Resposta de cultivares de feijoeiro a diferentes fontes de nitrogênio
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Resposta de cultivares de feijoeiro a diferentes fontes de nitrogênio
RESPOSTA DE CULTIVARES DE FEIJOEIRO A DIFERENTES FONTES DE NITROGÊNIO Caio Almeida do CARMO1 Luiz Felipe ANDRÉ 1 Fernanda Campos Mastrotti PEREIRA1 Rogério FARINELLI 2 INTRODUÇÃO O feijão comum (Phaseolus vulgaris L.) é uma leguminosa que apresenta ampla adaptação edafoclimática, o que permite seu cultivo durante todo o ano, em quase todos os Estados do país. O Brasil produz em média aproximadamente 2,6 milhões de toneladas por ano de feijão comum, sendo o maior produtor mundial deste, porém, na maioria das regiões produtoras predomina a exploração do feijoeiro por pequenos produtores, com uso reduzido de insumos, principalmente os fertilizantes nitrogenados, o que ocasiona baixas produtividades. O nitrogênio (N) é responsável pelo incremento da área foliar da planta, o que aumenta a eficiência de interceptação da radiação solar, da taxa fotossintética e, conseqüentemente, da produtividade de grãos (FAGERIA & BALIGAR, 2005). O uso da dose adequada de N evita o aumento excessivo da área foliar, que pode propiciar autosombreamento, reduzindo a eficiência fotossintética e a transpiração. Além disso, a adubação e a fonte nitrogenada inadequada é outro fator que muitas vezes determina o insucesso no cultivo do feijoeiro. Contudo, segundo VIEIRA (1998), o aproveitamento das plantas em fertilizantes nitrogenados depende da forma do nitrogênio, do método de aplicação, das características físicas e químicas do solo, da freqüência e intensidade das chuvas, da presença de outro nutriente na formulação, dentre outros. Dessa forma, o objetivo deste trabalho foi avaliar a influencia no desenvolvimento de duas cultivares de feijoeiro sob diferentes fontes de fertilizantes nitrogenados aplicados em cobertura. MATERIAS E MÉTODOS O trabalho foi desenvolvido no Campus Experimental de Registro - UNESP, localizado no município de Registro-SP, apresentando coordenadas geográficas de 47° 50' 17" de longitude e 24° 29' 13"de latitude e altitude de 40 metros. O clima é considerado quente e úmido com precipitação média anual de 1.900 mm, temperatura média anual de 21,5ºC e umidade relativa do de aproximadamente 70%, além de uma topografia acidentada. O experimento utilizou um Cambissolo, coletado na camada de 0-20 cm, da área experimental da APTA (Pariqüera – Açu), sendo que o mesmo foi peneirado e distribuído em vasos de capacidade de 3,5 litros. As características químicas do solo foram determinadas antes da coleta para instalação do experimento, cujos resultados estão apresentados na Tabela 1. 1 Graduandos da Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus Experimental de Registro, CEP 11900-000, Registro (SP). E-mail: [email protected] 2 Prof. Dr. Universidade Estadual Paulista (UNESP) – Campus Experimental de Registro, CEP 11900-000, Registro (SP). E-mail: [email protected] Tabela 1. Características químicas do solo utilizado. Registro (SP), 2008. K Ca Mg SB CTC V M.O P H+Al g kg-1 mg dm-3 --------------------- mmolc dm-3 ----------------% 9,58 3,73 23,34 0,82 70,98 19,24 91,04 114,38 80,0 A semeadura do feijão foi realizada em 14/05/2008 (safra de outono-inverno), utilizando-se 6 sementes por vaso. Após a emissão das folhas primárias foi realizado o desbaste permanecendo 2 plantas por vaso. O delineamento experimental empregado foi o inteiramente casualizado, em um esquema fatorial 2 x 3, com cinco repetições. Os tratamentos constituíram de duas cultivares de feijão, grupo comercial Carioca (Pérola e IAC Carioca Eté) e três fontes de nitrogênio aplicadas em cobertura (uréia - 44% N, nitrato de amônio - 33% N e sulfato de amônio - 22% N) no segundo trifólio, na quantidade de 80 kg ha-1 de N. Aos 60 dias após a emergência das plântulas foram avaliados o número de trifólios por planta, altura de plantas, matéria seca da parte aérea, matéria seca do sistema radicular, área foliar e número de vagens formadas. Os resultados foram avaliados através do teste F, utilizando o teste de Tukey a 5% de probabilidade. pH CaCl2 5,94 RESULTADOS E DISCUSSÃO Verifica-se na Tabela 2, que a cultivar Pérola se mostrou superior em relação ao IAC Carioca Eté na maioria dos parâmetros analisados. Entre as fontes de nitrogênio em cobertura, a uréia e o nitrato de amônio permitiram um maior desenvolvimento do feijoeiro, mostrando superioridade em todas as características, exceto para a área foliar e matéria seca do sistema radicular. Tabela 2. Altura de plantas, número de trifólios por planta, área foliar, matéria seca da parte aérea, matéria seca do sistema radicular e número de vagens por planta, em função de cultivares de feijão e fontes de nitrogênio em cobertura. Registro (SP), 2008. Tratamentos Cultivares (C) Pérola IAC Carioca Eté Teste F Fontes de N (F) Uréia Sulfato de amônio