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VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde
Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital - Para
que e para quem?
10 e 11 de Maio de 2013
Centro de Convenções Rebouças - São Paulo - SP - Brasil
Comissão Organizadora
Presidente de Honra
Prof. Dr. Miguel Srougi
Presidente do Congresso
Niraldo de Oliveira Santos
Diretor Executivo do Instituto Central do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da Universidade de São Paulo (ICHC-FMUSP)
Dr. Wilson Modesto Pollara
Diretora da Unidade de Educação Permanente – UEP/ICHC-FMUSP
Alessandra Santiago
Diretora da Divisão de Psicologia – DIP-ICHC-FMUSP e Presidente do Centro de Estudos
em Psicologia da Saúde - CEPSIC
Drª Mara Cristina Souza de Lucia
Comissão de Premiação
“5º Prêmio Monográfico CEPSIC”
Presidente: Drª Mara Cristina Souza de Lucia (HC-FMUSP/CEPSIC)
Membros: Profª Drª Latife Yazigi (UNIFESP); Drª Silvia Maria Cury Ismael (HCor); Profª
Drª Wilze Laura Bruscato (Stª Casa de Misericórdia de SP), Prof. Dr. Paulo Sérgio Boggio
(Universidade Presbiteriana Mackenzie)
Comissão Executiva
Presidente: Cláudia Fernandes Laham
Membros: Celeste I. Conceição Gobbi, Vanessa Marques F. Jorge, Thiago Robles Juhas
Comissão Científica
Presidente: Mara Cristina Souza de Lucia
Membros: Ana Luiza Zaninotto, Celeste Gobbi, Cláudio Garcia Capitão, Eliane Miotto,
Gláucia Rosana Guerra Benute, Latife Yazigi, Luciane de Rossi, Niraldo de Oliveira Santos,
Priscila Covre, Renério Fráguas Júnior, Solimar Ferrari
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Comissão de Divulgação
Presidente: Valmari Cristina Aranha
Membros: Adriano Pinto (PA), Andréa Pato (BA), Beatriz Baldivia (SP), Carolina Mocellin
Withers (PR), Danyella de Melo Santos (SP), Elizabete Subires (SP), Elzinete Carneiro (BA),
Glauco Rocha (AL), Lorena Soares Lins de Carvalho (SP), Luciana Amaral Rosa Brasil
(DF), Maria Rita Polo Gascon (SP), Nauana Raquel T. de Brito Sobral (PE), Patrícia Chagas
Carbone Barcelos (RJ), Sue Ellen Modesto (MT), Waléria Araújo Trindade (CE)
Comissão Social
Presidente: Denise Gonçalves Cunha Coutinho
Membros: Bianca Nascimento Moraes, Luciane de Rossi
Secretaria
Maria Aparecida Gambaroto (DIP/ICHC-FMUSP e CEPSIC) e
Silvana Olimpia dos Santos (UEP – ICHC-FMUSP)
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PROGRAMAÇÃO
Conferência Internacional
Coord. Niraldo de Oliveira Santos
Funções da avaliação psicológica no hospital
Piero Porcelli
Hospital and Scientific Institute of Digestive Disease “De Bellis”, Castellana Grotte, Italy
Psychological factors leading to vulnerability to somatization might be present transversally
in different personality organizations, medical diseases, and psychopathological disorders.
The overall aim of psychological assessment in medicine is the transversal somatization
dimension (not somatization as a yes-or-not category) that can be found across different
medical and psychiatric disorders. In the biopsychosocial model, contemporary illnesses are
viewed as multi-factorial and heterogeneous. However, if it is true that all biopsychosocial
factors involved in the onset, course and prognosis of a given illness are important, not all
have the same importance. Each factor or interaction of factors bears differentiated relative
weights of biomedical and psychosocial factors that may vary from one individual to another
within the same illness and in the same individual from one period to another of his or her
life. Two broad aspects of psychological assessment in medical patients are discussed. The
first (clinical judgment) is related to the clinimetric perspective and based on three strategies:
staging, unitary concepts, and sub-typing. The second (target-shaped model) is related to the
psychometric perspective and aims to a multi-level assessment of (a) the explicit dimension
of symptoms, (b) the implicit dimension of cognitive functions (somatic amplification, health
anxiety, and illness-related behavior), (c) core dimensions of personality (attachment styles,
demoralization, alexithymia, type D personality, locus of control).
Keywords: Biopsychosocial model, Clinimetrics, Heath anxiety, Somatization
Conferência 1
Coord. Denise Gonçalves Cunha Coutinho
Diagnóstico e tratamento do Transtorno de Déficit de Atenção/
Hiperatividade (TDA/H)
Erasmo Barbante Casella
Instituto da Criança - HCFMUSP
Conferência 2
Coord. Denise Esper de Freitas
Avaliação de sujeitos que sofreram queimaduras: contribuições
psicanalíticas ao estudo da violência e ao protocolo médico
Celeste I. Conceição Gobbi
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
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Simpósio Satélite
Manifestações corporais e a psicossomática contemporânea:
diagnóstico e intervenção
Coord. Solimar Ferrari
O fenômeno psicossomático na infância: possibilidades de avaliação
Wagner Ranña
Instituto Sedes Sapientiae/SP
O fenômeno psicossomático pode ser definido como a participação de problemas psíquicos
na origem e manutenção de uma patologia somática. Essa definição procura esclarecer
uma corrente confusão quando se define a somatização como a presença de distúrbios e
sintomas somáticos na ausência de achados patológicos. Essa confusão cria uma falsa
dicotomia entre somatização e não somatização, pois todas as doenças têm alguma forma
de determinação psíquica, sendo o fenômeno psicossomático característico do ser humano
e não de uma dada patologia. Desta forma procuramos deixar claro que somatização,
que inclui as conversões e os Transtornos Somatoformes, vai além, implicando qualquer
patologia, embora haja aquelas que mais frequentemente se associam aos determinantes
psíquicos. Na infância não é diferente, pois qualquer patologia pode ter seus determinantes
psicossomáticos, constituindo-se em um fenômeno. A Clínica Pediátrica tem como uma de
suas características a identificação de quadros clínicos de uma determinada patologia que
é diferente em faixas etárias diferentes, assim como quadros clínicos semelhantes para
patologias diferentes. Outra peculiaridade da Clínica Pediátrica é saber discernir entre o
que é um transtorno do que é uma manifestação comum dependendo da idade em que
essa manifestação ocorre. Dessa forma a avaliação de um fenômeno psicossomático
é sempre interdisciplinar, pois a sua identificação implica em reconhecê-lo como um
determinante e não como um quadro específico. Por exemplo, uma criança asmática tem
os sinais clínicos laboratoriais de uma alergia, mas pode ter também características de seu
funcionamento psíquico e, além disso, características relacionais, que se constituem num
determinante psíquico para as crises de asma, atuando em conjunto com os processos
alérgicos. Dessa forma a presença desse suposto determinante psíquico tem que ser
identificada inicialmente, na maioria das vezes, pelo clínico somático, isoladamente ou
em conjunto com o especialista em psicossomática, numa consulta compartilhada entre o
Pediatra e o Especialista em Psicossomática, sendo então uma investigação interdisciplinar.
Disso decorre que o clínico, em particular o Pediatra, deve ter treinamento e capacitação
para identificar esse fenômeno, bem como conhecer quais os distúrbios ou patologias
de cada faixa etária é mais frequentemente infiltrada pelo determinante psíquico. Outro
ponto a ser levantado refere-se ao fato de que o fenômeno psicossomático na infância
só será efetivamente caracterizado depois de uma intervenção psicoterapêutica, através
de uma consulta terapêutica ou uma psicoterapia, que resultem em um deslocamento na
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evolução da patologia. Levando em consideração essas questões a avaliação do fenômeno
psicossomático na infância deve articular: a avaliação pediátrica; a observação e avaliação
do funcionamento psíquico da criança; a qualidade das relações intersubjetivas com os
cuidadores; efeito de terapia na sintomatologia e evolução da patologia.
A avaliação de doentes psicossomáticos em enfermaria
Mara Cristina Souza de Lucia
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP e CEPSIC
A prática psicanalítica inserida em uma instituição de saúde é marcada pelo encontro com
pacientes e equipes que não cessam de se surpreenderem com as manifestações corporais
que denunciam uma “estranha” parceria entre o psíquico e o somático. Os quadros clínicos
considerados psicossomáticos, principalmente aqueles com os quais temos trabalhado (as
doenças inflamatórias intestinais, por exemplo) alternam períodos de crise e de estabilidade
da doença que se articulam diretamente à condição psíquica. Nos períodos de crise, cuja
internação hospitalar geralmente se faz necessária, é possível observar uma interessante
inversão entre a crise no corpo e uma estabilidade no psiquismo, exigindo do psicanalista
uma atuação em sintonia com as estratégias e decisões tomadas pela equipe. É a partir
da constatação destes fenômenos corporais e manifestações psíquicas particulares que é
possível traçar parâmetros para a avaliação diagnóstica dos pacientes internados. Também
nestas situações, a via que norteia o diagnóstico aponta para as diferenças entre a conversão
histérica e a psicossomática – cujo adoecimento se dá pela via do transbordamento pulsional
ou descarga. O tratamento psicanalítico possibilita o direito à fala para o paciente como
a via possível de operar uma transmutação do sofrimento, permitindo uma outra via de
manifestação da libido. A apresentação será ilustrada com algumas situações clínicas de
pacientes psicossomáticos internados.
A complexidade do diagnóstico: avaliação de problemas
psicológicos em pacientes com doenças orgânicas
Piero Porcelli
Hospital and Scientific Institute of Digestive Disease “De Bellis”, Castellana Grotte, Italy
Entre conversão e somatização
Emine Tevfika Ikiz
Universidade de Istambul/Turquia
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Palestra 1
Coord. Mary Ellen Dias
A entrevista psicanalítica e a função diagnóstica no hospital
Maria Lívia Tourinho Moretto
Instituto de Psicologia da USP
Palestra 2
Coord. Celeste Gobbi
Avaliação psicológica na Santa Casa de Misericórdia de São Paulo
Wilze Laura Bruscato
Sta. Casa de Misericórdia de São Paulo
O Serviço de Psicologia da Santa Casa de São Paulo aplica os princípios, técnicas e
conhecimentos científicos da Psicologia para avaliar, diagnosticar, tratar, modificar e prevenir os
problemas físicos, mentais ou qualquer outro relevante para os processos de saúde e doença.
A atuação profissional dos psicólogos se faz dentro de equipes multiprofissionais de todas as
áreas da saúde, em diversas situações de rotina, nos diferentes níveis de complexidade desde
a atenção primária até a terciária/quaternária, dentro dos quais a diretriz da hierarquização
segmentou o sistema de saúde e é realizada em distintos e variados contextos, como hospitais,
ambulatórios, hospitais-dia, prontos-socorros, centros de saúde, nos domicílios e na própria
comunidade. A avaliação psicológica é uma das principais formas de inserção e de prestação
de serviços da Psicologia a esta Instituição, revelando todo o potencial de contribuição
desse processo psicodiagnóstico para a compreensão da subjetividade produzida no âmbito
da saúde. Não há como proceder ao trabalho de intervenção, sem que antes haja uma
investigação, baseada em referenciais teóricos e metodológicos, que norteiem a compreensão
dos fenômenos psíquicos e o planejamento da ação a ser realizada. Vemos a avaliação
psicológica/neuropsicológica como uma atividade fundamental da competência dos psicólogos
na saúde e a encaramos como a espinha dorsal da nossa atuação, uma vez que, para que
possamos desenvolver ou propor qualquer tipo de intervenção em qualquer campo de aplicação
da Psicologia nesta Instituição, faz-se necessário um mínimo de conhecimento sobre os
fenômenos e processos psicológicos dos pacientes atendidos. Ela é uma forma de aproximação
de nosso objeto de estudo e gera conhecimento a partir de fatos, fenômenos e processos
psíquicos produzidos pelo paciente, familiares e equipes de saúde. A avaliação psicológica
norteia a ação dos psicólogos, buscando o entendimento do funcionamento psicológico que
se estabelece diante da doença e da hospitalização. Ela é um dos eixos centrais para este
Serviço de Psicologia, e uma tarefa imprescindível na prática do profissional da Santa Casa
de São Paulo, sendo considerada um excelente recurso à equipe, ao paciente e à Instituição.
Ela vai muito além de uma coleta de dados, sobre a qual se organiza um raciocínio. Ela é um
momento precursor de uma intervenção adequada, oportuna, eficiente e eficaz.
Palavras-chave: avaliação psicológica, avaliação neuropsicológica, serviço de psicologia,
Santa Casa de São Paulo
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Palestra 3
Coord. Kenia R. Campanholo
Efeitos do tratamento psicanalítico em pacientes
com crises não-epilépticas psicogênicas
Niraldo de Oliveira Santos
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Corpos que convulsionam. O fenômeno aqui estudado não pode, a princípio, ser tomado
como um quadro clínico, uma condição em si. Trata-se de um sintoma e, como tal, pode estar
presente nas mais diversas categorias, sejam elas orgânicas ou psicopatológicas. Porém,
quando são descartadas as possibilidades de se tratar de uma condição de origem orgânica, o
quadro clínico se transforma em um enigma que remonta aos alicerces da psicanálise. O fato
é que, virtualmente, a manifestação da “pseudoepilepsia” - como também é conhecida pode
apresentar, em sua patoplastia, sinais que poderiam estar presentes em todos os tipos de
epilepsia. Freud construiu um meio de investigação e tratamento cuja eficácia foi demonstrada
no meio acadêmico há mais de um século. Além disso, sabemos que um dos pontos iniciais
para a pesquisa freudiana foi sua visita ao Hospital Salpêtrière, em 1885, ocasião em que
as lições de Jean-Martin Charcot, exatamente com pacientes histero-epilépticos, causaram
sobremaneira seu desejo investigativo. Ao procurar responder à pergunta sobre a origem da
histeria, cria um novo saber: a psicanálise. Sendo assim, uma das questões que norteiam esta
apresentação, mais do que a presença da histeria na cena contemporânea, é exatamente
a respeito do que aconteceu em nosso meio para que a psicanálise, como uma terapêutica,
figure com tão pouca frequência nas publicações científicas atreladas aos casos de pacientes
com crises não-epilépticas psicogênicas (CNEP). Seja com seu quadro clínico descrito
desde as “Lições de Charcot” ou com uma roupagem atual, os mecanismos conversivos
continuaram na cena médica. E a psicanálise, como método de tratamento? Estes pontos
serão discutidos a partir dos efeitos obtidos com o tratamento psicanalítico individual de 37
pacientes com CNEP, inseridos em um programa de tratamento gratuito por um período
de 1 ano. De posse dos resultados obtidos – apontando para a eficácia do tratamento pela
via da palavra em grande parte dos casos, outra questão se apresenta em decorrência da
clínica: a conversão estaria sempre atrelada aos quadros de histeria?
Palestra 4
Coord. Valmari Cristina Aranha
Avanços tecnológicos e motivação para o tratamento psicológico
em pacientes do Instituto de Reabilitação Lucy Montoro
Sandra Regina Schewinsky
IMREA-HC-USP
Dentre as pessoas atendidas no Instituto de Medicina Física de Reabilitação do Hospital
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IMREA FMUSP),
um número significativo é de pessoas com danos neurológicos, estas demandam avaliação
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psicológica diferencial, em que a avaliação neuropsicológica também é mister. A avaliação
psicológica visa compreender a dinâmica emocional anterior à lesão neurológica, situação
atual tanto no que concerne a afetividade quanto as funções neuropsicológicas. A avaliação
psicológica permite traçar o plano de tratamento da pessoa, bem como, instrumentalizar a
equipe multiprofissional a lidar com o paciente de maneira adequada diante de sua dinâmica
afetivo emocional, bem como em relação aos déficits neuropsicológicos. A neuropsicologia
concebe a mente humana na interatividade dos processos cerebrais e do mundo físico e
social, assim o uso de instrumentos modifica o psiquismo humano, assim Recursos de
Tecnologia Assistiva estão sendo utilizados no processo reabilitacional, no que concerne a
melhora da aptidão física, como também para treino cognitivo, recursos como: Feedback
extrínseco, realidade virtual, Nintendo Wi são utilizados com as pessoas para a recuperação
das funções deficitárias, quer seja pelo princípio de neuroplasticidade, seja, devido a vantagem
do neurônio espelho. Ressalta-se que atividades interativas e de aprendizado mobilizam
em grande escala a motivação da pessoa. O psicólogo atua em consonância com a Equipe
Interdisciplinar no processo de reabilitação e conclui-se que os avanços tecnológicos só
apresentam eficácia se utilizados como recursos adicionais as ações humanas.
Palavras-chave: reabilitação, psicodiagnóstico diferencial, neuropsicologia, recursos
tecnológicos, motivação
Palestra 5
Coord. Danyella de Melo Santos
Avaliação psicológica em pacientes cardiopatas
com indicação cirúrgica no HCor
Silvia Maria Cury Ismael
Hospital do Coração/SP
As áreas da Medicina, Psicologia e Saúde Mental vinham progredindo paralelamente até
que com o advento da psicossomática houve uma necessidade de integrar estas áreas de
conhecimento em um lugar comum. Mesmo que hoje em dia em saúde procure-se observar
o ser doente como um ser biopsicossocial, ainda há dificuldades de transitar neste contexto.
Atualmente, se percebe cada vez mais que o corpo pode sofrer consequências do psíquico
e a recíproca passa a ser verdadeira. A psicologia vem crescendo amplamente seu espaço
dentro do contexto hospitalar e a partir de 2000 passa a ser reconhecida como especialidade,
Psicologia Hospitalar. Ainda hoje, após mais de 40 anos de prática psicológica dentro do
hospital, de inúmeros livros escritos, artigos publicados, congressos realizados, ainda não
fica totalmente claro para a equipe multidisciplinar, para o paciente e porque não dizer, para
quem administra o hospital, a grandeza da abrangência de nosso trabalho e suas múltiplas
facetas de atuação. Esta apresentação tem por finalidade fazer um recorte da atuação do
psicólogo no contexto hospitalar, no trabalho de avaliação de pacientes para cirurgia cardíaca
em um hospital de referência nacional e internacional nesta área, onde o Serviço de Psicologia
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foi instituído há 34 anos. Observa-se ainda que hoje, com o selo de qualidade de serviços
hospitalares como ONA, Joint Commission, entre outros, o Serviço de Psicologia passa a
ser descrito em forma de rotinas de atendimento, procedimentos operacionais e políticas que
dão base a qualquer psicólogo que adentre a instituição desenvolver seu trabalho. Garante,
ainda, um serviço de excelência e qualidade e passa a se desenvolver não somente na
assistência como também na área do ensino e pesquisa, produzindo conhecimento científico.
Palavras-chave: psicologia hospitalar, cirurgia cardíaca, avaliação psicológica
Palestra 6
Coord. Niraldo de Oliveira Santos
Questões contemporâneas da Psicanálise
Plinio Kouznetz Montagna
Sociedade Brasileira de Psicanálise de São Paulo – SBP-SP
Palestra 7
Coord. Cecilia Prohaska
Depressão e risco de suicídio em gestantes
Gláucia Rosana Guerra Benute
Divisão de Psicologia do ICHC-FMUSP
Abordar a temática da gestação envolve, no imaginário popular, aspectos relacionados à vida,
à saúde, alegrias e satisfação. Como incluir o aspecto sombrio da morte, da perda, da tristeza
e do fracasso neste contexto? O tema é intrigante e gera desconforto, inquietação e reflexão.
Compreendido como problema de saúde pública, os dados epidemiológicos divulgados pela
Organização Mundial de Saúde estimam que o suicídio vitime cerca de 1 milhão de pessoas
por ano no mundo. Em 2020 serão 1,53 milhão de suicídios no mundo. No Brasil, a taxa de
mortalidade por suicídio é estimada em 4,9 por 100 mil/habitantes. Decorrente da crença popular
de que a mulher estaria protegida de qualquer problema de ordem psíquica durante a gravidez,
os estudos do comportamento suicida na gestação foram negligenciados e a atenção voltada
para a avaliação no período pós-parto. No entanto, a literatura científica tem apontado que o
período gravídico-puerperal é a fase de maior prevalência de transtornos mentais na mulher.
Estudo realizado na Inglaterra demonstrou que o suicídio está entre as principais causas de
mortes maternas, acometendo 10% desta população, sendo que, em 86% destas mortes, o
diagnóstico psicopatológico poderia ter sido realizado e, o suicídio, evitado. Estudo realizado
no Brasil com 268 gestantes de alto risco constatou que 5% do total da amostra relataram ter
pensado que seria melhor morrer ou se ferir de alguma maneira. A vertente psicológica pode
compreender o suicídio como uma autoagressão, não necessariamente relacionada diretamente
à renúncia à vida, mas sim a uma luta silenciosa, a busca por uma solução, a saída de um
sofrimento intenso, podendo representar conflito entre aquilo que se quer e o que se pode obter
agora. Quando compreendido como símbolo, fala a linguagem da alma, traz mensagens e
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significados sobre o ser em si. Está relacionado a uma pluralidade de fatores, fazendo com que
o tema, suicídio, seja estudado e compreendido por diferentes escolas científicas – sociológica,
teológica, psicológica... Deve ser avaliado no seu contexto histórico e cultural. Ao avaliar e se
constatar risco de suicídio entre gestantes, as medidas profiláticas para preservação da vida são
fundamentais. Associada a estas terapêuticas, a abordagem da Psicologia Analítica propõe que
se desenvolva um trabalho analítico voltado para compreensão de seus aspectos simbólicos,
buscando o significado singular atribuído pela mulher ao ato do suicídio. Em gestantes o morrer
também significa matar, perder, não só o filho, mas a perspectiva da maternidade. Ato tão
singular e específico que não pode ser generalizado nem compreendido apenas por meio da
vertente social. A alma, singular e específica, clama por algo que só poderá ser denominado
pela mulher que sente, que vive. O que se pretende realmente, matar, extinguir, extirpar? A
mãe, o filho, ou que outro aspecto arquetípico poderá ser encontrado neste processo? Terminar
com a própria vida, chegar ao fim de si mesmo, aponta para alto sofrimento psíquico, uma
busca pelo alívio da tensão, da angústia, encontrados, apenas, no fim de si mesmo. O suicídio,
entendido como a negação final da existência, pode significar o desejo por uma transformação
instantânea e contundente. Simbolicamente, no suicídio ninguém mata só a si próprio, no
contexto da gestação, mata-se a mãe, o pai e o filho...
Debate 1
Transplante de órgãos e avaliação psicológica em situações-limite
Coord. Bianca Nascimento Moraes
A avaliação psicológica pré-transplante: contribuições
do psicólogo para a eficácia do transplante de fígado
Samantha Mucci
Universidade Federal de São Paulo
A identidade do órgão: memória celular e crenças
do paciente transplantado
Luciana Leis
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
O transplante de órgãos é uma alternativa terapêutica (na maioria das vezes, única) para
pacientes que possuem graves problemas nos órgãos vitais. Racionalmente, pode em princípio
parecer positiva a troca de um órgão doente por outro sadio; no entanto, emocionalmente
torna-se muito difícil ter de lidar com a perda de parte do próprio corpo (mesmo que esta
esteja doente) e aceitar o órgão de uma pessoa estranha – e morta – para se continuar a
viver. No Brasil, todos os órgãos disponibilizados para transplante e que têm procedência
de doador falecido, necessariamente, são de caráter anônimo, sendo que o vazio existente
diante da figura do doador constitui-se como uma tela branca para projeções do universo
psíquico do transplantado. Os pacientes costumam imaginar o sexo do doador, sua idade,
profissão, índole, etc. Mesmo antes do transplante, muitos pacientes já começam a colocar
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suas preocupações em relação ao fato de o órgão interferir em suas identidades. A teoria
a respeito da memória celular, elaborada pelo neuroimunologista Paul Pearsall, reforça as
fantasias criadas pelos pacientes, uma vez que, segundo essa hipótese, memórias, hábitos
e gostos do doador de órgãos podem ser memorizados por outras células do corpo humano
para além dos neurônios. Esse tipo de teoria – para os pacientes que tem acesso a ela –
colabora para que estes fiquem ainda mais confusos e inseguros diante do transplante, uma
vez que confirma todas as suas fantasias e receios com relação ao órgão do doador, podendo
desestabilizá-los emocionalmente e dificultar a incorporação do novo enxerto. O surgimento
de teorias como a da memória celular reforça o fato de que, socialmente, o transplante de
órgãos ainda é visto como algo extraordinário e que desperta fantasias de caráter quase
sobrenatural nas pessoas. Assim, notamos que o transplante não é algo a ser significado
somente para o paciente, mas também por toda a sociedade que o envolve.
Palavras-chave: transplante, fantasias do doador, memória celular
Avaliação da qualidade de vida em pacientes após transplante renal
Dnyelle Souza Silva
Hospital Israelita Albert Einstein/SP
O Transplante renal tem sido considerado a melhor opção de tratamento ao portador de Doença
Renal Crônica se comparado aos tratamentos de diálise. Entretanto, após avanços da medicina
quanto ao procedimento, estudos a respeito da percepção do paciente sobre sua qualidade
de vida após o transplante têm sugerido a necessidade de um olhar para além do corpo físico
“restaurável”. Esta apresentação teve a pretensão de percorrer a literatura a respeito do tema
e provocar uma reflexão sobre o nosso alcance, quando nos propomos este encontro com o
que o paciente percebe neste processo tão complexo denominado transplante.
Debate 2
DSM-5 - Atualizações diagnósticas e novos critérios de avaliação
Coord. Leorides Severo Duarte Guerra
Diagnóstico precoce da doença de Alzheimer: como diferenciar
o declínio cognitivo normal do patológico?
Orestes Vicente Forlenza
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP
A caracterização do estado de transição entre o envelhecimento cognitivo normal e as fases
iniciais dos transtornos demenciantes, em particular a DA, tem sido um importante tema na
pesquisa contemporânea. Entre as várias definições propostas para descrever os sinais e
sintomas das fases prodrômicas das demências, o conceito de “comprometimento cognitivo
leve” (CCL) tem sido o mais utilizado. O diagnóstico de CCL aplica-se a indivíduos não
dementes, mas com queixas de prejuízo de memória, preferencialmente corroboradas por
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um informante, sendo os déficits demonstráveis por testagem objetiva; além disso, deve
haver preservação do funcionamento cognitivo global e, portanto, da capacidade para
realizar as atividades da vida diária. Os indivíduos diagnosticados como tal apresentariam
risco aumentado de evoluir para demência, sendo o principal desfecho a doença de
Alzheimer (DA). Todavia, com a experiência acumulada nos últimos anos, podemos afirmar
com segurança que CCL não é sinônimo de demência incipiente. Considerando a natureza
insidiosa e progressiva da maior parte das doenças neurodegenerativas, dentre as quais a
DA representa a condição mais prevalente, é razoável assumir que, entre os pacientes que
desenvolverão demência, a maioria manifestará, nos estágios iniciais, sintomas compatíveis
com CCL. Entretanto, a hipótese recíproca pode não ser verdadeira, visto que muitas
pessoas que preenchem critérios para CCL em uma dada avaliação não evoluirão para
demência em momento algum. Nesta apresentação serão revistos os aspectos clínicos e
biológicos pertinentes ao CCL, com ênfase na avaliação do risco efetivo de evolução para
demência, visando, em última análise, ao diagnóstico precoce da DA. Esta necessidade
acompanha o desenvolvimento de compostos farmacêuticos mais específicos, com
propriedades modificadoras dos processos patogênicos, que têm como meta atenuar os
processos degenerativos que provocam a demência, retardando sua evolução. Se um dia
dispusermos de intervenções efetivas neste propósito, a prevenção da demência será o
passo subsequente à identificação dos pacientes de alto risco.
Dependências comportamentais – validade e desafio do diagnóstico
Hermano Tavares
Instituto de Psiquiatria-HCFMUSP
Transtorno bipolar do humor e o diagnóstico
diferencial de psicose
Wang Yuan Pang
Instituto de Psiquiatria-HCFMUSP
A classificação dos transtornos psicóticos e transtornos bipolares passa por um momento
de questionamento e reformulação. Esses diagnósticos foram intensamente debatidos pela
Associação Psiquiátrica Americana, no projeto da quinta edição do Manual de Estatística
e Diagnóstico (DSM-5). O conceito de dimensionalidade foi introduzido para caracterizar
a maioria dos transtornos que fazem parte desta obra, além de privilegiar a presença de
marcadores biológicos e incluir resultados de testes objetivos nos critérios operacionais da
nosologia psiquiátrica. Os transtornos bipolares foram rearranjados em forma de continuum,
com refinamento de alguns critérios sintomáticos para o diagnóstico. Constelação de
sintomas leves progredindo para quadros mais graves caracteriza a visão dimensional do
transtorno bipolar. Os subtipos de bipolar I, II, sem outra especificação e hipomania são
englobadas no conceito de espetro do transtorno bipolar. O controverso diagnóstico de
transtorno bipolar em crianças e a proposta de “desregulação grave de humor” encontram
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 13
resistência de especialistas devido às dificuldades diagnósticas deste transtorno. Os quadros
psicóticos, por sua vez, também sofrem importantes modificações no DSM-5. Os subtipos de
esquizofrenia foram abandonados e reagrupados em uma única categoria de acordo com a
gravidade da doença. A catatonia deixa de ser categoria diagnóstica para ser especificador
de transtornos psicóticos, do humor e transtornos orgânicos. Sem afetar a prevalência de
esquizofrenia, outra proposta polêmica é o diagnóstico de “síndrome de psicose atenuada” ou
“síndrome do risco de psicose”. A síndrome de Asperger deixa de existir, passando a integrar
o grupo de transtorno do espectro do autismo. A revisão do DSM-5 introduz mudanças de
paradigma classificatório. A nova nomenclatura e método diagnóstico exigem o preparo e a
educação dos seus usuários para uso apropriado. Enquanto os resultados de pesquisas de
campo mostrarão se os critérios diagnósticos poderão ser empregados com confiabilidade
na prática clínica diária, a validade e a aplicabilidade deverão ser demonstradas através de
intervenções terapêuticas.
Palavras-chave: transtorno bipolar, psicose, classificação, diagnóstico diferencial
Debate 3
Cirurgia bariátrica no Brasil: armadilhas da obesidade
Coord. Sue Ellen Modesto
Trajetória do paciente obeso mórbido em 30 anos
de cirurgia bariátrica no Brasil
Marlene Monteiro da Silva
Divisão de Psicologia - ICHC-FMUSP
Cirurgia bariátrica e avaliação psicossocial na atualidade:
para que e para quem?
Claudio Corá Mottin
Pontifícia Universidade Católica-RS
Prejuízos ocasionados pelas comorbidades psiquiátricas
no paciente submetido à cirurgia bariátrica
Pedro Caldana Gordon
Instituto de Psiquiatria - HC-FMUSP
Debate 4
Avaliação neuropsicológica em pesquisa e
prática clínica no hospital universitário
Coord. Ana Luiza Zaninotto
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 14
NEUPSILIN-Inf – instrumento de avaliação neuropsicológica
breve e sua aplicabilidade em crianças no SUS
Mônica Carolina Miranda
Universidade Federal de São Paulo
O objetivo da avaliação neuropsicológica na infância não é apenas classificar as crianças
em categorias de desempenho, mas sim proporcionar informações que podem auxiliar no
delineamento de estratégias apropriadas acerca das formas de intervenção, bem como no
âmbito pedagógico, orientadas para promover o desenvolvimento adequado das funções
neuropsicológicas ou para minimizar o impacto de disfunções sobre a aprendizagem e
o comportamento. A viabilidade da avaliação neuropsicológica tradicional em serviços
públicos de assistência à infância vem sendo questionada por administradores da área da
saúde em função do alto custo financeiro que representa no mundo inteiro. Uma avaliação
neuropsicológica infantil adequada aos propósitos de intervenção e economicamente
viável tem sido um desafio para os centros de saúde e, em especial, no Brasil. Além
disso, sabe-se da limitação que a restrita quantidade de instrumentos de avaliação em
nosso país impõe ao exame neuropsicológico como um todo e, em especial, na faixa de
desenvolvimento infantil. Será apresentado o Modelo de Triagem Diagnóstica o qual foi
baseado no Instrumento de Avaliação Neuropsicológica Breve Infantil NEUPSILIN-INF.
Será demonstrada a eficácia do instrumento no estabelecimento de hipóteses dos quadros
de transtornos do desenvolvimento, em conjunto com testes de nível intelectual (Raven) e
escalas comportamentais que compuseram o modelo de avaliação breve, e que foi testada
numa amostra de 122 crianças que buscavam atendimento num núcleo assistencial (Núcleo
de Atendimento Neuropsicológico Infantil - NANI). O uso desse modelo de avaliação breve
frente à alta escassez de atendimento público para queixas de distúrbios do desenvolvimento
pode ser um modelo economicamente eficiente.
Testes neuropsicológicos computadorizados:
uso do E-prime na psicologia experimental
Camila Campanhã
Universidade Presbiteriana Mackenzie
O uso de tecnologias para registro de comportamento durante procedimentos de avaliação
psicológica têm sido crescente em pesquisas que abrangem a área da neurociência e
neuropsicologia cognitiva. Ferramentas como o computador possibilitaram a criação de
programas específicos que pudessem registrar medidas fisiológicas e comportamentais de modo
mais preciso do que até então poderia ser realizado a partir de avaliações mais tradicionais
utilizando-se lápis e papel. O E-prime, um dos softwares mais utilizados em psicologia
experimental, possibilita a criação de tarefas sofisticadas e o registro de diferentes tipos de
medidas psicofisiológicas sincronizadas com os estímulos apresentados e as respostas dadas
pelos participantes. Este programa tem sido amplamente utilizado em estudos de neurociência
cognitiva e social. Utilizado por mais de 15.000 profissionais da comunidade científica, foi criado
para permitir a estruturação e organização de diferentes tipos de experimentos sendo de fácil
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 15
aprendizagem por ser uma interface gráfica, o que permite a criação de testes em um tempo muito
menor e, além disso, permite realizar análise de dados básica e exportação dos dados para outros
programas de análise estatística. Também permite elaborar experimentos mais sofisticados com
o uso de diversos tipos de estímulos, diferentes tipos de registro de respostas e diferentes tipos
de feedback. Com a ampla utilização deste software, é possível encontrar diversos tipos de
materiais de apoio na internet e até testes clássicos já programados no E-prime. Outra grande
vantagem é a possibilidade de sincronizar com registro de medidas psicofisiológicas como a
Eletroencefalografia (EEG), Ressonância Magnética Funcional (fMRI) e rastreio de movimentos
oculares. A utilização deste software na psicologia experimental tem crescido cada vez mais e
a sua utilização em pesquisas no hospital tem grandes vantagens não somente pelas várias
possibilidades que o programa proporciona, mas também pela possibilidade de sincronização
do programa com outras tecnologias na instituição. Além disso, permite adaptações de testes
para diferentes tipos de pacientes e suas dificuldades como letras maiores, instruções auditivas
ao invés de textos escritos, entre outras possibilidades de adaptações.
Palavras-chave: E-prime, testes computadorizados, psicologia experimental, medidas
psicofisiológicas
Instrumentos para avaliação neuropsicológica: uso interdisciplinar?
Melissa de A. Rodrigues Machado
Centro de Estudos em Psicologia da Saúde – CEPSIC
O avanço na área de neurociências permitiu o surgimento de uma crescente demanda de
exames diagnósticos do funcionamento cerebral. Neste contexto, a avaliação neuropsicológica
auxilia na identificação e caracterização de déficits cognitivos, possibilitando o diagnóstico
mais preciso e o estabelecimento de metas de tratamento adequadas, tendo como instrumento
primordial a utilização de escalas e testes neuropsicológicos. Um instrumento é uma maneira
de agir no meio, minimizando assim a limitação da pura observação. Os instrumentos
psicológicos são objetivos e padronizados e visam avaliar e quantificar comportamentos
observáveis por meio de técnicas e metodologias específicas. Mesmo em hospitais que
suportam enfermarias especializadas, há uma grande variedade de casos; com pacientes
de idades e escolaridade distintas. No Brasil, o fator escolaridade deve ser considerado com
cautela, principalmente em pacientes internados na rede pública de saúde, pois a baixa
escolaridade implica um modo de pensar mais concreto, ao contrário das pessoas com alta
escolaridade, por isso, a maneira como reagem aos instrumentos pode ser diferenciada não
pela capacidade cognitiva, mas sim, por uma diferença inerente à estimulação educacional.
Apesar de a utilização de instrumentos cognitivos ser bastante difundida no mundo inteiro,
temos ainda no Brasil um número limitado de material para esse fim, contudo, o Conselho
Federal de Psicologia, através da Resolução CFP nº. 001/2003 Art.16, autoriza o uso de
testes não padronizados na população brasileira para fins de pesquisa, o que minimiza de
maneira considerável esse problema e garante a obtenção de dados para a utilização futura
desses instrumentos no Brasil.
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Debate 5
Saúde mental e a padronização (im)possível
Coord. Eliane Costa Dias
Limites do diagnóstico psiquiátrico e a avaliação clínica
por meio de instrumentos psicométricos
Zacaria Borge Ali Ramadam
Departamento de Psiquiatria da Faculdade de Medicina da USP
A psiquiatria ingressou no elenco das disciplinas médicas a partir dos séculos XVIII e XIX,
no auge da Revolução Industrial, quando as mudanças socioeconômicas suscitaram a
necessidade de avaliações individuais concernentes à capacidade produtiva (inteligência e
habilidades), responsabilidade civil e criminal. Na medicina clínica e cirúrgica sempre se podia
medir os danos causados pelas moléstias somáticas, através dos fluidos corporais (sangue,
urina), ou pela anatomia patológica. A própria neurologia obteve êxito considerável com este
modelo, descobrindo correlações entre distúrbios motores e sensoriais e respectivas fibras
e centros nervosos cerebrais. Contudo, a psiquiatria e a psicologia, adotando procedimento
similar, não lograram sucesso semelhante, já que os comportamentos e transtornos psíquicos
envolvem maior complexidade, devido à interação entre sistemas biológicos sofisticados e
fatores culturais variáveis. As tentativas de mensuração nessas áreas têm sido infrutíferas,
devido à ausência de elementos materiais consistentes, como ocorre nas moléstias somáticas.
Esse esforço gigantesco de mais de dois séculos culminou, modernamente, na criação das
escalas de avaliação psiquiátrica que, não obstante, não resultaram em maior proveito para
a elaboração do diagnóstico. Entretanto, apesar dos insucessos da mensuração, observa-se
um considerável progresso da psiquiatria moderna, graças às descobertas de antipsicóticos,
antidepressivos e ansiolíticos, a partir da década de 50.
Palavras-chave: diagnóstico, limites, psicometria, escalas em psiquiatria
A saúde mental no âmbito da perícia médica e psicológica
Antonio de Pádua Serafim
Instituto de Psiquiatria - HCFMUSP
Fatos das sociedades contemporâneas como o aumento da violência urbana, o afastamento
de trabalho por doenças incapacitantes, ações indenizatórias por consequências de
intoxicações (chumbo, mercúrio, monóxido de carbono), a dependência química, por exemplo.
Bem como os dados mundiais que apontam que cerca de 450 milhões de pessoas sofrem
transtornos mentais ou neurobiológicos, 70 milhões sofrem dependência do álcool, 50 milhões
têm epilepsia, 24 milhões sofre de esquizofrenia, um milhão de pessoas cometem suicídio
anualmente. Entre 10 a 20 milhões tentam suicidar-se e que a depressão situa-se em quarto
lugar entre as dez principais patologias mundiais. Têm exigido cada vez mais a participação
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do psicólogo e do psiquiatra no esclarecer dos fatos. Responder as questões relacionadas à
saúde mental e justiça requer da psicologia e da psiquiatria uma compreensão multifatorial de
todos os processos envolvidos. O desenvolvimento da psiquiatria e da psicologia contribuiu
de forma intensa para que os órgãos da justiça utilizem de conhecimentos especializados
no tocante aos processos que regem a vida humana e a saúde psíquica. E nas duas últimas
décadas, a neuropsicologia, que é capaz de colaborar para a compreensão da conduta
humana, seja ela delituosa ou não, no escopo da participação das instâncias biológica,
psíquica, social e cultural como moduladores da expressão do comportamento, também tem
se feito presente neste processo. Sendo assim, o objetivo desta apresentação é mostrar um
panorama das demandas judiciais para atuação do psicólogo e do psiquiatra no contexto da
perícia em saúde mental. E também destacar as situações nas quais o profissional da saúde
em sua prática clínica se depara com demandas judiciais, que exigirão deste profissional
uma mudança de paradigma, sem, no entanto, sair da sua atuação ética e humanitária.
Palavras-chave: saúde mental, perícia psicológica, psicologia psiquiátrica, neuropsicologia
forense
O que permanece standard no diagnóstico em psicanálise?
Sandra Arruda Grostein
Clínica Lacaniana de Atendimento e Pesquisas em Psicanálise (CLIPP)
O debate sobre a padronização e Saúde Mental interessa aos psicanalistas na medida em
que entendemos a importância da psicanálise no âmbito da Saúde, principalmente neste
início de século, onde as Neurociências encontraram seu caminho para cada vez mais
desvendar os mistérios da relação mente/cérebro, pois apesar do prefixo psi, a psicanálise
não se ocupa da psyché como uma unidade. Trata-se muito mais da análise dos sentidos e
da reordenação dos mesmos em direção ao sentido sexual que sustenta a relação do sujeito
com o mundo. A hipótese psicanalítica de que há diferença entre corpo e organismo, entre
consciência e sujeito do inconsciente, participa deste debate visando modificar o mapa no
território dos saberes. Os conceitos fundamentais da psicanálise freudiana – inconsciente,
transferência, pulsão e repetição – e aqueles que marcam a releitura lacaniana – sujeito do
significante, desejo, gozo, objeto a – permanecem no nosso vocabulário, porém a aplicação
deles na clínica depende de sua eficácia no tratamento de novos sintomas. Uma vez que a
psicanálise é um discurso, ela acompanha as modificações do “espírito do tempo” e, como tal,
pode e deve conviver com os outros discursos no campo da saúde mental. Nossa proposta
é que, dependendo do caso e do contexto, ela será mais indicada do que em outros, pois
exatamente ao não abrir mão do modo singular como cada sujeito tem de estar no mundo,
incluindo as mudanças de cada época, a psicanálise está mais aparelhada para escutar e,
consequentemente tratar, aqueles que têm muita dificuldade em se identificar com o coletivo.
Palavras-chave: psicanálise, saúde mental, ética, discurso, sintomas
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Debate 6
Saúde e sexualidade no século XXI
Coord. Daniele Nonnenmacher
Diferenças de gênero e medicalização da sexualidade
na criação do diagnóstico das disfunções sexuais
Fabíola Rohden
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
Este trabalho discute a criação das novas categorias de diagnóstico chamadas “disfunção sexual
masculina” e “disfunção sexual feminina”, surgidas nas últimas décadas, a partir de um processo
crescente de medicalização da sexualidade. Tenta mostrar como essas novas categorias são
produzidas em um contexto no qual vários profissionais, instituições e eventos têm papel
de destaque, com um peso importante dos médicos urologistas e da indústria farmacêutica,
interessada na promoção de um novo e amplo mercado consumidor. A análise aponta para
uma acentuada diferença de gênero nas concepções em curso e indica a configuração de um
modelo de sexualidade pautada no alto desempenho e nos recursos bioquímicos.
Palavras-chave: sexualidade, medicalização, gênero, disfunção sexual
Gestação e câncer: vínculo materno fetal diante
da dualidade vida e morte
Solimar Ferrari
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Descobrir um câncer durante o pré-natal, ou ao contrário, descobrir uma gravidez durante ou
após o tratamento de câncer são vivências que remetem a conflitos emocionais importantes
para a mulher, família e equipe de saúde. Por serem vivências contraditórias tornam-se ainda
mais complexas diante das inúmeras variáveis presentes neste processo como o impacto
do diagnóstico, tratamento, expectativa de vida da mãe, reações da família, consequências
à saúde do bebê, estabelecimento do vínculo com o mesmo e decisões a serem tomadas.
Nos últimos anos ocorreram mudanças importantes no tratamento para gestantes com
câncer. Inicialmente havia uma total desconsideração da gravidez, inclusive com frequente
interrupção da mesma. Atualmente tem-se recomendado conduta mais ponderada, na qual
se tenta equilibrar os interesses maternos e fetais da forma ideal para limitar os riscos de
progressão da doença materna e preservar a integridade fetal. O tratamento de uma gestante
com câncer é sempre uma decisão difícil porque envolve o risco materno, o fetal, o desejo
da paciente, dos familiares, e as opiniões do oncologista, do obstetra e do neonatologista.
Vida e morte desafiam o ritmo natural dos acontecimentos. A vivência do câncer associado
à gravidez é uma destas situações em que o fio tecido da vida se confronta precocemente
com a possibilidade de rompimento. O câncer é uma doença carregada de estigmas e
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historicamente tem uma conotação de punição e castigo. Está associada, no imaginário
social, a uma doença que leva à morte, que gera sentimentos de desesperança, sofrimento
e dor desestabilizando projetos de vida e provocando efeitos emocionais destrutivos. Ao
contrário do câncer, a gravidez está associada a representações sociais de vida, fertilidade
e continuidade. A representação social da maternidade está ligada a ideias de benção
divina, capacidade de dar vida, realização, plenitude e completude. Assim, a vivência do
câncer durante a gravidez provoca redimensionamento dos recursos psíquicos para abarcar
duas vivências muito significativas, vida e morte. As representações sociais de mulheres
que vivenciam o câncer concomitantemente com a gravidez são, inevitavelmente, ideias
associadas à dualidade vida e morte, destruição e fatalidade. Expressam sentimentos de
desesperança e medo da morte, de forma ambivalente à alegria de tornar-se mãe. Uma
representação socialmente construída ligada à capacidade de gerar vida entra em contraponto
com a possibilidade de colocar a mulher em risco. A mulher nesta condição apresenta uma
confusão de sentimentos e emoções que oscilam entre a alegria e tristeza, medo e coragem,
vida e morte, desesperança e motivação. Todos os sentimentos mobilizados frente a notícia
e vivência da doença podem comprometer o vínculo materno fetal. A identidade materna
que vai sendo construída ao longo do processo gestacional pode ficar comprometida frente
à nova identidade de “paciente/doente”. Sintomas de depressão e ansiedade são comuns
após o diagnóstico de câncer. Altos índices de stress são identificados em mulheres que
vivenciam o câncer associado à gestação. O apoio da família é fundamental neste processo
de enfrentamento da doença e fortalecimento do vínculo com o bebê. Para o profissional de
saúde é importante compreender que o câncer não é um acontecimento individual e particular
ao doente, mas que envolve também a família. No caleidoscópio de variadas e inúmeras
nuances que se interpõe ao diagnóstico de câncer associado à gravidez, o psicólogo deve
estar atento e sempre considerar todas elas em suas estratégias de intervenção. Avaliar e
acompanhar a adaptação ao processo de adoecimento, trazer à luz da percepção consciente
todos os sentimentos envolvidos e oferecer um espaço de suporte é o que pode auxiliar no
enfrentamento da situação e fortalecer o vínculo materno fetal.
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Disfunção erétil e indicação para implante de prótese peniana
José Cury
Instituto Central – HC-FMUSP
A disfunção erétil (DE) é uma doença que acomete homens após os 40 anos e seu tratamento
pode ser dividido em três categorias principais: o tratamento de primeira linha com o uso
de drogas pela via oral os chamados inibidores da 5-fosfodiesterase (I5-PDE), o tratamento
de segunda linha pela aplicação de injeções intra cavernosas de alprostadil ou desta em
combinação com papaverina e fentolamina, e o tratamento chamado definitivo pela implantação
de prótese peniana, com importância crescente pelo aumento da proporção de homens idosos
que desejam manter atividade sexual. Além da idade, o estilo de vida do homem atual (dieta
inadequada, tabagismo e sedentarismo) propicia o surgimento de doenças que danificam o
endotélio, como o diabetes, a síndrome metabólica, a hiperlipidemia, e a hipertensão arterial.
Pelo pequeno diâmetro das artérias do pênis, elas sofrem processo degenerativo obstrutivo
gerando a disfunção erétil em um grupo cada vez mais jovem da população. Homens que não
respondem aos tratamentos de primeira e segunda linha e após avaliação psico-sexual têm
indicação para o tratamento de terceira e última linha pela implantação da prótese peniana.
Este é o chamado tratamento definitivo com alto índice de sucesso, satisfação do casal, e
baixos números de complicações. O implante peniano é cirurgia indicada principalmente em
diabéticos, na doença de Peyronie, nas sequelas do tratamento cirúrgico do câncer da próstata
e nos casos de lesão traumática da medula espinhal.
Debate 7
Diagnóstico e tratamento da depressão em cardiologia
Coord. Silvia Maria Cury Ismael
Depressão como fator de risco para o infarto agudo
do miocárdio: evidências atuais
Mauricio Wajngarten
Instituto do Coração – HC-FMUSP
As inter-relações epidemiológicas, fisiopatológicas, clínicas e terapêuticas entre a depressão
e as doenças cardiovasculares têm sido valorizadas. As taxas de depressão chegam a
30% nos hospitalizados e a 40% naqueles com acidente vascular cerebral, infarto do
miocárdio ou insuficiência cardíaca. Dados epidemiológicos mostram uma associação entre
a depressão e o aumento de morbi-mortalidade total e cardiovascular. Tal aumento está
relacionado a repercussões fisiopatológicas ou por promover comportamentos inadequados.
Pacientes deprimidos apresentam sintomas somáticos, como queda da capacidade funcional
desproporcional à condição clínica, que dificultam diagnósticos e tratamentos. Por outro lado,
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as doenças cardiovasculares podem ter um papel promotor da depressão. Há evidências de
um papel das alterações anátomo-funcionais da circulação cerebral na origem da depressão.
Comorbidades psiquiátricas como ansiedade, e transtorno do pânico podem afetar a resposta
ao tratamento da depressão e aumentar o risco de recorrência. A avaliação de sintomas
depressivos é mais prática para o clínico do que a busca do diagnóstico pelos critérios
recomendados. Ela pode ser feita pelo próprio paciente de modo rápido e simples por meio do
Questionário PHQ9, recomendado pela American Heart Association e validado para aplicação
em nosso país. O escore obtido pelo questionário sugere a gravidade dos sintomas e a devida
orientação. Na escolha do medicamento antidepressivo devem ser considerados preferências
do paciente, respostas prévias, comorbidades, aspectos farmacológicos e, obviamente, os
custos. O objetivo inicial é a redução dos sintomas depressivos e do sofrimento, visando a
remissão do quadro. A psicoterapia é eficaz para redução de sintomas depressivos, melhora
do funcionamento social e prevenção de recaídas em pacientes depressivos. Espera-se
que após 12 semanas de tratamento psicoterápico os sintomas depressivos já estejam bem
menos importantes. Diante de resposta nula ou parcial deve-se associar um antidepressivo
ao tratamento psicoterápico. Na falta de melhora com doses plenas até a segunda semana, a
chance de remissão é menor do que 10% e preconiza uma revisão do esquema terapêutico.
A resposta ao tratamento sem atingir a remissão pode aumentar o risco de recaída. O clínico
deve ter a noção de que apenas 25 a 35% dos pacientes atingem a remissão completa.
Como regra geral, as subdoses devem ser evitadas, ainda que alguns pacientes alcancem
a remissão inicial. Nos casos resistentes pode ser necessária a prescrição das doses
máximas toleradas, troca para um antidepressivo de classe diferente ou a associação de
mais de um fármaco antidepressivo. A duração do tratamento é muito importante. Quando
interrompido na fase aguda, a chance de retorno da depressão, mesmo com alguma resposta
do paciente, é superior a 80%. Ao se suspender a terapia após 4 a 9 meses, a chance de
recidiva cai para uma faixa entre 60-80%. Daí a importância de instituir o tratamento de
manutenção por mais de um ano, quando o risco de recaída é reduzido a menos que 20%.
É fundamental o reconhecimento da necessidade de encaminhar o paciente a psiquiatra ou
serviço especializado diante de dúvidas ou dificuldades no controle do paciente.
Efetividade do tratamento psicoterápico
Éline Batistella
Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia/SP
O presente trabalho apresenta a problemática do tratamento psicoterápico da depressão
em pacientes cardíacos, e defende sua validade, a partir da consideração da importância da
capacidade depressiva, ou depressividade, para a constituição e regulação do funcionamento
psíquico. Lança como elemento para o debate o fato da vulnerabilidade como própria à
condição humana, que fica evidenciada na cardiopatia. Fato que põe em destaque o lugar
do outro, o qual adquire um duplo valor: de proteção e mobilização da vida e de excesso,
configurando arranjos de relação do sujeito consigo próprio e com o mundo, de investimento
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 22
e desinvestimento, modelados pela capacidade depressiva. Sem pretender discutir as
origens e os modos de apresentação dos estados depressivos, este trabalho prioriza a sua
compreensão como um estado afetivo arcaico que surge como recurso defensivo frente às
ameaças externas ou internas, na falência da depressividade e numa tentativa de sua (re)
instauração. Finalmente, considera que, se a doença pode ser fator de desestruturação do
sujeito, os estados depressivos que a acompanham guardam uma disposição de suscitar,
no âmbito da relação terapêutica sustentada pela atenção às nuances transferenciais
e contratransferenciais, uma transformação do vazio depressivo em depressividade,
constituindo, desta forma, um campo de possibilidades de vida.
Palavras-chave: depressão, depressividade, transferência
Efetividade do tratamento farmacológico
Renério Fráguas Júnior
Instituto de Psiquiatria – HCFMUSP
Sabe-se que até 65% dos pacientes pós IAM apresentam sintomas depressivos e que a
prevalência de episódio depressivo maior após a síndrome coronária aguda chega a 23%.
