A INTERA ÿO BýRION-BýRION NA APROXIMA ÿO DE ESTADO
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A INTERA ÿO BýRION-BýRION NA APROXIMA ÿO DE ESTADO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL INSTITUTO DE FÍSICA A INTERAÇÃO BÁRIONBÁRION NA APROXIMAÇÃO DE ESTADO LIGADO AO MODELO DE SKYRME Gilberto Lima Thomas Porto Alegre, Janeiro de 2000 SUMÁRIO 1. Introdução : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 4 2. O Modelo : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 12 2.1 Modelo de Skyrme . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 2.2 Extensões a SU(3) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 2.3 Aproximação de estado ligado . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 2.4 Alguns resultados numéricos . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 3. Dibárions : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 33 3.1 Estados ligados . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3.2 Conguração axialmente simétrica . . . . . . . . . . . . . . . 36 3.3 Autofunções dos dibárions . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 3.4 Resultados e discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 3.5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 4. Interação N : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 55 4.1 Interação bárionbárion 4.2 Lagrangeano de interação híperonnúcleon na aproximação produto . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 56 58 Sumário 4.3 3 Potencial N na aproximação adiabática . . . . . . . . . . . . 63 4.3.1 Contribuições diretas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65 4.3.2 Contribuições de troca . . . . . . . . . . . . . . . . . . 66 4.4 Resultados e discussão . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 69 4.5 Conclusões . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 76 5. Comentários Finais : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 78 Apêndices A. O setor SU(2) : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 84 B. V ef em AEL para B = 1 : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 88 C. Funções de onda dos híperons : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 94 D. Regras de quantização e isospin dos dibárions : : : : : : : : 97 E. Elementos de matriz coletivos : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 102 F. Formas explícitas para Lk4 : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 105 Referências Bibliográcas : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : : 107 Capítulo 1 INTRODUÇÃO Em 1961, T. H. R. Skyrme inicia a publicação de um conjunto de trabalhos em que descreve os bárions a partir de uma densidade lagrangeana quiral nãolinear, à qual concorrem somente campos mesônicos [1, 2, 3]. A hipótese fundamental do modelo é a de que os bárions emergem como sólitons topológicos estáveis, o que é corroborado pela identicação da carga topológica conservada do modelo com o número bariônico. A idéia de férmions gerados a partir de bósons não é, porém, levada muito a sério na época e o modelo é esquecido por mais de duas décadas. Poucos anos depois surge o modelo de quarks, proposto independentemen- te por GellMann [4] e Zweig [5], em que os bárions são compostos por três quarks (férmions) e os mésons por um par quarkantiquark. Experimentos em espalhamento profundamente inelástico mostram que, de fato, a estrutura dos bárions compreende subestruturas de cargas localizadas. Nos anos 70 surge a Cromodinâmica Quântica CDQ, uma teoria de cali- bre nãoabeliana no grupo SU(3) de cor, hoje aceita como a teoria fundamen- tal para as interações fortes. Em CDQ os hádrons são estruturas complexas compostas por quarks (férmions constituintes dos campos de matéria) que interagem intermediados por glúons (bósons de calibre) (vide, p. ex., [6]). Capítulo 1. Introdução 5 Processos de espalhamento na região de grande momentum transferido são calculados com muito sucesso em distâncias, a teoria apresentar CDQ. Isto se deve ao fato de, a curtas liberdade assintótica, ou seja, nesta região as constantes de acoplamento quarkglúon são pequenas. Deste modo, o tratamento com técnicas perturbativas desenvolvidas para a Eletrodinâmica Quântica (EDQ) pode ser usado no regime de pequenas distâncias (vide, p. ex., [7]). Entretanto, na região de grandes distâncias (pequeno momentum transferido), que é, em geral, a região de interesse para a física nuclear e onde ocorrem fenômenos como connamento e quebra da simetria quiral, as téc- nicas perturbativas tradicionais não podem ser usadas pois as constantes de acoplamento são grandes e não é adequado tratá-las como parâmetros de expansão. Defrontamonos, então, com uma situação um tanto insólita: temos à disposição uma densidade lagrangeana que, em princípio, contém toda a dinâmica do sistema, mas não somos capazes de extrair da mesma as informações físicas de interesse, como propriedades e interações hadrônicas, por exemplo, para comparação com a grande quantidade de dados experimentais acumulados. Várias abordagens à CDQ têm sido desenvolvidas na tentativa de resolver suas equações de movimento. Destas, uma, a teoria de calibre na rede, de fato consegue tal objetivo (vide, p. ex., [8]), tendo, porém, seus próprios problemas. Além da exigência de supercomputadores com gigaops de velocidade de processamento para a execução de cálculos razoáveis em tempos aceitáveis, ocorrem, por exemplo, problemas com a inclusão de férmions numa rede discreta, de modo que aproximações, mesmo aqui, são necessárias. Uma alternativa em física hadrônica é, então, propor aproximações de modelo, com densidades lagrangeanas mais simples mas que contemplem as Capítulo 1. Introdução características básicas da 6 CDQ e que sejam matematicamente acessíveis para descrever as propriedades dos hádrons a baixas energias. Nc , do valor físico (Nc = 3) para um valor arbitrário grande, i.e., SU (3) ! SU (Nc ). Desta forma o inverso, 1=Nc , pode ser usado como parâmetro de expansão, inclusive no caso de interesse físico, Nc = 3. A idéia é que a teoria pode se tornar mais simples no limite Nc ! 1, uma vez que nesta situação ape't Hooft [9, 10] propõe generalizar a CDQ no número de cores, nas uma classe especial de diagramas de Feynmann, os diagramas planares, sobrevive. Seguindo esta linha, Witten, levando em consideração as propriedades de simetria quiral, unitariedade e connamento, mostra [11] que, em tal limite, a CDQ é equivalente a uma teoria efetiva de mésons fracamente interagentes, 1 da qual os bárions emergem como soluções solitônicas das equações de Euler B ). Lagrange estáticas que conservam o número bariônico ( Esta é, contudo, a idéia apresentada por Skyrme, antes da introdução dos quarks e glúons e do surgimento da CDQ. A revisitação ao modelo de Skyrme, tendo em vista sua conexão com a CDQ, ocorreu no início dos anos 80. Adkins, Nappi e Witten aplicaram o mo- delo original de Skyrme ao cálculo de observáveis do núcleon e da delta [12]. O relativo sucesso de suas predições fez renascer, com alguma intensidade, o interesse no modelo, seus principais resultados podendo ser encontrados, por exemplo, em [13, 14]. Respeitando as propriedades de simetria da CDQ, como a simetria quiral e sua quebra espontânea, o modelo foi ampliado ao longo do tempo, com o objetivo de melhor descrever os resultados experimentais. É o que ocorre, por exemplo, com a inclusão na densidade lagrangeana da contribuição dos 1 Soluções ondulatórias de equações diferenciais nãolineares que se propagam sem dis- persar energia e preservando a forma mesmo após colisões. Capítulo 1. Introdução mésons vetoriais leves 7 (770) e ! (783), que permitem a descrição dos acopla- mentos mesônicos vetoriais e trazem à tona a fenomenologia da mesônica vetorial dominância (vide, p. ex., [15, 16]). Após a aplicação na determinação das propriedades individuais dos hádrons nãoestranhos, o modelo original em descrever a interação NN . SU(2) de sabor foi utilizado para Embora recorrendo a algumas hipóteses sim- plicadoras, o modelo contabilizou alguns importantes sucessos como os da descrição da interação de troca de um píon a longas distâncias [3], da repulsão de curto alcance [17] e da interação spinórbita dependente de isospin [18]. A atração central de médio alcance da interação NN , entretanto, não é repro- duzida em intensidade, falha esta imputada à inexistência de contribuições oriundas das utuações quânticas do campo piônico. Soluções alternativas, como a da inclusão explícita de um campo mesônico escalar na densidade lagrangeana [19, 20], ou a construção de um hamiltoniano especíco para o sistema NN com expansão tanto na constante de acoplamento como no alcance da interação [21], conseguem reproduzir, em boa parte, a atração central intermediária. Esforços feitos [22] para estudar a interação NN no contexto de mecanismos de estabilização alternativos [23] para o skyrmion indicam que estes podem simplicar bastante os cálculos estimativos da força. O modelo em SU(2) de sabor descreve os bárions nãoestranhos. Uma descrição que abarque também os bárions estranhos (híperons) conduz à extensào do modelo ao grupo SU(3), propiciando o estudo do octeto e do de- cupleto bariônicos completos (Fig. 1.1). Embora nas primeiras abordagens, onde as variáveis de isospin e estranheza são tratadas da mesma forma, os multipletos bariônicos estejam corretamente reproduzidos no limite quiral, o cálculo das massas dos híperons mais leves, no regime de quebra de simetria quiral, apresenta resultados insatisfatórios [24, 25, 26]. Capítulo 1. Introdução Y 1 n p I3 JP (b) SU(3) 1 + 0 = 12 + Representações Y 0 0 (a) Fig. 1.1: + 0 0 8 0 JP ++ + 0 I3 = 32 + de sabor do octeto (a) e decupleto (b) ba- riônicos. Os bárions estão caracterizados pelos números quânticos I3 (projeção do isospin) e Y (hipercarga). Atualmente são duas as aproximações de modelo que melhor reproduzem as propriedades dos bárions estranhos. Uma delas é o coletivas MCC [27], todo o SU(3) modelo de coordenadas em que se admite que a simetria de sabor é exata para (limite quiral), em que os graus de liberdade de spin, isospin e estranheza são tratados como coordenadas coletivas e em que o hamiltoniano resultante é exatamente diagonalizado. A outra é a ligado AEL (bound state approach) [28], aproximação de estado que trata os graus de liberdade de estranheza como vibracionais [29, 30]. O progresso obtido na extensão deste modelo pode ser acompanhado em [31, 32, 33]. A análise da qualidade dos modelos impõe que se investigue, ainda, as características da interação básica entre bárions. Resultados relativos ao Capítulo 1. Introdução MCC 9 podem ser encontrados em [34, 35, 36]. O presente trabalho versa sobre a aproximação de estado ligado AEL e sua aplicação ao estudo da interação de sistemas bariônicos estranhos caracterizados pelo número bariônico B = 2. São estudados, como casos típicos da interação bárionbárion, sistemas ligados de duas partículas e a formulação do potencial híperonnúcleon correspondente. No Cap. 2 são apresentados um resumo sobre o modelo de Skyrme original em SU(2) e uma revisão sobre a AEL. Os Caps. 3 e 4 compreendem nossas contribuições ao assunto. Especicamente a aplicação da AEL a sistemas ligados, os dibárions, é objeto do Cap. 3, sendo o espectro dos mesmos [37] obtido com a hipótese de interação axialmente simétrica [38], que reproduz a conguração toroidal de mais baixa energia do sóliton com B = 2, conforme numericamente determinado na Ref. [39]. Em particular, é realizada uma predição sobre a existência da partícula H. No Cap. 4, a densidade lagrangeana da interação bárionbárion na aproximação AEL é formulada especicamente para o sistema híperonnúcleon [40], com vistas à determinação do potencial correspondente. Com o auxílio da ção conguração produto NN que, utilizada em SU(2) para o estudo da intera- [17, 41, 42], se revela adequada para descrever a interação entre as partículas a médias e grandes distâncias, obtémse as componentes central, spinspin e tensorial do potencial, dependentes ou não de isospin. Como aplicação, são apresentadas predições númericas para a interação N . A utilização de congurações distintas para cada aplicação da AEL ser entendida com o auxílio da Fig. 1.2, extraída da Ref. [43]. pode A gura mostra uma seqüência de quatro tomadas resultantes de cálculo de um evento de espalhamento sólitonsóliton (caso NN ). Capítulo 1. Introdução 10 Fig. 1.2: Espalhamento sólitonsóliton Na tomada superior esquerda dois sólitons de Skyrme separados, e portanto esfericamente simétricos, se aproximam; nas duas tomadas seguintes (inferior esquerda e superior direita) os sólitons estão em interação criando um disóliton com simetria toroidal. Na última tomada os dois sólitons separamse e espalhamse a ragentes estão afastados, a 90o . Vemos então que, quando os sólitons inte- conguração produto (dada pelo produto de duas congurações esfericamente simétricas, cada uma para da para representar o sistema com B = 2. B = 1), pode ser usa- Entretanto, quando a distância entre os dois sólitons diminui, eles tendem a se fundir em um único sistema B = 2) com simetria toroidal, de modo que a conguração axialmente simé- ( trica é mais adequada na situação de estado ligado e, em geral, a pequenas distâncias. Capítulo 1. Introdução 11 A conclusão deste trabalho ocorre com a apresentação, no Cap. 5, dos resultados obtidos nos Caps. 3 e 4, que são discutidos e comparados a outros da literatura. Também aí apresentamos as conclusões gerais decorrentes deste estudo. Fórmulas e de denições que complementam o texto principal são apresentadas nos apêndices. Capítulo 2 O MODELO As características gerais do modelo de Skyrme em SU(2) e sua generalização a SU(3), bem como o detalhamento da chamada aproximação de estado ligado, serão apresentados a seguir. 2.1 Modelo de Skyrme Witten, em sua análise sobre a Cromodinâmica Quântica no limite e a baixas energias [11], mostra que a Nc ! 1 CDQ pode ser modelada por teorias de campos mesônicos nãolineares quirais que apresentem soluções solitônicas estáveis com carga topológica nãonula conservada. O mais simples destes modelos, desenvolvido muito antes da CDQ, é o modelo de Skyrme. O ponto de partida para esta aproximação, comum a várias teorias mesônicas efetivas, é o conhecido modelo nãolinear [44]. Considerando o regime de baixas energias, esperase que os graus de liberdade mais relevantes sejam os relativos aos mésons mais leves, i.e., os píons. Para incorporar estas características, a simetria quiral SU(2)L SU(2)R é realizada pela adoção de uma representação nãolinear para o campo de Capítulo 2. O Modelo 13 # " píons ~ i ~ ~ (r) ; U (~r) = exp f (2.1) f é a constante de decaimento do píon obtida do decaimento ! + , ~ ré o vetor posição do campo piônico e i (r ) são as componentes do campo de onde é o isovetor usual, cujas componentes são os operadores de Pauli, píons. Frente às transformações quirais globais SU (2)L SU (2)R , parametriza- das pelos operadores unitários (matrizes constantes) L e R, U transformase como ! U 0 = LURy : (2.2) Podese ver assim que o vácuo (i = 0 ! U = 1) é invariante apenas no U subgrupo L = R, quebra espontânea o que reete a da simetria quiral. O modelo deve, então, incorporar termos que levem em conta tal quebra de simetria. A densidade lagrangeana do modelo de U , é dada por nãolinear, expressa como função 2 L = f4 Tr(@ U@ U y) : (2.3) Usando argumentos de transformação de escala do tipo ~r ! ~r, verica L não possui soluções solitônicas estáveis U que conduzam à minimização da energia, pois para qualquer função tentativa U (~ r) terseá E / 1 , se que que não possui mínimo. A estabilização do sóliton foi obtida por Skyrme adicionando um termo que envolve quatro derivadas do campo U à lagrangeana, das quais duas, no máximo, são temporais [1]: LSk = 321e2 Tr [@ U; @ U y][@ U; @ U y] ; com e uma constante adimensional a ser ajustada. (2.4) Capítulo 2. O Modelo 14 Frente à transformação de escala citada acima, a energia associada ao termo quártico, ESk , se mostra proporcional a , de modo que ocorre uma solução estável com energia minimizada para o modelo de Skyrme original, em que L = L + LSk : (2.5) Entretanto, tendo em vista a quebra de simetria quiral já mencionada, é usual incluirse no modelo um termo dependente da massa do píon, forma [45] LSB = 41 m2 f 2 Tr(U + U y 2) : m , da (2.6) Do ponto de vista geométrico, podese explicar a existência de soluções solitônicas estáveis da seguinte forma. Para congurações solitônicas estáticas (independentes do tempo), o campo unitário U (~r) representa um mape- U : R3 ! SU(2). Impor que o sóliton possua energia nita, implica na condição de contorno U (~ r ! 