Novos produtos e novas tecnologias. Você pode

Transcrição

Novos produtos e novas tecnologias. Você pode
A argamassa
que libera você
e a obra muito
mais rápido.
Não pinta
o rejunte, recupera.
Novos produtos e novas tecnologias.
Você pode esperar sempre mais da Weber Quartzolit.
Argamassa colante
impermeável que reforça
im
a proteção em ambientes
ccom presença de água.
Para a Weber Quartzolit, mais que atender
às necessidades do mercado, é preciso encontrar
soluções e estabelecer elevados padrões de qualidade
e resultados todos os dias. Foi assim que nasceram
os mais novos produtos da linha Weber Quartzolit:
Rejunte sobre Rejunte Quartzolit, Cimentcola Libera
Rápido Quartzolit, Cimentcola Mais! Quartzolit.
Aguarde, isso é só o começo! Afinal, buscar sempre
mais é o nosso maior desafio.
www.weberquartzolit.com.br • [email protected]
0800 709 6979
Sumário
Editorial
Paixão pela cerâmica
08 Coverings 2007
Maior feira de cerâmica das
Américas, a Coverings reforçou
a posição do porcelanato em
suas inúmeras possibilidades
bem como belas composições
com rochas
A revista para quem vende revestimentos
TILE BRASIL II/2007 - Outubro/2007
fotos - LM e divulgação.
Publisher: Lazzaro Menasce
[email protected]
(jornalista responsável)
30 Competição 2008
Itália promove, há 15 anos,
premiação para os melhores
projetos norte-americanos que
empregam suas cerâmicas em
obras residenciais e comerciais
Conselho Editorial:
Adriano Lima - Pres. da Anfacer
José Armani Paschoal- Pres. do CCB
Editora
Selma Menasce
[email protected]
Auxiliar de Pesquisa
Albino Cheganças Junior
[email protected]
Assistente Administrativo
Caroline Sperandio Florio
[email protected]
Arte e Diagramação
Oggi Estúdio Gráfico
Publicidade
Brasil - SP Marcel Israel
fone +(11) 3822 4422
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Impressão: Prol Editora e Gráfica
Distribuição: Lobra Serv-Press
Publicação trimestral de
Alameda Olga, 422 cj 108 - Barra Funda
01155-040 - São Paulo - SP
Fone + (11) 3822 4422
Fax + (11) 3663 5436
e-mail: [email protected]
http: www.menasce.com.br
Registro no INPI sob número 825.874.254
As opi­niões de Tile Brasil não são
necessariamente as de seus articulistas.
Autorizada a reprodução de artigos
desde que citada a fonte.
Exposição a ‘Concha’ realizada
na ‘Triennale de Milão’ pelo
arquiteto suiço Mario Botta
apresentou o evento “Sente-se,
por favor”, realizado com cadeiras em cerâmica
46 Casa do futuro
Caro leitor
32 Argamassas
A indústria de argamassas
teve, nos últimos 10 anos, uma
evolução meteórica que supera,
em alguns momentos, a própria
indústria de revestimentos da
qual é a principal coadjuvante
Se você, como nós, é um apaixonado pela cerâmica,
pelo produto que vende, então Tile Brasil é a sua
revista. É aqui que você vai encontrar as informações
mais efetivas para estar atualizado em sua atividade.
38 Porcelanato
De nossa parte iremos procurar o que há de mais
relevante em revestimentos cerâmicos e a gestão
deste produto em sua loja, trazendo, inclusive, idéias e
conceitos vitoriosos de outros países como inspiração.
Um profissional informado sempre vale mais. Por
isso, não hesite em nos acionar para aquilo que julgar
relevante e que gostaria de ver nas páginas das
próximas edições de Tile Brasil.
A construção civil como nunca
se viu - princípios para uma
reflexão por Lourenço Gimenes
48 Gestão do negócio
Por que um produto que é o
topo de linha da indústria cerâmica mundial começa a ser
vendido somente pelo apelo de
preço baixo?
42 Piso aquecido
Renato Bernhoeft
preconiza que a
empresa familiar
se transforme em
família empresária para ser um
‘ativo’ que gera
riqueza para
todos
Comuns na Europa e nos Estados Unidos os pisos radiantes elétricos e à água quente
chegam ao Brasil, colocando o
conforto térmico a seus pés
Boa leitura!
50 Entrevista
Associada à:
Fernando de Castro, diretor geral
da rede Telhanorte: os modelos de
varejo de material de construção
ainda não são tão claros no Brasil
Lazzaro Menasce
44 Arquitetura
outubro 2007
outubro 2007
Mosaico
Leroy promove cursos de bricolagem
A Leroy Merlin, em parceria com
30 fornecedores nacionais, vai
promover cursos de hora em hora
em todas as
lojas do país,
entre os dias
2 e 15 de novembro. Os
cursos serão
realizados
nos estados
de São Paulo,
Rio de Janeiro,
Minas Gerais,
Paraná e também no Distrito Federal. A duração será de 45
minutos à 1h45min, e abordará temas dos mais variados, indo desde
aplicação de papel de parede e
renovação de banheiros até economia de energia e limpeza e manutenção de
pisos e porcelanatos. As
inscrições são
gratuitas e podem ser feitas
em qualquer
loja da rede,
como também
no site www.
leroymerlin.
com.br ou no
telefone (11)
5506-1144. Durante os eventos, a
Leroy Merlin colocará à disposição
produtos com ofertas especiais.
Mosaico
Vidro para parede
Conselho se reúne
A Prismatic, empresa especializada na área de vidro de diversos
segmentos, lança o Revestimento
de Vidro para Parede, nova opção
em acabamentos internos que proporciona efeitos inusitados e harmonia aos ambientes. O novo produto
pode ser usado em residências,
hotéis, lojas, escritórios, escolas,
além de sinalização de interiores
e personalização. Os símbolos
podem ser gravados no vidro de
forma que a sombra projetada na
profundidade do vidro proporcione
um efeito tridimensional. O revestimento está disponível em 6 cores
básicas, podendo personalizar as
cores e modelos sob encomenda.
A reunião do Conselho editorial da revista Tile Brasil ocorreu
em 4 de setembro, na sede da
editora. Participaram Lilian Dias,
representando José Octávio Armani Paschoal, presidente do
CCB, Adriano Lima, presidente
da Anfacer, Fernando de Castro,
diretor geral da Telhanorte, Mauro
Tadeu Florio, representando Jorge
Gonçalves, diretor geral da C&C,
Antoine Faugères, gerente de
produto-cerâmica da Leroy Merlin
e William Norberto Aloise, diretor
de marketing da Weber Quartzolit,
além do staff da revista. A função
do conselho é definir a estratégia
editorial da publicação. Decisão
Cartas
Informações
Encontrei na estante de um amigo
um guia 97/98 muito bom e que tem
o emblema Menasce. Quero saber
se vocês ainda publicam este guia
anual, quanto custa e se enviam
para Curitiba. Fábio Salles
Sou TCel do Corpo de Bombeiros
da PMESP e aluno de engenharia
civil na UnG (Guarulhos). Estou
realizando trabalho monográfico
sobre revestimento cerâmico em
fachadas de edif. residencial.
Solicito colaboração: valor comparativo pastilhas x pintura e comentários técnicos sobre o assunto
(preparação e aplicação) para que
eu possa inserir em meu trabalho.
Coronel Neves
Edição nº 1/2007
Agradeço o recebimento da excelente revista Tile Brasil. Estava
faltando este tipo de publicação
do setor, haja vista que a última
recebida há muitos anos atrás
era a Show Room. Como nem
sempre conseguimos comparecer
em eventos reais relacionados ao
tema, a revista nos preenche de
informações, sugestões e aplicabilidades diversas. Além dos serviços
que ela nos presta, vem elegante,
fácil de entender, com várias fotos
e é objetiva. Fernando Nogueira
Barbosa, arquiteto
Sou arquiteto e paisagista Evandro Ziemann de Oliveira de Campo
Grande, MS, e pretendo receber os
exemplares da Revista Tile Brasil,
pois sou professor universitário dos
cursos de decoração de interiores
cuja a disciplina é tecnologia dos
materiais, e na pós-graduação
do curso de avaliação imobiliária
com ênfase em direito Imobiliário
cuja a disciplina é arquitetura e
urbanismo, ambas direcionadas
em revestimentos e acabamentos. “Pois a revista traz para mim
matéria de desenvolvimento”. O
meu currículo pode se encontrar
no site: www.cnpq.br em busca de
currículo lates.