Evidências apontam que a depressão está associada a um aumento de incidência da doença
coronariana e aumento de mortalidade e morbidade em pacientes com doença coronariana já
instalada. A presença de episódio depressivo maior pode aumentar a mortalidade após IAM
em 50% a 90% independente da gravidade da doença coronariana. A remissão da depressão,
além de melhorar a qualidade de vida, pode melhorar significativamente o prognóstico
cardiovascular. No entanto, alterações clínicas e medicamentos utilizados nesta população
exigem uma abordagem diferenciada no tratamento antidepressivo. Devem ser levados em
conta nesta população aspectos como o impacto que os antidepressivos podem ter sobre
a pressão arterial, ritmo cardíaco e coagulação. Sabemos que alguns antidepressivos
apresentam um perfil de interação medicamentosa desfavorável nesta população, outros
podem agravar problemas cardiovasculares pré-existentes e outros podem ser até mesmo
cardiotóxicos. No entanto, há outros que apresentam baixa interação medicamentosa e
poucos efeitos sobre o sistema cardiovascular. Este fato torna possível tratar a depressão
nessa população de forma segura. Além da segurança, é fundamental conhecimento
sobre as evidencias de eficácia no tratamento da depressão e na melhora do prognóstico
cardiovascular com o sucesso do tratamento da depressão que cada antidepressivo possui
nesta população. Nesta apresentação abordamos os principais cuidados necessários no
tratamento medicamentoso da depressão em pacientes com doenças cardiovasculares
segundo a efetividade, tolerância e eventos adversos destes medicamentos. Cabe lembrar
que várias modalidades de psicoterapia e mesmo outras terapias biológicas possuem eficácia
para o tratamento da depressão.
Palavras-chave: depressão, cardiologia, antidepressivos, efetividade, tolerabilidade
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Mesa-redonda 1
Depressão e neuromodulação não-invasiva no hospital geral:
avanços e possibilidades para a psicologia e neuropsicologia
Coord. Renério Fráguas Júnior
Depressão primária e neuromodulação não-invasiva
André Russowsky Brunoni
Hospital Universitário da USP e CEPSIC
Nesta apresentação revisamos o uso de duas técnicas de neuromodulação não-invasiva
no tratamento do transtorno depressivo maior (TDM), uma condição de alta prevalência e
morbidade no Brasil e no mundo. A primeira técnica é a estimulação magnética transcraniana
repetitiva (EMTr), estudada há quase 20 anos e já aprovada para uso clínico. Por outro lado,
a estimulação transcraniana por corrente contínua (ETCC) é uma técnica promissora, mas
restrita principalmente à pesquisa clínica. Apesar de bastante diferentes em relação a seus
mecanismos de ação na depressão, ambas se assemelham do ponto de vista clínico, uma vez
que seus efeitos são induzidos através do uso diário por algumas semanas, com um tempo de
estimulação de cerca de 30 minutos por dia. Além disso, sendo técnicas não-farmacológicas,
podem levar a efeitos terapêuticos com efeitos colaterais praticamente mínimos.
Palavras-chave: estimulação magnética transcraniana, estimulação transcraniana por
corrente contínua, neuromodulação não-invasiva, transtorno depressivo maior
Depressão pós-AVC e neuromodulação não-invasiva
Leandro da Costa Lane Valiengo
Faculdade de Medicina da USP
O acidente vascular cerebral (AVC) é a principal causa de mortalidade no Brasil atualmente,
e uma das principais causas de incapacidade. Está associado a diversas sequelas não só
motoras, mas também neuropsiquiátricas, como déficits cognitivos e a mais comum dentre
elas é a depressão. A depressão pós AVC (DPA) está associada a déficits cognitivos, pior
qualidade de vida e maior mortalidade dos pacientes com AVC. Sabe-se que o tratamento da
DPA reduz esses déficits além de melhorar os sintomas da depressão. Contudo, o tratamento
com psicotrópicos nem sempre se mostra eficaz e está associado a muitos efeitos adversos,
especialmente nesse grupo particular de pacientes. Outra opção é o tratamento com terapia
cognitivo-comportamental, mas, apesar desta modalidade de tratamento ter apresentado
resultados positivos, os efeitos são em geral modestos e o custo da intervenção, considerando
a alta prevalência da depressão pós AVC, é alto. Neste contexto, a neuromodulação não
invasiva apresenta-se como uma opção interessante para o tratamento desta condição.
A estimulação magnética transcraniana é uma técnica que já vem sendo usada para o
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 24
tratamento da DPA com eficácia e poucos efeitos colaterais. Uma alternativa promissora é
o uso da estimulação transcraniana por corrente contínua, que tem se mostrado eficaz no
tratamento da depressão maior sem desencadear efeitos colaterais importantes. Outras
vantagens importantes da técnica são o baixo custo e a praticidade da intervenção, o aparelho
estimulador é pequeno e portátil. Mas, esta técnica ainda necessita de pesquisas na área
de DPA para demonstrar sua utilidade para este grupo de pacientes.
Palavras-chave: depressão pós AVC, neuromodulação, ETCC
Neuromodulação não invasiva em pacientes neuropsiquiátricos:
contribuições da neuropsicologia
Paulo Sérgio Boggio
Universidade Presbiteriana Mackenzie
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Mesa-redonda 2
Neuropsicologia: avaliação para a produção de conhecimento científico
Coord. Eliane Correa Miotto
Contribuições da neuropsicologia para o estudo dos
correlatos cerebrais associados ao envelhecimento normal
Eliane Correa Miotto
Departamento de Neurologia do HC-FMUSP
A relação entre a síndrome da fragilidade e o
desempenho cognitivo em idosos
Monica Sanches Yassuda
Escola de Artes, Ciências e Humanidades da USP
Avaliação neuropsicológica de idosos de baixa escolaridade
Leandro Fernandes Malloy-Diniz
Faculdade de Medicina da UFMG
O exame neuropsicológico dos idosos, no contexto brasileiro, é marcado por inúmeras
particularidades. A maior parte dessa população possui baixa escolaridade (geralmente
inferior a quatro anos) e dificuldades exacerbadas em processos cognitivos básicos, mas
fortemente influenciados pela cultura, educação e nível socioeconômico, como a leitura, escrita,
habilidades matemáticas e confecção de desenhos. O percurso educacional típico de países
desenvolvidos ainda é deficitário no Brasil, refletindo-se em uma população idosa com déficits
educacionais acentuadas. Muitas das hipóteses e métodos de avaliação em neuropsicologia,
desenvolvidos em países com condições educacionais, sociais e culturais muito diferentes
das brasileiras, pressupõem ou dependem de tais habilidades, dificultando seu exame em
no contexto clínico e em pesquisa. Fatores como a reserva cognitiva, desempenho funcional
ao longo da vida, escolarização formal e as demandas emocionais necessárias à realização
do exame neuropsicológico influenciam de forma significativa o desempenho do paciente em
diferentes métodos de testagem. Propomos três soluções para tal questão: 1) normatização de
instrumentos para exame neuropsicológico considerando populações heterogêneas do ponto de
vista educacional, 2) adaptação de instrumentos desenvolvidos e validados em outros países
onde as influências do nível educacional no desempenho sejam baixas ou não significativas
e 3) desenvolvimento de novos instrumentos de avaliação neuropsicológica, planejados
para uso específico nessa população. No presente trabalho revisamos a literatura nacional a
respeito dos métodos de avaliação que possuem referencial normativo estratificado por nível
educacional, mostramos estudos bem sucedidos de adaptação de testes menos dependentes
da escolarização formal e fornecemos dados preliminares de testes desenvolvidos para o
contexto brasileiro, com foco na avaliação do idoso de baixa escolaridade.
Palavras-chave: envelhecimento, escolaridade, demência, neuropsicologia, avaliação
neuropsicológica
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Mesa-redonda 3
Corpo e identidade
Coord. Latife Yazigi
Dor crônica nas costas: dor física ou dor psíquica?
Emine Tevfika Ikiz
Universidade de Istambul/Turquia
A literatura científica apresenta que entre 50 e 80% da população alega ter sofrido de dor nas
costas em algum momento de sua vida, sendo a taxa de incidência entre 25 e 70%. A causa
mais comum de dor crônica é a dor nas costas, sendo o motivo principal de distúrbio funcional
nas pessoas com menos de 45 anos. Os estudos cujo foco principal é a avaliação projetiva
associam esta dor à depressão e alexitimia. Os pacientes que nos procuram devido à dor
insuportável não levam em conta a dimensão psicológica de suas queixas, ou podemos dizer
que a dor física sempre traz consigo um valor de defesa contra o risco de colapso. Aqui, estou
me referindo especificamente a pessoas que insistem em procurar seus médicos para dizer
que não há mais nada a fazer e recusam as psicoterapias recomendadas. Além disso, meus
colegas que acompanham estes trabalhos comigo, nas clínicas de dor, afirmam que, mesmo
no início da abertura deste serviço, não houve nenhuma consulta e que os pacientes que
vinham, em seguida, sentiam raiva dos funcionários desse serviço e os consideravam como
algo ruim porque eram incapazes de aliviar a sua dor. Esses pacientes indicam constantemente
que se sentem cansados e doloridos, e isto atrapalha o trabalho psíquico e impede o processo
de livre associação. Os médicos, por sua vez, sentem-se angustiados de ver, à sua frente,
pessoas que não se curam, apesar de terem feito tudo. Eles têm a sensação de “fazer muito”
e de desespero. Em primeiro lugar, de acordo com a teoria psicanalítica, a dor é um conceito
que deve ser pensado tanto no nível psíquico como no físico. É por isso que se deve pensar
a respeito disto não com um “ou”, mas com um “e”. A dor designa um sofrimento físico e
psíquico. É, portanto, psicossomático. É o monismo freudiano da dor que vemos aqui: a dor
física e a dor psíquica não são diferentes em sua essência, apenas a natureza das alterações
de bloqueio: “A passagem da dor corporal para a dor psíquica corresponde à transformação do
bloqueio narcisista em bloqueio do objeto”, escreve Freud. Para ele, o enigma da dor se revela
em seu excesso. Somos também nós os psicossomáticos que questionamos principalmente
o “muito” no corpo e “muito pouco” na psique. Freud acreditava que a dor física é sempre
acompanhada de fenômenos psíquicos. Nossos pacientes se esvaziam constantemente com
lamentações e reclamações. No meu trabalho com pacientes que sofrem de dor nas costas
vejo bem o que Michel Fain dizia a respeito dos bloqueios narcisistas ao redor da ferida que,
de fato, se torna quase uma zona erógena protetora contra a neurose traumática. Praticamente
todas se recusaram a trabalhar sua vida psíquica e permaneceram com seus médicos para
um tratamento clínico. Elas querem dominar a dor para se afastar da depressão. O próprio
corpo substitui o mundo exterior. A dor serviria para manter um vínculo de objeto narcísico
materializado no corpo formado no mundo exterior. A experiência dolorosa lhes confere um eixo
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 27
narcisista, uma espécie de coluna vertebral psíquica que é o caso da dor crônica na coluna.
Deste modo, este trabalho versará sobre a pesquisa realizada na Universidade de Istambul em
que participaram 30 mulheres de 25 a 45 anos com “dor crônica na coluna”. Foram incluídas
no estudo as pessoas que não apresentavam doença psiquiátrica, de acordo com os critérios
de diagnóstico do DSM-IV, que não se submeteram a cirurgia por “dor crônica na coluna” e
cujas dores na coluna não podem ser explicadas por dados orgânicos, apesar de todas as
análises efetuadas. Foi aplicado o teste de Rorschach que testa os limites, induz a um alto grau
de regressão de ordem pré-genital que preconiza a imagem do corpo. Mais especificamente,
encontramos diferenças tanto em termos estatísticos quanto ao conteúdo entre a amostragem
do nosso grupo e a população em geral. Particularmente nas respostas F±, F + K e C, foram
obtidos resultados muito variados.
Efeitos da agressividade infantil para o sofrimento psíquico
de professores em diferentes momentos de carreira
Maria Abigail de Souza
Instituto de Psicologia da USP
O sofrimento de professores tem sido amplamente considerado pela literatura, em associação
com diversos fatores. O presente trabalho investiga esse sofrimento sob o aspecto da
agressividade vivenciada em sala de aula. Foram entrevistados doze professores de uma
escola pública da cidade de São Paulo - onze do sexo feminino e um do sexo masculino
- distribuídos em função de três momentos na carreira de ensino: inicial (até seis anos),
intermediário (entre doze e dezoito anos) e final (últimos cinco anos da carreira). As entrevistas
foram gravadas, transcritas e os dados categorizados conforme a frequência simples de
ocorrência. A comparação das respostas revelou diferenças entre os educadores com menor
e maior tempo de carreira no ensino: na percepção da agressividade infantil, nos sentimentos
despertados e nas estratégias de manejo utilizadas. Frente à constatação dessas diferenças,
foi possível refletir e tecer considerações para o delineamento de intervenções preventivas.
Palavras-chave: professores; sofrimento; carreira; agressividade
Este estudo foi publicado na revista Estudos de Psicologia. (Natal), Ago 2012, vol.17, no.2,
p.265-274. ISSN 1413-294X.
Corpo, identidade e dor crônica
Norma Lottenberg Semer
Departamento de Psiquiatria da UNIFESP
Este trabalho se refere a uma experiência de atendimento psicanalítico de pessoas com
fibromialgia em um centro clínico de pesquisa em psicoterapia vinculado a uma instituição
de ensino. A crescente presença de pacientes em nossa clínica cotidiana com pouco acesso
ao simbólico tem nos interessado em buscar possibilidades bem como em desenvolver
recursos para manejar essas situações. Procuramos ilustrar nosso trabalho por meio de
vinhetas clínicas articuladas com as teorias psicanalíticas, sobretudo à teoria de Winnicott.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 28
Mesa-redonda 4
Avaliação de comorbidades psicológicas e psiquiátricas
de pacientes em uso de medicamentos de ação sistêmica
Coord. Cláudia Fernandes Laham
Manifestações psiquiátricas em pacientes em quimioterapia
Simone Maria de Santa Rita Soares
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
Os pacientes com câncer frequentemente são submetidos à quimioterapia, em associação ao
tratamento cirúrgico e/ou radioterápico. Além dos efeitos colaterais mais conhecidos, como
náuseas, vômitos e fadiga, entre outros, tem-se dado cada vez mais importância aos efeitos
cognitivos desse tratamento. A disfunção cognitiva induzida por quimioterapia é conhecida
na literatura como chemobrain ou chemo fog e pode ser fonte de grande estresse para os
pacientes. O acometimento ocorre em diversos domínios da cognição, sendo a memória o
mais comumente citado, e chegam a compremeter a funcionalidade do paciente. No entanto,
frequentemente a testagem neuropsicológica falha na detecção objetiva dos prejuízos
relatados pelos pacientes, sendo interessante associar à bateria uma escala de avaliação
subjetiva. A duração é variada, com relatos de persistência dos sintomas por até 10 anos.
Não há ainda um consenso sobre um tratamento medicamentoso eficaz para auxiliar esses
pacientes, mas a modafinila até o momento é a que apresentou melhores resultados. A
abordagem preferencial é a da reabilitação cognitiva, com ênfase em estratégias de manejo
dos déficits cognitivos.
Palavras-chave: chemobrain, quimioterapia, cognição
O impacto do tratamento medicamentoso no humor e
qualidade de vida em pacientes com hepatite C
Mary Ellen Dias
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Alterações comportamentais em pacientes com dor crônica
em uso de opióides
Tania Vannucci Vaz Guimarães
Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP)
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 29
Mesa-redonda 5
Neuropsicologia: avaliar para reabilitar
Coord. Priscila Covre
Avaliar para reabilitar - impacto das funções cognitivas no dia a dia
Priscila Covre
Centro de Estudos em Psicologia da Saúde - CEPSIC
A avaliação neuropsicológica investiga, através de entrevistas, aplicação de escalas e
testes neuropsicológicos, as forças e fraquezas cognitivas de indivíduos com alterações
no funcionamento ou estrutura cerebral. Muitos neuropsicólogos enfatizam a aplicação
de testes durante esse processo. Contudo, muitos testes neuropsicológicos são pouco
ecológicos e, apesar de terem valor diagnóstico, não têm relação direta com o funcionamento
cotidiano do paciente. Assim, o processo de avaliação acaba por não contemplar o impacto
das disfunções cognitivas no dia a dia. O objetivo dessa apresentação é demonstrar que,
ao avaliar para reabilitar, o enfoque deve estar na identificação de como as alterações
cognitivas têm influenciado a vida diária do paciente e de sua família. De acordo com a
Organização Mundial de Saúde, os objetivos da reabilitação ou intervenção neuropsicológica
estão na melhora da funcionalidade e participação social de indivíduos com distúrbios
cognitivos. Uma avaliação que contemple o impacto das disfunções cognitivas possibilitará,
portanto, o estabelecimento de metas apropriadas para o tratamento. Conclui-se que uma
avaliação neuropsicológica com enfoque na reabilitação deve ir além dos resultados nos
testes neuropsicológicos, incluindo: avaliação qualitativa do desempenho do paciente;
avaliação da resposta do paciente a mediações; entrevistas contemplando os problemas no
dia a dia, como o paciente compreende suas dificuldades e como elas são vistas por seus
familiares; e, sempre que possível, avaliação do desempenho do paciente em situações
reais ou similares às situações que vive no dia a dia (avaliação ecológica).
Avaliação neuropsicológica dinâmica na infância
Carolina Cunha Nikaedo
Centro Paulista de Neuropsicologia/SP
Apesar de não ter trabalhado diretamente com avaliação dinâmica, os créditos da concepção
teórica são atribuídos ao pensador russo Lev Vygotsky (1934/1962). A Teoria da Zona de
Desenvolvimento Proximal-ZDP descreve os estágios entre a realização de uma determinada
atividade inicialmente com auxílio ou suporte para a realização com autonomia e proficiência.
Este processo, ou seja, como a pessoa aprende coisas novas, é o foco de investigação da
avaliação dinâmica. A relação entre o avaliador e o avaliando é uma interação de via dupla,
ativa e individualizada, sendo o feedback parte desta dinâmica. Esta interação, chamada
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 30
de mediação, é um conceito chave da avaliação dinâmica. A mediação ocorre em níveis de
suporte e diminui gradualmente à medida que a criança (paciente) desenvolve mais domínio
na nova habilidade. No contexto da avaliação neuropsicológica, a avaliação dinâmica é
uma ferramenta complementar importante às avaliações psicométricas, pois oferece ao
terapeuta dados sobre o perfil de aprendizagem que serão utilizados para o delineamento
da intervenção. O conceito de mediação quando apresentado aos pais e profissionais que
acompanham a criança, professores e clínicos, oferece modelos de suporte/assistência que
podem ser aplicados nestes outros ambientes.
Avaliação colaborativa – ajustando as hipóteses que os
pacientes e familiares têm sobre as falhas cognitivas
Silvia Adriana Prado Bolognani
Universidade Federal de São Paulo
A intervenção de reabilitação junto a pacientes com problemas cognitivos é sempre um desafio
para os profissionais. As dificuldades de desempenho aparecem em diversas áreas da vida,
exigindo que o profissional tenha uma visão ampla do caso, e compreenda a inter-relação
entre paciente, família e ambiente (tanto físico, quanto social, emocional e de suporte). Além
da abordagem sistêmica do caso, um outro elemento do processo de reabilitação deve ser a
estrutura, a abordagem planejada. Esta deve ser composta por um diagnóstico apurado das
dificuldades, compreensão do impacto destas na vida real do paciente, e busca de soluções
para tal impacto, orientando-se por metas definidas pelo conjunto de pessoas envolvidas
(pacientes, familiares e equipe profissional). Assim sendo, podemos considerar que a
intervenção é fundamentalmente uma proposta de solução de problemas, incluindo desde os
mais práticos, até os processos mais pessoais de adaptação emocional. Quando resolvemos
problemas em equipe, é fundamental que todos trabalhem na mesma direção, e por isso
se faz muito importante que a compreensão das dificuldades seja compartilhada. Nesta
apresentação abordaremos o processo de compreensão compartilhada das dificuldades e
as hipóteses explicativas dadas pelas pessoas envolvidas na intervenção.
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Mesa-redonda 6
Transtornos de identidade de gênero e a
complexidade do processo transexualizador
Coord. Elisa Del Rosario Ugarte Verduguez
O paciente transexual, o endocrinologista e as
intervenções prévias à cirurgia
Elaine Maria Frade Costa
Faculdade de Medicina da USP
Protocolo de avaliação e tratamento psicológico:
indicações e contraindicações
Marlene Inácio
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
O indivíduo auto-denominado transexual é aquele que exibe uma persistente identificação
com o sexo oposto e um descontentamento com a genitália e com os caracteres sexuais
secundários, bem como com as atribuições sociais pertinentes ao sexo biológico. Esses
pacientes buscam a cirurgia de transgenitalização e o tratamento hormonal para a
harmonização de sua imagem corporal interna com a sua imagem corporal externa. Com a
proposta de atender esses pacientes, o Hospital das Clínicas da FMUSP se tornou, desde
a década de 80, um dos centros pioneiros no Brasil na assistência psicológica e tratamento
hormonal destes pacientes. Esta apresentação visa discutir brevemente a definição de
transexualismo, apresentar a trajetória do programa no HCFMUSP, discutir critérios e
métodos para avaliação psicológica de pacientes autodenominados transexuais, instrumentos
de avaliação, bem como sua forma de utilização e critérios para entrada no programa de
tratamento, indicações e contra indicações cirúrgicas para estes pacientes. Apresentar os
dados referentes à demanda por tratamento nesta instituição, de 1984 a 2012. Relatar os
desafios e benefícios inerentes à psicoterapia com estes pacientes, e as modalidades de
atendimento psicoterápico empregadas, tais como psicoterapia individual, grupal e familiar.
Em síntese aponta a importância de uma boa interação na equipe multidisciplinar de saúde
em todas as etapas do programa de tratamento. Ademais, a área da psicologia acrescenta
mais três pontos relevantes que são: os critérios individuais de avaliação, o treinamento e
a capacitação dos recursos humanos para assistência.
Palavras-chave: transexualismo, psicodiagnóstico, psicoterapia, psicologia hospitalar
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Transexualismo ou transexualidade: implicações
para as políticas públicas de saúde no Brasil?
Paulo Roberto Ceccarelli
Pontifícia Universidade Católica/MG
A apresentação discute algumas implicações para as políticas de saúde no Brasil, questões
ligadas às reivindicações dos movimentos trans. Para isso, o autor faz uma breve digressão
de como esta manifestação da sexualidade – o transexualismo, mais recente chamado de
transexualidade – tem sido tratada ao longo da história e, particularmente, na cultura ocidental.
Em seguida, discutem-se os elementos presentes na construção do sentimento de identidade
sexuada. Para o autor, a construção deste sentimento é finalização de um processo que
começa bem antes do nascimento. Dentre outros elementos, faz parte desta construção a
representação psíquica do corpo, assim como sua imagem. Esta construção imaginária é
tributária dos fantasmas de quem acolhe a criança quanto de sua chegada ao mundo. Outro
ponto teórico discutido é sobre a diferença sexual: onde se situa a diferença? O trabalho
discute, também, como entender a demanda de transgenitalização e o que, de fato, esta
cirurgia oferece: muda-se, realmente, de sexo? O trabalho traz, também, algumas reflexões
sobre os movimentos de despatologização das identidades trans, e as consequências,
tanto para as políticas públicas de saúde, como para o próprio sujeito, destes movimentos.
Para o autor, o que vem ocorrendo é uma mudança discursiva que indica que os discursos
sobre a sexualidade e suas práticas são artefatos culturais, sem nenhuma ancoragem em
uma pretensa “natureza humana”. Tais discursos respondem às ideologias dos interesses
sociopolíticos e econômicos do momento histórico e da cultura da qual emerge, com toda a
sua vinculação à moral e às normas vigentes. O que é “patológico” para uma cultura pode
ser altamente valorizado em outra, podendo ser visto como um sinal de proximidade maior
com os deuses.
Palavras-chave: transexualismo, transexualidade, políticas públicas, identidade sexual,
diferença sexual
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 33
Mesa-redonda 7
Avaliação psicológica e neuropsicológica em traumas e UTIs
Coord. Alessandra Santiago
Tipos de trauma e solicitação de interconsulta psicológica
Celso Ricardo Bregalda Neves
Instituto Central do HC-FMUSP
Protocolo de avaliação psicológica em UTI:
implicações para a equipe de saúde
Luciane De Rossi
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), as reações psicológicas do paciente estão
relacionadas à gravidade da doença e aos fatores ambientais do setor, tais como iluminação
e barulho excessivos, restrição ao leito, contato restrito com a família e procedimentos
invasivos. A hospitalização nesse setor representa um momento de crise, com a ameaça
à vida e à integridade física do paciente, gerando sofrimento emocional intenso e maiores
chances de desenvolver transtornos psicológicos, tanto para o paciente como para seus
familiares. O sofrimento dos familiares é relacionado a diversos fatores: afastamento do
ente querido, alteração da rotina, problemas financeiros, dificuldade de compreensão
do diagnóstico, preocupação com a qualidade e eficácia dos cuidados oferecidos pela
equipe, observação da dor e sofrimento do paciente e o constante medo da morte. A
avaliação psicológica em UTI considera os aspectos psicológicos envolvidos na etiologia
e evolução da doença, e inclui o paciente, seus familiares e a equipe de saúde. Os
dados coletados permitem a elaboração de um diagnóstico situacional, que envolve a
explicitação das reações psicológicas de todos os envolvidos naquela situação. A avaliação
psicológica baseia-se em conhecimentos teóricos e práticos e utiliza instrumentos como a
observação, a entrevista e, se necessário, os testes psicológicos. Os dados investigados
incluem: o estado geral do paciente; a avaliação das funções psíquicas; a relação com a
doença e hospitalização; a relação com os familiares e membros da equipe e os recursos
psíquicos para enfrentamento da situação. Com relação aos familiares, o psicólogo avalia
a compreensão apresentada sobre o quadro clínico, sobre a evolução do tratamento e o
prognóstico; as alterações na dinâmica familiar provocadas pelo adoecimento e internação
do paciente; e o suporte objetivo e emocional que podem oferecer ao paciente. Ao solicitar a
avaliação psicológica a equipe de saúde reconhece a interface entre os distúrbios orgânicos
e a subjetividade do paciente, compartilhando com o psicólogo a responsabilidade com
relação ao tratamento do paciente. Os resultados da avaliação e o posicionamento do
psicólogo podem auxiliar os profissionais de outras áreas a reconhecerem e manejarem
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 34
problemas de natureza emocional. De modo geral, as implicações da avaliação psicológica
para a equipe de saúde incluem auxílio na definição do diagnóstico e tratamento; medicação
da comunicação entre paciente, família e equipe; elaboração de conflitos; e manejo do
estresse ocupacional, com melhora na saúde do profissional.
Palavras-chave: psicologia médica, unidades de terapia intensiva, equipe de assistência
ao paciente
Protocolo de avaliação neuropsicológica
após Traumatismo Crânio-Encefálico
Ana Luiza Costa Zaninotto
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
O traumatismo cranioencefálico (TCE) é o maior problema de saúde pública nos EUA, na
qual aproximadamente 235 mil hospitalizações não-fatais por TCE ocorrem anualmente;
1.1 milhões de americanos são tratados e liberados do departamento de emergência
anualmente, aproximadamente 50 mil desses pacientes morrem no acidente e 20 mil
durante atendimento hospitalar (Corrigan et al., 2010). Em 2010 a Federação Liaison e os
Consultores para projetos em TCE formaram um novo grupo com a finalidade de construir
um conjunto de recomendações para ampliar a lista de definições, denominando Common
Data Elements (CDE). O CDE propõe utilização de instrumentos cuja finalidade consiste
em comparar resultados de estudos em TCE utilizando variáveis demográficas e resultados
clínicos de todo o espectro do TCE e categorizar os elementos como básico, suplementar e
emergente. O objetivo da apresentação é discutir a utilização dos instrumentos de avaliação
neuropsicológica sugeridos pelo CDE, as limitaçoes decorrentes da falta da validação
de intrumentos internacionaispara nossa população, a utilização de testes análogos
padronizados e adaptados para a nossa população e a possibilidade inserção de testes
padronizados análogos, como o Índice Fatorial de Velocidade de Processamento (escalas
Weschler - WAIS-III), que auxiliem na interpretação, diagnóstico e melhor conduta para o
paciente e seus familiares.
Palavras-chave: traumatismo cranioencefálico, avaliação, testes, cognição
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Mesa-redonda 8
Avaliação psicológica e neuropsicológica em pacientes
com doenças infecto-contagiosas
Coord. Cláudio Garcia Capitão
A cura para a AIDS: repercussões no comportamento
sexual em sujeitos infectados
Luiza Azem Camargo
Instituto de Infectologia Emílio Ribas/SP
O surgimento do HIV e da aids desafiou os modelos de atenção e cuidado em saúde existentes
e demandou desde o início a participação e intervenção de outros saberes nesse contexto,
por serem muitas as repercussões nas múltiplas esferas da vida do sujeito. As repercussões
sociais incluem a convivência com os estigmas, rejeição e preconceito; as manifestações
clínicas podem ser as mais diversas e tornarem-se cada vez mais complexas na medida em
que a infecção evolui; e dentre as repercussões psicológicas se destaca um sentimento de
perda que exige do sujeito um trabalho de luto incessante, pois são muitas as perdas ao longo
da evolução da doença, e trata-se de uma doença incurável e estigmatizante, com a qual o
sujeito passa a conviver indefinidamente. Com a epidemia de aids, muito do que antes era da
esfera de vida privada, passa a ser público e exposto. As repercussões no comportamento
sexual podem ser percebidas na prática clínica por meio de determinadas dificuldades e
conflitos afetivos ou sexuais, no entanto, ressalta-se que do ponto de vista psicopatológico
diagnósticos específicos referentes a condutas sexuais “desviantes” não são inerentes ou
exclusivos de sujeitos com HIV e aids, pois a sexualidade se configura como única e particular
em cada sujeito, independente de qualquer diagnóstico clínico ou condição sorológica. No
sentido de cura como tratamento, cuidado, e alcance de um ponto razoável de completude,
pode-se dizer que o sujeito com HIV e aids foi e está sendo curado pela psicanálise e pelas
abordagens psicodinâmicas, na medida em que as descobertas novas vão transformando
o passado, não os fatos em si, mas o seu valor patogênico, recriando a história do paciente
por meio de todo processo psicoterapêutico e transformando o sujeito presente.
HTLV: repercussões psicológicas e impacto na qualidade de vida
Raquel Ferreira dos Santos
Instituto de Infectologista Emílio Ribas/SP
O vírus HTLV, embora pouco conhecido mesmo pelos profissionais da saúde, faz parte da
vida de mais de 15 milhões de pessoas no mundo todo. Os pacientes com HAM/TSP, por
sofrerem muitas alterações físicas, acabam tendo a qualidade de vida também alterada e
foi a partir dessa nova condição, que diversos estudos tem sido desenvolvidos com o intuito
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 36
de compreender e melhorar a rotina do doente. O HTLV, por se tratar de uma patologia
ainda sem cura, pertence ao grupo das doenças crônicas e traz consigo todo o peso dos
efeitos causados pelas manifestações da doença, de seu tratamento, das repercussões
e mudanças necessárias na vida cotidiana do paciente. Muitos estudos apontam também
para a influência negativa que a depressão tem na qualidade de vida do paciente, inclusive
no aumento de riscos para morbidade e mortalidade. Os fatores mais relevantes para as
alterações sofridas pelos pacientes estão relacionados ao aumento de sensibilidade à dor,
à incapacidade para desenvolver tarefas rotineiras de maneira adequada e a uma piora nas
relações sociais. Após longos anos de estudo ainda há uma vasta discussão no que concerne
ao termo qualidade de vida. Atualmente a concepção mais aceita engloba aspectos afetivos,
comportamentais e físicos do ser humano e evidencia assim, a relatividade da depressão,
visto que essa é uma patologia que afeta invariavelmente uma ou mais dessas áreas. Uma
das possibilidades de melhoria na qualidade de vida do portador de HAM/TSP está associada
à prática de exercícios físicos acompanhados por um fisioterapeuta ou outro profissional da
saúde, assim como por nutricionista, pois esses cuidados poderão trazer maior autonomia
e alívio para as dores dos pacientes.
Palavras-chave: HTLV, qualidade de vida, depressão
Protocolo de avaliação neuropsicológica
em pacientes com HIV, HTLV ou HCV
Maria Rita Polo Gascón
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
A investigação ativa de comprometimento cognitivo é muito importante nos pacientes
com infecções por vírus neurotrópicos (vírus da Imunodeficiência Humana tipo 1–HIV-1-,
vírus linfotrópico de células T humanas tipo 1 –HTLV-1- e vírus da hepatite C –HCV). A
frequência de alterações neurocognitivas neste grupo de pacientes é muito elevada e os
mecanismos que causam esses danos são tanto por lesão neuronal direta desses agentes
virais quanto por outros mecanismos menos compreendidos como imunomediação e
através de modulação por neurotransmissores. Porém, as alterações cognitivas nestes
pacientes não são rotineiramente rastreadas, apesar dos dados relacionando sua presença
com pior prognóstico e menor aderência ao tratamento. A melhor forma de confirmar e
diagnosticar as alterações neurocognitivas neste contexto é por meio de uma avaliação
neuropsicológica formal. Esta avaliação tem que explorar detalhadamente as esferas
neurocognitivas do tipo subcortical, as mais frequentemente afetadas nas três infecções
virais citadas anteriormente. O diagnóstico das alterações neurocognitivas em suas mais
diversas intensidades (assintomáticas, leves, moderadas e demência) auxilia no tratamento,
orientação e prognóstico destes pacientes.
Palavras-chave: HIV, HTLV, HCV, avaliação neuropsicológica
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Mesa-redonda 9
Dor, envelhecimento e finitude: métodos de avaliação
psicológica e propostas interdisciplinares
Coord. Valéria Trunkl Serrão
Dor crônica e Síndrome do Desfiladeiro Torácico:
avaliação psicológica e desafios diagnósticos
Alessandra Santiago
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
A dor crônica é característica intrínseca da Síndrome do Desfiladeiro Torácico (SDT), e a
avaliação multiprofissional, incluindo a psicológica, nesses casos, é fator determinante para
diagnosticar, tratar e obter perspectivas de prognóstico ao paciente. O diagnóstico diferencial
da doença tem nas avaliações psicológicas uma contribuição eficaz, uma vez que essas
questões psíquicas podem ser predisponentes de exacerbação de sintomas. A anamnese
detalhada, o exame físico, radiológico simples e específicos e avaliação da dor, determinarão
se há ou não indicação para procedimento cirúrgico. Será apresentado o caso das gêmeas
Laura e Luíza de 17 anos, que em 2008, no Ambulatório do Serviço de Cirurgia Vascular do
Instituto Central do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo, foram submetidas
à avaliação multiprofissional para SDT, na qual o sintoma de dor na multidimensionalidade,
em ambas foi diagnosticado como transtorno somatoforme.
Palavras-chave: dor crônica, Síndrome do Desfiladeiro Torácico, avaliação psicológica
Envelhecimento, memória e doenças crônicas:
o que é importante lembrar?
Valmari Cristina Aranha
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Nunca o envelhecimento foi tão falado e assistido como hoje. Nunca se discutiu tantas
possibilidades existenciais e assistenciais. As diversas formas de envelhecimentos possíveis
nos questionam quanto à nossa prática e nos incitam a repensar valores, conceitos e
parâmetros do que seja o envelhecimento bem sucedido, principalmente no que tange à
subjetividade, objeto primeiro da atenção do psicólogo. Com o significativo aumento da
população idosa e da consequente procura por atenção em serviços de saúde, torna-se
cada vez mais necessária a criação e a otimização de recursos para melhor dar conta desta
demanda. Cada vez mais o psicólogo tende a se especializar e se instrumentalizar para
assistir adequadamente a um número expressivo de idosos que se apresenta de forma
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 38
específica e heterogênea. Até bem pouco tempo atrás o trabalho do psicólogo com idosos
se resumia em ajudá-los a lidar com perdas, lutos e limitações. Hoje o trabalho se preconiza
na instrumentalização crítica e consciente de um idoso ativo, desejante e vinculado com a
vida. A busca e a obtenção de uma velhice bem sucedida é uma realidade. A convivência
com doenças crônicas também é uma realidade na velhice, muitas delas companheiras
por longo tempo de vida. Conhecer, entender e se adaptar às doenças crônicas é o grande
desafio. Doenças cardiovasculares, osteoarticulares, alterações metabólicas e cognitivas
e suas implicações deve ser foco do conhecimento do profissional que pretende trabalhar
com idosos. Somos o que somos por conta do que lembramos, a biografia é um dos maiores
tesouros de se viver muito e a memória sua principal aliada. Queixar-se da memória e de
sua funcionalidade é cotidiano para muitos idosos. O diagnóstico diferencial entre alterações
cognitivas, déficits de atenção, queixas emocionais e depressão é uma das funções do
psicólogo em gerontologia. Analisar a relação entre personalidade e envelhecimento é de
extrema importância. Considerar características de base e possíveis alterações advindas
de questões associadas à passagem do tempo é tarefa primeira da avaliação psicológica.
Considerando aqui a percepção subjetiva da passagem do tempo, cada qual a seu modo,
com suas crenças, valores e desejos. O envelhecimento como processo é marcado
significativamente pelo resultado desta relação. A atividade prática do psicólogo se inicia
na identificação das reais necessidades apresentadas através das queixas e justificativas
que chegam aos serviços de saúde. Objetivando diferenciar queixas físicas, coerentemente
diagnosticáveis e tratáveis e sofrimentos emocionais e/ou sociais inadequadamente atribuídos
ao corpo. O corpo aqui sendo usado como forma de expressão de sofrimentos emocionais,
como forma de tradução de sofrimentos antes não visíveis ao outro, presentes somente na
memória, memória esta que também esquece do que deveria ser lembrado.
Atendimento Domiciliar: avaliação psicológica e
intervenções em um locus privilegiado?
Cláudia Fernandes Laham
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Estar internado em uma instituição hospitalar pode trazer várias implicações para o paciente,
especialmente se este for idoso. Pode ser uma situação ameaçadora, trazer ansiedade,
perda de identidade, confusão mental e diminuição de funcionalidade e do exercício da
autonomia, entre outras coisas. Os serviços de atenção domiciliar são alternativas para
os cuidados de pacientes portadores de doenças crônicas, podendo significar garantia
de cuidado continuado após a alta hospitalar, diminuição de riscos de infecção hospitalar
e minimização de intercorrências clínicas. O domicílio é capaz de contar a história do
paciente e de sua família, revelando hábitos e costumes dos familiares que podem auxiliar
no entendimento dos profissionais de saúde sobre as relações e o significado atribuído a
elas. Formadas por médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, assistentes sociais,
fisioterapeutas, nutricionistas, odontólogos, farmacêuticos, fonoaudiólogos, terapeutas
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 39
ocupacionais e psicólogos, entre outros, as equipes de atenção domiciliar podem ter como
objetivo atuar em contexto preventivo e de promoção de saúde, ou nas modalidades de
assistência ou internação, quando a doença já está instalada. Quando ocorre a doença
crônica e o paciente recebe cuidados domiciliares, o psicólogo da equipe se depara com
queixas como as dificuldades de lidar com as limitações trazidas pelas doenças ou com
as trocas de papéis experimentadas na família, como quando alguém que era provedor
se torna dependente de outras pessoas. Os cuidadores desses pacientes queixam-se de
cansaço, solidão e sobrecarga com os cuidados, entre outras coisas, apesar de obterem
ganhos com essa função, como sentirem-se úteis e participantes na melhora dos pacientes.
Quadros de ansiedade e/ou depressão são comumente encontrados. O psicólogo realizará
um psicodiagnóstico situacional, avaliando como paciente e cuidador lidam com a situação
de doença e tratamento, quais os recursos psíquicos que possuem para enfrentar a situação
e como está o autocuidado deste último. De acordo com a necessidade, será oferecido
atendimento psicológico para pacientes ou cuidadores (psicoterapia breve, orientações,
grupos terapêuticos para os cuidadores, entre outros). O psicólogo levará à equipe
informações sobre a dinâmica psíquica de cada caso atendido, preservando, contudo, o
sigilo quanto aos detalhes relatados pelos pacientes. Se por um lado o fato de o psicólogo
estar no domicílio traz consigo um desafio, por ser este profissional acostumado a trabalhar
em ambientes que controla mais facilmente, como o consultório ou a sala de atendimento
do ambulatório na instituição hospitalar, por outro, o domicílio é um locus privilegiado por
trazer informações que o profissional não teria em outro local, como detalhes na casa que
contam a história do paciente e sua família ou a oportunidade de presenciar cenas familiares
de carinho ou hostilidade menos comuns em outros ambientes. Tais elementos auxiliam na
realização do psicodiagnóstico situacional. Mesmo que o local e o tempo de atendimento
mudem em relação ao que o profissional de Psicologia está acostumado, este deverá sempre
manter a escuta psicológica para a subjetividade do paciente, que o diferencia de todos os
outros profissionais de saúde.
Palavras-chave: assistência domiciliar, atendimento psicológico, idosos, doenças crônicas
Fórum de Discussão
Avaliação e intervenções psicológicas em
situações de emergências no hospital
Moderadoras: Bianca Nascimento Moraes e Luciane de Rossi
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 40
Relato de Pesquisa 1
Transtornos de personalidade:
um estudo sobre a identidade corporal
Coord. Ana Cristina de O. Almeida Vieira
Latife Yazigi, Tatiana Gottlieb Lerman, Thaís Cristina Marques,
Carolina Avancine, Kelsy Areco
Universidade Federal de São Paulo
Foi realizado um estudo sobre o self e a noção do corpo em pessoas encaminhadas para
psicoterapia psicanalítica e atendidas em ambulatório de hospital universitário. O instrumento
foi o Rorschach Performance Assessment System, R-PAS. A amostra foi composta por 181
pessoas, 137 com diagnóstico e 44 sem diagnóstico de transtorno de personalidade de
acordo com aEntrevista Diagnóstica Estruturada para Transtornos de Personalidade (SCID-II,
DSM-IV). As análises estatísticas compararam variáveis do R-PAS selecionadas tendo em
vista os objetivos nos dois grupos entre si e em ambos os grupos com os dados normativos
da amostra internacional do R-PAS. Os resultados mostraram diferenças estatísticas
significativas entre os 181 participantes e a amostra internacional nas variáveis: anatomia,
figuras humanas não puras, figuras humanas de boa e de pobre qualidade formal, movimento
passivo em relação ao ativo, movimento de cooperação, respostas de conteúdo agressivo,
respostas de conteúdo mórbido, índice de conteúdos críticos, índice de comprometimento do
ego, soma dos códigos cognitivos, códigos cognitivos severos, códigos cognitivos de nível 2
gravidade. Diferenças significativas entre o grupo sem transtorno e o grupo com transtorno
foram encontradas nas variáveis anatomia, códigos cognitivos severos, movimento agressivo
e respostas personalizadas. A discussão comenta sobre as diferenças relativas à constituição
de self entre o grupo sem transtorno e o grupo com transtorno. Assim, o grupo como um
todo mostrou características cognitivas que revelam desorganização do pensamento,
comprometimento do ego e distúrbio da relação interpessoal. O grupo de pessoas sem
transtornos da personalidade revelou um funcionamento da personalidade mais primário em
relação ao grupo com transtorno, no qual o corpo permanece como o recurso de apreensão
do mundo interno e externo.
Palavras-chave: Rorschach, R-PAS, transtornos da personalidade, imagem corporal,
autoimagem
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 41
Relato de Pesquisa 2
Sinais de risco em saúde mental na primeira infância:
diagnóstico e intervenção no CRIA
Coord.: Rosana Alves Costa e Vera Zimermann
Atenção psicossocial integrada à saúde de gestantes e mães
adolescentes - avaliação e acompanhamento na gravidez de risco
Rosana Alves Costa e Elievã Isidro Nunes Macêdo
Universidade Federal de São Paulo
O presente trabalho se inscreve em uma perspectiva médico-psicológica e tem, como
objetivo, apresentar um trabalho multidisciplinar de acompanhamento integrado e avaliação,
vinculados ao Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo e CRIACentro de Referência da Infância e Adolescência. Este projeto pretende descrever o impacto
do serviço de saúde mental para o usuário, grupo familiar e equipe de saúde, dentro das
ações integradas de profissionais que participam dessas ações. Esta é uma questão de
saúde pública pela prevalência de mortalidade, estabilidade psíquica da mãe, interrupção dos
projetos futuros / escolaridade, consequências para o vinculo materno-filial, desenvolvimento
da criança e prejuízo para o desenvolvimento da adolescência da mãe. Considerando estas
evidências, pretendemos detectar situações de risco, bem como apresentar um trabalho de
Promoção de saúde mental, através de um protocolo de atendimento, instrumentos préestabelecidos, Diagnóstico precoce, Informativo sobre os benefícios da interação maternofilial, Anticoncepção, desenvolvimento puberal, Promoção de uma sexualidade bem informada
e vivida, evitando gravidez não desejada. A gestação durante a etapa da adolescência é uma
situação de risco, estas jovens tendem a ser mais vulneráveis a transtornos mentais que
poderiam afetar a relação materno-filial, e por sua vez ter ressonância no desenvolvimento e
instabilidade psíquica do bebe. O trabalho de acompanhamento integral entre outros objetivos
considera a compreensão dos sintomas, fornecendo ferramentas que possam sustentar
as gestantes e mães adolescentes, proporcionando um espaço para expressar-se, como
também elaboração de seu sofrimento como sujeito.
Avaliação de risco em bebês – IRDI e desenvolvimento
Vera Zimermann e Juliana de Souza Moraes Mori
Centro de Referência da Infância e da Adolescência (CRIA)
O Centro de Referência da Infância e da Adolescência (CRIA) fundamenta sua clínica
numa concepção de sujeito que se constitui a partir da interação complexa entre o corpo e
psiquismo, assumindo um compromisso de conceber a criança a partir do entrecruzamento
de processos maturativos de ordem neurológica e genética e dos processos de constituição
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 42
do psiquismo. Neste cenário, encontra-se o Projeto de Intervenção Precoce em Bebês com
Indícios de Sofrimento Psíquico que privilegia as intervenções nos primeiros anos de vida.
Escorado em dados clínicos e da literatura e sustentado por conceitos como o de plasticidade
neuronal, este serviço sustenta-se na hipótese de que os primeiros anos de vida são de
fundamental importância para o desenvolvimento do sujeito. As experiências vivenciadas
por um bebê nas suas relações corporais, afetivas e simbólicas entre o bebê e o social
possibilitam aquisições de habilidades e transformações nas etapas do desenvolvimento que
direcionam seu modo de estar e usufruir do mundo. Desta maneira, as intervenções feitas
neste período têm chances de proporcionar um bom prognóstico devido às possibilidades de
transformação apresentadas pelo sujeito em desenvolvimento. Estes são os pressupostos
fundamentais que organizam nossas tarefas para atender o sofrimento psíquico de crianças
e suas famílias. Neste trabalho, iremos apresentar a metodologia que usamos para avaliar e
intervir em crianças ao longo do processo de constituição subjetiva em constituições psíquicas
que já apresentam dificuldades, para evitar ou minimizar a organização de patologias
psíquicas mais graves. Os instrumentos utilizados para a avaliação intervenção têm como
base pesquisas interdisciplinares na detecção de sinais de sofrimento psíquico e problemas
no desenvolvimento. O protocolo utilizado fundamenta-se no IRDI – Indicadores de Risco
para o Desenvolvimento Infantil (2002) e em estudos que nos fornecem parâmetros advindos
da psicologia do desenvolvimento e da pediatria.
Resultados iniciais de estudo sobre o desenvolvimento
de irmãos de crianças diagnosticadas com autismo
Gabriela Xavier de Araujo,
Rogério Lerner e Christian Hoffmann
Instituto de Psicologia da USP
O autismo é um transtorno do neurodesenvolvimento que pode decorrer de diversos
fatores etiológicos, dentre os quais figuram aspectos genéticos e psíquicos. Pesquisas
atuais indicam que o risco de um irmão de uma criança autista ser também autista é
4 à 18% (TARDIF, GEPNER, 2007; OZONOFF et al., 2012). O objetivo específico da
presente pesquisa é verificar sinais risco ou tendência de transtorno de desenvolvimento
com a aplicação dos instrumentos Indicadores de risco para o desenvolvimento infantil
- IRDI (KUPFER et al., 2009; LERNER; KUPFER, 2008) os sinais da pesquisa PREAUT
(CRESPIN, 2004; LAZNIK, 2000), a Avaliação psicanalítica aos 3 anos - AP3 (LERNER;
KUPFER, 2008) e o Child Behavior Checklist - CBCL (ACHENBACH,1991; BORDIN; MARI;
CAEIRO, 1995) em irmãos de crianças com diagnóstico de autismo. Para que se possa
verificar se existe uma associação entre a gravidade do transtorno da criança autista com
dificuldades no desenvolvimento do irmão, será aplicada a Childhood Autism Rating Scale
– CARS (SCHOPLER et al., 1988; PEREIRA, RIESGO, WAGNER, 2008) à primeira. O
uso dos instrumentos e as avaliações permitirão a detecção de sinais precoces que podem
evidenciar sofrimento na constituição psíquica.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 43
Curso Trans-congresso 1
Depressão e dor: avaliação psicológica e psiquiátrica
Danyella de Melo Santos
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP;
Renato Lendimuth Mancini
Instituto de Psiquiatria do HC-FMUSP
A dor é um sintoma complexo com aspectos físicos e psicológicos que interagem entre
si. Dados de literatura mostram uma íntima relação entre a dor e sintomas depressivos
que pode ser facilmente observada na prática clínica. Essa interação entre dor e sintomas
depressivos acontece não somente no sentido de aumentar a chance de que um deles
apareça quando o outro está presente, mas também gerando refratariedade ao tratamento
quando não são tratados em conjunto. Os profissionais de saúde mental raramente são os
primeiros a serem procurados pelos pacientes com queixas dolorosas, sendo chamados mais
frequentemente quando há dificuldade no diagnóstico etiológico da dor ou no seu controle.
Cabe ao profissional de saúde mental atentar-se tanto aos aspectos físicos e psicológicos da
dor, para junto à equipe de saúde, trazer uma compreensão mais completa dos problemas
apresentados pelo paciente, evitando rótulos e reducionismos que podem causar a falsa
impressão de refratariedade. Depressão é uma causa frequente de refratariedade ao
tratamento da dor, com impacto negativo na funcionalidade e na qualidade de vida. Cabe ao
profissional de saúde mental investigar adequadamente a presença de sintomas depressivos
e ansiosos, possibilitando intervenções terapêuticas adequadas, de modo a não gerar a
falsa impressão de refratariedade à analgesia. A rotulação pela equipe de saúde de que o
paciente tem “personalidade difícil” pode ser um indício da presença de transtornos ansiosos
ou depressivos. A maior demanda por cuidados e a pior resposta ao tratamento pode trazer
problemas no relacionamento entre a equipe de saúde e esses pacientes; cabe ao profissional
de saúde mental diagnosticar corretamente e orientar o restante da equipe. O papel do
psiquiatra se sustenta primordialmente na identificação e tratamento de transtornos mentais.
A escolha das medicações deve sempre considerar não só as características individuais
de cada paciente, mas também o perfil das medicações em relação à melhora da dor. Da
mesma forma, é importante que a indicação do tratamento psicoterápico siga as melhores
evidências em relação à resposta terapêutica. O foco do papel do psicólogo está em ajudar
ao paciente a lidar com os aspectos subjetivos da dor e com o impacto da mesma em sua
identidade, seus relacionamentos e demais aspectos de sua vida.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 44
Curso Trans-congresso 2
Avaliação neuropsicológica em pacientes não neurológicos
Ana Luiza Costa Zaninotto
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Curso Trans-Congresso 3
Uso de escalas e questionários em Psicologia Hospitalar
Thiago Robles Juhas
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Curso Trans-Congresso 4
A clínica com crianças em instituição hospitalar:
prática interdisciplinar em Uropediatria
Ana Cristina de Oliveira Almeida Vieira
Divisão de Psicologia-ICHC-FMUSP
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 45
TEMAS LIVRES
TL 01
ASPECTOS EMOCIONAIS ENVOLVIDOS NO USO
DE INIBIDORES DE LACTAÇÃO EM MULHERES COM
DIAGNÓSTICO DE HIV POSITIVO
Luís Fernando Bezerra Paparelli, Thiago Robles Juhas, Gláucia Rosana Guerra Benute,
Rosa Maria de Souza Aveiro Ruocco, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Departamento de Obstetrícia da
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A Organização Mundial da Saúde e o Ministério da Saúde consideram a
lactação como prática fundamental para proteção e prevenção à saúde de crianças.
Apesar de ser importante para a criança e mãe, a prática do aleitamento apresenta
algumas contraindicações, como algumas doenças infecciosas transmitidas da mãe para
a criança através da amamentação, como o Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).
Para algumas mulheres a amamentação está relacionada diretamente à possibilidade
de manter o bebê sadio, assim, mulheres impossibilitadas de amamentar, por vezes,
vivenciam ansiedades, sentimentos de tristeza, angústia e dúvidas relativas ao processo
de maternidade. Objetivo: Investigar o significado do diagnóstico de HIV e da amamentação
em gestantes soropositivas. Método: Estudo transversal, descritivo, qualitativo e quantitativo.
