são paulo

Transcrição

são paulo
ADRIANA CRISTINA OMENA DOS SANTOS
A DIGITALIZAÇÃO DA TV NO BRASIL:
A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA E A OPINIÃO PÚBLICA A RESPEITO DO SISTEMA
BRASILEIRO DE TV DIGITAL - SBTVD
SÃO PAULO - 2006
ii
ADRIANA CRISTINA OMENA DOS SANTOS
A DIGITALIZAÇÃO DA TV NO BRASIL:
A SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA E A OPINIÃO PÚBLICA A RESPEITO DO SISTEMA
BRASILEIRO DE TV DIGITAL - SBTVD
Tese apresentada à Área de Concentração:
Interfaces Sociais da Comunicação, junto à Escola
da Escola de Comunicação e Artes da
Universidade de São Paulo (ECA/USP), como
exigência parcial para obtenção do título de
Doutora em Ciências da Comunicação, sob a
orientação do prof. Dr. Artur Matuck.
SÃO PAULO – 2006
iii
Santos, Adriana Cristina Omena dos, 1970A digitalização da TV no Brasil: a sociedade civil organizada e a opinião
pública a respeito do Sistema Brasileiro de TV Digital - SBTVD /
Adriana Cristina Omena dos Santos. – São Paulo: A. C. Omena dos
Santos - 2006.
435 f. c/ apêncides/anexos : il.
Orientador: Artur Matuck.
Tese (Doutorado) – Escola de Comunicação e Artes, Universidade de
São Paulo, 2006.
1. TV digital. 2. SBTVD. 3. Sociedade – I. Matuck, Artur. II. Santos,
Adriana Cristina Omena dos. III. Escola de Comunicação e Artes/USP.
IV. Título.
Teses
t
iv
Nome do Autor: Adriana Cristina Omena dos Santos
Título da Tese: A digitalização da TV no Brasil: a sociedade civil organizada e a opinião
pública a respeito do Sistema Brasileiro de TV Digital - SBTVD
Aprovada em:
07 de agosto de 2006.
Banca Examinadora:
_________________________________________
Prof. Dr. Artur Matuck - ECA/USP
_________________________________________
Prof. Dr. Juliano Maurício de Carvalho - Unesp/Bauru
_________________________________________
Prof. Dr.Eugênio Trivinho – PUC/SP
_________________________________________
Profª. Drª. Marilia da Silva Franco - ECA/USP
________________________________________
Profª. Drª. Heloiza Matos – ECA/USP
v
Dedico este trabalho à minha família, principalmente
aos quatro homens da minha vida. Pelo incentivo, por
acreditarem que eu fosse capaz, inclusive nas vezes em
que eu mesma duvidei.
Ao meu esposo Antonio Carlos, por seu carinho,
solidariedade e entendimento de minha ausência e de
meus momentos de exaustão.
Aos meus filhos, presentes de Deus em minha vida,
Thiago Henrique, João Pedro e Paulo Otávio, pela
compreensão das muitas e muitas horas de suas
infâncias que não partilhamos, em conseqüência dos
meus estudos, do trabalho e do cansaço.
Aos meus pais e avós, porque cada um, à sua maneira,
mostrou exemplos que procuro utilizar na minha vida:
otimismo, determinação, fé e sabedoria.
vi
AGRADECIMENTOS
Seria impossível registrar aqui todos aqueles que me auxiliaram nesta caminhada,
cujo apoio e incentivo foram fundamentais. Foram estímulos que começaram antes de eu
iniciar este trabalho e que se intensificaram a cada minuto. Pela compreensão, paciência e
colaboração de todos que participaram desta jornada, agradeço profundamente.
No entanto, coração e mente exigem que eu mencione aqueles que estiveram
presentes nos momentos mais marcantes, no final da redação e da energia física.
Aos amigos e eternos professores Dr. Adolpho Queiroz e Drª. Heloíza Matos, pela
atenção e auxílio, inúmeras vezes solicitados, desde o início de nossa agradável convivência
na graduação e no mestrado;
À minha gentil amiga, Profª. Drª. Maria Alice Descardeci que, mesmo à distância,
na figura simbólica e competente de co-orientadora, com zelo e serenidade ofereceu-me a
segurança necessária para a conclusão do trabalho;
Ao inestimável amigo Toni, pelo carinho e estímulo, além da paciência e do
auxílio, tanto na realização das entrevistas como nas primeiras leituras e correções do texto;
Aos professores e colegas Carlos Fernando Martins Franco, Mary Stela Muller e
José Manoel Miranda, pelas valiosas contribuições conceituais, técnicas e metodológicas,
pelas sugestões e pelo apoio;
Aos amigos que, mesmo longe, estão sempre presentes, Dileymárcio, Licínia,
Valéria Alves, Débora Tavares, Claudia Laus e Paulo Tomazello. Em momentos distintos me
apoiaram e incentivaram. Obrigada pela cumplicidade, pelo carinho e pela força
incondicional.
Às pessoas como Virgínia, Tamara, Maiara, Cléo ,Fabrício Rego, Kelinne,
Frederico, e outros que conheci e, no decorrer da caminhada, transformaram-se em amigos ou
filhos do coração;
À Thâmara, William e Cinthia pelo profissionalismo e auxílio fundamental na
finalização da pesquisa.
A Deus, sem o qual nada teria sido feito.
vii
A ágora é agora: é um erro imaginar que, somente após o
congelamento da tecnologia, deva-se discutir como ela será
usada. Se adotássemos uma estratégia tecnicista, teríamos
apenas mais um sistema – D – para ser comparado ao A, B
ou C. Mas o SBTVD é mais que isso e, independentemente
do resultado tecnológico que venha a atingir, possui um
grande mérito: ele abre espaço para que as pessoas – sejam
elas engenheiros, comunicólogos, cientistas sociais, leigos
ou excluídos – possam opinar e participar do processo de
construção da caixa. Dessa caixa chamada rádio digital,
televisão digital, ou – rumo ao terceiro vértice – dessa
caixinha mágica da comunicação de massa do novo
milênio!
Regina Mota e Takashi Tome
viii
SANTOS, A . C. O. A digitalização da TV no Brasil: a sociedade civil organizada e a
opinião pública a respeito do Sistema Brasileiro de TV Digital - SBTVD. 2006. 243 f.
Tese (Doutorado em Ciências da Comunicação) – Escola de Comunicações e Artes,
Universidade de São Paulo. São Paulo, 2006.
RESUMO
A presente tese resulta de uma pesquisa descritiva e documental, de cunho
exploratório, na temática sobre Sociedade da Informação, Novas Tecnologias e Meios
Convergentes, em particular a TV Digital Interativa. Dois objetivos nortearam as investigações, a
saber: descrever os encaminhamentos para a implantação da TV digital no Brasil e acompanhar a
participação da Sociedade Civil nesse processo. Estes objetivos sustentam-se nas hipóteses de que
o Sistema Brasileiro de TV Digital não teria êxito em sua implantação, na forma como foi
proposto pelo decreto presidencial, e de que a Sociedade Civil organizada teve participação
fragmentada no processo. Conceitos como os de convergência, televisão analógica e digital,
interatividade, sociedade civil e opinião pública são apresentados. Os dados para análise foram
coletados em documentos, um questionário e entrevistas; e analisados segundo teorias da análise
de conteúdo. O procedimento metodológico utilizou um tratamento híbrido, no qual formulários
de questões foram aplicados juntamente com entrevistas detalhadas. A análise qualitativa,
predominante na pesquisa, recebeu subsídios também de informações quantitativas. As duas
hipóteses da pesquisa, inter-relacionadas, foram comprovadas. Diante desse quadro, a pesquisa
reforça os argumentos de que o debate técnico defendido por atores envolvidos na discussão
protege a manutenção do status quo da radiodifusão no Brasil, contradizendo as propostas do
sistema brasileiro e que, antes da digitalização da TV, é necessário um debate político que resulte
em alterações do marco regulatório nacional, incompatível com os meios convergentes.
Palavras-chave: TV Digital, meios convergentes, sociedade, opinião pública, SBTVD.
ix
Abstract
The present thesis is the result of a descriptive and documental research, with
exploratory approach, in the wide area of Information Society, New Technologies and
Convergent Media, with special attention to the Digital Interactive Television. The study
consists of following and analyzing the process of implementation of the digital TV in Brazil,
with two specific goals: to investigate the government procedures to carry on the process and
to analyze the participation of the Brazilian Civil Society in the whole process. Two
hypotheses lead to this investigation. First, there is an assumption that the Brazilian System of
Digital TV, as it has been proposed by the government, will be a failure. Secondly,
participation of the organized Civil Society in the discussions and decision taking is
fragmented. Concepts associated to the theme are presented, such as: convergence, analogical
and digital TV, interactivity, civil society and public opinion. Data were gathered by means of
documentation, a questionnaire and interviews; and analyzed on the basis of content analysis.
The methodological procedure used a hybrid treatment where question forms were applied
together with detailed interviews. The qualitative method of analysis was complemented with
quantitative information. Results of the analysis confirm the hypothesis. In conclusion, this
thesis indicates the need of a politic debate before the final normalization of the digital TV
takes place. This must lead to a change of the national regulatory definition for the Digital
TV, which today is incompatible with convergent medium.
Key words: digital TV, convergent medium, society, public opinion, SBTVD
x
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 - Evolução do uso da internet e serviços digitais. ...................................................... 35
Figura 2 - Exemplo de tela do canal “mosaico” utilizado pela Sky ......................................... 86
Figura 3 - Modelo de um sistema de televisão interativa .........................................................89
Figura 4 - Arquitetura em camadas de um sistema de televisão interativa .............................90
Figura 5 - Interação entre componentes do sistema e o Middleware ....................................... 91
Figura 6 - Elementos envolvidos na digitalização da televisão................................................96
Figura 7 - Arquitetura de TV Digital...................................................................................... 101
Figura 8 - Camadas de Tecnologia do padrão ATSC............................................................. 102
Figura 9 - Camadas de Tecnologias do padrão DVB ............................................................. 105
Figura 10 - Camadas de Tecnologias do padrão ISDB .......................................................... 106
Figura 11 - Organização do Sistema Brasileiro de TV Digital............................................... 120
Figura 12 - Fases de desenvolvimento do Sistema de TV Digital Brasileiro......................... 128
Figura 13 - Áreas em que se desenvolvem pesquisas sobre SBTVD..................................... 132
Figura 14 - Camadas de Tecnologias do padrão SBTVD ...................................................... 138
Figura 15 - Tela inicial de comunidade sobre televisão digital, no orkut. .............................163
xi
LISTA DE QUADROS
Quadro 1 - Comparação das características dos padrões de difusão (TV) em cores................61
Quadro 2 - Estágios de evolução da televisão .......................................................................... 65
Quadro 3 - Comparação entre as resoluções em TVD .............................................................69
Quadro 4 - Comparação entre as definições analógicas e digitais ...........................................70
Quadro 5 - Possibilidades estruturais da interatividade............................................................ 82
Quadro 6 - Representação de Modelo, Sistema e Padrão de TV..............................................99
Quadro 7 - Funcionalidades e atributos do serviço de televisão ............................................ 100
Quadro 8 - Informações comparativas dos padrões................................................................ 108
Quadro 9 - Mapeamento das competências consórcios/pesquisas ......................................... 129
Quadro 10 - Consórcios e tipos de pesquisa em desenvolvimento......................................... 135
Quadro 11 – Relatórios entregues pelos consórcios/pesquisadores do SBTVD ....................137
xii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 - Assuntos localizados nas matérias/textos da amostra .......................................... 180
Gráfico 2 - Padrões mencionados nas matérias/textos da amostra (em número absoluto).....181
Gráfico 3 - Posicionamentos localizados nas matérias/texto da amostra ...............................182
Gráfico 4 - Distribuição dos entrevistados segundo idade e opinião a respeito do SBTVD..189
Gráfico 5 - Distribuição segundo opinião/SBTVD e disponibilidade de investimento ......... 192
xiii
LISTA DE SIGLAS E ABREVEATURAS
3GL
Third generation language
8-VSB
8 Level Vestigial Side Band Modulation
ABAP
Associação Brasileira de Agências de Propaganda
ABC
Associação Brasileira de Cinematografia
ABED
Associação Brasileira de Educação a Distância
ABERT
Associação Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão
ABINEE
Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica
ABIPTI
Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica
ABNT
Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABONG
Associação Brasileira de ONGs
ABP
Associação Brasileira de Propaganda
ABPEC
Associação Brasileira de Emissoras Públicas, Educativas e Culturais
ABPI-TV
Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Televisão
ABS
Academy of Broadcasting Science
ABTA
Associação Brasileira de TV por Assinatura
ABTU
Associação Brasileira de Televisão Universitária
ACATS
Advisory Committee on Adavanced Television
ADSL
Asymmetric Digital Subscriber Line
ADTB-T
Advanced Digital Television Broadcast-Terrestrial
AG Telecom
Andrade Gutierrez Telecomunicações Ltda
ALERJ
Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro
AM
Amplitude Modulation
Amcham
Câmara Americana de Comércio
AMI
Associação de Mídia Interativa
Anatel
Agência Nacional de Telecomunicações
API
Application Programming Interface
ARIB
Association of Radio Industries and Businesses
ARIB STD B23
Application Execution Engine Platform for Digital Broadcasting
ARIB STD-B24
Data Coding and Transmission Specification for Digital Broadcasting
ARPANET
Advanced Research Projects Agency Network
ASCII
American Standard Code for Information Interchange
ASSESPRO
Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e
Internet
ATSC
Advanced Television Systems Committee
ATSC-T
Advanced Television Systems Committee Terrestrial
xiv
ATV
Advanced Television Service –.
BML
Broadcast Markup Language
CATV
Community Antenna Television
CBN
Central Brasileira de Notícias
CC
Comitê Consultivo
CCD
Charge Coupled Device
CCLF
Centro de Cultura Luiz Freire
CCS
Conselho de Comunicação Social
CCTCI
Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática
CD
Compact Disc
CDTB-T
Chinese Digital Television Broadcasting–Terrestrial
CG
Comissão Geral
CGCD
Comissão Geral da Câmara dos Deputados
CGIBR
Comitê Gestor da Internet no Brasil
CMC
Comunicação mediada por computador
CN
Congresso Nacional
CNC
Confederação Nacional do Comércio
CNI
Confederação Nacional da Indústria
Codec
Acrônimo de codificação e decodificação
COFDM
Coded Orthogonal Frequency Division Multiplexing
COM-TV
Comissão Assessora de Assuntos de Televisão
CONFEA
Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CP
Consulta Pública
CPQD
Centro de Desenvolvimento e Pesquisa em Telecomunicações
CRIS
Communication Rights in the Information Society
CSNET
Computer Science Network
DAB
Digital Áudio Broadcasting
DASE
DTV Application Software Enviroment
DF
Distrito Federal
DiBEG
Digital Broadcasting Expert Group
DirecTV
DirecTV Group
DISTV
Distribuição de Sinais de TV por Meios Físicos
DMB
Digital Multimedia Broadcast
DMB-T
Digital Multimedia Broadcast Terrestrial
Dolby/AC-3
Dolby Stereo Digital (SR-D)
DPSK
Differential phase-shift keying
DRM
Sistema Digital Radio Mondiale
xv
DTH
Direct to Home
DTV
Digital Television
DVB
Digital Video Broadcasting
DVB MHP
Digital Video Broadcasting Multimedia Home Plataform
DVB-C
Digital Video Broadcast via cable
DVB-S
Digital Video Broadcast via satellite
DVB-T
Digital Video Broadcasting Terrestrial
DVD
Digital Versatile Disc
EC
Engenharia do Conhecimento
EDTV
Enhanced Definition Television
ELETROS
Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos
EPG
Eletronic Program Guide
ESPN
Entertainment and Sports Programming Network
ETV
Enhanced Television
FCC
Federal Communications Commission
FENAJ
Federação Nacional dos Jornalistas
FINEP
Financiadora de Estudos e Projetos
FITTEL
Federação Interestadual dos Trabalhadores em Telecomunicações
FM
Frequency Modulation
FMI
Fundo Monetário Internacional
FNDC
Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
FSK
Frequency Shift-Key
FSP
Folha de São Paulo
Funttel
Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações
Globsat
Globosat Programadora Ltda.
GPS
Global Positioning System
HBO
Home Box Office
HD
High Definition
HDTV
High Definition Television
HDTV-T
High Definition Television Terrestrial
IA
Inteligência Artificial
IBM
International Business Machines
IBOC
In Band On Channel
ICTs
Information and Communication Technologies
IDEC
Instituto de Defesa do Consumidor
Inatel
Instituto Nacional de Telecomunicações
INDECS
Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura
xvi
INESC
Instituto de Estudos Socioeconômicos
Intercom
Sociedade Brasileira de Estudos Interdiscilinares da Comunicação
IP
Internet Protocol
IPF
Instituto Paulo Freire
ISDB
Integrated Services Digital Broadcasting
ISDB-T
Integrated Services Digital Broadcasting - Terrestrial
ISDBT-T
Sistema Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial Sound
Broadcasting
ISDN
Integred Services Digital Network
ISSO/IEC
International Standarts Organization.
ITU
International Telecommunication Union
iTV
Interactive Television
LGC
Lei Geral das Comunicações
LGT
Lei Geral das Telecomunicações
MAC
Multiple Analog Components
MESECAM
Middle East Secam
MHEG-5
Multimedia and Hypermedia information coding Experts Group
MHP
Multimedia Home Plataform
MiniCom
Ministério das Comunicações
MII
Ministry of Information Industry
MIT
Massachusetts Institute of Technology
MMDS
Multipoint Multichannel Distribution System
MNDH
Movimento Nacional dos Direitos Humanos
MoA
Memorandum of Agreement
MoU
Memorandum of Understanding
MP-3
MPEG Audio Layer-3
MPEG
Motion Picture Experts Group
MUSE
Multiple Sub-Nyquist Sampling Encoding
NDS
News Digital Systems
NEC
NEC Corporation do Brasil
NHK
Nihon Hōsō Kyōkai
NTC
Novas Tecnologias de Comunicação
NTSC
National Television Systems Committee
OFDM
Orthogonal Frequency-Division Multiplexing
ONG
Organização não governamental
ONU
Organização das Nações Unidas
OpenTV
OpenTV Liberty Broadband
xvii
PAL
Phase Allternating Line
PAL-M
Phase Alternative Line - padrão M
PBDTVD
Plano Básico de Distribuição de Canais de Televisão Digital
PC
Personal Computer
PDA
Personal Digital Assistant
PEC
Proposta de Emenda Constitucional
PIB
Produto Interno Bruto
PITCE
Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior
POLIS
Formação e Assessoria em Políticas Sociais
PSK
Phase Shift-Key
PT
Partido dos Trabalhadores
RBS
Rede Gaúcha Sat
RBS
Rede União de Rádio e Televisão
RF
Radiofreqüência
RFPs
Requisições Formais de Propostas
RITS
Rede de Informações para o Terceiro Setor
RPA
Advanced Research Projects Agency
SARFT
State Administration of Radio, Film and Television
SBC
Sociedade Brasileira de Computação
SBPC
Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência
SBrT
Sociedade Brasileira de Telecomunicações
SBTVD
Sistema Brasileiro de Televisão Digital
SDTV
Standart Definition Television
SE
Sistema Especialista
SECAM
Seqquential Couleur Avec Memoir
SET
Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações
SIC
Sociedade da Informação e Comunicação
SintPq
Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia de São Paulo
SMCC
Synchronized Multi-Carrier CDMA
SOFTEX
Sociedade para Promoção da Excelência do Software Brasileiro
SORCER.
Sistema OFDM com Redução de Complexidade por Equalização Robusta
TCP – IP
Transmission Control Protocol - Internet Protocol
TDS-OFDM
Time Domain Synchronous-Orthogonal Frequency Division Multiplex
TDT
TV Digital Terrestre
TEEG
Technical Expert Executive Group
TVD
TV Digital
UCBC
União Cristã Brasileira de Comunicação Social
xviii
UE
União Européia
UHF
Ultra High Frequency
UIT
União Internacional de Telecomunicações
UNETV
União Nacional de Emissoras e Redes de Televisão
UNI-BH/ TV
Televisão Universitária do Centro Universitário UNI-BH
Unicamp
Universidade Estadual de Campinas
USP
Universidade de São Paulo
VHF
Very High Frequency
VoIP
Voice over IP
VSB
Vestigial Side Band
Web-TV
TV na Internet
Wi-Fi
Wireless Fidelity
Wi-Max
acrônimo de Worldwide Interoperability for Microwave Access
XML
Extensible Markup Language
xix
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO
1
1
GLOBALIZAÇÃO E A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
7
1.1
Globalização e Mundialização da Comunicação
13
1.2
As Novas Tecnologias de Comunicação na Sociedade da Informação
20
1.3
As Tecnologias da Informação e Comunicação e a Convergência Tecnológica
25
1.3.1 Novas Tecnologias: importância da internet e seus impactos
31
1.4
Convergência e digitalização: a transição do analógico ao digital
38
2
CONVERGÊNCIA TECNOLÓGICA, TV DIGITAL E INTERATIVIDADE
2.1
Evolução da televisão e TV de alta definição
57
2.2
TV Digital e modulação
70
2.3
Televisão Digital e Interatividade
77
2.4
TV Digital: diferenciação de Padrão, Modelo e Sistema
95
3
TV DIGITAL INTERATIVA NO BRASIL
3.1
Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD)
119
3.2
O envolvimento da academia no SBTVD
126
4
SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA, OPINIÃO PÚBLICA E SBTVD
4.1
A Comunicação Pública e sua importância para os conceitos de Opinião e Sociedade Civil
152
4.2
Os desacordos da Sociedade Civil com o Ministério das Comunicações
155
4.3
Sociedade Civil organizada e (des)informada: dissintonia com o Ministério das Comunicações 159
4.4
O “conteúdo” do desacordo entre sociedade e governo em TVD
5
A OPINIÃO PÚBLICA DA SOCIEDADE CIVIL ACERCA DO SBTVD
5.1
Análise e interpretação das entrevistas em profundidade
199
5.2
Análise e interpretação do debate na Comissão Geral da Câmara de Deputados
209
6
O QUE NÃO FOI DITO NO DEBATE: RISCOS E OPORTUNIDADES
45
113
142
175
185
216
CONSIDERAÇÕES FINAIS
244
REFERÊNCIAS
250
APÊNDICES
265
ANEXOS
266
1
INTRODUÇÃO
A partir das tecnologias da informação e comunicação tem início um
processo de mudanças econômicas, políticas e sociais que resulta na chamada sociedade
da informação, na qual os meios de comunicação têm papel destacado. Para adaptarem-se
a esse novo modelo de desenvolvimento e crescimento, os meios de comunicação têm
sofrido alterações importantes como, por exemplo, a transição para a era digital.
Para exemplificar essa situação, temos o fenômeno da convergência
tecnológica, em particular a digitalização da televisão terrestre no Brasil e a transição da
TV analógica para a TV Digital Interativa, que consiste na possibilidade de uma televisão
digital terrestre com canal de retorno que viabilize, além da interatividade, a
convergência de vários meios de comunicação em um só aparelho.
Devido a essa convergência, países têm desenvolvido alternativas de
implantação da digitalização. Este processo, recente e em desenvolvimento no Brasil,
sofreu uma reviravolta, quando, em 2003 foi publicado o Decreto Presidencial 4.901 em
que, ao invés de adotar um dos padrões de TV Digital existentes, o país optou pelo
desenvolvimento de um sistema nacional, inovador, ousado e comprometido com
políticas públicas voltadas às necessidades do país, o Sistema Brasileiro de TV Digital –
SBTVD.
O tema tornou-se desafiador quando observado sob a ótica do governo
brasileiro quanto às especificidades da proposta para a TV Digital no país, que previa um
sistema nacional, aberto e que pudesse oferecer transmissão digital terrestre aberta, livre
e gratuita; fortalecer a economia, a pesquisa e as indústrias nacionais; ter implantação de
baixo custo; e viabilizar a inclusão digital através da interatividade total.
2
Da proposta de implantação do Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD)
emerge a problematização da pesquisa, relacionada com as dificuldades de implantação
da TV Digital nos moldes propostos pelo decreto. Tais dificuldades estão diretamente
relacionadas com os interesses dos atores envolvidos, limitações do marco regulatório
nacional, do entendimento da opinião pública a respeito da proposta e de que maneira se
dá a participação da Sociedade Civil nesse processo.
A problematização sustenta as hipóteses norteadoras do trabalho e interrelacionadas entre si. O Sistema Brasileiro de TV Digital não teria êxito em sua
implantação na forma em que foi proposto pelo decreto presidencial, frente ao marco
regulatório nacional e interesses particulares envolvidos no processo. Nessa sobreposição
do particular em detrimento do público, os interesses envolvidos na implantação da TV
Digital no país, interpondo-se no debate público, criaram uma opinião desinformada
sobre o assunto, devido à parcialidade do discurso, que resultou em participação
fragmentada da Sociedade Civil organizada no processo.
O estudo se justifica pela necessidade de se discutir e registrar, frente à
convergência tecnológica, a participação social nos encaminhamentos a respeito da
implantação da TV Digital no Brasil, bem como a própria noção de Sociedade Civil e de
opinião pública e o papel dos meios de comunicação nesse processo. Somado a isso,
existe a necessidade de suscitar discussões sobre a adequação do marco regulatório
nacional às especificidades de uma sociedade informacional impactada todos os dias
pelos mais distintos meios digitais e convergentes como a Televisão Digital Interativa.
Sendo um assunto recente nas pesquisas científicas, permite uma
multiplicidade de desdobramentos e, portanto, abre diversas possibilidades de estudo.
Entre elas, o do impacto dos avanços científicos na sociedade atual e reflexões sobre o
papel que teriam a ciência (como fonte de conhecimento), os cientistas, os intelectuais, os
3
pensadores, os artistas (como criadores do conhecimento) e os comunicadores (como
transmissores do conhecimento) no novo paradigma que estava se desenhando.
Ainda, dada à originalidade do tema, uma vez que a implantação TV Digital
Interativa ainda se encontrava em discussão, várias vertentes puderam ser estudadas,
como: as variáveis tecnológicas envolvidas na implantação, políticas de comunicação
adotadas, implicações econômicas do modelo de negócios adotado, implicações sociais e
culturais que a transição trará e os impactos que poderá oferecer à educação, além da
necessidade de propor produções específicas para esta convergência de conteúdos que a
TV Digital Interativa trará consigo.
O desafio do trabalho em realizar uma pesquisa de vanguarda, com reduzida
bibliografia científica a respeito do assunto, resultou no desenvolvimento de uma
pesquisa descritiva documental, com forte cunho exploratório, uma vez que identifica e
define problemas, variáveis e conceitos relativos ao tema, e tem entre seus objetivos o
aprimoramento de idéias e a descoberta de tendências.
Através da pesquisa exploratória buscou-se nova percepção do tema e sua
delimitação, além das relações existentes nos mesmos, com o intuito de proporcionar
maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito. A proposta é
que os resultados possam somar-se a uma pequena coleção de trabalhos brasileiros no
assunto, sendo essa também uma de suas contribuições.
Diante das inúmeras possibilidades de estudo, a pesquisa direciona seus
objetivos ao acompanhamento do processo de implantação da TV Digital no Brasil,
tendo como finalidade observar a participação da Sociedade Civil organizada no debate a
respeito do assunto. Neste sentido, o estudo aponta alguns complicadores neste processo,
como, por exemplo, os diferentes interesses envolvidos e as limitações à digitalização
4
advindas do marco regulatório brasileiro que não contempla particularidades inerentes à
sociedade da informação.
O referencial teórico do trabalho desenvolve duas vertentes: uma sociológica
e uma comunicacional – tecnológica. Traça um panorama das transformações
econômicas, políticas, sociais e tecnológicas conseqüentes da revolução informacional;
além de abordar em particular, as mudanças impostas, pelas Tecnologias de Informação e
Comunicação (TICs), à comunicação e seus profissionais. Chega-se, deste modo, ao foco
do trabalho, que é conceituar a convergência tecnológica, com propósito de acompanhar
a implantação da TV Digital Interativa no Brasil e a participação da Sociedade Civil
neste processo.
A pesquisa parte da hipótese de que o SBTVD, como era proposto no
Decreto 4.901/2003, era de difícil implantação, pois fatores como interesses particulares
de grupos da sociedade somados às limitações regulatórias inviabilizam seu
desenvolvimento. Soma-se a isso o fato de que a sociedade, ao ter sua opinião
influenciada por atores interessados no processo, não consegue informações que
permitam participação eficiente no mesmo, tendo em vista a falta de isenção por parte de
vários atores envolvidos.
O trabalho foi desenvolvido em seis capítulos. O primeiro deles resgata
conceitos sobre a sociedade da informação e suas novas tecnologias, cujo resultado é o
fenômeno da convergência tecnológica que surge no bojo dessa nova sociedade. Neste
sentido, o texto trata de desdobramentos da convergência tecnológica, como a transição
do analógico ao digital.
No segundo capítulo foram abordados os conceitos de convergência
tecnológica, TV Digital e interatividade. Antes de concentrar-se na TV Interativa, são
5
apresentadas as diferenças entre TV analógica e digital, os diferentes padrões existentes,
além de diferenciar, no que se refere à TV Digital, o que é sistema, modelo e padrão.
O terceiro capitulo trata especificamente da TV Digital Interativa no Brasil,
desde o início dos estudos até o desenvolvimento do SBTVD, e o envolvimento da
academia neste processo.
O quarto capítulo, já traçando as diretrizes para o tratamento metodológico,
resgatou os conceitos de Sociedade Civil e de opinião pública. Apresenta, a partir daí,
com subsídio na Análise de Conteúdo de clipping a respeito do assunto, o contexto em
que se encontram os encaminhamentos para a implantação da TV Digital no Brasil.
A utilização de Análise de Conteúdo do material selecionado, combinado
com questionários disponibilizados em comunidades envolvidas com o assunto e
entrevistas junto aos atores da Sociedade Civil organizada, permitiram acompanhar os
encaminhamentos e discussões sobre a implantação da TV Digital no país, como também
observar a opinião pública e a participação da Sociedade Civil nesse processo. Os
resultados indicam que a sociedade está desinformada a respeito do assunto e que a
opinião pública estabelecida é atrelada aos vários grupos com interesses distintos no
processo.
O capítulo seis apresenta reflexões sobre os riscos e oportunidades que o
momento oferece, tendo como pressuposto o fato de que interesses privados permeando a
condução de escolhas públicas ocultam informações que acabam por comprometer a
participação da sociedade nas ações desenvolvidas.
Ao final, tendo em vista a atualidade do tema, não foram apresentadas
conclusões, mas indicadas algumas considerações finais, relacionadas especificamente às
variáveis e aos objetivos propostos, que devido aos encaminhamentos a respeito do
6
objeto, são mutáveis e redefiníveis se observados longe do contexto particular
relacionado ao processo de implantação da TV Digital no Brasil, que ainda se encontrava
em andamento por ocasião da defesa da tese.
Trata-se na verdade de um relato do debate (ou da ausência deste) acerca da
implantação da TV Digital no Brasil, fato que reproduz a falta de transparência e o
autoritarismo dos encaminhamentos dos governos nas questões da radiodifusão no país.
7
1
GLOBALIZAÇÃO E A SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO
A maioria dos estudiosos em análise prospectiva acredita que se vive hoje a
terceira revolução, uma etapa de transformação da sociedade industrial em uma
sociedade pós-industrial, tecnotrônica e informacional sobre dois eixos fundamentais e
estritamente relacionados: as novas comunicações integradas, multimídias e interativas, e
a engenharia do conhecimento que, segundo Souza (1999), trata-se de uma área
responsável pela aquisição do conhecimento explícito do especialista (coleta, seleção,
decomposição, composição e modelagem) e sua integração com o conhecimento
implícito, existente em bases de dados relacionadas ao escopo deste especialista.
Diversos observadores e teóricos, entre eles Rosnay (1998) e Lojkine (1999),
afirmam que se presencia a chamada revolução informacional, que, partindo da
retroalimentação e da sinergia de uma série de tecnologias, constituíram o que Castells
(1999) chama de a “era da informação e do conhecimento”. Existem ainda autores, como
Straubhaar e LaRose (2004), que a denominam Sociedade da Informação, uma sociedade
na qual a troca de informação é uma atividade predominantemente econômica.
É importante salientar que, neste contexto, para explicar as mudanças e
diferenças nos padrões e na difusão das tecnologias de informação, surge, no final da
década de 80, o termo “tecnologia da informação”, que incorpora em seu conceito a idéia
de envolvimento de um conjunto de áreas: informática, telecomunicações, comunicações,
ciências da computação, engenharia de sistemas e de software. Para Castells (1999),
nesta nova “era” as tecnologias de informação fazem parte de um conjunto convergente
de tecnologias em microeletrônica, telecomunicações e radiodifusão, entre outras, que
usam de conhecimentos científicos para especificar conceitos de maneira reproduzível.
8
Tal fenômeno é denominado por Zuffo J. (2003, p.17) de Infoera, a era da
informação e do conhecimento, uma imensa revolução da informática, traduzida pela
evolução tecnológica na microeletrônica, processamento de dados e informações e
telecomunicações. Para o autor, é necessária a conscientização de que ciência e
tecnologia são ingredientes culturais fundamentais e inseparáveis na Infoera.
Estudiosos consideram que em 2015 a sociedade estará vivendo o apogeu da
infoera, fase em que a economia digital, denominada infoeconomia, tornará evidente “um
estágio do capitalismo que, segundo diversos cientistas, exigirá muito mais justiça social
e melhor distribuição da riqueza, como condição básica para a sobrevivência de sistemas
baseados na economia de mercado e na livre empresa” (SIQUEIRA, 2004, p. 17). Na
visão de Zuffo J. (2003), tal situação certamente exigirá do Estado uma redefinição de
seu papel, assim como uma nova visão do mercado e do consumo.
É possível perceber, diante do exposto, que nesta revolução informacional
um fator que desempenha papel importante são as relações que acontecem entre mídia e
tecnologia. Dizard (1998) contextualiza estas relações entre tecnologia e mídia afirmando
que a realidade em que nos encontramos deriva de um processo iniciado há dois séculos.
As atuais mudanças são a terceira grande transformação nas tecnologias
da mídia de massa nos tempos modernos. A primeira aconteceu no
século XIX, com a introdução das impressoras a vapor e do papel de
jornal barato [...] A segunda transformação ocorreu com a introdução
da transmissão por ondas eletromagnéticas - o rádio em 1920 e a
televisão em 1939. A terceira transformação na mídia de massa – que
estamos presenciando agora- envolve uma transição para a produção,
armazenagem e distribuição de informação e entretenimento
estruturados em computadores. Ela nos leva para o mundo dos
computadores multimídia, compact discs, bancos de dados portáteis,
redes nacionais de fibras óticas, [...] páginas de web e outros serviços
que não existiam há vinte anos (DIZARD, 1998, p.53-54).
Franquet e Larrègola (1999, p. 224) enriquecem as conceituações acima ao
afirmarem que as redes são eixos de transformação profunda do atual modo de conceber
a sociedade denominada de sociedade da informação. As autoras afirmam que: “la
9
condición esencial para el funcionamiento de la Sociedad de la Información es que
grandes cantidades de datos puedan ser transmitidas a gran velocidad entre puntos
distantes del planeta, a través de telefonía, radio, cable y satélite”1.
Desta maneira, pode-se dizer que hoje se vive frente à terceira transformação
da mídia de massa, na qual a tecnologia está intimamente ligada à comunicação. Cabe
salientar, ainda, que o surgimento da microeletrônica, da computação e posteriormente da
Internet foram fatores decisivos na configuração desta Sociedade da Informação e da
Comunicação (SIC), conforme, de maneira similar a Dizard, observa Siqueira (2004, p.
17):
A nova sociedade humana que começa a consolidar-se se caracteriza
hoje pela disseminação mundial de uma rede de informações conhecida
pelo nome internacional de word wide web (WWW) ou teia de âmbito
mundial, na tradução proposta por alguns cientistas brasileiros [...], a
qual se caracteriza pelo desenvolvimento tecnológico sem precedente
que nos tem conduzido à revolução da informática, afetando
radicalmente às técnicas de produção da microeletrônica e das
telecomunicações, realimentando de forma continua o já imenso poder
da informação.
Quando se discorre acerca das relações entre sociedade e tecnologia, é
imprescindível a análise sobre as ponderações de autores da escola canadense de
comunicação que, na década de 60, já enfatizavam o papel dos meios de comunicação na
transformação das sociedades. Dois grandes nomes desta escola foram Harold Innis e
Marshall McLuhan para quem tão importante quanto o conteúdo das mensagens é o
veículo que as transporta.
Innis foi o precursor da escola canadense e destacava a idéia de que a
aparição de novos meios de comunicação traz consigo alterações na noção de tempo e
espaço, uma vez que privilegiam um ou outro. Marshall McLuhan herda as concepções
1
A condição essencial para o funcionamento da Sociedade da Informação é que grandes quantidades de dados possam
ser transmitidas em grande velocidade entre pontos distantes do planeta, através de telefonia, radio, cabo e satélites
(tradução livre).
10
de Innis e defende que os meios de comunicação são fatores de desenvolvimento da
humanidade, apresentando conceitos importantes para a comunicação, principalmente no
que se refere à relação destes com a tecnologia (SOUSA, 2004).
McLuhan afirma, também, que as fronteiras territoriais que antes impediam o
inter-relacionamento das pessoas estão desaparecendo face ao surgimento dos novos
meios de comunicação, que devido a sua dinâmica seriam integradores. Para o autor, “os
novos meios ultra-rápidos de comunicação a grande distância estão a ponto de ligar o
mundo inteiro numa ampla rede de circuitos elétricos, suscitando uma nova dimensão de
engajamento do indivíduo face aos acontecimentos” (MACLUHAN, 1970 apud LIMA
F., 2000, p.28).
Apesar de terem sido declaradas a duas décadas, portanto, antes do advento
da computação e da era digital, as suposições de McLuhan se encaixam na sociedade
atual, o que nos permite inferir que seus pensamentos permanecem válidos e atuais. Este
teórico salientava ainda que as mudanças tecnológicas são responsáveis por outras
mudanças sociais e econômicas.
As idéias de McLuhan e de autores que defendem opiniões similares ficaram
conhecidas como determinismo tecnológico, linha teórica duramente criticada, até os dias
de hoje, pois, se observada como uma afirmação categórica pode oferecer a imagem
equivocada de que somente as alterações tecnológicas provocam transformações na
sociedade.
Autores contemporâneos, como Castells (1999), consideram a problemática
acerca do determinismo tecnológico ultrapassada e infundada, uma vez que
[...] A tecnologia é a sociedade, e a sociedade não pode ser entendida
ou representada sem suas ferramentas tecnológicas. Assim, quando na
década de 1970 um novo paradigma tecnológico, organizado com base
na tecnologia da informação, veio a ser constituído, principalmente nos
11
Estados Unidos, foi um segmento especifico da sociedade norte
americana, em interação com a economia global e a geopolítica
mundial, que concretizou um novo estilo de produção, gerenciamento e
vida (CASTELLS, 1999, p.41).
Siqueira (2004, p. 18) partilha dessas reflexões quando ressalta que “a
tecnologia nada mais é do que uma ferramenta utilizada pelo ser humano para resolver
problemas ou para criar ou modificar situações socioeconômicas, culturais e políticas”.
Tal afirmação oferece indícios de que, no momento atual, em que a comunicação e a
tecnologia desempenham papel destacado na sociedade, essa relação não deve ser vista
de maneira completamente negativa, como fazem os tecno-pessimistas - como Mattelart
(1995), Wolton (2000) e outros - nem de maneira entusiasta, como defendem os tecnootimistas - dentre eles
Negroponte (1995), Levy (2004), e vários estudiosos
contemporâneos - sobre a sociedade atual e seus desdobramentos.
Difícil negar, no entanto, que as características da chamada Sociedade da
Informação e Comunicação, assim como de outras formas de re-estruturação social, tem
ocasionado inúmeras mudanças em todos os âmbitos sociais e em todas as formas de
relacionamentos, mesmo porque “qualquer tecnologia gradualmente cria um ambiente
humano totalmente novo. E ambiente não é envoltório passivo senão em processo ativo”
(MCLUHAN; FIORE, 1969 p.14).
Castells (1999) é um dos autores que estuda este processo de mudanças
econômicas, políticas, culturais e sociais ocasionadas pela revolução tecnológica. Ele
discorre sobre a implantação de uma nova era baseada nos sistemas multimídia e na
interatividade. Para o autor, as estruturas sociais emergentes estão organizadas em redes,
que constituem “a nova morfologia social de nossas sociedades e a difusão da lógica de
redes, que modifica de forma substancial a operação de resultados dos processos
produtivos” (CASTELLS, 1999, p.497). Para este sociólogo, estamos entrelaçados em
12
uma grande teia heterogênea onde cada indivíduo ou setor constitui um nó, conforme
pode ser observado na afirmação a seguir:
Rede é um conjunto de nós interconectados. Nó é o ponto no qual uma
curva se entrecorta. Concretamente o que é um nó depende do tipo de
rede. São mercados de bolsas de valores e suas centrais de serviços
auxiliares, avançados na rede dos fluxos financeiros globais. São
conselhos nacionais de ministros e comissários europeus da rede
política [...] são sistemas de TV, estúdios de entretenimento [...]. Redes
são estruturas abertas capazes de expandir de forma ilimitada,
integrando novos nós desde que consigam comunicar-se dentro da rede,
ou seja, desde que compartilhem os mesmos códigos de comunicação
[...] (CASTELLS, 1999, p.498).
A última frase do trecho acima faz uma ressalva sobre a rede em que a
sociedade se encontra, que só se constitui pelo compartilhamento de códigos. O conceito
de Aldeia Global, de McLuhan (1977), assemelha-se ao de Castells (1999), pois, para os
dois autores, a comunicação é um ponto comum, que aproxima os indivíduos que
compartilham códigos de comunicação.
Não é novidade que a comunicação e a informação fazem parte dos processos
sociais. Porém, a relação entre estes dois fenômenos foi intensificada através do advento
e da ampliação das chamadas novas tecnologias da informação e comunicação. Estas não
só ocasionaram inúmeras mudanças nos meios existentes, como TV, rádio e telefone,
dentre outros, como também possibilitaram a ampliação e criação de outros meios,
principalmente os meios convergentes como satélites, telefones celulares com câmeras
fotográficas ou Internet que permite acesso a Jornais, Rádio e TV. Acerca deste assunto,
Sousa (2004, 171), afirma tratar-se de
[...] uma convergência dos setores da informática, das
telecomunicações e da produção de conteúdos, em grande medida
incentivada por grandes conglomerados corporativos globais,
gigantescos oligopólios transnacionais, que geram mais riqueza de que
o PIB de pequenos países e que, provavelmente, têm maior influência e
poder do que alguns estados.
13
Deve-se salientar, no entanto, que dentro dessa revolução informacional
encontram-se dois fenômenos - mundialização e globalização - similares em magnitude,
porém distintos em suas características fundamentais. Não são iguais, embora alguns
erroneamente os entendam como equivalentes, sem distinção, fato este que cria a
necessidade de apresentar uma conceituação de ambos.
1.1 Globalização e Mundialização da Comunicação
O termo globalização, tem sido utilizado de maneira tão leviana e
desenfreada, que não é fácil defini-lo atualmente, sendo muitas vezes confundido ou
tratado como algo abstrato. Embora a concepção da globalização enquanto fenômeno
seja antiga, tendo recebido nomes como internacionalização e transnacionalização, só
surgiu, enquanto conceito, em meados da década de 80, com uma conotação econômicofinanceira. Sob essa ótica, indica a integração mundial das relações econômicas e
financeiras, tendo como pólo dominante países desenvolvidos como os EUA.
Ao estudarem o tema globalização, os autores Lima, Pretto e Ferreira (2005)
afirmam que esse não é um fenômeno novo e não se origina neste século. Surgiu no
continente Europeu, e foi reestudado por inúmeros autores como Hobsbawm (1995),
Braudel (1979), Chesnais (1996), Ortiz (1994) e Ianni (1997), dentre outros.
De acordo com Vilches (2001) a mundialização é um fenômeno cultural que
surgiu da industrialização, e rompeu com as tradições, obrigando a sociedade a uma
rápida transformação ou um desaparecimento seguro de características culturais
heterogêneas. Conceituação similar é feita por Latouche (1994) ao estudar o que ele
chama de ocidentalização do mundo, em que afirma existir atualmente uma massificação
da cultura ocidental sobre as culturas orientais.
14
Em suas considerações, Vilches (2001), enfatiza que a globalização apresenta
aspectos distintos da mundialização, uma vez que a primeira está relacionada com
economia e mercado financeiro, e significa que as atividades industriais e econômicas se
desenvolvem em escala global e não regional. Globalização tem fundo econômico e
expressa certo grau de reciprocidade e interdependência das atividades repartidas nas
diversas áreas internacionais.
Opinião similar acerca do assunto é apresentada por Del Bruto (2003). A
autora afirma que a globalização, enquanto conceito refere-se à discussão sobre a
organização econômica entre países, que, no século XX, expandiu-se como um fato
natural ao qual se adaptaram governos, sistemas econômicos e políticos, etc.
Para a autora, o fenômeno apresenta as seguintes características: crescente
domínio da estrutura financeira; atribuição de maior importância à estrutura do saber e do
conhecimento como fator de produção; mudanças na noção de velocidade, tempo e
espaço devido ao uso das tecnologias de informação e comunicação; crescimento do
papel das corporações transacionais; deterioramento do estado-nação; e crescente
intervenção de organismos internacionais como Organização das Nações Unidas (ONU),
Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial e outros.
Seguindo este raciocínio, afirma-se que os parques industriais e tecnológicos
dos países caminham em direção à globalização total. Isto se já não estiverem
globalizados. Siqueira (2004, p.17) intensifica ainda mais essa relação entre tecnologia e
globalização ao afirmar que “sem essas tecnologias, a globalização seria apenas uma
pálida tendência de longo prazo, e não o fenômeno avassalador e quase selvagem a que
assistimos a partir dos anos 80”.
Existem autores, como Sousa (2004, p.73), que defendem que “a
globalização – que não é apenas econômica, é também comunicacional – levanta
15
questões de natureza variada, que têm sido tratadas pelos comunicólogos”. Devido a
considerações como as apresentadas anteriormente é que estudos de comunicação, cada
vez mais, têm abordado questões relacionadas à globalização e seus desdobramentos
como oligopolização, transnacionalização, convergência dos meios de comunicação e
produção de conteúdos.
Neste contexto, observando-se as características da globalização, no que diz
respeito à informação e à comunicação, percebe-se, em primeiro lugar, que a emergência
dos conglomerados multimídias internacionais é a chave para a difusão da informação.
Em segundo lugar, que as novas tecnologias da informação, dos satélites ao cabo e da
microeletrônica à digitalização, têm um impacto social de efeitos até agora impossíveis
de predizer em toda sua magnitude.
Cabe salientar que, de acordo com Lima, Pretto e Ferreira (2005), o
surgimento da Sociedade da Informação com sua rebeldia política trouxe novamente à
tona a rica discussão contemporânea sobre a globalização. Para os autores “o mais
interessante nessa discussão é a presença do dissenso nas múltiplas formas de
interpretação de um fenômeno tão antigo e ao mesmo tempo tão contemporâneo”
(LIMA; PRETTO; FERREIRA, 2005, p. 228). Eles afirmam que a partir das diferentes
visões acerca da globalização é
possível
perceber
como
a
automação,
a
computadorização, a robótica e a cibernética apresentam necessidade de expansão do
capital em âmbito mundial.
Outra informação importante apresentada pelos autores é a de que é
fundamental perceber que o elemento crucial na terceira revolução industrial2 são as
2
Vários autores defendem a tese de que a primeira revolução industrial aconteceu com o surgimento da máquina a
vapor, a segunda revolução industrial com o surgimento da eletricidade e a terceira revolução industrial com o
surgimento da microeletrônica.
16
tecnologias da informação e da comunicação. Visão similar é apresentada por autores
como Becker e Montez (2004, p. 08) que, parafraseando Silveira (2001), denominam as
etapas da evolução de revoluções tecnológicas e afirmam que vivemos frente à terceira
revolução, com as características abaixo:
Enquanto a primeira e a segunda revoluções tecnológicas ampliaram a
capacidade física e a precisão das atividades humanas, esta revolução
amplifica a mente. Eis o maior perigo de se chegar atrasado a ela. Essa
revolução, exatamente por fundar-se nas tecnologias da inteligência,
amplia exponencialmente as diferenças na capacidade de tratar
informações e transformá-las em conhecimento.
Silveira, apud Becker e Montez (2004, p. 08), observa a tecnologia sob uma
ótica determinista ao afirmar que “essa revolução não apenas pode consolidar
desigualdades sociais como também elevá-las, pois aprofunda o distanciamento cognitivo
entre aqueles que já convivem com ela e os que dela estão apartados”.
É importante observar que esses autores, ao definirem a terceira revolução
tecnológica, afirmam que as mesmas estão fundamentadas nas tecnologias da
inteligência. Tal conceito é apresentado por Levy (2004, p.7), que na introdução de sua
obra afirma que
Novas maneiras de pensar e de conviver estão sendo elaboradas no
mundo das telecomunicações e da informática. As relações entre os
homens, o trabalho, a própria inteligência dependem, na verdade, da
metamorfose incessante de dispositivos informacionais de todos os
tipos. Escrita, leitura, visão, audição, criação, aprendizagem são
capturados por uma informática cada vez mais avançada. Não se pode
mais conceber a pesquisa científica sem uma aparelhagem complexa
que redistribui as antigas divisões entre experiência e teoria. Emerge,
neste final do século XX, um conhecimento por simulação que os
epistemologistas ainda não inventaram.
O autor conceitua as três formas de tecnologias da inteligência: a oralidade
primária, a escrita e a informática. A oralidade remete ao período anterior à escrita, que
transformou a cultura e é responsável pelo domínio do conhecimento como é estudado
17
atualmente. A informática representa uma tecnologia intelectual muito mais sofisticada,
que abre caminho para construção de novas experiências do conhecimento.
Em sua obra, ao abordar as tecnologias intelectuais, conceitua as
coletividades pensantes, que remete ao conceito de inteligência coletiva e afirma que “a
base e o objetivo da inteligência coletiva são o reconhecimento e o enriquecimento
mútuos das pessoas, e não o culto de comunidades fetichizadas ou hipostasiadas”
(LEVY, 1998, p.29).
É interessante observar que, embora os autores Becker e Montez (2004)
tenham utilizado Pierre Levy para conceituar a revolução tecnológica, eles não
corroboram sua posição a respeito da essência da técnica e sua influência na sociedade.
Para eles, a revolução tecnológica pode, inclusive, ampliar as desigualdades. Tal
posicionamento não é o mesmo do autor por eles citado, uma vez que o mesmo discorda
da visão simplista de técnica neutra, boa ou má, e a posiciona em um contexto social
amplo, determinada por ela mesma, a técnica, e também pelo contexto social, sob a ótica
da globalização (LEVY, 2004).
Dentre os vários autores que abordam o assunto, Thompson (1995) é o que
tem mais inserção junto aos pesquisadores da comunicação. Suas afirmações indicam que
a globalização se firmou no século XIX em parte pelo desenvolvimento das novas
tecnologias e desdobramentos econômicos, políticos e militares. Para o autor, tal
fenômeno surgiu quando as atividades passaram a ser planejadas, organizadas ou
coordenadas em escala global e, uma vez que tais ações envolvem reciprocidade e
interdependência,
também
podem
ser
vistas
como
internacionalização
ou
trasnacionalização.
Nessa visão, o desenvolvimento midiático, como parte desse processo amplo
que transforma o mundo moderno, exige uma reordenação do espaço e tempo uma vez
18
que as interações entre indivíduos estão cada vez mais mediadas, dependentes das demais
estruturas de mediação, determinantes na globalização.
A globalização, apesar de ter início no século XIX, é um fenômeno do século
XX e se divide em quatro grandes eixos: 1) conglomerados transnacionais de
comunicação; 2) impactos sociais das novas tecnologias de comunicação; 3) fluxo
assimétrico de produtos de informação e comunicação no sistema global; 4) variação e
desigualdades nas redes de comunicação global (THOMPSON, 1995).
Neste contexto, para o autor, o desenvolvimento de Novas Tecnologias
desempenha papel central na globalização, haja vista a importância de tecnologias como
satélite, cabo, métodos de digitalização de processamento, armazenamento e
reconhecimento da informação, ou seja, as etapas da digitalização da comunicação.
Existem, ainda, pesquisadores como Bell (1973) e Dizard (1998), que
defendem o ponto de vista de que as sociedades mais desenvolvidas passaram, ou estão
passando, por três estágios: 1) sociedade agrária, 2) sociedade industrial e 3) sociedade
da informação (apud STRAUBHAAR; LAROSE, 2004).
Com o intuito de elucidar um pouco o emaranhado de exposições acima, cabe
resgatar a informação de que a globalização não começou há pouco tempo como se
acredita. Trata-se de um fenômeno que vem acompanhando a expansão da civilização ou,
mais precisamente, do sistema capitalista mundial, sendo impulsionado pela
internacionalização do capital, conforme afirma Ruiz (2000, p.18):
[...] do ponto de vista econômico, entendemos globalização como o
processo contemporâneo que torna cada vez maior - e mais acelerada –
a articulação e interdependência (desigual) entre países e regiões do
mundo, a partir da intensificação das articulações funcionais, em
diversos territórios, entre as fases de circulação do capital
(financiamento, compra de insumo, matérias-primas e força de
trabalho; produção; distribuição e consumo – ‘realização’ do valor
excedente gerado – e conversão a novo capital financeiro) no espaço
mundial (grifo do autor).
19
O conceito de internacionalização começou a ser utilizado pelas empresas
multinacionais no final do século XIX, quando o capitalismo superou sua fase
tipicamente concorrencial e evoluiu para a formação de monopólios, trustes e cartéis –
fenômeno que acompanhou a hegemonia do capital financeiro no modo de produção
capitalista e se tornou conhecido como imperialismo (SANDRONI, 1996, p.345).
Para Ianni (1997, p.46)
O que parecia ser uma espécie de virtualidade do capitalismo, como
modo de produção mundial, tornou-se cada vez mais uma realidade no
século XX; e adquiriu ainda maior vigência e abrangência depois da
Segunda Guerra Mundial. [...] Com a nova divisão internacional do
trabalho, a flexibilização dos processos produtivos e outras
manifestações do capitalismo em escala mundial, as empresas,
corporações e conglomerados transnacionais adquirem preeminência
sobre as economias nacionais.
Em síntese, globalização é, antes de tudo, um movimento de fundo
econômico, em que existem blocos comerciais que negociam entre si, tendo como
princípio a livre circulação de mercadorias. É um movimento que indica que atividades
sociais e econômicas passam a ser definidas e realizadas em escala global e não apenas
regional como antes. É uma visão global de que o mercado se auto-regula, e, deste modo
influencia todos os setores da sociedade, entre eles a cultura e a comunicação.
Na verdade, a relação entre globalização e a SIC reside no fato de que “a
idéia de Sociedade da Informação nasce no século XX, no ventre da sociedade capitalista
global” (LIMA; PRETTO; FERREIRA, 2005, p. 228). O que merece ser enfatizado é que
esse movimento surge, conforme Castells (1999), juntamente com uma revolução
tecnológica concentrada nas novas tecnologias da informação, que remodelam de
maneira acelerada a base material da sociedade.
Embora a número de publicações acerca do assunto seja numeroso, Prado,
Caminati e Novaes (2005), afirmam que o conceito de sociedade da informação não é
20
conclusivo e não representa, em seu formato, um universo de variáveis finitas. Trata-se
de uma convenção que se utiliza para designar a nova realidade que começou a se
modelar na era pós-industrial.
Como já citado em Zuffo J. (2003.), essa revolução informacional recebe a
denominação de Infoera, tendo como uns de seus conceitos primitivos a forma e o
método de utilização inteligente das informações, denominado pelo autor como
conhecimento. Outro conceito bastante importante para esse fenômeno é o de
Tecnologias da Informação, campo de atuação que deverá ser o principal foco das
atividades humanas dentro da Infoera. Para o autor, as Tecnologias da Informação
“envolvem desde as artes, multimídias, propagandas e humanidades, até as ciências e a
tecnologia" (ZUFFO, J. 2003, p.92).
Independentemente da denominação adotada para tal fenômeno, é
interessante enfatizar as considerações de Castells (1999), que afirma que tal revolução
se originou e se difundiu em um período da reestruturação global do capitalismo, sendo,
inclusive, uma ferramenta básica nesse processo.
Outro ponto que merece ênfase é o fato de que a nova sociedade emergente
desse processo de transformação é capitalista e informacional ao mesmo tempo, embora
apresente singularidades históricas e culturais, devido à relação das instituições dos
países envolvidos com o capitalismo global e a tecnologia informacional. Ou seja, a
globalização, mesmo com seus impactos em nível global, permite singularidades locais,
seja em sua implementação, seja nos seus impactos.
1.2 As Novas Tecnologias de Comunicação na Sociedade da Informação
21
As novas tecnologias ocupam papel destacado na Sociedade da Informação e
da Comunicação (SIC). Sendo assim, cabe aqui uma maior delimitação dessas
tecnologias.
De acordo com a Commission Europea (1997), ao propor um livro verde
sobre a convergência tecnológica, os exemplos de produtos e serviços oferecidos pelas
novas tecnologias são: serviços de dados sobre as plataformas de radiodifusão numérica;
lançamentos em rede das atualidades, dos esportes, dos concertos e outros serviços
audiovisuais; operações bancárias on-line; chats e grupos de discussão; correio
eletrônico; serviços específicos de internet como acesso aos dados da world wide web
(www) por intermédio das pesquisas de celulares, ainda que sua utilização seja
empresarial; e os serviços em linha combinados com a televisão dos sistemas de Web-TV
ou, em vários países, a TV Digital Terrestre Interativa, com transmissor via cabo ou
satélites numéricos.
Conforme Targino as Novas Tecnologias (NTCs) consistem, em sua maior
parte, “na adaptação de formas tradicionais de comunicação à eletrônica, que (re)surgem
sob novas facetas e denominações variadas”, apesar do uso do termo “novas”
(TARGINO, 1995, p.04).
De maneira similar Bairon (1995, p.75), esclarece que, apesar de serem
chamados de novos, os meios atuais nada mais são que a ampliação e interação dos
meios já existentes. Para o autor, “nunca a interação dos meios de comunicação levou
tanto a tecnologia, assim como nunca as novas tecnologias da comunicação provocam
tantos novos caminhos teóricos da comunicação”.
A relação entre essas novas tecnologias da comunicação e a SIC é tão intensa
que uma não pode ser entendida sem a outra; não é possível tentar definir a sociedade
atual, nem tão pouco alcançar um dos objetivos deste trabalho sem explorar este vínculo.
22
Além das relações mais próximas da comunicação, existem ainda outras particularidades
da SIC (que embora não sejam aprofundados neste trabalho merecem ser citadas), como
por exemplo, os Sistemas Inteligentes, assunto relacionado à Inteligência Artificial e à
Engenharia do Conhecimento (EC), um dos eixos da sociedade da informação.
De acordo com Camargo (1999), a Inteligência Artificial (IA) é um ramo da
Ciência da Computação dedicado ao estudo das técnicas que possibilitam a representação
em máquinas de algum aspecto da cognição humana; é o campo do desenvolvimento de
programas que simulam a cognição humana. Segundo a autora, a pesquisa em IA evoluiu
muito, mas ainda encontra limitações, principalmente no que se refere aos sistemas
baseados em conhecimento, os Sistemas Especialistas (SE).
Ainda são poucos os textos mais detalhados a respeito do assunto. Muito do
que se encontra apresenta uma linguagem bastante técnica, direcionada aos Engenheiros
de Computação. No entanto, com intuito de contribuir com a explanação acima, é
interessante apresentar as considerações de Andrade (1999), para quem os SE são fruto
da aplicação da chamada engenharia do conhecimento, uma das subespecialidades da
Inteligência Artificial.
Contribuição similar apresenta Camargo (1999.) ao afirmar que um SE,
também conhecido como Sistema Inteligente, é desenvolvido através da Engenharia do
Conhecimento, com o apoio de especialistas sobre o domínio da aplicação. A autora
afirma que, de acordo com Luger e Stubbfield (1993), é a engenharia de conhecimento a
responsável pela extração e representação do conhecimento através da utilização de
linguagens de IA.
Neste contexto, para Andrade (1999.) os Sistemas Inteligentes empregam
técnicas simples de inteligência artificial para simular a atuação de peritos humanos.
Camargo (1999), por sua vez, afirma que uma das características que um sistema de
23
inteligência artificial pode apresentar é a capacidade de adquirir conhecimentos, ou seja,
modificar-se com o uso. A autora afirma ainda que, em geral isso não acontece com os
chamados sistemas especialistas. Apesar de apresentarem um desempenho comparável ao
de especialistas humanos na resolução de problemas específicos, não são capazes de
aprender, ou seja, de apresentar comportamento realmente inteligente.
Outro autor que aborda o assunto é Annes (2005), para quem a Engenharia do
Conhecimento já está sendo pesquisada há algum tempo. Entretanto, afirma ser Schwabe
(1987) quem diz que, no atual estado da arte, a confecção de sistemas especialistas possui
ainda um caráter fortemente experimental. Ainda não existem caminhos padronizados
que levem a um desenvolvimento seguro e preciso, sendo necessária muita criatividade, e
que se envolva mais arte que ciência.
A Engenharia do Conhecimento (EC) – termo usado para descrever o
processo global de desenvolvimento de um Sistema Especialista (SE) – terá um papel
cada vez mais destacado na Sociedade Informacional. Isso devido aos bancos de dados e
sistemas interativos. Seu objetivo é capturar e incorporar o conhecimento fundamental de
um especialista do domínio, bem como seus prognósticos e sistemas de controle. Este
processo envolve reunião de informação, familiarização do domínio, análise e esforço no
projeto. Além disso, o conhecimento acumulado deve ser codificado, testado e refinado.
Na verdade, são escassas as obras que abordam ao assunto do ponto de vista
da comunicação, normalmente são em áreas relativamente jovens como Tecnologia de
Informação e Gestão do Conhecimento ou ainda nos estudos de Engenharia de Produção
que se encontram algumas das publicações acerca do assunto. Tal fato deve sofrer
alterações, tendo em vista que, na Sociedade da Informação, essas áreas estarão se
relacionando com várias outras, dentre elas a comunicação, devido principalmente às
NTC e aos meios convergentes surgidos nesta nova sociedade.
24
Embora os conceitos acima estejam relacionados com essa mudança pela
qual a sociedade vem passando, não foram estudados de maneira detalhada neste
trabalho, haja vista que o foco é a sociedade da informação em si e suas particularidades
no Brasil e não particulares relacionadas com SE ou IA.
No Livro Verde para a Sociedade da Informação no Brasil, Takahashi (2000,
p. 3) afirma que são necessários três fenômenos inter-relacionados para dar origem à
sociedade informacional, ou seja, para viabilizar as transformações citadas anteriormente.
São eles:
O primeiro, a convergência da base tecnológica, decorre do fato de se
poder representar e processar qualquer tipo de informação de uma única
forma, a digital. Pela digitalização, a computação (a informática e suas
aplicações), as comunicações (transmissão e recepção de dados, voz,
imagens etc.) e os conteúdos (livros, filmes, pinturas, fotografias,
música etc.) aproximam-se vertiginosamente – o computador vira um
aparelho de TV, a foto favorita sai do álbum para um disquete, e pelo
telefone entra-se na Internet. Um extenso leque de aplicações abre-se
com isso, função apenas da criatividade, curiosidade e capacidade de
absorção do novo pelas pessoas. O segundo aspecto é a dinâmica da
indústria, que tem proporcionado contínua queda dos preços dos
computadores relativamente à potência computacional, permitindo a
popularização crescente do uso dessas máquinas. Finalmente, em
grande parte como decorrência dos dois primeiros fenômenos, o
terceiro aspecto na base dessa revolução é o fantástico crescimento da
Internet.
Para este autor, no caso específico da sociedade da informação no Brasil,
vários destes aspectos foram equacionados ou estão em fase de aperfeiçoamento. Como
exemplo, pode-se citar o grande crescimento que teve a Internet e a digitalização no
âmbito científico, empresarial ou governamental, e também o fato de que existe uma
sofisticada base tecnológica instalada no país, o que viabiliza recursos humanos
qualificados para lidar com as particularidades da sociedade informacional. São
exemplos disso as tecnologias da informação e comunicação e a convergência
tecnológica propriamente dita.
25
1.3 As Tecnologias da Informação e Comunicação e a Convergência Tecnológica
A transição para uma sociedade baseada na informação e na tecnologia está
cada vez mais acelerada devido a uma particularidade: a convergência entre sistemas de
informação e tecnologias da informação. Essa convergência é tão importante, que o tema
emergiu como proposta de legislação pública ao redor do mundo, inclusive no Brasil.
No ano de 2000, com proposta similar à da Comissão Européia, foi lançado o
Livro Verde sobre a Sociedade da Informação no Brasil (TAKAHASHI, 2000), que
apresenta as metas de implementação do Programa Sociedade da Informação e propostas
de aplicações de Tecnologia da Informação.
Ao explanar acerca da Sociedade da Informação e as tecnologias da
Informação o Livro Verde apresenta considerações sobre a convergência com
telecomunicações, a implantação da TV Digital e as preocupações com novos modelos
de negócios advindos dessa transição para a digitalização, termo que será apresentado
com maior detalhamento à frente. Segundo Bustamante e Monzoncillo (1999), a
digitalização há de ser entendida como uma evolução técnica que vem catalisar os
processos anteriores, incentivar suas tendências, extremar e acelerar seus processos3.
É interessante enfatizar que nos estudos das Tecnologias da Informação e
Comunicação é possível encontrar definições distintas destes termos. Assim, Dizard
(1998) as chama de Novas Mídias; Targino (1995) as define como NTCs, Siqueira
(2004) as designa pela sigla ICTs, abreviatura de Information and Communication
Technologies, ou Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs). Este trabalho, fará
uso preferencialmente das siglas TICs ou NTCs .
3
Tradução livre de “la digitalización há de ser entendida (...) como una evolución técnica que viene a catalizar los
procesos anteriores, a incentivar sus tendências, a extremar y acelerar sus procesos”.
26
É interessante ressaltar, no entanto, que existe um conflito terminológico,
porém não conceitual. Recebem diferentes denominações, e não se informa com precisão
quais são estas novas tecnologias. Neste ponto, cabe utilizar novamente as contribuições
de Castells (1999, p. 49), que apresenta a seguinte definição:
Entre as tecnologias da informação incluo, como todos, o conjunto
convergente de tecnologias em microeletrônica, computação (software
e hardware), telecomunicações/ radiodifusão, e optoeletrônica. Além
disso, diferentemente de alguns analistas, também incluo nos domínios
da tecnologia da informação e comunicação a engenharia genética e seu
crescente conjunto de desenvolvimentos e aplicações.
As TICs estão em crescente e quase diário desenvolvimento. Desta forma, a
lista vive em constante mudança. É possível, no entanto, enumerar tanto meios já
obsoletos, quanto as mais recentes tecnologias. Desta forma, são exemplos de TICs:
videocassetes, CDs, Chips, DVDs, fibras ópticas, celulares, Internet, e-mail, PCs,
câmeras fotográficas digitais, fax, TV Digital Interativa, videogames, PDAs, Palmtops,
iPods, MP-3 Players, Notebooks, teleconferências, videoconferências, GPS, satélites,
realidade virtual, TV a cabo, sistemas Pay-Per-View, disquetes, holografia, VoIP, web
cams, e demais.
Em 1980, ao elaborar as previsões para a Terceira onda – uma metáfora sobre
a Sociedade da Informação – Alvin Toffler, renomado futurólogo americano, descrevia o
surgimento das TICs como sendo o marco do fim da Segunda Onda, ou seja, da era
industrial “Com efeito, estas coisas são partes de um fenômeno muito maior: a morte do
industrialismo e o advento de nova civilização” (TOFFLER, 1999, p.16).
Porém, a revolução das TICs somente começou a manifestar-se em meados
das décadas de 60/70 do século passado. Conforme observado por Castells (1999, p.58),
“de fato, só na década de 70 as novas tecnologias da informação difundiram-se
27
amplamente, acelerando seu desenvolvimento sinérgico e convergindo em um novo
paradigma”. Afirmação similar apresenta Targino (1995, p.1), ao declarar que
As novas tecnologias da informação e da comunicação surgiram,
oficialmente, nos anos 60/70 como resultado dos avanços da indústria
eletrônica, ingressando nesses mercados e se expandindo,
vertiginosamente, nas duas ultimas décadas.
Diversos autores, de Castells (1999) a Toffler (1999), dentre outros,
concordam que os Estados Unidos deram o passo inicial para o nascimento das TICs. O
Vale do Silício4 constituiu-se assim, uma espécie de “meca” para os jovens cientistas,
como ironiza Castells. Contudo, países como França, Itália, Inglaterra, Alemanha e Japão
muito contribuíram no alargamento das TICs:
As descobertas científicas originadas na Inglaterra, França, Alemanha e
Itália constituíram a base das novas tecnologias de eletrônica e
biologia. A capacidade das empresas japonesas foi decisiva para a
melhoria do processo de fabricação na vida quotidiana mundial
mediante uma série de produtos inovadores como videocassetes, fax,
videogames, e bips (CASTELLS, 1999, p.70).
As TICs proporcionaram o surgimento de um novo modelo social que muitos
estudiosos intitulam como paradigma tecnológico. Ao estudar este paradigma, Castells
(1999) destaca cinco grandes aspectos, e enumera suas características. O primeiro
aspecto deste novo paradigma é ter a informação como sua matéria-prima. O segundo diz
respeito à penetrabilidade dos efeitos das TICs, uma vez que a informação é algo inerente
ao homem enquanto indivíduo isolado ou agente social. O terceiro refere-se à lógica das
redes ocasionada pelas TICs. O quarto aspecto está ligado à flexibilidade destas redes, e
o quinto refere-se à crescente convergência de tecnologias, o que impossibilita a
distinção, em separado, de antigas e novas formas de comunicação.
4
Vale do Silício, no norte da Califórnia, que abrange várias cidades no condado de Santa Clara. nos EUA virou
paradigma do desenvolvimento da indústria de alta tecnologia. Esta região, sede de algumas das mais importantes
empresas de software e Internet do mundo, é praticamente a marca registrada da Nova Economia
28
Essa convergência tecnológica, também conhecida como convergência
digital, é uma das preocupações deste trabalho, que estuda a convergência das TICs e, em
particular, a implantação da TV Digital no Brasil. O termo, apesar de ser bastante
difundido, ainda gera dúvidas quanto a suas aplicações, fato este que indica a
necessidade de resgatar alguns conceitos relativos a ele.
O termo convergência é registrado no Houssais (2001) como sendo
"tendência para aproximação ou união em torno de um assunto ou de um fim comum;
confluência”. Ou ainda, "disposição de dois ou mais elementos lineares que se dirigem
para ou se encontram no mesmo ponto".
Siqueira (2004) por sua vez, adota o termo convergência digital ou
infocomunicação e afirma que o fenômeno é resultante das fusões das tecnologias da
informação, das telecomunicações e de multimídia, e que terá moldado o novo mundo
que se desenha atualmente.
Quintella e Cunha (2004, p.01) definem o processo da convergência como “a
capacidade do uso de uma mesma plataforma de rede de telecomunicações para
transporte de diferentes serviços: vídeo, música, internet, telefonia”. Ao estudar esta
confluência das TICs, Siqueira (2004, p.17) conclui que
O grande fenômeno tecnológico de nossos dias que marca as profundas
transformações do mundo em que vivemos é a convergência digital, a
qual se caracteriza pelo desenvolvimento tecnológico sem precedentes
que nos tem conduzido à revolução da informática, afetando
radicalmente às técnicas de produção da microeletrônica e das
telecomunicações, realimentando de forma contínua o já imenso poder
de processamento dos computadores e difusão da informação.
As TICs se configuram na radiodifusão, nas telecomunicações, na
informatização, etc. E isto ocorre em forma de fusão, fazendo com que os meios se
tornem multimeios. Straubhaar e LaRose (2004) definem a convergência como uma
supervia da informação, uma rede universal de alta velocidade que transporta todas as
29
formas de texto, áudio, dados de computador e vídeo. Castells (1999) acrescenta que se
trata da integração da microeletrônica, das telecomunicações, da optoeletrônica e dos
computadores.
Outro autor que também traçou considerações a respeito da convergência foi
Alvin Toffler (1999, p.155 -156)
Assim como a segunda onda combinou o carvão, o aço, a eletricidade e
o transporte por via férrea para produzir automóveis e um milhar de
outros produtos transformadores da vida, o verdadeiro impacto das
novas mudanças não será sentido enquanto não chegarmos à fase de
combinar as novas tecnologias - ligando juntos computadores,
eletrônica, novos materiais do espaço exterior e dos oceanos com
genética e todos estes, por sua vez, com a nova base de energia. A
reunião destes elementos libertara uma nova enchente de inovação
diferente de tudo o que se viu antes na história humana. Estamos
construindo uma tecnosfera dramaticamente nova para a civilização da
terceira onda.
Neste contexto, ao tratar sobre a sociedade da informação, as novas
tecnologias e a convergência tecnológicas, Vilches (2001) afirma que começam a
desaparecer as diferenças entre os meios tecnológicos (televisão, computador, rádio,
telefone). Isto, ao mesmo tempo em que, devido à diversificação de empresas, a
tendência é a disseminação acelerada de alianças entre o setor público e privado, sendo
provável que instituições governamentais e empresas se unam de maneira a viabilizar as
inovações tecnológicas na sociedade informacional.
Preocupações sobre convergência tecnológica e digitalização ocorrem devido
ao surgimento e desenvolvimento crescente e contínuo da internet, e, nos últimos anos,
devido a uma convergência acelerada das telecomunicações e da comunicação permeadas
pela informação. De acordo com Straubhaar e LaRose (2004), vários termos já foram
utilizados para descrever a convergência tecnológica.
No final dos anos 70, estudiosos franceses criaram o termo telematique (em
português, telemática) para descrever as combinações entre tecnologia de computação e
30
telecomunicações. O fenômeno foi estudado, de maneira quase profética, através de um
relatório encomendado pelo governo Francês em 1978, conhecido como relatório NoraMinc (1980), em que a convergência recebe o nome de telemática.
Independentemente do nome que receba, o fato é que se vive hoje frente a
inovações de corporações das telecomunicações, da informática e da indústria do
entretenimento, o que viabiliza o surgimento de terreno fértil para o desenvolvimento de
meios convergentes. Em 2003, Vilches afirmou que a necessidade de estudar a
convergência não se limita ao âmbito tecnológico, uma vez que está em andamento,
também, uma convergência de conteúdos, tendo em vista a era digital e o surgimento de
meios híbridos, como a TV Digital Interativa (informação verbal) 5.
Essa convergência tecnológica da internet com outros meios (TV, rádio e
telefones de última geração) assegura a entrada dos consumidores em uma fase de
globalização telemática. Em outras palavras, é possível dizer que os computadores, a
convergência tecnológica e a migração para a era digital viabilizaram o surgimento de
uma nova forma de televisão, bidirecional, que possibilitará ao telespectador, conforme
afirma Joly (2003), conhecer o que Matuck (1995) chama de “interação horizontal e
interindividual”, uma maneira diferenciada de como o telespectador relaciona-se com a
televisão, que deve adquirir, novos formatos, inclusive, físicos.
Devido à grande abrangência dos aspectos relacionados à convergência
digital e a SIC, e devido ao foco observado, esta pesquisa ater-se-á somente às
convergências das TICs na radiodifusão através da implantação da TV Digital Terrestre
no Brasil, em particular o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de TV Digital –
SBTVD. No entanto, será necessário discorrer, em alguns momentos e de forma modesta,
5
. Notas de aulas da disciplina Imagem, Sociedade e Novas tecnologias, ministrada na ECA/USP em setembro de 2003.
31
sobre algumas implicações da convergência nos campos econômico e intelectual desta
nova estrutura social baseada na informação e na comunicação mediada por
computadores.
1.3.1 Novas Tecnologias: importância da internet e seus impactos
Neste contexto de discussão sobre sociedade informacional, tecnologias da
informação ou novas tecnologias é interessante resgatar a visão de Rosnay (1999). Ele
afirma que a sociedade que surge se organiza em redes, e não somente em poder; em
células interdependentes, e não mais na hierarquização; é algo como um “ecossistema
informacional”. Afirma também que um fator que deve ser lembrado acerca dessa
sociedade é a atuação dos indivíduos, que hoje já não são usuários passivos dos meios de
comunicação, mas produtores consumidores dos novos instrumentos interativos, que por
sua vez afetam os meios de comunicação e o poder.
Segundo o autor, o instrumento básico dessa sociedade informatizada é o
computador, multimídia e em rede. A Internet, em seu auge, ocupa lugar de destaque
nestes novos espaços de comunicação, uma vez que não é, como se crê, apenas uma rede,
mas um protocolo comum a todos os computadores e capaz de utilizar, indiferentemente,
numerosas redes, como de telefones, sistema interno de empresas (intranet), televisão a
cabo, satélites, fibras óticas, etc.
Nesse contexto de transformações sociais, permeado por novas tecnologias e
convergência, no qual a Internet ocupa papel importante, sendo a espinha dorsal do que
Castells (1999) descreve como a comunicação mediada por computadores – CMC, cabe
um resgate histórico-conceitual acerca da internet.
A Internet surgiu por volta de 1969, denominada de Arpanet, tinha cunho
militar, sem a intenção de se tornar uma teia mundial de comunicação. Após um período,
32
no entanto, a rede foi-se abrindo a cooperadores do governo, como centros de pesquisas,
por exemplo, e os cientistas começaram a utilizar a Arpanet para fins não militares. Tal
fato dificultou a separação da pesquisa voltada para o setor militar das conversas pessoais
o que leva ao surgimento da rede das redes que chamada de ARPA-INTERNET, mais
tarde INTERNET, ainda custeada pelo Departamento de Defesa e operada pela Fundação
Nacional de Ciência. (CASTELLS, 1999, p.376).
Contudo, a Internet citada acima ainda não era de âmbito mundial, pois não
possuía a tecnologia de transmissão e processamento de longo alcance tal como
conhecemos hoje. Esta realidade mudou com a criação do protocolo de controle e
transporte da Internet – o TCP - IP - ou simplesmente IP6. Através deste protocolo foi
possível estabelecer uma interconexão entre os computadores. O surgimento da web, em
1990, completou a viabilização da Internet.
De acordo com Prado (2003), ainda que a lentidão no desenvolvimento de
algumas infraestruturas – cenário de desafio para a sociedade da informação - seja
evidente em alguns países, surgem, com muita clareza, mudanças na sociedade devido ao
papel da popularização do uso da internet, viabilizada pelos avanços das técnicas de
compressão e digitalização.
De acordo com Siqueira (2004, p.137), “a internet tem mudado a vida de
centenas de milhões de pessoas”. Tal fato, conhecido como o advento da internet (sites,
portais e similares) atingiu os mais distintos campos da sociedade, e seus impactos foram
tão profundos que lhe confere destaque dentre outras tecnologias.
6 IP é um acrônimo para a expressão inglesa "Internet Protocol" (ou Protocolo da Internet), que é um protocolo usado
entre duas máquinas em rede para encaminhamento dos dados. Os dados numa rede IP são enviados em blocos
referidos como pacotes ou datagramas (os termos são basicamente sinônimos no IP, sendo usados para os dados em
diferentes locais nas camadas IP). Em particular, no IP nenhuma definição é necessária antes do host tentar enviar
pacotes para um host com o qual não se comunicou previamente (AFONSO, 2000).
33
Dentre os fatores que conferem esta unanimidade à Internet encontramos, nos
estudos do autor, três características que fazem da mesma um caso único em meio às
outras tecnologias da informação. A primeira é a expansão mundial: a rede se propaga e
o número de usuários se multiplica em um curto espaço de tempo. A segunda é a
velocidade da evolução tecnológica: a cada dia projetos visam criar uma rede cada vez
mais veloz, com capacidade de processamentos cada vez mais eficazes e rápidos. A
terceira característica é a multifuncionalidade da rede: a web pode ser utilizada por vários
setores, por diferentes pessoas e para fins diversos. Em meio às inúmeras possibilidades
que essa rede de comunicação pode nos proporcionar encontramos a convergência
digital.
A Internet e a comunicação digital devem ser utilizadas de maneira a
proporcionar estruturas inovadoras e diferentes, impossíveis de se estabelecer em outras
mídias, uma vez que a internet é uma nova mídia, é única. Para Radfahrer (1999) a web
não é TV, não é rádio nem é impresso, apresenta características de todos, pois é ágil
como o rádio, abrangente como o jornal, rica como o videogame, envolvente como a TV,
pode ser móvel como o celular, é cativante como a correspondência, profunda como uma
consulta a um especialista e imprevisível como uma conversa informal.
O autor afirma que na web as informações existentes são digitais, embora o
espaço determinado pelas mesmas seja virtual. A grande dificuldade na internet, ou na
comunicação digital como um todo, é trabalhar a web programação, a criatividade e a
técnica ao mesmo tempo. Talvez, devido a isso, a mesma ainda seja utilizada, na maior
parte das vezes, como mídia de texto, embora ofereça recursos que os outros meios não
têm como a personalização (contato pessoal) e a manipulação (interatividade com a
interface).
34
É também do autor a diferenciação entre a interface mais conhecida na
internet, o site (um endereço na internet, um lugar virtual com informações digitais), e a
home page, a primeira página dos sites, que deve ser agradável, de fácil acesso, deve
mostrar o que o site aborda e o que deve ser feito no mesmo.
Desde seu surgimento no Brasil, a internet tem subsidiado vários estudos,
alguns notadamente voltados aos impactos da mesma nas várias esferas sociais e
empresarias. Dentre os estudos destaca-se um que resgata o surgimento e a utilização das
aplicações digitais desde o catálogo eletrônico até as comunidades virtuais
(WAZLAWICK, 2002).
Segundo a autora, O “catálogo eletrônico” era utilizado pelas empresas, no
início da internet, como mecanismo de publicação unidirecional. A partir do crescimento
do uso da internet nas empresas, surge a “interação com o cliente”, por meio do diálogo
com seus clientes, que permite, a seguir, a “disponibilização de transações”. As empresas
começam a usar a internet para expandir os processos orientados a transação.
A partir do uso de ferramentas cada vez mais específicas para o ambiente
empresarial surge o “relacionamento um-a-um” em que a Internet é utilizada para criar
interações customizadas. Atualmente, a internet viabiliza as “organizações em tempo
real” e “as comunidades”. Nas primeiras, as empresas começam a planejar, executar e
agregar compradores e vendedores num espaço virtual para atender às necessidades e
entregar valor em tempo real. Nas segundas, a internet auxilia as empresas a criar
comunidades de interesse que reúnam os parceiros de uma cadeia de valor.
Esta
evolução, no Brasil, sobre a utilização da internet e dos serviços digitais no ambiente
empresarial é representada graficamente de maneira ascendente (ver Figura 1 ).
35
Comunidades
Organizações em
Tempo real
Relacionamento
um-a-um
Disponibilização de
Transações
Interação com cliente
Catálogo eletrônico
Fonte: Hartman et all, 2000 (apud WAZLAWICK, 2002, p.23)
Figura 1 - Evolução do uso da internet e serviços digitais.
Estudos como esse comprovam que o uso e impactos da Internet atingiram
diferentes setores da sociedade, inclusive as empresas e o ambiente corporativo, uma vez
que a tradicional idéia de um ambiente fechado com endereço fixo pode, com a internet,
ser deixada para trás. Atualmente, encontra-se quase tudo na rede. A sociedade, a
empresa, a residência ou o indivíduo, todos precisam estar on-line, todas as informações
devem estar disponíveis em um notebook, o computador portátil.
Neste contexto, a economia passa, portanto, a ser moldada por essa nova
forma de trabalho baseada na velocidade e na descentralização de pessoas e ações. O
câmbio, que antes tinha o dinheiro como moeda, agora é simbolizado pela informação,
ou seja, quem tem o poder é aquele que tem acesso à produção da informação e sabe
como utilizá-la.
Um dos campos que tem levantado muitos questionamentos é o surgimento
de meios que são interdependentes da internet, que otimizam a produção intelectual, e o
consumo midiático e de conhecimento estabelecido na sociedade. Uma variedade de
36
estudos tem se dedicado a repensar os papéis nas escolas que já não podem manter um
modelo educacional incompatível com a nova esfera social.
Como exemplo dos impactos da internet na sociedade, podemos apresentar os
conceitos de Lima F. (2000), que em seus estudos sobre a sociedade digital e sua relação
com a educação, fala-nos que o novo desafio da educação será a inversão de seu papel de
perpetuação e retransmissão de conhecimentos. Para o autor, é necessário um novo
caráter, que será baseado nos esforços de ensinar os indivíduos a filtrar as informações
relevantes dentre as milhares que lhe são disponíveis.
O autor afirma que a principal mudança no processo cognitivo está no fato de
assumirmos uma nova linha de pensamento em nossa capacidade de estabelecer relações.
Sobre isso, ele diz que
Fazendo uso do pensamento digital, estamos não só redimensionando o
nosso processo cognitivo para tornar a manipulação de informações um
processo mnemônico da nossa atividade e confiabilidade, como
também estamos fazendo um processo de redimensionamento de nossa
interação com a realidade, procurando formas mais objetivas e
produtivas de analisar um fenômeno e de maximizar os resultados do
uso da informação (LIMA, F. 2000 p.2).
Existem ainda muitos outros impactos que as novas tecnologias, em
particular a internet, acarretam à sociedade. Dentre eles é possível citar o surgimento de
formas alternativas de difusão comunicacional e de imagens, ou ainda na produção da
comunicação jornalística, com o jornalismo on-line e o web jornalismo. Entre os
considerados novos e/ou alternativos, podem-se indicar os blogs e flogs, ou ainda os
impactos de cunho mais social como o crescimento vertiginoso de sites de
relacionamentos on-line, como o Messenger, ou off-line, como o Orkut, considerado um
fenômeno no Brasil. Apesar deste último ser recente, surgiu em 2004, tem milhões de
participantes, sendo que 72,81% destes são brasileiros (DADOS DEMOGRÁFICOS,
2006).
37
Desde sua implantação no Brasil, a internet apresentou evolução
significativa, e atualmente o número de usuários residenciais da web brasileira soma 14,1
milhões de internautas, com tempo médio de navegação de 19,24 horas, conforme
pesquisa divulgada em abril de 2006. Um exemplo dos impactos da internet se refere ao
tempo on-line que destaca o crescimento da categoria "comunidades", que engloba os
sites de relacionamento indicados anteriormente. A categoria atingiu 3h46min de uso
individual
sendo
visitada
por
74%
dos
internautas
domiciliares
brasileiros
(IBOPE/NetRatings, 2006).
Outra informação importante divulgada pela pesquisa a respeito de
indicadores na internet, é que, segundo o Comitê Gestor da Internet no Brasil, em
fevereiro de 2006, o número de domínios “br" chegou a 899.044 . Os indicadores
divulgados mostram que há espaço para o crescimento do acesso e uso do computador e
da Internet, uma vez que apenas 21,43% dos domicílios brasileiros têm acesso à grande
rede, sendo 9,39% da proporção de indivíduos com acesso à Internet no domicílio. A
conexão discada (via modem dial-up) é muito maior do que acessos por banda larga,
representando uma total de 39,49% sobre o total de usuários de Internet no próprio
domicílio.
De acordo com o relatório, entre os 29,7% que usaram computador nos
últimos 3 meses, vemos que a maior parte o usou em casa. Somente 16,9% dos
entrevistados usaram computador fora de casa, concentrado nas escolas, no trabalho e na
casa de outra pessoa. Fato interessante é que dos 24,4% que acessaram a Internet nos
últimos três meses, 10,3% acessaram em casa, mas apenas 7,7% têm acesso
exclusivamente de casa. A maioria - 14,1% - não acessou a Internet de casa, mas de
outros locais fora de casa, principalmente do trabalho, escola, casa de outra pessoa e
38
centros de acesso pago. Mostramos na tabela abaixo os principais locais onde foi feito o
acesso à Internet nos últimos três meses (CGIBR, 2006).
Qualquer destes dados, e outros impactos que a internet ou outra nova
tecnologia tenham trazido à sociedade, têm como diferencial a produção, a distribuição e
a mediação da informação, que na atual sociedade está diretamente relacionado à
convergência tecnológica e à digitalização.
1.4 Convergência e digitalização: a transição do analógico ao digital
A convergência dos meios através das TICs tem possibilitado uma gama
imensa de novas formas de comunicação e de estruturação da vida social como um todo.
Neste sentido, é interessante ressaltar a importância da digitalização em todo este
contexto, uma vez que através da digitalização tornou–se possível a conversão de um
dado analógico para um formato de representação digital, ou seja, possível de ser
armazenado e manipulado através do computador.
Para conceituar a digitalização da informação é necessário buscar
informações do final da década de 30, quando o pesquisador Claude Shannon,
responsável pela Teoria Matemática da Informação, demonstrou que uma máquina
executando instruções lógicas seria capaz de processar informação. Em sua tese de
mestrado junto ao Instituto Tecnológico de Massachussets – MIT, explica como os
circuitos de computador – fechados para verdadeiro e abertos para falso – poderiam
operar informações lógicas, usando o número 1(um) para representar “verdadeiro” e o 0
(zero) para representar “falso”.
Essa representação numérica para operar informações lógicas é um sistema
binário, um código. Esse sistema é o alfabeto dos computadores eletrônicos, a base da
linguagem para a qual todas as informações são traduzidas, e na qual são armazenadas e
39
utilizadas no interior de um computador. Na versão binária, cada par de quatro dígitos
representa o código numérico de cada caractere. Por exemplo, 0100 0101, é a
representação binária do 69, letra E na linguagem ASCII7.
Os computadores parecem compreender-nos porque produzem informações
que os indivíduos entendem. Os sinais com os quais o computador trabalha são chamados
“dados”. Diferentes da informação, dados são, no sentido mais estrito, os sinais brutos,
sem significado individual que os computadores manipulam para produzir informações.
O computador transforma dados sem significado em informações úteis.
A passagem do analógico para o digital possibilitou a transformação de dados
em informações e vice-versa; otimizar a armazenagem, manipulação e transmissão de
dados, modificar e otimizar os meios de comunicação; e, inclusive, viabilizar a
convergência tecnologia dos meios.
De acordo com professor e pesquisador José Marques de Mello, no prefácio
do livro Mídias Digitais, a revolução informática impulsionada pela convergência, nas
últimas décadas, adquiriu tamanha velocidade que permitiu eliminar as fronteiras entre os
meios tradicionais de comunicação e criar oportunidades interativas entre os agentes
midiáticos. Para o autor, “a mais importante mudança no panorama vem ocorrendo pelo
avanço da digitalização, gerando novíssimos meios e articulando-os simultaneamente
com os velhos transmissores de conteúdos” (BARBOSA FILHO et all, 2005, p.13).
Prado, Caminati e Novaes (2005, p. 28) afirmam que se entende por
digitalização “o processo de captura de qualquer tipo de documento, como textos,
imagens e áudios, para permitir o gerenciamento e acesso facilitado a essas informações
7
Código numérico usado para representar caracteres, entendido por quase todos os computadores, impressoras e
programas de edição de texto.
40
através de recursos da informática”. O que se observa, portanto, é que a digitalização é o
instrumento que permite a conversão analógico-digital ou comunicação digital.
Para os autores, a digitalização traz consigo uma evolução tecnológica que
não se limita à promoção de computadores e softwares, mas atua também sobre os meios
de comunicação de massa como o rádio e a televisão, que vêm evoluindo constantemente
e de forma razoavelmente sincronizada em muitos países.
Também Straubhaar e LaRose (2004, p.15) afirmam que na comunicação
analógica a informação é transmitida no formato de sinais de variação contínua,
correspondentes às flutuações da energia do som e da luz, e quando se fala em
comunicação digital, fala-se na verdade da “conversão de sons, imagens e textos para
formatos legíveis por computador”. Neste processo, os dados são coletados a intervalos
freqüentes e convertidos em dígitos numéricos e/ou bytes.
Siqueira (2004, p. 65) cita a digitalização como “a grande revolução da
informação e da comunicação, ocorrida a partir dos anos 1980 e que possibilita a
miniaturização, a redução de custos e a convergência de voz, dados e imagens”. O autor
completa dizendo:
A digitalização criou nas últimas décadas todos os pré-requisitos para a
convergência de tecnologias e de serviços. Não há mais sentido em
falarmos de imprensa, telefone, rádio, televisão, cinema ou
computador-como se estes meios fossem entidades autônomas e
distintas. Esses meios convergem, cada dia mais, para formar um
conjunto integrado de serviços e tecnologias. (SIQUEIRA 2004, p.286)
Para o Fórum Nacional para a Democratização da Comunicação – FNDC - a
digitalização, do ponto de vista mercadológico, constitui-se em uma poderosa vantagem
comparativa para a logística das empresas, por meio do barateamento de custos fixos em
comunicações e da dinamização do mercado como um todo, por meio das novas
oportunidades de negócios. Tal posicionamento é justificado com base em que a
41
digitalização traz consigo profundos reflexos sobre a indústria (semicondutores), serviços
(telecomunicações e cabodifusão), e as próprias relações internacionais e correlações de
forças no sistema internacional, fatores altamente estimulantes para atração de
investimentos estrangeiros (FNDC, 2005).
Propiciada pela digitalização, a computação e a chegada da internet
possibilitaram, dentre outros fatores, o rompimento de fronteiras, aproximando as
pessoas de tal forma que a idéia de espaço e tempo perdeu suas propriedades. Podemos
estar em vários espaços num curto prazo de tempo ou, até mesmo, simultaneamente, de
maneira virtual. Os impactos evidentes, tanto tecnológicos como sociais, só acirram a
discussão sobre a transição do analógico para o digital, que em essência é parecida com
qualquer outra sobre as inovações tecnológicas nas comunicações. Sempre se acreditou
que um meio superaria outro, que uma tecnologia extingüiria a outra. Os processos,
entretanto, sempre se mostraram menos traumáticos e desastrosos do que as previsões.
Essa convergência digital, viabilizada pela digitalização, acaba por induzir o
indivíduo e a sociedade ao que Vilches (2003) denomina de migração digital. Para o
autor:
A migração digital diz respeito, em primeiro lugar, a sujeitos
interconectados que chegam à nova fronteira da comunicação e do real.
Essa nova fronteira, que alguns chamam de ciberespaço, é um novo
espaço de pensamento e de experiências humanas, formado pela
coabitação de antigos meios e novas formas de hiper-realidade
(VILCHES, 2003, p. 17).
Todo esse processo é viabilizado, de uma forma ou de outra, pela Internet,
um dos atores mais atuantes no processo migratório para o digital, haja vista a
capacidade de armazenamento, reprodução e velocidade na transmissão de informações,
fator de bastante relevância na sociedade atual.
42
Nesse contexto de sociedade informacional e passagem do analógico ao
digital, essa conversão de informação em códigos binários viabiliza a diluição das
fronteiras que separam informática e telecomunicação dos meios TV, internet, rádio e
outros. Assim, é possível afirmar que as palavras do momento são informação e
convergência (SERRA; DINIZ; MAIA, 1997).
De acordo com Straubhaar e LaRose (2004), o processo de convergência
entre as formas convencionais de mídia e as híbridas, digitais ou não, em um único meio,
recebe também o nome de hipermídia, definido pelos autores como sinônimo de
multimídia. A multimídia integra áudio, imagens e textos digitais em redes de dados,
resultando em um processo que apaga as distinções entre os meios de comunicação.
Devido aos inúmeros termos indicados por Straubhaar e LaRose (2004),
torna-se necessário fazer uma exposição a respeito dos mesmos. Para discorrer sobre a
hipermídia, o autor resgatou o conceito de multimídia como toda articulação funcional
entre linguagens e hipermídia, que por sua vez é uma mistura de registro sígnicos
presentes na multimídia.
Neste sentido, hipermídia são sistemas multimídia com navegação vinculada
e que funcionam em rede. É como se unidades complexas de informação (como o
hipertexto) ligassem-se a um contexto maior como, por exemplo, a rede. A hipermídia é
uma estrutura hipertextual funcionando em rede.
Na bibliografia consultada as definições de multimídia, hipermídia e
hipertexto se confundem. No entanto, apesar de nomes e conceitos diferentes, a definição
de hipermídia se aproxima da de hipertexto, que segundo Nielsen (1995), é não
seqüencial, apresenta várias opções de caminhos e o leitor determina individualmente
43
qual deles seguirá. Se resgatado o conceito de multimídia talvez seja mais fácil evitar a
confusão pois “hipermídia é multimídia em ambiente hipertextual (informação verbal)8”.
Em sua conceituação mais acadêmica, Nielsen (1995) delimita o hipertexto
como trechos interligados de texto (ou de outras informações não textuais), que podem
ser telas de computador, janelas, arquivos, etc. Cada unidade de informação é
denominada nó, qualquer que seja o tamanho destes; cada um deles pode conter outras
referências, denominadas ligações, sendo que a estrutura completa de um hipertexto
forma uma rede de nós e ligações. Para o autor, o hipertexto é uma técnica natural para
apoiar interfaces multimídia.
De acordo com Pereira (1996), pouca distinção se faz, hoje, entre os termos
hipertexto/hipermídia, e a tendência é a fusão. Parafraseando Staninger (1994), o autor
apenas enfatiza que a tecnologia hipertexto/hipermídia determina que haja uma relação
simbólica entre autor e utilizador do documento para que se criem novos métodos de
interação textual e de alternativas de acesso à informação.
Percebe-se, diante do exposto, que existem algumas diferenças conceituais a
respeito, porém de um modo geral Hipermídia é uma experiência causada por meio
híbrido com imagens, sons, texto, animação, vídeo e que apresenta os seguintes aspectos
fundamentais: estrutura hipertextual, com possibilidade de acesso não linear; estrutura
multimídia, com diferentes mídias em um mesmo suporte comum e interatividade que
permite ao leitor receptor interagir, participar, modificar o trabalho. Em resumo, as
características apresentadas por uma hipermídia envolvem ausência de suporte físico, não
linearidade, navegação vinculada e funcionamento em rede, estas duas últimas
estreitamente relacionadas com interatividade e meios convergentes.
8
Notas de aulas da disciplina ministrada pela docente Prof. Drª Silvia Laurentz, junto ao departamento de Artes
Plásticas da ECA/USP no 1º semestre de 2003.
44
Tanto digitalização como hipermídia estão presentes na SIC, e ao retornar às
considerações sobre sociedade da informação e meios convergentes, caminha-se em
direção ao foco do trabalho, que consiste em observar o desenvolvimento e a implantação
de meios convergentes no Brasil, que levará a uma transição analógico-digital.
Logo após o resgate de particularidades nesse processo migratório do
analógico para o digital, são apresentados os encaminhamentos sobre a implantação da
TV Digital no Brasil, em particular o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de TV
Digital - SBTBV e a participação dos diferentes atores sociais e da Sociedade Civil
organizada nesse processo.
45
2
CONVERGÊNCIA
TECNOLÓGICA,
TV
DIGITAL
E
INTERATIVIDADE
Durante o desenvolvimento da revisão de literatura para esta pesquisa, foi
possível observar que a quantidade encontrada de publicações sobre globalização,
internet, novas tecnologias e sociedade da informação é relativamente significativa e
vasta, inclusive com a publicação de um Livro Verde sobre a Sociedade da Informação
no Brasil.
Ao analisar o Livro Verde da Sociedade da Informação no Brasil, Bolaño
(2000) afirma que entre seus méritos está a discussão de temas como conteúdos,
diversidade cultural e problemática regional a fim de se definir uma política nacional de
longo alcance. Para o autor, a existência do Livro Verde abre a possibilidade de a
Sociedade Civil pressionar as esferas decisórias por avanços no modelo brasileiro de
regulação das comunicações. Tal fato é relevante, tendo em vista que uma das propostas
deste trabalho é exatamente abordar a questão da Sociedade Civil organizada na
discussão e implantação da TV Digital no Brasil.
No que se refere à adoção dos termos convergência tecnológica ou
convergência digital, conforme pôde ser observado anteriormente, há autores que optam
pela simplificação, possibilitada pela adoção crescente de conteúdo digital. Contudo,
observados semanticamente, o termo convergência tecnológica refere-se à junção de duas
ou mais tecnologias em uma mesma plataforma ou meio; enquanto convergência digital
refere-se a este tipo de convergência quando envolvidos meios ou informações digitais.
Entretanto, vários autores consultados usam os dois termos indistintamente para indicar
os meios e conteúdos convergentes, característicos da sociedade da informação, postura
também adotada nesta tese.
46
Devido às características da sociedade informacional e das TICs nos dias de
hoje, Prado (2003) afirma que faz parte do inconsciente coletivo a idéia de que estamos
diante de uma revolução promovida pela convergência tecnológica, que implica
necessariamente três setores: as telecomunicações, a informática e o audiovisual,
separados historicamente até o momento. Para o autor, a convergência surge devido à
revolução dos componentes da base das TICs que são: a microeletrônica, o software e
uma infraestrutura de comunicação.
A convergência tem sido discutida no Brasil há algum tempo. No final do
século XX, os autores Caparelli e Santos (1997) afirmaram que se assistia nos anos 90 a
uma convergência acelerada das telecomunicações e da comunicação permeada pela
informática, e que muito breve não se saberia dizer se uma televisão era TV, computador
ou um meio híbrido com as funções destes e de outros suportes tecnológicos.
O conceito de convergência é relativamente novo. De acordo com a
Commission Europea (1997, p.1) 9 convergência é a
capacidade de diferentes plataformas de rede servirem de veículo a
serviços essencialmente semelhantes, ou a junção de dispositivos do
consumidor, como o telefone, a televisão e o computador pessoal
integrados em plataformas que têm como objetivo a aplicação comum
das tecnologias digitais aos sistemas e redes associados à entrega dos
serviços e fontes de informação, incluindo fenômenos materiais.
