(Zea mays) NO BRASIL THIAGO AM

Transcrição

(Zea mays) NO BRASIL THIAGO AM
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Uni- ANHANGUERA – CENTRO UNIVERSITÁRIO DE GOIÁS
CURSO DE AGRONOMIA
PRINCIPAIS PRAGAS DO MILHO (Zea mays) NO BRASIL
THIAGO AMTHAUER TAVARES
GOIÂNIA
Junho/2012
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THIAGO AMTHAUER TAVARES
PRINCIPAIS PRAGAS DO MILHO (Zea mays) NO BRASIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado ao
Curso de Agronomia do Centro Universitário de
Goiás, Uni-ANHANGUERA, sob orientação Profa.
Dra. Cristiane R. B. A. Ramos, como requisito
parcial para obtenção do título de Bacharel em
Agronomia.
GOIÂNIA
Junho/2012
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TERMO DE APROVAÇÃO
Thiago Amthauer Tavares
PRINCIPAIS PRAGAS DO MILHO NO BRASIL
Trabalho de conclusão de curso apresentado à banca examinadora como requisito parcial para
obtenção do Título de Bacharel em Agronomia do Centro Universitário de Goiás – UniANHANGUERA, defendido e aprovado em ............. de ..................................... de 2012 pela
banca examinadora constituída por:
____________________________________________
Prof°. Dr. Cristiane R. B. A. Ramos
(Orientador)
____________________________________________
Profa. Msc. Lino Carlos Borges
(Membro)
_________________________________________
Profa. Ms. Leandra Regina Semensato
(Membro)
GOIÂNIA
Junho/2012
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Este trabalho é dedicado aos meu pais, Antônio de
Paula Tavares Neto e Gisele Amthauer Tavares e
aos meus amigos de Faculdade que contribuíram
significativamente para o meu desenvolvimento
intelectual, pessoal e profissional, e a todos que
contribuíram diretamente e indiretamente no
desenvolvimento deste trabalho.
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Resumo
À medida que o nível tecnológico e a extensão territorial de uma cultura aumentam, ou seja,
quando sua exploração é intensiva e em sistema de monocultura, normalmente tem-se um
aumento dos problemas entomológicos, ou seja, o aumento das pragas.O aumento destas
pragas podem ocasionar diversos danos a cultura do milho, o que diminui a produção tanto
em aspecto de grãos como para silagem. Acarreta também diminuição no aspecto econômico
devido a estas redução de produção. Para o controle destas pragas é emprego diversas formas
de manejo, controle químico e biológico. O uso de produtos químicos de maneira abusiva e
inadequada, em vez de controlar eficientemente uma determinada praga, pode ocasionar
resíduos nos produtos e a eliminação dos inimigos naturais. Devido a esse aspecto de os
produtos químicos afetarem os insetos que ajudam no controle biológico, deve-se fazer o uso
de agrotóxicos mais específicos a determinada praga, evitando o combate de insetos
benéficos. Vários trabalhos de revisão sobre diferentes aspectos biológicos das pragas de
milho já foram realizados no Brasil, sendo destacados quatro grupos bem definidos: pragas
iniciais, pragas da parte aérea, pragas do colmo e pragas das espigas. Será retratado neste
trabalho as principais pragas que atuam no brasil, demonstrando assim sua morfologia, seus
danos e os métodos de controle para um melhor conhecimento destas principais pragas. Então
conclui-se que as pragas é um importante aspecto de conhecimento para uma boa qualidade
de produção de milho e garantir uma maior renda.
PALAVRAS-CHAVE: Zea mays L. Morfologia. Métodos de controle.