Equipe Tile Brasil,
Parabéns pela edição, está repleta de informações realmente
valiosas para os envolvidos com
o mundo cerâmico. Favor informar
se é possível a compra de 20 unidades diretamente com a editora e
qual seria o valor. Solange Marinelli
- Porcebras Revestimentos
Recebi a ed. 1 / 2007 da revista
Tile Brasil, ao que agradeço. Nesta
oportunidade desejo cumprimentálo pela excelência da publicação o
que traz orgulho para a comunidade cerâmica brasileira. Urames
Pires dos Santos
A todos, nossos agradecimentos
pelas gentis palavras. Esperamos
continuar em nossa tarefa de
surpreendê-los a cada edição. Os
pedidos acima já foram todos atendidos e continuamos à disposição
A Redação
outubro 2007
Reunião do conselho de Tile Brasil; 4 de setembro de 2007, na Editora
unânime do conselho foi de que a
revista deve se dedicar à parte comercial do negócio instrumentando
em especial os vendedores para
que desempenhem seu trabalho
de forma mais eficaz.
Adriano:não
basta ser bonita, a revista
tem de juntar o
lado técnico e
comercial
Fernando: é
vital definir exatamente quem
é o leitor visado
pela revista Tile
Brasil
Mauro: a
revista deve
ser instrumento
para a melhoria
e aumento de
vendas
Antoine: seria
interessante
mostrar técnicas de venda e
gerenciamento
de gama
William: os
perfis e preocupações dos
funcionários
no varejo são
diferentes
Lilian: questiona o formato revista e
propõe folhetos
para falar com
o vendedor
Portobello Shop realiza evento
A Portobello Shop, rede de franquias especializada em revestimento cerâmico, organizou através
do seu programa SER – Sistema
de Especificação e Relacionamento, um encontro de arquitetos
que foi realizado em São Paulo, dia
21 de setembro, no Buffet Torres. O
objetivo do Programa SER, que
está em sua 3a edição e possui
outubro 2007
14 mil arquitetos cadastrados, é
estreitar o relacionamento destes
profissionais, que hoje representam 65% das vendas da empresa.
No encontro foram eleitos os 95
profissionais que mais se destacaram em cada loja. A empresa
também contou com a presença de
500 pessoas, sendo 350 arquitetos
de oitenta cidades do país.
Kit Clean Gyotoku
A Gyotoku elaborou o Kit Clean.
Quatro produtos da família Gyoclean, para a limpeza pós-obra e
manutenção de pisos cerâmicos e
pedras naturais. São três kits: o Kit
Clean Pós-Obra para porcelanatos polidos, o Kit Clean Pós-Obra
para cerâmicos esmaltados e o Kit
Clean Manutenção. Isto garante a
durabilidade de seus produtos.
Coverings 2007
A Cerâmica em Chicago
à direita
Spectrum Award- Primeiro Prêmio
Comercial. Projeto do Wing Lunk
Bank Mural, em Alhambra, Califórnia, com riqueza no emprego
de gradiente de cores do arcoíris. Becoming Tile, LLC.
A empresa Creative Edge Mastershop, especializada em design e manufatura de revestimentos com jato
d’água, apresentou este mural de
5 x 4 metros com a vista de Chicago
Maior feira de cerâmica
das Américas a Coverings
reforçou a posição do
porcelanato em suas
inúmeras possibilidades
bem como belas
composições com rochas
A Coverings, feira dedicada a
revestimentos cerâmicos e rochas
ornamentais, realizada em abril último em Chicago, até pela natureza
da cidade considerada o berço da
arquitetura norte-americana, foi
muito focada nos materiais e temas
dedicados a estes profissionais.
Itália, Espanha, Brasil, Turquia,
Portugal, apresentaram suas mais
recentes novidades a um dos
maiores consumidores de revestimentos do mundo. A organização
da feira realiza dois concursos que
premiam as melhores aplicações
com cerâmica - Spectrum, e rochas
- Prism. Veja os vencedores nas
páginas a seguir, bem como as
novidades mais instigantes que foram apresentadas aos visitantes de
todo mundo presentes ao evento.
Tile Brasil esteve lá também.
outubro 2007
outubro 2007
Coverings 2007
Prism Award - Prêmio de Mérito
Comercial. Fletcher Allen Health
Care. Em Burlimont, Vermont.
Belas misturas de rochas e do
antigo com o moderno. Tsoi/
Kobus & Associates, Inc.
abaixo
Spectrum Award - Primeiro Prêmio
Residencial. The Ablitt House em
Santa Bárbara, Califórnia. O uso de
temas mouros que remetem a Gaudi,
por Jeff Shelton Architecth.
10
à direita.
Prism Award - Prêmio de Mérito
Residencial. Vineyard Residence em
Sonoma County, Califórnia. Emprego
harmonioso de pedras em residência
rural. Adilin Darling Design.
outubro 2007
outubro 2007
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Coverings 2007
Lea Ceramiche
acima - banheiro Paprika Vanigli,
com a linha Progetto 14
à esquerda - peças Pelle Noir
e Pelle Blanc da linha Haute
Couture
à direita - banheiro Grigio com a
linha de mosaicos Masterplan
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outubro 2007
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Coverings 2007
Cerim
Rex Ceramiche Artistiche
à esquerda - linha MaTerre, com
superfície texturizada, disponível
em três cores, Noir, Coquille e
Amande, nos formatos
40 x 40 cm, 12 x 80 cm
e 60 x 80 cm
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outubro 2007
acima - ambiente com a
linha Le Stuoie, porcelanato
que permite efeito de
profundidade, com peças no
formato 48 x 96 cm
à direita - ambiente com Le
Pietre di Cerim, também no
novo formato de 48 x 96 cm
15
Coverings 2007
Florim
O grupo, que tem as
cerâmicas Rex, Cerim, Floor
Gres, Esquire e AFI, exibe
uma grande variedade de
porcelanatos com texturas
que imitam tecidos, rochas,
pele, couro e metais
Rex Ceramiche Artistiche
Linha MaTouche. Imitação
perfeita do couro, é um
porcelanato apresentado em
4 diferentes texturas: Cuir, Peau,
Eleph and Croco (foto), cada
um com um efeito diferente e
profundidade e qualidades de
sensação ao toque
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Coverings 2007
Supergres
A empresa do grupo Concorde
lança a coleção P_ELLE. são produtos
que reproduzem o suave toque do
couro. Feitos em corpo único de
porcelanato apresentam uma variada
combinação de cores que permitem
seu uso em ambientes comerciais e
residenciais. Disponíveis em 8 cores e
decorações diferenciadas, podem ser
utilizados em pisos e paredes
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Coverings 2007
até parece a fase azul e rosa de
Picasso. acima - banheiro azul
da Edilcuoghi e abaixo banheiro
rosa da Ceramiche Capri
Peronda
A empresa espanhola apresenta suas
novas linhas de porcelantos
ao fundo - a linha Hermitage, com
o brilho espelhado do produto Glam
Gris, no formato 44 x 44 cm, inspirada
no mármore clássico para grandes
ambientes.
à esquerda - a série Met.Talica
apresenta o porcelanato metálico
Metrópolis no formato 60x 60 cm
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Coverings 2007
acima - piscina da Appiani
abaixo - pastilhas da Bisazza
Kerlite
A empresa do grupo Cotto D’Este
apresenta seus mais novos produtos
da linha Lamina, produzidos pela
System italiana. São porcelanatos
de 300 x 100 cm, com espessura
de apenas 3 mm, que permitem
novas aplicações sobre superfícies
ligeiramente curvas e também em
piso sobre piso como nesta foto
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Coverings 2007
A Imib, Istanbul
Mineral Exporters
Associtaion,
apresentou
as rochas da
Turquia, com
uma variedade
extraordinária de
mármores e rochas
ornamentais
Kerlite
linha Buxy, nas cores Amande e
Noisette, utilizando os revestimentos
Lamina da System, cortados em
formatos 100 x 100 e 40x 100 cm,
que permitem aplicações bastante
versáteis com bancadas, pias tanto
para áreas internas quanto externas
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Coverings 2007
acima - a Cerâmica Portobello
apresentou sua linha básica
White Home com piso e parede
coordenados
ao lado e abaixo - a Lepri
Ceramicas que acabou
não indo à Coverings, havia
preparado sua nova linha de
pastilhas bem como sua linha
Branca Orgânica, de placas
extrudadas nas cores fendi e
cottone, para áreas externas
à esquerda - Gyotoku
apresentou seus porcelanatos
com imitação de couro, pedras,
tecidos (foto) e outros com a
inovadora tecnologia Chroma
acima - a Portinari investe
bastante no desenvolvimento de
seus porcelanatos e apresentou
várias linhas entre elas com os
produtos metalizados
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Coverings 2007
Rotozip
Uma ferramenta de alta
versatilidade que permite
inúmeras aplicações para o
instalador de cerâmica. Permite
cortar porcelanatos, fazer
cortes curvos, cortar cerâmicas
aplicadas além de remover
rejuntes antigos
Granada Tiles
A Echo Collection é produzida
empregando uma técnica
desenvolvida na França em
meados de 1800 com cimentos
coloridos em moldes de metal
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Prêmio
Debi Fox Photography
Courtesy of Architectural Alliance
Competição para 2008
Menção honrosa institucional: Architectural Alliance
com o projeto SkyHarbor Airport em Phoenix
30
Ken Hayden
Menção honrosa comercial:
Division 1 Architects com o projeto
Charlie Chiang’s Restaurant
Prêmio Comercial: Testani Design Troupe inc/CMD
Architects, Inc. com o projeto Evensong Spa
A cada ano, Ceramic Tiles of
Italy premia os melhores projetos
que empregam os revestimentos
cerâmicos italianos. A competição
de 2008 completa 15 anos desse
prêmio. Foi composto um juri internacional para selecionar entre
os vários projetos, que observa o
desenho do espaço como um todo
bem como os revestimentos cerâmicos atendem os requisitos técnicos
e funcionais. Entre os arquitetos
norte-americanos que ganharam
este ano, estão novos profissionais
como Bernard Tschumi, Stanley
Tigerman e Laurinda Spear. Os
organizadores avisam aos profissionais de projetos residenciais e
comerciais com produtos italianos,
sejam estes projetos de construção
ou reforma dos últimos cinco anos,
que as inscrições para o prêmio
do próximo ano já estão abertas.
