o de descrever os assuntos e temas que circu- laram nos jornais e revistas do país semanalmente. (C) se organiza por uma estrutura de elementos bastante flexível em que o locutor encaminha a ampliação dos temas tratados para o veículo de comunicação. (D) se constitui por um estilo caracterizado pelo uso da variedade não-padrão da língua e tema construído por fatos políticos. (E) se organiza em torno de um tema, de um estilo e em forma de paragrafação, representando, em conjunto, as ideias e opiniões de locutores que interagem diretamente com o veículo de comunicação. 1.2. Composição textual Texto para as duas seguintes questões Nós adoraríamos dizer que somos perfeitos. Que somos infalíveis. Que não cometemos nem mesmo o menor deslize. E só não falamos isso por um pequeno detalhe: seria uma mentira. Aliás, em vez de usar a palavra “mentira”, como acabamos de fazer, poderíamos optar por um eufemismo. “Meiaverdade”, por exemplo, seria um termo muito menos agressivo. Mas nós não usamos esta palavra simplesmente porque não acreditamos que exista uma “Meia-verdade”. Para o Conar, Conselho Nacional de Autorregulamentação Publicitária, existem a verdade e a mentira. Existem a honestidade e a desonestidade. Absolutamente nada no meio. O Conar nasceu há 29 anos (viu só? não arredondamos para 30) com a missão de zelar pela ética na publicidade. Não fazemos isso porque somos bonzinhos (gostaríamos de dizer isso, mas, mais uma vez, seria mentira). Fazemos isso porque é a única forma da propaganda ter o máximo de credibilidade. E, cá entre nós, para que serviria a propaganda se o consumidor não acreditasse nela? Qualquer pessoa que se sinta enganada por uma peça publicitária pode fazer uma reclamação ao Conar. Ele analisa cuidadosamente todas as denúncias e, quando é o caso, aplica a punição. 387 Anúncio veiculado na Revista Veja. São Paulo: Abril. Ed. 2120, ano 42, n° 27, 8 jul. 2009. Questões do ENEM 15. (ENEM 2011) O recurso gráfico utilizado no anúncio publicitário - de destacar a potencial supressão de trecho do texto -reforça a eficácia pretendida, revelada na estratégia de (A) ressaltar a informação no título, em detrimento do restante do conteúdo associado. (B) incluir o leitor por meio do uso da 1ª pessoa do plural no discurso. (C) contar a história da criação do órgão como argumento de autoridade. (D) subverter o fazer publicitário pelo uso de sua metalinguagem. (E) impressionar o leitor pelo jogo de palavras no texto. (A) Identificação pessoal. (B) Formação. (C) Experiência Profissional. (D) Informações Adicionais. (E) Qualificação Profissional. 18. (ENEM 2010) 16. (ENEM 2011) Considerando a autoria e a seleção lexical desse texto, bem como os argumentos nele mobilizados, constata-se que o objetivo do autor do texto é (A) informar os consumidores em geral sobre a atuação do Conar. (B) conscientizar publicitários do compromisso ético ao elaborar suas peças publicitárias. (C) alertar chefes de família, para que eles fiscalizem o conteúdo das propagandas veiculadas pela mídia. (D) chamar a atenção de empresários e anunciantes em geral para suas responsabilidades ao contratarem publicitários sem ética. (E) chamar a atenção de empresas para os efeitos nocivos que elas podem causar à sociedade, se compactuarem com propagandas enganosas. 17. (ENEM 2010) CURRÍCULO Identificação Pessoal [Nome Completo] Brasileiro, [Estado Civil], [Idade] anos [Endereço – Rua/Av. + Número + Complemento] [Bairro] – [Cidade] – [Estado] Telefone: [Telefone com DDD] / E-mail: [E-mail] Objetivo [Cargo pretendido] Formação Experiência Profissional [Período] – Empresa Cargo: Principais atividades: Qualificação Profissional [Descrição] ([Local], conclusão em [Ano de Conclusão do Curso ou Atividade]). Informações Adicionais [Descrição Informação Adicional] A busca por emprego faz parte da vida de jovens e adultos. Para tanto, é necessário estruturar o currículo adequadamente. Em que parte da estrutura do currículo deve ser inserido o fato de você ter sido premiado com o título de “Aluno Destaque do Ensino Médio – Menção Honrosa”? O cartaz de Ziraldo faz parte de uma campanha contra o uso de drogas. Essa abordagem, que se diferencia das de outras campanhas, pode ser identificada (A) pela seleção do público alvo da campanha, representado, no cartaz, pelo casal de jovens. (B) pela escolha temática do cartaz, cujo texto configura uma ordem aos usuários e não usuários: diga não às drogas. (C) pela ausência intencional do acento grave, que constrói a ideia de que não é a droga que faz a cabeça do jovem. (D) pelo uso da ironia, na oposição imposta entre a seriedade do tema e a ambiência amena que envolve a cena. (E) pela criação de um texto de sátira à postura dos jovens, que não possuem autonomia para seguir seus caminhos. 388 Questões do ENEM 19. (ENEM 2010) 20. (ENEM 2010) Texto I Chão de esmeralda Me sinto pisando Um chão de esmeraldas Quando levo meu coração À Mangueira Sob uma chuva de rosas Meu sangue jorra das veias Tampe a panela Parece conselho de mãe para a comida não esfriar, mas a ciência explica como é possível ser um cidadão ecossustentável adotando o simples ato de tampar a panela enquanto esquenta a água para o macarrão ou para o cafezinho. Segundo o físico Cláudio Furukawa, da USP, a cada minuto que a água ferve em uma panela sem tampa, cerca de 20 gramas do líquido evaporam. Com o vapor, vão embora 11 mil calorias. Como o poder de conferir calor do GLP, aquele gás utilizado no botijão de cozinha, é de 11 mil calorias por grama, será preciso 1 grama a mais de gás por minuto para aquecer a mesma quantidade de água. Isso pode não parecer nada para você ou para um botijão de 13 quilos, mas imagine o potencial de devastação que um cafezinho despretensioso e sem os devidos cuidados pode provocar em uma população como a do Brasil: 54,6 toneladas de gás desperdiçado por minuto de aquecimento da água, considerando que cada família brasileira faça um cafezinho por dia. Ou 4 200 botijões desperdiçados. E tinge um tapete Pra ela sambar É a realeza dos bambas Que quer se mostrar Soberba, garbosa Minha escola é um catavento a girar É verde, é rosa Oh, abre alas pra Mangueira passar BUARQUE, C.; CARVALHO, H. B. Chico Buarque de Mangueira. Marola Edições Musicais Ltda. BMG. 1997. Disponível em: www. chicobuarque.com.br. Acesso em: 30 abr. 2010. Texto II Quando a escola de samba entra na Marquês de Sapucaí, a plateia delira, o coração dos componentes bate mais forte e o que vale é a emoção. Mas, para que esse verdadeiro espetáculo entre em cena, por trás da cortina de fumaça dos fogos de artifício, existe um verdadeiro batalhão de alegria: são costureiras, aderecistas, diretores de ala e de harmonia, pesquisador de enredo e uma infnidade de profssionais que garantem que tudo esteja perfeito na hora do desfile. AMORIM, M.; MACEDO, G. O espetáculo dos bastidores. Revista de Carnaval 2010: Mangueira. Rio de Janeiro: Estação Primeira de Mangueira, 2010. Ambos os textos exaltam o brilho, a beleza, a tradição e o compromisso dos dirigentes e de todos os componentes com a escola de samba Estação Primeira de Mangueira. Uma das diferenças que se estabelece entre os textos é que (A) o artigo jornalístico cumpre a função de transmitir emoções e sensações, mais do que a letra de música. (B) a letra de música privilegia a função social de comunicar a seu público a crítica em relação ao samba e aos sambistas. (C) a linguagem poética, no Texto I, valoriza imagens metafóricas e a própria escola, enquanto a linguagem, no Texto II, cumpre a função de informar e envolver o leitor. (D) ao associar esmeraldas e rosas às cores da escola, o Texto I acende a rivalidade entre escolas de samba, enquanto o Texto II é neutro. (E) o Texto I sugere a riqueza material da Mangueira, enquanto o Texto II destaca o trabalho na escola de samba. Superinteressante. São Paulo: Abril, n° 247, dez. 2007. Segundo o físico da USP, Cláudio Furukawa, é possível ser um cidadão ecossustentável adotando atos simples. É um argumento utilizado pelo físico, para sustentar a ideia de que podemos contribuir para melhorar a qualidade de vida no planeta, (A) tampar a panela para a comida não esfriar, seguindo os conselhos da mãe. (B) reduzir a quantidade de calorias, fervendo a água em recipientes tampados. (C) analisar o calor do GLP, enquanto a água estiver em processo de ebulição. (D) aquecer líquidos utilizando os botijões de 13 quilos, pois consomem menos. (E) diminuir a chama do fogão, para aquecer quantidades maiores de líquido. 21. (ENEM 2010) O American Idol islâmico Quem não gosta do Big Brother diz que os reality shows são programas vazios, sem cultura. No mundo árabe, esse problema já foi resolvido: em The Millions’ Poet (“O Poeta dos Milhões”), líder de audiência no golfo pérsico, o prêmio vai para o melhor poeta. O programa, que é transmitido pela Abu Dhabi TV e tem 70 milhões de espectadores, é uma competição entre 48 poetas de 12 países árabes – em que o vencedor leva um prêmio de US$ 1,3 milhão. Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia. O BBB teve a polêmica dos “coloridos” (grupo em que todos os participantes eram homossexuais). E Millions’ Poet detonou uma discussão sobre os direitos da mulher no mundo árabe. GARATTONI, B. O American Idol islâmico. SuperInteressante. Edição 278, maio 2010 (fragmento). 389 Questões do ENEM No trecho “Mas lá, como aqui, o reality gera controvérsia”, o termo destacado foi utilizado para estabelecer uma ligação com outro termo presente no texto, isto é, fazer referência ao (A) vencedor, que é um poeta árabe. (B) poeta, que mora na região da Arábia. (C) mundo árabe, local em que há o programa. (D) Brasil, lugar onde há o programa BBB. (E) programa, que há no Brasil e na Arábia. Foi aí que me surgiu a idéia esquisita de, com o auxilio de pessoas mais entendidas que eu, compor esta história. ( ... ) Desde então procuro descascar fatos, aqui sentado à mesa da sala de jantar, ( ... ) à hora em que os grilos cantam e a folhagem das laranjeiras se tinge de preto. Vivina de A. Viana. Graciliano Ramos’ seleção de textos, notas, estudos biográfico, histórico e critico. São Paulo: Abril Educação. 1981, p. 25-6 22. (ENEM 2009) No texto, o personagem afirma que vai escrever sobre a sua própria história. O trecho que mostra essa intenção é (A) “Desde então procuro descascar fatos”. (B) “e a folhagem das laranjeiras se tinge de preto”. (C) “E quando os amigos deixaram de vir discutir política”. (D) “Faz dois anos que Madalena morreu”. 24. (ENEM 2009 SIMULADO) Aumento do efeito estufa ameaça plantas, diz estudo. BRASIL. Ministério da Saúde, 2009 (adaptado). Os principais recursos utilizados para envolvimento e adesão do leitor à campanha institucional incluem (A) o emprego de enumeração de itens e apresentação de títulos expressivos. (B) o uso de orações subordinadas condicionais e temporais. (C) o emprego de pronomes como “você” e “sua” e o uso do imperativo. (D) a construção de figuras metafóricas e o uso de repetição. (E) o fornecimento de número de telefone gratuito para contato. 23. (EXAMES DO MEC) São Bernardo Graciliano Ramos Faz dois anos que Madalena morreu, dois anos difíceis. E quando os amigos deixaram de vir discutir política, isto se tornou insuportável. O aumento de dióxido de carbono na atmosfera, resultante do uso de combustíveis fósseis e das queimadas, pode ter consequências calamitosas para o clima mundial, mas também pode afetar diretamente o crescimento das plantas. Cientistas da Universidade de Basel, na Suíça, mostraram que, embora o dióxido de carbono seja essencial para o crescimento dos vegetais, quantidades excessivas desse gás prejudicam a saúde das plantas e têm efeitos incalculáveis na agricultura de vários países. O Estado de São Paulo, 20 seI. 1992, p.32. O texto acima possui elementos coesivos que promovem sua manutenção temática. A partir dessa perspectiva, conclui-se que (A) a palavra “mas”, na linha 3, contradiz a afirmação inicial do texto: linhas 1 e 2. (B) a palavra “embora”, na linha 4, introduz uma explicação que não encontra complemento no restante do texto. (C) as expressões: “consequências calamitosas”, na linha 2, e “efeitos incalculáveis”, na linha 6, reforçam a ideia que perpassa o texto sobre o perigo do efeito estufa. (D) o uso da palavra “cientistas”, na linha 3, é desnecessário para dar credibilidade ao texto, uma vez que se fala em “estudo” no título do texto. (E) a palavra “gás”, na linha 5, refere-se a “combustíveis fósseis” e “queimadas”, nas linhas 1 e 2, reforçando a ideia de catástrofe. 390 Questões do ENEM 25. (ENEM 2004) Em uma fábrica de equipamentos eletrônicos, cada componente, ao final da linha de montagem, é submetido a um rigoroso controle de qualidade, que mede o desvio percentual (D) de seu desempenho em relação a um padrão ideal. O fluxograma a seguir descreve, passo a passo, os procedimentos executados por um computador para imprimir um selo em cada componente testado, classificando-o de acordo com o resultado do teste: Ao observar os satélites de Júpiter pela primeira vez, Galileu Galilei fez diversas anotações e tirou importantes conclusões sobre a estrutura de nosso universo. A figura abaixo reproduz uma anotação de Galileu referente a Júpiter e seus satélites. De acordo com essa representação e com os dados da tabela, os pontos indicados por 1, 2, 3 e 4 correspondem, respectivamente, a: (A) Io, Europa, Ganimedes e Calisto. (B) Ganimedes, Io, Europa e Calisto. (C) Europa, Calisto, Ganimedes e Io. (D) Calisto, Ganimedes, Io e Europa. (E) Calisto, Io, Europa e Ganimedes. Os símbolos usados no fluxograma têm os seguintes significados: Entrada e saída de dados Decisão (testa uma condição, executando operações diferentes caso essa condição seja verdadeira ou falsa) Operação Segundo essa rotina, se D = 1,2%, o componente receberá um selo com a classificação (A) “Rejeitado”, impresso na cor vermelha. (B) “3ª Classe”, impresso na cor amarela. (C) “3ª Classe”, impresso na cor azul. (D) “2ª Classe”, impresso na cor azul. (E) “1ª Classe”, impresso na cor azul. A tabela abaixo resume alguns dados importantes sobre os satélites de Júpiter. Nome Diâmetro (km) Io Europa Ganimedes Calisto 3.642 3.138 5.262 4.800 Período orbital (dias terrestres) 1,8 3,6 7,2 16,7 (Entrevista de Rui Lopes Viana Filho à Veja, 05/08/1998, n.31, p. 9-10) Na pergunta, o repórter estabelece uma relação entre a entrada do estudante no mercado de trabalho e a vitória na Olimpíada. O estudante 26. (ENEM 2000) Distância média ao centro de Júpiter (km) 421.800 670.900 1.070.000 1.880.000 27. (ENEM 1999) Leia o texto abaixo. Cabelos longos, brinco na orelha esquerda, físico de skatista. Na aparência, o estudante brasiliense Rui Lopes Viana Filho, de 16 anos, não lembra em nada o estereótipo dos gênios. Ele não usa pesados óculos de grau e está longe de ter um ar introspectivo. No final do mês passado, Rui retornou de Taiwan, onde enfrentou 419 competidores de todo o mundo na 39ª Olimpíada Internacional de Matemática. A reluzente medalha de ouro que ele trouxe na bagagem está dependurada sobre a cama de seu quarto, atulhado de rascunhos dos problemas matemáticos que aprendeu a decifrar nos últimos cinco anos. Veja – Vencer uma olimpíada serve de passaporte para uma carreira profissional meteórica? Rui – Nada disso. Decidi me dedicar à Olimpíada porque sei que a concorrência por um emprego é cada vez mais selvagem e cruel. Agora tenho algo a mais para oferecer. O problema é que as coisas estão mudando muito rápido e não sei qual será minha profissão. Além de ser muito novo para decidir sobre o meu futuro profissional, sei que esse conceito de carreira mudou muito. (A) concorda com a relação e afirma que o desempenho na Olimpíada é fundamental para sua entrada no mercado. (B) discorda da relação e complementa que é fácil se fazer previsões sobre o mercado de trabalho. (C) discorda da relação e afirma que seu futuro profissional independe de dedicação aos estudos. (D) discorda da relação e afirma que seu desempenho só é relevante se escolher uma profissão relacionada à matemática. (E) concorda em parte com a relação e complementa que é complexo fazer previsões sobre o mercado de trabalho. 391 Questões do ENEM 1.3. Escrita e de leitura nas diferentes esferas sociais 30. (ENEM 2010) 28. (ENEM 2011) SE NO lNVERNO É DlFÍClL ACORDAR, IMAGINE DORMIR. Com a chegada do inverno, muitas pessoas perdem o sono. São milhões de necessitados que lutam contra a fome e o frio. Para vencer esta batalha, eles precisam de você. Deposite qualquer quantia. Você ajuda milhares de pessoas a terem uma boa noite e dorme com a consciência tranquila. Veja. 05 set. 1999 (adaptado). O produtor de anúncios publicitários utiliza-se de estratégias persuasivas para influenciar o comportamento de seu leitor. Entre os recursos argumentativos mobilizados pelo autor para obter a adesão do público à campanha, destaca-se nesse texto (A) a oposição entre individual e coletivo, trazendo um ideário populista para o anúncio. (B) a utilização de tratamento informal com o leitor, o que suaviza a seriedade do problema. (C) o emprego de linguagem figurada, o que desvia a atenção da população do apelo financeiro. (D) o uso dos numerais “milhares” e “milhões”, responsável pela supervalorização das condições dos necessitados. (E) o jogo de palavras entre “acordar” e “dormir”, o que relativiza o problema do leitor em relação ao dos necessitados. 29. (ENEM 2011) Entre ideia e tecnologia O grande conceito por trás do Museu da Língua é apresentar o idioma como algo vivo e fundamental para o entendimento do que é ser brasileiro. Se nada nos define com clareza, a forma como falamos o português nas mais diversas situações cotidianas é talvez a melhor expressão da brasilidade. SCARDOVELI, E. Revista Língua Portuguesa. São Paulo: Segmento, Ano II, nº 6, 2006. O texto propõe uma reflexão acerca da língua portuguesa, ressaltando para o leitor a (A) inauguração do museu e o grande investimento em cultura no país. (B) importância da língua para a construção da identidade nacional. (C) afetividade tão comum ao brasileiro, retratada através da língua. (D) relação entre o idioma e as políticas públicas na área de cultura. (E) diversidade étnica e linguística existente no território nacional. Revista Nova Escola. São Paulo: Abril, ago. 2009. Esse texto é uma propaganda veiculada nacionalmente. Esse gênero textual utiliza-se da persuasão com uma intencionalidade específica. O principal objetivo desse texto é (A) comprovar que o avanço da dengue no país está relacionado ao fato de a população desconhecer os agentes causadores. (B) convencer as pessoas a se mobilizarem, com o intuito de eliminar os agentes causadores da doença. (C) demonstrar que a propaganda tem um caráter institucional e, por essa razão, não pretende vender produtos. (D) informar à população que a dengue é uma doença que mata e que, por essa razão, deve ser combatida. (E) sugerir que a sociedade combata a doença, observando os sintomas apresentados e procurando auxílio médico. 31. (ENEM 2010) Alexandria começou a ser construída em 332 a.C., por Alexandre, o Grande, e, em pouco anos, tomou-se um polo de estudos sobre matemática, filosofia e ciências gregas. Meio século mais tarde, Ptolomeu ergueu uma enorme biblioteca e um museu – que funcionou como centro de pesquisa. A biblioteca reuniu entre 200 mil e 500 mil papiros e, com o museu, transformou a cidade no maior núcleo intelectual da época, especialmente entre os anos 290 e 88 a.C. A partir de então, sofreu su- 392 Questões do ENEM cessivos ataques de romanos, cristãos e árabes, o que resultou na destruição ou perda de quase todo o seu acervo. 33. (ENEM 2009) Texto para as 2 questões seguintes RIBEIRO, F. Filósofa e mártir. Aventuras na história. São Paulo: Abril. Ed. 81. Abril 2010 (adaptado) A biblioteca de Alexandria exerceu durante certo tempo um papel fundamental para a produção do conhecimento e memória das civilizações antigas, por que (A) eternizou o nome de Alexandre, o Grande, e zelou pelas narrativas dos seus grandes feitos. (B) funcionou como um centro de pesquisa acadêmica e deu origem às universidades modernas. (C) preservou o legado da cultura grega em diferentes áreas do conhecimento e permitiu sua transmissão a outros povos. (D) transformou a cidade de Alexandria no centro urbano mais importante da Antiguidade. (E) reuniu os principais registros arqueológicos até então existentes e fez avançar a museologia antiga. BRASIL. Ministério da Saúde. Revista Nordeste, João Pessoa, ano 3, n. 35, maio/jun. 2009. 32. (ENEM 2009) O texto exemplifica um gênero textual híbrido entre carta e publicidade oficial. Em seu conteúdo, é possível perceber aspectos relacionados a gêneros digitais. Considerando-se a função social das informações geradas nos sistemas de comunicação e informação presentes no texto, infere-se que Tendo em vista a segunda fala do personagem entrevistado, constata-se que (A) o entrevistado deseja convencer o jornalista a não publicar um livro. (B) o principal objetivo do entrevistado é explicar o significado da palavra motivação. (C) são utilizados diversos recursos da linguagem literária, tais como a metáfora e a metonímia. (D) o entrevistado deseja informar de modo objetivo o jornalista sobre as etapas de produção de um livro. (E) o principal objetivo do entrevistado é evidenciar seu sentimento com relação ao processo de produção de um livro. (A) a utilização do termo download indica restrição de leitura de informações a respeito de formas de combate à dengue. (B) a diversidade dos sistemas de comunicação empregados e mencionados reduz a possibilidade de acesso às informações a respeito do combate à dengue. (C) a utilização do material disponibilizado para download no site www.combatadengue.com.br restringe-se ao receptor da publicidade. (D) a necessidade de atingir públicos distintos se revela por meio da estratégia de disponibilização de informações empregada pelo emissor. (E) a utilização desse gênero textual compreende, no próprio texto, o detalhamento de informações a respeito de formas de combate à dengue. 34. (ENEM 2009) Diante dos recursos argumentativos utilizados, depreende-se que o texto apresentado (A) se dirige aos líderes comunitários para tomarem a iniciativa de combater a dengue. (B) conclama toda a população a participar das estratégias de combate ao mosquito da dengue. 393 Questões do ENEM (C) se dirige aos prefeitos, conclamando-os a organizarem iniciativas de combate à dengue. (D) tem como objetivo ensinar os procedimentos técnicos necessários para o combate ao mosquito da dengue. (E) apela ao governo federal, para que dê apoio aos governos estaduais e municipais no combate ao mosquito da dengue. 35. (EXAMES DO MEC) Segundo Rubem Alves, (A) a escrita é mais importante que a oral idade no processo inicial do ensino/aprendizagem. (B) por meio da oralidade, a criança pode aprender a arte da leitura. (C) contar histórias atrapalha a criança no processo de aquisição da escrita. (D) a arte da leitura é uma fantasia que passa como um toque de mágica. 38. (EXAMES DO MEC) Traído pelo vinho do padre O desempregado Francimar Lima Lira, morador da cidade paulista de Sorocaba, aproveitou que uma das igrejas da cidade estava às escuras, medida para racionar energia, e decidiu roubála. Era meia-noite quando ele entrou na sacristia. Alegrou-se ao ver um aspirador de pó e um retroprojetor ao alcance de suas mãos, e alegrou-se mais ainda ao deparar com duas garrafas de vinho que o padre utiliza na missa. Um gole aqui, outro ali, ele enxugou as duas garrafas. Ficou bêbado e foi preso. “O vinho tonteia mesmo porque é muito licoroso”, disse o pároco, Camilo Munnaro. Revista Istoé, nº 1.653, 6/6/2001. Este texto tem a finalidade de (A) contrapor idéias acerca dos crimes nas igrejas. (B) demonstrar o efeito do vinho usado nas missas. (C) denunciar roubos ocorridos em igrejas às escuras. (D) narrar um fato que teve um desfecho inesperado. Os jovens acreditam que o Brasil estará em uma situação social, política e econômica melhor em um médio prazo. Este dado foi revelado em uma pesquisa realizada. em março, pelo CIEE/SP, com 500 estudantes paulistas (61% com idade entre 16 e 20 anos). Do total de entrevistados, 78% acreditam que a situação melhorará num futuro próximo. Adaptado de O Estado de S Paulo 28 de abril de 2002. A crença, expressa no texto, de que os jovens têm boas expectativas em relação ao futuro do Brasil está fundamentada em uma pesquisa realizada com (A) todos os estudantes brasileiros. (B) 78% dos jovens estudantes brasileiros. (C) 61 % de jovens com idade entre 16 e 20 anos. (D) 500 estudantes paulistas. 39. (ENEM 2007) 36. (EXAMES DO MEC) “Um levantamento feito por um Centro de Medicina Diagnóstica revelou que a saúde dos executivos vai mal. De acordo com a análise realizada com 161 profissionais que se submeteram a um check-up, foi constatado que 66% estavam com excesso de peso e 40% eram sedentários. Além disso, 42% tinham colesterol elevado e 13% apresentaram hipertensão”. Globo Rural, jun./2007. Revista lstoé, 24/03/2004. com adaptações Pode-se perceber que o texto acima tem um caráter (A) literário (B) político. (C) informativo. (D) dissertativo. 37. (EXAMES DO MEC) Se fosse ensinar a uma criança, a arte da leitura não começaria com as letras e as silabas. Simplesmente leria as histórias mais fascinantes que a fariam entrar no mundo encantado da fantasia. Aí então, com inveja dos meus poderes mágicos, ela quereria que eu lhe ensinasse o segredo que transforma letras e silabas em histórias. É assim. É muito simples. Rubem Alves é educador, teólogo. psicanalista e escritor. Almanaque Brasil de Cultura Popular. setembro 2004. É título adequado para a matéria jornalística em que o gráfico acima seja apresentado: (A) Apicultura: Brasil ocupa a 33ª posição no ranking mundial de produção de mel — as abelhas estão desaparecendo no país (B) O milagre do mel: a apicultura se expande e coloca o país entre os seis primeiros no ranking mundial de produção (C) Pescadores do mel: Brasil explora regiões de mangue para produção do mel e ultrapassa a Argentina no ranking mundial (D) Sabor bem brasileiro: Brasil inunda o mercado mundial com a produção de 15 mil toneladas de mel em 2005 (E) Sabor de mel: China é o gigante na produção de mel no mundo e o Brasil está em 15º lugar no ranking 394 Questões do ENEM 40. (ENEM 2006) O gráfico abaixo foi extraído de matéria publicada no caderno Economia & Negócíos do jornal O Estado de S. Paulo, em 11/6/2006. (D) através do jogo é possível entender que as regras são construídas socialmente e que não podemos modificá-Ias. (E) no jogo, a participação está sempre vinculada à necessidade de aprender um conteúdo novo e de desenvolver habilidades motoras especializadas. 42. (EXAMES DO MEC) A prática esportiva profissional exige do atleta moderno uma postura muito mais rigorosa que a exigida na década de 70. Programas cientificamente elaborados garantem que o corpo trabalhe com aproveitamento máximo. O aperfeiçoamento das técnicas de condicionamento foi impulsionado em conseqüência da (A) sofisticação dos padrões esportivos tradicionais. (B) propagação de formas de lazer mais apuradas . (C) metamorfose ocorrida na esfera sociocultural. (D) difusão globalizada dos eventos esportivos . É um titulo adequado para a matéria jornalística em que esse gráfico foi apresentado: (A) Brasil: inflação acumulada em 12 meses menor que a dos EUA (B) Inflação do terceiro mundo supera pela sétima vez a do primeiro mundo (C) Inflação brasileira estável no período de 2001 a 2006 (D) Queda no índice de preços ao consumidor no período 2001-2005 (E) EUA: ataques terroristas causam hiperinflação 2. Interação e identidade 2.1. Corpo e identidade 41. (ENEM 2009) A falta de espaço para brincar é um problema muito comum nos grandes centros urbanos. Diversas brincadeiras de rua tal como o pular corda, o pique pega e outros têm desaparecido do cotidiano das crianças. As brincadeiras são importantes para o crescimento e desenvolvimento das crianças, pois desenvolvem tanto habilidades perceptivo-motoras quanto habilidades sociais. Considerando a brincadeira e o jogo como um importante instrumento de interação social, pois por meio deles a criança aprende sobre si, sobre o outro e sobre o mundo ao seu redor, entende-se que (A) o jogo possibilita a participação de crianças de diferentes idades e níveis de habilidade motora. (B) o jogo desenvolve habilidades competitivas centradas na busca da excelência na execução de atividades do cotidiano. (C) o jogo gera um espaço para vivenciar situações de exclusão que serão negativas para a aprendizagem social. 43. (EXAMES DO MEC) Os vínculos entre o esporte e as guerras foram muito estreitos. Há cem anos, na França, sociedades de ginástica, de tiro e de esgrima se desenvolveram sob o controle rígido do Exército. Cabia ao esporte preparar os futuros quadros políticos do país. Atualmente o esporte praticado pelas pessoas está mais relacionado ao lazer. Adaptado de RAGACHE, G. Esportes e Jogos. São Paulo Ática, 2001 A partir da leitura do texto, pode-se inferir que, na atualidade, a prática esportiva pessoal está mais relacionada (A) ao treinamento militar. (B) à preparação de quadros políticos. (C) ao interesse pela diversão. (D) à participação nas Olimpíadas. 44. (EXAMES DO MEC) O anúncio, em novembro de 1991, de que o jogador de basquete Magic Johnson tinha o vírus da AIOS motivou a discussão sobre a prática de esportes por portadores do HIV. Respeitando-se as condições físicas e psicológicas do portador, existe hoje um consenso de que a prática esportiva pode auxiliar na qualidade de vida dos atletas, especialmente por mantê-Ios integrados socialmente. Segundo o texto acima, a prática de esporte por portadores de HIV (A) é contra-indicada por exigir esforço físico. (B) favorece o convívio do atleta em grupo. (C) compromete a recuperação psicológica. (D) pode reforçar o isolamento social. 395 Questões do ENEM 2.2. Mitos e verdades sobre os corpos masculino e feminino 45. (ENEM 2011) Na modernidade, o corpo foi descoberto, despido e modelado pelos exercícios físicos da moda. Novos espaços e práticas esportivas e de ginástica passaram a convocar as pessoas a modelarem seus corpos. Multiplicaram-se as academias de ginástica, as salas de musculação e o número de pessoas correndo pelas ruas. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Caderno do professor: educação física. São Paulo, 2008. Diante do exposto, é possível perceber que houve um aumento da procura por (A) exercícios físicos aquáticos (natação/hidroginástica), que são exercícios de baixo impacto, evitando o atrito (não prejudicando as articulações), e que previnem o envelhecimento precoce e melhoram a qualidade de vida. (B) mecanismos que permitem combinar alimentação e exercício físico, que permitem a aquisição e manutenção de níveis adequados de saúde, sem a preocupação com padrões de beleza instituídos socialmente. (C) programas saudáveis de emagrecimento, que evitam os prejuízos causados na regulação metabólica, função imunológica, integridade óssea e manutenção da capacidade funcional ao longo do envelhecimento. (D) exercícios de relaxamento, reeducação postural e alongamentos, que permitem um melhor funcionamento do organismo como um todo, bem como uma dieta alimentar e hábitos saudáveis com base em produtos naturais. (E) dietas que preconizam a ingestão excessiva ou restrita de um ou mais macronutrientes (carboidratos, gorduras ou proteínas), bem como exercícios que permitem um aumento de massa muscular e/ou modelar o corpo. 46. (ENEM 2009) Luciana trabalha em uma loja de venda de carros. Ela tem um papel muito importante de fazer a conexão entre os vendedores, os compradores e o serviço de acessórios. Durante o dia, ela se desloca inúmeras vezes da sua mesa para resolver os problemas dos vendedores e dos compradores. No final do dia, Luciana só pensa em deitar e descansar as pernas. Na função de chefe preocupado com a produtividade (número de carros vendidos) e com a saúde e a satisfação dos seus funcionários, a atitude correta frente ao problema seria (A) propor a criação de um programa de ginástica laboral no início da jornada de trabalho. (B) sugerir a modificação do piso da loja para diminuir o atrito do solo e reduzir as dores nas pernas. (C) afirmar que os problemas de dores nas pernas são causados por problemas genéticos. (D) ressaltar que a utilização de roupas bonitas e do salto alto são condições necessárias para compor o bom aspecto da loja. (E) escolher um de seus funcionários para conduzir as atividades de ginástica laboral em intervalos de 2 em 2 horas. 47. (EXAMES DO MEC) O texto abaixo é parte de uma entrevista de Tarcísio Barros concedida a Drauzio Varella. Profissionais propensos a problemas de coluna Drauzio - De acordo com sua experiência pessoal, quais profissões favorecem o aparecimento de problemas na coluna? T. Barros – Carregadores de peso, como os estivadores, por exemplo, acabam apresentando mais problemas porque expõe a coluna à sobrecarga contínua. Por paradoxal que pareça, pessoas que trabalham paradas na mesma posição sem relaxar a musculatura, como os caixas de bancos ou quem fica horas em frente do computador, também representam uma população de risco. Nesse caso, é recomendável levantar-se a cada 40 ou 50 minutos, andar um pouco e colocar um tablado para erguer alternadamente os pés e relaxar a musculatura. Motoristas de veículos pesados também se incluem no grupo de risco. Há um estudo interessante mostrando que quem dirige carros mais velhos tem mais problemas de coluna do que quem dirige carros novos e em melhores condições mecânicas. (Entrevista de Tarcisio Barros, médico e professor de Ortopedia da USP a Drauzio Varella. in http://www.drauzlovarellacom.br/ entrevistas/barros _ coluna8. asp) A entrevista indica atitudes que diminuem as causas de problemas na coluna. Qual das opções abaixo indica uma dessas atitudes? (A) Dirigir com mais atenção os carros em más condições mecânicas. (B) Descansar os pés sobre um tablado, após andar por mais de 40 minutos. (C) Intercalar movimentos no período em que se trabalha sentado. (D) Aumentar a resistência da coluna com o levantamento de pesos. 48. (EXAMES DO MEC) Comer muito pouco enfraquece; comer demais engorda; muita atividade, sem descanso, desgasta rápido. Muito descanso, com pouca atividade, também adoece. Pensar pouco emburrece; pensar demais enlouquece! CANALONGA. W. Folha de S Paulo. 01 de agosto de 2002 Esse texto, de uma forma bem humorada, sugere que uma vida saudável deve (A) combinar com equilíbrio a prática de atividades com descanso. (B) exigir dietas alimentares para não engordar. (C) pedir muita atividade e pouco descanso. (D) ser exclusivamente intelectual. 396 Questões do ENEM 49. (EXAMES DO MEC) É bastante conhecida, no caso brasileiro, a história do povo africano que, vivendo nas senzalas, inventou a capoeira. Enquanto fingia estar dançando, treinava golpes para defender-se dos seus opressores. A partir da leitura do texto, é possível afirmar que os povos (A) copiam movimentos de outros lugares. (B) criam movimentos relacionados às suas necessidades. (C) são incapazes de elaborar movimentos. (D) limitam-se aos movimentos que já conhecem. 50. (EXAMES DO MEC) Nada impede que a mulher grávida pratique esportes, desde que moderadamente. Sem forçar o ritmo, a grávida pode e deve praticar exercícios que a ajudem a viver melhor a gestação ou a fortaleçam para o parto. A partir do quarto mês, no entanto, ela deve evitar exercícios em posição deitada de costas. Para descansar no intervalo dos exercícios, sugere-se que se deite de lado. Viva em forma o ano todo: manual prático de saúde e bem estar Associação Pro-Teste Consumidores (com adaptações) A prática de atividades físicas é uma orientação reconhecida para a melhoria da qualidade de vida e da saúde das pessoas. No entanto, conforme as orientações do texto acima, uma gestante deve (A) fazer exercícios a partir do 5º mês de gestação. (B) realizar atividades físicas com alguns cuidados. (C) deitar-se de costas para fazer exercícios físicos. (D) forçar o ritmo das atividades para ter mais força. 2.3. O corpo e a expressão artística e cultural. O corpo no mundo dos símbolos e como produção da cultura 51. (ENEM 2010) Saúde A final, abrindo um jornal, lendo uma revista ou assistindo à TV, insistentes são os apelos feitos em prol da atividade física. A mídia não descansa; quer vender roupas esportivas, propagandas de academias, tênis, aparelhos de ginástica e musculação, vitaminas, dietas... uma relação infindável de materiais, equipamentos e produtos alimentares que, por trás de toda essa “parafernália”, impõe um discurso do convencimento e do desejo de um corpo belo, saudável e, em sua grande maioria, de melhor saúde. RODRIGUES,L. H.; GALVÃO, Z. Educação Física na escola: implicações para a pratica pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 Em razão da influência da mídia no comportamento das pessoas, no que diz respeito ao padrão de corpo exigido, podem ocorrer mudanças de hábitos corporais. A esse respeito, infere-se do texto que é necessário (A) reconhecer o que é indicado pela mídia como referência para alcançar o objetivo de ter um corpo belo e saudável. (B) valorizar o discurso da mídia, entendendo-o como incentivo à prática da atividade física, para o culto do corpo perfeito. (C) diferenciar as práticas corporais veiculadas pela mídia daquelas praticadas no dia a dia, considerando a saúde e a integridade corporal. (D) atender aos apelos midiáticos em prol da prática exacerbada de exerci cios físicos, como garantia de beleza. (E) identificar os materiais, equipamentos e produtos alimentares como o caminho para atingir o padrão de corpo idealizado pela mídia. 52. (ENEM 2009) Nunca se falou e se preocupou tanto com o corpo como nos dias atuais. É comum ouvirmos anúncios de uma nova academia de ginástica, de uma nova forma de dieta, de uma nova técnica de autoconhecimento e outras práticas de saúde alternativa, em síntese, vivemos nos últimos anos a redescoberta do prazer, voltando nossas atenções ao nosso próprio corpo. Essa valorização do prazer individualizante se estrutura em um verdadeiro culto ao corpo, em analogia a uma religião, assistimos hoje ao surgimento de novo universo: a corpolatria. CODO, W.; SENNE, W. O que é corpo(latria). Coleção Primeiros Passos. Brasiliense, 1985 (adaptado) Sobre esse fenômeno do homem contemporâneo presente nas classes sociais brasileiras, principalmente, na classe média, a corpolatria (A) é uma religião pelo avesso, por isso outra religião; inverteram-se os sinais, a busca da felicidade eterna antes carregava em si a destruição do prazer, hoje implica o seu culto. (B) criou outro ópio do povo, levando as pessoas a buscarem cada vez mais grupos igualitários de integração social. (C) é uma tradução dos valores das sociedades subdesenvolvidas, mas em países considerados do primeiro mundo ela não consegue se manifestar porque a população tem melhor educação e senso crítico. (D) tem como um de seus dogmas o narcisismo, significando o “amar o próximo como se ama a si mesmo”. (E) existe desde a Idade Média, entretanto esse acontecimento se intensificou a partir da Revolução Industrial no século XIX e se estendeu até os nossos dias. 397 Questões do ENEM 2.4 Práticas corporais 53. (ENEM 2009) O convívio com outras pessoas e os padrões sociais estabelecidos moldam a imagem corporal na mente das pessoas. A imagem corporal idealizada pelos pais, pela mídia, pelos grupos sociais e pelas próprias pessoas desencadeia comportamentos estereotipados que podem comprometer a saúde. A busca pela imagem corporal perfeita tem levado muitas pessoas a procurar alternativas ilegais e até mesmo nocivas à saúde. Revista Corpoconsciência. FEFISA. V. 10 nº 2 Santo André. jul/dez. 2006, (adaptado) A imagem corporal tem recebido grande destaque e valorização na sociedade atual. Como consequência, (A) a ênfase na magreza tem levado muitas mulheres a depreciar sua autoimagem, apresentando insatisfação crescente com o corpo. (B) as pessoas adquirem a liberdade para desenvolver seus corpos de acordo com critérios estéticos que elas mesmas criam e que recebem pouca influência do meio em que vivem. (C) a modelagem corporal é um processo em que o indivíduo observa o comportamento de outros, sem, contudo, imitá-Ios. (D) o culto ao corpo produz uma busca incansável, trilhada por meio de árdua rotina de exercícios, com pouco interesse no aperfeiçoamento estético. (E) o corpo tornou-se um objeto de consumo importante para as pessoas criarem padrões de beleza que valorizam a raça à qual pertencem. 55. (ENEM 2011) Disponível em http://wwwwordinfoinfo Acesso em: 27 abr 2010 O homem evoluiu. Independentemente de teoria, essa evolução ocorreu de várias formas. No que concerne á evolução digital, o homem percorreu longo trajeto da pedra lascada ao mundo virtual. Tal fato culminou em um problema físico habitual, ilustrado na imagem, que propicia uma piora na qualidade de vida do usuário, uma vez que (A) a evolução ocorreu e com ela evoluíram as dores de cabeça, o estresse e a falta de atenção à família. (B) a vida sem o computador tornou-se quase inviável, mas se tem diminuído problemas de visão cansada. (C) a utilização demasiada do computador tem proporcionado o surgimento de cientistas que apresentam lesão por esforço repetitivo. (D) o homem criou o computador, que evoluiu, e hoje opera várias ações antes feitas pelas pessoas, tornando-as sedentárias ou obesas. (E) o uso contínuo do computador de forma inadequada tem ocasionado má postura corporal. 56. (ENEM 2010) 54. (EXAMES DO MEC) Raiz do cabelo “Cabelo duro é lindo”. concluiu o antropólogo Raul Lody ao final do seu livro Cabelos de Axé (SENAC), que explica a símboloqia dos penteados afro desde os primórdios até os dias atuais. (...) Está lá escrito que nos desenhos pré-históricos, pintados em cavernas, já se representava o homem com cabelos exuberantes. No antigo Egito, havia o hábito de se raspar a cabeça, para assim homens e mulheres poderem usar perucas com penteados especiais, ornados com ouro e pedras preciosas que, pela sua abundância ou não revelavam a posição na hierarquia social O Globo 27/11/2004 (com adaptações) O texto acima (A) informa sobre a história dos penteados afro. (B) mostra que o cabelo afro é algo da nossa época. (C) mostra novas tendências de beleza para o cabelo afro. (D) vende um produto para usar nos penteados afro. Figura I. Disponível em: http://zuperdido.wordpress.com. Acesso em: 27 abr. 2010. Figura II. Disponível em: http://jornale.com.br. Acesso em: 27 abr. 2010. Figura III. Disponível em: http://www.alamedavirtual.com. Acesso em: 27 abr. 2010. O salto, movimento natural do homem, está presente em ações cotidianas e também nas artes, nas lutas, nos esportes, entre outras atividades. Com relação a esse movimento, considera-se que (A) é realizado para cima, sem que a impulsão determine o tempo de perda de contato com o solo. (B) é na fase de voo que se inicia o impulso, que, dado pelos braços, determina o tipo e o tempo de duração do salto. 398 Questões do ENEM (C) é verificado o mesmo tempo de perda de contato com o solo nas situações em que é praticado. (D) é realizado após uma breve corrida para local mais alto, sem que se utilize apoio para o impulso. (E) é a perda momentânea de contato dos pés com o solo e apresenta as fases de impulsão, voo e queda. (C) pode desenvolver as atividades físicas do dia-a-dia, independentemente de sua idade. (D) pode executar suas atividades do dia a dia com vigor, atenção e uma fadiga de moderada a intensa. (E) pode exercer atividades físicas no final do dia, mas suas reservas de energia são insuficientes para atividades intelectuais. 57. (ENEM 2010) 59. (EXAMES DO MEC) Você já deve ter ouvido falar que nos quartéis os soldados fazem exercícios físicos todos os dias. Também deve saber que os bailarinos enfrentam horas de treinamento. A constatação desses fatos nos leva a concluir que O desenvolvimento das capacidades físicas passíveis de treinamento) ajuda na tomada de decisões em relação à melhor execução do movimento. A capacidade física predominante no movimento representado na imagem é (A) a velocidade, que permite ao músculo executar uma sucessão rápida de gestos em movimentação de intensidade máxima. (B) a resistência, que admite a realização de considerável período de tempo, sem perda da qualidade da execução. (C) a flexibilidade, que permite a amplitude máxima de um movimento, em uma ou mais articulações, sem causar lesões. (D) a agilidade, que possibilita a execução de movimentos rápidos e ligeiros com mudanças de direção. (E) o equilíbrio, que permite a realização dos mais variados movimentos, com o objetivo de sustentar o corpo sobre uma base. 58. (ENEM 2009) Saúde, no modelo atual de qualidade de vida, é o resultado das condições de alimentação, habitação, educação, renda, trabalho, transporte, lazer, serviços médicos e acesso á atividade física regular. Quanto ao acesso á atividade física, um dos elementos essenciais é a aptidão física, entendida como a capacidade de a pessoa utilizar seu corpo - incluindo músculos, esqueleto, coração, enfim, todas as partes -, de forma eficiente em suas atividades cotidianas; logo, quando se avalia a saúde de uma pessoa, a aptidão física deve ser levada em conta. A partir desse contexto, considera-se que uma pessoa tem boa aptidão física quando (A) apresenta uma postura regular. (B) pode se exercitar por períodos curtos de tempo. (A) a repetição de movimentos específicos melhora o desempenho. (B) o bom desempenho independe de treinamento. (C) o esforço é desnecessário para o bom desempenho. (D) o talento é o que melhora o desempenho. 2.5. O esporte; a dança; as lutas; os jogos; as brincadeiras 60. (ENEM 2011) Conceitos e importância das lutas Antes de se tornarem esporte, as lutas ou as artes marciais tiveram duas conotações principais: eram praticadas com o objetivo guerreiro ou tinham um apelo filosófico como concepção de vida bastante significativo. Atualmente, nos deparamos com a grande expansão das artes marciais em nível mundial. As raízes orientais foram se disseminando, ora pela necessidade de luta pela sobrevivência ou para a “defesa pessoal”, ora pela possibilidade de ter as artes marciais como própria filosofa de vida. CARREIRO, E. A. Educação Física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008 (fragmento). Um dos problemas da violência que está presente principalmente nos grandes centros urbanos são as brigas e os enfrentamentos de torcidas organizadas, além da formação de gangues, que se apropriam de gestos das lutas, resultando, muitas vezes, em fatalidades. Portanto, o verdadeiro objetivo da aprendizagem desses movimentos foi mal compreendido, afinal as lutas (A) se tornaram um esporte, mas eram praticadas com o objetivo guerreiro a fim de garantir a sobrevivência. (B) apresentam a possibilidade de desenvolver o autocontrole, o respeito ao outro e a formação do caráter. (C) possuem como objetivo principal a “defesa pessoal” por meio de golpes agressivos sobre o adversário. 399 Questões do ENEM (D) sofreram transformações em seus princípios filosóficos em razão de sua disseminação pelo mundo. (E) se disseminaram pela necessidade de luta pela sobrevivência ou como filosofia pessoal de vida. 61. (ENEM 2010) (C) é possível aprender Matemática a partir dos desenhos dos movimentos da capoeira. (D) o rigor dos movimentos da capoeira tem por base os estudos da Geometria. 63. (EXAMES DO MEC) É bastante conhecida, no caso brasileiro, a história do povo africano que, vivendo nas senzalas, inventou a capoeira. Enquanto fingia estar dançando, treinava golpes para defender-se dos seus opressores. Figura 1: Disponível em: http://www.clicrbs.com.br-blog/ fotos/235151 post foto.jpq Figura 2: Disponível em: http://esporte.hsw.uol.com.br/voleijogos-olimpicos.htm Figura 3: Disponível em. http·//www.arel.com.br/eurocup/voleil Acesso em 27 abro 2010 O voleibol é um dos esportes mais praticados na atualidade. Está presente nas competições esportivas, nos jogos escolares e na recreação. Nesse esporte, os praticantes utilizam alguns movimentos específicos como: saque, manchete, bloqueio, levantamento, toque, entre outros. Na sequência de imagens, identificam-se os movimentos de (A) sacar e colocar a bola em jogo, defender a bola e realizar a cortada como forma de ataque. (B) arremessar a bola, tocar para passar a bola ao levantador e bloquear como forma de ataque. (C) tocar e colocar a bola em jogo, cortar para defender e levantar a bola para atacar. (D) passar a bola e iniciar a partida, lançar a bola ao levantador e realizar a manchete para defender. (E) cortar como forma de ataque, passar a bola para defender e bloquear como forma de ataque. A partir da leitura do texto, é possível afirmar que os povos (A) copiam movimentos de outros lugares. (B) criam movimentos relacionados ás suas necessidades. (C) são incapazes de elaborar movimentos. (D) limitam-se aos movimentos que já conhecem. 3. Textos artísticos 3.1. Interpretação e cidadania 64. (ENEM 2011) TEXTO I 62. (EXAMES DO MEC) Gingado Geométrico “Todos em roda, bate o pandeiro, soa atabaque, vibram os berimbaus. É capoeira. No meio, dois jogando. Um pé aqui, outro ali. Aquele para o lado, o segundo mais atrás. Gira, lenta, uma estrela no ar. Toca do Salitre - Piauí. Disponível em http://vwwwfurndharn.org.br. Acesso em: 27 jul. 2010. TEXTO II Geometria pura!? A professora carioca Adriana de Souza Lima encontrou na capoeira e, também, na geometria que ela desenha no chão e no ar o caminho para conquistar uma turma de 26 crianças da escola municipal Jônatas Serrano, no Rio de Janeiro, pela Matemática”. Revista Nova Escola. Agosto 2002 Pp /28 /29 A partir do texto acima, depreende-se que (A) um bom professor de capoeira utiliza a Matemática para explicar seus movimentos. (B) a música da capoeira estimula o aprendizado da Matemática. 400 Arte Urbana Foto: Diego Singh Disponível em. http://www. diaadia.pr.qov.br. Acesso em 27 jul. 2010. Questões do ENEM O grafite contemporâneo, considerado em alguns momentos como uma arte marginal, tem sido comparado às pinturas murais de várias épocas e às escritas pré-históricas. Observando as imagens apresentadas, é possível reconhecer elementos comuns entre os tipos de pinturas murais, tais como (A) a preferência por tintas naturais, em razão de seu efeito estético. (B) a inovação na técnica de pintura, rompendo com modelos estabelecidos. (C) o registro do pensamento e das crenças das sociedades em várias épocas. (D) a repetição dos temas e a restrição de uso pelas classes dominantes. (E) o uso exclusivista da arte para atender aos interesses da elite. de criar uma arte que valorizasse a cultura brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas 65. (ENEM 2010) 67. (ENEM 2010) Opinião Onde ficam os “artistas”? Onde ficam os “artesãos”? Submergidos no Interior da sociedade, sem reconhecimento formal, esses grupos passam a ser vistos de diferentes perspectivas pelos seus intérpretes, a maioria das vezes, engajados em discussões que se polarizam entre artesanato, cultura erudita e cultura popular. Podem me prender Podem me bater Podem até deixar-me sem comer Que eu não mudo de opinião. Aqui do morro eu não saio não Aqui do morro eu não saio não. Se não tem água Eu furo um poço Se não tem carne Eu compro um osso e ponho na sopa E deixa andar, deixa andar ... Falem de mim Quem quiser falar Aqui eu não pago aluguel Se eu morrer amanhã seu doutor, Estou pertinho do céu (A) buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando as cores, a originalidade e os temas nacionais. (B) defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma irrestrita, afetando a criação artística nacional. (C) representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo como finalidade a prática educativa. (D) mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma liberdade artística ligada à tradição acadêmica. (E) buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas abordados. PORTO ALEGRE, M. S. Arte e ofício de artesão. São Paulo, 1985 (adaptado). O texto aponta para uma discussão antiga e recorrente sobre o que é “arte”. Artesanato é arte ou não? De acordo com uma tendência inclusiva sobre a relação entre arte e educação, Zé Ketti. Opinião. Disponível em: http://wwwmpbnet.combr. Acesso em: 28 abril 2010. Essa música fez parte de um importante espetáculo teatral que estreou no ano de 1964, no Rio de Janeiro. O papel exercido pela Música Popular Brasileira (MPB) nesse contexto, evidenciado pela letra de música citada, foi o de (A) entretenimento para os grupos intelectuais. (B) valorização do progresso econômico do país. (C) crítica à passividade dos setores populares. (D) denúncia da situação social e política do país. (E) mobilização dos setores que apoiavam a Ditadura Militar. 66. (ENEM 2010) Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção (A) o artesanato é algo do passado e tem sua sobrevivência fadada à extinção por se tratar de trabalho estático produzido por poucos. (B) os artistas populares não têm capacidade de pensar e conceber a arte intelectual, visto que muitos deles sequer dominam a leitura. (C) o artista popular e o artesão, portadores de saber cultural, têm a capacidade de exprimir, em seus trabalhos, determinada formação cultural. (D) os artistas populares produzem suas obras pautados em normas técnicas e educacionais rígidas, aprendidas em escolas preparatórias. (E) o artesanato tem seu sentido limitado à região em que está inserido como uma produção particular, sem expansão de seu caráter cultural. 68. (ENEM 2010) Eu não tenho hoje em dia muito orgulho do Tropicalismo. Foi sem dúvida um modo de arrombar a festa, mas arrombar a festa no Brasil é fácil. O Brasil é uma pequena sociedade colonial, muito mesquinha, muito fraca. 401 VELOSO, c. In: HOLLANDA, H. B.; GONÇALVES. M A Cultura e participação nos anos 80. São Paulo Brasiliense, 1995 (adaptado) Questões do ENEM O movimento tropicalista, consagrador de diversos músicos brasileiros, está relacionado historicamente (A) à expansão de novas tecnologias de informação, entre as quais, a Internet, o que facilitou imensamente a sua divulgação mundo afora. (B) ao advento da indústria cultural em associação com um conjunto de reivindicações estéticas e políticas durante os anos 1960. (C) à parceria com a Jovem Guarda, também considerada um movimento nacionalista e de crítica política ao regime militar brasileiro. (D) ao crescimento do movimento estudantil nos anos 1970, do qual os tropicalistas foram aliados na crítica ao tradicionalismo dos costumes da sociedade brasileira. (E) à identificação estética com a Bossa Nova, pois ambos os movimentos tinham raízes na incorporação de ritmos norte-americanos, como o blues. Ao se estabelecer uma relação entre a obra de Eckhout e o trecho do texto de Caminha, conclui-se que (A) ambos se identificam pelas características estéticas marcantes, como tristeza e melancolia, do movimento romântico das artes plásticas. (B) o artista, na pintura, foi fiel ao seu objeto, representando-o de maneira realista, ao passo que o texto é apenas fantasioso. (C) a pintura e o texto têm uma característica em comum, que é representar o habitante das terras que sofreriam processo colonizador. (D) o texto e a pintura são baseados no contraste entre a cultura europeia e a cultura indígena. (E) há forte direcionamento religioso no texto e na pintura, uma vez que o índio representado é objeto da catequização jesuítica. 70. (ENEM 2009) 69. (ENEM 2009) Você sabia que as metrópoles são as grandes consumidoras dos produtos feitos com recursos naturais da Amazônia? Você pode diminuir os impactos à floresta adquirindo produtos com selos de certificação. Eles são encontrados em itens que vão desde lápis e embalagens de papelão até móveis, cosméticos e materiais de construção. Para receber os selos esses produtos devem ser fabricados sob 10 princípios éticos, entre eles o respeito à legislação ambiental e aos direitos de povos indígenas e populações que vivem em nossas matas nativas. Vida simples. Ed. 74, dez. 2008. ECKHOUT, A. “Índio Tapuia” (1610-1666). Disponível em: http://www.diaadia.pr.gov.br. Acesso em: 9 jul. 2009. A feição deles é serem pardos, maneira d’avermelhados, de bons rostos e bons narizes, bem feitos. Andam nus, sem nenhuma cobertura, nem estimam nenhuma cousa cobrir, nem mostrar suas vergonhas. E estão acerca disso com tanta inocência como têm em mostrar o rosto. CAMINHA, P. V. A carta. Disponível em: www.dominiopublico.gov.br. Acesso em: 12 ago. 2009. O texto e a imagem têm por finalidade induzir o leitor a uma mudança de comportamento a partir do (a) (A) consumo de produtos naturais provindos da Amazônia. (B) cuidado na hora de comprar produtos alimentícios. (C) verificação da existência do selo de padronização de produtos industriais. (D) certificação de que o produto foi fabricado de acordo com os princípios éticos. (E) verificação da garantia de tratamento dos recursos naturais utilizados em cada produto. 402 Questões do ENEM 71. (ENEM 2009) O artesanato traz as marcas de cada cultura e, desse modo, atesta a ligação do homem com o meio social em que vive. Os artefatos são produzidos manualmente e costumam revelar uma integração entre homem e meio ambiente, identificável no tipo de matéria-prima utilizada. Primeira Missa no Brasil - Cândido Portinan (1948) Disponível em: http://www.casadeportinari.com.br Acesso em 3 novo 2008 Ao comparar os quadros e levando-se em consideração a explicação dada, observa-se que Pela matéria-prima (o barro) utilizada e pelos tipos humanos representados, em qual região do Brasil o artefato ao lado foi produzido? (A) Sul. (B) Norte, (C) Sudeste. (D) Nordeste. (E) Centro-Oeste. 72. (ENEM 2009) Distantes uma da outra quase 100 anos, as duas telas seguintes, que integram o patrimônio cultural brasileiro, valorizam a cena da primeira missa no Brasil, relatada na carta de Pero Vaz de Caminha. Enquanto a primeira retrata fielmente a carta, a segunda - ao excluir a natureza e os índios - critica a narrativa do escrivão da frota de Cabral, Além disso, na segunda, não se vê a cruz fincada no altar. (A) a influência da religião católica na catequização do povo nativo é objeto das duas telas. (B) a ausência dos índios na segunda tela significa que Portinari quis enaltecer o feito dos portugueses. (C) ambas, apesar de diferentes, retratam um mesmo momento e apresentam uma mesma visão do fato histórico. (D) a segunda tela, ao diminuir o destaque da cruz, nega a importância da religião no processo dos descobrimentos, (E) a tela de Victor Meirelles contribuiu para uma visão romantizada dos primeiros dias dos portugueses no Brasil. 73. (ENEM 2009) Disponível em: http://www.uol.com.br. Acesso em: 15 fev. 2009 Primeira Missa no Brasil - Victor Meirelles (1861) Disponível em: htlp://www.moderna.com.br. Acesso em: 3 novo 2008. Observe a charge, que satiriza o comportamento dos participantes de uma entrevista coletiva por causa do que fazem, do que falam e do ambiente em que se encontram. 403 Questões do ENEM Considerando-se os elementos da charge, concluise que ela (A) defende, em teoria, o desmatamento. (B) valoriza a transparência pública. (C) destaca a atuação dos ambientalistas. (D) ironiza o comportamento da imprensa. (E) critica a ineficácia das políticas. 74. (ENEM 2009) (A) o monumento histórico se restringe ao patrimônio arquitetônico. (B) as criações modestas são monumentos de menor valor social e econômico. (C) as produções culturais significativas são consideradas monumentos. (D) monumentos históricos são testemunhos do passado que perderam seu significado cultural. 76. (ENEM 2009 - SIMULADO) Som de preto O nosso som não tem idade, não tem raça E não tem cor. Mas a sociedade pra gente não dá valor. Só querem nos criticar, pensam que somos animais. Se existia o lado ruim, hoje não existe mais, porque o ‘funkeiro’ de hoje em dia caiu na real. Essa história de ‘porrada’, isso é coisa banal Agora pare e pense, se liga na ‘responsa’: se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança. É som de preto De favelado Mas quando toca ninguém fica parado Figura 1 Disponível em: <http://www.vemprabrotas.com.br/pcastro5/ campanas/ campanas.htm>. Acesso em: 24 abr. 2009 Música de Mc’s Amllcka e Chocolate. In: Dj Malboro. Bem funk. Rio de Janeiro. 2001 (adaptado) À medida que vem ganhando espaço na mídia, o funk carioca vem abandonando seu caráter local, associado às favelas e à criminal idade da cidade do Rio de Janeiro, tornando-se uma espécie de símbolo da marginalização das manifestações culturais das periferias em todo o Brasil. O verso que explicita essa marginalização é: (A) “O nosso som não tem idade, não tem raça”. (B) “Mas a sociedade pra gente não dá valor”. (C) “Se existia o lado ruim, hoje não existe mais”. (D) “Agora pare e pense, se liga na ‘responsa”. (E) “se ontem foi a tempestade, hoje vira a bonança”. 75. (EXAMES DO MEC) A noção de monumento histórico compreende. além da obra arquitetônica em si, os sítios urbanos e rurais, testemunhos de uma civilização determinada de uma evolução significativa, e de fato histórico. Compreende as grandes criações e também, as obras modestas, que, através do tempo, adquiriram valor cultural significativo. Carta de Veneza, Art. 1.° Internet. <portal.iphan gov.br> A Carta de Veneza, de 1964, é um documento internacional sobre a conservação e o restauro de monumentos e localidades, que serve de parâmetro para a formulação de políticas de preservação do patrimônio histórico no Brasil e no mundo. Com base no artigo sobre monumentos históricos, é correto afirmar que Figura 2 Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/slte/ wpcontentluploads/2008/02/ cadeira-real.jpg> Acesso em: 30 abr. 2009 Comparando as figuras, que apresentam mobiliários de épocas diferentes, ou seja, a figura 1 corresponde a um projeto elaborado por Fernando e Humberto Campana e a figura 2, a um mobiliário do reinado de D. João VI, pode-se afirmar que (A) os materiais e as ferramentas usados na confecção do mobiliário de Fernando e Humberto Campa na, assim como os materiais e as ferramentas utilizados na confecção do mobiliário do reinado de D. João VI, determinaram a estética das cadeiras. (B) as formas predominantes no mobiliário de Fernando e Humberto Campana são complexas, enquanto que as formas do mobiliário do reinado de D. João VI são simples, geométricas e elásticas. (C) o artesanato é o atual processo de criação de mobiliários empregado por Fernando e Humberto Campana, enquanto que o mobiliário do reinado de D. João VI foi industrial. 404 Questões do ENEM (D) ao longo do tempo, desde o reinado de D. João VI, o mobiliário foi se adaptando consoante as necessidades humanas, a capacidade técnica e a sensibilidade estética de uma sociedade. (E) o mobiliário de Fernando e Humberto Campana, ao contrário daquele do reinado de D. João VI, considera primordialmente o conforto que a cadeira pode proporcionar, ou seja, a função em detrimento da forma. 3.2 Conteúdos estruturantes das linguagens artísticas briedade, do concreto e do civismo. Esses artistas misturaram o passado ao presente, retratando os personagens da nobreza e da burguesia, além de cenas míticas e histórias cheias de vigor. RAZOUK. J. J. (Org.). Histórias reais e belas nas telas. Posigraf: 2003. Atualmente, os artistas apropriam-se de desenhos, charges, grafismo e até de ilustrações de livros para compor obras em que se misturam personagens de diferentes épocas, como na seguinte imagem: 77. (ENEM 2011) (A) Romero Brito.”Gisele e Tom”. (B) Andy Warhol. “Michael Jackson”. (C) Funny Filez.”Monabean”. (D) Andy Warhol. “Marlyn Monroe”. (E) Pablo Picasso. “Retrato de Jaqueline Roque com as Mãos Cruzadas”. LElRNER, N. Tronco com cadeira (detalhe), 1964. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br. Acesso em: 27 jul. 2010. Nessa estranha dignidade e nesse abandono, o objeto foi exaltado de maneira ilimitada e ganhou um significado que se pode considerar mágico. Daí sua “vida inquietante e absurda”. Tornou-se ídolo e, ao mesmo tempo, objeto de zombaria. Sua realidade intrínseca foi anulada. JAFFÉ, A. O simbolismo nas artes plásticas. In: JUNG, C.G. (org.). O homem e os seus símbolos. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008. A relação observada entre a imagem e o texto apresentados permite o entendimento da intenção de um artista contemporâneo. Neste caso, a obra apresenta características (A) funcionais e de sofisticação decorativa. (B) futuristas e do abstrato geométrico. (C) construtivistas e de estruturas modulares. (D) abstracionistas e de releitura do objeto. (E) figurativas e de representação do cotidiano. 78. (ENEM 2010) Na busca constante pela sua evolução, o ser humano vem alternando a sua maneira de pensar, de sentir e de criar. Nas últimas décadas do século XVIII e no início do século XIX, os artistas criaram obras em que predominam o equilíbrio e a simetria de formas e cores, imprimindo um estilo caracterizado pela imagem da respeitabilidade, da so- 405 Questões do ENEM 79. (ENEM 2009) 80. (ENEM 2009) Os melhores críticos da cultura brasileira trataram-na sempre no plural, isto é, enfatizando a coexistência no Brasil de diversas culturas. Arthur Ramos distingue as culturas não europeias (indígenas, negras) das europeias (portuguesa, italiana, alemã etc.), e Darcy Ribeiro fala de diversos Brasis: crioulo, caboclo, sertanejo, caipira e de Brasis sulinos, a cada um deles correspondendo uma cultura especifica. Quatro olhos, quatro mãos e duas cabeças formam a dupla de grafiteiros “Osgemeos”. Eles cresceram pintando muros do bairro Cambuci, em São Paulo, e agora têm suas obras expostas na conceituada Deítch Gallery em Nova lorque, prova de que o grafite feito no Brasil é apreciado por outras culturas. Muitos lugares abandonados e sem manutenção pelas prefeituras das cidades tomam-se mais agradáveis e humanos com os grafites pintados nos muros. Atualmente, instituições públicas educativas recorrem ao grafite como forma de expressão artística, o que propicia a inclusão social de adolescentes carentes, demonstrando que o grafite é considerado uma categoria de arte aceita e reconhecida pelo campo da cultura e pela sociedade local e internacional. MORAIS, F. O Brasil na visão do artista o país e sua cultura. São Paulo: Sudameris, 2003. Considerando a hipótese de Darcy Ribeiro de que há vários Brasis, a opção em que a obra mostrada representa a arte brasileira de origem negro-africana é: (A) Rubem Valentim. Disponível em:http://www.ocaixote.com.br. Acesso: em 9 jul. 2009. (B) Athos Bulcão. Disponivel em: http://www.irbr.mre.gov.br. Acesso: em 9 jul. 2009 Disponível em: http://www.flickr.com. Acesso em: 10 set. 2008 (adaptado). No processo social de reconhecimento de valores culturais, considera-se que (A) grafite é o mesmo que pichação e suja a cidade, sendo diferente da obra dos artistas. (B) a população das grandes metrópoles depara-se com muitos problemas sociais, como os grafites e as pichações. (C) atualmente, a arte não pode ser usada para inclusão social, ao contrário do grafite. (D) os grafiteiros podem conseguir projeção internacional, demonstrando que a arte do grafite não tem fronteiras culturais. (E) lugares abandonados e sem manutenção tomam-se ainda mais desagradáveis com a aplicação do grafite. 81. (ENEM 2009) (C) Rubens Gerchman. Disponível em: http://www.itaucultural.org. br. Acesso em: 6 jul. 2009. (D) Victor Vassarely. Disponível em: http://www.masterworksfineart. com. Acesso em: 5 jul. 2009. (E) Gougon. Disponivel em: http:// www.ocaixote.com.br. Acesso em 5 set. 2009. 406 TEXTO A OITICICA, H. Metaesquema I, 1958. Guache s/ cartão, 52 cm x 64 cm. Museu de Arte Contemporânea – MAC/USP Disponível em: http://www.mac.usp.br. Acesso em: 01 de maio 2009 Questões do ENEM TEXTO B Metaesquema I Alguns artistas remobilizam as linguagens geométricas no sentido de permitir que o apreciador participe da obra de forma mais efetiva. Nesta obra, como o próprio nome define: meta - dimensão virtual de movimento, tempo e espaço; esquema - estruturas, os Metaesquemas são estruturas que parecem movimentar-se no espaço. Esse trabalho mostra o deslocamento de figuras geométricas simples dentro de um campo limitado: a superfície do papel. A isso podemos somar a observação da precisão na divisão e no espaçamento entre as figuras, mostrando que, além de transgressor e muito radical, Oiticica também era um artista extremamente rigoroso com a técnica. Disponível em: http://www.mac.usp.br. Acesso em: 02 maio 2009 (adaptado) Alguns artistas remobilizam as linguagens geométricas no sentido de permitir que o apreciador participe da obra de forma mais efetiva. Levando-se em consideração o texto e a obra Metaesquema I, reproduzidos acima, verifica-se que (A) a obra confirma a visão do texto quanto à ideia de estruturas que parecem se movimentar, no campo limitado do papel, procurando envolver de maneira mais efetiva o olhar do observador. (B) a falta de exatidão no espaçamento entre as figuras (retângulos) mostra a falta de rigor da técnica empregada, dando à obra um estilo apenas decorativo. (C) Metaesquema I é uma obra criada pelo artista para alegrar o dia-a-dia, ou seja, de caráter utilitário. (D) a obra representa a realidade visível, ou seja, espelha o mundo de forma concreta. (E) a visão da representação das figuras geométricas é rígida, propondo uma arte figurativa. 82. (ENEM 2009) Observe a obra “Objeto Cinético”, de Abraham Palatnik, 1966 A arte cinética desenvolveu-se a partir de um interesse de um artista plástico pela criação de objetos que se moviam por meio de motores ou outros recursos mecânicos. A obra “objeto cinético” do artista plástico brasileiro Abraham Palatnik, pioneiro da arte cinética, (A) é uma arte do espaço e da luz. (B) muda com o tempo, pois produz movimento. (C) capta e dissemina luz em sua ondulações. (D) é assim denominada, pois explora efeitos retinianos. (E) explora o quanto a luz pode ser usada para criar movimento. 83. (EXAMES DO MEC) CANTEIROS E eu ainda sou bem moço pra tanta tristeza, Deixemos de coisa, cuidemos da vida, Senão chega a morte Ou coisa parecida E nos arrasta moço Sem ter visto a vida. MElRELES, Cecília. Centeiros. In: Raimundo Fagner ao vivo. Ed Warner / Chappel. 2000. Recentemente, o compositor e intérprete Fagner acrescentou música ao poema Canteiros, de Cecilia Meireles, associando duas manifestações artísticas. Com isso, o compositor (A) prestigiou tanto a literatura quanto a música popular. (B) divulgou a temàtica das belezas naturais do Nordeste. (C) valorizou aspectos ainda pouco conhecidos da história do país. (D) prejudicou o valor literário do poema na medida em que o popularizou. 84. (EXAMES DO MEC) Disponível em: http://www.cronopios.com.br Acesso em: 29 abr. 2009 407 Cândido Portinari, Retirantes. 1944 Questões do ENEM 86. (EXAMES DO MEC) Quando olhei a terra ardendo Qual fogueira de São João Eu perguntei a Deus do céu, ai! Porque tamanha judiação Que braseiro, que fornalha Nem um pé de plantação Por falta d’água perdi meu gado Morreu de sede meu alazão Luiz Gonzaga e Humberlo Teixeira, Asa Branca. O pintor brasileiro Cândido Portinari representa, no quadro Retirantes, uma cena brasileira semelhante ao que expressa a letra da música Asa Branca, de Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira. Essa cena representa o problema (A) da falta d’água nas plantações de todo o Brasil. (B) da seca no nordeste brasileiro. (C) do incêndio no nordeste brasileiro. (D) do sofrimento de todas as crianças brasileiras. 85. (EXAMES DO MEC) No texto acima, a arte africana é reconhecida como influente na tradição .................... em especial nos trabalhos do artista espanhol .................... e nas esculturas expressionistas em madeira, como a de .................... . A opção que completa Observe: corretamente as lacunas é (A) americana, Barlach, Pablo Picasso. (B) européia, Barlach, Pablo Picasso. (C) americana, Pablo Picasso, Barlach. (D) européia, Pablo Picasso, Barlach. 87. (ENEM 2007) Profeta Oséias Antônio Francisco Lisboa (1730-1814), conhecido por Aleijadinho, é um símbolo mundial. Influenciado pelas esculturas barrocas da Europa, que conheceu por gravuras, criou um estilo barroco particular, trabalhando com madeira e pedra-sabão. A tendência barroca é manifestada em sua obra (A) na imobilidade de suas figuras. (B) nos detalhes que sugerem ação. (C) na indiferença das fisionomias. (D) na dissonância com a arquitetura. Antonio Rocco. Os imigrantes, 1910, Pinacoteca do Estado de São Paulo Um dia, os imigrantes aglomerados na amurada da proa chegavam à fedentina quente de um porto, num silêncio de mato e de febre amarela. Santos. - É aqui! Buenos Aires é aqui! - Tinham trocado 408 Questões do ENEM o rótulo das bagagens, desciam em fila. Faziam suas necessidades nos trens dos animais onde iam. Jogavam-nos num pavilhão comum em São Paulo. - Buenos Aires é aqui! - Amontoados com trouxas, sanfonas e baús, num carro de bois, que pretos guiavam através do mato por estradas esburacadas, chegavam uma tarde nas senzalas donde acabava de sair o braço escravo. Formavam militarmente nas madrugadas do terreiro homens e mulheres, ante feitores de espingarda ao ombro. Oswald de Andrade. Marco Zero II - Chão Rio de Janeiro. Globo, 1991 Levando-se em consideração o texto de Oswald de Andrade e a pintura de Antonio Rocco reproduzida acima, relativos à imigração europeia para o Brasil, é correto afirmar que (A) a visão da imigração presente na pintura é trágica e, no texto, otimista. (B) a pintura confirma a visão do texto quanto à imigração de argentinos para o Brasil. (C) os dois autores retratam dificuldades dos imigrantes na chegada ao Brasil. (D) Antonio Rocco retrata de forma otimista a imigração, destacando o pioneirismo do imigrante. (E) Oswald de Andrade mostra que a condição de vida do imigrante era melhor que a dos ex-escravos. 88. (ENEM 2007) Cândido Portinari (1903-1962), um dos mais importantes artistas brasileiros do século XX, tratou de diferentes aspectos da nossa realidade em seus quadros. Sobre a temática dos “Retirantes”, Portinari também escreveu o seguinte poema: ( ... ) Os retirantes vêm vindo com trouxas e embrulhos Vêm das terras secas e escuras; pedregulhos Doloridos como fagulhas de carvão aceso Corpos disformes, uns panos sujos, Rasgados e sem cor, dependurados Homens de enorme ventre bojudo Mulheres com trouxas caídas para o lado Pançudas, carregando ao colo um garoto Choramingando. remelento ( ... ) (Cândido Portinari. Poemas. Rio de Janeiro J Olympio. 1964) Das quatro obras reproduzidas, assinale aquelas que abordam a problemática que é tema do poema. (A) 1 e 2 (B) 1 e 3 (C) 2 e 3 (D) 3 e 4 (E) 2 e 4 89. (ENEM 2002) A leitura do poema Descrição da guerra em Guernica traz à lembrança o famoso quadro de Picasso. (...) Entra pela janela o anjo camponês, com a terceira luz na mão; minucioso habituado aos interiores de cereal, aos utensílios que dormem na fuligem; os seus olhos rurais não compreendem bem os símbolos desta colheita: hélices. motores furiosos; e estende mais o braço; planta no ar, como uma árvore a chama do candeeiro. (...) Carlos de Oliveira m ANDRADE Eugénio. Antologia Pessoal da Poesia Portuguesa. Porto; Campo das Letras. 1999 Uma análise cuidadosa do quadro permite que se identifiquem as cenas referidas nos trechos do poema. Pablo Picasso, Guernica. 1937 Museu Nacional Centro de Arte Reina Sofia Madri 409 Questões do ENEM Pedro João Boa-Morte, lavrador de Chapadinha: talvez tenha morte boa porque vida ele não tinha. Podem ser relacionadas ao texto lido as partes: (A) a1, a2, a3 (B) f1, e1, d1 (C) e1, d1, c1 (D) c1, c2, c3 (E) e1, e2, e3 (GULLAR, Ferreira. Toda poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1983) 90. (ENEM 2000) Em muitos jornais, encontramos charges, quadrinhos, ilustrações, inspirados nos fatos noticiados. Veja um exemplo: (E) Trago-te flores, – restos arrancados Da terra que nos viu passar E ora mortos nos deixa e separados. (ASSIS, Machado de. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguillar, 1986) 3.3. Estéticas e minorias 91. (ENEM 2009) Jornal do Comercio 22/8/93 O texto que se refere a uma situação semelhante à que inspirou a charge é: (A) Descansem o meu leito solitário Na floresta dos homens esquecida, À sombra de uma cruz, e escrevam nela - Foi poeta - sonhou - e amou na vida. (AZEVEDO Álvares de Poesias escolhidas Rio de Janeiro. Brasília: José Aguilar/INL 1971) (B) Essa cova em que estás Com palmos medida, é a conta menor que tiraste em vida. É de bom tamanho, Nem largo nem fundo, É a parte que te cabe deste latifúndio. WÉRÉ’ É TSI’RÓBÓ, E. A dança e o canto-celebração da existência xavante. VIS-Revista do Programa de PósGraduação em Arte da UnB. V. 5, n. 2, dez. 2006. (MELO NETO, João Cabral de. Morte e Vida Severina e outros poemas em voz alta. Rio de Janeiro: Sabiá, 1967) (C) Medir é a medida mede A terra, medo do homem, a lavra; lavra duro campo, muito cerco, vária várzea. (CHAMIE, Mário. Sábado na hora da escutas. São Paulo: Summums, 1978) (D) Vou contar para vocês um caso que sucedeu na Paraíba do Norte com um homem que se chamava A dança é importante para o índio preparar o corpo e a garganta e significa energia para o corpo, que fica robusto. Na aldeia, para preparo físico, dançamos desde cinco horas da manhã até seis horas da tarde, passa-se o dia inteiro dançando quando os padrinhos planejam a dança dos adolecentes. O padrinho é como um professor, um preparador físico dos adolescentes. Por exemplo, o padrinho sonha com um determinado canto e planeja para todos entoarem. Todos os tipos de dança vêm dos primeiros xavantes: Wamar dzadadzeiwaw , Butséwaw , Tseretomodzatsewaw , que foram descobrindo através da sabedoria como iria ser a cultura Xavante. Até hoje existe essa cultura, essa celebração. Quando o adolescente fura a orelha é obrigatório ele dançar toda a noite, tem de acordar meia-noite para dançar e cantar, é obrigatório, eles vão chamando um ao outro com um grito especial. (A) partir das informações sobre a dança Xavante, conclui-se que o valor da diversidade artística e da tradição cultural apresentados originam-se da A iniciativa individual do indígena para a prática da dança e do canto. (B) excelente forma física apresentada pelo povo Xavante. (C) multiculturalidade presente na sua manifestação cênica. (D) inexistência de um planejamento da estética da dança, caracterizada pelo ineditismo. (E) preservação de uma identidade entre a gestualidade ancestral e a novidade dos cantos a serem entoados. 410 Questões do ENEM 92. (EXAMES DO MEC) 3.4 Artes Visuais O único espaço público que temos é o bar. Não temos outras áreas de lazer”, 94. (ENEM 2011) Folha de S Paulo, 15/5/2006 A fala acima é do produtor cultural e poeta Sérgio Vazo Ele coordena o projeto COPERIFA (Cooperativa Cultural da Periferia), em que poetas da periferia da Zona Sul da cidade de São Paulo reúnemse no boteco do Zé Batidão, para realizar saraus de poesias, que chegam a reunir 400 pessoas. Com o projeto, o bar tornou-se um espaço que oferece á comunidade local acesso (A) á arte e ao entretenimento. (B) ás notícias e informações. (C) á escolarização formal. (D) a postos de trabalho. 93. (ENEM 2004) O movimento hip-hop é tão urbano quanto as grandes construções de concreto e as estações de metrô, e cada dia se torna mais presente nas grandes metrópoles mundiais. Nasceu na periferia dos bairros pobres de Nova Iorque. É formado por três elementos: a música (o rap), as artes plásticas (o grafite) e a dança (o break). No hip-hop os jovens usam as expressões artísticas como uma forma de resistência política. Enraizado nas camadas populares urbanas, o hip-hop afirmou-se no Brasil e no mundo com um discurso político a favor dos excluídos, sobretudo dos negros. Apesar de ser um movimento originário das periferias norte-americanas, não encontrou barreiras no Brasil, onde se instalou com certa naturalidade – o que, no entanto, não significa que o hip-hop brasileiro não tenha sofrido influências locais. O movimento no Brasil é híbrido: rap com um pouco de samba, break parecido com capoeira e grafite de cores muito vivas. (Adaptado de Ciência e Cultura, 2004) De acordo com o texto, o hip-hop é uma manifestação artística tipicamente urbana, que tem como principais características PICASSO, P. Guernica. Óleo sobre tela. 349 X 777 cm. Museu Reina Sofa, Espanha, 1937. Disponível em: http://www.fddreis. fles.wordpress.com. Acesso em: 26 jul. 2010. O pintor espanhol Pablo Picasso (1881-1973), um dos mais valorizados no mundo artístico, tanto em termos financeiros quanto históricos, criou a obra Guernica em protesto ao ataque aéreo à pequena cidade basca de mesmo nome. A obra, feita para integrar o Salão Internacional de Artes Plásticas de Paris, percorreu toda a Europa, chegando aos EUA e instalando-se no MoMA, de onde sairia apenas em 1981. Essa obra cubista apresenta elementos plásticos identificados pelo (A) painel ideográfico, monocromático, que enfoca várias dimensões de um evento, renunciando à realidade, colocando-se em plano frontal ao espectador. (B) horror da guerra de forma fotográfica, com o uso da perspectiva clássica, envolvendo o espectador nesse exemplo brutal de crueldade do ser humano. (C) uso das formas geométricas no mesmo plano, sem emoção e expressão, despreocupado com o volume, a perspectiva e a sensação escultórica. (D) esfacelamento dos objetos abordados na mesma narrativa, minimizando a dor humana a serviço da objetividade, observada pelo uso do claro-escuro. (E) uso de vários ícones que representam personagens fragmentados bidimensionalmente, de forma fotográfica livre de sentimentalismo. 95. (ENEM 2011) (A) a ênfase nas artes visuais e a defesa do caráter nacionalista. (B) a alienação política e a preocupação com o conflito de gerações. (C) a afirmação dos socialmente excluídos e a combinação de linguagens. (D) a integração de diferentes classes sociais e a exaltação do progresso. (E) a valorização da natureza e o compromisso com os ideais norte-americanos. 411 Brasília 50 anos. Veja. N° 2 138, nov. 2009. Questões do ENEM Utilizadas desde a Antiguidade, as colunas, elementos verticais de sustentação, foram sofrendo modificações e incorporando novos materiais com ampliação de possibilidades. Ainda que as clássicas colunas gregas sejam retomadas, notáveis inovações são percebidas, por exemplo, nas obras de Oscar Niemeyer, arquiteto brasileiro nascido no Rio de Janeiro em 1907. No desenho de Niemeyer, das colunas do Palácio da Alvorada, observa-se (A) a presença de um capitel muito simples, reforçando a sustentação. (B) o traçado simples de amplas linhas curvas opostas, resultando em formas marcantes. (C) a disposição simétrica das curvas, conferindo saliência e distorção à base. (D) a oposição de curvas em concreto, configurando certo peso e rebuscamento. (E) o excesso de linhas curvas, levando a um exagero na ornamentação. 96. (ENEM 2010) MONET, C. Mulher com sombrinha. 1875, 100x81cm. In: BECKETT, W. História da pintura. São Paulo: Ática, 1997. Em busca de maior naturalismo em suas obras e fundamentando-se em novo conceito estético, Monet, Degas, Renoir e outros artistas passaram a explorar novas formas de composição artística, que resultaram no estilo denominado Impressionismo. Observadores atentos da natureza, esses artistas passaram a (D) usar pinceladas rápidas de cores puras e dissociadas diretamente na tela, sem misturá-Ias antes na paleta. (E) usar as sombras em tons de cinza e preto e com efeitos esfumaçados, tal como eram realizadas no Renascimento. 97. (ENEM 2010) “Todas as manhãs quando acordo, experimento um prazer supremo: o de ser Salvador Dali.” NÉRET, G. Salvador Dali. Taschen, 1996. Assim escreveu o pintor dos “relógios moles” e das “girafas em chamas” em 1931. Esse artista excêntrico deu apoio ao general Franco durante a Guerra Civil Espanhola e, por esse motivo, foi afastado do movimento surrealista por seu líder, André Breton. Dessa forma, Dalí criou seu próprio estilo, baseado na interpretação dos sonhos e nos estudos de Sigmund Freud, denominado “método de interpretação paranoico”. Esse método era constituído por textos visuais que demonstram imagens (A) do fantástico, impregnado de civismo pelo governo espanhol, em que a busca pela emoção e pela dramaticidade desenvolveram um estilo incomparável. (B) do onírico, que misturava sonho com realidade e interagia refletindo a unidade entre o consciente e o inconsciente como um universo único ou pessoal. (C) da linha inflexível da razão, dando vazão a uma forma de produção despojada no traço, na temática e nas formas vinculadas ao real. (D) do reflexo que, apesar do termo “paranoico”, possui sobriedade e elegância advindas de uma técnica de cores discretas e desenhos precisos. (E) da expressão e intensidade entre o consciente e a liberdade, declarando o amor pela forma de conduzir o enredo histórico dos personagens retratados. 98. (ENEM 2010) (A) retratar, em suas obras, as cores que idealizavam de acordo com o reflexo da luz solar nos objetos. (B) usar mais a cor preta, fazendo contornos nítidos, que melhor definiam as imagens e as cores do objeto representado. (C) retratar paisagens em diferentes horas do dia, recriando, em suas telas, as imagens por eles idealizadas. 412 AMARAL, Tarsila do. O mamoeiro. 1925, óleo sobre tela, 65x70, IEB//USP. Questões do ENEM O modernismo brasileiro teve forte influência das vanguardas europeias. A partir da Semana de Arte Moderna, esses conceitos passaram a fazer parte da arte brasileira definitivamente. Tomando como referência o quadro O mamoeiro, identifica-se que, nas artes plásticas, a (A) imagem passa a valer mais que as formas vanguardistas. (B) forma estética ganha linhas retas e valoriza o cotidiano. (C) natureza passa a ser admirada como um espaço utópico. (D) imagem privilegia uma ação moderna e industrializada. (E) forma apresenta contornos e detalhes humanos. O quadro Café faz uma representação exagerada dos pés e mãos dos trabalhadores. Tal exagero cumpre a função de sugerir que os trabalhadores (A) ganhavam pouco pelos serviços prestados. (B) usavam muita força física no trabalho rural. (C) plantavam e colhiam para seu próprio benefício. (D) eram solidários na divisão do trabalho. 101. (EXAMES DO MEC) O Santuário do Bom Jesus de Matosinhos, em Congonhas do Campo, Minas Gerais, possui o mais importante conjunto de obras do artista brasileiro apelidado Aleijadinho. Lá estão as capelas pintadas com as cenas da paixão de Cristo e as esculturas dos Profetas bíblicos, destacando o caráter 99. (ENEM 2009) (A) social da obra de Aleijadinho. (B) político da obra de Aleijadinho. (C) econômico da obra de Aleijadinho. (D) religioso da obra de Aleijadinho. 102. (EXAMES DO MEC) Estão tirando o verde da nossa terra Disponível em: http://www.helíorubíales.zip.net A figura é uma adaptação da bandeira nacional. O uso dessa imagem no anúncio tem como principal objetivo (A) mostrar à população que a Mata Atlântica é mais importante para o país do que a ordem e o progresso. (B) criticar a estética da bandeira nacional, que não reflete com exatidão a essência do país que representa. (C) informar à população sobre a alteração que a bandeira oficial do país sofrerá. (D) alertar a população para o desmatamento da Mata Atlântica e fazer um apelo para que as derrubadas acabem. (E) incentivar as campanhas ambientalistas e ecológicas em defesa da Amazônia. As crianças do interior do Brasil se vestem de anjos para comparecer às procissões e festas da Igreja Católica. A pintora Tarsila do Amaral reproduz no quadro Anjos, de 1924, uma dessas cenas onde se veem rostos amorenados, representando, com isso, a 100. (EXAMES DO MEC) O pintor Portinari representou em seus quadros muitos problemas sociais do Brasil de sua época. (A) pobreza do mundo religioso. (B) tristeza do povo religioso. (C) mistura de povos no Brasil. (D) variedade de crenças no Brasil. 