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO
8
2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
10
2.1 Características da cultura do milho
10
2.2 Insetos e pragas
11
2.2.1 Pragas subterrâneas
12
2.2.1.1 Lagartas Elasmo - Elasmopalpus lignosellus
13
2.2.1.1.1 Morfologia
13
2.2.1.1.2 Sintomas de danos
14
2.2.1.1.3 Métodos de controle
14
2.2.1.2 Lagarta-rosca - Agrotis ipsilon
15
2.2.1.2.1 Morfologia
15
2.2.1.2.2 Sintomas de danos
16
2.2.1.2.3 Métodos de controle
16
2.2.2 Pragas da parte aérea
16
2.2.2.1 Lagarta-do-cartucho – Spodoptera frugiperda
16
2.2.2.1.1 Morfologia
17
2.2.2.1.2 Sintomas de danos
17
2.2.2.1.3 Métodos de controle
18
2.2.2.2 Curuquerê-dos-capinzais – Mocis latipes
19
2.2.2.2.1 Morfologia
19
2.2.2.2.2 Sintomas de Danos
20
2.2.2.2.3 Métodos de Controle
20
2.2.2.3 Cigarrinha-do-milho -Dalbulus maidis
21
2.2.2.3.1 Morfologia
21
2.2.2.3.2 Sintomas de danos
22
2.2.2.3.3 Métodos de controle
22
2.2.2.4 Pulgão-do-milho – Rhopalosiphum maidis
23
2.2.2.4.1 Morfologia
23
2.2.2.4.2 Sintomas de danos
24
2.2.2.4.3 Métodos de controle
24
2.2.3 Pragas do colmo
24
7
2.2.3.1 Broca da cana-de-açúcar – Diatraea saccharalis
24
2.2.3.1.1 Morfologia
25
2.2.3.1.2 Sintomas de danos
25
2.2.3.1.3 Métodos de controle
25
2.2.4 Pragas da espiga
26
2.2.4.1 Lagarta-da-espiga – Helicoverpa zea
26
2.2.4.1.1 Morfologia
26
2.2.4.1.2 Sintomas de danos
27
2.2.4.1.3 Métodos de controle
27
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
28
REFERÊNCIAS
39
8
1 INTRODUÇÃO
O milho (Zea mays L.) representa um dos principais cereais cultivados em todo o
mundo, fornecendo produtos amplamente utilizados para a alimentação humana, animal e
matérias-primas para a indústria, principalmente em função da quantidade e da natureza das
reservas acumuladas nos grãos. (DOURADO NETO; FANCELLI, 2000).
No Brasil, a evolução da cultura do milho nas últimas décadas foi marcante, saindo de
uma condição de lavoura, principalmente de subsistência, para a atividade comercial de
relevância econômica no agronegócio. Para isso, foram realizados investimentos expressivos
em tecnologia, como o uso de corretivos, adubação, mecanização, cultivares melhoradas e um
melhor manejo cultural. Práticas como o plantio direto, a irrigação e o cultivo da safrinha
levaram a alterações significativas no agro-ecossistema brasileiro. (WAQUIL, 2009).
No âmbito nacional, a cultura do milho pode ser considerada de elevada importância,
tanto sob o aspecto econômico como no social. No econômico, destaca-se por ocupar a
segunda maior área cultivada e ser a responsável pela segunda maior produção de grãos no
País. (FORNASIERI FILHO, 2007).
A produção brasileira de milho tem aumentado muito nos últimos anos e deverá
aumentar ainda mais devido ao estímulo do seu uso para a produção de álcool. O milho
também tem importante papel na rotação de culturas com a soja, especialmente em áreas sob
plantio direto. Além disso, o milho constitui cultura básica da agricultura brasileira, pois
envolve um contingente significativo de mão-de-obra rural no processo produtivo.
(FORNASIERI, 1992).
São diversos os fatores responsáveis por essa baixa produtividade, mas sem dúvida, as
pragas têm um bom percentual de participação, principalmente nos últimos anos com o
cultivo de milho "safrinha", que oferece condições para a continuidade e desenvolvimento das
pragas devido à permanência da planta de milho na área, praticamente durante todo ano.
(FARIAS et al., 2001).
A cultura é atacada por um grande número de insetos, sendo que as pragas de campo
chegam a provocar uma queda de até 30% em sua produtividade (GALLO et al., 2002), o que
corresponde a uma perda muito alta para ser desprezada. Mais de uma centena de espécies de
insetos e de outros animais pode desenvolver-se e atingir o nível de praga em milho. Estas
pragas podem ser agrupadas em dependentes e em independentes da cultura. As espécies
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dependentes são especializadas e desenvolvem-se após a emergência das plantas, sendo que
neste grupo destacam-se a larva alfinete, a lagarta-do-cartucho, a lagarta-da-espiga, a moscada-espiga e os pulgões. As pragas independentes da cultura desenvolvem-se nas plantas
cultivadas que precedem o milho, podendo ocorrer esporadicamente. Neste grupo destacam-se
as formigas, a larva-arame, os cupins, os corós, a broca-do-azevém, a lagarta elasmo, a
lagarta-da-aveia, a lagarta rosca, os grilos, os percevejos e as cigarrinhas. (GASSEN, 1996).
Este trabalho tem como objetivo retratar as pragas da cultura do milho demonstrando
seus efeitos sobre a cultura, visando assim um melhor conhecimento das formas de manejálas, reconhecimento da praga na cultura, suas formas de controle e seu nível de dano.
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2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
2.1 Características da cultura do milho
O milho (Zea mays) é uma gramínea anual, pertence ao grupo de plantas com
metabolismo C-4 e com grande adaptação a diferentes ambientes. Botanicamente, o grão
destas espécies é um fruto, denominado cariopse, em que o pericarpo está fundido com o
tegumento da semente propriamente dito. (EMBRAPA MILHO E SORGO, 2009).
