Caderno 2 - Prefeitura de Janiópolis
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Caderno 2 - Prefeitura de Janiópolis
Sumário 1. Contextualização nacional e situação habitacional do município ......................... 6 2. Evolução do déficit habitacional no Brasil ............................................................. 9 3. Ministério das Cidades, Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, Fundo Municipal e Conselho Gestor ......................................................................... 14 4. Habitação no Paraná .......................................................................................... 18 5. Direito à habitação .............................................................................................. 21 6. Histórico de ocupação do território municipal, expansão e morfologia ............... 26 7. Análise socioeconômica ..................................................................................... 28 7.1 Demografia ............................................................................................... 28 7.2 Índice de Desenvolvimento Humano ........................................................ 32 7.3 Saúde........................................................................................................ 34 7.4 Infraestrutura e saneamento básicos ........................................................ 35 7.5 Economia local.......................................................................................... 36 8. PRODUÇÃO HABITACIONAL NO MUNCÍPIO DE JANIÓPOLIS ....................... 38 9. PRODUÇÃO DE HABITAÇÃO DE MERCADO .................................................. 40 10. PROGRAMAS HABITACIONAIS IMPLANTADOS ............................................. 41 11. RECEITAS E ORÇAMENTOS DESTINADOS A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL DE JANIÓPOLIS ......................................................................................... 43 12. Marcos Regulatórios ........................................................................................... 46 12.1 LEI DO PLANO DIRETOR ........................................................................ 47 12.2 LEI DO PARCELAMENTO DO SOLO ...................................................... 48 12.3 CÓDIGO DE OBRAS ................................................................................ 48 13. NECESSIDADES HABITACIONAIS ................................................................... 49 14. CONCEITUAÇÃO DO DÉFICIT QUANTITATIVO .............................................. 51 15. CONCEITUAÇÃO DE DÉFICIT QUALITATIVO ................................................. 52 16. CONCEITUAÇÃO DA DEMANDA DEMOGRÁFICA .......................................... 53 17. DÉFICIT HABITACIONAL DE JANIÓPOLIS....................................................... 53 18. Cálculo do Déficit Habitacional de Janiópolis ..................................................... 55 19. Déficit Habitacional de Janiópolis ....................................................................... 56 20. INADEQUAÇÃO HABITACIONAL EM JANIÓPOLIS .......................................... 57 21. ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS E INFORMAIS ............................................. 59 22. Cálculo da Inadequação Habitacional de Janiópolis ........................................... 64 23. Inadequação Habitacional de Janiópolis............................................................. 65 24. DEMANDA FUTURA (CRESCIMENTO DO DÉFICIT EM JANIÓPOLIS) ........... 66 25. Descrição da metodologia adotada nas estimativas populacionais .................... 67 1 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 26. Demanda de Moradia ......................................................................................... 68 27. OFERTA HABITACIONAL - ACESSO À TERRA E MORADIA .......................... 69 27.1. PROGRAMA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL .................................. 70 27.2. PROGRAMA URBANIZAÇÃO, REGULARIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS ......................................................................... 71 27.2.1. PROGRAMA INTERVENÇÕES EM FAVELAS ......................................... 72 27.2.2. PROGRAMA DE SUBSÍDIO À HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL PSH 72 27.2.3. PROGRAMA CRÉDITO SOLIDÁRIO ........................................................ 73 27.2.4. PROGRAMA PRÓ- MORADIA - ATENDIMENTO HABITACIONAL ATRAVÉS DO SETOR PÚBLICO .......................................................................... 74 27.3 DISPONIBILIDADE DE SOLO URBANIZADO .............................................. 75 28. Bibliografia .......................................................................................................... 83 29. Relatório das atividades realizadas na Etapa 02 ................................................ 84 29.1. Visitas técnicas ao município ........................................................................ 84 30. Oficina de Trabalho ............................................................................................ 85 30.1. Ata ................................................................................................................ 86 30.2. Apresentação ................................................................................................ 88 30.3. Lista de Presença ..................................................................................... 92 30.4. Fotos ......................................................................................................... 93 31. Audiência Pública ............................................................................................... 93 31.1 Ata ............................................................................................................ 94 31.2. Apresentação ............................................................................................ 97 31.3. Lista de Presença ................................................................................... 101 31.4. Fotos ....................................................................................................... 104 32. ANEXO A .......................................................................................................... 105 2 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Lista de Figura Figura 1 - Casas coloniais restauradas, Santana de Parnaíba – SP, respectivamente .................................................................................................................................. 13 Figura 2 - Conjunto habitacional do BNH em Ji – Paraná – RO ................................ 13 Figura 3 - Exemplo de vazio urbano.......................................................................... 24 Figura 4 - Localização de Janiópolis ......................................................................... 26 Figura 5 - Mapa de Taxas Médias Geométricas de Crescimento Anual da População da Mesorregião Centro-Ocidental Paranaense 1991-2000 ....................................... 31 Figura 6 - Resumo de infraestruturas ........................................................................ 61 Figura 7 - Imagem de satélite da cidade ................................................................... 62 Figura 8 - Exemplo de moradia precária ................................................................... 63 Figura 9 - Conjunto habitacional em Janiópolis. ........................................................ 63 Figura 10 - Exemplo de moradia precária ................................................................. 64 Figura 11 - Situação da rua no Distrito de Bredápolis ............................................... 64 Figura 12 - Mapa dos bairros do Município de Janiópolis ......................................... 76 Figura 13 - Valor do solo urbano na Sede do Município de Janiópolis ...................... 77 Figura 14 - Valor do solo urbano nos Distritos do Município de Janiópolis ............... 78 Figura 15 - Vazios Urbanos na Sede do Município de Janiópolis ............................. 79 Figura 16 - Vazios urbanos nos Distritos do Município de Janiópolis........................ 80 Figura 17 - Áreas para implantação de Habitações Sociais ...................................... 82 3 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Lista de Tabelas Tabela 1 - População censitária segundo as faixas etárias e sexo ........................... 29 Tabela 2 - IDH para o Município................................................................................ 32 Tabela 3 - Dados da educação em Janiópolis........................................................... 33 Tabela 4 - Índices oficiais da educação .................................................................... 33 Tabela 5 - Nível Educacional da População Jovem .................................................. 34 Tabela 6 - Indicadores de Longevidade, Mortalidade e Fecundidade ....................... 35 Tabela 7 - Percentual de domicílios possuidores de eletrodomésticos e eletroeletrônicos ........................................................................................................ 35 Tabela 8 - Percentual de domicílios atendidos por infraestruturas básicas ............... 36 Tabela 9 - Valor adicionado bruto no PIB municipal.................................................. 37 Tabela 10 - Condição do produtor ............................................................................. 37 Tabela 11 - Conjuntos habitacionais implantados com recursos da COHAPAR em Janiópolis. ................................................................................................................. 42 Tabela 12 - Conjuntos habitacionais implantados com recursos da municipais em Janiópolis. ................................................................................................................. 42 Tabela 13 - Arrecadação do município de Janiópolis. ............................................... 44 Tabela 14 - Resumo do déficit quantitativo, 2010 ..................................................... 57 Tabela 15 - Resumo da inadequação habitacional, 2010. ........................................ 66 Tabela 16 - Dados Populacionais do Município de Janiópolis - contagem e previsão até 2023 .................................................................................................................... 67 4 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Lista de Gráficos Gráfico 1 - Evolução da população do município por décadas.................................. 30 Gráfico 2 - Evolução da população do Estado do Paraná por décadas. ................... 30 Gráfico 3 - Número de moradores por domicílio em Janiópolis, 2000 ....................... 50 Gráfico 4 - Domicílios particulares permanentes de Janiópolis, por tipo de posse, 2000. ......................................................................................................................... 54 Gráfico 5 - Rendimento mensal por domicílios de Janiópolis, 2000. ......................... 54 Gráfico 6 - Dados Populacionais do Município de Janiópolis - contagem e previsão até 2023 .................................................................................................................... 68 Gráfico 7 - Demanda demográfica de Janiópolis entre os anos de 2000 a 2020. ..... 69 5 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 1. Contextualização nacional e situação habitacional do município É imprescindível para a elaboração de habitação de cunho social estabelecer a sua demanda na cidade a ser implantada. Com essa finalidade, a conceituação de déficit habitacional torna-se de suma importância, pois através desse conhecimento, pode-se determinar o número de moradias e fazer previsões em relação às necessidades habitacionais. Conforme o conceito adotado pela Fundação João Pinheiro, apud Rifrano (2006), as necessidades habitacionais são resultantes dos números de déficit habitacional e o de inadequação de domicílios. Rifrano (2006, p.40) conceitua inadequação dos domicílios sendo reflexo de problemas na qualidade de vida dos moradores devido a especificidades internas de um estoque dado. O déficit habitacional, conforme a Fundação João Pinheiro, apud Rifrano (2006), é o resultado da soma de duas parcelas equivalentes à reposição de estoque e incremento de estoque. No que se refere à reposição de estoque, encontramos três subclassificações que correspondem a domicílios rústicos, depreciação e domicílios improvisados. Por domicílios rústicos, entendem-se os que possuem más condições de salubridade, principalmente em decorrência das paredes, que não são de madeira aparelhada ou alvenaria. A depreciação caracteriza-se num percentual em relação aos domicílios que necessariamente precisariam ser repostos. Quanto aos domicílios improvisados, enquadram-se todos quantos não foram construídos como fins residenciais como aqueles encontrados debaixo de pontes, barcos, carros, barracas e construções abandonadas. Todos os domicílios referidos anteriormente são impróprios para a habitação, devendo, assim, serem repostos. Em se tratando de incremento de estoque, encontramos os casos de coabitação familiar que são três: famílias conviventes secundárias, cômodos 6 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional alugados e cedidos (coabitação disfarçada) e ônus excessivo com aluguel. O primeiro – famílias conviventes secundárias – corresponde a moradias que possuem uma família principal e abrigam ainda, no mínimo, duas pessoas que não pertençam à mesma. Cômodos alugados e cedidos, que são uma forma de coabitação disfarçada, são caracterizados por domicílios que ocupam um ou mais cômodos numa casa de cômodos, como por exemplo, os cortiços. E a fração correspondente a ônus excessivo com aluguel é atribuída quando na moradia o salário arrecadado não passa de três salários mínimos e se gasta acima de 30% deste com o pagamento do aluguel. Também existe a composição do Déficit Habitacional Básico que consiste na reposição de estoque englobando somente os domicílios rústicos e incremento de estoque somente no que tange a domicílios improvisados e coabitação familiar. Ainda em relação às necessidade habitacionais, não se deve esquecer que as inadequações de domicílios não são consideradas na conceituação e contagem do déficit habitacional. Segundo a Fundação João Pinheiro (2005) são classificadas como habitações inadequadas aquelas que possuem: densidade excessiva de moradores por domicílio; carência de serviços de infraestrutura (energia elétrica, abastecimento de água, esgoto sanitário, coleta de lixo); inexistência de unidade sanitária domiciliar exclusiva (antiga unidade sanitária domiciliar interna); inadequação fundiária urbana e/ou inadequação em função da depreciação (mais de 50 anos). Segundo Jáuregui (nº 126, set/2004, p.65), no país, o déficit habitacional estimado correspondia a 2,192 milhões de domicílios, sem contar os 1,355 milhões de domicílios registrados em favelas que constituem 33% do déficit em relação às necessidades de novas moradias e 82% dos domicílios em favelas no que se refere à demanda por urbanização. Oficialmente, o déficit habitacional do Brasil é equivalente a 6,6 milhões de moradias. Esse valor é preocupante e exige que se estabeleçam metas para que a população seja provida de habitações com infraestrutura básica e desfrute do seu direito à moradia digna. 