Assim, como vários conceitos atuais, um dos problemas encontrados quando
se busca embasamento teórico acerca do tema é a banalização, como, no caso, uma visão
equivocada ou muito ampla acerca da convergência, pois para Gamham, (1999, p. 299):
O conceito é parte do problema político porque é utilizado de forma
reiterada por partes interessadas com o propósito de influenciar no
debate em seu favor e gera um profundo sentido de crise ou de euforia
que não ajuda a pensar com clareza [...] O perigo é que o conceito de
9
Trata-se de livro relativo à Convergência dos Setores das Telecomunicações, dos Meios de Comunicação Social e das
Tecnologias da Informação e às suas Implicações na Regulamentação na Comunidade Européia.
47
multimídia - assim como os termos associados à mesma, convergência
e autovias de informação – é utilizado como atalho para criar uma
ilusão de naturalidade em uma série de processos, empresas, mercados
e modelos de desenvolvimento completamente diferentes10.
Tal fenômeno da convergência tecnológica, ou convergência digital, refere-se
ao fato de que os meios tendem a se converter em multimídia, não havendo, no futuro,
diferenças entre rádio, jornal, televisão e internet, porque é possível que a tecnologia
viabilize a oferta de conteúdos em um único suporte. A convergência tecnológica é um
desdobramento da visão conceitual de multimídia, já explanado anteriormente.
Uma vez que o processo comunicativo é complexo, ou melhor, integrado em
redes, as mídias se ampliaram e se tornaram multimídia. Embora o termo já tenha sido
apresentado, cabe citar Bairon (1995), para quem a multimídia é muito mais que uma
técnica, não só pela impossibilidade de existir isoladamente, como também por sua
característica de pólo concentrador das mais variadas formas de comunicação.
Ao discorrerem a respeito do assunto, Caparelli, Ramos e Santos (2000)
afirmaram que a convergência de empresas de meios de comunicação e de áreas
correlatas, conhecidos como multimídia, refletem uma convergência tecnológica cujo
centro de gravidade é a digitalização. Esta convergência tecnológica, para os autores,
envolve as telecomunicações, as indústrias culturais e as tecnologias de informação, ou
seja, capacita diferentes plataformas para prover serviços confluentes entre os suportes
envolvidos.
Um fato que merece ser comentado é que existe uma diferença fundamental
entre os termos multimídia e convergência tecnológica. O primeiro refere-se aos
diferentes formatos utilizados para transmitir uma mensagem, e o segundo diz respeito à
10
Tradução livre.
48
fusão de diferentes suportes tecnológicos de maneira a permitir o acesso a vários meios
em um só dispositivo.
Neste contexto de multimídia e convergência é interessante ressaltar que a
interatividade e o entretenimento são elementos característicos da SIC e proporcionados
pela convergência digital, que pode ser observada em vários meios digitais e/ou
convergentes como a Internet, a TV Digital Interativa, os supervideogames e os
aparelhos celulares, cada dia mais modernos e multifuncionais. Neste sentido, Castells
(1999) fornece uma descrição sobre como as empresas de televisão do mundo todo estão
se tornando oligopólios e elevando seus investimentos a cada ano. Neste sentido, o autor
alerta para o fato de com as empresas passam a conduzir a lógica dos caminhos da
convergência na sociedade.
Dizard (1998) relata como, nos EUA, grupos empresariais de mídia
apostaram mais de um trilhão de dólares para expandir a rede eletrônica, a fim de elevar
lucros disponibilizando mais informação e entretenimento. A respeito do entretenimento
no contexto multimidiático convergente, é interessante resgatar as considerações de
Sousa (2004, p.316) ao afirmar que:
estamos também a assistir a fenômenos de convergência midiática. A
Internet é um espaço audio-scripto-visual. Televisão e Internet tendem
a convergir para a utilização do mesmo suporte (a TV como porta de
entrada para a Internet, em detrimento do computador).
Especificamente acerca do conceito de convergência digital, Straubhaar e
LaRose (2004) aproximam o assunto dos meios de comunicação, em particular da
radiodifusão, ao afirmarem que as transmissões de rádio e TV também estão passando
por uma revolução digital, pois as novas gerações de transmissores, receptores e
gravadores para tais meios já são totalmente digitais. Para os autores, se a produção já
está digitalizada, todo o processo está passando por uma revolução.
49
Caparelli e Santos (2003), afirmam que para a compreensão do tema
convergência na radiodisuão, necessita-se realizar uma contextualização histórica acerca
da política de televisão no Brasil, de maneira a perceber algumas barreiras às mudanças
previstas como advindas da convergência. Dentre as barreiras, indicam o coronelismo
eletrônico e a separação normativa, no Brasil, da radiodifusão e das telecomunicações
entre o Ministério das Comunicações (MiniCom) e a Agência Nacional de
Telecomunicações (Anatel.).
Neste contexto, deve-se ressaltar que a convergência e seus desdobramentos,
como a digitalização da TV e do rádio, não é apenas tecnológica, mas também de
conteúdos, que envolve outros atores e conceitos, como, por exemplo, a corrupção na
concessão de canais, devido às limitações político-regulatórias, que acabam por viabilizar
o coronelismo eletrônico. Por corrupção entende-se as barganhas realizadas entre
políticos para que estes sejam privilegiados, com concessões para si ou algum protegido
seu.
Para Toledo (2002), a figura do coronel eletrônico, solidamente implantada
no panorama político nacional, refere-se ao político que, sendo dono de emissora de TV
em seu reduto eleitoral, a usa para promoção própria. A figura do coronel arcaico e
autoritário tem hoje uma imagem moderna e tecnológica, pois o coronel moderno investe
nos meios de comunicação. Trata-se de uma evolução da velha figura do coronel, tema
do livro Coronelismo, Enxada e Voto (LEAL, 1975). Conforme Lúcia Hipólito, o livro se
chamaria, atualmente, Coronelismo, Concessão e Voto – sendo o termo concessão usado
em alusão às concessões de canais de TV em evidência às relações de coronelismo,
barganha e clientelismo político que envolvem as concessões de TV no Brasil, podendo
ter seu fim com a chegada da convergência à radiodifusão (apud TOLEDO, 2002).
50
Ao observar a história da televisão brasileira em seus aspectos políticos,
sociais e econômicos, percebe-se a decisiva influência do poder público para o
desenvolvimento da mídia eletrônica, portanto, seu entendimento passa pelas questões
internas de cada país e não apenas por uma visão globalizada (MATTOS, 2002).
Até 1988, era prerrogativa do poder executivo outorgar e renovar concessões
de rádio e televisão. A constituição de 1988 proíbe que deputados e senadores
mantenham contrato ou exerçam cargos, função ou emprego remunerado em empresas
concessionárias de serviço público, e confere diretamente a deputados e senadores uma
parcela importante de poder num campo de seu interesse direto: o controle das
instituições de mídia, que nas sociedades contemporâneas têm a capacidade de definir o
que é público – vale dizer, de definir o espaço de realização da própria política.
Talvez devido a esse longo período de íntima relação entre concessões e o
poder, nasceu a dificuldade em se identificar os verdadeiros controladores das empresas
concessionárias de rádio e televisão no Brasil. Até novembro de 2003, o Ministério das
Comunicações
sequer
disponibilizava
para
consulta
pública
o
cadastro
de
concessionários de rádio e televisão. Hoje o acesso ao arquivo pela internet está
disponível, mas nem sempre as informações são reais, pois muitas vezes os donos são
“laranjas”, os homens de confiança, dos novos coronéis. Tal informação é corroborada
por Lobato (2001), quando afirma, em levantamento realizado, que 25% das emissoras
de TV comerciais existentes no país estavam em mãos de políticos, os coronéis
eletrônicos, atores políticos que se nutrem eleitoralmente de impérios televisivos.
Para Lima V. (2005, p.3), tal situação é ainda mais alarmante ao se observar
que “deputados e senadores concessionários de rádio e televisão têm participado
ativamente nos trabalhos da Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e
Informática (CCTCI), na Câmara dos Deputados, e da Comissão de Educação, no Senado
51
Federal”. Tais instâncias são decisivas tanto na tramitação dos processos de renovação e
de homologação das novas concessões, como também na aprovação de qualquer
legislação relativa à radiodifusão.
Ponto interessante nesse contexto é que, embora as discussões acerca da
convergência tecnológica e da digitalização da TV no Brasil afetem diretamente as
emissoras e suas concessões, estas demoraram a chegar aos parlamentares. Quando isso
ocorreu, já em meio ao processo decisório do governo, mostrou-se bastante fragilizada
frente aos grupos de pressão com interesses no assunto. Tal fato serve para ilustrar que,
na prática, a lógica social e a política não acompanham a convergência tecnológica.
Richeri (2003), no mesmo evento em que Sergio Caparelli discutia o assunto,
afirmou que para haver convergência existe um período intermediário, que é
caracterizado pela passagem do massivo à segmentação - como, por exemplo, a TV por
Assinatura - e que só depois desse período é que há o amadurecimento necessário para
buscar a digitalização. No caso específico do Brasil, a TV por assinatura existe a
praticamente 10 anos e o assunto, do ponto de vista tecnológico, será brevemente
abordado mais à frente
Em um dossiê sobre convergência publicado pela Revista Fonte
(PRODEMGE, 2005, p.15), Marcelo Pimenta, representante da Anatel, afirma que a
convergência tecnológica somada à convergência de serviços “tem propiciado os meios
necessários para que os produtores de conteúdo (TV, rádio, internet, etc.) possam
disponibilizá-lo em vários terminais (TV digital, computador, celular, etc.) através de
diferentes redes (satélite, ADSL, Wi-Fi, etc)”. No mesmo documento, Otávio Azevedo,
da AG Telecom, afirma que a convergência é fruto das necessidades e demandas do
indivíduo em busca de uma vida cada vez mais confortável.
52
Apesar da convergência das comunicações ser anunciada como uma
inflexível tendência política e econômica, Caparelli e Santos (2003) vêem a discussão
como superficial e o tema enfraquecido, principalmente se tomado sob o viés
tecnológico. A convergência em si é muito mais complexa, uma vez que existe
convergência de telecomunicações, de linguagens, de atores, de empreendimentos, de
monopólios, dentre outras. O grau de complexidade que o termo assume está diretamente
relacionado com o foco, pois a depender deste foco, conforme afirmação supra citada, a
lógica social e política pode não acompanhar a convergência abordada.
Ainda que sejam inúmeras as dificuldades que a convergência encontra no
mundo atual - como incompatibilidades de linguagens e sistemas, protocolos, sinais,
circuitos, dentre outras – é mais comum, a cada dia, o uso de muitos resultados dessa
convergência, como, por exemplo, ouvir rádio, telefonar ou fazer videoconferências pelo
computador; usar telefones celulares com agendas, câmeras fotográficas, jogos, músicas
e que permitem enviar e receber mensagens, textos, arquivos etc.
Para Quintella e Cunha (2004), essa convergência tecnológica ou de sinais
pode ser definida como a capacidade do uso de uma mesma plataforma de rede de
telecomunicações para transporte de diferentes serviços como telefonia, vídeo, música e
internet. Cabe ressaltar, no entanto, que a convergência pode ainda acontecer entre os
meios ou entre conteúdos.
Visão similar é apresentada por Zuffo J. (apud PRODEMGE 2005, p.72) ao
afirmar que:
A convergência das diferentes tecnologias, no sentido em que redes de
comunicação de dados, computadores, radiodifusão e televisão
difusora, radiocomunicação, telefonia fixa e celular, sistemas de
gravação e reprodução de vídeo e som tenderiam, e tendem, a serem
combinados e colocados em um único, ou mesmo distribuídos, em
poucos tipos de equipamentos.
53
Apesar de vários autores conceituarem a convergência apenas nas
tecnologias, com base no exposto até o momento é possível apresentar convergência
como algo mais amplo que tecnologia. Devido, inclusive, à amplitude da mesma, parte
da sociedade, principalmente nos países desenvolvidos e em desenvolvimento, está
completamente envolvida, quase sem perceber, por estes meios advindos da
convergência tecnológica. Esta, por sua vez, resultado da evolução tecnológica.
Para exemplificar o exposto, cabe buscar junto ao Relatório Integrador as
afirmações do CPqD (2001, p. 15):
A formidável evolução tecnológica recente tem provocado a queda de
diversos conceitos aos quais nos habituáramos, forçando uma revisão
na maneira pela qual víamos e entendíamos os serviços de
telecomunicações. Por exemplo, no passado, a única forma de ouvirmos
música ou notícias era através do rádio. Hoje é possível fazer isso por
meio da internet, ainda que de forma limitada. De outro lado, em
tempos recentes, a única forma de se acessar internet era através de
uma conexão telefônica (no caso dos usuários residenciais). Hoje, é
possível acessar o mesmo recurso através das redes de televisão a cabo,
televisão por assinatura via satélite e mesmo através de telefones
celulares.
Tal afirmação pode ser facilmente exemplificada quando se observam as
evoluções nos mais distintos campos, como por exemplo, na área da telefonia com a
digitalização generalizada, que melhora a qualidade de serviços, e o crescimento
vertiginoso da telefonia móvel que está hoje em sua 3ª geração, que utiliza linguagem de
computação (3GL) com o fim específico de facilitar a compreensão do equipamento e
suas funções, pelo usuário
Semelhante linha evolutiva é percebida também em outras áreas. Na
fotografia, com o surgimento das máquinas digitais, algumas inclusive com câmeras de
vídeo. Na área de áudio, com o MPEG Audio Layer-3 (MP-3) e os I-Pods. Na área de
vídeo, com os DVDs e os métodos de compressão, como o Motion Picture Experts
Group (MPEG). Finalmente, na área da computação ocorre um salto de qualidade, dos
54
computadores pessoais aos micro portáteis, somados à possibilidade da mobilidade e da
comunicação sem fio, através do sistema wirelles ou dos padrões Wi-Fi e Wi-Max
(ZUFFO J. apud PRODEMGE, 2005). Para o autor, soma-se a isso a combinação de
tecnologias de microeletrônica com fabricação de microdispositivos, microssensores,
microatuadores e micronanofotônica, que estão produzindo, e produzirão, novas gerações
de equipamentos e utensílios que, combinados com a comunicação sem fio e mobilidade,
darão impulso ao setor industrial e à sociedade como um todo.
Especificamente no âmbito brasileiro, a experiência acumulada nos últimos
anos permite notar que a indústria eletrônica, sensível às políticas públicas, ficou à
margem do processo de evolução tecnológica. Tal fato criou um déficit da balança
comercial, uma vez que, por não produzir, o país importa cada vez mais produtos
relacionados com tal área.
Estudos detectaram a necessidade de fortalecer o capital intelectual através de
investimentos e opções estratégicas para, com isso, zerar o déficit citado, aumentar a
competitividade e disseminar o processo de digitalização da sociedade através da
popularização das oportunidades de comunicação, informação e formação.
Neste contexto, Mello A. (apud PRODEMGE, 2005) afirma que o governo
lançou uma Política Industrial, Tecnológica e de Comércio Exterior (PITCE) que
incorpora em suas prioridades setores como o de semicondutores, biotecnologia,
fármacos, medicamentos e demais produtos que respondem pela transformação na
atividade produtiva.
Um outro passo importante em direção a essa disseminação do processo de
digitalização na sociedade é o desenvolvimento e implantação da televisão digital que
está se estabelecendo em nível planetário. Devido a isto, os padrões de TV Digital estão,
atualmente, sendo estudados para posterior escolha e fixação no país.
55
Neste contexto, um outro aspecto relevante nas considerações da
convergência digital, SIC e implantação da TV Digital (TVD) é o conceito de
interatividade que pode ser definido como a capacidade de um equipamento, ou pessoa,
comunicar–se com outro(a), sem atraso na troca de mensagens (SIQUEIRA, 2004). Tal
conceito merece ser recuperado, uma vez que ao se discutir a TV Digital no Brasil, a
mesma é relacionada à interatividade que poderá ser obtida com sua implantação.
Apesar dos assuntos convergência e digitalização serem atuais e, portanto
com material relativamente vasto, como pode ser observado no decorrer do texto, a maior
parte das conceituações a respeito do tema não difere muito de um autor para outro. Tais
conceitos, embora abundantes, são similares. Quando se passa a buscar publicações
específicas sobre televisão digital, sociedade informacional e seus desdobramentos no
Brasil, com pouquíssimas exceções, o assunto fica quase que exclusivamente voltado
para a área de tecnologia, desenvolvimento de softwares, hardwares e similares, que
atualmente aparenta ser a área que mais se dedica às preocupações com tal fenômeno.
Vários textos apresentam tais assuntos de maneira introdutória, resumem
opiniões superficiais publicadas em jornais diários, abordam uma realidade
descontextualizada ou um pouco diferente da encontrada no Brasil, pois são textos
produzidos antes da convergência ser um fato cotidiano, ou foram produzidos por autores
de outros países, como Bustamante e Monzoncillo (1999), Hernandez e Postolski (2003)
e Albornoz et al (1999).
Ainda que no Brasil o fenômeno da convergência não seja tão marcante e
esteja limitado a uma ou outra inovação como, por exemplo, celulares de 3ª e 4ª geração,
Palm-top, I-pod, dentre outros, provavelmente a convergência entre as redes telemáticas
e outros meios, notadamente a televisão, convergirão de modo razoavelmente acelerado.
56
Essa convergência midiática envolvendo a televisão já é realidade em
diversos países da Europa e nos EUA, e sua implantação vem sendo objeto de estudos,
testes e discussões no Brasil, principalmente a respeito dos encaminhamentos realizados
pelo governo tendo em vista a implantação da TV Digital no Brasil.
Tal afirmação pode ser corroborada com discussões e conduções sobre o
assunto, que acontecem desde meados da década de 90, inclusive com o desenvolvimento
de pesquisas em instituições renomadas e testes pilotos sobre TV Digital desenvolvidos
por organizações especializadas, pois no início dos anos 2000 era forte o debate no
Brasil, a respeito da escolha de tecnologia para a implantação da TVD.
No segundo mandato do governo de Fernando Henrique Cardoso (1998 –
2002) a Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET)
desenvolveu projeto piloto de TVD que esteve disponível para consultas em seu site até
meados de 2003. No ano de 2001, a Rede Globo de Televisão, em parceria com a
Microsoft, realizou testes na cidade de Sorocaba (SP) onde 250 domicílios tiveram
acesso, por um período, à TV Digital Interativa.
Durante o desenvolvimento deste trabalho, as pessoas responsáveis junto à
emissora foram contatadas várias vezes – por telefone, e-mail, visita à emissora em
Sorocaba e mensagem junto ao portal institucional - em busca de informações acerca dos
resultados dos testes realizados. Apesar da cordialidade depreendida nas mensagens
encaminhadas, não houve receptividade por parte da emissora em disponibilizar as
informações solicitadas, que pudessem subsidiar mais informações a respeito.
Antes de apresentar os conceitos de interatividade, propriamente ditos, neste
contexto de convergência tecnológica, é interessante conceituar a TV Digital e de alta
definição, que a princípio é a viabilizadora da interatividade nos meios convergentes.
57
2.1 Evolução da televisão e TV de alta definição
A televisão é, na sua essência, um meio de comunicação audiovisual.
Inicialmente pensada como um meio de difusão foi-se transformando e hoje é a própria
natureza da TV que se transforma devido às possibilidades que se abrem devido a
convergência com a informática, em especial a internet e a interatividade. Embora no
Brasil a maior parte da população tenha televisão com transmissão analógica, existe
transmissão digital por cabo e por satélite.
O que caracteriza a transmissão analógica é que as formas de onda possuem a
informação que deve ser reproduzida no destino, ou seja, não há o emprego de técnicas
de codificação para a mensagem. É uma comunicação susceptível a ruído, distorções e
interferências, uma vez que o que se recebe no televisor é constituído de vários quadros
de imagens que chegam por segundo e oferecem a sensação de um vídeo em movimento.
Deste modo é difícil reproduzir com exatidão a informação sem perda de qualidade.
A transmissão de sinais, tanto da TV (imagens e sons) como do Rádio (som),
dá-se através do movimento de ondas eletromagnéticas de radiofreqüência (RF), cuja
freqüência é medida em Hertz, captadas por um receptor no caso da televisão, o aparelho
televisor. A largura da banda de transmissão é de 6Mhz, ou 6 milhões de oscilações por
segundo, na banda passante, o espaço no espectro ocupado por um canal.
As transmissões das ondas de TV abertas (gratuitas) chegam a um raio
aproximado de 100 km, em campo aberto, contando a partir do ponto central do
transmissor. Embora incomum, esporadicamente podem ocorrer casos de recepção de
sinal de emissoras de radiodifusão em longas distâncias.
Albrecht (2003) afirma que a televisão capta as imagens através de câmeras
eletrônicas, em que existem tubos ou Charge Coupled Device (CCD) que decompõem as
58
imagens em sinais elétricos (transducção) mandados para um centro eletrônico, o
modulador (aparelho que modula as ondas em um oscilador). Esses dispositivos
decompõem a imagem linha a linha, obedecendo à leitura ocidental, da esquerda para a
direita e de cima para baixo.
Segundo o autor, os sinais são enviados em forma de ondas por uma antena11
transmissora que é encaminhada ao aparelho receptor que demodula os sinais,
recompondo-os em sua disposição original. Ao formar instantaneamente a imagem,
reproduz na tela a imagem transmitida. O dispositivo eletrônico utiliza-se de pontinhos,
ao invés de linhas, conseguindo desenhar o frame (imagem) inteiro a cada 1/25 de
segundo no padrão europeu (25 quadros/segundo = 50Hz) ou 1/30 de segundo no padrão
americano (30 quadros/segundo = 60 Hz).
Para transmitir a imagem de um lugar para outro se utilizam as antenas, mas
como as ondas ocorrem em linha reta, torna-se difícil transmitir para o outro lado do
globo terrestre, devido à sua curvatura. Neste sentido, por meio do uso de satélites,
buscou-se uma solução, que permitiu o surgimento da TV por Assinatura.
Na transmissão de televisão, a estação emissora codifica em sinais elétricos,
as informações da cena, transmitindo os sinais - no ar - como ondas eletromagnéticas que
são recebidas na antena do receptor, transformadas em sinais elétricos e decodificadas,
reproduzindo na tela as informações da cena. O som também é captado - por microfone
ou linha - e modulado (codificado) na emissora, sendo reproduzido por alto-falante
instalado junto ao aparelho receptor.
Ainda que a cena não seja constituída de pontos e linhas, mas contínua, a
captação pela câmera de pontos e linhas é feita apenas para permitir a varredura. No
11
Dispositivo transformador de corrente modulada em campo oscilatório espacial.
59
receptor de TV, a informação será reproduzida como pontos e linhas que vão sendo
iluminados sucessivamente pela varredura do feixe catódico. Entretanto, a velocidade do
feixe é tal que o telespectador, devido ao retardo da retina, tem a impressão de estar
vendo todos os pontos e linhas de uma só vez, obtendo um efeito de ilusão ótica com a
imagem na tela. Se a velocidade do feixe eletrônico fosse muito menor o telespectador
veria na tela pontos sendo iluminados da esquerda para a direita e de cima para baixo,
cada um com intensidade diferente (ALBRECHT, 2003).
Em resumo, a câmera de TV capta as imagens, decompondo-as em sinais
elétricos que são mandados para um centro eletrônico, o modulador (aparelho que
modula as ondas para um oscilador que produz transmissão em RF). Os sinais (som,
imagem e cor) são enviados em forma de ondas por uma antena transmissora que é
encaminhada ao aparelho receptor que desfaz os sinais, recompondo-os em sua
disposição original, reproduzindo na tela a imagem transmitida. O som é enviado através
de modulação em Freqüência Modulada (FM), imagem luminância através de modulação
em Amplitude modulada (AM) e cor através de transmissão em fase modulada
(informação verbal)12.
Para os autores Becker e Montez (2004), os aparelhos receptores requerem
sinais de referência sincronizadores, que preparam para a recepção de cada quadro de
imagem. Os sinais são periódicos e a freqüência utilizada no fornecedor de energia
elétrica é aproveitada para guiar o sinal de referência dos quadros. Existem basicamente
dois padrões de freqüência de energia elétrica: 50 Hz que utilizam 25 quadros por
segundo e 60 Hz que utilizam 30 quadros por segundo. São essas taxas de quadros por
segundo que diferenciam os padrões de TV analógica.
12
Entrevista informal com professor C. F. M. Franco, Bacharel em Rádio e TV.
60
O atual sistema de transmissão terrestre da TV analógica utiliza as faixas de
freqüência do Very High Frequency (VHF) e Ultra High Frequency (UHF), que
apresentam um espaçamento de 6MHz para cada canal de TV. No caso do sinal de TV
analógico brasileiro, a largura da banda do sinal é de 4,2 MHz. Neste sinal são enviadas
informações de brilho, cor, sinais de sincronismo e o sinal de áudio estéreo e mono
(CLIVATI, 2003).
A maior parte dos países emprega um dos três principais padrões de difusão
de TV analógica: National Television Systems Committee (NTCS), Phase Allternating
Line (PAL) e Sequential Couleur Avec Memoir (SECAM). As variações e subsistemas
(PAL-M, PAL-N, NTSC4.43, SECAM D/K/L, MESECAM e outros) são, na realidade,
adaptações para o padrão de transmissão de TV já em uso no país ou região. O Brasil
utiliza o PAL-M, que usa codificação de cores do PAL e apresenta 30 quadros por
segundo (60 HZ) com 525 linhas.
Becker e Montez (2004) afirmam que o NTSC foi o primeiro padrão de
difusão em cores. Foi adotado inicialmente nos EUA nos anos 50, seguido pelo Canadá,
Japão e outros países com sistemas elétricos de 60 Hz. Como possuía problemas na
apresentação das cores13, recebeu a definição pejorativa de Never Twice The Same Color
(nunca duas vezes a mesma cor).
O PAL foi desenvolvido na Alemanha nos anos 60 e corrigiu o problema de
distorção de cores do padrão anterior. Foi adotado em muitos países da Europa, Ásia e
África. Possui taxa de 25 quadros por segundo e 625 linhas.
O SECAM é um padrão francês, adotado no início dos anos 60. Usa a mesma
modulação do PAL, mas não mantém compatibilidade com nenhum outro padrão e,
13
Devido inversão de fases.
61
devido a fatores políticos, foi adotado em países do leste europeu (BECKER; MONTEZ,
2004, p. 74-76).
Tanto no sistema PAL-M, utilizado no Brasil, como no NTSC, a imagem é
captada e transmitida com 525 linhas dividida em dois campos - um campo (field) com
linhas pares e outro com ímpares - numa freqüência de 60 vezes por segundo (265,5
linhas ímpares 30 vezes e 265,5 pares, também 30 vezes, formando assim as 525 linhas).
Por isso, o sistema nacional é formado por 30 quadros (frames) entrelaçados. Uma
alternativa para compreender o que representa as várias diferenças entre os sistemas é
visualizar, no Quadro 1, as características dos padrões, simultaneamente.
Embora com as informações disponibilizadas no quadro já se possa ter uma
noção de o que representam os detalhes que envolvem a digitalização, antes de
diferenciar os conceitos de TV Digital e TV de alta definição, é necessário considerar
outras informações sobre a televisão, como TV por Assinaturas, programadoras,
retransmissoras e sistemas de transmissão e outros.
Fonte: Bueno (2006)
Quadro 1 - Comparação das características dos padrões de difusão (TV) em cores.
Emissoras de radiodifusão consistem simultaneamente em sinais de imagens
e som destinados a ser livremente recebidos pelo público geral. Emissora afiliada é a
62
estação geradora local ou retransmissora que recebe uma programação básica de uma
cabeça de rede e a retransmite para recepção pelo público em geral, em determinada
localidade. A Estação geradora local, por sua vez, é a estação radiodifusora que realiza
emissões portadoras de programas, que têm origem em seus próprios estúdios, para uma
determinada localidade.
De acordo com a Associação Brasileira de TV por Assinatura – ABTA, esta
modalidade de televisão surgiu nos Estados Unidos na década de 40, como alternativa
para que pequenas comunidades pudessem receber os sinais de TV aberta que não
chegavam a suas casas com boa qualidade. As pessoas se juntavam e adquiriam uma
antena de alta capacidade. Depois, com o uso de cabos, levavam o sinal até as
residências. Esse sistema ficou conhecido como Community Antenna Television (CATV),
termo que é até hoje sinônimo de TV a cabo. Após seu surgimento, evoluiu muito, pois
começaram a ser inseridos nesta rede de cabos programação diferenciada e o resultado é
a TV por Assinatura que conhecemos hoje.
No Brasil, ocorreram inicialmente iniciativas pioneiras, porém sem muita
relevância. A história da TV a Cabo realmente começou no país pela participação de
grandes grupos de mídia iniciam sua participação, em 1991, com a criação da TVA pelo
grupo Abril (operando com Serviço de Distribuição Multiponto Multicanal - MMDS), e
da Globosat, pelas Organizações Globo (operando via satélite de banda C). Foram
seguidas por grupos importantes, como a RBS e o Grupo Algar, entre outros.
Até a promulgação da Lei de TV a Cabo, em 1995, as operadoras
funcionavam por um instrumento legal chamado Distribuição de Sinais de TV por Meios
Físicos (DISTV). Com a Lei, as DISTVS foram transformadas em concessões e
estabeleceu-se que, dali em diante, só seriam concedidas novas licenças por meio de
63
licitações. Apenas em 1998 foram concluídas novas licitações, cujos vencedores
iniciaram suas operações em 1999 (VALE, 2005).
Desde que se instalou no Brasil, em meados dos anos 90, a indústria de TV
por Assinatura enfrentou três grandes crises econômicas: a asiática, no final de 1997; a
russa, em 1998 e a desvalorização do real, em 1999. Logo em seguida, a crise de liquidez
da economia argentina levou a uma preocupação da indústria em buscar caminhos para
vencer novos desafios, dentre eles a digitalização da TV terrestre aberta.
Especificamente ligadas às TVs por assinaturas, as programadoras são
empresas que fornecem conteúdo (canais) para TV paga. Podem produzir programação
própria, representar canais estrangeiros e reformatá-los em canais para o público local.
Elas vendem o sinal para as operadoras. Ex: Home Box Office (HBO), SportTV, etc. As
operadoras, por sua vez, são as empresas responsáveis pelos sinais de TV por Assinatura.
Não produzem conteúdo, mas captam os sinais dos canais contratados ou dos canais
abertos, processam-nos e os enviam, via cabo, MMDS ou satélite, aos assinantes.
Também são responsáveis pelo atendimento e cobrança dos assinantes.
No Brasil, são usadas três tecnologias de distribuição de sinais de TV por
Assinatura, cada uma com características bastante diferenciadas: o cabo, o Multipoint
Multichannel Distribution System - MMDS (microondas terrestres) e o Direct to Home DTH (TV Direta do Satélite). O cabo é o sistema de distribuição mais utilizado no Brasil.
Seu custo de instalação por domicílio atingido é mais alto que de outros sistemas, mas
uma rede de cabo pode ser utilizada posteriormente para diversos serviços convergidos,
como transporte de dados, acesso à Internet, telefonia etc.
O conceito de alta definição é anterior ao advento da televisão digital. Tanto
no Brasil como em vários países do mundo, a TV Digital já existe na forma de TV por
Assinatura, seja por cabo ou satélite. Embora a TV de alta definição também já exista, o
64
acesso à mesma ainda é restrito. Ao se discutir TV Digital, a televisão por assinatura
também está envolvida. No entanto, o foco da discussão sobre a digitalização da
televisão refere-se à televisão transmitida através de ondas, a TV terrestre.
Sinclair (1999) enfatiza que o surgimento da televisão digital coincide com
uma época de fragmentação de identidades culturais, acentuando este fato, pois nos
sistemas de televisão digital a resposta da indústria é tentar dividir antigas audiências
nacionais em segmentos, de acordo com seus estilos de vida, tendências em consumo,
gosto e características socioeconômicas.
Assim, como qualquer outro meio de comunicação, a televisão passa por
constante evolução, tendo em vista a revolução tecnológica na sociedade atual. Desde
que surgiu, em 1936, a TV já passou por inúmeras alterações como, por exemplo, a
transmissão em cores, aumento do número de canais e surgimento do controle remoto,
que permite ao telespectador escolher o canal sem a necessidade de locomoção.
Para os autores Becker e Montez (2004), a televisão já passou por três
estágios evolutivos. No primeiro estágio, a TV era vista como um bem público e tinha
como características número reduzido de canais, programação massiva e oligopólios
rentáveis de comunicação. Na década de 70, a TV passa por seu segundo estágio
evolutivo, quando se desenvolve um modelo de negócios baseado na assinatura de
pacotes de programação, serviço privado com grande quantidade de canais disponíveis e
obrigações públicas. Foi nesse estágio evolutivo que surgiram os canais de TV a cabo e
por satélite. O terceiro estágio evolutivo refere-se à TV Digital, ou transmissão digital de
sinais audiovisuais, cujas características ainda não são claramente definidas, haja vista
que tal estágio ainda se encontra em desenvolvimento na maior parte dos países. Os
autores, a partir das considerações de Galperin (2003), apresentam informações (ver
Quadro 2) acerca dos estágios evolutivos.
65
Modelo de negócios
Publicidade massiva
e/ou subsídio
governamental
Segunda geração
TV pós-Fordista
Grande quantidade de
serviços
unidirecionais de
radiodifusão
segmentada
Publicidade
segmentada e
assinaturas
Estratégia de
negócios
Direitos de
propriedade sobre o
espectro
Serviço público com
proteção aos
concessionários
Integração vertical
entre distribuidores e
programadores
Serviço privado com
certas obrigações
públicas
Serviços
Modelo de
regulação
Primeira geração
TV Fordista
Limitada quantidade
de serviços
unidirecionais de
radiodifusão massiva
Terceira geração
TV Digital
Serviços
personalizados e
interativos de
radiodifusão e
telecomunicações
Publicidade
segmentada,
assinaturas e
pagamentos por uso
de serviços
Controle de acesso e
normas proprietárias
no decodificador
(ainda não definido)
Fonte: BECKER; MONTEZ, 2004, p. 29.
Quadro 2 - Estágios de evolução da televisão
Com maior detalhamento, Pellini (2006 p. 49-50) estabelece a divisão da
evolução da televisão nas fases em ocorreram mudanças nos modelos de negócios das
mesmas. Neste sentido propõe a seguinte divisão:
[...] fase da TV ao vivo: época da TV local em que fazer TV
demandava pioneirismo, em que há falta de técnica e desconhecimento
da linguagem televisiva; [...] fase do videoteipe: quando as emissoras
começaram a centralizar suas produções nos grandes centros e a vender
seus programas para emissoras do interior, estabelecendo assim o início
das redes de televisão; [...] fase das microondas: em que foram
possíveis as transmissões nacionais ao vivo e a consolidação das redes;
[...] fase do satélite: quando os primeiros satélites foram colocados
sobre o Brasil e as transmissões cobrindo todo o país foram possíveis
(banda C); [...] fase das TVs por assinatura: estando aí incluídas as TVs
a cabo, MMDS e por satélite (DBS – Direct Broadcast System – banda
ku /DTH – Direct to Home – banda ku e banda C).
Além de compreender a evolução da televisão, cabe resgatar a composição da
mesma. O Relatório Integrador (CPQD, 2001) afirma que, em linhas gerais, um sistema
completo de televisão é composto por três componentes: estúdio, transmissão e sistema
de recepção. Por estúdio entendem-se as atividades de produção (gravação de
cenas/imagens), pós-produção (edição e acabamento), transmissão de sinais entre setores
da emissora como, por exemplo, a base de reportagens e o armazenamento dos vídeos. A
66
transmissão, também conhecida como “processo de radiodifusão” ou broadcast, é
responsável por levar ao telespectador o resultado da produção. Por último, o sistema de
recepção é constituído de antena, acessórios e o receptor (aparelho de TV).
Como o ambiente de estúdio já vem sendo digitalizado gradualmente, seja
através da utilização de equipamentos de filmagem ou armazenamento digital, como os
equipamentos em Betacam digital14 e DVcan, seja porque atualmente o aparelho de
televisão também já possui alguns recursos digitais, a introdução da tecnologia digital no
serviço de televisão, conhecida como TV Digital, refere-se basicamente à digitalização
da etapa de radiodifusão e suas respectivas interfaces, seja em estúdio ou junto ao
telespectador (CPQD, 2001).
A TV Digital, diferente da TV analógica, que tem sua transmissão através de
ondas eletromagnéticas, é um sistema de transmissão de dados por meio de um código
binário, que permite som e imagem digitalizados, transformados em séries que
combinam os dígitos 0 e 1, mesma linguagem utilizada por computadores, por um
protocolo (linguagem). Com a digitalização a reprodução do sinal acontece exata, sem
distorções e sem perda da qualidade.
Para Becker e Montez (2004), a vantagem mais perceptível da transmissão
em sistema digital é a conservação da qualidade do sinal, uma vez que o número de
linhas horizontais no canal de recepção, mesmo em modo standart, é superior a 400,
idêntico ao proveniente do canal de transmissão.
Atualmente, é bastante comum a confusão conceitual entre TV Digital e TV
de alta definição, ou High Definition TV (HDTV). Esta confusão entre os conceitos tem
origem, provavelmente, com o início das pesquisas em televisão digital nos anos 70,
14
Betacam digital possui 1024, diferente do Betacam analógico com 700 linhas.
67
quando no Japão se iniciam as primeiras pesquisas em busca da televisão de alta
definição. Cabe salientar que a idéia de TV Digital era reproduzir, em um aparelho
doméstico de televisão, imagem e som com a qualidade que se encontra nas salas de
cinema. Neste sentido, embora hoje se diferencie TV Digital de TV de alta definição, os
conceitos se confundem porque nascem juntos, a proposta de digitalização surge no
intuito de obter a alta definição na televisão.
De acordo com Sousa (2004), o futuro da televisão passa pela implementação
em definitivo da alta definição, um sistema com número maior de linhas e pela
interatividade, o que permite ao telespectador intervenção sobre os programas. Para o
autor, as possibilidades de interatividade são acentuadas pela convergência entre TV e
internet que permite, por exemplo,
Que a partir das indicações dadas num programa o telespectador possa
obter informação adicional, possa comprar o que vê, etc. A
interatividade também pode generalizar o sistema pay per view, que
permite ao telespectador selecionar entre um menu aquilo que deseja
ver e pagar apenas pelos conteúdos que consome (SOUSA, 2004,
p.349).
O conceito de alta definição envolve, portanto, melhor qualidade de imagem
e som, maior nitidez, eliminação de defeitos como o chuvisco, contornos indefinidos nas
imagens e ondulações. Tudo isso em uma tela panorâmica, maior do que as
convencionais do período em questão. Percebe-se, através do exposto, que TV Digital
não é sinônimo de alta definição, uma vez que na TV Digital as produções serão feitas
em câmeras digitais, mas nem todas em alta definição (High Definition ou HD). A
imagem em HD se aproxima do cinema, sendo melhor que a simplesmente digital. A TV
Digital busca melhor qualidade para a imagem, porém a HDTV busca a perfeição e neste
sentido se aproxima do cinema, sendo, do ponto de vista técnico, de qualidade da
imagem, mais eficaz do que a TV Digital.
68
Os primeiros sistemas de TV em busca de alta definição eram híbridos, ou
seja, digital-analógicos. O primeiro a surgir foi o sistema japonês Multiple Sub-Nyquist
Sampling Encoding - MUSE, desenvolvido na década de 80, que combinava técnicas de
processamento digital e analógico. Em 1986, na Europa, foi desenvolvido o Sistema
Multiple Analog Components – MAC que, de maneira similar, utilizava a digitalização e
técnicas analógicas para composição final do sinal. Em busca da alta definição, uma
versão (HD-MAC) operava com maior número de pixels. Paralelamente, foram
desenvolvidas outras experiências em alta definição: HD-Divine nos países nórdicos,
Spectre na Inglaterra, HDTV-T na Alemanha. Tais experiências foram fundamentais para
o desenvolvimento do sistema europeu de TV Digital (CPQD, 2001).
Segundo o Relatório Integrador, a dificuldade em obter um sistema de alta
definição, somada a dificuldades econômicas e disputas comerciais, levou Japão e
Europa a buscarem sistemas melhores que o analógico, sem os custos da TV de alta
definição. Ficaram conhecidos como sistemas intermediários entre o analógico e o
digital, e receberam vários nomes: Advanced Television (ATV), Enhanced Television
(ETV) e Enhanced Definition Television (EDTV) que foi aperfeiçoado no Japão e,
tecnicamente avançado, foi lançado como EDTV I e depois como EDTV II. Experiência
similar ocorreu na Europa com o sistema PALplus15.
Nos Estados Unidos, no ano de 1987, tiveram início estudos em busca de
novos conceitos no serviço televisivo, chamado de Advanced Television Service – ATV.
Devido a uma petição encaminhada à Federal Communications Commission (FCC), foi
criado o Advisory Committee on Advanced Television (ACATS), que, diferente dos
modelos híbridos, europeu e japonês, desenvolveu um sistema totalmente digital,
15
Os dois sistemas surgem da modificação do sistema convencionais analógicos, o NTSC no caso Japonês e o Pal no
caso Europeu.
69
conhecido como Digital Television (DTV), entre 1990 e 1992. Foram testadas propostas
de diferentes fabricantes e centros de pesquisa, sem que se chegasse a um resultado
satisfatório para os envolvidos. Como conseqüência, em 1993, instituições participantes
dos testes resolveram unir forças com o objetivo de desenvolver um padrão unificado que
englobasse as vantagens dos sistemas testados (CPQD, 2001).
De acordo com os pesquisadores Mendes e Fasolo (2005), uma das razões
para investimentos em TV Digital é aumentar a diversidade da programação, ou seja,
utilizar o mesmo espectro para novos conteúdos/canais, o que se torna possível através
do Standart Definition Television (SDTV). Trata-se de uma televisão com definição
padrão em que a resolução espacial e o formato de tela são semelhantes aos utilizados
pelo televisor comum, porém com qualidade de imagem superior à recebida em média
por meio das emissoras abertas de televisão analógica. Sua vantagem é a eliminação dos
conhecidos chuviscos e das cores cruzadas.
Nas plataformas digitais já ativas na Europa, e nos projetos em realização, é
possível distinguir três formas de aproveitar a maior disponibilidade de canais: oferecer
maior quantidade de programações, oferecer os mesmos programas em vários momentos,
flexibilizando o acesso, e oferecer, ao vivo, transmissão de eventos através do pay per
view (RICHERI, 2000). Deste modo são previstos, a princípio, três possíveis resoluções
em TVD, haja vista as particularidades do modelo de negócios adotado (ver Quadro 3).
Formato
SDTV
EDTV
HDTV
Linhas
480
792
1080
Pontos por linha
640
1280
1920
Relação de aspecto
4:3
16:9
16:9
Fonte: Mendes e Fasolo (2005, p. 2)
Quadro 3 - Comparação entre as resoluções em TVD
Em síntese, a televisão, que em seu início possuía uma definição de 30 linhas,
hoje passa pelo desenvolvimento do High Definition Television (HDTV), que a princípio
70
conta com um número de linhas muito maior. Como afirmado, a vantagem mais evidente
em transmissões em sistemas digitais diz respeito à conservação da qualidade do sinal.
No Japão, a Nihon Hōsō Kyōkai (NHK), emissora pública japonesa,
desenvolveu um sistema com 1.125 linhas, com um padrão de quadro de 16:9 - nos
sistemas atuais a relação é de 4:3. Nos Estados Unidos o padrão desenvolvido é para
1050 linhas (525 x 2), e na Europa, um padrão de 1250 linhas (625 X 2). Para uma
questão de comparação a respeito da qualidade da imagem, o cinema conta com uma
definição aproximada de 1064 linhas. Para que se perceba a diferença, em termos de
definição, entre os sistemas analógicos e digitais de TV, basta que se comparem as linhas
ativas entre eles, conforme Quadro 4.
Sistema
PAL-M
PAL
SECAM
NTSC
SDTV
EDTV
HDTV
Resolução
525 linhas
625 linhas
625 linhas
625 linhas
480 linhas
720 linhas
1080 linhas
Linhas Ativas
320 linhas
330 linhas
330 linhas
330 linhas
480 linhas
720 linhas
1080 linhas
Fonte: Mendes e Fasolo (2005)
Quadro 4 - Comparação entre as definições analógicas e digitais
Para melhor compreensão dos aspectos que envolvem as discussões a
respeito da TVD no Brasil, além das questões apresentadas, é necessário, ainda,
recuperar informações a respeito de modulação e compressão na digitalização.
2.2 TV Digital e modulação
Atualmente, a digitalização está presente na televisão em vários estágios: nas
câmeras e estúdio digitais, ou ainda nas transmissões digitais por assinatura, seja através
de satélite ou cabo. Ou seja, a digitalização se expande rapidamente em sistemas de TV
71
fechados, e avança muito lentamente nas redes de TV aberta, pois ainda não alcançou o
broadcasting, segmento de transmissão de sinais terrestres até as antenas domésticas.
Para Bolaño e Vieira (2004), a televisão digital, precedida tecnologicamente
pela HDTV, possibilita a convergência entre diferentes meios de comunicação
eletrônicos como radiodifusão, telefonia, transmissão de dados e acesso à internet. Ao
transmitir sinais digitais em lugar dos analógicos, oferece maior eficiência na recepção
dos sinais, permite inovações tecnológicas e estéticas como a possibilidade de ter melhor
som e imagem, disponibilidade de inúmeros programas em um mesmo canal ou a
interatividade na TV.
Na TV Digital, áudio, vídeo e dados são transportados até a casa do usuário
através de um sistema de comunicação. Contudo, antes de serem enviadas por este
sistema, sofrem uma modulação no envio e uma demodulação na recepção. A modulação
é necessária para evitar a diminuição da intensidade do sinal transmitido. Os benefícios
oferecidos pela modulação referem-se: 1) ao deslocamento do conteúdo espectral para
dentro da faixa de freqüência operacional do enlace de comunicação, 2) à possibilidade
da colocação do conteúdo de mensagens numa forma menos vulnerável a ruídos e
interferências, 3) à permissividade da multiplexação do enlace de comunicação, ou seja,
compartilhá-lo e transmitir simultaneamente dados advindos de fontes independentes
(BECKER; MONTEZ, 2004, p. 71 - 72).
Com base em Dantas (2002), os autores afirmam existir diferentes técnicas de
modulação de sinais. No entanto, para modulação de sinais digitais, as técnicas
empregadas são por desvio de Frequency Shift-Key (FSK), por desvio de Phase Shift-Key
(PSK) e por desvio de Differential Phase Shift-Key (DPSK). A diferença básica é que as
técnicas digitais permitem o envio de maior quantidade de bits de informação por espaço
de tempo do que a modulação em sinais analógicos.
72
Para os autores Becker e Montez (2004), no caso específico das TVs digitais,
são utilizados atualmente os padrões Coded Orthogonal Frequency Division
Multiplexing (Codfm) pelo DVB e ISDB, e o 8 Level – Vestigial Side Band Modulation
(8-VSB) pelo ATSC, uma vez que os padrões possuem requisitos técnicos e culturais
particulares, que deram origem à escolha de diferentes padrões para modulação e
multiplexação.
No caso do ATSC, a grande quantidade de transmissão por cabo, que inibe
erros e ruídos, permite o uso de um padrão com menor robustez, como o 8-VSB. Por sua
vez, o Codfm, utilizado pelos sistemas europeu e japonês, é orientado para transmissões
terrestres pois sua principal vantagem é a imunidade a problemas de multi-caminhos do
sinal. Tais problemas ocorrem quando um mesmo sinal chega ao receptor por mais de um
retransmissor, com pequena diferença no tempo de chegada e origina sombras na
imagem, conhecidas como “fantasmas”, que geralmente são provocados por
descasamento da impedância da antena receptora .
Particularidades como modulação e multiplexação levaram pesquisadores a
pensar na compressão das mídias digitais. Durante este tempo de digitalização da
televisão, mais especificamente no início dos anos 90, surgiu o Motion Picture Experts
Group (MPEG), uma tecnologia que viria revolucionar o desenvolvimento de TV Digital
e de alta definição, além de resolver o problema de compactação de grande volume de
informações (imagens em particular) num feixe de bits pequeno.
Na transmissão analógica, os sinais não podem ser comprimidos ou
compactados, como ocorre na transmissão digital, deve existir um protocolo e um
algorítimo de compressão, pois se reduz a quantidade de informação. A compressão de
áudio e vídeo é uma das mais importantes atividades no processamento de mídias
73
digitais, o que é possível devido às características de redundância e propriedades da
percepção humana (BECKER; MONTEZ, 2004, p. 77-79).
Neste sentido é que o MPEG revoluciona, pois que consiste em um grupo de
sistemas de compressão/descompressão de alta performance. No espaço de tempo entre
1988 e 2002, foram desenvolvidos e colocados em operação os padrões MPEG1,
MPEG2, MPEG4 e MPEG7. Atualmente desenvolve-se o MPEG21. Para televisão
digital foi adotado o MPEG2, padrão que permite taxas de compressão em torno de 50:1,
ou seja, o original comprimido fica com o tamanho 50 vezes menor. Com essa
possibilidade de compressão, pesquisadores do Japão, Europa e Estados Unidos
incorporaram em seus sistemas esses padrões.
De acordo com considerações dos autores, a compressão devido à
redundância de dados ocorre comumente em arquivos de textos, tabelas, planilhas
eletrônicas, imagens, áudio e vídeo por conter várias informações repetidas. No
armazenamento, as informações idênticas são eliminadas. Alguns fenômenos da
percepção humana também interferem na compressão de arquivos. Como exemplo podese citar o mascaramento, em que tons se tornam inaudíveis na presença simultânea de
outros. Outro exemplo é a luminância, separação dos tons de cinza que dos demais
componentes das cores, denominados crominância, pois o olho humano é mais sensível
às variações de tons de cinza.
Existem ainda outras técnicas de compressão utilizadas. De maneira geral,
podem ser classificadas ao se levar em consideração a ocorrência da compressão “com”
ou “sem” perdas, “baseada na fonte”, ou “em entropia”. Nas compressões sem perda,
normalmente devido à redundância, o resultado após a descompressão é igual ao dado
original. Já nas compressões devido à percepção humana (mascaramento, luminância e
74
crominância) ocorrem perdas irreversíveis, ainda que imperceptíveis (BECKER;
MONTEZ, 2004).
Os autores finalizam o assunto dizendo que as técnicas baseadas na fonte,
com ou sem perdas, são previamente criadas para explorar propriedades dos dados, e as
técnicas baseadas em entropia, sempre sem perdas, independem das características dos
dados comprimidos.
Neste contexto, a informação analógica transformada em digital necessita de
algum código para ser representada, processo que recebe o nome de codificação. A
transformação do sinal digital em analógico recebe o nome de decodificação. O padrão
dessa mídia é denominado Codec (codificação e decodificação). Este processo de
compressão de mídias envolve hardwares conhecidos, como placas codificadoras. Já a
descompressão, ou decodificação, que devido menor necessidade computacional, muitas
vezes pode ser feita por software (BECKER; MONTEZ, 2004).
Como exposto anteriormente, durante este período de transição da
digitalização da televisão, o surgimento do MPEG revolucionou o desenvolvimento de
TV Digital e de alta definição, ao resolver o problema de compactação das informações.
O MPEG é formado por um grupo responsável por todas as melhorias na compressão de
vídeo. Este grupo foi formado pelos organismos internacionais de padronização - o
International Standarts Organization ISSO/IEC. Trata-se de um Codec aberto,
padronizado e reconhecido por comitês envolvidos no desenvolvimento da TV Digital.
Segundo Becker e Montez (2004, p.91) os padrões MPEG utilizados para
codificação e compressão de dados multimídia são três – MPEG-1, MPEG-2 e MPEG-4,
a saber:
O MPEG-1 foi criado para vídeos codificados até 1,5 Mbps com
qualidade VHS, e áudio codificado com 192 kbps por canal (qualidade
75
CD estéreo). O segundo esforço de padronização levou ao
desenvolvimento dos padrões MPEG-2, baseados em MPEG-1, porém
bem mais otimizados e sofisticados. O MPEG-2 é capaz de codificar
vídeos desde qualidade de TV, entre 4 e 9 Mbps, até qualidade HDTV,
entre 15 e 100 Mbps. O MPEG-4 define padrões para representar
conteúdos de mídia na forma de objetos. Essa característica permite, em
uma transmissão de vídeo em MPEG-4, a manipulação de dados por
parte tanto do emissor quanto do receptor, removendo ou inserindo
novos objetos, por exemplo.
O Livro Verde para a Sociedade da Informação no Brasil (TAKAHASHI,
2000), no que se refere à TV Digital de alta definição, afirma que a TV Digital seria, em
breve, uma realidade para o mercado brasileiro e, desde que considerada a convergência
com as telecomunicações e a preocupação clara das emissoras com o novo modelo de
negócios, já no ano de 2001 o momento permitia a avaliação e regulação na implantação
da TV Digital no Brasil.
É necessário, no entanto, que a implantação da TV Digital no Brasil ocorra
de maneira organizada, democrática, para que a sociedade não seja prejudicada ou
excluída. Para uma implantação democrática é necessário que a regulação seja
democrática. Considerando-se que um dos parâmetros que motivou o desenvolvimento
da TV Digital no mundo foi a alta definição, caso seja este o perfil da TV Digital no
Brasil, várias camadas da população não terão acesso às inovações, pois somente as
classes A e B terão recursos para adquirir televisores digitais que permitam usufruir da
alta definição. Questões como essa podem vir a atentar contra a distribuição democrática
dos sinais da TV Digital.
Os encaminhamentos no Brasil devem considerar que existem outras
possibilidades que a digitalização da televisão permite. Do ponto de vista da oferta, a
televisão digital cria, em relação à analógica, quatro novas oportunidades: a
multiplicação técnica dos canais disponíveis; o incremento da qualidade técnica das
transmissões; a possibilidade de combinar telefonia com televisão para transformar o
76
televisor com set- top- box16 em terminal de acesso à internet; e a possibilidade de enlaçar
os serviços de internet aos programas televisivos, ou seja, personalizar os programas
produzidos para a massa (RICHERI, 2000).
As duas últimas categorias são as mais inovadoras em televisão digital, pois
permitem acesso à internet. A implantação deve ser lenta, e a projeção de resultados e
impactos é, ainda hoje, totalmente imprevisível. Para Richeri (2000), a TV Digital
permite alterações mais profundas na sociedade através do modelo de TV que privilegie
multicanais e multiserviços. Cabe salientar, no entanto, que o modelo televisivo adotado
com a digitalização deverá mudar radicalmente a maneira como se pensa a televisão.
Problemas como fragmentação do público e queda de investimento podem, a princípio,
inibir as emissoras no envolvimento com a TV Digital.
Paredes (2002) apresenta considerações similares, ao afirmar que a chave
para o êxito ou fracasso na introdução de inovações como a TV Digital está não só no
poder de adoção das novas tecnologias, mas também, e sobretudo, na capacidade e
preencher os espaços tecnológicos com produção variada, de qualidade e competitiva.
Cabe ao governo considerar, na condução de implantação da TV no Brasil, possibilidades
democráticas do ponto de vista de acesso aos meios de comunicação, além da melhoria
de qualidade técnica nas transmissões.
Pouco se publica sobre essas considerações de vantagens e desvantagens das
possibilidades da digitalização na televisão, e isso é grave quando se considera que, após
a implantação da TV Digital, a substituição da infra-estrutura analógica pela digital
dependerá (a) de escala de produção e consumo; e (b) de como as classes C e D efetuarão
a substituição dos aparelhos analógicos. De acordo com Walter Duran, diretor de
16 O set-top-box é um aparelho que recebe o sinal digital comprimido e codificado e o decodifica, transformando-o em sinais analógicos que possam ser exibidos
nas TVs.
77
tecnologia da Eletros, "não pode-se (sic) esperar que todas essas pessoas substituam seus
televisores de uma hora para a outra" (JANUÁRIO, 2006).
Outras fontes consultadas indicam, também, que a migração do padrão
analógico para o digital depende da participação das pessoas pertencentes às várias
classes socioeconômicas. Mais ao final da pesquisa, os documentos disponibilizados por
representações da Sociedade Civil organizada complementaram tal posicionamento e
subsidiaram as análises.
2.3 Televisão Digital e Interatividade
Como mostra o capítulo anterior da revisão bibliográfica, as publicações
sobre TV Digital limitaram-se inicialmente às áreas de tecnologia e informática. Hoje,
contudo, a literatura passa a oferecer textos e autores mais próximos à comunicação,
quando os termos pesquisados envolvem interatividade e TV Digital Interativa, como
Matuck (1995), Joly (2003), Tavares (2001) e Lemos (2003). Várias contribuições de
relevância, no entanto, foram obtidas junto aos autores Becker e Montez (2004), seguidos
de material obtido em eventos como seminários e reuniões específicas com profissionais
envolvidos no desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Televisão Digital.
Neste sentido, as referências permitiram observar que, após a introdução das
novas tecnologias em geral, e da convergência tecnológica em particular, a implantação
da TV Digital é fato irreversível. Neste sentido, é necessário considerar que tais
processos são conduzidos pela lógica de mercado e das grandes empresas transacionais,
que, baseadas em avanços científicos e tecnológicos desconsideram, muitas vezes,
complexidades, desdobramentos e implicações que tais processos acarretam à sociedade.
Uma década mais cedo, Woodard (1994) já afirmava que a convergência
tecnológica traz consigo mudanças significativas para a televisão devido à mídia
78
interativa. Uma das possibilidades é que a TV Interativa altere a posição da tela,
viabilizando o surgimento de telas horizontais e oblíquas. A idéia padronizada que se tem
é que a TV será incorporada à mídia interativa, não sendo mais vista como um meio
isolado.
Zuffo M. (2003) afirma que existem hoje sistemas de TV Digital e sistemas
de TV Digital de alta definição (HDTV). Os mesmos substituirão de maneira
progressiva, ainda que lenta, a TV convencional. A TV se tornará totalmente interativa,
ao permitir ao telespectador escolher filmes ou programas através de interação
conversacional.
Neste contexto de TV Digital e interativa, um conceito que merece atenção
especial é interatividade - termo que abrange um campo vasto - considerado o diferencial
dos suportes digitais e que, para Machado (1997, p. 144), significa a “possibilidade de
dialogar com o sistema de expressão”, seja ele artístico ou técnico, e abrange um vasto
campo semântico.
De acordo com Silva M. (2000, p. 1), é necessário depurar o conceito, pois “o
adjetivo ‘interativo’ tem servido para qualificar qualquer coisa ou sistema cujo
funcionamento permita ao seu usuário algum nível de participação ou de suposta
participação”. Para o autor, apesar do conceito de interação vir de longe, a interatividade
entra em evidência nos últimos anos. Pode ter surgido no final dos anos 70 e início da
década de 80 no contexto das novas tecnologias de informação. Vale ressaltar que
autores, artistas e tecnólogos não têm feito diferença entre interação e interatividade.
Ao buscar a origem da conceituação, é necessário resgatar informações de
Plaza (2000) ao afirmar que as primeiras discussões a respeito de interatividade
79
aconteceram entre as décadas de 20 e 30. Em 1922, quando Lazlo Moholy Nagy,
professor na Bauhaus17, pinta um quadro por telefone, começa o tempo da interatividade.
O assunto teve entre seus estudiosos, Bertold Brecht que, em 1932, viu a interatividade
nos meios de comunicação como caminho para uma sociedade mais justa e democrática,
premissa retomada por Pierre Levy.
Plaza (2000) defende que existem, no entanto, outros enfoques e abordagens
para o entendimento da interatividade, como o de Enzeensberger, que nos anos 70,
pensou a interatividade como um mecanismo de trocas de papéis entre emissores e
receptores, deixando os meios de comunicação de ser processos unidirecionais de
atuação sobre o público. Essa visão paradoxal de inversão de papéis é retomada nas
discussões atuais referentes ao tema.
Machado (1990), discutindo Williams, aponta para a necessidade de se
distinguir os sistemas interativos daqueles meramente reativos. Um sistema interativo
deveria dar total autonomia ao espectador18, enquanto os sistemas reativos trabalhariam
com uma gama pré-determinada de escolhas. Na televisão, uma das primeiras
manifestações de interatividade – atividade de interação – ou reativas, conforme visão do
autor foi o controle remoto:
Boa parte dos equipamentos hoje experimentados ou já comercializados
como interativos são, na verdade, apenas reativos. Os videogames, por
exemplo, solicitam a resposta do jogador/espectador (resposta
inteligente em alguns casos; resposta mecânica na maioria dos outros),
mas sempre dentro de parâmetros que são as ‘regras do jogo’
estabelecidas pelas variáveis do programa. Isso quer dizer que nas
tecnologias reativas não há lugar propriamente a respostas no
verdadeiro sentido do termo, mas a simples escolhas entre um conjunto
de alternativas preestabelecidas (MACHADO, 1990, p. 26).
17
Staatliches Bauhaus (casa estatal de construção) foi uma escola de design, artes plásticas e arquitetura de vanguarda
que funcionou entre 1919 e 1933 na Alemanha. Uma das primeiras escolas de design do mundo, Bauhaus teve as mais
importantes expressões do Modernismo no design e arquitetura.
18
Aparentemente não é um bom termo para ser usado no caso da televisão interativa, pois o usuário da televisão digital
deixa de ser mero espectador.
80
A respeito das demais abordagens sobre interatividade, Thompson apud
Almeida (2003), discorre sobre a riqueza das deixas simbólicas na interação face a face.
Tal riqueza, somada à co-presença, são as características que diferenciam esse tipo de
interação dos outros dois relacionados e discutidos por Thompson (1995, p. 78-82), a
saber: interação mediada e interação quase-mediada. A interação mediada diminui o uso
das deixas simbólicas, pois as distâncias no tempo interferem no processo; a interação
quase mediada pode acontecer de forma simultânea ou não, ao mesmo tempo ou em
tempos distintos. A diferença é a reciprocidade ocorrida nos dois tipos de interação, visto
anteriormente, que não é disponível.
Os conceitos de interação e interatividade precisam ser observados em
separado, pois há quem diga que interação refere-se a relações humanas, enquanto
interatividade está restrito à relação homem-máquina (tecnologias, equipamentos,
sistemas, no sentido do sistema hipertextual e da tecnologia informática). O autor
enfatiza não concordar com tal posição, pois a interatividade está na disposição ou
predisposição para mais interação, para uma hiper-interação, para bidirecionalidade
(fusão emissão-recepção), para participação e intervenção (SILVA M., 2000).
Neste contexto, é possível afirmar que entre TV e telespectador o que há é
interação, mesmo que este esteja munido de um controle remoto praticando o zapping.
Aqui, o que há é retroatividade (escolha entre as opções que lhe são dadas) e não
intervenção na programação da TV. Nessa visão que distancia interação e interatividade,
o receptor continua separado da emissão e, como tal, não é "teleintra-atuante”19 (SILVA,
M. 2000).
19
A mensagem interativa não se limita à emissão e recepção, o indivíduo tem com a interatividade uma experiência de
adentramento e imersão na mensagem, que ele ajuda a construir.
81
Pode-se dizer, neste sentido, dizer que o que há entre uma home-page e um
"navegador" é interatividade. A home-page não se define como emissão, pelo menos na
acepção clássica desse termo. Ela é ambiente de interpenetração, de atuação, intervenção
nos acontecimentos, fusão, conexionismo na base do ambiente hipertextual. Neste
sentido, a mensagem no contexto da interatividade não se reduz à emissão. Ela é espaço
tridimensional de atuação daquele que não pode mais ser visto como receptor.
Segundo Moraes (1998), o termo interatividade e seus correlatos – interativo,
interação, etc - são cada dia mais amplos e livremente utilizados, o que pode levar a
incorreções em seu uso. Para a autora, interação significa “ação entre entes”, e se
pressupõe desta forma uma ação mútua entre os meios e os receptores.
Neste contexto, em que os meios passam a ter em suas características a
capacidade de ação mútua com o receptor, os processos comunicacionais, e, portanto os
comunicólogos e demais profissionais envolvidos com o assunto, devem adaptar-se a
essa nova realidade, pois, em breve, as demandas exigirão um profissional com perfil
cada vez mais voltado para os meios convergentes e interativos.
É interessante ressaltar, no entanto, que assim como muitos outros conceitos,
o de interatividade vem sendo utilizado indistintamente, sem critérios em sua
conceituação. Pesquisadores divergem sobre os tipos de interatividade. Mas, de uma
maneira geral, quase todos subdividem a mesma em níveis de interação.
Dentre os autores que apresentam a interatividade em níveis, Lemos (2003),
ao conceituar as possibilidades de interação técnica ou analógico-mecânica (com a
máquina), digital (conteúdo) e social (entre pessoas), afirma que os novos meios
viabilizarão uma qualidade de interação eletrônico-digital, que na verdade é o que vem
sendo chamado hoje de interatividade. Neste contexto, o autor subdivide a interatividade
em cinco níveis:
82
• Nível 0 – interatividade que se limita à ação de ligar e desligar aparelhos;
• Nível 1 – ocorre através do uso de aparelhos como o controle remoto que institui
certa autonomia na telespectação;
• Nível 2 – surge com o uso de equipamentos como o vídeo ou console de jogos, por
exemplo, que invadem a televisão permitindo ao telespectador que se aproprie do
objeto TV;
• Nível 3 – aparenta sinais de interatividade de cunho digital onde o usuário, através
de emissão por telefones, fax ou e-mail pode interferir de alguma maneira no
conteúdo das emissões;
• Nível 4 – o que a TV Interativa viabilizará é o nível que permite a participação no
conteúdo em tempo real (como escolher ângulos, câmeras, etc.).
Dentre os autores consultados, alguns deles, quando abordam o conceito de
interatividade resgatam as considerações de Levy (1999) acerca das possibilidades
estruturais da interatividade, retratados no Quadro 5:
Fonte: Levy (1999, p.82-83)
Quadro 5 - Possibilidades estruturais da interatividade
Ao abordarem o assunto, Becker e Montez (2004, p.53) enriquecem a
conceituação de interatividade em níveis ao classificarem a interatividade em três níveis:
83
reativo (pouco controle do usuário), coativo (usuário controla seqüência, ritmo e estilo) e
pró-ativo (usuário controla estrutura e conteúdo da programação). Os autores citam
Manclin (2001) ao afirmarem que o termo TV Interativa deve abranger uma série de
aplicações, serviços e tecnologias, muitas ainda sequer imaginadas. Neste sentido, é dos
autores a proposta de complementar os cinco níveis de interatividade definidos por
Lemos (2003), com mais três níveis indicados a seguir:
• Nível 5 – através de um canal de interação (canal de retorno ligando telespectador
à emissora) surge a presença efetiva do telespectador no conteúdo, que pode
participar da programação enviando vídeos originados de webcam, filmadoras e
videogravadoras digitais ou analógicas;
• Nível 6 – devido ao aumento da largura da banda desse canal é possível o envio de
vídeo de alta qualidade, semelhante ao transmitido pela emissora;
• Nível 7 – a interatividade plena é atingida e o telespectador se confunde com o
transmissor, podendo gerar conteúdos. Nível semelhante ao que ocorre na Internet
atualmente.
Um outro ponto de vista é apresentado por Tome (2003), para quem a TV
interativa é um conjunto importante na digitalização da televisão, pois usa a capacidade
de processamento da TV, aliado ao armazenamento de bits na memória local para que a
TV tenha funcionalidades similares à de um computador. Para o autor, do ponto de vista
técnico, existem três categorias de programas interativos:
• Interatividade local ou enhanced broadcasting - informações são transmitidas ao
usuário e armazenadas no receptor;
• Interactive broadcasting – utiliza um canal de retorno, geralmente via telefônica;
• Internet acess profile – junção dos dois tipos anteriores para viabilizar que a TV
seja utilizada com as funcionalidades de um PC.
O Relatório Integrador dos aspectos técnicos e mercadológicos da televisão
digital produzido pelo CPqD (2001) e publicado pela Anatel, ao abordar o tópico
interatividade e canal de retorno, apresenta visão similar à de Tome (2003) e indica três
84
graus possíveis de interatividade: a interatividade local, a partir da qual as informações
são transmitidas e armazenadas; a interatividade com canal de retorno não dedicado, que
permite troca de mensagens entre receptor e usuário através de máquina servidora
localizada remotamente; e a interatividade com canal de retorno por um canal dedicado,
que é o estágio posterior de desenvolvimento, em que o sistema de televisão apresentaria
um meio específico para ser utilizado como canal de retorno.
Para Gosciola (2003, p. 87), o conceito de interatividade parte do campo das
Ciências da Comunicação e das Novas Tecnologias, sendo “um recurso de troca ou de
comunicação de conhecimento, de idéia, de expressão artística, de sentimento”. O autor
afirma que, “a interatividade promove no espectador uma mobilização, um desejo de
interferir, de se relacionar com a obra e com os seus personagens” (DUGUET apud
GOSCIOLA 2003)..
O termo interatividade pode ser utilizado para descrever qualquer situação na
qual o conteúdo de um sistema extensivo de mídia é passível de ser selecionado e
configurado (STRAUBHAAR; LAROSE, 2004). Embora o conceito seja retomado
adiante, ao tratar das várias possibilidades interativas na TV Digital, os autores sugerem,
a princípio, dois tipos de interação: a mútua e a reativa. A primeira se apresenta como
plena e a segunda como fraca e limitada.
Sabatinni (2002) afirma que TV Interativa não é um conceito novo. Em
muitos países europeus, começou com o videotexto e o teletexto, embora o videotexto
não seja totalmente interativo. Outro sistema surgido é a Web-TV, que também não é
totalmente interativo, pois embora agregue dois aparatos, TV e internet, aparentemente
os mesmos não são usados simultaneamente: ou se assiste TV, ou se navega na internet.
Neste contexto, cabe salientar que tanto interatividade (na arte e na Internet,
por exemplo) como TV Digital (por cabo e/ou satélite como Sky e DirecTV) já existem
85
em meio à sociedade. A inovação é justamente a junção dos conceitos em um processo
convergente de tecnologia e conteúdo.
Embora ainda recentes como mídias, os canais por assinatura inserem
algumas alternativas interativas na grade de programação, e permitem ao assinante
acesso a informações adicionais sobre a atração que está assistindo, ao clicar em ícones
dispostos na tela ou no controle remoto. Existem ainda os canais interativos de prestação
de serviços, que permitem conferir a previsão do tempo, informações esotéricas ou
acessar a conta bancária. (FONSECA, 2003).
Sistemas de TV por satélite, como DirecTV e Sky, oferecem, desde 2002,
aplicações interativas em programas de TV. São exemplos de possibilidades interativas
em TV Digital por satélite os pacotes de programação pay per view, acesso a
homebanking, canal do tempo, sistema de e-mail pela televisão, marketing
individualizado, publicidade interativa, games e outras.
As duas operadoras usam diferentes tecnologias para oferecer a televisão
interativa (iTV). A DirecTV utiliza a OpenTV, uma plataforma fechada com canal de
retorno pelo telefone. Nos programas interativos desenvolvidos pela empresa, um
minúsculo ícone aparece na tela durante dez segundos em cada minuto para avisar ao
telespectador que existem informações adicionais que podem ser acessadas como
biografias, plantão de notícias e resultados ou estatísticas de jogos esportivos, de futebol,
por exemplo. A limitação do conteúdo adicional está relacionada à memória do set top
box.
A Sky, por sua vez, utiliza a tecnologia israelense NDS, e optou, para
apresentar seu conteúdo interativo, pelo conceito de “walled garden”, que reúne uma
série de serviços em um único local de acesso. Os canais agrupam e organizam a
programação em segmentos, para facilitar o acesso. Estes canais foram batizados de
86
“mosaicos”, tendo sido inicialmente usados para mostrar todos os canais ofertados (ver
Figura 2).
De acordo com Falgetano (2002), mais de 50% dos assinantes de TV por
satélite já utilizam serviços interativos, o que exige cada vez mais uma integração entre
as equipes de produção de vídeo e de desenvolvimento de aplicação interativa. Para
outros autores, como Paredes (2002), a TV por satélite no Brasil, como Sky e DirecTV,
oferece opção somente a uma televisão pseudo-interativa, que permite escolher
determinadas opções, sem participar de forma imediata na comunicação direta com a
emissora.
Fonte: Sky; Desenvolvimento e Integração de produtos (2005)
Figura 2 - Exemplo de tela do canal “mosaico” utilizado pela Sky
Sistemas de televisão interativa que permitem aos telespectadores selecionar
finais alternativos para novelas, ou mudar uma imagem em grande angular para um
close-up durante um jogo de futebol, também são exemplos já existentes. Não terminam
aí, no entanto, as possibilidades deste tipo de individualização. Atualmente, vários
estudos se dedicam a pensar alternativas para
87
transformar este meio ‘frio’ de comunicação em um meio ‘quente’,
através de modelos interativos ou retroalimentados, onde o usuário
poderá interagir com o veículo através de toques na tela de seu
hardware e fazer uma filtragem dentro do canal escolhido, selecionando
subtemas ou tópicos de seu agrado (LIMA, F. 2000, p. 40).
Acerca da interatividade na televisão, Standke (2002) afirma que, há algum
tempo, as emissoras têm buscado interagir com o telespectador. Alguns exemplos são os
programas em que você decide o final ou elimina quem participa; onde perguntas são
respondidas pela internet; ou ainda pelas frases que aparecem nos programas de
domingo, no rodapé da tela, como na TV Senado ou Band News. Normalmente as
revistas eletrônicas (ex. Fantástico) costumam usar esse recurso para estabelecer um
diálogo, um vínculo com o telespectador durante a programação.
Cássio Pardini, em entrevista a Bittar (2002), enfatiza que nada ainda havia
se apresentado no país com proposta tão interativa, até aquele momento, quanto o
programa "Hugo", da TV Gazeta, veiculado em 1990. Tratava-se de um jogo em que o
telespectador participava utilizando os botões do telefone para mover a personagem
Hugo para cima, esquerda ou direita, desviando-o assim dos obstáculos. Pode-se afirmar
que este método foi uma das primeiras experiências com interatividade na televisão
aberta brasileira.
A TV Interativa propriamente dita é uma tecnologia que integra o acesso à
Internet e a recepção de canais de vídeo. Uma interface combinada de
Internet/TV/telefone, ou Internet e TV a cabo no mesmo aparelho permite, no segundo
caso, dispensar a linha telefônica. Para Melo, Rios e Gutierrez (2000),
Essa nova tecnologia, pelo fato de ser digital, permite a interatividade
do sistema com o telespectador, que passa da passividade a uma atitude
ativa frente às transmissões. A televisão digital permite a navegação na
internet, o comércio eletrônico, a transmissão de programas on demand
e a comunicação através da TV. A interatividade traz consigo a
necessidade de “retorno”, ou seja, que a comunicação flua também no
sentido do receptor ao emissor do sinal, diferentemente do que ocorre
nas transmissões analógicas. Os sistemas existentes provêem este
88
retorno através de linha telefônica comum, porém já há estudos no
sentido de que ele seja feito via telefonia celular.
Opinião similar é apresentada pelos pesquisadores Mota e Tome (2005), para
quem a televisão digital não deve ser vista como uma mera digitalização da televisão
analógica, haja vista a possibilidade da interatividade, ainda que restrita, o que permite ao
usuário clicar e ver informação adicional, alternativa ou que o remeta a outro conjunto de
informações através de hiperlinks.
Para os autores, a mera possibilidade de o usuário obter a informação ou
conhecimento no momento em que deseja, e não a agenda da TV, já “permite ao usuário
deixar de lado o papel de mero consumidor e passar a ser, ele também, um agente ativo
na produção e disseminação de informação e conhecimento”. A interatividade oferece
plena liberdade de escolha e maior equilíbrio na relação dialógica produtor-consumidor
de informações (MOTA; TOME, 2005, p. 64).
De acordo com Albornoz et al (apud Bustamante, 1999, p.27), em termos
gerais, a transmissão digital de sinais de televisão com suas possibilidades de
interatividade e “em conseqüência de oferta de serviços e de mercado e rentabilidades”
implica uma série de características diferenciadas que possibilitarão reduzir custos de
equipamentos de transmissão e seus suportes; incrementar o número de programas,
serviços e sinais disponíveis; melhorar e graduar a qualidade de transmissão; facilitar a
convergência entre o audiovisual, as telecomunicações e a informática.
De maneira bastante didática, Becker e Montez (2004) afirmam que um
sistema de TV Digital Interativa pode ser decomposto (ver Figura 3 ) em três partes
principais: a) um difusor, ou provedor, aquele que responde por prover o conteúdo a ser
transmito e dar suporte às interações dos telespectadores; b) um receptor digital ou settop-box que admite o conteúdo transmitido e oferece a possibilidade do receptor de reagir
89
ou interagir com o difusor e; c) meio de difusão, que pode ser via cabo, satélite ou
radiodifusão e responde por tornar possível a comunicação entre difusor e receptor.
a
c
b
Fonte: BECKER; MONTEZ (2004), p. 106
Figura 3 - Modelo de um sistema de televisão interativa
Os autores Souza e Elias (2003), em uma publicação mais técnica sobre os
fundamentos da televisão interativa, afirmam que a mesma é composta de dispositivos
organizados em camadas (ver Figura 4):
• Hardware: compostos pelos dispositivos físicos Set Top Box, componentes
codificadores, decodificadores, multiplexadores e demultiplexadores;
• Sistema operacional: manipula fluxos fornecidos pelo hardware; responsável por
mecanismos como transmissão, sincronização da mídia e interface entre o
hardware e o middleware;
• Middleware: é o gerenciador de componentes; viabiliza e controla a interação
entre usuários com os fluxos de mídia e dados provenientes do sistema
operacional;
90
• Ambiente de desenvolvimento: permite a criação de programa interativos de uma
forma simples e rápida, especificando as características dos programas a serem
criados;
• Aplicações: é a camada visível ao usuário e que fará a interação direta com o
mesmo.
Fonte: SOUZA; ELIAS, 2003.
Figura 4 - Arquitetura em camadas de um sistema de televisão interativa
Para os autores, o middleware serve como interface para as camadas
inferiores e superiores garantindo a comunicação, gerenciando os componentes, etc. É o
elemento que intermedia a transmissão e a recepção, responsável pelos serviços
interativos oferecidos. Essa camada é fundamental para a TV interativa, pois provem um
sistema de gerenciamento e distribuição de componentes, segurança e autenticação,
transações, dentre outros aspectos (ver Figura 5).
Devido a particularidades como as camadas da arquitetura de um sistema de
televisão interativa, a interação entre o sistema de comunicação e o middleware, que é o
conjunto de estruturas de dados que determina as funcionalidades previstas na TV
Interativa, o assunto sobre TV Digital é tratado, cada vez mais, como uma questão
técnica, ligada a engenheiros de telecomunicações. Tal fato relegou para segundo plano a
discussão sobre conteúdos e seus impactos na sociedade.
De acordo com Almas (2003), nas discussões sobre TV Digital é necessário
que se fale sobre conteúdo e programação, e como abordar a televisão interativa de
91
maneira ampla, não com programas interativos isolados. A partir do momento em que na
TV Interativa o telespectador passe a ser “usuário”, a televisão precisa ser vista como a
interface da interação com o indivíduo, e a programação para este tipo de consumidor
certamente deverá ser diferente do que é feito hoje na TV voltada para um receptor
passivo.
Fonte: Souza; Elias, 2003.
Figura 5 - Interação entre componentes do sistema e o Middleware
Não há dúvidas de que o conteúdo realmente é fundamental para o sucesso da
TV Digital brasileira. Diversos autores defendem esse posicionamento, como pode ser
observado nas afirmações apresentadas por Hoineff apud Becker e Montez (2004), que
defende a construção do conteúdo específico para o meio, originário de uma infinidade
de fontes como acontece na Internet, uma vez que se vive hoje no limiar de uma mídia
completamente nova. O autor defende a necessidade de uma migração do debate
concentrado em tecnologias e função social da televisão para a necessidade da construção
de conteúdos específicos para este novo meio.
92
Neste contexto, mostra-se a pertinência de estudos sobre os conteúdos, pois a
televisão digital demanda um tipo específico de programação para esse meio
convergente. Deste modo, aumenta cada dia mais a necessidade de pesquisar, além dos
impactos político-regulatórios que a TVD traz consigo, questões de cunho prático como
interface e usabilidade da televisão digital interativa.
A noção de usabilidade é sinônimo de facilidade de uso, característica
daquilo que é utilizável, funcional. Especificamente no caso da interface (o que se vê)
entre o usuário e a máquina, a usabilidade tem a função de tornar óbvio o óbvio, tendo
em conta as necessidades do utilizador e o contexto em que este está inserido. Enquanto
ferramenta, a usabilidade serve para: simplificar, rentabilizar, otimizar, facilitar,
melhorar, e acelerar o acesso e a interação entre usuário e máquina. Pode ser
compreendida como algo que intermedia a relação do telespectador com a televisão
(LAITINEM, 2006).
Compreender o papel da usabilidade na TV Interativa auxilia a entender o
quanto a interface dessa nova televisão deve ser atraente para o usuário. Não bastam
janelas, ícones animados e menus coloridos. Será necessário o uso de linguagem simples
e auto-explicativa voltada para um público, em grande parte, sem acesso à internet. As
conseqüências podem ou não ser positivas, pois quanto mais o sistema estiver distante do
usuário, ou em difícil acesso, menores as chances da TV Digital auxiliar na redução da
exclusão digital no país.
Embora seja perceptível e compreensível a necessidade de agregar à
discussão da TV Digital as informações sobre conteúdo interativo, é interessante resgatar
informações anteriores a respeito da ausência de publicações específicas referente ao
tema. Na verdade muito pouco foi publicado até o momento sobre especificidades da
93
programação veiculada pela TV Digital, a maior parte das informações são
disponibilizadas na forma de artigos em revistas especializadas.
Acerca das possibilidades interativas na televisão, um dos autores que se
dedica a publicar algo sobre produções interativas para televisão afirma que “a produção
e difusão produzidas pela convergência da televisão e da internet serão avaliadas segundo
o critério da utilidade ou inutilidade”. Desta forma, na visão do autor, os programas
serão preparados para conter prestação de serviços comerciais ou de utilidade pública
(VILCHES, 2003, p. 50-51).
Para o autor, estamos frente a uma oferta de serviços (música, jogos, acesso à
internet, a informações e a sexo virtual), para os quais ainda não existe experiência que
auxilie a realizar previsões sobre usos sociais, coletivos ou individuais. Vilches (2003, p.
179) defende que
O desenvolvimento da televisão digital e a expansão das redes de
telecomunicações a serviço da Internet trarão como conseqüência um
aumento sem precedentes de conteúdos, programas e serviços, a
maioria dos quais poderiam ter aplicações educativas.
Vilches (2003, p. 237) também afirma que a interatividade afeta a informação
e a comunicação em suas modalidades estruturais como o consumo e a programação.
Para o autor, “trata-se de um diálogo entre uma pessoa e uma máquina, onde informação,
programa e produto aparecem como interfaces da TV Digital Interativa, um novo meio
convergente para o qual não existem limites conhecidos”
A importância de apresentar esta visão reside no fato de que, embora existam
possibilidades interativas nas TVs por Assinatura e iniciativas em alguns programas de
TV aberta, até o momento a questão da interatividade é uma incógnita, uma vez que
ninguém delimitou, ainda, exatamente o seu alcance. Sabe-se, no entanto, que a
94
verdadeira revolução digital supõe uma mudança no próprio telespectador, que se torna
mais ativo frente à televisão e permite criar sua própria programação.
É necessário acrescentar, ao raciocínio, o fato de que no Brasil, a TV surge
tendo como proposta o lucro, ou seja, intensificar a venda de produtos. Só com o decorrer
do tempo é que adquiriu uma definição sua, impar e reconhecida no mundo todo
(MATOS, 1982 apud PELLINI, 2006). Por menores que sejam as possibilidades
interativas disponibilizadas na TV Digital, essas trarão consigo impactos que afetarão a
sociedade de maneira imprevisível, talvez até irreversível. Reside neste ponto uma das
hipóteses do trabalho - qual seja, a não-participação da Sociedade Civil na discussão
sobre a implantação da TV Digital no Brasil, dada a importância do assunto, que se
refere a muito mais do que a escolha de um padrão tecnológico.
A sociedade precisa participar do debate, uma vez que as decisões e
encaminhamentos oriundos deste produzirão fortes impactos na sociabilidade e na
maneira como se assiste televisão, pois, a depender de televisão digital implantada,
poderá ocorrer alteração no cenário midiático de maneira a contribuir para as políticas de
inclusão digital e a democratização da comunicação.
Para tanto, faz-se necessário reordenar os encaminhamentos e as discussões
sobre o assunto, pois, em escala de prioridades, precisa-se, primeiro, compreender os
novos padrões de sociabilidade proporcionados por essa nova tecnologia, para depois se
pensar em um modelo viável de TV Digital para o país. Como o telespectador na TV
Interativa pode ser co-autor de seu próprio entretenimento, é razoável que a sociedade
seja co-autora da decisão sobre a sua televisão. Neste sentido, deve-se discutir, antes,
qual televisão a sociedade deseja que modelo de negócio atende às necessidades do país,
para, a partir destas respostas, discutir a escolha do padrão de TV Digital que será
adotado.
95
Este contexto da sociedade como co-autora da decisão sobre a televisão
digital no Brasil é abordado nos capítulos finais da tese quando é feito um resgate da
participação da sociedade civil no debate sobre a TV digital no país.
2.4 TV Digital: diferenciação de Padrão, Modelo e Sistema
A discussão acerca da implantação da TV Digital no Brasil tem crescido
substancialmente e, embora se fale muito em “escolha do padrão de TV Digital”, existe
desinformação e dúvida em relação aos diferentes termos utilizados. Uma maneira de
equacionar estes problemas é resgatar informações acerca do desenvolvimento dos
padrões existentes, suas especificidades e recursos existentes.
Antes, no entanto, cabe considerar as afirmações de Tome (2003) de que um
sistema de televisão é composto de três segmentos: produção de conteúdo, transmissão
entre emissora e usuário e o segmento entre receptor do usuário. Por produção de
conteúdo se entende o estúdio; a transmissão envolve a emissora e o usuário, e quando se
fala em receptor do usuário refere-se ao aparelho televisor propriamente dito.
O autor afirma que, no que se refere à produção, muitos estúdios,
principalmente nas grandes emissoras, já possuem funções digitais. Na recepção também
já existem algumas funções digitais, ainda que limitadas, como no caso do controle
remoto. Somente a transmissão terrestre, através de ondas, é ainda analógica. Deste
modo, o que se entende por digitalização, e vem sendo alvo de estudos, discussões e
proposta governamental de desenvolvimento, é justamente a transmissão do sinal aberto
(terrestre) de televisão no Brasil (ver Figura 6).
96
Futuro
Meio de transmissão
Analógico
Digital
D
ita
ig
l
D
ig
ita
l
Receptor: set top box (unid.
receptora decodificadora),
monitor integrado
Estúdio
Fonte: Wohlers, M. Sistema Brasileiro de TV Digital: premissas e oportunidades, SET 2003.
Figura 6 - Elementos envolvidos na digitalização da televisão
Para maior compreensão dos vários aspectos acerca do assunto, é necessário,
no entanto, considerar que nos anos 90 o mundo passou por uma divisão geopolítica em
blocos econômicos, e cresceram os esforços da comunidade científica e tecnológica mundial
no estabelecimento de novos padrões de TV Digital.
De acordo com Zuffo J. (2003, p.8) em virtude da proteção da propriedade
intelectual e da indústria eletroeletrônica, além da criação de oportunidades para ambas,
“atualmente, os padrões existentes estão atrelados aos Blocos Macroeconômicos”. Cada
um destes blocos tem seu respectivo modelo que o representa junto a uma massa crítica
de cobertura de milhões de televisores.
É interessante acrescentar que, ao desenvolver um estudo sobre interatividade
na televisão, Zuffo M. (2001) afirma que a visão de TV Digital nas últimas duas décadas
confundiu-se com a visão da High Definition TV (HDTV). A proposta inicial da HDTV
era a de propiciar uma maior imersão através da ampliação do campo de visão e
97
profundidade, utilizando um fator de forma 16: 9 de relação de espectro ou formato de
tela (RICHERI, 1996 apud ZUFFO M., 2001).
Tal confusão ocorre porque TV Digital, ou TV de alta definição (HDTV), é
um sistema de radiodifusão televisiva que transmite sinais digitais em lugar dos atuais
sinais analógicos. Uma das principais diferenças é que na HDTV a preocupação maior
está relacionada à sua eficiência com a qualidade de imagem e áudio, ou seja, alta
definição. Na TV Digital, por outro lado, a transmissão diz respeito, além de resolução da
imagem, à oferta de possíveis serviços interativos proporcionados junto ao sinal, o que
caracteriza então a TV Interativa.
As propostas iniciais de HDTV buscavam atender a demanda do usuário por
maior imersão, pois os vários ambientes onde a TV é disposta utilizam o escurecimento
da sala. Deste modo, o autor acredita que “a médio prazo a melhor forma de alcançar a
imersão completa em dispositivos baratos de exibição de imagens de TV Digital será a
partir de sistemas de multiprojeção” (ZUFFO, M. 2001, p.24).
Para o autor, atualmente há o conhecimento de quatro propostas
internacionais: Padrão Advanced Television Systems Committee, (ATSC-T) Norte
Americano, o Padrão Digital Vídeo Broadcasting (DVB-T) Europeu, o Padrão Integrated
Services Digital Broadcasting (ISDB-T) Japonês. Recentemente foi desenvolvido
também o padrão Chinês.
Cada um dos sistemas oferece condições e particularidades que atendem aos
países em que foram desenvolvidos. A extensão T, em cada uma das siglas que
representam as propostas, refere-se à transmissão terrestre de televisão, uma vez que a
digitalização é presente nas transmissões por satélite e cabo.
98
Através da digitalização da televisão, várias inovações poderão ser
introduzidas, entre as quais: a modulação digital de sinal (e a natural melhoria de
qualidade de imagem/áudio), a mobilidade que permite o desenvolvimento de aplicações
de TV embarcada, as transações bidirecionais de informação multimídia (iTV), a maior
definição de imagem High Definition TeleVision (HDTV), e a portabilidade, que
permitirá a eventual sintonia de sinais de TV em qualquer aparelho celular, ou portátil.
Zuffo M. (2003) também afirma que, dada a complexidade da questão da TV
Digital, é fundamental a correta diferenciação entre Modelo, Sistema e Padrão de TV
Digital. O Modelo de TV Digital incorpora a visão de longo prazo, o conjunto de
políticas públicas, e deve articular todas as iniciativas, atividades e ações relacionadas à
questão, pois é o Modelo que define as condições de contorno para o estabelecimento do
Sistema e respectiva definição do Padrão.
O Sistema de TV Digital, por sua vez, é o conjunto de toda a infraestrutura e
atores envolvidos, após a definição do modelo. Dentre os atores é possível citar
concessionárias, redes, produtoras, empresas de serviços, ONGs, indústrias de conteúdo e
de eletroeletrônicos.
Como desdobramento da visão macro sobre o modelo e a definição do
sistema é que se compreende o Padrão de TV Digital, que se refere ao conjunto de
definições e especificações técnicas necessárias para a correta implementação e
implantação do Sistema a partir do Modelo definido (ver Quadro 6).
99
Modelo
Sistema
Padrão
Fonte: Zuffo M. (2003, p. 3)
Quadro 6 - Representação de Modelo, Sistema e Padrão de TV
Nos últimos anos houve uma grande discussão sobre a escolha do padrão de
TV Digital que seria adotado no Brasil. Três padrões foram analisados: o padrão ATSC,
o padrão DVB e o padrão ISDB. Face à revolução dos serviços multimídia propiciados
pela Internet, houve uma grande discussão em torno da tecnologia e serviços interativos
que poderiam ser oferecidos pelas redes de serviços digitais, que incluem, além do
entretenimento, o comércio eletrônico, Internet em geral, a tele-educação e a
telemedicina (SCHAFER, 1995 apud ZUFFO, 2001).
Se consideradas as informações apresentadas pelo autor, somente depois de
definir o Modelo de TV digital seria possível estabelecer o sistema de TV digital para, a
partir deste ponto, definir o melhor padrão para as necessidades brasileiras. Ou seja, as
discussões sobre a digitalização da TV no Brasil nasceram equivocadas e em sentido
oposto à diferenciação apresentada, pois não é viável discutir padrão tecnológico se ainda
não foi discutido todo o escopo da legislação que envolve o tema; e definir-se quais tipos
de negócios serão realizados com este novo meio convergente.
É possível que este início mal definido seja resultado da utilização popular do
termo “televisão digital”, que recebe quatro significados distintos: 1) plataforma
tecnológica de radiodifusão, que engloba todos os processos envolvidos na digitalização;
2) serviço de televisão que utiliza a tecnologia digital; 3) sistema que engloba a
100
plataforma de serviço e 4) o receptor doméstico de sinais de televisão, também conhecido
como televisor.
O serviço de televisão é caracterizado por suas funcionalidades e atributos.
Se aplicado o modelo de camadas, é possível visualizar as diferentes funcionalidades
além de permitir identificar necessidades demandadas pelas camadas (ver Quadro 7).
Exemplos de aplicação:
Comércio eletrônico, notícias
Aplicação
Serviço de
telecomunicações
Ex. de serviço de telecomunicações: televisão,
comunicação multimídia
Exemplos de plataforma:
ATSC, DVB, ISDB
Plataforma
Fonte: CPqD. Relatório Integrador, 2001, p. 16
Quadro 7 - Funcionalidades e atributos do serviço de televisão
Tendo como ponto de partida a distinção entre o serviço de televisão e a
plataforma de telecomunicações, as plataformas possíveis para a transmissão terrestre de
radiodifusão são o ATSC, o DVB-T e o ISDB-T. Na camada de serviços, designada na
figura por aplicação, a televisão ao utilizar a tecnologia digital pode ser estruturada em
diferentes modelos de negócios e suportando diferentes softwares.
A melhor maneira de lidar com um sistema de TV digital interativa é utilizar
a representação de sua arquitetura, que mostra os principais elementos do sistema, inclui
suas interações e esconde os detalhes com menor importância. A idéia central é a de que
cada camada utiliza os serviços da camada inferior e oferece serviços à camada superior.
A camada que intermedia toda a comunicação entre a aplicação e os demais serviços
recebe o nome de middleware (BECKER; MONTEZ, 2004, p 127-128).
A finalidade da camada de middleware -ou camada do meio – é
oferecer um serviço padronizado para as aplicações (camada de cima),
101
escondendo as peculiaridades e heterogeneidades das camadas
inferiores (tecnologias de compressão, de transporte e de modulação).
O uso do middleware facilita a portabilidade das aplicações, permitindo
que sejam transportadas para qualquer receptor digital (ou set top box)
que suporte o middleware adotado.
Conforme definido anteriormente, no item 2.3, é o middleware o responsável
pela intermediação entre a transmissão e a recepção na televisão digital, pois é através
deste software que são viabilizadas as propostas interativas em TVD.
Na figura a seguir, que representa a arquitetura de TV digital, encontram-se
igualmente outros termos que já receberam conceituação do decorrer do capítulo, assim
como também já foi conceituado padrão de compressão, transporte e modulação (ver
Figura 7).
Fonte: Brasil. Ministério das Comunicações. Projeto de implantação da TV digital terrestre no Brasil, 2005b.
Figura 7 - Arquitetura de TV Digital
Contudo, interessa para a presente discussão desenvolver mais o conceito de
middleware. Deste modo, os padrões em discussão na digitalização da televisão brasileira
referem-se às plataformas, ou padrões de middleware usados em TV digital. Os
102
principais sistemas existentes de TV digital (norte americano, europeu e japonês) adotam
diferentes padrões de middleware em seus receptores digitais.
A plataforma, ou padrão ATSC, foi desenvolvida pelos Estados Unidos em
1998 e utiliza a técnica de modulação Vestigial Side Band (8VSB), concebido para
funcionar na faixa de 6 MHz e utilizar o sistema de áudio proprietário Dolby/AC-3,
conforme pode ser observado na Figura 8. Esse padrão buscava, desde o início, a HDTV
com definição de 1250 linhas horizontais (MELLO; RIOS; GUTIERREZ, 2000).
Neste padrão, a multiplexação e a codificação de vídeo são feitas sobre o
padrão MPEG-2 e o middleware utilizado é o DTV Application Software Enviroment
(DASE) que adota uma máquina virtual Java que facilita a execução de aplicações
interativas e permite o uso de linguagens usadas na web como HTML e JavaScript.
DASE
MHP
ARIB
Fonte: Brasil Ministério das Comunicações. Projeto de implantação da TVD terrestre no Brasil, 2005b.
Figura 8 - Camadas de Tecnologia do padrão ATSC
De acordo com Zuffo M. (2003), este padrão apresenta problemas porque
adotou um sistema de modulação que é uma evolução da modulação analógica, possui
103
baixa penetração no mercado americano e não contempla recursos como a mobilidade e
portabilidade, pois o 8VSB não permite recepção através de aparelhos móveis.
O padrão ATSC prevê uma melhor interoperabilidade entre os atuais sistemas
analógicos (seja PAL-M ou NTSC) e a transmissão digital, podendo utilizar receptores
no formato tradicional 4:3 ou no formato de tela para HDTV (16:9).
O sistema norte-americano vem sendo aperfeiçoado e, de acordo com Bolaño
e Vieira (2004), foi adotado pelos Estados Unidos, Canadá, Coréia do Sul e Taiwan.
Dentre as inovações, destaca-se um dispositivo que permite a transmissão de programas
pay per view, e um protocolo bidirecional que permite disponibilizar serviços interativos.
Permanece, no entanto, sua deficiência acerca da não recepção de sinais em
equipamentos móveis.
O sistema DVB foi criado em 1983 por um consórcio de países europeus em
busca, principalmente, da multiplicação de canais, já que a televisão digital permite que a
banda que comporta um canal analógico transporte até quatro canais digitais de mesmo
formato (SDTV). Atualmente, o consórcio é composto por mais de 300 membros de 35
países (BECKER; MONTEZ, 2004).
Esse padrão é formado por um conjunto de documentos que definem os
padrões de transmissão. Os mais conhecidos são DVB-T (radiodifusão), DVB-C (difusão
por cabo), DVB-S (difusão por satélite) e Multimedia Home Plataform DVB – MHP
(padrão de middleware).
O sistema apresenta flexibilidade em sua definição, uma vez que, através de
alguns canais simultâneos, pode ser transportados também dados, o que permite
aplicações interativas horizontais (MELLO; RIOS; GUTIERREZ, 2000).
104
O DVB-T utiliza a modulação COFDM e pode operar em canais de TV de 6,
7 ou 8 MHz. Multiplexação e codificação de áudio e vídeo são feitas sobre o padrão
MPEG-2, e o middleware é o MHP, que busca oferecer um ambiente de TV Interativa,
independentemente de hardware e software específicos. Seu ambiente de execução é
baseado no uso de máquina virtual Java e um conjunto de interfaces de programação de
aplicações (APIs) que possibilitam o acesso a recursos do receptor digital de forma
padronizada (BECKER; MONTEZ, 2004).
O DVB, além do API Java, utiliza uma linguagem de programação
semelhante ao HTML, denominada DVB-HTML, que possui a capacidade de carregar
(download) aplicações interativas, armazenar aplicações em disco rígido, acessar leitores
de smart cards e controlar aplicações de internet como navegação e leitura de e-mail.
Além do MHP (ver Figura 9), é adotado na camada do middleware o MHEG5, um padrão usado para representar apresentações multimídia, que permite
interatividade do usuário com o conteúdo, como por exemplo, um guia de programação
eletrônico (EPG).
DASE
MHP
ARIB
105
Fonte: Brasil Ministério das Comunicações. Projeto de implantação da TVD terrestre no Brasil, 2005b.
Figura 9 - Camadas de Tecnologias do padrão DVB
O DVB-T é adotado em todos os países da UE, como Reino Unido (1998),
Espanha e Suécia (1999), Finlândia e Alemanha (2002), Países Baixos (2003), França,
Itália e Portugal (2004), além da Suíça, Noruega, Austrália, Nova Zelândia, Malásia,
Hong Kong, Índia, África do Sul, Turquia, Cingapura e Israel, dentre outros (BOLAÑO;
VIEIRA, 2004; BECKER; MONTEZ, 2004).
O país mais avançado na consolidação do uso do DVB é a Inglaterra, que
possui cerca de um milhão de usuários. O padrão DVB é voltado para uma utilização
mais eficiente do espectro, através de técnicas modernas de modulação e transmissão dos
sinais, mas com ênfase na utilização de aparelhos receptores com o formato tradicional
4:3 e disponibiliza, desde o início, imagens e sons de melhor qualidade que os
analógicos, além de interatividade com o telespectador.
O ISDB foi criado no Japão em 1999, pelo consórcio Digital Broadcasting
Expert Group (DiBEG). Foi desenvolvido como uma plataforma tecnológica, com
múltiplos serviços, semelhante ao conceito de Integred Services Digital Network (ISDN).
Embora testado em Cingapura e Hong Kong, o padrão foi adotado somente no Japão,
sendo que duas empresas japonesas detêm a patente, a NHK e a Matsuhita Eletrics
Industrial (BOLAÑO; VIEIRA, 2004).
Com estrutura de funcionamento próximo ao sistema europeu, o ISDB
permite transmissão hierárquica com imunidade à interferência superior ao DVB;
recepção móvel de HDTV; e segmentação de banda, que proporciona a subdivisão de um
único canal em até 13 segmentos diferentes.
106
O ISDB utiliza a modulação COFDM (ver Figura 10) e largura de banda de
6, 7 ou 8 MHz. A multiplexação e a codificação de vídeo são realizadas em MPEG-2.
Este utiliza a linguagem denominada Broadcast Markup Language (BML) que, baseada
no padrão de serviços web Extensible Markup Language (XML), é usada para
especificação de serviços multimídia para TV digital (BECKER; MONTEZ, 2004).
O ISDB utiliza o padrão Application Execution Engine Platform for Digital
Broadcasting (ARIB – STD B23), baseado na especificação DVB-MHP, o que traduz
uma tentativa de estabelecer um núcleo comum entre seu padrão de middleware, o MHP
e o DASE (BECKER; MONTEZ, 2004).