413 Questões do ENEM 103 (EXAMES DO MEC) O artista popular Mestre Vitalino modelava em barro pequenas figuras humanas que contam a vida do Agreste de Pernambuco. Esta obra de Mestre Vitalino retrata um comportamento característico do povo nordestino que, em época de seca, 105. (ENEM 2005) Os transgênicos vêm ocupando parte da imprensa com opiniões ora favoráveis ora desfavoráveis. Um organismo ao receber material genético de outra espécie, ou modificado da mesma espécie, passa a apresentar novas características. Assim, por exemplo, já temos bactérias fabricando hormônios humanos, algodão colorido e cabras que produzem fatores de coagulação sanguínea humana. O belga René Magritte (1896-1967), um dos pintores surrealistas mais importantes, deixou obras enigmáticas. Caso você fosse escolher uma ilustração para um artigo sobre os transgênicos, qual das obras de Magritte, abaixo, estaria mais de acordo com esse tema tão polêmico? (A) (A) permanece no mesmo lugar. (B) colhe os frutos da lavoura. (C) molha a terra constantemente. (D) abandona suas terras. (C) (B) (D) 104. (ENEM/2008) (E) 106. (ENEM 2003) Jean-Baptiste Debret. Entrudo, 1834. A primeira imagem abaixo (publicada no século XVI) mostra um ritual antropofágico dos índios do Brasil. A segunda mostra Tiradentes esquartejado por ordem dos representantes da Coroa portuguesa. Na obra Entrudo, de Jean-Baptiste Debret (17681848), apresentada acima, (A) registram-se cenas da vida íntima dos senhores de engenho e suas relações com os escravos. (B) identifica-se a presença de traços marcantes do movimento artístico denominado Cubismo. (C) identificam-se, nas fisionomias, sentimentos de angústia e inquietações que revelam as relações conflituosas entre senhores e escravos. (D) observa-se a composição harmoniosa e destacam-se as imagens que representam figuras humanas. (E) constata-se que o artista utilizava a técnica do óleo sobre tela, com pinceladas breves e manchas, sem delinear as figuras ou as fisionomias. 10 km tempo O 1 2 414 (Theodor De Bry - século XVI) Questões do ENEM O texto aponta no quadro de Tarsila do Amaral um tema que também se encontra nos versos transcritos em: (A) “Pensem nas meninas Cegas inexatas Pensem nas mulheres Rotas alteradas.” (B) “Somos muitos severinos iguais em tudo e na sina: a de abrandar estas pedras suando-se muito em cima.” (Pedro Américo. Tiradentes esquartejado, 1893) A comparação entre as reproduções possibilita as seguintes afirmações: I. Os artistas registraram a antropofagia e o esquartejamento praticados no Brasil. II. A antropofagia era parte do universo cultural indígena e o esquartejamento era uma forma de se fazer justiça entre luso-brasileiros. III. A comparação das imagens faz ver como é relativa a diferença entre “bárbaros” e “civilizados”, indígenas e europeus. Está correto o que se afirma em: (A) I apenas. (B) II apenas. (C) III apenas. (D) I e II apenas. (E) I, II e III. (Vinícius de Moraes) (João Cabral de Melo Neto) (C) “O funcionário público não cabe no poema com seu salário de fome sua vida fechada em arquivos.” (Ferreira Gullar) (D) “Não sou nada. Nunca serei nada. Não posso querer ser nada. À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.” (Fernando Pessoa) (E) “Os inocentes do Leblon Não viram o navio entrar (...) Os inocentes, definitivamente inocentes tudo ignoravam, mas a areia é quente, e há um óleo suave que eles passam pelas costas, e aquecem.” (Carlos Drummond de Andrade) 108. (ENEM 2002) O autor da tira utilizou os princípios de composição de um conhecido movimento artístico para representar a necessidade de um mesmo observador aprender a considerar, simultaneamente, diferentes pontos de vista. 107. (ENEM 2003) Desiguais na fisionomia, na cor e na raça, o que lhes assegura identidade peculiar, são iguais enquanto frente de trabalho. Num dos cantos as chaminés das indústrias se alçam verticalmente. No mais, em todo o quadro, rostos colados: um ao lado do outro, em pirâmide que tende a se prolongar infinitamente, como mercadoria que se acumula, pelo quadro a fora. (Nádia Gotlib. Tarsila do Amaral, a modernista.) 415 Questões do ENEM Das obras reproduzidas, todas de autoria do pintor espanhol Pablo Picasso, aquela em cuja composição foi adotado um procedimento semelhante é: (A) (B) 3.5. Teatro 109. (ENEM 2010) O Arlequim, o Pierrô, a Brighella ou a Colombina são personagens típicos de grupos teatrais da Commedia dell’art, que, há anos, encontram-se presentes em marchinhas e fantasias de carnaval. Esses grupos teatrais seguiam, de cidade em cidade, com faces e disfarces, fazendo suas críticas, declarando seu amor por todas as belas jovens e, ao final da apresentação, despediam-se do público com músicas e poesias. A intenção desses atores era expressar sua mensagem voltada para a Os amantes (A) crença na dignidade do clero e na divisão entre o mundo real e o espiritual. (B) ideologia de luta social que coloca o homem no centro do processo histórico. (C) crença na espiritualidade e na busca incansável pela justiça social dos feudos. (D) ideia de anarquia expressa pelos trovadores iluministas do início do século XVI. (E) ideologia humanista com cenas centradas no homem, na mulher e no cotidiano. Retrato de Françoise 110. (ENEM 2009) (C) Os pobres da praia (D) Os dois saltimbancos Gênero dramático é aquele em que o artista usa como intermediária entre si e o público a representação. A palavra vem do grego drao (fazer) e quer dizer ação. A peça teatral é, pois, uma composição literária destinada à apresentação por atores em um palco, atuando e dialogando entre si. O texto dramático é complementado pela atuação dos atores no espetáculo teatral e possui uma estrutura específica, caracterizada: 1) pela presença de personagens que devem estar ligados com lógica uns aos outros e à ação; 2) pela ação dramática (trama, enredo), que é o conjunto de atos dramáticos, maneiras de ser e de agir das personagens encadeadas à unidade do efeito e segundo uma ordem composta de exposição, conflito, complicação, clímax e desfecho; 3) pela situação ou ambiente, que é o conjunto de circunstâncias físicas, sociais, espirituais em que se situa a ação; 4) pelo tema, ou seja, a ideia que o autor (dramaturgo) deseja expor, ou sua interpretação real por meio da representação. COUTINHO, A. Notas de teoria literária. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1973 (adaptado). Considerando o texto e analisando os elementos que constituem um espetáculo teatral, conclui-se que (E) Marie-Thérèse apoiada no cotovelo (A) a criação do espetáculo teatral apresenta-se como um fenômeno de ordem individual, pois não é possível sua concepção de forma coletiva. (B) o cenário onde se desenrola a ação cênica é concebido e construído pelo cenógrafo de modo autônomo e independente do tema da peça e 416 Questões do ENEM do trabalho interpretativo dos atores. (C) o texto cênico pode originar-se dos mais variados gêneros textuais, como contos, lendas, romances, poesias, crônicas, notícias, imagens e fragmentos textuais, entre outros. (D) o corpo do ator na cena tem pouca importância na comunicação teatral, visto que o mais importante é a expressão verbal, base da comunicação cênica em toda a trajetória do teatro até os dias atuais. (E) a iluminação e o som de um espetáculo cênico independem do processo de produção/recepção do espetáculo teatral, já que se trata de linguagens artísticas diferentes, agregadas posteriormente à cena teatral. 3.6. Música 112. (ENEM 2011) Pequeno concerto que virou canção Não, não há por que mentir ou esconder A dor que foi maior do que é capaz meu coração Não, nem há por que seguir cantando só para explicar Não vai nunca entender de amor quem nunca soube amar Ah, eu vou voltar pra mim Seguir sozinho assim Até me consumir ou consumir toda essa dor Até sentir de novo o coração capaz de amor VANDRÉ, G. Disponível em: http://www.letras.terra.com.br. Acesso em: 29 jun. 2011. 111. (ENEM 2009) Teatro do Oprimido é um método teatral que sistematiza exercícios, jogos e técnicas teatrais elaboradas pelo teatrólogo brasileiro Augusto Boal, recentemente falecido, que visa à desmecanização física e intelectual de seus praticantes. Partindo do princípio de que a linguagem teatral não deve ser diferenciada da que é usada cotidianamente pelo cidadão comum (oprimido), ele propõe condições práticas para que o oprimido se aproprie dos meios do fazer teatral e, assim, amplie suas possibilidades de expressão. Nesse sentido, todos podem desenvolver essa linguagem e, consequentemente, fazer teatro. Trata-se de um teatro em que o espectador é convidado a substituir o protagonista e mudar a condução ou mesmo o fim da história, conforme o olhar interpretativo e contextualizado do receptor. Companhia Teatro do Oprimido. Disponível em: www.ctorio.org.br. Acesso em: 1 jul. 2009 (adaptado). Considerando-se as características do Teatro do Oprimido apresentadas, conclui-se que (A) esse modelo teatral é um método tradicional de fazer teatro que usa, nas suas ações cênicas, a linguagem rebuscada e hermética falada normalmente pelo cidadão comum. (B) a forma de recepção desse modelo teatral se destaca pela separação entre atores e público, na qual os atores representam seus personagens e a plateia assiste passivamente ao espetáculo. (C) sua linguagem teatral pode ser democratizada e apropriada pelo cidadão comum, no sentido de proporcionar-lhe autonomia crítica para compreensão e interpretação do mundo em que vive. (D) o convite ao espectador para substituir o protagonista e mudar o fim da história evidencia que a proposta de Boal se aproxima das regras do teatro tradicional para a preparação de atores. (E) a metodologia teatral do Teatro do Oprimido segue a concepção do teatro clássico aristotélico, que visa à desautomação física e intelectual de seus praticantes. Na canção de Geraldo Vandré, tem-se a manifestação da função poética da linguagem, que é percebida na elaboração artística e criativa da mensagem, por meio de combinações sonoras e rítmicas. Pela análise do texto, entretanto, percebe-se, também, a presença marcante da função emotiva ou expressiva, por meio da qual o emissor (A) imprime à canção as marcas de sua atitude pessoal, seus sentimentos. (B) transmite informações objetivas sobre o tema de que trata a canção. (C) busca persuadir o receptor da canção a adotar um certo comportamento. (D) procura explicar a própria linguagem que utiliza para construir a canção. (E) objetiva verificar ou fortalecer a eficiência da mensagem veiculada. 113. (ENEM 2009) A música pode ser definida como a combinação de sons ao longo do tempo. Cada produto final oriundo da infinidade de combinações possíveis será diferente, dependendo da escolha das notas, de suas durações, dos instrumentos utilizados, do estilo de música, da nacionalidade do compositor e do período em que as obras foram compostas. 417 Figura 1 Questões do ENEM 114. (EXAMES DO MEC) Comecei a trabalhar na roça com 11 anos. Trabalhava até o meio-dia, ia buscar o almoço do meu pai na cidede e levava para a roça. Voltava de novo para estudar. Às vezes chegava cansado do trabalho, não tinha nem coragem para tomar banho, para almoçar. Aí ia para a escola, chegava lá meio por fora. Achei melhor parar de estudar. Eu sou pobre, não tenho nada. Continuei só na roça. Figura 2 E. F. S., 17 anos, agricultor, Folhateen, Folha de S. Paulo, 01 de junho de 2002. Entre os problemas enfrentados pelo estudante, E. F. S. reclama especialmente (A) da distância entre a escola e sua casa. (B) da sobrecarga de trabalho enquanto estuda. (C) da falta de amigos na escola. (D) da falta de apoio de sua família. Figura 3 3.7. Dança 115. (ENEM 2011) Figura 4 Figura 1 -http://images.quebarato.com.br/photos/big/2/ D/15A12D_2.jpg. Figura 2 -http://ourinhos.prefeituramunicipal.net/dados/ fotos/2009/07/07/normal. Figura 3 -http://www.edmontonculturalcapital.com/gallery/ edjazzfestival/JazzQuartet.jpg. Figura 4 -http://www.filmica.com/jacintaescudos/archivos/LedZeppelin.jpg. Das figuras que apresentam grupos musicais em ação, pode-se concluir que o(os) grupo(s) mostrado(s) na(s) figura(s) (A) 1 executa um gênero característico da música brasileira, conhecido como chorinho. (B) 2 executa um gênero característico da música clássica, cujo compositor mais conhecido é Tom Jobim. (C) 3 executa um gênero característico da música europeia, que tem como representantes Beethoven e Mozart. (D) 4 executa um tipo de música caracterizada pelos instrumentos acústicos, cuja intensidade e nível de ruído permanecem na faixa dos 30 aos 40 decibéis. (E) 1 a 4 apresentam um produto final bastante semelhante, uma vez que as possibilidades de combinações sonoras ao longo do tempo são limitadas. A dança é um importante componente cultural da humanidade. O folclore brasileiro é rico em danças que representam as tradições e a cultura de várias regiões do país. Estão ligadas aos aspectos religiosos, festas, lendas, fatos históricos, acontecimentos do cotidiano e brincadeiras e caracterizamse pelas músicas animadas (com letras simples e populares), figurinos e cenários representativos. SECRETARIA DA EDUCAÇÃO. Proposta Curricular do Estado de São Paulo: Educação Física. São Paulo: 2009 (adaptado). A dança, como manifestação e representação da cultura rítmica, envolve a expressão corporal própria de um povo. Considerando-a como elemento folclórico, a dança revela (A) manifestações afetivas, históricas, ideológicas, intelectuais e espirituais de um povo, refletindo seu modo de expressar-se no mundo. (B) aspectos eminentemente afetivos, espirituais e de entretenimento de um povo, desconsiderando fatos históricos. (C) acontecimentos do cotidiano, sob influência mitológica e religiosa de cada região, sobrepondo aspectos políticos. (D) tradições culturais de cada região, cujas manifestações rítmicas são classificadas em um ranking das mais originais. (E) lendas, que se sustentam em inverdades históricas, uma vez que são inventadas, e servem apenas para a vivência lúdica de um povo. 418 Questões do ENEM 116. (ENEM 2010) O folclore é o retrato da cultura de um povo. A dança popular e folclórica é uma forma de representar a cultura regional, pois retrata seus valores, crenças, trabalho e significados. Dançar a cultura de outras regiões é conhecê-Ia, é de alguma forma se apropriar dela, é enriquecer a própria cultura. BREGOLATO, R. A. Cultura corporal da dança. São Paulo: Icone. 2007 As manifestações folclóricas perpetuam uma tradição cultural, é obra de um povo que a cria, recria e a perpetua. Sob essa abordagem deixa-se de identificar como dança folclórica brasileira (A) o Bumba-meu-boi, que é uma dança teatral onde personagens contam uma história envolvendo crítica social, morte e ressurreição. (B) a Quadrilha das festas juninas, que associam festejos religiosos a celebrações de origens pagãs envolvendo as colheitas e a fogueira. (C) o Congado, que é uma representação de um reinado africano onde se homenageia santos através de música, cantos e dança. (D) o Balé, em que se utilizam músicos, bailarinos e vários outros profissionais para contar uma história em forma de espetáculo. (E) o Carnaval, em que o samba derivado do batuque africano é utilizado com o objetivo de contar ou recriar uma história nos desfiles. 117. (ENEM 2010) Não é raro ouvirmos falar que o Brasil é o pais das danças ou um pais dançante. Essa nossa “fama” é bem pertinente, se levarmos em consideração a diversidade de manifestações rítmicas e expressivas existentes de Norte a Sul. Sem contar a imensa repercussão de nivel internacional de algumas delas. Danças trazidas pelos africanos escravizados, danças relativas aos mais diversos rituais, danças trazidas pelos imigrantes etc. Algumas preservam suas caracteristicas e pouco se transformaram com o passar do tempo, como o Iorró, o maxixe, o xote, o frevo. Outras foram criadas e são recriadas a cada instante: inúmeras influências são incorporadas, e as danças transformam-se, multiplicam-se. Nos centros urbanos, existem danças como o funk, o hip hop, as danças de rua e de salão. É preciso deixar claro que não há jeito certo ou errado de dançar. Todos podem dançar, independentemente de biótipo, etnia ou habilidade, respeitando-se as diferenciações de ritmos e estilos individuais. GASPARI, T. C Dança e educação física na escola: implicações para a prática pedagógica. Rio de Janeiro Guanabara Koogan. 2008 (adaptado) Com base no texto, verifica-se que a dança, presente em todas as épocas, espaços geográficos e culturais, é uma (A) prática corporal que conserva inalteradas suas formas, independentemente das influências culturais da sociedade. (B) forma de expressão corporal baseada em gestos padronizados e realizada por quem tem habilidade para dançar. (C) manifestação ritmica e expressiva voltada para as apresentações artísticas. sem que haja preocupação com a linguagem corporal. (D) prática que traduz os costumes de determinado povo ou região e está restrita a este. (E) representação das manifestações, expressões, comunicações e características culturais de um povo. 118. (ENEM 2009) No programa do balé Parade, apresentado em 18 de maio de 1917, foi empregada publicamente, pela primeira vez, a palavra surrealisme. Pablo Picasso desenhou o cenário e a indumentária, cujo efeito foi tão surpreendente que se sobrepôs à coreografia. A música de Erik Satie era uma mistura de jazz, música popular e sons reais tais como tiros de pistola, combinados com as imagens do balé de Charlie Chaplin, caubóis e vilões, mágica chinesa e Ragtime. Os tempos não eram propicies para receber a nova mensagem cênica demasiado provocativa devido ao repicar da máquina de escrever, aos zumbidos de sirene e dinamo e aos rumores de aeroplano previstos por Cocteau para a partitura de Satie. Já a ação coreográfica confirmava a tendência marcadamente teatral da gestualidade cênica, dada pela justaposição, colagem de ações isoladas seguindo um estímulo musical. SILVA. S. M. o surrealismo e a dança. GUINSBURG. J.; LEIRNER (Org.). O surrealismo. São Paulo: Perspectiva. 2008 (adaptado). As manifestações corporais na história das artes da cena muitas vezes demonstram as condições cotidianas de um determinado grupo social, como se pode observar na descrição acima do balé Parade, o qual reflete (A) a falta de diversidade cultural na sua proposta estética. (B) a alienação dos artistas em relação às tensões da Segunda Guerra Mundial. (C) uma disputa cênica entre as linguagens das artes visuais, do figurino e da música. (D) as inovações tecnológicas nas partes cênicas, musicais, coreográficas e de figurino. (E) uma narrativa com encadeamentos claramente lógicos e lineares. 419 Questões do ENEM 119. (EXAMES DO MEC) Pinturas pré-históricas de dançarinos foram encontradas em paredes de cavernas na África e no sul da Europa. Nessas pinturas, que podem ter mais de vinte mil anos, a dança aparece ligada a celebrações religiosas. O texto acima indica que a dança (A) foi desenvolvida pelo homem moderno. (B) faz parte da religiosidade contemporânea. (C) está presente nos primeiros registros da história. (D) perdeu a importância como manifestação de cultura. 120. (ENEM 2005) A DANÇA E A ALMA A DANÇA? Não é movimento, súbito gesto musical. É concentração, num momento, da humana graça natural. No solo não, no éter pairamos, nele amariamos ficar. A dança - não vento nos ramos: seiva, força, perene estar. Um estar entre céu e chão, novo domínio conquistado, onde busque nossa paixão libertar-se por todo lado ... Onde a alma possa descrever suas mais divinas parábolas sem fugir à forma do ser, por sobre o mistério das fábulas. 4. Estudo do texto literário 4.1. produção literária e processo social 121. (ENEM 2011) Quem é pobre, pouco se apega, é um giro-o-giro no vago dos gerais, que nem os pássaros de rios e lagoas. O senhor vê: o Zé-Zim, o melhor meeiro meu aqui, risonho e habilidoso. Pergunto: -Zé-Zim, por que é que você não cria galinhas-d’angola, como todo o mundo faz? - Quero criar nada não... - me deu resposta: - Eu gosto muito de mudar... [...] Belo um dia, ele tora. Ninguém discrepa. Eu, tantas, mesmo digo. Eu dou proteção. [...] Essa não faltou também à minha mãe, quando eu era menino, no sertãozinho de minha terra. [...] Gente melhor do lugar eram todos dessa família Guedes, Jidião Guedes; quando saíram de lá, nos trouxeram junto, minha mãe e eu. Ficamos existindo em território baixio da Sirga, da outra banda, ali onde o de-Janeiro vai no São Francisco, o senhor sabe. ROSA, J. G. Grande Sertão: Veredas. Rio de Janeiro: José Olympio (fragmento). Na passagem citada, Riobaldo expõe uma situação decorrente de uma desigualdade social típica das áreas rurais brasileiras marcadas pela concentração de terras e pela relação de dependência entre agregados e fazendeiros. No texto, destaca-se essa relação porque o personagem-narrador (Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro’ A definição de dança, em linguagem de dicionário, que mais se aproxima do que está expresso no poema é (A) a mais antiga das artes, servindo como elemento de comunicação e afirmação do homem em todos os momentos de sua existência. (B) a forma de expressão corporal que ultrapassa os limites fisicos, possibilitando ao homem a liberação de seu espirito. (C) a manifestação do ser humano, formada por uma seqüência de gestos, passos e movimentos desconcertados. (D) o conjunto organizado de movimentos do corpo, com ritmo determinado por instrumentos musicais, ruídos, cantos, emoções etc. (E) o movimento diretamente ligado ao psiquismo do individuo e, por conseqüência, ao seu desenvolvimento intelectual e à sua cultura. (A) relata a seu interlocutor a história de Zé-Zim, demonstrando sua pouca disposição em ajudar seus agregados, uma vez que superou essa condição graças à sua força de trabalho. (B) descreve o processo de transformação de um meeiro – espécie de agregado – em proprietário de terra. (C) denuncia a falta de compromisso e a desocupação dos moradores, que pouco se envolvem no trabalho da terra. (D) mostra como a condição material da vida do sertanejo é dificultada pela sua dupla condição de homem livre e, ao mesmo tempo, dependente. (E) mantém o distanciamento narrativo condizente com sua posição social, de proprietário de terras. 122. (ENEM 2010) Texto I Logo depois transferiram para o trapiche o depósito dos objetos que o trabalho do dia Ihes proporcionava. Estranhas coisas entraram então para o trapiche. Não mais estranhas, porém, que aqueles meninos, moleques de todas as cores e de idades as mais variadas, desde os nove aos dezesseis 420 Questões do ENEM anos, que à noite se estendiam pelo assoalho e por debaixo da ponte e dormiam, indiferentes ao vento que circundava o casarão uivando, indiferentes à chuva que muitas vezes os lavava, mas com os olhos puxados para as luzes dos navios, com os ouvidos presos às canções que vinham das embarcações ... AMADO, J. Capitães da Areia. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento). Texto II A margem esquerda do rio Belém, nos fundos do mercado de peixe, ergue-se o velho Ingazeiro - ali os bêbados são felizes. Curitiba os considera animais sagrados, provê as suas necessidades de cachaça e pirão. No trivial contentavam-se com as sobras do mercado. TREVISAN, D. 35 noites de paixão: contos escolhidos. Rio de Janeiro: BestBolso, 2009 (fragmento). Sob diferentes perspectivas, os fragmentos citados são exemplos de uma abordagem literária recorrente na literatura brasileira do século XX. Em ambos os textos, (A) a linguagem afetiva aproxima os narradores dos personagens marginalizados. (B) a ironia marca o distanciamento dos narradores em relação aos personagens. (C) o detalhamento do cotidiano dos personagens revela a sua origem social. (D) o espaço onde vivem os personagens é uma das marcas de sua exclusão. (E) a crítica à indiferença da sociedade pelos marginalizados é direta. 123. (ENEM 2010) Texto I Eu amo a rua. Esse sentimento de natureza toda íntima não vos seria revelado por mim se não julgasse, e razões não tivesse para julgar, que este amor assim absoluto e assim exagerado é partilhado por todos vós. Nós somos irmãos, nós nos sentimos parecidos e iguais; nas cidades, nas aldeias, nos povoados, não porque soframos, com a dor e os desprazeres, a lei e a polícia, mas porque nos une, nivela e agremia o amor da rua. É este mesmo o sentimento imperturbável e indissolúvel, o único que, como a própria vida, resiste ás idades e às épocas. RIO, J. A rua. In: A alma encantadora das ruas. São Paulo: Companhia das Letras, 2008 (fragmento). Texto II A rua dava-lhe uma força de fisionomia, mais consciência dela. Como se sentia estar no seu reino, na região em que era rainha e imperatriz. O olhar cobiçoso dos homens e o de inveja das mulheres acabavam o sentimento de sua personalidade, exaltavam-no até. Dirigiu-se para a rua do Catete com o seu passo miúdo e sólido. [ ... ] No caminho trocou cumprimento com as raparigas pobres de uma casa de cômodos da vizinhança. [ ... ] E debaixo dos olhares maravilhados das pobres raparigas, ela continuou o seu caminho, arrepanhando a saia, satisfeita que nem uma duquesa atravessando os seus dominios. BARRETO, L. Um e outro. In: Clara dos anjos Rio de Janeiro: Editora Mérito (fragmento). A experiência urbana é um tema recorrente em crônicas, contos e romances do final do século XIX e início do XX, muitos dos quais elegem a rua para explorar essa experiência. Nos fragmentos I e II, a rua é vista, respectivamente, como lugar que (A) desperta sensações contraditórias e desejo de reconhecimento. (B) favorece o cultivo da intimidade e a exposição dos dotes físicos. (C) possibilita vínculos pessoais duradouros e encontros casuais. (D) propicia o sentido de comunidade e a exibição pessoal. (E) promove o anonimato e a segregação social. 124. (ENEM 2009) Se os tubarões fossem homens Se os tubarões fossem homens, eles seriam mais gentis com os peixes pequenos? Certamente, se os tubarões fossem homens, fariam construir resistentes gaiolas no mar para os peixes pequenos, com todo o tipo de alimento, tanto animal como vegetal. Cuidariam para que as gaiolas tivessem sempre água fresca e adotariam todas as providências sanitárias. Naturalmente haveria também escolas nas gaiolas. Nas aulas, os peixinhos aprenderiam como nadar para a goela dos tubarões. Eles aprenderiam, por exemplo, a usar a geografia para localizar os grandes tubarões deitados preguiçosamente por aí. A aula principal seria, naturalmente, a formação moral dos peixinhos. A eles seria ensinado que o ato mais grandioso e mais sublime é o sacrifício alegre de um peixinho e que todos deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando estes dissessem que cuidavam de sua felicidade futura. Os peixinhos saberiam que este futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência. Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos seria condecorado com uma pequena Ordem das Algas e receberia o título de herói. 421 BRECHT, B. Histórias do Sr. Keuner. São Paulo: Ed. 34, 2006 (adaptado). Questões do ENEM Como produção humana, a literatura veicula valores que nem sempre estão representados diretamente no texto, mas são transfigurados pela linguagem literária e podem até entrar em contradição com as convenções sociais e revelar o quanto a sociedade perverteu os valores humanos que ela própria criou. É o que ocorre na narrativa do dramaturgo alemão Bertolt Brecht mostrada. Por meio da hipótese apresentada, o autor (A) demonstra o quanto a literatura pode ser alienadora ao retratar, de modo positivo, as relações de opressão existentes na sociedade. (B) revela a ação predatória do homem no mar, questionando a utilização dos recursos naturais pelo homem ocidental. (C) defende que a força colonizadora e civilizatória do homem ocidental valorizou a organização das sociedades africanas e asiáticas, elevando-as ao modo de organização cultural e social da sociedade moderna. (D) questiona o modo de organização das sociedades ocidentais capitalistas, que se desenvolveram fundamentadas nas relações de opressão em que os mais fortes exploram os mais fracos. (E) evidencia a dinâmica social do trabalho coletivo em que os mais fortes colaboram com os mais fracos, de modo a guiá-los na realização de tarefas. 125. (ENEM 2009) Texto I [...] já foi o tempo em que via a convivência como viável, só exigindo deste bem comum, piedosamente, o meu quinhão, já foi o tempo em que consentia num contrato, deixando muitas coisas de fora sem ceder contudo no que me era vital, já foi o tempo em que reconhecia a existência escandalosa de imaginados valores, coluna vertebral de toda ‘ordem’; mas não tive sequer o sopro necessário, e, negado o respiro, me foi imposto o sufoco; é esta consciência que me libera, é ela hoje que me empurra, são outras agora minhas preocupações, é hoje outro o meu universo de problemas; num mundo estapafúrdio - definitivamente fora de foco -cedo ou tarde tudo acaba se reduzindo a um ponto de vista, e você que vive paparicando as ciências humanas, nem suspeita que paparica uma piada: impossível ordenar o mundo dos valores, ninguém arruma a casa do capeta; me recuso pois a pensar naquilo em que não mais acredito, seja o amor, a amizade, a família, a igreja, a humanidade; me lixo com tudo isso! me apavora ainda a existência, mas não tenho medo de ficar sozinho, foi conscientemente que escolhi o exílio, me bastando hoje o cinismo dos grandes indiferentes [ ... ]. NASSAR, R. Um copo de cólera. São Paulo: Companhia das Letras. 1992. Texto II Raduan Nassar lançou a novela Um Copo de Cólera em 1978, fervilhante narrativa de um confronto verbal entre amantes, em que a fúria das palavras cortantes se estilhaçava no ar. O embate conjugal ecoava o autoritário discurso do poder e da submissão de um Brasil que vivia sob o jugo da ditadura militar. COMODO. R. Um silêncio inquietante. Istoé. Disponivel em:http://www.terra.com.br. Acesso em: 15 jul. 2009. Considerando-se os textos apresentados e o contexto político e social no qual foi produzida a obra Um Copo de Cólera, verifica-se que o narrador, ao dirigir-se á sua parceira, nessa novela, tece um discurso (A) conformista, que procura defender as instituições nas quais repousava a autoridade do regime militar no Brasil, a saber: a Igreja, a família e o Estado. (6) pacifista, que procura defender os ideais libertários representativos da intelectualidade brasileira opositora à ditadura militar na década de 70 do século passado. (C) desmistificador, escrito em um discurso ágil e contundente, que critica os grandes princípios humanitários supostamente defendidos por sua interlocutora. (D) politizado, pois apela para o engajamento nas causas sociais e para a defesa dos direitos humanos como uma única forma de salvamento para a humanidade. (E) contraditório, ao acusar a sua interlocutora de com pactuar com o regime repressor da ditadura militar, por meio da defesa de instituições como a família e a Igreja. 126. (ENEM 2009) Quer evitar pesadelos? Então não durma de barriga para cima. Este é o conselho de quem garante ter sido atacado pela Pisadeira. A meliante costuma agir em São Paulo e Minas Gerais. Suas vítimas preferidas são aquelas que comeram demais antes de dormir. Desce do telhado - seu esconderijo usual - e pisa com muita força no peito e na barriga do incauto adormecido, provocando os pesadelos. Há controvérsias sobre sua aparência. De acordo com alguns, é uma mulher bem gorda. Já o escritor Cornélio Pires forneceu a seguinte descrição da malfeitora: “Essa é ua muié muito magra, que tem os dedos cumprido e seco cum cada unhão! Tem as perna curta, cabelo desgadeiado, quexo revirado pra riba e nari magro munto arcado; sobranceia cerrado e zoio aceso ... “ Pelo sim, pelo não, caro amigo ... barriga para baixo e bons sonhos. 422 Almanaque de Cultura Popular. Ano 10. out. 2008. nº 114 (adaptado). Questões do ENEM Considerando que as variedades linguísticas existentes no Brasil constituem patrimônio cultural, a descrição da personagem lendária, Pisadeira, nas palavras do escritor Cornélio Pires, (A) mostra hábitos linguísticos atribuídos á personagem lendária. (B) ironiza vocabulário usado no registro escrito de descrição de personagens. (C) associa a aparência desagradável da personagem ao desprestígio da cultura brasileira. (D) sugere crítica ao tema da superstição como integrante da cultura de comunidades interioranas. (E) valoriza a memória e as identidades nacionais pelo registro escrito de variedades linguísticas pouco prestigiadas. 127. (ENEM 2009) Pobre Isaura! Sempre e em toda parte esta contínua importunação de senhores e de escravos, que não a deixam sossegar um só momento! Como não devia viver aflito e atribulado aquele coração! Dentro de casa contava ela quatro inimigos, cada qual mais porfiado em roubar-lhe a paz da alma, e torturar-lhe o coração: três amantes, Leôncio, Belchior, e André, e uma êmula terrível e desapiedada, Rosa. Fácil lhe fora repelir as importunações e insolências dos escravos e criados; mas que seria dela, quando viesse o senhor?!. .. GUIMARÃES, B. A escrava Isaura. São Paulo: Ática. 1995 (adaptado). A personagem Isaura, como afirma o título do romance, era uma escrava. No trecho apresentado, os sofrimentos por que passa a protagonista (A) assemelham-se aos das demais escravas do país, o que indica o estilo realista da abordagem do tema da escravidão pelo autor do romance. (B) demonstram que, historicamente, os problemas vividos pelas escravas brasileiras, como Isaura, eram mais de ordem sentimental do que física. (C) diferem dos que atormentavam as demais escravas do Brasil do século XIX, o que revela o caráter idealista da abordagem do tema pelo autor do romance. (D) indicam que, quando o assunto era o amor, as escravas brasileiras, de acordo com a abordagem lírica do tema pelo autor, eram tratadas como as demais mulheres da sociedade. (E) revelam a condição degradante das mulheres escravas no Brasil, que, como Isaura, de acordo com a denúncia feita pelo autor, eram importunadas e torturadas fisicamente pelos seus senhores. 128. (ENEM 2009) Texto I Principiei a leitura de má vontade. E logo emperrei na história de um menino vadio que, dirigindo-se à escola, se retardava a conversar com os passarinhos e recebia deles opiniões sisudas e bons conselhos. Em seguida vinham outros irracionais, igualmente bem-intencionados e bem falantes. Havia a moscazinha que morava na parede de uma chaminé e voava à toa, desobedecendo às ordens maternas, e tanto voou que afinal caiu no fogo. Esses contos me intrigaram com o [livro] Barão de Macaúbas. Infelizmente um doutor, utilizando bichinhos, impunha-nos a linguagem dos doutores. – Queres tu brincar comigo? O passarinho, no galho, respondia com preceito e moral, e a mosca usava adjetivos colhidos no dicionário. A figura do barão manchava o frontispício do livro, e a gente percebia que era dele o pedantismo atribuído à mosca e ao passarinho. Ridículo um indivíduo hirsuto e grave, doutor e barão, pipilar conselhos, zumbir admoestações. RAMOS, G. Infância. Rio de Janeiro: Record, 1986 (adaptado). Texto II Dado que a literatura, como a vida, ensina na medida em que atua com toda sua gama, é artificial querer que ela funcione como os manuais de virtude e boa conduta. E a sociedade não pode senão escolher o que em cada momento lhe parece adaptado aos seus fins, enfrentando ainda assim os mais curiosos paradoxos, pois mesmo as obras consideradas indispensáveis para a formação do moço trazem frequentemente o que as convenções desejariam banir. Aliás, essa espécie de inevitável contrabando é um dos meios por que o jovem entra em contato com realidades que se tenciona escamotear-lhe. CANDIDO. A. A literatura e a formação do homem. Duas Cidades. São Paulo: Ed. 34. 2002 (adaptado). Os dois textos acima, com enfoques diferentes, abordam um mesmo problema, que se refere, simultaneamente, ao campo literário e ao social. Considerando-se a relação entre os dois textos, verifica-se que eles têm em comum o fato de que (A) tratam do mesmo tema, embora com opiniões divergentes, expressas no primeiro texto por meio da ficção e, no segundo, por análise sociológica. (B) foi usada, em ambos, linguagem de caráter moralista em defesa de uma mesma tese: a literatura, muitas vezes, é nociva à formação do jovem estudante. (C) são utilizadas linguagens diferentes nos dois textos, que apresentam um mesmo ponto de vista: a literatura deixa ver o que se pretende esconder. 423 Questões do ENEM (D) a linguagem fígurada é predominante em ambos, embora o primeiro seja uma fábula e o segundo, um texto científico. (E) o tom humorístico caracteriza a linguagem de ambos os textos, em que se defende o caráter pedagógico da literatura. 129. (ENEM 2009) O açúcar O branco açúcar que adoçará meu café nesta manhã de Ipanema não foi produzido por mim nem surgiu dentro do açucareiro por milagre. Vejo-o puro e afável ao paladar como beijo de moça, água na pele, flor que se dissolve na boca. Mas este açúcar não foi feito por mim. Este açúcar veio da mercearia da esquina e tampouco o fez o Oliveira, [dono da mercearia. Este açúcar veio de uma usina de açúcar em Pernambuco ou no Estado do Rio e tampouco o fez o dono da usina. Este açúcar era cana e veio dos canaviais extensos que não nascem por acaso no regaço do vale. (...) Em usinas escuras, homens de vida amarga e dura produziram este açúcar branco e puro com que adoço meu café esta manhã em Ipanema. Ferreira Gullar. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980, p. 227-8. A antítese que configura uma imagem da divisão social do trabalho na sociedade brasileira é expressa poeticamente na oposição entre a doçura do branco açúcar e (A) o trabalho do dono da mercearia de onde veio o açúcar. (B) o beijo de moça, a água na pele e a flor que se dissolve na boca. (C) o trabalho do dono do engenho em Pernambuco, onde se produz o açúcar. (D) a beleza dos extensos canaviais que nascem no regaço do vale. (E) o trabalho dos homens de vida amarga em usinas escuras. 130. (EXAMES DO MEC) Cientistas europeus, americanos e japoneses vão clonar animais extintos há cerca de 15 mil anos e colocá-Ios em um parque aberto ao público. (...) Esse projeto animou outros cientistas a desenvolver simultaneamente um plano alternativo: reunir os descendentes desses animais em diversos parques que funcionarão como unidades de preservação. (...) Essa versão contemporânea da Arca de Noé encontra resistência entre autoridades de saúde pública, organizações de defesa dos animais e, quem diria, até ecologistas. Para eles, há riscos de transmissão de doenças, disseminação de pragas, e de um desequilibrio ecológico irreversível. Istoé, 10/5/2006. No trecho de reportaçem acima, observa-se que o fato relatado é visto (A) com entusiasmo, pela maioria das pessoas. (B) com apreensão, por uma parte das pessoas. (C) como improvável, pela maioria das pessoas. (D) como engraçado, por uma parte das pessoas. 131. (EXAMES DO MEC) O vôo negro dos urubus fazia círculos altos em redor de bichos moribundos. – Anda, excomungado. O pirralho não se mexeu, e Fabiano desejou matáIo. Tinha o coração grosso, queria responsabilizar alguém pela sua desgraça. A seca aparecia-lhe como um fato necessário - e a obstinação da criança irritava-o. Certamente esse obstáculo miúdo não era culpado, mas dificultava a marcha, e o vaqueiro precisava chegar, não sabia onde. RAMOS, Graciliano. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 1973. Em Vidas Secas, publicado em 1938, estão presentes o desamparo e a incerteza do homem quanto ao próprio destino. A incerteza de Fabiano quanto a seu destino aparece na seguinte passagem do texto: (A) O pirralho não se mexeu (B) a obstinação da criança irritava-o. (C) esse obstáculo miúdo ... dificultava a marcha (D) precisava chegar, não sabia onde. 132. (ENEM 2002) Érico Veríssimo relata, em suas memórias, um episódio da adolescência que teve influência significativa em sua carreira de escritor Lembro-me de que certa noite . eu teria uns quatorze anos, quando muito . encarregaram-me de segurar uma lâmpada elétrica à cabeceira da mesa de operações, enquanto um médico fazia os primeiros curativos num pobre-diabo que soldados da Polícia Municipal haviam cameado .. (...) Apesar do horror 424 Questões do ENEM e da náusea, continuei firme onde estava, talvez pensando assim: se esse caboclo pode agüentar tudo isso sem gemer, por que não hei de poder ficar segurando esta lâmpada para ajudar o doutor a costurar esses talhos e salvar essa vida? (. . .) Desde que, adulto, comecei a escrever romances, tem-me animado até hoje a idéia de que o menos que o escritor pode fazer, numa época de atrocidades e injustiças como a nossa, é acender a sua lâmpada, fazer luz sobre a realidade de seu mundo, evitando que sobre ele caia a escuridão, propícia aos ladrões, aos assassinos e aos tiranos. Sim, segurar a lâmpada, a despeito da náusea e do horror Se não tivermos uma lâmpada elétrica, acendamos o nosso toco de vela ou, em último caso, risquemos fósforos repetidamente, como um sinal de que não desertamos nosso posto .. VERíSSIMO, Érico. Solo de Clarineta. Tomo I Porto Alegre: Editora Globo. 1978. Neste texto, por meio da metáfora da lâmpada que ilumina a escuridão, Érico Veríssimo define como uma das funções do escritor e, por extensão, da literatura, feita de beijos e soluços gostosos; carícia de fera, carícia de doer, fazendo estalar de gozo. AZEVEDO, A. O Cortiço. São Paulo: Ática, 1983 (fragmento). No romance O Cortiço (1890), de Aluízio Azevedo, as personagens são observadas como elementos coletivos caracterizados por condicionantes de origem social, sexo e etnia. Na passagem transcrita, o confronto entre brasileiros e portugueses revela prevalência do elemento brasileiro, pois (A) destaca o nome de personagens brasileiras e omite o de personagens portuguesas. (B) exalta a força do cenário natural brasileiro e considera o do português inexpressivo. (C) mostra o poder envolvente da música brasileira, que cala o fado português. (D) destaca o sentimentalismo brasileiro, contrário à tristeza dos portugueses. (E) atribui aos brasileiros uma habilidade maior com instrumentos musicais. 135. (ENEM 2011) TEXTO I (A) criar a fantasia. (B) permitir o sonho. (C) denunciar o real. (D) criar o belo. (E) fugir da náusea. Onde está a honestidade? Você tem palacete reluzente Tem joias e criados à vontade Sem ter nenhuma herança ou parente Só anda de automóvel na cidade... 133. (ENEM 1998) E o povo pergunta com maldade: Onde está a honestidade? Onde está a honestidade? O seu dinheiro nasce de repente E embora não se saiba se é verdade Você acha nas ruas diariamente Anéis, dinheiro e felicidade... O poema pode ser considerado como um texto: (A) argumentativo. (B) narrativo. (C) épico. (D) de propaganda. (E) teatral. Vassoura dos salões da sociedade Que varre o que encontrar em sua frente Promove festivais de caridade Em nome de qualquer defunto ausente... 4.2. Formação literária e nacional 134. (ENEM 2011) Abatidos pelo fadinho harmonioso e nostálgico dos desterrados, iam todos, até mesmo os brasileiros, se concentrando e caindo em tristeza; mas, de repente, o cavaquinho de Porfiro, acompanhado pelo violão do Firmo, romperam vibrantemente com um chorado baiano. Nada mais que os primeiros acordes da música crioula para que o sangue de toda aquela gente despertasse logo, como se alguém lhe fustigasse o corpo com urtigas bravas. E seguiram-se outras notas, e outras, cada vez mais ardentes e mais delirantes. Já não eram dois instrumentos que soavam, eram lúbricos gemidos e suspiros soltos em torrente, a correrem serpenteando, como cobras numa floresta incendiada; eram ais convulsos, chorados em frenesi de amor: música ROSA, N. Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010. TEXTO II Um vulto da história da música popular brasileira, reconhecido nacionalmente, é Noel Rosa. Ele nasceu em 1910, no Rio de Janeiro; portanto, se estivesse vivo, estaria completando 100 anos. Mas faleceu aos 26 anos de idade, vítima de tuberculose, deixando um acervo de grande valor para o patrimônio cultural brasileiro. Muitas de suas letras representam a sociedade contemporânea, como se tivessem sido escritas no século XXI. 425 Disponível em: http://www.mpbnet.com.br. Acesso em: abr. 2010. Questões do ENEM Um texto pertencente ao patrimônio literário-cultural brasileiro é atualizável, na medida em que ele se refere a valores e situações de um povo. A atualidade da canção Onde está a honestidade?, de Noel Rosa, evidencia-se por meio (A) da ironia, ao se referir ao enriquecimento de origem duvidosa de alguns. (B) da crítica aos ricos que possuem joias, mas não têm herança. (C) da maldade do povo a perguntar sobre a honestidade. (D) do privilégio de alguns em clamar pela honestidade. (E) da insistência em promover eventos beneficentes. 136. (ENEM 2010) O “politicamente correto” tem seus exageros, como chamar “baixinho” de “verticalmente prejudicado”, mas, no fundo, vem de uma louvável preocupação em não ofender os diferentes. É muito mais gentil chamar estrabismo de “idiossincrasia ótica” do que de vesguice. O linguajar brasileiro está cheio de expressões racistas e preconceituosas que precisam de uma correção, e até as várias denominações para bêbado (pinguço, bebo, pé-de-cana) poderiam ser substituidas por algo como “contumaz etílico”, para lhe poupar os sentimentos. O tratamento verbal dado aos negros é o melhor exemplo da condescendência que passa por tolerância racial no Brasil. Termos como “crioulo”, “negão” etc. são até considerados carinhosos, do tipo de carinho que se dá a inferiores, e, felizmente, cada vez menos ouvidos. “Negro” também não é mais correto. Foi substituído por afrodescendentes, por influência dos afro-americans, num caso de colonialismo cultural positivo. Está certo. Enquanto o racismo que não quer dizer seu nome continua no Brasil, uma integração real pode começar pela linguagem. VERÍSSIMO. L F. Peixe na cama. Diário de Pernambuco. 10 jun 2006 (adaptado). Ao comparar a linguagem cotidiana utilizada no Brasil e as exigências do comportamento “politicamente correto”, o autor tem a intenção de (A) criticar o racismo declarado do brasileiro, que convive com a discriminação camuflada em certas expressões linguísticas. (B) defender o uso de termos que revelam a despreocupação do brasileiro quanto ao preconceito racial, que inexiste no Brasil. (C) mostrar que os problemas de intolerância racial, no Brasil, já estão superados, o que se evidencia na linguagem cotidiana. (D) questionar a condenação de certas expressões consideradas “politicamente incorretas”, o que impede os falantes de usarem a linguagem espontaneamente. (E) sugerir que o pais adote, além de uma postura linguistica “politicamente correta”, uma política de convivência sem preconceito racial. 137. (ENEM 2010) Capítulo III Um criado trouxe o café. Rubião pegou na xicara e, enquanto lhe deitava açúcar, ia disfarçadamente mirando a bandeja, que era de prata lavrada. Prata, ouro, eram os metais que amava de coração; não gostava de bronze, mas o amigo Palha disse-lhe que era matéria de preço, e assim se explica este par de figuras que aqui está na sala: um Mefistófeles e um Fausto. Tivesse, porém, de escolher, escolheria a bandeja, - primor de argentaria, execução fina e acabada. O criado esperava teso e sério. Era espanhol; e não foi sem resistência que Rubião o aceitou das mãos de Cristiano; por mais que lhe dissesse, que estava acostumado aos seus crioulos de Minas, e não queria línguas estrangeiras em casa, o amigo Palha insistiu, demonstrando-lhe a necessidade de ter criados brancos. Rubião cedeu com pena. O seu bom pajem, que ele queria pôr na sala, como um pedaço da província, nem o pôde deixar na cozinha, onde reinava um francês, Jean; foi degradado a outros serviços. ASSIS, M. Quincas Barba. In: Obra completa. V.1. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1993 (fragmento). Quincas Barba situa-se entre as obras-primas do autor e da literatura brasileira. No fragmento apresentado, a peculiaridade do texto que garante a universalização de sua abordagem reside (A) no conflito entre o passado pobre e o presente rico, que simboliza o triunfo da aparência sobre a essência. (B) no sentimento de nostalgia do passado devido á substituição da mão de obra escrava pela dos imigrantes. (C) na referência a Fausto e Mefistófeles, que representam o desejo de eternização de Rubião. (D) na admiração dos metais por parte de Rubião, que metaforicamente representam a durabilidade dos bens produzidos pelo trabalho. (E) na resistência de Rubião aos criados estrangeiros, que reproduz o sentimento de xenofobia. 138. (ENEM 2010) O meu lugar, Tem seus mitos e seres de luz, É bem perto de Oswaldo Cruz, Cascadura, Vaz Lobo, Irajá. O meu lugar, É sorriso, é paz e prazer, O seu nome é doce dizer, Madureira, ia, laiá. Madureira, ia, laiá Em cada esquina um pagode um bar, Em Madureira. Império e Portela também são de lá, 426 Questões do ENEM 140. (ENEM 2009) Em Madureira. E no Mercadão você pode comprar Por uma pechincha você vai levar, Um dengo, um sonho pra quem quer sonhar, Em Madureira. A análise do trecho da canção indica um tipo de interação entre o indivíduo e o espaço. Essa interação explícita na canção expressa um processo de (A) autossegregação espacial. (B) exclusão sociocultural. (C) homogeneização cultural. (D) expansão urbana. (E) pertencimento ao espaço. 139. (ENEM 2009) Cuitelinho Cheguei na bera do porto Onde as onda se espaia. As garça dá meia volta, Senta na bera da praia. E o cuitelinho não gosta Que o botão da rosa caia. Quando eu vim da minha terra, Despedi da parenta ia. Eu entrei em Mato Grosso, Dei em terras paraguaia. Lá tinha revolução, Enfrentei fortes bataia. A tua saudade corta Como o aço de navaia. O coração fica aflito, Bate uma e outra faia. E os oio se enche d’água Que até a vista se atrapaia. Nestes últimos anos, a situação mudou bastante e o Brasil, normalizado, já não nos parece tão mítico, no bem e no mal. Houve um mútuo reconhecimento entre os dois países de expressão portuguesa de um lado e do outro do Atlântico: o Brasil descobriu Portugal e Portugal, em um retorno das caravelas, voltou a descobrir o Brasil e a ser, por seu lado, colonizado por expressões linguísticas, as telenovelas, os romances, a poesia, a comida e as formas de tratamento brasileiros. O mesmo, embora em nível superficial, dele excluído o plano da língua, aconteceu com a Europa, que, depois da diáspora dos anos 70, depois da inserção na cultura da bossa-nova e da música popular brasileira, da problemática ecológica centrada na Amazônia, ou da problemática social emergente do fenômeno dos meninos de rua, e até do álibi ocultista dos romances de Paulo Coelho, continua todos os dias a descobrir, no bem e no mal, o novo Brasil. Se, no fim do século XIX, Sílvio Romero definia a literatura brasileira como manifestação de um país mestiço, será fácil para nós defini-Ia como expressão de um país polifônico: em que já não é determinante o eixo Rio-São Paulo, mas que, em cada região, desenvolve originalmente a sua unitária eparticular tradição cultural. É esse, para nós, no inicio do século XXI, o novo estilo brasileiro. STEGAGNO-PICCHIO, L. História da literatura brasileira. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004 (adaptado). Folclore recolhido por Paulo Vanzolini e Antônio Xandó. BORTONI-RICARDO, S. M. Educação em língua materna. São Paulo: Parábola, 2004. Transmitida por gerações, a canção Cuitelinho manifesta aspectos culturais de um povo, nos quais se inclui sua forma de falar, além de registrar um momento histórico. Depreende-se disso que a importância em preservar a produção cultural de uma nação consiste no fato de que produções como a canção Cuitelinho evidenciam a (A) recriação da realidade brasileira de forma ficcional. (B) criação neológica na língua portuguesa. (C) formação da identidade nacional por meio da tradição oral. (D) incorreção da língua portuguesa que é falada por pessoas do interior do Brasil. (E) padronização de palavras que variam regionalmente, mas possuem mesmo significado. No texto, a autora mostra como o Brasil, ao longo de sua história, foi, aos poucos, construindo uma identidade cultural e literária relativamente autônoma frente à identidade europeia, em geral, e à portuguesa em particular. Sua análise pressupõe, de modo especial, o papel do patrimônio literário e linguistico, que favoreceu o surgimento daquilo que ela chama de “estilo brasileiro”. Diante desse pressuposto, e levando em consideração o texto e as diferentes etapas de consolidação da cultura brasileira, constata-se que (A) o Brasil redescobriu a cultura portuguesa no século XIX, o que o fez assimilar novos gêneros artísticos e culturais, assim como usos originais do idioma, conforme ilustra o caso do escritor Machado de Assis. (B) a Europa reconheceu a importância da língua portuguesa no mundo, a partir da projeção que poetas brasileiros ganharam naqueles países, a partir do século XX. (C) ocorre, no início do século XXI, promovido pela solidificação da cultura nacional, maior reconhecimento do Brasil por ele mesmo, tanto nos aspectos positivos quanto nos negativos. 427 Questões do ENEM (D) o Brasil continua sendo, como no século XIX, uma nação culturalmente mestiça, embora a expressão dominante seja aquela produzida no eixo Rio-São Paulo, em especial aquela ligada às telenovelas. (E) o novo estilo cultural brasileiro se caracteriza por uma união bastante significativa entre as diversas matrizes culturais advindas das várias regiões do país, como se pode comprovar na obra de Paulo Coelho. 141. (ENEM 2009) O sertão e o sertanejo Ali começa o sertão chamado bruto. Nesses campos, tão diversos pelo matiz das cores, o capim crescido e ressecado pelo ardor do sol transforma-se em vicejante tapete de relva, quando lavra o incêndio que algum tropeiro, por acaso ou mero desenfado, ateia com uma faúlha do seu isqueiro. Minando à surda na touceira, queda a vívida centelha. Corra daí a instantes qualquer aragem, por débil que seja, e levanta-se a língua de fogo esguia e trêmula, como que a contemplar medrosa e vacilante os espaços imensos que se alongam diante dela. O fogo, detido em pontos, aqui, ali, a consumir com mais lentidão algum estorvo, vai aos poucos morrendo até se extinguir de todo, deixando como sinal da avassaladora passagem o alvacento lençol, que lhe foi seguindo os velozes passos. Por toda a parte melancolia; de todos os lados tétricas perspectivas. É cair, porém, daí a dias copiosa chuva, e parece que uma varinha de fada andou por aqueles sombrios recantos a traçar às pressas jardins encantados e nunca vistos. Entra tudo num trabalho íntimo de espantosa atividade. Transborda a vida. TAUNAY, A. Inocência. São Paulo: Ática, 1993 (adaptado). O romance romântico teve fundamental importância na formação da ideia de nação. Considerando o trecho acima, é possível reconhecer que uma das principais e permanentes contribuições do Romantismo para construção da identidade da nação é a (A) possibilidade de apresentar uma dimensão desconhecida da natureza nacional, marcada pelo subdesenvolvimento e pela falta de perspectiva de renovação. (B) consciência da exploração da terra pelos colonizadores e pela classe dominante local, o que coibiu a exploraçâo desenfreada das riquezas naturais do país. (C) construção, em linguagem simples, realista e documental, sem fantasia ou exaltação, de uma imagem da terra que revelou o quanto é grandiosa a natureza brasileira. (D) expansão dos limites geográficos da terra, que promoveu o sentimento de unidade do território nacional e deu a conhecer os lugares mais distantes do Brasil aos brasileiros. (E) valorização da vida urbana e do progresso, em detrimento do interior do Brasil, formulando um conceito de nação centrado nos modelos da nascente burguesia brasileira. 142. (ENEM 2009) Ó meio-dia confuso, ó vinte-e-um de abril sinistro, que intrigas de ouro e de sonho houve em tua formação? Quem ordena, julga e pune? Quem é culpado e inocente? Na mesma cova do tempo cai o castigo e o perdão. Morre a tinta das sentenças e o sangue dos enforcados - liras, espadas e cruzes pura cinza agora são. Na mesma cova, as palavras, o secreto pensamento, as coroas e os machados, mentira e verdade estão. [...] MEIRELES. C. Romanceiro da Inconfidência. Rio de Janeiro: Aguilar, 1972.(fragmento) O poema de Cecília Meireles tem como ponto de partida um fato da história nacional, a Inconfidência Mineira. Nesse poema, a relação entre texto literário e contexto histórico indica que a produção literária é sempre uma recriação da realidade, mesmo quando faz referência a um fato histórico determinado. No poema de Cecília Meireles, a recriação se concretiza por meio (A) do questionamento da ocorrência do próprio fato, que, recriado, passa a existir como forma poética desassociada da história nacional. (B) da descrição idealizada e fantasiosa do fato histórico, transformado em batalha épica que exalta a força dos ideais dos Inconfidentes. (C) da recusa da autora de inserir nos versos o desfecho histórico do movimento da Inconfidência: a derrota, a prisão e a morte dos Inconfidentes. (D) do distanciamento entre o tempo da escrita e o da Inconfidência, que, questionada poeticamente, alcança sua dimensão histórica mais profunda. (E) do caráter trágico, que, mesmo sem corresponder à realidade, foi atribuído ao fato histórico pela autora, a fim de exaltar o heroísmo dos Inconfidentes. 143. (EXAMES DO MEC) (...) -”Não Desmatarás” - foi criado de maneira irreverente, há pouco mais de vinte anos, aqui mesmo no Brasil.” JB Ecológico. O 11°. Mandamento da Natureza Humana, nov./2005. p. 7. O texto acima traduz uma preocupação em (A) fazer uso racional das florestas. (B) preservar riquezas minerais. (C) proteger animais em extinção. (D) promover a despoluição do ar. 428 Questões do ENEM 144. (EXAMES DO MEC) Leia: riqueza humana de que essas pessoas seriam plenamente capazes. ‘Causo’ de amor Boldrin, paulista de São Joaquim da Barra, criado em Guaira, perto de Barretos, tem, digamos, um causo de amor com o Brasil. (Texto adaptado. Fonte: Jornal do Brasil. Caderno B, 27/07/2005) Observe a palavra causo, empregada no texto. Ela faz parte de uma variante regional da língua portuguesa, encontrada especialmente no sertão brasileiro. No texto, retirado de um jornal, ela aparece entre aspas (‘causo’) e em itálico (causo). Esse destaque na redação do termo sugere que o autor quer (A) afirmar que ele pertence ao grupo de falantes de uma variante regional. (B) ensinar a forma correta de escrever essa palavra na variante padrão culta. (C) abolir o uso dessa expressão nos textos publicados pela imprensa escrita. (D) marcar o uso intencional dessa palavra dentro do texto em norma culta. 145. (ENEM 2007) Texto I Luís Bueno. Guimarães, Clarice e antes. In: Teresa. São Paulo: USP, n.” 2, 2001, p. 254. A partir do trecho de Vidas Secas (texto I) e das informações do texto II, relativas às concepções artísticas do romance social de 1930, avalie as seguintes afirmativas. I. O pobre, antes tratado de forma exótica e folclórica pelo regionalismo pitoresco, transforma-se em protagonista privilegiado do romance social de 30. II. A incorporação do pobre e de outros marginalizados indica a tendência da ficção brasileira da década de 30 de tentar superar a grande distância entre o intelectual e as camadas populares. III. Graciliano Ramos e os demais autores da década de 30 conseguiram, com suas obras, modificar a posição social do sertanejo na realidade nacional. É correto apenas o que se afirma em (A) I. (B) II. (C) III. (D) I e II. (E) II e III. 146. (ENEM 2007) Agora Fabiano conseguia arranjar as idéias. O que o segurava era a familia. Vivia preso como um novilho amarrado ao mourão, suportando ferro quente. Se não fosse isso, um soldado amarelo não lhe pisava o pé não. (...) Tinha aqueles cambões pendurados ao pescoço. Deveria continuar a arrastá-Ios? Sinha Vitória dormia mal na cama de varas. Os meninos eram uns brutos, como o pai. Quando crescessem, guardariam as reses de um patrão invisivel, seriam pisados, maltratados, machucados por um soldado amarelo. Graciliano Ramos. Vidas Secas. São Paulo: Martins, 23.” ed, 1969, p. 75. Texto II Para Graciliano, o roceiro pobre é um outro, enigmático, impermeável. Não há solução fácil para uma tentativa de incorporação dessa figura no campo da ficção. É lidando com o impasse, ao invés de fáceis soluções, que Graciliano vai criar Vidas Secas, elaborando uma linguagem, uma estrutura romanesca, uma constituição de narrador em que narrador e criaturas se tocam, mas não se identificam. Em grande medida, o debate acontece porque, para a intelectualidade brasileira naquele momento, o pobre, a despeito de aparecer idealizado em certos aspectos, ainda é visto como um ser humano de segunda categoria, simples demais, incapaz de ter pensamentos demasiadamente complexos. O que Vidas Secas faz é, com pretenso não envolvimento da voz que controla a narrativa, dar conta de uma O canto do guerreiro Aqui na floresta Dos ventos batida, Façanhas de bravos Não geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. – Ouvi-me, Guerreiros, – Ouvi meu cantar. Valente na guerra, Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? – Guerreiros, ouvi-me; – Quem há, como eu sou? Gonçalves Dias. Macunaíma (Epílogo) Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barrancos, aqueles matos misteriosos, tudo era solidão do deserto ... Um silêncio imenso dormia à beira do rio Uraricoera. Nenhum conhecido sobre a terra não sabia nem falar da tribo nem contar aqueles casos tão pançudos. Quem podia saber do Herói? Mário de Andrade. Considerando-se a linguagem desses dois textos, verifica-se que (A) a função da linguagem centrada no receptor está ausente tanto no primeiro quanto no segundo texto. 429 Questões do ENEM (B) a linguagem utilizada no primeiro texto é coloquial, enquanto, no segundo, predomina a linguagem formal. (C) há, em cada um dos textos, a utilização de pelo menos uma palavra de origem indígena. (D) a função da linguagem, no primeiro texto, centra-se na forma de organização da linguagem e, no segundo, no relato de informações reais. (E) a função da linguagem centrada na primeira pessoa, predominante no segundo texto, está ausente no primeiro. 147. (ENEM 2006) No poema Procura da poesia, Carlos Drummond de Andrade expressa a concepção estética de se fazer com palavras o que o escultor Michelangelo fazia com mármore. O fragmento abaixo exemplifica essa afirmação. ( ... ) Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. ( ... ) Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrivel, que lhe deres: trouxeste a chave? Carlos Drummond de Andrade. A rosa do povo. Rio de Janeiro: Record, 1997, p. 13-14. Esse fragmento poético ilustra o seguinte tema constante entre autores modernistas: (A) a nostalgia do passado colonialista revisitado. (B) a preocupação com o engajamento político e social da literatura. (C) o trabalho quase artesanal com as palavras, despertando sentidos novos. (D) a produção de sentidos herméticos na busca da perfeição poética. (E) a contemplação da natureza brasileira na perspectiva ufanista da pátria. 148. (ENEM 2004) Brasil O Zé Pereira chegou de caravela E preguntou pro guarani da mata virgem – Sois cristão? – Não. Sou bravo, sou forte, sou filho da Morte Teterê tetê Quizá Quizá Quecê! Lá longe a onça resmungava Uu! ua! uu! O negro zonzo saído da fornalha Tomou a palavra e respondeu – Sim pela graça de Deus Canhem Babá Canhem Babá Cum Cum! E fizeram o Carnaval Este texto apresenta uma versão humorística da formação do Brasil, mostrando-a como uma junção de elementos diferentes. Considerando-se esse aspecto, é correto afirmar que a visão apresentada pelo texto é (A) ambígua, pois tanto aponta o caráter desconjuntado da formação nacional, quanto parece sugerir que esse processo, apesar de tudo, acaba bem. (B) inovadora, pois mostra que as três raças formadoras - portugueses, negros e índios - pouco contribuíram para a formação da identidade brasileira. (C) moralizante, na medida em que aponta a precariedade da formação cristã do Brasil como causa da predominância de elementos primitivos e pagãos. (D) preconceituosa, pois critica tanto índios quanto negros, representando de modo positivo apenas o elemento europeu, vindo com as caravelas. (E) negativa, pois retrata a formação do Brasil como incoerente e defeituosa, resultando em anarquia e falta de seriedade. 149. (ENEM 2004) A polifonia, variedade de vozes, presente no poema resulta da manifestação do (A) poeta e do colonizador apenas. (B) colonizador e do negro apenas. (C) negro e do índio apenas. (D) colonizador, do poeta e do negro apenas. (E) poeta, do colonizador, do índio e do negro. 4.3. Concepções artísticas, procedimentos de construção e recepção de textos 150. (ENEM 2011) Guardar Guardar uma coisa não é escondê-la ou trancá-la. Em cofre não se guarda coisa alguma. Em cofre perde-se a coisa à vista. Guardar uma coisa é olhá-la, fitá-la, mirá-la por admirá-la, isto é, iluminá-la ou ser por ela iluminado. Guardar uma coisa é vigiá-la, isto é, fazer vigília por ela, isto é, velar por ela, isto é, estar acordado por ela, isto é, estar por ela ou ser por ela. Por isso melhor se guarda o voo de um pássaro Do que um pássaro sem voos. Por isso se escreve, por isso se diz, por isso se publica, por isso se declara e declama um poema: Para guardá-lo: Para que ele, por sua vez, guarde o que guarda: Guarde o que quer que guarda um poema: Por isso o lance do poema: Por guardar-se o que se quer guardar. (Oswald de Andrade) 430 Antonio Cícero. In: MORICONI, I. . Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. Questões do ENEM A memória é um importante recurso do patrimônio cultural de uma nação. Ela está presente nas lembranças do passado e no acervo cultural de um povo. Ao tratar o fazer poético como uma das maneiras de se guardar o que se quer, o texto (A) ressalta a importância dos estudos históricos para a construção da memória social de um povo. (B) valoriza as lembranças individuais em detrimento das narrativas populares ou coletivas. (C) reforça a capacidade da literatura em promover a subjetividade e os valores humanos. (D) destaca a importância de reservar o texto literário àqueles que possuem maior repertório cultural. (E) revela a superioridade da escrita poética como forma ideal de preservação da memória cultural. 431 Questões do ENEM NÃO FINALIZE ESTE MÓDULO Se você chegou até aqui, parabéns. 01. A 02. B 03. A 04. E 05. E 06. A 07. A 08. D 09. B 10. D 11. B 12. C 13. C 14. E 15. D 16. A 17. D 18. C 19. C 20. B 21. C 22. C 23. A 24. C 25. D 26. B 27. E 28. E 29. B 30. B 31. C 32. E 33. D 34. C 35. D 36. C 37. B 38. D 39. E 40. A 41. A 42. A 43. C 44. B 45. E 46. A 47. C 48. A 49. B 50. B 51. C 52. A 53. A 54. A 55. E 56. E 57. C 58. C 59. A 60. B 61. A 62. C 63. B 64. C 65. D 66. A 67. C 68. B 69. C 70. D 71. D 72. E 73. E 74. B 75. C 76. D 77. D 78. C 79. A 80. D 81. A 82. B 83. A 84. B 432 85. B 86. D 87. C 88. C 89. C 90. B 91. E 92. A 93. C 94. A 95. B 96. D 97. B 98. B 99. D 100. B 101. D 102. C 103. D 104. D 105. B 106. E 107. B 108. E 109. E 110. C 111. C 112. A 113. A 114. B 115. A 116. D 117. E 118. D 119. C 120. B 121. D 122. D 123. D 124. D 125. C 126. E 127. C 128. C 129. E 130. B 131. D 132. C 133. A 134. C 135. A 136. E 137. A 138. E 139. C 140. C 141. D 142. D 143. A 144. D 145. D 146. C 147. C 148. A 149. E 150. C 20 Interpretação de textos UFRGS “Aquele que conduz um argumento por apelar para uma autoridade não está usando sua inteligência, mas sim sua memória.” Leonardo da Vinci, italiano multimídia. Universidades 3) IMED, UNIFRA, FAG 4) PEQUENO PRÍNCIPE, PUC-PR, PUC-MG Universal 2) ULBRA, UCS, UPF, UNISC, ACAFE Tradicionais 1) UFRGS, PUC, ENEM, UFSC ›› Relevância: Altíssima ›› Foco: UFRGS Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Quando tratavam de maneiras .......... mesa, os manuais de civilidade medievais – ou talvez devamos dizer “manuais de cortesia”, tendo em vista a época – condenavam as manifestações de gula, agitação, a sujeira, a falta de consideração pelos outros convivas. Tudo isso persiste nos séculos XVII e XVIII, porém novas prescrições se acrescentam ......... antigas. Em geral, elas desenvolvem ......... idéia de limpeza – já presente na Idade Média – ordenando que se usem os novos utensílios de mesa: pratos, copos, facas, colheres e garfos individuais. O emprego dos dedos é cada vez mais proscrito, bem como a transferência dos alimentos diretamente da travessa comum à boca. Isso evidencia não só uma obsessão pela limpeza, como ainda um progresso do individualismo: o prato, o copo, o garfo, a faca, a colher e o garfo individuais na verdade erguem paredes invisíveis entre os comensais. Na Idade Média, levava-se a mão a um prato comum, duas ou três pessoas tomavam a sopa numa só escudela, todos comiam a carne na mesma travessa e bebiam de uma única taça que circulava pela mesa; facas e colheres, ainda inadequadas, passavam de um só conviva a outro; e cada qual mergulhava seu pedaço de pão ou carne em saleiras e molheiros comuns. Nos séculos XVII e XVIII, ao contrário, cada comensal é dono de um prato, um copo, uma faca, uma colher, um garfo, um guardanapo e um pedaço de pão. Tudo que é retirado das travessas, molheiras e saleiros comuns deve ser pego com os utensílios adequados e depositado no prato antes de ser tocado com os próprios talheres e levado ........ boca. Cada conviva é encerrado numa espécie de gaiola imaterial. Por que tais precauções, dois séculos antes de Pasteur descobrir a existência de micróbios? O que vem a ser essa sujeira de que tanto se teme? Não será principalmente o medo do contato com o outro? 01) De acordo com o texto, a) os manuais de cortesia da Idade Média toleravam a sujeira e a falta de educação que eram constantes nas refeições feitas em sociedade. b) nos séculos XVII e XVIII era considerado educado retirar a comida com os dedos diretamente das travessas comuns, desde que nos pratos individuais se utilizassem utensílios adequados. c) o que parece ser uma óbvia diferença de qualidade entre a etiqueta da Idade Média e dos séculos XVII e XVIII na verdade se trata de uma diferença cultural devida ao avanço da idéia do individualismo. d) as refeições comunais da Idade Média eram mais divertidas e animadas que os banquetes dos séculos XVII e XVIII, nos quais uma atmosfera de medo era instaurada pela sujeira constante e por uma rígida etiqueta. e) a etiqueta dos séculos XVII e XVIII determinava que as mesas fossem divididas em nichos individuais que isolassem os convivas de qualquer contato entre si. 02) Assinale a alternativa que identifica corretamente os núcleos dos sujeitos de, respectivamente, condenavam (linha 2), se acrescentam (linha 4), se usem (linha 6). a) b) c) d) e) maneiras (linha 1) - isso (linha 4) - utensílios (linha 6) maneiras (linha 1) - prescrições (linha 4) - novos (linha 6) maneiras (linha 1) - antigas (linha 5) - utensílios (linha 6) manuais (linha 1) - isso (linha 4) - novos (linha 6) manuais (linha 1) - prescrições (linha 4) - utensílios (linha 6) 741 Módulo 20 03) Assinale a alternativa em que foi corretamente utilizada uma palavra da mesma família ou de prescrições (linha 4) ou de proscrito (linha 7). a) Repousei, tomei os remédios que o médico proscreveu, e logo minha obediência foi recompensada: recebi alta e pude voltar ao futebolzinho no quintal. b) A lei prescreve a pena de morte para o delito de que eu o incriminei; espero que seja cumprida, pois assim me apossarei de toda a sua fortuna. c) A volta do prescrito agitou a pequena cidadezinha do velho oeste; quereria ele vingar-se dos seus inimigos? 04) Supondo que a palavra escudela (linha 12) seja desconhecida para o leitor, são propostas as estratégias seguintes para determinar seu significado: I. Observar que o trecho do texto em que está inserida trata do uso de utensílios de mesa e que a palavra escudela deve pertencer ao mesmo campo semântico. II. Pela análise morfológica da palavra, determinar que ela é formada a partir de escudo e portanto remete à guerra e às disputas da Idade Média. III. Pela análise sintática, determinar que, dada à função que exerce na frase, a palavra não necessita concordar em número com o sujeito. d) A proscrição do padre confessor me apavorou: eu teria de rezar mil pai-nossos, mil ave-marias e quinhentos credos, além de acender uma vela para cada vez que estivera com a vizinha. e) O casamento não está de todo proscrito de nossa tribo, mas é inegável que ele contraria o que ordena nosso guru: “Amem fisicamente a todos que puderem.”. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. Quais são adequadas para a finalidade acima expressa? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas I e II d) Apenas II e III e) I, II e III – Mas pra você não é uma pouca-vergonha, é? – ela disse, secando as lágrimas. Voltava ao desafio. – Eu sou homem, ou você não entende isso? – Não entendo. O Dr. Paranhos quedou-se quieto por um tempo marcado em séculos no relógio da agonia. Seus olhos baixaram para a mesa e assim ficaram, enquanto sua inteligência buscava uma forma clara de ilustrar a madrinha. Por fim, suspirou e disse: – Eu tenho um argumento que você vai entender. Levantou-se com certa dificuldade e ausentou-se da cozinha, onde ficamos suspensos por um fio em pleno abismo. Logo, porém, ele retornou com o argumento na mão. Girou o tambor do argumento. Depois, com um gesto solene, botou o argumento na cintura. Sentou-se novamente e disse, pausadamente: – Tem uma coisinha, Dirce: ou este tal de feminismo acaba hoje, ou o que acaba é tua mesada, se não acabar minha paciência antes. Certo? Agora vamos jantar. 05) A respeito do argumento a que se refere o texto a partir da linha 8, são feitas as afirmativas seguintes. I. II. III. O Dr. Paranhos utiliza-se de linguagem não verbal para apresentar seu argumento. Na atitude e na fala do Dr. Paranhos está implícita a ameaça do uso da força. Pelos dados fornecidos nas seqüências retornou com o argumento na mão. Girou o tambor do argumento, botou o argumento na cintura, pode-se inferir que o Dr. Paranhos voltou para a cozinha com um revólver. Quais são as corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas I e II 742 d) Apenas II e III e) I, II e III Interpretação de textos UFRGS 06) A alternativa em que ambas as palavras ou expressões se referem a um mesmo personagem é: a) você (linha 1), você (linha 8) b) ela (linha 1), Dirce (linha 13) c) você (linha 3), o Dr. Paranhos (linha 5) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. d) Eu (linha 3), você (linha 8) e) Eu (linha 8), Dirce (linha 13) Apesar de não termos ilusões quanto ao caráter das nossas elites, existia uma certa resistência a essa espécie de niilismo a que o Brasil nos leva. Os escândalos na área financeira estão acabando até com isso. Fica cada vez mais difícil espantar os burgueses. Os burgueses não se espantam com mais nada. Alguns talvez se surpreendam quando ouvem um filho pequeno ou um neto repetindo uma letra dos Mamonas, mas neste caso o espanto é divertido, ou pelo menos resignado. A necessidade de se ser absolutamente claro sobre que tipos de atividade sexual causam AIDS e como fazer para preveni-la acabou com qualquer preocupação da imprensa e da propaganda com o pundonor (grande palavra) alheio, embora ainda façam alguns rodeios. A linguagem ficou mais leve, ficamos menos hipócritas. Burgueses epatáveis ainda existem, mas o acúmulo de agressões a seus ouvidos e pruridos os insensibilizou e hoje, se reagem, não é em público. 07) Segundo lemos no texto, a) b) c) d) e) os escândalos financeiros estão acabando com as elites brasileiras. os Mamonas acabaram de uma vez por todas com o espanto dos burgueses. a imprensa não é direta quando fala em AIDS. nós não somos mais hipócritas devido à leveza da linguagem da mídia. os burgueses estão perdendo a capacidade de espanto. 08) Considere as afirmações: I. A palavra pundonor (linha 8) poderia ser substituída por pudor ou decoro, sem que o significado do texto fosse alterado. II. O comentário parentético feito pelo autor logo após a palavra pundonor (linha 8) indica uma reflexão sobre escolhas lexicais do texto. III. Com o comentário parentético que aparece logo após a palavra pundonor (linha 8), o autor chama a atenção de seu leitor para um aspecto sintático do texto. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e II e) I, II e III 09) Observe as seguintes afirmações sobre concordância. I. Caso a palavra Alguns na linha 4 fosse substituída por Alguém, apenas dois verbos deveriam sofrer ajustes para fins de concordância. II. Caso tivéssemos O burguês ao invés de Burgueses na linha 10, quatro outras palavras deveriam sofrer ajustes para fins de concordância. III. Caso a seqüência da imprensa e propaganda (linha 8) fosse substituída por da mídia, o verbo façam (linha 9) deveria sofrer ajuste para fins de concordância. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas I e II c) Apenas I e III 743 d) Apenas II e III e) I, II e III Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. A mãe de hoje em dia é uma mulher esbaforida, a representar papel avesso........ que lhe foi imposto até alguns anos atrás. Ela está às voltas com o problema de ter e criar filhos e administrar uma carreira. Em muitos casos ela é importante, quando não é a única fonte de renda da casa. Freqüentemente ela é a ponte para que a classe média ........... à classe alta. No limite do raciocínio, a expectativa sancionada pela sociedade repele uma mulher que possa abandonar o trabalho, que tantas possibilidades ....... abriu, e trocá-lo pela atenção aos filhos. A mãe tradicional, a antes louvada rainha do lar, por assim dizer, está rechaçada. No pós-feminismo, a sensação é de que todas as chances existem para uma mulher forte e competente chegar ao ápice em qualquer terreno. (...) A mãe que todas as gerações conheceram - aquela que ficava em casa e tratava das tarefas da família, especialmente dos filhos - será no futuro objeto de relato histórico a provocar estranheza nos ouvintes. 10) Assinale a alternativa que faz uma afirmação correta sobre o significado do texto. a) Segundo lemos nas linhas 5 a 7, a sociedade não mais espera que as mães cuidem dos filhos. b) De acordo com o que lemos nas linha 7 a 10, o pós-feminismo trouxe a garantia de a mulher chegar ao topo de qualquer carreira que escolher, desde que seja forte e competente. c) De acordo com o primeiro parágrafo, a mãe da sociedade contemporânea não cria seus filhos, mas administra uma carreira e permite que sua família mude de classe social. d) Segundo lemos na linha 5, o raciocínio segundo o qual a sociedade não espera que as mães abandonem seus empregos é limitado. e) A mãe que fica em casa, segundo o último parágrafo do texto, tende a desaparecer, mesmo que ainda possa ser conhecida pelas gerações atuais. 11) Assinale a alternativa que apresenta sinônimos adequados para as palavras sancionada (linha 5), sensação (linha 8) e provocar (linha 11), respectivamente, considerando o contexto em que tais palavras ocorrem. a) b) c) d) e) aprovada, impressão, suscitar criada, impressão, suscitar criada, intuição, suscitar aprovada, intuição, incitar aprovada, impressão, incitar 12) Assinale a alternativa que apresenta uma sugestão de reescrita que altera o significado original do texto apontado entre parênteses. a) b) c) d) A mãe é, hoje, uma mulher esbaforida representando papel avesso... (linha 1) Ela é, em muitos casos, parte importante... (linhas 3-4) Ela é a ponte para que a família freqüentemente... (linha 4) ...todas as chances existem para, em qualquer terreno, uma mulher forte e decidida chegar ao ápice. (linhas 8-9) e) No futuro, a mãe que todas as gerações conheceram (...) será objeto de relato histórico a provocar estranheza nos ouvintes. (linhas 10-11-12) 744 Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. Lá pela metade do século 21, já não haverá superpopulação humana, como hoje. Os governos de todo o mundo – presumivelmente, todos democráticos - poderão incentivar as pessoas à reprodução. E será melhor que o façam com as melhores pessoas. A eugenia humana – isto é, a escolha dos melhores exemplares para a reprodução, de modo a aprimorar a média da espécie, como já se fez com cavalos – encontrará o período ideal para sair da prancheta dos cientistas para a vida real. Pessoas selecionadas por suas características genéticas serão empregadas do Estado. O funcionalismo público terá uma nova categoria: a dos reprodutores. Este exercício de futurologia foi apresentado seriamente pelo professor do Instituto de Biociências da USP, Oswaldo Frota-Pessoa, em palestra no colóquio Brasil-Alemanha – Ética e Genética, quarta-feira à noite (...). Nas conferências de segunda e terça, a eugenia foi citada como um perigo das novas tecnologias, uma idéia que não é cientificamente – e muito menos eticamente – defensável. 13) Considere as seguintes afirmativas sobre a posição do autor com relação ao assunto de que trata o texto. I. O autor é favorável à eugenia como solução para a futura queda no crescimento demográfico, como indica o primeiro parágrafo. II. O autor trata as idéias do professor Oswaldo Frota-Pessoa com certa ironia, como demonstra o uso da palavra seriamente na linha 9. III. Ao relatar posições contraditórias por parte de cientistas com relação à eugenia humana, o autor revela que esta é uma concepção controversa. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas II e III e) I, II e III 14) Assinale a alternativa que está de acordo com o texto. a) Segundo lemos na primeira frase do texto, vivemos num mundo em que o número de pessoas é considerado excessivo. b) Como se conclui da leitura do primeiro parágrafo, a escolha dos melhores seres humanos para a reprodução, através da eugenia, causará uma queda na população mundial. c) A partir da leitura do segundo parágrafo do texto, concluímos que a especialidade do professor Frota-Pessoa é futurologia. d) De acordo com o significado global do último parágrafo, o maior perigo das novas tecnologias é a ética. e) A eugenia humana, ao tornar os reprodutores candidatos a funcionários públicos, constituirá uma oportunidade de trabalho apenas para homens. 15) Considere as seguintes afirmações sobre a eugenia humana. I. O uso restritivo da palavra humana (linha 4), no texto, indica que a palavra eugenia (linha 3) não se refere apenas à reprodução humana, mas à reprodução de qualquer espécie. II. Pelos princípios expostos pelo texto, o vigor físico e a inteligência serão os critérios de eugenia a partir dos quais será feita a seleção dos melhores exemplares. III. Conforme o texto, a eugenia humana já existe na forma de projeto científico. Quais são as corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas I e III 745 d) Apenas II e III e) I, II e III Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. Pais e adultos em geral são incompetentes para entender o que vai pela cabeça das crianças; estas, por sua vez, são incapazes de detectar o que se esconde sob os gestos e as frases dos mais velhos. Na zona cinzenta que reúne essas duas conhecidas limitações, reside o objeto de “Quarto de Menina”, estréia literária da psicanalista carioca Lívia Garcia-Roza. Luciana, oito anos, filha única de pais separados, é inteligente, sapeca, sem papas na língua e mora com o pai, intelectual pacato, caladão, professor de filosofia. É ela a narradora do livro. Ao longo de 180 páginas, relata seu cotidiano, que se limita, aqui, ao próprio quarto, à biblioteca do pai, à sala e à casa da mãe. (...) Apesar disso, não se trata de uma obra para crianças. A construção híbrida da narrativa descarta episódios mais banais ou preocupações que seriam em tese mais comuns às crianças, dando destaque para os diálogos, seja entre Luciana e os pais, seja entre a garota e suas bonecas. No primeiro caso, Luciana freqüentemente não entende certas insinuações dos pais, enquanto estes ficam perplexos diantes das reações ou perguntas da filha. Já nas “conversas” com seus amigos de quarto, a narradora expõe seu estranhamento, desabafa, chora, faz planos e, ao mesmo tempo, revela indireta e inconscientemente a dificuldade de captar o significado dos eventos que ela mesma narra, significado que nós, leitores presumivelmente maduros, enxergamos logo de cara. Nessa capacidade de explicitar ao mesmo tempo uma história e a não-compreensão dessa mesma história pelo seu próprio narrador, aí está um dos pontos mais interessantes de “Quarto de Menina”. (...) 16) Assinale a alternativa que apresenta o principal objetivo do autor ao escrever o texto acima. a) b) c) d) e) Comentar a obra literária “Quarto de Menina”, escrita por uma psicanalista carioca. Discutir, de forma geral, as dificuldades de compreensão entre adultos e crianças. Exemplificar a natureza da relação entre pais e filhos, com o caso da menina Luciana. Narrar, em primeira pessoa, o cotidiano de uma menina urbana de oito anos. Mostrar o paradoxo existente na incompreensão de uma narradora em relação aos próprios fatos que ela narra. 17) Considere as seguintes afirmações. I. Segundo lemos na primeira frase do texto, é possível entender o que se passa na cabeça dos adultos, mas não na das crianças. II. O uso de indireta e inconscientemente (linha 16) indica que Luciana não percebe que está revelando suas dificuldades de compreensão. III. Escrito por uma criança, “Quarto de Menina” tem como público-alvo interlocutores da mesma faixa etária. Quais delas estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas II Apenas I e II Apenas II e III I, II e III 746 Interpretação de textos UFRGS 18) Leia o trecho que inicia em dando destaque (linha 11) e termina em bonecas (linha 12) e considere as seguintes afirmações a ele relacionadas. I. Neste trecho são feitas alusões a fatos que serão analisados no parágrafo seguinte. II. O uso de seja indica a existência de duas referências alternativas para o termo diálogos (linha 11) III. O trecho Já nas “conversas” com seus amigos de quarto (linhas 14-15) poderia ser substituído por No segundo caso. Quais delas estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas I e II Apenas I e III Apenas II e III I, II e III 20) Caso a expressão a narradora (linha 15) fosse substituída por o narrador, quantas outras palavras daquela mesma frase deveriam sofrer modificações devidas à concordância? a) b) c) d) e) 21) Considere as seguintes afirmações sobre o último parágrafo do texto. I. A palavra aí (linha 20) refere-se a Nessa capacidade... (linha 19). II. A palavra aí (linha 20) poderia ser suprimida, sem que houvesse alteração de significado. III. A leitura do parágrafo permite concluir que o livro “Quarto de Menina” oferece mais de uma fonte de interesse para o leitor. 19) Considere as seguintes afirmações sobre o livro “Quarto de Menina” I. Conforme o texto nos indica, a narração do livro em questão é feita em primeira pessoa II. O uso de aspas na linha 14 indica necessariamente que, ao conversar com seus amigos de quarto, Luciana nunca fala em voz alta, apenas pensa. III. O uso de presumivelmente (linha 17) expressa uma dúvida quanto à maturidade dos leitores do texto. Quais delas estão corretas? a) b) c) d) e) nenhuma uma duas três cinco Apenas I Apenas II Apenas I e II Apenas I e III I, II e III 747 Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas II Apenas III Apenas I e III I, II e III Módulo 20 Ter cem anos, ser centenária 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. Porto Alegre está ficando assim, quando menos se espera aparece um centenário. (...) Bem, nós sabemos que uma cidade centenária é muito mais do que uma cidade de cem anos, uma cidade onde meramente vivem figuras e cenários de cem anos. Esta, basta deixá-la vagar ao sabor do calendário, que mal ou bem corre; aquela, porém, precisa muito mais. Precisa, por exemplo, da vibração que só acomete os dispostos a segurar o tempo pelos cabelos e impor-lhe um ritmo, para fazer história, consistência, com a matéria-prima trivial, dispersão. Com seus mais de duzentos anos de existência, Porto Alegre se candidata, agora, à honraria de ser centenária. Coisas, ambientes, filhos ilustres, artistas, instituições, ruas portoalegrenses estão fazendo acontecer, ao longo dos anos, a cidade - este silencioso depósito de sucessivas camadas de heroísmo, covardia, ousadia, destempero, fracasso, vitórias, esperanças, desinteresses, contrariedades e desejos, em combinações díspares, humanas. 