Difusão hepática por RM
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Difusão hepática por RM
Difusão hepática por RM: comparação entre técnicas monopolar otimizada e bipolar CEVASCO JR, JJ1; STRECKER, R2; CABRAL, JEB1; BRENNER, RS1; OLIVEIRA, AD3 1 - CENTRO DE DIAGNÓSTICOS BRASIL, BRASIL 2 - SIEMENS LTDA, HEALTHCARE MR, BRASIL 3 - SIEMENS HEALTHCARE MR, ALEMANHA CASOS INTRODUÇÃO As sequencias ponderadas em difusão têm sido utilizadas com frequência crescente sobretudo para detecção de imagens nodulares no fígado, dada sua alta sensibilidade e o contraste entre lesão e parênquima que a sequência proporciona. Essas imagens auxiliam na caracterização de lesões hepáticas e na monitorização de respostas terapêuticas precoces, particularmente com o uso de mapas para quantificar os coeficientes de difusão dos tecidos (ADC). Estão entre as sequencias mais robustas para uso em pacientes não colaborativos, podem ser realizadas em “respiração livre”. As primeiras descrições experimentais do desenvolvimento da técnica de ponderação em difusão utilizavam um par de gradientes de cada lado do pulso de 180o para induzir incoerência de fase nos prótons em movimento. Estes campos de alta amplitude gerados pelos gradientes induziam correntes (eddy currents) significativas que resultavam em erros de leitura e desalinhamento geométrico da imagem final. Uma forma de reduzir tais correntes é inserindo gradientes adicionais de polaridade oposta na tentativa de reduzir os efeitos das correntes resultantes e hoje em dia a técnica mais utilizada na implementação clínica da difusão é a técnica bipolar. Entretanto, esta técnica tem sido associada a ponderação menos eficiente em difusão (perda de sinal por processos de relaxamento transverso dos spins). Difusão monopolar (b400), hepatite crônica agudizada - boa demonstração de linfonodos hilares e alterações morfológicas e texturais hepáticas b50 b50 OBJETIVO Avaliar a qualidade das imagens ponderadas em difusão realizadas com nova técnica monopolar otimizada, comparando-a com o método bipolar utilizado previamente. MATERIAL E MÉTODOS • • • • • • • • • • • • 10 voluntários Siemens espree 1.5 T bobinas de superfície dedicadas imagens ponderadas em difusão com respiração livre, nas técnicas monopolar otimizada e bipolar b=50/400/800 cortes axiais, 2 blocos de 12 imagens com espessura de 7mm (cobrindo o fígado) TE 60 ms (monopolar) e 72 ms (bipolar) resolução 7 x 2.375 x 2.375 mm (monopolar) e 7 x 1.82 x 1.82 mm (bipolar) 4nex supressão de gordura adiabática (SPAIR) tempo de aquisição ~ 4 min realizadas medidas de ROI (region of interest- região de interesse) com 2 cm de diâmetro, selecionando imagens centrais nos lobos direito e esquerdo, evitando-se áreas de ausência de sinal no lobo esquerdo, muito frequentes nas sequencias bipolares com valores b de 400 e 800 • realizadas medidas de ruído em áreas de ausência de sinal (no ar) na face anterolateral esquerda do abdome • utilizadas as medidas das relações sinal-ruído nas sequencias com valores b de 400 para comparação entre as técnicas • diferentes resultados de SNR no LD e LE em ambas as técnicas (grupos dependentes) foram testados pelo não paramétrico Wilcoxon signed rank test, (considerado significativo se p<0.05), não corrigido para comparações múltiplas TÉCNICA MONOPOLAR OTIMIZADA RESULTADOS As medidas médias de sinal/ruído nos lobos direito e esquerdo foram respectivamente 30,9% e 18,3% maiores nas sequencias monopolares do que nas bipolares (resultado significativo), apesar da maior resolução espacial das imagens bipolares. Além disso, em ambas as técnicas, a relação sinal/ruído foi significativamente superior no lobo direito, como esperado (p= . 