módulo - O Canto das Letras

Transcrição

módulo - O Canto das Letras
Curso Técnico de
Energias Renováveis
Mecatrónica Automóvel
Eletrónica, Automação e Comando
MÓDULO 2
TEXTOS EXPRESSIVOS E CRIATIVOS: TEXTOS POÉTICOS
Disciplina- Português
Prof. Liliete Santos
Turmas: todos os 1os anos
Ano Lectivo, 2012-2013
Módulo 2 – Textos expressivos e criativos: textos poéticos
O que é a poesia?
Prof. Liliete Santos
Leia os seguintes poemas e descubra algo mais sobre a poesia…
O Poeta e a Poesia
1.
3.
2.
Ver claro
Canção do Semeador
Na terra negra da vida,
Pousio do desespero,
É que o Poeta semeia
Poemas de confiança.
O Poeta é uma criança
Que devaneia.
Toda a poesia é luminosa, até
a mais obscura.
O leitor é que tem às vezes,
em lugar de sol, nevoeiro dentro de si.
E o nevoeiro nunca deixa ver claro.
Se regressar
outra vez e outra vez
e outra vez
a essas sílabas acesas
ficará cego de tanta claridade.
Abençoado seja se lá chegar.
Mas todo o semeador
Semeia contra o presente.
Semeia como vidente
A seara do futuro,
Sem saber se o chão é duro
E lhe recebe a semente.
Eugénio de Andrade, Os Sulcos da Sede
4.
Miguel Torga, Antologia Poética
Ser Poeta
Ser ________ é ser mais alto, é ser ________
Do que os homens! ________ como quem beija!
É ser ________ e dar como quem seja
________ do Reino de ________e de Além Dor!
É ter de mil desejos o ________
E não saber ________ que se deseja!
É ter cá dentro um ________ que flameja,
É ter garras e asas de ________!
É ________ fome, é ter sede de Infinito!
Por ________, as manhãs de oiro e de ________...
É condensar o ________ num só grito!
E é amar-te, assim, ________...
É ________ alma, e sangue, e vida em mim
E dizê-lo cantando a toda a gente!
Perdidamente
Astro
Esplendor
Mendigo
Poeta
Maior
Ter
Rei
Sequer
Mundo
Condor
Elmo
Vida
Morder
Seres
Cetim
Aquém
Poética
(variante com construção civil)
Escrevo por entre andaimes,
ando por entre versos. Uma ideia de
construção ergue-se no
meio de palavras e tijolos. O muro
do verso separa-me da vida; mas
subo o escadote da estrofe, espreito
o outro lado - e vejo-te.
Pareces calma, com o teu vestido
amarelo, e o sol a entrar-te pelos
cabelos. Eu vou a reboque do tempo;
e tu, com os pés assentes na terra
do campo, podias ser mais uma dessas
flores que crescem, nesta
estação, amarelas como o teu vestido.
Começo, então, a tirar
os andaimes. As vogais aguentam-se, com
o seu reboco de gesso e
consoantes. Abro-te a porta. Tu,
entras no poema; e ficamos aí os dois,
ouvindo a sua música.
Nuno Júdice, Cartografia de Emoções
Oralidade
1. Este poema, que agora se apresenta incompleto,
certamente não é desconhecido para si. Complete-o
com as palavras apresentadas do quadro à sua direita.
2. Verifique a sua correcção através da audição da
canção apresentada.
Florbela Espanca, Charneca em Flor (1930)