DASE
MHP
ARIB
Fonte: Brasil Ministério das Comunicações. Projeto de implantação da TVD terrestre no Brasil, 2005b.
Figura 10 - Camadas de Tecnologias do padrão ISDB
O sistema ISDB permite a utilização da TV não apenas como um meio de
recepção de imagens em tempo real, mas como um verdadeiro sistema multimídia
bidirecional, provendo recursos para o usuário escolher uma dentre várias fontes de
107
imagem (múltiplas câmeras), também utilizando as mesmas técnicas de modulação do
padrão DVB.
Dentre suas possibilidades tecnológicas, duas valem a pena citar: recepção,
em veículos em movimento, de sinais digitais transmitidos via terrestre com imagens em
HDTV; e oferecer, em um único suporte tecnológico, diversos serviços de comunicação,
que permite a convergência total das transmissões televisivas com a internet, telefones
celulares 3ª geração (3GL), etc.
Apesar de as discussões sobre TV Digital no Brasil terem se iniciado há mais
de dez anos, sempre estiveram relacionadas com os padrões internacionais e abordavam
aspectos tecnológicos. Não se aprofundaram, no entanto, sobre as finalidades da
tecnologia ou o conteúdo para a mesma. Neste contexto, as discussões nunca
contemplaram as possibilidades e os efeitos dos avanços tecnológicos na radiodifusão ou
telecomunicações, associados à produção de conteúdo, que considerasse qualidade
televisiva à sociedade.
Os três sistemas foram sendo testados e avaliados por especialistas brasileiros
(conforme Quadro 8).
108
Características /
Sistemas
DVB-T
(Digital Video
Broadcasting-Terrestrial)
Modulação
ATSC
(Advanced
Television Systems
C
itt )
8-VSB
Multiplexação
MPEG-2
MPEG-2
MPEG-2
Codificação de
Vídeo
MPEG-2
MPEG-2
MPEG-2
Codificação de
Áudio
Dolby AC-3
MPEG-2 Layer II audio
ou Dolby AC-3
MEPG-2 AAC audio
Middleware (API)
DASE
MHP
ARIB-Std-B24
Canalização
ISDB-T
(Integrated Services
Digital BroadcastingT
t i l)
COFDM (QPSK, 16QAM COFDM (DQPSK, QPSK,
e 64QAM)
16QAM e 64QAM)
6 MHz
7 ou 8 MHz
6 MHz
(pode ser escalonado (pode ser escalonado para (pode ser escalonado para
para 7 ou 8 MHz)
6 MHz)
7 ou 8 MHz)
Taxa de
Transmissão
19,4 Mbit/s
De 4,98 à 31,67 Mbit/s
De 3,65 à 23,23 Mbit/s
Países que
adotaram
EUA, Canadá,
Coréia do Sul e
Taiwan
Europa, Índia, Austrália,
Nova Zelândia e
Singapura
Japão (ainda não está em
operação)
Fonte: Clivati (2003)
Quadro 8 - Informações comparativas dos padrões
Em resumo, o sistema americano (ATSC) tem como vantagem oferecer
televisão com alta definição de som e imagem. O sistema japonês (ISDB), além da alta
definição, oferece também interatividade e maior robustez, ou seja, preocupa-se com a
transmissão em movimento. E por último, o sistema europeu favorece a multiplicidade de
canais, a interatividade e flexibilidade no modelo de negócios.
De acordo com Becker e Montez (2004, p. 136), embora a Anatel, em 2001,
tenha sugerido o padrão Japonês como o mais indicado, os resultados não foram
concretos, pois ainda não são muitos os dados empíricos disponíveis para subsidiar a
argumentação sobre o assunto. Muitas das informações a respeito das possibilidades que
os padrões oferecem são especulativas ou propositadamente nebulosas. Um exemplo são
109
as considerações a respeito das limitações do sistema Europeu, apresentadas pela
imprensa no ano de 2006 e, que foram sistematicamente desmentidas pela Coalização
Pró – DVB, ou o silêncio que envolve o padrão chinês de TV digital.
A China iniciou estudos para implantação da TV Digital em 1996, assim
como no Brasil, através de testes dos três sistemas existentes. Após os testes, os chineses
decidiram desenvolver um sistema próprio, melhor do que os outros e que, com domínio
da tecnologia, contemplasse: transmissão multimídia, HDTV, SDTV, Internet, Datacast,
etc, para recepções fixas, móveis e portáteis; integração com celulares de última geração;
e ainda que pudesse oferecer canal de retorno que atendesse ao tamanho do mercado
(BOLAÑO; VIEIRA, 2004).
Neste contexto, a China desenvolve o padrão Digital Multimedia Broadcast
(DMB). Além dos três padrões existentes já testados, atualmente estão em teste cinco
padrões de transmissão digital terrestre, desenvolvidos pelos grupos Tsinghua UniversityHDTV Technical Expert Executive Group (TEEG), Academy of Broadcasting Science
(ABS) e a Chengdu Electronic Technology University, a saber:
O TEEG apresentou dois projetos, o Advanced Digital Television BroadcastTerrestrial (ADTB-T), que utiliza uma variação da modulação Vestigial Side
Band (VSB) e o BDB-T/OFDM, utilizando uma variação do OFDM.
Tsinghua University criou o Digital Multimedia Television BroadcastingTerrestrial (DMB-T), que utiliza a modulação Time Domain SynchronousOrthogonal Frequency Division Multiplex (TDS-OFDM).
A ABS propôs a Chinese Digital Television Broadcasting–Terrestrial (CDTBT), com modulação 64QAM.
A Chengdu Electronic Technology University, desenvolve o Synchronized
Multi-Carrier CDMA (SMCC), que também utiliza uma variação da modulação
COFDM.
110
Existem dois órgãos governamentais que disputam as questões ligadas ao
veículo televisão digital no país: O The State Administration of Radio, Film and
Television (SARFT)20 e o Ministry of Information Industry (MII). A disputa entre esses
dois órgãos sobre quem irá determinar a política de televisão digital na China poderá
causar atrasos significativos à digitalização. (LAU E FENG, 2004 apud PELLINI, 2006).
De acordo com o autor, apesar dessas indefinições, as previsões indicavam
que, entre o final de final de 2005 e início de 2006, existiriam 150 milhões de assinantes
de TV a cabo e 30 milhões de cabo digital na China. Previa-se, ainda, o fim da TV a cabo
analógica para 2010 e o fim das transmissões de TV terrestre analógica para 2015. Todos
os padrões em desenvolvimento foram apresentados ao State Administration of Radio,
Film and Television (SARFT), órgão ligado diretamente ao governo chinês, que pode ser
comparado à Anatel, aqui no Brasil (CLIVATI, 2003).
Tendo como pressuposto que as diferenças tecnológicas entre os três padrões
não são muitas, o padrão chinês utiliza muitos dos conceitos incorporados nos três e o
modelo de negócio pretendido visa oferecer televisão, telefone e internet na mesma
plataforma, através de transmissões em HDTV e SDTV.
De posse desse resgate conceitual a respeito dos quatro padrões de TV
Digital no mercado, chega-se ao foco do trabalho que foi acompanhar as discussões sobre
a implantação da TV Digital no Brasil, em particular o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de TV Digital o SBTVD. A proposta foi acompanhar as discussões do governo
brasileiro sobre os padrões existentes, observando a participação da sociedade nessas
discussões através de seus representantes na Sociedade Civil organizada.
20
O SARFT gerencia nacionalmente as emissoras de rádio e TV, é o órgão regulador do país. O MII, fundado em
1998, tem a função de fiscalizar toda a infra-estrutura chinesa no que se refere a hardware, standards, os quais incluem
telefonia, internet e transmissão de rádio e TV.
111
As preocupações apresentadas são resultados da inserção brasileira na
sociedade informacional, que tem como principal característica a convergência
tecnológica que, em breve, não nos permitirá dizer se uma televisão é uma televisão, um
computador ou se o sistema telefônico existe somente para transportar o som através do
espaço, interconectando à distância, duas pessoas que não se vêem.
Tais mudanças passam pelas grandes empresas de telecomunicações e
comunicações. Trarão consigo impactos político-regulatórios, que exigirão adequação de
leis e regulamentação, além de alternativas para lidar com suas conseqüências políticas e
culturais. Essas mudanças levarão, dentre inúmeras possibilidades, a uma reestruturação
nos serviços de radiodifusão e telecomunicações, podendo, inclusive, viabilizar a
democratização da comunicação e a inclusão digital da sociedade brasileira.
Um ponto que merece atenção diz respeito às possibilidades relativas à
inclusão digital, vista demagogicamente por muitos como a salvação para a exclusão no
país. É necessário enfatizar duas coisas, em primeiro lugar não é o acesso à tecnologia
que garante a inclusão digital, pois o acesso e domínio tecnológico são relativamente
fáceis, a dificuldade está em utilizar isso em benefício do indivíduo e da cidadania. Em
segundo lugar, ainda que ocorra a inclusão digital a mesma não leva, necessariamente, a
uma diminuição da exclusão social, dada às complexidades que envolvem a mesma.
Na verdade é possível também existir conseqüências, por exemplo, de
enraizamento nos serviços tal como são difundidos hoje, o que pode, ao final, aumentar
ou escalonar a exclusão digital. Deste modo, devem também estar na agenda de pontos a
serem considerados as ações político-regulatórias e industrial-tecnológicas relacionadas
com este novo meio convergente, a TV Digital.
Outra necessidade que deve surgir é a adequação da produção
comunicacional, uma vez que a TV Digital encontra-se no patamar de uma nova
112
plataforma de comunicação audiovisual. Neste sentido são pertinentes as considerações
de Castells (1999) acerca da sociedade aprofundada na interatividade proporcionada pela
internet, ambiente comunicacional diferente das demais mídias.
Dado o exposto, a presente tese consiste em uma pesquisa exploratória que
busca refletir, a princípio, a respeito da fusão das mídias com o ambiente simbólico, que
resulta em aparelhos multimídia convergentes, muitos ainda em implantação. Neste
sentido reside a originalidade do objeto do trabalho - a TV Digital Interativa - pois
mesmo nos países em que houve adequação regulatória e a implantação já está avançada,
não se encontram muitos estudos sobre os efeitos das discussões na Sociedade Civil
organizada, acerca desta fusão imediata do simbólico com o interativo.
Faz-se necessário observar, no entanto, se as informações oferecidas à
sociedade, no que diz respeito à implantação da TV Digital no Brasil, traziam em seu
escopo todas as implicações envolvidas, e não somente as vantagens amplamente
difundidas por visões atreladas ao determinismo tecnológico. Foi preciso observar se
foram também oferecidas informações a respeito dos custos da transição do analógico
para o digital, dos possíveis usos educacionais e de inclusão que a TVD pode oferecer,
além do posicionamento daqueles comercialmente envolvidos com o assunto como. Um
exemplo foi observar se a sociedade como um todo teve acesso às posições das empresas
de radiodifusão que defendiam a manutenção do modelo de concessões e uso; e também
dos movimentos sociais que reivindicavam uma redistribuição do acesso à difusão da
comunicação. As considerações acerca das informações obtidas esse respeito são
apresentadas nos capítulos subseqüentes.
113
3
TV DIGITAL INTERATIVA NO BRASIL
O referencial apresentado no capítulo anterior permite iniciar a reflexão
acerca das complexidades e implicações envolvidas nos encaminhamentos e discussões
junto à sociedade sobre a implantação TV Digital Interativa no Brasil. A partir desta
reflexão é que tornou possível oferecer contribuições, principalmente no que se refere à
participação da Sociedade Civil no debate.
Faz-se necessário ressaltar que, neste contexto, muitos materiais encontrados
no assunto, como análises e estudos, eram abordadas de maneira superficial. Mesmo em
documentos oficiais ou de entidades que se propunham a questionar o tecnicismo da
discussão, o assunto era tratado com viés técnico. As informações oficiais sobre os
encaminhamentos da TV Digital foram obtidas, em sua maioria, junto aos órgãos
envolvidos no debate, a saber: MiniCom, Anatel, e a Financiadora de Estudos e Projeto
(FINEP) do Ministério da Ciência e Tecnologia. Algumas informações, em menor
quantidade, foram obtidas junto aos materiais selecionados no clipping utilizado para
análise das publicações a respeito do tema.
O referencial teórico consultado indica que a tentativa de se chegar a uma TV
Digital não é recente. Esta vem sendo estudada desde a década de 70, e nos anos 90
surgiram os três padrões descritos anteriormente. Vale ressaltar, no entanto, que, até o
momento de redação da tese, em meados de 2006, somente o Brasil e a China, que optou
por desenvolver seu próprio padrão, haviam testado os três padrões disponíveis no
mercado.
No intuito de esclarecer a proposta do governo, é interessante recuperar as
considerações a respeito das diferenças entre Modelo (que incorpora as políticas públicas
a longo prazo); Sistema, a infra-estrutura propriamente dita, que envolve conjunto de
114
redes, produtoras, empresas de serviços, Organizações Não Governamentais (ONGs),
indústrias de conteúdo e de eletroeletrônicos; e o Padrão digital, o conjunto de definições
e especificações técnicas necessárias para a correta implementação e implantação do
Sistema a partir do Modelo definido (ZUFFO, M. 2003).
No Brasil, as discussões iniciaram-se em meados da década de 90, e os
encaminhamentos sobre a implantação da TV Digital vêm acontecendo desde 1998,
quando uma comissão formada pela Sociedade de Engenharia de Televisão (SET),
Centro de Desenvolvimento e Pesquisa em Telecomunicações (CPqD), Associação
Brasileira de Emissoras de Rádio e Televisão (ABERT) e Universidade Mackenzie,
realizou testes entre os padrões (Americano ATSC de 1993, o europeu DVB de 1993 e o
Japonês ISDB de 1999).
Para Bolaño e Veira (2004), foi no ano de 1991, por meio do Ministério de
Estado das Comunicações, na Comissão Assessora de Assuntos de Televisão (COM-TV),
que ocorreu a primeira iniciativa governamental de proposição de políticas públicas para
a implantação da TV Digital no Brasil. O objetivo da Comissão era propor políticas para
a Televisão de Alta Definição para, no futuro, implantar a TV Digital no país.
Os autores afirmam que a Sociedade Civil somente se interessou pelo assunto
três anos depois, quando a SET e a ABERT criaram um grupo técnico para estudar a
implantação da tecnologia no país, e preparar as empresas de radiodifusão para lidar com
a tecnologia. A comissão foi extinta em 1998, e suas atribuições, inclusive a condução da
introdução da Transmissão Terrestre Digital de Televisão no Brasil, foram assumidas
pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).
Em julho de 1998 a Anatel, através da publicação de uma proposta com
informações para expedir autorizações para realização de testes, iniciou um processo de
seleção do sistema de TVD no Brasil. A proposta foi aprovada, e empresas
115
credenciaram-se para realizar as experiências com os padrões existentes. O grupo
SET/ABERT, por meio de acordo de cooperação técnica com a Universidade
Presbiteriana Mackenzie, de São Paulo, e convênios com a NEC (Corporation) do Brasil
e incentivos fiscais, montou um laboratório e adquiriu veículo apropriado para os testes
de campo com a tecnologia (BOLAÑO; VIEIRA, 2004). Segundo os autores, os testes
foram realizados em 1999 e estavam previstos para as cidades de São Paulo e Rio de
Janeiro. As localidades foram escolhidas devido a particularidades econômicas
favoráveis para iniciar as transmissões, e por possibilitarem verificar problemas
resultantes do simulcast, a alocação de canais para transmissão concomitante da
programação analógica e digital durante o período de transição. Devido, no entanto, à
viabilidade financeira, os testes foram realizados somente em São Paulo, validados pela
Fundação do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento (CPqD) e demais entidades civis
envolvidas.
Foram testadas as modulações existentes (8VSB e COFDM) e, de acordo
com as conclusões, “a modulação COFDM, além de tecnicamente superior, é mais
adequada às condições brasileiras do que a modulação 8VSB, e, portanto, foi proposto
que a Anatel estabeleça que o sistema de TV Digital a ser selecionado para a adoção no
Brasil deva utilizar a modulação COFDM” (ABERT/SET 2002b apud BOLAÑO e
VIEIRA, 2004).
No ano de 2000 os dados acerca dos testes foram disponibilizados à
sociedade nas Consultas Públicas (CP) nº 216 e nº 229. O grupo SET/ABERT elaborou
relatório com as conclusões que foram encaminhadas à Anatel e disponibilizadas para
considerações por meio da CP nº 237. O fato mais marcante do processo sobre a
discussão do sistema brasileiro de TVD ocorreu em 2001, quando as conclusões dos
estudos encomendados pela Anatel ao CPqD foram reunidas no relatório Integrador dos
116
Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão Digital e disponibilizadas para críticas
e contribuições por meio da CP nº 291.
Os testes foram realizados durante o governo de Fernando Henrique Cardoso,
e o relatório afirmava que os fatores importantes para o contexto brasileiro eram a
contribuição para a superação do problema da exclusão social na sociedade da
informação, a contribuição para a melhoria do nível de emprego no país, os benefícios
para o telespectador, a contribuição para uma transição rápida para ambiente totalmente
digital e a abertura para novas aplicações no futuro (CPQD, 2001).
Dentre as instituições que participaram da CP nº 291 destacam-se
representantes do Ministério das Comunicações e da Câmara dos Deputados, dos
consórcios ou responsáveis pelos padrões DiBEG, ATSC, DVB, Embaixada do Japão,
Comissão Européia, US Departament of Commerce, órgãos de classe e empresas de
radiodifusão como a SET/ABERT, SBT/AVEC TV Bandeirantes, RBS, Rede União de
Rádio e Televisão, UNI-BH/ TV Cultura de Ouro Preto, ABTA e ESPN, SBT – SP, TV
ShopTour – SP, Organizações Globo, RBC Canal 56, empresas CBN.
Estiveram presentes também na CP representantes da indústria como
ELETROS, NEC do Brasil S/A, Motorola, CCE da Amazônia S/A; atores da imprensa ou
empresas de comunicação relacionadas ao tema como Meio e Mensagem – SP, O Globo,
Revista Pay-TV, Folha São Paulo, Gazeta Mercantil, Editora Abril, Sindicato dos
Radialistas, Telecom, Embratel, MP Consulting; responsáveis pelas instituições de
Telecomunicações, órgãos de classe como a Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ)
ou ONGs como o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), Cia.
de Notícias; representantes das instituições de ensino UnB, Instituto de Estudos
Avançados da USP, California States University; além de representantes de países com
interesse na decisão brasileira como Uruguai, Bolívia, Argentina, Paraguai e Chile.
117
Algumas falas na audiência pública abordaram pontos específicos do tema.
No entanto, a maioria das contribuições foi genérica, não oferecendo informações
detalhadas. Tal fato evidenciava a necessidade de aprofundar estudos acerca do assunto,
como, por exemplo, a experiência da implantação da TV Digital Terrestre (TDT) em
outros países, definições sobre transição do sistema analógico para o digital e as
alternativas de contrapartida nas áreas comercial, industrial e tecnológica, junto ao país
detentor do padrão escolhido. Diante desse quadro, a escolha do padrão de TDT que seria
adotado no país, agendada para 2000 e adiada para 2001, foi prorrogada mais uma vez, e
a decisão deixada para o governo advindo das eleições de 2002 (HERNANDEZ;
POSTOLSKI, 2003).
Para Arica (2000) a demora, à época, da escolha do padrão tinha como
motivos a tentativa de os países do Mercosul adotarem o mesmo sistema, somado ao fato
da intenção da Anatel em possuir uma cadeira no comitê do aperfeiçoamento científico.
Existia também a informação de que “no que concerne à implantação da TVD no país, o
objetivo do governo anterior não era a mera aquisição de tecnologia, mas a participação
no aperfeiçoamento do padrão que venha a ser escolhido” (BOLAÑO; VEIRA, 2004,
p.124).
Com a mudança no quadro governamental nas eleições de 2002, a política de
implementação da TV Digital terrestre foi interrompida e ampliada devido a algumas
alterações introduzidas. As etapas de regulamentação saíram do controle da Anatel e
passaram a ser vinculadas ao Ministério das Comunicações, que, em 2003, após consulta
a setores da sociedade, tomou medidas que alteraram totalmente o cenário de
implantação de TVD no Brasil.
O ministro Miro Teixeira, por meio das minutas de decretos colocados em
debates, publicou o Decreto 4901/2003 que “Institui o Sistema Brasileiro de Televisão
118
Digital – SBTVD” (anexo A), o Decreto que “cria o Grupo Executivo do Projeto de TV
Digital – GET”, em resposta à “Exposição de Motivos da Política de TV Digital” e do
“Anexo à Exposição de Motivos” (BRASIL, 2003a , 2003b).
Tal ação culminou com a não adoção de um dos padrões disponíveis no
mercado e publicação das portarias número 735/2003, que designava os membros para o
Comitê de Desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Televisão Digital – SBTVD, e
número 736/2003 para o grupo Gestor do Comitê de Desenvolvimento, ambos previstos
no Decreto 4901/2003, alterado por meio do Decreto número 5102/2004 (BRASIL,
2003c , 2003d, 2004a).
Desde sua publicação, o Decreto 4.901/2003 tem sido alvo de polêmicas,
dadas às características particulares, expostas nos documentos oficiais, principalmente
aquelas indicadas no decreto:
promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por
meio do acesso à tecnologia digital, visando à democratização da informação;
propiciar a criação de rede universal de educação à distância;
estimular a pesquisa e o desenvolvimento e propiciar a expansão de
tecnologias brasileiras e da indústria nacional relacionadas à tecnologia de
informação e comunicação;
planejar o processo de transição da televisão analógica para a digital, de modo
a garantir a gradual adesão de usuários a custos compatíveis com sua renda;
viabilizar a transição do sistema analógico para o digital, possibilitando às
concessionárias do serviço de radiodifusão de sons e imagens, se necessário, o
uso de faixa adicional de radiofreqüência, observada a legislação específica;
estimular a evolução das atuais exploradoras de serviço de televisão analógica,
bem assim o ingresso de novas empresas, propiciando a expansão do setor e
possibilitando o desenvolvimento de inúmeros serviços decorrentes da
tecnologia digital, conforme legislação específica;
119
estabelecer ações e modelos de negócios para a televisão digital adequados à
realidade econômica e empresarial do País;
aperfeiçoar o uso do espectro de radiofreqüências;
contribuir para a convergência tecnológica e empresarial dos serviços de
comunicações;
aprimorar a qualidade de áudio, vídeo e serviços, consideradas as atuais
condições do parque instalado de receptores no Brasil; e
incentivar a indústria regional e local na produção de instrumentos e serviços
digitais.
A proposta do Ministério das Comunicações sobre o desenvolvimento de um
padrão próprio de TV Digital brasileiro, considerada polêmica por alguns setores; ou
ainda o desenvolvimento, pelo Brasil, de um padrão próprio de TV Digital, ou de
parcerias com a China ou a Índia, que também se dedicavam ao desenvolvimento de
padrões próprios, indica parte da linha de raciocínio deste trabalho. Esta diretriz se
justifica pela necessidade de, no período selecionado, acompanhar a implantação da TDT
no Brasil e observar a participação da Sociedade Civil neste processo, além de refletir
sobre os impactos, riscos e oportunidades que podem ser ocasionados durante a escolha
do padrão e implementação do sistema no país.
3.1 Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD)
O Sistema Brasileiro de TV Digital instituído pelo Decreto presidencial, era
composto por um Grupo Gestor, um Comitê de Desenvolvimento e um Comitê
Consultivo (ver Figura 11), grupos intimamente relacionados aos órgãos públicos e
hierarquicamente distribuídos. Os mesmos estavam vinculados à Presidência da
República e eram compostos por representantes da Casa Civil; Secretaria de
Comunicação e Ministérios da Comunicação, Ciência e Tecnologia; Cultura;
120
Desenvolvimento; Indústria e Comércio Exterior; Educação; Fazenda; Planejamento;
Orçamento e Gestão, e Relações Exteriores (BRASIL, 2003c, 2003d, 2004a, 2004b,
2004c).
Entidades de apoio
CPqD e FINEP
Fonte: “TV Digital – O Brasil na revolução do século XXI” AMCHAM (Martins 2004)
Figura 11 - Organização do Sistema Brasileiro de TV Digital
O Grupo, ou Conselho Gestor, era o responsável por executar as ações de
Gestão operacional e administrativa, voltadas para estratégias e diretrizes estabelecidas
pelo Comitê de desenvolvimento. Este, por sua vez, deveria apresentar relatório com
propostas para a definição do modelo de referência do sistema brasileiro de televisão
digital, o padrão a ser adotado pelo país, a forma como a TV seria explorada e o modelo
de transição do sistema analógico para o digital. O Comitê Consultivo era um dos que,
sob a ótica do trabalho, tinha papel relevante no SBTVD, pois era formado por
representantes de entidades que trabalhavam com tecnologia de televisão digital e tinha a
finalidade de discutir e propor diretrizes e ações relativas à TDT no Brasil.
A inovação no objetivo do governo brasileiro estava relacionada ao fato de
pensar a TV Digital dotada de total interatividade como uma ferramenta para combater a
exclusão digital e, conseqüentemente, a desigualdade social. Tal proposta vinha sendo
questionada por alguns pesquisadores. A proposta de uso para inclusão social era,
inclusive apontada como inviável no documento de autoria do Fórum Nacional de
121
Democratização da Comunicação – FNDC (2003, p.30), enviado ao Ministério das
Comunicações por ocasião do debate público sobre as propostas de Política de TV
Digital, uma vez que segundo, o documento,
Parece-nos um contra-senso projetar para a TV Digital um papel
retentor da exclusão digital, sendo este um serviço que até poderá ter
viabilizado uma solução de interatividade social, mas não é
vocacionado tecnicamente para esta função.
O governo anterior também citava, em seus encaminhamentos, a promoção
da inclusão digital como um dos objetivos da digitalização da TV terrestre. No entanto,
de acordo com o documento do FNDC citado, tal objetivo revelava-se mais retórico do
que real, inclusive porque a questão da interatividade é fator importante para a inclusão
digital. Apesar disso, mesmo antes da decisão do governo atual de usar a TV Digital
neste intuito, já existiam vários projetos com propostas de inclusão digital sendo
desenvolvidos, como, por exemplo, os indicados por Silveira (2001), com seus
respectivos responsáveis:
• Informação para todos IPT
-
Sindicato dos Garis
• Projeto Clicar
Estação Ciência /USP
• Sua escola a 2000 por hora
Instituto Ayrton Senna
• Cidade do Conhecimento
USP
• Sampa.org
Inst. Pol. Pub. Florestan Fernandes
• Projeto Aprendiz
Gilberto Dimenstein
Um dos fatores que sustentavam este objetivo do governo sobre inclusão
digital é a qualidade e abrangência da TV aberta no Brasil, uma vez que, segundo dados
do IBGE (2004), cerca de 90% dos domicílios no Brasil têm TV. São aproximadamente
60 milhões de aparelhos, sendo que 79% destes recebem sinal da TV aberta. Tais fatores
indicam a TV aberta como uma importante fonte de entretenimento e informação da
população.
122
Ainda que os dados apresentados vislumbrem a possibilidade de utilização da
TV Digital para viabilizar a inclusão digital, tal retórica merece maior reflexão porque,
na verdade, o que se busca com tais propostas é, em última análise, resolver problemas
mais profundos de desigualdade social. Neste contexto, cabe questionar: como um meio,
uma única tecnologia, conseguiria resolver aproximadamente 500 anos de exclusão
social? Como garantir que somente a acessibilidade traria o conhecimento e que este
diminuiria o abismo social e digital entre os indivíduos?
Estas são duvidas para as quais os encaminhamentos do governo, até a
assinatura do decreto de transição para a TV digital, ainda não apresentaram
considerações sólidas que atendam aos tópicos indicados. O questionamento da proposta
de utilização da TV Digital Interativa para viabilizar a inclusão digital é corroborado por
Caparelli (2003), para quem a proposta do governo era demasiado otimista e até
desnecessária, haja vista que os telecentros parecem ser tão ou mais viáveis, se
observados os critérios de auxílio, de alfabetização digital e não só de acesso à
tecnologia. Este posicionamento é compartilhado por outros pesquisadores e movimentos
envolvidos com a comunicação, como explicitado anteriormente nas considerações do
FNDC (2003).
Outro ponto de divergência entre o governo e alguns setores da sociedade,
em particular os empresários, referia-se à preocupação de que a não adoção de um dos
três sistemas disponíveis no mercado e o desenvolvimento de um sistema nacional de TV
Digital deixasse o país isolado do ponto de vista tecnológico. Os empresários temiam que
a justificativa de não pagar royalties acabasse por colocar o país em uma espécie de
isolamento tecnológico ou obsolescência, algo parecido com o que ocorreu por ocasião
da adoção do padrão de difusão de TV em cores, quando foi desenvolvido e adotado no
123
Brasil o padrão Pal-M, uma variação do padrão Pal desenvolvido na Alemanha e adotado
em inúmeros países europeus.
Outro exemplo, oferecido por aqueles que se colocavam contrários ao
desenvolvimento do sistema brasileiro, foi o caso da opção, no Brasil, pela tecnologia
TDMA na telefonia celular devido ao baixo custo dos aparelhos, o que viabilizaria amplo
acesso. Entretanto, essa decisão mostrou-se equivocada devido ao crescimento da
tecnologia GSM, aparentemente mais eficiente para as necessidades atuais da sociedade
(FRANCO, 2004; CAPELLÃO, 2004).
Um segmento que tinha se mostrado bastante reticente quanto à proposta do
governo foram as televisões abertas, em particular a Rede Globo de Televisão, que
defendia abertamente a adoção de um sistema que privilegiasse a alta definição na
transmissão. Como explanado no capítulo anterior, um sistema de TV Digital é composto
por muitas varáveis, como modulação, transporte, compressão, middleware, aplicativos,
decodificação, etc. Tendo em vista estas variáveis, Fernando Bittencourt, responsável
pela área de engenharia da TV Globo, em painel no evento Rio Seminars, em 2004,
afirmou que a única parte que poderia ser desenvolvida no Brasil é o middleware, a
tecnologia intermediária entre o software e o hardware. Na mesma ocasião afirmou
também que os outros três padrões disponíveis no mercado vinham trabalhando para que
seus middlewares fossem compatíveis entre si. Assim, caso o Brasil desenvolvesse uma
combinação diferente dos outros padrões, tornaria os receptores mais caros e a produção
com qualidade inferior à de seus concorrentes 21.
Posicionamentos contrários à proposta governamental são aceitáveis e
naturais, uma vez que o advento da convergência tecnológica e a implantação da TV
21
As considerações além de disponibilizadas no site do evento, foram divulgadas em newsletters como o Tela Viva
News em setembro de 2004.
124
Digital
colocariam
certamente
novas
questões,
que
demandaria
também
o
aperfeiçoamento das matrizes teóricas vigentes. Até o momento de assinatura do decreto
a respeito do padrão de TV digital no país, aconteceram inúmeras reuniões e eventos
entre os atores do SBTVD para discutir o tema e apresentar resultados parciais dos
estudos em desenvolvimento. Apesar dos posicionamentos contrários, e da aparente
burocracia envolvendo o processo, de 2003 a 2005 as conduções indicavam sinais de
evolução e continuidade.
Surgiram nas discussões um outro questionamento, sobre como seria o
comportamento das pessoas frente à televisão interativa, pois eram habituadas à
passividade ou pseudo-interação da televisão atual. Salienta-se que esta preocupação
deve fazer parte da agenda dos atores envolvidos, ou seja, como despertar o interesse do
telespectador pelas possibilidades oferecidas pela TVD.
Acerca da expectativa e interesse dos telespectadores nesta nova mídia, cabe
resgatar informações do Relatório Integrador, publicado em 2001, que obteve, através de
pesquisas quantitativas, a importância dos atributos da TV Digital. As expectativas
indicadas pelos entrevistados que obtiveram os melhores resultados foram: imagem em
Alta Definição (9,26%), múltiplos programas (7,53%), gravação de programas (7,47%),
interatividade (6,21%), seguida de ajuda para deficientes físicos (6,17). Os atributos
áudio, vídeo e legenda adicionais, áudio digital e informativos apresentaram valores
próximos que variam entre 5% e 6% (CPQD, 2001, p.26).
Antes mesmo da publicação do Relatório Integrador, os autores Melo, Rios e
Gutierrez (2000) já afirmavam que os telespectadores imaginavam a TV do futuro com
transmissão em alta definição, serviços interativos e escolha junto à multiprogramação.
Segundo os autores, os fabricantes de televisores brasileiros acreditam que os principais
atrativos da TV Digital para o consumidor são a HDTV e os serviços interativos.
125
A Revista Tela Viva nº 151 apresentou resultados similares, no que se refere
ao interesse pela interatividade. Na pesquisa, realizada pela Lyra Research, os
entrevistados indicavam, dentre as várias inovações, a preferência por possibilidades
interativas como participar em games ou das histórias (3,3%) e mandar/receber e-mail,
seguido por 3,0% dos entrevistados que indicavam como vantagem poder assistir a
programação em multicanais (GROTICELLI, 2005).
Outra vertente que precisou ser observada ao estudar o tema diz respeito aos
questionamentos acerca do debate essencialmente técnico sobre sistema e padrão
adotados, desconsiderando importantes passos na digitalização no país como, por
exemplo, o marco regulatório, modelo de negócios e a produção de conteúdo, pois a
produção audiovisual nacional de cunho independente não é, atualmente, absorvida pelo
mercado do audiovisual. O debate técnico desconsiderou demandas como esta.
Este problema estava relacionado com a visão determinista tecnológica sobre
o tema, em detrimento de discussões acerca de conteúdo, conforme já foi referenciado no
decorrer deste trabalho. Essa discussão fez parte da preocupação de alguns
pesquisadores, tendo sido abordado pela professora Drª. Dora Mourão, da ECA/USP, no
Seminário Internacional Saber Global, que aconteceu em Brasília em novembro de 2004.
A pesquisadora enfatizou a necessidade de reflexões que não se limitem à tecnologia,
sistemas adotados e modelo de negócios, uma vez que as tecnologias da informação e
comunicação, dentre elas a TV Digital, trabalham com uma vertente audiovisual, ou seja,
imagem e som sobre uma base de operação.
A professora Mourão ressaltou a importância do assunto, relegado a algo com
menor importância, reside no fato de que é o conteúdo, a interface entre o receptor
(futuro usuário) e o aparelho que tornará exeqüível a interatividade, que estreitará esta
relação a ponto de viabilizar o uso da TV Digital como instrumento de educação e
126
inclusão digital. Até o momento, a maior parte dos cursos que formam os profissionais
que lidam com imagem não aparenta ter entre suas prioridades a formação desse
profissional híbrido. Tal profissional deve compreender a função comunicacional, além
de estar atento ao fato de que os novos conteúdos específicos para meios interativos
certamente vão depender da engenharia do conhecimento e dos sistemas interativos.
Não há dúvidas de que realmente o conteúdo é fundamental para o sucesso da
Televisão. Diversos autores defendem esse posicionamento, como pode ser observado
nas afirmações apresentadas por Hoineff apud Becker e Montez (2004) que defende a
construção do conteúdo específico para o meio com uma infinidade de fontes, como
acontece na Internet, uma vez que se vive hoje no limiar de uma mídia completamente
nova. O autor defende a necessidade de uma migração do debate concentrado em
tecnologias e função social da televisão para a necessidade da construção de conteúdos
específicos para este novo meio. Neste contexto, mostra-se pertinente o estudo sobre os
conteúdos, haja vista que a televisão digital demanda um tipo específico de conteúdo
para esse meio convergente.
Deste modo, aumenta cada dia mais a necessidade de pesquisa sobre interface
e usabilidade22 da televisão digital interativa, ou seja, a relação do telespectador com a
televisão; além das produções comunicacionais para os meios digitais, bem como quais
os reflexos mercadológicos, políticos, econômicos, educacionais e culturais destes na
sociedade. Estas questões fazem parte dos principais questionamentos que orientaram o
presente trabalho.
3.2 O envolvimento da academia no SBTVD
22
A usabilidade é uma característica daquilo que é utilizável, funcional. Especificamente no caso da interface (o que
se vê) entre o usuário e a máquina, a usabilidade tem a função de tornar óbvio o óbvio, tendo em conta as
necessidades do utilizador e o contexto em que este está inserido. Enquanto ferramenta, a usabilidade serve para:
simplificar, rentabilizar, optimizar, facilitar, melhorar, e acelerar o acesso e a interação entre usuário e máquina.
127
Alguns autores preocupam-se com o fato de que o foco da discussão sobre a
TV Digital no Brasil tenha se limitado aos modelos de implantação e seus
desdobramentos
tecnológicos,
ligados
aos
engenheiros
de
telecomunicações,
relativizando a discussão sobre a produção de conteúdo e seu impacto na sociedade. Na
verdade, não foram sendo abordadas, até o momento, as políticas de comunicação, as
implicações econômicas, sociais, educacionais e culturais, a necessidade de adequação de
conteúdo e programação à digitalização da TV, nem dos riscos e oportunidades que a
transição da TV analógica para a TV Digital acarretará à sociedade como um todo
(ALMAS, 2003; GINDRE, 2003).
Dessas preocupações, surgiram os questionamentos sobre como tinha sido o
acompanhamento e a participação da Sociedade Civil organizada nas discussões, tendo
em vista este caráter tecnológico adotado no debate, em detrimento das inúmeras
possibilidades que a convergência tecnológica e a digitalização do rádio e da televisão
permitem, como por exemplo, a democratização nos meios de comunicação no Brasil.
Há que ressaltar, neste contexto, que o processo de desenvolvimento e
implantação da TV Digital no Brasil estava previsto para acontecer em fases (ver Figura
12).
A primeira fase, prevista para ser concluída no primeiro semestre de 2005, foi
definida pelo Decreto 4.901/2003 e tinha como objetivos: definir o modelo de referência
do sistema brasileiro de TV Digital – SBTVD; propor o modelo de televisão digital que
seria adotado no país; propor o modelo de negócios, ou seja, modelo de exploração do
serviço de televisão digital; e, por último, propor o período e o modelo de transição do
sistema analógico para o digital.
A segunda fase devia prosseguir com o desenvolvimento de tecnologias e
serviços considerados relevantes. Estava diretamente relacionada com a definição de
128
padrão e modelo de negócios selecionados na primeira fase. Logo após, iniciava-se a
terceira fase que se referia à implantação propriamente dita das tecnologias e serviços
desenvolvidos.
Fonte: CPqD; Genius (2003)
Figura 12 - Fases de desenvolvimento do Sistema de TV Digital Brasileiro
Das fases citadas, tanto a primeira como a segunda encontravam-se ainda em
andamento. Na segunda etapa, a sociedade acadêmica ocupava papel destacado, uma vez
que a Financiadora de Estudos e Projetos (FINEP), órgão ligado ao Ministério da Ciência
e Tecnologia, elaborou termos de chamada pública que definiam os critérios que
habilitavam as instituições de pesquisa a participarem através do projeto de Requisições
Formais de Propostas (RFPs). Aproximadamente 80 instituições foram selecionadas para
participar do projeto, inclusive com mais de uma proposta, conforme indicado no
mapeamento das competências (ver quadro 9).
129
e
ed
e R re
d
r
wa
da
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ma idlle
ta l
a
o
C
T
M
Universidade
Centro Federal de Educação Tecnológica de Pelotas
Fundac-BH – UNI-BH
INATEL
Instituto Militar de Engenharia
Instituto Tecnológico de Aeronáutica - ITA
1
1
5
1
1
1
1
1
1
1
3
6
1
Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro
5
2
1
1
9
Sul
2
1
1
5
9
Universidade Católica de Pelotas
1
1
Universidade de São Paulo
4
4
2
2
7 19
Universidade do Vale do Rio dos Sinos
3
9 12
Universidade Estácio de Sá
1
1
Universidade Estadual de Campinas
3
2
1
1 10 17
Universidade Federal da Bahia
1
1
Universidade Federal da Paraíba
1
2
3
Universidade Federal de Campina Grande
5
2
7
Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG)
2
2
Universidade Federal de Pelotas
2
2
Universidade Federal de Pernambuco
1
1
Universidade Federal de Santa Catarina
1
2
2
5
Universidade Federal do Amazonas
1
1
Universidade Federal do Ceará
1
1
2
Universidade Federal do Espírito Santo
2
1
1
4
Universidade Federal do Mato Grosso
1
1
Universidade Federal do Pará
4
1
1
1
7
Universidade Federal do Paraná
1
1
Universidade Federal do Rio de Janeiro
2
1
3
Universidade Federal do Rio Grande do Norte
2
1
1
4
Universidade Federal do Rio Grande do Sul
4
1
5
Universidade Federal Fluminense
1
1
Universidade Metodista de São Paulo
1
1
Universidade Presbiteriana Mackenzie
3
3
total PTs
38 32
5 11 45 131
total universidades
31
Fonte: FINEP (2004): 79 instituições majoritariamente na área de serviços e conteúdo (SW)
Quadro 9 - Mapeamento das competências consórcios/pesquisas
O desenvolvimento do SBTVD tinha sido burocrático e acarretado lentidão
no processo, fato que, somado às três trocas de ministros desde a publicação do Decreto
4.901/2003 (Miro Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa), trouxeram insatisfação junto
ao Comitê Consultivo. Os encaminhamentos e desencontros sobre o SBTVD tinham
relações com as trocas ministeriais, e tinham sido alvo de algumas esferas da sociedade.
Foi necessário compreender os três discursos que passaram pelo cargo de Ministro das
Comunicações, as diferenças e similaridades que impactaram os encaminhamentos sobre
130
a digitalização no Brasil. Uma alternativa, neste sentido, foi resgatar as principais
diretrizes de cada um dos três ministros.
Miro Teixeira, o primeiro a assumir a pasta, esteve no posto de janeiro de
2003 a 22 de janeiro de 2004 e ao assumir o Ministério, chamou para si a regulação sobre
o setor, que antes ficava a cargo da Anatel. Acenou com promessas de formular políticas
públicas de comunicação voltadas às necessidades da sociedade, que priorizava as rádios
comunitárias, previa incentivo para as TVs comunitárias e propunha uma TV Digital que
permitisse abertura de concessões para novas emissoras e conseqüente democratização
das comunicações.
Cabral (2005) afirma que, sem a devida consistência para o entendimento da
dinâmica e da complexidade dos assuntos, o ministro provocou ao mesmo tempo
expectativas e temor, devido o seu discurso progressista e propostas nunca antes
trabalhadas que se tornaram desafios de difícil implantação. Foi o que ocorreu com o
incentivo das TVs comunitárias e com o incentivo ao papel das TVs convencionais como
instrumento para a inclusão digital no contexto da implementação da TV Digital no país.
Segundo o autor, o que ocorreu foi que o ministro ao assumir a pasta não
tinha um projeto para a área, inclusive porque não estava previsto nada neste sentido no
programa de governo do PT, e várias de suas propostas iam de encontro à Lei Geral de
Telecomunicações e mostravam-se, portanto, inexeqüíveis.
Eunício Oliveira esteve à frente do ministério de 23 de janeiro de 2004 a 07
de julho de 2005, tendo uma atuação mediana, com participação em debates sobre a
concessão de emissoras de rádio e TV pela Comissão de Ciência e Tecnologia,
Comunicação e Informática da Câmara. Foi membro suplente da comissão especial da
Proposta de Emenda Constitucional (PEC) que liberou a entrada de capital estrangeiro
em empresas de mídia.
131
Suas realizações do MiniCom, embora não tenham sido significativas,
abriram possibilidades para o posicionamento da Sociedade Civil nos poucos espaços
que se abriram e renovaram possibilidades colocadas pelo ministro anterior, só que de
maneira mais estruturada. Dentre suas iniciativas, uma das mais relevantes foi
efetivamente viabilizar a instalação do Conselho Consultivo do Sistema Brasileiro de TV
Digital que colocou em contato atores dos diferentes setores e permitiu a afirmação dos
princípios estabelecidos no começo dos debates. Outra ação importante foi a
implementação de uma pesquisa nacional, apoiada pela FINEP e coordenada pelo CPqD,
que possibilitou a formação de grupos articulados nacionalmente, com a participação de
centros de pesquisa das universidades públicas e privadas, focando áreas de difusão e
acesso, serviços, aplicações e conteúdo, codificação de canal e modulação, transporte,
interatividade e middleware, os programas de interface entre o sistema televisivo
(CABRAL, 2005).
A respeito do terceiro ministro, Cabral (2005) afirma que logo após sua posse
em 08 de julho de 2005, Hélio Costa envolveu-se no debate sobre a Lei da Comunicação
Social, reaquecido no âmbito da Casa Civil e com outros órgãos envolvidos.
Especificamente sobre a digitalização no Brasil, colocou em xeque o SBTVD,
questionando a sua necessidade efetiva, diante do que ele entendia serem as prioridades
para o país no setor; questionou a defesa do software livre pelo governo; defendeu o
serviço de banda larga por parte das empresas de telecomunicações e, por fim, ainda
mostrou-se favorável à adoção do sistema japonês para TV digital, o ISDB.
O quadro, por ocasião da finalização da pesquisa, encontrava-se no seguinte
estágio: a FINEP, órgão que conduziu a licitação para a escolha dos consórcios que
utilizaram os recursos públicos da Funttel na pesquisa do SBTVD, recebeu propostas
para as áreas indicadas nos editais. Foram selecionados projetos de pesquisas no âmbito
132
do SBTVD e, conforme informações da FINEP as instituições habilitadas enviaram
propostas em Pesquisa e Desenvolvimento (ver Figura 13).como: Serviços, Aplicações e
conteúdos; Camada de Transporte e Middleware; Transmissão e Recepção, Codificação
de canal e modulação; e Codificação de sinais fonte (FINEP, 2004).
Robustez
Flex ibilidade
e baixo custo
Análise
(P&D)
Áudi
Dado
P&D
Codificação de
sinal-fonte:
vídeo
Multiplexação e
transporte de sinais
Víde
Codificação de
sinal-fonte:
áudio
Inserção e
apresentação de
dados
Análise
(P&D)
Codificação
de canal
e modulação
para
radiodifusão
Canal de
interatividade
P&D
Interatividade
Fonte: Martins (2004). Seminário TV Digital: O Brasil na revolução do século XXI.
Figura 13 - Áreas em que se desenvolvem pesquisas sobre SBTVD.
A quantidade de instituições de ensino superior com propostas apresentadas
referentes ao desenvolvimento do SBTVD deve ser visto como um dos pontos
interessantes do processo, pois representa um indicativo de desimpedimento do governo
em receber contribuições tecnológicas advindas da academia.
A condução da licitação para a escolha dos consórcios que utilizaram os
recursos públicos da Funttel23 na pesquisa do SBTVD foi conduzida pela FINEP24. Até a
assinatura do decreto de escolha da TV digital, foram repassados mais de 50 milhões aos
22 consórcios que contemplam cerca de 80 instituições e 1200 pesquisadores envolvidos
23
24
Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações
Financiadora de Estudos e Projetos.
133
nas etapas um e dois citadas anteriormente. Alguns consórcios apresentaram, em seus
relatórios de atividades, resultados animadores sobre o desenvolvimento do SBTVD,
como o Sistema OFDM com Redução de Complexidade por Equalização Robusta –
SORCER.
No Dossiê Convergência no século da Mobilidade, publicado pela revista
Fonte (PRODEMGE, 2005), o analista de projetos da FINEP, André de Castro Pereira
Nunes, afirmou que as pesquisas sobre o SBTVD estavam trazendo benefícios ao Brasil,
pois tinham permitido ao país negociar melhor o padrão escolhido, de maneira a atender
às necessidades nacionais, com a participação dos pesquisadores envolvidos no projeto.
Cabral (2005) realizou um apanhado sobre os resultados, conforme se segue:
o CPqD, empresa que coordenou os trabalhos das universidades, contabilizou a
possibilidade de registro de mais de 80 patentes relacionadas às pesquisas desenvolvidas
por acadêmicos brasileiros. A limitação de recursos por parte de agências de fomento e
ministérios, e uma defasagem em matéria de tempo, não se traduziu em defasagem
tecnológica em relação a outros países, visto que possibilitou, além do SORCER, o
desenvolvimento de várias tecnologias recentes.
Passo importante para a adoção da tecnologia digital no país aconteceu em
30/06/2005, quando a Anatel publicou o Plano Básico de Distribuição de Canais de
Televisão Digital (PBDTVD), disponibilizado à sociedade em 2003 por meio da CP nº
486. Embora não contemplasse canalização de retorno25, atendia às técnicas de
modulação adotadas pela UIT e assegurava a transmissão simultânea em formatos
analógico e digital com a mesma área de cobertura e faixa de freqüência para cada
emissora do país. O PBTVD compreendia 1.893 canais e 296 localidades, que
25
Canais em VHF baixo – 2 a 6, não são utilizados para TV Digital e podem ser utilizados como canal de retorno.
134
englobavam todas as cidades que possuíam ao menos uma estação geradora de televisão
operando em maio de 2003, quando o plano foi concluído (BRASIL, 2005a).
Ainda que o PBTVD tenha sido desenvolvido antes do SBTVD, o mesmo
reservava espectro radioelétrico para implantação do sistema brasileiro, pois era flexível
e poderia ser ajustado aos parâmetros de transmissão que fossem adotados no SBTVD.
Além disso, considerava a possibilidade do uso de redes de freqüência única e reservava
canais alternativos, dependendo da técnica de modulação de transmissão terrestre a ser
adotada no país. Informações sobre o plano e as contribuições da CP estavam disponíveis
no endereço eletrônico da Anatel.
Os principais resultados práticos do SBTVD, obtidos junto às pesquisas
desenvolvidas pelos consórcios, foram apresentados no Congresso de Tecnologia de
Rádio, Televisão e Telecomunicações Feira de Equipamentos e Serviços – Broadcast &
Cable, promovido pela Sociedade de Engenharia de Televisão e Telecomunicações
(SET) em setembro de 2005, quando se demonstraram resultados de um semestre de
pesquisa. Dentre as apresentações, destacavam-se o sistema de modulação, terminal de
acesso, o middleware, aplicações interativas e o serviço de saúde (ver Quadro 10).
A respeito dos resultados obtidos junto às pesquisas nacionais, todos
inovadores, cabe, além de indicar quem estava realizando, apontar também a significação
dos conceitos de alguns projetos. Tais apontamentos são indicados a seguir, logo após o
quadro com respectivos executores e co-executores das Requisições Formais de
Proposta.
135
RFP
Exec.
Co-Executoras
Modulação
Mackenzie
PUC-RJ, UFPB, USP/LSI, USP/LCS
Codificação Vídeo
Unisinos
UFSC, PUC-RS
Terminal Acesso
USP / LSI
USP/Poli, USP/SC, Mackenzie, PUC-RJ, UFRN, UFPB, UFRGS
Middleware
Unicamp
UFPB
UEL, Fitec
PUC-RJ, UFG, UFPE, UFRN, USP/LARC, USP/LSI
Aplicações Interativas
UFC
BRISA
IA, UNIFOR, CEFET/CE
UNB, PUC-PR, LACTEC
Serviço Saúde
UFSC
UFPB,RNP
Gerência Serviços
Genius
Cesar, Fitec, USP
Cod. Vídeo H.264
PUC-RJ
USP / LSI
UFRN, UFRJ, Cefet/CE, Unicamp, UNB, UFRGS, IME
UFRGS, USP, UFSC, UNISO, PUC/PCaldas
Canal Interatividade
Unicamp
PUC-RJ
UFRJ, Fitec, IECOM
UFRJ/COPPE, Unicamp
Par. Canais RF
PUC-RJ
UFMG
Cod. Áudio AAC
USP / LSI
Unicamp, UFRGS, PUC-MG
Antenas Inteligentes
PUC-RS
FEEVALE
Fonte: Brasil, Ministério das Comunicações. Projeto de implantação da TVD terrestre no Brasil, 2005b.
Quadro 10 - Consórcios e tipos de pesquisa em desenvolvimento
Modulação. Eram três alternativas, todas baseadas na tecnologia COFDM adotado
tanto pelo DVB quanto pelo ISDB, cada uma focando diferentes aspectos de
melhoria: codificação de canal (Univ. Mackenzie), equalizador baseado em
algoritmos de inteligência artificial (PUC/RS) e ganho por diversidade de percurso
(Inatel);
Codificação de Vídeo: Duas alternativas, uma baseada em MPEG-2 High Profile
(Unisinos) e outra em MPEG-4 (PUC/RJ e USP);
Camada de transporte: Inclusão das funcionalidades necessárias para prover
robustez e flexibilidade ao sistema e aspectos de interconexão da plataforma
SBTVD a outras redes de telecomunicações, para possibilitar o acesso à Internet e
outros serviços (Unisinos);
Terminal de Acesso: Arquitetura que possibilitasse o máximo de flexibilidade, de
modo a atender tanto ao necessário baixo custo quanto às aplicações mais
sofisticadas, e atuar como uma plataforma comum para os variados tipos de
receptores que possam vir a existir (terminal fixo, móvel, portátil, de faixa estreita,
etc.) (USP, PUC/RJ).
136
Middleware e arquitetura de aplicações de modo a prover todas as funcionalidades
necessárias para os serviços de cunho social e educacional (UFPB, Unicamp, UFC
e BRISA);
Usabilidade, de modo que o terminal de acesso não fosse um ser estranho para
pessoas idosas, com necessidades físicas especiais ou baixa alfabetização digital
(UFSC);
Sincronismo de mídias - possibilitava a reprodução de programas multimídia
interativos e com roteiro não-linear em um ambiente com gravação (PVR)
(PUC/RJ, UFPB).
Segurança da informação, de modo a propiciar tanto os serviços comerciais (tcommerce) quanto os sociais (envio de extrato de INSS, por exemplo) (Genius,
CESAR).
Novas alternativas para o canal de retorno, explorando principalmente as
tecnologias de RF (PUC/RJ, Unicamp).
Após a entrega das conclusões dos consórcios, prevista inicialmente para o
final de 2004, mediante os Decretos 5393/2005 e 5693/2006 (anexo B) o governo alterou
a primeira data para o final de 2005 e a indicação do padrão para março de 2006, o
governo estabeleceu que a definição do padrão tecnológico de TV Digital, que
viabilizaria o início da segunda etapa - o desenvolvimento e implantação da TV Digital
no país -, deveria seguir os prazos estipulados no Decreto que instituiu o SBTVD
(BRASIL, 2005c, 2006).
De acordo com Cabral (2005), dentre as propostas entregues (ver Quadro 11),
pode-se citar o MI-SBTVD, desenvolvido pelo Inatel – Instituto Nacional de
Telecomunicações, pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), pela
Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pelo CEFET/PR e pela empresa Linear
Equipamentos Eletrônicos. Conforme divulgação no site institucional do Inatel (2006), o
aplicativo, que tratou de especificar um Sistema de TV Digital de 4ª geração, era capaz
137
de incorporar as tecnologias mais recentes que vinham sendo utilizadas nos modernos
sistemas de telecomunicações.
Aplicativos
Middleware
PUC - Rio de Janeiro - Sincronismo de Mídia
UFPB - FlexTV
UNICAMP Recomendação de Middleware
Compressão
Vídeo
Universidade Federal de Campina Grande - Transcodificador de Vídeo
H.264
Consórcio H264Brasil - Codificador e Decodifcador de Vídeo
H.264/AVC
Transporte
Modulação
Canal de Retorno
Terminal de acesso
Instituto Mackenzie - Modulação e Demodulação - Recomendações
Instituto Mackenzie - Modulação e Demodulação - Testes de Integração
PUC - Rio Grande do Sul SORCER
UNICAMP - Canal de Interatividade RF Intrabanda
PUC - Rio Grande do Sul - Sistema de Antena Inteligente
USP - Terminal de Acesso de Referência
Fonte: Brasil. Ministério das Comunicações. SBTVD, 2005d
Quadro 11 – Relatórios entregues pelos consórcios/pesquisadores do SBTVD
De acordo com o relatório do consórcio sobre Modulação, o SORCER–
Sistema OFDM com Redução de Complexidade por Equalização Robusta - atendia aos
requisitos do Decreto 4.901/2003. O mesmo consistia num sistema brasileiro de
transmissão e recepção (modulação) inovador, genuinamente nacional, concebido de
forma a permitir recepção de televisão digital em alta definição fixa e móvel, a mais de
120 Km/h, com subdivisão do espectro de 6MHz em quantos segmentos forem
necessários, sendo imune às reflexões de sinal (fantasmas), além apresentar custo
reduzido no receptor devido ao uso de pequeno número de portadoras.
138
O SORCER, no mesmo nível de qualidade que os demais sistemas no
mercado, possibilitava a maximização da eficiência na utilização do espectro, redução de
custos ao receptor (pela simplificação no transporte das imagens), transmissão móvel e
baseada em alta definição, proteção contra fantasmas e contrastes de relevo (essencial no
caso do território brasileiro) e, finalmente, o desenvolvimento de uma política industrial
capaz de firmar o Brasil como produtor e exportador de tecnologia de ponta. As
características do SORCER ainda não estavam completamente definidas, pois as
aplicações dependiam de indicações governamentais. Os demais componentes utilizados
eram: Modulação COFDM, Multiplexação MPEG2, Compressão MPEG2 e Middleware
MHP MHEG.
EPG
(guia de
progr.)
Aplicações
Middleware
Áudio
Compressão
Vídeo
T-comércio
Internet
DASE
OpenCable
MHP
MHEG
ARIB
MPEG2 BC
MPEG2 AAC
DOLBY AC3
MPEG2 - SDTV
MPEG2 - HDTV
MPEG2
Transporte
Multiplexação
Transmissão
Modulação
Governo
eletrônico
8-VSB
COFDM
Fonte: Ministério das Comunicações. Projeto de implantação da TVD terrestre no Brasil, 2005b.
Figura 14 - Camadas de Tecnologias do padrão SBTVD
Com a terceira mudança no MiniCom e a posse do ministro Hélio Costa em
julho de 2005, os encaminhamentos para o SBTVD sofreram uma reviravolta, tendo em
vista sua afirmação, dias após a posse, de que, apesar dos estudos feitos por diversas
139
universidades, o Brasil deveria escolher um padrão dentro dos existentes e trabalhar com
adaptações para as características e interesses brasileiros. Após tal posicionamento, teve
início um desgaste do MiniCom com a Sociedade Civil, em particular com o Comitê
Consultivo, tendo em vista que, em várias afirmações, o ministro colocou no centro das
decisões as emissoras de TV, inclusive quando autorizou a formação de um grupo de
trabalho ad hoc que reunia apenas alguns dos consórcios de pesquisas do SBTVD e
representantes das emissoras de televisão (INTERVOZES, 2005b).
Embora a digitalização do rádio não estivesse entre as prerrogativas
observadas neste trabalho, serão apresentadas considerações sobre os encaminhamentos
atuais, uma vez que tinham sido liberados testes para as emissoras comerciais sem
qualquer discussão, o que poderia assemelhar-se aos encaminhamentos sobre a
implantação da TV Digital no Brasil.
Os testes para implantação da rádio digital no Brasil iniciaram-se em
26/09/2005, aparentemente sem discussões com vários atores envolvidos no processo,
como, por exemplo, alguns movimentos sociais que receberiam os impactos das decisões
adotadas. A discussão também tinha feito parte da pauta reivindicatória da Sociedade
Civil ao tratar da TV Digital, que buscava ampliar o debate para a digitalização na
radiodifusão.
Aconteciam, naquele momento, em caráter experimental em 13 emissoras do
Sistema Globo, Bandeirantes, Jovem Pan, RBS e Eldorado nas regiões metropolitanas de
Belo Horizonte, São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Porto Alegre e Curitiba, as
transmissões, aprovadas pela Anatel em 12/09/2005, por um período de seis meses, que
utilizava o sistema In Band On Channel (IBOC), que permitia utilizar as mesmas
freqüências usuais e funcionava no modelo analógico ou digital. Se adotado o padrão
140
norte americano (IBOC) este afetaria diretamente a transmissão de sinais das rádios
comunitárias.
De acordo com a Anatel, a decisão de realizar as transmissões experimentais
com o sistema IBOC foi tomada de acordo com as avaliações de mercado. Seriam
avaliados, nesse período, o desempenho do sistema no que se refere à qualidade do
áudio, a área de cobertura e robustez frente a ruídos, a interferência e efeitos dos
múltiplos percursos. Em Audiência Pública no dia 22/04/2006 na Assembléia Legislativa
do Rio de Janeiro (ALERJ) representantes de movimentos sociais afirmaram ter receio de
que os testes, sem nenhuma participação de atores da Sociedade Civil, fizessem parte de
uma estratégia para tornar a implantação, no país, um fato consumado.
Representantes da Sociedade Civil ligados aos movimentos sociais alertavam
para o fato de que o sistema IBOC apresenta vantagens para as grandes redes, empresas
que estavam viabilizando os testes, mas dificultava a independência das emissoras
comunitárias, públicas ou mesmo emissoras comerciais menores, pois implicava no
pagamento de royalties à Ibquity, proprietária da tecnologia. Para estes casos, as
possibilidades seriam utilizar o sistema europeu ou utilizar uma adaptação ao rádio do
sistema desenvolvido pela PUC/RS para o SBTVD.
Além do IBOC existiam outros três sistemas digitais de radiodifusão sonora
terrestre: O Sistema Eureka 147
Digital Áudio Broadcasting (DAB), o Sistema
Integrated Services Digital Broadcasting – Terrestrial Sound Broadcasting (ISDBT-T) e
o Sistema
Digital Radio Mondiale (DRM). Os sistemas DAB e ISDB-T foram
projetados para trabalhar na faixa VHF, em bandas de freqüência não compatíveis com a
faixa e canalização das rádios AM e FM. O DRM trabalhava a faixa de freqüências
abaixo de 30 MHz, respeitando as características do rádio atual e o IBOC, que estava em
141
teste no Brasil, atendia as faixas atuais de FM e AM, que possivelmente funcionaria para
manutenção do status quo em radiodifusão sonora.
Ainda que tenha sido realizado este breve resgate acerca de conceitos
técnicos inerentes ao tema, nos encaminhamentos sobre a digitalização no Brasil e,
portanto também neste trabalho, era imprescindível que o debate merecesse a atenção
necessária e não se limitasse ao viés tecnológico, mas englobasse também discussões
políticas e sociais, como marco regulatório, e os desdobramentos que o processo traria à
sociedade. Cabe salientar que embora a lógica de um processo nesse âmbito devesse
levar em consideração um amplo debate com os atores envolvidos, no caso brasileiro, as
indicações ministeriais eram de que as decisões seriam tomadas e que o debate deveria
acontecer em outro momento.
Diante do exposto, para acompanhar a implantação da TV digital no Brasil e
a participação da sociedade no debate acerca desta implantação foi necessário discorrer
por um viés de cunho sociológico e abordar conceitos como sociedade civil e opinião
pública para, na tentativa de apresentar reflexões sobre estes dois conceitos, entender
como as diferentes camadas da população estiveram alheias ao processo.
Neste intuito um outro conceito também importante é o de comunicação
pública que fica mais próximo do ato de convencimento e distante do debate. Tal
situação, conforme dados obtidos na análise, foi exatamente a postura tomada pelo
governo por ocasião dos encaminhamentos referentes à TV digital, uma vez que as
informações disponibilizadas tinham como interesse apenas o convencimento de que a
chegada de uma inovação tecnológica transformaria a vida dos indivíduos que a ela
tivessem acesso.
142
4
SOCIEDADE CIVIL ORGANIZADA, OPINIÃO PÚBLICA E SBTVD
Embora o assunto abordado tenha levado a uma necessidade de trabalhar este
viés mais técnico nos capítulos iniciais, ao acompanhar as discussões acerca da
implantação da TV digital percebeu-se, a cada aprofundamento técnico que o trabalho
recebia, a necessidade de afastar-se da visão tecnológica e aproximar-se da visão
sociológica sem, no entanto, desprezar as considerações apresentadas.
Deste modo, optou-se por apresentar os conceitos técnicos nos capítulos
inicias e em seguida direcionar as conceituações para uma linha mais sociológica,
inclusive para, ao final, mostrar que um discurso notadamente técnico era desnecessário,
uma vez que antes das escolhas e encaminhamentos tecnológicos seria necessária maior
discussão com a sociedade acerca das possíveis alterações estruturais, da televisão no
país, advindas da digitalização.
Neste sentido, para estudar a Sociedade Civil e acompanhar sua participação
nas discussões relevantes sobre o SBTVD, um primeiro passo foi exatamente resgatar os
conceitos atribuídos a ela. Sabe-se que nos dias de hoje, para alguns autores, Sociedade
Civil organizada tornou-se um conceito da moda, fruto de movimentos sociais
reivindicatórios ou de luta contra regimes totalitários, muito freqüentes a partir dos anos
sessenta.
Para Sorj (2005), a discussão sobre a Sociedade Civil encontra-se atualmente
no centro dos debates da sociologia e da ciência política. Está relacionada com a
representatividade dos cidadãos, seus valores coletivos e o sistema político, procurando
entender como estes podem influenciar os rumos da sociedade através da participação na
esfera pública. O autor alerta para o fato de que o conceito em si é amplo e está
143
deslocado, a ponto de não ter significado preciso para alguns e, para outros, ter a força de
algo que transformará a sociedade.
Essa visão desvirtuada ocorre porque a “Sociedade Civil organizada” tornouse um conceito articulador do ideal democrático no Brasil, através da proposta da
formação de conselhos paritários, contida na Constituição Federal de 1988. De acordo
com Scheinvar (2006), o estudo da Sociedade Civil implica a análise dos agenciamentos
através dos quais a mesma se materializa.
Quando Boaventura Sousa Santos (1994) aborda o conceito, ele defende a
existência de uma nova sociedade em construção, atormentada pelo passado vinculado ao
liberalismo, insegura no presente devido sua identidade sem clareza e temerosa do futuro
incerto, sentimentos que são reflexos de sua própria história. Para o autor, o conceito de
Sociedade Civil provoca controvérsias entre os críticos de esquerda, porque é um modelo
liberal que inclui o mercado e os direitos de cidadãos autônomos, vinculados a interesses
particulares. Ao criticar a visão capitalista de Sociedade Civil, afirma que o terceiro
setor, organizações não governamentais e movimentos sociais constituem juntos, o
embrião do que ele denomina Sociedade Civil planetária (SOUSA SANTOS, 2002). De
maneira similar, embora um pouco mais aprofundada, Sorj (2005, p 2) esclarece que
De fato, sociedade civil é um conceito historicamente cambiante; suas
origens estão relacionadas à obra de filósofos sociais nos séculos XVIII
e XIX, na tentativa de definir as fontes da solidariedade social num
mundo onde a sociedade, a religião e o estado se distribuíam em
subsistemas distintos e os indivíduos tinham se tornado autônomos e
orientados por valores e objetivos auto-centrados, numa economia de
mercado.
Sorj (2005) afirma ainda que, para a maioria dos autores dos séculos XVIII e
XIX, a Sociedade Civil compreendia todas as formas de associação presentes na
sociedade, inclusive aquelas relacionadas ao mercado, desde que excluído o mercado.
Apenas nos regimes autoritários e totalitários é que o conceito se refere a grupos que
144
lutam para criar um espaço público que permita abertura do sistema político e o
florescimento da cidadania. Para o autor, uma das maiores dificuldades atuais é
compreender o papel da Sociedade Civil nos regimes democráticos.
Bobbio, Mateucci e Pasquino (2004) esclarecem a dificuldade conceitual
acerca do tema, quando afirmam que a expressão Sociedade Civil teve, nos últimos
séculos, vários significados, sendo que o mais difundido nos dias de hoje pelo
pensamento dominante é oposto ao primeiro. Em sua concepção original, proposta por
Hobbes, a expressão é sinônimo de sociedade política, e se contrapõe à sociedade
natural26, pois nasce com a instituição de um poder comum capaz de garantir aos
indivíduos a ela associados bens fundamentais ameaçados no estado natural.
Deste modo, no sentido de sociedade política ou de Estado, a expressão é
usada para distinguir a esfera das relações sobre as quais se estende o poder político, e é
instituída apoiando-se em relações de poder. Uma segunda acepção é proposta por
Rousseau, que usa a expressão não no sentido de sociedade política, mas de sociedade
civilizada, uma recuperação do estado de natureza da sociedade natural (BOBBIO;
MATEUCCI; PASQUINO, 2004, p.1207 -1208).
A terceira acepção apresentada é a proposta por Hegel (1977), para quem a
Sociedade Civil representa uma associação voluntária que nasce para a proteção dos
interesses comuns. Neste sentido, há uma diferença entre Sociedade Civil e Estado,
caracterizado pela organicidade do Estado. Foi, no entanto, com Marx (1977) que a
Sociedade Civil adquiriu significado de sociedade burguesa, uma interpretação menos
unilateral que coincide com a esfera das relações econômicas. Ao final desse processo de
26
Estado primitivo da humanidade em que o homem vivia sem outras leis senão as naturais.
145
desvio de significado da expressão, a expressão Sociedade Civil adquire significação
oposta à que tinha no princípio.
Embora a identidade não seja exatamente igual; devido à influência Marxista,
Gramsci (2001) distingue Sociedade Civil e Estado em planos supraestruturais, sendo
que no primeiro a opinião é um conjunto de organismos vulgarmente denominados
privados, e o segundo plano, chamado por ele de sociedade política ou Estado, tem
função de hegemonia dominante. Sociedade Civil, neste sentido, compreende todo o
complexo das relações ideológico-culturais.
Os autores finalizam o resgate conceitual afirmando que “de todos os
significados precedentemente analisados, o mais comum na linguagem política atual é o
genericamente marxista”, que entende por Sociedade Civil a esfera das relações que se
desenvolvem à margem do poder característico das instituições estatais, sendo
representada pelo terreno dos conflitos, o campo das mobilizações, da associação e
organização das forças sociais para o embate político (BOBBIO; MATEUCCI;
PASQUINO, 2004, p.1209-1210).
Neste sentido de embate político entre Estado e Sociedade Civil, os conceitos
de esfera pública e de opinião pública tornam-se importantes, pois, em grande medida, é
da construção fornecida pelos meios de comunicação que a sociedade agrega elementos
capazes de fornecer visão diferenciada da realidade.
O próprio termo opinião pública também recebe interpretações distintas, e
para compreender possíveis equívocos é necessário resgatar o conceito de esfera pública,
inicialmente formulado pelo filósofo e sociólogo Jürgen Habermas, em 1962.
A esfera pública liberal surge com a ascensão da burguesia e está diretamente
ligada aos conceitos de público e privado. Tais conceitos são definidos de acordo com
146
pressuposições da Monarquia Absolutista, em que o Estado assume para si o sentido de
público em contraposição ao privado, que ressurge na esfera de produção e da vida
familiar dos indivíduos que não pertencem à esfera do Estado (RIBEIRO apud
NOVELLI, 1999). Para a autora a esfera pública pode ser entendida pela dicotomia entre
o público e o privado, representados pela Sociedade Civil e o Estado, que, através do que
Habermas denomina de privatização do estado e estatização da sociedade, destrói a
separação entre Estado e sociedade.
Deste processo surge uma esfera repolitizada da Sociedade Civil,
publicamente relevante, em que o setor público se confunde com o privado e possibilita o
surgimento de uma esfera social que não se situa nem no campo do público nem do
privado. Neste contexto se interpenetram setores estatizados da sociedade e setores
socializados do Estado, sem intermediação de pessoas que pensam politicamente
(NOVELLI, 1999).
Este processo, denominado por Habermas (1984) de transformação estrutural
da esfera pública, pode ser assimilado na própria análise da imprensa, considerada como
instituição da esfera pública, que atua entre o setor público e o privado. Ao repensar a
esfera pública no século XX, o autor chama de refeudalização da esfera pública o
declínio do conceito advindo da visão utópica de que as mídias viabilizam uma discussão
racional.
A esfera pública, sob influência dos meios de comunicação na democracia de
massa, sofre uma expansão a ponto de ser identificada como “esfera pública
midiatizada”, em que empresas privadas de comunicação sugerem decisões para os seus
clientes. Deste modo, por meio da ação midiática, várias decisões políticas são tomadas
sem o necessário debate que viabilize uma posição política do raciocínio.
147
Assim, a esfera pública passa a ser organizada de modo imediato para que a
minoria “indecisa” se posicione. Deste modo, a mídia configura a esfera pública da
atualidade, o que, somado à ampliação da política junto aos meios de comunicação,
confere a estes, maior relevância na produção e distribuição da informação, o que afeta,
por sua vez, a opinião pública da sociedade.
Embora o conceito de opinião pública esteja intimamente ligado à esfera
pública, principalmente à esfera pública midiatizada, a noção de opinião pública que
figura no inconsciente político tem uma posição politicamente positiva. Ainda que
existam questionamentos sobre sua efetiva participação na condução dos assuntos
públicos, o século XX consagrou a opinião pública como fonte de legitimação política e
como intermediária entre o Estado e a sociedade.
Após as revoluções liberais e com a participação da sociedade nos assuntos
políticos, o conceito de opinião passa a ser de vital importância para o funcionamento das
democracias modernas. De acordo com o pensamento dominante, "opinião" significa em
si mesmo "opinião pública".
Para Bobbio, Mateucci e Pasquino (2004), a opinião pública tem duplo
sentido já que não é privada e nasce do debate público, é pública, discutível e permite
discordância. Expressa mais juízos de valor do que juízos de fato; não coincide com a
verdade, exatamente por ser opinião. Mas na medida em que se forma e se fortalece no
debate, expressa uma atitude racional, crítica e bem informada. Neste contexto, a opinião
verdadeira é a que se submete ao crivo da esfera pública. Assim como fizeram com o
conceito de Sociedade Civil, os autores resgatam a trajetória da expressão de opinião
pública, cuja história coincide com a formação do estado moderno.
Com este propósito, iniciam seu relato citando Hobbes, para quem a opinião
pública era condenável por introduzir, no estado, agentes de anarquia e corrupção. Para
148
Rousseau, a opinião pública continua a expressar juízos morais, porém em consonância
institucional, pois apresenta estreita correlação entre soberania popular e opinião pública
definida como a verdadeira constituição do Estado.
De modo mais sistemático e liberal, Kant (1995) afirma que a opinião
pública, denominada de “publicidade”, ou o “público”, racionaliza a política em nome da
moral, na medida em que tem a função de superar o conflito entre estas. Por ser o espaço
institucionalizado e organizado no Estado, onde os indivíduos autônomos decidem
racionalmente, por meio do debate, serve de mediadora entre Estado e sociedade.
No conceito apresentado por Hegel (1977) para a opinião pública ocorre uma
desvalorização da opinião pública, porque esta manifesta juízos e pareceres dos
indivíduos acerca de interesses comuns na sociedade anárquica e antagônica que não
elimina as desigualdades. Também é depreciativa a conceituação de Marx (1984), para
quem a esfera privada burguesa é mera "ideologia". Deste modo, denuncia a opinião
pública como falsa consciência, que esconde em si mesma o seu verdadeiro caráter de
máscara do interesse de classe burguesa. Para Marx, a opinião pública não passa de
ideologia do estado de direito burguês.
Esta crise conceitual se agrava quando a sociologia crítica utiliza Tocqueville
(1979) para provar o desaparecimento ou declínio da opinião pública, uma vez que
deixaram de existir os lugares de diálogo que viabilizam sua formação. Em lugar da sala
de reuniões surgem a televisão, os jornais com visão empresarial, as associações e os
partidos oligárquicos que administram burocraticamente os espaços da formação da
opinião pública. Somado a isso, desaparecem as distinções entre Estado e Sociedade
Civil, que se compenetram formando uma classe ansiosa por poder e que pode
influenciar ou direcionar a opinião pública (BOBBIO; MATEUCCI; PASQUINO, 2004,
p. 844 – 845).
149
As análises a respeito da opinião pública surgiram e foram embasadas pelo
desenvolvimento da psicologia social. No entanto, sofreram transformações devido à
crescente influência dos meios de comunicação de massa e de técnicas específicas de
persuasão que reforçaram a crença de possibilidade de manipulação irrestrita da opinião
pública.
Mesmo tratando-se de um dos principais fatores da vida social da atualidade,
ainda existem controvérsias em relação à definição conceitual do fenômeno da opinião
pública. Bordieu (1985) chega a afirmar que, devido a algumas distorções, a opinião
pública não existe, pois representa o pensamento de uma pequena parcela social, com
poder econômico e acesso aos meios de comunicação. Existem, no entanto, autores que
defendem a existência da opinião pública, ainda que haja divergência na conceituação da
mesma.
Autores como Figueiredo e Cervellini (1995) defendem sua existência,
embora chamem a atenção para as dificuldades em conceituar a opinião pública, muitas
vezes confundida com pesquisa de opinião, de um público. Tentam fornecer uma
conceitualização operacionalizável e abrangente ao afirmarem que a opinião pública não
é uma, mas várias; e que não há só um jeito de percebê-la(s), mas também vários.
Conceituação similar é obtida junto a Thompson (1995), ao conceituar os
termos público e privado. O primeiro relacionado às questões debatidas, quando as
pessoas podem opinar; e o segundo relacionado às discussões restritas a grupos que
apresentam os resultados à sociedade. Neste sentido, as pessoas são capazes de
experimentar acontecimentos sem participar diretamente do debate, por meio da
mediação ampliada que, ao divulgar a opinião privada dos públicos, permite que as
mesmas sejam partilhadas pelos indivíduos em seu cotidiano.
150
O autor afirma que a informação acontece por meio dos instrumentos de
difusão de bens simbólicos, e que o advento destes meios está susceptível ao exercício do
poder de membros do governo e de representantes do Estado. Uma alternativa para
neutralizar esse processo é o desenvolvimento das instituições de mídia, que devem ser
governadas pelo princípio do pluralismo regulado, que permuta a existência das
instituições de mídia independente.
Somente com a compreensão das múltiplas interpretações que tanto
Sociedade Civil quanto opinião pública recebem é que se torna possível buscar as
informações que ofereçam subsídios para esta pesquisa. Neste sentido, cabe ressaltar que
o conceito de Sociedade Civil utilizado no trabalho será tanto a visão de origem liberal
quanto a de influência marxista.
Inserida neste quadro, a proposta de acompanhar e analisar a participação da
Sociedade Civil nos encaminhamentos sobre a implantação da TV Digital no Brasil
torna-se um pouco complexa, dada à variedade de atores sociais envolvidos no processo.
Sendo assim, vários aspectos foram observados e serão apresentados, ainda que alguns
não estejam no foco dos questionamentos, pois o acompanhamento do assunto envolve
desdobramentos político-regulatórios, econômicos e sociais não só da implantação, mas
também de como as informações chegam à “opinião pública”.
Para acompanhar a opinião pública da sociedade sobre a digitalização da
comunicação foi utilizada mais de uma ferramenta de coleta de dados, a saber:
elaboração de clipping das publicações a respeito do tema, compreendido entre 2000 e
2006; Análise de Conteúdo do material selecionado; aplicação de questionário junto a
grupos envolvidos com o assunto e entrevista em profundidade com representantes da
Sociedade Civil organizada.
151
Durante o período de acompanhamento de publicações (clipping), foi
possível perceber que, na maior parte do tempo, o assunto não recebeu visibilidade
midiática pertinente aos impactos que a digitalização traz consigo. No recorte do corpus,
a amostra selecionada para análise oferece algumas das publicações que abordavam o
assunto durante o período e evidencia que somente nos últimos seis meses de
acompanhamento o assunto passa efetivamente a receber maior atenção dos meios de
comunicação.
Esta constatação levou em consideração particularidades do ponto de vista
social, pois a depender dos encaminhamentos, a TV Digital não se constituiria em uma
revolução repentina, mas um fenômeno de continuidade com as grandes tendências da
televisão analógica balizado por monopólios e competência para o mercado. Essa relação
das competências mercadológicas e as relações de poder dos meios de comunicação com
o poder público retardaram a visibilidade da discussão, que deveria atingir a opinião
pública de diversos “públicos” sociais e por conseqüência chegar à sociedade em geral.
Durante a análise do material selecionado, veio à tona a fragilidade com que
foram conduzidas as discussões no âmbito da sociedade. Tal fato comprometeu a opinião
dos indivíduos a respeito do tema, pois só através do conhecimento das experiências e
desenvolvimento efetivo da televisão digital, seria possível seguir os traços dos caminhos
questionadores que projetam as novas redes de informação no contexto histórico atual,
seja no âmbito tecnológico, econômico e cultural, seja na ordem político-regulatória.
Tal dificuldade em observar os questionamentos que envolviam o tema
decorre, inclusive, do próprio conceito de Sociedade Civil com seus diferentes
tratamentos, a depender do autor, que contribuiu para o exposto, tendo em vista que a
conceituação é, por vezes, contraditória e paradoxal. Na verdade a sociedade civil, como
é observada atualmente, é uma sociedade das corporações e se no debate da TV Digital
152
no país, participaram apenas alguns segmentos corporativos dessa sociedade, o mesmo
passou a ser um debate de corporações e não um debate entre os indivíduos ou grupos
organizados que os representavam.
4.1 A Comunicação Pública e sua importância para os conceitos de Opinião e
Sociedade Civil
Quando se resgata conceitos como o de Sociedade Civil e Opinião Pública
em situações em que as informações públicas e governamentais são intermediadas pelos
meios de comunicação emerge um outro conceito que merece ser estudado, a
Comunicação Pública.
De acordo com Lavalle (2001) a dimensão da Comunicação Pública está
presente nas instituições originárias da opinião pública e nos discursos para a efetivação
política das idéias e ações governamentais. Neste contexto, o conceito de comunicação
com sentido público refere-se ao papel desempenhado pelos meios de comunicação nas
sociedades contemporâneas, que se converteram em um sistema altamente diferenciado
de comunicação social e, em conseqüência, de elaboração da própria percepção social do
que é assumido como realidade. Para a autora:
A comunicação com sentido público ou comunicação política vem
desempenhando papel cada vez mais destacado, e por vezes
substitutivo, na realização de funções antes concentradas nas
instituições civis, nos atores sociais e na esfera política: em sentido
ascendente, a intermediação entre as demandas sociais e a política, o
fortalecimento simbólico ou a deslegitimação de atores e bandeiras
sociais, e a sinalização de problemas e a denúncia de irregularidades
que nem sequer atingiram a condição de reclamo ativado por algum
grupo social - essa última função, aliás, especialidade de um subgênero
das reportagens jornalísticas -; em sentido inverso, a consolidação ou
comprometimento das prioridades da agenda governamental ante a
“opinião pública”, a vinculação entre os políticos e seus eleitores e
entre as decisões políticas e os cidadãos, sem esquecer a
instrumentalização da própria mídia como arma de fogo nas disputas da
arena política (LAVALLE, 2001, 83 -84).
153
Já de acordo com Barbosa (2004, p.1) o conceito de Comunicação Pública
não pertence, necessariamente, às instituições públicas, tem a ver com participação
popular, multiplicidade de vozes, esfera de interação social, e sua finalidade é a
desconstrução da palavra opressiva, desvendando seus matizes. Neste sentido, para a
autora, a grande imprensa, quando promove a "ágora" moderna, pratica a Comunicação
Pública. Tal conceituação é a que mais se aproxima das particularidades apontadas neste
trabalho.
Enriquece a conceituação de Comunicação Pública, Oliveira (2004, p.9) ao
explicar que “o conceito ainda é pouco conhecido e se refere exatamente à comunicação
realizada no espaço público democratizado, com a discussão de temas de interesse
público, o que subentende o envolvimento e a participação ativa do governo, das
empresas, do Terceiro Setor e da sociedade como um todo”. Neste sentido, pode-se
afirmar que o acompanhamento acerca do debate referente à digitalização da televisão no
Brasil, diz respeito ao âmbito da Comunicação Pública, tendo em vista os diferentes
atores envolvidos no debate com sentido público que o assunto tomou.
Ao correlacionar o debate acerca da implantação da TV Digital no Brasil com
a Comunicação Pública da digitalização é possível recorrer às conceituações de Matos
(2000a, p. 1) quando afirma que no conceito de Comunicação Pública os múltiplos
objetivos e finalidades pressupõem também a multiplicidade de atores envolvidos,
dificultando traçar o âmbito e o conceito da comunicação pública como modalidade de
comunicação política.
É também de Matos (2000b, p. 67) maior elucidação do conceito ao afirmar,
parafraseando Zemor (1995, p. 6), que a comunicação pública é uma prática que pode
contribuir para “identificar a utilidade pública, alimentar o conhecimento cívico, facilitar
a ação governamental e garantir o debate público”.
154
Às conceituações apresentadas soma-se a de Deus (2005, p. 21) que
correlaciona a Comunicação Pública com a Comunicação Política e a define como a
comunicação entre governos e governados, com a presença dos meios de comunicação na
formação da opinião pública, ou seja, que também atende particularidades da
comunicação encontrada pela pesquisa.
Ao correlacionar os conceitos Comunicação Pública (ou política) e opinião
pública cabe, também, utilizar Wolton (1998, p. 31) quando afirma que é na
Comunicação Pública ou Política, ou seja, em qualquer debate, que “se intercambiam os
discursos contraditórios dos três atores que têm legitimidade para expressar-se
publicamente sobre política e que são os políticos, os jornalistas e a opinião pública [...]”.
Embora no trabalho vários atores tenham sido observados, estes três atores mereceram
atenção privilegiada.
Diante do exposto, cabe salientar, no entanto, que no contexto da
digitalização da TV no Brasil, a comunicação política presente no debate não se enquadra
na maior parte das definições acima, uma vez que o debate público nem sempre foi
garantido e muitos dos atores envolvidos, notadamente os jornalistas e os políticos, que à
luz dos teóricos teriam legitimidade no processo, não apresentaram na maior parte do
tempo posicionamentos contraditórios entre si, isentos ou comprometidos com o
conhecimento cívico da opinião pública a respeito do assunto, conforme pode ser
observado nos capítulos finais.
Ao abordar a participação dos atores na digitalização da TV no Brasil e
posicionamento (ou a falta deste) dos muitos destes atores no debate acerca do assunto,
um outro conceito que emerge com o intuito de contribuir para as análises é o de Espiral
do Silêncio apresentado por Noelle-Neumann (1993).
155
Esta autora, ao estudar a opinião pública, afirma que devido ao medo do
isolamento social e à dúvida sobre a capacidade de julgamento que tem de si, os
indivíduos se calam e permitem que o clima de opinião da maioria prevaleça como sendo
o único ou o mais verdadeiro. Deste modo as pessoas são influenciadas não apenas pelo
que outros dizem, mas pelo que imaginam que pessoas possam dizer e ficam então
menos propensas a expressar suas opiniões.
Segundo Noelle-Neumann (1998) para o indivíduo o não-isolamento em si
mesmo é mais importante que seu não-julgamento. Parece ser esta a condição da vida
humana em sociedade; caso contrário, não será concretizado uma integração suficiente.
Afirma também que os indivíduos indecisos ou que estão do lado mais frágil, em um
debate, têm a tendência a silenciar-se e mesmo que involuntariamente passam a apoiar o
outro lado do debate, seja por medo ou pressão.
Quando tal fenômeno ocorre, estes indivíduos participam da formação do
clima de opinião, que leva ao crescimento da espiral do silêncio, que por sua vez tende a
crescer a cada novo impulso, neste caso em questão, posicionamentos declarados acerca
do assunto. Tal situação pode ser observada na análise apresentada no próximo capítulo,
se levamos em consideração que vários dos atores da sociedade civil participantes do
debate ou se calaram ao não responder às entrevistas, ou foram silenciados pelos
posicionamentos parciais da imprensa no decorrer do processo.
4.2 Os desacordos da Sociedade Civil com o Ministério das Comunicações
O Decreto presidencial 4.901/2003 que institui o SBTVD determinou uma
série de obrigações para seu funcionamento, muitas delas ignoradas pelo próprio
Ministério das Comunicações. O Comitê Consultivo (CC) do SBTVD, que foi instituído
quando o governo decidiu desenvolver padrão próprio de TV Digital, tinha em sua
156
estrutura vinte e três representantes da Sociedade Civil organizada ligados ao tema TV
Digital e produção de conteúdo. O CC tinha por finalidade propor as ações e as diretrizes
fundamentais relativas ao SBTVD e seria integrado por representantes de entidades que
desenvolvam atividades relacionadas à tecnologia de televisão digital (BRASIL, 2003).
Desde a publicação do documento até a mobilização social acerca do debate
chegar a ponto de desgaste, que foi um dos focos de análise da pesquisa, o Mistério das
Comunicações foi ocupado por três ministros: Miro Teixeira, que foi quem propôs e
acompanhou a publicação do decreto; Eunício Oliveira, que administrou de maneira
mediana a seqüência aos encaminhamentos; e Hélio Costa, que nos três primeiros meses
de mandato já colecionava protestos, por parte de representantes de movimentos sociais
ligados à comunicação, a respeito de sua indicação.
O trabalho localizou especificamente este desgaste do MinCom com a
Sociedade Civil, uma vez que resgata o início da falta de entendimento entre o MiniCom
e alguns grupos sociais. Tal falta de entendimento teve início logo após a posse de Hélio
Costa, em 2005, e de suas afirmações que desconsideravam premissas do decreto de
instituição do SBTVD. Tais afirmações dizem respeito a assuntos polêmicos como
software livre, rádios comunitárias, TV Digital, dentre outras; e iam de encontro a vários
encaminhamentos dos ministros anteriores.
Neste contexto, sua gestão se iniciou com a manifestação de movimentos
sociais que um mês após sua posse publicaram o documento - Carta Aberta à Sociedade
Brasileira: A quem interessam as propostas de Hélio Costa? No documento, o Coletivo
Intervozes, apoiado por inúmeras entidades, afirmava discordar “da nova postura do
Ministério de colocar em questão o Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD), negando
a possibilidade de um padrão brasileiro”, questionava a política de adoção do software
157
livre e reivindicava a criação de mecanismos de participação das organizações da
Sociedade Civil nas decisões do Ministério (INTERVOZES, 2005a).
A segunda manifestação contrária ao ministro foi divulgada ao final de
agosto de 2005. Após declarações do ministro questionando a política federal de adoção
do software livre, integrantes de movimentos ligados ao tema lançaram uma petição online, que em poucos dias reunia aproximadamente 5.000 assinaturas, endereçada ao
presidente Lula pedindo a demissão do ministro (SOFTWARE, 2005).
A petição durou poucos dias, foi cancelada, por ter conseguido “um
reposicionamento do Ministério sobre o uso do software livre”. Na verdade o que ocorreu
foi resultado da informação do secretário de Serviços de Comunicação Eletrônica do
Ministério das Comunicações, Joanilson Ferreira, em entrevista ao portal Software Livre
a respeito da orientação de Hélio Costa de “não questionar decisões já tomadas, mas
aproveitar o tempo para fazer a melhor gestão possível” (AMARAL, 2005).
Os desencontros, ainda que velados, persistiram. Exemplo disso é o fato de
que o Comitê Consultivo do SBTVD ficou meses sem se reunir; e as atas não foram
divulgadas. As entidades reivindicavam uma secretaria para organizar os trabalhos, pois
as reuniões eram agendadas com prazos muito justos, além de não existir subsídio para as
viagens. A situação se agravou porque o CC não recebeu alguns documentos produzidos
pelo CPqD e consórcios, e só teve acesso a alguns destes depois que os mesmos estavam
em poder da imprensa. Estes e outros fatores levaram a um esvaziamento do Comitê e a
um desgaste com o ministro, pois os representantes do CC interpretavam as ações de
Hélio Costa como uma desqualificação do Comitê. Isso fez com que começassem a
crescer os desgastes iniciais entre Sociedade Civil organizada e Hélio Costa.
158
Tais fatos desembocaram, em outubro de 2005, na mobilização da Sociedade
Civil, tendo à frente, o FNDC, FENAJ27, Intervozes e grupo das entidades da Sociedade
Civil ligadas às discussões da comunicação social, que produziram e entregaram uma
Carta Aberta ao Congresso Nacional, à Presidência da República e à sociedade brasileira
com o título - TV digital: um debate que precisa de audiência - (anexo C), em que
afirmavam que as decisões sobre TV Digital são políticas e não apenas técnicas, como
apresentado pelo governo. Finalizavam o documento afirmando que a situação exigia
amplo debate público.
O documento atacava, nos encaminhamentos sobre a TV Digital no Brasil, a
falsa polêmica de adotar um dos padrões tecnológicos disponíveis, pois somente a
tecnologia nacional poderia atender a demandas diferentes das de outros países; criticava
a postura dúbia e inflexível de Hélio Costa ao ignorar o acúmulo das duas gestões
anteriores no Ministério e das reflexões em andamento, reivindicava a abertura do debate
e revitalização do caráter de discussão do Conselho Consultivo do SBTVD, esvaziado
pelo Ministério.
O que se seguiu foi um maior desgaste com o Comitê Consultivo e o
crescimento de um processo de visibilidade a respeito do tema devido ao aumento do
número de publicações, matérias, reportagens e manifestações sobre o esvaziamento do
debate público como, por exemplo, a publicação, em novembro de 2005, do Informativo
Intervozes – TV digital, saiba por que você precisa participar deste debate - encarte na
Revista Caros Amigos que abordava os assuntos Democratização da Mídia, TV e Rádio
Digital e a Indústria Nacional, Interatividade e o posicionamento do ministro Hélio Costa
acerca do ISDB (INTERVOZES, 2005b).
27
Federação Nacional dos Jornalistas
159
Mesmo sem um posicionamento do MiniCom, surgiu, na mesma época, a
publicação de que o Brasil já tinha seu sistema próprio de televisão digital, batizado de
Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD), desenvolvido por pesquisadores das
Universidades Federal da Paraíba, USP e Mackenzie, em teste em São Paulo desde o dia
15 de outubro de 2005. No inicio do mês de novembro ocorreu uma transmissão
interativa experimental das imagens digitais de alta definição, no padrão MPEG 4, na
sede da SBPC. Na mesma semana, a SBPC enviou carta ao ministro, em defesa do
padrão nacional (anexo D). A situação se agravava a cada dia.
4.3
Sociedade Civil organizada e (des)informada: dissintonia com o Ministério das
Comunicações
No mês de dezembro de 2005, a situação entre MiniCom e Sociedade Civil
torna-se mais polêmica com a publicação, novamente pelo Coletivo Intervozes, de um
documento denominado
- Carta aberta à sociedade e ao governo brasileiro:
Comunicação democrática é direito da sociedade e dever do Estado - em que
questionava-se o processo de implantação da TVD no Brasil (INTERVOZES, 2005c).
Em janeiro, o FNDC produziu e publicou o documento - O que o governo despreza no
debate sobre a TV digital (FNDC, 2006a) – que, somado a outra publicação do coletivo
Intervozes - TV digital: princípios e propostas para uma transição baseada no interesse
público (INTERVOZES, 2006a) -, denunciavam a falta de informações para a sociedade
sobre os encaminhamentos da TVD no Brasil e sobre o SBTVD.
Na segunda quinzena de janeiro, as emissoras produziram e encaminharam
um documento (Anexo E) ao presidente Luis Inácio Lula da Silva com a visão dos
radiodifusores a respeito do SBTVD. No documento, solicitam a manutenção da data de
10 de fevereiro de 2006 para anúncio da escolha tecnológica e encaminharam várias
160
sugestões relativas ao modelo de TVD, em sua maioria enfatizando alta definição e
modulação COFDM no sistema ISDB. Estrategicamente, em meio aos desencontros entre
Sociedade Civil e o ministro Hélio Costa, as emissoras imediatamente evidenciavam a
escolha do ISDB como a melhor opção.
Ainda no mês de janeiro de 2006, no dia 30, a Associação Brasileira de
Telecomunicações, em audiência com o ministro Hélio Costa, entregou-lhe uma carta
(anexo F)-
Considerações referentes ao Sistema Brasileiro de Televisão Digital
(SBTVD) – remetida, logo após a audiência, a todos os demais ministros de Estado com
representação no Conselho de Desenvolvimento do SBTVD.
Embora a crise fosse mais forte junto a alguns movimentos sociais e aos
meios relacionados com a digitalização, começaram a surgir ações que corroboraram o
posicionamento das entidades. A mobilização se avolumou, chegou ao Congresso e levou
Walter Pinheiro, deputado federal pelo PT (BA) a propor um projeto de lei (anexo G) que
alterava a legislação de maneira a viabilizar a implantação da TV Digital, conforme
proposto pelo Decreto 4901/2003 e que, a princípio, ia de encontro à legislação em vigor.
No mês de fevereiro, tido como data para divulgação da escolha nacional de
TV Digital, erroneamente pautada como decisão tecnológica, foi publicado um decreto
(anexo B) que prorrogava por trinta dias a data de divulgação (BRASIL, 2006a).
Frustrada a aprovação do ISDB defendido por Hélio Costa, o processo passou a ser
conduzido pela Casa Civil, que se reuniu com os diversos atores na disputa,
principalmente os representantes de padrões estrangeiros. A discussão evoluiu para uma
negociação com os japoneses e europeus pelas melhores vantagens, e teve o foco
direcionado para contrapartidas destes padrões no plano da política industrial.
As divergências entre o ministro e os representantes do Comitê Consultivo se
agravaram mais quando o ministro, ao receber o documento - Modelo de Referência:
161
Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre - produzido pelo CPqD (2006) e que indicava
o DVB como o sistema mais adequado às particularidades do Brasil, não disponibilizou
de imediato o documento, afirmando que caberia ao Presidente a sua divulgação.
Entretanto, a situação não se sustentou, pois em pouco tempo foi possível ter acesso ao
documento em inúmeros sites relacionados com o tema.
Praticamente ao mesmo tempo em que se tornaram públicas as informações
sobre o Modelo de Referência que indicava o DVB como a melhor opção, o ministro
Hélio Costa afirmou na revista “Veja”, em edição da primeira semana de fevereiro de
2006, que o governo brasileiro havia escolhido o padrão ISDB, para a TV, tendo como
foco a alta definição. Tal afirmação acirrou a cobrança do Comitê Consultivo nas
reuniões, e surgiram novos questionamentos acerca do posicionamento parcial do
ministro pelo padrão japonês, informação não corroborada oficialmente pelo Ministério,
já que a definição do padrão adotado estava prevista para 10/02/2006, ou seja, somente
após a entrevista.
Com a notícia veiculada amplamente na imprensa, o FNDC publicou o
número 1 da revista - MidiaCom Democracia - que procurou levar a discussão para o
marco regulatório e a democratização da comunicação, ao criticar a legislação nacional
sobre Comunicação e Telecomunicações e afirmar que “Pressão da sociedade adia
decisão e debate ganha fôlego” (FNDC, 2006, p.10).
Como resultado das inúmeras manifestações de desapreço pela condução
dada ao assunto, a Câmara dos Deputados, em 08 de fevereiro de 2006, instaurou uma
Comissão Geral para debater a TV Digital. Vários segmentos foram ouvidos e, embora
não se tenha chegado a um consenso, o assunto ganhou maior visibilidade, inclusive com
publicação de outros documentos que exigiam a interrupção das definições em favor de
amplo debate sobre o assunto.
162
Um exemplo são as manifestações localizadas na internet como a lista - Por
um sistema brasileiro de TV digital de interesse público (INTERVOZES, 2006b) - que
até o final de abril de 2006 contava com mais de quatro mil assinaturas; além de fóruns,
grupos de discussão ou comunidades, estas últimas junto ao Orkut28, relacionadas ao
tema, como:
“Eu quero discutir TV Digital”(ver Figura 15), “TV Digital padrão
Brasileiro”, “TV Digital modelo Brasil 2006”, “TV Digital no Brasil”, “TV Digital
Livre”, “Por uma TV Digital Democrática”, “TV Digital Interativa”, “TV Interativa”,
dentre outras. A maioria destas comunidades foi criada depois de janeiro de 2006,
quando o assunto ganhou mais visibilidade.
28
Site de relacionamento, do qual só participam convidados. Foi criado em janeiro de 2004 e atualmente já passou a
marca de dez milhões de usuários, sendo muitos brasileiros (72,84%), fato este inclusive que incentivou a 2ª língua
utilizada no site ser o português. O site permite a criação ou inserção do usuário em inúmeras comunidades divididas
em um primeiro momento por categorias como educação, lazer, sexualidade, orientação moral, etc...
163
Fonte: http://www.orkut.com/Community.aspx?cmm=8701085
Figura 15 - Tela inicial de comunidade sobre televisão digital, no orkut.
O mês de março de 2006 foi notadamente o de maior atividade acerca dos
encaminhamentos sobre a TVD no Brasil, marcado, logo no início do mês (07/03), por
publicações de que Brasil e Argentina pretendiam adotar o mesmo padrão de TV digital.
A informação oferecida pelo ministro afirmava que "Nós estamos trabalhando em
conjunto e discutindo as possibilidades de termos uma decisão conjunta, mas é
importante lembrar que isso é feito em etapas" (SANTANA, 2006). Posteriormente, o
assunto foi retomado pelo deputado federal Orlando Fantazzini na reunião da Comissão
de Direitos Humanos, Justiça e Políticas Carcerárias, do Parlamento Latino-Americano
(PARLATINO, 2006).
O dia 08 de março, com muitas atividades a respeito do assunto, foi marcado
pela realização de testes do padrão DVB-T na USP; publicação equivocada, na Folha de
São Paulo, (FSP) sobre a escolha do ISDB para ao Brasil; e publicação de anúncio
(Anexo H) de página inteira, nos jornais brasileiros de maior circulação, em que as
emissoras defendiam o ISDB como o melhor padrão para o Brasil.
Na matéria da FSP sobre a escolha do ISDB, a escolha se justificava pela
oferta dos japoneses de investir US$ 2 bilhões em uma fábrica de semicondutores no
país, e pelo forte lobby das emissoras de TV em ano de eleições.
A notícia,
supostamente “plantada”29, segundo alguns jornalistas, foi negada no mesmo dia pelo
presidente Lula, que estava em viagem a Londres, dizendo que pretendia continuar
negociação sobre a escolha (TV DIGITAL, 2006b).
29
Publicação de notícia, muitas vezes falsa, com intuito de favorecer ou desprestigiar alguém ou algo.