A data limite para o envio de projetos é 11 de janeiro de 2008. Não
há limites ou taxas para envio de
projetos. Os ganhadores recebem
um prêmio de US$ 5,000 mais
uma viagem de 5 dias à Itália para
visitar a Cersaie 2008. Maiores
informações podem ser obtidas no
site www.italiantiles.com.
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Divulgação
Itália promove, há 15
anos, premiação para
os melhores projetos
norte-americanos que
empregam suas cerâmicas
em obras residenciais e
comerciais
George Heinrich
Prêmio Comercial: Ellerbe Becket, Inc. com
o projeto Target Northern Campus
Prêmio Residencial: Vanessa De Leon Associates
com Old Tappan Residence em Nova Jersey
outubro 2007
31
Argamassas
Sofisticação e tecnologia
A indústria de argamassas
teve, nos últimos 10 anos,
uma evolução meteórica
que supera, em alguns
momentos a própria
indústria de revestimentos
da qual é a principal
coadjuvante
Fabiana: Mãos à obra é um projeto
piloto para treinar o pedreiro na própria fábrica da Quartzolit
demanda de diversos públicos e
o alvo a ser alcançado. Para isso,
palestras, cursos e campanhas
de divulgação fazem parte das
atividades que visam a obtenção
de uma relação próxima entre os
membros do setor, que inclui fabricantes, varejistas, trabalhadores
da construção civil e consumidores
finais.
Variedade de produtos
A indústria de argamassas colantes e de rejuntamento teve
um grande desenvolvimento nos
últimos anos. Esta indústria é de
suma valia para a aplicação dos
revestimentos cerâmicos convencionais, os porcelanatos e também
os mármores e granitos, nas mais
diversas aplicações e especificações técnicas. A sofisticação é
tamanha, que chega-se quase à
situação de ter um produto para
cada tipo de aplicação. E o vendedor da loja tem de estar a par dos
últimos lançamentos para poder
orientar adequadamente o seu
cliente, que voltará para comprar
outros produtos. Esses produtos
aparentemente simples, feitos em
seus primórdios a partir da mistura de cimento e areia, ganharam
atualmente em sua composição
sofisticados aditivos de forma a garantir desempenho para várias situ32
Orlando, da Quartzolit: ouvimos o
mercado para lançar o sem-poeira
ações. Existem hoje argamassas
até para a correção de espessuras
irregulares de mármores e granitos,
como aquelas que já funcionam
como rejunte colorido para a colocação de pastilhas, facilitando a
vida do colocador. Em agosto passado a Weber-Quartzolit acabou
de lançar a tecnologia sem-poeira,
desenvolvimento mundial da empresa feito a partir das solicitações
dos consumidores brasileiros.
Esta tecnologia permite, além da
redução do pó em obra, uma melhor
trabalhabilidade da argamassa.
São dois os produtos lançados no
Brasil: o Rebofin, argamassa para
aplicação direta sobre a alvenaria,
que elimina o chapisco e o emboço,
com um ganho de tempo na aplicação e a Cimentcola Mais!, que
tem também a característica de
ser impermeável. Segundo William
Norberto Aloise, diretor de marketing da Weber-Quartzolit, a empresa
detectou que as obras e reformas
em sua maioria apresentam problemas de impermeabilização.
Tudo é pensado para facilitar a
aplicação e a vida do aplicador.
Tanta vantagem não é obtida
de forma fácil. As empresas e associações relacionadas com esta
indústria têm de “dançar conforme
a música’’ para corresponder à
outubro 2007
Acompanhamento com o mercado de revestimentos. Essa é a
constatação de grande parte dos
fabricantes, gerentes e varejistas, quando perguntados sobre o
porquê da existência de uma vasta
gama de argamassas específicas
disponíveis hoje em dia no mercado. “A evolução das argamas-
Marcelo Lass, da Votomassa:
lançamento da Maxi-cola branca
outubro 2007
sas seguiu o mercado cerâmico.
Antes haviam erros de dosagem
e dependia-se de fatores como
matérias-primas. Havia muito desperdício’’, relembra Fabiana Castro,
chefe de produtos da Quartzolit.
Ela também avisa que existem
muitos fatores que não podem ser
incluídos em uma só argamassa.
Segundo ela, se isso acontecesse,
os consumidores seriam penalizados. Vale lembrar que a Quartzolit
possui uma gama com 53 produtos.
O carro-chefe é o Cimentcola interno, mas hoje a empresa registra
boa demanda, em lojas de material
de construção e homecenters em
todo país, de produtos mais específicos como o Piso-sobre-piso, uma
tendência que começa a se firmar
no mercado que evita o transtorno
de quebrar tudo para recolocar,
o Cimentcola Libera Rápido em
que a obra fica pronta em 3 horas,
Argamassas específicas para porcelanato, Rejuntamento flexível,
Rejuntamento de piscinas, Rejunte
sobre rejunte e o novo Cimentcola
Mais!, o lançamento recente da
linha sem-poeira. Tamanha diversidade de produtos fez com que a
Weber francesa lançasse o “Guia
Weber”, com o intuito de facilitar a
escolha por parte do consumidor.
Lançado no Brasil em 2000 o guia
já circulou mais de 13 milhões de
exemplares e hoje tem uma versão
em CD para os especificadores.
Tudo visando auxiliar o cliente a
encontrar a solução ótima para sua
obra. Uma mudança e tanto desde
o lançamento do único produto da
empresa em 1972. Por outro lado,
a linha de produtos da Votomassa
é bem mais enxuta. As argamassas
da Votorantin estão disponíveis
nos tipos AC-I, AC-II, Múltiplo Uso
e Maxi-Cola, essa última, a 4 em
1, segundo a empresa, serve para
assentar porcelanatos, piso-sobrepiso, ardósia e granito. Agora em
novembro, a empresa de Antônio
Ermínio de Morais vai lançar a
Maxi-cola branca, específica para
mármores, porcelanatos claros,
como também para pedras claras.
Para Marcelo Lass, gerente geral
do negócio de argamassas da
Votomassa, uma gama de produtos
Cerâmica e argamassa: um casamento desde a entrada na loja
33
Argamassas
William Aloise,
da Quartzolit:
áreas molhadas
com problema de
impermeabilização
representam 25%
do negócio e são
uma oportunidade
para a nova argamassa sem-poeira
Cimentcola Mais!
menor em relação à concorrência
existe para quebrar uma prática
existente que preconiza argamassas específicas para cada tipo de
assentamento. “Não vamos abandonar essa linha de raciocínio”, diz
o gerente que apóia a existência
de argamassas que sozinhas
atendam diversas aplicações,
pois segundo ele, elas ocupam
pouco espaço nas revendas, são
de fácil explicação, além de serem
economicamente viáveis, além de
atender à demanda dos consumidores. Já a Tecnocola Rejuntes e
Argamassas, possui uma gama
mais ampla com 19 produtos no
mercado, que incluem argamassas
colantes, rejuntamentos, aditivos e
impermeabilizantes. “Na verdade
todos os produtos são bem aceitos
no mercado, alguns tem maior demanda, outros menor, em volume.
No geral, o que mais se vende
são as argamassas para assentamento de revestimentos
cerâmicos em ambientes internos, que é a AC-I”, explica Cesar Marcon Dandolini, gerente
comercial da Tecnocola. Já a
Portokoll, empresa adquirida
pela multinacional francesa
Parex Group, comercializa 33
produtos, entre eles os três
novos produtos da linha epóxi,
o epóxi porcelanato, epóxi
cerâmica e o epóxi piscina. O
grupo Parex adquiriu recentemente
a operação da Eliane Argamassas. Outra empresa que fabrica
grande variedade de produtos é
a Rejuntabras, com 27 ítens, que
vão desde argamassas colantes e
rejuntamentos até hidrofugantes e
selantes.
