Docencia Reflexiva - 201304034615 - Artigos

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Docencia Reflexiva - 201304034615 - Artigos
DOCÊNCIA REFLEXIVA PARA UMA EDUCAÇÃO EMANCIPATÓRIA
Reflexive Teaching for Emancipatory Education
KAROLINA MARIA POZNYAKOV1
Resumo
A prática do ensino vem sendo questionada a cada dia pois mais e mais o seu público
alvo – o aluno, o corpo discente - sente necessidade de buscar respostas aos seus
questionamentos teóricos e práticos apresentados em sala de aula e no dia-a-dia real.
Estamos numa época onde as mudanças ocorrem quase que à velocidade da luz.
Entretanto, o ensino foi ficando agarrado às raízes do século passado, valorizando as
individualidades, as diferenças entre a didática da escola e da universidade,
incentivando pesquisas nos cursos de graduação e pós-graduação e esquecendo que a
base de todo o ensino está no ensino básico e fundamental, o qual ficou congelado e a
mercê da criatividade de profissionais que lutam para resgatar valores educacionais por
iniciativa própria. Não pretendo com esse trabalho questionar ou polemizar em torno
das teorias dos professores citados aqui, contudo, procurar abrir a questão da
valorização do ensino à distância (EAD) como o caminho da libertação, da educação
emancipatória.
Palavras-chave: Educação; Paulo Freire; Ensino.
Abstract
The teaching practice has been questioned by the day as more and more of your target
audience - the student - feels need to seek answers to their theoretical and practical
questions presented in the classroom and in day-to-day. We are in an age where changes
occur almost at the speed of light. However, teaching was getting hooked to the roots of
the last century, valuing individuals, differences between teaching school and
university, encouraging research in graduate degree and forgetting that the basis of all
education is the teaching basic and fundamental, which froze and down creativity
professionals struggle to retrieve educational values on their own. Do not intend to work
with this question or arguing about theories of teachers applied here, however, seek to
open the issue of valuation of distance learning as the path to liberation, emancipatory
education.
Keywords: Education; Paulo Freire; Teaching
Inicialmente precisamos saber o que é reflexão. Reflexão é examinar ou analisar
fundamentos e razões de alguma coisa. Refletir é a ação de investigar e para isso é
necessário conhecer aquilo que é investigado, sem nenhum tipo de conceitos préconcebidos. Esse conceito nos remete aos preceitos de pesquisa. Quando temos noção
de alguma coisa, a reflexão pode fluir muito mais livremente.
1
MBA em Finanças Corporativas - UCAM, MBA em Petróleo - PUC, Engenheira Civil – FTESM, Certificada PMP (Project
Management Professional) pelo PMI (Project Management Institute).
Para falar de uma educação emancipatória não podemos deixar de mencionar o
mais célebre educador brasileiro, Paulo Freire2. Ele propôs uma prática de sala de aula
que tivesse por objetivo desenvolver o lado crítico de cada alunos. Freire qualificou de
educação bancária o ensino oferecido pela maioria das escolas (as "escolas burguesas",
por ele chamadas). Segundo Paulo Freire, o saber era visto como uma doação dos que se
julgam seus detentores – os professores. Assim, podíamos observar uma escola
alienante. "Sua tônica fundamentalmente reside em matar nos educandos a curiosidade,
o espírito investigador, a criatividade" – Paulo Freire. Ele dizia ainda que, a escola
conservadora procura deixar os alunos alheios ao mundo existente, ao contrário de sua
educação a qual defendia que tinha o objetivo de tirá-los da zona de conforto do
desconhecimento.
O corpo docente, nos tempos modernos, tem o desafio de construir em sala de
aula algo muito parecido com as premissas de Freire, mais complexo do que vivências
pedagógicas teorizadas. Hoje o publico alvo, corpo discente, exige muito mais do que
teorias educativas. Para atender à demanda de uma sociedade em constante mutação, as
escolas precisam ser dinâmicas, questionadoras e à frente do seu tempo. Isso não se
cumpre se a docência é exercida de forma rotineira, metódica e monopolizadora.
Somente a reflexão e o diálogo vão fortalecer a concepção da educação como uma
atividade que se complementa por conhecimento, respeito pelos saberes do outro e o
reconhecimento dos próprios limites.
Estamos falando de um desafio educativo sob a responsabilidade de um
profissional desmotivado que já busca superação do seu trabalho desumano assumido
pela modernidade. Divisão de trabalho ineficiente e evidente exploração capitalista do
profissional do ensino. Péssimas condições de trabalho, sistema de ensino associada a
interesses políticos, eleitoreiros e ausência de uma proposta de ensino voltada a
formação de cidadãos conscientes. Entretanto é necessário procurar a superação de
ensinar de uma forma mecânica, alienada, indiferente e abstrata e, buscar uma nova
forma de ensino onde a formação do educando seja o principal objetivo em um processo
produtivo.