164
A respeito dos testes da Coalizão DVB, informações na imprensa afirmavam
que o sistema aberto e internacional DVB demonstrou a possibilidade de colocar vários
sinais de TV, ou programas, em um mesmo canal de 6 MHz (faixa de freqüência
utilizada no Brasil), trabalhar alta definição, interatividade e recepção móvel, o que
atendia ao modelo de negócios de preferência das emissoras de TV aberta, e também
permitia outros modelos de negócios adicionais. A demonstração, que foi acompanhada
pelos professores de Universidades e Centros de Pesquisas (USP, Unisinos, Certi e
UFPB), teve como resultado um memorial descritivo, cujo release (Anexo I) apresentava
síntese com resultados dos testes.
A campanha publicitária promovida pelas principais redes de TV, com o
tema "Televisão aberta. 100% Brasil. 100% Grátis", foi estampada nos jornais e exibida
na TV com a intenção de fixar a idéia de que o sistema de TV Digital devia ser aquele
defendido pelas emissoras. O anúncio assinado pelos radiodifusores (Anexo H), afirmava
que, para garantir a qualidade do sinal, a alta definição, a mobilidade e a interatividade,
"só existe um sistema no mundo: o ISDB-T, adotado no Japão e recomendado para a TV
Digital do Brasil pela Sociedade de Engenharia de Televisão (SET) e pelas emissoras de
TV". A campanha foi assinada pela empresas: Bandeirantes, Cultura, Globo, Record,
RedeTV!, Rede Vida, SBT, 21, CNT e Rede Mulher, numa inédita ação conjunta entre as
emissoras de televisão.
Enquanto aconteciam os testes do padrão DVB em SP, na USP, os ministros
Dilma Rousseff (Casa Civil), Hélio Costa (Comunicações), Guido Mantega (Fazenda) e
Sérgio Rezende (Ciência e Tecnologia) se reuniram para finalizar documento acerca da
decisão do padrão de TVD para o Brasil. Na ocasião, foi apresentado a eles um estudo de
mercado do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) sobre a
165
viabilidade de se instalar uma fábrica de semicondutores no País, uma das metas do
governo nas negociações com grupos estrangeiros, detentores dos padrões de TV Digital.
Também no dia 08 de março foi divulgada e entregue à Casa Civil uma carta
(Anexo J) com assinaturas de mais de 100 entidades pedindo o adiamento da decisão,
para que o Congresso fosse ouvido em realização de Audiência Pública. Na audiência
com entidades da Sociedade Civil, Dilma Rousseff enfatizou o objetivo do governo em
conseguir trazer uma fábrica de semicondutores (chips), para evitar aumento do déficit na
balança comercial. Na ocasião, os integrantes de organizações da Sociedade Civil
questionaram sobre como a sociedade seria ouvida nesta discussão, uma vez que a
negociação em curso já envolve a definição do padrão tecnológico, amarrando
determinadas definições sobre o modelo. Um dos movimentos criticou o tratamento que
o governo vem dando a uma decisão de tamanha relevância para a sociedade.
A justificativa do governo (Casa Civil) sobre a fábrica era a de que os
eletrônicos são os itens mais deficitários da balança comercial brasileira, com resultado
negativo de US$ 7 bilhões ao ano, sendo que destes, US$ 3 bi são referentes a
semicondutores importados. Em sua explanação, afirmou que todo o resto das definições,
como modelo de exploração dos serviços, um novo marco regulatório e regras de
transição podem ser realizados em outro momento. Logo após o conhecimento público
dos acontecimentos da semana de 08 de março, o Centro de Excelência em Tecnologia
Avançada – CEITEC - encaminhou correspondência (Anexo L) em que informava ter
competência para produzir chips utilizados nos aparelhos, para a digitalização.
No dia 10 de março, os ministros solicitaram prazo maior para definição dos
encaminhamentos sobre TVD no Brasil. Apesar de nenhuma publicação oficial sobre
nova prorrogação de prazo, o não pronunciamento do governo sobre a escolha fez com
que se acirrasse a disputa (os movimentos sociais tornaram-se mais organizados e mais
166
fortes) e as emissoras intensificassem a campanha com veiculação na televisão, em
horário nobre, de peça publicitária que defende uma TV 100% gratuita.
Ainda no mês de março, o embaixador da Comunidade Européia e a Coalizão
DVB (padrão digital europeu), composta por
Siemens, Nokia, Philips, ST
Microeletronics, Thonsom e Rohde&Schwarz, entregaram ao governo a oferta destinada
ao desenvolvimento de uma indústria de semicondutores, caso sua tecnologia fosse a
escolhida. Nos documentos entregues, além da carta do embaixador (Anexo M) e do
projeto de implantação de microcondutores no Brasil, constavam uma tabela comparativa
das contrapartidas oferecidas ao Brasil pelos padrões e seus consórcios (Anexo N), e um
quadro com a estatística mundial de adoção da TV Digital (Anexo O).
No final do mês, com viagem para o Japão agendada para abril, ao ser
questionado sobre a qualidade do padrão europeu e um possível isolamento com a
escolha do ISDB, o ministro Hélio Costa afirmou que era
abusar da inteligência dos brasileiros dizer que o Brasil vai ficar isolado
porque vai usar o sistema japonês. Eles é que vão acabar ficando
isolados, porque estão vendendo um sistema que não funciona nem
para eles. Vieram fazer um teste em São Paulo que não funcionou. Sabe
como é que funcionou o teste europeu em São Paulo? Usando o sistema
brasileiro de middleware, o software que conecta aplicações diferentes
(MARQUES, 2006).
Durante a maior parte do tempo da pesquisa, as informações estiveram
limitadas a um público reduzido. Não obstante, a movimentação em torno do tema
tinham conseguido aumentar sua visibilidade. Sites informativos como a Folha Online,
Grupo de Mídia ou Teleco, por exemplo, interessados no tema, realizaram junto aos
internautas algumas pesquisas de opinião relacionadas ao assunto. No mês de fevereiro, o
Grupo de Mídia questionou sobre qual fator deveria ser considerado na escolha do
sistema de TV Digital. Os itens multiprogramação e alta definição ficaram nas últimas
colocações, com 13% e 3% respectivamente, sendo os pontos mais indicados - todos os
167
fatores importam (37%), a compatibilidade (30%) e (17%) para menores preços (GMRJ,
2006).
De maneira similar, o Portal Universo OnLine (UOL), publicou, no dia 07 de
março, junto à Folha Online, resultado de sua enquete em que questionou a preferência
de padrão para a TV Digital brasileira. Nos resultados apresentados, dentre os 35777
votos, 53% indicavam o europeu e 47% indicavam o padrão japonês. O padrão
americano não recebeu votos (TV DIGITAL, 2006a).
A Teleco Informações em Telecomunicações, por sua vez, disponibilizou
uma cartilha com várias informações sobre a TV Digital e algumas enquetes. A primeira
delas questionou sobre os fatores que deveriam ser considerados na escolha do padrão.
Os itens - convergência com outros padrões - e - participação do Brasil - foram os mais
votados. A segunda enquete questionou sobre qual o tempo ideal para a escolha do
padrão. As alternativas - março de 2006- e - até dezembro de 2006 - foram as mais
votadas. Uma última enquete indagou a respeito de qual padrão o Brasil deve adotar. Nos
resultados, o ISBD e o SBTVD apresentam empate técnico (TELECO, 2006).
Todas essas ações de informação são interessantes, mas alcançam público
bastante reduzido. Outro exemplo neste sentido foi a campanha “Eu quero discutir a TV
Digital”, criada em Recife, no inicio de 2006 e que por meio de uma comunidade no
orkut (ver Figura 15), cresceu rapidamente e difundiu, dentre outros assuntos, o “Cordel
da TV digital” (anexo P). O cordel, propriamente dito, antecedeu o mês de março, pois já
havia sido publicado no Observatório da Imprensa em 26 de fevereiro. Com a
notoriedade que ganhou em março, fechou de maneira vigorosa a agenda midiática do
mês (RABELO, 2006).
Cabe ressaltar, no entanto, que a visibilidade do cordel tornou-se midiática
somente quando o texto, de autoria de uma jornalista pernambucana, foi lido pelo
168
ministro da Cultura, Gilberto Gil, em aula inaugural na UFRJ30. Criticando o processo de
escolha do padrão da TV Digital, o cordel diz que o governo federal está "muito mal
representado" na discussão, pois o ministro Hélio Costa é um "empresário boçal", que
"só aposta no monopólio privado" e, "com uma conversa de bosta, só quer saber da
imagem e do que traz de vantagem". Como o cordel defende a criação de um modelo
brasileiro e Hélio Costa demonstra preferência pelo padrão japonês, em detrimento do
europeu e do americano, a leitura do mesmo causou constrangimento e troca de ofensas
entre os ministros, fato solucionado com o pedido de desculpas de Gilberto Gil (SILVA
C., 2006).
Tendo como pressuposto que o foco da pesquisa não se limitava somente a
analisar a escolha do padrão em si, mas também a participação da Sociedade Civil nesse
processo foi possível, no mês de abril, encerrar o acompanhamento, ainda que os
encaminhamentos não tivessem sido finalizados. Salienta-se que a primeira semana de
abril também foi marcada por inúmeras atividades. No dia 03, aconteceu uma Audiência
Pública seguida de reunião do Conselho de Comunicação Social (CCS) do Congresso,
para debater a implantação da TV Digital. Entretanto, não houve consenso entre os
participantes a respeito de vários pontos, como por exemplo, o financiamento da TV
Digital, assunto que dividiu as entidades que participavam do evento.
No dia seguinte, 04 de abril de 2006, no Plenário 5 da Câmara dos
Deputados, aconteceu uma Audiência Pública sobre “As potencialidades da TV Digital e
do estágio atual do debate sobre o SBTVD”, com participação da Comissão de Ciência,
Tecnologia, Comunicação e Informática. Na ocasião, foi lançada a “Frente Nacional por
um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital” (Anexo Q), que produziu ofício
30
Universidade Federal do Rio de Janeiro
169
assinado por mais de 50 entidades e encaminhado à Casa Civil em 05 de abril. No
documento, a Frente reafirmava sua convicção de que na implantação de um novo
modelo para o sistema de radiodifusão brasileiro deveria prevalecer o interesse público, e
solicitava abertura imediata de consulta pública para colher contribuições acerca dos
documentos
produzidos
pelo
Centro
de
Pesquisa
e
Desenvolvimento
em
Telecomunicações (CPqD).
Durante a pesquisa documental foram localizadas também, manifestações de
cunho mais técnico-científico, como o documento do Sindicato dos Trabalhadores em
Pesquisa, Ciência e Tecnologia de São Paulo (SintPq) acerca das inovações do sistema
brasileiro, por meio da elaboração e divulgação de documentos com a crítica de
pesquisadores, como Luiz Fernando Gomes Soares (Coordenador do Consórcio
Sincronismo de Mídias – projeto Maestro) e Guido Lemos de Souza Filho (Coordenador
do Consórcio Middleware – projeto Flextv) que se contrapunham ao relatório do CPqD
no que se referia às considerações sobre middleware e atribuição de notas aos
equipamentos analisados, pois tanto as tecnologias Maestro e Flextv poderiam ser
utilizadas em quaisquer dos três padrões (SOARES, 2005).
Uma das maneiras utilizada para obter posicionamentos de pesquisadores foi
acompanhar comunidades e fóruns específicos sobre o assunto, como o Boletim
Prometheus, e-groups sobre TV Digital e o Cris Brasil, uma representação nacional do
movimento - Communication Rights in the Information Society – Direito de
Comunicação na Sociedade da Informação, em que muitas informações eram
compartilhadas, como por exemplo, a de especialistas como Mauro Oliveira, que até
dezembro de 2005 foi secretário do MiniCom, e Tarcisio Pequeno, representante da
SBPC, que se posicionaram sobre os encaminhamentos referentes o SBTVD. Várias
listas e fóruns redistribuíram, em 07/03/2006, os posicionamentos apresentados no artigo
170
(OLIVEIRA; PEQUENO, 2006) e publicados originalmente nos boletins do Centro de
Mídia Independente Brasil, e Cultura e Mercado.
Uma outra ação que merece destaque foi a resposta do FNDC à campanha
publicitária das emissoras que defendem uma “Televisão aberta. 100% Brasil. 100%
Grátis”. O Fórum fez os cálculos e revelou que a televisão "gratuita e aberta" custou a
cada lar brasileiro, no ano de 2005, um valor maior do que R$ 200,00.
De acordo com o FNDC, o brasileiro paga pela televisão que recebe
aparentemente de maneira gratuita. Com bases nos dados do IBGE e do Projeto InterMeios, o FNDC estima em pelo menos R$ 203,44 anuais o valor que cada domicílio
pagou, no ano de 2005, para sintonizar os canais abertos. Para chegar ao cálculo, apenas
dividiu a arrecadação publicitária anual em televisão na cifra de R$ 9.507 bilhões pelos
46.733.120 domicílios no país (MARINI; GORGËN, 2006).
Um dos acontecimentos de destaque no mês de abril foi a assinatura, entre
Ministério das Relações Exteriores do Brasil e o Ministério dos Negócios Estrangeiros do
Japão, de um Memorandum of Understanding31 -MoU- (Anexo R) entre os Governos da
República Federativa do Brasil e do Japão, “referente à implementação dos sistema
brasileiro de TV Digital, baseado no padrão ISDB-T, e à cooperação para o
desenvolvimento da respectiva indústria eletroeletrônica brasileira”. Embora o
memorando não comprovasse que esta fosse esta a escolha oficial, a assinatura do
documento foi um passo forte neste sentido.
Vale salientar que um MoU, um memorando entendimento, que manifesta
intenções, quando assinado por diplomatas, entre países, ganha complexidade, e caso
31
Memorando de entendimento
171
venham a estabelecer um acordo, passa a ser um Memorandum of Agreement ( MoA )32,
que avança facilmente para um Bilateral Agreement33. Em suma, o MoU, tem grande
valor político, embora não configure uma decisão propriamente dita (ABREU, 2006).
Em se tratando de decisão como essa, em que os envolvidos tinham se
posicionado bastante, cabe lembrar também que memorandos de entendimento fazem
parte da liturgia das relações internacionais. O texto do “memorando” demonstrava que
existia interesse em utilizar a base do ISDB-T para implantação no Brasil e, caso a
intenção se concretizasse, o memorando tinha como objetivos a implementação e a
construção das bases para a viabilização e o desenvolvimento conjunto da respectiva
plataforma industrial eletroeletrônica brasileira.
Além destes posicionamentos da Sociedade Civil em torno do tema TV
Digital no Brasil, existiam inúmeros outros como a - Moção de Repúdio da Enecos(Anexo S) que criticava testes de rádio digital com sistema IBOC e solicitava assento na
discussão TVD, especificamente no CC; e o -Manifesto do Setorial de Tecnologia do PT
– DF, (Anexo T) por uma TV Digital de interesse público, que solicitava adiamento da
decisão e ampliação dos debates com a sociedade.
Com a assinatura do MoU em 13 de abril, a União Européia (UE) reage, na
tentativa de interferir na escolha veiculada praticamente como certa pela maior parte da
imprensa. O presidente da França, Jacques Chirac, enviou carta ao Presidente Lula
pedindo novas reuniões. Conforme informações obtidas na pesquisa documental, as
autoridades do Brasil e da UE provavelmente se encontrariam em Viena, quando seria
realizada a Cúpula Europa-América Latina e Caribe.
32
33
Memorando de Acordo
Acordo Bilateral
172
A decisão se o padrão seria o ISDB precisava ter o aval do Presidente da
República, que logo após a assinatura do MoU com o Japão, deu a entender que ainda
não havia tomado uma decisão sobre qual padrão de TV Digital seria implantado no
Brasil, pois ainda era cedo para uma definição final sobre o tema. Para o presidente, os
passos seriam mensurados de modo a trazer o melhor para o país.
O fato criou enfrentamento entre o ministro Helio Costa e Dilma Roussef, da
Casa Civil, que mantinha entendimentos com a Comunidade Européia para detalhar a
proposta de escolha do padrão DVB. Representantes da União Européia e da Coalizão
DVB insistiam com o governo brasileiro para que analisasse sua proposta, e contavam
nesse ponto com apoio da Casa Civil que, embora não se manifestasse publicamente, era
mais favorável ao padrão europeu (TV DIGITAL, 2006c).
O Congresso Nacional, por sua vez, também desenvolveu ações relacionadas
ao assunto, como reportagens, entrevistas, acesso a chats, especiais e vídeodocumentários que abordavam o tema. No início de abril (em 05/04/2006) foi
apresentado o requerimento nº 258/06 pela deputada Luiza Erundina, que requeria “a
realização de Audiência Pública para avaliar os relatórios finais dos consórcios do
Sistema Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD". Tais ações indicam a preocupação do
Congresso Nacional com a decisão, inclusive porque o país investiu 54 milhões no
desenvolvimento de um sistema nacional (BRASIL, 2006b).
Neste sentido, e relacionado com TVD e o desgaste entre MiniCom e
Sociedade Civil, além da assinatura de memorando com o Japão, o ambiente na
Comissão de Comunicação da Câmara dos Deputados parecia tenso. A deputada Luiza
Erundina (PSB/SP), em 19 de abril, solicitou audiência com o ministro das relações
institucionais, Tarso Genro, para manifestar o desconforto da comissão em relação ao
tema. Em sua fala ela afirmava que
173
Falta apreço deste governo à nossa comissão, de uma forma tal que eu
nunca havia presenciado como deputada, pois sempre fomos ouvidos e
contribuímos com os diversos governos [...] o governo trata os
deputados "como palhaços" [...] é melhor acabar de vez com esta farsa
de ficarmos aqui fazendo audiência pública e seminários para discutir
uma decisão que já está tomada pelo governo sem ao menos nos
consultar. Até agora eu tive paciência, mas não dá mais (ZANATA,
2006).
No mesmo dia, o deputado Walter Pinheiro (PT-BA) solicitou oficialmente
uma audiência com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva para discutir os
encaminhamentos do governo sobre a escolha do padrão da TV Digital para o Brasil,
incluindo os resultados da viagem ministerial ao Japão. "Quero saber se o governo
assinou um documento com o Japão sobre o modelo de negócios. Se assinou, está
errado" (BRASIL, 2006b).
De acordo com informações de setores envolvidos, a Câmara dos Deputados
de fato decidiu-se pela importância de discutir o assunto. O fato em si era muito positivo,
embora paradoxal, pois em consulta aos arquivos da câmara, encontram-se informações
de que até o final de março cinco solicitações ou requerimentos por audiência pública,
que tinham como objeto de consulta a TV Digital, foram arquivados exatamente pela
Comissão de Ciência, Tecnologia, Comunicação e Informática, que a solicita novamente
em abril de 2006.
Os encaminhamentos trouxeram ao debate a maior visibilidade adquirida
durante todo o tempo de acompanhamento das publicações. Como exemplo cabe
comentar que em clipping (abert.empauta.com) realizado entre os dias 20 de fevereiro e
30 de março constata-se que o assunto foi abordado 1.237 vezes (em matérias, notas e
editoriais em veículos de comunicação do Brasil todo, inclusive on-line). Até a
finalização deste trabalho a escolha nacional não havia sido oficializada, pois o comitê de
desenvolvimento do governo que trata da definição do padrão da TV Digital não
174
apresentou o seu relatório no prazo estipulado. Somente no final de junho, durante a
Copa do Mundo, e dias após ser obrigado pela legislação eleitoral a assumir-se candidato
à reeleição, o presidente Lula assinou o Decreto 5.820/06 que implanta o Sistema
Brasileiro de Televisão Digital Terrestre (VHF e UHF) (GUINDRE, 2006). O Decreto
com apenas 15 artigos fazia a opção pelo padrão japonês.
O quadro instaurado por ocasião da finalização da pesquisa era praticamente
o mesmo dos últimos seis meses e refletia indefinição por parte do governo, que tinha
recebido em reuniões separadas alguns atores envolvidos no debate, como por exemplo, a
indústria e as emissoras. Ao mesmo tempo, se intensificava a concorrência acirrada por
parte dos padrões envolvidos; e crescia o movimento contestatório por parte dos
movimentos sociais organizados, relacionados com o tema. Isso, somado à parcialidade
por parte do ministro, levou à publicação, no dia 28 de abril, de um artigo (anexo U)
assinado por Hélio Costa, que afirmava ter dado um passo histórico a ponto de poder vir
a ter uma TV Digital com padrão nipo-brasileiro (COSTA, 2006).
Tal fato de continuidade nos encaminhamentos a respeito do tema não
comprometeu a conclusão da pesquisa, pois o questionamento principal do trabalho não
se limita a qual padrão era melhor ou pior, mas como o assunto tinha sido encaminhado
pelo Ministério e como tinha sido a participação da Sociedade Civil nos
encaminhamentos. Não obstante, era necessário oferecer um resgate com informações de
como se desenvolveu paulatinamente a delicada situação em que os meios de
comunicação, ao não abordarem as informações de maneira imparcial, desempenharam
um papel determinante junto à sociedade, que, apesar dos relatos apresentados, seguia,
em sua maioria, desinformada ou quando muito, mal informada.
Após a seleção amostral dos dados coletados para a pesquisa, a amostra
recebeu tratamento à luz da Análise de Conteúdo, tratado no tópico 4.3, a seguir.
175
Enquanto era realizada a análise do material selecionado, crescia a mobilização de
organizações da Sociedade Civil e segmentos interessados na discussão da TV, em busca
de interromper as discussões tecnológicas e abordar, com maior profundidade o assunto.
Isso, devido sua relevância, exigiu, por exemplo, abordar, mesmo que brevemente da
necessidade de adequação do marco regulatório e dos impactos econômico-sociais que a
TDV traria consigo.
4.4 O “conteúdo” do desacordo entre sociedade e governo em TVD
Ao final da pesquisa, os encaminhamentos sobre a implantação da TV Digital
no Brasil, embora em estágios avançados de negociação, ainda se encontravam em sua
segunda fase, portanto em desenvolvimento. Deste modo, cabe parafrasear uma fala que
aconteceu no Seminário TV Digital – o Brasil na revolução do século XXI:
A TV digital não deve ser encarada como um fim, mas como meio: a
sua atratividade e o impacto na sociedade podem ser usados como
motivadores e aglutinadores de esforços e interesses; é oportunidade de
reaproximar o Brasil do estado da arte nas áreas de conhecimento
envolvidas; deve promover melhor qualidade de vida do cidadão
através da Cultura Digital. As finalidades e condicionantes definem o
Modelo de Exploração e os Serviços que irão direcionar as atividades
de P&D, as necessidades de capacitação e as mudanças culturais após a
definição do Sistema Brasileiro de TVD (MARTINS, 2004).
Esta pesquisa científica nasceu embasada em duas hipóteses que se
complementavam. A primeira afirmava que o SBTVD, apesar de inovador e ousado,
encontraria dificuldades em sua implantação, devido à amplitude da mudança social,
especificidades e interesses envolvidos, o que, somado ao quadro político-regulatório
nacional, inviabilizava isenção na condução do tema por parte dos atores partícipes do
processo.
A falta de isenção, de alguns atores, na condução dos debates viabilizou a
segunda hipótese do trabalho, que previa a desinformação da sociedade acerca do
176
assunto, à mercê da opinião de públicos, tornada pública pelos meios de comunicação,
governo, representação de classes e movimentos sociais. Devido esta visão fragmentada
do processo, a participação da sociedade ficou comprometida e ocorreu apenas através da
representatividade que, por sua vez, também tinha interesses particulares envolvidos.
Com o intuito de testar as hipóteses, utilizaram-se metodologicamente
pesquisas descritiva (GIL, 1999) e documental (MOREIRA, 2005), buscando-se, por
meio de revisão bibliográfica, contextualizar o atual estado da arte a respeito do tema,
acompanhando publicações a respeito, em meios impressos e eletrônicos, seja na forma
de livros, jornais de variedades ou na imprensa especializada em tecnologia, televisão,
conteúdo e similares. Auxiliaram também nesta contextualização a participação em
cursos, eventos, audiências públicas e ações populares relacionados ao assunto.
O período de acompanhamento das publicações, embora tenha resgatado
documentos desde o ano 2000, não analisou os documentos de 1999 a 2002, uma vez que
o debate acirrou-se somente com a proposta do SBTVD. Tal período compreende,
portanto, o início da pesquisa, no ano de 2003, até abril de 2006, mês de finalização da
mesma e, quando foi assinado, em nível diplomático, o Memorandum of Understanding34
(MoU), entre o Ministério Brasileiro de Relações Exteriores e o Ministério Japonês dos
Negócios Estrangeiros (anexo R), que manifesta interesse dos países em estabelecer
negócios acerca da TDV no Brasil.
Desde o início do levantamento bibliográfico, foram coletadas e arquivadas
em um clipping informações, disponibilizadas na imprensa e veículos segmentados,
acerca do processo de discussão, desenvolvimento e implantação do SBTVD.
Paralelamente, foram obtidas, catalogadas e arquivadas cópias de documentos oficiais
34
Memorando de Entendimento
177
emitidos pelo governo e representantes da Sociedade Civil organizada relacionados com
o tema.
Dentre as publicações consultadas destacam-se os relatórios produzidos
desde 2001 até o momento de finalização da pesquisa pelo CPqD, a saber: Relatório
Integrador dos Aspectos Técnicos e Mercadológicos da Televisão Digital (2001),
Planejamento de Canais de TV Digital (2003), Visão de Longo Prazo da Economia
(2004a), Cadeia de Valor do Setor Brasileiro de Televisão Aberta (2004b), Mapeamento
de demanda – Pesquisa de mercado e análise de tendências (2004c), Panorama Mundial
de Modelos de Exploração e Implementação (2005a), Política Industrial – Panorama
Atual (2005b), Política Regulatória – Panorama Brasileiro Atual (2005c) e Modelo de
Referência – Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre (2006).
Após este acompanhamento, foi selecionada e catalogada uma amostra de
315 publicações (Apêndice B) que utilizou como técnica metodológica a Análise de
Conteúdo de Bardin (1977), técnica utilizada para o tratamento de dados brutos de
comunicações (sejam entrevistas, mensagens ou documentos em geral) nas ciências
sociais, especialmente nas pesquisas qualitativas.
São essencialmente duas as funções da análise de conteúdo, funções estas que
podem coexistir de maneira complementar. Primeiramente, tem como objetivo
enriquecer a pesquisa exploratória, aumentando a propensão à descoberta e
proporcionando o surgimento de hipóteses quando se examinam mensagens pouco
exploradas anteriormente. A outra função é de administração da prova, ou seja, funciona
como um teste para a verificação de hipóteses, apresentadas sob a forma de questões ou
de afirmações provisórias (BARDIN, 1977).
A análise de conteúdo foi organizada em três grandes fases: pré-análise,
exploração do material e tratamento dos resultados (a inferência e a interpretação). A pré-
178
análise é a fase de organização do material, da escolha dos documentos que foram
submetidos à análise, da formulação dos objetivos da pesquisa e dos indicadores que
fundamentaram a interpretação final.
Para que um pesquisador possa tratar os dados coletados em uma pesquisa é
necessário lançar mão de procedimentos para sistematizar, categorizar e, proceder
tratamento analítico. Deste modo, foram estabelecidas categorias de análise, com o
intuito de compreender as idéias que permeavam os textos selecionados. Foram adotadas
as categorias: data, fonte (veículo em que foi publicado o texto), título da matéria,
assunto(s) abordado(s) e posicionamento, juntamente com a categoria prova validativa trecho do texto - que corrobora a inferência no tratamento dos resultados. A análise da
amostra resultou em uma planilha de informações (Apêndice B) que subsidiaram as
considerações a respeito dos interesses dos atores envolvidos no processo, apresentadas
no capítulo seis.
A planilha elaborada é resultado de amostra selecionada junto ao material
obtido durante mais de três anos em que se realizou acompanhamento sistemático junto a
sites especializados em informações e notícias relacionados à área, bem como sites
oficiais como do Ministério das Comunicações, Anatel, SET, ABERT, ABTU, Instituto
de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura, Portal do Serpro, Câmara Americana
de Comércio (Amcham), FNDC, Intervozes – Coletivo Brasil de Comunicação Social,
dentre outros.
Os veículos utilizados no corpus da pesquisa e que subsidiaram a elaboração
do clipping durante o período foram informativos eletrônicos e revistas especializadas,
além de jornais e revistas da mídia impressa convencional. Cabe ressaltar que no
apêndice encontram-se indicados apenas os veículos cujas matérias fazem parte da
amostra selecionada. Dentre os veículos especializados, podem-se citar: Tela Viva News,
179
Jornal da Ciência (SPBC), Tele Time, Revista Imprensa, Meio Digital, Pay TV News,
Observatório de Imprensa, Tela Viva, TeleSíntese, FazendoMedia, Telecom Web,
Revista Brasileira de Ciências da Comunicação, Cultura e Mercado, Jornal da USP,
Publique!, Labi-TV/USP, M&M on-line, Teleco, AD News, IDG Now!, Boletim
Prometheus, Idec, BR - Notícias do Brasil, Pesquisa Fapesp, Digital Television, Meios &
Publicidade, Revista ComCiência, CMI Brasil, SBCom, Revista Up to Date, Mídia e
Mercado, Meio Digital, Cidade Biz, Sete Pontos, Comunicación & Médios, iTVi,
Computer World, Obercom, Home Theater Express, TI Inside, Propaganda e Marketing,
FozNet, Contas Abertas, Press Marketing, TViNet, OPPI, Observatório sobre a
Sociedade da Informação- UNESCO e o site específico sobre a TV Digital, ligado ao
CPqD.
Os jornais impressos ou mídia convencional utilizados foram: Valor
Econômico, Folha de São Paulo, O Estado de São Paulo, Revista Veja, Isto é, Exame,
Época, Agora, O Globo, JB on-line, Correio Brasiliense, Notícias UOL, Primeira Leitura,
Jornal da AESP, Diário do Grande ABC, Carta Maior, Folha Online, O Dia, Dinheiro
Vivo, Correio Popular, Notícias Terra, Primeira Leitura, Jornal da Câmara, Jornal do
Senado, além de material divulgado por agências de notícias como: Agência Estado,
FirstCom Comunicação, Agência Repórter, Agência Brasil, S2 Comunicação, Agência
Câmara e informações divulgadas pelas Assessorias de Comunicação de atores sociais
envolvidos,como órgãos de classe, movimentos sociais e representantes dos
padrões/consórcios e das emissoras de televisão.
Na pesquisa documental junto à amostra, que resultou no apêndice B, a
análise considerou, nas matérias, o texto, propriamente dito, e o posicionamento do
mesmo, este último obtido através da observação e interpretação da amostra.
Especificamente para a categorização do item “assunto” foi utilizado como critério a
180
localização explícita, no texto, de palavra ou sentença que indicasse a presença do
conteúdo nas matérias. A inferência, por sua vez, exigiu leitura de todo o texto para
localizar o posicionamento da matéria e a prova validativa referente à opinião exposta.
Este procedimento permitiu encontrar, por exemplo, textos que, embora tenham em seu
assunto o SBTVD, muitas vezes posicionavam-se de maneira crítica ao mesmo, ou
favorável ao padrão ISDB.
Em análise junto à amostra selecionada percebe-se que na categoria
“assunto” (ver Gráfico 1) os padrões tecnológicos foram os itens mais encontrados nos
textos, seguidos de convergência/TVD; em terceiro, empatados, encontram-se
TVD/sociedade e TVD/governo/MiniCom seguidos de poucas matérias que tinham como
assunto a digitalização do rádio no Brasil.
12%
10%
Convergência TVD
TVD/MiniCom
3%
Rádio Digital
TVD/sociedade
Padrões
10%
65%
Gráfico 1 - Assuntos localizados nas matérias/textos da amostra
Quando subdividimos as informações encontradas no assunto “padrões”, os
resultados (ver Gráfico 2) indicavam o padrão ISDB como o mais mencionado,
praticamente empatado com o padrão SBTVD; em terceiro lugar foi localizado o padrão
DVB, seguido do ATSC e DMB ou padrão chinês.
181
120
113
115
100
nº citações
84
80
60
40
29
20
4
0
SBTVD
ISDB
DVB
ATSC
Chinês/DMB
Padrão tecnológico
Gráfico 2 - Padrões mencionados nas matérias/textos da amostra (em número absoluto)
Durante a análise, percebeu-se que, em algumas vezes, o mesmo texto
mencionava mais de um padrão. Deste modo, os valores indicados no gráfico referem-se
ao número absoluto de vezes em que o termo foi encontrado na categoria, sem utilizar
duplicidade nos valores, quando encontrado mais de uma vez no texto. Ou seja, a cada
texto foi utilizada apenas uma indicação do padrão na categoria assunto, ainda que o
mesmo tenha sido mencionado várias vezes na mensagem.
Em busca de inferência e prova validativa para a análise, percebeu-se que a
categoria “posicionamento” apresentava seus índices fragmentados, com vários itens com
poucas menções de cada um deles. Isto é um reflexo da falta de consenso a respeito do
assunto, bem como da superficialidade com que o tema é tratado e da desinformação
gerada pelo viés tecnológico utilizado no debate, observado em vários dos textos
analisados. Neste contexto, os posicionamentos encontrados foram subdivididos em 13
itens (ver Gráfico 3), vários deles, com pouca diferença entre si, no que se refere à
quantidade de vezes em que foram mencionados.
182
Indefinição governo/ escolha
Comenta/defende SBTVD
Ampliação do debate
Pró ISDB/alta definição
Pró DVB/multiprogramação
Marco regulatório/implic. legais
5%
7%
8%
3%
8%
22%
2%
Critica testes radio digital
Comenta/questiona DMB Chinês
1%
Padrão único América Latina
3%
Critica MiniCom/descump. Decreto
8%
4%
14%
15%
Convergência tecnológica
TV digital
Outras Tecnologias
Gráfico 3 - Posicionamentos localizados nas matérias/texto da amostra
Os posicionamentos mais encontrados (22%) são aqueles que comentavam
ou eram favoráveis ao SBTVD ou às propostas que o Decreto Ministerial indicava como
características do sistema brasileiro. Em seguida, praticamente com os mesmos
resultados, encontram-se os posicionamentos que reivindicam ampliação do debate a
respeito do assunto (15%), e aqueles favoráveis à adoção do padrão ISDB pelo governo
brasileiro (14%), ou que defendiam a alta definição como prerrogativa da TVD. Fato que
mereceu atenção na análise foi que nos posicionamentos pró-SBTVD, algumas vezes o
texto também criticava a parcialidade da imprensa convencional ao abordar o tema.
Nos resultados encontrados, estão empatados, com os mesmos valores (8%),
e em terceiro lugar, os posicionamentos: (a)que comentavam ou criticavam a indefinição
do governo na escolha do padrão; (b)que indicavam ou comentavam aspectos legais do
tema e a necessidade de discutir o marco regulatório atual; e (c)textos mais informativos,
que comentavam a TVD de maneira geral, sem citar/particularizar nenhum dos padrões
ou defender explicitamente qualquer opinião sobre o debate.
183
Os posicionamentos encontrados a seguir também possuem caráter mais
genérico e informativo a respeito da convergência tecnológica como um todo (7%), que,
em alguns casos, não estão necessariamente relacionada com TVD. Em seguida
encontram-se os posicionamentos favoráveis ao padrão DVB ou à multiprogramação
com abertura de canais (4%). Na seqüência e empatados com 3%, encontram-se as
manifestações a respeito de rádio digital, em sua maioria criticando os testes no Brasil; e
textos que abordam em seu escopo observações referentes a outras tecnologias
convergentes, não TVD propriamente dita.
Os três últimos posicionamentos localizados e praticamente empatados, com
valores entre 1% e 2 % são: aqueles que denunciavam o descumprimento do Decreto
Presidencial 4.901/2003, criticando o MiniCom e a parcialidade de Hélio Costa na
condução do debate; aqueles que comentavam ou questionavam a ausência de
informações a respeito do sistema chinês de TVD; e aqueles que comentavam ou
defendiam a adoção de um padrão único de TVD para a América Latina.
A análise de conteúdo realizada indica que, embora a maior parte das
publicações em veículos da imprensa convencional divulgassem e/ou corroborassem o
viés técnico adotado no debate sobre o tema, publicações especializadas ou relacionadas
com os atores envolvidos com movimentos sociais e/ou pesquisadores criticavam a
ausência do debate político que englobe: a exeqüibilidade das propostas no decreto de
implantação do SBTVD, a continuidade ou aproveitamento das pesquisas desenvolvidas
a um custo superior a cinqüenta milhões de reais e a necessidade de revisão do marco
regulatório a fim de viabilizar a implantação do SBTVD com possível democratização da
comunicação.
A Análise de Conteúdo ofereceu informações que viabilizaram um
aprofundamento da análise qualitativa a respeito de tendências e indícios sobre o objeto
184
analisado, no entanto, o mesmo é apresentado posteriormente (cap.6), logo após as
considerações acerca das entrevistas em profundidade junto à Sociedade Civil
organizada.
Neste sentido, uma primeira análise permite afirmar que, com exceção das
publicações especializadas para a área técnica/especializada, que reivindicavam
ampliação do debate; questionavam discussões a respeito do marco regulatório ou
alternativas aos três padrões - como o SBTVD ou DMB/chinês – em muitas das
publicações disponibilizadas para a sociedade em geral, ocorreu parcialidade nas
matérias ou direcionamento do discurso para o determinismo tecnológico em detrimento
das discussões políticas sobre a TV Digital. Em síntese a imprensa,um dos atores do
processo, mostrava-se parcial no debate.
185
5
A OPINIÃO PÚBLICA DA SOCIEDADE CIVIL ACERCA DO SBTVD
Tendo como pressuposto que uma pesquisa de cunho exploratório pretende,
ao oferecer uma visão geral do fato, formular problemas mais precisos e subsidiar
hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores (GIL, 1999); a metodologia apresentada
atendeu às necessidades para comprovação das hipóteses.
Com o intuito de alcançar plenamente os objetivos propostos, foram adotadas
outras propostas metodológicas, especificamente pesquisas com análises híbridas, que
revelam tanto aspectos quantitativos quanto qualitativos, uma vez que, por meio da
pesquisa qualitativa, são obtidos dados como opiniões, atitudes, sentimentos e
expectativas, itens que não podem ser quantificados por se diferenciarem de pessoa para
pessoa. O que se descobre é uma linha de conduta/opinião dos entrevistados
(COIMBRA, 2005).
Deste modo, foi realizado um breve levantamento a respeito do assunto junto
a pessoas que, tendo em vista a seleção adotada, estivessem possivelmente relacionadas
com o tema ou com acesso facilitado ao mesmo. A metodologia utilizada considerou
perfil sócio econômico e idade ao disponibilizar por meio da internet, junto a fóruns
específicos sobre TV Digital e similares, um questionário auto-aplicado35 (apêndice C)
com sete perguntas fechadas, evitando detalhamentos que pudessem comprometer a
compreensão ou direcionar as respostas obtidas. Embora o questionário não exigisse
conhecimentos profundos sobre o tema, permitia identificar equívoco ou informações
insuficientes por parte de quem respondesse às perguntas.
35
Questionário disponibilizado aos entrevistados e respondido conforme os entrevistados julgassem conveniente.
186
A amostragem utilizada foi aleatória por acessibilidade36, pois, ainda que
limitado a fóruns e sites de relacionamentos, não havia como o pesquisador delimitar
quem responderia ou não aos questionamentos. Foi utilizada uma linguagem coloquial,
contudo alguns termos bastante abrangentes, como inclusão digital, foram utilizados sem
maior contextualização para o entrevistado, tendo em vista o perfil do internauta
brasileiro: normalmente jovem (57% dos que acessam regularmente a Internet têm de 14
a 24 anos), solteiro (67% dos usuários) e de classificação socioeconômica média-alta,
uma vez que 60% dos que acessam com regularidade a internet pertencem às classes A e
B (MKTEAM, 2006).
A Internet foi selecionada como ferramenta para obtenção de informações,
tendo em vista a necessidade de atingir um público cujo perfil sócio econômico e
comunidades virtuais37 que freqüentavam, indicassem conhecimento prévio do assunto.
Somado a isso, Yamaoka (2005, p.147) chama a atenção para a riqueza da internet como
fonte de informação, que “numa incessante metamorfose recebe novos serviços, novos
conteúdos e novas tecnologias”, fato que foi favorável à pesquisa devido seu caráter “up
to date” que exigia constante acompanhamento dos fatos.
O questionário (apêndice C) foi disponibilizado em fóruns específicos sobre
Comunicação, enviado por e-mail a e-Groups38 com interesse no tema, a exemplo da Cris
Brasil, uma representação nacional da Campanha CRIS Internacional (Communication
Rights in the Information Society – Direito de Comunicação na Sociedade da
Informação). Foi encaminhado principalmente às comunidades sobre TV Digital surgidas
junto ao site de relacionamentos Orkut: TV Digital Interativa, TV Digital no Brasil, TV
36
Leva em consideração facilidade de acesso para os participantes.
Termo utilizado para designar agrupamentos humanos e novas formas de comunidade que surgem no ciberespaço
criadas por meio da comunicação mediada por computadores.
38
Lista de e-mails com administração via web. É o administrador que permite aos usuários criar novas e próprias
discussões e permite a outros se inscreverem na lista.
37
187
Digital 2006, TV Interativa/Interact TV e também à comunidade Pesquisa em
Comunicação.
Embora ao final do trabalho o Orkut possuísse 19 comunidades específicas
sobre TV Digital, na ocasião em que a pesquisa foi disponibilizada (28/09/2005) existiam
apenas as comunidades acima citadas. A utilização de questionário auto-aplicado se
adequava às particularidades do público e ferramenta (internet) selecionados, uma vez
que após ser entregue aos participantes da amostra, permitiu a estes responder aos
questionamentos no momento em que julgassem conveniente (GIL, 1999).
Os tópicos, ao final da tese, em julho 2006, ainda estavam abertos para
considerações nos fóruns e comunidades indicadas, no entanto, em janeiro de 2006, as
repostas foram impressas para fins de tabulação e tratamento dos resultados Os dados
obtidos entre outubro de 2005 e janeiro de 2006, referem-se a uma amostra de 45
pessoas, interessadas ou envolvidas com o tema, que responderam voluntariamente ao
questionário. Fato curioso foi que o contato com a pesquisa levou ao surgimento de
novas comunidades e outros fóruns específicos sobre o assunto.
Durante a tabulação dos dados buscou-se, ao máximo, trabalhar com
resultados que fossem esclarecedores à pesquisa, no entanto duas situações merecem
esclarecimento. Em algumas questões (2 e 3) existiam as alternativas “não tenho
informação suficiente para opinar”, no entanto percebeu-se que, algumas pessoas que
indicavam acompanhar as discussões utilizaram esta alternativa em algumas das
perguntas. Em questões em que várias possibilidades eram apresentadas, ainda que a
questão solicitasse apenas uma indicação alguns assinalaram mais de um item,
contabilizados na análise.
As situações relatadas não comprometem o resultado do trabalho, pois o
mesmo não tem como foco uma análise estatística, meramente quantitativa, de quem
188
conhece ou não o SBTVD, inclusive porque os indivíduos que tiveram acesso ao
questionário participam de comunidades virtuais relacionadas com o assunto. A proposta
foi exatamente encontrar indícios da fragilidade das informações de pessoas
“interessadas” ou “envolvidas” com o tema.
Deste modo não foi necessária amostra significativa, com inúmeros
questionários respondidos, uma vez que, o intuito foi por meio de uma breve rodada de
questões entre os internautas, que tinham conhecimento sobre o assunto, obter indícios
utilizados para subsidiar a análise das entrevistas realizadas junto à Sociedade Civil
organizada. Os dados mais relevantes são apresentados a seguir, no entanto, os gráficos
referentes a todas as questões podem ser encontrados no apêndice D.
De acordo com os resultados obtidos, 64,4% dos entrevistados pertencem ao
sexo masculino e 35,6% ao sexo feminino, distribuídos, conforme idade, da seguinte
maneira: 22,2% tinham idade entre 15 e 20 anos, 31,1% estavam na faixa etária de 21 a
30 anos e 26,7% entre 31 e 41 anos, que somados resultavam em 80% dos entrevistados.
Dentre os 20% restantes 4,4% encontravam-se entre 41 e 50 anos e 15,6% não
informaram a idade. No que se refere à idade, os dados obtidos pela pesquisa corroboram
as informações a respeito do perfil do internauta brasileiro.
Tendo como objetivo desvendar informações detalhadas após a análise dos
resultados, foram localizados pontos de intersecção entre a questão que considerava
idade do entrevistado com as informações a respeito da opinião sobre o SBTVD. Os
resultados encontrados (ver Gráfico 4) indicam que aproximadamente 90% dos
entrevistados viam como boa a proposta do SBTVD. No entanto, 1/3 destes tinham a
opinião de que o sistema brasileiro, ainda que tivesse uma proposta boa, era inviável.
Um ponto interessante é que os 53% dos entrevistados que tinham opinião a
respeito do Sistema Brasileiro como “boa e viável”, eram jovens, pois a maior parte dos
189
entrevistados se encontrava com idade até 30 anos. Este fato, a maioria dos entrevistados
ser jovem era relativamente natural, se considerado que o questionário foi
disponibilizado em comunidades junto à Internet, que tem entre seu público um grande
percentual de jovens.
O que merece atenção é fato de que entre os mais jovens predominava uma
visão positiva e otimista a respeito do Sistema Brasileiro. Em contraponto a isso, foram
os entrevistados com idade superior a 40 anos que ofereceram respostas que indicavam o
SBTVD como ruim ou inviável. Cabe lembrar, no entanto, que alguns (15,6%) dos
entrevistados não informaram a idade.
15 - 20
21 - 30
31 - 40
41 - 50
Não informou
80,0%
70,0%
60,0%
50,0%
40,0%
30,0%
20,0%
10,0%
0,0%
Boa e viável
Boa porém inviável
Ruim porém viável
Sem inf ormações p/ responder
Gráfico 4 - Distribuição dos entrevistados segundo idade e opinião a respeito do SBTVD
Tendo em vista que as informações sobre profissão estavam bastante
fracionadas, as mesmas foram agrupadas para facilitar o tratamento dos dados. Deste
modo, 35,4% dos entrevistados faziam parte do grupo de profissionais liberais; 17,8%
190
eram estudantes; professores (incluídos físicos e historiadores) e técnicos apareciam
empatados com 15,5% cada; e 15,6% não informaram a profissão.
Quando questionados se acompanham as discussões sobre a TV Digital no
Brasil, 82,2% responderam que sim, e apenas 17,8% responderam que não, fato
corroborado com a questão em que o entrevistado deveria indicar que não tinha
informações para responder. Dentre os entrevistados, a maioria - 53,3% - achava a
proposta de um sistema brasileiro boa e viável; 26,7% achavam a proposta boa, porém
inviável; 2,2% achavam a proposta ruim e inviável; e 17,8% afirmaram não ter
informações suficientes para opinar.
Na questão que solicitava a indicação do fator mais interessante na proposta
do SBTVD, as repostas obtidas foram: Interatividade total (24,4%), utilizar tecnologia
nacional (22,2%), viabilizar a inclusão digital (20,0%), fortalecer a indústria tecnológica
brasileira (13,3%), contribuições das universidades (4,4%) e sem informações suficientes
para opinar (15,5%), um percentual alto se comparado aos demais e considerado que o
público em questão se constituía de integrantes de comunidades e fóruns sobre TVD.
Após o tratamento dos resultados em software estatístico e a elaboração de
gráficos para todas as questões (Apêndice D), foi possível observar algumas
curiosidades, como por exemplo, o fato de a indicação da interatividade como ponto
interessante do SBTVD, incompatível com o valor que a maior parte dos entrevistados
está disposta a pagar pela transmissão digital. Acerca dessa indicação, 62,2% afirmaram
estar dispostos a investir para ter acesso à transmissão digital até R$ 100,00; 26,7%
investiriam entre R$ 100,00 e R$ 300,00 e 11,1% investiriam entre R$ 300,00 e R$
500,00.
Ao confrontar estas informações com as respostas a respeito dos pontos
favoráveis do SBTVD, os resultados obtidos (ver Gráfico 5) indicam que
191
aproximadamente 90% dos entrevistados estão dispostos a investir até R$300,00. Note-se
que dentre os entrevistados que indicavam como valor máximo de investimento R$
100,00 a maioria afirmou não possuir informações para indicar os pontos favoráveis do
Sistema Brasileiro.
Este fato chama a atenção, pois oferece indícios de que as pessoas com
limitação de investimento em R$100,00 em Televisão Digital, não possuem muita
informação sobre ao assunto. Embora os resultados indicasse esta relação, a mesma não
se justificava completamente, pois o questionário foi disponibilizado exatamente em
comunidades que discutem ao assunto, somado ao fato de que a maior parte (82,2%) dos
entrevistados afirmou acompanhar as discussões sobre a TV Digital no Brasil.
Outro ponto que merece atenção é o fato de que somente (10%) os
entrevistados dispostos a investir entre R$ 300,00 e R$ 500,00 indicaram como pontos
interessantes do Sistema Brasileiro a inclusão digital, a interatividade e uso de tecnologia
nacional.
100%
90%
80%
70%
60%
50%
40%
30%
20%
10%
0%
Contribuição da Fortalecer a
academia
industria
Inclusão digital Interatividade
Sem
total
informações p/
responder
até R$ 100
R$ 100 - R$ 300
R$ 300 - R$ 500
Tecnologia
nacional
192
Gráfico 5 - Distribuição segundo opinião/SBTVD e disponibilidade de investimento
Quando questionados quanto ao acesso à TV Digital, a maioria - 64,4% afirmou não ter acesso, contra 35,6% que tinham. Dentre aqueles com acesso à TVD, os
resultados encontram-se assim distribuídos: 17,8% tinham TV a cabo; 11,1% tinham
acesso a DirecTV (por satélite) e 6,7% afirmaram ter acesso à Sky (também por satélite).
Em outro tópico, 53,3% dos entrevistados acreditavam que a demora do
governo para escolher o padrão de TV Digital pode trazer prejuízos para o país, contra
46,7% que não viam o tempo utilizado para a escolha como algo prejudicial. Assim,
havia uma leve tendência entre os entrevistados em acreditar que a demora na escolha do
padrão traria prejuízos ao País. Esta informação oferece indícios de posicionamentos
equivocados sobre o acompanhamento das discussões sobre a TV Digital, inclusive
porque o assunto não fazia parte da agenda da grande imprensa ou dos jornais em TV
aberta, fonte de informação da maior parte da população. Tal afirmação se embasa no
fato de que se os mesmos tivessem informações acerca da televisão digital saberiam que
uma proposta de interatividade total fica comprometida caso os investimentos sejam
tímidos e os prazos de desenvolvimento muito justos, pois para a implantação do sistema
brasileiro, indicado pela maioria como viável, é necessário tempo para a realização de
testes.
Tendo em vista as respostas obtidas, disponibilizadas nos gráficos do
apêndice D, as informações preliminares da pesquisa indicam por parte dos entrevistados
um conhecimento superficial ou equivocado a respeito do assunto. Um exemplo foi a
indicação, pela maior parte dos entrevistados, do item interatividade como ponto positivo
do SBTVD, fato que, a princípio, é incompatível com o valor que a maioria dos
entrevistados está disposta a pagar pela transmissão digital. Os resultados apontados
193
tornam-se mais graves ao se levar em consideração que as pessoas que responderam à
pesquisa participavam de comunidades virtuais diretamente ligadas ao tema e, portanto,
possuiam um pouco mais de informações do que a sociedade em geral.
Os indícios obtidos junto aos questionários foram utilizados na segunda
abordagem metodológica adotada, a utilização de um tipo híbrido de entrevistas em
profundidade (apêndice E), porém estruturadas39, realizadas no ínterim entre a transição
de ministros, a insatisfação do Comitê Consultivo sobre sua representatividade e o
momento reivindicatório que marcava os meses de março e abril de 2006. As entrevistas
foram realizadas junto à Sociedade Civil organizada, com entidades representativas de
vários atores sociais, e os resultados obtidos indicavam as tendências do quadro que
seriam instauradas seqüencialmente, relatadas nos tópicos anteriores.
Duarte (2005) defende a utilização de entrevista em profundidade em estudos
de comunicação, devido à flexibilidade que a mesma possui de permitir ao informante
definir termos da resposta. Trata-se de uma metodologia que busca intensidade nas
respostas, não uma quantificação ou representação estatística e tem como objetivo
fornecer elementos que permitam compreender uma situação ou estrutura de um
problema. Para o autor a técnica possibilita
Identificar problemas, microinterações, padrões e detalhes, obter juízos
de valor e interpretações, caracterizar a riqueza de um tema e explicar
fenômenos de abrangência limitada [...] bastante útil para lidar com
problemas complexos ao permitir uma construção baseada em relatos
da interpretação e experiências assumindo-se que não será obtida uma
visão objetiva do tema de pesquisa (DUARTE, 2005, p. 62).
A entrevista estruturada, por sua vez, é utilizada para levantamentos sociais e
se desenvolve a partir de uma “relação fixa de perguntas, com ordem e redação
39
Apesar da liberdade que o indivíduo teve para construir suas respostas a entrevista seguia roteiro de
questionamentos.
194
invariável para todos os entrevistados” (GIL, 1999, p.121). Neste sentido, as entrevistas
realizadas, embora oferecessem uma estrutura, ou uma relação fixa de perguntas;
permitiam ao entrevistado construir seu caminho de respostas de maneira mais profunda.
As entrevistas realizadas objetivaram evitar a discussão sem muita
profundidade acerca do embate tecnológico entre os padrões existentes. É importante
ressaltar que esse viés tecnológico de comparação dos padrões não era o ponto mais
importante da pesquisa. Se fosse esta a proposta, seria interessante questionar também a
viabilidade do padrão chinês.
O intuito da entrevista foi verificar o acompanhamento das discussões por
parte da sociedade, questionar a opinião sobre os encaminhamentos do MiniCom sobre o
desenvolvimento do SBTVD, em contraste com os três padrões em discussão pelo
governo, além de interpelar sobre os assuntos pertinentes e não inseridos nos
encaminhamentos do governo, como produção de conteúdo, modelo de negócios e marco
regulatório, e outros que poderiam surgir nas respostas obtidas.
Antes de apresentar, no item 5.1, as considerações sobre as respostas obtidas
(disponibilizadas no Anexo U), cabe enfatizar que os entrevistados tinham a opção de
solicitar sigilo acerca de informações de cunho pessoal, bastando, para isso, uma
manifestação dos mesmos. Como não houve nenhuma diretriz neste sentido, algumas
falas foram transcritas na íntegra, e quando o entrevistado evidenciou tratar-se de posição
sua, e não da entidade que representa, tal informação foi acrescentada em seu
comentário.
195
As entrevistas em profundidade, com doze questões abertas40, foram
realizadas no período de novembro de 2005 a abril de 2006, através de e-mail, gravações
por telefone ou gravação na presença do entrevistado durante audiências públicas,
principalmente a que ocorreu em 04 de abril de 2006. As mensagens enviadas por e-mail
foram encaminhadas quatro vezes (22/11/2005, 15/12/2005, 01/03/2006 e 12/04/2006),
uma vez que alguns entrevistados não responderam às mensagens anteriores.
As mensagens foram encaminhadas para representantes da Sociedade Civil
organizada, na visão conceitual de teóricos liberais e marxistas. Em síntese, o universo se
constituía toda e qualquer entidade envolvida nas discussões, ou que pudessem vir a ser
impactadas com os encaminhamentos do SBTVD. Destas, foram selecionadas aquelas
mais ativas na discussão ou com interesses diretos na mesma, como por exemplo, as
seguintes representações de classe:
Confederação Nacional da Indústria (CNI);
Sociedade Brasileira de Pesquisadores da Comunicação (Intercom); Conselho Federal de
Engenharia, Arquitetura e Agronomia (Confea); Conselho Regional de Engenharia e
Arquitetura (CREA); Confederação Nacional Comercio (CNC); Associação Brasileira de
Agências de Propaganda (ABAP); Associação Brasileira de Propaganda (ABP), dentre
outras.
Foram encaminhadas entrevistas também para ONGs e Instituições Públicas,
tais como: Associação Brasileira de ONGs (ABONG); Cris Brasil; Intervozes ; Vitae Apoio à Cultura, Educação e Promoção Social; Instituto de Estudos, Formação e
Assessoria em Políticas Sociais (PÓLIS); União Cristã Brasileira de Comunicação
Social(UCBC); Instituto Paulo Freire (IPF); Comunicação e Cultura; Instituto Brasileiro
de Análises Sociais e Econômicas (IBASE); Instituto de Estudos Socioeconômicos
40
Sem indicação prévia de respostas possíveis.
196
(INESC); Instituto de Estudos e Projetos em Comunicação e Cultura (Indecs) e
Associação de Mídia Interativa (AMI).
Foram também contatados para entrevistas, representantes das emissoras e
empresas relacionadas com a área, a saber: RBS, Rede Record – SBT SP, Rede TV e
Rede Globo de Televisão, Grupo Abril S.A./ TVA, Inatel, Sony Comércio e Indústria
Ltda. e Panasonic do Brasil Ltda.
- Sony/Panasonic, Philips do Brasil; além de
pesquisadores e estudiosos da área, como: Valdecir Becker (Coordenação do Plano de
Comunicação do SBTVD), Guido Lemos, Ricardo Benetton, Takashi Tome, Giovanni
Moura de Holanda, Dalton S. Arantes, José G. Chiquito e Max H. M. da Costa - João
Benedito dos Santos Junior, Ethevaldo Siqueira, Nelson Hoineff, João Zuffo, Marcelo
Zuffo, , Adilson Cabral, Paulo Portela Filho, Murilo Cesar Ramos, Regina Mota, Cosette
Castro.
Também receberam a entrevista todas as entidades integrantes do Comitê
Consultivo, a saber: Associação Brasileira de Cinematografia (ABC), Associação
Brasileira de Educação a Distância (ABED), Associação Brasileira de Emissoras de
Rádio e Televisão (ABERT), Associação Brasileira da Indústria Elétrica e Eletrônica
(ABINEE), Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica (ABIPTI),
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Associação Brasileira de Emissoras
Públicas, Educativas e Culturais (ABPEC), Associação Brasileira dos Produtores
Independentes de Televisão (ABPI-TV), Associação Brasileira de Televisão por
Assinatura (ABTA), Associação Brasileira de Televisão Universitária (ABTU),
Associação das Empresas Brasileiras de Tecnologia da Informação, Software e Internet
(ASSESPRO), Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos
(ELETROS), Federação Nacional dos Jornalistas (FENAJ), Federação Interestadual dos
Trabalhadores em Telecomunicações (FITTEL), Fórum Nacional pela Democratização
197
da Comunicação (FNDC), Instituto de Defesa do Consumidor (IDEC), Rede de
Informações para o Terceiro Setor (RITS), Sociedade Brasileira de Computação (SBC),
Sociedade Brasileira pelo Progresso da Ciência (SBPC), Sociedade Brasileira de
Telecomunicações (SBrT), Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e
Telecomunicações (SET), Sociedade para Promoção da Excelência do Software
Brasileiro (SOFTEX), e União Nacional de Emissoras e Redes de Televisão (UNETV).
Dentre os entrevistados que responderam no primeiro envio, destacam-se as
empresas ligadas à área de tecnologia e pesquisadores envolvidos com o projeto de TV
Digital, como SET, ASSESPRO, ABED, Takashi Tome (CPqD), Paulo Portela Filho,
Cosette Castro. Ocorreu, ainda, que algumas instituições justificaram o não envio da
resposta, uma vez que as informações que respondiam aos questionamentos estavam no
site institucional das mesmas (ELETROS, ABTA), e entidades como a RITs, SBC, ABP
e ABTU que justificaram o não envio das informações porque as mesmas seriam
providenciadas por outras instâncias institucionais.
No segundo envio, os primeiros a responder foram as representações de
classe como FENAJ e Confea, e pesquisadores e empresas que solicitavam prazo mais
estendido para enviar as repostas.
Por ocasião do terceiro envio, as respostas vieram de pesquisadores como
Valdecir Becker e representantes das emissoras, que justificaram a demora no envio dos
dados devido a compromissos relativos ao tema. Um episódio que merece atenção referese às mensagens enviadas ao pesquisador do (CPqD), que ao receber a entrevista pela
terceira vez respondeu:
Para o momento, e até que novas orientações me sejam dadas, estou
preterindo enviar qualquer tipo de informação sobre o projeto TV
digital, em especial, aquelas em que devo apresentar algum julgamento
de mérito. Espero que entenda o momento delicado em que nos
198
encontramos e torço para que tenha sucesso em seu trabalho de
pesquisa (Ricardo Benetton Martins em 06/03/2006).
No site do CPqD, por sua vez, encontramos a seguinte informação, datada de
05 de janeiro de 2006:
Por determinação do Sr. Ministro das Comunicações, Hélio Costa, na
função de presidente do Comitê de Desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD, fica estabelecido que, toda e
qualquer informação a respeito do andamento do projeto SBTVD e seus
resultados deverá ser solicitada diretamente ao Minicom, através da
Secretaria de Telecomunicações, em atenção ao Sr. Roberto Pinto
Martins, Secretário de Telecomunicações.
É necessário lembrar outro fator interessante, especificamente foi a
dificuldade em obter a entrevista junto a algumas entidades bastante envolvidas com a
mobilização atual sobre o assunto, que justificaram o não envio das respostas por falta de
tempo devido à intensa programação. Para estas entidades foi encaminhada uma quarta
mensagem com os questionamentos, em abril de 2006, data em que algumas entidades
responderam: RITS, INDECS, INTERVOZES, representantes da SET e de algumas
emissoras.
Dentre as entidades que receberam a entrevista enviada três vezes (e a leram,
pois a mensagem solicitava confirmação de leitura), e não responderam, encontram-se:
CNI, ABONG, CREA, ABNT, Comunicação e Cultura, alguns responsáveis por
emissoras, e os pesquisadores João Zuffo, Marcelo Zuffo e Guido Lemos. As mensagens
enviadas para a CNC e Giovanni Moura foram três vezes apagadas sem leitura (conforme
mensagem automática recebida).
Alguns pesquisadores como Adilson Cabral e entidades como Centro de
Cultura Luiz Freire e Movimento Nacional dos Direitos Humanos, forneceram as
repostas pessoalmente para as entrevistas, em eventos ou audiências públicas realizadas
199
em março e abril de 2006. Essas entrevistas foram gravadas e tiveram informações
utilizadas na análise dos resultados.
Após a coleta das informações por meio das entrevistas, a fase seguinte da
pesquisa foi analisar e interpretar os dados obtidos. Na análise, as respostas foram
organizadas de maneira a permitir a localização de posições claras frente aos
questionamentos da investigação e iniciar a interpretação do sentido amplo das respostas,
realizado mediante conhecimentos anteriores obtidos.
5.1 Análise e interpretação das entrevistas em profundidade
Nas respostas enviadas por representantes da SET e das emissoras
encontravam-se informações que não colocam o debate público sobre o assunto como
algo importante, ou ainda, que indicam a “inutilidade” do Comitê Consultivo.
Enfatizavam que a discussão pública estava contaminada com erros conceituais do ponto
de vista da engenharia, e que a mudança tecnológica era assunto para o Congresso, que
deveria mudar a LGT, e que, portanto, não era assunto para debate com a sociedade.
Estas entidades não responderam às perguntas de número dois e três que
questionavam a atuação do MiniCom e se a troca de ministros trouxe prejuízos aos
encaminhamentos do SBTVD. Defendiam abertamente em suas respostas a adoção de
um dos padrões existentes, ou no máximo, de um sistema misto, sendo que a SET, em
suas considerações, posicionou-se favoravelmente ao ISDB.
Liliana Nakonechny enviou considerações em seu nome e de Fernando
Bittencourt, os dois estavam inseridos em organizações da Sociedade Civil organizada e
também eram funcionários das organizações globo. Nas contribuições, evitavam
enfrentamento com a Sociedade Civil, justificavam que são absolutamente díspares as
opiniões das várias entidades, e que o Comitê Consultivo nunca chegou a um consenso,
200
mas que as opiniões das várias entidades ficaram registradas em atas e em documentos
que foram publicados no site de trabalho do SBTVD.
Nas respostas desse grupo, percebe-se a opinião de que a contribuição da
academia reside no fato de gerar conhecimento e analisar os sistemas existentes;
relativizavam ou discordavam do Decreto 4.901, principalmente sobre a proposta de
interatividade na TVD; e defendiam abertamente a maneira tecnológica como vinham
sendo conduzidas as discussões, com a justificativa de que o modelo de negócios era um
desdobramento da tecnologia escolhida. Havia, ainda, a tendência em qualificar a alta
definição como a melhor contribuição da TVD. Dentre as opiniões mais interessantes
encontradas nas respostas destas entidades destacam-se:
1. [...] este comitê consultivo é praticamente inútil, pois não gera consenso
e objetividade, com algumas entidades representativas e outras
completamente oportunistas e desvinculadas do tema. [...] algumas
redes têm dificuldades para manter apenas um canal, que dirá de vários.
Sem falar de conteúdos, mas há também dispersão de recursos e de
audiência (Olímpio José Franco/SET em 01/12/2005).
2. Sem alta qualidade e ampla flexibilidade a televisão aberta não terá
como concorrer com as demais mídias digitais desregulamentadas e
sem os limites de espectro da radiodifusão (Carlos Capellão/SET em
23/11/2005)
3. Adiar mais é perder um precioso tempo no qual as emissoras estariam
se preparando para oferecer os serviços, e, junto com seus
colaboradores, exercitando as ferramentas e desenvolvendo produtos
progressivamente melhores para continuarem oferecendo uma das
melhores televisões abertas do mundo para o mercado interno e externo
(Liliana Nakonechny, SET/ Organizações Globo em 20/4/2006).
4. A sociedade deve estar principalmente preocupada em garantir que a
Televisão continue lhe oferecendo bom entretenimento e informação
[...], os aspectos tecnológicos e mercadológicos estão sendo atendidos
pelos especialistas. Eles certamente saberão decidir de forma
absolutamente favorável aos interesses nacionais (Carlos Capellão/SET
em 23/11/2005)
5. Sem dúvida a participação da sociedade civil sempre é necessária e
proveitosa. Acho importante, no entanto, que seja de forma organizada,
não tendenciosa e no tempo adequado, evitando que fases do processo
sejam "atropeladas" ou prejudicadas de alguma forma (Enio
Jacomino/TV Paranaense em 10/03/2006).
201
As entidades ligas à área de tecnologia encaminharam informações
pertinentes, que, embora estivessem no âmbito do viés tecnológico, não tinham sido
abordadas no debate notadamente técnico que ocorria sobre o tema. Para o presidente da
ASSESPRO, por exemplo, era necessário acrescentar ao debate discursos sobre os
padrões de softwares e indústria de tecnologia no país, sem desconsiderar a interatividade
buscada pelo novo perfil do telespectador, advindo da TV Digital e da tendência da
convergência, que era levar a TV para dispositivos móveis. As respostas enfatizavam
ainda que a tendência de mídia em médio prazo era a disseminação dos dispositivos de
acesso, sendo que importava aos fabricantes buscar soluções competitivas e eficientes,
que, somadas ao modelo de negócios e à produção de conteúdo, permitiriam formar
novas indústrias que contribuíssem com o desenvolvimento social e econômico do país.
Quem respondeu a mensagem enviada à ABED enfatizou que a opinião era
pessoal, e não da entidade. Dessa fala, algumas contribuições merecem ser resgatadas,
como por exemplo, a defesa de que a discussão sobre a definição da TVD deveria ser
estabelecida entre profissionais do meio com conhecimentos técnicos e funcionais e a
defesa de que a TVD deveria abrir espaço para a produção independente. Também
afirmava que a demora para a definição poderia comprometer a produção em formato
digital e que neste aspecto as parcerias entre governo e universidades seriam
interessantes e ambos os lados ganhariam.
As repostas enviadas por pesquisadores foram aquelas que mais se
aprofundaram nas argumentações. De maneira geral, as posições eram próximas e a
maioria via a Sociedade Civil pouco participativa no debate porque o governo não
incentivou o mesmo e também porque poucos atores da sociedade estavam aptos a
oferecer contribuições pertinentes. Afirmavam que normalmente os posicionamentos
202
eram superficiais ou opinativos, o que mostrava falta de preparo dos setores para
qualificar a opinião e embasar os dados oferecidos ao debate.
Fato interessante é que estas últimas considerações fazem parte das
entrevistas recebidas em março, quando já existia alguma mobilização por parte de
entidades da Sociedade Civil, a respeito da TV Digital no Brasil.
Os pesquisadores/especialistas afirmavam que o debate mais aprofundado
ainda estava restrito ao âmbito da academia e áreas próximas, como a tecnologia,
empresários, educadores e artistas; sendo o público em geral apenas receptor dessas
discussões. Também defendiam um sistema nacional ou misto, com a justificativa de
qualificação pessoal (no Brasil) para isso, embora admitam que a falta de continuidade
no Ministério das Comunicações tenha prejudicado os trabalhos, uma vez que cada um
dos ministros defendia interesses diferenciados.
Em suas respostas, os pesquisadores/estudiosos enfatizaram os resultados
obtidos nas pesquisas nacionais sobre TV Digital. Foram, inclusive, citados os projetos
nas áreas de subsistemas de modulação, desenvolvido pela PUC/RS, que utiliza técnicas
de IA; a codificação de vídeo, desenvolvido pela Unisinos/RS, que trabalha a
implementação de codificadores em softwares; o sincronismo de mídias, desenvolvido
pela PUC/RJ, acerca de uma estrutura de TV Digital existente em qualquer outro sistema;
além do correio eletrônico sem necessidade de canal de retorno, desenvolvido pela UnB,
que para o Brasil é muito interessante, tendo em vista as dificuldades de acesso a telefone
fixo por boa parcela da população.
Alertaram também para a necessidade de privilegiar a indústria nacional, uma
vez que o Brasil importa atualmente cerca de três bilhões de dólares em componentes
eletrônicos, fato que tende a se agravar ao se considerar que, futuramente, tudo tende a
ser eletrônico e digital. Um ponto desconsiderado nas demais repostas, e abordado por
203
este grupo, refere-se à noção de grade de programação, que tem seu fim com a TVD e
leva consigo a noção de programas como se conhece hoje, fato que exige estudos e
propostas sobre outros tipos de gêneros e formatos, pensados a partir de módulos que
podem aparecer na tela da TV sozinhos ou em grupos.
Acerca da opinião dos entrevistados sobre a proposta do Decreto 4.901/2003
de utilizar interatividade na TVD para viabilizar a inclusão digital, as respostas também
são similares; afirmando que a intenção era boa, audaciosa e necessitava de mecanismos
e medidas complementares como regulação, incentivos públicos para o surgimento de
novas emissoras, além de negociação com as empresas atuais para incluir o requisito na
programação.
Takashi Tome, do CPqD, chegou a afirmar que a proposta de inclusão digital
foi aparentemente abandonada pelo governo, que ousou pensar e propor solução para
problemas complexos, cuja proposta simplista do Decreto 4.901 não atendia. A partir de
afirmações como esta, se torna possível afirmar que, para desenvolver soluções que
atendam a estas particularidades, seria necessário primeiramente alterar o marco
regulatório nacional e discutir a LGT, fatos não contemplados pela proposta do governo.
Acerca do questionamento sobre como incentivar a participação da
Sociedade Civil no debate público, a proposta dos entrevistados enfatizava a necessidade
de esclarecimento à população; mostrar o que é possível tecnologicamente, para que as
pessoas compreendam o significado dos impactos da difusão tecnológica. Neste sentido,
é importante a participação de técnicos e pesquisadores que consigam levar essa
consciência para a Sociedade Civil. Sugerem a participação de sindicatos, associação de
professores e de entidades que multipliquem o conhecimento, seja em universidades,
escolas e empresas. Outra proposta foi também a criação de um fórum aberto, na internet,
por exemplo, para discutir o assunto.
204
Cabe ressaltar neste ponto que, existiam fóruns específicos a respeito do
assunto na internet, não necessariamente abertos a toda sociedade, pois não tinham muita
divulgação, mas qualquer pessoa poderia solicitar participação. Alguns dos
representantes de movimentos sociais da Sociedade Civil organizada participavam destes
fóruns o que ofereceu indícios do comprometimento e aprofundamento, no assunto ao
encaminhar as respostas para análise.
Nas respostas foram encontradas assertivas da pouca participação, no debate,
de atores diretamente afetados pelas decisões, como os pequenos produtores de conteúdo,
pequenas emissoras (comerciais, educativas ou comunitárias), centros de profissionais
em comunicação e dos próprios profissionais de comunicação que não estão, em sua
maioria, envolvidos nas discussões (Takashi Tome/CPqD em 29/11/2005). Assim como
esta, várias opiniões deste grupo de entrevistados são pertinentes e merecem reprodução
em sua íntegra:
6. A postura do CPqD sempre foi a de buscar uma posição neutra,
oferecendo respostas às dúvidas tecnológicas, sem procurar pender para
qualquer lado que fosse. Quanto à minha posição pessoal: eu acredito
que o melhor seria a de buscarmos uma solução que fosse a mais
adequada para as nossas condições - sociais, econômicas e culturais
(Takashi Tome/CPqD em 29/11/2005).
7. Nesse sentido, acredito (posição pessoal do Takashi) que o Brasil
deveria aproveitar a sua incrível criatividade artística e a competência
de produção de software, para se tornar um grande centro produtor de
programas multimídia interativos - a mercadoria por excelência do III
Milênio, a Era da Informação (Takashi Tome/CPqD em 29/11/2005).
8. Ora, é necessário compreender que a TV Digital não é uma mera
digitalização dos sinais de TV - ela cria, de fato, uma nova ecologia de
serviços à volta do cidadão [...] Mas acho que era a Intercom que
deveria estar promovendo mesas-redondas e convidando os
responsáveis para discutir isso. Ou será que a Intercom não consegue
compreender o alcance dos impactos que essa mídia trará à vida de
todos nós? (Takashi Tome/CPqD em 29/11/2005).
9. Ora, a pergunta não é porque o Brasil optou por desenvolver um
sistema próprio, incorrendo em "atrasos", mas: porque, em pleno
governo FHC, com uma posição clara das emissoras, essa decisão não
foi tomada? A resposta é que essa decisão envolve questões muito
complexas, que extrapolam a mera questão de escolha de um padrão
tecnológico: envolvem aspectos comerciais, de negociação com os
205
detentores das tecnologias, de reformulação legal, etc. Aliás, os Estados
Unidos, o Reino Unido e a Austrália, para introduzirem a TV Digital,
efetuaram revisões legais. Essa discussão nem começou no Brasil
(Takashi Tome/CPqD em 29/11/2005).
10. Mas infelizmente, não conseguimos dar conta de todas as etapas. Então
o ideal é ter um padrão misto, utilizando o que produzimos no Brasil
com o de fora. MAS é importante que a parceria a ser realizada (seja
com os europeus, japoneses ou norte-americanos) garanta que o "outro
lado" tenha que usar nossos produtos também. Enfim, que não sejamos
apenas meros consumidores de tecnologia de fora (Cosette
Castro/Unisinos em 05/12/2005).
11. Acredito que o melhor para o país seja o desenvolvimento de um
sistema próprio, onde sejam utilizadas as tecnologias já consolidadas e
desenvolvidas as que forem necessárias (Valdecir Becker/UFSC em
09/03/2006).
12. Todos os outros sistemas ainda estão em fase desenvolvimento. Só para
ter uma idéia, ainda não foi feita nenhuma transmissão comercial da tão
falada mobilidade do modelo japonês. Aliás, tem pouca coisa feita. A
pressa é das redes de TV, que ainda não a explicaram muito bem
(Valdecir Becker/UFSC em 09/03/2006).
13. Para mim, me parece que o assunto não foi discutido ainda por total
desconhecimento do tema por parte do parlamento (Valdecir
Becker/UFSC em 09/03/2006 acerca da ausência de discussão sobre
produção de conteúdo e modelo regulatório).
14. Ao defender abertamente a pauta da Rede Globo, o ministro se
fragilizou sob o ponto de vista da política pública, abrindo mais áreas
para o debate (Valdecir Becker/UFSC em 09/03/2006).
Dentre as entidades representativas de classe, o Confea posicionou-se de
maneira bastante contundente (após o terceiro envio da pesquisa), ao justificar o não
envio de resposta para a entrevista. O Conselho se manifestou pela não definição do
modelo de referência do SBTVD sem que houvesse participação da Sociedade Civil no
debate, por meio de consulta e audiências públicas em todo o país. Somente ao final
dessas audiências, que deveriam ser avaliadas em audiência nacional com a participação
do sistema Confea/CREA, a entidade iria se pronunciar a respeito do assunto.
Instituições como Coletivo Intervozes, Indecs e FNDC à frente da
mobilização da Sociedade Civil em favor de debate a respeito da digitalização da TV e
rádio no Brasil, além das considerações encaminhadas para os questionamentos da
206
entrevista estruturada, mantinham publicações sistematicamente divulgadas, seja na
grande imprensa, sites institucionais ou fóruns especializados. Através de consulta às
mesmas, foi possível notar que o posicionamento das entidades corroborava todas as
considerações encaminhadas. Saliente-se ainda que algumas das instituições à frente da
mobilização por um debate com a sociedade acompanham ativamente o assunto desde os
encaminhamentos do governo anterior.
As respostas encaminhadas pela FENAJ são bastante próximas aos
posicionamentos evidenciados pela instituição em seu site. Para a entidade, o Decreto
4.901/2003, instância máxima de orientação para o SBTVD, foi “propositalmente
esvaziado em suas atribuições” e enfraqueceu o debate público sobre a digitalização,
fomentado no momento pela Sociedade Civil organizada fora do CC. Afirmava que o
MiniCom, na gestão de Hélio Costa, tinha atuado de forma parcial e tendenciosa na
condução do processo, que por meio da criação de um comitê ad hoc construiu uma
interlocução privilegiada com os radiodifusores.
Nas considerações enviadas, a FENAJ afirmava que existia “um pouco de
mito na capacidade interativa da TV Digital” e o que existia parece nada mais do que
retórica, pois as manifestações do ministro apontavam para a escolha da tecnologia
menos interativa. Afirmava que a FENAJ, juntamente com outras instituições
participantes do SBTVD, tinha pautado a questão acerca da ausência de debate sobre
conteúdo e modelo de negócios como “questão fundamental e inarredável” de que o
debate técnico, argumento da discussão atual, pautado pelos radiodifusores, era um
“debate esquizofrênico” na medida em que sinalizava a escolha de uma tecnologia antes
de decidir que tipo de televisão a sociedade brasileira desejava.
Justificava sua fala afirmando que se a opção for por um sistema de
comunicação tecnológica, “com abertura para novos players” e possibilidade de
207
multiserviços, resultaria na construção de um modelo democrático de televisão que
deveria rever sua linguagem e ofertas de produtos centrados em maior interação.
Sua argumentação abordava ainda o fato de que a discussão das mudanças
advindas da digitalização tinha sido reduzida nos documentos produzidos pelo CPqD à
respeito das características de mercado, em que o modelo de serviço fica afastado em
detrimento do modelo de negócio. Algumas considerações da FENAJ merecem ser
reproduzidas em sua íntegra devido, principalmente, à contundência das mesmas:
15. A FENAJ e o FNDC têm dito que a escolha do padrão tecnológico é
uma questão menor no complexo debate sobre a digitalização. O que é
fundamental é o governo e a sociedade brasileira definirem o que
querem com a digitalização e, a partir dessa definição, escolher o
padrão que melhor sirva ao projeto nacional (Sérgio Murilo/FENAJ em
15/12/2005).
16. A troca de ministros não afetaria a implantação do SBTVD se o
governo tivesse um projeto claro e definido para a digitalização
brasileira. Infelizmente, assim como não existe uma política de
comunicação, a política desenhada pelo governo para a digitalização foi
insuficiente e subordinada aos interesses privados do setor de
radiodifusão (Sérgio Murilo/FENAJ em 15/12/2005).
17. Nada mais difícil no Brasil do que fazer um debate que a mídia não
deseje. E neste momento a mídia somente quer que a sociedade saiba
que uma nova maravilha tecnológica estará a seu dispor no prazo mais
curto de tempo. E que esta escolha, por ser técnica, não tem nada a ver
com este público. Tem sido nosso esforço tentar romper o silêncio da
mídia e também da aridez do tema para tentar despertar na sociedade o
interesse por essa que será a mais importante escolha de plataforma
industrial e tecnológica desde a luta pelo petróleo, aço e química fina
nos anos quarenta, cinqüenta e setenta respectivamente (Sérgio
Murilo/FENAJ em 15/12/2005).
Nas entrevistas junto ao Centro de Cultura Luiz Freire, Movimento Nacional
pelos Direitos Humanos e pesquisadores presentes na audiência pública de 04/03/2006
em Brasília, obtidas por meio de gravações, percebeu-se a harmonia dos discursos, que
afirmavam que a Sociedade Civil poderia contribuir com o debate. Segundo os
entrevistados o que existe é má vontade do governo em ouvir as instituições que
representavam “o povo” e que não abriam mão da inclusão, da interatividade na TVD e
208
da democratização dos canais, fatores que não necessariamente impossibilitavam alta
definição e mobilidade.
A respeito do SBTVD frente aos outros padrões, afirmavam que se todos são
experimentais e se a proposta é “experimentar por experimentar, que experimentemos o
nosso”. Para isso, entretanto, seria necessário que toda a sociedade recebesse
informações corretas a respeito do assunto, porém isso não ocorreu. Um dos
entrevistados chegou a afirmar que as “várias verdades sobre os assuntos não chegam à
população”, e não vão chegar se não houver uma digitalização democrática do rádio e da
televisão, se não houver democratização da comunicação, esta que é um dos “direitos
humanos, que são interdependentes, individuais e universais” (IVAN, CCLF e MNDH,
em 04/04/2006).
Outro ponto muito incisivo nas considerações destes entrevistados diz
respeito ao MiniCom, que para Adilson Cabral, no atual governo contou primeiro com
um ministro comprometido com as necessidades da sociedade no que se refere à
digitalização; depois um ministro com quem os encaminhamentos não avançaram,
embora não tenham sofrido prejuízo; e tem agora o ministro Hélio Costa, que logo após
sua posse, em suas primeiras considerações, posicionou-se contra o software livre, a TV
Digital nacional e as rádios comunitárias. O entrevistado classificou o atual ministro
Hélio Costa como “um posto avançado da ABERT”, que trouxe retrocesso ao processo
de implantação e desenvolvimento do SBTVD (Adilson Cabral, pesquisador, em
04/04/2006).
O INDECS e Intervozes, representados por Gustavo Guindre, foram as
últimas entidades a enviar respostas para a entrevista estruturada. Foram também as
entidades que forneceram posicionamentos bastante incisivos a respeito do assunto. Em
sua fala, o representante das entidades afirmou que ainda havia grande dificuldade da
209
sociedade em entender o papel fundamental da comunicação nas relações sociais. Este
fato se agravava quando a digitalização dos meios de comunicação era o assunto, pois se
tinha enfatizado o debate técnico em detrimento do debate político. O entrevistado
esclareceu que qualquer sistema seria misto; mesmo que se escolhesse um padrão
internacional, o mesmo receberia adaptações que atendiam às necessidades do país.
Dentre suas argumentações algumas foram bastante categóricas, a saber:
18. Se a TV digital representar realmente uma maior quantidade de
emissoras, regionalização da produção cultural, canais públicos (nãoestatais), aumento da produção independente, introdução de serviços
interativos não ligados diretamente à programação (e-mail, telemedicina, educação á distância, etc), então a TV digital será uma
revolução para as atuais emissoras que sofrerão um grande baque no
seu modelo de serviços oligopolista. Se a TV digital for apenas a atual
com imagem em alta definição, teremos mais do mesmo (Gustavo
Guindre/INDECS e Intervozes, em 17/04/2006).
19. O atual ministro das Comunicações tem se portado no Ministério como
o que ele realmente é: ex-empregado da Globo, parlamentar que faz
parte do poderoso lobby dos radiodifusores no Congresso Nacional e
ele próprio dono de rádio (Gustavo Guindre/INDECS e Intervozes, em
17/04/2006).
Percebe-se com os fragmentos apresentados de algumas entrevistas que o
assunto, relativamente novo e controverso, apresenta uma multiplicidade de
desdobramentos, sendo possível uma análise apenas de um recorte dessa realidade, uma
vez que a implantação da TV Digital Interativa ainda se encontrava em desenvolvimento
no momento da análise.
5.2 Análise e interpretação do debate na Comissão Geral da Câmara de Deputados
Uma outra estratégia de coleta de dados para a pesquisa foi a participação da
pesquisadora em alguns eventos públicos a respeito do debate, principalmente aqueles
em que os atores sociais (emissoras, movimentos sociais e parlamentares) apresentavam
suas posições, como seminários, audiências públicas e demais eventos concernentes ao
210
tema. Dentre os eventos acompanhados alguns ofereceram informações muito úteis,
principalmente quando envolveram parlamentares no debate, como a Comissão Geral
sobre TV Digital que ocorreu em 08/02/2006 e audiências públicas e que aconteceu em
04/04/2006.
Uma Comissão Geral (CG) ocorre quando a sessão plenária da Câmara dos
Deputados é transformada em CG para debater assunto de relevância nacional, projeto de
iniciativa popular ou para ouvir ministros de Estado. Na Comissão Geral, a palavra é
aberta a convidados, o que não ocorre nas sessões, nas quais apenas deputados podem
usar a palavra (AGÊNCIA CÂMARA, 2006).
Organizada e convocada pelas bancadas dos partidos na Câmara, a Comissão
Geral acompanhada pela pesquisadora contou com a presença de vários segmentos da
sociedade, associações setoriais de radiodifusão e telecomunicações (ABERT, Abra,
Eletros, ABTA, ACEL, Telebrasil, CPqD, LSI/USP, PUC/ RJ e RS, UnB, FNDC,
INDECS, Abraço, Fenainfo, dentre outros), além de especialistas e pesquisadores. Cada
um dos oradores teve cerca de cinco minutos para argüição.
Ao acompanhar o evento, foi possível perceber que as opiniões, dentre os que
participam do debate, eram divergentes e divididas em blocos de atores sociais que
representavam: a academia, a indústria, os radiodifusores, empresas de telecomunicações
e TV por assinatura e a Sociedade Civil, representada por vários movimentos sociais. A
maior contribuição, advinda da Comissão Geral, são as considerações de representantes
da Sociedade Civil que constavam do corpus da pesquisa e não enviaram respostas aos
questionamentos
ou
recusaram-se
a
responder.
A
relevância
de
obter
tais
posicionamentos reside no fato de que os mesmos vão ao encontro das obtidas, nas
entrevistas, entre seus pares.
211
De maneira geral, assim como nas entrevistas em profundidade, as falas dos
representantes da academia defenderam um sistema nacional compatível com os
internacionais, a necessidade de apoio para o efetivo desenvolvimento do SBTVD, que
produziu resultados concretos, e o envolvimento do poder legislativo nos
encaminhamentos para decisões que dizem respeito à legislação.
A indústria, por sua vez, defendeu a participação no mercado (que pode ser
aberto por um sistema nacional), a utilização de software brasileiro no padrão adotado, o
desenvolvimento de um padrão totalmente brasileiro, e a necessidade de transparência
nos encaminhamentos, que deveriam considerar o poder de compra da sociedade.
Os radiodifusores defenderam a manutenção do modelo atual de TV aberta,
gratuita que tinha como suporte apenas a publicidade; defenderam também que a
radiodifusão integra 90% do País, sendo fruto do investimento privado nacional e que,
portanto, este investimento deve ser considerado. Aconselharam uma decisão imediata
sobre o padrão técnico da TV Digital que permitisse a manutenção da largura de faixa no
espectro.
Foram também os radiodifusores que enfatizaram os testes comparativos
entre os sistemas e que indicaram o sistema japonês com adições brasileiras como a
melhor escolha para o país. Importante ressaltar, neste relato, que quatro representantes
dos radiodifusores, em momentos distintos, lembraram aos parlamentares que, entre os
serviços oferecidos, encontra-se a veiculação da propaganda eleitoral, partidária. Embora
nenhum parlamentar tenha replicado ao assunto, o fato da informação ter sido enfatizada
em quatro momentos distintos causou estranheza e aparente mal estar entre alguns dos
participantes.
As empresas de telecomunicações defenderam o uso da tevê digital para a
inclusão social e solicitaram a participação nas discussões sobre o modelo de serviços.
212
Afirmaram que seria preciso viabilizar melhor utilização do espectro e rede de freqüência
única, o que exige alterações nas outorgas de radiodifusão e nova definição referente a
serviços de telecomunicações, de maneira a incluir a radiodifusão.
Com discurso similar, as operadoras de TV por assinatura defenderam a
definição de modelo de negócios antes da tecnologia, que levasse em consideração a
interatividade, e um set-top-box único, com preço acessível e que viabilizasse interação e
inclusão social a toda a sociedade. Em seu discurso, as empresas afirmaram que a
interatividade na TVD passava necessariamente pelas operadoras de telefonia e TV por
assinatura e enfatizaram a necessidade de iniciar o desenvolvimento de conteúdo
aplicativo.
Apresentado principalmente por meio de ONGs e movimentos sociais, o
discurso da Sociedade Civil no evento não foi consensual. Alguns defenderam o
adiamento da decisão sobre o SBTVD até que ocorresse um debate político referente ao
tema, pois o debate técnico não dava voz às necessidades da sociedade. Outros
defenderam a imediata participação do Congresso na definição do SBTVD, que
viabilizasse ampliar o debate a respeito do assunto junto à sociedade. Afirmaram a
necessidade de rever a política industrial e o marco regulatório do setor para que permita
o uso do SBTVD como instrumento de inclusão social.
Alguns dos atores da Sociedade Civil achavam que a discussão sobre
SBTVD deveria incluir uma política para o uso dos novos canais que iriam surgir,
enquanto outros partiam da premissa de que, segundo a Constituição Federal, a
transmissão de conteúdo era privativa das empresas de radiodifusão.
213
Assim como ocorreu na análise das entrevistas, durante a análise do evento
algumas falas se destacam e merecem reprodução na íntegra41:
20. Se escolhermos - como quer o Ministro e as Comissões Técnicas
defendem, por exemplo, o padrão japonês, amplamente defendido aqui
pelos radiodifusores, e deixarmos para depois a elaboração de uma lei
pela sociedade civil e pelos pesquisadores para ajeitar as coisas e
garantir a inclusão social, isso não vai ocorrer, como nunca ocorreu
(Regina Mota/UFMG, na CGCD em 08/02/2066).
21. Quaisquer que sejam as pesquisas brasileiras realizadas, as melhorias
obtidas para que elas sejam incorporadas a um sistema existente têm de
estar muito bem fundamentadas e em especial nas negociações com os
detentores originais do sistema. Na verdade, temos de conseguir, no
mínimo, um alto grau de autonomia que deve ser dada ao Brasil, no
sentido de adaptar e evoluir esses sistemas à medida que nosso
mercado, nossas necessidades específicas vão sendo atendidas. Esse
assunto aparece nas negociações com o Poder Executivo [...] Os demais
aspectos associados ao projeto dizem respeito à Constituição Federal, e
em especial ao uso eficiente do espectro, pontos importantes para o
processo decisório. Esta Casa tem o dever e o direito de tratar desses
assuntos (Ricardo Benetton Martins/CPqD, na CGCD em 08/02/2066).
22. O modelo da televisão aberta na era digital continuará sendo livre e
gratuito, com o compromisso de preservar os gastos da população com
os receptores digitais, a exemplo do que ocorreu com os analógicos.
Assim, o momento de escolha da melhor e mais avançada tecnologia
deve ser agora. A próxima oportunidade de transição tecnológica, quem
sabe?, será só daqui a 20 ou 30 anos [...] É ilusão achar que as
características do sistema existente vão se alterar, por tudo que já foi
estudado no Brasil e testado pela SET, pelo Instituto Mackenzie e pelo
INATEL. O melhor sistema de televisão digital, o mais avançado
tecnologicamente, é o ISDB-T adotado pelo Japão. Ainda assim, o
sistema ISDB-T foi desenvolvido há 8 anos, com oportunidade de
melhorias tecnológicas que estão sendo propostas por cientistas
brasileiros para serem nele incorporadas. Teremos, assim, o melhor
sistema de televisão digital do mundo compatível com a televisão
brasileira, uma das melhores televisões abertas do mundo (Fernando
Bittencourt/SET-ABERT na CGCD em 08/02/2006).
23. Os fabricantes não estão satisfeitos com a forma como o processo vem
sendo conduzido [...] não têm sido ouvidos naquilo que têm ofertado
como contribuição e experiência que são detentores. Os associados da
ELETROS têm conhecimento de mercado, de negociações
internacionais, de royalties e patentes, de fornecedores de componentes
de matéria- prima. A ELETROS tem expertise que tem ofertado como
contribuição para o debate e para a consolidação de novo modelo de
negócios ao qual terá que se adaptar. O sistema que melhor serve ao
41 Não será utilizada nenhuma notação específica de transcrição de fala, conforme sugerem autores da área da análise da conversação. Ressalva-se, apenas a notação
[...] que representa corte na seqüência da fala.
214
modelo de negócio não tem sido ouvido (Paulo Saab/ELETROS na
CGCD em 08/02/2006
24. As discussões sobre a adoção de um padrão de TV para o Sistema
Brasileiro de TV Digital não podem passar ao largo de ampla reflexão
sobre as implicações da convergência sobre a sociedade ou serviços,
sobre os modelos de negócios e de políticas industriais que resultem
numa elaboração de política pública flexível [...] Para alcançar os
objetivos de uma política pública que englobe todas as vertentes, é
muito bem-vinda a participação do Congresso Nacional nas discussões
sobre a TV digital, para garantir o contorno democrático e a
representação popular no processo (Amadeu Castro/ACEL na CGCD
em 08/02/2006).
25. As contribuições do Comitê Consultivo do SBTVD nunca foram
implementadas e sequer repassadas às demais instâncias do sistema. O
desprezo do público sobre o privado e a interlocução privilegiada para
acomodar dos interesses particulares dos radiodifusores macularam o
processo. O Estado e a sociedade brasileira precisam resgatar o
interesse público presente no tema do SBTVD. Até hoje o Governo não
promoveu uma campanha de esclarecimento público de abrangência
nacional no intuito de informar à população o que está em jogo e qual o
custo da introdução da tecnologia digital nas comunicações, bem como
suas implicações na cultura e economia do País (Celso Schröder/FNDC
na CGCD em 08/02/2006).
26. Introduzir a TV digital sem uma nova legislação é estar sujeito a
diversos questionamentos judiciais. Este será o caminho que o Coletivo
Intervozes adotará caso o interesse público não seja respeitado [...]
Estados Unidos, os países da União Européia, o Japão e a Índia, entre
outros, mudaram sua legislação antes de introduzir a TV digital. Esse é
o caminho do bom senso e, apesar de parecer mais longo, pode acabar
evitando uma enorme batalha posterior a respeito da legalidade desse
processo [...] Escolher uma tecnologia antes da definição de uma nova
legislação — como quer o atual Ministro das Comunicações — é
inverter o devido processo político, porque, não existe tecnologia
neutra e a sua escolha acabará condicionando certos usos, tendo o
efeito, de fato, consumado para a definição das políticas subseqüentes
(GUSTAVO GUINDRE/INDECS e Coletivo Intervozes na CGCD em
08/02/2006).
O Congresso Nacional tem organizado algumas ações a respeito do assunto,
têm inclusive ocorrido um aumento dessas ações com a mobilização que a Sociedade
Civil vem desenvolvendo. Especificamente na Comissão Geral ocorrida em fevereiro de
2006, as falas evidenciam que havia divergências a respeito do assunto. Dentre os atores
envolvidos no debate técnico, pesquisadores e empresários concordavam ao menos em
uma coisa: antes de definir o padrão a ser adotado era preciso definir o sistema e o
modelo (indicadores do que se deseja da TVD). A partir desse ponto, é que deveriam
realizar a escolha do padrão que, via de regra, estaria submetida aos dois primeiros.
215
Além do acompanhamento da Comissão Geral, para análise e interpretação
dos dados foram utilizados também materiais obtidos em pesquisa documental,
divulgados pela Agência Câmara e Telebrasil, que produziram uma exposição sintetizada
do acontecimento, o que permitiu verificar junto às informações obtidas, que os
posicionamentos corroboram/validam as respostas obtidas nas entrevistas em
profundidade/estruturadas. No próximo capitulo são apresentas reflexões tendo como
embasamento todas as informações obtidas durante o trabalho, com questionários,
entrevistas e análise em documentos.
Durante o decorrer da pesquisa percebeu-se que o trabalho proposto abordou
a ética da contradição, tanto do ponto de vista teórico quanto prático, e que se tirada a
ética do processo resta apenas a contradição exposta durante a análise. Trata-se da
descrição de um grande conflito que levou, inclusive à necessidade de, nos capítulos
iniciais, resgatar conceitos técnicos para explicitar, à frente, a ausência de um debate
político e social.
Tal debate que deveria ter em seu escopo preocupações com as
conseqüências para a sociedade, a cultura e o Brasil como um todo, tendo em vista que a
digitalização da TV, devido a penetração e a recepção deste meio junto à sociedade,
traria conseqüências econômicas que poderiam afetar inclusive questões como a inclusão
social e a identidade social no país. Ao término das análises junto aos documentos e
material selecionados restam inúmeros questionamentos, principalmente acerca de tudo
que não foi abordado no debate, acerca do silêncio, da desinformação e da parcialidade
encontrada junto aos diferentes atores envolvidos no processo
216
6
O QUE NÃO FOI DITO NO DEBATE: RISCOS E OPORTUNIDADES
O marco tecnológico é o da emergência da televisão digital interativa,
do amadurecimento de novos padrões de uso da telefonia e de uma
nova onda de desenvolvimento da indústria nacional de software e
hardware.[...] Para que essas novas políticas públicas possam se
viabilizar, é preciso construir não apenas a infra-estrutura física,
logística e tecnológica [...] mas induzir a criação de cultura e conteúdo,
indicadores e métricas, interfaces, produtos e serviços capazes de
fecundar os elos estratégicos. Sinapses estruturantes da nossa vida
social.
Gilson Schwartz
Em documento oficial, a Anatel afirma o total desconhecimento que as
pessoas têm sobre o significado da digitalização da televisão (BRASIL, 2004). Este
completo desconhecimento que a população de modo geral tinha a respeito do assunto foi
percebido pela pesquisadora em entrevistas informais durante a pesquisa e corroborado
por entrevistas estruturadas e gravações obtidas pela internet e junto aos programas
televisivos apresentados pelo Congresso Nacional (TV Câmara e TV Senado) sobre o
assunto.
Nas informações obtidas junto à SET e emissoras, em que se enfatizava que o
debate fosse deixado para “técnicos” e que a sociedade deveria participar de forma
passiva e sem atropelar o processo; ou ainda quando pesquisadores afirmavam que falta
preparo para qualificar a opinião da sociedade, foi possível perceber nas argumentações a
crença no determinismo de que a tecnologia em sua essência revoluciona a sociedade,
fato que somado à falácia de que a opinião pública nasce da cooperação entre os atores
sociais, sem influências dos meios de comunicação, desconsidera os interesses implícitos
nos discursos participantes do debate sobre TVD no Brasil.
217
Alguns pontos mostram incoerência nos discursos analisados, como a
reivindicação, por parte dos movimentos sociais, de interatividade e a multiplexação a
fim de viabilizar maior variedade de canais e conseqüente democratização da
comunicação. Algumas propostas estão indicadas no decreto presidencial, que, no
entanto, vão de encontro ao marco regulatório vigente. Episódio incoerente ou ingênuo
do ponto de vista do emissor refere-se à fala de um entrevistado, ligado aos movimentos
sociais, que separou a sociedade civil em dois segmentos, sendo um deles constituído por
instituições que representavam “o povo” e o outro atrelado ao Estado e ao poder
econômico. Percebe-se, nas afirmações, a confusão conceitual e técnico-operacional
estabelecida entre a própria sociedade civil, ou seja, entre os próprios representantes da
sociedade civil organizada. Por sociedade civil entendem-se todas as instituições
organizadas, juridicamente ou não, que auxiliam na organização social do estado. Neste
sentido, encontram-se inseridas neste escopo também as representações de classe,
inclusive a dos radiodifusores, e não apenas os movimentos sociais que representam os
interesses “do povo”. Em resumo, além dos movimentos sociais contestatórios,
representações de minorias, associações de bairro, ONGs, etc., do ponto de vista teórico é
possível observar como Sociedade Civil organizada também sindicatos, conselhos de
profissionais, associação de empresários do setor, dentre outros.
Cabe ressaltar que as reivindicações dos movimentos sociais pelo
cumprimento do decreto no que tange as características do SBTVD, dentre elas a
interatividade e a viabilização de multiprogramação, embora justas em sua essência, não
poderiam ser atendidas dentro do âmbito legal vigente. A maioria das reivindicações da
sociedade civil era contemplada pelas propostas do Decreto 4.901/2003, mas necessitava
do envolvimento do Executivo e do Congresso Nacional, para alterar o marco regulatório
de maneira a viabilizar as demandas das diferentes ramificações da sociedade civil
218
organizada. Até o momento, no entanto, parece não haver interesse da maior parte dos
atores políticos neste sentido.
A força da opinião de pequenos públicos (pequenos em número, porém
grandes se considerado seu poder econômico), tornada pública, ficou evidente com a
ausência de visibilidade das ações ocorridas no Congresso Nacional, como a Comissão
Geral na Câmara dos Deputados e as várias audiências públicas, inclusive quando foi
lançada a Frente Nacional por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital. Também
não receberam a visibilidade justa e necessária as campanhas de mobilização, como a do
“Cordel da TV Digital”, que, depois de difundido como texto, passou a ser distribuído
como áudio e depois vídeo; ou, ainda, os resultados obtidos por pesquisadores
brasileiros, que sequer chegaram ao conhecimento da maior parte da academia, que dirá
da sociedade. Através desses fatos foi possível perceber a dificuldade em implantar com
sucesso, um debate que não interessa a algumas das subdivisões da sociedade.