22) Vários pronomes no texto retomam elementos anteriormente referidos. Assinale a alternativa em que a associação entre o pronome e o elemento substituído está correta. a) b) c) d) e) esta (linha 3) - uma cidade centenária (linha 2) la (linha 4) - uma cidade centenária (linha 2) que (linha 4) - calendário (linha 4) aquela (linha 4) - uma cidade de cem anos (linhas 2-3) lhe (linha 6) - vibração (linha 5) 23) Assinale a alternativa que contém sinônimos adequados para as palavras meramente (linha 3), acomete (linha 5) e díspares (linha 12), no contexto em que aparecem. a) b) c) d) e) geralmente, perturba, únicas simplesmente, assalta, desiguais comumente, assalta, únicas simplesmente, perturba, desiguais comumente, perturba, únicas 24) Considere as seguintes afirmações sobre o texto. I. O título do texto justapõe duas expressões sinônimas, quando na verdade faz referência a idéias que serão colocadas em oposição. II. O verbo acontecer, em seu significado mais usual, está ligado a eventos. Em razão disso, seu uso na linha 10 tira da cidade seu caráter estático. III. Considerando o significado global do texto, pode-se afirmar que Porto Alegre está se tornando uma cidade onde se faz história. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas II Apenas III Apenas I e II I, II e III 748 Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. Dos anais da república. – O Senhor não tem medo de nada, presidente? – Nada. – Nem de barata? Pausa de segundos. Digo a verdade, ou minto para parecer mais humano? (...) Não, melhor ser curto e sincero. – Nem de barata. 25) Assinale a alternativa que apresenta a interposição correta do significado de dizer a verdade ou de mentir, na linha 5, considerando a totalidade do texto. a) b) c) d) e) Dizer a verdade significa reconhecer que tem medo de barata. Mentir significa dizer que tem medo de barata. Dizer a verdade significa fingir que não tem medo de barata. Mentir significa negar que tenha medo de barata. Dizer a verdade significa reconhecer que não sabe se tem medo de barata. 26) Considere as frases abaixo. I. Nada (linha 3) II. Nem de barata? (linha 4) III. Pausa de segundos (linha 5) IV. Digo a verdade, ou minto para parecer mais humano? (linha 5) Quais delas representam ou a fala ou o pensamento do presidente? a) Apenas I e II 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. b) Apenas I e IV c) Apenas II e III d) Apenas I, II e IV e) Apenas I, III e IV Pode ser uma surpresa para quem pensa que a desonestidade é uma característica exclusiva dos seres humanos, mas para muitos zoólogos não há dúvida: eles afirmam que os animais usam a linguagem muito mais para dissimular e mentir do que para trocar informações “honestas”. A natureza está repleta de bichos vigaristas, cujo comportamento chega a ser quase humano, no pior sentido dessa expressão. Um desses trambiqueiros é um jovem babuíno do sul da África, batizado de Paul pelos primatologistas ingleses R. Byrne e A. Whinten, que o flagraram várias vezes passando o seguinte conto do vigário: quando notou que uma fêmea arrancava uma suculenta raiz da terra, Paul pôs-se a gritar como se estivesse apanhando. Imediatamente, sua mãe apareceu e, pensando que a fêmea tivesse atacado seu filhote, expulsou-a. O esperto babuíno aproveitou para roubar e saborear o alimento. 27) Considere as seguintes afirmações sobre o significado da seqüência eles afirmam (linha 2) I. Através dela, o autor mostra que não se responsabiliza pela afirmação feita. II. Através dela, o autor demonstra que a afirmação se baseia na autoridade dos zoólogos. III Através dela, o autor sinaliza que não considera verdadeira a afirmação feita. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e II e) I, II e III 749 Módulo 20 28) Entre as substituições abaixo propostas, aquelas que implicariam o uso de uma palavra mais culta e formal do que a palavra originalmente usada no texto é: a) b) c) d) e) exclusiva (linha 2) - somente dissimular (linha 3) - enganar repleta (linha 4) - cheia quase (linha 5) - meio trambiqueiros (linha 5) - embusteiros 29) É incorreto afirmar que a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. eles (linha 2) retoma muitos zoólogos (linha 2). cujo (linha 4) retoma bichos vigaristas (linha 4). que (linha 7) retoma primatologistas ingleses (linha 6). o (linha 7) retoma um jovem babuíno (linha 6). seu (linha 10) retoma a fêmea (linha 9). No Brasil das últimas décadas, a miséria teve diversas caras. Houve um tempo em que, romântica, ela batia à nossa porta. Pedia-nos um prato de comida. Algumas vezes, suplicava por uma roupinha velha. Conhecíamos os nossos mendigos. Cabiam nos dedos de uma das mãos. Eram parte da vizinhança. Ao alimentá-los e vesti-los, aliviávamos nossas consciências. Dormíamos o sono dos justos. A urbanização do Brasil deu à miséria certa impessoalidade. Ela passou a apresentarse como um elemento da paisagem. Algo para ser visto pela janelinha do carro, ora esparramada sobre a calçada, ora refugiada sob o viaduto. A modernidade trouxe novas formas de contato com a riqueza. Logo a miséria estava batendo, suja, esfarrapada, no vidro de nosso carro. Os semáforos ganharam uma inesperada função social. Passamos a exercitar nossa infinita bondade pingando esmolas em mãos rotas. Continuávamos de bem com nossos travesseiros. Com o tempo, a miséria conquistou os tubos de imagens dos aparelhos de TV. Aos poucos, foi perdendo a docilidade. A rua oferecia-nos algo além de água encanada e luz elétrica. Os telejornais passaram a despejar violência sobre o tapete da sala, aos pés de nossos sofás. Era como se dispuséssemos de um eficiente sistema de miséria encanada. Tão simples quanto virar uma torneira ou acionar o interruptor, bastava apertar o botão da TV. Embora violenta, a miséria ainda não nos via. Vivia-se, nesta fase, a utopia da cesta básica. Tentava-se remediar anos de omissão com programas oficiais paternalistas. Súbito a miséria cansou de esmolar. Ela agora não pede; exige. Ela já não suplica; toma. A miséria não bate mais à nossa porta; invade. Não estende a mão diante do vidro do carro; arranca os relógios dos braços distraídos. 30) Considere as seguintes afirmações sobre o texto: I. II. III. O texto descreve as transformações pelas quais passou a relação entre a população miserável e o grupo social ao qual pertence o autor, como indica o uso constante da primeira pessoa do plural no primeiro parágrafo do texto. O texto sugere na linha 6 que a urbanização divide a história da miséria do Brasil em duas únicas etapas. Na primeira, a miséria é romântica; na segunda, violenta. Segundo o autor, seu grupo social manteve-se sempre mobilizado em relação à miséria, visto como um problema social e não individual. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III 750 d) Apenas I e II e) Apenas I e III Interpretação de textos UFRGS 31) O contraste entre as várias caras da miséria é um elemento fundamental no texto. Uma das formas através das quais ele é construído é o uso de palavras e expressões que se opõem, como riqueza e miséria. Assinale a alternativa em que não há contraste entre as palavras ou expressões retiradas do texto. 32) Um dos recursos utilizados pelo autor na construção do texto é o emprego de expressões em sentido figurado. A referência feita às caras da miséria ilustra tal emprego, já que – compreendida literalmente – a miséria não tem cara. As expressões abaixo são exemplos desse emprego, à exceção de a) parte da vizinhança (linha 4) / impessoalidade (linha 6) b) batia à nossa porta (linha 2) / invade (linha 21) c) romântica (linha 2) / violenta (linha 18) d) pede (linha 20) / exige (linha 20) e) calçada (linha 8) / viaduto (linha 8) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. a) b) c) d) de bem com nossos travesseiros (linha 12) elemento da paisagem (linha 7) braços distraídos (linha 22) eficiente sistema de miséria encanada (linha 16) e) despejar violência sobre o tapete da sala (linha 15) Segundo o costume, meu bisavô casou-se cedo, aos catorze anos, com uma mulher seis anos mais velha. Considerava-se um dos deveres da esposa ajudar a criar o marido. A história dessa esposa, minha bisavó, foi típica de milhões de mulheres de seu tempo. Vinha de uma família de tanoeiros chamada Wu. Como a família não era intelectual nem tinha nenhum cargo oficial, e como ela era menina, não recebera nome algum. Sendo a segunda filha, era simplesmente chamada de “Menina Número Dois” (Er-ya-tou). O pai morrera quando ela era bebê, e ela fora criada por um tio. Um dia, quando tinha seis anos, o tio jantava com um amigo cuja esposa estava grávida. No jantar, os dois homens concordaram que, se o bebê fosse homem, seria casado com a sobrinha de seis anos. Os dois jovens nunca se viram antes do casamento. Na verdade, apaixonar-se era considerado quase uma vergonha, uma desgraça para a família. Não porque fosse tabu - afinal, havia uma venerável tradição de amor romântico na China - mas porque se esperava que os jovens não se expusessem a situações em que acontecesse uma coisa dessas, em parte porque era imoral se encontrarem, e em parte porque o casamento era visto acima de tudo como uma obrigação, um acordo entre duas famílias. Com sorte, a pessoa podia apaixonar-se depois de casada. 33) Pode-se identificar como tema mais desenvolvido nesse texto: a) o casamento precoce do bisavô da autora, como se pode inferir da leitura do primeiro parágrafo do texto b) as circunstâncias da vida da bisavó da autora, conforme aponta a narrativa constante do segundo parágrafo c) o casamento na China, como indicam as constantes referências a ele ao longo do texto d) a vida da mulher chinesa, como se pode deduzir da palavra típica (linha 3) e) a moral chinesa tradicional, conforme aponta o emprego da expressão venerável tradição (linha 11) 34) Da leitura do texto, podemos inferir que a) o casamento na China era uma tradição venerável porque, não sendo considerado um tabu, era compatível com o amor entre os cônjuges. b) intelectuais e detentores de cargos oficiais chineses tinham, na China, direitos diferentes dos que não o eram. c) decisões sobre casamentos, na China, eram tomadas necessariamente com a participação de todos os membros mais idosos da família. d) fazia parte da tradição chinesa atribuir às mulheres órfãs nomes baseados em ordem hierárquica que elas ocupavam na família. e) milhões de mulheres chinesas compartilhavam o destino de serem filhas de tanoeiros e serem criadas por seus tios. 751 Módulo 20 35) Se substituíssemos a palavra pessoa (linha 15) por noivos, quantas outras palavras sofreriam ajustes de concordância? a) b) c) d) e) uma duas três quatro cinco II. dessa esposa (linha 3) refere-se a da esposa (linha 2). III. O marido (linha 2) refere-se a meu bisavô (linha 1). IV. Os jovens (linha 12) refere-se a Os dois jovens (linha 9). Quais estão corretas? 36) Considere as seguintes afirmações sobre expressões do texto. I. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. A substituição de da esposa (linha 2) por de uma esposa não acarretaria mudança de significado. a) b) c) d) e) Apenas I Apenas III Apenas I e III Apenas II e IV I, II, II e IV Astucioso, egoísta, alerta às chances de burlar os cidadãos e o Estado, espantoso desrespeito pelo bem comum e pelas leis - esta é a imagem que se tem do corrupto, o mais notório personagem da realidade política atual, no Brasil, e, pode-se dizer, no mundo. “Mas quem, afinal, são os corruptos?”, provoca o psicanalista Manoel Tosta Berlinck, de São Paulo. Aqueles que trabalham para o governo e se apropriam de bens públicos? Os profissionais liberais que não declaram integralmente seu imposto de renda? O chefe de compras que aceita propina para escolher o fornecedor da empresa onde trabalha? Toda a população, enfim, ............ não exige nota fiscal ao fazer suas compras e facilita aos comerciantes lesar o fisco? Um efeito dessa natureza ampla do fenômeno corrupção, que Berlinck enfatiza, é o da arquiteta Mathilde Caetano, de São Paulo. Em 1990, ................ saída da faculdade, ela abriu um pequeno escritório e contratou um contador. Meses depois, apareceu um fiscal da prefeitura, que descobriu um imposto atrasado. “Há grande espaço de avaliação nas perdas de prazo”, sinalizou o funcionário, já de olho numa propina. A arquiteta devia entender que com um “por fora” a avaliação da dívida seria ............... . 37) Segundo lemos no texto, a) um dos exemplos de profissionais corruptos é o dos contadores, como se pode inferir da conexão entre as frases das linhas 10-13, que indica ter sido o contador quem levou a arquiteta a atrasos no pagamento de impostos. b) o autor tem certeza de suas afirmações sobre corrupção no Brasil e manifesta cautela ao estendê-las ao resto do mundo, como se deduz do uso de pode-se dizer na linha 3. c) a corrupção no Brasil está restrita à classe dos políticos, como se pode deduzir de referência à realidade política feita na linha 3. d) o cálculo dos impostos depende exclusivamente da avaliação técnica feita pelos fiscais, como demonstra o trecho que vai da linha 13 até o final do texto. e) a corrupção não é uma prática disseminada na cultura brasileira, mas ocorre em círculos restritos, como se pode notar na citação de exemplos específicos feita ao longo de todo o texto. 38) Assinale a alternativa que sugere a substituição adequada de uma palavra por outra, considerando o significado global do texto. a) astucioso (linha 1) - inteligente b) burlar (linha 1) - enganar c) integralmente (linha 6) - honestamente d) fisco (linha 9) - imposto e) perdas (linha 13) - prejuízos 752 Interpretação de textos UFRGS 39) Selecione a alternativa que completa adequadamente a afirmação abaixo sobre o texto. Ao selecionar os verbos provocar (linha 4), enfatizar (linha 10) e sinalizar (linha 14), para referir-se às ............. das pessoas mencionadas ou para citá-las, o autor ..........., também, a ............. das mesmas. a) b) c) d) e) manobras - interpreta - legitimidade palavras - interpreta - intenção palavras - desvirtua - intenção manobras - identifica - ética palavras - desvirtua - legitimidade 40) Considere as seguintes afirmações sobre a seqüência dessa natureza ampla do fenômeno corrupção (linha 10). I. A seqüência refere-se à gama de atos corruptos mencionados através das perguntas feitas no primeiro parágrafo. II. De acordo com a frase iniciada por Toda a população (linha 7), todos os cidadãos brasileiros são afetados pela prática da corrupção; daí ser justificada a afirmação de natureza ampla. III. Para que a relação de um efeito com o relato sobre a arquiteta M. Caetano ficasse mais correta e claramente expressa, o autor poderia, por exemplo, ter escrito é o caso da arquiteta ao invés de é o da arquiteta (linha 10-11). Quais estão corretas? a) Apenas I 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. b) Apenas II c) Apenas I e II d) Apenas I e III e) I, II e III Alguém poderia imaginar que aquele pacato subgerente do banco deixa todos os dias sua agência para se transformar num temeroso lutador de luta-livre? Ou que seu formal advogado reforça o orçamento tocando bateria numa banda de rock ou encarnando um personagem na polêmica peça Calígula? Ser um biprofissional é hoje uma solução para driblar os baixos salários e a impossibilidade de depender de uma só carreira – às vezes aquela da qual mais se gosta –, nem sempre em sintonia com as tendências do mercado. Preconceitos e dificuldades à parte, cada vez mais o acúmulo de duas profissões ganha novos adeptos, dispostos a enfrentar a versatilidade que a condição de biprofissional exige. Afinal, é preciso estar sempre preparado para mudar repentinamente de hábitos, roupas e ambiente de trabalho. 41) Considere os itens abaixo, sobre as possibilidades de substituição de palavras do texto por outras. I. Substituição de versatilidade (linha 8) por flexibilidade II. Substituição de temeroso (linha 2) por temerário III. Substituição de adeptos (linha 8) por concorrentes Quais substituições não alterariam o significado global do texto? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas II Apenas III Apenas I e II I, II e III 753 Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. Noutro dia, numa reunião de professores, eu dizia aos demais que o meu trabalho como professor de segundo grau, em última análise, visava, nuclearmente, a contribuir com a formação de pessoas competentes para a vida. Um colega mais jovem indagou-me o que eu entendia por competência, que a seu juízo esta era uma idéia muito relativa, que o que era competência para mim poderia não corresponder à noção que ele fazia de competência, que, assim sendo, eu tivesse a gentileza de dizer o que era, a meu ver, competência. ............, sem saber se me encontrava diante de uma indagação eivada da maior profundidade ou de uma redonda .............., procurei uma resposta que seguisse, digamos, uma linha mais .................: disse que competência não era uma coisa tão relativa assim, que seriam as mesmas, para ele ou para mim, as expectativas sobre a competência que deveria trazer consigo o cirurgião cardiovascular que nos estivesse a ................ uma ponte de safena. A coisa ficou por aí. Mas é dessa maneira que se sedimenta um ambiente onde a idéia de competência, entre outras, toma conotação relativista, e a escola de segundo grau vai, hoje, apresentando a sua contribuição para, democraticamente, formar futuras guildas de incompetentes profissionais. 42) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto. a) b) c) d) e) Perplexo, asneira, concreta, implantar Perplexo, asneira, reta, transplantar Ofendido, dúvida, reta, transplantar Ofendido, asneira, concreta, transplantar Ofendido, dúvida, concreta, implantar 43) Se substituíssemos as expectativas, na linha 10, por a expectativa, quantas outras palavras precisariam obrigatoriamente de ajuste para fins de concordância? a) b) c) d) e) uma duas três quatro cinco 44) Ao escrever, utilizamos vários recursos para fazer referência a elementos que já apareceram ou questões que já foram tratadas anteriormente no texto. Dentre esses recursos, está o uso de pronomes e de palavras de sentido genérico. Assinale a alternativa que indica os elementos aos quais se referem coisa (linha 9), nos (linha 11) e coisa (linha 12), respectivamente. a) b) c) d) e) resposta, o autor do texto e seu colega mais jovem, ponte de safena resposta, o grupo de professores presentes na reunião, a discussão competência, o grupo de professores presentes na reunião, ponte de safena competência, o autor do texto e seu colega mais jovem, a competência competência, o autor do texto e seu colega mais jovem, a discussão 754 Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. O movimento dos “skinheads” está ameaçado de rachar. Chega ao Brasil o “Sharp” (“Skinheads against Racial Prejudice” - “Skinheads” contra o Preconceito Racial). A facção, diferente das outras (que perseguem homossexuais, judeus e, em alguns casos, nordestinos e negros), segue o lema “Orgulho sem Preconceitos”: prega igualdade entre raças e não discrimina homossexuais nem judeus. O “Sharp” pretende “converter” os neonazistas e viver em paz com o restante dos adeptos do movimento. Isso não significa que não usarão a violência para defender “vítimas” de neonazistas. 45) Considere as seguintes afirmações acerca do texto. I. II. III. Na primeira sentença, o autor anuncia de forma objetiva o assunto central do texto - a cisão do movimento “skinhead” - e, em seguida, justifica sua afirmação anunciando a formação de uma dissidência em relação a grupos já existentes. No final do texto, o autor comenta as estratégias de atuação pretendidas pela nova dissidência em relação a grupos já existentes. Considerado na sua relação com a totalidade do texto, o lema do novo grupo de “skinheads” deixa implícito que os demais grupos são movidos pelo orgulho e pelo preconceito. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas II Apenas III Apenas I e III I, II e III 46) Caso quisesse evitar a seqüência não (...) não (linha 6), preservando o significado da sentença e a articulação estabelecida por isso (linha 6), com a sentença anterior, o autor poderia I. II. III. simplesmente suprimir as duas negações suprimir as duas negações e acrescentar poderão depois de que (linha 6), caso em que deverá haver modificação na flexão do verbo usar. substituir a seqüência isso não significa que não por ainda assim, eles poderão, caso em que deverá haver modificação na flexão do verbo usar. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas II Apenas III Apenas II e III I, II e III 47) O segundo uso de aspas em “converter”, na linha 5, tem o objetivo de a) b) c) d) e) indicar transcrição textual marcar a presença de um arcaísmo marcar a ocorrência de um neologismo anunciar uma síntese do que foi enunciado indicar o sentido conotativo da expressão 755 Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. De todos os seres vivos, o homem sempre foi o que mais temeu a idéia da morte, porque a conscientizou, recorrendo a incontáveis eufemismos para evitar a ela qualquer referência direta. Desta permanente preocupação decorre a sua presença em todas as nossas manifestações artísticas. A morte está presente na música, na escultura, nas múltiplas modalidades da arte literária. Na desesperada tentativa de fugir-lhe, o homem fantasiou, mistificou, imaginou letras inacreditáveis, buscando pelo mundo afora, com fé e vontade inabaláveis, as fontes encantadas que lhe garantiriam a imortalidade. Não foi porém, apenas no terreno da imaginação que o homem procurou dominar ou retardar a mor te. Principalmente na ciência, os esforços empreendidos no passado e no presente merecem destaque especial, porquanto, se ainda nem podemos cogitar, a não ser na ficção, de superar o fato do desaparecimento físico, é evidente que já conseguimos retardá-lo, através de processo por vezes sensacionais. 48) Assinale a alternativa que expressa a idéia mais abrangente do texto. a) b) c) d) e) O artifício de evitar referência direta à morte comprova o temor que o homem tem dela. O temor da morte foi o móvel de avanços artísticos e científicos da humanidade. A consciência da morte faz com que o homem a tema e procure superá-la. Alguns avanços científicos servem de prova ao fato de que o homem teme a morte. O objetivo da implementação de processos, às vezes espetaculares, na ciência e na medicina tem sido retardar a morte. 49) Há no texto pronomes que substituem elementos anteriormente citados. Escolha a alternativa que contém a associação pronome / elemento substituído correta a) b) c) d) e) que (linha 1) - os seres vivos (linha 1) desta (linha 3) - referência direta (linha 3) sua (linha 3) - preocupação (linha 3) que (linha 7) - as fontes encantadas (linha 7) lhe (linha 5) - mundo (linha 6) 50) Assinale a alternativa em que ocorre um exemplo de eufemismo a que se refere o texto (linha 2). a) b) c) d) e) Quando teu pai partir desta vida para a outra, vais sentir sua falta. Buscas a vida, eu, a morte. Buscas a terra, eu, os céus. A morte para os justos será a porta para um destino glorioso. A morte é a curva da estrada. Morrer é só não ser visto. O anjo da morte te buscará à meia-noite e tu sorrirás feliz. 756 Interpretação de textos UFRGS 51) Considere as afirmativas seguintes, que se referem à interpretação de passagens da história abaixo. I. Considerando os quadros 1 a 4, podemos inferir que, para Calvin, estar numa boa é estar feliz, contente e eufórico. II. Considerando os quadros 5 e 6, podemos inferir que ser feliz não está entre os desejos de Calvin. III. Considerando a fala de Hobbes no quadro 8, podemos dizer que seu silêncio no quadro 7 caracteriza desaprovação. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas II e III e) I, II e III Os itens abaixo referem-se às questões 52 e 53 e são falas extraídas da historieta. a) b) c) d) e) O problema com você, Hobbes, é que nunca diz nada! Essa é a diferença entre eu e o resto do mundo. Meu dia está arruinado. Eu descobri que isso preserva em muito uma amizade. Eu não! 52) Assinale a alternativa que contém uma construção bastante formal, incomum na fala cotidiana. 53) Assinale a alternativa que contém uma expressão freqüente na linguagem coloquial, mas considerada incorreta na norma culta. 757 Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. Um grupo de vinte adolescentes caminhava em passos quase marciais na direção das areias do Arpoador, vindo da vizinha praia de Ipanema. Pareciam uniformizados - quase todos sem camisa e só de bermuda. Falavam alto e gesticulavam muito. Estavam agitados. Uma zoeira. Os termômetros, naquele momento, marcavam 35 graus em toda a orla marítima da Zona Sul do Rio de Janeiro. Em frente a um hotel, o grupo que chegava se defrontou com um outro que ocupava uma faixa na areia. Houve provocações mútuas. Passaram-se poucos segundos entre os primeiros palavrões e uma pancadaria infernal que durou meia hora, em meio aos gritos de ameaça dos combatentes e o pânico dos banhistas, que fugiam apressados, deixando para trás seus pertences, já certos de que não os encontrariam na volta - se é que voltariam. 54) Assinale o termo com o qual concordam as palavras “fugiam” (linha 8), “certos” (linha 9) e “encontrariam” (linha 9). a) b) c) d) e) segundos (linha 7) palavrões (linha 7) gritos (linha 8) combatentes (linha 8) banhistas (linha 8) 55) Assinale a alternativa correta a respeito do ponto de vista narrativo do texto. a) O texto apresenta o ponto de vista do grupo de adolescentes, como se pode observar na primeira frase do texto (linha 1-2), especialmente pelo uso da expressão “passos quase marciais”. b) O texto apresenta o ponto de vista dos banhistas, como se pode observar na última frase do texto (linha 6-10), especialmente pelo uso da expressão “primeiros palavrões”. c) O texto apresenta um ponto de vista externo, nem dos adolescentes nem dos banhistas, como se pode observar pelo uso da 3ª pessoa nos verbos, por exemplo na frase que inicia na linha 6. d) O texto apresenta o ponto de vista da polícia, como se pode observar na frase que inicia na linha 6 e no uso da expressão “provocações mútuas” (linha 6). e) O texto apresenta um ponto de vista híbrido, tanto dos adolescentes e dos banhistas quanto da polícia, como se pode observar na frase que inicia com “Os termômetros” (linha 4), especialmente pela expressão “toda a orla”. 01. 02. 03. 04. 05. 06. Desde os seus primeiros dias, o ano de 1919 trouxe uma inusitada excitação às ruas de São Paulo. Era alguma coisa além da turbulência instintiva, que o calor um tanto tardio do verão quase tropical da cidade naturalmente incitava nos seus habitantes. De tal modo esse novo estado de disposição coletiva era sensível, que os paulistanos em geral, surpresos consigo mesmos, e os seus porta-vozes informais em particular, os cronistas, se puseram a especular sobre ele. 56) Assinale a alternativa que apresenta sinônimos convenientes para as palavras “inusitada” (linha 1), “turbulência” (linha 2) e “sensível” (linha 4). a) b) c) d) e) estranha - ventania - perceptível exagerada - perturbação - suscetível estranha - perturbação - suscetível exagerada - ventania - perceptível estranha - perturbação - perceptível 758 Interpretação de textos UFRGS 57) Na coluna da direita estão alguns pronomes e, na coluna da esquerda, palavras ou expressões a que, possivelmente, eles se referem. 1. “ano de 1919” (linha 1) ( ) “seus (linha 1) 2. “uma inusitada excitação” (linha 1) ( ) “seus” (linha 5) 3. “(d)a cidade” (linha 3) ( ) “ele” (linha 6) 4. “esse novo estado de disposição coletiva”(linha 4) 5. “os paulistanos em geral” (linha 4) A associação numérica correta, de cima para baixo, da coluna da direita, é a) 1 - 5 - 4 b) 1 - 3 - 4 c) 2 - 5 - 3 d) 2 - 4 - 1 e) 1 - 3 - 2 58) O trecho que inicia em “De tal modo” (linha 3) e vai até “sensível” (linha 4) pode ser reescrito de várias maneiras. Assinale aquela em que há alteração do significado original. a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. Era de tal modo sensível esse novo estado de disposição coletiva De tal modo era sensível esse novo estado de disposição coletiva Esse novo estado de disposição coletiva era de tal modo sensível Esse novo estado de disposição coletiva de tal modo era sensível De tal modo sensível esse novo estado era de disposição coletiva Língua é caráter. O português brasileiro é mais anasalado do que o de Portugal. Eles dizem “ao” onde nós ......... “ão”, por isso a nossa “corrupção” parece maior, tem a força ......... de um superlativo. É como se existisse a palavra “corrupcinha”, mas, de tão pouco adequada aos nossos hábitos, se tivesse perdido no tempo, ......... para sempre pelo seu ......... . Nosso português liberado pelo nosso tamanho nos ............. só aos grandes pecados. A culpa não é nossa, é da nossa ............. . É dos nossos superlativos. Ditongo nasal é destino. O que, mais do que uma tese, é um álibi. 59) Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas marcadas com linha pontilhada (linha 3, primeira da 5 e 6), considerando a globalidade do texto. a) b) c) d) e) pejorativa - oposto - democracia pejorativa - homônimo - geografia descritiva - oposto - geografia descritiva - homônimo - colonização expositiva - sinônimo - colonização 60) Considere as afirmativas sobre o uso das aspas no texto. I. Em “ao” (linha 2) e “ão” (linha 2), as aspas marcam segmentos tomados como exemplos para a afirmação do autor. II. Em “corrupção” (linha 2), elas ressaltam o terceiro elemento de uma enumeração que inicia com “ao” (linha 2) III. Em “corrupcinha” (linha 3), elas servem para marcar um estrangeirismo citado pelo autor. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas I e II 759 d) Apenas I e III e) I, II e III Módulo 20 61) Considere as afirmativas abaixo. I. II. III. “Corrupção” e “corrupcinha” são os exemplos utilizados pelo autor para refutar a afirmação contida na primeira frase do texto. O autor elabora uma argumentação não científica, porém consistente, para justificar as afirmações feitas a partir da segunda frase. Ser o “ao” mais ou menos anasalado, segundo o autor, depende da língua em que ele é realizado. Quais estão corretas? a) Apenas I 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas II e III e) I, II e III É visível a cisão entre a música de “alto repertório”, composta hoje e recentemente, e a música popular, no caso atual a música de mercado. Elas atuam em faixas sociais diferentes: falam a segmentos de público completamente desiguais e vão em direções ................. experiências de tempo opostas. A música de concer to contemporânea explorou conscientemente dimensões do tempo que contestam a escuta linear, negam .............. repetição e questionam o pulso rítmico. A música das massas marca o pulso rítmico e a repetição e apela ............ escuta linear. Uma contesta o tom e o pulso, outra repete o tom e o pulso, gerando a polarização entre a música que convida à “dança do intelecto” e a música que se limita à “dança hipnótica dos quadris”. 62) O texto acima é construído através da comparação de dois tipos de música, identificados, na coluna da esquerda, pela primeira referência a eles feita no próprio texto. A coluna da direita contém outras expressões usadas que voltam a fazer referência aos dois tipos de música. Associe-as corretamente. (1) música de “alto repertório” (linha 1) (2) música popular (linha 2) ( ) música das massas (linha 6) ( ) música de concerto contemporânea (linha 4) ( ) Uma (linha 7) ( ) outra (linha 7) ( ) “dança do intelecto” (linha 8) ( ) “dança hipnótica dos quadris” (linha 9) Qual a seqüência numérica correta, de cima para baixo, da coluna da direita? a) 2 - 1 - 2 - 1 - 1 - 2 b) 2 - 1 - 1 - 2 - 1 - 2 c) 2 - 1 - 1 - 2 - 2 - 1 d) 1 - 2 - 1 - 2 - 1 - 2 e) 1 - 2 - 2 - 1 - 2 - 1 63) Tomando por base o conjunto da historieta, considere as seguintes afirmativas sobre os dados que estão pressupostos nas falas dos personagens. 760 Interpretação de textos UFRGS I. No quadro 1, “O senhor está caindo nas pesquisas” pressupõe que o personagem sentado ou está concorrendo a um cargo eletivo, ou está no desempenho de uma função pública. II. No quadro 1, “Que devo fazer?” pressupõe que o autor da pergunta quer reverter a situação descrita por seu interlocutor. III. No quadro 3, a fala do personagem necessariamente pressupõe uma sugestão de que o outro beije todas as pessoas. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e II e) I, II e III 64) Assinale a alternativa correta sobre a fala do último quadro. a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. Ela indica que o personagem não ouviu a pergunta do quadro anterior. Ela indica que o personagem quer exterminar todas as pestes que assolam sua região. Ela indica que o personagem está indignado com a sugestão feita no quadro 3. Ela indica que o personagem gostaria de usar métodos brandos contra as pestes. Ela indica que o personagem anseia por uma resposta explícita de seu interlocutor. Além do óbvio apelo ...... tradição cristã do povo, que facilitava ...... transmissão da imagem de um Cristo cívico, poder-se-ia perguntar por outras razões do êxito de Tiradentes como herói republicano, porque não foi sem resistência que ele atingiu tal posição. Tiradentes tinha competidores históricos ao título de herói do novo regime instaurado em 1889, entre os quais Frei Caneca, mártir das causas liberais no Nordeste, que acabou fuzilado. Possivelmente o motivo central da escolha do mineiro foi o fato de a conjuração de que par ticipou jamais ter alcançado ...... ação concreta, poupando ao país violência e derramamento de sangue e rendendo-lhe a aura de mártir imaculado. 65) Considere os seguintes pares, que apresentam, respectivamente, expressões do texto e antecedem aos quais ela possivelmente se refere. I. ele (linha 3) - Tiradentes (linha 2) II. tal posição (linha 3) - herói republicano (linha 3) III. lhe (linha 8) - ação concreta (linha 7) Quais deles apresentam corretamente a relação entre as expressões e os antecedentes? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e II e) I, II e III 66) De acordo com seu uso no texto, as palavras podem ser agrupadas segundo sua afinidade semântica. Num texto sobre atividades escolares, por exemplo, as palavras “professor”, “aluno”, “prova” e “recuperação” participam do campo semântico “escola”. Com base neste pressuposto, assinale a alternativa que apresenta palavras de um mesmo campo semântico segundo o uso que delas se faz no texto. a) b) c) d) e) tradição cristã (linha 1) - Cristo cívico (linha 2) - aura de mártir (linha 8) povo (linha 1) - herói republicano (linha 3) - Nordeste (linha 5) transmissão da imagem (linhas 1-2) - causas liberais (linha 5) - conjuração (linha 6) competidores históricos (linha 4) - Frei Caneca (linha 5) - fuzilado (linha 5) novo regime (linha 4) - ação concreta (linha 7) - derramamento de sangue (linha 8) 761 Módulo 20 67) Segundo lemos no texto, a) o autor não tem certeza de que Tiradentes tenha sido considerado como herói republicano, como se pode perceber na dúvida expressa pela palavra “Possivelmente” (linha 6). b) há uma correlação entre a inexistência de ação concreta e a razão da escolha do mineiro, como se observa na afirmativa centrada na passagem “foi o fato” (linha 6). c) houve vários mártires das causas liberais no Nordeste além de Frei Caneca, como se pode inferir da passagem “entre os quais” (linhas 4-5). d) o autor do texto reprova o excesso de liberalismo de Frei Caneca e vê nele o motivo central de seu triste destino, como se pode ver na passagem “que acabou fuzilado” (linha 5) e) já na época da instalação do novo regime, em 1889, perguntava-se pelas razões do êxito de Tiradentes, como depreendemos pelo uso do tempo do verbo “poder-se-ia” (linha 2). 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. Podemos definir a mentira deslavada como aquela ........... é possível encontrar uma prova irrefutável de que a pessoa que a disse sabe que está mentindo e o faz deliberadamente. Os indivíduos surpreendidos em flagrante no ato de dizer mentiras descaradas não apenas ficam desacreditados durante a interação específica, mas podem ter sua própria dignidade destruída de forma duradoura. Entretanto, há muitas mentiras inocentes, ditas por médicos, esteticistas e outros profissionais, provavelmente com a finalidade de resguardar os sentimentos do público que é enganado, e tais formas de inverdades não são consideradas desabonadoras para quem as ................ . Além disso, na vida cotidiana, algumas técnicas de comunicação, tais como a insinuação, a ambigüidade e omissões essenciais, permitem a qualquer pessoa aproveitar-se da mentira sem, tecnicamente, dizer nenhuma. 68) Ao usar o adjetivo “específica” (linha 4), o autor pretendeu referir-se a uma interação que acontece entre a) b) c) d) e) indivíduos que se freqüentam com regularidade uma pessoa que está mentindo e outra que a flagre mentindo pessoas que deliberaram mentir uma para a outra uma pessoa mentirosa e uma pessoa que se deixa enganar por ela indivíduos que se surpreendem com sua própria capacidade de mentir 69) Encontramos no texto vários pronomes que substituem elementos anteriormente referidos. Assinale a alternativa em que a associação pronome / elemento substituído está correta a) b) c) d) e) a (segundo da linha 2) - uma prova irrefutável (linha 1-2) sua (linha 4) - a interação específica (linha 4) que (linha 7) - os sentimentos (linhas 6-7) quem (linha 8) - (d)o público (linha 7) as (linha 8) - tais formas de inverdades (linha 7) 762 Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. Todos os dias milhões de brasileiros, freqüentadores de supermercados, farmácias e padarias, levam para casa, além dos produtos escolhidos, a certeza de alguns aborrecimentos. O momento de consumir marca o início de uma pequena batalha cotidiana contra as embalagens que envolvem uma série de produtos, porque elas ................. a coordenação motora e, sem dúvida alguma, infernizam a paciência dos consumidores. Os mais pessimistas perguntam como abrir aquele pote de margarina que insiste em resistir a ................. o seu conteúdo ou aqueles vidrinhos de comida especial para bebês que afirmam a inviolabilidade de sua tampa de metal. Se quiserem garantir um ................ digno de lembranças, os consumidores devem tentar remover a tampas aluminizadas dos copos de água mineral e dos potinhos de manteiga: não há como escapar de um banho ou de dedos lambuzados. 70) Assinale a alternativa que preenche adequadamente as lacunas das linhas 4, 6 e 8 do texto. a) b) c) d) e) desafiam - esconder - prazer demonstram - descobrir - feito testam - revelar - suplício provam - declarar - privilégio discutem - desvelar - episódio 71) Considere as afirmações que seguem sobre a estruturação do texto. I. O primeiro período faz um comentário geral sobre a rotina de milhões de brasileiros, sem abordar diretamente o tema central do texto. II. O segundo período apresenta e discute a relação traumática entre os consumidores e as embalagens. III. Os últimos períodos contêm exemplificação dos problemas por que passam os consumidores brasileiros, sem apresentar uma avaliação definitiva. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas II Apenas III Apenas I e II I, II e III 01. Não existe nada que o homem mais tema do que ser tocado pelo desconhecido. Ele 02. quer saber quem o está agarrando; ele o quer reconhecer ou, pelo menos, classificar. O 03. homem sempre evita o contato com o estranho. De noite ou em locais escuros o terror 04. diante de um contato inesperado pode converter-se em pânico. 72) Se na primeira frase do texto substituíssemos “o homem” (linha 1) por “a criatura humana”, quantas palavras da segunda frase do texto precisariam obrigatoriamente de ajuste para fins de concordância? a) b) c) d) e) uma duas três quatro cinco 763 Módulo 20 73) Considere as afirmativas seguintes, que se referem à interpretação de passagens da historieta. I. No quadrinho 7, Hagar percebe que, embora não seja mais criança, restou em sua sensibilidade algo do tempo passado, como se vê pelo uso da palavra “ainda”. II. Pode-se concluir que a frase interrompida de Helga, no quadrinho 8, seria completada com uma repreensão, segundo se pode depreender do uso da palavra “roupas”. III. A palavra isolada que Hagar pronuncia no quadrinho 8, “Nada”, expressa a constatação melancólica de que não só as boas sensações da infância permanecem em sua vida adulta. Quais estão corretas, considerando o sentido geral da historieta? a) Apenas I 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e III e) I, II e III O Rio, nos primeiros anos trinta, sabia onde eram os cafés dos sambistas, dos músicos, dos turfistas e dos boêmios. Noel Rosa, não sei por que razão, evitava o ponto do samba o Café Nice - e preferia a Lapa, onde vivia o pessoal da madrugada, bons bebedores, alguns cafetões, várias meretrizes, que se portavam com dignidade nas horas de folga, e gente solidária; ignorávamos de que vivia, e nenhuma pergunta era endereçada a ele, esse amigo de todos, Noel da Lapa. Bebendo muito e se alimentando pouco, Noel se tornou uma presa fácil da tuberculose. Naquele tempo, a doença era meia morte. 74) Considere os trechos abaixo, retirados do texto, e as três afirmações que sobre eles são feitas. Trecho 1: “O Rio (...) sabia onde eram os cafés“ (linha 1) Trecho 2: “não sei por que razão” (linha 2) Trecho 3: “ignorávamos de que vivia” (linha 5) I. II. III. Em cada um dos três trechos, há um segmento que, isolado, poderia ser transformado numa pergunta. Os verbos das orações principais, nos três trechos, têm entre si uma estreita relação semântica. A concordância dos verbos das orações principais se faz, nos três casos, com sujeitos não expressos. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e II e) I, II e III 75) Se na primeira frase do texto substituíssemos “os cafés” (linha 1) por “o café”, quantas outras palavras precisariam obrigatoriamente de ajuste na concordância? a) nenhuma b) uma c) duas 764 d) três e) quatro Interpretação de textos UFRGS 76) Supondo que a palavra “meretrizes” (linha 4) seja desconhecida para o leitor, a melhor estratégia de que ele pode valer-se para tentar detectar o seu significado será a) aproximá-la de outras palavras da língua portuguesa que tenham a mesma terminação, como “atrizes” e “cicatrizes”. b) considerá-la como designação de profissionais que, nas horas de trabalho, não se portam “com dignidade” (linha 4). c) associá-las aos termos “tuberculose” (linha 7) e “doença” (linha 7), de forma a desvelar seu sentido correto, “mulheres doentes”. d) observar o contexto sintático em que ela ocorre: antes de uma oração adjetiva e depois de um pronome indefinido. e) reler a primeira frase do texto para nela descobrir palavras associadas a “meretrizes”, tais como “anos trinta” (linha 1), “sambistas” (linha 1) e “turfistas” (linha 2). 77) Considere as seguintes afirmações a respeito do texto. I. O autor do texto conviveu com Noel Rosa, como se depreende pelo emprego de “sei” (linha 2). II. Durante algum tempo, algumas pessoas não souberam de que vivia Noel Rosa, como se infere do emprego de “ignorávamos” (linha 5). III. Noel Rosa foi vitimado pela tuberculose, como se depreende da leitura do trecho “se tornou presa fácil”. Quais delas estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas I e II 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. d) Apenas II e III e) I, II e III No Parque do Xingu, os habitantes caçam, jogam e criam seus filhos. Por trás dessa aparência de harmonia, se esconde uma babel: lá são faladas 17 línguas, com uma média de 200 falantes cada. O interessante é que a distância entre elas é maior do que, por exemplo, a que existe entre espanhol e português, de tal forma que os índios do Parque não entendem a língua dos povos vizinhos. Algumas dessas línguas são estruturalmente bastante sofisticadas: o kamaiurá possui declinações, como o latim, para marcar a ............ da palavra na frase (sujeito, objeto direto, etc.). Também se expressa através de um sistema de declinações o grau de certeza do .............. quanto ao assunto de que se fala. Se ele tem certeza, usa um sufixo; se ouviu de terceiros, usa outro. No português, isso é indicado por expressões como “eu acho”, “eu ouvi falar”, ou pela colocação de verbos no .................. . Em relação ao vocabulário, o kamaiurá tem, por enquanto, cerca de 2.000 palavras já catalogadas. Seus falantes têm centenas de palavras para árvores e, claro, nenhuma equivalente a “chip” ou “laser”. 78) A partir de seu conhecimento anterior e de sua leitura do texto, você pode identificar as palavras que de maneira mais precisa completam as lacunas das linha 6, 8 e 10. Tais palavras são, respectivamente, a) b) c) d) e) “função”, “falante” e “subjuntivo” “posição”, “falante” e “gerúndio” “classe”, “ouvinte” e “subjuntivo” “classe”, “ouvinte” e “particípio” “função”, “falante” e “particípio” 765 Módulo 20 79) A última frase do texto - que contém um dado particular – poderia servir de exemplo a uma das afirmações abaixo, considerando-se o caráter global do próprio texto. Que afirmação é essa? a) Tem-se constatado que povos primitivos apresentam dificuldades em assimilar palavras com conteúdo sofisticado e difícil pronúncia. b) A inexistência de escrita nas línguas indígenas tem gerado a impossibilidade de aquisição de palavras oriundas de outras línguas. c) As línguas dos povos indígenas costumam apresentar diversos sinônimos para cada substantivo, mas poucos para adjetivos. d) O vocabulário das línguas dos povos indígenas se caracteriza pela existência exclusiva de palavras de conteúdo concreto. e) O vocabulário de uma língua depende dos interesses e das vivências específicas do povo que a fala. 80) Quando lemos um texto, intuitivamente vamos identificando os sujeitos das frases que o compõem. Assim, para compreendermos o período que se inicia na linha 7, deveremos identificar como núcleo do sujeito de “se expressa”. a) kamaiurá b) sistema c) grau d) certeza e) assunto 81) É possível que o leitor comum jamais tenha visto anteriormente a palavra “kamaiurá”. Seu significado, porém, vai se explicitando no próprio texto, por informações anteriores trazidas por palavras como a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. “Parque do Xingu” (linha 1) e “aparência” (linha 2) “harmonia” (linha 2) e “línguas” (linha 2) “falantes” (linha 3) e “índios” (linha 4) “espanhol” (linha 4) e “vizinhos” (linha 5) “estruturalmente” (linha 5) e “sofisticadas” (linha 5) Até o início do século, nenhum investigador havia considerado os sonhos passíveis de uma interpretação séria; apenas a “opinião leiga” e as massas incultas entendiam que os sonhos constituem mensagens legíveis. Os sonhos são de fato mensagens, concordava Freud, mas não as esperadas pelo público em geral. Não revelam seu sentido pelo método corrente de atribuir ............ cada detalhe do sonho uma significação simbólica única e definida, nem é possível tê-los como um criptograma a ser decifrado por meio de uma chave ingênua. Freud declarou a inutilidade de ambos os procedimentos interpretativos populares ........... deles, se recomendava o método catártico: o sonhador deve empregar a associação livre renunciando à sua costumeira crítica racional aos meandros mentais, para reconhecer o sonho ........ ele é - um sintoma. 82) Assinale a alternativa que identifica corretamente os sujeitos de “revelam” (linha 4), “renunciando” (linha 9) e “reconhecer” (linha 9), respectivamente. a) b) c) d) e) os sonhos - o sonhador - o sonhador mensagens - o sonhador - sua costumeira crítica racional os sonhos - a associação livre - sua costumeira crítica racional mensagens - a associação livre - o sonhador os sonhos - o sonhador - sua costumeira crítica racional 766 Interpretação de textos UFRGS 83) De acordo com seu uso em um texto, as palavras podem ser agrupadas segundo sua afinidade semântica. Num texto sobre atividades escolares, por exemplo, as palavras “professor”, “aluno”, “prova” e “recuperação”, participam do campo semântico “escola”. Com base neste pressuposto, assinale a alternativa que apresenta palavras de um mesmo campo semântico segundo o uso que delas se faz no texto. a) b) c) d) e) sentido (linha 4) - crítica racional (linha 9) - sintoma (linha 10) opinião leiga (linha 2) - massas incultas (linha 2) - público em geral (linha 4) início do século (linha 1) - mensagens legíveis (linha 3) - significação simbólica (linha 5) investigador (linha 1) - método corrente (linhas 4-5) - detalhe do sonho (linha 5) interpretação séria (linha 2) - inutilidade (linha 7) - meandros mentais (linha 9) 84) Assinale a alternativa que completa adequadamente as lacunas da frase. Para obter ajuda de Felini, Frederico usa vários recursos de ................., que vão desde uma sugestão indireta da ação até uma proposta amável, talvez ..........., passando por uma ordem ................. . a) b) c) d) e) persuasão - hipócrita - ríspida convicção - condescendentes - ponderada coação - enfática - ríspida persuasão - enfática - grosseira coação - hipócrita - ponderada 767 Módulo 20 85) Relacione a coluna da direita - que contém afirmações sobre alguns aspectos formais - com as falas da coluna da esquerda, transcrita das tiras. 1. 2. 3. 4. 5. 6. Vamos deixar ele em rodelas! Epa! Quem desligou a força? Felini, meu amiguinho! Vou pensar! Anda logo, pulguento maldito! Me tira daqui!... Felini, queridinho! Uma semana sem te maltratar! ( ) ( ) ( ) Contém uma construção usual na linguagem coloquial, ainda considerada errada pela norma culta. Contém uma locução verbal que substitui, na língua falada usual, o futuro do presente simples. Apresenta uma palavra que contém um sufixo bastante usado em nossa língua para formar adjetivos de substantivos. A ordem de numeração da segunda coluna que representa a única possibilidade correta dentre as apresentadas é: a) 5, 6 e 1 b) 2, 4 e 5 c) 3, 6 e 5 d) 1, 4 e 5 e) 5, 4 e 1 86) É possível que num diálogo e na sua transcrição apareçam numerosos vocativos, pela própria natureza da interação oral. Pode-se dizer que encontramos vocativos a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. no primeiro, no terceiro, no quarto e no sexto quadrinhos no segundo, no terceiro e no quinto quadrinhos no terceiro, no quarto, no quinto e no sexto quadrinhos no segundo, no quarto e no sexto quadrinhos no primeiro, no segundo, no terceiro e no quarto quadrinhos Com a grande revolução científica, filosófica do século XVII, foi se formando e reforçando um determinado modo de conceber a ciência que, embora atacado por muitos lados e por várias razões, ainda está presente na cultura do mundo contemporâneo. Que a ciência seja uma lenta construção nunca concluída, à qual cada um, nos limites de suas forças, capacidades, pode trazer a sua contribuição; que a colaboração e a cooperação sejam fundamentais para o progresso da ciência; que a pesquisa científica tenha como finalidade o benefício não de uma única pessoa, grupo ou raça, mas de todo gênero humano: tais são alguns componentes essenciais, hoje convertidos em verdades de senso comum, de concepção de ciência que tem origens históricas precisas. 87) A noção de ciência expressa no texto pode ser qualificada como a) b) c) d) e) solidária e humanista supérflua e interminável elitista e excludente fragmentária e falaciosa teológica e colaboracionista 88) Segundo seu significado no texto, a palavra “precisas” (linha 9) poderia ser substituída, sem alteração de sentido, por a) necessárias b) definidas c) urgentes 768 d) implícitas e) difusas Interpretação de textos UFRGS 89) Do ponto de vista dos significados, as palavras podem ser reunidas em conjuntos chamados “campos semânticos”, que se agrupam segundo referência a uma mesma área de conhecimento de experiências humanas. Por exemplo, os termos “filho”, “mãe”, “nora”, “neto” e “pai” podem ser reunidos no campo “família”. A partir desse conceito, assinale a alternativa que contém as palavras de um mesmo campo semântico no texto. a) b) c) d) e) científica (linha 1) - filosófica (linha 1) - contemporâneo (linha 3) formando (linha 1) - reforçando (linha 1) - atacado (linha 2) contribuição (linha 5) - colaboração (linha 5) - cooperação (linha 5) ciência (linha 6) - pesquisa (linha 6) - gênero (linha 7) ciência (linha 6) - concepção (linha 9) - origens (linha 9) 90) Supondo que a expressão “senso comum” (linha 8) seja de significado desconhecido para o leitor, o processo mais eficiente para buscar no próprio texto uma indicação que elucida a dúvida consistirá em a) aproximar o significado dos termos “lenta” (linha 4) e “nunca concluída” (linha 4) ao da expressão desconhecida b) observar o trecho final do texto, especialmente a passagem “origens históricas precisas” (linha 9) c) considerar a expressão desconhecida em oposição às palavras “limites” (linha 4) e “verdades” (linha 8) d) verificar a dimensão de tempo colocada na primeira frase, representada pela expressão ”século XVII “ (linha 1) e “ainda” (linha 3) e) tomar a expressão desconhecida em oposição à idéia de pesquisa científica segundo a sugestão da palavra “convertidos” (linha 8) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. Um livro é como uma casa. Tem fachada, jardim, sala de visitas, dependência de empregada e até mesmo cozinha e porão. Suas páginas iniciais, como aquelas conversas cerimoniosas que eram ............... regadas a guaraná geladinho e biscoito de champanhe, servem solenemente para dizer ao leitor o que se diz .............. a uma visita de consideração. Que não repare nos móveis, que o dono da moradia é modesto e bem-intencionado, que não houve tempo para limpar ................. a sala ou arrumar os quartos. Que vá, enfim, ficando à vontade e desculpando alguma coisa. 91) Assinale a alternativa que preenche adequadamente as lacunas de texto. a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. antigamente - normalmente - direito antigamente - oportunidade - certo antigamente - oportunidade - direito recentemente - normalmente - direito recentemente - normalmente - certo No dia 20 de julho de 1969, um domingo, dois homens pisaram na Lua pela primeira vez. Passados vinte anos do evento literalmente mais espetacular da história humana documentada, que esgotou o estoque da melhor retórica da espécie, a conquista do cosmo parece menos próxima, em parte porque o programa espacial americano perdeu a direção, enquanto o soviético seguiu uma rota lenta, gradual, segura - e sem muito charme. Além disso, a ida à Lua ocorreu num período efer vescente, marcado por mudanças de toda a sorte, em que a confiança nas possibilidades de resultados imediatos da ação humana era seguramente maior, assim como o encantamento com a tecnologia. A Lua, em suma, chegou antes da crise do petróleo, antes dos microcomputadores, antes que as preocupações com a saúde e com o planeta virassem moda. 769 Módulo 20 92) Uma leitura atenta do texto permite dizer que seu próprio autor a) situa a data precisa da redação do próprio texto. b) lamenta o abandono a que foi relegada a corrida espacial. c) afirma que a chegada à Lua foi anterior, entre outras coisas, à preocupação com a questão ecológica. d) caracteriza a ida à Lua com um fato de o período assinalado por conquistas devidas, em parte, à sorte. e) reforça a concepção de que a história humana só se constituiu como tal quando é documentada. 93) A coesão de um texto pode ser estabelecida por vários recursos lingüísticos; entre esses, inclui-se o uso de palavras que resumem o conteúdo de uma ou mais frases enunciadas. No texto acima, temos um exemplo de utilização desse recurso coesivo na palavra a) b) c) d) e) evento (linha 2) história (linha 2) programa (linha 4) confiança (linha 7) tecnologia (linha 8) 94) Considere a seguinte frase: “Ainda temos esperanças de que os programas espaciais americano e russo retomem seu ritmo acelerado e outras nações entrem nessa corrida pela conquista do cosmos.” Escolha, entre as afirmações abaixo, aquela que está implícita na frase acima a) As esperanças de uma retomada do ritmo acelerado nos programas espacias americano e russo constituem um fato novo. b) Os Estados Unidos e a Rússia desenvolveram seus programas espaciais com ritmos e objetivos claramente diferentes. c) Além dos Estados Unidos e da Rússia, outras nações abandonaram - anteriormente - a corrida pelas conquistas espaciais. d) Na organização e implementação de seu programa espacial, Estados Unidos e Rússia têm mantido um ritmo constante. e) A entrada de outras nações, que não os Estados Unidos e a Rússia, na corrida espacial constituiria, neste momento, um fato novo. 770 Interpretação de textos UFRGS 95) Considere as três afirmações abaixo. I. Calvin dirige-se ao pai misturando formas verbais e pronominais de 2ª e 3ª pessoa. II. Às perguntas de Calvin, o pai responde com um advérbio que expressa radical discordância. III. Embora realizada no contexto familiar, a conversa utiliza vocabulário referente a mecanismos do âmbito político. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas III Apenas I e II Apenas II e III Apenas I e III 771 Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. “A última grande epidemia que assaltou a cidade de Porto Alegre foi a chamada “gripe espanhola”, ............. de outubro de 1918. As repercussões foram tão fortes, em todos os campos, que o governo estadual resolveu até ............... censura à imprensa, ................ de diminuir o estado de alarme da população. Quanto ao município, impôs tabelamento de gêneros de primeira necessidade, no propósito de .................... a especulação. Em dado momento, estando doentes os próprios coveiros do cemitério da Santa Casa, o governo estadual se permitiu escalar sentenciados da Casa de Correção para trabalharem nas inumações. 96) As afirmações abaixo referem-se à semântica do texto. I. II. III. O termo “assaltou” (linha 1) estabelece uma analogia entre a chegada da epidemia e a de outras indesejadas, por exemplo, ladrões ou inimigos. O termo “até” (linha 3) indica a existência de outras resoluções, não nomeadas no texto, do governo estadual. O termo “Quanto” (linha 4) insinua o grande custo dos efeitos da epidemia para o município. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I Apenas II Apenas III Apenas I e II I, II e III 97) Mesmo que algum leitor desconheça o significado da palavra “inumações” (linha 8), o contexto permite afirmar que ela é sinônima de a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. enterrros exumações descobertas procissões féretros “Subverter as relações existentes, em um sentido ou outro, eis o objetivo das revoluções. Suas promessas são, sem dúvida, mais atraentes para os grupos mais desfavorecidos, mas também apresentam riscos mais elevados. Em primeiro lugar, pela incerteza quanto ao que virá depois, e em segundo lugar, porque provocam intensos enfrentamentos sociais nos quais, para conseguir algo mais, pode-se perder tudo. Nessas condições, o interesse e o ponto de vista particulares tendem a diferir dos sociais. Da perspectiva individual, pode ser mais seguro requerer menos esforço, ser menos arriscado e apresentar mais probabilidades de êxito, tentar mudar a própria sorte dentro das relações sociais existentes que alterar estas para mudar a sorte de todos.” 98) Ao examinar a questão das revoluções, o texto apresenta vários aspectos que as opõem entre si. Um dos contrastes explicitamente abordados no texto é o contraste entre a) b) c) d) e) grupos desfavorecidos e elites conservadoras interesses individuais e interesses coletivos revoluções sociais e revoluções e realizações efetivas dos movimentos luta armada e revolução pelo voto objetivos prévios das revoluções efetivas dos movimentos 772 Interpretação de textos UFRGS 99) Quanto à estruturação do texto acima, são feitas as três afirmações seguintes. I. O primeiro período não traz nenhuma afirmação geral, apresentando apenas um exemplo que será utilizado na argumentação posterior. II. O período iniciado na linha 3 apresenta uma justificativa de uma afirmação de período imediatamente anterior. III. O período iniciado na linha 5 simultaneamente refere-se a informações anteriores e introduz uma nova idéia. Quais estão corretas? a) Apenas I b) Apenas II c) Apenas III d) Apenas I e II e) Apenas II e III 100) “Quanto à questão da concordância, afirmou o professor, são raros os universitários que usam a forma popular ............ antes do substantivo feminino; entretanto, é ..............., nesse meio, o emprego de construções como ‘tu ..............’, condenadas pela gramática normativa.” a) menas - inusual - fizestes b) menos - inusual - fez c) menas - usual - fizeste 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. d) menas - usual - fizestes e) menos - usual - fizeste O avanço do conhecimento é normalmente concebido como um processo linear, inexorável, em que as descobertas são aclamadas tão logo venham à luz, e no qual as novas teorias se ......... com base na evidência racional ............. os entraves da religião desde o século 17, o conhecimento .............. florescendo de maneira livre, contínua. Ignác Semmelweis foi o descobridor da assepsia. Médico húngaro trabalhando num hospital de Viena, constatou que a mortalidade entre as parturientes, então um verdadeiro flagelo, era diferente nas duas alas da maternidade. Numa delas, os partos eram realizados por estudantes; na outra, por parteiras. Não se conhecia a ação dos microorganismos, e a febre puerperal era atribuída às causas mais estapafúrdias. Em 1846, um colega de Semmelweis se cortou enquanto dissecava um cadáver, contraiu uma infecção e morreu. Semmelweis imaginou que o contágio estivesse associado à manipulação de tecidos nas aulas de anatomia. Mandou instalar pias na ala dos estudantes e tornou obrigatório lavar as mãos com cloreto de cal. No mês seguinte, a mortalidade entre as mulheres caiu para 0,2%! Mas incrível é o que aconteceu em seguida. Os dados de Semmelweis foram desmentidos, ele foi exonerado, e as pias – atribuídas à superstição –, arrancadas. Nos dez anos seguintes, Semmelweis tentou alertar médicos em toda a Europa, sem sucesso. A Academia de Paris rejeitou seu método em 1858. Semmelweis enlouqueceu e foi internado. Em 1865, invadiu uma sala de dissecação, feriu-se com o bisturi e morreu infeccionado. Pouco depois, Pasteur provou que ele estava certo. Para o leitor da nossa época, o interessante é que Semmelweis foi vítima de um obscurantismo científico. Como nota o tradutor italiano no prefácio agregado à edição brasileira, qualquer xamã de alguma cultura dita primitiva isolaria cadáveres e úteros por meio de rituais de purificação. No científico século 19, isso parecia crendice. 101) Com base no texto, assinale a alternativa correta. a) b) c) d) e) Em relação aos povos primitivos, a Europa do século passado praticava uma medicina atrasada. A comunidade científica sempre deixa de reconhecer o valor de uma descoberta. A higiene das mãos com cloreto de cal reduziu moderadamente a incidência de febre puerperal. Semmelweis feriu-se com o bisturi infectado porque queria provar a importância de sua descoberta. Ignorar a redução nas estatísticas obituárias resultante da introdução da assepsia foi uma grande estupidez. 773 Módulo 20 102) No texto, é estabelecido um contraste entre ciência e superstição. A coluna da direita contém expressões usadas no texto que se referem a um ou outro desses dois campos semânticos. Associe adequadamente as duas colunas. 1. ciência 2. superstição ( ) evidência racional (l. 3) ( ) causas mais estapafúrdias (l. 10) ( ) método (l. 18) ( ) rituais de purificação (l. 24) ( ) crendice (l. 24) A seqüência numérica correta, de cima para baixo, na coluna da direita, é a) b) c) d) e) 2 – 1 – 2 – 1 – 2. 2 – 2 – 1 – 2 – 2. 1 – 2 – 1 – 2 – 2. 2 – 1 – 2 – 1 – 1. 1 – 1 – 1 – 2 – 2. 103) A partir da leitura do texto, é possível concluir que a) o livro A Vida e a Obra de Semmelweis recebeu recentemente uma cuidadosa tradução para o italiano. b) a teoria de Semmelweis foi rejeitada porque propunha a existência de microorganismos, que não podia ser provada cientificamente. c) a nacionalidade húngara do médico pode ter sido um empecilho para sua aceitação na Europa do século passado. d) Semmelweis foi execrado pelos seus pares porque transformou a assepsia numa obsessão. e) Semmelweis enlouqueceu em conseqüência da rejeição de sua descoberta. 104) Supondo que o leitor não saiba o significado da palavra xamã (l. 23), o processo mais eficiente para buscar no próprio texto uma indicação que elucide a dúvida consistirá em a) considerar que a palavra encontra sua referência na cultura italiana, já que foi empregada pelo tradutor da obra para o italiano. b) observar o contexto sintático em que ela ocorre: depois de pronome indefinido e antes de preposição. c) relacionar o significado às palavras leitor (l. 21) e prefácio (l. 22). d) relacionar o seu significado às expressões cultura dita primitiva (l. 23) e rituais de purificação (l. 24). e) relacionar a palavra a outras que tenham a mesma terminação, como iansã, romã e anã. 774 Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. Por onde terá andado Teodora, a escrava fujona? Num dia entre 1835 e 1836, Teodora enfeitou-se toda ............ baiana e sumiu nas ruas estreitas de Porto Alegre. Virou notícia em anúncio publicado no jornal O Mensageiro . Teodora era assim: “De nação angola, muito bexigosa, baixa, nariz que parece quebrado, os dentes gastos de cachimbo, beiços grandes e grossos”. Estava bonita: “Levou vestido branco, pano de costa azul azulado, lenço achitado na cabeça, com um de seda”. E agora uma virtude ou, quem sabe, um defeito: “Muito ladina”. A Teodora bexigosa das marcas de varíola e muito ladina (com bom domínio do português) é o tipo exemplar de escravo descrito pelo branco ressentido com a perda de uma mercadoria, ou de um bicho que ganha consciência. Teodoras e Teodoros desafiadores da escravidão apareciam nos anúncios como clichês do terror. Um balanço de anúncios – todos tendo o cativo como mercadoria – publicados em sete jornais do Estado, entre 1829 e 1884, apresenta uma seleção das marcas de tortura e dos defeitos: cicatriz no beiço, ferimento na garganta por tentativa de suicídio, trapalhão e gago, sem dentes, duas rodas salientes na testa, “surrado ........... pouco tempo”, feio de rosto e pernóstico, aleijão no pé, nariz com marcas de fogo, manchas de sarna. A conclusão é que os escravos eram maltratados em quaisquer circunstâncias, em atividades domésticas ou no campo, também no Rio Grande do Sul. Os defeitos arrolados nos anúncios de fujões ajudam ......... derrubar a cordialidade dos galpões. O livro é implacável com o mito do revolucionário farroupilha abolicionista, que teria aderido ......... causa como recompensa aos negros engajados na guerra contra os legalistas do Império entre 1835 e 1845. 105) De acordo com o texto, a) os anúncios publicados no Rio Grande do Sul denunciam que os escravos eram coagidos à luta armada. b) os cativos foram alforriados para que se engajassem na guerra contra os legalistas do Império. c) o jornal O Mensageiro constituía a única fonte de divulgação do mercado de escravos entre 1835 e 1836. d) a heróica imagem do farroupilha abolicionista não condiz com os anúncios de cativos fugitivos. e) os gaúchos torturavam os escravos nos galpões para que se engajassem na luta farroupilha. 106) Considere as afirmações abaixo. I. II. III. A interrogação que inicia o texto visa simplesmente a atrair a atenção do leitor, uma vez que o segundo parágrafo apresenta uma resposta à interrogação inicial. A oração todos tendo o cativo como mercadoria (l. 11) é um recurso através do qual o autor denuncia o tratamento desumano que os escravos recebiam. A expressão quem sabe (l. 6) indica que o autor questiona o sentido do termo ladina (l. 6). Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. 107) De acordo com o sentido que têm no texto, os termos clichês (l. 10), pernóstico (l. 15) e implacável (l. 18) poderiam ser substituídos, sem prejuízo para o contexto em que se encontram, por a) b) c) d) e) chavões – pedante – cruel. estereótipos – nervoso – irredutível. moldes – espevitado – desumano. matrizes – falastrão – inexorável. lugares – presunçoso – bárbaro. 775 Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. A famosa “malemolência” ou preguiça baiana não passa de racismo, segundo concluiu uma tese de doutorado defendida na USP. O estudo durou quatro anos. A tese defendida pela professora de antropologia Elisete Zanlorenzi sustenta que o baiano é tão eficiente quanto o trabalhador das outras regiões do Brasil e contesta a visão de que o morador da Bahia vive em clima de “festa eterna”. “Pelo contrário, é justamente no período de festas que o baiano mais trabalha. Como 51% da ............ da população atua no mercado informal, as festas são uma oportunidade de trabalho. Quem se diverte é o turista”, diz a autora. Segundo a antropóloga, o objetivo da tese foi descobrir como a imagem da preguiça baiana surgiu e se consolidou. Elisete concluiu que a imagem da preguiça se derivou no discurso ......... contra os negros e mestiços, que são 79% da população da Bahia. “A elevada porcentagem de negros e mestiços não é uma coincidência. A atribuição da preguiça aos baianos tem um teor racista.” O estudo mostra que a imagem de povo preguiçoso se enraizou no próprio Estado por meio das elites de origem européia, que consideravam os escravos “indolentes”. Depois, se espalhou de forma acentuada no Sul e no Sudeste a partir das migrações da década de 40. “Todos os que chegavam do Nordeste viraram baianos. Chamá-los de preguiçosos foi a forma encontrada para depreciar os trabalhadores desqualificados, para estabelecer fronteiras entre os dois mundos”, diz. Segundo a tese, outro segmento apropriou-se da preguiça: a indústria do turismo, que incorporou a imagem para vender uma idéia de ........... permanente. 108) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas do texto nas seqüências em que elas aparecem (l. 7-11-21). a) b) c) d) e) mão de obra – discriminatório – lazer mão-de-obra – discriminatório – lazer mão-de-obra – descriminatório – laser mão de obra – descriminatório – laser mão-de-obra – discriminatório – laser 109) Assinale a afirmação correta de acordo com o texto. a) A preguiça no Nordeste decorre do fato de a população ser racista nessa região do Brasil. b) Apenas os turistas se divertem na Bahia; as pessoas nascidas lá não têm esse privilégio. c) Na Bahia, o fato de se trabalhar durante as festas dá ao mercado de trabalho um caráter de informalidade. d) As elites baianas de origem européia migraram para o Sul e o Sudeste, o que explica a disseminação da visão do escravo como indolente. e) A indústria do turismo explora a imagem da Bahia como um local de preguiça e indolência, onde se pode descansar sempre. 110) Assinale a alternativa em que a palavra da segunda coluna constitui um sinônimo adequado para a respectiva palavra da primeira coluna, considerando o contexto em que esta ocorre. a) b) c) d) e) sustenta (l. 3) – confronta contesta (l. 4) – atesta teor (l. 13) – conteúdo se enraizou (l. 14) – se camuflou depreciar (l. 18) – avaliar 776 Interpretação de textos UFRGS 111) As alternativas abaixo apresentam passagens do texto reescritas com algumas alterações. Assinale aquela em que a reformulação provocou modificação do sentido original. a) b) c) d) e) A famosa “malemolência” ou preguiça baiana não é senão racismo [...] (l. 1). [...] contesta a visão segundo a qual o morador da Bahia vive em clima de “festa eterna” (l. 4-5). “Pelo contrário, o período em que o baiano mais trabalha é justamente o de festas [...]” (l. 6). [...] como surgiu e se consolidou a imagem da preguiça baiana (l. 9-10). Elisete concluiu que da imagem da preguiça se derivou o discurso [...] (l.10-11). 112) A palavra preguiça tem, no texto, sentido equivalente ao das palavras abaixo, à exceção de a) ociosidade. b) licenciosidade. c) pachorra. d) moleza. e) morosidade. 113) Assinale a afirmação correta de acordo com a tira. a) Dogbert, na realidade, tinha uma ótima notícia para dar a Wally, mas resolveu dar-lhe um susto primeiro. b) Dogbert é um portador porque transmite notícias mal-intencionadas sobre seu colega. c) Dogbert deu duas notícias falsas a Wally, uma para agradar ao colega e outra para assustá-lo. d) Nenhuma das notícias que o portador profissional Dogbert deu a Wally é, de fato, uma notícia boa. e) Wally procurou Dogbert para conversar porque vinha pedindo aumento há meses. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. No Brasil colonial, os portugueses e suas autoridades evitaram a concentração de escravos de uma mesma etnia nas propriedades e nos navios negreiros. Essa política, a multiplicidade lingüística dos negros e as hostilidades recíprocas que trouxeram da África dificultaram a formação de núcleos solidários que retivessem o patrimônio cultural africano, incluindo-se aí a preservação das línguas. Os negros, porém, ao longo de todo o período colonial, tentaram superar a diversidade de culturas que os dividia, juntando fragmentos das mesmas mediante procedimentos diversos, entre eles a formação de quilombos e a realização de batuques e calundus. [...] As autoridades procuraram evitar a formação desses núcleos solidários, quer destruindo os quilombos, que causavam pavor aos agentes da Coroa – e, de resto, aos proprietários de escravos em geral –, quer reprimindo os batuques e os calundus promovidos pelos negros. Sob a identidade cultural, poderiam gerar uma consciência danosa para a ordem colonial. Por isso, capitães-do-mato, o Juízo Eclesiástico e, com menos empenho, a Inquisição foram colocados em seu ............ . Porém, alguns senhores aceitaram as práticas culturais africanas – e indígenas – como um mal necessário à manutenção dos escravos. Pelo imperativo de conver tê-los ao catolicismo, ainda, alguns ............ aprenderam as línguas africanas, como um jesuíta na Bahia e o padre Vieira, ambos no ............ . Outras pessoas, por se envolverem no tráfico negreiro ou viverem na África no final do Quinhentos, devem igualmente ter se familiarizado com as línguas dos negros. 777 Módulo 20 114) Assinale a alternativa que preenche correta e respectivamente as lacunas das linhas 14, 17 e 18. a) b) c) d) e) encalso – cléricos – Seiscentos encalço – clérigos – Seiscentos encalso – cléricos – Seicentos encalço – cléricos – Seicentos encalso – cléricos – Seicentos 115) Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta de acordo com o texto. a) Sendo a cultura negra um mal necessário para a manutenção dos escravos, sua eliminação foi um erro das autoridades coloniais portuguesas. b) Os religiosos eram autoritários, obrigando os escravos negros a se converterem ao catolicismo europeu e a abandonarem sua religião de origem. c) As autoridades portuguesas conduziam a política escravagista de modo que africanos de uma mesma origem não permanecessem juntos. d) As línguas africanas foram eliminadas no Brasil colonial, tendo os escravos preservado apenas alguns traços culturais, como sua religião. e) A identidade cultural africana, representada pelos batuques e calundus, causava danos às pessoas de origem européia. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. O Brasil tem uma das menores populações negras do mundo, para o IBGE. “Se continuar como está, o censo demográfico ainda irá mostrar que o Brasil tem menos negros do que a França”, ............. Wania Sant’Anna, historiadora e pesquisadora. Com a segunda maior população negra do mundo, conforme relatório do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, publicado em 1997, o Brasil possuiria, para o IBGE, a pouco expressiva porcentagem de 5% de negros em sua população, segundo o censo demográfico de 1991. Para o IBGE, também fazem parte do caldeirão racial brasileiro 45% de pardos e 50% de brancos. Na mira dos ativistas negros, a categoria “pardos”, no questionário do censo do IBGE, é vista como “inconsistente”. Segundo eles, esse é um balaio-de-gatos que dificilmente é alçado por políticas sociais. “Um diálogo franco e aberto entre os brasileiros pode levar a população parda a se declarar negra. Não queremos colocar camisa-de-força em ninguém. Gostaríamos que os pardos fossem mais livres para dizer: “Eu tenho esta origem e não tenho problemas com relação a isso”, ............. Ivanir dos Santos, secretário executivo do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (CEAP). A solução apontada pelo IBGE para a demanda do movimento negro é incluir no questionário do ano 2000, além da habitual pergunta sobre cor e raça, uma questão sobre a origem. “Acho pertinente, porque nunca investigamos no Censo as origens do povo brasileiro. De antemão, através de nossos testes, já sabemos que poucas pessoas pardas se dizem afrodescendentes “, ............. Simon Schwartzman, presidente do IBGE. 116) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 3, 14 e 20 do texto. a) b) c) d) e) indaga – replica – afirma indaga – esclarece – responde afirma – replica – desabafa ironiza – confronta – retruca ironiza – justifica – informa 778 Interpretação de textos UFRGS 117) Assinale a afirmativa que NÃO está de acordo com o texto. a) Os dados censitários não refletem a realidade da composição racial da população brasileira. b) Seguramente, há na população brasileira uma porcentagem muito maior de negros do que de brancos. c) Ativistas do movimento negro entendem que há uma relação entre a conscientização da população parda e sua identificação como negra. d) O atual questionário do censo não inclui nenhuma questão relativa à origem dos brasileiros. e) A classificação de raças utilizada pelo IBGE não permite determinar a porcentagem correta da população negra brasileira. 118) Assinale a alternativa que apresenta o principal objetivo do texto. a) Comentar o ponto de vista das Nações Unidas sobre o censo demográfico do IBGE realizado no ano de 1991. b) Discutir, de forma geral, o problema da discriminação racial no Brasil. c) Exemplificar o tipo de serviços que o IBGE presta ao povo brasileiro. d) Narrar o que acontece com os pardos e negros brasileiros nos dados censitários. e) Mostrar o paradoxo existente entre os dados censitários e a real composição racial brasileira. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. O octogenário Francisco Julião faleceu quietamente no México, onde morava há muitos anos. As Ligas Camponesas, por ele fundadas, são hoje uma lembrança histórica. Uma pergunta que se poderia fazer é: por que o Movimento dos Sem-Terra, o MST, tem mais repercussão do que tiveram as Ligas Camponesas? Claro, as circunstâncias são diferentes, mas quero me deter num detalhe: os nomes. Liga Camponesa é uma expressão que deve ter saído dos antigos manuais comunistas: “liga” não é um termo muito usual; “camponesa” muito menos. Os bolcheviques falavam da união entre operários e camponeses, mas um homem do campo, no Brasil, jamais se autodenominaria “camponês”. Movimento dos Sem-Terra é outra coisa. “Sem-terra”, como “sem-teto”, é uma expressão que fala por si. Mas o importante, no meu modo de ver, é a palavra “movimento”. Exatamente por isto, porque diz que algo está se movendo, que não está parado, que está rumando para um objetivo. O movimento dá, aos seus membros, algo que é decisivo, sobretudo no mundo em que vivemos: o sentido de pertencer (de “pertenença”, palavra que talvez não exista, mas que deveria existir), de compartilhar ideais, de avançar, junto com outros, para um ideal. É claro que, sob essa denominação, pode-se ir desde a extrema esquerda até a extrema direita. No clima social e econômico em que vivemos, com pessoas sentindo-se cada vez mais marginalizadas, isoladas, abandonadas, o termo “movimento” adquire um significado transcendente. É esse significado que precisa ser entendido. E entendido com urgência, porque não entender, aí, significa tragédia social. 120) No texto, o autor discute, principalmente, a) b) c) d) e) o significado místico de determinados conceitos políticos. a suposta inadequação de nomes como “liga” e “camponesa”. o descaso do governo com a ameaça representada pelo MST. as denominações que a esquerda utiliza para designar seus movimentos. o forte condicionamento exercido pela palavra “movimento”. 779 Módulo 20 121) Considere as seguintes afirmações. I. Do texto conclui-se que o sucesso do MST também se deve ao fato de o nome “movimento” ter um significado que extrapola o sentido original de “organização”. II. Para o autor, o termo “movimento”, na realidade brasileira, tem um significado que restringe à luta pela terra. III. Segundo o texto, “sem-terra” e “sem-teto” são expressões que, por seu sentido, expressam a noção de movimento. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas I e II. Apenas II e III. I, II e III. Quais delas remetem a expressões ou trechos que só aparecem mais adiante no texto? a) Apenas 1 e 2. b) Apenas 1 e 3. c) Apenas 2 e 3. d) Apenas 2 e 4. e) Apenas 1, 3 e 4. 124) Na frase E entendido com urgência, porque não entender, aí, significa tragédia social. (l.20-21), a palavra aí pode ser corretamente substituída, de acordo com seu sentido no texto, por a) ao contrário. d) nesse caso. b) nesse lugar. e) enfim. c) entretanto. 122) Assinale a alternativa correta em relação ao que se afirma no segundo parágrafo (l. 6 a 9). a) A conclusão a que se chega pela leitura do parágrafo é que, no meio rural brasileiro, havia uma resistência aos manuais comunistas. b) No parágrafo fica implícita a idéia de que a doutrina comunista era desvinculada da realidade para a qual se dirigia. c) A relação estabelecida no texto entre “liga camponesa” e os antigos manuais comunistas sugere que tais manuais usavam somente termos poucos usuais. d) Conforme se concluiu da última frase, um homem do campo não chamaria a si mesmo de camponês porque não gostaria de se identificar com os bolcheviques. e) Pela leitura do parágrafo, chega-se à conclusão de que os antigos manuais comunistas usavam uma linguagem que nem sempre era familiar ao homem do campo no Brasil. 125) Considere as seguintes afirmações sobre o significado da tira. I. II. III. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) I, II e III. 126) Todas as frases abaixo são reformulações corretas, e equivalentes em termos de significado, do texto original da tira, à exceção de 123) Considere as seguintes palavras e expressões do texto. 1. 2. 3. 4. O texto da tira atribui aos homens das cavernas a capacidade de inventar deliberadamente a língua que falavam. As frases do segundo personagem causam estranheza exatamente porque as palavras do português estão ali, mas não a sintaxe. A linguagem utilizada na tira caracteriza-se por sua extrema formalidade. uma expressão (l. 6) isto (l. 12) algo que é decisivo (l. 14) essa denominação (l. 17) 780 a) São interessantes as palavras que inventamos... b) Sintaxe, vamos inventar agora! c) As palavras são interessantes que inventamos... d) As palavras que inventamos são interessantes... e) Agora, vamos inventar a sintaxe! Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. Desenvolveu-se nos Estados Unidos, nos meios intelectuais que defendem as minorias, a idéia do “politicamente correto”– ou seja, a substituição de termos com conotação preconceituosa por outros carregados de positividade. Assim, a própria palavra “negro” não seria desejável devendo-se preferir “afro-americano”. O mesmo vale para várias outras palavras, como “deficiente”, “solteirão” – em suma, todo termo que possa dar a entender uma falha, um defeito. E isso se acentua quando comunidades fortes – como os homossexuais da Califórnia – interferem em roteiros de filmes, ou quando figuras históricas são condenadas mediante critérios morais fora de sua época (como sucedeu quando um condado da Luisiana resolveu que nenhuma escola pública de sua jurisdição deveria ostentar o nome de quem tivesse possuído escravos – o que eliminava, por exemplo, Thomas Jefferson). Tudo isso parece exagero e, no Brasil, é apresentado como ridículo. ............., há que destacar o que é positivo no chamado politicamente correto: a idéia – óbvia para qualquer lingüística, psicólogo ou psicanalista – de que a linguagem não é neutra, mas expressa, produz e reproduz uma visão de mundo. Se a linguagem não se limita a traduzir fatos, mas tende a expressar pontos de vista, é preciso expô-los e eventualmente combatê-los. Aqui está o que a zombaria contra o politicamente correto dissimula: ele reage contra velhas idéias conservadoras. O que dizem ainda hoje nossos livros escolares, a despeito de elogiáveis iniciativas (inclusive oficiais), sobre o negro e o índio? Quantos preconceitos não rodam por aí, moldando a mente das crianças assim com moldaram as nossas? Antes de se zombar dos exageros de certos movimentos norte-americanos, não seria preciso romper a cumplicidade que ata nossa opinião pública a quem incita à violência nas rádios matutinas, a quem ridiculariza e humilha a mulher nos programas de humor? Se alguma cultura pode dar-se ao luxo de achar risível o excesso nos direitos humanos, não é a nossa, certamente. 127) Da leitura do texto, depreende-se que a) a idéia de ser “politicamente correto” é defendida por todos os intelectuais americanos. b) revelamos nossa visão de mundo quando usamos determinadas expressões. c) a expressão “politicamente correto” é somente utilizada por movimentos sociais que defendem os direitos das minorias. d) o patrulhamento excessivo promovido pelo “politicamente correto” mais encobre do que revela preconceitos sociais. e) a doutrina norte-americana do “politicamente correto” está baseada em atitudes conservadoras. 128) Vários pronomes do texto retomam elementos anteriormente referidos. Assinale a alternativa em que a associação entre o pronome e o elemento substituído está INCORRETA. a) b) c) d) e) que (l. 1) – meios intelectuais (l. 1) sua (l. 8) – figuras históricas (l. 7) sua (l. 9) – escola pública (l. 9) los (l. 15) – pontos de vista (l. 14-15) ele (l. 16) – o politicamente correto (l. 16) 781 Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. Até algum tempo atrás, imaginava-se que um cérebro jovem, em sua plena vitalidade biológica, fosse muito mais poderoso e criativo do que um outro já maduro e desgastado pela idade. A matemática fornecia o maior dos argumentos para os defensores dessa teoria: quase todas as grandes equações matemáticas foram propostas ou decifradas por gente com menos de 30 anos. Albert Einstein tinha 26 anos quando apresentou sua Teoria Geral da Relatividade – a mais revolucionária de todas as elaborações matemáticas, que lhe valeu o Prêmio Nobel de Física, quinze anos depois. O argumento é forte, porém ele se baseia numa idéia ultrapassada ......... respeito da mente humana. As novas descobertas estão mostrando que a inteligência não se limita ......... capacidade de raciocínio lógico, necessária para propor ou resolver uma complicada equação matemática. Os testes de QI, um dos antigos parâmetros usados para medir a inteligência, já não servem mais para avaliar a capacidade cerebral de uma pessoa. A inteligência é muito mais que isso. É uma soma inacreditável de fatores, que inclui até os emocionais. Uma pessoa excessivamente tímida ou muito agressiva terá problemas para conseguir um bom emprego, ........ na profissão ou ter bom relacionamento familiar, por maior que seja seu QI. O que os novos estudos estão mostrando no momento é que um cérebro jovem tende, sim, a ser mais inovador e revolucionário. Mas, como um bom vinho ou uma boa idéia, ele também pode amadurecer e melhorar com o tempo. Basta ser estimulado. 129) Assinale a alternativa que contém uma palavra que poderia substituir complicada (l. 11) no texto, sem alteração do significado da frase em que ela se insere. a) b) c) d) e) intrincada estratificada imbricada diferenciada multifacetada 130) O texto, no seu todo, pode ser lido como uma resposta a uma pergunta. Assinale a alternativa que a contém. a) b) c) d) e) Afinal, o que é inteligência emocional? Por que os jovens são mais inteligentes? Que comparação se pode estabelecer entre inteligência emocional e raciocínio lógico? Em que área do conhecimento ocorreu a devida supervalorização do raciocínio lógico? Como se pode caracterizar a inteligência a partir do resultado de pesquisas recentes? 131) No texto, o advérbio mais (l. 12) deixa pressuposta a idéia de que a) b) c) d) e) os testes de QI serviriam, no passado, para medir a inteligência. hoje os testes de QI são melhores do que no passado para avaliar a inteligência. os testes de QI nunca serviram para medir a inteligência. no passado, além dos testes de QI, outros parâmetros serviram para medir a inteligência. hoje os testes de QI não são melhores do que no passado para avaliar a inteligência. 782 Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. A notícia saiu no “The Wall Street Journal”: a “ansiedade superou a depressão como problema de saúde mental predominante nos EUA”. Para justificar o absurdo, o autor da matéria recorre a um psicoterapeuta e a um sociólogo. O primeiro descreve “ansiedade como condição dos privilegiados” que, livres de ameaças reais, se dão ao luxo de “olhar para dentro” e criar medos irracionais; o segundo diz que “vivemos na era mais segura da humanidade” e, no entanto, “desperdiçamos bilhões de dólares em medos bem mais ampliados do que seria justificável”. Sem meias palavras, os peritos dizem algo mais ou menos assim: os americanos estão nadando em riqueza e, como não têm do que se queixar, adquiriram o costume neurótico de desentocar medos irracionais para projetá-los no admirável mundo novo ao redor. A explicação impressiona pela ingenuidade ou pela má-fé. Ninguém contraiu o “mau hábito” de olhar para dentro de si do dia para a noite. A obsessão consigo não é um efeito colateral do modo de vida atual; é um dos seus mais indispensáveis ingredientes. O crescimento exagerado do interesse pelo “mundo interno” e pelo corpo é a contrapartida do desinteresse ou hostilidade pelo “mundo externo” e pelos outros. Diz o catecismo: só confie em seu corpo e sua mente. O resto é concorrente; o resto está sempre cobiçando e disputando seu emprego, seu sucesso, seu patrimônio e sua saúde. Sentir medo e ansiedade, em condições semelhantes, é um estado emocional perfeitamente racional e inteligível. Em bom português, sentir-se condenado a jamais ter repouso físico ou mental, sob pena de perder a saúde, a longevidade, a forma física, o desempenho sexual, o emprego, a casa, a segurança na velhice, pode ser um inferno em vida para os pobres ou para os ricos. Os candidatos à ansiedade são, assim, bem mais numerosos e bem menos ociosos do que pensam o psicoterapeuta e o sociólogo. 132) Considere a seguinte afirmação relativa à noticia veiculada no “The Wall Street Journal”; O excelente nível de vida dos americanos ocasiona a criação de medos imaginários, os quais desencadeiam a ansiedade. De acordo com o texto, de quem é essa opinião? a) Apenas do sociólogo. b) Apenas do psicoterapeuta. c) Apenas do jornalista americano. d) Apenas do jornalista da Folha de São Paulo. e) Apenas do sociólogo e do psicoterapeuta. 133) No texto, é estabelecido um contraste entre o que o jornalista da Folha de São Paulo denomina de “mundo interno” e “mundo externo”. A coluna da direita contém expressões usadas no texto que se referem a um ou a outro desses dois mundos. Associe adequadamente as duas colunas. 1. mundo interno 2. mundo externo ( ) riqueza (l. 8) ( ) mau hábito (ls. 11-12) ( ) dentro de si (l. 12) ( ) corpo (l. 14) ( ) concorrente (l. 16) A seqüência numérica correta, de cima para baixo, na coluna da direita, é a) b) c) d) e) 2 – 2 – 1 – 2 – 2. 2 – 2 – 2 – 1 – 1. 1 – 2 – 1 – 2 – 1. 1 – 1 – 2 – 1 – 2. 2 – 1 – 1 – 1 – 2. 783 Módulo 20 134) Considere as seguintes afirmações sobre o significado da oração O resto é concorrente (l. 16). I. Por meio dela, o jornalista da Folha de São Paulo explica o que ele denomina de efeito colateral do modo de vida atual. II. Por meio dela, o jornalista da Folha de São Paulo justifica o medo e a ansiedade como sentimentos compreensíveis. III. Por meio dela, o jornalista da Folha de São Paulo sintetiza os diferentes comportamentos dos indivíduos ociosos. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 135) Assinale a alternativa em que a palavra proposta constitui um sinônimo adequado para a palavra do texto, considerando o contexto em que ocorre. a) b) c) d) e) superou (l. 1) – destruiu desentocar (l. 9) – desembestar contrapartida (l. 14) – exclusão catecismo (l. 15) – ideologia longevidade (l. 20) – maturidade 136) Considere as seguintes afirmações sobre o uso das aspas no texto. I. As aspas na linha 1 servem para grifar título de um periódico referido no texto. II. As aspas das linhas 1 e 2 servem para assinalar que não é do jornalista brasileiro a afirmação feita. III. As aspas das linhas 11 e 12 sinalizam que o trecho do texto em questão está sendo usado em sentido figurado. Quais estão corretas? a) Apenas II. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. Está na última moda dizer que algo ou alguém que se destaque da multidão por suas qualidades extraordinárias é diferenciado. De repente todo mundo quer ser diferenciado, embora, curiosamente, ninguém queira ser diferente. Diferenciar diferente e diferenciado tornou-se uma habilidade social básica, que a maioria de nós exerce de forma intuitiva, sem pensar. Se formos refletir, porém, vamos descobrir que a diferença entre diferente e diferenciado pressupõe valores que boa parte de nós teria vergonha de assumir. Ninguém tem dúvida quando se anuncia que o atendimento prometido pelo gerente daquele banco é diferenciado: quer dizer que não se confunde com o tratamento-padrão dispensado ......... massa dos clientes otários. Inclui cafezinho, água gelada e, quem sabe, dicas de investimentos vazadas diretamente da mesa de operações do Banco Central. O privilégio parece natural porque também nós somos, a nossos próprios olhos, diferenciados. Aliás, diferenciadíssimos. Já diferente, bem, é uma história inteiramente diferente. Desde que os primeiros hominídeos se juntaram numa tribo e decretaram que míopes e carecas não entravam, a diferença é tudo aquilo que grupos sociais hegemônicos vêm usando para excluir ou subjugar minorias – e ao mesmo tempo reforçar sua identidade. Localizado no corpo ou na alma, real ou imaginário, o anátema da diferença justifica lógicas de dominação e até de extermínio. Ser diferente é ter negado o direito ...... humanidade ou pelo menos ......... humanidade plena. 784 Interpretação de textos UFRGS 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. A trama se adensa quando nos damos conta de um paradoxo: ao mesmo tempo que queremos ser iguais, esmagando o diferente sob ........ sola aerada de nossos Nikes Shox, valorizamos a individualidade, o único, o que nos eleve acima da massa ignara e mal paga. Contradição insolúvel? É aí que entra o diferenciado. O diferenciado é o melhor dos iguais, o diferente que deu certo – o diferente que, sendo um de nós, ganha mais dinheiro do que nós. Ninguém seria louco de dizer que a bicha do quinto andar é um cara diferenciado. Mas, se se mudar para Paris, virar estilista da Chanel e arrasar com uma coleção prêt-àporter, na próxima vez que vier ao Brasil vai ter convite para as melhores festas, desfilará entre queixos caídos: “Que talento diferenciado!”, dirão. Faz a maior diferença. 137) De acordo com o texto, a) b) c) d) e) ser diferente não é tão excludente quanto ser diferenciado. o que nos iguala aos outros é sempre mais importante do que nossas idiossincrasias. ser diferente pressupõe os mesmos valores que ser diferenciado. ser diferente não basta para alguém ser aceito por grupos sociais dominantes. ser diferente é mais valorizado socialmente do que ser diferenciado. 138) No texto, é estabelecido um contraste entre diferente e diferenciado. A coluna da direita, abaixo, apresenta palavras e expressões usadas no texto que se referem a um ou a outro desses campos semânticos. ( ( ( ( 1. diferente ) dicas de investimento (l. 10) ) míopes e carecas (l. 14) ) minorias (l. 16) ) o único (l. 22) 2. diferenciado A seqüência numérica correta, de cima para baixo, na coluna da direita, é a) b) c) d) e) 1 – 2 – 1 – 2. 2 – 1 – 2 – 2. 1 – 2 – 2 – 1. 2 – 1 – 1 – 2. 1 – 2 – 1 – 1. 139) O segundo parágrafo, predominantemente, a) b) c) d) e) caracteriza as futilidades que tomam o tempo das pessoas mais ocupadas. descreve o tratamento cerimonioso dispensado aos clientes em geral. enumera vantagens que nos concedem quando somos tratados privilegiadamente. revela as reações de clientes a um tratamento diferenciado. demonstra ser ilusório o domínio que o homem diferenciado exerce sobre o mundo. 785 Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. Consta que ao iniciar uma das palestras, durante sua mítica visita ao Brasil, Jean-Paul Sartre encarou a platéia, vasculhou o recinto com os olhos incertos e disparou a pergunta: Onde estão os negros? O Brasil não era um país de ampla população negra? Não se tratava, além disso, de uma das raras democracias raciais do planeta? Sendo assim, onde estavam os negros? Sartre vasculhava o recinto e não via nenhum. Por que haviam faltado naquele dia? Tal visita é mítica porque constitui um marco, como os mitos, e também porque, como os mitos, deixou atrás de si uma zona de penumbra. Teria ele feito mesmo aquela pergunta à platéia, ou fora ela inventada por outrem e atribuída a ele como a indagação perfeita que a um filósofo perfeito cabia naquela hora e local? Não importa. O que se quer dizer aqui é que o grande Sartre fez a pergunta errada. Ou melhor: fez a pergunta certa, mas no local errado. Deveria tê-la feito mais adiante, quando ......... jantar, no restaurante. Explique-se. Não surpreende que os negros não estivessem na conferência. Eles não tinham, e continuam não tendo, acesso à boa educação. Então como agora, só uns raros chegavam à universidade. Ir à conferência de Sartre significaria superar uma série de obstáculos, começando pelo lar pobre e continuando com a escola precária, o cansaço produzido por pesadas tarefas, o tempo perdido em intermináveis deslocamentos de ida e volta a distantes periferias. Já no restaurante, ele perceberia com muito mais surpresa, que igualmente não ............. negros – e não entre os clientes, nisso não haveria nada de surpreendente, mas entre o próprio pessoal de serviço, ou seja, entre garçons. Ora, o ofício de garçom é relativamente simples. ............ pés resistentes, para andar de cá para lá a noite toda, e habilidade para segurar uma bandeja. Não precisa chegar à universidade. Tudo o que se precisa ler é o cardápio. E no entanto, salvo exceções, não há negros entre garçons no Brasil. Eis a discriminação no seu ponto mais cruel. 140) Assinale a alternativa que apresenta uma afirmação correta de acordo com o texto. a) Segundo a crença oficial, há uma correlação entre a existência de uma significativa população negra e uma suposta democracia racial. b) A ausência de negros na conferência de Sartre demonstra que o Brasil não tem uma política eficaz contra o racismo. c) O filósofo Sartre não esperava encontrar uma numerosa população negra no Brasil. d) O autor não tem certeza de que Sartre tenha realizado a mítica visita. e) O autor acredita que o Brasil é um país racista, mas que luta para integrar sua sociedade. 141) O último período do texto encerra a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. uma conclusão que prescinde da argumentação anterior. uma constatação que traz novos argumentos à tese defendida pelo autor. uma declaração que refuta as afirmações anteriores. uma confirmação enfática da opinião do autor. uma dedução contrária à tese apresentada pelo autor. A expressão “ídolo de toda uma geração” não faz mais sentido. No passado, as gerações se definiam pelos ícones que as representavam. James Dean era o inspirador da “juventude transviada” dos anos 50. Os Beatles e os Rolling Stones, da turma do roque. E a geração atual? Pode-se dizer que ela não cola um pôster na parede. Cola vários. O adolescente hoje é infiel por natureza. Isso pode chocar os mais velhos, que se acostumaram a passar a adolescência orando para um único roqueiro no altar do quarto. “Eu era fã de Roberto Carlos e adorava os Beatles com a certeza de que seria para sempre”, diz a bancária paulista Laís Soares, de 47 anos. “Minha filha não pode dizer o mesmo em 786 Interpretação de textos UFRGS 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. relação a ninguém.” A filha de Laís é a estudante Flávia, de 16 anos. Ela coleciona pôsteres de ídolos como as inglesas Spice Girls ou o ator Leonardo DiCaprio. Quando a onda passa, guarda tudo na gaveta e começa outra coleção. Dizer que se trata de uma geração volúvel não passa de simplificação. O que ocorreu, na verdade, é que mudou a relação do jovem com seu ídolo. Eleger modelos é próprio da idade. A diferença é que, no passado, os ídolos serviam para definir grupos e posavam de guardiães de determinados valores. Quem era fã dos Beatles, que representavam rebeldia, não podia ser fã dos Rolling Stones, que representavam uma rebeldia ainda maior. No Brasil, quem curtia a jovem guarda não freqüentava shows dos tropicalistas e vice-versa. Hoje, a identificação é muito menor que há dez ou vinte anos. De seus ídolos, os adolescentes querem apenas a diversão. Guardar pôsteres. Comprar roupas parecidas. Urrar de paixão nos shows. E depois ir para casa dormir, pensando que amanhã será outro dia. Talvez com um ídolo novo. 142) Assinale a alternativa que está de acordo com o texto. a) Apenas nas gerações passadas, os ídolos eram tidos como modelos pelas gerações mais jovens. b) O fato de guardar lembranças do ídolo e urrar durante suas apresentações diferencia a geração de hoje das gerações passadas. c) A diversão, mais do que a identificação com um conjunto de valores representado pelo artista, é o ponto central na escolha dos ídolos pelos jovens hoje. d) James Dean, os Beatles e os Rolling Stones são exemplos de ídolos das gerações mais jovens ainda hoje. e) Os mais velhos ficam chocados porque os jovens não se identificam com idéias, apenas com pessoas. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. A democratização da cultura tem como precondição a idéia de que os bens culturais são direito de todos e não privilégio de alguns. Democracia cultural significa direito de acesso e de fruição das obras culturais, direito à informação e à formação culturais, direito à produção cultural. Ora, a indústria cultural acarreta o resultado oposto, ao massificar a Cultura. ............? Em primeiro lugar, porque separa os bens culturais pelo seu suposto valor de mercado: há obras “caras” e “raras”, destinadas aos privilegiados que podem pagar por elas, formando uma elite cultural; e há obras “baratas” e “comuns”, destinadas à massa. Em segundo lugar, porque cria a ilusão de que todos ............. acesso aos mesmos bens culturais, cada um escolhendo livremente o que deseja, como faz o consumidor num supermercado. No entanto, basta darmos atenção aos horários dos programas de rádio e televisão ou ao que é vendido nas bancas de jornais e revistas para vermos que, através dos preços, as empresas de divulgação cultural já selecionaram de antemão o que cada grupo social pode e deve ouvir, ver ou ler. Em terceiro lugar, porque inventa as figuras chamadas “espectador médio”, “ouvinte médio” e “leitor médio”, às quais são atribuídas certas capacidades mentais “médias”, certos conhecimentos “médios” e certos gostos “médios”, oferecendo-lhes produtos culturais “médios”. Que significa isso? A indústria cultural vende Cultura. Para vendê-la, deve seduzir e agradar o consumidor. Para seduzi-lo e agradá-lo, não pode chocá-lo, provocá-lo, fazê-lo pensar, fazê-lo ter informações novas que o perturbem, mas deve devolver-lhe com nova aparência, o que ele já sabe, já viu, já fez. A “média” e o .............. comum cristalizado que a indústria cultural devolve com cara de coisa nova. Em quarto lugar, porque define a Cultura como lazer e entretenimento, diversão e distração, de modo que tudo o que nas obras de arte e de pensamento significa trabalho e sensibilidade, da imaginação, da inteligência, da reflexão e da crítica, não tem interesse, não “vende”. Massificar é, assim, banalizar a expressão artística e intelectual. 787 Módulo 20 143) No texto, são colocadas em oposição as noções de democratização da cultura e massificação da cultura. Abaixo, a coluna da esquerda retoma essas duas noções, e a da direta lista alguns elementos tratados no texto. Associe as duas colunas. 1. democratização da cultura 2. massificação da cultura ( ( ( ( ( ( ) ) ) ) ) ) livre escolha dos bens culturais, que são acessíveis a todos sem distinção. banalização da expressão artística e cultural. direito de educação cultural para todos ocupação recreativa do tempo livre renovação aparente do que é velho divisão dos bens culturais pelo valor por eles pago e pelo grupo social com que são identificados A seqüência numérica correta, de cima para baixo, na coluna da direita, é a) b) c) d) e) 2 – 1 – 2 – 1 – 1 – 2. 1 – 2 – 1 – 2 – 2 – 2. 2 – 2 – 1 – 2 – 1 – 2. 1 – 1 – 2 – 1 – 2 – 1. 1 – 2 – 1 – 2 – 1 – 1. 144) Assinale a alternativa em que se sugerem sinônimos adequados para as palavras privilégio (l. 2), suposto (l. 5) e banalizar (l. 24), respectivamente. a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. artifício – inalterável – trivializar artifício – hipotético – trivializar prerrogativa – hipotético – trivializar vantagem – inalterável – deturpar prerrogativa – presumível – deturpar Assim que a seleção francesa foi desclassificada, tirando da competição a supostamente invencível Marselhesa, The Guardian anunciou: “O Brasil agora possui o melhor hino nacional da Copa Mundial de 2002”. E não apareceu ninguém para desmentir ..... jornal inglês. Para The Guardian, o nosso hino nacional é “o mais alegre, o mais animado, o mais melodioso e o mais encantador do planeta”. A despeito da secular pinimba dos britânicos com os franceses, não me pareceu forçada ............ restrição que fizeram ........... Marselha e seus “belicosos apelos às armas”, desfavoravelmente comparados ao estímulo aos sentimentos nacionais e às belezas naturais do florão da América contido nos versos que Joaquim Osório Duque Estrada escreveu para a música de Francisco Manuel da Silva. Cânticos de louvor ........ nações e seus povos, os hinos pouco se diferenciam: são quase sempre hipérboles patrióticos, não raro jingoístas, demasiado apegadas a glórias passadas e inclinadas a exortar a alma guerreira que em muitos de nós dormita. Entretanto, comparado aos hinos dos países que nós derrotamos nas três fases da Copa, o nosso ganha fácil em beleza melódica e expressividade poética. “É como se tivesse vindo pronto, já composto, de uma casa de ópera”, bajulou The Guardian. Quase um século nos separa da concepção da letra do Hino Nacional Brasileiro. Ela é antiga, solene, inflamada, alambicada, anacrônica, como todas de sua espécie. Custamos a nos acostumar com ela. Suas anástrofes e seus cacófagos até hoje aturdem as crianças. Passei um bom tempo de minha infância sem atinar para o sentido de alguns versos e 788 Interpretação de textos UFRGS 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. acreditando que a nossa terra era “margarida”, e não “mais garrida”. Por uma deformação mental qualquer – ou, quem sabe, condicionado por outros hinos e por fatos de nossa nada incruenta história -, vivia a cantar “paz no futuro e guerra (em vez de ‘glória’) no passado”. Encontrei uma versão em que tiraram do berço o gigante eternamente deitado: “Erguido virilmente em solo esplêndido / Entre as ondas do mar e o céu profundo”. Prefiro os versos originais. Não por convicções ideológicas, mas por uma questão de métrica, de eufonia – e um pouco por desconfiar que sempre vivemos deitados em berço esplêndido, dormindo mais do que deveríamos. 145) Assinale a única alternativa que encontra suporte no texto. a) O nosso hino se tornou o melhor da Copa Mundial de 2002 porque sofreu forte influência da música operística. b) O hino nacional, por ter linguagem erudita e sintaxe complexa, nem sempre é compreendido pela população. c) O hino brasileiro não é de fácil compreensão, uma vez que as idéias contidas nos versos são, hoje, vistas como ultrapassadas. d) O hino francês não alcançou sucesso à época de sua criação porque defendia idéias belicosas em um tempo de paz. e) Uma das características do Hino Nacional Brasileiro é ter sido composto a muitas mãos ao longo de sua história. 146) A respeito de algumas passagens do texto são feitas as seguintes afirmações. I. A expressão nossa nada incruenta história (l. 21-22) sugere que a história do Brasil foi marcada por poucas lutas e guerras. II. No penúltimo parágrafo, o autor faz uma crítica à escola por não ensinar o hino nacional às crianças. III. Conforme se depreende do último parágrafo, uma das razões pelas quais não deveria ser modificada a letra do hino nacional é que os versos originais parecem caracterizar o modo de ser do povo brasileiro. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e II. Nenhuma. 147) Assinale a alternativa que contém sinônimos adequados para as palavras antiga, solene, inflamada, alambicada e anacrônica (l. 17), no contexto em que elas aparecem, respectivamente. a) b) c) d) e) velha – perene – afogueada – confusa – ultrapassada antiquada – pomposa – entu-siasmada – afetada – ultrapassada velha – pomposa – afogueada – confusa – atemporal anciã – imponente – queimada – perturbada – atemporal antiquada – imponente – queimada – afetada – desusada 789 Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. Em 1826, o pintor francês Jean-Baptiste Debret, em uma das mais expressivas obras que pintou no Rio de Janeiro, O escravo do naturalista, registrou a participação dos escravos e auxiliares estrangeiros que, a partir do início do século 19, percorreram várias partes do Brasil. A contribuição das culturas nativas para o conhecimento científico adquirido ou construído pelos naturalistas quase sempre tem sido desconsiderada pelos historiadores da ciência. A atenção destes é dirigida para as observações e teorias daqueles, seus instrumentos e métodos de trabalho e para as influências políticas, filosóficas e econômicas em suas obras. Com freqüência, eles descrevem as populações locais como iletradas e ignorantes; porém, delas dependia, em boa medida, o êxito das expedições dos naturalistas. Em muitos trechos de seus relatos, cientistas como Alfred Wallace, Henry Bates e Louis Agassiz descrevem como os habitantes locais contribuíram com conhecimentos para seu trabalho. Havia, é claro, o previsível apoio logístico e de infra-estrutura, tais como o fornecimento de alimentos, meios de transporte e outros recursos materiais, bem como sua presença como guias, carregadores, intérpretes e companhia pessoal. Muitas vezes, porém – e é esse ponto que nos interessa –, verifica-se também, por parte de indivíduos e comunidades locais, a transmissão de conhecimentos obtidos com a longa experiência na floresta. Esses conteúdos viriam a ser sistematizados pelos naturalistas, depurados dentro da visão científica predominante e incorporados ao cabedal científico universal. 148) Considere as seguintes afirmações. I. O texto questiona a imagem do naturalista como um herói desbravador que descobriu, sozinho, grande quantidade de espécies novas de animais e plantas. II. Os historiadores da ciência não têm conhecimento dos relatos dos naturalistas, por isso desconhecem a importância dos nativos para o sucesso dos empreendimentos científicos. III. O texto afirma que o nativo foi espoliado pelo cientista estrangeiro. Quais estão de acordo com o texto? a) Apenas I. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. b) Apenas II. c) Apenas III. Ao tomarem Cunduz, no Afeganistão, os homens da Aliança do Nor te encontraram um soldado do Taleban, Abdul Hadid, sentado na calçada, baleado, tremendo de choque, com as roupas ....... de sangue. No pequeno grupo hostil e ........ que se formou ao seu redor, Abdul percebeu que havia dois jornalistas ocidentais, as únicas caras, provavelmente, a mostrarem compaixão. Endereçou a eles seu único (e último?) pedido de ajuda da seguinte maneira: “Tenho um amigo na Alemanha”. Depois disso, foi levado embora – oficialmente, para um hospital. É como se Abdul dissesse aos que podiam entendê-lo, ou seja, aos ocidentais presentes: não sou “todo” daqui, minha tribo não resume inteiramente minha humanidade. Na hora de morrer por causa de uma diferença étnica, ele invocou um mundo em que, em princípio, tribos e crenças não seriam condições de cidadania. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 790 d) Apenas I e II. e) I, II e III. Não acredito que a frase de Abdul fosse uma ............ oportunista. É mais p ro v á v e l q u e e l a m a n i f e s t a s s e u m a dolorosa contradição de fundo. Por um lado, há a vontade de defender o que, desde sempre, constitui uma espécie de essência: a devoção, a fidelidade exclusiva à tribo; por outro lado, há a sedução da Alemanha, para onde já fora o amigo. Qual é a força dessa sedução? Será que está apenas na abundância de bugiganga? Ultimamente, tem-se levantado o ........ da retomada do conflito entre Islã e a cristandade. Mas o conflito de hoje não é o mesmo que assolou a Idade Média, pois a cristandade está diluída na modernidade. O conflito de hoje não é entre duas culturas, cada uma exclusiva, mas entre uma cultura tradicional, que se sustenta na exclusão (dos infiéis, por exemplo), e a modernidade, que idealiza a inclusão de todos. Interpretação de textos UFRGS 149) De acordo com o que diz o texto, a fala de Abdul Hadid revela a) a falsidade da tão alardeada tese da fidelidade e da capacidade de resistência dos homens do exército do Taleban. b) o magnetismo que um país tradicional exerce sobre uma população marginalizada que vive em meio ao caos da guerra. c) o desejo, em flagrante contradição com o devotamento à tribo, de ser reconhecido como integrante de uma cultura mais ampla. d) a fraqueza de um soldado diante da total ausência de alternativas num país devastado pela guerra. e) a perplexidade de um pobre homem diante da divisão arbitrária entre o islamismo e o cristianismo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 150) Considere os comentários a seguir. I. O autor do texto, por identificar pelo nome, Abdul Hadid, o soldado rendido, denota conhecê-lo pessoalmente. II. A repetição do nome do soldado ao longo do texto é um recurso estilístico para tornar o fato narrado mais próximo da realidade do leitor ocidental. III. Ao repetir o nome, Abdul, o texto deixa evidente que as observações feitas se restringem a um caso individual, sem possibilidade de generalização. Quais estão corretas? a) Apenas I. d) Apenas II e III. b) Apenas II. e) I, II e III. c) Apenas III. Quando tomou posse na República em 31 de janeiro de 1951, Getúlio Vargas tinha plena consciência das dificuldades e dos riscos que teria de enfrentar. Ainda antes mesmo de se candidatar, dera-lhe a oposição udenista, em meados de 1950, através do jornalista Carlos Lacerda, um recado claro e desafiador: “O senhor Getúlio Vargas, senador, não deve ser candidato à Presidência. Candidato, não deve ser eleito. Eleito, não deve tomar posse. Empossado, devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar.” A estupefação que causa hoje semelhante golpe anunciado permite medir em toda a sua extensão a evolução política operada em meio século. 151) A última frase do texto faz uma série de afirmações. Assinale a alternativa que NÃO encontra suporte nessa frase. a) O recado de Lacerda não era nada menos que um anúncio, na imprensa, de um golpe de Estado, caso Getúlio retornasse à presidência. b) Nos últimos cinqüenta anos, a prática política evoluiu no Brasil, uma vez que não ocorrem mais golpes. c) Aos olhos da opinião pública dos dias atuais, uma manifestação como a do jornalista Carlos Lacerda parece inacreditável. d) Em meio século de história, operou-se uma significativa mudança na forma como a política é praticada no Brasil. e) A diferença entre a prática política de antigamente e a atual é que, hoje em dia, não se aceitariam mais pacificamente apelos à derrubada de um governo por parte da imprensa. 152) Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna do enunciado abaixo, de acordo com o texto. Lacerda .......... : “Devemos recorrer à revolução para impedi-lo de governar.” a) incitou b) vaticinou c) ironizou 791 d) ponderou e) insinuou Módulo 20 153) Considere o seguinte segmento do texto: Ainda antes mesmo de se candidatar, dera-lhe a oposição udenista, em meados de 1950, através do jornalista Carlos Lacerda, um recado claro e desafiador (l. 02-04). As alternativas a seguir apresentam reformulações corretas, e equivalentes em termos de significado, do trecho acima, À EXCEÇÃO DE a) Ainda antes mesmo de se candidatar, um recado claro e desafiador lhe tinha sido dado pela oposição udenista, em meados de 1950, através do jornalista Carlos Lacerda. b) Ainda em meados de 1950, antes mesmo de se candidatar, o jornalista Carlos Lacerda lhe dera um recado claro e desafiador, através da oposição udenista. c) Ainda antes mesmo de se candidatar, a oposição udenista tinha lhe dado, em meados de 1950, um recado claro e desafiador através do jornalista Carlos Lacerda. d) Em meados de 1950,ainda antes mesmo de se candidatar, um recado claro e desafiador lhe fora dado pela oposição udenista através do jornalista Carlos Lacerda. e) Um recado claro e desafiador lhe dera, em meados de 1950, através do jornalista Carlos Lacerda, a oposição udenista, ainda antes mesmo de ele se candidatar. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. O cérebro e a memória Como se formam lembranças no c é r e bro de um bebê? Po r que um a melodia romântica pode disparar sensações tão agradáveis? Por que não conseguimos nos lembrar do que aconteceu conosco antes dos três anos de idade? Lembrar não implica apenas arquivamento de informações. É difícil perceber, mas precisamos da memória para atribuir sentido ....... experiências vivenciadas e conectá-Ias com outras. Não notamos, mas precisamos da memória também, por exemplo, para associar ....... bicicleta caída ...... um tombo que levamos ou para acertar o trajeto da cozinha ....... sala. Na infância, quando aprendemos a andar, há uma explosão de conexões entre as células cerebrais. Cada experiência, por 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. 62. 63. 64. 65. 66. 67. 68. 69. 70. 71. 72. 73. 74. 75. 792 mais trivial que seja, imprime uma marca no cérebro, formando um circuito entre neurônios. Já as memórias que perdem o interesse vão sendo descar tadas. Essa constante transfor mação do cérebro impede que haja duas pessoas iguais no mundo. Uma curiosidade da memória é a seleção. Convenhamos: armazenar tudo seria tão inútil quanto não guardar nada. Então, para não se sobrecar regar, o cérebro é sábio. Divide as tarefas e usa tipos diferentes de memória. Para entender e escrever o que se ouve ou se lê, usa-se uma memória descar tável. Essa é a memória de trabalho. O cérebro sabe que não precisa guardar informações corriqueiras por muito tempo. Por isso, reser va espaço para a memória de longa duração. Dessa forma, o cérebro escolhe o que vai for mar nossa bagagem de experiências. Algumas lembranças, entretanto, parecem emergir do nada: uma música pode reacender as sensações de um jantar romântico. Nesse caso, o cérebro associou a melodia ao rosto, ao cheiro, ao nome de uma pessoa. Naquele momento, neurônios formaram conexões para reconhecer todos os detalhes. A imagem foi montada pelo córtex visual; o perfume foi reconhecido no córtex olfativo; a música e as emoções do momento foram registradas em outras áreas do cérebro. Mesmo finda a seqüência, a cena ainda não estará completamente a rq u i v a d a . A s i n f o r m a ç õ e s , f r e s c a s , precisam passar pelo hipocampo, que, como uma cola, reforçará cada elo do circuito de neurônios. Uma interrupção pode, inclusive, causar a desgravação ou a não gravação. Por isso, depois de um acidente de carro, por exemplo, a vítima esquece os momentos imediatamente anteriores à batida. Um trauma interrompeu uma fase de gravação. Uma vez fixado, um circuito de neurônios pode ficar no cérebro por décadas. Por isso, tempos depois, num bar, distraído, você ouve aquela música e pronto! Uma coisa puxa a outra e será o suficiente para reativar todo o circuito. Aliás, a lembrança pode ser até mais agradável do que foi o acontecimento real. Interpretação de textos UFRGS 154) Assinale com V (verdadeiro) as afirmações que estão de acordo com o texto e com F (falso) as que não concordam com o que nele se diz. ( ) ( ) ( ) ( ) Vítimas de acidentes de carro não conseguem lembrar-se dos momentos que antecedem o acidente por apresentarem algum defeito congênito no hipocampo. É possível lembrar fatos passados se o processo de sua gravação na memória se desenvolveu de forma ininterrupta. O hipocampo é uma espécie de cola responsável por montar somente imagens captadas pela visão. Lembrar-se das coisas é mais do que guardar informações sobre eventos que ocorreram; envolve reativar todo um conjunto de associações, por exemplo, entre objetos e fatos. A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) V - F - V - V. F - F - V - F. V - V - F - V. F - V - F - V. V - V - V - F. Quais são compatíveis com o sentido do trecho no texto? a) b) c) d) e) 156) Sobre o sentido e a funcionalidade do último parágrafo em relação ao todo do texto, é correto afirmar que ele a) nega um argumento do penúltimo parágrafo. b) reitera uma negação do primeiro parágrafo. c) detalha informações do terceiro parágrafo. d) responde a uma pergunta do primeiro parágrafo. e) reforça com um novo exemplo a argumentação anterior. 157) Assinale a alternativa que apresenta os sinônimos mais adequados para as palavras trivial (I. 22), formar (I. 42), emergir (I. 45) e reacender (I. 46). 155) Observe as reformulações propostas para o trecho Para entender e escrever o que se ouve ou se lê, usa-se uma memória descartável. Essa é a memória de trabalho (I. 34-37). I. II. III. Apenas I. Apenas II. Apenas I e III. Apenas II e III. I, II e III. Para se compreender e anotar o que se lê ou se ouve, é posta em funcionamento uma memória descartável, a de trabalho. A memória de trabalho é descartada depois de cumprir seu papel de entender e registrar o que lê ou ouve. O entendimento e o registro de uma comunicação oral ou escrita implica o uso de uma memória descartável, de um trabalho de memória. 793 a) b) c) d) e) inútil - organizar - brotar - reaquecer vulgar - decidir - eclodir - rebuscar sofisticada - compor - nascer - resgatar comum - integrar - provir - reaproximar prosaica - constituir - surgir - reavivar Módulo 20 01. Fotógrafo descobria delicadeza de gestos 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. “Tirar fotos é prender a respiração quando todas as faculdades convergem para a realidade fugaz. É organizar rigorosamente as formas visuais percebidas para expressar o seu significado. É pôr numa mesma linha cabeça, olho e coração.” Essa imbatível definição do ato fotográfico, feita pelo próprio Henri CartierBresson, ser ve de ponto de partida para entender a magnitude e a...........de sua obra em todo o mundo. Car tier-Bresson fotografava com o instinto de um caçador que persegue obstinadamente sua presa. Ele até se enveredou pelo universo dos retratos e os fez bem, mas seu grande diferencial era um faro particular para capturar ......... . Sua busca incansável era por aquilo que ele conceituou como o instante decisivo, o momento em que o universo em harmonia conspira a favor do artista. Mais do que uma técnica apurada, o instante decisivo de Car tier-Bresson preconizava a paixão pelo prosaico e pela fugacidade da vida. Sua investigação não buscava a obtenção de fotografias grandiosas, mas, sim, a descoberta da beleza e da delicadeza dos pequenos gestos. Ao aposentar-se, Bresson se abrigou no desenho e na pintura. “Não tenho saudades. O desenho é uma meditação, enquanto a foto é um tiro.” A preferência pela meditação e pela ........ era também uma forma de fugir ao assédio. Bresson morre no momento em que a fotografia passa por uma profunda transformação no mundo todo. Com a disseminação das câmeras digitais portáteis e dos celulares e palm tops que fotografam e com a facilidade de circulação das imagens via internet, uma nova linguagem está sendo elaborada sem que saibamos onde tudo isso vai dar. A visão de mundo de Bresson e de seus pares, alicerçada na sensibilidade, na argúcia e no rigor estético, parece não ser mais suficiente para traduzir esses novos tempos. A era da velocidade e da informação carrega a convicção de que o instante decisivo ocorre o tempo todo e está on-line . Mera ilusão. Cartier-Bresson será sempre o fio da meada para se reencontrar uma sensibilidade em extinção. 158) Considere as seguintes afirmações sobre o texto. I. Do trecho Essa imbatível definição do ato fotográfico (I. 08-09), infere-se que a definição de Cartier-Bresson não pode ser contestada. II. Do trecho Sua investigação não buscava a obtenção de fotografias grandiosas, mas, sim, a descoberta da beleza e da delicadeza dos pequenos gestos (I. 26-30), infere-se que grandes fotógrafos não se salientam por fotografias grandiosas. III. Do trecho A visão de mundo de Bresson e de seus pares, alicerçada na sensibilidade, na argúcia e no rigor estético, parece não ser mais suficiente para traduzir esses novos tempos (I. 46-50), infere-se que a visão de mundo de Bresson e de seus pares é ilusória. Quais estão de acordo com o texto? a) b) c) d) e) Apenas I. ApenaS II. Apenas III. Apenas I e II. I, II e III. 159) Assinale a alternativa que sintetiza adequadamente a idéia contida nos dois últimos parágrafos do texto. 794 a) Os recursos tecnológicos disponíveis atualmente complementam a visão de mundo de Cartier-Bresson e de seus pares. b) A era da velocidade e da informação é uma ilusão que só pode ser compreendida através da sensibilidade de Cartier-Bresson. c) A morte de Cartier-Bresson consolida a transformação da fotografia no mundo todo, a qual se apóia na idéia de que o instante decisivo está on-line. d) A sensibilidade, a argúcia e o rigor estético são características da nova linguagem que está sendo elaborada. e) Os recursos tecnológicos disponíveis carecem de sensibilidade para que a nova linguagem que está sendo elaborada possa ser equiparada à arte de Cartier-Bresson e de seus pares. Interpretação de textos UFRGS 160) Assinale a alternativa que apresenta os sinônimos mais adequados para as palavra fugaz (I. 04), alicerçada (I. 47) e argúcia (I. 48). a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. efêmera - fundamentada - perspicácia transitória - baseada - astúcia escassa - calcada - esperteza passageira - impressa - malícia exígua - conquistada - sagacidade c) Na impossibilidade de se encontrar uma maneira eficiente de negar o valor da obra de Neruda. d) No dilema, de várias gerações de leitores, de entender Neruda. e) No peso da popularidade de Neruda. 162) Considere as seguintes afirmações sobre o texto. O problema Neruda Há cem anos nasceu o poeta mais popular de língua espanhola, com uma obra cuja força lírica supera todos os seus defeitos. Sem dúvida, há um “problema Pablo Neruda”. Foi o outro grande poeta chileno, seu contemporâneo Nicanor Parra (depois de passar toda uma longa vida injustamente à sombra de Neruda), quem o for mulou com maliciosa concisão: “Existem duas maneiras de refutar Neruda: uma é não lê-Io; a outra, lê-Io de má-fé. Tenho praticado as duas, mas nenhuma deu resultado”. A frase de Parra descreve o dilema de várias gerações de leitores. Ninguém duvida, ou nega seriamente, que Neruda, cujo centenário de nascimento se comemora no dia 12 deste mês, seja um grande poeta - dos maiores do século 20. Mas quase todos os leitores mais exigentes preferem outros poetas, enquanto os mais fiéis ner udistas admiram incondicio nalmente o pior de uma vasta obra muito desigual na sua qualidade. Entre matronas sentimentais e moçoilas de tornozelos sujos, garotos tresnoitados e velhos saudosos do stalinismo, Neruda parece quase naufragar sob o peso de sua popularidade. Mas sempre volta a emergir, triunfante e definitivo, de toda leitura de boa-fé. I. Do fragmento Foi o outro grande poeta chileno (I. 07), infere-se que houve apenas dois grandes poetas no Chile. II. Do fragmento Ninguém duvida, ou nega seriamente, que Neruda [...] seja um grande poeta (I. 17-20), infere-se que é consenso que Neruda seja um poeta de reconhecido valor. II. Da frase que se estende da linha 21 (Mas quase todos os leitores...) até a linha 25 (...obra muito desigual na sua qualidade), infere-se que os mais leais nerudistas não são leitores muito exigentes. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e II. I, II e III. 163) Considere as seguintes afirmações sobre a relação entre alguns pronomes do texto e os segmentos a que se referem. I. Na linha 08, o pronome seu remete à expressão o outro grande poeta chileno (I. 07). II. Através do pronome o (I. 11), está sendo retomada a palavra Neruda (I. 10). III. O pronome sua (I. 25) remete à expressão vasta obra (I. 24). 161) Em que consiste, essencialmente, o problema Neruda, referido no texto? a) Na inveja de Nicanor Parra, que passara toda uma longa vida injustamente à sombra de Neruda (I. 09-10). b) Na qualidade da vasta obra de Neruda, muito desigual. 795 Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e III. I, II e III. Módulo 20 164) Usando uma expressão idiomática, em seu sentido consagrado, pode-se dizer que o personagem Dogbert tem a atitude de quem a) b) c) d) e) quer vender o peixe pelo preço que comprou. anda com a pulga atrás da orelha. pretende vender gato por lebre. imagina plantar verde para colher maduro. não tem papas na língua. 165) A palavra Vista, no primeiro quadrinho, é usada com o mesmo sentido na tira e na frase a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. Fulana dá na vista com seus óculos novos. Do avião, tem-se uma vista notável sobre o Guaíba. A sua vista de lince impressionava a todos. Ela não apreciava a paisagem por ser curta de vista. Seu apartamento é de encher a vista, de tão bonito. Se escapar do bombardeio ............ está sendo submetido, um achado divulgado anteontem por pesquisadores do Reino Unido poderá mudar a história da ocupação humana da América. Segundo eles, pegadas de pessoas descobertas no centro do México teriam 40 mil anos – embora os registros mais antigos de presença humana no continente não ultrapassem ............ 13 mil anos.A equipe, liderada pela geoarqueóloga mexicana Silvia González, achou os rastros na beira de um antigo lago assolado por chuvas de cinza vulcânica. Imagina-se que, depois de um desses episódios, um grupo de pessoas (entre as quais crianças, a julgar pelas dimensões das pegadas) teria caminhado sobre a cinza, deixando sua marca. Usando uma série de métodos diferentes, o grupo britânico datou fósseis de animais no mesmo nível da pegada, assim como sedimentos em volta da própria, chegando à data de por volta de 40 mil anos antes do presente. Hoje, o sítio arqueológico das Américas mais antigo cujas datas são aceitas pelos cientistas é Monte Verde, no extremo sul do Chile, com seus 12,5 mil anos. Poucos pesquisadores põem em dúvida a idéia de que os primeiros americanos cruzaram o estreito de Bering, vindos do extremo nordeste da Ásia, para chegar ao Novo Mundo.“Novas rotas de migração ............ expliquem a existência desses sítios muito mais antigos precisam ser consideradas. Nossos achados reforçam a teoria ............ esses primeiros colonos tenham vindo pela água, usando a rota da costa do Pacífico”, disse González em comunicado.“Nunca se deve dar a conhecer um achado tão importante numa entrevista coletiva”, critica o antropólogo argentino Rolando González-José, do Centro Nacional Patagônico. O pesquisador já chegou a estudar os antigos mexicanos junto com a arqueóloga, mas teve “divergências inconciliáveis” com ela. “Uma data de 40 mil anos não necessariamente leva a modelos alternativos do povoamento, muito menos recorrendo a rotas transpacíficas”, diz. 796 Interpretação de textos UFRGS 166) Considere as seguintes afirmações. I. III. A descoberta de fósseis permitiu a localização de pegadas de um grupo de pessoas que teria caminhado sobre a cinza proveniente de um episódio de chuvas de cinza vulcânica. A expressão esses primeiros colonos (l. 17) refere-se aos migrantes que deixaram suas pegadas no centro do México. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e II. Apenas II e III. II. Foram descobertos, no centro do México, fósseis de pessoas cujas pegadas têm mais de 40 mil anos. III. A possível datação de 40 mil anos para o achado da equipe de González exige, segundo a arqueóloga, que se considerem novas rotas de migração dos primeiros povoadores da América. 168) Considere as seguintes afirmações sobre expressões indicativas de tempo usadas no texto. Quais estão de acordo com o texto? I. A palavra anteontem (l. 01) remete à ante-véspera do dia em que a reportagem foi escrita. II. A palavra depois (l. 07) está relacionada a um dos episódios de chuvas de cinza vulcânica. III. A expressão antes do presente (l. 11) significa ‘antes do momento da descoberta’. a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e II. Apenas II e III. 167) Considere as seguintes afirmações sobre referentes de segmento do texto. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e II. Apenas II e III. I. O substantivo bombardeio (l. 01) refere-se às freqüentes chuvas de cinza vulcânica que atingem o achado. II. O substantivo marca (l. 09) refere-se essencialmente a pegadas de crianças. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. O Salman Rushdie era para ser a estrela da terceira Festa Literária Internacional de Parati e foi. Só se decepcionou quem esperava que ele se comportasse como estrela. É um homem ............ e afável, e sua participação foi um dos pontos altos de um acontecimento que de tantos pontos altos pareceu uma cordilheira. A começar pelo começo, uma bela homenagem a Clarice Lispector, seguida de um magnífico show de Paulinho da Viola que acabou com todo ............ sambando – até, não duvido, o Salman Rushdie. Outro pico do evento foi a palestra do Ariano Suassuna, cujo tema era para ser “Brasil, arquipélago de culturas”, mas no fim foi o espetáculo de Ariano Suassuna sendo Ariano Suassuna, outro show inesquecível. Das outras mesas (que eu vi, esqueci a ubiqüidade em casa e não pude ir a tudo), destaque para o israelense David Grossman e o sri-landês, se é assim que se diz, Michael Ondaatje falando sobre suas obras, a crítica argentina Beatriz Sarlo e o Roberto Schwartz – na mesa em que foi servida a iguaria intelectual mais fina da festa -, Jô Soares e Isabel Lustosa falando de humor com muito humor, o rapper e sociólogo espontâneo MV Bill, com Luiz Eduardo Soares e Arnaldo Jabor, no que foi certamente a ............ mais emocional e emocionante de todas, e o americano John Lee Anderson e o português Pedro Rosa Mendes falando de suas experiências como repórteres de guerra no Iraque e em Angola, respectivamente. Eu falei para um grande grupo de crianças na Flipinha, um programa paralelo dirigido a escolares da região, e uma das perguntas que vieram da platéia foi: “O senhor sabe ler?” Pergunta básica e perfeita e mais importante do 797 Módulo 20 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. que imaginava a pequena autora. Ela checava as minhas credenciais para ser escritor e estar ali mandando todos lerem. Saber ler não significa apenas ser alfabetizado ou interpretar um texto como faz o Salman Rushdie, que lê como o ator frustrado que confessou ser. Também significa saber ler a realidade à sua volta, como fazem David Grossman, que vive em Jerusalém e tenta se manter racional e humano em meio aos ódios dos dois lados, ou MV Bill, que nasceu na Cidade de Deus e sobreviveu e hoje faz a leitura mais certa do que é ser negro e pobre no Brasil. E aprender a ler também significa descobrir escritores, como se faz na Flip. Saí de Parati decidido a ler tudo que encontrar do Grossman e da Beatriz Sarlo, por exemplo. Poderia ter respondido à menina que não, ainda não sabia ler como deveria, mas que chegaria lá. 169) Considere as seguintes afirmações: I. O autor sentiu-se constrangido diante da pergunta da menina, como se infere do segmento checava as minhas credenciais (l. 20). II. Segundo o autor, saber ler implica principalmente interpretar um texto a partir de distintas realidades. III. Para o autor, aprender a ler pressupõe também chegar a conhecer a obra de diversos escritores. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 170) Considere os seguintes segmentos do texto. 1. se decepcionou (l. 02) 2. se comportasse (l. 02) 4. confessou (l. 22) 5. sua volta (l. 23) Quais deles se referem a Salman Rushdie? a) Apenas 1, 2 e 4. b) Apenas 1, 3 e 5. c) Apenas 2, 3 e 4. 3. sua participação (l. 03) d) Apenas 2, 3 e 5. e) Apenas 3, 4 e 5. 171) Considere as seguintes propostas de substituição de segmentos do texto. I. Substituir a palavra começo (l. 04) por origem. II. Substituir a terceira ocorrência de Ariano Suassuna (l. 08) por ele mesmo. III. Substituir a palavra emocional (l. 15) por sentimental. Quais propostas manteriam o sentido do texto? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 172) Assinale a alternativa em que a segunda palavra constitui um sinônimo adequado da primeira, considerando-se o contexto em que esta ocorre. a) b) c) d) e) pico (l. 06) – cume iguaria (l. 12) – petisco espontâneo (l. 14) – franco alfabetizado (l. 21) – letrado decidido (l. 27) – resoluto 798 Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. Um dia desses, recebi um telefonema surpreendente de Bernd Eichinger. Ele queria muito que eu visse seu novo filme A Queda , antes ............ em circuito. Uma oportunidade maravilhosa. Eu sabia que o filme de Eichinger tinha desencadeado uma grande discussão na Alemanha. A caminho do cinema, foram me passando pela cabeça alguns argumentos aventados nesse debate. Na Inglaterra, eu tinha lido muito pouco sobre o filme até então. Os poucos comentários mencionavam apenas que a Alemanha estava quebrando pela primeira vez um tabu com esta representação cinematográfica de Hitler. Não só em conversas com amigos e historiadores alemães, mas também na imprensa do país, este parecia ser realmente um aspecto importante. As pessoas me perguntavam se a Alemanha estaria preparada para um filme desses ou não. Se mostrar o ser humano Hitler não implicaria o risco de perder de vista seu caráter maligno, monstruoso e demoníaco, podendo até despertar simpatia por ele. Será que um filme desses não poderia ter o efeito indesejado de transformar o bunker do Führer numa desagradável atração turística, para muitos até mesmo em lugar de peregrinação? Sei o quanto os alemães são sensíveis em relação ............ época de Hitler, mas, do ponto de vista inglês, isso parecia um caso típico de medo – compreensivo, mas exagerado – do passado nazista e de seu desdobramento histórico. Eu achava perfeitamente legítimo fazer um filme desses; para mim, era só uma questão de tempo. ............ alguns anos, em projeto desses teria sido ousado demais, uma provocação muito grande, uma monstruosidade. Mas um filme desses faz parte de um processo contínuo e inevitável de passar a enxergar e considerar ............ época de Hitler como história. Não significa que o passado nazista deva ser contemplado sem emoção, sem consternação. O julgamento do Terceiro Reich também não precisa ser drasticamente revidado, seus terríveis crimes não precisam ser relativizados. 173) Considere as seguintes afirmações. I. II. III. O novo filme foi muito discutido na Alemanha, porque poderia começar a despertar simpatia da parte dos alemães por Hitler, como a imprensa inglesa noticiou. Os ingleses são extremamente receosos do que diz respeito ao passado nazista e do que pode advir daí. Um filme como A Queda inevitavelmente seria feito quando tivesse decorrido um largo período de tempo após os crimes terríveis do Terceiro Reich. Quais encontram suporte no texto? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) Apenas I e III. 174) O trecho que inicia na linha 20 e termina na linha 21 sugere que a) as ações do Terceiro Reich devem ser mais debatidas, pois ainda não se chegou a uma conclusão sobre o caráter de Hitler. b) a imagem de um Hitler maligno, monstruoso e demoníaco pode ser atenuada se a história nazista for narrada com emoção. c) um filme que tratasse da crueldade de Hitler permitiria reescrever a história do Terceiro Reich. d) a abordagem do filme, ao contemplar a outra face de Hitler, estaria relativizando seus crimes. e) o fato de a época de Hitler agora ser considerada como história não deve atenuar a gravidade dos crimes do Terceiro Reich. 175) Assinale a alternativa que apresenta os sinônimos mais adequados para as palavras aventados (l. 05), consternação (l. 21) e revidado (l. 22). a) b) c) d) e) sugeridos – abatimento – recuperado lembrados – desalento – contestado inventados – horror – revisado ocorridos – compaixão – revogado insinuados – receio – objetado 799 Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. bom aí é... a senhora e... eu não tenho queixa dos meus alunos nunca precisei assim de ralhar um aluno... mas no tempo que eu era guria havia muito respeito agora o que eu vejo que as minhas colegas contam... eu fico horrorizada né?... eles não têm mesmo respeito eu acho que... se não têm é porque eu acho que os professores é que não... que não sabem exigir ou também é proibido passar qualquer castigo alguma coisa assim que no tempo da gente tinha né?... a gente recebia o castiguinho... copiar a mesma lição uma porção de vezes... quer dizer que aquilo botava o pessoal na linha... agora hoje em dia não só o professor não pode dizer nada ele... os alunos parece que tomam conta... dos professores... ao menos é o que eu ouço contar né? Não que eu esteja vendo porque eu não estou estudando agora não sei...só sei que... a gente ouve dizer por aí né?... me desculpe se falei demais... 176) No bloco superior, abaixo, estão transcritos três segmentos da entrevista com marcas de oralidade; no bloco inferior, são feitas afirmações sobre aspectos formais dessas marcas. Associe adequadamente o bloco superior ao inferior. ( ) no tempo que eu era guria (l. 02) ( ) aquilo botava o pessoal na linha (l. 07) ( ) me desculpe se falei demais (ls. 10-11) 1. Contém omissão de marca de concordância obrigatória na língua culta. 2. Contém apagamento de palavra de uso obrigatório na construção sintática da língua culta. 3. Contém emprego de ordem sintática usual na língua falada, mas inadequada na língua culta. 4. Contém expressão usual na língua falada, mas inadequada na língua culta. A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) 2, 4 e 1. 2, 4 e 3. 3, 2 e 4. 4, 1 e 2. 4, 3 e 1. 177) Considere as afirmações abaixo sobre referentes de segmentos do texto. I. A palavra agora (l. 02) refere-se a um tempo presente em relação à época da entrevista. II. A palavra eles (l. 03) refere-se a meus alunos (l. 01). III. A expressão a gente (l. 10) refere-se somente à entrevistada e à entrevistadora. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e II. I, II e III. 800 Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. Assim como as outras ciências, a Medicina não escapou ao mito da estagnação medieval. Nas obras que ainda alimentam esse clichê, lê-se que a Medicina passou quase mil anos num sono profundo, entre a Antigüidade e o Renascimento. Os indícios que sustentam essa conclusão convergem em alguns aspectos: a ausência de invenções espetaculares e de médicos excepcionais, a feitiçaria onipresente e a influência da Igreja sobre as ciências. A Medicina era domínio de monges, filósofos e charlatães.Ainda hoje, nossa visão da Idade Média permanece impregnada dessas idéias, que se baseiam, no entanto, num ponto de vista moderno: em vez de serem colocadas na perspectiva da época, as ciências são avaliadas tomando como parâmetro os critérios atuais. Assim a crítica segundo a qual a Igreja teria exercido uma dominação aniquiladora do progresso é típica de uma sociedade laica. Para os cristãos da Idade Média, ao contrário, não existia alternativa: eles acreditavam que os judeus, os pagãos e os hereges estavam condenados às penas do inferno. A Medicina medieval era praticada na base de uma fé jamais colocada em questão e encontrava seu lugar numa visão de mundo inteiramente religiosa. A Medicina era mais uma filosofia da Natureza que uma ciência da Natureza, no sentido moderno do termo. Ora, sem as bibliotecas monásticas, o trabalho dos monges copistas e o interesse que os eruditos eclesiásticos demonstravam pela terapêutica, os escritos antigos de famosos médicos romanos, gregos ou árabes estariam perdidos. Depois da queda do Império Romano, apenas os religiosos sabiam ler e escrever e dominavam a língua erudita européia, o latim. Dessa forma, a Igreja permitia a continuidade da cultura e a sobrevivência da filosofia antiga – e pagã. Para o cristão devoto, a saúde e a salvação estavam alegoricamente ligadas: a Medicina cuidava do corpo que perecia, e a religião, da alma imortal. O médico tinha de reconhecer as doenças e buscar tratá-las pelos meios terrestres. Só se ele atingisse seus limites é que deveria ceder lugar ............ ajuda religiosa. Os autores religiosos davam, assim, um grande valor ............ saúde do corpo, pois a “carne fraca” do ditado era particularmente vulnerável à influência do Maligno. A representação mais popular do Cristo médico mostra as curas milagrosas do Novo Testamento e legitima assim a inter venção dos médicos em caso de doença (quando ela não era um ato divino irreversível). A existência de plantas medicinais provava, ao crente, que o Criador tinha previsto sua utilização para o alívio e a cura. Ao contrário de um preconceito bastante difundido, uma fé inabalável não impedia que se adotasse uma conduta ativa e pragmática para resolver os problemas que surgiam: como hoje, os homens da Idade Média tentavam fazer tudo o que estava ............ seu alcance para facilitar a vida aqui na Terra e preservar a saúde. 178) As paráfrases abaixo poderiam substituir as palavras que as precedem, sem causar alteração do significado, à exceção de uma. Assinale-a. a) b) c) d) e) clichê (l. 02) – lugar-comum convergem (l. 04) – estão de acordo onipresente (l. 05) – incontestada laica (l. 10) – não religiosa alegoricamente (l. 21) – no plano simbólico 801 Módulo 20 179) Leia a afirmação abaixo – sobre a temática abordada no texto – e considere as assertivas que sobre elas são feitas, nos números de I a III. 181) As palavras monásticas (l. 16) e copistas (l. 16) remetem, respectivamente, a a) um tipo de local e a uma atividade. b) uma especialização do acervo e a uma ordem religiosa. c) uma especialização do acervo e a uma doutrina religiosa. d) um tipo de local e a uma posição na hierarquia social. e) uma especialização do acervo e a uma nacionalidade. Entre a Antigüidade e o Renascimento, o pensamento médico esteve submetido à religiosidade, não apresentando uma base científica, razão pela qual permaneceu estagnado. I. II. III. A afirmação em negrito não corresponde ao ponto de vista expresso no texto, mas, sim, a uma perspectiva moderna acerca da Medicina medieval, da qual o autor do texto não compartilha. O trabalho de manutenção e tradução do pensamento médico da Antigüidade realizado por copistas e eruditos medievais aliado à preocupação do homem medieval com a conservação da saúde contradizem a afirmação em negrito. 182) Para a frase Nas obras que ainda alimentam esse clichê, lê-se que a Medicina passou quase mil anos num sono profundo, entre a Antigüidade e o Renascimento (ls. 0203), foram propostas cinco reescritas. Assinale aquela em que há mudança de significado. a) Nas obras que seguem alimentando esse clichê, lê-se que a Medicina passou quase mil anos num sono profundo, entre a Antigüidade e o Renascimento. b) Nas obras que ainda alimentam esse clichê, lê-se que, entre a Antigüidade e o Renascimento, a Medicina passou mil anos quase num sono profundo. c) Lê-se, nas obras que ainda alimentam esse clichê, que a Medicina passou quase mil anos num sono profundo, entre a Antigüidade e o Renascimento. d) Entre a Antigüidade e o Renascimento, a Medicina passou quase mil anos num sono profundo, conforme se lê nas obras que ainda alimentam esse clichê. e) Nas obras que ainda alimentam esse clichê, lê-se que, entre a Antigüidade e o Renascimento, a Medicina passou quase mil anos num sono profundo. No que toca à história das ciências, a afirmação em negrito pertence a uma rede de crenças de natureza mítica acerca da Idade Média. Quais delas estão corretas, considerando o conteúdo do texto? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e III. I, II e III. 180) Considere as expressões abaixo, retiradas do texto. I. esse clichê (l. 04) II. A Medicina (l. 11-12) III. dessas idéias (l. 15) Quais delas fazem alusão ao mito referido nas linhas 02e 03? a) b) c) d) e) 183) Assinale a alternativa em que a associação entre o pronome e o segmento que ele retoma ou a que ele se refere está incorreta. Apenas I. Apenas II. Apenas I e II. Apenas I e III. I, II e III. 802 a) eles (l. 11) – os cristãos da Idade Média (l. 11) b) seu (l. 13) – uma fé jamais colocada em questão (l. 13) c) las (l. 23) – as doenças (l. 23) d) ela (l. 28) – doença (l. 28) e) sua (l. 29) – plantas medicinais (ls.28 -29) Interpretação de textos UFRGS 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. Antes de desdenhar a terapêutica medieval, é importante lembrar que o homem “moderno” ama recorrer a antigos modelos explicativos. Quem já fez tratamento de purificação de toxinas, técnica de medicina suave, dá a entender que ainda acredita nas patologias humorais e outros acúmulos prejudiciais em nosso corpo, mesmo que o êxito da purificação se deva talvez a uma alimentação mais equilibrada e a uma maior atenção ao corpo. Muitos são os que, nostálgicos das analogias medievais entre macrocosmo e microcosmo, ............ no horóscopo e suas advertências em relação à saúde.O estudo da Medicina medieval deveria nos tornar mais humildes em relação à nossa própria Medicina. ............ não muito tempo, consideravam-se ultrapassados os medicamentos à base de plantas. Hoje, vemos que princípios ativos de numerosas espécies vegetais e a fitoterapia voltam à tona. O médico da Idade Média acreditava firmemente na realidade dos quatro humores, assim como o homem moderno crê no poder dos genes. Os conceitos médicos são sempre originários do contexto de seu tempo. Quem sabe, talvez daqui a algumas centenas de anos, os médicos do futuro não sorrirão contemplando nossos modelos anatômicos e dizendo: “............!”. 184) O trecho a) reforça o rechaço às práticas assemelhadas às da Medicina medieval pelas pessoas de hoje em dia, referido no primeiro texto. b) traz novos dados para comprovar que, efetivamente, a Medicina medieval pode ser considerada pura crendice. c) assinala o caráter cíclico e místico das ênfases terapêuticas na história da humanidade a partir da Idade Média. d) registra a independência que a boa Medicina deve ter em relação ao contexto histórico em que surge. e) sugere que estudar a história da Medicina poderá fazer com que relativizemos nosso orgulho diante de seus atuais avanços. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. Em sua origem, a Medicina Ocidental era uma ciência essencialmente humanística. Suas raízes e seu sistema teórico partiam de uma visão holística que entendia o homem como ser dotado de corpo e espírito. As causas das doenças, portanto, deveriam ser buscadas não apenas no organismo enfermo, mas também e principalmente no que há de essencialmente humano no homem: a alma, esse componente espiritual que distingue o homem dos outros organismos vivos do planeta. Este foi o modelo, a concepção de médico e de medicina que se perpetuou historicamente – obviamente não sem mudanças, rupturas e transformações - no Ocidente até bem pouco tempo atrás. A Antiguidade Latina e a Idade Média herdariam essa concepção e pouco lhe acrescentariam. É certo que no Renascimento, no alvorecer da Modernidade, muitos dos postulados clássicos começaram a ser revistos, graças ao espírito investigativo que caracterizou o período então. Isso, entretanto, não afetou a concepção filosófica da medicina, que, muito mais agora do que na Idade Média, se afirmava como uma ciência essencialmente humanística. Durante o século XIX forjou-se a imagem romântica do médico sábio, conhecedor dos avanços científicos no campo da clínica, da patologia, da farmacologia, mas também amante da literatura, da filosofia, da história. Homem culto, o médico romântico aliava seus conhecimentos científicos ....humanísticos e utilizava a ambos na formulação dos seus diagnósticos e prognósticos. Conhecedor da alma humana e da cultura .......... se inseria, já que invariavelmente andava muito próximo .......... seus pacientes, como médico de família que era, este respeitável doutor sabia que curar era, fundamentalmente, uma operação que envolvia elementos de caráter cultural e psicológico. Por outro lado, essa inserção do médico em seu meio sociocultural, fazia com que seu papel não se restringisse ao de simplesmente atuar na cura das enfermidades. Ele era também aquele que, frente aos limites e às impossibilidades médicas, sabia acompanhar o 803 Módulo 20 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. 62. enfermo e seus familiares no sofrimento e na preparação para a morte, além de ser aquele que inter vinha como orientador nos assuntos mais diversos, tais como o despertar da sexualidade nos adolescentes, os problemas de relacionamento do casal e inúmeras outras questões da vida familiar. Paradoxalmente, o mesmo século XIX, que assistiu à consagração da moderna medicina humanística em sua versão romântica, marcou também o início da sua crise. Principalmente a partir da segunda metade desse século, as importantes descobertas em campos, como o da microbiologia, desencadearam uma verdadeira revolução no terreno da patologia, gerando profundas transformações na ciência médica como um todo. Assistia-se a um “milagre” ímpar e, ao se iniciar o século XX, tudo dava a entender que a medicina estava prestes a atingir a sua idade de ouro, o seu estágio de “ciência exata”. Entretanto, à medida que o prestígio das ciências experimentais foi crescendo, o das ciências humanas esvanecia-se no meio médico, e a medicina, então, passava a se sustentar essencialmente nas ciências exatas e biológicas. As descobertas ainda mais surpreendentes que ocorreram nas últimas décadas, principalmente no âmbito da biologia celular e molecular, que ultimamente têm culminado nas pesquisas do genoma, parecem ter definitivamente confirmado a idéia de que a chave de todo o conhecimento médico está nas ciências experimentais. Vistas desta forma, as ciências humanas – a história, a filosofia, a literatura – não têm mais nada a dizer à medicina, a não ser louvar as suas lutas e conquistas e relatar a sua tremenda evolução. De fato, todo esse processo de super valorização das ciências biológicas e dos meios tecnológicos, que acompanharam o desenvolvimento sem precedentes da medicina nestas últimas décadas, trouxe como conseqüência mais visível a “desumanização” do médico, que foi se transformando cada vez mais em um técnico, um especialista. E isso, não apenas por força das exigências de uma formação cada vez mais especializada, mas também em função das transformações nas condições sociais de trabalho que tendem a proletarizar o médico, restringindo a sua disponibilidade para que haja um contato mais amplo com o paciente que assiste. Certamente, mesmo depois de totalmente desvendado o código genético e desenvolvidas as mais sofisticadas técnicas de diagnóstico e prognóstico clínico, os médicos continuarão enfrentando limitações e dificuldades que exigirão mais do que o conhecimento científicotecnológico para que possam ser superadas. Sem dúvida, há uma grande necessidade de se “reumanizar” a medicina, de se desenvolver e fornecer recursos humanísticos para o processo de formação e de atuação do médico e dos profissionais da saúde em geral - não só por ser uma questão de ética, mas porque só se pode falar em verdadeira evolução do conhecimento biológico-médico quando se procura a integração dos saberes que extrapolam o campo puramente físico-experimental. 185) Assinale a única alternativa que encontra suporte no texto. a) Desde seu surgimento até a atualidade, no mundo todo, a medicina sempre defendeu o princípio de que o homem deve ser visto de forma holística; ou seja, não só seu corpo, mas sua alma deve ser analisada, diagnosticada e tratada. b) Ao longo dos séculos, a evolução do mundo ocidental foi acompanhada de descobertas científicas que muito contribuíram para a área médica, mas isso – até meados do século XIX – pouco alterou a concepção que se tinha do ofício da medicina. c) A imagem do médico relacionada à de um homem sábio não cabe mais nos dias de hoje, pois os profissionais da medicina dão pouca importância à cultura e ao conhecimento científico. d) A evolução do conhecimento científico e a precarização dos serviços de saúde transformaram os médicos em profissionais insensíveis e pouco competentes para cuidar de seres tão complexos como o ser humano. e) A descoberta do código genético era a última limitação que havia no tocante ao conhecimento sobre as doenças; daqui por diante, pouco há para ser descoberto sobre o organismo humano e os males que o acometem. 804 Interpretação de textos UFRGS 186) A respeito de algumas passagens do texto, são feitas as seguintes afirmações. I. Conforme o primeiro parágrafo, os antigos gregos entendiam o homem como um ser dotado de um corpo físico e uma essência espiritual, a qual chamamos hoje de alma; um médico devia, portanto, partir desse pressuposto ao tratar um paciente. II. De acordo com o segundo parágrafo, no Renascimento houve uma série de importantes descobertas que influenciaram a medicina em detrimento dos antigos princípios humanísticos que norteavam essa ciência. III. Segundo pode-se inferir na conclusão do texto, a medicina deve ser “reumanizada” principalmente neste sentido: a formação dos profissionais das ciências médicas deve voltar a contemplar as ciências humanas, pois isso os tornará mais capazes de perceberem com maior sensibilidade o ser humano que há por trás de uma doença. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e III. I, II e III. 188) Assinale a alternativa cujas palavras podem substituir Paradoxalmente (linha 30), precedentes (linha 47) e desvendado (linha 54), sem que ocorra qualquer alteração de sentido ou necessidade de ajuste no período em que se inserem. a) Contraditoriamente – antecedentes – revelado b) Contrariamente – sucessores – destapado c) Disparatadamente – oponentes – descoberto d) Equivocadamente – ancestrais – esclarecido e) Coincidentemente – antecessores – exposto 189) Considere os seguintes trechos retirados do texto. I. simplesmente atuar na cura das enfermidades (linha 24). II. acompanhar o enfermo e seus familiares (linhas 25-26). III. orientador nos assuntos mais diversos (linha 27). Quais delas são exemplos da inserção do médico em seu meio sociocultural, conforme o texto? 187) O pronome isso (linha 49) refere-se a) ao processo de supervalorização das ciências biológicas e dos meios tecnológicos. b) ao desenvolvimento sem precedentes da medicina. c) à transformação gradual do médico humanista em um técnico, um especialista. d) às exigências de uma formação cada vez mais especializada e segmentada. e) à proletarização dos médicos em função das condições sociais de trabalho. 805 a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e II. Apenas II e III. Módulo 20 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 22. A crítica religiosa de Erasmo tinha grandes afinidades com a que Lutero começou a dirigir contra Roma, a partir de 1517: denúncia das indulgências, defesa de um Cristianismo depurado de idolatrias e superstições, volta .... Bíblia, etc. Por isso, Lutero tentou incansavelmente obter a adesão de Erasmo, mas este respondia com evasões, até que, pressionado pelos católicos para que definisse sua posição, escreveu contra Lutero, em 1524, um texto em que se colocava frontalmente contra um dos pontos centrais da Reforma: De Libero Arbítrio . Nesse Texto, Erasmo defendia a tese da vontade livre, consumando, assim, sua ruptura pública com o protestantismo que, pelo menos em sua versão luterana, era radicalmente determinista. Lutero respondeu ..... um texto intitulado De Ser vo Arbítrio , em que defendia a tese de que a mera hipótese de uma ação livre do homem, independente de Deus ou em cooperação com Ele, já constituía uma limitação da liberdade de Deus e uma afronta às Escrituras, que mostravam que a queda condenava o homem a um saber necessariamente imperfeito e a uma razão necessariamente heterônoma. Para Erasmo, como para os humanistas em geral, essa doutrina era inaceitável tanto por razões puramente religiosas – pois, sem o pressuposto da liberdade, caem por terra todos os preceitos morais, dirigidos a uma vontade que pode ou não aceitá-los – quanto por razões humanas. A Renascença havia instalado o homem no centro da história, e Erasmo não estava disposto a abrir mão dessa conquista, a mais valiosa dos novos tempos. Ele não aceitava a idéia agostiniana de natura deleta da depravação congênita do homem, em conseqüência do pecado original. Para Erasmo, o homem é por natureza dotado de razão, e ela o impele à concórdia e à solidariedade. A violência, a guerra, a brutalidade são contrárias ...... natureza razoável do homem. 190) É possível distinguir quatro partes na organização do texto. Considere as seguintes sínteses dessas partes. 1. 2. 3. 4. Apresentação da obra em que Erasmo se posiciona contra a Reforma. Relato da tentativa de Lutero de persuadir Erasmo a juntar-se ao protestantismo, e da resposta negativa de Erasmo. Exposição das razões pelas quais Erasmo é contra a concepção luterana do homem. Explicitação da posição de Lutero com relação à natureza da ação e da razão humanas. A ordem em que essas partes se encontram no texto é a) b) c) d) e) 1 - 2 - 3 - 4. 2 - 3 - 1 - 4. 2 - 1 - 4 - 3. 3 - 2 - 4 - 1. 3 - 4 - 2 - 1. 191) De acordo com o texto, pode-se afirmar que Rouanet a) conduz o leitor à certeza de que existem fatos históricos que devem ser repensados à luz de ideias iluministas. b) argumenta a favor da idéia de que Erasmo e Lutero criticavam toda e qualquer religião, a despeito de suas próprias crenças religiosas. c) apresenta as razões pelas quais Erasmo, na obra intitulada De Libero Arbítrio, criticou os pontos centrais da Reforma protestante. d) contesta a ideia de que Lutero era contra a liberdade de pensamento do homem. e) critica o ponto de vista de Erasmo sobre a Reforma protestante. 806 Interpretação de textos UFRGS 192) Assinale a alternativa que estabelece uma relação de referência correta entre o primeiro e o segundo segmentos extraídos do texto. a) isso (l. 03) - a [crítica] que Lutero começou a dirigir contra Roma (l. 01-02) b) o primeiro sua (l. 08) - a tese da vontade livre. (l. 07) c) essa doutrina (I. 15) - a queda condenava o homem a um saber necessariamente imperfeito (l. 13) d) dessa conquista (I. 19) - A Renascença havia instalado o homem no centro da história (l. 17-18) e) o (l. 21) - Erasmo (l. 21) 193) Assinale a alternativa em que, nas três palavras portuguesas,é possível reconhecer o sentido da respectiva palavra latina transcrita do texto. a) b) c) d) e) Libero (l. 07) - libertino - livresco - liberal Servo (I.10) - serviço - serventia - subserviência Arbítrio (I. 10) - alvitre - arborescente - arbitrario natura (l. 20) - desnaturado - nauta - nativo deleta (l. 20) - deletar - indelével - delação 194) Considere as seguintes propostas de substituição segmentos do texto. I. II. III. Substituir de Deus (I. 11) por divina. Substituir morais (l. 16) por da moral. Substituir razoável (l. 22) por da razão. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e II. I, II e III. Marina me explicou muito direitinho que eu não tinha razão. O que tinha era falta de confiança nela. Chorou, e fiquei meio lá, meio cá, propenso a acreditar que me havia enganado. – Posso obrigar uma pessoa a não olhar para mim? Posso furar os olhos do povo? Não senhora. A coisa era diferente: Eles tinham sido pegados com a boca na botija, grelando, esquecidos do mundo. Tinham ou não tinham? Sim senhor, mas sem malícia. – Posso furar os olhos do povo? Esta frase besta foi repetida muitas vezes, e, em falta de coisa melhor, aceitei-a. De fato, eu não tinha visto nada. As aparências mentem. A Terra não é redonda? Esta prova da inocência de Marina me pareceu considerável. Tantos indivíduos condenados injustamente neste mundo ruim! Quem pode lá jurar que isto é assim ou assado? Procurei mesmo capacitar-me de que Julião Tavares não existia. Julião Tavares era uma sensação. Uma sensação desagradável, que eu pretendia afastar de minha casa quando me juntasse àquela sensação agradável que ali estava a choramingar. – Pois bem, minha filha, não vale a pena falar mais nisso. Enxugue os olhos. Se você diz que não foi, não foi. Acabou-se, não se discute. Está aqui uma lembrancinha que eu lhe trouxe. Vamos ver se fica bonito. 807 Módulo 20 195) Considere as seguintes afirmações sobre frases interrogativas do Texto. I. II. III. Com a frase Posso furar os olhos do povo? (I. 07), o narrador reproduz literalmente a fala de um outro personagem. Com a pergunta A Terra não é redonda? (l. 09), o narrador não espera uma resposta, mas quer reforçar o argumento de que as pessoas podem se enganar. A pergunta Quem pode lá jurar que isto é assim ou assado? (l. 11) expressa um pedido de informação que o narrador dirige ao leitor para que este esclareça se de fato aconteceu algo entre Julião Tavares e Marina. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. 196) O bloco superior, abaixo, apresenta três trechos do texto; o bloco inferior, interpretações desses trechos. Associe adequadamente cada um dos três trechos à sua correta informação. ( ) De fato, eu não tinha visto nada. As aparências mentem. (I. 08-09) ( ) Tantos indivíduos condenados injustamente neste mundo ruim! (l. 10-11) ( ) Procurei mesmo capacitar-me de que Julião Tavares não existia. (l. 11-12) 1. O narrador considera a possibilidade de que Marina não esteja mentindo. 2. O narrador procura persuadir-se de que há razão para não julgar sumariamente Marina. 3. O narrador apela para os fatos que justificam sua desconfiança acerca da fidelidade de Marina. 4. O narrador dispõe-se a recorrer ao que não é racional para acreditar em Marina. A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 - 2 - 4. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. b) 1 - 3 - 2. c) 3 - 4 - 1. d) 3 - 2 - 4. e) 4 - 3 - 2. Sendo a palavra escrita um produto da cultura, nisto, como em tudo mais, o indivíduo tem o direito de adoptar a que quiser - a que lhe parecer melhor ou mais conveniente. Isso quer dizer que, tecnicamente, .... haver tantas ortografias quantos há escritores. Terá isso o inconveniente de, se um escritor optar por uma ortografia antipática ao público, o público o não ler? Seja: o inconveniente é para ele, não para o público. Praticou um acto: sofreulhe ele mesmo, só ele, as conseqüências intelectuais e morais. ........ cuidadosamente entre o dever cultural e o dever social. O meu dever cultural é pensar por mim, sem obediência a outrem; o meu dever cultural é registrar pela palavra escrita, grafando como entendo que devo, o que pensei. Assim se cria a cultura e portanto a civilização. Cessa aqui, porém, o que é puramente o meu dever cultural. Com a publicação do meu escrito, estou já, simultaneamente, em duas esferas - a cultural e a social: na cultural, pelo conteúdo do meu escrito;na social, pela acção, actual ou possível, sobre o ambiente. O meu escrito contém elementos prejudiciais à sociedade? Se legitimamente e por mim o pensei, continuo cumprindo meu dever cultural; meu dever social é que, consciente ou inconscientemente, não cumpri. São fenômenos distintos, dependentes, um, da minha contingência; outro, da minha consciência moral, se a tiver. Ora, a ortografia é um fenômeno puramente cultural: não tem aspecto social algum, porque não tem aspecto social o que não contém um elemento moral (ou imoral). O único efeito presumidamente prejudicial que estas divergências ortográficas podem ter é o de estabelecer confusão no público. Isso, porém, é da essência da cultura, que consiste precisamente em “estabelecer confusão” intelectual - em obrigar a pensar por meio do conflito de doutrinas religiosas, filosóficas, políticas, literárias e outras. Onde essas divergências ortográficas produziriam já um efeito prejudicial, e portanto imoral, é se o Estado admitisse essa divergência em seus documentos e publicações, e, derivadamente, a consentisse nas escolas. 808 Interpretação de textos UFRGS 197) Considere as seguintes afirmações. ( ) conseqüências intelectuais (l. 06) I. Ao escolher a forma ortográfica que mais lhe convém, o escritor provoca mudanças nas convenções ortográficas do idioma. ( ) sem obediência a outrem (l. 08) II. O Estado deve evitar a multiplicidade de formas ortográficas para uma mesma palavra em textos que o representem. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é III. A variedade de ortografias é prejudicial à cultura, pois dificulta a difusão de idéias. ( ) elementos prejudiciais (l. 13) ( ) consciência moral (l. 16) a) 1 – 2 – 1 – 2 b) 2 – 1 – 2 – 1 c) 2 – 1 – 2 – 2 Quais estão de acordo com o texto? a) b) c) d) e) d) 1 – 2 – 1 – 1 Apenas I Apenas II Apenas III Apenas I e II. I, II, e III. e) 1 – 1 – 2 – 2 199) Assinale a alternativa que apresenta os sinônimos adequados para as palavras conveniente (l. 02), distintos (l. 15) e consiste (I. 20), respectivamente. 198) No texto, é estabelecido um contraste entre dois planos: o cultural e o social. Verifique a que plano dizem respeito as seguintes expressões usadas no texto, identificando-as com o número 1 (plano cultural) ou com o número 2 (plano social). 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. a) favorável – evidentes – resulta b) apropriada – diferentes – reside c) convencional – diferentes – reside d) favorável – diferentes – resulta e) apropriada – evidentes – reside A medicina atualmente é especializada, surgindo inclusive novas especialidades e, dentro destas, algumas subespecialidades. É comum ouvir, ..........., que as especializações diminuem o campo de visão do médico e há, normalmente, alusões ao conhecimento total da ciência médica que os antigos “médicos de família possuíam. Isto dá ideia de que a especialização é algo bastante recente, fruto de nossos dias, de nosso tempo, e que o profissional que tratava a todos e de todas as patologias sempre existiu. A verdade não é bem assim. Já na antigüidade, alguns milênios antes de Cristo, os egípcios possuiam médicos especialistas. Os papiros, ........... os monumentos erigidos para alguns desses profissionais, são documentos históricos desta realidade. Havia, no antigo Egito, médicos especialistas em moléstias oculares que realizavam cirurgia de catarata, especialistas em moléstias de vias respiratórias, entre outros. Na China, nas instituições de Chou, em compilações de vários séculos antes de Cristo, está descrita a organização hierárquica dos médicos, o que de certo modo não deixa de ser uma forma de especialização. Havia cinco categorias de médicos: (a) médico chefe, que coletava medicamentos e examinava outros médicos; (b) médico dietólogo, que receitava as seis classes de alimentos e bebidas; (c) médico para enfermidades simples, como dores de cabeça, resfriados, feridas menores, etc.; (d) médico de úlcera - talvez, cirurgiões; e (e) médicos de animais - veterinários, portanto. Na Grécia, ........... a medicina ganhou o completo racionalismo, e em Roma, em que não havia especialistas como entendemos hoje, os médicos exerciam a clínica e a cirurgia concomitantemente; entretanto, havia aqueles engajados no exército que acabavam por “especializar-se” mais no tratamento dos traumas de guerra. Após a queda do Império Romano, na Idade Média, todo o conhecimento científico se desfez e teve sua evolução estagnada. A medicina ocidental passou a ser exercida dentro 809 Módulo 20 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. dos conventos da Europa, guardada por monges que se limitaram ao que havia sido deixado por Hipócrates, na Grécia, e por Galeno, em Roma. Dentro dos conventos, praticavase a clínica e alguns procedimentos cirúrgicos. Ao final da Idade Média, no período do chamado Renascimento, a partir do século XV, em todas as áreas, o pensamento humano se desenvolve em uma redescoberta do homem e de sua capacidade intelectiva, os profissionais de medicina começam a estudar novamente anatomia, alastrando o conhecimento científico. ..........., a tendência à especialização nos moldes como a conhecemos hoje se inicia, na verdade, a partir do século XVIII. Isto porque, com o avanço da ciência em todos os campos, com as novas descobertas, com os novos estudos, a medicina também amplia seus horizontes. A especialização médica surge, então, como fruto da evolução do conhecimento, pois o homem, no curto espaço de sua vida, não teria mais possibilidade para dedicar-se integralmente a todos os ramos da ciência que crescia a cada dia. A cardiologia nasce, nesse século, com os trabalhos de Giuseppe Testa, na Itália; e o primeiro a autodenominar-se especialista em coração foi o clinico francês Jean Nicholas Cor visart, tendo sido médico de Napoleão Bonaparte. Ainda no século XVIII, aparecem a obstetrícia, a pediatria e a endocrinologia. Os estudos físicos sobre a luz e a cor fazem surgir a oftalmologia, sendo fundada a primeira escola de oftalmologia, em 1773, por Maria Tereza, em Viena. Outras especialidades foram criadas durante todo o século seguinte. No começo do século XX, após a primeira grande guerra, observou-se a necessidade da formação de profissionais dedicados à reconstrução corporal, à reparação humana e à cirurgia plástica, que já vinha sendo exercida desde os primórdios da humanidade, tornar-se uma especialidade. O avanço tecnológico do século XX multiplica as especialidades, surgindo a radiologia, a medicina nuclear, a fisiatria e assim por diante. Assim, a especialização nasceu da necessidade, como um tributo ao progresso da ciência. O saudosismo do eclético médico de outrora, que adentrava os lares e cuja simples presença já era fator de cura, ainda tem seu lugar. Entretanto, seria impossível hoje, para ele, congregar todo o conhecimento. Todavia, sua característica mais marcante, mais saudosa e mais importante, o médico de hoje pode cultivar: seu carisma gerado pelo carinho, pela dedicação e pelo esmero com que ele tratava seus pacientes e pela confiança neles inspirada. Cada especialista, no consultório ou nos hospitais, ao exercer a arte de curar, no universo de sua especialidade, pode manter a mesma aura de nossos antepassados, fazendo o papel de um ”médico de família” adaptado a nossos dias, desde que saiba apoiar-se adequadamente no mais perfeito relacionamento médico-paciente; que, a despeito de toda a evolução científica, ao longo da história da humanidade, permanece alicerçado nos mesmos e imutáveis princípios primordiais. 