7 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Rifrano (2006, p.17), com base nos dados do Censo 2000 do IBGE, concluiu que o problema da habitação hoje não ocorre somente nas cidades grandes, mas também nas cidades médias. O crescimento é mais significativo nestas em decorrência da migração da metrópole - cidades de porte menor. Beloto (2003, p.54) também considera essa questão do preço e acesso da população aos terrenos em relação ao contexto histórico da década de 70 e pressupõe que parte da população que migrou para as cidades de menor porte era decorrente da zona rural, que propiciou mão-de-obra devido à produção cafeeira afetada pelas geadas e o incentivo à pecuária e à produção da soja. Outra questão é a referente à provisão de infraestrutura básica para a moradia. Para a cidade de Janiópolis tem-se que quase todos os domicílios são providos dos serviços de água encanada, energia e coleta de lixo, porém existem muitos domicílios que não são providos de esgoto e asfalto. Quanto a questão do déficit habitacional, é notável a preocupação exprimida por Jáuregui no parágrafo seguinte, remete-nos ao projeto idealizado pelo profissional de arquitetura e urbanismo no que se refere a não apenas acabar com um índice de necessidades habitacionais, mas a promover à população do conjunto de habitação social o seu direito de morar e de vivenciar a cidade em todos os seus aspectos. “Assim, não se trata só de construir um certo número de residências para resolver o déficit habitacional, mas, sim de fazê-lo a partir de uma concepção de cidade, de lugar onde o múltiplo e o diverso permitam e valorizem a existência do espaço do indivíduo. Onde seja possível se sentir „parte do bairro‟, „parte da cidade‟, e ao mesmo tempo, „encontrar seu cantinho‟, sua própria escala, seu espaço do recolhimento. Poder se „desconectar‟ ou se „conectar‟, na medida das necessidades e dos desejos.” (JÁUREGUI, nº 126, set/2004, p.63) 8 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 2. Evolução do déficit habitacional no Brasil Com a revolução industrial iniciada na Inglaterra e a decorrente migração campo-cidade ocasionada pela mesma, começaram a surgir as primeiras ocupações irregulares e preocupações com a demanda habitacional para os operários que não tinham onde se estabelecer e precisavam estar próximos as indústrias, que eram seus locais de trabalho. As ocupações irregulares e precárias eram não somente ameaça à saúde pública devido as condições higiênicas das habitações, mas eram também responsáveis por futuros surtos epidêmicos que impulsionaram o Estado a tratar prioritariamente deste problema. (BONDUKI, 1998 apud TAGLIARI, 2003, p. 7 e 8) No Brasil, o rápido desenvolvimento de algumas cidades – principalmente Rio de Janeiro e São Paulo – por causa do grande fluxo migratório que sofreram algumas principais cidades, no século XIX, gerou uma grande expansão, tanto populacional quanto no mercado de trabalho. Esse aglomerado de pessoas, entretanto, era da classe operária. Este fator foi que alavancou a formação de moradias impróprias para habitação já que a cidade não expandiu em termos de infraestrutura, suficientemente para acompanhar o crescimento da malha urbana determinado pelo novo contingente populacional. A partir das Leis que estavam sendo criadas pelo governo imperial e seus incentivos para higienizar as cidades se referindo ao modo de morar foi que começaram a surgir os primeiros conjuntos habitacionais. Estes eram frutos dos investimentos dos empresários, donos de indústrias, que utilizavam da moradia popular como geração de mais uma subordinação do trabalhador ao patrão. Os conjuntos contribuíam para que os operários estivessem sempre próximos às indústrias. Alguns deles, mais afastados da cidade, eram providos de equipamentos coletivos e se tornavam pequenas vilas. Os moradores destes eram operários e, portanto, o morar estava relacionado com o trabalho: simbolizava o vínculo empregatício com a empresa que alugava a moradia. Na prática, isso implicava que 9 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional ao sair do emprego, automaticamente, perdia-se a habitação, pois a mesma seria locada por outro trabalhador que viesse a ocupar o cargo do anterior. Outro fator relevante é que devido ao vínculo habitação-trabalho, o aumento de salário correspondia conjuntamente ao aumento do aluguel. A partir deste problema, o governo passou a incentivar a habitação para as classes de baixa renda, efetuando concursos e gerando projetos padrões para dar subsídio a população interessada na construção da sua casa própria. Segundo Rifrano (2006, p.30), houve um concurso para casas proletárias em 1916. Os projetos deveriam vir acompanhados com a projeção do mobiliário para se definir a locação e o tamanho correspondente com o fim de melhor aproveitamento da moradia no que tange a localização de portas e janelas com o intuito de usufruir ao máximo da luz e ventilação em toda a moradia. A principal finalidade para a construção das novas habitações era suprir a necessidade de moradores de edificações precárias que constituíam numa ameaça à saúde pública, ou seja, evitar a propagação de epidemias era uma medida de cunho sanitarista que impulsionava até a década de 30 o setor habitacional no Brasil. Na década de 30, o centro da economia era deslocado do campo para a área urbana. A resultante foi uma elevada demanda habitacional em um pequeno espaço habitável. Essa situação levou o Estado à criação dos Institutos de Aposentadoria e Pensão – IAP’s que executavam inicialmente moradias isoladas, até edifícios residenciais numa soma de 19.914 unidades entre 1937 a 1964, construídas principalmente na região sudeste, onde havia maior demanda e interesse. Foi a partir dos anos 40 que o edifício de apartamentos se popularizou entre a classe média e passou a abrigá-la, sendo que a população de baixa renda passou a ocupar os conjuntos habitacionais predominantemente horizontais. Estes contribuíram para a formação de uma nova de paisagem urbana característica da habitação de baixa renda, onde as habitações são implantadas repetidamente em um determinado loteamento. Este padrão ainda hoje tem sido executado. (RIFRANO, 2006, p.26). 10 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional A Fundação da Casa popular, criada em primeiro de maio 1946, visava atender a população que os IAP’s não atendiam os trabalhadores que recebiam baixos salários. Em 1950, com a inflação, as prestações se tornaram mínimas e impossibilitou novos investimentos. As unidades alugadas, então, foram vendidas a prestações devido à grave crise econômica que se instaurou no sistema previdenciário (RIFRANO, 2006, p.33). Em 1961, com o Plano de Assistência Habitacional, a proporção da prestação do financiamento e do salário mínimo assegurava que aquela, não poderia exceder a 20% deste, o que contribuiu para uma maior acessibilidade da população a moradia popular. Porém, deve-se considerar que havia um fator excludente da população de baixa renda que referia à estabilidade no emprego e ao tempo de residência na localidade. O Banco Nacional de Habitação – BNH – foi instituído em agosto de 1964 pela Lei 4.380. O BNH tinha como principal objetivo coordenar a política habitacional, orientar, estimular, financiar, visando diminuir o déficit habitacional, e gerar empregos na indústria da construção civil. Nesse contexto, o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço – FGTS – foi criado para viabilizar os propósitos do governo em relação à moradia não voltada para a classe popular e também era administrado pelo BNH. Para a faixa de interesse social, as Companhias Habitacionais – COHAB’s – e Cooperativas Habitacionais – INOCOOP’s – eram responsáveis pela construção de conjuntos habitacionais, sendo eles verticais ou horizontais (casas térreas ou sobrados), financiando material e/ou terrenos servidos de infraestrutura básica. Financiavam também o Programa de Erradicação de Favelas (RIFRANO, 2006, p.33). A partir do BNH, os projetos arquitetônicos e urbanísticos perderam sua importância, a moradia dos trabalhadores tornou-se uma arquitetura padronizada e esteticamente lastimável repetida constantemente nas periferias da cidade com execução precária e sem a participação popular. Essa nova maneira de construir a habitação popular contribuiu também para dificultar o acesso à moradia das camadas de menor renda. 11 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Em 1970, o recolhimento do FGTS foi afetado em decorrência de uma nova crise econômica. Desde então, por cinco anos o segmento da habitação popular deixou de ser prioridade. Somente no final da década que as COHAB’s se revigoraram através do financiamento para faixas de 3 a 5 salários mínimos (TAGLIARI, 2003, p.11). Nos anos 80, a crise econômica colaborou para o término das políticas habitacionais, pois aquela implicou no declínio do volume dos recursos arrecadados, bem como acarretou a inadimplência das prestações a serem pagas pelos mutuários, devido aos reajustes salariais que não eram realizados conjuntamente com os do Sistema Financeiro de Habitação – SFH (FARAH,1996, p.206). Em 1986 houve a falência do Banco Nacional de Habitação (BNH) e suas atribuições foram designadas a Caixa Econômica Federal – CAIXA. A partir deste momento, a tipologia das habitações se restringiu ao menor custo que tem implicado a um menor espaço interno, imputando aos futuros moradores que se adaptem às condições oferecidas (RIFRANO, 2006, p.33). No que se refere a expansão das cidades, é notável que, conforme considerou Villaça (2001, p. 153-155), a estruturação do crescimento da malha urbana tem ocorrido em setores, ou seja, não de forma circular no perímetro da cidade. A setorização ocorre no sentido radial devido à necessidade de um acesso ao centro da cidade formando, assim, eixos de circulação. Estes eixos correspondem à infraestrutura viária necessária que interliga a cidade, bem como os bairros ao centro da cidade. O crescimento das cidades está relacionado ao desenvolvimento dos bairros que acompanham estes eixos. Na questão da moradia popular ocorre um fenômeno muito parecido com o referido modelo de crescimento urbano. Têm-se sempre os conjuntos sendo implantados nas periferias das cidades, levando até os extremos a infraestrutura e gerando concomitantemente o processo de especulação imobiliária. Assim, esse fator ocasiona sobre a cidade o super carregamento de sua infraestrutura viária e maiores custos com implantação dos serviços básicos, enquanto poderia estar se 12 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional ocupando os vazios urbanos, que a expansão setorizada gerou na malha urbana, com, por exemplo, empreendimentos de fins sociais, como a habitação. Conforme VAUTHIER, “assim, quem viu uma casa brasileira, viu quase todas.” (VAUTHIER, 1975, citado por VERISSIMO, 1999, p.22 apud RIFRANO, 2006, p.23). Essa afirmação referia-se à casa brasileira do período colonial. Porém, analogamente, poderíamos dizer que esse é hoje o retrato da habitação social conforme o tipo utilizado pelas COHAB’s. Por este motivo, deve-se refletir a respeito da habitação popular e sua conformação em conjuntos, para que, não se continue a criar espaços repetitivos, monótonos, que não despertem interesse ao cidadão e sim espaços que possam ser reconhecidos e vivenciados em sua plenitude. Figura 1 - Casas coloniais restauradas, Santana de Parnaíba – SP, respectivamente Figura 2 - Conjunto habitacional do BNH em Ji – Paraná – RO Fonte: http://www.varginhaonline.com.br; http://biblioteca.ibge.gov.br 13 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 3. Ministério das Cidades, Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social, Fundo Municipal e Conselho Gestor É complicado falar de habitação no Brasil e não citar as conquistas populares em âmbito nacional. Um exemplo disto é a criação do Ministério das Cidades e, consecutivamente, aprovações de projetos de lei de reivindicação popular, que se encontravam tramitando no Congresso Nacional até a aprovação em 2005 da lei federal que instituía o Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social – SNHIS. O SNHIS foi uma importante ferramenta para o Fundo Nacional de Habitação que traz consigo uma série de normalizações. Este processo do novo momento da habitação em nosso país será esmiuçado a seguir. O Ministério das Cidades foi criado em 01 de janeiro de 2003 com a finalidade de “combater as desigualdades sociais, transformando as cidades em espaços mais humanizados, ampliando o acesso da população à moradia, ao saneamento e ao transporte” (texto retirado do site oficial do Ministério da Cidade http://www.cidades.gov.br/ministerio-das-cidades). A implementação de um ministério acarretou um ganho importante para os segmentos envolvidos com as lutas urbanas, isto se deve pois compete ao ministério “tratar da política de desenvolvimento urbano e das políticas setoriais de habitação, saneamento ambiental, transporte urbano e trânsito. Através da Caixa Econômica Federal, operadora dos recursos, o Ministério trabalha de forma articulada e solidária com os estados e municípios, além dos movimentos sociais, organizações não governamentais, setores privados e demais segmentos da sociedade”, objetivando construir uma Política Nacional de Desenvolvimento Urbano. (texto retirado do site oficial do Ministério da Cidade http://www.cidades.gov.br/ministerio-das-cidades). Outro aspecto fundamental da criação do Ministério foi a busca pela definição de uma política nacional de desenvolvimento urbano que supere uma visão setorial 14 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional de desenvolvimento citadino (saneamento ambiental, habitação, transporte urbano e mobilidade urbana e planejamento urbano) e que esteja em consonância com os demais entes federativos (município e estado), demais poderes do Estado (legislativo e judiciário), além da participação da sociedade. Sua ação prioritária está focada na coordenação e a integração dos investimentos e ações nas cidades do Brasil (TONELLA, 2008). Desta forma, em 2004 foi elaborada a nova Política Nacional de Habitação regida pelos seguintes princípios: Direito à moradia, enquanto um direito humano, individual e coletivo, previsto na Declaração Universal dos Direitos Humanos e na Constituição Brasileira de 1988. O direito à moradia deve ter destaque na elaboração dos planos, programas e ações, colocando os direitos humanos mais próximos do centro das preocupações de nossas cidades; social Moradia digna como direito e vetor de inclusão garantindo padrão mínimo de habitabilidade, infraestrutura, saneamento ambiental, mobilidade, transporte coletivo, equipamentos, serviços urbanos e sociais; Função social da propriedade urbana buscando implementar instrumentos de reforma urbana a fim de possibilitar melhor ordenamento e maior controle do uso do solo, de forma a combater a retenção especulativa e garantir acesso à terra urbanizada; Questão habitacional como uma política de Estado uma vez que o poder público é agente indispensável na regulação urbana e do mercado imobiliário, na provisão da moradia e na regularização de assentamentos precários, 15 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional devendo ser, ainda, uma política pactuada com a sociedade e que extrapole um só governo; Gestão democrática com participação dos diferentes segmentos da sociedade, possibilitando controle social e transparência nas decisões e procedimentos e Articulação das ações de habitação à política urbana de modo integrado com as demais políticas sociais e ambientais. São diretrizes da Política Nacional de Habitação: Desenvolvimento institucional; Mobilização de recursos (por meio da articulação de recursos dos fundos, planos, programas e ações), identificação da demanda e gestão de subsídio; Qualidade e produtividade da produção habitacional; Sistema de Informação, Avaliação e Monitoramento da Habitação; Urbanização de assentamentos precários e produção da habitação (garantia de que a provisão habitacional ocorra em áreas urbanizadas, localizadas no interior das porções consolidadas da cidade); Integração da política habitacional e da política de desenvolvimento urbano e Contratos de financiamento habitacional com desequilíbrio financeiro no âmbito do Sistema Financeiro de Habitação. 16 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Esta Política conta com um conjunto de instrumentos pelos quais se viabilizará a sua implementação tendo: I) Sistema Nacional de Habitação (SNH); II) o Desenvolvimento Institucional; III) Sistema de Informação, Avaliação e Monitoramento da Habitação e IV) Plano Nacional de Habitação. O Sistema Nacional de Habitação de Interesse Social configura-se como uma importante ferramenta de luta por moradias de interesse social quando em 2005 o Senado aprovou o Projeto de Lei 2710/92, que foi entregue ao Congresso Nacional em 1991 com mais de 1 milhão de assinaturas e que tramitou por 14 anos no congresso, instituindo através da Lei Federal 11.124/05 uma antiga reivindicação do movimento de habitação e pedra fundamental do Projeto Moradia e autorizando o Executivo a criar o Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social e seu comitê gestor. O Sistema institui o acesso à terra urbanizada e habitação digna à população de menor renda e promove articulação e acompanhamento para atuação das instituições e órgãos do setor habitacional. O Fundo tem como objetivo somar todos os recursos para ações em habitação nos três níveis de governo e direcioná-los para o atendimento às famílias de baixa renda. O Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social fixa alguns critérios e obrigações para a utilização dos recursos. Os municípios que pretendem receber os recursos do Fundo devem cumprir alguns requisitos. Um deles é a criação de Fundo e Conselho com a apresentação de um plano de habitação municipal de interesse social. Não só deverá ser realizado o PLHIS nas esferas nacionais e municipais, mas a União também tem a obrigação de elaborar um plano de habitação nacional, compatibilizando e integrando as políticas nacional, estaduais e municipais, possibilitando a liberação dos recursos. É importante frisar que a definição do Plano Nacional de Habitação de Interesse Social pelo Ministério das Cidades é imprescindível para que haja políticas estaduais e municipais integradas, o mesmo 17 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional vem sendo elaborado desde o ano de 2007 e está sendo construido em três etapas: I) contextualização; II) elaboração de cenários e metas e III) definição do plano de ação, estratégias e implementação. Tais recursos poderão ser destinados para a compra, melhoria e reforma da casa própria; aquisição de material de construção, recuperação de imóveis em áreas encortiçadas, urbanização, equipamentos comunitários e regularização fundiária, entre outros. Para administrar e gerir tais recursos deve ser criado o Conselho Gestor, que em âmbito federal já foi implementado, do qual gere o FNHS. Porém, a implementação do SNHIS depende da adesão de estados e municípios que devem se comprometer a cumprir os requisitos exigidos pela Lei no 11.124/05, devendo enviar ao poder legislativo o projeto de lei para a criação de um Fundo e de um Conselho Municipal de Habitação e elaborar o Plano Local de Habitação de Interesse Social, que tinha prazo até dezembro de 2009 e para os municípios que firmaram o Termo de Adesão ao SNHIS anteriormente a dezembro de 2009 têm seus prazos prorrogados até dia 31 de dezembro de 2010. A adesão de prefeituras e governos estaduais ao SNHIS é condição e passo inicial, portanto necessário para dar início ao processo para o fortalecimento da nova organização institucional do setor, tendo como compromisso a elaboração de seus Planos Locais de Habitação de Interesse Social. 