Desenvolvimento
Com o intuito de corresponder
às expectativas dos clientes, as
empresas desta indústria possuem
centros de desenvolvimento, em
que os consumidores, principalmente da revenda e da construção
civil participam efetivamente do
processo de desenvolvimento
dos variados produtos, através de
sugestões e críticas. Na Quartzolit,
existem grupos de discussão em
que associações e construtoras
discutem junto à empresa aquilo
que o mercado precisa. Depois de
filtradas, as informações vão para
um comitê do grupo, que é composto por diretores das áreas técnica, comercial, de marketing, de
recursos humanos e financeira. As
principais questões são estudadas
e em seguida a empresa realiza
ensaios técnicos para avaliar a
performance dos novos produtos.
São testes de tração, em condição
de ambiente, submersão e calor,
em que há simulação de temperaturas. “Buscamos conhecer cada
grupo de interesse, e identificar
suas necessidades. Para isso utilizamos os diversos modelos de
prospecção e investigação oferecidos por institutos de pesquisa do
mercado”, informa Willian Aloise,
da Quartzolit. A Tecnocola, por
sua vez, também ouve os clientes.
São eles que priorizam, segundo
Dandolini, produtos que facilitem
o trabalho e que tornem os custos
mais baixos. Ele também destaca
a questão tecnológica, e ressalta
que sua empresa importa tecnologia de outros países, como Itália
e Alemanha. A ajuda dos clientes
é mesmo imprescindível para a
maioria das empresas do setor. A
Votomassa, por exemplo, possui
O grupo francês Parex, que já havia adquirido a Portokoll, agora é dono também da Eliane argamassas
34
outubro 2007
20 conselhos de clientes em todo
o país, formados em sua maioria
por proprietários de revendas indicados pelas Acomac’s regionais.
“Eles ajudam a escolher representantes do setor que possam
representar os revendedores, nos
trazendo a opinião sobre diversos
aspectos”, informa Marcelo Lass.
Para Lass, as revendas querem
que os produtos ocupem pouco
espaço, sejam de fácil explicação
e economicamente viáveis.
cinco unidades
está prevista para
2008, e o valor
do investimento
é de R$100 milhões. No momento a Votomassa
representa 35%
do mercado de
argamassas,
segundo Lass,
que espera aumentar a capacidade de produção
Desafios
em 30% por conta
das novas fábriFato é que esta indústria está em cas. O número de Josué Rocha, promotor da Quartzolit: principais dúvidas
franca expansão, tudo para agradar clientes em todo o são sobre aderência e tempo de cura da argamassa
e atender da melhor maneira pos- setor é de 30.000,
sível às demandas de nosso país a empresa também possui 200 e cinco anos depois, a empresa
que está em franco crescimento no vendedores especializados, e mantém sua participação de 50%
setor da construção civil. Para se conta também com uma parcela de do mercado de argamassas com
ter uma idéia, o grupo Votorantim engenheiros para atender as con- 2 milhões de toneladas anuais.
Cimentos, que está no negócio strutoras. A Votomassa, que revisa A Quartzolit tem 22.000 clientes
de argamassas desde 1997, fará anualmente seu plano estratégico ativos. Ela conta hoje com sete fános próximos três anos um sig- para os próximos cinco anos, bricas, sete centros de distribuição
nificativo investimento de R$ 1,6 tem como desafio conciliar sua e 4 áreas de mineração. A empresa
bilhão para a instalação de novas linha básica de produtos com as recentemente investiu R$ 3 milexigências da in- hões em sua fábrica de Jandira,
dústria cerâmica. para que pudesse se adaptar ao
Para que a indús- processo dos produtos sem-poetria possa crescer ira. E o futuro? Em relação a isso
mais, Lass avisa a Quartzolit espera em 2008 fazer
q u e é p r e c i s o investimentos em mais três fábrimaior contribuição cas, em um Centro de Distribuição
do mercado, este e três minerações.
que, segundo ele,
não consegue abCursos
sorver produtos
de alta tecnoloTendo em vista uma divulgação
gia. “Nós já temos mais eficaz das qualidades e
a tecnologia , a características de seus produtos,
parte mais difícil é as grandes empresas do setor
o mercado absor- realizam freqüentemente curWeber-Quartzolit, aplicações específicas: rejunte coloriver esse conheci- sos e palestras destinados tanto
do e argamassa num só produto facilitando aplicação
mento tecnológ- para funcionários, vendedores,
fábricas, moagens, reativação e in- ico, como nos Estados Unidos”, representantes como também para
cremento de produção em fábricas explica ele, para quem é preciso os aplicadores. Antes de lançar
de cimento e argamassas. Haverá absorver as exigências desse mer- algum produto, os funcionários da
a inauguração de cinco novas fá- cado, porém sem ter problemas Quartzolit são sempre treinados
bricas de argamassas nas cidades de abastecimento. Já a Quartzolit, acerca dos lançamentos. Já para
de Pecém, CE, Aratu, BA, Goiânia, empresa do Grupo Saint-Gobain, atender os revendedores, a emGO, Esteio, RS, e São Paulo, lançou sua primeira argamassa col- presa, pertencente ao Grupo SaintSP. O início das operações nas ante em 1972, o Cimentcola. Vinte Gobain, possui 200 vendedores e
outubro 2007
35
Argamassas
Lilian Dias, do
CCB: atender à
norma é requisito
mínimo que se
espera de uma
argamassa de
boa qualidade
representantes que dão palestras
nas maiores redes de varejo nacionais. Para os aplicadores, a
empresa faz treinamentos dentro
de suas dependências, cujo os
pedreiros estudam parte teórica
durante quatro dias. Após outros
quatro dias existe uma avaliação, e
depois estes profissionais são credenciados pela Quartzolit. Também
está a caminho, o projeto “Mãos à
Obra”, em que haverá treinamentos para pedreiros que trabalhem
com rejuntes, piso-sobre-piso, e
argamassas colantes em todo o
país. Pelo visto, as revendas são
a “escola” para aplicadores. Por
exemplo, a Votomassa tem um
programa de palestras, em que
alguns revendedores e pedreiros
são convidados. Segundo Marcelo
Lass, são realizadas no Brasil 300
palestras por mês. A empresa
ministra cursos em que são abordados o histórico do grupo, questões
de fábrica e produtos. Mas não são
apenas as empresas que realizam
esse tipo de trabalho. O CCB,
Centro Cerâmico do Brasil, também costuma ministrar palestras
técnicas para assentadores, vendedores, engenheiros e arquitetos,
em que apresentam aos alunos
características do sistema de
revestimento cerâmico. Lilian Dias,
engenheira de materiais do CCB,
Votomassa
lança Maxicola branca
AC-III para
porcelanato,
mármores e
pedras claras
36
afirma que é fundamental mostrar a importância
de uma correta
especificação
destes materiais,
como também
os cuidados que
se deve ter nas
etapas e no pósobra. A engenheira informa
que no final das
palestras é distribuído entre os Porcelanato exige produtos especiais conforme tamanho
participantes um
questionário de avaliação sobre o e adequação ao atual mercado
conteúdo, que segundo ela trazem e necessidades do consumidor”,
informações preciosas para a in- relembra Lilian. Até o momento
dústria.
as argamassas de rejuntamento
da Quartzolit foram as primeiras a
Certificação
receber certificado do CCB. Quem
também acompanha o setor é o
Constituído em 1993, o Centro Sinaprocim, Sindicato Nacional da
Cerâmico do Brasil, CCB, como Indústria de Produtos de Cimento,
organismo certificador, OCC, é cre- em que possui o Programa Setodenciado para certificar a qualidade rial de Qualidade para Argamassas
de produtos relacionados com Colantes. O programa, iniciado em
cerâmica, inclusive argamassas. setembro de 2001, acompanha o
No caso das argamassas, a certi- setor através de auditorias da qualificação pelo centro é feita após o dade em revenda, cujo foco são as
preenchimento das propostas de argamassas colantes do tipo AC-I,
solicitação da certificação. Após por serem, segundo Anderson de
isso são realizadas uma pré-audi- Oliveira, gerente do programa, o
toria, que é opcional, uma auditoria produto mais popular, o de menor
inicial e uma auditoria de segui- valor agregado, além de ser o tipo
mento, conforme informa Lilian de argamassa que apresentava os
Dias, do CCB. Mas o processo não menores índices de conformidade
pára por aí. Posteriormente são no início do programa. Os requisicolhidas duas amostras do produto tos de análise de conformidade
que são enviados para a realização são: tempo em aberto, resistência
de ensaios laboratoriais de acordo à aderência e deslizamento. No
com as normas. Em seguida é feita geral, as empresas enxergam os
a análise estatística dos resultados órgãos certificadores com bons
dos ensaios e finalmente é conce- olhos, visto que eles ajudam a
dida a certificação das argamas- nivelar a qualidade dos produtos.
sas. “Não podemos esquecer que Contudo, para Cesar Dandoloni
os requisitos técnicos da norma são da Tecnocola, a fiscalização não
os mínimos que um produto deve atinge todos os produtos. Dandolini
apresentar. Em função das novas também critica o INMETRO, ao
exigências dos consumidores e dizer que ele não avalia o produto
dos novos produtos que surgem no como um todo. “O INMETRO avalia
mercado, tais normas necessitam apenas os conteúdos das embalapassar por um processo de revisão gens, mas não avalia a qualidade
outubro 2007
Rebofin, que elimina chapisco e
emboço: sucesso no lançamento
dos produtos, deveria ser feita
uma fiscalização mais apurada
das características dos produtos,
se há uma norma a ser cumprida
ela deveria ser seguida”, conclui.
