doneda. perspectivas para o combate ao spam
Transcrição
doneda. perspectivas para o combate ao spam
Obra: Perspectiva para o combate ao spam DONEDA, Danilo. Perspectivas para o combate ao spam. in DE LUCCA, Newton; SIMÃO FILHO, Adalberto (coordenadores). Direito e Internet, Vol. II, Aspectos Jurídicos Relevantes, São Paulo: Editora Quartier Latin do Brasil, 2008. Aluno: Patricia Martinez Almeida Professor: Newton de Lucca Sumário: Introdução; 1. Origem e terminologia; 2. Aspectos técnicos; 3. Alcance e estrutura; 4. Qualificação jurídica; 5. Experiência estrangeira; 6. Alternativas e soluções; 7. Conclusões. As novas tecnologias trouxeram à realidade a possibilidade da comunicação em escala planetária, facilitando os interesses dos usuários da rede mundial de computadores. Entretanto, também trouxeram novos riscos e óbices a utilização plena das novas ferramentas comunicacionais. Nos dizeres do autor, o SPAM ameaça inibir a utilização de uma das ferramentas, qual seja, o e-mail. Para ele, o crescimento da prática do spam contribui para tornar a ferramenta cada vez menos confiável e menos útil, diante da perda de tempo dos usuários em identificar as mensagens reais dos spams, além da necessidade de utilização de sistemas de proteção anti-spam que, a depender do nível de segurança, podem, inclusive, bloquear as mensagens reais e o aumento dos custos na manutenção das redes, o que, com efeito, ocasiona prejuízos aos usuários da internet (pp. 255/256). 1. Origem e terminologia: Por se tratar de um termo generalizado, resta dificultado o trabalho na identificação e combate ao SPAM. Originalmente, o termo SPAM refere-se a uma marca de produto enlatado. Foi tomado pela primeira vez no sentido que hoje se emprega em meados de 1980 quando um usuário causou problemas técnicos com a repetição automática da palavra SPAM em um ambiente técnico da MUD, uma espécie de jogo on- line, em que os participantes ficassem impedidos de jogar. Nos dizeres do autor, parece certo que o termo foi inspirado num quadro humorístico do grupo Monty Python de uma cena num restaurante em que todos os pratos continham a palavra SPAM, e, ao fundo um grupo de vikings cantarolava a be leza e delicia do SPAM, num tom que ultimava em atrapalhar o serviço da garçonete (pp. 256/257). Numa tentativa de conceituação de conceituação de SPAM temos aceitação de se tratar de correio eletrônico comercial não solicitado, disso tiramos 2 problemáticas: 1. a maioria dos e-mails que trocamos não são em sua origem solicitados previamente; 2. O termo correio eletrônico não tem o âmbito de aplicação somente em e-mails e nem sempre seu conteúdo é comercial, o que torna difícil o rastreamento pelos programa s de proteção. Elementos de caracterização do SPAM: 1. O caráter comercial; 2. O envio em massa; 3. A uniformidade de seu conteúdo; 4. O fato de não ter sido solicitado pelo destinatário. Definição do Jargon File: Enviar e- mails em massa, não solicitados, idênticos ou quase idênticos, geralmente contendo publicidade. Utilizado em particular quando os endereços foram extraídos do trafego de rede ou de banco de dados sem o consentimento dos destinatários. 2. Aspectos técnicos: Alerta o autor que a disseminação da prática do SPAM se deve a atual estrutura que viabilização sua expansão, pois disponibiliza os meios necessários à utilização em massa e sigilo do remetente. Em discurso proferido no 25º aniversário do SPAM, Brad Templeton asseverou que: “queríamos um sistema de e- mail extremamente barato com o qual qualquer outra pessoa, que protegesse a comunicação anônima, valorizasse valores como a liberdade de expressão e a possibilidade de enviar mensagens não solicitadas.” Uma mensagem eletrônica, pelo protocolo SMTP (SIMPLE MAIL TRANSFER PROTOCOL) pode ser enviada a diversos destinatários sem aumento de custo e sem mecanismos de autenticação do real emissor. O caso emblemático que alertou os usuários da rede foi em 1994 quando 2 advogados SPAMMERS que dispararam em diversas redes da USANET de natureza não comercial o oferecimento de seus serviço imigratórios (mais de 6 mil grupos de discussão), a partir daí o SPAM começou a se sofisticar. 