Evolução do conceito hahnemaniano de enfermidade 2
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EVOLUÇÃO DO CONCEITO HAHNEMANIANO DE ENFERMIDADE Dra. Rebeca Chapermann Introdução: "O conceito da natureza Crônica da enfermidade ou Miasma é o descobrimento culminante de Hahnemann; é a síntese de uma obra titânica e de uma capacidade de observação excepcional, que dá à Medicina sua base científica e suas leis fundamentais". Maria Clara Bandoel. A concepção da enfermidade como um distúrbio energético e a teoria miasmática constituem o Fundamento inegável da Homeopatia. 1- SAMUELHAHNEMANN 1.1- ETAPA PRIMITIVA, PRÉ-PSÓRICA (1790-816/1828). Características da prática de Hahnemann nesta etapa primitiva: • Concepção da Enfermidade: Divide as enfermidades em MlASMÁTICAS, as quais correspondem sempre um mesmo medicamento, pois estas são sempre iguais a si mesmas (sarampo, catapora, febre amarela...) e por outro lado as ENFERMIDADES INDIVIDUAIS OU INÉDITAS. Mais tarde, em 1828, com a publicação do tratado das doenças crônicas, agrupa esta enfermidade individual sob o termo de PSORA, afirmando que corresponde a 7/8 das enfermidades e esclarece que o tratamento deve ser individualizado. • Aplicação da lei dos semelhantes: neste período Hahnemann aplicava a Lei dos Semelhantes à totalidade dos sintomas característicos e modalizados das entidades clínicas. Tinha uma prática clínica excelente e prescrevia sempre um remédio único individualizado pelos sintomas clínicos. • Patogenesias: Realizava experimentações em doses ponderais. • Depois de observar o poder dinâmico dos medicamentos formulou o princípio vital, a existência de um PODER VITAL QUE REGE A VIDA. Nesta etapa mais primitiva da Homeopatia estão os organicistas. 1.2- ETAPA PSÓRICA OU MIASMÁTICA (1816/1828 - 1843) Texto: "Doenças Crônicas. Sua natureza peculiar e sua cura homeopática". Samuel Hahnemann. 2ª edição, 1833. • • "A homeopatia apsórica dá apenas uma aparência de cura". "Encontrar a causa que impedia a cura real destas enfermidades pelos medicamentos homeopáticos e chegar a uma compreensão da verdadeira natureza destas milhares de afecções que resistem ao tratamento". Em 1828 publica a 1ª edição das "Doenças Crônicas". • Em todos os casos de doenças crônicas (não venéreas) o Homeopata tem que combater NÃO APENAS A DOENÇA QUE TEM DIANTE DOS OLHOS, mas tem que encontrar algum fragmento de UMA DOENÇA ORIGINAL, mais profundamente estabelecida. • O obstáculo à cura, era um caso de erupção pruriginosa (sarna=itch). O começo de todo o sofrimento subseqüente datava desta época da SUPRESSÃO DA ERUPÇÃO. • Chama a esta DOENÇA ORIGINAL pelo nome genérico de PSORA. É a origem das doenças crônicas moderadas ou severas. As manifestações das doenças devem ser vistas, tratadas e consideradas como parte integrante de UMA MESMA E ÚNICA DOENÇA. • Descreve três miasmas crônicos: SÍFILIS = cancro venéreo SYCOSIS = fig-wart disease. PSORA = fundamento subjacente da erupção pruriginosa. É a mais antiga, mais universal, mais destrutiva e mais mal interpretada doença miasmática crônica. É a MÃE DE TODAS AS MILHARES DE DOENÇAS AGUDAS E CRÔNICAS (NÃO VENÉREAS). • "Três momentos da atividade miasmática Aguda e Crônica": 1. INFECÇÃO 2. DESENVOLVIMENTO INTERNO 3. MANIFESTAÇÃO EXTERNA. Os miasmas crônicos, à diferença dos agudos, permanecem no organismo, se não são curados pela arte homeopática. • • • • "A PSORA FICA LATENTE, sem apresentar manifestações secundárias, enquanto persiste a erupção e neste estágio a doença interna é mais fácil de ser curada. Pode permanecer latente por muito tempo. Porém causas