Anais de Trabalhos Científicos Aceitos na XI Semana Acadêmica
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Anais de Trabalhos Científicos Aceitos na XI Semana Acadêmica
A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 Dados Internacionais de Catalogação-na-Publicação (CIP) XI Semana Acadêmica Campus de Altamira. (2:2014:Altamira-PA). Anais da XI Semana Acadêmica: “A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico”, 10 a 14 de Novembro de 2014 / Organizado por José Robertto Zaffalon Júnior. Altamira-PA: Universidade do Estado do Pará, EDUEPA, 2014. 1 CD-ROM ISSN: 2237-5554 1. Saúde. 2. Educação. 3. Ciências I. Zaffalon Júnior, José Robertto II. Título. 115 f. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ UNIVERSIDADE DO ESTADO DO PARÁ JUAREZ ANTÔNIO SIMÕES QUARESMA Reitor da Universidade do Estado do Pará RUBENS CARDOSO DA SILVA Vice-Reitor da Universidade do Estado do Pará DOUGLAS RODRIGUES DA CONCEIÇÃO Pró-Reitor de Pesquisa e Graduação (PROPESP) ANA DA CONCEIÇÃO OLIVEIRA Pró-Reitor de Graduação (PROGRAD) CARLOS CAPELA Pró-Reitor de Gestão e Planejamento (PROGESP) MARIANE FRANCO Pró-Reitor de Extensão (PROEX) PAULO MURILO GUERREIRO Coordenadora da EDUEPA JORGE FARIAS DE OLIVEIRA Coordenador do Campus IX – Altamira ANA MARIA MILÉO MOREIRA Presidente da Comissão Organizadora JOSÉ ROBERTTO ZAFFALON JÚNIOR Presidente do Comitê Científico A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 MEMBROS DA COMISSÃO CIENTÍFICA AMANDA ESTEFÂNIA DE MELO FERREIRA CLEIDE SANTOS SOUSA DÉBORA GONÇALVES DA SILVA SARMANHO DINAR DUARTE DE VASCONCELOS SANTOS EDNA CRISTINA GONÇALVES DOS SANTOS FRANCISCO MENEZES DA SILVA GILENO EDU LAMEIRA DE MELO JOSÉ ROBERTTO ZAFFALON JÚNIOR MARCOS ANTÔNIO BARROS DOS SANTOS MILENA PUPO RAIMAM SMAYK BARBOSA SOUSA STERPHANE MATOS ARAÚJO WILSON MARTINS DA SILVA A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 SUMÁRIO A AULA DE CAMPO NA CIÊNCIA ESCOLAR: DESAFIOS QUE CONDUZEM A UM TRABALHO COLETIVO .............................................................................................................................................. 7 A CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS COMO PROPOSTA METODOLÓGICA NO ENSINO EM SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ....................................................................................... 16 ANÁLISE DA EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS NA ESCOLA MUNICIPAL DE ENSINO FUNDAMENTAL BRASIL NOVO/PA ....................................................... 26 AS CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL CRISTIANE GOMES PONTES EM PORTO DE MOZ/PA ................................................................................................................................................ 36 ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS: QUALIDADE DE VIDA POR MEIO DAS ATIVIDADES FÍSICAS DESENVOLVIDAS NA UNIDADE DO CRAS DO MUNICÍPIO DE SÃO FÉLIX DO XINGU-PA. .... 45 BRINCANDO COM SUCATAS E MATERIAIS ALTERNATIVOS: POSSIBILIDADES DE ENSINO PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL............. 54 DA CITOLOGIA À ORIGEM DA VIDA: UMA ANÁLISE DA ABORDAGEM CTS EM UM LIVRO DIDÁTICO DE BIOLOGIA ................................................................................................................... 64 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA AUTISTAS............................................................................... 74 INCIDÊNCIA DE CASOS DE HANSENÍASE EM PACIENTES RESIDENTES E DIAGNOSTICADOS EM ALTAMIRA – PA ............................................................................................................................. 82 RECURSOS ÁUDIO VISUAIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO PILOTO .......... 90 UTILIZAÇÃO DE TECNICAS DE MODELAGEM MOLECULAR NO ESTUDO DE COMPOSTOS BIOATIVOS CONTRA DOENÇA DE CHAGAS.................................................................................. 97 A CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS COMO PROPOSTA METODOLÓGICA NO ENSINO EM SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR ..................................................................................... 106 A QUEBRA DE PARADIGMAS A CERCA DO CONTEÚDO LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA ..... 108 ANÁLISE DA COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PERCEBIDA DOS PROFESSORES/INSTRUTORES DE FITNESS DA CIDADE DE ALTAMIRA-PA .......................................................................................... 110 ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS: QUALIDADE DE VIDA POR MEIO DAS ATIVIDADES FÍSICAS DESENVOLVIDAS NA UNIDADE DO CRAS DO MUNICÍPIO DE SÃO FÉLIX DO XINGU-PA. .. 113 BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: VERDADE OU DESAFIO? ................................ 116 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA AUTISTAS............................................................................. 119 EXPERIMENTOS TEMÁTICOS NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIENCIAS NATURAIS DA UEPA ............................................................................................................................................................. 121 UEPA EM AÇÃO: PROPOSTAS DE ATIVIDADES ESPORTIVAS, RECREATIVAS E DE LAZER NA ALDEIA JURUNA EM VITÓRIA DO XINGU/PA ............................................................................... 123 A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 6 Categoria ARTIGO A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 7 A AULA DE CAMPO NA CIÊNCIA ESCOLAR: DESAFIOS QUE CONDUZEM A UM TRABALHO COLETIVO Inês Trevisan Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira-PA, [email protected] RESUMO O artigo trata dos desafios relacionados à aula de campo na educação básica envolvendo o ensino de ciências e biologia. Foi realizado levantamento em artigos publicados em eventos e revistas educacionais relativas à educação científica. O estudo apontou que os entraves pertinentes à aula de campo são de ordem: estrutural, pedagógica e política. O desafio maior registrado pelo estudo se revela na dificuldade de se estabelecer um trabalho coletivo na escola, visto que para se realizar aula de campo necessita-se envolver vários atores demandando parcerias e planejamento cuidadoso, tendo em vista que os alunos saem do ambiente escolar e apontam para necessidade de se desenvolver um trabalho coletivo na escola. Palavras-Chave: Trabalho de campo. Ensino de ciências. Ação colaborativa INTRODUÇÃO É sabido que na prática pedagógica, os professores necessitam lançar mão da aula de campo quando as experiências de sala de aula são insuficientes. Fernandes (2007, p. 22) define a aula de campo como “toda aquela que envolve o deslocamento dos alunos para um ambiente alheio aos espaços de estudo contidos na escola”. Sendo recomendada ao ensino de ciências e biologia por colocar os estudantes e professores em interação ativa com o ambiente privilegiando a curiosidade epistemológica. Não são muitos os trabalhos que tratam da temática aula de campo no ensino de ciências e biologia. Teixeira e Megid-Neto (2006) ao realizar um levantamento em bancos de dissertações e teses no período de 1972-2006, não encontraram registros referente à aula de campo no ensino de biologia. Neste mesmo sentido, Rocha e Salvi (2010) ao analisar periódicos da área de Ensino de Ciências no intervalo de 2005-2009 encontraram um número reduzido de exemplares publicados envolvendo essa temática. Goodson (1997) ao historiar a tradição ecológica na biologia nas décadas de 50 e 70 constatou que a prática de aula de campo vem associada ao início da disciplina, Biologia. Os desafios relacionados ao desenvolvimento dessa modalidade didática, diziam respeito à formação de professores, à flexibilidade do currículo escolar, os problemas de recursos e da consequente qualidade dessas atividades, somado ao da penalização pelos sistemas de avalição, que não valorizariam essas iniciativas. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 8 Documentos que orientam a educação básica (BRASIL, 1998; 2006) e o ensino superior de Ciências Biológicas (BRASIL, 2001), apontam que as atividades de campo são fundamentais na construção do conhecimento científico. Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) sugerem a aula de campo como uma modalidade didática importante no conhecimento das ciências. Brasil (1998, p. 126) expressa “Atualmente é impensável o desenvolvimento de ensino de ciências de qualidade sem o planejamento de trabalhos de campo que sejam articulados aos trabalhos de classe”, Já Brasil (2006, p. 55), recomenda o “estudo do meio”, que se dá através de aulas de campo, por possibilitar uma abordagem de temas estruturadores. Por sua vez, as Diretrizes Curriculares em nível nacional do curso de graduação de Ciências Biológicas (BRASIL, 2001, p. 3-4), declara: “Privilegiar atividades obrigatórias de campo, laboratório e adequada instrumentação técnica; Garantir um ensino problematizado e contextualizado, assegurando a indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão”. Diante de tais recomendações e lembrando que as aulas de campo são da tradição biológica (GOODSON, 1997), pergunta-se: Por que, mesmo com as normativas educacionais recomendando as aulas de campo, ainda é tímida sua inserção como prática pedagógica no ensino de ciências e biologia? Que impedimentos se fazem presentes no contexto escolar que levam a essa tímida inserção? Posto os questionamentos, este estudo visa a partir da literatura averiguar os desafios que se interpõem a realização de aulas de campo no contexto escolar. METODOLOGIA A aula de campo, enquanto modalidade didática atende a várias áreas do conhecimento, recebendo uma variedade de terminologias como apontam estudos de Rocha e Salvi (2010): trabalhos de campo, aula de campo, estudo do meio, saídas, visitas, viagens de campo, excursões, trilhas interpretativas e ecológicas. Realizou-se buscas on line envolvendo as terminologias supracitadas em seis revistas de educação e de ensino de ciências, bem como artigos publicados em quatro eventos de educação científica no período de 2005 a 2013. Feito isso, reunimos e analisamos os exemplares que tratam dos desafios relativos a execução de aulas de campo na educação básica, escopo desse estudo. Esse levantamento ofereceu elementos para o estudo proposto ficando este artigo estruturado em dois tópicos centrais: o primeiro trata das dificuldades que os professores enfrentam quando decidem realizar aulas de campo, os quais se deparam com desafios de A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 9 ordem pedagógica, estrutural e política, uma vez que para desenvolver aula de campo além de envolver pessoas pertencentes a comunidade escolar abrange parceiros externos, ultrapassando os limites da governança escolar. Já o segundo traz argumentos que recaem sobre a necessidade de se ter um contexto colaborativo na escola para ultrapassar os desafios, tendo em vista que envolve vários parceiros e por possibilitar um olhar interdisciplinar sobre a temática a ser trabalhada em campo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Na atualidade alguns autores descrevem os reais motivos da escassez da aula de campo no ensino de ciências e biologia na educação básica, porém tradicionalmente conhecida e muitas vezes lembrada pela maioria dos estudantes como um dos momentos mais prazerosos da formação escolar (OZÓRIO, 2009). Verifica-se que os desafios apontados por Goodson na década de 50 a 70 ainda persistem, porém acrescidos de outros tendo em vista a atual realidade das escolas públicas que em sua maioria, não oferece estrutura básica para uma educação de qualidade que de acordo com Falcão e Pereira (2009), se encontram com escassez de recursos didáticos variados, além de alunos e professores em parte desmotivados. Justen-Zancanaro e Carneiro (2012), Prieve e Lisovski (2010), Ozório (2009) e Viveiro e Diniz (2009) assinalam em seus estudos alguns desafios de ordem pedagógica e prática, apontados por profissionais que realizam aula de campo, bem como os que não se disponibilizam a realizar esse tipo de atividade e que expressam o contexto escolar da educação básica brasileira frente às aulas práticas que são recomendadas por documentos e leis educacionais. Entre os impedimentos que envolvem a execução de aulas de campo se destacam: A) Desafios de ordem pedagógica os argumentos se referem ao: i) pouco tempo para planejar, já que o professor possui uma carga horária limitada para planejamento; ii) indisciplina, turmas indisciplinadas em sala de aula, num ambiente aberto, tornariam o controle ainda mais difícil; iii) turma numerosa, as turmas giram em torno de trinta a quarenta alunos, em sua maioria. Em ambiente aberto necessita-se de mais pessoas (professores, monitores) para compartilhar responsabilidades com os alunos; iv) transtorno a rotina escolar, refere-se ao questionamento da equipe técnica-administrativa da escola quanto ao uso do tempo de aulas de outros professores, além de ter que lidar com a ausência dos professores envolvidos na A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 10 saída a campo, já que os demais alunos continuarão com aulas regulares na escola. Por outro lado, percebe-se que o sistema escolar, ainda não compreende o exterior à sala como espaço de educação científica. B) Desafios de ordem estrutural, os argumentos se situam em: i) transporte, a escola não disponibiliza recursos e os pais possuem dificuldades de ordem financeira; ii) burocráticos, necessidade de autorização dos pais e até mesmo do juiz, por se tratar de adolescentes; iii) segurança, devido aos riscos inerentes a esse tipo de atividade, que não existe no ambiente escolar. Também se faz necessário levar em consideração a crise de segurança pública estabelecida no país. Arroio (1995) já advertia “O medo da cidade leva o medo à cidadania”. Os pais se sentem inseguros em liberar seus filhos para aulas fora do contexto escolar. Para Mendes e Munford (2005), o futuro professor necessita de aprender e atualizar os conhecimentos científicos, de descoberta de novos materiais e novas metodologias pedagógicas, mas também de espaço para a reflexão sobre o fazer pedagógico por meio de leituras, pesquisas específicas e trocas de experiências para que possa desenvolver habilidades de trabalhar em equipe. Nessa mesma direção, Cortelazzo (2000) acrescenta que a colaboração é a base de uma parceria sólida e produtiva para a construção conjunta desses conhecimentos. C) Desafios de ordem política, a constatação se situa na: i) falta de tradição de trabalho colaborativo nas escolas e, ii) desenvolver habilidades de liderança. Quanto ao primeiro, Garcia, Sene e Montagner (2013) ao trabalhar de forma colaborativa em uma escola em Campinas-SP, envolvendo aulas de campo com um grupo de professores e seus alunos, apontam algumas dificuldades enfrentadas como: a) reunir os professores em seus diferentes tempos de aula; b) a falta de prática de trabalhar em equipe na escola, de início dificulta manter o foco na pauta da reunião, já no campo, essa ausência de trabalho em equipe entre os professores, sobrecarrega de trabalho e de responsabilidade o professor que assume deslocar os alunos para fora do ambiente escolar; c) o cumprimento de metas bimestrais estabelecidas pelo currículo oficial, também se constituíram em limitações que dispersavam o grupo para trabalhar de forma colaborativa. Lüdke (2001) advertia sobre os limites da ação colaborativa na escola, indagando: que condições a escola pública oferece para espaços de reflexão coletiva? Ou seja, dos professores são exigidos cumprimento de conteúdos e carga horária em sala, com pouco espaço direcionado a discussões coletivas na escola. Já para o segundo desafio de ordem política, percebe-se que na verdade, não dá para A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 11 se assumir a profissão de professor sem que se exerça algum grau de liderança, mas, ao se tratar de aulas de campo, essa posição fica mais evidente, já que esta requer um processo coletivo da saída ao retorno à escola, envolvendo vários atores como: a) alunos, por meio do diálogo estabelecido pelo professor envolvendo a escolha do local, os conteúdos que serão trabalhados, a construção de atividades e roteiros de estudo; b) os colegas professores, participando da construção de uma proposta interdisciplinar, ou ainda, necessitando ceder seu tempo de aula para que os alunos possam sair do ambiente escolar; c) corpo técnico administrativo podem colaborar com o apoio logístico e pedagógico no processo; d) pais, devidamente cientes do processo pedagógico ao autorizar e até mesmo acompanhar e auxiliar na saída a campo; e) instituições, ao ceder espaço, material e, as vezes transporte para o deslocamento, auxiliando no apoio logístico; e, por fim, caso o planejamento requeira; f) monitor, este juntamente com o professor mediará o processo contribuindo com a construção do conhecimento no local de estudo. Esse contexto nos leva a concordar com Goodson (1997), ao apontar que para se desenvolver aula de campo requer um profissional bem preparado e que tenha liderança. A NECESSIDADE DE UM CONTEXTO COLABORATIVO DO PLANEJAMENTO A EXECUÇÃO DE AULAS DE CAMPO Partindo do princípio de que o professor ao ensinar conteúdos tem compromisso com herança cultural e a realidade, mas também formar o aluno para que ele se torne atuante na sociedade, surge a necessidade de sistematizar o processo organizativo de suas ações, por meio de um planejamento, de modo que, o estudante possa perceber a importância do que está sendo ensinado, seja num contexto histórico, para o seu dia-a-dia ou para seu futuro. Quando o professor em sua prática pedagógica procura desenvolver aulas de campo, nessa ação se agrega processos organizativos que requer um trabalho coletivo/colaborativo, por envolver: i) vários atores, como professor(es) alunos, pais, instituições entre outros; ii) segurança, ao retirar os estudantes da escola necessita-se de cuidados quanto a sua integridade física, envolvendo transporte seguro e um profissional da área da saúde que atuará no atendimentos de primeiros socorros; iii) perspectiva interdisciplinar, já que o campo oferece uma diversidade de situações podendo convergir várias áreas do conhecimento por meio de atividades e objetivos claros e; iv) questionamentos, entre eles: que cidadão pretende-se formar? Então, planejar essa ação educativa deixa de ser um ato individual e regulador para se A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 12 tornar ato político-filosófico, científico-técnico e coletivo, Luckesi (2001, p.108) defende: O planejamento não será nem exclusivamente um ato político-filosófico, nem exclusivamente um ato técnico; será sim um ato ao mesmo tempo político-social, científico e técnico: político-social, na medida em que está comprometido com as finalidades sociais e políticas; científicas na medida em que não pode planejar sem um conhecimento da realidade; técnico, na medida em que o planejamento exige uma definição de meios eficientes para se obter resultados. O ato de planejar não pode priorizar o lado técnico em detrimento do lado políticosocial ou vice-versa, ambos são importantes. Por esse motivo não pode ser visto como um regulador das ações humanas, mas como um norteador na tomada de decisões e na resolução de problemas. Visa à liberdade de ações, principalmente, na capacidade de escolher seus caminhos. O planejamento também serve para desenvolver, tanto nos professores como nos estudantes, uma ação eficaz de ensino e aprendizagem, já que são atores atuantes na ação educativa. Conhecer as etapas do planejamento da aula de campo é importante, pois por meio delas o professor poderá descrever com maior clareza seus objetivos, a forma com que irá trabalhar com o conteúdo, como fará o diagnóstico dos resultados obtidos ao longo do processo e quais parceiros envolvidos. É o plano de aula, que dá aos professores a dimensão da importância de suas aulas, bem como o tipo de cidadão que se pretende formar. Importante salientar ainda, que a aula de campo não se limita apenas ao estudo empírico, mas envolve atividades que podem ser realizadas em três etapas: i) pré-campo (planejamento); ii) campo (execução do planejado) e, iii) pós-campo (sistematização/avaliação). Esse conjunto de etapas de acordo com Silva, Silva e Varejão (2010) correspondem ao entendimento da aula de campo como procedimento sistemático, objetivo e organizado. As etapas podem seguir diferentes objetivos as atividades a ela inerentes. No entanto a aula de campo que privilegia a curiosidade epistemológica associada ao processo interativo entre os sujeitos participantes, se revela num cuidado com o conhecimento desde o plano de estudo formulado com os alunos até a investigação propriamente dita, cujo propósito é a interação do aluno com o conhecimento. Nesse processo organizativo firma-se parceria com empresas/instituições, tem-se apoio do corpo técnico administrativo da escola, dos pais e colegas de trabalho, bem como a participação ativa dos estudantes. Esses aspectos compõem a dimensão colaborativa do qual a aula de campo demanda. Assim sendo, o processo participativo é de fundamental importância A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 13 para que os aspectos cognitivos estejam presentes nas várias etapas da aula de campo. CONCLUSÃO Se por um lado as sinalizações dos documentos oficiais relacionados ao ensino de ciências e biologia são congruentes com a ideia de se explorar espaços exteriores a sala de aula e que as aulas ali desenvolvidas merecem um caráter interdisciplinar, por outro, restou o desafio de se explicitar as condições concretas e cotidianas em que essa modalidade didática possa ser executada para se experimentar no âmbito das práticas curriculares. As constatações apresentadas pelo estudo apontam as reais condições que os professores dispõem em suas escolas para realizar as aulas de campo e aponta deficiências quanto, a problemas de ordem pedagógica, estruturais e política quando se propõe desenvolver aulas de campo. No computo geral, a literatura assinala que o desafio primordial se assenta na falta de um contexto colaborativo na escola, por dois motivos: i) deficiência na organização de tempo e espaço para discussão e planejamento dos professores, mesmo registrando, sob o ponto de vista legal, a disponibilidade de horas de trabalho previstas para dedicação e planejamento das aulas; ii) capacidade de liderança, pois para realizar aula de campo necessitase envolver parceiros internos (alunos, colegas professores, corpo técnico administrativo) e externos a comunidade escolar (pais, instituições, monitores) na estruturação da aula de campo, demandando uma característica de professor líder. Dialogar com a comunidade interna e externa a comunidade escolar requer que o professor tenha atitude de líder tomando iniciativas proativas, o qual procura articular com a equipe escolar um trabalho que poderá favorecer também o desenvolvimento de projetos interdisciplinares a partir de atividades de campo voltadas a transformação da realidade. REFERÊNCIAS ARROYO, G. Miguel. Educação e exclusão da cidadania. In: BUFFA, Ester; ARROYO, Miguel; NOSELLA, Paolo. Educação e Cidadania: quem educa o cidadão? 5 ed., v. 19. São Paulo: Cortez, 1995. p.31 a 79. (Coleção Questões de Nossa Época). BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ciências Naturais. Brasília: MEC, Secretaria de Educação Fundamental, 1998. BRASIL, Ministério da Educação (MEC), Secretaria de Educação Básica. Orientações Curriculares para o Ensino Médio - Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias. Secretaria de Educação Básica, v 2. Brasília: 2006, 135p. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 14 BRASIL. Parecer CNE/CES 1.301/2001. Dispõe sobre as Diretrizes Curriculares Nacionais para os Cursos de Ciências Biológicas. Diário Oficial da União de 7/12/2001. Seção 1, 2001, p. 25. CORTELAZZO, I. B. C. Colaboração, trabalho em equipe e as tecnologias de comunicação: relações de proximidade em cursos de pós-graduação. 210 f. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo. São Paulo, 2000. FALCÃO, W. S.; PEREIRA, T. B. Aula de campo na formação crítico/cidadã do aluno: uma alternativa pra o ensino da geografia. In: ENCONTRO NACIONAL DE PRÁTICA DE ENSINO EM GEOGRAFIA, 10, Anais... Porto Alegre, RS, ISSN 2179-4510, 2009. FERNANDES, J. A. B. Você vê essa adaptação? A aula de campo em ciências entre o retórico e o empírico. São Paulo, 2007, 326 p. Tese (Doutorado em Educação). Universidade de São Paulo, São Paulo, 2007. GARCIA, F. B. T.; SENE, I. L. 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Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira, [email protected] RESUMO O presente artigo ressalta a importância da confecção de brinquedos enquanto proposta metodológica no ensino em saúde na educação física escolar de forma que estes recursos facilitadores de aprendizagem e subsídios do conhecimento e desenvolvimento, despertando o gosto pelo aprender de forma prazerosa e ao mesmo tempo oferecer oportunidades de aprendizagem, para a construção de saberes e valores sociais para a formação de uma cidadania digna de sucesso, crescimento individual, social e coletivo. Ao confeccionar seus brinquedos, é fundamental que os educadores tenham ampla apropriação de técnicas inovadoras para trabalhar com seus educandos a fim de auxiliar no desenvolvimento de regras e cuidados com a saúde, além de promover diversão e interação. O profissional de educação física deve repensar os seus conteúdos numa prática em que o prazer de aprender esteja ligado ao prazer de ensinar e ambos estejam apoiado em atividades que deve despertar o interesse do educando a fim de leva-los a enfrentar os desafios que contribuirão para o processo para a construção de conhecimentos. Palavras-chaves: Educação Física, Saúde, Brinquedo. INTRODUÇÃO O profissional de educação física trabalha com o ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas aos movimentos do corpo, sua ação é definida pelo tratamento pedagógico que o mesmo irá receber mediante a sua reação dentro do contexto em que está inserido. A educação física atualmente vem se distanciando das relações quando se trata dos aspectos estéticos e simbólicos. É possível perceber um ser humano rico em valores, dinâmicas, no contexto escolar saindo dos padrões de preconceitos em relação à prática da educação física que há vários anos atrás era excluída pelas pessoas, hoje ela é vista como uma construtora de culturas do corpo em movimento. A escola tem um papel fundamental para a sociedade, visto que nesse espaço convivem estudantes de diferentes origens, religiões, costumes e são ensinadas as regras para o convívio nos espaços, no qual as crianças aprendem conhecimentos sistematizados acerca do ambiente em que está inserido. Na disciplina de Educação Física, por exemplo, percebe-se a possibilidade e a importância de tratar os grandes problemas sociais nas aulas, um deles a saúde, podendo ser relacionada a jogos, esporte, ginástica, dança e até mesmo na confecção de brinquedos, momento em que se busca possibilitar ao aluno o entendimento da realidade social, interpretaA Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 17 la e explica-la a partir dos seus interesses. As aulas de educação física podem fazer uma relação com a saúde, e por diversas razões poderá incorpora-las nas práticas do cotidiano escolar, de forma a criar espaços que contribuam para a construção do diálogo entre as efetivas opções de exercícios físicos da comunidade escolar. Nessa perspectiva surgiu a seguinte questão: qual a influência da confecção de brinquedos na abordagem do tema transversal saúde nas aulas de Educação Física? Por meio de uma pesquisa de natureza bibliográfica, em conformidade com Gil (2010) se orienta pela busca de materiais já elaborados como livros, periódicos, artigos científicos entre outros, objetivou-se nesse estudo discutir a confecção de brinquedos como proposta metodológica para o desenvolvimento do tema transversal saúde. Logo, fez-se necessário definir o conceito de saúde; compreender o processo ensino aprendizagem na Educação Física; relacionar Educação em saúde com a educação física e propor a confecção de brinquedos como alternativa metodológica para o processo de educação em saúde. O QUE É SAÚDE? Conceituar saúde não é uma questão simples, existem diversos conceitos que remetem ao tema, o conceito de saúde incluso desde os imprecisos até conceitos bem estabelecidos, demarcados pelos limites que explicitam as suas condições, os conceitos imprecisos são definidos a partir de questões centrais ou a tratores, e de suas interações com outros conceitos com os quais se relacionam, sempre a partir de perspectivas definidas em determinado período histórico (SABROZA, 2001). Nahas (2006) afirma que saúde é definida como uma condição humana com dimensões físicas, sociais e psicológicas, cada uma caracterizada por um continuo com polos positivos e negativos. A saúde positiva estaria associada à capacidade de apreciar a vida e resistir aos desafios do cotidiano e a saúde negativa estaria associada à morbidade e, no mais extremo, à mortalidade. Nessa perspectiva não faz sentido centrar a ideia em uma dimensão estritamente orgânica, física ou biológica, pois o termo saúde tem um conceito universal, resultante das possibilidades sociais, culturais, econômico e político. A saúde das pessoas segundo texto de apresentação dos PCN’s, reflete a maneira em A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 18 que vivem, numa interação dinâmica entre potencialidades individuais e condições de vida. Não se pode compreender ou transformar a situação de um indivíduo ou de uma comunidade sem levar em conta que ela é produzida nas relações com o meio físico, social e cultural. Falar de saúde implica levar em conta, por exemplo, a qualidade do ar que se respira, o consumismo desenfreado e a miséria, a degradação social e a desnutrição, formas de inserção das diferentes parcelas da população no mundo do trabalho e estilos de vida pessoal (BRASIL, 1998). Portanto a saúde caracteriza um processo social, cultural, ambiental, econômico, psicológico e biológico, contínuo, complexo e multidimensional, não restrito ao uso de um determinado produto (BRASIL, 2008). O PROCESSO ENSINO APRENDIZAGEM NA EDUCAÇÃO FÍSICA. A Educação física é um componente do currículo educacional que utiliza atividades físicas, orientadas por a processos didáticos e pedagógicos, com a finalidade do desenvolvimento integral do homem, consciente de si mesmo e do mundo que o cerca (BORGES, 2003). Assim a educação física escolar deve oportunizar uma aprendizagem significativa para o aluno, uma vez que esta possibilitará a inclusão total deste, na obediência às regras e valores elaborados e estabelecidos socialmente. Esta ação pedagógica a que se propõe a educação física será sempre uma vivência impregnada da corporeidade do sentir, do relacionar-se e do movimentar-se (BETTI, 1991). Betti (1991) ainda explana a respeito da importância do professor de educação física e desenvolver um trabalho que tem um papel significativo dentro das ações a serem realizadas bem como de mostrar caminhos para o bom desenvolvimento e participação dos alunos nas atividades despertando o interesse e estimulando o prazer na descoberta de novas experiências. De tal modo na disciplina de educação física, matéria que integra o currículo pedagógico das escolas deve ter em seus objetivos principais, conteúdos e concepções de aprendizagem coerentes com os elementos necessários à formação cidadã. A educação física deve propiciar ao aluno um crescimento criativo, autônomo e crítico, por meio da elaboração de questões sociais urgentes tais como: ética, moral, política, saúde, meio ambiente, pluralidade cultural, orientação sexual, trabalho e consumo. Tudo isto promovendo a inclusão, inserção e integração dos alunos através da cultura corporal de movimento, por meio de vivencias práticas dos seus A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 19 conteúdos: os jogos, os esportes, as danças, a ginástica, as lutas, o folclore, a música, confecção de brinquedo, e o conhecimento sobre o corpo. EDUCAÇÃO EM SAÚDE. Segundo Candeias (1997) entende-se por educação em saúde as atividades e experiências de aprendizagem delineadas com intuito de alcançar a promoção deste estado saudável, enfatizando a importância de combinar múltiplos fatores essenciais do comportamento humano com as diversas experiências de aprendizagem e de intervenções educativas. O processo de aprendizagem deve possibilitar intencionalmente mudanças de atitudes de uma pessoa, de um grupo e de uma sociedade em relação ao seu bem estar físico, mental e espiritual. Na prática, a educação em saúde constitui apenas uma fração das atividades técnicas voltadas para a saúde, prendendo-se especificamente a habilidade de organizar logicamente o componente educativo de programas que se desenvolvem em quatro diferentes ambientes: a escola, o local de trabalho, o ambiente clinico, em seus diferentes níveis de atuação, e a comunidade, compreendida aqui como contendo populações alvo que não se encontram normalmente nas três outras dimensões (CANDEIAS, 1997, p. 2010). Também é importante ressaltar que a prática educativa em saúde, além da formação de profissionais para atuar nesse contexto, tem como eixo principal a dimensão do desenvolvimento de capacidades individuais e coletivas de forma a visar a melhoria da qualidade de vida e saúde da comunidade assistida pelos serviços, de forma a tomar por princípio norteador a Política Nacional de Promoção da Saúde, conforme as diretrizes também estabelecidas pela carta de Otawa, reforçando que a educação e a saúde são práticas sociais inseparáveis e interdependentes que sempre estiveram articuladas, sendo considerados elementos fundamentais no processo de trabalho dos profissionais da saúde (BUSS, 1999). A educação em saúde ocorre nas relações estabelecidas entre os profissionais de saúde e saneamento, assim como os serviços na organização, gestão participativa e escolha dos melhores caminhos a percorrer que suscitem a maior participação da comunidade. Esta participação ganha concretude na comunidade na definição de suas necessidades e formas de atuar; dentro do próprio serviço na democratização do atendimento e da informação a comunidade e seus grupos sociais; e dela com os serviços, quando de posse da informação e A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 20 no exercício da participação influi nas mudanças necessárias a promoção da saúde e exerce o controle social sobre o sistema (BRASIL, 2007). A educação em saúde utiliza métodos e processos participativos, problematizadores, preconizados e consolidados, em busca de práticas inovadoras que partem da realidade num processo dialógico e horizontalizado