4. Habitação no Paraná No Paraná, segundo a Fundação João Pinheiro (2000), o déficit habitacional absoluto é de 196.520 moradias (urbanas e rurais). Já o déficit habitacional relativo do estado (referente ao total de domicílios), corresponde a 7,38%. Dos domicílios, apenas 39.912 estão na área rural, correspondendo, assim, a 79,69% a porcentagem das habitações precárias na área urbana. Dessas moradias em situação de inabitabilidade referentes à coabitação familiar e domicílios improvisados urbanos, a 18 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional maior porcentagem - 73,62% - corresponde a famílias que recebem menos de três salários mínimos. No que tange ao histórico da questão da moradia de cunho social, no Paraná, a maior atuação nesta área é devida a Companhia de Habitação do Paraná – COHAPAR. Ela foi fundada em 1965, trabalha com economia mista atuando no âmbito da habitação conjuntamente com o Estado. Seu principal objetivo é resolver o déficit habitacional do Estado, que segundo a Fundação João Pinheiro – MG, o déficit absoluto é de 260.648 domicílios (229.069 urbanos - 31.579 rurais) e o relativo, é de 9,8%. Segundo a mesma fonte, a população com renda mensal de até três salários mínimos corresponde a 85,4% da demanda, portanto, prioritariamente a empresa visa beneficiar a população de baixa renda. As contrapartidas da Prefeitura para a devida execução do projeto de habitação junto a COHAPAR são: doar a área necessária para a construção do empreendimento; providenciar a aprovação dos projetos e executar os serviços de infraestrutura (abertura de ruas, ensaibramento e/ou cascalhamento, demarcação dos lotes, rede de água e energia elétrica, iluminação pública, rede de esgoto e de drenagem); conceder isenção de taxas e impostos municipais (incluindo Alvará e Habite-se) e orientar e auxiliar os beneficiários na providência dos documentos pessoais necessários para a formalização dos contratos. Zapelini (2003, p.10) aponta a produção habitacional como política de retenção populacional no sentido de equipar com moradias os municípios de pequenos e médios portes para que seus habitantes não migrassem para as grandes cidades. A COHAPAR, no período de 1995-2002 teria construído nos municípios menores cerca de 55 mil habitações, equivalendo a 91% das moradias construídas pela companhia. Entretanto, deve-se lembrar que para o mesmo período, o déficit de moradias para as pessoas cadastradas pela Companhia era de 155.570, ou seja, somente foram construídas moradias na proporção equivalente a um terço da necessidade detectada. 19 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Por ano, são entregues ao Estado, segundo a capacidade da empresa, 12 mil unidades habitacionais que correspondem a somente 15% do total necessário da demanda habitacional segundo a fila de espera cadastrada pela companhia. Para a área urbana, a COHAPAR atualmente possui cinco programas: Casa da Família, Lote da Família, Autoconstrução Familiar e Direito de Morar. Casa da Família é o principal programa de habitação popular do Governo do Paraná. Oferece ao mutuário casas, sobrados e moradias geminadas confortáveis, em alvenaria, com divisões internas, forro e cobertura em telhas cerâmicas, inseridas na malha urbana. O mutuário pode escolher entre cinco projetos arquitetônicos em cada tamanho de casa. Os tamanhos podem ser 32, 40, 44, 52 e 63 m² e a construção é pelo sistema de autogestão ou gestão comunitária. O programa ainda é subdividido em oito vertentes segundo o recurso que as subsidia, a saber: Casa da Família PSH; Casa da Família FGTS (Hipoteca); Casa da Família FGTS (Caução); Casa da Família PAR; Casa da Família Crédito Solidário; Casa da Família Rural; Casa da Família Indígena e; Casa da Família Afrodescendente. Lote da Família é um programa que funciona como instrumento regulador de mercado, proporcionando lotes urbanizados mais baratos, com área nunca inferior a 200 m², dotados de infraestrutura básica e prontos para construção. É destinado para famílias que recebem até 3 salários mínimos, com prestação até 20% do salário mínimo com recursos do Orçamento da União, do FGTS e Tesouro Estadual. Autoconstrução familiar é o programa que realiza a construção da edificação por meio do sistema de autoconstrução, podendo ser em conjunto ou em lotes isolados. Em conjunto ocorre quando os terrenos, inseridos na malha urbana, são doados pela prefeitura e as moradias são construídas numa mesma área. Em lotes isolados são quando a família de um único lote administra a obra. A família recebe o recurso em parcelas de acordo com o cronograma físico-financeiro e a execução da obra e a prestação nunca excederá a 20% da renda familiar. O programa é destinado às famílias com renda de 3 a 12 salários mínimos. Direito de Morar é caracterizado como o programa o qual o município é parceiro por meio de cessão de terrenos, infraestrutura e assistência social às famílias. O programa se destina à população que vive em ocupações 20 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional irregulares em precárias condições. A prestação não poderá ser maior que 20% do salário mínimo e as fontes de recursos são o Orçamento da União, o Banco Internacional para a Reconstrução e o Desenvolvimento – BIRD, o Tesouro Estadual e Fundo de Desenvolvimento Urbano – FDU. 5. Direito à habitação Segundo Villaça (1996, p.24), “a política habitacional brasileira tem sido, provavelmente, a política pública mais investigada, debatida e criticada neste país especialmente a partir de 1964”. Entende-se isso porque em 1964 foi que, através da criação do BNH, deu-se início a uma nova fase da construção habitacional e, portanto, do conhecimento e preocupação com políticas de cunho social que atendessem a demanda habitacional existente no país. Estas políticas públicas existem para minimizar a desigualdade ao espaço urbano e à moradia, ou seja, uma desigualdade interurbana, desigualdade de acesso à cidade. As preocupações quanto a essas necessidades são expressas nas Leis Orgânicas Municipais e nos Planos Diretores, bem como, em termos de federação, no Estatuto da Cidade. Porém, nem sempre são viabilizadas as vontades expressas pelas leis para a melhoria de condições para a população desprovida de lugar para morar. Santos (1999 apud TONELLA, 2002, p.81) comenta que a posição oficial sobre políticas habitacionais está explicitada em dois documentos: Política Nacional de Habitação (1996) e Política de Habitação: Ações do Governo Federal (1998), que diagnosticam a ineficiência do sistema, sendo elencadas quatro premissas básicas: 1) políticas públicas voltadas para a habitação com o fim de atender a população de baixa renda; 2) controle social sobre a gestão dos programas federais de habitação; 3) incapacidade do governo em resolver a questão habitacional por si só; 4) políticas públicas que não negligenciem a população de baixa renda do setor informal da economia e/ou que morem em habitações informais. 21 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Porém sabe-se que na história legislativa do país, somente na Emenda Constitucional de março de 1999 foi que, conjuntamente com a saúde e a educação, a habitação tornou-se um dos direitos do cidadão brasileiro. Até então, a habitação não era um dever do Estado. Com a Lei, políticas públicas referentes ao morar são incentivadas e o acesso à moradia torna-se uma preocupação concernente ao governo. No Brasil, no que tange aos Planos Diretores, tem-se a obrigatoriedade do mesmo para as cidades com população igual ou superior a 20 mil habitantes. Conforme Tonella (2002, p.82), a política habitacional no Paraná, através do capítulo intitulado “Política Urbana” (cap. II) da Constituição do Estado (1989), tem-se somente que execução da política de desenvolvimento urbano é de responsabilidade do poder Público municipal e que as cidades com mais de 20 mil habitantes tem por obrigatoriedade a formulação de um Plano Diretor que explicite critérios para que se cumpra a função social da propriedade urbana. Em 10 de julho de 2001, foi aprovada a Lei n°. 10.257/01 referente ao Estatuto da Cidade. Este visa estabelecer um conjunto de princípios de concepção de cidade e de planejamento e gestões urbanas e, através de seus instrumentos, construir cidades sustentáveis e democráticas. Dentre os instrumentos voltados ao planejamento municipal, em especial, tem-se: desapropriação com pagamento em títulos (art. 8º); transferência do direito de construir (art. 35 º); direito de preempção (arts. 25 º a 27º) e zonas especiais de interesse social - ZEIS (art. 4 º). Estes podem contribuir nas questões ligadas à habitação de interesse social facilitando a sua implementação. A desapropriação com pagamento em títulos pode ser aplicada em casos que a propriedade permanece incompatível com os usos e densidades previstas por lei, a qual estabelece um prazo para o loteamento ou construção das áreas vazias ou subutilizadas. Anteriormente à penalização de desapropriação do imóvel, este deve ter sido submetido ao instrumento de edificação compulsória e Imposto Predial e Territorial Urbano (IPTU) progressivo no tempo. Estes instrumentos poderiam ser determinantes para que a prefeitura adquirisse terrenos 22 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional que seriam passíveis de intervenções trazendo benefícios à cidade, como a habitação de cunho social, já que o ente público não possui terrenos apropriados para este fim. Quanto à transferência do direito de construir, este instrumento permite que os proprietários de imóveis de interesse histórico, cultural, paisagístico, arquitetônico ou ambiental, sejam compensados caso haja interesse público de preservação do imóvel. No Estatuto está prevista a hipótese de transferência para os casos de regularização fundiária e programas de habitação de interesse social. O poder público pode também utilizar o direito de preempção, o qual subsidia a preferência da prefeitura para a compra de imóveis do seu interesse. As áreas devem ser definidas conforme os interesses de regularização fundiária, programas habitacionais de interesse social, reserva fundiária, implantação de equipamentos comunitários, espaços públicos e de lazer ou áreas de preservação ambiental. As Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS) são um instrumento de regularização fundiária e convencionou-se para compreender, principalmente, favelas, loteamentos irregulares e os vazios urbanos, com a preocupação de regulamentar perante a Lei a habitação popular. Destes, os vazios urbanos são de grande interesse, pois se tratam de terrenos providos de infraestrutura urbana, porém ociosos, muitas vezes sendo mantidos assim somente com o fim de especulação imobiliária. Para esses casos, o IPTU progressivo no tempo, instrumento do Estatuto da Cidade, deve ser incidido e, caso haja a desapropriação por parte da prefeitura, pode-se então aproveitar esses espaços para a construção de conjuntos ou algumas moradias populares. 23 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Figura 3 - Exemplo de vazio urbano Fonte: Imagem Google Earth, organizada pela equipe consultora. 24 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Entretanto, deve-se recordar que a existência de Planos Diretores, Leis de Parcelamento do Solo e ZEIS, regulamentada pelo Estatuto da Cidade, não tem relação direta com a real efetivação das mesmas. A sua existência não comprova a sua aplicação sobre a cidade. Segundo Souza (2003, p.313-318), existem alguns obstáculos à implementação dos instrumentos de ordem política, cultural, econômica e institucional, tais como: o imediatismo (planejamento em curto prazo); o conservadorismo das elites (inversão de prioridades para a cidade); ausência de quadros técnicos suficientemente qualificados; ação de lobbies e grupos de pressão de setores da elite local (corrupção nas políticas públicas); ausência de continuidade entre as administrações; dificuldades econômico-financeiras da maioria dos municípios brasileiros e ausência de informatização do serviço de planejamento. Os municípios menores não conseguem se desenvolver em termos de autonomia para execução das leis no que se refere à habitação porque muitas vezes estão técnica e financeiramente despreparados para a execução dos projetos (TONELLA, 2002, p.79). Essa preocupação é latente, pois não há como executar as leis se não existe a condição apropriada para o estudo e o planejamento do qual se deve fazer pelos cidadãos e pela cidade. A falta de um profissional habilitado muitas vezes acarreta em um esquecimento ou falta de ações por parte das prefeituras em relação aos direitos do cidadão, como o de morar. Ainda conforme as palavras de Tonella (2002, p.75), “a política pública de habitação é um das mais onerosas aos cofres públicos já que envolve grande montante de recursos para a sua implementação”. Essa é outra preocupação no que se refere à execução de programas de cunho social para a cidade, pois muitas vezes, é necessário não somente um investimento por parte do município e beneficiados, mas também do Estado, da Federação e ainda auxílios internacionais, como do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BIRD). 25 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 6. Histórico de ocupação do território municipal, expansão e morfologia O município de Janiópolis emancipado pela lei nº. 4.450/1961, de 21 de outubro de 1961, está localizado na Mesorregião Centro Ocidental Paranaense e na Microrregião de Goioerê, composta por 11 municípios apresentando população estimada de 119.536 habitantes resultando em uma densidade demográfica de 24,5 hab/km² devido à sua grande extensão territorial e baixo desenvolvimento econômico a se comparar com outras Microrregiões do Estado (IBGE, 2009). Seu nome é em homenagem ao ex-presidente brasileiro Jânio da Silva Quadros. MESORREGIÕES GEOGRÁFICAS DIVISÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO ESTADO 2000 MESORREGIÃO CENTRO-OCIDENTAL MUNICÍIO DE JANIÓPOLIS 40 0 40 Km FONTE: IBGE - Censo Demográfico; IPARDES - Tabulações Especiais BASE CARTOGRÁFICA: IAP - 1997 Figura 4 - Localização de Janiópolis Fonte: Plano Diretor Municipal de Janiópolis 26 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional A mesorregião caracterizou-se por ter suas bases fundamentadas na produção rural, devido ao seu histórico de ocupação que segundo o PDM é idêntico ao do Norte Paranaense com a implantação de pequenas propriedades rurais, o que difere a região é a tipologia das culturas realizadas sendo elas principalmente de cultura de subsistência, tais como arroz, milho, feijão, algodão entre outros, além do destaque para a suinocultura e o extrativismo vegetal, o que proporcionou um forte frente de migração para a região. Devido à forte mecanização nos anos subseqüentes e à mudança da produção agrícola para a produção de soja, trigo e milho, influenciada pela Agroindústria, foi proporcionado à região um intenso êxodo rural, forçando com que os adultos e jovens capazes de trabalhar fossem atrás de oportunidade em outras regiões paranaenses e até mesmo outros estados. Tal processo fez com que a mesorregião obtivesse os maiores índice de idosos do estado. Apesar disso, a principal fonte de renda do município ainda é a agricultura, mesmo que menor parte da população resida no meio rural. Janiópolis tem seus limites físico-territoriais com os municípios de Tuneiras do Oeste (norte), Boa Esperança (sul), Farol (leste) e Goioerê e Rancho Alegre do Oeste (oeste). Apresenta população de 6.983 hab (IBGE, 2009) e território de 336 km², resultando em uma densidade demográfica de 20,78 hab/km². Somando-se à sede, o município apresenta 03 distritos administrativos que segundo o PDM são os distritos de Arapuan, Bragápolis e Bredápolis. O município encontra-se no terceiro planalto paranaense, com relevo pouco elevado e vales em forma de “V”, onde sua hidrografia compõe a bacia hidrográfica do Rio Piquiri, com rio principal o Goioerê, apresentando clima Cfa (Subtropical Úmido Mesotérmico: verões quentes e chuvosos e geadas raras no inverno e no outono). O solo é predominantemente roxo/arenoso e sua potencialidade é para revestimento, como o cascalho. 27 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional A evolução da malha urbana se deu antes mesmo da emancipação em 1961, quando a cidade era ainda distrito de Campo Mourão, conhecido como Pinhalzinho. As primeiras edificações foram erguidas na Avenida Paraná e na Rua Irmãos Pereira, onde ainda podem ser vistas residências em madeira da época. O núcleo central da cidade, ponto de onde ocorreu um crescimento radial, encontra-se numa rotatória locada no encontro entre as Avenidas Brasil, Goioerê e Paraná, praça Matriz e continuidade da avenida Paraná até rodovia PR 468. Segundo os dados do IPARDES, o crescimento da cidade como um todo foi pequeno, visto que o crescimento rural foi negativo. Ao contrário dessa área, o crescimento urbano foi sempre positivo, com maior valor nas décadas de 1970-80, com o valor de 5,37%. Esse crescimento se deu, em menores proporções, até que na década de 1990 a população urbana superou a população rural em número de habitantes, existindo, ainda assim, alta quantidade de vazios urbanos. Posteriormente o município não apresentou crescimento horizontal de seus limites, na sede, apresentando desta forma até os dias atuais o adensamento na ocupação dos lotes vazios urbanos, podendo desta forma, ser uma das justificativas para a valorização dos lotes no município. 7. Análise socioeconômica 7.1 Demografia Conforme o censo do IBGE (2000), o município de Janiópolis possui população total de 8.084 habitantes, sendo que 54% destes (4.368) residem na área urbana e 46% (3.716) na área rural. Conforme contagem realizada em 2007, a população se classifica em idade e sexo conforme a tabela a seguir: 28 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Tabela 1 - População censitária segundo as faixas etárias e sexo Faixas Etárias (anos) Masculino Feminino Total Menores de 1 ano 49 38 87 De 0 a 4 181 167 348 De 5 a 9 294 252 546 De 10 a 14 351 326 677 De 15 a 19 338 323 661 De 20 a 24 249 287 536 De 25 a 29 204 209 413 De 30 a 34 243 238 481 De 35 a 39 235 270 505 De 40 a 44 277 269 546 De 45 a 49 228 215 443 De 50 a 54 189 236 425 De 55 a 59 178 177 355 De 60 a 64 159 163 322 De 65 a 69 125 128 253 De 70 e mais 233 201 434 Total 3.533 3.499 7.032 Fonte: IBGE - Censo Demográfico – Contagem 2007 Através desses dados percebe-se que a população masculina é maior como o todo, apesar de em algumas faixas etárias representarem um número menor do que a de população feminina. O Estatuto do Idoso afirma que pessoas com idade superior a sessenta anos são consideradas idosas. De acordo com a Secretaria Estadual da Saúde (2005), Janiópolis tem 2.358 habitantes com 60 anos ou mais para uma população total de 6.499 pessoas, fazendo com que essa parcela da população corresponda a 36,28% da população geral. 