1) !1 (i.e., o campo de píons deve se anuamento lar no innito). Isto permite que todos os pontos do innito espacial sejam R3 pode ser compacticado 3 3 a uma esfera S . Como o grupo SU(2) também é equivalente a S , podemos 3 3 escrever U : S ! S . identicados com um único ponto, de modo que Estes mapeamentos agrupamse em diferentes classes discretas de homotopia (que congregam funções que podem se deformar continuamente umas nas outras), caracterizadas por números inteiros, os números de voltas"(do inglês winding numbers), Z Z [U ] = com d3 x B0 (x) ; denidos por onde B (x) = 2412 " Tr(L L L ) ; "0123 = 1, "0ijk = "ijk e L = U y @ U . (2.7) Estes números explicitam o nú- mero de vezes em que a esfera espacial é completamente mapeada na esfera quiral. Como estes números de voltas são preservados frente a transformações homotópicas contínuas dos mapeamentos como, por exemplo, aquelas Capítulo 2. O Modelo 15 que descrevem a evolução temporal do sistema, podese dizer que uma conguração de campos com temente Z [U ] 6= 0 é topologicamente estável. Consequen- B representa uma corrente topológica que quantica o número de voltas conservado. A principal hipótese de Skyrme foi a de identicar a corrente topológica com a corrente bariônica (vericado posteriormente por Witten [11]). Como a parte da energia estática associada ao Lagrangeano (2.3) envolve apenas quadrados das derivadas de piônico U , uma dependência puramente radial do campo ~ de (2.1) resulta na minimização da energia total do sóliton. Skyrme utilizou [1] para o campo solitônico a conguração Assim, ouriço (hedgehog) [46], em que o campo piônico é radial tanto no espaço ordinário quanto no espaço de isospin, ou seja, Uo (~r) = u (~r) = exp[i~ r^F (r)] ; onde F (r) é uma função escalar dita ângulo quiral. (2.8) Geometricamente, a estrutura radial desta conguração está mostrada na Fig. 2.1. Fig. 2.1: Conguração ouriço. As echas indicam a direção r^ do campo isovetorial. Esta conguração envolve uma correlação entre isospin angular T~ e momentum J~ tal que nenhum deles é, separadamente, um bom número quântico Capítulo 2. O Modelo e sim sua soma, o 16 grandespin ~ = J~ + T~ . Substituindo (2.8) na (densidade) lagrangeana total em SU(2) LSU(2) = L + LSk + LSB ; obtémse para a energia estática (visto que u (2.9) independe do tempo) em função do ângulo quiral " 2 ! ! f s2 s2 s2 2 2 2 0 0 E [F ] = 4 dr r F + 2 2 + 2 2 2F + 2 + m2 f 2 (1 2 r 2e r r 0 Z1 onde F0 c) ; (2.10) dF=dr, s sen F e c cos F . No Apêndice A encontram se as expressões relativas ao modelo de Skyrme em bariônico qualquer. # SU(2) para um número A equação acima pode ser obtida da eq.(A.2) quando n = 1, ou diretamente, como nos trabalhos pioneiros de Skyrme [3]. A massa do sóliton é obtida da minimização de determinação de 2 f 2 F 00 + F 0 r E [F ], o que implica na F (r) como solução da equação diferencial [n = 1 em (A.8)] m2 s 2sc 1 2 2 00 02 = s F + scF r2 e2 r2 As condições de contorno para F 2 3 sc : r4 (2.11) são F (r = 1) = 0, de modo a satisfazer U (r = 1) = 1 e F (r = 0) = , visto que Z [U ] = [F (1) F (0)]= deve fornecer o número bariônico B = 1. 1 A solução da eq.(2.11) é obtida numericamente de parâmetros (e; f ). e depende da escolha do par Na literatura são encontradas duas alternativas para esta escolha. Em uma delas os parâmetros são xados de modo a reproduzir 3=2). as massas experimentais do núcleon e da delta ( 1 A Fig. 2.2 mostra as Obtemos, contudo, excelente ajuste a este ângulo quiral por soma de funções [47, 48], o mesmo ocorrendo na literatura com o emprego do método de aproximantes de Padé [49]. Capítulo 2. O Modelo 17 F (r) para as situações de píon com e sem massa, com esta escolha. Na outra alternativa, adotase o valor empírico de f e ajustase o parâmetro e de modo a reproduzir o valor experimental da constante axial gA ou da soluções diferença entre as massas do núcleon e da delta. Fig. 2.2: F (r), solução da eq.(2.11) com condições de contorno F (0) = e F (1) = 0, para a conguração ouriço. A linha tracejada representa o caso quiral m = 0 e a linha contínua o caso m 6= 0. Os parâmetros são xados de modo a reproduzir as massas experimentais de N e . Ângulo quiral Para descrever os bárions o modelo deve fornecer uma estrutura de spin e isospin aos skyrmions. Entretanto, para isso, são necessárias soluções dependentes do tempo para a lagrangeana da eq.(2.9), visto que somente assim se Æ L=Æ U_ , nãonulos e obter as constantes Não dispomos destas soluções U (~ r; t), de modo pode construir momenta canônicos, de movimento de Noether. Capítulo 2. O Modelo 18 que, infelizmente, serão impostas aproximações. Na seção 2.3 o processo de quantização via coordenadas coletivas usado será visto com detalhes. É possível, porém, apresentar agora os primeiros resultados do modelo para as propriedades estáticas do núcleon [12, 45], o que está feito na Tabela 2.1. Grandeza m = 0 MN dada M dada m 0 f 64; 5 MeV 1 = 2 < r2 >I =0 0; 59 fm 1 = 2 < r2 >I =1 1 1 = 2 < r2 >M;I =0 0; 92 fm =2 < r2 >1M;I 1 =1 p 1; 87 n 1; 31 jp=nj 1; 46 gA 0; 61 gNN 8; 9 gN 13; 2 gN 2; 3 0 Tab. 2.1: Propriedades estáticas de em SU(2), m 6= 0 dada dada dada 54 MeV 0; 68 fm 1; 04 fm 0; 95 fm 1; 04 fm 1; 97 1; 24 1; 59 0; 65 11; 9 17; 8 2; 3 49 MeV Experimento 938; 9 MeV 1232 MeV 138 MeV 93 MeV 0; 72 fm 0; 88 fm 0; 81 fm 0; 80 fm 2; 79 1; 91 1; 43 1; 23 13; 5 20; 3 3; 3 36 20 MeV N e de obtidas no modelo de Skyrme com píons nãomassivos [12] e massivos [45]. As três primeiras linhas da tabela compreendem dados de entrada para os parâmetros de massa. (termo píonnúcleon) é uma medida do desvio da massa nucleônica devido à quebra da simetria quiral, sendo nulo quando m = 0. Nesta tabela, Capítulo 2. O Modelo 2.2 19 Extensões a SU(3) Considerando o sucesso qualitativo do modelo de Skyrme na descrição dos bárions nãoestranhos e sua vinculação com a mente estudar sua extensão a SU(3), CDQ, procurouse natural- de modo a incorporar a descrição dos bárions estranhos, os híperons, ao modelo. Formalmente esta extensão é facilmente efetivada se imposto que o campo U é, agora, pertencente a SU(3). As primeiras estimativas para as massas do octeto bariônico [24, 50] feitas sob esta hipótese, entretanto, não foram satisfatórias levando à conclusão, na linguagem da simetria quiral pela presença do quark estranho, CDQ, de s, que a quebra da não pudesse ser conside- rada pequena e tratada perturbativamente [26, 51]. Dois modelos em que a estranheza (a presença do quark de maneiras distintas surgiram na década passada: a rígido ou modelo de coordenadas coletivas estado ligado AEL MCC s) é tratada aproximação de rotor [27] e a aproximação de [28]. No primeiro modelo (MCC), são introduzidas coordenadas coletivas para todo o SU(3), do sistema. o que permite uma diagonalização exata do Hamiltoniano Temos assim, em linguagem de quarks, um tratamento não perturbativo para o quark s. Por outro lado, na segunda aproximação (AEL) as coordenadas coletivas são introduzidas apenas para o subgrupo SU(2), sendo dado um tratamento diferenciado à estranheza. A extensão de SU(2) a SU(3) impõe, qualquer que seja o modelo adotado, a inclusão de um termo adicional ao Lagrangeano do sistema. Este termo, conhecido como de termo de WessZumino (WZ), decorre de uma comparação LSU(2) com o Lagrangeano da CDQ. Embora existam várias maneiras de compreender sua origem, apresentamos a seguir a dada por Witten [52]. Capítulo 2. O Modelo Considerando U 20 como pertencente a SU(3), LSU(2) trias não respeitadas separadamente pela U e conjugação ( uma simetria da ! U y), CDQ. CDQ, apresenta duas sime- ~r ! ~r) U y ( ~r; t) seja a saber, paridade ( embora a combinação U (~r; t) ! Tais simetrias, impostas separadamente, impediriam a descrição, por exemplo, do processo K +K ! +0 . É necessário, por- tanto, um termo adicional ao Lagrangeano, que quebre as duas simetrias mas preserve sua combinação. A sugestão de Witten foi a de modicar a equação de movimento relativa a LSU(2) com a inclusão do segundo termo abaixo, que é único, se nos restringirmos ao menor número de derivadas, f2 @ L + " L L L L = 0 : 2 (2.12) Infelizmente não existe um Lagrangeano local que origine um termo como este, pois não conseguimos construir uma função invariante de Lorentz de L (R ) que seja invariante quiral em 4 dimensões envolvendo o tensor de LeviCivita disco ". Entretanto uma ação, dada como uma integral sobre um 5dimensional, cujo contorno é o espaçotempo, existe. justamente o termo de WZ = WZ e sua expressão é iNc Z 5 dx" 240 2 Tr identicada através do estudo do processo campo de fótons a Tal ação é LSU(2) [52, 53, 54]. (L L L L L ) ; 0 ! , (2.13) após a inclusão do O aparecimento explícito do número de cores na ação é responsável pela dependência da estatística dos sólitons em é um férmion para Nc . Nc = ímpar e um bóson para Nc = par. tal resultado só é obtido após a extensão a em SU(2). Witten mostrou que o sóliton SU(3), Ressaltese que visto que WZ se anula Capítulo 2. O Modelo 2.3 21 Aproximação de estado ligado A aproximação de estado ligado, como já mencionado, baseiase sicamente no fato de a quebra da simetria quiral SU(3) ser signicativa e trata os graus de liberdade de estranheza de maneira diversa dos demais: o campo U desdobrase em duas partes a parte liberdade de isospin do méson SU(2), que engloba os graus de (campo solitônico) e é quantizada através das coordenadas coletivas [12] e a parte referente ao campo mesônico K (e, portanto, à estranheza), que é expandido como uma utuação de pequena amplitude na direção em que o sóliton pode oscilar. Em outras palavras, a aproximação conduz à interpretação dos híperons como káonsóliton (este último em SU(2)) estados ligados [28]. Tendo em conta as contribuições mencionadas anteriormente, podese considerar a ação efetiva completa para o modelo de Skyrme generalizado a SU(3) como = com a L , LSk e WZ Z d4 x (L + LSk + LSB ) + WZ ; (2.14) dados por (2.3), (2.4) e (2.13), respectivamente. Quanto LSB , considerando as diferenças entre as massas dos mésons e K , m e mK , e entre as constantes de decaimento, trabalho ao invés de (2.6) (usada em LSB = f e fK , SU(2)), adotaremos no presente a expressão [55]: i f2 m2 + 2fK2 m2K h y 2 Tr U + U 12 2 2 i f m f 2 m2 hp + K K Tr 38 U + U y 6 i p fK2 f2 h 38 ) UL L + U y R R : Tr (1 12 (2.15) 8 é uma das matrizes de Gell-Mann, com a normalização usual Tr(i j ) = 2Æij , e R = U@ U y . A presença de termos que levam em consideração a diferença entre as constantes de decaimento mesônicas diminui para ' 20 MeV [55] a super ligação káonsóliton encontrada anteriormente (cerca de 90 MeV Aqui Capítulo 2. O Modelo [30]). mK ( 22 Esta expressão se reduz ao termo (2.6) usual no limite ! m ). fK ! f Na expressão (2.15) os dois primeiros termos renormalizam o termo de massa e o terceiro termo renormaliza o termo de energia cinética do méson. As utuações da estranheza são descritas perturbativamente na AEL, após escolha da parametrização [28] q q U = U UK U ; CK (Callan 13 K C7 A5 ; K que denominaremos aqui de escolha UK = 2 p 0 2 exp 64i B @ fK 0 Ky 0 (2.16) 2 e Klebanov) , sendo = 0 B @ 1 K+ C A ; K0 (2.17) o campo que carrega a estranheza e U = 0 B u @ 1 0C A ; 0 1 u = exp [i~ r^F (r)] ; o campo solitônico de fundo, uma extensão direta a SU(3) (2.18) do campo u de SU(2). Considerando a expansão do campo U até segunda ordem no campo de káons obtém-se uma lagrangeana que é a soma de dois termos um originado puramente de SU(2), idêntico ao Lagrangeano de Skyrme com píons massivos, e outro que exibe a interação káonsóliton. No Apêndice B encontramse as expressões destes dois termos. A lagrangeana de interação (vide B.2 B.7) conduz a uma equação de movimento para os káons no campo solitônico de fundo. Para tanto recorrendo à conguração ouriço, eq.(2.8), para o campo L u , obtemos (vide (B.2)) ~ Ky r ~ K h2 (r)@r K y@r K h1 (r)r h i + i(r) K_ y K K y K_ K y V ef (r) + m2K K ; (2.19) p p 2 Outra possibilidade, também ocorrente na literatura, é U = U U K UK [56]. = f (r)K_ yK_ Capítulo 2. O Modelo com K_ @K , @ r @t 23 @r@ e V ef (r) = V0 (r) + V1 (r)T~ L~ + V2 (r)L~ 2 : (2.20) f (r), h1 (r), h2 (r) e (r), bem como os potenciais radiais V2 (r), obtidos ao estabelecerse o potencial efetivo para a As funções radiais V0 (r), V1 (r) e interação káonsóliton, estão apresentados no Apêndice B. (Mais detalhes encontramse no Cap. 3.) A presença do termo ~, T~ L bem como o fato de a conguração ouriço (2.8) ser autoestado do operador ~ , sugerem decompor o campo grandespin kaônico em ondas parciais K (~r; t) = onde Yl z X kl (r; t)Yl (^r) ; (2.21) z l são os harmônicos esféricos espinoriais que surgem pelo acopla- mento do momentum angular orbital grandespin . Os campos kl ~ L e do isospin do káon ~ (= 1=2) são funções radiais que independem da pro- z , visto que o sóliton tem = 0. valores de se desacoplam. jeção Deste modo, canais com diferentes A decomposição (2.21) leva a eq.(2.19) à forma (suprimindo os índices em ao l k) Lint = f (r)k_yk_ h(r)ky0k0 + i(r) k_yk_ kyk_ k0 de movimento para kl para cada canal (com h sendo @t @ @t @k @r e h ef i V (r) + m2 ky k l O^ = ; (2.22) h(r) = h1 (r)+ h2 (r)) e, nalmente, à equação i f (r)@t2 + 2i(r)@t + O^ (r) k(r; t) = 0 ; e K (2.23) ! 1 @ 2 @ rh + m2K + Vefl : r2 @r @r (2.24) Capítulo 2. O Modelo 24 Analisando a eq.(2.23), vêse que possui um termo linear na derivada temporal, o que a diferencia de uma equação de KleinGordon. Esta contribuição se origina do termo de WessZumino e é de importância fundamental no modelo, pois sua presença faz com que apenas os estados com estranheza S= 1 (antikáons), adequada para a descrição de híperons físicos, sejam ligados ao sóliton, impedindo a existência daqueles com S = 1, em concor- dância com o espectro bariônico observado e com os modelos de quarks. A expansão do campo kaônico em modos normais possibilita sua quantização, i.e., k(r; t) = com "n e "~n Xh n>0 i kn(r)ei" t byn + k~n (r)e i"~ t an ; n n (2.25) energias positivas. A determinação dos autovalores de energia se dá pela resolução das equações h f"2n + 2"n h f "~2 2"~n n i O^ kn(r; t) = 0 ; i O^ k~n(r; t) = 0 ; obtidas de (2.24) e (2.25). Ocorrerão estados ligados se As condições de ortonormalidade das funções se que o operador Z O^ é autoadjunto, ou seja, (2.26) (2.27) "n < m2K . kn são obtidas considerando dr r2 kn km [f (r) ("n + "m ) + 2(r)] = Ænm ; Z dr r2 k~n k~m [f (r) (~"n + "~m ) + 2(r)] = Ænm Z dr r2 k k~m [f (r) ("n "~m ) + 2(r)] = 0 : (2.28) e n (2.29) (2.30) Realizando a quantização canônica obtémse o momentum conjugado a k(r; t), i.e., y (r; t) = f (r)k_ y(r; t) i(r)ky (r; t) : (2.31) As relações de comutação entre os campos e seus conjugados h i ky (r; t); k(r0; t) = 0 ; (2.32) Capítulo 2. O Modelo 25 h i y (r; t); (r0; t) = 0 ; h i Æ (r r0 ) ky (r; t); (r0; t) = i ; r2 (2.33) (2.34) implicam na álgebra usual para os operadores de criação e destruição h i h an ; aym = Ænm ; i bn ; bym = Ænm ; (2.35) sendo nulos os demais comutadores. Obtidos os campos canonicamente conjugados, o Hamiltoniano pressa como H= Z dr r2 H ; se ex- (2.36) com H = f1 y + i f ky H ! 2 y y k + hky0 k0 + Vefl + m2K + kk f (2.37) que, em termos dos operadores de criação e destruição, se torna H= X n>0 "~nayn an + "nbyn bn ; (2.38) mostrando o conhecido fato de que os níveis de energia quânticos são determinados pelas autofreqüências clássicas. Por sua vez, o operador de estranheza é dado por Z S = i dr r2 ky yk de onde se pode depreender que a = X y aa n>0 n n byn bn ; (2.39) an e bn aniquilam modos de estranheza iguais 1 e 1, respectivamente. A solução (numérica) da equação diferencial (2.23) mostra que existem dois estados ligados com autovalores de estranhexa com S =1 estão no contínuo [29, 30, 56]. sistema possui (; l) = (1=2; 1), S = 1, e que os estados O estado fundamental para o sendo portanto um estado p, e não s. Tal efeito de inversão é devido ao termo isospinórbita ~ e é necessário para T~ L Capítulo 2. O Modelo 26 produzir a paridade correta para o estado fundamental. Ocupandose este estado com káons, cada um contribuindo com e com "n à energia, podese construir tanto o J P = 3=2+ ) bariônicos. S = 1 à estranheza total P = 1=2+ ) como o octeto (J decupleto ( A solução da eq.