Desafio…
1. Ainda se lembra?
a) cada linha do poema
a) à ultima sílaba
a) um verso isolado
a) decassílabos
a) uma quadrilha
a) a partir da última vogal tónica
1.1 Um verso é…
b) cada conjunto de linhas do poema
c) as rimas do poema
1.2 As sílabas de um verso contam-se até:
b) à ultima sílaba tónica de cada verso
c) até à última sílaba átona de cada verso
1.3 Um verso branco é
b) um verso sem rima
c) um verso que não existe
1.4 Os versos de 5 e de 7 sílabas são:
b) especiais
c) redondilhas
1.5 Uma estrofe de 4 versos é:
b) uma quadra
c) um quarteto
1.6 A rima é a coincidência de sons entre versos:
b) a partir do início de uma palavra
c) a partir da 3.ª letra a contar do fim
2. Identifique nos textos 1,2,3,4:
a) um texto rimado
b) um verso de sete sílabas
c) um verso de doze sílabas
d) uma sextilha
20 pontos
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TOTAL - 200 pontos
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Módulo 2 – Textos expressivos e criativos: textos poéticos
Prof. Liliete Santos
Antes de começar…
Ao ler os textos acima apresentados, certamente apercebeu-se de que todos tentam definir a poesia e o que é ser
poeta, mas de uma forma subjectiva, através de uma linguagem se devia da norma, para dar lugar a vocábulos e a
estruturas sintácticas mais ricas. Encontramo-nos diante do TEXTO LITERÁRIO. Como o distinguimos do texto não literário?
Para descobrir, resolva os exercícios seguintes:
Leitura
Leia com atenção o texto seguinte e responda às questões:
O MAR
O mar às vezes parece um véu diáfano, outras pó verde. Às vezes é dum azul transparente, outras cobalto.
Ou não tem consistência e é céu, ou é confusão e cólera. De manhã desvanece-se, de tarde sonha. E há dias de
nevoeiro em que ele é extraordinário, quando a névoa espessa pouco e pouco se adelgaça, e surge atrás da última
cortina vaporosa, todo verde, dum verde que apetece respirar. Diferentes verdes bóiam na água, esbranquiçados,
transparentes, escuros, quase negros, misturados com restos de onda que se desfaz e redemoinha até ao longe. E
ainda outros azulados, com a cor das podridões. Tudo isto graduado e dependendo do céu, da hora e das marés. Há
momentos em que me julgo metido dentro duma esmeralda, e, depois, numa jóia esplêndida, dum azul único que
se incendeia. Mas a luz morre, e a luz agonizando exala-se como um perfume. É uma grande flor que desfalece. O
doirado não é simplesmente doirado, nem o verde simplesmente verde: possuem uma alma delicada e extática.
Raul Brandão, Os Pescadores, 1923
1. Identifique a função da linguagem existente no texto, referindo duas das suas marcas linguísticas.
2. Retire do texto uma frase ilustrativa da função expressiva da linguagem, apresentando duas marcas
linguísticas.
3. Destaque uma metáfora e uma personificação.
4. Construa duas frases em que expresse o (s) seu (s) sentimento (s) em relação ao mar usando uma
linguagem cuidada e, se possível, metafórica.
OS MOVIMENTOS DOS OCEANOS
Os mares e os oceanos cobrem cerca de dois terços da superfície da Terra, e esta grande extensão de água está em
contínuo movimento. As ondas, geradas pelo vento, constituem os movimentos que nos são mais familiares, além das
maré alta e das maré baixa, resultantes das posições da Lua. Mas verificam-se movimentos ainda maiores.
Grande Atlas do Mundo, Ed. Público – Planeta Agostini, p.23
1. Observe as frases que se seguem e, depois, preencha os espaços em branco:
A- “O Mar”
(o mar)…é confusão e cólera…”
(o mar) “de manhã desvanece-se de tarde
sonha…”
…”a luz morre, e a luz agonizando exala-se…”
B – “Os movimentos dos oceanos”
“Os mares e os oceanos cobrem cerca de dois terços (…)”
“(…) esta grande extensão de água está em contínuo
movimento (…)”
“As ondas, geradas pelo vento (…)
Nas frases da coluna A, a linguagem é mais _______________(objectiva/subjectiva), dotada de uma carga
afectiva atribuída pelo sujeito de enunciação, isto é, dotada de sentido CONOTATIVO; na coluna B, as frases
têm uma linguagem mais _______________(objectiva/subjectiva), o valor das palavras é
________________ (literal/figurado), aquele que figura no dicionário, ou seja, tem um sentido DENOTATIVO.
2. Nas frases abaixo apresentadas, distinga os segmentos frásicos que podem ser considerados
denotativos/conotativos:
a) “…antes de ter saído/de casa dos meus pais disposto a viajar/eu conhecia já o rebentar do mar/das
páginas dos livros…” (Ruy Belo)
b) “Ó sino da minha aldeia, / Dolente na tarde calma, / Cada tua balada/Soa dentro da minha alma.”