200) As seguintes afirmações estão em concordância com as ações e reflexões desenvolvidas no texto, com exceção de: a) A evolução científica proporcionou a multiplicação de especialidades e, dentro destas, subespecialidades, mas a ciência médica permanece alicerçada nos mesmos e imutáveis princípios primordiais. b) Em Roma, os médicos exerciam a clínica e a cirurgia concomitantemente, mas era seu engajamento no exército que propiciava uma forma de especialização no tratamento de traumas de guerra. c) A concepção racionalista de medicina tem suas origens na civilização grega. d) Há documentos históricos, como papiros e monumentos, que comprovam a existência de médicos europeus especialistas em moléstias oculares, milênios antes de Cristo. e) A categorização hierárquica dos médicos já organizada séculos antes de Cristo, na China, pode ser considerada uma forma de especialização. 810 Interpretação de textos UFRGS 201) Assinalar a alternativa que se constitui uma falácia a respeito da especialização médica. a) Ainda que as práticas médicas remontem à Idade Antiga, a especialização médica (por exemplo, a pediatria, cirurgia, oftalmologia, etc.) surgiu por volta do século XVIII. b) As especialidades médicas atuais estão associadas à evolução do conhecimento. c) A ampliação das especialidades impossibilita ao médico congregar todo o conhecimento. d) São exemplos de especialidades que surgiram no século XX, frutos do progresso da ciência, a radiologia e a medicina nuclear. e) A reconstrução corporal, a reparação humana e a cirurgia plástica, ainda que praticadas desde os primórdios da humanidade, constituíram-se como especialidade no período após a primeira guerra mundial. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 202) Relativamente à figura do “médico de família”, conforme o texto, é CORRETO afirmar que: a) Faz parte dos tempos de nossos antepassados, sendo impossível nos nossos dias. b) Nos tempos de outrora, sua simples presença nos lares significava a cura do paciente. c) É uma ilusão o resgate de sua característica mais marcante, saudosa e importante: seu carisma no tratamento a seus pacientes. d) Caracteriza-se, fundamentalmente, por apreender o conjunto dos conhecimentos da ciência médica. e) Pode ser adaptada a nossos dias, no universo de cada especialidade, desde que sejam cultivados o carisma, a dedicação e a confiança na relação médico-paciente. A importância que a rede assume para nossa população colonial prende-se, de algum modo, à própria mobilidade dessa população. Em contraste com a cama e mesmo com o simples catre de madeira, trastes “sedentários” por natureza, e que simbolizavam o repouso e a reclusão doméstica, ela pertence tanto ao recesso do lar quanto ao tumulto da praça pública, tanto à morada da vila como ao sertão remoto e rude. Móvel caseiro e, ao mesmo tempo, veículo de transporte, é em suas redes lavradas, por vezes luxuosamente adornadas, que saem à rua as matronas paulistanas, ou viajam entre a vila e o sítio da roça. De Manuel João Branco contam que, tendo ido a Lisboa para levar a el-rei o célebre cacho de bananas de ouro, andava pelas ruas da Corte em uma rede de fios de algodão e lã de várias cores, carregada por mulatos calçados que levara de São Paulo especialmente para esse mister. Pedro Taques, ao referir o episódio, acrescenta que “seria objeto de grande riso esta nova carruagem em Lisboa, e na verdade só a Providência o faria escapar às pedradas dos rapazes da Cotovia”. Nem só as matronas, como Inês Monteiro, ou os velhos, como um Manuel João Branco - “caduco velho”, chamava-lhe o autor da Nobiliarquia - serviam-se de semelhante veículo. Os próprios sertanistas não desdenhavam desse meio de transporte, menos, talvez, por amor à comodidade, do que por amor à própria distinção e ao prestígio que o aparato impunha. O poeta José Elói Ottoni, que ainda pôde ser contemporâneo das últimas bandeiras paulistas, fala-nos, e não sem rancor, naqueles capitães que iam pelo mato dentro carregados “em redes, aos ombros de seus semelhantes”. E já no século passado o cronista Baltasar da Silva Lisboa regista a mesma tradição. O fato é que as redes - redes de dormir ou de transportar - são peças obrigatórias em todos os antigos inventários feitos no sertão. 203) Considere as seguintes afirmações sobre o conteúdo do texto. I. O primeiro parágrafo informa que a posição privilegiada da rede na vida da população colonial estava ligada à sua praticidade. II. O segundo parágrafo revela o desdém da população colonial pelo uso de redes na cidade. III. O terceiro parágrafo ilustra a importância da rede como símbolo de status social no meio rural, no Brasil colonial. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e III. 811 d) Apenas II e III. e) I, II e III. Módulo 20 204) No texto, lê-se que o autor utilizou diferentes fontes documentais para comentar costumes do Brasil colonial. Considere as seguintes fontes documentais. 1. obra intitulada Nobiliarquia 3. antologia poética da época retratada 2. crônica que refere hábitos da época 4. lista de bens de habitantes do interior no Brasil colonial Quais dessas fontes foram utilizadas pelo autor? a) Apenas 1 e 2. b) Apenas 2 e 4. c) Apenas 1, 2 e 4. d) Apenas 2, 3 e 4. e) 1, 2, 3 e 4. 205) Assinale a alternativa em que a segunda palavra constitui um sinônimo adequado da primeira, considerando o contexto em que esta ocorre. a) assume (l. 01) - alcança b) lavradas (l. 06) - tingidas c) mister (l. 11) - momento d) comodidade (l. 17) - descanso e) aparato (l. 17) - adereço 206) Considere as seguintes afirmações acerca do sentido de expressões empregadas no primeiro parágrafo do texto. I. II. III. A expressão trastes “sedentários” (l. 03), no contexto em que ocorre, tem um sentido geral que inclui o sentido de cama (l. 02) e catre de madeira (l. 03). As expressões reclusão doméstica (l. 04) e recesso do lar (l. 04) têm sentidos equivalentes no contexto em que ocorrem. No contexto em que ocorrem, há uma oposição de sentido entre tumulto da praça pública (l. 04-05) e sertão remoto e rude (l. 05). Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. d) Apenas II e III. e) I, II e III. Yaqub demorou no quintal, depois visitou cada aposento, reconheceu os móveis e objetos, se emocionou ao entrar sozinho no quarto onde dormira. Na parede viu uma fotografia: ele e o irmão sentados no tronco de uma ár vore que cruzava um igarapé; ambos riam: o Caçula, com escárnio, os braços soltos no ar; Yaqub, um riso contido, as mãos agarradas no tronco e o olhar apreensivo nas águas escuras. De quando era aquela foto? Tinha sido tirada um pouco antes ou talvez um pouco depois do último baile de Carnaval no casarão dos Benemou. No plano de fundo da imagem, na margem do igarapé, os vizinhos, ........ rostos pareciam tão borrados na foto quanto na memória de Yaqub. Sobre a escrivaninha viu outra fotografia: o irmão sentado numa bicicleta, o boné inclinado na cabeça, as botas lustradas, um relógio no pulso. Yaqub se aproximou, mirou de perto a fotografia para enxergar as feições do irmão, o olhar do irmão, e se assustou ao ouvir uma voz: “O Omar vai chegar de noitinha, ele prometeu jantar conosco.” Era a voz de Zana; ela havia seguido os passos de Yaqub e queria........o lençol e as fronhas ........ bordara o nome dele. Desde que soubera de sua volta, Zana repetia todos os dias: “Meu menino vai dormir com as minhas letras, com a minha caligrafia.” Ela dizia isso na presença do Caçula, que, enciumado, perguntava: “Quando ele vai chegar? Por que ele ficou tanto tempo no Líbano?” Zana não lhe respondia, talvez porque, também para ela, era inexplicável o fato de Yaqub ter passado tantos anos longe dela. 812 Interpretação de textos UFRGS 207) Em seu sentido global, o texto trata a) b) c) d) e) 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. de sentimentos e reminiscências provocados pelo retorno de Yaqub a seu lar. das lembranças de Yaqub ao rever as feições do irmão em fotos antigas. da relação entre dois irmãos, Yaqub e Omar, após o retorno do mais velho. das emoções e lembranças de Zana, mãe de Yaqub e Omar. das preocupações de Zana com relação ao reencontro de Yaqub com o irmão, o Caçula. Lembro de uma crônica de João Saldanha. Falava das opiniões de um técnico do Flamengo, não lembro quem era, a propósito de Júnior, aquele lateral e depois jogador de meio-campo, de quem me lembro bem. O técnico achava que Júnior atacava demais, que tinha que ficar; afinal, era lateral. João Saldanha dizia que, se Júnior parasse de atacar, se Júnior ficasse, ele deixaria de ir ao Maracanã. E fechava a crônica mais ou menos assim: “Júnior tem que atacar. O que ele precisa é de um cobertor. Tá no dicionário. Cobertor: o que cobre.” A crônica era ótima; a tese sobre tática, também, eu acho. Mas “cobertor” não significa ‘o que cobre’, Seu João, a despeito de isso parecer óbvio. Um cobertor cobre, mas nem tudo o que cobre é cobertor. No futebol, por exemplo, não se ouve nenhum narrador ou comentarista dizendo que determinado zagueiro é um bom cobertor. Diz-se que dá cobertura muito bem, que cobre as subidas do lateral etc. São os fatos da língua. É só ouvir. Tenho falado muito disso ultimamente, do fato de que o sentido da palavra pode não depender de sua etimologia e mesmo de sua morfologia. Há outra palavra que serve como bom exemplo para a mesma tese. Trata-se da palavra “trabalhador”. Lembro de ter visto e ouvido várias vezes um grande empresário brasileiro dizer de boca cheia que ele também era um trabalhador, porque trabalhava 60 horas por semana. Pois bem, pode tratar-se de um mau exemplo político, mas é um excelente exemplo lingüístico. Ao analisar como uma língua funciona de fato, percebe-se que a palavra “trabalhador” tem dois sentidos: num deles, ela significa ‘aquele que trabalha’, o oposto de preguiçoso. No outro sentido, “trabalhador” significa ‘aquele que vive do seu trabalho’, ‘aquele que trabalha para os outros’, ‘aquele que vende sua força de trabalho’. Pode ser mais ou menos preguiçoso, mais ou menos esforçado. A questão é outra: qual o meio de vida do sujeito? Os empresários também trabalham, claro. Muitos trabalham muito. Muitos deles são, de fato, empresários trabalhadores. Mas, certamente, não vivem de seu trabalho, pelo menos não exclusivamente de seu trabalho, já que muitos outros trabalhadores trabalham para eles. 208) Considere algumas acepções da palavra “cobertor” registradas em dicionários contemporâneos de língua portuguesa. cobertor: 1. peça encorpada e felpuda, de lã ou de algodão, que constitui roupa de cama; 2. coberta; 3. colgadura (estofo vistoso para cobrir e ornar paredes e janelas); 4. aquilo que cobre ou tampa. Como se vê, a acepção mencionada por João Saldanha (l. 06-07) não corresponde àquela registrada no verbete “cobertor”, pois “o que” e “aquilo” não são expressões necessariamente equivalentes. Este fato permite inferir que a) b) c) d) João Saldanha deve ter consultado o dicionário, mas enganou-se. João Saldanha não costuma consultar o dicionário para saber o significado das palavras. Sírio Possenti provavelmente não se recorda com exatidão da frase de João Saldanha. João Saldanha possivelmente utilizou um dicionário especializado em futebol, que Sírio Possenti desconhece. e) João Saldanha estava apenas fazendo um trocadilho engraçado, o que a análise de Sírio Possenti ignora. 813 Módulo 20 209) Assinale a alternativa que resume corretamente a tese sobre o significado das palavras que o autor defende no texto. a) b) c) d) e) Fatos relativos ao uso da língua são importantes para a constituição dos sentidos das palavras. Ao contrário da palavra “trabalhador”, a palavra “cobertor” tem apenas um sentido. Ao escrever, não se podem empregar as palavras da língua de modo criativo. A etimologia e a morfologia de uma palavra não afetam seus sentidos. Um empresário ser um trabalhador é um excelente exemplo linguístico, mas um jogador ser um cobertor, não. Instrução: A questão 210 está relacionada ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832, durante a sua célebre viagem a bordo do Beagle. Voltou impressionado com o que viu: “Delícia e urn termo insuficiente para exprimir as emoções sentidas por um naturalistas a sós com a natureza em uma floresta brasileira”, escreveu. O Brasil, porém, aparece de forma menos idílica em seus escritos: “Espero nunca mais voltar a um país escravagista. O estado da enorme população escrava deve preocupar todos os que chegam ao Brasil. Os senhores de escravos querem ver o negro como outra espécie, mas temos todos a mesma origem.” Em vez do gorjeio do sabiá, o que Darwin guardou nos ouvidos foi um som terrível que o acompanhou por toda a vida: “Até hoje, se eu ouço um grito, lembro-me, com dolorosa e clara memória, de quando passei numa casa em Pernambuco e ouvi urros terríveis. Logo entendi que era algum pobre escravo que estava sendo torturado.” Segundo o biólogo Adrian Desmond, “a viagem do Beagle, para Dar win, foi menos importante pelos espécimes coletados do que pela experiência de testemunhar os horrores da escravidão no Brasil. De certa forma, ele escolheu focar na descendência comum do homem justamente para mostrar que todas as raças eram iguais e, desse modo, enfim, objetar àqueles que insistiam em dizer que os negros pertenciam a uma espécie diferente inferior à dos brancos”. Desmond acaba de lançar um estudo que mostra a paixão abolicionista do cientista, revelada por seus diários e cartas pessoais. “A extensão de seu interesse no combate à ciência de cunho racista é surpreendente, e pudemos detectar um impeto moral por trás de seu trabalho sobre a evolução humana - uma crença na ‘irmandade racial’ que tinha origem em seu ódio ao escravismo e que o levou a pensar numa descendência comum.” 210) Assinale a afirmação que está de acordo com o texto. a) Na opinião de um especialista, Darwin não julgava importantes para seus objetivos os espécimes que coletava em suas viagens. b) Darwin ficou tão impressionado com o que testemunhou da violência contra os escravos no Brasil que decidiu que nunca mais viajaria para terras desconhecidas. c) Para Adrian Desmond, Darwin escolheu focar nas origens da espécie humana,entre outras razões, porque acreditava que, assim, poderia demonstrar a irmandade entre raças. d) De acordo com Desmond, a repercussão mais significativa do fato de Darwin ter presenciado a tortura de um escravo no Brasil foi ter guardado na memória o som terrível que ouviu. e) O biólogo Adrian Desmond conseguiu mostrar a preocupação abolicionista de Darwin após estudo detalhado dos princípios morais que moviam seu trabalho sobre a evolução humana. 814 Interpretação de textos UFRGS 211) Considere as seguintes propostas de reorganizagao dos parágrafos do texto. 1. Unir o segundo paragrafo ao primeiro. 2. Unir o terceiro paragrafo ao segundo. 3. Segmentar o terceiro paragrafo, criando um novo a partir de Desmond acaba de... (I. 17). Quais propostas são corretas, entendendo-se que parágrafo se conceitua como uma unidade de sentido? a) Apenas 1. b) Apenas 2. c) Apenas 3. d) Apenas 1 e 3. e) Apenas 2 e 3. 212) No texto, as palavras idílica (I. 04), testemunhar (I. 13) e revelada (I. 18) significam, respectivamente, a) b) d) d) e) ‘romântica’, ‘dar um testemunho de’ e‘ confirmada’. ‘idealizada’, ‘dar um testemunho de’ e‘ atestada’. ‘idealizada’, ‘observar’ e ‘manifestada’. ‘interessante’, ‘observar’ e ‘atestada’. ‘interessante’, ‘defrontar-se com’ e ‘manifestada’. Instrução: A questão 213 está relacionada ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. Eu troteava, nesse tempo. De uma feita que viajava de escoteiro, com a guaiaca empanzinada de onças de ouro, vim varar aqui neste mesmo passo, por me ficar mais perto da estância onde devia pousar. Parece que foi ontem! Era fevereiro; eu vinha abombado da troteada. Olhe, ali, à sombra daquela mesma reboleira de mato que está nos vendo, desencilhei; e estendido nos pelegos, a cabeça no lombilho, com o chapéu sobre os olhos, fiz uma sesteada morruda. Despertando, ouvindo o ruído manso da água fresca rolando sobre o pedregulho, tive ganas de me banhar; até para quebrar a lombeira... E fui-me à água que nem capincho!... Depois, daquela vereda andei como três léguas, chegando à estância cedo, obra assim de braça e meia de sol. Ah! Esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino, um cusco muito esperto e boa vigia. Era das crianças, mas às vezes dava-lhe para acompanhar-me, e depois de sair da por teira, nem por nada fazia caravolta, a não ser comigo. Durante a troteada reparei que volta e meia o cusco parava na estrada e latia, e troteava sobre o rastro – parecia que estava me chamando! Mas como eu não ia, ele tornava a alcançar-me, e logo recomeçava... Pois nem Ihe conto! Quando botei o pé em terra na estância e já dava as boas tardes ao dono da casa, aguentei um tirão seco no coração... não senti o peso da guaiaca! Tinha perdido as trezentas onças de ouro. E logo passou-me pelos olhos um clarão de cegar, depois uns coriscos... depois tudo ficou cinzento... De meio assombrado me fui repondo quando ouvi que indagavam: – Então, patrício? Está doente? – Não senhor, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça; perdi uma dinheirama do meu patrão... – A la fresca! É verdade... antes morresse que isso! Nisto o cusco brasino deu uns pulos ao focinho do cavalo, como querendo lambêlo, e logo correu para a estrada, aos latidos. E olhava-me, e vinha e ia, e tornava a latir... 815 Módulo 20 213) Assinale a alternativa que melhor sintetiza o texto como um todo. a) História de um peão que, em suas viagens, costumava levar consigo o cachorrinho brasino de seus filhos. b) Episódio em que um peão, depois de muito trotear, resolveu tirar uma sesteada e, quando acordou, teve uma grande surpresa. c) Historia de um cachorrinho brasino, muito esperto, que gostava muito de seu dono, um peão de estância. d) Episódio em que um peão, em viagem na qual e acompanhado por um cachorrinho brasino, perde o dinheiro que carregava. e) Descrição da surpresa que o peão teve quando descobriu que havia perdido o dinheiro que carregava. 214) Há, no texto, indicações de que a história esta sendo contada pelo narrador em uma conversa com outra pessoa em um lugar onde a história também se passou. Assinale a alternativa que contenha um trecho que indique isso. a) b) c) d) e) Eu troteava, nesse tempo (I. 01) Olhe, ali, à sombra daquela mesma reboleira de mato que está nos vendo (I. 05) Depois, daquela vereda andei como três léguas (I. 10) Ah! Esqueci de dizer-lhe que andava comigo um cachorrinho brasino (I. 12) Não senhor, não é doença; é que sucedeu-me uma desgraça (I. 25) 215) Simões Lopes Neto é um dos grandes autores da literatura gaúcha, especialmente reconhecido por incorporar de maneira natural e criativa em sua obra o falar dos pampas rio-grandenses. Assinale a alternativa que contém apenas palavras ou expressões do texto de uso incomum no vocabulário de abrangência nacional – e que, portanto, se pode inferir que sejam regionalismos sulinos. a) b) c) d) e) guaiaca (I. 01) - três leguas (I. 10) - porteira (I. 14) empanzinada (I. 02) - sesteada morruda (l. 07) - coriscos (l. 21) onças de ouro (I. 02) - reboleira de mato (l. 05) - rastro (l. 16) troteada (I. 04) - vereda (I. 10) - estância (l. 18) abombado (I. 04) - capincho (I. 10) - A la fresca! (I. 27) Instrução: As questões 216 a 218 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. Nos últimos 500 anos temos falado e escrito a língua portuguesa no Brasil. Nos primeiros séculos, apenas 30% dos habitantes falavam a língua de Portugal, e nem todos a escreviam. Os outros 70% .......... aloglotas, ameríndios e africanos. Foi necessário esperar até o século XVIII para que a língua portuguesa efetivamente se tornasse a Iíngua majoritária do país. Que língua e essa que falamos e que escrevemos (tão pouco)? Continua a ser o português europeu? Ou já falamos o “brasileiro”? Tem-se notado que desde o século XIX .......... a aparecer no português do Brasil alguns elementos fonéticos e gramaticais divergentes do uso europeu. Vejamos alguns poucos exemplos. Pronunciamos todas as vogais que precedem a vogal tônica, como em telefone , enquanto os portugueses passaram a apagá-las, dizendo tulfón. Às vezes deixamos cair as vogais iniciais, como em tá, por está, mantidas pelos portugueses em seu modo característico de atender ao telefone: está? está lá? Também alteramos bastante a gramática. Para ficar só num caso; no quadro dos pronomes pessoais, mantivemos eu e ele para a primeira e a 816 Interpretação de textos UFRGS 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. terceira pessoas, mas estamos substituindo progressivamente tu por você e nós por a gente. Vós desapareceu. Significaria então que já nasceu a Iíngua brasileira? Algumas dificuldades impedem uma resposta positiva, pois muitos dos fenômenos diferenciadores .......... já no português medieval. Indo por aqui, o português do Brasil seria considerado mais conservador que o português europeu, e a pergunta então não é se temos uma nova Iíngua por aqui, e sim por que “eles” mudaram a Iíngua por lá... Muito provavelmente, o português do Brasil está combinando características conser vadoras e inovadoras, seguindo, nisso, uma direção distinta daquela do português europeu. 216) Considere as seguintes afirmações. I. O fato de o português do Brasil possuir algumas características já encontradas em períodos anteriores do português europeu é evidência contrária à ideia da existência de uma Iíngua brasileira. II. No Brasil do século XVIII, o português, além de ser a Iíngua mais utilizada, era muito semelhante à modalidade europeia. Ill. A variedade brasileira do português é mais conservadora do que a portuguesa, o que a faz mais fechada a variações na fala e na escrita. Quais estão de acordo com o texto? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. 217) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as seguintes afirmações sobre segmentos do texto e os elementos a que eles se referem. ( ) O pronome outros (I. 03) diz respeito aos habitantes que escreviam em português. ( ) O segmento por aqui (l. 19) equivale a ‘pelo Brasil’. ( ) O segmento nisso (I. 22) refere-se a ‘o modo de combinar caracterfsticas conservadoras e inovadoras’. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) F - V - V. b) F - V - F. c) F - F - V. d) V - F - F. e) V - F - V. 218) Considere, abaixo, três propostas de reescrita do seguinte período do texto. I. II. III. Foi necessário esperar até o século XVIII para que a língua portuguesa efetivamente se tornasse a língua majoritária do país. (I. 03-04) Efetivamente, foi necessário esperar até o século XVIII para que a língua portuguesa se convertesse na língua majoritária do país. Foi preciso esperar até o século XVIII para que a língua portuguesa se estabelecesse como a Iíngua majoritária do país. Precisou-se esperar até o século XVIII para que a Iíngua portuguesa viesse a ser de fato a língua majoritária do país. Quais propostas de reescrita mantêm a correção e o sentido do texto original? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas II e III. I, II e III. 817 Módulo 20 Instrução: A questão 219 está relacionada ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. Escrevendo em 1971, Pasolini dizia que o futebol é uma linguagem, e comparava jogadores italianos com escritores seus contemporâneos, vendo analogias entre estilos e atitudes inerentes a seus "discursos". Mais do que isso, falava de um futebol jogado em prosa e de outro jogado como poesia, identificando processos comuns aos campos da literatura e do esporte bretão: via na prosa a vocação linear e finalista do futebol (ênfase defensiva, contraataque, cruzamento e finalização), e na poesia a irrupção de eventos não lineares e imprevisíveis (criação de espaços, ........... , autonomia dos dribles, motivação atacante congênita). Sugeria com isso uma maneira de abordar o jogo por dentro, e nos dava, de quebra, uma chave para tratar da singularidade do futebol brasileiro. Embora sumária, sua teoria contemplava a necessária imbricação da poesia e da prosa no tecido do futebol. Pontuava suas gradações, passando pelo que ele via como a prosa realista de ingleses e alemães, a prosa dos italianos e a poesia sul-americana. Estas seriam vias alternativas para se chegar ao delírio universal do gol, que suspende as oposições porque é necessariamente um paroxismo poético. Nada nos impede de dizer, nesta ótica, que os lances criativos mais surpreendentes não dispensam a prosa corrente do "arroz-comfeijão" do jogo, necessário em toda competição. Ou de constatar, na literatura como no futebol, que a "prosa" pode ser bela, íntegra, articulada e fluente, ou burocrática e anódina, e a "poesia", imprevista, fulgurante e eficaz, ou firula retórica sem nervo e sem alvo. O mote .......... foi formulado num momento de apogeu do futebol-arte, em que a distinção entre a prosa e a poesia futebolísticas era de uma evidência e de uma pertinência centrais. Permanece como um modelo simples e estimulante para comentar as transformações do futebol ao longo do tempo - e, especialmente, a insistente natureza elíptica do futebol brasileiro, com sua ancestral compulsão a driblar a linearidade do esporte britânico. 219) Considere os três itens abaixo, cada um dos quais sintetiza um dos três parágrafos do texto. 1. validação da teoria de Pasolini acerca da relação entre futebol e literatura por sua aplicação a aspectos do futebol 2. esclarecimento da importância que o autor do texto atribui à teoria de Pasolini como modelo para a compreensão do futebol 3. explicitação dos elementos básicos da teoria de Pasolini sobre a comparação do futebol com a literatura O primeiro, o segundo e o terceiro parágrafos do texto estão sintetizados, respectivamente, pelos itens a) b) c) d) e) 1, 2 e 3. 3, 1 e 2. 2, 3 e 1. 3, 2 e 1. 2, 1 e 3. 220) Considere as seguintes afirmações, sobre o conteúdo do texto. I. De acordo com a teoria de Pasolini, uma analogia pode ser estabelecida entre literatura e futebol, pois, assim como acontece na prosa e na poesia, o futebol comporta estilos diferentes e muitas vezes opostos. II. Embora restrita ao futebol sul-americano, a teoria de Pasolini mostra claramente que o bom futebol precisa dar margem à diversidade, inovar, surpreender e, acima de tudo, primar pela estética dos passes e dos lances. III. Segundo Wisnik, não se pode adotar um modelo simples para compreender o futebol, já que a prática deste esporte apresenta enorme diversidade de estilos e atitudes. 818 Quais afirmações estão de acordo com o texto? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas I e III. Apenas II e III. I, II e III. Interpretação de textos UFRGS 221) Assinale a alternativa em que se estabelece uma relação correta entre um pronome ou expressão do texto e aquilo a que se refere. a) b) c) d) e) seus "discursos" (I. 05) - "discursos" dos escritores. isso (I. 15) - o fato de ver na prosa a vocação linear do futebol e na poesia seu caráter imprevisível suas gradações (I. 20) - gradações de Pasolini nesta ótica (I. 27) - na ótica do delírio universal do gol em que (l. 37) - no futebol-arte 222) Considere as seguintes propostas de substituição de palavras do texto. 1. irrupção (l. 12) por transbordamento 2. imbricação (l. 19) por entrelaçamento 3. elíptica (l. 43) por imprevisível Quais propostas estão corretas e são contextualmente adequadas? a) b) c) d) e) Apenas 1. Apenas 2. Apenas 3. Apenas 2 e 3. 1, 2 e 3. 223) Na coluna da esquerda, abaixo, estão listadas quatro palavras do texto; entre as palavras da coluna da direita, sinônimos daquelas quatro palavras. Associe adequadamente as palavras da coluna da esquerda às da coluna da direita. ( ) paroxismo (I. 26) 1. insignificante ( ) anódina (l. 33) 2. brilhante ( ) fulgurante (I. 34) ( ) firula (I. 35) 3. extremo 4. rodeio 5. paliativo A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) 3 - 4 - 1 - 5. 2 - 1 - 3 -5. 3 - 1 - 2 - 4. 2 - 4 - 3 - 1. 4 - 3 - 5 - 2. 819 Módulo 20 Instrução: As questões 224 e 226 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. Pede-se a quem souber do paradeiro de Luísa Porto avise sua residência à Rua Santos Óleos, 48. Previna urgente solitária mãe enferma entrevada há longos anos erma de seus cuidados. Pede-se a quem avistar Luísa Porto, 37 anos, que apareça, que escreva, que mande dizer onde está. Suplica-se ao repórter-amador, ao caixeiro, ao mata-mosquitos, ao transeunte, a qualquer do povo e da classe média, até mesmo aos senhores ricos, que tenham pena de mãe aflita e lhe restituam a filha volatilizada ou pelo menos dêem informações. É alta, magra, morena; rosto penugento, dentes alvos, sinal de nascença junto ao olho esquerdo, levemente estrábica., Vestidinho simples. Óculos. Sumida há três meses. Mãe entrevada chamando. Foi fazer compras na feira da praça. Não voltou. Nada de insinuações quanto à moça casta que não tinha, não tinha namorado. Algo de extraordinário terá acontecido, terremoto, chegada de rei. As ruas mudaram de rumo, para que demore tanto, é noite. Mas há de voltar, espontânea ou trazida por mão benigna, o olhar desviado e terno, canção. Mas se acharem que a sorte dos povos é mais importante e que não devemos atentar nas dores individuais, 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. se fecharem ouvidos a este apelo de campainha, não faz mal, insultem a mãe de Luísa, virem a página: Deus terá compaixão da abandonada e da ausente, erguerá a enferma, e os membros perclusos já se desatam em forma de busca. Deus lhe dirá: Vai, procura tua filha, beija-a e fecha-a para sempre em teu coração. Ou talvez não seja preciso esse favor divino. A mãe de Luísa (somos pecadores) sabe-se indigna de tamanha graça. E resta a espera, que sempre é um dom. Sim, os extraviados um dia regressam, ou nunca, ou pode ser, ou ontem. E de pensar realizamos. 224) Considere as seguintes afirmações sobre o poema. I. O poema tem origem no desaparecimento de Luísa Porto, mas esta personagem não é um participante ativo do poema - isto é, não é "quem fala" nem "quem escuta" no poema. II. Não há explicitação dos participantes ativos no poema; mas é possível ver na "voz que fala" uma identificação entre o poeta e a mãe de Luísa Porto. III. A "voz que fala" revela esperança e alguma crença na intervenção alheia; mas também ceticismo quanto a esta intervenção - e, consequentemente, resignação. Quais estão corretas de acordo com o poema? a) b) c) d) e) 820 Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas II e III. I, II e III. Interpretação de textos UFRGS 225) Além da identificação dos "participantes" do poema, também seus elementos estruturais são complexos. Mas é possível identificar objetivos da "voz que fala" nas estrofes. Na coluna da direita, abaixo, estão listados alguns desses objetivos; na da esquerda, referências às três estrofes do poema. Associe adequadamente a coluna da esquerda à da direita. 1. primeira estrofe (l. 01-27) ( ) advertir a quem lê 2. segunda estrofe (I. 28-37) ( ) exortar a quem lê 3. terceira estrofe (l. 38-59) ( ) expressar indiferença com a atitude de quem lê ( ) explicar a causa do desaparecimento de Luísa Porto A seqüência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) 1 - 2 - 3 - 3. 2 - 1 - 3 - 2. 2 - 3 - 1 - 1. 3 - 1 - 2 - 3. 3 - 2 - 2 - 1. 226) Considere as seguintes afirmações, referentes à interpretação de palavras e segmentos do texto. I. O adjetivo entrevada (I. 06) tem o mesmo sentido que o adjetivo perclusos (I. 48). II. As palavras volatilizada (I. 17) e Sumida (I. 24) são semanticamente equivalentes no texto. III. O segmento da abandonada e da ausente (l. 47) diz respeito ao segmento mãe de Luiza (I. 44). Quais estão corretas? a) Apenas II. b) Apenas I e II. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 821 Módulo 20 Instrução: A questão 227 está relacionada ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. A história não tem sido favorável à Polônia e à sua literatura. Os duzentos anos durante os quais o país esteve dividido entre as potências vizinhas - Rússia, Prússia e Áustria - exerceram uma influência de longo alcance sobre sua literatura. Os opressores não apenas tentaram impor seu domínio político, mas erradicar a cultura do povo conquistado. Um dos principais alvos era a língua: ............ do uso oficial e das cerimônias públicas. A literatura polonesa teve de adotar o difícil papel de guardiã do idioma, ameaçado pela expansão dos opressores e de sua língua. As obras literárias passaram a ser o único santuário onde a língua ameaçada poderia florescer. Consequentemente, o país, que tinha ficado privado de seu exército regular, formou uma divisão de poetas, com a crença profunda de que ............ mais efetivos que unidades militares. A língua era sua única arma contra a opressão do Estado. Acreditava-se que perder a língua nacional significaria perder a identidade cultural, crença essa jamais questionada. Assim, a poesia polonesa sentiu, desde a época das partições, o terrível peso do dever público. Isso originou uma série de conflitos dentro da própria literatura. Os poetas, cuja principal tarefa era preservar - por via da língua - o sentido de identidade nacional, tiveram de refrear a voz individual, uma vez que serviam à causa polonesa, supraindividual. Tiveram de suspender a alegria criativa da picardia e da irresponsabilidade, por causa da gravidade de seus objetivos. A poesia estava associada, inextricavelmente, à extrema seriedade da missão. E, mesmo que ............ obras escritas por poetas em momentos descomprometidos da vida, quando desfrutavam dos prazeres terrenos ou se deliciavam com horas de ócio, estes não tinham sido incluídos no cânone literário. Na Polônia, a seriedade do objetivo modelou a idéia popular do que a poesia é e deveria ser. 227) Considere as seguintes afirmações. I. A fim de impor seu domínio político e de erradicar ar cultura polonesa, Rússia, Prússia e Áustria impediram o idioma polonês de ser usado oficialmente. II. Os poloneses acreditavam firmemente que seus poetas seriam mais efetivos na defesa da língua que os militares na defesa do Estado. III. A poesia polonesa sentiu o peso do dever público, e poetas que escreveram em momentos descomprometidos acabaram excluídos do cânone literário. 822 Quais estão de acordo com o texto? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas I e III. Apenas II e III. I, II e III. Interpretação de textos UFRGS Instrução: As questões 228 a 233 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. Por volta de 1928, Henry Ford debatia-se com uma ideia fixa: queria encontrar uma fórmula salvadora para o problema do suprimento da borracha para sua indústria. Estava cansado de aturar os preços que os ingleses de Ceilão lhe impunham. Como? Plantando borracha na Amazônia. Não havia o súdito inglês Henry Wickham transportado às escondidas para a Inglaterra as mudas da seringueira da Amazônia? Tudo estava em organizar seringais homogêneos em terras apropriadas. Por conseguinte, rumo ao Brasil, rumo à Amazônia. O Brasil exultou. E logo o governo brasileiro recebe os emissários de Ford como costuma receber os americanos em geral: de braços abertos. Começa o trabalho. A mata resiste, mas ........... . Ao passo que os tratores vão fazendo a derrubada para a clareira, já as casas começam a surgir, o hospital, os postos de higiene, as quadras de tênis, as mansões dos diretores. Dentro da floresta amazônica, o ianque fizera surgir uma nova cidade. E tudo ............ como convinha. Três mil caboclos trabalhavam; um milhão de pés de seringueira eram plantados. A floresta arquejava, mas cedia. E quando, decorridos apenas dois anos, as seringueiras começam a despontar em pelotões, em batalhões, em regimentos, ninguém mais tem dúvida sobre o desfecho da luta. Entretanto, Ford ia recebendo e lendo relatórios. E estes contavam histórias diferentes das que figuravam nos frontispícios dos jornais: definhavam as seringueiras pelo excesso de sol e pela falta de umidade e de humo. Estavam murchando ao sol da região. À falta de proteção das sombras da floresta tropical, o exército de seringueiras de Mr. Ford ............. ao sol. Triunfava o desordenado da selva contra a disciplina do seringal. Devemos concluir daí que na Amazônia seja de todo impossível estabelecer florestas homogêneas ou que o grande vale seja de todo impróprio para o florescimento de uma grande civilização? Ainda não. Por enquanto, a conclusão a tirar é outra. Na verdade, o que se fez nas margens do Tapajós foi transplantar para o trópico a técnica, os métodos e os processos de resultados comprovados apenas em climas 49. temperados ou frios – a ciência e a técnica do 50. cultivo da terra próprias para os trópicos estão 51. ainda em fase empírica e elementar. 228) Em seu sentido global, o texto discute a) os efeitos ambientais da globalização em seus primeiros anos. b) as relações entre comércio, indústria e produção agrícola. c) as relações econômicas desiguais entre Estados Unidos e Brasil. d) o empreendedorismo norte-americano, representado pela figura de Ford. e) a eficácia de métodos agrícolas norteamericanos no Brasil. 229) Considere as seguintes afirmações sobre o conteúdo do texto. I. Os ingleses exportavam látex a preços mais altos do que os brasileiros, por volta de 1928. II. As ações de Ford no Brasil eram notícia de capa em jornais da época. Ill. O conhecimento empírico é inútil ou insuficiente no cultivo agrícola. 823 Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III. Módulo 20 230) Considere as três afirmações abaixo, em que se propõem modos de completar segmentos frasais do texto. 1- Plantando borracha na Amazônia (I. 0607) poderia ser reescrito como Ele poderia resolver o problema plantando borracha na Amazônia. 2- Por conseguinte, rumo ao Brasil, rumo à Amazônia (l. 11-12) poderia ser reescrito como Por conseguinte, era necessário levar as mudas de seringueira rumo ao Brasil, rumo à Amazônia. 3- a) b) c) d) e) Apenas 1. Apenas 2. Apenas 1 e 3. Apenas 2 e 3. 1, 2 e 3. 231) Assinale a alternativa em que a segunda palavra constitui sinônimo adequado da primeira, considerando o contexto em que esta ocorre. Ainda não (l. 44) poderia ser reescrito como O grande vale ainda não é de todo impróprio para o florescimento de uma grande civilização. Quais propostas estão corretas e mantêm o sentido do trecho original? a) b) c) d) e) apropriadas (l. 11) – conquistadas emissários (l. 14) – mandatários desfecho (l. 29) – clímax estabelecer (l. 41) – localizar elementar (l. 51) – básica 232) Considere as propostas de reescrita abaixo para o seguinte trecho do texto. E logo o governo brasileiro recebe os emissários de Ford como costuma receber os americanos de modo geral: de braços abertos. (I. 13-16) I. II. Ill. E logo os emissários americanos de Ford são recebidos como costuma o governo brasileiro receber de modo geral: de braços abertos. E logo os emissários de Ford são recebidos pelo governo brasileiro como costumam ser recebidos os americanos de modo geral: de braços abertos. E logo os emissários de Ford são recebidos pelo governo brasileiro como este costuma receber os americanos de modo geral: de braços abertos. Quais propostas mantêm a correção e o sentido original do trecho? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas lI. Apenas III. Apenas I e III. I, II e III. 233) O deslocamento da ordem de palavras de um texto pode ou não afetar as relações de sentido estabelecidas. De acordo com o significado do texto, mantendo-se a correção e o sentido da frase original, pode-se deslocar a) b) c) d) e) logo (I. 13) para imediatamente depois de governo brasileiro (I. 13). já (I. 18) para imediatamente depois da forma verbal vão (I. 17). apenas (I. 26) para imediatamente antes de quando (I. 25). mais (I. 28) para imediatamente após dúvida (I. 29). grande (I. 43) para imediatamente depois de civilização (I. 44). 824 Interpretação de textos UFRGS 234) A derrubada da mata amazônica e o plantio de seringais são tratados, ao longo do texto, por meio de imagens militares, como em exército de seringueiras (I. 36-37). Assinale com M as imagens que se referem à mata e com S aquelas que se aplicam aos seringais. ( ( ( ( ) arquejava (I. 25) ) batalhões (I. 28) ) Triunfava (I. 37) ) disciplina (I. 38) A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) S M M M S - M S M S M - S M S S M - S. S. M. M. S. Instrução: As questões 235 a 237 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. Havia naquele cemitério uma sepultura em 02. torno ............. a imaginação popular tecera 03. lendas. Ficava ao lado da capela, perto dos 04. grandes jazigos, e consistia numa lápide 05. cinzenta, com a inscrição já ............. apagada 06. por baixo duma cruz em alto-relevo. Seus 07. devotos acreditavam que a alma cujo corpo 08. ali jazia tinha o dom de obrar milagres como 09. os de Santo Antônio. Floriano leu a inscrição: 10. Antônia Weber – Toni – 1895-1915. Talvez ali 11. estivesse o ponto de partida de seu próximo 12. romance... 13. Um jovem novelista visita o cemitério de 14. sua terra e fica particularmente interessado 15. numa sepultura singela a que a superstição 16. popular atribui poderes milagrosos. Vem-lhe 17. então o desejo de, através da magia da 18. ficção, trazer de volta à vida aquela morta 19. obscura. Sai à procura de habitantes mais 20. antigos e a eles pergunta: “Quem foi Antônia 21. Weber?” Alguns nada sabem. Outros contam 22. o pouco de que se lembram. Um teuto23. brasileiro sessentão (Floriano já começava a 24. visualizar as personagens, a inventar a 25. intriga), ao ouvir o nome da defunta, fica 26. per turbado e fecha-se num mutismo 27. ressentido. “Aqui há drama”, diz o escritor 28. para si próprio. E conclui: “Este homem talvez 29. tenha amado Antônia Weber ... “. Ao cabo de 30. várias tentativas, consegue arrancar dele uma 31. história fragmentada, cheia de reticências 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 825 que, entretanto, o novelista vai preenchendo com trechos de depoimentos de terceiros. Por fim, de posse de várias peças do quebracabeça, põe-se a arrná-lo e o resultado é o romance duma tal Antônia Weber, natural de Hannover e que emigrou com os pais para o Brasil e estabeleceu-se em Santa Fé, onde ... Mas qual! - exclamou Floriano, parando à sombra dum plátano e passando o lenço pela testa úmida. Ia cair de novo nos alçapões que seu temperamento lhe armava. Os críticos não negavam mérito a seus romances, mas afirmavam que em suas histórias ............ o cheiro do suor humano e da terra: achavam que, quanto à forma, eram tecnicamente bem escritas; quanto ao conteúdo, porém, tendiam mais para o artifício que para a arte, fugindo sempre ao drama essencial. Pouco lhe importaria o que outros pensassem se ele próprio não estivesse de acordo com essas restrições. Chegara à conclusão de que, embora a perícia não devesse ser menosprezada, para fazer bom vinho era necessário antes de mais nada ter uvas, e uvas de boa qualidade. No caso do romance a uva era o tema - o tema legítimo, isto é, algo que o autor pelo menos tivesse sentido, se não propriamente vivido. Módulo 20 235) O texto apresenta dois níveis de narrativa: a história narrada como um todo e, dentro desta, a história concebida por Floriano. No bloco superior, abaixo, estão identificados, de acordo com sua participação nos níveis de narrativa, três tipos de personagens; no inferior, estão listados quatro personagens do texto. Associe adequadamente o bloco inferior ao superior. 1 - personagens da história narrada no texto como um todo 2 - personagens da história concebida por Floriano 3 - personagens das duas histórias ( ( ( ( ) Floriano ) Toni Weber ) o novelista ) os críticos A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) 3 - 2 - 3 - 1. 2 - 1 - 1 - 2. 1 - 3 - 2 - 1. 3 - 1 - 2 - 3. 1 - 3 - 3 - 2. 236) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, conforme descrevam ou não fatos que acontecem no primeiro nível de narrativa, isto é, na história narrada no texto como um todo. ( ) Floriano faz uma visita ao cemitério da cidade onde se encontra. ( ) Floriano entrevista os habitantes mais antigos da cidade. ( ) Floriano escreve um livro sobre Antônia Weber. ( ) Os livros de Floriano são criticados porque carecem de drama legítimo. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) F - V - V - F. V - F - F - V. V - V - F - F. F - F - V - V. V - F - V - F. 237) Considere os seguintes segmentos retirados do texto. 1 - a imaginação popular tecera lendas (I. 02-03) 2 - milagres como os de Santo Antônio (I. 08-09) 3 - através da magia da ficção (I. 17-18) 4 - uma história fragmentada, cheia de reticências (I. 30-31) Em quais deles há emprego de linguagem metafórica? a) b) c) d) e) Apenas 1 e 2. Apenas 2 e 3. Apenas 3 e 4. Apenas 1, 3 e 4. 1, 2, 3 e 4. 826 Interpretação de textos UFRGS Instrução: As questões 238 a 239 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. No século XV, viu-se a Europa invadida por uma raça de homens que, vindos ninguém sabe de onde, se espalharam em bandos por todo o seu território. Gente inquieta e andarilha, deles afirmou Paul de Saint-Victor que era mais fácil predizer o .............. das nuvens ou dos gafanhotos do que seguir as pegadas da sua invasão. Uns risonhos despreocupados: passavam a vida esquecidos do passado e descuidados do futuro. Cada novo dia era uma nova aventura em busca do escasso alimento para os manter naquela jornada. Trajo? No mais completo .............. : .............. sujos e puídos cobriam-Ihes os corpos queimados do sol. Nômades, aventureiros, despreocupados - eram os boêmios. Assim nasceu a semântica da palavra boêmio. O nome gentílico de Boêmia passou a aplicar-se ao indivíduo despreocupado, de existência irregular, relaxado no vestuário, vivendo ao deus-dará, à toa, na vagabundagem alegre. Daí também o substantivo boêmia. Na definição de Antenor Nascentes: vida despreocupada e alegre, vadiação, estúrdia, vagabundagem. Aplicou-se depois o termo, especializadamente, à vida desordenada e sem preocupações de artistas e escritores mais dados aos prazeres da noite que aos trabalhos do dia. Eis um exemplo clássico do que se chama degenerescência semântica. De limpo gentílico - natural ou habitante da Boêmia - boêmio acabou carregado de todas essas conotações desfavoráveis. A respeito do substantivo boêmia , vale dizer que a forma de uso, ao menos no Brasil, é boemia, acento tônico em -mi-, E é natural que assim seja, considerando-se que -ia é sufixo que exprime condição, estado, ocupação. Conferir: alegria, anarquia, barbaria, rebeldia, tropelia, pirataria... Penso que sobretudo palavras como folia e orgia devem ter influído na fixação da tonicidade de boemia . Notar também o par abstêmio/abstemia. Além do mais, a prosódia boêmia estava prejudicada na origem pelo nome próprio Boêmia: esses boêmios não são os que vivem na Boêmia... 238) Considere as seguintes afirmações. I. O substantivo comum boêmio pode designar tanto um indivíduo que pertence ao povo originário da Boêmia quanto um indivíduo de vida alegre e despreocupada, dado aos prazeres da noite. II. O termo boêmio designava - por causa do modo de vida irregular, aventureiro e despreocupado - o povo que invadiu a Europa no século XV. III. O substantivo que exprime a condição ou o estado correspondente a boêmio, no Brasil, tem a forma boemia, razão por que é incorreto utilizarmos boêmia. Quais estão corretas, de acordo com o texto? a) Apenas I b) Apenas lI. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 239) No bloco superior, abaixo, estão listados quatro processos pelos quais uma palavra pode ter seu uso alterado; no inferior, sínteses de passagens do texto que exemplificam três desses processos. Associe adequadamente o bloco inferior ao superior. 1 - analogia – a palavra passa a ser usada como outras por semelhança de forma com elas 2 - degenerescência semântica – a palavra passa a ser usada em função de elementos negativos de seu significado 3 - enobrecimento semântico – a palavra passa a ser usada em função de elementos positivos de seu significado 4 - especialização – ela passa a ser usada apenas para um subcaso daqueles que originalmente cobria ( ) boêmio passa a designar pessoa despreocupada, desleixada, vadia (I. 17-22) ( ) boêmio passa a designar artistas amantes da vida noturna (I. 25-29) ( ) boêmia passa a ser pronunciada como boemia (I. 35-40) 827 A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 1 - 2 - 3. b) 2 - 3 - 4. c) 2 - 4 - 1. d) 3 - 4 - 2. e) 1 - 3 - 4. Módulo 20 Instrução: As questões 240 a 244 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. Se, em um tempo futuro, muito distante, só tivessem sobrado de nós vestígios e alguns deles fossem encontrados, e entre esses, fotografias, pensemos que um fato seria possível: por meio delas, para os que as encontrariam, poderia se operar uma revelação. As fotografias diriam sobre quem fomos e como vivemos. Caso os habitantes do futuro encontrassem, por acaso, soterrado um arquivo de fotografias de guerra, quem sabe deduziriam a ............. condição daquela humanidade perdida e suspirariam de alívio pela nossa ............. . Se, ao contrário, o que encontrassem fossem álbuns de uma prosaica família, apreciariam crianças fotografadas, ao longo dos anos, sempre tão divertidas, cenas de trivial alegria. Por um lado, redução: há como superar a finitude. Por outro, castigo: não se esquecerá enquanto houver a fotografia. O que se lembra diante do retrato de um anônimo fotografado no séc. XIX? Há sempre um encanto imanente nessas imagens do passado; são como pontos que não se cruzam, como caminhos indicados por setas que parecem levar a lugar nenhum. Mas nos fazem desejar, pela expectativa do que se pode ver do outro lado, cruzá-Ios. Um postulado pode ser enunciado nos termos de que, se está na imagem, existe; ou, tratandose de fotografia, se está na foto, existiu e pode ou não ainda existir. Na esteira dessa lógica, então, seria aceitável considerar que esquecer é humano e lembrar é fotográfico. Se remontarmos às nossas experiências, considerando o álbum de família, seguramente a maioria de nós dará como depoimento a surpresa do encontro com o passado. A palavra encontro talvez seja um superlativo do que realmente acontece, visto que o máximo que a fotografia nos oferece é a possibilidade de uma projeção do aproximar-se com o que foi. Há uma tendência em acreditarmos na foto, desde, é claro, que a informação nela contida não ............ nossas certezas projetadas em imagens mentais sobre o passado. Uma personagem de Virginia Wolf comenta: “Não possuímos as palavras. Elas estão por trás dos olhos, não sobre os lábios”. E sem as palavras, o que contariam as fotografias? Talvez não possam contar, mas seguramente alguma 49. 50. 51. 52. coisa do passado vem evoca da nelas, como a dúvida, ou no mínimo a nostalgia daquele fato fragmentado em imagem, na referência a outra pessoa em uma festa perdida na lembrança. 240) Em seu sentido global, o texto afirma que a) as fotografias de crianças, festas, reuniões de família são sempre registros da prosaica felicidade de que se constitui o cotidiano. b) as imagens do passado suscitam sentimentos de nostalgia ou dúvida, mas não permitem a construção de conhecimentos acerca desse passado. c) as fotografias, embora não recontem o passado que registram, são indícios que permitem sua recordação. d) as imagens mentais de cenas vividas no passado não podem ser refutadas por registros fotográficos. e) a fotografia, ao contrário das palavras, reproduz fielmente a realidade e, como tal, é prova mais confiável de sua existência. 241) Considere as seguintes propostas de substituição de palavras do texto. 828 1 - vestígios (I. 02) por resquícios. 2 - superar (I. 17) por vencer. 3 - nostalgia (I. 50) por lembrança. Quais propostas indicam que a segunda palavra constitui sinônimo adequado da primeira, considerando o contexto em que esta ocorre? a) b) c) d) e) Apenas 1. Apenas 2. Apenas 3. Apenas 1 e 2. 1, 2 e 3. Interpretação de textos UFRGS 242) Para abordar o tema, a autora utiliza diferentes mecanismos de organização interna dos parágrafos. Na coluna da direita abaixo, estão listados esses mecanismos; na da esquerda, os parágrafos do texto que correspondem à presença ou ao predomínio desses mecanismos. Associe adequadamente a coluna da direita à da esquerda. 1 - Primeiro parágrafo (I. 01-16). 2 - Segundo parágrafo (I. 17-26). 3 - Terceiro parágrafo (I. 27-52). ( ) Predomínio de mecanismos de contraste e de oposição, indicados por nexos articuladores. ( ) Presença de mecanismos de explicação e de conclusão, indicados por nexos articuladores. ( ) Predomínio de mecanismos de hipóteses e de suposição, indicados por conjunções. ( ) Presença do mecanismo de citação, indicado por sinal de pontuação. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) 1 - 2 - 3 - 1. 1 - 3 - 2 - 1. 2 - 3 - 1 - 3. 2 - 2 - 1 - 3. 3 - 1 - 2 - 3. 243) Considere a passagem do texto abaixo transcrita e as sugestões de reescrita que a seguem. Um postulado pode ser enuncIado nos termos de que, se está na imagem, existe; ou, tratando-se de fotografia, se está na foto, existiu e pode ou não ainda existir (l. 27-30). I. Pode-se enunciar um postulado nos seguintes termos: se está na imagem, existe; ou, tratando-se de fotografia, se está na foto, existiu e pode ou não ainda existir. II. Tratando-se de fotografia, um postulado pode enunciar-se nos seguintes termos: se está numa foto ou numa imagem, existiu e pode ou não existir ainda. III. Pode ser postulado um enunciado nos seguintes termos: se está na imagem, existe; ou seja, tratando-se de fotos, se está numa fotografia, existiu e não pode ainda existir. Quais propostas mantêm a correção e o sentido original do trecho? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. 244) Assinale a alternativa que, de acordo com o texto, pode substituir adequadamente os nexos de articulação textual então (l. 31), visto que (l. 37) e mas (l. 48), nesta ordem. a) b) c) d) e) portanto - uma vez que - pois portanto - uma vez que - porém com efeito - por isso - pois com efeito - por isso - porém portanto - por isso - pois 829 Módulo 20 Instrução: As questões de 245 a 250 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. Em julho, na Nhecolândia, Pantanal de 02. Mato Grosso, encontrei um vaqueiro que 03. reunia em si, em qualidade e cor, quase tudo 04. o que literatura empresta esparso aos 05. vaqueiros principais. Era tão de carne-e-osso, 06. que nele não poderia empessoar-se o cediço e 07. fácil da pequena lenda. Apenas um 08. profissional esportista: um técnico, amoroso 09. de sua oficina. Mas denso, presente, almado, 10. bom-condutor de sentimentos, crepitante de 11. calor humano, governador de si mesmo; e 12. inteligente. Essa pessoa, este homem, é o 13. vaqueiro José Mariano da Silva, meu amigo. 14. Começamos por uma conversa de três 15. horas, luz de um lampião, na copa da 16. Fazenda Firme. Eu tinha precisão de aprender 17. mais, sobre a alma dos bois, e instigava-o a 18. fornecer-me fatos, casos. Enrolado no 19. poncho, as mãos plantadas definitivamente na 20. toalha da mesa, como as de um bicho em 21. vigia, ele procurava atender-me. Seu rosto, de 22. feitura franca, muito moreno, fino, tomava o 23. ar de seriedade, meio em excesso, de um 24. homem-de-ação posto em tarefa meditativa. 25. Contou-me muita coisa. 26. Falou do boi Carocongo. Do garrote 27. Guabiru que, quando chegava em casa, de 28. tardinha, berrava nove vezes, e só por isso 29. não o matavam, e porque tinha o berro mais 30. s a u d o s o . D a v a q u i n h a B u r i v i , q u e 31. acompanhava ao campo sua dona moça, 32. colher as guaviras, ou para postar-se 33. margem do poço, guardando o banho 34. dela, sem deixar vir perto nenhuma criatura. 35. Discorreu muito. Quando estacava, para 36. tomar fôlego ou recordação, fechava os olhos. 37. Prazia ver esse modo, em que eu o imaginava 38. tornado a sentir-se cavaleiro sozinho. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 830 Ponderava, para me responder, truz e cruz, no coloquial, misto de guasca e de mineiro. O sono diminuía os olhos do meu amigo; era tarde, para quem precisava de levantar-se com trevas ainda na terra, com os chopins cantantes. Nos despedimos. O céu estava extenso. Longe, os carandás eram blocos mais pretos, de um só contorno. As estrelas rodeavam: estrelas grandes, próximas, desengastadas. Um cavalo relinchou, rasgado a distância, repetindo. Os grilos, mil, mil, se telegrafavam: que o Pantanal não dorme, que o Pantanal é enorme, que as estrelas vão chover ... José Mariano caminhava embora, no andar bamboleado, cabeça baixa, ruminando seu cansaço. Se abria e unia, com ele - vaca negra - a noite, vaca. Interpretação de textos UFRGS 245) Na coluna da esquerda, abaixo, são listados modos diferentes de apresentação, pelo narrador, do personagem, dos cenários e dos acontecimentos; na coluna da direita, passagens que correspondem à caracterização. Associe corretamente a coluna da direita à da esquerda. 1- Apresentação de uma cena, assemelhando-se a uma imagem fotográfica. 2- Movimento cronológico dos acontecimentos da narrativa. 3- Avaliação e sensações do narrador sobre o personagem que apresenta na narrativa. ( ) ... encontrei um vaqueiro ... (l. 02) ( ) Enrolado no poncho, as mãos plantadas definItivamente na toalha da mesa, (I. 18-20) ( ) Contou-me muita coisa. (I. 25) ( ) Prazia ver esse modo, em que eu o imaginava tornado a sentir-se cavaleiro sozinho. (I. 37-38) ( ) O céu estava extenso. Longe, os carandás eram blocos mais pretos, de um só contorno. (I. 44-46) A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) 1 - 3 - 2 - 2 - 1. 2 - 1 - 3 - 3 - 2. 2 - 1 - 2 - 3 - 1. 3 - 2 - 1 - 2 - 3. 3 - 3 - 2 - 3 - 1. 246) Considere as seguintes afirmações sobre o sentido de passagens do texto. I. A forma verbal empresta (I. 04) tem sentido equivalente a confere e concede no contexto II. O segmento que inicia em Seu rosto (I. 21) e vai até o final daquele parágrafo sugere que o personagem demonstrou incapacidade para contar, por esta ser tarefa meditativa. III. O segmento que inicia em Ponderava (I. 39) e vai até o final do parágrafo sugere que, embora usasse palavras corriqueiras, o vaqueiro dava respostas refletidas. Quais estão de acordo com o texto? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas lI. Apenas III. Apenas I e Ill. I, II e lII. 831 Módulo 20 247) Associe cada ocorrência de sinal de pontuação, à esquerda, com o sentido, à direita, que tal sinal auxilia a expressar no contexto em que ocorre. 249) Considere as propostas de reescrita abaixo para o seguinte trecho. O sono diminuía os olhos do meu amigo; era tarde, para quem precisava de levantar-se com trevas ainda na terra, com os chopins cantantes (I. 41-44). A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é ( ) Ponto-e-vírgula (I. 11) 1 - Explicação ( ) Vírgulas (I. 30-31) 2 - Ênfase III - ( ) Reticências (I. 52) 3 - Exemplificação III - 4 - Continuidade a) b) c) d) e) Quais propostas são gramaticalmente corretas e preservam o sentido original do trecho? 1- 3 - 2. 2 - 1- 4. 2 - 3 - 1. 3 - 1 - 2. 1 - 4 - 2. 248) Assinale com V (verdadeiro) ou F (falso) as afirmações abaixo, referentes às relações sintáticas e semânticas entre palavras e expressões do texto. ( ) O emprego de as (I. 20) tem função pronominal, uma vez que retoma mãos (I. 19). ( ) As palavras muita (I. 25) e muito (I. 35) assinalam que o narrador intensifica o fato de seu amigo, o vaqueiro, ser um contador de vários casos. ( ) As expressões do boi Carocongo (I. 26), Do garrote Guabiru (I. 26-27) e Da vaquinha Burivi (I. 30) complementam o sentido do verbo Falou (I. 26). ( ) As palavras mais (I. 29) e pretos (I. 46) modificam o sentido, respectivamente, de berro (I. 29) e carandás (I. 45). Por isso, são adjetivos. a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas I e II. Apenas II e III. I, II e m. 250) Considere as seguintes afirmações sobre a passagem Os grilos, mil, mil, se telegrafavam: que o Pantanal não dorme, que o Pantanal é enorme, que as estrelas vão chover... (I. 49-52). I- O segmento que o Pantanal não dorme, que o Pantanal é enorme, que as estrelas vão chover (I. 50-52) refere-se ao conteúdo dito pelos grilos em seus cantos, constituindo, na narrativa, o discurso indireto. II - A relação do verbo telegrafavam (I. 50) com o sujeito grilos (I. 49) produz um sentido metafórico na narrativa. III - Os dois-pontos marcam a inserção de uma enumeração de orações que constituem complementos para o verbo telegrafavam (I. 50). A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) b) c) d) e) Substituição de para quem (I. 42) por ele. Substituição de precisava (I. 42) por necessitava. Retirada da preposição de (I. 42) após precisava. F - F - F - V. F - V - F - F. V - F - V - F. V - F - V - V. V - V - V - F. 832 Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas I e III. e) I, II e III. Interpretação de textos UFRGS Instrução: As questões 251 a 255 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. A pesquisa em gramática também tem 02. seus mistérios - aspectos da língua que 03. ninguém conseguiu até hoje formular direito. 04. Acho que não exagero se disser que a maioria 05. dos fenômenos gramaticais já observados não 06. tem uma explicação satisfatória. Vejamos um 07. exemplo. 08. Sabemos que, em muitas frases, o sujeito 09. exprime o ser que pratica a ação (ou, mais 10. exatamente, que causa o evento). Isso 11. acontece na frase: Minervina entortou meu 12. guarda-chuva. Acontece que, com o verbo 13. entortar, nem sempre o sujeito exprime quem 14. pratica a ação. Se não houver objeto, isto é, 15. se só houver o sujeito e o verbo, o sujeito 16. exprime quem sofre a ação, como em Meu 17. guarda-chuva entortou. Essa frase, 18. naturalmente, não significa que o guarda19. chuva praticou a ação de entortar alguma 20. coisa, mas que ele ficou torto. Mesmo se o 21. sujeito fosse o nome de uma pessoa (que, em 22. princípio, poderia praticar uma ação), o efeito 23. se verifica: Minervina entortou . Essa frase 24. quer dizer que Minervina ficou torta, não que 25. ela entortou alguma coisa. 26. A mudança de significado do sujeito que 27. vimos acima acontece com muitos verbos do 28. português; por exemplo, quebrar, esquentar, 29. rasgar. Uma vez que é bastante regular, esse 30. comportamento deve (ou deveria) ser incluído 31. na gramática portuguesa. 32. Agora, o mistério: em certos casos, o 33. fenômeno da mudança de significado do 34. sujeito não ocorre, e ninguém sabe ao certo 35. por quê. Assim, podemos dizer O leite 36. esquentou , e isso significa que o leite se 37. tornou quente, não que ele esquente alguma 38. coisa. Mas na frase Esse cobertor esquenta, 39. entende-se que o cobertor esquenta a gente 40. (isto é, causa o aquecimento), e não que ele 41. se torne quente. Ninguém sabe direito por 42. que verbos como esquentar (e vários outros) 43. não se comportam como o esperado em 44. frases como essa. Provavelmente, o 45. fenômeno tem a ver com a situação evocada 46. pelo verbo. Mas falta ainda um estudo 47. sistemático, e, por enquanto, esses fatos não 48. cabem em teoria nenhuma. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. Enfim, para quem gosta de certezas e seguranças, tenho más notícias: a gramática não está pronta. Para. quem gosta de desafios, tenho boas notícias: a gramática não está pronta. Um mundo de questões e problemas continua sem solução, à espera de novas ideias, novas análises, novas cabeças. 251) Assinale a alternativa que expressa corretamente o sentido global do texto. a) A gramática é um campo de investigação no qual muito do que já foi observado permanece apenas parcialmente compreendido. b) A gramática é sempre uma teoria inacabada, em virtude da dinâmica das línguas, que mudam constantemente. c) A gramática é um campo pouco propício àqueles que gostam de certezas, pois não dá lugar ao estabelecimento de normas. d) Os verbos em português, conforme se pode constatar por meio da reunião de vários exemplos, ainda não foram estudados sistematicamente. e) A gramática é um conjunto de generalizações sintáticas que expressam comportamentos regulares de expressões de uma língua. 252) Assinale a alternativa em que se estabelece uma relação correta entre um pronome ou expressão e aquilo a que se refere. 833 a) seus mistérios (I. 02) - mistérios da pesquisa em gramática b) que (I. 02) - língua c) ela (I. 25) - essa frase d) esse comportamento (I. 29-30) - comportamento das frases e) ele (I. 37) - o fenômeno da mudança de significado Módulo 20 253) Este texto é dirigido ao público em geral, valendo-se o autor de diversos recursos textuais para se aproximar do leitor. 255) Considere os seguintes verbos do português. 1 2 3 4 Considere as seguintes afirmações, a respeito desses recursos. I- O emprego da primeira pessoa do plural Vejamos (I. 06) e vimos (I. 27) inclui autor e leitor na ação descrita, o que cria um efeito de participação conjunta no desenvolvimento da argumentação. II - O emprego de expressões como Acontece que (I. 12) sabe direito (I. 41) e Um mundo (I. 53) remete a usos coloquiais da língua portuguesa. Ill - O emprego de pronomes oblíquos em posições variadas, como em entende-se (I. 39) e se torne (I. 41) só se justifica pela coloquialidade do texto, uma vez que, nas convenções de escrita padrão do português, o pronome só pode ocorrer depois do verbo. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas I e II. Apenas II e III. I, II e II!. 254) Considere as seguintes sugestões de alteração de segmentos do texto. I- O pronome quem (I. 16) poderia ser substituído por aquele que, neste contexto, sem prejuízo da correção da frase em questão. II - O pronome ele (I. 20) poderia ser elidido da oração, sem prejuízo da correção e da referência a guarda-chuva (I. 18-19). III - A substituição da forma verbal vimos (I. 27) por nos ocupamos acarretaria outra alteração na frase para ajuste de regência. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas lI. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, II e III. - amassar - entrar - entregar - secar Assinale a alternativa que apresenta os verbos que têm o mesmo comportamento daqueles listados nas linhas 28-29. a) b) c) d) e) 1- 4. 1 - 2. 1 - 3. 2 - 4. 2 - 3. Instrução: A s q u e s t õ e s 2 5 6 e 2 5 7 e s tão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 834 O que havia de tão revolucionário na Revolução Francesa? Soberania popular, liberdade civil, igualdade perante a lei - as palavras hoje são ditas com tanta facilidade que somos incapazes de imaginar seu caráter explosivo em 1789. Para os franceses do Antigo Regime, os homens eram desiguais, e a desigualdade era uma boa coisa, adequada à ordem hierárquica que fora posta na natureza pela própria obra de Deus. A liberdade significava privilégio - isto é, literalmente, “lei privada”, uma prerrogativa especial para fazer algo negado a outras pessoas. O rei, como fonte de toda a lei, distribuía privilégios, pois havia sido ungido como o agente de Deus na terra. Durante todo o século XVIII, os filósofos do luminismo questionaram esses pressupostos, e os panfletistas profissionais conseguiram empanar a aura sagrada da coroa. Contudo, a desmontagem do quadro mental do Antigo Regime demandou violência iconoclasta, destr uidora do mundo, revolucionária. Seria ótimo se pudéssemos associar a Revolução exclusivamente à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, mas ela nasceu na violência e imprimiu seus princípios em um mundo violento. Os conquistadores da Interpretação de textos UFRGS 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. Bastilha não se limitaram a destruir um símbolo do despotismo real. Entre eles, 150 foram mortos ou feridos no assalto à prisão e, quando os sobreviventes apanharam o diretor, cortaram sua cabeça e desfilaram-na por Paris na ponta de uma lança. Como podemos captar esses momentos de loucura, quando tudo parecia possível e o mundo se afigurava como uma tábula rasa, apagada por uma onda de comoção popular e pronta para ser redesenhada? Parece incrível que um povo inteiro fosse capaz de se levantar e transformar as condições da vida cotidiana. Duzentos anos de experiências com admiráveis mundos novos tornaram-nos céticos quanto ao planejamento social. Retrospectivamente, a Revolução pode parecer um prelúdio ao totalitarismo. Pode ser. Mas um excesso de visão histórica retrospectiva pode distorcer o panorama de 1789. Os revolucionários franceses não eram nossos contemporâneos. E eram um conjunto de pessoas não excepcionais em circunstâncias excepcionais. Quando as coisas se desintegraram, eles reagiram a uma necessidade imperiosa de dar-lhes sentido, ordenando a sociedade segundo novos princípios. Esses princípios ainda permanecem como uma denúncia da tirania e da injustiça. Afinal, em que estava empenhada a Revolução Francesa? Liberdade, igualdade, fraternidade. 257) Embora não descreva a Revolução Francesa, arrolando fatos e elementos de seu contexto histórico, vários desses fatos e elementos são mencionados no texto. Considere as seguintes afirmações relacionadas a essas menções. I- A Revolução Francesa esteve relacionada a um fenômeno histórico denominado Antigo Regime. II - A data de 1789 é apresentada como marco temporal no qual o processo denominado Revolução Francesa atinge seu limite. III- A conquista de uma prisão denominada Bastilha, cujo diretor foi degolado, é um fato relevante na Revolução Francesa. Que afirmações podem ser inferidas a partir das informações contidas no texto? a) b) c) d) e) 258) Assinale a alternativa que apresenta sinônimos para as palavras especial (I. 12), empanar (I. 20) e céticos (I. 45), no contexto em que ocorrem. a) notável b) maravilhosa c) exclusiva d) exclusiva e) notável 256) Em seu sentido global, o texto a) sustenta que o caráter aparentemente libertário da Revolução Francesa era, de fato, tirano e injusto. b) expõe os sistemas filosóficos do lluminismo. c) explica a Revolução Francesa, com base no conflito entre ideias lluministas panfletárias e o quadro mental do Antigo Regime. d) enfatiza a importância dos princípios defendidos na Revolução Francesa, apesar da violência nela presente. e) alerta para a irrelevância de se julgar de modo crítico a Revolução Francesa, retrospectivamente. Apenas I. Apenas lI. Apenas III. Apenas I e Ill. I, II e III. - anular - embaçar - obscurecer - anular - obscurecer - descrentes - desfavoráveis - descrentes - incrédulos - desfavoráveis 259) Considere as seguintes ocorrências de artigo no texto. 835 I - O artigo definido na linha 15. II - O artigo definido singular na linha 17. Ill - O artigo definido na linha 46. Quais poderiam ser omitidos, preservando a correção de seus contextos? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e II. I, II e III. Módulo 20 260) Considere a seguinte definição de metonímia. A metomínia é figura de linguagem em que se emprega uma palavra que tem uma relação de contiguidade com o referente expresso; por exemplo, pode-se expressar o sentido do todo pelo uso de uma palavra que refere uma parte. Assinale a alternativa em que a palavra sublinhada é um emprego de metonímia no respectivo trecho do texto. a) ungido como o agente de Deus (I. 15). b) a aura sagrada da coroa (I. 20). c) um símbolo do despotismo real (I. 3031). d) na ponta de uma lança (I. 35). e) prelúdio ao totalitarismo (I. 47). 261) Considere as seguintes afirmações relacionadas a sentidos do terceiro parágrafo do texto. I - O emprego da conjunção se e dos tempos e modos verbais na linha 25 sinalizam que a Revolução Francesa não pode ser exclusivamente associada à Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. II - O emprego de não se limitaram (I. 30) expressa que os conquistadores destruíram um símbolo e fizeram algo além disso. Ill - O emprego do nome próprio Paris (I. 35) localiza a sociedade sobre a qual incidem os novos princípios revolucionários. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. Instrução: As questões 262 e 263 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. O menino sentado à minha frente é meu 02. irmão, assim me disseram; e bem pode ser 03. verdade, ele regula pelos dezessete anos, 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. 49. 50. 51. 52. 53. 54. 836 justamente o tempo em que estive solto no mundo, sem contato nem notícia. A princípio quero tratá-to como intruso, mostrar-lhe ........minha hostilidade, não abertamente para não chocá-lo, mas de maneira a não lhe deixar dúvida, como se lhe perguntasse com todas as letras: que direito tem você de estar aqui na intimidade de minha família, entrando nos nossos segredos mais íntimos, dormindo na cama onde eu dormi, lendo meus velhos livros, talvez sorrindo das minhas anotações à margem, tratando meu pai com intimidade, talvez discutindo a minha conduta, talvez até criticando-a? Mas depois vou notando que ele não é totalmente estranho. De repente fereme...............ideia de que o intruso talvez seja eu, que ele tenha mais direito de hostilizar-rne do que eu a ele, que vive nesta casa há dezessete anos. O intruso sou eu, não ele. Ao pensar nisso vem-me o desejo urgente de entendê-to e de ficar amigo. Faço-lhe perguntas e noto a sua avidez em respondêIas, mas logo vejo a inutilidade de prosseguir nesse caminho, as perguntas parecem-me formais e as respostas forçadas e complacentes. Tenho tanta coisa a dizer, mas não sei como começar, até a minha voz parece ter perdido a naturalidade. Ele me olha, e vejo que está me examinando, procurando decidir se devo ser tratado como irmão ou como estranho, e imagino que as suas dificuldades não devem ser menores do que as minhas. Ele me pergunta se eu moro em uma casa grande, com muitos quartos, e antes de responder procuro descobrir o motivo da pergunta. Por que falar em casa? E qual a importância de muitos quartos? Causarei inveja nele se responder que sim? Não, não tenho casa, há muitos anos que tenho morado em hotel. Ele me olha, parece que fascinado, diz que deve ser bom viver em hotel, e conta que, toda vez que faz reparos ...............comida, mamãe diz que ele deve ir para um hotel, onde pode reclamar e exigir. De repente o fascínio se transforma em alarme, e ele obser va que se eu vivo em hotel não posso ter um cão em minha companhia, o jornal disse uma vez que um homem foi processado por ter um cão em um quarto de Interpretação de textos UFRGS 55. hotel. Confirmo ........... proibição. Ele suspira e 56. diz que então não viveria em um hotel nem de 57. graça. 262) Assinale a alternativa que expressa, adequadamente, o sentido global do texto. a) O narrador-personagem retorna para casa, porque deseja estar com a sua família e se aproximar do irmão. b) O narrador-personagem sai do quarto do hotel, porque não pôde ter um cão como companhia. c) O irmão do narrador-personagem, por ter aproximadamente dezessete anos, vive em casa com os pais. d) O narrador-personagem, ao conhecer seu irmão, vive um conflito relacionado à falta de intimidade e à busca de proximidade com ele. e) O narrador-personagem distancia-se de sua casa, porque considera seu irmão um estranho e um intruso na família. 263) Na coluna da direita, abaixo, estão presentes ideias que resumem o sentido de parágrafos do texto; na da esquerda, indicações desses parágrafos. Associe adequadamente a coluna da direita à da esquerda. 1 - Primeiro parágrafo (I. 01-05) 2 - Segundo parágrafo (I. 06-23) 3 - Terceiro parágrafo (I. 24-30) 4 - Quarto parágrafo (I. 31-57) ( ( ( ( ) Desejo do narrador-personagem de aproximar-se do irmão. ) Contato inicial entre os irmãos. ) Momento de aproximação dos irmãos por meio do diálogo. ) Momento em que o narrador- personagem depara-se com o conflito entre o distante e o familiar. A sequência correta de preenchimento dos parênteses, de cima para baixo, é a) 2 - 1 - 4 - 3. b) 2 - 1 - 3 - 4. c) 3 - 1 - 4 - 2. d) 1 - 3 - 4 - 2. e) 3 - 1 - 2 - 4. 837 Módulo 20 Instrução: As questões de 264 a 268 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. Entre as situações linguísticas que o português já viveu em seu contato com outras línguas, cabe considerar uma situação que se realiza em nossos dias: aquela em que ele é uma língua de emigrantes. Para o leitor brasileiro, soará talvez estranho que falemos aqui do português como uma língua de EMIGRANTES, pois o Brasil foi antes de mais nada um país para o qual se dirigiam em massa, durante mais de dois séculos, pessoas nascidas em vários países europeus e asiáticos; assim, para a maioria dos brasileiros, a representação mais natural é a da convivência no Brasil com IMIGRANTES vindos de outros países. Sabemos, entretanto, que, nos últimos cem anos, muitos falantes do por tuguês foram buscar melhores condições de vida, partindo não só de Portugal para o Brasil, mas também desses dois países para a América do Norte e para vários países da Europa: em certo momento, na década de 1970, viviam na região parisiense mais de um milhão de portugueses - uma população superior à que tinha então a cidade de Lisboa. Do Brasil, têm....................nas últimas décadas muitos jovens e trabalhadores, dirigindo-se aos quatro cantos do mundo. A existência de comunidades de imigrantes é sempre uma situação delicada para os próprios imigrantes e para o país que os recebeu: normalmente, os imigrantes vão a países que têm interesse em usar sua força de trabalho, mas qualquer oscilação na economia faz com que os nativos ................ sua presença como indesejável; as diferenças na cultura e na fala podem alimentar preconceitos e desencadear problemas reais de diferentes ordens. Em geral, proteger a cultura e a língua do imigrante não é um objetivo prioritário dos países hospedeiros, mas no caso do português tem havido ................ .Em certo momento, o português foi uma das línguas estrangeiras mais estudadas na França; e, em algumas cidades do Canadá e dos Estados Unidos, um mínimo de vida associativa tem garantido a sobrevivência de jornais editados 49. em português, mantidos pelas próprias 50. comunidades de origem por tuguesa e 51. brasileira. 264) Assinale a alternativa que preenche corretamente as lacunas das linhas 25, 35 e 43, nesta ordem. a) b) c) d) e) imigrado emigrado emigrado imigrado emigrado – – – – – incarem incarem encarem encarem encarem – – – – – exceções exceções exceções excessões excessões 265) Assinale a alternativa que expressa corretamente o sentido global do texto. a) Os preconceitos vividos por falantes de língua portuguesa que moram em outros países. b) A situação linguística, nos últimos cem anos, do português, como uma língua de emigrantes. c) A relação do imigrante com o país de origem, como modo de sobrevivência no país hospedeiro. d) Os motivos culturais de emigração dos falantes do português do Brasil e de Portugal para outros países. e) A circulação de publicações em língua portuguesa em países nos quais há imigrantes brasileiros e portugueses. 266) Assinale a alternativa em que se estabelece uma relação correta entre uma expressão e aquilo a que se refere. 838 a) b) c) d) e) aquela (I. 04) - língua aqui (I. 07) - Brasil o qual (I. 09) - Brasil que (I. 24) - cidade de Lisboa sua presença (I. 35-36) - presença dos imigrantes Interpretação de textos UFRGS 267) Desconsiderando questões de emprego de letra maiúscula, assinale a alternativa em que se sugere um deslocamento de adjunto adverbial que preservaria tanto a correção quanto o sentido do segmento original. a) Colocação de Para o leitor brasileiro (I. 05-06) entre vírgulas, imediatamente após aqui (I. 07). b) Deslocamento de entretanto (I. 15) para imediatamente após partindo (I. 18). c) Passagem de também (I. 19) para imediatamente após e (I. 20). d) Deslocamento de normalmente (I. 32) para imediatamente após usar. (l. 33). e) Colocação de Em geral (I. 40) entre. vírgulas, imediatamente após é (I. 41). 268) Considere as seguintes afirmações sobre o sentido de passagens do texto. I - A forma verbal soará (I. 06), no contexto, tem sentido equivalente a emitir som e falar. II - A palavra representação (I. 13), no contexto em que aparece, tem o sentido de imagem ou ideia que se concebe do mundo. III - O segmento dirigindo-se aos quatro cantos do mundo (I. 27-28) refere-se ao fato de trabalhadores e jovens brasileiros dirigirem-se a quatro países: Portugal, França, Canadá e Estados Unidos. Quais estão corretas? a) b) c) d) e) Apenas I. Apenas II. Apenas III. Apenas I e III. I, II e III. 839 Instrução: As questões de 269 a 272 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. Viagens, cofres mágicos com promessas sonhadoras, não mais revelareis vossos tesouros intactos! Hoje, quando ilhas polinésias afogadas em concreto se transformam em porta-aviões ancorados nos mares do Sul, quando as favelas corroem a África, quando a aviação avilta a floresta americana antes mesmo de poder destruir-lhe a virgindade, de que modo poderia a pretensa evasão da viagem conseguir outra coisa que não confrontar-nos com as formas mais miseráveis de nossa existência histórica? Ainda assim, compreendo a paixão, a loucura, o equívoco das narrativas de viagem. Elas criam a ilusão daquilo ............ não existe mais, mas ........... ainda deveria existir. Trariam nossos modernos Marcos Polos, das mesmas terras distantes, desta vez em forma de fotografias e relatos, as especiarias morais .............. nossa sociedade experimenta uma necessidade aguda ao se sentir soçobrar no tédio? É assim que me identifico, viajante procurando em vão reconstituir o exotismo com o auxílio de fragmentos e de destroços. Então, insidiosamente, a ilusão começa a tecer suas armadilhas. Gostaria de ter vivido no tempo das verdadeiras viagens, quando um espetáculo ainda não estragado, contaminado e maldito se oferecia em todo o seu esplendor. Uma vez encetado, o jogo de conjecturas não tem mais fim: quando se deveria visitar a Índia, em que época o estudo dos selvagens brasileiros poderia levar a conhecê-Ios na forma menos alterada? Teria sido melhor chegar ao Rio no século XVIII? Cada década para trás permite salvar um costume, ganhar uma festa, partilhar uma crença suplementar. Mas conheço bem demais os textos do passado para não saber que, me privando de um século, renuncio a perguntas dignas de enriquecer minha reflexão. E eis, diante de mim, o círculo intransponível: quanto menos as culturas tinham condições de se comunicar entre si, menos também os emissários respectivos eram capazes de perceber a riqueza e o significado da diversidade. No final Módulo 20 49. das contas, sou prisioneiro de uma 50. alternativa: ora viajante antigo, confrontado 51.. com um prodigioso espetáculo do qual quase 52. tudo lhe escapava – ainda pior, inspirava 53. troça ou desprezo –, ora viajante moderno, 54. correndo atrás dos vestígios de uma realidade 55. desaparecida. Nessas duas situações, sou 56. perdedor, pois eu, que me lamento diante das 57. sombras, talvez seja imper meável ao 58. verdadeiro espetáculo que está tomando 59. forma neste instante, mas ............. observação 60. meu grau de humanidade ainda carece da 61. sensibilidade necessária. Dentro de alguma 62. centena de anos, neste mesmo lugar, outro 63. viajante pranteará o desaparecimento do que 64. eu poderia ter visto e que me escapou. 271) Considere as seguintes afirmações acerca de expressões e trechos do texto. I - O emprego do advérbio insidiosamente (I. 26) enfatiza o caráter enganador das ilusões a que se refere o texto naquela passagem. II - Os segmentos iniciados pelas formas verbais salvar (I. 37), ganhar (I. 38) e partilhar (I. 38) estão em paralelismo sintático que indica serem, os três, complementos de permite (I. 37). III - O emprego de ora ... ora (I. 50 e 53) está relacionado ao sentido da palavra alternativa (I. 50). Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e II. e) I, II e III. 269) Assinale a alternativa que contém uma afirmação correta com relação ao sentido do texto. a) No primeiro parágrafo, são discutidos os motivos pelos quais, ao longo dos séculos, destruição e miséria foram as principais consequências das viagens. b) No segundo parágrafo, o texto trata do sentimento de tédio em algumas classes sociais, que acarreta o costume das viagens. c) No terceiro parágrafo, lê-se que as narrativas de viagens são sempre comparações entre presente e passado. d) No terceiro e quarto parágrafos, demonstra-se a superioridade das narrativas de viagens escritas antes do século XVIII, em comparação com as atuais. e) No último parágrafo, o texto sugere que o que se busca ver nas viagens exige humanidade e sensibilidade da parte do observador. 270) Assinale a alternativa que apresenta o sinônimo adequado para a respectiva palavra do texto, considerando o contexto em que esta é empregada. a) avilta (I. 07) - degrada b) evasão (I. 10) - falta c) soçobrar (l. 21) - definhar d) encetado (I. 31) - preparado e) carece (I. 60) - prescinde 272) Considere as possibilidades de reescrita apresentadas abaixo para a seguinte passagem do texto. Dentro de alguma centena de anos, neste mesmo lugar, outro viajante pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. (I. 61-64) I - Neste mesmo lugar, outro viajante, dentro de alguma centena de anos, pranteará o desaparecimento do que eu poderia ter visto e que me escapou. II - Outro viajante, dentro de alguma centena de anos, pranteará o desaparecimento neste mesmo lugar do que eu poderia ter visto e que me escapou. III - Neste mesmo lugar, outro viajante, dentro de alguma centena de anos, pranteará o desaparecimento que eu poderia ter visto e o que me escapou. Quais estão corretas e preservam o sentido da frase original? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas III. d) Apenas I e III. e) I, III e III. 840 Interpretação de textos UFRGS Instrução: As questões de 273 a 275 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. À porta do Grande Hotel, pelas duas da tarde, Chagas e Silva postava-se de palito à boca, como se tivesse descido do restaurante lá de cima. Poderia parecer, pela estampa, que somente ali se comesse bem em Porto Alegre. Longe disso! A Rua da Praia que o diga, ou melhor, que o dissesse. O faz de conta do inefável personagem ligava-se mais à importância, à moldura que aquele portal lhe conferia. Ele, que tanto marcou a rua, tinha franco acesso às poltronas do saguão em que se refestelavam os importantes. Andava dentro de um velho fraque, usava gravata, chapéu, bengala sob o braço, barba curta, polainas e uns olhinhos apertados na .......... bronzeada. O charuto apagado na boca, para durar bastante, era o toque final dessa composição de pardavasco vindo das Alagoas. Chagas e Silva chegou a Porto Alegre em 1928. Fixou-se na Rua da Praia, que percorria com passos lentos, carregando um ar de indecifrável importância, tão ao jeito dos grandes de então. Os estudantes tomaram conta dele. Improvisaram comícios na praça, carregando-o nos braços e fazendo-o discursar. Dava discretas mordidas e consentia em que lhe pagassem o cafezinho. Mandava imprimir sonetos, que "trocava" por dinheiro. Não era de meu propósito ocupar-me do "doutor" Chagas e, sim, de como se comia bem na Rua da Praia de antigamente. Mas ele como que me puxou pela manga e levou-me a visitar casas por onde sua imaginação de longe esvoaçava. Por to Alegre, sor tida por tradicionais armazéns de especialidades, dispunha da melhor matéria-prima para as casas de pasto. Essas casas punham ao alcance dos gourmets virtuosíssimos "secos e molhados" vindos de Portugal, da Itália, da França e da Alemanha. Daí um longo e .......... período de boa comida, para regalo dos homens de espírito e dos que eram mais estômago que outra coisa. Na arte de comer bem, talvez a dificuldade fosse a da escolha. Para qualquer lado que o passante se virasse, encontraria salões 48. ornamentados, ....... maiores ou menores, 49. tabernas ou simples tascas. A Cidade divertia50. se também pela barriga. 