3. Alcance e estrutura: o spam em si mesmo é um mecanismo para alcançar um grande nº de destinatários para uma mensagem com pouco gasto e quase nenhum bloqueio de envio em determinados servidores. Como qualquer e-mail, o spam é constituído pelo corpo da mensagem, endereço de saída e destino. O endereço do remetente pode facilmente ser manipulado, enquanto os dos destinatários podem ser conseguidos por intermédio de listas de endereços que são licitas ou ilicitamente auferidas, na obtenção ou compra de base de dados. A disseminação da pratica dos spammers, que evolui a medida que evoluem os mecanismos de proteção anti-spam, tem alterado o comportamento dos usuários na não publicização dos e- mails particulares. Os sistemas legais de contenção de envios de spams podem ser opt- in, quando o envio de spam depende de previa autorização do destinatário, ou opt-out, quando o controle é feito a posteriori, quando o e- mail comercial contenha mecanismo de se retirar da lista de envios. A problemática nesta ultima opção se dá quando deparamos com atitudes de spammers abusivos que subvertem o mecanismo de retirada (sair da lista) em um programa de falsa finalidade, quando na realidade ao clicar na opção remover da lista, o usuário estaria certificando o e-mail spam como valido (informações constantes do programa de educação da MICROSOFT IN http://www.microsoft.com/mscorp/safety/education/default.mspx ). 4. Qualificação jurídica: a antijuridicidade do spam deve ser analisado sobre o viés da apropriação e do uso indevido dos dados pessoais de seus destinatários. Notadamente, no sistema internacional regional europeu a repressão se dá em razão da vinculação do uso impróprio dos dados pessoais. Partindo do pressuposto que os e- mails não são dados públicos e, portanto, sua utilização somente será legitima com prévia autorização. Ainda que este e- mail seja publicizado na internet, não o transforma em dado público, passível de utilização generalizada por terceiros. A utilização sem critérios dos e- mails disponibilizados na internet configura uso abusivo por desvio de finalidade (p. 266). 5. Experiência estrangeira: tanto nos EUA como na Europa o spam é recebido como um grave problema, pois capaz de comprometer a utilização de redes de comunicação eletrônica em sua eficiência e confiabilidade (p. 267). A União Européia, por meio de sua diretiva 2002/58, utiliza o sistema opt-in como controle de legitimidade de e-mail comercial, com algumas exceções no caso de e- mails obtidos no contexto de venda de produto ou se enviado à pessoa jurídica, transformando o sistema em “opt- in modificado” relativizado ou “soft opt- in”. Nos EUA o sistema adotado para controle é o opt-out com controle a posteriori ao envio. Na Argentina um juizado declarou ilegal a pratica de spam, com base na lei de proteção de dados. Convém ressaltar que nenhum dos mecanismos é 100% seguros dada internacionalização das relações e dos remetentes dos e-mails indesejados. 6. Alternativas e soluções: as medidas vão desde políticas públicas de informação e educação à regulamentação interna e internacional da obtenção dos endereços, usos e destinação. Criação de listas negras ou brancas para divulgação e utilização pelos filtros anti-spam e toda a problemática da liberdade de expressão e engano na classificação de e-mail não spam que acabaria de banir pessoas, servidores e até mesmo um país da veiculação de mensagens eletronicas. Outro meio é de autenticação do e- mail com os sistemas de certificação já existentes ou a serem criados. 7. Conclusão: o e- mail deve ser encarado como expressão de dados pessoais, ainda que publicamente acessíveis, e sua utilização deve ser vinculada a sua finalidade (p. 274). Técnicas de proteção a estes dados devem ser implementadas, ainda que o spam se reinvente a cada nova medida protetiva, não se deve acomodar sob o palio de admiti- lo como um efeito colateral da nova infra-estrutura comunicacional, para mantê-la livre e amplamente disponível (p. 275).