(Fernando Pessoa)
c) “Era o céu azul, o campo verde, a terra escura, /Era a carne das árvores elástica e dura,” (Sophia de
Mello Breyner)
d) “Limão aceso na meia-noite ilhada, / O relógio da torre da Matriz…” (Natália Correia)
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Módulo 2 – Textos expressivos e criativos: textos poéticos
Prof. Liliete Santos
Poesia Lírica Camoniana
Oralidade
Quem foi Camões?
Para descobrir ou relembrar quem foi Camões, vai assistir ao filme que retrata a sua biografia. Esteja
atento para poder preencher a grelha que encontra no final das fichas do módulo (deverá inserir a ficha no
portfolio).
Leitura
O Contexto Cultural e Literário
1. Leia o texto que se segue e atribua um título a cada parágrafo:
O Renascimento
Não podemos estudar as obras de Camões sem antes ter o cuidado de situar o autor no meio
histórico – literário de Quinhentos e traçar um rápido perfil da mentalidade do seu tempo. Importa,
antes de mais, tentar compreender o que representou o Renascimento europeu e definir as suas
implicações literárias e artísticas, para melhor aprendermos a importância das modificações que se
reflectiram na sociedade Portuguesa.
O Renascimento como movimento artístico nasceu em Itália, na cidade de Florença, no século
XV, marcando uma renovação artística e literária divulgada por poetas e escritores como Dante,
Petrarca e Bocaccio. Este movimento baseou-se no conhecimento e imitação dos clássicos gregos e
latinos, trazendo uma nova concepção do Homem e rejeitando as formas estéticas medievais,
consideradas bárbaras e decadentes.
Na verdade, o Renascimento representou uma viragem decisiva em relação às concepções
medievais, que poderemos sintetizar opondo a concepção “antropocêntrica” (o homem no centro das
preocupações) à concepção “teocêntrica” da Idade Média (Deus é o centro do Universo). Assim, o
Homem passa a ser encarado como um ser integral, dotado de uma harmonia entre o corpo e o
espírito que faz dele o e possuidor de um valor máximo e que o coloca no centro do Mundo. Para ele
convergem as artes, a religião, a vida social, as concepções políticas. O conhecimento que o Homem
possui sobre si só pode ser conseguido através das artes, das letras e do contacto com o Mundo que o
rodeia. A este interesse pelo Homem e pela sua razão e experiência deu-se o nome de Humanismo. O
Renascimento, marca, efectivamente, o renascer da confiança no Homem como sujeito da História e
do progresso, e não como objecto na mão da autoridade universal de uma igreja investida por Deus na
missão de “conduzir” os homens.
Ao nível artístico, assiste-se ao surgimento do ideal de beleza, pois tudo o que o Homem
renascentista faz tem de ser belo e grandioso. Assim, começa-se por regressar à observação e
representação da Natureza, que a Idade Média recusara. O corpo humano começa a ser representado
como forma física perfeita e harmónica. O nu artístico volta a ser naturalista e já não apenas símbolo
estilizado, como sucedera na arte medieval. As obras de arte passam a exprimir uma alegria de viver
que tinha sido calada até então, ambientes festivos e alegres; as cores são vibrantes; os quadros
cheios de luz; as personagens belas e idealizadas e a mitologia pagã domina a maioria das
composições, com os seus Deuses e Deusas perfeitos e cheios de sensualidade. Também nos quadros
religiosos se verifica esta tendência: as figuras dos Santos, a Virgem e o próprio Cristo são
representados por belas damas e homens jovens e fortes cheios de doçura e humanidade, mais
próximo dos fiéis e das suas dores e alegrias. A este movimento estético ligado à Antiguidade Clássica
chamou-se classicismo.
O Renascimento foi introduzido em Portugal no século XVI através de Sá do Miranda (escritor),
sendo marcado por duas grandes linhas de influência: uma de origem estrangeira (contributo do
Renascimento Europeu, sobretudo Italiano) e outra devido ao contacto com novas realidades
ultramarinas.
