agricultura

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agricultura
AGRICULTURA
Como se insere na história da humanidade?
(http://www.cena.usp.br/piracena/html/canavial.htm)
FASES DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE
(Boyden, 1992)
1) Caçadores-coletores
2) Agricultura primitiva (tradicional)
3) Urbanização inicial
4) Alto consumo de energia
FASE DOS CAÇADORES-COLETORES
(Boyden, 1992)
ªDesde 2 milhões de anos atrás (surgimento do gênero
Homo) – fase mais duradoura
ªCaracterísticas: omnívoros
geralmente nômades
energia extrasomática: fogo
Energia somática: consumida no alimento (flui pelo organismo)
X
Energia extrasomática: ligada à tecnologia
Biometabolismo X Tecnometabolismo
FASE DA AGRICULTURA PRIMITIVA
O QUE É AGRICULTURA?
(Baker, 1993)
ªPessoas intervindo na natureza a fim de redirecionar a
energia solar através de plantas e animais pré-selecionados
para produzir alimento
ªConcentração de energia ao longo de vias úteis para a
sobrevivência da população humana em diferentes áreas
FASE DA AGRICULTURA PRIMITIVA
(Boyden, 1992)
ªDesde 10.000 – 12.000 anos atrás até a fase de alto
consumo de energia
ªMeio: domesticação de plantas e animais
ªObjetivo: ↑ concentração de espécies de interesse para
alimentação; ↓ de espécies sem interesse
ªInicialmente: geralmente agricultura itinerante (corte e
queima)
ªCaracterística fundamental: policultura para subsistência
Pastoralismo: em áreas impróprias para agricultura
FASE INICIAL DE URBANIZAÇÃO
(Boyden, 1992)
ªDesde que alguns indivíduos passaram a viver em cidades
(aproximadamente 3.500 anos atrás) até a transição industrial,
coexistindo com a fase da agricultura primitiva
ªCaracterísticas: - dependência das comunidades agrícolas
- associação com o crescimento contínuo do
comércio de materiais brutos e manufaturados
FASE DE ALTO CONSUMO DE ENERGIA
(Boyden, 1992)
ªDesde a transição industrial
(Revolução Industrial ⇒ mecanização)
ªCaracterísticas: - uso elevado e em taxas crescentes de
energia extrasomática e de materiais
FASE DE ALTO CONSUMO DE ENERGIA
Utilização extrasomática de energia e de matéria
depende da tecnologia, da economia, da cultura e
da política (Martínez-Alier, 2007)
FASE DE ALTO CONSUMO DE ENERGIA
(Boyden, 1992)
ªDesde a transição industrial
(Revolução Industrial ⇒ mecanização) (http://subscriptions.corbis.com/
search/detail.aspx?id=11398260)
ªCaracterísticas: - uso elevado e em taxas crescentes de
energia extrasomática e de materiais
- agricultura: monocultura para exportação
ªDuração: espera-se que seja mais curta que as demais
fases (ambientalmente insustentável)
CRESCIMENTO POPULACIONAL HUMANO
Razões: - uso de ferramentas e do fogo
- desenvolvimento da agricultura
- expansão para novos habitats
- aumento da capacidade de suporte (novas tecnologias,
combustíveis fósseis, fertilizantes, etc)
- remoção de fatores limitantes (vacinas, pesticidas,
antibióticos)
AGRICULTURA
Como funciona a agricultura?
(Baker, 1993)
ªEnvolve manipulação de processos naturais
ªSociedades tradicionais: redirecionamento do fluxo de
energia através do sistema localmente
Como funciona a agricultura?