(2.23) é degenerada em spin e isospin, visto que a conguração de campo estática (2.16) não comuta com os correspondentes geradores. Assim, para se obter o espectro dos híperons constituintes dos multipletos, é preciso construir os autoestados destes observáveis. O processo de quantização via coordenadas coletivas permite atribuir números quânticos de spin e isospin aos bárions dos multipletos. Além disso possibilita a obtenção da estrutura hiperna para o espectro de massas dos mesmos. Vejamos como isso acontece. A exemplo do que ocorre em Física Nu- clear e no modelo de Skyrme tradicional, a denição dos números quânticos no processo de quantização adotado se dá através da rotação (global) lenta do sóliton e do káon ligado [28], frente à qual o Lagrangeano do sistema é invariante. Assim u (~r; t) = A(t)u (~r)Ay(t) ; K (~r; t) = A(t)K~ (~r; t) ; sendo A(t) e (2.40) (2.41) 2 SU (2) a matriz de rotação coletiva (i.e., cujos elementos são as coordenadas coletivas). Nas denições acima, denido no sistema girante do sóliton e K K~ é o operador kaônico é o operador kaônico denido no sistema de referência do laboratório. Frente a uma rotação M do sóliton em isospin, ou seja, Mu (~r; t)M y , vericase que A K~ ! MA ! K~ ; e u (~r; t) ! (2.42) (2.43) Capítulo 2. O Modelo 27 o que signica que o campo kaônico perdeu seu isospin no sistema girante do sóliton. Frente a uma rotação espacial u K~ ! ei~L~ u e i~L~ = e i~T~ u ei~T~ ! ei~L~ K~ = e ~ T~ ei~~ K~ ; onde se fez uso da invariança de e (2.44) (2.45) ~ =L ~ + T~ (ei~~ u e u frente a ~ i~ = u ). Podese concluir então, neste caso, que A K~ ! Aei~T~ ! ei~~ K~ : e (2.46) (2.47) K~ = 1=2, A última equação mostra que o operador momentum angular total para é o grandespin. Como o estado ligado de menor energia tem o káon é visto a partir do sistema de referência do sóliton como possuindo spin 1=2. Isto mostra que no referencial girante, o isospin perdido pelo káon transmutouse em spin. (I; J ) ocupando o estaCada káon contribui com (IK ; JK ; S ) = (0; 1=2; 1). Podemos agora construir os possíveis autoestados do fundamental com káons. Como o káon não perde sua estatística bosônica com a transmutação isospin spin e como o sistema káonsóliton representa um bárion (e, portanto, um férmion), a quantização coletiva do sóliton deve mudar conforme o número de káons seja par ou ímpar. Assim, para um número par (ímpar) de káons devese ter o momentum angular total do sóliton semiinteiro (inteiro). Ten- IC = JC , os possíveis estados com apenas um káon são dados por (I; J ) = (IC ; IC ) + (0; 1=2), com IC = 0; 1; 2; :::. Os três primeiros es tados correspondem seqüencialmente às partículas , , , outros estados do o sóliton sendo provavelmente nãofísicos. Ocupações kaônicas múltiplas do estado fundamental originam bárions com estranheza maior. Capítulo 2. O Modelo 28 A Tabela 2.2 a seguir apresenta os números quânticos constituintes e totais dos bárions assim construídos. Partícula N Tab. 2.2: I JK 1 2 3 2 0 12 1 12 1 32 1 1 2 1 1 2 0 32 S 0 0 1 1 1 2 2 3 JP 1+ 2 3+ 2 1+ 2 1+ 2 3+ 2 1+ 2 3+ 2 3+ 2 Números quânticos dos bárions nãoestranhos e estranhos do octeto J P = 21 + e do decupleto J P = 23 + , construídos por estados ligados káonsóliton. Uma previsão interessante do modelo é a da existência de um estado (1=2; 0; 1) justo provavelmente corresponde à (1405) [28, 30]. ligado de paridade negativa abaixo do limiar KN e que Os estados assim previstos separamse em energia em função dos termos O(Nc 1 ) surgidos no Lagrangeano após a rotação. ~ do sóliton, denida por da velocidade angular de Tais termos dependem i ~ AyA_ = ~ : 2 (2.48) A substituição dos campos após rotações (2.40) e (2.41), no Lagrangeano total, origina um termo 1 ÆL = 2 2 ~ J~K ; c responsável pela estrutura hiperna dos estados de energia. (2.49) Na equação Capítulo 2. O Modelo acima, 29 é o momento de inércia do sóliton " !# 8 2 Z 1 sen2 F 1 2 0 2 2 = f dr r sen F 1 + 2 2 F + 2 ; 3 r 0 e f e c é a chamada constante de estrutura hiperna, (2.50) que depende do perl clássico do sóliton e da função radial do káon. No Apêndice B é apresentada uma expressão geral para c. As componentes do momentum angular coletivo canonicamente conjugado são, pois, Jci = @L = i @ i cJKi ; (2.51) de modo que o Hamiltoniano (para os antikáons) se escreve 2 1 ~ Jc + cJ~K ; (2.52) 2 ~ = J~c + cJ~K . Com mostrando que os híperons são, de fato, autoestados de J H = Msol + "jSj + H Nc adotada no modelo. Neste limite, o sóliton SU(2) contribui com uma massa, Msol , que é de ordem O (Nc ); o campo kaônico, que se liga principalmente devido ao termo WZ, proporciona uma contribuição de estrutura na "jSj de ordem O(Nc0 ) e a quantização coletiva do sóliton gera uma correção rotacional, 1 ~ 1 ~ 2 relativa à estrutura hiperna, 2 Jc + cJK , de ordem O(Nc ). escrito nesta forma, ca explícita a contagem para grande Calculandose os elementos de matriz diagonais de (2.52) para os membros do octeto e do decupleto bariônicos, obtémse a fórmula de massa para o bárion (I; J; S ), " # c(c 1) 1 cJ (J + 1) + (1 c)I (I + 1) + jS j(jS j + 2) : MI;J;S = Msol +"jS j+ 2 4 (2.53) jI Iz ; J Jz >;l encontramse no Apêndice C. Explicitamente, para o estado fundamental j0 0 ; 1=2 Jz >, temse As funções de onda adequadas 1=2;1 K = p1 ei"tk(r)~ r^J ; 4 z (2.54) Capítulo 2. O Modelo com J z um espinor de 2 componentes. A constante hiperna c1 = 1 2"1 2.4 30 Z c para este caso é 4 F 2 dr k f (r)r2 cos2 3 " 2 d 2 0 1 (r F senF ) 2 2 2e fK dr 4 2 F sen F cos2 3 2 #) : (2.55) Alguns resultados numéricos Nesta seção apresentamos alguns resultados numéricos para o espectro de massas dos bárions nãoestranhos e estranhos pertencentes ao octeto 1=2+ e ao decupleto J P = 3=2+, obtidos com o modelo. JP = O espectro de massas é obtido a partir da eq.(2.53) após o cálculo da constante hiperna utilizada, c1 , dada em (2.55). A solução radial do campo mesônico k(r), é, por seu turno, obtida via eq.(2.23). Para tal, necessitamos dos valores das massas e das constantes de decaimento dos mésons e K. A Tabela 2.3 apresenta os três conjuntos de parâmetros mais comumente adotados na literatura, aqui identicados por CJ 1, CJ 2 e CJ 3, bem co- mo as respectivas constantes hipernas e energias de ligação káonsóliton necessárias ao cálculo das massas [eq.(2.53)]. CJ 1 (limite quiral em SU(2)) e CJ 2 são conjuntos originalmente obtidos ajustandose f e e de modo a reproduzir as massas do núcleon e da delta [12, 45]. Por outro lado, CJ 3 adota o valor empírico para f (93 MeV ), enquanto o ajuste de e é feito respeitando a diferença entre as massas do núcleon e da delta (vide, por ex., [33]). Para o cálculo das energias de ligação do estado fundamental do sistema ", e das constantes hipernas correspondentes, c, foram usados os valores experimentais tanto para a massa do káon, mK = 495 MeV , quanto para a constante de decaimento do káon, fK ' 1; 23f . káonsóliton, Capítulo 2. O Modelo 31 CJ 1 f (MeV ) 64; 5 e 5; 45 m (MeV ) 0 Msol (MeV ) 864 (fm) 1; 01 "(MeV ) 222 c 0; 50 Tab. 2.3: CJ 2 54 4; 84 138 863 1; 01 211 0; 39 CJ 3 93 4; 26 138 1646 0; 87 255 0; 33 Conjuntos de parâmetros mais usados, com as respectivas energias de ligação e constantes hipernas obtidas. Os valores correspondem ao estado ligado com momentum angular orbital l = 1. Com esses números foi determinado o espectro de massas cujas diferenças, relativas à massa do núcleon, estão apresentadas na Tabela 2.4. CJ 1 165 264 392 293 413 541 681 (1405) 386 Partícula Tab. 2.4: CJ 2 147 265 371 292 380 486 610 358 CJ 3 187 318 462 293 415 559 724 441 exp MCC 177 254 379 293 446 591 733 468 154 242 366 278 410 544 677 Diferenças de massas (M eV ) relativas à massa do núcleon para os conjuntos CJ 1 [12], CJ 2 [45] e CJ 3 [33] da Tab. (2.3), bem como os valores empíricos das mesmas e os obtidos via MCC [27]. Capítulo 2. O Modelo Nesta tabela encontramse também os valores obtidos via 32 MCC [27], e o valor obtido para o estado de mais baixa energia com paridade negativa, (1405), anteriormente citado. Capítulo 3 DIBÁRIONS O estudo da interação bárionbárion engloba conhecimentos sobre estados ligados e processos de espalhamento. O dêuteron, estado ligado NN , tem sido exaustivamente estudado, propiciando informações de grande importância sobre a interação forte. O modelo de Skyrme primitivo em NN [3, 17, 41]. SU(2) foi também aplicado ao sistema Revisões sobre esta aplicação podem ser encontradas nas Refs. [32, 57, 58]. Quando pelo menos um dos bárions em interação é preciso recorrer a alguma das extensões a SU(3) estranho, contudo, é para analisar a interação bárionbárion. Neste capítulo aplicaremos a AEL ao estudo de dibárions estranhos, com o auxílio de uma conguração axialmente simétrica generalizada para determinar o sóliton de fundo. Verse-á que, se os vínculos impostos pelas simetrias da conguração toroidal de menor energia (vide Fig. 1.2) são satisfeitos, todos os estados espúrios são removidos do espectro dibariônico. Em particular, o estado de mais baixa energia permitido no canal de estranheza S = 2 carrega os números quânticos da partícula H que, nas aproximações ora adotadas, resulta ligada. Entretanto, efeitos do vácuo, como a energia de Casimir, desprezados no presente cálculo muito provavelmente impedem Capítulo 3. Dibárions 34 a existência do sistema ligado 3.1 H. Estados ligados Estados ligados de dois bárions, os em uma generalização do estado dibárions, NN constituemse, em princípio, ligado. Desde que foi inicialmente proposto por Jae [59] que um estado hexa quark (dois quarks e u, dois quarks d e dois s), singlete de sabor, com J P M = 2150 MeV , = 0+ poderia ser estável contra decaimentos fortes, tem si- do dedicada grande atenção, tanto teórica quanto experimentalmente, a este assunto. A sugestão de Jae fundamentase em um cálculo em modelo de sacola onde se obtém como resultado que interações colormagnéticas favorecem a existência de um estado singlete de sabor, estável, como dibárion H ). S = 2 (conhecido Entretanto, a inclusão de efeitos desprezados por Jae, como efeitos de quebra de simetria, correção do centro de massa e presença de nuvem piônica em torno do núcleo, diminuem a contribuição à energia de ligação signicativamente [60, 61, 62], tornando a existência de tal dibárion um tanto incerta. Além disso, conforme discutido por Maltman [63], predições via modelo de sacola do MIT parecem ser muito sensíveis a variações dos parâmetros do modelo (energia de volume, energia do ponto zero etc), que não são bem determinados pelos dados empíricos. Experimentalmente a situação também ainda não é clara. Apesar de que uns poucos eventos de de- H tenham sido relatados [64], análises posteriores não forneceram indicação de um sistema H estável [65]. Embora atualmente caimento fraco do dibárion não estejam disponíveis nos principais aceleradores existentes feixes de píons com a energia necessária, estão sendo propostos experimentos para investigar este assunto (vide, por ex., [66, 67]). Cálculos teóricos efetuados com outras abordagens, como CDQ na rede, Capítulo 3. Dibárions 35 modelo nãorelativístico de quarks e modelos de sólitons (para uma extensa lista de referências vide [65, 66, 67]), também apresentam resultados inconclusivos. No caso de modelos de sólitons, a maioria dos estudos realizados utiliza o modelo coletivo SU(3) (vide, p. ex., [68, 69, 70] e referências alí con- tidas). Neste capítulo apresentamos trabalho com a aproximação de estado ligado (AEL) usada por nós [37], em que se investiga também a existência do estado ligado H. Uma tentativa anterior de investigar a estrutura dos dibárions recorrendo à AEL [71], concluiu que H seria nãoligada. Naquele estudo foi adotada uma conguração axialmente simétrica simplicada [72], para o campo solitônico. Efetivamente, tal conguração prediz que a massa do sóliton com é duas vezes maior do que a relativa a B = 1, e é instável. B =2 Em nossa abordagem, contudo, recorremos à interação axialmente simétrica melhorada, proposta na Ref. [38]. Embora tal hipótese não corresponda exatamente à conguração axialmente simétrica de mais baixa energia, as propriedades dos diskyrmions (como massa e energias rotacionais) calculadas com ela são muito próximas em valor àquelas obtidas numericamente com a conguração toroidal de mais baixa energia encontrada na Ref. [39]. Um ponto intrigante discutido por Kunz e Mulders [71] é a existência, na AEL, de estados que são proibidos no modelo de quarks e que, então, são ditos espúrios. Situação similar havia sido obtida para os dibárions não estranhos [72, 38]. Mostraremos aqui, entretanto, que tais estados espúrios são removidos do espectro desde que os vínculos impostos pelas simetrias do problema sejam corretamente levados em consideração [37]. Em particular, no esquema ora apresentado, o estado dibariônico de mais baixa energia com S = 2, permitido, é o singlete de sabor, em concordância com o modelo de quarks. Na seção seguinte introduzimos a conguração axialmente simétrica me- Capítulo 3. Dibárions lhorada, 36 em substituição à conguração ouriço (2.8) e calculamos as expres- V ef e para o Hamiltoniano rota- sões generalizadas para o potencial efetivo Hrot da AEL. cional 3.2 Conguração axialmente simétrica Considerese a ação efetiva expressa na eq.(2.14). Para obter a conguração solitônica de fundo, introduzimos uma conguração axialmente simétrica relativa a um número bariônico geral u = exp [i~ ^n F (~r)] ; (3.1) ^n = sin cos ^{ + sin sin |^ + cos k^ ; (3.2) com sendo = () e = () denidas adiante. Na Ref. [71] foi adotada a conguração simplicada), em que F (~r) = F (r), ( ) = ouriço (denominada aqui de e, devido à unicidade do campo () = n, sendo (r; ; ) as coordenadas esféricas usuais e n o número bariônico. Tal escolha prediz uma razão entre as massas dos sólitons B = 2 e B = 1, M (B = 2) = 2; 14 (3.3) # sol Msol (B = 1) quiral, e conduz a uma conguração solitônica instável. Contudo, uma conguração de dois skyrmions, de energia mínima, foi encontrada numericamente por Kopeliovich e Stern [39] e um método variacional para esta solução foi proposto por Kuryhara et al. [38]. Neste caso dependência angular em F ainda é função apenas de r, mas a é expressa na função variacional () = + m X k=1 gk sen(2k) ; (3.4) Capítulo 3. Dibárions os coecientes 37 gk sendo determinados pela minimização da energia do sóliton no correspondente setor bariônico. Usando esta hipótese encontramos [37] # = 1; 94, que se compara muito bem à razão obtida com a solução numérica [39], #min = 1; 92. Também, como já citado anteriormente, resultados de cálculos de energias rotacionais, raio bariônico e outros, são numericamente muito parecidos com aqueles das Refs. [39, 73]. Como o uso da premissa variacional conduz a bons resultados e a uma considerável simplicação dos cálculos, recorremos a ela para descrever o sóliton de fundo. As expressões correspondentes ao setor SU(2) do modelo [38] estão resu- midas no Apêndice A. Está claro que, para () = , i.e, gk = 0. n = 1, a energia mínima para o sóliton é obtida para Portanto, neste caso, o sóliton de fundo adotado é ainda simétrico frente a rotações combinadas espaçoisospin ~ = J~ + T~ e o campo de káons pode ser expandido em ondas parciais como em (2.21). Entretanto, para rotações. n= 6 1 o campo de fundo não é mais invariante frente a Neste caso, para o campo kaônico, usamos a conguração [71] K (~r; t) = k(r; t) ~ ^n (~r) ; onde é um espinor geral de duas componentes. (3.5) Notese que, para n = 1, esta hipótese se reduz à decomposição em ondas parciais usual (2.21) para o caso particular = 1=2, l = 1 apresentado na eq.(2.54). Como já citado no capítulo anterior, estes são os números quânticos do estado ligado káon sóliton de mais baixa energia para n = 1. A expressão (3.5) conduz ao mesmo Lagrangeano de interação, (2.22), Lint = f (r)k_yk_ h(r)ky0 k0 + i(r) k_yk_ kyk_ h ef i V (r ) + m 2 k y k l K ; Entretanto as funções radiais apresentadas no Apêndice B (B.11 B.15), são generalizadas a h(r) = 1 + 1 sen2 F ; 4e2 fK2 r2 (3.6) Capítulo 3. Dibárions 38 ! sen2 F 1 2 0 f (r) = 1 + 2 2 F + 1 2 4e fK r 2 3 Nc 0 sen F (r) = F : 8 2 fK2 r2 e (3.7) (3.8) Neste caso, o potencial efetivo generalizado (correspondente àquele da eq.(B.16)) se torna V ef " # 1 4 F 1 2 = cos 2 sen F F 02 2 2 2 4e fK r 2 4 ! F 22 sen2 F 1 1 2 4 sen F 4 cos + r2 2 4e2 fK2 r2 4 2 F 1 f 2 31 d 0 F senF cos2 ) m (1 cos F ) ; 2 2 2 4e fK r dr 2 2 fK2 onde as constantes i são 2 ! 1Z sen 2 1 = d sen 0 + n2 ; 2 0 sen2 ! sen2 n2 Z 2 0 d ; 2 = 2 0 sen nZ 3 = d sen 0 ; 2 0 com 0 d=d. (3.9) Observese que para (3.10) n = 1 as eqs.(3.6) a (3.9) se reduzem às eqs.(B.11), (B.14)(B.16), respectivamente. kl , entretanto, não se modica, sendo aquela Portanto, a equação de movimento para kl ainda A equação diferencial para apresentada na eq.(B.10). é a apresentada no capítulo anterior (eq.(2.23)), qual seja, h i f (r)@t2 + 2i(r)@t + O^ (r) k(r; t) = 0 : De acordo com o apresentado na seção 2.3, para obter as correções hipernas ao espectro de massas dos dibárions continuase com a aplicação do processo de quantização via coordenadas coletivas. No presente caso, tendo em vista a simetria axial do sóliton de fundo, introduzimos separadamente Capítulo 3. Dibárions as rotações espaciais, 39 R, e as de isospin, A, dependentes do tempo, tais que ! R A u A K ! RAK: u 1 e (3.11) (3.12) As velocidades angulares relativas ao sistema do sóliton são dadas por R 1 R_ ab = "abc c e i A 1 A_ = ~ ~! : 2 Representando as componentes superior e inferior do espinor a1 e a2 , por (3.13) (3.14) (eq.(3.5)) respectivamente, as rotações indicadas acima resultam, para o Lagrangeano total eq.