005 monopolar e .009 bipolar). As medidas de ADC não variaram significativamente entre ambas as técnicas. técnica média sinal/ruído LD b400 b400 ADC (x10-3 mm2/s) LE monopolar otimizada 41.9 27.0 1.11 +- 0.10 bipolar 32.0 22.8 1.17 +- 0.08 valor de p .006 .01 .09 DISCUSSÃO b800 Técnica Bipolar – ausência de sinal no lobo esquerdo no b400 e b800, além de áreas de ausência de sinal no lobo direito no b800 b800 Técnica Monopolar Otimizada – ausência de sinal no lobo esquerdo apenas no b800 Os resultados encontrados concordam com a literatura prévia [Eur Radiol (2010) 20: 2422–2431], onde maiores relações sinal/ruído (SNR) foram encontradas nas imagens de difusão com técnica monopolar. No entanto, a menor SNR da técnica bipolar foi compensada por um aparente melhor alinhamento espacial (analisado subjetivamente), levando os autores a favorecer a técnica bipolar na realização da difusão no abdome. Em nossa amostra, tal diferença não foi diretamente avaliada, porém não foi observada pelos leitores das imagens (radiologistas com experiência de 9 e 12 anos em RM abdominal). A maior susceptibilidade da técnica monopolar aos artefatos induzidos por correntes de eddy não foi notada (subjetivamente) em comparação com as imagens realizadas pela técnica bipolar em nossos casos. Ressaltamos que tais artefatos podem prejudicar os mapas ADC por distorções anatômicas nos diferentes valores b, mas nem tanto a detecção de imagens nodulares no fígado, uso mais freqüente dessas sequencias na prática clínica diária. Destacamos algumas limitações do nosso estudo, dentre elas a pequena amostra de pacientes e a avaliação objetiva de apenas um valor intermediário de b (b=400 s/mm2). CONCLUSÃO Dois gradientes com mesma polaridade e área ao redor de um pulso de refocalização de 180°. A técnica monopolar otimizada utiliza todo o tempo entre os 2 pulsos de RF para ponderação em difusão, permitindo uso de tempos de eco menores e aumento de sinal. A difusão monopolar apresentou melhor desempenho em relação à bipolar, com potencial para se tornar importante ferramenta de avaliação hepática na rotina clínica. REFERÊNCIAS TÉCNICA BIPOLAR Conjunto de 4 gradientes de polaridades opostas com 2 pulsos de refocalização de 180°, permitindo melhor supressão de correntes eddy. Sua desvantagem é o TE mais longo, que causa redução significativa no sinal em tecidos com T2 curto como o fígado. Exemplo técnica monopolar otimizada (b400) e TSE T2 – detecção de metástases de carcinoma colorretal – maior contraste lesões/fígado obtido pela difusão • Stejskal EO, Tanner JE (1965) Spin diffusion measurements: spin echoes in the presence of time-dependent field gradient. J Chem Phys 42:288–292 • Jezzard P, Barnett AS, Pierpaoli C (1998) Characterization of and correction for eddy current artifacts in echo planar diffusion imaging. Magn Reson Med 39:801–821 • Koch M, Norris DG (2000) An assessment of eddy current sensitivity and correction in single-shot diffusion- weighted imaging. Phys Med Biol 45:3821–3832. doi:10.1088/0031-9155/ 45/12/322 • Le Bihan D, Poupon C, Amadon A, Lethimonnier F (2006) Artifacts and pitfalls in diffusion MRI. J Magn Reson Imaging 24:478–488. doi:10.1002/ jmri.20683 • Bodammer N, Kaufmann J, Kanowski M, Tempelmann C (2003) Eddy current correction in diffusion-weighted imaging using pairs of images acquired with opposite diffusion gradient polarity. Magn Reson Med 51:188–193. doi: 10.1002/mrm.10690 • Kyriazi S, Blackledge M, Collins DJ, Desouza NM. Optimising diffusion-weighted imaging in the abdomen and pelvis: comparison of image quality between monopolar and bipolar single-shot spin-echo echo-planar sequences. 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