Para Flávio Eckermann, diretor
de marketing da Rejuntabras, deveria haver uma maior divulgação
dos centros fiscalizadores, para
que o consumidor pudesse saber
exatamente quem está dentro da
norma.
Argamassa e Cerâmica
Um precisa do outro. Esse é a
constatação óbvia acerca da relação entre cerâmica e argamassa,
materiais que compõem o sistema
de revestimento cerâmico. Para
que essa união seja bem feita é
preciso levar em conta aspectos
como a correta especificação das
placas cerâmicas e argamassas, como também do projeto e
execução da obra e sua manutenção. Para Cesar Dandolini,
da Tecnocola, as parcerias entre
os fabricantes de argamassas devem existir e continuar. Ele afirma
que de nada adianta uma empresa
cerâmica lançar um revestimento
sem saber se há uma argamassa
capaz de colocá-lo em um piso ou
parede, e vice-versa. Para Marcelo
outubro 2007
Lass, a indústria cerâmica é parceira das argamassas, por serem
exigentes, visto que antigamente
algumas delas foram donas de
empresas de argamassas. “A
grande variedade de produtos para
revestimento disponíveis para o
mercado, levou o segmento de
argamassas a também ofertar uma
gama bastante diversificada”, informa Fernando de Castro, diretor
geral da Telhanorte. Segundo ele
a Telhanorte que trabalha com as
marcas Quartzolit, Eliane, Portokoll,
Fortaleza e Argatex, disponibiliza
em suas lojas argamassas para
diversas finalidades tais como: pedras, fachadas, flexível, para ferro,
porcelanatos, cerâmicas, pastilhas,
refratários, piscinas. Todas com
variação de cor de acordo como
produto a ser aplicado.
Na ponta
Todo este trabalho tem de chegar
na ponta do consumo para surtir o
efeito de todos estes investimentos. Segundo Carlos Silva, promotor da Portokoll na Telhanorte na
marginal do Tietê em São Paulo,
os clientes costumam ter dificuldade em distingüir assentamento
de áreas externas e internas. Ele
confirma a preocupação da fábrica
que promove reuniões mensais
para explicar o funcionamento de
cada produto da empresa. Para
Roberto Souza Carvalho, promotor
da Quartzolit na Telhanorte, 99%
dos pedreiros já estão adaptados
às mudanças. Ainda segundo
ele os clientes não gostam de ler
instruções sobre os produtos. Já
para Josué Rocha, promotor da
Quartzolit na Leroy Merlin da marginal Tietê, as principais dúvidas
são relativas à aderência e ao
tempo de cura. As argamassas
para ardósia e pedras não são tão
procuradas e as áreas interiores
vendem mais. Rocha parece não
ter muita dúvida sobre o acerto da
Quartzolit com o lançamento sem
poeira. Logo após o lançamento,
mesmo com a campanha publicitária ainda esquentando em três
dias foram vendidos 6 pacotes, o
que é um sinal de que a novidade
interessou o consumidor. Este é
afinal um dado muito importante,
pois a indústria de argamassas
investe bastante para oferecer um
produto adequado ao consumidor
o que é muito bom para todos os
envolvidos na revenda.
A Quartzolit lançou recente- William Aloise, diretor de marketmente o Cimentcola Mais!, arga- ing, estima que o potencial deste
massa específica para banhei- mercado seja de 25 a 26% do
ros e áreas internas molhadas. mercado total de argamassas.
Primeira argamassa
colante sem-poeira do
mercado, o produto
apresenta as seguintes vantagens: maior
resistência à umidade,
facilidade para misturar
e aplicar, maior leveza
e maior durabilidade.
O Cimentcola Mais!
impede a penetração
de umidade em paredes e pisos cerâmicos.
No ramo da argamassa
colante impermeável Investimento de R$ 3 milhões somente numa
fábrica para o lançamento do produto sem-poeira
37
Porcelanato
Até o santo desconfia
Por que um produto que é
o topo de linha da indústria
cerâmica mundial começa
a ser vendido pelo apelo
de preço baixo? O professor
Michael Porter costuma
dizer que este é o caminho
mais curto para a redução
das margens, lucratividade
e sobrevivência. Ainda
mais quando o consumidor
entende que vale mais
se alguém se dispuser a
explicar isto para ele
O crescimento do consumo
de porcelanato no Brasil chega
a ser assustador. Quase todos
fabricantes de revestimentos têm
um projeto para o material, seja
importando, seja fabricando, seja
Promotora e vendedor: a dobradinha que pode valorizar o produto
38
num esquema misto. A Anfacer,
Associação Nacional dos Fabricantes de Cerâmica para Revestimento aponta um vertiginoso
crescimento do produto. Como
estar atento para comercializar
um produto que vai de R$ 30
a R$ 400 o metro quadrado na
revenda? O porcelanato, surgido
na Itália, utiliza matérias-primas
mais sofisticadas: além da argila
que o gres convencional emprega,
o porcelanato dito técnico utiliza
feldspato (um mineral que vem
das rochas naturais) e corantes.
O material sofre uma compactação
superior à cerâmica tradicional e
é queimado a altas temperaturas
superiores a 1250ºC. Com isso
tem baixa absorção de água e
permite aplicações mais exigentes
do ponto-de-vista técnico. Pode ser
polido, também chamado de técoutubro 2007
O consumidor está à procura de algo exclusivo que só ele tenha e está disposto a pagar por isso
Uma boa venda inclui complementos e peças especiais
outubro 2007
Produtos a mais de R$ 200 m2
39
Porcelanato
nico, ou não. Também pode ser esmaltado, tendência cada vez mais
crescente com diversas aplicações
que permitem uma gama quase
inacreditável de possibilidades
(veja os materiais apresentados
nesta edição). Chega a confundir.
Há porcelanatos que colocados ao
lado de madeiras naturais, metais,
tecidos, pedras, diversos tipos de
pele, são quase indistinguíveis.
Ou seja, não dá para diferenciar a
cópia do original.
Gato ou lebre?
Mas, tome muito cuidado, pois
como tudo na vida o barato pode
sair caro demais. Num porcelanato Crystalato da Eliane, por
exemplo, uma única peça grande
pode custar o preço de um metro
quadrado: mais de R$ 400! Mesmo
os produtos na faixa dos R$ 30 a
R$ 60 podem lhe trazer dores de
cabeça muito grandes. Principalmente se forem produtos de baixa
qualidade importados da China.
Sem garantia, sem assistência
técnica da fábrica. Já imaginou? É
certo que a China é um continente
e tem a maior produção de porce-
lanato do mundo. Portanto, tem os
bons e os maus produtos. Mas o
diabo é que no Brasil somente se
importam os baratinhos. A Anfacer
tomou uma importante iniciativa
neste sentido e juntamente com o
CCB, Centro Cerâmico do Brasil,
organismo que controla a qualidade e certifica os revestimentos
cerâmicos brasileiros, elaborou
a ABNT NBR 15.643, a primeira
norma específica para porcelanato
no mundo. Este trabalho irá ajudar
a organizar o mercado para evitar
que se compre gato por lebre.
Lucro é pecado?
Além desta norma que está em
vigência, desde março deste ano,
a Anfacer está realizando um importante trabalho com a Receita
Federal no sentido de impedir a
entrada de produtos não conformes. Mas tudo isto não basta se
a revenda não estiver alinhada com
estes propósitos. E percebendo
que todos podem ganhar com isto.
Várias pesquisas indicaram que o
valor percebido da cerâmica pelo
consumidor que põe os pés em
sua loja são superiores em 30
a 40% em média aos preços
praticados. Uma
destas pesquisas foi realizada
pela Anfacer no
estacionamento
das lojas com
clientes que
iriam comprar
cerâmica, antes
de entrar na loja.
Estamos falando
de cerâmica convencional. Imagine quando se
trata de porcelanato. Alguém
está deixando
de ganhar dinheiro com isso.
Os porcelanatos
Faugères afirma que cliente não entende diferenças
40
são produtos nobres que conferem
grande beleza aos ambientes além
de proporcionar desempenho superior. Rogério Sampaio, presidente
da Cecrisa Portinari, costuma dizer
que o consumidor faz uma reforma
de duas a três vezes na vida, e que,
se bem convencido está disposto
a pagar um pouco a mais por isso
e ter um produto que satisfaça seu
desejo e gosto estético.
lin, para quem os clientes que
procuram porcelanato são de
classes A/B com estética mais
sofisticada e maior durabilidade. A
Leroy também investe em treinamento com seus vendedores através de palestras do CCB ou do
Senai, além de possuir um book
de auto-formação sobre cerâmica
para ser consultado por seu corpo
de vendas.