(B.2), na expressão Msol + LK T~ ~! + (T1 !1 + T2 !2 )s2 + T3 !3 s1 (T1 1 + T2 2 )t2 1 1 T3 3 t1 + I1 ( 21 + 22 ) + I2 (!12 + !22 ) I4 Æn;1 ( 1 !1 + 2 !2 ) 2 2 1 + I3 (n 3 !3 )2 ; (3.15) 2 L= com 1 sendo s1 = 3 [24 d1 + (5 1 4 ) d2 ] ; 1 s2 = 3 (1 4 ) d1 + [1 (1 + 4 ) 5 ] d2 ; 2 t1 = n s2 ; (3.17) t2 = 2(d1 + d2 ) Æn;1 ; (3.19) d1 e d2 dados por Z1 1 " (3.16) (3.18) # 1 d 2 0 (r F senF ) ;(3.20) d1 = 2"n 2 3 4e fK2 dr 0 2"n Z 1 4 d2 = dr k k cos2 F=2 sen2 F ; (3.21) 2 2 4e fK 0 3 2 dr k k r2 f cos2 F=2 No que segue consideramos = para n = 1. Capítulo 3. Dibárions com 40 f (r) dada em (B.14) e as integrais angulares 4 and 5 por 1Z 4 = d sen sen2 e Z4 0 5 = d sen sen2 0 2 : 0 Ii Além disso, no Lagrangeano total apresentado acima, são os momentos de inércia do setor SU(2), (3.22) (3.23) T l = ai ijl aj e com expressões explícitas apresentadas no Apêndice A. As componentes de spin e isospin no sistema xo do sóliton, Iifix , respectivamente, são calculadas via Jifix = @L @ i Iifix = e @L : @!i Jifix and (3.24) n = 1, onde a conguração ouriço do skyrmion reforça ~ + I~ = T~ , para n 6= 1 existe apenas o vínculo o vínculo J Diferentemente do caso J3fix = n(I3fix + T3 ) ; (3.25) devido à simetria axial. A quantização do Hamiltoniano rotacional conduz a 1 ~2 1 ~2 c2 [J (J3fix )2 ] + [I (I3fix )2 ] + 2 (T~ 2 2I1 2I2 2I2 1 fix c (I + c1 T3 )2 + 2 (I+fix T + I fix T+ ) ; + 2I3 3 2I2 com as constantes hipernas c1 and c2 dadas por Hrot = c1 = 1 c2 = 1 s1 s2 : e T32 ) (3.26) (3.27) (3.28) Estabelecido o Hamiltoniano rotacional, devem ser determinadas as correspondentes autofunções, condicionado a que satisfaçam os vínculos impostos pelas simetrias do sistema. Isto será feito na seção seguinte. Capítulo 3. Dibárions 3.3 41 Autofunções dos dibárions Em geral, as funções que representam os estados dos dibárions são dadas DJJ3 ;J ( ) para o momentum angular, 3 (! ) para isospin e das autofunções kT3 (~r; t), ou seja, pelo produto das matrizes de rotação DII3 ;I f ix 3 f ix DJJ3 ;J ( ) DII3 ;I (! ) kT3 (~r; t) f ix (3.29) f ix 3 3 onde, face à simetria axial J3fix = 2(I3fix + T3 ): Aqui I3 e J3 são respectivamente as projeções do isospin e do momentum angular no sistema laboratório, sóliton e (3.30) I3fix e J3fix as projeções no sistema xo do T3 a projeção do spin do káon também no sistema xo do sóliton. Observemos que nestes estadosproduto, para um dado valor de S , nem todos os valores de isospin são permitidos. Isto pode ser mostrado usando se uma generalização do método utilizado para n = 1, os detalhes desta demonstração sendo dados no Apêndice D. Obtémse como valores de isospin, para estados nas representações mínimas, I= onde p 6+S p 2 deve ser ímpar (par) se (3.31) S for ímpar (par). Esta relação, juntamente com o vínculo da simetria axial (3.30), implica em J3fix sempre par. Para determinar a combinação linear correta de estadosproduto para cada conjunto de números quânticos, devese levar em consideração todas as simetrias do problema. Como discutido por Kurihara à simetria axial, a conguração usada para ^n et al. [38], em adição apresenta, para n = 2, as Capítulo 3. Dibárions simetrias de reexão ^2 ( x; y; z ) = ^2 (x; y; z ) = ^2 (x; y; z ) = Representando por ao eixo i e por 42 0 B B B B @ 0 B B B B @ 0 B B B B @ 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1 C C C C ^2 (x; y; z ) A 1 C C C C ^2 (x; y; z ) A 1 C C C C ^2 (x; y; z ) A ; (3.32) ; (3.33) : (3.34) RJi () as rotações espaciais de ângulo em relação RIj () as isorotações de ângulo em relação ao eixo j , as transformações de simetria podem também ser vistas como geradas por RJ1 () RI1 () ; RJ2 () RI1 () e P RI3 () ; respectivamente. (3.35) (3.36) (3.37) P , aqui, representa o operador paridade, que promove uma inversão espacial e que resulta em uma troca de sinal de todas as componentes do campo piônico. A importância da primeira destas transformações de simetria para a construção das autofunções dos dibárions foi destacada primeiramente por Braaten e Carson [74]. De fato, como discutido em detalhes por Bohr e Mottelson [75], para sistemas com simetria axial a existência de uma simetria adicional em torno de um eixo perpendicular ao eixo de simetria implica em ser esta rotação (de ângulo ) parte dos graus de em relação a uma rotação de ângulo liberdade intrínsecos e portanto não pode ser incluída nos graus de liberdade rotacionais. Capítulo 3. Dibárions 43 Podese expressar este vínculo impondo que o operador Rext, que realiza uma rotação atuando sobre os ângulos de orientação coletivos (variáveis externas), seja idêntico ao operador nas variáveis intrínsecas, Rint , que realiza a mesma rotação atuando Rext = Rint : (3.38) Como no presente caso a rotação pode ser dada ou por (3.35) ou por (3.36) temse, em princípio, dois vínculos independentes. Veremos, entretanto, que quando aplicadas aos estadosproduto, as duas operações de simetria produzem o mesmo resultado e portanto se terá ao nal um único vínculo. Assim, para satisfazer os vínculos impostos pelas simetrias da conguração escolhida, recorremos à seguinte combinação linear para os estados produto: h i N 1 + (Rext ) 1 Rint DJJ3 ;J ( ) DII3 ;I (! ) kT3 (~r; t) ; f ix 3 sendo N um fator de normalização. (3.39) f ix 3 Ao escrever esta expressão usamos o fato de que, atuando sobre os estadosproduto, (Rext )2 = (Rint )2 , como se verá a seguir. A forma explícita da função de onda de um dibárion pode ser obtida aplicando os operadores de simetria à função de onda produto. Para os operadores coletivos temse h i RJ1 ()RI1 () 1DJJ3;J3 f ix h i RJ2 ()RI1 () 1DJJ3;J3 f ix ( )DII3 ;I (! )=( )I +JDJJ3 ; f ix 3 ( )DII3 ;I (! )=( )I +J f ix 3 I J3f ix ( )DI3 ; I3f ix (! ) e (3.40) J3f ixD J I J3 ; J3f ix ( )DI3 ; I3f ix (! ) : (3.41) Para determinar o efeito das transformações de simetria sobre a função de onda intrínseca observase que, além da transformação do campo de káons, devese incluir a do sóliton. Esta última contribuição [74, 76], usandose a Capítulo 3. Dibárions 44 natureza fermiônica do sóliton com B = 1, é2 RJ1(2) ()RI1 () sol = sol ; (3.42) Quanto ao efeito das transformações de simetria sobre o campo kaônico, encontrase RJ1(2) ()RI1 () kT3 (S = 1) = i k T3 (S = 1) (3.43) Na obtenção destas últimas equações, usamos a forma dada na relação (3.5) S = +1) para káons ( e a conjugada de carga para antikáons ( Portanto, para um estado com valor de estranheza RJ1(2) ()RI1 () kT3 = ( ) S S=2 k S = 1). arbitrário obtemos T3 ; (3.44) A única diferença entre as transformações de simetria (3.35) e (3.36) é, então, a presença de uma fase extra ( )J 3 f ix na eq.(3.41). Como aqui J3fix é sempre par vêse que, como escritas acima, as duas operações de simetria produzem o mesmo efeito quando atuando sobre os estadosproduto. Além disso, usando os vínculos para J3fix e I em conjunto com o efeito das operações de simetria sobre as funções de onda coletiva e intrínseca, eqs.(3.40) (3.44), é fácil mostrar que R2ext = R2int , quando aplicadas aos estadosproduto. Portanto, as funções de onda dos dibárions que satisfazem todos os vínculos impostos pelas simetrias do sistema têm a estrutura (II3 ; JJ3 ; S ) = N DJJ3 ; 2K ( )DII3 ;K T3 (! )kT3 (~r; t) ( )I +J S=2 DJJ3 ;2K ( )DII3 ; K +T3 (! )k T3 (~r; t) ; (3.45) onde aqui K = I3fix + T3 . A constante de normalização calculada, obtendose q (2J + 1)(2I + 1) 1 : 8 2 2(1 + ÆI3 ;0 Æ 3 0 ) N = q 2 N pode ser facilmente f ix T ; (3.46) Notese que quando se estende o grupo de sabor de SU(2) para SU (3)f , a fase negativa é obtida do termo de W Z . Capítulo 3. Dibárions 45 Para determinar a paridade destas funções de onda recorremos à operação de simetria dada em (3.37). De fato, como discutido por Bohr e Mottelson [75] a existência de tal tipo de simetria implica em que o operador paridade P pode ser escrito como P =S R 1 ; (3.47) S (= PRI3 () na presente situação) atua sobre as coordenadas intrínse1 ( = [RI ( )] 1 aqui) atua sobre as coordenadas coletivas. cas, enquanto R 3 onde Usando o fato de que K RI3 ()DJJ3;2K ( )DII3;(K é sempre inteiro e que S sol = sol ; S kT3 = ( )T3 kT3 T3 ) (! ) = ( )(K (3.48) e (3.49) T3 D ) J I J3 ;2K ( )DI3 ;(K T3 ) (! );(3.50) resulta que a paridade da função de onda dada em (3.45) é = ( )K : (3.51) A partir da forma explícita da função de onda vêse que para K = 0, T3 = 0, apenas as combinações Fermipermitidas (que satisfazem o víncuI +J S=2 = 1) sobrevivem, enquanto as combinações Fermiproibidas lo ( ) têm norma nula. Para o caso particular de um sistema de dois núcleons S = 0), temse o vínculo ( )I +J = 1, que nada mais é do que a forma ge- ( neralizada do princípio de Pauli. É interessante notar que aqui este princípio se manifesta em uma forma mais convencional do que aquela da Ref. [76]. Isto se deve a uma escolha possivelmente mais conveniente das coordenadas espaciais. Em geral, usando o vínculo para isospin, I = 2p , em conjunto com a forma explícita dos autoestados dos dibárions, eq.(3.45), encontramos que os estados espúrios obtidos nas Refs. [71, 72, 38] são removidos Os números quânticos dos estados ligados permitidos com da Tabela 3.1. J do espectro. 2, constam Capítulo 3. Dibárions (jJ3fix j)Pdeg 0 0 0 0+1 1 0,1 0 0+1 ; 21 2 0,1,2 0 0+1 ; 21 3 0,1,2,3 0 0+1 ; 21 1 1 1 0+2 ; 21 2 2 2 3 1, 3 1 0+2 ; 22 2 2 2 2 5 1, 3, 5 1 0+2 ; 22 2 2 2 2 2 0 0 0,1 0+1 ; 21 1 0,1 0,1 0+3 ; 22 2 0,1,2 0,1 0+3 ; 23 1 1 1, 3 0+2 ; 22 2 2 2 2 3 1, 3 1, 3 0+4 ; 23 2 2 2 2 2 0 0 0,1,2 0+1 ; 21 1 0,1 0,1,2 0+3 ; 23 1 1 1 , 3 , 5 0+ ; 2 2 2 2 2 2 2 2 0 0 0,1,2,3 0+1 ; 21 S I 0 -1 -2 -3 -4 -5 -6 jI3fixj 46 Tab. 3.1: jT3 j J ( repr. SU(3)) 2 1+ (10) 0+ (27); 2(27) 1+ (35); 2 (35) 0+ (28); 2(28) 1+ (10); 0+ (27); 2(27) 0+ (27); 1+(35); 2(27); 2 (35) 0+ (28); 1+(35); 2(28); 2 (35) 0+ (27); 2(27) 0+ (27); 1+(35; 10); 2 (27); 2 (35) 0+ (28; 27); 1+(35); 2(28; 27); 2 (35) 0+ (27); 1+(35); 2(27); 2 (35) 0+ (28; 27); 1+(35; 10); 2(28; 27); 2 (35) 1+ (35); 2 (35) 0+ (28; 27); 1+(35); 2(28; 27); 2 (35) 0+ (28); 1+(35); 2(28); 2 (35) 0+ (28); 2(28) Números quânticos permitidos para os estados ligados do sistema B = 2. Nas colunas estão relacionadas: (1) estranheza (2) valores permitidos para o isospin I, S, (3) projeção do isospin jI3fixj I , (4) projeção do grandespin do káon no sistema xo jT3 j jS=2j, (5) projeção do momentum angufix fix lar no sistema xo, jJ3 j = 2jI3 + T3 j, jJ3fix j 2, paridade P no sistema xo, (eq.(3.51)) e número de estados (degenerados) com mesmo número quântico J3fix , (6) momentum angular J 2 e correspondentes representações SU(3) de sabor. Capítulo 3. Dibárions 47 É importante observar que a função de onda obtida acima não é auto- Hrot . Como o termo de Coriolis (último termo da eq.(3.26)) não comuta com T3 , as autofunções de Hrot serão comfunção do Hamiltoniano rotacional binações daquelas dadas na eq.(3.45), com os mesmos números quânticos II3 ; JJ3 ; (J3fix )2 , mas diferentes valores de T32 . Usando as eqs.(3.26) e (3.45) podese nalmente obter a fórmula de massa para os dibárions. Para o estado fundamental M = Msol + " jS j + Mrot (S ) ; (3.52) Mrot (S ) é a contribuição rotacional. Como tanto para S = 0 como para S = 1 apenas um valor de T32 é permitido (T32 = 0 para S = 0 e T32 = 1=4 para S = 1), Mrot é simplesmente dada pelo valor médio de Hrot onde no correspondente estado dibariônico. S = 0 obtémse h i 1 h S =0 = 1 J (J + 1) Mrot (J3fix )2 + I (I + 1) 2I1 2I2 Para i (I3fix)2 + 1 fix 2 (I ) ; 2I3 3 (3.53) o mesmo que Weigel, Schwesinger e Holzwarth [72]. Para S= Mrot S = 1, a contribuição rotacional é 1 = 1 hJ (J + 1) 2I1 ( 2 S = 2, dois valores de T32 c1 c1 (J3fix )2 + 4 4 c1 ) (I3 )2 0 c 1 4 I (I + 1) (I3fix )2 + c2 @ 2 + 2I2 2 Para i 1 (J3 )2 + (1 2I3 fix ( fix 1 )I +J + 2 ÆJ3 ;0 s 13 1 I (I + 1) + A5 : 4 (3.54) 3 (0 e 1) são em geral permitidos . Por- Mrot é dada pelos autovalores de 2 h i h i MSrot= 2 = 21I J (J + 1) (J3fix)2 + 21I I (I + 1) + c22 + c21K I3 1 2 tanto, 3 Dependendo dos valores dos outros números quânticos, ambos os valores poderão ser permitidos para um dado estado. ) Capítulo 3. Dibárions 0 +B @ 48 1 q c22 K 2 cp 2 + 12Ic31 K 2; I2 2 (1 + ÆK;0)(I K )(I M ) C q 2I2 A(3.55) cp 1 c1 (M 2 c1 ) M 2 2 (1 + Æ )( I K )( I M ) ; K; 0 2 I 2 I I2 2 3 2 com M = K 1. Na construção da matriz 2 2 usamos a base dada na 2 eq.(3.45), ordenada de acordo com T3 crescente. Notese que, embora em alguns casos particulares as expressões para as correções rotacionais para os dibárions com com aquelas apresentadas na Ref. S= 1eS= 2 concordem [71], em geral, são diferentes. Isto se deve ao fato de que, em geral, as autofunções usadas naquela referência não satisfazem os vínculos impostos pelas transformações de simetria, eqs.(3.35) e (3.36). 3.4 Resultados e discussão Em nossos cálculos consideramos dois dos três conjuntos de valores para os parâmetros da ação efetiva apresentados na anteriormente, a saber os conjuntos CJ 1 e CJ 2. O conjunto CJ 3, conduz a uma massa muito grande para o sóliton e não será, então, utilizado aqui. Ao comparar nossos resultados com os da Ref. [71], deve ser salientado fK =f , foi tomada como igual a 1, enquanto aqui a razão usada é igual a 1; 22. que ali a razão entre as constantes de decaimento, Quando o conjunto CJ 2 é usado e apenas g1 , constante da expressão (3.4), é tomado como parâmetro variacional, o mínimo para a massa do sóliton com B = 2 é encontrado para g1 = 0; 339 ; gi6=1 = 0 : A inclusão de um segundo parâmetro variacional g2 (3.56) não conduz a melhora signicativa na energia mínima. Além disso, vericase que para o conjunto Capítulo 3. Dibárions 49 CJ 1 o mínimo aparece sempre no mesmo valor que o de g1 na situação em que só concorre um parâmetro variacional. Por esta razão usamos de fato um só gi 6= 0 (3.56) em todos os cálculos efetuados. Na Tabela 3.2, apresentamos os valores calculados para os parâmetros constantes da fórmula de massa dos dibárions, tanto para o caso de píons nãomassivos quanto para o de píons massivos. Os parâmetros do setor não CJ 2 estranho correspondentes ao conjunto foram dados na Ref. estão aqui repetidos por completicidade. Os valores de para CJ 1 CJ 2) indicam que os káons são menos ligados ao sóliton do que no caso B = 1. e 226 MeV " (238 MeV [38], mas para Usando as autoenergias dos káons do sistema B = 1 [77], obtemos " "(B = 2) "(B = 1) = 16 MeV para os conjuntos CJ 1 e CJ 2. (3.57) Resultado similar foi encontrado por Kunz e Mulders [71], embora o valor de " tenha sido um pouco menor 10 MeV ). CJ 1 CJ 2 Tab. 3.2: I1 I2 I3 Msol MeV fm fm " fm MeV c1 c2 1675 2,62 1,75 1,17 238 0,623 0,436 1675 3,22 2,11 1,42 226 0,554 0,334 (" ' Valores dos parâmetros constantes da fórmula de massa dos dibárions. CJ 1 corresponde ao caso de píons nãomassivos e CJ 2 ao de píons massivos (vide Tab. 2.3). Notese que quando o valor empírico da razão entre as constantes de decaimento mesônicas é usado, além de se eliminar a ligação excessiva do káon encontrada na Ref. [71], " tornase menor. De fato, adotando para Capítulo 3. Dibárions 50 gi o valor 0 e usando o conjunto CJ 1, como em [71], mas mantendo fK =f = 1; 22, encontrase " = 0. Por outro lado, o uso da conguração axialmente simétrica melhorada aumenta o valor de ", sendo o efeito maior para fK =f = 1; 22 (16 MeV ) do que para fK =f = 1 (8 MeV ). Os mesmos comentários aplicamse ao conjunto CJ 2. todos os As correções rotacionais às massas dos dibárions calculadas, Mrot , encon- tramse na Tabela 3.3. Estão relacionados apenas os estados permitidos com Mrot 250 MeV . Para comparação, apresentamos também os resultados da Ref. [71] e a soma das contribuições ao estado bárionbárion de mais baixa energia em cada canal particular. Observamos que as energias rotacionais aqui obtidas são dependentes da escolha dos parâmetros, sendo menores para o conjunto CJ 2. Para o conjunto CJ 1 tais energias são, em geral, muito similares àquelas apresentadas por Kunz e Mulders. Uma exceção importante é o estado fundamental com S = 2, para o qual nossa predição está em torno de metade do valor da energia referida em [71]. Esta diferença é principalmente devida ao menor valor de c2 em nosso modelo. Os reexos deste resultado são de alguma importância, visto que em nosso trabalho a energia rotacional deste estado jaz abaixo do correspondente limiar para ambos os conjuntos, em contraste com a situação apresentada na Ref. [71]. Outro estado S= 2 interessante para a discussão é o estado (1; 1+). Este é o estado de mais baixa energia para o qual os termos nãodiagonais em (3.55) são não nulos. Portanto, para calcular a correspondente energia 2, deve ser diagonalizada. Deve ser enfatizado que ao assim 1 ) na expansão em potências de Nc . Estritavaise além de O (N rotacional, proceder MSrot= c mente falando, isto não parece consistente com o fato de outras contribuições de mesma ordem terem sido sistematicamente desprezadas. Entretanto, considerando apenas o termo diagonal de cional a tal estado, obteríamos MSrot= 2 como se fôsse a correção rota- Mrot (1; 1+ ) = 154 MeV (CJ 1). Esta grande correção rotacional está em desacordo com outros cálculos (vide, p. ex., Capítulo 3. Dibárions 51 I; J ) CJ 1 CJ 2 0; 1+ 75 61 + 1; 0 113 93 ( S=0 NN 1; 2 1=2; 0+ 1=2; 1+ S = 1 N 3=2; 0+ 1=2; 2 0; 0+ 1; 0+ S = 2 1; 1+ 0; 2 1; 2 0; 2+ Tab. 3.3: Ref. [71] 76 120 147 147 147 216 177 212 61 46 76 87 75 83 92 85 90 157 138 160 165 129 169 21 11 39 37 22 33 79 66 88 107 98 115 119 88 130 187 152 182 247 195 > 250 Correções rotacionais às massas dos dibárions, calculadas no presente modelo, relativas aos estados permitidos com 250 MeV . NN , N e Mrot representam as somas das contribui- ções rotacionais para as correspondentes partículas e servem como limiar rotacional em cada canal particular. Capítulo 3. Dibárions 52 [70]) que predizem a existência de um estado fundamental com os números (1; 1+ ). quânticos Focalizemos agora nossa atenção no problema da estabilidade da partícula H [37, 78]. As diferentes contribuições à energia