A amostra foi composta por 30 mulheres maiores de 18 anos, gestantes portadoras do vírus
da imunodeficiência humana (HIV), que tiveram o parto na divisão de Clínica Obstétrica de um
hospital universitário terciário da cidade de São Paulo. Para a coleta de dados, foi utilizado
um questionário composto por três sessões; a primeira composta por perguntas sobre dados
sociodemográficos; a segunda acerca do diagnóstico do HIV; e por fim, questões relativas à
amamentação. Para a análise das respostas do questionário foi utilizada a técnica de análise
de conteúdo. Resultados: A média de idade das participantes foi de 30,5 anos (DP=6,7); 18
(60%) mulheres relataram possuírem relacionamento estável; e 17 (53%) afirmaram exercer
trabalho remunerado. Em relação ao diagnóstico do HIV, 5 (16,6%) mulheres afirmaram
que a doença afeta de algum modo a sua relação com o bebê. Quando indagadas sobre
como vivenciavam a impossibilidade da amamentação 18 (60%) mulheres responderam ser
muito triste ou ruim; 12 (40%) participantes relataram ser ‘normal’ ou ‘suportável’. Quando
questionado sobre o que seria, para ela, a amamentação, 17 (56,6%) responderam “um ato
de amor” ou “fazer o bem”; 9 (30%) referiram “ser muito importante” e 4 (13,3%) afirmaram se
tratar de “uma questão de escolha”. Indagadas sobre o que significava não poder amamentar,
5 (16,6%) das participantes relataram “faltar algo importante”; 12 (40%) referiram “uma
situação a ser enfrentada”; e 13 (43,4%) disseram “algo muito triste”. Conclusões: Para
mães soropositivas a não amamentação acarreta culpa, frustrações, sofrimentos, impotência
e desejos desfeitos. De acordo com os relatos, as mulheres afirmaram que a condição
soropositiva pode afetar a relação mãe-bebê. Frente à impossibilidade de amamentar, a
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 47
mulher soropositiva poderá enfrentar diferentes problemas, principalmente de ordem física,
econômica e psicológica. O profissional de saúde deve oferecer, também, suporte emocional e
psicossocial. Deve-se alertá-las também, sobre os procedimentos preventivos e de tratamento
para evitar problemas com a mama puerperal, desse modo, proporcionar-lhes mais conforto
e segurança, tanto físico, como emocionalmente.
Palavras-chave: Vírus da Imunodeficiência Humana, Aleitamento Materno, Lactação,
Impacto Psicossocial
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 48
TL 02
CONTRIBUIÇÃO DA PERSPECTIVA PSICOLÓGICA NA NÃO
ADESÃO EM TRANSPLANTE RENAL: UM ESTUDO DE CASO
Michelle Keiko Inagaki, Dnyelle Souza Silva, William Carlos Nahas
Instituto Central do Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A não adesão ao tratamento é um fenômeno observado com grande freqüência
entre transplantados renais e tem impacto negativo a longo prazo no sucesso do transplante
Objetivo: Investigar fatores psicológicos relacionados aos preditores de não adesão
estabelecidos na literatura em paciente em fila de espera para segundo transplante renal
durante avaliação psicológica pré-transplante de rotina no Serviço de Transplante Renal
de um Hospital Universitário. Método: Durante avaliação psicológica pré-transplante foi
realizado a análise qualitativa do discurso da paciente, além de análise de prontuário
eletrônico para obter dados médicos e sociais retrospectivos do primeiro transplante renal.
Resultados: A complexidade dos fatores preditores de não adesão apareceram associadas
a eventos psicológicos anteriores ao processo de adoecimento. Sendo os preditores “suporte
familiar”, “percepção da doença”, “relação da paciente com a complexidade da doença e
comorbidades” foram os eventos que apareceram mais associados a estados psicológicos
anteriores ao processo de não adesão ao tratamento. Conclusão: Foram observados
aspectos psicológicos que permeiam os preditores de não adesão mencionados em literatura,
indicando a necessidade de entender a subjetividade inerente no processo de transplantação
e o impacto na adesão do paciente ao tratamento. A atuação da Psicologia em Transplante
Renal parece vir em encontro com a demanda do paciente de elaborar questões que estão
inevitavelmente ligadas ao sujeito e antecedem o adoecimento e enfrentamento a doença.
Tais aspectos psicológicos estão inerentes ao trabalho do profissional de psicológica que
através da escuta subjetividade busca compreender a correlação dos sentimentos e os
fatos, muitas vezes mascarados pelo adoecimento. Sendo portanto, uma contribuição para
novas pesquisas sobre o tema e assim auxilio na interlocução das equipes de centros
transplantadores na elaboração de intervenções eficazes para diminuir o impacto da não
adesão ao tratamento em Transplante Renal.
Palavras-chave: transplante renal, não adesão, psicologia
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TL 03
AVALIAÇÃO DE SUPORTE SOCIAL EM MULHERES
COM GESTAÇÃO MÚLTIPLA
Amanda Maihara dos Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Cecília Prohaska,
Adolfo Wenjaw Liao, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e
Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A presença de dois fetos ou mais na cavidade uterina define a gestação múltipla,
que por sua vez configura uma gravidez de alto risco. Durante o período gestacional, a
mulher encontra-se mais vulnerável e pode sentir um forte desejo de amparo e proteção,
demandando atenção e suporte social efetivo. A presença de uma rede social contribui para
diminuir o impacto dos eventos estressantes e modificações psicossociais e fisiológicas,
além de trazer mais qualidade na relação mãe-bebê. Objetivo: O presente estudo teve como
objetivo avaliar o suporte social em grávidas com mais de um feto. Método: Foram convidadas
a participar 50 gestantes, no período de 2010, com diagnóstico de gestação múltipla, que
se encontravam no ambulatório de Obstetrícia de hospital universitário aguardando consulta
médica no setor de gemelidade. Foram realizadas entrevistas semi-dirigidas e aplicada
a Escala de Satisfação com o Suporte Social. Resultados: Constatou-se que 14% das
gestantes apresentaram suporte social insatisfatório. Não foram encontradas associações
positivas quando avaliado suporte social, escolaridade, estado civil, semanas gestacionais,
trabalho remunerado, planejamento da gestação e número de gestações. Observou-se
significância estatística entre ausência de suporte social e crença na dificuldade de criação de
múltiplos (p<0,01). Conclusão: No presente estudo constatou-se suporte social insatisfatório
e pouca perspectiva de que após o nascimento dos filhos a situação melhore. Acredita-se
que se o apoio a essas mulheres não melhorar e a sensação de desamparo permanecer as
dificuldades para lidar com a gravidez e o pós-parto serão maiores. Como a mulher encontrase mais vulnerável, e consequentemente, mais acessível à ajuda oferecida, qualquer tipo
de intervenção eficiente, seja profissional ou não, tende a ser mais rapidamente aproveitada
e absorvida, além de encorajar a livre expressão dos sentimentos de tristeza, ansiedade,
hostilidade, facilitando sua elaboração e superação. Conclui-se que o suporte social auxilia
a mulher a vivenciar a gestação múltipla e o puerpério de forma mais saudável, sendo uma
forma de apoio necessária às mudanças e adaptações dessa fase, principalmente quando
se tratar de uma gravidez de alto risco.
Palavras-chave: gestantes, gravidez múltipla, apoio social
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 50
TL 04
CORRELAÇÃO ENTRE NÚMERO DE QUEDAS, MEDO DE CAIR E
SINTOMAS DEPRESSIVOS ENTRE IDOSOS DA COMUNIDADE
Ana Luisa Carvalho Guimarães, Thiago Robles Juhas, Gláucia Rosana Guerra Benute,
Valmari Cristina Aranha, Sergio Marcio Pacheco Paschoal, Mara Cristina Souza de Lucia
Divisão de Psicologia e Serviço de Geriatria do Instituto Central do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: As quedas representam um dos principais problemas para a saúde na
população idosa. Além das importantes repercussões físicas que as quedas podem trazer
para esta população, a literatura aponta que tais eventos podem estar também associados
a fatores psicológicos, tais como a depressão e o medo de cair. Sintomatologia depressiva
e quedas têm uma relação bidirecional, estando associadas à diminuição da marcha e
equilíbrio; sendo que o idoso que apresenta sintomas depressivos tende a se perceber
mais vulnerável, temeroso e com menor autoeficácia frente às quedas. Objetivo: Avaliar
possíveis associações entre sintomas de depressivos, medo de cair e recorrência quedas.
Método: Estudo transversal, descritivo, com amostragem por conveniência, composta por
105 idosos de ambos os sexos, com idade igual ou superior a 60 anos, participantes de um
Programa de Prevenção de Quedas. Foram excluídos idosos com déficit cognitivo, avaliados
pelo Mini Exame de Estado Mental. Foi utilizado questionário composto por perguntas sobre
dados sociodemográficos e uma questão acerca da autopercepção da saúde (ruim, regular
e boa). A depressão foi avaliada através da Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15).
Para a avaliação do grau de preocupação e autoconfiança com a possibilidade de cair, foi
utilizada a Escala de Autoeficácia Internacional (FES-I). Em relação à análise dos dados, o
principal foco foi verificar as diferenças significativas, em que o nível de significância utilizado
foi de 5% entre os grupos. As diferenças foram verificadas por meio do teste F (Fischer
Snedecor) e teste t de Student. Resultados: De acordo com a avaliação do GDS-15, 31,4%
da amostra (n=33) apresentou sintomas depressivos. A média de quedas no último ano foi
3,09 (DP=2,38) e, em relação ao medo de cair, 56,2% dos participantes (n=59) relataram
medo intenso. A média no MEEM foi de 27,17 pontos (DP=2,2).Foi verificada significância
estatística (p=<0,01) em relação à autopercepção da saúde e sintomatologia depressiva;
sendo que 45,5% (n=15) dos idosos com depressão se autodeclaram com saúde ruim.Foi
encontrada significância estatística (p=<0,05) na correlação entre sintomas depressivos e
número de quedas (p=0,03), sendo que 51,5% (n=17) dos participantes que caíram de 2 a 3
vezes no último ano apresentaram sintomatologia depressiva; e entre sintomas depressivos
e recorrência de quedas (p=<0,01), sendo observado que 87,9% (n=29) dos participantes
que caíram mais de 2 vezes no último ano apresentaram sintomas depressivos. Observouse associação significativa entre sintomatologia depressiva e medo de cair segundo a FES-I
(p=<0,01); sendo que 84,8% (n=28) dos participantes com depressão relataram intenso
medo de cair e baixa autoeficácia funcional. Conclusões: O idoso que cai se percebe mais
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 51
limitado e temeroso frente às quedas, elemento que pode se tornar fator de risco para a
recorrência deste evento e para a depressão. Ainda são poucos os programas que foquem
a prevenção de quedas e que considerem a avaliação da depressão. É indispensável à
avaliação psicológica e social dos idosos, pois, uma vez diagnosticados os fatores de risco
envolvidos tanto para as quedas como para a depressão, é possível realizar intervenções e
desenvolver novos projetos voltados para a saúde desta população.
Palavras-chave: acidentes por quedas, depressão, medo de cair, autoeficácia, idoso
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 52
TL 05
ENVELHECIMENTO E DOENÇAS CARDIOVASCULARES:
DEPRESSÃO E QUALIDADE DE VIDA EM IDOSOS
ATENDIDOS EM DOMICÍLIO
Rafael Trevizoli Neves, Cláudia Fernandes Laham, Valmari Cristina Aranha, Alessandra Santiago
Divisão de Psicologia e Núcleo de Assistência Domiciliar Interdisciplinar (NADI) do Instituto Central do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (ICHC-FMUSP)
Introdução: O envelhecimento populacional coloca no foco das políticas públicas de
saúde a doença crônica, seu impacto e o aumento da demanda de cuidados em longo
prazo. A qualidade de vida (QV) assume posição central nos cuidados, sendo um conceito
multidimensional que envolve medidas objetivas e subjetivas. Com alta prevalência entre
idosos, a depressão está relacionada ao aumento de risco de eventos cardiovasculares,
sendo necessárias formas alternativas de tratamento que promovam QV e atuem
multidimensionalmente, para além do modelo médico tradicional baseado na hospitalização
como, por exemplo, a Assistência Domiciliar (AD). Objetivo: Identificar a presença e descrever
as características da depressão em idosos com doenças cardiovasculares (DC) atendidos
em domicílio, avaliar a QV dessa população e a relação entre elas. Método: Para 30 idosos
(≥ 60 anos), portadores de DC, atendidos em programa de AD de um hospital público de São
Paulo, ambos os gêneros, foram aplicados, nos domicílios, a Escala de Depressão Geriátrica
(GDS-30), para levantamento de sintomas depressivos, e o inventário SF-36, para avaliar
QV, além da realização de entrevistas semiestruturadas. Resultados: A amostra teve maioria
feminina (73,4%), idade avançada (média 83,3 anos), baixa escolaridade (média 5,3 anos),
renda baixa (56,7% até 3 salários mínimos), idosos residentes em domicílios multigeracionais
(46,7%), perfil próximo ao encontrado em outros estudos sobre AD. Dos participantes, 60%
obtiveram pontuação indicativa de depressão pela GDS, tendo 10% destes, depressão
grave. Com relação à QV, obteve-se as pontuações: Estado Geral - 52,1; Vitalidade - 51,1;
Aspectos Emocionais - 59,9; Saúde Mental - 59,2. O domínio Aspectos Sociais teve maior
pontuação média (75,8); as menores pontuações foram para Capacidade Funcional (14,6)
e Aspectos Físicos (46,5). Observou-se relação entre maior número detectado de sintomas
depressivos e menor pontuação em todos os domínios do SF-36, principalmente nos Aspectos
Emocionais, Saúde Mental e Aspectos Físicos. Sujeitos com menor idade reconheceram
mais sintomas depressivos. Dos participantes, 30% relataram possuir diagnóstico de
depressão (33,3% utilizavam antidepressivos e 10% relataram associar acompanhamento
psicológico). A discrepância entre a indicação de depressão pela GDS e a porcentagem de
idosos que relataram ocorrência e tratamento para depressão podem indicar subdiagnóstico
e subtratamento da mesma. A capacidade de trabalho e autonomia frente ao cotidiano
relatadas antes da DC ficaram prejudicadas depois da ocorrência desta, havendo relatos
de uma vida mais “pausada” (sic) devido às limitações trazidas pela doença, sentimentos
como tristeza e preocupação com a saúde e dependência para realização de atividades
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 53
diárias. Contudo, alguns idosos não observaram diferenças com o advento da DC, atribuindo
as limitações a outras doenças. Conclusão: A QV foi percebida como melhor em relação
aos domínios Aspectos Sociais, Emocionais e Saúde Mental, e pior quanto à Capacidade
Funcional, Aspectos Físicos e Vitalidade. Encontrou-se alta prevalência de depressão na
população idosa portadora de DC atendida em domicílio e o aumento de sintomatologia
depressiva apresentou relação com pior pontuação média em todos os domínios de QV,
principalmente nos Aspectos Emocionais, Físicos e Saúde Mental. Sintomas depressivos
estiveram relacionados também à maior média de prescrições médicas e menor média de
idade dos participantes.
Palavras-chave: doenças cardiovasculares, assistência domiciliar, depressão, qualidade
de vida
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 54
TL 06
ESCLEROSE MÚLTIPLA: UM ESTUDO PRELIMINAR SOBRE
SINTOMATOLOGIA E DIAGNÓSTICO DE DEPRESSÃO MAIOR
Vanessa Marques Ferreira Jorge, Gláucia Rosana Guerra Benute,
Thiago de Faria Junqueira, Dagoberto Callegaro, Mara Cristina Souza de Lucia
Divisão de Psicologia do Hospital das Clínicas e Departamento de Neurologia
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A Esclerose Múltipla Recorrente Remitente (EMRR) é uma doença neurológica,
crônica e progressiva, que geralmente surge em jovens adultos, predominando no sexo
feminino, entre a segunda e a quarta década da vida. A EMRR envolve fatores físicos
que variam desde comprometimentos motores, até alterações emocionais e cognitivas.
A depressão é um dos sintomas emocionais que frequentemente encontra-se associada
a esta doença. Em relação a suicídio, a taxa não é bem determinada. Objetivo: Verificar
diagnóstico e sintomatologia de depressão maior e avaliar o estado de incapacidade
funcional em pacientes com EMRR. Método: O projeto de pesquisa bem como o termo
de consentimento livre e esclarecido foram previamente aprovados pelo comitê de ética
em pesquisa da instituição. Foram avaliados 14 indivíduos com EMRR. Os critérios de
inclusão adotados para pacientes foram: homens e mulheres com idade entre 16 e 50
anos; alfabetizados; ausência de déficits cognitivos que impeçam a assinatura do TCLE
pelos pacientes ou seu representante legal; tenham preenchido os critérios neurológicos
para EMRR, encaminhados pelo neurologista participante deste estudo. Os critérios de
exclusão foram: Quadro de confusão mental identificada por meio do julgamento clínico
multiaxial dos critérios diagnósticos propostos no DSM-IV; pacientes com dificuldade para
compreender e preencher os questionários; presença de diagnóstico atual ou nos últimos
6 meses de outra doença neurológica e/ou uso de medicações psicoativas, avaliados pelo
prontuário médico. Os dados foram coletados a partir do PRIME-MD, instrumento que
proporciona reconhecimento rápido e acurado dos diagnósticos de transtornos mentais
e da Escala Expandida do Estado de Incapacidade (EDSS) por ser método capaz de
quantificar as incapacidades ocorridas durante a evolução da esclerose múltipla ao longo
do tempo. A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva. Resultados:
Verificou-se que 71% eram mulheres; a idade média foi de 31 anos (DP= 9,8); 21,4% (n=3)
apresentam transtorno depressivo. Dentre os que apresentaram depressão constatou-se
que os sintomas predominantes foram cansaço ou falta de energia (100%; n=3), alteração
no apetite (100%; n=3) e pouco interesse ou falta de prazer (100%n=3). Nos indivíduos
que apresentaram depressão (66,7%; n=2) não apresentam incapacidade funcional. Dos
que não tiveram diagnóstico para depressão (78,6%; n=11), a sintomatologia prevalente
foi cansaço (36,4%; n= 4). Observou-se que destes indivíduos, 81,8% não apresentam
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 55
incapacidade funcional. Nenhum dos pacientes avaliados tinha o desejo de morrer ou de se
ferir de alguma forma. Conclusão: A sintomatologia depressiva predominante foi cansaço,
falta de energia alteração de apetite e desinteresse. Estes sintomas puderam ser avaliados
pelo PRIME-MD, pois o instrumento favorece o diagnóstico diferencial do que pode ser
provocado pela EMRR, quanto por um quadro depressivo. Não foi constatada incapacidade
funcional entre os pacientes avaliados com diagnóstico de EMRR.
Palavras-chave: esclerose múltipla, depressão, sintomas
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 56
TL 07
AVALIAÇÃO DA ATENÇÃO EM PACIENTES
COM ESCLEROSE MÚLTIPLA
Ana Maria Canzonieri, Kelen Cristina de Jesus, Denise Prado Teixeira Carvalho,
Juliana Di Matteo, Maria Cristina Giacomo, Liliana Russo
Associação Brasileira de Esclerose Múltipla – ABEM
Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica em que o processo
de desminielização pode afetar diversas áreas do Sistema Nervoso Central (SNC) e
dependendo da região afetada poderá ocasionar déficit cognitivo. A disfunção cognitiva na
EM é caracterizada pelos déficits de: memória, atenção, velocidade de processamento de
informação e as funções executivas. A prevalência geral de comprometimento cognitivo é
de 45% a 65%” (Negreiros et al, 2011). Neste contexto e devido às suas implicações na
qualidade de vida social, familiar e profissional é que se faz importante avaliar e desenvolver
a capacidade de atenção e concentração do paciente com EM. Este é um estudo que
se propõe a avaliar o grau de dificuldade do paciente no quesito atenção concentrada.
Objetivos: Caracterizar a atenção dos pacientes com EM; Comparar o nível de atenção do
paciente com EM antes e depois do treinamento para a atenção. Métodos: Pesquisa de
recorte transversal quantitativa observacional. Amostra por conveniência, de 32 pacientes
com EM, atendidos em uma Organização Social, em São Paulo, Brasil - Os critérios de
inclusão são pacientes com qualquer um dos tipos EM, 18 ou mais anos, EDSS até 6,5 (grau
de incapacidade neurológica medido pela Escala Expandida do Estado de Incapacidade).
Realizada a avaliação da atenção concentrada visual no paciente, com o teste D2, que avalia
separadamente (rapidez, exatidão, qualidade da atenção e flutuação no desempenho) antes
e depois do treinamento de atenção, cuja estratégia é baseada no erro e acerto para facilitar
a aprendizagem e a assimilação, em 8 sessões. Resultado: Obtém-se que não é relevante
a idade, escolaridade e EDSS em relação ao resultado bruto inicial e resultado bruto final
(p>.05). A correlação de aprendizagem e assimilação é significativa com p < 0.05. Todos os
pacientes tiveram ganhos com as mesmas. Houve melhora na atenção com o treinamento,
pois o nível de erro total caiu na reavaliação do D2. Conclusão: O paciente com EM se
beneficia com o uso de treinamento para o desenvolvimento da atenção.
Palavras-chave: atenção, esclerose múltipla, treinamento
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TL 08
PROGRAMA NACIONAL DE CONTROLE DO TABAGISMO:
POSSÍVEIS CONTRIBUIÇÕES DA PSICOLOGIA COGNITIVA
Alexandre Castelo Branco Herênio, Otília Aida Monteiro Loth, Abnilsa Durãe da Silva
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Introdução: O tabagismo vem se tornando um grave problema de saúde pública, e com o
objetivo de conter o avanço deste hábito, o Ministério da Saúde criou o Programa Nacional de
Controle de Tabagismo (PNCT), que envolve, além do tratamento para cessar o comportamento
de fumar, outras ações educacionais, políticas, legislativas e econômicas para reduzir o
tabagismo no Brasil. A parte do programa responsável pelo tratamento está disponível está
disponível desde 2004 na rede de atenção básica e de média complexidade do Sistema Único
de Saúde (SUS), incluindo os Centros de Assistência Psicossocial (CAPS). O programa é
executado em grupos dinâmicos, compostos por pessoas que querem abandonar o vício do
cigarro. O Ministério da Saúde oferece o treinamento aos coordenadores de grupo, onde são
fornecidas todas as orientações a respeito de como deve ser o funcionamento dos grupos,
além disso, existe a possibilidade do uso de medicação, que é um recurso disponível pelo SUS.
Todo o procedimento e os temas a serem tratados em cada dia no grupo seguem orientações
do Ministério da Saúde, sendo papel do coordenador providenciar, da melhor forma possível, a
participação interdisciplinar dos profissionais da saúde no programa. Apesar disso observa-se
que a participação de uma equipe multiprofissional não acontece na maior parte dos municípios,
onde todo o programa costuma ser executado por apenas um profissional. Objetivos: Objetivo
do presente estudo é discutir sobre as possíveis contribuições do profissional de Psicologia no
Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Método: Foram criados 2 grupos experimentais
com 10 membros cada, do PNCT no município de Hidrolândia - Goiás, onde foram realizadas
reuniões acrescentando-se às orientações do Ministério da Saúde, técnicas sugeridas pela
Psicologia Cognitiva: Técnica do relaxamento progressivo de Jacobson, respiração tóracoabdominal lenta e uma técnica de elaboração do luto. Foram mantidos 2 grupos-controle, com
10 membros cada, onde foram realizadas reuniões de acordo com as orientações do Ministério
da Saúde, sem o acréscimo das técnicas sugeridas pela psicologia cognitiva. Resultados:
Observa-se uma taxa abstinência significativamente maior no grupo experimental, com índice
de 65% de abstinência, contra 50% do grupo controle. Este dado sugere que o incremento do
PNCT com técnicas tradicionalmente utilizadas por Psicólogos aumenta o índice de abstinência
dos pacientes. Observa-se também que talvez este não seja o único responsável pelos
resultados nos dois grupos. A estrutura do curso de Psicologia prevê disciplinas que envolvem
necessariamente a compreensão da dinâmica grupal, o que talvez explique o fato de, mesmo
no grupo controle, o índice de abstinência ser superior à média nacional, que fica em torno de
30%. Conclusão: Com base nos resultados apresentados é possível inferir que a aplicação
de técnicas amplamente utilizadas por profissionais da psicologia, juntamente à abordagem
do grupo feita por este profissional contribui de forma significativa para que índices maiores
de abstinência sejam alcançados no PNCT.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 58
TL 09
SINTOMAS DEPRESSIVOS ENTRE PACIENTES
OBESOS CANDIDATOS A CIRURGIA BARIÁTRICA
Paula Francinelle Paiva-Medeiros, Leorides Severo Duarte-Guerra, Yuan-Pang Wang
Universidade Presbiteriana Mackenzie/São Paulo, Instituto e Departamento de Psiquiatria,
Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A obesidade é uma condição crônica crescente no Brasil e no mundo, cuja
evolução para graves quadros metabólicos pode resultar em ameaça para a vida do indivíduo.
Entre os transtornos mentais associados a obesidade, a depressão maior é um dos quadros
mais frequentes, podendo influenciar o curso do indivíduo obeso nos períodos pré e póscirúrgicos. A identificação de sintomas depressivos nesta população pode contribuir para
encaminhar os pacientes para tratamento apropriado, durante a preparação pré-operatória
e seguimento pós-cirúrgico. Entretanto, os sintomas vegetativos de apetite, sono e energia
podem potencialmente identificar erroneamente os quadros depressivos nesta população;
Objetivos: (a) Estimar a confiabilidade da Montgomery-Åsberg Depression Rating Scale
(MADRS) numa população de obesos classe III. (b) Investigar o desempenho psicométrico
da MADRS em relação a entrevista clínica aplicado por clínicos, através de cálculo de
sensibilidade e especificidade. (c) Testar o desempenho de versões breves da MADRS em
relação a versão completa de dez itens; Método: Uma amostra de 374 pacientes obesos
adultos com Índice de Massa Corpórea (IMC) > 40 kg/m2 foi recrutada consecutivamente da
lista de espera do Ambulatório de Cirurgia Bariátrica no Hospital das Clínicas da Faculdade
de Medicina de São Paulo. Os instrumentos de avaliação foram (a) Montgomery-Åsberg
Depression Rating Scale (MADRS) de 10 itens e (b) Structured Clinical Interview for DSM-IV
Axis I Diagnosis (SCID) que permite fazer o diagnóstico de Depressão Maior pelo sistema
DSM-IV. Após a análise descritiva, foi calculado o coeficiente de consistência interna (alfa
de Cronbach) da MADRS e executada a análise de detecção de sinal para estabelecer o
melhor ponto de corte, bem como as suas respectivas sensibilidade e especificidade. A
curva Receiver operating characteristic (ROC) foi construída para examinar o desempenho
da MADRS de 10 a 5 itens. Os cálculos foram executados no programa SPSS 19.0 e o
nível de significância adotado foi de p<0,05 para testes bicaudados; Resultados: Entre
os pacientes que participaram da pesquisa 79,9% são mulheres e 20,01% são homens,
com médias de IMC 47 kg/m2 (DP 7,1) e idade 43,3 anos (DP 11,6). O coeficiente alfa de
Cronbach foi de 0,93. O melhor ponto de corte para detectar depressão nesta amostra
foi o escore de 13/14, quando comparada com o padrão-ouro SCID. A sensibilidade
foi de 0,85 e especificidade 0,81 para MADRS de 10 itens. A capacidade discriminante
da MADRS, estimada através da área sob a curva (AUC) foi 0,87. As versões mais
breves variaram entre 0,87 a 0,89, mostrando boa comparabilidade psicométrica;
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 59
Conclusão: Os resultados da pesquisa demonstram que a MADRS é uma escala confiável
para detectar sintomas depressivos na população de obesos mórbidos. A sua validade de
critério é boa em termos de sensibilidade e especificidade quando comparado com SCID. A
redução de itens da escala manteve as características psicométricas da versão completa de
dez itens. A versão breve de MADRS é um instrumento fidedigno e válido para ser utilizada
em pacientes obesos.
Pesquisa apoiada pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP
(processo 2012/18325-0)
Palavras-chave: sintomas depressivos, obesidade, escala de avaliação psicométrica
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 60
TL 10
FUNÇÕES NEUROPSICOLÓGICAS EXECUTIVAS PÓS ACIDENTE
VASCULAR ENCEFÁLICO HEMORRÁGICO
Ana Paula Afonso Camargo, Carmen Maria Bueno Neme, Maria de Lourdes Merighi Tabaquim
Universidade Estadual Paulista - UNESP e Universidade de São Paulo - USP
Os acidentes vasculares encefálicos constituem-se um sério problema de saúde, e dados
sobre sua prevalência mundial têm chamado à atenção. Dentre os subtipos de AVE, a
hemorragia intraparenquimatosa (HIP) configura-se a de pior prognóstico. Frequentes déficits
cognitivos e a significativa incidência de sintomatologia depressiva têm sido associados a
este insulto neurológico. Entretanto, os expressivos índices de morbimortalidade implicam
em dificuldades para a execução de estudos inerentes ao funcionamento neuropsicológico,
pós lesão. Este estudo teve como objetivo principal investigar as funções neuropsicológicas
executivas, em sujeitos pós acidente vascular encefálico hemorrágico. Como objetivo
secundário, buscou verificar as relações entre sintomas depressivos pós infarto cerebral
hemorrágico intraparenquimatoso, respostas cognitivas e topografia lesional. Para isso,
foram triados 123 pacientes admitidos de modo consecutivo, pelo Serviço de Neurocirurgia
do Hospital de Base de Bauru. Destes, foram elegíveis 12 sujeitos, com HIP espontânea e
primária, de ambos os sexos, com idade média de 58,5 anos. A avaliação neuropsicológica
das funções executivas consistiu na aplicação do Wisconsin Card Sorting Test; do Subteste
Dígitos (WAIS); Teste Blocos de Corsi; Trail Making Test; Stroop Test; e das provas de fluência
verbal fonêmica e categoria semântica. O grau de gravidade do AVE foi medido pela Escala de
AVE do National Institutes of Health, Escala de Coma de Glasgow e pelo Escore de AVCH. O
comprometimento nas AVDs foi medido pelo Índice Barthel, e a sintomatologia depressiva pelo
Inventário de Depressão de Beck. As avaliações ocorreram em dois momentos: a primeira,
em média 50,4 horas, em internação hospitalar, e a segunda em média 36 dias, após o AVE.
Os exames de neuroimagem, por Tomografia Computadorizada de Crânio, foram realizados
em admissão hospitalar, dada a hipótese diagnóstica de AVE. Os dados foram analisados
pelo Statistical Package for Social Sciences, e a correlação de Spearman foi calculada
para a verificação do grau de relacionamento entre as variáveis, considerando um nível
de significância de 0,05. Os resultados demonstraram que 91,6% da população estudada
apresentou comprometimento das funções executivas, 75% em atividades de vida diárias, e
em 66,6% dos sujeitos foi identificada a sintomatologia depressiva, na fase aguda pós HIP.
Verificou-se maior incidência de lesão em regiões subcorticais (66,7%), quando comparadas
às lesões em áreas corticais (33,3%). Embora relações estatisticamente significantes tenham
sido encontradas apenas entre lesões subcorticais e processos atencionais deficitários, bem
como entre sintomas depressivos e fluência verbal, com p<0,05. A incidência de Hemorragia
Intraparenquimatosa associou-se a disfunção executiva, considerando que hemorragias
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 61
em sítios subcorticais apresentaram-se relacionadas aos desempenhos mais rebaixados
de funcionamento executivo. Sujeitos pós AVE mostraram-se vulneráveis à sintomatologia
depressiva, nos casos com topografia subcortical de lesão, com maior frequência de relações
entre os sintomas depressivos e prejuízos nas funções executivas.
Palavras-chave: acidente vascular encefálico, hemorragia intraparenquimatosa, funções
executivas, avaliação neuropsicológica, depressão, tomografia computadorizada de crânio
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TL 11
ATENÇÃO: QUAL É O ESTADO DESSA FUNÇÃO COGNITIVA
ENTRE OS MOTORISTAS DE CAMINHÃO QUE CIRCULAM POR
RODOVIAS DE SÃO PAULO?
Lucio Garcia de Oliveira, Marcela Julio Cesar Gouvea, Maximiliano Gigena Siqueira,
Frederico Eckschmidt, Luciano Augusto Barbosa, Kae Leopoldo, Carlos Vinicius Dias de Almeida,
Bernardo dos Santos, Paula Adriana Rodrigues de Gouveia
Introdução: o modal rodoviário é o sistema de transporte mais utilizado no Brasil, contribuindo
à economia do país com 6% do produto interno bruto (PIB) e através da geração de
empregos. Entretanto, tem despertado a atenção o elevado número de acidentes de trânsito
(AT) nas rodovias brasileiras, dos quais muitos têm envolvido veículos de carga. Aparte
das condições precárias de pavimentação e sinalização das rodovias, o fator humano tem
contribuído com 90% dos acidentes. Ao se considerar que os motoristas de caminhão
estão submetidos a condições ocupacionais aversivas - cuja evitação torna-os vulneráveis
à emissão de comportamentos de risco, á exemplo do uso de substâncias psicotrópicas – é
de suma importância acompanhar o funcionamento cognitivo dessa categoria profissional,
especialmente em termos do funcionamento de atenção. Objetivos: avaliar o funcionamento
de atenção em uma amostra de motoristas de caminhão. Método: do mês de junho a
dezembro de 2012, uma amostra de conveniência de 428 motoristas de caminhão foi
recrutada nos postos da SEST-SENAT de rodovias do Estado de São Paulo. Os participantes
foram solicitados a responder instrumentos de pesquisa para a avaliação de informações
sociodemográficas, antropométricas e ocupacionais. A atenção sustentada - entendida como
um estado de prontidão para identificar e responder a estímulos por período prolongado
de tempo - foi o recurso atencional avaliado através de testes padronizados, a citar: Teste
de Atenção Concentrada (TACOM; Vetor Editora), Teste D2 (CETEPP) e Trilhas Coloridas:
Forma 1 (Casa do Psicólogo). Todos os instrumentos de pesquisa foram corrigidos e o banco
de dados foi construído e analisado no programa Epi-Info v.3.5.4. Resultados: todos os
participantes são homens, de idade média de 38,2 anos, 8,5 anos de escolaridade e 75%
estavam casados ou convivendo maritalmente no momento da entrevista. Especificamente
em relação ao desempenho nos testes de atenção sustentada, 57,3% ficaram abaixo da
média no teste TACOM, 45,6% no teste D2 e 17,6% no teste Trilhas Coloridas Forma-1. Ainda,
apenas 12,3% dos motoristas tiveram desempenho mediano ou superior em todos os testes,
enquanto 87,7% desempenharam abaixo da média em pelo menos um dos testes: 40,8%
em pelo menos um teste, 37% em dois testes e 10% nos três testes avaliados. Conclusões:
uma alta prevalência de motoristas de caminhão apresentou desempenho abaixo da média,
sugerindo que tenham problemas em manter a atenção por prolongado período de tempo.
Esse resultado é paradoxal, dado que a profissão de motorista requer que muitas vezes
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 63
passem até dias dirigindo. Ainda é necessário o estudo dos determinantes relacionados a
esse baixo desempenho, entretanto, os resultados já apontam a necessidade de desenvolver
Leis ou políticas públicas que possam melhorar a situação ocupacional da categoria.
Agradecimentos: ao apoio financeiro da FAPESP (Processo N° 2011/11682-0).
Palavras-chave: cognição, atenção, epidemiologia, motoristas de caminhão
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TL 12
A INFLUÊNCIA DA DEPRESSÃO E ANSIEDADE NO DESEMPENHO
NEUROPSICOLÓGICO E COMPORTAMENTAL DE IDOSOS
Gessyka Wanglon Veleda, João Carlos Centurion Cabral, Martina Mazzoleni,
Letícia Costa Alves, Mônica Cardoso Reguffe, Vera Torres das Neves
Universidade Federal de Rio Grande
Introdução: O Brasil tem apresentado um significativo aumento na longevidade nas últimas
décadas, estimando-se que até 2050 os idosos correspondam a um quarto da população
brasileira. Nesse novo espectro populacional, os transtornos de humor são umas das
desordens psiquiátricas mais recorrentes. Dentre elas, a depressão é a mais frequente e
está associada ao maior risco de morbidade e de mortalidade e maior risco de suicídio,
ainda pacientes com depressão maior podem apresentar maior comprometimento cognitivo.
A depressão na velhice tende a ser mais severa, mais duradoura e mais incapacitante do
que em outras fases da vida. Logo após, prevalece o transtorno de ansiedade generalizada,
idosos portadores desse transtorno apresentam uma tendência a antecipar sua inabilidade
e questionar suas capacidades intelectuais, além disso, apresentam aumentado risco para
o abuso de substâncias dentre outras consequências. Estudos indicam que o estresse é
um dos principais precipitadores desses transtornos em indivíduos predispostos, ainda,
sujeitos com elevados níveis de estresse crônico podem apresentar menor desempenho
cognitivo, trazendo prejuízos significativos, pois alterações nestas funções, em idosos,
podem resultar em prejuízo no seu funcionamento físico, social e emocional. Deste modo,
compreender as relações entre esses fenômenos e variáveis relacionadas à saúde de
idosos é de suma importância para prevenção de comorbidades e para o planejamento
de intervenção para essa faixa etária. Objetivo: Verificar as relações entre os sintomas de
depressão e ansiedade e os aspectos de saúde em idosos e ainda avaliar suas relações
com o estresse e desempenho cognitivo. Método: Após o cadastramento e o agendamento
de visitas domiciliares, os participantes, 144 idosos com 60 anos ou mais e livres de
doenças incapacitantes, responderam um questionário sócio demográfico e de saúde, três
escalas de avaliação de estresse, uma bateria de testes neuropsicológicos e quatro escalas
para avaliações clínicas. As escalas de estresse foram aplicadas anteriormente à bateria
neuropsicológica, para não aumentar a ansiedade e o estresse dos participantes ao terem
seus desempenhos avaliados. Resultados: Foram encontradas correlações significativas
entre os sintomas de transtornos depressivos e ansiosos, igualmente relações importantes
entre esses sintomas e hábitos saudáveis. Não foram observadas correlações entre esses
sintomas e o aparecimento de doenças cardiovasculares e o tabagismo. Os idosos com
níveis elevados de estresse apresentaram maiores resultados nas avaliações clínicas de
depressão e ansiedade, ainda menor desempenho nas avaliações cognitivas. Ainda foram
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 65
encontradas correlações negativas fortes entre desempenho nos teste de memória e os
sintomas de depressão e ansiedade. Por fim, foram encontradas correlações entre sintomas
depressivos e ansiosos com os resultados das avaliações de demência. Conclusões: Esses
resultados corroboram achados anteriores que apontam associações entre transtornos de
humor, estresse e declínio cognitivo, trazendo assim prejuízos relevantes à qualidade de
vida de idosos, além disso, os sintomas depressivos e ansiosos podem atuar como fatores
de risco para o processo de demenciação nessa população.
Palavras-chave: transtorno de humor, saúde, desempenho cognitivo
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TL 13
ATENDIMENTO ÀS FAMÍLIAS: O PREPARO PARA O ÓBITO, COMO
ROTINA, EM UMA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA EM BRASÍLIA - DF
Marcia Heller Hias, Caroline Alves de Souza Ramos
Hospital Regional de Santa Maria – DF (HRSM)
Introdução: Pacientes que encontram-se em estado de maior gravidade e que necessitam de
cuidados médicos intensivos comumente são internados em uma Unidade de Terapia Intensiva
(UTI). Sabe-se que a UTI é um ambiente extremamente tenso que apresenta características
peculiares nas dimensões de tempo, espaço, iluminação, som, temperatura além de ser
mobilizador de sentimentos. Esse contexto requer do profissional serenidade, flexibilidade e
manejo para lidar com uma diversidade de situações diante da iminência de morte, assim como,
sensibilidade para compreender o significado deste momento na vida do paciente e de sua
família, além de disponibilidade para apoiar/auxiliar nas situações mais críticas. Os membros da
família de indivíduos que precisam dos cuidados de terapia intensiva passam por um momento
de impacto emocional, não somente pela impotência frente ao quadro clínico grave, mas por
lhe ser retirado o papel de cuidador e especialmente pela possibilidade de perder o seu ente
querido. Observa-se que diversas repercussões podem ocorrer em decorrência da perda de
um membro no ciclo de vida familiar, é neste contexto de mudanças da dinâmica familiar,
perdas e lutos que os familiares ganham importância como foco do papel do psicólogo. Uma
das características do trabalho do psicólogo hospitalar diz respeito ao atendimento de usuários
e de seus familiares, especialmente em casos de terminalidade e morte. O psicólogo, como
um profissional de saúde, lida frequentemente com questões ambivalentes relacionadas a
vida e à morte em seu cotidiano de trabalho, sendo o mesmo um profissional habilitado para
lidar com demandas emocionais dos familiares frente a possibilidade de morte. Objetivo:
O objetivo do presente trabalho é descrever a rotina de preparo para o óbito, desenvolvida
pela equipe de Psicologia nas UTI’s adulto do Hospital Regional de Santa Maria-DF. Tendo
em vista a importância do familiar no processo de hospitalização do ente querido a partir
das vivências e experiências na UTI, foram especificamente objetivos, avaliar aspectos
psicológicos demandados pelos familiares inseridos nesse contexto, assim como oferecer
suporte psicológicos nos atendimentos para preparação para o óbito. Método: Como método
utilizou-se relato de experiência profissional a partir de estudos de casos clínicos discutidos
em interconsulta, reuniões multiprofissionais e interdisciplinares na própria unidade de terapia
intensiva. Conclusão: Conclui-se que a possibilidade de despedida do ente querido caracterizase como um momento de modificações e resgates das relações familiares, assim como podendo
ser um agente de apoio na elaboração do processo de luto, tanto para o individuo adoecido,
para os familiares quanto para a equipe de saúde como um todo. Este trabalho busca contribuir
para a prática de profissionais da Psicologia no ambiente hospitalar e pretende também divulgar
a atuação profissional do psicólogo hospitalar a outras especialidades.
Palavras-chave: psicologia hospitalar, UTI, preparo para o óbito e família
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 67
TL 14
ATUAÇÃO DO PSICÓLOGO JUNTO AOS PAIS DE CRIANÇAS
INTERNADAS EM UTI COM A SÍNDROME WERDNIG-HOFFMANN
Caroline Alves de Souza Ramos, Fernando de Souza Machado
Associação de Combate ao Câncer em Goiás - Instituto de Ensino e Pesquisa
Introdução: Descrita originalmente por renomados neurologistas no final do século XIX a
síndrome de Werdnig Hoffmann é uma doença que chama atenção pelos seus desdobramentos
e complexidades, mais comumente conhecida como Atrofia Muscular Espinhal tipo I (AME)
é uma afecção hereditária, rara, de acometimento precoce e progressivo, caracterizado por
hipotonia muscular e fraquezas marcantes. É nesse contexto de internações prolongadas
dos filhos e mudanças na dinâmica familiar que exigem estratégias de enfrentamento e
vultosos esforços pessoais dos familiares, com grande mobilização emocional, e cuidados
especializados da equipe de saúde como um todo. Diante desta realidade, os pais como
principais cuidadores ganham importância como foco do papel do psicólogo. Objetivo: O
presente trabalho objetivou conhecer o perfil e mapear os principais problemas dos pais das
crianças com a síndrome Werdnig Hoffmann hospitalizadas na UTI pediátrica no Hospital
Regional de Santa Maria em Brasília-DF. Tendo em vista a importância da inclusão dos
pais no tratamento do filho criticamente doente, a partir da visão da pesquisadora, foram
especificamente objetivos deste trabalho, traçar um perfil e elucidar os aspectos emocionais
dos pais decorrentes da situação de internação. Método: Para isso, realizou-se um estudo
qualitativo/quantitativo, descritivo e exploratório numa amostra aparentemente pequena de
quatro mães, mas significativa dada a raridade da síndrome. Com o intuito de responder
ao problema de pesquisa, foram adaptados e utilizados como instrumentos o Questionário
Sociodemográfico e a Avaliação dos pais durante a internação do filho em UTI. Esperou-se
com isso lançar perspectiva de atuação do psicólogo e discutir quais os focos de intervenção
prioritários do profissional junto aos pais através da análise de dados. Resultados: Os dados
foram apresentados em forma de tabelas quantitativas e interpretados qualitativamente
utilizando as categorias pré-definidas no próprio instrumento, onde se buscou localizar os
tipos de problemas enfrentados pelos pais durante a internação dos filhos com prognóstico
reservado. Os resultados encontrados mostram experiências vividas por esses familiares no
contexto de hospitalização, assim como investimentos emocionais são demandados para
manejo e enfrentamento da situação de crise. Esses resultados apontam a necessidade
urgente e contínua na assistência psicológica aos pais das crianças internadas em UTI
pediátrica. Conclusão: O trabalho cumpriu a função de compreender as vicissitudes dos
pais durante a internação prolongada dos filhos com a síndrome Werdnig Hoffmann no
Hospital Regional de Santa Maria, na medida em que clarearam sentimentos, estratégias,
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 68
contexto social, rede de apoio, ideias, cognições a respeito nas circunstâncias de internação.
Espera-se que as propostas discutidas neste trabalho contribuam significativamente aos
profissionais da saúde e interessados, promovendo manejo e conhecimento técnico para um
melhor entendimento frente a complexidade que envolve a doença crônica na criança, assim
como através dessa experiência, desenvolvam também possíveis estratégias de atendimento
humanizado para auxiliar as demandas emocionais emergentes dos familiares nesse sofrido
e longo processo de hospitalização. Sugere-se a necessidade de mais pesquisas visando
embasar a atuação do psicólogo, sobretudo em UTI pediátrica, especificamente com pacientes
crônicos, pois esta área ainda é pouco explorada.
Palavras–chave: psicólogo, pais, crianças internadas, síndrome Werdnig Hoffmann
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TL 15
AVALIAÇÃO DO NÍVEL DE IDEAÇÃO SUICIDA EM
PACIENTES ATENDIDOS NA UNIDADE DE EMERGÊNCIA APÓS
TENTATIVA DE SUICÍDIO
Camila Louise Baena Ferreira, Leticia Macedo Gabarra
Hospital Universitário Professor Polydoro Ernani de São Thiago - Universidade Federal de Santa Catarina
Introdução: O Serviço de Psicologia na unidade de Emergência Adulto do HU/UFSC iniciou
em 2009 devido às demandas de aspecto emocional, entre elas, as tentativas de suicídio.
Órgãos internacionais, como a Organização Mundial de Saúde têm alertado sobre a prevenção
do suicídio, que já é considerado um problema de saúde pública devido ao grande número de
ocorrências. Pesquisas demonstram que a tentativa de suicídio é um dos principais fatores
de risco para o suicídio; até 50% dos indivíduos que morreram por suicídio tinham ao menos
uma tentativa prévia. Objetivo: Avaliar o nível de ideação suicida dos pacientes atendidos na
unidade de Emergência Adulto do Hospital Universitário após tentativa de suicídio. Método: o
presente trabalho utilizou a metodologia de pesquisa qualitativa, de cunho exploratório descritivo.
Participaram da pesquisa 30 sujeitos, entre 17 e 63 anos de ambos os sexos, atendidos na
unidade de Emergência do HU/UFSC após tentativa de suicídio. Após o atendimento psicológico
de rotina, os pacientes eram convidados à participar da pesquisa. Os instrumentos utilizados
para a coleta de dados foram o registro interno de atendimento psicológico - afim de se obter
os dados de identificação, histórico de saúde mental do paciente e o serviço de saúde ao
qual o paciente foi encaminhado para acompanhamento após a alta hospitalar - e a Escala
de Ideação Suicida de Beck, que avalia desejos, atitudes e planos suicidas. Resultados: A
maioria das questões da Escala de Ideação Suicida de Beck foi assinalada pelos participantes
com a gradação de maior intensidade, revelando alto nível de ideação suicida durante o
atendimento no Hospital. Observou-se, tanto com o registro interno de atendimento psicológico
quanto com a Escala de Ideação Suicida de Beck, diversos fatores de risco para o suicídio
como a ocorrência de tentativas de suicídio prévias; rede de apoio frágil; facilidade de acesso
aos meios letais; comportamento impulsivo; baixa adesão ao tratamento psiquiátrico e/ou
psicológico; revelam ter coragem para cometer suicídio; não encontram motivos para evitar tal
ato; possuem pensamentos frequentes de cometer suicídio; classificam o desejo de se matar
como moderado a forte; e evitam contar às pessoas sobre a ideação suicida. Conclusões: Os
resultados obtidos confirmam a importância de articulação com a rede de saúde mental, a fim
de garantir o acompanhamento do paciente após a alta hospitalar já que os fatores de risco
para a reincidência da tentativa de suicídio foram confirmados pela maioria dos participantes. A
pesquisa demonstrou que a Escala de Ideação Suicida Beck é um instrumento que possibilita
avaliar os fatores protetivos e de risco para o suicídio com bastante clareza. Pode auxiliar, dessa
forma, tanto em pesquisas como no atendimento psicológico ao paciente já que representa
um recurso para se avaliar com maior confiabilidade o serviço de saúde mais adequado para
realizar o acompanhamento do paciente após a alta hospitalar.
Palavras-chave: tentativa de suicídio, ideação suicida, hospital
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 70
TL 16
NÍVEIS DE STRESS E ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO EM
COSTUREIRAS DE UMA INDÚSTRIA TEXTIL
Vanessa Marques Gibran, Fernanda Cristina Pereira,
Larissa Andresa Braga de Sena, Vivian Mascella, Sonia Regina Fiorim Enumo
Fundação Educacional de Araçatuba/SP e Pontifícia Universidade Católica de Campinas/SP
Introdução: O stress é o resultado de uma reação que o organismo tem quando estimulado por
fatores externos desfavoráveis, ou seja, é o estado produzido por uma alteração no ambiente
que é percebido como desafiadora, ameaçadora ou lesiva para o equilíbrio ou balanço dinâmico
de uma pessoa, e esta é ou sente-se incapaz de satisfazer as demandas da nova situação.
Dentro da indústria têxtil, a produção normalmente segue o ritmo das mudanças de estações.
A cada nova estação, entram novas modelagens e há necessidade de adaptação a elas.
Além disso, a produção é realizada em ciclos de alta e baixa produção, que demanda uma
adaptação ainda maior. Assim, o trabalhador necessita mobilizar estratégias de enfrentamento
(EE)(coping) para lidar com o estresse decorrente da demanda de trabalho. Esse processo
de enfrentamento é uma variável relevante para a qualidade de vida desses trabalhadores.
Objetivo: Avaliar o nível de stress e as estratégias de enfrentamento de trabalhadoras de uma
indústria têxtil. Método: Foram avaliadas 17 mulheres, entre 20e60 anos de uma indústria têxtil,
a maioria solteira (53%), divididas, predominantemente, entre católicas e evangélicas, durante
o período de alta produção.Os instrumentos utilizados foram: a) Inventário de Sintomas de
Stress de Lipp (ISSL), que avalia o stress em quatro fases: alerta, resistência, quase exaustão
e exaustão, além da predominância de sintomas psicológicos ou físicos; b) Escala Modos
de Enfrentamento de Problemas (EMEP). Esta escala de copingé composta de 45 itens,
distribuídos em 4 fatores: enfrentamento focalizado no problema, enfrentamento focalizado na
emoção, busca de práticas religiosas e busca de suporte social.Resultados: Das 17 mulheres
avaliadas, 29% não apresentavam stress, 53% encontravam-se em fase de resistência e 18%
na fase de quase exaustão. Os sintomas psicológicos foram os predominantes. As principais
EE utilizadas foram: busca de práticas religiosas (47%) e enfrentamento focalizado no problema
(41%). Apenas 12% utilizou da busca de suporte social. Ressalta-se que nenhuma costureira
relatou usar, como primeira opção, o enfrentamento focalizado na emoção. Ao analisar as
participantes individualmente não foi possível identificar relação entre as estratégias de
enfrentamento e os níveis de stress. Conclusão: Os dados indicam que esta fase da produção
pode estar relacionada à necessidade de uma maior adaptação das trabalhadoras em relação
à exigência do mercado, uma vez que se constatou predominância de stress na fase de
resistência. Entretanto, o estudo será complementado, avaliando os mesmo fatores durante
o período de baixa produção, com o objetivo de compreender se o aumento de exigência no
trabalho é fator relevante na avaliação do nível de stress apresentado.
Apoio: CAPES (bolsa de doutorado para a primeira e a quarta autoras); CNPq (bolsa de
produtividade em pesquisa para a última autora, orientadora).
Palavras-chave: stress, coping, mulheres
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TL 17
TRANSTORNO DE ESTRESSE PÓS-TRAUMÁTICO E RORSCHACH
R-PAS: UM OLHAR SOBRE AS RELAÇÕES HUMANAS
Carolina Oliva Avancine, Marcelo Feijó de Mello, Kelsy Areco, Latife Yazigi
Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo
Introdução: O Transtorno de Estresse Pós-Traumático, TEPT, tem como disparador um ato
de violência e conseqüente trauma no indivíduo. A partir do episódio traumático, são dois os
caminhos possíveis, um a resiliência e outro a incapacidade do indivíduo de restabelecer
seu equilíbrio anterior e por isso desenvolver o TEPT. Esse transtorno geralmente é crônico
e incapacitante, principalmente se não tratado. Objetivo: o presente estudo buscou
compreender a qualidade das relações interpessoais estabelecidas pelos participantes,
levando em conta sua vulnerabilidade atual perante fatores estressantes. Método: A partir de
uma amostragem intencional, foram selecionados 30 indivíduos adultos, 22 do sexo feminino e
8 do sexo masculino, entre 18 e 59 anos, atendidos no Programa de Atendimento e Pesquisa
em Violência, ambulatório de um hospital escola. Após o diagnóstico de TEPT, segundo Mini
International Neuropsychiatric Interview, MINI, e Clinician Administered PTSD Scale, CAPS,
no momento de entrada do participante no serviço, aplicou-se o Rorschach Performance
Assessment System. Foram realizadas análise e comparação dos índices COP, AGM, AGC,
MOR, MAH, MAP e proporção de MAP/MAH entre o grupo com TEPT e o estudo normativo
internacional. Resultados: A análise estatística demonstrou que as variáveis COP, MAH e
proporção de MAP/MAH encontram-se na média em comparação com o estudo normativo
internacional, enquanto as variáveis AGM, AGC, MOR encontram-se acima da média a partir
da mesma base de comparação. Conclusões: Pode-se levantar, a partir dos resultados, a
hipótese de que pessoas com TEPT são capazes de preservar e reconhecer, no momento
agudo do transtorno, relações de cooperação e positivas, no entanto identificam situações
e relações como agressivas e negativas com maior frequência do que a amostra normativa.