de construção e/ou reconstrução compartilhada do conhecimento e na ação para a transformação social. Os profissionais dos serviços, os parceiros e a população são sujeitos (atores), que debruçados sobre a realidade procuram conhecê-la, compreende-la, desvendá-la e atuar sobre ela para transformá-la (BRASIL, 2007). A CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS COMO PROPOSTA PARA O PROCESSO DE EDUCAÇÃO EM SAÚDE. Segundo Kishimoto (1994) o brinquedo é compreendido por ser um objeto considerado como estruturado e não estruturado. Os estruturados são aqueles que já são adquiridos prontos, isto é, não são manufaturados, é o caso dos piões, bonecas, carrinhos e tantos outros. Os brinquedos denominados não estruturados são aqueles que não passam pelo processo de industrialização, são simples objetos montados a partir de matérias primas, a saber como madeira e pedras, que nas mãos das crianças adquirem novo significado, passando assim a ser um brinquedo. A pedra se transforma em comida e a madeira se transforma em cavalinho. Para Freire e Scaglia (2009), o brinquedo possui um papel facilitador do conhecimento haja vista constituírem uma atividade de imitação da realidade na qual a criança se esforça para transformar seu jogo numa construção bastante semelhante aos objetos da realidade social. Assim se ela brinca de fazer um prédio e utiliza objetos com caixas, garrafas, e outros, procura tornar sua construção semelhante a um prédio de verdade. Para Barthes (1999), criar um brinquedo é propor uma imagem que vale por si mesma e que se dispõe, assim, de um potencial de sedução que permite ações e manipulações. A imagem criada pelo construtor do brinquedo o transporta para o mundo fictício, e permite a estimulação de sua criatividade no ato de manipulação do brinquedo. A facilidade do manuseio de um brinquedo pronto perde sua alegria, sem contar que eles não possuem características do seu criador, diferente de um brinquedo construído. A alegria de um brinquedo está na dificuldade, ou seja, os diversos desafios que vêm lhe proporcionar durante a construção e manuseio. Segundo Vygotsky (1998), com o brinquedo a criança é livre para determinar suas A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 21 próprias ações, por outro lado é uma liberdade ilusória, pois suas ações são subordinadas aos significados dos objetos e a criança age de acordo com eles. A recuperação do espaço lúdico dentro das aulas de educação física por meio da construção de brinquedos com materiais alternativos significa não apenas considerar apenas o brinquedo, mas sim aquilo que ele irá significar para a criança que o produziu fazendo com que elas descubram a liberdade de participar de uma educação construída com valores estimulando sua confiança mediante a confecção de seu próprio material de aprendizagem. Trabalhar o tema como proposta saúde na escola junto à confecção de brinquedos gera oportunidades tanto para o docente como para o discente, realizando mudanças e contribuindo na qualidade do ensino. A construção de brinquedo na escola deve ter sugestões, ideias e fazer com que a imaginação da criança flua de maneira a ultrapassar os limites da criatividade, além de proporcionar a interação com outras crianças para permitir que culturas sejam compartilhadas e novas informações sejam adquiridas. É pela construção que a criança começa a ter uma relação mais próxima com o brinquedo, faz descobertas e atribui imagem, função e significado próprio. Para Winncott (1971), brincar é necessidade universal. Facilita o crescimento e o desenvolvimento da criança. Uma vez que o brincar é o fazer, requer tempo e espaço específicos, se constitui de experiências culturais, conduz aos relacionamentos em grupo, além de ser uma forma de comunicação consigo mesmo e com os outros. Assim, a brincadeira pode ser responsável pela própria saúde psicológica, física e mental, além de constituir um instrumento de comunicação da criança com o meio ambiente em que está inserido. Um brinquedo construído pela criança é parte dela, possui um pouquinho do seu jeito, dos seus sonhos, das suas ideias, é retrato de sua cultura lúdica, da fase de desenvolvimento em que vive; enfim, construir um brinquedo é descrever minuciosamente quem é o construtor. Na escola, é possível explorar muito a construção de brinquedos, uma arte que pode ser utilizada em qualquer uma das disciplinas e em qualquer espaço físico, tudo depende da criatividade do professor (OLIVEIRA, 1989, p.18). O brinquedo feito com sucata, além de ajudar a preservar a natureza, propicia oportunidade para a criança desenvolver sua criatividade e pensamento crítico em relação ao desperdício (consequência do consumo desenfreado). É uma maneira simples, econômica e divertida de educar e prestar ajuda no processo de formação dos cidadãos (LOPEZ, 2007, p.4). A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 22 A construção de brinquedos na sala de aula pelas crianças promove momentos criativos, que envolvem as mesmas que promovem fantasias e desejos de criação. A montagem de um brinquedo é muito valiosa, já que possibilita a troca de relações entre as crianças, o desenvolvimento da inteligência, da motivação e da imaginação. No desenvolvimento da consciência deste mundo, a criança integra uma relação ativa com as coisas acessíveis a ela e com o mundo mais amplo, ou seja, tenta agir como um adulto. As crianças ao confeccionarem seus brinquedos sentem--se vitoriosas, realizando atividades que, até o momento, só podem ser realizadas pelos adultos em suas concepções. Por meio da sucata, é possível transformar aquilo que era apenas resto em algo diferente e, a partir disto, as crianças e adultos podem perceber que os sentimentos e pensamentos que provocam desconforto, também podem ser transformados, trabalhados e expostos na forma de algo diferente e não necessariamente ruim. A experiência de construção e transformação de objetos a partir da sucata, permite que a pessoa possa sentir-se “apta e segura a dar forma, direção e movimento a sua própria vida, o que se constitui não só num processo externo, mas também interno do indivíduo” (VALLADARES; CARVALHO, 2005, p.64). Conforme Lopes (2011) é fundamental que a criança aprenda com a brincadeira e tenha liberdade para criar seu próprio brinquedo. Materiais de garrafa pet, são indicados para a confecção de brinquedos, dá asas a imaginação e fantasia, como também retira das ruas, lixos, rios e bueiros, materiais de difícil absorção no meio ambiente. Criar brinquedos a partir de reaproveitamento de materiais descartados é um dos fazeres que constituem o contexto lúdico, desde o tempo de nossas bisavós que, privilegiadas por um meio ambiente rico e diverso, forjavam novas maneiras de se e fazer a partir do que dispunham nesse universo. Assim, um sabugo de milho, ou retalhos de tecido, botões e outras bugigangas eram transformados em lindas bonecas, uma lata cheia de terra com a ajuda de um pedaço de arame ou barbante virava um carrinho. Um aro de bicicleta e uma ripa de madeira com um arame torcido na ponta transformavam-se numa divertida roda de empurrar. Um pedaço de papel rasgado com a ajuda das mãos ganhava o ar transformado em uma curica (espécie rudimentar de pipa), que dispensa as talas de buriti e a “armadura”, necessitando apenas de um pedaço de barbante para ganhar ar nas mãos de uma criança. Portanto, “para que existam brinquedos é preciso que certos membros da sociedade deem sentido ao fato de que se produza, distribua e se consuma brinquedos” (BROUGÉRE, 1997, p.07). A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 23 Com isso, “o brinquedo fornece a estrutura básica para as mudanças das necessidades da consciência...” que a cultura forma a inteligência e a brincadeira favorece a criação de situações imaginarias e reorganiza experiências vividas. (VYGOTSKI, 1989, p.112). A criança que constrói seus próprios brinquedos torna-se realizada, feliz, alegre. O brinquedo tem um significado muito maior, não um presente que ela ganhou, é um brinquedo que a revela de forma individual, trazendo à tona suas potencialidades. Mesmo em casa, com um pouco de boa vontade se reúne material adequado, que pode servir para construir diversos brinquedos, materiais estes sem nenhum valor para o adulto, mas de grande valor para a criança, que se sentirá movida a trabalhar, inventando o que sua fantasia sugere. Para a criança tudo é brinquedo, ela brinca desde a hora que acorda, ao vestir-se, ao escovar os dentes, com a espuma do banho, molhando o chão, o que nem sempre é compreendido pelo adulto. O brinquedo é a linguagem de criança, seu meio de comunicação e de expressão com o mundo exterior e com os que estão ao seu redor. Brincar é, pois, um trabalho que leva a criança a aumentar seus conhecimentos e é um meio de equilíbrio, liberando a agressividade da criança. Todavia para que o brinquedo seja um meio tão eficiente de crescimento, é preciso que a criança exercite com toda espontaneidade o seu construir, o seu brincar (SILVA, 1999, p. 6). CONCLUSÃO Discutir a confecção de brinquedos como proposta metodológica para o desenvolvimento do tema transversal saúde é um grande desafio para o profissional da educação, devido ser uma aprendizagem que engloba diversos hábitos e atitudes que deve ser trabalhado com muita cautela e sabedoria, não é fácil transmitir aos educandos a importância da relação de um com o outro. A criança em seu processo de formação necessita imitar e escolher modelos para seguir, contudo também necessita expressar-se, ser ouvida, entendida, tendo seu ponto de vista considerado é que vai desenvolver-se. Ela necessita ser reconhecida como uma pessoa que possui limitações, mas também, potencialidades, todos nós possuímos limitações. Somente assim, ao ter um espaço para guiá-la ao mesmo tempo permite interagir com ele é que a criança criará autonomia para criar aquilo que será proposto dentro de uma aprendizagem significativa e prazerosa. Assim, a criança ao confeccionar seu próprio brinquedo ela cria universo só dela, ela A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 24 envolve num imaginário, reúne personagens de cultura, elementos da realidade, criando novos significados para ela graças a sua capacidade de criação, ela não só repete as coisas vividas ou ouvidas, mas tem a capacidade de combinar o antigo com o novo através de sua capacidade criativa. REFERÊNCIAS BARTHES, R. Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999. BETTI, M. Educação física. São Paulo: Movimento, 1991. BORGES, C.J.A. A educação física na escola. Revista Virtual de Educação Física Artigos, Natal, v.1, n.14, nov.2003. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: 1999. ______. Fundação Nacional de Saúde. Diretrizes de educação em saúde visando à promoção da saúde: Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEB, 2007. ______. 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Tratou-se de um estudo quanti-qualitativo, exploratório, de cunho bibliográfico, documental e de campo por entender que esta dará maior consistência nas argumentações do trabalho. A pesquisa destacou que a EF não é somente voltada para a prática de esportes, e sim para desenvolver uma compreensão da cultura corporal, um campo onde envolve o lazer, o movimento e o corpo em diferentes perspectivas, surgindo como o ponto de partida para a formação do ser humano em sua totalidade. Palavras Chave: Educação Física. Educação de Jovens e Adultos. Currículo. INTRODUÇÃO Denominada como modalidade, a Educação de Jovens e Adultos (EJA) tem como principal objetivo atender a uma determinada classe social. Segundo Rodrigues (2000 apud DIAS JUNIOR, 2010) esta modalidade surgiu para acolher um número significativo de pessoas que não conseguiam (e ainda não conseguem concluir o ensino fundamental, na idade escolar apropriada nos cursos diurnos). Entretanto, são representantes da EJA aqueles que não tiveram acesso a escolarização na idade estabelecida, os que foram reprovados consecutivamente, os que evadiram e os que necessitam trabalhar no período diurno para se manterem. Sendo assim, a Educação Física (EF) como prática educacional, inserida no nível da educação básica e na modalidade da EJA, estabeleceu-se historicamente no âmbito escolar, de acordo com as demandas e interesses da sociedade capitalista, a fim de oportunizar todos os alunos o acesso à educação. Entretanto, a proposta de ensino da EF na EJA deve visar atingir os interesses dos alunos a partir de abordagens que contemplem a diversidade de objetivos, os conteúdos inseridos nos processos de ensino e a aprendizagem, conforme propõe a EF escolar na atualidade, proposto nos Parâmetros Curriculares Nacionais (BRASIL,1998). Neste contexto, a Escola Municipal de Ensino Fundamental Brasil Novo, localizada no município de Brasil Novo/PA, mais especificamente na Travessa Olavo Bilac, nº 1436, Bairro A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 27 Centro, é a unidade escolar de maior porte no município e atende várias modalidades de ensino, dentre elas, a EJA, a qual, ultimamente passa por algumas adequações, com o objetivo de ofertar uma educação de qualidade aos seus educandos. Dentre essas inovações merece destaque a inserção da disciplina de EF no currículo da EJA no ano de 2011 no Projeto Político Pedagógico a fim de atender as demandas dos alunos que não tiveram oportunidade de acesso à escola nos primeiros anos de vida educacional (PPP, 2014). Desta forma, essa pesquisa se insere nesta discussão com o propósito central de evidenciar como ocorre a EF na EJA na Escola Municipal de Ensino Fundamental Brasil Novo, especificamente nas 3a e 4a etapas. Assim, o foco que motivou o desenvolvimento desta pesquisa partiu da necessidade de analisar a prática da disciplina de EF na EJA, pois embora muitas pessoas fossem convictas que a preocupação maior deveria ser aprender a ler, escrever e fazer contas torna-se de grande valia trabalhar também as questões corporais do ser humano, em busca de uma educação plural. O presente trabalho teve como objetivo analisar como as aulas de EF são desenvolvidas na EJA na Escola Municipal de Ensino Fundamental Brasil Novo, refletindo sobre as contribuições da disciplina para os alunos desta modalidade de ensino. ENTENDENDO A EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A EJA é definida pelo artigo 37 da LDB (BRASIL, LDB 9394/96) como a modalidade de ensino que “será destinada àqueles que não tiveram acesso ou à continuidade de estudos no ensino fundamental e médio na idade própria”. A principal tarefa da EJA é fazer valer o previsto no artigo 208, inciso I da Constituição Federal de 1988, que garante o acesso e a permanência ao ensino fundamental a todos, de forma a ressaltar, que o “ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria”. A EJA tornou-se uma modalidade de ensino, a princípio, temporária. Ao longo dessas décadas a manutenção de uma modalidade de ensino voltada ao público de jovens e adultos tem sido marcada por conflitos de interesses de diferentes segmentos sociais e descontinuidades nas políticas públicas que atendam essa faixa específica da população (GOMES; SILVA; GUNTHER, 2009). A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 28 Quando surgiu a EJA, notou-se um caráter compensatório, para atender a demanda da indústria que emergia, entretanto com a precariedade econômica, muitas famílias ainda não podiam estudar e muito menos manter seus filhos na escola, haja vista o que que ganharam no trabalho caracterizada como complemento para a renda familiar (GOMES; SILVA; GUNTHER, 2009). Desta forma, Gomes; Silva; Gunther (2009) ainda acrescentam que a educação para todos se tornou um direito garantido por Lei em 1988 pela instituição da Constituição Federal como podemos observar no capítulo III que diz respeito à educação, cultura e desporto, seção I da educação no artigo 205, conforme descrito: É importante lembrar que durante o período de instituição e consolidação da EJA, a disciplina de EF começa a dar seus primeiros passos, escrevendo sua história paralela a história da sociedade (GOMES; SILVA; GUNTHER, 2009). Nesse Contexto, a EF ainda não seria realidade para a Educação de Jovens e Adultos. Para tanto, seria necessário organizar o currículo dessa nova modalidade de ensino que a cada dia se mostra necessária dentro do contexto educacional e social do País. AS DIRETRIZES CURRICULARES PARA O ENSINO DA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS Os conhecimentos inerentes ao componente do currículo fundamental e médio devem ser recontextualizados segundo as características, necessidades e interesses de classe dos alunos que formam essa modalidade especial da educação básica. Valem, pois, para a EJA as diretrizes do ensino fundamental e médio exaradas pela Câmara de Educação Básica (CEB) e pelo Conselho Nacional de Educação (OLIVEIRA, 2003). A contextualização se refere aos modos como estes estudantes podem dispor de seu tempo e de seu espaço. Por isso, a heterogeneidade do público da EJA merece consideração cuidadosa. A ela se dirigem adolescentes, jovens e adultos, com suas múltiplas experiências de trabalho, de vida e de situação social, compreendidos as práticas culturais e valores já constituídos (BRASIL, PARECER CEB N. 11/2000). Abaixo, é válido mencionar os principais documentos que regulamentam as diretrizes da EJA, inserida na educação básica: Resolução CEB nº 02/98 – Institui as Diretrizes Curriculares nacionais para o Ensino Fundamental, e determina a organização curricular das unidades escolares integrantes dos A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 29 diversos sistemas de ensino (BRASIL, PARECER CEB 02/1998). Resolução CEB nº 03/98 – Institui as Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio e constituem num conjunto de definições doutrinárias sobre princípios, fundamentos e procedimentos a serem observados na organização pedagógica e curricular de cada unidade escolar integrante dos diversos sistemas de ensino, em atendimento ao que manda a lei, tendo em vista vincular a educação com o mundo do trabalho e a prática social, consolidando a preparação para o exercício da cidadania e propiciando preparação básica para o trabalho (BRASIL, RESOLUÇÃO CEB N. 03/1998). Resolução CEB nº 04/2006 – Altera o artigo 10 da Resolução CEB nº 03/98, que institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, RESOLUÇÃO CEB N. 04/2006). Pareceres CEB 04/98 – Reafirma o a Res. CEB nº 02/98 que Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Fundamental (BRASIL, PARECER CEB N. 04/1998). Pareceres CEB 15/98 - Reafirma o a Res. CEB nº 03/98 que Institui as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Ensino Médio (BRASIL, PARECER CEB N. 15/1998). Outro fator a ser destacado refere-se ao Projeto Político Pedagógico das escolas que atendem a EJA e a preparação dos docentes que devem considerar, sob a ótica da contextualização, o trabalho e seus processos e produtos desde a mais simples mercadoria até os seus significados na construção da vida coletiva, mesmo na perspectiva da transversalidade temática tal como proposta nos Parâmetros Nacionais do Ensino Fundamental (BRASIL, 1998). A ENSINA A EDUCAÇÃO FÍSICA NA EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS A EF enquanto prática pedagógica que trata da cultura corporal de movimento, neste sentido, a preocupação central é com a prática pedagógica que denota a EF na Educação Básica (DARIDO; RANGEL, 2008; COLETIVO DE AUTORES, 2012). Então, o objetivo principal da EF escolar deve ser introduzir e integrar os alunos na Cultura Corporal de Movimento, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio, a fim de formar cidadãos que irão usufruir, partilhar, produzir, reproduzir e transformar as manifestações que caracterizam essa área, como o Jogo, o Esporte, a Dança, a Ginástica e a Luta (DARIDO; RANGEL, 2008). Os conteúdos são os meios pelos quais o aluno deve analisar e abordar a realidade de A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 30 forma que, com isso, possa ser construída uma rede de significados em torno do que se aprende na escola e do que se vive. Desse modo, junto com considerações importantes como a relevância social do conteúdo, é apontada a preocupação em se trabalhar com os conteúdos escolares levando em consideração as três dimensões de conteúdo, tais como: conceitual, procedimental e atitudinal (BRASIL, 1998 apud DARIDO; RANGEL, 2008). A dimensão conceitual ressalta a necessidade de garantir o direito do aluno de saber o porquê dele estar a realizar esse ou aquele movimento, isto é, quais conceitos estão ligados a tais procedimentos. Já a dimensão procedimental considera que o papel da EF ultrapassa o ensinar esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento sobre o próprio corpo para todos, em seus fundamentos e técnicas e a dimensão atitudinal inclui também os seus valores subjacentes, ou seja, quais atitudes os alunos devem ter nas e para as atividades corporais. Sendo assim, a EF constitui-se num instrumento de inserção social, de exercício da cidadania e da melhoria da qualidade de vida. Cabe aos professores o papel de formar cidadãos capazes de produzir, reproduzir e transformar a sua cultura, além de utilizar os novos conhecimentos adquiridos acerca dos esportes, os jogos, as lutas, as danças e as ginásticas com o intuito de obter melhoria da qualidade de vida. METODOLOGIA Tratou-se de um estudo quanti-qualitativo, exploratório-descritivo, de cunho bibliográfico, documental e de campo por entender que este dará maior consistência às argumentações do trabalho. O estudo aconteceu na biblioteca da Universidade do Estado do Pará (UEPA), em livros, artigos científicos, revistas, periódicos especializados disponíveis em banco de dados na internet, no Projeto Político Pedagógico da instituição pesquisada e no município de Brasil Novo, estado do Pará, mais especificamente na Escola Municipal de Ensino Fundamental Brasil Novo. A pesquisa in lócus, foi realizada por meio da aplicação de um questionário, com 05 perguntas abertas, aplicado ao professor de EF e um questionário com 08 (oito) perguntas aos alunos, sendo 06 (seis) abertas e 02 (duas) fechadas, adaptado por Betti; Liz (2003). A amostragem da pesquisa foi composta por 01 (um) professor de EF que atua na EJA nas turmas de terceira e quarta etapa e 20 alunos de ambos os sexos, com faixa etária entre 16 A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 31 a 50 anos, respectivamente 10 alunos da terceira etapa e 10 alunos da quarta etapa vinculados à Escola Municipal de Ensino Fundamental Brasil Novo. Todavia, durante a realização do estudo, 5 alunos da quarta etapa não aceitaram contribuir com o estudo, fazendo parte da pesquisa apenas 15 sujeitos, 10 alunos da terceira etapa e cinco da quarta etapa e um professor de EF. Os sujeitos participaram do estudo mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre Esclarecido (TCLE). Nesta pesquisa, optou-se por utilizar amostragem baseado no método não probabilístico por critério de adesão (BREVIDELLI; DE DOMENICO, 2009). As informações coletadas foram analisadas quanti-qualitativamente e apresentadas em interpretações e reflexões correspondentes aos itens dos questionários. Para a análise qualitativa o estudo baseou em interpretações e reflexões, traçando um paralelo entre os estudos de autores que versam sobre o tema e os dados obtidos na pesquisa de campo (LAKATOS; MARCONI, 2010). O tratamento dos dados quantitativos foram analisados de forma simples com o auxílio do Microsoft Excel for Windows, versão 2010 e foram expressos através de gráficos. RESULTADOS E DISCUSSÃO Por meio da pesquisa aplicada aos alunos, conforme gráfico 01, verificou-se que 16% acreditam que EF é esporte, 15% alegria, 12% Futebol, 11% prazer e 10% cansaço, 14% diversão, 14% movimento e outros 8% não souberam responder. Neste viés, pode-se talvez relacionar tais dados pelo fato da disciplina EF ser um componente curricular facultativo para os cursos noturnos segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (BRASIL, LDB Nº. 9394/96). Através da pesquisa foi possível perceber que as características de idade e sexo são bem divididas, tornando a EJA um campo rico para desenvolver a troca de saberes e valores culturais. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 32 Gráfico 1 - Comentários sobre qual palavra os alunos acreditam estar relacionado a EF. Prazer 11% Outros 8% Esporte 16% Movime nto 14% Futebol 12% Diversão 14% Alegria 15% Cansaço 10% Fonte: Pesquisa de Campo (2014). Posteriormente, procurou-se saber qual o sentimento dos alunos com relação a EF na EJA, em seus comentários 53% dos educandos responderam que gostam muito da EF, conforme expresso no gráfico 2. Observou-se que a maioria deles aceitam bem as aulas de EF, apesar da falta de estrutura encontrada na escola para as práticas noturnas, também a falta de acompanhamento pedagógico eficiente e material esportivo satisfatório, apesar de em sua maioria, tratarem a EF não como uma disciplina curricular e sim como prática de esporte, alegria e momento de diversão. Gráfico 2: Comentários sobre qual o sentimento com relação as aulas de EF. Não Gosto 0% Gosto Mais ou Menos 27% Gosto 20% Gosto Muito 53% Fonte: Pesquisa de Campo (2014). Sendo assim, o professor de EF assume o papel de mediador neste processo educativo, pois permite que os alunos tragam as suas vivências do dia a dia para o ambiente escolar, na medida em que contribui para uma boa prática da disciplina de EF. No entanto, para trabalhar na EJA, o professor de EF, precisa levar em consideração o conhecimento prévio dos alunos, para que a partir disso possa desenvolver metodologias que despertem o interesse dos alunos pelas aulas, a fim de evitar a evasão. Quando questionados sobre o que mais gostam nas aulas de EF, os alunos responderam A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 33 ser o esporte, principalmente o futebol e quando indagados do que menos gostavam, estes afirmaram serem as aulas teóricas. Quando questionado quais os conteúdos utilizados em suas aulas de EF, o professor afirmou que são utilizados pequenos textos sobre saúde, qualidade de vida, prática de esportes, como futsal e voleibol. No que tange as contribuições da disciplina de EF para a EJA o docente respondeu que a contribuição principal da disciplina é para a saúde, sendo por ele o ponto principal discutido nas aulas. Quando perguntado quais sugestões ele daria para melhoria das aulas este ressaltou: a diversidade de jogos e a inclusão de danças, além de considerar importante a homogeneização das turmas a fim de envolver e motivar mais os alunos. Neste sentido, a LDB no art. 24, IV, diz que "poderão organizar-se classes ou turmas com alunos de séries distintas e com níveis equivalentes de adiantamento na matéria" (BRASIL, 1996). Esta colocação traz a liberdade de criar turmas com alunos de diferentes séries, porém, com características naturais e semelhantes. Os alunos sugeriram também melhorias no que tange a estrutura física da quadra poliesportiva e aquisição de materiais mais como bolas. Isso demostra que eles entendem que a prática da EF deveria pautar-se somente na prática de esportes. Ficou claro por meio do estudo que a disciplina de EF na EJA não pode se resumir à recreação ou a reflexões simplistas sobre a qualidade de vida. O professor tem que atuar de maneira intencional, fornecendo subsídios para que os estudantes possam resinificar o que já conhecem sobre as práticas corporais e desenvolvam novos entendimentos sobre o corpo humano. Constatou-se ainda a importância do professor de EF estar implementando em suas aulas os reais objetivos da disciplina, que é a promoção do desenvolvimento integral da personalidade do educando, visando a aprendizagem significativa e uma compreensão crítica da realidade social. Contudo, torna-se de grande valia que este profissional possa receber apoio da gestão escolar e da coordenação pedagógica da escola para disseminar sua prática educativa. CONCLUSÃO O estudo refletiu a importância da disciplina de EF na EJA, demonstrando que os alunos acreditam que a disciplina estar relacionada ao esporte, alegria, futebol, prazer, diversão, A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 34 movimento e ainda, cansaço. Desta forma, constatou-se que pelo fato da disciplina EF ser voltada principalmente o corpo em movimento, talvez justifique a resposta de alguns alunos que consideram como cansaço. O estudo constatou-se que as turmas da EJA são diversificadas, com características e peculiaridades específicas, principalmente no que tange a faixa etária dos alunos, pois alguns, devido à idade avançada, já não consideram motivados para a prática da EF. A pesquisa destacou que a disciplina desenvolvida de forma coletiva pode apontar caminhos na superação de obstáculos, pois EF aplicada de forma lúdica, desde que alterne teoria e prática irá contribuir indubitavelmente para o desenvolvimento do aluno, aliviando o estresse do dia-a-dia e favorecendo a socialização em grupo. Pode-se destacar também que a EF na EJA na escola não deve ser somente voltada para a prática de esportes, e sim para desenvolver uma compreensão da cultura corporal, uma abordagem que envolve o lazer, o corpo e o movimento em diferentes perspectivas, surgindo este último como o ponto de partida para a formação do ser humano em sua totalidade. REFERÊNCIAS BETTI, M.; LIZ, M. T. F. Educação Física Escolar: A Perspectiva de Alunas do Ensino Fundamental: Motriz, Rio Claro, v.9, 2003. Disponível em: http://www.rc.unesp.br/ib/efisica/motriz/09n3/08MBetti.pdf BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1998.Disponível em: <https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constitui%C3%A7ao.htm>. Acesso em: 07 jan. 2014. _____. Ministério da Educação. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física (1º e 2º ciclos do ensino fundamental). v. 3. Brasília: MEC, 1998. _____. Lei de Diretrizes e Bases para a Educação LDB - 9394/96. Brasília; MEC/SEF, 1996. _____. Ministério da Educação/Câmara de Educação Básica. Parecer CEB nº. 11/2000. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/PCB11_2000.pdf. Acesso em: 03/10/2014. _____. Ministério da Educação/Câmara de Educação Básica. Resolução CEB nº. 02/1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb02_98.pdf>. Acesso em: 03/10/2014. _____. Ministério da Educação/Câmara de Educação Básica. Resolução CEB nº. 03/1998. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/rceb03_98.pdf>. Acesso em: 03/10/2014. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 35 _____. Ministério da Educação/Câmara de Educação Básica. Resolução CEB nº. 04/2006. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/setec/arquivos/pdf/rceb04_06.pdf>. Acesso em: 03/10/2014. _____. Ministério da Educação/Câmara de Educação Básica. Parecer CEB nº. 04/1998. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/PCB0498.pdf>. Acesso em: 03/10/2014. _____. Ministério da Educação/Câmara de Educação Básica. Parecer CEB nº. 15/1998. Disponível em: < http://portal.mec.gov.br/cne/arquivos/pdf/1998/pceb015_98.pdf>. Acesso em: 03/10/2014. BREVIDELLI, M.M. DE DOMÊNICO, E.B.L.TCC- Trabalho de Conclusão de Curso: Guia Prático para docentes e alunos da área da saúde. 3. ed. São Paulo: Látria, 2009. COLETIVO DE AUTORES. Metodologia do Ensino de Educação Física. 1º reimpressão da 2a. ed. de 2009. São Paulo: Cortez, 2012. DARIDO, S. C.; RANGEL, I. C. A. Educação Física na Escola: Implicações para a prática pedagógica. Coleção Educação Física no Ensino Superior. Reimpressão. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2008. DIAS JÚNIOR, M. J. A Educação Física na Educação de Jovens e Adultos: Desafios, Diálogos e Reflexões. Universidade Estadual de Goiás: Disponível em: <anaisdosimposio.fe.ufg.br/…8/original_1.2.__33_.pdf>. Acesso em: 08/03/2014. GOMES, Mariane Cristina Ferraz. SILVA, Alexandre Oliveira. GUNTHER, Maria Cecília Camargo. Educação Física na Educação de Jovens e Adultos, e os Documentos Legais. Congresso Norte Paranaense de Educação Física Escolar, 2009. Universidade Estadual de Londrina, Disponível em: <http://www.uel.br/eventos/conpef/conpef4/trabalhos/comunicacaooralartigo/artigocomoral 4.pdf>. Acesso em: 07/01/2014. MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Fundamentos de metodologia científica. São Paulo: Atlas, 2010. OLIVEIRA, L. A. de. A Prática da Educação Física na Educação de Jovens e Adultos. Universidade Estadual de Goiás: Disponível em: http://www.ceped.ueg.br/anais/Iedipe/Gt6/7a_pratica.htm>. Acesso em: 08/05/2014. Projeto Político Pedagógico - PPP. Escola Municipal de Ensino Fundamental Brasil Novo. Secretaria Municipal De Educação. 2014. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 36 AS CONTRIBUIÇÕES DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL: UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA DE EDUCAÇÃO INFANTIL CRISTIANE GOMES PONTES EM PORTO DE MOZ/PA Aparecida Maria Gonçalves dos Santos, Luziane Braga de Souza, Laíne Rocha Moreira Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira/Pará, Brasil. [email protected] RESUMO O presente trabalho teve o propósito de discutir sobre o papel dos Jogos e Brincadeiras na vida das crianças de 3 a 5 anos da Escola Municipal de Ensino Infantil Cristiane Gomes Pontes no município de Porto de Móz/PA. Para isso foi problematizado a necessidade da aplicação da disciplina de Educação Física (EF) no contexto da Educação Infantil (EI). Adotou-se como norte para o desenvolvimento deste trabalho uma pesquisa de caráter qualitativa de cunho bibliográfico e de campo, de objetivo descritivo, exploratório e estudo de caso com observações sistemáticas, consultas em documentos e aplicação de entrevistas estruturadas para professores e coordenador pedagógico da escola supracitada. O objetivo foi objetivo analisar as contribuições dos Jogos e Brincadeiras para o desenvolvimento cognitivo e psicomotor dos discentes de 3 a 5 anos na escola supracitada. Entretanto, a pesquisa favoreceu uma reflexão aos educadores da importância de inserir em sua prática pedagógica estratégias metodológicas para o enriquecimento da ludicidade como atividade livre e espontânea. A pesquisa mostrou ainda a fundamental importância de incluir os Jogos e Brincadeiras como proposta pedagógica na EI com eixos temáticos específicos para cada faixa etária. PALAVRAS-CHAVE: Educação Infantil. Educação Física. Jogos. Brincadeiras. INTRODUÇÃO O brincar e o jogar fazem parte do cotidiano de cada criança e sem dúvida é essencial para o desenvolvimento intelectual, motor, cultural, social, bem como, para sua aprendizagem e seu bem estar. Sabe-se que a criança desde os seus primeiros meses de vida tem condições de aprender brincando, pois quando ela desenvolve a mobilidade corporal, a mesma passa a brincar com seu corpo e com objetos e sem se dar conta, elas interagem com o meio onde estão inseridas, aprendendo naturalmente sem imposição por parte do adulto. Por esta razão propõe-se discutir o papel dos Jogos e Brincadeiras na vida das crianças de 03 a 05 anos na Escola Municipal de Educação Infantil Cristiane Gomes Pontes, no município de Porto de Moz/PA. Para tanto, problematiza a necessidade da aplicação dos jogos e brincadeiras na disciplina de EF no contexto da Educação Infantil. Neste viés, é relevante ressaltar o fato que levou o desenvolvimento deste estudo surgiu quanto à preocupação no que tange a aplicabilidade da EF desde o início da vida escolar da criança, de forma que esta disciplina seja trabalhada com conteúdos sistematizados que contemple seu real objetivo voltado para a cultura corporal de movimento, não priorizando A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 37 apenas o esporte, mais também o jogo e a brincadeira. O objeto de estudo desta pesquisa foram as aulas de EF na Escola Municipal de Ensino Infantil Cristiane Gomes Pontes, a qual desenvolve atividades para crianças de 03 a 05 anos, na qual há a necessidade de investir em jogos e brincadeiras nas aulas de Educação Física, para que a criança tenha sua independência física e adquira desde cedo hábitos saudáveis para que não se torne um adulto sedentário, pois através do lúdico há infinitas maneiras de ensinar. Deste modo, este trabalho tem como objetivo analisar as contribuições dos Jogos e Brincadeiras para o desenvolvimento cognitivo e psicomotor dos discentes de 3 a 5 anos da E.M.E.I Cristiane Gomes Pontes, em Porto de Móz/PA, bem como, conhecer a realidade da disciplina de EF na escola supracitada. REFLEXÃO A CERCA DA IMPORTÂNCIA DOS JOGOS E BRINCADEIRAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL. Segundo Huizinga (1971, p.33 apud FRANCIS, 2013) o jogo é uma atividade ou uma ocupação voluntária, exercida dentro de certos determinados limites de tempo e de espaço, seguindo regras livremente concedidas, mas absolutamente obrigatórias dotadas de um fim em si mesmo, acompanhado de um sentimento de tensão, alegria e de uma consciência de ser diferente da vida cotidiana. Segundo o Referencial Curricular Nacional da Educação Infantil (BRASIL, 1998), a brincadeira é uma linguagem infantil que mantém um vínculo essencial com aquilo que é o não brincar e se ela é uma ação que ocorre no plano da imaginação isto implica que aquele que brinca tem domínio da linguagem simbólica. Para Rizzy e Haydt (1998 apud SIQUEIRA; WIGGERS; SOUZA, 2012) os jogos e brincadeiras são mecanismos de aprendizagem cognitivos e sociais, se caracterizam como um momento de descobertas da realidade por parte da criança de maneira espontânea e expressiva. As brincadeiras infantis tem um papel de valor significativo no processo de desenvolvimento cognitivo e motor da criança. Todavia, a brincadeira no contexto da EI aplicada na EF passou a ter um caráter pedagógico, auxiliando o professor na mediação do conhecimento. Isso possibilitou o ensino e aprendizagem de forma consistente, pois contribui na promoção, integração, socialização, desenvolvimento da atenção, memorização e principalmente a integração deste no âmbito escolar. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 38 Para Borba (2007 apud FALCÃO et al., 2012) o brincar e o jogar são espaços de apropriação e constituição pelas crianças, de conhecimentos e habilidades no âmbito das práticas corporais, da linguagem, da cognição, dos valores e de sociabilidade. Desta forma, é importante ressaltar que a criança ao brincar e realizar movimentos com o corpo, ela constrói seu próprio universo, tecer situações distantes de seu cotidiano. Vygotsky (1991 apud FALCÃO et al., 2012) ressaltam que o brincar se configura uma atividade humana criadora, na qual a imaginação, fantasia e realidade interagem na produção de novas possibilidades de interpretação, de expressão e de ação pelas crianças, assim como novas formas de construir relações sociais com outros sujeitos. Todavia, a criança ao brincar se socializa conhece novas culturas entre as quais: dança, música e outras. De acordo com Vigotsky (1991 apud MORAES, 2013) é na brincadeira que a criança se comporta além do comportamento habitual de sua idade, além do seu comportamento diário. O que se entende é que através da brincadeira a criança abre caminhos para se estruturar dentro da realidade que a rodeia, é uma forma de se expressar e demonstrar o seu verdadeiro eu. Com o decorrer do tempo percebe-se que muitas brincadeiras e brinquedos perderam lugar para as inovações tecnológicas, da mesma forma as crianças têm deixado de utilizar a criatividade para construir seu próprio brinquedo, ou deixa de brincar com seus colegas para se isolar em seu quarto com vídeo game, internet e brinquedos industrializados, e com isso as atividades lúdicas perderam importância no processo de desenvolvimento cognitivo, motor e social. A EDUCAÇÃO FÍSICA NO CONTEXTO DA EDUCAÇÃO INFANTIL A história da implantação da EF na EI é claramente definida por uma proposta pedagógica em que o sujeito sócio histórico é o próprio aluno. Assim, a educação por meio do movimento que o corpo produz, desde que o currículo da EI esteja aberto para tornar a EF tão importante quanto os outros conteúdos ministrados em sala de aula, pois se sabe que a proposta pedagógica objetiva a ação do corpo sobre os objetos naturais e sociais que fazem parte do cotidiano da criança. Contudo, é importante que os segmentos que compõem a escola estejam preparados para trabalhar temas como: jogos, brincadeiras, danças, ginásticas e outros conteúdos que surgirem no decorrer de suas aulas segundo o Referencial Curricular Nacional A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 39 na EI (Brasil, 1998). A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, LDB Lei N. 9394/96), em seu art. 29 afirma que a Educação Infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança até os cinco anos de idade, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. O art. 62 da referida lei trata sobre a formação mínima exigida para se trabalhar na EI e nas séries inicias do ensino fundamental assegura que esta far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena em universidades e institutos superiores de educação, sendo exigida a formação mínima para se trabalhar com este público o nível médio na modalidade normal (BRASIL, LDB 9394/96). Já o art.26 em seu § 3º em que ressalta a EF integrada a proposta pedagógica da escola, é componente curricular obrigatório da educação básica. A partir daí houve a necessidade de integrá-la à Educação Infantil, pois se sabe que quando trata de educar crianças a preocupação é o desenvolvimento psicomotor e social (BRASIL, LDB 9394/96). Desta forma, a EF aplicada na infância tem uma nova vertente, voltada para o desenvolvimento motor e cognitivo da criança, uma vez que desde o nascimento a criança se movimenta e esse movimentar é natural. Por isso, devem-se levar em consideração tudo que ela produz ao longo do seu desenvolvimento biopsicossocial. Assim, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (BRASIL, LDB, 9394/96) afirma em seu artigo 29 que a EI tem por finalidade o desenvolvimento integral da criança. Neste caso, integra a EF que é componente curricular obrigatório da educação básica, mas não é elencada a EF na EI nas Diretrizes Curriculares para a Educação Infantil especificamente na Resolução nº 5, de 17 de dezembro de 2009, e como é de conhecimento os eixos temáticos devem compor propostas curriculares direcionadas a interações, brincadeiras, jogos, linguagens diferentes, expressão corporal em sua diversidade. Como afirma Ayoub (2001 apud LACERDA; COSTA 2012) quando citam que é necessário não mais se pensar em professoras (es) “generalistas” e “especialistas”, mas em professores de EI que irão compartilhar os diferentes saberes. Desta forma se tem o vasto entendimento de que os professores precisam compreender em sua totalidade o real objetivo dos diferentes eixos temáticos abordados nas instituições de ensino infantil, colocando em destaque a EF que é tão importante para o desenvolvimento motor, cognitivo e social da criança. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 40 Porém, é notório que os Jogos e as Brincadeiras no contexto escolar significam transformação no âmbito da EF e tais instrumentos no âmbito da EI precisam ser consolidados e trabalhados com a finalidade de desenvolver os aspectos motor, cognitivo e social da criança. METODOLOGIA Trata-se de um estudo de caráter qualitativo, de cunho bibliográfico e de campo, de objetivo descritivo-exploratório e estudo de caso com observações sistemáticas, consultas em documentos e aplicação de entrevistas estruturadas. As principais informações teóricas sobre o tema foram coletadas na biblioteca da Universidade do Estado do Pará (UEPA), e a pesquisa de campo foi realizada na Escola Municipal de Educação Infantil Cristiane Gomes Pontes, sendo esta a única escola dedicada exclusivamente a Educação Infantil, localizada na Zona Urbana, cito a Rua Guasco, S/N, no Bairro Cabanagem, no município de Porto de Moz/PA. As informações foram colhidas por meio da documentação indireta, em fontes bibliográficas como livros, sites especializados, artigos e revistas científicas (BREVIDELLI; DE DOMENICO, 2009), bem como em fontes documentais como o Projeto Político Pedagógico da escola supracitada e demais documentos que trataram sobre o tema da pesquisa. O estudo pautou-se também na coleta de informações com base na documentação direta, com aplicação de entrevista estruturada para professores e coordenador pedagógico da escola e observações sistematizadas das aulas em 2 turmas de 30 alunos, de 3 a 5 anos, com o intuito de refletir sobre as contribuições dos jogos e brincadeiras para o desenvolvimento cognitivo e psicomotor das crianças desta faixa etária, bem como evidenciar como a EF está inserida neste contexto. A amostragem do estudo foi composta por seis professores da EI e um Coordenador Pedagógico da EMEI Cristiane Gomes Pontes, em Porto de Móz/PA, que contribuíram com suas experiências e relatos sobre a EI na instituição educacional. Nesta pesquisa, optou-se por utilizar amostragem por método não probabilístico por critério de adesão para seleção dos sujeitos (BREVIDELLI; DE DOMENICO, 2009). Só fizeram parte do estudo professores da rede pública municipal, efetivados, graduados em nível superior, que trabalham na EMEI Cristiane Gomes Pontes há mais de 01 ano, de ambos os sexos e para coordenador o critério de inclusão foi ser graduado em nível superior, no curso de pedagogia, de ambos os sexos, que fazem parte do quadro efetivo do A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 41 município e estão desenvolvendo a função de coordenador pedagógico, que esteja trabalhando há 2 anos ou mais no referido cargo, na mesma escola supracitada. Quanto à turma, fizeram parte do estudo duas turmas da EI de 3 a 5 anos, que possuíam 30 ou mais alunos devidamente matriculados na instituição escolar. A identidade dos sujeitos foi mantida em sigilo e para garantir a objetividade da pesquisa, seus nomes foram codificados por letras do alfabeto. Todos os sujeitos envolvidos no estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre Esclarecido. A análise dos dados coletados deu-se de forma qualitativa organizada através de reflexões, interpretações e descrições, tecendo um comparativo entre os dados obtidos na pesquisa bibliográfica e de campo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os resultados obtidos por meio das entrevistas realizadas com professores e coordenador pedagógico da Escola Municipal de Educação Infantil Cristiane Gomes Pontes no Município de Porto de Moz-PA e as observações in lócus possibilitaram o entendimento da realidade vivenciada na instituição educacional, pois, foi possível compreender mais afinco sobre a temática abordada de forma teórica e prática. No que concerne ao desenvolvimento das aulas de EF no contexto da EI de 3 a 5 anos constatou-se que essas são realizadas uma vez por semana e acontecem dentro e fora da sala de aula, por meio de atividades teóricas e práticas. Em um primeiro momento dentro da sala de aula, onde a professora de EF inicia sua atividade fazendo alongamento, conversando com os alunos e explicitando para eles sobre os objetivos da aula. Em seguida, a professora encaminha os alunos para o pátio da escola para dar continuidade às atividades iniciadas em sala de aula com ênfase em brincadeiras recreativas envolvendo músicas, jogos com bola, boliches e brincadeiras de roda. As observações in lócus contribuíram para perceber que a escola não possui um espaço adequado para o desenvolvimento das aulas práticas de EF, bem como, evidenciou que as atividades desenvolvidas na disciplina não levam em consideração a faixa etária dos alunos, pois não são separadas por turmas devido a professora trabalhar as mesmas atividades em todas as turmas de 3 a 5 anos. Na escola supracitada as aulas de EF são mediadas com o apoio de uma professora que A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 42 não possui graduação em Educação Física, sendo esta a única professora da EI que desempenha suas atividades sem formação em nível superior, as demais são professoras Licenciadas em Pedagogia, que trabalham as demais disciplinas da Educação Infantil. Neste estudo tais professores serão intitulados de “professores de sala de aula” 1. Apesar os professores de sala de aula afirmaram que não é necessário um professor específico para trabalhar a disciplina de Educação Física, quando indagados sobre a importância da EF, eles relataram que as aulas de EF são importantes, pois os alunos vão gastar energia, aprender maneiras de boa convivência, e com isso terão uma melhor aceitação das regras através das brincadeiras. No que tange aos conteúdos desenvolvidos nas aulas de EF nas turmas de EI conforme observações in lócus durante as aulas de Educação Física, evidenciou-se que esses são desenvolvidos tendo como predominância o esporte, por meio do futebol e as demais atividades são apenas brincadeiras de pular, saltar, rolar, danças, movimentos, atividades aleatórias e boas maneiras, que são conteúdos dos temas transversais, mas que são trabalhados na EF e que acontecem naturalmente sem ter um conteúdo programado, ou seja, as aulas não são planejadas antecipadamente. É notória a preocupação quanto ao currículo a ser trabalhado na Educação Infantil, como ressalta Lacerda e Costa (2012) quando citam que existem poucas pesquisas e estudos no que se refere a produção teórica da Educação infantil, com isso há a necessidade de construir uma proposta curricular para a EF na EI, pois hoje esta é amparada pela LDB e nela estabelece a disciplina EF como componente curricular na Educação Básica. Quando questionada sobre a necessidade da EF ser inserida na EI a coordenadora da escola afirmou que há a necessidade, devido acreditar ser importante para as crianças, pois as mesmas estão em pleno desenvolvimento físico. Ressaltou ainda que atualmente as brincadeiras com bolas, de correr, perderam espaço para o mundo globalizado e para os jogos eletrônicos, e nesse sentido a escola procura inserir em seu contexto os jogos e brincadeiras incentivando as crianças a praticarem atividades físicas desde a Educação Infantil. Ao tratar da contribuição dos Jogos e Brincadeiras no ensino aprendizagem dos alunos na Educação Infantil, a coordenadora A da escola menciona que “a proposta da escola aos Professores graduados em Pedagogia, que desenvolvem suas atividades educacionais na EMEI Cristiane Gomes Pontes Porto de Moz-Pá, para alunos de 3 a 5 anos, ministrando as disciplinas de Português, Matemática, Ciências Natureza, Linguística, Ensino Religioso, Ensino da Arte e Educação Física. 1 A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 43 professores é adaptar os conteúdos com metodologias que envolvam jogos e brincadeiras, para que as aulas se tornem mais dinâmicas” (PESQUISA DE CAMPO, 2014). Sobre os documentos legais que embasam a EI na escola supracitada, a coordenadora entrevistada ressaltou que a instituição educacional se embasa nos Parâmetros Curriculares Nacionais, que englobam vários eixos temáticos incluindo as atividades físicas, assim, comentou que o Projeto Político Pedagógico (PPP) da escola está atualizado e de acordo com a proposta pedagógica da Educação Infantil, entretanto, após o acesso ao Projeto Político Pedagógico da escola supracitada, constatou-se que o referido documento encontra-se desatualizado, com base em anos anteriores, e a escola não possui nenhum documento impresso em suas dependências, aquele nos foi disponibilizado em formato digital. Foi constatado também por meio das entrevistas com os professores e coordenação, que os mesmos não têm acesso ao PPP da escola e não possuem documentos que tratam da importância da EI através das Leis. A fim de corroborar com a temática, ressaltam-se os estudos de Lacerda e Costa (2012) onde evidenciou a importância da EF ser inserida na educação Infantil, por fazer parte deste espaço a criança, compreendida enquanto ser histórico-social e cultural humano inserido no mundo, desta forma se busca caracterizar uma EF onde o objetivo central seja organizar as reflexões pedagógicas do educando e suas ações englobando de forma consistente a educação em sua totalidade, possibilitando a criança construir seus conhecimentos através de uma intervenção pedagógica que envolva todas as ações existentes no âmbito escolar. CONCLUSÃO A pesquisa mostrou a fundamental importância de incluir os Jogos e Brincadeiras como proposta pedagógica na EI com eixos temáticos específicos para cada faixa etária. Constatouse a EI estar diretamente ligada a EF, através da psicomotricidade, do jogo da brincadeira, do correr, do pular, do saltar, do abraço, do choro, do riso, enfim tudo que envolve o movimento que o corpo realiza através de gestos ou brincadeiras coordenadas e por esse motivo tais conteúdos devem ser trabalhados com responsabilidade, levando em consideração as atividades diárias desenvolvidas em classe. REFERÊNCIAS BRASIL. Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação Infantil. MEC. (Resolução nº 05, 17 de dezembro de 2009). A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 44 _______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LDB N. 9394/96. Disponível em <www.planalto.gov.br/civil.LDB9394>. Acesso em: 20/10/2013. _______. Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil: Educação Física. Secretaria de Educação Fundamental – Brasília: MEC/SEF, 1998. BREVIDELLI, M.M. 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Nessa perspectiva, o presente trabalho objetiva analisar a percepção que os idosos possuem acerca da influência que a atividade física provoca na sua qualidade de vida proporcionada por meio das atividades físicas desenvolvidas na unidade do CRAS do município de São Félix do Xingu-PA. Esse artigo foi resultado de uma pesquisa de campo, com caráter quanti-qualitativo e objetivo exploratório-descritivo. Foi aplicado um questionário composto por 2 perguntas abertas e 9 fechadas com 13 idosos que frequentam as atividades físicas desenvolvidas no CRAS do município de São Félix do Xingu-PA, há mais de 06 (seis) meses, selecionados pelo método não probabilístico por meio de adesão (BREVIDELLI; DE DOMENICO, 2009).A pesquisa atendeu os preceitos éticos da resolução 466/12, e os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde além da explicação acerca da pesquisa, continha os direitos de assentimento e garantia ao sigilo. Nos resultados obtidos, percebeu-se que entre os 13 entrevistados, a média de idade foi de 67,7 anos, predominando o gênero feminino numa quantia de 10 mulheres e 03 do gênero masculino. Foi relatado pela maioria dos entrevistados que as atividades físicas desenvolvidas no CRAS muito contribuem para a qualidade de vida dos mesmos, haja vista que gostam e frequentam assiduamente o projeto. Palavras-Chave: Terceira idade. Atividade Física. Qualidade de Vida. INTRODUÇÃO O envelhecimento é um fenômeno fisiológico natural e que devemos nos preparar para vivê-lo da melhor maneira possível, haja vista que o ser humano, dependendo das circunstâncias, ocorre diferenças e alterações específicas dessa etapa, surgindo patologias. Segundo Cagigal (apud GEIS, 2003, p.20), “o idoso deve ter atitudes positivas na vida e a conhecer-se da forma como é, com suas dimensões reais, espaciais, temporais, corporais, espirituais.” Ao longo da vida o ser humano vivencia situações que permite preparar-se para a velhice, em que se tem a possibilidade de desenvolver cada etapa da vida com felicidade e bem vivida, mantendo hábitos saudáveis, objetivando uma vivência positiva e natural, contribuindo de tal forma para uma terceira idade sadia fisicamente e intelectualmente. A ciência evidencia A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 46 que as complexidades adquiridas devido ao avançar da idade podem ser minimizadas com a adoção de um estilo de vida ativo. Segundo Dantas e Vale (2008, p.39), quanto maior for o nível e o tempo de prática de atividade física, maior a probabilidade de se envelhecer de forma saudável. Diante desse quadro preocupante, surge uma inquietação e a necessidade de propiciar a essa clientela uma melhor qualidade de vida. Assim, esse trabalho surge com o objetivo de avaliar a qualidade de vida proporcionada por meio das atividades físicas desenvolvidas na unidade do CRAS do município de São Félix do Xingu-PA, pois, segundo Abade e Zani (apud MATIAS, 2009) a atividade física além de ser indicada para a promoção da saúde e qualidade de vida do idoso, também é uma forma de inseri-lo à sociedade, melhorando seu convívio social, seu bem-estar, sua autoestima e a autoimagem, já que o processo de envelhecimento acarreta mudanças no indivíduo, nos aspectos físicos, sociais e psicológicos. Esse artigo tem como objetivo geral discutir a relação das Atividades Físicas desenvolvidas pelo CRAS com a Qualidade de Vida dos idosos, e, como objetivos específicos, avaliar a qualidade de vida dos idosos frequentadores das atividades físicas no CRAS; analisar a percepção que os idosos possuem acerca da influência que a atividade física provoca na sua qualidade de vida; discutir sobre a influência que os projetos de atividade física específicos para idosos podem ter sobre a qualidade de vida dos mesmos. MARCO TEÓRICO Envelhecer é um processo que, com o passar dos anos, o ser humano passa por um momento de desgaste sofrendo alterações em sua essência; também sofre mudanças nos diversos sistemas do organismo. Para Carvalho Filho e Alencar (1994, p.2), o envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo onde há modificações estruturais no organismo. Essas modificações podem dificultar a adaptação desses seres ao meio, provocando o surgimento de patologias. Segundo Okuma (2009, p.13) “O envelhecimento é, sem dúvida, um processo biológico cujas alterações determinam mudanças estruturais no corpo e, em decorrência, modificam suas funções”. É importante destacar que além dessas alterações provocadas pelo envelhecimento biológico, as resultantes de fatores ambientais também contribuem para o envelhecimento. Pesquisas mostram que nos países em desenvolvimento, observa-se um processo de envelhecimento populacional acelerado, com um incremento da população idosa A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 47 maior que nos Países do Norte. O Censo 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2010) confirmou a tendência de envelhecimento da população brasileira, fruto da redução da taxa de fecundidade e do aumento da expectativa de vida. O dado preocupante fica por conta de que quase metade da população idosa sofre de mais de uma doença crônica, como diabetes, hipertensão ou problemas cardiovasculares, por exemplo. Esse envelhecimento populacional que se dá de maneira gradual nos países ricos é acompanhado de perto por investimentos no sistema de saúde, nas condições de habitação, saneamento básico, trabalho e alimentação. No Brasil, ocorre de maneira inversa, acelerado, em meio a um contexto completamente desfavorável com disparidades sociais, econômicas e políticas, com um precário e falido sistema de saúde, aumentando de tal forma as desigualdades e negando aos idosos o direito aos serviços primários. Nesse sentido, faz-se necessário a criação de políticas públicas que viabilizem ações na área da saúde, objetivando atender aos anseios dessa população da terceira idade. O crescimento populacional de idosos acarreta ao país maiores gastos com assistência social e aposentadorias. Ultimamente, os governos adotam políticas para aumentar a idade de acesso à aposentadoria; o nosso país é um dos que sofrem com o crescimento do envelhecimento populacional. A Organização Mundial da Saúde afirma que há 15 anos a população mundial de idosos era de 360 milhões e estima que em 2025 a população mundial será de 780 milhões de pessoas com idade acima de 65 anos de vida, onde observará um processo de envelhecimento mais acelerado nos países do sul que nos desenvolvidos, especialmente na América Latina e Ásia, onde a referida população totalizará 02 bilhões de pessoas acima de 60 anos até 2025. Atualmente, no Brasil, os idosos representam cerca de 30% da população geral. Pereira et al. (2006, p. 27-28) apontam que até 2025 a população de idosos será de cerca de 25 milhões. Tudo isso pode mostrar uma realidade preocupante no que diz respeito a um impacto sobre os serviços de saúde nessas futuras décadas. O aumento dessa população gera necessidades para mudanças na estrutura social para essas pessoas para que não possam ficar inativas fisicamente, dependência motora, e sim, zelar pela qualidade de vida dessa clientela. O termo atividade física é utilizado, muitas das vezes, como sinônimo de exercício físico. No entanto, queremos aqui ressaltar que será utilizado o entendimento que a Atividade Física é qualquer movimento voluntário produzido pelos músculos com gasto calórico, seja nas tarefas no trabalho, nas atividades domésticas e cotidianas (MAZO, 2008, p.61) andar, A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 48 caminhada, corrida no fim da tarde, etc. Outro assunto discutido é a conceituação do termo Qualidade de Vida, que pode ser discutido desde os estudos que Aristóteles fez sobre esse assunto, perpassando pelo conceito pós Segundo Guerra Mundial chegando até os dias atuais. Nessa perspectiva, a presente pesquisa foi desenvolvida no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) que é uma unidade pública da assistência social localizada em áreas com maiores índices de vulnerabilidade e risco social que desenvolve serviços e programas sócio assistenciais de pretensão social básica às famílias e articula esses serviços no território de abrangência de modo a potencializar a proteção social e atuar na perspectiva da intersetorialidade. É o espaço onde é desenvolvido o Programa de Atenção Integral à Família (PAIF) que se constitui em um conjunto de ações continuadas. A ação principal do programa revela que essa entidade constitui-se de acolhimento, escuta qualificada e encaminhamento para a rede sócio assistencial e outras políticas setoriais, além dos serviços de cadastramento para benefícios federais e locais, como o Bolsa Família, os Benefícios Eventuais, o acompanhamento familiar dos grupos de famílias, grupos de adolescentes, de idosos. Esse acompanhamento é efetivado com a participação dos profissionais nos encontros grupais semanais ou quinzenais, utilizando técnicas de grupo, aplicabilidade de atividades físicas que visam a melhoria da saúde e qualidade de vida dos idosos, reuniões, palestras e outras, adequadas à finalidade do grupo e ao seu público. METODOLOGIA O presente trabalho foi resultado de uma pesquisa de campo, com caráter quantiqualitativo e objetivo exploratório-descritivo. Pesquisa deste gênero objetiva descrever determinadas características de um povo ou grupo, de fenômeno ou experiência (GIL, 2002). Assim, na pesquisa qualitativa, de caráter exploratório, o entrevistado é estimulado a pensar e a se expressar sobre o assunto em estudo. Também, os dados são apresentados levando-se em conta aspectos relevantes, tais como opiniões e comentários dos entrevistados. Por isso, a interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicas no processo de pesquisa qualitativa (GIL, 2002). A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário composto por 2 perguntas abertas e 9 fechadas. A pesquisa foi realizada no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) localizado A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 49 na Avenida Coronel Osterno Maia, 2035, Bairro Rodoviário, no município de São Félix do Xingu-PA. A entidade atende cerca de 25 pessoas idosas. Fizeram parte da pesquisa13 idosos que frequentam as atividades físicas desenvolvidas no CRAS há mais de 06 (seis) meses, selecionados pelo método não probabilístico por meio de adesão (BREVIDELLI; DE DOMENICO, 2009). A técnica de coleta de dados utilizada foi um questionário, aplicado aos idosos. A pesquisa atendeu os preceitos éticos da resolução 466/12, e os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde além da explicação acerca da pesquisa, continha os direitos de assentimento e garantia ao sigilo. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nos resultados obtidos, percebeu-se que entre os 13 entrevistados, a média de idade foi de 67,7 anos, predominando o gênero feminino numa quantia de 10 mulheres e 03 do gênero masculino. No que se refere à participação do entrevistado nas aulas de Educação Física durante a sua infância, 12 (92,31%) dos entrevistados não praticavam Educação Física na infância e somente 1 (7,69%) frequentava às aulas da disciplina citada. A escola infantil é um espaço de descoberta, assim, Basei (2008, p.01), afirma que: A Educação Física tem um papel fundamental na Educação Infantil, pela possibilidade de proporcionar às crianças uma diversidade de experiências através de situações nas quais elas possam criar, inventar, descobrir movimentos novos, reelaborar conceitos e ideias sobre o movimento e suas ações. Nas aulas de Educação Física as crianças descobrem seus limites e desafios, fazendo com que conheçam seu corpo e se valorizem através das expressões corporais aprendendo a se relacionar e a conviver no ambiente no qual estão inseridos, contribuindo para esse processo de desenvolvimento motor da criança e com a formação de sujeitos politizados, críticos e, consequentemente, objetivando pessoas na terceira idade com uma vida saudável, regada e preparadas para desenvolver as tarefas mínimas do cotidiano e com uma qualidade de vida à mostra. Em relação à quantidade de dias da semana que as pessoas entrevistadas caminham como forma de transporte e outros, 03 dos idosos (23,08%) fazem a caminhada durante 02 dias da semana; durante 03 dias da semana, 4 (30,77%) dos entrevistados praticam a caminhada; e apenas 01 (7,69%) faz essa atividade física durante todos os dias da semana. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 50 A debilitação do organismo humano provocado pelo envelhecimento faz com que as pessoas busquem estratégias para tentar melhorar sua saúde, e, uma dessas estratégias é a adoção da prática da caminhada visando melhora cardiovascular controle da pressão arterial, contribuindo de tal forma para a relação interpessoal, com uma visão de futuro, por meio do lazer buscando o prazer e consequentemente visando à saúde. Sobre a distância percorrida pelos sujeitos envolvidos na pesquisa até o CRAS, percebese que mais da metade dos entrevistados, 7(53,84%), moram a uma distância de 1 km do local onde praticam as atividades sugeridas;5 (38,46%) dos envolvidos caminham 2 km, e, 1(7,7%) anda 3 km para chegar até o CRAS. A falta de aptidão física e a capacidade funcional pobre são algumas das principais causas de baixa qualidade de vida nos idosos. Com o avanço da idade, há uma redução da capacidade cardiovascular, da massa muscular, da força e flexibilidade musculares, sendo que esses efeitos são exacerbados pela falta de exercício. Matsudo et al. (2001 apud KRUG et al., 2011, p.08) explicam que a prática regular de atividades físicas proporciona benefícios à saúde sendo estes referentes tanto aos aspectos antropométricos, neuromusculares, metabólicos como psicológicos. A adesão à prática física regular de atividade física, como a caminhada em pequenos percursos ajuda na manutenção da saúde devolvendo ao idoso um ânimo maior para desempenho das atividades e por consequência uma melhor qualidade de vida. Quando questionados se gostavam ou não das atividades que frequentam nessa entidade, foram uníssonos em afirmar que todos gostam das atividades oferecidas no CRAS, pois, segundo eles, possivelmente, são atividades que os motivam e voltam para casa “mais espertos”. Segundo Okuma (2009, p.51), a Atividade Física (AF) é essencial na manutenção das funções do aparelho locomotor, principal responsável pelo desempenho das atividades da vida diária e pelo grau de independência e autonomia do idoso. Assim, a AF pode diminuir as consequências ocasionadas pelo sedentarismo independente da presença de doença crônica ou não. Sobre a participação efetiva dos idosos nas atividades físicas realizadas no CRAS, vê-se que a maioria participa de todas as atividades físicas, totalizando 10 (76,92%), e 3 (23,08%) dessa clientela, por um motivo ou por outro, deixa de participar das atividades propostas. Como afirma Geis (2003, p.53): A atividade para idosos, o objetivo é a prevenção, a manutenção, a reabilitação e a recreação. Os motivos que fazem com que os idosos pratiquem atividade física são diversos. O importante é que encontrem um interesse pessoal e que tomem A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 51 consciência da necessidade do exercício físico. Assim sendo, estarão motivados e realizarão a atividade de forma periódica. De acordo com nossa análise sobre a necessidade da prática da atividade física para os idosos, os efeitos positivos de uma atividade motora regular e contínua desenvolve capacidades intelectuais, com vivacidade intelectual e estado de desenvolvimento psíquico superior aos idosos que não praticam. Referindo-se à como os idosos se sentiam ativos antes de participar das atividades desenvolvidas no CRAS, 7 (53,85%) idosos responderam que se sentiam ativos antes de aderirem ao programa e 6 (46,15%) responderam que não. Verificamos com essa pergunta que grande parte dos idosos entrevistados mesmo antes de começar essas atividades desenvolvidas naquela entidade afirmaram que eram ativos devido o tipo de vida que levavam no seu dia-a-dia. Com as práticas das atividades físicas atualmente, os 13 (100%) idosos responderam que após terem realizado as atividades, se sentiram mais dispostos, podendo resultar numa perspectiva de vida melhor tanto no pessoal, como intelectual e na sua saúde. Segundo Matsudo (2006, p. 135): Não se pode pensar hoje em dia em garantir um envelhecimento bem sucedido sem que das medidas gerais de saúde se inclua a atividade física. Esta preocupação tem sido discutida não somente nos chamados países desenvolvidos ou do primeiro mundo como também nos países em desenvolvimento como é o caso do Brasil. Dessa forma, entendemos que é emergente a preocupação em se desenvolver atividades físicas voltadas para essa clientela que tanto cresce no mundo, buscando assim uma qualidade de vida melhor para os senis. A última questão vem informar sobre qual atividade física mais tinham preferência. Com isso, viu-se que 4 (30,77%), preferem a dança como atividade física; 2 (15,38%) dos idosos optam pela caminhada e 7 (53,85%) preferem outras atividades físicas. A prática de atividades físicas na rotina diária de idosos vem sendo um dos componentes mais importantes para uma boa qualidade de vida desse grupo, em que buscam o prazer, satisfação e o bem-estar, valorizando assim a vida madura. Segundo Pires e Castro (2012, p.29) “A atividade física contribui para manutenção da saúde dos idosos e minimizando os efeitos deletérios do envelhecimento e promove o aumento dos níveis de autonomia funcional”. Com esse questionário, verificou-se que o grupo é bastante ativo que além da dança e a caminhada A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 52 gostam de praticar outras atividades desenvolvidas no projeto. Por último, foi perguntado ao grupo: qual a importância da atividade física para pessoas da terceira idade? As respostas foram variadas. Mas se preocupam em dizer que a atividade física na terceira idade melhora o condicionamento, melhora a atenção, a locomoção, o ânimo, a alegria é bem maior; para alguns, dizem que diminui as dores pelo corpo. Em síntese, a atividade física no envelhecimento é fator preponderante para o desempenho de suas atividades cotidianas. CONCLUSÃO Foi observado que a maioria dos sujeitos envolvidos na pesquisa frequentam ativamente e são bastante operantes a todas as atividades físicas desenvolvidas no CRAS de São Félix do Xingu-PA; para participar das atividades físicas desenvolvidas pelo projeto muitos caminham por mais de 1 km para chegar até a unidade. Praticam atividades como danças, ginásticas, caminhadas em grupos e muitas outras. Reafirmam que após a participação dos mesmos nas práticas desse núcleo muito tem contribuído para sua qualidade de vida e até mesmo auxilia na execução das atividades diárias com mais facilidade. Isso nos faz crer que estamos diante de uma nova geração de idosos, que além de necessitar de hábitos de vida saudáveis, fazem questão de praticá-los. Um número cada vez maior de idosos procuram atividades físicas recreativas para estimular, desenvolver e manter suas habilidades funcionais e controlar as emoções do dia a dia. E nós, enquanto profissionais de educação física, devemos estar atentos e capacitados para atender este novo segmento de mercado e esta nova geração saúde de maneira digna, eficaz e responsável para promover saúde, bem estar, motivação e ânimo para estas pessoas que nos ensinam muito mais com suas experiências passadas, do que podemos imaginar. REFERÊNCIAS BASEI, Andréia Paula. O brincar nas aulas de Educação Física na Educação Infantil. Revista Partes, Santa Maria-RS. p. 01, jan. 2010. Disponível em: <www.partes.com.br/educação/brincaremef.asp> Acesso em 02 de abril de 2014. BRASIL. Congresso. Câmara dos Deputados. Constituição. Estatuto do Idoso nº 31, de 2009. Estatuto do Idoso. 