de ligação neste caso estão dadas na Tabela 3.4. Como se observa, nosso modelo prediz que para os dois conjuntos de parâmetros, CJ 1 e CJ 2, H é ligada . Como a atração encontrada em nível das interações hipernas (rotacionais) não é suciente para compensar o fato de que os káons são menos ligados ao diskyrmion, a principal fonte de atração decorre do valor mais baixo da massa do sóliton com B = 2, obtido com a conguração axialmente simétrica melhorada. Situação similar ocorre em cálculos em modelos de sólitons com o modelo coletivo SU(3). no canal É importante lembrar que, embora o estado de menor energia S=0 tenha os números quânticos do dêuteron, sua identicação com esta partícula não é completamente clara, visto que o sistema aqui analisado tem aproximadamente 1,6 vezes o tamanho do núcleon enquanto que o 1 2 [72]. rrms do dêuteron é, experimentalmente, 2; 6 < r2 >núcleon CJ 1 CJ 2 Msol 2" Mrot M (H ) 2M () Tab. 3.4: Contribuições (em -52 -54 32 32 -15 -12 -34 -34 MeV ) à massa da partícula H em relação ao dobro da correspondente contribuição para a massa de Em particular, uma grande energia de ligação ( para este estado no presente modelo. . ' 130 MeV ) é predita Como uma considerável parte desta ligação excessiva vem da contribuição de O(Nc) à massa do dibárion, isto poderia ser uma indicação de que o torus axialmente simétrico estático não Capítulo 3. Dibárions 53 fornece a descrição correta para os bárions com B = 2. Usandose esta con- guração apenas a energia potencial do dibárion está contemplada, enquanto toda a contribuição da energia cinética é desprezada. De fato, mostrase na Ref. [43], onde uma conguração de diskyrmion ligado foi estudada numericamente em uma rede discreta, que o estado toroidal se forma apenas quando da mínima separação entre os dois skyrmions, enquanto na maior parte do tempo o sistema de dois skyrmions consiste de dois bárions bem separados, como esperado para o dêuteron. Outro efeito, ignorado em nossos cálculos, que se pode relacionar com a perda das correções cinéticas mencionadas acima é o efeito de Casimir, que descreve os desvios na energia do vácuo produzidos pela presença do sóliton. Uma estimativa deste efeito, usandose a conguração o mesmo tende a deslocar a massa da conguração ouriços B = 1, para cima. SO(3) [79], indica que B = 2, em relação a dois Se considerarmos ser esta a principal fonte de repulsão que leva a massa do dêuteron a seu valor físico, então tal repulsão seria suciente para impedir a formação da partícula 3.5 H. Conclusões Neste capítulo estudamos a estrutura dos dibárions estranhos ligados no contexto da AEL. Nesta aproximação tais sistemas são considerados como esta- dos ligados de káons com um sóliton topológico com número bariônico B = 2. Para descrever a conguração de diskyrmion recorremos a uma conguração axialmente simétrica melhorada, onde a dependência no ângulo azimutal é encontrada através de um processo variacional. Tal conguração fornece uma aproximação muito boa à solução para a energia mínima encontrada numericamente, que também tem simetria axial. Mostramos que, se os vínculos impostos pelas simetrias da conguração toroidal de fundo são satisfeitos, Capítulo 3. Dibárions 54 todos os estados espúrios são eliminados do espectro. Em particular, obtemos uma forma generalizada do princípio de Pauli para os estados de mais baixa energia com B = 2, com valores pares de estranheza. No setor S=0 isto implica em que o estado de menor energia permitido tem os números quânticos da partícula H. Isto está em acordo com as predições de modelos de quarks. Encontramos ainda que, embora os káons sejam menos ligados ao di skyrmion do que na situação de um único sóliton, o dibárion H é levemente ligado dentro de nossas aproximações. Esta energia de ligação é principalmente devida a uma massa um tanto menor do diskyrmion em relação à soma das massas de dois skyrmions individuais. Entretanto, norteados pela fenomenologia no caso do dêuteron (que é fortemente ligado neste modelo [38]), diríamos que a conguração toroidal estática tende a subestimar a massa do sóliton com B = 2. Além disso, estudos numéricos [43] mostram que o torus é formado apenas quando da separação mínima dos dois skyrmions. Sob este aspecto, seria interessante analisar se os desvios dinâmicos da solução de menor energia podem ser parametrizados em função de alguma coordenada coletiva. Flutuações de pontozero desta coordenada poderiam então fornecer um mecanismo para aumentar a massa do sóliton com sem afetar a massa do sóliton com B = 1. B=2 Outro efeito que pode diminuir as energias de ligação (provavelmente muito relacionado com o anterior) é o efeito de Casimir, que conduz a contribuições de O(Nc0 ) [79]. Como se espera que estes dois efeitos dêem contribuições similares a todos os estados dibariônicos, independentemente de suas estranhezas, ca claro que se eles forem intensos o suciente para aumentar a massa do dêuteron até seu valor empírico, deverão, então, conduzir a uma estrutura não ligada para a partícula H. Capítulo 4 INTERAÇÃO N A escassez de dados experimentais relativos às interações e híperonhíperon dados. híperonnúcleon exige um maior suporte teórico para a descrição destes As análises e predições mais frequentes encontradas na literatura utilizam os modelos de troca de bósons. O modelo de Skyrme em dos potenciais bárionbárion SU(2) núcleonnúcleon. foi usado com algum sucesso no cálculo A generalização ao estudo dos potenciais pode ser feita em extensões a teratura contribuições relativas ao SU(3), encontrandose na li- modelo de coordenadas coletivas MCC. Conforme mencionado anteriormente, utilizamos neste trabalho a ção de estado ligado AEL aproxima- para o estudo de sistemas de dois bárions. Considerando sobretudo os resultados experimentais existentes, optamos por apresentar aqui o desenvolvimento do formalismo para o potencial híperon núcleon. A extensão ao potencial diculdades. híperonhíperon não apresenta maiores O esquema geral é ilustrado pela aplicação ao potencial N para o qual encontrase a maior quantidade de informação. As componentes central, spinspin e tensorial desta interação são obtidas e comparadas com aquelas derivadas no MCC.. Capítulo 4. Interação N 4.1 56 Interação bárionbárion Como no caso do sistema NN , o interesse na interação de dois corpos híperon núcleon se prende a múltiplas razões. Tal interação é, p. ex., o constituinte fundamental para o entendimento microscópico dos hipernúcleos (vide, p. ex., [80]). Além disso, a inclusão do grau de liberdade de estranheza dentre as características dos bárions, reunindo de certa forma núcleons e híperons, impõe a extensão dos modelos de potencial núcleonnúcleon, de modo a fornecer um quadro coerente e unicado da interação bárionbárion. Ainda que a CDQ seja considerada como a teoria fundamental para as interações fortes, as regiões de pequena energia transferida e baixo momentum, relevantes para a Física Nuclear, não podem ser descritas por processos perturbativos, o que tem inviabilizado até agora um cálculo primário da interação bárionbárion em termos de quarks e glúons. No modelo fenomenológico de troca de um bóson (one OBE) boson exchange (vide, p. ex., [81]), a interação núcleonnúcleon é descrita através da troca de diferentes mésons, suplementada por uma repulsão de curto alcance. No caso da interação híperonnúcleon, os potenciais de Nijmegen [82, 83, 84] e de Jülich [85, 86] são obtidos pela extensão do modelo OBE de modo a incluir os graus de liberdade de estranheza. Desta maneira, os dados de espalhamento híperonnúcleon, predominantemente N , podem ser descritos em um esquema unicado ao preço da introdução de um considerável número de parâmetros ajustáveis. De fato, como os dados experimentais são poucos, podem ser reproduzidos com o uso de vários conjuntos de parâmetros, dos quais dois exemplos representativos são aqueles que denem os chamados modelos D e F do grupo de Nijmegen [82, 83, 84]. Capítulo 4. Interação N O modelo de Skyrme em 57 SU(2) foi usado na literatura para a construção e análise do potencial núcleonnúcleon [17, 41], o surgimento das diversas componentes do potencial sendo um dos sucessos do modelo (vide, por ex., [42, 57, 87]). Neste capítulo recorremos à AEL para incluir a estranheza no esquema de cálculo dos potenciais híperonnúcleon, comparando resultados da interação N aos das Refs.[34, 35, 36], onde foram estudados no modelo coletivo (MCC). Assim como nos cálculos do potencial o modelo de Skyrme em NN anteriormente realizados com SU(2), com razoável sucesso qualitativo, são geradas aqui as diversas componentes (central, spinspin, tensorial etc) do potencial. No caso da interação híperonnúcleon, o potencial pode ser escrito na forma geral VHN (~r) = VC (r) OC + VS (r) OS + VT (r) OT ; (4.1) = 3 ~H r^ ~N r^ ~H ~N são operadores que envolvem os graus de liberdade de spin e VC (r ); VS (r ); VT (r ) em que OC = I2H2I2N2 ; OS = ~H ~N ; OT são, respectivamente, as partes central, spin-spin e tensorial da interação. Tais componentes podem ainda ser analisadas em isospin, decompondose as mesmas em contribuições independentes de isospin, isospin, V V + , e dependentes de , de modo que + (r) + V VC;S;T (r) = VC;S;T H ~N : C;S;T (r ) ~ (4.2) As contribuições dependentes de momentum angular, como o acoplamento spinórbita por exemplo, não estão aqui incluídas porque são inacessíveis sob as aproximações usadas, i.e., são de ordem mais alta no parâmetro de expansão. A nova peculiaridade do caso SU(3) (em relação a SU(2)) é a interação de troca de estranheza intermediada por káons. Na linguagem dos modelos OBE, estas interações são de primeira ordem em trocas de káons, mas assim como as contribuições diretas, incluem ordens superiores (mais Capítulo 4. Interação N do que um bóson trocado) no setor 58 SU(2). O esquema geral é ilustrado pe- lo cálculo explícito da componente diagonal ao potencial N 1 que, além do grande interesse físico como mencionado anteriormente, proporciona resultados com um tratamento matemático mais despojado, em vista da ausência de interações dependentes de isospin, o que torna mais transparente sua análise. 4.2 Lagrangeano de interação híperonnúcleon na aproximação produto Com o intuito de obter o potencial híperonnúcleon, diferentemente do estudo de estados ligados apresentado no capítulo anterior em que recorremos a uma conguração axialmente simétrica, a conguração de número bariônico será aproximada pelo produto de duas soluções para pontos ~x1 e ~x2 distintos. Esta é a conhecida B = 1, B=2 centradas em aproximação produto, muito adequada para o estudo do comportamento do potencial a longas e médias distâncias, visto que nestas distâncias os sólitons mantêm a simetria esférica original. Além disso, a aproximação é razoável a curtas distâncias, conforme os argumentos apresentados na seção (3.4). A rigor, esta aproximação falharia [88] para distâncias muito curtas quando a solução exata tem a forma toroidal usada no estudo dos dibárions. Contudo, como mostrado na Ref. [43], o estado toroidal se forma apenas quando da separação mínima entre os skyrmions. Na aproximação produto, o campo para número bariônico B como = 2 é escrito UB=2 (~x; ~x1 ; ~x2 ) = UB=1 (~x ~x1 )UB=1 (~x ~x2 ) U1 U2 ; (4.3) 1 As contribuições dos canais acoplados N e N têm sido objeto de análise nos modelos de troca de mésons [80]. Capítulo 4. Interação N os índices 59 1; 2 indicando a dependência nas coordenadas dos sólitons indivi- duais. O Lagrangeano do sistema pode ser obtido, então, substituindose o campo U nos diversos termos constituintes da interação. Usando a premissa (4.3), a densidade lagrangeana relativa ao termo quadrático L2, eq.(2.3), pode ser escrita como 2 h 2 h 2 h i i i L2 = f4 Tr L1 L1 f4 Tr L2 L2 + f4 Tr L1 R2 + L2 R1 ; (4.4) onde os dois primeiros termos do lado direito de (4.4) são termos de partícula única e o terceiro termo é o de interação entre as partículas, com L = U y @ U R = U@ U y . Aqui e no que segue efetuamos uma simetrização explícita nos índices 1 e 2 para assegurar a invariança da interação frente à troca das e duas partículas. Descontadas as contribuições de partícula única, o termo quadrático se reduz, então, a L(2int) = f4 2 Tr h i L1 R2 + L2 R1 : (4.5) O termo quártico, eq.(2.4), já descontadas as contribuições de partícula única, conduz a h L(4int) = 321e2 Tr 4L1 L1 L1 R2 + 2L1 L1 L1 R2 + 2L1 L1 L1 R2 4L1 R2 R2 R2 + 2L1 R2 R2 R2 + 2L1 R2 R2 R2 + 4L1 L1 R2 R2 2L1 L1 R2 R2 2L1 L2 R2 R2 + 2L1 R2 L1 R2 L1 R2 L1 R2 L1 R2 L1 R2 i + (1 $ 2) ; (4.6) enquanto para o termo de quebra de simetria, eq.(2.15), obtémse, para a contribuição do termo de interação, L(SBint) = f2 m2 + 2fK2 m2K Tr [(U1 1)(U2 1) 2] 24 p f2m2 fK2 m2K + 3 Tr [8 ((U1 1)(U2 1) 1) + (1 $ 2)] 12 Capítulo 4. Interação N fK2 24 +h:c: ; f2 Tr 60 p 38 )U1 L1 h U2 (1 i R2 (L1 R2 ) + (1 $ 2) (4.7) h:c: representa conjugado hermitiano e (1 $ 2) representa a troca dos índices 1 e 2 (simetrização). onde A contribuição ao termo de interação que se origina do termo de WessZumino (2.13) é L(WintZ) = iNc 3 Tr L1 R2 96 2 R23 L1 1 L1 R2 L1 R2 + (1 $ 2) ; 2 (4.8) onde a ausência dos índices de Lorentz indica o uso da notação de 1forma da geometria diferencial, i.e., L31 R2 = " L1 L1 L1 R2 : O uso da parametrização (4.9) CK (vide relação (2.16)) para os campos quirais individuais e a subsequente expansão até segunda ordem nas componentes kaônicas conduz a uma densidade lagrangeana de interação que pode ser escrita como a soma de três diferentes tipos de contribuições, a saber L(int) O termo direto to Lkd e Lke = Ld + Lkd + Lke : (4.10) Ld é uma contribuição puramente piônica (SU(2)), enquan- compreendem as contribuições devidas aos campos de káons presentes nas interações direta e de troca, respectivamente. Uma representação esquemática destas interações é apresentada na Fig. 4.1 a seguir. A Fig. 4.1.a que representa o termo direto Ld, de ordem Nc1 , apresenta o káon ligado atuando como espectador, enquanto as Figs. representam os dois termos de ordem Nc0 , a saber Lkd e 4.1.b e c que Lke, evidenciam os campos kaônicos presentes nas interações direta e de troca, respectivamente. Capítulo 4. Interação N 61 H N H N N H H N H N H N (a) Fig. 4.1: (c) (b) Representação esquemática dos diferentes tipos de contribuições ao potencial híperonnúcleon. (a) Contribuições piônicas diretas Ld, (b) contribuições kaônicas"diretas, Lkd, e (c) contribuições ke kaônicas"de troca, L . Os termos Ld e Lkd são ambos contribuições diretas, visto que as partí- culas do estado nal não são intercambiadas em relação ao estado inicial. O termo Lkd corresponde aos processos em que os graus de liberdade kaônicos são apenas excitados, enquanto a contribuição Lke envolve a troca de um káon entre os bárions, sendo por isto chamada de interação de troca. Em geral, cada termo na ação efetiva (2.14) contribui para as três partes distintas Ld, Lkd e Lke nas quais foi decomposta a densidade lagrangeana de interação. Para o termo quadrático de interação, incluído na eq.