Palavras-chave: TEPT, Rorschach, R-PAS
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TL 18
REFLEXÃO SOBRE O IMPACTO DE AGENTES ESTRESSORES EM
FAMILIARES DE PACIENTES INTERNADOS EM UMA UTI ADULTO
Rachel Costa de Araújo Cardoso
Hospital Regional de Santa Maria - DF
Introdução: O estresse é um dos aspectos mais avaliados no contexto de Unidade de
Terapia Intensiva, uma vez que o rompimento da estabilidade orgânica está intimamente
ligado aos aspectos emocionais e psíquicos capazes de intensificar ou mesmo dificultar
os cuidados, a adesão ao tratamento e a permanência do paciente neste tipo de serviço.
Destacamos que a capacidade estressora não é medida somente pelo tempo de exposição
a estes fatore, mas são igualmente importantes: o significado, o impacto e/ou a intensidade
desta vivência. Em UTI a família é parte do todo a ser avaliado e atendido dentro da atuação
psicológica, desta maneira surgiu a necessidade de agregar igual importância à percepção
destes sobre a vivência estressora na UTI. Objetivo: O presente trabalho objetivou analisar
criticamente um instrumento sobre os principais estressores em familiares de pacientes
internados na UTI Adulto do Hospital Regional de Santa Maria - DF. Ressaltamos que não
se trata de um trabalho de validação, mas de crítica à adequação clínica deste instrumento
no contexto da prática de atendimento do psicólogo na UTI. O referido instrumento foi
adaptado a partir da ETTI (Escala de Estressores em Terapia Intensiva) e utilizadas dentro
da rotina de avaliação psicológica destes familiares, quando necessário complementar
a avaliação sobre o impacto de alguns fatores presentes no contexto da UTI. Método:
Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo baseado na análise documental dos dados
coletados de 30 fichas, denominadas Escala de estressores em UTI adulto para família,
preenchidas corretamente durante o horário de visita da UTI adulto, dentro da rotina do
serviço de psicologia, durante o período de maio a junho de 2010. O instrumento consiste
34 itens, onde o familiar identifica fatores intrínsecos `a Unidade, que são considerados:
“não estressante”, “pouco estressante”, “estressante” ou “muito estressante” de acordo com
sua percepção. Resultados: Do total geral de 938 pontos somados das 30 fichas, ficou
demonstrado que 579 foram considerados “estressante” ou “muito estressante”; o que de
alguma forma confirma o impacto emocional da internação em UTI. Verificou -se ainda que
os itens: “possibilidade de morte do paciente” e “ver o seu familiar intubado (com ou sem
sedação)” foram os mais sinalizados como muito estressantes e geradores de ansiedade.
Outros fatores foram também evidenciados como estressantes, como “Adoecimentos ou
complicações decorrentes da hospitalização em UTI” e “Estar longe do familiar”. Contudo os
itens: “linguagem médica”, “informações sobre um quadro clínico grave” e “boletim médico
por telefone” foram sinalizados como “não estressante”; apesar de aparentemente sugerirem
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 73
algum impacto psicoemocional. Conclusões: A análise documental das fichas Escala de
Estressores em UTI Adulto para Família indicaram fatores potencialmente estressantes e
não estressantes; mostrando ser um instrumento útil para a atuação do psicólogo na UTI.
Os resultados produziram discussão sobre o impacto psicológico dessa internação; lançando
como considerações finais reflexões a respeito do uso de escalas e instrumentos na prática
do psicólogo hospitalar, de forma a dar subsídios a futuros processos de validação do mesmo.
Palavras–chave: UTI, família, estressores
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TL 19
EPILEPSIA REFRATÁRIA EM CRIANÇAS E ADOLESCENTES
A PARTIR DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA: ESTUDOS DE CASO
Carolina Ruiz Longato, Sonia Regina Pasian, Sara Escosi-Rosset
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Departamento de Psicologia Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - USP e Centro de Cirurgia
de Epilepsia - Hospital das Clínicas - Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto - USP
Introdução: Parcela importante de indivíduos acometidos por epilepsia enquadra-se como
caso refratário, exigindo da equipe profissional aprimoramento técnico e científico para
promover tratamentos mais efetivos. Nesses casos a avaliação psicológica deve relacionar
diferentes aspectos do funcionamento do indivíduo, integrando informações sobre funções
cognitivas, afetivas e sociais, devidamente contextualizadas. Objetivo: Este estudo objetiva
caracterizar o funcionamento cognitivo e afetivo de crianças e adolescentes com epilepsia
refratária, a partir de instrumentos de avaliação psicológica, buscando correlacionar recursos
intelectuais e afetivo-sociais. Método: Serão avaliados dois grupos clínicos de crianças e
adolescentes de 7 a 16 anos de idade, regularmente atendidos no Centro de Cirurgia de
Epilepsia (CIREP) do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto
da Universidade de São Paulo, a saber: Grupo 1 (pré-operatório): pacientes com epilepsia
refratária internados no CIREP; Grupo 2 (pós-operatório): pacientes que realizaram cirurgia de
epilepsia, com controle das crises e que frequentam o ambulatório do CIREP. Será composto
um terceiro grupo (grupo de comparação) com voluntários de escolas públicas, equiparados
em idade e sexo aos grupos clínicos. Serão correlacionados indicadores do desempenho
cognitivo no Teste WISC-III (QI geral - QIG, QI verbal - QIV e QI de execução - QIE) e do
funcionamento lógico sinalizado pelo Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister (aspectos
estruturais e formais). Neste momento, serão apresentados resultados iniciais deste estudo,
por meio de dois casos clínicos do Grupo 1, de modo a ilustrar as possibilidades de integrar
resultados dos instrumentos de avaliação psicológica utilizados. Resultados: Criança G1A: 11 anos, sexo feminino, cerca de 10 crises por dia, QIG = 95 (médio), QIV = 91 (médio),
QIE = 102 (médio); em relação ao Teste de Pfister: execução desordenada (desorganização
funcional ou atencional); modo de colocação prioritariamente espacial (parece aleatório e
desordenado, porém pode sinalizar recursos lógicos privilegiados); em termos formais, as
três pirâmides constituem tapetes furados, sendo uma decepada (sinal de alterações na
organização do pensamento). Criança G1-B: 14 anos, sexo masculino, cerca de 7 crises por
dia, QIG = 50 (intelectualmente deficiente), QIV = 57 (intelectualmente deficiente), QIE = 49
(intelectualmente deficiente); em relação ao Teste de Pfister: execução ordenada (cuidado na
organização de atividades); colocação predominantemente ascendente (respeito ao padrão
lógico vigente); em termos formais, predominam tapetes puros e um tapete furado (menor
grau de elaboração intelectual, porém com adaptação emocional ao cotidiano, acompanhado
por indícios de dissociações no curso do pensamento). Conclusões: Nota-se convergência
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 75
entre indicadores do WISC-III e do Pfister nos dois casos avaliados, fortalecendo a qualidade
compreensiva sobre os indivíduos. Embora preliminares, os resultados apresentados buscam,
por meio de ilustrações de casos clínicos, apontar possibilidades de validar informações
relevantes sobre recursos (cognitivos e afetivos) de crianças e adolescentes com epilepsia
refratária a partir do cruzamento dos dados de diferentes instrumentos de avaliação
psicológica, estimulando estudos de natureza correlacional entre potenciais individuais
(não apenas de natureza intelectual), bem como embasar a utilização de multiplicidade de
enfoques avaliativos (afetivo-sociais e cognitivos) na prática profissional de psicólogos no
contexto hospitalar, sobretudo no campo da epilepsia (CAPES).
Palavras-chave: avaliação psicológica, epilepsia refratária, crianças, caso clínico, avaliação
neuropsicológica
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TL 20
ALTERAÇÕES NA PERCEPÇÃO VISUAL DE FORMA
E SINTOMATOLOGIA ESQUIZOFRÊNICA
Edcarla Melissa de Oliveira Barboza, Rodolfo Messias Lessa, Alexandre Cavalcante
Lira Wanderley, Gilmara Geisa Correia, Grace Ane Morgana Cavalcante de Queiroz, Ítalo Osman dos
Santos, Maria Luisa Maia Nobre Paiva, Renata Maria Toscano Barreto Lyra Nogueira,
Fernanda Santos Fragoso Modesto, Natanael Antônio dos Santos, Maria Lucia Bustamante Simas
Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal de Pernambuco, Universidade Federal da Paraíba
Introdução: A esquizofrenia é uma psicopatologia caracterizada por sintomas como: delírios,
fala desorganizada, paranoia, catatonia e alucinações visuais, sendo esta última um dos
sintomas mais característicos da doença. A partir destas manifestações, várias pesquisas vêm
sendo realizadas visando investigar estas alterações sensoperceptivas em esquizofrênicos.
Objetivo: O estudo teve como objetivo avaliar possíveis alterações na percepção visual de
forma e tamanho em pacientes portadores de esquizofrenia associadas à sintomatologia positiva
e negativa na esquizofrenia Método: A pesquisa contou com a participação de 31 voluntários,
de ambos os sexos, que foram divididos em dois grupos. O primeiro deles foi composto por 29
pacientes esquizofrênicos medicados internos do Hospital Portugal Ramalho, (GE). Já o Grupo
Controle (GC) foi composto por 22 participantes que não possuíam histórico de transtornos
psiquiátricos. Os sintomas foram avaliados pela escala PANSS que avalia prevalência de
sintomatologia positiva, negativa ou mista nos portadores de esquizofrenia. A proeminência
dos sintomas positivos foi encontrada em 25% dos pacientes já os sintomas negativos foram
prevalentes em 20% dos voluntários, e apenas 5% deste grupo apresentaram sintomas
mistos. Nota-se ainda que o maior índice de prevalência (50%) foi daqueles participantes
que se classificaram em nenhum tipo. Para o experimento foram utilizados 24 quadros de
Salvador Dalí. As figuras foram apresentadas uma de cada vez, sem limites de tempo para a
observação, a uma distância de 30 cm do olho do observador (medida através de uma régua
de 30 cm). Os participantes foram instruídos a circular a primeira figura que ele viu. Passada
essa primeira fase, o pesquisador mediu as figuras circuladas em cada quadro em centímetros,
e posteriormente as transformou em grau de ângulo visual para a análise estatística, utilizando
a fórmula matemática a seguir: Tang a = Tamanho da figura (cm) / Distância do observador
(30 cm). Resultados: Para verificar se existiu alguma correlação entre o tipo sintomatológico
dos pacientes e seu tipo de resposta ao experimento, foi feita uma análise entre essas duas
variáveis, utilizando o valor médio individual de grau de ângulo visual em função do sintoma
prevalente. Assim, aqueles que apresentaram um tipo sintomatológico positivo apresentaram
uma resposta média de 17,9 graus de ângulo visual, os que apresentaram tipo sintomatológico
negativo tiveram respostas médias de 16,6 graus de ângulo visual, os que apresentaram tipo
sintomatológico misto tiveram respostas médias de 20,3 graus de ângulo visual, já a média
dos que apresentaram nenhum tipo sintomatológico ficou em 20,3 graus de ângulo visual.
Conclusões: Esses resultados sugerem que não há interferência do tipo sintomatológico
sobre alterações na percepção de forma e tamanho associadas a esquizofrenia.
Apoio financeiro: CNPq
Palavras-chave: sensopercepção, esquizofrenia, instrumentos visuais, psicopatologia
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TL 21
ASPECTOS PSICOLÓGICOS E QUALIDADE DE VIDA
DE PACIENTES PÓS-TRANSPLANTADOS DE FÍGADO
Lívia Carolina Ariente, Bartira de Aguiar Roza, Janine Schirmer,
Adriano Miziara Gonzalez, Mario Alfredo De Marco, Samantha Mucci
Universidade Federal de São Paulo/Hospital São Paulo
Introdução: O transplante de fígado é considerado um dos procedimentos mais complexos
da cirurgia moderna, tendo sido a forma de tratamento mais efetiva frente a inúmeras
doenças hepáticas de evolução progressiva, irreversível e muitas vezes terminal. Com o
aumento da sobrevida dos pacientes pós-transplantados de fígado, os interesses científicos
direcionaram-se á qualidade de vida desses sujeitos, assim como aos fatores psicossociais
como saúde mental (sintomas depressivos e ansiosos) e funcionamento social (relações
familiares, sociais, atividade sexual, desempenho no trabalho). As pesquisas científicas
revelam que existe uma melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes, no entanto,
alguns estudos apontam uma piora relacionada aos aspectos psicológicos desses sujeitos.
Dessa forma este estudo voltou-se ao aprofundamento dos aspectos emocionais e análise
da qualidade de vida desses pacientes após o transplante de fígado. Objetivo: Avaliar a
qualidade de vida dos pacientes pós-transplante de fígado e correlacionar com a presença de
sintomas depressivos. Método: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo e transversal.
Participaram do estudo 30 pacientes pós-transplantados de fígado com idade superior a 18
anos. Foram utilizados os seguintes instrumentos: Questionário sócio demográfico e clínico,
Inventário de depressão de Beck (BDI) e Chronic Liver Disease (CLDQ-BR). Resultados:
O perfil sociodemográfico da amostra corresponde aos achados literários, os pacientes são
majoritariamente do sexo masculino, com idade média de 52,6 anos, com ensino médio
completo. Os escores da CLDQ apontam uma melhora na qualidade de vida dos pacientes
após o transplante. Não foram encontradas correlações significativas entre a escala CLDQ
e a escla BDI. Encontrou-se correlação significativa entre o domínio emocional e episódios
de rejeição após o transplante de fígado, assim como entre idade e o domínio emocional.
Conclusões: Observou-se uma melhora global na qualidade de vida dos pacientes póstransplantados de fígado, não encontrando correlação significativa com a sintomatologia
depressiva. No entanto, percebeu-se que os pacientes que apresentaram episódios de
rejeição, apresentaram também uma piora na qualidade de vida no domínio emocional.
Palavras-chave: qualidade de vida, transplante de fígado, depressão e aspectos psicológicos
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 78
TL 22
MENTAL DISORDERS AMONG OBESE PATIENTS
SEEKING BARIATRIC SURGERY
Leorides Severo Duarte Guerra, Marco Aurélio Santo, Wang Yuan Pang
Institute of Psychiatry, University of São Paulo Medical School, São Paulo, Brazil and Department of
Gastroenterology, Clinical Surgery, University of São Paulo Medical School, São Paulo, Brazil
Background: The correlation between obesity and mental disorders is observed in the
general population and clinical samples. However, few investigations have used standardized
interviews to evaluate systematically the occurrence of mental disorders in the pre-bariatric
surgery. In addition, the small size of the sample may be a limiting factor for accurate conclusion.
Comprehensive assessment of this population may help to understand the outcome and
mental health complications in the post-surgery. Objective: To estimate the frequency of
mental disorders among class III obese patients before undergoing bariatric surgery through
standardized interview. Design: Cross-sectional. Method: Obese adult patients (at least BMI≥40
kg/m2) were recruited from the waiting list of a University-based bariatric surgery clinic (N=393).
The exclusion criteria were: previous gastroplastia and incomplete data collection. The final
sample was 79.1% of women; mean age: 43.0 years (SD 11.5); mean BMI: 47.8 kg/m2 (SD
7.5) and mean global assessment of functioning (GAF): 76.8. Men subgroup was significantly
more obese than women during pre-surgical period (50.2 vs. 46.4, p=0.01). The assessments
were administered by trained clinicians through Structured Clinical Interview for DSM-IV Axis
I Diagnosis (SCID-I). Results: The current frequency of any mental disorders was 57.8%
(57.6% for men vs. 58.5% for women). The highest rate was any anxiety disorders with 46.3%.
There were no gender difference of mental disorders, except for substance use disorders that
prevailed among men (7.3% vs. 1.9%, p=0.01). The lifetime frequency of any mental disorders
was 80.9% (81.7 vs. 80.7%, NS). Any lifetime affective disorders were the most frequent
diagnosis with 64.9% (35.6% bipolar disorders and 29.3% depressive disorders). Men subgroup
presented more diagnosis of lifetime bipolar disorder than women (45.1% vs.33.1%, p=0.04)
and more substance use disorders (36.6% vs. 12.5%, p<0.0001). Among those respondents
presenting any lifetime mental disorders, about 24% presented 1 disorder, 28% 2 disorders,
and 48% 3 disorders. Conclusions: Mental disorders are frequent conditions found among
class III obese patients before bariatric surgery. High rates of lifetime mental disorders in the
sample suggest that obesity might share common etiological factors or exert mutual causal
relationships. Prognostic implications of previous mental disorders on bariatric surgery and
weight loss should be demonstrated in follow-up study. Integrated mental and medical treatment
should be recommended in managing the obese patients.
Projeto apoio Fapesp: auxílio a pesquisa processo 2012/17498-9
Duarte-Guerra, L.S.-aluno bolsista processo 2012/17435-7
Keywords: mental disorders, obesity, bariatric surgery
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TL 23
PERFIL FAMILIAR DA CRIANÇA COM FATOR DE RISCO
PARA DOENÇA CARDIOVASCULAR
Nataís Bilhão Mombach Brites, Evelyn Soledad Reyes Vigueras,
Raquel Lacerda Paiani, Patricia Pereira Ruschel
Instituto de Cardiologia - Fundação Universitária de Cardiologia
Introdução: Atualmente a obesidade infantil é assunto de extrema importância para a
saúde pública, principalmente pelo aumento de sua prevalência na população e por todas
as implicações médicas, psicológicas e sociais associadas a ela. Além disso, ela é fator de
risco associado a dislipidemias, hipertensão arterial, resistência à insulina e principalmente às
doenças cardiovasculares, que hoje são a maior causa de mortalidade brasileira e mundial.
A família e sua funcionalidade são variáveis diretamente relacionadas à patologia em si, mas
também à adesão ao tratamento destes pacientes. Assim, são importantes estudos que mostrem
fatores psicossociais associados à obesidade infantil e que façam um levantamento do perfil
da população já atendida para uma melhor compreensão desta e das variáveis envolvidas na
patologia, bem como para que se possam desenvolver programas adequados, específicos e
especializados para esta demanda. Objetivo: Identificar o perfil familiar dos pacientes atendidos
no Ambulatório de Cardiologia Pediátrica Preventiva do Instituto de Cardiologia (ACPP) na
cidade de Porto Alegre/RS. Método: Esta pesquisa deu-se através de estudo retrospectivo de
levantamento de dados. Participaram da pesquisa 147 pacientes atendidos no ACPP. Foram
utilizados dados registrados nos prontuários dos pacientes bem como questionário utilizado
pelo Serviço de Psicologia Clínica na primeira consulta. As respostas dadas neste questionário
foram relatadas pelos pacientes e seus responsáveis. Resultados: Identificou-se que a maioria
dos pacientes atendidos no Ambulatório são filhos caçulas, sendo estes 44,2% da amostra.
Cerca de 54% reside somente com os pais e/ou irmãos. Quando questionados sobre quais
as refeições que a família faz reunida (considerando, café da manhã, almoço e jantar), 28,5%
dizem fazer pelo menos duas refeições, apenas 9,5% fazem todas as refeições, 27,2% fazem
uma delas e 16,3% não fazem nenhuma refeição reunida. Conclusões: Conclui-se com
esta pesquisa que o perfil dos participantes é bem homogêneo, com muitas características
comuns à grande parte da amostra, sendo que estas características estão muito associadas
ao desenvolvimento da obesidade infantil ou de outros fatores de risco, como dislipidemia,
hipercolestolemia e hipertensão arterial, mas também se relacionam à adesão ao tratamento
destas crianças, percebendo o quanto a família está implicada no processo de mudanças
de hábitos propostos pelo programa do ambulatório. Sem dúvida dados como a posição de
nascimento do filho nesta família chamam bastante a atenção, considerando que esta posição
relaciona-se à hábitos de vida pouco saudáveis e que podem influenciar na obesidade infantil,
assim como para outros fatores de risco cardiovascular. É importante salientar o quanto este
estudo poderá contribuir na definição de estratégias adequadas a este perfil familiar para que
se tenham melhores resultados na adesão ao tratamento.
Palavras-chave: obesidade infantil, família, criança
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 80
TL 24
PRÁTICAS POSSÍVEIS: ADAPTAÇÃO DE TÉCNICAS E PRÁTICAS
PSICOLÓGICAS NO ATENDIMENTO A PACIENTES
IMPOSSIBILITADOS DE SE COMUNICAREM PELA FALA
Wilson Nascimento Almeida Junior, Ana Paula Dias Pereira
Introdução: Ao discutir o alcance das técnicas e práticas psicológicas no âmbito hospitalar,
Nigro (2004), sinaliza que muitas vezes as abordagens tradicionais tornam-se inviáveis,
cabendo ao psicólogo adaptar recursos para viabilizar o atendimento. Ribeiro e Leal (2010),
afirmam que uma das funções do psicólogo que atende especialmente em Unidades de
Terapia Intensiva (UTI), é possibilitar a expressão da fala em casos onde o paciente esteja
impossibilitado de se comunicar por intermédio de técnicas adaptativas. A Traqueostomia
e o Entubamento são procedimentos que auxiliam pacientes especialmente internados nas
Unidades de Terapia Intensiva, tendo como objetivo facilitar a alimentação e a respiração.
Os referidos procedimentos por vezes impossibilitam a comunicação oral do paciente,
tornando-se um desafio o atendimento psicológico muitas vezes tão dependente da fala.
Considerando o atendimento a estes pacientes um desafio, como devemos atuar? Quais
técnicas e recursos podem ser utilizados no atendimento destes pacientes? Objetivo:
Considerando que os referidos procedimentos podem ser utilizados não apenas nas Unidades
de Terapia Intensiva, mas em diversos outros setores do hospital, e levando em consideração
a abrangência e o alcance do profissional psicólogo, o objetivo do presente estudo é verificar
quais técnicas e práticas psicológicas podem ser utilizadas no atendimento a pacientes com
dificuldades na comunicação devido aos procedimentos como traqueostomia e entubamento.
Método: levantamento bibliográfico nas principais fontes de pesquisa cientifica. Resultados:
os recursos de apoio como as “comunicações alternativas”, e a preparação pré e póscirúrgica, tendem a reduzir de maneira significativa o impacto psicológico ocasionado pela
impossibilidade de comunicação devido à traqueostomia ou entubamento. Conclusão: A
pesquisa demonstra escassez de produções acerca do tema em Psicologia, mas nota-se
que diversas técnicas e recursos utilizados por outras áreas que atendem o paciente podem
ser de grande valia para o atendimento psicológico. Dentre estes recursos podemos citar
a “lousa mágica”, as pranchas de comunicação alternativa que podem ser elaboradas em
diversos materiais e a comunicação por intermédio de sinais gráficos. Outro ponto de apoio
é a interconsulta psicológica, que conforme demonstrado tem sido extremamente eficaz em
situações onde o paciente se submetera a uma cirurgia, e precisa ser preparado para os
impactos gerados neste momento.
Palavras-chave: traqueostomia, atendimento psicológico, técnicas adaptativas, UTI
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TL 25
AVALIAÇÃO DE TRAÇOS DE PSICOPATIA E ABUSO DE DROGAS
EM UMA AMOSTRA DE ADOLESCENTES EM CONFLITO COM A LEI
Guinter Santana Lühring, Gabriel José Chitto Gauer,
Leonardo Machado da Silva, Samantha Sittart Navarrete
FADERGS
Introdução: De gênese multifatorial, a violência pode estar relacionada a diversos fatores.
Assim, todas as pessoas estão sujeitas a cometer atos violentos, basta que o potencial
para tal seja estimulado. Os estudos demonstram que na maior parte dos episódios de
violência, o uso de drogas pode tornar-se facilitador, ou mesmo motivador de ações violentas
e criminosas. As drogas podem ser estímulos, motivos, respostas ou mediadoras deste
tipo de comportamento. Objetivo: Avaliar traços de psicopatia e uso de substâncias em
adolescentes em medida sócio-educativa. Método: Trata-se de um estudo transversal,
descritivo e correlacional. Foram incluídos no estudo 185 adolescentes internos da FASE
(Fundação de Amparo Sócio Educacional em Novo Hamburgo - RS), do sexo masculino, com
idades entre 12 e 18 anos, que apresentam histórico de repetidos atos de violência, agressões
a pessoas e a propriedades desde a infância. Neste estudo realizamos uma avaliação de
traços psicopáticos de adolescentes infratores com o uso do Inventário de Psicopatia de Hare:
Versão Jovens (PCL:YV) e relacionamos os escores obtidos com dados sócio demográficos,
história criminal e uso de substâncias. Para o uso de substâncias foi utilizado o questionário
de Galduróz, Noto, & Carlini, (1997). A análise dos dados foi realizada com o uso do pacote
estatístico SPSS 11.0. As comparações das médias dos escores obtidos no (PCL:YV) e
das variáveis sócio-demográficas e uso de substâncias foram efetuadas com Análise de
Variância (ANOVA), Correlação de Pearson, diagramas de dispersão, e teste t. O processo de
fidedignidade do instrumento (PCL:YV) foi realizado em abril de 2008 e o resultado total foi de
0,92 (p<0,01), representando um alto índice de confiabilidade interavaliador. Resultados: Os
resultados apontam que o maior consumo de substâncias quanto à frequência, diversidade
de substâncias, e idade de início estão relacionadas com a violência e traços psicopáticos.
Praticamente a totalidade da amostra (98,4%) fizeram uso de drogas e apresentaram baixa
escolaridade. O uso de drogas pelos pais pode potencializar as características psicopáticas
nos filhos, bem como a busca pelas drogas quanto a variedade e freqüência de uso. Os
usuários costumários de drogas tendem a ser mais violentos e indivíduos com problemas
comportamentais precoces apresentam maior propensão ao uso diário de drogas e buscam
maior variedade de substâncias também. Os jovens que fizeram uso de drogas em idade
inferior a 10 anos apresentam, sem exceção, conduta criminal grave. Conclusões: Ao analisar
nos adolescentes o uso de substâncias, foi investigada a idade de início do uso de drogas, a
freqüência de uso e a diversidade de drogas experimentadas. Estes hábitos mostraram-se,
em decorrência das correlações e médias entre grupos, consistentes para afirmarmos que
a drogadição e a psicopatia estão relacionadas.
Palavras-chave: psicopatia, drogas, adolescentes, violência
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TL26
ESTUDO LONGITUDINAL DOS ASPECTOS COGNITIVOS
NO TRANSTORNO DEPRESSIVO MAIOR
Nara Lucia Poli Botelho, Hilda Gardênia Barros Guedes, LatifeYazigi
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP; Escola Paulista de Medicina - EPM
Introdução: O Transtorno Depressivo Maior (TDM) está entre os transtornos psiquiátricos
mais prevalentes e é um dos problemas atuais mais comuns reconhecidos pelos profissionais
de saúde mental. Existem estudos associando o TDM a déficits cognitivos e funcionais, sendo
os domínios cognitivos mais comumente prejudicados, como memória, atenção, concentração,
flexibilidade mental e abstração. Objetivo: Identificar padrões neuropsicológicos presentes
em indivíduos com TDM em seguimento de dois anos de tratamento psicoterápico, discriminar
quais aspectos cognitivos estão mais prejudicados e verificar se o tempo de exposição da
amostra à psicoterapia influencia os resultados. Método: Os participantes foram avaliados
antes do ingresso no tratamento psicoterápico e re-avaliados anualmente, por dois anos,
na forma teste-reteste. Para o diagnóstico psiquiátrico foi utilizada a Entrevista Clinica
Estruturada para o DSM-IV-R (SCID I) e para a avaliação do perfil cognitivo foi selecionada
uma bateria neuropsicológica, a qual consta do WAIS-III e do Rey-OsterriethComplex Figure
Test. Foram avaliados 20indivíduos, de ambos os sexos, com idades variando entre 18 e
65 anos, idade média de 37,85 anos, com diagnostico de TDM atendidos em psicoterapia
psicanalítica no Ambulatório de Psicoterapia do Departamento de Psiquiatria da Universidade
Federal de São Paulo – UNIFESP. Resultados: Foi feita análise estatística do Teste de
Friedman para avaliação longitudinal dos resultados, tendo sido observadas melhoras
significativas nos subtestes Semelhanças (S), Completar Figuras (CF), Arranjo de Figuras
(AF), Procurar Símbolos (PS) e Armar Objetos (AO) do WAIS-III, os quais demonstraram
melhoras nas capacidades de abstração (S), visuo-perceptivas (CP), de inteligência social
(AF) e na velocidade de processamento (PS e AO). No Teste da Figura Complexa de Rey
a melhora significativa ocorreu na evocação tardia, o que se deu devido a uma melhora na
consolidação e armazenamento da informação visual. Conclusão: Os aspectos cognitivos
característicos do TDM inicialmente prejudicados, foram beneficiados pelo tratamento
psicoterápico de dois anos.
Palavras-chave: transtorno depressivo maior, aspectos cognitivos, psicoterapia
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TL27
A IMPORTÂNCIA DO ACOLHIMENTO PSICOLÓGICO AOS FAMILIARES
DE PACIENTES INTERNADOS EM UTI: RELATO DE EXPERIÊNCIA
Brunna Lisita Chaves
Hospital Regional de Santa Maria – DF
Introdução: Considera-se que o equilíbrio da família pode ser comprometido no momento
da internação, em especial, diante da separação e do afastamento desta com um dos seus
integrantes, o qual passa a ser cuidado por profissionais da saúde (Zanetti, 2012). Neste
sentido o acompanhamento psicológico dos familiares e o atendimento na sala de espera
são muito importantes, pois promovem acolhimento e alívio da angústia por eles vivida,
além de repercutir na relação da família com a equipe cuidadora, fortalecendo os vínculos
de confiança (Lucchesi, Macedo & De Marco, 2008). Objetivo: Este relato de experiência
tem por objetivo a descrição das intervenções realizadas pela equipe de psicologia junto
aos familiares dos pacientes internados em duas UTIs Adultas de um Hospital Público da
cidade de Santa Maria – DF. Método: O acolhimento dos familiares é realizado na sala
de visita da unidade, antes da primeira visita ao paciente internado. Neste momento, a
equipe de psicologia fica responsável por repassar verbalmente as normas e rotinas da
UTI, colher os dados sobre o paciente (anamnese) e preparar psicologicamente a família
para adentrar á Unidade de Terapia Intensiva. Neste preparo, são repassadas informações
sobre nível de consciência e condições físicas do paciente. Como recurso auxiliar, utiliza-se
o Mural externo criado pela equipe de psicologia, composto por fotos do ambiente da UTI
e alguns dispositivos invasivos utilizados no tratamento (sonda, cânula, tubo oro traqueal,
cateter). Este momento de acolhimento psicológico também é importante para avaliação da
dinâmica familiar e intervenção psicológica, afim e estimular as expressões das emoções
e sentimentos vivenciados neste período de grande angústia. Resultados: Observa-se
na prática profissional, que o nível de angústia e ansiedade dos familiares acolhidos pela
equipe de psicologia é menor que o dos familiares que não tiveram este atendimento.
Além disso, os familiares acolhidos pelo psicólogo no primeiro momento da internação de
seus familiares, formam vínculos de confiança mais rapidamente com este profissional.
Conclusão: O acolhimento psicológico aos familiares de pacientes internados em UTI é que
grande importância, não só para diminuição da ansiedade dos familiares, mas também para
vinculação destes familiares com a equipe de psicologia, proporcionando mais facilmente,
a expressão dos medos, angústias e fantasias relacionados ao novo processo no qual a
família está vivenciando.
Palavras-chave: psicologia em UTI, família, acolhimento psicológico
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TL 28
ASSISTÊNCIA PSICOLÓGICA - AO PACIENTE E SUA FAMÍLIA
NA ENFERMARIA DO HOSPITAL UNIVERSITÁRIO ONOFRE LOPES
Lúcia Maria de Oliveira Santos, Eulália Maria Chaves Maia
Hospital Universitário Onofre Lopes
Introdução: A presença do psicólogo no hospital tem sido fundamental para auxiliar a equipe
multidisciplinar nos cuidados com o paciente, uma vez que não apenas o aparato físico do
indivíduo está alterado durante a internação, mas também seu aparato psicológico. Emoções,
sentimentos e sensações, medo do desconhecido, da solidão e do desamparo, sentimentos
de insegurança, de inutilidade, de impotência, sensação de fracasso, entre outras coisas,
permeiam a vida do paciente e seus familiares em meio ao contexto hospitalar. Objetivos:
Este trabalho é um relato de experiência que se refere a assistência psicológica prestada
ao paciente internado e sua família na abordagem da Psicoterapia Breve Psicodinâmica e
Psicoterapia de Apoio no Hospital Universitário Onofre Lopes (HUOL). Metodologia: Os
atendimentos são realizados nas enfermarias: atendimento ao paciente no leito, suporte
psicológico ao acompanhante, acolhimento à família, interconsulta e discussão de casos
com a equipe. Resultados: O número de atendimentos varia porque obedece as solicitações
realizadas pela equipe. Observa-se que quando flui um diálogo entre a equipe e o psicólogo,
o paciente é mais beneficiado. Discussão: Considerando que, no grave adoecimento de um
membro da família, o sistema como um todo se vê afetado, a crise se instala para além do
indivíduo, assumindo dimensões diferenciadas de acordo com a configuração familiar, o que
demanda, em sua maioria, uma assistência mais especializada e qualificada a fim de que
haja uma maior adaptação a hospitalização e uma melhor adesão ao tratamento. Conclusão:
Vale salientar que, a intervenção psicológica foca-se no desejo do sujeito e não na cura,
objetivando reduzir as possíveis consequências do trauma e seu agravamento através do
resgate da esperança e da luta pela vida que o capacitará para lidar com as situações difíceis
referentes ao seu quadro clínico, bem como com as possibilidades e limites do tratamento.
Palavras-chave: unidade de terapia intensiva, hospital universitário, família
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TL 29
A PERCEPÇÃO DOS TRABALHADORES RURAIS DO
MUNICÍPIO DE LIMA CAMPOS - MARANHÃO QUANTO
À PREVENÇÃO DO CÂNCER DE PELE
Aline Barreto Xavier, Layane Bastos dos Santos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins
Introdução: O câncer de pele é o mais comum do ser humano responsável por 1/3 de todos
os casos de câncer do mundo. O principal fator de risco no desenvolvimento de câncer
de pele é a exposição solar. O câncer da pele é comumente divido em não melanoma
(carcinoma basocelular ou carcinoma epidermóide) e melanoma. A pele humana possui três
mecanismos de fotoproteção natural: produção de melanina, espessamento da camada
córnea e a secreção sudorípara. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia, a
conscientização a respeito da prevenção, por meio do uso de protetores solares, de roupas
adequadas e a redução da exposição ao Sol, contribuem decididamente para a redução
de novos casos do câncer da pele. Objetivos: Partindo desse pressuposto, decidiu-se
como objetivo geral analisar a percepção dos trabalhadores rurais quanto à prevenção do
câncer de pele, e como objetivos específicos esclarecer medidas preventivas relativas à
fotoexposição; discutir o conhecimento dos trabalhadores rurais sobre o câncer de pele e
esclarecer a importância da prevenção quanto a exposição à luz solar. Método: Uma vez
que a fotoproteção é fundamental para redução dos riscos do desenvolvimento do câncer
da pele, esse trabalho tem por objetivo analisar a percepção dos trabalhadores rurais de
Lima Campos - MA, quanto à prevenção do câncer de pele. O procedimento metodológico
envolveu um estudo observacional descritivo com abordagem quantitativa, mediante a
aplicação de 100 questionários específicos, respondidos por trabalhadores rurais, foram
coletados dados das características fenotípicas, nível de escolaridade, renda mensal,
conhecimento dos efeitos dos raios ultravioletas, práticas de fotoexposição e antecedentes
de câncer da pele. Resultados: Verificou-se o baixo nível de conhecimento dos mesmos
em relação à patologia, de modo que não utilizavam todas as medidas de prevenção,
se expondo de forma e horários inadequados ao sol. De modo geral, pode-se perceber
que os trabalhadores rurais não conhecem as consequências da exposição excessiva
ao sol e, portanto não apresentam um comportamento adequado quanto à fotoproteção.
Observou-se ainda, que esse desconhecimento se deve a falta de escolaridade, na qual
grande percentual destes profissionais não possui o ensino básico. Os dados desse
estudo possibilitaram vislumbrar um achado curioso: mesmo os entrevistados que não
conhecem sobre os malefícios causados pelo sol, usam roupas adequadas e chapeis para
se proteger, o que não garante a total proteção, pois o rosto, mãos e pés necessitam do
uso do protetor solar. Conclusões: Diante do exposto, observamos a necessidade de
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 86
intervir de forma a orientar os mesmos sobre os aspectos a respeito do câncer de pele
e sua prevenção, as quais são indispensáveis para redução do número de novos casos
desta dermatose. É necessário enfatizar que é preciso intensificar as campanhas na zona
rural, onde a principal atividade é a agrícola, que inerentemente leva o trabalhador a ter
uma maior fotoexposição. Assim, este trabalho contribui com dados concretos a respeito
do nível de informação referente à fotoexposição, de modo a chamar a atenção das
autoridades de saúde pública e de toda sociedade para que os conceitos e o conhecimento
preventivos sejam aprofundados no sentido de reduzir a incidência e a mortalidade por
câncer da pele na população.
Palavras-chave: câncer de pele, prevenção, trabalhadores rurais
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TL 30
OS LIMITES HISTÓRICOS E EPISTEMOLÓGICOS EM
PSICOLOGIA DA SAÚDE: A PSICOLOGIA E A SAÚDE EM QUESTÃO
Ivontonio Gomes Viana
Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
Introdução e Objetivo: O presente trabalho buscou problematizar, mediante perspectiva
histórica e epistemológica, o campo da Psicologia e da Saúde e seus possíveis pontos de
convergência na chamada Psicologia da Saúde (AMARAL, 1999; CZERESNIA; FREITAS,
2003; GRUBITS; GUIMARÃES, 2007; ANGERAMI-CAMON, 2011; entre outros). Partiuse do pressuposto de que a Psicologia enquanto disciplina, por excelência, responsável
pelo psiquismo humano, só bem recentemente vem se voltando para o estudo da Saúde,
fomentando uma discussão mais sistemática e específica acerca desde tema (BOCK, 1999).
Já no que tange ao campo da Saúde, partiu-se do pressuposto de que a apropriação da
Saúde pela ciência descaracterizou e limitou as compreensões, abordagens e tratamentos
aí existentes, desenvolvidos e em desenvolvimento (CAPONI, 2003). A convergência, então,
desses dois campos na chamada Psicologia da Saúde enfrenta demasiadas controvérsias
e incompreensões históricas, epistemológicas e éticas. Afinal, se pode questionar se toda
Psicologia não seria por si só já da Saúde, bem como se ao se retratar a Saúde não se
estaria impreterivelmente já retratando os aspecto psicológicos aí presentes? Método: O
caminho metodológico, então, perpassou inicialmente uma problematização, via pesquisa
bibliográfica, da Psicologia e da Saúde, como também da Psicologia da Saúde tendo aí o
cuidado de verificar suas implicações históricas e epistemológicas. A Epistemologia Qualitativa
de González Rey (2002), as reflexões psicanalíticas de Luís Cláudio Figueiredo (2009) acerca
do cuidar e as contribuições da Psiquiatria Social Contemporânea (ZIEGELMANN, 2005)
nos proporcionou parâmetros interpretativos numa perspectiva compreensiva e propositiva.
A análise ocorreu mediante a comparação de definições e tentativas de circunscrever o
campo da Psicologia da Saúde como algo de uma especificidade, uma área assim como
se falava antigamente em Psicologia Clínica, Psicologia Social, Psicologia Educacional,
Psicologia Organizacional. Resultados: Verificou-se que inexiste uma definição e maior
justificativa para se pensar uma Psicologia da Saúde, afinal nem um campo nem outro se
encontram passíveis de serem abordados, na sua totalidade, seja pela Psicologia, seja
pela Saúde. Ademais, supor a existência de uma Psicologia que se volte especificamente
para a Saúde é o mesmo que negar que mesmo ao se abordar a doença não existe aí um
interesse mínimo pela própria saúde. No mais, foi visível a dispersão epistemológica e
contradições históricas acerca da Psicologia da Saúde, a qual se aproxima muito mais de uma
suposta “Psiquiatria humanizada” e/ou uma “Psicanálise fenomenológica-comportamental”.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 88
Conclusões: Em síntese, é preferível e fundamentalmente consistente, do ponto de vista
epistemológico e histórico, tomar a Psicologia e a Saúde como campos distintos que
necessitam sim de um diálogo mais sistemático, produtivo, assertivo e de repercussões éticas
compatíveis com a realidade atual e suas adversidades. Ironicamente, se poderia até falar
de uma Saúde da Psicologia, mas não de uma Psicologia da Saúde, afinal a Saúde jamais
poderá ser retratada proficuamente como somente um campo específico da Psicologia.
Palavras-chave: psicologia da saúde, história e epistemologia
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TL 31
AVALIA-(AÇÃO):
O QUE? PARA QUE?
Jane Biscaia Hartmann, Karolina Reis dos Santos
Hospital Universitário de Maringá
Introdução: A avaliação psicológica consiste num processo que pode ser investigativo e
interventivo ao mesmo tempo e onde um fenômeno pode ser estudado sob uma perspectiva
qualitativa ou quantitativa (dependendo de seu objetivo) levando em conta todas as
circunstâncias correlatas ao mesmo. Com este intento utilizam-se técnicas psicológicas já
consagradas na área, que vão dos testes psicológicos a outras ferramentas já conhecidas
como entrevista, observação, entre outras. Não confundindo testagem psicológica com a
avaliação, entendemos que esta última faz parte de uma atividade mais ampla que engloba
toda uma série de etapas importantes e que pode, por vezes, ser realizada sem que nenhum
teste psicológico seja aplicado. Objetivo: Neste trabalho, pretendemos relatar experiências
de atendimento psicológico dentro de um hospital universitário, considerando o processo
de avaliação psicológica sem utilização de testes. Método: apresentar a partir de 4 estudos
de casos atendidos no hospital, a complexidade da avaliação frente a situações-problema
apresentadas, ilustrando as intervenções psicológicas resultantes dos dilemas que se
apresentam na realidade hospitalar e no enfrentamento de uma doença ou hospitalização.
Case1, sexo masculino(6), vítima de um acidente domestico, sofre uma cirurgia de emergência
de amputação da mão direita, defrontando-se com esta realidade no primeiro curativo
pós-cirúrgico. Case2, sexo masculino(16), filho único, sobrevivente de acidente de carro
onde ambos os pais faleceram e cuja informação sobre a morte de ambos foi ocultada
inicialmente. Case3, filha de uma paciente do sexo feminino (70) em estado grave na UTI,
num longo processo de internação que perde seu único filho durante a hospitalização. A
filha divide-se entre a necessidade de contar ou não sobre a morte do irmão para a mãe.
Case4, gestante(30) com diagnóstico de cancer, colocada frente ao dilema de optar por sua
vida ou de seu bebe. Resultados: A intervenção com C1 optou pela utilização de desenho
animado intitulado Como tratar do seu dragão, possibilitando identificação, projeção e
elaboração. O C2 demandou um manejo situacional envolvendo pessoas significativas do
entorno familiar e apoio e orientação psicológica para a comunicação de notícias difíceis,
visando reestabelecer a verdade depois de uma mentira. O trabalho com C3, focou-se na
angústia da filha e no dilema enfrentado por ela envolvendo o contar ou omitir a morte do
irmão para a mãe e as consequências de sua opção. Finalmente, o C4 visou a avaliação de
recursos psicológicos e mecanismos de enfrentamento da paciente e seu parceiro, objetivando
a identificação destes frente a difícil decisão de optar por sua vida ou de seu bebe, uma
vez que para tratar-se adequadamente teria que submeter-se a um aborto terapêutico.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 90
Conclusão: A avaliação psicológica em seus desdobramentos conduz a uma intervenção
psicológica individualizada, exige competência, criatividade e flexibilidade do profissional,
aspectos que nem sempre são aprendidos e desenvolvidos durante o processo de formação
profissional. Avaliar para ação consiste num desafio clinico que exige competência e
desenvolvimento de habilidades que englobam aspectos compreensivos e interventivos que
vão além do corpo de princípios teóricos, métodos e técnicas de investigação pois envolvem
o encontro de subjetividades e aspectos transferenciais e contra-transferenciais.
Palavras-chave: avaliação psicológica, avaliação e intervenção, técnicas psicológicas
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TL 32
PSICO-ONCOLOGIA: TRABALHANDO O LÚDICO COM CRIANÇAS
Vanice Teresinha Bick, Cristine Burin
FISMA – Faculdade Integrada de Santa Maria
Introdução: O diagnóstico do câncer infantil altera o padrão de funcionamento familiar, é
um evento desestabilizador em qualquer fase do ciclo vital, fator responsável pelas grandes
modificações inerentes ao tratamento, pois altera tanto o ritmo de vida familiar quanto o
desenvolvimento da criança. O processo de hospitalização ativa manifestações psíquicas
regressivas, representa algo ameaçador e agressivo devido a utilização necessária de
procedimentos invasivos.Os longos períodos de hospitalização significam um espaço ruim
para a criança, sendo um local de limitações, restrições dos espaços para brincar, afastamento
da família e conseqüentemente do seu círculo social de origem. Objetivo: O presente estudo
objetivou investigar e refletir sobre a contribuição do psicólogo a pacientes oncológicos em
tratamento na pediatria. Utilizando instrumentos lúdicos na terapia e uma linguagem clara e
compatível com o nível de entendimento do pequeno paciente, na busca de bons resultados
e minimizadores de sofrimento, buscando emergir nas brincadeiras, levando sempre em
consideração o contexto cultural e social no qual a família está inserida. Metodologia: Utilizou-se
neste estudo uma abordagem qualitativa e exploratória, do tipo pesquisa bibliográfica, realizada
através de revisão da literatura disponível sobre o tema. Com o intuito de discorrer, utilizando a
opinião de autores diversos, a respeito do assunto proposto inicialmente. Conclusões: Portanto
a forma como a família recebe o diagnóstico também poderá interferir positiva ou negativamente
na aceitação que o paciente terá do tratamento exercendo assim grande influencia na criança.
A situação lúdica além de ser divertida proporcionará distração, alegria e prazer, o direito de
brincar e a continuidade do seu desenvolvimento nas áreas física, afetiva, cognitiva, pessoal
e social se baseando na atualidade exercendo um papel importante. Os esclarecimentos dos
fatos são de grande importância serem informados, de acordo com o nível de maturidade e
possibilidades de compreensão, auxiliando e fornecendo subsídios e assistência ao paciente
e a família, revendo mitos e crenças que permeiam sobre o câncer. Além de atender a família
e o paciente, o psico-oncologista poderá incluir uma equipe multiprofissional proporcionando
amparo, orientações, discussões e trocas de idéias na busca de resultados satisfatórios e
favorecendo uma melhora na qualidade de vida.
Palavras-chave: câncer infantil, lúdico, hospitalização
Referências:
· VALLE, E. R. M. (org). Psico-oncologia Pediátrica. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.
· ALMEIDA, F. A. Lidando com a morte e o luto por meio do brincar: a criança com câncer no hospital.
Boletim de Psicologia, 105 (123): 149-67, 2005.
· WINNICOTT, D. W. O brincar e a realidade. Rio de Janeiro: Imago, 1995.
· CHIATONNE, Heloisa B. A criança hospitalizada. In CAMON, Angerami, AUGUSTO, Valdemar (org).
A Psicologia no Hospital. 2ª ed. São Paulo: Pioneira Thompson Learning, 2003.
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TL 33
O LIMIAR VIDA/MORTE: A SÍNDROME DE CHEDIAK-HIGASHI
NA VIDA DE UM JOVEM ADULTO – UM ESTUDO DE CASO
Juliana Medeiros Silva, Mary Ellen Dias Barbosa
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A Síndrome de Chediak-Higashi, um tipo de imunodeficiência primária rara, afeta
principalmente o sistema imunológico levando as células à incapacidade de realizar a defesa
do organismo; resultando em infecções recorrentes que começam na infância e acometem
principalmente a pele, mucosas e o trata respiratório, perdurando ao longo da vida. A maioria
dos pacientes morre antes de completar 10 anos e poucos atingem a segunda ou terceira
década. O caso apresentado neste estudo é uma exceção: trata-se de um jovem adulto, cuja
existência é permeada pelas contingências de sua doença e um sutil limiar entre vida e morte.
A escolha pelo caso se deu considerando a gravidade desta síndrome; a idade do paciente,
que inscreve uma exceção às estatísticas; e a demanda deste em realizar um tratamento
psicológico. Objetivo: Refletir sobre os aspectos que podem permear a vida de um sujeito
com uma doença crônica, explorando as repercussões que esta síndrome tem no modo de
organização de vida e na realização das atividades diárias deste jovem adulto; e também, a
relação deste com seu adoecimento e vida/morte. Método: Trata-se de um estudo longitudinal,
exploratório, delineado por meio de um estudo de caso supervisionado, com fundamentação
teórica na Psicanálise. Para melhor compreensão da doença, inicialmente se realizou um
levantamento bibliográfico sobre a síndrome, onde se verificou artigos com enfoque no
aspecto médico, biológico e fisiológico da doença, não sendo encontrada nenhuma literatura
relacionada aos possíveis aspectos emocionais ou repercussões desta síndrome na vida dos
sujeitos que a possuem, dado que fomentou o interesse em realizar este estudo. O sujeito
foi um jovem adulto, 21 anos, solteiro, sem filhos, com diagnóstico de SCH desde os quatro
anos de idade. O instrumento de avaliação utilizado foram entrevistas clínicas psicológicas
pautadas no método psicanalítico. Os atendimentos ocorreram em ambulatório e enfermaria
do Hospital das Clínicas FMUSP. Resultados: A oferta feita ao paciente de que este pudesse
falar sobre si gerou uma demanda, onde este pode trazer um pouco de suas questões e
dificuldades, não só permeadas por contingências relacionadas à sua doença, mas também
relacionadas à sua existência de maneira geral. Com o tratamento, o paciente passou a
buscar mudanças em sua vida relacionadas às queixas trazidas, aumentando também seu
convívio social. Alguns atravessamentos permearam esse processo, como o agravamento
de sua doença e a morte de seu pai, fato que suscitou ao paciente, tratar de suas questões
relacionadas à finitude, falando acerca de sofrimentos relacionados à doença e perdas. Através
do dispositivo terapêutico, buscou por meio da “palavra” resignificar tais questões. Durante
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 93
todo esse processo o paciente e sua família puderam contar com o suporte psicológico.
Conclusões: Este estudo evidenciou a constante luta deste jovem; implicações da doença
em seu modo de organização de vida e um sujeito não identificado à sua doença. Também
apontou para um atravessamento que pode permear o tratamento psicológico em um hospital
geral: a condição clínica do paciente que muitas vezes se sobrepõe a possibilidade deste
buscar mudanças efetivas em sua rotina de vida, relacionadas a seu desejo.
Palavras-chave: Síndrome de Chédiak-Higashi, imunodeficiência primária, psicologia,
psicanálise
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TL 34
A IMAGEM CORPORAL DE IDOSOS CAIDORES: UM ESTUDO SOBRE
REPRESENTAÇÕES SOCIAIS, FUNCIONALIDADE E ENVELHECIMENTO
Heloisa Corrêa Coelho, Valmari Cristina Aranha
Divisão de Psicologia e Serviço de Geriatria do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A população idosa tem aumentado aceleradamente no Brasil, sendo as quedas um
sério risco de morbidade e mortalidade interferindo na funcionalidade e trazendo consequências
psicológicas e sociais significativas. A restrição da funcionalidade, a existência de doenças,
dores crônicas e o medo de cair também influenciam tanto na imagem corporal do idoso quanto
na representação social do envelhecimento que, apesar de ser heterogêneo, é representado
principalmente de maneira negativa. Desta forma, o interesse em realizar este estudo partiu
da constatação da literatura restrita acerca da imagem corporal dos idosos, principalmente
que levam em conta a influência da funcionalidade, e de que as representações sociais do
envelhecimento ainda se mostram bastante esteriotipadas, ainda que o mesmo seja bastante
heterogêneo. Objetivo: Investigar as representações sociais e possíveis relações entre imagem
corporal, funcionalidade e quedas em idosos participantes de um Programa de Prevenção em
Quedas (PPQ). Método: Foram avaliados 100 idosos, participantes do PPQ, que apresentaram
ao menos uma queda nos últimos 12 meses. Utilizou-se o Procedimento do Desenho-Estória
com Tema como forma de acessar as representações sociais e a imagem corporal dos
participantes e as Escalas de Avaliação do Desempenho Funcional de Katz e Lawton para
avaliar a capacidade dos idosos em realizar as Atividades Básicas de Vida Diária (AVDs) e as
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVDs). Resultados: As alterações na aparência e
a perda da funcionalidade foram salientadas nas produções dos participantes, principalmente
quando houve representação social negativa acerca do envelhecimento, que foi a predominante
(51% dos comentários relacionados ao envelhecimento). Houve também comentários que
evidenciaram uma representação positiva do envelhecimento, em que os aspectos mais citados
foram os emocionais, que se sobrepuseram às dificuldades físicas percebidas. Os resultados
apontaram que não houve relação entre a avaliação da funcionalidade, o número de quedas
e a imagem corporal, que se apresentaram bastante heterogêneas quanto à integração e ao
esquema corporal. Conclusões: Evidenciou-se que a perda da funcionalidade e a as mudanças
da aparência são relevantes no que tange a imagem corporal do idoso, principalmente quando
há representação negativa do envelhecimento. Também se pode perceber que essas alterações
interferem de modo distinto na dimensão física e na dimensão simbólica do corpo, sendo que
a maneira com que as limitações advindas do envelhecimento interferem na percepção do
idoso em relação ao mesmo foram variadas, confirmando o envelhecimento como processo
multifatorial. Desta forma, novas estratégias de intervenções interdisciplinares poderão ser
criadas, principalmente no que tange as quedas, ainda consideradas como eventos triviais e
ainda tão pouco explorados em nosso contexto de estudo.