O grande contributo dos portugueses para o Renascimento foi, sem dúvida, os Descobrimentos,
uma autêntica revolução epistemológica que tocou todos os domínios do saber. As viagens marítimas
portuguesas permitiram traçar um novo eixo científico e cultural, construindo um novo espaço do
saber. Os Descobrimentos contribuíram decisivamente para o desenvolvimento do espírito científico,
pelo revelar do valor da experiência e da observação directa das realidades, bem como para o
progresso técnico: a geografia do mundo alargava-se e era, assim, reformulada; a cartografia
desenvolvia-se, novas estrelas e constelações se tornavam visíveis; conhecia-se e encontrava-se a
maneira de enfrentar novos ventos, novas correntes a fauna e flora e outras regiões eram estudadas, e
aproveitadas para a Medicina; tomava-se o contacto com usos, costumes, concepções religiosas,
sociais e filosóficas diferentes das nossas.
http://www.colegioportugal.pt (adaptado)
4
1.º ______________
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2.º ______________
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3.º
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4.º
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5.º ______________
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6.º
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Módulo 2 – Textos expressivos e criativos: textos poéticos
Prof. Liliete Santos
MEDIDA VELHA
Leitura
Leia o seguinte texto camoniano e responda às questões propostas:
1. Registe V (verdadeiro) ou F (falso)
atendendo ao conteúdo do texto:
Endechas a Bárbara, Escrava
Aquela cativa
Que me tem cativo,
Porque nela vivo
Já não quer que viva.
Eu nunca vi rosa
Em suaves molhos,
Que pera meus olhos
Fosse mais fermosa.
Pretidão de Amor,
Tão doce a figura,
Que a neve lhe jura
Que trocara a cor.
Leda mansidão,
Que o siso acompanha;
Bem parece estranha,
Mas bárbara não.
Nem no campo flores,
Nem no céu estrelas
Me parecem belas
Como os meus amores.
Rosto singular,
Olhos sossegados,
Pretos e cansados,
Mas não de matar.
Presença serena
Que a tormenta amansa;
Nela, enfim, descansa
Toda a minha pena.
Esta é a cativa
Que me tem cativo;
E. pois nela vivo,
É força que viva.
a) O sujeito poético expõe o seu estado
de espírito ao longo do texto.
b) A figura feminina superioriza-se a
todos os elementos da natureza.
c) Na descrição da mulher emergem
aspectos físicos e psíquicos.
d) Esta escrava tem tudo para ser cativa.
e) Apesar de ser diferente, esta mulher
não tem nada de bárbara (rude).
f) A serenidade da mulher retratada
atormenta o sujeito poético.
Luís de Camões
Ua graça viva,
Que neles lhe mora,
Pera ser senhora
De quem é cativa.
Pretos os cabelos,
Onde o povo vão
Perde opinião
Que os louros são belos.
2. Responda de forma completa:
2.1 Descodifique a polissemia da palavra
“cativo (a)”.
2.2 Comente o sentido dos seguintes
versos: “Aquela cativa/que me tem cativo”
e “bem parece estranha/mas bárbora não”.
2.2 Trace o retrato físico, psicológico e
social da figura feminina descrita.
2.3 Enumere os recursos estilísticos
associados ao retrato fornecido pelo poeta.
2.4 Refira o valor expressivo da
expressão “Pretidão de Amor”.
2.5 Analise formalmente o texto
poético.
Funcionamento da Língua
1. Complete as afirmações seguintes:
a) O segmento “porque nela vivo” (v.3) apresenta um articulador/conector_________________.
b) o determinante usado no verso 1 pertence à subclasse dos ________________.
c) O vocábulo “nunca” é um ___________________.
d) Os versos 10 e 11 apresentam o conector ___________, que possui uma lógica _____________.
e) A forma verbal “parece” (v. 31) faz parte do verbo _____________ “parecer”.
f)O______________
“estranha”
(v.
31”
desempenha
a
função
sintáctica
_________________________.
g) O ______________ “mas” (v. 32) tem um valor de ___________________.
h) Já o termo “enfim” traduz uma _________________.
i) A palavra “pena” (v. 36) pode-se considerar-se polissémica já que tem vários _________________.