De acordo com Fornasieri Filho (2007), o milho pertence à família da Poaceas, onde é
a única espécie cultivada do gênero. Outras espécies do gênero Zea, que são chamadas
teosinto, e as espécies do gênero Tripisacum são formas selvagens parentes de Zea mays.
No Brasil, a cultura do milho pode ser considerada de elevada importância, tanto em
aspecto econômico quanto no social. No aspécto econômico, é destacada por ocupar a
segunda maior área cultivada e ser a responsável pela segunda maior produção de grãos no
País (FORNASIERI FILHO, 2007).
Segundo Fornasieri Filho (2007), sua importância social baseia-se basicamente, em
três evidências. A primeira, por ser componente básico da dieta da população, principalmente
entre a camada pobre da população; a segunda, por ser produto cultivado de pequenos
produtores rurais; a terceira, por ser um dos principais componentes da ração animal
(representa cerca de 60 a 70% do custo da ração tanto de suínos como o de aves).
O milho já é uma planta que está completamente domesticada, pois não cresce em
forma selvagem e não pode sobreviver na natureza, sendo inteiramente dependente dos
cuidados do homem. Sua domesticação vem desde 4 mil anos atrás, a partir do teosinte, uma
planta aparentemente insignificante das terras altas mexicanas. (GALINAT, 1988).
Dentre os cereais que são cultivados no Brasil, o milho é o mais expressivo, com cerca
de 161.535 milhões de toneladas de grãos produzidos, em uma área de aproximadamente
49.646,5 milhões de hectares que são referentes a duas safras, normal e safrinha (CONAB,
2011). O Brasil é o terceiro maior produtor de milho, que só é superado pelos Estados Unidos
e pela China. (FORNASIERI FILHO, 2007).
A cultura do milho no Brasil, nestes últimos anos, vem sofrendo muitas
transformações tecnológicas importantes, decorrentes em incrementos expressivos em
produtividade e produção. Entre as tecnologias adotadas, destacam-se a utilização de
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sementes de cultivares melhoradas (variedades e híbridos), alterações no espaçamento e na
densidade de semeadura baseando se nas características da cultivar, além da conscientização
dos produtores da necessidade de melhoria na qualidade dos solos, visando uma maior
produção. Acontece ainda, importantes mudanças no sistema de produção, destacando-se o
aumento do cultivo de milho “safrinha” e a expansão do sistema de semeadura direta.
(FORNASIERI FILHO, 2007).
De acordo com o Ministério da Agricultura (2009), existem várias cultivares de milho
adaptadas para as condições do nosso pais. Entretanto, a escolha de uma cultivar para um
determinado local, deve resultar da conjugação das características desse local, da variedade,
tais como: condições climáticas, características do solo, disponibilidade de água, data
provável da sementeira e da colheita, destino da cultura para grão ou forragem.
Devido a suas características fisiológicas a cultura do milho tem alto potencial
produtivo, já tendo sido obtida produtividade superior a 16 t.ha-1, em concursos de
produtividade conduzidos por órgãos de assistência técnica e extensão rural e por empresas
produtoras de semente. Entretanto, o nível médio brasileiro de produtividade é muito inferior,
cerca de 4.311 kg/ha, demonstrando que os diferentes sistemas de produção de milho deverão
ser ainda bastante aprimorados para se obter aumento na produtividade e na renda do produtor
que a cultura pode proporcionar. (EMBRAPA, 2011).
Segundo Farias et al. (2001), os fatores responsáveis por essa baixa produtividade são
diversos, mas sem dúvida, as pragas têm uma boa participação para que ocorra esse baixo
potencial, principalmente nos últimos anos com o cultivo de milho "safrinha", que oferece
condições para a continuidade e desenvolvimento das pragas devido à permanência da planta
de milho na área, praticamente durante todo ano.
2.2 Insetos e pragas
Os insetos são considerados praga quando chegam a um nível populacional onde são
capazes de causar danos e de reduzir o rendimento de grãos ou diminuir a qualidade do
produto. (EMBRAPA MILHO E SORGO, 2009).
Segundo Gullan e Cranston (2007), os insetos podem se tornar pragas por várias
razões. Alguns insetos previamente inofensivos se tornaram pragas depois de sua aparição não
intencional em áreas fora de sua cogitação, ou seja, se instalarem onde podem escapar de seus
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inimigos naturais como exemplo uma plantação de milho. Com essa distribuição se permite
que os insetos fitófagos previamente inóculos tornarem-se pragas, em geral seguindo a
propagação deliberada de suas plantas hospedeiras por meio do cultivo. Um inseto pode ser
inofensivo até que ele se torne o vetor de um patógeno vegetal ou animal (incluindo humano).
