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VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital - Para que e para quem? 10 e 11 de Maio de 2013 Centro de Convenções Rebouças - São Paulo - SP - Brasil Comissão Organizadora Presidente de Honra Prof. Dr. Miguel Srougi Presidente do Congresso Niraldo de Oliveira Santos Diretor Executivo do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICHC-FMUSP) Dr. Wilson Modesto Pollara Diretora da Unidade de Educação Permanente – UEP/ICHC-FMUSP Alessandra Santiago Diretora da Divisão de Psicologia – DIP-ICHC-FMUSP e Presidente do Centro de Estudos em Psicologia da Saúde - CEPSIC Drª Mara Cristina Souza de Lucia Comissão de Premiação “5º Prêmio Monográfico CEPSIC” Presidente: Drª Mara Cristina Souza de Lucia (HC-FMUSP/CEPSIC) Membros: Profª Drª Latife Yazigi (UNIFESP); Drª Silvia Maria Cury Ismael (HCor); Profª Drª Wilze Laura Bruscato (Stª Casa de Misericórdia de SP), Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio (Universidade Presbiteriana Mackenzie) Comissão Executiva Presidente: Cláudia Fernandes Laham Membros: Celeste I. Conceição Gobbi, Vanessa Marques F. Jorge, Thiago Robles Juhas Comissão Científica Presidente: Mara Cristina Souza de Lucia Membros: Ana Luiza Zaninotto, Celeste Gobbi, Cláudio Garcia Capitão, Eliane Miotto, Gláucia Rosana Guerra Benute, Latife Yazigi, Luciane de Rossi, Niraldo de Oliveira Santos, Priscila Covre, Renério Fráguas Júnior, Solimar Ferrari Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 2 Comissão de Divulgação Presidente: Valmari Cristina Aranha Membros: Adriano Pinto (PA), Andréa Pato (BA), Beatriz Baldivia (SP), Carolina Mocellin Withers (PR), Danyella de Melo Santos (SP), Elizabete Subires (SP), Elzinete Carneiro (BA), Glauco Rocha (AL), Lorena Soares Lins de Carvalho (SP), Luciana Amaral Rosa Brasil (DF), Maria Rita Polo Gascon (SP), Nauana Raquel T. de Brito Sobral (PE), Patrícia Chagas Carbone Barcelos (RJ), Sue Ellen Modesto (MT), Waléria Araújo Trindade (CE) Comissão Social Presidente: Denise Gonçalves Cunha Coutinho Membros: Bianca Nascimento Moraes, Luciane de Rossi Secretaria Maria Aparecida Gambaroto (DIP/ICHC-FMUSP e CEPSIC) e Silvana Olimpia dos Santos (UEP – ICHC-FMUSP) Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 3 PROGRAMAÇÃO Conferência Internacional Coord. Niraldo de Oliveira Santos Funções da avaliação psicológica no hospital Piero Porcelli Hospital and Scientific Institute of Digestive Disease “De Bellis”, Castellana Grotte, Italy Psychological factors leading to vulnerability to somatization might be present transversally in different personality organizations, medical diseases, and psychopathological disorders. The overall aim of psychological assessment in medicine is the transversal somatization dimension (not somatization as a yes-or-not category) that can be found across different medical and psychiatric disorders. In the biopsychosocial model, contemporary illnesses are viewed as multi-factorial and heterogeneous. However, if it is true that all biopsychosocial factors involved in the onset, course and prognosis of a given illness are important, not all have the same importance. Each factor or interaction of factors bears differentiated relative weights of biomedical and psychosocial factors that may vary from one individual to another within the same illness and in the same individual from one period to another of his or her life. Two broad aspects of psychological assessment in medical patients are discussed. The first (clinical judgment) is related to the clinimetric perspective and based on three strategies: staging, unitary concepts, and sub-typing. The second (target-shaped model) is related to the psychometric perspective and aims to a multi-level assessment of (a) the explicit dimension of symptoms, (b) the implicit dimension of cognitive functions (somatic amplification, health anxiety, and illness-related behavior), (c) core dimensions of personality (attachment styles, demoralization, alexithymia, type D personality, locus of control). Keywords: Biopsychosocial model, Clinimetrics, Heath anxiety, Somatization Conferência 1 Coord. Denise Gonçalves Cunha Coutinho Diagnóstico e tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção/ Hiperatividade (TDA/H) Erasmo Barbante Casella Instituto da Criança - HCFMUSP Conferência 2 Coord. Denise Esper de Freitas Avaliação de sujeitos que sofreram queimaduras: contribuições psicanalíticas ao estudo da violência e ao protocolo médico Celeste I. Conceição Gobbi Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 4 Simpósio Satélite Manifestações corporais e a psicossomática contemporânea: diagnóstico e intervenção Coord. Solimar Ferrari O fenômeno psicossomático na infância: possibilidades de avaliação Wagner Ranña Instituto Sedes Sapientiae/SP O fenômeno psicossomático pode ser definido como a participação de problemas psíquicos na origem e manutenção de uma patologia somática. Essa definição procura esclarecer uma corrente confusão quando se define a somatização como a presença de distúrbios e sintomas somáticos na ausência de achados patológicos. Essa confusão cria uma falsa dicotomia entre somatização e não somatização, pois todas as doenças têm alguma forma de determinação psíquica, sendo o fenômeno psicossomático característico do ser humano e não de uma dada patologia. Desta forma procuramos deixar claro que somatização, que inclui as conversões e os Transtornos Somatoformes, vai além, implicando qualquer patologia, embora haja aquelas que mais frequentemente se associam aos determinantes psíquicos. Na infância não é diferente, pois qualquer patologia pode ter seus determinantes psicossomáticos, constituindo-se em um fenômeno. A Clínica Pediátrica tem como uma de suas características a identificação de quadros clínicos de uma determinada patologia que é diferente em faixas etárias diferentes, assim como quadros clínicos semelhantes para patologias diferentes. Outra peculiaridade da Clínica Pediátrica é saber discernir entre o que é um transtorno do que é uma manifestação comum dependendo da idade em que essa manifestação ocorre. Dessa forma a avaliação de um fenômeno psicossomático é sempre interdisciplinar, pois a sua identificação implica em reconhecê-lo como um determinante e não como um quadro específico. Por exemplo, uma criança asmática tem os sinais clínicos laboratoriais de uma alergia, mas pode ter também características de seu funcionamento psíquico e, além disso, características relacionais, que se constituem num determinante psíquico para as crises de asma, atuando em conjunto com os processos alérgicos. Dessa forma a presença desse suposto determinante psíquico tem que ser identificada inicialmente, na maioria das vezes, pelo clínico somático, isoladamente ou em conjunto com o especialista em psicossomática, numa consulta compartilhada entre o Pediatra e o Especialista em Psicossomática, sendo então uma investigação interdisciplinar. Disso decorre que o clínico, em particular o Pediatra, deve ter treinamento e capacitação para identificar esse fenômeno, bem como conhecer quais os distúrbios ou patologias de cada faixa etária é mais frequentemente infiltrada pelo determinante psíquico. Outro ponto a ser levantado refere-se ao fato de que o fenômeno psicossomático na infância só será efetivamente caracterizado depois de uma intervenção psicoterapêutica, através de uma consulta terapêutica ou uma psicoterapia, que resultem em um deslocamento na Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 5 evolução da patologia. Levando em consideração essas questões a avaliação do fenômeno psicossomático na infância deve articular: a avaliação pediátrica; a observação e avaliação do funcionamento psíquico da criança; a qualidade das relações intersubjetivas com os cuidadores; efeito de terapia na sintomatologia e evolução da patologia. A avaliação de doentes psicossomáticos em enfermaria Mara Cristina Souza de Lucia Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP e CEPSIC A prática psicanalítica inserida em uma instituição de saúde é marcada pelo encontro com pacientes e equipes que não cessam de se surpreenderem com as manifestações corporais que denunciam uma “estranha” parceria entre o psíquico e o somático. Os quadros clínicos considerados psicossomáticos, principalmente aqueles com os quais temos trabalhado (as doenças inflamatórias intestinais, por exemplo) alternam períodos de crise e de estabilidade da doença que se articulam diretamente à condição psíquica. Nos períodos de crise, cuja internação hospitalar geralmente se faz necessária, é possível observar uma interessante inversão entre a crise no corpo e uma estabilidade no psiquismo, exigindo do psicanalista uma atuação em sintonia com as estratégias e decisões tomadas pela equipe. É a partir da constatação destes fenômenos corporais e manifestações psíquicas particulares que é possível traçar parâmetros para a avaliação diagnóstica dos pacientes internados. Também nestas situações, a via que norteia o diagnóstico aponta para as diferenças entre a conversão histérica e a psicossomática – cujo adoecimento se dá pela via do transbordamento pulsional ou descarga. O tratamento psicanalítico possibilita o direito à fala para o paciente como a via possível de operar uma transmutação do sofrimento, permitindo uma outra via de manifestação da libido. A apresentação será ilustrada com algumas situações clínicas de pacientes psicossomáticos internados. A complexidade do diagnóstico: avaliação de problemas psicológicos em pacientes com doenças orgânicas Piero Porcelli Hospital and Scientific Institute of Digestive Disease “De Bellis”, Castellana Grotte, Italy Entre conversão e somatização Emine Tevfika Ikiz Universidade de Istambul/Turquia Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 6 Palestra 1 Coord. Mary Ellen Dias A entrevista psicanalítica e a função diagnóstica no hospital Maria Lívia Tourinho Moretto Instituto de Psicologia da USP Palestra 2 Coord. Celeste Gobbi Avaliação psicológica na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo Wilze Laura Bruscato Sta. Casa de Misericórdia de São Paulo O Serviço de Psicologia da Santa Casa de São Paulo aplica os princípios, técnicas e conhecimentos científicos da Psicologia para avaliar, diagnosticar, tratar, modificar e prevenir os problemas físicos, mentais ou qualquer outro relevante para os processos de saúde e doença. A atuação profissional dos psicólogos se faz dentro de equipes multiprofissionais de todas as áreas da saúde, em diversas situações de rotina, nos diferentes níveis de complexidade desde a atenção primária até a terciária/quaternária, dentro dos quais a diretriz da hierarquização segmentou o sistema de saúde e é realizada em distintos e variados contextos, como hospitais, ambulatórios, hospitais-dia, prontos-socorros, centros de saúde, nos domicílios e na própria comunidade. A avaliação psicológica é uma das principais formas de inserção e de prestação de serviços da Psicologia a esta Instituição, revelando todo o potencial de contribuição desse processo psicodiagnóstico para a compreensão da subjetividade produzida no âmbito da saúde. Não há como proceder ao trabalho de intervenção, sem que antes haja uma investigação, baseada em referenciais teóricos e metodológicos, que norteiem a compreensão dos fenômenos psíquicos e o planejamento da ação a ser realizada. Vemos a avaliação psicológica/neuropsicológica como uma atividade fundamental da competência dos psicólogos na saúde e a encaramos como a espinha dorsal da nossa atuação, uma vez que, para que possamos desenvolver ou propor qualquer tipo de intervenção em qualquer campo de aplicação da Psicologia nesta Instituição, faz-se necessário um mínimo de conhecimento sobre os fenômenos e processos psicológicos dos pacientes atendidos. Ela é uma forma de aproximação de nosso objeto de estudo e gera conhecimento a partir de fatos, fenômenos e processos psíquicos produzidos pelo paciente, familiares e equipes de saúde. A avaliação psicológica norteia a ação dos psicólogos, buscando o entendimento do funcionamento psicológico que se estabelece diante da doença e da hospitalização. Ela é um dos eixos centrais para este Serviço de Psicologia, e uma tarefa imprescindível na prática do profissional da Santa Casa de São Paulo, sendo considerada um excelente recurso à equipe, ao paciente e à Instituição. Ela vai muito além de uma coleta de dados, sobre a qual se organiza um raciocínio. Ela é um momento precursor de uma intervenção adequada, oportuna, eficiente e eficaz. Palavras-chave: avaliação psicológica, avaliação neuropsicológica, serviço de psicologia, Santa Casa de São Paulo Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 7 Palestra 3 Coord. Kenia R. Campanholo Efeitos do tratamento psicanalítico em pacientes com crises não-epilépticas psicogênicas Niraldo de Oliveira Santos Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Corpos que convulsionam. O fenômeno aqui estudado não pode, a princípio, ser tomado como um quadro clínico, uma condição em si. Trata-se de um sintoma e, como tal, pode estar presente nas mais diversas categorias, sejam elas orgânicas ou psicopatológicas. Porém, quando são descartadas as possibilidades de se tratar de uma condição de origem orgânica, o quadro clínico se transforma em um enigma que remonta aos alicerces da psicanálise. O fato é que, virtualmente, a manifestação da “pseudoepilepsia” - como também é conhecida pode apresentar, em sua patoplastia, sinais que poderiam estar presentes em todos os tipos de epilepsia. Freud construiu um meio de investigação e tratamento cuja eficácia foi demonstrada no meio acadêmico há mais de um século. Além disso, sabemos que um dos pontos iniciais para a pesquisa freudiana foi sua visita ao Hospital Salpêtrière, em 1885, ocasião em que as lições de Jean-Martin Charcot, exatamente com pacientes histero-epilépticos, causaram sobremaneira seu desejo investigativo. Ao procurar responder à pergunta sobre a origem da histeria, cria um novo saber: a psicanálise. Sendo assim, uma das questões que norteiam esta apresentação, mais do que a presença da histeria na cena contemporânea, é exatamente a respeito do que aconteceu em nosso meio para que a psicanálise, como uma terapêutica, figure com tão pouca frequência nas publicações científicas atreladas aos casos de pacientes com crises não-epilépticas psicogênicas (CNEP). Seja com seu quadro clínico descrito desde as “Lições de Charcot” ou com uma roupagem atual, os mecanismos conversivos continuaram na cena médica. E a psicanálise, como método de tratamento? Estes pontos serão discutidos a partir dos efeitos obtidos com o tratamento psicanalítico individual de 37 pacientes com CNEP, inseridos em um programa de tratamento gratuito por um período de 1 ano. De posse dos resultados obtidos – apontando para a eficácia do tratamento pela via da palavra em grande parte dos casos, outra questão se apresenta em decorrência da clínica: a conversão estaria sempre atrelada aos quadros de histeria? Palestra 4 Coord. Valmari Cristina Aranha Avanços tecnológicos e motivação para o tratamento psicológico em pacientes do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro Sandra Regina Schewinsky IMREA-HC-USP Dentre as pessoas atendidas no Instituto de Medicina Física de Reabilitação do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMREA FMUSP), um número significativo é de pessoas com danos neurológicos, estas demandam avaliação Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 8 psicológica diferencial, em que a avaliação neuropsicológica também é mister. A avaliação psicológica visa compreender a dinâmica emocional anterior à lesão neurológica, situação atual tanto no que concerne a afetividade quanto as funções neuropsicológicas. A avaliação psicológica permite traçar o plano de tratamento da pessoa, bem como, instrumentalizar a equipe multiprofissional a lidar com o paciente de maneira adequada diante de sua dinâmica afetivo emocional, bem como em relação aos déficits neuropsicológicos. A neuropsicologia concebe a mente humana na interatividade dos processos cerebrais e do mundo físico e social, assim o uso de instrumentos modifica o psiquismo humano, assim Recursos de Tecnologia Assistiva estão sendo utilizados no processo reabilitacional, no que concerne a melhora da aptidão física, como também para treino cognitivo, recursos como: Feedback extrínseco, realidade virtual, Nintendo Wi são utilizados com as pessoas para a recuperação das funções deficitárias, quer seja pelo princípio de neuroplasticidade, seja, devido a vantagem do neurônio espelho. Ressalta-se que atividades interativas e de aprendizado mobilizam em grande escala a motivação da pessoa. O psicólogo atua em consonância com a Equipe Interdisciplinar no processo de reabilitação e conclui-se que os avanços tecnológicos só apresentam eficácia se utilizados como recursos adicionais as ações humanas. Palavras-chave: reabilitação, psicodiagnóstico diferencial, neuropsicologia, recursos tecnológicos, motivação Palestra 5 Coord. Danyella de Melo Santos Avaliação psicológica em pacientes cardiopatas com indicação cirúrgica no HCor Silvia Maria Cury Ismael Hospital do Coração/SP As áreas da Medicina, Psicologia e Saúde Mental vinham progredindo paralelamente até que com o advento da psicossomática houve uma necessidade de integrar estas áreas de conhecimento em um lugar comum. Mesmo que hoje em dia em saúde procure-se observar o ser doente como um ser biopsicossocial, ainda há dificuldades de transitar neste contexto. Atualmente, se percebe cada vez mais que o corpo pode sofrer consequências do psíquico e a recíproca passa a ser verdadeira. A psicologia vem crescendo amplamente seu espaço dentro do contexto hospitalar e a partir de 2000 passa a ser reconhecida como especialidade, Psicologia Hospitalar. Ainda hoje, após mais de 40 anos de prática psicológica dentro do hospital, de inúmeros livros escritos, artigos publicados, congressos realizados, ainda não fica totalmente claro para a equipe multidisciplinar, para o paciente e porque não dizer, para quem administra o hospital, a grandeza da abrangência de nosso trabalho e suas múltiplas facetas de atuação. Esta apresentação tem por finalidade fazer um recorte da atuação do psicólogo no contexto hospitalar, no trabalho de avaliação de pacientes para cirurgia cardíaca em um hospital de referência nacional e internacional nesta área, onde o Serviço de Psicologia Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 9 foi instituído há 34 anos. Observa-se ainda que hoje, com o selo de qualidade de serviços hospitalares como ONA, Joint Commission, entre outros, o Serviço de Psicologia passa a ser descrito em forma de rotinas de atendimento, procedimentos operacionais e políticas que dão base a qualquer psicólogo que adentre a instituição desenvolver seu trabalho. Garante, ainda, um serviço de excelência e qualidade e passa a se desenvolver não somente na assistência como também na área do ensino e pesquisa, produzindo conhecimento científico. Palavras-chave: psicologia hospitalar, cirurgia cardíaca, avaliação psicológica Palestra 6 Coord. Niraldo de Oliveira Santos Questões contemporâneas da Psicanálise Plinio Kouznetz Montagna Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBP-SP Palestra 7 Coord. Cecilia Prohaska Depressão e risco de suicídio em gestantes Gláucia Rosana Guerra Benute Divisão de Psicologia do ICHC-FMUSP Abordar a temática da gestação envolve, no imaginário popular, aspectos relacionados à vida, à saúde, alegrias e satisfação. Como incluir o aspecto sombrio da morte, da perda, da tristeza e do fracasso neste contexto? O tema é intrigante e gera desconforto, inquietação e reflexão. Compreendido como problema de saúde pública, os dados epidemiológicos divulgados pela Organização Mundial de Saúde estimam que o suicídio vitime cerca de 1 milhão de pessoas por ano no mundo. Em 2020 serão 1,53 milhão de suicídios no mundo. No Brasil, a taxa de mortalidade por suicídio é estimada em 4,9 por 100 mil/habitantes. Decorrente da crença popular de que a mulher estaria protegida de qualquer problema de ordem psíquica durante a gravidez, os estudos do comportamento suicida na gestação foram negligenciados e a atenção voltada para a avaliação no período pós-parto. No entanto, a literatura científica tem apontado que o período gravídico-puerperal é a fase de maior prevalência de transtornos mentais na mulher. Estudo realizado na Inglaterra demonstrou que o suicídio está entre as principais causas de mortes maternas, acometendo 10% desta população, sendo que, em 86% destas mortes, o diagnóstico psicopatológico poderia ter sido realizado e, o suicídio, evitado. Estudo realizado no Brasil com 268 gestantes de alto risco constatou que 5% do total da amostra relataram ter pensado que seria melhor morrer ou se ferir de alguma maneira. A vertente psicológica pode compreender o suicídio como uma autoagressão, não necessariamente relacionada diretamente à renúncia à vida, mas sim a uma luta silenciosa, a busca por uma solução, a saída de um sofrimento intenso, podendo representar conflito entre aquilo que se quer e o que se pode obter agora. Quando compreendido como símbolo, fala a linguagem da alma, traz mensagens e Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 10 significados sobre o ser em si. Está relacionado a uma pluralidade de fatores, fazendo com que o tema, suicídio, seja estudado e compreendido por diferentes escolas científicas – sociológica, teológica, psicológica... Deve ser avaliado no seu contexto histórico e cultural. Ao avaliar e se constatar risco de suicídio entre gestantes, as medidas profiláticas para preservação da vida são fundamentais. Associada a estas terapêuticas, a abordagem da Psicologia Analítica propõe que se desenvolva um trabalho analítico voltado para compreensão de seus aspectos simbólicos, buscando o significado singular atribuído pela mulher ao ato do suicídio. Em gestantes o morrer também significa matar, perder, não só o filho, mas a perspectiva da maternidade. Ato tão singular e específico que não pode ser generalizado nem compreendido apenas por meio da vertente social. A alma, singular e específica, clama por algo que só poderá ser denominado pela mulher que sente, que vive. O que se pretende realmente, matar, extinguir, extirpar? A mãe, o filho, ou que outro aspecto arquetípico poderá ser encontrado neste processo? Terminar com a própria vida, chegar ao fim de si mesmo, aponta para alto sofrimento psíquico, uma busca pelo alívio da tensão, da angústia, encontrados, apenas, no fim de si mesmo. O suicídio, entendido como a negação final da existência, pode significar o desejo por uma transformação instantânea e contundente. Simbolicamente, no suicídio ninguém mata só a si próprio, no contexto da gestação, mata-se a mãe, o pai e o filho... Debate 1 Transplante de órgãos e avaliação psicológica em situações-limite Coord. Bianca Nascimento Moraes A avaliação psicológica pré-transplante: contribuições do psicólogo para a eficácia do transplante de fígado Samantha Mucci Universidade Federal de São Paulo A identidade do órgão: memória celular e crenças do paciente transplantado Luciana Leis Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP O transplante de órgãos é uma alternativa terapêutica (na maioria das vezes, única) para pacientes que possuem graves problemas nos órgãos vitais. Racionalmente, pode em princípio parecer positiva a troca de um órgão doente por outro sadio; no entanto, emocionalmente torna-se muito difícil ter de lidar com a perda de parte do próprio corpo (mesmo que esta esteja doente) e aceitar o órgão de uma pessoa estranha – e morta – para se continuar a viver. No Brasil, todos os órgãos disponibilizados para transplante e que têm procedência de doador falecido, necessariamente, são de caráter anônimo, sendo que o vazio existente diante da figura do doador constitui-se como uma tela branca para projeções do universo psíquico do transplantado. Os pacientes costumam imaginar o sexo do doador, sua idade, profissão, índole, etc. Mesmo antes do transplante, muitos pacientes já começam a colocar Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 11 suas preocupações em relação ao fato de o órgão interferir em suas identidades. A teoria a respeito da memória celular, elaborada pelo neuroimunologista Paul Pearsall, reforça as fantasias criadas pelos pacientes, uma vez que, segundo essa hipótese, memórias, hábitos e gostos do doador de órgãos podem ser memorizados por outras células do corpo humano para além dos neurônios. Esse tipo de teoria – para os pacientes que tem acesso a ela – colabora para que estes fiquem ainda mais confusos e inseguros diante do transplante, uma vez que confirma todas as suas fantasias e receios com relação ao órgão do doador, podendo desestabilizá-los emocionalmente e dificultar a incorporação do novo enxerto. O surgimento de teorias como a da memória celular reforça o fato de que, socialmente, o transplante de órgãos ainda é visto como algo extraordinário e que desperta fantasias de caráter quase sobrenatural nas pessoas. Assim, notamos que o transplante não é algo a ser significado somente para o paciente, mas também por toda a sociedade que o envolve. Palavras-chave: transplante, fantasias do doador, memória celular Avaliação da qualidade de vida em pacientes após transplante renal Dnyelle Souza Silva Hospital Israelita Albert Einstein/SP O Transplante renal tem sido considerado a melhor opção de tratamento ao portador de Doença Renal Crônica se comparado aos tratamentos de diálise. Entretanto, após avanços da medicina quanto ao procedimento, estudos a respeito da percepção do paciente sobre sua qualidade de vida após o transplante têm sugerido a necessidade de um olhar para além do corpo físico “restaurável”. Esta apresentação teve a pretensão de percorrer a literatura a respeito do tema e provocar uma reflexão sobre o nosso alcance, quando nos propomos este encontro com o que o paciente percebe neste processo tão complexo denominado transplante. Debate 2 DSM-5 - Atualizações diagnósticas e novos critérios de avaliação Coord. Leorides Severo Duarte Guerra Diagnóstico precoce da doença de Alzheimer: como diferenciar o declínio cognitivo normal do patológico? Orestes Vicente Forlenza Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP A caracterização do estado de transição entre o envelhecimento cognitivo normal e as fases iniciais dos transtornos demenciantes, em particular a DA, tem sido um importante tema na pesquisa contemporânea. Entre as várias definições propostas para descrever os sinais e sintomas das fases prodrômicas das demências, o conceito de “comprometimento cognitivo leve” (CCL) tem sido o mais utilizado. O diagnóstico de CCL aplica-se a indivíduos não dementes, mas com queixas de prejuízo de memória, preferencialmente corroboradas por Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 12 um informante, sendo os déficits demonstráveis por testagem objetiva; além disso, deve haver preservação do funcionamento cognitivo global e, portanto, da capacidade para realizar as atividades da vida diária. Os indivíduos diagnosticados como tal apresentariam risco aumentado de evoluir para demência, sendo o principal desfecho a doença de Alzheimer (DA). Todavia, com a experiência acumulada nos últimos anos, podemos afirmar com segurança que CCL não é sinônimo de demência incipiente. Considerando a natureza insidiosa e progressiva da maior parte das doenças neurodegenerativas, dentre as quais a DA representa a condição mais prevalente, é razoável assumir que, entre os pacientes que desenvolverão demência, a maioria manifestará, nos estágios iniciais, sintomas compatíveis com CCL. Entretanto, a hipótese recíproca pode não ser verdadeira, visto que muitas pessoas que preenchem critérios para CCL em uma dada avaliação não evoluirão para demência em momento algum. Nesta apresentação serão revistos os aspectos clínicos e biológicos pertinentes ao CCL, com ênfase na avaliação do risco efetivo de evolução para demência, visando, em última análise, ao diagnóstico precoce da DA. Esta necessidade acompanha o desenvolvimento de compostos farmacêuticos mais específicos, com propriedades modificadoras dos processos patogênicos, que têm como meta atenuar os processos degenerativos que provocam a demência, retardando sua evolução. Se um dia dispusermos de intervenções efetivas neste propósito, a prevenção da demência será o passo subsequente à identificação dos pacientes de alto risco. Dependências comportamentais – validade e desafio do diagnóstico Hermano Tavares Instituto de Psiquiatria-HCFMUSP Transtorno bipolar do humor e o diagnóstico diferencial de psicose Wang Yuan Pang Instituto de Psiquiatria-HCFMUSP A classificação dos transtornos psicóticos e transtornos bipolares passa por um momento de questionamento e reformulação. Esses diagnósticos foram intensamente debatidos pela Associação Psiquiátrica Americana, no projeto da quinta edição do Manual de Estatística e Diagnóstico (DSM-5). O conceito de dimensionalidade foi introduzido para caracterizar a maioria dos transtornos que fazem parte desta obra, além de privilegiar a presença de marcadores biológicos e incluir resultados de testes objetivos nos critérios operacionais da nosologia psiquiátrica. Os transtornos bipolares foram rearranjados em forma de continuum, com refinamento de alguns critérios sintomáticos para o diagnóstico. Constelação de sintomas leves progredindo para quadros mais graves caracteriza a visão dimensional do transtorno bipolar. Os subtipos de bipolar I, II, sem outra especificação e hipomania são englobadas no conceito de espetro do transtorno bipolar. O controverso diagnóstico de transtorno bipolar em crianças e a proposta de “desregulação grave de humor” encontram Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 13 resistência de especialistas devido às dificuldades diagnósticas deste transtorno. Os quadros psicóticos, por sua vez, também sofrem importantes modificações no DSM-5. Os subtipos de esquizofrenia foram abandonados e reagrupados em uma única categoria de acordo com a gravidade da doença. A catatonia deixa de ser categoria diagnóstica para ser especificador de transtornos psicóticos, do humor e transtornos orgânicos. Sem afetar a prevalência de esquizofrenia, outra proposta polêmica é o diagnóstico de “síndrome de psicose atenuada” ou “síndrome do risco de psicose”. A síndrome de Asperger deixa de existir, passando a integrar o grupo de transtorno do espectro do autismo. A revisão do DSM-5 introduz mudanças de paradigma classificatório. A nova nomenclatura e método diagnóstico exigem o preparo e a educação dos seus usuários para uso apropriado. Enquanto os resultados de pesquisas de campo mostrarão se os critérios diagnósticos poderão ser empregados com confiabilidade na prática clínica diária, a validade e a aplicabilidade deverão ser demonstradas através de intervenções terapêuticas. Palavras-chave: transtorno bipolar, psicose, classificação, diagnóstico diferencial Debate 3 Cirurgia bariátrica no Brasil: armadilhas da obesidade Coord. Sue Ellen Modesto Trajetória do paciente obeso mórbido em 30 anos de cirurgia bariátrica no Brasil Marlene Monteiro da Silva Divisão de Psicologia - ICHC-FMUSP Cirurgia bariátrica e avaliação psicossocial na atualidade: para que e para quem? Claudio Corá Mottin Pontifícia Universidade Católica-RS Prejuízos ocasionados pelas comorbidades psiquiátricas no paciente submetido à cirurgia bariátrica Pedro Caldana Gordon Instituto de Psiquiatria - HC-FMUSP Debate 4 Avaliação neuropsicológica em pesquisa e prática clínica no hospital universitário Coord. Ana Luiza Zaninotto Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 14 NEUPSILIN-Inf – instrumento de avaliação neuropsicológica breve e sua aplicabilidade em crianças no SUS Mônica Carolina Miranda Universidade Federal de São Paulo O objetivo da avaliação neuropsicológica na infância não é apenas classificar as crianças em categorias de desempenho, mas sim proporcionar informações que podem auxiliar no delineamento de estratégias apropriadas acerca das formas de intervenção, bem como no âmbito pedagógico, orientadas para promover o desenvolvimento adequado das funções neuropsicológicas ou para minimizar o impacto de disfunções sobre a aprendizagem e o comportamento. A viabilidade da avaliação neuropsicológica tradicional em serviços públicos de assistência à infância vem sendo questionada por administradores da área da saúde em função do alto custo financeiro que representa no mundo inteiro. Uma avaliação neuropsicológica infantil adequada aos propósitos de intervenção e economicamente viável tem sido um desafio para os centros de saúde e, em especial, no Brasil. Além disso, sabe-se da limitação que a restrita quantidade de instrumentos de avaliação em nosso país impõe ao exame neuropsicológico como um todo e, em especial, na faixa de desenvolvimento infantil. Será apresentado o Modelo de Triagem Diagnóstica o qual foi baseado no Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve Infantil NEUPSILIN-INF. Será demonstrada a eficácia do instrumento no estabelecimento de hipóteses dos quadros de transtornos do desenvolvimento, em conjunto com testes de nível intelectual (Raven) e escalas comportamentais que compuseram o modelo de avaliação breve, e que foi testada numa amostra de 122 crianças que buscavam atendimento num núcleo assistencial (Núcleo de Atendimento Neuropsicológico Infantil - NANI). O uso desse modelo de avaliação breve frente à alta escassez de atendimento público para queixas de distúrbios do desenvolvimento pode ser um modelo economicamente eficiente. Testes neuropsicológicos computadorizados: uso do E-prime na psicologia experimental Camila Campanhã Universidade Presbiteriana Mackenzie O uso de tecnologias para registro de comportamento durante procedimentos de avaliação psicológica têm sido crescente em pesquisas que abrangem a área da neurociência e neuropsicologia cognitiva. Ferramentas como o computador possibilitaram a criação de programas específicos que pudessem registrar medidas fisiológicas e comportamentais de modo mais preciso do que até então poderia ser realizado a partir de avaliações mais tradicionais utilizando-se lápis e papel. O E-prime, um dos softwares mais utilizados em psicologia experimental, possibilita a criação de tarefas sofisticadas e o registro de diferentes tipos de medidas psicofisiológicas sincronizadas com os estímulos apresentados e as respostas dadas pelos participantes. Este programa tem sido amplamente utilizado em estudos de neurociência cognitiva e social. Utilizado por mais de 15.000 profissionais da comunidade científica, foi criado para permitir a estruturação e organização de diferentes tipos de experimentos sendo de fácil Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 15 aprendizagem por ser uma interface gráfica, o que permite a criação de testes em um tempo muito menor e, além disso, permite realizar análise de dados básica e exportação dos dados para outros programas de análise estatística. Também permite elaborar experimentos mais sofisticados com o uso de diversos tipos de estímulos, diferentes tipos de registro de respostas e diferentes tipos de feedback. Com a ampla utilização deste software, é possível encontrar diversos tipos de materiais de apoio na internet e até testes clássicos já programados no E-prime. Outra grande vantagem é a possibilidade de sincronizar com registro de medidas psicofisiológicas como a Eletroencefalografia (EEG), Ressonância Magnética Funcional (fMRI) e rastreio de movimentos oculares. A utilização deste software na psicologia experimental tem crescido cada vez mais e a sua utilização em pesquisas no hospital tem grandes vantagens não somente pelas várias possibilidades que o programa proporciona, mas também pela possibilidade de sincronização do programa com outras tecnologias na instituição. Além disso, permite adaptações de testes para diferentes tipos de pacientes e suas dificuldades como letras maiores, instruções auditivas ao invés de textos escritos, entre outras possibilidades de adaptações. Palavras-chave: E-prime, testes computadorizados, psicologia experimental, medidas psicofisiológicas Instrumentos para avaliação neuropsicológica: uso interdisciplinar? Melissa de A. Rodrigues Machado Centro de Estudos em Psicologia da Saúde – CEPSIC O avanço na área de neurociências permitiu o surgimento de uma crescente demanda de exames diagnósticos do funcionamento cerebral. Neste contexto, a avaliação neuropsicológica auxilia na identificação e caracterização de déficits cognitivos, possibilitando o diagnóstico mais preciso e o estabelecimento de metas de tratamento adequadas, tendo como instrumento primordial a utilização de escalas e testes neuropsicológicos. Um instrumento é uma maneira de agir no meio, minimizando assim a limitação da pura observação. Os instrumentos psicológicos são objetivos e padronizados e visam avaliar e quantificar comportamentos observáveis por meio de técnicas e metodologias específicas. Mesmo em hospitais que suportam enfermarias especializadas, há uma grande variedade de casos; com pacientes de idades e escolaridade distintas. No Brasil, o fator escolaridade deve ser considerado com cautela, principalmente em pacientes internados na rede pública de saúde, pois a baixa escolaridade implica um modo de pensar mais concreto, ao contrário das pessoas com alta escolaridade, por isso, a maneira como reagem aos instrumentos pode ser diferenciada não pela capacidade cognitiva, mas sim, por uma diferença inerente à estimulação educacional. Apesar de a utilização de instrumentos cognitivos ser bastante difundida no mundo inteiro, temos ainda no Brasil um número limitado de material para esse fim, contudo, o Conselho Federal de Psicologia, através da Resolução CFP nº. 001/2003 Art.16, autoriza o uso de testes não padronizados na população brasileira para fins de pesquisa, o que minimiza de maneira considerável esse problema e garante a obtenção de dados para a utilização futura desses instrumentos no Brasil. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 16 Debate 5 Saúde mental e a padronização (im)possível Coord. Eliane Costa Dias Limites do diagnóstico psiquiátrico e a avaliação clínica por meio de instrumentos psicométricos Zacaria Borge Ali Ramadam Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP A psiquiatria ingressou no elenco das disciplinas médicas a partir dos séculos XVIII e XIX, no auge da Revolução Industrial, quando as mudanças socioeconômicas suscitaram a necessidade de avaliações individuais concernentes à capacidade produtiva (inteligência e habilidades), responsabilidade civil e criminal. Na medicina clínica e cirúrgica sempre se podia medir os danos causados pelas moléstias somáticas, através dos fluidos corporais (sangue, urina), ou pela anatomia patológica. A própria neurologia obteve êxito considerável com este modelo, descobrindo correlações entre distúrbios motores e sensoriais e respectivas fibras e centros nervosos cerebrais. Contudo, a psiquiatria e a psicologia, adotando procedimento similar, não lograram sucesso semelhante, já que os comportamentos e transtornos psíquicos envolvem maior complexidade, devido à interação entre sistemas biológicos sofisticados e fatores culturais variáveis. As tentativas de mensuração nessas áreas têm sido infrutíferas, devido à ausência de elementos materiais consistentes, como ocorre nas moléstias somáticas. Esse esforço gigantesco de mais de dois séculos culminou, modernamente, na criação das escalas de avaliação psiquiátrica que, não obstante, não resultaram em maior proveito para a elaboração do diagnóstico. Entretanto, apesar dos insucessos da mensuração, observa-se um considerável progresso da psiquiatria moderna, graças às descobertas de antipsicóticos, antidepressivos e ansiolíticos, a partir da década de 50. Palavras-chave: diagnóstico, limites, psicometria, escalas em psiquiatria A saúde mental no âmbito da perícia médica e psicológica Antonio de Pádua Serafim Instituto de Psiquiatria - HCFMUSP Fatos das sociedades contemporâneas como o aumento da violência urbana, o afastamento de trabalho por doenças incapacitantes, ações indenizatórias por consequências de intoxicações (chumbo, mercúrio, monóxido de carbono), a dependência química, por exemplo. Bem como os dados mundiais que apontam que cerca de 450 milhões de pessoas sofrem transtornos mentais ou neurobiológicos, 70 milhões sofrem dependência do álcool, 50 milhões têm epilepsia, 24 milhões sofre de esquizofrenia, um milhão de pessoas cometem suicídio anualmente. Entre 10 a 20 milhões tentam suicidar-se e que a depressão situa-se em quarto lugar entre as dez principais patologias mundiais. Têm exigido cada vez mais a participação Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 17 do psicólogo e do psiquiatra no esclarecer dos fatos. Responder as questões relacionadas à saúde mental e justiça requer da psicologia e da psiquiatria uma compreensão multifatorial de todos os processos envolvidos. O desenvolvimento da psiquiatria e da psicologia contribuiu de forma intensa para que os órgãos da justiça utilizem de conhecimentos especializados no tocante aos processos que regem a vida humana e a saúde psíquica. E nas duas últimas décadas, a neuropsicologia, que é capaz de colaborar para a compreensão da conduta humana, seja ela delituosa ou não, no escopo da participação das instâncias biológica, psíquica, social e cultural como moduladores da expressão do comportamento, também tem se feito presente neste processo. Sendo assim, o objetivo desta apresentação é mostrar um panorama das demandas judiciais para atuação do psicólogo e do psiquiatra no contexto da perícia em saúde mental. E também destacar as situações nas quais o profissional da saúde em sua prática clínica se depara com demandas judiciais, que exigirão deste profissional uma mudança de paradigma, sem, no entanto, sair da sua atuação ética e humanitária. Palavras-chave: saúde mental, perícia psicológica, psicologia psiquiátrica, neuropsicologia forense O que permanece standard no diagnóstico em psicanálise? Sandra Arruda Grostein Clínica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanálise (CLIPP) O debate sobre a padronização e Saúde Mental interessa aos psicanalistas na medida em que entendemos a importância da psicanálise no âmbito da Saúde, principalmente neste início de século, onde as Neurociências encontraram seu caminho para cada vez mais desvendar os mistérios da relação mente/cérebro, pois apesar do prefixo psi, a psicanálise não se ocupa da psyché como uma unidade. Trata-se muito mais da análise dos sentidos e da reordenação dos mesmos em direção ao sentido sexual que sustenta a relação do sujeito com o mundo. A hipótese psicanalítica de que há diferença entre corpo e organismo, entre consciência e sujeito do inconsciente, participa deste debate visando modificar o mapa no território dos saberes. Os conceitos fundamentais da psicanálise freudiana – inconsciente, transferência, pulsão e repetição – e aqueles que marcam a releitura lacaniana – sujeito do significante, desejo, gozo, objeto a – permanecem no nosso vocabulário, porém a aplicação deles na clínica depende de sua eficácia no tratamento de novos sintomas. Uma vez que a psicanálise é um discurso, ela acompanha as modificações do “espírito do tempo” e, como tal, pode e deve conviver com os outros discursos no campo da saúde mental. Nossa proposta é que, dependendo do caso e do contexto, ela será mais indicada do que em outros, pois exatamente ao não abrir mão do modo singular como cada sujeito tem de estar no mundo, incluindo as mudanças de cada época, a psicanálise está mais aparelhada para escutar e, consequentemente tratar, aqueles que têm muita dificuldade em se identificar com o coletivo. Palavras-chave: psicanálise, saúde mental, ética, discurso, sintomas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 18 Debate 6 Saúde e sexualidade no século XXI Coord. Daniele Nonnenmacher Diferenças de gênero e medicalização da sexualidade na criação do diagnóstico das disfunções sexuais Fabíola Rohden Universidade Federal do Rio Grande do Sul Este trabalho discute a criação das novas categorias de diagnóstico chamadas “disfunção sexual masculina” e “disfunção sexual feminina”, surgidas nas últimas décadas, a partir de um processo crescente de medicalização da sexualidade. Tenta mostrar como essas novas categorias são produzidas em um contexto no qual vários profissionais, instituições e eventos têm papel de destaque, com um peso importante dos médicos urologistas e da indústria farmacêutica, interessada na promoção de um novo e amplo mercado consumidor. A análise aponta para uma acentuada diferença de gênero nas concepções em curso e indica a configuração de um modelo de sexualidade pautada no alto desempenho e nos recursos bioquímicos. Palavras-chave: sexualidade, medicalização, gênero, disfunção sexual Gestação e câncer: vínculo materno fetal diante da dualidade vida e morte Solimar Ferrari Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Descobrir um câncer durante o pré-natal, ou ao contrário, descobrir uma gravidez durante ou após o tratamento de câncer são vivências que remetem a conflitos emocionais importantes para a mulher, família e equipe de saúde. Por serem vivências contraditórias tornam-se ainda mais complexas diante das inúmeras variáveis presentes neste processo como o impacto do diagnóstico, tratamento, expectativa de vida da mãe, reações da família, consequências à saúde do bebê, estabelecimento do vínculo com o mesmo e decisões a serem tomadas. Nos últimos anos ocorreram mudanças importantes no tratamento para gestantes com câncer. Inicialmente havia uma total desconsideração da gravidez, inclusive com frequente interrupção da mesma. Atualmente tem-se recomendado conduta mais ponderada, na qual se tenta equilibrar os interesses maternos e fetais da forma ideal para limitar os riscos de progressão da doença materna e preservar a integridade fetal. O tratamento de uma gestante com câncer é sempre uma decisão difícil porque envolve o risco materno, o fetal, o desejo da paciente, dos familiares, e as opiniões do oncologista, do obstetra e do neonatologista. Vida e morte desafiam o ritmo natural dos acontecimentos. A vivência do câncer associado à gravidez é uma destas situações em que o fio tecido da vida se confronta precocemente com a possibilidade de rompimento. O câncer é uma doença carregada de estigmas e Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 19 historicamente tem uma conotação de punição e castigo. Está associada, no imaginário social, a uma doença que leva à morte, que gera sentimentos de desesperança, sofrimento e dor desestabilizando projetos de vida e provocando efeitos emocionais destrutivos. Ao contrário do câncer, a gravidez está associada a representações sociais de vida, fertilidade e continuidade. A representação social da maternidade está ligada a ideias de benção divina, capacidade de dar vida, realização, plenitude e completude. Assim, a vivência do câncer durante a gravidez provoca redimensionamento dos recursos psíquicos para abarcar duas vivências muito significativas, vida e morte. As representações sociais de mulheres que vivenciam o câncer concomitantemente com a gravidez são, inevitavelmente, ideias associadas à dualidade vida e morte, destruição e fatalidade. Expressam sentimentos de desesperança e medo da morte, de forma ambivalente à alegria de tornar-se mãe. Uma representação socialmente construída ligada à capacidade de gerar vida entra em contraponto com a possibilidade de colocar a mulher em risco. A mulher nesta condição apresenta uma confusão de sentimentos e emoções que oscilam entre a alegria e tristeza, medo e coragem, vida e morte, desesperança e motivação. Todos os sentimentos mobilizados frente a notícia e vivência da doença podem comprometer o vínculo materno fetal. A identidade materna que vai sendo construída ao longo do processo gestacional pode ficar comprometida frente à nova identidade de “paciente/doente”. Sintomas de depressão e ansiedade são comuns após o diagnóstico de câncer. Altos índices de stress são identificados em mulheres que vivenciam o câncer associado à gestação. O apoio da família é fundamental neste processo de enfrentamento da doença e fortalecimento do vínculo com o bebê. Para o profissional de saúde é importante compreender que o câncer não é um acontecimento individual e particular ao doente, mas que envolve também a família. No caleidoscópio de variadas e inúmeras nuances que se interpõe ao diagnóstico de câncer associado à gravidez, o psicólogo deve estar atento e sempre considerar todas elas em suas estratégias de intervenção. Avaliar e acompanhar a adaptação ao processo de adoecimento, trazer à luz da percepção consciente todos os sentimentos envolvidos e oferecer um espaço de suporte é o que pode auxiliar no enfrentamento da situação e fortalecer o vínculo materno fetal. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 20 Disfunção erétil e indicação para implante de prótese peniana José Cury Instituto Central – HC-FMUSP A disfunção erétil (DE) é uma doença que acomete homens após os 40 anos e seu tratamento pode ser dividido em três categorias principais: o tratamento de primeira linha com o uso de drogas pela via oral os chamados inibidores da 5-fosfodiesterase (I5-PDE), o tratamento de segunda linha pela aplicação de injeções intra cavernosas de alprostadil ou desta em combinação com papaverina e fentolamina, e o tratamento chamado definitivo pela implantação de prótese peniana, com importância crescente pelo aumento da proporção de homens idosos que desejam manter atividade sexual. Além da idade, o estilo de vida do homem atual (dieta inadequada, tabagismo e sedentarismo) propicia o surgimento de doenças que danificam o endotélio, como o diabetes, a síndrome metabólica, a hiperlipidemia, e a hipertensão arterial. Pelo pequeno diâmetro das artérias do pênis, elas sofrem processo degenerativo obstrutivo gerando a disfunção erétil em um grupo cada vez mais jovem da população. Homens que não respondem aos tratamentos de primeira e segunda linha e após avaliação psico-sexual têm indicação para o tratamento de terceira e última linha pela implantação da prótese peniana. Este é o chamado tratamento definitivo com alto índice de sucesso, satisfação do casal, e baixos números de complicações. O implante peniano é cirurgia indicada principalmente em diabéticos, na doença de Peyronie, nas sequelas do tratamento cirúrgico do câncer da próstata e nos casos de lesão traumática da medula espinhal. Debate 7 Diagnóstico e tratamento da depressão em cardiologia Coord. Silvia Maria Cury Ismael Depressão como fator de risco para o infarto agudo do miocárdio: evidências atuais Mauricio Wajngarten Instituto do Coração – HC-FMUSP As inter-relações epidemiológicas, fisiopatológicas, clínicas e terapêuticas entre a depressão e as doenças cardiovasculares têm sido valorizadas. As taxas de depressão chegam a 30% nos hospitalizados e a 40% naqueles com acidente vascular cerebral, infarto do miocárdio ou insuficiência cardíaca. Dados epidemiológicos mostram uma associação entre a depressão e o aumento de morbi-mortalidade total e cardiovascular. Tal aumento está relacionado a repercussões fisiopatológicas ou por promover comportamentos inadequados. Pacientes deprimidos apresentam sintomas somáticos, como queda da capacidade funcional desproporcional à condição clínica, que dificultam diagnósticos e tratamentos. Por outro lado, Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 21 as doenças cardiovasculares podem ter um papel promotor da depressão. Há evidências de um papel das alterações anátomo-funcionais da circulação cerebral na origem da depressão. Comorbidades psiquiátricas como ansiedade, e transtorno do pânico podem afetar a resposta ao tratamento da depressão e aumentar o risco de recorrência. A avaliação de sintomas depressivos é mais prática para o clínico do que a busca do diagnóstico pelos critérios recomendados. Ela pode ser feita pelo próprio paciente de modo rápido e simples por meio do Questionário PHQ9, recomendado pela American Heart Association e validado para aplicação em nosso país. O escore obtido pelo questionário sugere a gravidade dos sintomas e a devida orientação. Na escolha do medicamento antidepressivo devem ser considerados preferências do paciente, respostas prévias, comorbidades, aspectos farmacológicos e, obviamente, os custos. O objetivo inicial é a redução dos sintomas depressivos e do sofrimento, visando a remissão do quadro. A psicoterapia é eficaz para redução de sintomas depressivos, melhora do funcionamento social e prevenção de recaídas em pacientes depressivos. Espera-se que após 12 semanas de tratamento psicoterápico os sintomas depressivos já estejam bem menos importantes. Diante de resposta nula ou parcial deve-se associar um antidepressivo ao tratamento psicoterápico. Na falta de melhora com doses plenas até a segunda semana, a chance de remissão é menor do que 10% e preconiza uma revisão do esquema terapêutico. A resposta ao tratamento sem atingir a remissão pode aumentar o risco de recaída. O clínico deve ter a noção de que apenas 25 a 35% dos pacientes atingem a remissão completa. Como regra geral, as subdoses devem ser evitadas, ainda que alguns pacientes alcancem a remissão inicial. Nos casos resistentes pode ser necessária a prescrição das doses máximas toleradas, troca para um antidepressivo de classe diferente ou a associação de mais de um fármaco antidepressivo. A duração do tratamento é muito importante. Quando interrompido na fase aguda, a chance de retorno da depressão, mesmo com alguma resposta do paciente, é superior a 80%. Ao se suspender a terapia após 4 a 9 meses, a chance de recidiva cai para uma faixa entre 60-80%. Daí a importância de instituir o tratamento de manutenção por mais de um ano, quando o risco de recaída é reduzido a menos que 20%. É fundamental o reconhecimento da necessidade de encaminhar o paciente a psiquiatra ou serviço especializado diante de dúvidas ou dificuldades no controle do paciente. Efetividade do tratamento psicoterápico Éline Batistella Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia/SP O presente trabalho apresenta a problemática do tratamento psicoterápico da depressão em pacientes cardíacos, e defende sua validade, a partir da consideração da importância da capacidade depressiva, ou depressividade, para a constituição e regulação do funcionamento psíquico. Lança como elemento para o debate o fato da vulnerabilidade como própria à condição humana, que fica evidenciada na cardiopatia. Fato que põe em destaque o lugar do outro, o qual adquire um duplo valor: de proteção e mobilização da vida e de excesso, configurando arranjos de relação do sujeito consigo próprio e com o mundo, de investimento Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 22 e desinvestimento, modelados pela capacidade depressiva. Sem pretender discutir as origens e os modos de apresentação dos estados depressivos, este trabalho prioriza a sua compreensão como um estado afetivo arcaico que surge como recurso defensivo frente às ameaças externas ou internas, na falência da depressividade e numa tentativa de sua (re) instauração. Finalmente, considera que, se a doença pode ser fator de desestruturação do sujeito, os estados depressivos que a acompanham guardam uma disposição de suscitar, no âmbito da relação terapêutica sustentada pela atenção às nuances transferenciais e contratransferenciais, uma transformação do vazio depressivo em depressividade, constituindo, desta forma, um campo de possibilidades de vida. Palavras-chave: depressão, depressividade, transferência Efetividade do tratamento farmacológico Renério Fráguas Júnior Instituto de Psiquiatria – HCFMUSP Sabe-se que até 65% dos pacientes pós IAM apresentam sintomas depressivos e que a prevalência de episódio depressivo maior após a síndrome coronária aguda chega a 23%. Evidências apontam que a depressão está associada a um aumento de incidência da doença coronariana e aumento de mortalidade e morbidade em pacientes com doença coronariana já instalada. A presença de episódio depressivo maior pode aumentar a mortalidade após IAM em 50% a 90% independente da gravidade da doença coronariana. A remissão da depressão, além de melhorar a qualidade de vida, pode melhorar significativamente o prognóstico cardiovascular. No entanto, alterações clínicas e medicamentos utilizados nesta população exigem uma abordagem diferenciada no tratamento antidepressivo. Devem ser levados em conta nesta população aspectos como o impacto que os antidepressivos podem ter sobre a pressão arterial, ritmo cardíaco e coagulação. Sabemos que alguns antidepressivos apresentam um perfil de interação medicamentosa desfavorável nesta população, outros podem agravar problemas cardiovasculares pré-existentes e outros podem ser até mesmo cardiotóxicos. No entanto, há outros que apresentam baixa interação medicamentosa e poucos efeitos sobre o sistema cardiovascular. Este fato torna possível tratar a depressão nessa população de forma segura. Além da segurança, é fundamental conhecimento sobre as evidencias de eficácia no tratamento da depressão e na melhora do prognóstico cardiovascular com o sucesso do tratamento da depressão que cada antidepressivo possui nesta população. Nesta apresentação abordamos os principais cuidados necessários no tratamento medicamentoso da depressão em pacientes com doenças cardiovasculares segundo a efetividade, tolerância e eventos adversos destes medicamentos. Cabe lembrar que várias modalidades de psicoterapia e mesmo outras terapias biológicas possuem eficácia para o tratamento da depressão. Palavras-chave: depressão, cardiologia, antidepressivos, efetividade, tolerabilidade Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 23 Mesa-redonda 1 Depressão e neuromodulação não-invasiva no hospital geral: avanços e possibilidades para a psicologia e neuropsicologia Coord. Renério Fráguas Júnior Depressão primária e neuromodulação não-invasiva André Russowsky Brunoni Hospital Universitário da USP e CEPSIC Nesta apresentação revisamos o uso de duas técnicas de neuromodulação não-invasiva no tratamento do transtorno depressivo maior (TDM), uma condição de alta prevalência e morbidade no Brasil e no mundo. A primeira técnica é a estimulação magnética transcraniana repetitiva (EMTr), estudada há quase 20 anos e já aprovada para uso clínico. Por outro lado, a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é uma técnica promissora, mas restrita principalmente à pesquisa clínica. Apesar de bastante diferentes em relação a seus mecanismos de ação na depressão, ambas se assemelham do ponto de vista clínico, uma vez que seus efeitos são induzidos através do uso diário por algumas semanas, com um tempo de estimulação de cerca de 30 minutos por dia. Além disso, sendo técnicas não-farmacológicas, podem levar a efeitos terapêuticos com efeitos colaterais praticamente mínimos. Palavras-chave: estimulação magnética transcraniana, estimulação transcraniana por corrente contínua, neuromodulação não-invasiva, transtorno depressivo maior Depressão pós-AVC e neuromodulação não-invasiva Leandro da Costa Lane Valiengo Faculdade de Medicina da USP O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de mortalidade no Brasil atualmente, e uma das principais causas de incapacidade. Está associado a diversas sequelas não só motoras, mas também neuropsiquiátricas, como déficits cognitivos e a mais comum dentre elas é a depressão. A depressão pós AVC (DPA) está associada a déficits cognitivos, pior qualidade de vida e maior mortalidade dos pacientes com AVC. Sabe-se que o tratamento da DPA reduz esses déficits além de melhorar os sintomas da depressão. Contudo, o tratamento com psicotrópicos nem sempre se mostra eficaz e está associado a muitos efeitos adversos, especialmente nesse grupo particular de pacientes. Outra opção é o tratamento com terapia cognitivo-comportamental, mas, apesar desta modalidade de tratamento ter apresentado resultados positivos, os efeitos são em geral modestos e o custo da intervenção, considerando a alta prevalência da depressão pós AVC, é alto. Neste contexto, a neuromodulação não invasiva apresenta-se como uma opção interessante para o tratamento desta condição. A estimulação magnética transcraniana é uma técnica que já vem sendo usada para o Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 24 tratamento da DPA com eficácia e poucos efeitos colaterais. Uma alternativa promissora é o uso da estimulação transcraniana por corrente contínua, que tem se mostrado eficaz no tratamento da depressão maior sem desencadear efeitos colaterais importantes. Outras vantagens importantes da técnica são o baixo custo e a praticidade da intervenção, o aparelho estimulador é pequeno e portátil. Mas, esta técnica ainda necessita de pesquisas na área de DPA para demonstrar sua utilidade para este grupo de pacientes. Palavras-chave: depressão pós AVC, neuromodulação, ETCC Neuromodulação não invasiva em pacientes neuropsiquiátricos: contribuições da neuropsicologia Paulo Sérgio Boggio Universidade Presbiteriana Mackenzie Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 25 Mesa-redonda 2 Neuropsicologia: avaliação para a produção de conhecimento científico Coord. Eliane Correa Miotto Contribuições da neuropsicologia para o estudo dos correlatos cerebrais associados ao envelhecimento normal Eliane Correa Miotto Departamento de Neurologia do HC-FMUSP A relação entre a síndrome da fragilidade e o desempenho cognitivo em idosos Monica Sanches Yassuda Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP Avaliação neuropsicológica de idosos de baixa escolaridade Leandro Fernandes Malloy-Diniz Faculdade de Medicina da UFMG O exame neuropsicológico dos idosos, no contexto brasileiro, é marcado por inúmeras particularidades. A maior parte dessa população possui baixa escolaridade (geralmente inferior a quatro anos) e dificuldades exacerbadas em processos cognitivos básicos, mas fortemente influenciados pela cultura, educação e nível socioeconômico, como a leitura, escrita, habilidades matemáticas e confecção de desenhos. O percurso educacional típico de países desenvolvidos ainda é deficitário no Brasil, refletindo-se em uma população idosa com déficits educacionais acentuadas. Muitas das hipóteses e métodos de avaliação em neuropsicologia, desenvolvidos em países com condições educacionais, sociais e culturais muito diferentes das brasileiras, pressupõem ou dependem de tais habilidades, dificultando seu exame em no contexto clínico e em pesquisa. Fatores como a reserva cognitiva, desempenho funcional ao longo da vida, escolarização formal e as demandas emocionais necessárias à realização do exame neuropsicológico influenciam de forma significativa o desempenho do paciente em diferentes métodos de testagem. Propomos três soluções para tal questão: 1) normatização de instrumentos para exame neuropsicológico considerando populações heterogêneas do ponto de vista educacional, 2) adaptação de instrumentos desenvolvidos e validados em outros países onde as influências do nível educacional no desempenho sejam baixas ou não significativas e 3) desenvolvimento de novos instrumentos de avaliação neuropsicológica, planejados para uso específico nessa população. No presente trabalho revisamos a literatura nacional a respeito dos métodos de avaliação que possuem referencial normativo estratificado por nível educacional, mostramos estudos bem sucedidos de adaptação de testes menos dependentes da escolarização formal e fornecemos dados preliminares de testes desenvolvidos para o contexto brasileiro, com foco na avaliação do idoso de baixa escolaridade. Palavras-chave: envelhecimento, escolaridade, demência, neuropsicologia, avaliação neuropsicológica Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 26 Mesa-redonda 3 Corpo e identidade Coord. Latife Yazigi Dor crônica nas costas: dor física ou dor psíquica? Emine Tevfika Ikiz Universidade de Istambul/Turquia A literatura científica apresenta que entre 50 e 80% da população alega ter sofrido de dor nas costas em algum momento de sua vida, sendo a taxa de incidência entre 25 e 70%. A causa mais comum de dor crônica é a dor nas costas, sendo o motivo principal de distúrbio funcional nas pessoas com menos de 45 anos. Os estudos cujo foco principal é a avaliação projetiva associam esta dor à depressão e alexitimia. Os pacientes que nos procuram devido à dor insuportável não levam em conta a dimensão psicológica de suas queixas, ou podemos dizer que a dor física sempre traz consigo um valor de defesa contra o risco de colapso. Aqui, estou me referindo especificamente a pessoas que insistem em procurar seus médicos para dizer que não há mais nada a fazer e recusam as psicoterapias recomendadas. Além disso, meus colegas que acompanham estes trabalhos comigo, nas clínicas de dor, afirmam que, mesmo no início da abertura deste serviço, não houve nenhuma consulta e que os pacientes que vinham, em seguida, sentiam raiva dos funcionários desse serviço e os consideravam como algo ruim porque eram incapazes de aliviar a sua dor. Esses pacientes indicam constantemente que se sentem cansados e doloridos, e isto atrapalha o trabalho psíquico e impede o processo de livre associação. Os médicos, por sua vez, sentem-se angustiados de ver, à sua frente, pessoas que não se curam, apesar de terem feito tudo. Eles têm a sensação de “fazer muito” e de desespero. Em primeiro lugar, de acordo com a teoria psicanalítica, a dor é um conceito que deve ser pensado tanto no nível psíquico como no físico. É por isso que se deve pensar a respeito disto não com um “ou”, mas com um “e”. A dor designa um sofrimento físico e psíquico. É, portanto, psicossomático. É o monismo freudiano da dor que vemos aqui: a dor física e a dor psíquica não são diferentes em sua essência, apenas a natureza das alterações de bloqueio: “A passagem da dor corporal para a dor psíquica corresponde à transformação do bloqueio narcisista em bloqueio do objeto”, escreve Freud. Para ele, o enigma da dor se revela em seu excesso. Somos também nós os psicossomáticos que questionamos principalmente o “muito” no corpo e “muito pouco” na psique. Freud acreditava que a dor física é sempre acompanhada de fenômenos psíquicos. Nossos pacientes se esvaziam constantemente com lamentações e reclamações. No meu trabalho com pacientes que sofrem de dor nas costas vejo bem o que Michel Fain dizia a respeito dos bloqueios narcisistas ao redor da ferida que, de fato, se torna quase uma zona erógena protetora contra a neurose traumática. Praticamente todas se recusaram a trabalhar sua vida psíquica e permaneceram com seus médicos para um tratamento clínico. Elas querem dominar a dor para se afastar da depressão. O próprio corpo substitui o mundo exterior. A dor serviria para manter um vínculo de objeto narcísico materializado no corpo formado no mundo exterior. A experiência dolorosa lhes confere um eixo Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 27 narcisista, uma espécie de coluna vertebral psíquica que é o caso da dor crônica na coluna. Deste modo, este trabalho versará sobre a pesquisa realizada na Universidade de Istambul em que participaram 30 mulheres de 25 a 45 anos com “dor crônica na coluna”. Foram incluídas no estudo as pessoas que não apresentavam doença psiquiátrica, de acordo com os critérios de diagnóstico do DSM-IV, que não se submeteram a cirurgia por “dor crônica na coluna” e cujas dores na coluna não podem ser explicadas por dados orgânicos, apesar de todas as análises efetuadas. Foi aplicado o teste de Rorschach que testa os limites, induz a um alto grau de regressão de ordem pré-genital que preconiza a imagem do corpo. Mais especificamente, encontramos diferenças tanto em termos estatísticos quanto ao conteúdo entre a amostragem do nosso grupo e a população em geral. Particularmente nas respostas F±, F + K e C, foram obtidos resultados muito variados. Efeitos da agressividade infantil para o sofrimento psíquico de professores em diferentes momentos de carreira Maria Abigail de Souza Instituto de Psicologia da USP O sofrimento de professores tem sido amplamente considerado pela literatura, em associação com diversos fatores. O presente trabalho investiga esse sofrimento sob o aspecto da agressividade vivenciada em sala de aula. Foram entrevistados doze professores de uma escola pública da cidade de São Paulo - onze do sexo feminino e um do sexo masculino - distribuídos em função de três momentos na carreira de ensino: inicial (até seis anos), intermediário (entre doze e dezoito anos) e final (últimos cinco anos da carreira). As entrevistas foram gravadas, transcritas e os dados categorizados conforme a frequência simples de ocorrência. A comparação das respostas revelou diferenças entre os educadores com menor e maior tempo de carreira no ensino: na percepção da agressividade infantil, nos sentimentos despertados e nas estratégias de manejo utilizadas. Frente à constatação dessas diferenças, foi possível refletir e tecer considerações para o delineamento de intervenções preventivas. Palavras-chave: professores; sofrimento; carreira; agressividade Este estudo foi publicado na revista Estudos de Psicologia. (Natal), Ago 2012, vol.17, no.2, p.265-274. ISSN 1413-294X. Corpo, identidade e dor crônica Norma Lottenberg Semer Departamento de Psiquiatria da UNIFESP Este trabalho se refere a uma experiência de atendimento psicanalítico de pessoas com fibromialgia em um centro clínico de pesquisa em psicoterapia vinculado a uma instituição de ensino. A crescente presença de pacientes em nossa clínica cotidiana com pouco acesso ao simbólico tem nos interessado em buscar possibilidades bem como em desenvolver recursos para manejar essas situações. Procuramos ilustrar nosso trabalho por meio de vinhetas clínicas articuladas com as teorias psicanalíticas, sobretudo à teoria de Winnicott. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 28 Mesa-redonda 4 Avaliação de comorbidades psicológicas e psiquiátricas de pacientes em uso de medicamentos de ação sistêmica Coord. Cláudia Fernandes Laham Manifestações psiquiátricas em pacientes em quimioterapia Simone Maria de Santa Rita Soares Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) Os pacientes com câncer frequentemente são submetidos à quimioterapia, em associação ao tratamento cirúrgico e/ou radioterápico. Além dos efeitos colaterais mais conhecidos, como náuseas, vômitos e fadiga, entre outros, tem-se dado cada vez mais importância aos efeitos cognitivos desse tratamento. A disfunção cognitiva induzida por quimioterapia é conhecida na literatura como chemobrain ou chemo fog e pode ser fonte de grande estresse para os pacientes. O acometimento ocorre em diversos domínios da cognição, sendo a memória o mais comumente citado, e chegam a compremeter a funcionalidade do paciente. No entanto, frequentemente a testagem neuropsicológica falha na detecção objetiva dos prejuízos relatados pelos pacientes, sendo interessante associar à bateria uma escala de avaliação subjetiva. A duração é variada, com relatos de persistência dos sintomas por até 10 anos. Não há ainda um consenso sobre um tratamento medicamentoso eficaz para auxiliar esses pacientes, mas a modafinila até o momento é a que apresentou melhores resultados. A abordagem preferencial é a da reabilitação cognitiva, com ênfase em estratégias de manejo dos déficits cognitivos. Palavras-chave: chemobrain, quimioterapia, cognição O impacto do tratamento medicamentoso no humor e qualidade de vida em pacientes com hepatite C Mary Ellen Dias Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Alterações comportamentais em pacientes com dor crônica em uso de opióides Tania Vannucci Vaz Guimarães Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 29 Mesa-redonda 5 Neuropsicologia: avaliar para reabilitar Coord. Priscila Covre Avaliar para reabilitar - impacto das funções cognitivas no dia a dia Priscila Covre Centro de Estudos em Psicologia da Saúde - CEPSIC A avaliação neuropsicológica investiga, através de entrevistas, aplicação de escalas e testes neuropsicológicos, as forças e fraquezas cognitivas de indivíduos com alterações no funcionamento ou estrutura cerebral. Muitos neuropsicólogos enfatizam a aplicação de testes durante esse processo. Contudo, muitos testes neuropsicológicos são pouco ecológicos e, apesar de terem valor diagnóstico, não têm relação direta com o funcionamento cotidiano do paciente. Assim, o processo de avaliação acaba por não contemplar o impacto das disfunções cognitivas no dia a dia. O objetivo dessa apresentação é demonstrar que, ao avaliar para reabilitar, o enfoque deve estar na identificação de como as alterações cognitivas têm influenciado a vida diária do paciente e de sua família. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, os objetivos da reabilitação ou intervenção neuropsicológica estão na melhora da funcionalidade e participação social de indivíduos com distúrbios cognitivos. Uma avaliação que contemple o impacto das disfunções cognitivas possibilitará, portanto, o estabelecimento de metas apropriadas para o tratamento. Conclui-se que uma avaliação neuropsicológica com enfoque na reabilitação deve ir além dos resultados nos testes neuropsicológicos, incluindo: avaliação qualitativa do desempenho do paciente; avaliação da resposta do paciente a mediações; entrevistas contemplando os problemas no dia a dia, como o paciente compreende suas dificuldades e como elas são vistas por seus familiares; e, sempre que possível, avaliação do desempenho do paciente em situações reais ou similares às situações que vive no dia a dia (avaliação ecológica). Avaliação neuropsicológica dinâmica na infância Carolina Cunha Nikaedo Centro Paulista de Neuropsicologia/SP Apesar de não ter trabalhado diretamente com avaliação dinâmica, os créditos da concepção teórica são atribuídos ao pensador russo Lev Vygotsky (1934/1962). A Teoria da Zona de Desenvolvimento Proximal-ZDP descreve os estágios entre a realização de uma determinada atividade inicialmente com auxílio ou suporte para a realização com autonomia e proficiência. Este processo, ou seja, como a pessoa aprende coisas novas, é o foco de investigação da avaliação dinâmica. A relação entre o avaliador e o avaliando é uma interação de via dupla, ativa e individualizada, sendo o feedback parte desta dinâmica. Esta interação, chamada Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 30 de mediação, é um conceito chave da avaliação dinâmica. A mediação ocorre em níveis de suporte e diminui gradualmente à medida que a criança (paciente) desenvolve mais domínio na nova habilidade. No contexto da avaliação neuropsicológica, a avaliação dinâmica é uma ferramenta complementar importante às avaliações psicométricas, pois oferece ao terapeuta dados sobre o perfil de aprendizagem que serão utilizados para o delineamento da intervenção. O conceito de mediação quando apresentado aos pais e profissionais que acompanham a criança, professores e clínicos, oferece modelos de suporte/assistência que podem ser aplicados nestes outros ambientes. Avaliação colaborativa – ajustando as hipóteses que os pacientes e familiares têm sobre as falhas cognitivas Silvia Adriana Prado Bolognani Universidade Federal de São Paulo A intervenção de reabilitação junto a pacientes com problemas cognitivos é sempre um desafio para os profissionais. As dificuldades de desempenho aparecem em diversas áreas da vida, exigindo que o profissional tenha uma visão ampla do caso, e compreenda a inter-relação entre paciente, família e ambiente (tanto físico, quanto social, emocional e de suporte). Além da abordagem sistêmica do caso, um outro elemento do processo de reabilitação deve ser a estrutura, a abordagem planejada. Esta deve ser composta por um diagnóstico apurado das dificuldades, compreensão do impacto destas na vida real do paciente, e busca de soluções para tal impacto, orientando-se por metas definidas pelo conjunto de pessoas envolvidas (pacientes, familiares e equipe profissional). Assim sendo, podemos considerar que a intervenção é fundamentalmente uma proposta de solução de problemas, incluindo desde os mais práticos, até os processos mais pessoais de adaptação emocional. Quando resolvemos problemas em equipe, é fundamental que todos trabalhem na mesma direção, e por isso se faz muito importante que a compreensão das dificuldades seja compartilhada. Nesta apresentação abordaremos o processo de compreensão compartilhada das dificuldades e as hipóteses explicativas dadas pelas pessoas envolvidas na intervenção. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 31 Mesa-redonda 6 Transtornos de identidade de gênero e a complexidade do processo transexualizador Coord. Elisa Del Rosario Ugarte Verduguez O paciente transexual, o endocrinologista e as intervenções prévias à cirurgia Elaine Maria Frade Costa Faculdade de Medicina da USP Protocolo de avaliação e tratamento psicológico: indicações e contraindicações Marlene Inácio Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP O indivíduo auto-denominado transexual é aquele que exibe uma persistente identificação com o sexo oposto e um descontentamento com a genitália e com os caracteres sexuais secundários, bem como com as atribuições sociais pertinentes ao sexo biológico. Esses pacientes buscam a cirurgia de transgenitalização e o tratamento hormonal para a harmonização de sua imagem corporal interna com a sua imagem corporal externa. Com a proposta de atender esses pacientes, o Hospital das Clínicas da FMUSP se tornou, desde a década de 80, um dos centros pioneiros no Brasil na assistência psicológica e tratamento hormonal destes pacientes. Esta apresentação visa discutir brevemente a definição de transexualismo, apresentar a trajetória do programa no HCFMUSP, discutir critérios e métodos para avaliação psicológica de pacientes autodenominados transexuais, instrumentos de avaliação, bem como sua forma de utilização e critérios para entrada no programa de tratamento, indicações e contra indicações cirúrgicas para estes pacientes. Apresentar os dados referentes à demanda por tratamento nesta instituição, de 1984 a 2012. Relatar os desafios e benefícios inerentes à psicoterapia com estes pacientes, e as modalidades de atendimento psicoterápico empregadas, tais como psicoterapia individual, grupal e familiar. Em síntese aponta a importância de uma boa interação na equipe multidisciplinar de saúde em todas as etapas do programa de tratamento. Ademais, a área da psicologia acrescenta mais três pontos relevantes que são: os critérios individuais de avaliação, o treinamento e a capacitação dos recursos humanos para assistência. Palavras-chave: transexualismo, psicodiagnóstico, psicoterapia, psicologia hospitalar Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 32 Transexualismo ou transexualidade: implicações para as políticas públicas de saúde no Brasil? Paulo Roberto Ceccarelli Pontifícia Universidade Católica/MG A apresentação discute algumas implicações para as políticas de saúde no Brasil, questões ligadas às reivindicações dos movimentos trans. Para isso, o autor faz uma breve digressão de como esta manifestação da sexualidade – o transexualismo, mais recente chamado de transexualidade – tem sido tratada ao longo da história e, particularmente, na cultura ocidental. Em seguida, discutem-se os elementos presentes na construção do sentimento de identidade sexuada. Para o autor, a construção deste sentimento é finalização de um processo que começa bem antes do nascimento. Dentre outros elementos, faz parte desta construção a representação psíquica do corpo, assim como sua imagem. Esta construção imaginária é tributária dos fantasmas de quem acolhe a criança quanto de sua chegada ao mundo. Outro ponto teórico discutido é sobre a diferença sexual: onde se situa a diferença? O trabalho discute, também, como entender a demanda de transgenitalização e o que, de fato, esta cirurgia oferece: muda-se, realmente, de sexo? O trabalho traz, também, algumas reflexões sobre os movimentos de despatologização das identidades trans, e as consequências, tanto para as políticas públicas de saúde, como para o próprio sujeito, destes movimentos. Para o autor, o que vem ocorrendo é uma mudança discursiva que indica que os discursos sobre a sexualidade e suas práticas são artefatos culturais, sem nenhuma ancoragem em uma pretensa “natureza humana”. Tais discursos respondem às ideologias dos interesses sociopolíticos e econômicos do momento histórico e da cultura da qual emerge, com toda a sua vinculação à moral e às normas vigentes. O que é “patológico” para uma cultura pode ser altamente valorizado em outra, podendo ser visto como um sinal de proximidade maior com os deuses. Palavras-chave: transexualismo, transexualidade, políticas públicas, identidade sexual, diferença sexual Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 33 Mesa-redonda 7 Avaliação psicológica e neuropsicológica em traumas e UTIs Coord. Alessandra Santiago Tipos de trauma e solicitação de interconsulta psicológica Celso Ricardo Bregalda Neves Instituto Central do HC-FMUSP Protocolo de avaliação psicológica em UTI: implicações para a equipe de saúde Luciane De Rossi Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), as reações psicológicas do paciente estão relacionadas à gravidade da doença e aos fatores ambientais do setor, tais como iluminação e barulho excessivos, restrição ao leito, contato restrito com a família e procedimentos invasivos. A hospitalização nesse setor representa um momento de crise, com a ameaça à vida e à integridade física do paciente, gerando sofrimento emocional intenso e maiores chances de desenvolver transtornos psicológicos, tanto para o paciente como para seus familiares. O sofrimento dos familiares é relacionado a diversos fatores: afastamento do ente querido, alteração da rotina, problemas financeiros, dificuldade de compreensão do diagnóstico, preocupação com a qualidade e eficácia dos cuidados oferecidos pela equipe, observação da dor e sofrimento do paciente e o constante medo da morte. A avaliação psicológica em UTI considera os aspectos psicológicos envolvidos na etiologia e evolução da doença, e inclui o paciente, seus familiares e a equipe de saúde. Os dados coletados permitem a elaboração de um diagnóstico situacional, que envolve a explicitação das reações psicológicas de todos os envolvidos naquela situação. A avaliação psicológica baseia-se em conhecimentos teóricos e práticos e utiliza instrumentos como a observação, a entrevista e, se necessário, os testes psicológicos. Os dados investigados incluem: o estado geral do paciente; a avaliação das funções psíquicas; a relação com a doença e hospitalização; a relação com os familiares e membros da equipe e os recursos psíquicos para enfrentamento da situação. Com relação aos familiares, o psicólogo avalia a compreensão apresentada sobre o quadro clínico, sobre a evolução do tratamento e o prognóstico; as alterações na dinâmica familiar provocadas pelo adoecimento e internação do paciente; e o suporte objetivo e emocional que podem oferecer ao paciente. Ao solicitar a avaliação psicológica a equipe de saúde reconhece a interface entre os distúrbios orgânicos e a subjetividade do paciente, compartilhando com o psicólogo a responsabilidade com relação ao tratamento do paciente. Os resultados da avaliação e o posicionamento do psicólogo podem auxiliar os profissionais de outras áreas a reconhecerem e manejarem Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 34 problemas de natureza emocional. De modo geral, as implicações da avaliação psicológica para a equipe de saúde incluem auxílio na definição do diagnóstico e tratamento; medicação da comunicação entre paciente, família e equipe; elaboração de conflitos; e manejo do estresse ocupacional, com melhora na saúde do profissional. Palavras-chave: psicologia médica, unidades de terapia intensiva, equipe de assistência ao paciente Protocolo de avaliação neuropsicológica após Traumatismo Crânio-Encefálico Ana Luiza Costa Zaninotto Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP O traumatismo cranioencefálico (TCE) é o maior problema de saúde pública nos EUA, na qual aproximadamente 235 mil hospitalizações não-fatais por TCE ocorrem anualmente; 1.1 milhões de americanos são tratados e liberados do departamento de emergência anualmente, aproximadamente 50 mil desses pacientes morrem no acidente e 20 mil durante atendimento hospitalar (Corrigan et al., 2010). Em 2010 a Federação Liaison e os Consultores para projetos em TCE formaram um novo grupo com a finalidade de construir um conjunto de recomendações para ampliar a lista de definições, denominando Common Data Elements (CDE). O CDE propõe utilização de instrumentos cuja finalidade consiste em comparar resultados de estudos em TCE utilizando variáveis demográficas e resultados clínicos de todo o espectro do TCE e categorizar os elementos como básico, suplementar e emergente. O objetivo da apresentação é discutir a utilização dos instrumentos de avaliação neuropsicológica sugeridos pelo CDE, as limitaçoes decorrentes da falta da validação de intrumentos internacionaispara nossa população, a utilização de testes análogos padronizados e adaptados para a nossa população e a possibilidade inserção de testes padronizados análogos, como o Índice Fatorial de Velocidade de Processamento (escalas Weschler - WAIS-III), que auxiliem na interpretação, diagnóstico e melhor conduta para o paciente e seus familiares. Palavras-chave: traumatismo cranioencefálico, avaliação, testes, cognição Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 35 Mesa-redonda 8 Avaliação psicológica e neuropsicológica em pacientes com doenças infecto-contagiosas Coord. Cláudio Garcia Capitão A cura para a AIDS: repercussões no comportamento sexual em sujeitos infectados Luiza Azem Camargo Instituto de Infectologia Emílio Ribas/SP O surgimento do HIV e da aids desafiou os modelos de atenção e cuidado em saúde existentes e demandou desde o início a participação e intervenção de outros saberes nesse contexto, por serem muitas as repercussões nas múltiplas esferas da vida do sujeito. As repercussões sociais incluem a convivência com os estigmas, rejeição e preconceito; as manifestações clínicas podem ser as mais diversas e tornarem-se cada vez mais complexas na medida em que a infecção evolui; e dentre as repercussões psicológicas se destaca um sentimento de perda que exige do sujeito um trabalho de luto incessante, pois são muitas as perdas ao longo da evolução da doença, e trata-se de uma doença incurável e estigmatizante, com a qual o sujeito passa a conviver indefinidamente. Com a epidemia de aids, muito do que antes era da esfera de vida privada, passa a ser público e exposto. As repercussões no comportamento sexual podem ser percebidas na prática clínica por meio de determinadas dificuldades e conflitos afetivos ou sexuais, no entanto, ressalta-se que do ponto de vista psicopatológico diagnósticos específicos referentes a condutas sexuais “desviantes” não são inerentes ou exclusivos de sujeitos com HIV e aids, pois a sexualidade se configura como única e particular em cada sujeito, independente de qualquer diagnóstico clínico ou condição sorológica. No sentido de cura como tratamento, cuidado, e alcance de um ponto razoável de completude, pode-se dizer que o sujeito com HIV e aids foi e está sendo curado pela psicanálise e pelas abordagens psicodinâmicas, na medida em que as descobertas novas vão transformando o passado, não os fatos em si, mas o seu valor patogênico, recriando a história do paciente por meio de todo processo psicoterapêutico e transformando o sujeito presente. HTLV: repercussões psicológicas e impacto na qualidade de vida Raquel Ferreira dos Santos Instituto de Infectologista Emílio Ribas/SP O vírus HTLV, embora pouco conhecido mesmo pelos profissionais da saúde, faz parte da vida de mais de 15 milhões de pessoas no mundo todo. Os pacientes com HAM/TSP, por sofrerem muitas alterações físicas, acabam tendo a qualidade de vida também alterada e foi a partir dessa nova condição, que diversos estudos tem sido desenvolvidos com o intuito Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 36 de compreender e melhorar a rotina do doente. O HTLV, por se tratar de uma patologia ainda sem cura, pertence ao grupo das doenças crônicas e traz consigo todo o peso dos efeitos causados pelas manifestações da doença, de seu tratamento, das repercussões e mudanças necessárias na vida cotidiana do paciente. Muitos estudos apontam também para a influência negativa que a depressão tem na qualidade de vida do paciente, inclusive no aumento de riscos para morbidade e mortalidade. Os fatores mais relevantes para as alterações sofridas pelos pacientes estão relacionados ao aumento de sensibilidade à dor, à incapacidade para desenvolver tarefas rotineiras de maneira adequada e a uma piora nas relações sociais. Após longos anos de estudo ainda há uma vasta discussão no que concerne ao termo qualidade de vida. Atualmente a concepção mais aceita engloba aspectos afetivos, comportamentais e físicos do ser humano e evidencia assim, a relatividade da depressão, visto que essa é uma patologia que afeta invariavelmente uma ou mais dessas áreas. Uma das possibilidades de melhoria na qualidade de vida do portador de HAM/TSP está associada à prática de exercícios físicos acompanhados por um fisioterapeuta ou outro profissional da saúde, assim como por nutricionista, pois esses cuidados poderão trazer maior autonomia e alívio para as dores dos pacientes. Palavras-chave: HTLV, qualidade de vida, depressão Protocolo de avaliação neuropsicológica em pacientes com HIV, HTLV ou HCV Maria Rita Polo Gascón Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP A investigação ativa de comprometimento cognitivo é muito importante nos pacientes com infecções por vírus neurotrópicos (vírus da Imunodeficiência Humana tipo 1–HIV-1-, vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 –HTLV-1- e vírus da hepatite C –HCV). A frequência de alterações neurocognitivas neste grupo de pacientes é muito elevada e os mecanismos que causam esses danos são tanto por lesão neuronal direta desses agentes virais quanto por outros mecanismos menos compreendidos como imunomediação e através de modulação por neurotransmissores. Porém, as alterações cognitivas nestes pacientes não são rotineiramente rastreadas, apesar dos dados relacionando sua presença com pior prognóstico e menor aderência ao tratamento. A melhor forma de confirmar e diagnosticar as alterações neurocognitivas neste contexto é por meio de uma avaliação neuropsicológica formal. Esta avaliação tem que explorar detalhadamente as esferas neurocognitivas do tipo subcortical, as mais frequentemente afetadas nas três infecções virais citadas anteriormente. O diagnóstico das alterações neurocognitivas em suas mais diversas intensidades (assintomáticas, leves, moderadas e demência) auxilia no tratamento, orientação e prognóstico destes pacientes. Palavras-chave: HIV, HTLV, HCV, avaliação neuropsicológica Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 37 Mesa-redonda 9 Dor, envelhecimento e finitude: métodos de avaliação psicológica e propostas interdisciplinares Coord. Valéria Trunkl Serrão Dor crônica e Síndrome do Desfiladeiro Torácico: avaliação psicológica e desafios diagnósticos Alessandra Santiago Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP A dor crônica é característica intrínseca da Síndrome do Desfiladeiro Torácico (SDT), e a avaliação multiprofissional, incluindo a psicológica, nesses casos, é fator determinante para diagnosticar, tratar e obter perspectivas de prognóstico ao paciente. O diagnóstico diferencial da doença tem nas avaliações psicológicas uma contribuição eficaz, uma vez que essas questões psíquicas podem ser predisponentes de exacerbação de sintomas. A anamnese detalhada, o exame físico, radiológico simples e específicos e avaliação da dor, determinarão se há ou não indicação para procedimento cirúrgico. Será apresentado o caso das gêmeas Laura e Luíza de 17 anos, que em 2008, no Ambulatório do Serviço de Cirurgia Vascular do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, foram submetidas à avaliação multiprofissional para SDT, na qual o sintoma de dor na multidimensionalidade, em ambas foi diagnosticado como transtorno somatoforme. Palavras-chave: dor crônica, Síndrome do Desfiladeiro Torácico, avaliação psicológica Envelhecimento, memória e doenças crônicas: o que é importante lembrar? Valmari Cristina Aranha Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Nunca o envelhecimento foi tão falado e assistido como hoje. Nunca se discutiu tantas possibilidades existenciais e assistenciais. As diversas formas de envelhecimentos possíveis nos questionam quanto à nossa prática e nos incitam a repensar valores, conceitos e parâmetros do que seja o envelhecimento bem sucedido, principalmente no que tange à subjetividade, objeto primeiro da atenção do psicólogo. Com o significativo aumento da população idosa e da consequente procura por atenção em serviços de saúde, torna-se cada vez mais necessária a criação e a otimização de recursos para melhor dar conta desta demanda. Cada vez mais o psicólogo tende a se especializar e se instrumentalizar para assistir adequadamente a um número expressivo de idosos que se apresenta de forma Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 38 específica e heterogênea. Até bem pouco tempo atrás o trabalho do psicólogo com idosos se resumia em ajudá-los a lidar com perdas, lutos e limitações. Hoje o trabalho se preconiza na instrumentalização crítica e consciente de um idoso ativo, desejante e vinculado com a vida. A busca e a obtenção de uma velhice bem sucedida é uma realidade. A convivência com doenças crônicas também é uma realidade na velhice, muitas delas companheiras por longo tempo de vida. Conhecer, entender e se adaptar às doenças crônicas é o grande desafio. Doenças cardiovasculares, osteoarticulares, alterações metabólicas e cognitivas e suas implicações deve ser foco do conhecimento do profissional que pretende trabalhar com idosos. Somos o que somos por conta do que lembramos, a biografia é um dos maiores tesouros de se viver muito e a memória sua principal aliada. Queixar-se da memória e de sua funcionalidade é cotidiano para muitos idosos. O diagnóstico diferencial entre alterações cognitivas, déficits de atenção, queixas emocionais e depressão é uma das funções do psicólogo em gerontologia. Analisar a relação entre personalidade e envelhecimento é de extrema importância. Considerar características de base e possíveis alterações advindas de questões associadas à passagem do tempo é tarefa primeira da avaliação psicológica. Considerando aqui a percepção subjetiva da passagem do tempo, cada qual a seu modo, com suas crenças, valores e desejos. O envelhecimento como processo é marcado significativamente pelo resultado desta relação. A atividade prática do psicólogo se inicia na identificação das reais necessidades apresentadas através das queixas e justificativas que chegam aos serviços de saúde. Objetivando diferenciar queixas físicas, coerentemente diagnosticáveis e tratáveis e sofrimentos emocionais e/ou sociais inadequadamente atribuídos ao corpo. O corpo aqui sendo usado como forma de expressão de sofrimentos emocionais, como forma de tradução de sofrimentos antes não visíveis ao outro, presentes somente na memória, memória esta que também esquece do que deveria ser lembrado. Atendimento Domiciliar: avaliação psicológica e intervenções em um locus privilegiado? Cláudia Fernandes Laham Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Estar internado em uma instituição hospitalar pode trazer várias implicações para o paciente, especialmente se este for idoso. Pode ser uma situação ameaçadora, trazer ansiedade, perda de identidade, confusão mental e diminuição de funcionalidade e do exercício da autonomia, entre outras coisas. Os serviços de atenção domiciliar são alternativas para os cuidados de pacientes portadores de doenças crônicas, podendo significar garantia de cuidado continuado após a alta hospitalar, diminuição de riscos de infecção hospitalar e minimização de intercorrências clínicas. O domicílio é capaz de contar a história do paciente e de sua família, revelando hábitos e costumes dos familiares que podem auxiliar no entendimento dos profissionais de saúde sobre as relações e o significado atribuído a elas. Formadas por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, assistentes sociais, fisioterapeutas, nutricionistas, odontólogos, farmacêuticos, fonoaudiólogos, terapeutas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 39 ocupacionais e psicólogos, entre outros, as equipes de atenção domiciliar podem ter como objetivo atuar em contexto preventivo e de promoção de saúde, ou nas modalidades de assistência ou internação, quando a doença já está instalada. Quando ocorre a doença crônica e o paciente recebe cuidados domiciliares, o psicólogo da equipe se depara com queixas como as dificuldades de lidar com as limitações trazidas pelas doenças ou com as trocas de papéis experimentadas na família, como quando alguém que era provedor se torna dependente de outras pessoas. Os cuidadores desses pacientes queixam-se de cansaço, solidão e sobrecarga com os cuidados, entre outras coisas, apesar de obterem ganhos com essa função, como sentirem-se úteis e participantes na melhora dos pacientes. Quadros de ansiedade e/ou depressão são comumente encontrados. O psicólogo realizará um psicodiagnóstico situacional, avaliando como paciente e cuidador lidam com a situação de doença e tratamento, quais os recursos psíquicos que possuem para enfrentar a situação e como está o autocuidado deste último. De acordo com a necessidade, será oferecido atendimento psicológico para pacientes ou cuidadores (psicoterapia breve, orientações, grupos terapêuticos para os cuidadores, entre outros). O psicólogo levará à equipe informações sobre a dinâmica psíquica de cada caso atendido, preservando, contudo, o sigilo quanto aos detalhes relatados pelos pacientes. Se por um lado o fato de o psicólogo estar no domicílio traz consigo um desafio, por ser este profissional acostumado a trabalhar em ambientes que controla mais facilmente, como o consultório ou a sala de atendimento do ambulatório na instituição hospitalar, por outro, o domicílio é um locus privilegiado por trazer informações que o profissional não teria em outro local, como detalhes na casa que contam a história do paciente e sua família ou a oportunidade de presenciar cenas familiares de carinho ou hostilidade menos comuns em outros ambientes. Tais elementos auxiliam na realização do psicodiagnóstico situacional. Mesmo que o local e o tempo de atendimento mudem em relação ao que o profissional de Psicologia está acostumado, este deverá sempre manter a escuta psicológica para a subjetividade do paciente, que o diferencia de todos os outros profissionais de saúde. Palavras-chave: assistência domiciliar, atendimento psicológico, idosos, doenças crônicas Fórum de Discussão Avaliação e intervenções psicológicas em situações de emergências no hospital Moderadoras: Bianca Nascimento Moraes e Luciane de Rossi Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 40 Relato de Pesquisa 1 Transtornos de personalidade: um estudo sobre a identidade corporal Coord. Ana Cristina de O. Almeida Vieira Latife Yazigi, Tatiana Gottlieb Lerman, Thaís Cristina Marques, Carolina Avancine, Kelsy Areco Universidade Federal de São Paulo Foi realizado um estudo sobre o self e a noção do corpo em pessoas encaminhadas para psicoterapia psicanalítica e atendidas em ambulatório de hospital universitário. O instrumento foi o Rorschach Performance Assessment System, R-PAS. A amostra foi composta por 181 pessoas, 137 com diagnóstico e 44 sem diagnóstico de transtorno de personalidade de acordo com aEntrevista Diagnóstica Estruturada para Transtornos de Personalidade (SCID-II, DSM-IV). As análises estatísticas compararam variáveis do R-PAS selecionadas tendo em vista os objetivos nos dois grupos entre si e em ambos os grupos com os dados normativos da amostra internacional do R-PAS. Os resultados mostraram diferenças estatísticas significativas entre os 181 participantes e a amostra internacional nas variáveis: anatomia, figuras humanas não puras, figuras humanas de boa e de pobre qualidade formal, movimento passivo em relação ao ativo, movimento de cooperação, respostas de conteúdo agressivo, respostas de conteúdo mórbido, índice de conteúdos críticos, índice de comprometimento do ego, soma dos códigos cognitivos, códigos cognitivos severos, códigos cognitivos de nível 2 gravidade. Diferenças significativas entre o grupo sem transtorno e o grupo com transtorno foram encontradas nas variáveis anatomia, códigos cognitivos severos, movimento agressivo e respostas personalizadas. A discussão comenta sobre as diferenças relativas à constituição de self entre o grupo sem transtorno e o grupo com transtorno. Assim, o grupo como um todo mostrou características cognitivas que revelam desorganização do pensamento, comprometimento do ego e distúrbio da relação interpessoal. O grupo de pessoas sem transtornos da personalidade revelou um funcionamento da personalidade mais primário em relação ao grupo com transtorno, no qual o corpo permanece como o recurso de apreensão do mundo interno e externo. Palavras-chave: Rorschach, R-PAS, transtornos da personalidade, imagem corporal, autoimagem Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 41 Relato de Pesquisa 2 Sinais de risco em saúde mental na primeira infância: diagnóstico e intervenção no CRIA Coord.: Rosana Alves Costa e Vera Zimermann Atenção psicossocial integrada à saúde de gestantes e mães adolescentes - avaliação e acompanhamento na gravidez de risco Rosana Alves Costa e Elievã Isidro Nunes Macêdo Universidade Federal de São Paulo O presente trabalho se inscreve em uma perspectiva médico-psicológica e tem, como objetivo, apresentar um trabalho multidisciplinar de acompanhamento integrado e avaliação, vinculados ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo e CRIACentro de Referência da Infância e Adolescência. Este projeto pretende descrever o impacto do serviço de saúde mental para o usuário, grupo familiar e equipe de saúde, dentro das ações integradas de profissionais que participam dessas ações. Esta é uma questão de saúde pública pela prevalência de mortalidade, estabilidade psíquica da mãe, interrupção dos projetos futuros / escolaridade, consequências para o vinculo materno-filial, desenvolvimento da criança e prejuízo para o desenvolvimento da adolescência da mãe. Considerando estas evidências, pretendemos detectar situações de risco, bem como apresentar um trabalho de Promoção de saúde mental, através de um protocolo de atendimento, instrumentos préestabelecidos, Diagnóstico precoce, Informativo sobre os benefícios da interação maternofilial, Anticoncepção, desenvolvimento puberal, Promoção de uma sexualidade bem informada e vivida, evitando gravidez não desejada. A gestação durante a etapa da adolescência é uma situação de risco, estas jovens tendem a ser mais vulneráveis a transtornos mentais que poderiam afetar a relação materno-filial, e por sua vez ter ressonância no desenvolvimento e instabilidade psíquica do bebe. O trabalho de acompanhamento integral entre outros objetivos considera a compreensão dos sintomas, fornecendo ferramentas que possam sustentar as gestantes e mães adolescentes, proporcionando um espaço para expressar-se, como também elaboração de seu sofrimento como sujeito. Avaliação de risco em bebês – IRDI e desenvolvimento Vera Zimermann e Juliana de Souza Moraes Mori Centro de Referência da Infância e da Adolescência (CRIA) O Centro de Referência da Infância e da Adolescência (CRIA) fundamenta sua clínica numa concepção de sujeito que se constitui a partir da interação complexa entre o corpo e psiquismo, assumindo um compromisso de conceber a criança a partir do entrecruzamento de processos maturativos de ordem neurológica e genética e dos processos de constituição Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 42 do psiquismo. Neste cenário, encontra-se o Projeto de Intervenção Precoce em Bebês com Indícios de Sofrimento Psíquico que privilegia as intervenções nos primeiros anos de vida. Escorado em dados clínicos e da literatura e sustentado por conceitos como o de plasticidade neuronal, este serviço sustenta-se na hipótese de que os primeiros anos de vida são de fundamental importância para o desenvolvimento do sujeito. As experiências vivenciadas por um bebê nas suas relações corporais, afetivas e simbólicas entre o bebê e o social possibilitam aquisições de habilidades e transformações nas etapas do desenvolvimento que direcionam seu modo de estar e usufruir do mundo. Desta maneira, as intervenções feitas neste período têm chances de proporcionar um bom prognóstico devido às possibilidades de transformação apresentadas pelo sujeito em desenvolvimento. Estes são os pressupostos fundamentais que organizam nossas tarefas para atender o sofrimento psíquico de crianças e suas famílias. Neste trabalho, iremos apresentar a metodologia que usamos para avaliar e intervir em crianças ao longo do processo de constituição subjetiva em constituições psíquicas que já apresentam dificuldades, para evitar ou minimizar a organização de patologias psíquicas mais graves. Os instrumentos utilizados para a avaliação intervenção têm como base pesquisas interdisciplinares na detecção de sinais de sofrimento psíquico e problemas no desenvolvimento. O protocolo utilizado fundamenta-se no IRDI – Indicadores de Risco para o Desenvolvimento Infantil (2002) e em estudos que nos fornecem parâmetros advindos da psicologia do desenvolvimento e da pediatria. Resultados iniciais de estudo sobre o desenvolvimento de irmãos de crianças diagnosticadas com autismo Gabriela Xavier de Araujo, Rogério Lerner e Christian Hoffmann Instituto de Psicologia da USP O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode decorrer de diversos fatores etiológicos, dentre os quais figuram aspectos genéticos e psíquicos. Pesquisas atuais indicam que o risco de um irmão de uma criança autista ser também autista é 4 à 18% (TARDIF, GEPNER, 2007; OZONOFF et al., 2012). O objetivo específico da presente pesquisa é verificar sinais risco ou tendência de transtorno de desenvolvimento com a aplicação dos instrumentos Indicadores de risco para o desenvolvimento infantil - IRDI (KUPFER et al., 2009; LERNER; KUPFER, 2008) os sinais da pesquisa PREAUT (CRESPIN, 2004; LAZNIK, 2000), a Avaliação psicanalítica aos 3 anos - AP3 (LERNER; KUPFER, 2008) e o Child Behavior Checklist - CBCL (ACHENBACH,1991; BORDIN; MARI; CAEIRO, 1995) em irmãos de crianças com diagnóstico de autismo. Para que se possa verificar se existe uma associação entre a gravidade do transtorno da criança autista com dificuldades no desenvolvimento do irmão, será aplicada a Childhood Autism Rating Scale – CARS (SCHOPLER et al., 1988; PEREIRA, RIESGO, WAGNER, 2008) à primeira. O uso dos instrumentos e as avaliações permitirão a detecção de sinais precoces que podem evidenciar sofrimento na constituição psíquica. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 43 Curso Trans-congresso 1 Depressão e dor: avaliação psicológica e psiquiátrica Danyella de Melo Santos Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP; Renato Lendimuth Mancini Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP A dor é um sintoma complexo com aspectos físicos e psicológicos que interagem entre si. Dados de literatura mostram uma íntima relação entre a dor e sintomas depressivos que pode ser facilmente observada na prática clínica. Essa interação entre dor e sintomas depressivos acontece não somente no sentido de aumentar a chance de que um deles apareça quando o outro está presente, mas também gerando refratariedade ao tratamento quando não são tratados em conjunto. Os profissionais de saúde mental raramente são os primeiros a serem procurados pelos pacientes com queixas dolorosas, sendo chamados mais frequentemente quando há dificuldade no diagnóstico etiológico da dor ou no seu controle. Cabe ao profissional de saúde mental atentar-se tanto aos aspectos físicos e psicológicos da dor, para junto à equipe de saúde, trazer uma compreensão mais completa dos problemas apresentados pelo paciente, evitando rótulos e reducionismos que podem causar a falsa impressão de refratariedade. Depressão é uma causa frequente de refratariedade ao tratamento da dor, com impacto negativo na funcionalidade e na qualidade de vida. Cabe ao profissional de saúde mental investigar adequadamente a presença de sintomas depressivos e ansiosos, possibilitando intervenções terapêuticas adequadas, de modo a não gerar a falsa impressão de refratariedade à analgesia. A rotulação pela equipe de saúde de que o paciente tem “personalidade difícil” pode ser um indício da presença de transtornos ansiosos ou depressivos. A maior demanda por cuidados e a pior resposta ao tratamento pode trazer problemas no relacionamento entre a equipe de saúde e esses pacientes; cabe ao profissional de saúde mental diagnosticar corretamente e orientar o restante da equipe. O papel do psiquiatra se sustenta primordialmente na identificação e tratamento de transtornos mentais. A escolha das medicações deve sempre considerar não só as características individuais de cada paciente, mas também o perfil das medicações em relação à melhora da dor. Da mesma forma, é importante que a indicação do tratamento psicoterápico siga as melhores evidências em relação à resposta terapêutica. O foco do papel do psicólogo está em ajudar ao paciente a lidar com os aspectos subjetivos da dor e com o impacto da mesma em sua identidade, seus relacionamentos e demais aspectos de sua vida. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 44 Curso Trans-congresso 2 Avaliação neuropsicológica em pacientes não neurológicos Ana Luiza Costa Zaninotto Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Curso Trans-Congresso 3 Uso de escalas e questionários em Psicologia Hospitalar Thiago Robles Juhas Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Curso Trans-Congresso 4 A clínica com crianças em instituição hospitalar: prática interdisciplinar em Uropediatria Ana Cristina de Oliveira Almeida Vieira Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 45 TEMAS LIVRES TL 01 ASPECTOS EMOCIONAIS ENVOLVIDOS NO USO DE INIBIDORES DE LACTAÇÃO EM MULHERES COM DIAGNÓSTICO DE HIV POSITIVO Luís Fernando Bezerra Paparelli, Thiago Robles Juhas, Gláucia Rosana Guerra Benute, Rosa Maria de Souza Aveiro Ruocco, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde consideram a lactação como prática fundamental para proteção e prevenção à saúde de crianças. Apesar de ser importante para a criança e mãe, a prática do aleitamento apresenta algumas contraindicações, como algumas doenças infecciosas transmitidas da mãe para a criança através da amamentação, como o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV). Para algumas mulheres a amamentação está relacionada diretamente à possibilidade de manter o bebê sadio, assim, mulheres impossibilitadas de amamentar, por vezes, vivenciam ansiedades, sentimentos de tristeza, angústia e dúvidas relativas ao processo de maternidade. Objetivo: Investigar o significado do diagnóstico de HIV e da amamentação em gestantes soropositivas. Método: Estudo transversal, descritivo, qualitativo e quantitativo. A amostra foi composta por 30 mulheres maiores de 18 anos, gestantes portadoras do vírus da imunodeficiência humana (HIV), que tiveram o parto na divisão de Clínica Obstétrica de um hospital universitário terciário da cidade de São Paulo. Para a coleta de dados, foi utilizado um questionário composto por três sessões; a primeira composta por perguntas sobre dados sociodemográficos; a segunda acerca do diagnóstico do HIV; e por fim, questões relativas à amamentação. Para a análise das respostas do questionário foi utilizada a técnica de análise de conteúdo. Resultados: A média de idade das participantes foi de 30,5 anos (DP=6,7); 18 (60%) mulheres relataram possuírem relacionamento estável; e 17 (53%) afirmaram exercer trabalho remunerado. Em relação ao diagnóstico do HIV, 5 (16,6%) mulheres afirmaram que a doença afeta de algum modo a sua relação com o bebê. Quando indagadas sobre como vivenciavam a impossibilidade da amamentação 18 (60%) mulheres responderam ser muito triste ou ruim; 12 (40%) participantes relataram ser ‘normal’ ou ‘suportável’. Quando questionado sobre o que seria, para ela, a amamentação, 17 (56,6%) responderam “um ato de amor” ou “fazer o bem”; 9 (30%) referiram “ser muito importante” e 4 (13,3%) afirmaram se tratar de “uma questão de escolha”. Indagadas sobre o que significava não poder amamentar, 5 (16,6%) das participantes relataram “faltar algo importante”; 12 (40%) referiram “uma situação a ser enfrentada”; e 13 (43,4%) disseram “algo muito triste”. Conclusões: Para mães soropositivas a não amamentação acarreta culpa, frustrações, sofrimentos, impotência e desejos desfeitos. De acordo com os relatos, as mulheres afirmaram que a condição soropositiva pode afetar a relação mãe-bebê. Frente à impossibilidade de amamentar, a Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 47 mulher soropositiva poderá enfrentar diferentes problemas, principalmente de ordem física, econômica e psicológica. O profissional de saúde deve oferecer, também, suporte emocional e psicossocial. Deve-se alertá-las também, sobre os procedimentos preventivos e de tratamento para evitar problemas com a mama puerperal, desse modo, proporcionar-lhes mais conforto e segurança, tanto físico, como emocionalmente. Palavras-chave: Vírus da Imunodeficiência Humana, Aleitamento Materno, Lactação, Impacto Psicossocial Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 48 TL 02 CONTRIBUIÇÃO DA PERSPECTIVA PSICOLÓGICA NA NÃO ADESÃO EM TRANSPLANTE RENAL: UM ESTUDO DE CASO Michelle Keiko Inagaki, Dnyelle Souza Silva, William Carlos Nahas Instituto Central do Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A não adesão ao tratamento é um fenômeno observado com grande freqüência entre transplantados renais e tem impacto negativo a longo prazo no sucesso do transplante Objetivo: Investigar fatores psicológicos relacionados aos preditores de não adesão estabelecidos na literatura em paciente em fila de espera para segundo transplante renal durante avaliação psicológica pré-transplante de rotina no Serviço de Transplante Renal de um Hospital Universitário. Método: Durante avaliação psicológica pré-transplante foi realizado a análise qualitativa do discurso da paciente, além de análise de prontuário eletrônico para obter dados médicos e sociais retrospectivos do primeiro transplante renal. Resultados: A complexidade dos fatores preditores de não adesão apareceram associadas a eventos psicológicos anteriores ao processo de adoecimento. Sendo os preditores “suporte familiar”, “percepção da doença”, “relação da paciente com a complexidade da doença e comorbidades” foram os eventos que apareceram mais associados a estados psicológicos anteriores ao processo de não adesão ao tratamento. Conclusão: Foram observados aspectos psicológicos que permeiam os preditores de não adesão mencionados em literatura, indicando a necessidade de entender a subjetividade inerente no processo de transplantação e o impacto na adesão do paciente ao tratamento. A atuação da Psicologia em Transplante Renal parece vir em encontro com a demanda do paciente de elaborar questões que estão inevitavelmente ligadas ao sujeito e antecedem o adoecimento e enfrentamento a doença. Tais aspectos psicológicos estão inerentes ao trabalho do profissional de psicológica que através da escuta subjetividade busca compreender a correlação dos sentimentos e os fatos, muitas vezes mascarados pelo adoecimento. Sendo portanto, uma contribuição para novas pesquisas sobre o tema e assim auxilio na interlocução das equipes de centros transplantadores na elaboração de intervenções eficazes para diminuir o impacto da não adesão ao tratamento em Transplante Renal. Palavras-chave: transplante renal, não adesão, psicologia Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 49 TL 03 AVALIAÇÃO DE SUPORTE SOCIAL EM MULHERES COM GESTAÇÃO MÚLTIPLA Amanda Maihara dos Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Cecília Prohaska, Adolfo Wenjaw Liao, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A presença de dois fetos ou mais na cavidade uterina define a gestação múltipla, que por sua vez configura uma gravidez de alto risco. Durante o período gestacional, a mulher encontra-se mais vulnerável e pode sentir um forte desejo de amparo e proteção, demandando atenção e suporte social efetivo. A presença de uma rede social contribui para diminuir o impacto dos eventos estressantes e modificações psicossociais e fisiológicas, além de trazer mais qualidade na relação mãe-bebê. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar o suporte social em grávidas com mais de um feto. Método: Foram convidadas a participar 50 gestantes, no período de 2010, com diagnóstico de gestação múltipla, que se encontravam no ambulatório de Obstetrícia de hospital universitário aguardando consulta médica no setor de gemelidade. Foram realizadas entrevistas semi-dirigidas e aplicada a Escala de Satisfação com o Suporte Social. Resultados: Constatou-se que 14% das gestantes apresentaram suporte social insatisfatório. Não foram encontradas associações positivas quando avaliado suporte social, escolaridade, estado civil, semanas gestacionais, trabalho remunerado, planejamento da gestação e número de gestações. Observou-se significância estatística entre ausência de suporte social e crença na dificuldade de criação de múltiplos (p<0,01). Conclusão: No presente estudo constatou-se suporte social insatisfatório e pouca perspectiva de que após o nascimento dos filhos a situação melhore. Acredita-se que se o apoio a essas mulheres não melhorar e a sensação de desamparo permanecer as dificuldades para lidar com a gravidez e o pós-parto serão maiores. Como a mulher encontrase mais vulnerável, e consequentemente, mais acessível à ajuda oferecida, qualquer tipo de intervenção eficiente, seja profissional ou não, tende a ser mais rapidamente aproveitada e absorvida, além de encorajar a livre expressão dos sentimentos de tristeza, ansiedade, hostilidade, facilitando sua elaboração e superação. Conclui-se que o suporte social auxilia a mulher a vivenciar a gestação múltipla e o puerpério de forma mais saudável, sendo uma forma de apoio necessária às mudanças e adaptações dessa fase, principalmente quando se tratar de uma gravidez de alto risco. Palavras-chave: gestantes, gravidez múltipla, apoio social Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 50 TL 04 CORRELAÇÃO ENTRE NÚMERO DE QUEDAS, MEDO DE CAIR E SINTOMAS DEPRESSIVOS ENTRE IDOSOS DA COMUNIDADE Ana Luisa Carvalho Guimarães, Thiago Robles Juhas, Gláucia Rosana Guerra Benute, Valmari Cristina Aranha, Sergio Marcio Pacheco Paschoal, Mara Cristina Souza de Lucia Divisão de Psicologia e Serviço de Geriatria do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: As quedas representam um dos principais problemas para a saúde na população idosa. Além das importantes repercussões físicas que as quedas podem trazer para esta população, a literatura aponta que tais eventos podem estar também associados a fatores psicológicos, tais como a depressão e o medo de cair. Sintomatologia depressiva e quedas têm uma relação bidirecional, estando associadas à diminuição da marcha e equilíbrio; sendo que o idoso que apresenta sintomas depressivos tende a se perceber mais vulnerável, temeroso e com menor autoeficácia frente às quedas. Objetivo: Avaliar possíveis associações entre sintomas de depressivos, medo de cair e recorrência quedas. Método: Estudo transversal, descritivo, com amostragem por conveniência, composta por 105 idosos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos, participantes de um Programa de Prevenção de Quedas. Foram excluídos idosos com déficit cognitivo, avaliados pelo Mini Exame de Estado Mental. Foi utilizado questionário composto por perguntas sobre dados sociodemográficos e uma questão acerca da autopercepção da saúde (ruim, regular e boa). A depressão foi avaliada através da Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15). Para a avaliação do grau de preocupação e autoconfiança com a possibilidade de cair, foi utilizada a Escala de Autoeficácia Internacional (FES-I). Em relação à análise dos dados, o principal foco foi verificar as diferenças significativas, em que o nível de significância utilizado foi de 5% entre os grupos. As diferenças foram verificadas por meio do teste F (Fischer Snedecor) e teste t de Student. Resultados: De acordo com a avaliação do GDS-15, 31,4% da amostra (n=33) apresentou sintomas depressivos. A média de quedas no último ano foi 3,09 (DP=2,38) e, em relação ao medo de cair, 56,2% dos participantes (n=59) relataram medo intenso. A média no MEEM foi de 27,17 pontos (DP=2,2).Foi verificada significância estatística (p=<0,01) em relação à autopercepção da saúde e sintomatologia depressiva; sendo que 45,5% (n=15) dos idosos com depressão se autodeclaram com saúde ruim.Foi encontrada significância estatística (p=<0,05) na correlação entre sintomas depressivos e número de quedas (p=0,03), sendo que 51,5% (n=17) dos participantes que caíram de 2 a 3 vezes no último ano apresentaram sintomatologia depressiva; e entre sintomas depressivos e recorrência de quedas (p=<0,01), sendo observado que 87,9% (n=29) dos participantes que caíram mais de 2 vezes no último ano apresentaram sintomas depressivos. Observouse associação significativa entre sintomatologia depressiva e medo de cair segundo a FES-I (p=<0,01); sendo que 84,8% (n=28) dos participantes com depressão relataram intenso medo de cair e baixa autoeficácia funcional. Conclusões: O idoso que cai se percebe mais Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 51 limitado e temeroso frente às quedas, elemento que pode se tornar fator de risco para a recorrência deste evento e para a depressão. Ainda são poucos os programas que foquem a prevenção de quedas e que considerem a avaliação da depressão. É indispensável à avaliação psicológica e social dos idosos, pois, uma vez diagnosticados os fatores de risco envolvidos tanto para as quedas como para a depressão, é possível realizar intervenções e desenvolver novos projetos voltados para a saúde desta população. Palavras-chave: acidentes por quedas, depressão, medo de cair, autoeficácia, idoso Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 52 TL 05 ENVELHECIMENTO E DOENÇAS CARDIOVASCULARES: DEPRESSÃO E QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS ATENDIDOS EM DOMICÍLIO Rafael Trevizoli Neves, Cláudia Fernandes Laham, Valmari Cristina Aranha, Alessandra Santiago Divisão de Psicologia e Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (NADI) do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICHC-FMUSP) Introdução: O envelhecimento populacional coloca no foco das políticas públicas de saúde a doença crônica, seu impacto e o aumento da demanda de cuidados em longo prazo. A qualidade de vida (QV) assume posição central nos cuidados, sendo um conceito multidimensional que envolve medidas objetivas e subjetivas. Com alta prevalência entre idosos, a depressão está relacionada ao aumento de risco de eventos cardiovasculares, sendo necessárias formas alternativas de tratamento que promovam QV e atuem multidimensionalmente, para além do modelo médico tradicional baseado na hospitalização como, por exemplo, a Assistência Domiciliar (AD). Objetivo: Identificar a presença e descrever as características da depressão em idosos com doenças cardiovasculares (DC) atendidos em domicílio, avaliar a QV dessa população e a relação entre elas. Método: Para 30 idosos (≥ 60 anos), portadores de DC, atendidos em programa de AD de um hospital público de São Paulo, ambos os gêneros, foram aplicados, nos domicílios, a Escala de Depressão Geriátrica (GDS-30), para levantamento de sintomas depressivos, e o inventário SF-36, para avaliar QV, além da realização de entrevistas semiestruturadas. Resultados: A amostra teve maioria feminina (73,4%), idade avançada (média 83,3 anos), baixa escolaridade (média 5,3 anos), renda baixa (56,7% até 3 salários mínimos), idosos residentes em domicílios multigeracionais (46,7%), perfil próximo ao encontrado em outros estudos sobre AD. Dos participantes, 60% obtiveram pontuação indicativa de depressão pela GDS, tendo 10% destes, depressão grave. Com relação à QV, obteve-se as pontuações: Estado Geral - 52,1; Vitalidade - 51,1; Aspectos Emocionais - 59,9; Saúde Mental - 59,2. O domínio Aspectos Sociais teve maior pontuação média (75,8); as menores pontuações foram para Capacidade Funcional (14,6) e Aspectos Físicos (46,5). Observou-se relação entre maior número detectado de sintomas depressivos e menor pontuação em todos os domínios do SF-36, principalmente nos Aspectos Emocionais, Saúde Mental e Aspectos Físicos. Sujeitos com menor idade reconheceram mais sintomas depressivos. Dos participantes, 30% relataram possuir diagnóstico de depressão (33,3% utilizavam antidepressivos e 10% relataram associar acompanhamento psicológico). A discrepância entre a indicação de depressão pela GDS e a porcentagem de idosos que relataram ocorrência e tratamento para depressão podem indicar subdiagnóstico e subtratamento da mesma. A capacidade de trabalho e autonomia frente ao cotidiano relatadas antes da DC ficaram prejudicadas depois da ocorrência desta, havendo relatos de uma vida mais “pausada” (sic) devido às limitações trazidas pela doença, sentimentos como tristeza e preocupação com a saúde e dependência para realização de atividades Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 53 diárias. Contudo, alguns idosos não observaram diferenças com o advento da DC, atribuindo as limitações a outras doenças. Conclusão: A QV foi percebida como melhor em relação aos domínios Aspectos Sociais, Emocionais e Saúde Mental, e pior quanto à Capacidade Funcional, Aspectos Físicos e Vitalidade. Encontrou-se alta prevalência de depressão na população idosa portadora de DC atendida em domicílio e o aumento de sintomatologia depressiva apresentou relação com pior pontuação média em todos os domínios de QV, principalmente nos Aspectos Emocionais, Físicos e Saúde Mental. Sintomas depressivos estiveram relacionados também à maior média de prescrições médicas e menor média de idade dos participantes. Palavras-chave: doenças cardiovasculares, assistência domiciliar, depressão, qualidade de vida Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 54 TL 06 ESCLEROSE MÚLTIPLA: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO MAIOR Vanessa Marques Ferreira Jorge, Gláucia Rosana Guerra Benute, Thiago de Faria Junqueira, Dagoberto Callegaro, Mara Cristina Souza de Lucia Divisão de Psicologia do Hospital das Clínicas e Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A Esclerose Múltipla Recorrente Remitente (EMRR) é uma doença neurológica, crônica e progressiva, que geralmente surge em jovens adultos, predominando no sexo feminino, entre a segunda e a quarta década da vida. A EMRR envolve fatores físicos que variam desde comprometimentos motores, até alterações emocionais e cognitivas. A depressão é um dos sintomas emocionais que frequentemente encontra-se associada a esta doença. Em relação a suicídio, a taxa não é bem determinada. Objetivo: Verificar diagnóstico e sintomatologia de depressão maior e avaliar o estado de incapacidade funcional em pacientes com EMRR. Método: O projeto de pesquisa bem como o termo de consentimento livre e esclarecido foram previamente aprovados pelo comitê de ética em pesquisa da instituição. Foram avaliados 14 indivíduos com EMRR. Os critérios de inclusão adotados para pacientes foram: homens e mulheres com idade entre 16 e 50 anos; alfabetizados; ausência de déficits cognitivos que impeçam a assinatura do TCLE pelos pacientes ou seu representante legal; tenham preenchido os critérios neurológicos para EMRR, encaminhados pelo neurologista participante deste estudo. Os critérios de exclusão foram: Quadro de confusão mental identificada por meio do julgamento clínico multiaxial dos critérios diagnósticos propostos no DSM-IV; pacientes com dificuldade para compreender e preencher os questionários; presença de diagnóstico atual ou nos últimos 6 meses de outra doença neurológica e/ou uso de medicações psicoativas, avaliados pelo prontuário médico. Os dados foram coletados a partir do PRIME-MD, instrumento que proporciona reconhecimento rápido e acurado dos diagnósticos de transtornos mentais e da Escala Expandida do Estado de Incapacidade (EDSS) por ser método capaz de quantificar as incapacidades ocorridas durante a evolução da esclerose múltipla ao longo do tempo. A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva. Resultados: Verificou-se que 71% eram mulheres; a idade média foi de 31 anos (DP= 9,8); 21,4% (n=3) apresentam transtorno depressivo. Dentre os que apresentaram depressão constatou-se que os sintomas predominantes foram cansaço ou falta de energia (100%; n=3), alteração no apetite (100%; n=3) e pouco interesse ou falta de prazer (100%n=3). Nos indivíduos que apresentaram depressão (66,7%; n=2) não apresentam incapacidade funcional. Dos que não tiveram diagnóstico para depressão (78,6%; n=11), a sintomatologia prevalente foi cansaço (36,4%; n= 4). Observou-se que destes indivíduos, 81,8% não apresentam Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 55 incapacidade funcional. Nenhum dos pacientes avaliados tinha o desejo de morrer ou de se ferir de alguma forma. Conclusão: A sintomatologia depressiva predominante foi cansaço, falta de energia alteração de apetite e desinteresse. Estes sintomas puderam ser avaliados pelo PRIME-MD, pois o instrumento favorece o diagnóstico diferencial do que pode ser provocado pela EMRR, quanto por um quadro depressivo. Não foi constatada incapacidade funcional entre os pacientes avaliados com diagnóstico de EMRR. Palavras-chave: esclerose múltipla, depressão, sintomas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 56 TL 07 AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO EM PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA Ana Maria Canzonieri, Kelen Cristina de Jesus, Denise Prado Teixeira Carvalho, Juliana Di Matteo, Maria Cristina Giacomo, Liliana Russo Associação Brasileira de Esclerose Múltipla – ABEM Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica em que o processo de desminielização pode afetar diversas áreas do Sistema Nervoso Central (SNC) e dependendo da região afetada poderá ocasionar déficit cognitivo. A disfunção cognitiva na EM é caracterizada pelos déficits de: memória, atenção, velocidade de processamento de informação e as funções executivas. A prevalência geral de comprometimento cognitivo é de 45% a 65%” (Negreiros et al, 2011). Neste contexto e devido às suas implicações na qualidade de vida social, familiar e profissional é que se faz importante avaliar e desenvolver a capacidade de atenção e concentração do paciente com EM. Este é um estudo que se propõe a avaliar o grau de dificuldade do paciente no quesito atenção concentrada. Objetivos: Caracterizar a atenção dos pacientes com EM; Comparar o nível de atenção do paciente com EM antes e depois do treinamento para a atenção. Métodos: Pesquisa de recorte transversal quantitativa observacional. Amostra por conveniência, de 32 pacientes com EM, atendidos em uma Organização Social, em São Paulo, Brasil - Os critérios de inclusão são pacientes com qualquer um dos tipos EM, 18 ou mais anos, EDSS até 6,5 (grau de incapacidade neurológica medido pela Escala Expandida do Estado de Incapacidade). Realizada a avaliação da atenção concentrada visual no paciente, com o teste D2, que avalia separadamente (rapidez, exatidão, qualidade da atenção e flutuação no desempenho) antes e depois do treinamento de atenção, cuja estratégia é baseada no erro e acerto para facilitar a aprendizagem e a assimilação, em 8 sessões. Resultado: Obtém-se que não é relevante a idade, escolaridade e EDSS em relação ao resultado bruto inicial e resultado bruto final (p>.05). A correlação de aprendizagem e assimilação é significativa com p < 0.05. Todos os pacientes tiveram ganhos com as mesmas. Houve melhora na atenção com o treinamento, pois o nível de erro total caiu na reavaliação do D2. Conclusão: O paciente com EM se beneficia com o uso de treinamento para o desenvolvimento da atenção. Palavras-chave: atenção, esclerose múltipla, treinamento Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 57 TL 08 PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO TABAGISMO: POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA COGNITIVA Alexandre Castelo Branco Herênio, Otília Aida Monteiro Loth, Abnilsa Durãe da Silva Pontifícia Universidade Católica de Goiás Introdução: O tabagismo vem se tornando um grave problema de saúde pública, e com o objetivo de conter o avanço deste hábito, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de Controle de Tabagismo (PNCT), que envolve, além do tratamento para cessar o comportamento de fumar, outras ações educacionais, políticas, legislativas e econômicas para reduzir o tabagismo no Brasil. A parte do programa responsável pelo tratamento está disponível está disponível desde 2004 na rede de atenção básica e de média complexidade do Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo os Centros de Assistência Psicossocial (CAPS). O programa é executado em grupos dinâmicos, compostos por pessoas que querem abandonar o vício do cigarro. O Ministério da Saúde oferece o treinamento aos coordenadores de grupo, onde são fornecidas todas as orientações a respeito de como deve ser o funcionamento dos grupos, além disso, existe a possibilidade do uso de medicação, que é um recurso disponível pelo SUS. Todo o procedimento e os temas a serem tratados em cada dia no grupo seguem orientações do Ministério da Saúde, sendo papel do coordenador providenciar, da melhor forma possível, a participação interdisciplinar dos profissionais da saúde no programa. Apesar disso observa-se que a participação de uma equipe multiprofissional não acontece na maior parte dos municípios, onde todo o programa costuma ser executado por apenas um profissional. Objetivos: Objetivo do presente estudo é discutir sobre as possíveis contribuições do profissional de Psicologia no Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Método: Foram criados 2 grupos experimentais com 10 membros cada, do PNCT no município de Hidrolândia - Goiás, onde foram realizadas reuniões acrescentando-se às orientações do Ministério da Saúde, técnicas sugeridas pela Psicologia Cognitiva: Técnica do relaxamento progressivo de Jacobson, respiração tóracoabdominal lenta e uma técnica de elaboração do luto. Foram mantidos 2 grupos-controle, com 10 membros cada, onde foram realizadas reuniões de acordo com as orientações do Ministério da Saúde, sem o acréscimo das técnicas sugeridas pela psicologia cognitiva. Resultados: Observa-se uma taxa abstinência significativamente maior no grupo experimental, com índice de 65% de abstinência, contra 50% do grupo controle. Este dado sugere que o incremento do PNCT com técnicas tradicionalmente utilizadas por Psicólogos aumenta o índice de abstinência dos pacientes. Observa-se também que talvez este não seja o único responsável pelos resultados nos dois grupos. A estrutura do curso de Psicologia prevê disciplinas que envolvem necessariamente a compreensão da dinâmica grupal, o que talvez explique o fato de, mesmo no grupo controle, o índice de abstinência ser superior à média nacional, que fica em torno de 30%. Conclusão: Com base nos resultados apresentados é possível inferir que a aplicação de técnicas amplamente utilizadas por profissionais da psicologia, juntamente à abordagem do grupo feita por este profissional contribui de forma significativa para que índices maiores de abstinência sejam alcançados no PNCT. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 58 TL 09 SINTOMAS DEPRESSIVOS ENTRE PACIENTES OBESOS CANDIDATOS A CIRURGIA BARIÁTRICA Paula Francinelle Paiva-Medeiros, Leorides Severo Duarte-Guerra, Yuan-Pang Wang Universidade Presbiteriana Mackenzie/São Paulo, Instituto e Departamento de Psiquiatria, Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A obesidade é uma condição crônica crescente no Brasil e no mundo, cuja evolução para graves quadros metabólicos pode resultar em ameaça para a vida do indivíduo. Entre os transtornos mentais associados a obesidade, a depressão maior é um dos quadros mais frequentes, podendo influenciar o curso do indivíduo obeso nos períodos pré e póscirúrgicos. A identificação de sintomas depressivos nesta população pode contribuir para encaminhar os pacientes para tratamento apropriado, durante a preparação pré-operatória e seguimento pós-cirúrgico. Entretanto, os sintomas vegetativos de apetite, sono e energia podem potencialmente identificar erroneamente os quadros depressivos nesta população; Objetivos: (a) Estimar a confiabilidade da Montgomery-Åsberg Depression Rating Scale (MADRS) numa população de obesos classe III. (b) Investigar o desempenho psicométrico da MADRS em relação a entrevista clínica aplicado por clínicos, através de cálculo de sensibilidade e especificidade. (c) Testar o desempenho de versões breves da MADRS em relação a versão completa de dez itens; Método: Uma amostra de 374 pacientes obesos adultos com Índice de Massa Corpórea (IMC) > 40 kg/m2 foi recrutada consecutivamente da lista de espera do Ambulatório de Cirurgia Bariátrica no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo. Os instrumentos de avaliação foram (a) Montgomery-Åsberg Depression Rating Scale (MADRS) de 10 itens e (b) Structured Clinical Interview for DSM-IV Axis I Diagnosis (SCID) que permite fazer o diagnóstico de Depressão Maior pelo sistema DSM-IV. Após a análise descritiva, foi calculado o coeficiente de consistência interna (alfa de Cronbach) da MADRS e executada a análise de detecção de sinal para estabelecer o melhor ponto de corte, bem como as suas respectivas sensibilidade e especificidade. A curva Receiver operating characteristic (ROC) foi construída para examinar o desempenho da MADRS de 10 a 5 itens. Os cálculos foram executados no programa SPSS 19.0 e o nível de significância adotado foi de p<0,05 para testes bicaudados; Resultados: Entre os pacientes que participaram da pesquisa 79,9% são mulheres e 20,01% são homens, com médias de IMC 47 kg/m2 (DP 7,1) e idade 43,3 anos (DP 11,6). O coeficiente alfa de Cronbach foi de 0,93. O melhor ponto de corte para detectar depressão nesta amostra foi o escore de 13/14, quando comparada com o padrão-ouro SCID. A sensibilidade foi de 0,85 e especificidade 0,81 para MADRS de 10 itens. A capacidade discriminante da MADRS, estimada através da área sob a curva (AUC) foi 0,87. As versões mais breves variaram entre 0,87 a 0,89, mostrando boa comparabilidade psicométrica; Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 59 Conclusão: Os resultados da pesquisa demonstram que a MADRS é uma escala confiável para detectar sintomas depressivos na população de obesos mórbidos. A sua validade de critério é boa em termos de sensibilidade e especificidade quando comparado com SCID. A redução de itens da escala manteve as características psicométricas da versão completa de dez itens. A versão breve de MADRS é um instrumento fidedigno e válido para ser utilizada em pacientes obesos. Pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (processo 2012/18325-0) Palavras-chave: sintomas depressivos, obesidade, escala de avaliação psicométrica Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 60 TL 10 FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS EXECUTIVAS PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO Ana Paula Afonso Camargo, Carmen Maria Bueno Neme, Maria de Lourdes Merighi Tabaquim Universidade Estadual Paulista - UNESP e Universidade de São Paulo - USP Os acidentes vasculares encefálicos constituem-se um sério problema de saúde, e dados sobre sua prevalência mundial têm chamado à atenção. Dentre os subtipos de AVE, a hemorragia intraparenquimatosa (HIP) configura-se a de pior prognóstico. Frequentes déficits cognitivos e a significativa incidência de sintomatologia depressiva têm sido associados a este insulto neurológico. Entretanto, os expressivos índices de morbimortalidade implicam em dificuldades para a execução de estudos inerentes ao funcionamento neuropsicológico, pós lesão. Este estudo teve como objetivo principal investigar as funções neuropsicológicas executivas, em sujeitos pós acidente vascular encefálico hemorrágico. Como objetivo secundário, buscou verificar as relações entre sintomas depressivos pós infarto cerebral hemorrágico intraparenquimatoso, respostas cognitivas e topografia lesional. Para isso, foram triados 123 pacientes admitidos de modo consecutivo, pelo Serviço de Neurocirurgia do Hospital de Base de Bauru. Destes, foram elegíveis 12 sujeitos, com HIP espontânea e primária, de ambos os sexos, com idade média de 58,5 anos. A avaliação neuropsicológica das funções executivas consistiu na aplicação do Wisconsin Card Sorting Test; do Subteste Dígitos (WAIS); Teste Blocos de Corsi; Trail Making Test; Stroop Test; e das provas de fluência verbal fonêmica e categoria semântica. O grau de gravidade do AVE foi medido pela Escala de AVE do National Institutes of Health, Escala de Coma de Glasgow e pelo Escore de AVCH. O comprometimento nas AVDs foi medido pelo Índice Barthel, e a sintomatologia depressiva pelo Inventário de Depressão de Beck. As avaliações ocorreram em dois momentos: a primeira, em média 50,4 horas, em internação hospitalar, e a segunda em média 36 dias, após o AVE. Os exames de neuroimagem, por Tomografia Computadorizada de Crânio, foram realizados em admissão hospitalar, dada a hipótese diagnóstica de AVE. Os dados foram analisados pelo Statistical Package for Social Sciences, e a correlação de Spearman foi calculada para a verificação do grau de relacionamento entre as variáveis, considerando um nível de significância de 0,05. Os resultados demonstraram que 91,6% da população estudada apresentou comprometimento das funções executivas, 75% em atividades de vida diárias, e em 66,6% dos sujeitos foi identificada a sintomatologia depressiva, na fase aguda pós HIP. Verificou-se maior incidência de lesão em regiões subcorticais (66,7%), quando comparadas às lesões em áreas corticais (33,3%). Embora relações estatisticamente significantes tenham sido encontradas apenas entre lesões subcorticais e processos atencionais deficitários, bem como entre sintomas depressivos e fluência verbal, com p<0,05. A incidência de Hemorragia Intraparenquimatosa associou-se a disfunção executiva, considerando que hemorragias Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 61 em sítios subcorticais apresentaram-se relacionadas aos desempenhos mais rebaixados de funcionamento executivo. Sujeitos pós AVE mostraram-se vulneráveis à sintomatologia depressiva, nos casos com topografia subcortical de lesão, com maior frequência de relações entre os sintomas depressivos e prejuízos nas funções executivas. Palavras-chave: acidente vascular encefálico, hemorragia intraparenquimatosa, funções executivas, avaliação neuropsicológica, depressão, tomografia computadorizada de crânio Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 62 TL 11 ATENÇÃO: QUAL É O ESTADO DESSA FUNÇÃO COGNITIVA ENTRE OS MOTORISTAS DE CAMINHÃO QUE CIRCULAM POR RODOVIAS DE SÃO PAULO? Lucio Garcia de Oliveira, Marcela Julio Cesar Gouvea, Maximiliano Gigena Siqueira, Frederico Eckschmidt, Luciano Augusto Barbosa, Kae Leopoldo, Carlos Vinicius Dias de Almeida, Bernardo dos Santos, Paula Adriana Rodrigues de Gouveia Introdução: o modal rodoviário é o sistema de transporte mais utilizado no Brasil, contribuindo à economia do país com 6% do produto interno bruto (PIB) e através da geração de empregos. Entretanto, tem despertado a atenção o elevado número de acidentes de trânsito (AT) nas rodovias brasileiras, dos quais muitos têm envolvido veículos de carga. Aparte das condições precárias de pavimentação e sinalização das rodovias, o fator humano tem contribuído com 90% dos acidentes. Ao se considerar que os motoristas de caminhão estão submetidos a condições ocupacionais aversivas - cuja evitação torna-os vulneráveis à emissão de comportamentos de risco, á exemplo do uso de substâncias psicotrópicas – é de suma importância acompanhar o funcionamento cognitivo dessa categoria profissional, especialmente em termos do funcionamento de atenção. Objetivos: avaliar o funcionamento de atenção em uma amostra de motoristas de caminhão. Método: do mês de junho a dezembro de 2012, uma amostra de conveniência de 428 motoristas de caminhão foi recrutada nos postos da SEST-SENAT de rodovias do Estado de São Paulo. Os participantes foram solicitados a responder instrumentos de pesquisa para a avaliação de informações sociodemográficas, antropométricas e ocupacionais. A atenção sustentada - entendida como um estado de prontidão para identificar e responder a estímulos por período prolongado de tempo - foi o recurso atencional avaliado através de testes padronizados, a citar: Teste de Atenção Concentrada (TACOM; Vetor Editora), Teste D2 (CETEPP) e Trilhas Coloridas: Forma 1 (Casa do Psicólogo). Todos os instrumentos de pesquisa foram corrigidos e o banco de dados foi construído e analisado no programa Epi-Info v.3.5.4. Resultados: todos os participantes são homens, de idade média de 38,2 anos, 8,5 anos de escolaridade e 75% estavam casados ou convivendo maritalmente no momento da entrevista. Especificamente em relação ao desempenho nos testes de atenção sustentada, 57,3% ficaram abaixo da média no teste TACOM, 45,6% no teste D2 e 17,6% no teste Trilhas Coloridas Forma-1. Ainda, apenas 12,3% dos motoristas tiveram desempenho mediano ou superior em todos os testes, enquanto 87,7% desempenharam abaixo da média em pelo menos um dos testes: 40,8% em pelo menos um teste, 37% em dois testes e 10% nos três testes avaliados. Conclusões: uma alta prevalência de motoristas de caminhão apresentou desempenho abaixo da média, sugerindo que tenham problemas em manter a atenção por prolongado período de tempo. Esse resultado é paradoxal, dado que a profissão de motorista requer que muitas vezes Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 63 passem até dias dirigindo. Ainda é necessário o estudo dos determinantes relacionados a esse baixo desempenho, entretanto, os resultados já apontam a necessidade de desenvolver Leis ou políticas públicas que possam melhorar a situação ocupacional da categoria. Agradecimentos: ao apoio financeiro da FAPESP (Processo N° 2011/11682-0). Palavras-chave: cognição, atenção, epidemiologia, motoristas de caminhão Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 64 TL 12 A INFLUÊNCIA DA DEPRESSÃO E ANSIEDADE NO DESEMPENHO NEUROPSICOLÓGICO E COMPORTAMENTAL DE IDOSOS Gessyka Wanglon Veleda, João Carlos Centurion Cabral, Martina Mazzoleni, Letícia Costa Alves, Mônica Cardoso Reguffe, Vera Torres das Neves Universidade Federal de Rio Grande Introdução: O Brasil tem apresentado um significativo aumento na longevidade nas últimas décadas, estimando-se que até 2050 os idosos correspondam a um quarto da população brasileira. Nesse novo espectro populacional, os transtornos de humor são umas das desordens psiquiátricas mais recorrentes. Dentre elas, a depressão é a mais frequente e está associada ao maior risco de morbidade e de mortalidade e maior risco de suicídio, ainda pacientes com depressão maior podem apresentar maior comprometimento cognitivo. A depressão na velhice tende a ser mais severa, mais duradoura e mais incapacitante do que em outras fases da vida. Logo após, prevalece o transtorno de ansiedade generalizada, idosos portadores desse transtorno apresentam uma tendência a antecipar sua inabilidade e questionar suas capacidades intelectuais, além disso, apresentam aumentado risco para o abuso de substâncias dentre outras consequências. Estudos indicam que o estresse é um dos principais precipitadores desses transtornos em indivíduos predispostos, ainda, sujeitos com elevados níveis de estresse crônico podem apresentar menor desempenho cognitivo, trazendo prejuízos significativos, pois alterações nestas funções, em idosos, podem resultar em prejuízo no seu funcionamento físico, social e emocional. Deste modo, compreender as relações entre esses fenômenos e variáveis relacionadas à saúde de idosos é de suma importância para prevenção de comorbidades e para o planejamento de intervenção para essa faixa etária. Objetivo: Verificar as relações entre os sintomas de depressão e ansiedade e os aspectos de saúde em idosos e ainda avaliar suas relações com o estresse e desempenho cognitivo. Método: Após o cadastramento e o agendamento de visitas domiciliares, os participantes, 144 idosos com 60 anos ou mais e livres de doenças incapacitantes, responderam um questionário sócio demográfico e de saúde, três escalas de avaliação de estresse, uma bateria de testes neuropsicológicos e quatro escalas para avaliações clínicas. As escalas de estresse foram aplicadas anteriormente à bateria neuropsicológica, para não aumentar a ansiedade e o estresse dos participantes ao terem seus desempenhos avaliados. Resultados: Foram encontradas correlações significativas entre os sintomas de transtornos depressivos e ansiosos, igualmente relações importantes entre esses sintomas e hábitos saudáveis. Não foram observadas correlações entre esses sintomas e o aparecimento de doenças cardiovasculares e o tabagismo. Os idosos com níveis elevados de estresse apresentaram maiores resultados nas avaliações clínicas de depressão e ansiedade, ainda menor desempenho nas avaliações cognitivas. Ainda foram Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 65 encontradas correlações negativas fortes entre desempenho nos teste de memória e os sintomas de depressão e ansiedade. Por fim, foram encontradas correlações entre sintomas depressivos e ansiosos com os resultados das avaliações de demência. Conclusões: Esses resultados corroboram achados anteriores que apontam associações entre transtornos de humor, estresse e declínio cognitivo, trazendo assim prejuízos relevantes à qualidade de vida de idosos, além disso, os sintomas depressivos e ansiosos podem atuar como fatores de risco para o processo de demenciação nessa população. Palavras-chave: transtorno de humor, saúde, desempenho cognitivo Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 66 TL 13 ATENDIMENTO ÀS FAMÍLIAS: O PREPARO PARA O ÓBITO, COMO ROTINA, EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA EM BRASÍLIA - DF Marcia Heller Hias, Caroline Alves de Souza Ramos Hospital Regional de Santa Maria – DF (HRSM) Introdução: Pacientes que encontram-se em estado de maior gravidade e que necessitam de cuidados médicos intensivos comumente são internados em uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Sabe-se que a UTI é um ambiente extremamente tenso que apresenta características peculiares nas dimensões de tempo, espaço, iluminação, som, temperatura além de ser mobilizador de sentimentos. Esse contexto requer do profissional serenidade, flexibilidade e manejo para lidar com uma diversidade de situações diante da iminência de morte, assim como, sensibilidade para compreender o significado deste momento na vida do paciente e de sua família, além de disponibilidade para apoiar/auxiliar nas situações mais críticas. Os membros da família de indivíduos que precisam dos cuidados de terapia intensiva passam por um momento de impacto emocional, não somente pela impotência frente ao quadro clínico grave, mas por lhe ser retirado o papel de cuidador e especialmente pela possibilidade de perder o seu ente querido. Observa-se que diversas repercussões podem ocorrer em decorrência da perda de um membro no ciclo de vida familiar, é neste contexto de mudanças da dinâmica familiar, perdas e lutos que os familiares ganham importância como foco do papel do psicólogo. Uma das características do trabalho do psicólogo hospitalar diz respeito ao atendimento de usuários e de seus familiares, especialmente em casos de terminalidade e morte. O psicólogo, como um profissional de saúde, lida frequentemente com questões ambivalentes relacionadas a vida e à morte em seu cotidiano de trabalho, sendo o mesmo um profissional habilitado para lidar com demandas emocionais dos familiares frente a possibilidade de morte. Objetivo: O objetivo do presente trabalho é descrever a rotina de preparo para o óbito, desenvolvida pela equipe de Psicologia nas UTI’s adulto do Hospital Regional de Santa Maria-DF. Tendo em vista a importância do familiar no processo de hospitalização do ente querido a partir das vivências e experiências na UTI, foram especificamente objetivos, avaliar aspectos psicológicos demandados pelos familiares inseridos nesse contexto, assim como oferecer suporte psicológicos nos atendimentos para preparação para o óbito. Método: Como método utilizou-se relato de experiência profissional a partir de estudos de casos clínicos discutidos em interconsulta, reuniões multiprofissionais e interdisciplinares na própria unidade de terapia intensiva. Conclusão: Conclui-se que a possibilidade de despedida do ente querido caracterizase como um momento de modificações e resgates das relações familiares, assim como podendo ser um agente de apoio na elaboração do processo de luto, tanto para o individuo adoecido, para os familiares quanto para a equipe de saúde como um todo. Este trabalho busca contribuir para a prática de profissionais da Psicologia no ambiente hospitalar e pretende também divulgar a atuação profissional do psicólogo hospitalar a outras especialidades. Palavras-chave: psicologia hospitalar, UTI, preparo para o óbito e família Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 67 TL 14 ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JUNTO AOS PAIS DE CRIANÇAS INTERNADAS EM UTI COM A SÍNDROME WERDNIG-HOFFMANN Caroline Alves de Souza Ramos, Fernando de Souza Machado Associação de Combate ao Câncer em Goiás - Instituto de Ensino e Pesquisa Introdução: Descrita originalmente por renomados neurologistas no final do século XIX a síndrome de Werdnig Hoffmann é uma doença que chama atenção pelos seus desdobramentos e complexidades, mais comumente conhecida como Atrofia Muscular Espinhal tipo I (AME) é uma afecção hereditária, rara, de acometimento precoce e progressivo, caracterizado por hipotonia muscular e fraquezas marcantes. É nesse contexto de internações prolongadas dos filhos e mudanças na dinâmica familiar que exigem estratégias de enfrentamento e vultosos esforços pessoais dos familiares, com grande mobilização emocional, e cuidados especializados da equipe de saúde como um todo. Diante desta realidade, os pais como principais cuidadores ganham importância como foco do papel do psicólogo. Objetivo: O presente trabalho objetivou conhecer o perfil e mapear os principais problemas dos pais das crianças com a síndrome Werdnig Hoffmann hospitalizadas na UTI pediátrica no Hospital Regional de Santa Maria em Brasília-DF. Tendo em vista a importância da inclusão dos pais no tratamento do filho criticamente doente, a partir da visão da pesquisadora, foram especificamente objetivos deste trabalho, traçar um perfil e elucidar os aspectos emocionais dos pais decorrentes da situação de internação. Método: Para isso, realizou-se um estudo qualitativo/quantitativo, descritivo e exploratório numa amostra aparentemente pequena de quatro mães, mas significativa dada a raridade da síndrome. Com o intuito de responder ao problema de pesquisa, foram adaptados e utilizados como instrumentos o Questionário Sociodemográfico e a Avaliação dos pais durante a internação do filho em UTI. Esperou-se com isso lançar perspectiva de atuação do psicólogo e discutir quais os focos de intervenção prioritários do profissional junto aos pais através da análise de dados. Resultados: Os dados foram apresentados em forma de tabelas quantitativas e interpretados qualitativamente utilizando as categorias pré-definidas no próprio instrumento, onde se buscou localizar os tipos de problemas enfrentados pelos pais durante a internação dos filhos com prognóstico reservado. Os resultados encontrados mostram experiências vividas por esses familiares no contexto de hospitalização, assim como investimentos emocionais são demandados para manejo e enfrentamento da situação de crise. Esses resultados apontam a necessidade urgente e contínua na assistência psicológica aos pais das crianças internadas em UTI pediátrica. Conclusão: O trabalho cumpriu a função de compreender as vicissitudes dos pais durante a internação prolongada dos filhos com a síndrome Werdnig Hoffmann no Hospital Regional de Santa Maria, na medida em que clarearam sentimentos, estratégias, Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 68 contexto social, rede de apoio, ideias, cognições a respeito nas circunstâncias de internação. Espera-se que as propostas discutidas neste trabalho contribuam significativamente aos profissionais da saúde e interessados, promovendo manejo e conhecimento técnico para um melhor entendimento frente a complexidade que envolve a doença crônica na criança, assim como através dessa experiência, desenvolvam também possíveis estratégias de atendimento humanizado para auxiliar as demandas emocionais emergentes dos familiares nesse sofrido e longo processo de hospitalização. Sugere-se a necessidade de mais pesquisas visando embasar a atuação do psicólogo, sobretudo em UTI pediátrica, especificamente com pacientes crônicos, pois esta área ainda é pouco explorada. Palavras–chave: psicólogo, pais, crianças internadas, síndrome Werdnig Hoffmann Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 69 TL 15 AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE IDEAÇÃO SUICIDA EM PACIENTES ATENDIDOS NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA APÓS TENTATIVA DE SUICÍDIO Camila Louise Baena Ferreira, Leticia Macedo Gabarra Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago - Universidade Federal de Santa Catarina Introdução: O Serviço de Psicologia na unidade de Emergência Adulto do HU/UFSC iniciou em 2009 devido às demandas de aspecto emocional, entre elas, as tentativas de suicídio. Órgãos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde têm alertado sobre a prevenção do suicídio, que já é considerado um problema de saúde pública devido ao grande número de ocorrências. Pesquisas demonstram que a tentativa de suicídio é um dos principais fatores de risco para o suicídio; até 50% dos indivíduos que morreram por suicídio tinham ao menos uma tentativa prévia. Objetivo: Avaliar o nível de ideação suicida dos pacientes atendidos na unidade de Emergência Adulto do Hospital Universitário após tentativa de suicídio. Método: o presente trabalho utilizou a metodologia de pesquisa qualitativa, de cunho exploratório descritivo. Participaram da pesquisa 30 sujeitos, entre 17 e 63 anos de ambos os sexos, atendidos na unidade de Emergência do HU/UFSC após tentativa de suicídio. Após o atendimento psicológico de rotina, os pacientes eram convidados à participar da pesquisa. Os instrumentos utilizados para a coleta de dados foram o registro interno de atendimento psicológico - afim de se obter os dados de identificação, histórico de saúde mental do paciente e o serviço de saúde ao qual o paciente foi encaminhado para acompanhamento após a alta hospitalar - e a Escala de Ideação Suicida de Beck, que avalia desejos, atitudes e planos suicidas. Resultados: A maioria das questões da Escala de Ideação Suicida de Beck foi assinalada pelos participantes com a gradação de maior intensidade, revelando alto nível de ideação suicida durante o atendimento no Hospital. Observou-se, tanto com o registro interno de atendimento psicológico quanto com a Escala de Ideação Suicida de Beck, diversos fatores de risco para o suicídio como a ocorrência de tentativas de suicídio prévias; rede de apoio frágil; facilidade de acesso aos meios letais; comportamento impulsivo; baixa adesão ao tratamento psiquiátrico e/ou psicológico; revelam ter coragem para cometer suicídio; não encontram motivos para evitar tal ato; possuem pensamentos frequentes de cometer suicídio; classificam o desejo de se matar como moderado a forte; e evitam contar às pessoas sobre a ideação suicida. Conclusões: Os resultados obtidos confirmam a importância de articulação com a rede de saúde mental, a fim de garantir o acompanhamento do paciente após a alta hospitalar já que os fatores de risco para a reincidência da tentativa de suicídio foram confirmados pela maioria dos participantes. A pesquisa demonstrou que a Escala de Ideação Suicida Beck é um instrumento que possibilita avaliar os fatores protetivos e de risco para o suicídio com bastante clareza. Pode auxiliar, dessa forma, tanto em pesquisas como no atendimento psicológico ao paciente já que representa um recurso para se avaliar com maior confiabilidade o serviço de saúde mais adequado para realizar o acompanhamento do paciente após a alta hospitalar. Palavras-chave: tentativa de suicídio, ideação suicida, hospital Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 70 TL 16 NÍVEIS DE STRESS E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM COSTUREIRAS DE UMA INDÚSTRIA TEXTIL Vanessa Marques Gibran, Fernanda Cristina Pereira, Larissa Andresa Braga de Sena, Vivian Mascella, Sonia Regina Fiorim Enumo Fundação Educacional de Araçatuba/SP e Pontifícia Universidade Católica de Campinas/SP Introdução: O stress é o resultado de uma reação que o organismo tem quando estimulado por fatores externos desfavoráveis, ou seja, é o estado produzido por uma alteração no ambiente que é percebido como desafiadora, ameaçadora ou lesiva para o equilíbrio ou balanço dinâmico de uma pessoa, e esta é ou sente-se incapaz de satisfazer as demandas da nova situação. Dentro da indústria têxtil, a produção normalmente segue o ritmo das mudanças de estações. A cada nova estação, entram novas modelagens e há necessidade de adaptação a elas. Além disso, a produção é realizada em ciclos de alta e baixa produção, que demanda uma adaptação ainda maior. Assim, o trabalhador necessita mobilizar estratégias de enfrentamento (EE)(coping) para lidar com o estresse decorrente da demanda de trabalho. Esse processo de enfrentamento é uma variável relevante para a qualidade de vida desses trabalhadores. Objetivo: Avaliar o nível de stress e as estratégias de enfrentamento de trabalhadoras de uma indústria têxtil. Método: Foram avaliadas 17 mulheres, entre 20e60 anos de uma indústria têxtil, a maioria solteira (53%), divididas, predominantemente, entre católicas e evangélicas, durante o período de alta produção.Os instrumentos utilizados foram: a) Inventário de Sintomas de Stress de Lipp (ISSL), que avalia o stress em quatro fases: alerta, resistência, quase exaustão e exaustão, além da predominância de sintomas psicológicos ou físicos; b) Escala Modos de Enfrentamento de Problemas (EMEP). Esta escala de copingé composta de 45 itens, distribuídos em 4 fatores: enfrentamento focalizado no problema, enfrentamento focalizado na emoção, busca de práticas religiosas e busca de suporte social.Resultados: Das 17 mulheres avaliadas, 29% não apresentavam stress, 53% encontravam-se em fase de resistência e 18% na fase de quase exaustão. Os sintomas psicológicos foram os predominantes. As principais EE utilizadas foram: busca de práticas religiosas (47%) e enfrentamento focalizado no problema (41%). Apenas 12% utilizou da busca de suporte social. Ressalta-se que nenhuma costureira relatou usar, como primeira opção, o enfrentamento focalizado na emoção. Ao analisar as participantes individualmente não foi possível identificar relação entre as estratégias de enfrentamento e os níveis de stress. Conclusão: Os dados indicam que esta fase da produção pode estar relacionada à necessidade de uma maior adaptação das trabalhadoras em relação à exigência do mercado, uma vez que se constatou predominância de stress na fase de resistência. Entretanto, o estudo será complementado, avaliando os mesmo fatores durante o período de baixa produção, com o objetivo de compreender se o aumento de exigência no trabalho é fator relevante na avaliação do nível de stress apresentado. Apoio: CAPES (bolsa de doutorado para a primeira e a quarta autoras); CNPq (bolsa de produtividade em pesquisa para a última autora, orientadora). Palavras-chave: stress, coping, mulheres Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 71 TL 17 TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO E RORSCHACH R-PAS: UM OLHAR SOBRE AS RELAÇÕES HUMANAS Carolina Oliva Avancine, Marcelo Feijó de Mello, Kelsy Areco, Latife Yazigi Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo Introdução: O Transtorno de Estresse Pós-Traumático, TEPT, tem como disparador um ato de violência e conseqüente trauma no indivíduo. A partir do episódio traumático, são dois os caminhos possíveis, um a resiliência e outro a incapacidade do indivíduo de restabelecer seu equilíbrio anterior e por isso desenvolver o TEPT. Esse transtorno geralmente é crônico e incapacitante, principalmente se não tratado. Objetivo: o presente estudo buscou compreender a qualidade das relações interpessoais estabelecidas pelos participantes, levando