(Baker, 1993)
ªEnvolve manipulação de processos naturais
ªSociedades tradicionais: redirecionamento do fluxo de
energia através do sistema localmente
ªSociedades modernas: importação de energia através
dos limites geográficos do sistema (forma de máquinas,
combustíveis fósseis, pesticidas, etc)
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
ªColheita mecânica
ªEmprego massivo de fertilizantes e pesticidas sintéticos
ªIrrigação
ªUso de combustíveis fósseis
Grande quantidade de subsídios energéticos
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
Grande quantidade de subsídios energéticos
Maior retorno energético na forma de alimento
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
Grande quantidade de subsídios energéticos
Maior retorno energético na forma de alimento
Porém baixa eficiência cultural
Eficiência cultural =
Σ saídas de energia
Σ entradas de energia auxiliar *
*exclui energia solar
Σ entradas de energia auxiliar = Σ dos subsídios
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
REVOLUÇÃO VERDE (meados da década de 60)
Objetivo: aumentar a produção de alimentos
uso de variedades altamente produtivas
fome mundial passaria ser uma coisa do passado
(Folha de São Paulo, 01/05/01)
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
REVOLUÇÃO VERDE
Bases do sucesso (Kendall e Pimentel, 1994)
ªuso crescente de energia fóssil
ªaumento da intensidade da produção agrícola, em termos
energéticos
ªuso de plantas que poderiam tolerar níveis altos de
fertilizantes
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
REVOLUÇÃO VERDE
Tecnologia desenvolvida para circunstâncias especiais
(Kendall e Pimentel, 1994)
ªterras relativamente férteis
ªdisponibilidade de água
ªnações que
necessários
pudessem
obter
os
demais
recursos
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
REVOLUÇÃO VERDE
crescimento de produção per capita de alimentos
aumentou, mas na década de 90 já estava mais lento
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
Conseqüências ambientais
ªSolos: ↓ fertilidade, erosão, salinização, encharcamento
contaminação ⇒ perda de solos agrícolas
ªCorpos d’água: eutrofização, assoreamento
ªLençóis freáticos: diminuição ou esgotamento, eutrofização,
contaminação
ªExplosão de pragas
ªPerda de biodiversidade
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
Outras conseqüências
ªSubstituição de sementes nutritivas por menos nutritivas
ªTecnologia aplicada ⇒ gera dependência
- de combustíveis fósseis
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
Outras conseqüências
ªSubstituição de sementes nutritivas por menos nutritivas
ªTecnologia aplicada ⇒ gera dependência
- de combustíveis fósseis
- tecnológica: produção de sementes, fertilizantes, pesticidas
ªMaior concentração de terras
ªMenor necessidade de mão-de-obra ⇒ desemprego
ªEndividamento
ªSobra de excedentes negociáveis
ªÊxodo rural – países em desenvolvimento
Brasil: de 1970 a 1990 – 16 milhões de pessoas deixaram as
áreas rurais
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
REVOLUÇÃO GENÉTICA (meados da década de 90)
Defesa: engenharia genética (transgênicos) – necessária para
alimentar uma população crescente, particularmente no
Hemisfério Sul
(Folha de São Paulo, 28/04/03)
(Folha de São Paulo, 28/04/03)
AGRICULTURA ALTAMENTE SUBSIDIADA
REVOLUÇÃO GENÉTICA
Para pensar:
ªTecnologia nas mãos de alguns países ou empresas ⇒
dependência
ªMesmos problemas ambientais e sociais podem ocorrer
ªEstados Unidos: surgimento de ervas daninhas resistentes
ao glifosato (Roundup) (Folha de São Paulo, 15/01/2003)
TAXA DE CRESCIMENTO POPULACIONAL HUMANO CAINDO
MAS
POPULAÇÃO CONTINUA CRESCENDO
COMO ALIMENTÁ-LA?
Se caça e coleta fossem as únicas formas de obtenção de
alimento: Terra suportaria no máximo cerca de 10 milhões de
pessoas (Baker, 1993)
Mais de 850 milhões de pessoas cronicamente famintas
(FAO, 2005)
Cenários para estimativas da produção mundial de grãos em
2050 (Kendall e Pimentel, 1994)
Cenário Pessimista
- considera, qualitativamente, as possíveis conseqüências das
mudanças climáticas e do aumento da radiação ultravioleta no
nível do solo ⇒ poderiam afetar a produção negativamente
- população mundial: 13 bilhões de pessoas
- países em desenvolvimento: aumento do débito econômico
atual de muitas nações ⇒ limitação da compra de fertilizantes