Os insetos nativos podem se tornar pragas a partir do momento que eles migrarem de plantas
nativas passando para as plantas introduzidas, como é a caso do cultivo do milho, essa troca
de hospedeiro é comum para insetos polífagos e oligófagos. Depois se serem considerados
pragas, os seus níveis populacionais para o ataque da cultura como exemplo a do milho
variam de acordo com as condições climáticas e fatores bióticos de cada região decorrente do
desequilíbrio biológico através de aplicações de inseticidas de amplo espectro de ação, que
eliminam os seus inimigos naturais, especialmente as vespas do gênero Trichogramma.
Vários insetos atacam as sementes, raízes e plântulas do milho após a semeadura. O
tipo de ataque reduz o número de plantas na área cultivada e o potencial produtivo da lavoura.
Esses insetos são de hábito subterrâneo ou superficiais e a maioria das vezes passam
despercebidos pelo agricultor, dificultando o emprego de medidas para o seu controle. A
importância desses insetos variam de acordo com o local, ano e sistema de cultivo. As
principais espécies, sua importância para a cultura, sintomas de danos e métodos de controle
disponíveis são descritos a seguir. (CRUZ et al., 2005).
2.2.1 Pragas subterrâneas
De acordo com Cruz et al. (1995), existem diversos insetos apontados na literatura
como pragas subterrâneas que se alimentam de diferentes hospedeiros, incluindo o milho,
como os cupins (diversas espécies distribuídas nos gêneros Heterotermes , Cornitermes e
Procornitermes) , percevejo-castanho (Scaptocoris castaneum) , larva-alfinete (Diabrotica
speciosa e provavelmente outras vaquinhas) , larva-angorá (Astylus spp.) , bicho-bolo ou coró
(Phlyllophaga sp., Cyclocephala sp.) , larva-arame (Melanotus sp. e outros gêneros) , entre
outros. Algumas delas, quando não matam a planta devido a destruição da semente,
ocasionam o seu enfraquecimento, causando sua morte posteriormente, por não ter condições
de competir com as demais plantas da cultura ou com as plantas daninhas. Cavando-se o solo
próximo às falhas, no início da germinação, deve-se encontrar a semente e/ou a praga.
Recomenda-se o controle cultural sempre que possível, utilizando-se rotação de cultura,
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controle de plantas daninhas e aração após a colheita. O controle químico mais eficiente é o
preventivo.
2.2.1.1 Lagartas Elasmo - Elasmopalpus lignosellus
A lagarta-elasmo vem tornando-se, juntamente com a lagarta-do-cartucho, uma das
principais pragas da cultura do milho de acordo com as condições de campo.
É uma praga que tem grande capacidade de destruição em um curto intervalo de
tempo. Seus danos aparecem logo após a emergência das plantas, sendo que atrasa o
desenvolvimento da planta, aumenta a susceptibilidade, favorecendo a explosão populacional
de lagartas na lavoura. Os maiores danos são causados em solos leves e bem drenados, sendo
sua incidência menor sob plantio direto. (CRUZ et al., 2005).
Também tem sido problemática para culturas em solos sob vegetação de cerrado,
sobretudo no primeiro ano de cultivo.
2.2.1.1.1 Morfologia
De acordo com EMBRAPA MILHO E SORGO (2010), a mariposa tem cerca de 20
mm de envergadura, com as asas anteriores escuras nas fêmeas, e claras na parte central,
circundada por margens escuras nos machos. As fêmeas depositam em média de 100 a 120
ovos durante o seu período de vida. O ovo inicialmente é claro, depois passa para uma
coloração avermelhada próximo à eclosão da lagarta. A postura é feita nas folhas, bainhas,
hastes das plantas hospedeiras ou no próprio solo, onde ocorre a eclosão das lagartas, em um
período de tempo variado de acordo com as condições climáticas.
As lagartas completamente desenvolvidas medem cerca de 15 mm de comprimento e
têm coloração verde-azulada, com estrias transversais marrons, purpúreas ou pardo-escuras.
Na média de 21 dias acorre o final do seu ciclo larval onde as lagartas transformam-se em
crisálidas, no solo, próximo da haste da planta e, após aproximadamente oito dias, emergem
os adultos. (CRUZ et al., 1995).
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2.2.1.1.2 Sintomas e danos
Os maiores prejuízos da lagarta-elasmo para a cultura do milho são causados nos
primeiros 30 dias após a germinação. Então, para a identificação da presença da lagartaelasmo no campo, deve-se proceder a um levantamento considerando aquele período de
tempo. (CRUZ et al., 1995).