4. ed. ______. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 53 Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. ______. Estatuto do Idoso. Brasília, 18 de outubro de 2006. BREVIDELLI, Maria Meimei; DE DOMENICO, Edvane B. L. TCC: Guia Prático para Docentes e Alunos da Área da Saúde. 3ª ed. São Paulo: Iátria, 2009. CARVALHO FILHO, E. T.; ALENCAR, Y. M. G. Teoria do envelhecimento. In: CARVALHO FILHO, E. I. (Org.). Geriatria: Fundamentos, clínica, terapêutica. São Paulo: Atheneu, 1994, p. 1-8. DANTAS, Estélio H.M.; VALE, Rodrigo Gomes de Souza. Atividade Física e Envelhecimento Saudável. Rio de Janeiro: Shape, 2008. GEIS, Pilar Pont. Atividade física e saúde na terceira idade: teoria e prática. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2010.Rio de Janeiro (RJ): IBGE, 2010. KRUG, Rodrigo de Rosso et al. Contribuições da caminhada como atividade física de lazer para idosos. Licere, Belo Horizonte.v. 14,n. 4, dez/2011. MATIAS, Bárbara Alves. 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A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 54 BRINCANDO COM SUCATAS E MATERIAIS ALTERNATIVOS: POSSIBILIDADES DE ENSINO PARA AS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Ana Karla Moreira de Brito, Cleolange Cardoso de Oliveira, Laíne Rocha Moreira Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira/Pará, Brasil. [email protected] RESUMO O estudo objetivou analisar quais as possibilidades que o professor de Educação Física (EF) pode utilizar em suas aulas para o ensino de brincadeiras, por meio do uso de sucatas e materiais alternativos enquanto ferramentas para as aulas de EF do ensino fundamental. Tal pesquisa apresentou a importância do lúdico e a utilização de materiais alternativos nas aulas de Educação Física, como suporte no desenvolvimento das potencialidades afetivas, criativas, cognitivas e sociais da criança. Trata-se de um estudo de caráter bibliográfico, exploratório e qualitativo por meio de fontes secundárias por meio da revisão de literaturas com a utilização de livros, revistas, artigos científicos e sites especializados. A pesquisa demonstrou a necessidade do professor criar materiais que venham servir de instrumentos didáticos para melhoria de suas atividades educativas de forma que estas possam contribuir na formação integral dos alunos e no processo de ensino-aprendizagem. Palavras-chave: Educação Física. Brincadeira. Materiais Alternativos. Sucatas. INTRODUÇÃO Com o advento tecnológico os brinquedos da atualidade passaram a não exigir tanto o imaginário e nem a criatividade das crianças, pois elas se fecham em seu mundo tecnológico e se acomodam com jogos e/ou brincadeiras eletrônicas que não demandam grandes esforços físicos, criatividade e socialização. Segundo Silva e Gonçalves (2010) a brincadeira é uma atividade inerente ao ser humano, e na infância ela tem um papel fundamental na formação e no desenvolvimento integral do indivíduo, especialmente nos primeiros anos de vida. Com o ato de brincar, as crianças constroem seu próprio mundo. É através dessas atividades que elas começam a desenvolver a criatividade e suas habilidades. Por esta razão, as práticas de brincadeiras recreativas contribuem para que as crianças não se tornem cidadãos sedentários, as mesmas proporcionam ludicidade, criatividade, socialização e prazer para o indivíduo na infância, melhorando assim sua qualidade de vida, através de um estilo de vida ativo, desde os seus primeiros anos de desenvolvimento. Desta forma, o presente estudo teve por finalidade apresentar a importância das brincadeiras lúdicas praticadas com brinquedos confeccionados com materiais alternativos e A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 55 sucatas, como ferramenta educativa nas séries iniciais do ensino fundamental. Materiais alternativos são materiais baratos e de fácil acesso como: pneus, cordas, caixa de papelão, canudos palitos de picolé, tesoura, cola, barbante, fita adesiva, tnt, jornal, eva, etc. (ASSUMPÇÃO; ARRUDA; SOUSA, 2009). Cunha (1988 apud ALMEIDA, 2010, p.24) conceitua sucata como todo material descartável, aquele material que aparentemente não tem mais utilidade, mas que com um pouco de criatividade pode ser reaproveitado. Machado (1994 apud ALMEIDA, 2010) ainda acrescenta que sucata é qualquer coisa que perdeu o seu uso original, que se quebrou, que não serve mais ou que não tem mais significado. Diante do exposto, o foco motivador para o desenvolvimento deste estudo surgiu com a necessidade de refletir sobre possíveis alternativas metodológicas para o ensino nas aulas de Educação Física (EF) através de materiais alternativos e sucatas, os quais poderão ajudar o professor a enriquecer e diversificar suas aulas, através do ensino de brincadeiras educativas, onde possa ser despertada a criatividade dos alunos através da confecção dos seus próprios brinquedos. O estudo enfatiza a utilização das atividades lúdicas a partir das possibilidades através do uso de sucatas e materiais alternativos no processo de ensino aprendizagem. Trata-se de um estudo de caráter bibliográfico, exploratório e qualitativo por meio de fontes secundárias por meio da revisão de literaturas com a utilização de livros, revistas, artigos científicos e sites especializados, que objetivou analisar quais as possibilidades que o professor de EF pode utilizar em suas aulas para o ensino de brincadeiras, através do uso de sucatas e materiais alternativos nas séries iniciais do ensino fundamental. CONCEITUANDO BRINCADEIRA Por volta do ano 2000 a.C. tem-se relatos dos primeiros brinquedos, barcos de madeira e bonecas, que foram encontrados através de estudos arqueológicos e com o processo histórico foram encontrados outros brinquedos no Egito, Grécia e Roma. Estes brinquedos relatavam o contexto histórico da época como barcos (caravelas), bonecos (soldados e animais), carinhos e cavalinhos (bigas), surgindo assim brinquedos criativos que instigaram o lado artesanal e o lúdico da criança desenvolvendo sua forma de expressão e prazer através das brincadeiras (VELASCO, 1996). A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 56 Para Catunda (2005) o brincar é um ato necessário para a formação de uma sociedade mais feliz, criativa, saudável e contribui de forma significativa para uma melhor qualidade de vida. De acordo com Velasco (1996, p. 78), brincando a criança, desenvolve suas habilidades físicas, verbais e intelectuais. Quando a criança não brinca ela deixa de estimular, e até mesmo desenvolver suas capacidades inatas, o que pode vir a ser um adulto inseguro, medroso e agressivo. Já quando brinca à vontade, tem maiores possibilidades de se tornar um adulto equilibrado consciente e afetuoso. Piaget (1978 apud ASSUMPÇAO; ARRUDA; SOUZA, 2009) ressaltam que o brincar é um importante meio de assimilação e de aprendizado para a criança, pois é brincando que ela relaciona-se emocionalmente e desenvolve contatos sociais, sendo que a brincadeira deve ser voluntária, prazerosa e espontânea, ou seja, própria da criança, para que tenha uma íntima relação com ela. Para Santos (2004), a utilização de sucatas na confecção de brinquedos constitui um desafio, sobretudo aos profissionais da EF e de outras disciplinas, haja vista ser uma maneira palpável de contribuir para o desenvolvimento motor e cognitivo das crianças. Assim, a partir do uso de materiais alternativos, sucatas e muita criatividade dos educadores juntamente com os alunos, poderão surgir várias ideias que servirão de base para a construção de novos brinquedos que favorecem o processo de ensino-aprendizagem. O QUE ENSINA A EDUCAÇÃO FÍSICA NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL Desde meados da década de 80, discute-se a inclusão de outras manifestações que fazem parte das práticas corporais de determinada cultura ou região, que deveriam ou poderiam fazer parte das aulas de Educação Física. Foi a partir deste pensamento, que Soares (1992 apud MOREIRA; NISTA-PICCOLO, 2009) posicionaram-se afirmando que, a cultura corporal é um conhecimento específico da EF Escolar, e como seus conteúdos, as manifestações desta cultura são expressas por meio do jogo, o esporte, a luta, a dança e a ginástica, além de outros temas. O termo Cultura Corporal ampliou este leque de conhecimentos, assim como conferiu a eles um novo sentido, considerando-os como parte do contexto cultural dos alunos e da sociedade, com diferentes significados e valores, tanto individuais como coletivos, sem A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 57 caracterizá-los em suas especificidades. Segundo os Parâmetros Curriculares Nacionais, citado em Brasil (1997, p.46), os conteúdos no Ensino Fundamental estão organizados em três blocos articulados entre si: Esportes, jogos, lutas e ginásticas; Atividades rítmicas expressivas e Conhecimento sobre o corpo. Moreira e Nista-Piccolo (2009) afirmam que para saber o que ensinar nas aulas de Educação Física, deve-se ter clareza da nossa concepção de conteúdo curricular e qual seu papel na escola. Além disso, se faz necessário elencar os conteúdos que podem ser significativos para os alunos, visto que alguns autores principalmente os da área pedagógica, preocupam-se em conceituar o que seja um conteúdo, ou mesmo como apontar debates sobre a função e utilização daqueles na escola e a sua função na formação humana. Já para outros estudiosos, o conteúdo traduz-se como o eixo da prática pedagógica, é por meio dele, concomitante à forma como será desenvolvido (métodos), que os objetivos educacionais serão alcançados. Entretanto, para Darido e Rangel (2005), a EF atual deve está intimamente ligada ao processo educacional, buscando trabalhar com seus alunos as três dimensões educacionais que são: conceitual, procedimental e atitudinal. Neste viés, na dimensão conceitual, o professor deve conhecer as mudanças que ocorrem no ensejo das práticas corporais cotidianas e as transformações pelas quais passou a sociedade em relação aos hábitos de vida e relacioná-las com as necessidades atuais de atividades. As autoras ainda acrescentam que na dimensão procedimental o professor busca vivenciar e adquirir alguns fundamentos básicos dos esportes, danças, ginásticas, lutas, capoeira, brincadeiras, jogos e danças regionais. Já na dimensão atitudinal os professores devem trabalhar com seus alunos mostrando a importância do social para que os mesmos se tornem cidadãos críticos e cooperadores, que aprendam a respeitar o espaço que utilizam e as pessoas com quem convivem independente de sexo, religião, cor e raça. É necessário que a EF escolar assuma o mesmo grau de importância das demais disciplinas que compõem o Projeto Político Pedagógico, fazendo com que as instituições educacionais cuidem da qualidade de suas aulas, podendo assim a EF desenvolver sua real contribuição na formação das crianças e jovens (VOSER; GIUSTI, 2002 apud ASSUMPÇÃO; ARRUDA; SOUSA, 2009). POSSIBILIDADES DE ENSINO DA EDUCAÇÃO FÍSICA ATRAVÉS DE SUCATAS E MATERIAIS ALTERNATIVOS NAS SÉRIES INICIAS DO ENSINO FUNDAMENTAL A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 58 A utilização de materiais descartáveis é de suma importância devido a necessidade de reciclá-los para que não poluam o meio ambiente, como também pela economia e na maioria das vezes por ser o único tipo de material disponível levando em consideração a realidade das escolas brasileiras, quase sempre dura e difícil, mas principalmente porque se precisa criar o hábito de recriar, de enxergar possibilidades ao redor, de buscar o novo e de transformar a prática pedagógica. Bento (1998 apud SEBASTIÃO; FREIRE, 2009), afirmam que a falta de estrutura física e material não pode prejudicar o trabalho pedagógico descompromissado, pois mesmo em condições relativamente simples é possível aplicar boas aulas de Educação Física, no entanto com isto tem também a ausência de material pedagógico pode ser suprimido por materiais feitos de sucatas e materiais alternativos. Partindo desse pressuposto, o brinquedo de sucata ou material alternativo surge para preencher a lacuna entre a necessidade de consumir e a alegria de criar, além de proporcionar o aprender fazendo no contexto de sala de aula, a fim de criar clima de socialização, uma vez que exigirá a participação ativa das crianças com o uso do material, sempre com a orientação do professor. Segundo Friedmann (1992 apud, Oliveira 2008), as sucatas classificam-se em: Sucata natural e sucata industrializada. A primeira, como próprio nome indica, constitui-se de materiais extraídos da própria natureza tais como: sementes, pedras, conchas folhas galhos, pedaços de madeiras, areia dentre outros. Já a sucata industrializada, inclui todos os tipos de embalagens, como: copos plásticos, chapas metálicas, tecidos, papéis, lã, isopor, papelão, garrafa pet, entre outros. Para o manuseio destes materiais o primeiro passo é coletar as sucatas e materiais alternativos. Depois de coletados exigem separação, classificação e ordenação. Uma vez separados, classificados e ordenados os materiais necessários para confecção de jogos e brinquedos, os mesmos devem ser limpos e examinados pelo educador para que não haja resíduos eventuais que possam causar perigo à saúde das crianças. Faz-se necessário ter materiais acessórios como: cola, jornais, barbantes tesouras e etc. É muito importante que os (as) alunos (as) tragam de casa seu próprio material para as aulas de EF, para que as atividades com sucatas e materiais alternativos tornem-se realidade. As atividades devem ser simples e agradáveis, de modo a despertar o interesse da turma. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 59 Desta forma, segue abaixo algumas possibilidades de ensino para as aulas de Educação Física, com o uso de sucatas e materiais alternativos. Brinquedo: Vai e vem de garrafa pet. Apresentação: é um brinquedo bem simples, para se brincar sempre em dupla. Com ele o aluno tem que ser ágil e esperto. Com um pouquinho de capricho e de paciência o aluno constrói o brinquedo. Passo a passo: Corte ao meio as duas garrafas de refrigerante e encaixe uma na outra e passe a fita ao meio para melhor fixação. Cole os adesivos no corpo do brinquedo para decorálo. Passe a corda para varal pelo corpo do vaivém. (INTEGRA, 2014). Observações necessárias: Não deixe que se cruzem. Com o restante da garrafa recorte duas argolas para serem usadas como alças, para maior segurança passe fita adesiva ao redor. Elas impedem que o vaivém bata na sua mão. Amarre a corda para varal nas argolas. Está pronto o brinquedo. Fonte: Integra (2014) Brinquedo: Bilboquê. Apresentação: é um brinquedo bem fácil de fazer, para se brincar com amigos. Com um pouquinho de paciência o aluno fabrica seu brinquedo. Passo a passo: Será confeccionado a partir do recorte ao meio de uma garrafa de refrigerante de 2 litros, sendo aproveitada a metade dela com o bico e a tampa da garrafa. Após, uma bolinha será amarrada na extremidade de um pedaço de aproximadamente 30 cm de barbante. A outra extremidade do barbante foi colocada sobre a boca da garrafa tendo sua tampa rosqueada sobre o barbante que ficou presa sob a tampa. (VALADARES; DINIZ, 2008). Observações necessárias: Para o brinquedo ficar mais atraente use adesivos ou fitas adesivas para decorar, e está pronto o brinquedo. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 60 Fonte: Valadares e Diniz (2008). Brinquedo: Peteca de papel. Apresentação: esse brinquedo é antigo, antes era confeccionado de palha de milho, serragem e pena. Passo a passo: utilize 3 folhas de jornal, 2 folhas de papel celofane de cores diferentes, 1 pedaço de fita para amarrar, tesoura. Amassar as folhas de jornal de modo a formar uma bola. Colocar uma folha de celofane sobre a outra. Pegar a bola de jornal, colocá-la no centro da folha de celofane e envolvê-la. Torcer as folhas de celofane e amarrar a fita. Dar umas repicadas, de cima para baixo, nas folhas de celofane, para imitar as penas. Observações necessárias: depois de pronta a peteca, o professor poderá começar com iniciação ao voleibol, a mesma e batida sempre com a palma da mão pra cima, podendo ser jogada em duplas ou em grupos. Fonte: Valadares e Diniz (2008). Brinquedo: Pé de lata Apresentação: Através deste brinquedo pode-se trabalhar a coordenação motora e equilíbrio dos alunos, sendo que o professor deve estar lhe auxiliando. Materiais: 2 latas de leite A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 61 em pó vazias, limpas e com tampas; 2 metros de cordão. Tinta guache para decorar. Passo a passo: Faça dois furos diametralmente opostos no fundo de uma lata de leite em pó. Passe um cordão de um metro pelos furos da lata e um nas extremidades com um nó bem forte dentro do recipiente. Coloque a tampa e decore com tinta. Faça o mesmo com a outra lata. BRINCAR (2012). Observações necessárias: Pedir sempre latas do mesmo tamanho, e auxiliar o aluno na hora de furar as latas para que os mesmo não se machuquem. Fonte: Brincar (2012) Sabe-se que são inúmeros os brinquedos confeccionados com materiais alternativos e sucatas. Por esse motivo, acredita-se que os brinquedos apresentados neste trabalho permitirão aos educadores uma nova visão de aprendizagem, tornando-os educadores dinâmicos e ágeis para seus educandos, sem dissociar o lúdico da prática educativa, e assim que aulas de EF com a utilização de sucatas e materiais alternativos poderão ser ingredientes fundamentais para um aprendizado significativo, respeitando assim suas potencialidades e possibilidades. CONCLUSÃO Tal estudo buscou esclarecer que o argumento de alguns educadores quanto a falta de materiais didáticos não deve ser utilizado para reduzir a objetividade das aulas de EF na escola, já que um pouco de imaginação e alguma dedicação são suficientes para adquirir não apenas materiais clássicos, mas também, toda uma gama de materiais convencionais, tais como: garrafas pet, fitas, cabo de vassouras, potes de plástico, papelão, calendário, entre outros materiais alternativos que podem contribuir para a efetivação de uma aula coerente com a prática cotidiana do educador, na busca de potencializar a formação crítica/reflexiva dos alunos. A pesquisa demonstrou a necessidade de o professor criar materiais que venham servir A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 62 de instrumentos didáticos para melhoria de suas atividades educativas de forma que estas possam contribuir na formação integral dos alunos e no processo de ensino-aprendizagem. REFERÊNCIAS ALMEIDA, Ernany Santos de. Sucata, criança e escola: quando o saber e o prazer se entrelaçam. 2010. Disponível em: <http://www.psicopedagogia.com.br/new1_artigo.asp?entrID=1199#.Uz7u8ahdU-k>. Acesso em: 10/01/2014. ASSUMPÇÃO, Claudio de Oliveira; ARRUDA, Débora Paes de; SOUZA, Thiago Mattos Frota de. Utilização de materiais alternativos nas aulas de educação física: exercitando a criatividade. Anuário da Produção Acadêmica Docente. V.3, n.4, p.271-279, Valinhos, São Paulo mar. 2009. Disponível em: <http://sare.anhanguera.com/index.php/anudo/article/view/954/712>. Acesso em: 07/01/2014. BRASIL, Parâmetro Curriculares Nacionais: Educação Física. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1997. CATUNDA, Ricardo. Brincar, Criar e Vivenciar na escola. Rio de Janeiro: Sprint, 2005. BRINCAR, Casa do. Fui Eu Que Fiz: Pés de Lata. 2012. Disponível em: <http://www.casadobrincar.com.br/site/fui-eu-que-fiz-pes-de-lata/>. Acesso em: 05 maio 2014. DARIDO, Suraya Cristina; RANGEL, Irene Conceição Andrade. Educação Física na Escola: Implicações para a Prática Pedagógica. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2005. INTEGRA Mundo. Dicas de brinquedo com garrafa pet. Disponível em: <http://www.integramundo.com.br/dicas/dicas-de-brinquedos-com-garrafa-pet/>. Acesso em: 25/04/2014. MOREIRA, Evando Carlos; NISTA PICCOLO, Vilma Lení. O quê e como ensinar educação fisíca na escola. Jundiaí - São Paulo: Foutoura, 2009. OLIVEIRA, Cleolange Cardoso de. O lúdico na formação dos alunos da 2º série do ensino fundamental: uma experiência na EMEF Ruiz Rebelo. 2008. 66 f. TCC (Graduação) - Curso de Ciência da Religião, Faculdade Inta, Altamira, 2008. SANTOS, Cicero Rodrigues dos. Brincando com sucatas. Rio de Janeiro: Sprint, 2004. SEBASTIÃO, Luciana Lima; FREIRE, Elisabete dos Santos. A utilização de recursos materiais alternativos nas aula de educação física: um estudo de caso. Pensar A Prática. v.12, n.2009, p.01-12, Barueri, mar, 2009. Disponível em: <http://www.revistas.ufg.br/index.php/fef/article/view/6766/6190>. Acesso em: 07/01/2014. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 63 VALADARES, Solange; DINIZ, Célia. Arte no cotidiano escolar. 12. ed. Belo Horizonte: Fapi, 2008. VELASCO, Cacilda Gonçalves. Brincar: o despertar psicomotor. Rio de Janeiro: Sprint, 1996. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 64 DA CITOLOGIA À ORIGEM DA VIDA: UMA ANÁLISE DA ABORDAGEM CTS EM UM LIVRO DIDÁTICO DE BIOLOGIA Geysiane Costa e Silva, Marcilane de Jesus Silva, Inês Trevisan. Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira-PA, Brasil, [email protected] RESUMO A abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS), incorporada nos currículos escolares, busca contribuir para a formação de cidadãos alfabetizados científica e tecnologicamente, que desenvolvam habilidades e valores, posicionando-se diante dos principais temas sociais, levando-os à tomada de atitudes. Dentre os aspectos do currículo escolar, destacamos o Livro Didático (LD) como um dos principais instrumentos utilizados pelo professor, sendo um recurso favorecedor ao processo ensino-aprendizagem. Desse modo, o objetivo desse estudo centra na verificação da relação Ciência/Tecnologia/Sociedade no livro Biologia Hoje, especificamente no volume 1 – Manual do Professor, recomendado pelo Ministério da Educação por meio do Programa Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio. A análise do livro foi realizada com base em indicadores da relação CTS adaptados por Amaral, Xavier, Maciel (2009), sendo destacados fragmentos textuais que expressam a presença dos indicadores. Foi escolhido o volume 1 da coleção didática, o qual abrange os temas estudados principalmente no primeiro ano do Ensino Médio. Os resultados mostraram que todos os indicadores da relação Ciência/Tecnologia/Sociedade então presente no livro didático, facilitando a inclusão dessa abordagem nas atividades educacionais. Consideramos que o Livro Didático analisado proporciona a abordagem do conteúdo científico vinculado a questões tecnológicas e sociais, favorecendo a construção de uma aprendizagem pautada na abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade, sendo importante também a mediação do professor nesse processo. Palavras-chave: Enfoque CTS. Material Didático. Ensino de Ciências. INTRODUÇÃO Diante do desenvolvimento da tecnociência2 vivenciado nas últimas décadas, a escola apresenta um importante papel na preparação dos alunos para o exercício da cidadania, ao levar em consideração a sua participação perante as questões sociais relativas à ciência e tecnologia. Sendo assim, os trabalhos curriculares em Ciência, Tecnologia e Sociedade (CTS) surgiram a partir da necessidade de formar cidadãos alfabetizados em ciência e em tecnologia, o que não vinha sendo alcançado nas aulas convencionais (SANTOS, 2005). Pautados em autores, Santos e Mortimer (2002) argumentam que o objetivo fundamental da educação CTS no Ensino Médio é proporcionar a alfabetização científica e Termo criado pelo filósofo Gilbert Hottois na década de 1980 para designar o contexto social e tecnológico da ciência (AMÉRICO; TAKAHASHI, 2012). 2 A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 65 tecnológica dos cidadãos, de modo que estes possam desenvolver habilidades, construindo conhecimentos e valores necessários para a tomada de decisões relativas à ciência e tecnologia, participando das soluções referentes a essas questões. Assim, é formidável que os recursos metodológicos e as discussões realizadas em sala de aula contribuam para a formação desse cidadão. Nesse contexto, destacamos o Livro Didático (LD) como um dos principais instrumentos utilizados pelo professor, sendo um recurso indispensável no processo ensinoaprendizagem da educação básica, auxiliando na organização do conteúdo e na elaboração de estratégias de ensino que favoreçam a prática pedagógica em sala de aula. Desse modo, o emprego de questões relativas à ciência, tecnologia e sociedade nos materiais didáticos contribui para que os objetivos da abordagem CTS sejam alcançados. Levando em consideração a importância da presença do enfoque CTS nos recursos didáticos e o fato do LD ser um dos principais materiais utilizados pelos professores e alunos, buscou-se verificar a inclusão da relação Ciência/Tecnologia/Sociedade no volume 1 do livro Biologia Hoje – Manual do Professor, de autoria de Linhares e Gewandsznajder (2013). Destacamos que o livro analisado é recomendado pelo Ministério da Educação por meio do Plano Nacional do Livro Didático para o Ensino Médio (PNLEM), sendo um dos mais utilizados nas escolas públicas de Ensino Médio do município de Altamira/PA. CARACTERÍSTICAS GERAIS DO LIVRO DIDÁTICO ANALISADO Os livros da coleção Biologia Hoje (LINHARES, GEWANDSZNAJDER, 2013), proposto a professores e alunos do Ensino Médio, são organizados em três volumes, sendo um volume para cada série. Nessa pesquisa, analisamos o livro manual do professor referente ao volume um, o qual aborda os temas: Citologia; Reprodução e Desenvolvimento; Histologia e Origem da Vida. O livro supracitado contém 400 páginas, organizadas em sete unidades, totalizando 23 capítulos. Os capítulos apresentam uma organização sequencial, iniciando com uma introdução e apresentação de um contexto histórico ou fatos do cotidiano relacionados ao assunto a ser abordado. Em meio à explanação dos conteúdos, proporciona também a seção Aprofunde seus Conhecimentos, acrescentando informações sobre o tema tratado no capítulo, além dos boxes Biologia e Saúde, Biologia e Tecnologia, e Biologia e Sociedade, entre outros, os quais A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 66 favorecem a contextualização dos conceitos científicos. Os capítulos concluem com a seção Atividade - aplique seus conhecimentos, onde apresentam questões discursivas, propostas pelos autores, e de múltipla escolha, selecionadas de exames vestibulares e do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM). Além disso, a maioria dos capítulos propõe trabalho em equipe e atividades práticas, proporcionando alternativas de contextualização e avaliação dos conteúdos estudados, além de sugerir procedimentos laboratoriais que simulam observações e/ou experimentos. Ao final do livro são apresentadas as respostas das questões de múltipla escolha referente a cada capítulo. Posteriormente, faz sugestões de leituras para o aluno por meio de referências de livros, revistas, sites e artigos da internet. Ressalta a bibliografia, os significados das siglas utilizadas e apresenta o Índice Remissivo, destacando palavras-chaves dos conteúdos, organizadas em ordem alfabética, indicando as páginas onde podem ser encontradas. O livro finaliza com o Manual do Professor, constituído de 87 páginas, o qual apresenta implicações do ensino de biologia nos dias atuais, especificando os aspectos das ciências da natureza e destaca os objetivos gerais da coleção didática. Enfatiza abordagens relacionadas à prática pedagógica como o construtivismo, por exemplo. Dentre outras especialidades, o manual oferece dicas quanto à utilização do livro, sugestões de leituras e respostas das atividades. Quanto ao aspecto gráfico, o livro utiliza-se de diversos tipos de imagens, em algumas, há indicadores de medidas e ressalvas quanto ao uso de cores-fantasia. Nesse sentido, Delegá (2012) argumenta que muitas vezes, a imagem pode ter função de motivar, explicar ou somente enfeitar os textos, considerando importante a mediação do professor ao utilizá-las. METODOLOGIA A pesquisa bibliográfica fundamenta-se na abordagem qualitativa para a análise descritiva das informações. Nesse sentido, Godoy (1995) considera que quando a pesquisa é de caráter descritivo e busca o entendimento do elemento como um todo, em sua complexidade, é possível que uma análise qualitativa seja a mais adequada. Nesse estudo, analisamos o livro didático Biologia Hoje (LINHARES, GEWANDSZNAJDER, 2013) com base em indicadores das relações Ciência, Tecnologia e Sociedade, adaptados pelos autores Amaral, Xavier e Maciel (2009), demonstrados no quadro A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 67 1. Esses indicadores possibilitaram a análise referente à presença da relação CTS no livro considerado. Quadro 1 - Indicadores da relação Ciência/Tecnologia/Sociedade. Indicador Relação CTS Descrição do indicador Ind. 01 Ciência/Sociedade Evita tratar o método de produção científica como conjunto de etapas padronizadas. Ind. 02 Ciência/Sociedade Contextualiza historicamente o processo de produção do conhecimento científico. Ind. 03 Ciência/Sociedade Atribui a produção do conhecimento científico genericamente a cientistas e/ou grupos de cientistas. Ind. 04 Ciência/Sociedade Aborda a aplicação do conhecimento científico pela sociedade. Ind. 05 Ciência/Tecnologia/ Discute os impactos decorrentes da aplicação do Sociedade conhecimento científico. Ind. 06 Ciência/Tecnologia Aborda o conhecimento científico como base ao desenvolvimento tecnológico. Ind. 07 Tecnologia/Ciência Aborda o conhecimento tecnológico como fornecedor de técnicas para o desenvolvimento científico. Ind. 08 Tecnologia/Sociedade Aborda a tecnologia como fator para a melhoria das condições de vida. Ind. 09 Ciência/Sociedade Vincula o conhecimento científico e outras formas de conhecimento e evita tratá-lo com absoluta supremacia. Ind. 10 Ciência/Tecnologia/ Evita abordar Ciência – Tecnologia como Sociedade potencialmente solucionadoras de qualquer problema. Fonte: Fracalanza e Megid-Neto (2006) apud Amaral, Xavier e Maciel (2009). O volume 1 da coleção didática Biologia Hoje abrange os temas citologia, reprodução e desenvolvimento, histologia, e origem da vida, assuntos estudados principalmente no primeiro ano do Ensino Médio. E para a demonstração dos resultados foram destacados fragmentos textuais que expressam a presença dos indicadores nos conteúdos do LD. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os indicadores das relações Ciência/Sociedade; Ciência/Tecnologia; Tecnologia/Ciência; Tecnologia/Sociedade e Ciência/Tecnologia/Sociedade, foram percebidos em diversos textos e seções do livro analisado. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 68 A relação Ciência/Sociedade, apontada pelo indicador 01, busca verificar se o LD evita tratar o método de produção científica como conjunto de etapas padronizadas. Tal indicador pode ser observado no seguinte trecho: [...] há certos procedimentos que aparecem frequentemente na investigação científica. Eles fazem parte do que costuma ser chamado de método científico. Esses procedimentos, porém, variam de acordo com o tipo de pesquisa realizada e não podem ser tratados como uma “receita de bolo”, que seria aplicada mecanicamente a qualquer tipo de pesquisa (LD, p.27). Essa observação é importante ao ressaltar que a ciência não é construída por um método apenas, mas os procedimentos podem variar de acordo com a natureza da pesquisa. O indicador 02, relativo à Ciência e Sociedade, enfatiza o contexto histórico da produção do conhecimento científico, aspecto encontrado principalmente na introdução dos conteúdos e nas seções Biologia tem História. O capítulo dois, por exemplo, ao abordar a relação entre o cientista e a natureza, apresenta um histórico sobre as principais investigações científicas realizadas desde o século XVI, apresentando fatos que ocorreram durante a evolução do conhecimento científico e finaliza o texto afirmando que “o trabalho de Newton, assim como o de outros cientistas, baseou-se no conhecimento obtido por cientistas que vieram antes dele” (LD, p. 26). Esse indicador também pode ser encontrado no capítulo seis, o qual inicia com um histórico sobre a evolução do conhecimento das vitaminas e conclui com um trecho que também pode ser considerado referência do indicador 03, enfatizando que “o conhecimento científico depende do trabalho em cooperação de muitos cientistas (nesse caso até de áreas diferentes, como Química e Medicina)” (LD, p. 66). Em relação ao terceiro indicador, que verifica se o livro atribui a produção do conhecimento científico genericamente a cientistas e/ou grupos de cientistas, destacamos o seguinte fragmento de texto: Não há um método para conceber ideias novas, descobrir problemas ou formular hipóteses. Entretanto, é importante ter em mente que a investigação científica é uma atividade coletiva, que ocorre por meio da interação entre os grupos de pesquisas formados por equipes de pesquisadores que discutem e divulgam os conhecimentos produzidos. (LD, p. 27). De acordo com Santos e Mortimer (2002), o contexto histórico é um dos aspectos relativos ao enfoque CTS a ser considerado nos currículos educacionais, incluindo a discussão da influência das atividades científicas e tecnológicas na sociedade, além dos fatos históricos A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 69 que favoreceram a construção dos conhecimentos científicos. A aplicação do conhecimento científico pela sociedade (indicador 04) é um fator evidente em algumas seções como “Biologia e Saúde - Não tome antibióticos sem receita médica” (LD, p. 23), e “Biologia e tecnologia - A pesquisa de novos medicamentos” (LD, p. 30). Além disso, ao abordar sobre o tecido muscular, por exemplo, alerta que “a prática regular de exercícios físicos, feita sob orientação especializada, desenvolve o músculo cardíaco, ajuda no controle do peso, da pressão arterial e da taxa de colesterol no sangue [...]” (LD, p. 266), indicando a importância de discutir a inter-relação entre a ciência e a sociedade, incentivando a tomada de atitudes diante do tema. A presença desse indicador demonstra um avanço considerável no que se refere à contextualização do conteúdo científico, nesse sentido, as Orientações Curriculares para o Ensino Médio (2006), referente aos Conhecimentos de Biologia, enfatiza a importância de relacionar o conteúdo científico às questões sociais e às situações cotidianas dos alunos, considerando a contextualização como o ponto de partida para o estudo e a compreensão da Biologia, tendo o professor como mediador desse processo. O indicador 05, apontando para a relação Ciência/Tecnologia/Sociedade, refere-se à discussão dos impactos decorrentes da aplicação do conhecimento científico. Tal fator é demonstrado na seção “Biologia e Saúde - Esteroides anabolizantes só podem ser recomendados por médicos” (LD, p. 49), alertando para o perigo que o uso desses produtos, sem orientação médica, pode causar à saúde. Além disso, o texto “Biologia e Biotecnologia Herbicidas e fotossíntese”, argumenta que alguns tipos de herbicidas atuam interrompendo o transporte de elétrons, inibindo a fotossíntese. (LD, p. 127). Esse indicador não está presente somente nas seções destacadas. Ao explicar conceitos científicos sobre a reprodução humana, aborda os métodos contraceptivos como forma de prevenção da gravidez. Em meio a isso, explica que “há vários métodos para evitar a gravidez, mas antes o casal deve consultar um médico, pois alguns podem trazer riscos à saúde” (LD, p. 196). Assim, evidencia também certo cuidado com as afirmações expressas no conteúdo, nesse caso, alertando sobre a importância da consulta a um profissional de saúde. O indicador 06 objetiva verificar se o livro analisado aborda o conhecimento científico como base ao desenvolvimento tecnológico. Tal indicador pode ser observado, por exemplo, na terceira unidade do livro, a qual inicia a explanação do conteúdo argumentando que a Citologia “ajuda o cientista a compreender melhor a origem das doenças e facilita também a A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 70 pesquisa de novos medicamentos e tecnologias” (LD, p. 72). Nesse sentido, destacamos que as discussões referentes à relação Ciência/Tecnologia podem favorecer a consolidação do enfoque CTS no conteúdo abordado, contribuindo para uma análise crítica dos processos produtivos e tecnológicos realizados com os recursos naturais. O conhecimento tecnológico como fornecedor de técnicas para o desenvolvimento científico (indicador 07) pode ser encontrado, por exemplo, no capítulo onze (Fotossíntese e Quimiossíntese, p. 124), o qual introduz o conteúdo ilustrando um experimento que utiliza frascos contendo água do mar sob lâmpadas. Os fracos foram cobertos com diferentes materiais, e, ao longo dos dias, a concentração de oxigênio na água foi sendo medida, desse modo, apresentou uma ideia da velocidade da fotossíntese realizada pelas algas submetidas a diferentes intensidades de luz, semelhantemente ao que ocorre à medida que a profundidade no oceano aumenta. Segundo Amaral, Xavier e Maciel (2009) a presença desse indicador favorece um debate mais abrangente sobre a relação entre tecnologia e ciência. A inclusão dessa discussão no capítulo possibilita a demonstração da tecnologia como fornecedora de técnicas para a ocorrência de novas descobertas científicas. O indicador 08 considera os benefícios da tecnologia à sociedade, proporcionando uma discussão referente à relação Tecnologia/Sociedade, observado, por exemplo, na seção “Biologia e Saúde - Vitaminas em comprimidos ou nos alimentos?” (LD, p. 67), podendo ser relacionado também ao indicador 05. Além disso, encontra-se no decorrer da explanação do conteúdo, sendo percebido no seguinte trecho: “[...] ao estudar as células os cientistas conseguem compreender melhor a origem das doenças e torna-se mais fácil a pesquisa de novos medicamentos.” (LD, p. 74). Com o avanço da microbiologia o diagnóstico e os medicamentos se tornam mais precisos no combate às doenças. Os indicadores 09 e 10 são evidenciados principalmente em um texto denominado “Os limites da ciência” (p. 29). Além de abordar uma discussão sobre as consequências da interação Ciência/Tecnologia, o texto enfatiza que a evolução do conhecimento científico não corresponde à solução de todos os problemas, levando em consideração uma parcela populacional que ainda não tem acesso ao saneamento básico, serviços de saúde e condições adequadas de habitação, alimentação e educação. Ressalta também a importância de ações entre governo e sociedade, concluindo que “a ciência, enfim, é também uma parte da cultura humana, juntamente com a arte, a filosofia, a religião e o conhecimento cotidiano”. Desse modo, vincula o conhecimento científico a outras formas de conhecimento, evitando tratá-lo A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 71 com verdade absoluta (indicador 09) e evita abordar a ciência e a tecnologia como potencialmente solucionadoras de qualquer problema (indicador 10). Considerando os indicadores descritos, ressaltamos a importância de incentivar os alunos a tornarem-se cidadãos que compreendam o seu papel na sociedade, concordando com os argumentos de Auler (2007), ao enfatizar que se os alunos analisam questões sociais apenas na dimensão científico-tecnológica, há o risco de concluírem que apenas a ciência e a tecnologia podem solucionar os problemas sociais, se eximindo do processo. Diante disso, concordamos com Santos e Mortimer (2002) ao argumentarem que, no currículo com ênfase CTS, os conceitos são abordados em uma perspectiva relacional, evidenciando diferentes dimensões do conteúdo estudado vinculado à interação entre ciência, tecnologia e sociedade. CONCLUSÃO Os resultados mostraram que todos os indicadores da relação Ciência/Tecnologia/Sociedade apontados pelos autores Amaral, Xavier, Maciel (2009), estão presente no LD analisado, podendo constituir uma ferramenta que possibilita a inclusão dessa abordagem nas aulas de ciências/biologia. Entretanto, ressaltamos que o professor tem papel fundamental nesse processo ao desempenhar a função de mediador das discussões e incentivador das propostas apresentadas no material didático. Em meio à descrição dos conteúdos, foi possível perceber características como a interdisciplinaridade, esclarecimento da etimologia de palavras consideradas chaves no ensino de biologia, além da explicação de novos termos científicos. Quanto aos exercícios, trabalhos em equipe e atividades práticas sugeridas no LD, estes possibilitam a avaliação da aprendizagem, debates sobre temas e fatos sociais, e demonstrações investigativas relacionadas ao assunto estudado no capítulo. Consideramos esses aspectos como favorecedores ao ensino contextualizado e aprendizagem do educando, além de possibilitar a inclusão da abordagem CTS nesse processo. O Manual do Professor, presente no final do material didático, também é um elemento favorecedor ao processo ensino-aprendizagem, auxiliando o educador na abordagem dos conteúdos de cada capítulo, oferecendo também leituras complementares que possibilitam discussões mais abrangentes sobre a temática. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 72 Consideramos que o Livro Didático analisado, além de ser um recurso auxiliador do processo ensino-aprendizagem em ciências/biologia, proporciona a abordagem do conteúdo científico relacionado a questões tecnológicas e sociais, favorecendo a construção de uma aprendizagem pautada na abordagem Ciência, Tecnologia e Sociedade. Ressaltamos a importância do prosseguimento de pesquisas referentes ao enfoque CTS vinculado aos principais materiais didáticos utilizados em sala de aula, de modo que essa abordagem seja cada vez mais evidente nos currículos escolares. No entanto, mesmo que o livro não apresente aspectos do enfoque CTS, o professor pode mediar essa inclusão em sala de aula, sendo um agente favorecedor na formação de pessoas alfabetizadas científica e tecnologicamente, que se posicionem e tomem atitudes perante as questões sociais. REFERÊNCIAS AMARAL, C. L. C.; XAVIER, E. da S.; MACIEL, M. D. Abordagem das relações Ciência/Tecnologia/Sociedade nos conteúdos de funções orgânicas em livros didáticos de Química do Ensino Médio. Investigações em Ensino de Ciências, v. 14, n. 1, p. 101-114, 2009. Disponível em < http://www.if.ufrgs.br/public/ienci/artigos/Artigo_ID209/v14_n1_a2009.pdf> Acesso em: 02 out. 2014. AMÉRICO, B. L.; TAKAHASHI, A. R. W. A contribuição das abordagens da tecnociência e situada para Estudos organizacionais de conhecimento e aprendizagem. II Colóquio Internacional de Epistemologia e Sociologia da Ciência da Administração. Florianópolis, 2012. Disponível em <http://coloquioepistemologia.com.br/site/wpcontent/uploads/2013/05/ANE107.pdf>. Acesso em 16 mar. 2014. AULER, D. Enfoque ciência-tecnologia-sociedade: pressupostos para o contexto brasileiro. Ciência & Ensino (ISSN 1980-8631), v. 1, número especial, 2007. Disponível em < http://prc.ifsp.edu.br/ojs/index.php/cienciaeensino/article/viewFile/147/109>. 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Disponível em < http://dialnet.unirioja.es/servlet/articulo?codigo=2358232> Acesso em 08 abr. 2014. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 74 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA AUTISTAS Euquilene Pedro de Sousa, Andreza Johnsons Conceição Rocha, Fihama Aline Lima Alho Ritter, José Robertto Zaffalon Junior. Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira-PA, [email protected] RESUMO A realidade da educação do pais , permite a visualização que o número de crianças autistas tem aumentado nas escolas de ensino regular, o que se faz pensar como está sendo desenvolvido o processo de inclusão destas crianças com as outras crianças ditas normais , quais são as dificuldades das escolas e dos professores para educarem de maneira igualitária estas crianças especiais, tendo como objetivo principal analisar como o professor de Educação Física escolar supera as dificuldades encontradas para trabalhar com alunos autistas nas aulas de Educação Física . A pesquisa foi feita em cima de referência bibliográfica, pesquisa de campo exploratória e entrevista com professores das escolas de ensino fundamental do Município de Altamira, contudo surge a necessidade de conhecer como este aluno autista está sendo incluído nas aulas de educação Física escolar, levando em consideração as suas limitações. Palavras-chave: Educação Física escolar, Inclusão, autismo. INTRODUÇÃO Segundo Copetti (2012) o autismo é uma desordem na qual uma criança não pode desenvolver relações sociais normais, se comporta de modo compulsivo e ritualista e geralmente não desenvolve inteligência normal. Atualmente a palavra autismo pode ser associada a diversas síndromes, os sintomas variam e por isso o autismo atualmente é considerado um transtorno. Tendo em vista que a sociedade vem passando por um momento de mudança social, cultural e educacional, pode-se perceber que o papel da escola vem a cada dia ganhando mais destaque na sociedade. Além da promoção de conhecimentos básicos das matérias curriculares, precisa-se instruir saberes para os alunos e seus familiares. O professor de educação Física é um agente importante dentro de uma instituição, pois este em suas aulas precisa ser um agente criativo e transformador, para lidar com diferentes situações no seu dia a dia, principalmente em relação a crianças especiais que precisam e exigem mais atenção e dedicação do profissional, como é o caso das crianças autistas que exigem do professor de Educação Física uma prática de diferentes pontos de vista e dentro de aspectos culturais, sociais e biológicos. Contudo a Educação Física escolar para crianças autistas ainda enfrenta grandes barreiras para poder ter uma boa qualidade de ensino, principalmente A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 75 no município de Altamira, onde precisa ter mais debates sobre o tema autismo na Educação Física escolar. Alves, Lisboa e Lisboa (2010, p. 2) conceituam o autismo como um transtorno que causa atraso no desenvolvimento da criança e compromete principalmente sua comunicação, socialização, iniciativa, imaginação e criatividade. O autismo só pode ser diagnosticado por um profissional especializado, sendo, portanto, necessário que a criança que apresente algumas da características do autismo seja encaminhada para uma avaliação médica onde segundo Alves, Lisboa e Lisboa (2010, p. 2) podem ser feito pelo médico neuropediatra, psicólogo ou por um psiquiatra especializado em autismo. Para fazer essa avaliação do autismo infantil utiliza-se como base o DSM.IV que define como um transtorno autista ou pelo CID.10 que é considerado como um transtorno global do desenvolvimento. Os sintomas que caracterizam o autismo variam de acordo com o grau que o indivíduo possui, conforme explica Alves, Lisboa e Lisboa (2010) que os casos mais graves ocorrem devido à desinformação dos adultos, pais, profissionais da medicina e da educação, a criança se sente presa em mundo incompreensível, crescendo muitas vezes sendo agressiva como forma de se libertar da frustração de viver sem ser compreendido. Alves, Lisboa e Lisboa (2010, p. 2) dizem ainda que o papel do professor na pré-escola é fundamental. É a partir desse diagnóstico que é preciso planejar uma estratégia educacional que minimize as dificuldades da criança de forma que ela possa se integrar e desenvolver de acordo com as possibilidades. Segundo Santos (2008, p.17) as possíveis causas do autismo são: Rubéola materna, Fenilcetonúria não tratada, Encefalite, Meningite, Tuberosclerose, Exposição química, desbalanceamento químico durante o desenvolvimento da criança, predisposição genética. Sobre este último, poderíamos citar a síndrome do “X” frágil. Porém as causa do autismo não são definidas, mas Santos (2008, p.17-18), apresenta pesquisas e estudos realizados com um grupo de gestantes, no qual havia um grupo de mães com fatores provenientes a terem filhos autistas e o outro grupo de mães saudáveis que não apresentava nenhum fator proveniente a terem filhos autistas, porém dentro do grupo de risco nasceu crianças saudáveis sem nenhuma pré-disposição ao autismo e no grupo de mães saudáveis nasceram crianças autista. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 76 A primeira etapa é a identificação dos sintomas, pois como Santos (2006) apresenta, quanto mais cedo a criança for identificada menor será o sofrimento e a contribuição para o desenvolvimento da mesma será mais eficaz. Santos (2006) apresenta uma lista que serve como orientação para o diagnóstico. Sendo que se a criança apresentar 50% das características descritas é considerada autista. Dificuldade em juntar-se com outras pessoas; Não temer os perigos; Risos e sorrisos inapropriados; Pouco contato visual; Não responde às ordens verbais; atua como se fosse surdo. O autismo não pode ser curado, mas existe tratamento que ajuda a diminuir algumas características, onde Santo e Coelho (2006) apresentam que o tratamento utilizado não se baseia em uma única terapia e os medicamentos são utilizados para aliviar os sintomas dos autistas para que eles tenham assim outras vivências adaptadas para eles tendo resultados eficazes. Assim, a inexistência de um tratamento especifico, proporciona resultados variados, onde cada criança responde ao tratamento de forma individual, ou seja, um tratamento que funciona com uma criança autista não significa que vai funcionar da mesma forma com outras crianças autistas. Santo e Coelho (2006, p.23) ainda acrescentam algumas técnicas utilizadas no tratamento como a psicoterapia individual, psicanálise, terapia familiar, modificações de comportamento, fonoaudiologia, educação especial, tratamentos residenciais, tratamento medicamentoso com diversas drogas, eletroconvulsoterapia, estimulação sensorial e isolamento sensorial. Os pais também precisam de tratamento, pois muitos pensam que são culpados pelo filho ser autista e o aconselhamento devem ser útil para orientar os pais em como agir e de aliviar esse sentimento de culpa. E de forma construtiva ajudará no tratamento de seu filho. Santo e Coelho (2006, p.26) deixam claro que nenhum dos tratamentos citados foi capaz de remover algum sintoma, mas conseguiu diminuí-los ou até mesmo altera-los. Para Caetano e Dias (s/d apud GORLA, 2001) a fim de que as crianças com autismo não permaneçam com dificuldades cognitivas, afetivas, psicomotoras e de interação é necessária mais cedo possível. Sendo a Educação Física capaz de colaborar com a melhoria de suas A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 77 habilidades motoras e suas habilidades da vida Diária (HENDERSON, 1992 apud GORLA, 2001). Desde a promulgação da lei de diretrizes e bases da Educação (1996) vem acontecendo uma verdadeira revolução no sistema educacional brasileiro pois a tarefa é transforma-lo em um sistema que reconheça e valorize a diversidade favorecendo a todos os envolvidos neste processo (SOLER, 2009). No texto da LDB nº4394/96 em seu artigo 58, encontramos que “por educação especial para efeitos desta lei, entende-se a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino para educando portadores de necessidades especiais”. Esta lei determina que a rede regular de ensino deve oferecer novas condições gerando com isso uma modificação nos estabelecimentos de ensino e em todo o sistema educacional brasileiro. Segundo Caetano e Dias (s/d apud FALKENBACH et al., 2010) é importante saber quais ferramentas pedagógicas podem ser usadas para colaborar com o avanço da criança autista a brincar, o que se torna uma possibilidade pedagógica encontrada dentro da diversificação de conteúdo da Educação Física. Dessa forma a Educação Física pode colaborar diretamente com o desenvolvimento das crianças com autismo. METODOLOGIA Foi realizado uma pesquisa de campo, baseando-se em Gil (2002) por meio de entrevistas com professores de Educação Física escolar para captar suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. A pesquisa tem objetivo exploratório, onde segundo Gil (2002) estas pesquisas têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. A pesquisa terá a abordagem qualitativa. A pesquisa foi feita com professoras de Educação Física escolar do ensino fundamental nas escolas E.M.E.F Antônio Inácio de Lucena e E.M.E.F Prof.ª Maria de Farias Ferreira do município de Altamira, Pará. Como instrumento de coleta de dados foi utilizada a aplicação da entrevista semiestruturada, composta por 08 perguntas com as professoras com vista no levantamento das dificuldades de trabalhar com crianças autistas. A pesquisa foi feita no ambiente onde A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 78 acontece a Educação Física escolar, desenvolvida a partir de entrevistas previamente marcadas, no ambiente e horário compatível com os das aulas de educação física das professoras, foi utilizado um gravador e após a pesquisa foi feito a transcrição das respostas. Os resultados do material coletado através da pesquisa será apresentado em forma de quadros. RESULTADOS E DISCUSSÃO Foi realizada uma entrevista com perguntas direcionadas em relação ao tema onde pôde-se constatar que a Professora A relata que o aluno portador de autismo pode ser incluso nas aulas de Educação Física escolar sem preconceito. A Professora B relata que o aluno não consegue interagir com os demais colegas e não consegue realizar as atividades propostas. Ao serem entrevistadas as respectivas professoras responderam da seguinte forma: Quadro 1 - Qual a sua concepção sobre o autismo? Professora A Professora B “Penso que o autismo é uma síndrome que dependendo do grau o portador dessa necessidade especial deve ser incluído e tratado sem preconceito”. “Na minha concepção autismo vem ser uma alteração genética que ocasiona falta de percepção nas atividades desenvolvidas com os mesmos, causando o afastamento dos mesmos com os demais”. Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Quadro 2 - Teve contato com alunos autistas durante a sua graduação? Professora A Professora B “Não”. “Não”. Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Quadro 3 - Quantos alunos autistas frequentam as suas aulas? Professora A Professora B “Um aluno”. “Dois alunos”. Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Quadro 4 - Como foi identificado o autismo nesses alunos? Professora A Professora B “Os alunos quando são matriculados preenchem uma ficha e nessa ficha os pais identificam se eles tem algum problema de saúde ou se é uma criança especial. Depois a coordenação da escola repassa aos professores”. “Não sei”. Fonte: Pesquisa de Campo (2013) A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 79 Quadro 5 - Qual a sua percepção sobre o processo de inclusão escolar de alunos portadores de autismo nas aulas de Educação Física escolar? Professora A Professora B “A minha percepção sobre o processo de inclusão escolar de alunos portadores de autismo é que cada vez mais essas pessoas com esse tipo de necessidade especial passa a ser pessoas normais, passando a fazer o que os ditos normais fazem estudar, trabalhar, praticar atividades físicas e etc”. “Como professora tento sim da melhor forma incluí-los nas atividades. Mais os mesmos não conseguem interagir com os demais colegas”. Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Quadro 6 - Há diferenças metodológicas utilizadas para trabalhar os conteúdos nas aulas de Educação Física escolar com crianças autistas? Professora A Professora B “Nas minhas aulas procuro adequar conforme a aula do dia, com mais paciência, a maneira de explicar se for possível às vezes é diferente da maneira que eu explico para uma criança dita normal etc. Procuro fazer o planejamento das aulas sempre pensando naquele aluno com necessidades especiais”. “Específicas não, mais tentamos adaptar as atividades quando os mesmos comparecem nas aulas de educação física”. Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Os resultados da pesquisa mostraram que os professores utilizam os mesmos conteúdos das aulas de crianças comuns para os alunos com necessidade especial autismo, mas com certo cuidado para poder integrar o aluno autista nas atividades adaptando ao seu tempo e seu espaço, conforme a aula do dia a dia e explicando com mais paciência as atividades. Quadro 7 - A instituição oferece recursos materiais para trabalhar com crianças autistas nas aulas de Educação Física escolar? Professora A Professora B “Não oferece nenhum material”. “Do meu conhecimento não”. Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Quadro 8 - Quais os desafios e perspectivas em se trabalhar educação física escolar com crianças autistas? Professora A Professora B “Os desafios são muitos pois geralmente as escolas não oferece material e nos professores é que temos que dar um jeito para se ter uma aula de qualidade. E em relação as perspectivas espero a melhoria da educação com recursos apropriados e cursos que possam qualificar nós educadores para este mundo inclusivo”. “Os desafios são os recursos materiais apropriados a eles que com certeza ajudariam na integração com os demais. As perspectivas são as melhores possíveis m ver nosso alunos autistas podendo integrar e brincar melhor com os demais colegas”. Fonte: Pesquisa de Campo (2013) Pôde-se perceber que é muito difícil e desgastante trabalhar com crianças portadoras de autismo durante a Educação Física escolar em escolas de ensino regular, devido à maioria das vezes eles não conseguirem corresponder às atividades propostas e não ter materiais A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 80 específicos para trabalhar com estas crianças, notou-se também que as professoras durante a graduação não tiveram contato com crianças portadoras de autismo, e que as instituições de ensino onde as mesmas trabalham não oferecem recursos materiais para se trabalhar com crianças autistas nas aulas de Educação Física escolar. CONCLUSÃO Percebeu-se durante a pesquisa que a concepção sobre o autismo ainda é muito confusa segundo as respostas das professoras. Atualmente o índice de crianças autistas que frequentam a escola da rede regular de ensino com diagnóstico e laudo médico são poucas, pois há uma grande evasão destes alunos da rede regular de ensino pela falta de estímulo e motivação que na maioria dos casos é a principal causa. Percebeu-se ainda que mesmo com as adaptações feitas pelas professoras, as mesmas não possuem nenhum material específico para trabalhar com estas crianças autistas e as escolas não respaldam e não disponibilizam materiais nem lugar apropriado para a execução das aulas. A presente pesquisa aponta que a Educação Física escolar para autistas nas duas escolas que fizeram parte do estudo ainda deixa a desejar. Há muitas dificuldades segundo as professoras entrevistadas para ministrar as aulas para as crianças autistas. Contudo nota-se que a instituição precisa elaborar juntamente com seus professores, através de políticas educacionais que busquem projetos de incentivo e apoio a escola para que esta possa estar cuidando do seu aluno autista incentivando-o a se integrar cada vez mais à sociedade. O professor deve ter habilidades de integrar seus alunos, onde as aulas precisam ser divertidas, motivadoras e que contemplem a necessidade da criança autista, mas para que estes objetivos sejam contemplados, é necessário que a instituição, os professores e os pais das crianças autistas compreendam que deve haver uma parceria entre os mesmos para que se possa desenvolver um trabalho de qualidade e apoio, fazendo com que deixe de ser um problema na educação e que possa ter uma perspectiva de ensino. REFERÊNCIAS ALVES, Márcia de Mesquita Cardoso; LISBOA, Denia de Oliveira; LISBOA, Denise de Oliveira. Autismo e inclusão escolar, 2010. Disponível em: A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 81 <http://www.educonufs.com.br/ivcoloquio/cdcoloquio/eixo_11/e11-25a.pdf> Acesso em: 05 -09-2013. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível em :<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf > Acesso em:30 de Out. 2013. _______. Diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação Básica/ Secretaria de Educação Especial. MEC, SEESP, 2001. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf> Acesso em: 30-10-.2013 . FAGGIANI, Robson. Historico do Autismo. 2010. Disponível em: www.psicologiaeciencia.com.br> Acesso em: 20-11-2013 Inclusão: Revista da Educação Especial. Secretaria de Educação Especial. V.1, n.1. Brasília, 2005.Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revinclusao5.pdf> Acesso em 30-10-2013 . 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Disponível em: <http://cenfocal.drealentejo.pt/trabalhosformandos/ac%E7%E3o7/Trabalho_Final__Autismo_Ant%F3nia_Madalena.pdf> Acesso em 05-09-2013 A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 82 INCIDÊNCIA DE CASOS DE HANSENÍASE EM PACIENTES RESIDENTES E DIAGNOSTICADOS EM ALTAMIRA – PA Helane Suelem Silva da Silva, Claudiana Gonçalves dos Santos, Kelly da Costa Braga, Jadisley Stevam, Ronã da Costa Moura, Sterphane Matos Parry Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira-PA, [email protected] RESUMO A hanseníase, também conhecida como Lepra, é uma doença infectocontagiosa crônica, causada pelo bacilo Mycobacterium leprae, que compromete principalmente a pele e os nervos periféricos como olhos, mãos e pés. O presente artigo tem por objetivo verificar a incidência de casos de Hanseníase em pacientes residentes e diagnosticados no município de Altamira – PA no período de 2009 a 2013. Para o desenvolvimento desta análise, foram requeridos com a responsável da Secretária de Saúde, dados procedentes dos prontuários médicos sobre os casos dos últimos cincos anos (2009 - ao primeiro 1º semestre de 2014) de Hanseníase em pacientes residentes e diagnosticados nesta localidade. Os dados obtidos foram tabulados e analisados de acordo com livros e artigos. Esta doença embora seja popularmente conhecida, são poucos os que possuem conhecimento da gravidade e do tratamento desta, permanecendo como sério problema de saúde pública mundial. É primordial o conhecimento das características epidemiológicas da doença, para que se torne uma importante ferramenta para o controle da endemia. Palavras- Chaves: Hanseníase; Diagnóstico; Altamira. INTRODUÇÃO De acordo com Portal da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), a hanseníase também conhecida como lepra, é uma doença infecciosa causada por uma bactéria chamada Mycobacterium leprae. Este parasita intracelular quando adquirido compromete principalmente a pele e os nervos periféricos (ulnar, mediano, radial, fibular comum, tibial posterior, facial e trigêmeo). A mesma manifesta-se por meio de sintomas dermatoneurológicos, como lesões na pele e nos nervos periféricos, principalmente no que se referem aos olhos, mãos e pés (BRASIL, 2008a). Segundo Rodini (2010), a hanseníase é transmitida de uma pessoa para outra através das secreções das vias respiratórias, tendo como característica o polimorfismo, tanto do ponto de vista clínico quanto laboratorial. Dessa forma, os pacientes da doença que não aderem ao tratamento eliminam os bacilos através do aparelho respiratório superior, por meio de secreções nasais, gotículas da fala, tosse e espirro. Todavia, o paciente em tratamento regular ou que já recebeu alta não transmite, sendo que a maioria das pessoas que entram em contato com estes bacilos nem sempre desenvolve a doença. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 83 A hanseníase, embora seja uma doença infecciosa crônica, desenvolve-se gradativamente, uma vez que após o contágio o paciente leva em torno de 2 a 7 anos para apresentar de fato os sintomas, sendo relativo dependendo da relação entre a patogenicidade do bacilo e a resposta imune do hospedeiro. Para um diagnóstico precoce, é necessário que os profissionais da saúde estejam habilitados e que a população esteja atenta aos sinais e sintomas iniciais. É primordial um acompanhamento multiprofissional durante o longo prazo de referência da doença, visto que as possíveis deformidades possam ser minimizadas ou até mesmo evitadas conforme o período do tratamento realizado (BRASIL, 2007). É válido ressaltar que, embora seja uma doença preocupante, não é hereditária e sua evolução depende de características do sistema imunológico da pessoa que foi infectada, tendo cura em qualquer período de gravidade da doença diagnosticada. O tratamento por vez é realizado nas unidades de saúde e é gratuito. Todavia, a cura é mais fácil e rápida quanto mais precoce for o diagnóstico, tendo como principais mecanismos de tratamento por via oral, constituído pela associação de dois ou três medicamentos, denominado pelo processo de poliquimioterapia. (BRASIL, 2007). Dentre os sintomas da hanseníase destacam-se principalmente como os mais perceptíveis e diagnosticados – Sensação de formigamento, fisgadas ou dormência nas extremidades; manchas brancas ou avermelhadas, geralmente com perda da sensibilidade ao calor, frio, dor e tato; áreas da pele aparentemente normais, porém com alterações de sensibilidade e secreção de suor; caroços e placas em qualquer local do corpo e redução da força muscular ocasionando certas dificuldades para manusear e segurar objetos (LEHMAN, 2005). Segundo o Ministério da Saúde (2002), no Brasil, embora registrado uma redução drástica no número de casos, de 19 para 4,68 doentes em cada 10.000 habitantes, entre 1985 a 2000, a hanseníase ainda se constitui em um problema de saúde pública que exige uma vigilância resolutiva, uma vez que, o ser humano é considerado a única fonte de infecção da hanseníase. Fatores como condições individuais, níveis de endemia, condições socioeconômicas desfavoráveis, condições precárias de vida e de saúde bem como o elevado número de pessoas convivendo em um mesmo ambiente, influenciam diretamente no risco de pessoas não contaminadas adoecerem. Todavia, respalda-se que, dentre as pessoas que adoecem, algumas apresentam resistência ao bacilo, constituindo os casos Paucibacilares (PB), as quais A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 84 correspondem aos indivíduos que abrigam um pequeno número de bacilos no organismo, insuficiente para infectar outras pessoas (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2002) Com base neste contexto e no evidente crescimento populacional em Altamira-PA nos últimos cinco anos, o presente estudo tem por objetivo verificar a incidência de casos da doença Hanseníase em pacientes residentes e diagnosticados no município de Altamira – PA. METODOLOGIA A pesquisa foi realizada no município de Altamira que segundo o IBGE3 (2010) possui uma área de 159.695.938 km². Está estabelecido no estado do Pará, situado à margem direita do Rio Xingu, a 740 quilômetros de Belém e 458 quilômetros de Marabá. Está a uma latitude de 03º12'12" sul e a uma longitude 52º12'23" oeste (SANTOS et al., 2011). Possui seu vasto território cortado de norte a sul pelo rio Xingu e sua população foi estimada em 2010 em 99.075 habitantes. A análise deste estudo seguiu uma abordagem exploratória dos dados secundários fornecidos pela SESMA4, referentes aos casos de Hanseníase em pacientes domiciliados e diagnosticados no município de Altamira-PA. Segundo Gil (2006), as pesquisas exploratórias têm como principal finalidade desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, tendo em vista, a formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos posteriores. Neste sentido, pesquisa de dados secundários é aquela que abrange toda a literatura pública em relação ao tema em estudo (LAKATOS, 2006). A coleta de dados foi desenvolvida no mês de agosto de 2014 na SESMA pelo fato desta ser responsável em desenvolver atividades de assistência e melhoria de condições de saúde. Para a sua obtenção foram requeridos com a responsável da Secretária de Saúde, dados procedentes dos prontuários médicos sobre os casos dos últimos cincos anos (2009 - ao primeiro 1º semestre de 2014) de Hanseníase. Os dados obtidos foram tabulados e analisados de acordo com livros e artigos. RESULTADOS E DISCUSSÕES 3 4 Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Secretária Municipal de Saúde. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 85 No período de 2009 a 2013 foram notificados 509 casos de hanseníase no município de Altamira-PA (Tabela 1). Nota-se que no ano de 2009, com a soma total de 86 (14,85%) casos, os meses de Março, Agosto e Setembro apresentaram respectivamente um índice maior do que os outros meses com 12, 10,12 de ocorrências registradas (Gráfico 1). Tabela 1 – Número de Casos de Hanseníase em pacientes residentes e diagnosticados no Programa de saúde da SESMA**, segundo o período de 2009 até o primeiro semestre de 2014, Altamira/PA, 2014. Fonte: SESMA, agosto 2014. *Secretaria Municipal de Saúde No ano de 2010 houve 75 (12,95%) casos. Foram diagnosticados 8 casos tanto no mês de Março quanto em Abril, e 9 casos em Junho e Agosto sendo os meses que obtiveram maior ocorrência nesse ano. Observou-se que no ano de 2011 foram diagnosticados 146 (25,2%) casos de hanseníase, sendo o mês de setembro o de maior número de casos em comparação aos outros meses de Fevereiro (17 casos), Março (11), Maio (12), Agosto (14), Setembro (45) e outubro (11). Este acréscimo deu-se por conta da imigração de pessoas de outras cidades para trabalharem na UHBM5. A construção de uma hidrelétrica provoca sempre uma nova configuração ambiental, social e territorial no local de instalação, o que tem gerado por parte da sociedade, questionamentos sobre a relação entre a instalação da obra e os impactos por ela ocasionados (YAMASHITA, 1996). Sobre a UHE Belo Monte, Gorayeb (2009) alerta para a relação estreita que se 5 Usina Hidrelétrica de Belo Monte. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 86 apresenta entre a construção da hidrelétrica e a proliferação da malária e outras doenças na região, uma vez que a migração local intensa e os ambientes aquáticos apresentando grandes mananciais de água parada ou com drenagem lenta podem atuar como fonte de recursos para as superpopulações de mosquitos e descontrole de doentes. Estudos relatam que os riscos da proliferação de doenças como a malária, tuberculose e hanseníase são consideravelmente aumentados nesses locais (YAMASHITA, 1996). Deste modo, pode-se relacionar que os diversos impactos (ambientais, socioeconômicos ou culturais) exercem sobre os locais a que se encontram o aparecimento e propagação de doenças. No ano de 2013 houve 73 casos da doença (12,6%). Os meses de Janeiro, Fevereiro e Agosto foram os que apresentaram maior ocorrência com 10 casos cada. Possivelmente devese aos projetos de reeducação com auxílio de palestras, visitas, entrega de materiais informativos e remédios, além do tratamento dessas pessoas. No primeiro semestre de 2014 houve um aumento em relação ao ano anterior, pois de janeiro a julho somam-se 70 (casos) em relação a 2013 que apresentam apenas 73 casos no ano todo. GRÁFICO 1: Número de Casos de Hanseníase em pacientes residentes e diagnosticados no Programa de saúde da SESMA*, segundo o período de 2009 até o primeiro semestre de 2014, Altamira/PA, 2014. Fonte: SESMA, agosto 2014. *Secretaria Municipal de Saúde Contudo essa situação de caso registrados da doença no município de Altamira-Pará é realidade também em muitos lugares do mundo. Martelli et al. (2002), afirmam que a doença hanseníase se apresenta, desde há muitos anos, como problemas de saúde pública em nível mundial. As maiores prevalências da doença encontrem-se no sudeste asiático, na América do Sul e na África (GOMES et al, 2005). A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 87 Embora haja registros de decréscimo significativos de prevalência e de detecção de casos novos da endemia no Brasil, ainda algumas regiões como Norte, Nordeste e CentroOeste apresentam áreas de transmissão da doença sendo consideradas mais endêmicas (CUNHA, 2010). O empenho para a eliminação da hanseníase se dá no Brasil e também em vários países. A prevalência de casos em registros da hanseníase tem declinado no mundo e a meta de eliminação vem sendo alcançada em várias regiões (ARAÙJO, 2003). O comprometimento para a eliminação da doença precisa ser mantido constantemente e é fundamental a integração de todos os componentes essenciais das atividades de controle da hanseníase (AZULAY, 2002). CONCLUSÃO Apesar do grande avanço no conhecimento das zoonoses que afetam os seres humanos atualmente, ainda é comum a grande desinformação por parte da maioria da sociedade no que diz respeito a este tema para a saúde pública, mesmo quando há divulgação de alertas às doenças, nos quais os riscos de transmissão fazem parte do contexto de determinada sociedade. Estas apresentações por vez costumam ser incompletas devido à falta da entrega de dados atualizados que melhor auxiliem a população em geral, o que pelo contrário acaba transpassando um mundo distante entre a doença e o cidadão, que não dará tanta importância para o que se expõe diariamente. Foi possível observar que a secretaria de saúde do município de Altamira já realiza um trabalho de informação para a população local, motivo pela qual nota-se a presença nos postos de saúde, hospitais e escolas cartazes e panfletos sobre os sintomas e formas de profilaxia contra a doença, que de fato melhor instruem os cidadãos perante a doença. Dessa forma, ressalta-se a importância não somente de informações repassadas à sociedade, mas também parcerias que podem estar sendo realizadas juntamente com as escolas e universidades a fim de ampliar um leque de informações a sociedade perante as doenças que são popularmente diagnosticadas, porém pouco conhecidas. Assim sendo, respalda-se este estudo de grande relevância, tendo em vista que este proporcionará maiores informações perante a doença e principalmente a ampliação de contextos relevantes da doença que podem auxiliar na mudança de atitude quanto aos hábitos dos mesmos. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 88 REFERÊNCIAS ARAÚJO, M. G.. Hanseníase no Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 3 n. 36, p.373-382, 2003. AZULAY, R.D. Vacinação anti-hanseníase. Anais Brasileiros de Dermatologia, v. 77, n. 4,p. 48994, 2002. BRASIL. Ministério da Saúde Secretaria de atenção à Saúde. A responsabilidade da atenção básica no diagnóstico da hanseníase. Informe da Atenção Básica, v. 3. n. 42, 2007. Disponível em <http://bvsms.saude.gov.br/bvc/publicacoes/07 1120 p. pdf> Acesso em: 11 set. 2014. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância Epidemiológica. Manual de prevenção de Incapacidades. Brasília: Ministério da Saúde, 2008a. (Cadernos de Prevenção e Reabilitação em Hanseníase, n. 1. Série A. Normas e Manuais Técnicos). CUNHA, S. V. O Isolamento Compulsório em Questão Políticas de Combate à lepra no Brasil. 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A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 90 RECURSOS ÁUDIO VISUAIS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: UM ESTUDO PILOTO Maike Elton Nascimento, José Robertto Zaffalon Junior Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira-PA, [email protected] RESUMO O presente artigo tem o objetivo de analisar se professores de educação física escolar do ensino fundamental das series finais, seja da rede privada ou pública, estão tendo acesso a recursos audiovisuais eletrônicos, para utilizarem em suas aulas teóricas como ferramenta de ensino, ressaltando a compreensão deles sobre o uso desses recursos, tentando identificar se ocorre um maior interesse dos alunos pelas aulas teóricas de educação física, para isso foi utilizado um questionário semiestruturado como instrumento de coleta de dados, com perguntas abertas. Por recursos audiovisuais eletrônicos no trabalho entende-se como sendo aqueles aparelhos que transmitem som, vídeo ou os dois ao mesmo tempo, como é o caso do celular computador televisão entre outros, ressaltando sua importância no contexto escolar nos dias atuais, como também a influência que exercem sobre as crianças e jovens. Realizada uma pesquisa exploratória de campo que constatou que os professores participantes da mesma, utilizam de diversas metodologias em suas aulas teóricas, desde apostilas, textos, quadro branco, mídias, oralidade como também em alguns casos utilizam recursos audiovisuais nas aulas obtendo resultados significativos devido a facilidade que a tecnologia tem de desperta a curiosidade e atenção das pessoas principalmente adolescentes. Palavras-chave: Escola. Recursos audiovisuais. Aprendizagem. INTRODUÇÃO Segundo Oliveira (1996, apud FREITAS, 2013) o termo “audiovisual” surgiu pela primeira vez por volta de 1930, nos EUA, no período de transição do cinema mudo para o falado, o primeiro aparelho do tipo foi criado por Thomas Edison era o quinetoscópio e pesava 75 quilos, um aparelho capaz de unir o som e a imagem (MASCARELLO, 2012). Nos dias atuais são diversos os aparelhos audiovisuais disponíveis: celular, Datashow, computador, projetor, televisão entre outros, junto com eles encontram-se as “mídias” e os meios de comunicação como rádio, internet, televisão etc. De acordo com Betti (2003, p. 91) as mídias são fenômeno importante para cultura de movimento contemporânea, em especial a televisão, elas transmitem todo tipo de informações ligadas à cultura do movimento, ressaltando os esportes, pois, é algo muito difundido na mídia sendo utilizado como lazer e geração de renda para os atletas, movimentando um mercado de milhões no mundo inteiro. Através das mídias e recursos audiovisuais obtêm-se informações facilmente, como por meio de aparelhos audiovisuais em diversos lugares como: mercados, bares, grandes centros comerciais e também em escolas. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 91 Na escola os aparelhos audiovisuais mais comuns são: Datashow, computador, projetor e televisão normalmente usados pelos profissionais, seja na secretaria ou em sala de aula, e claro notebook, netbook, tablets e celulares sendo utilizados pelos alunos para diversos fins como jogar interagir pesquisar etc. Contudo surge uma questão, e nas aulas de educação física estão sendo utilizados tais recursos? Para responder a essa questão o presente trabalho tem como objetivo realizar uma análise do uso de recursos audiovisuais no contexto escolar, especificamente nas aulas de educação física, procurando identificar de que forma os educadores físicos utilizam esses recursos em suas aulas, a fim de refletir novas possibilidades de utilização dessas ferramentas nas aulas de educação física. Para melhor compreensão a respeito dos recursos audiovisuais, vamos começa pelo sentido da palavra e seu surgimento, Oliveira (1996, apud FREITAS, 2013) afirma que: O Neologismo “audiovisual” resultante de fusão dos termos “ÁUDIO” (do latim audire - ouvir) e “VISUAL” (do latim Videre – ver), surge por volta de 1930, nos Estados Unidos da América, em que os progressos técnicos permitiam a transição do cinema mudo para o cinema falado. Observando atualmente recursos audiovisuais eletrônicos são aparelhos que podem transmitir tanto som como vídeo, os mais conhecidos atualmente são: televisão, computadores, celulares e projetores, que são encontrados em praticamente todos os lares de nossa sociedade. De acordo com SEED (2006, p.37), “a televisão, em especial, tornou-se um meio de comunicação de massa a partir do momento que o domínio da nova tecnologia possibilitou à maioria das pessoas acesso aos aparelhos de TV”, por isso em praticamente todos os lares brasileiros encontramos uma. A televisão já se tornou uma velha amiga dos brasileiros, todos os dias milhares de brasileiros, donas de casa, jovens, crianças entre outros reservam um tempo para assistir seus programas favoritos, observamos que a televisão perdeu um pouco de seu espaço para o computador celular e jogos eletrônicos mais continua sendo presente na vida dos brasileiros, em todas as classes sociais. Betti (2003) afirma que todos esses aparelhos vêm na mesma linha de funções, transmitir informações através de programas jornalísticos e reportagens, proporcionar interatividade para todas as idades, ou seja, em uma família normalmente a mãe prefere as A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 92 novelas o pai os programas de esporte e os filhos os desenhos e filmes, tudo facilmente encontrado nos programas de televisão como também na internet, ressaltando os celulares, que a cada dia são mais completos com teve digital internet jogos eletrônicos redes sociais entre uma diversidade de funções. De acordo Betti (2003) juntamente com tanto recursos encontra-se mais um, as “mídias”, que nada mais é do que os meios de comunicação em massa, que exercem importante influencia na sociedade. Segundo Betti (2003) a mídia quando se fala em esportes, destaca atletas algumas vezes como verdadeiros heróis, onde suas habilidades são como “superdons” consequentemente seus espectadores fazem de grandes atletas seus ídolos, crianças tentam imitar suas jogadas fingindo serem seus ídolos no momento daquele jogo com os amigos. Nota-se a eficácia dos recursos audiovisuais na hora de transmitir informações, com eles é possível, compacta-se uma informação e transmitir de forma clara e objetiva, a fim de favorecer ao máximo a aprendizagem. Afirma Coscarelli (1998, apud FREITAS, 2013) que os bons resultados da utilização dessas ferramentas dependem do uso que se faz delas, de como e com que finalidade as mesmas estão sendo empregadas, cabendo ao professor planejar a sua aplicação em sala de aula. Segundo Betti (2003, p.71) não se pode deixar de considerar o fato da televisão o computador entre outros recursos, estarem cada vez mais incorporado no cotidiano das pessoas, e claro as crianças não se excluem nesse contexto, em todo lugar observa-se crianças com computadores tablets e uma infinidade de aparelhos tecnológicos. Falando-se especificamente de esporte e ainda de crianças, observa-se segundo Betti (2003) que acontece nos dias atuais uma virtualização do esporte, onde ocorre uma passagem do real para o virtual, o acesso ao conhecimento, de um vasto número de esportes, se tornou facilitado através de tais recursos, são filmes, notícias, e claro os jogos eletrônicos que proporcionam uma aproximação de forma bem real e completa para seus praticantes, neles consta as regras e informações sobre o esporte, por esse muitos jogadores aprendem novos esportes de forma virtual. Do mesmo modo que esses recursos desenvolvem um aprendizado de forma natural em seus utilizadores, os mesmos também podem auxiliar no contexto escolar, observa- se que de acordo Brasil (1997, p.64): A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 93 Para que uma aprendizagem significativa possa acontecer, é necessária a disponibilidade para o envolvimento do aluno na aprendizagem, o empenho em estabelecer relações entre o que já sabe e o que está aprendendo, em usar os instrumentos adequados que conhece e dispõe para alcançar a maior compreensão possível. Nas aulas de educação física podem ser usados vídeos, fotos e apresentações para aborda assuntos importantes nas aulas visando sempre, facilitar o entendimento assim como desperta a atenção dos alunos, onde de acordo com Brasil (1997) para uma aprendizagem significativa é necessário que o aluno sinta a necessidade e queira aprender. De acordo com Guimarães (2001, apud VASCONCELOS; LEÃO, 2012), é necessário haver a mediação do professor, que estará sempre entre o aluno e o meio de comunicação, promovendo e incentivando leituras críticas do próprio meio, das suas práticas de linguagem e dos conteúdos por ele veiculados, o professor estará ali avaliando o que é mais adequado para seus alunos, o que realmente vai lhe proporcionar informações validas que estarão lhe ajudando de alguma forma. Nota-se que a tecnologia é algo explicito no cotidiano de jovens e crianças, os mesmos tem uma facilidade incrível de aprender a manusear tais recursos, pois são aparelhos que lhe chamam muito a atenção, por exemplo, quando o aluno chega a uma aula e se depara com o professor preparando um vídeo para ser repassado, ele logo se anima, pergunta do que se trata, fica curioso e ansioso imaginando como será a aula. Consta nos PCN’s (BRASIL, 1997) que “a utilização de materiais diversificados como jornais, revistas, folhetos, propagandas, computadores, calculadoras, filmes, faz o aluno sentirse inserido no mundo à sua volta” são ótimos recursos para serem trabalhados com os alunos, pois os alunos aprendem sobre algo que tem função social real e se mantêm atualizados sobre o que acontece no mundo. Lima (2001, apud VASCONCELOS; LEÃO, 2012), afirma que a utilização de recursos audiovisuais em sala de aula permite a síntese entre imagem e som, gerando com isso as mais diversas sensações, o que possibilita uma interessante forma de expressão, a aula sai daquela coisa monótona de repetição de movimentos ou falação exagerada, de como algo deve ser feito ou do que se trata certo esporte, e se torna uma aula mais atraente, proporcionando de forma eficaz novos conhecimentos para os alunos. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 94 METODOLOGIA Foi realizada uma pesquisa de campo, que de acordo com Gil (2002, p.53) é onde “o pesquisador realiza a maior parte do trabalho pessoalmente, pois é enfatizada a importância do pesquisador ter tido ele mesmo uma experiência direta com a situação de estudo”. A presente pesquisa é exploratória, pois segundo Gil (2002) é a pesquisa que proporciona maior familiaridade com o problema, tornando-o mais explícito e possibilitando a construção de hipóteses, contendo também com um planejamento flexível. Sendo que se trata de uma pesquisa qualitativa, onde de acordo com Teixeira (2010, p.136) a pesquisa qualitativa, é a que busca uma profunda compreensão do contexto da situação. Foi aplicado um questionário com oito perguntas abertas, com 2 professores da rede pública, 2 da privada e 1 de uma escola conveniada, todos professores de educação física, das séries finais do ensino fundamental, que de acordo com Gil (2002) através do questionário é possível traduzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem redigidos. Os professores abordados pela pesquisa em nenhum momento foram identificados e assinaram o termo de consentimento livre e esclarecido. RESULTADOS E DISCUSSÃO As perguntas elencadas no questionário aplicado aos docentes abordaram questões relativas à utilização dos recursos audiovisuais eletrônicos, se esses recursos existem em suas escolas e como são utilizados pelos mesmos. Nas questões 1, 2 e 3, constatou-se que todos os professores abordados tem conhecimento do que se trata os recursos audiovisuais, e que os professores abordados, ministram suas aulas teóricas em salas de aula, utilizando de apostilas, textos, quadro branco, mídias, oralidade, apresentação de slides, exibição de vídeos e alguns professores exigem apresentações de seminários pelos alunos, sendo que todas as escolas nas quais os professores trabalham, possuem recursos audiovisuais eletrônicos. Através das questões 4, 5 e 6, constatou-se que dos 5 professores, apenas um não utiliza recursos para ministrar suas aulas, segundo ele, mesmo sua escola possuindo os recursos, não estão disponíveis para suas aulas de educação física, restando-lhe utilizar outros meios, como A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 95 o uso de textos e apostilas. Os 4 professores restantes utilizam aparelhos diversos como: Datashow, televisão, caixa de som, lanternas, computador e vídeo game, relatando que a resposta dos alunos quase sempre com uso dos recursos é de forma proveitosa pois os mesmos ficam mais interessados e participativos, utilizando normalmente os recursos no início de um trimestre, modalidade ou para se apresentar novos conteúdos, como também uma vez ao mês abordando diferentes temas. Na questão 7 do questionário, os professores utilizando dos recursos audiovisuais eletrônicos abordam diferentes temas como: meio ambiente, drogas, sexualidade, fundamentos e regras dos jogos e esportes, higiene pessoal e principalmente o tema saúde. Quando questionados sobre a utilização dos recursos audiovisuais como ferramenta de agregar valor a disciplina (questão 8) foi unânime as respostas onde todos acreditam que tais recursos, se bem empregados, podem trazer um maior valor para as aulas e para a disciplina, pois segundo eles os recursos traz a possibilidade de uma metodologia diferente que estimule os sentidos e desperte o interesse dos alunos pela aula. CONCLUSÃO De acordo com os dados obtidos pela pesquisa, foi possível constatar que as escolas em sua grande maioria possuem recursos audiovisuais eletrônicos, e os professores utilizam dos mesmos para ministrar suas aulas, abordando temas importantes como saúde, higiene pessoal, drogas, fundamentos e regras de jogos e esportes, sexualidade, benefícios da atividade física para o corpo entre outros. Sendo que segundo os professores pesquisados a resposta dos alunos quando utilizados os recursos é normalmente positiva, facilitando de forma considerável a transmissão das informações, despertando a participação e interesse pelas aulas, amenizando o primeiro impacto das aulas teóricas, pois de acordo com os professores os alunos são relutantes quando se trata da parte teórica da educação física, em alguns casos até se negam a participar, devido a esse caráter prático da disciplina de envolver jogos e competição, contudo os professores demonstraram a relevância da teoria na aulas, alguns alegaram que com a ajuda de vídeos e fotos por exemplo se torna mais fácil aborda temas mais complexos, por exemplo, referentes a saúde, que na quadra devido a euforia e ansiedade por jogar se tornam quase impossível. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 96 Diante disso percebe-se a necessidade de mais estudos nesse campo da educação física ligada a tecnologia como ferramenta nas aulas, para que possa cada vez mais incentivar professores e alunos a buscarem maneiras de ensinar e aprender mais eficientes, como também conscientizar outros profissionais dos benefícios que tais recursos trazem para o aprendizado dos alunos, claro se empregados com objetivo das crianças e jovens terem um maior entendimento sobre o tema abordado, transmitindo informações de forma clara e objetiva respeitando a faixa etária de cada turma. REFERÊNCIAS BETTI, Mauro. Educação Física E Mídia: novos olhares, outras práticas. São Paulo: Hucitec, 2003. BRASIL. Secretaria de Educação Fundamental. Parâmetros Curriculares Nacionais: Introdução Aos Parâmetros Curriculares Nacionais. Brasília: MEC/SEF, 1997. FREITAS, Anne Caroline de Oliveira. 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Utilização De Recursos Audiovisuais Em Uma Estratégia Flexquest Sobre Radioatividade. Investigações em Ensino de Ciências – V17(1), pp. 37-58, 2012. Disponível em: http://www.google.com.br/url?sa=t&rct=j&q=&esrc=s&source=web&cd=1&cad=rja&ved =0CC0QFjAA&url=http%3A%2F%2Fwww.if.ufrgs.br%2Fienci%2Fartigos%2FArtigo_ID2 78%2Fv17_n1_a2012.pdf&ei=JbOPUvSDG8fLkAeIioCwBA&usg=AFQjCNFuNeoAivQRgjnJ qjGeGN6npIcTdg&bvm=bv.56988011,d.eW0. Acessado em: 22/11/2013. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 97 UTILIZAÇÃO DE TECNICAS DE MODELAGEM MOLECULAR NO ESTUDO DE COMPOSTOS BIOATIVOS CONTRA DOENÇA DE CHAGAS Marcos Antônio Barros dos Santos; Carlos Alberto C. da Fonseca Jr. Universidade do Estado do Pará, Altamira, Pará, [email protected] RESUMO O presente trabalho tem como objetivo utilizar técnicas de modelagem molecular para investigar compostos derivados da 5-nitrofurano-2-aldoxima com potenciais antichagásicos. Análise de estatística multivariada são utilizados na escolha da metodologia computacional, de modo que, a PCA e HCA indicaram que o método HF/6-31G é o que melhor representa os derivados nitrofuranos. Estudos de modelagem molecular aplicado aos seguintes compostos bioativos foram realizados: nitrofurantoína, furaltadona nifuraldezona, nitrofurazona e nihidrazona. Análises da energia total, da energia dos orbitais moleculares, do gap, energia de desprotonoção e a energia de ligação C-H evidenciaram que a nitrofurazona e a nihidrazona apresentam teoricamente maiores atividades biológicas, podendo evidenciar provável atividade antiprotozoária. Os mapas MEP forneceram informações qualitativas da reatividade dos nitrocompostos. Para a nihidrazona o mapa MEP indica que a região com maior potencial negativo concentra-se no oxigênio do grupo acetil. Dessa forma, concluiu-se que das cinco moléculas estudadas com os parâmetros da química computacional, apenas duas apresentaram as reatividades ideais, nitrofurazona e nihidrazona. Palavras-chave: Modelagem Molecular, Doença de Chagas, nitrofuranos INTRODUÇÃO A doença de Chagas causada pelo protozoário flagelado Trypanosoma cruzi, atinge 18 milhões de indivíduos na região das Américas, manifestando-se endêmica em 11 países causando 50 mil mortes ao ano e deixando 100 milhões de pessoas sob o rico de infecção (WHO, 2002). As patogenias parasitárias infecciosas acometem milhões de pessoas nas diversas regiões do planeta, principalmente nos países pobres, podendo alastrar-se com facilidade e representando uma crescente ameaça global tais como a Malária, Doença de Chagas, Leishmaniose, Esquistossomose que são causas da incapacitação anualmente de uma parcela significativa da população de alguns países em desenvolvimento (DIAS et al., 2009). Os autores ainda apontam que estas doenças são chamadas de doenças negligenciadas por representarem um mercado pouco lucrativo para as indústrias farmacêuticas. Nesse cenário, fica evidente a necessidade do planejamento racional de fármacos baseados em estrutura química com o intuito de obter novas drogas que apresentem boa eficácia e baixos efeitos colaterais. Diante desta situação, um grande avanço nas pesquisas para tal grupo de patologias se deu com a atividade científica computacional (VICENTE et al., 2010). A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 98 Isso se explica, pelo fato de alguns programas de computadores facilitarem o processo de formação de uma nova molécula pressupondo-se sua atividade antipatogênica. No caso da doença de Chagas, a atividade computacional simula o efeito químico de uma molécula antichagásica. Desta maneira, conforme for à precisão do efeito fármaco-receptor computacional, maior será a precisão da molécula no alvo biológico (BULTINCK, 2004). Atualmente, os projetos GENOMA e PROTEOMA disponibilizam informações sobre a estrutura de proteínas, o que permitiu a identificação de vários alvos moleculares, com destaque para a Tripanotiona Redutase, uma enzima que tem sido estudada como alvo macromolecular para o desenvolvimento de novos fármacos antichagásicos (PAULINO et al., 2007). Pita e Pascutti (2011) descrevem que a enzima Tripanotiona Redutase proporciona a proteção celular dos tripanossomatídeos, função esta, análoga a enzima glutationa redutase, em seres humanos. Sendo a Tripanotiona Redutase uma enzima que desempenha função importantíssima para o protozoário, os medicamentos formados que atuem sobre ela, servem como indicativo de que o caminho para a terapia cada vez mais adequado está no entorno do estudo da atividade biológica desta enzimainvestigar a atividade biológica de compostos contra a doença de Chagas através de técnicas de modelagem mole METODOLOGIA A metodologia utilizada consiste inicialmente da seleção dos compostos para investigação computacional, seguida da análise conformacional e obtenção das propriedades eletrônicas e estruturais. Para estudar as propriedades eletrônicas de nitrocompostos com atividade antichagásica, utilizou-se os métodos da química quântica para construir a molécula 5nitrofurano-2-aldoxima. Os cálculos foram realizados com o método Hartree-Fock, SemiEmpírico (AM1 e PM3) e Teoria do Funcional Densidade (B3LYP, BLYP) a fim de investigar o método computacional que melhor represente as moléculas em estudo. Métodos quimiométricos como Análise dos Componentes Principais (Principal Component Analysis - PCA) e Análise Hierárquica de Clusters (Hierarchical Cluster Analysis HCA) foram utilizados para selecionar o melhor método e a melhor base no estudo da estrutura eletrônica de nitrocompostos em comparação com dados experimentais obtido dos estudos de (OLSZAK,1995). Todos os cálculos de análise multivariada foram realizados no A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 99 programa Pirouette (INFOMETRIX, 2001). Após a definição do método computacional para estudar os compostos nitrofurânicos, iniciou-se a parte de modelagem molecular a partir da construção das geometrias e otimização prévia utilizando o campo de força de mecânica molecular (MM+) para gerar coordenadas iniciais. Posteriormente foram totalmente reotimizados com o método Hartree-Fock presente no pacote computacional Gaussian® 98 e utilizando-se da base de Pople 6-31G, que representa o conjunto de funções utilizadas para os cálculos das estruturas eletrônicas dos orbitais moleculares. Com as propriedades eletrônicas calculadas, o mapa de potencial eletrostático molecular e as cargas ESP foram às últimas etapas do procedimento computacional. Todos os cálculos de otimização de estrutura eletrônica foram realizados utilizando as palavras-chave POP=GFPRINT e cargas (POP=CHELPG). O ambiente computacional foi o OpenSuse Linux 11.0 64-bits rodando em um processador AMD PHENOM 955 X4 2.2 GHz com 16Gb de memória RAM. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os métodos quimiométricos PCA e HCA foram utilizados na escolha do método químico-quântico para estudar as biomoléculas contra a doença de Chagas. As três primeiras componentes principais explicam 97,07% da informação original. A primeira componente, PC1, contém 58,01%, a segunda componente, PC2, contém 28,01% e a terceira componente, PC3, contém 10,89%. Pela análise do dendrograma obtido com o HCA, verifica-se que os métodos teóricos foram agrupados por similaridade e estão de acordo com os resultados obtidos por análise de componentes principais, ou seja, o HCA confirma que o método HF/631G está mais próximo com os dados experimentais. Os compostos nitrofurânicos derivados da nifuroxima 5-nitrofurano-2-aldoxima com atividades anti-Trypanosoma cruzi foram selecionados da literatura e são mostrados na figura 1. Figura 1: Estrutura genérica de nitrofuranos e seus derivados da 5-nitrofurano-2-aldoxima. NFD, nifuraldezona; NFT, nitrofurantoína; NHZ, nihidrazona; FTD, furaltadona e NFZ, nitrofurazona. As propriedades eletrônicas foram calculados com o método HF/6-31G. A tabela 1 A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 100 apresenta os parâmetros geométricos obtidos e são comparados com os dados experimentais. Tabela 1: Comparação dos parâmetros geométricos teóricos e experimentais para o anel furano. Parâmetro (a) HF/6-31G (b) C3-C4 C2-C3 C2-O1 C5-O1 C5-N6 N6-O7 N6-O8 C4-H10 1.430 1.357 1.363 1.355 1.406 1.239 1.258 1.065 O1-C2-C3 C2-C3-C4 C3-C4-C5 C4-C5-N6 C5-N6-O7 C5-N6-O8 109.4 106.9 105.4 130.4 116.0 119.2 HF/6-31G* (c) Experimental(d) Comprimento de ligação 1.408 1.339 1.350 1.364 1.424 1.191 1.194 1.070 Ângulo de ligação 111.50 106.4 105.7 127,7 115.7 115.7 1.415 1.363 1.374 1.346 1.424 1.211 1.215 1.068 110.2 105.1 106.6 129.8 116.3 118.8 (a) Os átomos são enumerados de acordo com a Figura 1 (b) Resultados obtidos neste trabalho (c) ANANDAN, K. et al. J. Molecular Structure. 639 (2003) 213–221 (d) OLSZAK, T. Acta Crystallographica C. 51, p.1304-1306, 1995. Os resultados obtidos neste trabalho estão muito próximos com os valores experimentais, demonstrando a qualidade do método e do conjunto de base utilizado para estudar as propriedades eletrônicas de nitrocompostos. Ao comparar nossos resultados com dados publicados nos estudos de Anandan et al. (2003), em diferentes níveis de teoria, evidenciamos que o método HF/6-31G empregado neste trabalho é o mais adequado para a geometria de nitrofuranos. A Teoria dos Orbitais Moleculares é bastante utilizada na explicação de fenômenos de absorção da luz visível, ou no ultravioleta, que ocorre nos compostos orgânicos. Segundo Mcmurry (2010), é um modelo que descreve a energia associada aos estados eletrônicos de uma molécula. A energia dos orbitais moleculares de mais alta energia ocupado (Figura 2) são propriedades muito importantes em química quântica. Inúmeras aplicações em processos químico e farmacológicos podem ser explicados pelo estudos dos orbitais de fronteira, devido as transferências de cargas relacionarem-se diretamente com estes orbitais. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 101 Figura 2 - Orbital molecular de mais alta energia ocupado (HOMO) para os nitrocompostos estudados, visualizados com o software MOLEKEL® 4.0. As cores vermelho e azul indicam sinais opostos da função de onda. HOMO LUMO NHZ Nos compostos investigados, todos os grupos nitro apresentam pequenos lóbulos e localizam-se no plano do anel furano. O anel furano possui geometria planar associado ao grupo nitro, devido apresentar duas duplas ligações C=C. Nessas ligações concentram-se lóbulos grandes perpendicular ao eixo de ligação. A insaturação presente na ligação C=N, e a sobreposição dos orbitais “p” dos respectivos átomos, contribui significativamente para a estabilidade das moléculas e formação aditiva que não tem nódos entre os núcleos (MCMURRAY, 2010). Em relação aos substituintes, os grupos mais volumosos, presentes nos compostos NFT e FTD, apresentam pouca densidade eletrônica o que é visualizada nos HOMOs, e os lóbulos concentram-se no orbital “p” do átomo de nitrogênio. A nifuraldezona (NFD) apesar de apresentar duas carbonilas consecutivas não apresenta efeito de ressonância, o que pode ser constatado pelos nós presentes nos átomos de oxigênios e lóbulo pequeno no átomo de nitrogênio não associado a ligação carbono-nitrogênio. Nitrofurazona (NFZ) e nihidrazona (NHZ) apresentam os HOMOs semelhantes, diferenciando apenas o grupo amino que possui pequeno lóbulo e pouco contribui para a energia da molécula. As energias dos orbitais de fronteira HOMO e LUMO e a energia do gap foram determinadas a partir dos cálculos realizados com o método HF/6-31G e são mostradas na Tabela 2. De acordo com os dados, NHZ e NFZ apresentam energia total muito próximas, o que explica a similaridade de seus orbitais moleculares. Os nitrofuranos FTD e NFT possuem as maiores energias totais, o que pode ser explicado por suas cadeias terminais fechadas e ramificadas. A tensão do anel elevou suas energias totais. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 102 Tabela 2 - Energia total e energia dos orbitais moleculares Energia de Energia -HOMO -LUMO gap desprotonação de Nitrofurano (LUMOligação HOMO) C-H NHZ -0,348 0,008 0,340 372,87 0,97 NFZ -0,343 0,017 0,326 372,98 1,00 NFD -0,351 0,010 0,361 365,40 0,94 NFT -0,352 -0,020 0,372 368,32 1,13 FTD -0,346 0,002 0,344 370,24 1,14 Energia total (hartree) -731,400 -747,396 -860,069 -975,950 -1000,116 Quanto à reatividade dos nitrofuranos, o maior valor de gap (0,372 hartree) para NFT torna-o menos reativo, e a conjugação dos orbitais “p” nos átomos de carbono, nitrogênio e oxigênio favorecem a estabilidade do sistema além do efeito estérico, que impede a interação do sistema. Os valores de energia de desprotonação, demonstram que NFD (molécula inativa) possui o menor valor de energia de desprotonação, logo possui elevada acidez, enquanto que, a molécula NFZ, possui o maior valor de energia de desprotonação apresentando menor caráter ácido, o que a torna biologicamente ativa. Pelas observações desta propriedade eletrônica, podemos evidenciar provável relação entre a atividade anti-protozoária dos nitrofuranos com a acidez. As moléculas ativas apresentam ordem de ligação C-H elevados (menos ácido), isto é, FTD>NFT>NFZ>NHZ que está de acordo com o menor valor obtido para a energia de desprotonação da NFD. Propriedades estéricas e eletrônicas são importantes descritores utilizados na investigação da interação fármaco-receptor, e neste sentido, o mapa de potencial eletrostático molecular (MEP) é uma ferramenta útil na compreensão da atividade biológica dos nitrocompostos. A figura 3 apresenta o mapa MEP, de modo que, as regiões com potencial positivo possuem coloração azulada, enquanto que, as regiões com potencial negativo, possuem coloração vermelha. Figura 3 - Mapa de potencial eletrostático molecular para NHZ. (a) sólido; (b) transparente; (a) (b) A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 103 Os potenciais eletrostáticos positivos, região em azul, para todos os compostos estudados concentram-se nos átomos de hidrogênios, diferenciando as posições e com quem estão ligados. Para FTD e NFT os potenciais positivos localizam-se nos hidrogênios do anel furano. Para o NFT, além do anel furano, o hidrogênio ligado ao nitrogênio (-NH) do anel substituinte, também possui tonalidade azulada. Na molécula NFZ, o potencial positivo situase no hidrogênio amídico (-NH2) associado com hidrogênio vinílico. As moléculas NFD e NHZ, o potencial positivo localiza-se no meio da molécula, ligado ao nitrogênio e ao carbono. CONCLUSÃO Pela análise dos conteúdos expostos neste trabalho, concluímos que a utilização de técnicas de modelagem molecular aliado às técnicas de análise estatística multivariada são importantes ferramentas computacionais no estudo de compostos bioativos contra doença de Chagas. Dentre as cinco moléculas investigadas, apenas duas, nitrofurazona (NFZ) e nihidrazona (NHZ), apresentaram atividades biológicas satisfatórias, para interação com a enzima Tripanotiona redutase. Os estudos com mapas de potencial eletrostático molecular e energia dos orbitais de fronteira fornecem informações extras para futuras sínteses e ensaios biológicos. REFERÊNCIAS ANANDAN K. et al. Ab initio and DFT studies on structure and stability of nitroso and nitro substituted furan molecules. Journal of Molecular Structure (Theochem) 639, 213–221, 2003. BULTINCK, Patrick et al (Ed.). 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A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 105 Categoria RESUMO EXPANDIDO A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 106 A CONFECÇÃO DE BRINQUEDOS COMO PROPOSTA METODOLÓGICA NO ENSINO EM SAÚDE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR Dayana Arcanjo Pinheiro; Antônio Diones Azevedo dos Santos; Claudete Terezinha Putzel Schimidt; José Robertto Zaffalon Júnior. Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira, [email protected] Introdução: O profissional de educação física trabalha com o ser humano nas suas manifestações culturais relacionadas aos movimentos do corpo, sua ação é definida pelo tratamento pedagógico que o mesmo irá receber mediante a sua reação dentro do contexto em que está inserido. A educação física atualmente vem se distanciando das relações no que se refere aos aspectos estéticos e simbólicos. A escola tem um papel fundamental para a sociedade, pois é nesse espaço que convivem estudantes de diferentes origens, religiões, costumes e é onde se ensinam as regras para o convívio nos espaços, onde as crianças aprendem conhecimentos sistematizados sobre o ambiente em que está inserido. Na disciplina de Educação Física, por exemplo, percebe-se a possibilidade e a importância de tratar os grandes problemas sociais nas aulas, um deles a saúde, podendo ser relacionada a jogos, esporte, ginástica, dança e até mesmo na confecção de brinquedos, onde se busca possibilitar ao aluno o entendimento da realidade social, interpretando-a e explicando-a a partir dos seus interesses. Metodologia: As aulas de educação física podem fazer uma relação com a saúde, e por diversas razões poderá incorpora-las nas práticas do cotidiano escolar, criando espaços que contribuam para a construção do diálogo entre as efetivas opções de exercícios físicos da comunidade escolar. Nessa perspectiva surgiu a seguinte questão: qual a influência da confecção de brinquedos na abordagem do tema transversal saúde nas aulas de Educação Física? Por meio de uma pesquisa de natureza bibliográfica, a qual de acordo com Gil (2010) se orienta pela busca de materiais já elaborados como livros, periódicos, artigos científicos entre outros, objetivou-se nesse estudo discutir a confecção de brinquedos como proposta metodológica para o desenvolvimento do tema transversal saúde. Para isso, faz-se necessário definir o conceito de saúde; compreender o processo ensino aprendizagem na Educação Física; relacionar Educação em saúde com a educação física e propor a confecção de brinquedos como alternativa metodológica para o processo de educação em saúde. Resultados e Discussões: A construção de brinquedos na sala de aula pelas crianças promove momentos criativos, os quais envolvem as mesmas fantasiando seus desejos de criar. A criação de brinquedo é muito valiosa, pois possibilita a troca de relações entre as crianças, o desenvolvimento da inteligência, da motivação e da imaginação. No desenvolvimento da consciência deste mundo, a criança integra uma relação ativa com as coisas acessíveis a ela e com o mundo mais amplo, ou seja, tenta agir como um adulto. As crianças ao confeccionarem seus brinquedos sentem-se vitoriosas, realizando atividades que, até o momento, só podem ser realizadas pelos adultos em suas concepções A construção de brinquedo na escola deve ter sugestões, ideias, fazendo com que a imaginação da criança flua ultrapassando os limites da criatividade, proporcionar a interação com outras crianças para permitir que culturas sejam compartilhadas e novas informações sejam adquiridas. É pela construção que a criança começa a ter uma relação mais próxima com o brinquedo, fazendo descobertas e atribuindo-lhe uma imagem, função e significado próprio. Conclusão: Sabe-se que a criança em seu processo de formação necessita imitar e escolher modelos para seguir, contudo também necessita expressar-se, ser ouvida, entendida, tendo seu ponto de vista considerado é que vai desenvolver-se. Ela necessita ser reconhecida como uma pessoa que possui limitações, mas também, potencialidades, todos nós possuímos limitações. Somente assim, ao ter um espaço para guiá-la ao mesmo tempo permite interagir A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 107 com ele é que a criança criará autonomia para criar aquilo que será proposto dentro de uma aprendizagem significativa e prazerosa. Assim, a criança ao confeccionar seu próprio brinquedo ela cria universo só dela, ela envolve num imaginário, reúne personagens de cultura, elementos da realidade, criando novos significados para ela graças a sua capacidade de criação, ela não só repete as coisas vividas ou ouvidas, mas tem a capacidade de combinar o antigo com o novo através de sua capacidade criativa. Referências: BARTHES, R. Mitologias. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1999.BETTI, M. Educação física. São Paulo: Movimento, 1991. BORGES, C.J.A. A educação física na escola. Revista Virtual de Educação Física Artigos, Natal, v.1, n.14, nov.2003. BRASIL. Ministério da Educação. Parâmetros Curriculares Nacionais: Ensino Médio. Brasília: 1999. ______. Fundação Nacional de Saúde. Diretrizes de educação em saúde visando à promoção da saúde: Ensino Fundamental. Brasília: MEC/SEB, 2007. ______. Agencia Nacional de Vigilância Sanitária. Brasília: ANVISA, 2008. BRICEÑO-LEÓN, R. Bienestar, salud pública y cambio social. 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Muitos são de sucatas, como forma de despertar a consciência ambiental e ensinar práticas sustentáveis. Disponível em:<http//www.estadão.com.br/notícias/impresso, crianças-confeccionamamaior-parte-dos-brinquedos,710261,o.htm. Acesso em: agosto de 2011. LOPEZ, Maria Helena. Resgate dos brinquedos de sucata. 2007. NAHAS, M. V. Atividade física, Saúde e Qualidade de Vida: Conceitos e Sugestões para um Estilo de Vida Ativo. Londrina: Midiograf, 2006. OLIVEIRA, Paulo de Salles. O que é brinquedo. 2 ed. São Paulo: Brasiliense, 1989. SABROZA, P. C. Concepções de Saúde e Doença. Texto de Apoio ao módulo I do Curso de Especialização em Gestão de Sistemas e Serviços de Saúde Rio de Janeiro: EAD, Ensp, 2001. VALLADARES, A.C.A.; CARVALHO, A.M.P. A arte terapia no contexto da hospitalização pediátrica. O desenvolvimento da construção com sucata hospitalar. Acta Paulista de Enfermagem, 18(1): 64-71, 2005. VYGOTSKI, L.S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes, 1989. Palavras-chave: Educação física. Ensino em saúde. Brinquedos. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 108 A QUEBRA DE PARADIGMAS A CERCA DO CONTEÚDO LUTAS NA EDUCAÇÃO FÍSICA Verena da Cruz Viana; Edilson Pontes da Silva Júnior; Erika de Sousa Lima; José Robertto Zaffalon Junior. Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira-PA, [email protected] Introdução: A origem das lutas é uma incógnita, pois muitos são os relatos sobre o surgimento das mesmas, porém nenhum desses relatos demonstra ao certo sua origem. Para Ferreira (2006, p.39) atualmente existem várias modalidades de lutas pelo mundo, como por exemplo, judô, boxe, karatê, capoeira, dentre outras, que vem se destacando e conquistando seu espaço no cenário mundial e também escolar. Segundo Oliveira e Reis Filho (2013, p.4) o principal objetivo do ensino de lutas nas aulas de educação física escolar não está ligado aos aspectos técnicos e táticos, e sim ao ensino da essência e os valores priorizados pelas lutas abordadas de forma correta. As lutas, atualmente, representam um meio eficaz de educação e um conjunto de conteúdos altamente valiosos para educação física escolar que, infelizmente, ainda é pouco utilizada como recurso pedagógico (OLIVEIRA; REIS FILHO, 2013). O presente trabalho tem como objetivo analisar o desenvolvimento do conteúdo lutas na educação física escolar. Metodologia: O estudo foi desenvolvido com professores formados de educação física e/ou formação, de ambos os gêneros, que ministram aulas para discentes do 1º ao 5º ano e do 6º ao 9º ano do ensino fundamental, em 10 (dez) escolas municipais e/ou conveniadas da cidade de Altamira-PA. Para realização da coleta de dados foi realizado uma pesquisa de campo do tipo exploratória, que segundo Selltiz et al. (1967, p. 63 apud GIL, 2002, p. 41), que têm como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. Sendo utilizado como instrumento de pesquisa um questionário, que segundo (GIL, 2002, p.116) “A elaboração de um questionário consiste basicamente em traduzir os objetivos específicos da pesquisa em itens bem redigidos”, os dados da pesquisa foram comparados e analisados através da análise do discurso. Resultados e discussão: Em relação aos conteúdos ministrados e desenvolvidos em suas aulas de educação física, analisouse que os professores das séries inicias trabalham nas escolas, principalmente a dança, a ginástica, os jogos de iniciação e a recreação, estas atividades desenvolvidas por meio de brincadeiras contemplando as regras dos esportes, enquanto nas series finais do ensino fundamental são priorizadas as quatro modalidades esportivas, sendo: o handebol, o futsal, o vôlei e o basquete. Ao serem questionados se trabalham o conteúdo lutas nas aulas de Educação Física, e quais os tipos trabalhados, constata-se que os professores das séries inicias e finais do ensino fundamental não o ministram justificando que o espaço físico da escola não permite a realização prática desta, e também devido à deficiência de qualificação profissional na área. Com relação à influência das lutas nas aulas de educação física, os professores de ambas as séries consideram que a mesma é de suma importância na vivência do aluno, pois refletirá em benefícios ao desenvolvimento motor, cognitivo e social dos mesmos, e que por meio da aplicabilidade do conteúdo o discente possa respeitar seu próximo, assim como obedecer seus próprios limites, desta maneira incutindo que lutas não gera violência. Sobre as dificuldades de se ministrar o conteúdo luta a grande maioria dos questionados enfatizaram a falta de apoio da coordenação pedagógica, a não qualificação profissional nessa área, falta de estrutura, falta de material para ministrar esse conteúdo, a resistência e o desinteresse dos alunos pelo conteúdo. Com relação ao que poderia ser feito para melhorar a aplicação do conteúdo lutas nas aulas de educação física, os professores afirmam que se deve melhorar a base teórica e prática dessa disciplina, primeiramente, no curso de formação ainda na Universidade; assim como, seria A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 109 necessário um espaço adequado, materiais, e uma estrutura apropriada que possa despertar o interesse do aluno por esse conteúdo. Conclusão: De acordo com o proposto conclui-se que o desenho curricular da disciplina de educação física a ser trabalhado na escola do ensino fundamental é abrangente, nas séries iniciais os conteúdos desenvolvidos pelos professores de educação física das escolas pesquisadas são principalmente, a dança, a ginástica, jogos de iniciação e recreação, porém nas séries finais os professores priorizam as quatro modalidades esportivas: handebol, futsal, vôlei e basquete. Até tentam inserir outros conteúdos como as lutas, mas devido à deficiência de espaço adequado, material, estrutura e o desinteresse dos alunos pela inserção de uma nova modalidade, acabam que desestimulando o interesse do professor por novos desafios na carreira profissional, entretanto estes fatores não podem ser utilizados como justificativa para a conduta profissional, pois o professor pode, fazer uso de outras metodologias como palestras, vídeo e oficinas para demonstrar aos alunos o quanto é importante à vivência de tal conteúdo. As dificuldades enfrentadas pelo professor de educação física para ministrar o conteúdo lutas pauta-se na ausência de apoio da coordenação da escola, pelos professores não acharem-se capacitados para repassar tal conteúdo, pela falta de estrutura, material e o descaso dos alunos pelo conteúdo ministrado. Referências: FERREIRA. H. S. As lutas na Educação Física escolar. Revista de Educação Física, Rio de Janeiro, n. 135, p. 36-44, novembro 2006. Disponível em:< http://www.revistadeeducacaofisica.com.br/artigos/2006.3/aslutas.pdf>. Acesso em: 20 de Out. 2013. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4ª ed. São Paulo: Atlas, 2002. OLIVEIRA, Saulo Bonfim de; REIS FILHO, Adilson Domingos dos. Ensino de lutas na escola: elemento pedagógico ou estímulo à violência? Revista Digital. Buenos Aires - Año 18 Nº 180 - Mayo de 2013. Disponível em: <http://www.efdeportes.com/>. Acesso em: 02 de Nov. 2013 Palavras-chave: Lutas, educação física escolar, conteúdos. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 110 ANÁLISE DA COMPETÊNCIA PROFISSIONAL PERCEBIDA DOS PROFESSORES/INSTRUTORES DE FITNESS DA CIDADE DE ALTAMIRA-PA Maria Polyana da Silva Oliveira, Dinar Duarte de Vasconcelos. Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira-PA, [email protected] Introdução: Com a desmitificação acerca do treinamento resistido para adolescentes e a necessidade de atendimento especializado ao público em geral e em especial ao público obeso, as academias de ginástica são procuradas para auxiliar na perda de peso e melhorar a qualidade de vida de seus frequentadores, que exigem serviços com qualidade, segurança e profissionais capacitados (BONFIM, 2012). Mediante a necessidade de conhecer aspectos importantes desse atendimento e saber se as academias de ginástica estão preparadas para receberem seus clientes/alunos, com uma equipe de profissionais “competentes”, com habilidades para expressarem seus conhecimentos, conforme necessidades é que este estudo se justifica e objetiva analisar a competência profissional percebida dos professores/instrutores de fitness em academias de ginástica no município de Altamira, Pará. Metodologia: Trata-se de um estudo descritivo, com objetivo exploratório, quanti-qualitativo e abordagem dedutiva (GIL, 2010). O universo foi composto por 37 professores/instrutores de fitness de cinco academias da cidade, destes 40,5%, duas academias, compuseram a amostra. Trata-se de uma amostra não probabilística por conveniência (BREVIDELLI; DOMENICO, 2008). Para a coleta de dados foi utilizada a Escala de Autopercepção das Competências Profissionais Específicas do Profissional do Desporto desenvolvida por Nascimento (1999); Feitosa (2002) e adaptada por Batista (2008). É um questionário composto por 41 questões, com itens agregados em três dimensões: conhecimento, habilidades e atitude que utiliza a escala de Likert com seis níveis (0 a 5), os respondentes especificam seu nível de concordância com uma afirmação, onde (0) corresponde a nenhum domínio; (1) domínio muito insuficiente; (2) domínio insuficiente; (3) domínio suficiente; (4) domínio quase total; (5) domínio total. O instrumento foi entregue aos participantes em seu ambiente de trabalho, sob a supervisão dos pesquisadores e após esclarecimentos sobre o estudo. Todos que compuseram a amostra aceitaram participar do estudo e assinaram o TCLE. Esta pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade do Estado do Pará UEPA – Campus Santarém, sobre o parecer nº 475.441. A análise dos dados foi realizada através da estatística descritiva e os resultados foram apresentados em tabelas. Resultados e discussão: Os resultados mostram que os participantes apresentaram domínio “suficiente”, na dimensão conhecimento (47%), na dimensão habilidades (44,2%) e em atitudes (49%). Este resultado, também se apresenta na análise das subcategorias destas dimensões. Conforme tabela 1 e 2, logo abaixo: Tabela 1 - Dimensão Conhecimento da Competência Profissional, por Subcategorias. Categoria Conhecimento Escala/ Questões Resultados/ Domínios ND MI Conceitual 1, 4, 5, 7, 8 1% 5.6% e9 Procedimental 2, 3 e 6 0% 6.7% Contextual 10 0% 7% ND - Nenhum Domínio; MI - Muito Insuficiente; Total; T - Total. I 18.9% S 48.9% QT 15.6% T 10% 13.3% 46.7% 26.7% 6.6% 0% 33% 20% 40% I - Insuficiente; S - Suficiente; QT - Quase A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 111 Conforme a Tabela 1, a dimensão conhecimento, considerando suas subcategorias, o conhecimento conceitual, 48.9% se percebem com domínio “suficiente”, considerando-se com domínio satisfatório nesta competência. Quanto à dimensão de conhecimento procedimental, 46.7% dos entrevistados sentem-se com domínio “satisfatório” mediante esta competência, portanto, com domínio suficiente. No conhecimento contextual, 40% dos professores/instrutores sentem-se com “domínio total”, considerando-se um profissional especialista, com elevado conhecimento teórico sobre determinada atividade profissional ou ciência de acordo com Rocha (2009) reforçando a teoria de Perrenoud (1999), que afirma ser a competência aprendizados construídos, sendo a construção de um conjunto de esquemas de pensamentos para se mobilizar conforme a situação. Quanto às subcategorias da dimensão conhecimento é possível identificar através dos resultados apresentados na tabela 1, que os participantes sentem-se com maior domínio na subcategoria de conhecimento conceitual. Nascimento (1998) afirma que ao reconhecer a interação entre os diferentes tipos de conhecimento, torna-se impossível considera-los separadamente. Pois, eles serão integrados, mediante a necessidade de sua mobilização e contexto apresentado. Logo os professores/instrutores sentem-se com domínio suficiente mediante as subcategorias das dimensões de conhecimento. A tabela 2 mostra a percepção dos professores na dimensão Habilidades. Tabela 2 - Dimensão Habilidades da Competência Profissional por subcategorias. Categoria Habilidade Escala/ Questões Planejamento Comunicação Avaliação ND 0% 0% 0% MI 7% 6.7% 7% Resultados/ Domínios I S QT 2% 50% 23% 16.7% 40% 10% 10% 40% 25% T 11, 13,14 e 26 18% 19 e 25 26.6% 12, 15, 16, 22, 18% 23, 24 e 30 Incentivação 21, 27, 28 e 33 0% 7% 5% 48% 23% 17% Gestão 17, 18, 20, 29, 0% 7% 9% 43% 23% 18% 31 e 32 ND - Nenhum Domínio; MI - Muito Insuficiente; I - Insuficiente; S - Suficiente; QT - Quase Total; T – Total Na tabela 2, subcategoria de planejamento, 50% dos participantes sentem-se com “domínio suficiente”. Na subcategoria de comunicação 40% dos participantes consideram-se com “domínio suficiente”. Para Feitosa e Nascimento (2003, p. 23) “estas competências apresentam característica de planejamento e construção de situações futuras”, enquanto que a capacidade de comunicação refere-se “a capacidade de operacionalizar a transmissão dos conteúdos selecionando as atividades mais adequadas e a capacidade de transmitir de forma lógica e concisa o conteúdo informativo”. Quanto à subcategoria avaliação, Noguera e Casaubon (1999), afirmam que avaliação também compõe o quadro de habilidades, sendo necessária para saber avaliar as aprendizagens dos alunos. Deste modo, 40% dos participantes consideram-se com “domínio suficiente”, enquanto 7% consideram-se um profissional com domínio muito insuficiente, valores estes, correspondentes ao resultado encontrado na habilidade de comunicação. Na subcategoria incentivação, 48% dos participantes sentem-se com “domínio suficiente”. Quanto à gestão, 43% dos participantes consideram-se com “domínio suficiente” e 7% consideram-se com domínio muito insuficiente. Logo, estes possuem dificuldades em “desempenhar diferentes papéis, ou funções no ambiente de trabalho, mesmo dentro de sua área especifica” (FEITOSA; NASCIMENTO, 2003, p. 24). É importante salientar que nenhum participante sentiu-se com nenhum domínio nestas A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 112 subcategorias da competência habilidades. A dimensão atitude está incluída nas competências não-técnicas, as quais Feitosa; Nascimento (2003) define como o conjunto de qualidades que se enunciam em termos de atitudes e valores, ou seja, “saber-fazer”. Nessa dimensão, 49% sentem-se com “domínio suficiente”, enquanto 3% consideram-se com domínio insuficiente. Dentre os resultados apresentados foi possível diagnosticar que os professores/instrutores de fitness em Altamira-PA, sentem-se com maior domínio na dimensão atitude. Dos participantes deste estudo, 20% afirmaram possuir dificuldades em transmitir aos alunos o que sabem associação entre o conhecimento adquirido na prática com a forma de planejar seus programas e suas aulas, apresentando dificuldades em comunicar-se com os alunos, considerando-se profissionais com “domínio muito insuficiente e insuficiente” nesta competência. Embora estes consigam montar aulas e programas com precisão e facilidade não conseguem transmitir este conhecimento de forma clara, precisa e objetiva ao seu aluno. De modo que o aluno não consegue realizar com sucesso o proposto pelo professor/instrutor. Conclusão: Os resultados mostram que os professores/instrutores sentem-se com “domínio suficiente”. Todavia, é importante que os professores/instrutores mantenham seus conhecimentos atualizados, façam cursos e reciclagens, pois é necessário que haja qualificações constantes, uma vez que estes devem estar preparados para atenderem todo aquele que precisar de seus serviços, para atuarem de modo “competente” mediante as adversidades encontradas. Sugere-se que novas pesquisas sejam realizadas, pois, são escassos os estudos existentes nos municípios do interior ou outros estados brasileiros de modo que possa-se montar um cenário desse atendimento, garantindo-lhes o direito a qualidade nesses serviços. Referências: BATISTA, P. Discursos sobre a Competência - contributo para a (re)construção de um conceito de competência aplicável ao profissional do desporto. 2008. 543f. Dissertação de doutoramento. Faculdade de Desporto - Universidade do Porto, 2008. BREVIDELLI, M.M; De Domenico E.B.L. Trabalho de conclusão de curso: guia prático para docentes e alunos da área da saúde. 2ªed. São Paulo: Látria; 2008. BOMFIM, R. A. Competência profissional: uma revisão bibliográfica. Revista Organização Sistêmica. V. 1 - nº 1,46 - 63 Jan/Jun, 2012. FEITOSA, W.M.N; NASCIMENTO, J.V. As competências específicas do profissional de Educação Física que atua na orientação de atividades físicas: um estudo Delphi. Rev. bras. Ci. e Mov. V. 11. n. 4. p. 1926, 2003. NASCIMENTO, J. V. A. Formação inicial universitária em Educação Física e Desportos: uma abordagem sobre o ambiente percebido e auto-percepção de competência profissional de formandos brasileiros e portugueses. Porto; 1998. [Tese de Doutoramento - Faculdade de Ciências do Desporto e Educação Física da Universidade do Porto]. NOGUERA, M.D; CASAUBON, J. M. Relacion entre el nuevo perfil del professor de Educación Física y su formacion inicial. Revista Digital, 1999. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010. PERRENOUD, P. Construir as competências desde a escola. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1999. ROCHA, C. Dicionário Informal. 2009. Palavras-Chave: Competência profissional. Fitness. Habilidade. Conhecimento A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 113 ATIVIDADE FÍSICA PARA IDOSOS: QUALIDADE DE VIDA POR MEIO DAS ATIVIDADES FÍSICAS DESENVOLVIDAS NA UNIDADE DO CRAS DO MUNICÍPIO DE SÃO FÉLIX DO XINGU-PA. Fihama Aline Lima Alho Ritter; José Augusto Ferreira Dias; José Robertto Zaffalon Júnior; Laudemiro da Silva Botelho. Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira, [email protected] Introdução: Segundo Okuma (2009, p.13) “O envelhecimento é, sem dúvida, um processo biológico cujas alterações determinam mudanças estruturais no corpo e, em decorrência, modificam suas funções”. Para Carvalho Filho e Alencar (1994, p.2), o envelhecimento é um processo dinâmico e progressivo onde há modificações estruturais no organismo. Essas modificações podem dificultar a adaptação desses seres ao meio, provocando o surgimento de patologias. A ciência evidencia que as complexidades adquiridas devido ao avançar da idade podem ser minimizadas com a adoção de um estilo de vida ativo. Segundo Dantas e Vale (2008, p.39), quanto maior for o nível e o tempo de prática de atividade física, maior a probabilidade de se envelhecer de forma saudável. Nesse sentido, faz-se necessário a criação de políticas públicas que viabilizem ações na área da saúde, objetivando atender aos anseios dessa população da terceira idade. O presente trabalho objetiva analisar a percepção que os idosos possuem acerca da influência que a atividade física provoca na sua qualidade de vida proporcionada por meio das atividades físicas desenvolvidas na unidade do CRAS do município de São Félix do Xingu-PA. Metodologia: O presente trabalho foi resultado de uma pesquisa de campo, com caráter quanti-qualitativo e objetivo exploratório-descritivo. A coleta de dados foi realizada por meio de um questionário composto por 2 perguntas abertas e 9 fechadas. A pesquisa foi realizada no Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) localizado na Avenida Coronel Osterno Maia, 2035, Bairro Rodoviário, no município de São Félix do XinguPA. A entidade atende cerca de 25 pessoas idosas. Fizeram parte da pesquisa13 idosos que frequentam as atividades físicas desenvolvidas no CRAS há mais de 06 (seis) meses, selecionados pelo método não probabilístico por meio de adesão (BREVIDELLI; DE DOMENICO, 2009). A técnica de coleta de dados utilizada foi um questionário, aplicado aos idosos. A pesquisa atendeu os preceitos éticos da resolução 466/12, e os sujeitos assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde além da explicação acerca da pesquisa, continha os direitos de assentimento e garantia ao sigilo. Resultados e discussão: Nos resultados obtidos, percebeu-se que entre os 13 entrevistados, a média de idade foi de 67,7 anos, predominando o gênero feminino numa quantia de 10 mulheres e 03 do gênero masculino. No que se refere à participação do entrevistado nas aulas de Educação Física durante a sua infância, 12 (92,31%) dos entrevistados não praticavam Educação Física na infância e somente 1 (7,69%) frequentava às aulas da disciplina citada. Em relação à quantidade de dias da semana que as pessoas entrevistadas caminham como forma de transporte e outros, 03 dos idosos (23,08%) fazem a caminhada durante 02 dias da semana; durante 03 dias da semana, 4 (30,77%) dos entrevistados praticam a caminhada; e apenas 01 (7,69%) faz essa atividade física durante todos os dias da semana. Sobre a distância percorrida pelos sujeitos envolvidos na pesquisa até o CRAS, percebe-se que mais da metade dos entrevistados, 7(53,84%), moram a uma distância de 1 km do local onde praticam as atividades sugeridas;5 (38,46%) dos envolvidos caminham 2 km, e, 1(7,7%) anda 3 km para chegar até o CRAS. Quando questionados se gostavam ou não das atividades que frequentam nessa entidade, foram uníssonos em afirmar que todos gostam das atividades oferecidas no CRAS, pois, segundo eles, possivelmente, são atividades que os motivam e voltam para casa “mais espertos” Sobre a A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 114 participação efetiva dos idosos nas atividades físicas realizadas no CRAS, vê-se que a maioria participa de todas as atividades físicas, totalizando 10 (76,92%), e 3 (23,08%) dessa clientela, por um motivo ou por outro, deixa de participar das atividades propostas. Referindo-se à como os idosos se sentiam ativos antes de participar das atividades desenvolvidas no CRAS, 7 (53,85%) idosos responderam que se sentiam ativos antes de aderirem ao programa e 6 (46,15%) responderam que não. Com as práticas das atividades físicas atualmente, os 13 (100%) idosos responderam que após terem realizado as atividades, se sentiram mais dispostos, podendo resultar numa perspectiva de vida melhor tanto no pessoal, como intelectual e na sua saúde. A última questão vem informar sobre qual atividade física mais tinham preferência. Com isso, viu-se que 4 (30,77%), preferem a dança como atividade física; 2 (15,38%) dos idosos optam pela caminhada e 7 (53,85%) preferem outras atividades físicas Por último, foi perguntado ao grupo: qual a importância da atividade física para pessoas da terceira idade? As respostas foram variadas. Mas se preocupam em dizer que a atividade física na terceira idade melhora o condicionamento, melhora a atenção, a locomoção, o ânimo, a alegria é bem maior; para alguns, dizem que diminui as dores pelo corpo. A prática de atividades físicas na rotina diária de idosos vem sendo um dos componentes mais importantes para uma boa qualidade de vida desse grupo, em que buscam o prazer, satisfação e o bem-estar, valorizando assim a vida madura. Conclusão: Foi observado que a maioria dos sujeitos envolvidos na pesquisa frequentam ativamente e são bastante operantes a todas as atividades físicas desenvolvidas no CRAS de São Félix do Xingu-PA; para participar das atividades físicas desenvolvidas pelo projeto muitos caminham por mais de 1 km para chegar até a unidade. Praticam atividades como danças, ginásticas, caminhadas em grupos e muitas outras. Reafirmam que após a participação dos mesmos nas práticas desse núcleo muito tem contribuído para sua qualidade de vida e até mesmo auxilia na execução das atividades diárias com mais facilidade. Isso nos faz crer que estamos diante de uma nova geração de idosos, que além de necessitar de hábitos de vida saudáveis, fazem questão de praticá-los. Um número cada vez maior de idosos procuram atividades físicas recreativas para estimular, desenvolver e manter suas habilidades funcionais e controlar as emoções do dia a dia. E nós, enquanto profissionais de educação física, devemos estar atentos e capacitados para atender este novo segmento de mercado e esta nova geração saúde de maneira digna, eficaz e responsável para promover saúde, bem estar, motivação e ânimo para estas pessoas que nos ensinam muito mais com suas experiências passadas, do que podemos imaginar. Referências: BASEI, Andréia Paula. O brincar nas aulas de Educação Física na Educação Infantil. Revista Partes, Santa Maria-RS. p. 01, jan. 2010. Disponível em: www.partes.com.br/educação/brincaremef.asp. Acesso em 02 de abril de 2014. BRASIL. Congresso. Câmara dos Deputados. Constituição. Estatuto do Idoso nº 31, de 2009. Estatuto do Idoso. 4. ed. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF: Senado Federal: Centro Gráfico, 1988. 292 p. BRASIL. Estatuto do Idoso. Brasília, 18 de outubro de 2006. BREVIDELLI, Maria Meimei; DE DOMENICO, Edvane B. L. TCC: Guia Prático para Docentes e Alunos da Área da Saúde. 