e outros produtos para melhoramento da produtividade
Cenários para estimativas da produção mundial de grãos em
2050 (Kendall e Pimentel, 1994)
Cenário Atual
- continuação das tendências, padrões a atividades atuais
- população mundial: 10 bilhões de pessoas
- erosão do solo continuaria a interferir na produtividade
- continuidade da salinização e encharcamento do solo
- continuidade da retirada excessiva de água subterrânea,
depleção de alguns aqüíferos
- modesta expansão da área agrícola às custas de áreas
florestadas
- ligeira expansão da irrigação
Cenários para estimativas da produção mundial de grãos em
2050 (Kendall e Pimentel, 1994)
Cenário Otimista
- rápida estabilização do crescimento populacional (8,7 bilhões
de pessoas)
- expansão significante da agricultura com alta intensidade de
energia
- melhoramento da conservação do solo
- alguma recuperação de terras atualmente abandonadas
- distribuição mais equitativa de alimentos
- países desenvolvidos: repasse de mais recursos financeiros e
tecnológicos para países em desenvolvimento
- países desenvolvidos: mudança do maior consumo de
proteína animal para vegetal ⇒ mais grãos para países em
desenvolvimento
Otimismo em relação à diminuição da fome (FAO, 2005)
ªmuitos países desenvolvendo amplos programas de combate
à fome
América Latina: Brasil, Venezuela, Mexico, Guatemala,
Honduras, Nicarágua
África: Chade, Nigéria, Quênia, Tânzânia, Gana, Malawi
Ásia: Indonésia
O que fazer? (FAO, 2005)
ªcombinar promoção de desenvolvimento agrícola sustentável
(com foco em agricultura em pequena escala) com programas
direcionados a garantir a segurança alimentar de pessoas
incapazes de produzir seu próprio alimento e sem meios de
comprá-lo, de modo que possam ter acesso a suprimento
alimentar adequado
O que fazer? (FAO, 2005)
ªao invés de buscar duplicar a produção agrícola e pecuária
(que geralmente implica em trabalhar com fazendeiros que já
têm acesso a serviços e mercados), direcionar esforços para dar
mais suporte para que o grande número de comunidades
agrícolas vulneráveis atinja resultados menos ambiciosos –
ganhos de 25 a 30% - mas que reflitam em melhor nutrição
um grande número de pessoas sairá de uma situação
em que a desnutrição limita as habilidades para
trabalhar e aprender e as torna vulneráveis a doenças
AGRICULTURA ORGÂNICA
(http://www.colprocah.com/secciones/
agricultura%20organica/)
(http://www.cnpab.embrapa.br/
pesquisas/ao.html)
(Tilman, 1998)
AGRICULTURA URBANA E PERI-URBANA
Suprimento alimentar para 700
milhões de habitantes urbanos
(1/4 da população mundial) (FAO,
2005)
Agricultura urbana em Cuba
(WRI, 2000)
Maior oferta de alimento para os habitantes da cidade,
diminuição dos problemas nutricionais e fonte de renda para
pessoas carentes
“Um acre de agricultura urbana, usando resíduo
urbano como adubo, pode salvar cinco acres, ou
mais, de terra agrícola rural marginal ou de floresta
tropical...”
(http://www.ruaf.org/1-1/11-12.pdf)
BIOCOMBUSTÍVEIS X ALIMENTOS
SACHS, 2007
ªdicotomia absoluta entre plantio de cana (produção de etanol)
produção de alimentos: idéia falsa
Problema: indexação da produção de cereais, óleos e
açúcares ao preço do petróleo Ö ameaça contra
segurança alimentar
Soluções:
ªpriorização de áreas degradadas e desmatadas para o plantio
de culturas energéticas;
ªaproveitamento de resíduos florestais, partes não comestíveis
de plantas alimentares, gramíneas e árvores para produção de
etanol celulósico;
ªênfase sobre sistemas integrados de produção de alimentos
e energia (ex.: integração de pecuária com produção de óleos
vegetais e cana-de-açúcar) (grandes empresas ou cooperativas
de pequenos agricultores familiares)
CONCILIAR TECNOLOGIAS
TRADICIONAIS E MODERNAS
CONCILIAR TECNOLOGIAS TRADICIONAIS E MODERNAS
PRODUÇÃO EM ESCALA LOCAL / PEQUENOS PRODUTORES
DISTRIBUIÇÃO MAIS EQUITATIVA DE RECURSOS
DIMINUIR PERDAS
CONTROLE POPULACIONAL
AGRICULTURA
Textos em http://eco.ib.usp.br/lepac/bie314.html
WRI. 2000. Revolução agrícola em Cuba: um retorno ao boi e aos orgânicos.
EDE, S. 2002. Nós nos adequamos ao planeta? Sustentabilidade, sistemas de
alimentação e pegada ecológica.
MANN, C. 1997. Ressemeando a revolução verde.
TILMAN, D. 1998. O verdejar da revolução verde.
BORLAUG, N.E. 1997. Erros reais e desinformação (com resposta de SHIVA, V.)
(http://www.cena.usp.br/piracena/html/canavial.htm)