Enquanto isto, numa atitude inédita e estratégica, do ponto de vista
comercial, as emissoras de televisão se uniram pelo bem comum do status quo e
veicularam anúncio para “informar” à sociedade as vantagens de um padrão tecnológico
que garantiria a gratuidade do acesso de algo que, ironicamente, não era gratuito, pois
sempre foi pago, seja pelo mercado, pela publicidade ou por investimentos
governamentais. Ações midiáticas, como esta, conseguiram criar ou reforçar junto à
sociedade (os indivíduos) a visão de que o debate técnico, ainda que excluísse o cidadão
comum, era necessário, e, portanto se justificava.
Ao observar essa estratégia das emissoras, à luz de teóricos que provam o
declínio da opinião pública, pois o público em geral é receptor das discussões difundidas
nos “novos lugares de diálogos”, conhecidos como meios de comunicação, foi possível
notar que, dessa forma, se revestia com competência a discussão com uma aura
219
tecnológica, que embora verdadeira, não tinham a força anunciada e não deveria excluir
o debate político.
Na verdade, o que se percebeu à luz dos teóricos, foi uma esfera pública
midiatizada, em que empresas de comunicação sugeriam decisões para seus indecisos e
desinformados “clientes” a exemplo das posturas de Hélio Costa. Um bom exemplo neste
sentido foi a ação conjunta entre as emissoras para a publicação do anúncio em defesa do
padrão japonês.
Uma particularidade interessante foi que se ocultou a informação de que no
modelo de negócios da TV japonesa, as inserções publicitárias são proibidas. Situação
bastante diferente do Brasil que conta com aproximadamente 47 milhões de aparelhos de
TV e registrou mais de três milhões de dólares em investimento publicitário no ano de
2005, ocupando o 8º lugar no Ranking Internacional, ao lado da China (7º lugar), que
registrou investimentos similares. Na América do Sul, o Brasil ocupa o primeiro lugar no
ranking de investimentos publicitários em TV (GRUPO DE MIDIA, 2005).
Um ponto descerrado nas entrevistas diz respeito ao questionamento de um
pesquisador à Intercom42 por não debater o assunto. Questionada sobre as afirmações, a
associação informou, por meio de seu presidente, que o tema do evento em 2006 –
Estado e Comunicação43 - era propício para várias discussões, dentre elas a digitalização
nos meios de comunicação. A proposta do Intercom, em viabilizar o debate no evento de
2006, poderia ser vista como algo positivo, embora tardio e reduzido a um público
bastante específico e, por vezes, absorto em seu cotidiano academial, saliente-se, rico em
idéias e atitudes que oferecem questionamentos e proposições. No entanto, devido a falta
42 Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.
43 No evento serão discutidos os eixos temáticos: Políticas Públicas de Comunicação; Sistemas Governamentais de Comunicação; Processos Comunicacionais dos
Poderes Instituídos; Mecanismos de Controle da Informação e da Cultura.
220
de incentivo financeiro público ou privado, por vezes, esse público enfrenta dificuldade
em produzir efeitos práticos.
Nas entrevistas foram obtidas informações de que a imprensa não tinha
interesse em qualificar o debate, uma vez que normalmente oferece o assunto já
examinado. Soma-se a estas, a afirmação da inexistência de um projeto governamental
para o setor das comunicações, que, se observadas à luz das teorias, permite compreender
que os descaminhos enfrentados pela convergência e a digitalização no país está
diretamente interligado com os vários discursos, não isentos, dos atores partícipes no
processo.
Para entender o impasse que se vivia no momento foi preciso observar que a
digitalização em outros países passou por quatro pontos fundamentais: definição de
política pública de transição para o digital; acordos entre integrantes do mercado;
parcerias público/privado; e, somente após estas etapas, adoção mercadológica, que deve
complementar os encaminhamentos do país frente à sociedade da informação.
Quando o Governo, na figura do Ministério das Comunicações, decidiu saltar
essas etapas, surgiram inúmeras dúvidas que residem nos próprios limites da legislação:
não fez parte das discussões e encaminhamentos qual seria o órgão regulador do setor
após a digitalização. Também não foram abordadas as questões de outorga de
radiodifusão e de telecomunicações, que necessitam ser observadas pelo Congresso
Nacional. Ocorre situação contrária, pois atualmente as outorgas de telecomunicações
ficam a critério de uma agência reguladora, e a situação tende a ficar ainda mais confusa
quando TV e telefone viabilizam acesso à internet, pois no caso da internet, não existe a
necessidade de outorga.
Aparentemente foi desconsiderado o fato de que a convergência tecnológica
dilui as diferenças físicas entre as plataformas de comunicação, e por analogia, entre
221
radiodifusão, telecomunicação e internet. Neste sentido, seria necessário revisitar a
legislação para que fosse esclarecido quem na sociedade informacional, junto aos meios
convergentes, seria o responsável pela transmissão de conteúdos.
Embora o trabalho em si não tenha confrontado totalmente a legislação
vigente com as propostas do SBTVD, inclusive porque este não foi o foco inicial da
pesquisa, em se tratando de legislação, se alguns artigos da Constituição Federal
estivessem regulamentados, seria mais fácil a condução da digitalização no Brasil, pois
muitas das reivindicações da sociedade civil, notadamente relacionadas com movimentos
sociais, teriam sido atendidas e isto diminuiria alguns pontos de atrito. A regulamentação
viabilizaria o efetivo cumprimento do Decreto 4.901/2003, que por sua vez limitaria a
adoção de padrões e modelos que não contemplassem interatividade, inclusão digital,
educação, produção regional ou abertura para novas concessões. Cabe afirmar, portanto,
que o foco da crise foi a ausência de uma legislação para as comunicações, que leve em
consideração particularidades da sociedade informacional.
Mesmo sendo imprescindível a alteração na LGT, muito do desgaste em
torno do SBTVD teria sido evitado se todos os artigos do Capitulo V, da Constituição,
que trata da Comunicação Social, tivessem sido regulamentados. Isto porque os artigos
sem regulamentação são exatamente aqueles que estão diretamente relacionados com o
Decreto, ou seja: o artigo 220, parágrafo 5º inciso II, que aborda a não permissão de
oligopólio/monopólio junto aos meios de comunicação no país; e o artigo 221, inciso, II e
III, que aborda o uso da concessão como fundamentos educativos e culturais, a cultura
regional e a produção independente, e como meio de reprodução da diversidade cultural.
O artigo 222, por sua vez, discorre sobre as outorgas, solicitação, autorização e
renovação das concessões de radiodifusão.
222
O debate sobre TVD, notadamente tecnológico até o momento, não se
justifica, quando consideradas que as diferenças entre os três padrões que, - além de
transitórias, pois a tecnologia está em constante evolução - não inviabilizam a escolha de
qualquer dos padrões, com utilização de aplicações desenvolvidas no país, como a
modulação ou o middleware. Em verdade, qualquer sistema no Brasil seria híbrido, tendo
em vista as particularidades brasileiras, que exigiria adequações em qualquer dos
padrões, ou no caso do padrão brasileiro, utilização de componentes inerentes a todos os
padrões. A discussão reside, portanto, em escolher de onde deve nascer o caráter
hibridista, e quais as implicações, os riscos e oportunidades dessa escolha.
Uma reflexão a respeito dos riscos e oportunidades do debate – ou ausência
dele - instaurado no país permitiria recorrer a inúmeros filósofos e estudiosos da política
e da comunicação, para representar o quadro que permeia os encaminhamentos em torno
da TVD no Brasil. Ao se considerar, no entanto, que: 1)a maioria dos cidadãos, o
indivíduo comum, esteve alijada deste debate, e muitos sequer imaginavam o que
envolve uma decisão desse porte; 2)a despeito da desinformação do cidadão, os
diferentes atores da sociedade civil organizada enfrentavam-se a respeito do assunto;
3)os discursos públicos, midiatizados, referentes ao tema chegavam aos indivíduos já
‘examinados’, ‘facilitados’ ou ‘traduzidos’ devido à tecnicidade do debate; optou-se
neste trabalho, para representar as situações envolvidas, por recorrer ao conhecido dito
popular: “quem parte e reparte e não fica com a melhor parte, ou é parvo44 ou não sabe
da arte”.
A implantação da TV digital evidenciou este ditado quando mostrou o
conflito de interesses que acontecia nos espaços do debate, inclusive entre os que
44
Indivíduo tolo, pouco inteligente.
223
afirmavam defender os interesses “do povo”, e que, na essência, buscavam também
atingir propostas, se não particulares, ao menos de grupos específicos, articulados e com
alvos definidos em suas ações.
Enquanto os difusores defendiam o padrão ISDB com alta definição e
possibilidades interativas que viabilizariam a manutenção do modelo de negócios
vigente, as empresas de telecomunicações, ao defenderem o padrão DVB, pretendiam
não só quebrar o monopólio sobre o espectro de UHF e VHF, como também produzir
conteúdo que, em última análise, significa aumento de renda. Ao final, tanto um lado,
quanto o outro, buscavam vantagens notadamente econômicas e não técnicas, como
justificavam no debate. Necessário lembrar que, em meio a esse enfrentamento, existia
também o padrão americano, que por vezes voltava à cena, ainda que apenas para
evidenciar sua existência.
Entidades representativas da sociedade civil se posicionavam pela abertura
do debate com a sociedade e reivindicavam democratização de canais, se possível com
subsídio para produção de conteúdo. Não conseguiram, no entanto, que sua luta
recebesse a visibilidade necessária para atingir “a opinião pública”, pois não interessava
a segmentos dos sistemas de comunicação tornar pública a opinião de públicos que
representassem os movimentos sociais.
A digitalização foi apresentada pelos vários segmentos envolvidos no debate
como algo simples, para a qual bastava uma escolha entre três possibilidades técnicas. Na
verdade, o que interessa nesse debate é tudo “o que não foi dito”, como por exemplo, a
política industrial, muito importante para a economia brasileira e que, ao se confirmarem
os encaminhamentos do MiniCom, permitiria exportar apenas para duas cidades do
Japão.
224
Outra informação não dita neste debate foi acerca da existência de uma
quarta possibilidade, pouco mencionada, e sistematicamente fora de cogitação por parte
do governo. Os poucos textos localizados e analisados na pesquisa documental, quando
muito falam superficialmente, da proposta enviada pela China para desenvolver, junto
com Brasil, Rússia e Índia, um protocolo de televisão alternativo aos modelos
disponíveis. A informação, além de pouco noticiada, foi descartada pelo CPqD e
MiniCom, que desconsideram as possibilidades econômicas que se abririam se somados
os televisores dos países que têm parte na proposta que, juntos, representam 1/3 do
mercado mundial.
A China45 possui um dos maiores mercados no que se refere ao veículo
televisão, pois apresentava, em 2003, uma população de aproximadamente 1,3 bilhões de
pessoas divididas em 660 cidades. De janeiro a agosto de 2005, foram produzidos, no
país, 48,6 milhões de aparelhos de TV em cores, destes, 7,3 milhões somente no mês de
agosto. Até o final de 2005, existe a previsão de serem fabricados no mundo 59 milhões
de set top boxes, 49% dos quais na China (PELLINI, 2006).
De acordo com o autor, a China no ano de 2005 representava 25% dos
telespectadores do planeta - 50% dos telespectadores da Ásia - com renda per capita de
aproximadamente 930 dólares, no ano de 2000, valor pequeno, se comparado, por
exemplo, com os EUA (36.300 dólares) e o Japão (27000 dólares). Esse valor, no
entanto, é relativizado se comparado com os índices brasileiros de renda per capita, no
mesmo ano, que em média não atinge 50% do valor na China (PNUD BRASIL, 2000).
45
A grande região da China é constituída pela República Popular da China (China continental), Hong Kong, Macau e
República da China, que se refere a Taiwan. Neste estudo, o termo China significará a República Popular da China
(China continental). As outras regiões serão citadas nominalmente quando necessário.
225
O mercado chinês tinha (em 2006) cerca de 300 milhões de aparelhos de TV
e uma capacidade para fabricar mais de 40 milhões de aparelhos de TV anualmente. A
China, que estava desenvolvendo sua própria TV Digital, era outro grande concorrente na
corrida. Durante a revisão bibliográfica embora poucos materiais abordassem o assunto um trecho em dissertação, dois artigos científicos e algumas matérias em jornais
especializados - era importante apresentar informações sobre este quarto padrão, em
desenvolvimento pelos chineses (PELLINI, 2006).
Merece comentário à parte o fato de que, durante a pesquisa documental,
foram poucas as informações encontradas a respeito do sistema chinês. Sabe-se apenas
que universidades junto ao governo cuidam do desenvolvimento dos padrões e que,
depois de prontos, o governo vai escolher um deles. A maior parte das informações
obtidas na pesquisa referem-se aos padrões ADTB-T, a cargo da Universidade de
Shangai, e o DMB-T, pela Universidade Tshingua, desenvolvidos em parceria com
empresas do Vale do Silício americano (Linx Eletronics e Legend Silicon), com a função
de estudar os chips específicos para TV Digital.
O motivo pelo qual o CPqD e o governo deixaram os chineses de fora do
processo de pesquisa e de negociação ao longo dos anos, com exceção de poucas
conversas, faz parte do que não foi dito. A justificativa oficial foi o fato de eles não terem
certificado seus padrões na UIT, o que deveriam fazer só em 2007. Um fato interessante,
no entanto, é que se o governo atendesse à reivindicação da sociedade civil de abrir o
debate sobre a TVD com toda a sociedade por meio de audiências públicas, era provável
que, devido ao tempo decorrido com as audiências públicas, por ocasião da escolha
brasileira o padrão chinês também entrasse na disputa.
Se a exclusão do padrão chinês entre as propostas analisadas pelo Brasil se
limitou à certificação, e estava relacionado somente à pressa questionável do ministro
226
pela escolha, o governo arriscou duplamente. O debate apressado a respeito da
digitalização excluiu as possibilidades do SBTVD e de uma parceria com o grupo
China/Índia/Rússia. Além disso, o governo se colocou em posição fragilizada, ao
conduzir uma decisão desse âmbito em ano eleitoral.
Fato similar ocorreu no governo anterior, que optou por prorrogar a decisão
para depois das eleições. Nessa reflexão cabe lembrar que alguns representantes de
emissoras chegaram a afirmar na Comissão Geral, que ocorreu na Câmara dos
Deputados, que “somos nós que veiculamos o horário eleitoral gratuito”. Na ocasião,
quatro falas dos radiodifusores fizeram uso dessa afirmação aos parlamentares, o que
levou à percepção de quanto e o que estava em jogo na condução deste processo em um
período pré-eleitoral.
Outra informação menos divulgada foi a de que, além de tecnologia, a TVD
tinha outro aspecto básico: o modelo de negócios. A discussão até o momento da
finalização do trabalho visava somente o padrão de modulação, um dos quatro elementos
que compõem, do ponto de vista tecnológico, a TV digital. Além destes, há o padrão de
codificação, o middleware e o padrão de retorno, elementos – ausentes da discussão diretamente relacionados com modelo de negócios, que é o que decide, por exemplo, o
nível de interatividade do canal de retorno e se este retorno utilizará como suporte o
telefone ou a freqüência obtida com a outorga de canais.
Ocorre que o assunto TVD foi tratado apenas como a digitalização, quando
na verdade tratava-se de uma evolução que permitiria possibilidades sequer pensadas.
Neste sentido, não se limitava à simples definição do padrão tecnológico. O modelo de
negócios precisaria ser considerado neste processo, pois envolvia tecnologia, indústria,
pagamento ou não de royalties, exportação, produção de conteúdo, dentre outros.
227
Outro ponto indicado nas entrevistas, e também ausente no debate, refere-se à
questão da produção de conteúdo, que não foi abordada nos encaminhamentos, o que
desperdiçou uma chance única de colocar o país como referência, tendo em vista seu
histórico de produção televisiva. Mas, como fez parte do não dito, foi como se não
fizesse parte da digitalização. Tais omissões podem ser desastrosas em longo prazo, pois
não pensar alternativas de conteúdo para a TVD resultará em alto custo a ser pago por
toda a sociedade, que em última instância é quem utiliza, recebe – ou consome – os
conteúdos.
Torna-se difícil, no entanto, pensar em estratégias de conteúdo se os
profissionais especialistas e a sociedade não sabem, ao certo, o que muda com a TV
digital, pois tudo o que foi dito remete somente à alta definição. Vilches (2003, p.179),
ao abordar a migração do analógico ao digital46 afirma que
O desenvolvimento da televisão digital e a expansão das redes de
telecomunicações a serviço da Internet trarão como conseqüência um
aumento sem precedentes de conteúdos, programas e serviços, a
maioria dos quais poderiam ter aplicações educativas. Mas... depende.
Depende do que?
O próprio autor responde sua pergunta ao afirmar que só depende de que os
poderes públicos vislumbrem as possibilidades para a educação presentes nos novos
cenários. Não só educação, mas também saúde, cultura e outros direitos do cidadão. Mas
aqui ou na Europa, esta ainda é uma realidade distante.
O interessante é que, embora não tenha se falado em produção de conteúdo, a
polêmica nos encaminhamentos sobre TVD no Brasil esteve relacionada com o
transporte de conteúdo, pois os radiodifusores (ao defenderem um padrão) tentavam
evitar que as empresas de telecomunicações (que defenderam outro padrão) pudessem vir
46
O livro traduzido para o português oferece reflexões do autor sobre a digitalização, principalmente na Europa.
228
a produzir e distribuir conteúdo. Em meio a esse embate encontravam-se, por sua vez,
representantes da sociedade civil que, ao defenderem um outro padrão – nacional/misto ou maior debate antes da escolha, buscavam democratizar a comunicação, viabilizar a
produção independente “de conteúdos” e obter concessões de canais que permitiriam
tornar pública a opinião dos “públicos” que representavam.
O que também não foi dito, ou foi dito muito sutilmente e poucas vezes,
embora todos que estivessem ativos no debate sabiam47, é que qualquer das situações
citadas se deparava com problemas legais uma vez que: 1)não permitiriam às empresas
de telecomunicações operarem com radiodifusão; 2)como não permitiriam mais de uma
concessão para um mesmo beneficiário em um mesmo local, inviabilizavam a
multiprogramação ou a transmissão simultânea em STDV e HDTV e; 3)corriam o risco
de perderem a concessão em caso de mal uso, pois, em tese, já se previa que o espectro,
visto como “bem público”, deve ser bem utilizado.
É necessária a existência de um ambiente legislativo que permita a
convergência e a interoperabilidade entre empresas de telefonia e de televisão. Acerca do
assunto, no congresso da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura (ABTA) em
2005, Alexandre Annemberg, afirmou que a LGT ficaria defasada sem uma nova
legislação para equilibrar o setor.
A afirmação reside no fato de que existiam pontos conflitantes e que
precisavam ser resolvidos através de uma regulamentação ampla que definisse o papel de
todos os atores de maneia muita objetiva. Em setembro de 2005, Hélio Costa afirmou à
revista Tela Viva de que era preciso uma regulamentação específica para que as
operadoras de telefonia transmitissem imagens seqüenciadas, pois, por serem empresas
47
Conforme informações obtidas nas entrevistas estruturadas
229
de capital estrangeiro, não poderiam fornecer esse serviço a seus assinantes (PELLINI,
2006).
O ministro Helio Costa, em 07/02/2006, reafirmou esse posicionamento
quando admitiu que a convergência tecnológica fosse “forçar uma revisão nas leis que
regem os setores da radiodifusão e das telecomunicações” (HOINEFF, 2006). O
paradoxo residia no fato de que se o próprio ministro admitia a necessidade de adequação
político-regulatória, não se justificava o debate passar ao largo desta questão. Assim, não
é compreensível como o governo pretendia lidar com a digitalização, reflexo da
convergência tecnológica, que reúne várias mídias em uma plataforma digital, sem antes
lidar com o marco regulatório.
Na verdade, era preciso que o Estado, na figura de presidente, ministros e
Congresso Nacional, admitissem que a realidade brasileira impunha limites à
digitalização. A legislação brasileira é anacrônica e carece de ser remodelada, a fim de
evitar dependência tecnológica. Somente com as alterações necessárias seria possível
permitir o desenvolvimento de novos modelos de negócios e novas aplicações, que
permitissem uma comunicação democrática, com alternativas para captação de receitas
ou de redução de custos operacionais e de produção.
Durante a condução dos encaminhamentos para a implantação da TV digital
no Brasil, vários documentos foram produzidos pelo CPqD, instituição responsável pela
coordenação do SBTVD e acompanhamentos referentes à digitalização. Ao todo, foram
produzidos nove relatórios, sendo que o último deles, conhecido como Modelo de
Referência – MR – (CPQD, 2006), divulgado em fevereiro de 2006, foi alvo de críticas
dos vários segmentos envolvidos no processo. Recebeu críticas de Hélio Costa, pois
indicava o padrão DVB como o mais adequado para as particularidades brasileiras, fato
que contrariava as considerações do ministro referentes às qualidades do padrão ISDB.
230
Recebeu críticas de entidades sociais, pois indicava como possibilidades para a
implantação da TVD propostas que se contrapunham ao Decreto Presidencial a respeito
do SBTVD ou do marco regulatório nacional como, por exemplo, a indicação de
portabilidade, alta definição ou triplecasting.
O INDECS realizou uma análise48 a respeito do Modelo de Referência (MR)
do Sistema Brasileiro de TV Digital Terrestre, em que são apontadas lacunas e
incoerências no documento, que merecem ser resgatadas e discutidas aqui, como suporte
ao argumento sobre a má conduta no debate a respeito da digitalização no Brasil.
Se apenas alguns fragmentos de quatro (dos onze) itens - I, III, VI e XI - do
artigo 1º do Decreto 4.901/2003 que institui o SBTVD fosse confrontado com o MR
ficaria evidente o insucesso do MiniCom na condução do assunto. De acordo com o
decreto o SBTVD tinha por finalidade alcançar os objetivos de
Promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua
pátria por meio do acesso à tecnologia digital, visando à
democratização da informação [...] propiciar a expansão de tecnologias
brasileiras e da indústria nacional relacionadas à tecnologia da
informação e comunicação [...] estimular [...] o ingresso de novas
empresas, propiciando a expansão do setor e possibilitanto o
desenvolvimento de inúmeros serviços da tecnologia digital [...]
incentivar a indústria regional e local na produção de instrumentos e
serviços digitais [...] (BRASIL, 2003).
Neste sentido, vários dos encaminhamentos dados pelo ministro Hélio Costa
desrespeitaram sucessivas vezes o decreto presidencial, quando, desmerecia as pesquisas
nacionais, posicionava-se favorável às emissoras, ou esvaziava o comitê consultivo com
reuniões ad hoc junto aos radiodifusores. Algumas de suas falas, localizadas durante a
pesquisa documental, corroboram o exposto:
48
publicada no Boletim Prometheus e no site do Coletivo Intervozes.
231
Não temos a pretensão de inventar a roda [...] o país escolherá entre os três
sistemas do mercado (ago./2004);
Com 50 milhões é impossível desenvolver padrões semelhantes aos que foram
desenvolvidos com 3 bilhões de dólares (set./2005).
Quem apostar que o sistema de alta definição japonês, com algumas adaptações,
será o adotado pelo Brasil, não vai perder a aposta (nov./2005);
Diante do que se busca, o padrão japonês é o que tecnicamente mais aproxima
dos interesses do Brasil (jan./2006);
O Brasil adotará um padrão de televisão digital integral. De imediato não haverá a
incorporação das importantes mudanças que haviam sido propostas pelos
pesquisadores brasileiros (fev./2006);
Na transição da telefonia celular analógica para a celular, não houve nenhum
esforço normatizador. Tudo partiu de uma decisão das empresas prestadoras de
serviços de telecomunicações. (fev./2006);
Há a necessidade de preservar os direitos adquiridos e não mexer nas freqüências
e nos canais já estabelecidos (mar./2006);
A participação no Conselho Consultivo é uma participação técnica e não
empresarial. O conselho está preocupado em verificar os caminhos técnicos,
como é que nós vamos desenvolver os softwares, que tipo de equipamento nós
vamos ter que comprar, os aplicativos. Agora, alguém virou para as TVs e
perguntou: ‘esse negócio é bom para você? (mar./2006);
Quem é que vai colocar a TV digital no ar? São as empresas. São elas que vão
realmente fazer o trabalho. Se elas não quiserem, não vai haver TV digital
(mar./2006).
O Modelo de Referência previa cinco opções de terminais de acesso,
subdivididos em três categorias: básico, intermediário e avançado. Por analogia, chega-se
a indícios de que talvez fosse este o motivo da previsão de custos dos terminais de acesso
estar entre R$ 200,00 e R$ 800,00, pois o documento não explicitava os motivos da
previsão de equipamentos e valores distintos. Essa proposta dos diferentes terminais de
232
acesso não atendia ao decreto, pelo contrário, acentuava as diferenças no analfabetismo
digital. Ao invés de promover a inclusão social, limitava o acesso à interatividade – e por
conseqüência à inclusão digital - aos terminais de acesso com preços e capacidades
distintas. O que se percebeu, embora não tenha sido dito, é que esta proposta reproduzia
o modelo vigente na sociedade em que indivíduos das classes socioeconômicas mais altas
já tinham acesso à TV digital interativa por satélite.
O Modelo de Referência previa simultaneamente o triplecasting. Trata-se da
transmissão analógica – para quem ainda não adquiriu conversores -, a transmissão
digital - definição padrão – para utilização com os conversores -, e da transmissão digital
em alta definição, que atende somente aos aparelhos de televisão digitais de preços
inacessíveis à maioria da população, atualmente.
Tal proposta, embora justificável sob a ótica de escalas de acesso à
interatividade, evidenciava a fragilidade do discurso que defendia a alta definição, pois
esta estaria limitada a um número reduzido de pessoas que pudessem adquirir televisores
digitais. As pessoas que não tivessem televisores digitais, na melhor das hipóteses,
receberiam o sinal digital no conversor e este seria transformado em sinal analógico –
similar a quem usa TV por satélite - que é o sinal compreendido pela maior parte dos
aparelhos. Além disso, a proposta do triplecasting abriria possibilidade de custos
adicionais para serviços mais interativos que outros49, inviabilizando a otimização do
espectro e a entrada de novo players nos negócios, mantendo o modelo vigente de
radiodifusão no Brasil e indo contra o decreto ao não permitir a democratização da
comunicação.
49
Jogos ou canais específicos, situação similar ao que ocorre atualmente com assinantes da DirecTV ou Sky.
233
Embora apresentasse propostas contrárias à legislação, o MR afirmava que
não via problemas constitucionais ou “barreiras intransponíveis” para implementação dos
modelos de exploração/implantação ou cenários da cadeia de valor, que em sua maioria
não previa novos canais ou multiprogramação. Neste ponto percebeu-se duas
incoerências: o documento enfatizava apenas alta definição que, por sua vez, sequer era
citada no decreto que instituiu o SBTVD. Outro fato curioso é que em documento
anterior - Política regulatória: panorama brasileiro atual - (CPQD, 2005c), a
multiprogramação tinha sido indicada como inviável no marco regulatório atual, e no
documento ora analisado a multiprogramação era citada sem a indicação de inviabilidade
do ponto de vista legal.
Entre a publicação de um documento e do outro não houve alteração no
marco regulatório a fim de viabilizar a multiprogramação e, por conseqüência, a
democratização da comunicação. Deste modo, a dedução indica que o Modelo de
Referência apregova a lógica do auto-engano, quando os indivíduos sabiam de antemão
que os fatos não eram como aparentam; ou a lógica do fato consumado, em que a
situação instaurada de fato tornava intrínseca sua instauração de direito.
O documento não errava ao afirmar que as barreiras não eram
“intransponíveis”, embora, até a finalização da pesquisa, não tenham sido transpostas
pelo MiniCom ou pelo Congresso Nacional. A lacuna que ficou após exame ao
documento é que se a solução era simples, a ponto de se propor na implantação modelos
de exploração que demandavam alteração no março regulatório, não se justificavam os
esquivos do ministro em iniciar debate neste intuito, a menos que sua relutância tivesse
fundo político e não de impedimento legal.
A indicação de que o modelo de negócios, para TVD, era algo a ser decidido
a posteriori da escolha do padrão, e sujeita às emissoras, feria ou não atendia a outro
234
ponto, também do primeiro item do decreto presidencial, que dizia respeito à promoção
da diversidade cultural do país. Tal proposta, ao delegar às emissoras a decisão, assim
como no caso da interatividade, induzia a uma reprodução do modelo vigente, em que a
produção audiovisual regional não era absorvida pelas grandes redes, que trabalhavam
com padrão de conteúdo padronizado e que não assimilavam a produção regional, que,
em sua essência, reflete a diversidade nacional.
Ainda que o marco regulatório sofresse alterações que viabilizassem a
multiprogramação e a democratização da comunicação, com disponibilização de novos
canais para concessão, persistiria o problema sobre quem deveria viabilizar, custear e
administrar a transmissão dos conteúdos digitais. Neste sentido, quando se referia à
transição geográfica e temporal, previsto no modelo de implantação da TVD, o
documento (MR) indicava a figura do operador de rede como algo opcional.
O operador de rede era a figura institucional/empresarial que reuniria todas as
grades de programação e transmitiria tudo junto a partir de uma única antena. Assim, as
emissoras não precisariam investir na digitalização de suas torres de transmissão,
bastando pagar uma mensalidade para o operador de rede. Aparentemente viável para
muitos, mas indesejável pelas grandes redes, pois a existência do mesmo terminaria
favorecendo as emissoras menores que dispõem de menos recursos.
Percebeu-se, deste modo, que a proposta opcional do operador de rede
também reproduzia a situação de monopólio da radiodifusão, pois de nada adiantariam
mais canais e concessões se cada pequena emissora necessitasse de uma antena exclusiva
para transmitir sua programação. A figura do operador de rede não poderia ser opcional.
Ele era indispensável para que houvesse democratização da comunicação, como previa o
decreto, pois evitaria que todas as emissoras (grandes e pequenas) investissem na
digitalização das torres de transmissão.
235
O problema, neste caso, foi que o operador de rede criaria isonomia e
possibilidade de concorrência, no que se refere à questão do conteúdo transmitido, pois
permitiria às pequenas emissoras uma transmissão de sinal que, a princípio, não teriam.
Uma vez que a questão do operador de rede viabilizaria algo que não interessava às
emissoras maiores, este tópico deveria ampliar a discussão sobre o modelo de TVD
(POSSEBOM, 2006a). Cabe salientar, no entanto, que apesar de essencial à digitalização,
a existência do operador de rede também exigiria que se alterasse a legislação envolvida,
a começar pela regulamentação do capítulo V da Constituição Federal.
Este era um dos pontos complexos do debate e para avançar em propostas
inovadoras e que contemplassem o decreto, era necessário compreender que a maioria
das emissoras de TV teria dificuldades para custear a construção de uma rede digital que,
conforme estimativa do CPqD, deveria ficar em torno de R$ 300 milhões para uma rede
com 70% de cobertura no país. Por mais necessária que fosse uma reestruturação na
concentração dos meios, os custos de implantação não poderiam ser desconsiderados,
uma vez que parte deste ônus caberia aos usuários e ao governo, pois, se observada como
um todo, a digitalização das emissoras do Brasil deveria custar R$5,6 bilhões , incluindose aí a infra-estrutura de transmissão.
Do valor indicado, R$1,2 bilhão deveria ser desembolsado pelas emissoras
educativas que, em condição desigual de concorrência com as grandes emissoras,
somavam 174 das 459 geradoras (POSSEBOM, 2006b). Para Britos e Bolaño (2005), ao
se considerar, neste ponto, o baixo poder aquisitivo da maior parte da população
brasileira, a transição total para a TVD apresentaria particularidaes que agravavam um
quadro já problemático, do ponto de vista financeiro, o que também vinha ocorrendo nos
mercados em que a digitalização estava em processo e o poder aquisitivo era bem maior.
236
Dentre os vários exemplos, é possível citar o ocorrido com a QuieroTV50 na Espanha, que
teve uma existência meteórica devido problemas administrativos advindos, dentre outras,
do desinteresse por parte dos usuários em pagar pelo acesso à interatividade.
Como já abordado anteriormente, uma das grandes falácias do debate
tecnológico em torno da alta definição como a melhor das vantagens foi o fato de que o
acesso ao conversor não garantia acesso à TV digital. Na verdade, embora o mote do
debate técnico fosse de alta definição e portabilidade - características não previstas entre
as prioridades do decreto presidencial – só teriam realmente acesso a estas qualidades
quem pudesse adquirir um televisor digital. Nos demais casos, ou seja, no caso da
maioria da população, por muitos anos futuros, o set-top-box receberia o sinal digital e o
transformaria em analógico para ser transmitido “gratuitamente” na casa das pessoas.
Continuar-se-ia dessa forma, tudo como sempre foi, em que poucos teriam TV digital e
interatividade, a diferença é que por ocasião da finalização da pesquisa, o acesso à TV
digital (para estes poucos) se dava por satélite e tinha seu custo explicitado.
De maneira bastante evidente, o Modelo de Referência direcionava o
argumento para o viés mercadológico ao vislumbrar o surgimento de receitas para novos
serviços. Embora não ficasse claro de que se tratavam os “novos serviços”,
provavelmente o que se previa era a arrecadação com publicidade interativa que serviria
como atrativo para negócios eletrônicos, em particular o comércio eletrônico, que
provavelmente estaria disponível nos terminais de acesso com essa possibilidade e que
deveria estar nas casas em que o poder de compra fosse maior.
50
TV digital terrestre que chegou ao mercado espanhol em 1999, atingindo 200.000 assinantes após um ano e em 2001
os acionistas decidem por extingui-la por dificuldade em manter a proposta sem interesse por parte da sociedade
(RODRIGUES, 2002).
237
Tratava-se de tamanha desfaçatez a divulgação de uma possível inclusão
social com um projeto que não se propunha a discutir, antes da escolha tecnológica, os
impactos sociais, culturais e principalmente econômicos de determinada escolha. O
Modelo de Referência, ao abordar o assunto, relacionava a inclusão apenas ao custo
baixo do decodificador, que não ficava claro se viabilizaria a interatividade, esta sim,
importante para a inclusão. Tratava-se de mais uma das informações não ditas, pois a
inclusão não advém somente de baixo custo e acesso ao set-top-box. Além do acesso à
tecnologia propriamente dita, é preciso que o indivíduo possa usufruir das várias
possibilidades da TVD, e não somente daquelas que seu equipamento mais barato
permitisse.
Um ponto pouco esclarecido no debate referia-se ao fato de que, nenhum dos
padrões que participavam da disputa tivesse como referência, na ocasião de seu
desenvolvimento, os indicativos do decreto presidencial, que previa inovações como
interatividade total – embora não tenha ficado claro o nível de interatividade a que se
referia – democratização da informação e viabilização da educação à distância, dentre
outros. Neste contexto, ainda que se escolhesse um dos três padrões, como aparentavam
as discussões, o mesmo deveria ser híbrido e utilizar desenvolvimentos nacionais, para
atender às propostas do decreto.
Neste ponto é que residia outra audácia do que não foi dito. Trata-se da
divulgação dos avanços obtidos com as pesquisas nacionais, que atendiam aos
indicativos do decreto presidencial e apresentavam nível de qualidade compatível aos
padrões que disputam entre si pela escolha brasileira. Apesar de constar entre os assuntos
não abordados, o padrão de modulação desenvolvido pelos pesquisadores brasileiros
também permitia transmissão para recepção móvel, até então tida como exclusiva do
238
sistema japonês. Se considerado o padrão chinês como possibilidade, a proposta nacional
representaria o quinto padrão (embora o governo insistisse na existência de apenas três).
O SBTVD foi desenvolvido ao custo, até o momento da assinatura do MoU,
de 54 milhões de reais, envolveu uma centena de instituições e 1200 pesquisadores que
geraram, juntos, 147 relatórios, que somavam 15 mil páginas. Os resultados encontrados
eram positivos e dividiam-se nos pontos: modulação, codificação de vídeo, camada de
transporte, terminal de acesso, middleware e arquitetura de aplicações, usabilidade,
segurança da informação e canal de retorno.
Também não foi dito que todos os padrões de modulação, com similaridades
entre si, permitiam transmissão em SDTV, EDTV e HDTV, ou seja, tanto standard ou
alta definição. Outro ponto é que, mesmo que se optasse pela transmissão standard, a
qualidade da imagem já seria muito melhor do que a da TV analógica, sem comprometer
o desenvolvimento de inúmeros serviços alternativos, isto porque a multiplexação e
multiprogramação não inviabilizariam uma melhor transmissão. Na verdade, essa é a
vantagem da informação mal explicada, que, ao final, desinforma, influenciando e
direcionando a “opinião pública” da sociedade, convencida – equivocadamente – de que
esta discussão é viabilizada pelos meios de comunicação.
Percebeu-se, diante das considerações apresentadas, que no debate sobre a
digitalização ainda havia muito a ser dito; ele não era tão simplista como apresentado até
o momento. Deveria ser debatido o potencial de inclusão social, e as implicações da
implantação de um sistema em longo prazo, mesmo porque o período para a completa
transição do analógico para o digital deveria levar vários anos, tendo em vista o limitado
poder de compra do brasileiro. Careciam de debate, também, os investimentos
necessários à digitalização e, principalmente, como esses investimentos seriam divididos
entre concessionárias, indústrias e consumidor. Admitia-se que a discussão tecnológica
239
tenha conseguido mostrar-se e firmar-se como relevante diante da emergente necessidade
da implantação da TV digital no Brasil, mas ela, em si era insuficiente para satisfazer o
debate.
Um ponto demasiado frágil nas discussões, que merecia aprofundamento,
refere-se ao fato de que para incluir o indivíduo não bastava viabilizar acesso “básico” ou
“intermediário”. Uma vez que o Modelo de Referência subdividia os tipos de acesso, era
importante enfatizar que a inclusão necessitava de acesso “avançado”, ainda que o custo
para isso fosse maior, caso contrário não se tratava de inclusão, incorrendo-se nas
classificações de pseudo-inclusão. Tal situação criaria uma categoria de “semi-incluídos”
digitalmente, algo similar ao analfabetismo funcional que se esconde sob os números da
educação no país.
Somado a isso, como não se discutiu conteúdos convergentes, a sociedade
continuará a viver o problema e programas com qualidade técnica que nada oferece de
acréscimos culturais aos receptores. Foi desperdiçada uma mudança significativa que
resultaria em universalidade de acesso e de serviço, que seria hoje um divisor na
sociedade.
Sendo assim, a digitalização, seja no rádio ou televisão, só funcionaria de
maneira efetivamente convergente e inclusiva, do ponto de vista informacional, se
ocorressem alterações legais que se traduzam em efetiva democratização. Caso contrário,
o que se seguiria à discussão “técnica” seria a implantação de um modelo de
comunicação cada vez mais ligado ao comércio, a relações comerciais da cultura e da
comunicação, inviabilizando a inclusão social (BRITTOS; BOLAÑO, 2005).
Necessário se faz explicitar, a este respeito, que as discussões acerca da
digitalização no Brasil, revestidas de uma visão tecnológica fictícia, não exploraram,
ainda, o assunto em todas as suas vertentes, tais como, os aspectos sociais do
240
aproveitamento dos serviços interativos e a necessidades de formação de atores que
alimentem estes serviços; as especificações técnicas do sistema de TVD terrestre
(serviços e aplicações); os aspectos econômicos relacionados aos modelos de negócio; os
aspectos industriais; os custos; as datas para transição total do analógico ao digital; além
dos aspectos regulatórios que envolvem desde a constituição e leis, até a política de
concessão de canais.
O pano de fundo do embate disfarçado de debate técnico envolveu uma
disputa político-econômica, diga-se de passagem, inviável em um ano eleitoral, com o
risco de que decisões virassem – como viraram - moedas de troca. O governo anterior,
quando se viu em situação similar, deixou que a resolução de situação tão delicada
ficasse para o governo subseqüente. O novo governo optou por desvencilhar-se da
decisão entre padrões técnicos, investindo mais de 50 milhões em pesquisa e
desenvolvimento de um sistema nacional e, justamente quando começava a obter
resultados de seus investimentos, opta por retornar à conduta de seu antecessor, em 2002.
A implantação, em seu aspecto comercial, dados os entraves regulatórios,
pareceu impraticável e estagnada, comprometendo o parque industrial do país. O debate
pareceu não levar em conta, até o momento, a produção nacional de televisores e as
exportações envolvidas. Esta estagnação abriu espaço para o surgimento de alternativas
de transmissão, como a TV por IP que, a depender dos descaminhos da digitalização,
poderia aproveitar a oportunidade para consolidar-se como sucessora da TV analógica.
A IPTV como plataforma de TV Digital apontava para um futuro promissor,
já existia em vários países e aparentava rápido crescimento. Normalmente era controlada
pelas operadoras de telefonia e oferecia preços competitivos às plataformas tradicionais
de transmissão de televisão como o cabo e o satélite. Enquanto o debate não se
aprofundava e as decisões eram postergadas no Brasil, esta possibilidade se mostrava
241
como a convergência das mídias acontecendo de maneira eficaz e real. Pellini (2006,
p.8) ao abordar o assunto, afirma que “televisão, internet e telefonia começam a ser
entregues ao usuário por apenas um operador reduzindo os custos dos serviços,
aumentando a oferta de serviços, fornecendo lucros significativos às operadoras e
beneficiando cada vez mais o usuário”. Neste sentido, a ausência de debate que torna as
ações estagnadas, tendia a trazer vantagem para as empresas de telefonia.
O contexto era de hesitação e uma parceria com a China foi desconsiderada
ou tida como inviável pelo governo, apesar das cifras e números de televisores
envolvidos em uma parceria deste porte. Restou ao Brasil vislumbrar a possibilidade de
cooperação com a América Latina, sob o risco de, a depender do padrão adotado, ter
como consumidor de sua produção de televisores, além do mercado interno, apenas duas
cidades no Japão.
Tal afirmação baseia-se no fato de que também tinham estado ausentes dos
debates informações que dissessem respeito à balança comercial e ao mercado externo,
que envolvia necessariamente a América Latina, qualquer que seja o padrão ATSC,
ISBD, DVB ou o SORCER, desde que outros países da AL também optassem pelo
mesmo.
A discussão sobre a TV digital na América Latina estava distante em relação
ao estágio em que se encontra o Brasil, ainda era embrionária. Embora existisse uma
pressão pelo padrão americano, existiam aqueles que defendiam um padrão tecnológico
único para a TV digital para os países latino americanos. No Brasil, poder-se-ia proceder
com os encaminhamentos, sem perder de vista este mercado potencial. Bastava que, para
isso, o governo tivesse cautela e não se isolasse tecnologicamente com a adoção de um
padrão que dificultasse exportação e comprometesse a indústria nacional.
242
Não se tratava, naquele momento, de se posicionar por algum padrão, até
porque a urgência residia no debate político que viabilizasse alterar o marco regulatório
nacional, e não na escolha de padrões. A sociedade civil pedia o debate, que era
oportuno. O Brasil, juntamente com Portugal, México, Espanha e Itália, figurava entre os
piores modelos de regulação pois permitia concentração da propriedade de mídia
(QUERINO, 2002). Fato que compromete a opinião pública e prejudica a sociedade.
Neste sentido o debate tendia a trazer saldo positivo para o país, ainda que a longo prazo.
A alternativa para romper com este modelo exigia que atores integrados no
processo conseguissem desvencilhar-se do ditado popular que incentiva a “ficar com a
melhor parte”, pois essa visão desconsiderava questões de interesse de toda da
coletividade, em todos seus aspectos, inclusive econômicos; em favor de grupos
organizados na sociedade.
A sociedade precisava perceber que se o debate estivesse limitado à definição
tecnológica de padrão, discutir-se-ia apenas o modelo de canalização e uso dos canais.
Defendia-se a participação da sociedade civil em um debate que não fosse técnico, fosse
político; o esclarecimento à população; e a mudança no marco regulatório.
Para finalizar, cabe enfatizar que lidar com o marco regulatório,
principalmente em ano eleitoral, não interessava, aparentemente, a quase nenhum dos
setores envolvidos na discussão. Então, seguiu-se com o não dito, que, em última
instância, comprometeu a opinião pública. Esta, à luz das teorias, nasce e se fortalece no
debate, para expressar atitude racional crítica e bem informada.
A ausência do debate ou a política da desinformação, a política do não dito,
interessava somente a alguns atores sociais, devido suas fragilidades, pois sem debate, a
opinião era pública, porém discutível; permitia discordância, expressava juízos de valor e
243
por vezes, não coincidia com a verdade, justamente por ser opinião individual e estar
sujeita à esfera pública midiatizada.
244
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio de uma visão conceitual e crítica foram apresentadas e discutidas
algumas características básicas inerentes à sociedade da informação, em especial o
aparecimento dos meios nascidos da convergência tecnológica. Neste contexto reside o
foco do trabalho, que se refere ao processo de implantação da TV Digital Interativa no
Brasil, com relação à participação da sociedade civil nesse processo. A opção por esta
delimitação partiu do pressuposto de que estava em curso uma transformação não só do
que se conhece como televisão, mas por mídia, pois a convergência midiática permitiria
eliminar diferenças físicas entre aparelhos, colocando-os em uma só plataforma, ou seja,
um só aparelho.
O material encontrado sobre globalização, sociedade da informação e
convergência tecnológica permitiu uma visão ordenada do assunto. Devido à
interdisciplinaridade do estudo, as contribuições de áreas técnicas foram imprescindíveis
para perceber que o debate notadamente técnico que permeia a implantação da TVD no
Brasil é resultado de um discurso globalizado e parcial, de participantes como o
Ministério das Comunicações, as emissoras e as indústrias, que representam o
determinismo tecnológico inerente à sociedade informacional.
Ao acompanhar a participação da Sociedade Civil nos encaminhamentos da
implantação da TVD no Brasil, percebem-se as relações de interdependência que
permeiam a digitalização do sistema terrestre de televisão sobre uma estrutura já
consolidada. A situação se torna mais complexa se somada à proposta do SBTVD que
previa o oferecimento de ferramentas tecnológicas de comunicação para serem utilizadas
em políticas públicas que contrárias ao modelo vigente de radiodifusão.
245
Após descrição da trajetória dos encaminhamentos e da confirmação da crise
instaurada entre a Sociedade Civil e o Ministério das Comunicações, as análises e
interpretações dos dados obtidos possibilitaram confirmar as hipóteses da pesquisa.
Primeiro, o decreto não se sustentava porque fere, contrariava o marco regulatório
nacional. Segundo, a participação da Sociedade Civil no assunto foi fragmentada, parcial
e desfigurada, tendo em vista que as informações publicizadas, tornadas públicas,
comprometeram
a
“opinião
pública”
da
sociedade.
As
duas
hipóteses
se
complementaram e estavam diretamente relacionadas com a falta de isenção na condução
do debate por parte dos atores partícipes do processo e que, ofereceram aos meios de
comunicação, ao governo, às representações de classes ou aos movimentos sociais
opiniões de vassalagem.
A própria noção de público sofreu modificações, quando adotada o conceito
de sujeitos coletivos, pois quando a voz do primeiro não se fez ouvir na sociedade, surgiu
uma opinião midiatizada e comprometida com a visão do mercado. Neste sentido, o
trabalho apresentou evidências de que e a “opinião pública” sobre a digitalização no
Brasil era a opinião do público que tinha o controle midiático nas mãos, era a opinião dos
oligopólios de comunicação que não tinha interesse no debate político que viabilizasse
uma digitalização democrática e alterasse o status quo da radiodifusão no Brasil.
Os dados mostraram que, mesmo atores da Sociedade Civil organizada, que
buscavam o debate em sua ordem natural (primeiro, o político; segundo, o econômico; e
terceiro, o tecnológico), também tinham interesses envolvidos, que como não são do
conhecimento da sociedade acabava por contribuir para informações desencontradas, e
enfraquecimento da participação social.
As informações obtidas junto aos dados indicavam que o debate instaurado
foi insuficiente, pois se limitou ao viés técnico em detrimento do debate político,
246
deixando muitas lacunas por serem preenchidas, principalmente após a assinatura do
MoU (Memorando de Entendimento) entre Brasil e Japão. Pode-se entender o debate
focado na escolha do padrão como o intuito de evitar um debate mais amplo, o que fez
com que a discussão sobre a digitalização no país ocorresse inversamente do que na
maioria dos países, onde primeiro discute-se o marco regulatório, depois o modelo de
negócios e ao final o padrão tecnológico.
Esta inversão resultou em desinformação da sociedade a respeito do assunto.
Isto ocorreu porque o espaço midiático na sociedade foi ocupado por públicos (da
Sociedade Civil organizada) com interesses que se contrapunham. Nesse enfrentamento
entre grupos organizados da sociedade, aqueles com relações econômicas fortes, em
parceria com instituições governamentais, subjugavam opiniões divergentes, ou públicos
fracos. Nesse processo verificou-se que informações foram omitidas ou deturpadas, como
no caso dos padrões brasileiro e chinês ou quando se enfatizava que a alta definição e
portabilidade eram inerentes ao sistema japonês, quando outros permitiam as mesmas
qualidades.
Dados da pesquisa indicarsam a falta de informação da sociedade a respeito
do assunto a ponto de dificultar a implantação da TV Digital no país, dentro do proposto
pelo Decreto Presidencial 4.901/2003. Ainda, ofereceram indícios do não interesse em
ampliar a discussão política. Neste contexto, o debate em torno da escolha de padrão
tecnológico foi uma falácia, pois buscava ofuscar o debate político, que envolveria entre
os assuntos as concessões de canais e a transmissão de conteúdo. Neste sentido, se
viabilizava a manutenção do modelo de radiodifusão vigente em comprometimento à
implantação da TV Digital no país.
247
A existência do decreto presidencial com as diretrizes para a implantação da
TVD no Brasil permitiu que as indicações que contrariassem ou não atendiam às
especificidades do decreto fossem questionadas, inclusive judicialmente.
Devido a posicionamentos deste porte, o debate sobre a implantação da TV
Digital no Brasil não terminava com a escolha do padrão tecnológico que seria adotado.
Pelo contrário, é provável que as divergências se tornassem mais acirradas, suscitando,
inclusive, embates jurídicos, uma vez que o marco regulatório vigente inviabilizava
muitas das particularidades propostas para o Sistema Brasileiro de TV Digital e a
“Sociedade Civil”, por sua vez, não abria mão de algumas propostas contidas no Decreto.
Na verdade, independentemente do país com o qual o Brasil negociasse o
padrão, alguns questionamentos precisavam ser respondidos, tais como: As pesquisas e a
tecnologia brasileiras seriam utilizadas na implantação? Que modelos de serviços o
padrão selecionado adotaria? Como seria a distribuição de espectro no modelo
implantado? Quais seriam as interfaces utilizadas? A TVD permitiria, como indicava o
decreto, a inclusão? Quais acordos seriam firmados do ponto de vista de política
industrial? Qual encaminhamento limitaria as emissoras, após gestos efetivos na escolha
do padrão, de importar equipamentos e iniciar as transmissões imediatamente (em
detrimento à tecnologia e indústrias nacionais)? Como seriam as regras de transição para
o novo modelo? Seria considerada nestas regras a situação sócio-econômica da
população brasileira?
Estes são questionamentos que permaneceram sem resposta, pois não foram
contemplados nos encaminhamentos de cunho técnicos cujos conceitos foram
apresentados nos capítulos iniciais, somado ao fato de que não estavam presentes no
debate viabilizado pelo MiniCom e a maioria da população sequer imaginava que a
implantação da TDV envolvesse todos estes aspectos. O fato se agravou, pois, conforme
248
dados das entrevistas aplicadas, a opinião de atores da Sociedade Civil organizada, que
tinham participado ou fomentado o debate, era também permeada por interesses
específicos.
Como resultado desse desencontro de opiniões, até o momento de finalização
do trabalho não havia sido foi possível iniciar a digitalização da TV aberta no Brasil, pois
a discussão e alteração no marco regulatório eram imprescindíveis para a instituição do
SBTVD. Como o marco regulatório deriva de uma visão política, e o governo
sistematicamente insistiu em iniciar o encaminhamento por um viés técnico, sem o
debate político - o que inviabilizava a maior parte das diretrizes contidas no Decreto
4.901/2003 - as conclusões apresentadas, a depender dos encaminhamentos futuros,
poderiam inclusive não encerrar a discussão, mas propor outras.
Há que ressaltar que este contexto não comprometeu a pesquisa, devido seu
cunho exploratório, característica de parte do objeto de estudo - a implantação da TVD
no Brasil - que ainda estava em andamento. Neste sentido, o final da investigação
permitiu uma visão geral do assunto e a obtenção de informações inerentes às variáveis e
aos objetivos propostos, dentro de um contexto particular relacionado ao processo de
implantação da TVD no Brasil. Ao apresentar, no entanto, resultados provisórios,
mutáveis e redefiníveis, haja vista que o objeto investigado tendia a caminhar para outros
estágios, o trabalho permitiu a revelação de outras frentes de pesquisa.
Finalmente, as informações provenientes dos dados coletados indicavam que
o debate ainda encontrava-se distante de uma conclusão. Esta, por sua vez, muito
influenciaria a TV Digital apresentada à sociedade. O atual estado da arte permitia um
reordenamento nas conduções, viabilizava novos estudos e incitava o início de uma
discussão mais ampla, envolvendo desde o acesso tecnológico e a exclusão digital até
249
alterações no marco regulatório anacrônico em vigência, uma vez que a evolução
tecnológica tornava obsoleta toda a regulamentação do setor.
250
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265
APÊNDICES
Apêndice A - Glossário
Apêndice B – Clipping das matérias analisadas
Apêndice C – Modelo de questionário auto-aplicativo disponibilizado na Internet
Apêndice D – Apresentação gráfica dos resultados da pesquisa com questionários
Apêndice E – Modelo de Entrevista em Profundidade encaminhada à Sociedade Civil
266
ANEXOS
Anexo A – Decreto 4.901/2003
Anexo B – Decreto 5693/2006
Anexo C - Carta aberta ao Congresso Nacional, à Presidência da República e à sociedade
brasileira: TV Digital: um debate que precisa de audiência
Anexo D – Carta da SBPC ao Ministro das Comunicações
Anexo E – Documento das emissoras “SBTVD – a visão dos radiodifusores”
Anexo F – Documento Telebrasil “Considerações sobre SBTVD”
Anexo G – Projeto de Lei deputado federal Walter Pinheiro
Anexo H – Anúncio das emissoras em 08/03/206
Anexo I – Release Coalizão DVB
Anexo J – Carta das entidades Sociedade Civil
Anexo L – Documento CEITEC
Anexo M – Documento embaixador da Comunidade Européia
Anexo N – Tabela comparativa com as ofertas dos padrões
Anexo O – Estatísticas sobre implantação da TVD no mundo
Anexo P – Letra do Cordel da TV Digital
Anexo Q – Carta de lançamento da Frente Nacional –Rádio e TV Digital Democráticos
Anexo R – Cópia do MoU - memorando assinado entre Brasil e Japão
Anexo S – Moção de repúdio da Exec. Nacional dos Estudantes de Com. Social –
ENECOS
Anexo T – Manifesto do Setorial de Tecnologia do PT
Anexo U – Carta de Hélio Costa publicada da Folha de São Paulo
Anexo V – Respostas das entrevistas em profundidade
267
APÊNDICE A – GLOSSÁRIO
ADSL - Do inglês Asymetric Digital Subscriber Line. Tecnologia que permite atingir alta
velocidade de acesso à Internet, utilizando a infra-estrutura de cobre existente nas linhas
telefônicas convencionais. Uma das vantagens é que o assinante consegue maior velocidade
de acesso e a linha telefônica fica desocupada.
ASCII - "American Standard Code for Information Interchange" (Código Padrão Norte-
americano para Intercâmbio de Informações), hoje conhecido como código ASCII código
numérico usado para representar caracteres, entendido por quase todos os computadores,
impressoras e programas de edição de texto, que usa a escala do decimal 0 a 127. É baseado
no alfabeto romano, como é usado no idioma inglês moderno, e visa padronizar a forma pela
qual os computadores representam letras, números, acentos e sinais diversos (por exemplo:
<, {, ] ) e alguns códigos de controle ( <Crtl> ) que são utilizados para converter todos os
símbolos em números binários, os quais efetivamente podem ser processados.
Automação - Sistema em que os processos operacionais em fábricas, estabelecimentos
comerciais, hospitais, telecomunicações etc. são controlados e executados por meio de
dispositivos mecânicos ou eletrônicos,
Banda C - Faixa de freqüências de microondas delimitada entre 3,4 e 7,25 GHz. Em
comunicação com satélites geoestacionários a banda C compreende as faixas de freqüências
entre 3,7 e 4,2 GHz, no enlace de descida, e entre 5,925 e 6,425 GHz no enlace de subida.
Normalmente utilizada por satélites do tipo GEO e sistemas rádio terrestres do serviço fixo.
Betacam - sistema de gravação desenvolvido pela Sony que utiliza fita de meia polegada
com qualidade profissional. A identificação SP significa "Superior Performance", ou seja,
uma versão com maior quantidade de partículas magnéticas na fita.
Bidirecionalidade – Sistema de comunicação entre usuário e máquina, que a infografia
interativa requer em que o fluxo de mensagem ocorre em mão dupla. Na TV digital
268
interativa, através de um canal de retorno, permite aos telespectadores interagirem com a
programação, em que se pode enviar um sinal para a emissora, "solicitando" uma ação
específica.
Blog – Abreviatura de weblog, um registro publicado na Internet relativo a algum assunto
organizado cronologicamente (como um histórico ou diário), um tipo de página pessoal no
qual o dono desenvolve alguma conversa sobre um ou vários assuntos interessantes e deixa
aberto um mural com a opinião dos visitantes.
Broadcasting - (Radiodifusão), distribuição de sinais de áudio e vídeo a um número de
destinatários (ouvintes ou telespectadores segundo o meio) formando uma audiência de
massa, que pode ser o público em geral ou um subgrupo relativamente grande do mesmo.
Bytes - Se descreve como a unidade básica de armazenamento de informação, geralmente
equivalente a oito bits (dígitos binários), porém o tamanho do byte depende do código de
informação definido.
Cabodifusão – Distribuição de sinais de telecomunicações por uma rede de cabos, coaxiais
ou de fibra ótica.
Canal - Dispositivo destinado à circulação de dados. Pode ser de entrada, de saída ou de
entrada e saída (E/S ou I/O). Um canal representa uma freqüência e uma largura de banda.
Geralmente os designers quebram a largura de banda em duas partes: uma para uplink
(terminal para rede) e outra para downlink (rede para terminal). De acordo com a legislação
brasileira (Lei 8.977/95) é o conjunto de meios necessários a estabelecer um enlace físico,
ótico, ou radioelétrico, para a transmissão unilateral de sinais de TV entre dois pontos.
Canal de retorno - Espaço necessário no tráfego de dados, imagens e sons para a
interatividade da TV Digital.
269
Catódico - Radiações onde os elétrons emergem do pólo negativo de um eletrodo, chamado
cátodo, e se propagam na forma de um feixe de partículas negativas, feixe de elétrons
acelerados, ou feixe eletrônico de raios catódicos.
Celular de 3ª e 4ª geração – Em assuntos correlatos à informática os termos (3ª e 4ª
geração) referem-se à linguagem de computação direcionadas a procedimentos específicos.
Uma linguagem de terceira geração (3GL, em inglês) é uma linguagem de programação
projetada para ser facilmente entendida pelo ser humano, incluindo coisas como variáveis
com nomes. Uma linguagem de quarta geração (4GL), por sua vez, usa instruções de alto
nível para recuperar e dar forma à informação.
Chats - Chat ("conversa", em inglês) é o nome popular de conversa em tempo real (on-line)
em páginas da internet, como, o MSN. O nome nasce com a popularização da designação de
IRC (Internet Relay Chat). O IRC ou chat era o encontro virtual onde pessoas se
encontravam e conversavam em tempo real através de mensagens escritas, tanto participando
de discussões grupais em um dos milhares de canais de IRC como conversando em particular
com amigos e familiares.
Chips - Dispositivo microeletrônico que consiste de muitos transistores e outros
componentes interligados capazes de desempenhar muitas funções. Suas dimensões são
extremamente reduzidas, os componentes são formados em pastilhas de material
semicondutor.
Cibernética - Uma ciência com inúmeras ramificações, sendo uma delas a computação, que
estuda as funções humanas de controlo e da possibilidade da sua substituição por sistemas
mecânicos e elétricos. O conceito, desenvolvido nos anos 40 por Norbert Weiner em sua
evolução tem sido crítica para a concepção de complexos sistemas informáticos e
experiências no âmbito da robótica.
270
Clipping - Coleção de material impresso, de rádio ou TV com notícias sobre determinado
assunto, empresa, pessoa ou marca.
Commission Europea – A Comissão Européia (formalmente a Comissão da Comunidade
Européia) é o órgão executivo da União Européia.
Computadorização – Derivado de computadorizar que se refere a submeter ou introduzir
dados a tratamento, controle ou memória de um computador.
Concessionárias – Empresas que recebem uma concessão ('outorga do direito'). Conforme a
legislação brasileira (Lei 8.977/95) é a empresa que detém concessão para prestação dos
serviços de telecomunicações numa determinada região.
Cordel – Também conhecido como “literatura de cordel”, trata-se de um tipo de poesia
popular originalmente oral e depois impressa em folhetos rústicos expostos para venda
pendurados em cordas. Explora a rima e alguns poemas são ilustrados com xilogravuras. As
estrofes mais comuns são as de dez, oito ou seis versos. Os autores recitam esses versos de
forma quase cantada, acompanhados de violão.
Crominância - Combinações dos sinais de cores da imagem. Especificamente no caso de TV
é o sinal elétrico que contém a informação de cor da imagem e as salvas de subportadora
(sinal de radiofreqüência, de freqüência Fsc, que, modulado pelos sinais E'v e E'u e pelo
chaveamento de sincronismo de cor, produz o sinal de crominância.).
Decoder - (Decodificador), equipamento ou software que realiza a decodificação das
informações codificadas segundo algum padrão.
Demodula - Processar (um sinal) de modo a extrair uma informação nele contida.
Demodulação - Processo através do qual se extrair de uma onda de radiofreqüência
modulada (em amplitude ou em freqüência) o sinal e reconstitui o sinal modulante original (e
algumas vezes a portadora) a partir de um sinal modulado.
271
Dicróico - Filtro que reflete ou refrata separadamente as cores.
Digital - Oposto ao analógico. Sistema que utiliza a forma binária (diz-se aquela que usa
combinação dos números binários 1 e 0 alternadamente), de modo a manipular informações
sem a perda de qualidade da mesma.
Digitalizador - Aparelho que permite digitalizar uma imagem.
Digitalizar - Transformar informação analógica em digital.
Digital-s - Sistema desenvolvido pela JVC que utiliza a tecnologia DV gravando em fita S-
VHS.
Dolby AC-3 - Sistema de codificação digital que processa o áudio reduzindo os ruídos.
Digital Surround Sound de 5.1 canais que completa o MPEG-2 e emprega algoritmos de
percepção psicoacústicos de forma a comprimir cinco canais de áudio de banda completa e
um sexto limitado para subwoofer, daí o termo 5.1 muitas vezes usado. O sistema AC-3 é o
padrão escolhido para o DVD e as futuras transmissões da TV digital HDTV
DVCam - Sistema desenvolvido pela Sony que utiliza a tecnologia DV
Demultiplexadores - Realizam a função de separar o feixe recebido em suas componentes
de comprimento de onda e acoplá-los em fibras individuais. Descasamento
Difusor - Dispositivo destinado a modificar a distribuição espacial do fluxo luminoso
emitido por uma fonte de luz, essencialmente por meio do fenômeno difusão.
DXTV- DX - Em radioamadorismo é sigla que significa um contato a longa distância. É
também um passatempo em que se ouvem emissoras de radiodifusão em longas distâncias.
Encoder – (Codificador), equipamento ou software que realiza a codificação de informações
seguindo algum padrão específico.
Espectro eletromagnético - É o espaço por onde trafegam as ondas de rádio e TV.
272
Fetichizadas – Derivado de fetiche em se atribui poder sobrenatural ou mágico e se presta
culto a algo ou alguém. A ciência e a tecnologia são tidas como fetichizadas, por serem
consideradas as fontes que promovem o bem-estar e o progresso, logo possuem poder maior
que o previsto originalmente.
Flogs - (Fotolog ou fotoblog) é um registro publicado na Internet com fotos colocadas em
ordem cronológica, ou apenas inseridas pelo autor sem ordem, de forma parecida com um
Blog.
Hardware - Termo inglês de uso generalizado pelo qual se designa o conjunto de
componentes físicos (mecânicos, magnéticos e eletrônicos) constituintes de um sistema, por
exemplo, de comutadores e equipamentos terminais.
Hiperlinks - São palavras ou ilustrações pré-estabelecidas como pontos de saltos. Quando
clicadas, provocam a transferência para outro assunto ou página Web. Hiperlinks são
comumente chamados links.
Hipermídia - Somatório das propriedades do hipertexto às da multimídia. O termo
hipermídia descreve as aplicações de multimídia interativas e não seqüenciais que possuem
hiperlinks entre diversos elementos como textos, gráficos, ilustrações, sons, vídeos e
animações.
Hipertexto - Sistema para a visualização de informação cujos documentos contêm
referências internas para outros documentos (chamadas de hiperlinks ou, simplesmente,
links), e para a fácil publicação, atualização e pesquisa de informação. O sistema de
hipertexto mais conhecido atualmente é a World Wide Web.
Hipostasiadas - Consideradas falsamente (uma abstração, um conceito, uma ficção) como
realidade; transformar uma relação lógica numa substância (no sentido ontológico da
palavra).
273
Holografia - Técnica de registro e reprodução de imagens tridimensionais, baseada na
interferência de raios luminosos coerentes.
Home-Page - Literalmente significa "página de casa”. Expressão que designa a página de
abertura de um site da Web, referenciado por um endereço eletrônico ou hiperlinks. Pode
conter textos, imagens, sons, ponteiros ou links para outras páginas ou outros servidores da
Internet, etc.
Impedância - Relação entre o valor eficaz da diferença de potencial entre os terminais em
consideração, e o valor eficaz da corrente resultante num circuito. É a combinação da
resistência R e a reatância X, sendo dada em ohms, e designada pelo símbolo Z. Indica a
oposição total que um circuito oferece ao fluxo de corrente alternada, ou qualquer outra
corrente variável numa dada freqüência.
Interface - Elemento que proporciona uma ligação física ou lógica entre dois sistemas ou
partes de um sistema que não poderiam ser conectados diretamente. È a área em que coisas
diversas (dois departamentos, duas ciências etc.) Por exemplo, a tela do micro, que é a
interface entre o usuário e o sistema. Ou um ícone na tela, que é a interface entre o usuário e
um programa.
Intranet - Redes internas a empresas que usam as tecnologias da Internet, possibilitando
ainda um acesso à própria Internet. São protegidas de acessos externos por firewalls.
Funcionam como réplicas miniaturizadas da Internet, restritas ao ambiente da empresa.
Possuem uma estrutura de servidores Web e o acesso às informações se dá por meio de
browsers.
iPod - Padrão de middleware criado na Europa, e baseado principalmente em JavaTV,
refere-se a uma série de players de áudio digital projetados que oferecem uma interface
simples para o usuário, centrada no uso de uma roda clicável, ou click wheel. A maioria dos
modelos do iPod armazena mídia em um disco rígido acoplado, enquanto os modelos
274
menores usam memória flash. Como a maioria dos players portáteis digitais, o iPod pode
servir como um armazenador de dados quando conectado a um computador.
Java - Linguagem orientada a objetos, com sintaxe similar a C++, porém com biblioteca
bastante distinta, que permite o desenvolvimento de aplicações e applets Java. Gera código
intermediário (byte codes) que são interpretados em tempo de execução, o que, juntamente
com a sua biblioteca, torna a linguagem multi-plataforma, permitindo que seu código seja
executado nas mais diversas máquinas e sistemas operacionais, sem a necessidade de
adaptação.
Luminância - Quantidade relativa de claro ou escuro em uma escala do preto ao branco
(também chamado de intensidade).
Mascaramento - Dois tons puros de mesma intensidade só são percebidos quando a
diferença de freqüência entre os mesmos estiver acima do valor da banda crítica na faixa
analisada. Essa percepção será tão mais difícil quanto maior for a diferença de intensidade
desses tons. Quando o tom de menor intensidade não pode mais ser percebido, diz-se então
que ele foi “mascarado”.
Messenger - MSN - Messenger, ou apenas Messenger, é um programa de mensagens
instantâneas criado pela Microsoft Corporation. O programa permite que um usuário da
Internet converse com outro que tenha o mesmo programa em tempo real, podendo ter uma
lista de amigos "virtuais" e acompanhar quando eles entram e saem da rede.
MHP - “Multimedia Home Protocol”, Padrão de middleware criado na Europa, e baseado
principalmente em JavaTV.
Microatuadores – Dispositivo de microfabricação utilizado na fabricação de circuitos
integrados.
Microdispositivos – (Micro-Electro-Mechanical Systems - MEMS), também conhecidos
como microssensores, são dispositivos surgidos da integração de estruturas mecânicas com a
275
microeletrônica. São projetados para um propósito que exige controlar uma ação mecânica
por um computador. Nas aplicações de controle incluem-se sensor, dispositivos médicos, e
controles de processo.
Microeletrônica - Engenharia voltada à integração de componentes em estado sólido, ou
seja, da miniaturização de semicondutores. Muito semelhante à física de semicondutores.
Micronanofotônica - Desenvolvimento de interconexões fotônicas (óptica e eletrônica)
dentro dos chips de silício.
Microssensores – “Micro-Electro-Mechanical Systems”, MEMS (Sistemas Micro-eletro-
mecânicos), também conhecidos como microdispositivos, são dispositivos surgidos da
integração de estruturas mecânicas com a microeletrônica. São projetados para um propósito
que exige controlar uma ação mecânica por um computador. Nas aplicações de controle
incluem-se sensor, dispositivos médicos, e controles de processo.
Middleware - Software que fica residente no “Terminal de Acesso” e tem por finalidade
oferecer um ambiente uniforme de execução para os aplicativos. É como se fosse um sistema
operacional de uma TV, o que o Linux e o Windows são para os computadores.
Middleware declarativo - Middleware que cria um ambiente do tipo declarativo para a
execução dos aplicativos. Num ambiente declarativo, os programas são escritos em forma de
"scripts", ou seja, numa descrição muito próxima a do ser humano. Exemplos de ambientes
declarativos são o próprio HTML (da Internet) e o BML, adotado no ISDB japonês.
Middleware procedural - Middleware que cria um ambiente procedural para a execução
dos aplicativos. Num ambiente procedural, os programas são escritos como se fossem
programas de computador, isto é, utilizando linguagens de programação. Atualmente, a
linguagem mais difundida para essa finalidade é o JavaTV.
Midiático - Próprio da mídia ('todo suporte de difusão de informação').
276
MMDS - “Multipoint Multichannel Distribution System” (Sistema de distribuição
multiponto multicanal) é a transmissão de sinais de radiodifusão do headend à casa do
assinante pelo ar.
Mobilidade - Característica do que é móvel ou do que é capaz de se movimentar;
possibilidade de mover (algo, alguém ou a si mesmo).
Modulação - Modulação, em telecomunicações, é a modificação de um sinal
eletromagnético inicialmente gerado, antes de ser irradiado, de forma que esta transporte
informação sobre uma onda portadora, normalmente uma onda senoidal. O dispositivo que
realiza a modulação é chamado modulador. Basicamente, a modulação consiste em fazer
com que um parâmetro da onda portadora mude de valor de acordo com a variação do sinal
modulado, que é a informação que se deseja transmitir.
Mosaicos - Imagem ou padrão visual criado pela incrustação de pequenas peças (ícones)
coloridas sobre uma superfície, aglomeradas e fixadas. O conceito é utilizado pela TV por
satélite Sky para designar sua página de acesso ao conteúdo interativo em que o telespectador
navega pelos canais, escolhendo o gênero a que quer assistir além de poder acessar aos
demais Mosaicos e às funcionalidades da TV.
MPEG “Motion Pictures Experts Group” (Fórum de especialistas em compressão de
imagem, áudio e multimídia), família de padrões técnicos desenvolvidos por estes
especialistas para compressão de imagem, áudio e multimídia.
MPEG-2 – Padrão de compressão criado visando principalmente a TV Digital. É composta
de diversas partes, entre elas: parte 1: MPEG System: trata da multiplexação e outras
definições em nível sistêmico (também conhecido como padrão ITU-T H.222). Parte 2:
Vídeo (também conhecido como padrão ITU-T H.262). Parte 3: Áudio. Parte 6: Transmissão
de dados
277
MPEG-4 - Uma evolução da família MPEG-2 e que consiste de 10 partes, entre elas: parte
10: Video AVC (Advanced Video Coding, também conhecido como ITU-T H.264). (também
conhecido como padrão DSM-CC). Parte 7: Áudio AAC (Advanced Audio Coding).
Multimídia
Multiplexação - Técnica empregada para permitir que várias fontes de informação
compartilhem um mesmo sistema de transmissão. Na multiplexação por divisão no tempo
estas fontes de informação compartilham um trem de bits ocupando slots de tempo
diferentes.
Multiplexadores – Ao enviar sinais, combina os sinais de entrada e leva comprimentos de
ondas vindo de múltiplas fibras e converge eles dentro de um feixe.
Multiprojeção – Projeção com mais de dois projetores ocupando a mesma tela ou vários
projetores ocupando diferentes telas, e promovendo a fusão de imagens. Enquanto uma
imagem está desaparecendo, a outra fica nítida, possibilitando, durante a passagem entre as
imagens, a criação de outras formas; mas a maior vantagem da fusão continua sendo a
fluidez que ela proporciona na narrativa audiovisual
Must carry - É a obrigatoriedade de um operador de rede carregar canais de programação.
Notebooks - Computador pessoal móvel pequeno, enquanto normalmente pesando de 1 a 3 k
Off-Line - Fora da linha. Estar desconectado. Nenhuma ligação por linha telefônica ou outra
conexão, está ativa.
On Demand - Serviços que podem ser acessados de acordo com a preferência e necessidade
do consumidor, ao invés de um serviço (programa de televisão) que está disponível conforme
determinação da emissora.
On-Line - Significa algo ou alguém que está conectado em tempo real a uma rede de
computadores, recebendo e enviando informação.
278
Optoeletrônica - Ramo da eletrônica voltado para o estudo e a concepção de dispositivos
eletrônicos para emissão, modulação, transmissão e captação da luz. Tecnologia que
promove o acoplamento de blocos eletrônicos funcionais com feixes de luz
Orkut - Comunidade virtual afiliada ao Google, criada em 22 de Janeiro de 2004 com o
objetivo de ajudar seus membros a criar novas amizades e manter relacionamentos. Seu
nome é originado no projetista chefe, Orkut Büyükkokten, engenheiro do Google.Sistemas
como o adotado pelo projetista, também são chamados de rede social.
Palmtops - Pequenos computadores portáteis que literalmente cabem na palma da mão ou no
bolso.
Pay-Per-View - PPV é o nome dado a um sistema no qual os que assistem à televisão podem
telefonar ou usar o controle remoto e comprar eventos, filmes ou outros programas para
serem vistos na TV e pagar pela transmissão privada deste programa a suas casas mais tarde.
O evento é mostrado ao mesmo tempo para todos os que compraram, ao contrário de
sistemas de vídeo em demanda.
Portabilidade – Em informática refere-se à capacidade que um programa (software) tem de
ser compilado ou executado em diferentes arquiteturas de sistemas computacionais
(diferentes arquiteturas de hardware ou de sistema operacional). Conjunto de atributos que
evidenciam a capacidade do software de ser transferido de um ambiente para outro.
Radiodifusão – Conforme legislação brasileira (Dec. 97057/88, Lei 4117/62) é a forma de
telecomunicação caracterizada pela teledifusão de ondas radioelétricas para serem recebidas
direta e livremente pelo público em geral, compreendendo a radiodifusão sonora e televisão.
Retroalimentação - Qualquer processo por intermédio do qual uma ação é controlada pelo
conhecimento do efeito de suas respostas
Retroatividade - Capacidade de retroagir a fatos anteriores à sua ocorrência
279
Robótica - Ramo da mecânica, (englobando mecânica, elétrica e eletrônica) que atualmente
trata de sistemas compostos por máquinas e partes mecânicas automáticos e controlados por
circuitos integrados (micro processadores), tornando sistemas mecânicos motorizados,
controlados manualmente ou automaticamente por circuitos ou mesmo computadores.
Royalties - Compensação ou parte do lucro paga ao detentor de um direito (patente,
concessão etc) para comercialização ou utilização do direito.
Semicondutores - Sólidos cristalinos de condutividade elétrica intermediária entre a dos
condutores e a dos isolantes, que podem ser tratados quimicamente para transmitir e
controlar uma corrente elétrica. O emprego de semicondutores é importante na fabricação de
díodos, transístores e componentes eletrônicos de alta complexidade tecnológica, tais como
microprocessadores, e nanocircuitos usados na nanotecnologia
Set top box - Aparato adicional para conectar a televisão para transmissões diferentes das
transmissões analógicas normais, como por exemplo, o transmissão terrestre digital ou
satélite digital É a caixinha que fará a decodificação do sinal digital para que possa ser
transmitido pela TV (analógica).
Sinergia - Ação ou esforço simultâneos; cooperação, coesão; trabalho ou operação
associados.
Smart Cards - Cartão de crédito com microprocessadores que podem ser programados para
executar funções múltiplas. Estes cartões levarão dinheiro eletrônico como um substituto
para o dinheiro convencional.
Software - Termo em inglês para programa de computador. E uma palavra que assim como
marketing, na falta de uma tradução convincente para o português, acabou sendo adotada na
sua forma original. Ware é uma terminação comum em inglês e significa pertencente a uma
mesma espécie. Corresponde ao nosso aria (como em hotelaria, funilaria, pastelaria...). E soft
é qualquer coisa mole ou macia.
280
T-Commerce – Referente a transações monetárias efetuadas pela televisão e envolve o
período de tempo entre as transações quando a informação ainda está sendo radiodifundida,
mas não está sendo exibida na tela. Contém muitos tipos de informação como teletexto, cor
análise notável etc.
Tecnotrônica - Neologismo criado pelo sociólogo Roger-Gérard Schwantezenberg para
designar o casamento entre a tecnologia e a eletrônica. Refere-se normalmente ao progresso
da informática, da tecnologia das comunicações e da eletrônica.
Telecomunicações – De acordo com a legislação nacional (Dec. 97057/88) é as
comunicação realizadas por processo eletromagnético. Qualquer transmissão, emissão ou
recepção de símbolos, sinais, texto, imagens e sons ou inteligência de qualquer natureza
através de fio, de rádio, de meios ópticos ou de qualquer outro sistema eletromagnético.
Teleconferências - Conferência na qual mais de dois interlocutores estão em lugares
diferentes, ligados por telefonia, televisão ou computador.
Telemática - Comunicação à distância de um conjunto de serviços informáticos fornecidos
através de uma rede de telecomunicações.
Teletexto - Sistema de codificação que permite enviar informação textual junto ao sinal de
televisão, permitindo selecionar o usuário entre um número limitado de páginas.
Transducção - Processo pelo qual uma energia se transforma em outra de natureza diferente,
relacionado com radiodifusão é a retransmitindo um sinal através de conversão de uma forma
para outro.
Transnacionalização - É a propriedade que têm certos fenômenos de projetar seus efeitos
através das fronteiras nacionais. Sua generalização e aceleração vertiginosa, que a tornam
instantânea para todos os efeitos práticos, golpeiam profundamente as prerrogativas dos
Estados nacionais como atores exclusivos das relações internacionais.
281
Usabilidade - Pela definição da International Organization for Standardization, usabilidade é
a extensão na qual um produto pode ser usado por usuários específicos para alcançar
objetivos específicos com efetividade, eficiência e satisfação em um contexto de uso
específico (ISO 9241-11).
Varredura - Produção e distribuição de imagem eletrônica através de feixes de elétrons.
Videoconferências - Teleconferência realizada interativamente, com transmissão de imagem
e som entre os interlocutores, via televisão, em circuito fechado ou rede de computadores.
Videotexto - Sistema (geralmente interativo) para visualização de informações em monitor
de vídeo, frequentemente na forma de textos transmitidos por linha telefônica ou televisão a
cabo que assegura a transmissão dos pedidos do utilizador, assim como das mensagens
obtidas como resposta.
Walled Garden – Na tradução literal “jardim cercado”, refere-se às plataformas com
conteúdo de mídia fechados, com informações exclusivas para usuários. O termo é usado
para descrever freqüentemente oferecimentos de provedores de televisão interativos ou
telefonistas móveis que provêem conteúdo de costume, e não funções de portador
simplesmente comuns.
Contrasta com a proposta de TV digital terrestre aberta, com
provedor de acesso à Internet para conteúdo e e-comércio.
Webcams - Máquina fotográfica digital (ou webcam), as imagens podem ser acessadas
imagens usando o World Wide Web, e-mail, ou um PC com aplicação específica.
Web-TV - É a conversão do conteúdo da televisão com o conteúdo da internet, isto é, o sinal
da televisão sendo recebido via internet. Desta forma é possível que o telespectador que está
acostumado apenas a assistir o conteúdo transmitido, possa interagir, dando sua opinião,
votando, efetuando compras, procurando informações mais detalhadas sobre um determinado
assunto, decidindo, inclusive, o final de um programa.
282
Wirelles - (Sem fio) ou Wi-fi (Wireless Fidelity) são os termos usado para receptores de
rádios. O termo começou a ser usado no Reino Unido, logo depois que uma rádio começou a
transmitir para outros sinais. Atualmente é expressão genérica que designa sistema de
telecomunicações nos quais as ondas eletromagnéticas - e não fios - se encarregam do
transporte dos sinais.
Wi-Fi - Do Inglês Wireless Fidelity (fidelidade sem fios) é o termo usado para referir-se
genericamente a redes sem fio para comunicação em alta velocidade (até 50 MB ps megabits por segundo, com previsão de chegar até 108 MB ps em pouco tempo) e que
permite a criação de aplicações para uso em equipamentos móveis como notebooks e
handhelds.
Wi-Max - É um acrônimo que representa “Interoperability Mundial para Acesso de
Microondas”, uma versão potente de Wi-Fi que pode prover acesso de Internet sem fios
sobre locais geográficos amplos como uma cidade. Trata-se de uma marca de certificação
para produtos que passam conformidade e interoperabilidade para o IEEE 802.16 padrões,
que trabalha especificamente ponto para multiponto com acesso a banda larga sem fios.
Zapping - Mudanças do canal de televisão para evitar os anunciar publicitários (comerciais).
283
APÊNDICE B Análise de Conteúdo – Clipping TVD Brasil
Data
2000 - 2006
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
O Estado de
São Paulo
Lula conversa sobre
TVD com a indústria
TVD,
governo
sociedade,
Comenta governo recebe
representantes
para
debate
[...] governo quer saber qual é a disposição
dessas empresas em participar do
desenvolvimento
do
parque
de
semicondutores e da produção de
televisores digitais no Brasil
TeleSíntese
MiMiniCom:
deve
ser
brasileira
TVD
80%
TVD,
SBTVD,
sociedade, governo
Na AP MPF/SP entidade
critica governo
[...] representante da sociedade civil no
debate. “O decreto 4.901 (de 2003), não
exige nada disso (mobilidade, portabilidade,
alta
definição,
etc),
mas
sim
a
democratização, que não está sendo
debatida”
TeleSíntese
TVD:
legislação
veda simulcasting
Convergência,
TVD,
sociedade e governo
Criticam
a
falta
de
alteração na lei em AP do
MPF em SP
[...] procurador do Ministério Público,
presente ao debate, corroborou a
informação. Segundo ele, a legislação veda
a prática.
24/04/06
Observatório
de imprensa
Sobre
algumas
particularidades bem
brasileiras
TVD,
SBTVD
sociedade,
governo/ministério
Comenta
ausência
do
cidadão no debate critica a
lei que mantém o poder
centralizado
Não conseguimos [...] estabelecer canais
institucionais através dos quais o cidadão
possa exercer o seu direito de participar na
definição das políticas públicas.
24/04/06
TeleSíntese
Globo quer pressa
do governo, DVB
rebate
TVD,
ISDB,
sociedade
DVB,
Evidencia o enfrentamento,
mostra fala da emissora e
comenta reposta DVB
Para emissora: se demora a definição a TV
brasileira está morta
Jornal do
Senado
Conselho
discute
regras
da
radiodifusão
Convergência,
TVD,
sociedade, governo
Comenta discussão marco
regulatório devido conflito
TVs e Teles
CCS [...] discutir os marcos regulatórios dos
meios de comunicação social do país,
envolvendo, entre outros itens, a polêmica
sobre a quem cabe produzir o conteúdo da
programação.
O tempo
Sistema
Brasileiro
de TV democrática
TVD, ATSC, DVB,
ISDB,
SBTVD,
sociedade,
governo/ministério
Critica falta de debate
[...] o governo federal adota uma prática
comum aos governos totalitários, já que
ainda não abriu ao público a discussão
sobre o que seria melhor para os
brasileiros.
Diário do
Grande ABC
TVD se transforma
em “novela”
TVD,
ISDB,
DVB,
sociedade,
governo/ministério
Critica
falta
posicionamento
governo
de
do
[...] assinado carta de intenção para adotar
tecnologia japonesa na implantação da TV
digital, o governo brasileiro voltou atrás na
decisão [...] proposta recebida pela União
Européia
[...]
uma
fábrica
de
semicondutores no Brasil
O Globo
Presidente: Governo
não tem pressa para
decidir TVD
TVD,
ISDB,
ATSC, governo
Mostra
governo
do
Lula deu a entender que o governo ainda
não tomou uma decisão [...] decisão está
condicionada à criação de um parque de
semicondutores
21/04/06
O Estado de
São Paulo
Anatel critica falta de
planos do governo
para a TV
TVD,
ISDB,
DVB,
sociedade,
governo
ministério
Critica
condução
do
processo pelo governo
O governo está definindo o padrão de TV
digital sem ter estabelecido o que quer da
TV no futuro.
20/04/06
Agência
Estado
Lula sobre TV digital:
"Vamos medir cada
passo"
TVD,
sociedade,
governo/mistério
Indica
governo
do
O presidente [...] inda não tomou uma
decisão sobre o padrão de TV digital no
Brasil.
O Globo
UE quer negociação
sobre TV digital
TVD,
ISDB,
DVB,
governo/ministério
Informa
sobre
Europa
procurar governo para
novas negociações
[...] o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
recebeu uma carta assinada pelo
presidente da França, Jacques Chirac,
pedindo novas reuniões
Telecom
Online
Comissão
de
Ciência e Tecnologia
pedirá
audiência
oficial com Lula
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Comenta solicitação de
Walter Pinheiro PT/BA
para discutir TVD
[...] para discutir os encaminhamentos do
governo sobre a escolha do padrão da TV
digital para o Brasil, incluindo os resultados
da viagem ministerial ao Japão
Agência Brasil
Brasil analisa convite
da
Europa
para
discutir TV digital,
diz assessoria da
Casa Civil
TVD, ATSC, ISDB,
DVB,
governo/ministério
Indica
indecisão
do
governo com convite da
coalizão DVB
[...] o convite está sendo analisado pelo
governo.
25/04/06
25/04/06
25/04/06
24/04/06
24/04/06
24/04/06
21/04/06
20/04/06
19/04/06
19/04/06
DVB,
indefinição
indecisão
284
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
Home Theater
Express
TV digital causa
queda-de-braço
entre ministros
TVD,
ISDB,
DVB,
governo/ministério
Critica
indecisão
do
presidente e confronto
entre ministros
Enquanto o presidente Lula não demonstra
pressa em decidir, seus ministros
aparentam ter entrado numa queda-debraço em torno da definição sobre o padrão
brasileiro de TV Digital
Teletime News
Deputados acusam
governo de ignorar
Congresso
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Comenta posicionamento
dos
deputados
contrariados com governo
[...] queixa é com a forma como as decisões
vêm sendo tomadas no governo sem que
os deputados sejam pelo menos ouvidos
Agência
Estado
Europa quer mesmo
tratamento do Japão
em TV digital
TVD,
DVB,
governo/ministério
Informa sobre propostas
coalizão DVB e convite
para visita a Europa
A União Européia e a Coalizão DVB [...]
formalizaram hoje convite ao governo do
Brasil para que uma missão brasileira visite
a Europa, a exemplo da viagem feita ao
Japão.
18/04/06
Ascom
MPF/SP
Audiência
em
24/4
SBTVD
pública
sobre
TVD,
SBTVD,
sociedade,
governo/ministério
Release sobre audiência
no MPF/SP
AP irá discutir a democratização
comunicação e a o SBTVD
17/04/06
TI Inside
TVD EU quer missão
brasileira na Europa
TVD,
DVB,
governo/ministério
Comenta carta convite do
grupo DVB para Casa Civil
[...] objetivo do convite é discutir as ofertas
européias
FENAJ
Frente
não
se
intimida
pela
pressão pelo padrão
japonês e amplia
mobilização
TVD,
SBTVD,
sociedade civil
Indica
atividades
frente deve realizar
que
movimentos sociais prosseguem atendendo
ao apelo da Frente Nacional por um
Sistema Democrático de Rádio e TV Digital,
para a ampliação do debate sobre o
SBTVD.
O Estado de
São Paulo
Disputa na TVD não
acabou
TVD,
ISDB,
governo/ministério
Comenta que ISDB pode
equacionar conflito TVs e
Teles
Os japoneses encontraram uma maneira de
as emissoras de TV e as operadoras de
telefonia conviver harmoniosamente no
ambiente da convergência. Pelo menos por
enquanto.
14/04/06
O Estado de
São Paulo
Emissoras
comemoram acordo
TVD, ISDB, sociedade
, governo
Relata posicionamento das
emissoras
o acordo com o Japão é um avanço nas
negociações para implantação da TV digital
no Brasil
14/04/06
Intervozes
Por uma TV digital
de interesse público
TVD, SBTVD, ISDB,
DVB,
sociedade,
governo/ministério
Critica a pressão do
MiniCom e emissoras pela
tomada de decisão
[...] emissoras vão encenar a famosa
política do fato consumado
13/04/06
Terra Brasil
Digital
Brasil
e
Japão
assinam memorando
sobre TVD
TVD,
ISDB,
governo/ministério
Comenta
Memorando
assinatura
Brasil e Japão assinaram nesta quinta-feira
um memorando sobre cooperação na área
de televisão digital terrestre.
TI Inside
Parlatino
debate
unificação do padrão
de TVD na América
Latina
TVD, sociedade
Defende um só padrão
para AL
[...] para que haja um padrão único na
América Latina.
13/04/06
O Estado de
São Paulo
Padrão japonês de
TVD aguarda só
assinatura de Lula
TVD,
ISDB,
governo/ministério
Critica a assinatura do
Memorando
sem
contrapartida do Japão
A fábrica não deve ser a moeda [...] que
sonhou o governo brasileiro
13/04/06
O Globo
TVD: Brasil a um
passo do padrão
japonês
TVD,
ISDB,
governo/ministério
Comenta
os
encaminhamentos com o
Japão
Países assinam hoje ou amanhã um
memorando de entendimento
13/04/06
Notícias Uol
Falta de acordo com
Brasil sobre TVD
frustra Japão
Comenta
encaminhamentos
Japão
Memorando indica forte desejo do Brasil em
negociar, mas não se compromete
19/04/06
19/04/06
18/04/06
17/04/06
16/04/06
13/04/06
13/04/06
Agência
Estado
Brasil assina acordo
com Japão
Agência Brasil
Fantazzini defende
padrão único de
TVD
para
toda
América Latina
Folha de São
Paulo
Redes já temem que
definição de TVD
não saia este ano
12/04/06
11/04/06
TVD,
ISDB,
governo/ministério
TVD,
ISDB,
governo/ministério
com
da
Assinatura
documento
como
favorável
para
emissoras
Emissoras vencem guerra da TVD
Convergência,
TVD,
sociedade e governo
Defende padrão único AL
Países latino-americanos deveriam adotar
padrão tecnológico
TVD,
ISDB,
DVB.
Sociedade e governo
Faz
um
resgate
do
contexto, com viés melhor
para emissoras
As TVs receiam que governo Lula deixe a
decisão para a próxima administração,
como ocorreu na segunda gestão de FHC
285
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
10/04/06
Folha de São
Paulo
Ministros
Japão
padrão
vão ao
negociar
TVD,
ISDB,
governo/ministério
Conta viagem para discutir
TVD
Comitiva de ministros viaja para negócios
com o governo
AdNews
TVD: debate ainda
vai longe
TVD, ISDB, sociedade
governo/ministério
Critica
posicionamento
ministro HC
Hélio Costa já demonstra preferência pelo
padrão japonês
08/04/06
TI Inside
AP TVD é marcada
pela polarização
TVD, SBTVD, ISDB,
sociedade civil
Comenta análises feitas ao
modelo
de
referência
CPqD
O modelo de referência proposto pelo
CPqD inclui interatividade e alta definição
Padrão
digital
estimula
debate
sobre democracia na
TV
TVD,
ISDB,
DVB,
SBTVD,
sociedade,
governo/MiniCom
Comenta discussões
reflexos na sociedade
e
06/04/06
Assemb. Leg.
MG –
imprensa
São três lados nessa história: as emissoras,
a sociedade e as telefônicas [...]
discutirmos, antes da implantação da TV
digital, a Lei Geral de Comunicações e o
marco regulatório do setor
Tela Viva
News
Sociedade
forma
uma frente nacional
por
um
sistema
democrático de radio
e TV digital
TVD,
SBTVD,
sociedade civil
Comenta AP na Câmara
dos deputados e criação
da frente
[...] movimentando parlamentares e a
sociedade civil e culminou na criação da
Frente, que aprovou uma Carta para
registrar sua constituição
Jornal da
Câmara
Escolha de padrão
também
não
é
consenso
entre
debatedores
TVD,
ISDB,
DVB,
sociedade,
governo/ministério
Bittencourt defendeu ISDB.
Walter Duran defende DVB
Na CCS Fernando Bittencourt e Walter
Duran posicionaram com divergências
04/04/06
Jornal da
Câmara
CCS: Financiamento
TVD
divide
entidades
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/ministério
Discussão sobre modelo
de negócios
Implantação vai além do padrão e modelo
de negócios divide opiniões
04/04/06
IDEC
CCS: Financiamento
TVD
divide
entidades
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/ministério
Discussão sobre modelo
de negócios
Implantação vai além do padrão e modelo
de negócios divide opiniões
SBComp.
O jogo de interesses
da TV digital
TVD,
ISDB,
governo/ministério
Informa que governo deve
lançar
testes
de
digitalização TVD em SP e
transmissão completa em
setembro
Entidades do setor de radiodifusão
proclamam discurso sobre adoção sistema
aberto gratuito e com mobilidade
TI Inside
Audiência
sobre
TVD marcada por
polarização
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/ministério
Mostra diferenças entre
visão dos atores no
processo
Para ABTU modelo de negócios deve vir
antes da escolha de padrão. Congresso
deve alterar marco regulatório para atender
perspectivas sociais e econômicas
03/04/06
Observatório
de Imprensa
Denúncia:
sistema
“analógico”
nosso
será
TVD,
ISDB,
governo/ministério
Critica
padrão
que
privilegia
manutenção
status quo das emissoras
[...] se for definido como ministro quer
manterá igual, tudo como está, analógico
02/04/06
Folha de São
Paulo
O que importa é o
conteúdo
TVD,
ISDB,
governo/ministério
Divulga artigo de Gilberto
Gil e Orlando com crítica
ao debate
[...] o que importa para a TV brasileira é o
que vai mostrar e para quem
02/04/06
Sete Pontos
SORCER for agora –
TVD exposição
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/ministério
Critica a não divulgação do
padrão brasileiro
Existe jogo de bastidores entre EU e Japão
02/04/06
Sete Pontos
Para
esboçar
transmissão
em
rádio digital
TVD, IBOC e DRM
Criticas
debate
IBOC não permite emissoras menores
Cresce coro por uma
TV
digital
democrática
TVD, sociedade civil,
governo/ministério
Movimentos
sociais
buscam convencer sobre
riscos de uma escolha
apressada
Casa Civil: no momento apropriado será
realizado amplo seminário sobre o tema
01/04/06
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão
comunicação
31/03/06
O Estado de
São Paulo
Ministros
evitam
comentários
após
reunião sobre TVD
TVD,
governo/ministério
Relata
ministros
SBTVD
reunião
dos
para
discutir
Reunião não contou com a participação dos
9 ministros que compõem o CD
30/03/06
O Estado de
São Paulo
Ministros
adiam
entrega de relatório
sobre TV digital
TVD,
sociedade,
governo/mistério
Informa que ministros não
entregaram documento e
precisam demais prazo
HC informou que os outros ministros
precisam de mais tempo para a decisão
10/04/06
06/04/06
04/04/06
04/04/06
03/04/06
os
testes
sem
286
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
30/03/06
Tela Viva
Comitê
de
desenvolvimento
não conclui relatório
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Critica impasse na reunião
do CD do SBTVD não
fechou relatório
O resultado já era esperado
30/03/06
Folha de
S.Paulo
Gil lê cordel
ataca HC TVD
TVD,
sociedade
Cita falas do cordel que
critica HC
O governo federal muito mal representado
[...]
TeleSíntese
Sociedade
Civil
discutirá TV digital
na
Câmara
dos
Deputados
TVD, sociedade civil
Informes sobre AP
plenário da câmara
no
Debate reunirá entidades que se sentem
alijadas do processo
30/03/06
Folha de São
Paulo
Gil e HC batem boca
sobre TVD
TVD, SBTVD, ISDB,
sociedade
civil,
governo, ministério
Na primeira página chama
para matéria no interior do
jornal
Escolha do padrão troca grosserias entre
os ministros
30/03/06
TeleSíntese
Sociedade
civil
discutirá TVD na
Câmara
Convergência,
governo
Critica testes
técnico
debate
O governo vem optando por focar a
discussão nas definições industriais e
técnicos
29/03/06
Teletime
Para
deputados
ainda há tempo para
discutir o modelo
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/ministério
Favorável á discussão
sobre modelo de negócios
STVD antes do padrão
Dep. Walter Pinheiro e Jorge Bittar
acreditam que é possível ampliar as
discussões
28/03/06
Observatório
da imprensa
O que as emissoras
querem esconder
TVD, SBTVD, ATSC,
DVB, ISDB, sociedade
Critica descaso e elogia o
SORCER
Devemos adotar a tecnologia Nacional do
SORCER
27/03/06
Boletim
Prometheus
Sociedade civil se
mobiliza e quer ser
ouvida
TVD, sociedade civil,
governo/ministério
Comenta mobilização de
entidades da sociedade
civil
[...] se mobilizam para cobrar participação
no processo de decisão
TV Digital: União
Européia
entrega
proposta à Casa
Civil
Convergência,
TVD,DVB, sociedade,
governo/ministério
Comenta
oferta
da
coalizão DVB ao Brasil
[...] entrega em 24/3, uma carta com a
oferta da União Européia e da Coalizão
DVB destinada ao desenvolvimento de uma
indústria de semicondutores no Brasil
Critica relatório e ministro
Tornar mais complexo o debate público e,
com certeza, o grande mérito deste
documento.
Emissoras pedem urgência na decisão
30/03/06
27/03/06
TI Inside
que
SBTVD,
IBOC,
27/03/06
Boletim
Prometheus
Equipe
de
Prometheus analisa
o
“modelo
de
referencia”.
TVD,
convergência
sociedade
25/03/06
Correio
Brasiliense
Escolha de padrão
de
TVD
deve
demorar
TVD,
governo/ministério
Mostra diferenças
ministérios
posicionamento
emissoras
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão da
comunicação
Missão
brasileira
retoma negociações
sobre padrão chinês
TVD, TV interativa,
ATSC, DVB, ISDB
Questiona
a
não
apreciação da proposta
China e com Rússia
Mercado ultrapassaria
televisores
IDEC
Ministro
acusa
Europa de blefe e
defende TVD do
Japão
TVD, SBTVD, ISDB,
DVB, ministério
Fala da pressa na decisão
e das diferenças entre
ministros
Ministro tem
pendências
24/03/06
TeleSíntese
TVD: EU faz sigilo
sobre contrapartidas
TVD, DVB, governo
Comenta
EU
Europeus reiteram proposta anterior
TVD,
DVB,
ISDB,
governo/ministério
24/03/06
O Globo
Ministros discutirão
TVD no Japão
Ao comentar a viagem
isenta HC da pressa na
decisão
Quanto ao anúncio das redes de televisão
[...] defendendo uma decisão rápida do
governo,
Costa
disse
que
achou
interessante a mobilização, mas que a
decisão do padrão é de Lula
23/03/06
Valor
Econômico
TVD, oportunidade ,
não o risco
TVD, HDTV,
Defende modelo nacional
Qual é momento para levar adiante ativo
nacional
24/03/06
24/03/06
ISDB,
e
entre
e
das
contrapartidas
pressa
1,3
em
bilhões
de
resolver
as
287
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
22/03/06
TI Inside
CCS discute marco
regulatório
para
convergência
Convergência,
sociedade
Folha de
SãoPaulo
Em
anuncio
emissoras
pedem
TVD japonesa com
urgência
TVD, ISDB, governo,
sociedade
Comenta
jornais
nos
22/03/06
Nas primeiras paginas dos principais jornais
as redes pedem TVD aberta, publica e
gratuita e defendem ISDB
22/03/06
AdNews
O outro lado do
debate sobre a TVD
TVD e governo
Comenta
medo
da
redistribuição de conteúdo
Perigo real para todas as emissoras e a
redistribuição de canais
21/03/06
Notícias Terra
China,
Rússia
TVD.
Índia
e
propõem
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Jornal favorável ao sistema
chinês.
Proposta chinesa oferece vantagem para o
Brasil.
21/03/06
Folha de São
Paulo
Globo teme rumo da
discussão da TVD.
Convergência
TVD,
ASTC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Posicionamento contrário à
demanda.
A discussão torna o caminho perigoso.