em conta sua vulnerabilidade atual perante fatores estressantes. Método: A partir de uma amostragem intencional, foram selecionados 30 indivíduos adultos, 22 do sexo feminino e 8 do sexo masculino, entre 18 e 59 anos, atendidos no Programa de Atendimento e Pesquisa em Violência, ambulatório de um hospital escola. Após o diagnóstico de TEPT, segundo Mini International Neuropsychiatric Interview, MINI, e Clinician Administered PTSD Scale, CAPS, no momento de entrada do participante no serviço, aplicou-se o Rorschach Performance Assessment System. Foram realizadas análise e comparação dos índices COP, AGM, AGC, MOR, MAH, MAP e proporção de MAP/MAH entre o grupo com TEPT e o estudo normativo internacional. Resultados: A análise estatística demonstrou que as variáveis COP, MAH e proporção de MAP/MAH encontram-se na média em comparação com o estudo normativo internacional, enquanto as variáveis AGM, AGC, MOR encontram-se acima da média a partir da mesma base de comparação. Conclusões: Pode-se levantar, a partir dos resultados, a hipótese de que pessoas com TEPT são capazes de preservar e reconhecer, no momento agudo do transtorno, relações de cooperação e positivas, no entanto identificam situações e relações como agressivas e negativas com maior frequência do que a amostra normativa. Palavras-chave: TEPT, Rorschach, R-PAS Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 72 TL 18 REFLEXÃO SOBRE O IMPACTO DE AGENTES ESTRESSORES EM FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS EM UMA UTI ADULTO Rachel Costa de Araújo Cardoso Hospital Regional de Santa Maria - DF Introdução: O estresse é um dos aspectos mais avaliados no contexto de Unidade de Terapia Intensiva, uma vez que o rompimento da estabilidade orgânica está intimamente ligado aos aspectos emocionais e psíquicos capazes de intensificar ou mesmo dificultar os cuidados, a adesão ao tratamento e a permanência do paciente neste tipo de serviço. Destacamos que a capacidade estressora não é medida somente pelo tempo de exposição a estes fatore, mas são igualmente importantes: o significado, o impacto e/ou a intensidade desta vivência. Em UTI a família é parte do todo a ser avaliado e atendido dentro da atuação psicológica, desta maneira surgiu a necessidade de agregar igual importância à percepção destes sobre a vivência estressora na UTI. Objetivo: O presente trabalho objetivou analisar criticamente um instrumento sobre os principais estressores em familiares de pacientes internados na UTI Adulto do Hospital Regional de Santa Maria - DF. Ressaltamos que não se trata de um trabalho de validação, mas de crítica à adequação clínica deste instrumento no contexto da prática de atendimento do psicólogo na UTI. O referido instrumento foi adaptado a partir da ETTI (Escala de Estressores em Terapia Intensiva) e utilizadas dentro da rotina de avaliação psicológica destes familiares, quando necessário complementar a avaliação sobre o impacto de alguns fatores presentes no contexto da UTI. Método: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo baseado na análise documental dos dados coletados de 30 fichas, denominadas Escala de estressores em UTI adulto para família, preenchidas corretamente durante o horário de visita da UTI adulto, dentro da rotina do serviço de psicologia, durante o período de maio a junho de 2010. O instrumento consiste 34 itens, onde o familiar identifica fatores intrínsecos `a Unidade, que são considerados: “não estressante”, “pouco estressante”, “estressante” ou “muito estressante” de acordo com sua percepção. Resultados: Do total geral de 938 pontos somados das 30 fichas, ficou demonstrado que 579 foram considerados “estressante” ou “muito estressante”; o que de alguma forma confirma o impacto emocional da internação em UTI. Verificou -se ainda que os itens: “possibilidade de morte do paciente” e “ver o seu familiar intubado (com ou sem sedação)” foram os mais sinalizados como muito estressantes e geradores de ansiedade. Outros fatores foram também evidenciados como estressantes, como “Adoecimentos ou complicações decorrentes da hospitalização em UTI” e “Estar longe do familiar”. Contudo os itens: “linguagem médica”, “informações sobre um quadro clínico grave” e “boletim médico por telefone” foram sinalizados como “não estressante”; apesar de aparentemente sugerirem Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 73 algum impacto psicoemocional. Conclusões: A análise documental das fichas Escala de Estressores em UTI Adulto para Família indicaram fatores potencialmente estressantes e não estressantes; mostrando ser um instrumento útil para a atuação do psicólogo na UTI. Os resultados produziram discussão sobre o impacto psicológico dessa internação; lançando como considerações finais reflexões a respeito do uso de escalas e instrumentos na prática do psicólogo hospitalar, de forma a dar subsídios a futuros processos de validação do mesmo. Palavras–chave: UTI, família, estressores Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 74 TL 19 EPILEPSIA REFRATÁRIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES A PARTIR DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: ESTUDOS DE CASO Carolina Ruiz Longato, Sonia Regina Pasian, Sara Escosi-Rosset Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Departamento de Psicologia Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP e Centro de Cirurgia de Epilepsia - Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP Introdução: Parcela importante de indivíduos acometidos por epilepsia enquadra-se como caso refratário, exigindo da equipe profissional aprimoramento técnico e científico para promover tratamentos mais efetivos. Nesses casos a avaliação psicológica deve relacionar diferentes aspectos do funcionamento do indivíduo, integrando informações sobre funções cognitivas, afetivas e sociais, devidamente contextualizadas. Objetivo: Este estudo objetiva caracterizar o funcionamento cognitivo e afetivo de crianças e adolescentes com epilepsia refratária, a partir de instrumentos de avaliação psicológica, buscando correlacionar recursos intelectuais e afetivo-sociais. Método: Serão avaliados dois grupos clínicos de crianças e adolescentes de 7 a 16 anos de idade, regularmente atendidos no Centro de Cirurgia de Epilepsia (CIREP) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo, a saber: Grupo 1 (pré-operatório): pacientes com epilepsia refratária internados no CIREP; Grupo 2 (pós-operatório): pacientes que realizaram cirurgia de epilepsia, com controle das crises e que frequentam o ambulatório do CIREP. Será composto um terceiro grupo (grupo de comparação) com voluntários de escolas públicas, equiparados em idade e sexo aos grupos clínicos. Serão correlacionados indicadores do desempenho cognitivo no Teste WISC-III (QI geral - QIG, QI verbal - QIV e QI de execução - QIE) e do funcionamento lógico sinalizado pelo Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister (aspectos estruturais e formais). Neste momento, serão apresentados resultados iniciais deste estudo, por meio de dois casos clínicos do Grupo 1, de modo a ilustrar as possibilidades de integrar resultados dos instrumentos de avaliação psicológica utilizados. Resultados: Criança G1A: 11 anos, sexo feminino, cerca de 10 crises por dia, QIG = 95 (médio), QIV = 91 (médio), QIE = 102 (médio); em relação ao Teste de Pfister: execução desordenada (desorganização funcional ou atencional); modo de colocação prioritariamente espacial (parece aleatório e desordenado, porém pode sinalizar recursos lógicos privilegiados); em termos formais, as três pirâmides constituem tapetes furados, sendo uma decepada (sinal de alterações na organização do pensamento). Criança G1-B: 14 anos, sexo masculino, cerca de 7 crises por dia, QIG = 50 (intelectualmente deficiente), QIV = 57 (intelectualmente deficiente), QIE = 49 (intelectualmente deficiente); em relação ao Teste de Pfister: execução ordenada (cuidado na organização de atividades); colocação predominantemente ascendente (respeito ao padrão lógico vigente); em termos formais, predominam tapetes puros e um tapete furado (menor grau de elaboração intelectual, porém com adaptação emocional ao cotidiano, acompanhado por indícios de dissociações no curso do pensamento). Conclusões: Nota-se convergência Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 75 entre indicadores do WISC-III e do Pfister nos dois casos avaliados, fortalecendo a qualidade compreensiva sobre os indivíduos. Embora preliminares, os resultados apresentados buscam, por meio de ilustrações de casos clínicos, apontar possibilidades de validar informações relevantes sobre recursos (cognitivos e afetivos) de crianças e adolescentes com epilepsia refratária a partir do cruzamento dos dados de diferentes instrumentos de avaliação psicológica, estimulando estudos de natureza correlacional entre potenciais individuais (não apenas de natureza intelectual), bem como embasar a utilização de multiplicidade de enfoques avaliativos (afetivo-sociais e cognitivos) na prática profissional de psicólogos no contexto hospitalar, sobretudo no campo da epilepsia (CAPES). Palavras-chave: avaliação psicológica, epilepsia refratária, crianças, caso clínico, avaliação neuropsicológica Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 76 TL 20 ALTERAÇÕES NA PERCEPÇÃO VISUAL DE FORMA E SINTOMATOLOGIA ESQUIZOFRÊNICA Edcarla Melissa de Oliveira Barboza, Rodolfo Messias Lessa, Alexandre Cavalcante Lira Wanderley, Gilmara Geisa Correia, Grace Ane Morgana Cavalcante de Queiroz, Ítalo Osman dos Santos, Maria Luisa Maia Nobre Paiva, Renata Maria Toscano Barreto Lyra Nogueira, Fernanda Santos Fragoso Modesto, Natanael Antônio dos Santos, Maria Lucia Bustamante Simas Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal da Paraíba Introdução: A esquizofrenia é uma psicopatologia caracterizada por sintomas como: delírios, fala desorganizada, paranoia, catatonia e alucinações visuais, sendo esta última um dos sintomas mais característicos da doença. A partir destas manifestações, várias pesquisas vêm sendo realizadas visando investigar estas alterações sensoperceptivas em esquizofrênicos. Objetivo: O estudo teve como objetivo avaliar possíveis alterações na percepção visual de forma e tamanho em pacientes portadores de esquizofrenia associadas à sintomatologia positiva e negativa na esquizofrenia Método: A pesquisa contou com a participação de 31 voluntários, de ambos os sexos, que foram divididos em dois grupos. O primeiro deles foi composto por 29 pacientes esquizofrênicos medicados internos do Hospital Portugal Ramalho, (GE). Já o Grupo Controle (GC) foi composto por 22 participantes que não possuíam histórico de transtornos psiquiátricos. Os sintomas foram avaliados pela escala PANSS que avalia prevalência de sintomatologia positiva, negativa ou mista nos portadores de esquizofrenia. A proeminência dos sintomas positivos foi encontrada em 25% dos pacientes já os sintomas negativos foram prevalentes em 20% dos voluntários, e apenas 5% deste grupo apresentaram sintomas mistos. Nota-se ainda que o maior índice de prevalência (50%) foi daqueles participantes que se classificaram em nenhum tipo. Para o experimento foram utilizados 24 quadros de Salvador Dalí. As figuras foram apresentadas uma de cada vez, sem limites de tempo para a observação, a uma distância de 30 cm do olho do observador (medida através de uma régua de 30 cm). Os participantes foram instruídos a circular a primeira figura que ele viu. Passada essa primeira fase, o pesquisador mediu as figuras circuladas em cada quadro em centímetros, e posteriormente as transformou em grau de ângulo visual para a análise estatística, utilizando a fórmula matemática a seguir: Tang a = Tamanho da figura (cm) / Distância do observador (30 cm). Resultados: Para verificar se existiu alguma correlação entre o tipo sintomatológico dos pacientes e seu tipo de resposta ao experimento, foi feita uma análise entre essas duas variáveis, utilizando o valor médio individual de grau de ângulo visual em função do sintoma prevalente. Assim, aqueles que apresentaram um tipo sintomatológico positivo apresentaram uma resposta média de 17,9 graus de ângulo visual, os que apresentaram tipo sintomatológico negativo tiveram respostas médias de 16,6 graus de ângulo visual, os que apresentaram tipo sintomatológico misto tiveram respostas médias de 20,3 graus de ângulo visual, já a média dos que apresentaram nenhum tipo sintomatológico ficou em 20,3 graus de ângulo visual. Conclusões: Esses resultados sugerem que não há interferência do tipo sintomatológico sobre alterações na percepção de forma e tamanho associadas a esquizofrenia. Apoio financeiro: CNPq Palavras-chave: sensopercepção, esquizofrenia, instrumentos visuais, psicopatologia Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 77 TL 21 ASPECTOS PSICOLÓGICOS E QUALIDADE DE VIDA DE PACIENTES PÓS-TRANSPLANTADOS DE FÍGADO Lívia Carolina Ariente, Bartira de Aguiar Roza, Janine Schirmer, Adriano Miziara Gonzalez, Mario Alfredo De Marco, Samantha Mucci Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo Introdução: O transplante de fígado é considerado um dos procedimentos mais complexos da cirurgia moderna, tendo sido a forma de tratamento mais efetiva frente a inúmeras doenças hepáticas de evolução progressiva, irreversível e muitas vezes terminal. Com o aumento da sobrevida dos pacientes pós-transplantados de fígado, os interesses científicos direcionaram-se á qualidade de vida desses sujeitos, assim como aos fatores psicossociais como saúde mental (sintomas depressivos e ansiosos) e funcionamento social (relações familiares, sociais, atividade sexual, desempenho no trabalho). As pesquisas científicas revelam que existe uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes, no entanto, alguns estudos apontam uma piora relacionada aos aspectos psicológicos desses sujeitos. Dessa forma este estudo voltou-se ao aprofundamento dos aspectos emocionais e análise da qualidade de vida desses pacientes após o transplante de fígado. Objetivo: Avaliar a qualidade de vida dos pacientes pós-transplante de fígado e correlacionar com a presença de sintomas depressivos. Método: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal. Participaram do estudo 30 pacientes pós-transplantados de fígado com idade superior a 18 anos. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário sócio demográfico e clínico, Inventário de depressão de Beck (BDI) e Chronic Liver Disease (CLDQ-BR). Resultados: O perfil sociodemográfico da amostra corresponde aos achados literários, os pacientes são majoritariamente do sexo masculino, com idade média de 52,6 anos, com ensino médio completo. Os escores da CLDQ apontam uma melhora na qualidade de vida dos pacientes após o transplante. Não foram encontradas correlações significativas entre a escala CLDQ e a escla BDI. Encontrou-se correlação significativa entre o domínio emocional e episódios de rejeição após o transplante de fígado, assim como entre idade e o domínio emocional. Conclusões: Observou-se uma melhora global na qualidade de vida dos pacientes póstransplantados de fígado, não encontrando correlação significativa com a sintomatologia depressiva. No entanto, percebeu-se que os pacientes que apresentaram episódios de rejeição, apresentaram também uma piora na qualidade de vida no domínio emocional. Palavras-chave: qualidade de vida, transplante de fígado, depressão e aspectos psicológicos Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 78 TL 22 MENTAL DISORDERS AMONG OBESE PATIENTS SEEKING BARIATRIC SURGERY Leorides Severo Duarte Guerra, Marco Aurélio Santo, Wang Yuan Pang Institute of Psychiatry, University of São Paulo Medical School, São Paulo, Brazil and Department of Gastroenterology, Clinical Surgery, University of São Paulo Medical School, São Paulo, Brazil Background: The correlation between obesity and mental disorders is observed in the general population and clinical samples. However, few investigations have used standardized interviews to evaluate systematically the occurrence of mental disorders in the pre-bariatric surgery. In addition, the small size of the sample may be a limiting factor for accurate conclusion. Comprehensive assessment of this population may help to understand the outcome and mental health complications in the post-surgery. Objective: To estimate the frequency of mental disorders among class III obese patients before undergoing bariatric surgery through standardized interview. Design: Cross-sectional. Method: Obese adult patients (at least BMI≥40 kg/m2) were recruited from the waiting list of a University-based bariatric surgery clinic (N=393). The exclusion criteria were: previous gastroplastia and incomplete data collection. The final sample was 79.1% of women; mean age: 43.0 years (SD 11.5); mean BMI: 47.8 kg/m2 (SD 7.5) and mean global assessment of functioning (GAF): 76.8. Men subgroup was significantly more obese than women during pre-surgical period (50.2 vs. 46.4, p=0.01). The assessments were administered by trained clinicians through Structured Clinical Interview for DSM-IV Axis I Diagnosis (SCID-I). Results: The current frequency of any mental disorders was 57.8% (57.6% for men vs. 58.5% for women). The highest rate was any anxiety disorders with 46.3%. There were no gender difference of mental disorders, except for substance use disorders that prevailed among men (7.3% vs. 1.9%, p=0.01). The lifetime frequency of any mental disorders was 80.9% (81.7 vs. 80.7%, NS). Any lifetime affective disorders were the most frequent diagnosis with 64.9% (35.6% bipolar disorders and 29.3% depressive disorders). Men subgroup presented more diagnosis of lifetime bipolar disorder than women (45.1% vs.33.1%, p=0.04) and more substance use disorders (36.6% vs. 12.5%, p<0.0001). Among those respondents presenting any lifetime mental disorders, about 24% presented 1 disorder, 28% 2 disorders, and 48% 3 disorders. Conclusions: Mental disorders are frequent conditions found among class III obese patients before bariatric surgery. High rates of lifetime mental disorders in the sample suggest that obesity might share common etiological factors or exert mutual causal relationships. Prognostic implications of previous mental disorders on bariatric surgery and weight loss should be demonstrated in follow-up study. Integrated mental and medical treatment should be recommended in managing the obese patients. Projeto apoio Fapesp: auxílio a pesquisa processo 2012/17498-9 Duarte-Guerra, L.S.-aluno bolsista processo 2012/17435-7 Keywords: mental disorders, obesity, bariatric surgery Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 79 TL 23 PERFIL FAMILIAR DA CRIANÇA COM FATOR DE RISCO PARA DOENÇA CARDIOVASCULAR Nataís Bilhão Mombach Brites, Evelyn Soledad Reyes Vigueras, Raquel Lacerda Paiani, Patricia Pereira Ruschel Instituto de Cardiologia - Fundação Universitária de Cardiologia Introdução: Atualmente a obesidade infantil é assunto de extrema importância para a saúde pública, principalmente pelo aumento de sua prevalência na população e por todas as implicações médicas, psicológicas e sociais associadas a ela. Além disso, ela é fator de risco associado a dislipidemias, hipertensão arterial, resistência à insulina e principalmente às doenças cardiovasculares, que hoje são a maior causa de mortalidade brasileira e mundial. A família e sua funcionalidade são variáveis diretamente relacionadas à patologia em si, mas também à adesão ao tratamento destes pacientes. Assim, são importantes estudos que mostrem fatores psicossociais associados à obesidade infantil e que façam um levantamento do perfil da população já atendida para uma melhor compreensão desta e das variáveis envolvidas na patologia, bem como para que se possam desenvolver programas adequados, específicos e especializados para esta demanda. Objetivo: Identificar o perfil familiar dos pacientes atendidos no Ambulatório de Cardiologia Pediátrica Preventiva do Instituto de Cardiologia (ACPP) na cidade de Porto Alegre/RS. Método: Esta pesquisa deu-se através de estudo retrospectivo de levantamento de dados. Participaram da pesquisa 147 pacientes atendidos no ACPP. Foram utilizados dados registrados nos prontuários dos pacientes bem como questionário utilizado pelo Serviço de Psicologia Clínica na primeira consulta. As respostas dadas neste questionário foram relatadas pelos pacientes e seus responsáveis. Resultados: Identificou-se que a maioria dos pacientes atendidos no Ambulatório são filhos caçulas, sendo estes 44,2% da amostra. Cerca de 54% reside somente com os pais e/ou irmãos. Quando questionados sobre quais as refeições que a família faz reunida (considerando, café da manhã, almoço e jantar), 28,5% dizem fazer pelo menos duas refeições, apenas 9,5% fazem todas as refeições, 27,2% fazem uma delas e 16,3% não fazem nenhuma refeição reunida. Conclusões: Conclui-se com esta pesquisa que o perfil dos participantes é bem homogêneo, com muitas características comuns à grande parte da amostra, sendo que estas características estão muito associadas ao desenvolvimento da obesidade infantil ou de outros fatores de risco, como dislipidemia, hipercolestolemia e hipertensão arterial, mas também se relacionam à adesão ao tratamento destas crianças, percebendo o quanto a família está implicada no processo de mudanças de hábitos propostos pelo programa do ambulatório. Sem dúvida dados como a posição de nascimento do filho nesta família chamam bastante a atenção, considerando que esta posição relaciona-se à hábitos de vida pouco saudáveis e que podem influenciar na obesidade infantil, assim como para outros fatores de risco cardiovascular. É importante salientar o quanto este estudo poderá contribuir na definição de estratégias adequadas a este perfil familiar para que se tenham melhores resultados na adesão ao tratamento. Palavras-chave: obesidade infantil, família, criança Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 80 TL 24 PRÁTICAS POSSÍVEIS: ADAPTAÇÃO DE TÉCNICAS E PRÁTICAS PSICOLÓGICAS NO ATENDIMENTO A PACIENTES IMPOSSIBILITADOS DE SE COMUNICAREM PELA FALA Wilson Nascimento Almeida Junior, Ana Paula Dias Pereira Introdução: Ao discutir o alcance das técnicas e práticas psicológicas no âmbito hospitalar, Nigro (2004), sinaliza que muitas vezes as abordagens tradicionais tornam-se inviáveis, cabendo ao psicólogo adaptar recursos para viabilizar o atendimento. Ribeiro e Leal (2010), afirmam que uma das funções do psicólogo que atende especialmente em Unidades de Terapia Intensiva (UTI), é possibilitar a expressão da fala em casos onde o paciente esteja impossibilitado de se comunicar por intermédio de técnicas adaptativas. A Traqueostomia e o Entubamento são procedimentos que auxiliam pacientes especialmente internados nas Unidades de Terapia Intensiva, tendo como objetivo facilitar a alimentação e a respiração. Os referidos procedimentos por vezes impossibilitam a comunicação oral do paciente, tornando-se um desafio o atendimento psicológico muitas vezes tão dependente da fala. Considerando o atendimento a estes pacientes um desafio, como devemos atuar? Quais técnicas e recursos podem ser utilizados no atendimento destes pacientes? Objetivo: Considerando que os referidos procedimentos podem ser utilizados não apenas nas Unidades de Terapia Intensiva, mas em diversos outros setores do hospital, e levando em consideração a abrangência e o alcance do profissional psicólogo, o objetivo do presente estudo é verificar quais técnicas e práticas psicológicas podem ser utilizadas no atendimento a pacientes com dificuldades na comunicação devido aos procedimentos como traqueostomia e entubamento. Método: levantamento bibliográfico nas principais fontes de pesquisa cientifica. Resultados: os recursos de apoio como as “comunicações alternativas”, e a preparação pré e póscirúrgica, tendem a reduzir de maneira significativa o impacto psicológico ocasionado pela impossibilidade de comunicação devido à traqueostomia ou entubamento. Conclusão: A pesquisa demonstra escassez de produções acerca do tema em Psicologia, mas nota-se que diversas técnicas e recursos utilizados por outras áreas que atendem o paciente podem ser de grande valia para o atendimento psicológico. Dentre estes recursos podemos citar a “lousa mágica”, as pranchas de comunicação alternativa que podem ser elaboradas em diversos materiais e a comunicação por intermédio de sinais gráficos. Outro ponto de apoio é a interconsulta psicológica, que conforme demonstrado tem sido extremamente eficaz em situações onde o paciente se submetera a uma cirurgia, e precisa ser preparado para os impactos gerados neste momento. Palavras-chave: traqueostomia, atendimento psicológico, técnicas adaptativas, UTI Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 81 TL 25 AVALIAÇÃO DE TRAÇOS DE PSICOPATIA E ABUSO DE DROGAS EM UMA AMOSTRA DE ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI Guinter Santana Lühring, Gabriel José Chitto Gauer, Leonardo Machado da Silva, Samantha Sittart Navarrete FADERGS Introdução: De gênese multifatorial, a violência pode estar relacionada a diversos fatores. Assim, todas as pessoas estão sujeitas a cometer atos violentos, basta que o potencial para tal seja estimulado. Os estudos demonstram que na maior parte dos episódios de violência, o uso de drogas pode tornar-se facilitador, ou mesmo motivador de ações violentas e criminosas. As drogas podem ser estímulos, motivos, respostas ou mediadoras deste tipo de comportamento. Objetivo: Avaliar traços de psicopatia e uso de substâncias em adolescentes em medida sócio-educativa. Método: Trata-se de um estudo transversal, descritivo e correlacional. Foram incluídos no estudo 185 adolescentes internos da FASE (Fundação de Amparo Sócio Educacional em Novo Hamburgo - RS), do sexo masculino, com idades entre 12 e 18 anos, que apresentam histórico de repetidos atos de violência, agressões a pessoas e a propriedades desde a infância. Neste estudo realizamos uma avaliação de traços psicopáticos de adolescentes infratores com o uso do Inventário de Psicopatia de Hare: Versão Jovens (PCL:YV) e relacionamos os escores obtidos com dados sócio demográficos, história criminal e uso de substâncias. Para o uso de substâncias foi utilizado o questionário de Galduróz, Noto, & Carlini, (1997). A análise dos dados foi realizada com o uso do pacote estatístico SPSS 11.0. As comparações das médias dos escores obtidos no (PCL:YV) e das variáveis sócio-demográficas e uso de substâncias foram efetuadas com Análise de Variância (ANOVA), Correlação de Pearson, diagramas de dispersão, e teste t. O processo de fidedignidade do instrumento (PCL:YV) foi realizado em abril de 2008 e o resultado total foi de 0,92 (p<0,01), representando um alto índice de confiabilidade interavaliador. Resultados: Os resultados apontam que o maior consumo de substâncias quanto à frequência, diversidade de substâncias, e idade de início estão relacionadas com a violência e traços psicopáticos. Praticamente a totalidade da amostra (98,4%) fizeram uso de drogas e apresentaram baixa escolaridade. O uso de drogas pelos pais pode potencializar as características psicopáticas nos filhos, bem como a busca pelas drogas quanto a variedade e freqüência de uso. Os usuários costumários de drogas tendem a ser mais violentos e indivíduos com problemas comportamentais precoces apresentam maior propensão ao uso diário de drogas e buscam maior variedade de substâncias também. Os jovens que fizeram uso de drogas em idade inferior a 10 anos apresentam, sem exceção, conduta criminal grave. Conclusões: Ao analisar nos adolescentes o uso de substâncias, foi investigada a idade de início do uso de drogas, a freqüência de uso e a diversidade de drogas experimentadas. Estes hábitos mostraram-se, em decorrência das correlações e médias entre grupos, consistentes para afirmarmos que a drogadição e a psicopatia estão relacionadas. Palavras-chave: psicopatia, drogas, adolescentes, violência Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 82 TL26 ESTUDO LONGITUDINAL DOS ASPECTOS COGNITIVOS NO TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR Nara Lucia Poli Botelho, Hilda Gardênia Barros Guedes, LatifeYazigi Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; Escola Paulista de Medicina - EPM Introdução: O Transtorno Depressivo Maior (TDM) está entre os transtornos psiquiátricos mais prevalentes e é um dos problemas atuais mais comuns reconhecidos pelos profissionais de saúde mental. Existem estudos associando o TDM a déficits cognitivos e funcionais, sendo os domínios cognitivos mais comumente prejudicados, como memória, atenção, concentração, flexibilidade mental e abstração. Objetivo: Identificar padrões neuropsicológicos presentes em indivíduos com TDM em seguimento de dois anos de tratamento psicoterápico, discriminar quais aspectos cognitivos estão mais prejudicados e verificar se o tempo de exposição da amostra à psicoterapia influencia os resultados. Método: Os participantes foram avaliados antes do ingresso no tratamento psicoterápico e re-avaliados anualmente, por dois anos, na forma teste-reteste. Para o diagnóstico psiquiátrico foi utilizada a Entrevista Clinica Estruturada para o DSM-IV-R (SCID I) e para a avaliação do perfil cognitivo foi selecionada uma bateria neuropsicológica, a qual consta do WAIS-III e do Rey-OsterriethComplex Figure Test. Foram avaliados 20indivíduos, de ambos os sexos, com idades variando entre 18 e 65 anos, idade média de 37,85 anos, com diagnostico de TDM atendidos em psicoterapia psicanalítica no Ambulatório de Psicoterapia do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP. Resultados: Foi feita análise estatística do Teste de Friedman para avaliação longitudinal dos resultados, tendo sido observadas melhoras significativas nos subtestes Semelhanças (S), Completar Figuras (CF), Arranjo de Figuras (AF), Procurar Símbolos (PS) e Armar Objetos (AO) do WAIS-III, os quais demonstraram melhoras nas capacidades de abstração (S), visuo-perceptivas (CP), de inteligência social (AF) e na velocidade de processamento (PS e AO). No Teste da Figura Complexa de Rey a melhora significativa ocorreu na evocação tardia, o que se deu devido a uma melhora na consolidação e armazenamento da informação visual. Conclusão: Os aspectos cognitivos característicos do TDM inicialmente prejudicados, foram beneficiados pelo tratamento psicoterápico de dois anos. Palavras-chave: transtorno depressivo maior, aspectos cognitivos, psicoterapia Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 83 TL27 A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO PSICOLÓGICO AOS FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS EM UTI: RELATO DE EXPERIÊNCIA Brunna Lisita Chaves Hospital Regional de Santa Maria – DF Introdução: Considera-se que o equilíbrio da família pode ser comprometido no momento da internação, em especial, diante da separação e do afastamento desta com um dos seus integrantes, o qual passa a ser cuidado por profissionais da saúde (Zanetti, 2012). Neste sentido o acompanhamento psicológico dos familiares e o atendimento na sala de espera são muito importantes, pois promovem acolhimento e alívio da angústia por eles vivida, além de repercutir na relação da família com a equipe cuidadora, fortalecendo os vínculos de confiança (Lucchesi, Macedo & De Marco, 2008). Objetivo: Este relato de experiência tem por objetivo a descrição das intervenções realizadas pela equipe de psicologia junto aos familiares dos pacientes internados em duas UTIs Adultas de um Hospital Público da cidade de Santa Maria – DF. Método: O acolhimento dos familiares é realizado na sala de visita da unidade, antes da primeira visita ao paciente internado. Neste momento, a equipe de psicologia fica responsável por repassar verbalmente as normas e rotinas da UTI, colher os dados sobre o paciente (anamnese) e preparar psicologicamente a família para adentrar á Unidade de Terapia Intensiva. Neste preparo, são repassadas informações sobre nível de consciência e condições físicas do paciente. Como recurso auxiliar, utiliza-se o Mural externo criado pela equipe de psicologia, composto por fotos do ambiente da UTI e alguns dispositivos invasivos utilizados no tratamento (sonda, cânula, tubo oro traqueal, cateter). Este momento de acolhimento psicológico também é importante para avaliação da dinâmica familiar e intervenção psicológica, afim e estimular as expressões das emoções e sentimentos vivenciados neste período de grande angústia. Resultados: Observa-se na prática profissional, que o nível de angústia e ansiedade dos familiares acolhidos pela equipe de psicologia é menor que o dos familiares que não tiveram este atendimento. Além disso, os familiares acolhidos pelo psicólogo no primeiro momento da internação de seus familiares, formam vínculos de confiança mais rapidamente com este profissional. Conclusão: O acolhimento psicológico aos familiares de pacientes internados em UTI é que grande importância, não só para diminuição da ansiedade dos familiares, mas também para vinculação destes familiares com a equipe de psicologia, proporcionando mais facilmente, a expressão dos medos, angústias e fantasias relacionados ao novo processo no qual a família está vivenciando. Palavras-chave: psicologia em UTI, família, acolhimento psicológico Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 84 TL 28 ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA - AO PACIENTE E SUA FAMÍLIA NA ENFERMARIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES Lúcia Maria de Oliveira Santos, Eulália Maria Chaves Maia Hospital Universitário Onofre Lopes Introdução: A presença do psicólogo no hospital tem sido fundamental para auxiliar a equipe multidisciplinar nos cuidados com o paciente, uma vez que não apenas o aparato físico do indivíduo está alterado durante a internação, mas também seu aparato psicológico. Emoções, sentimentos e sensações, medo do desconhecido, da solidão e do desamparo, sentimentos de insegurança, de inutilidade, de impotência, sensação de fracasso, entre outras coisas, permeiam a vida do paciente e seus familiares em meio ao contexto hospitalar. Objetivos: Este trabalho é um relato de experiência que se refere a assistência psicológica prestada ao paciente internado e sua família na abordagem da Psicoterapia Breve Psicodinâmica e Psicoterapia de Apoio no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL). Metodologia: Os atendimentos são realizados nas enfermarias: atendimento ao paciente no leito, suporte psicológico ao acompanhante, acolhimento à família, interconsulta e discussão de casos com a equipe. Resultados: O número de atendimentos varia porque obedece as solicitações realizadas pela equipe. Observa-se que quando flui um diálogo entre a equipe e o psicólogo, o paciente é mais beneficiado. Discussão: Considerando que, no grave adoecimento de um membro da família, o sistema como um todo se vê afetado, a crise se instala para além do indivíduo, assumindo dimensões diferenciadas de acordo com a configuração familiar, o que demanda, em sua maioria, uma assistência mais especializada e qualificada a fim de que haja uma maior adaptação a hospitalização e uma melhor adesão ao tratamento. Conclusão: Vale salientar que, a intervenção psicológica foca-se no desejo do sujeito e não na cura, objetivando reduzir as possíveis consequências do trauma e seu agravamento através do resgate da esperança e da luta pela vida que o capacitará para lidar com as situações difíceis referentes ao seu quadro clínico, bem como com as possibilidades e limites do tratamento. Palavras-chave: unidade de terapia intensiva, hospital universitário, família Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 85 TL 29 A PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS DO MUNICÍPIO DE LIMA CAMPOS - MARANHÃO QUANTO À PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PELE Aline Barreto Xavier, Layane Bastos dos Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins Introdução: O câncer de pele é o mais comum do ser humano responsável por 1/3 de todos os casos de câncer do mundo. O principal fator de risco no desenvolvimento de câncer de pele é a exposição solar. O câncer da pele é comumente divido em não melanoma (carcinoma basocelular ou carcinoma epidermóide) e melanoma. A pele humana possui três mecanismos de fotoproteção natural: produção de melanina, espessamento da camada córnea e a secreção sudorípara. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a conscientização a respeito da prevenção, por meio do uso de protetores solares, de roupas adequadas e a redução da exposição ao Sol, contribuem decididamente para a redução de novos casos do câncer da pele. Objetivos: Partindo desse pressuposto, decidiu-se como objetivo geral analisar a percepção dos trabalhadores rurais quanto à prevenção do câncer de pele, e como objetivos específicos esclarecer medidas preventivas relativas à fotoexposição; discutir o conhecimento dos trabalhadores rurais sobre o câncer de pele e esclarecer a importância da prevenção quanto a exposição à luz solar. Método: Uma vez que a fotoproteção é fundamental para redução dos riscos do desenvolvimento do câncer da pele, esse trabalho tem por objetivo analisar a percepção dos trabalhadores rurais de Lima Campos - MA, quanto à prevenção do câncer de pele. O procedimento metodológico envolveu um estudo observacional descritivo com abordagem quantitativa, mediante a aplicação de 100 questionários específicos, respondidos por trabalhadores rurais, foram coletados dados das características fenotípicas, nível de escolaridade, renda mensal, conhecimento dos efeitos dos raios ultravioletas, práticas de fotoexposição e antecedentes de câncer da pele. Resultados: Verificou-se o baixo nível de conhecimento dos mesmos em relação à patologia, de modo que não utilizavam todas as medidas de prevenção, se expondo de forma e horários inadequados ao sol. De modo geral, pode-se perceber que os trabalhadores rurais não conhecem as consequências da exposição excessiva ao sol e, portanto não apresentam um comportamento adequado quanto à fotoproteção. Observou-se ainda, que esse desconhecimento se deve a falta de escolaridade, na qual grande percentual destes profissionais não possui o ensino básico. Os dados desse estudo possibilitaram vislumbrar um achado curioso: mesmo os entrevistados que não conhecem sobre os malefícios causados pelo sol, usam roupas adequadas e chapeis para se proteger, o que não garante a total proteção, pois o rosto, mãos e pés necessitam do uso do protetor solar. Conclusões: Diante do exposto, observamos a necessidade de Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 86 intervir de forma a orientar os mesmos sobre os aspectos a respeito do câncer de pele e sua prevenção, as quais são indispensáveis para redução do número de novos casos desta dermatose. É necessário enfatizar que é preciso intensificar as campanhas na zona rural, onde a principal atividade é a agrícola, que inerentemente leva o trabalhador a ter uma maior fotoexposição. Assim, este trabalho contribui com dados concretos a respeito do nível de informação referente à fotoexposição, de modo a chamar a atenção das autoridades de saúde pública e de toda sociedade para que os conceitos e o conhecimento preventivos sejam aprofundados no sentido de reduzir a incidência e a mortalidade por câncer da pele na população. Palavras-chave: câncer de pele, prevenção, trabalhadores rurais Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 87 TL 30 OS LIMITES HISTÓRICOS E EPISTEMOLÓGICOS EM PSICOLOGIA DA SAÚDE: A PSICOLOGIA E A SAÚDE EM QUESTÃO Ivontonio Gomes Viana Universidade Federal de Campina Grande (UFCG) Introdução e Objetivo: O presente trabalho buscou problematizar, mediante perspectiva histórica e epistemológica, o campo da Psicologia e da Saúde e seus possíveis pontos de convergência na chamada Psicologia da Saúde (AMARAL, 1999; CZERESNIA; FREITAS, 2003; GRUBITS; GUIMARÃES, 2007; ANGERAMI-CAMON, 2011; entre outros). Partiuse do pressuposto de que a Psicologia enquanto disciplina, por excelência, responsável pelo psiquismo humano, só bem recentemente vem se voltando para o estudo da Saúde, fomentando uma discussão mais sistemática e específica acerca desde tema (BOCK, 1999). Já no que tange ao campo da Saúde, partiu-se do pressuposto de que a apropriação da Saúde pela ciência descaracterizou e limitou as compreensões, abordagens e tratamentos aí existentes, desenvolvidos e em desenvolvimento (CAPONI, 2003). A convergência, então, desses dois campos na chamada Psicologia da Saúde enfrenta demasiadas controvérsias e incompreensões históricas, epistemológicas e éticas. Afinal, se pode questionar se toda Psicologia não seria por si só já da Saúde, bem como se ao se retratar a Saúde não se estaria impreterivelmente já retratando os aspecto psicológicos aí presentes? Método: O caminho metodológico, então, perpassou inicialmente uma problematização, via pesquisa bibliográfica, da Psicologia e da Saúde, como também da Psicologia da Saúde tendo aí o cuidado de verificar suas implicações históricas e epistemológicas. A Epistemologia Qualitativa de González Rey (2002), as reflexões psicanalíticas de Luís Cláudio Figueiredo (2009) acerca do cuidar e as contribuições da Psiquiatria Social Contemporânea (ZIEGELMANN, 2005) nos proporcionou parâmetros interpretativos numa perspectiva compreensiva e propositiva. A análise ocorreu mediante a comparação de definições e tentativas de circunscrever o campo da Psicologia da Saúde como algo de uma especificidade, uma área assim como se falava antigamente em Psicologia Clínica, Psicologia Social, Psicologia Educacional, Psicologia Organizacional. Resultados: Verificou-se que inexiste uma definição e maior justificativa para se pensar uma Psicologia da Saúde, afinal nem um campo nem outro se encontram passíveis de serem abordados, na sua totalidade, seja pela Psicologia, seja pela Saúde. Ademais, supor a existência de uma Psicologia que se volte especificamente para a Saúde é o mesmo que negar que mesmo ao se abordar a doença não existe aí um interesse mínimo pela própria saúde. No mais, foi visível a dispersão epistemológica e contradições históricas acerca da Psicologia da Saúde, a qual se aproxima muito mais de uma suposta “Psiquiatria humanizada” e/ou uma “Psicanálise fenomenológica-comportamental”. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 88 Conclusões: Em síntese, é preferível e fundamentalmente consistente, do ponto de vista epistemológico e histórico, tomar a Psicologia e a Saúde como campos distintos que necessitam sim de um diálogo mais sistemático, produtivo, assertivo e de repercussões éticas compatíveis com a realidade atual e suas adversidades. Ironicamente, se poderia até falar de uma Saúde da Psicologia, mas não de uma Psicologia da Saúde, afinal a Saúde jamais poderá ser retratada proficuamente como somente um campo específico da Psicologia. Palavras-chave: psicologia da saúde, história e epistemologia Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 89 TL 31 AVALIA-(AÇÃO): O QUE? PARA QUE? Jane Biscaia Hartmann, Karolina Reis dos Santos Hospital Universitário de Maringá Introdução: A avaliação psicológica consiste num processo que pode ser investigativo e interventivo ao mesmo tempo e onde um fenômeno pode ser estudado sob uma perspectiva qualitativa ou quantitativa (dependendo de seu objetivo) levando em conta todas as circunstâncias correlatas ao mesmo. Com este intento utilizam-se técnicas psicológicas já consagradas na área, que vão dos testes psicológicos a outras ferramentas já conhecidas como entrevista, observação, entre outras. Não confundindo testagem psicológica com a avaliação, entendemos que esta última faz parte de uma atividade mais ampla que engloba toda uma série de etapas importantes e que pode, por vezes, ser realizada sem que nenhum teste psicológico seja aplicado. Objetivo: Neste trabalho, pretendemos relatar experiências de atendimento psicológico dentro de um hospital universitário, considerando o processo de avaliação psicológica sem utilização de testes. Método: apresentar a partir de 4 estudos de casos atendidos no hospital, a complexidade da avaliação frente a situações-problema apresentadas, ilustrando as intervenções psicológicas resultantes dos dilemas que se apresentam na realidade hospitalar e no enfrentamento de uma doença ou hospitalização. Case1, sexo masculino(6), vítima de um acidente domestico, sofre uma cirurgia de emergência de amputação da mão direita, defrontando-se com esta realidade no primeiro curativo pós-cirúrgico. Case2, sexo masculino(16), filho único, sobrevivente de acidente de carro onde ambos os pais faleceram e cuja informação sobre a morte de ambos foi ocultada inicialmente. Case3, filha de uma paciente do sexo feminino (70) em estado grave na UTI, num longo processo de internação que perde seu único filho durante a hospitalização. A filha divide-se entre a necessidade de contar ou não sobre a morte do irmão para a mãe. Case4, gestante(30) com diagnóstico de cancer, colocada frente ao dilema de optar por sua vida ou de seu bebe. Resultados: A intervenção com C1 optou pela utilização de desenho animado intitulado Como tratar do seu dragão, possibilitando identificação, projeção e elaboração. O C2 demandou um manejo situacional envolvendo pessoas significativas do entorno familiar e apoio e orientação psicológica para a comunicação de notícias difíceis, visando reestabelecer a verdade depois de uma mentira. O trabalho com C3, focou-se na angústia da filha e no dilema enfrentado por ela envolvendo o contar ou omitir a morte do irmão para a mãe e as consequências de sua opção. Finalmente, o C4 visou a avaliação de recursos psicológicos e mecanismos de enfrentamento da paciente e seu parceiro, objetivando a identificação destes frente a difícil decisão de optar por sua vida ou de seu bebe, uma vez que para tratar-se adequadamente teria que submeter-se a um aborto terapêutico. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 90 Conclusão: A avaliação psicológica em seus desdobramentos conduz a uma intervenção psicológica individualizada, exige competência, criatividade e flexibilidade do profissional, aspectos que nem sempre são aprendidos e desenvolvidos durante o processo de formação profissional. Avaliar para ação consiste num desafio clinico que exige competência e desenvolvimento de habilidades que englobam aspectos compreensivos e interventivos que vão além do corpo de princípios teóricos, métodos e técnicas de investigação pois envolvem o encontro de subjetividades e aspectos transferenciais e contra-transferenciais. Palavras-chave: avaliação psicológica, avaliação e intervenção, técnicas psicológicas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 91 TL 32 PSICO-ONCOLOGIA: TRABALHANDO O LÚDICO COM CRIANÇAS Vanice Teresinha Bick, Cristine Burin FISMA – Faculdade Integrada de Santa Maria Introdução: O diagnóstico do câncer infantil altera o padrão de funcionamento familiar, é um evento desestabilizador em qualquer fase do ciclo vital, fator responsável pelas grandes modificações inerentes ao tratamento, pois altera tanto o ritmo de vida familiar quanto o desenvolvimento da criança. O processo de hospitalização ativa manifestações psíquicas regressivas, representa algo ameaçador e agressivo devido a utilização necessária de procedimentos invasivos.Os longos períodos de hospitalização significam um espaço ruim para a criança, sendo um local de limitações, restrições dos espaços para brincar, afastamento da família e conseqüentemente do seu círculo social de origem. Objetivo: O presente estudo objetivou investigar e refletir sobre a contribuição do psicólogo a pacientes oncológicos em tratamento na pediatria. Utilizando instrumentos lúdicos na terapia e uma linguagem clara e compatível com o nível de entendimento do pequeno paciente, na busca de bons resultados e minimizadores de sofrimento, buscando emergir nas brincadeiras, levando sempre em consideração o contexto cultural e social no qual a família está inserida. Metodologia: Utilizou-se neste estudo uma abordagem qualitativa e exploratória, do tipo pesquisa bibliográfica, realizada através de revisão da literatura disponível sobre o tema. Com o intuito de discorrer, utilizando a opinião de autores diversos, a respeito do assunto proposto inicialmente. Conclusões: Portanto a forma como a família recebe o diagnóstico também poderá interferir positiva ou negativamente na aceitação que o paciente terá do tratamento exercendo assim grande influencia na criança. A situação lúdica além de ser divertida proporcionará distração, alegria e prazer, o direito de brincar e a continuidade do seu desenvolvimento nas áreas física, afetiva, cognitiva, pessoal e social se baseando na atualidade exercendo um papel importante. Os esclarecimentos dos fatos são de grande importância serem informados, de acordo com o nível de maturidade e possibilidades de compreensão, auxiliando e fornecendo subsídios e assistência ao paciente e a família, revendo mitos e crenças que permeiam sobre o câncer. Além de atender a família e o paciente, o psico-oncologista poderá incluir uma equipe multiprofissional proporcionando amparo, orientações, discussões e trocas de idéias na busca de resultados satisfatórios e favorecendo uma melhora na qualidade de vida. Palavras-chave: câncer infantil, lúdico, hospitalização Referências: · VALLE, E. R. M. (org). Psico-oncologia Pediátrica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001. · ALMEIDA, F. A. Lidando com a morte e o luto por meio do brincar: a criança com câncer no hospital. Boletim de Psicologia, 105 (123): 149-67, 2005. · WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1995. · CHIATONNE, Heloisa B. A criança hospitalizada. In CAMON, Angerami, AUGUSTO, Valdemar (org). A Psicologia no Hospital. 2ª ed. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2003. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 92 TL 33 O LIMIAR VIDA/MORTE: A SÍNDROME DE CHEDIAK-HIGASHI NA VIDA DE UM JOVEM ADULTO – UM ESTUDO DE CASO Juliana Medeiros Silva, Mary Ellen Dias Barbosa Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A Síndrome de Chediak-Higashi, um tipo de imunodeficiência primária rara, afeta principalmente o sistema imunológico levando as células à incapacidade de realizar a defesa do organismo; resultando em infecções recorrentes que começam na infância e acometem principalmente a pele, mucosas e o trata respiratório, perdurando ao longo da vida. A maioria dos pacientes morre antes de completar 10 anos e poucos atingem a segunda ou terceira década. O caso apresentado neste estudo é uma exceção: trata-se de um jovem adulto, cuja existência é permeada pelas contingências de sua doença e um sutil limiar entre vida e morte. A escolha pelo caso se deu considerando a gravidade desta síndrome; a idade do paciente, que inscreve uma exceção às estatísticas; e a demanda deste em realizar um tratamento psicológico. Objetivo: Refletir sobre os aspectos que podem permear a vida de um sujeito com uma doença crônica, explorando as repercussões que esta síndrome tem no modo de organização de vida e na realização das atividades diárias deste jovem adulto; e também, a relação deste com seu adoecimento e vida/morte. Método: Trata-se de um estudo longitudinal, exploratório, delineado por meio de um estudo de caso supervisionado, com fundamentação teórica na Psicanálise. Para melhor compreensão da doença, inicialmente se realizou um levantamento bibliográfico sobre a síndrome, onde se verificou artigos com enfoque no aspecto médico, biológico e fisiológico da doença, não sendo encontrada nenhuma literatura relacionada aos possíveis aspectos emocionais ou repercussões desta síndrome na vida dos sujeitos que a possuem, dado que fomentou o interesse em realizar este estudo. O sujeito foi um jovem adulto, 21 anos, solteiro, sem filhos, com diagnóstico de SCH desde os quatro anos de idade. O instrumento de avaliação utilizado foram entrevistas clínicas psicológicas pautadas no método psicanalítico. Os atendimentos ocorreram em ambulatório e enfermaria do Hospital das Clínicas FMUSP. Resultados: A oferta feita ao paciente de que este pudesse falar sobre si gerou uma demanda, onde este pode trazer um pouco de suas questões e dificuldades, não só permeadas por contingências relacionadas à sua doença, mas também relacionadas à sua existência de maneira geral. Com o tratamento, o paciente passou a buscar mudanças em sua vida relacionadas às queixas trazidas, aumentando também seu convívio social. Alguns atravessamentos permearam esse processo, como o agravamento de sua doença e a morte de seu pai, fato que suscitou ao paciente, tratar de suas questões relacionadas à finitude, falando acerca de sofrimentos relacionados à doença e perdas. Através do dispositivo terapêutico, buscou por meio da “palavra” resignificar tais questões. Durante Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 93 todo esse processo o paciente e sua família puderam contar com o suporte psicológico. Conclusões: Este estudo evidenciou a constante luta deste jovem; implicações da doença em seu modo de organização de vida e um sujeito não identificado à sua doença. Também apontou para um atravessamento que pode permear o tratamento psicológico em um hospital geral: a condição clínica do paciente que muitas vezes se sobrepõe a possibilidade deste buscar mudanças efetivas em sua rotina de vida, relacionadas a seu desejo. Palavras-chave: Síndrome de Chédiak-Higashi, imunodeficiência primária, psicologia, psicanálise Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 94 TL 34 A IMAGEM CORPORAL DE IDOSOS CAIDORES: UM ESTUDO SOBRE REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, FUNCIONALIDADE E ENVELHECIMENTO Heloisa Corrêa Coelho, Valmari Cristina Aranha Divisão de Psicologia e Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A população idosa tem aumentado aceleradamente no Brasil, sendo as quedas um sério risco de morbidade e mortalidade interferindo na funcionalidade e trazendo consequências psicológicas e sociais significativas. A restrição da funcionalidade, a existência de doenças, dores crônicas e o medo de cair também influenciam tanto na imagem corporal do idoso quanto na representação social do envelhecimento que, apesar de ser heterogêneo, é representado principalmente de maneira negativa. Desta forma, o interesse em realizar este estudo partiu da constatação da literatura restrita acerca da imagem corporal dos idosos, principalmente que levam em conta a influência da funcionalidade, e de que as representações sociais do envelhecimento ainda se mostram bastante esteriotipadas, ainda que o mesmo seja bastante heterogêneo. Objetivo: Investigar as representações sociais e possíveis relações entre imagem corporal, funcionalidade e quedas em idosos participantes de um Programa de Prevenção em Quedas (PPQ). Método: Foram avaliados 100 idosos, participantes do PPQ, que apresentaram ao menos uma queda nos últimos 12 meses. Utilizou-se o Procedimento do Desenho-Estória com Tema como forma de acessar as representações sociais e a imagem corporal dos participantes e as Escalas de Avaliação do Desempenho Funcional de Katz e Lawton para avaliar a capacidade dos idosos em realizar as Atividades Básicas de Vida Diária (AVDs) e as Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs). Resultados: As alterações na aparência e a perda da funcionalidade foram salientadas nas produções dos participantes, principalmente quando houve representação social negativa acerca do envelhecimento, que foi a predominante (51% dos comentários relacionados ao envelhecimento). Houve também comentários que evidenciaram uma representação positiva do envelhecimento, em que os aspectos mais citados foram os emocionais, que se sobrepuseram às dificuldades físicas percebidas. Os resultados apontaram que não houve relação entre a avaliação da funcionalidade, o número de quedas e a imagem corporal, que se apresentaram bastante heterogêneas quanto à integração e ao esquema corporal. Conclusões: Evidenciou-se que a perda da funcionalidade e a as mudanças da aparência são relevantes no que tange a imagem corporal do idoso, principalmente quando há representação negativa do envelhecimento. Também se pode perceber que essas alterações interferem de modo distinto na dimensão física e na dimensão simbólica do corpo, sendo que a maneira com que as limitações advindas do envelhecimento interferem na percepção do idoso em relação ao mesmo foram variadas, confirmando o envelhecimento como processo multifatorial. Desta forma, novas estratégias de intervenções interdisciplinares poderão ser criadas, principalmente no que tange as quedas, ainda consideradas como eventos triviais e ainda tão pouco explorados em nosso contexto de estudo. Palavras-chave: envelhecimento, representação social, imagem corporal, funcionalidade, quedas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 95 TL 35 INVESTIGAÇÃO DAS CRENÇAS ENVOLVIDAS NA ADESÃO AO ESQUEMA MEDICAMENTOSO PRESCRITO EM PACIENTES COM DOENÇAS CRÔNICAS Carolina Pasqueto da Silva, Thiago Robles Juhas, Gláucia Rosana Guerra Benute, Maria Lívia Tourinho Moretto, Mara Cristina Souza de Lucia Divisão de Psicologia do Instituto Central do HC-FMUSP Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP Introdução: A não adesão ao esquema medicamentoso prescrito (EMP) é um problema prevalente entre pacientes com doenças crônicas, sendo que 20 a 50% de pacientes não realizam o tratamento medicamentoso de acordo com o que foi prescrito, sendo estes considerados não aderentes ao esquema terapêutico. Conhecer em que medida ocorre à adesão e quais são as crenças que levam os pacientes crônicos a alterarem o EMP pode trazer elementos significativos para abordar as dificuldades do paciente na condução de seu próprio tratamento, não só trabalhando no sentido de se conhecer quais são as justificativas que fazem barreiras à adesão ao EMP, como também o acesso a esses dados pode facilitar o desenvolvimento de meios mais seguros de cuidados à saúde. Objetivo: Investigar qual a conduta do paciente no que diz respeito a fazer ou não alterações no EMP e quais as crenças em relação à medicação prescrita. Método: Estudo descritivo, prospectivo e exploratório realizado com 300 pacientes em tratamento ambulatorial que possuíssem algum esquema medicamentoso prescrito, portadores de doenças crônicas, com idade a partir dos 18 anos, de um hospital terciário universitário da cidade de São Paulo. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas semidirigidas e utilizado o questionário de crenças sobre medicamentos, Beliefs about Medicines Questionnaire (BMQ). Para análise estatística foi utilizado o teste do X2 e estrato de Fisher. Valor p<0,05 foi considerado significante. Resultados: Em relação ao total da amostra 56% (n=168) declararam que não seguem o EMP exatamente com lhe foi proposto. Na correlação entre os pacientes que seguem e não o EMP, sentir dores e incômodos diminui o percentual de adesão (p=<0,01). Os pacientes que compreendiam a doença (p=0,04); achavam fácil seguir o tratamento (p=<0,01); desejavam melhorar ao adquirir a medicação (p=0,02); não tiveram dúvidas na consulta médica (p=0,01), confiavam no EMP (p=<0,01), foram os mais aderentes, bem como a via de uso (comprimidos e líquidos) dos medicamentos (p=<0,01) aumenta a taxa adesão. O fato de acreditar que os medicamentos são poderosos (p=<0,01), que a vida seria impossível sem os medicamentos (p=<0,01) e que sem medicamentos pode-se ficar muito doente (p=0,04) aumenta o seguimento do EMP. A crença de que há diferença entre medicamentos e drogas (p=0,04) e que a maioria dos medicamentos são seguros (p= 0,01), também favorece a adesão ao EMP. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 96 Conclusões: Conhecer a própria doença pode se tornar a base da confiança no médico e no remédio. Confiar no EMP faz com que os pacientes sejam mais aderentes. Conhecer quais são as crenças e as condutas atreladas ao uso dos remédios pode possibilitar indicadores de adesão ao tratamento, identificar os grupos de risco e repensar as formas educacionais e de assistência à saúde. Palavras-chave: uso de medicamentos, adesão à medicação, crenças, doença crônica, impacto da doença Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 97 TL 36 CONCEPÇÃO DE SAÚDE PARA ESTUDANTES DE PSICOLOGIA Carolina Cássia Conceição Abilio, Erich Montanar Franco Universidade Presbiteriana Mackenzie Introdução: As relações entre Psicologia e o campo da saúde são discutidas desde seu reconhecimento como disciplina científica. Contudo, a presença efetiva das práticas psicológicas nos serviços de saúde é algo mais recente. No Brasil, um grande passo foi dado nesta direção na década de 1980, quando os psicólogos passaram a integrar as equipes de serviços de saúde mental na rede de atenção básica à saúde. Contudo, os estudos voltados para o trabalho do psicólogo na saúde indicam muitos obstáculos a serem superados, tais como o predomínio de uma mentalidade que não incorpora os princípios do SUS e que concebe o sujeito como indivíduo isolado de sua sociedade. Assim, a formação desses profissionais passa a receber maior atenção e intensificam-se os debates em torno da realidade brasileira. Objetivo: O objetivo desta pesquisa foi compreender as concepções de estudantes de psicologia acerca da saúde, como eles concebem o papel do psicólogo nesse campo e quais as ações reconhecidas como sua atribuição nesse trabalho. Método: Foram entrevistados 12 alunos de psicologia do último ano de uma universidade particular da cidade de São Paulo. As entrevistas foram conduzidas de forma aberta para que o entrevistado pudesse expressar-se livremente sobre os temas abordados. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas e o discurso registrado foi analisado por meio de uma organização de seu conteúdo a partir da delimitação de unidades de sentido no mesmo. Resultados: A análise das entrevistas revelou dois posicionamentos distintos entre os entrevistados. De um lado fica clara a apreensão da integralidade biopsicossocial dos usuários dos serviços e a característica interdisciplinar do campo da saúde. Nesse caso, parece haver reconhecimento da condição sociopolítica das práticas em saúde. De outro lado, as reflexões sobre as práticas em saúde não incluem a relação com profissionais de outras áreas e não abordam a dimensão social do processo saúdedoença. Essa dificuldade também se faz visível quando se trata de integrar os saberes das diversas áreas da Psicologia. Em ambos os posicionamentos, o foco da ação do psicólogo é concebido como cuidar do doente e evitar doença. Isso sugere um distanciamento em relação às possibilidades do trabalho na esfera da promoção da saúde. Conclusão: De forma geral, os dados indicam uma polarização dos posicionamentos em relação ao trabalho do psicólogo na saúde e nos oferecem indícios de possíveis polarizações nas práticas em saúde. Nesse sentido, podemos supor que é possível que transformações estejam em curso, pois, ainda hoje, os estudos com psicólogos na saúde indicam o predomínio do modelo clínico psicanalítico exercido por meio do atendimento individual, há uma reprodução dos fazeres e saberes na clínica privada. No entanto, é preciso pensar que os espaços da prática profissional também são formativos do ponto de vista técnico e se constituem como campos intersubjetivos da produção simbólica. Destacamos a importância do estudo constante das práticas de formação dos profissionais de saúde. Palavras-chave: estudantes, concepções de saúde, psicologia da saúde Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 98 pôsteres Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 99 P01 IDOSOS E INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA: DÉFICIT COGNITIVO, DEPRESSÃO, ANSIEDADE E MEMÓRIA Valmari Cristina Aranha, Rafael Trevizoli Neves, Thiago Robles Juhas, Gláucia Rosana Guerra Benute, Mara Cristina Souza de Lucia, Wilson Jacob Filho Divisão de Psicologia e Serviço de Geriatria do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A presença de sintomas depressivos é recorrente na população idosa institucionalizada, entretanto, a associação entre depressão, aspectos cognitivos e institucionalização é controversa, uma vez que a presença de depressão e déficits cognitivos, no idoso, estão relacionados a idade, sexo, educação, moradia compartilhada e suporte social, comprometimento funcional e comprometimento cognitivo, principalmente comprometimentos na memória e velocidade psicomotora. As Instituições de Longa Permanência são instituições governamentais ou não, de caráter residencial coletivo, destinadas a pessoas com 60 anos ou mais, com ou sem suporte familiar e em condição de liberdade, sem caráter clínico ou terapêutico, apesar da presença de serviços médicos assistenciais. A reflexão e o estudo acerca da saúde da população idosa institucionalizada se faz necessária para que políticas de promoção da saúde sejam desenvolvidas, tanto em diagnósticos precoces, quanto em tratamentos reabilitadores. Objetivo: Identificar a prevalência de déficit cognitivo, comprometimento funcional, depressão, ansiedade e queixa de memória na população idosa residente em instituição de longa permanência, investigando a associação entre estas variáveis. Método: Estudo exploratório descritivo realizado com 219 idosos, com idades acima de 60 anos, residentes de 14 Instituições de Longa Permanência para Idosos presentes no Estado de São Paulo. O levantamento de dados sociodemográficos dos participantes foi realizado por entrevistas semiestruturadas e análise de prontuários. O Mini Exame do Estado Mental foi utilizado para avaliação do estado cognitivo; Questionário de Queixas de Memória; avaliação da capacidade funcional pelo Índice de Katz. Para a avaliação da ansiedade foi utilizada a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, para a depressão a Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15). Foi utilizada a Consortium to Establish a Registry for Alzheimer’s Disease (CERAD) bateria que permite detectar demência em fase inicial. Em relação à análise dos dados, o principal foco foi verificar as diferenças significativas, em que o nível de significância utilizado foi de 5%. Resultados: A média de idade dos idosos foi de 77,63 anos (DP=8,67), com escolaridade média 4,65 anos (DP=3,64), comprometimento cognitivo moderado (MEEM = 18,67, DP=6,48) e queixa de memória subclínica (MAC-Q = 24,41, DP=7,21). Com relação à funcionalidade, os idosos apresentaram, em média, pontuações indicativas de comprometimento funcional (Katz=8,6, DP=8,06; Pfeffer=7,84, DP=3,74), principalmente em relação ao banho (1,48, DP=0,74), a continência (1,38, DP=0,71) e ao vestir-se (1,40, DP=0,73). A presença depressão avaliada pelo GDS-15 obteve Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 100 pontuação média clinicamente significativa para o transtorno (5,31, DP=3,31). Solteiros e divorciados possuíam idade e pontuação no MEEM significativamente menor do que casados e viúvos (p>0,001 e p=0,011, respectivamente) e solteiros apresentaram menor comprometimento funcional em relação ao banhar-se do que os outros grupos (p=0,02). Conclusões: A institucionalização do idoso está ligada, a prejuízos cognitivos e funcionais, ausência de moradia compartilhada e percepção ruim do próprio estado de saúde. As condições médicas são mais fortemente associadas quando levam a prejuízos cognitivos e funcionais. O envelhecimento em si promove mudanças biopsicossociais que questionam valores existenciais, principalmente referentes a eventos que afetam a descendência, ao cuidado e ao bem-estar psicológico, deixando os idosos mais vulneráveis ao aparecimento de transtornos psiquiátricos. Palavras-chave: envelhecimento, instituição de longa permanência para idosos, serviços de saúde para idosos, transtornos cognitivos, depressão Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 101 P02 COGNITIVE FUNCTION, DEPRESSION SYMPTOMS AND HEALTH-RELATED QUALITY OF LIFE BEFORE AND DURING INTERFERON THERAPY OF CHRONIC HEPATITIS C Mary Ellen Dias Barbosa, Ana Luiza Zaninotto, Daniel Ferraz de Campos Mazo, Cynthia Nunes de Freitas Farias, Simone Alves Hajj, Ana Luiza Dias, Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque, Flair José Carrilho, Mara Cristina Souza de Lucia, Alberto Queiroz Farias Department of Gastroenterology, Division of Psychology, Hospital das Clínicas, University of Sao Paulo School of Medicine Background and aims: There is growing evidence that hepatitis C virus infection is associated with cognitive, mood and health-related quality of life (HrQOL) impairment long before the development of end-stage liver disease and those changes may worsen during treatment. Our aim was to assess these features before and during antiviral therapy. Methods: seventeen consecutive patients with chronic hepatitis C with detectable HCV-RNA were enrolled in this prospective study. Genotype 1 was found in 14 and genotype 3 in the remaining 3 patients. 16 patients had biopsy proven chronic hepatitis and 1 had cirrhosis. Minimal hepatic encephalopathy was excluded by the Inhibitory Control Test. Alcohol use was assessed by the AUDIT. All patients received pegylated interferon and ribavirin therapy for at least 24 weeks. A stringent work-up was performed for assessing cognitive function (stroop color, trail making, Hopkins verbal learning, grooved pegboard, digit span, verbal fluency, clock drawing tests), depression symptoms (Beck depression inventory, BDI) and HrQOL (SF-36 instrument) at the inclusion and 24 weeks after the beginning of therapy. Results: As compared with baseline, selective attention and verbal fluency were significantly decreased at 24 weeks of therapy (p=0.02). We could not demonstrate significant changes in memory (episodic and working), fine motor skill and visual spatial organization. BDI scoring before therapy was 6.3 ±3.8 and increased to 11.8 ±6.5 and this difference was statistically significant (p=0.0003). The scores of vitality, physical functioning, role physical, role-emotional, social functioning and mental health domains worsened during therapy. Furthermore, a negative correlation was found between BDI scoring and the all SF-36 domains, except pain. Conclusions: Interferon-based therapy of hepatitis C infection is associated with significant impairment of the executive function, depression symptoms and health-related quality of life. Keywords: hepatitis C, cognitive function, depression, health-related quality of life Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 102 P03 COGNITIVE FUNCTION AND MOOD DISORDER IN PATIENTS WITH AND WITHOUT HEPATITIS C VIRUS INFECTION IN THE WAITING LIST FOR LIVER TRANSPLANTATION Ana Luiza Zaninotto, Kenia Campanholo, Mary Ellen Dias Barbosa, Cynthia Nunes de Freitas Farias, Simone Alves Hajj, Daniel Ferraz de Campos Mazo, Flair José Carrilho, Luiz Augusto Carneiro D’Albuquerque, Alberto Queiroz Farias, Mara Cristina Souza de Lucia Department of Gastroenterology, Division of Psychology, Hospital das Clínicas, University of Sao Paulo School of Medicine Background and aims: Patients with end-stage liver disease, regardless of its etiology, commonly complain of difficulties in attention, concentration and memory. Hepatitis C virus (HCV) enters brain cells, especially astrocytes, and chronic infection has been implicated in those manifestations. Our aim was to compare cognitive function and depression symptoms in HCV and non-HCV infected patients with cirrhosis. Methods: 150 patients waiting for liver transplantation were assessed for eligibility in this prospective study. Inclusion criteria were seropositivity for HCV-RNA by real-time PCR, alcohol drinking less than 20g/day and no history of hepatic encephalopathy. Eight-one patients were excluded, leaving 69 patients for analysis. Enrolled patients were divided into two groups: HCV (n=20) and non-HCV (n=49). All patients underwent a stringent protocol for assessing cognitive function (symbol digit, stroop color, trail making, Hopkins verbal learning, grooved pegboard, digit span, verbal fluency, clock drawing tests) and depression symptoms (Beck depression inventory; BDI). Results: Cognitive functions impairment was found in both HCV and non-HCV groups, but patients with hepatitis C infection had a worse performance on episodic verbal memory delay recall testing when compared with non-infected patients (p=0.0001). No significant difference was observed between groups in executive functions, visual spatial organization and processing speed. However, both groups had a worse performance when compared to normative data. No significant difference was observed in depression symptom scores in HCV infected patients when compared with those seronegative counterparts. Conclusions: Although both groups of patients with advanced liver disease (i.e. cirrhosis) had cognitive impairment and depression symptoms, patients with hepatitis C infection had worse performance in verbal memory testing. Keywords: cognitive function, hepatitis C, mood disorder, liver transplantation Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 103 P04 GESTAÇÃO MÚLTIPLA: AVALIAÇÃO DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO Amanda Maihara dos Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Cecília Prohaska, Adolfo Wenjaw Liao, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Os nascimentos múltiplos têm aumentado significativamente devido a maior frequência e melhores resultados dos procedimentos em reprodução assistida e gestação em idade avançada. A suscetibilidade da mãe frente às possíveis adversidades da gestação múltipla contribui para o desenvolvimento de sintomas ansiosos e depressivos. Das psicopatologias estudadas durante a gestação múltipla, a incidência de depressão e ansiedade costuma ser elevada. Objetivo: avaliar a presença de depressão e ansiedade e verificar a associação de sintomas depressivos com a presença de ansiedade e depressão nas especificidades da gestação múltipla. Método: Foram convidadas a participar 50 gestantes, no período de 2010, com diagnóstico de gestação múltipla, que se encontravam no ambulatório de Obstetrícia de hospital universitário aguardando a consulta médica do pré-natal, no setor de gemelidade. Foram realizadas entrevistas semi-dirigidas e para avaliar ansiedade e depressão o PrimeMD. Resultados: Este estudo encontrou presença de depressão em 20% e de ansiedade em 28% das gestantes, sendo que 14% apresentaram os dois diagnósticos, 14% apresentaram só ansiedade e 6% apresentaram só depressão. Quando avaliado os aspectos relativos à reação ao descobrir a gravidez múltipla; alterações no estado emocional, na saúde física, no corpo, nas relações sexuais, no relacionamento com parceiro, filhos, parentes e no relacionamento social, foi encontrada significância estatística entre ansiedade e alterações no estado emocional (p<0,01). Ao avaliar os sintomas depressivos e os diagnósticos de ansiedade e depressão, foi encontrada significância estatística entre ansiedade e insônia ou hipersonia (p<0,01); ansiedade e agitação ou redução psicomotora (p<0,01); depressão e cansaço ou falta de energia (p<0,01); depressão e comportamento depressivo (p<0,01), depressão e sentimentos de fracasso ou culpa (p<0,01); depressão e concentração reduzida (p<0,01) e depressão e agitação ou redução psicomotora (p<0,01). Conclusão: A presença de ansiedade e depressão e a provável presença dessas sintomatologias correspondem aos achados da literatura científica de que a prevalência de ansiedade e depressão gestacional é de aproximadamente 20%. Apesar de a gestação múltipla ser considerada mais estressora que uma gravidez única, pois os riscos e complicações materno fetais são mais frequentes, as gestantes apresentaram depressão equiparada à de gestantes de fetos únicos e ansiedade um pouco mais elevada, que pode ser explicada pelo tipo de gestação. Sugere-se acompanhamento psicológico dessas mulheres durante o pré-natal, visto que a literatura aponta piora desses comportamentos ansiosos e depressivos no pós-parto, principalmente quando se tratar de dois ou mais filhos. Palavras-chave: gravidez múltipla, ansiedade, depressão Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 104 P05 DISFUNÇÃO SEXUAL EM PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA NA FASE RECORRENTE REMITENTE: UM ESTUDO PRELIMINAR Vanessa Marques Ferreira Jorge, Gláucia Rosana Guerra Benute, Thiago de Faria Junqueira, Dagoberto Callegaro, Mara Cristina Souza de Lucia Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A Esclerose Múltipla Recorrente Remitente (EMRR) é uma doença neurológica, crônica e progressiva, que geralmente surge em jovens adultos, predominando no sexo feminino, entre a segunda e a quarta década da vida. A EMRR envolve fatores físicos que variam desde comprometimentos motores, até alterações emocionais e cognitivas. A avaliação do funcionamento sexual mostra-se complexa e envolve fatores fisiológicos, psicossociais e interpessoais. A literatura científica demonstra que pacientes já em fase avançada da esclerose múltipla apresentam comportamento sexual hipoativo associado à insatisfação no relacionamento; e, especificamente, em mulheres constata-se falta de interesse sexual e diminuição da libido. Objetivo: Avaliar funcionalidade, depressão e verificar a presença de disfunção sexual em pacientes em fase inicial da EMRR. Método: O projeto de pesquisa bem como o termo de consentimento livre e esclarecido foram previamente aprovados pelo comitê de ética em pesquisa da instituição. Foram avaliadas 10 mulheres com EMRR. Os critérios de inclusão adotados foram: mulheres com idade entre 16 e 50 anos; alfabetizados; ausência de déficits cognitivos que impeçam a assinatura do TCLE pelos pacientes ou seu representante legal; tenham preenchido os critérios neurológicos para EMRR, encaminhados pelo neurologista participante deste estudo. Os critérios de exclusão para foram: Quadro de confusão mental identificada por meio do julgamento clínico multiaxial dos critérios diagnósticos propostos no DSM-IV; pacientes com dificuldade para compreender e preencher os questionários; presença de diagnóstico atual ou nos últimos 6 meses de outra doença neurológica e/ou uso de medicações psicoativas, avaliados pelo prontuário médico.Os dados foram coletados a partir da Arizona Sexual Experience Scale (ASEX) e a Escala Expandida do Estado de Incapacidade (EDSS) por ser método capaz de quantificar as incapacidades ocorridas durante a evolução da esclerose múltipla ao longo do tempo. A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva. A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva. Resultados: A idade média das pacientes foi de 31 anos (DP=8,9); 70% (n=7) possuem ensino superior completo e 70% (n=7) são solteiras. O tempo médio de doença é de 1459 dias. Das pacientes que apresentaram disfunção sexual clinicamente significativa (40%; n=4); 25% (n=1) apresentaram depressão e 75% (n=3) não apresentou nenhuma incapacidade funcional. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 105 Conclusão: Constatou-se que mesmo na fase inicial da doença as pacientes com Esclerose Múltipla já apresentam prejuízo na função sexual. Em decorrência de doença neurológica crônica, é possível a mulher ter prejuízos com a excitação sexual e a fase orgástica. Novos estudos são indicados para avaliação e proposição assistencial a estas mulheres. Os resultados e a literatura sugerem a intervenção psicológica como terapêutica para estes casos, simultaneamente, com tratamento médico e farmacológico revelam-se de extrema importância para estas pacientes. Palavras-chave: esclerose múltipla, disfunção sexual, mulheres Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 106 P06 “UMA PESSOA QUE VIVE COM MÁGOA NÃO TRAZ COISA BOA PRA CARNE”: ENTREVISTAS PSICANALÍTICAS COMO MÉTODO DE INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO NO HOSPITAL GERAL Mariana Gonçalves d’Afonseca de Britto, Niraldo de Oliveira Santos Divisão de Psicologia do Instituto Central do HC-FMUSP Introdução: O presente trabalho discorre sobre um caso clínico de uma paciente com os diagnósticos de fibromialgia e dor crônica, que procurou, voluntariamente, atendimento psicológico em um hospital de referência na cidade de São Paulo, para tratar de seu quadro doloroso e das consequências da história de abuso sexual ocorrido na infância. Objetivo: Assim, buscou-se investigar como um evento de vida traumático e mal elaborado pode implicar numa repetição de situações dolorosas, podendo estar associado à formação de sintomas corporais. Método: Foram realizadas dez entrevistas clínicas de orientação Psicanalítica, que duravam cerca de 50 minutos, durante um período de quatro meses. Resultados: As entrevistas foram um importante veículo para a exposição da angústia e conflitos da paciente, que associou os eventos de abuso sexual durante a infância ao surgimento e manutenção do quadro doloroso (fibromialgia e dor crônica). Além disso, observou-se a maneira como a paciente chegou até a analista, voluntariamente, o que apontou para um transbordamento de conteúdos que a estavam mobilizando naquele momento. Conclusões: Concluiu-se que o histórico de abuso sexual da paciente pôde gerar implicações na saúde e que ela ocupou durante a vida não somente o lugar de “abusada”, mas também de “abusadora” de si mesma, nos momentos quando maltratou seu corpo, por meio da repetição de situações onde ela produziu, numa tentativa inconsciente de elaboração, satisfação pulsional. Foi também possível concluir que as entrevistas psicanalíticas, como método de investigação e tratamento psicanalítico, foram capazes de promover uma ressignificação do mundo interno da paciente e consequente mudança na posição subjetiva e na condição de saúde da mesma. Palavras-chave: abuso sexual, dor crônica, psicanálise, entrevista clínica, psicologia da saúde Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 107 P07 REFLEXÕES SOBRE A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA EM SERVIÇOS DE HEMODIÁLISE Carolina Moya Gomes, Dnyelle Souza Silva, Manuel Carlos Martins Castro Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A Doença Renal Crônica pode ser caracterizada pela perda da função renal, sendo que o tratamento mais utilizado é a hemodiálise. A hemodiálise é um tratamento dialítico que exige do paciente idas constantes ao hospital ou à clínica onde o tratamento é realizado, além de mudanças na rotina e alimentação. O paciente renal crônico passa a lidar com situações de perdas, entre elas a perda da função renal, e dependências, tanto da máquina como da equipe de saúde e cuidadores (família). Objetivo: Refletir sobre a atuação do psicólogo e os instrumentos utilizados por este profissional em Serviços de Hemodiálise, a partir da experiência vivenciada no Programa de Aprimoramento Profissional realizado na unidade de hemodiálise de um hospital universitário. Método: Foi realizado um estudo a partir dos dados coletados pelo Protocolo Assistencial de Avaliação Psicológica utilizado pelo Serviço de Psicologia na unidade de hemodiálise de um hospital universitário durante o período de março/2012 a fevereiro/2013. Os instrumentos utilizados foram: entrevista semi-estruturada, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, Inventário de Depressão de Beck e Kdqol – SF™ 1.3 (KIDNEY DISEASE AND QUALITY OF LIFE - SHORT FORM). Resultados: Foram avaliados 39 pacientes renais crônicos que realizam tratamento de hemodiálise, destes 20 (51,28%) eram do sexo masculino e 19 (48,72%) do sexo feminino, com idade média de 37±16,69 anos. Na Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão 05 (12,82%) pacientes apresentaram pontuação significativa para sintomas ansiosos e 04 (10,26%) para sintomas depressivos. No Inventário de Depressão de Beck, 07 (17,95%) pacientes apresentaram pontuação leve para sintomas depressivos e 01 (2,56%) pontuação considerada grave. Dos pacientes avaliados, 06 (15,38%) receberam acompanhamento psicológico apesar de não terem apresentado sintomas que caracterizassem sintomas de um possível distúrbio psiquiátrico nas escalas aplicadas, sugerindo que há uma demanda latente que os instrumentos sozinhos não conseguem detectar. Conclusão: Apesar da literatura relatar com abundância a presença de transtornos depressivos em pacientes renais crônicos em tratamento dialítico, este parece não ser o único sintoma psíquico presente nesta população. Este estudo sugere a escuta psicológica como instrumento eficaz para detecção de demandas psicológicas do paciente renal crônico em tratamento de hemodiálise que tem impacto tão relevante quanto os sintomas de transtornos depressivos. Palavras-chave: avaliação psicológica, hemodiálise, sintomas ansiosos, sintomas depressivos Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 108 P08 DOENÇA RENAL CRÔNICA E MATERNIDADE: MECANISMOS DE DEFESA ENVOLVIDOS NESTA RELAÇÃO – UM ESTUDO DE CASO Carolina Moya Gomes, Dnyelle Souza Silva, Manuel Carlos Martins Castro Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A Doença Renal Crônica é conseqüência do comprometimento da função renal, fazendo com que os rins não consigam mais realizar suas funções. A constituição da maternidade é um processo que envolve diversos aspectos, entre eles a gestação, onde ocorrem diversas mudanças físicas, emocionais e sociais na vida da mulher. A gravidez em pacientes com Doença Renal Crônica é um evento que pode trazer diversas conseqüências para a saúde da gestante e do bebê. Na literatura esta relação é pouco estudada e quando encontrada apresenta ênfase nos aspectos físicos e biológicos. Objetivo: Avaliar os aspectos emocionais envolvidos na relação Doença Renal Crônica e maternidade, focando na análise dos mecanismos de defesa utilizados pela paciente para lidar com a doença, maternidade e demais vivências ao longo de sua história. Método: Através do discurso livre durante os atendimentos foi realizada uma pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso. Foram avaliados 16 atendimentos em um período de 6 meses, sendo que estes aconteciam durante as sessões de hemodiálise em um hospital universitário. A demanda de acompanhamento psicológico surgiu através dos instrumentos que fizeram parte do Protocolo Assistencial de Avaliação Psicológica da clínica em questão, sendo eles: entrevista semi-estruturada, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão e Inventário de Depressão de Beck. Resultados: No protocolo aplicado não foi observada pontuação significativa para sintomas ansiosos e/ou depressivos. Os mecanismos de defesa identificados no discurso da paciente foram: negação, racionalização e projeção. Os mecanismos de defesa foram utilizados pela paciente para lidar com o desejo de ser mãe e a maternidade, além de outras vivências de sua história, entre elas: a situação de abuso sexual na infância e no relacionamento com seu ex marido. Em relação aos cuidados de sua filha a paciente utilizou principalmente o mecanismo de racionalização. Notou-se que o impacto da Doença Renal Crônica e tratamento na vida da paciente foi pouco mencionado por ela durante os atendimentos. Conclusão: Tanto a Doença Renal Crônica como a maternidade parecem ser eventos que não se sobrepõem um ao outro no discurso da paciente, possibilitando que ela entre em contato com suas fragilidades e reflita sobre suas vivências atuais e passadas, sendo que a maternidade aparece com mais freqüência em seu discurso por este evento, talvez, ser o mais angustiante para ela neste momento. Considerando que a subjetividade é parte do sujeito, assim como os aspectos biológicos, entende-se que no contexto hospitalar a “escuta” das questões psicológicas e a realização de estudos qualitativos parecem contribuir tanto quanto os estudos quantitativos. No caso analisado, as angústias apresentadas vão além do adoecimento e o psicólogo é o profissional capaz de abrir um espaço de “escuta” destas angústias auxiliando o paciente a lidar com estas questões de maneira que não interfiram no tratamento. Palavras-chave: doença renal crônica, maternidade, mecanismos de defesa Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 109 P09 O IMPACTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM UMA CRIANÇA DE NOVE ANOS: UM ESTUDO DE CASO Camila Anezi Oliveira, Ana Cristina de Oliveira Almeida Vieira Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Estima-se que 1/5 da população pediátrica apresenta algum tipo de disfunção miccional, que é definida como padrão de micção anormal para a idade da criança, sendo um de seus sintomas a Incontinência Urinária. O diagnóstico é difícil e os tratamentos indicados invasivos, e geralmente são acompanhados de sofrimento emocional e implicações sociais. O controle esfincteriano é um marco importante no desenvolvimento infantil, já que sinaliza a percepção e controle dos conteúdos do corpo, e dificuldades em adquiri-lo pode ser uma fonte de angústia para a criança e sua família, e gerar diversos conflitos. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo compreender o impacto da Incontinência Urinária em uma criança de nove anos. Método: Trata-se de um estudo de caso com compreensão psicanalítica de um garoto de nove anos com Incontinência Urinária de etiologia orgânica. Foram utilizados os seguintes instrumentos: entrevista semi-estruturada, hora ludodiagnóstica, procedimento desenho-estória e desenho livre, em 16 atendimento em um hospital de referência da cidade de São Paulo. Resultados: O paciente foi encaminhado para o serviço de psicologia pelo médico responsável por seu caso para avaliação e orientação, já que seria submetido à um procedimento cirúrgico com objetivo de mantê-lo continente e sem o uso da fralda. Observouse que o paciente idealizava o procedimento, negando a cronicidade de sua doença, com fantasias de cura e o fim do sofrimento diante de sua dinâmica familiar e condição médica. A criança mostrou sentir-se só, desamparada, e diferente devido à sua doença e desejava ser acolhido, reconhecido e amado. Mantinha-se no lugar de doente por acreditar ser a única possibilidade de gratificação afetiva. Conclusão: Concluiu-se que o sofrimento do paciente se relacionava à solidão que vivenciava em seu meio familiar e social. O processo psicoterápico pôde oferecer acolhimento ao paciente, o que favoreceu a elaboração de suas angustias e assim sentir-se seguro para ocupar outro lugar que não o de criança doente, compreendendo o procedimento cirúrgico e colaborando com o sucesso da cirurgia e procedimento posteriores. Palavras-chave: incontinência urinária, criança, sofrimento emocional, relações familiares Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 110 P10 A MATERNIDADE E SUAS REPERCUSSÕES FRENTE À SÍNDROME DE PRUNE BELLY: UM ESTUDO DE CASO Amanda Diogo Pap, Ana Cristina de Oliveira Almeida Vieira Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A maternidade é atravessada por questões individuais, familiares, culturais e sociais; considera a relação afetiva entre mãe-filho. Na gestação a mãe espera ter um filho que possa corresponder aos seus sonhos e realizações, um filho imaginado pautado na idealização de um filho perfeito. A mãe olha para atributos valorizados no bebê tomando-o como confirmação de sua potência-competência, assim as características do bebê influenciam na relação entre a díade. Quando a criança tem malformação, como síndrome de prune belly uma malformação congênita urológica cuja barriga tem aparência de ameixa seca decorrente da fraqueza da musculatura abdominal, se distancia do bebê imaginado e o desejo de continuidade da mãe por meio do filho fica frágil. O investimento libidinal reduzido e sentimentos como culpa, frustrações e fracassos podem aparecer. Objetivo: Compreender a maternidade e suas repercussões em uma mulher mãe de uma criança com síndrome de prune belly. Método: Estudo de caso clínico tipo exploratório por meio de nove entrevistas psicológicas com compreensão psicanalítica, realizadas em enfermaria e ambulatório do Setor de Uropediatria de um hospital de referência de São Paulo. O sujeito foi uma mulher de quarenta anos, desquitada, com histórico de depressão e três filhos sendo o mais novo com síndrome de prune belly. Resultado: As entrevistas se iniciaram a pedido da equipe de enfermagem, pois havia queixa de comportamento de birra da criança e haver histórico de abandono ao tratamento. Na primeira entrevista ficou clara a dificuldade em ser mãe de filho com síndrome de prune belly. Não ocupava o lugar de mãe afetuosa e cuidadora havendo dificuldade em olhar para o filho com malformação, já que se depararia com o filho da realidade, designando os cuidados básicos da criança a terceiros. Quanto à separação conjugal, culpa a criança mostrando que o nascimento de um filho desperta problemas já existentes no relacionamento conjugal desencadeando e/ou acentuando conflitos. O nascimento de um filho com malformação era vivido por ela como rompimento das fantasias maternas e exposição de suas falhas e frustrações enquanto mulher e mãe. A internação hospitalar e a realização de procedimentos médicos implicavam olhar para o filho com síndrome de prune belly atualizando seus conflitos pessoais o que poderia contribuir para a não adesão ao tratamento. Conclusão: Este estudo mostrou a importância do trabalho interdisciplinar em caso de nascimento de criança com malformação como síndrome de prune belly, pois a intervenção psicológica colaborou para que a paciente elaborasse questões inerentes à maternidade melhorando o vinculo mãe-filho e naquele momento pudesse realizar parte do tratamento do filho melhorando a qualidade de vida da criança. Palavras-chave: maternidade, malformação congênita, relação mãe-filho Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 111 P11 PERCEPÇÃO DO CONTROLE GLICÊMICO E DIFICULDADES DESTE PROCESSO: UM ESTUDO COM GESTANTES COM DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS Suzana Maria Custódio de Oliveira, Cecília Prohaska, Gláucia Rosana Guerra Benute, Ana Paula Biasi, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A coexistência do Diabetes Mellitus (DM) com a gestação pode trazer aumento considerável dos riscos maternos e fetais. A fim de amenizar os feitos adversos, através de atendimento e aconselhamento médico busca-se um controle metabólico efetivo e a normalização das taxas de açúcar no sangue, uma vez que a hiperglicemia materna é responsável pelo aumento de complicações e riscos. Objetivo: Identificar a percepção da gestante relacionada à existência ou não de alteração no controle glicêmico e as dificuldades decorrentes deste controle durante o período gestacional. Método: Foram realizadas entrevistas semidirigidas com questionário previamente elaborado com 105 gestantes com diagnóstico de Diabetes Mellitus constituindo-se 3 grupos com 35 gestantes com Diabetes Mellitus Tipo I, 35 com Diabetes Mellitus Tipo II e 35 com Diabetes Mellitus Gestacional. Foram incluídas as mulheres que encontravam-se entre 18 e 36 semanas gestacionais e idade acima de 18 anos. Resultados: Ao se avaliar a capacidade autorreferida de realizar o controle glicêmico, constatou-se significância estatística entre os grupos (p=0,05), onde 48,57% (n=17) das gestantes com DM Tipo I, 71,43% (n=25) com DM Tipo II e 60,00% (n=21) com DMG responderam que conseguem realizar o controle glicêmico. Constatou-se que 100% das gestantes do estudo relataram o auxílio do médico como importante para o controle da glicemia, sendo que 100% (n=35) das gestantes com diagnóstico de DM Tipo I, 94,29% (n=33) com DM Tipo II e 97,14% (n=34) com DMG afirmaram que entendem as orientações médicas que lhe são fornecidas a respeito do controle glicêmico. Observou-se ainda que das gestantes com DM prévio a gestação afirmaram que consideram que o controle glicêmico realizado melhorou quando comparado ao realizado anteriormente a gestação, sendo 82,86% (n=29) das gestantes com DM Tipo I assim como as com diagnóstico de DM Tipo II. As gestantes relataram que não conseguiam seguir todas as orientações que lhe são fornecidas quanto ao controle glicêmico a ser realizado. A restrição alimentar foi apontada nos três grupos (73,33% [n=11] de gestantes com DM Tipo I, 81,82% [n=18] com DM Tipo 2 e 86,67% [n=13] com DMG) como a maior dificuldade encontrada para efetivar o controle glicêmico. Conclusão: Com relação ao controle glicêmico realizado na gestação, observou-se que as gestantes consideram o auxílio do médico importante, entendendo e concordando com as orientações que lhe são fornecidas, sendo a restrição alimentar a maior Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 112 dificuldade referida. As gestantes ainda associaram a manutenção de taxas de açúcar no sangue no início da gestação com sentimentos de confiança e sensação de apoio, visto que um controle glicêmico efetivo aumenta a possibilidade de uma gestação com riscos diminuídos, com prevenção de repercussões negativas na saúde materna e fetal, estando relacionada com o êxito da gestação. Palavras-chave: Diabetes Mellitus, gravidez de alto risco, glicemia, dieta para diabéticos Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 113 P12 AVALIAÇÃO DE SINTOMAS DEPRESSIVOS E ANSIOSOS EM GESTANTES COM DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS Ana Paula Biasi, Suzana Maria Custódio de Oliveira, Cecília Prohaska, Gláucia Rosana Guerra Benute, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: O Diabetes Melittus (DM) não é uma doença única, mas um grupo heterogêneo de distúrbios metabólicos que tem em comum a hiperglicemia. Antes da descoberta da insulina, em 1921, a gestação em mulheres portadoras de diabetes era considerada inviável. Na era pré-insulínica, as mortalidades perinatal e materna eram muito elevadas. Desde o início da utilização da insulina houve diminuição significativa nas taxas de mortalidades materna e perinatal. Além dos riscos fisiológicos aspectos psiquiátricos relacionados ao diabetes vêm sendo descritos e podem influenciar o curso da doença. Mais especificamente, sintomas depressivos e ansiosos encontram-se relacionados à baixa adesão ao tratamento, piorando o controle metabólico e aumentando o risco de complicações durante a gestação. Objetivo: Avaliar presença de sintomatologia depressiva e ansiosa em gestantes com diagnóstico de Diabetes Mellitus. Método: Foram realizadas entrevistas semi-dirigidas com 105 gestantes com diagnóstico de Diabetes Mellitus constituindo-se 3 grupos sendo 35 gestantes com Tipo I, 35 com DM Tipo II e 35 com DM Gestacional. Foram incluídas as mulheres que se encontravam entre 18 e 36 semanas gestacionais e apresentavam idade acima de 18 anos. Foi utilizado como instrumento de avaliação a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão (HAD). Para análise dos dados foi utilizada estatística descritiva. Resultados: A sintomatologia depressiva esteve presente em 14,29% (n=5) das mulheres com DM Tipo I; 31,43% (n=11) das gestantes com DM Tipo II e 22,86% (n=8) com DMG. A sintomatologia ansiosa foi constatada em 28,57% (n=10) das mulheres com DM Tipo I; 40% (n=14) das gestantes com DM Tipo II e 40% (n=14) com DMG. Analisando-se o total de participantes do estudo, verificou-se que 22,85% (n=24) apresentaram sintomatologia depressiva e 36,19% (n=38) das gestantes apresentaram sintomatologia ansiosa. Conclusão: Constatou-se elevados índices de sintomatologia depressiva e ansiosa evidenciando a importância da avaliação precisa para diagnóstico e tratamento a fim de minimizar prejuízos à saúde materna. Palavras-chave: Diabetes Mellitus, gestação de alto risco, depressão, ansiedade Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 114 P13 SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS PELOS IDOSOS ÀS QUEDAS: POSSÍVEIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS Ana Luisa Carvalho Guimarães, Valmari Cristina Aranha Divisão de Psicologia e Serviço de Geriatria do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: Um dos eventos de maior impacto na vida dos idosos é a queda, considerada uma síndrome geriátrica devido a sua origem multifatorial. As repercussões da queda se estendem para além das consequências físicas, interferindo também em aspectos sociais e psicológicos, como o surgimento do medo de cair novamente, a restrição de atividades, o isolamento e a diminuição da independência, autoestima e autoeficácia. Dessa forma, ocorre um declínio significativo na qualidade de vida do idoso após a queda, afetando diretamente sua condição de saúde, seu estado emocional e a organização de sua dinâmica familiar. Para desenvolver ações eficazes no âmbito da prevenção da queda, bem como de sua recorrência e consequências, é necessário compreender o significado atribuído a este evento na vida dos idosos, assim como reconhecer os diferentes sentimentos mobilizados e estratégias utilizadas para o seu enfrentamento. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi investigar os significados que idosos atribuem às quedas, suas possíveis causas e consequências. Método: Foram selecionados 105 idosos, de ambos os sexos, com ao menos uma queda nos últimos 12 meses, participantes de um Programa de Prevenção em Quedas. Os participantes foram avaliados através de um roteiro de questões semiestruturadas, que teve como objetivo levantar dados quanto aos significados e opiniões conscientes acerca do evento queda. Resultados: Em relação às causas da queda, 81,9% dos participantes (n=86) atribuíram um motivo a sua ocorrência, sendo que, destes, 55,81% (n=48) responsabilizavam-se pelo evento. Verificou-se que 74,29% dos participantes (n=78) percebiam a queda como passível de ser evitada, sendo que 84,62% destes (n=66) mostraram implicação nas formas de prevenção referidas. As principais mudanças decorrentes da queda relacionaram-se com o aumento do autocuidado e busca pela prevenção da recorrência da queda, o agravamento do medo de cair, a restrição de atividades e aspectos físicos, principalmente dores. Dentre os 48 participantes que se responsabilizaram pela ocorrência da queda, 87,5% (n=42) mostraram-se implicados na busca por formas de prevenção. Por outro lado, dentre os 19 participantes que não atribuíram um motivo à queda, 73,7% (n=14) referiram-se à mesma como um evento inevitável. Conclusões: Constatou-se que os significados atribuídos às causas da queda estão associados à percepção do idoso acerca da possibilidade de evitá-la, sendo que os idosos que se responsabilizaram pelo evento demonstraram maior facilidade em identificar formas de prevenção. As principais consequências das quedas referem-se ao medo de cair novamente, à restrição de atividades e a aspectos físicos decorrentes Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 115 do trauma, mas também ao aumento do autocuidado e da adoção de comportamentos preventivos, de forma que cada aspecto destacado pode estar relacionado tanto a uma maior vulnerabilidade do idoso, quanto à mobilização visando o resgate de sua saúde e bem-estar. Os resultados do presente trabalho apontam a necessidade de considerar a subjetividade do idoso para o desenvolvimento de ações mais adequadas às necessidades desta população no que tange à prevenção de quedas. Palavras-chave: análise de conteúdo, envelhecimento, acidentes por quedas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 116 P14 PROPOSTA DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA PRÉ TRANSPLANTE RENAL Michelle Keiko Inagaki, Dnyelle Souza Silva, William Carlos Nahas Instituto Central do Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: A avaliação psicológica pré-transplante tem se mostrado um importante instrumento por conseguir identificar aspectos emocionais e dificuldades de enfrentamento que podem interferir no sucesso do transplante renal. Objetivo: Criar um de protocolo de avaliação psicológica assistencial Pré-Transplante Renal. Método: A partir do Breve Relatório de Avaliação Psicológica do Receptor de Transplante de Órgãos, proposto por Lazzaretti (2006), foram inseridos itens específicos do tratamento a portadores de doença renal e construído o Protocolo de Avaliação Psicológica Pré Transplante Renal. Resultados: O Protocolo de Transplante de Órgãos foi alterado no item Compreensão sobre a doença e procedimento do Transplante (ato cirúrgico e complicações possíveis) sendo modificado o titulo do item e acrescentado subitens referentes à percepção da doença renal crônica, histórico da evolução da doença, especificidades e adesão ao tratamento dialítico e aspectos relacionados à imagem Corporal. Foram acrescentados itens relacionados a uso de medicação psicoativa, consumo de bebida alcoólica, drogas e tabagismo. Também foram adicionados subitens referentes a Condições Psíquicas Atuais. No item expectativas de vida no pós-transplante foi realizada modificação nos critérios classificatórios. Foi acrescentado item referente à presença de risco de não adesão e utilizado instrumento de rastreamento de sintomas ansiosos e depressivos (Escala de Depressão e Ansiedade Hospitalar– HADS). Conclusões: O Protocolo de avaliação psicológica pré-transplante renal pode otimizar a avaliação assistencial pré-transplante renal por abordar aspectos gerais da vida do sujeito e aspectos específicos da doença e psicológicos significativos que podem influenciar no pós transplante. A proposta possibilitou a padronização das avaliações em um centro de transplantes podendo contribuir nas avaliações dos profissionais de outras unidades transplantadoras. Palavras-chave: avaliação psicológica, transplante renal Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 117 P15 PREVALÊNCIA DE PICACISMO EM GESTANTES Amanda Maihara dos Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Gabriela Bernath Piccolotto, Niraldo de Oliveira Santos, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira de Francisco Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo Introdução: O picacismo é definido como compulsão e ingestão de substâncias não nutritivas por um período mínimo de um mês e é visto com maior frequência em crianças pequenas, e ocasionalmente, em mulheres grávidas. Os escassos estudos publicados nos últimos anos descrevem a prática de pica durante a gestação em distintos lugares do mundo, e as prevalências apresentadas variaram conforme a região estudada variando de 14,4% (região rural da Geórgia) a 63,7% (na Tanzânia). Não foram encontrados dados específicos nas gestantes brasileiras. A Classificação Internacional de Doenças (CID-10) especifica como outros transtornos comportamentais e emocionais e destaca que o quadro pode ser uma deficiência nutricional não aparente nas gestantes. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar a prevalência de ingestão de substâncias não nutritivas e o diagnóstico de picacismo em gestantes. Método: Os dados foram coletados no período compreendido entre 2011 e 2012 com gestantes que se encontravam no ambulatório da Divisão de Clínica Obstétrica de hospital universitário. Foram incluídas 1000 gestantes de alto risco avaliadas por uma entrevista semi-dirigida e pelo Structured Clinical Interview for DSM Disorders (SCID). Resultados: Foi constatado que 11,7% das gestantes relataram já terem ingerido substâncias não comestíveis ao longo da vida. 6,2% das mulheres tiveram este comportamento durante a gestação, sendo que 2,6% foram diagnosticadas com pica. De acordo com o relato das mulheres 50% das gestantes que apresentaram pica tiveram este comportamento motivado por curiosidade; 23,1% relataram gostar de ingerir essas substâncias; 15,4% relacionaram à gravidez; 7,7% para inibir a fome e 3,8% sentiram necessidade de ingeri-los. Foram relatadas as seguintes substâncias: vinagre (7,7%), gelo (7,7%), arroz cru (19,3%), espuma de colchão (7,7%%), terra (3,8%), borracha de chinelo (3,8%), sabonete (3,8%), tijolo (42,4%), massa corrida (3,8%). Conclusão: Constatouse baixa prevalência de diagnóstico de pica entre gestantes. A etiologia da pica é pouco compreendida, mas complexa. Fatores culturais, nutricionais, ambientais, fisiológicos (alívio de sintomatologia digestiva) e causas psicológicas têm sido postulados. Na prática da assistência pré-natal, muitas vezes, a pica pode ser considerada como alimentação extravagante da grávida, e não como um problema de saúde. O aconselhamento, sobretudo o nutricional e o psicológico, terá a função de auxiliar o pro¬fissional a encontrar medidas que possam minimizar as dificuldades diante desse problema. Palavras-chave: pica, gestação, prevalência Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 118 P16 VERIFICAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR POR MEIO DA AVALIAÇÃO FORMAL E DA OPINIÃO DO PROFESSOR Aline Sorcinelli, Débora Cristina Alves, Denise Gonçalves Cunha Coutinho, Maria Cecília Periotto, Erasmo Barbante Casella Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP / Divisão de Neurologia Infantil do Instituto da Criança do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP Introdução: A aquisição de habilidades acadêmicas como leitura, escrita e aritmética tem sido foco de diversas pesquisas visto que problemas nestas áreas podem afetar o processo de escolarização e comprometer o desenvolvimento acadêmico do escolar. Estudos apontam para a necessidade da identificação precoce dos problemas de aprendizagem, com consequente intervenção, tão logo eles sejam observados. Por ser na sala de aula que os problemas de aprendizagem se concretizam, o professor toma um lugar de destaque na identificação de tais dificuldades. Diante do exposto, a presente pesquisa tem por objetivo mapear e comparar o desempenho de escolares em relação à avaliação formal e a opinião dos professores. Método: participaram deste estudo 28 escolares do 3º ano, 29 do 4º ano e 32 do 5º ano do ensino fundamental de uma escola pública do Estado de São Paulo, de ambos os sexos, com idade entre oito e onze anos. Todos os participantes foram avaliados por meio do Teste de Desempenho Escolar, nas habilidades de leitura, escrita e aritmética, tendo seus desempenhos classificados em superior, médio e inferior. Antes da aplicação do teste os professores foram contatos e solicitados a anotarem quais alunos na opinião deles apresentavam problemas para aprender. A partir da informação dos professores, formou-se um grupo de crianças com dificuldade e outro sem dificuldades. Resultados: a professora do 3º ano indicou oito escolares como tendo algum tipo de dificuldade em sala de aula. Destes, 87,5% apresentaram desempenho total no TDE classificado como Inferior para a escolaridade. Das 20 crianças consideradas como não tendo dificuldades, 85% apresentaram desempenho Médio ou Superior no teste aplicado. Já para os estudantes do 4º ano, três foram considerados como tendo dificuldades, destes, 66,6% foram classificados como com desempenho Inferior na avaliação formal. Das 26 crianças sem dificuldades, 92,3% tiveram desempenho na média ou superior. Nove alunos do 5º ano foram considerados como tendo dificuldades, sendo que destes, 77,7% apresentaram desempenho Inferior no TDE. Dos 23 alunos sem queixa, 91,4% obtiveram desempenho médio ou superior. Conclusão: tanto o instrumento utilizado nesta pesquisa quanto à opinião do professor foram sensíveis para detectar crianças com queixa de problemas de aprendizagem, o que permite traçar metas individuais para cada aluno em cada ano escolar. Um maior número de crianças com dificuldades foi apontado no 5º ano, o que nos faz pensar que embora os professores sejam capazes de identificar o problema precocemente, trabalhos individualizados ainda não tem sido realizados nas fases iniciais da escolarização. Palavras-chaves: aprendizagem, avaliação, escolaridade Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 119 P17 RECORTE TRANSVERSAL DE UMA AMOSTRA DE PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA Ana Maria Canzonieri, Kelen Cristina Jesus, Maria Cristina Giacomo, Liliana Russo Associação Brasileira de Esclerose Múltipla – ABEM Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica na qual a mielina, camada protetora das fibras nervosas do cérebro e da medula espinhal, é lesionada, prejudicando a transmissão dos impulsos nervosos. A desminielização afeta de forma aleatória, diversas áreas do SNC. A EM acomete mais mulheres (2:1) do que homens e os sintomas variam de acordo com a região afetada, em cada um a doença desenvolve-se de uma forma diferente. O curso incerto da doença, sinais e sintomas, a adaptação à nova forma de viver (pessoal, social e profissional), acrescido do fato que a doença acomete preferencialmente adultos jovens, ou seja, numa fase mais dinâmica da vida, são fatores significativos que comprometem o estado psicológico. Objetivo: Este estudo tem como proposta a compreensão do paciente e avaliação da necessidade de implantação de projetos específicos de uma equipe multidisciplinar para atender aos requisitos do paciente. Métodos: Esta pesquisa qualitativa faz um recorte transversal dos dados, por meio dos seguintes instrumentos: levantamento de dados sócio demográficos, EDSS (escala expandida para o estado de incapacidade) e DEFU (escala de determinação funcional da qualidade de vida). Resultados: foram analisados 14 pacientes, em uma amostra por conveniência, de uma Organização Social, em São Paulo, Brasil, sendo 3 homens e 11 mulheres; 1 negro e 13 brancos. Resultado: A amostra possui 85,71% dos pacientes com idade entre 18 a 50 anos; 50% dos pacientes com nível educacional superior completo/incompleto e 50% ensino médio completo/incompleto; 50% dos pacientes são solteiros e 57,15% residem com algum familiar; 50% são católicos e 50% não declararam a religião: 57,15% possuem renda familiar acima de R$ 2.000 (dois mil reais), sendo que do total temos 35,72% aposentado e 28,57% desempregado, somente 14,28% dos pacientes estão atuando no mercado de trabalho. Os sintomas mais predominantes no inicio do aparecimento da doença foram déficit motor 28,57% e déficit visual 21,42%; o EDSS predominante na amostra está no intervalo de 3 a 6 pontos na escala do EDSS, em 71,5% dos casos. O escore do DEFU é superior a 100 pontos, na escala, apontando que 64,28 % dos pacientes percebem o estado de qualidade de vida em que se encontram. Conclusão: A amostra está predominantemente na idade produtiva, porém a doença gera um quadro improdutivo, necessitando-se assim de uma avaliação e intervenção multidisciplinar para atender as necessidades sociais, psicológicas, físicas e espirituais do paciente. Palavras-chave: esclerose múltipla, qualidade de vida, incapacidade Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 120 P18 AVALIAÇÃO DA DEMANDA DE PACIENTES QUE VIVEM COM HIV/AIDS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA Carolina Ruiz Longato, Ana Paula Medeiros Departamento de Psicologia - Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo Introdução: O atendimento a pacientes infectados com o vírus HIV deve ser multidisciplinar, não apenas a fim de tratar os sintomas da doença, como também com o intuito de oferecer apoio psicossocial a estes pacientes. Objetivo: Neste sentido, o presente trabalho pretende discutir a avaliação e o atendimento psicológico realizado por uma equipe de estagiários em psicologia a pacientes internados na Unidade Especial de Tratamento de Doenças Infecciosas do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP. Método: Para alcançar o objetivo do trabalho, far-se-á uso do relato de experiência profissional realizado na instituição citada. Resultados: A organização do serviço dá-se da seguinte forma: primeiramente, é realizada uma reunião de equipe em que há a discussão dos casos e identificação da demanda de pacientes que podem se beneficiar de atendimento psicológico. Após isso, os estagiários são responsabilizados pelo contato com o paciente, que é realizado no leito ou em outro lugar escolhido pela dupla. Os atendimentos não têm duração definida e se caracterizam por intervenções breves, uma vez que a continuidade dos encontros depende do tempo que o paciente encontra-se internado. De modo geral, os pacientes dedicavam este tempo a relatar sobre o momento de descoberta do diagnóstico, a conversar sobre as dificuldades com os familiares, a solicitar auxílios, majoritariamente de caráter social, ou fazer perguntas sobre o adoecimento. Posteriormente ao atendimento e baseado neste contato realizado, os estagiários preenchem um formulário com a finalidade de avaliar o estado geral do paciente, bem como sistematizar as principais demandas do atendido. Desta forma, em conjunto com os supervisores, são definidas suas necessidades mais emergentes: os temas a serem discutidos nos outros encontros são delimitados, as necessidades sociais, como ajuda para passe de ônibus ou cesta básica, são encaminhadas à assistente social da equipe, e as dúvidas a respeito do adoecimento são levadas à equipe médica. Conclusão: Entende-se, então, que a atividade de avaliação das necessidades dos pacientes é estritamente necessária, sendo facilitada quando o paciente pode contar com a escuta psicológica. Além disso, a avaliação deve ser feita em um serviço de rede, que englobe também outros serviços e outros profissionais, de forma que as diferentes demandas do paciente possam ser atendidas. Palavras-chave: pacientes com HIV/AIDS, avaliação de demanda, relato de experiência Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 121 P19 CRESCIMENTO PÓS-TRAUMÁTICO EM MULHERES ACOMETIDAS POR CÂNCER DE MAMA: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA Letielle Tonon Araújo, Rodrigo Sanches Peres Universidade Federal de Uberlândia Introdução: O conceito de crescimento pós-traumático (posttraumatic growth) se refere, basicamente, às transformações psicológicas positivas desencadeadas em função da tentativa de adaptação às novas circunstâncias implementadas por um evento traumático. Trata-se de um processo que envolve a interação de uma variedade de elementos, uma vez que as referidas transformações podem ser verificadas em diferentes domínios. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo geral desenvolver uma revisão sistemática de publicações científicas dedicadas à exploração do crescimento pós-traumático, em mulheres acometidas por câncer de mama. Método: O material foi localizado por meio de buscas eletrônicas em cinco bases de dados distintas – PsycINFO, MedLine, LILACS, SciELO-Brasil e PePsic – a partir do cruzamento dos termos “crescimento pós-traumático” (posttraumatic growth) e “câncer de mama” (breast cancer). As referências localizadas foram selecionadas em função de critérios de inclusão específicos. As referências selecionadas foram, então, recuperadas na íntegra e submetidas à avaliação em função de um conjunto de dimensões de análise. Resultados: Apenas 31 das 74 referências localizadas foram selecionadas. Em linhas gerais, observou-se, entre as referências selecionadas, o predomínio do delineamento transversal e da abordagem quantitativa. Constatou-se que o Posttraumatic Growth Inventory (PTGI) foi o instrumento mais utilizado, e que as mulheres acometidas por câncer de mama avaliadas constituíram, principalmente, amostras de conveniência, sendo que algumas referências contaram com subgrupos para possibilitar comparações com outras populações. Verificouse, também, a hegemonia de referências de autoria múltipla publicadas em periódicos que se dedicam à veiculação de artigos que se situam na interface da Psicologia com a Saúde. Ademais, ressalte-se que a Universidade de Coimbra e a McGill University se destacaram como os mais significativos polos de estudos voltados à investigação do crescimento póstraumático em mulheres acometidas por câncer de mama. Considerando-se os temas específicos e os resultados das referências selecionadas, pode-se afirmar que importantes aspectos do crescimento pós-traumático se encontram satisfatoriamente compreendidos, ao passo que outros devem ser explorados de modo mais aprofundado em novos estudos. O fato de pacientes mais jovens serem mais propensas ao crescimento pós-traumático, por exemplo, se encontra bem documentado. Por outro lado, não se sabe ao certo como o crescimento pós-traumático evolui, ao longo do tempo, em mulheres acometidas por câncer de mama, sobretudo se e até quando as mudanças positivas contempladas por cada um dos domínios desse conceito se mantêm, após a conclusão do tratamento. Conclusões: Diante do exposto, conclui-se que o presente estudo possibilita um mapeamento do conhecimento já produzido sobre o assunto em questão, subsidia tanto sua aplicação prática quanto seu aprofundamento teórico e fornece elementos para novas pesquisas. Palavras-chave: crescimento pós-traumático, câncer de mama, psico-oncologia Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 122 P20 EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR PÓS ACIDENTE VASCULAR ENCEFÁLICO: UM ESTUDO PROSPECTIVO Fernanda de Almeida Flores, Ana Paula Afonso Camargo, Tamiris Oliveira Alves, Isabela da Silva Ribeiro, Ana Carolina Zanetti Faculdade Anhanguera de Bauru Introdução: Dentre os subtipos de acidente vascular encefálico (AVE), a hemorragia intraparenquimatosa (HIP) configura-se sendo a de pior prognóstico, com frequentes déficits cognitivos e emocionais associados. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo investigar transtorno depressivo maior em sujeitos pós acidente vascular encefálico hemorrágico (AVEh) primário, de subtipo intraparenquimatoso. O objetivo secundário consistiu em verificar as relações entre sintomatologia depressiva pós infarto encefálico hemorrágico intraparenquimatoso e topografia lesional no período 30 dias e 12 meses pós ictus. Método: Participaram inicialmente do estudo 12 sujeitos com HIP espontânea, de ambos os sexos, sendo 5 do sexo feminino e 7 do sexo masculino com idade média de 58,5 anos, na análise do estudo, os indivíduos apresentaram variação de 2 a 11 anos de escolaridade. A avaliação se deu em dois momentos caracterizados como Tempo 1 (T1) 30 dias e Tempo 2 (T2) 12 meses após a lesão. Para a avaliação do episódio depressivo maior foi utilizado o Inventário de Depressão de Beck (BDI), o qual avalia o índice de depressão. Resultados: Dentre os 12 sujeitos que compreendem a amostra, 8 foram reavaliados em T2 reduzindo em 33,3% o número de indivíduos, visto que 1 dos sujeitos teve um segundo episódio de AVE, o qual enquadrou-se no critério de exclusão e 3 não compareceram para nova avaliação. O estudo demonstrou aumento de sintomatologia depressiva em sujeitos 1 ano pós lesão. Os resultados apontaram que entre T1 e T2 houve um aumento de 4,17% de depressão mínima e 16,6% de depressão leve. Em T1 58,3% dos indivíduos apresentaram depressão leve e moderada, já em T2 evoluiu para 62,5%. Observou-se também um aumento significativo de 42,5% de depressão leve nos casos de lesão profunda e 33,3% para as lesões lobares. Conclusões: Os sujeitos pós lesão vascular hemorrágica mantiveram sintomatologia depressiva no período de 1 ano pós lesão vascular encefálica, assinalando aumento severidade nos níveis de depressão leve e moderada, em relação a avaliação realizada na fase aguda da hemorragia. Referindo-se a topografia da lesão teve-se uma ascensão significativa nos sujeitos reavaliados em T2 com depressão leve em lesões profundas e em lesões lobares uma elevação moderada. Tendo em vista a contribuição do episódio depressivo maior no mau prognóstico de pacientes pós AVE, o presente estudo vislumbrou contribuições à comunidade científica, ao passo que possibilita informações relevantes para o diagnóstico psicopatológico, a fim de proporcionar direcionamento para o estabelecimento de programas neurocomportamentais em fase prodrômica do episódio depressivo maior pós AVEh. Palavras-chave: acidente vascular encefálico, hemorragia intraparenquimatosa, transtorno depressivo maior, topografia Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 123 P21 O SENTIDO DA VELHICE E O DIÁLOGO COM A DEPRESSÃO Claudia Emi Regis, Audrey Setton Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo Introdução: O envelhecimento é a última etapa do ciclo de vida - um processo do desenvolvimento humano com características próprias, influenciado por aspectos sociais e aspectos subjetivos daquele que envelhece. Para a psicanálise, pode ser compreendido como uma crise entre o Ego Ideal (eu no passado), Ideal de Ego (eu idealizado) e o Ego (eu real). O envelhecimento, com as condições concretas de diminuição do ritmo de vida, declínio de funções biológicas, resiliência e plasticidade, confronta a pessoa com a impossibilidade de manter o Ideal de Ego, frente às mudanças. Tal fato pode seruma via para a depressão, como manifestação da crise narcísica. Objetivo: investigar de que forma os idosos vivenciam as experiências decorrentes do envelhecimento e a incidência de sintomas depressivos nesta população. Método: os seguintes instrumentos foram utilizados: Roteiro de entrevista semi estruturado com questões abertas sobre envelhecimento; Procedimento desenho-estória com tema (Aiello-Vaisberg, 1997), que consistiu na realização de um desenho livre e um desenho com o tema ‘pessoa idosa’, ambos precedidos por uma estória contada pelo sujeito; Escala de Depressão Geriátrica-GDS (Sousa, 2007), um teste quantitativo para rastreamento de sintomas depressivos. Resultados: foram analisadas respostas de oito sujeitos. Sobre o estado de saúde auto referido, metade das respostas apontou para angústias relativas à fragilidade, quedas e problemas de locomoção. Sobre a percepção do envelhecimento, metade dos sujeitos classificou como sendo “normal”, e na outra metade, duas respostas positivas, uma negativa e outra incoerente. Todos os sujeitos entrevistados exerciam alguma atividade, remunerada ou hobby, e ficou claro nas respostas a associação da atividade com saúde mental. Do total de oito sujeitos, apenas três pontuaram depressão no GDS. No Procedimento Desenho-Estória sete produções foram analisadas, pois houve uma recusa. No tema ‘pessoa idosa’, prevaleceu a imagem da fragilidade/locomoção nos desenhos. Apenas um sujeito relatou que desenhou a si próprio, retratando seu estilo de vida na produção; dos outros seis desenhos, três retrataram: bengala, bengala e cadeira de rodas; dois desenhos retrataram uma figura aleatória, não houve comentário pelo entrevistado, e um desenho retratou um amigo – foi relatado pela entrevistada. Houve um caso em que nenhum dos dois desenhos retratou fragilidade, perdas, si próprio ou outro, e esta foi a pessoa que mais pontuou no GDS; dessa maneira, pode se sugerir que seus desenhos representem uma evitação e defesa contra sentimentos depressivos. Conclusões: na medida em que o desenho trabalha com aspectos mais regredidos do sujeito, as angústias, de certa forma, eram estimuladas, fazendo com que se aumentassem as defesas, e diminuísse a qualidade do desenho. O tema da fragilidade corporal associada à velhice pareceu ser uma tônica. A dificuldade na realização do desenho da pessoa idosa foi nítida, chamando a atenção para a diferença em falar sobre a velhice e retrata-la numa imagem, compreendendo que aspectos inconscientes contribuem para tal fenômeno. Palavras-chave: idosos, depressão, psicanálise, técnicas projetivas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 124 P22 CRISE NÃO EPILÉTICA PSICOGÊNICA: UMA REVISÃO DA LITERATURA ESPECIALIZADA Débora Diegues; João Roberto de Souza-Silva Consultório Particular e Faculdades Metropolitanas de São Paulo Introdução: A crise não epilética psicogênica (CNEP) ou pseudoepilepsia é um termo usado para caracterizar manifestações comportamentais que fenomenicamente podem ser confundidas com epilepsia, porém sem a presença de impulsos elétricos cerebrais anormais. Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo a revisão da literatura especializada sobre a crise não epilética psicogênica. Método: Foi realizado levantamento não sistemático na base de dados PubMed, utilizando como descritor psychogenic non-epileptic. Foram encontrados e utilizados nesta revisão 25 artigos que estavam disponíveis na integra, gratuitamente e publicados entre 2000 e 2012. Resultados: Os estudos apontaram que entre 70-80% dos pacientes são mulheres, seu surgimento relaciona-se com situações sociais e psicológicas desfavoráveis. Além disso, outros estudos relacionam a CNEP com a histeria. O vídeo-EEG, a partir da década de 80, foi considerado o padrão ouro para o diagnóstico, porém as especificidades de diagnóstico e tratamento exigem, do ponto de vista neurológico, psiquiátrico e psicológico, conhecimentos específicos sobre fenômenos conversivos e dissociativos. Desse modo, do ponto de vista psiquiátrico e psicológico, a presença de um padrão constante da CNEP possibilita o diagnóstico de Transtorno Conversivo e de Transtorno de Somatização (DSM-IV). Além disso, tais manifestações comportamentais também podem se incluídas na categoria de Transtornos Dissociativos (ou conversivos) (CID-10). Já do ponto de vista neurológico são necessários conhecimentos específicos sobre epilepsia para poder descartar diagnósticos. Conclusões: Devido à complexidade do diagnóstico se faz necessário considerar os aspectos subjetivos e singulares do paciente, porém sem deixar de lado os aspectos teóricos e técnicos de forma que, as intervenções sejam feitas por equipes interdisciplinares. Palavras-chave: crise não epilética psicogênica, pseudoepilepsia, histeria Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 125 P23 A DOENÇA RENAL CRÔNICA E SUAS IMPLICAÇÕES: A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DO PSICÓLOGO Samantha Sittart Navarrete, Guinter Santana Lühring, Renata Eisermann Rodrigues SOS RIM Introdução: Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia foi estimado que em 2011, cerca de 10 milhões de brasileiros eram portadores de Doença Renal Crônica (DRC), e a maioria desconhecia tal diagnóstico. Trata-se de uma doença lenta, gradativa e irreversível que ocasiona na perda da função renal. Existem diversas causas que levam a DRC, dentre elas destacam-se: o diabetes, a hipertensão arterial e a glomerulonefrites (http://www.sbn.org.br). Conforme Blumenfield & Tiamson-Kassab (2010), os doentes renais crônicos sofrem graves alterações metabólicas e físicas, psicológicas e psicossociais. Diante desse quadro, se dá a necessidade do psicólogo como integrante de programas educativos, assim esbatendo os sintomas da doença, ajudando na aceitação dessa e na adesão ao tratamento. De acordo com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, em março de 2012 o número de pacientes ativos em lista de espera por um rim eram de 25.322 no Brasil. Objetivo: Salientar a importância do suporte psicológico ao paciente renal crônico nas diversas fases da doença, bem como no pós-transplante renal. E também promover saúde e bem estar através da orientação de seus familiares e cuidadores acerca dessa patologia. Método: Com a implementação do serviço de Psicologia na instituição de Amparo Social SOS RIM, fora constatado, através da técnica de escuta ativa, as queixas e demandadas trazidas pelos pacientes que muitos destes verbalizaram não obter informações suficientes sobre a DRC. Da mesma forma, os seus familiares e cuidadores queixavam-se de serem acometidos de forma indireta pela doença, necessitando assim, de maiores esclarecimentos acerca da patologia e suas implicações. Resultado: Embora o serviço de psicologia seja relativamente recente na instituição, sua importância já é reconhecida tanto por pacientes quanto pelos serviços de nefrologia do Estado do Rio Grande do Sul. Isso vem sendo constatado através da crescente demanda no serviço. Conclusões: Reconhecemos que o psicólogo pode fazer a diferença no tratamento e na adesão medicamentosa, bem como auxiliar na orientação da Doença Renal Crônica, tanto aos pacientes quanto aos seus familiares e cuidadores. Nossos objetivos vêm sendo atingidos e novas metas assim sendo contempladas. Palavras-chave: doença renal crônica, SOS RIM, psicólogo, nefrologia Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 126 P24 CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRANSFERÊNCIA E A FUNÇÃO DO PSICANALISTA NO HOSPITAL Vanusa Balieiro do Rego Barra, Roseane Freitas Nicolau Universidade Federal do Pará (UFPA) e Hospital Ophir Loyola (HOL) Introdução: Este trabalho é fruto dos impasses encontrados em nossa práxis psicanalítica no hospital, referente a sustentação de uma clínica pautada na transferência, peculiar ao analista e as demais práticas. Tais vem sendo discutida e aprofundadas em nosso grupo de pesquisa: “A Psicanálise, o Sintoma e a Instituição”. Método e objetivo: Levamos até as últimas consequências a observação de Freud relativa à coincidência entre o método e pesquisa em psicanálise. A partir da ótica engendrada pela transferência, apresentamos fragmentos de um caso clínico-institucional atendido no Hospital Ophir Loyola em Belém do Pará, que passamos a construir por entendermos que traz ricas contribuições ao destacar modalidades de laços na instituição, apontando possíveis entradas para o discurso analítico pela vertente transferencial. Resultados: O hospital mostrou-se receptivo à clínica psicanalítica, entendida como a escuta que destaca a regra da associação livre. Assim, com a fala,a transferência pôde estruturar as condições de possibilidades para um trabalho dirigido ao sujeito junto a equipe multiprofissional.Neste contexto, a clínica foi ampliada para além das paredes do consultório, da cronologia do tempo de sessão, do divã, e de qualquer burocracia que se sobrepusesse à ética da psicanálise enquanto práxis da teoria. Conclusão: Concordamos com Freud e tantos outros analistas que a escuta sustentada pela transferência é a condição da psicanálise, independente de onde ocorra, desde que possa ser manejada por um analista. Esta produção parte de uma experiência apontando possibilidades para o saber psicanalítico circular entre os outros saberes. Palavras-chave: psicanálise, transferência, hospital Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 127 P25 A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM ACERCA DOS FATORES GERADORES DE ESTRESSE EM SEU AMBIENTE DE TRABALHO Adriano Luis Bergantin, Leila Aparecida Santarosa FAM Faculdade de Americana Introdução: O estresse pode ser encontrado em todas as dimensões da vida cotidiana do ser humano. Frente às exigências do ambiente a qual está inserido, o indivíduo se encontra na necessidade de adaptar-se física, emocional e socialmente às demandas da vida e do trabalho, dessa forma, acabando por gerar estados de estresse, o que pode desencadear uma série de sintomas que afetam negativamente o desempenho das pessoas nas execuções de tarefas e também em sua vida pessoal. O estresse pode ser definido como qualquer tensão fisiológica ou psicológica que ameaça o equilíbrio total de uma pessoa. Atenção tem sido dada, aos chamados estressores ocupacionais, que são tensões e problemas advindos do exercício de uma atividade profissional. O trabalho do enfermeiro e de técnicos de enfermagem, por sua própria natureza e características, revelase especialmente suscetível ao fenômeno do estresse ocupacional. Objetivo: Investigar as percepções de profissionais de enfermagem acerca do estresse e de seus fatores geradores dentro do ambiente de trabalho. Método: Participaram deste estudo quatro profissionais Técnicos em Enfermagem, do sexo feminino, com idades entre 26 e 48 anos, atuantes na área de enfermagem em hospitais da cidade de Americana – São Paulo. A entrevista semi-estruturada foi utilizada como recurso para a coleta de informações, e seus dados submetidos a análise de conteúdo. Resultados: Os resultados foram classificados em quatro categorias: A- Equipe B- Sobrecarga C- Características D- Consequências. Com relação a categoria Equipe, identifica-se que o estresse vivido pelos profissionais de enfermagem está intimamente ligado às dificuldades de relacionamento interpessoal e comunicação existentes entre os membros da equipe. A categoria Sobrecarga aponta a estrutura precária do ambiente de trabalho e o número reduzido de funcionários como fatores catalisadores de estresse devido à necessidade do profissional ter que realizar atividades além de suas competências dentro de um ritmo acelerado de trabalho. A categoria Características revela os sintomas psicológicos e fisiológicos taquicardia, fadiga, impaciência e alterações de humor como decorrentes das situações estressantes no ambiente de trabalho, e a falta de capacitação da instituição na proposição de medidas preventivas, uma vez que todos os profissionais entrevistados informaram que as instituições em que trabalham não possuem nenhum tipo de programa de suporte a seus funcionários. A categoria Consequências aponta o sentimento de ficar com medo na realização de suas tarefas como resultante do profissional exposto a diversos fatores estressantes, possibilitando falhas na execução Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 128 de suas funções. A frustração aparece também como outro sentimento presente devido à consciência do profissional da impotência diante à situações, que requerem uma assistência de qualidade. Conclusões: Diante da identificação de fatores estressantes e suas consequências, endossa-se a necessária importância da implantação de programas preventivos e de controle que visem oferecer uma melhor qualidade de vida profissional à enfermagem. Palavras-chave: estresse, enfermagem, hospital Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 129 P26 A TRIAGEM COMO ESPAÇO DE ESCUTA PSICANALÍTICA AOS PACIENTES EM UMA UNIDADE DE INTERNAÇÃO ONCOLÓGICA Verônica de Freitas Montanher Hospital Paulistano Introdução: O câncer é uma doença que até hoje, apesar dos constantes avanços tecnológicos na sua detecção e tratamento, é extremamente temida e muitas vezes associada à morte. Desde o diagnóstico e durante todo o tratamento, o paciente sofre danos físicos e psicológicos, pois, além de submeter-se a procedimentos médicos, geralmente agressivos, tem sua vida transformada pelo adoecimento. As internações em uma unidade de Oncologia são uma das mudanças que afetam o paciente. As hospitalizações costumam ocorrer por diversos motivos, seja para diagnóstico, estadiamento e tratamento seja para controlar a dor, sintomas, intercorrências clínicas que debilitam o paciente ou para realizar procedimentos cirúrgicos. Trata-se de um momento que pode acarretar incertezas, fantasias, dor física e desamparo. Por isso, a Psicologia realiza triagens, com todos os pacientes internados, a fim de averiguar se apresentam alguma questão que caracterize demanda de acompanhamento psicológico. Objetivo: O presente trabalho pretende, a partir de articulações com as considerações lacanianas acerca das entrevistas preliminares, apresentar a triagem como espaço de escuta psicanalítica voltado aos pacientes internados na unidade de Oncologia. Método: O trabalho baseou-se na escuta psicanalítica aos pacientes. Resultados: A partir da análise de fragmentos dos discursos dos pacientes, verificaram-se os efeitos da escuta psicanalítica na triagem. Ao oferecer a escuta, o psicanalista possibilita a abertura de espaço para que a particularidade de cada sujeito emerja, já que dá condições para que o paciente possa falar e, através da fala, possa nomear o que é pura angústia. Dessa forma, abre-se espaço também à possibilidade de o paciente, através de sua história, dar um sentido à situação de adoecimento e internação que está vivenciando. Conclusões: A triagem, como espaço de escuta psicanalítica, viabiliza um giro discursivo que abre a possibilidade de o próprio paciente escutar-se e, com isso, propiciar retificações subjetivas. Palavras-chave: triagem, entrevistas preliminares, escuta psicanalítica, internação hospitalar, câncer Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 130 P27 A HUMANIZAÇÃO COMO PRINCÍPIO NO COTIDIANO DO SERVIÇO DE PSICOLOGIA HOSPITALAR EM UTI’S Marcia Heller Hias, Priscila Dias Pereira, Brunna Lisita Hospital Regional de Santa Maria – DF (HRSM) Introdução: Humanizar o atendimento hospitalar exige mudanças de postura, comportamento, valores, conceitos e práticas, para isso é preciso que haja um reposicionamento do profissional no que diz respeito ao atendimento dos usuários. Humanização implica em uma visão de atendimento do paciente, usuário, colaborador, gestor que oferte uma melhor qualidade, tornando o serviço mais rico em afetividade e sensibilidade. Para humanizar não basta somente possuir conhecimentos, mas devese usar o saber em beneficio da saúde dos pacientes, da família e da qualidade do ambiente. É nesse sentido que a psicologia das unidades de terapia intensiva (UTI’s) do Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) atuam, ofertando aos usuários deste serviço um atendimento mais humano e acolhedor e para isso, utilizando de algumas estratégias no atendimento ao paciente, família e equipe. Objetivo: O objetivo do presente trabalho é informar aos psicólogos hospitalares e aos demais profissionais da saúde como ocorre a atuação da psicologia nas UTI’s adulto do HRSM-DF. Considerando a importância da humanização no contexto hospitalar, os objetivos específicos foram divulgar as práticas conquistadas pelo serviço de psicologia, assim como abordar a importância destas conquistas na atuação profissional do psicólogo hospitalar. Método: Como método utilizouse relato de experiência profissional a partir da vivência de psicólogas no contexto hospitalar, mais especificamente nas UTI’s destinadas a adultos. Resultados: Pode-se afirmar que as práticas instituídas na rotina da psicologia, no contexto de UTI, abordam três principais aspectos: paciente, família e equipe. Ao se considerar o paciente e a família, tem-se como prática o acolhimento, o acompanhamento e o suporte emocional. Em se tratando especificamente da família tem-se as reuniões pré visita, a avaliação para visita estendida, a preparação para o óbito, pós óbito e as reuniões com a equipe multiprofissional. Relativo à equipe tem-se como conduta sistemática as discussões de casos clínicos, dinâmicas motivacionais, feedbacks quanto à atuação e reforços positivos. Como recursos utilizados na rotina, tem-se quadros que explanam os dispositivos mais utilizados na unidade e nos pacientes, pranchas para estabelecimento de comunicação com o paciente com dificuldade de verbalização e possibilidade de liberação do ingresso de televisão, rádio, livros e afins visando proporcionar maior conforto durante a internação hospitalar. Conclusão: Conclui-se que as estratégias utilizadas pela psicologia hospitalar, na UTI, proporcionam ao paciente e sua família maior conforto durante o processo de hospitalização. Nesse contexto a atuação do psicólogo hospitalar está intimamente relacionada à redução da Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 131 angústia provocada pela hospitalização, tendo por meta esclarecer o significado e a importância dos procedimentos médicos, oferecer a escuta para o desabafo das angústias, compreensão de sentimentos e reações, dos familiares e equipe (Moura e Nascimento, 1990). Acredita-se que o paciente sofra com a hospitalização, com o diagnóstico e com o tratamento, pois esses aspectos o privam da convivência familiar e social. Por esta razão é importante oferecer espaços prioritariamente humanizados para que o paciente e a família possam amenizar suas angústias, decorrentes do procedimento médico e da internação, promovendo desta forma uma participação mais efetiva do paciente e do grupo familiar no processo de recuperação. Palavras-chave: humanização, saúde, psicologia hospitalar, UTI Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 132 P28 AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA SÍNDROME DE HALLERVORDEN – SPATZ Beatriz Saba Ferreira, Delson José Silva, Maria das Graças Nunes Brasil, Sandra de Fátima Barboza Ferreira Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás Pontifícia Universidade Católica de Goiás Introdução: A Síndrome de Hallervorden- Spatz (SHS) é uma condição autossômica recessiva progressiva rara da infância e da adolescência caracterizada por marcha em bloco, enfraquecimento distal, disartria e, ocasionalmente, demência. Objetivo: Este trabalho teve como objetivo demonstrar a adaptação de instrumentos neuropsicológicos e a flexibilização da bateria de testes para a realização da avaliação neuropsicológica na síndrome de Hallervorden Spatz, ilustrando dois casos clínicos atendidos no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás. Método: Participaram deste estudo dois pacientes diagnosticados com SHS. Paciente A: 32 anos de idade, sexo masculino, destro, estudou até a 7ª série. É o 5º filho de uma prole de nove. Segundo dados da mãe os sintomas iniciaram aos nove anos de idade com episódios de convulsões febris. Aos 10 anos apresentou fraqueza muscular e quedas frequentes, protusão da língua e dificuldades na fala. Intervenção cirúrgica para extração dos dentes. Aos 14 anos, após quadro infeccioso na perna apresentou dificuldades progressivas na marcha e atrofia de membros inferiores. Uso atual de cadeira de roda. Paciente B: 33 anos de idade, sexo masculino, destro, cursou até a 3ª série do ensino fundamental. Ele é o 4º filho de uma prole de nove. Os sintomas iniciaram aos 10 anos de idade com manifestações na fala (disfluência). Refere Desenvolvimento Neuropsicomotor e processo de alfabetização normal. Estudou até a 2.ª Série. Aprendeu a ler e fazia cálculos matemáticos. Chegou a trabalhar como ajudante de pedreiro até os 15 anos quando se instalaram progressivamente as dificuldades na marcha e a disartria. Uso atual de cadeira de roda. Há três anos perdeu autonomia para atividades da vida diária: higiene e alimentação. Comunica-se por paralinguagem (movimentos oculares) e escrita. Após cinco meses da realização da avaliação foi a óbito. A avaliação Neuropsicológica foi realizada de forma adaptada. Utilizaram-se testes visuais como Labirinto, Trail Making, Raven e Sinos. Nos testes de linguagem como Mini- mental e Boston foram admitidas respostas verbais escritas visto que ambos encontravam-se disártricos. Resultados: Nos resultados o Paciente A apresentou dificuldades nos Testes de Nomeação de Boston no Teste Mini Mental evidenciando, além da anartria, a deterioração da linguagem, apresentando dislexia e declínio da capacidade intelectual, além de sintomas depressivos. O Paciente B apresentou dificuldades de atenção e de planejamento, no entanto, com preservação da linguagem. Apresentou menor controle manual (escrita marcada por tremor) a despeito da preservação da linguagem. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 133 Conclusão: A Avaliação Neuropsicológica constituiu-se num importante instrumento de acesso ao funcionamento cognitivo destes pacientes com graves alterações motoras, anártricos e com sintomas demenciais. Discutiu-se a importância do raciocínio clínico dos neuropsicólogos para a tomada de decisão e de seleção de instrumentos adequados. Palavras-Chave: Síndrome de Hallevorden Spatz, avaliação neuropsicológica, avaliação adaptada Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 134 P29 COMO AVALIAR E VIABILIZAR A PERMANÊNCIA DO FAMILIAR DE PACIENTES CONSCIENTES EM UTI. UM RELATO DE EXPERIENCIA Priscila Dias Pereira Hospital Regional de Santa Maria Introdução: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é destinada a receber pacientes clínicos, pós cirúrgicos e em estado grave que tenham possibilidade de recuperação. Porém a UTI é vista pelos pacientes e familiares como um lugar frio, carregado de equipamentos estranhos e alarmes incessantes, fatores que contribuem para o estresse psicológico dos pacientes. No caso de pacientes conscientes o estresse seguido de angústia e medo tendem a ser exacerbados e a possibilidade da presença do familiar pode trazer grandes benefícios durante o período de internação. Sabe-se ainda que a família ao se sentir incluída no processo de adoecimento do seu familiar passa a ter maior confiança na equipe se sentindo aliada no cuidado ao paciente. Objetivo: O objetivo deste artigo é descrever como foi possível avaliar e viabilizar a presença do familiar de pacientes conscientes em UTI. Método: Trata-se de um relato de experiência onde foi descrito passo a passo o trabalho de uma Psicóloga Hospitalar com o intuito de avaliar e possibilitar a permanência do familiar durante um período de 6 horas ou mais na UTI. Importante ressaltar que a equipe de Psicologia criou um protocolo de investigação a fim de avaliar se o familiar preenche os critérios para permanecer na UTI. Nesse protocolo contem informações e critérios que devem ser respeitados pelo familiar. Critérios como postura colaborativa, disponibilidade interna e compreensão das normas e rotinas da unidade devem obrigatoriamente ser preenchidos para possibilitar que o familiar permaneça na UTI. Resultados: Foi possível perceber que ao compreender e preencher os critérios do protocolo o familiar obteve a possibilidade de permanecer ao lado do ente querido hospitalizado, com isso os familiares puderam se sentir incluídos no processo do adoecer. Pode-se observar ainda que houve por parte dos pacientes uma redução significativa na ansiedade, angústia e na dificuldade de adaptação a rotina hospitalar, o que sugere que foi concretizado a tentativa de fazer do ambiente de UTI um local humanizado. Conclusão: Esse artigo relata a experiência de uma Psicóloga Hospitalar que atua em UTI e visa contribuir para a prática dos profissionais de Psicologia bem como agregar ao Psicólogo na UTI a possibilidade de benefício ao paciente e seus familiares. Palavras-chave: relato de experiência, protocolo, UTI, permanência do familiar, psicologia hospitalar Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 135 P30 AVALIAÇÃO DE SITUAÇÕES DE RISCO EM PROFISSIONAIS DA SAÚDE NO ÂMBITO HOSPITALAR Caroline Santa Maria Rodrigues, Mariana Esteves Paranhos, Waleska Jerusa de Souza Mendonça, Ângela Cristina Pratini Seger, Leticia Domingues Bertuzzi, Maria Rita Montano Coelho Hospital São Lucas da PUCRS Introdução: O trabalho desenvolvido em instituições de saúde já é sabidamente conhecido como uma atividade geradora de alto nível de estresse, sendo seu resultado conhecido através das taxas de síndrome de burnout que seguem aumentando. Aliado a isso, problemas em outros contextos, como familiar, social e econômico, proporciona ao profissional da saúde maior vulnerabilidade para comportamentos de risco que podem levar a quadros de grande sofrimento mental. Especificamente no ambiente hospitalar, por sua complexidade e acesso facilitado a materiais de alta periculosidade, é de extrema importância a identificação precoce de profissionais em situação de risco, visando a prevenção e a promoção de saúde mental destes. Assim, uma das atividades do Ambulatório de Funcionários do Hospital São Lucas da PUCRS é a realização de avaliação psicológica, tanto na modalidade de triagem como de emergência. Objetivos/Método: na modalidade de triagem, são utilizados instrumentais psicológicos como entrevista e testagem. O objetivo de tal avaliação é definir a problemática do sujeito para a realização de encaminhamento, que pode ser o de orientação de como manejar determinada situação e quais recursos psicossociais ele tem a sua disposição, para uma instituição externa, caso a necessidade extrapole os recursos que a instituição hospitalar dispõe, ou ainda, para atendimento no ambulatório interno do serviço de psicologia, criado exclusivamente para esta prática e subsidiado pelo hospital em questão. Quando a avaliação ocorre de maneira emergencial, o objetivo é o de oferecer segurança, proteção e satisfação das necessidades imediatas do profissional que busca ajuda. Algumas vezes, se busca auxílio de outros serviços, como o de psiquiatria ou social, para uma avaliação mais abrangente e global do indivíduo. Dentre as demandas de situações de risco que chegam ao Ambulatório de Funcionários do HSL estão o comportamento suicida, uso abusivo de substancia, violência doméstica e quadros de sintomas psicóticos. Ainda que estes, felizmente, não sejam a maioria das ocorrências das avaliações do ambulatório, a atenção é redobrada pelo potencial para desfechos negativos tanto para o próprio sujeito como na tarefa laboral que estes desempenham. Resultados/Conclusões: Os resultados das avaliações psicológicas neste tipo de problemática tem buscado uma ação interventiva eficiente, visando a segurança e bem estar imediato do avaliando, mas sobretudo, tem servido para pensar em ações preventivas na instituição. Desta forma a partir do conhecimento da realidade de muitos profissionais da saúde e dos pontos de maior vulnerabilidade desta população, se tem trabalhado em programas de valorização da vida voltado aos funcionários da instituição. Acredita-se que a avaliação psicológica deve sempre servir ao sujeito que a busca, mas também ao contexto social que se insere. Palavras-chave: avaliação psicológica, profissionais da saúde, situações de risco, prevenção Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 136 P31 COMISSÃO DOS DIREITOS DO PACIENTE ADULTO INTERNADO: POSSIBILIDADES DE AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO MULTIPROFISSIONAL Daiane Manoela Ferri da Cunha, Caroline Santa Maria Rodrigues, Letícia Leite, Mariana Esteves Paranhos, Maria Rita Montano Coelho, Ângela Cristina Pratini Seger Hospital São Lucas da PUCRS Introdução: A literatura especializada nos diz que tanto a violência quanto os maus tratos dentro da família e das instituições não é um problema isolado e nem recente. Acreditase que a violência se constitui num comportamento aprendido por meio de transmissão entre gerações através da família, do jogo, do esporte, da escola, das instituições e dos meios de comunicação. A pessoa adulta e enferma pode sofrer diversos tipos de violência principalmente por se encontrar em uma situação de dependência tanto por parte da família quanto por cuidadores e instituições de saúde. São vários os tipos de violência que surgem desta situação: agressão, violência física, psicológica, sexual, financeira, social e ambiental, violência familiar, maus tratos institucionais e abuso contra o enfermo. Cabe ressaltar que, para assegurar a saúde conforme preconiza a Constituição Federal de 1988, é necessário conhecer a realidade do paciente, seus direitos como cidadão e de modo geral como alguém que está fragilizado pela doença. É necessária a união dos profissionais de saúde com o objetivo de fornecer um trabalho humanitário, democrático com igualdade para que os direitos do paciente sejam respeitados, assim como preconiza o Sistema Único de Saúde. Objetivo: Considerando o número significativo de pacientes de diversas faixas etárias, internados nas diferentes unidades que acolhem os pacientes adultos do em um hospital geral da cidade de Porto Alegre/RS, com suspeita de negligência e maus tratos, ocasionados por instituições, familiares e cuidadores foi proposto a implantação de uma comissão para avaliar, tratar e prevenir estes casos. Visando proporcionar uma assistência que permita cessar e interromper o ciclo de violência constituído dentro ou fora da instituição, bem como, fortalecer a relação com as diferentes instâncias (rede básica de saúde, ONGs, instituições municipais, estaduais) que podem dar o suporte necessário para a pessoa que é vítima de violência após sua alta hospitalar. Método: A comissão se reúne semanalmente ou extraordinariamente, quando necessário, com o intuito de discutir, avaliar e propor intervenções nos casos dos pacientes adultos internados que envolvam algum tipo de violência familiar e/ou institucional. Todos os casos discutidos são registrados em ata e acompanhados durante todo o período da internação. A equipe é constituída por psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais, nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos, todos profissionais capacitados para trabalhar com situações de violência. No momento que os casos são identificados, são levados ao conhecimento da equipe para serem avaliados com o objetivo de buscar soluções Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 137 internas e caso necessário, encaminhamento aos órgãos competentes da instituição e/ou fora dela. O grupo também realiza interconsultas (intervenções em conjunto) com o paciente e/ou família tendo como proposta ampliar a eficácia das intervenções bem como facilitar a comunicação entre os envolvidos. Resultados/Conclusões: A adequada avaliação de indicadores de violência e a discussão em equipe multiprofissional propicia uma intervenção mais eficiente, pois permitem uma visão integral do paciente e seu contexto familiar e social assim como, a forma como se processam os cuidados recebidos na instituição de saúde. As comissões hospitalares são um importante instrumento permitindo também, a reflexão à cerca das práticas no ambiente hospitalar. Palavras-chave: comissão, hospital geral, avaliação, intervenção multiprofissional, violência Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 138 P32 TRANSTORNOS ALIMENTARES: ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA Débora Diegues; João Roberto de Souza-Silva Consultório Particular e Faculdades Metropolitanas Unidas Introdução: Os Transtornos Alimentares (TA) caracterizam-se por severas perturbações no comportamento alimentar (DSM-IV, 2002). A insatisfação com a imagem corporal é uma característica psicopatológica proeminente deste transtorno. Objetivo: O trabalho tem como objetivo uma revisão da literatura especializada sobre transtornos alimentares. Método: Levantamento não sistemático na base de dados Scielo utilizando como descritor transtornos alimentares. Foram encontrados e utilizados 21 artigos, disponíveis na integra e publicados entre 2011 e 2012. Resultados: O maior número de publicações (33%) ocorreu na área da Psicologia e na área da Psiquiatria (29%). 43% das publicações ocorreram em 2011 e 57% em 2012, sendo apenas uma publicação internacional. As pesquisas ocorrem predominantemente em campo (86%) e o tipo de pesquisa mais utilizado foi o quantitativo (61%). 33% das publicações abordavam o tema Anorexia, 14% o tema Bulimia e apenas 5% o tema Trantorno Dismórfico Corporal. 48% das pesquisas foram sobre instrumentos para avaliação psicológica de pessoas com TA, transtorno alimentares em geral e revisões biliográficas. Além disso, 78% das pesquisas de campo ocorreram com adultos, 17% com adolescentes e 5% com crianças. Apenas 17% ocorreram com grupos e somente uma publicação sobre famílias de pessoas com TA foi encontrada. Os instrumentos mais utilizados foram: Eating Attitudes Test (EAT-26) e Body Shape Questionnaire (BSQ). Aproximadamente 19% das pesquisas foram realizadas com universitários e os resultados apontaram que universitárias apresentam alta frequência de comportamento de risco para TA em todas as regiões do país. Conclusão: Por fim, novos estudos são necessários, inclusive sobre o transtorno alimentar na infância, sobre famílias de pessoas com TA e sobre possibilidades de intervenção. Palavras–chave: transtornos alimentares, comportamento alimentar, imagem corporal Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 139 P33 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DE PACIENTES CANDIDATOS A CIRURGIA BARIÁTRICA HOSPITALIZADOS EM INSTITUIÇÃO DE CUIDADOS PROLONGADOS: CONSTRUÇÃO DE UMA PRÁTICA Adriana Martins Ferreira Hospital Auxiliar de Suzano da Faculdade de Medicina de São Paulo Introdução: A obesidade mórbida é uma doença multifatorial, crônica, sendo definida pela organização Mundial de Saúde pelo índice de massa corporal (medida do grau de obesidade) acima de 30, sendo considerado como obesidade grau III. A resolução do Conselho Federal de Medicina n° 1.766/052, define que pacientes obesos, só podem submeter-se a essa cirurgia se tiverem comorbidades associadas e que estejam ameaçando a vida. O Hospital Auxiliar de Suzano - HAS é uma Divisão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de São Paulo que oferece tratamento médico-hospitalar a pacientes de cuidados prolongados encaminhados pelas diversas clínicas do Complexo HCFMUSP. No presente momento, dispomos de 06 leitos para pacientes obesos mórbidos, encaminhados pela Clínica de Cirurgia Bariátrica do Instituto Central que apresentam o IMC superior a 40 kg/m² e já tentaram tratamento médico ambulatorial, sem resultado satisfatório, alguns já foram submetidos à cirurgia bariátrica. A média de permanência destes pacientes no HAS é de quatro à seis meses, previamente a cirurgia bariátrica, sob os cuidados da equipe multidisciplinar, cujo objetivo de reeducação alimentar, redução de peso e acompanhamento psicológico. O serviço de psicologia tem como função auxiliar na ampliação da tomada de consciência das questões emocionais implicadas no processo de ganho de peso-emagrecimento, recursos emocionais disponíveis, nível de compreensão deste paciente sobre tratamento, fatores emocionais envolvido na manutenção deste quadro clínico. A longa permanência no hospital permite trabalhar com os pacientes nos níveis mais próximos da vida cotidiana, bem como o alto índice de privação alimentar, familiar, laboral, o que traz impactos emocionais importantes a serem pensados, facilitando no processo de avaliação deste paciente. Método: Entrevista semi dirigida, teste HTP e desenho-estória de Walter Trinca. Resultados: No período de maio de 2008 a maio 2012, foram avaliados quarenta e cinco pacientes, sendo observado que 90% apresentou prejuízos sociais importantes, e dificuldade em formar ou manter vínculos; muitas vezes comendo além do permitido pelo serviço de nutrição, sendo facilitado pelos outros pacientes e pela família; pensamento mágico em relação à cirurgia, atribuindo à técnica a resolução de todos os problemas de sua vida. Busca da comida diante perda afetiva; Em 100 % dos casos as compulsões são mecanismo de compensação por perdas não elaboradas; Comportamento manipulatório; Baixa auto-estima; Dificuldade em tolerar culpa e frustração; dificuldade em lidar com os conflitos de maneira simbólica, recorrendo à comida como recurso para encarar as exigências do meio; Quadros psiquiátricos; incluindo Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 140 às vezes, o uso de álcool e droga (11 pacientes). Conclusão: A cirurgia bariátrica é uma mudança no corpo, que é sempre um corpo simbólico, cheio de significados subjetivos, que provocará alterações na estrutura psíquicas tal qual se apresenta. Compreendo que a obesidade é uma defesa necessária à manutenção do equilíbrio, uma vez que, a maioria, os pacientes internados no HAS apresentam fragilidade emocional, dificuldades da função de pensar, prejuízos adaptativos significativos. Assim a ruptura abrupta pode predispor transtornos psiquiátricos graves, como indicado pela literatura.Portanto, a avaliação psicológica é fundamental pra que estas questões que dão contorno ao problema médico sejam trabalhadas, visando sucesso no procedimento. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 141 P34 UMA DESCRIÇÃO COM O PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH SOBRE O FUNCIONAMENTO PSÍQUICO DE PACIENTES OBESOS Lívia Kondrat Pinto, Walquiria Fonseca Duarte Instituto de Psicologia – Universidade de São Paulo Introdução: As mudanças ocorridas na sociedade e nos padrões de comportamento das últimas décadas, impulsionadas pelo crescimento econômico, globalização e urbanização contribuíram para a atual epidemia de obesidade, considerada hoje um problema de saúde pública e fator de risco para inúmeras doenças. Por ser uma doença multifatorial, seu tratamento é complexo e envolve a necessidade de mudanças nos hábitos e comportamentos alimentares, bem como do estilo de vida, devendo ser desenvolvido por uma equipe interdisciplinar. Objetivo: A presente pesquisa tem como objetivo identificar traços e características da estrutura e da dinâmica da personalidade de pacientes obesos por meio do Psicodiagnóstico de Rorschach. Método: A amostra foi composta por 19 participantes, sendo 15 mulheres e quatro homens, independentemente dos níveis socioeconômico e educacional. Os instrumentos utilizados foram o Psicodiagnóstico de Rorschach e as observações clínicas das avaliações psicodiagnósticas. Resultados: Os pacientes da presente amostra, de modo geral, possuem bom contato com a realidade e capacidade de ajustar suas condutas frente às demandas reais das situações, além disso apresentam dificuldades em formar percepções adequadas de si, do outro e dos eventos, possuem poucos recursos para lidar com as demandas e para implementar e planejar estratégias de ação e baixa tolerância à frustração, o que gera condutas impulsivas. Trata-se de pacientes que, apesar de apresentarem traços e características de personalidade narcisista, desvalorizam a si mesmo. Observa-se também imaturidade emocional e comprometimento da capacidade de estabelecer vínculos significativos com os outros, bem como a presença de passividade nos relacionamentos interpessoais. Conclusão: A partir do que foi exposto, é fundamental que esses pacientes possam ser acompanhados por uma equipe interdisciplinar para o tratamento de perda de peso, uma vez que a obesidade e o alimento possuem um significado na vida daquela pessoa. O emagrecimento faz com que o indivíduo se depare com uma nova realidade que exigirá dele novos recursos para lidar com essa situação, recursos esses escassos nesses pacientes. Palavras-chave: obesidade, avaliação psicológica, psicodiagnóstico de Rorschach Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 142 P35 HUMANIZAÇÃO DOS USUÁRIOS DAS UNIDADES DE SAÚDE: LIMITES E POSSIBILIDADES DA INTERVENÇÃO MULTIPROFISSIONAL Leide Jaiane Santana Borges, Ana Maria Matos Rodrigues Faculdade Social da Bahia A presente pesquisa foi elaborada com o intuito de construir uma visão crítica a cerca do processo de reducionismo das pessoas que utilizam o sistema público de saúde, estas deixam de “existir” quando o diagnóstico de uma doença crônica é confirmado. Haja vista que o deslocamento do olhar de muitos profissionais da área de saúde está voltado unicamente para a doença, limitando o indivíduo e impossibilitando que a descoberta, bem como o tratamento de outras possíveis doenças sejam identificadas sem ligação ao primeiro diagnóstico, ou seja, a singularidade do usuário é deixada de lado e este passa a ser visto como à doença que o assola. Surge daí um problema prático para as pessoas que necessitam de atendimento amplo e diferenciado, a exemplo dos portadores de hidrocefalia, esclerose múltipla, lúpus, esquizofrenia, entre outras doenças que possuem manifestações clínicas dúbias e/ou estereotipadas. O paciente que adquire ou nasce com esse tipo de doença, ao buscar atendimento para o tratamento de outras doenças, tem sua sintomatologia atribuída única e exclusivamente à patologia previamente diagnosticada. Vale ressaltar que o sujeito não se resume a uma lesão, e acontecimentos deste tipo denunciam a prática de muitos profissionais, que banalizam o atendimento diferencial desviando o foco para os sintomas. Deste modo faremos uma revisão bibliográfica a fim de identificar os principais déficits no atendimento multiprofissional do sistema de saúde, para compreender de que forma o psicólogo pode atuar na humanização deste atendimento possibilitando um olhar qualificado a cerca do serviço oferecido. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que seguirá pela identificação de textos em catálogos de editoras, bibliotecas, bancos de teses e periódicos. Portanto, como tema central do trabalho, tem-se a necessidade de responder ao seguinte questionamento: como os psicólogos podem atuar otimizando a dinâmica do tratamento diferencial, viabilizando uma mudança de posicionamento dos profissionais que não conseguem enxergar o indivíduo em meio à doença? Esta é uma tarefa árdua que para ser realizada necessita de profissionais comprometidos e éticos que busquem um trabalho conjunto, desvinculando-se do modo psicanalítico, compreendendo que o paciente não pertence exclusivamente ao espaço terapêutico, ou seja, este é atendido por uma rede da qual o psicólogo pertence, logo, este assume papel fundamental na equipe multiprofissional, inviabilizando um posicionando dogmatizado, quebrando os paradigmas interdisciplinares e avançando na construção de uma prática profissional voltada para as pessoas a fim de proporcionar melhorias na sua qualidade de vida. Palavras-chave: humanização, diagnóstico diferencial, reducionismo das pessoas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 143 P36 A UNIÃO FAZ A FORÇA: GRUPO COM PAIS DE CRIANÇAS INTERNADAS EM UMA UNIDADE PEDIÁTRICA Júlia Ferreira Pimentel, Nataís Bilhão Brites, Evelyn Soledad Reyes Vigueras, Patricia Pereira Ruschel Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia Introdução: A notícia de malformação cardíaca da criança interfere no processo de parentalidade de pais e mães de uma maneira muito intensa, afetando a vivência da hospitalização nestas famílias. O grupo de pais tem uma importância fundamental durante a hospitalização de crianças e de seus responsáveis, pois possibilita um momento de troca de experiências, de esclarecimento de dúvidas e de um maior conhecimento sobre a doença de seus filhos, bem como uma maior proximidade e vínculo com a equipe. É um momento no qual pode haver troca de informações e uma maior exteriorização dos sentimentos gerados pela hospitalização nestes pais. Objetivo: Identificar os principais sentimentos, dúvidas e experiências vivenciadas pelos pais frente à hospitalização de seus filhos. Método: Relato de experiência através da observação de uma sessão de grupo. Este ocorre semanalmente com familiares de crianças que estão internadas em uma unidade pediátrica de um hospital de referência em Cardiologia, em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O grupo é coordenado por uma psicóloga, uma residente de psicologia e um enfermeiro, sendo que neste dia foi observado por uma estagiária de psicologia. Os participantes do grupo foram oito, sendo destes sete mães e uma avó, de crianças internadas tanto na UTI pediátrica como na pediatria. Estas crianças nasceram com alguma cardiopatia congênita, sendo que destas, algumas necessitavam de tratamento cirúrgico e outras de tratamento medicamentoso. Resultados: Participaram deste estudo um total de oito familiares de pacientes, sendo que todos os responsáveis foram do sexo feminino. Percebeu-se então uma maior presença de familiares do sexo feminino durante a internação hospitalar destas crianças. Em relação aos sentimentos, os principais identificados foram de culpa por ter gerado uma criança doente e insegurança frente à alta hospitalar e aos cuidados pós-hospitalares. Além disso, foi falado da experiência de ver os filhos na UTI e da presença de diversos aparelhos, que monitoram a saúde destas crianças. As dúvidas trazidas foram em relação aos cuidados parentais na UTI e em relação aos cuidados pós alta hospitalar. Conclusão: Após a realização deste trabalho conclui-se que o grupo de pais é importante para que haja uma troca de experiências entre eles, bem como uma maior exteriorização dos sentimentos despertados pela hospitalização neles. Acredita-se que estes sentimentos, surgidos no grupo, devem ser trabalhados individualmente com os pais ao longo da internação hospitalar. O compartilhamento de experiências entre os pais, além de um contato mais próximo com a equipe, auxilia no fortalecimento e no suporte para o enfrentamento de situações difíceis, como a internação de uma criança no hospital. Além disso, percebeu-se, neste estudo, que ainda há uma maior presença de familiares do sexo feminino na internação hospitalar destas crianças, e que embora a literatura tenha trazido um aumento da presença de familiares do sexo masculino na hospitalização de seus filhos, esta tendência não foi confirmada neste estudo. Palavras-chave: grupo de pais, parentalidade, psicologia hospitalar Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 144 P37 DESVENDANDO MITOS E FANTASIAS DA CIRURGIA CARDÍACA: RELATO DE EXPERIÊNCIA DE GRUPO DE PACIENTES CIRÚRGICOS Nataís Bilhão Mombach Brites, Evelyn Soledad Reyes Vigueras, Cynthia Seelig Botelho Ferreira, Patricia Pereira Ruschel Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia Introdução: A hospitalização e a confirmação da necessidade de procedimento cirúrgico cardíaco despertam sentimentos, como ansiedade, angústia e medo. A psicoprofilaxia cirúrgica no Instituto de Cardiologia de Porto Alegre (IC/FUC) começou na década de 80, quando se iniciou o grupo de pacientes cirúrgicos, que ocorre até hoje. Este grupo tem como objetivo permitir que os pacientes verbalizem suas ansiedades e obtenham maior conhecimento sobre a sua cardiopatia e seu tratamento, permitindo, através da escuta do relato de outro paciente, um maior conhecimento dos procedimentos e rotinas, tanto do processo cirúrgico como da recuperação. Objetivo: Apresentar o a experiência do grupo de pacientes pré e pós-cirurgia cardíaca, realizado no IC/FUC. Metodologia: Relato de experiência. Resultados: O grupo de pacientes cirúrgicos é coordenado por uma psicóloga e uma residente de psicologia, contando com a participação de residentes das áreas de nutrição e enfermagem. Ele ocorre duas vezes por semana, com duração de uma hora. Os pacientes chegam ao grupo de duas formas: ou estão internados e são convidados pela equipe para participar, ou então, durante o encaminhamento para a cirurgia, ele recebe um material, contendo o convite para participar, ou seja, há a participação de pacientes em internação hospitalar e de pacientes que vem de fora, em ambos os casos há pacientes pré e pós-cirúrgicos. Somente no ano de 2012, participaram 233 pacientes, sendo que alguns deles participaram mais de uma vez, totalizando 403 participações, o que equivale a uma média de 34 pacientes mensais. Os temas mais abordados são os sentimentos despertados pela cirurgia e pela hospitalização como o medo do procedimento e de tudo que o envolve, a dificuldade em lidar com as limitações decorrentes da cardiopatia, rotinas na Unidade Pós Operatória (UPO), tubo, drenos, marca-passo, cada tipo de cardiopatia, entre as principais as valvulares e as coronarianas, a cirurgia, a dor no pós-cirúrgico, cuidados pós-alta, alimentação e retorno as rotinas no pós-alta. Discussão: A partir da experiência vivenciada no grupo e principalmente por acompanhar alguns destes pacientes no pós-cirúrgico, percebe-se o quanto ele é benéfico para o paciente, que com conhecimento das rotinas e procedimento consegue reagir de forma mais adequada às situações que ocorrem na cirurgia e na recuperação na UPO e depois na Unidade de Internação. Por outro lado, a participação dos pacientes pós-cirúrgicos engrandece a atividade, pois eles verbalizam a gratidão pelo trabalho realizado, mostrando aos pacientes que aguardam para a cirurgia o quanto é importante que eles retornem depois de realiza-las. O grupo é um importante dispositivo para diminuir Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 145 a ansiedade durante a internação, desmistificar fantasias, esclarecer dúvidas, dar vazão aos sentimentos e trocar experiências. Ouvir um outro paciente com a mesma cardiopatia referir o quanto a cirurgia foi bem sucedida e que sua qualidade de vida melhorou é muito mais concreto do que ouvir as mesmas falas da equipe médica e multiprofissional e é isso que faz do grupo de pacientes cirúrgicos uma atividade tão bem sucedida e reconhecida no Instituto de Cardiologia. Palavras-chave: cirurgia cardíaca, grupo de pacientes cirúrgicos, psicoprofilaxia cirúrgica Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 146 P38 SACOLA DE BRINQUEDOS: INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM ONCOPEDIATRIA Mariana Zuanazzi Saden, Michelle Teles Tourounoglou, Kelly Renata Risso Grecca, Randolfo dos Santos Junior, Maria Cristina de Oliveira Santos Miyazaki Hospital de Base de São José do Rio Preto (FUNFARME-HB) Introdução: O câncer infantil, por caracterizar-se como uma doença crônica, exige inúmeros ajustamentos, uma vez que a experiência é vivida como potencialmente traumática. Sua complexidade está associada a um longo período de tratamento, incluindo procedimentos invasivos e internações, onde a vivencia de dor, limitações físicas e situações desconhecidas e ameaçadoras. Os aspectos psicológicos resultantes desta vivência incluem introversão, isolamento, humor deprimido, ansiedade e agressividade. O brincar surge como possibilidade de mobilização de recursos internos e externos da criança com intuito de favorecer a expressão dos sentimentos e emoções, utilizando acesso a uma linguagem simples, de seu domínio, como forma de elaboração da vivência hospitalar. Através do brincar a criança pode desmistificar crenças disfuncionais relacionadas ao tratamento, modificando pensamentos e comportamentos. Devido ao comprometimento físico e baixa imunidade, estas crianças ficam restritas ao leito e são impedidas de manusearem brinquedos e objetos da brinquedoteca hospitalar. Reconhecendo a importância do brincar é que foi desenvolvido o projeto intitulado por “Sacola de Brinquedos” Objetivo: Favorecer a partir do brincar a adequação, suporte, adesão ao tratamento e humanização da rotina hospitalar. Visando melhorar a qualidade de vida durante a internação o projeto enfatiza o direito de brincar e a continuidade do desenvolvimento da criança em todas as áreas, física, cognitiva, afetiva, pessoal e social. Método: O projeto “Sacola de Brinquedos” é realizado diariamente na enfermaria da Oncopediatria do Hospital de Base de São José do Rio Preto com crianças em idade escolar. A sacola contém brinquedos lúdicos e educativos e é levada ao leito do paciente. A sessão lúdica dura aproximadamente 30 minutos. Este material é também disponibilizado a todos os profissionais que compõem a equipe multidisciplinar (Terapia Ocupacional, Fisioterapia e Pedagogia) que irão utilizá-los de acordo com suas práticas. Conclusão: A partir da utilização desta técnica é possível observar melhora do humor, maior aceitação das rotinas e favorável padrão de interação social entre pacientes e com a equipe de cuidados. Palavras-chave: oncopediatria, psiconcologia, brinquedo lúdico Referências: Mitre, R. M. A. Gomes, R. A promoção do brincar no contexto da hospitalização infantil como ação de saúde. Ciência e Saúde Coletiva, 9(1) :147-175, 2004. Motta, A B., Enumo, S. R. F. Intervenção psicológica lúdica para o enfrentamento da hospitalização em crianças com câncer. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, Jul-Set, 2010, vol. 26 n.3, pp 445-454 Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 147 P39 ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO UTILIZADAS PARA PARAR DE FUMAR APÓS DIAGNÓSTICO DE CÂNCER Brunna Lisita Chaves Instituto de Ensino e Pesquisa - Associação de Combate ao Câncer em Goiás Introdução: Apesar de alertados sobre o risco aumentado de desenvolvimento e recidiva de tumores malignos relacionados à continuidade do uso do tabaco e do álcool, aproximadamente 20% a 50% dos pacientes tratados por tumores malignos da cabeça e do pescoço mantém ou retomam esses hábitos após o tratamento (Gritz et al., 1993 e Vander et al., 1997, citados por Pinto et al., 2011). Na situação específica de parar de fumar, tem-se observado em pesquisas que o enfrentamento adequado pode prevenir a recaída do uso do tabaco. Por este e outros motivos, compreender a interação entre o desejo e as estratégias de enfrentamento pode ser útil no sucesso do abandono do uso de tabaco. Objetivo: O presente estudo relacionase á dois Estudos de caso, de caráter descritivo e teve por objetivo identificar as principais estratégias de enfrentamento utilizadas pelos sujeitos para parar de fumar após receberem o diagnóstico da doença. Mais especificamente, objetivou-se verificar se houve relação entre o diagnóstico de Câncer e o fim do tabagismo, e se há diferença entre os recursos utilizados por homens e mulheres. Método: Os dois sujeitos da pesquisa eram de ambos os sexos, ex-tabagistas, com idade de 57 e 69 anos, receberam o diagnóstico de câncer na região da cabeça e pescoço e realizaram o tratamento para o Câncer em um hospital especializado. Após ter sido avaliado e aprovado o projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da ACCG, a pesquisadora elegeu de forma aleatória dois pacientes que frequentavam o serviço de Psicologia do hospital especializado e que tinham o perfil desejado. A coleta de dados foi realizada utilizando dois instrumentos, uma entrevista semi estruturada e o Inventário de Estratégias de Enfrentamento de Folkman e Lazarus (1985, adaptado por Savoia & Mejias, 1996). As entrevistas foram gravadas em áudio, transcritas na íntegra e posteriormente, procedeu-se com análise temática de seu conteúdo, caracterizada por Biasoli-Alves e Dias da Silva (1992). Resultados: No caso do sujeito do sexo masculino, prevaleceram estratégias focadas no problema, sendo elas: Aceitação de Responsabilidade, Auto-controle e Afastamento. No caso do sujeito do sexo feminino conclui-se que a mesma sofreu influência das seguintes estratégias de enfrentamento: Afastamento, Auto-controle e Suporte Social. Conclusão: Nos dois casos, as estratégias mais utilizadas estavam voltadas para ação, sendo elas: Aceitação de responsabilidade, Auto-controle e Afastamento. A relação entre o adoecimento e a cessação do tabagismo também foi confirmada com os relatos dos dois sujeitos. Dentre as diferenças de Estratégias decorrentes do sexo dos sujeitos, observouse que a mulher buscou de forma mais intensa o suporte social. Durante a realização da Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 148 pesquisa, foram percebidos poucos estudos preocupados em compreender as dificuldades individuais que se estendem a um número significativo de sujeitos. Por esse motivo, esta pesquisa poderá contribuir para uma maior reflexão acerca do tema e consequente compreensão do universo dos fumantes, o que contribuirá para que as equipes de saúde, e especificamente, psicólogos da saúde, criem programas específicos, com intervenções pontuais e que terão maior chance de serem bem sucedidos. Palavras-chave: estratégias de enfrentamento, parar de fumar, câncer Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 149 P40 AUTOPERCEPÇÃO DE IDOSOS AVALIADA ATRAVÉS DE CONTEÚDO VERBAL E CONTEÚDO PROJETIVO Claudia Emi Regis, Eva Maria Migliavacca Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Introdução: Considerando as mudanças e perdas pelas quais passam os idosos e a probabilidade de desenvolverem sintomas depressivos, em função do modo de reagir de cada um, faz-se necessário um estudo enfocando os aspectos emocionais para melhor compreensão e manejo do processo do envelhecimento, beneficiando idosos e profissionais envolvidos. Na atualidade, são encontrados mais estudos com opiniões a respeito do idoso do que fatos concretos advindos da declaração dos próprios idosos. Objetivo: Este estudo-piloto teve como objetivo avaliar a autopercepção (compreendida como consciência e percepção física e social de si mesmo) de idosos através de conteúdo verbal e conteúdo projetivo. Método: foram utilizados um roteiro de entrevista semiestruturado, com questões abertas a respeito do envelhecimento e o teste Desenho da Figura Humana - DFH (Machover,1967), consistindo em solicitar ao indivíduo que desenhe duas figuras humanas inteiras; a partir do gênero da figura do primeiro desenho, solicita-se a produção de uma figura do gênero oposto. A população foi um grupo de idosos participante de um curso de meditação com duração de seis semanas oferecido num centro de convivência. A avaliação foi feita com nove pessoas em dois momentos: antes do início e após o término do curso. Resultados: observou-se de forma geral uma melhor percepção da própria condição pelos idosos, ampliando a perspectiva do que foi relatado (em relação ao vivenciado e ao futuro) no segundo momento da entrevista; foi observado maior comprometimento com a realidade, com dados concretos sobre a participação ativa no processo de envelhecimento. Posteriormente, do total, três participantes incluíram outros em sua fala, demonstrando um cuidado, ampliando a dimensão do envelhecimento: outros envolvidos no processo influenciando a percepção do sujeito. Nenhum sujeito modificou o conteúdo da resposta, mas foi identificada mudança na forma de expressão, na visão dos fenômenos questionados. Na segunda avaliação, quatro sujeitos responderam de forma mais objetiva e concisa, focando apenas na questão, se opondo ao primeiro momento em que sua fala foi mais generalizada e o conteúdo fugia do questionário. Inversamente, três sujeitos ampliaram suas respostas, apontando sua própria participação no funcionamento psíquico, em sua visão de vida, seja por características positivas ou não, visualizando suas queixas mais adequadamente. Sobre o desenho,dois sujeitos apresentaram piora na qualidade da produção, com traços imprecisos, falhas no contorno, e falta de elementos estruturantes. De modo geral, as figuras na segunda avaliação eram mais completas, mais próximas da realidade (ex: desenho do solo abaixo da figura), com traços mais definidos. Das nove figuras analisadas, cinco apresentaram Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 150 uma melhora na expressão facial, tornando-a menos estereotipada. Conclusão: é possível concluir que a avaliação em momentos distintos oferece uma riqueza de conteúdo relativa à autopercepção. O desenho favorece a expressão do sujeito de forma não inteiramente consciente e apresenta elementos não detectados na fala. A intervenção do curso de meditação pode ter modificado positivamente a autopercepção, favorecendo a consciência do corpo e da imagem corporal, além da presença de aspectos saudáveis relacionados a mecanismos de enfrentamento e maior contato com a realidade – maior consciência das fraquezas e dos recursos internos disponíveis. Palavras-chave: idosos, autopercepção, técnicas projetivas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 151 P41 CAIXA LÚDICA PARA IDOSOS UTILIZAÇÃO EM CONTEXTO HOSPITALAR Liliana Cremaschi Leonardi, Avelino Luiz Rodrigues, Kayoko Yamamoto Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Introdução: O envelhecimento é um processo de mudanças universais que se traduz em diminuição da plasticidade comportamental, aumento da vulnerabilidade, acúmulo de perdas evolutivas, possíveis crises em função das adaptações necessárias e probabilidade de morte. O ritmo, a duração e os efeitos desse processo comportam diferenças individuais e de grupos etários, dependentes de eventos de natureza genético biológica, sócio histórica e psicológica. A partir do material coletado através das entrevistas e escalas num projeto de avaliação da qualidade de vida em idosos, percebemos a necessidade de utilização de um instrumento que não produzisse a sensação de infantilização nos idosos. Diante disso, refletimos sobre os instrumentos existentes na psicologia que pudessem permitir e/ou facilitar à aproximação ao público idoso conferindo-lhe a atenção e importância que merecem. Percebemos que a técnica da caixa lúdica para crianças poderia ser adaptada ao público idoso, sendo apresentada vazia e solicitando seu preenchimento, surgindo a Caixa Lúdica para idosos (CLI). Objetivo: utilização da CLI em ambiente hospitalar. Método: Utilização de dois idosos na realização de três encontros individuais, uma vez por semana, durante aproximadamente uma hora cada no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo com a utilização da CLI refletindo sobre o adoecimento do corpo e a noção de sofrimento psíquico, além da aplicação do Mini Exame do Estado mental (MMSE). A pesquisa foi aprovada pelos Comitês de Ética do Hospital Universitário e Clínica Psicológica da USP. Resultados: A CLI permitiu coletar e reunir conhecimentos variados e profundos sobre a história de vida dos pacientes em um curto espaço de tempo, sendo possível realizar algumas intervenções terapêuticas que proporcionassem reflexões sobre os conflitos, ansiedades, fantasias, entre outros, funcionando como instrumento de aproximação, facilitando a conversação, na qual emergiram diversos assuntos de conteúdo emocional diferentes compondo um mosaico que lhe é peculiar. Conclusões: Sugere um momento único em que o paciente se sentiu acolhido havendo um “consentimento interno” para que o mesmo efetivamente se apropriasse de sua caixa e, por conseguinte, de sua história. Atua como elemento intermediário continente que, ao ser construído, traz à tona não somente as angústias e dores como também permite recordar e repensar sua história de vida, através da proposta de preenchimento com o que é importante para o indivíduo, o que lhe dá prazer, o que lhe nutre o coração, o que lhe toca internamente, integrando passado, presente e perspectivas de futuro, além dos aspectos preventivos. Palavras-chave: idosos, diagnóstico, práticas clínicas, prevenção Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 152 P42 THE USE OF GUIDED SELF-HELP DELIVERED BY MOBILE TECHNOLOGY IN PEOPLE WITH EATING DISORDERS Ariana Cunha Sousa Clarke, Valentina Cardi, Janet Treasure Introduction: Studies of guided self-help (GSH) for Eating Disorders (EDs) have showed to be beneficial. However, the majority have focussed on Bulimia Nervosa (BN) and/or Binge Eating Disorder (BED), Fewer studies have investigated the use of GSH trans-diagnostically or in people with Anorexia Nervosa (AN). It is common that following the outpatient treatment session patients are motivated to instigate change, but that it is difficult to sustain change in their home environment. Strategies to support change and overcome behavioural difficulties in an ecologically valid way may be of benefit. Objective: The aim of this pilot study was to test the acceptability, and benefit of a guided self-help intervention delivered via mobile technology in eating disorders (EDs). Method: Eighteen people with Anorexia Nervosa (AN) and eleven people with Bulimia Nervosa (BN) were included in the study for 3 weeks and self-report and behavioural assessments were made before and after the intervention which included 10 video clips, a manual and limited guidance. Results: The most reported positive comment associated with the use of the vodcasts was the increased awareness about the illness and its consequences. Adherence was good (29/31 subjects completed). A medium sized increase in Body Mass Index was found in participants with AN. A reduction in the frequency of purging and loss of control was also found amongst those with binge and purge symptoms. Eating disorders and mood symptoms significantly lowered (effect size range = 0.72/1.35), and improvement in cognitive flexibility were reported post-intervention in all groups. Conclusions: A guided self-help intervention delivered by mobile technology was both acceptable and associated with symptom change in people with EDs. Keywords: eating disorders, guided self-help, mobile technology Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 153 P43 CÂNCER DO COLO UTERINO: A IMPORTÂNCIA DO EXAME PREVENTIVO FRENTE À VISÃO DOS ENFERMEIROS E USUÁRIAS DE UM POSTO DE SAÚDE DE IMPERATRIZ-MA Maylani Sousa dos Santos, Layane Bastos dos Santos Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins Introdução: O câncer do colo uterino é uma doença maligna que acomete muitas mulheres e caracteriza um grande problema de saúde pública, pois a cada dia vem aumentando assustadoramente os índices de mortalidade. Este tipo de câncer é um dos quais ocorrem com mais frequência na população feminina, atrás apenas do câncer de mama, aumentando o número de mortes. Sendo assim, o rastreamento desta doença que vem acometendo mulheres de várias idades e níveis sociais, torna-se importantíssimo para diminuir o índice de mortalidade ocasionado por esta doença. Objetivos: O principal objetivo dessa pesquisa constitui avaliar a importância do exame de prevenção do câncer do colo uterino para os enfermeiros atuantes no posto de saúde. Estando incluso nesta equipe, o enfermeiro pode ser considerado um verdadeiro pilar, para que a ação preventiva possa ser oferecida de forma conhecedora, através das ações educativas, realizadas pela equipe de enfermagem da unidade básica para as usuárias do Sistema Único de Saúde – SUS que realizam o Exame Preventivo do Câncer do Colo Uterino. Método: Foi realizada uma pesquisa descritiva, com abordagem quantitativa, desenvolvida com enfermeiros que realizam a coleta de exame preventivo de um posto de saúde de Imperatriz-MA . O posto de saúde, conta com um quadro de quatro enfermeiros dentre os quais três destes, são responsáveis pelo exame de PCCU e um coordena os demais nesta atividade. Resultados: De acordo com os resultados obtidos, pode-se destacar que os enfermeiros entrevistados consideram o exame preventivo do câncer do colo uterino de grande relevância para a saúde da mulher, não podendo ser desprezado por nenhum profissional, nem tão pouco pelas mulheres que necessitam do mesmo para uma detecção precoce do câncer de colo do útero, o qual aumentará a possibilidade de cura desta patologia. Conclusões: É possível concluir, portanto, que esta pesquisa destacou-se e destinou-se aos fatores de avaliação quanto à importância do exame Papanicolau frente à visão dos enfermeiros e usuárias de um posto de saúde de Imperatriz – MA, onde o profissional de enfermagem deve estar atuando de acordo a necessidade da comunidade. Os mesmos para aumentar a adesão ao exame devem promover ações educativas em salas de espera, e orientando as mulheres durante as visitas domiciliares sobre a importância do preventivo. Palavras-chave: câncer do colo uterino, enfermeiro, mulher, preventivo Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 154 P44 USO DO CONTRATO ANTI-SUICÍDIO COMO RECURSO DE PRESERVAÇÃO DA VIDA NO TRANSTORNO BIPOLAR I: UM ESTUDO DE CASO Alexandre Castelo Branco Herênio, Otília Aida Monteiro Loth Pontifícia Universidade Católica de Goiás Introdução: De acordo com o Manual Estatístico dos Transtornos Mentais o transtorno bipolar, comumente conhecido como maníaco-depressivo, pode ser interpretado descritivamente como uma mescla de transtornos afetivos, podendo incluir: Episódio depressivo maior, Episódio maníaco, Episódio misto e Episódio hipomaníaco. O transtorno bipolar I é caracterizado pela presença de depressão unipolar com momentos onde se manifestam graus variados de agitação, euforia, impulsividade, irritabilidade e ideação psicótica. O uso de contratos no processo psicoterapêutico é amplamente sugerido pela Psicologia Cognitiva, com os mais variados objetivos. O contrato anti-suicídio é um documento produzido pelo terapeuta onde estão registradas alternativas ao comportamento suicida. Ao assinar o contrato, o paciente se compromete a utilizar estes recursos que podem ser, por exemplo, ligar para uma pessoa de confiança, repetir frases com crenças positivas, realizar técnicas de relaxamento, etc. Objetivo: O objetivo do presente estudo é testar o uso do contrato anti-suicídio como medida de contenção de comportamentos suicidas em uma paciente diagnosticada com transtorno bipolar I. Método: A participante, de nome fictício Ana, 46 anos, diagnosticada com Transtorno Bipolar I há 15 anos, faz uso diário de anti-depressivo, ansiolítico, anti-psicótico e estabilizador de humor. Ana realizou incontáveis comportamentos nocivos a sua sobrevivência, sempre com a intenção de se livrar de momentos de crise. Está em psicoterapia semanal há 6 meses e comentou ter realizado por volta de 11 comportamentos com intenção suicida nos últimos 2 anos, sendo que o último ocorreu na segunda semana de psicoterapia. A alta freqüência deste comportamento elucidou a necessidade da utilização de técnicas de contenção do mesmo. Para tanto, foi feito um contrato impresso em folha de papel A4, onde a paciente se compromete a utilizar, quando estiver em crise, algumas técnicas trabalhadas previamente em psicoterapia com 2 objetivos centrais: combater as crenças que precedem o comportamento suicida e a reprodução de técnicas de relaxamento respiratório e muscular. Alem disso, a paciente se compromete a ligar para alguma pessoa de sua confiança, ou, até mesmo, para o terapeuta. Resultados: Após 5 meses da utilização da técnica e 6 meses do início do tratamento psicoterapêutico, Ana relatou não ter realizado comportamentos suicidas, apesar de neste período ter enfrentado crises. Conclusões: Com base nos resultados obtidos, pode-se inferir que o contrato anti-suicídio é uma ferramenta eficiente no processo psicoterapêutico de pacientes com histórico ou pré-disposição ao comportamento de auto-extermínio. É Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 155 importante ressaltar que o contrato é um recurso terapêutico que deve ser utilizado para acrescentar ganhos no processo psicoterapêutico, sendo ele por si só uma ferramenta inócoa. Também considera-se que a relação de confiança estabelecida entre o paciente e o terapeuta foi de fundamental importância para a eficácia da técnica. Palavras-Chave: transtorno bipolar, suicídio, contrato terapêutico, psicologia cognitiva Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 156 P45 ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DE INSTRUMENTOS DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA PARA O CONTEXTO BRASILEIRO Carolina Ruiz Longato, Sonia Regina Pasian Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Departamento de Psicologia Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo Introdução: No Brasil, pesquisadores e clínicos que trabalham na área da Neuropsicologia enfrentam dificuldades com instrumentos avaliativos, dada escassez de testes padronizados para uso no contexto brasileiro. Verifica-se, portanto, necessidade de investimentos científicos na adaptação de instrumentos a serem utilizados em processos de avaliação neuropsicológica. Objetivo: Apresentar panorama (a partir de revisão bibliográfica) a respeito de investigações científicas brasileiras voltadas aos processos de adaptação de instrumentos de avaliação neuropsicológica para o Brasil, procurando verificar seus procedimentos técnicos e de análise de qualidades psicométricas. Método: Foi realizada busca bibliográfica no portal de pesquisa da Biblioteca Virtual em Saúde, no portal de periódicos da CAPES e na base Scopus, usando as palavras-chave: “avaliação neuropsicológica” ou “neuropsicologia”, combinadas uma a uma com as seguintes: “adaptação transcultural”; “adaptação de instrumento”; “padronização”; “validade”; “precisão” e “normas”. Foram selecionados artigos científicos publicados em periódicos indexados nas referidas bases bibliográficas, assim como teses e dissertações. Os artigos que apareceram mais de uma vez, em diferentes combinações de palavras-chave ou em mais de uma base consultada, foram computados uma única vez. Foram excluídos artigos que não tratavam de estudos de adaptação transcultural de instrumentos de avaliação neuropsicológica para a população brasileira, trabalhos de tradução e adaptação cultural para o português de Portugal e estudos de revisão de literatura. Os artigos selecionados (por especificidade ao tema em foco nessa revisão bibliográfica) foram examinados na íntegra, verificando-se procedimentos técnicos realizados na adaptação transcultural e estratégias tomadas para examinar qualidades psicométricas dos instrumentos de avaliação neuropsicológica pesquisados. Resultados: Foi possível identificar 54 trabalhos cadastrados nas bases de dados consultadas nos últimos 11 anos (2001 a 2012), proporção considerada reduzida frente à necessidade prática da área. Desse total, apenas oito artigos foram integralmente recuperados, subsidiando adequada análise nesse momento. Dos artigos recuperados, quatro realizaram tradução do instrumento da língua original para o português, além de procedimentos específicos de retrotradução do instrumento final. Seis artigos apresentaram estudos-piloto da nova versão do instrumento. Quatro realizaram procedimentos relativos à avaliação da fidedignidade, dos quais dois recorreram ao método da análise da consistência interna, um ao método das metades e um deles realizou dois métodos Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 157 (teste-reteste e consistência interna). Três estudos realizaram procedimentos relativos à análise da validade, sendo que um avaliou a validade de critério, um avaliou a validade de construto e um realizou ambos os métodos de verificação de evidências de validade. Não foram encontrados trabalhos que se propuseram a estabelecer normas avaliativas da nova versão do instrumento de avaliação neuropsicológica para o contexto do Brasil. Conclusões: A maioria dos estudos recuperados seguem diretrizes internacionais e nacionais de adaptação de instrumentos de avaliação psicológica, porém em contextos específicos e com amostras de conveniência, limitando a possibilidade de uso desses recursos técnicos na realidade brasileira. Esses trabalhos contribuem para se evidenciar sinais de validade e de precisão dos instrumentos de avaliação neuropsicológica para o contexto nacional, porém ainda numa reduzida proporção frente à demanda de processos de avaliação neuropsicológica existentes no cotidiano dos serviços clínicos. (CAPES). Palavras-chave: adaptação transcultural, avaliação neuropsicológica, revisão bibliográfica, psicometria, validade, precisão Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 158 P46 AFINAL, PRA QUE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NA CIRURGIA BARIÁTRICA? Jane Biscaia Hartmann, Camila Cortellete Pereira da Silva Hospital Universitário de Maringá Introdução: Com o aumento da prevalência da obesidade junto à população mundial e a facilitação do acesso desta à cirurgia bariátrica, no sistema de saúde pública ou privado, este grupo de pacientes ve-se na obrigatoriedade de submeter-se ao processo de avaliação e preparo para cirurgia bariátrica, como um pré-requisito para efetivação da referida cirurgia, geralmente indicada para os pacientes com excesso de peso, com índices de massa corporal acima de 40 kg/m² ou acima de 35 kg/m² com doenças associadas. Entretanto se por um lado existe a “obrigatoriedade” do laudo psicológico (ou psiquiátrico) no précirúrgico, para dar conta de um tratamento multidisciplinar, por outro lado isso não significa um reconhecimento ou valorização desta etapa de preparação para o início de um processo de tratamento por parte da equipe médica e muitas vezes nem mesmo por parte do paciente que “submete-se” a este formato de protocolo. Responsáveis pela avaliação psicológica, nós psicólogos enveredamos por um diagnóstico psicodinâmico, procurando investigar a(s) angústia(s) predominante(s), os tipos de defesa utilizadas, identificando vínculos e relações familiares/sociais, entre os múltiplos aspectos envolvidos na etiologia da obesidade, além de procurarmos efetivar um diagnóstico nosológico com verificação do estado mental, com descrição, intensidade e freqüência dos sintomas visando em muitos casos, uma classificação diagnóstica seja com o CID10 ou o DSM-IV. Efetuamos também um diagnóstico descritivo e psicodinâmico do paciente e para então atestar a “aptidão” do paciente para submeterse ao procedimento cirúrgico. Metodologia: Neste cenário, pretende-se apresentar relato de experiência do protocolo de avaliação e preparo para cirurgia bariátrica do Hospital Universitário de Maringá, advindo da experiência resultante de 16 anos de trabalho no Ambulatório Cirúrgico da Obesidade onde são atendidos 6 pacientes/dia e operados 4 pacientes/mês. Resultados e conclusão: tratando-se de um hospital escola e serviço de referência credenciado na macro região, tivemos a possibilidade de implantar um processo de avaliação e preparo para a cirurgia bariátrica, com um número mínimo de 8 sessões no pré-operatório (que pode ser estendido se necessário) onde a avaliação prevê a utilização de entrevistas clínicas, do Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister, as vezes do Teste Zulliger e atividades projetivas, visando um diagnóstico psicodinâmico e nosológico do paciente sem que isso acabe por impedir o acesso do paciente ao procedimento cirúrgico, como via de regra costuma acontecer. Esse processo passou a sofrer modificações a medida que os critérios de avaliação e exclusão foram “evoluindo” e sendo estendidos ao longo dos anos (deixando de ter uma idade mínima ou máxima, relativizando psicopatologias como fatores Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 159 de exclusão entre outros) e frente a uma característica bastante proeminente de tentativa de manipulação e dissimulação destes pacientes. Estes aspectos levaram ao delineamento de mudança no processo de avaliação e preparo cujo objetivo segundo passou a ser a sensibilização do paciente para um processo psicoterápico posterior à cirurgia, como forma de dar sentido e significado ao processo de adoecer e tratar o transtorno alimentar imbricado na obesidade mórbida. Palavras-chave: obesidade mórbida; cirurgia bariátrica; avaliação e preparo cirúrgico Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 160 P47 ALTERAÇÃO COGNITIVA NA PRESENÇA DE TUMOR CEREBRAL: CONTRIBUIÇÕES DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA Arlene de Castro Barros, Sandra de Fátima Barboza Ferreira Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG) e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GOIÁS) Introdução: A avaliação neuropsicológica investiga as funções cognitivas, emocionais e comportamentais, utilizando-se de testes e procedimentos padronizados, com objetivo diagnóstico, pesquisa ou auxílio no planejamento da reabilitação. As principais funções mentais e áreas avaliadas incluem orientação, atenção, memória e aprendizagem, linguagem e funções verbais, habilidades acadêmicas, organização e planejamento, percepção, funções motoras, humor, comportamento e personalidade (GIL, 2002). Neste trabalho destacar-se-á a aplicação da neuropsicologia ao conhecimento dos tumores cerebrais (PRICE, GOETZ & LOVELL, 2006). Os meningiomas constituem cerca de 15% dos tumores do Sistema Nervoso Central, têm crescimento lento, leve predomínio no sexo feminino, freqüente a partir dos 50 anos. É comum desencadear paraparesia (perda parcial das funções motoras dos membros inferiores), alterações comportamentais e cognitivas, do controle esfincteriano, e hipertensão intracraniana (ANDRÉ, 1999). A principal forma de tratamento é a cirurgia, sendo rara a necessidade de radioterapia ou quimioterapia (DEMPSEY & ALDERSON, 2006). Jones, Dempsey e Alderson (2006) apontam que os sintomas surgem de forma variada: cefaléia, diplopia horizontal (doença da vista que duplica as imagens dos objetos), papiledema, náuseas ou vômitos, desequilíbrio e descoordenação motora, febre intermitente, pulso e frequência respiratória anormalmente rápidos ou lentos. Muitas das funções cognitivas compartilham de trajetos nas conexões neurais (RATEY, 2002), podendo afetar a natureza e a gravidade dos sintomas cognitivos, devido ao tipo e crescimento do tumor cerebral. Sendo de grande incidência em adultos, os tumores cerebrais podem acarretar prejuízos cognitivos graves, alterações leves ou, ainda, ser assintomáticos. Objetivo: Apresentar as contribuições da avaliação neuropsicológica realizada em uma paciente com tumor cerebral meningioma, não cirurgiado. Método: Participante do sexo feminino, 72 anos, diagnosticada com meningioma, há 10 anos, porém assintomática até o início de 2011, quando começou a apresentar alterações da marcha, equilíbrio corporal, audição e visão. Avaliada durante o mês de junho de 2011, no Centro de Pesquisas e Práticas Psicológicas do Departamento de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica, em Goiânia-GO, apresentando déficits motores (equilíbrio e marcha) e sensoriais (auditivo e visual). Os instrumentos utilizados foram: entrevista semi-estruturada com paciente e filho (SPREEN & STRAUSS, 1998); Subteste Procurar Símbolos da Wais-III; Teste de Memória Lógica; Teste de Cancelamento dos Sinos; Três figuras e Três palavras; Teste Figuras Complexas de Rey; Teste de Trilhas Coloridas; Cartela do Roubo dos Biscoitos da BDAE; Teste de Nomeação Boston; Rey Auditory Verbal Learning Test – RAVLT; Teste Fluência Verbal – F.A.S e Animais; Visuopacial Organization Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 161 Test – VOT – Hooper; Clinical Dementia Rating Scale – CDR. O procedimento se deu com informações obtidas através de observações clínicas, exames laboratoriais e testes neuropsicológicos. Totalizaram sete sessões, concluídas com entrevista devolutiva à paciente e ao filho, e, entrega do relatório de avaliação neuropsicológica. Resultados: Dados obtidos da entrevista: em 2011, leve aumento do tumor cerebral e início de processo de hidrocefalia que, não corrobora para a sintomatologia apresentada, segundo neurocirurgião. Questionado quadro demencial inicial. Iniciou-se a avaliação neuropsicológica. Dados obtidos de testes psicométricos: funções alteradas (atenção alternada, memória operacional, memória auditivoverbal, pictórica, percepção auditiva, memória episódica, memória autobiográfica; destreza motora; planejamento, orientação do comportamento em direção a metas, flexibilidade mental); funções íntegras (emissão e recepção da linguagem; atenção seletiva, percepção visual, memória semântica, memória procedural, reconhecimento visual, leitura, praxia ideomotora, ideatória, construtiva; observada preservação da função com latência aumentada e velocidade do processamento diminuída). Conclusão: Heminegligência esquerda; prejuízo de memória imediata e remota. Prejuízo de funções executivas. CDR-1. A avaliação contribuiu no aprofundamento da investigação das alterações cognitivas e apontou um conjunto de alterações secundárias ao tumor: de atenção, sobretudo no rastreio visual e heminegligência esquerda, corroborando dados destacados por Price, Goetz e Lovell (2006). Estes achados apóiam a tese de possível quadro demencial, merecendo monitoramento. Palavras-chave: tumor cerebral, avaliação neuropsicológica Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 162 P48 ALTERAÇÕES NA PERCEPÇÃO VISUAL DE FORMA E TAMANHO EM PACIENTES ESQUIZOFRÊNICOS INTERNADOS E NO CAPS Ítalo Osman dos Santos, Rodolfo Messias Lessa, Alexandre Cavalcante Lira Wanderley, Edcarla Melissa de Oliveira Barboza, Gilmara Geisa Correia, Grace Ane Morgana Cavalcante de Queiroz, Maria Luisa Maia Nobre Paiva, Mariana Alves Santos, Marina Silvestre Barbosa, Jéssica Oliveira, Viviane Monteiro do Nascimento, Fernanda Santos Fragoso Modesto, Maria Lucia de Bustamante Simas, Renata Maria Toscano Barreto Lyra Nogueira Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal de Pernambuco Introdução: A esquizofrenia é um transtorno neuropsiquiátrico cujas lacunas acerca da etiopatogenia procuram ser superadas por aqueles que tratam e estudam esse transtorno. Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar alterações na percepção visual de forma e tamanho em portadores de esquizofrenia em acompanhamento no Centro de Atenção Psicossocial e Hospital Psiquiátrico utilizando estímulos visuais complexos. Método: Participaram 45 voluntários de ambos os sexos, faixa etária entre 20-45 anos com acuidade visual normal ou corrigida, que foram divididos em dois grupos. O grupo experimental (GEH) foi composto por 29 pacientes portadores de esquizofrenia do Hospital Escola Dr. Portugal Ramalho na cidade de Maceió-AL, todos devidamente medicados. O grupo experimental (GEC) foi composto de 16 pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) Casa Verde e Maria Salete Silva na cidade de Maceió-AL, também devidamente medicados e diagnosticados como portadores de Esquizofrenia. Para o experimento foram utilizados como estímulos visuais 24 quadros do artista Salvador Dalí, 15 quadros da artista BevDoolittle e 10 pranchas de Rorschach. Após a coleta de dados, o pesquisador mediu as figuras circuladas em cada quadro em centímetros, e posteriormente as transformou em grau de ângulo visual para a análise estatística, utilizando a fórmula matemática a seguir: Tang a = Tamanho da figura (cm) / Distância do observador (30 cm). Resultados: Na análise de desempenho de cada grupo, as medias angulares por categoria de estimulo foram para GEH: (Dalí: 17,2; BevDolittle: 19,3; Rorschach:18,7), e para o GEC: (Dalí: 15,8; BevDoolittle: 17,1; Rorschach: 18), com isso, de acordo com os dados estatísticos foi notada uma maior predileção dos pacientes dos Hospitais por imagens maiores, sendo que 66% destes pacientes escolheram figuras com ângulos de 15° e 20º, e nos pacientes dos CAPS 44% preferiram figuras com 15° e 20º. Conclusão: Constatouse que há alterações na percepção visual da forma em esquizofrênicos, ou seja, as propriedades inerentes a esse transtorno são capazes de alterar os mecanismos desse processamento. Ademais, foi observada ainda uma diferença entre os próprios portadores do transtorno, já que aqueles que se encontravam no Hospital Psiquiátrico (GEH) apresentaram respostas em que a média geral de ângulo visual foi maior do que a encontrada em pacientes usuários dos CAPS (GEC), o que sugere que a gravidade dos sintomas e seu tipo sintomatológico exerçam, de certa forma, uma influência sobre suas respostas. Palavras-chave: esquizofrenia, percepção visual, CAPS, hospital Apoio financeiro: CNPq Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 163 P49 ASPECTOS PSICOLÓGICOS RELACIONADOS À RETINOPATIA DA PREMATURIDADE Alcione Aparecida Messa, Juliana Maria Ferraz Sallum, Ricardo Belfort Mattos Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP Introdução:A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença ocular que acomete bebês prematuros, como consequência da condição de imaturidade e da sobrevivência dos mesmos, entre outros fatores de risco. O nascimento prematuro com sequelas oculares apresenta desafios para a família, incluindo a aceitação e adaptação para os tratamentos. Os conteúdos emocionais da vivência dos pais são diversos e influenciados pela instabilidade do período perinatal de seus filhos. Objetivo: Avaliar os aspectos psicológicos dos pais e/ou cuidadores de crianças com retinopatia da prematuridade em relação à doença ocular de seus filhos. Métodos: utilizou-se entrevista psicológica semidirigida orientada por um roteiro prévio. As entrevistas foram transcritas e organizadas em eixos temáticos, analisados segundo a técnica de análise de conteúdo. Os participantes da pesquisa foram pais de crianças até três anos, prematuras, com diagnóstico de Retinopatia da Prematuridade, com ou sem tratamento prévio, e ausência de sequelas neurológicas, atendidas no Departamento de Oftalmologia da UNIFESP. Resultados: Participaram da pesquisa 43 indivíduos. As entrevistas foram organizadas em eixos temáticos: prematuridade e impacto do diagnóstico, compreensão da doença, experiência e adaptação ao ROP, dificuldades, influência positiva, mudanças, expectativas e impressões e futuro.Conclusão: o diagnóstico de ROP é impactante para os pais, compreendido a partir de seu repertório sociocultural e escolaridade e amenizado pela presença de suporte familiar e profissional; o processo de adaptação é único e específico de cada família; as dificuldades são sentidas frente ao posicionamento social da criança; as famílias se adaptam em uma reorganização financeira, de papéis e adiamento de projetos; a vivência dos pais é permeada por confusão de sentimentos; a vivência apresenta ganhos como transformações pessoais e reorganização de valores possibilitando aos pais manterem um vínculo positivo com a criança e esperança na melhora; a insegurança e receio de sequelas são superados à medida que os pais se asseguram da estabilidade da criança e do desempenho de seus papéis nos cuidados. A entrevista psicológica mostrou-se um instrumento adequado para a obtenção dos resultados da pesquisa. Palavras-chave: fenômenos e processos psicológicos, retinopatia da prematuridade, baixa visão Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 164 P50 ASSOCIAÇÃO ENTRE PRESSÃO ARTERIAL, ESTRESSE PERCEBIDO E CORTISOL SALIVAR EM TRABALHADORES DO SETOR ADMINISTRATIVO DE EMPRESA DE TRANSPORTES Andressa Melina Becker da Silva, Vanessa Marques Gibran, Sônia Regina Fiorim Enumo Pontifícia Universidade Católica de Campinas/SP Introdução: Os funcionários do setor administrativo de empresa de transportes são caracterizados por trabalharem exaustivamente, fazendo transações burocráticas, tecnológicas e sistemáticas, o que pode gerar um quadro de estresse. Esta condição, associada a várias horas sentadas em frente a um computador (sedentarismo), pode desencadear um aumento na pressão arterial, levando a prejuízos para a saúde. Muitas vezes, esse estresse não é percebido devido à rotina, mas medidas objetivas, fisiológicas, como a concentração de cortisol na saliva ou no sangue, indicam haver um estresse instalado. Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a existência e o tipo de associação existente entre pressão arterial, estresse percebido e cortisol salivar em trabalhadores do setor administrativo. Método: Primeiramente, todos os princípios éticos de pesquisa com seres humanos foram seguidos. Participaram do estudo 37 funcionários do setor administrativo de uma empresa de transportes, de ambos os gêneros, com idade média de 34,71 anos (DP = 8,57). Para aferição da pressão arterial, utilizou-se um esfignomamometro devidamente calibrado. Para a coleta de cortisol salivar, utilizou-se o tubo Salivette® e análise bioquímica conforme método ELISA. Aplicou-se também a Escala de Estresse Percebido, instrumento validado. Empregou-se estatística descritiva de Regressão Linear Simples, já que, após realizar os testes de Kolmogorov-Smirnov e de Levene, percebeu-se que os dados tinham uma distribuição normal e homogênea. Resultados: Em relação à pressão arterial, 48,64% dos participantes apresentaram pressão arterial normal ou ótima, 16,21% pressão arterial limítrofe e 35,13% apresentaram algum nível de hipertensão arterial. Todos os participantes estavam com altos níveis de estresse percebido, acima da média, e 35,3% estavam com as concentrações de cortisol salivar acima do recomendado para população adulta saudável, segundo normativas laboratoriais. Não houve associação significativa entre pressão arterial e estresse percebido, nem para pressão arterial e cortisol salivar; mas, houve associação significativa e positiva entre estresse percebido e cortisol salivar (p ≤ 0,010). Conclusões: Os dados mostram que, à medida que há aumento dos níveis de estresse percebido, também se elevam as concentrações de cortisol salivar. Alguns funcionários apresentam hipertensão arterial e, portanto, precisam de acompanhamento médico. Entretanto, nem a hipertensão, nem a normotensão foram influenciados pelo nível de estresse, seja ele percebido ou psicofisiológico. Estes dados requerem maior investigação para determinar quais hábitos de vida desses trabalhadores influenciam a pressão arterial, e, consequentemente, sua saúde. Apoio: CAPES (bolsa de doutorado para as primeiras autoras); CNPq/MCTI (bolsa de produtividade em pesquisa para a última autora, orientadora). Palavras-chave: cortisol, estresse, pressão arterial Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 165 P51 ASPECTOS PSICOMOTORES NA SÍNDROME DE KLIPPEL – TRENAUNAY Vanessa Marques Martins, Thais Nascimento Oliveira, Sandra de Fátima Barbosa Ferreira, Maria das Graças Nunes Brasil PUC –Goiás, HC-UFG Introdução: A Síndrome de Klippel – Trenaunay (SKT) está associada a mutação somática e também pode ser devida a alterações autossômicas ou anormalidade mesodérmica no período fetal. As manifestações clínicas dependem do segmento corporal afetado, geralmente um dos membros corporais, unilateralmente conhecida também como gigantismo circunscrito. Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar a avaliação psicomotora, realizada com um paciente diagnosticado com a SKT. Metodologia: Participou deste estudo uma criança em atendimento no Hospital das Clínicas, da Universidade Federal de Goiás, com cinco anos de idade, do sexo masculino, cursando o Jardim II, diagnosticada com SKT. Utilizouse a Avaliação Psicomotora de Picq e Vayer, com vistas a avaliar as seguintes condutas motoras: Coordenação dinâmica das mãos, coordenação dinâmica geral, equilíbrio/controle postural, controle segmentário/controle do próprio corpo, organização espacial, estruturação espaço-temporal, observação da dominância lateral e prova de rapidez, para uma possível reabilitação do paciente. Resultados: O exame clínico apontou para hipertelorismo, hiperhidrose, hemangioma cutâneo plano. Os resultados indicam performance rebaixada nas provas que demandam coordenação das mãos, coordenação dinâmica, equilíbrio e controle do próprio corpo. Porém, nas provas de representação e linguagem permaneceu dentro da média. Por outro lado, a criança apresenta crescentes dificuldades nas condutas motoras de base expressas desde a dificuldade em abrir a maçaneta da porta (preensão), alterações no equilíbrio derivadas do crescimento assimétrico do corpo e conseqüentes repercussões na coordenação das mãos, execução de movimentos simultâneos e equilíbrio dinâmico. Conclusão: Discutiu-se que essas condutas psicomotoras alteradas apresentamse secundárias ao gigantismo circunscrito, comprometendo a capacidade motora diária. A despeito de um esquema corporal adequado a criança apresentou no nível simbólico alterações na representação da imagem corporal, que refletem as desfigurações físicas provocadas pela síndrome. Palavras-chaves: Síndrome de Klippel – Trenaunay (SKT), psicomotricidade, imagem corporal Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 166 P52 CONTRIBUIÇÕES DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA SÍNDROME DE KLIPPEL – TRENAUNAY (SKT) Vanessa Marques Martins, Bruna Vaz de Melo e Freitas, Sandra de Fátima Barbosa Ferreira, Maria das Graças Nunes Brasil PUC –Goiás, HC-UFG Introdução: Síndrome de Klippel - Trenaunay é caracterizada por uma tríade sintomatológica que consiste na presença de hemangiomas capilares, hipertrofia óssea e de tecidos moles e dilatações nervosas. A etiologia é incerta, mas pode estar associada à mutação somática e alteração genética autossômica dominante. É também conhecida como gigantismo circunscrito e pode vir acompanhada por alterações cognitivas. Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar a avaliação neuropsicológica realizada com uma criança com diagnóstico de SKT com vistas a estabelecer seu perfil cognitivo, seu perfil intelectual e emocional. Metodologia: Participou deste estudo uma criança do sexo masculino, com cinco anos de idade diagnosticada com SKT, cursando o Jardim II, apresentando clinicamente a tríade sintomatológica da síndrome e ligado ao serviço de Pediatria do Hospital das Clínicas, da Universidade Federal de Goiás. (Foram realizadas 11 sessões, sendo uma sessão de entrevista inicial, nove de atendimento e uma de devolutiva). Procedeu-se a Avaliação Neuropsicológica utilizando-se dos seguintes instrumentos: Entrevista semi- estruturada com o paciente e com o responsável, Hora do Jogo Diagnóstico; Avaliação Psicomotora de Picq e Vayer; Adaptação da Escala Portage guide to early education (Escala para a avaliação do desenvolvimento infantil); Escala de Maturidade mental Columbia; Prova Gráfica de Organização Perceptiva (Santucci) e House- Tree,- Person (HTP). Resultados: O exame clínico apontou para hipertelorismo, hiperhidrose, hemangioma cutâneo plano, além de relatos de crise convulsiva desde os dois anos de idade. O exame Neurológico evolutivo (ENE) confirmou os sinais da síndrome SKT e o desenvolvimento cognitivo normal. A avaliação neuropsicológica indicou através da Escala de maturidade Mental Columbia nível intelectual médio superior. A Escala Portage to earlu education aponta como condutas adquiridas a repetição, o uso da forma condicional SE, uso de sentenças compostas, a nomeação de texturas; cores; posição, contagem, compreensão de instruções verbais e relatos de experiências diárias, A Avaliação Psicomotora de Picq e Vayer apontou como condutas adequadas ao nível de idade,o nível representativo e de linguagem, ao passo que a coordenação das mão, coordenação dinâmica, equilíbrio e coordenação do corpo apresentaram-se aquém do esperado. Conclusão: Discuti-se que essas alterações comprometam sua funcionalidade motora e que são secundarias à assimetria corporal impostas pela SKT. Discutiu-se ainda que a criança mantém vida intelectual rica com funções cognitivas preservadas, sendo estas, atenção, memória, percepção, linguagem e viso construção. Do ponto de vista emocional o paciente demonstrou ansiedade, alterações da imagem corporal e identificação projetiva com máquinas. Palavras-chave: Síndrome de Klippel – Trenaunay, avaliação neurpsicológica, gigantismo circunscrito, aspectos cognitivos Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 167 P53 A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA EM SITUAÇÃO DE DESASTRE: RELATO DA PRÁTICA NO INCÊNDIO DA BOATE KISS EM SANTA MARIA/RS Caroline Santa Maria Rodrigues, Leticia Domingues Bertuzzi, Ana Caroline Toledo Pires, Karina Kunieda Polido, Daiane Manoela Ferri da Cunha Hospital São Lucas da PUCRS; Prefeitura Municipal de Porto Alegre; Ciclus – Espaço de Cuidado Integral ao Luto; Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS Introdução: Em situações de crise e emergência, tanto a avaliação geral de danos acarretados, como a avaliação psicológica se fazem imprescindíveis ainda que em meio ao caos e à emergência da situação, pois estas precedem a ação, compreendendo justamente a análise de demandas psicológicas e a organização da intervenção psicológica que se fará a partir de então. Da compreensão do evento, destacam-se: os aspectos culturais, políticos e sociais; a identificação das problemáticas em saúde mental; a avaliação das necessidades psicossociais da população e a realização de orientações, que podem auxiliar a instauração de sentimentos de proteção e confiança em meio ao caos. Objetivo: A avaliação inicial do incêndio ocorrido na boate Kiss, no município de Santa Maria/RS, teve como identificação a ação comunitária através de grupos de apoio voluntário, grupos de salvamento e resgate das vítimas. O objetivo constitui-se de avaliar as preocupações e demandas dos familiares, as situações de risco, as reações agudas ao estresse, a articulação com os recursos de apoio e a realização de assistência prática. Método: No que tange ao apoio psicológico, profissionais com experiência na área das emergências propuseram um modelo de acompanhamento aos familiares das vítimas baseado na capacitação dos psicólogos voluntários que haviam prestado os primeiros auxílios às mesmas. Resultados: Através da avaliação realizada, a Secretaria da Saúde mantém aberto por 24 horas um CAPS na cidade de Santa Maria (local onde hoje é feita a assistência aos familiares) e na cidade de Porto Alegre (município com grande transferência de pacientes vítimas do incêndio), criou-se o Centro de Hospitalidade (local referência para o atendimento de familiares, abarcando necessidades sociais, físicas e mentais). Conclusão: Numa intervenção em emergência como a de Santa Maria, que abrangeu um grande número de vítimas e, portanto, de familiares, lidou-se com uma demanda para a qual os profissionais locais não estavam preparados. Neste caso, havendo uma gama de profissionais voluntários, contudo, sem a capacitação para uma intervenção em crise, a avaliação psicológica foi de extrema importância para a identificação de demandas e prioridades, e posteriormente, a organização da ação psicológica em si, que se dividiu em duas etapas: crise (acolhimento aos familiares durante a identificação das vítimas e cerimoniais e de despedida) e pós-crise (psicoterapia com enfoque no luto aos familiares e vítimas sobreviventes - esta etapa conduzida por voluntários locais após período de capacitação). Palavras-chave: avaliação psicológica, desastre Santa Maria, emergência, crise Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 168 P54 A COMUNICAÇÃO NAS ATIVIDADES EDUCATIVAS REALIZADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO Fernanda Seidel Bortolotti, Alexsandra Marinho Dias, Claiza Barretta, Janaina de Fátima Zdebskyi, Marcia A. Miranda Oliveira, Mariane de Almeida Flores, Tatiane dos Santos Diniz Universidade do Vale do Itajaí Introdução: Durante a internação hospitalar da criança o apoio social é fundamental para o familiar cuidador. Esse apoio às famílias e também aos pacientes pode ser ampliado através da construção de relações dialógicas, reduzindo seus temores e dúvidas. Empoderado pela informação, o cuidador torna-se melhor preparado para agir perante os problemas que as crianças internadas possam vir a enfrentar. Objetivo: Relacionar o diálogo e o uso de materiais lúdicos como importantes ferramentas da comunicação facilitadora na educação em saúde para cuidadores de crianças hospitalizadas. Método: O projeto de extensão Humanizar e Educar em Saúde é realizado em um Hospital Universitário Infantil e conta com acadêmicas das áreas de Psicologia, Fisioterapia e Nutrição. Os cuidadores são convidados a participar através de convites feitos nos quartos, em seguida os mesmos são acolhidos no ambiente destinado as reuniões e conduzidos a participarem ativamente na roda de conversa. Os temas são discutidos por meio de uma conversa informal e materiais lúdicos. Nessa conversa são esclarecidas dúvidas dos cuidadores sobre os diversos temas relacionados à saúde, oportunizando o aprimoramento do conhecimento e da comunicação. Ao final do encontro os beneficiados realizam uma avaliação da reunião através de um questionário que possibilita indicarem se a reunião foi boa, regular ou ruim, também dá-se a oportunidade de deixarem alguma sugestão. Resultados: O uso do material lúdico no hospital contribuiu para uma conversa mais dinâmica, fluída e informal entre os cuidadores e os integrantes do projeto. De acordo com as falas dos cuidadores, o encontro foi avaliado como bom, com sugestões e comentários positivos. Conclusões: Percebe-se que a conversa informal e a utilização de materiais lúdicos são essenciais para a construção de uma comunicação facilitadora, que por sua vez garante benefícios verdadeiros e concretos aos cuidadores. A utilização dessa combinação é altamente indicada a ser implantada nos hospitais, objetivando melhorar a qualidade do atendimento e da comunicação entre os profissionais da saúde e os usuários serviço. Por fim, conclui-se que os cuidadores tem seu aprendizado sobre as condições de saúde facilitado através das estratégias adotadas, ampliando o entendimento que têm a respeito do estado da criança. Desse modo, melhora-se o relacionamento entre acompanhante e internado, já que o primeiro conhece e sabe como agir em relação ao momento do segundo. Palavras-chave: hospitalização, lúdico, comunicação, saúde, cuidadores Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 169 P55 CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO HOSPITAL REGIONAL DE ASSIS: UM LUGAR DE SONHO, DE FANTASIAS E DE RECUPERAÇÃO Patrícia Arras Bertozzi, Helena Rinaldi Rosa, Maria Luísa Louro de Castro Valente Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e Letras – Assis Introdução: O ambiente hospitalar geralmente é conhecido por ser um lugar que remete a dor e angústia, por este motivo os pacientes sofrem um abalo emocional na sua entrada, o que pode dificultar sua recuperação durante sua internação. A maioria das pessoas internadas já conhece alguém ou no mínimo ouviu relatos de algum conhecido que teve seu estado agravado nesse lugar, por este motivo é necessário uma intervenção para modificar essa imagem de um hospital mórbido, assim, transformando-o em um local de reflexão e recomeço, sendo a leitura um meio para isso. Deste modo, foi realizado este projeto, que contava com a participação de 16 alunas do curso de Psicologia da UNESP, com o objetivo contar histórias a pacientes internados no Hospital Regional de Assis-HRA, nas enfermarias de diversas especialidades como a Pediatria, a Clínica Médica e a Cirúrgica. Método: A modalidade de textos utilizados foi o conto de fadas, sendo estes separados e discutidos nas supervisões semanais do grupo, para que sejam posteriormente transmitidos aos pacientes dispostos a compartilhar seu tempo e atenção com os alunos voluntários. As alunas compareciam semanalmente às clínicas que participavam do projeto, em duplas ou trios, e liam os contos por cerca de 30 a 45 minutos, em cada leito individualmente. Resultados: Ler para o outro permite estabelecer uma relação de atenção e vínculo, não só entre os vários fragmentos de uma história, mas também entre o leitor e os ouvintes, além de criar laços afetivos e de respeito mútuo, partilhar mundos em fantasia e memórias coletivas de um passado que conforta e reassegura no presente. Podemos considerar que algumas histórias já são conhecidas por um grande número de pessoas, no entanto, em cada momento e idade e, em função das experiências vividas, o que nos mobiliza, encanta e o significado que nos atrai é diferente a cada momento. Qualquer que seja a idade de nossos ouvintes e o lugar em que escutam os contos, as histórias, os mitos a serem apresentados, para todos eles o sentido e o significado se fará presente e poderá ser apaziguador de sofrimento, facilitando interpretações outras para o já conhecido e fator de consolo e, se possível, mitigador de solidão. Busca ainda este projeto, ao colocar alunos no hospital geral, realizar treino de escuta diferenciada para que possa progressivamente se tornar uma escuta técnica, preparando-os para o futuro atendimento psicológico com o desenvolvimento de raciocínio clínico, treinando-os para elaborarem suas ansiedades e perceberem a impotência do profissional da saúde frente ao sofrimento que percebem no outro. Conclusões: Entendemos que as histórias transmitidas aos pacientes, quais Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 170 sejam os contos, mitos ou lendas são a porta de entrada não só para a simbolização de sentimentos e emoções, mas também uma via que proporciona a construção de alternativas para a resolução de situações conflituosas pelas quais o indivíduo passa no momento da internação. Isto visto que as histórias falam ao ego, proporcionando seu fortalecimento e desenvolvimento para uma posterior ação frente à vida e ao sofrimento. Palavras-chave: histórias, pacientes, recuperação Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 171 P56 HÁ UMA RELAÇÃO ENTRE ESTRESSE COTIDIANO DURANTE A INFÂNCIA E ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS E NEUROPSICOLÓGICAS EM IDOSOS? Martina Mazzoleni, João Carlos Centurion Cabral, Gessyka Wanglon Veleda, Letícia Costa Alves, Mônica Cardoso Reguffe, Vera Torres das Neves Universidade Federal de Rio Grande Introdução: A maturação do sistema nervoso é suscetível à interferência de fatores ambientais, os quais podem resultar na liberação de certos neurotransmissores, hormônios e fatores neurotróficos. Estes são fundamentais, principalmente em períodos chave, para o desenvolvimento cerebral. O estresse infantil precoce pode acarretar em alteração neurodesenvolvimental, podendo originar prejuízos funcionais a estruturas como o hipocampo, amídala e córtex pré-frontal. Crianças vítimas de negligência, abusos físicos e/ou sexuais tendem a apresentar um nível de secreção de cortisol basal elevado, possivelmente, através de uma alteração no funcionamento do eixo hipotálamo-pituitário-adrenal. Ainda, estas alterações podem deixar os indivíduos vulneráveis a certos tipos de psicopatologias e interferir no seu perfil neuropsicológico. No entanto, poucos estudos objetivaram investigar a associação entre estresse infantil cotidiano e alterações comportamentais e cognitivas de longo prazo. Objetivo: Deste modo, objetivamos avaliar as relações entre exposição a estresse cotidiano durante a infância e alterações comportamentais e neuropsicológicas em idosos. Método: Inicialmente, foram agendadas visitas domiciliares a 147 idosos (idade média 69,9; DP = 6,7) livres de doenças incapacitantes. Cada coleta de dados durou cerca de duas horas, nestas os participantes responderam um questionário sociodemográfico e de saúde, no qual o perfil de estresse infantil do cotidiano foi avaliado através de questões que visaram minimizar o viés da percepção individual sobre os eventos, assim, nos atemos a condições socioeconômicas e reprovação escolar. Além disso, foram aplicadas escalas para mensuração do estresse (Escala de Estresse Percebido; Escala Hassles & Uplifts; Escala de Reajustamento Social), escalas para avaliações clínicas (Escala de Depressão Geriátrica; Inventário Beck de Depressão; Inventário Beck de Ansiedade; Escala de Avaliação Clínica de Demência) e uma bateria de testes neuropsicológicos (Escalas de Fluência Verbal Semântica (Animais e Frutas); Teste de Trilhas (A e B); Teste Stroop; Digit Span; Teste de Memória de Lista de Palavras; Teste Códigos). Também foram coletadas amostras de saliva para mensuração basal da fração livre do cortisol através do método ELISA. Os dados foram analisados através do coeficiente de correlação rô de Spearman e regressão linear. Resultados: Deste modo, constatamos uma associação significativa entre estresse infantil e doenças cardiovasculares e correlações negativas entre esses eventos e autorrelato de quantidade horas de sono durante a vida adulta. Também constatamos correlações negativas Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 172 entre exposição aos estressores na infância e medidas de funções executivas, no entanto, não vimos qualquer associação com mensurações de memória hipocampo-depente. Conclusão: Estes resultados podem refletir vulnerabilidades distintas de estruturas do telencéfalo, dado o padrão e os períodos críticos de maturação deste, uma vez que as nossas medidas de estresse do cotidiano não afetam ou não são percebidas por crianças nos primeiros anos de vida. Portanto, como o desenvolvimento do córtex pré-frontal, estrutura responsável pelas funções executivas, ocorre tardiamente se comparado a outras estruturas cerebrais, esse pode ser mais suscetível a interferências danosas que correspondam ao período escolar e à percepção socioeconômica e de conflitos familiares. Concluímos que estressores do cotidiano em crianças podem acarretar em alterações de longo prazo ou permanentes, interferindo em padrões neuropsicológicos e de saúde. Palavras-chave: estresse infantil precoce, alterações neurobiológicas, neurodesenvolvimento, traumatologia do desenvolvimento Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 173 P57 CONCEPÇÕES SOBRE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS NA ATENÇÃO BÁSICA: O PACTO DENEGATIVO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE Waleska Rodrigues Silva, Rodrigo Sanches Peres Universidade Federal de Uberlândia Introdução: As políticas públicas de saúde vigentes voltadas à temática “álcool e outras drogas” valorizam a articulação do cuidado aos usuários no âmbito da rede de atenção básica à saúde, na qual está inserida a Estratégia de Saúde da Família. Porém, sabese que as concepções dos profissionais de saúde acerca de tal temática influenciam a efetividade das políticas públicas. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi analisar as concepções de profissionais de saúde de nível superior que atuam na Estratégia de Saúde da Família acerca da atenção em saúde a usuários de álcool e outras drogas. Método: A coleta de dados envolveu o emprego de um roteiro semiestruturado de entrevista junto a 12 participantes, sendo quatro médicos, quatro enfermeiros e quatro psicólogos. Os dados coletados foram submetidos à análise temática de conteúdo e interpretados à luz de aportes teóricos psicanalíticos. Resultados: A partir da análise temática de conteúdo, os dados foram organizados em cinco grandes categorias, as quais foram intituladas da seguinte forma: 1) “Ser ou não ser... lícita ou ilícita”, 2) “É (en)caminhando que se faz o caminho”?, 3) “Muitos caminhos para um só lugar” 4) “O usuário de álcool e drogas: um ilustre desconhecido” e 5) “As dificuldades do dia-a-dia”. Nesta oportunidade, optou-se por privilegiar os resultados referentes à segunda categoria. Tais resultados apontam, em linhas gerais, que os participantes possuem concepções acerca dos usuários permeadas por preconceitos e estigmas, o que gera dificuldades para o empreendimento de ações de saúde e os leva, na maior parte das vezes, a apenas realizar encaminhamentos. Interpretados à luz de aportes teóricos psicanalíticos, os resultados em questão sugerem o engajamento dos participantes em um pacto denegativo, ou seja, em uma aliança inconsciente que implica, em última instância, na renúncia dos mesmos em relação aos usuários de álcool e outras drogas. Conclusões: Novos estudos são necessários para que se possa compreender se fenômenos análogos podem ser observados também em outros níveis de atenção e, assim, obter uma melhor compreensão a respeito dos obstáculos à efetivação das políticas públicas. Palavras-chave: drogas, profissionais de saúde, políticas de saúde Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 174 P58 MORTES ANUNCIADAS: IMPLICAÇÕES PARA O LUTO DOS CUIDADORES FAMILIARES Ludymilla Zacarias Martins Gonzaga, Rodrigo Sanches Peres Universidade Federal de Uberlândia Introdução: O perfil epidemiológico da população tem se transformado nas últimas décadas, promovendo uma evolução progressiva da prevalência de doenças crônico-degenerativas, as quais tendem a desencadear mortes anunciadas. Porém, pouco se sabe acerca do processo de luto de familiares nesses casos. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo compreender o curso do processo de luto em cuidadoras familiares de pacientes que evoluíram a óbito por doenças crônico-degenerativas após internação domiciliar. Método: Trata-se de um estudo qualitativo, fundamentado teoricamente no Modelo do Processo Dual. O critério de saturação foi adotado para a definição do número de participantes. A coleta de dados envolveu a utilização de um roteiro semi-estruturado de entrevista junto a seis cuidadoras familiares. O material obtido foi submetido à análise temática de conteúdo. Resultados: A partir da análise temática de conteúdo, os dados foram organizados em duas categorias – “As mulheres que fiam: as conexões que constroem o cuidador” e “Átropos e a tecelã: o anunciado, o interdito e a arte dos fios” – constituídas por uma série de subcategorias. De modo geral, observou-se, retrospectivamente, que, no período anterior ao óbito, prevaleceram estratégias típicas do enfrentamento orientado à perda, tais como a tentativa de controle da doença e da morte, a centralização do cuidado e o recurso à fé. Tal fato pode ser entendido como um desdobramento do medo da perda. No período posterior ao óbito igualmente se observou a predominância do enfrentamento orientado à perda, embora o enfrentamento orientado à restauração tenha sido identificado pontualmente em função do engajamento de algumas participantes em atividades diferentes, capazes de desenvolverem novas habilidades e identidades. Conclusões: Em linhas gerais, constatou-se que as estratégias típicas do enfrentamento orientado à perda foram recorrentes, o que tende a dificultar a reorganização da vida após a perda e a execução do movimento de oscilação que exerce a função de regulador do processo de luto. Porém, novos estudos dedicados ao assunto são necessários, sobretudo para esclarecer as particularidades do luto antecipatório nos casos de mortes anunciadas. Palavras-chave: luto, cuidadores, família, saúde Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 175 P59 RESILIÊNCIA E A PERCEPÇÃO DO IMPACTO DA DOENÇA EM PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO Daniella Antunes Pousa Faria Coelho, Lúcia Maria de Oliveira Santos, Maria José Pereira Vilar, Eulália Maria Chaves Maia Universidade Federal do Rio Grande do Norte Introdução: O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença reumática inflamatória, imprevisível, crônica, multissistêmica e auto-imune. Objetivo: Trata-se de uma pesquisa de caráter descritiva exploratória que objetivou avaliar a capacidade de resiliência em mulheres com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e identificar a percepção destas sobre o impacto da doença em suas vidas, considerando três níveis: 1. Familiar, 2. Social e 3. Físico. Método: A amostra foi constituída por 10 Mulheres com idade entre 20 e 40 anos, com diagnóstico de LES que são acompanhadas no Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário Onofre Lopes – UFRN/Natal-RN. Como instrumento se utilizou um questionário de informações sóciodemográficas e de aspectos e histórico de saúde e a Escala de Resiliência desenvolvida por Wagnild & Young (1993). A coleta dos dados foi realizada no período de Março de 2010 a Janeiro de 2011. Resultados: os achados apontam que a média de tempo que estas pacientes possuem o LES é de 5,75 ± 3,47 anos, sendo a mediana de 5,55 anos. Como primeiros sintomas 50% das pacientes citaram dores, 30% dores acompanhadas de inchaço 10% manchas no rosto e 10% manchas na mão. Quanto a resiliência, a média foi de 102,6 ± 18,30, sendo a mediana de 108,5, ou seja, 50% das pacientes apresentaram resiliência maior que 108,5, que significa resiliência moderada segundo o referencial utilizado (25-75 = resiliência baixa, 75-125 = moderada e 125 – 175 – alta). Isto significa que estes pacientes tendem a se adaptar ao fato de possuir uma doença crônica, de forma a evitar os riscos e promover fatores de proteção, o que contribui para uma melhor adesão ao tratamento. Quanto ao fato de receberem apoio, das 70% que declaram recebê-lo, 100% afirmaram que este apoio vem da família. Quanto a percepção das pacientes sobre o impacto da doença em suas vidas, considerando três níveis: 1. Familiar, 2. Social e 3. Físico, os resultados apontam que 60% declara que o impacto físico é o que mais as incomodam, pois relatam a presença de dores, manchas no rosto, queda de cabelo. No aspecto familiar nenhuma paciente declarou perceber algum impacto devido a doença. No aspecto social 80% já deixou de fazer alguma atividade de sua vida diária devido ao lúpus. Destes 80% que deixaram de fazer alguma atividade 50% citam o trabalho, 25% o trabalho doméstico, 12,5% atividades de lazer e 12,5% sair no sol. Conclusão: O LES traz diversos impactos na vida do paciente e a resiliência poderá contribuir para que estes pacientes possam se adaptar a doença, minimizando os impactos de forma a evitar o risco e promover fatores de proteção. Palavras-chave: lúpus, resiliência, impacto da doença Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 176 P60 INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM SETOR DE QUIMIOTERAPIA INFANTIL Michelle Teles Tourounoglou, Mariana Zuanazzi Saden, Randolfo dos Santos Junior, Kelly Renata Risso Grecca, Maria Cristina de Oliveira Santos Miyazaki Hospital de Base de São José do Rio Preto (FUNFARME-HB) Introdução: O tratamento do câncer infantil tem como característica o fato de ser prolongado, demandando um tempo considerável de exposição da criança a procedimentos invasivos e desagradáveis, tanto física quanto emocionalmente. A administração da quimioterapia é vivenciada, muitas vezes, como um momento estressante para pais, crianças e profissionais de saúde. A mudança na rotina diária, afastamento do vinculo escolar e a impossibilidade de desenvolver atividades físicas acabam expondo a criança a alterações de humor, gerando estresse e comportamentos desadaptativos que dificultam a adesão ao tratamento. A ansiedade antecipatória frente aos exames e aplicações da quimioterapia faz com que se instale o medo e aversão aos procedimentos. O treino de relaxamento, a distração, a dessensibilização e a psicoeducação são as técnicas utilizadas no manejo dos problemas resultantes do procedimento quimioterápico. Objetivo: O objetivo da utilização de tais técnicas é diminuir o impacto causado pelos procedimentos invasivos, aumentando índices de adesão ao tratamento e reduzir a ansiedade antecipatória, dor, favorecer o controle das emoções e interação entre paciente e equipe. Método: A intervenção psicológica é realizada no período que antecede a administração da quimioterapia, enquanto as crianças e seus familiares aguardam na sala de espera; são utilizadas leituras psicoeducativas que abordam temas como: doença, hospitalização, manejo de emoções desadaptativas e tratamento. Além disso, os pais são estimulados a usarem brinquedos específicos, tais como, injeções, talas, que tem por finalidade dessensibilizar a criança aos procedimentos que serão realizados, e estimular o relato de medos relacionados à vivência estressora. Durante a administração da quimioterapia são utilizados filmes infantis, desenhos animados e atividades lúdicas (pintura de desenhos específicos, desenho livre e videogame) como recursos que possibilitem a distração. O treino respiratório é realizado antes e, principalmente, durante a punção venosa. Conclusão: Os resultados demonstram que a utilização de tais técnicas possibilitou mudanças comportamentais que incluem diminuição do choro antes e durante o procedimento e menor incidência de comportamentos agressivos direcionados à equipe e aos pais. Também há relatos de pais que referem maior compreensão da criança ao tratamento. Palavras-chave: câncer infantil, psiconcologia, técnicas psicológicas Referências: Motta, Alessandra Brunoro, & Enumo, Sônia Regina Fiorim. (2004). Brincar no hospital: estratégia de enfrentamento da hospitalização infantil. Psicologia em Estudo,9(1), 19-28. Retrieved February 19, 2013, from http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413 73722004000100004&lng=en&tlng=pt. 10.1590/ S1413-73722004000100004. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 177 P61 A SAÚDE MENTAL INFANTIL NO SUS NA PERSPECTIVA DE PSICÓLOGOS Lídia Pereira da Silva, Diana Pancini de Sá Antunes Ribeiro Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Assis Introdução: Foi a partir do século XIX que se começou a estudar a infância no Brasil. As primeiras pesquisas tiveram como objetivo descobrir a causa da grande mortalidade infantil. Uma das práticas era o higienismo que impunha formação moral, física e intelectual das crianças. Porém a valorização, a proteção e a defesa da infância começaram a ser abordadas no século XX. Em 1959 é formulada pelas Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos das Crianças, que está presente na Carta Constitucional de 1988 do Brasil. Dois anos depois, em 1990, foi estabelecido no Brasil o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que prevê diversos direitos dentre eles: á vida, á educação, á saúde, á alimentação, ao lazer, á profissionalização, á cultura entre outros. Estes foram os principais avanços no cuidado com a infância no Brasil. No ano de 1988 foi criado o Sistema Único de Saúde que, como uma das principais diretrizes, dá direito a todo e qualquer cidadão à saúde. Procurou-se nas bases de dados do SUS o que se prevê sobre a saúde mental infantil: uma cartilha é a Caderneta da Saúde da Criança que dispõe principalmente sobre os direitos à saúde da criança e a cartilha Saúde Mental no SUS: os centros de atenção psicossocial que fala brevemente sobre o Centro de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPS i). Objetivo: Este trabalho tem a finalidade de investigar as concepções de psicólogos de uma cidade do interior paulista sobre o que necessita ser feito/proposto frente à saúde mental infantil no SUS. Método: Este trabalho é parte de uma pesquisa de iniciação científica que tem por base verificar como se dá a atuação de psicólogos que trabalham com crianças em unidades de saúde pública de uma cidade do interior do estado de São Paulo. Foi realizada uma entrevista e aplicação de questionário com cada um dos quatro participantes. Resultados: Uma das psicólogas relatou que faltam oficinas, por exemplo, de teatro, para trabalhar o lado emocional das crianças e também faltam materiais. Ela propôs um centro de referência infantil onde vários profissionais possam trabalhar juntos. Outra, disse que se necessita fazer uma reorganização social, pois o governo oferece somente a escola e os projetos sociais são muito poucos e dá a ideia de projetos sociais com ações preventivas. Outro profissional relatou que os psicólogos necessitam de motivação pelo trabalho, o que não acontece atualmente, pois as condições de trabalho, como por exemplo, o salário, não se altera. E por fim outro participante disse que precisa haver comunicação entre instancias públicas, entre a assistência, a saúde, a escola, entre outros, e também um lugar próprio para o atendimento infantil. Conclusão: As propostas vindas dos participantes são diferentes em si, mas complementares. Propõe-se que os estudos nesse sentido continuem, para que com uma base mais sólida possa colaborar e projetos sejam efetivados para a saúde mental infantil no SUS, especialmente na Atenção Básica por suas possibilidades psicoprofiláticas. Palavras-chave: psicologia, saúde pública, infância Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 178 P62 AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO E DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS COM QUEIXA DE TRANSTORNO DE APRENDIZAGEM Petruska Baptista Pereira, Analu da Costa Tenório, Helena Feio Pitanga, Isabel Neves de Souza Universidade Federal do Pará-UFPA Introdução: Ao longo do processo de aprendizagem é possível que a criança demonstre sintomas do não aprender como dificuldade de aprendizagem - primária e secundária -, fracasso escolar e transtornos de aprendizagem. O Transtorno de Aprendizagem se caracteriza por inabilidades específicas em certas áreas do desenvolvimento, desde que tais inabilidades não sejam causadas por fatores orgânicos. Existem três transtornos de aprendizagem mais abrangentes: o transtorno de leitura, o transtorno de expressão escrita e o transtorno de cálculo. Os sintomas do Transtorno de Aprendizagem devem estar presentes desde a puerilidade e evidenciar um desempenho dois anos abaixo do esperado pela escolarização e idade cronológica da criança e prolongar-se ao longo da vida. Objetivo deste projeto foi oferecer atendimento psicológico a crianças e adolescentes com transtorno de aprendizagem em acompanhamento no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. Método: foram atendidos 34 pacientes, no período de março a novembro de 2012, encaminhados pelos profissionais do Serviço de Crescimento e Desenvolvimento – Programa CAMINHAR do HUBFS. Os seguintes instrumentos foram utilizados: Roteiro de Anamnese Psicológica, Lista de Verificação de Comportamentos da Criança e do Adolescente (CBCL) e o Relatório do professor (TRF), Teste das Matrizes Progressivas de Raven e Anamnese psicológica. Resultados: Dos 34 pacientes atendidos, oito eram meninas e 26 eram meninos com idades entre quatro e 15 anos. Dentre os casos encaminhados, oito estavam sendo atendidos no Ambulatório de Transtorno de Aprendizagem do HUBFS e apenas quatro tinham passado por avaliação oftalmológica ao iniciarem a avaliação psicológica. Duas das crianças eram atendidas somente pelo serviço de pediatria e psicologia. Vale ressaltar a importância de um diagnóstico e intervenção realizados por uma equipe multidisciplinar. Contrariando a literatura consultada, apenas dois dos pacientes atendidos afirmaram ter histórico familiar de problema de aprendizagem. Todas as queixas relacionadas ao Transtorno de Aprendizagem estavam relacionadas à leitura e transtornos de expressão escrita. Conclusão: destaca-se a importância do trabalho realizado pela Psicologia no Programa Caminhar, e dos demais profissionais na elaboração de um diagnóstico e intervenção precoce que possibilite ao paciente uma melhor inclusão social a fim de evitar o estigma da “doença mental” atribuída ao transtorno de aprendizagem. Palavras-chave: psicodiagnóstico, desenvolvimento infantil, crescimento infantil, transtorno de aprendizagem Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 179 P63 EFICÁCIA ADAPTATIVA DE MULHERES COM CÂNCER DE MAMA E MASTECTOMIZADAS Nirã dos Santos Valentim, Kayoko Yamamoto Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo Introdução: O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama são causadores de grande angústia nas pacientes por estarem associados ao medo da morte e da mutilação, comprometimento da qualidade de vida, alterações na imagem corporal com implicações na feminilidade e rebaixamento da autoestima. Em 2011 o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estimou 52680 casos de câncer de mama que surgiriam no Brasil em 2012, e em 2010 foi estimado que 11735 mulheres morreriam dessa doença. Embora, atualmente, o tratamento do câncer de mama abranja cada vez mais mulheres e apresente resultados muito favoráveis, ainda provoca sofrimento advindo das diversas reações à quimioterapia, radioterapia, mastectomia radical ou parcial, linfadenectomia axilar. Alterações físicas e psicológicas podem provocar crise adaptativa por perda tornando necessário o auxílio psicológico urgente. Objetivo: Verificar a eficácia adaptativa de mulheres com diagnóstico de câncer de mama e submetidas à mastectomia radical ou parcial. Método: Foi aplicada a Escala Diagnóstica Adaptativa Operacionalizada (EDAO), antes da intervenção terapêutica, em 10 casos iniciais de uma pesquisa qualitativa (doutorado em andamento com finalidade de investigar o alcance terapêutico da Psicoterapia Breve Operacionalizada – PBO). As participantes da pesquisa realizam tratamento oncológico no Centro de Oncologia Luiz Rodrigues Neves, têm idade entre 35 e 60 anos e foram submetidas a três entrevistas preventivas abordando os quatro setores adaptativos: Afetivo-Relacional, Produtividade, Sociocultural e Orgânico. Resultados: Entre as 10 participantes atendidas, três delas encontravam-se no Grupo 3 com Adaptação Ineficaz Moderada, estando uma delas em situação de crise adaptativa por perda; e sete delas encontravam-se no Grupo 4 com Adaptação Ineficaz Severa, estando quatro delas em situação de crise por perda. O setor mais comprometido foi o Afetivo-Relacional com soluções pouquíssimo adequadas em sete das participantes e o setor Produtividade apresentou soluções pouco adequadas no mesmo número de participantes. Conclusões: A avaliação da eficácia adaptativa revelou Adaptação Ineficaz Severa na maior parte das participantes, com sofrimento psíquico intenso e sensação de desamparo e desespero comprometendo especialmente o setor Afetivo-Relacional. A situação de adoecimento deflagrou em cinco participantes uma situação de crise adaptativa por perda relacionada à extrema angústia pela perda da saúde, dos cabelos e da mama provocando sensação de desconhecimento de si mesma, medo da recidiva da doença e medo da morte. Palavras-chave: câncer de mama, escala diagnóstica adaptativa operacionalizada, eficácia adaptativa, crise adaptativa por perda Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 180 P64 EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR E INSUFICIÊNCIA AGUDA DO MIOCÁRDIO: AVALIAÇÃO PRÉ E PÓS REVASCULARIZAÇÃO CIRÚRGICA Robson Hideki Saito, Ana Paula Afonso Camargo, Camila Pereira, Mariana Vieira Ligo Guedes de Azevedo Faculdade Anhanguera de Bauru, Universidade Estadual Paulista (UNESP) Introdução: A depressão e a doença cardiovascular são consideradas, dentre as doenças crônicas, como as enfermidades de maior impacto na qualidade de vida do indivíduo, em parâmetros mundiais. Fatores psicoemocionais são considerados relevantes no surgimento de muitas doenças cardíacas, especialmente da cardiopatia isquêmica, doenças das artérias coronarianas e hipertensão arterial. Estudos atuais têm utilizado a Escala de Depressão de Beck (BDI), para investigação dos aspectos depressivos nas unidades hospitalares, sendo a prevalência dos fatores depressivos agravantes na elevação de riscos de morbimortalidade por cardiopatias, em condições pré e pós operatórias. Objetivo: O presente estudo objetivou apontar a prevalência sintomatologia depressiva, em sujeitos, nas condições pré e pós revascularização cirúrgica do miocárdio (RCM). Método: A presente pesquisa corresponde a um estudo de coorte transversal de sujeitos com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM). Participaram da amostra 21 sujeitos, de ambos os sexos, independente da escolaridade e nível social, pós IAM, em condição pré e pós operatória de revascularização cirúrgica do miocárdio. A avaliação realizada com o DBI foi dividida em dois tempos, a saber: (1) na admissão hospitalar, em condição pré operatória de RCM; (2) até 96 horas pós RCM. Resultados: O estudo demonstrou significância estatística (p=0,05) para as relações entre presença de sintomatologia depressiva em fases pré e pós operatórias. Quando analisada a severidade de sintomas depressivos (classificados como leve, moderado e severo), o estudo apontou 43% para sintomas leves, 5% moderados e 5% severos, correspondendo a 53% dos sujeitos, em fase pré operatória. No tempo 2 (pós), houve uma redução do percentual para a presença de fatores depressivos, representando na amostra 34% (leve, 25% e moderado 9%). Dentre as classificações da população geral foi identificado que os pacientes que apresentaram fatores depressivos leves, moderados ou severos no pré e pós operatório correspondem a 33% da amostra, e sujeitos que apresentaram em condição pré ou pós operatória é de 25%, sendo predominante para a condição pré operatório. Todos os sujeitos que evoluíram para complicações clínicas (neurológicas, respiratórias e sistêmicas), apresentaram níveis de sintomatologia depressiva. Conclusão: O estudo conclui que pacientes submetidos a procedimento cirúrgico, para revascularização do miocárdio apresentam diminuição do quadro de sintomas depressivos, em fase aguda pós operatória. Palavras-chave: depressão, infarto agudo do miocárdio, revascularização cirúrgica Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 181 P65 ESTUDO DO TRANSTORNO DESAFIADOR DE OPOSIÇÃO, TOD, POR MEIO DO RORSCHACH R-PAS Anna Helena Haddad, Paulo Germano Marmorato Rodrigues, Latife Yazigi Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo; Instituto de Psiquiatria, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo Introdução: O transtorno desafiador de oposição (TOD) é uma entidade noosológica considerada típica da infância e adolescência na qual predominam as alterações comportamentais. Agressividade, irritabilidade, impulsividade e crises de birra são traços característicos do TOD e podem estar presentes ocorrer em crianças e adolescentes sem qualquer diagnóstico psiquiátrico. O que diferencia estes comportamentos é intensidade, constância, refratariedade a medidas educativas e, principalmente, prejuízo social causado pelo transtorno. Uma parcela significativa de jovens com esse distúrbio evolui para uma vida de baixa qualificação profissional, desemprego, relações afetivas problemáticas, drogadição e criminalidade. O índice de suicídio é alto. O TOD pode vir associado a uma serie de transtornos mentais sendo que os sintomas de um ou outro transtorno muitas vezes se sobrepõem e se confundem. Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo correlacionar as variáveis do Rorschach no sistema R-PAS com as características de personalidade de jovens na faixa etária de 9 a 12 anos com diagnóstico de TOD. Método: Os pressupostos conceituais e teóricos serão apresentados e ilustrados por meio da análise de dois estudos de caso de jovens atendidos em ambulatório especializado com diagnósticos de TOD (Ambulatório de Socialização do Serviço de Psiquiatria da Infância e Adolescência do HC-FMUSP). Resultados: Embora compartilhem do mesmo diagnóstico, os protocolos dos jovens foram opostos quanto à complexidade. No protocolo de baixa complexidade predominou o distanciamento, a impessoalidade e o menor engajamento na tarefa; no de alta complexidade prevaleceram maior envolvimento e maior produção do que resultou maior exposição do mundo interno, com presença de alterações de pensamento e distorções cognitivas. Conclusões: Os dados obtidos apontaram como relevante: a forma como os jovens se vinculam na situação de teste, a produção e qualidade das respostas humanas e de interação humana (H, NPH, GHR, PHR, MAH, MAP, COP), a qualidade dos conteúdos temáticos das associações (MOR, AGC, CritCont), as percepções de Espaço (S), a produção e qualidade dos movimentos (AGM, M, FM, m, ativos e passivos), a forma de expressão na comunicação (ODL), a condição de ego (EII-3) e os processos de pensamento (WSumCog, SevCog). Uma discussão mais detalhada considerando o diagnóstico e os estilos de produção no R-PAS é apresentada. Palavras-chave: Rorschach R-PAS, TOD, infância, adolescência Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 182 P66 O PAI NA UTIN: UM TRABALHO DE CONSTRUÇÃO DE NOVOS PAPÉIS Manuela Vilanova Barbosa Alves, Maria de Fátima Junqueira-Marinho Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo; Instituto Fernandes Figueira – FIOCRUZ Introdução: No nascimento prematuro, o casal parental confronta-se com uma situação que provoca medo, estranhamento, angústia, ambivalência e dor. Numa Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), os pais encontram-se com um bebê na incubadora que nada lembra o bebê idealizado da gravidez. Vivem algo de estranho, que pode representar um risco para o estabelecimento de laços seguros com seus bebês. Nessa temática há muitos estudos sobre a relação mãe-bebê, mas a participação do pai ainda merece mais investigações. Objetivo: Investigar o exercício da paternidade de pais de recém-nascidos pré-termos durante o período de internação na UTIN. Método: Foi realizada uma pesquisa qualitativa com a participação de 6 homens-pais de recém-nascidos pré-termos internados em UTIN. Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e analisados a partir da análise de conteúdo, modalidade temática. Resultados: A análise dos resultados levou a duas temáticas. A primeira refere-se ao processo de transição em direção à paternidade e a segunda aos eventos ambientais relacionados à internação do filho na UTIN. Em relação à primeira, verificou-se que: a) a presença do pai e sua interação com o bebê favoreceram o desenvolvimento do papel parental paterno; b) os pais ofereceram aos recém-nascidos elementos primordiais ao nascimento psíquico do infante, através dos sentidos atribuídos às suas tentativas de comunicação; c) os entrevistados apresentaram diferentes concepções sobre seu papel e participaram desse período de diferentes maneiras, dentre as quais, exercendo a função de elo entre a mãe acamada e o bebê; cumprindo a função de principal cuidador da criança internada na ausência da mãe; oferecendo apoio às esposas para que essas tivessem mais tranquilidade na maternagem. A segunda temática abrange dois subtemas: as dificuldades encontradas pelos pais e a importância da relação com a equipe. Os entrevistados relataram a dificuldade de conciliar rotina de trabalho com visitas ao filho, lidar com a sensação de impotência e conviver diariamente com outros recém-nascidos gravemente enfermos, num espaço identificado por eles como “mais feminino”. A atitude positiva da equipe de saúde e o horário ampliado para permanência dos pais na UTIN foram apontados como facilitadores da presença deles. Conclusões: A presença e participação do pai na UTIN facilitam o trabalho de construção da paternidade, trazem benefícios para a mulher na tarefa de tornar-se mãe e favorecem o início do processo de subjetivação do infante. No exercício da paternidade na UTIN, os pais encontram dificuldades, por isso precisam ser atendidos em suas necessidades emocionais. Nesse sentido, as instituições hospitalares devem contar com equipes de Saúde Mental para intervenção psicológica precoce e estar preparadas para acolher e incluir os pais na dinâmica da UTIN. Palavras-chave: prematuro/psicologia, paternidade, relações pai-filho, parentalidade, Unidade de terapia intensiva neonatal Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 183 P67 O USO DA ESCALA BAYLEY III NA AVALIAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DE RECÉM-NASCIDOS DE BAIXO PESO: ESTUDO DE CASO Danielle Marotti de Souza Barros, Luisa Fernandes Lessa, Roozemeria Pereira Costa, Maria Dalva Barbosa Baker Méio, Maria de Fátima Junqueira-Marinho Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do AdolescenteFernandes Figueira /Fiocruz- RJ Introdução: A Escala Bayley de Desenvolvimento Infantil III é um teste neuropsicomotor importante para verificar atrasos significativos do desenvolvimento, administrado em crianças até 42 meses. Vários estudos apontam a importância do seguimento de crianças nascidas prematuras, em função do risco para o desenvolvimento neurocognitivo e motor. Essa nova versão da Bayley II já vem sendo utilizada em pesquisas com essa população. Objetivos: Avaliar, através da Escala Bayley III e sua correlação com dados do prontuário, o desenvolvimento de uma criança, buscando embasamento para diagnóstico diferencial. Métodos: Estudo de caso longitudinal baseado nos relatos descritivos do prontuário e nas avaliações realizadas através da escala Bayley III, em uma criança do sexo masculino nascida com 1585 kg, 33 semanas e 2 dias pelo Ballard, sem detecção de malformação congênita, avaliada na escala aos 10, 12, 18 e 24 meses de idade corrigida. Esse estudo faz parte de uma pesquisa registrada no CEP/IFF (CAAE - 0050.0.008.000-04). Resultados: O cognitivo se mantém um pouco abaixo da média, juntamente com o motor fino e amplo. No entanto, há uma queda significativa na linguagem expressiva ao longo das quatro testagens. Após a avaliação de 24 meses, algumas novas hipóteses foram levantadas: déficit auditivo; déficit do processamento auditivo central; pobreza de interação e estimulação ambiental (cuidador principal com atraso cognitivo); atraso cognitivo com comprometimento das funções executivas (recebimento e processamento da informação). Em função das hipóteses a criança foi encaminhada para otorrinolaringologia, fonoaudiologia e realização do BERA. Conclusão: A Escala Bayley III é um excelente instrumento de levantamento de hipóteses diagnósticas para atraso do desenvolvimento. Diferentemente da versão anterior, ela permite avaliar de forma separada cognição, linguagens receptiva e expressiva, assim como desenvolvimento motor fino e amplo. Tal especificidade auxilia na realização de diagnóstico diferencial e encaminhamento para intervenções especializadas. Palavras-chave: testes psicométricos, psicologia do desenvolvimento, seguimento de recém-nascido Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 184 P68 PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO CONTEXTO HOSPITALAR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA: UMA PRÁTICA SISTEMATIZADA Talita Gonçalves Cosenzo, Samantha Mucci, Aécio Flávio Teixeira de Góis, Luciana Geocze Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP Introdução: A implantação de protocolos contribui para a instrumentalização e orientação da prática profissional, fortalecendo a identidade e o papel do psicólogo dentro da instituição hospitalar. Objetivo: O objetivo deste estudo foi utilizar os Protocolos de Avaliação de Intervenção de Psicologia Hospitalar de Dias e Radomile (2006) em 33 pacientes internados na enfermaria de observação do pronto-socorro de um hospital universitário, avaliar a efetividade deste instrumento no contexto de urgência e emergência, sistematizar as ações da psicologia, caracterizar o perfil sócio-demográfico e clínico dos pacientes e correlacionar as características sociodemográficas com as clínicas e psicológicas. Método: Foi realizado um estudo observacional, descritivo, de corte transversal. A amostra foi composta por 33 pacientes internados na enfermaria de observação do pronto-socorro do Hospital São Paulo – UNIFESP, no período de julho a agosto de 2012. Foram aplicados os Protocolos de Avaliação de Intervenção de Psicologia Hospitalar em três etapas: Triagem, Avaliação e Acompanhamento. Resultados: Observou-se que a utilização dos protocolos no contexto de pronto–socorro precisa ser breve, objetiva e ser realizada em apenas uma aplicação, uma vez que o tempo de internação é muito curto. A amostra (N=33) foi de 79% do sexo feminino, média de idade de 58 anos (DP=15), 45% casados, 86% sem ocupação. As principais associações encontradas na etapa 1 foram: associação entre Transtorno Emocional e Religião (p= 0,043) e entre Expressão de Afeto Condizente e Religião (p= 0, 038), sendo observado que 90% dos evangélicos não apresentaram Transtorno Emocional evidente e demonstraram afeto condizente com a internação. Na etapa 2 verificou-se associação entre Volição e Relacionamento Familiar (p= 0,045), 67% dos pacientes que referiam relacionamento familiar pouco satisfatório apresentaram a volição prejudicada durante a internação. Conclusão: A dinâmica do pronto-socorro demanda de instrumentos mais sucintos e objetivos, que funcionem como instrumento de rastreamento e levantamento de informações relevantes que sejam capazes de triar e avaliar e passíveis de serem aplicados em apenas uma etapa. A presença de suporte familiar e a religião contribuem para uma melhor adaptação à internação. Palavras–chave: psicologia, avaliação, emergência Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 185 P69 Atenção psicológica em enfermaria hospitalar e plantão psicológico na clínica-escola: semelhanças e divergências Sara Nogueira Ribeiro, Gabriela Di Paula Dias Ribeiro, José de Arimatéia Reis e Adriano Gustavo Pinto Moura Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará e Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, Belém-PA Em situação de hospitalização, a atenção psicológica oferecida deve exceder os objetivos de uma anamnese, considerando tanto aspectos objetivos que possam auxiliar uma compreensão mais abrangente do paciente, quanto oferecer-lhe uma atenção terapêutica, por meio da empatia e da aceitação deste com suas peculiaridades. Tais fatores se mostram fundamentais para o estabelecimento de vínculo terapêutico, bem como contribuem para a visualização de uma forma de tratar o que se apresenta como relevante. Do mesmo modo, em um plantão psicológico é oferecida essa atenção às demandas levantadas pelo cliente, possibilitando mudança psicológica através de um processo de atribuição de significado às experiências. Esse trabalho tem por objetivo relatar uma experiência de estágio realizado no Hospital De Clínicas Gaspar Vianna, nas enfermarias (áreas) de Clínica Médica e Cardiologia. Aborda o modelo de atendimentos psicológicos conduzidos e supervisionados no ambiente hospitalar, que consiste em avaliações psicológicas e terapia breve focal. A partir destes referenciais é estabelecida uma comparação, em termos de atuação e das impressões das estagiárias quanto à experiência de atendimentos em plantão psicológico, vivenciada em uma clínica-escola, indicando pontos de semelhança e de divergência entre os referidos tipos de atenção psicológica. Nesses ambientes e com os modos de atuação anteriormente sinalizados, observam-se significativas mudanças psicológicas nos sujeitos que recebem atendimento, em termos de simbolização da experiência, de processos de elaboração e percepções de possibilidades de atitudes que viabilizem a resolução de problemas. O que demonstra que a escuta e o acolhimento, mesmo sendo realizados em diferentes áreas e de acordo com as dadas especificidades, promovem um processo de mudança psicológica efetiva nas pessoas atendidas, assim como desempenham um papel significativo na formação do futuro psicólogo, o que vem demonstrar a importância fundamental da prática de estágios durante a graduação. Palavras-chave: Atenção Psicológica; enfermaria hospitalar; plantão psicológico; hospitalização. Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 186