273) Assinale a alternativa que preenche, correta e respectivamente, as lacunas das linhas 16, 42 e 48. a) tes - florecente - recintos b) tez - florecente - rescintos c) tez - florescente- rescintos d) tes - florescente- recintos e) tez - florescente- recintos 274) Considere as afirmações abaixo. I - O restaurante do Grande Hotel era o melhor restaurante de Porto Alegre. II - A vestimenta de Chagas e Silva e a forma como ele percorria a Rua da Praia afastavam-no do convívio dos importantes da época. III - A cidade de Porto Alegre era pródiga em restaurantes de qualidade. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas lI. c) Apenas III, d) Apenas I e III. e) I, II e III. 275) O texto apresenta, em algumas passagens, uma linguagem de caráter coloquial. Assinale a alternativa que contém duas palavras ou expressões que cumprem essa função no texto. 841 a) À porta (I. 01) - ligava-se mais à importância (I. 08-09) b) postava-se (I. 02) inefável personagem (I. 08). c) Longe disso! (I. 06) - toque final (I. 17). d) uns olhinhos apertados (I. 15) - fazendo-o discursar (I. 25-26). e) indecifrável importância (I. 22) - pela barriga (I. 50). Módulo 20 Instrução: As questões de 276 a 280 estão relacionadas ao texto abaixo. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. Hoje os conhecimentos se estruturam de modo fragmentado, separado, compar timentado nas disciplinas. Essa situação impede uma visão global, uma visão fundamental e uma visão complexa. "Complexidade" vem da palavra latina complexus, que significa a compreensão dos elementos no seu conjunto. As disciplinas costumam excluir tudo o que se encontra fora do seu campo de especialização. A literatura, no entanto, é uma área que se situa na inclusão de todas as dimensões humanas. Nada do humano lhe é estranho, estrangeiro. A literatura e o teatro são desenvolvidos como meios de expressão, meios de conhecimento, meios de compreensão da complexidade humana. Assim, podemos ver o primeiro modo de inclusão da literatura: a inclusão da complexidade humana. E vamos ver ainda outras inclusões: a inclusão da personalidade humana, a inclusão da subjetividade humana, e, também, muito importante, a inclusão do estrangeiro, do marginalizado, do infeliz, de todos que ignoramos e desprezamos na vida cotidiana. A inclusão da complexidade humana é necessária porque recebemos uma visão mutilada do humano. Essa visão, a de homo sapiens, é uma definição do homem pela razão; de homo faber , do homem como trabalhador; de homo economicus, movido por lucros econômicos. Em resumo, trata-se de uma visão prosaica, mutilada, que esquece o principal: a relação do sapiens/demens, da razão com a demência, com a loucura. Na literatura, encontra-se a inclusão dos problemas humanos mais terríveis, coisas insuportáveis que nela se tornam suportáveis. Harold Bloom escreve: "Todas as grandes obras revelam a universalidade humana através de destinos singulares, de situações singulares, de épocas singulares". É essa a razão por que as obras-primas atravessam séculos, sociedades e nações. Agora chegamos à parte mais humana da inclusão: a inclusão do outro para a compreensão humana. A compreensão nos 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. torna mais generosos com relação ao outro, e o criminoso não é unicamente mais visto como criminoso, como o Raskolnikov de Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla. A literatura, o teatro e o cinema são os melhores meios de compreensão e de inclusão do outro. Mas a compreensão se torna provisória, esquecemo-nos depois da leitura, da peça e do filme. Então essa compreensão é que deveria ser introduzida e desenvolvida em nossa vida pessoal e social, porque ser viria para melhorar as relações humanas, para melhorar a vida social. 276) Assinale a alternativa que expressa, adequadamente, o sentido global do texto. a) O texto trata do modo como cada disciplina, em virtude de sua especialização, exclui alguma dimensão importante da vida humana. b) O texto apresenta uma crítica ao modo provisório como se compreendem as manifestações artísticas, que tematizam a inclusão do outro na nossa vida pessoal e social. c) O texto apresenta a argumentação de que somente fazem parte da literatura universal as obras que trazem a inclusão das dimensões humanas, do homo sapiens e do homo economicus. d) O texto trata da exclusão e da inclusão das dimensões humanas na estruturação dos conhecimentos pelas disciplinas especializadas. e) O texto aborda as diferentes formas de inclusão das dimensões humanas nas manifestações artísticas, principalmente na literatura. 277) Considere as seguintes afirmações referentes às marcas de pessoa e de tempo no texto. I - O emprego de primeira pessoa do plural, em referência exclusiva ao autor, produz um efeito de neutralidade. II - O emprego do advérbio Hoje (I. 01) permite inferir que a argumentação proposta não é válida para todo e qualquer tempo. 842 Interpretação de textos UFRGS Ill- O advérbio agora (I. 46) sinaliza a progressão dos argumentos apresentados no texto. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e lI. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 279) Assinale a alternativa em que se estabelece uma relação correta entre uma expressão e aquilo a que se refere. a) Essa situação (I. 03-04) - a existência das disciplinas. b) seu campo (I. 10) - o campo das disciplinas. c) lhe (I. 13) - nada. d) essa visão (I. 29) - a complexidade humana. e) que (I. 34) - mutilada. 278) Considere as seguintes afirmações referentes à interpretação de palavras e segmentos do texto. 280) Considere as seguintes afirmações sobre os sentidos de passagens no texto. I - As palavras fragmentado (I. 02), separado (I. 02) e compartimentado (I. 03) apresentam sentidos semelhantes no texto e estão enumeradas para conferir força argumentativa ao ponto de vista do autor sobre as disciplinas. II - A palavra estrangeiro (I. 14; 24), relacionada a alguém de uma nação diferente daquela a que se pertence, está empregada com essa acepção nas duas ocorrências. Ill - A sequência de palavras séculos, sociedades e nações (I. 45) caracteriza o aspecto de universalidade das obras-primas. I - A passagem entre aspas (I. 40-43) atesta, no texto, a presença de uma citação em discurso indireto. II - As expressões grandes obras (I. 40-41) e obras-primas (I. 44) estão referencialmente relacionadas. III - A passagem como o Raskolnikov de Dostoievsky, como o Padrinho de Copolla (I. 51-52) atesta a presença de personagens criminosos na literatura, em torno da qual o autor defende a necessidade de se compreender a criminalidade na sociedade. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas II. c) Apenas I e II. d) Apenas II e III. e) I, II e III. Quais estão corretas? a) Apenas I. b) Apenas lI. c) Apenas I e III. d) Apenas II e III. e) I, II e III. 843 Módulo 20 AGORA SIM, ACABOU!! “Um debate é uma troca de conhecimentos, uma discussão, e não uma troca de ignorâncias.” Robert Quillen, político americano. Gabarito 01.C 02.E 03.B 04.A 05.E 06.B 07.E 08.D 09.E 10.E 11.A 12.C 13.D 14.A 15.C 16.A 17.B 18.E 19.D 20.C 21.E 22.C 23.B 24.E 25.B 26.B 27.D 28.E 29.E 30.A 31.E 32.B 33.C 34.B 35.C 36.A 37.B 38.B 39.B 40.E 41.A 42.A 43.C 44.E 45.E 46.D 47.E 48.C 49.D 50.A 51.C 52.D 53.B 54.E 55.C 56.E 57.A 58.E 59.C 60.A 61.B 62.B 63.D 64.C 65.D 66.A 67.B 68.B 69.E 70.C 71.E 72.C 73.D 74.D 75.B 76.B 77.D 78.A 79.E 80.C 81.C 82.A 83.B 84.A 85.D 86.C 87.A 88.B 89.C 90.E 91.A 92.C 93.A 94.E 95.B 96.D 97.A 98.B 99.E 100.D 101.E 102.C 103.E 104.D 105.D 106.B 107.A 108.B 109.E 110.C 111.E 112.B 113.D 114.B 115.C 116.E 146.C 147.B 148.A 149.C 150.B 151.B 152.A 153.B 154.D 155.A 156.D 157.E 158.A 159.E 160.A 161.C 162.E 163.C 164.C 165.B 166.C 167.C 168.D 169.C 170.C 171.B 172.E 173.C 174.E 117.B 118.E 119.D 120.E 121.A 122.E 123.C 124.D 125.C 126.C 127.B 128.C 129.A 130.E 131.A 132.E 133.E 134.B 135.D 136.B 137.D 138.D 139.C 140.B 141.D 142.C 143.B 144.C 145.B 844 175.B 176.B 177.A 178.C 179.E 180.D 181.A 182.B 183.B 184.E 185.B 186.C 187.C 188.A 189.E 190.C 191.C 192.D 193.B 194.D 195.D 196.A 197.B 198.E 199.B 200.D 201.Nula 202.E 203.C 204.C 205.A 206.C 207.A 208.E 209.A 210.C 211.D 212.C 213.D 214.B 215.E 216.D 217.C 218.D 219.B 220.A 221.B 222.C 223.C 224.E 225.B 226.B 227.C 228.E 229.B 230.A 231.E 232.C 233.A 234.B 235.C 236.B 237.D 238.A 239.C 240.C 241.D 242.C 243.A 244.B 245.C 246.D 247.B 248.E 249.D 250.E 251.A 252.A 253.C 254.E 255.A 256.D 257.D 258.C 259.A 260.B 261.A 262.D 263.C 264.C 265.B 266.E 267.E 268.B 269.E 270.A 271.E 272.A 273.E 274.C 275.C 276.E 277.D 278.C 279.B 280.B 21 Aulas, modelos e temas de redação II Aulas, modelos e temas de redação II Aula 6 “Caráter Dissertativo” “Apenas porque você é paranóico não significa que eles não estejam atrás de você.” (anônimo) NÍVEL EXCELENTE: Predomina nitidamente o caráter dissertativo sobre as partes descritivas ou narrativas, que estão a serviço da dissertação. NÍVEL PÉSSIMO: O texto não define seu caráter dissertativo claramente. Narração e/ou descrição se sobrepõem à dissertação. Introdução - D1 D2 | | Conclusão Objetivo - Introdução - D1 D2 | | Conclusão Objetivo 847 Módulo 21 01) UFRGS 1985 Entre leituras de literatura brasileira que você já fez, uma, certamente, lhe deve ter sido mais significativa. Escreva um texto dissertativo sobre ela, sem se esquecer de identificar a obra e o autor, os motivos pelos quais a leitura foi significativa e a significação pessoal que ela teve para você. Desde já fique claro que não estará em questão o livro ou o autor escolhido (seu mérito, valor, prestígio, etc.), mas sim a reflexão que você fará. Modelo Uma Leitura Significativa 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. Diante de uma boa leitura, certamente, podemos tirar lições significativas para o resto de nossas vidas. Uma leitura marcante de minha adolescência foi “O Espelho”, de Machado de Assis. Este conto foi muito significativo para mim, pois pude perceber uma realidade social que, até então, pouco questionava. Neste conto citado, Machado critica o homem que vive de aparências, através do personagem Jacobina, que, ao ser intitulado alferes, perde seu verdadeiro Eu. Por meio dessa análise machadiana, pude tirar uma significação pessoal muito importante, a de que o valor real das pessoas está na sua alma interior e não no que aparentam ser ou possuir. Sem dúvida alguma, o que verdadeiramente dignifica uma pessoa é seu bom caráter, com o qual poderá realizar atitudes honestas e justas em prol do bem comum. Além disso, o conhecimento merece total admiração, pois é através dele que o homem evolui, tornando-se capaz de criticar e questionar valores, como o real significado das aparências. Outro motivo que me levou a apreciar essa leitura foi a crítica feita à sociedade, que instiga, cada vez mais, a valorização pessoal por meio das aparências. Por mais difícil que pareça ser, não podemos dar vazão a todos padrões impostos pela sociedade, pois, pelo contrário, da mesma forma como ocorreu no conto, acabaremos anulando nossa essência, não reconhecendo mais quem realmente somos. Diferentemente do que ocorre, a sociedade deveria incentivar e valorizar as qualidades e características de cada cidadão, sejam elas quais forem, para que, por meio delas, as pessoas possam tomar atitudes que busquem o benefício de todos e, ao mesmo tempo, a realização pessoal. Certamente, este conto de Machado impressiona muitos leitores. Vários são os motivos pelos quais “O Espelho” merece admiração, porém o principal é a forma como Machado consegue nos pôr diante de uma realidadesocialque,muitasvezes,passapornósdesapercebida,nestecaso,ainstigadavalorizaçãodasaparências. Aula 7“Competência da Argumentação” “Pergunte sempre a quem serve uma idéia.” Bertolt Brecht, escritor alemão. NÍVEL EXCELENTE: A argumentação é clara, coerente e consecutiva. Os aspectos em que o conteúdo foi dividido estão concatenados e apresentam dinâmica perceptível: por isso, o texto progride semanticamente. NÍVEL PÉSSIMO: Não se distingue o caminho da argumentação. Argumentos maiores e menores não estão hierarquizados, ou são circulares. Não há relação de anterioridade e posteridade entre eles. 848 Aulas, modelos e temas de redação II Introdução - D1 D2 | | Conclusão Objetivo - Introdução - D1 D2 | | Conclusão Objetivo - 08) UFRGS 1992 Toda viagem nos traz interessantes oportunidades de conhecimento. Independentemente do local a que nos deslocamos, da distância que percorremos e mesmo das companhias que eventualmente partilham conosco a experiência, uma viagem pode nos levar a relativizar conceitos, rever posicionamentos pessoais e retomar valores, que às vezes nos pareciam ter importância absoluta. É claro que isso nem sempre acontece. Às vezes, por mais longe que tenhamos ido ou por mais estranho que nos pareça o local a que tenhamos chegado, nossa mente não consegue dispor-se ao aprendizado. Ocorre também o caso contrário, de adquirirmos experiências muito ricas em viagens curtas, para locais próximos ou muito conhecidos, que julgávamos incapazes de nos trazer qualquer oportunidade relevante. Pois bem: sua dissertação versará sobre este assunto - as oportunidades de aprendizagem que viajar nos proporciona. Tome como base alguma experiência de viagem (sua mesmo ou de alguém que a tenha relatado, oralmente ou por escrito), e a seguir localize nela aspectos que tenham proporcionado aquelas oportunidades, de forma a que você possa relatar os dados convenientes e discuti-los em seu texto. Fique claro que não estará em julgamento nem a viagem em si (o local, a distância, a companhia, o tempo, o meio de transporte, etc.), nem o tipo de aprendizado que daí proveio, mas sim o texto que você produzirá. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a articulada em um texto argumentativo, organizado dissertativamente. 849 Módulo 21 Modelo As Experiências de uma Viagem 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. Viajar é uma das maneiras mais interessantes de se adquirir conhecimentos. Não importa o destino da viagem, pois as experiências obtidas com ela independem do lugar visitado. Há três anos, fiz um intercâmbio para o Canadá. Decepcionei-me com a cultura canadense ao perceber que seus costumes são idênticos aos dos norte-americanos. Fiquei perplexa com a carência de uma identidade cultural própria e singular. Além disso, notei que poucos jovens canadenses tinham conhecimentos sobre política, a cultura e a geografia brasileira e latino-americana. Para a maioria, o Brasil era exclusivamente sinônimo de índios, futebol e carnaval. Erroneamente, menospreza-se o conhecimento dos cidadãos brasileiros. Generaliza-se e conceitua-se a todos como indivíduos incultos. Entretanto, grande parte da nossa sociedade conhece a geografia mundial e possui algum conhecimento sobre política e economia internacional. A viagem levou-me a relativizar os meus conceitos. Antes, eu menosprezava a cultura do meu país que, embora seja em parte dominada por ideologias ianques, possui fortemente presentes características exclusivamente brasileiras. Percebe-se que, em países estrangeiros, principalmente os do Hemisfério Norte, adotam-se posições um tanto racistas e excludentes em relação aos povos do Hemisfério Sul. Rotulam negativamente os indivíduos provindos de países subdesenvolvidos. Pude perceber essa “exclusão” quando uma amiga relatou-me o intercâmbio que fez para os Estados Unidos. No bar da Universidade, ela foi a última a ser atendida, apesar de ter sido a primeira a chegar no local. O atendente deu preferência aos estudantes nativos da Universidade. Ela não sabe se foi excluída ou pelo fato de ser negra ou por ser latina. É evidente que os norte-americanos possuem uma nação bem estruturada no campo econômico. Resta saber até quando esta sociedade se manterá pioneira do desenvolvimento mundial sem relativizar urgentemente seus conceitos sobre humanização. Pela experiência obtida com o relato da viagem pude fazer um paralelo entre a cultura do Norte ao Sul. Apesar de todos os entraves que não permitem o desenvolvimento social e econômico do nosso país, o Brasil constitui-se numa nação rica pelo fato de ser mais solidária e de não ser fechada para uma só ideologia. Temos uma variedade de culturas e absorvemos a todas, na maior parte das vezes, sem preconceitos e exclusões. A experiência do intercâmbio que fiz e o relato das viagens de amigos levou-me a rever a importância de certos valores como, por exemplo, a solidariedade entre as pessoas. Além disso, passei a valorizar mais o meu povo e a dar valor a minha cultura. Aula 8 “Criticidade” “Neutro é quem já se decidiu pelo mais forte.” Max Weber, cientista social alemão. NÍVEL EXCELENTE: A análise considera dimensões qualificadas do tema. É abrangente e crítica. NÍVEL PÉSSIMO: A análise é superficial e desinformada, considerando apenas dimensões triviais do assunto. 850 Aulas, modelos e temas de redação II Introdução - D1 D2 | | Conclusão Objetivo - Introdução - D1 D2 | | Conclusão Objetivo - 05) UFRGS 1989 Como sabemos, o raciocínio a partir de hipóteses é muito produtivo, porque nos induz a estabelecer paralelos, traçar planos, prever desdobramentos. Para o caso da Universidade, ele é particularmente importante: sem dúvida, o espírito constitui a base da vida científica. Sua redação partirá de uma hipótese: suponha que a Universidade, constatando que um número relativamente alto de alunos troca de curso devido ao desconhecimento da realidade do curso escolhido, tenha deliberado oferecer a todos os alunos aprovados neste vestibular de agora a oportunidade de viverem uma experiência de um ano - antes de começarem seus estudos regulares -, ao longo do qual eles mesmos decidirão o que fazer (estágios, viagens, estudos específicos, vivências, etc.), segundo seu interesse pessoal de acordo com o curso e a profissão escolhidos. Para trabalhar sobre essa hipótese, parta do pressuposto de que qualquer experiência que você eleger pode ser realizada, sem limite de custo, de abrangência, de implicação política, de localização geográfica, etc. Para tanto, imagine qual a experiência (ou o conjunto de experiências) mais interessante, tendo em vista a hipótese de que ela deve propiciar maior conhecimento a respeito do curso a que você se destina; a seguir, demonstre as relações entre ela e suas aspirações pessoais; por fim, reflita sobre tais relações e discuta as implicações de suas idéias. 851 Módulo 21 Para executar essa tarefa, lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por apresentar um esforço de racionalização, de objetivação das idéias do autor, as quais devem ser sustentadas por argumentos plausíveis. Fique claro que não estará em questão o tipo de experiência que você considerar mais apropriado, nem o curso a que você se destina, tampouco as relações que forem estabelecidas, sob qualquer ponto de vista moral, político ou ideológico, mas sim sua capacidade de elaborar um texto dissertativo claro, coerente e bem estruturado, que atenda à solicitação feita. Modelo Experiência Profissional 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. O ingresso em uma faculdade sem o conhecimento prévio do curso escolhido pode provocar incertezas em relação à opção feita. Tal fato demonstra o quão necessária é a vivência de experiência por parte dos alunos, nas áreas vinculadas à sua profissão, a fim de que diminuam as trocas de curso e a formação de profissionais frustrados. Assim, um estudante que visa à graduação em medicina deverá visitar um hospital, para que possa entrar em contato com situações que se tornarão corriqueiras em seu futuro profissional. Além disso, ao conhecer os diversos setores de tal recinto, poderá analisar qual área da medicina é compatível com suas habilidades e, principalmente, com seus interesses. Observa-se ainda que a convivência com a rotina da profissão escolhida despertará no estudante a consciência das virtudes necessárias para o exercício de tal ofício e da grande responsabilidade depositada na figura de um médico. Verifica-se, contudo, que, apesar de ser de relevante importância o conhecimento do seu ambiente de trabalho, é imprescindível que o estudante aprenda a tratar a medicina não somente de forma científica e racional, mas também de um maneira humana. Dessa forma, é importante que o aluno trabalhe em um posto de saúde pública, onde constatará que o bom relacionamento entre o médico e o paciente é fator determinante para o êxito de um tratamento. Em virtude disso, o profissional deve expor de bom senso no uso da linguagem, evitando o emprego de termo técnicos, os quais, por serem de difícil compreensão, acarretam o constrangimento do paciente, complicando a comunicação. Além disso, devido à escassez de recursos, o estudante poderá observar que um médico que trabalha no sistema público de saúde precisa ser versátil e capaz de se adaptar às condições oferecidas, procurando, mesmo com adversidades, o melhor atendimento de seus pacientes. Nota-se que, a despeito de inúmeros fatores influenciarem na escolha profissional, o preponderante é o que se refere à compatibilidade de nossas aptidões com a profissão escolhida. Em vista disso, é fundamental que os futuros profissionais tenham contato com o ofício escolhido e, dessa forma, possam analisar se a opção feita corresponde a seus anseios e expectativas. Aula 9 “Organicidade” “A mais potente arma do opressor é a mente do oprimido.” Steve Bito, ativista político sul-africano. NÍVEL EXCELENTE: NÍVEL PÉSSIMO: O texto revela manejo adequado dos processos básicos do conhecimento e transita ordenadamente entre parte e todo, argumento e tese, simples e complexo, concreto e abstrato, próximo e distante. O texto não processa adequadamente o material que mobiliza; perde-se em detalhes quando deveria trabalhar no plano geral, ou vice-versa. 852 Aulas, modelos e temas de redação II Introdução D1 | D2 | Conclusão Objetivo - Introdução D1 | D2 | Conclusão Objetivo - UFRGS 2005 Questionar o que nos é imposto, sem rebeldias insensatas mas sem demasiada sensatez. Suportar sem se submeter, aceitar sem se humilhar, entregar-se sem renunciar a si e à possível dignidade. Pensar é transgredir. Escapar, na liberdade do pensamento, desse espírito de manada que trabalha obstinadamente para nos enquadrar, seja lá no que for. Se nos escondermos num canto escuro abafando nossos questionamentos, não escutaremos o rumor do vento nas árvores do mundo. Adaptado de: Pensar é transgredir, Lya Luft. A redação deverá ser dissertativa e versar sobre o tema: A TRANSGRESSÃO faz parte das ações humanas, ou ela pode ser entendida como violação às normas? Para escrevê-Ia, analise com atenção o tema proposto, defina seu ponto de vista e escolha argumentos consistentes que lhe dêem sustentação. As referências apresentadas a seguir têm o propósito de auxiliá-Io na contextualização do assunto em que se insere o tema. Transgressão significa a ação humana de atravessar, exceder, ultrapassar, noções que pressupõem a existência de uma norma que estabelece e demarca limites. Seu significado transitou da esfera geográfica, na qual fixava o limite para as águas do mar, à concepção ético-filosófica, que abriga desde preceitos morais e religiosos até as leis do Estado. Daí, as contraposições entre bem e mal, mandamento e pecado, código e infração... 853 Módulo 21 Ensinar o respeito ao modus operandi das sociedades e de seus sistemas tem sido o papel de pais e educadores ao longo da história. Mas todos também aprenderam que adaptar-se é conformar-se, acomodar-se. Nas ações criativas humanas, transgressor e transgredido tendem a confundir-se. Por essa razão, o ato criador não se processa em série, como numa linha de montagem predeterminada. O criador/transgressor é o agente solitário que opera a superação de si mesmo na ruptura com o mundo que o cerca. Cada um, ao buscar, ao inventar, ao tentar o ainda-não-ousado, o novo, incorre em transgressão, não como subversão da ordem, mas como implementação, como criação. Transgressão e antitransgressão movimentam-se igualmente quando se trata de suprir carências no atendimento das condições de bem-estar individuais ou coletivas. Considere o exemplo abaixo. Atitudes como essas indicam que todos somos potencialmente transgressores, pois cada um está, enquanto defensor de seu bem-estar, em rota de colisão com a comunidade. Atos como esses podem explicar, por exemplo, a sonegação de impostos, mas também estão na base de movimentos de indignação contra a má aplicação de recursos públicos e nas manifestações de defesa do meio ambiente. Leia com atenção as instruções a seguir: sua redação deverá ter extensão mínima de 30 linhas, excluindo o título - aquém disso, ela não será avaliada -, e máxima de 50 linhas, considerando letra de tamanho regular. O lápis poderá ser usado somente para rascunho; ao transcrever sua redação para a folha definitiva, faça-o com letra legível, usando caneta. 854 Aulas, modelos e temas de redação II Aula 10“Qualidade Estilística” “Podemos nos defender de um ataque, mas somos indefesos a um elogio.” Freud, médico austríaco. NÍVEL EXCELENTE: NÍVEL PÉSSIMO: Evidencia-se riqueza no texto: há frases complexas, vocabulário variado e apropriado, recursos retóricos bem usados. O texto é repetitivo e/ou trabalha com chavões; tem léxico pobre e/ou inadequado; as frases são supersimplificadas ou supercomplexificadas. Introdução - D1 | D2 | Conclusão Objetivo - Introdução - D1 | D2 | Conclusão Objetivo - 855 Módulo 21 12) UFRGS 1995/2 Muitas cidades possuem a característica de apresentar uma flutuação populacional ao longo do ano. É o que ocorre com a maioria das cidades litorâneas do sul do Brasil. No verão, época tradicional de férias, as praias são literalmente invadidas por turistas. Nesse momento, é natural que se estabeleçam as mais variadas relações entre os moradores do local e os veranistas. Os comerciantes, por exemplo, são beneficiados com o aumento do consumo. As pessoas em geral possuem muito mais opções de lazer à sua disposição. Pode ser uma boa época para fazer novas amizades ou namorar. Por outro lado, podem se estabelecer relações menos amistosas. Aumenta a competição por um espaço na praia ou nas praças de esporte. Há mais sujeira e poluição na cidade, filas nos supermercados, etc. Pois bem, sua dissertação versará sobre este tema - as relações entre os moradores de uma comunidade e os estranhos que se estabelecem temporariamente nessa comunidade. Identifique um ou mais episódios em que sua cidade tenha sido “invadida” por grupos de estranhos. Ou, então, identifique um ou mais episódios em que você tenha feito parte de um grupo que “invadiu” uma comunidade. Discuta como se dão as relações entre moradores e “invasores”. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida num texto argumentativo e organizado dissertativamente. 15) UFRGS 1997 Há muitas discussões sobre a reformulação do Concurso Vestibular. Alguns propõem sua extinção sumária; outros defendem que seja substituído por concursos isolados para as diversas carreiras acadêmicas; outros ainda advogam sua formulação parcial, sugerindo pequenos ajustes na forma atual ou propondo a existência de questões apenas discursivas em todas as provas. Como membro da comunidade na qual esse concurso é realizado, você certamente tem muito a dizer sobre a adequação do vestibular ao tipo de candidato que normalmente presta aos exames. Além disso, ainda que jamais se tenha preocupado antes com o vestibular, você está, neste exato instante, envolvido com ele. Você acha que o vestibular, na sua forma atual, seleciona de maneira eficaz os futuros alunos da UFRGS, valorizando adequadamente seus conhecimentos, habilidades e aptidões? Ou você acredita que possa haver uma maneira melhor de fazê-lo? Lembre-se de que qualquer proposta relativa ao vestibular, se eventualmente adotada pela Universidade, teria reflexos extraordinários na sociedade como um todo, e não é ao seu bem individual que a Universidade visa, e sim ao da coletividade. Pois bem: sua redação deverá desenvolver sua resposta à questão “que reformulações deve haver no Concurso Vestibular da UFRGS”. Para isso, parta de sua experiência pessoal, enuncie a(s) reformulação(ões) que considera necessária(s) e apresente motivos para sua proposta. Desde logo, fique bem claro que, para fins de atribuição de nota, não será avaliado o mérito de suas opiniões, mas sim sua capacidade de redigir um texto correto e articulado sobre o tema. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida num texto argumentativo e organizado dissertativamente. 856 Aulas, modelos e temas de redação II MODELO Reformulações no Vestibular 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. Tendo em vista que, no Brasil, não há vagas suficientes para a demanda de aspirantes ao ensino superior, faz-se necessário um processo seletivo. Com esse objetivo, o concurso vestibular apresenta-se satisfatório. No entanto, algumas reformulações poderiam ser feitas a fim de que a seleção dos candidatos torne-se mais direcionada às várias áreas de atuação dos futuros profissionais. Nesse sentido, uma medida conveniente seria realizar provas específicas ou para cada um dos cursos ou para agrupamentos de cursos afins. Dessa forma, poderiam ser avaliados com maior profundidade os conteúdos relacionados às carreiras escolhidas, o que tornaria a preparação do vestibular mais útil, além de menos desgastante. Outra vantagem da opção por essa medida é o fato de que a concorrência entre os interessados nas vagas seria mais justa. Afinal, todos estariam competindo em patamares de conhecimento mais próximos. Logo, sem dúvida, a preparação de provas específicas para os cursos, ou isolados ou afins, é muito apropriada, já que elas testariam os conhecimentos que os candidatos usarão diretamente na profissão pela qual optaram. Por outro lado, sabe-se que a realização desse tipo de concurso é bastante inviável em função do grande número de pessoas envolvidas na elaboração e na avaliação das provas. Então, uma adaptação mais acessível que a anterior é a adoção de questões discursivas, além das de múltipla escolha. Essas questões, indubitavelmente, deveriam ser específicas para cada curso e ter peso maior. Com essa medida, dividindo-se o vestibular em etapas, seria mais fácil eliminar os candidatos que não possuem os conhecimentos básicos para ingressar na universidade, na primeira fase, quando um mínimo de acertos a ser atingido deveria ser estipulado, e selecionar aqueles que se encontram mais preparados para iniciar o curso acadêmico, na segunda fase. Além disso, uma boa idéia é considerar o histórico escolar ou exames com o ENEM, claro que sem ter a mesma importância da prova do vestibular. Assim, os bons estudantes seriam valorizados e todos estimulados a prepararem-se para o vestibular ainda no ensino médio. Portanto, o concurso vestibular não pode ser eliminado, em absoluto. Afinal, ainda é o melhor meio de fazer-se a seleção dos aspirantes a uma vaga na faculdade. Entretanto, a adoção de medidas que direcionem as provasparaocursoescolhidoequelevememconsideraçãoatrajetóriaescolardoscandidatosseriaextremamente válida. 16) UFRGS 1998 Uma das nossas preocupações, ao longo da vida, é a opinião dos outros. Não é fácil enfrentar o olhar crítico das outras pessoas, especialmente das mais próximas. Ocorre que, dependendo de nossas reações à crítica alheia, podemos estar determinando a forma como interagimos com o grupo com o qual convivemos. Mas, de que maneira o valor que atribuímos à crítica dos outros afeta nosso comportamento? Estamos sempre ouvindo opiniões a nosso respeito: “Ah, o fulano é mesquinho”, “o sicrano não faz nada direito”, “você não podia ter feito isso”, “logo você, tão inteligente”. Quantas vezes esses comentários geram vergonha ou mesmo uma certa timidez? Em quantas outras, esses reparos nos encorajam a ter atitudes mais ousadas? Levada ao exagero, a postura crítica de amigos, colegas e parentes pode nos levar a ter um comportamento retraído, sem criatividade ou iniciativa. Bem dosada, no entanto, ela pode ter um efeito benéfico, banalizando nossas atitudes. De qualquer forma, não há dúvida de que é fundamental que aprendamos a lidar com críticas se queremos levar uma vida integrada com aqueles que nos cercam, seja na família, seja na escola ou no trabalho. Sua redação vai versar sobre este tema: a crítica, positiva ou negativa, e seus efeitos no comportamento do indivíduo. Para desenvolvê-la, caracterize uma experiência em que a crítica de alguém causou um efeito marcante em você, gerando algum tipo de reação. Discuta as possíveis causas e conseqüências dessa experiência, buscando avaliar qual o papel que a crítica dos outros exerce no comportamento das pessoas. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza como uma reflexão em torno de um tema. Utilize sua experiência para construir seu texto, mas integre-a a uma argumentação de caráter generalizador e organizada dissertativamente. A dissertação deve ter a extensão mínima de 30 linhas e máxima de 50, considerando letra de tamanho regular. Inicialmente, utilize a folha de rascunho e, depois, passe a limpo na folha de redação, sem rasuras e com letra legível, o que você redigiu. Utilize caneta; lápis, apenas no rascunho. 857 Módulo 21 MODELO Crítica 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. Nas relações humanas, a crítica é um requisito determinante para a interação das pessoas com o grupo a que pertencem. Aceitar ou não a opinião alheia fica a critério de cada indivíduo, podendo esse ter seu comportamento afetado, à medida que atribui sobejado valor a crítica dos outros. Dependendo da pessoa ou do grupo de quem recebemos um comentário a nosso respeito, esse repercute de forma ou mais ou menos intensa em nosso comportamento. Em um ano que iria prestar vestibular, ao manter um namoro com um rapaz que, naquela época, vivenciava uma etapa da vida mais avançada do que a minha, meus pais criticaram-me constantemente por eu dar continuidade àquele relacionamento, alegando ser ele prejudicial para mim, pois poderia desviar-me de meu objetivo principal daquele ano, o de passar no vestibular. Logo de início, essa crítica causou-me indignação e revolta, porém, por não estar segura daquele relacionamento, passei a refletir e a reavaliar a opinião de meus pais, chegando à conclusão de que, naquele momento, o melhor mesmo seria resguardar-me e esperar o vestibular passar para, então, dar prosseguimento ao namoro, pois, apesar das diferenças, eu gostava muito do rapaz. Uma crítica vinda de familiares diretos, como pai, mãe ou irmãos, sem dúvida alguma, apresenta grande significado para nós, fazendo com que reflitamos sobre a veracidade dessa opinião. Caso seja genuína, torna-se um ponto de apoio para nos auxiliar nas modificações a serem feitas em nossas atitudes e em nosso comportamento, trazendo a nós grandes benefícios, mesmo que a princípio nos pareça uma crítica sem fundamento. Uma premissa básica para se levar uma vida integrada com aqueles que nos cercam é saber lidar com a opinião alheia a nosso respeito. Para isso, ser flexível e tolerante torna-se um comportamento indispensável. Porém, quando a crítica ultrapassa sua função de auxiliar ou de alertar uma pessoa e passa a ser ofensiva e pejorativa, suas conseqüências tornam-se extremamente desagradáveis e prejudiciais para quem a recebe. São os casos, por exemplo: “Você é incapaz” ou “Tu, sempre, fazes tudo errado”. Esse tipo de crítica, além de desencorajar a pessoa e instigar sua insegurança, baixa sua auto-estima, levando-a a desistir de seus objetivos e sonhos. Conseqüentemente, torna-se uma pessoa frustada e infeliz, tendendo a ficar mais retraída e passando a se isolar cada vez mais, a ponto de comprometer seus relacionamentos com familiares, amigos e colegas. A crítica faz parte das relações humanas. Uma crítica construtiva, que auxilia e ajuda uma pessoa a seguir o melhor caminho ou que a evita de fazer uma escolha errada é fundamental para um bom relacionamento em grupo. Entretanto, uma crítica exagerada ou mal expressa pode trazer grande prejuízos para o indivíduo que a recebe, comprometendo sua auto-estima e seu relacionamento com o grupo a que pertence. Por isso, cabe a cada um de nós refletir antes de criticar e ver a verdadeira intenção da crítica ao fazê-la. 17) UFRGS 1999 A máxima esportiva “o importante é competir” parece estar tomando conta de nossas vidas. É interessante notar, no entanto, que ela pode ter, no mais da vida, significado oposto ao que tem como lema do esportista. Em seu contexto, dar o valor maior à competição significa colocar o desejo de vencer em segundo plano, com a conseqüência de o competidor respeitar as regras do jogo e o adversário. Já num mundo em que as pessoas são colocadas em constante competição, essa forma de convívio social parece ser igualada ao desejo de vencer a qualquer custo. Mas quais os limites para isso? Desde a escola, recebemos notas que nos colocam em constante comparação com nossos colegas. Com tantos candidatos por vaga para ingressar em um curso superior, não basta atender a certos requisitos acadêmicos: temos de vencer os demais. No mundo do trabalho, as coisas não são diferentes – conseguir emprego e mantê-lo significa, muitas vezes, ser o escolhido entre muitos. Enfim, somos cada vez mais estimulados e educados para a competitividade, que nos leva, freqüentemente, a colocar certos critérios de convivência em segundo plano. Esse é o caso, por exemplo, do aluno que guarda para si só a solução de um problema escolar durante a aula, sem compartilhá-la com a turma, com o objetivo de ser o único a tê-la encontrado; ou do colega de trabalho que se preocupa mais com os deslizes dos outros do que com a sua própria excelência profissional. A verdade é que, em muitos momentos, somos levados a crer que a solidariedade seria um movimento inútil e, talvez, ingênuo. 858 Aulas, modelos e temas de redação II Sua redação versará sobre este tema: a competição como fator de organização da sociedade, suas virtudes e seus efeitos negativos. Para escrevê-la, relate um episódio em que você se tenha visto em meio a um excesso de competitividade ou em que a capacidade de competir lhe tenha sido útil. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão em torno de um tema Utilize sua experiência para construir seu texto, mas integre-a a uma argumentação de caráter generalizador e organizada dissertativamente. A dissertação deve ter extensão mínima de 30 linhas e máxima de 50, considerando letra de tamanho regular. Inicialmente, utilize a folha de rascunho e, depois, passe a limpo na folha de redação, sem rasuras e com letra legível, o que você redigiu. Utilize caneta; lápis, apenas no rascunho. MODELO Competição no Vestibular 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. A competição, um critério desenvolvido a partir da disputa de várias pessoas por um determinado objetivo, está cada vez mais presente em nossa sociedade. Se, por um lado, competir traz inúmeras conseqüências negativas, por outro, é ela a responsável pelo nosso desenvolvimento e conseqüente realização no campo social e profissional. Competimos constantemente durante a vida para podermos alcançar nossas metas, entretanto, a primeira competição marcante por que passamos é, sem dúvida, o vestibular. No vestibular, a competição nos torna mais exigentes com nossos próprios resultados e com nossa vida. Dessa forma, passamos a nos cobrar por qualquer erro cometido e por passar um determinado tempo sem ter estudado. Ocorre, portanto, uma certa alienação por parte dos vestibulandos que, preocupados em ter um bom desempenho nas provas, acabam esquecendo um pouco deles mesmos. A diversão passa a ser secundária e, muitas vezes, quase inexistente, pois o principal objetivo do aluno é estudar a fim de obter vantagem sobre seus concorrentes. Com isso, o desgaste psicológico é inevitável, pelo simples fato de ninguém conseguir manter a mente saudável diante de tantas cobranças e sem momentos de lazer. Sendo assim, o vestibular se afasta dos amigos e seus pensamentos são marcados pelo medo do fracasso. Apesar das conseqüências negativas da competição, ela pode nos trazer benefícios. Ao saber que estamos disputando uma vaga muito concorrida, passamos a nos dedicar mais aos estudos, adquirindo, assim, novos conhecimentos que nos garantirão um melhor preparo. A concorrência, quando vencida, como passar no vestibular, nos dá maior auto-estima e realização pessoal por termos alcançado nossos objetivos. O aluno fica mais confiante e otimista quanto às suas potencialidades, porque conseguiu, a partir de seu esforço vencer uma batalha, marcada por momentos felizes e por outros de insegurança, ultrapassando um dos seus primeiros grandes obstáculos. Não há como fugir, portanto, da competição, pois ela está atualmente presente em todos os setores na sociedade. Deve-se, sim, competir de uma forma saudável, nunca se esquecendo dos próprios limites, a fim de tornar a competição responsável pelo aperfeiçoamento das aptidões pessoais. 18) UFRGS 2000 Os fins justificam os meios? Essa é uma pergunta recorrente que não somente perpassa muitas questões de vida pública, mas afeta, muitas vezes, nossas decisões de esfera privada. Afinal, nem sempre é fácil decidir qual é o mal ou o bem maior quando estamos em uma encruzilhada, forçados a tomar uma decisão entre duas opções sem que nenhuma delas nos pareça simples. Imagine a seguinte situação: um de seus colegas mais próximos na escola está doente e precisa realizar um trabalho de final de curso. Você está tentado a fazer o trabalho por ele, mas não está disposto a ferir a ética escolar. Qual seria a decisão mais correta frente a esse conflito? Num papel um tanto diferente, imagine, por exemplo, um professor que, num conselho de classe, precisa decidir se aprova ou não um aluno que não atingiu os objetivos em mais de uma disciplina, mas que precisa muito concluir seu curso para poder assumir um emprego já garantido. Essa seria uma situação de extremo conflito para o grupo de professores, já que eles sabem que, em alguns casos, um emprego para um egresso do Ensino Médio pode significar a chance do aluno sair da escola para uma vida integrada, enquanto a repetência pode ser um convite à marginalização. Entretanto, a ética escolar exige aprovação por aproveitamento. Aprovar 859 Módulo 21 esse aluno seria, portanto, tratá-lo de maneira especial e contrária aos princípios que devem reger tal decisão. Que fazer numa situação dessas? Este será o tema de sua dissertação: é possível relativizar um princípio ético em nome de um bem maior? Para redigi-la, valha-se de sua experiência, apresentando um episódio em que você ou alguém próximo a você esteve em uma situação de conflito ético; a partir dessa experiência, organize uma reflexão de natureza dissertativa, sustentando seus pontos de vista com argumentos consistentes. Sua dissertação deverá ter um mínimo de 30 e um máximo de 60 linhas. Você poderá utilizar lápis apenas no rascunho; na versão final, utilize caneta e componha sua dissertação em letra legível de tamanho regular. MODELO 1 O Uso da Ética 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. A vida em sociedade é regida por princípios éticos, estreitamente ligados a valores religiosos (principalmente os da Igreja Católica), princípios que podem (e devem) ser relativizados em nome de um bem maior, apesar de haver muitas discussões sobre essa relativização. Uma das áreas onde mais se discutem esses dilemas éticos é na pesquisa médica. Desde a Grécia Antiga, a medicina tem buscado o máximo conhecimento possível para proporcionar à sociedade o bem-estar. Durante a Idade Média, principalmente, e nos dias de hoje, a Igreja Católica tem, através dos seus preceitos religiosos, definido o conceito de ética. Na idade Média era considerado não-ético dissecar corpos humanos para estudo, apesar de se saber que a pesquisa traria enormes benefícios ao mundo. Analogamente, nos dias atuais, existe a polêmica acerca da pesquisa genética, em especial a clonagem de seres humanos, os quais são consideradosumaobradivina.MuitosfiéisdaIgrejaacreditandonosdogmasdesta,acabaramseguindo as orientações éticas que ela propõe, o que acaba fazendo com que boa parte da sociedade condene a pesquisa genética, sem conhecer os benefícios que ela pode trazer. Sabe-se que, durante centenas de anos, a Igreja Católica, ao invés de buscar o bem maior, ou seja, incentivar a pesquisa médica, quis manter o seu poder “divino”, lançando mão de idéias atrasadas (apesar de estarem de acordo com seus dogmas) e, assim, impedindo o desenvolvimento de novas formar de curar doenças. Essa manutenção de um rígido e inalterável padrão ético levou muitos pesquisadores à morte pela Inquisição, e muitas pessoas à morte pela impossibilidade de curar suas doenças. O embate entre a Igreja e a comunidade médica não é nada proveitoso: enquanto se impede a pesquisa, em nome de algo divino e hipotético, pessoas estão concretamente padecendo de doenças que podem vir a ser curadas. Os médicos e pesquisadores que trabalham com terapia genética, por exemplo, estão agindo corretamente, relativizando um princípio ético-religioso em nome do bem de toda a humanidade. Dessa forma, podemos ver que a relativização de um princípio ético, especialmente na medicina, é algo que, apesar de não agradar a muitos setores menos esclarecidos da sociedade ou àqueles que desejam manter seu poder “divino”, deve ser sempre aceito, em busca do bem maior, ou seja, a preservação de vidas humanas. Devemos também nos questionar se quem afirma ter a razão e o domínio da ética está de fato praticando esta ética. MODELO 2 Ética 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. A ética define as regras que regem a vida dos indivíduos, portanto é, no mínimo, prudente que se avaliem quais são os riscos e os falsos benefícios em relativizá-la. No caso da clonagem, é ainda imoral tentar reproduzir um ser humano. Muitas pessoas ditas progressistas alegam que é perfeitamente possível sobrepor um bem maior à ética. No entanto, se nos referirmos à clonagem humana, veremos que a moral deve ser seguida, proibindo a execução daquela. Se ainda não dominamos a técnica por completo, é inadmissível que seres humanos sejam cobaias de um experimento em que é necessário a morte de centenas de embriões antes de chegar-se a uma pessoa. Além disso, os indivíduos são seres únicos, dotados de livre arbítrio. Logo, não se pode impor a alguém uma estrutura física, fabricar uma pessoa a partir da vontade própria e lhe dar características semelhantes a outro ser. Em uma segunda análise, podemos pensar que, ao seguirmos a ética, estamos esquecendo-nos dos benefícios possíveis na sua relativização. Nesse âmbito, a clonagem permitiria o uso de embriões para fins terapêuticos com 860 Aulas, modelos e temas de redação II 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. o objetivo de pesquisar a cura de doenças e produzir tecidos de órgãos vitais para facilitar transplantes. Contudo, o fato de os embriões serem jogados fora após o processo remonta novamente a questões éticas. Em primeiro lugar, considerando biologicamente, os embriões são dotados de vida como nós, portanto não vale a pena matarmos uma vida, para salvarmos outra. Em segundo momento, o fato de aproveitarmos apenas parte dessa nova vida já torna em si esse tipo de clonagem um canibalismo genético que demonstra bem a que ponto individualista e inconseqüente pode chegar o homem ao brincar de Deus. Desse modo, argumentos a favor ou contra não faltam. Não obstante, se considerarmos que ainda não existem respostas definitivas sobre a clonagem ou reprodutiva ou terapêutica, o sensato é que a ética prevaleça. Assim, devemos seguir a moral quando não estamos seguros das possíveis vantagens em relativizá-la. 19) UFRGS 2001 Todo mundo diz preferir a verdade dos fatos a ser iludido. Mas são poucos os que não se sentem, de alguma forma, magoados quando descobrem a verdade. Por trás da negação de uma verdade, há o temor de se descobrir que fomos enganados, traídos, ou que simplesmente a realidade é mais dura do que podemos suportar. Este é o caso, por exemplo, da guria cujo namorado dá sinais evidentes de que está saindo com outra. Mesmo assim, ela prefere fingir que não percebeu ou inventa uma justificativa para o comportamento estranho dele. Outro caso seria aquele do colega que claramente nos prejudica no serviço e nós, para não perdermos a amizade, fazemos de conta, ou até acreditamos, que nada está acontecendo. Há outras situações em que escondemos a verdade para não passar vergonha, como quando anunciamos ao valentão da rua que não temos medo de apanhar. O fato é que, quando a verdade incomoda, a sua negação costuma ser aceita, em maior ou menor grau, por todos nós. Pois bem, sua dissertação versará sobre a seguinte questão: o que você prefere: a verdade que incomoda ou a ilusão que reconforta? Na organização de seu texto, você poderá tomar como ponto de partida sua experiência pessoal ou a de alguém que você conheça, ou poderá valer-se de seu conhecimento de mundo, expondo argumentos que sustentem seu ponto de vista. A dissertação deve ter a extensão mínima de 30 linhas e máxima de 59, considerando letra de tamanho regular. Inicialmente, utilize a folha de rascunho e, depois passe a limpo na folha de redação, sem rasuras e com letra legível, o que você redigiu. Utilize caneta; lápis, apenas no rascunho. 861 Módulo 21 MODELO A melhor opção é a verdade. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. A verdade, muitas vezes, não corresponde aos nossos anseios e, por isso, é ocultada. A criação de situações ilusórias para mascarar a realidade é uma solução momentânea para nossos problemas, entretanto pode acarretar danos como a alienação e a incapacidade de superação das adversidades cotidianas. Certa vez, pude comprovar como a falta com a verdade implica o aparecimento de problemas ainda maiores. Um amigo meu era filho adotivo, entretanto não sabia do fato, pois seus pais aguardavam o momento certo para expor-lhe a realidade. Com o passar dos anos, foi tornando-se cada vez mais difícil contar-lhe a verdade e, quando o fato foi revelado, o menino, além de sofrer demasiadamente, sentiu-se enganado. Se, por acaso, esse meu amigo pudesse ter convivido com o fato de ser filho adotivo, não teria se revoltado, mas sim teria se adaptado à situação e superado o fato com mais facilidade. Verifica-se, portanto, que a supressão da verdade apresenta-se como uma resolução momentânea das situações indesejadas, entretanto, ao nos depararmos com a realidade, os problemas atingem dimensões ainda maiores. Ao fugirmos dos males que nos assolam através da criação de mundos fictícios, intencionamos a amenização do sofrimento que esses fatos possam nos causar. Constata-se, portanto, que a mentira nos torna pessoas alheias à realidade e incapazes de superar os obstáculos da vida com mais maturidade e coragem. A escolha pela verdade, inúmeras vezes, não é fácil de ser feita, pois ela representa a superação de obstáculos que julgamos extremamente complicados. A forma mais prática encontrada para extinguirmos as adversidades é fingindo que elas não existem. Assim, nos refugiamos em devaneios, nos tornando, portanto, seres humanos alienados. A impossibilidade de lidarmos com os fatos reais faz com que, constantemente, fujamos da verdade através da idealização das situações vividas. Esse tipo de comportamento nos traz a sensação ilusória de que todos os nossos problemas foram resolvidos, entretanto eles foram somente adiados e, quando reaparecem, podem nos causar transtornos ainda maiores. Constata-se, portanto, que a verdade, mesmo que incômoda, nos torna pessoas mais fortes, capazes de superar os contratempos, enquanto a mentira nos torna pessoas despreparadas para o enfrentamento de situações difíceis. A ilusão, mesmo que reconfortante, é passageira e nos faz viver em mundos que não nos pertencem, acarretando a não resolução das questões que nos afligem. A verdade, em contrapartida, é a motivadora das ações que podem desencadear a solução de nossos problemas. 20) UFRGS 2002 Mais de uma geração já chegou à idade adulta desde a profunda mudança sociocultural conseqüente à luta das mulheres por direitos sociais semelhantes aos dos homens. Mudaram muito, ao longo das últimas décadas, os papéis que vemos homens e mulheres desempenharem em nosso cotidiano, tanto na vida pública como na vida privada. Mas que efeitos essas mudanças vêm tendo nos sentimentos de homens e mulheres, de moços e moças, de meninos e meninas? Ser homem ou ser mulher é algo que se aprende no dia-a-dia, o que significa que todos nós temos uma experiência ao mesmo tempo coletiva e individual do significado desses dois rótulos de gênero; ou seja, todos nós, ainda que nunca tenhamos pensado nisso, temos algo a testemunhar sobre os efeitos e o atual curso desse processo de mudança social. Sua dissertação versará exatamente sobre este tema: o que significa ser homem e ser mulher em seu mundo e para você. Saiba que neste trabalho você não estará sendo julgado por suas posições, idéias, sentimentos, e muito menos por sua identidade de gênero. A avaliação incidirá sobre sua capacidade de relacionar idéias e defender um ponto de vista acerca do tema. A dissertação deve ter a extensão mínima de 30 linhas e máxima de 59, considerando letra de tamanho regular. Inicialmente, utilize a folha de rascunho e, depois, passe a limpo na folha de redação, sem rasuras e com letra legível, o que você redigiu. Utilize caneta; lápis, apenas no rascunho. 862 Aulas, modelos e temas de redação II MODELO Homens no mundo das mulheres 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. 32. 33. 34. 35. 36. 37. 38. 39. 40. 41. 42. 43. 44. 45. 46. 47. 48. Todos nós sabemos que tanto o homem quanto a mulher caracterizam-se por diferentes peculiaridades. Nas últimas décadas, a definição de seus respectivos significados dentro da sociedade vem sofrendo alterações, acarretando grandes modificações sociais no tocante às suas tarefas desempenhadas na sociedade. Além disso, pode-se inferir que coube principalmente à mulher ter liderado a iniciativa de realizar todas essas mudanças, deixando ao homem uma participação secundária nessa transformação, ou seja, apenas a incumbência de moldar-se ao novo cenário social que estava por vir. Entretanto, quais foram, de fato, as razões que impulsionaram tal remodelação e quais são, atualmente, os novos significados de ser homem e mulher? Sob o aspecto histórico, nota-se que, apesar de séculos de vigência das mesmas tendências de posicionamento do homem e da mulher, calcadas numa antiga idéia hierárquica de poder na qual a sociedade era regida pelo patriarcado social, ou seja, o homem era o indivíduo ativo e dominante, a mulher conseguiu a chance de obter sua autonomia diante do homem. Foi em meados das décadas de sessenta e setenta que as modificações começaram a surgir, pois, nesse momento histórico, em todo o mundo, movimentos de jovens almejavam maior liberdade de expressão e de diligência dentro de uma sociedade muito rígida. Nesse mesmo contexto, movimentos feministas de valorização da mulher começaram a eclodir, trazendo consigo novas reivindicações para seu papel na sociedade, rompendo com o antigo significado de ser mulher, uma vez que rejeitou definitivamente a velha postura passiva e submissa à figura do homem e procurou a obtenção de igualdade de participação social. Portanto, a necessidade de auto-afirmação e independência, bem como a fundamental aquisição de consciência de que a mulher era, de fato, capaz de exercer as mesmas atividades que os homens e gozar do mesmo “status” social, alteraram e redefiniram, de forma sólida e irrevogável, a essência do significado de ser mulher. Assim, comparativamente ao passado, passaram a estar em maior número nas escolas, nas universidades, nas empresas, nas indústrias e em tantos outros lugares, afirmando a busca pelo seu novo posicionamento igualitário perante o homem na sociedade. Contudo, a razão primordial e decisiva para tamanha transmutação de significado reside em um aspecto econômico. Logo, sob tal ponto de vista, na época da ditadura militar em nosso país, fica claro que atravessamos penosas conseqüências do conhecido “milagre econômico”, nas quais o país obteve amplo crescimento, mas um tímido desenvolvimento com sérias dificuldades econômicas, acarretando a irrefutável diminuição do poder financeiro familiar das classes médias e baixas, forçando o então jovem a esquadrinhar emprego, a fim de complementar a renda familiar e, futuramente, garantir o seu próprio sustento. Por isso, nessa nova realidade, essa grande crise financeira transportou, de forma abrupta, inúmeras mulheres inexperientes para dentro do mercado de trabalho, sendo compelidas a participarem ativamente, ao lado dos homens, nos mais variados setores de trabalho. Tal conduta iconoclasta, ou seja, de ruptura com o passado ainda que inicialmente forçada pelas circunstâncias, fez a mulher abandonar permanentemente seus antigos estereótipos sociais, dando início a essa nova conceituação da mulher no âmbito social. Apesar de todas as dificuldade de adaptação, uma vez inserida nesse novo contexto social, tal conquista jamais retrocedeu, visto que as mulheres, com o passar do tempo, perceberam a enorme importância que haviam adquirido perante os homens e decidiram não mais abdicar de seus privilégios e direitos, mas sim assegurar de forma permanente suas novas funções sociais, marcando, na atualidade, a significação de ser mulher, a qual se encaminha para a plena igualdade diante do homem. O homem, por sua vez, perante essas mudanças, também alterou seu significado de ser homem dentro da sociedade e não muito pôde fazer na presença de tamanha transformação da mulher, pois, mesmo que tenha perdido o papel de soberania social, cedendo poder e prestígio às mulheres, acabou sendo um tanto recompensado em alguns aspectos. Tal aparente dicotomia é facilmente esclarecida sob a seguinte perspectiva: o homem, em sua nova postura, não só ficou livre da pesada responsabilidade de proteção e da obrigação do sustento da mulher como indivíduo de total dependência econômica, mas também percebeu, nessa nova figura feminina, uma espécie de aliada social, uma vez que a mulher não mais estaria restrita a atividades da casa e da família, mas poderia auxiliar igualitariamente na busca pelo sustento familiar, desonerando-o da árdua tarefa de ser o único a carregar todas as responsabilidade pelo suporte da família e da mulher. Dessa forma, o significado atual de ser homem é um conceito muito mais tolerante e complacente com a mulher. Entretanto, é evidente que ainda há um certo preconceito com as mulheres, mas isso reflete apenas um posicionamento machista que tende a ser minimizado com o decorrer do tempo. Sendo assim, contradizendo uma suposta tendência de que os homens 863 Módulo 21 49. 50. 51. 52. 53. 54. 55. 56. 57. 58. 59. 60. 61. 62. 63. negariam a participação da mulher devido à perda de sua autoridade e de seu domínio, a comunidade masculina de forma geral tem consentido, de bom grado, a avultada presença feminina tanto no mercado de trabalho quanto nas mais variadas atividades sociais e tem habituado-se a esse compartilhamento de tarefas, delineando, assim, as novas diretrizes da postura e do significado de ser homem na sociedade atual. Concluindo, é notório que os antigos papéis desempenhados na sociedade pelos homens e pelas mulheres não sofreram apenas pequenas mudanças oriundas da casualidade, mas sim de significativas alterações resultantes da ação conjugada de fatores históricos, culturais e econômicos, as quais conduziram homens e mulheres, concomitantemente, ao novo significado de o que é, de fato, ser homem e mulher. Por fim, por volta de cinco décadas atrás, seria um devaneio admitir a hipótese de que o significado de ser mulher alcançaria tal concepção de equivalência diante do homem, e tampouco o homem admitiria tal sólido posicionamento da mulher na sociedade. Contudo, atualmente, é impossível imaginarmos um retrocesso das conquistas femininas, pois a nova participação ativa dentro da sociedade tem provado ser tão eficiente quanto a do homem, sustentando de forma definitiva a colocação feminina no âmbito social. Portanto, na sociedade atual, o âmago do significado de ser mulher e de ser homem tende, cada vez mais, a convergir para um só ponto, exprimindo um só conceito: o conceito de igualdade. 21) UFRGS Tema Inédito É interessante notar o quanto a fantasia condiciona nossas ações no dia-a-dia, talvez porque sejamos, ainda hoje, produto das emoções. Independente da ideologia pessoal, somos inevitavelmente românticos, uma vez que, indubitavelmente, temos a necessidade de sonhar com uma relação utópica - por isso mais interessante. É justamente essa busca de mudança, essa tentativa de felicidade que faz com que optemos pela evasão: fantasiamos a todo o instante a realidade e preferimos o que a nossa imaginação constrói às imagens que nos são entregues como verdadeiras. Logicamente nem todas as realidades, contudo, são passíveis de sonho. Algumas são tão permanentes e duras, que impedem qualquer tentativa de transformação; ao contrário de outras, presas à nossa intimidade por natureza. É inevitável lembrarmo-nos também de que a fantasia é quase sempre produto dos anseios pessoais. Algumas pessoas são, inclusive, dependentes das “falsas imagens” - até porque vivemos num mundo em que o domínio visual é inegável - enquanto que outras, mais céticas por não se desvencilharem do mundo “concreto”, conseguem evitar a tentação do sonho. Assim, a imagem que acreditamos verdadeira faz com que percamos contato com a realidade à nossa volta, tornando-nos, não raro, alienados. Há, inclusive, pessoas que, embora não percebam e se julguem realistas, são verdadeiros produtos da fantasia. Pois bem: sua dissertação versará sobre este assunto - a maneira como somos atraídos e dominados pela fantasia. Para redigi-la, tome como base uma experiência pessoal (em que você acreditou na aparência fantasiosa de um produto, ou então valeu-se das fantasias criadas pelas pessoas para alcançar seu objetivo). Desde já esclarece-se de que não estarão em julgamento carácter persuasivo da fantasia que você escolheu, ou a profundidade desta, nem mesmo as lições tiradas dela, mas sim a qualidade das argumentações do texto que você irá produzir. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida num texto argumentativo e organizado dissertativamente. 22) UFRGS Tema Inédito Ainda que se manifeste em nós apenas em olhares e ações, a inveja acaba sempre nos condicionando à disputa. Com efeito, o invejoso cobiçará sempre aquilo ou aquele que resume todos os seus desejos e aspirações. Grosso modo, invejar alguém sempre pressupõe estar-se em situação inferior, desejando buscar a 864 Aulas, modelos e temas de redação II posição de outro; ser o alvo das invejas significaria estar em situação priviliegiada ou de destaque. Em síntese, a inveja surge do desejo de igualar-se (e até mesmo superar) a pessoa possuidora de algo cobiçado, de um prestígio, ou de um privilégio. Sentimento que se confunde com admiração e cobiça, a inveja é quase sempre inconsciente: manifesta-se subitamente, na maioria das vezes, seu objetivo divide-se entre elevar a pessoa invejosa, a que se encontra inferiorizada, e até tentar inferiorizar a pessoa invejada, detentora de prestígio. Quantas vezes nos vemos numa das pontas dessa amarra em que somos, mesmo que inconscientemente, admirados ou admiradores, desejados ou desejosos, cobiçados ou cobiçosos, e somos, ainda, sabedores de que o efeito dessas relações poderá ser positivo ou negativo. Pois bem: sua dissertação versará sobre este tema - os malefícios ou benefícios que a inveja pressupõe na relação entre invejoso e invejado. Utilize como base para suas análises um fato de sua experiência pessoal (que aconteceu com você, invejado ou invejoso, ou que você tenha presenciado). Desde já fica claro que não estarão em julgamento nem o caráter da experiência nem a sua posição, de invejado ou de invejoso, mas sim a qualidade dos argumentos do texto que você irá produzir. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida num texto argumentativo e organizado dissertativamente. MODELO Inveja: um sentimento antagônico. 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. A inveja é um sentimento que pode ser analisado principalmente sob duas óticas distintas. Uma pressupõe que a pessoa detentora desse sentimento sente-se inferiorizada por ou não ser ou não possuir algo que deseja e, por isso, extrapola valores éticos na busca de seus objetivos. A outra pressupõe que a inveja seja fruto de uma admiração positiva e do desejo de encontrar-se em semelhante situação do ser invejado, sem, para isso, prejudicá-lo, mas sim alcançar o sucesso por méritos próprios. Certa vez, pude verificar como a inveja pode ser enfrentada de diferentes formas. Quando era criança, constatava certa disputa em relação à obtenção de um bom desempenho escolar. Percebi que, em todas as crianças, inclusive eu, aflorava um sentimento competitivo que as tornava individualistas. Negavam-se a compartilhar o conhecimento adquirido com as demais colegas, intencionando, com isso, não darem a oportunidade de alguém tornar-se mais sábio do que elas. Verifiquei, entretanto, que essas atitudes não acarretavam no alcance do sucesso desejado. A partir dessa constatação, comecei a empenhar-me mais em meus estudos para alcançar meus objetivos sem prejudicar as pessoas que me cercavam. Percebi, então, que a inveja pode servir as pessoas que a possuem como um estímulo para atingirem a posição de destaque que tanto almejam, assim como tornar-se um sentimento capaz de arruinar a vida de ambas as pessoas envolvidas nessa relação de cobiça. Precisa-se utilizar essa vontade de igualar-se aos outros de forma positiva, fazendo com que ela funcione como motivadora das ações que possam desencadear o êxito que desejamos. A inveja, contudo, encontra-se difundida como um sentimento ruim, capaz de deteriorar as relações interpessoais, acarretando males, muitas vezes, irremediáveis. Quando utilizamos esse sentimento de forma impulsiva, podemos transformá-lo em uma obsessão prejudicial, não somente à pessoa vitimada por nossa admiração demasiada, mas também a nós mesmos. A inveja sempre é utilizada com a finalidade de nos equipararmos às pessoas que consideramos bem sucedidas. Existem, entretanto, diferentes formas desse sentimento ser conduzido. Verifica-se, contudo, que a escolha a qual julgamos ideal nem sempre é a correta e, por isso, pode acarretar conseqüências como o total fracasso na busca de nossos sonhos e a deterioração de nosso relacionamento com a pessoa invejada. 865 Módulo 21 23) UFRGS Tema Inédito Toda injustiça produz constrangimentos. Ser ou estar injustiçado significa a ausência de defesa e de uma verdade absoluta. É claro que a injutiça varia de acordo com os “olhos” de quem a faz ou de quem a sofre. Há pessoas que, freqüentemente, a cometem, atingindo-nos, e, entretanto, para a pessoa injustiçada esse é um fato não passível de esquecimento. Notadamente há sentimentos que giram em torno desse problema, tornando-o mais delicado: ocorre que dificilmente pode-se perceber o quanto se atinge, mas somente o quanto se é atingido. Por isso, o ato de sofrer uma injustiça leva primeiramente a um sentimento negativo, misto de raiva e orgulho, ainda que tais sentimentos possam trazer consigo profundas transformações. Pois bem: sua dissertação versará sobre este assunto - as causas da injustiça e as conseqüências que tal fenômeno acarreta na convivência entre as pessoas. Tome como base uma experiência pessoal em que haja um injustiçado (você, ou alguém que você selecionar) e, após, argumente acerca das causas e conseqüências. Fique claro que não estarão em julgamento nem o teor da injustiça, nem a intensidade das conseqüências para ambas as partes, mas sim o texto que você deverá produzir. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida num texto argumentativo e organizado dissertativamente. A dissertação deve ter a extensão mínima de 30 linhas e máxima de 50, considerando letra de tamanho regular. Inicialmente, utilize a folha de rascunho e, depois, passe a limpo na folha de redação, sem rasuras e com letra legível, o que você redigiu. Utilize caneta; lápis, apenas no rascunho. MODELO 1 Injustiça leva à solidão 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. Nas mais diversas situações de nossa vida, sentimo-nos sozinhos; mesmo estando em meio a um grande grupo de pessoas, temos a sensação de que estamos sós no mundo, na maioria das vezes, sem que aqueles que nos querem bem estejam cientes disso. Por exemplo, no vestibular passado, não obtive aprovação por míseros dois pontos na redação. Senti-me a pessoa mais injustiçada que existia e, também, a mais sozinha, pois ninguém podia me ajudar. A injustiça me levou à solidão porque somente eu sabia o que era ter um sonho impedido de se realizar devido a um fator que certamente não teria importância em minha vida profissional. Meu esforço emaprendertudooqueerapossívelnãofoilevadoemconsideração,poissomos,sempre,maisavaliadospelosnossoserrosdo que pelos acertos. Apenas eu sabia o que era ter de passar outro ano estudando as mesmas matérias por causa de dois pontos a mais que alguém julgou que minha redação não merecia. Conseqüentemente, essa sensação de estar sozinho, aliada à de injustiça, criou uma vontade quase irresistível de desistir. Por saber que durante as provas tudo depende de mim e não confiar cegamente em meus conhecimentos, tive a impressão de que, não importava o quanto estudasse ou a quantidade de vezes que tentasse, nunca conseguiria ser aprovado, pois o meu esforço não era avaliado, e, desse modo, meus erros sempre se sobressaíam aos acertos. E isso me fez ver que era preciso aprender a ser mais auto-suficiente, pois não será em todas as situações que poderei encontrar suporte noutra pessoa para solucionar um problema, e o vestibular é uma delas. Se não tiver segurança em minhas ações, será cada vez mais difícil obter êxito ao realizá-las. Assim, a solidão pode acontecer em situações e ser causada por motivos que parecem ser os mais adversos a esse sentimento. Em meu caso, a injustiça fez com que me sentisse sozinho, porque ninguém poderia mudar o fato de eu ter sido reprovado por uma razão tão medíocre. Mas, mesmo sendo extremamente desagradável, a solidão exibiu seu lado bom, útil ao mostrar-me que não posso ser dependente de outros em meus atos, pois, em muitas vezes, não será possível obter esse auxílio. 866 Aulas, modelos e temas de redação II MODELO 2 A Injustiça 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. A injustiça consiste num problema social. Sua causa é histórica e as conseqüências são bastante prejudiciais para a maioria da população. O regime socioeconômico brasileiro, o capitalismo, estimula as injustiças, como se pode ver desde a época colonial, quando o Brasil era uma colônia de exploração. Infelizmente, essa situação não sofreu grandes modificações. O capital continua concentrado nas mãos de poucos, os escravos da época são os miseráveis de hoje, que continuam sendo explorados e vitimados pela injustiça. O desejo das elites que estão no poder é acumular capital, enriquecendo às custas do povo. Esta é a principal causa da injustiça social, uma vez que os governantes optam por satisfazer suas ambições pessoais em detrimento das necessidades do povo, que carece, muitas vezes, de casa e comida. Como conseqüência da falta de recursos básicos, causada pela injustiça, parte dos jovens afetados opta por conseguir melhorar de vida ilicitamente. A partir daí, aliada à impunidade, surge a onda de violência assola o país. O jovem pobre cansou de trabalhar sendo mal remunerado e de ter que se contentar com pouco. Infelizmente, alguns optam pelo mundo do crime e as classes altas procuram-se defender, seja através de grades, seja através de seguranças particulares. O fato é que eles se defendem da situação criada por eles próprios. A injustiça, tanto na distribuição de renda quanto nas diferenças educacionais, causa exclusão e essa trouxe a sensação de que existem dois mundos no Brasil: o das elites, repleto de luxo e riqueza, e o das grandes massas populares em que o dinheiro obtido através do trabalho não paga sequer a comida. Ocorre que esse processo “defende-ataca” provoca um ódio mútuo e as elites começam a criar a imagem do pobre como ladrão e perigoso, gerando o principal preconceito,osocial.Atravésdele,alémdediscriminararbitráriaeinjustamenteomiserável,ospoderososconseguiram descreditar os movimentos populares, como o movimento sem-terra. Isso é de grande interesse das elites, pois, com a falta dos movimentos, o povo não toma consciência e é muito fácil manipular uma multidão ignorante. Portanto, deve-se tanto lutar contra as causas, denunciando a corrupção, quanto atacar as conseqüências, pois a violência e o preconceito devem ser combatidos. 24) UFRGS Tema Inédito Sabemos que nossa liberdade não tem preço, porque, embora num mundo onde a disciplina seja essencial, necessitamos ser livres. Mas liberdade não pode ser confundida com libertinagem, afinal liberdade depende também de regras. Logo, não estar disciplinado, além de confirmar nosso desapego no exercício de ir-e-vir, caracteriza desperdício. Por outro lado, há disciplinações que ocorrem naturalmente: em geral as pessoas almoçam ao meio-dia, dormem à noite, tomam café da manhã. Tudo nos leva a crer que, em termos de sociedade, ainda não aprendemos a ser livres porque a liberdade é para nós algo muito recente. Se isso for verdade mesmo, o que precisamos é disciplinar razoavelmente o que conquistamos. Contudo, há os desagravos da ordem: regras, atitudes ou medidas, pessoas, enfim, um variado contingente de situações que acabam minando a liberdade. Quando isso ocorre, geralmente sofremos conseqüências sérias. Perder a liberdade, afinal, parece ser tão difícil quanto perder a própria identidade, visto que acabamos cedendo o nosso espaço individual de mundo - o que provavelmente seja a única riqueza verdadeira e nata. Pois bem: sua dissertação versará sobre este tema – a maneira como agimos ante a perda da liberdade. Para delimitá-lo, identifique um episódio representativo, de experiência pessoal (em que você tenha sentido essa perda, tenha a imposto a alguém, ou apenas tenha tomado conhecimento). Apresente a experiência como embasamento aos seus argumentos e não como uma simples ilustração. Fique claro que não estarão em julgamento nem a veracidade dos fatos citados, muito menos a qualidade de ambos, mas sim as argumentações daí decorrentes. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida num texto argumentativo e organizado dissertativamente. 867 Módulo 21 25) UFRGS Tema Inédito Num mundo onde todos querem vencer, é um tanto natural convergirmos nossas ambições ao plano individual. Fato é que essa “competição de eu’s” leva à realização de poucos que, estando em iguais condições, acabam vitoriosos devido ao talento individual. É este o fator decisivo em uma concorrência, o talento: aquele dom nato para a música ou para a dança, aquela habilidade com números, aquela facilidade de lidar com o público, ou ainda aquela voz imponente que não só envolve os ouvintes, mas também os conquista. Todavia, mesmo que sejamos eficientes naquilo que fizermos, estaremos correndo o risco de não obtermos destaque, ou cairmos no lugar-comum. Assim, ainda que haja disciplina e aplicação, não haverá novidade. O resultado será algo sem alma, porque faltará identidade. Seremos, então, mestres, donos de uma técnica que é comum a tantos outros, e o efeito não terá a “nossa cara”. Tudo indicaria a ausência de genialidade, obtida através desse estalo chamado talento. Quantas vezes nos surpreendemos com uma incrível atitude ou feito de alguém? E quantas vezes nos surpreendemos com nós mesmos e aplicamos aquele soco no ar? Quantas vezes escolhemos o ramo em que sabemos que vamos nos dar bem, “temos talento para isso, para aquilo”. Além disso, impressiona o fato de cada um de nós possuir uma qualidade totalmente própria, um elemento destoante que nos torna individualmente singulares, socialmente dinâmicos e, pessoalmente, talentosos. Pois bem: sua dissertação versará sobre este tema - a importância do talento para o progresso individual. Para isso, utilize como ponto de partida uma experiência pessoal em que você tenha descoberto seu talento, ou se destacado em conseqüência dele. Você pode fazer relações, como a de obter êxito devido ao talento, ou a de ter sido derrotado por outra pessoa mais talentosa. Fique claro que não estarão em questão a amplitude do talento nem a complexidade dos fatos em si, mas sim o texto que você irá produzir e a qualidade dos argumentos aí expressos. Lembre-se de que você está sendo solicitado a redigir uma dissertação, texto que se caracteriza por um esforço de reflexão racional em torno de um tema. Valha-se de sua experiência como ponto de partida, mas apresente-a inserida num texto argumentativo e organizado dissertativamente. MODELO A força do Talento 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. As inúmeras profissões existentes no mercado de trabalho levam o indivíduo a questionar-se no que diz respeito à conciliação de seu talento singular com uma carreira dotada de futuro promissor. Inerente a esse fator, ao longo do aprendizado profissional, comumente percebe-se que algumas pessoas destacam-se em determinadas atividades, extravasando talento e eficiência dinâmicos, ocultos inconscientemente. Um exemplo claro de tal fato é o que ocorre com ginastas que, hoje, possuem notável destaque entre a sociedade, fruto de esforço e dedicação sisudos. Embora o objetivo da maioria desses jovens profissionais, cuja habilidade faz irromper aplausos da platéia, seja, muitas vezes, dedicar-se ao lazer de realizar conspicuosas exibições, a valorização de seu talento na atividade citada, tanto pelos familiares quanto pela mídia, proporciona um aumento da auto-estima, os quais incentivam a acuidade nos treinos e a confiança no potencial próprio. Ao favorecer o aprimoramento dessa qualidade nata, a própria sociedade, já que é perceptível a boa aceitabilidade entre o público, imisciu-se na profissão de jovem a fim de garantir o progresso individual através do respeito e da importância relegados a esse, fato que resultará em maior empenho e satisfação da parte do profissional. Entretanto, nem sempre qualquer talento acarreta notável reconhecimento, uma vez que a tradicional sociedade não diversifica suas preferências, ou seja, no Brasil a cultura apresenta-se deparada em relação ao esporte. Mesmo que haja excelentes pianistas, por exemplo, nas escolas de música, esse dom discriminado pode suscitar a frustração do indivíduo, visto que, percebendo que a tal genialidade não é igualmente estimada dentro da sociedade, impossibilita que a identidade torne-se passiva de aprimoramento individual no campo almejado. Haja vista a carência de apoio social ao talento, o anterior benefício que poderia proporcionar destaque no meio profissional esmaece em detrimento dos ditames de sociedade, fazendo com que o destoante dom permaneça latente no indivíduo. Em síntese, o talento é certamente um elemento favorável no desempenho de nossas tarefas, porém deve ser valorizado acima de tudo pelo próprio indivíduo por estimular sua realização profissional, isentando-se dos valores explorados pela mídia e aprimorando suas capacidades integrais. 868 Aulas, modelos e temas de redação II 26) UFRGS 2003 Nesta prova você deverá fazer uma redação de caráter dissertativo sobre o seguinte tema: Pode o amor servir de justificativa para qualquer atitude tomada em nome dele? Para redigii-la, reflita sobre a questão proposta, estabeleça seu ponto de vista e apresente argumentos que o sustentem. Para auxiliá-lo na compreensão do assunto, seguem algumas considerações. O amor se manifesta de diversas maneiras na vida das pessoas. Há o sentimento que temos por nossos pais, filhos, irmãos e amigos. Há o amor afeição e desejo que une os casais, como também o amor paixão, aquele que, às vezes, leva alguns a esquecerem-se de si mesmos, e outros a cometerem até desatinos. Existe também o amor que dedicamos à pátria e a outras causas que consideramos nobres. O amor faz parte da vida e revela diferentes expectativas do ser humano. À luz de sua crença, Gandhi profere: “Dai-me um povo que acredita no amor e vereis a felicidade sobre a terra”. Camões consagra o tema com os versos: “Amor é fogo que arde sem se ver/ É ferida que dói e não se sente/ É um contentamento descontente/ É dor que desatina sem doer”. Lupicínio afirma: “Há pessoas com nervos de aço/ Sem sangue nas veias/ E sem coração/ Mas não sei se passando o que eu passo/ Talvez não lhes venha qualquer reação”. Geraldo Vandré grita seu amor à pátria assim: “Nas escolas, nas ruas, campos, construções [...]/ Há soldados armados, amados ou não/ Quase todos perdidos de armas na mão/ Caminhando e cantando e seguindo a canção [...]”. O modo como entendemos o amor e as atitudes que tomamos em nome dele tendem a variar de acordo com o tempo, com a cultura e até mesmo com os valores de cada um. Os relacionamentos que no tempo de nossos avós significavam compromisso atualmente podem se traduzir por ficar. A dedicação às causas, significativa em vários momentos da hiostória, hoje pode se manifestar diferentemente do passado. Parece estar mudando até a forma de interpretar os laços sentimentais entre cônjuges, amigos, irmãos, pais e filhos, laços que, por vezes, são relegados a um segundo plano em razão de interesses pessoais. Atenção: a redação deverá ter uma extensão mínima de 30 linhas e máxima de 50, considerando letra de tamanho regular. Você poderá utilizar lápis apenas no rascunho; ao passar a limpo na folha definitiva, use caneta e escreva seu texto com letra legível. MODELO O Amor e a Sociedade Contemporânea 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. A faculdade de amar é intrínseca à natureza humana. Entretanto, percebemos uma forte tendência de o homem desvalorizar o amor e distorcer seu significado, inclusive, usando-o como justificativa para alguma atitude impensada. Contudo, devemos ter em mente a importância e as contribuições que esse sentimento pode nos trazer. Ao longo de seu desenvolvimento, os grupos humanos vêm trabalhando de diferentes formas com o amor, alguns valorizando-o, outros negligenciando-o. O certo é que, hoje, notamos uma propensão de o homem moderno entendê-lo de maneira mais egocêntrica, restringindo-o ou ao seu âmbito familiar, ou ao seu círculo de amizades ou à ficção de telenovelas. Além disso convivemos também com a deturpação de seu conceito, o que corrobora para que esse sentimento seja, em diversas situações, utilizado como justificativa para ações irracionais e egoístas. Foi dessa forma, conclamando o amor pela Alemanha, que Hitler cativou adeptos a sua ideologia e promoveu uma guerra mundial. Da mesma maneira, nossa sociedade sofrerá as drásticas conseqüências dos atos dos anônimos que, diariamente, cometem crimes ditos passionais, espancam seus filho no intuito de educá-los e roubam suas empresas para melhor proverem sua família. No entanto, devemos considerar que a pessoa que verdadeiramente ama não deseja o mal a outrem, nem se contrapõe à razão. Ao contrário, alia-se a ela na tentativa de melhorar a si mesma e às outras. Assim, percebemos que esse amor puro e altruísta jamais poderia ser usado como desculpa para algo errado. Por outro lado, sabemos que esse sentimento, quando despido de quaisquer artifícios, pode servir de motivação para inúmeros atos realizados em nome dele. Dessa forma, podemos citar Madre Tereza de Calcultá, Betinho, Gandhi, Jesus como pessoas que amaram verdadeiramente ao próximo e fizeram desse amor sua razão de viver, lutando passivamente pela eliminação das desigualdades sociais e pela afirmação do amor entre todos os homens. Logo, podemos concluir que esse sentimento, há muito tido como piegas, deve ser reinterpretado pela sociedade moderna e efetivamente incorporado a ela. Para tanto, os bons exemplos são essenciais, pois só através deles seremos capazes de dimensionar a importância do amor como única via para a transmutação e a evolução da humanidade. 