excitantes ou desencadeantes podem "acordar a psora latente" e aparecem SINTOMAS SECUNDÁRIOS modelados pela constituição do indivíduo. Novos sintomas vão aparecendo mostrando o acordar da Psora. Daí surgem TODAS AS ENFERMIDADES CONHECIDAS PELA PATOLOGIA e constituem as MANIFESTAÇÕES TERCIÁRIAS DA PSORA, as entidades clínicas. Hahnemann dá indicações para o tratamento dos três miasmas crônicos e aponta SULPHUR como o rei dos antipsóricos. THUYA e NITRIC ACIDI para o tratamento da sycosis e MERCURIUS para o tratamento da sífilis. "Como regra, prescrever uma dose do remédio mais idêntico e esperar até o término da ação". "Se há complicações miasmáticas, primeiro tratar a Psora, depois a sycosis e por fim a sífilis". CLASSIFICAÇÃO HAHNEMANIANA DE ENFERMIDADE CIRÚRGICAS MECÂNICAS DOENÇAS NÃO DINÂMICAS INDISPOSIÇÕES AGUDAS DOENÇAS DINÂMICAS COLETIVAS INDIVIDUAIS FALSAS CRÔNICAS MISTAS (COMBINAÇÕES DOS MIASMAS) VERDADEIRAS EPIDÊMICAS ESPORÁDICAS AMIDALITE OSTEOMIELITE AMBIENTAIS INTOXICAÇÕES PROFISSIONAIS IATROGÊNICAS PSORA SICOSE SÍFILIS Características da prática de Hahnemann nesta etapa primitiva: • Concepção da Enfermidade: A Psora é a mãe de todas as doenças, não venéreas. • Aplicação da Lei dos Semelhantes: aos sintomas constitucionais e dos miasmas. • Patogenesias: realizava experimentações com doses não ponderais (C30). • Resultados clínicos: os resultados eram melhores e mais duradouros. Quadro clínico da Psora • Hahnemann dá uma longa lista dos sintomas psóricos na introdução do livro "Doenças Crônicas". Psora Latente • A principal característica da psora latente é a lentificação das funções fisiológicas do sistema assimilativo e digestivo; congestão geral que se manifesta por irregularidades funcionais da circulação; agravação pelo repouso e melhora pelo movimento. O sono não é reparador e o equilíbrio vital é instável. Psora manifesta • O quadro geral não muda. Há um agravamento dos sintomas, acompanhado de uma reação geral do organismo. Aparecem eliminações patológicas. Os sintomas se movem da periferia para o centro. EVOLUÇÃO NATURAL DA PSORA - HAHNEMANN Psora - Infecção interna O - § 80-81. DC Prefácio Sintoma local primário O - § 185 a 189, 201. Desaparecimento do sintoma localizado espontaneamente ou por tratamento local: a. Psora latente b. Sintomas secundários persistentes 3. Psora latente O - §194, 195. DC §4. DC - Lista dos sintomas da Psora Suscetibilidade O - §§31 e 206a. Causas excitantes (etiologia) Doenças agudas O -§202 DC §40, 41,102. Remédio agudo a. Retorno à latência ou b. Sintomas secundários persistentes. Remédio crônico 4. Psora manifesta - desenvolvida, secundária Obs.: a partir deste ponto o retorno à latência é impossível. 5. Doenças crônicas - Psora terciária. O- §§73 e 93. DC - 96, 97, 41 n. O §§73 e 150. DC §203. DC - Lista dos sintomas da Psora secundária O- §§78 e 72. 75 a 77. O = Organon. DC = Doenças Crônicas No parágrafo 31 Hahnemann fala: "As forças psíquicas e ou físicas, às quais estamos expostos em nossa existência terrena, às quais chamamos agentes mórbidos, não possuem o poder incondicional de perturbar a saúde do homem, apenas os afetando quando o organismo encontra-se predisposto ou suscetível a seus ataques, alterando sua saúde e fazendo-o experimentar sensações e funções anormais". Os Miasmas são anteriores a toda manifestação clínica. São eles que outorgam a condição de infectantes aos diversos agentes exteriores. O desenvolvimento de todo desvio da Energia Vital depende da sua condição prévia de ser suscetível de se desequilibrar.
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