5
de
Módulo 2 – Textos expressivos e criativos: textos poéticos
Prof. Liliete Santos
Leitura
Leia o seguinte poema de Camões e responda às questões:
Mote
Descalça vai para a fonte
Lianor pela verdura;
Vai fermosa, e não segura.
1. O poema descreve uma jovem a quem é dado o nome de
Lianor.
1.1 trata-se de um retrato estático ou em movimento?
1.2 Justifique com palavras do texto.
Voltas
Leva na cabeça o pote,
O testo nas mãos de prata,
Cinta de fina escarlata,
Saínho de chamelote;
Traz a vasquinha de cote,
Mais branca que a neve pura.
Vai fermosa e não segura.
2. Proceda ao levantamento dos seguintes elementos
caracterizadores:
a) traços físicos
b) vestuário
c) cores
Descobre a touca a garganta,
Cabelos de ouro entrançado
Fita de cor de encarnado,
Tão linda que o mundo espanta.
Chove nela graça tanta,
Que dá graça à fermosura.
Vai fermosa e não segura.
4. Interprete o sentido do refrão “vai fermosa, e não
segura”.
3. Comente o valor das cores, indicadas e sugeridas,
presentes na descrição.
5. Procure identificar traços psicológicos e sociais neste
retrato de Leanor.
6. Descreva a estrutura formal deste poema.
Luís de Camões
Testo- tampa do pote
Saínho – casaco curto
Chamalote – tecido grosso
Vasquinha – saia com muitas pregas, usada
por cima de toda a roupa.
Cote – de uso diário
7. Releia o poema “Aquela cativa” e refira as diferenças e
semelhanças entre:
a) as duas figuras femininas retratadas;
b) as atitudes do sujeito poético face a elas.
Funcionamento da Língua
Reescreva o texto que se segure, recorrendo aos mecanismos de coesão diversificados para evitar as
repetições assinaladas.
Morreu Luís de Camões – 11 de Junho de 1580
Morreu ontem, na maior miséria, o autor de "Os Lusíadas", Luís Vaz de Camões.
Abandonado por todos, Luís de Camões morreu num hospital da cidade e Luís de Camões foi
sepultado num coval aberto do lado de fora da Igreja de Santana. O único rendimento de Luís de
Camões era a tença de 15 mil réis anuais, equivalente a uma reforma de soldado, que El-Rei mandou
pagar Luís de Camões como recompensa pela publicação de "Os Lusíadas".
Entretanto, a obra de Luís de Camões continua a ser admirada por todos. Além dessa publicação
Luís de Camões escreveu muitas redondilhas, sonetos, odes, canções, sextinas e éclogas que nunca
foram impressas pelo facto de Luís de Camões não ter recursos materiais, mas estão a correr de mão
em mão, em cópias manuscritas.
José Hermano Saraiva e Maria Luísa Guerra
Diário da História de Portugal – da Fundação aos Lusíadas, Difusão Cultural, 1992 (adaptado)
6
Módulo 2 – Textos expressivos e criativos: textos poéticos
Prof. Liliete Santos
Leitura
Leia o seguinte poema de Camões e responda às questões:
Verdes são os campos,
De cor de limão:
Assim são os olhos
Do meu coração.
Campo, que te estendes
Com verdura bela;
Ovelhas, que nela
Vosso pasto tendes,
De ervas vos mantendes
Que traz o Verão,
E eu das lembranças
Do meu coração.
Gados que pasceis
Com contentamento,
Vosso mantimento
Não no entendereis;
Isso que comeis
Não são ervas, não:
São graças dos olhos
Do meu coração.
1. Identifique no poema os vocábulos e expressões correspondentes às
afirmações seguintes:
a) Os olhos da amada do sujeito poético são verdes.
b) O campo é belo e alimenta os animais.
c) O “eu” alimenta-se de recordações da amada.
d) O sujeito poético observa subjectivamente a natureza.
2. Indique a cor dominante no poema e justifique essa dominância.
3. Identifique a figura de estilo presente no penúltimo verso da última estrofe,
referindo a sua expressividade.