De acordo com Cruz et al. (2005), as lagartas recém eclodidas iniciam raspando as
folhas e se dirigem para a região do coleto da planta, onde cava uma galeria na vertical. Na
planta atacada ocorre a morte das folhas centrais, cujo sintoma é denominado "coração
morto". As quais quando puxadas com a mão, se soltam facilmente. Depois, ocorre o
perfilhamento ou a morte da planta. Junto ao orifício de entrada na base da planta, a lagarta
constrói um túnel com teia, terra e detritos vegetais dentro do qual se abriga. Uma
característica dessa praga é que as lagartas são bastantes ativas e saltam quando tocadas.
2.2.1.1.3 Métodos de controle
De acordo com Cruz et al. (2005), como os inseticidas aplicados logo após o
aparecimento da praga não têm gerado um bom controle, tem-se recomendado o controle
preventivo com inseticidas sistêmicos à base de tiodicarb, carbofuran ou imidacloprid,
misturados à semente. Sob condições de estresse hídrico mesmo esse tratamento não é efetivo,
recomendando-se a aplicação de um inseticida de ação de contato e profundidade como os a
base de clorpirifós. A alta umidade do solo contribui para reduzir os problemas causados pela
lagarta-elasmo no milho. O controle preventivo, em muitos casos, é viável, devido ao baixo
valor do nível de controle, que é em torno de 3% ou menos de plantas atacadas, para
produtividades acima de 4 t/ha. Culturas instaladas em solos arenosos, ou após o plantio de
outro hospedeiro, como o arroz ou trigo, ou mesmo em cultivos sucessivos de milho e em
períodos secos após as primeiras chuvas, terão maiores riscos de ataque da praga.
A utilização de medidas químicas de controle por ocasião do plantio, principalmente
no caso de inseticidas sistêmicos, representa várias vantagens em relação ao sistema
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convencional. Como o inseticida fica agregado à semente e no solo, o risco de contaminação
ambiental é menor, inclusive diminui muito o perigo de ser consumido inadvertidamente por
animais silvestres, domésticos ou mesmo pelo ser humano. Além do mais, a sua ação por
contato sobre os inimigos naturais é mínima. E, como são formulações para pronto uso,
dispensa água, que em muitos casos onde principalmente ocorre em grandes áreas, limita o
controle químico. (CRUZ et al., 1995).
2.2.1.2 Lagarta-rosca (Agrotis ipsilon)
Predomina em áreas de solos pesados e mal cultivados (áreas sujas). Os danos
resultam da redução da população de plantas produtivas cujos prejuízos são de acordo com a
taxa de infestação. (CRUZ et al., 2005).
Várias espécies de lagarta-rosca atacam a cultura de milho; porém, a espécie Agrotis
ipsilon tem sido a mais comum. As plantas atacadas por essa lagarta são totalmente
improdutivas. Em cada ano agrícola aumenta a infestação dessa praga em áreas cultivadas
com milho. Como são várias espécies envolvidas, o controle químico é difícil. Pode-se
considerar esse grupo de pragas como séria ameaça ao bom "stand" da cultura do milho.
(CRUZ et al., 1995).
2.2.1.2.1 Morfologia
As lagartas que estão completamente desenvolvidas medem cerca de 40 mm, são
robustas, cilíndricas, lisas e apresentam coloração variável, onde predomina a cor cinzaescuro. A fase larval dura cerca de 25 a 30 dias, onde tranforma-se em pupa no próprio solo,
de onde, após duas ou três semanas, emergem os adultos. (CRUZ et al., 1995).
16
2.2.1.2.2 Sintomas e danos
O milho dificilmente é atacado após os seus 50 cm de altura, sendo atacado antes de
atingir essa altura. (CRUZ et al., 1995).
De acordo com Cruz et al. (2005), as larvas atacam a região do coleto, cortando as
plantas na base o que provoca morte ou perfilhamento. Em áreas de grande infestação da
praga, nota-se muitas plantas cortadas, mas os insetos não são facilmente visíveis já que têm
atividade preferencialmente noturna. As lagartas abrigam-se no solo em volta das plantas
recém-atacadas, numa faixa lateral de 10 cm e numa profundidade em torno de 7 cm.
2.2.1.2.3 Métodos de controle
Os métodos culturais envolvem a antecipação da eliminação de plantas daninhas
principalmente via dessecante o que pode reduzir a infestação, pois as mariposas preferem
ovipositar em plantas ou restos culturais ainda verdes. O tratamento de sementes também é
indicado em áreas onde existe grandes infestações. Em áreas menores é recomendado também
a distribuição de iscas preparadas a base de farelo, melaço e um inseticida sem odor como o
trichlorfon. (CRUZ et al., 2005).
2.2.2 Pragas da parte aérea
2.2.2.1 Lagarta-do-cartucho – Spodoptera frugiperda
A lagarta-do-cartucho (Spodoptera frugiperda), é uma das principais pragas da cultura
do milho no Brasil. A praga é distribuída em todas as regiões onde se cultiva esse cereal e o
seu ataque pode reduzir a produção em até 38,7%. (WILLIAMS; DAVIS, 1990, CRUZ et al.,
1996).