Diferenciação
Dúvidas
Estamos falando de porcelanato.
Um produto nobre que não perde
para nenhum outro revestimento.
É rápido e fácil vender barato. Não
exige conhecimento e convencimento do cliente, que, repetimos,
está disposto a pagar mais para ter
algo melhor. Fernando de Castro,
diretor geral da rede Telhanorte
afirma: “ Os clientes que procuram
o porcelanato na Telhanorte estão em busca de um produto que
agregue, simultaneamente, beleza
e garantia técnica superiores à
cerâmica”. Ele aponta também o
fato de que sua equipe é formada
por profissionais treinados para
atender o cliente plenamente em
suas necessidades, composta
de vendedores técnicos que conhecem profundamente os produtos
comercializados pela empresa, e
complementa: “Ajudar cliente na
composição da sua compra é um
serviço necessário e importantíssimo, uma vez que a compra
do produto principal requer uma
série de complementos que impossibilitam a instalação se não
forem adquiridos juntamente”,
conclui Castro. É certo que uma
argamassa incorreta (veja matéria
anterior) é dor de cabeça na certa.
Porcelanatos necessitam, além de
um serviço de instalação adequado
argamassa e rejuntes corretos para
sua colocação.
Com ele faz coro Antoine
Faugères, gerente de produto
- cerâmica da rede Leroy Mer-
Para Fernando de Castro as
principais dúvidas dos clientes
estão nas questões de especificação técnica, composição
do material e processo fabril. Já
Antoine Faugères, aponta além
das questões de especificação,
também recorrentes, as diferenças
entre os vários tipos, técnicos e
esmaltados. Devido ao aumento
da popularidade, o porcelanato é
agora, ao contrário de alguns anos
atrás, peça acessível para grande
parte dos consumidores, que vão
desde construtores e arquitetos até
pessoas que buscam praticidade
e durabilidade. Apesar das vantagens técnicas, o cliente ainda prioriza o aspecto visual, e como não
outubro 2007
Gyotoku apresenta tecnologia Chroma, a mais avançada do mundo
poderia deixar de ser, o preço. Luci
Helena, promotora da Portinari na
Telhanorte marginal Tietê em São
Paulo, informa que o comprador
procura primeiro o preço barato. Ela
procura explicar as vantagens de
um produto com maior valor agregado. Para ela o porcelanato está
roubando fatias da cerâmica pois
é mais compacto e fiel à cópia. Ela
participa mensalmente de reuniões
para conhecer o produto.
Projeto de paginação e instalação podem ajudar na venda do produto
outubro 2007
Valor percebido
Carlos Eduardo, geógrafo, afirma
não querer perder muito tempo
com detalhes e longas pesquisas: “ Busco praticidade e dados
técnicos, e minha esposa o lado
estético”, afirma. Para os revendedores os clientes têm dificuldades
para entender informações sobre
diferenças entre o produto polido e
esmaltado, como diz Alan dos Santos Cavalcante, gerente de vendas
da Dicico. Alan afirma ainda que
os formatos 60x60 cm são os mais
procurados e ressalta os cursos
que Gyotoku, Eliane, Décor e Portinari oferecem na Dicico. Para ele,
os picos de compra ocorrem em
agosto e setembro e as pessoas
determinam a compra devido à três
aspectos: durabilidade, estética e
preço. E os preços estão cada vez
mais parecidos com os de cerâmica comum. Faugères, da Leroy, vai
mais longe: “Alguns clientes não
sabem o porquê da variação de R$
20 a R$ 40 entre dois porcelanatos
rústicos similares”. Se o consumidor não percebe estas diferenças,
ou elas não existem, ou ele não as
entende. Quem é que vai explicar
isso ao cliente?
41
Piso aquecido
Conforto térmico não é luxo
Piso aquecido da Emmeti: tubos de alumínio multicamadas e controle de temperatura por ambientes e pelo celular
Comuns na Europa e nos
Estados Unidos os pisos
radiantes elétricos e à água
quente chegam ao Brasil,
colocando o conforto
térmico a seus pés
Disponível no mercado americano há bastante tempo, a calefação para pisos cerâmicos chega
ao país. São basicamente dois
sistemas. Um que propaga o calor
através de uma manta com resistência elétrica e outro através de
água quente que circula por tubos
especiais. São duas as empresas a
fornecer a solução: A Astra e a Emmeti, sendo que esta última fornece
apenas o sistema através de água
quente. O piso radiante elétrico da
Astra é ideal para pequenas áreas
pois dispensa a instalação de sistemas para aquecimento de água,
diminuindo o custo inicial com in42
fraestrutura. O sistema é composto
por mantas de aquecimento autoadesivas, com instalação simples e
rápida e em tamanhos pré-determinados; cabos de aquecimento mais
econômicos e cronotermostato que
permite programação de tempo e
temperatura semanal, controlando
a temperatura do piso e do ambiente. O piso radiante elétrico tem
uma resposta rápida de aquecimento, é limpo pois não há combustão, fumaça nem odores, é de
fácil instalação e baixo consumo
de energia elétrica (100 a 160
W/m2) . O piso radiante da Astra é
um sistema de aquecimento con-
fortável adotado nos países mais
desenvolvidos. É utilizado em mais
de 50% de todas as residências
novas. O produto funciona com
circuitos de tubos de polietileno
reticulado, embutidos no piso, anexo a um sistema de regulagem
térmica, que permite controlar a
temperatura ambiente por intermédio da circulação de água quente.
Esses tubos, fabricados em plástico de alta tecnologia, denominados
Polietileno Reticulado, suportam
com total segurança a circulação
de água quente. O piso radiante
utiliza a superfície da residência
como elemento radiador de calor,
outubro 2007
eliminando os radiadores e aparelhos de ar condicionado. Isso permite manter a temperatura do piso
perfeitamente distribuída por todo
o ambiente. Este sistema por piso
radiante é mais confortável do que
o ar condicionado ou por irradiador
de parede uma vez que proporciona aquecimento agradável do piso,
com temperaturas mais amenas
na região da cabeça, onde o calor
causa incômodo. Além disso, este
sistema de distribuição de calor é
mais econômico e saudável, pois
garante uma distribuição ideal de
calor no ambiente e diminui a circulação indesejável de ar e pó no
ambiente. A Emmeti fornece o sistema de calefação por circulação
de água quente, central de controle
que auto-regula o aquecimento no
ambiente e cronotermostato para
programar à longa distância a
hora do aquecimento. É indicado
para construções novas. Formado
outubro 2007
por um circuito
fechado de água
quente, utilizando-se tubos de
alumínio multicamadas com alta
resistência ao
calor e dispositivos que deixam
o ambiente na
temperatura desejada pelo usuário.
O destaque é a
Control Box, uma Piso radiante Astra: recomendável para obras novas
caixa inteligente
que controla e distribui a água de aquecimento tradicionais, que
quente nos vários ambientes. Não filtram o ar e acumulam partículas
há desperdício de energia. Outra provocando reações alérgicas, o
inovação é o cronotermostato, um piso aquecido evita a circulação
dispositivo moderno que, além de da poeira prevenindo alergias e a
medir a temperatura do ambiente, proliferação do mofo, sem ressecar
ligar e desligar sozinho quando o o ambiente, pois a água transmite
local estiver aquecido, pode ser o calor por irradiação, não por
programado, pelo computador ventilação. A tubulação Emmeti
ou celular, para aquecer a casa trabalha normalmente a tempeou apartamento nos raturas de até 95 graus centígrahorários programa- dos. O sistema pode ser adaptado
dos. O piso se in- a qualquer fonte de energia, solar,
tegra à arquitetura gás e outras. Além do controle de
do ambiente e pode energia proporcionada pela Control
ser instalado sob Box (que reaquece apenas 1/3 da
qualquer tipo de água que circula pela tubulação, o
revestimento, grani- suficiente para deixar o ambiente
to, mármore, porce- aquecido), o usuário tem a opção
lanato e carpete. Dif- de economizar mais energia deerente de aparelhos pendendo da fonte usada.