29 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Gráfico 1 - Evolução da população do município por décadas. Evolução da população do município por décadas 25.000 Habitantes 20.000 Total 15.000 Urbana 10.000 Rural 5.000 0 1970 1980 1991 1996 2000 Décadas Fonte: IBGE. Gráfico 2 - Evolução da população do Estado do Paraná por décadas. Evolução da população do Estado por décadas 12.000.000 Habitantes 10.000.000 8.000.000 Total Urbana 6.000.000 Rural 4.000.000 2.000.000 0 1970 1980 1991 1996 2000 Décadas Fonte: IBGE. Pelos gráficos acima, pode-se perceber que a população total da cidade diminuiu, resultando numa perda total de 14.614 pessoas no período de 1970 a 2000. O mesmo fenômeno pode ser analisado com a parcela daquela que residia na área rural, enquanto a parcela residente na área urbana aumentou sensivelmente. A 30 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional nível de estado, a população rural também diminuiu, porém a total aumentou e a urbana havia superado a rural ainda no início da década de 1980. A diminuição da população é vista em praticamente todos os municípios da mesorregião, apenas em quatro deles o crescimento é positivo e, mesmo assim, ainda é baixo (entre 0 e 1,14%), conforme pode ser visto no mapa a seguir: Mesorregião Centro-Ocidental Paranaense TAXAS MÉDIAS GEOMÉTRICAS DE CRESCIMENTO ANUAL DA POPULAÇÃO 1991-2000 Em % a.a. >= 2,8 >= 1,4 a < 2,8 >= 0 e < 1,4 <0 Obs.: As referências de corte foram estabelecidas em função da taxa média do Estado (1,4% a.a.). FONTE: IBGE - Censo Demográfico NOTA: Dados trabalhados pelo IPARDES. Figura 5 - Mapa de Taxas Médias Geométricas de Crescimento Anual da População da Mesorregião Centro-Ocidental Paranaense 1991-2000 31 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 7.2 Índice de Desenvolvimento Humano O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) mede a qualidade de vida da população através da média aritmética da esperança de vida ao nascer (longevidade), da educação e da renda. Seus valores podem variar de 0 a 1 e são classificados da seguinte forma: até 0,499 é considerado baixo; de 0,500 a 0,799 é considerado médio e acima de 0,800 é considerado alto. Tabela 2 - IDH para o Município 1991 2000 Índice de Desenvolvimento Humano Municipal 0, 652 0, 692 Educação 0, 701 0, 808 Longevidade 0, 638 0, 669 Renda 0, 618 0, 598 Fonte: IBGE A partir dos dados presentes nessa tabela, é importante ressaltar algumas informações: em ambas medições, o nível mais alto obtido foi na área da educação, que ainda cresceu 90,7% no período, seguida pela longevidade, que cresceu 26,3%, enquanto a renda diminuiu cerca de 16,9%; houve crescimento de 6,13% do IDH total do município e, finalmente, o hiato de desenvolvimento humano (a distância entre o IDH do município e o limite máximo, ou seja, 1 - IDH) foi reduzido em 11,5%. Os valores do IDH de Janiópolis classificam-se como médios, em ambos os casos. Quando comparado o valor obtido em 2000 às cidades do país, a qualidade fica em um nível intermediário, visto que 56,7% (3.119) dos outros municípios encontram-se em situação melhor, enquanto 43,3% (2.386) encontram-se em situação igual ou pior. Já a nível estadual, Janiópolis está bem abaixo da média, ocupando a 355ª posição em um total de 398 cidades, significando que seu IDH está menor do que 88,7% dos municípios paranaenses. Apesar disso de tudo isso, incluindo o baixo crescimento, é o segundo melhor na mesorregião centro-ocidental. 32 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Um dos medidores do grau de desigualdade de determinada região é o Índice de Gini, que usa como base a distribuição de indivíduos segundo a renda domiciliar per capita. Seus valores variam de 0 a 1, sendo que 0 representa não desigualdade, quando todos indivíduos possuem a mesma renda, e que 1 significa desigualdade máxima, ou seja, um indivíduo possui toda a renda da sociedade. No quesito educação, o município atende satisfatoriamente a população nos níveis de educação médio (com 306 alunos matriculados, segundo a Secretaria de Educação – 2009) e fundamental (com 1.050 alunos matriculados). Existem também 42 matrículas em creche e 133 na pré-escola. Não existem instituições de ensino superior, o que leva os alunos a buscarem esses serviços principalmente na cidade de Campo Mourão, na Fecilcam (Faculdade de Ciências e Letras de Campo Mourão) e na UTFPR (Universidade Tecnológica Federal do Paraná). Nível de Ensino Tabela 3 - Dados da educação em Janiópolis Número de Número de Instituições Instituições Instituições matriculados Instituições Municipais Estaduais Federais Pré-escolar 133 4 4 - - Fundamental 1050 7 4 3 - Médio 306 1 - 1 - - - - - - Superior Fonte: Ministério da Educação e INEP Censo Educacional 2009 Tabela 4 - Índices oficiais da educação 1991 2000 Taxa de alfabetização 74,06% 78,87% Taxa bruta de frequência à escola 62,27% 84,66% Taxa bruta de frequência ao fundamental 109,08% 117,98% Taxa bruta de frequência ao ensino médio 28,19% 88,14% Taxa bruta de frequência ao superior 4,90% 11,98% Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, 2000. 33 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Tabela 5 - Nível Educacional da População Jovem Faixa Taxa de % com menos de 4 % com menos de 8 % frequentando a Analfabetismo % anos de estudo anos de estudo escola 1991 2000 1991 2000 1991 2000 1991 2000 7 a 14 14,6 2,5 -- -- -- -- 80,5 97,5 10 a 14 7,2 0,8 58,2 25,6 -- -- 79,9 97,1 15 a 17 5,9 1,1 20,3 8,0 86,7 46,6 54,1 72,6 18 a 24 10,7 4,0 26,4 13,9 71,4 43,4 -- -- etária (anos) Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil. Com esses dados, fica fácil perceber que a educação no município realmente melhorou no período compreendido entre 1991 e 2000. Vale ressaltar que a taxa de analfabetismo diminuiu bastante e que as crianças frequentam ainda mais a escola. Porém, o período de estudo, segundo o Atlas do Desenvolvimento Humano no Brasil, ainda está na faixa dos 4 anos. O município também tem uma escola para alunos especiais da APAE (Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais), que segundo o Plano Diretor atende 78 alunos. 7.3 Saúde Analisando a área da saúde, o município encontra-se privilegiado por possuir um Hospital Municipal se comparando aos outros da mesorregião. Porém, a demanda acaba levando a população a outras cidades, principalmente Campo Mourão e Maringá e Curitiba para atendimentos mais específicos. Faz parte do CISCOMCAM (Consórcio Intermunicipal de Saúde da Comunidade dos Municípios da Região de Campo Mourão). Conta com cinco estabelecimentos de saúde, todos públicos municipais, atendentes pelo SUS (Sistema Único de Saúde) e com 29 leitos para internação (encontrados apenas no hospital municipal). 34 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Tabela 6 - Indicadores de Longevidade, Mortalidade e Fecundidade 1991 2000 Mortalidade até 1 ano de idade (por 1000 nascidos vivos) 46,7 30,6 Esperança de vida ao nascer (anos) 63,3 65,2 Taxa de fecundidade total (filhos por mulher) 2,7 2,5 Fonte: IBGE Os dados encontrados mostram que a situação da saúde melhorou no município, visto que o índice de mortalidade de neonatais diminuiu e que a esperança de vida aumentou. 7.4 Infraestrutura e saneamento básicos Janiópolis conta com 2.422 registros de unidades atendidas por energia elétrica que consomem conjuntamente 6.305Mwh, segundo a Copel (2009). O número de domicílios com esse serviço aumentou de 86,4 para 96,3% no período de 1991 a 2000, assim como o número de diversos eletrodomésticos e eletroeletrônicos nesses domicílios, conforme pode ser observado na tabela a seguir: Tabela 7 - Percentual de domicílios possuidores de eletrodomésticos e eletroeletrônicos 1991 2000 - 2,9 Geladeira 60,0 78,1 TV 67,5 87,7 Telefone 6,8 14,0 Computador Fonte: Atlas de Desenvolvimento Humano Apesar de esses números sugerirem uma melhora no poder de aquisição da população janiopolitana, vários outros dados demonstram não ter havido melhora na qualidade de vida desta. 35 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional O município tem água provida pela Sanepar (Companhia de Saneamento Básico do Paraná - SANEPAR), que afirma existirem (2009) 1.874 unidades atendidas no local e nenhuma estação de tratamento de esgoto. Tabela 8 - Percentual de domicílios atendidos por infraestruturas básicas 1991 2000 Água encanada 70,7 93 Energia elétrica 86,4 96,3 Coleta de esgoto 90,9 98,5 Fonte: Atlas do Desenvolvimento Humano Esses dados comprovam o significativo aumento no número de domicílios atendidos pela rede de água e também daqueles que possuem alguma forma de coleta de esgoto, apesar de não ser nenhuma delas a ideal, visto que não existe rede de esgoto no município, nem geral nem pluvial, e que o sistema utilizado é o de fossas negras. Outra característica positiva é no quesito coleta de lixo, que segundo o IPARDES (2004), 97,12 a 99% dos domicílios urbanos possuem esse serviço. Porém, não há coleta seletiva, mas o aterro sanitário recebe somente os resíduos orgânicos, sendo que o material reciclável é separado e classificado no distrito industrial. 7.5 Economia local De acordo com dados do IBGE (2007), com relação ao PIB Municipal, o setor de comércio e serviços, com 56,07% é o mais importante. Em segundo grau de importância fica o setor primário com 32,78% e em terceiro, a indústria com 6,55%, conforme pode ser visto na tabela a seguir: 36 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Tabela 9 - Valor adicionado bruto no PIB municipal Representação Valor (R$1000) Agropecuária 32,78% 18.056 Indústria 6,55% 3.607 Serviços 56,07% 30.884 Impostos 4,60% 2.534 100% 55.081 Total Fonte: IBGE – Produto Interno Bruto dos Municípios 2007. Quando se deu o início da colonização da cidade, com a chegada, principalmente, de portugueses, italianos, espanhóis, alemães, mineiros, paulistas e outros migrantes das redondezas, as pequenas propriedades rurais eram maioria, de subsistência, graças aos baixos preços e incentivos nas formas de pagamentos dados pelas empresas colonizadoras. Atualmente, a maioria dos imóveis são minifúndios e maioria das propriedades é explorada por seus proprietários, seguidos dos arrendatários, de acordo com a tabela a seguir. É interessante ressaltar também que, no período de 1996 a 2006, cresceu o número de arrendatários, enquanto todos os outros diminuíram, assim como as áreas correspondentes, o que demonstra a baixa capacidade de compra dos agricultores de suas próprias terras, o que os leva, muitas vezes, a gastar grande parte de sua renda para pagar pelo uso do solo alheio. Tabela 10 - Condição do produtor Estabelecimentos Área (ha) Arrendatários 187 6.494 Ocupantes 22 123 Parceiros 3 17 Proprietários Total 549 25.723 764 32.358 Fonte: IBGE (2006) Enquanto no estado do Paraná o maior representante do PIB é o setor industrial, em Janiópolis esse representa apenas 6,55%, classificando-se como o segundo menor provedor de renda no município. De acordo com o Plano Diretor 37 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Municipal, o Parque Industrial estava em processo de consolidação e haviam três indústrias instaladas na cidade, atualmente houve a instalação de algumas pequenas indústrias porém nada que aumente na representatividade do PIB no município de Janiópolis. O setor de comércio e serviços é o segundo maior empregador da cidade, correspondendo a 37,9% das vagas de emprego ocupadas (Ipardes, 2004). 8. PRODUÇÃO HABITACIONAL NO MUNCÍPIO DE JANIÓPOLIS No município de Janiópolis são identificadas algumas formas de produção das moradias. De acordo com MENDES (1992) a produção de moradias podem ser classificadas como: Autoconstrução: o agente que produz a habitação é o mesmo que vai habita-la. Os materiais de construção são, em geral, de baixa qualidade e de baixo custo, estando sempre o período de construção dependendo da capacidade financeira do construtor, sendo a construção desta forma realizada por etapas. Produção Manufatureira: o proprietário contrata um profissional liberal para construir sua habitação empregando mão-de-obra, em geral, pouco qualificada e com custos abaixo do mercado. O custo final é alto, envolvendo o custo do projeto e da construção propriamente dita, devido a inexperiência e desperdício por parte do contratado. Produção Industrial: este está atrelado a construção civil não havendo relação direta entre produtores e consumidores. O capital investido no processo pode ser expandido e reproduzido. A produção, bem como os materiais empregados, são feitos em larga escala, não influenciando na 38 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional qualidade, mas sim no custo final. A mão-de-obra empregada depende da tecnologia empregada no processo, podendo ser qualificada ou não. Neste tipo de produção, o terreno pode ser comprado ou ser trocado por uma ou mais unidades. Neste último caso, há um agente intermediário que é o proprietário do terreno. Em Janiópolis a principal forma de produção habitacional é a produção manufatureira, tendo em vista o aspecto das edificações observadas no trabalho de campo e o relato dos moradores. Devido a características observadas no município é notável as inúmeras residências na forma de autoconstrução, principalmente em loteamentos que tiveram a peculiaridade de programas de implementação por mutirão. Por outro lado a produção industrial é inexistente ou não perceptível no contexto acima descrito. Entre a autoconstrução e da produção manufatureira, ganha destaque a produção manufatureira voltada para o mercado imobiliário realizada por construtores urbanos. COTA (2002) os define como os empreendedores imobiliários responsáveis pela produção e venda de moradia acabada, e que nela insere-se o valor da terra, do projeto e da construção. Envolve diferentes agentes como o próprio empreendedor/construtor, o proprietário da terra e o profissional de projetos. A produção nesse sistema está voltada principalmente para famílias com renda superior a 4,5 salários mínimos, que possuem algum recurso em poupança ou outro bem que possibilite a capitalização inicial, com comprovação de renda suficiente para financiamento de carta de crédito individual na Caixa Econômica Federal. As políticas habitacionais no município de Janiópolis sempre estiveram vinculadas à Companhia Paranaense de Habitação - COHAPAR, cujos primeiros empreendimentos realizados foram no início da década de 80, com a construção do que atualmente chamamos Mutirão I e II, com 80 unidades construídas. Por volta dos anos 90 houve a construção de mais casas também em parceria com a COHAPAR, desta vez foram construídas mais 40 unidades. Os investimentos 39 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional em habitação se restringem aos empreendimentos já citados, já a demanda, por sua vez, aumentou consideravelmente. Desta forma, com a crescente demanda, o poder público criou mecanismos voltados para a questão habitacional, sobretudo de interesse social. Assim, no ano de 2007, a Administração Municipal encaminhou projetos à COHAPAR para construção de 15 casas na modalidade individual, número inexpressivo frente à demanda. A Prefeitura Municipal também, segundo o PDM, firmou convênio com a Caixa Econômica Federal - CEF para a edificação de unidades habitacionais em lotes isolados quando o proprietário não tiver condições de arcar com a construção. No entanto, houve diversos encaminhamentos de proposta para o Ministério das Cidades, sendo que inicialmente foram contemplados com recursos para a Elaboração do Plano Local de Habitação de Interesse Social. 9. PRODUÇÃO DE HABITAÇÃO DE MERCADO O tema acima sobre as tipologias de produção de habitação apresentam os agentes que proporcionam a construção de moradias. Conforme explicitado, o modelo em Janiópolis está concentrado na produção manufatureira, refletindo diretamente no mercado. Desse modo fortalecendo o comércio de mercadorias do setor da construção civil, como pode ser entendido com a relação de empresas que atuam no município: A.A. Ferreira Construções Ltda., Demacobel Depósito de Materiais de Construções Ltda., Eletrolin Construções Elétricas Ltda., MJ Comércio de Materiais para Construção Ltda., TendTudo Materiais Para Construção Ltda., I.A. Caires Materiais Para Construção Ltda., Com. De Materiais para Construção Ltda. Nobres Materiais para Construção Ltda. e K&M Indústria, Comércio e Materiais para Construção Ltda. 40 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Contudo é notória a crescente presença no município de construtoras que podem ser entendidas como agentes que atuam no segmento da produção industrial. Esses agentes por sua vez em maioria são oriundo de cidades vizinhas e atuam de forma pontual nos pequenos municípios próximos. A atividade desenvolvida está determinada a abastecer empreendimentos que serão instalados no município e que exigem uma construção peculiar, como no caso de plantas industriais. Portanto segue a relação de algumas dessas construtoras: Construtora Casali Ltda., Campusmorão Construção Ltda, MJ Construções Civis Ltda, Odilon Comercial de tubos para esgoto Ltda., Construtora G3 Ltda., CRC Construtora de Obras Ltda., L.A. Ciola & Ciola Ltda e Conenge Construtora de Obras. Toda a construção de habitações e adequações existem um dinamismo e dificuldade que são encontrados. Uma das dificuldades de se fazer um Plano Habitacional para moradores de baixa renda é a valorização do solo, assim tornando em áreas o valor do solo alto para uma construção de cunho social. Segue abaixo os mapas com o valor do solo e as áreas mais valorizadas do município e seus distritos. Outra dificuldade é a falta de mão de infraestrutura como, por exemplo, falta de mão-de-obra, produtos utilizados com preço elevado no mercado municipal, assim dificultando a inicialização de um plano devido tornar mais difícil e lento o processo de ter que ir buscar em cidade vizinhas o que se é necessário. 