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A lagarta-do-cartucho atacando plantas mais jovens de milho pode levar a sua morte,
especialmente quando a cultura é plantada após a dessecação no sistema de plantio direto.
Com essas condições, a lagarta já está presente na área e quando o milho emerge as lagartas
podem causar danos nas plantas ainda jovens, onde ocorre um aumento significante na sua
importância no estabelecimento da população de plantas ideal na lavoura. (CRUZ et al.,
2005).
2.2.2.1.1 Morfologia
Segundo Cruz et al. (1995), o inseto adulto é uma mariposa com cerca de 35 mm de
envergadura, de coloração pardo-escura nas asas anteriores e branco-acinzentada nas
posteriores. As posturas são feitas em massa, com uma média de 150 ovos. O período de
incubação dos ovos é de aproximadamente três dias. As lagartas recém-eclodidas alimentamse de sua própria casca do ovo. Depois da primeira alimentação, elas permanecem em repouso
por um período variável de duas a dez horas.
A lagarta completamente desenvolvida mede cerca de 40 mm, com coloração variável
de pardo-escura, verde a até quase preta e com um Y invertido na parte frontal da cabeça. A
temperatura influencia muito no seu período larval, sendo que, nas condições brasileiras, dura
em torno de 15 dias. No término deste período, a lagarta geralmente vai para o solo, onde se
empupa. O período pupal varia de 10 a 12 dias nas épocas mais quentes do ano. (CRUZ et al.,
1995).
2.2.2.1.2 Sintomas e danos
De acordo com Cruz et al. (1995), a lagarta-do-cartuxo ataca a planta desde sua
emergência até a formação de espigas. Quando essa praga ataca plantas de até 30 dias, pode
ser levada até a morte e reduzir o estande inicial e, em plantas maiores, pode comprometer a
produtividade ao alimentar se do parênquima das folhas, do broto central da planta (cartuchodo-milho) e dos grãos da espiga. (CRUZ ; TURPIN, 1983; CRUZ, et al., 1999).
Embora esta espécie ataque tipicamente o cartucho da planta, o que pode ocorrer desde
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a emergência até o pendoamento, quando o ataque ocorre no início de desenvolvimento da
cultura, a lagarta pode perfurar a base da planta, atingindo o ponto de crescimento e provocar
o sintoma de "coração morto", típico da elasmo. (CRUZ et al., 2005).
Quando encontram hospedeiros adequados, elas começam a alimentar-se dos tecidos
verdes, geralmente começando pelas áreas mais tenras, deixando apenas a epiderme
membranosa, provocando o sintoma conhecido como “folhas raspadas”. À medida que as
larvas crescem, começam a fazer orifícios nas folhas, podendo destruir completamente as
plantas mais novas. O ataque pode ocorrer desde os 10 dias após a emergência até a formação
das espigas.
A lagarta ataca o cartucho do milho, chegando a destruí-lo completamente; nesse caso,
chama à atenção a quantidade de excreções existentes na planta. As lagartas novas começam
raspando as folhas, mas, depois de desenvolvidas, elas conseguem fazer furos, e até danificálas completamente, fazendo com que ocorra a destruição do cartucho (GALLO et al., 2002).
De acordo com Cruz (2008), os locais de ataque bem como o tipo de dano provocado
pela lagarta-do-cartucho em milho, têm variado muito nos últimos anos.
2.2.2.1.3 Métodos de controle
Desde 1988 a Embrapa Milho e Sorgo vem procurando novas alternativas de controle
para a lagarta-do-cartucho. Na própria natureza foram identificados insetos que, além de não
prejudicarem as lavouras, alimentam-se de ovos e larvas dessa praga, constituindo-se em seus
inimigos naturais, realizando o que se denomina controle biológico. (CRUZ et al., 1999).
O tratamento de sementes tem sido o método mais recomendado para controle das
pragas iniciais do milho. Os inseticidas sistêmicos dão controle de até 17 dias após o plantio
sob condições satisfatórias de suprimento de água. Quando ocorre stress hídrico os
tratamentos de semente não apresentam a mesma eficiência e devem ser suplementados por
pulverizações dirigidas para o sitio de ataque do inseto. (CRUZ et al., 2005).
O controle é feito através do monitoramento da cultura na qual define a aplicação de
produto químico quando constatadas 20% de plantas atacadas, que é o nível de dano
econômico do milho. Inseticidas do grupo dos carbamatos, organofosforados, inibidores da
síntese de quitina e espinosinas são algumas das opções para o controle.