(4.4), temos L2 f 2 h 1 2 i Tr l r2 + l r1 ; = 4 Lkd2 = d 1 y y 1 (D K2 ) n2 l n2 K2 4 (4.11) K2y ny2 l1 n2 D K2 Capítulo 4. Interação N + e Lke2 onde p n = u = 62 1 y 2 y (D K1 ) n1 r n1 K1 K1yn1 r2 ny1 D K1 4 1 y y 2 1 K2 n2 r l n2 K2 + K2yny2 l1 r2 n2 K2 8 + K1yn1 l1 r2 ny1 K1 + K1yn1 r2 l1 ny1 K1 + (1 $ 2)(4.12) 1 (D K1 )yn1 n2 D K2 + (D K2 )yny2 ny1 D K1 2 1 + (D K1 )y n1 r2 n2 K2 + (D K2 )y ny2 l1 ny1 K1 4 1 y 1 K1 n1 l n2 D K2 + K2y ny2 r2 ny1 D K1 4 1 y 1 2 K1 n1 l r n2 K2 + K2y ny2 r2 l1 ny1 K1 + (1 $ 2) ;(4.13) 8 e l = uy @ u ; r = u @ uy ; e (4.14) 1 (4.15) D = @ + (ny @ n + n@ ny ) : 2 Na notação adotada, a derivada covariante D atua na mesma coordenada i do campo kaônico Ki . No caso do termo de WessZumino, a contribuição SU(2) pura, L e Ld W Z , é nula e as duas contribuições restantes são kd WZ = " !Nc K y ny l r n DK + (DK2 )y ny2 l1 r2 n2 K2 48 2 f2 2 2 1 2 2 2 1 y y3 K2 n2 l1 + l1 r22 l1 r2 l1 n2 K2 2 # (Fi $ Fi ) + h:c: + (1 $ 2) " (4.16) c K1y ny1 Sny2 DK2 + (DK1 )yny1 Sny2 K2 L = 48!N 2 2 f # 1 y y y + K1 n1 (Sl2 r1 S ) n2 K2 (Fi $ Fi ) + (1 $ 2) ;(4.17) 2 2 2 l2 r1 . A sendo Fi a função perl do sóliton i (ângulo quiral) e S = l2 + r1 substituição (Fi $ Fi ), implica nas substituições l $ r e n $ ny. Além ke WZ Capítulo 4. Interação N 63 disso, usamos para os antikáons ligados, K_ = i!K ; com (4.18) ! > 0. Expressões similares podem ser obtidas para os termos de Skyrme, de quebra de simetria, LSB , respectivamente. L4, e Como suas formas explícitas são extensas e não são particularmente instrutivas, optamos por apresentá las no Apêndice F. A quantização dos sistemas de dois sólitons é efetuada através do uso de coordenadas coletivas. Os estados ligados são submetidos a rotações independentes ! A1 u1Ay1 ; u2 ! A2 u2Ay2 ; K1 ! A1 K1 ; K2 ! A2 K2 ; u1 onde A1 e A2 são matrizes de SU(2). (4.19) A dependência nas coordenadas cole- tivas pode ser reexpressa na coordenada relativa C = Ay1 A2 : (4.20) A m de descrever as partículas físicas, efetuamse projeções nos estados de bons números quânticos de spin e isospin. As correspondentes funções de onda dos híperons são aquelas apresentadas em (2.21), i.e., K (~r; t) = 4.3 X l kl (r; t)Yl (^r) ; z Potencial N na aproximação adiabática Para construir o potencial de interação bárionbárion na to é necessário determinar os elementos de matriz de aproximação produ- L(int) entre as funções Capítulo 4. Interação N 64 de onda relevantes para os dois bárions e integrar na coordenada do centro de massa do sistema, R~ . Para tanto, é conveniente expressar as posições individuais das partículas em função de ~x1 = R~ + ~x2 = R~ R~ e da coordenada relativa ~r, i.e., m2 ~r ; m1 + m2 m1 ~r ; m1 + m2 (4.21) m1 e m2 são as massas (físicas) das partículas individuais. Considerando a direção z ^ alinhada com ~r e efetuando as integrações em ~x0i = ~xi R~ , em que se obtém (int) (r) = VHN onde Z 2 Z1 2 d' < d dR R 0 1 0 Z1 L(int) > (4.22) = r^ R^ e ' o ângulo azimutal. A integração em ' pode ser realizada analiticamente, obtendose um operador com uma estrutura geral que permite identicar as diferentes componentes do potencial, a saber, a componente central, a componente spin spin etc. As integrações restantes relativas às variáveis Re são realizadas numericamente. O formalismo desenvolvido até aqui se aplica aos híperons em geral. Entretanto, como vários passos no procedimento acima mencionado implicam em longos cálculos, restringirnosemos a seguir à discussão do potencial de interação N . Sendo uma partícula isoescalar, o número de termos que contribuem ao potencial é razoavelmente reduzido em relação ao caso geral, mas as peculiaridades físicas de interesse, relativas à interação híperon núcleon cam adequadamente representadas. Ilustremos agora o procedimento geral usado para derivar o potencial de interação, considerando alguns termos especícos do Lagrangeano de interação. Desconsideraremos termos dependentes das velocidades rotacionais coletivas (termos nãoadiabáticos), que dão origem, por exemplo, a contri- Capítulo 4. Interação N 65 buições spinórbita e que são, pelo menos, de uma ordem a mais em Nc 1 , em relação às contribuições já consideradas. Mesmo nesta aproximação, contudo, o cálculo de todos os termos que contribuem para o potencial 4.3.1 N 2 é bastante extenso . Contribuições diretas Consideremos inicialmente uma interação direta do tipo que não existe contribuição L2 Ld . desta espécie ao potencial Podese ver N . De fato a eq.(4.11), após a introdução das coordenadas coletivas, contém a expressão C y l1j C = l1j a C y a C = l1j a Rab (C )b ; sendo Rab (4.23) um elemento de matriz do operador de rotação, apresentado no Apêndice E. Como indicado na eq.(E.17), isto conduz a um elemento de matriz N nulo. A contribuição direta do tipo Ld mais importante se origina de L4, que é responsável pela repulsão central. obtida pela substituição de LeR Tal contribuição pode ser facilmente da eq.(4.6) por seus equivalentes SU(2), eq.(4.14), visto que o káon atua apenas como espectador neste caso. Após determinar os elementos de matriz de interesse e substituílos na eq.(4.22) obtémse VCd (r) onde 2 " 2 2 2 Z1 2 Z 1 2 0 F 0 )2 + F 0 s2 + F 0 s1 + 3 s1 s2 = dR R d ( F 1 2 1 x2 2 x1 3e2 0 x1 x2 1 ! ! # 2 2 s1 s2 F102 F202 (^x1 x^2 )2 ; (4.24) x1 x2 Fi F (xi ), si sen Fi , ci cos Fi e Fi0 dFi =dxi . Foi possível conferir manualmente todas as expressões, à exceção das contribuições kaônicas em L4 , calculadas com a ajuda de um código computacional algébrico, que apre- sentamos no Apêndice F. Capítulo 4. Interação N 66 Como exemplo do tratamento das contribuições a V kd , consideremos as contribuições originárias do termo de WessZumino, eq.(2.13). Novamente, após a introdução das coordenadas coletivas, todos os termos contendo a expressão (4.23) se anulam. Entretanto, neste caso, existem dois termos adicionais. Um destes termos, que gera a única contribuição não nula, fornece simplesmente visto que s2 C yl13 C = 6F10 12 ; x1 l3 ( "ijk li lj lk ) é (4.25) um isoscalar proporcional à contribuição SU(2) para a densidade bariônica. O outro termo contém a expressão C y l1 Cr2 C y l1 C = "ijk l1i a r2jb l1kc C ya Cb C yc C = "ijk l1i a r2jb l1kc d b f Rad (C )Rcf (C ) (4.26) e, embora o correspondente elemento de matriz coletivo seja nãonulo, o ele- ". Portanto, OC : (4.27) mento de matriz total se anula devido à antisimetria do tensor da contribuição (4.25) nalmente obtemos Z 2 0 d' < 02 N10 jLkd W Z j2 N1 > = !Nc 2 0 s21 kF 8 2 f2 2 1 x21 Deve ser mencionado aqui que termos que contenham mais que dois pares C y C dão contribuições não nulas às interações diretas L4 , visto que o tensor " não mais comparece, neste caso. 4.3.2 Contribuições de troca Para ilustrar o cálculo das contribuições de troca, consideremos os dois primeiros termos da forma simetrizada de Lke2 apresentada em (4.13). Após a introdução das coordenadas coletivas e desconsiderando contribuições não adiabáticas, tais termos se reduzem a 1 (D K1 )yn1 Cn2 D K2 + (Fi $ Fi ) + h:c: 2 (4.28) Capítulo 4. Interação N 67 Usando a eq.(E.19) o elemento de matriz relevante resulta em 1 < 01 N20 j (D K1 )yn1 Cn2 D K2 j2 N1 >= 2 1 Æ < J3 j(D K1 )yn1 jJ3N >< J3N jn2 D K2 jJ3 > : 4 I3 ;I3 0 N 0 N0 (4.29) Os elementos de matriz individuais envolvidos podem ser calculados recorrendo se a teoremas de projeção (vide, p. ex., [89]). Usando a forma explícita da conguração ouriço, se obtém !k2 p (=s ic=2~2 x^2 ) e 2 2 " ! 1 k2 k a 0 a 0 3 n2 D K2 = p ik2=s2 x^2 + c=2 k2 c=2 ~2 x^2 x^a2 + c=32 2 2a 2 x2 x2 # k + c=22 2 =s2 (^x2 ~2 )a ; (4.30) x2 n2 D0 K2 = com F dk k20 = 2 ; =s2 = sen 2 dx2 2 F c=2 = cos 2 : 2 e Expressões similares são obtidas para o termo D K1yn1 . (4.31) Desta maneira, se chega à forma explícita do elemento de matriz quadrático kaônico de troca. Ao considerar a integração em relação à coordenada centro de massa é conveniente introduzir os operadores O^C O^S O^T = (I ) N (I )N ; 0 0 = (~1 ) N (~2 )N e = 3 r^ (~1 ) N r^ (~2 )N 0 0 0 0 (~1 ) N (~2 )N 0 0 (4.32) e fazer uso da relação Z 2 0 sendo xij = x^i x^j d' ~1 x^i ~2 x^j = 2 ^ xij OS + Gij O^T ; 3 (4.33) e Gij = 3R2 2 ( 2xi xj 1) + xij ; (4.34) Capítulo 4. Interação N com 68 já denido. Usando as expressões acima obtémse o resultado completo Z 2 o = 1 y 0 0 d' < 1 N2 j (D K1 ) n1 Cn2 D K2 + (Fi $ Fi ) + h:c: j2 N1 > = 2 ( 1 ÆI3 ;I3 ! 2 k1 k2 3=s1=s2 O^C c=1 c=2 x12 O^S c=1 c=2 G12 O^T 12 +O^C"( 3k10 k20 =s1=s2 x12 ) kk +O^S 1 2 c=21 c=22 c=1 c=2 (1 + x212 ) 2=s1=s2 x12 x1 x2 k0 k k k0 + 1 2 c=31 c=2 (1 x212 ) + 1 2 c=1 c=32 (1 x212 ) x1 x2 # +k10 k20 c=1 c=2 x212 N N0 +O^T " k1 k2 2 2 c=1 c=2 c=1 c=2 (G11 + G22 G12 x12 ) =s1=s2 G12 x1 x2 k0 k k k0 + 1 2 c=31 c=2 (G22 G12 x12 ) + 1 2 c=1 c=32 (G11 G12 x12 ) x1 x2 # ) +k10 k20 c=1 c=2 G12 x12 : (4.35) A m de recuperar a estrutura operatorial do potencial como dada na eq.(4.1) efetuase, ainda, uma transformação de Fierz (vide, p, ex., [90]) reescrevendose O^C , O^S e O^T em função dos operadores OC , OS e OT que aparecem naquela equação. A relação entre os dois conjuntos de operadores é, neste caso, 1 1 O^C + O^S + O^T = ( + 3 ) OC + ( ) OS + 2 2 onde OT ;(4.36) ; e são funções que dependem apenas da distância relativa r. As outras contribuições de troca ao potencial de interação a saber, Lke4 e LkeSB , são tratadas da mesma forma que a exemplicada. LkeW Z , No Apêndice F encontramse expressões relativas aos termos quártico e de quebra de simetrica obtidas com recursos algébricos computacionais. Capítulo 4. Interação N 4.4 69 Resultados e discussão Usamos nos cálculos numéricos deste trabalho os valores físicos para os diferentes parâmetros dos mésons que comparecem no Lagrangeano, i.e., m = 138 MeV ; f = 93 MeV ; e adotamos mK = 495 MeV; (4.37.a) fK =f = 1; 22 (4.37.b) e = 4; 26 (valores que correspondem ao conjunto CJ 3) a m de reproduzir a diferença de massas entre o núcleon e a delta. Com estes valores as diferenças de massas dos híperons para núcleon são bem reproduzidas, como se observa na Tab. 2.4. Os valores absolutos das massas bariônicas, porém, resultam muito grandes, quando se adota o conjunto CJ 3, de fato cerca de 800 MeV acima dos valores observados experimentalmente. Este é um problema partilhado pelos modelos de sólitons topológicos, que pode ser amenizado se fôrem consideradas as correções quânticas à massa do sóliton [91, 92]. No caso da AEL isto foi recentemente mostrado quando, usando os valores empíricos para os parâmetros mesônicos, obtevese ' 880 MeV para a massa do núcleon [93]. As contribuições de cada um dos diferentes termos diretos e de troca ao potencial N , algumas das quais foram detalhadas em seções anteriores deste capítulo (cujas expressões podem ser determinadas com o auxílio do Apêndice F), após calculadas, tiveram seus resultados compactados na Fig. 4.2 e na Fig. 4.3. Como se pode apreciar ver na Fig. 4.2a, existem apenas duas contri- buições piônicas ao potencial central. Uma, originária do termo quártico, é repulsiva e domina a outra, pequena e atrativa, devida ao termo de quebra de simetria. Os termos quadrático e de tipo. WZ não fornecem contribuições deste Capítulo 4. Interação N 70 (a) [MeV] 300 V C πd 200 100 0 0.8 1.2 1.6 r 2.0 [fm] 0 (b) [MeV] -10 V C kd -20 -30 0.8 1.2 1.6 r Fig. 4.2: 2.0 [fm] Contribuições centrais ao potencial N (a) originárias dos termos piônicos diretos; (b) originárias dos termos kaônicos diretos. As linhas cheias representam as contribuições do termo quártico, a linha pontilhada a do termo de de quebra de simetria. WZ e a traçoponto a do termo Capítulo 4. Interação N 71 Os termos kaônicos diretos, que no presente esquema só contribuem ao potencial central, estão apresentados na Fig. 4.2b. Ocorrem contribuições quártica e de W Z , ambas atrativas e similares em magnitude. Existe também uma muito pequena contribuição devida ao termo de quebra de simetria (não visível no gráco), mas não ocorre contribuição kaônica direta oriunda do termo quadrático. Comparando as Figs. 4.2a e b podemos ainda notar que a contribuição piônica (SU(2)) é muito maior, em valor absoluto, do que as contribuições kaônicas, como esperado da A Fig. contagem (em ordens de) Nc. 4.3 apresenta em separado as componentes central (Fig. 4.3a), spinspin (Fig. 4.3b) e tensorial (Fig. 4.3c), relativas aos termos de troca kaônicos. Como se observa, todos os termos do Lagrangeano contribuem neste caso. Estas contribuições são atrativas, à exceção das oriundas do termo LSB ) que são, contudo, sempre muito pequenas. de quebra de simetria ( Os termos kaônicos de troca são, em geral, da mesma ordem de grandeza que os kaônicos diretos e não desprezíveis frente às contribuições piônicas, embora quase uma ordem de grandeza menores. Nossas predições totais para as componentes central, spinspin e tensorial ao potencial N os resultados do estão apresentadas na Fig. 4.4 onde também se encontram MCC [36]. A análise comparativa entre os resultados do modelo AEL e do MCC mostra que as ordens de grandeza e os sinais dos resultados, nos dois casos, são concordantes. Como antecipado na discussão anterior, tanto no modelo MCC, AEL, como no as interações spinspin e tensorial são suprimidas por uma ordem de magnitude em relação à interação central, que se mostra repulsiva em qualquer distância. Já que o potencial central ( VC ) é dominado pelas contribui- ções piônicas, ca claro que tal comportamento está muito relacionado com o Capítulo 4. Interação N 72 5 0 [MeV] -5 -15 V C ke -10 (a) -20 -25 0.8 1.2 1.6 r [fm] 2.0 15 10 [MeV] 5 ke S 0 V -5 (b) -10 -15 0.8 1.2 1.6 r [fm] 2.0 4 T V ke [MeV] 2 0 -2 (c) -4 0.8 Fig. 4.3: 1.2 1.6 Contribuições dos termos kaônicos de troca r [fm] 2.0 Lke ao potencial N : (a) componente central, (b) componente spin-spin, (c) componente tensorial. A linha tracejada representa as contribuições do termo quadrático, a linha cheia aquelas do termo quártico, a linha pontilhada as do termo de W Z e as traçoponto as do termo de quebra explícita de simetria. Capítulo 4. Interação N 73 300 (a) C V [MeV] 200 100 0 0.8 1.2 1.6 r [fm] 2.0 0 (b) V [MeV] -4 S -8 -12 0.8 1.2 1.6 r [fm] 2.0 0 (c) -4 T V [MeV] -2 -6 -8 0.8 Fig. 4.4: 1.2 Componentes do potencial 1.6 N : r [fm] 2.0 (a) componente central VC ; (b) com- ponente spin-spin VS ; (c) componente tensorial VT . A linha cheia representa resultados do presente cálculo (AEL) e a linha tracejada resultados do MCC [36]. Capítulo 4. Interação N 74 conhecido problema da ausência de atração central a distâncias intermediárias do modelo de Skyrme em SU(2). Muitos mecanismos têm sido propostos para resolver este problema como, por exemplo, o do acoplamento a graus de liberdade vibracionais e rotacionais [35]. Qualquer que seja a solução que venha a corrigir tal deciência, os presente cálculos em SU(3) mostram que a inclusão dos graus de liberdade de estranheza provavelmente não a prejudicarão, visto que as contribuições kaônicas centrais, ora adicionadas, são atrativas. O sinal da contribuição spinspin predita neste trabalho é negativo, o que implica em maior atração no canal ocorre também no MCC. 3 S1 do que no canal 1 S0 . Este resultado Contudo, é importante observar que a informação sobre o sinal da interação spinspin não é clara, pois dos dados de espalhamento p existentes não há condições ainda para uma conclusão denitiva. De fato, várias versões dos modelos de troca de bósons, que reproduzem de modo igual os comprimentos de espalhamento, conduzem a predições um 3 S1 e 1 S0 , 2; 18 (modelo A) a 1; 75 (modelo F) para 3 S1 2; 51 (modelo F) para 1 S0 (vide, p. ex., [94]). pouco diferentes para os comprimentos de espalhamento nos canais com valores variando entre e entre 0; 71 (modelo A) a De outra parte, os dados disponíveis sobre recer uma interação spinspin N hipernúcleos tendem a favo- repulsiva, embora novamente a questão não esteja completamente denida. A indicação mais clara vem dos estados dubletos 4 H e 4 He, mas a análise do comportamento destes estados depende de cálculos bastante elaborados envolvendo quatro corpos. Existe também alguma informação empírica de outros como, por exemplo, 11 B . hipernúcleos, Para este, a situação é um pouco mais complexa ainda, devido ao papel exercido pelas interações spinórbita. Experimentos propostos tanto em espalhamento híperonpróton [95], como em espectroscopia hipernuclear [96] poderão talvez, em breve, fornecer testes críticos sobre este assunto. Capítulo 4. Interação N 75 Do ponto de vista do modelo de sólitons topológicos de Skyrme, nossos resultados são consistentes com aqueles obtidos em cálculos embasados nas coordenadas coletivas [34, 35, 36] na ausência de canais acoplados. Pode- ríamos argumentar que, como no presente modelo as trocas de píons são consideradas além do modelo canal N OBE, uma certa quantidade de mistura com o é levada em conta. Nossa aproximação, entretanto, ainda permite contribuições nãodiagonais, N N , não nulas. Existem indicações de que quando tal mistura com congurações rotacionais excitadas é incluída, o sinal da interação spinspin no modelo de Skyrme pode ser revertido [34, 35]. Consideremos, também, a componente tensorial do potencial. Para distâncias grandes ( r > 1; 2 fm) nossa predição para tal componente concorda com a dos modelos OBE. Para distâncias menores, entretanto, existem dis- crepâncias entre os próprios modelos temse VTOBE D 14 MeV , OBE. enquanto r 0; 9 fm +9 MeV . Em tais Por exemplo, para VTOBE F regiões nossos resultados se assemelham mais àqueles do modelo D. A comparação (compacta) de nossos resultados com os do modelo MCC que se encontra na Fig. 4.4, permite as seguintes considerações. Analisando os resultados da aproximação coletiva [36] ao modelo de Skyrme em vêse que a magnitude e o sinal dos potenciais do MCC e da AEL SU(3), são si- milares. Entretanto a situação é diferente para o comportamento a longas VC decaia basicamente spinspin VS e tensorial VT no distâncias. Embora nos dois casos o potencial central do mesmo modo, o MCC alcance dos potenciais é muito mais longo do que na MCC o único méson que enquanto na AEL AEL. Isto é compreensível, visto que no determina a atenuação das funções radiais é o píon, as componentes kaônicas são responsáveis pelas contribui- ções spinspin e tensorial do potencial N . O alcance correspondente está, portanto, associado à massa do káon, cerca de três vezes maior do que a do píon. No potencial central estas diferenças não ocorrem devido à dominância da contribuição piônica L4 já discutida. Deve ser mencionado que em todos Capítulo 4. Interação N 76 os casos o comportamento dos potenciais a grandes distâncias obtido na está em boa concordância com os resultados dos modelos 4.5 AEL OBE. Conclusões Neste capítulo estudamos a interação híperonnúcleon na aproximação de estado ligado AEL ao modelo de Skyrme em SU(3). Vale enfatizar o fato de que o modelo de Skyrme incorpora a simetria quiral e a expansão da em grande CDQ Nc , de uma maneira bem elegante. No caso da utilização da AEL, destacamos que relacionando a física de setores com diferentes números bariônicos foi possível obter predições praticamente livres de parâmetros, em contraste com outras aproximações fenomenológicas. Nossos cálculos estão fundamentados na po solitônico