869 Módulo 21 27) UFRGS 2004 Sua redação deverá ter caráter dissertativo e focalizar o seguinte tema: Nos dias de hoje, ter esperança é lutar pela concretização de projetos pessoais, ou significa alimentar utopias? A dissertação pressupõe reflexão acerca do tema proposto, a definição de um ponto de vista e a sustentação deste mediante argumentos consistentes. Por isso, apresentamos, a seguir, informações que têm a finalidade de auxiliá-lo na contextualização do assunto. Historicamente, foi o Renascimento que inaugurou uma perspectiva cultural centrada no homem e na sua ilimitada capacidade de renovar-se. A ciência, a cultura e as artes atuaram como coadjuvantes da euforia provocada pelas grandes descobertas científicas e pelas conquistas ultramarinas, revitalizando as esperanças do ser humano. A modernidade assinala uma revolução industrial e cultural que realimenta sem parar a demanda tecnológica. Computadores permitem, hoje, através da internet e da comunicação sem fronteiras, a circulação de riquezas, a simultaneidade das informações, encurtando distâncias e transformando o mundo numa aldeia global. Ao mesmo tempo, parece estar triunfando uma espécie de pensamento único, que tende a homogeneizar as aspirações e as ações dos indivíduos, levando-os a se comportar de acordo com os padrões sociais do momento e, por vezes, a se acomodar e a abandonar os próprios sonhos. Albert Camus diz, à luz de sua concepção, o que significa ter esperança: Já se disse que as grandes idéias vêm ao mundo mansamente, como pombas. Talvez, então, se ouvirmos com atenção, escutaremos, em meio ao estrépito de impérios, e nações, um discreto bater de asas, o suave acordar da vida e da esperança. Alguns dirão que tal esperança jaz numa nação; outros, num homem. Eu creio, ao contrário, que ela é despertada, revivificada, alimentada por milhões de indivíduos solitários, cujos atos e trabalho, diariamente, negam as fronteiras e as implicações mais cruas da história. Como resultado, brilha por um breve momento a verdade, sempre ameaçada, de que cada e todo homem, sobre a base de seus próprios sofrimentos e alegrias, constrói para todos. Acalentamos a esperança de concretizar projetos de vida, esperamos conquistar um lugar na Universidade, no mercado de trabalho, construir relações afetivas. Sonhamos com um futuro melhor para nós, para nossa família e para a sociedade em que vivemos. Esperamos ser felizes... E a realidade que nos cerca ainda permite ter essas esperanças? Reflita sobre isso e desenvolva sua redação, posicionando-se frente à questão proposta no tema. Leia com atenção as intruções a seguir: sua redação deverá ter extensão mínima de 30 linhas, excluindo o título - aquém disso, ela não será avaliada -, e máxima de 50 linhas, considerando letra de tamanho regular. O lápis poderá utilizar ser usado para rascunho; ao transcrever sua redação para a folha definitiva, faça com letra legível, usando caneta. MODELO Esperança 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. Devido às dificuldades impostas pela sociedade para que os indivíduos conquistem o que almejam, é comum que se tenha esperança. Porém, tal esperança deve servir como (forma de incentivo e não de acomodação. Ter esperança é de extremada importância para as pessoas que desejam fazer novas conquistas. Pode-se evidenciar tal fato com os vestibulandos, que devido à esperança de serem aprovados no vestibular, motivam-se a estudar, para dessa forma, tornar possível a realização de seus desejos. A esperança é importante, pois na sua ausência, os candidatos por não acreditarem na realização de seus desejos, desistem do seu objetivo. Assim, percebe-se que ser um indivíduo esperançoso garante a resistência de certo esforço para que a conquista almejada passe do campo da imaginação para o real. Entretanto, é preciso limites para a esperança, de forma que ela não seja a responsável pela aquisição de utopias. É o caso daqueles vestibulandos que por estarem sempre idealizando a sua aprovação acham o estudo desnecessário para eles, transformando, assim, seu objetivo em uma utopia, caso em que a demasiada esperança é responsável por gerar a certeza da aprovação do candidato, envolvendo-o em uma fantasia, o que deixará o indivíduo frustrado, pois os fatos nunca ocorrerão do modo que ele imaginou. Dessa forma, é possível que a esperança pode também prejudicar o indivíduo quando ela for tida como fator principal para a conquista do objetivo, inserindo, assim, o indivíduo em uma utopia. Enfim, ter esperança é fundamental para tornar possível a realização de projetos, quando ela for utilizada como forma de incentivo. Porém, a esperança, quando posta acima dos esforços para viabilizar o projeto, gera utopias. Portanto, o melhor a se fazer é ter esperança, mas sem deixar com que ela se torne o principal foco. 870 Aulas, modelos e temas de redação II 28) UFRGS 2006 Você tem de escrever um texto de caráter dissertativo abordando o tema: Basta ter TALENTO para conquistar um lugar no mundo? Na dissertação, analise o tema proposto, delimite um ponto de vista e escolha argumentos que o subsidiem. As informações que seguem têm o intuito de auxiliá-lo na contextualização do assunto. A palavra TALENTO, em seu primeiro sentido, designou uma moeda e uma medida de peso da era greco-romana. Depois, passou a significar inteligência excepcional, aptidão natural, noção que fundamentou a parábola do Evangelho de Mateus, segundo a qual um senhor distribuiu entre seus três servos talentos proporcionais à capacidade de cada um para que eles os fizessem render frutos. Hoje, escolas se dizem fábricas de talentos, agências de publicidade divulgam seus talentos, gestores de empresas bem-sucedidas creditam seu sucesso aos talentos da sua equipe de trabalho. Talentos em todos os lugares... Daiane dos Santos, campeã de ginástica, é exemplo bem contemporâneo de talento. Historicamente, conquistar um espaço no mundo tem sido aspiração do homem. Goethe, precursor do movimento romântico, resumiu sua trajetória da seguinte forma: “Para ser o que sou hoje, fui vários homens [ ]. Tudo o que sei custou as dores das experiências”; e Kennedy manifestou muito mais do que eloqüência ao proferir que o limite do homem é o limite de seus sonhos. Descobrir os próprios talentos implica a busca pelo autoconhecimento e também pressupõe a interação do indivíduo com a realidade e com seu grupo social. Isso nos leva a pensar no ser humano como um eterno discípulo da vida. Mesmo que suas conquistas e idéias estejam associadas a coisas simples, elas envolvem dedicação e empenho. Construa esta redação usando o seu TALENTO! Leia atentamente as instruções: sua redação deverá ter extensão mínima de 30 linhas, excluindo o título – aquém disso, seu texto não será avaliado -, e máxima de 50 linhas, considerando letra de tamanho regular. Lápis poderá ser usado apenas para o rascunho; ao passar sua redação para a folha definitiva, faça-o com letra legível e utilize caneta. 871 Módulo 21 29) UFRGS 2009 As condições de vida de uma população podem ser avaliadas a partir de parâmetros sociais, tais como renda, acesso a emprego, a educação, a serviços sanitários, a bens de consumo, entre outros. Observe os dados abaixo, relativos ao Rio Grande do Sul no período de 2006 a 2007, retirados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, realizada pelo IBGE. AUMENTOU DIMINUIU RENDA: de R$ 993,00 para R$ 1.007,00. O RS está em 7° lugar, atrás de DF (1°), SP, RJ, SC, PR e MS. TRABALHO: de 66,6% para 66,2%. O RS supera o PR (65,8%), mas perde para SC (67,2%). A média nacional é 62%. MULHER no comando da família: de 31,9% para 34,7%. TRABALHO INFANTIL (crianças de 10 a 14 anos): de 13,3% para 12,4%. A média nacional é 10,1%. EMPREGO em serviços: de 36,1% para 36,5% ESCOLARIZAÇÃO (crianças de 7 a 14 anos): de 98,4% para 97,9%. SC tem 99% de cobertura. REDE DE ESGOTO: de 80,4% para 83,1%. Ainda é o 5°, perdendo para SC (86,2%). TELEFONE: de 89,5% para 89,1%. Continua acima da média nacional (77%), só perdendo para o DF (95,7%). ÁGUA ENCANADA: de 84,4% para 85,3% dos domicílios. COLETA DE LIXO: de 89,4% para 90,8%. É o 6°, atrás de SC (91,2%). COMPUTADOR: de 25,5% para 29,7%. Está abaixo de SC (37,4%). O campeão é O DF (48,4%). Adaptado de: Zero Hora, 19 set. 2008 Tendo observado esses dados, – associe-os a um ou mais parâmetros sociais; – defina, a partir do(s) parâmetro(s) selecionado(s), o seu ponto de vista acerca das condições de vida das pessoas que residem no Rio Grande do Sul; e – redija uma redação, de caráter dissertativo, explicitando o seu ponto de vista, incluindo, se julgar conveniente, sugestões para o desenvolvimento do estado. Instruções: 1. Crie um título para seu texto e escreva-o na linha destinada a este fim. 2. Redija uma redação com extensão mínima de 30 linhas, excluído o título - aquém disso, seu texto não será avaliado -, e máxima de 50 linhas, considerando-se letra de tamanho regular. 3. As redações que apresentarem segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco terão esses espaços descontados no cômputo total de linhas. 4. Lápis poderá ser usado apenas no rascunho; ao passar sua redação para a folha definitiva, faça-o com letra legível e utilize caneta. 872 Aulas, modelos e temas de redação II 30) UFRGS 2011 É indiscutível que o professor é fundamental para o progresso de qualquer sociedade. Sob sua responsabilidade, formam-se vários profissionais, e, por este fato, a profissão de professor é muitas vezes apelidada de "profissão das profissões". Entretanto, só isto não basta para caracterizar sua dimensão. É preciso olhar para o professor com olhos de quem quer ver um país melhor. Disponível em: <http://www.angola24horas.com/index.php?option=com_content&view=article&id = 2949: banaliza ndo-o-professor-que-sociedade-a-construir&catid=23:angola24horas&Itemid=34>. Observe, abaixo, dados de pesquisa realizada em 2009 pela Fundação Carlos Chagas sobre a atratividade da carreira docente no Brasil, divulgados por Zero Hora, em 2010, em matéria intitulada Jovens evitam ser professor. 1.501 jovens entrevistados, cursantes do Onde estudam 3° ano do Ensino Médio 93% escola particular 56% mulheres 34% escola pública 44% homens Considerou ser professor no processo de escolha profissional 67% não pensou em ser professor 32% pensou em ser professor 1% sem resposta Adaptado de: Zero Hora, 4 set. 2010, p. 44. Com relação a cursos universitários de Licenciatura, ou seja, que preparam para a profissão de professor, observe os dados que seguem, referentes à oferta de vagas e ao número de candidatos inscritos nos concursos vestibulares da UFRGS de 2005 e de 2011. Oferta de vagas e n° de candidatos CV/UFRGS/2005 Curso Educação Física Filosofia Física - Noturno Geografia - Diurno Geografia - Noturno História - Diurno História - Noturno Letras Matemática - Diurno Matemática - Noturno Química - Noturno Teatro Oferta de vagas e n° de candidatos CV/UFRGS/2011 Total de N° de Densidade Vagas Candidatos 78 1.048 13,44 60 305 5,08 30 151 5,03 30 169 5,63 30 231 7,70 40 448 11,20 45 506 11,24 132 845 6,40 45 275 6,11 45 252 5,60 30 152 5,07 15 74 4,93 Curso Educação Física Filosofia - Noturno Física - Noturno Geografia - Diurno Geografia - Noturno História - Diurno História - Noturno Letras Matemática - Diurno Matemática - Noturno Química - Noturno Teatro Total de N" de Densidade Vagas Candidatos 78 293 3,76 40 121 3,03 35 60 1,71 30 91 3,03 33 79 2,39 50 211 4,22 60 273 4,55 132 448 3,39 45 78 1,73 45 83 1,84 20 57 2,85 15 65 4,33 Considerando os dados dos quadros de oferta de vagas e de número de candidatos inscritos nos vestibulares de 2005 e de 2011 para os cursos de Licenciatura da UFRGS, – avalie por que a profissão de professor se encontra desprestigiada entre os jovens; – ilustre sua avaliação com dados da pesquisa realizada pela Fundação Carlos Chagas e com dados comparativos de 2005 e 2011 de um ou mais cursos da UFRGS constantes nos quadros acima; e – redija uma redação de caráter dissertativo, justificando e defendendo seu ponto de vista; inclua também sugestões para a revalorização da profissão de professor em nossa sociedade. Instruções: 1. Crie um título para seu texto e escreva-o na linha destinada a este fim. 2. Redija uma redação com extensão mínima de 30 linhas, excluído o título - aquém disso, seu texto não será avaliado -, e máxima de 50 linhas, considerando-se letra de tamanho regular. 3. As redações que apresentarem segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco terão esses espaços descontados do cômputo total de linhas. 4. Lápis poderá ser usado apenas no rascunho; ao passar sua redação para a folha definitiva, faça-o com letra legível e utilize caneta. 873 Módulo 21 31) UFRGS 2012 Observe a figura abaixo. Disponível em: <http://revistalingua.uol.com.br/textos.asp?codigo=12426>. Acesso em: 21 novo 2011. Os dados da figura mostram que a língua portuguesa no mundo está em evidência; assim, as comunidades dos países lusófonos, em especial o Brasil, vêm se destacando no cenário econômico mundial, como se observa na linha ascendente do gráfico na figura. À medida que aumenta o número de pessoas que falam a língua portuguesa no mundo, especialistas em língua e literatura portuguesas lançam instigantes reflexões acerca do nosso idioma em fóruns de discussão. Com base nessa informação, leia o texto a seguir. 874 Aulas, modelos e temas de redação II A Língua Portuguesa é [ ... ] objecto das nossas preocupações; começo por citar a frase de um escritor moçambicano - Mia Couto - que usa a língua portuguesa como o veículo transmissor da sua cultura e da sua criatividade. A frase é simples, mas de um grande alcance universal - “o mar foi ontem o que o idioma pode ser hoje, falta vencer alguns Adamastores”. Parafraseava o autor uma forte e bela imagem literária, criada por Luís de Camões, querendo significar as grandes dificuldades que as naus portuguesas enfrentaram na descoberta desse mar que “naufrágios e perdições de toda a sorte” causavam a quem se aventurava na sua conquista. A figura do Adamastor chegou até aos nossos dias como o símbolo mítico e utópico dos obstáculos que é preciso vencer quando desejamos algo de muito importante. [ ... ] A expansão, a adaptação e o enriquecimento que a Língua Portuguesa foi sofrendo ao longo do tempo valorizaram-na e tornaram-na veiculadora de múltiplas culturas. Sendo, além disso, língua comum de uma grande comunidade de países dispersos pelos quatro continentes, a língua portuguesa poderá reforçar a cooperação entre os povos e assumir um papel preponderante no diálogo entre as nações. Isso implica um conjunto de desafios que é tarefa de todos nós assumirmos através de adopção e execução de políticas, estratégias e acções verdadeiramente mobilizadoras. Adaptado de: BOAL, Maria Eduarda. Os Adamastores da Língua Portuguesa Disponível em: <http://observatorio-Ip.sapo.pt/pt/f/questoes-de-Iingua>. Acesso em: 21 novo 2011 Este texto revela que a “última flor do Lácio” criou raízes e gerou frutos; ao cruzar mares atravessar fronteiras, acabou por constituir uma comunidade que compartilha a mesma herança linguística, mas não a mesma identidade. Cada uma dessas comunidades construiu suas memórias com base na história que edificou. Ademais, em alguns desses territórios, a língua portuguesa também acabo por se renovar, por apresentar uma feição singular, pois objeto de criação dos falantes de cada comunidade lusófona. Nessa perspectiva, o nosso idioma é, antes de tudo, uma entidade social que como tal, se movimenta através do tempo e adquire novas configurações, edificando sua história. Assim é certo que os países lusófonos, em alguma medida, revelam determinada identidade no cenário econômico mundial, mas, ao mesmo tempo, é da manifestação particular dessa língua em cada pai lusófono que a noção de pertencimento a uma Nação se constrói tanto em territórios da Europa, quanto da África, da Ásia e da América. Considerando - que é por intermédio do nosso idioma que nossa identidade enquanto Nação se configura, - que essa identidade se revela na percepção da língua portuguesa como herança, como memória e como criação e - que cada um desses aspectos pode ser observado não só dentro de nós próprios como no âmbil coletivo, nacional e global, – escolha um ou mais desses três aspectos que você julgue importantes acerca da língua portuguesa; – determine como e por que eles representam, para essa língua, algum tipo de “Adamastor”; e – redija uma redação, de caráter dissertativo, justificando sua escolha e defendendo seu ponto de vista. Instruções: 1. Crie um título para seu texto e escreva-o na linha destinada a este fim. 2. Redija uma redação com extensão mínima de 30 linhas, excluído o título - aquém disso, seu texto não será avaliado -, e máxima de 50 linhas, considerando-se letra de tamanho regular. 3. As redações que apresentarem segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco terão esses espaços descontados do cômputo total de linhas. 4. Lápis poderá ser usado apenas no rascunho; ao passar sua redação para a folha definitiva, faça com letra legível e utilize caneta. 875 Módulo 21 32) UFRGS 2013 Chamamos atenção para isto: não há comicidade fora do que é propriamente humano. Uma paisagem poderá ser bela, graciosa, sublime, insignificante ou feia, porém jamais risível. Riremos de um animal, mas porque teremos surpreendido nele uma atitude de homem ou certa expressão humana. Riremos de um chapéu, mas, no caso, o cômico não será um pedaço de feltro ou palha, senão a forma que alguém lhe deu, o molde da fantasia humana que ele assumiu. [ ... ] Já se definiu o homem como “um animal que ri”. Poderia também ter sido definido como um animal que faz rir, pois se outro animal o conseguisse, ou algum objeto inanimado, seria por semelhança com o homem, pela característica impressa pelo homem ou pelo uso que o homem dele faz. BERGSON, Henri. o Riso: ensaio sobre a significação do cômico. Rio de Janeiro: Zahar, 1983. O trecho acima foi extraído do livro O riso, uma reunião de três artigos publicados por Bergson, em 1899, que constituem um verdadeiro tratado sobre o humor. O tema abordado pelo filósofo permanece atual, como se pode depreender do aumento significativo do espaço social reservado às manifestações humorísticas. No Brasil, muito se produz em matéria de humor. Nos jornais de grande circulação, escritores e chargistas fazem diariamente a crônica bem humorada da política e dos costumes. Emissoras de rádio destinam espaços valorizados a programas que debatem temas atuais em uma atmosfera descontraída, com estímulo a brincadeiras e a comentários jocosos. Emissoras de televisão, além de contarem com os tradicionais programas humorísticos, têm investido em novos formatos, como entrevistas com apresentadores comediantes e programas que fazem um misto de jornalismo e humor. Casas de teatro têm sido palco para uma nova leva de humoristas, que, com apenas um microfone e muitas histórias para contar, divertem plateias cada vez mais numerosas. Na internet, além dos sites que reproduzem piadas de autoria desconhecida, há os que apresentam uma produção própria, com textos, vídeos e charges animadas, satirizando políticos e celebridades. A profusão dessas manifestações revela uma ampla liberdade de expressão, para cuja conquista o humor também teve sua parcela de contribuição. Jornalistas, escritores e comediantes saúdam essa liberdade, entendendo que o espaço para o humor não está a serviço apenas da diversão, mas também da crítica social. Há, contudo, quem considere que, no exercício dessa liberdade, excessos estejam sendo cometidos. Em resposta a isso, alguns afirmam não ser possível provocar o riso sem incomodar, já que o humor se constrói a partir de um olhar crítico sobre o comportamento humano. Considerando a popularidade atual do humor, manifestado nas mais diversas formas, em diferentes meios de comunicação, e as reações da sociedade a essas manifestações, redija uma dissertação sobre o papel e os limites do humor na sociedade. Instruções A versão final do seu texto deve: 1 - conter um título na linha destinada a esse fim; 2 - apresentar argumentos para a defesa de um ponto de vista sobre o tema proposto; 3 - ter a extensão mínima de 30 linhas, excluído o título - aquém disso, seu texto não será avaliado –, e máxima de 50 linhas. Segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco terão esses espaços descontados do cômputo total de linhas. 4 - ser escrita, na folha definitiva, à caneta e com letra legível, de tamanho regular. 876 Aulas, modelos e temas de redação II 33) UFRGS 2015 ( ... ) Amigo é coisa para se guardar no lado esquerdo do peito, mesmo que o tempo e a distância digam não, mesmo esquecendo a canção. O que importa é ouvir a voz que vem do coração, pois, seja o que vier, venha o que vier, qualquer dia, amigo, eu volto a te encontrar. Qualquer dia, amigo, a gente vai se encontrar. Canção da América (Milton Nascimento e Femando Brant) A música Canção da América, composta por Milton Nascimento e Fernando Brant, de onde foi extraída a passagem acima, fala daquela amizade capaz de resistir à distância e ao tempo, característica de uma época em que o contato físico entre amigos era a forma mais usual de aproximação. Era um tempo em que se valorizavam os poucos e verdadeiros amigos. Atualmente, com a conectividade das redes sociais, a realidade é outra. Hoje é possível manter-se em contato contínuo com pessoas que estejam em qualquer lugar do planeta, o que pennite multiplicar de modo expressivo o número de amizades. Paradoxalmente, o apego ao mundo virtual parece estar promovendo um outro tipo de distanciamento, já que não é incomum, hoje em dia, ver amigos reunidos em um mesmo ambiente físico, mas isolados uns dos outros pela força atrativa dos tablets e dos smartphones. Levando em conta esse cenário, reflita sobre o tema a seguir. Na sua opinião, o que é a amizade nos dias de hoje? Para tanto, você deve: - expressar a sua opinião sobre o que caracteriza a amizade nos dias atuais; - apresentar argumentos que justifiquem o ponto de vista assumido; e - organizar esses argumentos em um texto dissertativo. Instruções A versão final do seu texto deve: 1 - conter um título na linha destinada a esse fim; 2 - ter a extensão mínima de 30 linhas, excluído o título - aquém disso, seu texto não será avaliado –, e máxima de 50 linhas. Segmentos emendados, ou rasurados, ou repetidos, ou linhas em branco terão esses espaços descontados do cômputo total de linhas. 3 - ser escrita, na folha definitiva, à caneta e com letra legível, de tamanho regular. 877 Módulo 21 01) UFCSPA 2006 Questão de Redação A vida de todo indivíduo é marcada por episódios e experiências que assinalam pontos decisivos de sua história pessoal, verdadeiras passagens entre um estado e outro, entre uma fase e outra. Em grupos indígenas, por exemplo, é comum acontecer que a entrada na adolescência seja caracterizada por um período de recolhimento do menino ou da menina, quando este(a) aprende certas lições mediante reflexão e, em alguns casos, chega a receber um outro nome. Em culturas ocidentais, ocorrem determinados eventos que marcam a transição para um novo momento de vida, tanto no âmbito religioso quanto na esfera social ou na vida escolar, tudo indicando para o adolescente que ele passa a ser diferente do que era até então. A passagem para a idade adulta também pode ser marcada por certos ritos, certas práticas: o primeiro emprego, a saída da casa da família, etc. O próprio vestibular, ao lado de ser um conjunto de provas para ingresso em um curso superior, assume um aspecto ritualístico, com rotinas e expectativas que os jovens precisam atender, correndo os riscos que todos conhecemos. Passar ou não passar no vestibular, conseguir ou não um bom emprego logo de saída, conquistar ou não o namoro desejado talvez não impliquem uma alteração simbólica com a dimensão da troca de nome acima referida, mas certamente deixam marcas profundas em quem vive a experiência. Pois bem: sua redação vai versar sobre o processo de passagem para a idade adulta. Tome sua experIência pessoal como referência ou sirva-se de histórias de outras pessoas (familiares, amigos, personagens que você conheceu na literatura, no teatro ou no cinema). Para pensar sobre o tema, você pode explorar dimensões que lhe pareçam relevantes, tais como contexto histórico, expectativas sociais, mudanças de regras culturais ao longo dos tempos. Apresente sua reflexão . acompanhada por breve relato narrativo de alguma situação concreta . na forma de uma dissertação. Para a avaliação de seu texto, o que estará em causa não será a natureza do relato, nem o sucesso ou o fracasso da experiência mencionada, nem tampouco o âmbito em que ela ocorreu (se na sua família ou não, se com você mesmo ou não, se no campo da busca de emprego ou do namoro, etc.), mas, sim, sua capacidade de discutir o tema proposto, relatando o episódio a ele vinculado, e de organizar sua reflexão na forma de um texto dissertativo. Sua redação deverá ter no mínimo 25 linhas e ser escrita à caneta; lápis, apenas no rascunho. 02) UFCSPA 2007 A seguir, você encontrará dois temas para a elaboração de sua redação. Os textos ou fragmentos servem de apoio para produzi-la e trazem orientações próprias que deverão ser observada nessa produção; Escolha apenas XP dos temas apresentados e coloque o respectivo número do tema escolhido no quadrado acima do título da VERSÃO DEFINITIVA, que será entregue à parte; Apresente, na VERSÃO DEFINITIVA, sua redação de forma legível e sem rasuras. Utilize apenas caneta esferográfica azul ou preta; Não serão aceitas rasuras. Utilize as expressões “ digo”, ou “isto é´, caso alguma palavra necessite de correção. Em seguida, escreva a sua forma correta; Não identifique a VERSÃO DEFINITIVA com códigos, número de inscrição, assinaturas, palavras ou marcas que permitam identificação; Sua redação deverá ter no mínimo 25 linhas e no máximo 40 linhas e deve ser escrita à caneta. 878 Aulas, modelos e temas de redação II TEMA 1 – TEXTO DISSERTATIVO “Ao certo ninguém sabe, mas calcula-se - por baixo - que existam maus de 500 000 embriões humanos congelados em clínicas de fertilização mundo afora. (...) Alguns embriões serão usados por quem deseja ter mais filhos, outros – com explícito consentimento prévio - serão doados ou utilizados em poucas e limitadas pesquisas científicas, visto que seu destino mais evidente, os experimentos com células tronco, ainda patina em tortuosas considerações. (...) O que fazer com embriões não utilizados?” Revista Veja, 22 de março de 2006, p. 114. BRASIL Clínicas de reprodução assistida: 150 Embriões armazenados: 10 000 oficialmente; cerca de 30 000 de fato Prazo máximo de armazenamento: não há Destruição: proibida oficialmente, realizada na prática. Os embriões armazenados há mais de três anos que tiveram o aval dos donos podem ser destinados à pesquisa Legislação: cinco projetos de lei estão em discussão. O controle, informal, é feito pelo Conselho Federal de Medicina Quadro adaptado da Revista Veja, 22 de março de 2006, p. 114. Baseado nas informações acima e em outras que você tenha tido acesso, redija um texto dissertativo no qual você se posicione contra o tema proposto ou a favor dele. EMBRIÕES: DO LUXO AO LIXO TEMA 2 – TEXTO PERSUASIVO Laboratório em casa Exames domésticos evitam idas inúteis ao médico e fazem bem ao sistema de saúde “Na última década, as áreas que mais ganharam destaque na medicina foram as de prevenção e de diagnóstico precoce de doenças. Testes caseiros, além de contribuírem para a detecção de distúrbios ainda incipientes, fazem um bem danado ao sistema de saúde.” Revista Veja, 4 de fevereiro de 2004, p. 67. 85 Perguntas que podem salvar sua vida Veja ouviu 35 médicos de catorze especialidades sobre um novo tipo de paciente: ele chega ao consultório bem informado sobre a sua saúde Revista Veja, 19 de abril de 2006, p. 96. A relação médico-paciente tem se alterado ao longo dos anos. Hoje, muitos pacientes chegam aos consultórios informados e gabaritados; podem participar mais ativamente das decisões sobre a própria saúde. A mudança de hábitos avança e é motivo de intensa discussão. Os textos transcritos anteriormente constatam essas novas mudanças e discutem as relações entre o homem e a medicina. Com o apoio nesses textos e em outras informações que você possua, redija um texto persuasivo no qual tente convencer seu interlocutor sobre o seguinte tema: 03) UFCSPA 2008 OS MÉDICOS AINDA SÃO NECESSÁRIOS? 879 Módulo 21 Nesta prova estão sendo apresentados dois temas, e você deverá escolher apenas um deles para desenvolver sua redação. Em cada um, há fragmentos de textos que podem auxiliá-lo na compreensão dos assuntos propostos. Para produzir seu texto, considere as seguintes informações: O texto deverá ter extensão mínima de 25 linhas e máxima de 30, considerando-se letra de tamanho regular. O texto dissertativo deverá apresentar idéias organizadas, de acordo com a norma culta da língua escrita, fundamentar-se em argumentos consistentes e valer-se de relatos que sustentem o seu posicionamento. Evite cópias dos textos da prova. O texto persuasivo, organizado segundo a norma culta da língua portuguesa, deve expor sua tese de modo a convencer o interlocutor. Faça o rascunho de seu texto, revise-o e, a seguir, passe a limpo na folha definitiva que está devidamente identificada. Na folha definitiva, não é permitido o uso de corretivo líquido. Caso cometa algum equívoco, risque-o e reescreva-o. Não serão corrigidos textos a lápis. Textos que não abordarem um dos temas propostos e que não tiverem o número mínimo de linhas proposto NÃO serão considerados. TEMA 1 Há uma polêmica em curso, e ela está tendo repercussão nacional, com várias pessoas, algumas muito conhecidas, manifestando-se através da mídia sobre o uso de animais em experiências de laboratório. ”Sim”, responde na Folha de São Paulo, a professora e filósofa Sônia Teresinha Felipe e lista para isso alguns argumentos, dentre eles “as descobertas científicas que mais contribuíram para prolongar a vida humana resultaram basicamente de observações e estudos clínicos, e não de testes feitos em animais”. “Mas as experiências com animais”, diz, na mesma Folha de S. Paulo, o professor e médico Luiz Eugenio de Araújo Moraes Mello, “são absolutamente necessárias”. Ele não hesita em afirmar que “a interrupção da experimentação animal representaria a morte de uma parte importante da ciência”. (Zero Hora, A Cena Médica - Moacyr Scliar, 24/11/07 – adaptação) O princípio dos três “erres” - A preocupação no meio científico em relação a experimentos com animais começou na Inglaterra logo após a Segunda Guerra Mundial, em 1947, com trabalhos da Universities Federations for Animal Welfare (Federação de Universidades para o Bem Estar Animal) discutindo questões éticas relacionadas às cobaias de laboratórios. Em 1959, o zoologista William M. Russel e o microbiologista Rex L. Burch apresentaram para a comunidade científica o livro The Principles of Humane Experimental Techinique (“Os princípios da técnica experimental humana”), no qual propunham o princípio do “3R’s” na pesquisa científica: Redução, Refinamento e Substituição (em inglês, Reduction, Refinement, Replacement). Os pesquisadores definiam os três erres como, respectivamente, a busca e desenvolvimento tecnológico de métodos que minimizassem a incidência e a severidade de procedimentos científicos em animais, principalmente no campo da toxicologia experimental; a diminuição do número de animais utilizados; e o emprego de materiais não sensitivos, substituindo os métodos “in vivo pelos in vitro”. (http://www.comciencia.br – fragmento – acesso em outubro/07). Com base nas informações acima, elabore um texto dissertativo, manifestando sua opinião sobre o seguinte tema, lançado por Moacyr Scliar em sua coluna no Jornal Zero Hora: Pode, ou deve a ciência abrir mão de experiências com animais de laboratório em nome de princípios éticos? 880 Aulas, modelos e temas de redação II TEMA 2 Todos os dias, infelizmente, acontecem acidentes. Pessoas sofrem cirurgias de urgência. Elas aguardam que pessoas façam um gesto de solidariedade e doem sangue para reabilitar a vida. Não só os acidentados precisam de transfusões. Quem sofre queimaduras e os hemofílicos, por exemplo, também necessitam delas. Se cada cidadão saudável doasse sangue pelo menos duas vezes por ano não seriam necessárias campanhas emergenciais para coletas de reposição de estoques. O sangue não tem substituto e por isso a doação voluntária é fundamental. Uma simples doação pode salvar muitas vidas. Inclusive a sua. E lembre-se: os intervalos para doação são de 60 dias para homens e de 90 dias para mulheres. (Fonte: http://www.hemocentro.rs.gov.br, acesso em out/2007) Transfusão de sangue é seguro? A prática de selecionar criteriosamente os doadores, bem como as rígidas normas aplicadas para testar, transportar, estocar e transfundir o sangue doado, fizeram dele um produto muito mais seguro do que já foi anteriormente. Apenas pessoas saudáveis e que não sejam de risco para adquirir doenças infecciosas transmissíveis pelo sangue, como Hepatites B e C, HIV, Sífilis e Chagas, podem doar sangue. Antes de toda doação, o candidato é submetido a um teste de anemia, à aferição de seus batimentos cardíacos, pressão arterial e temperatura e respondem a um questionário detalhado sobre a sua saúde e sobre seu comportamento. Somente após essas etapas, é que o candidato estará aprovado para a doação de sangue. Todo o sangue doado será rigorosamente testado para as doenças passíveis de serem transmitidas pelo sangue. Algumas curiosidades sobre o assunto: a cada dois segundos, algum paciente necessita de transfusão de sangue no Brasil; cerca de 1 em cada 5 pessoas que são internadas no Hospital necessitará de transfusão de sangue durante o período em que permanecer internada; três é o número de vidas que são salvas com cada doação de sangue; o sangue representa cerca de 7% do peso corporal de um indivíduo adulto; qualquer pessoa com boa saúde, entre 18 e 65 anos de idade e com mais de 50 kg de peso, pode ser doadora de sangue. (http://www.prosangue.sp.gov.br – acesso em outubro de 2007 - adaptação) Considerando as informações contidas nos fragmentos acima e outras que você possua acerca da importância da doação de sangue para a saúde e a vida de muitas pessoas, produza um texto persuasivo, dirigido a seus futuros colegas, convidando-os a se engajar na campanha de doação de sangue que você está organizando. Lembre-se de que seu texto não deverá ser assinado; assuma, apenas, um pseudônimo. 881 Módulo 21 04) UFCSPA 2009 REDAÇÃO Texto de apoio 1 - O Bicho Vi ontem um bicho Na imundície do pátio Catando comida entre os detritos. Quando achava alguma coisa, Não examinava nem cheirava, Engolia com voracidade. O bicho não era um cão. Não era um gato, Não era um rato. O bicho, meu Deus, era um homem. Texto de apoio 2 - Manuel Bandeira Gastos com “pets”: luxo ou necessidade? No Brasil, a indústria de produtos e serviços envolvendo animais de estimação deve movimentar, este ano, US$ 3,3 bilhões (cerca de R$ 6 bilhões), segundo a Anfal Pet (Associação Nacional dos Fabricantes de Alimentos para Animais de Estimação). Os dados revelam que em relação ao ano passado o crescimento é de 17%. Os cuidados com os bichinhos de estimação são arrojados e exigentes, mas podem custar caro. A estudante do curso de Direito Larissa Nogueira, 23, falou que gasta, em média, R$ 1 mil por ano com o cachorro Foster, da raça Cocker Spaniel. “Cuido dele como se fosse um filho”, diz a estudante. O valor inclui consultas e vacinas de raiva, pneumonia e leishmaniose. Entre os mimos, Larissa fala que não dispensa ossinhos e ursinhos de pelúcia, que, garante, são os preferidos de Foster. O cuidado com a alimentação é reforçado, assim como a água, que é mineral, gelada e trocada várias vezes ao dia. Foster em breve ainda terá plano funerário. (RODRIGUES, Mara. Gastos com “pets”: luxo ou necessidade? Disponível em <http://meditorial.blogspot.com/2007/10/ gastos-com-pets-luxo-ou-necessidade.html> Acesso em: out. 2008) TEMA 1 – TEXTO DISSERTATIVO Os textos acima transcritos evidenciam uma profunda inversão de valores: seres humanos tratados como animais e animais tratados como seres humanos. Reflita sobre o tema e, com base em informações a que você tenha acesso e em sua experiência de vida, elabore um texto dissertativo no qual você se posicione sobre o tema: QUAIS SÃO AS CAUSAS DA INVERSÃO DE VALORES POR QUE PASSA NOSSA SOCIEDADE? TEMA 2 – TEXTO PERSUASIVO Com base nos textos acima transcritos e nas demais informações a que você tenha acesso, redija um texto persuasivo no qual você tente convencer o dono de um animal de estimação a gastar menos com seu animal e investir mais em ações sociais para minimizar a miséria e a fome entre os menos favorecidos Tome por base o seguinte tema: TRATAR GENTE COMO GENTE E ANIMAIS COMO ANIMAIS. Escolha uma entre as duas propostas acima apresentadas. Posicione-se, a partir do exposto, selecione argumentos pertinentes e consistentes em defesa de seu ponto de vista e elabore seu texto com base no tema e na tipologia textual por você escolhida. Não assine ou identifique seu texto. No caso de escolha do texto persuasivo, assine como “um vestibulando”. Seu texto deverá ter de 30 a 35 linhas. Use a folha de rascunho que se apresenta com a prova e passe o texto a limpo na folha de redação, com letra legível e a caneta (azul ou preta). Serão anulados textos que não abordem o tema proposto, que não contemplem a tipologia textual escolhida, que forem ilegíveis, escritos a lápis ou com número insuficiente de linhas. 882 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 51 Como a televisão brasileira pode contribuir para a melhoria das condições de vida das populações mais pobres? PUC Tema 52 Na era da informática, as possibilidades e as conseqüências do mais novo tipo de relacionamento entre as pessoas: a amizade virtual. PUC Tema 53 As dificuldades encontradas no cotidiano pelas pessoas não familiarizadas com as máquinas eletrônicas PUC Tema 54 “Como explicar que uma geração bem nutrida e cercada de conforto, que freqüentou escola e teve à disposição as melhores oportunidades de vida, escolha por vocação a prática da violência?” Instrução: Responda ao questionamento, apontando e discutindo possíveis causas para a violência entre os jovens que formam a geração mencionada. PUC Tema 55 “A agressividade é inerente ao ser humano”. Instrução: Posicione-se em relação à afirmação e fundamente seu ponto de vista mostrando como essa característica humana se revela no cotidiano. PUC Tema 56 “Dê um trote legal”. Instrução: Discuta a possibilidade de o “trote” ser uma experiência positiva e fundamente sua opinião com exemplos. PUC Tema 57 O excerto que segue foi retirado de uma entrevista concedida pelo professor José Murilo de Carvalho, que leciona História do Brasil na Universidade Federal do Rio de Janeiro, à revista Época, e publicada em 23 de agosto de 1999. Época: Como se poderia comemorar os 500 anos em grande estilo? José Murilo: Há muitas maneiras de comemorar 500 anos. A pior é uma festa a que o povo assista bestificado, como fez na Proclamação da República. A três meses da data que assinala a chegada dos portugueses ao Brasil, considere o seu significado e as palavras do professor José Murilo e apresente sugestões de iniciativas que possam envolver efetivamente os brasileiros no registro dos 500 anos desta História, explicitando as razões de sua proposta. 883 Módulo 21 PUC Tema 58 Em maio de 1999, a revista Época realizou uma pesquisa nacional para verificar o que o povo brasileiro pensa de si mesmo. Reproduzimos abaixo uma das questões e as respectivas respostas, que poderão auxiliá-lo na elaboração do seu texto. Época: Qual destes dois conceitos melhor descreve o povo brasileiro? Trabalhador ................62% Sem imaginação ........22% Tolerante .....................78% Esperto.........................58% Incompetente............22% Injusto ..........................23% Honesto .......................70% Triste .............................20% Frio ................................20% Criativo.........................76% Violento .......................38% Pessimista ...................29% Competente ...............76% Justo .............................73% Irresponsável .............22% Alegre ...........................79% Afetivo..........................79% Egoísta .........................28% Pacífico.........................59% Otimista .......................69% Autoritário ..................25% Preguiçoso ..................35% Responsável ...............76% Intolerante ..................19% Trouxa ..........................40% Generoso.....................70% Desonesto...................27% Democrata ..................71% Selecione os traços que, na sua opinião, melhor caracterizam o modo de ser e agir do brasileiro, mostrando como eles influem (positiva ou negativamente) sobre nossa vida. PUC Tema 59 A mesma pesquisa apresentou, ainda, a seguinte pergunta: Época: Você considera o povo brasileiro preparado para a modernidade? Sim 29% Não 68% E você, o que responderia? Sim? Não? Em parte? Se você optar pelo tema 59, deixe claro seu posicionamento em relação à pergunta formulada pela revista Época, sustentando-o com fatos e/ou exemplos da realidade, e discutindo outros aspectos que lhe parecerem relevantes ao tema. PUC Tema 60 “O professor que desrespeita a curiosidade do educando, seu gosto estético, sua inquietude, sua linguagem, que ironiza o aluno, que o minimiza, que manda que ele “se ponha no lugar” ao mais tênue sinal de rebeldia legítima, tanto quanto o professor que se exime do cumprimento de seu dever de propor limites à liberdade do aluno, que se furta ao dever de ensinar, transgride os princípios éticos de nossa existência.” (p. 66) Considerando que cada nível de ensino requer um professor com características particulares, e que você está às portas da Universidade, disserte sobre a questão abaixo. Que características deve possuir um professor universitário para ser considerado competente? 884 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 61 “Saber ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou construção. Quando entro em uma sala de aula, devo agir como um ser aberto às indagações, às inibições dos alunos; um ser crítico e inquiridor, inquieto diante da tarefa que tenho – a de ensinar, e não a de transferir conhecimento.” (p. 52) Considerando que a aprendizagem depende de inúmeros fatores, entre eles o comprometimento do próprio aprendiz, disserte sobre o tema abaixo. O papel do aluno na construção do seu próprio conhecimento. PUC Tema 62 “A autoridade coerente democrática, fundamentando-se na importância de si mesmo e da liberdade dos educandos para a construção de um clima e real disciplina, jamais minimiza a liberdade. Empenha-se em desafiá-la sempre e sempre; jamais vê na rebeldia da juventude um sinal de deterioração da ordem.” Considerando eu um ambiente propício à construção do conhecimento pressupõe disciplina e autonomia, disserte sobre a questão abaixo. Como conciliar liberdade com responsabilidade na escola? PUC Tema 63 “A principal coisa da vida não é o conhecimento, mas o uso que fazemos dele”. (Talmud) “A ciência não é a deusa benfeitora exaltada pela Renascença, pelo Iluminismo e pelo Neopositivismo Lógico. É sua função capital estar a serviço da humanidade. Ser, na sugestiva e apropriada expressão cunhada por Edgar Morin em 1982, uma ‘ciência com consciência’. Analise as afirmações acima e discuta o tema que elas apresentam, apoiando suas idéias em fatos da realidade. PUC Tema 64 Estamos cercados por descobertas da inteligência humana que nos ajudam a viver mais e melhor, embora não tenhamos plena consciência disto. Tendo como ponto de partida a idéia acima, discuta os aspectos positivos do desenvolvimento científico, apresentando exemplos. PUC Tema 65 A revista Época publicou recentemente os dados abaixo, resultantes de enquete da qual participaram 1.190 pessoas: ÉPOCA: O desenvolvimento da genética poderá permitir que se escolham as características de um ser humano. Quais delas você considera mais importantes? Não escolheria. Acho isso errado do ponto de vista moral e (ou) religioso........... 50,2% Inteligência ............ 43,9% | Beleza ............ 3,5% | Força e habilidades físicas........... 2,4% Posicione-se sobre o tema, sustentando seu ponto de vista com argumentos consistentes e, se for o caso, indicando livremente características que considera importantes para um ser humano. 885 Módulo 21 PUC Tema 66 A prática de um esporte – ou mesmo seu acompanhamento como torcedor/a – pode ter repercussões positivas sobre o ser humano, tanto como indivíduo quanto como membro de uma coletividade. Reflita sobre sua experiência como esportista ou torcedor/a, ou sobre a realidade à sua volta, e elabore seu texto apontando e analisando um ou mais benefícios que o esporte traz ao ser humano. Apóie seus argumentos em fatos da realidade. MODELO O Esporte a Integração Social 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. 24. 25. 26. 27. 28. 29. 30. 31. O esporte é uma prática que socializa as pessoas. Instintos animais –obstinação, garra, força – agregam-se às peculiaridades psíquicas humanas – como a razão e a abstração -, resultando em uma paixão que une milhões de pessoas em todo o mundo. Para grande parcela da população mundial, o futebol é visto como o esporte mais apaixonante e um dos mais violentos da atualidade. A paixão e a violência, entretanto, não são vistas exclusivamente dentro dos limites do campo, mas principalmente fora deles. Os torcedores, ao contrário da maioria dos atletas, amam o futebol não pelas cifras que este movimenta, mas pelo “alívio social” que proporciona. A escolha de um time, contrariando qualquer teoria vinda de um torcedor fanático, é mera casualidade. Ao entrar em um estádio, o torcedor quer, e consegue, participar de algo maior do que a sua vida é capaz de lhe proporcionar – dinamismo, conquistas, união em prol de uma causa. Portanto, dessa premissa, entendemos o porquê do fanatismo ser, geralmente, mais acentuado em países subdesenvolvidos. Tomando como exemplo o Brasil, observamos que nem a história e nem as decisões políticas aqui implantadas foram muito acessíveis às camadas populares. Dessa forma, consideradas as devidas proporções, o futebol surge como uma saída tangente aos problemas das classes mais desfavorecidas: a explosão que o descaso social diariamente provoca é abafada uma, duas vezes por semana, com um denso escarro cheirando à cachaça nas costas do juiz. É bem provável que esta seja uma das razões pelas quais a política brasileira recente tanto se atrelou ao desempenho de nossa seleção. Fica a critério de nossos governantes decidir se o juiz escarrado representa maior benefício a eles ou à população. Por outro lado, as atividades físicas e a integração social – que deveriam ser as únicas contribuições do esporte à sociedade – representam um meio adequado de educar o cidadão para a vida. São muitos os casos de pessoas que, mesmo recebendo educação de alto nível, somente aprenderam a equacionar relacionamentos e trabalhos em equipe ao praticar um esporte. A prática, muito mais do que a torcida, induz a pessoa a ter disciplina, paciência, companheirismo e poder de abstração – essenciais à vivência em sociedade. O bom atleta geralmente é o espelho de um bom cidadão. Deveríamos procurar incentivar o esporte investindo na sua prática não como um meio de produzir profissionais qualificados, mas de auxiliar nossos métodos pouco eficientes de formação social. A prática esportiva é um dos grandes legados que a evolução trouxe à humanidade. O uso desse artifício como um vetor capitalista – outra herança da evolução – é compreensível e vital para as equipes profissionais que, se, por um lado, movimentam milhões de dólares, por outro mexem com os sentimentos mais sinceros de seus torcedores. Entretanto, não podemos esquecer o benefício maior que o esporte nos traz: a integração social. Investir no esporte puramente amador pode não trazer marés de calmaria à cotação do dólar, mas traz educação e disciplina àqueles que não têm onde as encontrar. O incentivo ao esporte obrigatoriamente traz benefícios inestimáveis à sociedade. PUC Tema 67 As últimas décadas têm-se caracterizado por profundas mudanças em nosso modo de viver e conviver, embora alguns valores permaneçam. O modo de viver a infância não escapa desse processo. Considere o que conhece sobre o modo de ser e/ou de agir das crianças de hoje e sobre o que sabe da infância de seus pais e avós e elabore seu texto comparando a infância de hoje com a infância do passado, no(s) aspecto(s) que considera mais significativo(s). Não se esqueça de apresentar fatos que sustentem seus argumentos. 886 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 68 A INTERNET está cada vez mais presente em nosso dia-a-dia, facilitando nossa vida, de um lado, e criando novas necessidades, de outro. Reflita sobre essa afirmação e aponte uma ou mais mudanças que a popularização da INTERNET está trazendo às nossas vidas, analisando suas repercussões e exemplificando com fatos que você conhece. PUC Tema 69 Um dos mais importantes papéis da Universidade é preparar o acadêmico para exercer em plenitude a profissão que escolheu. Diante dessa constatação, questiona-se: É importante para a formação acadêmica e profissional que o estudo da língua materna – no nosso caso, o português – prossiga na Universidade? Qualquer que seja sua resposta, justifique-a, apresentando argumentos que a sustentem. PUC Tema 70 Paulo, João e Renata estão conversando no bar de sua escola, onde costumam se encontrar, após a aula, para um “bate-papo”. Paulo, ao ouvir de João e Renata frases como: “Ele trouxe os convites para mim entregar.”, “Tu foi na festa da Alice?”, “Não vi ela nos últimos dias”, procura logo corrigi-los, afirmando que eles deveriam ter dito: “Ele trouxe os convites para eu entregar”, “Tu foste à festa de Alice?”, “Não a vi nos últimos dias.” Considerando a situação descrita acima, questionamos: O que você pensa da atitude de Paulo? E das falas de João e Renata? Qualquer que seja sua resposta, fundamente sua opinião com argumentos lógicos e consistentes. PUC Tema 71 “A mídia impressa, eletrônica e informática desempenha um papel fundamental na difusão do inglês. Esses meios representam o principal recurso para pôr-se em contato com essa língua, pois alcançam o maior número de pessoas, de forma mais freqüente e mais variada (...)”. Claude Trouchot. L’anglais dans le monde contemporain. Le Robert: Paris, 1990 (adaptado). Como se pode concluir do parágrafo acima, o aprendizado e/ou aperfeiçoamento do inglês pode-se processar fora do ambiente formal de ensino, que é a sala de aula, mediante, no caso mencionado, a exposição do sujeito aprendiz aos recursos da mídia. Além desses, outros meios podem contribuir para o desenvolvimento de nossa competência comunicativa, tanto em língua estrangeira, quanto na língua materna. Diante dessa afirmação, questiona-se: De que forma e em que circunstâncias se pode aprender e desenvolver a nossa língua materna – o português – fora da sala de aula? Qualquer que seja sua resposta, fundamente sua opinião com argumentos lógicos e consistentes. 887 Módulo 21 PUC Tema 72 O clássico da ficção científica “1984” é um livro que, sem dúvida alguma, deve ser colocada em posição de destaque em qualquer biblioteca, não somente de leitores de ficção científica, e sim de todos os que procuram uma prosa carregada de significado e reflexões profundas. “1984”, escrito em 1948, por George Orwell, famoso por outros livros críticos, como “A revolução dos bichos”, apresenta uma ficção clara, que, sem perder a profundidade, mostra, de uma forma às vezes surpreendente, todos os mecanismos necessários para manter um sistema de poder, mecanismos esses não limitados ao totalitarismo, alvo nominal do romance, e sim a qualquer sistema político imaginável pelo homem. (...) Embora o tempo em que decorre a ação tenha-se tornado passado, “1984” constitui literatura do mais alto nível, que utiliza elementos da ficção sem interesses científicos e sim crítico-especulativos. Uma leitura simplesmente imperdível. Acima são representados fragmentos de uma análise crítica de “1984”, livro escrito em 1948 por George Orwell, na qual o autor apresenta argumentos favoráveis à sua leitura. Se você escolher o Tema 72, pense sobre as leituras que você fez e identifique, entre elas, uma obra que lhe pareça imperdível. Após, redija um texto dissertativo, identificando o livro que escolheu e analisando-o criticamente, com o objetivo de apresentar a seu leitor as vantagens de lê-lo. PUC Tema 73 A TV brasileira acaba de dar mais um passo em direção ao nada; aliás, dois passos: “Big Brother Brasil”, da Globo”, e “Casa dos Artistas”, do SBT, assinalam ambos uma aposta persistente no vácuo cultural. A idéia dos programas, como se sabe, é a de captar cenas do cotidiano de “pessoas comuns” em um espaço privado, com câmeras espalhadas em todos os aposentos, banheiros inclusive. Os escolhidos são catapultados para a fama por conta do “voyeurismo eletrônico” e costumam ser especialistas em bobagens. (...) O autor do fragmento de texto acima é uma das muitas vozes que criticam com veemência a mais recente novidade televisiva no Brasil, os chamados “reality shows”. A esses críticos se contrapõe, entretanto, uma multidão de telespectadores que, grudados à telinha de suas tevês, acompanham diariamente o grupo confinado e somam altos índices percentuais de audiência. Se escolher o tema 73, você deverá posicionar-se sobre programas televisivos como o “Big Brother” e “Casa dos Artistas”, apresentando em um texto dissertativo suas idéias, favoráveis e/ou contrárias. 888 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 74 Mais duas voltas da Terra em torno do Sol e estaremos no meio do ano fatídico de Orwell. Não temos, porém, por que nos assustar. Não há sinais de que, em 1984, a serpente rompa a casca do ovo. (...) Só temos, por enquanto, mecanismos locais de opressão, ainda artesanais. É que, embora já exista tecnologia para isso, até agora não foram sequer armadas equações políticas de cuja solução depende a implantação, em dimensão mundial, de um sistema eletrônico de compressão da realidade. O anunciado Big Brother de Orwell é como um computador: frio e programado. Como não tem interesses próprios ou nacionais – que poderiam levá-lo a agir emocionalmente – será na sociedade condicionada que terão origem os seus impulsos tirânicos. Assim, não surgirá de repente – como um ladrão na noite ou uma tempestade elétrica no verão – mas no final de sucessivas experiências de enquadramento coletivo; um longo processo de tentativas ainda longe de ser arrematado e que, ao que tudo indica, jamais o será. Limeira Tejo. Correio do Povo, 20/06/1982. O fragmento acima foi retirado do artigo “Quem tem medo do Big Brother”, publicado em 1982, dois anos antes de 1984, portanto. Nele o autor defendia a idéia de que, ao que tudo indicava, a humanidade jamais seria submetida a um regime tirânico em termos planetários. Se você escolher o tema 74, deverá localizar-se no ano de 2007, verificando se a afirmação de Limeira Tejo continua verdadeira. Ou seja: somos, hoje, dominados planetariamente por uma ideologia ou regime político? E quanto ao futuro, existe perspectiva de que isso venha a acontecer? Qualquer que seja sua escolha, apresente argumentos que façam seu ponto de vista parecer verdadeiro aos olhos do leitor. PUC Tema 76 “O trabalho do professor é uma obra em aberto: sempre sujeita a alterações, acréscimos, reformulações. Concretiza-se numa busca contínua, pautada pela vontade de acertar e aprender mais, pela ânsia de dividir conhecimentos, pelo desejo de passar a limpo o que está rascunhado, pela sensibilidade para amar.” (Jane Rita Caetano da Silveira, lingüista e professora universitária. Mensagem aos formandos do Curso de Letras da PUCRS, 2002/2) “O papel do médico não é somente o de um conselheiro paternal e confortador, mas não pode também ficar restrito ao de um cientista que aprendeu somente a lidar com instrumentos e fazer experimentação laboratorial, ou de um arquivo informatizado que dá respostas automatizadas conforme a solicitação do paciente.” (Aloyzio Achutti, médico e professor universitário. Zero Hora, 11/5/95) “Publicitário. [Do fr. Publicitaire.] (...) Profissional que exerce em caráter regular artísticas ou técnicas pertinentes ao planejamento, concepção e veiculação de mensagens de propaganda.” (Hollanda, Aurélio Buarque de. Novo Aurélio Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999. p. 1664) Se você está aqui, hoje, é porque fez sua escolha profissional. Professor, médico, publicitário, economista, fisioterapeuta, assistente social – qualquer que tenha sido sua opção, você deve ter uma idéia bem aproximada da importância do profissional dessa área na sociedade. Para desenvolver este tema, preencha a lacuna com a profissão que escolheu e redija um texto dissertativo, apresentando suas idéias e sustentando-as, se possível, com dados da realidade. O papel do/da ____________ na sociedade em que vivemos. 889 Módulo 21 MODELO O Papel Social do Médico 01. 02. 03. 04. 05. 06. 07. 08. 09. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. 17. 18. 19. 20. 21. 22. 23. As pessoas, quando não se sentem bem, muitas vezes procuram um médico. Os médicos são profissionais formados para determinar um comportamento anômalo no organismo e definir como tratá-lo. Acontece que seu papel na sociedade não se restringe a mero medicante. A medicina tem, como princípio fundamental, a manutenção da saúde. No entanto, manter a saúde não se resume a evitar a contaminação por doenças, mas procurar que o maior número de pessoas gozem de bem-estar físico, mental e social. É fundamentalmente, portanto, um modo de colaborar para uma melhoria na qualidade de vida. Para que o médico exerça com plenitude sua função, é necessário o conhecimento da realidade do paciente, que geralmente se encontra física e emocionalmente debilitado. Doenças geradas pela pobreza, fome, falta de água potável, como exemplo, divergem daquelas iniciadas pelo estresse, tensão no trabalho ou vida sedentária, mas da mesma maneira causam danos e exigem adequação, doação e qualidade assistencial. Os médicos trabalham para lidar com essas particularidades e dar-lhes atenção e tratamento. Com o constante desenvolvimento tecnológico e biológico, com os diversos tipos de instrumentos e técnicas avançadas para verificar quais são os problemas que estão afetando seus pacientes, muitos médicos acabam, porém, celebrando (e exaltando) somente a face científica que compõe a Medicina, excluindo o importante envolvimento humano gerado em qualquer consulta (ou contato), mesmo que emergencial. A manutenção da saúde (em seu amplo sentido) exige empenho do indivíduo e de seu médico, fundamentando-se no relacionamento estabelecido por eles. A confiança e a disposição são aliados na busca de evitar ou curar doenças, e cabe ao profissional da saúde estimular essa melhora integral, abandonando o estado enfermo. É dentro desse contexto, portanto, que se focaliza a discussão sobre o papel do médico na sociedade. O que se faz necessário, atualmente, dentro do exercício médico, é não apenas o reconhecimento de profissionais cientistas, mas também o reconhecimento do envolvimento emocional e existencial contemplado na atividade. O papel do médico será sempre o de interessar-se pelo ser humano e seu bem-estar, atenuando seus males, medos e restabelecendo um importante equilíbrio vital. PUC Tema 77 “Reportagem recente da revista Veja revelou os resultados de uma pesquisa em que se constata que, ao contratar ou promover um funcionário homem, o patrão está dando prioridade para aquele que tiver certas características femininas, como saber trabalhar em equipe, planejar a longo prazo, preocupar-se com detalhes e seguir intuição.” Martha Medeiros, jornalista e escritora. Zero Hora, 73/3/1999. “Na medicina, as mulheres se concentram na pediatria, enquanto as cirurgias cardíacas e neurológicas exibem o domínio masculino. Muitos dos gerentes de banco são mulheres, mas a reengenharia do setor confiou a elas as contas de pessoas físicas. Já os gerentes homens, majoritariamente, ficam com as contas das empresas.” Sônia Correa, antropóloga. Época, 8/3/1999. Tradicionalmente, boneca é brinquedo “para menina” e futebol, atividade “para menino”, de acordo com suas tendências naturais, ou com os padrões culturais impostos pela sociedade. Por outro lado, foi-se o tempo em que apenas o magistério era profissão “para mulher”: mulheres deste milênio exercem atividades em qualquer área de conhecimento, em alguns casos com vantagens sobre os homens. E também os homens começam a atuar – e bem – em áreas reservadas, no passado, às mulheres. Você acha que homens e mulheres escolhem seu rumo profissional de acordo com seu sexo/gênero? Podemos considerar que algumas profissões” não são para homem” e outras “não são para mulher”? Se você escolher esta proposta, discutirá o tema seguinte: Profissões “masculinas” e profissões “femininas” – mito ou realidade? Para tanto, apresente seu ponto de vista e sustente-o com argumentos consistentes, ilustrando-o, se possível, com dados da realidade. 890 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 79 O Rio de Janeiro foi o primeiro estado do Brasil a reservar cotas para negros e pardos nas universidades públicas. Imediatamente, a medida tornou-se o foco de acirrada discussão, surgindo os mais diversos pontos de vista, como se pode depreender das falas abaixo, de estudantes universitários cariocas. “Sou fortemente contra esse sistema, que é discriminatório também. Confirma o despreparo na rede pública e tira a responsabilidade do Governo. Seria melhor aplicar um pré-vestibular gratuito e único.” Rodrigo Pinto Oliveira, 19, 3º. período - Direito “Sou a favor das cotas pelo caráter emergencial. Como afro-descendente, vejo uma diferença no espaço ocupado. Com o passar dos anos, esse projeto da UniRio e outros que virão poderão melhorar o quadro atual.” Maria Lúcia Gomes, 30, 4º. período - Biblioteconomia “É um assunto bastante complexo. As cotas são uma solução a curto prazo, temporária, mas o ideal seria investir na educação pública para que as pessoas de todas as cores tivessem chances iguais.” Carolina Dias Badajós, 24, 9º. período - Direito Senda esta a sua escolha, apresente seu ponto de vista sobre a adoção de cotas para negros e pardos nas universidades, sustentando-o com argumentos consistentes. PUC Tema 80 Um turista que, vindo ao nosso pais, visite apenas o Rio de Janeiro e São Paulo, por exemplo, e ao voltar para casa diga que conhece o Brasil, estará no mínimo equivocado. Isso porque o povo brasileiro é resultado dos encontros e desencontros de uma riqueza extraordinária de raças, crenças, falares, culturas, costumes, disseminados em um imenso território, caracterizado, ele também, por diferenças no clima, no relevo, na economia. Se você escolher o tema 80, seu tema será este: O Brasil é feito de vários brasis. Aborde-o pelo ângulo que preferir, mas não se esqueça de que deve escrever um texto dissertativo, ou seja, apresentar seus pontos de vista sobre o tema proposto. Seu texto poderá ter trechos descritivos, mas apenas para dar mais consistência às suas reflexões. PUC Tema 81 De acordo com publicações recentes, o mercado de trabalho nos próximos 25 anos estará cada vez mais aberto para os que se interessam por carreiras não-tradicionais. Entre elas, podem-se citar as de Arqueólogo Submarino, Consultor de Lazer, Programador de Genes e Escritor Virtual. Fazendo um exercício de imaginação, pense no futuro e no que ele pode trazer como demandas da sociedade, sejam essas motivadas por problemas ou pelo desejo de mais conforto, de novos serviços, etc. Identifique, após, uma ou mais carreiras “de futuro” e aborde as possibilidade de atuação desse profissional e a importância dessa profissão para a comunidade. Sinta-se livre para usar sua imaginação, mas não deixe de fundamentar suas idéias de modo consistente, com fatos, evidências, exemplos, etc. 891 Módulo 21 PUC Tema 82 “Dentre as competências necessárias ao homem e ao profissional do século XXI, destaca-se o domínio de idiomas, fator fundamental para a comunicação e o exercício da cidadania num mundo quase sem fronteiras.” Se preferir o tema 82, reflita sobre a afirmativa acima e redija um texto dissertativo no qual você discutará as vantagens de saber uma ou mais línguas estrangeiras no contexto em que vivemos, apresentando sugestões sobre a melhor forma de aprendê-las. PUC Tema 84 O homem irá até onde é possível ir. Perto ou longe. Cedo ou tarde. Parece que faz parte da essência humana o impulso irresistível de ampliar fronteiras. Depois que plantou uma bandeirola na Lua, em 1969, o homem voltou seu olhar para Marte. Recentemente, as missões se intensificaram, com dois jipes-robôs da NASA - o Spirit e o Opportunity - passeando no Planeta Vermelho, observando detalhes, tirando fotos, quebrando rochas, fazendo análises e revelando fortes indícios de presença de água. Entretanto, não são poucas as pessoas que contestam a importância da exploração do espaço, principalmente devido aos extraordinários investimentos que os países ricos expendem em seus projetos espaciais. E você, o que pensa a respeito desta questão? Vale a pena investir tantos recursos humanos e financeiros na exploração do espaço? Tendo elaborado sua resposta a esse questionamento, redija um texto dissertativo, apresentando seu ponto de vista e sustentando-o com argumentos convincentes. Se você tiver conhecimentos para tanto, inclua em seu texto dados da realidade ou exemplos para conferir mais força a suas idéias. PUC Tema 85 Assim como Sócrates, na Antigüidade, preceituava o “Conhece-te a ti mesmo”, Kierkegaard, bem mais recentemente, afirmou: Aventurar-se, no sentido mais elevado, é precisamente tomar consciência de si mesmo...” Um passo para o autoconhecimento é procurar respostas para questionamentos do tipo: “Que imagem tenho de mim mesmo/a?”“Que rumo quero dar à minha vida? “O que eu deveria/poderia mudar para me sentir melhor comigo e com os outros?” Na busca de respostas, às vezes tendemos a atribuir ao outro a responsabilidade por nossos problemas: “Não me dão oportunidades...” “Ninguém me entende!”. Entretanto, o poder de alterar a nós mesmos e as circunstâncias em que vivemos está em nosso interior, pois, em última análise, depende sobretudo de nossas escolhas o que somos, o que fazemos e o destino que teremos. Diante dessas constatações, converse com você mesmo, e selecione um ou mais aspectos que você gostaria de mudar em si, para tornar-se ainda melhor do que já é. Após, redija sua dissertação, identificando esses aspectos e refletindo sobre as conseqüências que a permanência ou a mudança deles pode trazer para sua vida. PUC Tema 86 A rotina é algo que, se prolongada, pode nos levar a um cotidiano monótono, robotizado, numa sucessão interminável de dias sempre iguais. Preparar-se dia após dia para o concurso vestibular, ir diariamente ao escritório para cumprir as mesmas tarefas, arrumar a casa continuamente (sabendo que a ordem logo será quebrada...) são apenas alguns exemplos de atividades rotineiras que nos impedem, às vezes, de usufruir nossa existência de forma mais proveitosa, criativa, exuberante. 892 Aulas, modelos e temas de redação II Mas existem formas de quebrar a rotina que nos aprisiona - algumas grandiosas, como atravessar um continente com uma mochila nas costas e pouco dinheiro no bolso -, outras bem mais modestas - como apenas por um dia trocar o estudo por uma tarde à beira do Guaíba, em Itapuã. Se você tivesse um amigo/uma amiga muito estressado/a com a rotina, que precisasse urgentemente romper a mesmice da própria vida, que sugestões daria a ele/ela? Busque informações em seu conhecimento de mundo, nas leituras que fez, e elabore um texto dissertativo no qual você abordará a importância de quebrar a rotina e apresentará uma ou mais formas de fazê-Io, justificando sua escolha. PUC Tema 87 O significado do Natal Faltam 12 dias para o Natal e, queiramos ou não, somos envolvidos pelo clima de festa que nos leva a refletir sobre o significado das tradições e dos rituais associados a essa comemoração. Há os que pensam que Natal é festa capitalista, instituída para vender e comprar (à vista ou a prazo...). Outros acreditam que é uma data para reflexão, para busca, em nosso interior, da verdadeira razão da existência. Outros, ainda, acham que é o dia de pensar nos pobres, nos excluídos, que não têm o que comemorar... E você, o que pensa a respeito? Qual o significado do Natal para você? Por que celebrar (ou não) essa data? Qual a melhor maneira de participar das comemorações (ou evitá-Ias)? Se você escolheu este tema, reflita sobre as questões acima, apresente seu ponto de vista e justifique-o com argumentos consistentes. PUC Tema 88 Mudanças para 2007 Queiramos ou não, fim-de-ano é época de fazer um balanço do que passou e estabelecer metas para o futuro. Seja no plano pessoal, seja em contextos mais amplos - a família, o grupo de amigos, o país, o mundo - é tempo de contabilizar perdas e ganhos, reafirmar certezas e propor mudanças. Se você optar pelo tema 88, escolha um desses contextos (pessoal, familiar, etc.) para dizer o que gostaria de ver mudado em 2007, apresentando fatos ou depoimentos que justifiquem essa necessidade de mudança. Se quiser, analise também os obstáculos a serem superados e/ou os efeitos positivos que a(s) mudança(s) acarretaria(m). Não se esqueça de delimitar o contexto, propor uma ou mais mudanças e sustentar suas idéias com consistência. PUC Tema 89 O Papel da Fantasia em Nossa Vida Crianças ou adultos, nossos sonhos e fantasias se intensificam na época do Natal. Papai Noel nos trará o mais esperado brinquedo, o pinheiro se cobrirá de neve, os amigos se farão próximos, a humanidade se tornará mais fraterna - e tudo será diferente. O Natal se vai, mas o poder de fantasiar permanece. Em alguns casos, a fantasia é a brecha por onde escapamos das dores da vida real: viajar para um lugar exótico, viver um amor impossível são sonhos que tornam o peso do cotidiano mais aceitável. Em outros, ela é o ponto de partida para realizações concretas. Sem um tanto de fantasia, teria Santos Dumont voado? Teria Diane dos Santos se revelado? Teria você, eu, concretizado aquele sonho, em princípio inatingível? 893 Módulo 21 Mas sonhar muito pode nos impedir de concretizar projetos mais objetivos, e nem por isso menos necessários - é quando a fantasia age contra nós. E você, o que acha? A fantasia, o sonho, ajudam ou atrapalham? Reflita sobre o tema e apresente seu ponto de vista. Procure sustentar seus argumentos com dados da realidade, exemplos, comparações, etc., para dar mais consistência a seu texto. PUC Tema 90 “Os agricultores esperam, pacientemente, que a semente germine e a planta cresça com seu próprio ritmo. Com o ser humano, de maneira estranha, logo que a criança nasce, inicia-se uma violenta pressão para que supere rapidamente suas etapas de desenvolvimento. Ora, os biologistas verificaram que, quanto mais longa a infância de um animal, mais perfeito ele é como adulto. Como o desenvolvimento é uma complexa construção (a interação entre o organismo e o meio), quanto mais tranqüilo for o processo, mais ricos serão os resultados das combinações que ocorrerão. Por isso a entrada na universidade só deveria ser feita depois de, digamos, 21 anos...” (Lauro de Oliveira Lima, “Um bebê na universidade”, março de 1981). Diante dessa afirmação e das razões apresentadas pelo autor, é possível questionar-se, por exemplo: Qual é o momento certo de entrar na universidade? Que etapas da vida o estudante já deve ter percorrido para que possa apropriar-se, com maturidade, da complexidade dos conhecimentos científicos? Quais as dificuldades enfrentadas por quem ainda não está preparado para esse momento? Reflita sobre essas e outras questões e elabore um texto dissertativo expondo seu ponto de vista sobre o momento mais adequado para entrar na Universidade? PUC Tema 91 “É cada vez mais comum as pessoas repetirem que o tempo anda correndo demais e nunca dá para fazer tudo aquilo que elas precisam ou gostariam. Este é o principal sintoma da chamada síndrome da pressa. É um mal moderno: segundo especialistas, hoje 33% dos brasileiros sofrem de ‘stress’ – algo que gera ansiedade e pressa, muita pressa. (...) Não por acaso, cresce na Europa e nos Estados Unidos o ‘slow movement’ (algo como ‘movimento do devagar’). A idéia básica é incentivar a qualidade de vida”. (http: //revistacriativa.globo.com/Criativa/0.19125.ETT1003040-2245.00.html) – adaptado. “Não se trata de defender uma volta à era das carruagens, mas sim de um esforço para encontrar o tempo certo, humano, de cada coisa. Viva a Internet, os jatos e a excitante correria diária, mas nem sempre é preciso ir de carro até a esquina ou trocar um belo prato de macarronada por uma caixinha aquecida no microondas”. (Cláudia Laitano. “Slow motion”. Zero Hora, 25/09/2004) – adaptado. A falta de tempo, a pressa e a ansiedade gerada por tal situação têm afetado, direta ou indiretamente, crianças, jovens e adultos. Os fragmentos acima discutem o problema e propõem uma solução que nem sempre pode ser adotada por todos. Trata-se de uma questão difícil de ser resolvida, mas que merece ser discutida. Caso queira fazê-lo em sua dissertação, você pode se orientar pelas seguintes perguntas: Quais são as causas e as conseqüências da pressa na vida das pessoas? Como vencer as pressões do dia-a-dia e melhorar a qualidade de vida? 894 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 92 "Amor – chama e, depois, fumaça... medita no que vais fazer: O fumo vem, a chama passa...” Manuel Bandeira “O verdadeiro amor nunca se desgasta. Quanto mais se dá, mais se tem”. Antoine de Saint-Exupéry A reflexão acerca da ação do tempo sobre o amor tem inspirado poetas e escritores de todas as épocas. Os fragmentos acima mostram quão diversas podem ser as conclusões para a eterna pergunta: Um verdadeiro amor dura para sempre? Caso você queira desenvolver este tema, disserte sobre a questão acima, apresentando o seu ponto de vista sobre a duração do amor. Você pode se apoiar nas palavras de outros autores ou na sua própria existência, mas não deixe de fundamentar bem sua opinião. PUC Tema 93 Recentemente, os jornais noticiaram com um certo destaque: um pai de família que sofre grandes dificuldades para sustentar seus numerosos filhos com um salário irrisório, tendo encontrado um envelope com dinheiro no sofisticado clube em que trabalha, tratou logo de devolvê-lo ao dono. Que princípios estavam em jogo quando esse funcionário optou pela honestidade? Que vantagens ele teve de sacrificar? E você, o que faria em tais circunstâncias? Entregaria o envelope? Ou omitira a verdade, guardando o dinheiro para si e para sua família? Reflita sobre essa situação concreta e sobre as questões acima propostas, e disserte sobre este tema: Dizer a verdade ou omiti-la: uma difícil escolha. PUC Tema 94 Por não - verdade é preciso entender (...) todas as formas e todos os níveis de ausência, de recusa e de desprezo da verdade: mentira propriamente dita, informação parcial e deformada, propaganda sectária, manipulação dos meios de comunicação e outras ainda. João Paulo II Considerando os acontecimentos recentes veiculados pelos meios de comunicação no Brasil – propaganda eleitoral, escândalos políticos, conquistas econômicas e sociais, etc. – como avaliar, à luz das palavras de João Paulo II, o que lemos e ouvimos a respeito de nosso país, a fim de que possamos exercer uma cidadania consciente? Reflita sobre essa questão e apresente o seu ponto de vista, fundamentando-o com dados da realidade, a partir desta proposta: Verdades e mentiras a respeito de um país chamado Brasil e do povo que nele habita. 895 Módulo 21 PUC Tema 95 Se a gente acreditasse que o braço pode se erguer para construir empilhando pedra sem lugar de cadáveres ou dúvidas, Se admitíssemos que a ternura, a lealdade, a ética e a fraternidade são eventualmente possíveis, que se pode criar, não só matar, existir, não só vegetar, talvez se pudesse ler nas estrelas o reflexo do que haveria na terra: a promessa de, um dia, longínquo e frágil brilhar o milagre da paz. ................................................ Os versos acima, escritos por Lya Luft, convidam-nos a refletir sobre a possibilidade de contribuirmos para a construção de um mundo menos violento, mais humano. O que é preciso fazer para que possamos viver nesse mundo de harmonia e paz? Devemos esperar pelos governantes? Ou começar por nós mesmos? Mas, por onde? Como? Apresente sua proposta, dissertando sobre o seguinte tema: Como construir um mundo de paz. PUC Tema 96 Estatísticas apontam para um número cada vez maior de acidentes de trânsito, muitas vezes tendo como resultado mortes ou graves seqüelas. Diante desse cenário, perguntamos: Como cidadão ou como autoridade, que medidas você proporia para reduzir o número e a gravidade dos acidentes de trânsito? PUC Tema 97 Conforme se sabe, o alto consumo de álcool entre adolescentes, que hoje se constata, é muito preocupante, pelos problemas pessoais e sociais dele decorrentes. Algumas questões que se colocam são: O que leva adolescentes e jovens a consumirem álcool tão cedo? Que tipo de satisfação eles/elas procuram? Que medidas deveriam ser adotadas para reduzir o problema? O que seria mais adequado: Prevenir? Educar? Controlar? Penalizar? Reflita sobre essas questões e elabore um texto dissertativo sobre o seguinte tema: Consumo de bebidas alcoólicas por adolescentes: um grave problema a resolver. PUC Tema 98 Todos os dias, a qualquer hora, somos apresentados a novos produtos – o celular com funções incríveis, o automóvel antiestresse, a geladeira que não só conserva os alimentos, mas também preserva o meio ambiente... Muitos, na verdade, são produtos inúteis, fabricados e anunciados para levar nosso dinheiro. Olhe à sua volta: quantas coisas em sua casa, na sua mesa de trabalho, apenas ocupam espaço, mais atrapalham do que ajudam a viver? E quantas são verdadeiramente úteis e necessárias? Feito esse inventário, escolha um ou mais objetos sem os quais você acha que não poderia viver e desenvolva o seguinte tema em sua dissertação: Um bem indispensável para uma vida confortável Se você escolher este tema, apresente um ou mais objetos que você valorize muito e justifique sua escolha. 896 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 99 Indagado sobre o que se pode fazer com as informações na hora de estudar, o educador Paulo Afonso Ronca, da Unicamp, apresentou uma série de recomendações aos leitores do Anuário Fera! Vestibular&Carreira – edição 2007. Eis algumas das “dicas”: • Reflita mais e memorize menos. • Organize o pensamento e dê menos respostas simples e objetivas. • Procure adquirir conhecimento interdisciplinar, compreendendo como os temas podem se relacionar com várias áreas. • ................................................................................................................................................ Se você optar pelo tema 1, reflita sobre um ou mais desses conselhos, discuta sua validade e diga o que seria necessário fazer para pô-lo(s) em prática. Se preferir, use a linha pontilhada para acrescentar uma outra recomendação aos estudantes que se preparam para ingressar no ensino superior, justificando, com argumentos consistentes, sua inclusão na lista. PUC Tema 100 O que distingue a educação escolar e acadêmica de outras tantas maneiras de educar é o fato de baseada no processo de pesquisa e formulação própria. Pedro Demo – Educar pela pesquisa Considerando que pesquisa significa busca ativa de informações para produzir e socializar conhecimentos tendo em vista um projeto específico de formação acadêmica, científica e/ou profissional, disserte sobre a seguinte proposta: Por que desejo aprofundar meus estudos sobre ........................ durante o curso superior. Para tanto, complete a linha pontilhada com o tema ou a área de conhecimento que mais atrai você, justificando seu interesse e analisando as possibilidades de investir nessa pesquisa durante o curso de graduação. PUC Tema 101 Assim como a estudante mencionada no texto 2 desta prova, muitos jovens admitem ter mais intimidade com o computador do que com pais, familiares ou colegas de escola. Para eles, a vida on-line é mais intensa, menos intimidante e limitada. Há, porém, quem questione os relacionamentos pela internet, entre outras razões porque acontecem no mundo virtual, muito distinto da realidade. E você, o que pensa disso? O computador favorece ou dificulta as relações interpessoais? Apresente o seu ponto de vista sobre essa questão, fundamentando-o com fatos, exemplos ou outros dados da realidade. PUC Tema 102 Cada indivíduo tem valores próprios, que se estruturam sob a influência de diferentes fatores, como família, sociedade, experiências pessoais, e que podem (e em certos casos devem) mudar no decorrer da vida. Você também tem os seus. E é sobre isso que você vai escrever, se escolher o tema 1. Para tanto, sugerimos que pergunte inicialmente a si mesmo: O que é que eu mais valorizo na vida? Após, tendo escolhido um ou mais valores que sejam fundamentais para você, elabore um texto dissertativo, no qual você apresentará esses valores e fará uma reflexão sobre a importância deles em sua vida. Você pode usar a primeira pessoa, mas não precisa se limitar à sua opinião; pode confrontá-la com outros pontos de vista, a fim de desenvolver uma reflexão mais objetiva sobre o tema. 897 Módulo 21 PUC Tema 103 Basta abrir um jornal ou ouvir um noticiário para concluirmos que o Brasil está carente de valores positivos em diferentes contextos: familiar, social, estudantil, profissional, só para citar alguns. Diante desse problema, e a partir do que você conhece da realidade brasileira, reflita sobre a questão e selecione um ou mais valores que estão faltando aos brasileiros. Após, elabore um texto dissertativo no qual você apresentará esse(s) valor(es) e comentará quais as conseqüências da sua ausência na vida dos brasileiros, apresentando sugestões para recuperá-lo(s). Para melhor desenvolver o tema, você pode fundamentar seu ponto de vista apresentando fatos históricos, dados da atualidade, ou mesmo fazendo uma comparação com a realidade de outros países. PUC Tema 104 “Pedro é um funcionário correto, mas não tem iniciativa.” “Carlos é um cara que sabe conviver com as diferenças.” “Se Maria puder criar uma confusão, ela cria.” “Se José não conseguir resolver este problema, ninguém mais resolve.” Frases como essas, ouvidas com freqüência em nosso cotidiano, correspondem ao que especialistas em planejamento de carreira profissional consideram “slogans” pessoais. Ou seja: assim como alguns produtos são associados automaticamente a uma marca, cada pessoa tem – ou pode vir a ter – uma (e às vezes mais de uma) “marca registrada”, geralmente compatível com os valores que cultiva. Considerando este contexto, e também o fato de que você pretende ingressar na Universidade, reflita sobre esta questão e selecione uma “marca registrada” pessoal, pela qual você gostaria de ser conhecido, no “Mundo PUCRS”, por seus professores e colegas. Após, elabore um texto dissertativo, no qual você identificará a sua “marca registrada” e fará uma reflexão sobre como essa característica poderá repercutir em sua vida acadêmica. Você pode usar a primeira pessoa, mas procure demonstrar que a sua escolha é fruto de uma reflexão objetiva e aprofundada sobre o tema. PUC Tema 105 Mesmo que não sejamos adeptos da geoficção, somos capazes de criar lugares imaginários. Podemos, por exemplo, imaginar como seria a cidade, a região ou o país ideal para viver, a partir daquilo que mais valorizamos. Caso escolha este tema, apresente o lugar que, para você, seria ideal para viver, defendendo os princípios que você valoriza e que orientariam a criação desse lugar. Não esqueça: seu texto poderá utilizar a primeira pessoa e apresentar trechos descritivos, mas o que deve predominar são seus argumentos em defesa das qualidades que importam para você. PUC Tema 106 Crianças pequenas costumam ter imaginação muito fértil. Com o passar dos anos, geralmente vai-se reduzindo essa abertura para a fantasia, essa criatividade tão acentuada nos primeiros anos de vida, e que nos permite criar mundos imaginários, seres superpoderosos, amigos invisíveis. Entretanto, a criatividade é um importante atributo em todos os campos humanos, do pessoal ao profissional. Profissionais criativos, atualizados, abertos a inovações são pessoas que provavelmente não deixaram morrer a fantasia, direcionando seu foco e adequando-a a diferentes situações. Se você escolher este tema, deverá escrever sobre a importância da criatividade na vida profissional, apresentando exemplos ou situações em que ela seja um fator decisivo para o sucesso. 898 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 107 A escola tem sido bastante criticada por não estimular a formação de um aluno reflexivo, questionador, que perceba a importância de desenvolver referenciais que lhe possibilitem constituir-se como cidadão atuante na sociedade e no meio profissional. A partir de sua experiência de vida e do que você tem observado e aprendido, reflita: Que características deve ter a escola e tudo que nela se inclui – professores, alunos, pais, direção, recursos – para ser realmente efetiva? Para desenvolver seu texto, você pode focalizar um ou dois desses componentes do universo escolar, discorrendo sobre o seu papel e a contribuição que ele(s) pode(m) trazer para a melhoria dessa instituição. PUC Tema 108 Sobre o medo, suas consequências e a necessidade de enfrentá-lo. Provisoriamente não cantaremos o amor, Que se refugiou mais abaixo dos subterrâneos. Cantaremos o medo, que esteriliza os abraços. Em “Congresso internacional do medo”, Carlos Drummond de Andrade antecipa o sentimento que, mais e mais, vem condicionando nossas vidas. Desde crianças aprendemos a evitar os perigos da rua, a não confiar em estranhos, a nos prevenir contra doenças contagiosas... Com tantos temores, fica difícil manter o equilíbrio e seguir vivendo com alegria, já que a maior parte de nossos medos nos acompanha na vida adulta. Se você decidir escrever sobre este tema, considere uma situação ou um problema específico que lhe provoque medo. Diga como ele pode afetar a sua vida e a de outras pessoas e apresente sugestões para superar este sentimento. PUC Tema 109 Sobre o heroísmo e seu significado na sociedade contemporânea O ser herói, Marília, não consiste / em queimar os impérios: move a guerra / espalha o sangue humano, / e despovoa a terra / também o mau tirano. / Consiste o ser herói em viver justo: / e tanto pode ser herói o pobre, / como o maior Augusto. (Tomás Antônio Gonzaga) Os antigos heróis de faroeste deram lugar aos astros da música ou do futebol. Mas nem todos os heróis surgem nas telas de cinema ou frequentam as principais páginas dos jornais. De vez em quando nos deparamos com exemplos mais próximos de heroísmo, como o do rapaz anônimo que, em meio à enchente, arriscou a vida para salvar a passageira de um carro levado pela enxurrada. Ao optar por este tema, você pode refletir sobre as seguintes questões: o que faz de um indivíduo qualquer um herói na atualidade? Por que suas ações se destacam e provocam tanta admiração nas pessoas? Apresente seu ponto de vista e analise dados da realidade para fundamentá-lo. 899 Módulo 21 PUC Tema 110 Sobre o aprendizado e a prática das virtudes “Se a virtude pode ser ensinada, como creio, é mais pelo exemplo do que pelos livros.” (André Comte-Sponville) Além da coragem, existem outras virtudes que distinguem positivamente os indivíduos que as praticam. Frequentemente ouvimos falar (e bem) de um funcionário polido, de um professor justo, de um amigo fiel. Mas no que consiste, exatamente, a polidez, a justiça, a fidelidade? E o que dizer da solidariedade, da gratidão, da generosidade, da perseverança, da compaixão, da responsabilidade...? Ninguém nasce virtuoso, daí o mérito de quem aprende a ser assim. Caso você opte por este tema, escolha uma das virtudes acima elencadas ou outra que você considere especialmente importante. Procure defini-la, explicando, depois, em que situações ela mais se faz necessária e, principalmente, como é possível aprender ee praticar essa virtude no dia a dia e nas diferentes etapas da vida. PUC Tema 111 À medida que a vida vai passando, nossas experiências vão se transformando em lembranças. Desde bem jovens, já acumulamos memórias que podem marcar-nos profundamente, determinar comportamentos e até mesmo orientar decisões. Afinal, como afirma o autor do texto 2, “não há memória ou tomada de decisões neutras, sem emoção”. E essas emoções estão, em grande parte, armazenadas na memória. Se você escolher este tema, busque em suas lembranças um ou mais acontecimentos ou pessoas marcantes que aconteceram/passaram em sua vida, apresente-os e justifique sua escolha. PUC Tema 112 Há quem afirme que para planejarmos bem o futuro é necessário, além de ter os pés firmes no presente, lembrar as lições do passado. Com a proximidade das eleições no Brasil, o que vivenciamos, observamos e aprendemos sobre a História – recente ou antiga – do nosso país adquire uma importância vital. Afinal, o futuro do país será o resultado do voto de cada eleitor. Se você escolher este tema, procure definir que fatos/atos da história recente ou antiga do Brasil irão guiar suas escolhas diante das urnas. Em outras palavras, defina o que você considera que deve mudar e o que deve permanecer no país e justifique suas ideias com fatos e dados da realidade. PUC Tema 113 “A neurociência é um campo tão promissor que, nos Estados Unidos, um quinto do financiamento em pesquisas médicas do governo federal vai para as tentativas de compreender os mecanismos do cérebro”, afirma o autor do texto 2. O conhecimento dos mecanismos do cérebro realmente parece ser da maior importância para o desenvolvimento humano, e o Brasil não fica atrás, realizando pesquisas de ponta. O desenvolvimento científico, entretanto, demanda investimentos financeiros enormes. Em um país como o Brasil, como justificar – àqueles que não têm as mínimas condições de saúde, que superlotam os corredores dos hospitais, que morrem à espera de atendimento – que faltam recursos financeiros para a saúde do povo? Se você tivesse poder para tanto, que medidas tomaria para atenuar/resolver o problema da saúde no Brasil? Que prioridades elegeria para destinar os recursos financeiros disponíveis para a saúde? Apresenteas, justificando sua escolha. 