Entendemos que a aplicação dos debates em sala de aula desenvolve questões
muito maiores e relacionadas a um processo maior e mais complexo, porém a falta de
continuidade e incentivo faz cair por terra toda uma iniciativa de reflexão e
2
1921-1997 - Paulo Reglus Neves Freire foi educador e filósofo brasileiro. Patrono da Educação Brasileira. Considerado um dos
pensadores mais notáveis na história da Pedagogia mundial, tendo influenciado o movimento chamado pedagogia crítica.
direcionamento a um ensino inovador e moderno. Observamos a falta de parceria entre
as Escolas e Universidades refletindo diretamente nos alunos. Neste processo a teoria
educativa não pode ser extinta, principalmente pelo fato de ser a base para uma análise
qualitativa da realidade, base para a reflexão e pesquisa. Porém há de se ter muito mais
criatividade para se conquistar o dinamismo necessário e acompanhar a transformação
da sociedade moderna. É preciso pesquisar!
Formar estratégias de padronização do trabalho docente? O que se pretende é
valorizar as formas de pensar e agir dos educadores, conscientizar-se sujeitos do
conhecimento, gestores da prática educativa e base das transformações no âmbito da
educação. No entanto, muitas outras mudanças sociais incentivam a inserção de
modelos sofisticados de gerenciamento dos comportamentos dos professores dentro das
escolas. Na modernidade não há interesse político na formação e no desenvolvimento de
indivíduos conscientes e cientes de sua realidade.
Em um país em que o índice de analfabetismo3 ainda é muito acentuado, a
gestão do conhecimento cabe à uns poucos indivíduos, agentes influenciadores de
opinião, com interesses obscuros e desvirtuados do propósito do ensino como senso
comunitário. O ensino, seja ele básico ou superior, não pode ser considerado um
projeto4, na concepção da própria definição, por estar em constante processo de
melhoria e não se permitir ter fim. Estamos continuamente procurando conhecimento
aqui e ali e, o profissional do ensino, cada vez mais precisa correr contra o tempo para
atender às demandas que a modernidade apresenta bem como o corpo discente.
Um bom exemplo de educação emancipatória e de demanda da modernidade se
observa nos cursos de ensino à distância (EAD). Hoje vem sendo cada vez mais
incentivada pela demanda de expansão da informação e do conhecimento, por mudanças
no mercado de trabalho, e pela crise dos modos de vida. É fato ainda que a educação a
distância ainda esteja buscando o seu lugar, mas podemos admitir que a educação
emancipatória, que tem a premissa da pedagogia crítica de Paulo Freire, vem
alcançando espaço significativo na gestão do conhecimento.
Para corroborar com as premissas de Freire temos Isabel Alarcão5. Em entrevista
à uma revista pedagógica ela explica que é na escola que está a realidade com toda sua
complexidade, os conflitos entre o pensamento e a ação, entre as tomadas de decisão, a
3
Apesar do índice não apresentar um aumento desde 1997 (14,7%), em 2012 apresentou 8,7%, significa 0,1% com relação ao ano
2012 (8,6%). Fonte: Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD).
Os projetos são, por definição, planos de trabalho temporários, possuem um início e um fim definidos.
5
Doutora em Educação e membro do Centro de Investigação Didáctica e Tecnologia na Formação de Formadores (CIDTFF), da
Universidade de Aveiro, em Portugal.
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avaliação e os efeitos decorrentes das escolhas. É nela também que está a possibilidade
de construir o conhecimento por intermédio da coletividade e não do individualismo.
Para Isabel não basta ser reflexivo individualmente. A individualidade leva a
sentimentos de frustração e solidão. Os gestores devem ser orientados por um objetivo
comum: a melhoria da Educação.
Assim sendo, a construção de uma identidade profissional se desenvolve na
unificação de dois momentos: os momentos de formação e os momentos de prática.
Esse debate produz desdobramentos que afetam os papéis tradicionais, da escola à
universidade, no processo de formação do corpo docente e de produção de processos
educacionais, bem como sua relação com os órgãos públicos da gestão educacional.
A formação inicial dos educadores solidifica-se sobre uma base teórico-prática
onde os saberes teóricos e os da prática se unificam, beneficiando a constante reflexão
sobre a atividade de ensino. A educação emancipatória se estende além das diferenças
entre as propostas de mudança como: visão da escola como espaço físico de formação;
parceria escola-universidade; redimensionamento do papel do professor; priorização da
reflexão e da pesquisa; construção coletiva do conhecimento.
Podemos concluir que os teóricos, filósofos, pensadores, psicólogos e
pensadores considerados neste trabalho contribuíram direta ou indiretamente para que a
formação continuada de docentes a distância (EAD) seja valorizada, tendo como base
premissas da educação emancipatória.
Entretanto, questões primordiais precisam ser enfrentadas ainda: Qual a
finalidade do ensino? Quem é o agente da gestão do trabalho docente? De quem é a
responsabilidade? Essas perguntas pairam ainda sobre um assunto educação cujo viés
político e socioeconômico ainda é muito maior do que o interesse e o objetivo do
publico alvo: querer aprender.
Bibliografia
NÓVOA, António. Os professores e sua formação. Lisboa - Portugal : Dom Quixote,
1992.
ZEICHNER, Kenneth. A formação reflexiva de professor: idéias e práticas. Lisboa:
Educa, 1993.
VILARINHO, Lúcia Regina Goulart. Educação continuada e educação a distância:
anomalias no contexto do paradigma tradicional de ensino? In: REUNIÃO ANUAL
ANPEd, GT 04 - Didática, 24., 2001, Caxambu. Trabalhos Apresentados... Rio de
Janeiro: ANPEd, 2001. Disponível em
<http://www.anped.org.br/reunioes/24/tp.htm#gt4>. Acesso em:08 fev. 2009.

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