com aproximação produto para o cam- B = 2, aproximação esta bastante adequada para as regiões de médias e longas distâncias de separação enfocadas nos processos de espalhamento. Cabe lembrar que, a muito curtas distâncias, em princípio, a aproximação recomendade seria a axialmente simétrica, de modo a melhor reproduzir a simetria toroidal favorecida numericamente. Como já referido, as expressões utilizadas na uma aproximação adiabática. AEL correspondem às de Neste contexto, encontramos três classes de contribuições ao potencial híperonnúcleon. Um primeiro conjunto corres- ponde a contribuições envolvendo os píons e oriundas do termo ordem Nc1 SU(2), e em que os káons atuam simplesmente como espectadores. As Nc0 e correspondem às interações kaô1 foram desconsideradas no Interações de ordem Nc outras duas modalidades são de ordem nicas direta e de troca. de Capítulo 4. Interação N 77 presente trabalho. Embora o formalismo desenvolvido neste capítulo seja adequado para qualquer elemento de matriz da interação híperonnúcleon (diagonal ou não), concentramonos nas expressões para a interação diagonal N . Estas são ricas o suciente para exemplicar as diversas etapas de cálculo do modelo, ao mesmo tempo em que resultam em simplicações nas expressões para os potenciais, que levam a relações mais compactas e de mais fácil visualização ao leitor. Somase a isto o fato de que os dados mais abundantes de que se dispõe, referemse à interação N . O potencial central no modelo, resulta repulsivo em qualquer distância. Este resultado está fortemente relacionado com a deciência da atração central intermediária do potencial de dois corpos obtida no modelo de Skyrme em SU(2). Qualquer uma das soluções sugeridas para este problema na lite- ratura acarretará, em nossa formulação, em contribuição atrativa adicional no caso N . Em geral, os resultados por nós obtidos são similares àqueles da aproximação de coordenadas coletivas (MCC) ao modelo de Skyrme em SU(3). Exceção a isto referese ao alcance das interações spinspin e tensorial. Para estes alcances, os valores obtidos no presente cálculo, menores que as do MCC, parecem ser mais realísticos. Finalmente, existem indicações de que o acoplamento a graus de liberdade vibracionais e rotacionais poderia originar a atração central não ocorrente no modelo de Skyrme original, enquanto o acoplamento a estados rotacionalmente excitados poderia mudar o sinal da interação spinspin [35]. O formalismo ora desenvolvido fornece o esquema básico para futuras investigações de tais questões com o uso da AEL. Capítulo 5 COMENTÁRIOS FINAIS Embora a Cromodinâmica Quântica CDQ seja aceita como a teoria fun- damental das interações fortes, apresentando os hádrons como intrincadas estruturas compostas de quarks e glúons e possibilitando cálculos consisten- tes com os dados experimentais na região de grande momentum transferido, enfrentamos grandes diculdades para trabalhá-la na região de pequeno momentum transferido. Neste intervalo os grandes valores da constante de acoplamento quarkglúon impedem o uso de técnicas perturbativas, o que leva à busca de soluções mais simples, com aproximações de modelo embasadas na CDQ e em suas simetrias. O trabalho pioneiro de 't Hooft em CDQ com grande número de cores, Nc , foi fundamental para o aparecimento de toda uma classe de tais modelos. Identicando 1=Nc como um parâmetro de expansão, 't Hooft mostrou que no limite Nc ! 1 apenas os diagramas de Feynman planares sobrevivem [9], o que permitiu a Witten demonstrar que, nesta situação, a uma CDQ se reduz a teoria efetiva de mésons interagentes, de onde os bárions emergem como sólitons. Tais sólitons topológicos já haviam sido construídos por Skyrme muito tempo antes, tendo despertado pouco interesse à época. A conexão do modelo de Skyrme com a CDQ fez reviver o modelo e a partir do trabalho de Adkins, Capítulo 5. Comentários Finais 79 Nappi e Witten várias aplicações a N e mostraram a adequação do modelo em SU(2) modelo a o que motivou a proposição, pouco tempo depois, de extensões do SU(3). Estas extensões do modelo de sólitons topológicos a SU(3) visam descre- ver não apenas os hádrons nãoestranhos, mas também os estranhos. primeiras tentativas de extensão do modelo, entretanto, onde o quark considerado como s As era leve, fracassaram tanto na descrição do espectro de massas, quanto na das propriedades estáticas dos bárions. Fundamentalmente, duas extensões do modelo de Skyrme em SU(3), SU(2) a com bons resultados na descrição dos hádrons com número bariônico B = 1, tanto para o octeto quanto para o decupleto bariônicos, são propostas na literatura. Uma, o modelo de coordenadas coletivas MCC trata os graus de liberdade de isospin e de estranheza de mesma forma, enquanto a outra, a aproximação de estado ligado AEL dá um tratamento diferencia- do a eles, tendo em vista a quebra de simetria relativa a estranheza, reetida na grande diferença de massa entre os mésons nãoestranhos e os estranhos. O estudo da interação entre dois bárions exige a investigação de sistemas estranhos com utilização do a B = 2. Na literatura são encontrados resultados referentes à MCC. Tendo em vista os interessantes achados correspondentes B = 1 com a AEL, e considerando a importância de investigar as diferenças de efeitos destas duas aproximações, recorremos, neste trabalho, ao modelo de Skyrme, em sua extensão AEL para o estudo da interação de dois corpos em B = 2. sistemas bariônicos estranhos caracterizados pelo número bariônico O modelo utilizado constituise em uma aproximação relativamente simples para a CDQ, no regime de baixas energias. Dentre os principais méritos da B = 0), os setores mesônico ( AEL, podemos citar a capacidade de unir B = 1) bariônico ( B = 2) e o dibariônico ( de uma maneira concisa e elegante e praticamente livre de parâmetros, visto Capítulo 5. Comentários Finais 80 que os existentes estão, em princípio, ligados a dados experimentais no setor mesônico. A principal característica da AEL, é a de descrever os híperons como estados ligados sólitonkáon, dando um tratamento diferenciado aos graus de liberdade de estranheza do sistema analisado, em relação aos de isospin. Enquanto o sóliton é considerado como um objeto rígido no setor SU(2) de isospin e quantizado pelo método das coordenadas coletivas, os graus de liberdade de estranheza, encontrados nos káons, são tratados como modos vibracionais. Esta imagem física de um híperon como um estado ligado káon sóliton, pretende ressaltar, em nível de modelo, que a quebra da simetria de sabor entre os bárions é importante, como evidenciamos nas diferenças entre as massas dos bárions não estranhos e estranhos. A boa descrição das propriedades estáticas e dinâmicas dos híperons, em particular a marcante concordância dos valores calculados para massas e momentos magnéticos das partículas com os valores experimentais e com predições do modelo de quarks, sugere que o conteúdo físico do modelo adotado, de fato, se aproxima da realização na natureza. Para uma visão mais abrangente da interação bárionbárion estudamos, neste trabalho, dois tipos de sistemas com número bariônico B = 2. O primeiro, em que as partículas se encontram ligadas, consiste dos denominados dibárions e o outro, em que as partículas interagentes não estão ligadas, propicia a obtenção do potencial bárionbárion a distâncias variadas. As contribuições originais desta tese encontram-se sobretudo descritas nos capítulos 3 e 4 relativos, respectivamente, aos sistemas ligados e aos não ligados estudados com a AEL, os resultados e conclusões para cada sistema sendo apresentados ao nal do capítulo correspondente. Resumimos aqui os pontos mais relevantes deste trabalho e algumas de suas conseqüências. Capítulo 5. Comentários Finais 81 Para o estudo dos dibárions utilizamos a ca. conguração axialmente simétri- Tal escolha, mais adequada para sistemas ligados que a da conguração esfericamente simétrica justicase, inclusive, por ser uma aproximação mais próxima para a conguração de energia mínima toroidal favorecida numericamente. Extremamente importante em suas consequências é o fato de que os vínculos impostos pela simetria toroidal eliminam os estados espúrios do espectro dibariônico encontrados em cálculos anteriores [71] que utilizaram a conguração esférica, levando o espectro a concordar com aquele obtido no modelo de quarks. Em particular, uma forma generalizada do princípio de Pauli é obtida para os estados com estranheza par. Predizse ainda, neste modelo, que a partícula (2 quarks H , um estado hexaquark u, 2 quarks d e 2 quarks s) proposto por Jae no modelo de quarks, é ligada, o que se deve principalmente à menor massa do sóliton com B=2 B = 1. Esta ligação, 0 entretanto, pode desaparecer se uma contribuição de ordem Nc , os efeitos de em relação à soma das massas de dois sólitons com Casimir, à energia, que tendem a aumentar a massa do diskyrmion, fôrem considerados. Para o estudo da interação bárionbárion, para sistemas ligados, partimos do princípio de que o modelo de Skyrme em SU(2) sucesso na obtenção do potencial de interação das interações NH e HH já foi usado com algum NN , de modo que o estudo servem como um teste adicional para a aplicabi- lidade do modelo e permitem destacar os efeitos adicionais do conteúdo de estranheza dos híperons. Como conguração inicial, usamos a aproximação produto, uma vez que o comportamento dos potenciais a distâncias muito curtas não é prioritário na questão. Na aproximação em foco o sóliton com número bariônico B=2é representado pelo produto de dois sólitons esféricos na, conguração ouriço, com B = 1, reetindo o fato de que, nas médias e grandes separações entre Capítulo 5. Comentários Finais 82 partículas, os sólitons não se fundem em uma conguração toroidal, permanecendo sobretudo esféricos. O modelo mostra a existência de três tipos de contribuições ao potencial na aproximação adotada. Uma puramente devida Nc1 , onde 0 os káons não desempenham qualquer papel e outras duas, de ordem Nc , que aos sólitons, com estranheza nula (contribuição correspondem às interações kaônicas ditas SU(2)), de ordem direta e de troca. Efeitos de ordem menor são ignorados na presente simulação. O formalismo desenvolvido é aplicável a sistemas estranhos de dois bárions, sendo os resultados numéricos apresentados para a interação N , quer por apresentar o maior número de dados experimentais, quer pela relativa simplicidade dos cálculos. Em particular, mostramos que os três tipos de componentes do potencial estudados, a saber o potencial central, o potencial spinspin e o potencial tensorial, são gerados naturalmente no modelo A falta de atração central, deciência herdada do modelo de Skyrme em ocorrente no cálculo da interação SU(2) e já NN , se faz também presente aqui. Em geral, excetuandose o problema associado com a atração central intermediária, os resultados obtidos concordam com os de outras variantes do modelo de Skyrme em SU(3), em particular com os do MCC, no que tange à magnitude e sinal da interação, parecendo, entretanto, mais realísticos quanto ao alcance das interações spinspin e tensorial e também quanto a comparação com predições de modelos em spin do potencial N OBE. Em particular, a dependência é a mesma estimada por Millener et al. [97] A crítica maior às predições do modelo relativas à deciência de atração central pode ser abrandada pelas indicações de que o acoplamento a vibrações radiais e a ressonância Ropper poderiam originar a atração central procurada. Embora originalmente proposta como uma aproximação adequada ao estudo dos híperons do octeto e do decupleto de menor massa, a AEL relativa ao modelo de Skyrme tem se mostrado muito eciente também na descrição Capítulo 5. Comentários Finais de híperons com sabores pesados, 83 charm e bottom, e na descrição de bári- ons exóticos, como híperons pentaquarks, multibárions e quarkonia pesados [98, 99]. A principal incerteza no espectro de massas decorre provavelmente das energias de Casimir para as congurações solitônicas toroidais (aproximadas pela conguração axialmente simétrica), um problema ainda em aberto. No que diz respeito a sistemas interagentes, os resultados aqui obtidos, e o e hipernúcleos, sugerem que se detalhe os cálculos adicionais das interações N e canais acoplados N N , em particular, e também da interação híperon híperon, em geral, no modelo ( e , por grande interesse nos exemplo). A atração central intermediária, já ausente na interação NN , certamente está a merecer estudos mais cuidadosos, podendo ser citadas, além das já mencionadas, abordagens para a melhora da conguração inicial para os dois sólitons interagentes e, ainda, a inclusão de termos estabilizantes de ordens superiores no Lagrangeano do sistema. Acreditamos que o trabalho apresentado contribui para o estudo das propriedades dos sistemas bariônicos estranhos, na avaliação da importância das diferenças entre as massas dos mésons geradores dos bárions sobre a interação entre eles, na sistemática de determinação das interações bariônicas e inclusive, em particular, no que diz respeito à possibilidade de existência de estados estáveis em relação a decaimentos fortes. Apêndice A O SETOR SU(2) Neste apêndice são apresentadas as expressões para o setor de sólitons para a conguração axialmente simétrica bariônico genérico n. A densidade lagrangeana LSU(2) = f4 2 SU(2) do modelo relativa a um número LSU(2), eq.(2.9) é, explicitamente 1 (@ u @ uy ) + 2 Tr [@ u ; @ uy ][@ u ; @ uy ] 32e 2 2 f m (1 cos F ) : (A.1) Tr Recorrendo à conguração modicada (eq.(3.1)) u = exp [i~ ^n F (r)] ^n = sen cos ^{ + sen sen |^ + cos k^, a massa clássica tornase um funcional de F (r ), ( ) and (), cuja expressão explícita é com M [F; ; ] = Z V d3 r ( " ! # f 2 0 2 sen2 0 2 sen2 F 2 0 F + + 2 sen2 r2 " ! sen2 0 2 1 sen2 F 2 0 + F 02 + 2 2 2 2e r sen # ) sen2 0 2 0 2 sen2 F 2 2 + + f m (1 cos F ) ; sen2 r2 (A.2) com F0 dF ; dr 0 dd e 0 dd : (A.3) Apêndice A. O setor 85 SU(2) M , em relação a cada variável esféricopolar, conduz a uma equação de EulerLagrange relativa a cada uma das funções F (r ), ( ) and (). A primeira e mais simples, é A minimização de 00 () = 0 : (A.4) () = n, sendo n o número Usando esta função para , resulta para ( ) a equação Devido à unicidade do campo quiral devese ter bariônico. ! n2 C1 sen + C2 sen2 00 + sen ! sen2 2 C2 n cos 0 2 sen C1 sen cos = 0;(A.5) C2 0 2 n2 sen C1 com C1 = 2 C2 = 2 Z1 0 Z1 0 dr sen2 F dr e et al. [38], usando () = , a equação C1 (1 n2 ) cos = 0 ; satisfeita apenas para n = 1. (A.6) n2 6= 1 existe instabilidade n = 1 corresponde ao sóliton Portanto, para local. Desta forma, a solução para = e esfericamente simétrico obtido com o ansatz sim, os valores de ! 1 sen4 F : 2e2 r2 Como mencionado por Kurihara (A.5) se reduz a f 2 1 + 2 F 02 2 2e e n na expressão ouriço (2.8). Substituindo, as- genérica da massa (A.2), obtémse a eq.(2.10). Ao invés de resolver a eq.(A.5) numericamente, Kurihara et al. propõem o uso da função tentativa apresentada na eq.(3.4), () = + X k=1 gk sen (2k) ; (A.7) Apêndice A. O setor com os coecientes gk 86 SU(2) sendo determinados pela minimização da massa no correspondente setor bariônico. Finalmente, para o ângulo quiral F (r) a equação resultante é f 2 r2 + 21 sen2 F F 00 + 2f 2 r F 0 f 2 1 sen F cos F e sen3 F cos F + 21 F 0 2 sen F cos F 2 22 m2 f 2 r2 sen F = 0 ;(A.8) 2 e e r com condições de contorno F (0) = e F (1) = 0. 1 e 2 , já apresentadas na eq.(3.10), são ! 1Z sen2 2 0 2 d sen + n e 1 = 2 0 sen2 2 ! n2 Z sen 2 2 = d 0 : 2 0 sen As expressões explícitas para O uso do método de coordenadas coletivas para a quantização do Lagran- SU (2) conduz a termos dependentes de quatro momentos de inércia Ii , i = 1; :::; 4, os quatro últimos termos da eq.(3.15), sendo as formas explícitas geano destes momentos de inércia Ii = Z1 0 dr r2 sen2 F onde os coecientes 1 = 2 = 3 = 4 = 1 = 2 = " # 1 02 1 sen2 F 2 f + 2 F i + 2 2 i ; e e r (A.9) i e i são dados pelas integrais angulares abaixo ! Z sen2 2 0 2 d sen + n ; (A.10) tan2 0 Z d sen (1 + cos2 ) ; (A.11) 0 Z 2 d sen sen2 ; (A.12) 0 8 ; (A.13) 3 Z sen2 n2 d sen (1 + cos2 )0 2 ; (A.14) sen2 ! 0 Z sen2 d sen 0 2 cos2 + n2 2 ; (A.15) sen 0 Apêndice A. O setor 87 SU(2) Z 3 = 2 d sen 0 2 sen2 ; 0 8 4 = : 3 Observese que para o que conduz ao modelo de Skyrme em e SU(2), (A.18) em que a equação diferencial F (r) está dada em (2.11) e em que SU(2) Ii (A.17) = e n = 1 os coecientes acima se reduzem a 1 = 2 ; 2 = 1 i i 83 ; para (A.16) " 2 F !# 1 sen 8 Z 1 2 2 dr r2 sen2 F f + 2 F 0 + : = 3 0 e r2 (A.19) Apêndice B V ef EM AEL PARA B = 1 Neste apêndice são apresentadas as expressões explícitas constituintes do potencial efetivo da AEL, condensado na eq.(2.20), e da massa de um híperon. Expandindo o campo que carrega a estranheza, UK , até segunda ordem nos operadores de káons, a conguração q q U = U UK U referida na eq.(2.16) tornase U p q q q q ' U + i f 2 U K U f12 U KK U : K K (B.1) Nesta ordem de aproximação a ação efetiva = Z d4 x (L + LSk + LSB ) + WZ ; apresentada na eq.