Segundo GULLAN e CRANSTON (2007), os inseticidas químicos podem ser
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produtos sintéticos ou naturais. Produtos naturais derivados de plantas, geralmente chamados
de inseticidas botânicos, incluem: alcalóides, incluindo a nicotina do tabaco; rotenona e outros
rotenóides das raízes de leguminosas; piretrinas, derivadas de flores de Tanacetum
cinerariifolium e nim, isto é, extratos da árvore Azadirachta indica.
O controle da lagarta-do-cartucho com inseticidas é o método mais utilizado no Brasil;
mas devido a ocorrência da praga em praticamente todas as fases de desenvolvimento da
cultura do milho, devem ser utilizadas diferente estratégias de manejo químico.
(FORNASIERI FILHO, 2007).
Então se recomenda efetuar o controle logo que surjam os primeiros ataques ao
cartucho, aplicando-se fosforados, clorofosforados, carbamatos, piretróides ou reguladores de
crescimento em pulverização, com bico em leque, para deposição dos inseticidas no local de
ataque da praga (cartucho). O inseticida clopirifós tem sido aplicado também com pivô central
(“insetigação”). A isca tóxica também pode ser empregada (GALLO et al., 2002).
2.2.2.2 Curuquerê-dos-capinzais – Mocis latipes
De acordo com Cruz et al. (1995), os maiores prejuízos causados por esse inseto
ocorrem nas pastagens. Mas o que se observa é que cada vez mais ela aumenta no milho,
aparecendo em grande quantidade, arrasando a cultura.
2.2.2.2.1 Morfologia
De acordo com Gallo et al. (2002), apresenta coloração amarelada com estrias
longitudinais castanha escuras. A cabeça é globosa com estrias longitudinais amarelas. A
crisálida é de cor parda clara e tem a duração de 14 dias, a mariposa mede 42 mm de
envergadura, apresentando asas de coloração pardo acinzentada. Apresenta uma linha
transversal nas asas anteriores podendo ser confundida com Anficarsia gemmatalis, lagarta da
soja. As lagartas são do tipo "mede-palmo".
20
2.2.2.2.2 Sintomas e Danos
Em infestações intensas destroem toda a folha, e as vezes culturas inteiras. Essa praga
é de importância secundária para a cultura do milho. Porém, em determinados locais pode
ocorrer alta infestação da praga, demandando controle imediato para evitar elevada perda no
rendimento de grãos. A lagarta alimenta das folhas do milho deixando somente a nervura
central. A infestação geralmente desenvolve em gramíneas ao redor da lavoura e quando
ocorre competição por alimento, as lagartas emigram para o milho. Para evitar danos, é
necessário realizar vistorias frequentes na fase vegetativa da lavoura, principalmente em áreas
vizinhas às pastagens. (GALLO et al., 2002).
2.2.2.2.3 Métodos de Controle
O método químico é o mais utilizado e eficiente para o controle dessa lagarta. Mas,
nem sempre é preciso aplicar o inseticida em toda área, sendo que a infestação inicia pelas
bordas da cultura e a pulverização localizada sobre a área infestada é bastante eficiente. A
aplicação do inseticida pode ser realizada tanto por pulverização convencional ou via água de
irrigação por aspersão. Um produto à base de Bacillus thuringiensis, aplicado em alto volume,
1 kg por ha, sendo seletivo para lagartas também podem ser utilizados. (CRUZ et al., 2010).
21
2.2.2.3 Cigarrinha-do-milho -Dalbulus maidis
De acordo com Cruz et al. (2005), os danos diretos causados pela sucção de seiva dos
adultos e ninfas pode reduzir principalmente o desenvolvimento do sistema radicular, mas os
principais prejuízos causados por essa espécie é devido a transmissão de fitopatógenos como
o vírus do rayado fino e dois milicutes Spiroplasma kunkelli (enfezamento pálido) e
fitoplasma (enfezamento vermelho). Os prejuizos causados por essas doenças pode chegar a
mais de 80% dependendo do patógeno, dos fatores ambientais e da sensibilidade dos híbridos
cultivados. A incidência da doença está associada à alta densidade populacional de insetos
infectivos o que ocorre no final do verão (plantios tardios).
2.2.2.3.1 Morfologia
De acordo com Waquil (1995), em áreas infestadas, os adultos podem ser facilmente
observados alimentando-se, preferencialmente, no cartucho do milho. Os adultos medem
cerca de 4 mm de comprimento por menos de 1 mm de largura. Embora a coloração
predominante seja palha, no abdômen observam-se manchas negras, que podem ser maiores
nos indivíduos desenvolvidos em climas com temperaturas amenas.