10. PROGRAMAS HABITACIONAIS IMPLANTADOS Os programas habitacionais já realizados no município de Janiópolis como já comentado no item anterior foram habitações construídas com recursos vindos da COHAPAR, sendo elas descriminadas abaixo: 41 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Tabela 11 - Conjuntos habitacionais implantados com recursos da COHAPAR em Janiópolis. Conjunto Habitacional Unidades Bairro 1 Conjunto Primavera 63 Jardim Primavera 2 Conjunto Pedro França 64 Vila São João 3 Conjunto União 20 4 Conjunto Pinhalzinho 34 Jardim Pinhalzinho 5 ------ 06 Comunidade de Bragápolis 6 ------ 15 Comunidade de Bredápolis 7 Conjunto Tancredo Neves 46 Distrito de Arapuan Vila São João – Próximo ao Ginásio de Esportes Vila Rural 1 Vila Rural Nossa Terra 19 Comunidade de Bragápolis 2 Vila Rural Elias Abraão 40 Comunidade do Graminha Com menos expressividade, mas não em importância, foi realizado com recursos municipais as seguintes habitações. O grande motivador das construções foi a retirada de famílias de locais indicados no Plano Diretor como área de risco. Tabela 12 - Conjuntos habitacionais implantados com recursos da municipais em Janiópolis. Conjunto Habitacional 1 Conjunto Morar Melhor Unidades 10 Bairro Jardim Pinhalzinho Tais programas habitacionais implantados no município não resolveram o problema habitacional, mas vem de encontro a tentativa de um solução que os município encontram para amenizar o déficit habitacional e a preção popular em busca de casa digna para residir. Neste sentido para o município de Janiópolis somase atualmente 317 habitações desde a década de 1980 tendo com início a construção de dezenas de casa no modelo mutirão. 42 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 11. RECEITAS E ORÇAMENTOS DESTINADOS A HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL DE JANIÓPOLIS O Município de Janiópolis possui um PIB de 47.106 mil reais (IBGE, 2005), as finanças públicas possui um valor agregado de 4.257.828,58 reais atribuído ao Fundo de Participação dos Municípios (FPM), e uma receita de 64.238,60 provenientes do Imposto Territorial Rural (ITR). A Receita Bruta do município de Janiópolis apresentou no ano de 2009 um montante de R$ 19.182.437,63 assim divididos: Receita Orçamentária - R$ 9.489.605,12; Receita Patrimonial - R$ 35.947,42; Outras Receitas Patrimoniais - R$; 0,00; Receitas Financeiras - R$; 30.027,34; Receita de serviço - R$; 19.415,00; Receita de transferência corrente - R$ 9.607.442,75. Em relação às receitas de arrecadação própria, não tributável de arrecadação própria e de transferência e despesas, o município de Janiópolis apresenta o seguinte quadro abaixo com as descrições de faturamentos e gastos: 43 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Tabela 13 - Arrecadação do município de Janiópolis. ITEM VALOR (R$) ARRECADAÇÃO IPTU ISS ITBI Referente a taxas IRRF Divida ativa 98.973,70 90.166,64 140.964,90 60.264,11 58.202,93 57.590,60 506.162,88 Total ARRECADAÇÃO NÃO TRIBUTÁRIA Contribuição de melhoria Receita de capital 23.061,09 491.252,74 514.313,83 Total RECEITA DE TRANFERÊNCIAS Receita de Transferências Correntes Transferências Intragovernamentais da União Cota FPM Cota ITR LC 87_96 ICMS Fundef - União SUS - União Cota ICMS Cota IPVA Cota IPI exportação; da Cota Salário Educação – Estado Fundef - Estado Outras Transferências Correntes Outras Transferências da União Outras Transferências do Estado (Federação) Demais Receitas Correntes Receitas de Transferência de Capital Receita de Transferência de Capital da União Receita de Transferência de Capital do Estado (Federação) Total 8.758.653,64 5.062.158,04 4.519.735,01 4.257.828,56 32.469,76 0,00 0,00 2.045.680,95 176.866,23 32.858,21 1.160.334,43 0,00 207.311,99 2.505.691,37 77.676,32 100.000,00 0,00 0,00 36.627.220,19 DESPESAS Pessoal Ativo Obrigações Patronais Serviços de terceiros e Encargos Outros Custeios Despesas com Transferências Correntes 3.446.797,48 419.128,32 982.765,52 --------------- 44 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Transferências a Pessoas Pessoal Inativo Pessoal Pensionista Contribuição formal PASEP Juros e encargos da Dívida Outras despesas correntes Despesas de Capital Investimentos Despesas de Capital Amortizações SUPERÁVIT ou DÉFICIT Despesas por Função Despesa Legislativa Judiciária Planejamento Agricultura Educação e Cultura ---------------------76.900,50 11.120,93 3.722.525,96 1.245.531,15 904.054,88 341.476,27 -----------------------------------527.054,85 2.021.588,87 Habitação e Urbanismo 439.206,37 Saúde Saneamento Assistência e Providência Transporte Segurança Pública Comunicações Demais despesas 2.481.011,75 493,50 262.583,25 827.168,87 ---------------------17.709.408,47 Total É perceptível que os investimentos em habitação no município de Janiópolis, no ano de 2009, foram quase que nulos decorrentes da inexistência de licitações para a implantação de habitações e lotes urbanizados no município. Porem um agravante para as questões habitacionais no munícipio de Janiópolis é a inexistência na organização municipal de um segmento voltado a habitação, com um corpo técnico que seja focado a temática proposta. É notório que a lei que regulamenta o Conselho de Habitação e o Fundo de Habitação já esta aprovada e sancionada, devendo para tanto que sejam designadas as pessoas que irão compor o conselho, conforme lei, possibilitando a adequada gestão de projetos e recursos para a habitação de interesse social no município. 45 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 12. Marcos Regulatórios As análises sobre os mecanismos legais e capazes de regularem as estruturas funcionais do planejamento urbano de Janiópolis serão construídos neste item. Desse modo buscou-se referenciar pelas Leis existentes no município que contemple sobre a problemática da habitação e também se preocupe com os padrões de uso e ocupação do solo, visando a minimização da desigualdade sócio espacial. Os princípios definidos pela Constituição Federal de 1988 reconhece o direito a moradia como sendo um direito social básico que deve estender além da edificação aos serviços de infraestrutura. Posteriormente o Estatuto da Cidade formalizado no ano 2000 fortalece o campo da gestão pública com a criação de diretrizes para o planejamento urbano e politicas integradores quanto a gerencia municipal. Espera-se que a Politica Habitacional esteja também integrada com os demais instrumentos da gestão municipal, que a principio, estão definidos no Plano Diretor. Assim é importante que a compilação de Leis que apresentem sintonia favorecendo a regulação igualitária da habitação no município. Esses mecanismos podem ser vistos como de controle sendo a atuação principal dirigida aos atores econômicos do mercado imobiliário: imobiliárias, construtoras, incorporadoras, loteadoras, proprietários e inquilinos, porém todos sujeitos a regulação estabelecida. Neste intuito o município de Janiópolis aprovou a Lei do seu Plano Diretor em 22 de maio de 2009, que visa manter o desenvolvimento do planejamento urbano municipal. Compõem também bases para análise no município as leis que abrangem a habitação como: Código de Obras, Lei de Parcelamento do Solo Urbano e a Lei do Perímetro Urbano. Contudo adianta-se como principal instrumento quanto a habitação de interesse social a Lei 237/2008 que cria o Fundo Municipal de Habitação de Interesse Social de Janiópolis – FHISJ e também institui o Conselho Gestor do FHISJ. 46 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 12.1 LEI DO PLANO DIRETOR Dentre os objetivos apresentados pelo Plano Diretor do município de Janiópolis, consta a definição de uma política de desenvolvimento urbano bem como o uso socialmente justo do território urbano, pontos de importante questão a habitação de interesse social. Proposto como diretrizes de Políticas e Ações voltadas para Habitação destaca-se na referida lei a aquisição de terrenos e formulação de programas de lotes urbanizados, a aquisição de terrenos por parte da prefeitura para estoque de terras, a assessoria pra construção de habitações populares, incentivo a cooperativas habitacionais, programas de auto construção e articulação com as esferas federais e estaduais. Na seção dedicada ao Ordenamento Territorial é expresso como diretrizes a necessidade de infraestrutura nas regiões do município onde a área urbana já esteja consolidada bem como a promoção da ocupação em vazios e áreas sub utilizadas dentro da malha urbana. Tais questões são fundamentais, pois tem a premissa de garantir serviços básicos como o esgotamento sanitário, distribuição de água, drenagem urbana, coleta de resíduos buscando a equidade social. Enquanto que a promoção da ocupação em vazios urbanos da área consolidada, quando apoiada em ferramentas de controle financeiro, pode desenvolver o adensamento ocupacional, afrontando a especulação imobiliária. No artigo 36º da lei do Plano Diretor é apresentado a Zonas Especiais de Interesse Social (ZEIS´s), áreas destinadas exclusivamente ao atendimento da população com Habitação de Interesse Social. Sendo caracterizada a população de Habitação Social aquela em que possui como renda familiar renda de até 5 salários mínimos. E priorizada na lei como para fins de Politica Habitacional as famílias que recebem até 3 salários mínimos. Para essas áreas existe a possibilidade de atendimento de construções com padrões que não estejam estabelecidos no Plano Diretor. 47 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Como diretrizes das ZEIS é apresentado a inclusão urbana de populações que estão a margem do mercado legal de terras, a extensão dos serviços e de infraestrutura e a garantia de qualidade de vida e equidade social. 12.2 LEI DO PARCELAMENTO DO SOLO A lei nº 274 de 2009 se destina a disciplinar os projetos de loteamento, desmembramento e remembramentro do solo para fins urbanos do município de Janiópolis. Nesta é destinado na Seção I sobre os Loteamentos de Interesse Social, que tem como principal função atender a demanda habitacional de baixa renda, sendo os valores dos lotes neste caso regulado pelo município. Para isso o município formula dois modelos de parcelamento com a finalidade de habitação de interesse social. O Modelo de Parcelamento Social 1 os lotes terão no mínimo 150 m2 e no Modelo de Parcelamento Social 2 os lotes terão no mínimo 200 m2. 12.3 CÓDIGO DE OBRAS A lei de nº 276 de 2009 dispõe sobre o Código de Obras do município de Janiópolis. Esta lei tem por finalidade regular a construção, reconstrução ou reforma, ampliação ou demolição. Dentre os objetivos considerando a questão da habitação destaca-se o conforto das edificações em todo território. A seção VII é dedicada a Habitação de Interesse Social. Nos artigos que seguem é definido que as habitações de interesse social devem possuir no mínimo uma sala, um banheiro, uma cozinha, um quarto e ainda atender exigências como um único pavimento e tamanhos mínimos de cada cômodo. 48 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 13. NECESSIDADES HABITACIONAIS Na Emenda Constitucional de março de 1999 a habitação, conjuntamente com a saúde e a educação, se tornou um dos direitos do cidadão brasileiro por se tratar de um componente indispensável para a qualidade de vida. Todavia, sabemos que o direito a moradia sobrepuja o conceito de abrigo. A moradia de qualidade está necessariamente relacionada à existência de equipamentos sociais, serviços públicos, acessibilidade e mobilidade. A partir deste conceito, o diagnóstico da situação habitacional de Janiópolis, deve identificar e quantificar o conjunto das necessidades habitacionais, visando qualificar e planejar a intervenção do poder público até o horizonte de 2023. Calculamos as necessidades habitacionais, a partir da metodologia da Fundação João Pinheiro (FJP), adotada como método referencial pelo Ministério das Cidades. O Plano Local de Habitação de Interesse Social de Janiópolis espera apontar situações de necessidades habitacionais, cuja solução seja construção de novas unidades, implantação de melhorias em unidades já existentes (como reforma e ampliação) e melhorias urbanísticas de infraestrutura. A Fundação João Pinheiro conceitua necessidades habitacionais em três partes: a) Déficit Habitacional ou Déficit Quantitativo – representa a necessidade de reposição total de unidades habitacionais precárias e o atendimento às famílias que não dispõem de moradia em condições adequadas. b) Inadequação ou Déficit Qualitativo – necessidade de melhoria de unidades habitacionais que apresentem certos tipos de carências, entre as quais, identifica-se a carência de infraestrutura, o adensamento excessivo e a inadequação fundiária. c) Demanda Demográfica – corresponde à quantidade de moradias que deve ser acrescida ao estoque existente a fim de acomodar o crescimento populacional projetado em dado intervalo de tempo, atendendo às famílias que venham a se 49 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional formar no futuro - seja como resultado do crescimento populacional ou em função das mudanças nos arranjos familiares. Sabemos que em Janiópolis 302 mulheres, ou seja, 20% das famílias totais cadastradas no Cadastro Único do município (1.565 famílias) são chefes de família. A maior faixa de renda na qual as famílias são enquadradas é de meia a um salário mínimo mensal, sendo que quase metade da população, 47% se enquadra nesse ítem (IBGE, 2000). Em relação ao número de moradores por domicílio, o gráfico abaixo representa que a maioria deles tem três ou quatro moradores, sendo que 66% dos domicílios possuem entre 2 e 4 moradores. Ainda por esse gráfico, destaca-se que 4% dos domicílios possuem 8 ou mais moradores. Esses domicílios poderiam se enquadrar em casos de famílias conviventes. Todavia, não há registros mais precisos a esse respeito. Gráfico 3 - Número de moradores por domicílio em Janiópolis, 2000 MORADORES POR DOMICILIO 6% 11%% 2%1% 9% 14% 20% 23% 23% 1 morador 2 moradores 3 moradores 4 moradores 5 moradores 6 moradores 7 moradores 8 moradores 9 moradores 10 moradores ou mais Fonte: IBGE, 2000, organizado pelos autores. 50 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 14. CONCEITUAÇÃO DO DÉFICIT QUANTITATIVO O déficit quantitativo representa a quantidade de famílias que vivem em moradias inadequadas. Este item compreende os imóveis sem condições de habitabilidade divididos em dois subitens: déficit por reposição de estoque e, déficit por incremento de estoque. O déficit por reposição de estoque é caracterizado pelas seguintes condições: a) Domicílios Rústicos – construídos com materiais improvisados e devem ser repostos (reconstruídos), por não apresentam paredes de alvenaria ou madeira aparelhada, representando desconforto e favorecendo riscos de contaminação por doenças e insalubridade. b) Depreciação de Domicílios – desgastadas ao longo do tempo e sem condições de uso. Pressupõe-se que uma edificação tem vida útil de 50 anos e que esta é a idade limite que demanda a reposição desta edificação. Já o déficit por incremento de estoque pode ser enquadrado nos seguintes casos: a) Domicílios improvisados – locais construídos com finalidade diferente de moradia, mas com tal uso. b) Cômodos alugados ou cedidos – quartos ou cômodos alugados ou cedidos onde as áreas de acesso e equipamentos sanitários são de uso comum de diferentes famílias, com deficiência de privacidade. c) Famílias conviventes – mais de uma família composta por pelo menos duas pessoas (famílias conviventes secundárias) residindo no mesmo domicílio da família considerada principal. d) Famílias que têm ônus excessivo com aluguel – Famílias com renda de até três salários mínimos mensais que comprometem 30% ou mais de sua renda com o pagamento de aluguel; 51 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional e) Famílias que moram em residências cedidas – Famílias com renda de até três salários mínimos mensais, que residem em domicílios cedidos por empregador, familiares ou outrem. O item de famílias residentes em domicílios cedidos não é considerado pela FJP. Este item passou a ser incluso à estimativa do déficit habitacional pela metodologia do Observatório das Metrópoles (Núcleo da Região Metropolitana de Maringá) devido ao princípio de segurança da posse e considerando os baixos indicadores socioeconômicos das famílias nesta situação nas cidades em estudo. 15. CONCEITUAÇÃO DE DÉFICIT QUALITATIVO Conforme a FJP, as habitações inadequadas são aquelas que não proporcionam condições desejáveis de habitabilidade sem implicar na necessidade de construção de novas unidades. O padrão mínimo de habitabilidade é definido a partir dos critérios: a) Densidade excessiva - domicílios com mais de dois moradores por cômodo servindo de dormitório (o que inclui quartos e salas), excluindo-se as famílias conviventes, já consideradas para cálculo do déficit quantitativo. b) Inadequação fundiária urbana – famílias que declaram ser proprietárias da edificação, mas não do terreno em que residem, o que leva à situação de ocupação de terras. c) Deficiência de serviços de infraestrutura básica – domicílios sem acesso a um ou mais dos seguintes serviços: energia elétrica; abastecimento de água por rede com canalização interna; esgotamento sanitário por fossa séptica ou por rede, coleta de lixo direta ou indireta. d) Inexistência de unidade sanitária domiciliar interna – corresponde às famílias que não dispõem de acesso a sanitários ou banheiros no interior de suas moradias. A quantificação será feita através de dados do IBGE, Cad Único e levantamentos em campo. 