43
Arquitetura
Cadeiras em cerâmica
Exposição a ‘Concha’
realizada na ‘Triennale de
Milão’ pelo arquiteto suiço
Mario Botta apresentou
o evento “Sente-se, por
favor”, realizado com
cadeiras em cerâmica
A ‘Concha’, do arquiteto suiço Mario Botta: estrutura concebida para dar a idéia de um ritual de passagem
Saindo da ‘Concha’, o
Mario Botta, arquiteto
visitante encontrava no
suiço, idealizou a mostra
mezanino nove cadeiras
“Sente-se, por favor”,
cerâmicas criadas por
organizada por Ceramic
nove designers e nove
Tiles of Italy, iniciativa
empresas cerâmicas:
inédita no salão da ‘TrienMichela e Paolo Balnale de Milão’, que ocordessari pela Aquileia,
reu na cidade em abril
Riccardo Blumer pela
passado. Esta mostra
Casalgrande Padana, Diressaltou o valor e verego Grandi pela Lea Cesatilidade da cerâmica.
ramiche, Giulio Iacchetti
Ao longo da escada que
pela Cedir, Massimo Iosa
levava à Exposição, os
Ghini pela Ceramica Del
visitantes podiam apreConca, Michael P. Johnciar a “Concha” feita por
son pela Etruria Design,
Mario Botta, enquanto
Setsu & Shinobu Ito pela
que no mezanino estava
Settecento Ceramica
sendo realizada a exd’Arte e Paolo Ulian pela
posição com inusitados A mostra ‘Concha’ organizada por Mario Botta em Milão
Ragno.
usos de cadeiras feitas
A
exposição
visou uma experiência
com cerâmica.
de materias às formas. Desenhada
Segundo o curador da mostra pelo aclamado Mario Botta, com com o uso de objetos novos e foi
para Ceramic Tiles of Italy, Aldo projetos vencedores em todo o precedida por uma apresentação de
Colonetti, a passagem pela ‘Con- mundo, a mostra foi construída todos os designers juntamente com
cha’ feita pelos visitantes ao subir com materiais da Floor Gres e res- o arquiteto Mario Botta, Aldo Coloas escadas equivalia a um ritual de salta as características estéticas e netti e Alfonso Panzani, presidente
da Cofindustria Ceramica.
passagem da terra aos produtos,
arquiteturais deste material.
44
outubro 2007
nove projetos, de nove cerâmicas
e designers foram apresentados por
ocasião da Triennale de Milão
outubro 2007
45
Casa do futuro
Cerâmica em 2015
A construção civil como
nunca se viu - princípios
para uma reflexão
por Lourenço Gimenes
Louis Armstrong eternizou a
canção What a Wonderful World
como um hino de esperança num
mundo melhor, mais pacífico e
positivo. Mas, através dessa letra,
ele cantou o mundo que todos
queriam ver, e não o que se via.
46
A ingênua poesia, então, pode
também ser lida como crítica?
Sim, uma crítica a uma realidade
de guerras como a do Vietnam, ao
racismo escancarado por Luther
King e outros abusos que deram
linha a um período contestatório
no mundo todo.
Guardada a devida distância ao
momento político e ao gênio musical, pergunto-me se seria possível
adaptar um pouco da ingenuidade
e da acidez para propor uma reflexão sobre um assunto que, embora cinzelado por dificuldades, é
permeado de possibilidades.
Nosso cenário de reflexão é o
Brasil. Nosso objeto, a cerâmica
vermelha. Uma técnica milenar de
construção, presente no mundo
todo, mas que se encontra no
limite de sua obsolescência em
terras tupiniquins. Com pouquíssimas exceções, o retrato da nossa
indústria é fácil de descrever: desorganizado e atrasado. Desorganizado pela mentalidade antiquada
dos produtores, que insistem em
competir por centavos em peças
sem diferencial, baixando o preço e
sacrificando o lucro e a qualidade.
O atraso é conseqüência. Sem
dinheiro para investir em
maquinário, treinamento, pesquisa,
desenho, qualidade e divulgação,
vicia o processo e contamina os
próprios consumidores. Resultado:
cerâmica virou sinônimo de má
qualidade e falta de inovação. Não
sou eu quem o diz, são as pesquisas de mercado.
Já que não tive a sutileza de deixar
a crítica subentendida, gostaria de
compensar a acidez convidando os
leitores a um exercício de imaginação
ingênua por um mundo imaginário de
produtos que nunca deram as caras
por aqui, ou que simplesmente não
existem – ainda! Nada contra os
blocos de vedação, eles não devem
ser banidos. Se sobreviveram, é
porque contam com uma inércia do
mercado que deve ser aproveitada.
Mas tentemos enxergar um Brasil
mais cerâmico em 2010:
Eu vejo uma indústria oferecendo
maior diversidade, surpreendendo
o mercado com novidades o tempo
todo. Vejo a indústria apostando na
comunicação e revertendo, com a
qualidade dos produtos, a imagem
de atraso.
Vejo produtos que nem sei a forma, mas sei que são funcionais. E
vejo produtos que conseguem aliar
a praticidade a desenhos bonitos,
outubro 2007
custando mais por isso.
Eu vejo placas pré-moldadas
para uma construção limpa. Vejo
um canteiro otimizado, com pouca
perda e muita eficiência de mãode-obra. Vejo rapidez, respeito ao
meio ambiente e atendimento a
um mercado de construção que
vai continuar aumentando se o
governo mantiver a economia
estável.
Eu vejo customização de
acabamentos, vejo novidades de
cores e materiais. Vejo inclusão
social, parcerias com entidades de
apoio à criança com câncer e ao
autista. E vejo selos que mostrem
essa preocupação para um mercado cada vez mais exigente – e
que paga mais caro.
Vejo também mais seriedade
nas relações com fornecedores
de matéria-prima, respeito ao meio
ambiente e uso de tecnologias mais
limpas. Tem consumidor que paga
mais por isso, isso é certo. Mas é
mais certo que essa mentalidade
preserva as jazidas, a natureza e
garante um futuro melhor.
Vejo incorporação de tecnologia
de ponta à cerâmica. Telhas com
fotocélulas, blocos com recheio de
fibras termo-acústicas, acabamentos
outubro 2007
com tinta fluorescente para economia
de luz. Vejo lâminas para fachada que
se movem conforme o sol.
Eu vejo um resgate do melhor da
arquitetura tradicional. Atualizada e
inovadora, pode usar empenas de
elementos vazados bons e bonitos para proteger a construção do
sol tropical, ventilando-a. Eu vejo
arquitetos criativos usando caixilhos de cerâmica e vidro, sistemas
componíveis de fachada ventilada,
telhas com inclinação reduzida.
Vejo painéis corta-fogo, forros de
cerâmica, bordas de piscina, capas para muro, soleiras, rodapés,
guarnições. Produtos simples,
mas úteis. E, claro, customizáveis,
bonitos.
Vejo casas de tijolo esmaltado.
Uma casa de cada cor, mostrando a cerâmica como estrutura,
vedação e acabamento ao mesmo
tempo. Vejo os tamanhos e peças
variadas desses tijolos, quinas
agudas e arredondadas, requadros
de janelas.
Vejo produtos versáteis, criando
sistemas entre si. Vejo calhas
cerâmicas que se encaixam nas
telhas, vejo fôrmas para concretagem que já são o acabamento e
proteção contra fogo.
E vejo funcionários mais treinados, mais educados, mais aptos
a fazer um controle pulverizado
de qualidade, mesmo que sem se
dar conta.
Claro que nenhum desses produtos é possível ou viável da noite
para o dia. É necessário muito
trabalho, pesquisa. É preciso pegar
o mercado pelos chifres e fazê-lo
ver que a cerâmica pode ser mais
que um bloco de vedação. E é
fundamental a conscientização de
cada produtor para o fato de que,
sozinho, ninguém faz nada. É na
figura das associações que as experiências poderão ser trocadas,
acordos costurados e benefícios garantidos. Há espaço para todos os
produtores e para todos os produtos. Basta querer e engajar-se.
Lourenço Gimenes é diretor da
empresa de projetos e consultoria Forte, Gimenes & Marcondes
Ferraz. Graduado, mestre e doutorando pela FAU USP, é também
professor universitário. Recentemente, coordenou consultoria
sobre inovação no setor cerâmico
para a FIESP e SEBRAE.
47
Gestão do negócio
Agregando valor
Renato Bernhoeft preconiza
que a empresa familiar
se transforme em família
empresária, deixando de
ser um ‘passivo’ que retira
valor para ser um ‘ativo’ que
gera riqueza para todos
As análises e visões que são
apresentadas sobre a Empresa
Familiar têm sido, na sua grande
maioria, feitas com maior ênfase
nas críticas e alertas para as fragilidades e riscos que ela apresenta
nos desafios da sua perpetuidade.
Sendo que a grande maioria se concentra ainda numa visão simplista
de olhar a mesma, exclusivamente,
na perspectiva dos negócios, suas
estratégias e estrutura.
por
Renato Bernhoeft
A proposta deste artigo é destacar a importância que a família tem
neste processo, especialmente
na medida em que ela torna-se
um “ativo” que agrega valor, tanto
à sociedade como à própria empresa. E desta forma rompe o
círculo vicioso de ser encarada,
preconceituosamente, apenas
como um “passivo” que retira valor
do patrimônio.
Para tanto é indispensável que,
da mesma forma como muitos pri-
48
orizam a necessidade de “profissionalizar” a empresa, também
a própria família desenvolva um
processo educativo que a torne
uma “família empresária”.
Em nossa experiência de algumas décadas de relacionamento
e aprendizagem com empresas
familiares, no Brasil e América
Latina, é possível concluir que este
processo é uma das determinantes
para o sucesso destas organizações, de forma que possam assegurar sua continuidade através
das gerações.
Examinemos alguns pontos
chave na direção de tornar-se uma
família empresária que passa a
agir como um “ativo” que adiciona
valor, tanto à sociedade controladora como à própria empresa.