900 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 114 A importância da leitura de jornais Você já deve ter presenciado a cena: alguém, de manhã cedinho, alimentando o corpo e o espírito, servindo-se da primeira refeição e lendo o jornal – ritual matinal de preparação não apenas para mais um dia de trabalho, mas também para a vida. Caso você opte por esse tema, discuta a importância da leitura de jornais, apontando benefícios que ela pode proporcionar. Sendo possível, apresente dados da realidade que sustentem seus argumentos. PUC Tema 115 A importância de uma imprensa livre Segundo o Instituto Análise, • 91% dos brasileiros consideram a imprensa uma arma anticorrupção, ao divulgar escândalos de políticos e autoridades; • 97% se declararam a favor da investigação e da divulgação de casos suspeitos de corrupção; • 69% consideram a imprensa apartidária; • 88% veem a imprensa como digna de credibilidade ao revelar desvios e irregularidades; • nove em cada dez entrevistados defendem que os meios de comunicação não devem ser submetidos a nenhum tipo de censura. Para Alberto Carlos Almeida, diretor do Instituto Análise, o fato de jornais, rádios e TVs serem vistos como os principais canais de denúncias de corrupção revela a boa imagem de que a imprensa desfruta e o descrédito da população em outras instituições. (Informações obtidas no jornal O Estado de S. Paulo) Se você optar por este tema, apresente suas ideias sobre o papel da imprensa em uma sociedade com ampla liberdade de expressão, sustentando-as com dados da realidade. Se quiser, use como contraponto fatos e problemas ocorridos em países que não têm imprensa livre. PUC Tema 116 Será verdade que o jovem brasileiro de hoje não se interessa por política? Segundo conclusões de um estudo do Instituto Akatu e da Indicator Opinião Pública, o jovem brasileiro tem um alto interesse no consumo, mas pouco quer saber de política. Tem muita preocupação com o futuro profissional, usa a televisão como principal meio de informação e tem pouco gosto pela leitura. O lazer e o entretenimento são outra grande preocupação nessa faixa etária (de 18 a 25 anos), que demonstra muito interesse por sair com amigos, dançar, ouvir música e desfrutar a natureza. Se o tema escolhido for este, reflita sobre o envolvimento – ou não – dos jovens na política nacional e apresente o seu ponto de vista, justificando-o com bons argumentos e dados da realidade. 901 Módulo 21 PUC Tema 117 De que forma posso, como cidadão, contribuir positivamente para a preservação do planeta? Esta proposta solicita que você avalie sua responsabilidade em relação ao meio ambiente, e aponte atitudes que você pode tomar para preservá-lo, explicando a importância dessas ações. PUC Tema 118 Acredito que, no futuro, o meio ambiente no planeta Terra estará muito ............. (melhor/pior), porque ............. De acordo com esta proposta, você deverá posicionar-se em relação ao futuro do planeta Terra, em termos de meio ambiente. Se você está otimista, considere que preencheu a primeira lacuna com “melhor” e apresente formas de tornar real essa previsão positiva. Se você tem razões para ser mais pessimista, considere que preencheu a lacuna com “pior” e apresente evidências que justifiquem sua escolha. PUC Tema 119 Uma experiência que foi decisiva para a minha vida Dependendo do impacto sobre nós, certas experiências podem promover profundas alterações em nosso modo de pensar e/ou de viver. A personagem do texto 53 (Livro 1, Módulo 11), por exemplo, pode ter optado por uma profissão ligada à preservação da natureza, em decorrência do episódio narrado. Se escolher este tema, procure lembrar-se de algum fato que tenha sido marcante em sua vida, apresente-o e comente sua importância. Não se esqueça de que você deve redigir um texto opinativo. Portanto, procure ser breve ao apresentar o fato e aprofunde sua reflexão sobre as repercussões dessa experiência em sua vida. PUC Tema 120 Cada geração traz renovadas esperanças para a humanidade: os jovens e adultos que a constituem têm a possibilidade de observar o passado, retirando dele os ensinamentos advindos das melhores experiências e, ao mesmo tempo, projetar seu presente e seu futuro de acordo com suas convicções pessoais. Nesse contexto, pergunta-se: Que experiências vividas ou relatadas pelas gerações passadas você valoriza? Quais você não vai querer reproduzir? Reflita sobre as ideias que essas questões suscitam e redija um texto opinativo, de caráter dissertativo, no qual você se posicionará sobre o tema, fundamentando seus pontos de vista com dados da realidade e argumentos consistentes. A opção pelo(s) aspectos(s) que você irá abordar – tais como família, profissão, política, comunicação virtual, relações internacionais, etc. – é sua. Selecione livremente o foco (ou focos) que mais lhe convier(em). 902 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 121 Considerando que a educação formal, praticada nas escolas, se transforma a partir de erros e acertos, proponha-se a seguinte questão: Quais são os erros e os acertos da Escola e da Educação de hoje, no Brasil? A partir da própria experiência, ou da realidade vivida por outras pessoas, reflita sobre a Escola que considera ideal, apontando suas características positivas e os erros que devem ser evitados. A seguir, redija um texto opinativo, de caráter dissertativo, fundamentando seus pontos de vista com dados da realidade e argumentos consistentes. PUC Tema 122 Música s.f. (sXIV) 1 combinação harmoniosa e expressiva de sons 2 a arte de se exprimir por meio de sons, seguindo regras variáveis conforme a época, a civilização, etc (...) Houaiss, Antônio et al. Dicionário Houaiss de língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009, p. 1335. As definições acima, embora corretas, dizem muito pouco do que a música representa para o ser humano, para além das regras e da arte de combinar sons. Se é verdade que cada época e cada civilização expressam de modo diverso suas preferências musicais, também é verdade que cada um de nós admira determinados intérpretes, grupos, gêneros, a partir de estímulos os mais variados e muitas vezes inconscientes. Se você escolher este tema, diga por que a música é importante em sua vida, apresente sua preferência musical – cantor(a), grupo, gênero – e justifique sua escolha, apresentando razões, fatos ou outros dados que julgar relevantes para sua argumentação. Os temas a seguir se relacionam, direta ou indiretamente, com o texto que fundamenta as questões desta prova. Leia as propostas e selecione aquela que mais lhe convém. PUC Tema 123 “Preconceito s.m. (...) 1 qualquer opinião ou sentimento concebido sem exame crítico (...) 2 sentimento hostil, assumido em consequência da generalização apressada de uma impressão pessoal ou imposta pelo meio; intolerância (...).” HOUAISS et al. Dicionário Houaiss da língua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2009. p. 1539. Agir livre de preconceito (...) implica não só aceitar as pessoas como são, mas também acreditar que todos sejam capazes de evoluir por méritos próprios. Aceitar as pessoas como elas são não é um objetivo fácil de ser alcançado. Passar pela vida sem ter sofrido em alguma situação esse “sentimento hostil” descrito por Houaiss é raro. Se você preferir este tema, apresente uma situação em que você foi vítima de preconceito OU uma situação em que você agiu preconceituosamente em relação a alguém, e diga o que aprendeu com esse episódio. 903 Módulo 21 PUC Tema 124 O aluno deve ter oportunidade de conhecer e desenvolver múltiplas linguagens porque assim ele poderá expressar ideias e sentimentos com mais autonomia. Como instrumento de comunicação, a língua materna pode apresentar muitas variações, dependendo da situação e dos falantes. O padrão culto da língua é uma dessas variantes, e usá-lo com familiaridade e adequação em situações formais pode trazer benefícios. Se você quiser abordar este tema, disserte sobre a importância de conhecer e desenvolver o padrão culto da língua, justificando seu ponto de vista por meio de argumentos e de exemplos. PUC Tema 125 A escola é um espaço privilegiado para o desenvolvimento da cidadania. Nas aulas, em diferentes disciplinas, e no convívio com os demais atores da comunidade escolar – colegas, professores, funcionários, gestores –, o aluno deve ser formado para exercer seus direitos, cumprir seus deveres e respeitar o outro. Esse objetivo requer a adesão de todas as partes que intervêm na comunidade escolar. Baseado em suas experiências escolares e no que você pensa a respeito, diga o que entende por ser cidadão e aponte algumas iniciativas que podem contribuir para uma formação cidadã dos alunos, justificando a sua seleção. PUC Tema 126 A vida depois dos 70 Considere a possibilidade – cada vez mais viável – de viver 80, 90, quem sabe 100 anos. Você já pensou nisso? Como pretende se preparar para esta fase da vida? Apresente seus planos e justifique-os de modo a convencer outros jovens a compartilhá-los, já que a sociedade do futuro e a maneira como os idosos nela viverão dependem muito do que pensam e planejam os jovens de hoje. PUC Tema 127 Os limites e as possibilidades da ciência Pode a ciência “driblar” a morte e prolongar a vida sem qualquer limite? Quais as consequências sociais e éticas que precisarão ser enfrentadas caso isso, de fato, venha a acontecer um dia? Reflita sobre essa hipótese, discutindo as possíveis consequências, de modo a evidenciar o seu ponto de vista sobre o assunto. PUC Tema 125 O desenvolvimento da ciência no Brasil Em um país com tantos paradoxos econômicos, culturais e sociais, qual seria a prioridade dos investimentos em ciência e tecnologia? Eleja o problema brasileiro para o qual deveriam ser direcionados os esforços dos cientistas e os investimentos do governo com o objetivo de diminuir a distância entre modernidade e atraso no Brasil. Justifique sua escolha com os dados da realidade que julgar adequados. 904 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 126 A expressão “jeitinho” é utilizada para designar um modo de agir do brasileiro, não baseado em regras estabelecidas, diante de situações inesperadas, difíceis ou complexas. Você considera o jeitinho brasileiro um comportamento antiético ou uma forma criativa de solucionar problemas? Se você escolher esse tema, considere a questão proposta para expressar seu ponto de vista. Para melhor fundamentá-lo, você pode apresentar exemplos, fatos de sua experiência e outros dados da realidade. PUC Tema 127 O direito à habitação, como ressaltam vários instrumentos internacionais, não se restringe apenas à presença de um abrigo, ou um teto, mas engloba uma concepção mais ampla. Este direito se estende a todos e, assim, toda a sociedade e cada um de seus membros têm de ter acesso a uma habitação provida de infraestrutura básica e outras facilidades. Que medida(s) poderia(m) ser adotada(s) pela população e/ou pelo governo para melhorar as condições de moradia dos brasileiros? Caso você se decida por esse tema, analise a questão e defenda uma ou duas medidas, justificando sua proposta e apresentando argumentos coerentes e consistentes para sustentá-la. PUC Tema 128 Foram aprovadas alterações na Lei 11.705, conhecida como Lei Seca. A tolerância para a combinação bebida alcoólica e volante passa a ser zero, e as possibilidades de prova de etilismo dos motoristas também foram ampliadas. Tornar a Lei Seca mais rigorosa será suficiente para reduzir a violência no trânsito? Ao optar por esse tema, opine sobre a questão, discutindo a eficácia da Lei para tornar o trânsito mais seguro. Procure apoiar seu ponto de vista em evidências e dados concretos. PUC Tema 129 Proteção e autonomia É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profi ssionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. Considerando o texto constitucional e a visão que você tem sobre a educação de jovens e crianças, refl ita sobre a seguinte pergunta: Como podem os pais e os educadores dosar o cuidado com as crianças e os adolescentes sem impedir que eles conquistem, aos poucos, a maturidade e a autonomia necessárias à vida em sociedade? Caso você escolha o tema 1, procure responder à questão proposta, expondo o seu ponto de vista sobre o assunto. Para fundamentá-lo, você pode se valer de exemplos, da análise de uma situação particular, ou da opinião de especialistas, desde que devidamente referenciada. 905 Módulo 21 PUC Tema 130 Exposição pública e direito à privacidade A tecnologia nos oferece a oportunidade de controlar o que o mundo vê – escolhendo e atuando para uma audiência. (...) Precisamos de privacidade, certas coisas devem ser compartilhadas apenas com as pessoas em quem realmente confiamos. Tom Chatfield. Como viver na era digital Se optar pelo tema 2, você pode se inspirar nas palavras do autor para analisar e discutir a exposição a que estamos submetidos nas redes sociais. O que pode e o que não pode ser revelado? Até que ponto a privacidade continua sendo um direito a ser preservado numa sociedade em que “ser visto” e reconhecido pelo maior número possível de pessoas tornou-se uma espécie de troféu? A análise dessas questões pode contribuir para o desenvolvimento e a apresentação de um ponto de vista claro e bem fundamentado sobre o problema. PUC Tema 131 Espionagem internacional e controle da internet Nos últimos meses, informações revelaram que os americanos grampeiam os telefones e a internet de embaixadas de vários países e que vigiam e-mails de milhões de pessoas ao redor do mundo. Uma reportagem no programa Fantástico, da Rede Globo, deu indícios de que a Agência de Segurança Nacional (NSA, na sigla em inglês) também espionou as comunicações da presidente Dilma Roussef e as mensagens de celular do presidente mexicano Enrique Peña Nieto. Considerando os fatos recentemente noticiados, relacionados à espionagem internacional, bem como a reação das nações envolvidas – Brasil, México, Alemanha, entre outras – apresente o seu ponto de vista sobre o seguinte dilema: Você é favorável à criação de uma organização mundial capaz de controlar a internet, ou pensa que a rede não pode ser submetida a qualquer tipo de censura ou de controle dos governos? Analise as implicações do problema e fundamente o seu posicionamento com dados da realidade que julgar relevantes para a argumentação. PUC Tema 132 Escrita digital e clareza de expressão Considerando sua experiência com a transmissão de mensagens pelo celular ou pela Internet, reflita sobre a afirmação de Thomaz Wood Jr: Os alunos parecem acreditar que, em um mundo no qual a comunicação se dá por mensagens eletrônicas e tuítes, escrever com clareza não é mais importante. O que significa “escrever com clareza”? Você concorda com a ideia de que, na escrita digital, a clareza perde importância? Para dissertar sobre o tema 1, você pode analisar as vantagens e desvantagens da escrita digital, compará-la com a escrita tradicional, entre outras abordagens, desde que relacione o ato de escrever com a necessidade – ou não – de se expressar com clareza. 906 Aulas, modelos e temas de redação II PUC Tema 133 Motivos para estudar Matemática Analfabeto funcional é a denominação dada à pessoa que, mesmo com a capacidade de decodificar minimamente as letras e os números, não desenvolve, entre outras habilidades, a de fazer operações matemáticas. Por que aprender Matemática é essencial para a vida? Por que ela é muito mais do que uma disciplina importante para passar no vestibular? Se escolher o tema 2, reflita sobre a utilidade dos conhecimentos matemáticos para realizar atividades do dia a dia e para a ascensão profissional. PUC Tema 134 Analfabetismo funcional Existem pessoas que são lançadas ao mar, à vida, com pedaços faltando. Pedaços esses que correspondem às habilidades básicas para viver e se comunicar. Vamos entender o que é analfabetismo funcional. 23/10/2012. http://www.inovareduca.com Faz quase uma década que tais habilidades são avaliadas no Brasil, e o analfabetismo funcional persiste entre os mais jovens, afetando, inclusive, os estudantes do nível superior. Segundo o Indicador de Alfabetismo Funcional (Inaf ), 38% desses estudantes apresentam dificuldades nas tarefas que envolvem leitura e escrita. Caso opte pelo tema 3, analise as consequências do analfabetismo funcional entre os estudantes brasileiros e apresente sugestões práticas para recuperar o que estiver “faltando” e diminuir o problema. PUC Tema 135 Moradores de rua X Circulação pública Não é trabalho dos mais difíceis encontrar estruturas que impeçam a presença de moradores de rua junto a prédios na área central de Porto Alegre. Mesmo em regiões mais afastadas do Centro Histórico, é possível achar estratégias variadas para afastar essa população, normalmente sob o pretexto de que exalam mau cheiro e deixam os locais sujos. O caso de uma grade instalada para impedir a presença de sem-tetos sob a marquise de um prédio da Rua da República, no bairro Cidade Baixa, levantou o debate nas redes sociais sobre a rejeição à presença de moradores de rua. Fragmento adaptado de: http://zh.clicrbs.com.br/rs/porto-alegre/noticia/2014/08/ estruturas-antimoradores-de-rua-se-espalham-por-porto-alegre-4574237.html. Acesso em 21 ago. 2014 Se escolher o tema 1, você deverá apresentar o seu ponto de vista sobre a instalação de estruturas antimoradores de rua em calçadas e demais ambientes públicos. PUC Tema 136 Ajuda X Esmola Foi de uma premissa simples que as amigas Luana Flôres, 30 anos, Helena Legunes, 22 anos, e Laura Camardelli Brum, 24 anos, iniciaram o projeto que espalha cabides pela cidade para que as pessoas deixem roupas e agasalhos: “se você precisa, é seu”. Para reproduzir o Amor no cabide, as idealizadoras recomendam 907 Módulo 21 que as roupas não sejam penduradas em árvores e fi quem ao abrigo da chuva. O projeto foi copiado em cidades do interior e de outros estados, como Paraná, São Paulo e Rio de Janeiro. Adaptado de: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/noticia/2014/07/ jovens-espalham-cabides-nas-ruas-para-doacao-de-agasalhos-4558281.html. Acesso em 22 ago. 2014. Você considera projetos como Amor no cabide uma medida efetiva ou paliativa para amenizar os problemas sociais no País? PUC Tema 137 Público X Privado O papel social de indivíduo (e de cidadão) é uma identidade social de caráter nivelador e igualitário. Essa seria sua característica ideal e normativa, de modo que, como cidadão, eu só clamo direitos iguais aos de todos outros ‘homens’. O conjunto de cidadãos, assim, é um conjunto de unidades teoricamente idênticas e absolutamente iguais e paralelas. Mas o que ocorre comigo quando saio de casa e vou para o mundo da rua e das relações impessoais que ali estão implicadas? O que ocorre comigo quando me transformo em cidadão? DaMatta, Roberto. A casa e a Rua: espaço, cidadania, mulher e a morte no Brasil. 5 ed. Rio de Janeiro: Rocco, 1997. Fragmento publicado em http://www.cronologiadourbanismo.ufba.br/apresentacao.php?idVerbete=1429. Acesso em 30 ago. 2014. Se você optar pelo tema 3, deverá analisar o modo como algumas pessoas modifi cam seu comportamento quando estão em espaços públicos, discutindo as consequências de comportamentos inadequados em ambientes compartilhados. 908 Questões do ENEM Questões do ENEM 1. Estudo do texto literário 2. (ENEM 2010) Texto I 1.1. Concepções artísticas, procedimentos de construção e recepção de textos 1. (ENEM 2011) XLI Ouvia: Que não podia odiar E nem temer Porque tu eras eu. E como seria Odiar a mim mesma E a mim mesma temer. Lépida e leve Língua do meu Amor velosa e doce, que me convences de que sou frase, que me contornas, que me vestes quase, como se o corpo meu de ti vindo me fosse. Língua que me cativas, que me enleias os surtos de ave estranha, em linhas longas de invisíveis teias, de que és, há tanto, habilidosa aranha... [...] Amo-te as sugestões gloriosas e funestas, amo-te como todas as mulheres te amam, ó língua-lama, ó língua-resplendor, pela carne de som que à ideia emprestas e pelas frases mudas que proferes nos silêncios de Amor!... MACHADO, G. In: MORICONI, I. (org.). Os cem melhores poemas brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001 (fragmento). A poesia de Gilka Machado identifca-se com as concepções artísticas simbolistas. Entretanto, o texto selecionado incorpora referências temáticas e formais modernistas, já que, nele, a poeta (A) procura desconstruir a visão metafórica do amor e abandona o cuidado formal. (B) concebe a mulher como um ser sem linguagem e questiona o poder da palavra. (C) questiona o trabalho intelectual da mulher e antecipa a construção do verso livre. (D) propõe um modelo novo de erotização na lírica amorosa e propõe a simplifcação verbal. (E) explora a construção da essência feminina, a partir da polissemia de "língua", e inova o léxico. HILST, H. Cantares. São Paulo: Globo, 2004 (fragmento). Texto II Transforma-se o amador na cousa amada Transforma-se o amador na cousa amada, por virtude do muito imaginar; não tenho, logo, mais que desejar, pois em mim tenho a parte desejada. Camões. Sonetos. Disponível em: http://www.jornaldepoesia. jor.br. Acesso em: 03 set. 2010 (fragmento). Nesses fragmentos de poemas de Hilda Hilst e deCamões, a temática comum é (A) o “outro” transformado no próprio eu lírico, o que serealiza por meio de uma espécie de fusão de doisseres em um só. (B) a fusão do “outro” com o eu lírico, havendo, nosversos de Hilda Hilst, a afrmação do eu lírico de que odeia a si mesmo. (C) o "outro" que se confunde com o eu lírico, verifcandose, porém, nos versos de Camões, certa resistênciado ser amado. (D) a dissociação entre o “outro” e o eu lírico, porque oódio ou o amor se produzem no imaginário, sem arealização concreta. (E) o “outro” que se associa ao eu lírico, sendo tratados, nos Textos I e II, respectivamente, o ódio e o amor. 3. (ENEM 2010) As doze cores do vermelho Você volta para casa depois de ter ido jantar com sua amiga dos olhos verdes. Verdes. Às vezes quando você sai do escritório você quer se distrair um pouco. Você não suporta mais tem seu trabalho de desenhista. Cópiasplantas réguas mi- 911 Questões do ENEM límetros nanquim compasso 360º.de cercado cerco. Antes de dormir você quer estudar para a prova de história da arte mas sua menina menortem febre e chama você. A mão dela na sua mão é um peixe sem sol em irradiações noturnas. Quentes ondas.Seu marido se aproxima os pés calçados de meias noschinelos folgados. Ele olha as horas nos dois relógiosde pulso. Ele acusa você de ter fcado fora de casa o dia todo até tarde da noite enquanto a menina ardia emfebre. Ponto e ponta. Dor perfume crescente... CUNHA, H. P. As doze cores do vermelho. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 2009. A literatura brasileira contemporânea tem abordado, sob diferentes perspectivas, questões relacionadasao universo feminino. No fragmento, entre os recursosexpressivos utilizados na construção da narrativa,destaca-se a (A) repetição de “você”, que se refere ao interlocutor da personagem. (B) ausência de vírgulas, que marca o discurso irritadoda personagem. (C) descrição minuciosa do espaço do trabalho, que seopõe ao da casa. (D) autoironia, que ameniza o sentimento de opressãoda personagem. (E) ausência de metáforas, que é responsável pelaobjetividade do texto. 4. (ENEM 2009) No texto, o personagem narrador, na iminência da partida, descreve a sua hesitação em separar-se da avó. Esse sentimento contraditório fica claramente expresso no trecho: (A) “A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir” (ℓ. 1-3). (B) “Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco” (ℓ. 4-6). (C) “Calcei os sapatos, sentei-me um instante à beira da cama” (ℓ. 12-13). (D) “Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e amor” (ℓ. 7-9). (E) “Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras...” (ℓ. 14-15). 5. (ENEM 2009) Sentimental 1 Ponho-me a escrever teu nome com letras de macarrão. No prato, a sopa esfria, cheia de escamas 4 e debruçados na mesa todos contemplam esse romântico trabalho. Desgraçadamente falta uma letra, 7 uma letra somente para acabar teu nome! - Está sonhando? Olhe que a sopa esfria! 10 Eu estava sonhando... E há em todas as consciências este cartaz amarelo: "Neste país é proibido sonhar." Andrade, C.D. Seleta em Prosa e Verso. Rio de Janeiro: Record, 1995. A partida 1 Acordei pela madrugada. A princípio com tranquilidade, e logo com obstinação, quis novamente dormir. Inútil, o sono esgotara-se. Com precaução, 4 acendi um fósforo: passava das três. Restava-me, portanto, menos de duas horas, pois o trem chegaria às cinco. Veio-me então o desejo de não passar mais 7 nem uma hora naquela casa. Partir, sem dizer nada, deixar quanto antes minhas cadeias de disciplina e de amor. 10 Com receio de fazer barulho, dirigi-me à cozinha, lavei o rosto, os dentes, penteei-me e, voltando ao meu quarto, vesti-me. Calcei os sapatos, 13 sentei-me um instante à beira da cama. Minha avó continuava dormindo. Deveria fugir ou falar com ela? Ora, algumas palavras... Que me custava acordá-la, 16 dizer-lhe adeus? LINS, O. A partida. Melhores contos. Seleção e prefácio de Sandra Nitrini. São Paulo: Global, 2003. 912 Com base na leitura do poema, a respeito do uso e da predominância das funções da linguagem no texto de Drummond, pode-se afirmar que (A) por meio dos versos "Ponho-me a escrever o teu nome" (v.1) e "esse romântico trabalho" (v.5), o poeta faz referências ao seu próprio ofício: o gesto de escrever poemas líricos. (B) a linguagem essencialemente poética que constitui os versos "No prato, a sopa esfria, cheia de escamas e debruçados na mesa todos contemplam" (v.3 e 4) confere ao poema uma atmosfera irreal e impede o leitor de reconhecer no texto dados constitutivos de uma cena realista. (C) na primeira estrofe, o poeta constrói uma linguagem centrada na amada, receptora da mensagem, mas, na segunda, ele deixa de se dirigir a ela e passa a exprimir o que sente. Questões do ENEM (D) em "EU estava sonhando..." (v.10), o poeta demonstra que está mais preocupado em responder à pergunta feita anteriormente e, assim, dar continuidade ao diálogo com seus interlocutores do que em expressar algo sobre si mesmo. (E) no verso "Neste país é proibido sonhar." (v.12), o poeta abandona a linguagem poética para fazer uso da função referencial, informando sobre o conteúdo do "cartaz amarelo" (v.11) presente no local. 6. (ENEM 2009) Canção amiga Eu preparo uma canção, em que minha mãe se reconheça todas as mães se reconheçam e que fale como dois olhos. BOTA ESQUERDA - Ora, pois, mana, respiremos e filosofemos um pouco. BOTA DIREITA - Um pouco? Todo o resto da nossa vida, que não há de ser muito grande... ASSIS, Machado de. Filosofia de um par de botas. In: O Cruzeiro. Rio de Janeiro, 23/abril/1878. O texto acima é o fragmento de um diálogo entre dois personagens inanimados apresentados por um narrador. A expressão que introduz estes personagens para o leitor é: (A) "...eis o que diziam as botas..." (B) "Mas não era eu...!" (C) "...umas pontas de tachas enferrujadas..." (D) "...filosofemos um pouco..." 8. (EXAMES MEC) [...] Leia: Aprendi novas palavras E tornei outras mais belas. Eu preparo uma canção que faça acordar os homens e adormecer as crianças "(...) no começo de 1937, utilizei num conto a lembrança de um cachorro sacrificado na Maniçoba, interior de Pernambuco, há muitos anos. Transformei ANDRADE, C.D. Novos Poemas Rio de Janeiro: José Olympo, 1948. (fragmento) A linguagem do fragmento acima foi empregada pelo autor com o objetivo principal de (A) transmitir informações, fazer referência a acontecimentos observados no mundo exterior. (B) envolver, persuadir o interlocutor, nesse caso, o leitor, em um forte apelo à sua sensibilidade. (C) realçar os sentimentos do seu lírico, suas sensações, reflexões e opiniões frente ao mundo real (D) destacar o processo de construção de seu poema, ao falar sobre o papel da própria linguagem e do poeta. (E) manter eficiente o contato comunicativo entre o emissor da mensagem, de um lado, e o receptor, de outro. o velho Pedro Ferro, meu avô, no vaqueiro Fabiano; minha avó tomou a figura da Sinhá Vitória, meus tios pequenos, machos e fêmeas, reduziram-se a dois meninos (...)" (fragmento de carta de Graciliano Ramos a João Conde, 1944, in http://www.navedapalavra.com.br) Sinhá Vitória, Fabiano, Baleia e os dois meninos são personagens do romance Vidas Secas (1938). A carta acima é de seu autor, Graciliano Ramos (18921953). Ela nos informa que, para compor a identidade das personagens citadas, o escritor (A) fez pesquisas em livros de história. (B) recriou elementos de suas memórias. (C) entrevistou parentes e amigos. (D) inspirou-se em outros romances. 9. (EXAMES DO MEC) Leia: 7. (EXAMES MEC) Mas não era eu! Eram as botas que falavam entre si, suspiravam e riam, mostrando, em vez de dentes, umas pontas de tachas enferrujadas. Prestei o ouvido; eis o que diziam as botas: És pura beleza num solidário chão num céu azulado em toda natureza desse meu torrão tão grande e amado. Neuza Costa - Gaivota No quinto verso do fragmento do poema Gaivota, 913 Questões do ENEM o eu lírico expressa seu sentimento usando a palavra "torrão". Dependendo do contexto, uma palavra pode possuir significados diferentes. Nesse contexto, o termo ressaltado significa (A) pedra de açucar. (B) lugar ignorado. (C) terra natal. (D) pedaço de doce. 11. (EXAMES DO MEC) Entre as várias características da personagem Siquê presentes no poema, há uma que é feita por meio de uma comparação, que ocorre no verso: (A) Tinha uma cicatriz no meio da testa. (B) Piá branca nenhuma corria mais do que ela. (C) Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra. (D) Quando se machucava, dizia: Ai Zizus! 10. (EXAMES DO MEC) 12. (EXAMES DO MEC) Circuito Fechado Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria, água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca, camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves, lenço, relógio, maço de cigarros, caixa de fosfóros. O diminuitivo escurinha empregado na primeira estrofe, para caracterizar Siquê, expressa (A) agressividade. (B) ironia. (C) Carinho. (D) indiferença. 13. (EXAMES DO MEC) RAMOS, R. Circuito Fechado. In: Os melhores contos brasileiros de 1973. Porto Alegre: Globo, 1974. O texto apresenta, em uma sequência, (A) os objetos de uma casa. (B) uma lista de compras. (C) as mercadorias de uma loja. (D) as ações do cotidiano de um homem. Texto Cunhantã Vinha de Pará Chamava Siquê. Quatro anos. Escurinha. O riso gutural da raça. Piá branca nenhuma corria mais do que ela. Tinha uma cicatriz no meio da testa: - Que foi isso Siquê? Com voz de detrás da garganta, a boquinha tuíra: - Minha mãe (a madrasta) estava costurando Disse vai ver se tem fogo Eu soprei eu soprei eu soprei não vi fogo Aí ela se levantou e esfregou com minha cabeça na brasa Riu, riu, riu Uêrêquitáua. O ventilador era a coisa que roda. Quando se machucava, dizia: Ai Zizus! BANDEIRA, Manuel. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1993. 914 Eram cinco horas da manhã e o cortiço acordava, abrindo, não os olhos, mas a sua infinidade de portas e janelas alinhadas. (...) Daí a pouco, em volta das bicas era uma zunzum crescente; uma aglomeração tumultuosa de machos e fêmeas.Uns, após outros, lavavam a cara, incomodamente, debaixo do fio de água que escorria da altura de uns cinco palmos. O chão inundava-se. As mulheres precisavam já prender as saias entre as coxas para não as molhar; via-se-lhes a tostada nudez dos braços e do pescoço, que elas despiam, suspendendo o cabelo todo para o alto do casco; os homens, esses não se preocupavam em não molhar o pêlo, ao contrário metiam a cabeça bem debaixo da água e esfregavam com força as ventas e as barbas, fossando e fungando contra as palmas da mão (...) AZEVEDO, Aluísio. O Cortiço, São Paulo, Ática, 1987. No romance O Cortiço, enquanto os seres inanimados aparecem humanizados, os humanos aparecem animalizados. Considerando os trechos grifados no texto, assinale a alternativa em que isso se manifesta. (A) o cortiço acordava/fossando e fungando. (B) do fio de água que escorria/prender as saias entre as coxas. (C) O chão inundava-se/tostada nudez dos braços. (D) suspendendo o cabelo todo/metiam a cabeça bem debaixo da água. Questões do ENEM 14. (ENEM 2005) Leia estes textos. Texto 1 (A) afirmam que o homem é capaz de alcançar a paz. (B) concordam que o desarmamento é inatingível. (C) julgam que o sonho é um desafio invencível. (D) têm visões diferentes sobre um possível mundo melhor. (E) transmitem uma mensagem de otimismo sobre a paz. 15. (ENEM 2005) Texto 1 - Auto-retrato (QUINO. O mundo da Mafalda. São Paulo: Martins Fontes, 1999. p. 3) Texto 2 Sonho Impossível Sonhar Mais um sonho impossível Lutar Quando é fácil ceder Vencer o inimigo invencível Negar quando a regra é vender Sofrer a tortura implacável Romper a incabível prisão Voar num limite improvável Tocar o inacessível chão É minha lei, é minha questão Virar esse mundo Cravar esse chão Não me importa saber Se é terrível demais Quantas guerras terei que vencer Por um pouco de paz E amanhã se esse chão que eu beijei For meu leito e perdão Vou saber que valeu delirar E morrer de paixão E assim, seja lá como for Vai ter fim a infinita aflição E o mundo vai ver uma flor Brotar do impossível chão. (J. Darione – M. Leigh – Versão de Chico Buarque de Hollanda e Ruy Guerra, 1972.) A tirinha e a canção apresentam uma reflexão sobre o futuro da humanidade. É correto concluir que os dois textos Provinciano que nunca soube Escolher bem uma gravata; Pernambucano a quem repugna A faca do pernambucano; Poeta ruim que na arte da prosa Envelheceu na infância da arte, E até mesmo escrevendo crônicas Ficou cronista de província; Arquiteto falhado, músico Falhado (engoliu um dia Um piano, mas o teclado Ficou de fora); sem família, Religião ou filosofia; Mal tendo a inquietação de espírito Que vem do sobrenatural, E em matéria de profissão Um tísico* profissional. (Manuel Bandeira. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1983. p. 395.) (*) tísico=tuberculoso Texto 2 - Poema de sete faces Quando eu nasci, um anjo torto desses que vivem na sombra disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida. As casas espiam os homens que correm atrás de mulheres. A tarde talvez fosse azul, não houvesse tantos desejos. (....) Meu Deus, por que me abandonaste se sabias que eu não era Deus se sabias que eu era fraco. Mundo mundo vasto mundo, se eu me chamasse Raimundo seria uma rima, não seria uma solução. Mundo mundo vasto mundo mais vasto é o meu coração. (Carlos Drummond de Andrade. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1964. p. 53.) 915 Questões do ENEM Esses poemas têm em comum o fato de C (A) descreverem aspectos físicos dos próprios autores. (B) refletirem um sentimento pessimista. (C) terem a doença como tema. (D) narrarem a vida dos autores desde o nascimento. (E) defenderem crenças religiosas. 16. (ENEM 2004) Cândido Portinari (1903-1962), em seu livro Retalhos de Minha Vida de Infância, descreve os pés dos trabalhadores. Pés disformes. Pés que podem contar uma história. Confundiam-se com as pedras e os espinhos. Pés semelhantes aos mapas: com montes e vales, vincos como rios. (...) Pés sofridos com muitos e muitos quilômetros de marcha. Pés que só os santos têm. Sobre a terra, difícil era distingui-los. Agarrados ao solo, eram como alicerces, muitas vezes suportavam apenas um corpo franzino e doente. D (Cândido Portinari, Retrospectiva, Catálogo MASP) As fantasias sobre o Novo Mundo, a diversidade da natureza e do homem americano e a crítica social foram temas que inspiraram muitos artistas ao longo de nossa História. Dentre estas imagens, a que melhor caracteriza a crítica social contida no texto de Portinari é E A 17. (ENEM 2003) B Do pedacinho de papel ao livro impresso vai uma longa distância. Mas o que o escritor quer, mesmo, é isso: ver o seu texto em letra de forma. A gaveta é ótima para aplacar a fúria criativa; ela faz amadurecer o texto da mesma forma que a adega faz amadurecer o vinho. Em certos casos, a cesta de papel é melhor ainda.O período de maturação na gaveta é necessário, mas não deve se prolongar muito. ‘Tex- 916 Questões do ENEM tos guardados acabam cheirando mal’, disse Silvia Plath, (...) que, com esta frase, deu testemunho das dúvidas que atormentam o escritor: publicar ou não publicar? guardar ou jogar fora? (Moacyr Scliar. O escritor e seus desafios.) Nesse texto, o escritor Moacyr Scliar usa imagens para refletir sobre uma etapa da criação literária. A idéia de que o processo de maturação do texto nem sempre é o que garante bons resultados está sugerida na seguinte frase: (A) “A gaveta é ótima para aplacar a fúria criativa.” (B) “Em certos casos, a cesta de papel é melhor ainda.” (C) “O período de maturação na gaveta é necessário, (...).” (D) “Mas o que o escritor quer, mesmo, é isso: ver o seu texto em letra de forma.” (E) “ela (a gaveta) faz amadurecer o texto da mesma forma que a adega faz amadurecer o vinho.” 18. (ENEM 1999) E considerei a glória de um pavão ostentando o esplendor de suas cores; é um luxo imperial. Mas andei lendo livros, e descobri que aquelas cores todas não existem na pena do pavão. Não há pigmentos. O que há são minúsculas bolhas d’água em que a luz se fragmenta, como em um prisma. O pavão é um arco-íris de plumas. Eu considerei que este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos. De água e luz ele faz seu esplendor; seu grande mistério é a simplicidade. Considerei, por fim, que assim é o amor, oh! Minha amada; de tudo que ele suscita e esplende e estremece e delira em mim existem apenas meus olhos recebendo a luz de teu olhar. Ele me cobre de glórias e me faz magnífico. (BRAGA, Rubem. Ai de ti, Copacabana. 20.ed.) O poeta Carlos Drummond de Andrade escreveu assim sobre a obra de Rubem Braga: O que ele nos conta é o seu dia, o seu expediente de homem, apanhado no essencial, narrativa direta e econômica. (...) É o poeta do real, do palpável, que se vai diluindo em cisma. Dá o sentimento da realidade e o remédio para ela. Em seu texto, Rubem Braga afirma que “este é o luxo do grande artista, atingir o máximo de matizes com o mínimo de elementos”. Afirmação semelhante pode ser encontrada no texto de Carlos Drummond de Andrade, quando, ao analisar a obra de Braga, diz que ela é (A) uma narrativa direta e econômica. (B) real, palpável. (C) sentimento de realidade. (D) seu expediente de homem. (E) seu remédio. 1.2. Produção de textos literários, sua recepção e a constituição do patrimônio literário nacional. Relações entre a dialética cosmopolitismo/ locatismo e a produção literária nacional. Elementos de continuidade e ruptura entre os diversos momentos da literatura brasileira 19. (ENEM 2011) Estrada Esta estrada onde moro, entre duas voltas do caminho, Interessa mais que uma avenida urbana. Nas cidades todas as pessoas se parecem. Todo mundo é igual. Todo mundo é toda a gente. Aqui, não: sente-se bem que cada um traz a sua alma. Cada criatura é única. Até os cães. Estes cães da roça parecem homens de negócios: Andam sempre preocupados. E quanta gente vem e vai! E tudo tem aquele caráter impressivo que faz meditar: Enterro a pé ou a carrocinha de leite puxada por um bodezinho manhoso. Nem falta o murmúrio da água, para sugerir, pela voz dos símbolos, Que a vida passa! que a vida passa! E que a mocidade vai acabar. BANDEIRA, M. O ritmo dissoluto. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967. A lírica de Manuel Bandeira é pautada na apreensão de signifcados profundos a partir de elementos do cotidiano. No poema Estrada, o lirismo presente no contraste entre campo e cidade aponta para (A) o desejo do eu lírico de resgatar a movimentação dos centros urbanos, o que revela sua nostalgia com relação à cidade. (B) a percepção do caráter efêmero da vida, possibilitada pela observação da aparente inércia da vida rural. (C) a opção do eu lírico pelo espaço bucólico como possibilidade de meditação sobre a sua juventude. 917 Questões do ENEM (D) a visão negativa da passagem do tempo, visto que esta gera insegurança. (E) a profunda sensação de medo gerada pela refexão acerca da morte. 20. (ENEM 2009) (D) critica, por meio de um discurso irônico, a posição de inutilidade do poeta e da poesia em comparação com as prendas resgatadas de Itabira. (E) apresenta influências românticas, uma vez que trata da individualidade, da saudade da infância e do amor pela terra natal, por meio de recursos retóricos pomposos. Confidência do Itabirano Alguns anos vivi em Itabira. Principalmente nasci em Itabira. Por isso sou triste, orgulhoso: de ferro. Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas. E esse alheamento do que na vida é porosidade e [comunicação. A vontade de amar, que me paralisa o trabalho, vem de Itabira, de suas noites brancas, sem mulheres e [sem horizontes. E o hábito de sofrer, que tanto me diverte, é doce herança itabirana. De Itabira trouxe prendas diversas que ora te ofereço: esta pedra de ferro, futuro aço do Brasil, este São Benedito do velho santeiro Alfredo Duval; este couro de anta, estendido no sofá da sala de visitas; este orgulho, esta cabeça baixa... Tive ouro, tive gado, tive fazendas. Hoje sou funcionário público. Itabira é apenas uma fotografia na parede. Mas como dói! ANDRADE, C. D. Poesia completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2003. Carlos Drummond de Andrade é um dos expoentes do movimento modernista brasileiro. Com seus poemas, penetrou fundo na alma do Brasil e trabalhou poeticamente as inquietudes e os dilemas humanos. Sua poesia é feita de uma relação tensa entre o universal e o particular, como se percebe claramente na construção do poema Confidência do Itabirano. Tendo em vista os procedimentos de construção do texto literário e as concepções artísticas modernistas, conclui-se que o poema acima (A) representa a fase heroica do modernismo, devido ao tom contestatório e à utilização de expressões e usos linguísticos típicos da oralidade. (B) apresenta uma característica importante do gênero lírico, que é a apresentação objetiva de fatos e dados históricos. (C) evidencia uma tensão histórica entre o “eu” e a sua comunidade, por intermédio de imagens que representam a forma como a sociedade e o mundo colaboram para a constituição do indivíduo. 918 21. (ENEM 2006) Namorados O rapaz chegou-se para junto da moça e disse: — Antônia, ainda não me acostumei com o seu [ corpo, com a sua cara. A moça olhou de lado e esperou. — Você não sabe quando a gente é criança e de [ repente vê uma lagarta listrada? A moça se lembrava: — A gente fica olhando... A meninice brincou de novo nos olhos dela. O rapaz prosseguiu com muita doçura: — Antônia, você parece uma lagarta listrada. A moça arregalou os olhos, fez exclamações. O rapaz concluiu: — Antônia, você é engraçada! Você parece louca. Manuel Bandeira. Poesia completa & prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1985. No poema de Bandeira, importante representante da poesia modernista, destaca-se como característica da escola literária dessa época (A) a reiteração de palavras como recurso de construção de rimas ricas. (B) a utilização expressiva da linguagem falada em situações do cotidiano. (C) a criativa simetria de versos para reproduzir o ritmo do tema abordado. (D) a escolha do tema do amor romântico, caracterizador do estilo literário dessa época. (E) o recurso ao diálogo, gênero discursivo típico do Realismo. 22. (ENEM 2006) Erro de Português Quando o português chegou Debaixo de uma bruta chuva Vestiu o índio Que pena! Fosse uma manhã de Sol O índio tinha despido O português. Oswald de Andrade. Poesias reunidas. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978. Questões do ENEM O primitivismo observável no poema acima, de Oswald de Andrade, caracteriza de forma marcante (A) o regionalismo do Nordeste. (B) o concretismo paulista. (C) a poesia Pau-Brasil. (D) o simbolismo pré-modernista. (E) o tropicalismo baiano. 23. (ENEM 1998) A discussão sobre gramática na classe está “quente”. Será que os brasileiros sabem gramática? A professora de Português propõe para debate o seguinte texto: PRA MIM BRINCAR Não há nada mais gostoso do que o mim sujeito de verbo no infinito. Pra mim brincar. As cariocas que não sabem gramática falam assim. Todos os brasileiros deviam de querer falar como as cariocas que não sabem gramática. As palavras mais feias da língua portuguesa são quiçá, alhures e miúde. (BANDEIRA, Manuel. Seleta em prosa e verso. Org: Emanuel de Moraes. 4ª ed. Rio de Janeiro, José Olympio, 1986. Pág. 19) Com a orientação da professora e após o debate sobre o texto de Manuel Bandeira, os alunos chegaram à seguinte conclusão: (A) uma das propostas mais ousadas do Modernismo foi a busca da identidade do povo brasileiro e o registro, no texto literário, da diversidade das falas brasileiras. (B) apesar de os modernistas registrarem as falas regionais do Brasil, ainda foram preconceituosos em relação às cariocas. (C) a tradição dos valores portugueses foi a pauta temática do movimento modernista. (D) Manuel Bandeira e os modernistas brasileiros exaltaram em seus textos o primitivismo da nação brasileira. (E) Manuel Bandeira considera a diversidade dos falares brasileiros uma agressão à Língua Portuguesa. 24. (ENEM 2008) Considerando o soneto de Cláudio Manoel da Costa e os elementos constitutivos do Arcadismo brasileiro, assinale a opção correta acerca da relação entre o poema e o momento histórico de sua produção. (A) Os “montes” e “outeiros”, mencionados na pri- meira estrofe, são imagens relacionadas à Metrópole, ou seja, ao lugar onde o poeta se vestiu com traje “rico e fino”. (B) A oposição entre a Colônia e a Metrópole, como núcleo do poema, revela uma contradição vivenciada pelo poeta, dividido entre a civilidade do mundo urbano da Metrópole e a rusticidade da terra da Colônia. (C) O bucolismo presente nas imagens do poema é elemento estético do Arcadismo que evidencia a preocupação do poeta árcade em realizar uma representação literária realista da vida nacional. (D) A relação de vantagem da “choupana” sobre a “Cidade”, na terceira estrofe, é formulação literária que reproduz a condição histórica paradoxalmente vantajosa da Colônia sobre a Metrópole. (E) A realidade de atraso social, político e econômico do Brasil Colônia está representada esteticamente no poema pela referência, na última estrofe, à transformação do pranto em alegria. 25. (ENEM 2010) Soneto Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora me seu mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter!... já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece... Eis o estado em que a mágoa me tem posto! O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive! AZEVEDO, A. Obra completa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2000. O núcleo temático do soneto citado é típico da segunda geração romântica, porém configura um lirismo que o projeta para além desse momento específico. O fundamento desse lirismo é (A) a angústia alimentada pela constatação da irreversibilidade da morte. (B) a melancolia que frusta a possibilidade de reação diante da perda. (C) o descontrole das emoções provocado pela autopiedade. 919 Questões do ENEM (D) o desejo de morrer como alívio para a desilusão amorosa. (E) o gosto pela escuridão como solução para o sofrimento. em 1836. Durante quatro decênios, imperaram o “eu”, a anarquia, o liberalismo, o sentimentalismo, o nacionalismo, através da poesia, do romance, do teatro e do jornalismo (que fazia sua aparição nessa época). MOISÉS, M. A literatura brasileira através dos textos. São Paulo: Cultrix, 1971 (fragmento). 26. (ENEM 2010) Reclame De acordo com as considerações de Massaud Moisés no Texto II, o Texto I centra-se Se o mundo não vai bem a seus olhos, use lentes ... ou transforme o mundo ótica olho vivo agradece a preferência. CHACAL et al. Poesia marginal. São Paulo: Ática, 2006. Chacal é um dos representantes da geração poética de 1970. A produção literária desse geração, considerada marginal e engajada, de que é representativo o poema apresentado, valoriza (A) o experimentalismo em versos curtos e tom jocoso. (B) a sociedade de consumo, com o uso da linguagem publicitária. (C) a construção do poema, em detrimento do conteúdo. (D) a experimentação formal dos neossimbolistas. (E) o uso de versos curtos e uniformes quanto à métrica. 27. (ENEM 2010) Texto I Se eu tenho de morrer na for dos anos, Meu Deus! não seja já; Eu quero ouvir na laranjeira, à tarde, Cantar o sabiá! Meu Deus, eu sinto e bem vês que eu morro Respirando esse ar; Faz que eu viva, Senhor! dá-me de novo Os gozos do meu lar! Dá-me os sítios gentis onde eu brincava Lá na quadra infantil; Dá que eu veja uma vez o céu da pátria, O céu de meu Brasil! Se eu tenho de morrer na for dos anos, Meu Deus! Não seja já! Eu quero ouvir cantar na laranjeira, à tarde, Cantar o sabiá! ABREU, C. Poetas românticos brasileiros. São Paulo: Scipione, 1993. Texto II A ideologia romântica, argamassada ao longo do século XVIII e primeira metade do século XIX, introduziu-se 920 (A) no imperativo do “eu”, reforçando a ideia de que estar longe do Brasil é uma forma de estar bem, já que o país sufoca o eu lírico. (B) no nacionalismo, reforçado pela distância da pátria e pelo saudosismo em relação à paisagem agradável onde o eu lírico vivera a infância. (C) na liberdade formal, que se manifesta na opção por versos sem métrica rigorosa e temática voltada para o nacionalismo. (D) no fazer anárquico, entendida a poesia como negação do passado e da vida, seja pelas opções formais, seja pelos temas. (E) no sentimentalismo, por meio do qual se reforça a alegria presente em oposição à infância, marcada pela tristeza. 28. (ENEM 2009) No decênio de 1870, Franklin Távora defendeu a tese de que no Brasil havia duas literaturas independentes dentro da mesma língua: uma do Norte e outra do Sul, regiões segundo ele muito diferentes por formação histórica, composição étnica, costumes, modismos linguísticos etc. Por isso, deu aos romances regionais que publicou o título geral de Literatura do Norte. Em nossos dias, um escritor gaúcho, Viana Moog, procurou mostrar com bastante engenho que no Brasil há, em verdade, literaturas setoriais diversas, refletindo as características locais. CANDIDO, A. A nova narrativa. A educação pela noite e outros ensaios. São Paulo: Ática, 2003. Com relação à valorização, no romance regionalista brasileiro, do homem e da paisagem de determinadas regiões nacionais, sabe-se que (A) o romance do Sul do Brasil se caracteriza pela temática essencialmente urbana, colocando em relevo a formação do homem por meio da mescla de características locais e dos aspectos culturais trazidos de fora pela imigração europeia. (B) José de Alencar, representante, sobretudo, do romance urbano, retrata a temática da urbaniza- Questões do ENEM ção das cidades brasileiras e das relações conflituosas entre as raças. (C) o romance do Nordeste caracteriza-se pelo acentuado realismo no uso do vocabulário, pelo temário local, expressando a vida do homem em face da natureza agreste, e assume frequentemente o ponto de vista dos menos favorecidos. (D) a literatura urbana brasileira, da qual um dos expoentes é Machado de Assis, põe em relevo a formação do homem brasileiro, o sincretismo religioso, as raízes africanas e indígenas que caracterizam o nosso povo. (E) Érico Veríssimo, Rachel de Queiroz, Simões Lopes Neto e Jorge Amado são romancistas das décadas de 30 e 40 do século XX, cuja obra retrata a problemática do homem urbano em confronto com a modernização do país promovida pelo Estado Novo. 29. (ENEM 2001) Murilo Mendes, em um de seus poemas, dialoga com a carta de Pero Vaz de Caminha: “A terra é mui graciosa, Tão fértil eu nunca vi. A gente vai passear, No chão espeta um caniço, No dia seguinte nasce Bengala de castão de oiro. Tem goiabas, melancias, Banana que nem chuchu. Quanto aos bichos, tem-nos muito, De plumagens mui vistosas. Tem macaco até demais Diamantes tem à vontade Esmeralda é para os trouxas. Reforçai, Senhor, a arca, Cruzados não faltarão, Vossa perna encanareis, Salvo o devido respeito. Ficarei muito saudoso Se for embora daqui”. MENDES, Murilo. Murilo Mendes — poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 1994. Arcaísmos e termos coloquiais misturam-se nesse poema, criando um efeito de contraste, como ocorre em: (A) A terra é mui graciosa / Tem macaco até demais (B) Salvo o devido respeito / Reforçai, Senhor, a arca (C) A gente vai passear / Ficarei muito saudoso (D) De plumagens mui vistosas / Bengala de castão de oiro (E) No chão espeta um caniço / Diamantes tem à vontade 30. (ENEM 2001) No trecho abaixo, o narrador, ao descrever a personagem, critica sutilmente um outro estilo de época: o romantismo. “Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos; era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça, e, com certeza, a mais voluntariosa. Não digo que já lhe coubesse a primazia da beleza, entre as mocinhas do tempo, porque isto não é romance, em que o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas; mas também não digo que lhe maculasse o rosto nenhuma sarda ou espinha, não. Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, que o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação.” ASSIS, Machado de. Memórias Póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Jackson,1957. A frase do texto em que se percebe a crítica do narrador ao romantismo está transcrita na alternativa: (A) ... o autor sobredoura a realidade e fecha os olhos às sardas e espinhas ... (B) ... era talvez a mais atrevida criatura da nossa raça ... (C) Era bonita, fresca, saía das mãos da natureza, cheia daquele feitiço, precário e eterno, ... (D) Naquele tempo contava apenas uns quinze ou dezesseis anos ... (E) ... o indivíduo passa a outro indivíduo, para os fins secretos da criação. 31. (ENEM 2000) “Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que representam o pensamento estético predominante na época. Poética Estou farto do lirismo comedido Do lirismo bem comportado Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente protocolo e [manifestações de apreço ao Sr. diretor. Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário o [cunho vernáculo de um vocábulo Abaixo os puristas 921 Questões do ENEM ................................................................................. Quero antes o lirismo dos loucos O lirismo dos bêbedos O lirismo difícil e pungente dos bêbedos O lirismo dos clowns de Shakespeare — Não quero mais saber do lirismo que não é libertação. (BANDEIRA, Manuel. Poesia Completa e Prosa.Rio de Janeiro. Aguilar, 1974) Com base na leitura do poema, podemos afirmar corretamente que o poeta: (A) critica o lirismo louco do movimento modernista. (B) critica todo e qualquer lirismo na literatura. (C) propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico. (D) propõe o retorno ao lirismo do movimento romântico. (E) propõe a criação de um novo lirismo. 1.3. Associações entre concepções artísticas e procedimentos de construção do texto literário em seus gêneros (épico/narrativo, lírico e dramático) e formas diversas Mas não admita choro de criança. Ai! Punha-lhe os nervos em carne viva. [...] A excelente dona Inácia era mestra na arte de judiar de crianças. Vinha da escravidão, fora senhora de escravos - e daquelas ferozes, amigas de ouvir cantar o bolo e estalar o bacalhau. Nunca se afizera ao regime novo - essa indecência de negro igual. LOBATO, M. Negrinha. In: MORICONE, I. Os cem melhores contos brasileiros do século. Rio de Janeiro: Objetiva, 2000 (fragmento). A narrativa focaliza um momento histórico-social de valores contraditórios. Essa contradição infere-se, no contexto, pela (A) falta de aproximação entre a menina e a senhora, preocupada com as amigas. (B) receptividade da senhora para com os padres, mas deselegante para com as beatas. (C) ironia do padre a respeito da senhora, que era perversa com as crianças. (D) resistência da senhora em aceitar a liberdade dos negros, evidenciada no final do texto. (E) rejeição aos criados por parte da senhora, que preferia tratá-los com castigos. 33. (ENEM 2010) 32. (ENEM 2010) Prima Julieta Negrinha Negrinha era uma pobre órfã de sete anos. Preta? Não; fusca, mulatinha escura, de cabelos ruços e olhos assustados. Nascera na senzala, de mãe escrava, e seus primeiros anos vivera-os pelos cantos escuros da cozinha, sobre velha esteira e trapos imundos. Sempre escondida, que a patroa não gostava de crianças. Excelente senhora, a patroa. Gorda, rica, dona do mundo, amimada dos padres, com lugar certo na Igreja e camarote de luxo reservado no céu. Entaladas as banhas no trono (uma cadeira de balanço na sala de jantar), ali bordava, recebia as amigas e o vigário, dando audiências, discutindo o tempo. Uma virtuosa senhora em suma - "dama de grandes virtudes apostólicas, esteio da religião e da moral", dizia o reverendo. Ótima, a dona Inácia. 922 Prima Julieta irradiava um fascínio singular. Era a feminilidade em pessoa. Quando a conheci, sendo ainda garoto e já sensibilíssimo ao charme feminino, teria ela uns trinta ou trinta e dois anos de idade. Apenas pelo seu andar percebia-se que era uma deusa, diz Virgílio de outra mulher. Prima Julieta caminhava em ritmo lento, agitando a cabeça para trás, remando os belos braços brancos. A cabeleira loura incluía refexos metálicos. Ancas poderosas. Os olhos de um verde azulado borboleteavam. A voz rouca e ácida, em dois planos: voz de pessoa da alta sociedade. MENDES, M. A idade do serrote. Rio de Janeiro: Sabiá, 1968. Entre os elementos constitutivos dos gêneros, está o modo como se organiza a própria composição textual, tendo-se em vista o objetivo de seu autor: narrar, descrever, argumentar, explicar, instruir. No trecho, reconhece-se uma sequência textual Questões do ENEM (A) explicativa, em que se expõem informações objetivasreferentes à prima Julieta. (B) instrucional, em que se ensina o comportamentofeminino, inspirado em prima Julieta. (C) narrativa, em que se contam fatos que, no decorrerdo tempo, envolvem prima Julieta. (D) descritiva, em que se constrói a imagem de primaJulieta a partir do que os sentidos do enunciador captam. (E) argumentativa, em que se defende a opinião doenunciador sobre prima Julieta, buscando-se aadesão do leitor a essas ideias. (C) a escolha do tema, desenvolvido por frases semelhantes, caracteriza-os como pertencentes ao mesmo gênero. (D) os textos são de gêneros diferentes porque, apesar da intertextualidade, foram elaborados com finalidades distintas. (E) as linguagens que constroem significados nos dois textos permitem classificá-los como pertencentes ao mesmo gênero. 35. (ENEM 2009) Isto 34. (ENEM 2009) Dizem que finjo ou minto Tudo que escrevo. Não. Eu simplesmente sinto Com a imaginação. Não uso o coração. Texto 1 No meio do caminho No meio do caminho tinha uma pedra Tinha uma pedra no meio do caminho Tinha uma pedra No meio do caminho tinha uma pedra [...] Tudo o que sonho ou passo O que me falha ou finda, É como que um terraço Sobre outra coisa ainda. Essa coisa é que é linda. ANDRADE, C.D. Antologia poética. Rio de Janeiro/São Paulo: Record. 2000. (fragmento) Por isso escrevo em meio Do que não está ao pé Livre do meu enleio, Sério do que não é. Texto 2 Sentir? Sinta quem lê! PESSOA, F. Poemas escolhidos São Paulo: Globo, 1997. Fernando Pessoa é um dos poetas mais extraordinários do século XX. Sua obsessão pelo fazer poético não encontrou limites. Pessoa viveu mais no plano criativo do que no plano concreto, e criar foi a grande finalidade de sua vida. Poeta da "Geração Orfeu", assumiu uma atitude irreverente. DAVIS, J. Garfield, um charme de gato - 7. Trad. da Agência Internacional Press. Porto Alegre: L&PM, 2000. A comparação entre os recursos expressivos que constituem os dois textos revela que (A) o texto 1 perde suas características de gênero poético ao ser vulgarizado por histórias em quadrinho. (B) o texto 2 pertence ao gênero literário, porque as escolhas linguísticas o tornam uma réplica do texto 1. Com base no texto e na temática do poema Isto, conclui-se que o autor (A) revela seu conflito emotivo em relação ao processo de escritura do texto. (B) considera fundamental para a poesia a influência dos fatos sociais. (C) associa o modo de composição do poema ao estado de alma do poeta. (D) apresenta a concepção do Romantismo quanto à expressão da voz do poeta. (E) separa os sentimentos do poeta da voz que fala no texto, ou seja, do eu lírico. 923 Questões do ENEM 36. (ENEM 2009) 37. (ENEM 2009) Ouvir estrelas Texto 1 "Ora, (direis) ouvir estrelas! Certo perdeste o senso!" E eu vos direi, no entanto, que, para ouvi-las, muito vez desperto e abro as janelas, pálido de espanto... O Morcego Meia-noite. Ao meu quarto me recolho. Meu Deus! E este morcego! E, agora, vede: Na bruta ardência orgânica da sede, Morde-me a goela ígneo e escaldante molho. "Vou mandar levantar outra parede..." Digo. Ergo-me a tremer. Fecho o ferrolho E olho o teto. E vejo-o ainda, igual a um olho, Circularmente sobre a minha rede! Pego de um pau. Esforços faço. Chego A tocá-lo. Minh'alma se concentra. Que ventre produziu tão feio parto?! A Consciência Humana é este morcego! Por mais que a gente faça, à noite, ele entra Imperceptivelmente em nosso quarto! E conversamos toda noite, enquanto a Via-Láctea, como um pálio aberto, cintila. E, ao vir o Sol, saudoso e em pranto, inda as procuro pelo céu deserto. Direis agora: "Tresloucado amigo! Que conversas com elas?" Que sentido tem o que dizem, quando estão contigo?" E eu vos direi: "Amai para entendê-las! Pois só quem ama pode ter ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas". ANJOS, A. Obra Completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994. BILAC, Olavo. Ouvir estrelas. In: Tarde , 1919. Ouvir estrelas Texto 2 O lugar-comum em que se converteu a imagem de um poeta doentio, com gosto do macabro e do horroroso, dificulta que se veja, na obra de Augusto dos Anjos, o olhar clínico, o comportamento analítico, até mesmo certa frieza, certa impessoalidade científica. CUNHA, F. Romatismo e moderinidade na poesia. Rio de Janeiro: Cátedra, 1988 (adaptado). Em consonância com os comentários do texto 2 acerca da poética de Augusto dos Anjos, o poema O morcego apresenta-se enquanto percepção do mundo, como forma estética capaz de (A) reencantar a vida pelo mistério com que os fatos banais são revestidos na poesia. (B) expressar o caráter doentio da sociedade moderna por meio do gosto macabro. (C) representar realisticamente as dificuldades do cotidiano sem associá-lo a reflexões de cunho existencial. (D) abordar dilemas humanos universais a partir de um ponto de vista distanciado a analítico acerca do cotidiano. (E) conseguir a atenção do leitor pela inclusão de elementos das histórias de horror e suspense na estrutura lírica da poesia. 924 Ora, direis, ouvir estrelas! Vejo que estás beirando a maluquice extrema. No entanto o certo é que não perco o ensejo De ouvi-las nos programas de cinema. Não perco fita; e dir-vos-ei sem pejo que mais eu gozo se escabroso é o tema. Uma boca de estrela dando beijo é, meu amigo, assunto p'ra um poema. Direis agora: Mas, enfim, meu caro, As estrelas que dizem? Que sentido têm suas frases de sabor tão raro? Amigo, aprende inglês para entendê-las, Pois só sabendo inglês se tem ouvido Capaz de ouvir e de entender estrelas. TIGRE, Bastos. Ouvir estrelas. In: Becker, I. Humor e humorismo: Antologia. São Paulo: Brasiliense, 1961. A partir da comparação entre os poemas, verifica-se que, (A) no texto de Bilac, a construção do eixo temático se deu em linguagem denotativa, enquanto no de Tigre, em linguagem conotativa. (B) no texto de Bilac, as estrelas são inacessíveis, distantes, e no texto de Tigre, são próximas, acessíveis aos que as ouvem e as entendem. (C) no texto de Tigre, a linguagem é mais formal, mais trabalhada, como se observa no uso de estruturas como "dir-vos-ei sem pejo" e "entendê-las". Questões do ENEM (D) no texto de Tigre, percebe-se o uso da linguagem metaliguística no trecho "Uma boca de estrela dando beijo/é, meu amigo, assunto p'ra um poema." (E) no texto de Tigre, a visão romântica apresentada para alcançar as estrelas é enfatizada na última estrofe de seu poema com recomendação de compreensão de outras línguas. 38. (EXAMES DO MEC) Leia: dia nublado e no peito do sabiá sol do meio-dia (RUIZ, Alice in Revista Entrelivros, setembro/05) Haikai é uma forma de poesia vinda do Japão. Em rigor, compõe-se de dezessete sílabas, distribuídas em três versos, e não possui título. No haikai de Alice Ruiz, duas palavras possuem sentidos contrários. São elas: (A) dia e peito. (B) sol e sabiá. (C) nublado e sol. (D) sabiá e meio-dia. 39. (EXAMES DO MEC) Quero me casar Na noite na rua No mar ou no céu Quero me casar. Procuro uma noiva Loura morena Preta ou azul Uma noiva verde Uma noiva no ar Como um passarinho. Depressa, que o amor Não pode esperar! Pelas suas características, esse texto é (A) uma propaganda. (B) um poema. (C) um anúncio. (D) uma notícia. 40. (ENEM 2009 - SIMULADO) É próprio da poesia de Manoel de Barros valorizar seres e coisas considerados, em geral de menor importância no mundo moderno. No poema de Manoel de Barros, essa valorização é expressa por meio da linguagem (A) denotativa, para evidenciar a oposição entre elementos da natureza e da modernidade. (B) rebuscada de neologismos que depreciam elementos próprios do mundo moderno. (C) hiperbólica, para elevar o mundo dos seres insignificantes. (D) simples, porém expressiva no uso de metáforas para definir o fazer poético do eu-lírico poeta. (E) referencial, para criticar o instrumentalismo técnico e o pragmatismo da era da informação digital. 1.4. Articulações entre os recursos expressivos e estruturais do texto literário e o processo social relacionado ao momento de sua produção 41. (ENEM 2011) TEXTO I O meu nome é Severino, não tenho outro de pia. Como há muitos Severinos, que é santo de romaria, deram então de me chamar Severino de Maria; como há muitos Severinos com mães chamadas Maria, fiquei sendo o da Maria do finado Zacarias, mas isso ainda diz pouco: há muitos na freguesia, por causa de um coronel que se chamou Zacarias e que foi o mais antigo senhor desta sesmaria. Como então dizer quem fala ora a Vossas Senhorias? MELO NETO, J. C. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1994 (fragmento). TEXTO II João Cabral, que já emprestara sua voz ao rio, transfere-a, aqui, ao retirante Severino, que, como o Capibaribe, também segue no caminho do Recife. A autoapresentação do personagem, na fala inicial do 925 Questões do ENEM texto, nos mostra um Severino que, quanto mais se defne, menos se individualiza, pois seus traços biográfcos são sempre partilhados por outros homens. SECCHIN, A. C. João Cabral: a poesia do menos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1999 (fragmento). Com base no trecho de Morte e Vida Severina (Texto I) e na análise crítica (Texto II), observa-se que a relação entre o texto poético e o contexto social a que ele faz referência aponta para um problema social expresso literariamente pela pergunta "Como então dizer quem fala / ora a Vossas Senhorias?”. A resposta à pergunta expressa no poema é dada por meio da (A) descrição minuciosa dos traços biográfcos do personagem-narrador. (B) construção da fgura do retirante nordestino como um homem resignado com a sua situação. (C) representação, na fgura do personagem-narrador, de outros Severinos que compartilham sua condição. (D) apresentação do personagem-narrador como uma projeção do próprio poeta, em sua crise existencial. (E) descrição de Severino, que, apesar de humilde, orgulha-se de ser descendente do coronel Zacarias. (A) descreve as propriedades do açucar. (B) se revela mero consumidor de açucar. (C) destaca o modo de produção do açucar. (D) exalta o trabalho dos cortadores de cana. (E) explicita a exploração dos trabalhadores. 43. (ENEM 2009) Como se assistisse à demonstração de um espetáculo mágico, ia revendo aquele ambiente tão característico de família, com seus pesados móveis de vinhático ou de jacarandá, de qualidade antiga, e que denunciavam um passado ilustre, gerações de Meneses talvez mais singelos e mais calmos; agora, uma espécie de desordem, de relaxamento, abastardava aquelas qualidades primaciais. Mesmo assim era fácil perceber o que haviam sido, esses nobres da roça, com seus cristais que brilhavam mansamente na sombra, suas pratas semiempoeiradas que atestavam o esplendor esvanecido, seus marfins e suas opalinas - ah, respirava-se ali conforto, não havia dúvida, mas era apenas uma sobrevivência de coisas idas. Dir-se-ia, ante esse mundo que se ia desagregando, que um mal oculto o roía, como um tumor latente em sua entranhas. CARDOSO, L. Crônica da casa assassinada. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2002 (adaptado). 42. (ENEM 2010) Açúcar O branco açucar que adoçará meu café Nesta manhã de Ipanema Não foi produzido por mim Nem surgiu dentro do açucareiro por milagre [...] Em lugares distantes Onde não há hospital, Nem escola, homens que não sabem ler e morrem de fome Aos 27 anos Plantaram e colheram a cana Quer viraria açucar. Em usinas escuras, homens de vida amarga E dura Produziram este açucar Branco e puro Com que adoço meu café esta manhã Em Ipanema. GULLAR, F. Toda Poesia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980 (fragmento). A Literatura Brasileira desempenha papel importante ao suscitar reflexão ocorre porque o eu lírico 926 O mundo narrado nesse trecho do romance de Lúcio Cardoso, acerca da vida dos Meneses, família da aristocracia rural de Minas Gerais, apresenta não apenas a história da decadência dessa família, mas é, ainda, a representação literária de uma fase de desagregação política, social e econômica do país. O recurso expressivo que formula literariamente essa desagregação histórica é o de descrever a casa dos Meneses como (A) ambiente de pobreza e privação, que carece de conforto mínimo para a sobrevivência da família. (B) mundo mágico, capaz de recuperar o encantamento perdido durante o período de decadência da aristocracia rural mineira. (C) cena familiar, na qual o calor humano dos habitantes da casa ocupa o primeiro plano, compensando a frieza e austeridade dos objetos antigos. (D) símbolo de um passado ilustre que, apesar de superado, ainda resiste à sua total dissolução graças ao cuidado e asseio que a família dispensa à conservação da casa. (E) espaço arruinado, onde os objetos perderam seu esplendor e sobre os quais a vida repousa como lembrança de uma passado que está em vias de desaparecer completamente. Questões do ENEM 44. (ENEM 2009) Cárcere das almas Ah! Toda a alma num cárcere anda presa, Soluçando nas trevas, entre as grades Do calabouço olhando imensidades, Mares, estrelas, tardes, natureza. Tudo se veste de uma igual grandeza Quando a alma entre grilhões as liberdades Sonha e, sonhando, as imortalidades Rasga no etéreo o Espaço da Pureza. Ó almas presas, mudas e fechadas Nas prisões colossais e abandonadas, Da Dor no calabouço, atroz, funéreo! Nesses silêncios solitários, graves, que chaveiro do Céu possui as chaves para abrir-vos as portas do Mistério?! CRUZ E SOUSA, J. Poesia completa. Florianópolis: Fundação Catarinense de Cultura / Fundação Banco do Brasil, 1993. Os elementos formais e temáticos relacionados ao contexto cultural do Simbolismo encontrados no poema Cárcere das almas, de Cruz e Sousa, são (A) a opção pela abordagem, em linguagem simples e direta, de temas filosóficos. (B) a prevalência do lirismo amoroso e intimista em relação à temática nacionalista. (C) o refinamento estético da forma poética e o tratamento metafísico de temas universais. (D) a evidente preocupação do eu lírico com a realidade social expressa em imagens poéticas inovadoras. (E) a liberdade formal da estrutura poética que dispensa a rima e a métrica tradicionais em favor de temas do cotidiano. 45. (EXAMES DO MEC) E se somos muitos Severinos iguais em tudo na vida, morremos de morte igual, mesma morte severina: que é a morte de que se morre de velhice antes dos trinta, de emboscada antes dos vinte, de fome um pouco por dia (de fraqueza e de doença é que é a morte severina ataca em qualquer idade, e até gente não nascida). MELO NETO, J. C. Morte e vida severina. São Paulo: Aguilar, 1999. As repetições de palavras e de estruturas presentes neste trecho de Morte e Vida Severina são recursos expressivos que pretendem mostrar que (A) a vida no sertão nordestino é diferente de pessoa para pessoa. (B) Severino conhece muitas pessoas como o mesmo nome que o seu. (C) há muitas mulheres com o nome de Severina no sertão nordestino. (D) a fome e a miséria atingem muitos habitantes do sertão nordestino. 46. (EXAMES DO MEC) Dia das mães Mãe Argentina 30.000 filhos desaparecidos (entre eles 400 crianças) (...) Mãe Brasileira 144 filhos desaparecidos Mãe latino-americana 90.000 filhos desaparecidos Achei liquidificadores, achei batedeiras de bolo, brincos e colares, televisores em cores e mesmo flores. Mas em nenhuma loja ou magazine encontrei um só filho seu pra dizer: presente! Henfil. Diretas já. Rio de Janeiro: Record, 1984, p. 51-2. O verdadeiro "presente" para as mães citadas no texto, segundo Henfil, é (A) ganhar liquidificadores e batedeiras. (B) ganhar qualquer coisa, mesmo que flores. (C) ter os seus filhos de volta. (D) ter os seus filhos vivos, com televisores. 47. (EXAMES DO MEC) Leia: A Rosa de Hiroshima Pensem nas crianças Mudas telepáticas, Pensem nas meninas Cegas inexatas, Pensem na mulheres Rotas alteradas, Pensem nas feridas Como rosas cálidas. 927 Questões do ENEM Mas, oh, não se esqueçam Da rosa, da rosa! Da rosa de Hiroshima, A rosa hereditária, A rosa radioativa Estúpida e inválida, A rosa com cirrose, A anti-rosa atômica. Sem cor, sem perfume, Sem rosa, sem nada. (Vinícius de Moraes) O poema de Vinícius de Moraes (1913-1980) foi musicado na década de 70 pelo grupo Secos e Molhados. Em seus versos, constrói-se um apelo para que não seja esquecida a (A) situação econômica de um bombardeado. (B) potência destrutiva de uma bomba nuclear. (C) falta de alimento nos países em desenvolvimento. (D) presença de mulheres nas guerras mundiais. 48. (ENEM 2008) São Paulo vai se recensear. O governo quer saber quantas pessoas governa. A indagação atingirá a fauna e a flora domesticadas. Bois, mulheres e algodoeiros serão reduzidos a números e invertidos em estatísticas. O homem do censo entrará pelos bangalôs, pelas pensões, pelas casas de barro e de cimento armado, pelo sobradinho e pelo apartamento, pelo cortiço e pelo hotel, perguntando: — Quantos são aqui? Pergunta triste, de resto. Um homem dirá: — Aqui havia mulheres e criancinhas. Agora, felizmente, só há pulgas e ratos. (A) expressar o tema de forma abstrata, evocando imagens e buscando apresentar a idéia de uma coisa por meio de outra. (B) manter-se fiel aos acontecimentos, retratando os personagens em um só tempo e um só espaço. (C) contar história centrada na solução de um enigma, construindo os personagens psicologicamente e revelando-os pouco a pouco. (D) evocar, de maneira satírica, a vida na cidade, visando transmitir ensinamentos práticos do cotidiano, para manter as pessoas informadas. (E) valer-se de tema do cotidiano como ponto de partida para a construção de texto que recebe tratamento estético. 49. (ENEM 2005) As dimensões continentais do Brasil são objeto de reflexões expressas em diferentes linguagens. Esse tema aparece no seguinte poema: “(....) Que importa que uns falem mole descansado Que os cariocas arranhem os erres na garganta Que os capixabas e paroaras escancarem as vogais? Que tem se o quinhentos réis meridional Vira cinco tostões do Rio pro Norte? Junto formamos este assombro de misérias e grandezas, Brasil, nome de vegetal! (....)” (Mário de Andrade. Poesias completas. 6. ed. São Paulo: Martins Editora, 1980.) O texto poético ora reproduzido trata das diferenças brasileiras no âmbito E outro: — Amigo, tenho aqui esta mulher, este papagaio, esta sogra e algumas baratas. Tome nota dos seus nomes, se quiser. Querendo levar todos, é favor... (...) E outro: — Dois, cidadão, somos dois. Naturalmente o sr. não a vê. Mas ela está aqui, está, está! A sua saudade jamais sairá de meu quarto e de meu peito! Rubem Braga. Para gostar de ler. v. 3. São Paulo: Ática, 1998, p. 32-3 (fragmento). O fragmento acima, em que há referência a um fato sócio-histórico — o recenseamento —, apresenta característica marcante do gênero crônica ao 928 (A) étnico e religioso. (B) lingüístico e econômico. (C) racial e folclórico. (D) histórico e geográfico. (E) literário e popular. 50. (ENEM 1998) Para falar e escrever bem, é preciso, além de conhecer o padrão formal da Língua Portuguesa, saber adequar o uso da linguagem ao contexto discursivo. Para exemplificar este fato, seu professor de Língua Portuguesa convida-o a ler o texto Aí, Galera, de Luís Fernando Veríssimo. No texto, o autor brinca com situações de discurso oral que fogem à expectativa do ouvinte. Questões do ENEM Aí, Galera Jogadores de futebol podem ser vítimas de estereotipação. Por exemplo, você pode imaginar um jogador de futebol dizendo “ estereotipação”?E, no entanto, por que não? - Aí, campeão. Uma palavrinha pra galera. - Minha saudação aos aficionados do clube e aos demais esportistas, aqui presentes ou no recesso dos seus lares. - Como é? - Aí, galera. - Quais são as instruções do técnico? - Nosso treinador vaticinou que, com um trabalho de contenção coordenada, com energia otimizada, na zona de preparação, aumentam as probabilidades de, recuperado o esférico, concatenarmos um contragolpe agudo com parcimônia de meios e extrema objetividade, valendo-nos da desestruturação momentânea do sistema oposto, surpreendido pela reversão inesperada do fluxo da ação. - Ahn? - É pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça. - Certo. Você quer dizer mais alguma coisa? - Posso dirigir uma mensagem de caráter sentimental, algo banal, talvez mesmo previsível e piegas, a uma pessoa à qual sou ligado por razões, inclusive, genéticas? - Pode. - Uma saudação para a minha progenitora. - Como é? - Alô, mamãe! - Estou vendo que você é um, um... - Um jogador que confunde o entrevistador, pois não corresponde à expectativa de que o atleta seja um ser algo primitivo com dificuldade de expressão e assim sabota a estereotipação? - Estereoquê? - Um chato? - Isso. Correio Braziliense, 13/05/1998. O texto retrata duas situações relacionadas que fogem à expectativa do público. São elas: (A) a saudação do jogador aos fãs do clube, no início da entrevista, e a saudação final dirigida à sua mãe. (B) a linguagem muito formal do jogador, inadequada à situação da entrevista, e um jogador que fala, com desenvoltura, de modo muito rebuscado. (C) o uso da expressão “ galera”, por parte do entrevistador, e da expressão “ progenitora”, por parte do jogador. (D) o desconhecimento, por parte do entrevistador, da palavra “ estereotipação”, e a fala do jogador em “ é pra dividir no meio e ir pra cima pra pegá eles sem calça” . (E) o fato de os jogadores de futebol serem vítimas de estereotipação e o jogador entrevistado não corresponder ao estereótipo. 5. Representação literária: natureza, função, organização e estrutura do texto literário; relações entre literatura, outras artes e outros saberes 51. (ENEM 2010) Quincas Borba mal podia encobrir a satisfação do triunfo. Tinha uma asa de frango no prato, e trincava-a com flosófca serenidade. Eu fz-lhe ainda algumas objeções, mas tão frouxas, que ele não gastou muito tempo em destruí-las. — Para entender bem o meu sistema, concluiu ele, importa não esquecer nunca o princípio universal, repartido e resumido em cada homem. Olha: a guerra, que parece uma calamidade, é uma operação conveniente, como se disséssemos o estalar dos dedos de Humanitas; a fome (e ele chupava flosofcamente a asa do frango), a fome é uma prova a que Humanitas submete a própria víscera. Mas eu não quero outro documento da sublimidade do meu sistema, senão este mesmo frango. Nutriu-se de milho, que foi plantado por um africano, suponhamos, importado de Angola. Nasceu esse africano, cresceu, foi vendido; um navio o trouxe, um navio construído de madeira cortada no mato por dez ou doze homens, levado por velas, que oito ou dez homens teceram, sem contar a cordoalha e outras partes do aparelho náutico. Assim, este frango, que eu almocei agora mesmo, é o resultado de uma multidão de esforços e lutas, executadas com o único fm de dar mate ao meu apetite. ASSIS, M. Memórias póstumas de Brás Cubas. Rio de Janeiro: Civilização Brasiliense, 1975. A filosofa de Quincas Borba - a Humanitas -contém princípios que, conforme a explanação do personagem, consideram a cooperação entre as pessoas uma forma de 929 Questões do ENEM (A) lutar pelo bem da coletividade. (B) atender a interesses pessoais. (C) erradicar a desigualdade social. (D) minimizar as diferenças individuais. (E) estabelecer vínculos sociais profundos. Texto II As lavadeiras de Mossoró, cada uma tem sua pedra no rio: cada pedra é herança de família, passando de mãe a filha, de filha a neta, como vão passando as águas no tempo [...]. A lavadeira e a pedra formam um ente especial, que se divide e se reúne ao sabor do trabalho. Se a mulher entoa uma canção, percebe-se que nova pedra a acompanha em surdina... [...] 52.(ENEM 2009) Canção do vento e da minha vida O vento varria as folhas, O vento varria os frutos, O vento varria as flores... E a minha vida ficava ANDRADE, C. D. Contos sem propósito. Rio de Janeiro: Jornal do Brasil, Caderno B, 17/7/1979 (fragmento). Cada vez mais cheia De frutos, de flores, de folhas. [...] O vento varria os sonhos E varria as amizades... O vento varria as mulheres... E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De afetos e de mulheres. O vento varria os meses E varria os teus sorrisos... O vento varria tudo! E a minha vida ficava Cada vez mais cheia De tudo. Com base na leitura dos textos, é possível estabelecer uma relação entre forma e conteúdo da palavra "pedra", por meio da qual se observa BANDEIRA, M. Poesia completa e prosa. Rio de Janeiro: José Aguilar, 1967. (A) o emprego, em ambos os textos, do sentido conotativo da palavra "pedra". (B) a identidade de significação, já que nos dois textos, "pedra" significa empecilho. (C) a personificação de "pedra" que, em ambos os textos, adquire características animadas. (D) o predomínio, no primeiro texto, do sentido denotativo de "pedra" como matéria mineral sólida e dura. (E) a utilização, no segundo texto, do significado de "pedra" como dificuldade materializada por um objeto. Predomina no texto a função da linguagem 54. (ENEM 2009) (A) fática, porque o autor procura testar o canal de comunicação. (B) metalinguística, porque há explicação do significado das expressões. (C) conativa, uma vez que o leitor é provocado a participar de uma ação. (D) referencial, já que são apresentadas informações sobre acontecimentos e fatos reais. (E) poética, pois chama-se a atenção para a elaboração especial e artística da estrutura do texto. Esta gramática, pois que gramática implica no seu conceito o conjunto de normas com que torna consciente a organização de uma ou mais falas, esta gramática parece estar em contradição com o meu sentimento. É certo que não tive jamais a pretensão de criar a Fala Brasileira. Não tem contradição. Só quis mostrar que o meu trabalho não foi leviano, foi sério. Se cada um fizer também das observações e estudos pessoais a sua gramatiquinha muito que isso facilitará pra daqui a uns cinquenta anos se salientar normas gerais, não só da fala oral transitória e vaga, porém, de expressão literária impressa, isto é, da estilização erudita da linguagem oral. Essa estilização é que determina a cultura civilizada sob o ponto de vista expressivo. Linguístico. 53. (ENEM 2009) Texto I No meio do caminho tinha uma pedra tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra no meio do caminho tinha uma pedra [...] ANDRADE, Mário. Apud PINTO, E. P. A gramatiquinha de Mário de Andrade: texto e contexto. São Paulo: Duas Cidades: Secretaria de Estado de Cultura, 1990 (adaptado). ANDRADE, C. D. Reunião. Rio de Janeiro: José Olympio. 1971 (fragmento). 930 O fragmento é baseado nos originais de Mário de Andrade destinados à elaboração de sua gramati- Questões do ENEM quinha. Muitos rascunhos do autor foram compilados, com base nos quais depreende-se do pensamento de Mário de Andrade que ele (A) demonstra estar de acordo com os ideais da gramática normativa. (B) é destituído da pretensão de representar uma linguagem próxima do falar. (C) dá preferência à linguagem literária ao caracterizá-la como estilização erudita da linguagem oral. (D) reconhece a importância do registro do português do Brasil ao buscar sistematizar a língua na sua expressão oral e literária. (E) reflete a respeito dos métodos de elaboração das gramáticas, para que ele se torne mais sério, o que fica claro na sugestão de que cada um se dedique a estudos pessoais. (A) informática e invencionática são ações que, para o poeta, correlacionam-se: ambas têm o mesmo valor na sua poesia. (B) arte é criação e, como tal, consegue dar voz às diversas maneiras que o homem encontra para dar sentido à própria vida. (C) a capacidade do ser humano de criar está condicionada aos processos de modernização tecnológicos. (D) a invenção poética, para dar sentido ao desperdício, precisou se render às inovações da informática. (E) as palavras no cotidiano estão desgastadas, por isso à poesia resta o silêncio da não comunicabilidade. 56. (ENEM 2007) O canto do guerreiro 55. (ENEM 2009 - SIMULADO) O apanhador de desperdícios Uso a palavra para compor meus silêncios. Não gosto das palavras fatigadas de informar. Dou mais respeito às que vivem de barriga no chão tipo água pedra sapo. Entendo bem o sotaque das águas Dou respeito às coisas desimportantes e aos seres desimportantes. Prezo insetos mais que aviões. Prezo a velocidade das tartarugas mais que a dos mísseis. Tenho em mim um atraso de nascença. Eu fui aparelhado para gostar de passarinhos. Tenho abundância de ser feliz por isso. Meu quintal é maior do que o mundo Sou um apanhador de desperdícios: Amo os restos como as boas moscas. Queria que a minha voz tivesse um formato de canto. Porque eu não sou da informática: eu sou da invencionática. Só uso a palavra para compor meus silêncios. BARROS, Manoel de. O apanhador de desperdícios. In. PINTO, Manuel da Costa. Antologia comentada da poesia brasileira do século 21. São Paulo: Publifolha, 2006. p. 73-74. Considerando o papel da arte poética e a leitura do poema de Manoel de Barros, afirma-se que Aqui na floresta Dos ventos batida, Façanhas de bravos Não geram escravos, Que estimem a vida Sem guerra e lidar. — Ouvi-me, Guerreiros, — Ouvi meu cantar. Valente na guerra, Quem há, como eu sou? Quem vibra o tacape Com mais valentia? Quem golpes daria Fatais, como eu dou? — Guerreiros, ouvi-me; — Quem há, como eu sou? Gonçalves Dias. Macunaíma (Epílogo) Acabou-se a história e morreu a vitória. Não havia mais ninguém lá. Dera tangolomângolo na tribo Tapanhumas e os filhos dela se acabaram de um em um. Não havia mais ninguém lá. Aqueles lugares, aqueles campos, furos puxadouros arrastadouros meios-barra