52 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 16. CONCEITUAÇÃO DA DEMANDA DEMOGRÁFICA O crescimento populacional determina um aumento do número de domicílios. O índice que relaciona estes dois fatores é denominado o tamanho médio dos domicílios. Este índice é um indicador da ocupação das habitações. Nele estão refletidos os aspectos econômicos, socioculturais, natalidade e a expectativa de vida, que estariam resumidos na caracterização dos domicílios. Os dados relevantes para o cálculo da demanda futura serão os de projeção populacional, e a projeção do tamanho dos domicílios. 17. DÉFICIT HABITACIONAL DE JANIÓPOLIS Para a averiguação do déficit habitacional conforme a metodologia da FJP foram obtidos dados preliminares baseados no censo demográfico do IBGE de 2000. Os valores foram completados a partir de informações locais como os dados do Cadastro Único dos Programas Assistenciais do Governo Federal – CadÚnico, que armazenam dados atualizados sobre domicílio, além da condição socioeconômica das famílias residentes e ainda, pela pesquisa de campo de caráter exploratório realizada pela Global. O grande contingente da demanda habitacional de Janiópolis enquadra as famílias que moram em domicílios alugados, cedidos e improvisados. Pela análise do gráfico 02, que classifica os domicílios particulares permanentes pelo tipo de posse, verifica-se que, em um universo de 2290 domicílios, 71% correspondem aos imóveis próprios e os demais 29% compõem a demanda por habitação (domicílios alugados, cedidos ou outra condição), ou seja, aproximadamente um terço das famílias. O gráfico 03 que demonstra o rendimento mensal por domicílios ilustra a situação que 87% da população tem renda entre 0-3 salários mínimos. Somados com a camada populacional que tem renda entre 3-5 salários mínimos, 94% da população de Janiópolis fazem parte das classes de renda que tem mais dificuldade de acesso à casa própria. 53 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Gráfico 4 - Domicílios particulares permanentes de Janiópolis, por tipo de posse, 2000. CONDIÇÃO DE POSSE DOS DOS DOMICÍLIOS 1% 10% 9% 9% 57% 14% Próprio quitado Próprio em aquisição Alugado Cedido por empregador Cedido de outra forma Outra condição Fonte: IBGE, 2000, organizado pelos autores. Gráfico 5 - Rendimento mensal por domicílios de Janiópolis, 2000. RENDA 7% 7% 1% 0% 4%1% 8% 4% 43% 25% até ½ salário mínimo mais de ½ a 1 salário mínimo mais de 1 a 2 salários mínimos mais de 2 a 3 salários mínimos mais de 3 a 5 salários mínimos mais de 5 a 10 salários mínimos mais de 10 a 15 salários mínimos mais de 15 a 20 salários mínimos mais de 20 salários mínimos sem rendimento Fonte: IBGE, 2000, organizado pelos autores. Estes dados de domicílios cedidos e renda se fazer relevantes neste contexto para justificar a inclusão desses domicílios na metodologia proposta pela Fundação João Pinheiro para o cálculo do déficit habitacional. Além do mais, a inserção desses dados está firmada na insegurança de posse do domicílio que não garante 54 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional o direito à moradia conforme o Comitê das Nações Unidas de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais que visa garantir a proteção legal contra despejos forçados, expropriação, deslocamento e outros tipos de ameaças. Mesmo que os domicílios sejam cedidos em uma relação mansa e pacífica, configurando uma situação transitória enquanto o beneficiário não consiga adquirir ou alugar um outro imóvel, entende-se que não há segurança jurídica da posse da moradia. 18. Cálculo do Déficit Habitacional de Janiópolis O método utilizado para o cálculo do déficit habitacional parte da metodologia proposta pela Fundação João Pinheiro, confrontando os dados do Censo Demográfico do IBGE de 2000 com os dados do CadÚnico Municipal de 2010 e pesquisa de campo de caráter exploratório realizada pela Global. Devido precariedade de informações no meio digital, foi realizado um levantamento no CADÚnico, pela equipe técnica. Dentre os dados analisados que puderam ser aproveitados, selecionamos os que indicam situações de domicílios de aluguel excessivo e domicílios cedidos. Os casos considerados de aluguel excessivo foram assim classificados em relação à porcentagem da renda familiar gasta com o valor do aluguel seu igual ou superior a 30% da renda. Contabilizamos como domicílios cedidos qualquer forma de cessão e também outras formas de moradia. Os dados do IBGE/IPARDES de 2000 foram considerados por se tratarem do último censo do país, podendo considerá-los como dados de alta precisão. Todavia, a título de exploração da realidade habitacional de Janiópolis foi realizada uma pesquisa acompanhada por levantamento de campo que possibilitou a averiguação de alguns dados não encontrados nas demais fontes de pesquisa. Levantou-se domicílios rústicos, casos de cohabitação, e domicílios cedidos. A metodologia da pesquisa baseou-se no levantamento in loco nos domicílios que se encontravam a borda das cidades e se constituíram como assentamentos precários. A pesquisa foi relevante por contribuir no cômputo do déficit em duas 55 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional situações, domicílios rústicos e casos de cohabitação, os quais não eram contemplados nas demais fontes pesquisadas. Para a determinação numérica do déficit quantitativo, foram considerados os maiores coeficientes em cada situação de déficit. Assim, o processo de quantificação do déficit habitacional de Janiópolis se preocupou em apontar os maiores valores para que haja completa inclusão de todas as situações de déficit diagnosticadas. Em nenhuma das fontes analisadas foi verificada a ocorrência de déficit habitacional por condição de desgaste físico do imóvel, portanto, estas variáveis não foram consideradas na somatória do déficit. Vale considerar que o município tem apenas 48 anos de fundação dificultando que sejam encontrados domicílios construídos a mais de 50 anos que precisem ser repostos. O valor total de 196 domicílios é resultado da interpolação dos valores estimados pelo IBGE de 2000, utilizados pela FJP e atualizados pelo Cadastro Único de 2010 e pesquisas de campo. Embora se tenha utilizado três fontes de dados de diferentes períodos para a construção do Déficit Habitacional do Município de Janiópolis, pode-se constatar que os números são complementares, agregando a composição do valor final encontrado na Coluna Síntese adotada como representativa da situação atual do déficit. 19. Déficit Habitacional de Janiópolis De acordo com a metodologia adotada e o memorial de cálculo descrito acima, foi possível consolidar os números do déficit habitacional de Janiópolis, resumidos na tabela abaixo: 56 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Tabela 14 - Resumo do déficit quantitativo, 2010 DEFICIT QUANTITATIVO TIPO CADUNICO 2010 - IBGE/IPARDES 2000 - LEV. CAMPO 2010 14 SÍNTESE DESGASTE - - - 0 COHABITAÇÃO - - 11 11 IMPROVISADO - 21 - 21 COMODOS ALUGADOS ALUGUEL EXCESSIVO CEDIDOS - - - 0 95 - - 95 55 - 1 55 150 21 26 196 RUSTICA TOTAL 14 Fonte: Org. Global, 2010. ITEM 1.4 Segundo a metodologia, que mesclou informações da FJP, do IBGE e do Cadastro Único e pesquisa de campo, o déficit habitacional acumulado em Janiópolis, estimado a partir dos dados do Censo 2000 e atualizado a partir do Cadastro Único de 2010, é de 196 domicílios. Como explicitado, o déficit habitacional acumulado de Janiópolis se concentra entre as famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos (cadastradas pelo CadÚnico, 2010). É importante analisar como o déficit habitacional é distribuído, considerando que a condição de moradia indica também o tipo de programa a ser criado. 20. INADEQUAÇÃO HABITACIONAL EM JANIÓPOLIS A inadequação habitacional refere-se ao número de domicílios que necessitam de melhorias na própria edificação ou no entorno, para tornarem-se adequados. Estes podem ser classificadas em quatro tipos: por adensamento excessivo, pela situação legal do terreno, pela ausência de unidade sanitária interna e pela deficiência ou carência da infraestrutura – abastecimento de água, sistema de 57 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional esgotamento sanitário e iluminação elétrica e coleta de lixo (Fundação João Pinheiro, 2000). Com base nos dados do IBGE, em Janiópolis há 40 domicílios com adensamento excessivo, não há domicílios com inadequação fundiária, 415 domicílios sem unidade sanitária e 1.310 com deficiência de infraestrutura em que predomina a ausência de rede de esgoto. É necessário lembrar que os dados de inadequação não devem ser somados, ocorrendo o risco de dupla contagem, pois há uma grande parcela dos domicílios que se enquadra em mais de um dos componentes da inadequação habitacional. A inadequação fundiária definida pelo IBGE se aplica aos casos em que pelo menos um dos moradores do domicílio declara a propriedade da moradia, mas afirma não possuir total ou parcialmente o terreno em que aquela se localiza. Em Janiópolis, não foram levantados casos de lotes nesta condição. Em relação às infraestruturas necessidade de implementação está relacionada com os termos: carência, quando se trata de alguma de suas modalidades; ou deficiência, que representa domicílios que têm infraestrutura mínima, porém de forma deficiente. Especificamente temos as seguintes situações: Carência de infraestrutura: • Ausência de iluminação no domicílio, urbano ou rural; • Abastecimento de água realizado de forma diferente de rede geral ou poço, canalizado ou não; • Esgotamento sanitário feito em vala negra, rio, lago ou outro local diferent e de rede geral ou fossa; • Lixo doméstico queimado ou depositado em terreno baldio, jogado em rio, enterrado em área urbana ou outra condição diferente da coletada; Deficiência de infraestrutura: • Abastecimento de água por rede geral ou poço sem canalização; • Esgotamento sanitário realizado por fossa rudimentar; • Lixo doméstico urbano coletado indiretamente, ou destino do lixo doméstico de domicílios em área rural metropolitana enterrado, considerando que 58 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional em regiões metropolitanas haveria melhores condições de atendimento desse serviço. Ressalta-se que ao se tomar como referência os requisitos urbanísticos em vigor (abastecimento de água, instalações sanitárias, iluminação pública e destino de lixo), os serviços públicos podem ser classificados conforme estes padrões de qualidade. Assim, é possível indicar as necessidades de investimentos para melhoria destes serviços em diferentes localidades do município. 21. ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS E INFORMAIS Os assentamentos precários são caracterizados pela ONU – Organização das Nações Unidas – como áreas de condição inadequada de habitação e serviços básicos. Nesse sentido, podemos destacar os seguintes tipos de dificuldades: posse insegura da propriedade; baixa qualidade estrutural dos domicílios; adensamento excessivo; acesso inadequado à água potável, ao saneamento e infraestrutura em geral. As favelas, os loteamentos irregulares, clandestinos, as habitações precárias, os conjuntos habitacionais deteriorados e esquecidos pelo poder público são os exemplos mais constantes da condição de precariedade desses assentamentos, todavia em Janiópolis não encontramos essa situação. Considera-se como assentamentos precários1 aqueles que se assemelham aos aglomerados subnormais, mas que estão localizados em setores comuns. Em outras palavras, bairros que em função de suas características socioeconômicas, demográficas, habitacionais e territoriais que muito se assemelham ao padrão das favelas, por exemplo. Os assentamentos precários em Janiópolis revela-se principalmente nas porções periféricas da cidade. A precariedade nestes locais é caracterizada pela falta de infraestrutura urbana (esgotamento sanitário, pavimentação, coleta de lixo e equipamentos de educação, saúde e lazer). 1 Com base nos estudos de 2007 do Centro de Estudos da Metrópole – CEM. 59 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Todavia, existam problemas relacionados à infraestrutura, principalmente esgotamento sanitário, em toda a cidade, até mesmo no centro onde residem as famílias de maior renda. Apesar disto, é evidente a concentração da precariedade nos bairros das famílias de baixa renda. São locais com concentração de domicílios precários em termos urbanísticos e cujos responsáveis têm renda muito baixa, mas que não constituem favela ou semelhante. O objetivo de se conhecer essas áreas carentes do município é para propor ações públicas mais eficientes e adequadas às especificidades locais. Além disso, priorizar a inclusão das famílias que residem nestes espaços em programas habitacionais e iniciativas públicas voltadas à melhoria da qualidade de vida na cidade. Por meio dos dados do IBGE de 2000 e do Plano Diretor do Município, foi possível classificar os setores que apresentam características de precariedade de acordo com os padrões sócio demográficos e urbanísticos específicos de Janiópolis. Sobre a infraestrutura urbana, a Figura 6 mostra a distribuição dos equipamentos comunitários em relação ao município em questão bem como a pavimentação e serviços de varrição urbana. Para a análise imaginou-se uma divisão da cidade em quatro porções delimitadas pela principais avenidas: Avenida Brasil e Avenida São João. Podemos ver que a porção 1 da Figura 6 não possui nenhum equipamento urbano e possui apenas uma pequena área com pavimentação e varrição urbana. Já a porção 2 só possui equipamentos de saúde. A porção 3, mais completa, apenas não é servida por equipamento de saúde. E a porção 4, não apresentar equipamento de saúde e em sua maioria não é pavimentada e nem contempla a varrição urbana. 60 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Figura 6 - Resumo de infraestruturas Fonte: Plano Diretor Municipal, organizado pela equipe técnica. Ao confrontarmos esses dados com a ocupação atual do município, representada pela imagem de satélite (Figura 7), vemos que as porções 1 e 2 apresentam ocupação rarefeita justificando-se a ausência de equipamentos urbanos e pavimentação em áreas não ocupadas. Todavia, a porção 4, que é bem ocupada apresenta a ausência de pavimentação, sendo portanto, prioridade para sua implantação. É de se ressaltar, todavia, que os únicos equipamentos de saúde ficam na porção menos ocupada da cidade o que dificulta consideravelmente o acesso principalmente das populações da Vila Prado e Cohapar (Conjunto Mutirão), que teriam que percorrer a maior distância para acesso a instituição de saúde. Embora os conjuntos Casa Família e Morar Melhor, ambos do Bairro Pinhalzinho, tenham fácil acesso a todos os equipamentos urbanos, eles não se encontram em áreas pavimentadas, o que pode prejudicar o acesso e locomoção na área urbana. 61 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Figura 7 - Imagem de satélite da cidade Fonte: Google Earth, organizado pela equipe técnica O problema da falta de pavimentação atinge diretamente a população de baixa renda. A ausência de pavimentação pode gerar problemas de saúde em relação ao volume de pó em dias secos e dificuldade de locomoção dos moradores em períodos chuvosos. A pavimentação é necessária também nas áreas já loteadas e ainda não ocupadas de modo a propiciar a futura ocupação destas áreas hoje estagnadas. A rede de abastecimento de água abrange toda a área urbana, assim como a energia elétrica e a coleta de lixo. O Distrito de Bredápolis é servido por todos os equipamentos urbanos, mas podemos perceber que as edificações apresentam condições físicas que indicam seu avançado tempo de uso e ausência de manutenção. Não há pavimentação em todo ele. O Distrito de Arapuã também conta com todos os equipamentos urbanos. Já o Distrito de Bragápolis não possui equipamento de saúde e nem de educação. Este fato pode ser devido ao tamanho do mesmo e da pequena demanda, todavia, a população deve ser suprida em relação ao transporte até Janiópolis. Através da comparação entre o mapa cadastral da cidade e as informações obtidas por verificações no local, conclui-se, portanto, que os domicílios precários de 62 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Janiópolis ocorrem, conforme os dados coletados e analisados neste trabalho, nos bairros: Pinhalzinho, São João (porção após a Avenida São João), Cohapar (Conjunto Mutirão), Vila Prado. Estes apresentam sinais de precariedade e devem ser priorizados nos programas habitacionais. Apesar de apresentar condições mais favoráveis de acessibilidade aos serviços públicos, a área central também merecem atenção tanto na questão de infraestrutura urbana. Os distritos também precisam ser supridos em relação a necessidade de infraestrutura. Figura 8 - Exemplo de moradia precária Figura 9 - Conjunto habitacional em Janiópolis. Fonte: Equipe Técnica. 63 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Figura 10 - Exemplo de moradia precária Figura 11 - Situação da rua no Distrito de Bredápolis Fonte: Equipe Técnica. 