20/03/06
Press MKT
Redes de TV aberta
vão
pedir
TVD
japonesa
TVD, ISDB, sociedade
e governo
Divulga
intenção
de
manifestação das redes
pelo ISDB
Redes de TV aberta farão movimento
publico em defesa do ISDB
19/03/06
Jornal da
ciência.
Europeus
pedem
encontro com Lula
sobre TVD.
Convergência
TVD,
ISDB,
DVB,
governo/ministério.
Defendem o sistema DVB.
Nenhum outro país adotou ISDB além do
Japão.
Observatório
de políticas
públicas de
infoinclusão
Especialistas
criticam discussões
sobre TVD.
Convergência
SBTVD, DVB.
O que está por trás da
discussão.
O que está sendo mostrado não é visível...
19/03/06
Agência Brasil
Professor diz que os
pontos
mais
importantes da TVD
foram
pouco
debatidos.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Defende
mudança
regulamentação.
O problema para o país tem a ver com o
marco regulatório.
Zero Hora
Governo
poderá
adotar padrão misto
de TVD.
Convergência
TVD,
SBTVD, ATSC, ISDB,
DVB,
governo/ministério.
Defende um sistema que
atenda
a
realidade
brasileira.
Os aplicativos
brasileiros.
Tela Viva
News
No
MiniCom
previsões
sobre
decisão já ficaram
para abril.
Convergência
ISDB, DVB.
Defende que a decisão
deverá ser adiada.
O que joga a sua liberação mais adiante.
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão da
comunicação
Sociedade
civil
movimenta o país
com debate sobre a
digitalização.
Convergência
TVD,
SBTVD,
ISDB,
sociedade
civil,
governo/ministério.
Defende que haja debate.
As entidades propõem que seja realizado
um vídeo conferência.
Tela Viva
News
Decisão
sobre
padrão se complica
com
proposta
européia.
Convergência
TVD,
ISDB,
DVB,
governo/ministério.
Defende que a TV aberta
não deve ser inviabilizada.
A TV aberta
inviabilizado.
14/03/06
Tela Viva
News
Governo deve abrir
TV
paga
a
telefônicas.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Defendem a abertura da
TV paga as telefônicas.
As telecomunicações receberão uma
compensação: o direito de explorar TV
paga.
13/03/06
Jornal da
ciência
Impressões digitais,
editorial da Folha de
São Paulo.
Convergência
TVD,
ISDB,
governo/ministério.
Contrária
japonês.
O modelo não foi adotado em nenhum
outro país a não ser no próprio.
Carta Maior
Governo
prioriza
política
industrial,
sob o protesto de
org.
Convergência
TVD,
SBTVD, ISDB, DVB,
governo/ministério.
A favor do SBTVD.
Ignorando totalmente as pesquisas feitas
no país.
O Estado de
São Paulo
Política deve definir
padrão digital.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Preocupado
com
o
envolvimento pessoal das
políticas na decisão.
Os ministros do governo Luiz Inácio estão
inclinados a agir de maneira pragmática.
18/03/06
18/03/06
17/03/06
17/03/06
17/03/06
11/03/06
10/03/06
Posicionamento
TVD,
TVD,
TVD,
Prova validativa
Quando chegar
local me avise
algum
anuncio
ao
na
sistema
Posicionamentos ajudam
serão
quase
brasileira
pode
todos
ser
288
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
Governo
ignora
apelos e embarca de
na
onda
dos
radiodifusores.
Convergência
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/ministério.
Defende o modelo SBTVD.
Uma decisão que vai determinar se o Brasil
segura o rumo da soberania.
10/03/06
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão da
comunicação
Governo
ignora
apelos e embarca de
vez na onda dos
radiodifusores
TVD, SBTVD, ISDB,
Sociedade
civil
e
governo
Critica posicionamento do
governo referente debate
Ouve mas não escuta
10/03/06
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão da
comunicação
10/03/06
Estada: Vida
digital
Governo
não
financiará TVD hoje.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Defende um modelo que
traga investimentos.
Nós queremos dar oportunidade ao Brasil
de ganhar em tecnologia.
MPF
aguarda
decisão para iniciar
investigação sobre a
TVD.
Convergência
ISDB.
A lei deve ser cumprida.
A investigação trabalha na esfera dos
índices de desrespeito as leis.
10/03/06
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão da
comunicação
AdNews
Sob ataques
globo,
DVB
demonstração
SP
DVB, sociedade
Mostra DVB na disputa
pela escolha do padrão e
crítica do HC
Para HC [...] o que está sendo mostrado
não é viável [...] falta robustez ao padrão
09/03/06
Telecom
Online
Gadelha diz que
governo ainda não
escolheu o padrão.
Convergência
TVD,
ISDB,
governo/ministério.
Que o sistema ISDB ainda
não foi escolhido.
O relatório não foi aprovado pelo comitê de
desenvolvimento da TVD.
09/03/06
Correio
Brasileense
Esquenta briga pela
TVD.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Que o governo escolherá
modelo japonês.
Padrão mais propenso a ser escolhido no
caso o japonês.
09/03/06
Valor
Econômico
Discussão ainda é
embrionária
na
América Latina.
Convergência
ATSC, ISDB.
TVD,
Acha que os países da
América Latina seguirão o
Brasil na escolha da TVD.
Os demais países aguardam a decisão do
Brasil.
09/03/06
Telecom
Online
Processo de escolha
da TVD não foi o
melhor diz PHILIPS.
ISDB,
DVB,
governo/ministério.
Defende a neutralidade do
governo.
O fato da pessoa que deveria ser o juiz
dessa operação ter declarado preferência
por um dos padrões.
Advillage –
Cidade Biz
Manifestantes
se
acorrentam
contra
padrão estrangeiro
de TVD
TVD, ATSC, ISDB,
DVB, Sociedade Civil,
governo
Critica
proximidade
decisão com eleições
Diante da proximidade das eleições [...]
contratos decorrentes entrem em profunda
revisão em 2007
O Estado de
São Paulo
Fábrica é “pedra de
toque” na escolha.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Defende a vinda de uma
fábrica de semicondutores.
A fábrica de semicondutores é vista no
governo como condição para promover um
salto tecnológico para a indústria.
JB Economia
Governo
nega
decisão sobre TV
digital
TVD,
DVB,
ISDB,
SBTVD,
governo/ministério
Afirma que governo não
confirma divulgação da
FSP
O governo federal desmentiu ontem que já
tivesse decidido pelo padrão japonês como
modelo a ser implantado na TV digital
brasileira.
Tela Viva
News
Decisão não está
fechada, mas não
pende para o DVB.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Defende a vinda de uma
fábrica de semicondutores.
Quem primeiro vier com uma proposta séria
terá simpatia efetiva da parcela do governo
que não fechou posição.
09/03/06
O Estado de
São Paulo
Entrevista: O que
está em discussão é
o
modelo
de
negócio.
TVD, ATSC, DVB,
ISDB, sociedade civil
Denuncia
descontentamento
indústria
Do ponto de vista da indústria [...] diz que
não foi devidamente consultada.
09/03/06
AdNews
Para
Siemens,
processo de escolha
do padrão foi errado
Convergência
ISDB, DVB.
Quer o adiamento
escolha para 2007.
08/03/06
TI Inside
Anatel
apresenta
projeto
do
rádio
digital no senado.
08/03/06
Folha de São
Paulo
Lula escolhe padrão
japonês para TV
digital
09/03/06
09/03/06
09/03/06
09/03/06
09/03/06
da
faz
em
TVD,
TVD,
da
da
O governo não ouviu todos os lados [...] é
necessária revisão na LGT
Convergência
TVD,
Rádio digital, IBOC e
ATSC
Defendem o IBOC e o
ATSC.
Optaram pelo sistema norte-americano
IBOC que é o mais desenvolvido.
TVD, ATSC, DVB,
ISDB,
governo/ministério
Comenta
decisão
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva
decidiu que o Brasil adotará o padrão de TV
digital japonês (ISDB), segundo apurou a
Folha
e
enfatiza
a
289
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
08/03/06
AdNews
O padrão japonês e
a TVD.
Convergência
TVD,
ISDB,
DVB,
governo/ministério.
Diz que Hélio Costa
atrapalha negociação.
Atribuem a defesa incondicional do ISDB
pelo ministro Hélio Costa.
08/03/06
O Estado de
São Paulo
Governo condiciona
escolha da TVD à
instalação
de
fábrica.
Convergência
TVD,
ISDB,
governo/ministério.
Defende a instalação da
fábrica.
Instalação
de
uma
fábrica
de
semicondutores no Brasil passa a ser
condição básica para escolha.
TI Inside
CCS
discute
panorama
da
radiodifusão
no
Brasil
Convergência,
rádio
digital, sociedade
Especialista justifica os
testes com o IBOC em
detrimento
do
padrão
europeu de rádio
[...] o europeu tem alto custo de operação
Advillage
Cidade Biz
Lula deve anunciar a
TVD na sexta, mas
ONGs querem adiar
para 2007. entidades
querem
discutir
mais.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,,
sociedade
civil,
governo/ministério.
Defende prorrogação do
prazo.
O momento não é adequado par se incluir
essa discussão.
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão da
comunicação
Ministro
não
confirmou definição
de modelo digital na
sexta-feira
diz
deputado.
Convergência
TVD,
ATSC,
ISDB,
governo/ministério.
Defende discussão mais
ampla.
A câmara dos deputados promoverá um
seminário sobre o tema.
Agência Brasil
ABr
Ministro diz que
Brasil e Argentina
pretendem adotar o
mesmo padrão de
TV digital
Convergência,
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Informa
(de
maneira
positiva) sobre acertos do
ministro com Argentina
[...] informou hoje (7) o ministro das
Comunicações, Hélio Costa, após reunião
com a [...] Dilma Rousseff, e com o
secretário de Comunicações da Argentina,
Guillermo Moreno.
Folha Online
Qual padrão você
prefere para a TVD
brasileira?
TVD,
ISDB
Enquête sobre padrões
53% preferem DVB 47% o ISDB
Folha Online
Comitê de ministros
vai discutir TVD com
argentinos
TVD,
ATSC,
governo/ministério
Informa sobre reunião com
argentina e enfatiza que
decisão
do
Brasil
é
importante
A Argentina já havia manifestado no
passado
preferência
pelo
sistema
americano (ATSC), mas depois decidiu
rever sua posição.
Siemens/
imprensa
Empresas anunciam
coalizão
para
contribuir com a
escolha do padrão
de TVD.
Convergência
DVB.
A favor do DVB.
Qualquer outra escolha diferente do DVB
acabará implicando num custo mais alto.
03/03/03
Contas
Abertas
Depois de aplicar 54
milhões,
governo
anuncia
padrão
estrangeiro de TVD
TVD,
sociedade
governo
Critica a não utilização das
pesquisas
sobre
TVD
Brasil
O Ministro [...] descartou a possibilidade de
o país desenvolver seu próprio sistema de
TVD
03/03/06
AdNews
Redes
fazem
anúncios contra as
teles
TVD, ISDB, sociedade
Relata a campanha das
emissoras pelo ISDB
Redes de televisão lançam campanha
pública institucional conjunta
02/03/06
Cultura e
Mercado
TVD: o confronto de
interesses que exclui
a sociedade civil.
Convergência
TVD,
SBTVD,
ISDB,
sociedade
civil,
governo/ministério.
A favor das empresas de
telecomunicações
O globo não quer concorrer com novas
emissoras então ousar da diversidade
cultural.
02/03/06
Primeira
leitura
TVD: a Paulipetro de
Lula
TVD e governo
Condena debate técnico e
posicionamento
do
governo
02/03/06
TeleSíntese
CC se reúne com
ABTA para discutir
TVD
TVD,
SBTVD
sociedade civil
e
Critica
ruptura
de
negociação com Comitê
Consultivo
CC teve participação limitada no processo
debate do SBTVD
02/03/06
Tribuna da
imprensa
Confea
defende
sistema brasileiro de
TVD.
Convergência
TVD,
SBTVD, ATSC, ISDB,
DVB.
Defende o SBTVD e é a
favor do debate.
A câmara deverá organizar um seminário
sobre SBTVD.
08/03/06
08/03/06
08/03/06
07/03/06
07/03/06
06/03/06
05/03/06
ATSC,
DVB,
TVD,
SBTVD,
civil,
[...] o governo enterra a “Paulipetro digital”
[...] Hélio Costa tratar dos relatórios para o
Brasil comprar um dos padrões digitais
testados e aprovados, o norte-americano, o
japonês e o europeu.
290
Data
Fonte
Título
Audiência
para a TV.
01/03/06
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão
comunicação
01/03/06
FAPESP
01/03/06
Posicionamento
Prova validativa
VT
Nega que para transmitir
para móvel exigiria mais
antenas do que para fixo.
Com o digital não haverá nenhum problema
da recepção.
TV turbinada
Convergência
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil.
Quer uma TV de qualidade
com inclusão social.
É uma mudança tecnológica que tem
grande impacto social, cultural e industrial.
Tela Viva
News
DVB
pede
reestruturação
do
debate
TVD,
DVB,
ISDB,
sociedade, governo
Fala do documento da
coalizão DVB entregue ao
governo
[...] a primeira manifestação pública de um
dos padrões estrangeiros em defesa do
debate de um modelo para a TV digital.
01/03/06
Adrews
Quem tem medo da
TVD?.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Mostra todas as falhas do
processo.
Negócios que a TVD vai gerar não
dependente somente da escolha, mas sim
da decisão.
Mar./06
TI Inside
Telexpo
Convergência
pouco debate
Convergência,
TVD,
ISDB, DVB, sociedade,
governo/ministério
Critica falta de participação
no evento devido debate
sobre TVD
[...] atenções estavam voltadas aos debates
em torno do padrão de TV digital a ser
adotado pelo Brasil.
Mar.06
Editorial Tela
Viva março
2006
A primeira de muitas
etapas
TVD, ISDB, ATSC
Mostra que decisão é difícil
A questão do
fundamental
26/02/06
Agora
TV digital
Convergência,
TVD,
ISDB,
governo,
MiniCom
Anuncio de definição para
a primeira quinzena de
maior
Para que o governo escolha o padrão, é
necessário instalação de fábrica
26/02/06
Fazendo
Media
Radio
Digital
Democrático ou cala
boca tecnológico?
Convergência, Rádio
Digital, IBOC, governo
Acusa que sem debate
governo impõe padrão
EUA
13 emissoras em testes com IBOC e i com
RDM
24/02/06
Sete Pontos
Para esboçar
SBRD
um
TVD,
Convergência,
Rádio, governo
Critica testes com rádio
digital
Teste de transmissão em rádio está em
franco andamento
24/02/06
Folha de São
Paulo
Audiência
para a TV
Pública
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Quer maior empenho em
debates, defende AP
O caminho é a consulta pública, mesmo
que atrase em alguns meses [...]
FNDC
reivindica
consulta e audiência
pública para TVD.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Informa sobre Seminário e
critica governo
24/02/06
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão
comunicação
O processo de consulta e audiência pública
para que a sociedade tome conhecimento
da força do debate.
23/02/06
CMI Brasil
TVD: Não chuta que
é
gol
contra
presidente!
TVD, ISDB, governo,
MiniCom
Criticas ao MiniCom e a
pressa na decisão
A quem interessa a pressa do padrão
japonês?
Veja edição
1994
A
guerra
padrões
TVD,
ISDB,
DVB,
22/02/06
Compara os padrões e
seus defensores, defende
visão DVB
Qual é o melhor para os consumidores
brasileiros? Aquele que não vede a porta a
inovações e abra o maior leque de opções
de conteúdo
22/02/06
Home Theater
Express
Governo
anuncia
TVD para 10 de
março.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Quer o alongamento do
prazo.
Parece difícil chegar a um consenso a curto
prazo.
22/02/06
Boletim
Prometheus
Sorcer a história que
o
ministro
não
contou
TDV, SBTVD, ISDB,
governo
Critica
governo
apresentar SORCER
não
O que ministro não revelou [...] existe um
outro padrão [...] que permite a mesma
segmentação de espectro do ISDB
Folha de São
Paulo
A
guerra
de
argumentos na TVD
ATSC, DVB e ISDB
Critica posicionamento da
imprensa no debate
[...] ou se levantam aspectos secundários
do tema, como se fossem centrais, ou se
fazem afirmações que se perdem no meio
do alarido e não são conferidas.
Boletim
Prometheus
SBTVD:
televisão
soberana
TVD,
SBTVD,
sociedade,
governo/ministério
Critica a falta de uma nova
regulamentação
A opção pelo ISDB estabelece redes
móveis para A ocupação de todo o espectro
e limita a democratização do rádio e da TV
22/02/06
21/02/06
Assunto(s)
abordado(s)
pública
livre
da
teve
dos
uma
e
Convergência
digital, ISDB.
ATSC,
operador
de
rede
é
291
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
1702/06
Projeto Brasil
Padrão
europeu
rebate informações
de ministro
TVD,
DVB,
ISDB,
governo/ministério
Justifica equívocos
posição ministro
da
Ainda há muita desinformação [...] guerra
de argumentos é prejudicial ao debate
16/02/06
Editorial
Teletime
Quanto
não
eminentemente
tecnológico
TVD,
governo/ministério
Critica confusão em torno
do debate pelos três
padrões
[...] imprensa reduziu de forma simplória a
disputa entre três padrões tecnológicos
Tela Viva
News
Ministro
critica
trabalho CPqD
TVD, governo
Evidencia fala que critica
modelo de referencia
[...] há imprecisão no relatório
16/02/06
16/02/06
Tela Viva
News
Confira a integra e
os principais pontos
do relatório do CPqD
TVD, ATSC, ISDB,
DVB,
governo/MiniCom
Divulga o modelo de
referencia que condena o
ISDB
A grande marca do relatório é mostrar
modelo de negocio que não incorpore
somente alta definição e mobilidade, é pior
e modesto
Tela Viva
News
HC diz que relatório
pertence
ao
presidente Lula
TVD, sociedade civil,
MiniCom
Defende padrão brasileiro
e decisão do presidente
com sociedade civil
HC -não haverá incorporação da proposta
por pesquisa brasileira [...] os ministros não
vão ouvir a sociedade civil
14/02/06
Observatório
de imprensa
TV
digital
será
aberta, gratuita e
livre
TVD, sociedade civil e
governo
Comenta
ação
das
emissoras na TV e de HC
sobre TVD, teles, LGT e
questão tecnológica
Questão tecnológica com fundo político tem
provocado polemica [...] necessário discutir
LGT
14/02/06
Observatório
de imprensa
A
verdadeira
natureza do embate
digital.
Convergência
TVD,
SBTVD,
ISDB,
governo/ministério.
Jornal
favorável
à
implantação do sistema
para celular sem influência
das telecomunicações.
Transporte de conteúdo. Há uma batalha
entre rádio e operadoras.
Tela Viva
News
Globo e DVB em
debate publico
TVD, ISDB, DVB
Emissora (Globo) rebate
adoção de DVB
[...] emissora defende TV aberta com alta
definição e mobilidade
14/02/06
Observatório
de Imprensa
Comissão
mostra
sociedade
dividida
Geral
que
esta
TVD,
sociedade
governo
SBTVD,
civil,
Mostra que pressão da
sociedade resultou em
adiamento da decisão
[...] radiodifusores defendem adoção
imediata e outros setores da sociedade civil
pedem prosseguimento do debate
13/02/06
TeleSíntese
Convergência
independência
é
TVD,
sociedade
governo
SBTVD,
civil
e
Defende
debate
sociedade e SBTVD
com
[...] mostrar a sociedade debate vai alem do
padrão técnico e o SBTVD contempla
reivindicações
13/02/06
Observatório
de imprensa
Uma oportunidade
que não pode ser
desperdiçada
TVD,
sociedade
governo
SBTVD,
civil,
Pesquisador
questiona
gratuidade na televisão e
debate tecnológico
[...] somente o interesse publico deve
orientar a decisão
O padrão Nacional
que
o
ministro
descarta
TDV,
SBTVD,
Sociedade,
governo/ministério
Pesquisador
Fernando
Castro (PUCRS) critica
omissão dos resultados
pesquisas brasileiras
A academia se uniu em torno de um desafio
[...] soluções que nada deixam a desejar
10/02/06
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão
comunicação
09/02/06
Home Theater
Express\
Decisão sobre TV
digital
deve
ser
adiada
TVD, ISDB, ATSC e
DVB, governo
Mostra
governo
Ação de grupos deve provocar adiamento
09/02/06
Agência
Fapesp
A TV digital esta
chegando
SBTVD, ISDB, ATSC,
DVB, governo
Comenta participação de
pesquisas nacionais no
SBTVD
Espera-se que a decisão do sistema
brasileiro leve em consideração relatórios
das equipes de pesquisa
Folha de São
Paulo
Teles fazem lobby
por TVD
TVD, governo
09/02/06
Mostra interessas
empresas
telecomunicações
processo
das
de
no
A definição do modelo econômico é razão
de confronto entre redes e teles
09/02/06
Teletime
Convergência pede
discussão
sobre
ambiente regulatório
Convergência,
governo
TVD,
Fala da leitura de discurso
do ministro na UnB
HC – a convergência tecnológica obrigara
uma revisão no ambientes normativos
08/02/06
Folha de São
Paulo
Começa
a
campanha das TVs
abertas pelo digital
Convergência,
sociedade
TVD,
Comenta
medo
das
emissoras em adoção ao
padrão europeu e veiculam
campanha
[...] campanha por uma TV paga 100%
“grátis”
15/02/06
14/02/06
é
atividade
Prova validativa
do
292
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
Folha de São
Paulo
“Racha” no governo
deve adiar TV digital
TVD, ATSC,
ISDB, governo
DVB,
Mostra divergência entre
ministros e que governo
devera adiar a decisão
para
parlamentares
analisar assunto
HC defende ISDB que para Furlan e o pior.
Casa civil defende que tecnologia seja
conseqüência do modelo de negocio
08/02/06
Agência
Câmara
Entidades divergem
sobre melhor modelo
de TV digital
TVD,
ISDB
DVB,
Mostra falta de consenso
O debate da TVD opõe defensores do
SBTVD e outros
08/02/06
Folha de São
Paulo
A TV digital e o cabo
TVD,
governo/ministério
Afirma que por trás da
escolha do padrão existe
discussão política
[...] antes de definir o padrão é preciso
definir o que pretende [...]
08/02/06
Jornal da
Ciência
Os impasses
TVD
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Critica alta de debate
Mesmo dentro do governo há quem julgue
o debate insuficiente
08/02/06
O Globo
TV digital modos de
usar
TVD e convergência
Discute
particularidades
técnicas do assunto
Todos os modelos
multidifusão
08/02/06
Teletime News
TVs de todo o Brasil
pedem
decisão
imediata
TVD, ISDB, sociedade
civil,
governo/ministério
Mostra divergência na
Comissão geral na Câmara
dos deputados em 08/02
Radiodifusores defenderam abertamente o
padrão japonês
08/02/06
Computer
World
Entidades
alertam
para acesso a TV
digital
TVD e sociedade civil
Informa sobre solicitação
debates com entidade civil
pois
tecnologia
pode
restringir acesso
TV com ênfase em alta definição será
criado uma nova categoria de excluídos
08/02/06
Home Theater
Express
Implicações políticas
da TVD.
Convergência
ISDB, DVB.
Defende o DVB.
O DVB é muito mais favorável ao interesse
público.
07/02/06
O Estado de
São Paulo
TV digital produz
racha no governo
TVD, ATSC, ISDB,
DVB,
governo/ministério
Ministros terão que chegar
a um acordo e apresentar
relatório
HC defende ISDB, Casa Civil pensa
diferente
07/02/06
Jornal da
Ciência
Por que Hélio Costa
quer
o
padrão
japonês
TVD,
MiniCom
governo,
Afirma que discussão no
congresso está apenas no
começo
TV digital é questão do Estado não de
governos, de pessoas.
Tela Viva
News
Deputados querem
tirar a pressão pelo
prazo do SBTVD
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/ministério
Informa sobre proposta de
projeto de lei de Walter
Pinheiro que exclui data
limite do decreto do
SBTVD
Os deputados esperam aliviar a pressão
sobre o executivo e dar tempo ao
congresso para que entre no debate
Tela Viva
News
Relatório
CPqD
recebe críticas de
radiodifusores
TVD, SBTVD, ATSC,
ISDB, DVB, sociedade
e governo
Aponta dificuldades
relatório
no
Solução para corrigir os eventuais erros ou
distorções é colocar o relatório em AP
Tela Viva
News
TVD:
Fernando
Bittencourt da Globo
rebate
afirmações
DVB
TVD, DVB, Sociedade
civil e governo
Relata
afirmações
Bittencourt sobre DVB
de
06/02/06
Modelo de TVD em Taiwan como na
Europa usa SDTV
02/02/06
Teletime
Decisão de padrão
pode ser postergada
TVD, ATSC, ISDB,
governo/ministério
Fala
encaminhamentos
decisão
sobre
para
Decisão sobre padrão trará TVD para 10/02
deve ser postergada
01/02/06
Teletime
TVD DVB reforça
proposta do governo
TVD, DVB e governo
Explica proposta DVB
EU esteve no Brasil para discutir questão
DVB
01/02/06
Agência
Câmara
Câmara
convida
especialistas
para
comissão especial
TVD, sociedade civil
Informa
geral
Câmara dos deputados está convocando
que participarão da Comissão geral da
Câmara
Fev./06
Editorial da
Revista Tela
Viva,
Chegou a hora H?
TVD, SBTVD, ATSC,
DVB, ISDB, governo
Apresenta
digitalização
31/01/06
IDG Now
Disputa por padrão
de TVD se acirra
TVD, SBTVD, governo
Comenta ida de HC à
Câmara dos deputados
08/02/06
07/02/06
07/02/06
na
ATSC,
TVD,
sobre
comissão
custos
da
precisam
suportar
A digitalização custaria à emissoras...
HC: que adoção de qualquer padrão TVD
não vai prejudicar a indústria vai prejudicar
TVD
293
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
31/01/06
Tela Viva
News
TVD: Costa defende
prazos:
debate
político cabe ao
congresso
TVD, ISDB, sociedade
civil e governo /
MiniCom
Critica a proposta parcial
de Costa
A TVD é prioritária, precisa ser decida
rapidamente, discussão sobre novo modelo
ode ser feita depois, pelo congresso
27/01/06
Tela Viva
News
SBT
diz
que
endossa modulação
ISDB
TVD, ISDB, sociedade
civil e governo
Não endossa carta enviada
pela Abra
Cara não condiz com o que o SBT pensa
[...] nem o que conversamos com o
presidente Lula
26/1/06
Tela viva
News
Abra afirma que não
optou por nenhum
dos padrões
TVD, ISDB, SBTVD,
convergência,
sociedade
Informa que carta sugere
ao Presidente que o ISDB
seria melhor
No documento entregue ao governo, os
radiodifusores sugerem, por exemplo, que o
Brasil opte por tecnologias às adotadas [...]
25/01/06
Tela Viva
News
Globo afirma que
principais que essas
TVD, ATSC, DVB e
ISDB,
governo/ministério
Globo defende ISDB
Segundo
emissora
superioridade do ISDB
24/01/06
Tela Viva
News
Câmara entra na
discussão
sobre
SBTVD
TVD, SBTVD, ATSC,
sociedade e governo
Comenta
Câmara
23/01/06
Tela Viva
News
ATSC
não
tem
proposta melhor
TVD, SBTVD, ATSC,
governo
Comenta sobre ATSC
estar fora da concorrência
ATSC admite sem novidades a acrescentar
Contato
com
chineses
foi
interrompido com a
troca de ministros
(2º ministro)
TVD, SBTVD, ATSC,
governo
Comenta contato padrão
chinês sem resposta
[...] eles ficaram esperando pela resposta e
visita à China
21/01/06
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão
comunicação
20/01/06
O Estado de
São Paulo
Maior risco para o
projeto é a falta de
TC
TVD, SBTVD, governo,
MiniCom
Explica
situação
da
A guerra de bastidores não atende a
sociedade
20/01/06
Tela Viva
News
TVD. Walter Pinheiro
apresenta pela para
digitalização
TVD, SBTVD, governo
Informa sobre projeto de lei
Projeto de Lei estuda diretrizes para
digitalização
Tela Viva
News
FNDC e Instituições
questionam governo
sobre
interlocução
com CC
TVD, SBTVD, governo,
MiniCom
Movimentos sociais pedem
ação
Entidades criticam criação de comitê ad hoc
com emissoras
18/01/06
Tela Viva
News
Lei
sobre
Comunicação Social
sem prazo para sair
TVD, SBTVD, governo
Critica Ministério
Ministro não consegue prioridade para
discutir dificuldades regulatórias
Brasil
descartou
cooperação com a
China
TVD,
SBTVD,
governo/ministério
Defende aproximação de
Brasil e China sobre TVD
14/01/06
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão
comunicação
Governo Chinês que buscava parceria não
foi correspondido [...] em 2003 FNDC já
alertava sobre omissão em relação
alternativas emergentes, como a tecnologia
chinesa.
02/01/06
Tela Viva
News
Site FNDC divulga
relatórios CPqD
TVD,
SBTVD,
sociedade civil
Comenta a
documentos
O grupo de documentos envolve cadeia de
valor, política regulatória, mapeamento
demanda, dentre outros.
Jan./06
ComCiência
SBTVD deverá ter
código aberto
TVD, SBTVD, governo
Informações
middleware
30/12/05
CMI Brasil
Digitalização
rádio e tv.
Convergência
TVD,
SBTVD,
ATSC,
governo/ministério.
Coloca em duvida a
parcialidade dos ministros.
Cai o antigo ministro das telecomunicações
e entra ex-jornalista da rede globo.
CMI Brasil
Comunicação
democrática – TVD
TVD,
SBTVD,
sociedade,
governo/ministério
Informa
sobre
carta
“Comunicação democrática
é direito da sociedade e
dever do estado”
Coletivo Brasil de Comunicação Social vem
questionar publicamente a forma como tem
sido
encaminhado
o
processo
de
implantação da TV digital e do Rádio digital
no Brasil
Tela Viva
News
Mudanças
exigem
novas regras, aponta
CPQD.
Convergência
TVD,
ISDB,
DVB,
governo/ministério.
Lei para Comunicação
Social não poderá ser
concluída em 2006.
Ele mesmo duvida que seja concluída em
2006. Por ser um ano eleitoral.
19/01/06
de
29/12/05
15/12/05
evento
contexto
na
divulgação
sobre
Comissão
em,08/02
Geral
testes
prevista
para
apontam
ocorrer
O foco do middleware é a interatividade
294
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
09/12/05
Tela Viva
News
Para Costa, SBTVD
é bom e dispensa
até
financiamento
externo.
Convergência
TVD,
SBTVD, ATSC, ISDB,
DVB,
governo/ministério.
O sistema brasileiro suprirá
com
eficiência
as
necessidades do país.
Estamos usando ferramentas de cada um
dos três sistemas para atender a
necessidade brasileira.
06/12/05
Tela Viva
News
Para o ministro lei
gerada
dará
o
modelo TVD.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Primeira
etapa
do
processo
não
será
suficiente para estabelecer
condições mercadológicas.
Partiremos para uma segunda etapa onde
será definido que modelo.
Tela Viva
News
Audiência
discute
freqüências
televisão.
Convergência
ISDB.
TVD,
06/12/05
Acho que o set-top-box
pode
transmitir
simultaneamente o HDTV
e o SDTV.
Set-top-box
permite
a
simultânea no mesmo canal.
Jornal da
ciência
Especialistas
apresentam a TVD
brasileira para a
imprensa, na sede
do SBPC.
Convergência
TVD,
governo/ministério
Otimistas com a conclusão
da primeira etapa do
SBTVD.
Criação de tecnologia no Brasil com
participação de inúmeros pesquisadores.
Tela Viva
News
Brasil e Argentina
querem
trocar
royalties
por
investimentos.
Convergência TVD.
Brasil e Argentina querem
um único sistema de TVD
para os dois países.
Um sistema único de desenvolvimento e
implementação de um sistema único de TV
terrestre.
Veja Especial
O futuro do futuro na
tela
Convergência TVD
Compara as tecnologias de
Plasma e cristal líquido
para
TVD,
sutilmente
defende TV de plasma
[...] a Matsushita, que fabrica produtos com
a marca Panasonic, pôs lado a lado uma
tela de cristal líquido e outra de plasma,
para evidenciar a melhor qualidade da
imagem desta última
03/12/05
02/12/05
pública
novas
para
transmissão
Nov./05
Natal Digital
30/11/06
CMI Brasil
O silêncio sobre a
TV digital
Convergência
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Divulga
Intervozes
informativo
Documento seguiu encartado na edição de
novembro da Caros Amigos
29/11/05
Jornal da
ciência
O Brasil pode ter sua
própria TVD?
Convergência TVD
Elogia a iniciativa de criar
um sistema próprio.
É da qualidade desses projetos que
resultam os maiores avanços em diversos
setores industriais.
29/11/05
Jornal da
ciência
Escolha de TVD
acirra
lobby
estrangeiro
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério
O Brasil é assediado pelos
sistemas de TVD dos EUA,
Europa e Japão
Foi bastante para reacender a guerra
comercial entre os fornecedores.
28/11/05
Folha Online
Dinheiro
Escolha de TVD
acirra
lobby
estrangeiro
Convergência
TVD,
SBTVD
governo/ministério
Comenta teste do SBTVD
SBTVD (Sistema Brasileiro de Televisão
Digital), que está em teste em São Paulo
desde o dia 15
25/11/05
Jornal A ESP
Pesquisa
em risco
Critica posição do governo
sobre
TVD
prejudicial
indústria
A defesa da pesquisa não pode prescindir
[...]
25/11/05
Tela Viva
News
Comitê
consultivo
cobra
representatividade
nas discussões
Convergência
TVD,
SBTVD, sociedade
Comitê consultivo
fazer valer seus
direitos
quer
reais
Solicita ao ministro Hélio Costa que se faça
valer o que estava no decreto 4.901 de
26/11/2003 dando ao comitê suas reais
funções.
21/11/05
Home Theater
Express
Ministro diz que
Brasil usará padrão
japonês
Convergência
TVD,
ISDB,
governo/ministério
H. Costa é a favor do
sistema japonês
H. Costa afirma que o governo brasileiro já
escolheu o padrão japonês.
20/11/05
O Estado de
São Paulo
Cientistas criticam a
TVD brasileira
Convergência
TVD,
SBTVD, ISDB, DVB.
Tecnologia brasileira igual
a das estrangeiras
O SBTVD, segundo os pesquisadores, se
propõe ser compatível com os demais
sistemas do mundo.
20/11/02
O Estado de
São Paulo
Maior
risco
ao
projeto é a própria
de
Convergência
sociedade
Guerra entre emissoras ao
preocupa
Maiores obstáculos ao projeto estão no
terreno das intrigas palacianas
16/12/06
Jornal da
Ciência
A TV digital e o sushi
TVD, ISDB, DVB
Enfatiza os interessados
no processo e critica que o
governo
E o Congresso Nacional, porque não
chama a si a realidade de uma ampla
discussão
paulista
TVD, sociedade,
governo
TVD,
295
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
Coletivo
Intervozes
Rádio digital: testes
de
padrão
americano
são
liberados
sem
debate público.
Governo/ministério
Pode ser aberto mais
espaço
para
rádios
comunitárias por haver
mais dial.
Uma das grandes argumentações da
ANATEL para disponibilizar mais espaço
para rádios comunitárias é a falta de
espaço no dial.
Boletim
Prometheus
Documento
Intervozes
TVD, SBTVD, governo,
sociedade
Comenta
Intervozes
encarta
Na revista Caros Amigos [...] encarte
produzido pelo Coletivo Intervozes
O Estado de
São Paulo
Ministro
promete
TVD em 2006
Convergência
TVD,
SBTVD, ASTC, ISDB,
DVB,
governo/ministério
H. Costa está contra as
teles no mercado de TVD
Sem permitir que as operadoras de
telecomunicações invadam este mercado.
31/10/05
O Estado de
São Paulo
TV's e operadoras
em pé de guerra
Convergência TVD
As emissoras ficam sem
receita caso as teles
ganhem o direito de
transmitir para móvel.
As empresas de TV perdem o contato com
os espectadores e já não tem o que vender
para quem quer anunciar.
30/10/05
O Estado de
São Paulo
R$ 4 bilhões do Fust
já foram pelo ralo
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Comenta fala de HC sobre
implantação da TVD
Hélio Costa anunciou ainda que
implantar a TVD até junho de 2006
30/10/05
Folha On-line
Governo e empresas
divergem sobre a
TVD
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério
As grandes empresas de
rádiofusão
querem
o
sistema americano.
Os grupos de rádio já fizeram investimentos
no sistema americano.
25/10/05
IDG Now
Ministro
promete
TVD e FUST para
2006
Convergência
TVD,
governo/ministério
Acredita que a TVD nasce
para o Brasil em 2006
TVD começa a virar realidade no Brasil em
junho de 2006
17/10/05
Agencia
Repórter
Social
Ministro
coleciona
protestos em três
meses de mandato
Convergência,
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Comenta carta de protesto
contra nomeação
Carta de protesto [...] “A quem interessam
as propostas de Hélio Costa?”
Boletim
Prometheus
Sociedade civil se
mobiliza contra a
proposta de Hélio
Costa para a TVD
Convergência
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/ministério
Acha que o governo está
fazendo pouco caso com o
SBTVD.
Ignora todo este acúmulo e anunciam que o
desenvolvimento de uma pesquisa nacional
era secundário.
Home Theater
Express
Ministro
promete
TVD para fevereiro
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério
Quer que a digitalização
seja feita gradualmente
Nas cidades mais populosas e assim
sucessivamente.
Observatório
de imprensa
TVD: Um debate que
precisa de audiência
Convergência
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/
ministério
Quer mais debate
A sociedade civil deve com urgência se
tornar protagonista de debates que
envolvem TVD.
04/10/05
Jornal da
ciência
Pesquisa da TVD vai
de vento em popa
Convergência
SBTVD.
Defende
que
cada
emissora faça sua própria
guia eletrônica.
Pesquisadores é que preferem que cada
emissora faça seu guia eletrônico de
programação.
05/01/05
CMI Brasil
AP radiodifusão e o
descaso do governo
TVD, SBTVD, governo
Conta
TVD
Urgência de uma ação frente à implantação
do SBTVD
01/10/05
Intervozes.
Coletivo Com.
Soc
TVD: um debate que
precisa de audiência
Convergência
ATSC, ISDB,
sociedade civil
Quer muito mais debates.
O debate sobre TVD deve se tornar público
imediatamente.
29/09/05
Boletim
Sistema brasileiro de
TVD corre risco com
o novo ministro
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério
Ministro H. Costa dá poder
de decisão às emissoras
Declarou que se as emissoras
quiserem não haverá TVD no Brasil.
07/11/05
07/11/05
31/10/05
10/10/05
06/10/05
04/10/05
Prometheus
TVD,
TVD,
DVB,
eventos
relação
vai
não
28/09/05
Teleco
Como foi: SET 2005
Broadcast e Cable
Convergência TVD.
Como será a participação
da ANATEL na TVD.
Temática recorrente: a definição dos papéis
da ANATEL e do Ministério das
telecomunicações.
27/09/05
Folha On-line
TVD
chega
as
principais
cidades
em julho de 2006,
diz ministro.
Convergência
TVD,
governo/ministério
Que as capitais serão as
primeiras a ter o sistema
de TVD
Depois de levar o sistema a todas as
capitais deverão ser priorizadas as cidades
com mais de 500 mil habitantes.
296
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
Folha On-line
TVD
chega
às
primeiras
cidades
em junho de 2006,
diz ministro.
Convergência
TVD,
SBTVD, ASTC, DVB,
governo/ministério.
Tem de ser escolhido um
dos padrões que já existe.
O ministro já deixou claro que o país deverá
escolher um padrão entre os existentes.
AdNews
Começa a nova era
do rádio.
Convergência,
digital
Que o sistema de rádio
digital funcione logo no
país.
A introdução desta tecnologia coloca o país
na vanguarda mundial.
O Estado de
São Paulo
A partir de hoje,
ANATEL
autoriza
rádios
a
experimentar a nova
tecnologia de rádio
digital no padrão In
band on chanel.
ASTC,
governo/ministério.
Otimista
digital.
rádio
Estamos inaugurando uma nova era do
rádio no Brasil [...] Proporcionará mudanças
significativas na experiência do ouvinte.
26/09/05
Agência
Reuters
Emissoras se afinam
em torno do padrão
japonês.
Convergência
TVD,
ISDB,
governo/ministério.
Pessimismo na aquisição
da TVD devido à renda
brasileira.
Isso quer dizer que a população não tem
como investir em antena externa.
24/09/05
Tela Viva
News
Emissoras defendem
a manutenção das 6
MHz.
Convergência
ISDB.
Emissoras
concorrência.
temem
A TV terá que competir com várias mídias
inexistentes há dez anos.
23/09/05
Terra Notícias
Rádio digital estréia
domingo no Brasil
Convergência, TVD e
Radio digital
Critica indecisão da TVD e
comenta teste com rádio
TVD ainda se enreda em discussões, mas
o rádio digital marca dua estréia no Brasil
no próximo domingo, dia 25
23/09/05
Home Theater
Express
Emissoras
terão
isenção para TVD.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Quer isenção de impostos
para emissoras.
As emissoras vão ganhar isenção de
impostos para mostrar necessárias as
transmissões digitais.
20/09/05
Observatório
de Imprensa
Por um lugar na fila
dos
beneficiários
digitais.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério
Ministro H. Costa acha que
o governo está investindo
pouco no SBTVD.
Com 50 milhões de reais é impossível o
Brasil desenvolver padrões semelhantes
aos que foram desenvolvidos com três
bilhões de dólares.
Observatório
de Imprensa
CCS
e
Senado
debatem
convergência
tecnológica.
Convergência TVD.
02/09/05
A
convergência
tecnológica é um negócio
muito sério.
Um processo de sentido totalizante, o
“centro nervoso dos negócios da vida
pública e gestão do estado”.
Fazendo
Media
A indignação está no
Ar
TVD,
SBTVD,
sociedade,
governo/ministério
Comenta abaixo assina
eletrônico
que
pede
demissão de ministro HC
Documento denuncia fato de o ministro
defender interesses da mídia corporativa
Carta Maior
Gestão de Hélio
Costa
preocupa
entidades
da
sociedade civil
TVD,
SBTVD,
sociedade,
governo/ministério
Comenta
carta
da
sociedade publicada por
ocasião d a posse HC
Diz a carta “A quem interessam as vozes
de Hélio Costa?” [...] sua gestão tem pouca
disposição para dialogar
11/08/05
Boletim
Prometheus
O que acontecerá
com
o
sistema
brasileiro de TVD.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Ministro quer pressa.
Não se pode esperar a vida inteira pelas
posições técnicas.
Posições
das
declarações
de
Costa demonstram
preocupação
da
sociedade civil.
Convergência
sociedade civil.
TVD,
H. Costa quer deixar de
lado sociedade civil.
11/08/05
Fórum
Nacional
Democratizaç
ão
Comunicação
Agora comparava que sua gestão tem
pouca disposição para dialogar com a
sociedade civil.
Julho/05
Veja Especial
Tecnologia
Sua próxima TV
TVD, ATSC, DVB,
ISDB,
SBTVD,
sociedade
Critica debate que não
contempla indústria
Para optar por um padrão, é preciso levar
em conta a produção [...] componentes de
exportação.
Veja Especial
Tecnologia
A TV analógica vai
morrer depressa
Convergência,
ATSC
TVD,
Julho/05
Entrevista
sobre
tendências de digitalização
no mundo, defende o
ATSC
[...] os brasileiros vão querer o melhor sinal
de áudio e vídeo, o ATSC oferece isso.
02/08/05
S2
Comunicação
Integrada
TelComp
entrega
carta
com
recomendações ao
ministro Helio Costa
Convergência,
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Comenta as sugestões da
entidade para garantir o
desenvolvimento
da
competição em todos os
serviços de telefonia
[...] assunto que preocupa a TelComp é a
morosidade dos processos envolvendo o
Sistema
Brasileiro
em
Defesa
da
Concorrência (SBDC)
27/09/05
26/09/06
26/09/05
31/08/05
16/08/05
Rádio
TVD,
com
a
297
Data
Fonte
Título
06/06/05
Propaganda &
Marketing
Breaks
financiam TVD
Posicionamento
Prova validativa
TVD,
Defende
modelo
de
negócios
aberto
à
produção independente
As TVs na era digital vão precisar do apoio
das produtoras independentes
Folha On-line
Novo atraso sobre
TVD pode enterrar
padrão brasileiro.
Convergência
TVD,
SBTVD,
sociedade
civil,
governo/ministério
Pede urgência para os
pesquisadores.
Se a TVD não for entregue até 10 de
dezembro, acabou o modelo brasileiro. A
sociedade não pode esperar.
21/04/05
Boletim
Prometheus
Abert , enfim, abre
jogo sobre TVD.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Abert não quer modelo
brasileiro.
Neste debate o temor de que a Abert
termine falando sozinha diante do governo
aumentando a pressão contra o SBTVD.
31/03/05
Publique
TV digital em debate
no ministério das
comunicações
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério
Existe dúvida em relação
ao SBTVD. Se ele pode se
tornar real .
Integrar conhecimentos é possível construir
algo bem consciente.
27/03/05
Portal do
Serpro
TVD uma realidade
ainda distante.
Convergência
TVD,
governo/ministério
A TVD pode ser usada
para
melhoria
da
educação.
Informação e mesmo educação, porque o
governo pode usar para objetivos
educacionais e sociais.
Diário
vermelho
Participação
dos
parlamentares
amplia
discussão
sobre TVD.
Convergência
TVD,
ATSC, ISDB, DVB,
governo/ministério.
Os vários usos da TVD
Como o aparelho desempenha as funções
de TV, computador ou telefone celular.
Inatel
Assessoria
imprensa
Inatel
e
Linear
realizam
primeira
transmissão de TVD
no
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Otimistas
resultados.
os
Enquanto o governo não decide o modelo a
ser adotado no Brasil. Já contato com
México, EUA e Canadá para exportar
nossas transmissões.
19/05/05
20/03/05
13/01/05
Assunto(s)
abordado(s)
não
Convergência,
Sociedade
com
Brasil.
11/01/05
01/12/04
Observatório
de Imprensa
O futuro digital já é
passado
Convergência TVD.
O Brasil está atrasado na
conversão TVD.
No Brasil discute-se ainda o padrão a ser
adotado,
trata-se
de
um
debate
extemporâneo e vazio.
Tela Viva
News
Abert apóia restrição
de
captar
quem
transmite conteúdo
Convergência TVD.
Quer que seja reservado
um espaço para que as
emissoras nacionais não
sejam prejudicadas.
O uso limite para participação estrangeira
nessas empresas será de 30% (...) esta é
uma forma de ajustar a relação desigual.
CPqD clipping
FINEP
anuncia
primeiro
lote
de
cartas-convite para
TVD
Convergência TVD.
O SBTVD um
diferenciado.
TVD de outros países são essencialmente
comerciais, o padrão brasileiro estará
voltado para inclusão social.
Veja especial
Sorria você está no
celular
Convergência,
sociedade
Comenta
as
possibilidades
convergência
18/12/04
Nov./04
Natal Digital
sistema
várias
da
[...] palavrinha em voga é convergência.
02/11/04
Globo Online
TV digital
Convergência, TVD
Enfatiza alta definição
[...] imagem e som de maior qualidade, sem
chuviscos e sombras [...]
28/10/04
Tela Viva
News
MiniCom
enfrenta
resistência
de
empresários
Convergência
sociedade
TVD.
A discussão sobre o
sistema já é tardio e
mostra falta de consenso.
Após anos de discussão ainda não há
consenso sobre o padrão de sistema de
TVD no Brasil.
Tela Viva
News
“Nossa
legislação
está atrasada”, diz
Walter Pinheiro
Convergência
SBTVD.
TVD,
Indica necessidade
mudanças de regras.
de
[...] é fruto da interpretação de que
Radiodifusão é comunicação social e não
se
mistura
com
serviço
de
telecomunicações.
Fernando Bittencourt
critica rumos do
SBTVD
Convergência
SBTVD, ISDB
TVD,
Critica proposta brasileira,
ainda que híbrida.
[...] aponte para cominação de tecnologias
[...] o Brasil terá um receptor caro [...] o
middleware brasileira também tem que ser
compatível com os outros, ou ficaríamos
isolados no mercado
25/10/04
30/09/04
Tela Viva
News
23/09/04
CPqD
Telecom
Programa Brasileiro
de TVD
TVD,
sociedade,
governo/ministério
Comenta
chamada
FINEP
pesquisas
e
pública
pela
Os termos da Chamada Pública, elaborada
pela FINEP [...]
17/09/04
Pay- TV news
Comitê trabalha para
desenvolver
emissora piloto.
Convergência TVD.
CC solicita que seja
montada uma TV de teste.
[...] proposta da Set de montar uma
emissora piloto para testar TVD no Brasil.
298
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Tela Viva
News
MiniCom espera que
transparência
compense
burocracia.
Convergência
SBTVD.
TVD,
O processo
demorado.
muito
15/09/04
A burocracia efetivamente está tomando
mais tempo do que o desejado.
Tela Viva
News
SET e governo não
mostram
sintonia
sobre prioridades.
Convergência
SBTVD.
TVD,
O SBTVD colabora para a
inclusão digital.
O SBTVD que o Brasil pretende
desenvolver privilegiará a promoção da
inclusão digital.
Tela Viva
News
ASTC vem ao Brasil
mostrar mudanças
na telecomunicação.
Convergência
SBTVD.
TVD,
Discute as pesquisas com
SBTVD.
O Brasil tem direito de tentar desenvolver o
seu próprio sistema de televisão agregado
ao que ao haver ele mais desenvolvido no
mundo.
ComCiência
Governo
estimula
modelo de TVD que
contribua
para
inclusão
TVD,
sociedade
Defende
inclusão
para
Essa característica nacional possa servir
com estímulo
ComCiência
Área
de
desenvolve
conteúdos
aplicativos
TVD.
Convergência
SBTVD.
TVD,
Defende um sistema de
TVD não tão próximo da
internet.
TV tivesse níveis de interatividade parecida
com a internet não trouxeram muitos
resultados.
TVD,
TVD para inclusão social.
Privilegia a possibilidade de utilizar a TVD
para promover a tão necessária e desejada
inclusão digital.
25/08/04
23/08/04
19/08/04
19/08/04
saúde
Posicionamento
SBTVD,
e
para
Prova validativa
está
modelo
17/08/04
Pay-TV News
Eunício diz crer em
modelo brasileiro.
Convergência
SBTVD.
Folha de S.
Paulo
Brasil
padrão
TVD.
Convergência
TVD,
SBTVD, ATSC, ISDB,
DVB,
governo/ministério.
Quer um
existente.
já
11/08/04
O país escolherá entre os três sistemas do
mercado o que se adapte as características
brasileiras.
11/08/05
O Estado de
São Paulo
Ministro recua e diz
que o Brasil poderá
ter sua TVD.
Convergência TVD.
Quer que a decisão seja
tomada pelo público.
A TV globo prefere ter plena liberdade para
que a demanda pública determine qual será
o negócio.
11/08/04
Tela Viva
News
Globo reforça defesa
da alta definição.
Convergência TVD.
Quer que a decisão seja
tornada pelo público.
A TV globo prefere para a realidade de ter
plena liberdade para a demanda pública
determine qual será o negócio.
Pay- TV news
Lustosa reafirma a
importância
da
middleware.
Convergência TVD.
Explica que escolherá um
padrão e não aceirará
imposição de padrão único
na AL
O que importa é dar ao Brasil e chance de
desenvolver middleware até 2005
28/07/04
Tela Viva
News
Padrão
brasileiro
deve se concentrar
no middleware
Convergência
TVD,
SBTVD, ATSC, ISDB,
DVB.
Duvida da capacidade do
Brasil criar o seu próprio
middleware.
A grande duvida é se o Brasil consegue
criar um middleware 100% brasileiro.
27/07/04
Tela Viva
News
Finep licita projetos
de pesquisa
Convergência
SBTVD.
TVD,
Finep quer que o projeto
seja
desenvolvido
em
cooperativa.
No formato de redes de cooperativas de
pesquisa em parcerias com empresas
interessadas.
Globo Online
Globo pesquisa o
conceito de TVD
desde 94 e está
pronta para futuro
Convergência,
HDTV
TVD,
Defende alta definição
A televisão do futuro é HDTV
08/07/04
LABITV
México
ATSC.
Convergência
ATSC.
TVD,
México que
oportunidade.
aproveitar
México pode se tornar um dos grandes
exportadores para os Estados Unidos.
20/05/04
Finep imprensa
Ministro
empossa
conselho consultivo
e lança edital de
pesquisa.
Convergência
TVD,
SBTVD, ministério e
governo.
Ministro
quer
priorizar
sistema brasileiro de TVD.
Este é o seu programa de governo e
portanto conta com total apoio do
presidente Lula.
20/05/04
TelecomWeb
MiniCom empossa
Comitê
Consultivo
da TVD
TVD,
SBTVD,
sociedade, governo
Apresenta
nome
instituições CC
Comitê integrado por representantes da
sociedade
10/08/04
23/07/04
não
terá
próprio de
opta
pelo
sistema
das
299
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
18/05/04
Tela Viva
News
MiniCom
define
comitê consultivo e
lança editorial dia
20.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Finep e MiniCom devem
trabalhar juntos.
A solenidade será aberta e terá
participação do ministro da ciência e
telecomunicações e do FINEP.
06/05/04
Tela Viva
News
Comitê define os
papéis do CPqD e
do FINEP.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Diz que a verba já está a
caminho.
O MiniCom já encaminhou ao ministério do
planejamento a solicitação de liberação de
verbas.
13/04/04
Tela Viva
News
MiniCom
prepara
editais para contratar
universidades.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
MiniCom quer clareza no
processo de construção do
SBTVD.
Os editais visam dar transparência ao
processo de seleção.
05/04/04
Tela Viva
News
Seminário
discute
sistema brasileiro de
TVD.
Convergência
SBTVD.
Estão em busca de
alternativas na construção
do SBTVD.
Faz parte da estratégia do
de buscar
alternativas tecnológicas que poderão ser
empregadas no SBTVD.
23/03/04
Tela Viva
News
MiniCom
contrata
pesquisadores por
edital.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Falta transparência
condução
na
Que exigiu o processo menos suscetível e
critico por falta de transparência.
10/03/04
Tela Viva
News
Começa a correr o
prazo de 12 meses
para o governo.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Ministros
são
encarregados de manter
presidente informado.
O padrão que será adotado no Brasil e
orientar o presidente da República sobre o
tema.
05/02/04
Terra
Informática
TVD Melhor sob
qualquer ângulo
Convergência TVD
Comenta
DirecTV
e
Experiência de TVD no país restritas a
assinantes
Tela Viva
News
TV's
querem
enquadrar
conteúdos digitais na
constituição.
Convergência TVD.
Radiodifusores
querem
que as regras sejam
cumpridas.
A constituição refere que a comunicação
social seja respeitada pelos prestadores do
novo serviço.
LABITV
Eunício
assume
MiniCom garantindo
continuidade
na
gestão.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Promete
contratar
instituições para construir
SBTVD.
O ministro anuncia ainda que este ano
contrata as 30 instituições de pesquisa para
o desenvolvimento do SBTVD.
08/01/04
Meio e
Mensagem
MEC coloca no ar
primeira TV digital
interativa.
Convergência TVD.
Informa sobre testes no
Amazonas, da TV escola.
[...] tecnologia desenvolvida por brasileiros
dispensa uso de computador e internet, usa
receptor digital e satélite..
07/01/04
Tela Viva
News
Sistema
brasileiro
tem verba inicial de
65 milhões.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Se houver necessidade
será liberada mais verba.
Esta verba é a primeira leva pelo conselho
do Funttel, mas pode haver nova partes de
acordo com a necessidade.
06/01/04
JB on-line
Brasil
busca
modelo de TVD.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
SBTVD ficará pronto em
2005.
Anunciou para o próximo ano um projeto de
TVD brasileiro que será mais uma opção.
Dez.03
Home Theater
Express
TVD,
brasileira.
Convergência
SBTVD.
TVD,
A TVD parece, mas não é
computador.
TVD não é computador e a aplicação
precisa ter uma interface familiar.
19/12/03
Tela Viva
News
MiniCom
nomeia
comitê
e
grupo
gestor do SBTVD.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Anatel consulta o público
para estabelecer regras.
A consulta pública vai até 5 de março para
contribuírem.
15/12/03
Terra notícias
O futuro da TV é
digital
TVD,
Convergência,
sociedade
Comenta
a
novidade
enfatiza benefícios
[...] Imagens de alta definição; som com
qualidade de CD [...]
Tela Viva
News
MiniCom
indicação
entidades
Conselho
Consultivo.
quer
de
para
Convergência
TVD,
SBTVD,
sociedade,
MiniCom
Informa sobre convocação
de entidades
As listas com os nomes deverão ser
acompanhadas de demonstração das
características das entidades e [...]
indicados.
28/11/03
Boletim
Prometheus
Governo
edita
decreto sobre TVD
mais ainda existem
dúvidas.
Convergência
TVD,
SBTVD,
governo/ministério.
Governo quer educar ao
mesmo tempo em que
estuda.
A democratização da informação, a
educação à distância e o desenvolvimento
de tecnologias nacionais.
27/11/03
Tela Viva
News
Exposição
de
motivos do MiniCom
não fala em HDTV
Convergência
SBTVD.
Os benefícios sociais que
a TVD vai trazer para a
sociedade ainda estão se
direcionando.
Mais uma forma de comunicação cujos
impactos na sociedade ainda estão se
definindo.
05/02/04
27/01/04
15/12/03
o
versão
TVD,
TVD,
TVD
Sky
300
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
24/11/03
Meio e
mensagem
Governo
inclui
Anatel, Abert e CCS
no grupo de TVD.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Abert e CCS estavam
sendo
excluídas
das
negociações.
Junto com a CCS poderão opinar sobre o
desenvolvimento de um padrão digital
nacional.
Obercom
Congresso da APDC
discutiu desafios da
televisão
em
ambiente digital.
Convergência TVD.
TV's
temem
audiência.
perder
Como manter uma oferta gratuita variada e
de qualidade e como manter audiência
foram questões que lançou.
18/11/03
LBITV/USP
O grande momento
da TV digital
Convergência,
sociedade
Comenta
que
modelo
poderá
mudar
a
comunicação
Regionalização,
descentralização
da
produção [...] decisões sobre padrão e o
modelo de TVD
12/11/03
Unicamp
imprensa
Vem aí a TVD. Mas
qual?
TVD, ATSC, DVB,
ISDB, sociedade
Defendem
nacional,
resultados
Têm dúvidas se seria melhor caminho
Tela Viva
News
Transmissões
analógicas
serão
mantidas por até 20
anos.
Convergência
SBTVD.
TVD,
30/10/03
Brasil terá que esperar
equipamentos eletrônicos
ficarem mais baratos para
retirar sinal analógico.
O sinal analógico terá que ser mantido até
que os preços fiquem muito baixos.
24/09/03
Telecom web
Grupo internacional
discute sistema de
TVD.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Ministérios
terão
que
agirem juntos na escolha
do sistema de TVD.
O diário oficial publica hoje o decreto que
determina a formação de um grupo
interministerial.
22/09/03
Telecom
negócios
A novela da TVD.
Convergência TVD.
TVD é um risco de prejuízo
ou de grande negócio para
o país.
Está condicionada a estudos tecnológicos e
a pesquisas sobre as vantagens e
desvantagens para o país.
26/08/03
Folha Online
Redes
são
engenhos
de
sinapses sociais
Convergência,
sociedade
Defende debate político
Marco tecnológico é emergência da TVD
[...] políticas públicas se viabilizarem
22/08/03
O Dia
País
terá
novo
padrão dentro de
doze meses
TVD, ATSC, DVB,
ISDB,
SBTVD,
governo/ministério
Comenta
(sutilmente
irônico) a defesa do
MiniCom pelo SBTVD
[...] proposta mais aceita pelo governo,
prevê ainda a inclusão digital [...]
Jun./03
Pesquisa
Fapesp
Novas luzes para a
TV digital
TVD,
ISDB
DVB,
Informa sobre Genius e
CPqD no desenvolvimento
do SBTVD
[...]
para
desenvolver
pesquisas
tecnológicas sobre um novo sistema de TV
digital
27/06/03
IDG Now
Decreto para TVD
entra em consulta
pública.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
A publicação ajudará na
construção do SBTVD.
O documento receberá contribuições e
sugestões por um período de uma semana.
26/06/03
Tela Viva
News
Grupo terá 12 meses
para
elaborar
relatório.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Trabalho
com
determinado.
O GET terá 12 meses para apresentar os
resultados de seus trabalhos.
Tela Viva
News
MiniCom acha que
operações
piloto
surgirão em quatro
anos
Convergência TVD.
Informa sobre debate
respeito da implantação
TV digital no Brasil
Comissão de Educação
Senado
a
da
na
do
Marcos Dantas: [...] em quatro anos o Brasil
realizará as primeiras transmissões de TVD
[...] não descartando possibilidade de
sistema nacional
Tela Viva
News
Acadêmico criticam
omissão de Miro
Teixeira
na
rádiofusão.
Convergência TVD.
Murilo Ramos que a
rádiofusão está fazendo
uma escolha limpa.
Há monopólio na telefonia local e declarou
a imprensa que há monopólio na
rádiofusão.
Cidade Biz
Comissão
do
Senado discute a
implantação da TVD
no país.
Convergência TVD.
Audiência para TVD.
A implantação de TVD no Brasil é tema de
audiência pública.
11/06/03
Jornal da
Ciência
Projeto
de
TVD
preocupa
universidades.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Funttel
parte
pesquisas de TVD.
04/06/03
Tela Viva
News
Ministro
volta
comentar TVD.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Set-top-box
social.
21/11/03
24/06/03
23/06/03
23/06/03
a
ATSC,
TVD,
TVD
mas
pesquisa
temem
terá
tempo
das
O ministério pretende financiar as
pesquisas com recursos do fundo de
desenvolvimento tecnológico.
papel
Ressaltou
também
que
esses
decodificadores serão como ferramentas
para política de inclusão social [...]
aplicações 100% nacionais
301
Data
Fonte
Título
Assunto(s)
abordado(s)
Posicionamento
Prova validativa
Tela Viva
News
TVs podem ajudar
ao CCS para terem
concessões
renovadas.
Convergência TVD.
26/05/03
Para melhorar a cobertura
podem
ser
colocadas
emissoras.
TVs pedem licenças para aumentar
potência de transmissão e instalar
pequenas retransmissoras.
16/04/03
Valor
Econômico
Desenvolvimento da
TVD:
o
desafio
tecnológico.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Quer que o Brasil crie seu
próprio sistema de TVD.
Precisamos ousar, ousar criar um sistema
brasileiro de TVD.
08/04/03
Tela Viva
News
Set e trinta discute
TVD.
Convergência TVD.
A escolha tem que ser feita
logo.
O importante é não demorar na escolha (...)
os fabricantes não estão mais investindo
em desenvolvimento.
03/04/03
Tela Viva
News
MiniCom apresenta
documento entregue
a Lula.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Governo está definindo
política de TVD no Brasil.
Motivos apresentados ao presidente Luiz
Inácio Lula da Silva sobre política de TVD
no governo.
10/02/03
Jornal da
Ciência
Universidade
tem
projeto de TVD.
Convergência
TVD,
governo/ministério.
Universidades
querem
fazer parte da criação do
software.
Vários pesquisadores querem
universidades
participem
desenvolvimento do software.
09/12/02
Jornal de USP
A
filosofia
linguagem
interativa.
de
TVD
Convergência TVD.
O interesse cultural está
ficando de lado.
Discute-se muito padrão tecnológico e
quase não se fala de modelo cultural.
25/09/02
Observatório
de imprensa
Atividade
da
comissão
de
tecnologia digital.
Convergência TVD.
Participantes de audiência
serão questionados.
Uma lista de questões e indagações a
serem dirigidas aos participantes da
audiência pública.
12/08/02
O Estado de
São Paulo
Governo
transição
digital
TVD, ATSC, sociedade
Comenta
apagão
analógico
americano
(FCC) e desagrado dos
fabricantes
Decisão de antecipar o fim da TV
tecnológica atual desagrada os fabricantes
Ago.02
Meio e
mensagem
FHC
define
diretrizes.
as
Convergência TVD.
TVD para todos.
TVD deverá ser aberta livre e gratuita,
proporcionará educação.
jun. 02
Jornal da
AESP
TVD
planeja
estação piloto.
Convergência TVD.
Protótipo para TVD já está
pronto.
A entidade apresentou
emissora de TVD.
15/03/02
Telecom
TV
interativa
se
populariza nos EUA.
Convergência TVD.
É difícil popularizar
interativa.
EUA também
popularizar TVD.
12/01/02
FirstCom
Comunicação
TV interativa dá
primeiros passos no
Brasil a partir deste
ano
Convergência,
sociedade
TVD,
Comenta ações interativas
disponibilizadas pelas TVs
por satélite
[...] sinaliza que a publicidade e alguns
serviços como T-mail e T-commerce já
estarão disponíveis este ano [...]
Nov./01
Revista Up
Date 377
A TV na era digital
Convergência,
sociedade
TVD,
Comenta alterações que
TVD trará consigo
Vai mudar tudo: qualidade de imagem e
som, conteúdo, linguagem e interatividade
com os espectadores
Julho/01
Veja Especial
Tecn. &
Consumo
Interatividade,
não muito
Convergência/
interatividade
Critica as limitadas ações
interativas no Brasil
[...] ainda não dá para fazer muita coisa nas
TVs pagas por satélite no Brasil
14/10/00
O Estado de
São Paulo
TV interativa está
sendo implantada no
Brasil
TVD,
NET,
Cabo,
sociedade covil
Comenta
Sorocaba
em
Projeto piloto [...] 250 assinantes do serviço
NET
Out. 00
Mídia e
mercado
A transformação na
mídia.
Convergência TVD.
Globo na vanguarda da TV
interativa.
As organizações globo em parceria com a
Microsoft devem iniciar, ainda este ano
experiências com TV interativa.
Ago.00
Meio digital
A internet
micro.
do
Convergência TVD.
TV, rádio e telefone estão
evoluindo.
Aparelhos de rádio, TV e telefone, eles
serão cada vez mais sofisticados.
25/02/00
Correio
Popular
Televisão interativa
ou computador.
Convergência TVD.
TV interativa o mesmo que
internet.
TV interativa. É a telecomunicação que
integra o acesso à internet e a recepção de
sinais de vídeo.
acelera
para TV
sai
mas
testes
TV
tem
que
as
do
desenho
de
dificuldades
de
302
APÊNDICE C -QUESTIONÁRIO DA PESQUISA NAS COMUNIDADES
VIRTUAIS
Olá todos (as). Faço doutorado sobre o tema "Implantação da TV digital no Brasil" e gostaria que
vocês respondessem ao questionário abaixo COLOCANDO NO TÍTULO SUA IDADE, SEXO,
PROFISSÃO E CIDADE EM QUE MORA (COMO NO EXEMPLO) E DEPOIS RESPONDAM
COM UMA ÚNICA ALTERNATIVA.
EX.:
36 anos, fem., estudante, Belo Horizonte.
1) a
2) d e assim por diante.
OBRIGADA PELA PARTICIPAÇÃO
_______________________________________________________________________
QUESTIONÁRIO
1 – Você tem acompanhado as discussões acerca da implantação da TV digital no Brasil?
a) Sim
b) Não
2 - Em sua opinião, a proposta de Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD) é:
a) Boa, porém inviável
b) Boa e viável
c) Ruim, porém viável
d) Ruim e inviável
e) Não tenho informações suficientes para opinar
3 - Em sua opinião, qual o ponto mais interessante do SBTVD?
a) Ser uma proposta tecnológica nacional
b) Permitir a inclusão digital
c) Oferecer interatividade total
d) Fortalecer indústria tecnológica brasileira
e) Estar aberto a receber contribuições das universidades
f) Não tenho informações suficientes para opinar
4 - Caso a opção brasileira seja pelo SBTVD, quanto você estaria disposto a investir para ter
acesso à transmissão digital?
a) até R$100,00
b) entre R$100,00 e R$300,00
c) entre R$300,00 4 R$500,00
d) Acima de R$500,00
e) Não tenho interesse em TV digital
5) Você acredita que demora do governo em escolher o padrão para TV digital no Brasil pode
trazer prejuízos para o País?
a) sim
b) não
6)Você já tem acesso à TV digital?
a) Sim
b) Não
c) Não sei dizer
6.1 - Caso positivo, qual?
a) Directv (satélite)
b) Sky (satélite)
c) NET (ou outra cabo)
303
APÊNDICE D - APRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS RESULTADOS PESQUISA
NAS COMUNIDADES VIRTUAIS
Gráfico 1 – Distribuição dos entrevistados segundo idade
Gráfico 2 – Distribuição dos entrevistados segundo sexo
304
Gráfico 3 – Distribuição dos entrevistados segundo profissão
Gráfico 4 – Distribuição dos entrevistados segundo acompanha discussões dobre TVD
305
Gráfico 5 - Distribuição dos entrevistados segundo opinião a respeito do SBTVD
Gráfico 6 - Distribuição dos entrevistados segundo opinião sobre qual ponto mais
interessante do SBTVD
306
Gráfico 7 - Distribuição dos entrevistados segundo disponibilidade de investimento para
acesso à TVD
Gráfico 8 - Distribuição dos entrevistados segundo opinião se a demora para escolha do
padrão pode prejudicar o Brasil
307
Gráfico 9 - Distribuição dos entrevistados segundo quais já tem acesso a TVD
Gráfico 10 - Distribuição dos entrevistados, havendo acesso, a respeito de qual o tipo
de acesso que tem em TVD
308
APÊNDICE E - ENTREVISTA EM PROFUNDIDADE JUNTO À SOCIEDADE
CIVIL
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola de
Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a implantação
da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema Brasileiro de Televisão Digital SBTVD.
Uma das etapas para a finalização do trabalho é a coleta de informações
junto à sociedade civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito
se possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo.
Após a leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade, suas respostas poderão, inclusive, ser tratadas confidencialmente e não
serão atribuídas a você no texto analítico, bastando para tanto uma manifestação de
sua parte.
Saliento que sua participação é de extrema importância, pois as
informações obtidas serão úteis para a finalização da pesquisa.
Gostaria de saber de sua disponibilidade para uma entrevista presencial,
com vídeo, para complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo
possibilidade, favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas discussões sobre a
implantação da TV digital no Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? De que
maneira você (ou a instituição a qual representa) tem acompanhado as discussões?
309
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na condução
da implantação da TV digital no Brasil e no debate público acerca do assunto?
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro Teixeira, Eunício
Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na condução da implantação da TV
digital?
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão próprio, adotar um
dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições de pesquisa no
desenvolvimento da televisão digital? Quais os desdobramentos do envolvimento das
mesmas no SBTVD?
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção televisiva. Isso
pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de um padrão existente?
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a inclusão digital,
oferecendo interatividade total e acesso à internet. Qual sua opinião sobre esta
proposta?
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se limitam, em sua
maioria, a questões tecnológicas? Por que não se discutem assuntos como modelo de
negócios ou a produção de conteúdo para TV digital?
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de televisão,
principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e à produção de conteúdo
para a TV digital?
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos indivíduos. As
poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua opinião, o que despertará
maior interesse nos usuários? A interatividade é um fator importante?
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o tempo
utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés da adoção de um dos
três padrões existentes?
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade civil junto aos
debates públicos sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o desenvolvimento
do SBTVD?
310
Anexo A
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
DECRETO Nº 4.901, DE 26 DE NOVEMBRO DE 2003.
Institui o Sistema Brasileiro de Televisão Digital – SBTVD
, e dá outras providências.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI,
alínea "a", da Constituição,
DECRETA:
Art. 1º Fica instituído o Sistema Brasileiro de Televisão Digital - SBTVD, que tem por
finalidade alcançar, entre outros, os seguintes objetivos:
I - promover a inclusão social, a diversidade cultural do País e a língua pátria por meio do
acesso à tecnologia digital, visando à democratização da informação;
II - propiciar a criação de rede universal de educação à distância;
III - estimular a pesquisa e o desenvolvimento e propiciar a expansão de tecnologias
brasileiras e da indústria nacional relacionadas à tecnologia de informação e comunicação;
IV - planejar o processo de transição da televisão analógica para a digital, de modo a
garantir a gradual adesão de usuários a custos compatíveis com sua renda;
V - viabilizar a transição do sistema analógico para o digital, possibilitando às
concessionárias do serviço de radiodifusão de sons e imagens, se necessário, o uso de faixa
adicional de radiofreqüência, observada a legislação específica;
VI - estimular a evolução das atuais exploradoras de serviço de televisão analógica, bem
assim o ingresso de novas empresas, propiciando a expansão do setor e possibilitando o
desenvolvimento de inúmeros serviços decorrentes da tecnologia digital, conforme legislação
específica;
VII - estabelecer ações e modelos de negócios para a televisão digital adequados à
realidade econômica e empresarial do País;
VIII - aperfeiçoar o uso do espectro de radiofreqüências;
IX - contribuir para a convergência tecnológica e empresarial dos serviços de
comunicações;
X - aprimorar a qualidade de áudio, vídeo e serviços, consideradas as atuais condições do
parque instalado de receptores no Brasil; e
XI - incentivar a indústria regional e local na produção de instrumentos e serviços digitais.
311
Art. 2º O SBTVD será composto por um Comitê de Desenvolvimento, vinculado à
Presidência da República, por um Comitê Consultivo e por um Grupo Gestor.
Art. 3º Ao Comitê de Desenvolvimento do SBTVD compete:
I - fixar critérios e condições para a escolha das pesquisas e dos projetos a serem
realizados para o desenvolvimento do SBTVD, bem como de seus participantes;
II - estabelecer as diretrizes e estratégias para a implementação da tecnologia digital no
serviço de radiodifusão de sons e imagens;
III - definir estratégias, planejar as ações necessárias e aprovar planos de aplicação para a
condução da pesquisa e o desenvolvimento do SBTVD;
IV - controlar e acompanhar as ações e o desenvolvimento das pesquisas e dos projetos
em tecnologias aplicáveis à televisão digital;
V - supervisionar os trabalhos do Grupo Gestor;
VI - decidir sobre as propostas de desenvolvimento do SBTVD;
VII - fixar as diretrizes básicas para o adequado estabelecimento de modelos de negócios
de televisão digital; e
VIII - apresentar relatório contendo propostas referentes:
a) à definição do modelo de referência do sistema brasileiro de televisão digital;
b) ao padrão de televisão digital a ser adotado no País;
c) à forma de exploração do serviço de televisão digital; e
d) ao período e modelo de transição do sistema analógico para o digital.
Parágrafo único. O prazo para a apresentação do relatório a que se refere o inciso VIII
deste artigo é fixado em vinte e três meses, a contar da instalação do Comitê de
Desenvolvimento do SBTVD. (Redação dada pelo Decreto nº 5.393, de 2005) (Prorrogação de
prazo)
Art. 4º O Comitê de Desenvolvimento do SBTVD será composto por um representante de
cada um dos seguintes órgãos:
I - Ministério das Comunicações, que o presidirá;
II - Casa Civil da Presidência da República;
III - Ministério da Ciência e Tecnologia;
IV - Ministério da Cultura;
V - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior,
VI - Ministério da Educação;
VII - Ministério da Fazenda;
312
VIII - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão;
IX - Ministério das Relações Exteriores; e
X - Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da
República.
§ 1º Os membros do Comitê de Desenvolvimento do SBTVD serão indicados pelos
titulares dos órgãos referidos nos incisos I a X deste artigo e designados pelo Ministro de Estado
das Comunicações.
§ 2º Os membros do Comitê de Desenvolvimento do SBTVD serão substituídos, em suas
ausências e impedimentos, por seus respectivos suplentes, por eles indicados, e designados
pelo Ministro de Estado das Comunicações.
Art. 5º O Comitê Consultivo tem por finalidade propor as ações e as diretrizes
fundamentais relativas ao SBTVD e será integrado por representantes de entidades que
desenvolvam atividades relacionadas à tecnologia de televisão digital.
§ 1º Os membros do Comitê Consultivo serão designados pelo Ministro de Estado das
Comunicações, por indicação das entidades referidas no caput deste artigo, de acordo com
critérios a serem estabelecidos pelo Comitê de Desenvolvimento do SBTVD.
§ 2º O Comitê Consultivo será presidido pelo Presidente do Comitê de Desenvolvimento do
SBTVD.
Art. 6º Compete ao Grupo Gestor a execução das ações relativas à gestão operacional e
administrativa voltadas para o cumprimento das estratégias e diretrizes estabelecidas pelo
Comitê de Desenvolvimento do SBTVD.
Art. 7º O Grupo Gestor será integrado por um representante, titular e respectivo suplente,
de cada órgão e entidade a seguir indicados:
I - Ministério das Comunicações, que o coordenará;
II - Casa Civil da Presidência da República;
III - Ministério da Ciência e Tecnologia;
IV - Ministério da Cultura;
V - Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior;
VI - Ministério da Educação;
VII - do Instituto Nacional de Tecnologia da Informação - ITI;
VIII - da Agência Nacional de Telecomunicações - ANATEL; e
IX - Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão Estratégica da Presidência da
República.
X - Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. (Inciso incluído pelo Decreto nº
5.102, de 2004)
313
§ 1º Os membros do Grupo Gestor serão indicados pelos titulares de seus respectivos
órgãos e designados pelo Ministro de Estado das Comunicações, no prazo de quinze dias a
contar da data de publicação deste Decreto.
§ 2º O coordenador do Grupo Gestor poderá instituir comissões e grupos técnicos com a
finalidade de desenvolver atividades específicas em cumprimento dos objetivos estabelecidos
neste Decreto.
Art. 8º Para o desempenho das atividades a que se refere o art. 6º deste Decreto, o Grupo
Gestor poderá dispor do apoio técnico e administrativo, entre outros, das seguintes entidades:
I - Financiadora de Estudos e Projetos - FINEP; e
II - Fundação Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações - CPqD.
Parágrafo único. A conclusão dos projetos das entidades conveniadas com a Financiadora
de Estudos e Projetos - FINEP deverá ser apresentada até 10 de dezembro de 2005. (Incluído
pelo Decreto nº 5.393, de 2005)
Art. 9º Para os fins do disposto neste Decreto, o SBTVD poderá ser financiado com
recursos provenientes do Fundo para o Desenvolvimento Tecnológico das Telecomunicações FUNTTEL, ou ainda, por outras fontes de recursos públicos ou privados, cujos planos de
aplicação serão aprovados pelo Comitê de Desenvolvimento do SBTVD.
Art. 10. Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 26 de novembro de 2003; 182º da Independência e 115º da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Miro Teixeira
José Dirceu de Oliveira e Silva
Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de 27.11.2003
314
ANEXO B
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
DECRETO Nº 5.693, DE 07 DE FEVEREIRO DE 2006.
Prorroga o prazo a que se refere o parágrafo único do art.
3o do Decreto no 4.901, de 26 de novembro de 2003.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que lhe confere o art. 84, inciso VI,
alínea "a", da Constituição,
DECRETA:
Art. 1o O prazo a que se refere o parágrafo único do art. 3o do Decreto no 4.901, de 26 de
novembro de 2003, fica prorrogado por mais trinta dias.
Art. 2o Este Decreto entra em vigor na data de sua publicação.
Brasília, 7 de fevereiro de 2006; 185º da Independência e 118o da República.
LUIZ INÁCIO LULA DA SILVA
Helio Costa
Dilma Rousseff
Este texto não substitui o publicado
315
ANEXO C
Carta aberta ao Congresso Nacional, à Presidência da República e à sociedade brasileira
ABCCOM – Associação Brasileira de Canais Comunitários
ABONG – Associação Brasileiras de ONGs
ABTU – Associação Brasileira de TVs Universitárias
Campanha quem financia a Baixaria é Contra a Cidadania
CBC – Congresso Brasileiro de Cinema
Cris Brasil – Articulação Nacional pelo Direito à Comunicação
FNDC – Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
TV Digital: um debate que precisa de audiência
A TV está passando por uma grande transformação. Há grandes investimentos em pesquisas para promover a migração
do padrão analógico para o digital. Isso implicará mudanças profundas neste que já se consolidou como o meio de
comunicação mais influente das nossas sociedades.
Nas poucas reportagens em que aborda o tema, a mídia brasileira trata desta mudança de maneira limitada, como se ela
representasse apenas uma melhoria da qualidade da imagem (a chamada alta definição). A mesma imprensa também
procura reduzir o tema a uma escolha entre três padrões já existentes: o norte-americano (ATSC), o europeu (DVB) e o
japonês (ISDB) – o que, na realidade, oculta o debate político em torno desta mudança.
A chegada da TV digital é muito mais do que a escolha de um dos padrões já implementados no mundo: é um debate
que precisa ser acompanhado de perto pela sociedade brasileira, pois se as decisões tomadas num futuro próximo
produzirão forte impacto no modo como assistimos televisão e nas formas de sociabilidade mediadas pelas tecnologias,
podem também alterar o cenário de concentração dos meios, contribuir para as políticas de inclusão digital e permitir
uma apropriação do público sobre o privado.
Portanto, o debate sobre a TV digital deve se tornar efetivamente público imediatamente, sob o risco de todos nós,
cidadãos e cidadãs do Brasil, desperdiçarmos uma rara oportunidade de caminharmos rumo à democratização das
comunicações e, conseqüentemente, do país.
A falsa polêmica entre importar um padrão e desenvolver um sistema nacional
O debate sobre o desenvolvimento da TV digital no Brasil tem sido reduzido a duas possibilidades extremas: ou se
importa o sistema completo (padrão japonês, europeu ou norte-americano), ou se produz tudo localmente. Na verdade,
as pesquisas em andamento no país revelam que o sistema brasileiro ideal deveria reunir elementos já “consagrados”
em outros países e outros que precisam ser desenvolvidos nacionalmente.
Não há interesse em inventar a roda. Se todos os sistemas usam, por exemplo, um padrão de multiplexação de vídeo
(processo de junção de diferentes sinais de vídeo em um só feixe de transporte), não há necessidade de criar algo
específico para o país. Por outro lado, mesmo que escolhamos um sistema já existente, será necessário fazer
adaptações para a realidade brasileira (por exemplo, quanto à recepção do sinal, dada a nossa topografia específica).
Considerando que um sistema seria uma “colagem” de diversas tecnologias usadas para diferentes finalidades –
antenas inteligentes, som, modulação e codificação do sinal, set top box (aquela caixinha acoplada que já usamos para
a TV paga), softwares, entre outras coisas – podemos concluir que a questão central neste debate não está entre
importar um padrão ou desenvolver um padrão exclusivo brasileiro, mas em encontrar o melhor sistema para o país.
As perguntas que devemos fazer são: quais são as vantagens de produzir nacionalmente elementos do sistema de TV
digital a ser adotado no Brasil? Por que os empresários do setor defendem a simples adoção de um “padrão” já
existente? Por que o governo hesita diante deste debate? Por que a sociedade não está sendo envolvida neste
processo?
Em primeiro lugar, a produção local tem o objetivo de fortalecer a pesquisa brasileira (estimulando nossas universidades
e centros de pesquisa e gerando empregos qualificados), diminuir nossa dependência externa de produtos de alta
tecnologia e criar uma indústria nacional, iniciativas fundamentais para que o país não perpetue sua dependência
tecnológica e industrial em relação aos países desenvolvidos.
Em segundo lugar, somente um modelo desenvolvido a partir das realidades do país pode responder ao desafio de ser
um instrumento que impulsione nosso desenvolvimento social, cultural, político e econômico. Basta dizer, neste caso,
que uma TV digital brasileira pode ser um importante instrumento de inclusão digital, o que não é uma necessidade para
um país como os Estados Unidos, cujo padrão prioriza a alta definição ao invés da interatividade. No Brasil, menos de
20% da população usa computador e Internet em casa, mas mais de 90% têm TV. E a TV digital permite que a TV seja
interativa. Sendo assim, por que não usar esta TV interativa para fazer inclusão digital? Tal exemplo é um dos que
evidenciam a necessidade de desenvolvermos uma tecnologia nacional.
Interatividade a serviço da sociedade
As “maravilhas” da TV digital apresentadas pela imprensa são novidades vinculadas à criação de serviços comerciais,
como venda interativa, jogos, consultas personalizadas (previsão do tempo, resultado de jogos), pay-per-view, etc. Ou
seja, novidades que certamente incrementariam os lucros dos detentores das emissoras de televisão.
316
A TV digital, entretanto, pode cumprir um importante papel na afirmação da cidadania. Com o uso da interatividade, por
exemplo, a TV pode disponibilizar nas casas dos brasileiros serviços interativos de educação (que respondem às
demandas específicas de cada usuário), de governo eletrônico (declaração de imposto de renda, pagamento de taxas,
extrato de fundo de garantia, boletim escolar dos filhos, etc.), uso de correio eletrônico (cada brasileiro com uma conta
de e-mail) e, no limite, acesso à toda a Internet.
Outro grande impacto da TV digital que deve ser urgentemente discutido pela sociedade é a possibilidade de inserção de
mais canais de TV, a chamada multi-programação. No mesmo espaço onde hoje se transmite um único canal, a TV
digital permite a recepção de quatro novas programações (desde que não seja adotada a alta definição). Se levarmos
em conta que a TV digital irá ocupar (ao final do período de transição) o espaço que vai do canal 7 do VHF ao 69 do
UHF, veremos que se torna perfeitamente possível a ampliação dos emissores de programação e, assim, a ampliação
significativa dos produtores de conteúdo televisivo. Assim, além dos operadores privados e estatais, também sindicatos,
associações, ONGs, movimentos sociais e emissoras geridas coletivamente poderiam ter seus canais.
Mas o interesse do empresariado de comunicação evidentemente não é discutir a possibilidade de outros sujeitos
ocuparem novos canais em um espaço que historicamente foi monopolizado por ele. As associações que o representa
possuem um forte lobby junto aos poderes da União (Executivo, Legislativo e Judiciário), que dificulta quaisquer
mudanças que apontem para uma maior democratização da radiodifusão.
Em relação à TV digital, os empresários têm demonstrado grande resistência em aceitar o desenvolvimento de
tecnologia nacional.
Primeiro, porque, ao invés de uma política industrial brasileira, eles preferem fazer acordos comerciais com as
multinacionais que representam os sistemas já existentes (Sony, Phillips, Nokia, Siemens, Motorola, etc).
Segundo, porque preferem usar o potencial da TV digital para a criação de serviços comerciais e não para governo
eletrônico ou educação à distância, por exemplo.
Terceiro, porque temem que serviços interativos possam atrair para a TV digital as empresas de telecomunicações, que,
em geral, são estrangeiras e possuem muito mais recursos financeiros do que as emissoras de televisão do Brasil.
Por fim, as emissoras querem reproduzir com a TV digital o atual cenário de concentração e negar a possibilidade de
participação de novos atores neste espaço. A defesa da alta definição, propagandeada para os modelos norteamericano e japonês, mais do que uma estratégia comercial para atrair o consumidor pela melhoria da qualidade da
imagem, significa impedir o surgimento de novas programações e, portanto, de novos “concorrentes”, sejam eles
públicos ou privados.
Helio Costa: representante dos interesses privados?
O governo FHC previa a escolha entre os três sistemas existentes. No governo Lula, o debate avançou para a
possibilidade de se criar um Sistema Brasileiro de TV Digital (SBTVD). Ainda em 2003, foi criado um fórum
governamental (Grupo Gestor) para definir as políticas da TV digital, assessorado por um Conselho Consultivo com
representantes da sociedade civil. Em paralelo, o governo divulgou 22 editais de pesquisa para que consórcios formados
por universidades, centros de pesquisa e empresas pudessem desenvolver as peças que, juntas, formariam o SBTVD.
Apesar destes avanços que apontavam para o desenvolvimento de tecnologia nacional para um SBTVD, o atual ministro
das Comunicações, Helio Costa (PMDB-MG), ignorou todo este acúmulo e anunciou que o desenvolvimento de uma
pesquisa nacional era secundário diante da necessidade de se começar logo as transmissões digitais, praticamente
descartando quaisquer mudanças no cenário atual.
Mais recentemente, as ações do ministro revelam a nítida intenção de considerar exclusivamente os interesses dos
empresários detentores das concessões públicas, fazendo da TV Digital instrumento de ampliação do potencial
comercial destas emissoras – e nada mais.
Tal prática pode ser comprovada pelo profundo desrespeito aos processos em andamento, tanto em relação ao
Conselho Consultivo quanto em relação aos consórcios de pesquisa: em reuniões realizadas nas últimas semanas, por
exemplo, Hélio Costa tem anunciado que já negociou com o Ministério da Fazenda a isenção de impostos para a
importação de equipamentos.
Segundo tem declarado publicamente, o ministro defende que os parceiros fundamentais nas decisões sobre o SBTVD
são as redes de televisão e, por isso, é delas que devem partir as diretrizes para a digitalização da televisão brasileira.
Ou seja, ao invés de defender os interesses do país, Hélio Costa atua como um típico representante de interesses
particulares, aproveitando-se do momento político conturbado para cristalizar um modelo que, fosse o debate sobre a
digitalização transparente e democrático, seguiria outro rumo.
Ainda que não seja o único interessado no tema da TV digital no interior do governo Lula, a opinião do ministro deverá
ser considerada nas decisões políticas a serem tomadas em breve pelo governo.
É importante lembrar que, ao todo, foram previstos R$ 80 milhões para o desenvolvimento do SBTVD. Destes, somente
R$ 38 milhões foram liberados. Mesmo com poucos recursos, os pesquisadores já demonstraram que a inteligência
nacional é perfeitamente capaz de construir um sistema bastante complexo e satisfatório do ponto de vista técnico. Por
isso, não é possível tolerar argumentos vindos do próprio governo que defendem que o país não possui condições de
desenvolver o SBTVD.
Sociedade civil pela democracia nas comunicações
317
Diante da postura do titular da pasta das Comunicações, que coloca em xeque o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de TV Digital, é preciso reafirmar com convicção que somente um sistema desenvolvido
nacionalmente será capaz de dar respostas satisfatórias às necessidades do país. Mais do que desenvolver um
sistema, porém, é fundamental que as decisões sobre a TV digital – que são políticas, não técnicas – sejam fruto
de um amplo debate público, não exclusivo do Executivo federal e dos empresários do setor.
Para que o interesse público prevaleça, a sociedade civil deve, com urgência, se tornar protagonista dos debates que
envolvem a TV digital, tanto pela valorização do Comitê Consultivo como pela introdução de mecanismos que
possibilitem a participação da sociedade civil nas principais decisões relativas à digitalização da televisão brasileira.
Ao mesmo tempo, é preciso garantir transparência nos processos decisórios do governo federal para que os lobbies
empresariais não sejam os únicos a exercerem influência sobre aqueles que têm o poder de decidir sobre os rumos do
SBTVD. Sem transparência, não há como fazer prevalecer o interesse público.
Por isso – e por acreditar que a TV digital é uma grande chance para que o país caminhe rumo à democratização das
comunicações, além de uma oportunidade de elevar para um patamar político o debate sobre o direito humano à
comunicação no Brasil – convocamos toda a sociedade a se engajar na luta para que o país faça uma opção por um
sistema de televisão digital nacional, que atenda aos reais interesses da Nação.
318
ANEXO D
SOCIEDADE BRASILEIRA PARA O PROGRESSO DA
CIÊNCIA
São Paulo, 24 de novembro de 2005
SBPC – 143/Dir
Excelentíssimo Senhor
Ministro HELIO COSTA
Ministério das Comunicações
Brasília - DF
Senhor Ministro,
A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), a Sociedade Brasileira de
Computação (SBC), a Sociedade Brasileira de Telecomunicações (SBrT) e a Sociedade Brasileira de
Engenharia de Televisão e Telecomunicações (SET) consideram o programa nacional de desenvolvimento
tecnológico da TV digital estratégico para o nosso desenvolvimento social e econômico.
Manifestamos nossa satisfação pelo sucesso alcançado com os resultados obtidos na primeira
fase do desenvolvimento tecnológico deste programa.
A colaboração oferecida pelos Ministérios das Comunicações, através dos recursos do Funtel,
aos nossos institutos e laboratórios de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, ao longo destes últimos
anos, foi determinante para garantir os excelentes resultados obtidos.
Solicitamos agora aos Ministérios das Comunicações e de Ciência e Tecnologia o apoio para a
realização da segunda fase do desenvolvimento do projeto. Para tanto sugerimos a inclusão de adequada
previsão de fundos no orçamento dos respectivos ministérios para o exercício de 2006, de modo que a fase
II possa ser concluída nos prazos previstos.
Propomos ainda que seja implementado, em colaboração com o Ministério de Desenvolvimento
Industrial e Comércio Exterior, um programa de desenvolvimento, produção industrial e comercialização
das tecnologias do programa SBTVD, desenvolvidas com êxito nos laboratórios de pesquisa brasileiros.
Certos de contar com seu apoio e atenção subscrevemos-nos,
ENNIO CANDOTTI
SBPC
MARCELO SAMPAIO ALENCAR
SBrT
LUIZ FERNANDO GOMES SOARES
SBC
GUNNAR BEDICKS JÚNIOR
SET
C/ cópia ao Ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Rezende.
Rua Maria Antonia, 294 – 4º andar - CEP 01222-010 São Paulo - SP Fone (11) 3259-2766 - Fax (11) 3106-1002 E-mail:
[email protected] - Site: http://www.sbpcnet.org.br
319
ANEXO F
CT
2006
020/06
Rio de Janeiro, 27 de janeiro de
Excelentíssimo Senhor
Ministro Hélio Costa
MD Ministro de Estado das Comunicações
Referência: Considerações sobre o Sistema Brasileiro de Televisão Digital
(SBTVD)
Senhor Ministro,
Tendo em vista o processo em curso, ao final do qual o Governo Federal definirá o
sistema de televisão digital a ser adotado pelo país, a TELEBRASIL – Associação
Brasileira de Telecomunicações comparece à presença de Vossa Excelência para tecer
algumas considerações que, entende, contribuirão para a tomada da melhor decisão
sobre o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD).
O Contexto do SBTVD
A discussão sobre o modelo de televisão digital a ser adotado pelo Brasil acontece em
um momento propício, pois essa importante decisão passou a estar inserida em um
contexto muito mais amplo do que o da seleção do padrão tecnológico de outrora; novo
contexto esse que incorpora diversos aspectos que merecem ser destacados.
Convergência Tecnológica
A evolução digital associada às tecnologias da informação e da comunicação
possibilitou a convergência de plataformas e serviços com conseqüências e
possibilidades que devem ser consideradas na definição do modelo de negócio e, em
conseqüência, na escolha do padrão tecnológico para o SBTVD; quais sejam:
A possibilidade de conteúdos distintos poderem ser distribuídos através de plataformas
digitais concorrentes ou alternativas;
A possibilidade de competição entre prestadores, detentores de distintas outorgas, em
busca de melhor servir os usuários, por exemplo: a) serviço de banda larga pela rede
de telefonia, fixa ou móvel, ou pela rede de TV a Cabo; b) serviço de TV por redes para
serviços de telecomunicações, fixos ou móveis, ou pelas redes de TV a Cabo ou DTH;
c) recepção de TV digital através de aparelhos celulares disponíveis para os padrões
tecnológicos adotados no Brasil;
O marco regulatório deve ser atualizado à luz dessas novas possibilidades de
prestação de serviços num ambiente competitivo; neste sentido a regulamentação deve
ser a menos intrusiva possível, fomentando a competição, regulando somente falhas de
mercado e atuando pontualmente para que oportunidades de ganho por padronização
ou escala (externalidades) sejam capturadas em benefício da prestação do serviço; e,
Um arcabouço jurídico-regulatório para o SBTVD que considere a convergência
tecnológica de modo a evitar graves conseqüências para o desenvolvimento econômico
e social do Brasil.
320
Custo do SBTVD para o País
A implantação de um sistema de TV digital, que inclui a substituição ou adaptação dos
atuais aparelhos de televisão, além da modernização de equipamentos de geração e
transmissão de radiodifusão, tem um enorme custo associado.
Para um país com sérias limitações de capacidade de investimento e de distribuição de
renda é fundamental que o modelo a ser adotado minimize o impacto econômico,
maximize a utilização da infra-estrutura já disponível, gere claros benefícios para o
consumidor-usuário e crie incentivos para que o desenvolvimento desse segmento
econômico seja sustentável no longo prazo, além das esperadas melhorias de sons e
de imagens.
Considerando a experiência acumulada no processo de migração para o sistema de TV
digital em curso em diversos países, podemos afirmar que o custo econômico para o
Brasil pode ser substancialmente reduzido por meio da adoção de um padrão
tecnológico que seja global, que permita a sua adequação às demandas locais e que
permita ainda:
A instalação no País de plataforma de exportação que possa, alavancada pelo mercado
interno, competir globalmente, fornecendo, para outros mercados, componentes
(hardware e software), aplicativos e conteúdos cuja demanda está e será elevada ao
longo de muitos anos; e,
O acesso a mercados globais para aquisição de insumos, pois quanto mais global for o
padrão escolhido tanto maior será a diversidade de fornecedores e o nível de
competição entre eles com claras vantagens para o comprador.
Regras jurídico-regulatórias
A convergência tecnológica coloca lado a lado, na prestação de um mesmo serviço
(mesmo, sob a ótica do usuário), empresas com outorgas atualmente regidas por
diferentes regras jurídico-regulatórias.
É necessário garantir a competitividade de cada uma das prestadoras de serviços e a
ampla competição entre elas, inclusive considerando as peculiaridades e relevância dos
mercados, através da harmonização e da simplificação dessas regras, para que todas
possam competir em igualdade de condições, respeitando limitações comuns quanto à
oferta de serviços, visando a liberdade de escolha e o melhor benefício para o usuário
final; no caso, o cidadão brasileiro.
Em particular, de modo a assegurar a mais ampla e justa competição entre prestadoras
de serviços, devem ser evitadas (e, se existentes, suprimidas) restrições artificiais e
desvinculadas da prestação dos serviços.
A evolução natural do modelo atual
A tecnologia convergente abre novos espaços para a produção, empacotamento e
distribuição de conteúdos que beneficiam todos os que tratam com essa nova
realidade, principalmente os usuários finais, ao possibilitar a democratização do acesso
a conteúdos e serviços e a ampliação de suas possibilidades de escolha.
Essa abertura de novos horizontes conduzirá:
À maior disponibilidade de canais de distribuição de conteúdos e serviços, dando ao
usuário maior poder de escolha, inclusive quanto ao canal de distribuição a ser
utilizado;
321
À ampliação do mercado e ao fortalecimento dos produtores de aplicativos e de
conteúdos nacionais, uma vez que haverá aumento de demanda e de opções de
distribuição, principais geradores de incentivos para o aumento da produção de
aplicativos e de conteúdos nacionais;
À aceleração do processo de inclusão social por meio da televisão digital, já que a
esmagadora maioria da população brasileira passa um longo tempo assistindo TV, pois
que ela tem extraordinária importância no seu cotidiano, sendo, sem dúvida alguma, um
dos melhores instrumentos de inclusão social; e,
À convergência dos dispositivos (televisor, computador, celular, etc.) para múltiplas
funções, permitindo ao usuário acessar os diversos conteúdos, serviços e redes a partir
de apenas um dispositivo, com fortes implicações no que diz respeito à redução dos
custos, acessibilidade e mobilidade.
Os Atributos desejados para o SBTVD
A definição do modelo de negócio e, em conseqüência, a escolha do padrão
tecnológico para o SBTVD deverá considerar, além dos aspectos mencionados acima,
atributos que agreguem maior valor para os usuários finais; quais sejam:
Mobilidade e Portabilidade de Terminais, especialmente se considerada a amplitude da
aceitação que o serviço móvel pessoal (celular) atingiu no Brasil, que o tornou em mais
um poderoso instrumento de inclusão social; a disponibilidade de canais específicos
para esse tipo de usuário deverá ser a maior possível para permitir competição ampla
também nesse segmento;
Interatividade diversificada para aumentar a opção de escolha por parte do usuário
final, tanto quanto a redes de suporte quanto a serviços e conteúdos; essa
interatividade tem que ser completa pois só com ela a TV digital poderá ser utilizada
como instrumento de inclusão digital;
Melhor eficiência na utilização do espectro de freqüências o que amplia as
possibilidades de serviços, de distribuição de conteúdos e de prestadoras de serviços,
em benefício do usuário final; e
Padrão aberto, documentado, disponível publicamente e que evite a necessidade de
negociações com detentores de patentes ou países, cujo poder possa vir a ser entrave
ao desenvolvimento de soluções requeridas para o atendimento de demandas locais,
como as da inclusão social.
A Participação da TELEBRASIL
Dadas as conseqüências que advirão da definição do Sistema Brasileiro de Televisão
Digital – SBTVD para o desenvolvimento econômico e social do Brasil, pelas razões
acima expostas, os segmentos do setor de telecomunicações congregados na
TELEBRASIL entendem ser de sua responsabilidade participar ativamente do processo
de consultas que estão a subsidiar a tomada de decisão sobre a definição do melhor
modelo de negócio e, em conseqüência, da escolha do padrão tecnológico para o
SBTVD.
Com a responsabilidade de congregar empresas e associações desses segmentos sem
par na sócio-economia brasileira - que não só fornecem plataformas e soluções
tecnológicas mas também prestam serviços a mais de 125 milhões de usuários de
serviços de telefonia fixa e móvel, além de serviços de televisão por assinatura (em que
só a TV a Cabo cobre mais de 11 milhões de domicílios com 4 milhões de assinantes) e
de comunicação multimídia para milhões de assinantes e empresas; que, em 2004,
geraram uma produção de mais de R$ 100,0 bilhões, equivalentes a 6,9% do PIB, com
mais de R$ 23,0 bilhões recolhidos em tributos e que investiram mais de R$ 150,0
bilhões desde 1998, dos quais R$ 33,0 bilhões em aquisição de licenças, para melhor
atender as demandas da sociedade – responsabilidade esta aliada às contribuições já
oferecidas para o desenvolvimento do setor de telecomunicações ao longo de seus 31
322
anos de existência, a TELEBRASIL está mais do que qualificada para expressar o
entendimento desses segmentos sobre como melhor atender as grandes e fortes
demandas de seus usuários.