Palavras-chave: envelhecimento, representação social, imagem corporal, funcionalidade, quedas
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 95
TL 35
INVESTIGAÇÃO DAS CRENÇAS ENVOLVIDAS NA ADESÃO
AO ESQUEMA MEDICAMENTOSO PRESCRITO EM PACIENTES
COM DOENÇAS CRÔNICAS
Carolina Pasqueto da Silva, Thiago Robles Juhas, Gláucia Rosana Guerra Benute,
Maria Lívia Tourinho Moretto, Mara Cristina Souza de Lucia
Divisão de Psicologia do Instituto Central do HC-FMUSP
Departamento de Psicologia Clínica do Instituto de Psicologia da USP
Introdução: A não adesão ao esquema medicamentoso prescrito (EMP) é um problema
prevalente entre pacientes com doenças crônicas, sendo que 20 a 50% de pacientes não
realizam o tratamento medicamentoso de acordo com o que foi prescrito, sendo estes
considerados não aderentes ao esquema terapêutico. Conhecer em que medida ocorre à
adesão e quais são as crenças que levam os pacientes crônicos a alterarem o EMP pode
trazer elementos significativos para abordar as dificuldades do paciente na condução
de seu próprio tratamento, não só trabalhando no sentido de se conhecer quais são as
justificativas que fazem barreiras à adesão ao EMP, como também o acesso a esses dados
pode facilitar o desenvolvimento de meios mais seguros de cuidados à saúde. Objetivo:
Investigar qual a conduta do paciente no que diz respeito a fazer ou não alterações no
EMP e quais as crenças em relação à medicação prescrita. Método: Estudo descritivo,
prospectivo e exploratório realizado com 300 pacientes em tratamento ambulatorial que
possuíssem algum esquema medicamentoso prescrito, portadores de doenças crônicas,
com idade a partir dos 18 anos, de um hospital terciário universitário da cidade de São
Paulo. Para a coleta de dados, foram realizadas entrevistas semidirigidas e utilizado o
questionário de crenças sobre medicamentos, Beliefs about Medicines Questionnaire
(BMQ). Para análise estatística foi utilizado o teste do X2 e estrato de Fisher. Valor p<0,05
foi considerado significante. Resultados: Em relação ao total da amostra 56% (n=168)
declararam que não seguem o EMP exatamente com lhe foi proposto. Na correlação entre
os pacientes que seguem e não o EMP, sentir dores e incômodos diminui o percentual
de adesão (p=<0,01). Os pacientes que compreendiam a doença (p=0,04); achavam fácil
seguir o tratamento (p=<0,01); desejavam melhorar ao adquirir a medicação (p=0,02);
não tiveram dúvidas na consulta médica (p=0,01), confiavam no EMP (p=<0,01), foram
os mais aderentes, bem como a via de uso (comprimidos e líquidos) dos medicamentos
(p=<0,01) aumenta a taxa adesão. O fato de acreditar que os medicamentos são
poderosos (p=<0,01), que a vida seria impossível sem os medicamentos (p=<0,01) e
que sem medicamentos pode-se ficar muito doente (p=0,04) aumenta o seguimento
do EMP. A crença de que há diferença entre medicamentos e drogas (p=0,04) e que a
maioria dos medicamentos são seguros (p= 0,01), também favorece a adesão ao EMP.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 96
Conclusões: Conhecer a própria doença pode se tornar a base da confiança no médico
e no remédio. Confiar no EMP faz com que os pacientes sejam mais aderentes. Conhecer
quais são as crenças e as condutas atreladas ao uso dos remédios pode possibilitar indicadores
de adesão ao tratamento, identificar os grupos de risco e repensar as formas educacionais e
de assistência à saúde.
Palavras-chave: uso de medicamentos, adesão à medicação, crenças, doença crônica,
impacto da doença
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 97
TL 36
CONCEPÇÃO DE SAÚDE PARA ESTUDANTES DE PSICOLOGIA
Carolina Cássia Conceição Abilio, Erich Montanar Franco
Universidade Presbiteriana Mackenzie
Introdução: As relações entre Psicologia e o campo da saúde são discutidas desde seu
reconhecimento como disciplina científica. Contudo, a presença efetiva das práticas psicológicas
nos serviços de saúde é algo mais recente. No Brasil, um grande passo foi dado nesta direção
na década de 1980, quando os psicólogos passaram a integrar as equipes de serviços de saúde
mental na rede de atenção básica à saúde. Contudo, os estudos voltados para o trabalho do
psicólogo na saúde indicam muitos obstáculos a serem superados, tais como o predomínio
de uma mentalidade que não incorpora os princípios do SUS e que concebe o sujeito como
indivíduo isolado de sua sociedade. Assim, a formação desses profissionais passa a receber
maior atenção e intensificam-se os debates em torno da realidade brasileira. Objetivo:
O objetivo desta pesquisa foi compreender as concepções de estudantes de psicologia
acerca da saúde, como eles concebem o papel do psicólogo nesse campo e quais as ações
reconhecidas como sua atribuição nesse trabalho. Método: Foram entrevistados 12 alunos de
psicologia do último ano de uma universidade particular da cidade de São Paulo. As entrevistas
foram conduzidas de forma aberta para que o entrevistado pudesse expressar-se livremente
sobre os temas abordados. As entrevistas foram gravadas e posteriormente transcritas e o
discurso registrado foi analisado por meio de uma organização de seu conteúdo a partir da
delimitação de unidades de sentido no mesmo. Resultados: A análise das entrevistas revelou
dois posicionamentos distintos entre os entrevistados. De um lado fica clara a apreensão da
integralidade biopsicossocial dos usuários dos serviços e a característica interdisciplinar do
campo da saúde. Nesse caso, parece haver reconhecimento da condição sociopolítica das
práticas em saúde. De outro lado, as reflexões sobre as práticas em saúde não incluem a
relação com profissionais de outras áreas e não abordam a dimensão social do processo saúdedoença. Essa dificuldade também se faz visível quando se trata de integrar os saberes das
diversas áreas da Psicologia. Em ambos os posicionamentos, o foco da ação do psicólogo é
concebido como cuidar do doente e evitar doença. Isso sugere um distanciamento em relação
às possibilidades do trabalho na esfera da promoção da saúde. Conclusão: De forma geral,
os dados indicam uma polarização dos posicionamentos em relação ao trabalho do psicólogo
na saúde e nos oferecem indícios de possíveis polarizações nas práticas em saúde. Nesse
sentido, podemos supor que é possível que transformações estejam em curso, pois, ainda
hoje, os estudos com psicólogos na saúde indicam o predomínio do modelo clínico psicanalítico
exercido por meio do atendimento individual, há uma reprodução dos fazeres e saberes na
clínica privada. No entanto, é preciso pensar que os espaços da prática profissional também
são formativos do ponto de vista técnico e se constituem como campos intersubjetivos da
produção simbólica. Destacamos a importância do estudo constante das práticas de formação
dos profissionais de saúde.
Palavras-chave: estudantes, concepções de saúde, psicologia da saúde
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 98
pôsteres
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 99
P01
IDOSOS E INSTITUIÇÃO DE LONGA PERMANÊNCIA: DÉFICIT
COGNITIVO, DEPRESSÃO, ANSIEDADE E MEMÓRIA
Valmari Cristina Aranha, Rafael Trevizoli Neves, Thiago Robles Juhas,
Gláucia Rosana Guerra Benute, Mara Cristina Souza de Lucia, Wilson Jacob Filho
Divisão de Psicologia e Serviço de Geriatria do Instituto Central do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A presença de sintomas depressivos é recorrente na população idosa
institucionalizada, entretanto, a associação entre depressão, aspectos cognitivos e
institucionalização é controversa, uma vez que a presença de depressão e déficits cognitivos,
no idoso, estão relacionados a idade, sexo, educação, moradia compartilhada e suporte social,
comprometimento funcional e comprometimento cognitivo, principalmente comprometimentos
na memória e velocidade psicomotora. As Instituições de Longa Permanência são instituições
governamentais ou não, de caráter residencial coletivo, destinadas a pessoas com 60 anos
ou mais, com ou sem suporte familiar e em condição de liberdade, sem caráter clínico ou
terapêutico, apesar da presença de serviços médicos assistenciais. A reflexão e o estudo
acerca da saúde da população idosa institucionalizada se faz necessária para que políticas
de promoção da saúde sejam desenvolvidas, tanto em diagnósticos precoces, quanto
em tratamentos reabilitadores. Objetivo: Identificar a prevalência de déficit cognitivo,
comprometimento funcional, depressão, ansiedade e queixa de memória na população
idosa residente em instituição de longa permanência, investigando a associação entre estas
variáveis. Método: Estudo exploratório descritivo realizado com 219 idosos, com idades
acima de 60 anos, residentes de 14 Instituições de Longa Permanência para Idosos presentes
no Estado de São Paulo. O levantamento de dados sociodemográficos dos participantes
foi realizado por entrevistas semiestruturadas e análise de prontuários. O Mini Exame do
Estado Mental foi utilizado para avaliação do estado cognitivo; Questionário de Queixas
de Memória; avaliação da capacidade funcional pelo Índice de Katz. Para a avaliação da
ansiedade foi utilizada a Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, para a depressão a
Escala de Depressão Geriátrica (GDS-15). Foi utilizada a Consortium to Establish a Registry
for Alzheimer’s Disease (CERAD) bateria que permite detectar demência em fase inicial. Em
relação à análise dos dados, o principal foco foi verificar as diferenças significativas, em que
o nível de significância utilizado foi de 5%. Resultados: A média de idade dos idosos foi de
77,63 anos (DP=8,67), com escolaridade média 4,65 anos (DP=3,64), comprometimento
cognitivo moderado (MEEM = 18,67, DP=6,48) e queixa de memória subclínica (MAC-Q
= 24,41, DP=7,21). Com relação à funcionalidade, os idosos apresentaram, em média,
pontuações indicativas de comprometimento funcional (Katz=8,6, DP=8,06; Pfeffer=7,84,
DP=3,74), principalmente em relação ao banho (1,48, DP=0,74), a continência (1,38,
DP=0,71) e ao vestir-se (1,40, DP=0,73). A presença depressão avaliada pelo GDS-15 obteve
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 100
pontuação média clinicamente significativa para o transtorno (5,31, DP=3,31). Solteiros
e divorciados possuíam idade e pontuação no MEEM significativamente menor do que
casados e viúvos (p>0,001 e p=0,011, respectivamente) e solteiros apresentaram menor
comprometimento funcional em relação ao banhar-se do que os outros grupos (p=0,02).
Conclusões: A institucionalização do idoso está ligada, a prejuízos cognitivos e funcionais,
ausência de moradia compartilhada e percepção ruim do próprio estado de saúde. As
condições médicas são mais fortemente associadas quando levam a prejuízos cognitivos e
funcionais. O envelhecimento em si promove mudanças biopsicossociais que questionam
valores existenciais, principalmente referentes a eventos que afetam a descendência, ao
cuidado e ao bem-estar psicológico, deixando os idosos mais vulneráveis ao aparecimento
de transtornos psiquiátricos.
Palavras-chave: envelhecimento, instituição de longa permanência para idosos, serviços
de saúde para idosos, transtornos cognitivos, depressão
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 101
P02
COGNITIVE FUNCTION, DEPRESSION SYMPTOMS AND
HEALTH-RELATED QUALITY OF LIFE BEFORE AND DURING
INTERFERON THERAPY OF CHRONIC HEPATITIS C
Mary Ellen Dias Barbosa, Ana Luiza Zaninotto, Daniel Ferraz de Campos Mazo,
Cynthia Nunes de Freitas Farias, Simone Alves Hajj, Ana Luiza Dias, Luiz Augusto Carneiro
D’Albuquerque, Flair José Carrilho, Mara Cristina Souza de Lucia, Alberto Queiroz Farias
Department of Gastroenterology, Division of Psychology,
Hospital das Clínicas, University of Sao Paulo School of Medicine
Background and aims: There is growing evidence that hepatitis C virus infection is associated
with cognitive, mood and health-related quality of life (HrQOL) impairment long before the
development of end-stage liver disease and those changes may worsen during treatment. Our
aim was to assess these features before and during antiviral therapy. Methods: seventeen
consecutive patients with chronic hepatitis C with detectable HCV-RNA were enrolled in
this prospective study. Genotype 1 was found in 14 and genotype 3 in the remaining 3
patients. 16 patients had biopsy proven chronic hepatitis and 1 had cirrhosis. Minimal hepatic
encephalopathy was excluded by the Inhibitory Control Test. Alcohol use was assessed by
the AUDIT. All patients received pegylated interferon and ribavirin therapy for at least 24
weeks. A stringent work-up was performed for assessing cognitive function (stroop color, trail
making, Hopkins verbal learning, grooved pegboard, digit span, verbal fluency, clock drawing
tests), depression symptoms (Beck depression inventory, BDI) and HrQOL (SF-36 instrument)
at the inclusion and 24 weeks after the beginning of therapy. Results: As compared with
baseline, selective attention and verbal fluency were significantly decreased at 24 weeks of
therapy (p=0.02). We could not demonstrate significant changes in memory (episodic and
working), fine motor skill and visual spatial organization. BDI scoring before therapy was 6.3
±3.8 and increased to 11.8 ±6.5 and this difference was statistically significant (p=0.0003).
The scores of vitality, physical functioning, role physical, role-emotional, social functioning
and mental health domains worsened during therapy. Furthermore, a negative correlation
was found between BDI scoring and the all SF-36 domains, except pain. Conclusions:
Interferon-based therapy of hepatitis C infection is associated with significant impairment of
the executive function, depression symptoms and health-related quality of life.
Keywords: hepatitis C, cognitive function, depression, health-related quality of life
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 102
P03
COGNITIVE FUNCTION AND MOOD DISORDER IN PATIENTS
WITH AND WITHOUT HEPATITIS C VIRUS INFECTION IN THE
WAITING LIST FOR LIVER TRANSPLANTATION
Ana Luiza Zaninotto, Kenia Campanholo, Mary Ellen Dias Barbosa, Cynthia Nunes de Freitas Farias,
Simone Alves Hajj, Daniel Ferraz de Campos Mazo, Flair José Carrilho, Luiz Augusto Carneiro
D’Albuquerque, Alberto Queiroz Farias, Mara Cristina Souza de Lucia
Department of Gastroenterology, Division of Psychology,
Hospital das Clínicas, University of Sao Paulo School of Medicine
Background and aims: Patients with end-stage liver disease, regardless of its etiology,
commonly complain of difficulties in attention, concentration and memory. Hepatitis C virus
(HCV) enters brain cells, especially astrocytes, and chronic infection has been implicated in
those manifestations. Our aim was to compare cognitive function and depression symptoms
in HCV and non-HCV infected patients with cirrhosis. Methods: 150 patients waiting for liver
transplantation were assessed for eligibility in this prospective study. Inclusion criteria were
seropositivity for HCV-RNA by real-time PCR, alcohol drinking less than 20g/day and no
history of hepatic encephalopathy. Eight-one patients were excluded, leaving 69 patients for
analysis. Enrolled patients were divided into two groups: HCV (n=20) and non-HCV (n=49).
All patients underwent a stringent protocol for assessing cognitive function (symbol digit,
stroop color, trail making, Hopkins verbal learning, grooved pegboard, digit span, verbal
fluency, clock drawing tests) and depression symptoms (Beck depression inventory; BDI).
Results: Cognitive functions impairment was found in both HCV and non-HCV groups,
but patients with hepatitis C infection had a worse performance on episodic verbal memory
delay recall testing when compared with non-infected patients (p=0.0001). No significant
difference was observed between groups in executive functions, visual spatial organization
and processing speed. However, both groups had a worse performance when compared to
normative data. No significant difference was observed in depression symptom scores in
HCV infected patients when compared with those seronegative counterparts. Conclusions:
Although both groups of patients with advanced liver disease (i.e. cirrhosis) had cognitive
impairment and depression symptoms, patients with hepatitis C infection had worse
performance in verbal memory testing.
Keywords: cognitive function, hepatitis C, mood disorder, liver transplantation
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 103
P04
GESTAÇÃO MÚLTIPLA: AVALIAÇÃO DE ANSIEDADE E DEPRESSÃO
Amanda Maihara dos Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Cecília Prohaska,
Adolfo Wenjaw Liao, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e
Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: Os nascimentos múltiplos têm aumentado significativamente devido a maior
frequência e melhores resultados dos procedimentos em reprodução assistida e gestação em
idade avançada. A suscetibilidade da mãe frente às possíveis adversidades da gestação múltipla
contribui para o desenvolvimento de sintomas ansiosos e depressivos. Das psicopatologias
estudadas durante a gestação múltipla, a incidência de depressão e ansiedade costuma ser
elevada. Objetivo: avaliar a presença de depressão e ansiedade e verificar a associação
de sintomas depressivos com a presença de ansiedade e depressão nas especificidades da
gestação múltipla. Método: Foram convidadas a participar 50 gestantes, no período de 2010,
com diagnóstico de gestação múltipla, que se encontravam no ambulatório de Obstetrícia de
hospital universitário aguardando a consulta médica do pré-natal, no setor de gemelidade.
Foram realizadas entrevistas semi-dirigidas e para avaliar ansiedade e depressão o PrimeMD. Resultados: Este estudo encontrou presença de depressão em 20% e de ansiedade em
28% das gestantes, sendo que 14% apresentaram os dois diagnósticos, 14% apresentaram só
ansiedade e 6% apresentaram só depressão. Quando avaliado os aspectos relativos à reação
ao descobrir a gravidez múltipla; alterações no estado emocional, na saúde física, no corpo,
nas relações sexuais, no relacionamento com parceiro, filhos, parentes e no relacionamento
social, foi encontrada significância estatística entre ansiedade e alterações no estado emocional
(p<0,01). Ao avaliar os sintomas depressivos e os diagnósticos de ansiedade e depressão, foi
encontrada significância estatística entre ansiedade e insônia ou hipersonia (p<0,01); ansiedade
e agitação ou redução psicomotora (p<0,01); depressão e cansaço ou falta de energia (p<0,01);
depressão e comportamento depressivo (p<0,01), depressão e sentimentos de fracasso ou
culpa (p<0,01); depressão e concentração reduzida (p<0,01) e depressão e agitação ou
redução psicomotora (p<0,01). Conclusão: A presença de ansiedade e depressão e a provável
presença dessas sintomatologias correspondem aos achados da literatura científica de que
a prevalência de ansiedade e depressão gestacional é de aproximadamente 20%. Apesar de
a gestação múltipla ser considerada mais estressora que uma gravidez única, pois os riscos
e complicações materno fetais são mais frequentes, as gestantes apresentaram depressão
equiparada à de gestantes de fetos únicos e ansiedade um pouco mais elevada, que pode ser
explicada pelo tipo de gestação. Sugere-se acompanhamento psicológico dessas mulheres
durante o pré-natal, visto que a literatura aponta piora desses comportamentos ansiosos e
depressivos no pós-parto, principalmente quando se tratar de dois ou mais filhos.
Palavras-chave: gravidez múltipla, ansiedade, depressão
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 104
P05
DISFUNÇÃO SEXUAL EM PACIENTES COM
ESCLEROSE MÚLTIPLA NA FASE RECORRENTE REMITENTE:
UM ESTUDO PRELIMINAR
Vanessa Marques Ferreira Jorge, Gláucia Rosana Guerra Benute,
Thiago de Faria Junqueira, Dagoberto Callegaro, Mara Cristina Souza de Lucia
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e
Departamento de Neurologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A Esclerose Múltipla Recorrente Remitente (EMRR) é uma doença neurológica,
crônica e progressiva, que geralmente surge em jovens adultos, predominando no sexo
feminino, entre a segunda e a quarta década da vida. A EMRR envolve fatores físicos
que variam desde comprometimentos motores, até alterações emocionais e cognitivas.
A avaliação do funcionamento sexual mostra-se complexa e envolve fatores fisiológicos,
psicossociais e interpessoais. A literatura científica demonstra que pacientes já em fase
avançada da esclerose múltipla apresentam comportamento sexual hipoativo associado
à insatisfação no relacionamento; e, especificamente, em mulheres constata-se falta de
interesse sexual e diminuição da libido. Objetivo: Avaliar funcionalidade, depressão e
verificar a presença de disfunção sexual em pacientes em fase inicial da EMRR. Método:
O projeto de pesquisa bem como o termo de consentimento livre e esclarecido foram
previamente aprovados pelo comitê de ética em pesquisa da instituição. Foram avaliadas 10
mulheres com EMRR. Os critérios de inclusão adotados foram: mulheres com idade entre 16
e 50 anos; alfabetizados; ausência de déficits cognitivos que impeçam a assinatura do TCLE
pelos pacientes ou seu representante legal; tenham preenchido os critérios neurológicos
para EMRR, encaminhados pelo neurologista participante deste estudo. Os critérios de
exclusão para foram: Quadro de confusão mental identificada por meio do julgamento clínico
multiaxial dos critérios diagnósticos propostos no DSM-IV; pacientes com dificuldade para
compreender e preencher os questionários; presença de diagnóstico atual ou nos últimos
6 meses de outra doença neurológica e/ou uso de medicações psicoativas, avaliados
pelo prontuário médico.Os dados foram coletados a partir da Arizona Sexual Experience
Scale (ASEX) e a Escala Expandida do Estado de Incapacidade (EDSS) por ser método
capaz de quantificar as incapacidades ocorridas durante a evolução da esclerose múltipla
ao longo do tempo. A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva.
A análise dos dados foi realizada por meio da estatística descritiva. Resultados: A idade
média das pacientes foi de 31 anos (DP=8,9); 70% (n=7) possuem ensino superior completo
e 70% (n=7) são solteiras. O tempo médio de doença é de 1459 dias. Das pacientes
que apresentaram disfunção sexual clinicamente significativa (40%; n=4); 25% (n=1)
apresentaram depressão e 75% (n=3) não apresentou nenhuma incapacidade funcional.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 105
Conclusão: Constatou-se que mesmo na fase inicial da doença as pacientes com Esclerose
Múltipla já apresentam prejuízo na função sexual. Em decorrência de doença neurológica
crônica, é possível a mulher ter prejuízos com a excitação sexual e a fase orgástica. Novos
estudos são indicados para avaliação e proposição assistencial a estas mulheres. Os
resultados e a literatura sugerem a intervenção psicológica como terapêutica para estes
casos, simultaneamente, com tratamento médico e farmacológico revelam-se de extrema
importância para estas pacientes.
Palavras-chave: esclerose múltipla, disfunção sexual, mulheres
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 106
P06
“UMA PESSOA QUE VIVE COM MÁGOA NÃO TRAZ COISA BOA
PRA CARNE”: ENTREVISTAS PSICANALÍTICAS COMO MÉTODO
DE INVESTIGAÇÃO E INTERVENÇÃO NO HOSPITAL GERAL
Mariana Gonçalves d’Afonseca de Britto, Niraldo de Oliveira Santos
Divisão de Psicologia do Instituto Central do HC-FMUSP
Introdução: O presente trabalho discorre sobre um caso clínico de uma paciente com os
diagnósticos de fibromialgia e dor crônica, que procurou, voluntariamente, atendimento
psicológico em um hospital de referência na cidade de São Paulo, para tratar de seu quadro
doloroso e das consequências da história de abuso sexual ocorrido na infância. Objetivo:
Assim, buscou-se investigar como um evento de vida traumático e mal elaborado pode implicar
numa repetição de situações dolorosas, podendo estar associado à formação de sintomas
corporais. Método: Foram realizadas dez entrevistas clínicas de orientação Psicanalítica,
que duravam cerca de 50 minutos, durante um período de quatro meses. Resultados: As
entrevistas foram um importante veículo para a exposição da angústia e conflitos da paciente,
que associou os eventos de abuso sexual durante a infância ao surgimento e manutenção
do quadro doloroso (fibromialgia e dor crônica). Além disso, observou-se a maneira como a
paciente chegou até a analista, voluntariamente, o que apontou para um transbordamento
de conteúdos que a estavam mobilizando naquele momento. Conclusões: Concluiu-se
que o histórico de abuso sexual da paciente pôde gerar implicações na saúde e que ela
ocupou durante a vida não somente o lugar de “abusada”, mas também de “abusadora” de
si mesma, nos momentos quando maltratou seu corpo, por meio da repetição de situações
onde ela produziu, numa tentativa inconsciente de elaboração, satisfação pulsional. Foi
também possível concluir que as entrevistas psicanalíticas, como método de investigação e
tratamento psicanalítico, foram capazes de promover uma ressignificação do mundo interno
da paciente e consequente mudança na posição subjetiva e na condição de saúde da mesma.
Palavras-chave: abuso sexual, dor crônica, psicanálise, entrevista clínica, psicologia da
saúde
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 107
P07
REFLEXÕES SOBRE A AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
EM SERVIÇOS DE HEMODIÁLISE
Carolina Moya Gomes, Dnyelle Souza Silva, Manuel Carlos Martins Castro
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A Doença Renal Crônica pode ser caracterizada pela perda da função renal,
sendo que o tratamento mais utilizado é a hemodiálise. A hemodiálise é um tratamento
dialítico que exige do paciente idas constantes ao hospital ou à clínica onde o tratamento
é realizado, além de mudanças na rotina e alimentação. O paciente renal crônico passa a
lidar com situações de perdas, entre elas a perda da função renal, e dependências, tanto da
máquina como da equipe de saúde e cuidadores (família). Objetivo: Refletir sobre a atuação
do psicólogo e os instrumentos utilizados por este profissional em Serviços de Hemodiálise,
a partir da experiência vivenciada no Programa de Aprimoramento Profissional realizado
na unidade de hemodiálise de um hospital universitário. Método: Foi realizado um estudo
a partir dos dados coletados pelo Protocolo Assistencial de Avaliação Psicológica utilizado
pelo Serviço de Psicologia na unidade de hemodiálise de um hospital universitário durante
o período de março/2012 a fevereiro/2013. Os instrumentos utilizados foram: entrevista
semi-estruturada, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão, Inventário de Depressão
de Beck e Kdqol – SF™ 1.3 (KIDNEY DISEASE AND QUALITY OF LIFE - SHORT FORM).
Resultados: Foram avaliados 39 pacientes renais crônicos que realizam tratamento de
hemodiálise, destes 20 (51,28%) eram do sexo masculino e 19 (48,72%) do sexo feminino,
com idade média de 37±16,69 anos. Na Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão 05
(12,82%) pacientes apresentaram pontuação significativa para sintomas ansiosos e 04
(10,26%) para sintomas depressivos. No Inventário de Depressão de Beck, 07 (17,95%)
pacientes apresentaram pontuação leve para sintomas depressivos e 01 (2,56%) pontuação
considerada grave. Dos pacientes avaliados, 06 (15,38%) receberam acompanhamento
psicológico apesar de não terem apresentado sintomas que caracterizassem sintomas de
um possível distúrbio psiquiátrico nas escalas aplicadas, sugerindo que há uma demanda
latente que os instrumentos sozinhos não conseguem detectar. Conclusão: Apesar da
literatura relatar com abundância a presença de transtornos depressivos em pacientes renais
crônicos em tratamento dialítico, este parece não ser o único sintoma psíquico presente nesta
população. Este estudo sugere a escuta psicológica como instrumento eficaz para detecção
de demandas psicológicas do paciente renal crônico em tratamento de hemodiálise que tem
impacto tão relevante quanto os sintomas de transtornos depressivos.
Palavras-chave: avaliação psicológica, hemodiálise, sintomas ansiosos, sintomas depressivos
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 108
P08
DOENÇA RENAL CRÔNICA E MATERNIDADE: MECANISMOS DE
DEFESA ENVOLVIDOS NESTA RELAÇÃO – UM ESTUDO DE CASO
Carolina Moya Gomes, Dnyelle Souza Silva, Manuel Carlos Martins Castro
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A Doença Renal Crônica é conseqüência do comprometimento da função renal,
fazendo com que os rins não consigam mais realizar suas funções. A constituição da maternidade
é um processo que envolve diversos aspectos, entre eles a gestação, onde ocorrem diversas
mudanças físicas, emocionais e sociais na vida da mulher. A gravidez em pacientes com Doença
Renal Crônica é um evento que pode trazer diversas conseqüências para a saúde da gestante
e do bebê. Na literatura esta relação é pouco estudada e quando encontrada apresenta ênfase
nos aspectos físicos e biológicos. Objetivo: Avaliar os aspectos emocionais envolvidos na
relação Doença Renal Crônica e maternidade, focando na análise dos mecanismos de defesa
utilizados pela paciente para lidar com a doença, maternidade e demais vivências ao longo
de sua história. Método: Através do discurso livre durante os atendimentos foi realizada uma
pesquisa qualitativa do tipo estudo de caso. Foram avaliados 16 atendimentos em um período
de 6 meses, sendo que estes aconteciam durante as sessões de hemodiálise em um hospital
universitário. A demanda de acompanhamento psicológico surgiu através dos instrumentos que
fizeram parte do Protocolo Assistencial de Avaliação Psicológica da clínica em questão, sendo
eles: entrevista semi-estruturada, Escala Hospitalar de Ansiedade e Depressão e Inventário de
Depressão de Beck. Resultados: No protocolo aplicado não foi observada pontuação significativa
para sintomas ansiosos e/ou depressivos. Os mecanismos de defesa identificados no discurso da
paciente foram: negação, racionalização e projeção. Os mecanismos de defesa foram utilizados
pela paciente para lidar com o desejo de ser mãe e a maternidade, além de outras vivências de
sua história, entre elas: a situação de abuso sexual na infância e no relacionamento com seu ex
marido. Em relação aos cuidados de sua filha a paciente utilizou principalmente o mecanismo
de racionalização. Notou-se que o impacto da Doença Renal Crônica e tratamento na vida da
paciente foi pouco mencionado por ela durante os atendimentos. Conclusão: Tanto a Doença
Renal Crônica como a maternidade parecem ser eventos que não se sobrepõem um ao outro
no discurso da paciente, possibilitando que ela entre em contato com suas fragilidades e reflita
sobre suas vivências atuais e passadas, sendo que a maternidade aparece com mais freqüência
em seu discurso por este evento, talvez, ser o mais angustiante para ela neste momento.
Considerando que a subjetividade é parte do sujeito, assim como os aspectos biológicos,
entende-se que no contexto hospitalar a “escuta” das questões psicológicas e a realização de
estudos qualitativos parecem contribuir tanto quanto os estudos quantitativos. No caso analisado,
as angústias apresentadas vão além do adoecimento e o psicólogo é o profissional capaz de
abrir um espaço de “escuta” destas angústias auxiliando o paciente a lidar com estas questões
de maneira que não interfiram no tratamento.
Palavras-chave: doença renal crônica, maternidade, mecanismos de defesa
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 109
P09
O IMPACTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM
UMA CRIANÇA DE NOVE ANOS: UM ESTUDO DE CASO
Camila Anezi Oliveira, Ana Cristina de Oliveira Almeida Vieira
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: Estima-se que 1/5 da população pediátrica apresenta algum tipo de disfunção
miccional, que é definida como padrão de micção anormal para a idade da criança, sendo um
de seus sintomas a Incontinência Urinária. O diagnóstico é difícil e os tratamentos indicados
invasivos, e geralmente são acompanhados de sofrimento emocional e implicações sociais.
O controle esfincteriano é um marco importante no desenvolvimento infantil, já que sinaliza
a percepção e controle dos conteúdos do corpo, e dificuldades em adquiri-lo pode ser uma
fonte de angústia para a criança e sua família, e gerar diversos conflitos. Objetivo: O presente
estudo teve como objetivo compreender o impacto da Incontinência Urinária em uma criança
de nove anos. Método: Trata-se de um estudo de caso com compreensão psicanalítica de
um garoto de nove anos com Incontinência Urinária de etiologia orgânica. Foram utilizados
os seguintes instrumentos: entrevista semi-estruturada, hora ludodiagnóstica, procedimento
desenho-estória e desenho livre, em 16 atendimento em um hospital de referência da cidade
de São Paulo. Resultados: O paciente foi encaminhado para o serviço de psicologia pelo
médico responsável por seu caso para avaliação e orientação, já que seria submetido à um
procedimento cirúrgico com objetivo de mantê-lo continente e sem o uso da fralda. Observouse que o paciente idealizava o procedimento, negando a cronicidade de sua doença, com
fantasias de cura e o fim do sofrimento diante de sua dinâmica familiar e condição médica.
A criança mostrou sentir-se só, desamparada, e diferente devido à sua doença e desejava
ser acolhido, reconhecido e amado. Mantinha-se no lugar de doente por acreditar ser a
única possibilidade de gratificação afetiva. Conclusão: Concluiu-se que o sofrimento do
paciente se relacionava à solidão que vivenciava em seu meio familiar e social. O processo
psicoterápico pôde oferecer acolhimento ao paciente, o que favoreceu a elaboração de
suas angustias e assim sentir-se seguro para ocupar outro lugar que não o de criança
doente, compreendendo o procedimento cirúrgico e colaborando com o sucesso da cirurgia
e procedimento posteriores.
Palavras-chave: incontinência urinária, criança, sofrimento emocional, relações familiares
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 110
P10
A MATERNIDADE E SUAS REPERCUSSÕES FRENTE
À SÍNDROME DE PRUNE BELLY: UM ESTUDO DE CASO
Amanda Diogo Pap, Ana Cristina de Oliveira Almeida Vieira
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas
da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A maternidade é atravessada por questões individuais, familiares, culturais e
sociais; considera a relação afetiva entre mãe-filho. Na gestação a mãe espera ter um filho
que possa corresponder aos seus sonhos e realizações, um filho imaginado pautado na
idealização de um filho perfeito. A mãe olha para atributos valorizados no bebê tomando-o
como confirmação de sua potência-competência, assim as características do bebê influenciam
na relação entre a díade. Quando a criança tem malformação, como síndrome de prune
belly uma malformação congênita urológica cuja barriga tem aparência de ameixa seca
decorrente da fraqueza da musculatura abdominal, se distancia do bebê imaginado e o
desejo de continuidade da mãe por meio do filho fica frágil. O investimento libidinal reduzido
e sentimentos como culpa, frustrações e fracassos podem aparecer. Objetivo: Compreender
a maternidade e suas repercussões em uma mulher mãe de uma criança com síndrome de
prune belly. Método: Estudo de caso clínico tipo exploratório por meio de nove entrevistas
psicológicas com compreensão psicanalítica, realizadas em enfermaria e ambulatório do
Setor de Uropediatria de um hospital de referência de São Paulo. O sujeito foi uma mulher
de quarenta anos, desquitada, com histórico de depressão e três filhos sendo o mais novo
com síndrome de prune belly. Resultado: As entrevistas se iniciaram a pedido da equipe
de enfermagem, pois havia queixa de comportamento de birra da criança e haver histórico
de abandono ao tratamento. Na primeira entrevista ficou clara a dificuldade em ser mãe
de filho com síndrome de prune belly. Não ocupava o lugar de mãe afetuosa e cuidadora
havendo dificuldade em olhar para o filho com malformação, já que se depararia com o filho
da realidade, designando os cuidados básicos da criança a terceiros. Quanto à separação
conjugal, culpa a criança mostrando que o nascimento de um filho desperta problemas
já existentes no relacionamento conjugal desencadeando e/ou acentuando conflitos. O
nascimento de um filho com malformação era vivido por ela como rompimento das fantasias
maternas e exposição de suas falhas e frustrações enquanto mulher e mãe. A internação
hospitalar e a realização de procedimentos médicos implicavam olhar para o filho com
síndrome de prune belly atualizando seus conflitos pessoais o que poderia contribuir para
a não adesão ao tratamento. Conclusão: Este estudo mostrou a importância do trabalho
interdisciplinar em caso de nascimento de criança com malformação como síndrome de prune
belly, pois a intervenção psicológica colaborou para que a paciente elaborasse questões
inerentes à maternidade melhorando o vinculo mãe-filho e naquele momento pudesse realizar
parte do tratamento do filho melhorando a qualidade de vida da criança.
Palavras-chave: maternidade, malformação congênita, relação mãe-filho
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 111
P11
PERCEPÇÃO DO CONTROLE GLICÊMICO E DIFICULDADES
DESTE PROCESSO: UM ESTUDO COM GESTANTES COM
DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS
Suzana Maria Custódio de Oliveira, Cecília Prohaska, Gláucia Rosana Guerra Benute,
Ana Paula Biasi, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e Departamento
de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A coexistência do Diabetes Mellitus (DM) com a gestação pode trazer aumento
considerável dos riscos maternos e fetais. A fim de amenizar os feitos adversos, através
de atendimento e aconselhamento médico busca-se um controle metabólico efetivo e a
normalização das taxas de açúcar no sangue, uma vez que a hiperglicemia materna é
responsável pelo aumento de complicações e riscos. Objetivo: Identificar a percepção da
gestante relacionada à existência ou não de alteração no controle glicêmico e as dificuldades
decorrentes deste controle durante o período gestacional. Método: Foram realizadas
entrevistas semidirigidas com questionário previamente elaborado com 105 gestantes com
diagnóstico de Diabetes Mellitus constituindo-se 3 grupos com 35 gestantes com Diabetes
Mellitus Tipo I, 35 com Diabetes Mellitus Tipo II e 35 com Diabetes Mellitus Gestacional.
Foram incluídas as mulheres que encontravam-se entre 18 e 36 semanas gestacionais e
idade acima de 18 anos. Resultados: Ao se avaliar a capacidade autorreferida de realizar
o controle glicêmico, constatou-se significância estatística entre os grupos (p=0,05), onde
48,57% (n=17) das gestantes com DM Tipo I, 71,43% (n=25) com DM Tipo II e 60,00%
(n=21) com DMG responderam que conseguem realizar o controle glicêmico. Constatou-se
que 100% das gestantes do estudo relataram o auxílio do médico como importante para o
controle da glicemia, sendo que 100% (n=35) das gestantes com diagnóstico de DM Tipo
I, 94,29% (n=33) com DM Tipo II e 97,14% (n=34) com DMG afirmaram que entendem as
orientações médicas que lhe são fornecidas a respeito do controle glicêmico. Observou-se
ainda que das gestantes com DM prévio a gestação afirmaram que consideram que o controle
glicêmico realizado melhorou quando comparado ao realizado anteriormente a gestação,
sendo 82,86% (n=29) das gestantes com DM Tipo I assim como as com diagnóstico de
DM Tipo II. As gestantes relataram que não conseguiam seguir todas as orientações que
lhe são fornecidas quanto ao controle glicêmico a ser realizado. A restrição alimentar foi
apontada nos três grupos (73,33% [n=11] de gestantes com DM Tipo I, 81,82% [n=18] com
DM Tipo 2 e 86,67% [n=13] com DMG) como a maior dificuldade encontrada para efetivar o
controle glicêmico. Conclusão: Com relação ao controle glicêmico realizado na gestação,
observou-se que as gestantes consideram o auxílio do médico importante, entendendo e
concordando com as orientações que lhe são fornecidas, sendo a restrição alimentar a maior
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 112
dificuldade referida. As gestantes ainda associaram a manutenção de taxas de açúcar no
sangue no início da gestação com sentimentos de confiança e sensação de apoio, visto
que um controle glicêmico efetivo aumenta a possibilidade de uma gestação com riscos
diminuídos, com prevenção de repercussões negativas na saúde materna e fetal, estando
relacionada com o êxito da gestação.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus, gravidez de alto risco, glicemia, dieta para diabéticos
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 113
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AVALIAÇÃO DE SINTOMAS DEPRESSIVOS E ANSIOSOS EM
GESTANTES COM DIAGNÓSTICO DE DIABETES MELLITUS
Ana Paula Biasi, Suzana Maria Custódio de Oliveira, Cecília Prohaska,
Gláucia Rosana Guerra Benute, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira Francisco
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e
Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: O Diabetes Melittus (DM) não é uma doença única, mas um grupo heterogêneo
de distúrbios metabólicos que tem em comum a hiperglicemia. Antes da descoberta da
insulina, em 1921, a gestação em mulheres portadoras de diabetes era considerada inviável.
Na era pré-insulínica, as mortalidades perinatal e materna eram muito elevadas. Desde o início
da utilização da insulina houve diminuição significativa nas taxas de mortalidades materna e
perinatal. Além dos riscos fisiológicos aspectos psiquiátricos relacionados ao diabetes vêm
sendo descritos e podem influenciar o curso da doença. Mais especificamente, sintomas
depressivos e ansiosos encontram-se relacionados à baixa adesão ao tratamento, piorando
o controle metabólico e aumentando o risco de complicações durante a gestação. Objetivo:
Avaliar presença de sintomatologia depressiva e ansiosa em gestantes com diagnóstico de
Diabetes Mellitus. Método: Foram realizadas entrevistas semi-dirigidas com 105 gestantes
com diagnóstico de Diabetes Mellitus constituindo-se 3 grupos sendo 35 gestantes com
Tipo I, 35 com DM Tipo II e 35 com DM Gestacional. Foram incluídas as mulheres que
se encontravam entre 18 e 36 semanas gestacionais e apresentavam idade acima de 18
anos. Foi utilizado como instrumento de avaliação a Escala Hospitalar de Ansiedade e
Depressão (HAD). Para análise dos dados foi utilizada estatística descritiva. Resultados: A
sintomatologia depressiva esteve presente em 14,29% (n=5) das mulheres com DM Tipo I;
31,43% (n=11) das gestantes com DM Tipo II e 22,86% (n=8) com DMG. A sintomatologia
ansiosa foi constatada em 28,57% (n=10) das mulheres com DM Tipo I; 40% (n=14) das
gestantes com DM Tipo II e 40% (n=14) com DMG. Analisando-se o total de participantes do
estudo, verificou-se que 22,85% (n=24) apresentaram sintomatologia depressiva e 36,19%
(n=38) das gestantes apresentaram sintomatologia ansiosa. Conclusão: Constatou-se
elevados índices de sintomatologia depressiva e ansiosa evidenciando a importância da
avaliação precisa para diagnóstico e tratamento a fim de minimizar prejuízos à saúde materna.
Palavras-chave: Diabetes Mellitus, gestação de alto risco, depressão, ansiedade
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 114
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SIGNIFICADOS ATRIBUÍDOS PELOS IDOSOS ÀS QUEDAS:
POSSÍVEIS CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS
Ana Luisa Carvalho Guimarães, Valmari Cristina Aranha
Divisão de Psicologia e Serviço de Geriatria do Instituto Central do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: Um dos eventos de maior impacto na vida dos idosos é a queda, considerada
uma síndrome geriátrica devido a sua origem multifatorial. As repercussões da queda se
estendem para além das consequências físicas, interferindo também em aspectos sociais
e psicológicos, como o surgimento do medo de cair novamente, a restrição de atividades, o
isolamento e a diminuição da independência, autoestima e autoeficácia. Dessa forma, ocorre
um declínio significativo na qualidade de vida do idoso após a queda, afetando diretamente
sua condição de saúde, seu estado emocional e a organização de sua dinâmica familiar. Para
desenvolver ações eficazes no âmbito da prevenção da queda, bem como de sua recorrência
e consequências, é necessário compreender o significado atribuído a este evento na vida
dos idosos, assim como reconhecer os diferentes sentimentos mobilizados e estratégias
utilizadas para o seu enfrentamento. Objetivo: O objetivo deste trabalho foi investigar
os significados que idosos atribuem às quedas, suas possíveis causas e consequências.
Método: Foram selecionados 105 idosos, de ambos os sexos, com ao menos uma queda nos
últimos 12 meses, participantes de um Programa de Prevenção em Quedas. Os participantes
foram avaliados através de um roteiro de questões semiestruturadas, que teve como objetivo
levantar dados quanto aos significados e opiniões conscientes acerca do evento queda.
Resultados: Em relação às causas da queda, 81,9% dos participantes (n=86) atribuíram
um motivo a sua ocorrência, sendo que, destes, 55,81% (n=48) responsabilizavam-se pelo
evento. Verificou-se que 74,29% dos participantes (n=78) percebiam a queda como passível
de ser evitada, sendo que 84,62% destes (n=66) mostraram implicação nas formas de
prevenção referidas. As principais mudanças decorrentes da queda relacionaram-se com o
aumento do autocuidado e busca pela prevenção da recorrência da queda, o agravamento
do medo de cair, a restrição de atividades e aspectos físicos, principalmente dores. Dentre
os 48 participantes que se responsabilizaram pela ocorrência da queda, 87,5% (n=42)
mostraram-se implicados na busca por formas de prevenção. Por outro lado, dentre os 19
participantes que não atribuíram um motivo à queda, 73,7% (n=14) referiram-se à mesma
como um evento inevitável. Conclusões: Constatou-se que os significados atribuídos às
causas da queda estão associados à percepção do idoso acerca da possibilidade de evitá-la,
sendo que os idosos que se responsabilizaram pelo evento demonstraram maior facilidade
em identificar formas de prevenção. As principais consequências das quedas referem-se
ao medo de cair novamente, à restrição de atividades e a aspectos físicos decorrentes
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 115
do trauma, mas também ao aumento do autocuidado e da adoção de comportamentos
preventivos, de forma que cada aspecto destacado pode estar relacionado tanto a uma
maior vulnerabilidade do idoso, quanto à mobilização visando o resgate de sua saúde e
bem-estar. Os resultados do presente trabalho apontam a necessidade de considerar a
subjetividade do idoso para o desenvolvimento de ações mais adequadas às necessidades
desta população no que tange à prevenção de quedas.
Palavras-chave: análise de conteúdo, envelhecimento, acidentes por quedas
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 116
P14
PROPOSTA DE PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
PRÉ TRANSPLANTE RENAL
Michelle Keiko Inagaki, Dnyelle Souza Silva, William Carlos Nahas
Instituto Central do Hospital das Clínicas – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: A avaliação psicológica pré-transplante tem se mostrado um importante
instrumento por conseguir identificar aspectos emocionais e dificuldades de enfrentamento
que podem interferir no sucesso do transplante renal. Objetivo: Criar um de protocolo
de avaliação psicológica assistencial Pré-Transplante Renal. Método: A partir do Breve
Relatório de Avaliação Psicológica do Receptor de Transplante de Órgãos, proposto por
Lazzaretti (2006), foram inseridos itens específicos do tratamento a portadores de doença
renal e construído o Protocolo de Avaliação Psicológica Pré Transplante Renal. Resultados:
O Protocolo de Transplante de Órgãos foi alterado no item Compreensão sobre a doença
e procedimento do Transplante (ato cirúrgico e complicações possíveis) sendo modificado
o titulo do item e acrescentado subitens referentes à percepção da doença renal crônica,
histórico da evolução da doença, especificidades e adesão ao tratamento dialítico e
aspectos relacionados à imagem Corporal. Foram acrescentados itens relacionados a
uso de medicação psicoativa, consumo de bebida alcoólica, drogas e tabagismo. Também
foram adicionados subitens referentes a Condições Psíquicas Atuais. No item expectativas
de vida no pós-transplante foi realizada modificação nos critérios classificatórios. Foi
acrescentado item referente à presença de risco de não adesão e utilizado instrumento
de rastreamento de sintomas ansiosos e depressivos (Escala de Depressão e Ansiedade
Hospitalar– HADS). Conclusões: O Protocolo de avaliação psicológica pré-transplante
renal pode otimizar a avaliação assistencial pré-transplante renal por abordar aspectos
gerais da vida do sujeito e aspectos específicos da doença e psicológicos significativos que
podem influenciar no pós transplante. A proposta possibilitou a padronização das avaliações
em um centro de transplantes podendo contribuir nas avaliações dos profissionais de outras
unidades transplantadoras.
Palavras-chave: avaliação psicológica, transplante renal
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 117
P15
PREVALÊNCIA DE PICACISMO EM GESTANTES
Amanda Maihara dos Santos, Gláucia Rosana Guerra Benute, Gabriela Bernath Piccolotto,
Niraldo de Oliveira Santos, Mara Cristina Souza de Lucia, Rossana Pulcineli Vieira de Francisco
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas e
Departamento de Obstetrícia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo
Introdução: O picacismo é definido como compulsão e ingestão de substâncias não
nutritivas por um período mínimo de um mês e é visto com maior frequência em crianças
pequenas, e ocasionalmente, em mulheres grávidas. Os escassos estudos publicados
nos últimos anos descrevem a prática de pica durante a gestação em distintos lugares do
mundo, e as prevalências apresentadas variaram conforme a região estudada variando
de 14,4% (região rural da Geórgia) a 63,7% (na Tanzânia). Não foram encontrados dados
específicos nas gestantes brasileiras. A Classificação Internacional de Doenças (CID-10)
especifica como outros transtornos comportamentais e emocionais e destaca que o quadro
pode ser uma deficiência nutricional não aparente nas gestantes. Objetivo: O presente
estudo teve como objetivo avaliar a prevalência de ingestão de substâncias não nutritivas
e o diagnóstico de picacismo em gestantes. Método: Os dados foram coletados no período
compreendido entre 2011 e 2012 com gestantes que se encontravam no ambulatório da
Divisão de Clínica Obstétrica de hospital universitário. Foram incluídas 1000 gestantes de
alto risco avaliadas por uma entrevista semi-dirigida e pelo Structured Clinical Interview for
DSM Disorders (SCID). Resultados: Foi constatado que 11,7% das gestantes relataram já
terem ingerido substâncias não comestíveis ao longo da vida. 6,2% das mulheres tiveram
este comportamento durante a gestação, sendo que 2,6% foram diagnosticadas com pica.
De acordo com o relato das mulheres 50% das gestantes que apresentaram pica tiveram
este comportamento motivado por curiosidade; 23,1% relataram gostar de ingerir essas
substâncias; 15,4% relacionaram à gravidez; 7,7% para inibir a fome e 3,8% sentiram
necessidade de ingeri-los. Foram relatadas as seguintes substâncias: vinagre (7,7%), gelo
(7,7%), arroz cru (19,3%), espuma de colchão (7,7%%), terra (3,8%), borracha de chinelo
(3,8%), sabonete (3,8%), tijolo (42,4%), massa corrida (3,8%). Conclusão: Constatouse baixa prevalência de diagnóstico de pica entre gestantes. A etiologia da pica é pouco
compreendida, mas complexa. Fatores culturais, nutricionais, ambientais, fisiológicos
(alívio de sintomatologia digestiva) e causas psicológicas têm sido postulados. Na prática
da assistência pré-natal, muitas vezes, a pica pode ser considerada como alimentação
extravagante da grávida, e não como um problema de saúde. O aconselhamento, sobretudo
o nutricional e o psicológico, terá a função de auxiliar o pro¬fissional a encontrar medidas
que possam minimizar as dificuldades diante desse problema.
Palavras-chave: pica, gestação, prevalência
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 118
P16
VERIFICAÇÃO DO DESEMPENHO ESCOLAR POR MEIO
DA AVALIAÇÃO FORMAL E DA OPINIÃO DO PROFESSOR
Aline Sorcinelli, Débora Cristina Alves, Denise Gonçalves Cunha Coutinho,
Maria Cecília Periotto, Erasmo Barbante Casella
Divisão de Psicologia do Instituto Central do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP / Divisão de Neurologia Infantil do Instituto da Criança
do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP
Introdução: A aquisição de habilidades acadêmicas como leitura, escrita e aritmética tem
sido foco de diversas pesquisas visto que problemas nestas áreas podem afetar o processo
de escolarização e comprometer o desenvolvimento acadêmico do escolar. Estudos
apontam para a necessidade da identificação precoce dos problemas de aprendizagem,
com consequente intervenção, tão logo eles sejam observados. Por ser na sala de aula que
os problemas de aprendizagem se concretizam, o professor toma um lugar de destaque na
identificação de tais dificuldades. Diante do exposto, a presente pesquisa tem por objetivo
mapear e comparar o desempenho de escolares em relação à avaliação formal e a opinião
dos professores. Método: participaram deste estudo 28 escolares do 3º ano, 29 do 4º ano
e 32 do 5º ano do ensino fundamental de uma escola pública do Estado de São Paulo, de
ambos os sexos, com idade entre oito e onze anos. Todos os participantes foram avaliados
por meio do Teste de Desempenho Escolar, nas habilidades de leitura, escrita e aritmética,
tendo seus desempenhos classificados em superior, médio e inferior. Antes da aplicação do
teste os professores foram contatos e solicitados a anotarem quais alunos na opinião deles
apresentavam problemas para aprender. A partir da informação dos professores, formou-se
um grupo de crianças com dificuldade e outro sem dificuldades. Resultados: a professora do
3º ano indicou oito escolares como tendo algum tipo de dificuldade em sala de aula. Destes,
87,5% apresentaram desempenho total no TDE classificado como Inferior para a escolaridade.
Das 20 crianças consideradas como não tendo dificuldades, 85% apresentaram desempenho
Médio ou Superior no teste aplicado. Já para os estudantes do 4º ano, três foram considerados
como tendo dificuldades, destes, 66,6% foram classificados como com desempenho Inferior
na avaliação formal. Das 26 crianças sem dificuldades, 92,3% tiveram desempenho na média
ou superior. Nove alunos do 5º ano foram considerados como tendo dificuldades, sendo que
destes, 77,7% apresentaram desempenho Inferior no TDE. Dos 23 alunos sem queixa, 91,4%
obtiveram desempenho médio ou superior. Conclusão: tanto o instrumento utilizado nesta
pesquisa quanto à opinião do professor foram sensíveis para detectar crianças com queixa de
problemas de aprendizagem, o que permite traçar metas individuais para cada aluno em cada
ano escolar. Um maior número de crianças com dificuldades foi apontado no 5º ano, o que nos
faz pensar que embora os professores sejam capazes de identificar o problema precocemente,
trabalhos individualizados ainda não tem sido realizados nas fases iniciais da escolarização.