22. Cálculo da Inadequação Habitacional de Janiópolis Assim como no déficit quantitativo, o método utilizado para o cálculo da inadequação habitacional parte da metodologia proposta pela Fundação João Pinheiro, confrontando os dados do Censo Demográfico do IBGE de 2000 com os dados do CadÚnico Municipal de 2010 e pesquisa de campo de caráter exploratório realizada pela Global. Conforme o CadÚnico, 2010, foi encontrada somente a situação de densidade excessiva. Já em relação aos dados do IBGE/IPARDES de 2000, existem 40 famílias em condições de densidade excessiva. Esta fonte também quantifica 415 domicílios sem banheiro interno. Já em relação aos números de infraestrutura, temos o valor 64 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional como sendo 1.310. Deve ressaltar, neste contexto, que em 2000, eram 2.280 o número de domicílios. Todavia, faz-se necessário ressaltar que o valor descrito anteriormente em relação a carência ou deficiência de infraestrutura, soma os domicílios necessitados em relação a cada um de seus itens: iluminação, abastecimento de água, esgotamento sanitário e coleta de lixo. Ainda, fez-se necessário o levantamento de campo e contagem de lotes que se encontram em situação de inadequação, principalmente no que se refere a irregularidade fundiária. Entretanto não foram enquadrados lotes nessa situação hoje. Para a determinação numérica da inadequação habitacional, foram considerados os maiores coeficientes em cada situação. Assim, o processo de quantificação se preocupou em apontar os maiores valores para que haja completa inclusão de todas as situações de déficit diagnosticadas mesmo que fossem recontabilizadas em outros itens. O valor total de 1.765 domicílios é resultado da interpolação dos valores estimados pelo IBGE de 2000, utilizados pela FJP e atualizados pelo Cadastro Único de 2010 e levantamentos de campo. Embora se tenha utilizado três fontes de dados de diferentes períodos para a construção do número de domicílios componentes da Inadequação do Município de Janiópolis, pode-se constatar que os números são complementares, agregando a composição ao valor final encontrado na Coluna Síntese adotada como representativa da situação atual da inadequação. 23. Inadequação Habitacional de Janiópolis De acordo com a metodologia adotada e o memorial de cálculo descrito acima, foi possível consolidar os números de inadequação habitacional de Janiópolis, resumidos na tabela abaixo: 65 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Tabela 15 - Resumo da inadequação habitacional, 2010. INADEQUAÇÃO HABITACIONAL TIPO CADUNICO 2010 IBGE/IPARD ES 200 3 DENSIDADE EXCESSIVA LOTE NÃO PERTENCE AO MORADOR FALTA DE INFRAESTRUTURA BANHEIRO EXTERNO AO DOMICÍLIO TOTAL SÍNTES E 40 LEV. CAMPO 2010 - - - - 0 - 1310 26 1310 39 415 2 415 42 1765 28 1765 40 Fonte: Org. Global, 2010. Segundo a metodologia, que mesclou informações da FJP, do IBGE e do Cadastro Único e pesquisa de campo, o déficit habitacional acumulado em Janiópolis, estimado a partir dos dados do Censo 2000 e atualizado a partir do Cadastro Único de 2010, é de 1.765 domicílios. 24. DEMANDA FUTURA (CRESCIMENTO DO DÉFICIT EM JANIÓPOLIS) O modelo adotado para estimar os contingentes populacionais dos municípios brasileiros requer a existência de uma projeção populacional, que levada em consideração a evolução das componentes demográficas (fecundidade, mortalidade e migração). Desta forma, se a tendência de crescimento populacional do município entre os Censos for positiva, a estimativa populacional será maior que a verificada no último levantamento censitário; caso contrário, a estimativa apontará valor inferior ao último Censo. 66 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 25. Descrição da metodologia adotada nas estimativas populacionais Serão levantados os dados dos censos populacionais do IBGE bem como as contagens populacionais intermediárias. Através destes números poderá ser estabelecida uma tendência de crescimento ou decrescimento que serão levadas em consideração para o desenvolvimento deste trabalho. Tabela 16 - Dados Populacionais do Município de Janiópolis - contagem e previsão até 2023 POPULAÇÃO ano censitária* contagem** estimativa*** estimativa**** 1970 22698 1980 13741 1991 10614 1996 9105 1997 8630 8799 1998 8230 8550 1999 7830 8318 2000 8084 2001 2002 7752 7736 2003 7305 7570 2004 6786 7413 2005 6499 7268 2006 6214 7131 2007 7032 2008 7092 2009 6983 2010 2011 2012 2013 2014 2015 2016 2017 2018 2019 2020 *Dados dos censos demográficos realizados pelo IBGE projetada***** 7921 7649 7382 7121 6600 7075 6921 6772 6622 6468 6320 6172 6029 5895 5746 5608 5470 5325 utilizada 22698 13741 10614 9105 8630 8230 7830 8084 7921 7752 7305 6786 6499 6214 7032 7092 6983 6772 6622 6468 6320 6172 6029 5895 5746 5608 5470 5325 67 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional **Dados das contagens populacionais realizadas pelo IBGE ***Dados das estimativas populacionais realizadas pelo IBGE ****Dados das estimativas populacionais realizadas pelo IPARDES *****Dados projetados pelo IPARDES Fontes: IBGE e IPARDES. Gráfico 6 - Dados Populacionais do Município de Janiópolis - contagem e previsão até 2023 5608 5470 5325 2018 2019 2020 5895 5746 2017 2015 2016 6172 6029 2014 6468 6320 2013 2011 2012 6772 6622 2010 7092 6983 7032 2007 2009 6214 2006 2008 6786 6499 2005 2003 2004 7752 7305 2002 8084 7921 2001 7830 1999 2000 8630 8230 1998 10000 1997 10614 15000 9105 13741 No. Pessoas 20000 1996 25000 22698 População 5000 1991 1980 1970 0 Ano Fontes: IBGE e IPARDES. 26. Demanda de Moradia O cálculo das necessidades habitacionais relaciona o total de população e de domicílios. Esse aspecto concentra tanto aspectos da ocupação do domicílio, como àqueles relacionados às condições socioeconômicas e culturais das famílias residentes em determinado município e tempo. Conforme o Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional (Cedeplar), da Universidade Estadual de Minas Gerais (UFMG) em 2007, a tendência declinante do tamanho dos domicílios ao longo dos anos, com queda gradual até 2020 , em todos os cenários considerados na pesquisa: demográfico de baixa fecundidade, demográfico básico e demográfico de alta mortalidade. Para a estimativa municipal das demanda por moradia, ou do fluxo de formação de domicílios, foi utilizado o cenário demográfico básico, considerando que não haverá grandes modificações nas taxas de fecundidade e de mortalidade. Para caracterizar o cenário da habitação no município de Janiópolis, tomou-se como base os dados para o Estado do Paraná, pelo fato de ser o dado mais preciso 68 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional existente para o município, como apresentado na Tabela 16 que apresenta a variação populacional do município por períodos. Gráfico 7 - Demanda demográfica de Janiópolis entre os anos de 2000 a 2020. DEMANDA DEMOGRÁFICA População no fim do período Aumento populacional anual 2000-2005 2005-2010 2010-2015 6499 6772 6029 68 -186 -176 TOTAL DA DEMANDA FUTURA Fontes: IBGE e IPARDES. 2015-2020 5325 -294 Não verifica-se a necessidade de construção de novas unidades habitacionais em decorrência do decrescimento populacional que ocorre pela migração. Com a estimativa da demanda demográfica futura e déficit habitacional acumulado, tem-se a estimativa geral das necessidades habitacionais a serem consideradas pelo Plano de Habitação - fundamental para o planejamento e enfrentamento da questão habitacional nos próximos 13 anos. Assim, para Janiópolis, estima-se que até 2023 será necessário construir 196 domicílios para a população com renda familiar de até 3 salários mínimos. 27. OFERTA HABITACIONAL - ACESSO À TERRA E MORADIA Atualmente, disponibilizados para construir, reformar ou comprar um imóvel são vários meios para obter financiamento ou apoio dos governos federal, estadual e municipal, tanto por pessoas físicas como também através da intermediação dos governos locais. As principais características que diferenciam estes programas são as modalidades de intervenção (construção, compra, reforma, etc.), o público alvo (renda familiar mensal) e a origem dos recursos. São apresentadas nos próximos parágrafos, a descrição e análise dos programas do Governo Federal destinados exclusivamente às famílias com renda mensal de 0 a 3 salários mínimos (baixa renda). As condições orçamentárias variam 69 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional conforme o porte populacional do município, portanto, são descritas apenas as condições ajustadas às características de Janiópolis. 27.1. PROGRAMA HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL Ação: Apoio ao poder público para construção habitacional. Viabiliza o acesso à habitação em localidades urbanas ou rurais, por meio das seguintes modalidades: construção ou aquisição de unidades habitacionais; produção ou aquisição de lotes urbanizados e requalificação de imóveis existentes. Beneficiários: Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos. Origem do recurso: Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social – FNHIS. Como funciona: O acesso aos recursos podem ser feitos por meio de emendas parlamentares à Lei Orçamentária Anual (LOA) ou por seleção pública de propostas realizado pelo Ministério das Cidades. Neste caso, a União repassa recursos para estados e municípios construírem moradias para famílias de baixa renda nas cidades e no campo. Governos locais precisam apresentar contra partidas em dinheiro ou serviços. Orçamento: -Construção / aquisição de casas – repasse de R$ 23.000,00 por família beneficiada residente em regiões metropolitanas; -Produção / aquisição de lotes e requalificação de imóveis – repasse de R$ 9.000,00 por família beneficiada residente em regiões metropolitanas; -Municípios com déficit habitacional até 4.999 domicílios – repasse de R$ 50.000,00; -Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de unidades habitacionais verticalizadas. 70 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 27.2. PROGRAMA URBANIZAÇÃO, REGULARIZAÇÃO E INTEGRAÇÃO DE ASSENTAMENTOS PRECÁRIOS Ação: Melhorar as condições de habitabilidade de populações residentes em assentamentos humanos precários, para a regularização fundiária e para a redução de riscos mediante sua urbanização, integrando-os ao tecido urbano da cidade (com ou sem realocação) Beneficiários Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos residentes em assentamentos humanos precários. Origem do recurso: Fundo Nacional de Habitação de Interesse Social - FNHIS Como funciona: o acesso aos recursos podem ser feitos por meio de emendas parlamentares à Lei Orçamentária Anual (LOA) ou por seleção pública de propostas realizado pelo Ministério das Cidades. Neste caso, a União repassa recursos para estados e municípios melhorarem a situação de assentamentos precários nas cidades. Governos locais precisam apresentar contra partidas em dinheiro ou em serviços Orçamento: -Urbanização com construção/aquisição de casas em regiões metropolitanas – repasse de R$ 23.000,00 por família beneficiada; -Assentamentos entre 100 e 4.000 domicílios – repasse de R$ 5.000.000,00 por intervenção; -Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de unidades habitacionais verticalizadas. 71 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 27.2.1. PROGRAMA INTERVENÇÕES EM FAVELAS Ação: Implantar ações integradas de habitação, saneamento e inclusão social necessárias à regularização fundiária, segurança, salubridade e habitabilidade de populações localizadas em áreas inadequadas à moradia. Beneficiários: Áreas ocupadas há mais de 5 anos, com pelo menos 60% das famílias residentes com renda até 3 salários mínimos e localizadas em favelas. Origem do recurso: Orçamento Geral da União (OGU) Como funciona: A União repassa recursos para estados e municípios melhorarem a situação das favelas nas cidades. Os agentes executores (governos locais e outras que vierem a ser definidas) precisam apresentar contrapartidas. Orçamento: -Urbanização com construção/aquisição de casas em regiões metropolitanas – repasse de R$ 23.000,00 por família beneficiada; -Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de unidades habitacionais verticalizadas. 27.2.2. PROGRAMA DE SUBSÍDIO À HABITAÇÃO DE INTERESSE SOCIAL - PSH Ação : Oferece r acesso à moradia adequada por intermédio da concessão de subsídios. Estes subsídios são destinados diretamente à complementação do preço de compra/venda ou construção das unidades residenciais, variável de acordo com a localização do imóvel. Beneficiários : Pessoas físicas com rendimento familiar mensal de até R$1.140,00. Origem do recurso : Orçamento Geral da União (OGU) com contrapartida dos Estados ou Municípios. Como funciona : Para ter acesso ao projeto, o cidadão deve procurar a Secretaria de Habitação ou órgão equivalente dentro do estado para realizar o cadastro. Os governos locais devem organizar as famílias interessadas, 72 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional apresentar proposta de participação no programa à instituição financeira habilitada; e responsabilizar-se pela concepção do projeto do empreendimento e pela respectiva contrapartida necessária a sua viabilização. Orçamento: complementação aos valores de produção/aquisição de moradias. -Construção de casas em regiões metropolitanas – subsídio de até R$ 8.000,00; -Aquisição de casas – subsídio não superior a R$ 4.500,00 para imóveis com valor até R$ 28.000,00, em regiões metropolitanas; 27.2.3. PROGRAMA CRÉDITO SOLIDÁRIO Ação : Atendimento de necessidades habitacionais da população de baixa renda organizada por cooperativas ou por associações visando a produção de novas habitações, a conclusão ou reforma de moradias, mediante concessão de financiamento diretamente ao participantes). O Programa beneficiário, pessoa física (máximo de 200 atende necessidades habitacionais de famílias, adquirentes ou proprietários de habitações ou lotes, na seguinte forma: aquisição de material de construção; aquisição de terreno e construção; construção em terreno próprio; conclusão, ampliação e reforma de unidade habitacional Beneficiários : Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos. Origem do recurso : Fundo de Desenvolvimento Social (FDS) Como funciona : As cooperativas e associações devem procurar a Caixa Econômica Federal e entregar o projeto para a construção. Orçamento : -Aquisição de material de construção em Regiões Metropolitanas – financiamento de até R$ 10.000,00 -Demais modalidades em Regiões Metropolitanas – financiamento de até R$ 20.000,00 73 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 27.2.4. PROGRAMA PRÓ- MORADIA - ATENDIMENTO HABITACIONAL ATRAVÉS DO SETOR PÚBLICO Ação: Financia os estados e municípios para oferecer acesso à moradia adequada à população e m situação de vulnerabilidade social através das seguintes modalidades: urbanização e regularização de assentamentos precários; produção de conjuntos habitacionais; desenvolvimento institucional. Beneficiários: Famílias com renda mensal de até 3 salários mínimos. Origem do recurso: Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) Como funciona: Financiamento aos estados e municípios para construção de conjuntos habitacionais com contrapartida mínima de 5% para produção de conjuntos ou urbanização e regularização de assentamentos precários, ou 7,5% para desenvolvimento institucional, no valor de investimento. Orçamento: -Urbanização e construção de casas em Região Metropolitana – R$ 28.000,00; -Acréscimos em até 20% dos valores nos casos de construção ou aquisição de unidade s habitacionais verticalizadas; -Juros mensais de 5% ao ano e demais taxas; -Prazo de amortização de 20 anos. A comparação dos programas descritos acima revela que as famílias de baixa renda têm melhores condições de acesso às seguintes modalidades de intervenção: a) Construção de unidades habitacionais; b) Aquisição de unidades habitacionais novas ou usadas; c) Produção ou aquisição de lotes urbanizados; d) Requalificação de imóveis urbanos; e) Urbanização de assentamentos precários; f) Conclusão, ampliação, reforma ou melhoria de unidade habitacional em assentamentos precários; 74 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional g) Aquisição de material de construção para unidades habitacionais em assentamentos precários ou por meio de cooperativas e associações; h) Urbanização de favelas; i) Construção ou aquisição de unidades habitacionais em favelas. É necessário lembrar que a faixa de renda predominante entre as famílias de Janiópolis se concentra entre 0 e 3 salários mínimos (87% do total, em 2000). Isto sinaliza que os programas propostos pelo município deverão se adequar às estas prioridades de acordo com as especificidades locais. É necessário que o PLHIS-Janiópolis defina os grupos prioritários para atendimento em conjunto com a população. Desta forma é possível estimar os prazos de atendimento para cada grupo. 27.3 DISPONIBILIDADE DE SOLO URBANIZADO Em Janiópolis, os terrenos urbanos disponíveis para a implantação de conjuntos habitacionais compreendem os lotes vazios e as grandes áreas vazias ou de uso agrícola. Observa-se nos mapas (Figura 12) que o bairro COHAPAR é periférico e, encontra-se isolados e carentes de infraestrutura, o que desestimula a sua consolidação. Visto tal situação, é importante que o poder público incentive a utilização das áreas entre loteamentos existentes para consolidação da malha urbana. Posteriormente, áreas próximas à malha urbana consolidadas poderão se estabelecer como áreas de expansão urbana. É importante que haja melhorias urbanas que favoreça tanto aos futuros moradores quanto aos atuais. 75 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Figura 12 - Mapa dos bairros do Município de Janiópolis O valor do solo urbano no município, Figura 13, é outro indicador da disponibilidade do solo urbano, onde que, segundo informações do cadastro municipal e agentes imobiliários, confirmados em audiência pública, os lotes com maio valor na Sede são as lindeiras as avenidas centrais que tem seus valores 76 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional negociados em aproximadamente R$ 50.000,00 (cinquenta mil reais), os demais lotes urbanos da Sede têm seus valores em R$ 40.000,00 (quarenta mil reais). Figura 13 - Valor do solo urbano na Sede do Município de Janiópolis Os lotes dos Distritos apresentam valor aproximado de até R$ 20.000,00 (vinte mil reais), conforme verificado na Figura 14. 77 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Figura 14 - Valor do solo urbano nos Distritos do Município de Janiópolis Em Janiópolis, não encontramos grandes áreas de vazios urbanos entre malha urbana consolidada, de propriedade da Prefeitura Municipal de Janiópolis (Figura 15). Os vazios urbanos estão mais presentes nos arredores da malha urbana e são ainda utilizadas para cultivo agrícola. Todavia, conforme for necessário, deverão ser prioritárias para a implantação de conjuntos habitacionais novos. 