A relevância sócio-econômica dos diversos segmentos do setor de telecomunicações
congregados na TELEBRASIL, acima enumerada, é materializada pelas suas
capacidades de fornecimento de plataformas e soluções de redes e serviços voltados
para a transmissão e distribuição de conteúdo digital num ambiente convergente e
competitivo; essa materialidade habilita a TELEBRASIL a se tornar um membro natural
do fórum de discussões e consultas que está a contribuir para o desenho da solução
que trará os melhores benefícios para o país com a implantação do SBTVD.
Cumpre assinalar que os segmentos do setor de telecomunicações congregados na
TELEBRASIL não atuam e não priorizam a produção própria de conteúdo nas suas
estratégias de negócio, já que este não é seu foco de atuação e que existe conteúdo de
ótima qualidade disponível no mercado, além do enorme potencial para o aparecimento
de novos players e conteúdos que a implantação do SBTVD certamente alavancará.
Atuar como canais de distribuição que aumentem as alternativas disponíveis tanto para
os consumidores quanto para os produtores de conteúdo é a vocação natural desses
segmentos congregados na TELEBRASIL.
Para dar uma melhor utilização à infra-estrutura existente, os segmentos congregados
na TELEBRASIL pretendem ter acesso ao mercado de conteúdos, formatando pacotes
comerciais conforme a demanda de seus usuários.
Dentre as razões sócio-econômicas que justificam toda esta pretensão estão:
Não abdicar do uso de redes de alta capacidade e com enorme capilaridade já
disponíveis como parte da infra-estrutura do país. A busca de eficiência macroeconômica passa pela utilização racional dos recursos já disponíveis;
As redes de telecomunicações constituem-se no “sistema nervoso” da sócio-economia
do país e a abertura de novas fontes de receita cria o incentivo para a constante
evolução das mesmas, garantindo a contínua produção de externalidades positivas
para a modernização do país;
A cultura, a visão e a capacidade de investimento com maturação de longo prazo,
claramente demonstradas nos últimos anos; e
A dinâmica competitiva que sustenta a produtividade e a competitividade da economia
nacional.
Conclusão
Os segmentos do setor de telecomunicações congregados na TELEBRASIL pretendem
participar ativamente do processo de discussão e de consultas que estão a levar à
definição do SBTVD, tanto na formulação do modelo de negócio e do padrão
tecnológico a ele associado, quanto colocando todas as suas redes e serviços de
telecomunicações como canais de distribuição de conteúdos digitais.
A discussão relacionada ao modelo de negócio do SBTVD e, em conseqüência, ao
padrão tecnológico a ele associado, está inserida num contexto mais amplo que inclui a
convergência tecnológica, os custos associados à migração para o novo padrão, além
da necessidade de modernização do arcabouço jurídico-regulatório que regulam o setor
de telecomunicações.
Por estas razões, sugerimos a devida maturação da decisão quanto ao padrão
tecnológico do SBTVD, para permitir maior participação de nosso setor nas discussões
ora em andamento, inclusive no que se refere às questões da mobilidade, da
323
interatividade e da produção nacional que entraram em discussão somente nos últimos
meses sob um prisma essencialmente técnico, sem que.os modelos de negócio
associados, vitais para sua viabilização econômica, tenham sido discutidos com os
segmentos do setor congregados na TELEBRASIL.
Esse conjunto de questões se coloca como um grande desafio ao país que, quando
vencido, produzirá imensos benefícios para os cidadãos usuários do SBTVD, como, por
exemplo, a maior democratização ao acesso a conteúdos e serviços digitais e a
aceleração do processo de inclusão social através da televisão digital.
Os segmentos congregados na TELEBRASIL, por já terem demonstrado ter significativa
relevância sócio-econômica, serem possuidores de competências e habilidades
imprescindíveis para o sucesso desse novo SBTVD como canais de distribuição de
conteúdos, serem detentores de ampla infra-estrutura de redes e de serviços de
telecomunicações, terem efetiva cultura e capacidade de investimento com longa
maturação e inquestionável e histórico compromisso com o desenvolvimento do país,
estão certos que muito poderão contribuir para o sucesso desse empreendimento tão
importante para o futuro do Brasil pois que acelerará o processo de inclusão social da
maioria de população brasileira.
Respeitosamente,
Ronaldo Iabrudi dos Santos Pereira
Presidente do Conselho de Administração
324
ANEXO G
PROJETO DE LEI N° 6525, de 2006
Dispõe sobre a evolução dos serviços de rádiodifusão,
altera a Lei 4.117, de 27 de agosto de 1962
O Congresso Nacional decreta:
CAPÍTULO I
DISPOSIÇÕES GERAIS
Art. 1º. Na introdução da tecnologia digital nos serviços de radiodifusão, deverão ser observados
os seguintes preceitos:
I - As tecnologias deverão ser selecionadas de modo a aumentar o número de prestadoras por
localidade, maximizar a criação de novos postos de trabalho e contribuir para o desenvolvimento
da indústria cultural e de produção de equipamentos no Brasil."
II - Nenhuma tecnologia digital poderá provocar aumento no espaço ocupado no espectro por
uma outorgada, ressalvado o espaço adicional temporário tratado no artigo 5°;
III – Prioridade ao uso de padrões abertos, livres de restrições proprietárias quanto à sua
cessão, alteração ou distribuição
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se:
I - IMAGEM DE DEFINIÇÃO PADRÃO é aquela compatível com os televisores atuais,
tecnicamente caracterizada por apresentar pelo menos 640 pontos por 480 linhas na região
visível da imagem."
II - IMAGEM DE ALTA DEFINIÇÃO é aquela que apresenta uma qualidade comparável ao do
cinema, em tela larga, tecnicamente caracterizada por apresentar pelo menos 720 linhas em
modo de varredura progressiva, ou 1080 linhas em modo de varredura entrelaçada.
Art. 3° - O art. 6o da Lei 4.117, de 27 de agosto de 1962, passa a vigorar com as seguintes
alterações, renomeando as demais alíneas:
"Art. 6º ....................................................................................
d) SERVIÇO DE RADIODIFUSÃO, destinado a ser recebido direta e livremente pelo público em
geral, compreendendo a radiodifusão sonora e de sons e imagens (NR)
e) Os serviços de radiodifusão podem contemplar transmissão de dados ...................”
CAPÍTULO II
DISPOSIÇÕES FINAIS e TRANSITÓRIAS
Art. 4° - Somente para efeitos de introdução da tecnologia digital nos sistemas de radiodifusão, e
considerando a necessidade de convívio dos sistemas analógico e digital, fica a Anatel
autorizada a conceder, a título precário, um canal adicional para as atuais concessionárias dos
serviços de radiodifusão e autorizatárias dos serviços auxiliares de retransmissão e repetição de
sinais de TV, nos seguintes termos:
I - Para o serviço de radiodifusão de sons, a concessionária deverá receber um canal adicional,
ou canalização equivalente, suficiente para a transmissão de seu conteúdo em forma digital;
II - Para o serviço de radiodifusão de sons e imagens, a concessionária ou autorizatária deverá
receber canalização necessária e suficiente para efetuar a transmissão de sinais em forma
digital com imagem de definição padrão ou imagem de alta definição conforme disponibilidade
de espectro.
§ 1° Ao término do período de transição analógico-digital, deverá a concessionária ou
autorizatária devolver à Anatel o canal analógico ocupado.
§ 2° O canal adicional temporário referido nos incisos I e II será concedida à concessionária ou
autorizatária.
Art. 5° Durante um período a ser definido em regulamento, o qual não será menor que o da
transição analógico-digital, as transmissões envolvendo imagens deverão ser feitas de tal modo
que possam ser adequadamente reproduzidas em um receptor com capacidade de receber
imagens de definição padrão.
Parágrafo único. Todos receptores terão embutidos a capacidade de prover mecanismos de
interatividade.
Art. 6º. Esta Lei entra em vigor na data de sua publicação.
JUSTIFICAÇÃO
325
No intuito de mostrar a importância do tema, apresentamos o panorama mundial da TV Digital,
enfatizando as peculiaridades brasileiras e concluindo com a necessidade e importância de
estabelecer um marco legal para a evolução do setor de comunicação como um todo.
1. BREVE HISTÓRICO DA TV DIGITAL
As pesquisas sobre uma nova tecnologia para a televisão não são uma novidade. Já na
década de 80, pesquisadores dos EUA, Europa e Japão trabalhavam na busca de novos
sistemas, melhores que os de TV a Cores. Em meados da década de 80, o Japão desenvolve o
primeiro sistema de TV em Alta Definição, conhecido como MUSE, utilizando tecnologia híbrida
(analógico/digital).
Os japoneses tentaram convencer a Europa a adotar o sistema MUSE, porém os
europeus rejeitaram a proposta. A Europa queria utilizar a oportunidade da introdução do
sistema de TV Avançada (como era conhecido à época) para recuperar a sua combalida
indústria eletro-eletrônica. O raciocínio era simples: dado que todo domicílio possui pelo menos
um televisor e que, em algum momento, esse aparelho teria de ser substituído, o mercado de TV
Avançada representava um potencial inigualável para alavancar a indústria de eletrônica de
consumo.
No início da década de 90, os japoneses tentaram convencer os norteamericanos,
também sem sucesso. Assim, o sistema MUSE (multiple sub-nyquist sampling Encoding entrou
em operação comercial apenas no Japão. Entre 1993 e 1997, o sistema DVB (Digital Video
Broadcasting) foi desenvolvido na Europa. Na mesma época, o sistema ATSC (Advanced
Television System Committee) foi desenvolvido nos Estados Unidos, após rejeitarem
explicitamente a proposta japonesa. Ambos eram totalmente digitais, e entraram em operação
em novembro de 1998.
Face ao ocorrido, os japoneses abandonaram seu sistema de HDTV (High Definition
Television) híbrido e desenvolveram um sistema totalmente digital, o ISDB (Integrated Services
Digital Broadcasting), entre 1997 e 2000, entrando em operação ao final daquele ano.
No ano 2000, face às dificuldades de recepção do sistema ATSC, a rede Sinclair
Broadcasting, dos Estados Unidos, propôs a revisão do padrão e a adoção do DVB nos EUA. A
FCC (Federal Communications Commission), após realizar testes comparativos, optou por
manter o padrão ATSC.
2. A LÓGICA (OU ESTRATÉGIA) POR TRÁS DAS DECISÕES
É possível identificar diferentes estratégias por trás dessas decisões:
• A primeira motivação foi a do fomento à indústria eletrônica local. Essa estratégia
aparece nos três casos: Estados Unidos, Europa e Japão.
• A segunda motivação foi a do fomento à indústria cultural, ao buscar o uso da nova
tecnologia como alavancador para a indústria de conteúdo. Essa situação se verifica
especialmente na Europa.
• A terceira motivação foi a busca explícita da convergência tecnológica, situação
verificada na Europa e Japão.
3. PANORAMA BRASILEIRO
3.1 Indústria eletro-eletrônica
O Brasil tem apresentado um constante déficit na balança comercial do complexo eletrônico,
conforme indicado na tabela a seguir.
Tabela 1. Balança comercial do Complexo Eletrônico
IMPORTAÇÕES
Informática
Eletrônica
de
consumo
Telecomunicações
Componentes
EXPORTAÇÕES
Informática
Eletrônica
de
consumo
Telecomunicações
Componentes
RESULTADO
1996
6.859
1.454
1.037
1997
7.875
1.489
1.048
1998
7.108
1.529
623
1999
6.892
1.447
370
2000
9.278
1.853
411
2001
8.839
1.715
361
2002
5.713
1.307
424
2.087
2.280
1.049
281
386
2.753
2.585
1.199
268
411
2.682
2.274
1.189
247
371
2.711
2.364
1.445
337
354
3.435
3.578
2.492
375
434
3.753
3.010
2.571
293
385
1.511
2.472
2.403
164
280
154
228
(5.810)
288
232
(6.676)
330
241
(5.919)
494
261
(5.446)
1.311
372
(6.786)
1.552
341
(6.268)
1.547
412
(3.311)
Valores em US$ milhões. Fonte: BNDES [Gutierrez e Alexandre, 2003:172].
Nos três primeiros trimestres de 2005, o déficit foi de US$ 5,3 bilhões, para um total de US$ 5,7
bilhões de exportações ( Fonte: Assessoria de Imprensa ABINEE, 18/11/2005).
326
Na tabela acima, o item “eletrônica de consumo” refere-se somente aos produtos prontos
ou partes (subassembly). O grande impacto no déficit decorre da importação de
componentes necessários à fabricação desses aparelhos. Outro aspecto a ser denotado é
a grande variação dos números em função de fatores externos. Entre 1995 (que não
aparece na tabela) e 1997, a eletrônica de consumo experimenta um grande déficit, em
função do desrepresamento decorrente do Plano Real. Déficit de semelhante monta é
observado em telecomunicações, decorrente das implantações de redes estabelecidas nos
contratos de concessão. Na informática, o “bug do milênio” contribuiu para o pico do ano
2000.
O que se espera é que, com a introdução da TV Digital, se nada for feito, repitam-se os
déficits dos anos 95-97 dada a total dependência brasileira face ao fornecimento de
componentes eletrônicos do exterior.
Em 2003, um grupo de estudos com a participação do BNDES e do MDIC realizou um
estudo sobre esse segmento de mercado [Gutierrez e Leal, 2004]. Sua conclusão é a de que
“...o Brasil é uma das poucas grandes economias a não possuir uma planta de fabricação de
circuitos integrados. Essa ausência ... tende a perpetuar a característica de simples montador de
bens finais ..., o que tem impactos altamente negativos na balança comercial, na geração de
inovações na indústria como um todo, noadensamento da cadeia produtiva do complexo
eletrônico, na competitividade de diversos outros setores...” [Gutierrez e Leal, 2004: 19-20]. Mais
adiante, cita as dificuldades para a atração de fabricantes de chips para o Brasil, ressaltando a
necessidade de criação de um ecossistema no setor.
Ainda que o Brasil não conte com uma foundry a curto prazo, é possível ao Brasil
começar a ter um papel ativo nesse setor. O projeto do circuito integrado (system design)
representa parcela considerável de seu custo2, especialmente no caso de circuitos de alta
complexidade ou que empreguem algoritmos patenteados. Nesse caso, o projeto do SBTVD,
especialmente nas alternativas onde ocorre a adoção de soluções inovadoras, representa um
fator alavancador não apenas para a balança de pagamentos imediata, mas também para a
criação do ecossistema supracitado.
3.2 Indústria de bens culturais
Diversos autores têm prenunciado o III Milênio como a era da informação. A implicação
direta disso é que os produtos culturais, especialmente os programas multimídia interativos,
serão a mercadoria por excelência desse novo milênio. Ora, nesse terreno, o Brasil encontra-se
em posição bastante favorecida.
Temos um povo artisticamente muito criativo, com uma rica diversidade regional, uma
mescla de culturas autóctones e também provenientes de diversas partes do Globo. Some-se a
isso a experiência brasileira em produção de software, e tem-se os ingredientes básicos
necessários para a Nação destacar-se como um grande centro produtor do novo milênio.
Para que esse potencial seja concretizado, bastam poucas mas fundamentais
condições. Primeiro, é necessário que as ferramentas para a criação desses programas (as
chamadas ferramentas de autoria) sejam disponibilizadas a um custo zero ou bastante baixo
(por meio de mecanismos como o software livre e a cessão de direitos do Creative Commons).
Segundo, que os programas gerados tenham condições de ser escoados por meio de emissoras
de fácil acesso, tais como as emissoras comunitárias ou locais, de modo que essa criação faça
sentido e os autores se sintam desafiados e motivados. Fazendo uma analogia, é como o futebol
do Brasil, que é forte porque existem campinhos de livre acesso, onde as crianças praticam suas
peladas, e com isso possibilita o contínuo surgimento de novos talentos.
2 Estimativas indicam que o projeto custa cerca de 35% no caso de chips complexos.
Ver por exemplo Weste e Harris, 2005, em ww.caip.rutgers.edu/~bushnell/dsmdesign/dsmlecture9.ppt.
4. PROJETO SBTVD (Sistema Brasileiro de Televisão Digital)
Como exposto nos itens anteriores, um Sistema de TV digital pode ser tão simples (ou
parca de recursos) quanto uma mera digitalização da TV analógica, ou se constituir em uma
plataforma multimídia rica em recursos e funcionalidades, sendo uma estratégia de
desenvolvimento nacional.
É importante salientar que não existe como o Brasil adotar diretamente um sistema
existente ipsis litteris pois:
• padrão ATSC, desenvolvido nos EUA, apresentou desempenho altamente insatisfatório nos
testes de 99-2000. O Brasil teria que adotar uma versão melhorada do mesmo.
• padrão DVB, desenvolvido na Europa, foi implantado até hoje somente em países que adotam
canalização de 7 (Austrália) ou 8 MHz (Europa). Se o Brasil o adotasse, seria o primeiro e único
país do mundo a adotá-lo com 6 MHz.
• Embora o padrão ISDB, desenvolvido no Japão, utilize canalização de 6 MHz, pequenas
diferenças como a posição de canais, requerem adaptações para funcionar aqui. Além disso, o
327
middleware ARIB B-24 é totalmente voltado para caracteres orientais, e necessitaria de
adaptações.
Neste contexto, o Decreto Presidencial 4.901, de 26 de novembro de 2003, instituiu o
Projeto do Sistema Brasileiro de Televisão Digital.
Organicamente, o Projeto SBTVD é constituído pelo Comitê de Desenvolvimento,
composto por nove Ministros de Estado e a Secretaria de Comunicação de Governo e Gestão
Estratégica da Presidência da República; pelo Comitê Consultivo, composto por entidades
representantes da sociedade civil; e pelo Grupo Gestor, composto por representantes de seis
Ministérios, Instituto Nacional de Tecnologia da Informação – ITI, Secretaria de Comunicação de
Governo e Gestão Estratégica da Presidência da República e Anatel. Os trabalhos de pesquisa
são realizados por 22 consórcios compostos por universidades, instituições de pesquisa e
empresas, envolvendo quase mil pesquisadores distribuídos em 77 instituições, em onze
Estados mais o Distrito Federal, e com a coordenação técnica da Fundação CPqD e gestão
financeira da FINEP.
Para cumprir seus objetivos, o Sistema Brasileiro almeja se estabelecer como a porta de
entrada para o mundo da informação para uma parte significativa da população brasileira, ainda
sem acesso às facilidades da informática e da Internet, portanto servindo como agente de
inclusões digital e social. Neste sentido, será fundamental a garantia de interatividade entre
usuários e um sistema de sustentação de serviços e aplicações. Isto representará o
estabelecimento de um sistema no qual cada usuário, individualmente, poderá interagir,
encaminhando ou recebendo informações e solicitações às emissoras/programadoras.
Denomina-se Canal de Interatividade este sistema que será constituído através da conexão
entre as redes de televisão com as redes de telecomunicações. Nos países onde atualmente
existem sistemas de TV digital terrestre, a maioria das pessoas têm acesso a serviços Internet
de banda larga, de modo que os sistemas de TV simplesmente utilizam os meios de
comunicação de dados existentes para o Canal de Retorno.
A grande questão a ser respondida para o Canal de Interatividade, no contexto do
SBTVD, não é apenas tecnológica, mas custo e abrangência da solução. Muitas das tecnologias
existentes atenderiam perfeitamente as demandas, no entanto, para a efetivação das inclusões
digital e social no país, será necessário que o canal de interatividade esteja disponível a um
baixo custo para a maior parte da população, inclusive nas regiões onde não existem,
atualmente, nem os meios de comunicação mais básicos, como a telefonia fixa. Pode-se, de
forma bastante simples, afirmar que a solução de Canal de Interatividade não está
comprometida com a escolha de um padrão de transmissão da televisão digital propriamente
dito.
Comitê de Desenvolvimento
Grupo Gestor Comitê Consultivo
CPqD FINEP
Consórcios
universitários
Podemos, então, sintetizar como principais desafios do SBTVD:
I. Inclusão digital, atuando como um meio de acesso a serviços de educação, governo eletrônico
e correio eletrônico, entre outros.
II. Propiciar que o Brasil possa ser um grande produtor mundial de programas interativos
multimídia - unindo suas habilidades em áudio/vídeo e software, gerando divisas e propiciando
um novo e inexplorado mercado de trabalho. Mas para que isso seja efetivo, além de outras
condições, é necessário que tenhamos o domínio de toda a cadeia de software envolvida no
processo de produção e transmissão de programas na plataforma de TV Digital e, além disso,
que esses softwares possam ser disponibilizados a baixo custo para propiciar a eclosão desse
mercado. A título de exemplo de quão proibitivos são os softwares de produção para a realidade
brasileira, um software para MHP (para um usuário apenas) custa entre 7 e 20 mil dólares totalmente inviável para uma pequena produtora independente.
III. Produção de um terminal de acesso de baixo custo. Os sistemas existentes são
absolutamente inflexíveis nesse aspecto: ao se adotar um padrão que possibilite a alta definição
(HDTV) com o respectivo áudio panorâmico (surround), o terminal adquire custos astronômicos quatro vezes maior do que seria se fosse SDTV- qualidade equiparável ao padrão analógico,
sem chuviscos ou fantasmas . Como compatibilizar o desejo das grandes emissoras em adotar o
HDTV com a necessidade de baixo custo para a maioria da população - lembrando que de nada
adianta o terminal de acesso processar HDTV se ela vai ser conectada a uma TV analógica de
328
tela pequena (20 polegadas ou menos)? É necessário adotar outras soluções, como o MPEG-2
High Profile ou o MPEG-4 svc (scaleable video codec).
IV. Planejamento de canais de forma a permitir novos entrantes
Ressalta-se que todos os aspectos frisados são inovadores e se inclui no contexto da
convergência tecnológica, baseada, principalmente, na evolução e disseminação da tecnologia
digital, tanto no que concerne a redes, a serviços como, também, a terminais, forçando uma
convergência de mercados dos setores envolvidos, marcadamente no que diz respeito a
telecomunicações, radiodifusão e Internet.
No atual contexto, de quebra de paradigmas tecnológicos, o SBTVD se insere nesta
janela de oportunidade com o potencial de inserir o país como produtor de tecnologia para
suportar o conteúdo que já temos.
5. MARCO LEGAL
Assim, é que propomos este projeto de lei criando diretrizes para que a digitalização dos
meios de comunicação, como um todo, seja feita de forma a trazer benefícios para muito além
da mera melhoria da qualidade de som e imagem, entre eles, propiciar o aumento do número de
meios de comunicação através do uso mais eficiente do espectro eletromagnético.
Pois, ao contrário da introdução das cores na TV Preto-e-Branco, o sistema de TV
Digital, bem como o de Rádio Digital, não é compatível com os sistemas analógicos existentes.
Isso cria a necessidade dos sinais analógico e digital serem transmitidos simultaneamente,
durante um período de transição, até que todos os usuários tenham migrado para o uso de
receptores digitais. Estabelece-se, então, que durante esse período, denominado simulcasting,
as emissoras ocuparão uma banda adicional do espectro, devolvendo-o ao final. Estabelece-se,
também, que durante um período, não menor que o de transição analógico-digital, haverá a
obrigatoriedade de transmissão de imagem em definição padrão de forma que possa haver
conversores de baixo custo, contemplando interatividade.
Adicionalmente, a legislação é atualizada de forma a comportar as peculiaridades da
digitalização. Contamos com o apoio dos senhores parlamentares para aprovação deste projeto
de lei.
Sala das Sessões, janeiro de 2006
WALTER PINHEIRO
Deputado Federal
PT- BA
329
ANEXO H
0 país tem assistido a um amplo e democrático debate sobre o sistema dlgital a ser adotado pela televisão
brasileira lsto é saudável. Mas não se pode esquecer a questão
fundamental - o que está em jogo, objetivamente, é só uma definição: qual é o melhor modelo de televisão
para o Brasil. Nada pode justificar que o brasileiro seja privado de usufruir, gratuitamente, de uma televisão
com imagem e som de alta qualidade. que possa
ser assistida em movimento, em aparelhos portáteis e que ofereça opções de interatividade para o
telespectador obter informações, serviqos e diversões adicionais à programação
exibida, usando apenas o seu controle remoto.
É neste sentido que nós, representantes do setor de comunicação social, que temos responsabilidadss
perante a sociedade, disciplinadas pela Constituição Federal,
nos dedicamos, por vários anos, a estudar esta questão e. junto com diversas
universidades brasileiras. podemos afirmar que a modulação ISDB-T desenvolvida
no Japão, corn os aperfeiçoamentos criados pelos cientistas nacionais, é o único sistema que garantirá
gratuitamente, a todos os brasileiros, todos os benefícios da televisão digital.
Diante das manifestações de outros setores sobre essa escolha, nos sentimos no direito e no dever de
externar publicamente a nossa opinião.
Esta decisão é urgente. 0 tema vem sendo estudado pelo Governo, universidades,
a Sociedade de Engenharia de Televisão e Telecomunicações e radiodifusores, desde 1998. Não faltam
elementos para a tomada de decisão. A digitalização de outros setores como a telefonia móvel e a
televisão por assinatura, já foi implantada desde 1998.
Não faz sentido que a TV livre e gratuita fique condenada
ao atraso tecnológico e impedida de oferecer televisão de alta definição, de graça, ao povo brasileiro.
Hoje, isso só pode ser oferecido pelos demais setores àqueles que podem pagar.
Temos certeza que o Governo Bmasileiro tornarásua decisão com a urgência que assunto exige em
benefícoo da sociedade brasileira, que merece continuar a ter acesso,
livre e gratuito a uma das melhores televisões do mundo
Esta televisão que é e deve continuar a ser fator decisivo de promoção de desenvolvimento econômico, de
inclusão social e de fortalecimento da identidade e coesões nacionais.
Televisão Digital - 100% Brasil. 100% grátis.
330
ANEXO I
COALIZÃO DVB BRASIL
Demonstração DVB-T na USP, 08 de Março de 2006
Com o apoio da USP, CERTI, UNISINOS e UFPB
____________________________________________
Coalizão DVB demonstra o padrão global DVB-T
Através do evento de hoje, 08 de Março de 2006, nas dependências da USP, a
Coalizão DVB demonstra a sua alta flexibilidade de atendimento de todos os
parceiros envolvidos nesta importante decisão para o país.
Nesta demonstração, o sistema aberto e internacional DVB coloca vários sinais de
TV, ou programas, em um mesmo canal de 6 MHz (faixa de freqüência usada no
Brasil). Esta demonstração usa a mais moderna tecnologia de compressão, a
chamada MPEG4 ou H264 para alta-definição, já implementada na norma DVB e
lançada neste semestre para que a Copa do Mundo da Alemanha, que já terá a
transmissão oficial com esta novidade.
Neste contexto, a Coalizão DVB demonstra, de dois modos diferentes, que a
proposta trazida pelo padrão aberto DVB-T atende qualquer modelo de
implementação. Uma parte da demonstração apresenta uma grande flexibilidade
com vários programas em um mesmo canal: um deles em alta-definição (MPEG4),
um segundo em definição padrão (MPEG2), mais um outro sinal, com até 4
programas, para recepção em PDA’s ou qualquer outro dispositivo similar (laptops,
TV’s em automóveis, etc) e 2 programas para recepção em celular. Além disto, um
conteúdo de EPG (guia de programação eletrônico) é também transmitido junto
com o sinal de celular.
No segundo modo, dos diversos possíveis, um programa especial de alta-definição,
privilegiando esta qualidade com uma taxa de informação muito maior, foi
transmitida junto com um sinal para celular e outro para um PDA. Estes dois
ocupando um espaço bem menor dentro do mesmo canal. Este modelo de
transmissão tem sido apresentado com o ideal pelas as emissoras de TV
Brasileiras, e é plenamente atendido nesta configuração.
A transmissão foi feita no canal 24 de São Paulo, que vem sendo usado para testes
de TV Digital e foi cedido pela Universidade Mackenzie.
Os televisores usados na demonstração já são vendidos regularmente no Brasil. Os
telefones celulares são da tecnologia GSM e operam com o padrão DVB-T para
celulares (DVB-H) nas freqüências de 5, 6, 7 e 8 MHz, portanto podem funcionar
em qualquer lugar do mundo que adote o DVB. As placas de recepção já são
331
disponíveis para serem aplicadas em televisores ou em conversores (Set Top Box),
sendo uma das soluções adotadas para a próxima Copa do Mundo na Alemanha.
332
Suporte ao desenvolvimento da tecnologia nacional
Um grupo importante deu seu valioso suporte para a realização desta
demonstração, formado por centros de pesquisas e universidades brasileiras.
Aplicações de software desenvolvidas para o SBTVD (Sistema Brasileiro de TV
Digital) puderam ser implementadas na demonstração comprovando a
transparência do sistema e a oportunidade de exportação destes desenvolvimentos
locais. Uma aplicação desenvolvida por um centro de pesquisa nacional em um
projeto internacional tem também seu lugar na demonstração.
A integração e arquitetura do sistema assim como a transmissão de sinais
contaram com parceiros nacionais na área de pesquisa, participando da
demonstração. A demonstração tem a validação de todos estes parceiros.
É por meio de parceiras deste tipo com a indústria, da oferta de uma posição cativa
no board do Fórum DVB, e de parcerias de cooperação internacional apresentadas
pelos programas de desenvolvimento científico da Comunidade Européia que
soluções desenvolvidas no Brasil podem acessar mercados internacionais.
O DVB atende às demandas atuais de todos os setores da sociedade
Desenvolvido para ser flexível em atender qualquer demanda por digitalização, o
sistema DVB oferece uma ampla gama de configurações podendo atender os mais
diversos modelos de implementação. Nesta demonstração tanto a
multiprogramação com sinal de alta-definição, como a monoprogramação também
com alta-definição foram implementadas, contudo outros modelos podem ser
implementados. Todos eles podem ser realizados simultaneamente, isto quer dizer
que algumas emissoras poderão ter implementações diferentes ou mais adequadas
ao seu perfil, sem necessitar de produtos diferenciados para o consumidor. Isto leva
a larga escala mundial e conseqüente custo final dos produtos muito mais
acessíveis.
Preparado para o futuro: Unir ou Adotar?
Interoperabilidade e flexibilidade são palavras chaves para o futuro. Nesta
demonstração o DVB-T apresenta soluções de software que são plenamente
compatíveis com as tecnologias de TV a Cabo e Satélite digitais, já implementadas
no Brasil.
Sua flexibilidade oferece a oportunidade de se adequar, sem grandes
conseqüências, à constante evolução das tecnologias de convergência e dos
muitos inovadores produtos que são continuamente ofertados no mercado.
Com esta demonstração a Coalizão DVB deseja contribuir para as discussões
decisivas que hoje ocorrem no Brasil e espera que o país se una ao grupo de
desenvolvimento do DVB, ao invés de adotar outro sistema e engessar o futuro da
sociedade da informação.
http://dvbbrasil.sp.mk.com.br
333
_____________________________________________
Realização da Demonstração:
A Coalizão DVB Brasil é formada pelas empresas Philips, ST Microeletronics,
Siemens, Thomson, Rohde&Schwarz e Nokia
O apoio e comprovação da demonstração quanto à flexibilidade e capacidade do
padrão DVB-T foi prestado pelas seguintes instituições científicas
CERTI – Fundação Centros de Referência em Tecnologias Inovadoras
UFPB – Universidade Federal da Paraíba
UNISINOS - Universidade do Vale do Rio dos Sinos
USP – Universidade de São Paulo
______________________________________________
Contatos:
334
ANEXO J
Pela realização de um debate amplo e democrático sobre o modelo do
SBTVD
O governo federal anunciou que pretende definir, até o dia 10 de março, quais padrões técnicos
serão utilizados na TV digital brasileira. A decisão terá forte impacto na cultura, na política
industrial e na produção de ciência e tecnologia do país. Ao mesmo tempo, pode criar fatos
consumados que terminem impedindo a realização de uma das maiores potencialidades da
digitalização da TV aberta: a multiplicação do número de canais de televisão e a inclusão digital
da população.
Com a TV digital, será possível abrir a radiodifusão para novas operações como pequenas
emissoras comerciais de âmbito local, canais legislativos, comunitários, universitários, públicos e
até mesmo produzidos pelos próprios movimentos sociais.
Esta decisão terá enormes impactos sociais, culturais e econômicos na vida brasileira e, por isso
mesmo, necessita ser fruto de amplo debate. Assim, diante da importância desse evento,
solicitamos ao governo federal que não tome nenhuma decisão neste momento. Que não aja de
forma açodada e precipitada.
Pedimos que o Congresso Nacional seja escutado. Pedimos que seja aberto formalmente um
processo de consulta pública à sociedade civil. Que os diversos interesses envolvidos neste
tema possam se expressar publicamente por meios de audiências públicas realizadas nas
principais cidades brasileiras.
Pedimos que uma campanha nacional de esclarecimento público da população, através dos
meios de comunicação comerciais e estatais, seja lançada pelo governo federal. E que, somente
depois de garantido o devido debate democrático sobre tema tão relevante, uma decisão venha
ser tomada. Aí sim, plena de legitimidade. Esse é o anseio das entidades da sociedade civil que
assinam esta carta.
Brasília, 8 de março de 2006.
Assinam este documento:
Associações Nacionais, Movimentos Sociais e Redes
ABCCOM - Associação Brasileira de Canais Comunitários
ABONG -Associação Brasileira de ONGs
ABGLT - Associação Brasileira de Gays, Lésbicas e Transgêneros
ABRAÇO - Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária
AMARC Brasil - Associação Mundial de Rádios Comunitárias - Seção Brasileira
AMB - Articulação de Mulheres Brasileiras
ANPG - Associação Nacional de Pós-Graduandos
Campanha Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania
CBC - Congresso Brasileiro de Cinema
CIMI - Conselho Indigenista Missionário
CONFEA - Conselho Federeal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CUT - Central Única dos Trabalhadores
CRIS BRASIL - Articulação Nacional pelo Direito à Comunicação
FNDC - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
FENAJ - Federação Nacional dos Jornalistas
ENECOS - Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social
GTA - Grupo de Trabalho Amazônico
MHHOB - Movimento Hip Hop Organizado Brasileiro
MMM - Marcha Mundial das Mulheres
335
MNDH - Movimento Nacional de Direitos Humanos
MST - Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra
UCBC - União Cristã Brasileira de Comunicação Social
UNE - União Nacional dos Estudantes
Organizações integrantes da CRIS Brasil – Articulação Nacional pelo Direito à Comunicação
Centro de Cultura Luiz Freire/CCLF
Intervozes - Coletivo Brasil de Comunicação Social
IDEÁRIO Cultura e Comunicação
Clube do Futuro
Movimento Cearense pela Democratização da Comunicação / MCDC
Argonautas Ambientalistas da Amazônia
Instituto de Mídia Étnica
Sinos - Organização para o Desenvolvimento da Comunicação Social
Coletivo Digital
Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá / IDSM
WACC - World Association for Christian Communication
Centro de Imprensa Alternativa - CIA
Afirma - Comunicação & Pesquisa
Gestos - Soropositividade, Comunicação e Gênero
Criar Brasil
Informativo Eletrônico SETE PONTOS
Unión Latina de Economía Política de la Información, la Comunicación y la Cultura - ULEPICC
Rede de Economia Política das Tecnologias da Informação e da Comunicação - EPTIC
Rits - Rede de Informações para o Terceiro Setor
Centro da Juventude Cabense Metamorphose - CJCM
Grupo Origem
Centro de Referência Integral de Adolescentes - CRIA
Ação Educativa
ASCCA - Associação de Comunicação Publica, Radios Livres e Comunitárias do Municipio de
Cariacica
Comunicação e Cultura de Fortaleza
Sampa.org
Revista Viração
Organizações Integrantes do Congresso Brasileiro de Cinema
ABC - Associação Brasileira de Cinematografia
ABCA – Associação Brasileira de Cinema de Animação
ABCV/BA - Associação Baiana de Cinema e Vídeo
ABCV/DF - Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo
ABD Nacional - Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas
ABD&C/ES - Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas do Espírito Santo
ABD&C/PA - Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas do Pará
ABD&C/RJ - Associação Brasileira de Documentaristas e Curtametragistas do Rio de Janeiro
ABD/AL- Associação Brasileira de Documentaristas, sessão Alagoas
ABD/APECI - Associação Brasileira de Documentaristas – Seção Pernambuco/ Associação
Pernambucana de Cineastas
ABD/SC - Associação Cultural Cinemateca Catarinense/ABD de Santa Catarina
ABD/SE - Associação Brasileira de Documentaristas, seção Sergipe
ABD/SP - Associação Brasileira de Documentaristas - Seção São Paulo
ABEPC – Associação Brasileira de Empresas Produtoras de Cinema
ABPI-TV - Associação Brasileira de Produtores Independentes de Televisão
ABRACI - Associação Brasileira de Cineastas
ACC/RJ - Associação de Críticos de Cinema do Rio de Janeiro
ACCV - Associação Cearense de Cinema e Vídeo
AMAV-ABD/MT- Associação dos Profissionais do Cinema e de outras Tecnologias Audiovisuais
do Estado do Mato Grosso
AMC - Associação Mineira de Cineastas
336
APACI - Associação Paulista de Cineastas
APCNN – Associação dos Produtores e Cineastas do Norte e Nordeste
APRO - Associação das Produtoras de Obras Publicitárias
APROCINE – Associação dos Produtores e Realizadores de Longas Metragens de Brasília
APSC - Associação dos Profissionais de Som Cinematográfico
APTC-ABD/RS - Associação Profissional de Técnicos Cinematográficos do Rio Grande do Sul
ARTV- Associação Brasileira de Roteiristas de Televisão e Outros Veículos de Comunicação
AVEC/PR - Associação de Vídeo e Cinema do Estado do Paraná
Cinema Brasil
Cinemateca Brasileira
Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro
CPCB - Centro de Pesquisadores do Cinema Brasileiro
CRAV- Centro de Referência do Audiovisual
Curta Minas - Associação Curta Minas
FORCINE - Fórum Brasileiro de Ensino de Cinema e Audiovisual
Fórum dos Festivais - Fórum dos Organizadores de Eventos Audiovisuais Brasileiros
Fundação Joaquim Nabuco
FUNDACINE - Fundação de Cinema do Rio Grande do Sul
IECINE - Instituto Estadual de Cinema
Instituto de Arte e Cultura do Ceará Dragão do Mar
Movimento Cineclubista Brasileiro
Núcleo de Cinema de Ribeirão Preto
SANTACINE - Sindicato das Indústrias do Audiovisual de Santa Catarina
SATED/MG - Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversões do Estado de
Minas Gerais
SATED/RJ - Sindicato dos Artistas e Técnicos em Espetáculos de Diversão do Estado do Rio
de Janeiro
SIAPAR - Sindicato da Indústria Audiovisual do Paraná
SIAV- Sindicato da Indústria Audiovisual do Rio Grande do Sul
SICEPE - Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de Pernambuco
SICESP - Sindicato da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo
SINDCINE - Sindicato dos Trabalhadores da Indústria Cinematográfica do Estado de São Paulo
SOCINE - Sociedade Brasileira de Estudos de Cinema
STIC - Sindicato dos Trabalhadores na Indústria Cinematográfica e do Audiovisual
UNINFRA – União Nacional das Empresas de Infra-Estrutura Cinematográfica
337
ANEXO L
Porto Alegre, 07 de março de 2006.
Prezado Sr.:
O Centro de Excelência em Tecnologia Eletrônica Avançada - CEITEC, empresa
brasileira de microeletrônica, considerando a importância que a decisão sobre o Sistema
Brasileiro de TV Digital terá sobre todo o parque tecnológico do Complexo Eletrônico, vem a
público para apresentar sua contribuição ao debate.
O CEITEC é uma empresa de iniciativa pública, priorizada pelo Programa Nacional de
Microeletrônica, cujo objetivo é projetar prototipar e produzir chips no Brasil. Atualmente o
CEITEC possui um centro de design que desenvolve projetos comerciais de microprocessadores
constituindo-se em uma alternativa ao atendimento de demandas em design de circuitos
integrados para as empresas nacionais. Seu espaço fábril, em fase de construção, possui uma
sala limpa de 800m2, com capacidade para prototipagem e para produção de circuitos
integrados.
O Complexo Eletrônico é uma extensa cadeia de produção que envolve desde a
produção de insumos químicos para a produção de componentes (material de grau eletrônico)
até o produto final, seja ele destinado ao público consumidor doméstico ou para uso profissional.
Desnecessário dizer como a eletrônica está hoje disseminada nos mais variados produtos e
setores da atividade econômica.
Entretanto, a despeito da ubíqua presença da eletrônica em nosso dia-adia, o Brasil, que
ainda possui severas lacunas nessa cadeia produtiva, é um dos poucos países, entre as
maiores economias mundiais, a não possuir um complexo eletroeletrônico que contemple a
manufatura de circuitos integrados.
Seu déficit anual na balança de pagamentos do Complexo Eletrônico é de
aproximadamente US$ 7 bilhões. Desses, US$ 2,5 bilhões, referem-se exclusivamente a
circuitos integrados, que são a base da moderna indústria eletrônica. Além disso, o Brasil possui
uma das maiores e melhores reservas mundiais de quartzo, matéria-prima básica para a
produção do silício, mas a despeito disso importa a totalidade dos circuitos integrados utilizados
pela indústria nacional.
Tentativas foram feitas no passado para que o Brasil passasse a dominar a tecnologia
de produção de circuitos integrados. Entretanto, para quetal domínio vingue, não basta o
conhecimento tecnológico: faz-se necessário que os circuitos produzidos tenham uma aplicação
de mercado.
Nesse sentido, a introdução do Rádio e TV Digitais apresenta-se como uma
oportunidade ímpar para completar e adensar a cadeia produtiva do complexo eletrônico. A TV
Digital, com o seu potencial de mercado de 50 milhões de domicílios apenas no Brasil, poderá
representar a possibilidade do Brasil abrir as portas para essa oportunidade.
Apenas a título de esclarecimento final, a microeletrônica é peça-chave para consolidar
a cadeia de valor do complexo eletrônico, alavancando outras áreas desse complexo além da
eletrônica de consumo, que atualmente, com poucas exceções, limita-se à montagem pura e
simples a partir de um conjunto de componentes importados (kits), o que agrega pouco valor.
Dessa forma, o CEITEC vem a público esclarecer que possui competência para a
realização de chips necessários ao sistema brasileiro de TV Digital.
Sérgio Souza Dias
Diretor-presidente do CEITEC
Av. Bento Gonçalves, 9500, Bl.4, Prédio 43413 (67) Caixa Postal 15034 Cep 91501-970 Porto Alegre – RS l Fone/Fax:
51 3316.9442 [email protected] www.ceitec.org.br
338
ANEXO N
A TV DIGITAL NO BRASIL: BASE DE INFORMAÇÕES PARA ESCOLHA DO PADRÃO
I – CONTRAPARTIDAS OFERECIDAS AO BRASIL PELOS DIFERENTES PADRÕES DE TV DIGITAL
CONTRAPARTIDAS OFERECIDAS
1)
Representação no
Conselho
Diretor
do
padrão
2)
Acesso
para
produtos de TV digital
produzidos no Brasil
3)
Royalties
4)
Fortalecimento de
pesquisa
&
desenvolvimento
no
Brasil
5)
Investimento
em
infra-estrutura para TV
digital
6)
Investimentos
industriais (2007-2017)
PADRÃO GLOBAL (DVB-T)
PADRÃO JAPONÊS (ISDB-T)
PADRÃO NORTE-AMERICANO (ATSC)
Oferta ao Brasil de assento no Comité Diretor do Fórum Mundial DVB Oferta ao Brasil de assento no Comité Diretor do padrão. Oferta ao Brasil de assento no Comité Diretor do padrão.
(oferta inédita, nunca antes feita a um país).
No entanto, influência no desenvolvimento da tecnologia No entanto, influência no desenvolvimento da tecnologia
Essa participação não estaria limitada a TV digital terrestre, indo de TV digital limitada devido a (ver ponto II.2):
de TV digital limitada devido a (ver ponto II.2):
bastante além, dado que o Fórum DVB desenvolve as tecnologias
•
Padrão circunscrito a um único país e
•
Padrão controlado essencialmente por um
globais de TV digital, não apenas para terrestre, mas também para
controlado essencialmente por esse país;
único país;
satélite, cabo, mobilidade e interatividade (ver ponto II.2).
•
Padrão limitado a TV digital terrestre.
•
Padrão limitado a TV digital terrestre.
A UE ofereceu taxa zero de importação para TVs e conversores
Desconhecido.
Desconhecido.
fabricados nos países do MERCOSUL no âmbito do acordo de livre
comércio, em fase de negociação.
Oferta de 100% de reinvestimento de royalties do padrão DVB-T em
Oferta de isenção de royalties.
Oferta de reinvestimento parcial de royalties em P&D
P&D no Brasil.
Estrutura de royalties não-transparente, possibilitando
no Brasil.
Estrutura de royalties completamente transparente (ver ponto II.6).
que o royalty seja “embutido” em algum componente do
Estrutura de royalties não-transparente, possibilitando
sistema, ficando o comprador sem saber pelo que
que o royalty seja “embutido” em algum componente do
efetivamente paga (ver ponto II.6).
sistema, ficando o comprador sem saber pelo que
efetivamente paga (ver ponto II.6).
Compromisso das empresas da coalizão DVB no financiamento da
Desconhecido.
Desconhecido.
participação de instituições brasileiras em projetos conjuntos de
pesquisa para TV digital.
Além disso tem-se o seguinte:
•
Ação especifica de cooperação entre o Brasil e a União
Européia (UE) em TV digital para inclusão social;
•
Cooperação adicional no período 2007 – 2013 no futuro
programa-quadro de pesquisa da UE (com orçamento total estimado
em €9 Bilhões).
Abertura de linha de crédito do Banco Europeu de Investimentos para
Oferta aberta de financiamento.
Oferta de financiamento de US $ 150 Milhões.
organizações brasileiras com taxas de juros competitivas de até € 400
Milhões.
Financiamento adicional de agências de crédito nacionais dos Estadosmembros, aumentando o crédito disponível.
Compromisso de investimentos no Brasil das empresas da coalizão
DVB gerando:
• Produção adicional de 79 milhões de conversores e terminais
móveis
• Produção adicional de 40 milhões de TVs digitais (mantendo
produção de TVs analógicas)
• 9.000 empregos diretos adicionais
• 23.000 empregos indiretos adicionais
Desconhecidos.
Desconhecidos.
339
II – IMPACTO PARA O BRASIL DA ADOÇÃO DE CADA PADRÃO DE TV DIGITAL
IMPACTO NO BRASIL
1)
Integração do
Brasil
nas
tecnologias globais
de TV digital
2)
Participação
do
Brasil
no
desenvolvimento
a
longo
prazo
das
tecnologias globais
3)
Custos para os
consumidores
PADRÃO GLOBAL (DVB-T)
O Brasil ficaria integrado nas tecnologias globais de TV digital devido a:
•
Padrão já adotado em 57 países na Europa, Ásia, Oceânia e
África, incluindo em países cuja TV analógica opera em 6 MHz, como
Taiwan;
•
Padrão que integra uma família de padrões abertos e
interoperáveis, que dominam a TV digital ao nível mundial,
conjuntamente com o DVB-S para TV digital por satélite e DVB-C para
TV digital por cabo, já adotados no Brasil (ver mapas de adopção
mundial em anexo);
•
A adopção deste padrão pelo Brasil conduziria com grande
probabilidade também à sua adopção pelos outros países da região.
O Brasil teria participação significativa no desenvolvimento a longo prazo
da tecnologia, devido a:
•
Oferta ao Brasil de uma vaga no Conselho Diretor do Fórum
Mundial DVB (oferta inédita, nunca antes feita a um país);
•
Convite feito ao Brasil pelo Fórum DVB para trabalhar na
evolução das tecnologias globais DVB e considerar a integração dos
desenvolvimentos do SBDTV nessas tecnologias;
•
Padrão não controlado por nenhum país ou região, sendo
desenvolvido pelo Fórum DVB, composto por cerca de 270
organizações de todo o mundo, incluindo os principais atores do
mercado (inclusivé as principais companhias japonesas americanas
nesta área);
•
Essa participação iria muito além da TV digital terrestre, dado
que o Fórum DVB desenvolve as tecnologias globais de TV digital, não
apenas para terrestre, mas também para satélite, cabo, mobilidade,
interatividade, digital rights management (DRM), etc.
Preço mais baixo dos 3 padrões, devido economia de escala e solução
adotada mundialmente, também para TV digital por cabo e satélite.
Antes de mais nada é necessário deixar claro que é o usuário que pagará
pela implantação da TV digital no Brasil, numa proporção 10 vezes
superior à dos investimentos pelas emissoras. Sem adesão da grande
massa de usuários brasileiros não haverá TV Digital no país. Assim
sendo, para viabilizar a TV digital no Brasil, só há uma receita: preços
baixos.
A maior parte dos custos dos produtos eletrônicos da TV Digital advém da
microeletrônica que os compõe. Os custos da microeletrônica, por sua
vez, dependem de dois grandes fatores: do grau de integração das
diversas partes microeletrônicas que compõe o produto final e das
economias de escala globais para estas partes altamente integradas. Só o
DVB possui condições de mercado para uma crescente integração dos
componentes microeletrônicos e da respectiva produção em volumes
mundiais. Outrossim, por se tratar de padrão aberto, mais um elemento
acaba contribuindo para a redução de custos: a competição da indústria
na fabricação dos componentes microelerônicos altamente integrados
PADRÃO JAPONÊS (ISDB-T)
O Brasil ficaria isolado do resto do mundo, ao adotar um
padrão proprietário, existente apenas no Japão.
Nenhum outro país da América Latina deverá adoptar este
padrão (até o Governo Argentino já o descartou).
PADRÃO NORTE-AMERICANO (ATSC)
O Brasil não se integraria nas tecnologias globais
de TV digital, ao adotar um padrão proprietário,
existente apenas nos EUA, Canadá, México e
Coréia do Sul.
As decisões dos dois últimos países foram
essencialmente políticas. Na Coréia do Sul a
indústria tentou forçar o Governo a mudar a
decisão do ATSC para o DVB-T, como tinha
sucedido em Taiwan.
Participação reduzida devido a:
•
Padrão circunscrito a um único país e controlado
essencialmente por esse país;
•
Padrão desenvolvido apenas por algumas
empresas japonesas:
•
Participação limitada à TV digital terrestre (o Brasil
já adoptou DVB para cabo e satélite);
•
Todas as outras tecnologias globais de TV digital
são desenvolvidas pelo Fórum DVB.
Participação reduzida devido a:
•
Padrão controlado essencialmente
por um único país;
•
Participação limitada à TV digital
terrestre (o Brasil já adoptou DVB para cabo e
satélite);
•
Todas as outras tecnologias globais
de TV digital são desenvolvidas pelo Fórum
DVB.
..
Preço mais elevado dos 3 padrões, sem economia de escala.
Com a microeletrônica sendo cada vez mais integrada, porém,
sem a produção em volumes que possam assegurar
economias de escala mundiais, os produtos ISDB-T resultam
invariavelmente em preços bastante mais altos. A isso se soma
o fato do padrão não ser aberto, ou seja, os produtos de
microeletrônica não são fabricados num regime de competição
tão amplo como o do DVB.
Exatamente a mesma situação ocorreu com os padrões
proprietários que tentam competir com o padrão aberto GSM
para as comunicações celulares.
Mesmo que um conjunto de países latino-americanos viesse a
se comprometer com este padrão, as economias de escala
alcançáveis não mudariam em muito o panorama de preços.
Ocorre aproximadamente o mesmo que no caso
do padrão ISDB-T, com a diferença de que as
economias de escala serem maiores, resultando
em preços um pouco mais baixos que os do
padrão Japonês mas invariavelmente mais altos
que os do padrão DVB-T.
340
4)
Inclusão social
5)
Performance
técnica e evolução
6)
Flexibilidade
para
modelos
de
negócio
7)
Potencial
de
exportação (hardware
e software)
8)
Royalties
assim como a competição na produção de ampla gama de produtos
acabados.
Do ponto de vista prático, um retrato claro dos preços mais baixos do
DVB-T é a disponibilidade de set-top boxes a custo inferior a €50., neste
momento.
Promove a inclusão social através do uso da TV como meio de inclusão
digital, notadamente para aqueles cidadãos que não dispõem de
computadores pessoais, dado conduzir a soluções de menor custo.
Como parte integrante desse padrão, as soluções brasileiras poderiam
fazer parte do rol de produtos DVB econômicos a serem exportados para
países com necessidades similares de inclusão social, como Rússia,
Índia, África, leste europeu, etc.
Adicionalmente, o DVB já incorpora ferramentas para desenvolvimento
independente de aplicativos de inclusão social.
Padrão com elevada performance técnica e robustez, já demonstradas
nos inúmeros países em que este padrão está sendo implementado,
respondendo a diferentes cenários e modelos de negócio, incluindo para
HDTV e recepção móvel veicular e portátil. Este padrão está em constante
evolução, dada a dinâmica gerada pela sua ampla adoção no mundo.
Essa dinâmica permitiu a incorporação de sistemas de compressão mais
sofisticados e de mobilidade com o mínimo de consumo de bateria, que o
tornam no padrão mais moderno tecnicamente.
Vale ressaltar que a performance levemente inferior do DVB-T obtido em
testes realizados no Brasil, em 2000, se deveu ao fato do uso de
sofisticados equipamentos ISDB-T de laboratório (não existiam produtos
comerciais naquela época). O DVB-T, por sua vez, entrou nos testes
comparativos com produtos de prateleira.
Padrão com elevada flexibilidade, permitindo qualquer modelo de negócio
que venha a ser adotado no Brasil (SDTV, HDTV e/ou móvel, todos no
mesmo canal de TV). Difere dos outros padrões por ser o único sistema
que pode adequar-se aos diversos modelos de negócio que ainda estão
em experimentação no mundo. Sua constante evolução permite se
adaptar às necessidades do consumidor, satisfazendo assim todos os
segmentos do mercado e beneficiando todas as classes sociais. Sua
integração no celular (TV aberta no handset por exemplo) já está sendo
esboçada e deverá existir na combinação GSM/DVB-H, a única com
economias de escala suficientemente amplas para justificar a produção de
chipsets integrados a baixo custo.
Alto potencial de exportação para as empresas brasileiras devido a:
• Mercado de conversores (set top boxes) em crescimento nos vários
países que estão adotando DVB-T em todo o mundo (57 países até
agora), bem como nos outros países da América Latina que também
adotariam este padrão;
• Fácil adaptação para todas as bandas de frequência usadas noutros
países durante produção;
• A UE ofereceu taxa zero de importação para TVs e conversores
fabricados nos países do MERCOSUL no âmbito do acordo de livre
comércio, em fase de negociação;
• Compatibilidade assegurada para as soluções de software
desenvolvidas no Brasil com o resto do mundo.
Padrão aberto, beneficiando de política de royalties transparente
implementada pelo Fórum DVB.
Padrão com menor potencial de inclusão social, devido aos
elevados custos dos produtos associados a esse padrão.
Outrossim, o padrão ISDB-T não foi desenvolvido com o
objetivo de permitir interatividade, dado que esta é obtida no
Japão através de tecnologias alternativas, o que o
descredencia para aplicações de inclusão social.
Potencial de inclusão social reduzido, devido aos
altos custos dos produtos associados a esse
padrão.
Outrossim, o padrão ATSC não foi desenvolvido
com o objetivo de permitir interatividade, dado
que esta é obtida nos EUA através de
tecnologias alternativas, o que o descredencia
para aplicações de inclusão social.
A performance técnica deste padrão ainda não foi comprovada
através da exploração comercial em vários cenários diferentes,
dado que ainda só foi implementado no ano passado em duas
cidades daquele país, Tóquio e Osaka. Padrão com menor
dinâmica de evolução, dada sua reduzida escala e reduzido
número de organizações que participam no seu
desenvolvimento.
Performance técnica inferior, dado o sistema de
modulação utilizado (diferente do COFDM usado
nos outros padrões), que tem gerado graves
dificuldades de implementação nos EUA.
Implementado nos EUA desde 1998, evolui
lentamente dados os altos custos que impõe à
população.
A evolução deste padrão está comprometida
pelas suas sérias limitações técnicas.
Padrão com menor flexibilidade, dado que apenas permite um
número limitado de combinações de “payload” e tem menor
capacidade de evolução.
Apesar deste padrão permitir a recepção móvel, sua
implementação seria demasiado custosa, pelo que nem
mesmo no Japão deverá ser implementada.
Sua integração no celular (TV aberta no handset por exemplo)
é altamente incerta. A combinação GSM/ISDB-T não deverá
existir, dado que no Japão não há GSM.
Padrão com menor flexibilidade, cujo modelo de
negócio se limita à HDTV, não permitindo a
recepção móvel, seja veicular ou portátil.
Sem potencial de exportação devido a:
• Padrão adotado num único país;
• Inexistência de conversores no mercado japonês.
• Mercado de TV digital no Japão totalmente orientado
para TVs de plasma e LCD, cujos painéis não são
produzidos no Brasil.
Potencial de exportação limitado devido a:
• Mercado reduzido (e em declínio) de
conversores nos EUA;
• Mercado de TV digital nos EUA totalmente
orientado para TVs de plasma e LCD, cujos
painéis não são produzidos no Brasil.
A política de royalties para este padrão é pouco transparente,
por não ser um padrão aberto.
A política de royalties para este padrão é pouco
transparente, por não ser um padrão aberto.
341
9)
Custos para as
emissoras de TV
10)
Compatibilidad
e com redes de TV
por cabo e satélite
A maioria dos royalties é comum aos três sistemas internacionais de TV
digital (como MPEG-4), especialmente no caso do DVB-T e ISDB-T, dado
que o ISDB-T é basicamente um derivado do DVB-T. A principal diferença
consiste no royalty vinculado ao componente de transmissão, que no caso
do DVB-T é especialmente baixo, oscilando entre €0,5 e €0,75 por
terminal para as patentes indispensáveis (dependendo da modulação
utilizada).
O fator mais importante que ditará a diferença no custo dos terminais de
TV digital para os consumidores entre as normas DVB-T e ISDB-T não
reside nos “royalties”, mas sim nas maiores economias de escala e nível
de concorrência para a indústria obtidas no caso do DVB-T, que
conduzem a reduções de custo mais significativas, da mesma forma que
ocorreu com o GSM.
Conduz aos menores custos para os equipamentos de infra-estrutura para
as emissoras de TV, seja pelas economias de escala mundiais, seja pelo
maior número de fabricantes participando do processo competitivo.
Compatível, dada a interoperabilidade deste padrão com os padrões DVBC para a TV por cabo e DVB-S para TV por satélite. Desta maneira é
possível desenvolver receptores econômicos e integrados, incluindo todas
essas três modalidades de recepção. Além de já existirem os respectivos
produtos comerciais, é importante frisar que 100% da TV digital aberta por
satélite no Brasil é DVB-S, grande número de estações de rádio FM
transmitem nesse mesmo padrão e todas as operadoras de TV a cabo
brasileiras já se decidiram pelo uso do DVB-C.
Muito provavelmente, o royalty zero significa que o mesmo
será “embutido” em algum componente do sistema, ficando o
comprador sem saber pelo que efetivamente paga. Desta
forma, os royalties para este padrão poderão ser transferidos
para os chipsets (cuja fonte de fornecimento é de controle pelo
Japão).
As patentes essenciais deste padrão estão
concentradas em poucas empresas norteamericanas, sendo da ordem de US$ 8.5 por
terminal.
Conduz aos maiores custos para os equipamentos de infraestrutura das emissoras de TV, uma vez que não se vê a
possibilidade de adesão de um número maior de fabricantes ao
processo competitivo no Japão, o que é agravado pelas baixas
economias de escala.
Compatibilidade não existente.
Os equipamentos de infra-estrutura para as
emissoras de TV seriam mais caros, dado que se
beneficiariam
de
economias
de
escala
sensivelmente menores que as do DVB-T.
Compatibilidade não existente.
342
ANEXO O
COALIZÃO DVB BRASIL
Estatística de Adoção de Padrões de TV Digital
DVB-T
80
+ recomendação
da indústria
N° de Países
70
60
+ pilotos
50
adotado
40
30
20
ATSC
10
ISDB-T
0
1998
1999
2000
2001
2002
2003
2004
2005
Status: Janeiro 2006
Fontes: DVB Fórum, FCC, ATSC Forum
Estatística Mundial de Adoção de Padrões de TV Digital (Jan. 2006)
DVB-T
1
2
3
Albania
Andorra
Austrália
ATSC
OP
OP
OP
EUA
Canadá
Coréia do Sul
ISDB-T
OP
OP
OP
Japão
OP
343
4
5
6
7
8
9
10
11
12
13
14
15
16
17
18
19
20
21
22
23
24
25
26
27
28
29
30
31
32
33
34
35
36
37
38
39
40
41
42
43
44
45
Bélgica
Croácia
República Tcheca
Ilhas Faroe
Finlândia
França
Alemanha
Itália
Lituânia
Malta
Mauritius
Namíbia
Holanda
Singapura
Espanha
Suécia
Suíça
Inglaterra
Áustria
Dinamarca
Noruega
Bósnia Herzegovina
Brunei
Bulgaria
Burma (Myanmar)
Chipre
Grécia
Hungria
Islândia
Índia
Iran
Irlanda
Latvia
Luxemburgo
Macedônia
Malásia
Nova Zelândia
Polônia
Portugal
Romênia
Russia
Sérvia e Montenegro
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
OP
PCom
PCom
PCom
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
AD
México
AD
344
46
47
48
49
50
51
52
53
54
55
56
57
58
59
60
61
62
63
64
65
66
67
68
69
70
71
72
73
74
Eslováquia
Eslovênia
Sri Lanka
Turquia
Vietnam
Azerbaijão
Belarus
China
Estônia
Israel
Moldova
Africa do Sul
Thailandia
Algeria
Egito
Jordânia
Quênia
Kuwait
Líbano
Marrocos
Oman
Qatar
Arábia Saudita
Somália
Sudão
Síria
Tunísia
Emirados Árabes
Yemen
Legenda:
OP
PCom
AD
PIL
Recom
Em Operação Comercial
Em Operação Pré-Comercial
Padrão oficialmente adotado
Projeto Piloto DVB-T em Andamento
Recomendação geral pela Indústria
Status: Janeiro de 2006
AD
AD
AD
AD
AD
PIL
PIL
PIL
PIL
PIL
PIL
PIL
PIL
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
Recom
345
ANEXO P
BRASILEIROS, ATENÇÃO
O cordel da TV digital
Por Luciana Rabelo em 26/2/2006
Brasileiros atenção
pro que está acontecendo!
O País está vivendo
momento de decisão.
A nossa televisão
tá prestes a ser mudada,
e pode ser melhorada
se o povo se unir
e agindo exigir
TV democratizada.
Eu vou tentar explicar!
O Brasil tem que escolher
qual modelo de TV
deverá ele implantar
para digitalizar
a forma de transmissão
em nossa televisão.
Se escolhermos direito
será o passo perfeito
pra democratização.
É importante saber
que é pública a concessão
de rádio e televisão.
E se é assim por que
só tá na mão de um poder
e não nos braços do povo?
Mas pra nós sobra o estorvo
de não poder se escutar,
de não poder se mostrar
porque eles cortam o novo.
Com a TV digital,
em um mesmo equipamento,
haverá recebimento
de um tal multicanal,
pois em um mesmo sinal
caberá quatro canais
que abertos e plurais
serão meios de expressão,
meios de transformação,
das misérias sociais.
Quem internet não tem,
nem sabe o que é e-mail,
desfrutará desse meio
e outras coisas também,
pois a tal TV contém
tudo isso reunido,
bastando ser escolhido
346
o modelo ideal
pra inclusão social
do nosso povo oprimido.
É a chance da maioria
poder usar sua voz.
É o momento de nós
na mídia fazer poesia,
resgatar cidadania,
ecoar nossos anseios
gritar nossos aperreios
pro mundo todo escutar
e podermos transmutar
esses gritos em gorjeios.
Produção independente
ganhará devido espaço
e dará o grande passo
de enfim plantar semente
de uma programação decente,
bem mais regionalizada,
bem mais diversificada,
difusora de culturas,
livre de qualquer censura
a nada mais amarrada.
Mas essa realidade
tão sonhada por a gente
depende do presidente
reagir com mais verdade.
E nós, a sociedade,
entrar nessa discussão.
Que é nossa a televisão!
O ar, as ondas, a terra!
E só o que nos emperra
é tanta concentração.
O Governo Federal,
muito mal representado,
tem Ministro de Estado
teu empresário boçal.
E a TV digital
importante instrumento
para o desenvolvimento
corre o risco de ficar
como sempre teve e tá
nas mãos de um poder nojento.
O tal ministro citado,
que se chama Hélio Costa,
de fato somente aposta
no monopólio privado,
neste empresariado
que recebeu concessão
de rádio e televisão
e quer se perpetuar
347
o único a mandar
na nossa programação.
Três modelos são usados
em países estrangeiros.
Falta agora o brasileiro
que já vem sendo estudado,
mas não é incentivado
pelo ministro Hélio Costa
que com uma conversa bosta
"só que saber da imagem"
e do que traz de vantagem
o comércio de resposta.
Hélio já quer escolher
o modelo do Japão.
E nós, a população,
queremos compreender
por que não desenvolver
um modelo brasileiro
e trocar com o estrangeiro
a nossa experiência?
É preciso paciência
não pode ser tão ligeiro.
Nossa tecnologia
poderá desenvolver
um modelo de TV
que nos dê soberania,
impulsione a economia
pra benefício geral
e a política industrial
tomará um novo impulso,
mas é preciso ter pulso
pro sonho virar real
E a nossa rádio querida
um meio tão genial?
Também vai ser digital,
mas já tá sendo ferida
por decisão desmedida
que em teste colocou
um modelo de cocô
lá dos Estados Unidos
que precisa ser banido
extirpado com ardor.
O tal modelo testado
pelas grandes emissoras
parece uma vassoura
varrendo o nosso prado
querendo-nos afastados
do espectro radiofônico,
do nosso poder biônico,
de transportar nosso tom
aos ares e a Poseidon,
348
num ato lírico sônico.
Nossa comunicação
tá é toda atrapalhada
as leis já não valem nada,
é grande a concentração.
Os meios de produção,
são os mesmos que transmitem,
só o que os donos permitem
já que muito é censurado
e a gente fica obrigado
A receber o que emitem
Eles querem capital,
nada mais lhes interessa,
e vêm com uma conversa
de que querem o bem geral.
Mas só o comercial
de fato os movimenta,
e a gente não mais agüenta
tão grande desigualdade,
tão louca sociedade,
que tanto nos atormenta.
A discussão é política,
técnica e social
e nos é fundamental
uma visão mais holística,
pois não é só estatística
é cultura, educação
e nossa legislação
tem que ser remodelada
pra ficar mais adequada
à nova situação.
É hora de acordar
pois a comunicação
é troca, é interação.
Não dá mais para ficar
da forma como está
nas mãos de uma minoria
que defende a hegemonia
de cruéis monstros Globais
que se mantêm voraz
roubando nossa fatia.
Gente, comunicação
é um direito humano!
Não é somente um cano
de passar informação.
É forma de comunhão,
forma de sobrevivência,
de expressar nossa essência,
de viver com liberdade,
com mais naturalidade
e também mais consciência.
349
ANEXO Q
Frente Nacional por um Sistema Democrático
de Rádio e TV Digital
Brasília, 04 de abril de 2006
Nas decisões acerca da implantação do Rádio e da TV Digital no País reside boa
parte do futuro da produção cultural brasileira. Neste processo, achamos possível e
fundamental garantir avanços para um novo modelo de comunicação para o Brasil.
Queremos democratizar as mídias, com a inclusão de mais atores na produção de
conteúdo em rádio e TV; queremos um marco regulatório que prepare o Brasil para
os desafios da convergência tecnológica; queremos que milhões de pessoas
participem do maior programa de apropriação social das tecnologias de informação e
comunicação da história do país; queremos fomentar uma cultura de participação e
controle público da mídia; queremos impulsionar uma indústria audiovisual forte e
plural; queremos ter na mídia a representação da diversidade cultural e regional
brasileira; e queremos desenvolver a indústria nacional e, juntamente com o
incremento da produção de conteúdo, gerar empregos e ajudar o país a superar o
desafio da inclusão social.
Em resumo, queremos utilizar o Rádio e TV Digital para impulsionar um projeto
soberano e democrático de país garantindo direitos fundamentais consagrados pela
Constituição Federal. As decisões em curso podem ajudar o País a se desenvolver
sob a égide do interesse público e promover a democratização das comunicações
brasileiras. Mas também podem aprofundar os erros históricos cometidos na
formação dos sistemas e mercados de radiodifusão no Brasil, com o acirramento de
nossa dependência econômica em relaçãoaos países mais ricos e produtores de
tecnologia e conteúdo, além da continuidade do processo de concentração da mídia,
com a falência do modelo de financiamento do setor e com a ausência de
mecanismos deescoamento das produções audiovisuais independentes, locais e
regionais. Ou seja, com a continuidade da prevalência dos interesses
patrimonialistas e cartorialistas que sempre permearam as relações do Estado
brasileiro com os grupos comerciais em detrimento dos interesses da população.
Com definições tão importantes a serem tomadas no próximo período, que incidirão
profundamente na vida dos 180 milhões de brasileiros e brasileiras, nós representantes de movimentos sociais e populares, organizações nãogovernamentais, sindicatos e associações de classe, conscientes da necessidade de
somar esforços para participar politicamente do processo de tomada de decisão por
parte do governo federal, constituímos na partir da presente data a Frente Nacional
por um Sistema Democrático de Rádio e TV Digital.
A partir de hoje, atuaremos em conjunto para: tornar o debate sobre a digitalização
da radiodifusão brasileira realmente público, democrático,amplo e transparente;
formular propostas acerca do modelo de implantação e exploração dos serviços e
das opções tecnológicas e econômicas mais adequadas para o Brasil; defender a
necessidade de que o Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD) respeite os
objetivos dispostos no Decreto 4.901 de 2003, que o criou, tais como a
democratização da informação e o aperfeiçoamento do uso do espectro de
radiofreqüências, a inclusão social, o desenvolvimento da indústria nacional e a
garantia de um processo de transição que não onere os cidadãos;defender um
genuíno SBTVD a partir das inovações produzidas pelos pesquisadores brasileiros
com a utilização de recursos públicos; reivindicar a implementação de uma política
pública que vise o desenvolvimento de um Sistema Brasileiro de Rádio Digital
(SBRD) com os mesmos princípios do SBTVD; e defender que as decisões tomadas
abranjam também a definição de um marco regulatório que incorpore a
convergência tecnológica e regulamente os artigos constitucionais que envolvem a
área das comunicações, bem como a legislação infraconstitucional.
Acreditamos que uma definição criteriosa, que conte com a participação dos diversos
setores envolvidos no processo fará com que o Brasil tenha reais condições de
desenvolver um sistema de comunicações que seja plural, diverso e
350
verdadeiramente democrático. Uma decisão apressada e pouco transparente só
beneficiará os grupos privados criando uma situação "de fato" que poderá inviabilizar
a inclusão de milhões de cidadãos e cidadãs hoje excluídos do processo de produção
e distribuição de informação e de conteúdos audiovisuais.
Integram a frente as seguintes organizações:
Abong - Associação Brasileira de ONGs
Abraço - Associação Brasileira de Radiodifusão Comunitária
ABCCOM - Associação Brasileira de Canais Comunitários
ABCTEL - Associação Brasileira dos Consumidores de Telecomunicações
ABTU - Associação Brasileira de Televisão Universitária
Amarc - Associação Mundial de Rádios Comunitárias
AMP - Articulação Musical de Pernambuco
Aneate - Associação Nacional de Técnicos em Artes e Espetáculos
Associação Software Livre.org
Campanha "Quem Financia a Baixaria é Contra a Cidadania"
CBC - Congresso Brasileiro de Cinema
CCLF - Centro de Cultura Luiz Freire
Central de Movimentos Populares do Rio Grande do Sul
Comunicativistas
CFP - Conselho Federal de Psicologia
Confea - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
CRIS Brasil - Articulação Nacional pelo Direito à Comunicação
CUT - Central Única dos Trabalhadores
Enecos - Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social
Farc - Federação das Associações de Radiodifusão Comunitária do Rio de
Janeiro
Fenaj - Federação Nacional dos Jornalistas
Fittert - Federação Interestadual dos Trabalhadores em Radiodifusão e
Televisão
Fittel - Federação Interestadual dos Trabalhadores em
Telecomunicações
FNDC - Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação
FNPJ - Fórum Nacional dos Professores de Jornalismo
Fopecom - Fórum Pernambucano de Comunicação
Inesc - Instituto de Estudos Sócio-Econômicos
Intervozes - Coletivo Brasil e Comunicação Social
Instituto de Mídia Étnica
MNDH - Movimento Nacional de Direitos Humanos
Sindicato dos Jornalistas do DF
Sindicato dos Jornalistas de PE
Sindicato dos Jornalistas do RS
Sindicato dos Radialistas do DF
Sinos
SintPq - Sindicato dos Trabalhadores em Pesquisa, Ciência e Tecnologia
de São Paulo
STIC - Sindicato Interestadual dos Trabalhadores na Indústria
Cinematográfica e Audiovisual
TV Comunitária de Brasília
Ventilador Cultural
351
ANEXO R
Ministério das Relações Exteriores
Assessoria de Imprensa do Gabinete
Palácio Itamaraty
Térreo
Brasília - DF
CEP: 70170-900
Telefones: 0(xx) 61-3411-6160/2/3
Fax: 0(xx) 61-3321-2429
E-mail: [email protected]
Nota nº 241 - 13/04/2006
Distribuição 22 e 23
Memorando entre os Governos do Brasil e do Japão sobre a implementação do
sistema brasileiro de TV digital e a cooperação para o desenvolvimento da
respectiva indústria eletroeletrônica brasileira
O Ministro das Relações Exteriores, Embaixador Celso Amorim, e o Ministro dos
Negócios Estrangeiros do Japão, Taro Aso, assinaram hoje, dia 13 de abril, em Tóquio,
“Memorando entre os Governos da República Federativa do Brasil e do Japão, referente
à implementação do sistema brasileiro de TV digital, baseado no padrão ISDB-T, e à
cooperação para o desenvolvimento da respectiva indústria eletroeletrônica brasileira”,
cujo texto segue abaixo:
“O Brasil vem estudando favoravelmente a implementação do Sistema Brasileiro de
Televisão Digital com base no padrão ISDB-T. Caso esta opção venha a ser adotada, este
Memorando terá como objetivo essa implementação e a construção das bases para a
viabilização e o desenvolvimento conjunto da respectiva plataforma industrial
eletroeletrônica brasileira, pelo Governo da República Federativa do Brasil, representado
neste ato por Celso Amorim, Ministro das Relações Exteriores, e pelo Governo do Japão,
representado neste ato por Taro Aso, Ministro dos Negócios Estrangeiros, doravante
denominados “as duas Partes”.
Considerando o interesse do Governo brasileiro no desenvolvimento da transmissão de
TV Digital e no desenvolvimento e na transferência de tecnologia na área de
componentes semicondutores, componentes eletroeletrônicos, soluções inovadoras para a
televisão digital e outros campos correlatos da indústria eletroeletrônica; bem como o
interesse dos setores industriais brasileiros na parceria entre empresas brasileiras e
empresas japonesas no processo de introdução da televisão digital;
Considerando o interesse do Governo japonês, da ARIB (Association of Radio Industries
and Businesses) e do setor industrial japonês no desenvolvimento da indústria
eletroeletrônica brasileira a partir da difusão dos televisores digitais, mediante adoção do
padrão de televisão digital com base no ISDB-T no Brasil; e considerando que os
investimentos de empresas japonesas no Brasil, incluída a produção de semicondutores,
televisores de plasma e de cristal líquido, podem contribuir para o desenvolvimento da
economia brasileira e a revitalização das relações econômicas entre os dois países; e que
o Governo japonês deseja este progresso;
352
Considerando o potencial aumento da demanda, nos mercados nacional e internacional,
de semicondutores empregados pelo avanço da digitalização dos produtos industriais
advindo da difusão dos televisores digitais; bem como a necessidade de suporte adequado
para a elaboração de estratégia para a criação, pelo Governo brasileiro, de um ambiente
favorável que comporte o investimento direto na indústria eletroeletrônica, especialmente
a dos produtos mais avançados;
Considerando que as empresas japonesas atuantes no Brasil já vêm dedicando esforços
para a expansão dos negócios no País, como o início da produção dos televisores de tela
plana; que demonstram grande interesse em contribuir para o desenvolvimento
econômico do País hoje e no futuro; e que estão prontas para contribuir no projeto do
Governo brasileiro com todos os recursos ao seu alcance para fortalecer a
competitividade da indústria eletroeletrônica brasileira;
As duas partes compartilham os seguintes pontos no caso de o Governo brasileiro decidir
implementar o SBTVD baseado no padrão ISDB-T:
O Brasil e o Japão cooperarão para criar um sistema nipo-brasileiro de televisão digital
que expresse o desejo de ambos os países de estabelecer uma parceria sólida e duradoura.
Para este fim, o Governo brasileiro manifesta seu forte desejo de implementar o SBTVD,
com base no ISDB-T.
Com vistas à implementação do SBTVD, baseado no padrão ISDB-T, o Governo
brasileiro organizará um comitê com seus setores industriais para elaborar propostas com
o intuito de favorecer o investimento internacional visando a criar indústrias de ponta,
como a de semicondutores.
O Governo japonês cooperará ao máximo com o comitê, por meio da recepção de
missões de pesquisa, fornecimento de informações necessárias, se houver pedido do
Governo brasileiro.
O Governo japonês colaborará com o Governo brasileiro na elaboração, pelo Governo
brasileiro, de um plano estratégico com o objetivo de desenvolver a indústria de
semicondutores no Brasil.
Além disso, o Governo japonês valoriza as empresas japonesas que cooperem nos vários
estudos para a modernização das indústrias relacionadas a serem feitos pelo Brasil e
estudem a possibilidade de investimentos futuros na indústria eletroeletrônica, incluindo
a indústria de semicondutores e correlatos e a cooperação na capacitação de recursos
humanos.
O Governo japonês colaborará, se necessário, com as empresas japonesas que investem
no Brasil e contribuem para a capacitação de recursos humanos.
O Governo japonês apoiará, ao máximo possível, os seguintes pontos expressos pela
ARIB e pelo setor industrial japonês:
(1) a participação de instituições brasileiras correlatas no trabalho de padronização
relativa à diversificação de conteúdo do padrão ISDB-T, inclusive com a participação de
353
representante brasileiro como membro do Comitê de Padronização do Consórcio ARIB,
(2) a cooperação para a introdução de tecnologia inovadora desenvolvida pelo Brasil no
padrão ISDB-T,
(3) a organização de fóruns de especialistas dos dois países e o estabelecimento de
interlocutor de serviços de cooperação na transferência de tecnologia do padrão ISDB-T,
(4) além disso, o Governo japonês recebe de bom grado a dispensa de pagamento, pelo
Brasil, de royalties relativos a patentes das próprias tecnologias ISDB-T.
O Governo japonês, a fim de promover a transferência de tecnologia relacionada ao
padrão ISDB-T, apoiará a atividade de um centro de desenvolvimento a ser formado no
Brasil pela Parte brasileira. Com este objetivo, o Governo japonês receberá engenheiros
brasileiros para treinamento com a colaboração de emissoras japonesas e fabricantes no
Japão, bem como apoiará os esforços na capacitação de engenheiros brasileiros no Brasil,
enviando peritos e técnicos japoneses ao Brasil para fornecer orientação e treinamento.
No que tange à experiência e à política para implementação de transmissão digital,
apoiará a política de digitalização do Governo brasileiro, organizando-se para oferecer
informações oportunas e responder a consultas na medida do possível.
O Governo Japonês recebe de bom grado a posição do JBIC de estudar positivamente a
concessão de créditos neste contexto.
Os dois países constituirão grupo de trabalho conjunto para detalhar os procedimentos
indicados neste memorando em 4 semanas após a decisão do Governo brasileiro sobre a
implementação do SBTVD, com base no padrão ISDB-T.
Certas de que existe uma parceria estratégica entre o Governo brasileiro e o Governo
japonês, como tem sido a tradição de colaboração ao longo das últimas quatro décadas,
as duas Partes subscrevem, no dia 13 de abril de 2006, o presente memorando, que foi
feito nas línguas portuguesa e japonesa, tendo ambos os textos o mesmo valor.
Celso Amorim
Ministro das Relações Exteriores
da República Federativa do Brasil
Taro Aso
Ministro dos Negócios Estrangeiros
do Japão"
354
ANEXO S
Moção de Repúdio
O Sistema de Comunicações Brasileiro passa por um momento decisivo: sua
transição do sistema de transmissão analógica para o digital. Esta mudança altera as
perspectivas da comunicação, já que a digitalização pode ampliar o número de canais de rádio e
televisão e, a longo prazo, transformar os aparelhos de radiodifusão em instrumentos de
inclusão digital e de transmissão de conteúdo.
Seriam estes importantes passos no sentido da democratização da comunicação no
país. Entretanto, o Ministro das Comunicações, Hélio Costa, vem tratando do assunto de forma
mercadológica e sem ouvir os movimentos sociais e a sociedade civil, em favor das grandes
empresas, em especial dos grupos detentores das concessões de radiodifusão em caráter
nacional. Entre as estratégias utilizadas para esvaziar a participação da sociedade neste debate
está seu tratamento de maneira banalizada, como uma questão meramente técnica, uma
simples escolha de padrões.
As Executivas e Federações de Cursos abaixo assinadas declaram ser contra a
opção pela escolha de um entre os três padrões já existentes de televisão digital – o norteamericano (ATSC), o europeu (DVB) e o japonês (ISDB). Defendemos que a decisão sobre o
padrão que será adotado pelo Brasil seja adiada e que sejam abertos canais de diálogo junto à
sociedade. Em consonância com a luta histórica do movimento pela democratização da
comunicação, defendemos o desenvolvimento de um Sistema Nacional de TV Digital baseado
em tecnologias nacionais, e, a partir das mobilizações e pesquisas deste, de um Sistema
Nacional de Radiodifusão Digital, abalizados nas demandas específicas da sociedade brasileira,
tais como, inclusão digital, abertura de novos canais, criação de mecanismos de governo
eletrônico e ampliação do acesso e da produção de comunicação, hoje restritos a grandes
monopólios privados.
Além do atropelo nas decisões do SBTVD, o sistema norte-americano de rádio
digital IBOC (In-Band-On-Channel) já vem sendo testado pelas grandes emissoras de rádio, com
a permissão do governo brasileiro. Este sistema exclui a possibilidade de ampliação de canais e,
por ser estrangeiro, demanda vultosos pagamentos de royalties. Um importante setor da
sociedade, as rádios livres e comunitárias, não foi consultado neste processo, sendo que se o
IBOC for adotado elas terão de adquirir equipamentos caríssimos e incompatíveis com o caráter
da sua produção.
O Movimento Estudantil historicamente esteve na linha de frente das lutas pela
democratização ao acesso e à produção de informação, cultura e conhecimento. Nesse sentido,
consciente do potencial de mudanças aberto pela Digitalização da Radiodifusão, as Executivas e
Federações de Cursos participarão ativamente da organização das mobilizações pelo adiamento
da escolha do padrão de TV Digital, pela abertura de canais de debate com a sociedade, pela
adoção da multiprogramação e em favor de um Sistema Nacional de Radiodifusão Digital, e em
repúdio a forma como o debate pela digitalização vem sendo levado, em detrimento da liberdade
e dos interesses das camadas do povo que não estão ligadas aos interesses do capital
financeiro e industrial.
Tendo em vista todas estas questões, reivindicamos:
- Que sejam cancelados imediatamente os testes com o sistema IBOC no rádio
brasileiro.
- Que o prazo para a definição do modelo a ser adotado para o SBTVD seja estendido. A
sociedade brasileira precisa fazer uma ampla discussão sobre o assunto antes que as decisões
sejam tomadas de forma arbitrária e atropelada.
355
- Que seja adotado um modelo de TV e rádio digitais brasileiro, que prime pela
democratização da comunicação, e garanta ocupação desse espaço pela sociedade, movimento
sociais e entidades de classe.
- Que, para melhor acompanhar o debate, o Movimento Estudantil, através do Fórum de
Executivas, tenha assento no Conselho Consultivo do SBTVD, e que este passe a ter sua
funcionalidade respeitada, influindo realmente na escolha do Sistema a ser adotado, ao invés de
se manter relegado ao esvaziamento promovido pelo atual Ministro.
Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social
356
ANEXO T
Manifesto por uma TV Digital de interesse público
A implantação em curso da TV digital no Brasil é um momento ímpar
para o desenvolvimento do país. Ela abrange não só a definição de
como será a tv no futuro, mas também toca diretamente no cenário
que projetamos para a indústria, a ciência e tecnologia e a
cultura brasileira. Em relação a este importante processo
apresentamos algumas ponderações.
Exigimos a manutenção do estado de direito e o cumprimento
integral do decreto presidencial No 4.901, que institui o Sistema
Brasileiro
de
TV
Digital
e
suas
instâncias
(Comitê
de
Desenvolvimento, Comitê Gestor e Comitê Consultivo). Trata-se de
uma reivindicação fundamental, pois este decreto fixa os
objetivos que interessam ao país. Respeitar os objetivos, as
instâncias e os procedimentos previstos neste decreto é essencial
para a construção de um modelo que democratize os meios de
comunicação, que promova a inclusão digital, a diversidade
cultural e a produção tecnológica nacional, fundamentais para
combater a exclusão social.
Dentro deste processo, o tema que vem ganhando mais destaque no
governo é o das implicações e possíveis vantagens que o Brasil
poderia adquirir para sua política industrial na implantação da
TVD. Sobre este ponto e baseado nas notícias veiculadas sobre o
estado da arte da discussão, entendemos que garantir o
desenvolvimento da indústria nacional com internalização de
tecnologia vai muito além do que discutir qual a melhor oferta de
uma indústria de semicondutores.
Acreditamos que ainda não temos condições de apoiar um ou outro
padrão, europeu, japonês ou americano, mas temos que garantir que
a produção nacional de software e hardware, liderada pelo CPqD,
não seja descartada, ou seja, não pode ser adotado nenhum padrão
"de porteira fechada", mas sim padrões de compatibilidade. Até
porque diversos componentes dos 3 padrões oferecidos, ou até
mesmo os padrões inteiros, são proprietários e patenteados pelas
grandes indústrias transnacionais. Isso significaria na prática o
pagamento de royalties e evasão de divisas, ao invés destes
recursos serem investidos em pesquisa nacional, resultando em
mais desenvolvimento e empregos para o país. O SBTVD está sendo
desenvolvido em software livre e é, em muitos aspectos,
tecnicamente superior aos outros padrões.
Um outro objetivo colocado pelo Decreto 4901 é a utilização deste
novo meio para fazer a inclusão digital, e as opções tecnológicas
podem limitar esta funcionalidade ou estimulá-la. Isso implica
pensar em um modelo de negócios que incorpore a interatividade
como instrumento de inclusão digital e que não apenas possibilite
novas formas de auferir lucros para as empresas de mídia.
Dentro deste modelo de serviços a ser definido, entendemos também
ser fundamental respeitar o objetivo do Decreto 4901 que trata da
democratização dos meios de comunicação. Por isso, acreditamos
que a TV digital deve possibilitar a entrada de novos atores no
357
cenário concentrado da mídia brasileira. O aumento dos canais irá
incrementar o modelo de negócios da tv brasileira e contribuirão
para ampliar a democracia e a cultura nacional.
Novos canais não comerciais poderão ser estimulados pelas
emissoras
públicas
através
da
veiculação
de
produções
comunitárias, de interesse social e cultural.
Cremos ainda que não temos pressa para definir o padrão para TV
Digital, uma vez que a decisão é relevante em demasia para
apressar a discussão, e que postergar a decisão pode ser muito
favorável ao país, pois diversos pesquisadores afirmam que em 6
meses seria possível o Brasil chegar em um nível extremamente
avançado de soluções em software e hardware compatível com
diversos padrões. Soluções como o sistema de modulação Sorcer,
desenvolvido por pesquisadores da PUC do Rio Grande do Sul são
reconhecidamente superiores aos padrões internacionais.
Mas o adiamento da decisão é importante não apenas para permitir
avanços das pesquisas, mas para garantir o debate de um novo
marco regulatório. Caso a decisão venha a ser tomada agora, as
emissoras começarão a importar equipamentos, a transmitir
experimentalmente e teremos consolidado um modelo de exploração.
Depois disso feito, não haverá lei no Brasil capaz de reverter o
quadro. Por isso, a lei tem que vir antes da digitalização. A
sociedade brasileira precisa de um Projeto de Lei consistente
para TV Digital, bem como para a Rádio Digital, que já está em
vias de adotar o padrão americano por "fato consumado".
Por fim, acreditamos que devemos reafirmar a necessidade de
ampliar os debates com a sociedade civil, pois esta não tem
espaço nem condições de fazer seu lobby como fazem as indústrias
de hardware, de software, de conteúdos e de serviços.
Setorial de Tecnologia da Informação do PT - DF
358
ANEXO U
Folha de S.Paulo -
São Paulo, sexta-feira, 28 de abril de 2006
TENDÊNCIAS/DEBATES
TV digital, um passo adiante
HÉLIO COSTA
Três ministros de Estado e sete assessores técnicos conduziram, em
Tóquio, uma importante negociação sobre o padrão que poderá ser a base
do Sistema Brasileiro de Televisão Digital (SBTVD). Os governos brasileiro
e japonês chegaram a um memorando de entendimento que oferece
elementos para que o presidente da República decida como será a
televisão brasileira.
Demos um passo histórico, a ponto de
podermos vir a ter uma TV digital com
padrão "nipo-brasileiro"
Chegar a essa conclusão implicou um longo amadurecimento do debate na
sociedade e no Congresso Nacional. Representou também uma tomada de
posição em termos de definição de prioridade de Estado e conveniência do
interesse nacional. A TV digital terá forte impacto econômico na sociedade
nas próximas décadas. Por isso, o processo não poderia ser diferente. E,
em Tóquio, o que se viu foi uma ação firme e estrategicamente conduzida
pela delegação brasileira, o ministro das Relações Exteriores, Celso
Amorim, o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz
Fernando Furlan, este ministro das Comunicações e seus assessores.
Meu testemunho é positivo, sob três aspectos: de política pública, de
mobilização de governo e de posicionamento internacional. No Japão,
movidos por esses três parâmetros, demos um passo histórico, a ponto de
podermos ter, nos próximos anos, como define o memorando assinado, a
evolução de um sistema mundial de TV digital que o próprio ministro das
359
Comunicações do Japão, Heizo Takenaka, ousou chamar de "padrão nipobrasileiro".
Do ponto de vista de política pública, o SBTVD parte de realidades
concretas, a começar do modelo de radiodifusão brasileiro. A TV brasileira
se implantou de forma aberta, gratuita e como serviço público
concessionário. São empresas bem estruturadas, que ajudaram a formar a
identidade nacional, empregam milhares de brasileiros, geram valor
econômico e constituíram um padrão de excelência no mundo. Além de
contribuírem para garantir o pluralismo, a democracia e as características
de nossa sociedade, aberta e tolerante.
Imperfeições no sistema de concessão existem e devem ser corrigidas.
Decisões regulatórias estarão em debate e vamos saber fazer o melhor,
por meio da livre discussão e da plena assunção de responsabilidades
dentro
do
governo
e
no
Congresso
Nacional.
Diante da nossa realidade, testes e comparações da comunidade científica
e industrial brasileira, por meio dos 22 consórcios formados por cerca de 90
entidades de pesquisa, públicas e privadas, e 1.400 cientistas e técnicos,
indicaram como padrão de modulação que melhor se ajusta às
características e necessidades da televisão brasileira aquele que mantém a
sua condição de aberta e gratuita com mobilidade. O governo, por meio do
ministério, financiou esse processo com o emprego de R$ 60 milhões,
desde a edição do decreto 4.901, de novembro de 2003.
Do ponto de vista da mobilização de governo, conseguimos eleger
prioridades e definir metas. As novidades anunciadas em Tóquio não
caíram do céu. A Toshiba anunciou no Japão que enviará uma missão para
os estudos da instalação aqui de uma fábrica de semicondutores. A política
industrial, tecnológica e de comércio exterior brasileira listou essa área
como prioridade. Sem essa indústria, o Brasil teria de se conformar com a
montagem final de equipamentos, todos importados, com os desequilíbrios
que isso implica. E o mais notável nem é o déficit da balança comercial.
Chips e software, bases das tecnologias da informação e comunicação,
são molas propulsoras da economia do conhecimento.
O compromisso japonês de engajar-se em processos de transferência de
tecnologia para o Brasil e de incorporar tecnologias desenvolvidas pelos
360
consórcios do SBTVD foi fundamental. A NEC anunciou a transferência de
tecnologia para a fabricação de transmissores digitais. A Sony entende que
já não pode competir fazendo televisores de tubos e de retroprojeção e tem
de partir para os monitores de plasma e LCD.
Do ponto de vista do posicionamento internacional, o memorando coloca o
Brasil em posição privilegiada. Incorporando as inovações desenvolvidas
pelos nossos cientistas poderemos formular um sistema internacional
aberto, cooperativo, permitindo a transmissão da televisão móvel e portátil
grátis e, ainda, sujeito a evoluções. Poderemos mesmo buscar, por esse
caminho, uma convergência de linguagens e aplicativos em todo o mundo,
dada a inevitável evolução dos padrões. O governo e a sociedade têm
amadurecido nesse processo de definição de política pública. Aqui,
sentem-se o peso e a virtude de uma decisão estratégica que caberá ao
presidente da República com base no aconselhamento de seus
assessores. O debate na sociedade vai continuar e deve estar, pelo menos
este é o meu desejo como ministro e senador da República, à altura desta
dimensão. O Brasil lidera na América Latina a discussão, o debate e a
pesquisa sobre a TV digital para todos os cidadãos, de todas as classes, e
não apenas para os que podem pagar pela TV a cabo ou via satélite. Tratase de uma daquelas decisões que atravessam governos. Essa foi a
delegação que o presidente Lula me conferiu quando assumi o ministério.
A missão está sendo cumprida.
Hélio Costa, 66, jornalista, é ministro das Comunicações
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo
desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência
Folha.
361
ANEXO V
1)
Data: Tue, 22 Nov 2005 19:01:33 -0200
De: Gabriel Priolli <[email protected]>
Para:
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: Re: Universidade de São Paulo - pesquisa
Cara Adriana,
Respondo o seu questionário assim que puder.
gravada,
OK, mas terá de ser mais à frente, em dezembro.
Abs
Quanto
à
entrevista
Gabriel Priolli
----- Original Message ----From: "Adriana Omena" [email protected]
To: <[email protected]>; [email protected]
Sent: Tuesday, November 22, 2005 5:19 PM
Subject: Universidade de São Paulo – pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
362
ANEXO V
2)
Data: Wed, 23 Nov 2005 09:21:46 -0200
De: Giovanni Moura de Holanda
Para:
<[email protected]>
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: Não lida:
Your message
To: Ricardo Benetton Martins; Giovanni Moura de Holanda
Sent: Tue, 22 Nov 2005 19:19:53 -0200 was deleted without being read on
Wed, 23 Nov 2005 09:21:46 -0200
363
ANEXO V
3)
Data: Wed, 23 Nov 2005 10:59:29 -0200
De: [email protected]
Para:
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: Re: Universidade de São Paulo
Prezada Adriana
Agradecemos seu contato. No site da SET você encontra informações sobre
SBTVD (www.set.com.br)
Atenciosamente,
Daniel Marinelli Calleia
Aux de ADM – SET
From: "Adriana Omena" [email protected]
To: < [email protected] >
Sent: Tuesday, November 22, 2005 5:19 PM
Subject: Universidade de São Paulo – pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
364
ANEXO V
4)
Data: Wed, 23 Nov 2005 11:06:33 +0000
De: intervozes <[email protected]>
Para:
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: Re: TV Digital
Olá Adriana,
Nós responderemos até a próxima semana seu questionário. Infelizmente
estamos com um acumulo de trabalho nessa semana e algumas das questões
que você coloca ainda não estão muito claras para nós e precisam ser
minimante debatidas dentro do nosso coletivo.
Peço sua compreensão.
Wellington Costa
Secretaria – Intervozes
-----Mensagem Original----From: Adriana Omena [email protected]
Date: Tue, 22 Nov 2005 17:25:39 -0300
To: [email protected]
Subject: Universidade de São Paulo – pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
365
ANEXO V
5)
Data: Wed, 23 Nov 2005 11:07:43 -0300
De: Rits <[email protected]>
Para:
Cc:
Adriana Omena <[email protected]>
[email protected]
Assunto: Re: USP - pesquisa
Profª Adriana,
Encaminho sua mensagem para Gustavo Gindre, profundo conhecedor do
tema, na expectativa de que ele possa auxiliá-la da melhor forma
possível.
Cordialmente,
Equipe Rits
At 17:53 22/11/2005 -0200, you wrote:
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
366
ANEXO V
6)
Data: Wed, 23 Nov 2005 10:42:28 -0200
De: Fernanda Lago <[email protected]>
Para:
Cc:
Adriana Omena <[email protected]>
[email protected]
, [email protected]
Assunto: Re: Univ. São Paulo - pesquisa
Prezada Sra. Adriana,
Conforme solicitado, seguem abaixo as respostas dos questionamentos
enviados à ASSESPRO-BA.
As perguntas foram respondidas pelo Presidente da entidade, Sr. Paulo
de Tarso Souza. Qualquer dúvida estarei a disposição.Desde já agradeço
a atenção.
Grata,
Fernanda Lago
Administração ASSESPRO-BA
71 3450-5011
----- Original Message ----- From: "Adriana Omena" [email protected]
To: [email protected]
Cc: <[email protected]>; [email protected]
Sent: Tuesday, November 22, 2005 5:52 PM
Subject: Univ. São Paulo – pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
367
ANEXO V
7)
Data: Wed, 23 Nov 2005 12:27:20 -0300
De: ABP <[email protected]>
Para:
Responder-para:
'Adriana Omena' <[email protected]>
[email protected]
Assunto: RES: Univ. São Paulo - pesquisa
Adriana,
O seu e-mail foi encaminhado ao nosso advogado, Dr. João Luiz Faria
Netto, que dentro de alguns dias estará lhe enviando a resposta com a
posição da nossa entidade.
Abraços,
Jairo A. Carneiro
Vice-Presidente Executivo
-----Mensagem original----De: Adriana Omena [mailto:[email protected]]
Enviada em: terça-feira, 22 de novembro de 2005 17:48
Para: [email protected]
Assunto: Univ. São Paulo - pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
368
ANEXO V
8)
Data: Fri, 02 Dec 2005 18:05:48 -0200
De: James Görgen - FNDC <[email protected]>
Para:
Responder-para:
Adriana Omena <[email protected]>
[email protected]
Assunto: Re: Universidade de São Paulo - pesquisa
Cara Adriana,
A senhora tem como gravar esta entrevista por telefone? Fica mais fácil
de podermos contribuir dados os compromissos deste final de ano.
Cordialmente,
James Görgen
Data: Wed, 24 Nov 2005 8:48
De: Secretaria FNDC <[email protected]>
Para:
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: Re: Universidade de São Paulo - pesquisa
Certo. Responderemos após o dia 10/12. Antes disso, não temos
disponibilidade porque as pessoas que podem ajudar estão trabalhando
justamente neste tema de forma intensiva.
Cordialmente,
James Görgen
www.fndc.org.br
On Wed, 23 Nov 2005 21:34:09 -0200, Adriana Omena escreveu:
De: Adriana Omena
Data: Wed, 23 Nov 2005 21:34:09 -0200
Para: Adriana Omena
Assunto: Re: Universidade de São Paulo - pesquisa
Prezado senhor James Görgen,
Secretário-Executivo FNDC
A entrevista encaminhada anteriormente pode ser respondida (assim como
a entrevista solicitada) por qualquer membro da direção/coordenação da
entidade que tenha poderes para responder pela mesma. Não há
369
necessidade de um nome específico, necessito apenas do posicionamento
institucional acerca do assunto abordado.
Data: Wed, 23 Nov 2005 13:48:20 -0200
De: Secretaria FNDC <[email protected]>
Para: Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: Re: Universidade de São Paulo - pesquisa
Com quem, especificamente, a senhora deseja a entrevista?
Atenciosamente,
James Görgen
Secretário-Executivo FNDC
www.fndc.org.br
On Tue, 22 Nov 2005 17:24:39 -0200, Adriana Omena escreveu:
De: Adriana Omena
Data: Tue, 22 Nov 2005 17:24:39 -0200
Para: [email protected], [email protected]
Assunto: Universidade de São Paulo - pesquisa >
370
ANEXO V
9)
Data: Wed, 23 Nov 2005 15:37:22 -0300
De: "[email protected]" <[email protected]>
Para:
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: Re: USP - pesquisa
Adriana,
Obrigado por contatar a Philips/Walita.
Por favor, direcionar sua solicitação ao endereço indicado abaixo, onde
poderão melhor lhe ajudar :
PHILIPS DA AMAZÔNIA LTDA.
CAIXA POSTAL 21315
CEP: 04602-999
SÃO PAULO – SP
Cordialmente,
Atendimento ao Cliente Philips e Walita
0xx11 2121-0203 (grande SP) e 0800-701-0203 demais localidades.
Atendimento de Segunda à Sexta das 8h às 20h e aos Sábados das 8h às
13h
-----Mensagem Original----De: Adriana Omena ([email protected])
Para: [email protected] ([email protected])
CC:
Data: 22/11/2005 18:04:18
Assunto: USP - pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
371
ANEXO V
10)
Data: Wed, 23 Nov 2005 21:12:30 -0200
De: Carlos Capellão <[email protected]>
Para:
Cc:
Adriana Omena <[email protected]>
Roberto Franco-SET <[email protected]>
Assunto: Re: Universidade de São Paulo
Prezada Professora Adriana,
Vão abaixo as minhas respostas às suas perguntas,
Cordialmente,
Carlos E.O.Capellão
Diretor do Segmento de Indústria
SET- Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações
Rio
de
Janeiro,
RJ,
Brasil
+55.21.2493.2595
E-MAIL: [email protected]
-
Tel.