Eles têm se mostrado úteis para
o tratamento de grupos familiares
preocupados com o seu futuro:
-
Compreender que a herança cria um vínculo acionário,
outubro 2007
complexo e delicado, que ao longo
do tempo deverá sofrer um processo de diluição. Sendo que esta
pulverização terá efeitos sobre
as proporções que cada herdeiro
terá no patrimônio. Ou seja, a
partir da segunda geração desaparece a figura típica que engloba
os papéis e responsabilidades de
“dono”, patriarca e gestor. Emerge
então uma sociedade de pessoas
que não tiveram a liberdade de se
escolherem para este novo papel.
-
Compreender e confrontar
a típica cultura familiar que busca a
igualdade e eqüidade, com a diversidade das participações acionárias
emergentes. Ou seja, dar início a
um processo de separação entre
os afetos e sentimentos familiares
– que devem ser preservados e
desenvolvidos – de um conjunto
de critérios e procedimentos que
possam estabelecer, de forma participativa, compromissos com um
conjunto de direitos e obrigações
para os envolvidos no papel e responsabilidades de Acionista.
-
Educar-se para um competente desempenho do papel de
acionista, interessado em agregar
valor ao seu patrimônio de forma
profissional. Isto significa ter clareza que a empresa não deve ser
olhada como centro de alocação
dos familiares. Mas sim, como um
local onde devem estar profissionais – familiares ou não – capazes
de agregar valor ao patrimônio
e atender as demandas do mercado. Mas, paralelamente, é vital
compreender que o Acionista que
está fora dos quadros executivos
da organização também pode
adicionar valor, na medida em
que se prepara para valorizar sua
participação acionária de forma
profissional.
-
Aceitar que possam existir
– ao longo de cada geração – “podas” nas participações acionárias
que permitam reduzir o número de
minoritários. É bom lembrar que,
embora estes acionistas possuam
outubro 2007
pequenas participações no capital,
eles não deixam de ter expectativas altas devido seu vínculo e
influência familiar. Sair de uma
sociedade familiar, de forma negociada e transparente, não exclui o
acionista do vínculo familiar. Esta
liberdade de transacionar a participação acionária pode ser encarada
como uma forma prática e gradativa de conseguir separar estes
dois universos que são a família e
a sociedade nos negócios.
-
Obter um equilíbrio entre
as necessidades de capitalização da sociedade/empresa e as
demandas de liquidez dos acio-
Os mais jovens da família
têm de entender que a
empresa não significa
apenas “bônus”, mas que
há também os “ônus” e
que herança não vem com
manual de instruções
nistas. Vale lembrar que estas demandas, individuais e familiares,
tendem a crescer de forma mais
intensa e rápida do que os lucros
dos negócios.
-
Comprometer os acionistas
– e suas famílias – com a criação
de fontes alternativas de liquidez
como forma de reduzir o grau de
dependência financeira, muitas
vezes excessivamente concentrada nos rendimentos do patrimônio
da sociedade e das empresas.
-
Educar os mais jovens da
família, desde muito cedo, na sua
relação com o dinheiro e poder,
procurando torná-los responsáveis
em relação aos “bônus” e “ônus”
que a herança representa. Vale
lembrar que herança não vem com
manual de instruções.
-
Assumir que cada acionista
e familiar deve conscientizar-se
que é sua responsabilidade desenvolver um Projeto de Vida que
contemple seus sonhos pessoais
e busca da realização profissional.
Para tanto é fundamental não olhar
a empresa da família como sua
única alternativa de vida. Ela pode
ser uma delas, mas, em qualquer
hipótese deve ser encarada com
muita cautela.
-
Cultivar e conhecer a
história da família e empresa é
também uma forma como os herdeiros, e futuros acionistas, podem
se preparar para fazer crescer e
valorizar o patrimônio. Ninguém
ama o que não conhece. Portanto, a consciência da história é
instrumento útil para compreender
que se, a cada nova geração
não houver agregação de valor
e a dependência financeira não
for reduzida, os riscos de um fim
trágico aumentam.
É evidente que esta relação de
ações preventivas não se esgota.
Outras tantas existem e se tornam
necessárias. Mas o principal objetivo deste texto é funcionar como
alerta e reflexão sobre um tema tão
importante e delicado.
E quanto mais cedo isto puder
ser discutido e implementado –
preferencialmente com o fundador
ainda presente – maior será a
eficácia destas ações.
Renato Bernhoeft, consultor
de empresas, é presidente da
Bernhoeft Consultoria, membro
do FBCGi - The Family Business
Consulting Group International na
América Latina
[email protected]
www.bernhoeft.com
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Entrevista
Somos multiespecialistas
Diante deste fato o varejo se estruturou
para atender ao consumidor final, uma
vez que as grandes construtoras normalmente se abastecem diretamente
nos fornecedores. As construções
também são muito diferentes entre os
países; as construções americanas
utilizam matérias-primas como madeiras e materiais mais leves e de média
durabilidade; as européias investem
em materiais mais sofisticados e de
grande durabilidade; já no Brasil, os
consumidores optam por produtos mais
simples e genéricos, com necessidade
de pouca tecnologia para aplicação,
fato este, pela baixa qualificação dos
profissionais.
TB - A venda assistida é mais rentável?
O que a rede faz neste sentido?
Castro - Não é assim. O que existe
são modelos de negócio. Algumas redes
são estruturadas dentro de um conceito
de auto-atendimento com foco em um
determinado perfil de clientes e podem
ser extremamente rentáveis com este
modelo. Outras redes, como é o nosso
caso, tem um conceito de especialista,
portanto a venda assistida se impõe. O
sucesso do modelo está na adaptação
ao perfil do cliente que pretende ser
atendido. O melhor exemplo disso está
no setor alimentício. Na Europa o modelo “hard discount” na distribuição é um
grande exemplo de sucesso.
Fernando de Castro foi diretor de
desenvolvimento e estratégia do grupo
Saint-Gobain para o Cone Sul. A partir
da aquisição da rede Telhanorte pelo
grupo, passou a responder pela direção geral da rede. Tile Brasil ouviu
suas opiniões a respeito do varejo da
construção.
TB - Por que é pequena a concentração do varejo da construção comparada ao varejo de alimentos?
Castro - O mercado da construção
civil, após a década de 80, passou por
um período de pouco investimento e por
conseqüência, baixo desenvolvimento.
O varejo da construção civil está em um
novo ciclo, novos movimentos estão
acontecendo: a entrada de redes internacionais, desenvolvimento técnico,
novos hábitos de consumo, oferta de
produtos, a melhoria de qualidade de
vida e um aumento de renda da população e a valorização da casa.
TB - Se as mulheres é que decidem, por
que os vendedores são homens?
Castro - Não concordamos com a
afirmação. A compra é da família, portanto o processo de decisão é compartilhado. Quanto à mão-de-obra, há uma
maior disponibilidade de homens para
a função de vendedor de materiais de
construção.
TB - Como é o varejo brasileiro em
comparação a outros países?
Castro - No mercado europeu o
trabalho do profissional da construção
é valorizado e reconhecido; normalmente este profissional gerencia a obra
para o seu cliente. Neste mercado, os
principais atores são os profissionais
da construção, portanto o varejo foi
desenvolvido para atendê-los. No
Brasil, por uma questão cultural, o
mercado da construção caminhou de
forma diferente. Quem administra a
obra ou são as grandes construtoras
ou o consumidor final em um processo
de auto-gestão. Neste caso, o profissional é apenas o executor do trabalho.
TB - Qual é o foco da Telhanorte
em seu mix de produtos e o que a
cerâmica representa?
Castro - Somos a única rede brasileira com o conceito de multiespecialista, ou seja, oferecemos num único
espaço uma profundidade de gama,
todos os produtos necessários para
uma construção ou reforma através
da venda de produtos duráveis, que se
integram à casa. Também queremos ser
reconhecidos como uma rede inovadora em conceitos e um modelo de excelência em qualidade e atendimento.
Neste sentido o setor cerâmico está
totalmente incorporado aos objetivos
e metas da empresa.
Fernando de Castro, diretor
geral da rede Telhanorte: os
modelos de varejo de material
de construção ainda não são
tão claros no Brasil
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TB - Quais as tecnologias do futuro
para o varejo de construção?
Castro - Novos desenvolvimentos
estão sendo feitos e disponibilizadas para este mercado, entre eles
alguns muito importantes em logística, apresentação dos produtos no
ponto de venda, RFID e em gestão
de negócios.
TB - Em que regiões do Brasil a rede
aponta seu crescimento?
Castro - Estamos presentes em
três estados brasileiros, SP, MG,
PR e pretendemos consolidar nossa
presença nestas regiões, mas a Telhanorte estrategicamente estuda outras
oportunidades.
TB - Grandes ou pequenas lojas?
Castro - Nós operamos com três
tipos de loja: megaloja, média e compacta a exemplo do setor alimentar.
outubro 2007