Palavras-chaves: aprendizagem, avaliação, escolaridade
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 119
P17
RECORTE TRANSVERSAL DE UMA AMOSTRA DE
PACIENTES COM ESCLEROSE MÚLTIPLA
Ana Maria Canzonieri, Kelen Cristina Jesus, Maria Cristina Giacomo, Liliana Russo
Associação Brasileira de Esclerose Múltipla – ABEM
Introdução: A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença crônica na qual a mielina, camada
protetora das fibras nervosas do cérebro e da medula espinhal, é lesionada, prejudicando
a transmissão dos impulsos nervosos. A desminielização afeta de forma aleatória, diversas
áreas do SNC. A EM acomete mais mulheres (2:1) do que homens e os sintomas variam de
acordo com a região afetada, em cada um a doença desenvolve-se de uma forma diferente.
O curso incerto da doença, sinais e sintomas, a adaptação à nova forma de viver (pessoal,
social e profissional), acrescido do fato que a doença acomete preferencialmente adultos
jovens, ou seja, numa fase mais dinâmica da vida, são fatores significativos que comprometem
o estado psicológico. Objetivo: Este estudo tem como proposta a compreensão do
paciente e avaliação da necessidade de implantação de projetos específicos de uma equipe
multidisciplinar para atender aos requisitos do paciente. Métodos: Esta pesquisa qualitativa
faz um recorte transversal dos dados, por meio dos seguintes instrumentos: levantamento de
dados sócio demográficos, EDSS (escala expandida para o estado de incapacidade) e DEFU
(escala de determinação funcional da qualidade de vida). Resultados: foram analisados
14 pacientes, em uma amostra por conveniência, de uma Organização Social, em São
Paulo, Brasil, sendo 3 homens e 11 mulheres; 1 negro e 13 brancos. Resultado: A amostra
possui 85,71% dos pacientes com idade entre 18 a 50 anos; 50% dos pacientes com nível
educacional superior completo/incompleto e 50% ensino médio completo/incompleto; 50%
dos pacientes são solteiros e 57,15% residem com algum familiar; 50% são católicos e 50%
não declararam a religião: 57,15% possuem renda familiar acima de R$ 2.000 (dois mil reais),
sendo que do total temos 35,72% aposentado e 28,57% desempregado, somente 14,28%
dos pacientes estão atuando no mercado de trabalho. Os sintomas mais predominantes no
inicio do aparecimento da doença foram déficit motor 28,57% e déficit visual 21,42%; o EDSS
predominante na amostra está no intervalo de 3 a 6 pontos na escala do EDSS, em 71,5%
dos casos. O escore do DEFU é superior a 100 pontos, na escala, apontando que 64,28 %
dos pacientes percebem o estado de qualidade de vida em que se encontram. Conclusão:
A amostra está predominantemente na idade produtiva, porém a doença gera um quadro
improdutivo, necessitando-se assim de uma avaliação e intervenção multidisciplinar para
atender as necessidades sociais, psicológicas, físicas e espirituais do paciente.
Palavras-chave: esclerose múltipla, qualidade de vida, incapacidade
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 120
P18
AVALIAÇÃO DA DEMANDA DE PACIENTES QUE
VIVEM COM HIV/AIDS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Carolina Ruiz Longato, Ana Paula Medeiros
Departamento de Psicologia - Faculdade de Filosofia, Ciências e
Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo
Introdução: O atendimento a pacientes infectados com o vírus HIV deve ser multidisciplinar,
não apenas a fim de tratar os sintomas da doença, como também com o intuito de oferecer
apoio psicossocial a estes pacientes. Objetivo: Neste sentido, o presente trabalho pretende
discutir a avaliação e o atendimento psicológico realizado por uma equipe de estagiários
em psicologia a pacientes internados na Unidade Especial de Tratamento de Doenças
Infecciosas do Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da
USP. Método: Para alcançar o objetivo do trabalho, far-se-á uso do relato de experiência
profissional realizado na instituição citada. Resultados: A organização do serviço dá-se da
seguinte forma: primeiramente, é realizada uma reunião de equipe em que há a discussão
dos casos e identificação da demanda de pacientes que podem se beneficiar de atendimento
psicológico. Após isso, os estagiários são responsabilizados pelo contato com o paciente,
que é realizado no leito ou em outro lugar escolhido pela dupla. Os atendimentos não têm
duração definida e se caracterizam por intervenções breves, uma vez que a continuidade
dos encontros depende do tempo que o paciente encontra-se internado. De modo geral, os
pacientes dedicavam este tempo a relatar sobre o momento de descoberta do diagnóstico,
a conversar sobre as dificuldades com os familiares, a solicitar auxílios, majoritariamente de
caráter social, ou fazer perguntas sobre o adoecimento. Posteriormente ao atendimento e
baseado neste contato realizado, os estagiários preenchem um formulário com a finalidade
de avaliar o estado geral do paciente, bem como sistematizar as principais demandas do
atendido. Desta forma, em conjunto com os supervisores, são definidas suas necessidades
mais emergentes: os temas a serem discutidos nos outros encontros são delimitados, as
necessidades sociais, como ajuda para passe de ônibus ou cesta básica, são encaminhadas
à assistente social da equipe, e as dúvidas a respeito do adoecimento são levadas à equipe
médica. Conclusão: Entende-se, então, que a atividade de avaliação das necessidades dos
pacientes é estritamente necessária, sendo facilitada quando o paciente pode contar com
a escuta psicológica. Além disso, a avaliação deve ser feita em um serviço de rede, que
englobe também outros serviços e outros profissionais, de forma que as diferentes demandas
do paciente possam ser atendidas.
Palavras-chave: pacientes com HIV/AIDS, avaliação de demanda, relato de experiência
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 121
P19
CRESCIMENTO PÓS-TRAUMÁTICO EM MULHERES ACOMETIDAS
POR CÂNCER DE MAMA: REVISÃO SISTEMÁTICA DA LITERATURA
Letielle Tonon Araújo, Rodrigo Sanches Peres
Universidade Federal de Uberlândia
Introdução: O conceito de crescimento pós-traumático (posttraumatic growth) se refere,
basicamente, às transformações psicológicas positivas desencadeadas em função da
tentativa de adaptação às novas circunstâncias implementadas por um evento traumático.
Trata-se de um processo que envolve a interação de uma variedade de elementos, uma vez
que as referidas transformações podem ser verificadas em diferentes domínios. Objetivo: O
presente estudo tem como objetivo geral desenvolver uma revisão sistemática de publicações
científicas dedicadas à exploração do crescimento pós-traumático, em mulheres acometidas
por câncer de mama. Método: O material foi localizado por meio de buscas eletrônicas em
cinco bases de dados distintas – PsycINFO, MedLine, LILACS, SciELO-Brasil e PePsic –
a partir do cruzamento dos termos “crescimento pós-traumático” (posttraumatic growth) e
“câncer de mama” (breast cancer). As referências localizadas foram selecionadas em função
de critérios de inclusão específicos. As referências selecionadas foram, então, recuperadas
na íntegra e submetidas à avaliação em função de um conjunto de dimensões de análise.
Resultados: Apenas 31 das 74 referências localizadas foram selecionadas. Em linhas gerais,
observou-se, entre as referências selecionadas, o predomínio do delineamento transversal
e da abordagem quantitativa. Constatou-se que o Posttraumatic Growth Inventory (PTGI) foi
o instrumento mais utilizado, e que as mulheres acometidas por câncer de mama avaliadas
constituíram, principalmente, amostras de conveniência, sendo que algumas referências
contaram com subgrupos para possibilitar comparações com outras populações. Verificouse, também, a hegemonia de referências de autoria múltipla publicadas em periódicos que
se dedicam à veiculação de artigos que se situam na interface da Psicologia com a Saúde.
Ademais, ressalte-se que a Universidade de Coimbra e a McGill University se destacaram
como os mais significativos polos de estudos voltados à investigação do crescimento póstraumático em mulheres acometidas por câncer de mama. Considerando-se os temas
específicos e os resultados das referências selecionadas, pode-se afirmar que importantes
aspectos do crescimento pós-traumático se encontram satisfatoriamente compreendidos,
ao passo que outros devem ser explorados de modo mais aprofundado em novos estudos.
O fato de pacientes mais jovens serem mais propensas ao crescimento pós-traumático,
por exemplo, se encontra bem documentado. Por outro lado, não se sabe ao certo como o
crescimento pós-traumático evolui, ao longo do tempo, em mulheres acometidas por câncer
de mama, sobretudo se e até quando as mudanças positivas contempladas por cada um dos
domínios desse conceito se mantêm, após a conclusão do tratamento. Conclusões: Diante
do exposto, conclui-se que o presente estudo possibilita um mapeamento do conhecimento
já produzido sobre o assunto em questão, subsidia tanto sua aplicação prática quanto seu
aprofundamento teórico e fornece elementos para novas pesquisas.
Palavras-chave: crescimento pós-traumático, câncer de mama, psico-oncologia
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 122
P20
EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR PÓS ACIDENTE VASCULAR
ENCEFÁLICO: UM ESTUDO PROSPECTIVO
Fernanda de Almeida Flores, Ana Paula Afonso Camargo,
Tamiris Oliveira Alves, Isabela da Silva Ribeiro, Ana Carolina Zanetti
Faculdade Anhanguera de Bauru
Introdução: Dentre os subtipos de acidente vascular encefálico (AVE), a hemorragia
intraparenquimatosa (HIP) configura-se sendo a de pior prognóstico, com frequentes
déficits cognitivos e emocionais associados. Objetivo: O presente estudo teve como
objetivo investigar transtorno depressivo maior em sujeitos pós acidente vascular encefálico
hemorrágico (AVEh) primário, de subtipo intraparenquimatoso. O objetivo secundário consistiu
em verificar as relações entre sintomatologia depressiva pós infarto encefálico hemorrágico
intraparenquimatoso e topografia lesional no período 30 dias e 12 meses pós ictus. Método:
Participaram inicialmente do estudo 12 sujeitos com HIP espontânea, de ambos os sexos,
sendo 5 do sexo feminino e 7 do sexo masculino com idade média de 58,5 anos, na análise
do estudo, os indivíduos apresentaram variação de 2 a 11 anos de escolaridade. A avaliação
se deu em dois momentos caracterizados como Tempo 1 (T1) 30 dias e Tempo 2 (T2) 12
meses após a lesão. Para a avaliação do episódio depressivo maior foi utilizado o Inventário
de Depressão de Beck (BDI), o qual avalia o índice de depressão. Resultados: Dentre os
12 sujeitos que compreendem a amostra, 8 foram reavaliados em T2 reduzindo em 33,3%
o número de indivíduos, visto que 1 dos sujeitos teve um segundo episódio de AVE, o qual
enquadrou-se no critério de exclusão e 3 não compareceram para nova avaliação. O estudo
demonstrou aumento de sintomatologia depressiva em sujeitos 1 ano pós lesão. Os resultados
apontaram que entre T1 e T2 houve um aumento de 4,17% de depressão mínima e 16,6%
de depressão leve. Em T1 58,3% dos indivíduos apresentaram depressão leve e moderada,
já em T2 evoluiu para 62,5%. Observou-se também um aumento significativo de 42,5% de
depressão leve nos casos de lesão profunda e 33,3% para as lesões lobares. Conclusões:
Os sujeitos pós lesão vascular hemorrágica mantiveram sintomatologia depressiva no
período de 1 ano pós lesão vascular encefálica, assinalando aumento severidade nos
níveis de depressão leve e moderada, em relação a avaliação realizada na fase aguda da
hemorragia. Referindo-se a topografia da lesão teve-se uma ascensão significativa nos
sujeitos reavaliados em T2 com depressão leve em lesões profundas e em lesões lobares
uma elevação moderada. Tendo em vista a contribuição do episódio depressivo maior no
mau prognóstico de pacientes pós AVE, o presente estudo vislumbrou contribuições à
comunidade científica, ao passo que possibilita informações relevantes para o diagnóstico
psicopatológico, a fim de proporcionar direcionamento para o estabelecimento de programas
neurocomportamentais em fase prodrômica do episódio depressivo maior pós AVEh.
Palavras-chave: acidente vascular encefálico, hemorragia intraparenquimatosa, transtorno
depressivo maior, topografia
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 123
P21
O SENTIDO DA VELHICE E O DIÁLOGO COM A DEPRESSÃO
Claudia Emi Regis, Audrey Setton
Faculdade de Saúde Pública da Universidade de São Paulo
Introdução: O envelhecimento é a última etapa do ciclo de vida - um processo do desenvolvimento
humano com características próprias, influenciado por aspectos sociais e aspectos subjetivos
daquele que envelhece. Para a psicanálise, pode ser compreendido como uma crise entre o
Ego Ideal (eu no passado), Ideal de Ego (eu idealizado) e o Ego (eu real). O envelhecimento,
com as condições concretas de diminuição do ritmo de vida, declínio de funções biológicas,
resiliência e plasticidade, confronta a pessoa com a impossibilidade de manter o Ideal de Ego,
frente às mudanças. Tal fato pode seruma via para a depressão, como manifestação da crise
narcísica. Objetivo: investigar de que forma os idosos vivenciam as experiências decorrentes do
envelhecimento e a incidência de sintomas depressivos nesta população. Método: os seguintes
instrumentos foram utilizados: Roteiro de entrevista semi estruturado com questões abertas
sobre envelhecimento; Procedimento desenho-estória com tema (Aiello-Vaisberg, 1997), que
consistiu na realização de um desenho livre e um desenho com o tema ‘pessoa idosa’, ambos
precedidos por uma estória contada pelo sujeito; Escala de Depressão Geriátrica-GDS (Sousa,
2007), um teste quantitativo para rastreamento de sintomas depressivos. Resultados: foram
analisadas respostas de oito sujeitos. Sobre o estado de saúde auto referido, metade das
respostas apontou para angústias relativas à fragilidade, quedas e problemas de locomoção.
Sobre a percepção do envelhecimento, metade dos sujeitos classificou como sendo “normal”, e
na outra metade, duas respostas positivas, uma negativa e outra incoerente. Todos os sujeitos
entrevistados exerciam alguma atividade, remunerada ou hobby, e ficou claro nas respostas a
associação da atividade com saúde mental. Do total de oito sujeitos, apenas três pontuaram
depressão no GDS. No Procedimento Desenho-Estória sete produções foram analisadas, pois
houve uma recusa. No tema ‘pessoa idosa’, prevaleceu a imagem da fragilidade/locomoção
nos desenhos. Apenas um sujeito relatou que desenhou a si próprio, retratando seu estilo de
vida na produção; dos outros seis desenhos, três retrataram: bengala, bengala e cadeira de
rodas; dois desenhos retrataram uma figura aleatória, não houve comentário pelo entrevistado,
e um desenho retratou um amigo – foi relatado pela entrevistada. Houve um caso em que
nenhum dos dois desenhos retratou fragilidade, perdas, si próprio ou outro, e esta foi a pessoa
que mais pontuou no GDS; dessa maneira, pode se sugerir que seus desenhos representem
uma evitação e defesa contra sentimentos depressivos. Conclusões: na medida em que o
desenho trabalha com aspectos mais regredidos do sujeito, as angústias, de certa forma,
eram estimuladas, fazendo com que se aumentassem as defesas, e diminuísse a qualidade
do desenho. O tema da fragilidade corporal associada à velhice pareceu ser uma tônica. A
dificuldade na realização do desenho da pessoa idosa foi nítida, chamando a atenção para a
diferença em falar sobre a velhice e retrata-la numa imagem, compreendendo que aspectos
inconscientes contribuem para tal fenômeno.
Palavras-chave: idosos, depressão, psicanálise, técnicas projetivas
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 124
P22
CRISE NÃO EPILÉTICA PSICOGÊNICA:
UMA REVISÃO DA LITERATURA ESPECIALIZADA
Débora Diegues; João Roberto de Souza-Silva
Consultório Particular e Faculdades Metropolitanas de São Paulo
Introdução: A crise não epilética psicogênica (CNEP) ou pseudoepilepsia é um termo
usado para caracterizar manifestações comportamentais que fenomenicamente podem ser
confundidas com epilepsia, porém sem a presença de impulsos elétricos cerebrais anormais.
Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo a revisão da literatura especializada sobre
a crise não epilética psicogênica. Método: Foi realizado levantamento não sistemático
na base de dados PubMed, utilizando como descritor psychogenic non-epileptic. Foram
encontrados e utilizados nesta revisão 25 artigos que estavam disponíveis na integra,
gratuitamente e publicados entre 2000 e 2012. Resultados: Os estudos apontaram que
entre 70-80% dos pacientes são mulheres, seu surgimento relaciona-se com situações
sociais e psicológicas desfavoráveis. Além disso, outros estudos relacionam a CNEP com
a histeria. O vídeo-EEG, a partir da década de 80, foi considerado o padrão ouro para o
diagnóstico, porém as especificidades de diagnóstico e tratamento exigem, do ponto de
vista neurológico, psiquiátrico e psicológico, conhecimentos específicos sobre fenômenos
conversivos e dissociativos. Desse modo, do ponto de vista psiquiátrico e psicológico,
a presença de um padrão constante da CNEP possibilita o diagnóstico de Transtorno
Conversivo e de Transtorno de Somatização (DSM-IV). Além disso, tais manifestações
comportamentais também podem se incluídas na categoria de Transtornos Dissociativos
(ou conversivos) (CID-10). Já do ponto de vista neurológico são necessários conhecimentos
específicos sobre epilepsia para poder descartar diagnósticos. Conclusões: Devido
à complexidade do diagnóstico se faz necessário considerar os aspectos subjetivos e
singulares do paciente, porém sem deixar de lado os aspectos teóricos e técnicos de forma
que, as intervenções sejam feitas por equipes interdisciplinares.
Palavras-chave: crise não epilética psicogênica, pseudoepilepsia, histeria
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 125
P23
A DOENÇA RENAL CRÔNICA E SUAS IMPLICAÇÕES:
A IMPORTÂNCIA DO PAPEL DO PSICÓLOGO
Samantha Sittart Navarrete, Guinter Santana Lühring, Renata Eisermann Rodrigues
SOS RIM
Introdução: Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia foi estimado que em 2011, cerca
de 10 milhões de brasileiros eram portadores de Doença Renal Crônica (DRC), e a maioria
desconhecia tal diagnóstico. Trata-se de uma doença lenta, gradativa e irreversível que
ocasiona na perda da função renal. Existem diversas causas que levam a DRC, dentre elas
destacam-se: o diabetes, a hipertensão arterial e a glomerulonefrites (http://www.sbn.org.br).
Conforme Blumenfield & Tiamson-Kassab (2010), os doentes renais crônicos sofrem graves
alterações metabólicas e físicas, psicológicas e psicossociais. Diante desse quadro, se dá a
necessidade do psicólogo como integrante de programas educativos, assim esbatendo os
sintomas da doença, ajudando na aceitação dessa e na adesão ao tratamento. De acordo
com a Associação Brasileira de Transplantes de Órgãos, em março de 2012 o número
de pacientes ativos em lista de espera por um rim eram de 25.322 no Brasil. Objetivo:
Salientar a importância do suporte psicológico ao paciente renal crônico nas diversas fases
da doença, bem como no pós-transplante renal. E também promover saúde e bem estar
através da orientação de seus familiares e cuidadores acerca dessa patologia. Método: Com
a implementação do serviço de Psicologia na instituição de Amparo Social SOS RIM, fora
constatado, através da técnica de escuta ativa, as queixas e demandadas trazidas pelos
pacientes que muitos destes verbalizaram não obter informações suficientes sobre a DRC.
Da mesma forma, os seus familiares e cuidadores queixavam-se de serem acometidos de
forma indireta pela doença, necessitando assim, de maiores esclarecimentos acerca da
patologia e suas implicações. Resultado: Embora o serviço de psicologia seja relativamente
recente na instituição, sua importância já é reconhecida tanto por pacientes quanto pelos
serviços de nefrologia do Estado do Rio Grande do Sul. Isso vem sendo constatado através
da crescente demanda no serviço. Conclusões: Reconhecemos que o psicólogo pode fazer
a diferença no tratamento e na adesão medicamentosa, bem como auxiliar na orientação da
Doença Renal Crônica, tanto aos pacientes quanto aos seus familiares e cuidadores. Nossos
objetivos vêm sendo atingidos e novas metas assim sendo contempladas.
Palavras-chave: doença renal crônica, SOS RIM, psicólogo, nefrologia
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 126
P24
CONSIDERAÇÕES SOBRE A TRANSFERÊNCIA E A FUNÇÃO DO
PSICANALISTA NO HOSPITAL
Vanusa Balieiro do Rego Barra, Roseane Freitas Nicolau
Universidade Federal do Pará (UFPA) e Hospital Ophir Loyola (HOL)
Introdução: Este trabalho é fruto dos impasses encontrados em nossa práxis psicanalítica no
hospital, referente a sustentação de uma clínica pautada na transferência, peculiar ao analista
e as demais práticas. Tais vem sendo discutida e aprofundadas em nosso grupo de pesquisa:
“A Psicanálise, o Sintoma e a Instituição”. Método e objetivo: Levamos até as últimas
consequências a observação de Freud relativa à coincidência entre o método e pesquisa
em psicanálise. A partir da ótica engendrada pela transferência, apresentamos fragmentos
de um caso clínico-institucional atendido no Hospital Ophir Loyola em Belém do Pará, que
passamos a construir por entendermos que traz ricas contribuições ao destacar modalidades
de laços na instituição, apontando possíveis entradas para o discurso analítico pela vertente
transferencial. Resultados: O hospital mostrou-se receptivo à clínica psicanalítica, entendida
como a escuta que destaca a regra da associação livre. Assim, com a fala,a transferência
pôde estruturar as condições de possibilidades para um trabalho dirigido ao sujeito junto
a equipe multiprofissional.Neste contexto, a clínica foi ampliada para além das paredes do
consultório, da cronologia do tempo de sessão, do divã, e de qualquer burocracia que se
sobrepusesse à ética da psicanálise enquanto práxis da teoria. Conclusão: Concordamos
com Freud e tantos outros analistas que a escuta sustentada pela transferência é a condição
da psicanálise, independente de onde ocorra, desde que possa ser manejada por um analista.
Esta produção parte de uma experiência apontando possibilidades para o saber psicanalítico
circular entre os outros saberes.
Palavras-chave: psicanálise, transferência, hospital
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 127
P25
A PERCEPÇÃO DO PROFISSIONAL DE ENFERMAGEM
ACERCA DOS FATORES GERADORES DE ESTRESSE
EM SEU AMBIENTE DE TRABALHO
Adriano Luis Bergantin, Leila Aparecida Santarosa
FAM Faculdade de Americana
Introdução: O estresse pode ser encontrado em todas as dimensões da vida cotidiana
do ser humano. Frente às exigências do ambiente a qual está inserido, o indivíduo se
encontra na necessidade de adaptar-se física, emocional e socialmente às demandas
da vida e do trabalho, dessa forma, acabando por gerar estados de estresse, o que
pode desencadear uma série de sintomas que afetam negativamente o desempenho das
pessoas nas execuções de tarefas e também em sua vida pessoal. O estresse pode ser
definido como qualquer tensão fisiológica ou psicológica que ameaça o equilíbrio total de
uma pessoa. Atenção tem sido dada, aos chamados estressores ocupacionais, que são
tensões e problemas advindos do exercício de uma atividade profissional. O trabalho do
enfermeiro e de técnicos de enfermagem, por sua própria natureza e características, revelase especialmente suscetível ao fenômeno do estresse ocupacional. Objetivo: Investigar as
percepções de profissionais de enfermagem acerca do estresse e de seus fatores geradores
dentro do ambiente de trabalho. Método: Participaram deste estudo quatro profissionais
Técnicos em Enfermagem, do sexo feminino, com idades entre 26 e 48 anos, atuantes
na área de enfermagem em hospitais da cidade de Americana – São Paulo. A entrevista
semi-estruturada foi utilizada como recurso para a coleta de informações, e seus dados
submetidos a análise de conteúdo. Resultados: Os resultados foram classificados em quatro
categorias: A- Equipe B- Sobrecarga C- Características D- Consequências. Com relação
a categoria Equipe, identifica-se que o estresse vivido pelos profissionais de enfermagem
está intimamente ligado às dificuldades de relacionamento interpessoal e comunicação
existentes entre os membros da equipe. A categoria Sobrecarga aponta a estrutura precária
do ambiente de trabalho e o número reduzido de funcionários como fatores catalisadores
de estresse devido à necessidade do profissional ter que realizar atividades além de suas
competências dentro de um ritmo acelerado de trabalho. A categoria Características revela
os sintomas psicológicos e fisiológicos taquicardia, fadiga, impaciência e alterações de
humor como decorrentes das situações estressantes no ambiente de trabalho, e a falta de
capacitação da instituição na proposição de medidas preventivas, uma vez que todos os
profissionais entrevistados informaram que as instituições em que trabalham não possuem
nenhum tipo de programa de suporte a seus funcionários. A categoria Consequências
aponta o sentimento de ficar com medo na realização de suas tarefas como resultante do
profissional exposto a diversos fatores estressantes, possibilitando falhas na execução
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 128
de suas funções. A frustração aparece também como outro sentimento presente devido
à consciência do profissional da impotência diante à situações, que requerem uma
assistência de qualidade. Conclusões: Diante da identificação de fatores estressantes e
suas consequências, endossa-se a necessária importância da implantação de programas
preventivos e de controle que visem oferecer uma melhor qualidade de vida profissional
à enfermagem.
Palavras-chave: estresse, enfermagem, hospital
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 129
P26
A TRIAGEM COMO ESPAÇO DE ESCUTA PSICANALÍTICA AOS
PACIENTES EM UMA UNIDADE DE INTERNAÇÃO ONCOLÓGICA
Verônica de Freitas Montanher
Hospital Paulistano
Introdução: O câncer é uma doença que até hoje, apesar dos constantes avanços
tecnológicos na sua detecção e tratamento, é extremamente temida e muitas vezes associada
à morte. Desde o diagnóstico e durante todo o tratamento, o paciente sofre danos físicos e
psicológicos, pois, além de submeter-se a procedimentos médicos, geralmente agressivos,
tem sua vida transformada pelo adoecimento. As internações em uma unidade de Oncologia
são uma das mudanças que afetam o paciente. As hospitalizações costumam ocorrer por
diversos motivos, seja para diagnóstico, estadiamento e tratamento seja para controlar a dor,
sintomas, intercorrências clínicas que debilitam o paciente ou para realizar procedimentos
cirúrgicos. Trata-se de um momento que pode acarretar incertezas, fantasias, dor física e
desamparo. Por isso, a Psicologia realiza triagens, com todos os pacientes internados, a fim
de averiguar se apresentam alguma questão que caracterize demanda de acompanhamento
psicológico. Objetivo: O presente trabalho pretende, a partir de articulações com as
considerações lacanianas acerca das entrevistas preliminares, apresentar a triagem como
espaço de escuta psicanalítica voltado aos pacientes internados na unidade de Oncologia.
Método: O trabalho baseou-se na escuta psicanalítica aos pacientes. Resultados: A partir
da análise de fragmentos dos discursos dos pacientes, verificaram-se os efeitos da escuta
psicanalítica na triagem. Ao oferecer a escuta, o psicanalista possibilita a abertura de espaço
para que a particularidade de cada sujeito emerja, já que dá condições para que o paciente
possa falar e, através da fala, possa nomear o que é pura angústia. Dessa forma, abre-se
espaço também à possibilidade de o paciente, através de sua história, dar um sentido à
situação de adoecimento e internação que está vivenciando. Conclusões: A triagem, como
espaço de escuta psicanalítica, viabiliza um giro discursivo que abre a possibilidade de o
próprio paciente escutar-se e, com isso, propiciar retificações subjetivas.
Palavras-chave: triagem, entrevistas preliminares, escuta psicanalítica, internação hospitalar,
câncer
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 130
P27
A HUMANIZAÇÃO COMO PRINCÍPIO NO COTIDIANO DO
SERVIÇO DE PSICOLOGIA HOSPITALAR EM UTI’S
Marcia Heller Hias, Priscila Dias Pereira, Brunna Lisita
Hospital Regional de Santa Maria – DF (HRSM)
Introdução: Humanizar o atendimento hospitalar exige mudanças de postura,
comportamento, valores, conceitos e práticas, para isso é preciso que haja um
reposicionamento do profissional no que diz respeito ao atendimento dos usuários.
Humanização implica em uma visão de atendimento do paciente, usuário, colaborador,
gestor que oferte uma melhor qualidade, tornando o serviço mais rico em afetividade e
sensibilidade. Para humanizar não basta somente possuir conhecimentos, mas devese usar o saber em beneficio da saúde dos pacientes, da família e da qualidade do
ambiente. É nesse sentido que a psicologia das unidades de terapia intensiva (UTI’s) do
Hospital Regional de Santa Maria (HRSM) atuam, ofertando aos usuários deste serviço
um atendimento mais humano e acolhedor e para isso, utilizando de algumas estratégias
no atendimento ao paciente, família e equipe. Objetivo: O objetivo do presente trabalho
é informar aos psicólogos hospitalares e aos demais profissionais da saúde como ocorre
a atuação da psicologia nas UTI’s adulto do HRSM-DF. Considerando a importância da
humanização no contexto hospitalar, os objetivos específicos foram divulgar as práticas
conquistadas pelo serviço de psicologia, assim como abordar a importância destas
conquistas na atuação profissional do psicólogo hospitalar. Método: Como método utilizouse relato de experiência profissional a partir da vivência de psicólogas no contexto hospitalar,
mais especificamente nas UTI’s destinadas a adultos. Resultados: Pode-se afirmar que
as práticas instituídas na rotina da psicologia, no contexto de UTI, abordam três principais
aspectos: paciente, família e equipe. Ao se considerar o paciente e a família, tem-se
como prática o acolhimento, o acompanhamento e o suporte emocional. Em se tratando
especificamente da família tem-se as reuniões pré visita, a avaliação para visita estendida,
a preparação para o óbito, pós óbito e as reuniões com a equipe multiprofissional. Relativo
à equipe tem-se como conduta sistemática as discussões de casos clínicos, dinâmicas
motivacionais, feedbacks quanto à atuação e reforços positivos. Como recursos utilizados
na rotina, tem-se quadros que explanam os dispositivos mais utilizados na unidade e nos
pacientes, pranchas para estabelecimento de comunicação com o paciente com dificuldade
de verbalização e possibilidade de liberação do ingresso de televisão, rádio, livros e
afins visando proporcionar maior conforto durante a internação hospitalar. Conclusão:
Conclui-se que as estratégias utilizadas pela psicologia hospitalar, na UTI, proporcionam
ao paciente e sua família maior conforto durante o processo de hospitalização. Nesse
contexto a atuação do psicólogo hospitalar está intimamente relacionada à redução da
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 131
angústia provocada pela hospitalização, tendo por meta esclarecer o significado e a
importância dos procedimentos médicos, oferecer a escuta para o desabafo das angústias,
compreensão de sentimentos e reações, dos familiares e equipe (Moura e Nascimento,
1990). Acredita-se que o paciente sofra com a hospitalização, com o diagnóstico e com o
tratamento, pois esses aspectos o privam da convivência familiar e social. Por esta razão é
importante oferecer espaços prioritariamente humanizados para que o paciente e a família
possam amenizar suas angústias, decorrentes do procedimento médico e da internação,
promovendo desta forma uma participação mais efetiva do paciente e do grupo familiar
no processo de recuperação.
Palavras-chave: humanização, saúde, psicologia hospitalar, UTI
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 132
P28
AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA NA
SÍNDROME DE HALLERVORDEN – SPATZ
Beatriz Saba Ferreira, Delson José Silva,
Maria das Graças Nunes Brasil, Sandra de Fátima Barboza Ferreira
Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Goiás
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Introdução: A Síndrome de Hallervorden- Spatz (SHS) é uma condição autossômica
recessiva progressiva rara da infância e da adolescência caracterizada por marcha em bloco,
enfraquecimento distal, disartria e, ocasionalmente, demência. Objetivo: Este trabalho teve
como objetivo demonstrar a adaptação de instrumentos neuropsicológicos e a flexibilização da
bateria de testes para a realização da avaliação neuropsicológica na síndrome de Hallervorden
Spatz, ilustrando dois casos clínicos atendidos no Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Goiás. Método: Participaram deste estudo dois pacientes diagnosticados com
SHS. Paciente A: 32 anos de idade, sexo masculino, destro, estudou até a 7ª série. É o 5º
filho de uma prole de nove. Segundo dados da mãe os sintomas iniciaram aos nove anos
de idade com episódios de convulsões febris. Aos 10 anos apresentou fraqueza muscular
e quedas frequentes, protusão da língua e dificuldades na fala. Intervenção cirúrgica para
extração dos dentes. Aos 14 anos, após quadro infeccioso na perna apresentou dificuldades
progressivas na marcha e atrofia de membros inferiores. Uso atual de cadeira de roda.
Paciente B: 33 anos de idade, sexo masculino, destro, cursou até a 3ª série do ensino
fundamental. Ele é o 4º filho de uma prole de nove. Os sintomas iniciaram aos 10 anos de
idade com manifestações na fala (disfluência). Refere Desenvolvimento Neuropsicomotor e
processo de alfabetização normal. Estudou até a 2.ª Série. Aprendeu a ler e fazia cálculos
matemáticos. Chegou a trabalhar como ajudante de pedreiro até os 15 anos quando se
instalaram progressivamente as dificuldades na marcha e a disartria. Uso atual de cadeira de
roda. Há três anos perdeu autonomia para atividades da vida diária: higiene e alimentação.
Comunica-se por paralinguagem (movimentos oculares) e escrita. Após cinco meses da
realização da avaliação foi a óbito. A avaliação Neuropsicológica foi realizada de forma
adaptada. Utilizaram-se testes visuais como Labirinto, Trail Making, Raven e Sinos. Nos testes
de linguagem como Mini- mental e Boston foram admitidas respostas verbais escritas visto
que ambos encontravam-se disártricos. Resultados: Nos resultados o Paciente A apresentou
dificuldades nos Testes de Nomeação de Boston no Teste Mini Mental evidenciando, além
da anartria, a deterioração da linguagem, apresentando dislexia e declínio da capacidade
intelectual, além de sintomas depressivos. O Paciente B apresentou dificuldades de atenção
e de planejamento, no entanto, com preservação da linguagem. Apresentou menor controle
manual (escrita marcada por tremor) a despeito da preservação da linguagem.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 133
Conclusão: A Avaliação Neuropsicológica constituiu-se num importante instrumento de
acesso ao funcionamento cognitivo destes pacientes com graves alterações motoras,
anártricos e com sintomas demenciais. Discutiu-se a importância do raciocínio clínico dos
neuropsicólogos para a tomada de decisão e de seleção de instrumentos adequados.
Palavras-Chave: Síndrome de Hallevorden Spatz, avaliação neuropsicológica, avaliação
adaptada
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 134
P29
COMO AVALIAR E VIABILIZAR A PERMANÊNCIA DO FAMILIAR DE
PACIENTES CONSCIENTES EM UTI. UM RELATO DE EXPERIENCIA
Priscila Dias Pereira
Hospital Regional de Santa Maria
Introdução: A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é destinada a receber pacientes clínicos,
pós cirúrgicos e em estado grave que tenham possibilidade de recuperação. Porém a UTI é
vista pelos pacientes e familiares como um lugar frio, carregado de equipamentos estranhos
e alarmes incessantes, fatores que contribuem para o estresse psicológico dos pacientes.
No caso de pacientes conscientes o estresse seguido de angústia e medo tendem a ser
exacerbados e a possibilidade da presença do familiar pode trazer grandes benefícios durante
o período de internação. Sabe-se ainda que a família ao se sentir incluída no processo de
adoecimento do seu familiar passa a ter maior confiança na equipe se sentindo aliada no
cuidado ao paciente. Objetivo: O objetivo deste artigo é descrever como foi possível avaliar
e viabilizar a presença do familiar de pacientes conscientes em UTI. Método: Trata-se de um
relato de experiência onde foi descrito passo a passo o trabalho de uma Psicóloga Hospitalar
com o intuito de avaliar e possibilitar a permanência do familiar durante um período de 6
horas ou mais na UTI. Importante ressaltar que a equipe de Psicologia criou um protocolo
de investigação a fim de avaliar se o familiar preenche os critérios para permanecer na UTI.
Nesse protocolo contem informações e critérios que devem ser respeitados pelo familiar.
Critérios como postura colaborativa, disponibilidade interna e compreensão das normas e
rotinas da unidade devem obrigatoriamente ser preenchidos para possibilitar que o familiar
permaneça na UTI. Resultados: Foi possível perceber que ao compreender e preencher os
critérios do protocolo o familiar obteve a possibilidade de permanecer ao lado do ente querido
hospitalizado, com isso os familiares puderam se sentir incluídos no processo do adoecer.
Pode-se observar ainda que houve por parte dos pacientes uma redução significativa na
ansiedade, angústia e na dificuldade de adaptação a rotina hospitalar, o que sugere que foi
concretizado a tentativa de fazer do ambiente de UTI um local humanizado. Conclusão: Esse
artigo relata a experiência de uma Psicóloga Hospitalar que atua em UTI e visa contribuir
para a prática dos profissionais de Psicologia bem como agregar ao Psicólogo na UTI a
possibilidade de benefício ao paciente e seus familiares.
Palavras-chave: relato de experiência, protocolo, UTI, permanência do familiar, psicologia
hospitalar
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 135
P30
AVALIAÇÃO DE SITUAÇÕES DE RISCO EM PROFISSIONAIS
DA SAÚDE NO ÂMBITO HOSPITALAR
Caroline Santa Maria Rodrigues, Mariana Esteves Paranhos, Waleska Jerusa de Souza Mendonça,
Ângela Cristina Pratini Seger, Leticia Domingues Bertuzzi, Maria Rita Montano Coelho
Hospital São Lucas da PUCRS
Introdução: O trabalho desenvolvido em instituições de saúde já é sabidamente conhecido
como uma atividade geradora de alto nível de estresse, sendo seu resultado conhecido através
das taxas de síndrome de burnout que seguem aumentando. Aliado a isso, problemas em
outros contextos, como familiar, social e econômico, proporciona ao profissional da saúde
maior vulnerabilidade para comportamentos de risco que podem levar a quadros de grande
sofrimento mental. Especificamente no ambiente hospitalar, por sua complexidade e acesso
facilitado a materiais de alta periculosidade, é de extrema importância a identificação precoce
de profissionais em situação de risco, visando a prevenção e a promoção de saúde mental
destes. Assim, uma das atividades do Ambulatório de Funcionários do Hospital São Lucas
da PUCRS é a realização de avaliação psicológica, tanto na modalidade de triagem como
de emergência. Objetivos/Método: na modalidade de triagem, são utilizados instrumentais
psicológicos como entrevista e testagem. O objetivo de tal avaliação é definir a problemática
do sujeito para a realização de encaminhamento, que pode ser o de orientação de como
manejar determinada situação e quais recursos psicossociais ele tem a sua disposição, para
uma instituição externa, caso a necessidade extrapole os recursos que a instituição hospitalar
dispõe, ou ainda, para atendimento no ambulatório interno do serviço de psicologia, criado
exclusivamente para esta prática e subsidiado pelo hospital em questão. Quando a avaliação
ocorre de maneira emergencial, o objetivo é o de oferecer segurança, proteção e satisfação
das necessidades imediatas do profissional que busca ajuda. Algumas vezes, se busca auxílio
de outros serviços, como o de psiquiatria ou social, para uma avaliação mais abrangente e
global do indivíduo. Dentre as demandas de situações de risco que chegam ao Ambulatório
de Funcionários do HSL estão o comportamento suicida, uso abusivo de substancia, violência
doméstica e quadros de sintomas psicóticos. Ainda que estes, felizmente, não sejam a maioria
das ocorrências das avaliações do ambulatório, a atenção é redobrada pelo potencial para
desfechos negativos tanto para o próprio sujeito como na tarefa laboral que estes desempenham.
Resultados/Conclusões: Os resultados das avaliações psicológicas neste tipo de problemática
tem buscado uma ação interventiva eficiente, visando a segurança e bem estar imediato do
avaliando, mas sobretudo, tem servido para pensar em ações preventivas na instituição. Desta
forma a partir do conhecimento da realidade de muitos profissionais da saúde e dos pontos
de maior vulnerabilidade desta população, se tem trabalhado em programas de valorização
da vida voltado aos funcionários da instituição. Acredita-se que a avaliação psicológica deve
sempre servir ao sujeito que a busca, mas também ao contexto social que se insere.
Palavras-chave: avaliação psicológica, profissionais da saúde, situações de risco, prevenção
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 136
P31
COMISSÃO DOS DIREITOS DO PACIENTE ADULTO INTERNADO:
POSSIBILIDADES DE AVALIAÇÃO E INTERVENÇÃO
MULTIPROFISSIONAL
Daiane Manoela Ferri da Cunha, Caroline Santa Maria Rodrigues, Letícia Leite,
Mariana Esteves Paranhos, Maria Rita Montano Coelho, Ângela Cristina Pratini Seger
Hospital São Lucas da PUCRS
Introdução: A literatura especializada nos diz que tanto a violência quanto os maus tratos
dentro da família e das instituições não é um problema isolado e nem recente. Acreditase que a violência se constitui num comportamento aprendido por meio de transmissão
entre gerações através da família, do jogo, do esporte, da escola, das instituições e dos
meios de comunicação. A pessoa adulta e enferma pode sofrer diversos tipos de violência
principalmente por se encontrar em uma situação de dependência tanto por parte da família
quanto por cuidadores e instituições de saúde. São vários os tipos de violência que surgem
desta situação: agressão, violência física, psicológica, sexual, financeira, social e ambiental,
violência familiar, maus tratos institucionais e abuso contra o enfermo. Cabe ressaltar que,
para assegurar a saúde conforme preconiza a Constituição Federal de 1988, é necessário
conhecer a realidade do paciente, seus direitos como cidadão e de modo geral como alguém
que está fragilizado pela doença. É necessária a união dos profissionais de saúde com o
objetivo de fornecer um trabalho humanitário, democrático com igualdade para que os direitos
do paciente sejam respeitados, assim como preconiza o Sistema Único de Saúde. Objetivo:
Considerando o número significativo de pacientes de diversas faixas etárias, internados nas
diferentes unidades que acolhem os pacientes adultos do em um hospital geral da cidade de
Porto Alegre/RS, com suspeita de negligência e maus tratos, ocasionados por instituições,
familiares e cuidadores foi proposto a implantação de uma comissão para avaliar, tratar e
prevenir estes casos. Visando proporcionar uma assistência que permita cessar e interromper
o ciclo de violência constituído dentro ou fora da instituição, bem como, fortalecer a relação
com as diferentes instâncias (rede básica de saúde, ONGs, instituições municipais, estaduais)
que podem dar o suporte necessário para a pessoa que é vítima de violência após sua alta
hospitalar. Método: A comissão se reúne semanalmente ou extraordinariamente, quando
necessário, com o intuito de discutir, avaliar e propor intervenções nos casos dos pacientes
adultos internados que envolvam algum tipo de violência familiar e/ou institucional. Todos
os casos discutidos são registrados em ata e acompanhados durante todo o período
da internação. A equipe é constituída por psicólogos, enfermeiros, assistentes sociais,
nutricionistas, fisioterapeutas e educadores físicos, todos profissionais capacitados para
trabalhar com situações de violência. No momento que os casos são identificados, são
levados ao conhecimento da equipe para serem avaliados com o objetivo de buscar soluções
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 137
internas e caso necessário, encaminhamento aos órgãos competentes da instituição e/ou
fora dela. O grupo também realiza interconsultas (intervenções em conjunto) com o paciente
e/ou família tendo como proposta ampliar a eficácia das intervenções bem como facilitar
a comunicação entre os envolvidos. Resultados/Conclusões: A adequada avaliação de
indicadores de violência e a discussão em equipe multiprofissional propicia uma intervenção
mais eficiente, pois permitem uma visão integral do paciente e seu contexto familiar e social
assim como, a forma como se processam os cuidados recebidos na instituição de saúde.
As comissões hospitalares são um importante instrumento permitindo também, a reflexão à
cerca das práticas no ambiente hospitalar.
Palavras-chave: comissão, hospital geral, avaliação, intervenção multiprofissional, violência
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 138
P32
TRANSTORNOS ALIMENTARES:
ANÁLISE DA PRODUÇÃO CIENTÍFICA
Débora Diegues; João Roberto de Souza-Silva
Consultório Particular e Faculdades Metropolitanas Unidas
Introdução: Os Transtornos Alimentares (TA) caracterizam-se por severas perturbações
no comportamento alimentar (DSM-IV, 2002). A insatisfação com a imagem corporal é
uma característica psicopatológica proeminente deste transtorno. Objetivo: O trabalho
tem como objetivo uma revisão da literatura especializada sobre transtornos alimentares.
Método: Levantamento não sistemático na base de dados Scielo utilizando como descritor
transtornos alimentares. Foram encontrados e utilizados 21 artigos, disponíveis na integra e
publicados entre 2011 e 2012. Resultados: O maior número de publicações (33%) ocorreu
na área da Psicologia e na área da Psiquiatria (29%). 43% das publicações ocorreram em
2011 e 57% em 2012, sendo apenas uma publicação internacional. As pesquisas ocorrem
predominantemente em campo (86%) e o tipo de pesquisa mais utilizado foi o quantitativo
(61%). 33% das publicações abordavam o tema Anorexia, 14% o tema Bulimia e apenas
5% o tema Trantorno Dismórfico Corporal. 48% das pesquisas foram sobre instrumentos
para avaliação psicológica de pessoas com TA, transtorno alimentares em geral e revisões
biliográficas. Além disso, 78% das pesquisas de campo ocorreram com adultos, 17%
com adolescentes e 5% com crianças. Apenas 17% ocorreram com grupos e somente
uma publicação sobre famílias de pessoas com TA foi encontrada. Os instrumentos mais
utilizados foram: Eating Attitudes Test (EAT-26) e Body Shape Questionnaire (BSQ).
Aproximadamente 19% das pesquisas foram realizadas com universitários e os resultados
apontaram que universitárias apresentam alta frequência de comportamento de risco para
TA em todas as regiões do país. Conclusão: Por fim, novos estudos são necessários,
inclusive sobre o transtorno alimentar na infância, sobre famílias de pessoas com TA e
sobre possibilidades de intervenção.
Palavras–chave: transtornos alimentares, comportamento alimentar, imagem corporal
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 139
P33
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA DE PACIENTES CANDIDATOS A
CIRURGIA BARIÁTRICA HOSPITALIZADOS EM INSTITUIÇÃO DE
CUIDADOS PROLONGADOS: CONSTRUÇÃO DE UMA PRÁTICA
Adriana Martins Ferreira
Hospital Auxiliar de Suzano da Faculdade de Medicina de São Paulo
Introdução: A obesidade mórbida é uma doença multifatorial, crônica, sendo definida pela
organização Mundial de Saúde pelo índice de massa corporal (medida do grau de obesidade)
acima de 30, sendo considerado como obesidade grau III. A resolução do Conselho Federal
de Medicina n° 1.766/052, define que pacientes obesos, só podem submeter-se a essa
cirurgia se tiverem comorbidades associadas e que estejam ameaçando a vida. O Hospital
Auxiliar de Suzano - HAS é uma Divisão do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
de São Paulo que oferece tratamento médico-hospitalar a pacientes de cuidados prolongados
encaminhados pelas diversas clínicas do Complexo HCFMUSP. No presente momento,
dispomos de 06 leitos para pacientes obesos mórbidos, encaminhados pela Clínica de
Cirurgia Bariátrica do Instituto Central que apresentam o IMC superior a 40 kg/m² e já tentaram
tratamento médico ambulatorial, sem resultado satisfatório, alguns já foram submetidos à
cirurgia bariátrica. A média de permanência destes pacientes no HAS é de quatro à seis
meses, previamente a cirurgia bariátrica, sob os cuidados da equipe multidisciplinar, cujo
objetivo de reeducação alimentar, redução de peso e acompanhamento psicológico. O
serviço de psicologia tem como função auxiliar na ampliação da tomada de consciência das
questões emocionais implicadas no processo de ganho de peso-emagrecimento, recursos
emocionais disponíveis, nível de compreensão deste paciente sobre tratamento, fatores
emocionais envolvido na manutenção deste quadro clínico. A longa permanência no hospital
permite trabalhar com os pacientes nos níveis mais próximos da vida cotidiana, bem como o
alto índice de privação alimentar, familiar, laboral, o que traz impactos emocionais importantes
a serem pensados, facilitando no processo de avaliação deste paciente. Método: Entrevista
semi dirigida, teste HTP e desenho-estória de Walter Trinca. Resultados: No período de
maio de 2008 a maio 2012, foram avaliados quarenta e cinco pacientes, sendo observado
que 90% apresentou prejuízos sociais importantes, e dificuldade em formar ou manter
vínculos; muitas vezes comendo além do permitido pelo serviço de nutrição, sendo facilitado
pelos outros pacientes e pela família; pensamento mágico em relação à cirurgia, atribuindo
à técnica a resolução de todos os problemas de sua vida. Busca da comida diante perda
afetiva; Em 100 % dos casos as compulsões são mecanismo de compensação por perdas
não elaboradas; Comportamento manipulatório; Baixa auto-estima; Dificuldade em tolerar
culpa e frustração; dificuldade em lidar com os conflitos de maneira simbólica, recorrendo à
comida como recurso para encarar as exigências do meio; Quadros psiquiátricos; incluindo
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 140
às vezes, o uso de álcool e droga (11 pacientes). Conclusão: A cirurgia bariátrica é uma
mudança no corpo, que é sempre um corpo simbólico, cheio de significados subjetivos,
que provocará alterações na estrutura psíquicas tal qual se apresenta. Compreendo que a
obesidade é uma defesa necessária à manutenção do equilíbrio, uma vez que, a maioria,
os pacientes internados no HAS apresentam fragilidade emocional, dificuldades da função
de pensar, prejuízos adaptativos significativos. Assim a ruptura abrupta pode predispor
transtornos psiquiátricos graves, como indicado pela literatura.Portanto, a avaliação
psicológica é fundamental pra que estas questões que dão contorno ao problema médico
sejam trabalhadas, visando sucesso no procedimento.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 141
P34
UMA DESCRIÇÃO COM O PSICODIAGNÓSTICO DE RORSCHACH
SOBRE O FUNCIONAMENTO PSÍQUICO DE PACIENTES OBESOS
Lívia Kondrat Pinto, Walquiria Fonseca Duarte
Instituto de Psicologia – Universidade de São Paulo
Introdução: As mudanças ocorridas na sociedade e nos padrões de comportamento das
últimas décadas, impulsionadas pelo crescimento econômico, globalização e urbanização
contribuíram para a atual epidemia de obesidade, considerada hoje um problema de saúde
pública e fator de risco para inúmeras doenças. Por ser uma doença multifatorial, seu
tratamento é complexo e envolve a necessidade de mudanças nos hábitos e comportamentos
alimentares, bem como do estilo de vida, devendo ser desenvolvido por uma equipe
interdisciplinar. Objetivo: A presente pesquisa tem como objetivo identificar traços e
características da estrutura e da dinâmica da personalidade de pacientes obesos por meio
do Psicodiagnóstico de Rorschach. Método: A amostra foi composta por 19 participantes,
sendo 15 mulheres e quatro homens, independentemente dos níveis socioeconômico
e educacional. Os instrumentos utilizados foram o Psicodiagnóstico de Rorschach e as
observações clínicas das avaliações psicodiagnósticas. Resultados: Os pacientes da
presente amostra, de modo geral, possuem bom contato com a realidade e capacidade
de ajustar suas condutas frente às demandas reais das situações, além disso apresentam
dificuldades em formar percepções adequadas de si, do outro e dos eventos, possuem poucos
recursos para lidar com as demandas e para implementar e planejar estratégias de ação e
baixa tolerância à frustração, o que gera condutas impulsivas. Trata-se de pacientes que,
apesar de apresentarem traços e características de personalidade narcisista, desvalorizam
a si mesmo. Observa-se também imaturidade emocional e comprometimento da capacidade
de estabelecer vínculos significativos com os outros, bem como a presença de passividade
nos relacionamentos interpessoais. Conclusão: A partir do que foi exposto, é fundamental
que esses pacientes possam ser acompanhados por uma equipe interdisciplinar para o
tratamento de perda de peso, uma vez que a obesidade e o alimento possuem um significado
na vida daquela pessoa. O emagrecimento faz com que o indivíduo se depare com uma
nova realidade que exigirá dele novos recursos para lidar com essa situação, recursos esses
escassos nesses pacientes.
Palavras-chave: obesidade, avaliação psicológica, psicodiagnóstico de Rorschach
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 142
P35
HUMANIZAÇÃO DOS USUÁRIOS DAS UNIDADES DE SAÚDE:
LIMITES E POSSIBILIDADES DA INTERVENÇÃO MULTIPROFISSIONAL
Leide Jaiane Santana Borges, Ana Maria Matos Rodrigues
Faculdade Social da Bahia
A presente pesquisa foi elaborada com o intuito de construir uma visão crítica a cerca do
processo de reducionismo das pessoas que utilizam o sistema público de saúde, estas
deixam de “existir” quando o diagnóstico de uma doença crônica é confirmado. Haja
vista que o deslocamento do olhar de muitos profissionais da área de saúde está voltado
unicamente para a doença, limitando o indivíduo e impossibilitando que a descoberta,
bem como o tratamento de outras possíveis doenças sejam identificadas sem ligação ao
primeiro diagnóstico, ou seja, a singularidade do usuário é deixada de lado e este passa
a ser visto como à doença que o assola. Surge daí um problema prático para as pessoas
que necessitam de atendimento amplo e diferenciado, a exemplo dos portadores de
hidrocefalia, esclerose múltipla, lúpus, esquizofrenia, entre outras doenças que possuem
manifestações clínicas dúbias e/ou estereotipadas. O paciente que adquire ou nasce com
esse tipo de doença, ao buscar atendimento para o tratamento de outras doenças, tem sua
sintomatologia atribuída única e exclusivamente à patologia previamente diagnosticada. Vale
ressaltar que o sujeito não se resume a uma lesão, e acontecimentos deste tipo denunciam
a prática de muitos profissionais, que banalizam o atendimento diferencial desviando o foco
para os sintomas. Deste modo faremos uma revisão bibliográfica a fim de identificar os
principais déficits no atendimento multiprofissional do sistema de saúde, para compreender
de que forma o psicólogo pode atuar na humanização deste atendimento possibilitando um
olhar qualificado a cerca do serviço oferecido. Trata-se de uma pesquisa bibliográfica que
seguirá pela identificação de textos em catálogos de editoras, bibliotecas, bancos de teses
e periódicos. Portanto, como tema central do trabalho, tem-se a necessidade de responder
ao seguinte questionamento: como os psicólogos podem atuar otimizando a dinâmica do
tratamento diferencial, viabilizando uma mudança de posicionamento dos profissionais que
não conseguem enxergar o indivíduo em meio à doença? Esta é uma tarefa árdua que para
ser realizada necessita de profissionais comprometidos e éticos que busquem um trabalho
conjunto, desvinculando-se do modo psicanalítico, compreendendo que o paciente não
pertence exclusivamente ao espaço terapêutico, ou seja, este é atendido por uma rede da
qual o psicólogo pertence, logo, este assume papel fundamental na equipe multiprofissional,
inviabilizando um posicionando dogmatizado, quebrando os paradigmas interdisciplinares
e avançando na construção de uma prática profissional voltada para as pessoas a fim de
proporcionar melhorias na sua qualidade de vida.