78 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Figura 15 - Vazios Urbanos na Sede do Município de Janiópolis Os vazios urbanos existentes nos Distritos (Figura 16), conforme levantamento realizado junto à prefeitura e em visita em campo, apresenta-se em quase sua totalidade em posse na inciativa privada, sendo verificado apenas no Distrito de 79 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Bredápolis uma área em nome da Prefeitura Municipal que é indicada pelo PDM a ser uma área de interesse social. Figura 16 - Vazios urbanos nos Distritos do Município de Janiópolis Entre os vazios considerados pelo Plano Diretor, as áreas passíveis de ocupação de Janiópolis somam 298 lotes. O Plano não aponta áreas de ZEIS, mas estabelece áreas próprias expansão urbana. Sobre nenhuma as áreas próprias para 80 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional expansão atua qualquer instrumento do Estatuto da Cidade. Caso fossem áreas de ZEIS, Direito de Preempção, IPTU progressivo no tempo, seria facilitada a possibilidade da prefeitura adquirir terrenos para implantar unidades ou conjuntos de habitação de interesse social. Todavia, vale ressaltar que somente os lotes vazios existentes na cidade já comportariam a demanda habitacional existente. São indicadas as seguintes áreas para futura expansão e ocupação por Zonas Especiais de Interesse Social, conforme Figura 17, a fim de promover a ocupação de áreas vazias intermediárias e promover uma ligação definitiva com o centro urbano para que o interesse sobre a utilização de seus lotes ociosos seja renovado. Os novos conjuntos habitacionais devem, porém, ser protegidos das áreas previstas para a instalação de empreendimentos de impacto ambiental ou de vizinhança (como indústrias e empresas geradoras de poluição do ar, poluição sonora, geradoras de tráfego excessivo ou sobrecarga na infraestrutura urbana) que possivelmente forem implantados nas áreas de uso industrial anexas e ao longo das rodovias de acesso ao município. Defronte ao perfil socioeconômico do município e de suas limitações territoriais, as áreas consideradas mais favoráveis para parcelamento urbano e, especialmente, para a implantação de conjuntos habitacionais de interesse social são indicadas no mapa de zonas para expansão que segue em anexo. É necessário lembrar que não há um plano de diretrizes urbanísticas para a implantação de novos loteamentos. Ainda, a proximidade das barreiras geográficas foi considerada ao se indicar áreas de expansões. Mais que a superação das incapacidades técnicas pregressas, o ordenamento da ocupação urbana em Janiópolis constitui a base da política habitacional no município que deve começar agora. 81 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Figura 17 - Áreas para implantação de Habitações Sociais 82 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 28. Bibliografia BELOTO, Gislaine E. Desenvolvimento Regional Face às Políticas de Produção do Espaço Urbano: considerações sobre a conurbação Maringá-Sarandi. Maringá, 2003; RIFRANO, Luiz. Avaliação de Projetos Habitacionais. Editora Ensino Profissional, 2006; RODRIGUES, Ana Lúcia. A Pobreza Mora ao Lado: Segregação socioespacial na região metropolitana de Maringá. PUC-SP, 2004; SOUZA, Marcelo L., ABC do Desenvolvimento Urbano. Ed. Bertrand Brasil, Rio de Janeiro-RJ, 2003; TAGLIARI, Julliana de Rezende. Habitação de Interesse Social com Uso de Materiais Reciclados e de Baixo Impacto Ambiental. TFG UEL, 2003; TONELLA, Celene. Gestão Urbana e políticas de habitação em localidades de porte médio no Paraná. Boletim de Geografia. Ano 20, Número 02, 2002; VILLAÇA, F. Espaço Intra-Urbano no Brasil. Ed Studio Nobel, São Paulo, 2001; VILLAÇA, F. O que todo cidadão precisa saber sobre a habitação. Ed. Global, São Paulo, 1996; ZAPELINI, Francielle Christina. Conjunto Habitacional de Interesse Social em Alvenaria Estrutural para Cascavel. TFG Unipar/ Arquitetura e Urbanismo – Umuarama, 2003. 83 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 29. Relatório das atividades realizadas na Etapa 02 O presente relatório apresenta resultados parciais em decorrência ao desenvolvimento da segunda Etapa do Plano Local de Habitação de Interesse Social de Janiópolis. Nesse sentido, o processo participativo da população devesse constituir uma atividade continua, descrevendo/transcrevendo todo o processo de construção do Plano, colaborando com o reconhecimento da realidade do município, democratizando impressões e conhecimentos individuais, fortalecendo a gestão participativa e a implementação do plano. Como já citado no Caderno I – Proposta Metodológica a equipe de assessoria deve subsidiar a Equipe Técnica e de Referencia na que se refere às diversas atividades técnicas como a elaboração do diagnóstico municipal e definição de estratégias de ação. Os momentos de diálogos entre poder público e sociedade devem ocorrer por meio de Audiências Públicas, coordenadas pela equipe da prefeitura com o apoio da equipe de assessoria e dos representantes dos grupos sociais. Ressalta-se que as Audiências Públicas serão precedidas de Oficinas de trabalho, ou seja, reuniões entre as duas equipes com o objetivo de tornar homogêneos os conceitos e definir a forma e conteúdo dos eventos participativos. Para tanto segue os materiais comprobatórios das reuniões realizadas no município de Janiópolis. 29.1. Visitas técnicas ao município As visitas técnicas ao município foram realizadas de forma programada e conforme a demanda. Sendo então realizadas já de antemão 06 visitas técnicas para realização do diagnóstico situacional habitacional sendo realizadas inserções em campos a fim de identificar as capacidades e características físico-territoriais, sócioeconômicas e institucionais do município. Salientamos que toda e qualquer reunião, oficina, audiências e contato com a população simbolizam o enriquecimento de informações das quais uma simples 84 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional conversa se torne uma rica fonte de informação a ser considerada. Informamos ainda que todo e qualquer inserção em campo é planejada de forma que proporcione melhores resultados através da eficácia da ocorrência de informações, e tal itinerário só é possível através da utilização de dados preliminares previamente trabalhados, coletados junto aos Departamentos Municipais, em fontes secundárias tais como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE e Instituto Paranaense de Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES, que com a utilização de Sistema de Informação Geográfica – SIG com a implantação de banco de dados possibilita a tomada de decisão eficiente e eficaz, diminuindo custos de campos frustrados ou não realizados frente ao cronograma. As visitas técnicas foram realizadas atendendo: • Segunda Oficina de Trabalho – realizada em 05 de agosto de 2010 com a equipe técnica (formada por funcionários concursados e comissionados) municipal e lideranças (representantes de bairro, grupo, religiosos, vereadores entre outros). O foco principal deste encontro foi apresentar à população as perspectivas e métodos de trabalho para elaboração do diagnóstico do PLHIS. Este trabalho deverá ser aprofundado após a realização da segunda audiência. • Segunda Audiência Pública – realizada em 03 de novembro de 2010 no salão paroquial às 21 horas tendo como objetivo apresentar a população o diagnóstico do PLHIS em suas etapas. 30. Oficina de Trabalho A segunda oficina pública foi realizada no dia 05 de agosto de 2010, as 21 horas e 30 minutos na Prefeitura Municipal de Janiópolis com a presença da Equipe Consultora e Equipe Técnica Municipal, além de lideranças públicas. Segue abaixo descriminado a Ata da oficina, material apresentado, lista de presença e fotos comprobatórias da oficina de trabalho. 85 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 30.1. Ata ATA N°02/2010 – PLHIS/JANIÓPOLIS 2ª Oficina de Trabalho de Plano Local de Habitação de Interesse Social – PLHIS de Janiópolis 01 Ao quinto dia do mês de agosto do ano de dois mil e dez, às 18:30 02 (dezoito horas e trinta minutos), reuniram-se no Clube da Terceira Idade 03 do município de Janiópolis, os membros da equipe técnica do PLHIS – 04 Plano Local de Habitação de Interesse Social, em conjunto com os 05 membros da equipe representante da prefeitura e da comunidade para a 06 realização da segunda oficina de trabalho. 07 08 09 10 11 12 13 14 15 16 17 A arquiteta da equipe Juliana Alves Pereira fez uma explanação aos membros presentes das questões realizadas na primeira audiência publica, relatando as principais características de morar bem para os munícipes, a realidade das moradias do município e ainda como resolver a situação habitacional em que o município se encontra. Nesta segunda etapa do PLHIS, será discutido o diagnóstico habitacional do município de Janiópolis, neste diagnostico dois perfis do município serão traçados, o perfil municipal e perfil habitacional. O perfil municipal trata do município como um todo, contendo seu histórico, receitas e orçamentos destinados a habitação de interesse social, 18 programas habitacionais. O perfil habitacional discute diretamente as 19 necessidades habitacionais do município, déficit, inadequação e oferta 20 habitacional, além da demanda demográfica e a disponibilidade do solo 21 urbano. 22 São apresentados durante a oficina os levantamentos realizados 23 até o momento, para que os representantes presentes possam ficar 24 cientes do que está sendo feito. Pudemos observar no perfil municipal 25 que ao longo dos anos a população do município de Janiópolis vem 26 86 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 27 decaindo de forma exorbitante muitos saem para trabalhar fora, outros 28 cidadãos saem para estudar e acabam não voltando por encontrarem 29 melhores condições de vida em centros maiores, observamos também 30 que o município de Janiópolis como a maioria dos municípios nesta 31 região é extremamente agrícola e que a maioria dos produtores que aqui 32 residem são proprietários da terra. Ainda no perfil municipal, constatou-se 33 que o município todo inclusive seus distritos são providos com água, 34 35 36 37 38 39 40 41 42 43 energia e pavimentação. No perfil habitacional, foi apresentado o modo como é realizado o cálculo para se chegar ao déficit habitacional. Foram expostos através de mapas os conjuntos habitacionais já existentes no município e distritos, o uso do solo urbano, mostrando que uma pequena porção do município e distritos não tem acesso fácil a órgãos públicos apesar de ser um município pequeno. No momento em que estes dados foram apresentados, foi aberta uma pequena discussão para que fossem analisados os dados obtidos pela equipe técnica da Global Consultoria, constatou-se com esta 44 discussão que os mesmos condiziam com a realidade do município, 45 constatando verdade nos dados levantados. Sendo o maior problema 46 levantado pelos representantes os alugueis caros e a falta de emprego. 47 Mencionou-se ainda que a maior geração de emprego do município são 48 das facções existentes no município. 49 A arquiteta solicitou aos representantes presentes novos dados 50 para que se possa dar continuidade aos trabalhos do PLHIS – Plano 51 Local de Habitação de Interesse Social do município de Janiópolis. 52 Nada mais havendo a tratar, a arquiteta da Equipe Consultora JULIANA ALVES PEREIRA encerrou a presente oficina e eu, VANESSA DAIANE MENDES, lavrei a presente Ata, em duas folhas e cinqüenta e duas linhas, que segue por mim assinada. 87 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional Janiópolis, 05 de Agosto de 2010. Vanessa Daiane Mendes Secretária 30.2. Apresentação 88 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 89 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 90 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 91 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 30.3. Lista de Presença 92 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 30.4. Fotos 31. Audiência Pública A segunda audiência pública foi realizada no dia 03 de novembro de 2010, as 19 horas na Prefeitura Municipal de Janiópolis com a presença da Equipe Consultora e Equipe Técnica Municipal, além de lideranças públicas. Segue abaixo descriminado a Ata da audiência, material apresentado, lista de presença e fotos comprobatórias da oficina de trabalho. 93 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 31.1 Ata ATA N°02/2010 – PLHIS/JANIÓPOLIS 2ª Audiência Pública do Plano Local de Habitação de Interesse Social – PLHIS de Janiópolis 01 Aos três dias do mês de novembro de dois mil e dez, às dezenove 02 horas, no Centro Catequético de Janiópolis aconteceu a segunda 03 audiência publica do PLHIS – Plano Local de Habitação de Interesse 04 Social, 05 representantes das comunidades, da prefeitura e da sociedade de 06 Janiópolis. a equipe técnica da Global Assessoria, reuniu-se aos 07 A arquiteta da equipe da Global Assessoria Juliana Alves Pereira 08 deu inicio a audiência explanando sobre o que realmente é o Plano de 09 Habitação, as etapas que o compreende, os objetivos do plano de 10 habitação e também sobre os problemas que mais afligem a população 11 de Janiópolis, sendo este o principal tema da audiência. 12 Foram apresentados à população presente as respostas dos 13 questionamentos realizados na primeira audiência, sendo as questões, o 14 que se entende por morar bem, características das moradias existentes 15 em Janiópolis, quais são os principais grupo que necessitam da 16 habitação social e a principal questão como resolver a situação da 17 habitação no município de Janiópolis. 18 Neste segundo momento a Juliana explicou como foi realizada e 19 do que se trata esta segunda etapa do PLHIS. Nesta segunda etapa do 20 plano, foi diagnosticado o perfil municipal e habitacional do município. O 21 perfil municipal corresponde ao município como um todo, seu histórico, 22 orçamentos e receitas destinadas ao setor habitacional, programas 23 habitacionais já existentes no município. Já o perfil habitacional se refere 24 diretamente as necessidades habitacionais do município, déficit, oferta 94 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 25 habitacional, demanda demográfica e disponibilidade do solo urbano. 26 Enquanto os perfis foram sendo explanados, foram observados 27 também vários mapas do município e dos distritos contendo informações 28 como localizações com energia elétrica, água encanada, tratamento de 29 esgoto, pavimentação e localização de equipamentos públicos no 30 município e nos distritos, onde observou-se que quase todo o município é 31 provido das bem feitorias citadas. Observou-se ainda que no município 32 ainda existem muitos lotes vazios, segundo a primeira dama do município 33 alguns deles em poder do município. 34 Para o perfil habitacional foram colhidos dados para levantar os 35 déficits quantitativos e qualitativos do município. Os dados foram obtidos 36 através do IBGE (2000), CadUnico municipal e levantamento de campo 37 realizado. Foram cruzados e apresentados em forma de tabelas. 38 O déficit quantitativo corresponde como o nome já propõe, a 39 quantidade das moradias existentes em Janiópolis, denominadas 40 rústicas, 41 alugados, moradias cedidas e também o valor excessivo dos alugueis. se existe coabitação, moradias improvisadas, cômodos 42 Os déficits qualitativos abrangem a qualidade da moradia em 43 Janiópolis com relação à densidade excessiva de pessoas em uma casa 44 só, falta de infra-estrutura, banheiros externos e lotes que não pertencem 45 ao morador. 46 Não existe uma demanda futura de moradia para o município de 47 Janiópolis, devido ao fato de que sua população vem decaindo 48 drasticamente ao passar dos anos 49 Após a apresentação dos dados deu-se início a uma discussão 50 com a comunidade presente sobre onde eles consideram um bom lugar 51 para se morar no município de Janiópolis, foi visto que a maioria prefere 52 ao centro, onde a facilidade de encontrar equipamentos públicos 53 (hospital, escola, prefeitura) e comércio é maior. 54 A discussão estendeu-se por alguns minutos, foi levantado outra 95 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 55 questão, o que a população poderia fazer para garantir que sejam 56 cumpridas as leis de habitação de interesse social e garantir a moradia 57 aos que precisam, as respostas foram claras e objetivas: parcerias com a 58 Caixa Econômica Federal, mutirões, além da própria população se 59 conscientizar e fiscalizar para observar se todos estão cumprindo seu 60 respectivo papel. 61 Dando por finalizada a audiência a arquiteta solicitou aos 62 representantes presentes que compareçam a próxima oficina que será 63 realizada em data e horário a combinar. 64 Nada mais havendo a tratar, a arquiteta da Equipe Consultora 65 JULIANA ALVES PEREIRA encerrou a presente oficina e eu, VANESSA 66 DAIANE MENDES, lavrei a presente Ata, em Três folhas e sessenta e 67 sete linhas, que segue por mim assinada. Janiópolis, 03 de novembro de 2010. Vanessa Daiane Mendes Secretária 96 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 31.2. Apresentação 97 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 98 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 99 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 100 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 31.3. Lista de Presença 101 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 102 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 103 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 31.4. Fotos 104 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional 32. ANEXO A 105 Caderno 2 – Diagnóstico da Situação Habitacional