(2.14), conduz a um Lagrangeano em que é possível identicar claramente dois tipos de termos, um envolvendo puramente o campo de píons massivos, LSU(2), de ordem Nc1 , idêntico à densidade lagrangeana de Skyrme [45] e apresentado na eq.(A.1) e outro, de ordem pela interação entre o sóliton e o káon, L. Assim, Nc0 , responsável L = LSU(2) + L = LSU(2) + L2 + L4 + LW Z + LSB ; (B.2) Apêndice B. V ef em AEL para B =1 89 com L2 = (D K )y D K L4 = LW Z = LSB = K ya a K ; 1 n 2 K yK Tr [a ; a ] 2 2e2 fK +Tr (a a ) (D K )y D K h N i c2 B K y D K 4fK " (B.3) Tr (a a ) (D K )y D K o 3(D K )y [a ; a ] D K ;(B.4) (D K )y K i e (B.5) # 1 f 2 2 m (1 cosF ) K y K : 2 fK2 m2 K (B.6) Nestas expressões @ + v ; 21 (pu y@ pu pu @ pu y) D 8 9 > < v > = > : a > ; (B.7) (B.8) e B (x) = Recorrendo à conguração 1 " Tr(L L L ) : 24 2 ouriço, (B.9) eq.(2.8), para o campo de píons e à expansão em ondas parciais, eq.(2.21), para o campo de káons, obtemos a equação de movimento (2.23) para as funções radiais ( " 1 d 2 d r h ( r ) r2 dr dr onde # m2 K Vefl (r) + "2l f (r) kl (r) do káon, i.e., ) 2S(r) kl (r) = 0 ; (B.10) S é a estranheza do sistema, "l é a autoenergia do modo (l) (conven- cionada sempre positiva), h(r) = h1 (r) + h2 (r) = 1 + 1 sen2 F ; 2e2 fK2 r2 (B.11) Apêndice B. V ef em AEL para B =1 90 F 02 h1 (r) = 1 + 2 2 ; 4e fK 1 sen2 F h2 (r) = 2 4e2 fK2 r2 (B.12) F 02 ! ; (B.13) ! sen2 F 1 2 0 f (r) = 1 + 2 2 F + 2 2 4e fK r (r) = e (B.14) Nc sen2 F 0 Nc F = 2 B0 : 8fK2 r2 4fK Finalmente, as componentes (B.15) V0 (r), V1 (r) e V2 (r), coecientes dos termos central, isospinórbita e orbital do potencial, conforme denido em (2.20), e que, após a inserção na equação radial (2.23), originam Vefl (r) = V0 (r) + V1 (r) ( + 1) l(l + 1) 2 3=4 + V2 (r) l(l + 1) ;(B.16) podem agora ser identicadas: " !# 1 sen2 F 2sen4 F=2 2 0 1+ 2 2 F + 2 V0 (r) = r2 4e fK r " ! 1 sen2 F sen2 F 2 0 2 2 2F + 2 4e2 fK2 r r !# d + F 0 senF sen2 F=2 dr V1 (r) = ( ! 1 0 2 sen2 F F +2 2 4 r 6 sen2 F 4 sen F=2 r2 r2 1 f 2 2 m (1 2 fK2 (B.17) " !# 4sen4 F=2 1 sen2 F 2 0 1+ 2 2 F + 2 r2 4e fK r " 3 1 sen2 F cosF 2e2 fK2 r2 r2 #) d 0 (F senF ) dr " !# 1 sen2 F 1 2 0 V2 (r) = 2 1 + 2 2 F + 2 : r 4e fK r cosF ) ; e (B.18) (B.19) Apêndice B. V ef em AEL para B A gura B.1 mostra o potencial e =1 91 Vefl (r) para o estado fundamental = 12 l = 1, nos casos nãomassivo e massivo. 20 0 -20 -40 V 1ef1 (fm 2 ) 2 -60 -80 -100 -120 0 Fig. B.1: Potencial 0.5 1 V 1ef1 . 2 2 2.5 3 m = m 6= 0 A curva de linha contínua referese ao caso CJ 1) (parâmetros CJ 3). 0 1.5 r(fm) (parâmetros e a de linha pontilhada, ao caso Ademais, apresentamos a seguir as expressões gerais para a massa de um híperon que contém orbital) com energia !1 n1 M mésons do tipo 1 (indicando sabor e estado e momentum angular j1 e n2 mésons do tipo 2 com !2 e momentum angular j2 e para a constante hiperna que dene o espectro de massas [98]. A massa M , referida em (2.53), escrevese energia M (I; J; n1 ; n2 ; J1 ; J2 ; Jm ) = Msol + n1 !1 + n2 !2 1 + fI (I + 1) + (c1 + c2 ) [c1 J1 (J1 + 1) c2 J2 (J2 + 1)] 2 +c1 c2 Jm (Jm + 1) + [J (J + 1) + Jm (Jm + 1) " #) c1 + c2 c1 c2 J1 (J1 + 1) J2 (J2 + 1) I (I + 1) + ; 2 2 Jm (Jm + 1) (B.20) Apêndice B. V ef em AEL para B =1 92 I é o isospin, Msol é a massa e é o momento de inércia do sóliton. J1 e J2 são os momenta angulares dos mesmos, do tipo 1 e do tipo 2, denidos como n1 j1 e n2 j2 , respectivamente, e Jm pode adotar os valores jJ1 J2j; :::; (J1 + J2). Para o caso de um único sabor pesado, a fórmula de massa acima se reduz à eq. (2.53). As constantes c1 e c2 são os coecientes onde de estrutura na para os estados mesônicos 1 e 2, obtidos como elementos de matriz do Hamiltoniano rotacional surgido da quantização do sóliton como um rotor rígido. A expressão geral para um dado estado mesônico com j momentum angular c = 1 2! e momentum angular orbital lé Z1 n dr r2 klj2 d(r)+ < l; 12 ; j jj~ jjl; 21 ; j >r a(r) 0 ) 1 + b(r)+ < l; 21 ; j jjL~ jjl; 12 ; j >r g (r) ; (B.21) 2j (j + 1) onde a(r) = (r) b(r) = g (r) = ( ! 1 3 2F 0 d(r) + 2 2 sen F + F 00 2 8e fH r ) F 02 sen2 F 2 + 1 4 sen F ; r2 2 ( 3 3 sen2 F (r ) + 2 2 8e fH r2 2F 0 sen F + F 00 r F 02 2 1 4 sen F ; 2 1 sen2 F ; 4e2 fH2 r2 " !# 1 sen2 F F 2 0 2 1+ 2 2 F + 2 (r) = sen 2 e fH r 2F ! 1 sen 2 d(r) = 1 + 2 2 F 0 + 2 2 : 4e fH r (B.22) ! (B.23) (B.24) e (B.25) (B.26) Apêndice B. V ef em AEL para B =1 93 Os elementos de matriz reduzidos relativos são < l; 12 ; j jj~ jjl; 21 ; j e < l; 21 ; j jjL~ jjl; 12 ; j Nestas expressões, siderado. fH 8 > < 2 >r = > 2l2+1 : ; j = l 12 1 2l+1 ; j = l + 2 8 > < 2l+2 >r = > 2l2+1 : l ; j = l 21 1 : ; j = l + 2l+1 2 (B.27) (B.28) representa a constante de decaimento do méson con- Apêndice C FUNÇÕES DE ONDA DOS HÍPERONS Neste apêndice apresentamos as funções de onda dos híperons na aproxima- ção de estado ligado. A caracterização de um híperon, considerado como um estado ligado káonsóliton no presente modelo, é obtida através do acoplamento do ~ do káon ligado, com o momentum angular total do sóliton. spin assim obtidos são autoestados de momentum angular estranheza S 2. grande Os estados J~2 , de isospin I~2 e de Devese enfatizar que o isospin é totalmente oriundo do sóliton, pois o IK = 1=2) acoplase ao momentum angular orbital spin 1=2 de uma partícula (transmutação isospin ! isospin do káon ligado ( deste como se fosse o spin). Assim, para um híperon Y , o estado jY >= jI; Iz ; J; Jz >l (C.1) é representado pela função Y = X z < J; Jz jI; Jz z ; ; z > (II );J Kl ; z z z z (C.2) Apêndice C. Funções de onda dos híperons onde (II );J = 'I z s z 95 2I + 1 I +I (I ) ( ) D I ;J 2 2 z z (C.3) z jI; Iz ; Jz >, ou seja, é a função de onda do sóliton [100] ~2 j = jJ~2 j e com uma fase arbitrária para a qual adotamos o com vínculo jI representa o estado valor 'I = ( )2i . Além disto, [101] e Kl z D(II) ;J z z são os elementos das matrizes de rotação de Wigner é a onda parcial do káon ligado Kl = kl (r)Yl (^r) ; z (C.4) z com os harmônicos esféricos espinoriais dados por 0 D Yl (^r) = B@ D; z jl; z 1 1; 1; +1E Y 2 2 2 E l; 21 (^r) C A : ; z jl; z + 12 ; 21 ; 12 Yl; + 21 (^r) z z (C.5) z 0.4 0.35 0.3 0.25 rk 21 1 (r) 0.2 0.15 0.1 0.05 0 0 Fig. C.1: 0.5 1 1.5 r(fm) 2 2.5 3 rk 21 1 para = 12 e l = 1. A linha contínua mostra o resultado para o caso m = 0 (parâmetros CJ 1) e a linha pontilhada para o caso m 6= 0 (parâmetros CJ 3). Funções de onda radiais Apêndice C. Funções de onda dos híperons Particularizando para o estado fundamental, 11 2 com J z = 96 = 21 e l = 1, obtémse p1 k(r)~ r^J ; 4 z (C.6) um espinor de 2 componentes. A Fig. C.1 mostra as funções radiais reduzidas e normalizadas do estado fundamental, para os casos de píons nãomassivos e massivos. Apêndice D REGRAS DE QUANTIZAÇÃO E ISOSPIN DOS DIBÁRIONS Existe na aproximação de estado ligado, assim como no caso do modelo de Skyrme, uma ambiguidade, quanto à estatística (fermiônica ou bosônica), na quantização do sóliton como um bárion restrito ao SU(3) SU(2). B quando o campo de fundo está Além disso, não se tem informação sobre a qual multipleto deve pertencer um estado ligado quantizado com momentum angular, isospin e estranheza dados. A m de evitar estas ambiguidades na AEL, Scoccola e Wirzba [102] sugerem introduzir um terceiro sabor degenerado com ued por eles denominado de funny strange e embutir a premissa pU U pU ), em SU(4)(f ) como segue: sobre o campo U da eq.(2.16) (U = K 0 q U(f ) B ( f ) U =@ 0 1 0 q 0 C (f ) B A UK @ 1 1 U(f ) 0 C A : 0 1 (f ) indica tratarse do grupo funny de sabor SU (4) tradicional. Aqui, U(f ) pertence a SU(3)(f ) , onde o índice 0 u U(f ) = B @ (D.1) e não do grupo 1 0C A ; 0 1 (D.2) Apêndice D. Regras de quantização e isospin dos dibárions UK(f ) tem, como função de K (f ) , a mesma forma que UK (f ) sendo dado por de K , K 0 1 0 1 + K C KC B B C B ( f ) 0 B K =@ A=B K C C: @ A 0 0 e 98 tem como função (D.3) Após a quantização via coordenadas coletivas dos graus de liberdade de SU(3)(f ) u d e f ), o termo de Wess-Zumino1 conduz a um vínculo para a (f ) hipercargadireita YD [102], N B+S YD(f ) = c ; (D.4) 3 onde S é a estranheza física. (No que segue, a ausência do índice (f ) indica a ( , situação física real). A derivação desta relação considera apenas que o campo do sóliton u pertence a apresentado em (2.17). rotor axial (SU(3) SU(2) e 0 B @ que K 1 + K C A tem a forma do isodubleto ; K0 O resultado acima é também aplicável ao sistema (f ) extendido) com n Nc = 3 temse, portanto, o vínculo 2, onde n = B . YD(f ) = 2 + De todos os possíveis multipletos apenas aqueles Mínimos triplete p mínimos S : 3 Para B=2 e (D.5) (f ) dado pela equação acima, SU(3)(f ) com YD (que são os de menor energia) nos interessam aqui. signica que são compostos de modo mínimo por representações e antitriplete q SU(3)(f ) , onde p e q identicam a representação irredutível. Portanto YD(f ) = 1 p + 2q 3 e ID(f ) = p ; 2 (D.6) A derivação deste resultado é análoga àquela realizada para a quantização de um skyrmion SU(3), onde, entretanto, o termo WZ conduz ao vínculo YD = N3c B [68]. Apêndice D. Regras de quantização e isospin dos dibárions onde ID(f ) 99 é o isospindireito. SU(3)(f ) Os multipletos são então descritos por matrizes de rotação DYp;q( ) I ( )I ( ) ;Y ( ) I ( )I ( ) (1 ; 2; :::; 8 ) ; 3 f f f f f D D (D.7) f D;z Y (f ) é a hipercarga de um membro do multipleto, I (f ) seu isospin, I3(f ) a (f ) projeção do isospin no sistema laboratório e ID;z a projeção do isospin direito onde no sistema xo no sóliton. Como a estranheza (f) foi introduzida apenas como uma grandeza auxi- liar, os estados físicos devem pertencer àqueles submultipletos dado (f ) multipleto SU(3) SU(2) que não apresentem qualquer componente de um (f ) es- tranha. Na prática isto signica que se trabalha apenas com a linha superior de um dado multipleto mínimo SU(3)(f ) . Y = Y (f ) = YD(f ) Assim temse I = I (f ) = ID(f ) = p=2 ; e (D.8) Y e I são a hipercarga e o isospin dos estados físicos usuais. (f ) (D.7) se torna a matriz de rotação SU(3) onde DYp;q II3 ;Y D D II3f ix Neste caso, (1 ; 2; :::; 8 ) ; (D.9) que é equivalente, no que diz respeito ao conteúdo de isospin, à matriz usual de rotação de isospin em SU(2) DII3 ;I3 f ix onde I3 (1 ; 2 ; 3 ) ; é a projeção do isospin no sistema laboratório, sistema xo no sóliton e 1 ; 2; 3 (D.10) I3fix a projeção no são os ângulos de Euler físicos para as rotações do isospin. As eqs.(D.5) e (D.6) possibilitam construir os multipletos dos SU(3)(f ) , S. Para S=0 os valores possíveis de permiti- B = 2 e uma (p; q ) são (p; q ) = para uma conguração de estado ligado com dada estranheza (f) Apêndice D. Regras de quantização e isospin dos dibárions (0; 3); (2; 2); (4; 1) e (6; 0), 100 que correspondem aos multipletos de sabor de 10, 27, 35 e 28. Para S = 1, encontrase (p; q ) = (1; 2); (3; 1) e (5; 0), que correspondem respectivamente aos mul(f ) : 15, 24 e 21. Notese que estes números são os mesmos que tipletos SU(3) 6 quarks usuais, a saber, os dos multipletos de 5 quarks SU(3) que se obtém depois de remover um quark do sistema de 6 quarks. S YD(f ) p q SU(3)(f ) repres. I = ID 0 2 0 3 10 0 -1 -2 -3 -4 Tab. D.1: 5/3 4/3 1 2/3 2 2 27 1 4 1 35 2 6 0 28 3 1 2 15 1/2 3 1 24 3/2 5 0 21 5/2 0 2 6 0 2 1 15 1 4 0 15 2 1 1 8 1/2 3 0 10 3/2 0 1 3 0 2 0 6 1 -5 1/3 1 0 3 1/2 -6 0 0 0 1 0 Multipletos tema (f) B = 2. (p; q ) permitidos, para os estados ligados do sis- Apêndice D. Regras de quantização e isospin dos dibárions Na Tabela D.1 estão relacionados todos os multipletes para congurações de estado ligado com 6. B =2 101 (f) mínimos (p; q ) e estranheza S entre 0 e Da tabela se pode deduzir que os estados caracterizados pela matriz de rotação (D.9) do campo de fundo correspondem, no modelo de quarks, àquelas congurações de sabor de quarks mínimas que envolvem apenas os quarks ued o multipleto d. de um dado estado com (f) B = 2. S= 6 conteúdo de u e Por exemplo, para é um singleto, assinalando que não existe S = 6) é assumido pelos com n = 2. Observese que O papel dos quarks estranhos (6 no sistema káons acoplados ao campo solitônico de fundo B = 2 com S 7 ou S 1 corresponde a um multipleto nãomínimo SU(3)(f ) para o rotor. qualquer estado Com este formalismo conseguese, então, resolver a ambiguidade associada à estatística das partículas estranhas construídas na AEL. Apêndice E ELEMENTOS DE MATRIZ COLETIVOS Reunimos neste apêndice algumas das expressões utilizadas para o cálculo dos elementos de matriz dos diversos termos do Lagrangeano de interação do Cap. 4 quantizado coletivamente. A rotação lenta do isospin do sóliton (2.40) apresentase como equivalente a uma rotação espacial. Explicitamente, Cu C y = Cei~ r^ F (r) C y = eiC~ r^C F (r) y = ei a Rab r^b F (r) = u (Rr^) ; onde Cj C y = a Raj . Em base cartesiana temse i 1 h y Tr a Cb C 2 e em função do tensor esférico de componentes D (C ), Rab (C ) = Rab = e^ e^a e^ e^b D ; sendo e^ , com cartesianos. (E.1) = +1; 0; 1, os vetores unitários esféricos usuais e (E.2) (E.3) e^a os Apêndice E. Elementos de matriz coletivos 103 Usando (E.3) e as seguintes relações envolvendo coecientes de Wigner 0 B @ 0 B @ 1 C e^i e^j e^k A a b c 1 1 1 a b c pi ijk 6 = 1 e (E.4) 1 1 1 C i j k pi ijk ; A e^a e^b e^c = 6 a b c 1 0 1 +m 1 1 C = ( 1)p 2 B 1 2 2 < m0 j a jm > A @ 0 6 a m m 1 ( 1) 2 +m +a p = < mj a jm0 > ; 6 (E.5) 0 (E.6) 0 (E.7) onde, na última linha, utilizamos ( 1)a < 12 m0 ja j 12 m > = < 12 mj podese mostrar que (1=2) D(1=2) = ( )m Dmn mn 0 0 m 0 0 1 2j + 1 B @ 2 00 (E.8) 1 0 j C j B 21 A Dm n @ m0 m00 n m 00 j 21 m0 > ; 1 2 X q j;m ;n a 00 00 1 Æmm Ænn + < m0 j a jm > Rab < nj b jn0 > ; 2 0 1 2 j n0 n00 (E.9) 0 expressão bastante útil ao cálculo dos elementos de matriz. Esta determinação implica em uma integração em SU(2). Resultam, para produtos de 2 e Rab , as integrais sobre as variáveis coletivas C 1 Z 1 (E.10) dC Rab Rcd = Æac Æbd ; 2 2Z 3 1 1 dC Rab Rcd Ref = ace bdf : (E.11) 2 2 6 3 operadores de rotação Usando as formas explícitas das funções de onda coletivas que representam os vetores de estado das partículas eN j > = jI ; Iz ; Jz > ! jN > = jIzN ; JzN > ! no modelo de sólitons, p1 D(II);J 2 z z ; z 1 i ( 1) 2 +I3 D(1I=32);J3 ; N N N 1 C A (E.12) (E.13) Apêndice E. Elementos de matriz coletivos 104 os elementos de matriz relevantes podem ser facilmente calculados. Para os termos diretos, por exemplo, Z 1 1+I3 +I3 dA1 (D( 12 ) D( 12 ) ( ) ) I3 ;J3 4 I3 ;J3 4 Z dA2 (D(0)I3 ;J3 3 )D(0)I3 ;J3 3 = ÆI3 ;I3 ÆJ3 ;J3 ÆI3 ;I3 ; (E.14) < 02 N10 j2 N1 > = N N onde usamos (4.20), N0 N 0 N N0 N0 N0 0 0 N N 0 0 C = Ay1 A2 , e as propriedades Dij (BA) = Dik (B )Dkj (A) (Dij (A)) = ( )i j D i; j (A) e (E.15) : (E.16) Da mesma forma, < 02 N10 jRab (C )j2 N1 > = 0 ; 1 < 02 N10 jRab (C )Rcd (C )j2 N1 > = Æac Æbd < 02 N10 j2N1 > 3 (E.17) (E.18) e para os termos de troca, < Æ 01 N20 jOy (K1 )C O (K2 )j2 N1 >= I3 2;I3 N N0 < J3 0 jOy (K1 )jJ3N >< J3N jO(K2 )jJ3 > 0 e (E.19) ÆI N ;I N 0 0 0 < 01 N20 jOy (K1 )C O (K2 )Rab (C )j2 N1 >= 3 3 < J3 jO y (K1 )a jJ3N >< J3N jb O(K2 )jJ3 > : 6 (E.20) Apêndice F FORMAS EXPLÍCITAS PARA Lk4 As contribuições ao potencial N oriundas dos termos quártico e de que- bra de simetria do Lagrangeano são, como mencionado no Cap. 4, muito extensas, o que nos fez optar por indicar em apêndice como procedemos ao calculálas. Da mesma forma que os outros termos da densidade lagrangeana, podemos escrever cada uma destas contribuições como a soma de tres partes, de acordo com a relação (4.10), i.e., L(int) = Ld + Lkd + Lke ; o que perfaz um total de 240 termos após a substituição da produto aproximação (4.3), expandida até segunda ordem nos campos kaônicos. A obtenção destes termos, bem como da forma nal para a integração numérica para o potencial, foi possível mediante a elaboração de códigos computacionais algébricos com o programa R Mathematica . A título de exemplo vamos apresentar o uso destes códigos na obtenção da contribuição kaônica direta ao potencial central O programa l4terms.m N . a seguir calcula e relaciona os 240 termos de a soma dos mesmos constando em L4, l4int. De posse de tal relação, o passo seguinte é promover a quantização via Apêndice F. Formas explícitas para Lk4 106 coordenadas coletivas, expressas na coordenada relativa classicar os termos como diretos ou de troca, C dada em (4.20), e bem como identicar as com- ponentes que dão contribuições nulas ao potencial (i.e., termos que contêm expressões como (4.23)). encontrase em Isto é feito com o código sortl4.m e a listagem terms. Finalmente, o código l4d.m calcula explicitamente a expressão a ser inte- grada numericamente e que fornece a contribuição kaônica direta ao potencial central e N . addd4.m), Códigos auxiliares (u2e.m, repe.m, commone.m, dots.m, intd.m não explicitados aqui, são necessários para a forma nal da contribuição e devem ser processados antes de addd4.m l4d.m. Finalmente o código soma todas as contribuições e as escreve em formato Fortran (l4d). As contribuições kaônicas de troca, bem como as contribuições devidas ao termo de quebra de simetria são calculadas de maneira análogas. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS [1] T. H. R. 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