4. Proceda à análise formal do poema.
Funcionamento da Língua
1. Escreva frases com:
a) uma palavra homógrafa de “cor” (v.2)
b) uma palavra homónima de “são” (v. 3)
c) uma palavra homófona de “traz” (v.10)
2. Estabeleça a ligação entre os dois primeiros versos da primeira estrofe com
os dois últimos, usando um conector de sentido equivalente ao que se encontra
no texto.
Luís de Camões
3. Considere os vocábulos “cor e “ovelhas”:
a) apresente um hipónimo de “cor”.
b) refira um hiperónimo de “ovelhas”.
Leitura
Leia o texto e responda às questões:
Ao desconcerto do Mundo
1. O sujeito poético reflecte sobre o que “sempre” viu. Que conclusão
obteve?
Os bons vi sempre passar
no Mundo graves tormentos;
2. Que ensinamento retira o sujeito poético quando compara a sua e pera mais me espantar,
os maus vi sempre nadar
observação do mundo com a sua experiência de vida?
em mar de contentamentos.
3. Seleccione do texto versos que contenham as figuras de estilo abaixo Cuidando alcançar assim
indicadas, referindo o seu valor expressivo:
o bem tão mal ordenado,
a) uma metáfora
fui mau, mas fui castigado.
b) uma hipérbole
Assim que, só pera mim,
3. Observe o aspecto gráfico do poema:
anda o Mundo concertado.
3.1 Identifique o tipo de estrofe.
3.2 Como se designam os versos deste poema, quanto ao número de
sílabas?
4. Interprete o título do poema.
Luís de Camões
Funcionamento da Língua
1. Refira a classe das seguintes palavras:
a) “Sempre” (v.1)
b) “bem” (v7)
c) “só” (v9)
2. Refira palavras da família de desconcerto.
3. Utilize uma das formas verbais apresentadas para completar correctamente as frases:
a) Quando ____________(lemos/lê-mos) os poemas de Camões, ____________ (sabe-mos/sabemos) que se se
_____________ (escreve-se/escrevesse) hoje também se sentiria “desconcertado”.
b) Se te ____________(mostrasse/mostra-se) o poema que ____________ (compus/compos) sobre o Amor
___________ (espantarias-te/espantar-te-ias).
c) Quando _________ (estava/estou), escrevia poemas de Amor. Depois, tudo passava e era como se nada
______________ (ouvesse/houvesse), mesmo que __________ (vi-se/visse) a mais bela paisagem.
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Módulo 2 – Textos expressivos e criativos: textos poéticos
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MEDIDA NOVA
Leitura
Responda de forma completa e contextualizada às questões:
Aquela triste e leda madrugada,
cheia toda de mágoa e de piedade,
enquanto houver no mundo saudade
quero que seja sempre celebrada.
Ela só, quando amena e marchetada
saía, dando ao mundo claridade,
viu apartar-se d'uma outra vontade,
que nunca poderá ver-se apartada.
Ela só viu as lágrimas em fio,
que d'uns e d'outros olhos derivadas
s'acrescentaram em grande e largo rio.
Ela viu as palavras magoadas
que puderam tornar o fogo frio,
e dar descanso às almas condenadas.
Luís de Camões
Leda – alegre
Marchetada: matizada (de várias cores)
Apartar-se – afastar-se
1. Divida o texto em partes lógicas considerando a sua progressão
temática.
2. Na primeira estrofe, o “eu” expressa um desejo. Qual é?
3. A partir da segunda estrofe a palavra “madrugada” é
repetidamente substituída por outra. Indique qual.
3.1 Refira qual o recurso estilístico resultante dessa repetição e
mostre o seu valor expressivo.
4. A madrugada é “testemunha” de um acontecimento.
4.1 Seleccione os versos que o referem.
4.2 Descreva a cena testemunhada.
4.3Assinale as palavras que revelam a função da “madrugada”,
indicando a figura de estilo a elas associada.
5. Caracterize a natureza descrita.
5.1 Compare o tipo de natureza descrita com o estado de espírito
do sujeito poético.
6. Indique os tempos e modos das formas verbais sublinhadas e
justifique o seu uso.
7. Agora que já conhece todo o poema, explique o sentido do primeiro
verso.