Palavras-chave: humanização, diagnóstico diferencial, reducionismo das pessoas
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 143
P36
A UNIÃO FAZ A FORÇA: GRUPO COM PAIS DE CRIANÇAS
INTERNADAS EM UMA UNIDADE PEDIÁTRICA
Júlia Ferreira Pimentel, Nataís Bilhão Brites, Evelyn Soledad Reyes Vigueras, Patricia Pereira Ruschel
Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia
Introdução: A notícia de malformação cardíaca da criança interfere no processo de parentalidade
de pais e mães de uma maneira muito intensa, afetando a vivência da hospitalização nestas
famílias. O grupo de pais tem uma importância fundamental durante a hospitalização de
crianças e de seus responsáveis, pois possibilita um momento de troca de experiências, de
esclarecimento de dúvidas e de um maior conhecimento sobre a doença de seus filhos, bem
como uma maior proximidade e vínculo com a equipe. É um momento no qual pode haver
troca de informações e uma maior exteriorização dos sentimentos gerados pela hospitalização
nestes pais. Objetivo: Identificar os principais sentimentos, dúvidas e experiências vivenciadas
pelos pais frente à hospitalização de seus filhos. Método: Relato de experiência através da
observação de uma sessão de grupo. Este ocorre semanalmente com familiares de crianças
que estão internadas em uma unidade pediátrica de um hospital de referência em Cardiologia,
em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. O grupo é coordenado por uma psicóloga, uma residente
de psicologia e um enfermeiro, sendo que neste dia foi observado por uma estagiária de
psicologia. Os participantes do grupo foram oito, sendo destes sete mães e uma avó, de
crianças internadas tanto na UTI pediátrica como na pediatria. Estas crianças nasceram
com alguma cardiopatia congênita, sendo que destas, algumas necessitavam de tratamento
cirúrgico e outras de tratamento medicamentoso. Resultados: Participaram deste estudo um
total de oito familiares de pacientes, sendo que todos os responsáveis foram do sexo feminino.
Percebeu-se então uma maior presença de familiares do sexo feminino durante a internação
hospitalar destas crianças. Em relação aos sentimentos, os principais identificados foram de
culpa por ter gerado uma criança doente e insegurança frente à alta hospitalar e aos cuidados
pós-hospitalares. Além disso, foi falado da experiência de ver os filhos na UTI e da presença
de diversos aparelhos, que monitoram a saúde destas crianças. As dúvidas trazidas foram
em relação aos cuidados parentais na UTI e em relação aos cuidados pós alta hospitalar.
Conclusão: Após a realização deste trabalho conclui-se que o grupo de pais é importante
para que haja uma troca de experiências entre eles, bem como uma maior exteriorização dos
sentimentos despertados pela hospitalização neles. Acredita-se que estes sentimentos, surgidos
no grupo, devem ser trabalhados individualmente com os pais ao longo da internação hospitalar.
O compartilhamento de experiências entre os pais, além de um contato mais próximo com
a equipe, auxilia no fortalecimento e no suporte para o enfrentamento de situações difíceis,
como a internação de uma criança no hospital. Além disso, percebeu-se, neste estudo, que
ainda há uma maior presença de familiares do sexo feminino na internação hospitalar destas
crianças, e que embora a literatura tenha trazido um aumento da presença de familiares do sexo
masculino na hospitalização de seus filhos, esta tendência não foi confirmada neste estudo.
Palavras-chave: grupo de pais, parentalidade, psicologia hospitalar
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 144
P37
DESVENDANDO MITOS E FANTASIAS DA CIRURGIA CARDÍACA:
RELATO DE EXPERIÊNCIA DE GRUPO DE PACIENTES CIRÚRGICOS
Nataís Bilhão Mombach Brites, Evelyn Soledad Reyes Vigueras,
Cynthia Seelig Botelho Ferreira, Patricia Pereira Ruschel
Instituto de Cardiologia – Fundação Universitária de Cardiologia
Introdução: A hospitalização e a confirmação da necessidade de procedimento cirúrgico
cardíaco despertam sentimentos, como ansiedade, angústia e medo. A psicoprofilaxia
cirúrgica no Instituto de Cardiologia de Porto Alegre (IC/FUC) começou na década de 80,
quando se iniciou o grupo de pacientes cirúrgicos, que ocorre até hoje. Este grupo tem
como objetivo permitir que os pacientes verbalizem suas ansiedades e obtenham maior
conhecimento sobre a sua cardiopatia e seu tratamento, permitindo, através da escuta do
relato de outro paciente, um maior conhecimento dos procedimentos e rotinas, tanto do
processo cirúrgico como da recuperação. Objetivo: Apresentar o a experiência do grupo
de pacientes pré e pós-cirurgia cardíaca, realizado no IC/FUC. Metodologia: Relato de
experiência. Resultados: O grupo de pacientes cirúrgicos é coordenado por uma psicóloga
e uma residente de psicologia, contando com a participação de residentes das áreas de
nutrição e enfermagem. Ele ocorre duas vezes por semana, com duração de uma hora. Os
pacientes chegam ao grupo de duas formas: ou estão internados e são convidados pela
equipe para participar, ou então, durante o encaminhamento para a cirurgia, ele recebe um
material, contendo o convite para participar, ou seja, há a participação de pacientes em
internação hospitalar e de pacientes que vem de fora, em ambos os casos há pacientes pré
e pós-cirúrgicos. Somente no ano de 2012, participaram 233 pacientes, sendo que alguns
deles participaram mais de uma vez, totalizando 403 participações, o que equivale a uma
média de 34 pacientes mensais. Os temas mais abordados são os sentimentos despertados
pela cirurgia e pela hospitalização como o medo do procedimento e de tudo que o envolve,
a dificuldade em lidar com as limitações decorrentes da cardiopatia, rotinas na Unidade Pós
Operatória (UPO), tubo, drenos, marca-passo, cada tipo de cardiopatia, entre as principais as
valvulares e as coronarianas, a cirurgia, a dor no pós-cirúrgico, cuidados pós-alta, alimentação
e retorno as rotinas no pós-alta. Discussão: A partir da experiência vivenciada no grupo
e principalmente por acompanhar alguns destes pacientes no pós-cirúrgico, percebe-se o
quanto ele é benéfico para o paciente, que com conhecimento das rotinas e procedimento
consegue reagir de forma mais adequada às situações que ocorrem na cirurgia e na
recuperação na UPO e depois na Unidade de Internação. Por outro lado, a participação dos
pacientes pós-cirúrgicos engrandece a atividade, pois eles verbalizam a gratidão pelo trabalho
realizado, mostrando aos pacientes que aguardam para a cirurgia o quanto é importante
que eles retornem depois de realiza-las. O grupo é um importante dispositivo para diminuir
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 145
a ansiedade durante a internação, desmistificar fantasias, esclarecer dúvidas, dar vazão
aos sentimentos e trocar experiências. Ouvir um outro paciente com a mesma cardiopatia
referir o quanto a cirurgia foi bem sucedida e que sua qualidade de vida melhorou é muito
mais concreto do que ouvir as mesmas falas da equipe médica e multiprofissional e é isso
que faz do grupo de pacientes cirúrgicos uma atividade tão bem sucedida e reconhecida no
Instituto de Cardiologia.
Palavras-chave: cirurgia cardíaca, grupo de pacientes cirúrgicos, psicoprofilaxia cirúrgica
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 146
P38
SACOLA DE BRINQUEDOS:
INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM ONCOPEDIATRIA
Mariana Zuanazzi Saden, Michelle Teles Tourounoglou, Kelly Renata Risso Grecca,
Randolfo dos Santos Junior, Maria Cristina de Oliveira Santos Miyazaki
Hospital de Base de São José do Rio Preto (FUNFARME-HB)
Introdução: O câncer infantil, por caracterizar-se como uma doença crônica, exige inúmeros
ajustamentos, uma vez que a experiência é vivida como potencialmente traumática. Sua
complexidade está associada a um longo período de tratamento, incluindo procedimentos
invasivos e internações, onde a vivencia de dor, limitações físicas e situações desconhecidas
e ameaçadoras. Os aspectos psicológicos resultantes desta vivência incluem introversão,
isolamento, humor deprimido, ansiedade e agressividade. O brincar surge como possibilidade
de mobilização de recursos internos e externos da criança com intuito de favorecer a
expressão dos sentimentos e emoções, utilizando acesso a uma linguagem simples, de seu
domínio, como forma de elaboração da vivência hospitalar. Através do brincar a criança pode
desmistificar crenças disfuncionais relacionadas ao tratamento, modificando pensamentos e
comportamentos. Devido ao comprometimento físico e baixa imunidade, estas crianças ficam
restritas ao leito e são impedidas de manusearem brinquedos e objetos da brinquedoteca
hospitalar. Reconhecendo a importância do brincar é que foi desenvolvido o projeto intitulado
por “Sacola de Brinquedos” Objetivo: Favorecer a partir do brincar a adequação, suporte,
adesão ao tratamento e humanização da rotina hospitalar. Visando melhorar a qualidade
de vida durante a internação o projeto enfatiza o direito de brincar e a continuidade do
desenvolvimento da criança em todas as áreas, física, cognitiva, afetiva, pessoal e social.
Método: O projeto “Sacola de Brinquedos” é realizado diariamente na enfermaria da
Oncopediatria do Hospital de Base de São José do Rio Preto com crianças em idade escolar.
A sacola contém brinquedos lúdicos e educativos e é levada ao leito do paciente. A sessão
lúdica dura aproximadamente 30 minutos. Este material é também disponibilizado a todos
os profissionais que compõem a equipe multidisciplinar (Terapia Ocupacional, Fisioterapia e
Pedagogia) que irão utilizá-los de acordo com suas práticas. Conclusão: A partir da utilização
desta técnica é possível observar melhora do humor, maior aceitação das rotinas e favorável
padrão de interação social entre pacientes e com a equipe de cuidados.
Palavras-chave: oncopediatria, psiconcologia, brinquedo lúdico
Referências:
Mitre, R. M. A. Gomes, R. A promoção do brincar no contexto da hospitalização infantil como ação de saúde.
Ciência e Saúde Coletiva, 9(1) :147-175, 2004.
Motta, A B., Enumo, S. R. F. Intervenção psicológica lúdica para o enfrentamento da hospitalização em crianças
com câncer. Psicologia: Teoria e Pesquisa, Brasília, Jul-Set, 2010, vol. 26 n.3, pp 445-454
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 147
P39
ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO UTILIZADAS PARA
PARAR DE FUMAR APÓS DIAGNÓSTICO DE CÂNCER
Brunna Lisita Chaves
Instituto de Ensino e Pesquisa - Associação de Combate ao Câncer em Goiás
Introdução: Apesar de alertados sobre o risco aumentado de desenvolvimento e recidiva de
tumores malignos relacionados à continuidade do uso do tabaco e do álcool, aproximadamente
20% a 50% dos pacientes tratados por tumores malignos da cabeça e do pescoço mantém ou
retomam esses hábitos após o tratamento (Gritz et al., 1993 e Vander et al., 1997, citados por
Pinto et al., 2011). Na situação específica de parar de fumar, tem-se observado em pesquisas
que o enfrentamento adequado pode prevenir a recaída do uso do tabaco. Por este e outros
motivos, compreender a interação entre o desejo e as estratégias de enfrentamento pode
ser útil no sucesso do abandono do uso de tabaco. Objetivo: O presente estudo relacionase á dois Estudos de caso, de caráter descritivo e teve por objetivo identificar as principais
estratégias de enfrentamento utilizadas pelos sujeitos para parar de fumar após receberem
o diagnóstico da doença. Mais especificamente, objetivou-se verificar se houve relação entre
o diagnóstico de Câncer e o fim do tabagismo, e se há diferença entre os recursos utilizados
por homens e mulheres. Método: Os dois sujeitos da pesquisa eram de ambos os sexos,
ex-tabagistas, com idade de 57 e 69 anos, receberam o diagnóstico de câncer na região da
cabeça e pescoço e realizaram o tratamento para o Câncer em um hospital especializado.
Após ter sido avaliado e aprovado o projeto de pesquisa pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
ACCG, a pesquisadora elegeu de forma aleatória dois pacientes que frequentavam o serviço
de Psicologia do hospital especializado e que tinham o perfil desejado. A coleta de dados
foi realizada utilizando dois instrumentos, uma entrevista semi estruturada e o Inventário de
Estratégias de Enfrentamento de Folkman e Lazarus (1985, adaptado por Savoia & Mejias,
1996). As entrevistas foram gravadas em áudio, transcritas na íntegra e posteriormente,
procedeu-se com análise temática de seu conteúdo, caracterizada por Biasoli-Alves e
Dias da Silva (1992). Resultados: No caso do sujeito do sexo masculino, prevaleceram
estratégias focadas no problema, sendo elas: Aceitação de Responsabilidade, Auto-controle
e Afastamento. No caso do sujeito do sexo feminino conclui-se que a mesma sofreu influência
das seguintes estratégias de enfrentamento: Afastamento, Auto-controle e Suporte Social.
Conclusão: Nos dois casos, as estratégias mais utilizadas estavam voltadas para ação,
sendo elas: Aceitação de responsabilidade, Auto-controle e Afastamento. A relação entre o
adoecimento e a cessação do tabagismo também foi confirmada com os relatos dos dois
sujeitos. Dentre as diferenças de Estratégias decorrentes do sexo dos sujeitos, observouse que a mulher buscou de forma mais intensa o suporte social. Durante a realização da
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 148
pesquisa, foram percebidos poucos estudos preocupados em compreender as dificuldades
individuais que se estendem a um número significativo de sujeitos. Por esse motivo,
esta pesquisa poderá contribuir para uma maior reflexão acerca do tema e consequente
compreensão do universo dos fumantes, o que contribuirá para que as equipes de saúde,
e especificamente, psicólogos da saúde, criem programas específicos, com intervenções
pontuais e que terão maior chance de serem bem sucedidos.
Palavras-chave: estratégias de enfrentamento, parar de fumar, câncer
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 149
P40
AUTOPERCEPÇÃO DE IDOSOS AVALIADA ATRAVÉS
DE CONTEÚDO VERBAL E CONTEÚDO PROJETIVO
Claudia Emi Regis, Eva Maria Migliavacca
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Introdução: Considerando as mudanças e perdas pelas quais passam os idosos e a
probabilidade de desenvolverem sintomas depressivos, em função do modo de reagir de
cada um, faz-se necessário um estudo enfocando os aspectos emocionais para melhor
compreensão e manejo do processo do envelhecimento, beneficiando idosos e profissionais
envolvidos. Na atualidade, são encontrados mais estudos com opiniões a respeito do idoso do
que fatos concretos advindos da declaração dos próprios idosos. Objetivo: Este estudo-piloto
teve como objetivo avaliar a autopercepção (compreendida como consciência e percepção
física e social de si mesmo) de idosos através de conteúdo verbal e conteúdo projetivo.
Método: foram utilizados um roteiro de entrevista semiestruturado, com questões abertas a
respeito do envelhecimento e o teste Desenho da Figura Humana - DFH (Machover,1967),
consistindo em solicitar ao indivíduo que desenhe duas figuras humanas inteiras; a partir
do gênero da figura do primeiro desenho, solicita-se a produção de uma figura do gênero
oposto. A população foi um grupo de idosos participante de um curso de meditação com
duração de seis semanas oferecido num centro de convivência. A avaliação foi feita com
nove pessoas em dois momentos: antes do início e após o término do curso. Resultados:
observou-se de forma geral uma melhor percepção da própria condição pelos idosos,
ampliando a perspectiva do que foi relatado (em relação ao vivenciado e ao futuro) no segundo
momento da entrevista; foi observado maior comprometimento com a realidade, com dados
concretos sobre a participação ativa no processo de envelhecimento. Posteriormente, do
total, três participantes incluíram outros em sua fala, demonstrando um cuidado, ampliando
a dimensão do envelhecimento: outros envolvidos no processo influenciando a percepção do
sujeito. Nenhum sujeito modificou o conteúdo da resposta, mas foi identificada mudança na
forma de expressão, na visão dos fenômenos questionados. Na segunda avaliação, quatro
sujeitos responderam de forma mais objetiva e concisa, focando apenas na questão, se
opondo ao primeiro momento em que sua fala foi mais generalizada e o conteúdo fugia do
questionário. Inversamente, três sujeitos ampliaram suas respostas, apontando sua própria
participação no funcionamento psíquico, em sua visão de vida, seja por características
positivas ou não, visualizando suas queixas mais adequadamente. Sobre o desenho,dois
sujeitos apresentaram piora na qualidade da produção, com traços imprecisos, falhas
no contorno, e falta de elementos estruturantes. De modo geral, as figuras na segunda
avaliação eram mais completas, mais próximas da realidade (ex: desenho do solo abaixo
da figura), com traços mais definidos. Das nove figuras analisadas, cinco apresentaram
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 150
uma melhora na expressão facial, tornando-a menos estereotipada. Conclusão: é possível
concluir que a avaliação em momentos distintos oferece uma riqueza de conteúdo relativa
à autopercepção. O desenho favorece a expressão do sujeito de forma não inteiramente
consciente e apresenta elementos não detectados na fala. A intervenção do curso de
meditação pode ter modificado positivamente a autopercepção, favorecendo a consciência
do corpo e da imagem corporal, além da presença de aspectos saudáveis relacionados a
mecanismos de enfrentamento e maior contato com a realidade – maior consciência das
fraquezas e dos recursos internos disponíveis.
Palavras-chave: idosos, autopercepção, técnicas projetivas
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 151
P41
CAIXA LÚDICA PARA IDOSOS
UTILIZAÇÃO EM CONTEXTO HOSPITALAR
Liliana Cremaschi Leonardi, Avelino Luiz Rodrigues, Kayoko Yamamoto
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Introdução: O envelhecimento é um processo de mudanças universais que se traduz em
diminuição da plasticidade comportamental, aumento da vulnerabilidade, acúmulo de perdas
evolutivas, possíveis crises em função das adaptações necessárias e probabilidade de
morte. O ritmo, a duração e os efeitos desse processo comportam diferenças individuais e
de grupos etários, dependentes de eventos de natureza genético biológica, sócio histórica
e psicológica. A partir do material coletado através das entrevistas e escalas num projeto
de avaliação da qualidade de vida em idosos, percebemos a necessidade de utilização de
um instrumento que não produzisse a sensação de infantilização nos idosos. Diante disso,
refletimos sobre os instrumentos existentes na psicologia que pudessem permitir e/ou facilitar
à aproximação ao público idoso conferindo-lhe a atenção e importância que merecem.
Percebemos que a técnica da caixa lúdica para crianças poderia ser adaptada ao público
idoso, sendo apresentada vazia e solicitando seu preenchimento, surgindo a Caixa Lúdica
para idosos (CLI). Objetivo: utilização da CLI em ambiente hospitalar. Método: Utilização
de dois idosos na realização de três encontros individuais, uma vez por semana, durante
aproximadamente uma hora cada no Hospital Universitário da Universidade de São Paulo com
a utilização da CLI refletindo sobre o adoecimento do corpo e a noção de sofrimento psíquico,
além da aplicação do Mini Exame do Estado mental (MMSE). A pesquisa foi aprovada pelos
Comitês de Ética do Hospital Universitário e Clínica Psicológica da USP. Resultados: A CLI
permitiu coletar e reunir conhecimentos variados e profundos sobre a história de vida dos
pacientes em um curto espaço de tempo, sendo possível realizar algumas intervenções
terapêuticas que proporcionassem reflexões sobre os conflitos, ansiedades, fantasias,
entre outros, funcionando como instrumento de aproximação, facilitando a conversação,
na qual emergiram diversos assuntos de conteúdo emocional diferentes compondo um
mosaico que lhe é peculiar. Conclusões: Sugere um momento único em que o paciente
se sentiu acolhido havendo um “consentimento interno” para que o mesmo efetivamente
se apropriasse de sua caixa e, por conseguinte, de sua história. Atua como elemento
intermediário continente que, ao ser construído, traz à tona não somente as angústias e
dores como também permite recordar e repensar sua história de vida, através da proposta
de preenchimento com o que é importante para o indivíduo, o que lhe dá prazer, o que lhe
nutre o coração, o que lhe toca internamente, integrando passado, presente e perspectivas
de futuro, além dos aspectos preventivos.
Palavras-chave: idosos, diagnóstico, práticas clínicas, prevenção
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 152
P42
THE USE OF GUIDED SELF-HELP DELIVERED BY MOBILE
TECHNOLOGY IN PEOPLE WITH EATING DISORDERS
Ariana Cunha Sousa Clarke, Valentina Cardi, Janet Treasure
Introduction: Studies of guided self-help (GSH) for Eating Disorders (EDs) have showed to
be beneficial. However, the majority have focussed on Bulimia Nervosa (BN) and/or Binge
Eating Disorder (BED), Fewer studies have investigated the use of GSH trans-diagnostically
or in people with Anorexia Nervosa (AN). It is common that following the outpatient treatment
session patients are motivated to instigate change, but that it is difficult to sustain change in
their home environment. Strategies to support change and overcome behavioural difficulties
in an ecologically valid way may be of benefit. Objective: The aim of this pilot study was
to test the acceptability, and benefit of a guided self-help intervention delivered via mobile
technology in eating disorders (EDs). Method: Eighteen people with Anorexia Nervosa (AN)
and eleven people with Bulimia Nervosa (BN) were included in the study for 3 weeks and
self-report and behavioural assessments were made before and after the intervention which
included 10 video clips, a manual and limited guidance. Results: The most reported positive
comment associated with the use of the vodcasts was the increased awareness about the
illness and its consequences. Adherence was good (29/31 subjects completed). A medium
sized increase in Body Mass Index was found in participants with AN. A reduction in the
frequency of purging and loss of control was also found amongst those with binge and purge
symptoms. Eating disorders and mood symptoms significantly lowered (effect size range
= 0.72/1.35), and improvement in cognitive flexibility were reported post-intervention in all
groups. Conclusions: A guided self-help intervention delivered by mobile technology was
both acceptable and associated with symptom change in people with EDs.
Keywords: eating disorders, guided self-help, mobile technology
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 153
P43
CÂNCER DO COLO UTERINO: A IMPORTÂNCIA DO EXAME
PREVENTIVO FRENTE À VISÃO DOS ENFERMEIROS E USUÁRIAS
DE UM POSTO DE SAÚDE DE IMPERATRIZ-MA
Maylani Sousa dos Santos, Layane Bastos dos Santos
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Tocantins
Introdução: O câncer do colo uterino é uma doença maligna que acomete muitas mulheres
e caracteriza um grande problema de saúde pública, pois a cada dia vem aumentando
assustadoramente os índices de mortalidade. Este tipo de câncer é um dos quais ocorrem
com mais frequência na população feminina, atrás apenas do câncer de mama, aumentando
o número de mortes. Sendo assim, o rastreamento desta doença que vem acometendo
mulheres de várias idades e níveis sociais, torna-se importantíssimo para diminuir o índice
de mortalidade ocasionado por esta doença. Objetivos: O principal objetivo dessa pesquisa
constitui avaliar a importância do exame de prevenção do câncer do colo uterino para os
enfermeiros atuantes no posto de saúde. Estando incluso nesta equipe, o enfermeiro pode
ser considerado um verdadeiro pilar, para que a ação preventiva possa ser oferecida de
forma conhecedora, através das ações educativas, realizadas pela equipe de enfermagem
da unidade básica para as usuárias do Sistema Único de Saúde – SUS que realizam
o Exame Preventivo do Câncer do Colo Uterino. Método: Foi realizada uma pesquisa
descritiva, com abordagem quantitativa, desenvolvida com enfermeiros que realizam a
coleta de exame preventivo de um posto de saúde de Imperatriz-MA . O posto de saúde,
conta com um quadro de quatro enfermeiros dentre os quais três destes, são responsáveis
pelo exame de PCCU e um coordena os demais nesta atividade. Resultados: De acordo
com os resultados obtidos, pode-se destacar que os enfermeiros entrevistados consideram
o exame preventivo do câncer do colo uterino de grande relevância para a saúde da mulher,
não podendo ser desprezado por nenhum profissional, nem tão pouco pelas mulheres
que necessitam do mesmo para uma detecção precoce do câncer de colo do útero, o
qual aumentará a possibilidade de cura desta patologia. Conclusões: É possível concluir,
portanto, que esta pesquisa destacou-se e destinou-se aos fatores de avaliação quanto à
importância do exame Papanicolau frente à visão dos enfermeiros e usuárias de um posto
de saúde de Imperatriz – MA, onde o profissional de enfermagem deve estar atuando de
acordo a necessidade da comunidade. Os mesmos para aumentar a adesão ao exame
devem promover ações educativas em salas de espera, e orientando as mulheres durante
as visitas domiciliares sobre a importância do preventivo.
Palavras-chave: câncer do colo uterino, enfermeiro, mulher, preventivo
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 154
P44
USO DO CONTRATO ANTI-SUICÍDIO COMO RECURSO
DE PRESERVAÇÃO DA VIDA NO TRANSTORNO BIPOLAR I:
UM ESTUDO DE CASO
Alexandre Castelo Branco Herênio, Otília Aida Monteiro Loth
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Introdução: De acordo com o Manual Estatístico dos Transtornos Mentais o transtorno
bipolar, comumente conhecido como maníaco-depressivo, pode ser interpretado
descritivamente como uma mescla de transtornos afetivos, podendo incluir: Episódio
depressivo maior, Episódio maníaco, Episódio misto e Episódio hipomaníaco. O transtorno
bipolar I é caracterizado pela presença de depressão unipolar com momentos onde se
manifestam graus variados de agitação, euforia, impulsividade, irritabilidade e ideação
psicótica. O uso de contratos no processo psicoterapêutico é amplamente sugerido
pela Psicologia Cognitiva, com os mais variados objetivos. O contrato anti-suicídio é um
documento produzido pelo terapeuta onde estão registradas alternativas ao comportamento
suicida. Ao assinar o contrato, o paciente se compromete a utilizar estes recursos que podem
ser, por exemplo, ligar para uma pessoa de confiança, repetir frases com crenças positivas,
realizar técnicas de relaxamento, etc. Objetivo: O objetivo do presente estudo é testar o
uso do contrato anti-suicídio como medida de contenção de comportamentos suicidas em
uma paciente diagnosticada com transtorno bipolar I. Método: A participante, de nome
fictício Ana, 46 anos, diagnosticada com Transtorno Bipolar I há 15 anos, faz uso diário de
anti-depressivo, ansiolítico, anti-psicótico e estabilizador de humor. Ana realizou incontáveis
comportamentos nocivos a sua sobrevivência, sempre com a intenção de se livrar de
momentos de crise. Está em psicoterapia semanal há 6 meses e comentou ter realizado
por volta de 11 comportamentos com intenção suicida nos últimos 2 anos, sendo que o
último ocorreu na segunda semana de psicoterapia. A alta freqüência deste comportamento
elucidou a necessidade da utilização de técnicas de contenção do mesmo. Para tanto, foi
feito um contrato impresso em folha de papel A4, onde a paciente se compromete a utilizar,
quando estiver em crise, algumas técnicas trabalhadas previamente em psicoterapia com
2 objetivos centrais: combater as crenças que precedem o comportamento suicida e a
reprodução de técnicas de relaxamento respiratório e muscular. Alem disso, a paciente se
compromete a ligar para alguma pessoa de sua confiança, ou, até mesmo, para o terapeuta.
Resultados: Após 5 meses da utilização da técnica e 6 meses do início do tratamento
psicoterapêutico, Ana relatou não ter realizado comportamentos suicidas, apesar de neste
período ter enfrentado crises. Conclusões: Com base nos resultados obtidos, pode-se
inferir que o contrato anti-suicídio é uma ferramenta eficiente no processo psicoterapêutico
de pacientes com histórico ou pré-disposição ao comportamento de auto-extermínio. É
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 155
importante ressaltar que o contrato é um recurso terapêutico que deve ser utilizado para
acrescentar ganhos no processo psicoterapêutico, sendo ele por si só uma ferramenta
inócoa. Também considera-se que a relação de confiança estabelecida entre o paciente e
o terapeuta foi de fundamental importância para a eficácia da técnica.
Palavras-Chave: transtorno bipolar, suicídio, contrato terapêutico, psicologia cognitiva
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 156
P45
ADAPTAÇÃO TRANSCULTURAL DE INSTRUMENTOS
DE AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA PARA
O CONTEXTO BRASILEIRO
Carolina Ruiz Longato, Sonia Regina Pasian
Programa de Pós-Graduação em Psicologia - Departamento de Psicologia
Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo
Introdução: No Brasil, pesquisadores e clínicos que trabalham na área da Neuropsicologia
enfrentam dificuldades com instrumentos avaliativos, dada escassez de testes padronizados
para uso no contexto brasileiro. Verifica-se, portanto, necessidade de investimentos científicos
na adaptação de instrumentos a serem utilizados em processos de avaliação neuropsicológica.
Objetivo: Apresentar panorama (a partir de revisão bibliográfica) a respeito de investigações
científicas brasileiras voltadas aos processos de adaptação de instrumentos de avaliação
neuropsicológica para o Brasil, procurando verificar seus procedimentos técnicos e de
análise de qualidades psicométricas. Método: Foi realizada busca bibliográfica no portal de
pesquisa da Biblioteca Virtual em Saúde, no portal de periódicos da CAPES e na base Scopus,
usando as palavras-chave: “avaliação neuropsicológica” ou “neuropsicologia”, combinadas
uma a uma com as seguintes: “adaptação transcultural”; “adaptação de instrumento”;
“padronização”; “validade”; “precisão” e “normas”. Foram selecionados artigos científicos
publicados em periódicos indexados nas referidas bases bibliográficas, assim como teses
e dissertações. Os artigos que apareceram mais de uma vez, em diferentes combinações
de palavras-chave ou em mais de uma base consultada, foram computados uma única
vez. Foram excluídos artigos que não tratavam de estudos de adaptação transcultural de
instrumentos de avaliação neuropsicológica para a população brasileira, trabalhos de tradução
e adaptação cultural para o português de Portugal e estudos de revisão de literatura. Os
artigos selecionados (por especificidade ao tema em foco nessa revisão bibliográfica) foram
examinados na íntegra, verificando-se procedimentos técnicos realizados na adaptação
transcultural e estratégias tomadas para examinar qualidades psicométricas dos instrumentos
de avaliação neuropsicológica pesquisados. Resultados: Foi possível identificar 54 trabalhos
cadastrados nas bases de dados consultadas nos últimos 11 anos (2001 a 2012), proporção
considerada reduzida frente à necessidade prática da área. Desse total, apenas oito artigos
foram integralmente recuperados, subsidiando adequada análise nesse momento. Dos
artigos recuperados, quatro realizaram tradução do instrumento da língua original para o
português, além de procedimentos específicos de retrotradução do instrumento final. Seis
artigos apresentaram estudos-piloto da nova versão do instrumento. Quatro realizaram
procedimentos relativos à avaliação da fidedignidade, dos quais dois recorreram ao método da
análise da consistência interna, um ao método das metades e um deles realizou dois métodos
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 157
(teste-reteste e consistência interna). Três estudos realizaram procedimentos relativos à
análise da validade, sendo que um avaliou a validade de critério, um avaliou a validade de
construto e um realizou ambos os métodos de verificação de evidências de validade. Não
foram encontrados trabalhos que se propuseram a estabelecer normas avaliativas da nova
versão do instrumento de avaliação neuropsicológica para o contexto do Brasil. Conclusões:
A maioria dos estudos recuperados seguem diretrizes internacionais e nacionais de adaptação
de instrumentos de avaliação psicológica, porém em contextos específicos e com amostras
de conveniência, limitando a possibilidade de uso desses recursos técnicos na realidade
brasileira. Esses trabalhos contribuem para se evidenciar sinais de validade e de precisão
dos instrumentos de avaliação neuropsicológica para o contexto nacional, porém ainda numa
reduzida proporção frente à demanda de processos de avaliação neuropsicológica existentes
no cotidiano dos serviços clínicos. (CAPES).
Palavras-chave: adaptação transcultural, avaliação neuropsicológica, revisão bibliográfica,
psicometria, validade, precisão
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 158
P46
AFINAL, PRA QUE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA
NA CIRURGIA BARIÁTRICA?
Jane Biscaia Hartmann, Camila Cortellete Pereira da Silva
Hospital Universitário de Maringá
Introdução: Com o aumento da prevalência da obesidade junto à população mundial e a
facilitação do acesso desta à cirurgia bariátrica, no sistema de saúde pública ou privado,
este grupo de pacientes ve-se na obrigatoriedade de submeter-se ao processo de avaliação
e preparo para cirurgia bariátrica, como um pré-requisito para efetivação da referida cirurgia,
geralmente indicada para os pacientes com excesso de peso, com índices de massa
corporal acima de 40 kg/m² ou acima de 35 kg/m² com doenças associadas. Entretanto
se por um lado existe a “obrigatoriedade” do laudo psicológico (ou psiquiátrico) no précirúrgico, para dar conta de um tratamento multidisciplinar, por outro lado isso não significa
um reconhecimento ou valorização desta etapa de preparação para o início de um processo
de tratamento por parte da equipe médica e muitas vezes nem mesmo por parte do paciente
que “submete-se” a este formato de protocolo. Responsáveis pela avaliação psicológica,
nós psicólogos enveredamos por um diagnóstico psicodinâmico, procurando investigar a(s)
angústia(s) predominante(s), os tipos de defesa utilizadas, identificando vínculos e relações
familiares/sociais, entre os múltiplos aspectos envolvidos na etiologia da obesidade, além
de procurarmos efetivar um diagnóstico nosológico com verificação do estado mental, com
descrição, intensidade e freqüência dos sintomas visando em muitos casos, uma classificação
diagnóstica seja com o CID10 ou o DSM-IV. Efetuamos também um diagnóstico descritivo
e psicodinâmico do paciente e para então atestar a “aptidão” do paciente para submeterse ao procedimento cirúrgico. Metodologia: Neste cenário, pretende-se apresentar relato
de experiência do protocolo de avaliação e preparo para cirurgia bariátrica do Hospital
Universitário de Maringá, advindo da experiência resultante de 16 anos de trabalho no
Ambulatório Cirúrgico da Obesidade onde são atendidos 6 pacientes/dia e operados 4
pacientes/mês. Resultados e conclusão: tratando-se de um hospital escola e serviço de
referência credenciado na macro região, tivemos a possibilidade de implantar um processo
de avaliação e preparo para a cirurgia bariátrica, com um número mínimo de 8 sessões no
pré-operatório (que pode ser estendido se necessário) onde a avaliação prevê a utilização de
entrevistas clínicas, do Teste das Pirâmides Coloridas de Pfister, as vezes do Teste Zulliger
e atividades projetivas, visando um diagnóstico psicodinâmico e nosológico do paciente
sem que isso acabe por impedir o acesso do paciente ao procedimento cirúrgico, como via
de regra costuma acontecer. Esse processo passou a sofrer modificações a medida que os
critérios de avaliação e exclusão foram “evoluindo” e sendo estendidos ao longo dos anos
(deixando de ter uma idade mínima ou máxima, relativizando psicopatologias como fatores
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 159
de exclusão entre outros) e frente a uma característica bastante proeminente de tentativa
de manipulação e dissimulação destes pacientes. Estes aspectos levaram ao delineamento
de mudança no processo de avaliação e preparo cujo objetivo segundo passou a ser a
sensibilização do paciente para um processo psicoterápico posterior à cirurgia, como forma
de dar sentido e significado ao processo de adoecer e tratar o transtorno alimentar imbricado
na obesidade mórbida.
Palavras-chave: obesidade mórbida; cirurgia bariátrica; avaliação e preparo cirúrgico
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 160
P47
ALTERAÇÃO COGNITIVA NA PRESENÇA DE TUMOR CEREBRAL:
CONTRIBUIÇÕES DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
Arlene de Castro Barros, Sandra de Fátima Barboza Ferreira
Hospital Araújo Jorge da Associação de Combate ao Câncer em Goiás (ACCG)
e Pontifícia Universidade Católica de Goiás (PUC-GOIÁS)
Introdução: A avaliação neuropsicológica investiga as funções cognitivas, emocionais
e comportamentais, utilizando-se de testes e procedimentos padronizados, com objetivo
diagnóstico, pesquisa ou auxílio no planejamento da reabilitação. As principais funções
mentais e áreas avaliadas incluem orientação, atenção, memória e aprendizagem, linguagem
e funções verbais, habilidades acadêmicas, organização e planejamento, percepção, funções
motoras, humor, comportamento e personalidade (GIL, 2002). Neste trabalho destacar-se-á
a aplicação da neuropsicologia ao conhecimento dos tumores cerebrais (PRICE, GOETZ &
LOVELL, 2006). Os meningiomas constituem cerca de 15% dos tumores do Sistema Nervoso
Central, têm crescimento lento, leve predomínio no sexo feminino, freqüente a partir dos 50
anos. É comum desencadear paraparesia (perda parcial das funções motoras dos membros
inferiores), alterações comportamentais e cognitivas, do controle esfincteriano, e hipertensão
intracraniana (ANDRÉ, 1999). A principal forma de tratamento é a cirurgia, sendo rara a
necessidade de radioterapia ou quimioterapia (DEMPSEY & ALDERSON, 2006). Jones,
Dempsey e Alderson (2006) apontam que os sintomas surgem de forma variada: cefaléia,
diplopia horizontal (doença da vista que duplica as imagens dos objetos), papiledema,
náuseas ou vômitos, desequilíbrio e descoordenação motora, febre intermitente, pulso e
frequência respiratória anormalmente rápidos ou lentos. Muitas das funções cognitivas
compartilham de trajetos nas conexões neurais (RATEY, 2002), podendo afetar a natureza
e a gravidade dos sintomas cognitivos, devido ao tipo e crescimento do tumor cerebral.
Sendo de grande incidência em adultos, os tumores cerebrais podem acarretar prejuízos
cognitivos graves, alterações leves ou, ainda, ser assintomáticos. Objetivo: Apresentar as
contribuições da avaliação neuropsicológica realizada em uma paciente com tumor cerebral meningioma, não cirurgiado. Método: Participante do sexo feminino, 72 anos, diagnosticada
com meningioma, há 10 anos, porém assintomática até o início de 2011, quando começou
a apresentar alterações da marcha, equilíbrio corporal, audição e visão. Avaliada durante o
mês de junho de 2011, no Centro de Pesquisas e Práticas Psicológicas do Departamento
de Psicologia da Pontifícia Universidade Católica, em Goiânia-GO, apresentando déficits
motores (equilíbrio e marcha) e sensoriais (auditivo e visual). Os instrumentos utilizados foram:
entrevista semi-estruturada com paciente e filho (SPREEN & STRAUSS, 1998); Subteste
Procurar Símbolos da Wais-III; Teste de Memória Lógica; Teste de Cancelamento dos Sinos;
Três figuras e Três palavras; Teste Figuras Complexas de Rey; Teste de Trilhas Coloridas;
Cartela do Roubo dos Biscoitos da BDAE; Teste de Nomeação Boston; Rey Auditory Verbal
Learning Test – RAVLT; Teste Fluência Verbal – F.A.S e Animais; Visuopacial Organization
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 161
Test – VOT – Hooper; Clinical Dementia Rating Scale – CDR. O procedimento se deu
com informações obtidas através de observações clínicas, exames laboratoriais e testes
neuropsicológicos. Totalizaram sete sessões, concluídas com entrevista devolutiva à paciente
e ao filho, e, entrega do relatório de avaliação neuropsicológica. Resultados: Dados obtidos
da entrevista: em 2011, leve aumento do tumor cerebral e início de processo de hidrocefalia
que, não corrobora para a sintomatologia apresentada, segundo neurocirurgião. Questionado
quadro demencial inicial. Iniciou-se a avaliação neuropsicológica. Dados obtidos de testes
psicométricos: funções alteradas (atenção alternada, memória operacional, memória auditivoverbal, pictórica, percepção auditiva, memória episódica, memória autobiográfica; destreza
motora; planejamento, orientação do comportamento em direção a metas, flexibilidade
mental); funções íntegras (emissão e recepção da linguagem; atenção seletiva, percepção
visual, memória semântica, memória procedural, reconhecimento visual, leitura, praxia
ideomotora, ideatória, construtiva; observada preservação da função com latência aumentada
e velocidade do processamento diminuída). Conclusão: Heminegligência esquerda; prejuízo
de memória imediata e remota. Prejuízo de funções executivas. CDR-1. A avaliação contribuiu
no aprofundamento da investigação das alterações cognitivas e apontou um conjunto de
alterações secundárias ao tumor: de atenção, sobretudo no rastreio visual e heminegligência
esquerda, corroborando dados destacados por Price, Goetz e Lovell (2006). Estes achados
apóiam a tese de possível quadro demencial, merecendo monitoramento.
Palavras-chave: tumor cerebral, avaliação neuropsicológica
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 162
P48
ALTERAÇÕES NA PERCEPÇÃO VISUAL DE FORMA E TAMANHO
EM PACIENTES ESQUIZOFRÊNICOS INTERNADOS E NO CAPS
Ítalo Osman dos Santos, Rodolfo Messias Lessa, Alexandre Cavalcante Lira Wanderley,
Edcarla Melissa de Oliveira Barboza, Gilmara Geisa Correia, Grace Ane Morgana Cavalcante de Queiroz,
Maria Luisa Maia Nobre Paiva, Mariana Alves Santos, Marina Silvestre Barbosa, Jéssica Oliveira,
Viviane Monteiro do Nascimento, Fernanda Santos Fragoso Modesto,
Maria Lucia de Bustamante Simas, Renata Maria Toscano Barreto Lyra Nogueira
Universidade Federal de Alagoas, Universidade Federal de Pernambuco
Introdução: A esquizofrenia é um transtorno neuropsiquiátrico cujas lacunas acerca da
etiopatogenia procuram ser superadas por aqueles que tratam e estudam esse transtorno.
Objetivo: O presente estudo teve como objetivo avaliar alterações na percepção visual
de forma e tamanho em portadores de esquizofrenia em acompanhamento no Centro de
Atenção Psicossocial e Hospital Psiquiátrico utilizando estímulos visuais complexos. Método:
Participaram 45 voluntários de ambos os sexos, faixa etária entre 20-45 anos com acuidade
visual normal ou corrigida, que foram divididos em dois grupos. O grupo experimental (GEH)
foi composto por 29 pacientes portadores de esquizofrenia do Hospital Escola Dr. Portugal
Ramalho na cidade de Maceió-AL, todos devidamente medicados. O grupo experimental (GEC)
foi composto de 16 pacientes dos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) Casa Verde e
Maria Salete Silva na cidade de Maceió-AL, também devidamente medicados e diagnosticados
como portadores de Esquizofrenia. Para o experimento foram utilizados como estímulos
visuais 24 quadros do artista Salvador Dalí, 15 quadros da artista BevDoolittle e 10 pranchas
de Rorschach. Após a coleta de dados, o pesquisador mediu as figuras circuladas em cada
quadro em centímetros, e posteriormente as transformou em grau de ângulo visual para a
análise estatística, utilizando a fórmula matemática a seguir: Tang a = Tamanho da figura (cm)
/ Distância do observador (30 cm). Resultados: Na análise de desempenho de cada grupo,
as medias angulares por categoria de estimulo foram para GEH: (Dalí: 17,2; BevDolittle: 19,3;
Rorschach:18,7), e para o GEC: (Dalí: 15,8; BevDoolittle: 17,1; Rorschach: 18), com isso, de
acordo com os dados estatísticos foi notada uma maior predileção dos pacientes dos Hospitais
por imagens maiores, sendo que 66% destes pacientes escolheram figuras com ângulos de 15°
e 20º, e nos pacientes dos CAPS 44% preferiram figuras com 15° e 20º. Conclusão: Constatouse que há alterações na percepção visual da forma em esquizofrênicos, ou seja, as propriedades
inerentes a esse transtorno são capazes de alterar os mecanismos desse processamento.
Ademais, foi observada ainda uma diferença entre os próprios portadores do transtorno, já
que aqueles que se encontravam no Hospital Psiquiátrico (GEH) apresentaram respostas em
que a média geral de ângulo visual foi maior do que a encontrada em pacientes usuários dos
CAPS (GEC), o que sugere que a gravidade dos sintomas e seu tipo sintomatológico exerçam,
de certa forma, uma influência sobre suas respostas.
Palavras-chave: esquizofrenia, percepção visual, CAPS, hospital
Apoio financeiro: CNPq
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 163
P49
ASPECTOS PSICOLÓGICOS RELACIONADOS
À RETINOPATIA DA PREMATURIDADE
Alcione Aparecida Messa, Juliana Maria Ferraz Sallum, Ricardo Belfort Mattos
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
Introdução:A retinopatia da prematuridade (ROP) é uma doença ocular que acomete bebês
prematuros, como consequência da condição de imaturidade e da sobrevivência dos mesmos,
entre outros fatores de risco. O nascimento prematuro com sequelas oculares apresenta
desafios para a família, incluindo a aceitação e adaptação para os tratamentos. Os conteúdos
emocionais da vivência dos pais são diversos e influenciados pela instabilidade do período
perinatal de seus filhos. Objetivo: Avaliar os aspectos psicológicos dos pais e/ou cuidadores
de crianças com retinopatia da prematuridade em relação à doença ocular de seus filhos.
Métodos: utilizou-se entrevista psicológica semidirigida orientada por um roteiro prévio. As
entrevistas foram transcritas e organizadas em eixos temáticos, analisados segundo a técnica
de análise de conteúdo. Os participantes da pesquisa foram pais de crianças até três anos,
prematuras, com diagnóstico de Retinopatia da Prematuridade, com ou sem tratamento
prévio, e ausência de sequelas neurológicas, atendidas no Departamento de Oftalmologia
da UNIFESP. Resultados: Participaram da pesquisa 43 indivíduos. As entrevistas foram
organizadas em eixos temáticos: prematuridade e impacto do diagnóstico, compreensão
da doença, experiência e adaptação ao ROP, dificuldades, influência positiva, mudanças,
expectativas e impressões e futuro.Conclusão: o diagnóstico de ROP é impactante para os
pais, compreendido a partir de seu repertório sociocultural e escolaridade e amenizado pela
presença de suporte familiar e profissional; o processo de adaptação é único e específico
de cada família; as dificuldades são sentidas frente ao posicionamento social da criança; as
famílias se adaptam em uma reorganização financeira, de papéis e adiamento de projetos;
a vivência dos pais é permeada por confusão de sentimentos; a vivência apresenta ganhos
como transformações pessoais e reorganização de valores possibilitando aos pais manterem
um vínculo positivo com a criança e esperança na melhora; a insegurança e receio de
sequelas são superados à medida que os pais se asseguram da estabilidade da criança
e do desempenho de seus papéis nos cuidados. A entrevista psicológica mostrou-se um
instrumento adequado para a obtenção dos resultados da pesquisa.
Palavras-chave: fenômenos e processos psicológicos, retinopatia da prematuridade,
baixa visão
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 164
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ASSOCIAÇÃO ENTRE PRESSÃO ARTERIAL, ESTRESSE
PERCEBIDO E CORTISOL SALIVAR EM TRABALHADORES DO
SETOR ADMINISTRATIVO DE EMPRESA DE TRANSPORTES
Andressa Melina Becker da Silva, Vanessa Marques Gibran, Sônia Regina Fiorim Enumo
Pontifícia Universidade Católica de Campinas/SP
Introdução: Os funcionários do setor administrativo de empresa de transportes são
caracterizados por trabalharem exaustivamente, fazendo transações burocráticas,
tecnológicas e sistemáticas, o que pode gerar um quadro de estresse. Esta condição,
associada a várias horas sentadas em frente a um computador (sedentarismo), pode
desencadear um aumento na pressão arterial, levando a prejuízos para a saúde. Muitas
vezes, esse estresse não é percebido devido à rotina, mas medidas objetivas, fisiológicas,
como a concentração de cortisol na saliva ou no sangue, indicam haver um estresse instalado.
Objetivo: O objetivo deste estudo foi avaliar a existência e o tipo de associação existente
entre pressão arterial, estresse percebido e cortisol salivar em trabalhadores do setor
administrativo. Método: Primeiramente, todos os princípios éticos de pesquisa com seres
humanos foram seguidos. Participaram do estudo 37 funcionários do setor administrativo de
uma empresa de transportes, de ambos os gêneros, com idade média de 34,71 anos (DP
= 8,57). Para aferição da pressão arterial, utilizou-se um esfignomamometro devidamente
calibrado. Para a coleta de cortisol salivar, utilizou-se o tubo Salivette® e análise bioquímica
conforme método ELISA. Aplicou-se também a Escala de Estresse Percebido, instrumento
validado. Empregou-se estatística descritiva de Regressão Linear Simples, já que, após
realizar os testes de Kolmogorov-Smirnov e de Levene, percebeu-se que os dados tinham
uma distribuição normal e homogênea. Resultados: Em relação à pressão arterial, 48,64%
dos participantes apresentaram pressão arterial normal ou ótima, 16,21% pressão arterial
limítrofe e 35,13% apresentaram algum nível de hipertensão arterial. Todos os participantes
estavam com altos níveis de estresse percebido, acima da média, e 35,3% estavam com as
concentrações de cortisol salivar acima do recomendado para população adulta saudável,
segundo normativas laboratoriais. Não houve associação significativa entre pressão arterial
e estresse percebido, nem para pressão arterial e cortisol salivar; mas, houve associação
significativa e positiva entre estresse percebido e cortisol salivar (p ≤ 0,010). Conclusões:
Os dados mostram que, à medida que há aumento dos níveis de estresse percebido, também
se elevam as concentrações de cortisol salivar. Alguns funcionários apresentam hipertensão
arterial e, portanto, precisam de acompanhamento médico. Entretanto, nem a hipertensão,
nem a normotensão foram influenciados pelo nível de estresse, seja ele percebido ou
psicofisiológico. Estes dados requerem maior investigação para determinar quais hábitos de
vida desses trabalhadores influenciam a pressão arterial, e, consequentemente, sua saúde.
Apoio: CAPES (bolsa de doutorado para as primeiras autoras); CNPq/MCTI (bolsa de
produtividade em pesquisa para a última autora, orientadora).
Palavras-chave: cortisol, estresse, pressão arterial
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 165
P51
ASPECTOS PSICOMOTORES NA
SÍNDROME DE KLIPPEL – TRENAUNAY
Vanessa Marques Martins, Thais Nascimento Oliveira,
Sandra de Fátima Barbosa Ferreira, Maria das Graças Nunes Brasil
PUC –Goiás, HC-UFG
Introdução: A Síndrome de Klippel – Trenaunay (SKT) está associada a mutação somática
e também pode ser devida a alterações autossômicas ou anormalidade mesodérmica no
período fetal. As manifestações clínicas dependem do segmento corporal afetado, geralmente
um dos membros corporais, unilateralmente conhecida também como gigantismo circunscrito.
Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar a avaliação psicomotora, realizada com um
paciente diagnosticado com a SKT. Metodologia: Participou deste estudo uma criança
em atendimento no Hospital das Clínicas, da Universidade Federal de Goiás, com cinco
anos de idade, do sexo masculino, cursando o Jardim II, diagnosticada com SKT. Utilizouse a Avaliação Psicomotora de Picq e Vayer, com vistas a avaliar as seguintes condutas
motoras: Coordenação dinâmica das mãos, coordenação dinâmica geral, equilíbrio/controle
postural, controle segmentário/controle do próprio corpo, organização espacial, estruturação
espaço-temporal, observação da dominância lateral e prova de rapidez, para uma possível
reabilitação do paciente. Resultados: O exame clínico apontou para hipertelorismo,
hiperhidrose, hemangioma cutâneo plano. Os resultados indicam performance rebaixada
nas provas que demandam coordenação das mãos, coordenação dinâmica, equilíbrio e
controle do próprio corpo. Porém, nas provas de representação e linguagem permaneceu
dentro da média. Por outro lado, a criança apresenta crescentes dificuldades nas condutas
motoras de base expressas desde a dificuldade em abrir a maçaneta da porta (preensão),
alterações no equilíbrio derivadas do crescimento assimétrico do corpo e conseqüentes
repercussões na coordenação das mãos, execução de movimentos simultâneos e equilíbrio
dinâmico. Conclusão: Discutiu-se que essas condutas psicomotoras alteradas apresentamse secundárias ao gigantismo circunscrito, comprometendo a capacidade motora diária.
A despeito de um esquema corporal adequado a criança apresentou no nível simbólico
alterações na representação da imagem corporal, que refletem as desfigurações físicas
provocadas pela síndrome.