+55.21.2493.0125,
Fax
----- Original Message ----From: "Adriana Omena" [email protected]
Sent: Tuesday, November 22, 2005 5:10 PM
Subject: Universidade de São Paulo
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Perguntas:
372
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
A SET vem estudando este assunto há mais de cinco anos, tendo realizado
diversos testes de campo e laboratório para avaliação das soluções
tecnológicas que melhor atendam as peculiaridades Brasileiras. Nos
últimos meses temos interagido mais de perto com o MINICOM e os
Consórcios do SBTVD.
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
Tudo indica que atualmente o MINICOM vem procurando fazer o estudo
convergir para uma solução viável e interessante para o Brasil.
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
Diria os estudos do SBTVD poderiam ter tido inicialmente uma condução
melhor na definição de seus objetivos. De modo geral os estudos do
SBTVD têm sido positivos, com a geração de um enorme volume de
conhecimento nos centros acadêmicos do país. Este conhecimento
certamente ajudará o país a escolher as tecnologias que nos sejam mais
adequadas.
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
A SET desde o início do processo posicionou-se pela adoção pelo Brasil
de um dos padrões internacionais com as adaptações que forem
necessárias para atender os nosso modelo de radiodifusão. Parece-nos a
solução mais vantajosa aquela baseada no padrão ISDB-T empregado no
Japão.
Nos
nossos
tempos
qualquer
tendência
ao
isolacionismo
tecnológico tem um alto preço para o cidadão que, além do atraso,
arcará com preços de televisores sempre mais altos que os dos países
desenvolvidos, em decorrência das baixas escalas de produção de
componentes exclusivos para o nosso mercado.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
de
os
Vide 3 acima
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
O Brasil tem uma televisão de alta qualidade e sintonizada com os
costumes, gostos e valores nacionais. Constitui-se na principal fonte
de entretenimento e informação disponível gratuitamente a todo cidadão
Brasileiro. A principal meta da SET é assegurar também no domínio
digital a nossa TV será a de melhor qualidade técnica possível e de
grande flexibilidade operacional, de forma a continuar servindo aos
Brasileiros com excelência.
373
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
A TV digital oferecerá uma grande gama de serviços interativos,
principalmente aqueles correlacionados com a programação. Neste aspecto
promoverá a inclusão digital das camadas menos favorecidas que
utilizando o controle remoto terão acesso a informações e comandos.
Por outro lado a discussão pública sobre a TV Digital no Brasil está
contaminada com alguns erros conceituais do ponto de vista da
engenharia.
A TV é um meio poderosíssimo de difusão de informação de um para
muitos, isto é de transmitir uma única informação a partir da emissora
a um enorme universo de telespectadores. Adicionalmente a TV é um meio
de comunicação unidirecional: da emissora para o telespectador.
A Internet por outro lado é um meio de um para um, isto é cada usuário
recebe informação que lhe é transmitida exclusivamente. A Internet é
também um meio bidirecional em que cada usuário pode transmitir uma
informação endereçada a qualquer outro.
Assim, para que se possa oferecer o acesso à Internet das classes menos
privilegiadas
é
preciso
prover-lhes
um
meio
de
comunicação
bidirecional, seja por linha telefônica, celular ou outro tipo de
tecnologia sem fio.
É certamente possível desenvolver terminais de acesso de TV Digital que
sejam também capazes de serviços de e-mail ou web browser, desde que
haja a eles conectado algum tipo de serviço de telecomunicações.
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
A SET é uma instituição de Engenharia, que é a arte de usar a ciência
para o benefício do homem. Temos procurado nos assegurar que a
tecnologia não será um limitador para a Televisão Digital, que ofereça
qualidade, robustez de recepção e flexibilidade para suportar os mais
diversos e amplos modelos de negócio.
A nosso ver a flexibilidade do modelo de negócio é fundamental para que
se resguarde a sobrevida e o desenvolvimento da Televisão aberta,
universal
e gratuita. Sem alta qualidade e ampla flexibilidade a
Televisão aberta não terá como concorrer com as demais mídias digitais
desregulamentadas e sem os limites de espectro da radiodifusão.
As discussões sobre produção de conteúdo estão num plano mais amplo
que, a meu ver, independem da TV ser Analógica ou Digital. Precisa-se
contudo manter em primeiro plano que a TV é antes de tudo
entretenimento e informação. Lembremo-nos sempre da Hora do Brasil, do
Projeto Minerva e de outras invenções de tempos menos luminosos que o
país já atravessou.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
O modelo de múltiplos canais não teve até hoje sucesso em nenhuma parte
do mundo, fracassou em economias como a Inglaterra e a Espanha. Há uma
reação enorme na Europa para apressar a implantação de novos serviços
em HDTV, algo que incrivelmente foi desprezado na original implantação
da TV Digital em toda a Europa Ocidental !
O que motiva a conversão do Telespectador para o serviço digital é o
valor agregado que é percebido, não é o fato de ser digital. Hoje no
374
Brasil 25% dos televisores vendidos são de 29 polegadas ou mais. O
número de reprodutores de DVD vendidos a cada mês é astronômico. Estes
são indicadores de que o consumidor busca qualidade de imagem e som.
A dita TV de Alta Definição, a HDTV, será em poucos anos apenas TV. Da
mesma forma que não se fala hoje mais em "TV a Cores", pois ela nunca é
preto e branco; não se fala mais em disco estéreo, pois ele nunca é
mono.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
O mercado publicitário é a única fonte de receita da Televisão aberta e
é uma fonte limitada ! Assim é preciso buscar mais do que nunca uma
Televisão atraente para o Telespectador e a ele accessível em todo
tempo e lugar. As ferramentas digitais para isto são: o HDTV, a
recepção livre de chuviscos e fantasmas, o som cristalino 5.1, a
mobilidade, a portabilidade e a interatividade.
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
Vide 4 acima. Apesar do alto padrão de nossas Academia e da notavel
criatividade que caracteriza o Brasileiro, não se pode desconsiderar
que o Japão, os EUA e a Comunidade Européia gastaram bilhões de dólares
e muitos anos de pesquisa para chegar aos seus padrões.
Cabe ao Brasil escolher bem, adaptar o que for necessário e procurar
ter assento nos fóruns internacionais destes padrões de forma a
procurar que a sua evolução ocorra de forma favorável aos nossos
interesses.
Não criamos o GSM do B, nem tivemos debates públicos sobre a telefonia
digital sem fio. Mas com a escolha das tecnologias certas, de um modelo
de negócio favorável e os baixos custos oferecidos pela massificação
dos padrões mundiais, fabricamos e colocamos em uso 80 milhões de
celulares no Brasil, ferramentas inseparáveis de cientistas, donas de
casa, neurologistas, juristas, bombeiros e serventes.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? >
Creio que a sociedade deve estar principalmente preocupada em garantir
que a Televisão continue lhe oferecendo bom entretenimento e
informação, sempre com: ampla liberdade de expressão, responsabilidade,
a mais alta qualidade, total disponibilidade, absoluta gratuidade e em
regime de competição.
Adicionalmente o país tem uma rede de emissoras Educativas e Culturais
que certamente também se beneficiará das novas ferramentas digitais
para renovar, fortalecer e tornar mais atraentes os seus relevantes
serviços públicos.
Os aspectos tecnológicos e mercadológicos estão sendo atendidos pelos
especialistas. Eles certamente saberão decidir de forma absolutamente
favorável aos interesses nacionais.
Profª Adriana C. Omena dos Santos
375
ANEXO V
11)
Data: Wed, 23 Nov 2005 21:50:07 -0200
De: CNC <[email protected]>
Para:
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: Não lida: Univ. São Paulo - pesquisa
Your message
To: [email protected]; CNC
Subject: Univ. São Paulo – pesquisa
Sent: Tue, 22 Nov 2005 18:01:40 -0200
was deleted without being read on Wed, 23 Nov 2005 21:50:07 -0200
Esta mensagem, incluindo seus anexos, pode conter informações
privilegiadas e/ou de caráter confidencial, e não pode ser
retransmitida sem autorização do remetente. Se você não é destinatário
ou pessoa autorizada a recebê-la, informamos que o seu uso, divulgação,
cópia ou arquivamento são proibidos. Portanto, se você recebeu esta
mensagem por engano, por favor, nos informe, respondendo imediatamente
a este e-mail, e em seguida apague-a.
376
ANEXO V
12)
Data: Thu, 02 Mar 2006 16:34:46 -0300
De: Sirlei Pastore <[email protected]>
Para:
Cc:
[email protected]
[email protected]
, [email protected]
Assunto: [Fwd: Re: Reenvio: QUESTIONÁRIO TV DIGITAL]
Prezados Diretores e Conselheiros,
Estou encaminhando novamente o questionário enviado por Adriana Omena.
As respostas serão utilizadas na sua tese de doutorado.
Peço a colaboração de todos
Obrigada
Sirlei
-Sirlei Pastore
Assessoria de Comunicação
Sociedade Brasileira de Computação
(51) 3316-7742
(51) 91175490
www.sbc.org.br
[email protected]
Data: Fri, 25 Nov 2005 16:04:44 -0300
De: Sirlei Pastore <[email protected]>
Para:
[email protected]
Assunto: QUESTIONÁRIO TV DIGITAL
Adriana,
Recebemos o seu questionário sobre TV Digital. Nossa dúvida é: você
gostaria da opinião da comunidade acadêmica como um todo ou da SBC
enquanto socidade civil? Existe um grupo de trabalho dentro da SBC que
estuda o tema, podemos solcitar a ele que responda o seu questionário,
mas se você quer a opinião da comunidade que integra a SBC, podemos
disponibilizar o questionário no nosso portal ou enviá-lo para a nossa
lista de discussão sbc-l que tem cerca de 3 mil assinantes.
Aguardo contato
Sirlei
-Sirlei Pastore
Assessoria de Comunicação
Sociedade Brasileira de Computação
(51) 3316-7742
(51) 91175490
www.sbc.org.br
[email protected]
377
ANEXO V
13)
Data: Mon, 28 Nov 2005 01:20:00 -0200
De: Eula D T Cabral <[email protected]>
Para:
Cc:
Adriana Omena <[email protected]>
Eula
D
T
Cabral
[email protected]
<[email protected]>
,
Assunto: Re: USP - pesquisa
Cara Adriana,
Como Adilson lhe falou, no email anterior, no período de 28 a 30 de
novembro estaremos participando do Seminário Mídia Cidadã na UMESP.
Talvez possamos marcar uma entrevista presencial nesses dias onde
poderíamos responder tuas perguntas, com todo prazer.
Nossos telefones são: 21 81259388/ 21 8125 9387.
Abraços,
Eula e Adilson Cabral
----- Original Message ----From: "Adriana Omena" [email protected]
To: <[email protected]>; [email protected]
Sent: Tuesday, November 22, 2005 7:18 PM
Subject: USP - pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
378
ANEXO V
14)
Data: Thu, 20 Apr 2006 19:07:10 -0300
De: Liliana Nakonechnyj <[email protected]>
Para:
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: RES: ENC: USP - pesquisa
Adriana,
Finalmente seguem as respostas. Obrigada pela paciência.
Atenciosamente,
Liliana
Perguntas de Adriana Omena - Pesquisadora da USP
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas discussões sobre a
implantação da TV digital no Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? De que
maneira você (ou a instituição a qual representa) tem acompanhado as discussões?
Mais de vinte entidades representativas de diferentes setores da sociedade civil foram
nomeadas como membros do Comitê Consultivo de Televisão Digital. Esse Comitê teve
13 reuniões oficiais, nas quais foram apresentados e debatidos os trabalhos conduzidos
pelo Grupo Gestor, constituindo um canal aberto para sugestões dentro da estrutura do
SBTVD. Por serem absolutamente díspares as opiniões das várias entidades, esse
Comitê nunca chegou a um consenso, mas as opiniões das várias entidades ficaram
registradas em atas e em documentos que foram publicados no site de trabalho do
SBTVD.
A SET- Sociedade Brasileira de Engenharia de Televisão e Telecomunicações é uma
entidade sem fins lucrativos que tem como objetivo difundir conhecimento e manter o
setor atualizado tecnologicamente. A SET tem um grupo de estudos de TV Digital desde
1995, que congrega engenheiros das principais redes de televisão brasileiras,
fornecedores e pesquisadores que, ao longo desses anos, conduziu testes laboratoriais e
de campo dos três sistemas de TV Digital com o Instituto Mackenzie, elaborou estudos
de planejamento de canalização para a TV Digital, demonstrou em várias ocasiões as
diversas aplicações possíveis e se manteve atualizado com relação à evolução mundial.
A SET tem contribuído positivamente para as discussões de TV Digital no Brasil.
Tem sempre trabalhado na busca das soluções técnicas que permitam à TV aberta
oferecer o serviço de melhor qualidade e diversidade à população. Ainda em 2000, como
resposta a Consultas Públicas conduzidas pela Anatel, a SET encaminhou àquela
entidade uma série de documentos contendo análises técnicas e também mercadológicas.
Participou ativamente do Comitê Consultivo do SBTVD. Acompanhou os trabalhos dos
principais consórcios de pesquisa que participaram do SBTVD. Agora na etapa final do
processo, encaminhou suas recomendações aos radiodifusores bem como aos vários
Ministérios envolvidos.
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na condução da
implantação da TV digital no Brasil e no debate público acerca do assunto?
Com a criação do SBTVD, o Minicom estabeleceu um enorme incentivo à geração de
conhecimento no Brasil. Foram mobilizados centros de pesquisa em todo o país,
incumbidos de analisar as tecnologias existentes no resto do mundo e incentivados a
sugerir melhorias, levando em consideração sua viabilidade de implantação. O Comitê
Consultivo, estabelecido para obter contribuições de entidades representativas dos setores
envolvidos, foi coordenado pelo Minicom, da mesma forma que o Grupo Gestor. Além
379
disso, o assunto TV Digital ganhou visibilidade e passou a ser debatido pelo público em
geral. Ou seja, o Minicom realmente trabalhou na direção de incentivar o
desenvolvimento de conhecimento e abrir o debate em torno do tema.
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro Teixeira, Eunício
Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na condução da implantação da TV
digital?
O ministro Miro Teixeira teve um papel fundamental, já que foi ele quem liderou o
estabelecimento do SBTVD. Quando Eunício Oliveira assumiu o Minicom, já estava
mais claro ao Comitê de Desenvolvimento que não seria viável começar do zero o
desenvolvimento de um sistema brasileiro de televisão digital, mas que seria
extremamente importante atender às especificidades de nosso país. E Eunício teve essa
preocupação na sua gestão. Já o ministro Hélio Costa, sem descuidar de maximizar os
demais ganhos que podem ser obtidos para o Brasil com a TV Digital, tem mostrado a
maior preocupação de todos quanto à preservação da cultura nacional exercida pela TV
aberta brasileira. Ele tem trabalhado arduamente no sentido de obter as melhores
condições para nosso país e finalizar o processo de estabelecimento do sistema brasileiro
de TV Digital, aproveitando ao máximo o conhecimento desenvolvido ao longo do
processo.
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão próprio, adotar
um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
Sem dúvida, a melhor opção é adotar um sistema misto. As tecnologias básicas precisam
ser escolhidas entre as já adotadas ou em vias de adoção por blocos mundiais, liderados
por países desenvolvidos. Só assim o hardware ( conjunto de circuitos eletrônicos) dos
receptores
terá volume suficientemente grande para evoluir e
ter preços
progressivamente menores ao longo do tempo. Por outro lado, há grandes vantagens em
integrar ao sistema software nacional, de modo a buscar as melhores interfaces e ensejar
o desenvolvimento de aplicativos adequados para as necessidades do cidadão brasileiro.
Os softwares brasileiros poderão também ser exportados, trazendo divisas para nosso
país. Além disso,os principais requisitos para desenvolver software, e em especial
aplicativos, são dedicação, inteligência e criatividade, prescindindo-se de maiores
recursos tecnológicos.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições de pesquisa no
desenvolvimento da televisão digital? Quais os desdobramentos do envolvimento das
mesmas no SBTVD?
Os centros de pesquisa que participaram do SBTVD desenvolveram muito conhecimento
nas várias tecnologias estudadas.
De início, precisarão trabalhar muito para a finalização do sistema brasileiro de TV
Digital. A escolha de tecnologias básicas de modulação e de compressão de vídeo e de
áudio é apenas um primeiro passo. A partir daí, haverá que fazer a integração das
tecnologias escolhidas, uma espécie de “ cola” entre as tecnologias. Haverá que elaborar
especificações mínimas e construir protótipos de receptores para criar referências de
equipamentos a serem fabricados. Ninguém melhor que os pesquisadores para colaborar
com a indústria em todo esse processo. Haverá também que treinar profissionais, tanto
das emissoras de televisão quanto dos fabricantes, e aí também entra a academia. Alguns
dos centros de pesquisa atuarão no desenvolvimento de softwares e de aplicativos, seja
desenvolvendo-os diretamente ou preparando novos desenvolvedores.
380
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção televisiva. Isso
pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de um padrão existente?
A qualidade da produção televisiva brasileira não só preserva nosso país da invasão
cultural promovida pelos grandes estúdios norte-americanos na maior parte do mundo
como leva nossa cultura ao redor do mundo. A televisão brasileira oferece a melhor
qualidade possível no mundo analógico. Mas o mundo todo caminha para a alta
definição.
As mídias pagas, mesmo aqui no Brasil, caminham para a alta definição. Tanto
operadores de cabo como de satélite já iniciam transmissões experimentais nessa
qualidade. Em muitos países, a grande maioria da população assina cabo ou satélite. Mas
aqui no Brasil, não será justo que só pessoas com poder aquisitivo para assinar serviços
pagos, que constituirão por muitos anos a minoria da população, tenham o benefício da
melhor qualidade. Por isso, é fundamental que a alta definição exista no SBTVD.
Em algum tempo, as emissoras estrangeiras só comprarão produto televisivo em alta
definição. Precisamos, portanto, começar logo a TV Digital em nosso país, e assim criar
a demanda pela alta definição. Essa demanda interna fará com que as emissoras e as
produtoras brasileiras passem a produzir progressivamente em alta definição, e
continuem competitivas no mercado internacional.
Também os novos recursos possibilitados pela TV Digital, como a portabilidade e a
interatividade, ensejarão o desenvolvimento de novos produtos a serem exportados, como
aplicativos, novos formatos de programas com interação com o telespectador e,
possivelmente, a reformatação de programas para dispositivos portáteis.
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a inclusão digital,
oferecendo interatividade total e acesso à internet. Qual sua opinião sobre esta
proposta?
A interatividade total demanda um canal de retorno, cujo custo precisará ser equacionado
no caso da parcela da população que tem maior necessidade de inclusão - a população de
baixa renda. Equacionada essa questão, o antigo televisor analógico realmente poderá
funcionar como um monitor que, ainda assim, por ter baixa resolução, não exibirá
perfeitamente qualquer site da internet. Naturalmente, o Governo poderá preparar sites
com uma programação visual e interfaces simplificadas, de forma a poder se comunicar
com o cidadão e oferecer importantes serviços de cidadania.
O que me parece mais importante é que a televisão digital apresentará o conceito de
interatividade a muitos brasileiros. Assim, mesmo a interatividade local, do telespectador
com sua URD ( unidade decodificadora e receptora), pode ajudar na alfabetização digital
de pessoas que jamais viram uma tela interativa, especialmente crianças. Que deixarão de
ter receio ou até ficarão curiosas quanto ao uso de computadores, mesmo que eles sejam
de uso comunitário. Também será uma importante ferramenta na realização de programas
educativos, já que permite o envio de informações complementares, de exercícios de
fixação, etc.
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se limitam, em sua
maioria, a questões tecnológicas? Por que não se discutem assuntos como modelo de
negócios ou a produção de conteúdo para TV digital?
Tecnologia por tecnologia realmente não faz sentido. Mas faz sentido a tecnologia a
serviço do processo produtivo, da economia, da sociedade.
E quando se compara as três tecnologias de transmissão desenvolvidas no mundo, as
diferenças são radicais. A tecnologia adotada nos E.U.A. foi desenvolvida antes da
sociedade móvel – e, portanto, só permite recepção fixa. A tecnologia desenvolvida na
381
Europa permite a mobilidade e a portabilidade, mas caso a emissora opte por essas
modalidades, não se pode receber imagens em alta definição, com estabilidade, nas
residências – e como as emissoras sabem que sua sobrevivência depende da alta
definição, não podem optar por tal configuração de serviço. Por isso, nos países que
adotaram uma das duas tecnologias, a portabilidade está sendo realizada através de outras
redes, necessariamente através de serviços pagos. Portanto, a adoção de uma dessas
tecnologias no Brasil:
• privaria a população brasileira de ter, gratuitamente, entretenimento e informação
a caminho do trabalho e nos períodos de descanso fora de casa;
• privaria as emissoras de uma ferramenta importante para a fidelização do
telespectador;
• e privaria a indústria de receitas significativas na venda de dispositivos móveis e
portáteis.
Já, no Japão, a tecnologia de transmissão foi desenvolvida por último, e em um canal de
televisão de 6MHz pode-se transmitir uma programação em alta definição para recepção
fixa nas residências e, simultaneamente, em definição mais baixa para dispositivos
portáteis. A programação em alta definição pode, também, ser recebida em movimento,
por exemplo, em carros, ônibus ou trens. É possível substituir a programação em alta
definição por múltiplas programações em definição padrão - o que pode fazer sentido no
caso de emissoras públicas ou puramente educativas. Nesse caso, o sistema japonês é o
que permite o maior número de programações. Ou seja, a adoção da tecnologia de
transmissão japonesa maximiza o uso do espectro. Adotada, dará à população a maior
qualidade ou a maior variedade de programas e permitir-lhe-á ter entretenimento e
informação, gratuitamente, quando em deslocamento. Dará às emissoras as melhores
ferramentas de sobrevivência em um mundo cada vez mais competitivo e dará à indústria
mais formas de retorno através da venda de dispositivos móveis e celulares e de
aparelhos de televisão.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de televisão,
principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e à produção de conteúdo
para a TV digital?
Já respondido anteriormente.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos indivíduos. As
poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua opinião, o que despertará
maior interesse nos usuários? A interatividade é um fator importante?
Muitos dos benefícios já foram abordados nas respostas anteriores. Os preços
decrescentes ( já caindo significativamente) das telas grandes ( plasmas, LCDs e outras)
levam-nos a prever que, no futuro, elas serão popularizadas. Com a alta definição aliada
aos múltiplos canais de áudio ( áudio surround ), os indivíduos terão nas suas casas uma
nova experiência, muito mais envolvente, de ver televisão. Sentir-se-ão praticamente
dentro do estádio de futebol. A interatividade deverá também mudar bastante a relação
do indivíduo com a programação. Poderão ser formadas comunidades virtuais com
torcedores amigos em um jogo de futebol, como proposto por um grupo da UFPb. Uma
pessoa em sua casa poderá estar virtualmente presente em um programa de auditório, ou
participando de uma mesa de debates, com a ajuda de uma webcam ligada à sua URD.
A mobilidade permitirá que passageiros vejam televisão nos ônibus, ou nos táxis,
podendo assistir o início de sua novela preferida ou torcer pelo time feminino de volley
na final do campeonato sul-americano. É difícil saber o que despertará o maior interesse
nos usuários...
382
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o tempo utilizado
para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés da adoção de um dos três
padrões existentes?
O processo de estudo já está suficientemente amadurecido para que seja resolvida a
tecnologia de transmissão e se passe para o próximo degrau, de integrar ao sistema de
transmissão escolhido os avanços propostos pelos centros de pesquisa brasileiros.
Adiar mais é perder um precioso tempo no qual as emissoras estariam se preparando para
oferecer os serviços, e, junto com seus colaboradores, exercitando as ferramentas e
desenvolvendo produtos progressivamente melhores para continuarem oferecendo uma
das melhores televisões abertas do mundo para o mercado interno e externo. No qual os
centros de pesquisa estariam treinando profissionais para ser esses colaboradores e para
criar novos softwares e aplicativos. No qual as produtoras estariam produzindo em alta
definição para as emissoras e agências publicitárias nacionais e estrangeiras, e até com
uma certa sinergia com a indústria de cinema. No qual países da América do Sul
poderiam estar ainda dispostos a seguir nossos passos, em vez de se deixarem levar pelo
costumeiro domínio norte-americano. No qual a indústria de eletroeletrônica já estaria
fabricando e distribuindo produtos progressivamente melhores e mais baratos. E no qual
a população já estaria promovida à era digital de entretenimento e informação – gratuita.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade civil junto aos
debates públicos sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o desenvolvimento
do SBTVD?
É papel da sociedade questionar sempre e cobrar de seus dirigentes políticos melhorias
em todas as áreas. Mas a digitalização da TV aberta é urgente para que a TV brasileira
continue saudável e que a sociedade continue se beneficiando de uma das melhores
televisões do mundo. As discussões sobre o sistema já estão maduras. O governo já tem
como tomar as primeiras decisões. O processo de implantação não ocorrerá do dia para a
noite e a sociedade civil terá chance de dele participar e nele influir através de todos os
meios que costuma utilizar.
Data: Mon, 28 Nov 2005 12:05:18 -0200
De: Liliana Nakonechnyj <[email protected]>
Para:
[email protected]
Assunto: ENC: USP - pesquisa
Prezada Adriana,
Eu responderei as perguntas pelo Fernando e por mim, OK ?
Abcs,
Liliana
-----Mensagem original----De: Adriana Omena [mailto:[email protected]]
Enviada em: terça-feira, 22 de novembro de 2005 18:29
Para: Fernando Bittencourt
Assunto: USP - pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
383
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
384
ANEXO V
15)
Data: Mon, 28 Nov 2005 16:10:52 -0200
De: Marcelo <[email protected]>
Para:
[email protected]
Assunto: Re:Tese TV digital
Cara Adriana,
Seguem as sua perguntas respondidas.(abaixo, no corpo do seu e-mail)
Só para esclarecer, respondo em "nome da minha pessoa" e não em "nome
da ABED".
Espero que as respostas sejam úteis para a sua tese.
Marcelo Durigan
-------Mensagem original------De: Adriana Omena
Data: 11/22/05 17:49:42
Para: [email protected]
Cc: [email protected]
Assunto: Universidade de São Paulo - pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
385
Eu acredito que a discussão para definir o padrão a ser escolhido para
utilização no Brasil deva ser estabelecido entre profissionais do meio,
com conhecimento tanto em parâmetros "técnicos" como "funcionais".Eu
acompanho através de jornais, revistas e conversas com colegas da
Faculdade e professores (sou estudante de Rádio/TV da Casper Líbero)
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
Acredito que as discussões que estão ocorrendo, e até a demora para se
escolher um padrão, demonstram que as atitudes estão sendo bem
pensadas.
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
Sinceramente, não tenho acompanhado tão de perto para perceber a
diferença na conduta entre os três ministros, mas a manutenção de uma
"linha contínua" no projeto, seja qual for o ministro que está no
comando, deve ser mantida.
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
Acredito que criar um padrão próprio é um retrocesso, assim como foi a
criação do sistema PAL-M na época da implantação da tv a cores. Pelo o
que eu tenho lido, o modelo japones, com certas adaptações ao uso
brasileiro, é o que melhor se encaixa nas necessidades brasileiras.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
de
os
O governo deve sempre buscar parcerias com as universidades, promover
pesquisas e testes junto as instituições. Ambos os lados ganham com
essas parcerias.
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
Acredito que o Brasil só tem a ganhar com a introdução da TV digital.
Só que será necessário um grande investimento por parte dos
realizadores para a atualização do "maquinário" e dos profissionais
envolvidos.
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
Antes de inclusão digital, é necessário promover a inclusão social. O
que adianta uma minoria ter acesso a tecnologia de ponta se a grande
maioria não consegue o mínimo para sobreviver?
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
386
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
Aqueles que discutem o assunto não possuem uma visão "global" do tema.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
Acredito que as grandes redes terão que começar a investir em produções
independentes. Isso agitará o mercado, gerando novas opportunidades
para os "peixes pequenos".
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
A interatividade é ponto chave para o usuário. Talvez a principal
diferença para o telespectaor, seguida pela melhor qualidade de imagem
e som.
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
Quanto maior o tempo para se definir um padrão, maior será a demora
para iniciar a produção de conteúdo em "formato digital". Isso deixará
os produtores brasileiros atrasados em relação ao resto do mundo.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? >
Levando o tema para programas de TV, por exemplo, organizando debates
com posições diferentes. Matérias em jornais e revistas também
auxiliam. Uma idéia é levar especialistas para conversas e palestras em
Faculdades de comunicação, por exemplo.
-No virus found in this incoming message.
Checked by AVG Free Edition.
Version: 7.1.362 / Virus Database: 267.13.5/177
21/11/2005
-
Release
Date:
387
ANEXO V
16)
Data: Tue, 29 Nov 2005 15:36:29 -0300
De: [email protected]
Para:
[email protected]
Assunto: respostas do questionario SBTVD
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
de
os
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
388
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? >
Respostas:
1. É uma tarefa muito difícil que requer competência na área
tecnológica e econômica. Pessoalmente (e também minha instituição)
tenho acompanhado as discussões à margem.
2. Não estou informado se há debate público sobre o assunto.
3. Isto é danoso para o processo de avaliação e escolha de um sistema
de TV digital. Visto que cada ministro traz sua equipe e as linhas de
trabalho perdem continuidade e aprofundamento. Sabemos também que há
interesses políticos envolvidos e cada equipe assume postura política
distinta.
4. Desenvolver seu próprio sistema. Esta é uma oportunidade que não se
deve perder. Há pessoal qualificado para isso.
5. O papel das universidades é de assessoria tecnológica, econômica,
administrativa e social. Essa colaboração pode continuar na implantação
de serviços, software, circuitos e programação.
6. O padrão adotado tem de ser compatível com os demais existentes.
Assim a qualidade da TV brasileira continuará a ser um fator positivo
na comercialização de produtos televisivos.
7. A proposta é teoricamente boa. Carece, no entanto, de mecanismos de
inclusão que no momento não operam mesmo agora em setores como a
internet.
8. Essa discussão ocorre entre os interessados: empresários, educadores
e artistas. O público é um receptor.
9. A existência de mais canais possibilita diversidade na programação.
Isto teoricamente melhora a oferta de produtos ao público. No entanto,
para o cidadão comum a TV é um aparelho de lazer, e pouco muda se
analógica se digital, se mais ou menos canais.
10. É o mais importante. Na sociedade atual, a da informação rápida, a
interatividade abre muitas possibilidade de serviços, negócios e lazer.
11. Positivos: Desenvolvimento de tecnologia própria, qualificação de
pessoal, possibilidade de comercialização do sistema. Negativo: boicote
do comércio internacional forçando o sistema brasileiro ao isolamento e
consequente abandono.
12. Campanhas televisivas, nas escolas, universidades e empresas.
389
ANEXO V
17)
Data: Tue, 29 Nov 2005 19:27:33 -0200
De: Takashi Tome <[email protected]>
Para:
Cc:
Adriana Omena <[email protected]>
[email protected] , [email protected]
Assunto: RES: Univ. São Paulo - pesquisa
Oi Adriana,
Desculpe a demora. Estou respondendo abaixo.
Eu gostaria de deixar claro que algumas posições - que procurei
explicitar - são opiniões pessoais minhas, não as do CPqD. Essa
ressalva é necessária, para evitar qualquer mal entendido.
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
[Tak] O CPqD tem participado do processo de decisão da TV Digital no
Brasil desde 1998, sempre na qualidade de apoio técnico - até 2002 para
a Anatel, e desde 2003 para o MC. Com relação às demais instituições da
sociedade civil, eu pessoalmente sou da opinião de que essa
participação tem sido baixa. Por uma série de razões: dificuldade em
convencer esses setores sobre algo etéreo, versus problemas de ordem
mais imediata que essas entidades possuem, etc.
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
[Tak] Me sinto incompetente para analisar.
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
[Tak] Certamente, não é o melhor dos mundos. Cada Ministro possuía seu
estilo, sua equipe. E a cada troca de Ministro, acabamos perdendo algum
tempo, necessário para aculturar os novos integrantes. Entretanto,
acredito que isso faz parte do jogo, temos que trabalhar com a
realidade que temos, não com a condição ideal mas irreal.
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
[Tak] A postura do CPqD sempre foi a de buscar uma posição neutra,
oferecendo respostas às dúvidas tecnológicas, sem procurar pender para
qualquer
lado
que
fosse.
Quanto à minha posição pessoal: eu acredito que o melhor seria a de
buscarmos uma solução que fosse a mais adequada para as nossas
condições - sociais, econômicas e culturais. Até certo ponto, tanto faz
se isso é obtido por uma solução importada, por uma solução totalmente
390
caseira ou um mix das duas. O que os trabalhos de pesquisa tecnológica
mostraram é a prevalência dessa última: alguns componentes devem ser
importados, outros devem ser nacionais - buscando balancear os custos,
os benefícios econômicos e sociais, e os prazos de obtenção de
resultados.
Eu
gostaria
de
lembrar,
entretanto
duas
coisas:
a) a análise da história da tecnologia mostra que tanto a Europa,
quanto os Estados Unidos e mais ainda o Japão, ao desenvolverem os seus
sistemas, tiveram uma forte preocupação com a questão de privilegiar
suas indústrias, de usar a TV Digital como um mecanismo para alavancar
os seus complexos eletrônicos. Se os países desenvolvidos fazem isso,
não
vejo
porque
termos
vergonha
de
fazer
isso
também.
b) Esse argumento é corroborado pelo déficit comercial endêmico na área
do Complexo Eletrônico. Importamos anualmente cerca de US$ 3 bilhões em
componentes eletrônicos. E, considerando que daqui pra frente tudo
tende a ser eletrônico e digital, se nada for feito, esse déficit só
tende a piorar. Para reduzir esse déficit, algumas ações são
necessárias. Uma delas é a do País se capacitar no projeto de sistemas
eletrônicos complexos. Mesmo que não implantemos no Brasil uma fábrica
de chips - devido a seus custos e outras considerações - o fato de
termos projetos de chips (que podem ser gravados alhures) e patentes,
nos coloca em situação vantajosa. Me parece inconcebível querermos
abrir mão disso.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
de
os
[Tak] Ao longo de 2005, tivemos a grata satisfação de ver diversos
projetos darem resultados que em nada ficam a dever aos países do
primeiro
mundo.
Eu
gostaria
de
citar
algumas:
a) Subsistema de modulação (da PUC/RS): através da utilização de
técnicas de inteligência artificial, consegue um desempenho bem melhor
do
que
os
sistemas
atualmente
existentes.
b) Codificação de vídeo (Unisinos, RS): Inicialmente, o trabalho focou
no domínio da tecnologia de compressão MPEG. Recentemente, eles deram
provas de ter conseguido um bom domínio ao implementar um codificador,
em software, que roda num PC, para a qualidade SDTV, MPEG-2. Para se
ter uma idéia do significado desse feito: um codificador comercial que
faz as mesmas funções custa por volta de US$ 35 mil FOB, ou seja, algo
em torno de R$ 100 mil reais. E, em vez disso, basta um PC comum para
executar a mesma função! Para as milhares de pequenas emissoras, essa
solução é uma enorme mão na roda!
c) Sincronismo de Mídias (PUC/RJ): Num ambiente de TV Interativa, uma
grande dificuldade é manter a coerência dos objetos a serem
reproduzidos. O trabalho da PUC, nesse sentido, apresenta uma estrutura
bastante
inovadora,
inexistente
em
outros
sistemas
no
mundo.
d) Correio eletrônico sem necessidade de canal de retorno (UnB): Todas
as soluções de e-mail para TV Digital, até hoje, se valiam do uso do
canal de retorno. Ora, mas temos que considerar que isso não é uma
realidade no Brasil: a parcela da população que tem uma linha
telefônica ainda é baixa e, pior, a parcela que não tem esse acesso
ainda vai continuar por um bom tempo, por uma série de fatores: o custo
da assinatura é proibitivo, a rede não chega a todas as localidades,
etc. Nesse sentido, o fato da TV Digital ser capaz de enviar mensagens
para um usuário específico é um ganho enorme, especialmente se
considerarmos as regiões mais carentes, onde as redes são mais
escassas.
Esses aão apenas alguns exemplos dos projetos do SBTVD.
391
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
[Tak] Com certeza, temos não apenas que preservar essa competência, mas
aprimorá-la ainda mais. Um dos objetivos expostos no Decreto 4.901 é
que o SBTVD deve propiciar o surgimento de novos empreendimentos no
setor, sem prejuízo das já existentes. Nesse sentido, acredito (posição
pessoal Takashi) que o Brasil deveria aproveitar a sua incrível
criatividade artística e a competência de produção de software, para se
tornar um grande centro produtor de programas multimídia interativos a mercadoria por excelência do III Milênio, a Era da Informação. Ora,
como se consegue isso? O SBTVD deve possuir ferramentas que facilitem o
surgimento de novos empreendimentos - seja na área de produção, seja na
área de transmissão. Isso significa disponibilizar ferramentas de
autoria, codificadores, etc, a preços acessíveis para os novos
empreendimentos. É como no futebol: somos bons porque existem milhares
de campinhos, onde as crianças aprendem a jogar, propriciando o
surgimento dos futuros Ronaldos e Robertos Carlos. Na outra ponta,
acreditamos que as grandes emissoras possuem competência, e elas devem
ter os recursos necessários para que continuem a produzir cada vez com
mais qualidade.
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
[Tak] Acho excelente, e apóio com total entusiasmo! Como mencionei
acima, um dos serviços - o de e-mail - funciona mesmo sem canal de
retorno. Se o usuário tiver canal de retorno, outros serviços serão
possíveis - acesso internet (já foi desenvolvido um browser para ser
integrado ao SBTVD), acesso aos serviços de governo eletrônico
(declaração de isento), e-health (agendamento de consultas). O céu é o
limite! Ou, esperemos, que o limitante não sejam as nuvens baixas.
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
[Tak] Isso decorre, acredito, do fato dos engenheiros estarem mais
envolvidos na questão. Em 2003, tentei discutir o tema TV Digital no
seminário da Intercom, o principal evento dos estudiosos em mídia. Mas
foi em vão, não obtivemos receptividade. Em 2004, novamente, a
tentativa foi frustrada - desta vez, em parte por culpa nossa, que
perdemos o dead-line das inscrições. Mas acho que era a Intercom que
deveria estar promovendo mesas-redondas e convidando os responsáveis
para discutir isso. Ou será que a Intercom não consegue compreender o
alcance dos impactos que essa mídia trará à vida de todos nós?
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
[Tak] Algumas redes terão ganhos fantásticos - e que ótimo que seja
assim, porque todos nós teremos a ganhar. Outras redes, infelizmente,
tem capacidade de produção limitada, e não saberão como aproveitar a
oportunidade. Essa situação tem ocorrido também em alguns países,
notadamente nos EUA e na Austrália. O que me deixa triste é que não são
dadas oportunidades para novos entrantes, que poderiam arejar o
392
ambiente, trazendo novas propostas. Acredito que todos nós teríamos a
ganhar com uma maior diversidade de programadores e produtores.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
[Tak] Nós (CPqD) temos feito sistematicamente pesquisas de mercado para
sondar essa questão. A população é bastante heterogênea, portanto não
existe uma regra mágica que irá agradar a todos. Mas o que as pesquisas
mostram, como possíveis fatores de ganho da TVD para o público, são: imagem mais nítida, sem chuvisco nem fantasmas. Para uma grande parcela
da população - uns 55% - esse seria um dos principais ganhos. Não
precisa ser HDTV - isso irá beneficiar somente uma pequena parcela da
população, em condições de adquirir uma TV de tela grande (32 polegadas
ou mais) - mas só o fato de eliminar chuviscos e fantasmas será um
grande motivador. Esse, aliás, é um dos fatores que pesam para as
pessoas adquirirem antenas parabólicas para recepção aberta (banda C),
além do aumento das opções de programação. E deve-se considerar que 11%
da população brasileira - 1/5 do total
- usa essas antenas.
- som: parece incrível, e esse é um ponto esquecido, mas o som digital
faz uma diferença enorme! Muitas pessoas irão querer mudar por causa
desse fator.
- interatividade: num primeiro momento, o grande público para isso são
os jovens. Portanto, a tendência é que essa facilidade somente atraia
um público maior com o decorrer dos anos.
- acesso a serviços de cunho social. Esse é um subconjunto da
interatividade. Porém, para diversas pessoas, é uma funcionalidade
bastante útil e portanto atraente.
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
[Tak] Aqui vai uma posição pessoal. Em 2001, após a finalização dos
testes de São Paulo, a ABERT manifestou formalmente a sua preferência
pelo sistema japonês. Estávamos ainda em pleno governo FHC, com o Sr.
Pimenta da Veiga Ministro, e Renato Guerreiro presidente da Anatel.
Ora, a pergunta não é porque o Brasil optou por desenvolver um sistema
próprio, incorrendo em "atrasos", mas: porque, em pleno governo FHC,
com uma posição clara das emissoras, essa decisão não foi tomada? A
resposta é que essa decisão envolve questões muito complexas, que
extrapolam a mera questão de escolha de um padrão tecnológico: envolvem
aspectos comerciais, de negociação com os detentores das tecnologias,
de reformulação legal, etc.
Aliás, os Estados Unidos, o Reino Unido e a Austrália, para
introduzirem a TV Digital, efetuaram revisões legais. Essa discussão
nem começou no Brasil.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? >
[Tak] O primeiro passo seria compreender o significado dos impactos que
elas irão sofrer com essa definição tecnológica. A população tem se
mobilizado para discutir questões como o da implantação de usinas
energéticas ou coisas similares, especialmente os que envolvem aspectos
ecológicos. Ora, é necessário compreender que a TV Digital não é uma
393
mera digitalização dos sinais de TV - ela cria, de fato, uma nova
ecologia de serviços à volta do cidadão.
Seria muito importante que nós, técnicos, conseguíssemos levar essa
consciência para a sociedade civil.
Da parte da sociedade civil, gostaria de ver aqueles que serão mais
diretamente afetados pelas decisões - os pequenos produtores de
conteúdo (ou candidatos a), as pequenas emissoras, sejam elas
comerciais, educativas ou comunitárias, ou centros de formação de
profissionais
em
comunicação,
e
os
próprios
profissionais
em
comunicação - gostaria de vê-los mais envolvidos nas discussões. Talvez
falte um fórum aberto (na Internet) nesse sentido.
Obrigado pela oportunidade de estar falando aqui.
[]s
Takashi
-----Mensagem original----De: Adriana Omena [mailto:[email protected]]
Enviada em: terça-feira, 22 de novembro de 2005 19:17
Para: Takashi Tome; [email protected]; [email protected]
Cc: [email protected]; [email protected]; [email protected];
[email protected]
Assunto: Univ. São Paulo – pesquisa
394
ANEXO V
18)
Data: Thu, 1 Dec 2005 12:16:54 -0200
De: Olimpio José Franco <[email protected]>
Para:
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto: Re: Universidade de São Paulo
Prezada Adriana,
As respostas estão abaixo.
Abs,
Olímpio José Franco
Rua Corumbá, 405 –Marambaia
Vinhedo-SP
Cep 13280-000
[email protected]
11 96376742
19 38760296 / 38262625
----- Original Message ----From: "Adriana Omena" [email protected]
To: <undisclosed-recipients:>
Sent: Tuesday, November 22, 2005 5:10 PM
Subject: Universidade de São Paulo
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
395
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
R) Não tenho muitas informações sobre a participação da socidedade
civil neste assunto.
Embora no caso das introduções de outras
tecnologias
como celular, do fax, da TV e do Rádio e do computador
também não foi de uma forma clara e aberta. Creio que cabe o governo
prover estas aberturas e motivações.Quanto ao desenvolvimento do SBTVD
foi feito
um decreto presidencial , de forma estruturada envolvendo
muitos ministérios para fazer partes dos comitês estratégico, gestor,
consultivos (este
comitê consultivo é praticamente inútil, pois não
gera consenso e objetivi dade , com algumas entidades representativas e
outras completamente oportunistas e desvnculadas do tema.Apenas para
gerar discussões inúteis e interesses duvidosos)
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
R) Creio que tem sido uma atuação técnica e séria do assunto. Esta
questão de debate público , sob meu ponto de vista não é o mais
importante, mas sim adotar uma plataforma técnica que permita
diversidade de possibilidades, que seja robusta, flexível e com a maior
prova de futuro possível .
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
R) Não há dúvida que
cumprimento de prazos.
mudanças
causam
prejuizos
de
rumos
e
de
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
R) Sou de opinião pela solução mista.Não dá para adotar um padrão
próprio, sem escala de produção e sem alcance mundial.O mundo
globalizado não permite aventuras regionais.Deve ter compatibildade
internacional.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
de
os
R) Já foi dado um importante passo com muitas instituições particpando
e muitos pesquisadores envolvidos.Foi surpreedente ver tanta gente
interessada e motivada para o assunto.Os recursos não foram tantos, ams
os resultando muitos bons. Mesmo que se escolha o padrão no início do
ano que vem, as verbas para P&D devem continuar,pois há muito trabalho
pela
frente,
n
oque
se
refere
a
testes
,
especificações,
desenvolvimentos e novos aplicativos .
396
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
R) Não tem nada a ver se adotar o melhor padrão. Não se pode limitar
pela plataforma tecnológica.Temos que ter o melhor já desde a largada.
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
R) É uma boa idéia, mas não a única.Primeiro o estado deve prover
educação, saúde, segurança e comunicações básicas para a comunidade com
oum todo. A interatividade poderá ajudar sim, mesmo sem canal de
retorno. Co canal de retorno melhro ainda.Sempre será algo limitado e
mais lento que um computador.Isto se deve a capacidade do receptor, que
se
auemtar muito sua capacidade de processamento e de memórias seu
custo sobe muito. Só o tempo e mercado para resolver esta inequação.
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
R) Está na ordem certa. Modelos de negócios dependem de seus
empresários que devem definir seus rumos de negócios. Conteúdo
independe de TV Digital. É importante em qualquer meio de transmissão e
de distribuição.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
R) O impacto é de continuar ou não seu negócio.Outras mídias mais
modernas vem corroendo sua audiência e pr consequencia seus marcados.
Multiplicidade de canais não é garantia de sucesso. Veja que alguma
redes tem dificuldades para manter apenas um canal, que dirá de vários.
Sem
falar de conteúdos, mas há atambém dispersão de recursos e de
audiência.Se espelhe na TV por assinatura.Ninguem fica muito tempo em
um canal.Por incrível que pareça, as redes de TV abertas que estão no
line -up d as operadoras de TV por assinatura possuem mais audiência
que os canais próprios destas operadoras.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
R) Interatividade nem tanto. O que muita gente interessa mesmo é pela
qualidade de imagens, de som e do conteúdos dos programas. O que vale
mesmo é o entretenimento.Serviços virão depois se houver motivação e
interesse. Para os mais jovens, pode até que isto mude mais em favor da
interatividade.Na maioria das famílias brasileiras o TV é o único meio
de entretimento livre , aberto e sem que pagar nada por isto !
397
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
R) Se demorar mais será ruim para a s redes que estão ficando
desatualizadas comparadas com TV a Cabo, DTH, internet e celular.O
televisor é o dispositivo eletrodoméstico mais antigo de uma
residência.Até as geladeiras e máquinas de lavar são mais avançadas
eletronicamente que o TV. Se ligássemos o nosso atual Televisor
analógico em 1950 ele ainda funcionaria...
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? >
R) Para ser sincero considero que a TV Digital é uma transição
tecnológica e não um motivo para mudar a forma de fazer TV no Brasil.
Isto é um assunto para o Congresso mudar a LGT.(código Geral de
Telecomunicações).
398
ANEXO V
19)
Data: Mon, 05 Dec 2005 20:25:24 -0200
De: Cosette Castro <[email protected]>
Para:
Cosette Castro <[email protected]>
, [email protected]
Assunto: Re: Enc.: USP - pesquisa
Cara Adriana,
Demorou mais aí estão as respostas que você solicitou.
Estou a sua disposição.
Quanto a entrevista com gravação de vídeo, creio que fica difícil,
porque estou em Porto Alegre.
Um abraço,
Cosette Castro
Coordenadora de Estágio e Pesquisa/TV Digital
Fund. Pe. Urbano Thiesen - TV Unisinos
(51) - 590-8701 - Ramal: 5707
[email protected]
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
Perguntas:
399
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
Creio que são duas coisas diferentes, embora a universidade faça parte
da sociedade civil. A sociedade civil organizada em ongs, institutos,
sindicatos e/ou fundações está participando ativamente, mas a sociedade
em geral, não, porque desconhece a importância e as modificações que a
TV digital vai trazer para o país. Nós da Unisinos realizamos em
maio/2005 o primeiro seminário nacional sobre Mídias Digitais,
discutindos os diferentes padrões, o Sistema Brasileiro de TV digital,
as possibilidades do rádio digital e a convergência tecnológica.
Reunimos
500 alunos, pesquisadores e professores da comunicação,
educação, informática, economia e engenharia tentando falar a mesma
lingua técnica e mostrando, de forma transdisciplinar, de que maneira
vai mexer com a vida e profissão de todos. Também fizemos palestras na
comunidade de São Leopoldo (região da grande Porto Alegre) onde está
localizada a Universidade para levar a população informações sobre a TV
e rádio digital. Estamos pleiteando fazer um novo seminário em 2006,
incluindo o tema da indústria criativa e produção de conteúdos para as
novas tecnologias em comunicação, mais uma vez extrapolando os muros da
universidade. Também lançamos um livro chamado "Mídias Digitais,
convergência tecnológica e inclusão social", pela editora Paulinas,
organizados por André Barbosa Filho, por mim e Takashi Tome. E por fim,
vale acrescentar que a Unisinos e a Fundação Pe. Urbano Thiesen
participaram
ativamente
no
desenvolvimento
do
SBTVD
na
área
tecnológica.
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
O debate ainda está restrito ao âmbito universitário e as áreas mais
próximas, principalmente tecnológicas. Mas há um grande trabalho
adiante porque nem mesmo os professores e pesquisadores conhecem o
tema, imagine então os alunos e seus familiares.
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
De várias formas, porque eles defendem interesses diferenciados e a
falta de continuidade prejudica os trabalhos. O Ministro Helio Costa
tem dificultado bastante o papel do comitê gestor do SBTVD onde
participam
diferentes
instituições
,
por
exemplo
a
Associação
Brasileira de TVs Universitárias (ABTU) ou o FNDC , Forum Nacional
pela
Democratização
da
Comunicação.
Ele
claramente
defende
os
interesses dos empresários, particularmente o da Globo. É surpreendente
que uma pessoa que seja proprietário de uma rádio possa ser nomeado
ministro, pois é uma pessoa parcial, já que tem interesses pessoais
como radiodifusor!
400
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
O fato do governo Lula ter possibilitado que cerca de 1500
pesquisadores nacionais tenham desenvolvido um projeto de Sistema
Brasileiro de TV Digital é louvável e mostra a capacidade criativa e as
habilidades da universidade brasileira. Além disso, não necessitaremos
pagar royalties pelos produtos dos outros, pois estamos produzindo
software,
midleware
e
hardware.
Mas infelizmente, não conseguimos dar conta de todas as etapas. Então o
ideal é ter um padrão misto, utilizando o que produzimos no Brasil com
o de fora. MAS é importante que a parceria a ser realizada (seja com os
europeus, japoneses ou norte-americanos) garanta que o "outro lado"
tenha que usar nossos produtos também. Enfim, que não sejamos apenas
meros consumidores de tecnologia de fora.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
de
os
Como disse anteriormente, o projeto de SBTVD tem ampla participação das
universidades públicas e privadas assim como as fundações brasileiras.
Cerca de 1500 pesquisadores brasileiros participam do projeto. É algo
inédito no país. Nunca nenhum governo anterior apostou dessa maneira na
universidade brasileira! E o fato inovador é que não foi cada
universidade trabalhando sozinha, cada uma por si, mas trabalhando em
consórcio,
compartilhando
saberes
e
experiências.
Isso deveria ser feito em todas as áreas do saber. O papel social do
pesquisador seria ampliado.
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
Ao contrário, só tende a ajudar.
Mas veja que estamos falando de coisas diferentes. De um lado temos o
desenvolvimento de tecnologia para colocar a TV digital no ar de forma
universal, ou seja, com condições acessíveis para toda população e não
apenas para meia duzia, como propõe a Rede Globo e outras empresas ao
sugerir o uso do HDTVD (alta definição). A alta definição serve para
países ricos, com alto poder aquisitivo, o que não é o nosso caso. O
SBTVD prevê um sistema mais simples, o SBTVD (standart), com mobilidade
(podendo ser acessado em qualquer lugar), com escalabilidade (ou seja,
você pode comprar diferentes pacotes, do mais simples ao mais
sofisticado, como na TV por assinatura), usabilidade (acessível aos
diferentes públicos), com interatividade, onde o receptor pode enviar
mensagens para o produtor das notícias ou programas, desde o seu
controle remoto que será como um mini-teclado. Enfim, de outro lado,
está a questão da produção de conteúdos para a TVD, que pode ser
pensado apenas em termos de TV ou da convergência tecnológica, que
inclui formatos para TV, rádio, internet e celulares tudo ao mesmo
tempo. Como a noção de grade de programação termina, a noção de
programa também. Será preciso mudar os currículos para estudar um outro
tipo de gêneros e formatos, agora pensados a partir de módulos que
podem aparecer na tela sozinhos ou em grupos. Ou seja, estamos falando
de muita mudança ao mesmo tempo. Quanto as empresas de comunicação,
401
também defendem o padrão japonês porque este não permite que as
empresas de celulares possam produzir conteúdos, formatos, e elas
ficarão como sempre estiveram sendo as únicas que oferecem produtos
(com exeção dos independentes) aos diferentes suportes tecnológicos.
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
Me parece inteligente e prática, pois nosso parque de televisores
analógicos chega a 95% da população e hoje 55% dos brasileiros nunca
usou um computador. A possibilidade de comprar uma caixa (como a da TV
por assinatura) e usar a TV que todos temos em casa com um computador
também
me
parece
realmente
um
bom
plano
de
inclusão.
Mas essas pessoas terão de aprender a usar o teclado/controle remoto e
as
possibilidades
de
interação
que
a
TVD
vai
oferecer.
Não sei se a interatividade vai ser total, mas já ajudará quem nunca
teve acesso.
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
Na Unisinos e no livro Mídias Digitais esse é um assunto que vimos
discutindo, assim como nos diferentes assuntos sobre o tema, mas ainda
estamos
engatinhando.
Esse é um problema que atinge o mundo todo. É muito diferente pensar a
publicidade, pensar as novas linguagens. Todos estamos re-pensando
nossas teorias e práticas frente as mudanças que estão por vir;
inclusive as universidades.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
AS atuais redes terão de se adaptar e reestruturar, como estão fazendo
os outros países do mundo. Isso não é um problema grave; é atualização
tecnológica. O custo será a compra de equipamentos e também as mudanças
nas redações, que terão oficios totalmente reestruturados; alguns
inclusive extintos. No caso da TVD, o trabalho em equipe das redações
de TV será substancialmente modificado nos próximos anos. Na parte de
arquivos, pode ser incialmente uma mudança cara, mas vai barateando no
decorrer dos anos, principalmente porque a digitalização economiza
espaço, tempo e dinheiro. Quanto a produção de conteúdos, a tendência
é que inicialmente se copie os formatos da TV analógica, mas com o
tempo os profissionais vão descobrir as inúmeras possibilidades de
construção de produtos e formatos em TVD, assim como de interação com o
público.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
402
Sobre a interatividade - Pode ser importante, mas os estudos realizados
nos EUA mostram, por exemplo, que as pessoas preferem formatos prontos;
não estão dispostas e fazer por elas mesmas. Creio que é preciso tempo,
porque as pessoas se acostumaram durante gerações (50 anos de TV) a
apenas receber e do dia pra noite, vão poder interagir em tempo real.
Pessoalmente, considero a interatividade uma grande vantagem e estou
curiosa para participar.
Também creio que os serviços - de tempo, estradas, saúde, educação a
distância - são vantagens da TVD que as audiências poderão aproveitar.
Quanto ao termo usuário, ñão concordo com ele. Pressupõe uma pessoa que
apenas usa; há um caráter tecnológico muito forte no termo. Sugiro
(como faço no livro) o termo sujeito digital porque teremos a
possibilidade de construir e receber conteúdos na TVD e no rádio
digital.
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
Perdão, mas a sua pergunta tem um erro de origem. Não perdemos tempo em
desenvolver um projeto próprio. O SBTVD está sendo usado como modelo
para outros países do mundo, inclusive países europeus. SEja na
tecnologia, como no desenvolvimento dos consórcios universitários.
Estamos desenvolvendo tecnologia ao invés de importar tecnologia. Em
pouco tempo, estaremos exportando esses produtos..Essa pergunta segue a
mentalidade de quem diz que o Brasil quer "inventar a roda na TVD",
quando o que foi proposto é um projeto coletivo de construção de
conhecimentos que vai gerar renda e royalties para o Brasil. Os três
padrões apresentam problemas e não são totalmente adequados para a
realidade brasileira. Por isso, está sendo finalizado o SBTVD. Adotar
um padrão do exterior sem estudar as necessidades do país seria repetir
um erro que vimos comentendo em sucessivos governos: não valorizamos
nosso potencial para copiar dos outros. Depois definhamos pagando
royalties porque não produzimos e não investimos em pesquisa.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? >
1. A mída pode fazer matérias, mas infelizmente não se interessa no
tema, pois já tem seus próprios interesses.
2. As universidades de todo o país podem chamar especialistas e debater
o tema em vários níveis, seja entre os alunos como professores e
pesquisadores. Esses debates deveriam ser abertos as comunidades onde
estão localizadas as universidades.
3. O tema deveria ser levado aos Sindicatos e associações de
professores e de diferentes entidades para que o tema fosse
multiplicado, porque ao inverso do que as pessoas pensam, as
tecnologias estão cada vez mais pertos de nós e cada vez mais entram na
nossa vida. É preciso apropriar-se desse conhecimento;
4. AS pesquisas sobre SBTVD devem ter levar seus resultados para as
comunidades conhecerem (de forma acessível) para que as pessoas possam
saber o que está acontecendo em todo país.
403
ANEXO V
20)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Thu, 15 Dec 2005 12:49:20 -0200 (BRST)
[email protected]
[email protected]
Lidas: solicita resposta pesquisa USP (reenvio)
Sua mensagem
Para: [email protected] [email protected] [email protected]
[email protected] [email protected]
Assunto: solicita resposta pesquisa USP (reenvio)
Enviar: Qui, Dezembro 15, 2005 1:02 pm
Está mostrada em Qui, Dezembro 15, 2005 12:49 pm
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
404
ANEXO V
21)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Thu, 15 Dec 2005 14:31:08 -0200
ABONG <[email protected]>
[email protected]
Lidas: resposta pesquisa USP (reenvio)
Esta é uma confirmação de recebimento do email que você enviou para
<[email protected]>; <[email protected]>; <[email protected]>
em 15/12/2005 12:58
Esta confirmação verifica se a mensagem foi exibida no computador do
destinatário em 15/12/2005 14:31
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
405
ANEXO V
22)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Thu, 15 Dec 2005 14:51:36 -0200
Claudinei <[email protected]>
[email protected]
Lidas: solicita resposta pesquisa USP (reenvio)
Esta é uma confirmação de recebimento do email que você enviou para
<[email protected]>; <[email protected]>; <[email protected]>;
<[email protected]>; <[email protected]> em 15/12/05
13:02
Esta confirmação verifica se a mensagem foi exibida no computador do
destinatário em 15/12/05 14:51
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
406
ANEXO V
23)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Thu, 15 Dec 2005 13:35:55 -0200
comcultura <[email protected]>
[email protected]
Lidas: solicita resposta pesquisa USP (reenvio)
Esta é uma confirmação de recebimento do email que você enviou para
<[email protected]>; <[email protected]>; <[email protected]> em
15/12/05 13:07
Esta confirmação verifica se a mensagem foi exibida no computador do
destinatário em 15/12/05 13:35
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
407
ANEXO V
24)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Thu, 15 Dec 2005 14:55:31 -0300
Guido Lemos de Souza Filho <[email protected]>
[email protected]
Lida: Pesquisa USP TV digital
Sua mensagem
Para: [email protected]
Assunto: Pesquisa USP TV digital
Enviada: 15/12/2005 11:41
foi lida em 15/12/2005 14:55.
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
408
ANEXO V
25)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Thu, 15 Dec 2005 16:02:43 -0200
Presidência <[email protected]>
[email protected]
resposta pesquisa USP (reenvio)
Prezada Sra. Adriana,
As informações que dispomos estão no site.
Atenciosamente,
Jacqueline R. Batista
Assistente da Presidência
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
409
ANEXO V
26)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Thu, 15 Dec 2005 16:58:28 -0300
Marco Altberg <[email protected]>
[email protected]
Read: solicita resposta pesquisa USP (reenvio)
This is a receipt for the mail you sent to
<[email protected]>; <[email protected]>; <[email protected]>;
<[email protected]>; <[email protected]> at 15/12/2005
12:02
This receipt verifies that the message has been displayed on the
recipient's computer at 15/12/2005 16:58
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
410
ANEXO V
27)
Data:
De:
Para:
Cc:
Assunto:
Thu, 15 Dec 2005 18:56:37 -0300
Sergio <[email protected]>
Adriana Omena <[email protected]>
[email protected]
Re: resposta pesquisa USP (reenvio)
Adriana:
Seguem respostas elaboradas pela tesoureira Maria José Braga e pelo
secretário-geral, Celso Schröder, com revisão minha. São, portanto
posições da Fenaj. Fica o convite para vc acompanhar nosso debate no
site da Fenaj e do Fndc.
Abraços,
Sérgio M. de Andrade
Presidente
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
O governo brasileiro teve a importante e significativa iniciativa de
instituir o Comitê Consultivo do SBTVD (CC SBTVD), um fórum oficial de
representação da sociedade civil nas discussões sobre a implantação da
TV digital no Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD. O CC SBTVD foi
instituído
pelo
Decreto
nº
4.901
como
instância
máxima
de
opinião/orientação
para
o
SBTVD.
Entretanto,
ele
foi
sendo
propositadamente esvaziado em suas atribuições o que, obviamente,
enfraqueceu o debate público sobre a digitalização. Fora do CC SBTVD,
várias entidades da sociedade civil organizada, como a FENAJ e o Fórum
Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), estão fomentando a
discussão sobre a importância estratégica da digitalização (não apenas
da TV aberta, mas das redes de comunicação/telecomunicações) para o
desenvolvimento e a soberania nacional. A FENAJ é uma das integrantes
do CC SBTVD, tendo na verdade dois membros de sua Executiva
participando das reuniões: sua representante oficial, a tesoureira
Maria José Braga, e seu secretário-geral, Celso Schröder, que integra o
CC SBTVD como representante do FNDC. Como já foi dito, além de integrar
o CC SBTVD, a FENAJ está fomentado o debate e, junto com o FNDC, está
formulando propostas para a digitalização no Brasil.
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
O Ministério das Comunicações, principalmente na gestão do ministro
Hélio Costa, tem atuado de forma parcial e tendenciosa na condução
desse importante processo. O esvaziamento do CC SBTVD é um claro
exemplo dessa atuação, mas o mais grave é a criação de um comitê ad
411
hoc, onde o Ministro construiu, de fato, uma interlocução privilegiada,
principalmente com os radiodifusores, sob a alegação que são eles quem
pagarão a conta. Os demais representantes da sociedade civil, entre
eles, a Associação Brasileira de Televisões Universitárias (ABTU), Cris
Brasil, os produtores independentes e a FENAJ e o FNDC, acabaram
ficando fora do centro de debate e decisões, descumprindo o decreto que
instituiu o SBTVD. O Ministro tem agido claramente na defesa dos
interesses da Rede Globo ao apontar a escolha do modelo japonês como
alternativa para a digitalização brasileira. Não podemos esquecer que a
Globo vem desde o governo FHC defendendo alta definição como sinônimo
de digitalização.
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
Historicamente o MiniCom tem sido usado pelos governos como balcão de
negócios. No governo Lula infelizmente não foi diferente. Foram
designados ministros de partidos aliados mas fora do eixo de decisões
governamentais. Isto fez que o MiniCom não fosse o local da formulação
e implementação das políticas públicas de comunicação. Desde o início o
Governo Lula sinalizava que optava pela não-política de comunicação
como moeda de barganha com o status quo da comunicação brasileira. A
troca de ministros não afetaria a implantação do SBTVD se o governo
tivesse um projeto claro e definido para a digitalização brasileira.
Infelizmente, assim como não existe uma política de comunicação, a
política desenhada pelo governo para a digitalização foi insuficiente e
subordinada aos interesses privados do setor de radiodifusão. Perde
assim a chance histórica que a mudança da plataforma tecnológica
permitiria ao Brasil dar um salto tecnológico e se colocar em igualdade
de condições com os países desenvolvidos em questões estratégicas como
a produção de semicondutores.
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
A FENAJ e o FNDC têm dito que a escolha do padrão tecnológico é uma
questão menor no complexo debate sobre a digitalização. O que é
fundamental é o governo e a sociedade brasileira definirem o querem com
a digitalização e, a partir dessa definição, escolher o padrão que
melhor sirva ao projeto nacional. O governo brasileiro acertou ao
propor o desenvolvimento de um sistema brasileiro de TV digital, no
qual o padrão tecnológico é somente um dos componentes. Nesse sentido,
o Brasil pode vir a escolher um dos padrões já existentes ou adotar um
sistema misto no qual, a partir da base de um dos padrões já
existentes, haja a incorporação de tecnologias desenvolvidas no Brasil
e melhor adaptadas às nossas necessidades. O melhor padrão será aquele
que tiver melhor interface com outros padrões e, principalmente, que
acolher melhor a convergência tecnológica apontada no decreto de
criação do SBTVD.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
desdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
de
os
Uma das questões positivas da instituição do SBTVD foi a criação de 22
consórcios de pesquisas, que envolveram várias universidades e
instituições de pesquisa brasileiras. Em que pese os poucos recursos
412
destinados aos consórcios e o exíguo tempo que nossos pesquisadores
tiveram, os resultados já começam a aparecer e de forma bastante
positiva.
Dia 21 de dezembro, o CPqD vai entregar ao MinCom um
relatório com os principais resultados das pesquisas desenvolvidas
pelos consórcios. Mas já se sabe de importantes avanços na área de
softwares e de interatividade.
Os desdobramentos desse envolvimento
das universidades e instituições de pesquisa vão depender das decisões
políticas a serem tomadas pelo governo. Um sistema que aponte para a
máxima
convergência
tecnológica
certamente
exigirá
e
usará
a
inteligência produzida nacionalmente. Um modelo mais fechado, ao
contrário, vai incorporar menos a tecnologia desenvolvida no Brasil.
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
O Brasil destaca-se mundialmente pela produção de conteúdo televisivo.
O importante no debate da digitalização, em relação à produção de
conteúdo, é a possibilidade que ela abre para a entrada de novos
agentes nesse mercado de produção. O padrão tecnológico a ser escolhido
vai determinar ou não a abertura de canais para novos players, o que
não ocorrerá se a opção for somente pela alta definição. A diversidade
que a TV digital pode trazer, certamente, vai influenciar na qualidade
da produção de conteúdo, assim como acena para um outro paradigma de
qualidade, que transcende os aspectos técnicos (qualidade de imagem e
som). A interatividade e o multisserviço, por exemplo, são serviços que
o usuário poderá ter agregados gerando novas referências de qualidade.
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
Embora exista um pouco de mito na capacidade de interatividade da TV
Digital,
pelo
menos
num
prazo
de
tempo
próximo,
seria
uma
irresponsabilidade abrir mão das possibilidades de interação que a
tecnologia permite. Uma política de universalização do serviço deveria
estar acoplada no projeto técnico da digitalização. Infelizmente o que
existe parece ser nada mais do que retórica. As manifestações do
Ministro apontam exatamente para uma escolha da tecnologia menos
interativa, mais fechada e mais reduzida às condições clássicas de
radiodifusão. Se o decreto trazia na sua concepção esta possibilidade,
os
movimentos
do
Ministério
da
Comunicação
têm
abandonado
a
possibilidade concreta de realizá-la.
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
A FENAJ e o FNDC, entre outras entidades da sociedade civil que compõem
o SBTVD, têm, desde o início, pautado esta questão como fundamental e
inarredável, ou seja, o debate técnico da escolha do modelo que ronda a
discussão, pautado pela radiodifusão principalmente, é um debate
esquizofrênico na medida que sinaliza a escolha de uma técnica antes de
se decidir que tipo de televisão a sociedade brasileira deseja. Por
isso, criamos dentro do Comitê duas câmaras, uma tecnológica e outra de
conteúdo, para tentar implementar uma lógica que não invertesse o
debate. Sempre houve esta tensão e mais uma vez infelizmente, a lógica
413
da escolha técnica sobre a do conteúdo, acabou sendo a adotada pelo
governo.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
Se optarmos por um sistema de convergência tecnológica, com a abertura
para novos playres, com a possibilidade de multiserviços - o que não
está no horizonte das escolhas em curso - imagino que estaremos
construindo um modelo mais democrático que obrigará a televisão
brasileira a rever sua linguagem e ofertar novos produtos em que o
centro da atração será, provavelmente, a possibilidade de maior
interação.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
Esta foi outra característica insistentemente criticada por nós no
SBTD.
A
dimensão
da
mudança
de
paradigma
que
caracteriza
a
digitalização, tem sido reduzida nos documentos que foram produzidos no
CPqD, muito bem realizados diga-se de passagem, às suas características
mercadológicas exclusivamente. O modelo de serviço que deveria ser o
objetivo dos implementadores foi sempre relegado em detrimento ao
modelo de negócio.
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
Esta tecnologia ainda está sendo testada e debatida nos principais
países do mundo. Decisões, que envolveram milhões de dólares, foram
revogadas na Inglaterra, por exemplo, em função de limites da própria
tecnologia e de adequações à nova cadeia de valor de surge a partir das
novas relações. Por isso o tempo a ser gasto nas pesquisas e no debate
acerca da digitalização deve atender esta intrincada e complexa rede de
decisões e escolhas e não a desejos privados, seja de ver a copa do
mundo em TV digital, seja de implementar uma nova forma de negócio.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD?
Nada mais difícil no Brasil do que fazer um debate que a mídia não
deseje. E neste momento a mídia somente quer que a sociedade saiba que
uma nova maravilha tecnológica estará a seu dispor no prazo mais curto
de tempo. E que esta escolha, por ser técnica, não tem nada a ver com
este público. Tem sido nosso esforço tentar romper o silêncio da mídia
e também da aridez do tema para tentar despertar na sociedade o
interesse por essa que será a mais importante escolha de plataforma
industrial e tecnológica desde a luta pelo petróleo, aço e química fina
nos anos quarenta, cinqüenta e setenta respectivamente.
-----Mensagem original----From: Adriana Omena [email protected]
414
Date: Thu, 15 Dec 2005 11:55:04 -0300
To: [email protected]
Subject: resposta pesquisa USP (reenvio)
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
415
ANEXO V
28)
Data:
De:
Fri, 16 Dec 2005 09:55:27 -0200
Para:
Claudinei <[email protected]>
Adriana Omena <[email protected]>
Assunto:
Re: solicita resposta pesquisa USP (reenvio)
Prezado Sr. ( a )
Favor entrar em contato com nosso centro de informações técnicas
011-3017-3645 ou 3646
No aguardo
Atenciosamente,
Claudinei dos Santos
011-3017-3663
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
416
ANEXO V
29)
Data:
De:
Para:
Cc:
Fri, 16 Dec 2005 11:05:06 -0200
Claudia Ferreira de Souza Leite <[email protected]>
Adriana Omena <[email protected]>
Marcelo Knörich Zuffo <[email protected]>
"Mfran@Lsi. Usp. Br" <[email protected]>
Assunto:
,
RE: Pesquisa USP TVD doutorado
Prezada Prof.Adriana.
A pedido do Prof. João Zuffo, estou encaminhando sua mensagem ao Prof.
Marcelo Zuffo, que é o coordenador do consórcio do SBTVD aqui na USP.
Atenciosamente,
Claudia Leite
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
417
ANEXO V
30)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Mon, 19 Dec 2005 16:42:53 -0200
[email protected]
Adriana Omena <[email protected]>
solicita resposta pesqusia USP (reenvio)
Return Receipt
Your solicita resposta pesqusia USP (reenvio)
document:
was Dirlene Maria Padilha/CNI
by:
at:12/19/2005 04:42:53
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
418
ANEXO V
31)
Data:
De:
Para:
Cc:
Wed, 21 Dec 2005 07:53:39 -0200
José Marques de Melo <[email protected]>
Adolpho
Carlos
Françoso
de
Queiroz
<[email protected]> ,
Adriana
Omena
<[email protected]>
Ada Dencker <[email protected]>
Caros Adolpho e Adriana
Creio que o congresso 2006 sera uma boa oportunidade para agendarmos o
tema "televisão digital", tendo em vista o papel decisivo que o Estado
Brasileiro tem tido no fomento à pesquisa sobre a materia.
Creio que a Adriana pode escrever uma comunicação sobre essa
problematica e inscreve-la no NP de que participa na INTERCOM ou
encaminha-la para um dos seguintes NPs: a) Politicas e Estrategias ou
b) Tecnologias da Comunicação e da Informação.
Abraços
JMM
----- Original Message ----From: "Adolpho Carlos Françoso de Queiroz" [email protected]
To: "Adriana Omena" [email protected]
Cc: "MARQUES DE MELO" [email protected]
Sent: Tuesday, December 20, 2005 9:20 AM
Subject: RES: Sobre a pesqusia para doutorado/USP
Adriana, estou limpando meus e-mails e estava lhe devendo uma resposta.
Apesar de interessante,a discussão sobre tv digital não tem feito parte
das preocupações da INTERCOM. O tema do congresso de 2006 será
"Comunicação e
Estado", não sei se será feita alguma mesa temáticasobre este assunto.
Com relação ao questionário, vou repassá-lo ao prof. Marques (e ver se
ele designa alguém que esteja pesquisando sobre esta temática e possa
lhe mandar as respostas em nopme da INTERCOM) Como pesquisadores,
creio, não temos uma posição fechada sobre o assunto. Seria mais logico
que individualmente, algum colega que trabalha com estaárea, possa lhe
dizeralgumacoisa. De qualquer forma repasso o seu e-mail a ele e vamos
ver como podemos ir teajudandona sua pesquisa. Abração e bom natal,
Adolpho
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
419
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
420
ANEXO V
32)
Data:
De:
Para:
Mon, 16 Jan 2006 11:37:01 -0200
Paulo Crepaldi - Camara Eletrica <[email protected]>
[email protected]
Assunto:
Lidas: solicita resposta pesquisa USP (reenvio)
Esta é uma confirmação de recebimento do email que você enviou para
<[email protected]>; <[email protected]>; <[email protected]>;
<[email protected]>; <[email protected]> em 15/12/05 13:04
Esta confirmação verifica se a mensagem foi exibida no computador do
destinatário em 16/01/06 11:37
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
421
ANEXO V
33)
Data:
De:
Wed, 1 Mar 2006 13:42:06 -0300
Adilson Cabral <[email protected]>
Adriana Omena <[email protected]>
Para:
Assunto:
Olá
Me ligue
22450350
para
Re: envio novamente USP - pesquisa
marcarmos
uma
entrevista,
/
já
que
estou
Adriana,
no Rio (21
81259388).
Abraços,
Adilson Cabral
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
Particiando
ativamente
dos
processos
via
CRIS
Brasil
ou
Comunicativistas (um grupo do Rio que está se mobilizando em torno da
questão
de
rádio
digital).
Apesar de atuar fortemente no campo político, a soc civil não
acompanhou
muito
de
perto
os
consórcios.
Além
disso,
apenas
422
recentemente está ensaiando atuar de forma conjunta, o que deve render
melhores resultados.
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
Até o momento a gestão Hélio Costa vem sendo um Departamento da ABERT
para fins regulatórios e de expansão de negócios.
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
Sobre
HC
creio
que
a
resposta
anterior
dê
Sobre os três, escrevi um texto a respeito no SETE
http://www.comunicacao.pro.br/setepontos/25/tresministros.htm
conta.
PONTOS:
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
Não temos condição de desenvolver um sistema próprio, mas de avançar
nos já existentes, como os próprios consórcios vêm demonstrando.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
As diretamente envolvidas nos
diferentes
De um modo geral, quem não
envolvido e isso é um problema,
no meio acadêmico - comunicação,
consórcios
estão
de
os
avançando
nas mais
áreas.
está diretamente envolvido não esta
pois fora da órbita do SBTVD o debate
inclusive - é muito restrito.
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
Não
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
De certa forma isso orienta o desenvolvimento das pesquisas. Cabe saber
se será considerado na escolha do modelo.
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
Estão sendo discutidos, mas não são prioridades na gestão HC. Esperamos
mudar esse estado de coisas.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
423
A expectativa de incluir novos atores, democratizando o acesso, é
justamente a de diminuir a concentração de canais e, por conseqüência,
mo monopólio e o oligopólio. As redes terão que conviver com uma
concorrência maior e começar a conviver com redes mais horizontais.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
O que interessa é a amigabilidade: a capacidade de acessar serviços
úteis sem maiores complicações e a um preço mais justo. A
interatividade faz parte desse contexto.
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
Mais maturidade para o processo decisório e possibilidade de adoção de
versões mais atualizadas do padrão, inclusive com a contribuição do
SBTVD.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? >
A maneira que venho trabalhando é a do envolvimento dos grupos e
organizações na produção de conteúdo, mas já desde os canais
comunitários e universitários de tv a cabo, pois se trata de qualificar
o envolvimento dos grupos no processo. A respeito disso, escrevi um
artigo com Eula, minha esposa, intitulado "Começar de novo sobre o
controle público como perspectiva para o modelo brasileiro de televisão
digital", que foi publicado no livro Mídias Digitais, da Editora
Paulinas.
424
ANEXO V
34)
Data:
De:
Para:
Cc:
Assunto:
Fri, 3 Mar 2006 11:05:45 -0300
"Cx. Postal - GAC" <[email protected]>
"'[email protected]'" <[email protected]>
"Cx. Postal - CAN" <[email protected]>
Mensa 94-06 - Sistema Brasileiro de Televisão Digital
MENSAGEM ELETRÔNICA 94/2006 – GAC
Prezada Senhora
Acusamos o recebimento da mensagem eletrônica de Vossa Senhoria, de 1º
de março de 2006, e temos a informar que o Confea, em sua última Sessão
Plenária, aprovou a Decisão PL-0032, de 2006, que conclui:
"1) Manifestar-se pela não definição do modelo de referência do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital sem que haja a participação da
sociedade através de consultas e audiências públicas em todo o país;
2) O Sistema Confea/Crea se prontifica a colaborar com a realização das
audiências e consultas públicas em todos os estado;
3) A sistematização do resultado das audiências públicas deverá ser
avaliada em audiência pública nacional, com a participação do Sistema
Confea/Crea, e subsidiar as ações do Governo Federal."
Em face do exposto o Confea irá se pronunciar a respeito após as
consultas e audiências públicas a serem realizadas, motivo pelo qual,
no momento, deixamos de responder os questionamentos por Vossa Senhoria
formulados. A Decisão mencionada, bem como toda legislação do sistema,
poderá ser acessada no seguinte endereço: www.confea.org.br/normativos
<http://www.confea.org.br/normativos> . Há também, no site do Confea
uma matéria a respeito, cujo título é "TV Digital: Estratégia e
Açodamento", de 24 de fevereiro de 206. De qualquer forma estamos
remetendo a mensagem de V.Sa. a Comissão de Assuntos Nacionais - CAN
deste Conselho Federal, que irá deflagrar o processo de discussão do
assunto. [email protected] <mailto:[email protected]> .
Atenciosamente,
Otaviano Eugênio Batista
Gerente de Assistência aos Colegiados – Confea
* (61) 3348 3712
* (61) 3348 3794
* Confea - Conselho Federal de Engenharia, Arquitetura e Agronomia
Av. W/3 Norte, SEPN 508, Bloco "B" - 70.740-542 - Brasília-DF
* gac <mailto:[email protected]> @confea.org.br
-----Mensagem original----De: Adriana Omena [mailto:[email protected] <mailto:[email protected]> ]
Enviada em: quarta-feira, 1 de março de 2006 02:26
Cc: Cx. Postal - GAB; Cx. Postal - SeGe; Cx. Postal - ACOM; Cx. Postal
–
425
DRE; Cx. Postal - GTI; [email protected]
Assunto: Reenvio Univ. São Paulo - pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
426
ANEXO V
35)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Mon, 6 Mar 2006 17:12:46 -0300
Ricardo Benetton Martins <[email protected]>
Adriana Omena <[email protected]>
RES: USP TV digital reenvio pesquisa
Cara Adriana,
Para o momento, e até que novas orientações me sejam dadas, estou
preterindo enviar qualquer tipo de informação sobre o projeto TV
digital, em especial, aquelas em que devo apresentar algum julgamento
de mérito. Espero que entenda o momento delicado em que nos encontramos
e torço para que tenha sucesso em seu trabalho de pesquisa.
Atenciosamente,
Ricardo Benetton Martins
Diretor TV Digital
CPqD
www.cpqd.com.br
19 37057068
[email protected]
-----Mensagem original----De: Adriana Omena [mailto:[email protected]]
Enviada em: quarta-feira, 1 de março de 2006 02:29
Cc: Ricardo Benetton Martins; Giovanni Moura de Holanda
Assunto: USP TV digital reenvio pesquisa
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
427
ANEXO V
36)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Thu, 09 Mar 2006 11:20:43 -0300
Valdecir Becker - Nurcad <[email protected]>
Adriana Omena <[email protected]>
Re: Reenvio solicita resposta pesquisa USP (reenvio)
Segem as respostas.
Desculpe a demora.
à disposicao,
Valdecir
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
Eu vejo a sociedade civil pouco participativa no debate. Primeiro
porque o governo não estimulou esse debate, e segundo, há pouquíssimos
atores da sociedade civil aptos a oferecerem contribuições pertinentes.
De maneira geral, as contribuições dadas foram superficiais e muito
opinativas, contribuindo pouco para uma melhor avaliação do que se
espera da TV digital. Isso tem mudado um pouco recentemente, mas ainda
falta muito para clarear as visões tanto do governo como de setores
representativos da sociedade civil, que alegam não terem sido ouvidos,
mas quando chamados, tiveram pouco a dizer. Faltou preparo por parte
desses setores para qualificar suas opinião e embasar melhor os dados.
Claro que há exceções, com documentos muito bem produzidos e que
acrescentaram visões novas a condução do processo. A UFSC tem
participado ativamente no desenvolver do SBTVD, coordenando dois
consórcios (Serviços de Saúde e Padrão de Usabilidade), e participando
como co-executor em mais quatro (Codificação, mux, H264 e sincronismo
de mídias).
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
O ministro Helio Costa assumiu o Minicom com uma agenda pronta, pautado
pelo setor de radiodifusão e de olho nas próximas eleições. Dentro
desse contexto, a atitude dele tem sido exemplar, uma vez que seus
objetivos estão claros, o que não acontecia com o ministro anterior.
Quando você conhece o objetivo em pauta, é mais fácil contra argumentar
e preparar uma ação que neutralize esses objetivos. Ao defender
abertamente a pauta da Rede Globo, o ministro se fragilizou sob o ponto
de vista da política pública, abrindo mais áreas para o debate.
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
Pouca coisa mudou com a troca de ministros. A TV digital foi, desde o
começo do governo Lula, uma política de estado, o que não afeta
interesses particulares de ministros. Basta ver o esforço de Helio
Costa, que até o momento não tem dado resultados concretos. Lembrando
428
que o lobby das emissoras caiu em cima do governo como um todo, não
apenas do Minicom.
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
Acredito que o melhor para o país seja o desenvolvimento de um sistema
próprio, onde sejam utilizadas as tecnologias já consolidadas e
desenvolvidas as que forem necessárias. Como a televisão está se
aproximando da informática, tanto na arquitetura dos set top boxes como
na introdução do software como gerenciador do sistema, a atualização
será sempre um processo crítico. Todos os sistemas comerciais já foram
atualizados. Por isso, é de fundamental importância para o país dominar
e deter esse tecnologia, evitando fi car a mercê de atualizações
sistêmicas que interessem apenas aos mercados primários onde o sistema
foi desenvolvido. Por mais que se incluam clausulas na negociação da
adoção de um sistema já existente, esse tema sempre será critico.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
de
os
As universidades desenvolveram as bases para um sistema nacional,
estudando
as
tecnologias
estrangeiras,
fazendo
as
adaptações
necessárias e incluindo tecnologias nacionais. Em pelo menos 4 áreas
foram
propostas
tecnologias
totalmente
nacionais:
modulação,
codificação, middleware e canal da interatividade. Apesar disso,
acredito que o principal legado que esse projeto deixa para o futuro é
a capacidade fomentada de trabalhar em consorcio, algo praticamente
inédito no país.
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
Com certeza. Os requisitos de um sistema importador de conteúdo diferem
daqueles que produzem e exportam conteúdo. Da mesma forma que o país se
destaca fazendo conteúdo audiovisual, há também um destaque incipiente
no
desenvolvimento
de
software,
essencial
para
as
aplicações
interativas.
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
No mínimo complicada, mas audaciosa. Complicada porque carece de uma
serie de medidas complementares, que não foram tomadas, como a
regulamentação, incentivos públicos para o surgimento de novas
emissoras, negociações com as atuais para incluir esse requisito na
programação. Aparentemente esse tema foi abandonado pelo governo.
Audacioso por ousou-se pensar e propor uma solução para esse problema,
muito mais barata e eficaz do que as similares, como a famigerada
história do lap top de U$ 100.
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
429
Também gostaria de saber. Se você descobrir me avise. Para mim, me
parece que o assunto não foi discutido ainda por total desconhecimento
do tema por parte do parlamento.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
Analisando a postura das emissoras, acho q no curto prazo pouca coisa
vai mudar. Não vai aumentar o numero de canais nem mudar as rotinas da
produção. As possibilidades tecnológicas estão sendo solenemente
ignoradas pelas redes de TV.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
Importante sim, determinante não. O CPqD fez um estudo bastante
completo sobre o que as pessoas esperam da TV digital, com perguntas
transversais para incluir aqueles que não sabiam nada sobre o assunto.
As respostas surpreendem. O numero de canais e a qualidade da imagem
estão muito a frente da interatividade. 80% das TV tem recepção abaixo
da regular, ou seja, com chuviscos e fantasmas. Mais da metade dos
aparelhos de TV do país só pegam mais ou menos a Globo. Se melhorar
essa imagem e acrescentar pelo menos mais dois ou três canais na
recepção, o anseio da sociedade estará atendido. Isso em sua maioria.
Agora se olharmos para o poder de compra, que assina TV a cabo ou
satélite e tem algum pode aquisitivo, não resta duvida de que a
interatividade será essencial.
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
Nenhum. Todos os outros sistemas ainda estão em fase desenvolvimento.
Só para ter uma idéia, ainda não foi feita nenhuma transmissão
comercial da tão falada mobilidade do modelo japonês. Alias, tem pouca
coisa feita. A pressa é das redes de TV, que ainda não a explicaram
muito bem. O fato do Brasil ter se atrasado esses anos foi extremamente
positivo, porque permitiu uma serie de analises e estudos sobre os
fracassos da tv digital no mundo.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? >
Esclarecendo o tema a população e mostrando o que é tecnologicamente
possível. A partir daí levantar que tipo de televisão a população
gostaria de ter: perpetuar o atual modelo ou clarear novos cenários?
Muita gente não está participando do debate porque não conhece o tema.
430
ANEXO V
37)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Fri, 10 Mar 2006 20:05:19 -0300
Enio Sergio Jacomino <[email protected]>
'Adriana Omena' <[email protected]>
RES: Reenvio solicita resposta para pesquisa (reenvio)
Prezada Adriana
Seguem abaixo as respostas. Quanto à entrevista presencial, caso ache
interessante/necessária poderemos ajustar por e-mail.
Grato
Enio S. Jacomino
-----Mensagem original----De: Adriana Omena [mailto:[email protected]]
Enviada em: quarta-feira, 1 de março de 2006 02:39
Cc: [email protected]; Enio Sergio Jacomino;
[email protected];[email protected];
[email protected]
Assunto: Reenvio solicita resposta para pesquisa (reenvio)
Prezado (a) Senhor (a),
Meu nome é Adriana Omena, sou professora na Universidade Federal do
Tocantins, e estou desenvolvendo minha tese de doutorado junto à Escola
de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA/USP), sobre a
implantação da TV digital no Brasil e o desenvolvimento do Sistema
Brasileiro de Televisão Digital SBTVD. Uma das etapas para a
finalização do trabalho é a coleta de informações junto à sociedade
civil organizada. Deste modo, conto com sua colaboração e solicito se
possível, que encaminhe respostas para as perguntas abaixo. Após a
leitura, sinta-se à vontade para expressar suas opiniões. Havendo
necessidade,
suas
respostas
poderão,
inclusive,
ser
tratadas
confidencialmente e não serão atribuídas a você no texto analítico,
bastando para tanto uma manifestação de sua parte. Saliento que sua
participação é de extrema importância, pois as informações obtidas
serão úteis para a finalização da pesquisa. Gostaria de saber de sua
disponibilidade para uma entrevista presencial, com vídeo, para
complementar as informações enviadas por e-mail. Havendo possibilidade,
favor indicar possíveis datas e horários, juntamente com endereço e
telefone(s) para contato a fim de que sejam tomadas as providências.
Coloco-me à disposição para quaisquer esclarecimentos nos endereços
[email protected] e [email protected], ou no telefone (63) 8401-6761.
Agradeço antecipadamente sua colaboração, que será de inestimável valor
para a conclusão do trabalho citado.
Atenciosamente,
Profª Adriana C. Omena dos Santos
431
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões? Sem dúvida a participação da
sociedade civil sempre é necessária e proveitosa. Acho importante, no
entanto, que seja de forma organizada, não tendenciosa e no tempo
adequado, evitando que fases do processo sejam "atropeladas" ou
prejudicadas de alguma forma. A empresa onde trabalho vem acompanhando
através de informações que nos chegam de várias fontes (as mesmas que
atingem todo o público que tem intimidade com a área).
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital? Sem dúvida, a mudança de
ministro acaba trazendo algum atraso ao processo, pois cada um tem seu
método próprio de trabalho, suas prioridades e a cada mudança, todo o
processo precisa ser ligeiramente ajustado mas, nada que impeça a
continuidade do mesmo.
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
Não sou conhecedor de todas as variáveis com profundidade o suficiente
para dar ser taxativo. No entanto, minha experiência e conhecimento na
área dizem que adotar um existente ou um sistema misto parecem ser as
melhores opções uma vez que poderemos atender ao maior número possível
de demandas de nosso mercado de televisão aberta.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições de
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
os
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD? As universidades,
através de seu pessoal altamente qualificado tecnicamente podem
contribuir no estudo, análise e desenvolvimento dos sistemas existentes
verificando e ajustando às nossas características de mercado.
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
Pode afetar no sentido de que escolhamos
o
padrão que melhor atenda às demandas de nosso mercado uma vez que os
brasileiros tem uma TV analógica de alta qualidade e a mudança para a
tecnologia digital deverá trazer mais qualidade ainda.
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta? Não creio que acesso à internet
seja um dos objetivos da TV Digital. Existem outros meios mais
eficientes para isto. Interatividade é uma das "features" que a TV
digital possibilita e que, sem dúvida, é uma das demandas que o mercado
pode tirar proveitos.
8) Aparentemente,
limitam, em sua
discutem assuntos
para TV digital?
as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
Acredito que enquanto não se tiver uma definição da
432
questão tecnológica, a discussão do modelo de negócios não pode ser
completa. Da mesma forma que a produção de conteúdo. Como os padrões
existentes proporcionam serviços diferenciados e, um padrão novo
(desenvolvido ou misto) poderá trazer ainda mais serviços agregados, a
questão tecnológica precisa vir primeiro.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital? Boa parte delas (das redes)
já se prepara para a TV Digital. Se haverá multiplicidade de canais ou
não, só o mercado dirá pois precisa existir alguém que pague a conta.
Quanto aos outros serviços, principalmente HDTV, como disse antes, boa
parte das redes já ensaia produção de conteúdos. O crescimento desta
produção e sua difusão é função de sua qualidade (e disto nossa TV
aberta entende) e do mercado consumidor.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
A interatividade é um fator
importante?Em minha opinião o ganho de qualidade de imagem, a
mobilidade e a interatividade serão os impulsionadores da TV Digital. A
interatividade tem a sua importância sim.
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes? Um sistema totalmente
desenvolvido aqui e partindo do zero é impraticável. Pelos custos, pelo
tempo que demoraria e pelo atraso que imporia à digitalização da TV
aberta. Um sistema misto seria menos custoso, um pouco mais rápido mas,
em função do tempo que já perdemos por não decidir sobre a TV Digital,
a adoção de um sistema já existente parece ser mais eficaz.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? Sinceramente não pensei
aprofundadamente numa forma ou em formas eficientes para que isto
aconteça. Por isso não arriscaria dar uma sugestão de "bate pronto" sob
o risco de errar em muito.
433
ANEXO V
38)
Data:
De:
Para:
Assunto:
Mon, 17 Apr 2006 05:39:35 -0300
Gustavo Gindre <[email protected]>
'Adriana Omena' <[email protected]>
Respostas... Se houver dúvidas, basta retornar.
Perguntas:
1) Como você classifica a participação da sociedade civil nas
discussões sobre a implantação da TV digital no Brasil e sobre o
desenvolvimento do SBTVD? De que maneira você (ou a instituição a qual
representa) tem acompanhado as discussões?
Ainda há uma grande dificuldade de boa parte de a sociedade civil
entender o papel fundamental que a comunicação exerce nas relações
sociais,
econômicas,
políticas
e
culturais
das
sociedades
contemporâneas. Há, também, uma certa renúncia de parte da esquerda em
ter que enfrentar o oligopólio privado da mídia. Por fim, ainda existe
a fragmentação dos movimentos sociais ligados à comunicação. Mesmo
assim, o tema da TV digital tem crescido no interior da sociedade
civil, com atividades em todo o país. O Intervozes é uma das principais
entidades
envolvidas
com
este
debate.
Ver
mais
em
www.intervozes.org.br/digital.
2) Como tem sido a atuação do Ministério das Comunicações (Minicom) na
condução da implantação da TV digital no Brasil e no debate público
acerca do assunto?
O atual ministro das Comunicações tem se portado no ministério como o
que ele realmente é: ex-empregado da Globo, parlamentar que faz parte
do poderoso lobby dos radiodifusores no Congresso Nacional e ele
próprio dono de rádio.
3) Nos últimos três anos, três ministros ocuparam o Minicom: Miro
Teixeira, Eunício Oliveira e Hélio Costa. Como isso tem afetado na
condução da implantação da TV digital?
Uma questão de fundo anterior à resposta: o governo Lula optou por não
ter programa para as comunicações, renunciando ao seu papel regulador.
Mesmo assim, a gestão de Miro Teixeira teve o isolado mérito de propor
o decreto que criou o SBTVD (com vários avanços) e de encaminhar as
pesquisas tecnológicas. Infelizmente, foi o único mérito do governo
Lula. Eunício foi omisso e, por isso, deu continuidade ao SBTVD. Mas,
Helio Costa representou um retrocesso nesta, já tímida, agenda de
governo.
4) No caso brasileiro, qual a melhor solução: desenvolver um padrão
próprio, adotar um dos existentes ou adotar um sistema misto? Por quê?
Qualquer sistema será misto, porque mesmo a escolha de um sistema
tecnológico estrangeiro irá representar a necessidade de adaptações,
como, por exemplo, em relação à recepção. Por outro lado, um sistema
brasileiro não significa que tudo será desenvolvido aqui. Por exemplo,
o MPEG 4 é universal e não tem porque ser criada uma alternativa. Mas,
o Brasil mostrou possuir tecnologia própria para a modulação e o
434
middleware, que são setores estratégicos para a TV digital. Então, em
nome do desenvolvimento de ciência e tecnologia nacionais e da criação
de uma verdadeira política industrial (e não apenas da importação de
maquiladoras),
o
Brasil
deveria
adotar
estas
duas
tecnologias
nacionais. Além de estimular uma indústria de softwares que seria
importante, tanto para o design dos micro-processadores quanto para
fazer os aplicativos que rodarão na TV digital.
5) Qual o possível papel das universidades e das instituições
pesquisa
no
desenvolvimento
da
televisão
digital?
Quais
esdobramentos do envolvimento das mesmas no SBTVD?
de
os
Com poucos recursos, vivendo uma situação de degradação permanente e
com pouco tempo disponível, as universidades mostraram que podem
desempenhar um papel importante no SBTVD. Entretanto, se for mantida a
política que o ministro Helio Costa parece esboçar, temo que as
universidades brasileiras tenham um papel secundário, de meras
tropicalizadoras de tecnologias importadas.
6) O Brasil se destaca mundialmente pela qualidade da sua produção
televisiva. Isso pode afetar o desenvolvimento do SBTVD ou a adoção de
um padrão existente?
Sinceramente, acho que precisamos relativizar esta afirmação acima.
Podemos dizer que produção dramaturgia da TV Globo apresenta uma
considerável qualidade técnica. Mas, daí a dizer que a nossa TV aberta
se destaca mundialmente, vai uma enorme diferença. Por outro lado,
temos uma considerável produção independente que não consegue chegar às
TVs. Essa sim poderia ser favoravelmente afetada pelo SBTVD se este
implicar na abertura de novas emissoras. Em relação às TVs abertas já
existentes, o que vai afetar o desenvolvimento do SBTVD é a sua força
política e não a qualidade de sua atual programação.
7) O governo brasileiro pretende utilizar a TV digital para promover a
inclusão digital, oferecendo interatividade total e acesso à internet.
Qual sua opinião sobre esta proposta?
O governo não pretende isso aí não! Nós, do Intervozes, produzimos um
documento que apresenta, entre outras coisas, propostas concretas para
a interatividade. Acreditamos que a TV aberta não será a Internet, mas
que ela pode passar a oferecer vários serviços típicos da Internet.
Achamos que a primeira questão aqui é que estes serviços não devem ser
deixados apenas ao sabor do mercado, como na criação de jogos on-line,
realities shows, etc. Acreditamos que o uso prioritário deste serviço
deve focar coisas como educação à distância, e-mail, tele-medicina, ebank, etc. Tais serviços demandam um amplo processo de construção de
uma infra-estrutura pública de acesso à banda larga, que deve ser
oferecida gratuitamente à população de baixa renda. Mas, sugiro a
consulta ao documento do Intervozes para maiores esclarecimentos.
8) Aparentemente, as discussões sobre a TV digital no Brasil ainda se
limitam, em sua maioria, a questões tecnológicas? Por que não se
discutem assuntos como modelo de negócios ou a produção de conteúdo
para TV digital?
Porque esta tem sido a pauta dos grandes meios de comunicação. Os
movimentos sociais ligados ao tema da democratização da comunicação, em
particular o Intervozes, têm feito um grande esforço para discutir um
435
modelo de serviços (mais amplo do que um modelo de negócios) para a TV
digital.
9) Como você avalia o impacto que o SBTDV terá sobre as atuais redes de
televisão, principalmente no que se refere à multiplicidade de canais e
à produção de conteúdo para a TV digital?
Se a TV digital representar realmente uma maior quantidade de
emissoras, regionalização da produção cultural, canais públicos (nãoestatais), aumento da produção independente, introdução de serviços
interativos não ligados diretamente à programação (e-mail, telemedicina, educação à distância, etc), então a TV digital será uma
revolução para as atuais emissoras que sofrerão um grande baque no seu
modelo de serviços oligopolista. Se a TV digital for apenas a atual TV
com imagem em alta definição, teremos mais do mesmo.
10) Outro ponto não muito discutido é o que a TV digital oferecerá aos
indivíduos. As poucas considerações abordam um viés de mercado. Em sua
opinião,
o
que
despertará
maior
interesse
nos
usuários?
A
interatividade é um fator importante?
Quantas pessoas poderão desfrutar de imagens de alta definição? Mas,
quantas pessoas serão beneficiadas pelo aumento do número de
programações disponíveis? Especialmente se levarmos em consideração que
a TV paga no Brasil ainda está longe de alcançar 10% das residências
brasileiras. Quantas pessoas não têm acesso a Internet e gostariam de
receber serviços dos quais elas estão atualmente excluídas, como o
"simples" e-mail? Não tenho números para fazer a comparação entre as
respostas acima, até porque os meios de comunicação não informaram a
população do tipo de escolha a ser feita. Mas, acho que o resultado é
quase óbvio.
11) Em sua opinião, que conseqüência(s) pode acarretar para o Brasil, o
tempo utilizado para o desenvolvimento do sistema brasileiro, ao invés
da adoção de um dos três padrões existentes?
Gastar mais tempo para desenvolver a tecnologia nacional? É a isso que
a pergunta se refere? Qual seria o problema, se é isso que a China está
fazendo neste momento? E se não temos nenhum país com uma TV aberta
digital já consolidada? Por exemplo, nossa demora já nos beneficiou.
Outros países terão que trocar seus terminais de acesso para poderem
dispor de MPEG 4. Nós não teremos o custo desta substituição porque já
largaremos com MPEG 4.
12) De que maneira se poderia incentivar a participação da sociedade
civil junto aos debates públicos sobre a implantação da TV digital no
Brasil e sobre o desenvolvimento do SBTVD? >
- Não tomando nenhuma decisão agora.
- Retornando o trabalho do conselho consultivo do SBTVD.
- Colocando o "modelo de referência" do CPqD em consulta pública, com
um site onde as contribuições pudessem ficar disponíveis para todos.
- Audiências públicas sobre o tema nas principais capitais do país. Até
mais de uma em cada uma destas cidades, se for necessário.
- Início dos debates no Congresso Nacional de uma Lei Geral das
Comunicações.

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