Escrita
Em Camões a Natureza surge muitas vezes como o reflexo do estado de espírito do sujeito poético.
Certamente para si a Natureza também assume uma grande importância. Escreva um texto descritivo de 100 a 120
palavras onde apresente detalhadamente um espaço que exerça ou tenha exercido em si algum ou alguns efeitos. Para
que o seu texto seja bem estruturado, siga a seguinte planificação:
Leitura
Enquanto quis Fortuna que tivesse
Esperança de algum contentamento,
O gosto de um suave pensamento
Me fez que seus efeitos escrevesse.
Porém, temendo Amor que aviso desse
Minha escritura a algum juízo isento,
Escureceu-me o engenho co'o tormento,
Para que seus enganos não dissesse
Ó vós que Amor obriga a ser sujeitos
A diversas vontades! Quando lerdes
Num breve livro casos tão diversos,
Verdades puras são e não defeitos;
E sabei que, segundo o amor tiverdes,
Tereis o entendimento de meus versos.
Luís de Camões
Leia atentamente o poema e responda às questões:
1. Repare na primeira estrofe.
1.1 Refira de que forma a “Fortuna” está associada à “Esperança”.
1.2 Como surgiu o acto da escrita?
2. Indique o factor que “escureceu” o “Engenho” ao sujeito poético.
2.1 Com que objectivo isso aconteceu?
3. Explique, por palavras suas, o sentido das duas quadras.
4. Na segunda quadra identifique uma personificação.
5. Transcreva a expressão que identifica o destinatário da mensagem
do poeta.
5.1 Segundo o sujeito poético, o que determina o “entendimento”
dos seus “versos”?
6. Proceda à análise formal do poema.
8
Módulo 2 – Textos expressivos e criativos: textos poéticos
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Leitura
O Amor é um dos temas mais frequentes na poesia de Camões. Leia o poema e depois responda às questões:
Amor é fogo que arde sem se ver;
É ferida que dói e não se sente;
É um contentamento descontente;
É dor que desatina sem doer;
1. A definição de “Amor” parece recomeçar constantemente ao
longo do texto.
1.1 Assinale os elementos textuais que assinalam esse
recomeçar permanente.
É um não querer mais que bem querer;
É solitário andar por entre a gente;
É nunca contentar-se de contente;
É cuidar que se ganha em se perder;
1.2 Indique um recurso de estilo presente nos segmentos de
texto identificados.
É querer estar preso por vontade;
É servir a quem vence, o vencedor;
É ter com quem nos mata lealdade.
2. Indique 3 exemplos que mostrem que para o sujeito poético o
“Amor” suscita sentimentos contraditórios.
1.3 Analise os efeitos de sentido produzidos pelo uso repetido
do determinante artigo indefinido e dos verbos no infinitivo.
2.1 Refira a figura de estilo em destaque nos exemplos que
apontou.
Mas como causar pode seu favor
Nos corações humanos amizade,
Se tão contrário a si é o mesmo Amor?
3. Indique a palavra que, na última estrofe, assinala uma viragem
no desenvolvimento do poema, explicando o seu valor.
Luís de Camões
4. O poema principia e termina com a mesma palavra. Que
efeitos de sentido produz essa ocorrência?
Funcionamento da Língua
1. Complete a sequência apresentada:
a)
b)
c)
d)
2. Complete as sequências frásicas:
ferida
contente
Amor
servir
a) No primeiro verso, “fogo” desempenha a função sintáctica de
_________________.
b)
Na
segunda
quadra,
“solitário”
refere-se
a
____________________.
c)) No primeiro terceto, a palavra “lealdade” desempenha a
função de ______________.
d) No último terceto, a palavra “seu” morfologicamente é
_____________________.
Leitura
Este é um dos poemas de carácter autobiográfico da produção camoniana. Proceda à sua leitura atenta:
Erros meus, má fortuna, amor ardente
Em minha perdição se conjuraram;
Os erros e a fortuna sobejaram,
Que para mim bastava o amor, somente.
1. A primeira estrofe constitui um olhar sobre o passado.
1.1 Identifique a palavra que melhor lhe parece resumir esse
passado.