Nitrato de amônio Teste F Média CV (%) CxF Altura de plantas (cm) Trifólios por planta (nº) Área foliar (cm2) Matéria seca da parte aérea (g planta-1) Matéria seca do sistema radicular (g planta-1) Vagens por planta (nº) 13,7 a 13,1 b 8,42** 7,5 a 7,3 a 067ns 42,0 a 40,8 b 7,32* 3,8 a 3,1 b 15,08** 0,31 a 0,27 a 2,66ns 3,5 a 2,0 b 11,86** 13,5 a 12,7 b 14,0 a 13,68** 13,4 4,2 21,87** 7,3 ab 6,8 b 8,0 a 7,52** 7,4 8,9 1,75ns 41,0 a 41,2 a 42,0 a 2,20ns 41,4 2,9 4,17** 3,5 ab 3,0 b 3,8 a 6,27** 3,5 14,3 5,98** 0,32 a 0,26 a 0,29 a 2,44ns 0,29 21,9 0,24ns 3,0 a 2,4 b 3,0 a 8,49** 2,7 13,0 4,34* Obs.: Médias seguidas de letras distintas diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. ** significativo a 1%, * significativo a 5% e ns não significativo. Nos desdobramentos, o nitrato de amônio foi a fonte que promoveu maior altura de plantas, como também maior área foliar para a cultivar Pérola, enquanto que a uréia influenciou positivamente para a cultivar IAC Carioca Eté somente para altura de plantas (Tabela 3) Tabela 3. Desdobramentos das interações significativas para os valores de altura de plantas e área foliar, em função de cultivares de feijão e fontes de nitrogênio em cobertura. Registro (SP), 2008. Cultivares Pérola IAC Carioca Eté D.M.S. (cultivares) D.M.S. (fontes) Altura de Plantas Área Foliar (cm) (cm2) Fontes de Nitrogênio Sulfato de Uréia Nitrato de Sulfato de Uréia amônio amônio amônio 13,0aB 12,3 bB 12,9 bB 14,0 aA 0,7387 0,8963 15,0 aA 12,9 bB 41,4 aB 40,9 aA 41,0aB 40,9aA 1,6024 1,9444 Nitrato de amônio 43,6 aA 40,6 bA Obs.: Medias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna e maiúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. A fonte que proporcionou maior matéria seca da parte aérea e maior número de vagens por planta para a cultivar Pérola foi novamente o nitrato de amônio. Em relação ao IAC Carioca Eté, não houve diferenças significativas para estas características quanto as fontes uréia e nitrato de amônio (Tabela 4), o que de certa forma corrobora com os resultados de RAPASSI et al. (2003), onde estas duas fontes citadas acima mostraram efeito positivo na produtividade de grãos do feijoeiro irrigado no período de inverno. Tabela 4. Desdobramentos das interações significativas para os valores de matéria seca da parte aérea e número de vagens por planta, em função de cultivares de feijão e fontes de nitrogênio em cobertura. Registro (SP), 2008. Cultivares Pérola IAC Carioca Eté D.M.S. (cultivares) D.M.S. (fontes) Matéria seca da parte aérea Vagens por planta (g planta-1) (nº) Fontes de Nitrogênio Sulfato de Uréia Nitrato de Sulfato de Uréia Nitrato de amônio amônio amônio amônio 3,6aB 3,4 aB 4,5 aA 2,9 aB 3,5 aAB 3,9 aA 2,6bB 3,6 aA 3,2 bAB 1,8 bB 2,4 bA 1,9 bAB 0,6591 0,4753 0,7998 0,5768 Obs.: Medias seguidas de letras distintas minúsculas na coluna e maiúsculas na linha diferem entre si pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade. FERREIRA et al. (2004) também observaram que os componentes da produção do feijão não foram influenciados pelas diferentes fontes de nitrogênio (sulfato de amônio e uréia), porém a aplicação de N em cobertura aumentou linearmente a produtividade do feijoeiro, proporcionando um aumento de 20% quando comparado com a testemunha (sem N em cobertura). A maior influência do nitrato de amônio nas características agronômicas, principalmente para a cultivar Pérola, não retrata o que é realizado em nível de campo comercial, pois este fertilizante é o menos consumido pelos produtores rurais, devido o custo ser mais elevado perante as demais fontes. No entanto, o seu uso pode ser interessante em alguns casos de aplicação superficial, além de sofrer menores perdas do elemento N para o ambiente e acidificar em menor quantidade o solo. CONCLUSÃO A cultivar Pérola obteve maiores influências às diferentes fontes de adubos nitrogenados, o que permite concluir que responde melhor à adubação nitrogenada, principalmente no uso do nitrato de amônio em cobertura. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS FAGERIA, N.K.; BALIGAR, V.C. Enhancing nitrogen use efficiency in crop plants. Advances in Agronomy. Newark, v.88, p.97-185, 2005. FERREIRA, A.C.D.; ANDRADE, M.P.J.B.; ARAÚJO, G.A.A. Nutrição e adubação do feijoeiro. Informe Agropecuário, Belo Horizonte, v.25, n.223, p.61-72, 2004. RAPASSI, R.M.; SÁ, M.E.; TARSITANO, M.A.A.; CARVALHO, M.A.C.; PROENÇA, E.R.; NEVES, C.M.T.C.; COLOMBO, E.C.M. Análise econômica comparativa após um ano de cultivo do feijoeiro irrigado, no inverno, em sistemas de plantio convencional e direto, com diferentes fontes e doses de nitrogênio. Bragantia, Campinas, v.62, n.3, p.397404, 2003. VIEIRA, C. Adubação mineral e calagem. In: VIEIRA, C.; PAULA JUNIOR, T.J.; BORÉM, A. (Eds.). Feijão: aspectos gerais da cultura no Estado de Minas. Viçosa: UFV, 1998. p.123-152. ÁREA: Sistema de Produção
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