Palavras-chaves: Síndrome de Klippel – Trenaunay (SKT), psicomotricidade, imagem
corporal
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 166
P52
CONTRIBUIÇÕES DA AVALIAÇÃO NEUROPSICOLÓGICA
NA SÍNDROME DE KLIPPEL – TRENAUNAY (SKT)
Vanessa Marques Martins, Bruna Vaz de Melo e Freitas,
Sandra de Fátima Barbosa Ferreira, Maria das Graças Nunes Brasil
PUC –Goiás, HC-UFG
Introdução: Síndrome de Klippel - Trenaunay é caracterizada por uma tríade sintomatológica
que consiste na presença de hemangiomas capilares, hipertrofia óssea e de tecidos moles e
dilatações nervosas. A etiologia é incerta, mas pode estar associada à mutação somática e
alteração genética autossômica dominante. É também conhecida como gigantismo circunscrito
e pode vir acompanhada por alterações cognitivas. Objetivo: O objetivo deste trabalho é relatar
a avaliação neuropsicológica realizada com uma criança com diagnóstico de SKT com vistas
a estabelecer seu perfil cognitivo, seu perfil intelectual e emocional. Metodologia: Participou
deste estudo uma criança do sexo masculino, com cinco anos de idade diagnosticada com
SKT, cursando o Jardim II, apresentando clinicamente a tríade sintomatológica da síndrome
e ligado ao serviço de Pediatria do Hospital das Clínicas, da Universidade Federal de Goiás.
(Foram realizadas 11 sessões, sendo uma sessão de entrevista inicial, nove de atendimento
e uma de devolutiva). Procedeu-se a Avaliação Neuropsicológica utilizando-se dos seguintes
instrumentos: Entrevista semi- estruturada com o paciente e com o responsável, Hora do Jogo
Diagnóstico; Avaliação Psicomotora de Picq e Vayer; Adaptação da Escala Portage guide to
early education (Escala para a avaliação do desenvolvimento infantil); Escala de Maturidade
mental Columbia; Prova Gráfica de Organização Perceptiva (Santucci) e House- Tree,- Person
(HTP). Resultados: O exame clínico apontou para hipertelorismo, hiperhidrose, hemangioma
cutâneo plano, além de relatos de crise convulsiva desde os dois anos de idade. O exame
Neurológico evolutivo (ENE) confirmou os sinais da síndrome SKT e o desenvolvimento
cognitivo normal. A avaliação neuropsicológica indicou através da Escala de maturidade Mental
Columbia nível intelectual médio superior. A Escala Portage to earlu education aponta como
condutas adquiridas a repetição, o uso da forma condicional SE, uso de sentenças compostas, a
nomeação de texturas; cores; posição, contagem, compreensão de instruções verbais e relatos
de experiências diárias, A Avaliação Psicomotora de Picq e Vayer apontou como condutas
adequadas ao nível de idade,o nível representativo e de linguagem, ao passo que a coordenação
das mão, coordenação dinâmica, equilíbrio e coordenação do corpo apresentaram-se aquém
do esperado. Conclusão: Discuti-se que essas alterações comprometam sua funcionalidade
motora e que são secundarias à assimetria corporal impostas pela SKT. Discutiu-se ainda que a
criança mantém vida intelectual rica com funções cognitivas preservadas, sendo estas, atenção,
memória, percepção, linguagem e viso construção. Do ponto de vista emocional o paciente
demonstrou ansiedade, alterações da imagem corporal e identificação projetiva com máquinas.
Palavras-chave: Síndrome de Klippel – Trenaunay, avaliação neurpsicológica, gigantismo
circunscrito, aspectos cognitivos
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 167
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A IMPORTÂNCIA DA AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA EM SITUAÇÃO
DE DESASTRE: RELATO DA PRÁTICA NO INCÊNDIO DA
BOATE KISS EM SANTA MARIA/RS
Caroline Santa Maria Rodrigues, Leticia Domingues Bertuzzi, Ana Caroline Toledo Pires,
Karina Kunieda Polido, Daiane Manoela Ferri da Cunha
Hospital São Lucas da PUCRS; Prefeitura Municipal de Porto Alegre;
Ciclus – Espaço de Cuidado Integral ao Luto; Secretaria Municipal de Saúde de Porto Alegre/RS
Introdução: Em situações de crise e emergência, tanto a avaliação geral de danos
acarretados, como a avaliação psicológica se fazem imprescindíveis ainda que em meio ao
caos e à emergência da situação, pois estas precedem a ação, compreendendo justamente
a análise de demandas psicológicas e a organização da intervenção psicológica que se fará
a partir de então. Da compreensão do evento, destacam-se: os aspectos culturais, políticos
e sociais; a identificação das problemáticas em saúde mental; a avaliação das necessidades
psicossociais da população e a realização de orientações, que podem auxiliar a instauração
de sentimentos de proteção e confiança em meio ao caos. Objetivo: A avaliação inicial do
incêndio ocorrido na boate Kiss, no município de Santa Maria/RS, teve como identificação a
ação comunitária através de grupos de apoio voluntário, grupos de salvamento e resgate das
vítimas. O objetivo constitui-se de avaliar as preocupações e demandas dos familiares, as
situações de risco, as reações agudas ao estresse, a articulação com os recursos de apoio e
a realização de assistência prática. Método: No que tange ao apoio psicológico, profissionais
com experiência na área das emergências propuseram um modelo de acompanhamento
aos familiares das vítimas baseado na capacitação dos psicólogos voluntários que haviam
prestado os primeiros auxílios às mesmas. Resultados: Através da avaliação realizada, a
Secretaria da Saúde mantém aberto por 24 horas um CAPS na cidade de Santa Maria (local
onde hoje é feita a assistência aos familiares) e na cidade de Porto Alegre (município com
grande transferência de pacientes vítimas do incêndio), criou-se o Centro de Hospitalidade
(local referência para o atendimento de familiares, abarcando necessidades sociais, físicas
e mentais). Conclusão: Numa intervenção em emergência como a de Santa Maria, que
abrangeu um grande número de vítimas e, portanto, de familiares, lidou-se com uma demanda
para a qual os profissionais locais não estavam preparados. Neste caso, havendo uma
gama de profissionais voluntários, contudo, sem a capacitação para uma intervenção em
crise, a avaliação psicológica foi de extrema importância para a identificação de demandas e
prioridades, e posteriormente, a organização da ação psicológica em si, que se dividiu em duas
etapas: crise (acolhimento aos familiares durante a identificação das vítimas e cerimoniais
e de despedida) e pós-crise (psicoterapia com enfoque no luto aos familiares e vítimas
sobreviventes - esta etapa conduzida por voluntários locais após período de capacitação).
Palavras-chave: avaliação psicológica, desastre Santa Maria, emergência, crise
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 168
P54
A COMUNICAÇÃO NAS ATIVIDADES EDUCATIVAS
REALIZADAS EM HOSPITAL PEDIÁTRICO
Fernanda Seidel Bortolotti, Alexsandra Marinho Dias, Claiza Barretta,
Janaina de Fátima Zdebskyi, Marcia A. Miranda Oliveira,
Mariane de Almeida Flores, Tatiane dos Santos Diniz
Universidade do Vale do Itajaí
Introdução: Durante a internação hospitalar da criança o apoio social é fundamental para o
familiar cuidador. Esse apoio às famílias e também aos pacientes pode ser ampliado através
da construção de relações dialógicas, reduzindo seus temores e dúvidas. Empoderado
pela informação, o cuidador torna-se melhor preparado para agir perante os problemas que
as crianças internadas possam vir a enfrentar. Objetivo: Relacionar o diálogo e o uso de
materiais lúdicos como importantes ferramentas da comunicação facilitadora na educação
em saúde para cuidadores de crianças hospitalizadas. Método: O projeto de extensão
Humanizar e Educar em Saúde é realizado em um Hospital Universitário Infantil e conta com
acadêmicas das áreas de Psicologia, Fisioterapia e Nutrição. Os cuidadores são convidados
a participar através de convites feitos nos quartos, em seguida os mesmos são acolhidos no
ambiente destinado as reuniões e conduzidos a participarem ativamente na roda de conversa.
Os temas são discutidos por meio de uma conversa informal e materiais lúdicos. Nessa
conversa são esclarecidas dúvidas dos cuidadores sobre os diversos temas relacionados
à saúde, oportunizando o aprimoramento do conhecimento e da comunicação. Ao final do
encontro os beneficiados realizam uma avaliação da reunião através de um questionário
que possibilita indicarem se a reunião foi boa, regular ou ruim, também dá-se a oportunidade
de deixarem alguma sugestão. Resultados: O uso do material lúdico no hospital contribuiu
para uma conversa mais dinâmica, fluída e informal entre os cuidadores e os integrantes
do projeto. De acordo com as falas dos cuidadores, o encontro foi avaliado como bom, com
sugestões e comentários positivos. Conclusões: Percebe-se que a conversa informal e
a utilização de materiais lúdicos são essenciais para a construção de uma comunicação
facilitadora, que por sua vez garante benefícios verdadeiros e concretos aos cuidadores. A
utilização dessa combinação é altamente indicada a ser implantada nos hospitais, objetivando
melhorar a qualidade do atendimento e da comunicação entre os profissionais da saúde e
os usuários serviço. Por fim, conclui-se que os cuidadores tem seu aprendizado sobre as
condições de saúde facilitado através das estratégias adotadas, ampliando o entendimento
que têm a respeito do estado da criança. Desse modo, melhora-se o relacionamento entre
acompanhante e internado, já que o primeiro conhece e sabe como agir em relação ao
momento do segundo.
Palavras-chave: hospitalização, lúdico, comunicação, saúde, cuidadores
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 169
P55
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS NO HOSPITAL REGIONAL DE ASSIS:
UM LUGAR DE SONHO, DE FANTASIAS E DE RECUPERAÇÃO
Patrícia Arras Bertozzi, Helena Rinaldi Rosa, Maria Luísa Louro de Castro Valente
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” – Faculdade de Ciências e Letras – Assis
Introdução: O ambiente hospitalar geralmente é conhecido por ser um lugar que remete a
dor e angústia, por este motivo os pacientes sofrem um abalo emocional na sua entrada, o
que pode dificultar sua recuperação durante sua internação. A maioria das pessoas internadas
já conhece alguém ou no mínimo ouviu relatos de algum conhecido que teve seu estado
agravado nesse lugar, por este motivo é necessário uma intervenção para modificar essa
imagem de um hospital mórbido, assim, transformando-o em um local de reflexão e recomeço,
sendo a leitura um meio para isso. Deste modo, foi realizado este projeto, que contava com
a participação de 16 alunas do curso de Psicologia da UNESP, com o objetivo contar
histórias a pacientes internados no Hospital Regional de Assis-HRA, nas enfermarias
de diversas especialidades como a Pediatria, a Clínica Médica e a Cirúrgica. Método: A
modalidade de textos utilizados foi o conto de fadas, sendo estes separados e discutidos
nas supervisões semanais do grupo, para que sejam posteriormente transmitidos aos
pacientes dispostos a compartilhar seu tempo e atenção com os alunos voluntários. As
alunas compareciam semanalmente às clínicas que participavam do projeto, em duplas
ou trios, e liam os contos por cerca de 30 a 45 minutos, em cada leito individualmente.
Resultados: Ler para o outro permite estabelecer uma relação de atenção e vínculo, não
só entre os vários fragmentos de uma história, mas também entre o leitor e os ouvintes,
além de criar laços afetivos e de respeito mútuo, partilhar mundos em fantasia e memórias
coletivas de um passado que conforta e reassegura no presente. Podemos considerar
que algumas histórias já são conhecidas por um grande número de pessoas, no entanto,
em cada momento e idade e, em função das experiências vividas, o que nos mobiliza,
encanta e o significado que nos atrai é diferente a cada momento. Qualquer que seja a
idade de nossos ouvintes e o lugar em que escutam os contos, as histórias, os mitos a
serem apresentados, para todos eles o sentido e o significado se fará presente e poderá
ser apaziguador de sofrimento, facilitando interpretações outras para o já conhecido e fator
de consolo e, se possível, mitigador de solidão. Busca ainda este projeto, ao colocar alunos
no hospital geral, realizar treino de escuta diferenciada para que possa progressivamente
se tornar uma escuta técnica, preparando-os para o futuro atendimento psicológico com
o desenvolvimento de raciocínio clínico, treinando-os para elaborarem suas ansiedades
e perceberem a impotência do profissional da saúde frente ao sofrimento que percebem
no outro. Conclusões: Entendemos que as histórias transmitidas aos pacientes, quais
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 170
sejam os contos, mitos ou lendas são a porta de entrada não só para a simbolização de
sentimentos e emoções, mas também uma via que proporciona a construção de alternativas
para a resolução de situações conflituosas pelas quais o indivíduo passa no momento da
internação. Isto visto que as histórias falam ao ego, proporcionando seu fortalecimento e
desenvolvimento para uma posterior ação frente à vida e ao sofrimento.
Palavras-chave: histórias, pacientes, recuperação
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 171
P56
HÁ UMA RELAÇÃO ENTRE ESTRESSE COTIDIANO
DURANTE A INFÂNCIA E ALTERAÇÕES COMPORTAMENTAIS
E NEUROPSICOLÓGICAS EM IDOSOS?
Martina Mazzoleni, João Carlos Centurion Cabral, Gessyka Wanglon Veleda,
Letícia Costa Alves, Mônica Cardoso Reguffe, Vera Torres das Neves
Universidade Federal de Rio Grande
Introdução: A maturação do sistema nervoso é suscetível à interferência de fatores
ambientais, os quais podem resultar na liberação de certos neurotransmissores, hormônios
e fatores neurotróficos. Estes são fundamentais, principalmente em períodos chave, para
o desenvolvimento cerebral. O estresse infantil precoce pode acarretar em alteração
neurodesenvolvimental, podendo originar prejuízos funcionais a estruturas como o
hipocampo, amídala e córtex pré-frontal. Crianças vítimas de negligência, abusos físicos e/ou
sexuais tendem a apresentar um nível de secreção de cortisol basal elevado, possivelmente,
através de uma alteração no funcionamento do eixo hipotálamo-pituitário-adrenal. Ainda,
estas alterações podem deixar os indivíduos vulneráveis a certos tipos de psicopatologias e
interferir no seu perfil neuropsicológico. No entanto, poucos estudos objetivaram investigar
a associação entre estresse infantil cotidiano e alterações comportamentais e cognitivas
de longo prazo. Objetivo: Deste modo, objetivamos avaliar as relações entre exposição
a estresse cotidiano durante a infância e alterações comportamentais e neuropsicológicas
em idosos. Método: Inicialmente, foram agendadas visitas domiciliares a 147 idosos (idade
média 69,9; DP = 6,7) livres de doenças incapacitantes. Cada coleta de dados durou cerca
de duas horas, nestas os participantes responderam um questionário sociodemográfico e
de saúde, no qual o perfil de estresse infantil do cotidiano foi avaliado através de questões
que visaram minimizar o viés da percepção individual sobre os eventos, assim, nos atemos
a condições socioeconômicas e reprovação escolar. Além disso, foram aplicadas escalas
para mensuração do estresse (Escala de Estresse Percebido; Escala Hassles & Uplifts;
Escala de Reajustamento Social), escalas para avaliações clínicas (Escala de Depressão
Geriátrica; Inventário Beck de Depressão; Inventário Beck de Ansiedade; Escala de Avaliação
Clínica de Demência) e uma bateria de testes neuropsicológicos (Escalas de Fluência Verbal
Semântica (Animais e Frutas); Teste de Trilhas (A e B); Teste Stroop; Digit Span; Teste de
Memória de Lista de Palavras; Teste Códigos). Também foram coletadas amostras de saliva
para mensuração basal da fração livre do cortisol através do método ELISA. Os dados
foram analisados através do coeficiente de correlação rô de Spearman e regressão linear.
Resultados: Deste modo, constatamos uma associação significativa entre estresse infantil
e doenças cardiovasculares e correlações negativas entre esses eventos e autorrelato de
quantidade horas de sono durante a vida adulta. Também constatamos correlações negativas
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 172
entre exposição aos estressores na infância e medidas de funções executivas, no entanto, não
vimos qualquer associação com mensurações de memória hipocampo-depente. Conclusão:
Estes resultados podem refletir vulnerabilidades distintas de estruturas do telencéfalo, dado
o padrão e os períodos críticos de maturação deste, uma vez que as nossas medidas de
estresse do cotidiano não afetam ou não são percebidas por crianças nos primeiros anos de
vida. Portanto, como o desenvolvimento do córtex pré-frontal, estrutura responsável pelas
funções executivas, ocorre tardiamente se comparado a outras estruturas cerebrais, esse
pode ser mais suscetível a interferências danosas que correspondam ao período escolar e à
percepção socioeconômica e de conflitos familiares. Concluímos que estressores do cotidiano
em crianças podem acarretar em alterações de longo prazo ou permanentes, interferindo
em padrões neuropsicológicos e de saúde.
Palavras-chave: estresse infantil precoce, alterações neurobiológicas, neurodesenvolvimento,
traumatologia do desenvolvimento
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 173
P57
CONCEPÇÕES SOBRE ÁLCOOL E OUTRAS DROGAS NA ATENÇÃO
BÁSICA: O PACTO DENEGATIVO DOS PROFISSIONAIS DE SAÚDE
Waleska Rodrigues Silva, Rodrigo Sanches Peres
Universidade Federal de Uberlândia
Introdução: As políticas públicas de saúde vigentes voltadas à temática “álcool e outras
drogas” valorizam a articulação do cuidado aos usuários no âmbito da rede de atenção
básica à saúde, na qual está inserida a Estratégia de Saúde da Família. Porém, sabese que as concepções dos profissionais de saúde acerca de tal temática influenciam a
efetividade das políticas públicas. Objetivo: O objetivo do presente estudo foi analisar as
concepções de profissionais de saúde de nível superior que atuam na Estratégia de Saúde
da Família acerca da atenção em saúde a usuários de álcool e outras drogas. Método:
A coleta de dados envolveu o emprego de um roteiro semiestruturado de entrevista junto
a 12 participantes, sendo quatro médicos, quatro enfermeiros e quatro psicólogos. Os
dados coletados foram submetidos à análise temática de conteúdo e interpretados à luz
de aportes teóricos psicanalíticos. Resultados: A partir da análise temática de conteúdo,
os dados foram organizados em cinco grandes categorias, as quais foram intituladas da
seguinte forma: 1) “Ser ou não ser... lícita ou ilícita”, 2) “É (en)caminhando que se faz o
caminho”?, 3) “Muitos caminhos para um só lugar” 4) “O usuário de álcool e drogas: um
ilustre desconhecido” e 5) “As dificuldades do dia-a-dia”. Nesta oportunidade, optou-se por
privilegiar os resultados referentes à segunda categoria. Tais resultados apontam, em linhas
gerais, que os participantes possuem concepções acerca dos usuários permeadas por
preconceitos e estigmas, o que gera dificuldades para o empreendimento de ações de saúde
e os leva, na maior parte das vezes, a apenas realizar encaminhamentos. Interpretados à luz
de aportes teóricos psicanalíticos, os resultados em questão sugerem o engajamento dos
participantes em um pacto denegativo, ou seja, em uma aliança inconsciente que implica,
em última instância, na renúncia dos mesmos em relação aos usuários de álcool e outras
drogas. Conclusões: Novos estudos são necessários para que se possa compreender se
fenômenos análogos podem ser observados também em outros níveis de atenção e, assim,
obter uma melhor compreensão a respeito dos obstáculos à efetivação das políticas públicas.
Palavras-chave: drogas, profissionais de saúde, políticas de saúde
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 174
P58
MORTES ANUNCIADAS: IMPLICAÇÕES PARA
O LUTO DOS CUIDADORES FAMILIARES
Ludymilla Zacarias Martins Gonzaga, Rodrigo Sanches Peres
Universidade Federal de Uberlândia
Introdução: O perfil epidemiológico da população tem se transformado nas últimas décadas,
promovendo uma evolução progressiva da prevalência de doenças crônico-degenerativas,
as quais tendem a desencadear mortes anunciadas. Porém, pouco se sabe acerca do
processo de luto de familiares nesses casos. Objetivo: O presente estudo tem como objetivo
compreender o curso do processo de luto em cuidadoras familiares de pacientes que evoluíram
a óbito por doenças crônico-degenerativas após internação domiciliar. Método: Trata-se de
um estudo qualitativo, fundamentado teoricamente no Modelo do Processo Dual. O critério
de saturação foi adotado para a definição do número de participantes. A coleta de dados
envolveu a utilização de um roteiro semi-estruturado de entrevista junto a seis cuidadoras
familiares. O material obtido foi submetido à análise temática de conteúdo. Resultados: A
partir da análise temática de conteúdo, os dados foram organizados em duas categorias
– “As mulheres que fiam: as conexões que constroem o cuidador” e “Átropos e a tecelã: o
anunciado, o interdito e a arte dos fios” – constituídas por uma série de subcategorias. De
modo geral, observou-se, retrospectivamente, que, no período anterior ao óbito, prevaleceram
estratégias típicas do enfrentamento orientado à perda, tais como a tentativa de controle da
doença e da morte, a centralização do cuidado e o recurso à fé. Tal fato pode ser entendido
como um desdobramento do medo da perda. No período posterior ao óbito igualmente se
observou a predominância do enfrentamento orientado à perda, embora o enfrentamento
orientado à restauração tenha sido identificado pontualmente em função do engajamento
de algumas participantes em atividades diferentes, capazes de desenvolverem novas
habilidades e identidades. Conclusões: Em linhas gerais, constatou-se que as estratégias
típicas do enfrentamento orientado à perda foram recorrentes, o que tende a dificultar a
reorganização da vida após a perda e a execução do movimento de oscilação que exerce a
função de regulador do processo de luto. Porém, novos estudos dedicados ao assunto são
necessários, sobretudo para esclarecer as particularidades do luto antecipatório nos casos
de mortes anunciadas.
Palavras-chave: luto, cuidadores, família, saúde
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 175
P59
RESILIÊNCIA E A PERCEPÇÃO DO IMPACTO DA DOENÇA
EM PACIENTES COM LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO
Daniella Antunes Pousa Faria Coelho, Lúcia Maria de Oliveira Santos,
Maria José Pereira Vilar, Eulália Maria Chaves Maia
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Introdução: O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma doença reumática inflamatória,
imprevisível, crônica, multissistêmica e auto-imune. Objetivo: Trata-se de uma pesquisa de
caráter descritiva exploratória que objetivou avaliar a capacidade de resiliência em mulheres
com Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) e identificar a percepção destas sobre o impacto da
doença em suas vidas, considerando três níveis: 1. Familiar, 2. Social e 3. Físico. Método: A
amostra foi constituída por 10 Mulheres com idade entre 20 e 40 anos, com diagnóstico de
LES que são acompanhadas no Serviço de Reumatologia do Hospital Universitário Onofre
Lopes – UFRN/Natal-RN. Como instrumento se utilizou um questionário de informações sóciodemográficas e de aspectos e histórico de saúde e a Escala de Resiliência desenvolvida
por Wagnild & Young (1993). A coleta dos dados foi realizada no período de Março de 2010
a Janeiro de 2011. Resultados: os achados apontam que a média de tempo que estas
pacientes possuem o LES é de 5,75 ± 3,47 anos, sendo a mediana de 5,55 anos. Como
primeiros sintomas 50% das pacientes citaram dores, 30% dores acompanhadas de inchaço
10% manchas no rosto e 10% manchas na mão. Quanto a resiliência, a média foi de 102,6
± 18,30, sendo a mediana de 108,5, ou seja, 50% das pacientes apresentaram resiliência
maior que 108,5, que significa resiliência moderada segundo o referencial utilizado (25-75 =
resiliência baixa, 75-125 = moderada e 125 – 175 – alta). Isto significa que estes pacientes
tendem a se adaptar ao fato de possuir uma doença crônica, de forma a evitar os riscos
e promover fatores de proteção, o que contribui para uma melhor adesão ao tratamento.
Quanto ao fato de receberem apoio, das 70% que declaram recebê-lo, 100% afirmaram que
este apoio vem da família. Quanto a percepção das pacientes sobre o impacto da doença
em suas vidas, considerando três níveis: 1. Familiar, 2. Social e 3. Físico, os resultados
apontam que 60% declara que o impacto físico é o que mais as incomodam, pois relatam
a presença de dores, manchas no rosto, queda de cabelo. No aspecto familiar nenhuma
paciente declarou perceber algum impacto devido a doença. No aspecto social 80% já deixou
de fazer alguma atividade de sua vida diária devido ao lúpus. Destes 80% que deixaram de
fazer alguma atividade 50% citam o trabalho, 25% o trabalho doméstico, 12,5% atividades
de lazer e 12,5% sair no sol. Conclusão: O LES traz diversos impactos na vida do paciente
e a resiliência poderá contribuir para que estes pacientes possam se adaptar a doença,
minimizando os impactos de forma a evitar o risco e promover fatores de proteção.
Palavras-chave: lúpus, resiliência, impacto da doença
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 176
P60
INTERVENÇÃO PSICOLÓGICA EM SETOR
DE QUIMIOTERAPIA INFANTIL
Michelle Teles Tourounoglou, Mariana Zuanazzi Saden, Randolfo dos Santos Junior,
Kelly Renata Risso Grecca, Maria Cristina de Oliveira Santos Miyazaki
Hospital de Base de São José do Rio Preto (FUNFARME-HB)
Introdução: O tratamento do câncer infantil tem como característica o fato de ser prolongado,
demandando um tempo considerável de exposição da criança a procedimentos invasivos
e desagradáveis, tanto física quanto emocionalmente. A administração da quimioterapia é
vivenciada, muitas vezes, como um momento estressante para pais, crianças e profissionais
de saúde. A mudança na rotina diária, afastamento do vinculo escolar e a impossibilidade
de desenvolver atividades físicas acabam expondo a criança a alterações de humor,
gerando estresse e comportamentos desadaptativos que dificultam a adesão ao tratamento.
A ansiedade antecipatória frente aos exames e aplicações da quimioterapia faz com que
se instale o medo e aversão aos procedimentos. O treino de relaxamento, a distração, a
dessensibilização e a psicoeducação são as técnicas utilizadas no manejo dos problemas
resultantes do procedimento quimioterápico. Objetivo: O objetivo da utilização de tais
técnicas é diminuir o impacto causado pelos procedimentos invasivos, aumentando índices
de adesão ao tratamento e reduzir a ansiedade antecipatória, dor, favorecer o controle das
emoções e interação entre paciente e equipe. Método: A intervenção psicológica é realizada
no período que antecede a administração da quimioterapia, enquanto as crianças e seus
familiares aguardam na sala de espera; são utilizadas leituras psicoeducativas que abordam
temas como: doença, hospitalização, manejo de emoções desadaptativas e tratamento. Além
disso, os pais são estimulados a usarem brinquedos específicos, tais como, injeções, talas,
que tem por finalidade dessensibilizar a criança aos procedimentos que serão realizados, e
estimular o relato de medos relacionados à vivência estressora. Durante a administração da
quimioterapia são utilizados filmes infantis, desenhos animados e atividades lúdicas (pintura
de desenhos específicos, desenho livre e videogame) como recursos que possibilitem
a distração. O treino respiratório é realizado antes e, principalmente, durante a punção
venosa. Conclusão: Os resultados demonstram que a utilização de tais técnicas possibilitou
mudanças comportamentais que incluem diminuição do choro antes e durante o procedimento
e menor incidência de comportamentos agressivos direcionados à equipe e aos pais. Também
há relatos de pais que referem maior compreensão da criança ao tratamento.
Palavras-chave: câncer infantil, psiconcologia, técnicas psicológicas
Referências:
Motta, Alessandra Brunoro, & Enumo, Sônia Regina Fiorim. (2004). Brincar no hospital: estratégia de
enfrentamento da hospitalização infantil. Psicologia em Estudo,9(1), 19-28. Retrieved February 19, 2013, from
http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1413 73722004000100004&lng=en&tlng=pt. 10.1590/
S1413-73722004000100004.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 177
P61
A SAÚDE MENTAL INFANTIL NO SUS
NA PERSPECTIVA DE PSICÓLOGOS
Lídia Pereira da Silva, Diana Pancini de Sá Antunes Ribeiro
Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Campus de Assis
Introdução: Foi a partir do século XIX que se começou a estudar a infância no Brasil. As
primeiras pesquisas tiveram como objetivo descobrir a causa da grande mortalidade infantil.
Uma das práticas era o higienismo que impunha formação moral, física e intelectual das
crianças. Porém a valorização, a proteção e a defesa da infância começaram a ser abordadas
no século XX. Em 1959 é formulada pelas Nações Unidas a Declaração Universal dos Direitos
das Crianças, que está presente na Carta Constitucional de 1988 do Brasil. Dois anos depois,
em 1990, foi estabelecido no Brasil o ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente, que
prevê diversos direitos dentre eles: á vida, á educação, á saúde, á alimentação, ao lazer, á
profissionalização, á cultura entre outros. Estes foram os principais avanços no cuidado com
a infância no Brasil. No ano de 1988 foi criado o Sistema Único de Saúde que, como uma das
principais diretrizes, dá direito a todo e qualquer cidadão à saúde. Procurou-se nas bases de
dados do SUS o que se prevê sobre a saúde mental infantil: uma cartilha é a Caderneta da
Saúde da Criança que dispõe principalmente sobre os direitos à saúde da criança e a cartilha
Saúde Mental no SUS: os centros de atenção psicossocial que fala brevemente sobre o Centro
de Atenção Psicossocial Infanto-juvenil (CAPS i). Objetivo: Este trabalho tem a finalidade de
investigar as concepções de psicólogos de uma cidade do interior paulista sobre o que necessita
ser feito/proposto frente à saúde mental infantil no SUS. Método: Este trabalho é parte de uma
pesquisa de iniciação científica que tem por base verificar como se dá a atuação de psicólogos
que trabalham com crianças em unidades de saúde pública de uma cidade do interior do estado
de São Paulo. Foi realizada uma entrevista e aplicação de questionário com cada um dos quatro
participantes. Resultados: Uma das psicólogas relatou que faltam oficinas, por exemplo, de
teatro, para trabalhar o lado emocional das crianças e também faltam materiais. Ela propôs
um centro de referência infantil onde vários profissionais possam trabalhar juntos. Outra, disse
que se necessita fazer uma reorganização social, pois o governo oferece somente a escola e
os projetos sociais são muito poucos e dá a ideia de projetos sociais com ações preventivas.
Outro profissional relatou que os psicólogos necessitam de motivação pelo trabalho, o que
não acontece atualmente, pois as condições de trabalho, como por exemplo, o salário, não
se altera. E por fim outro participante disse que precisa haver comunicação entre instancias
públicas, entre a assistência, a saúde, a escola, entre outros, e também um lugar próprio para
o atendimento infantil. Conclusão: As propostas vindas dos participantes são diferentes em
si, mas complementares. Propõe-se que os estudos nesse sentido continuem, para que com
uma base mais sólida possa colaborar e projetos sejam efetivados para a saúde mental infantil
no SUS, especialmente na Atenção Básica por suas possibilidades psicoprofiláticas.
Palavras-chave: psicologia, saúde pública, infância
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 178
P62
AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA E ACOMPANHAMENTO DO CRESCIMENTO
E DESENVOLVIMENTO DE CRIANÇAS COM QUEIXA DE TRANSTORNO
DE APRENDIZAGEM
Petruska Baptista Pereira, Analu da Costa Tenório, Helena Feio Pitanga, Isabel Neves de Souza
Universidade Federal do Pará-UFPA
Introdução: Ao longo do processo de aprendizagem é possível que a criança demonstre
sintomas do não aprender como dificuldade de aprendizagem - primária e secundária -,
fracasso escolar e transtornos de aprendizagem. O Transtorno de Aprendizagem se caracteriza
por inabilidades específicas em certas áreas do desenvolvimento, desde que tais inabilidades
não sejam causadas por fatores orgânicos. Existem três transtornos de aprendizagem
mais abrangentes: o transtorno de leitura, o transtorno de expressão escrita e o transtorno
de cálculo. Os sintomas do Transtorno de Aprendizagem devem estar presentes desde a
puerilidade e evidenciar um desempenho dois anos abaixo do esperado pela escolarização
e idade cronológica da criança e prolongar-se ao longo da vida. Objetivo deste projeto foi
oferecer atendimento psicológico a crianças e adolescentes com transtorno de aprendizagem
em acompanhamento no Hospital Universitário Bettina Ferro de Souza. Método: foram
atendidos 34 pacientes, no período de março a novembro de 2012, encaminhados pelos
profissionais do Serviço de Crescimento e Desenvolvimento – Programa CAMINHAR do
HUBFS. Os seguintes instrumentos foram utilizados: Roteiro de Anamnese Psicológica,
Lista de Verificação de Comportamentos da Criança e do Adolescente (CBCL) e o Relatório
do professor (TRF), Teste das Matrizes Progressivas de Raven e Anamnese psicológica.
Resultados: Dos 34 pacientes atendidos, oito eram meninas e 26 eram meninos com idades
entre quatro e 15 anos. Dentre os casos encaminhados, oito estavam sendo atendidos no
Ambulatório de Transtorno de Aprendizagem do HUBFS e apenas quatro tinham passado
por avaliação oftalmológica ao iniciarem a avaliação psicológica. Duas das crianças eram
atendidas somente pelo serviço de pediatria e psicologia. Vale ressaltar a importância de
um diagnóstico e intervenção realizados por uma equipe multidisciplinar. Contrariando a
literatura consultada, apenas dois dos pacientes atendidos afirmaram ter histórico familiar de
problema de aprendizagem. Todas as queixas relacionadas ao Transtorno de Aprendizagem
estavam relacionadas à leitura e transtornos de expressão escrita. Conclusão: destaca-se
a importância do trabalho realizado pela Psicologia no Programa Caminhar, e dos demais
profissionais na elaboração de um diagnóstico e intervenção precoce que possibilite ao
paciente uma melhor inclusão social a fim de evitar o estigma da “doença mental” atribuída
ao transtorno de aprendizagem.
Palavras-chave: psicodiagnóstico, desenvolvimento infantil, crescimento infantil, transtorno
de aprendizagem
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 179
P63
EFICÁCIA ADAPTATIVA DE MULHERES COM
CÂNCER DE MAMA E MASTECTOMIZADAS
Nirã dos Santos Valentim, Kayoko Yamamoto
Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo
Introdução: O diagnóstico e o tratamento do câncer de mama são causadores de grande
angústia nas pacientes por estarem associados ao medo da morte e da mutilação,
comprometimento da qualidade de vida, alterações na imagem corporal com implicações na
feminilidade e rebaixamento da autoestima. Em 2011 o Instituto Nacional de Câncer (INCA)
estimou 52680 casos de câncer de mama que surgiriam no Brasil em 2012, e em 2010 foi
estimado que 11735 mulheres morreriam dessa doença. Embora, atualmente, o tratamento
do câncer de mama abranja cada vez mais mulheres e apresente resultados muito favoráveis,
ainda provoca sofrimento advindo das diversas reações à quimioterapia, radioterapia,
mastectomia radical ou parcial, linfadenectomia axilar. Alterações físicas e psicológicas
podem provocar crise adaptativa por perda tornando necessário o auxílio psicológico urgente.
Objetivo: Verificar a eficácia adaptativa de mulheres com diagnóstico de câncer de mama
e submetidas à mastectomia radical ou parcial. Método: Foi aplicada a Escala Diagnóstica
Adaptativa Operacionalizada (EDAO), antes da intervenção terapêutica, em 10 casos iniciais
de uma pesquisa qualitativa (doutorado em andamento com finalidade de investigar o alcance
terapêutico da Psicoterapia Breve Operacionalizada – PBO). As participantes da pesquisa
realizam tratamento oncológico no Centro de Oncologia Luiz Rodrigues Neves, têm idade
entre 35 e 60 anos e foram submetidas a três entrevistas preventivas abordando os quatro
setores adaptativos: Afetivo-Relacional, Produtividade, Sociocultural e Orgânico. Resultados:
Entre as 10 participantes atendidas, três delas encontravam-se no Grupo 3 com Adaptação
Ineficaz Moderada, estando uma delas em situação de crise adaptativa por perda; e sete
delas encontravam-se no Grupo 4 com Adaptação Ineficaz Severa, estando quatro delas em
situação de crise por perda. O setor mais comprometido foi o Afetivo-Relacional com soluções
pouquíssimo adequadas em sete das participantes e o setor Produtividade apresentou
soluções pouco adequadas no mesmo número de participantes. Conclusões: A avaliação
da eficácia adaptativa revelou Adaptação Ineficaz Severa na maior parte das participantes,
com sofrimento psíquico intenso e sensação de desamparo e desespero comprometendo
especialmente o setor Afetivo-Relacional. A situação de adoecimento deflagrou em cinco
participantes uma situação de crise adaptativa por perda relacionada à extrema angústia
pela perda da saúde, dos cabelos e da mama provocando sensação de desconhecimento
de si mesma, medo da recidiva da doença e medo da morte.
Palavras-chave: câncer de mama, escala diagnóstica adaptativa operacionalizada, eficácia
adaptativa, crise adaptativa por perda
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 180
P64
EPISÓDIO DEPRESSIVO MAIOR E INSUFICIÊNCIA
AGUDA DO MIOCÁRDIO: AVALIAÇÃO PRÉ E PÓS
REVASCULARIZAÇÃO CIRÚRGICA
Robson Hideki Saito, Ana Paula Afonso Camargo, Camila Pereira,
Mariana Vieira Ligo Guedes de Azevedo
Faculdade Anhanguera de Bauru, Universidade Estadual Paulista (UNESP)
Introdução: A depressão e a doença cardiovascular são consideradas, dentre as doenças
crônicas, como as enfermidades de maior impacto na qualidade de vida do indivíduo, em
parâmetros mundiais. Fatores psicoemocionais são considerados relevantes no surgimento
de muitas doenças cardíacas, especialmente da cardiopatia isquêmica, doenças das artérias
coronarianas e hipertensão arterial. Estudos atuais têm utilizado a Escala de Depressão de
Beck (BDI), para investigação dos aspectos depressivos nas unidades hospitalares, sendo a
prevalência dos fatores depressivos agravantes na elevação de riscos de morbimortalidade
por cardiopatias, em condições pré e pós operatórias. Objetivo: O presente estudo objetivou
apontar a prevalência sintomatologia depressiva, em sujeitos, nas condições pré e pós
revascularização cirúrgica do miocárdio (RCM). Método: A presente pesquisa corresponde
a um estudo de coorte transversal de sujeitos com Infarto Agudo do Miocárdio (IAM).
Participaram da amostra 21 sujeitos, de ambos os sexos, independente da escolaridade e nível
social, pós IAM, em condição pré e pós operatória de revascularização cirúrgica do miocárdio.
A avaliação realizada com o DBI foi dividida em dois tempos, a saber: (1) na admissão
hospitalar, em condição pré operatória de RCM; (2) até 96 horas pós RCM. Resultados:
O estudo demonstrou significância estatística (p=0,05) para as relações entre presença de
sintomatologia depressiva em fases pré e pós operatórias. Quando analisada a severidade de
sintomas depressivos (classificados como leve, moderado e severo), o estudo apontou 43%
para sintomas leves, 5% moderados e 5% severos, correspondendo a 53% dos sujeitos, em
fase pré operatória. No tempo 2 (pós), houve uma redução do percentual para a presença
de fatores depressivos, representando na amostra 34% (leve, 25% e moderado 9%). Dentre
as classificações da população geral foi identificado que os pacientes que apresentaram
fatores depressivos leves, moderados ou severos no pré e pós operatório correspondem
a 33% da amostra, e sujeitos que apresentaram em condição pré ou pós operatória é de
25%, sendo predominante para a condição pré operatório. Todos os sujeitos que evoluíram
para complicações clínicas (neurológicas, respiratórias e sistêmicas), apresentaram níveis
de sintomatologia depressiva. Conclusão: O estudo conclui que pacientes submetidos a
procedimento cirúrgico, para revascularização do miocárdio apresentam diminuição do
quadro de sintomas depressivos, em fase aguda pós operatória.
Palavras-chave: depressão, infarto agudo do miocárdio, revascularização cirúrgica
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 181
P65
ESTUDO DO TRANSTORNO DESAFIADOR DE OPOSIÇÃO,
TOD, POR MEIO DO RORSCHACH R-PAS
Anna Helena Haddad, Paulo Germano Marmorato Rodrigues, Latife Yazigi
Departamento de Psiquiatria, Escola Paulista de Medicina, Universidade Federal de São Paulo;
Instituto de Psiquiatria, Hospital das Clínicas, Faculdade de Medicina, Universidade de São Paulo
Introdução: O transtorno desafiador de oposição (TOD) é uma entidade noosológica
considerada típica da infância e adolescência na qual predominam as alterações
comportamentais. Agressividade, irritabilidade, impulsividade e crises de birra são traços
característicos do TOD e podem estar presentes ocorrer em crianças e adolescentes sem
qualquer diagnóstico psiquiátrico. O que diferencia estes comportamentos é intensidade,
constância, refratariedade a medidas educativas e, principalmente, prejuízo social causado
pelo transtorno. Uma parcela significativa de jovens com esse distúrbio evolui para uma
vida de baixa qualificação profissional, desemprego, relações afetivas problemáticas,
drogadição e criminalidade. O índice de suicídio é alto. O TOD pode vir associado a uma
serie de transtornos mentais sendo que os sintomas de um ou outro transtorno muitas
vezes se sobrepõem e se confundem. Objetivo: O presente trabalho tem como objetivo
correlacionar as variáveis do Rorschach no sistema R-PAS com as características de
personalidade de jovens na faixa etária de 9 a 12 anos com diagnóstico de TOD. Método:
Os pressupostos conceituais e teóricos serão apresentados e ilustrados por meio da
análise de dois estudos de caso de jovens atendidos em ambulatório especializado com
diagnósticos de TOD (Ambulatório de Socialização do Serviço de Psiquiatria da Infância e
Adolescência do HC-FMUSP). Resultados: Embora compartilhem do mesmo diagnóstico,
os protocolos dos jovens foram opostos quanto à complexidade. No protocolo de baixa
complexidade predominou o distanciamento, a impessoalidade e o menor engajamento na
tarefa; no de alta complexidade prevaleceram maior envolvimento e maior produção do que
resultou maior exposição do mundo interno, com presença de alterações de pensamento e
distorções cognitivas. Conclusões: Os dados obtidos apontaram como relevante: a forma
como os jovens se vinculam na situação de teste, a produção e qualidade das respostas
humanas e de interação humana (H, NPH, GHR, PHR, MAH, MAP, COP), a qualidade dos
conteúdos temáticos das associações (MOR, AGC, CritCont), as percepções de Espaço (S),
a produção e qualidade dos movimentos (AGM, M, FM, m, ativos e passivos), a forma de
expressão na comunicação (ODL), a condição de ego (EII-3) e os processos de pensamento
(WSumCog, SevCog). Uma discussão mais detalhada considerando o diagnóstico e os
estilos de produção no R-PAS é apresentada.
Palavras-chave: Rorschach R-PAS, TOD, infância, adolescência
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 182
P66
O PAI NA UTIN: UM TRABALHO DE CONSTRUÇÃO DE NOVOS PAPÉIS
Manuela Vilanova Barbosa Alves, Maria de Fátima Junqueira-Marinho
Instituto de Psicologia, Universidade de São Paulo; Instituto Fernandes Figueira – FIOCRUZ
Introdução: No nascimento prematuro, o casal parental confronta-se com uma situação
que provoca medo, estranhamento, angústia, ambivalência e dor. Numa Unidade de Terapia
Intensiva Neonatal (UTIN), os pais encontram-se com um bebê na incubadora que nada
lembra o bebê idealizado da gravidez. Vivem algo de estranho, que pode representar um risco
para o estabelecimento de laços seguros com seus bebês. Nessa temática há muitos estudos
sobre a relação mãe-bebê, mas a participação do pai ainda merece mais investigações.
Objetivo: Investigar o exercício da paternidade de pais de recém-nascidos pré-termos
durante o período de internação na UTIN. Método: Foi realizada uma pesquisa qualitativa
com a participação de 6 homens-pais de recém-nascidos pré-termos internados em UTIN.
Os dados foram coletados através de entrevistas semi-estruturadas e analisados a partir da
análise de conteúdo, modalidade temática. Resultados: A análise dos resultados levou a
duas temáticas. A primeira refere-se ao processo de transição em direção à paternidade e
a segunda aos eventos ambientais relacionados à internação do filho na UTIN. Em relação
à primeira, verificou-se que: a) a presença do pai e sua interação com o bebê favoreceram
o desenvolvimento do papel parental paterno; b) os pais ofereceram aos recém-nascidos
elementos primordiais ao nascimento psíquico do infante, através dos sentidos atribuídos às
suas tentativas de comunicação; c) os entrevistados apresentaram diferentes concepções
sobre seu papel e participaram desse período de diferentes maneiras, dentre as quais,
exercendo a função de elo entre a mãe acamada e o bebê; cumprindo a função de principal
cuidador da criança internada na ausência da mãe; oferecendo apoio às esposas para
que essas tivessem mais tranquilidade na maternagem. A segunda temática abrange dois
subtemas: as dificuldades encontradas pelos pais e a importância da relação com a equipe.
Os entrevistados relataram a dificuldade de conciliar rotina de trabalho com visitas ao filho,
lidar com a sensação de impotência e conviver diariamente com outros recém-nascidos
gravemente enfermos, num espaço identificado por eles como “mais feminino”. A atitude
positiva da equipe de saúde e o horário ampliado para permanência dos pais na UTIN foram
apontados como facilitadores da presença deles. Conclusões: A presença e participação
do pai na UTIN facilitam o trabalho de construção da paternidade, trazem benefícios para a
mulher na tarefa de tornar-se mãe e favorecem o início do processo de subjetivação do infante.
No exercício da paternidade na UTIN, os pais encontram dificuldades, por isso precisam ser
atendidos em suas necessidades emocionais. Nesse sentido, as instituições hospitalares
devem contar com equipes de Saúde Mental para intervenção psicológica precoce e estar
preparadas para acolher e incluir os pais na dinâmica da UTIN.
Palavras-chave: prematuro/psicologia, paternidade, relações pai-filho, parentalidade,
Unidade de terapia intensiva neonatal
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 183
P67
O USO DA ESCALA BAYLEY III NA AVALIAÇÃO DO
DESENVOLVIMENTO DE RECÉM-NASCIDOS DE
BAIXO PESO: ESTUDO DE CASO
Danielle Marotti de Souza Barros, Luisa Fernandes Lessa, Roozemeria Pereira Costa,
Maria Dalva Barbosa Baker Méio, Maria de Fátima Junqueira-Marinho
Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do AdolescenteFernandes Figueira /Fiocruz- RJ
Introdução: A Escala Bayley de Desenvolvimento Infantil III é um teste neuropsicomotor
importante para verificar atrasos significativos do desenvolvimento, administrado em
crianças até 42 meses. Vários estudos apontam a importância do seguimento de crianças
nascidas prematuras, em função do risco para o desenvolvimento neurocognitivo e motor.
Essa nova versão da Bayley II já vem sendo utilizada em pesquisas com essa população.
Objetivos: Avaliar, através da Escala Bayley III e sua correlação com dados do prontuário,
o desenvolvimento de uma criança, buscando embasamento para diagnóstico diferencial.
Métodos: Estudo de caso longitudinal baseado nos relatos descritivos do prontuário e nas
avaliações realizadas através da escala Bayley III, em uma criança do sexo masculino
nascida com 1585 kg, 33 semanas e 2 dias pelo Ballard, sem detecção de malformação
congênita, avaliada na escala aos 10, 12, 18 e 24 meses de idade corrigida. Esse estudo faz
parte de uma pesquisa registrada no CEP/IFF (CAAE - 0050.0.008.000-04). Resultados: O
cognitivo se mantém um pouco abaixo da média, juntamente com o motor fino e amplo. No
entanto, há uma queda significativa na linguagem expressiva ao longo das quatro testagens.
Após a avaliação de 24 meses, algumas novas hipóteses foram levantadas: déficit auditivo;
déficit do processamento auditivo central; pobreza de interação e estimulação ambiental
(cuidador principal com atraso cognitivo); atraso cognitivo com comprometimento das funções
executivas (recebimento e processamento da informação). Em função das hipóteses a criança
foi encaminhada para otorrinolaringologia, fonoaudiologia e realização do BERA. Conclusão:
A Escala Bayley III é um excelente instrumento de levantamento de hipóteses diagnósticas
para atraso do desenvolvimento. Diferentemente da versão anterior, ela permite avaliar de
forma separada cognição, linguagens receptiva e expressiva, assim como desenvolvimento
motor fino e amplo. Tal especificidade auxilia na realização de diagnóstico diferencial e
encaminhamento para intervenções especializadas.
Palavras-chave: testes psicométricos, psicologia do desenvolvimento, seguimento de
recém-nascido
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 184
P68
PROTOCOLO DE AVALIAÇÃO PSICOLÓGICA NO
CONTEXTO HOSPITALAR DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA:
UMA PRÁTICA SISTEMATIZADA
Talita Gonçalves Cosenzo, Samantha Mucci,
Aécio Flávio Teixeira de Góis, Luciana Geocze
Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP
Introdução: A implantação de protocolos contribui para a instrumentalização e orientação
da prática profissional, fortalecendo a identidade e o papel do psicólogo dentro da instituição
hospitalar. Objetivo: O objetivo deste estudo foi utilizar os Protocolos de Avaliação de
Intervenção de Psicologia Hospitalar de Dias e Radomile (2006) em 33 pacientes internados
na enfermaria de observação do pronto-socorro de um hospital universitário, avaliar a
efetividade deste instrumento no contexto de urgência e emergência, sistematizar as ações
da psicologia, caracterizar o perfil sócio-demográfico e clínico dos pacientes e correlacionar
as características sociodemográficas com as clínicas e psicológicas. Método: Foi realizado
um estudo observacional, descritivo, de corte transversal. A amostra foi composta por 33
pacientes internados na enfermaria de observação do pronto-socorro do Hospital São
Paulo – UNIFESP, no período de julho a agosto de 2012. Foram aplicados os Protocolos
de Avaliação de Intervenção de Psicologia Hospitalar em três etapas: Triagem, Avaliação e
Acompanhamento. Resultados: Observou-se que a utilização dos protocolos no contexto
de pronto–socorro precisa ser breve, objetiva e ser realizada em apenas uma aplicação,
uma vez que o tempo de internação é muito curto. A amostra (N=33) foi de 79% do sexo
feminino, média de idade de 58 anos (DP=15), 45% casados, 86% sem ocupação. As
principais associações encontradas na etapa 1 foram: associação entre Transtorno Emocional
e Religião (p= 0,043) e entre Expressão de Afeto Condizente e Religião (p= 0, 038), sendo
observado que 90% dos evangélicos não apresentaram Transtorno Emocional evidente
e demonstraram afeto condizente com a internação. Na etapa 2 verificou-se associação
entre Volição e Relacionamento Familiar (p= 0,045), 67% dos pacientes que referiam
relacionamento familiar pouco satisfatório apresentaram a volição prejudicada durante
a internação. Conclusão: A dinâmica do pronto-socorro demanda de instrumentos mais
sucintos e objetivos, que funcionem como instrumento de rastreamento e levantamento de
informações relevantes que sejam capazes de triar e avaliar e passíveis de serem aplicados
em apenas uma etapa. A presença de suporte familiar e a religião contribuem para uma
melhor adaptação à internação.
Palavras–chave: psicologia, avaliação, emergência
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 185
P69
Atenção psicológica em enfermaria hospitalar e plantão
psicológico na clínica-escola: semelhanças e divergências
Sara Nogueira Ribeiro, Gabriela Di Paula Dias Ribeiro,
José de Arimatéia Reis e Adriano Gustavo Pinto Moura
Instituto de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal do Pará e
Fundação Pública Estadual Hospital de Clínicas Gaspar Vianna, Belém-PA
Em situação de hospitalização, a atenção psicológica oferecida deve exceder os objetivos
de uma anamnese, considerando tanto aspectos objetivos que possam auxiliar uma
compreensão mais abrangente do paciente, quanto oferecer-lhe uma atenção terapêutica,
por meio da empatia e da aceitação deste com suas peculiaridades. Tais fatores se mostram
fundamentais para o estabelecimento de vínculo terapêutico, bem como contribuem para a
visualização de uma forma de tratar o que se apresenta como relevante. Do mesmo modo,
em um plantão psicológico é oferecida essa atenção às demandas levantadas pelo cliente,
possibilitando mudança psicológica através de um processo de atribuição de significado às
experiências. Esse trabalho tem por objetivo relatar uma experiência de estágio realizado no
Hospital De Clínicas Gaspar Vianna, nas enfermarias (áreas) de Clínica Médica e Cardiologia.
Aborda o modelo de atendimentos psicológicos conduzidos e supervisionados no ambiente
hospitalar, que consiste em avaliações psicológicas e terapia breve focal. A partir destes
referenciais é estabelecida uma comparação, em termos de atuação e das impressões das
estagiárias quanto à experiência de atendimentos em plantão psicológico, vivenciada em
uma clínica-escola, indicando pontos de semelhança e de divergência entre os referidos
tipos de atenção psicológica. Nesses ambientes e com os modos de atuação anteriormente
sinalizados, observam-se significativas mudanças psicológicas nos sujeitos que recebem
atendimento, em termos de simbolização da experiência, de processos de elaboração e
percepções de possibilidades de atitudes que viabilizem a resolução de problemas. O que
demonstra que a escuta e o acolhimento, mesmo sendo realizados em diferentes áreas e
de acordo com as dadas especificidades, promovem um processo de mudança psicológica
efetiva nas pessoas atendidas, assim como desempenham um papel significativo na formação
do futuro psicólogo, o que vem demonstrar a importância fundamental da prática de estágios
durante a graduação.
Palavras-chave: Atenção Psicológica; enfermaria hospitalar; plantão psicológico;
hospitalização.
Anais do VII Congresso Interamericano de Psicologia da Saúde: Avaliação Psicológica e Neuropsicológica no Hospital. Para que e para quem? | 186

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