1.2 Que forças influenciaram esses anos vividos?
Tudo passei; mas tenho tão presente
A grande dor das cousas que passaram,
Que as magoadas iras me ensinaram
A não querer já nunca ser contente.
1.3 Qual delas foi mais determinante na vida do sujeito poético?
Justifique a sua resposta.
Errei todo o discurso de meus anos;
Dei causa a que a Fortuna castigasse
As minhas mal fundadas esperanças.
2.1 Distinga as formas verbais que se referem ao passado e as que
se referem ao presente.
De amor não vi senão breves enganos…
Oh! Quem tanto pudesse que fartasse
Este meu duro Génio de vinganças!
Luís de Camões
2. A segunda estrofe contrapõe o passado e o presente.
2.2 No presente, o sujeito poético orienta-se pela razão ou pela
emoção? Retire do poema uma frase que comprove a sua resposta.
2.3 Que lição interiorizou ele a partir do passado?
Conjurar - conspirar
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3. A terceira estrofe e o primeiro verso da quarta retomam os elementos da primeira estrofe.
3.1 Nos versos 9 e 10 que explicação é dada para a infelicidade vivida no presente?
3.2 Que relação de sentido se estabelece entre os versos 11 e 12?
4. Os dois últimos versos têm a intensidade de um grito de revolta.
4.1 Indique o modo verbal utilizado e refira qual o seu valor.
4.2 Identifique os recursos estilísticos usados para criar o efeito de intensa emoção.
5. Observe o poema e descubra qual a sua estrutura formal:
a) número de versos e a sua organização em estrofes;
b) número de sílabas métricas dos versos;
c) tipos de rima utilizados;
d) tipo de composição.
Em síntese
Através da análise dos poemas estudados, verificou que existe uma certa diversidade nas temáticas e
sentimentos explorados ao longo da poesia de Camões. Complete o quadro seguinte de forma a obter uma
síntese da lírica de Camões.
Temas/Poemas exemplificativos
Sentimentos
Recursos estilísticos
Estrutura formal
Poesia do século XX (de poetas portugueses e de expressão portuguesa)
Oralidade
Agora que terminámos o estudo da lírica de Camões, vamos estudar a poesia de alguns escritores portugueses
e de países de expressão portuguesa, do século XX. Esta abordagem inicia-se na parte 2 deste módulo.
Bibliografia
CATARINO, Ana, Célia Fonseca, Maria José Peixoto, Percursos Profissionais,
Português 1, 1ª edição, Edições Asa, Lisboa, 2009
MAGALHÃES, Olga, Fernanda Costa, Vera Magalhães (2010), Português Ensino
Profissional, módulos 1, 2, 3, 4, s. ed., Porto Editora, Porto, s.d.
TRINDADE, Brígida, Cristina Duarte et alii, Português Ensino Profissional,
módulos 1, 2, 3, e 4, 1ª edição, Lisboa Editora, 2010
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Anexo 1
Guião de visionamento do filme Camões
Ficha Técnica do Filme:
Título:
Produção:
Realização:
Data de realização:
Elenco:
Factos em que se baseou:
A propósito do filme
Espaços Físicos Destacados
Personagens
Tempo: entre __________ e ___________
Protagonista:
Caracterização:
Dados biográficos relevantes:
Complete a cronologia da vida do poeta com as informações dadas no filme:
CRONOLOGIA – VIDA E OBRA DE CAMÕES
1524/1524 (?)
1542
1545
1546
1547-1549
1550
1552
1553
1553-1556
1554
1557
(data
desconhecida)
1568
1569/70
1572
1578
1580
Nasce em Lisboa Luís Vaz de Camões, filho de Ana Macedo e Simão Vaz de Camões.
Desterro para o Ribatejo e posterior regresso a Lisboa.
O poeta viajou por Goa, Moçambique e Macau.
Nascimento de D. Sebastião
Ao regressar de Macau, para Goa, com uma escrava que se chamava Dinamene,
naufraga, salvando a nado a preciosa obra que começara entretanto: Os Lusíadas.
Está em Macau, na mais profunda miséria.
Regressa a Lisboa.
Morre em Lisboa, devido à peste.
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