3ª ed. São Paulo: Iátria, 2009. CARVALHO FILHO, E. T.; ALENCAR, Y. M. G. Teoria do envelhecimento. In: CARVALHO FILHO, E. I. (Org.). Geriatria: Fundamentos, clínica, terapêutica. São Paulo: Atheneu, 1994, p. 1-8. DANTAS, Estélio H.M.; VALE, Rodrigo Gomes de Souza. Atividade Física e Envelhecimento Saudável. Rio de Janeiro: Shape, 2008. GEIS, Pilar Pont. Atividade física e saúde na terceira idade: teoria e prática. 5ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2003. GIL, Antônio Carlos. Como elaborar projetos de pesquisa. 4. ed. - São Paulo: Atlas, 2002. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE). Censo Demográfico 2010.Rio de Janeiro (RJ): IBGE, 2010. KRUG, Rodrigo de Rosso et al. Contribuições da caminhada como atividade física de lazer para idosos. Licere, Belo Horizonte.v. 14,n. 4, A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 115 dez/2011. MATIAS, Bárbara Alves. Lazer e inclusão social na terceira idade. Centro de Ciências da Saúde/Departamento de Educação Física/PROBEX. João Pessoa-PB,2009, p. 02. MATSUDO, Sandra Mahecha. Atividade física na promoção da saúde e qualidade de vida no envelhecimento- XI Congresso Ciências do Desporto e Educação Física dos Países de Língua Portuguesa, São Caetano do Sul, p.135-137, 2006. MAZO, Giovana Zarpellon. Atividade física, qualidade de vida e envelhecimento. Porto Alegre: Sulina, 2008.p. 61. OKUMA, Silene Sumire. O idoso e a atividade física: Fundamentos e pesquisa.5ª ed. Campinas-SP: Papirus,2009. PEREIRA, Renata Junqueira et al. Contribuição dos domínios físico, social, psicológico e ambiental para a qualidade de vida global de idosos. Ver Psiquiatr /RS, jan/abr 2006, p. 28. PIRES, Thalles; CASTRO, JuracyCorrêa. Vida ativa na terceira idade. Belém: Cromos, 2012. SOUZA, Doralice Lange de; VENDRUSCULO, Rosecler. Fatores determinantes para a continuidade da participação de idosos em programas de atividade física: a experiência dos participantes do projeto “Sem Fronteiras”.Rev. bras. Educ. Fís. Esporte, São Paulo, v.24, n.1, p.95-105, jan./mar. 2010, p.96. Palavras-chave: Terceira idade. Atividade Física. Qualidade de Vida. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 116 BULLYING NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: VERDADE OU DESAFIO? Laíne Rocha Moreira, Joana Rosa Feitosa Gomes, Marcio Cardoso Santana Universidade do Estado do Pará, Campus IX - Altamira, Pará, Brasil [email protected] Introdução: A palavra bullying ainda é desconhecida por uma grande parcela da população. Usase essa terminologia sem tradução específica, para denominar a agressão de meninos e meninas no ambiente escolar. Sendo um fenômeno mundial tão antigo quanto à própria escola (FANTE, 2005). O bullying escolar foi descrito por Dan Olweus (apud CUNHA; WEBER, 2007) por atitudes repetitivas, agressivas e físicas que vitimam uma pessoa, por agressão verbal, marcada por um jogo de força e poder na forma física ou psicológica. Segundo Perfeito (2011) com toda certeza o bullying se apresenta de forma mais explícita nas aulas de Educação Física (EF). Desta forma, percebe-se que o preconceito e a discriminação que propagam o bullying são os maiores problemas na escola, principalmente nas aulas de EF, onde grande parte das questões é abordada de forma mais exposta e clara, sobretudo no que diz respeito às questões relacionadas ao corpo. Outro fator é que, devido o preconceito ser fruto de padrões estabelecidos pela sociedade, o corpo reflete a principal forma de manifestação deste, sendo que é especialmente na escola, que muitos destes pensamentos são manifestados em forma de críticas, exclusões e humilhações. Entende-se preconceito como sendo o conceito ou opinião formada antecipadamente, sem maior ponderação ou conhecimento dos fatos; ideia preconcebida, etc. (FERREIRA, 2010, p. 1695). No entanto, a discriminação racial significa qualquer distinção, exclusão, restrição ou preferência baseada na raça, cor, ascendência, origem étnica ou nacional com a finalidade ou efeito de impedir ou dificultar o reconhecimento e/ou exercício em base de igualdade aos direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos políticos, econômico, social, cultural ou qualquer outra área da vida pública (BRASIL, 1969). Deste modo, a pretensão desta pesquisa foi chamar atenção dos educadores frente à atitude de preconceito e discriminação por parte dos alunos, pois essas manifestações que geram o bullying provocam diversas consequências para quem o sofre. As vítimas de tal violência tendem ser muito tímidas, tanto por sua aparência física (raça, peso, altura), quanto pelo comportamento no que tange a expressão religiosa, timidez, entre outras formas. O estudo teve como objetivo analisar como ocorre o bullying gerado pelo preconceito e a discriminação nas aulas de EF em uma escola pública de Altamira/PA. Todavia, o estudo buscou refletir acerca do papel do professor e dos alunos no que se refere às questões de discriminação e preconceito que geram o bullying nas aulas de EF, contribuindo, desta forma para o estabelecimento de uma sociedade mais humana, harmoniosa e que respeite a diversidade do outro em uma sociedade multicultural. Metodologia: Tratou-se de uma pesquisa de procedimento bibliográfico com levantamento em fontes secundárias como artigos, revistas científicas, livros e em bases de periódicos oriundos da internet e de campo, que de acordo com seu objetivo assume característica exploratória e de abordagem qualitativa. O estudo foi realizado em uma Escola Pública de Ensino Fundamental localizada em um bairro periférico de Altamira/PA, que atende aproximadamente 1400 alunos devidamente matriculados. O estudo de campo ocorreu em uma turma do 8º ano do ensino fundamental, precisamente nas aulas de EF. As informações foram coletadas com uma amostragem de 30 alunos, sendo 15 meninas e 15 meninos, com faixa etária de 13 a 18 anos e 01 professor de EF. Nesta pesquisa optou-se em utilizar o método não probabilístico por adesão no que concerne a seleção da amostragem, que segundo Brevidelli: Domenico (2009) na amostragem por adesão consiste na abordagem da população e a amostra formada pelos membros que voluntariamente concordarem em participar do estudo. Porém, da amostragem total, somente 13 destes responderam a entrevista (4 meninas A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 117 e 9 meninos), os demais se reusaram a participação voluntária no estudo. A escolha da turma se deu de forma aleatória, considerando aquela que teve um maior número de alunos matriculados. Só fizeram parte do estudo alunos devidamente matriculados na instituição de ensino, que frequentam as aulas de EF e com faixa etária de 13 a 18 anos e professor de EF que atua na instituição a mais de 1 ano, formado em Licenciatura em EF. Utilizou-se como instrumento de coleta de dados da pesquisa de campo a documentação direta sendo a aplicação de entrevistas. Neste caso, foi aplicada uma entrevista estruturada com 10 questões, sendo 05 fechadas e 05 abertas para os alunos e uma entrevista semiestruturada com 10 questões abertas ao professor de EF. A análise dos dados coletados deu-se de forma qualitativa organizada através de reflexões, interpretações e descrições tecendo um comparativo entre os dados obtidos na pesquisa bibliográfica e de campo, a qual seguiu algumas etapas a saber, segundo a metodologia de Mattos; Jr Rossetto; Blecher (2008), tais como: A) Estabelecimento de categorias; B) Codificação; C) Tabulação das respostas; D) Tratamento dos dados; E) Codificação dos resultados e F) Análise dos resultados. A pesquisa encontra-se aprovada no Comitê de Ética em Pesquisa sob o N. 27137514.6.0000.5168, localizado na Rua Plácido de Castro, N. 1399, Bairro Aparecida, CEP: 68.040/090 – Santarém/PA, Fone (93) 3522-0115, com o parecer 637.999/2014. Resultados e Discussões: A análise de dados deu-se de forma qualitativa levando em consideração algumas categorias, sendo elas: o preconceito e a discriminação que geram o Bullying nas aulas de EF; Prática do bullying nas aulas de EF; Ações desenvolvidas pela escola perante a prática o preconceito e a discriminação que propagam o bullying entre os alunos e Ação do professor de EF em relação ao fenômeno. Neste contexto, levando em consideração o convívio dos alunos na escola contatou-se através da pesquisa realizada com os alunos do 8º ano que a maioria sofrem bulllying durante as aulas de EF. Contudo, uma pequena parte, apenas relatou que isto prejudica no processo de participação das aulas e a maioria admitiu que não atrapalha as aulas, conforme expresso pelo aluno A, que ressaltou “É bom, comigo não acontece nada demais. As aulas são bem dinâmicas” (PESQUISA DE CAMPO, 2014). Ficou evidenciado que a discriminação e preconceito dos grupos minoritários são herdados de forma histórico-social, porém, quando são abordados no âmbito escolar com os alunos tidos como negros, gordos, índios e outros tornam-se igualmente ofensivos, portanto, são formas de bullying inseridos no interior das escolas, sobretudo, nas aulas de EF. Outra constatação foi que os próprios colegas acometem a prática do bullying com os alunos, tendo eles consciências do ato, entretanto, percebe-se que fazem como uma extensão do lúdico, ou seja, o ato é encarado como uma brincadeira. Neste sentido, tanto para Fante (2005), como para Oliveira; Votre, (2006) o professor de EF precisa ficar atento a alunos agressivos ou violentos, zombadores e maldosos, por que em alguns casos o que poderia interpretar como brincadeiras próprias da idade pode ser fonte de grande constrangimento e sofrimento a colegas mais tímidos, calados ou mais fracos, normalmente mais novos, com prejuízo sócio-educacional e emocional. Os Parâmetros Curriculares Nacionais de EF, citado em Brasil (1998, p. 24), também propõe que objetivo da disciplina de EF respeitar o universo cultural dos alunos. No que tange as ações que a escola desenvolve no combate aos atos de preconceito e discriminação que geram o bullying ficou evidenciado que ela age, segundo os alunos, da seguinte forma: a direção convoca os pais, discutem e repassa o ocorrido, às vezes, também dá suspensão aos envolvidos, dependendo da gravidade dos atos. Conforme relatado pela aluna D “Nos casos que eu já vi, a direção chama os pais do aluno e conversa sobre o ocorrido” (PESQUISA DE CAMPO, 2014). A análise acima demonstra que a escola pesquisada está no rol daquelas que o bullying esta presente, mas cabe a cada membro da escola está atento nas manifestações do bullying, seja ela apresentada por meio do preconceito ou da discriminação, que em sua maioria, culminam em violência na escola. Desta forma, percebeuA Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 118 se que o bullying é uma manifestação presente no âmbito escolar, sobretudo, nas aulas de EF. Ressalta-se a importância da conscientização e do combate ao bullying tanto pela escola, como pelo professor, pois o fato de agirem na essência do bullying concorre para amenizar o ato no interior da escola, consequentemente, os discentes tendem a melhorar a sua relação com os demais alunos. Conclusão: No bojo deste estudo abordou-se o bullying nas aulas de EF, bem como, refletiu sobre o preconceito e a discriminação que são as principais formas de manifestações desse fenômeno. Desta forma, percebeu-se que o bullying acontece com frequência e tem grandes consequências para aqueles que sofrem as diferentes violências. Também ficou evidenciado que se os professores de EF não diagnosticarem e não intervirem de forma direta, o bullying aumenta de proporção e extrapola o muro da escola e até mesmo atinge psicologicamente muitos meninos e meninas, além de inúmeras vezes culminar em violência. Percebeu-se ainda que as discriminações e os preconceitos estão presente na escola entre os alunos na aula de EF e tais situações recai na prática do bullying. Referências: BRASIL. Parâmetros Curriculares Nacionais: Educação Física. Secretaria de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998. BRASIL. Ministério da Justiça/ Ministério das Relações Exteriores. Decimo Relatório periódico Relatório à Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial/ Decreto 65.810. Brasília, 1969. BREVIDELLI, M.M. DE DOMÊNICO, E.B.L.TCC-Trabalho de Conclusão de Curso: Guia Prático para docentes e alunos da área da saúde. 3. ed. São Paulo: Látria, 2009. FANTE, Cléo. Fenômeno Bullying: como prevenir a violência nas escolas e educar para a paz. São Paulo: Verus, 2005. FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Aurélio da língua portuguesa / Aurélio Buarque de Holanda Ferreira; coordenadora Marina Baird Ferreira, Margarida dos Anjos. - 5. Ed. - Curitiba: Positivo, 2010. OLIVEIRA, Flavia Fernandes de. VOTRE, Sebastião Josué. Bullying nas aulas de educação física. In: Revista Movimento. Porto Alegre, v. 12, n. 02 p. 173-197, maio/agosto de 2006. PERFEITO, Rodrigo Silva. Educação Física e o Bullying – Desutilização da Inteligência. Rio de Janeiro: CBJE, 2011. Palavras-chave: Educação Física. Bullying. Discriminação. Preconceito. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 119 EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR PARA AUTISTAS Fihama Aline Lima Alho Ritter, Euquilene Pedro de Sousa, Andreza Johnsons Conceição Rocha, José Robertto Zaffalon Junior Universidade do Estado do Pará, Campus IX – Altamira-PA, [email protected] Introdução: Segundo Copetti (2012) o autismo é uma desordem na qual uma criança não pode desenvolver relações sociais normais, se comporta de modo compulsivo e ritualista e geralmente não desenvolve inteligência normal. Atualmente a palavra autismo pode ser associada a diversas síndromes, os sintomas variam e por isso o autismo atualmente é considerado um transtorno. Tendo em vista que a sociedade vem passando por um momento de mudança social, cultural e educacional, pode-se perceber que o papel da escola vem a cada dia ganhando mais destaque na sociedade. Além da promoção de conhecimentos básicos das matérias curriculares, precisa-se abordar saberes para os alunos e seus familiares. O professor de educação Física é um profissional importante dentro de uma instituição, pois este em suas aulas precisa ser um agente criativo e transformador, para lidar com diferentes situações no seu dia a dia, principalmente em relação a crianças especiais que precisam e exigem mais atenção e dedicação do profissional, como é o caso das crianças autistas que requerem do professor de educação física pratica que envolvam de forma articulada os aspectos culturais e biológicos. Contudo a Educação Física escolar para crianças autistas ainda enfrenta grandes barreiras, pois para obter uma qualidade de ensino, principalmente no município de Altamira, onde precisa ter mais debates sobre o tema autismo na Educação Física escolar. Metodologia: Foi realizada uma pesquisa de campo, baseando-se em Gil (2002) por meio de entrevistas com professores de Educação Física escolar para identificar suas compreensões acerca de suas explicações e interpretações do que ocorre no grupo. A pesquisa tem objetivo exploratório, onde segundo Gil (2002) tem como objetivo proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses. A pesquisa teve uma abordagem qualitativa, onde foi realizada com professoras de Educação Física escolar do ensino fundamental nas escolas E.M.E. F Antônio Inácio de Lucena e E.M.E. F Prof.ª Maria de Farias Ferreira do município de Altamira, Pará. Como instrumento de coleta de dados foi utilizado à aplicação da entrevista semiestruturada, composta por 08 perguntas com as professoras com vista no levantamento das dificuldades de trabalhar com crianças autistas. A pesquisa foi realizada com duas professoras no período de dois meses, no ambiente onde acontece a Educação Física escolar, desenvolvida a partir de entrevistas previamente marcadas, no ambiente e horário compatível com os das aulas de educação física das professoras, foi utilizado um gravador e após a pesquisa foi feito a transcrição das respostas. Resultados e discussão: Os resultados da pesquisa mostraram que os professores utilizam os mesmos conteúdos das aulas de crianças comuns para os alunos com necessidade especial autismo, mas com certo cuidado para poder integrar o aluno autista nas atividades adaptando ao seu tempo e seu espaço, conforme a aula do dia a dia e aplicando metodologia mais especifica conforme necessidades dos alunos. Pôde-se perceber que é muito difícil e desgastante trabalhar com crianças portadoras de autismo durante a Educação Física escolar em escolas de ensino regular, devido à maioria das vezes eles não conseguirem corresponder às atividades propostas e não ter materiais específicos para trabalhar com estas crianças notou-se também que as professoras durante a graduação não tiveram contato com crianças portadoras de autismo, e que as instituições de ensino onde as mesmas trabalham não oferecem recursos materiais para se trabalhar com crianças autistas nas aulas de Educação Física escolar. Conclusão: A presente pesquisa aponta que a Educação Física escolar para autistas no espaço em que realizou-se os A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 120 estudos necessita de renovação em suas práticas. Há muitas dificuldades segundo as professoras entrevistadas para ministrar as aulas para as crianças autistas. Contudo nota-se que a instituição precisa elaborar juntamente com seus professores, através de políticas educacionais que busquem projetos de incentivo e apoio a escola para que esta possa estar cuidando do seu aluno autista incentivando-o a se integrar cada vez mais à sociedade. O professor deve ter habilidades de integrar seus alunos, onde as aulas precisam ser divertidas, motivadoras e que contemplem a necessidade da criança autista, mas para que estes objetivos sejam contemplados, é necessário que a instituição, o professor e os pais das crianças autistas compreendam que deve haver uma parceria entre os mesmos para que se possa desenvolver um trabalho de qualidade e apoio, fazendo com que deixe de ser um problema na educação e que possa ter uma perspectiva de ensino. Referências: ALVES, Márcia de Mesquita Cardoso; LISBOA, Denia de Oliveira; LISBOA, Denise de Oliveira. Autismo e inclusão escolar, 2010. Disponível em: <http://www.educonufs.com.br/ivcoloquio/cdcoloquio/eixo_11/e1125a.pdf> Acesso em: 05 -09-2013. BRASIL. Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva. Disponível em :<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/politica.pdf > Acesso em:30 de Out. 2013. _______. Diretrizes nacionais para a Educação Especial na Educação Básica/ Secretaria de Educação Especial. MEC, SEESP, 2001. Disponível em:< http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/diretrizes.pdf> Acesso em: 30-10-.2013. FAGGIANI, Robson. Histórico do Autismo. 2010. Disponível em: www.psicologiaeciencia.com.br> Acesso em: 20-11-2013. Inclusão: Revista da Educação Especial. Secretaria de Educação Especial. V.1, n.1. Brasília, 2005.Disponível em:<http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/revinclusao5.pdf> Acesso em 30-10-2013. PAULON, Simone Mainieri, FREITAS, Lia Beatriz de Lucca, PINHO, Gerson Smiech. Documento subsidiário à política de inclusão. Brasília: Ministério da Educação, Secretaria de Educação Especial, 2005. Disponível em:< <http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/docsubsidiariopoliticadeinclusao.pdf > Acesso em: 30-10- 2013. SANTOS, Ana Maria Tarcitano dos. Autismo: Desafio na alfabetização e no convívio escolar, 2008. Disponível em: <http://www.crda.com.br/tccdoc/22.pdf: Acesso em: 05-09-2013. SANTO, Antónia Maria Espírito; COELHO, Maria Madalena. Necessidades educativas especiais de carácter permanente/prolongado no contexto da escola inclusiva, 2006. Disponívelem:<http://cenfocal.drealentejo.pt/trabalhosformandos/ac%E7%E3o7/Trabalho_F inal_-AutismoAnt%F3nia_Madalena.pdf> Acesso em 05-09-2013 Palavras-chave: Educação Física escolar, Inclusão, autismo. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 121 EXPERIMENTOS TEMÁTICOS NO CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIENCIAS NATURAIS DA UEPA Marcos Antônio Barros dos Santos. Universidade do Estado do Pará, Campus IX, Altamira, Pará, Brasil - [email protected] Introdução. Segundo o Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais (2009), a formação geral do curso está estruturada em uma abordagem temática de relevância para a formação do cidadão. As disciplinas estão estruturadas em eixos temáticos para dinamizar a execução e integração do currículo. As habilidades que o licenciado em ciências naturais deve obter durante sua formação são, entre outras: (i) buscar informações em fontes atuais e confiáveis e colocá-las a disposição dos alunos de forma acessível, (ii) reconhecer a importância da experimentação via simulação e/ou modelação para a formação de conceitos e obtenção da aprendizagem significativa; (iii) desenvolver experimentos de química usando material adequado aos assuntos que serão tratados em laboratório; (iv) propor experimentos simples, de química, com material alternativo. Na experimentação tradicional, a atividade experimental, na maioria das vezes é utilizada para ilustrar teorias, já os experimentos temáticos consistem na utilização de tema gerador como instrumento para construção do conhecimento. Segundo Quadros (2004), a água é um bom exemplo de tema gerador devido a possibilidade de introduzir outros assuntos ou problemas que exigem novos conceitos, alguns deles interdisciplinares, como é o caso da poluição dos lençóis freáticos e climatologia. Giordan (1999) relata a importância da experimentação no ensino de ciências e considera as atividades experimentais uma importante ferramenta para auxiliar a consolidação do conhecimento, além de ajudar no desenvolvimento cognitivo do aluno. O objetivo principal deste trabalho consiste em utilizar experimentos temáticos contextualizados na disciplina Temas de Química II, evitando experimentos demonstrativos. Metodologia: O presente estudo foi realizado com 30 alunos de graduação do curso de Licenciatura em Ciências Naturais da Universidade do Estado do Pará, Campus Universitário de Altamira. No primeiro momento, dividiram-se os discentes em seis grupos e orientou-se a pesquisarem as atividades experimentais, considerando os materiais e equipamentos disponíveis no Laboratório de Biologia/Química. No segundo momento, etapa de pré-laboratório, os alunos analisaram a viabilidade técnica do experimento. Finalmente, após a seleção das atividades e elaboração dos objetivos, executaram-se os experimentos. Os experimentos temáticos foram selecionados do periódico nacional (Qualis B2) Química nova na escola, extraídos da seção experimentação no ensino de química. Os seguintes artigos foram escolhidos na pesquisa: (1) Chuva ácida: um experimento para introduzir os conceito de equilíbrio químico e acidez no ensino médio (MAIA, et al, 2005); (2) Algumas reações do enxofre de importância ambiental (CARDOSO e FRANCO, 2002); (3) Padronização de soluções ácida e básica no empregando materiais do cotidiano (SUAREZ, FERREIRA, FATIBELO-FILHO, 2007); (4) Extraindo óleos essenciais de plantas (GUIMARAES, et al, 2000), (5) Produtos Naturais no Ensino de Química: experimentação para o isolamento dos pigmentos do extrato de páprica (SILVA et al, 2006); (6) Experimentos com alumínio (COSTA et al, 2006). A avaliação da aprendizagem foi feita através da exposição dos experimentos, seminários didáticos para debate e interpretação dos resultados. Resultados e discussões: Os experimentos temáticos utilizados na disciplina DCNA 0952 - Temas de química II mostraram-se eficaz no processo de ensino/aprendizagem e atendem as habilidades propostas pelo Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais. A metodologia proposta incentivou os alunos a pesquisa de experimentos e estudo da viabilidade de execução, pois a falta de materiais e reagentes é uma variável que os futuros A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 122 professores de ciências precisam considerar. No primeiro experimento o tema abordado foi a poluição atmosférica, relacionado à chuva ácida, onde as habilidades obtidas da atividade foi aprender conceitos qualitativos sobre equilíbrio químico e entender a acidez e basicidade. A principal reação do processo são as reações endotérmicas e reações exotérmicas, considerando o princípio de Le’ Chatelier. Os discentes precisaram adaptar a forma de aquecimento devido à ausência de gás combustível para alimentar o bico de Bunsen. A atividade foi realizada com uma vela e avaliou-se neste momento, o diálogo, tomada de decisão e procedimentos atitudinais dos integrantes do grupo. O segundo experimento temático abordava a química ambiental e a chuva ácida. As habilidades desta atividade foram compreender os fenômenos que ocorrem na atmosfera e identificação de compostos gasosos presentes na atmosfera. Análise química qualitativa através das reações de precipitação foi a técnica laboratorial envolvida no processo. Neste momento, os graduandos perceberam a necessidade de uma base sólida e abrangente em química, pois houve grande dificuldade em relacionar a precipitação do sulfato de bário (BaSO4) à poluição atmosférica. O tema do terceiro experimento foi a análise do controle de qualidade nos alimentos tendo como habilidades o entendimento das principais técnicas laboratoriais aplicadas em química analítica quantitativa. Neste experimento, os alunos conseguiram relacionar adequadamente o tema aos cálculos estequiométricos, apesar da deficiência no tratamento estatístico de dados. A extração de compostos orgânicos a partir de produtos naturais foram os temas dos experimentos quatro e cinco. Estes experimentos estão relacionados diretamente com temas de química orgânica, onde foi constatado grande aceitação das atividades pelos alunos. A discussão dos resultados aliada às técnicas de extração permitiu um excelente diálogo entre todos os grupos. Finalmente, no experimento seis, a utilização de atividades laboratoriais utilizando materiais do cotidiano dos estudantes, proporcionou maior esclarecimento dos aspectos macroscópicos e microscópicos através da visualização da corrosão do alumínio. A reatividade química dos materiais foi abordada e o conteúdo cinética química foi facilmente percebido pelo tema proposto. Conclusões: Os experimentos temáticos proporcionaram os alunos uma aprendizagem significativa, pois a participação ativa na elaboração das atividades, favoreceu a capacidade de tomada de decisões, possibilitando uma maior consciência crítica e fundamentada por parte dos alunos. Referências: CARDOSO, Arnaldo A.; FRANCO, Alexandre. Algumas reações do enxofre de importância ambiental. Química nova na escola. Nº 15, p.39-41, 2002. COSTA, Thiago S. et al. Experimentos com alumínio. Química nova na escola. nº 23, p.38-40, 2006. GIORDAN, Marcelo. O papel da experimentação no ensino de ciências. Química nova na escola. n° 10, 1999. GUIMARAES, Pedro I. C. et al. Extraindo óleos essenciais de plantas. Química nova na escola. nº 11, p.45-46, 2000. MAIA, Daltamir J. et al, . Chuva ácida: um experimento para introduzir os conceito de equilíbrio químico e acidez no ensino médio. Química nova na escola. nº 21, p.44-46, 2005. QUADROS, Ana Luiza de. A água como tema gerador do conhecimento químico. Química nova na Escola. n.20, 2004. SILVA, Letícia B. et al. Produtos Naturais no Ensino de Química: experimentação para o isolamento dos pigmentos do extrato de páprica. Química nova na escola. nº 23, p.52-53, 2006. SUAREZ, Willian T.; FERREIRA, Luíz H.; FATIBELO-FILHO, Orlando. Padronização de soluções ácida e básica no empregando materiais do cotidiano. Química nova na escola. nº 25, p.36-38, 2007. UEPA. Projeto Político Pedagógico do Curso de Licenciatura Plena em Ciências Naturais. Coordenação do Curso de Ciências Naturais. Centro de Ciências Sociais e Educação. Universidade do Estado do Pará, Belém-PA, 2009. Palavras Chave: Experimentos temáticos, Temas de Química, Formação de professores. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 123 UEPA EM AÇÃO: PROPOSTAS DE ATIVIDADES ESPORTIVAS, RECREATIVAS E DE LAZER NA ALDEIA JURUNA EM VITÓRIA DO XINGU/PA Laíne Rocha Moreira, Andrea Maria Araújo, Bruna da Silva Marim, Caisa Costa Garcia, Edlane Barradas Martins, Marinalva Rafael Barbosa Universidade do Estado do Pará, Campus IX - Altamira, Pará, Brasil [email protected] Introdução: O estudo é fruto das atividades desenvolvidas no Projeto Uepa em Ação por meio do Programa Campus Avançado, da Pró Reitoria de Extensão (PROEX) da Universidade do Estado do Pará, o qual teve como objetivo proporcionar atividades esportivas, recreativas e de lazer para os educandos da Escola Municipal de Ensino Infantil e Fundamental Francisca de Oliveira Lemos Juruna e a comunidade da Aldeia Juruna, no município de Vitória do Xingu/PA, contribuir para conscientização ambiental e o respeito à diversidade cultural. Pleiteou-se através do projeto a celebração de novas parcerias, a fim de somar compromissos e esforços conjuntos, de forma a fazer com que o conhecimento adquirido na Universidade do Estado do Pará, campus IX Altamira avance os muros da instituição e contribuir para o desenvolvimento da sociedade, no sentido de oportunizar a melhoria da qualidade de vida da população indígena da Aldeia Juruna do Km 17. Entretanto, considerou-se relevante a aplicação do referido projeto, principalmente para o campo da Educação Física, pois como afirma Daolio (2007) que a tentativa atual de vários estudiosos do campo da Educação Física parece ser a de compreender as manifestações corporais humanas considerando a perspectiva cultural. Assim, o mesmo colaborou para disseminar a prática esportiva, recreativa e de lazer, valorizando a capacidade de socialização e intercâmbio com outras culturas, além de favorecer o crescimento do homem em sua totalidade. Metodologia: A metodologia utilizada para o desenvolvimento do trabalho ocorreu de forma contínua, dialógica, diversificada, participativa e interdisciplinar, evidenciando o interesse de cada participante na execução das atividades propostas. O projeto teve carga horária total de 40hs, executado no período de 11 a 14 de Setembro do ano de 2013, sendo respectivamente ofertadas atividades nos períodos: matutinos, vespertinos e noturnos. Os conteúdos aplicados foram: palestras, danças tradicionais, dinâmicas de grupos, jogos esportivos, jogos populares, atividades recreativas e de lazer. Resultados: Por meio da aplicabilidade do referido projeto, das avaliações contínuas no decorrer e o final do seu desenvolvimento teve-se a oportunidade evidenciar, individual e coletivamente, a satisfação dos participantes e dos membros da Comunidade da Aldeia Juruna, que se mostraram motivados e tiveram grande receptividade em todas as tarefas propostas, assim como relataram enorme interesse em vivenciá-las, através da percepção de que todas as empreitadas destinadas a eles eram inovadoras e não típicas do seu cotidiano. Imbuídos nesta perspectiva, pode-se notar impressões positivas pela execução do projeto na comunidade, tanto no que concernem as atividades esportivas, recreativas e de lazer, como nas atividades voltadas para a preservação do meio ambiente, o que proporcionou muitas trocas de experiências e intercambio entre a cultura da comunidade acadêmica e a indígena. Percebeu-se que sua aplicação também contribuiu no processo de ensino aprendizagem dos educandos e significativamente na socialização e intercâmbio entre os envolvidos. Tudo foi possível devido principalmente ao emprego de atividades não típicas da rotina escolar, o que proporcionou uma avaliação positiva e uma grande aceitabilidade dos participantes do projeto. Ao final, os partícipes solicitaram que projetos como o UEPA EM AÇÃO pudessem ser desenvolvidos mais vezes na comunidade nos lócus de aplicação do projeto. Face aos benefícios proporcionados pelo trabalho na comunidade, pode-se ainda ressaltar a cooperação deste para o fortalecimento da identidade cultural indígena, ao passo em que colaborou para a sensibilização da população A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014 124 local quanto à preservação do meio ambiente, assim como a proposição de incentivos à prática de atividades esportivas, recreativas e de lazer como instrumento de pedagógico, social e cultural. Nesta perspectiva, é válido destacar os estudos de Moreira e Candau (2007) os quais consideram de grande relevância o desenvolvimento de um trabalho no campo educacional que procure promover ocasiões que favoreçam a tomada de consciência, de construção da identidade cultural de cada indivíduo, docentes e gestores, desde que esteja relacionada aos processos socioculturais da vivência em sociedade. Isso justifica a importância do desenvolvimento do Programa Campus Avançado para a comunidade, pois seus objetivos contribuem para que possa-se aproveitar os conhecimentos produzidos na universidade no sentido de contribuir para o fortalecer as raízes culturais da sociedade. Conclusão: No que concerne aos subsídios do projeto como atividade acadêmica e sua relação com a pesquisa e o ensino, notou-se que este foi de grande valia para todos os participantes vinculados a Universidade do Estado do Pará, pois os acadêmicos tiveram a oportunidade de vivenciar experiências, bem como, adquirir novos conhecimentos que contribuirão para produções no campo científico, além de instigar a produção de recentes pesquisas. Percebeu-se que a comunidade da Aldeia Juruna poderá vir a ser objeto de estudo de outros trabalhos no campo da Educação Física, Esporte e Lazer. Observou-se também que o projeto proporcionou vivências inovadoras de ensino com a cultura indígena, desde a educação infantil até a Educação de Jovens e Adultos. O projeto foi desenvolvido por meio da execução do trabalho sério, com responsabilidade educacional que resultou no entendimento a respeito da necessidade de criar mecanismos em que as diferenças culturais sejam respeitadas e a prática de atividades esportivas, recreativas e de lazer sejam ofertadas de forma coletiva, a fim de possibilitar momentos de encontros entre diversas culturas em um mesmo território. Foi possível notar que através das parcerias estabelecidas entre a Universidade do Estado do Pará, instituições e a comunidade contribuíram de maneira efetiva para o intercâmbio cultural. Os participantes puderam expressar seus sentimentos quanto ao trabalho desenvolvido, ao deixarem prevalecer nitidamente a satisfação em participar do projeto, assim como expressaram gratidão por terem sua comunidade escolhida para receber atividades tão benéficas. Referências: DAOLIO, Jocimar. Educação Física e o conceito de cultura: polêmicas do nosso tempo. Campinas, SP: Autores Associados, 2007. MOREIRA, Antonio Flávio Barbosa. CANDAU, Vera Maria. Currículo, conhecimento e cultura. In: Indagações sobre o currículo do ensino fundamental. Salto para o futuro. Ministério da Educação. Secretaria de Educação à Distância. SEED-MEC: Setembro, 2007. Palavras-chave: Prática Esportiva. Lazer. Cultura. Preservação Ambiental. A Universidade e as Políticas Públicas: a participação cidadã no contexto Amazônico 10 a 14 de novembro de 2014