Na cabeça, destacam-
se duas manchas negras com o dobro do diâmetro dos ocelos. Uma das características da
família desse inseto é a presença de duas fileiras de espinhos nas tíbias posteriores. Os ovos
de D. maidis são de coloração esbranquiçada, de córion transparente, medem 1,3 mm de
comprimento e apresentam a região do opérculo mais fina que o extremo posterior. (MARÍN,
1987).
O período embrionário é de oito dias e a temperatura ótima para incubação é de
26,5°C (WAQUIL, 1998). As ninfas, que passam por cinco mudas, são de coloração palha,
com manchas escuras no abdômen e olhos negros. Elas tendem a permanecer estáticas,
alimentando-se na folha, e só se movem se forem incomodadas.
22
2.2.2.3.2 Sintomas e danos
A cigarrinha do milho, Dalbulus maidis (DeLong & Wolcott), é a principal espécie
transmissora dos agentes etiológicos das doenças conhecidas como o enfezamento e a virose
da risca, provocando, indiretamente, altas perdas na produção do milho cultivado em várias
regiões tropicais da América Latina. (HRUSKA; PERALTA 1997).
A presença do inseto pode ser constatada diretamente pelo exame do cartucho das
plantas ou através de amostragem com rede entomológica passada no topo das plantas. A
incidência das doenças só é confirmada depois do aparecimento dos sintomas: Rayado fino folhas com riscas amareladas (paralelas às nervuras) com aparência pontilhada, Enfezamento
pálido - no início, plantas podem apresentar folhas com deformações e posteriormente iniciase pela descoloração (clorose) das bordas da base das folhas que pode progredir para toda a
planta, nanismo acentuado com os últimos internódios pouco desenvolvido dando à planta a
aparência de uma palmeira o que é facilmente confundido com plantas "dominadas".
Enfezamento vermelho - dependendo do estádio de infecção das plantas pode não se observar
o nanismo, mas geralmente ele está presente, com últimos internódios pouco desenvolvidos e
folhas com avermelhamento generalizado. Na fase reprodutiva, nota-se manchas descoloridas
nos grãos incompletamente cheios o que dá à espiga certa flexibilidade ao ser torcida nas
mãos. (CRUZ et al., 2005).
2.2.2.3.3 Métodos de controle
De acordo com Cruz et al. (1995), os métodos de controle mais eficientes são os
culturais evitando-se a multiplicação do vetor em plantios sucessivos, erradicação de plantas
voluntárias na área antes do plantio e uso de cultivares menos suscetíveis aos patógenos.
Evitar o plantio de milho pipoca e milho doce em áreas com histórico recente de alta
incidência dos enfezamentos dado à alta susceptibilidade da maioria dessas cultivares.
Finalmente pode também ser utilizado o tratamento de semente com inseticidas sistêmicos.
23
2.2.2.4 Pulgão-do-milho – Rhopalosiphum maidis
Este é a espécie de inseto de ocorrência mais endêmica no milho, mas raramente
constitui problema para a cultura pela ação eficiente dos inimigos naturais (predadores e
parasitóide). Ele ataca as partes jovens da planta, preferencialmente o cartucho, mas pode
infestar também o pendão e gemas florais. Seus danos diretos ocorrem somente quando a
densidade populacional é muito alta e a planta estiver sob estresse hídrico. Os maiores danos
ocorrem sob condições favoráveis para transmissão do vírus do mosaico. Neste caso, mesmo
sob densidades muitas vezes não detectáveis podem ocorrer perdas significativas, pois o
principal vetor é a forma alada e o vírus é de transmissão estiletar, ou seja, transmite de
plantas doentes para sadias simplesmente por via mecânica, através da picada de prova.
(CRUZ et al., 2005).
2.2.2.4.1 Morfologia
De acordo com Gassen (1996), o pulgão-do-milho, Rhopalosiphum maidis, possui
corpo alongado de coloração amarelo-esverdeada ou azulesverdeada, com manchas negras na
área ao redor dos sifúnculos; tamanho variando de 0,9 a 2,6 mm de comprimento; pernas e
antenas de coloração negra; tubérculos antenais pouco desenvolvidos; antenas curtas, com
seis segmentos, e processo terminal do segmento VI com 2 a 2,3 vezes o comprimento da
base; sifúnculos com base mais larga que ápice, de coloração negra e com constrição apical;
cauda de coloração negra com dois pares de cerdas laterais.
24
2.2.2.4.2 Sintomas e danos
Sob altas populações é visível a colônias sobre as plantas e sob estresse hídrico as
folhas mostram-se murchas e com bordas necrosadas. O sintoma da doença aparece no limbo
foliar na forma de um mosaico de coloração verde claro num fundo verde escuro.
2.2.2.4.3 Métodos de controle
Para o controle da doença, os métodos culturais, na forma de eliminação dos
hospedeiros nativos do patógeno e do vetor (gramíneas em geral), têm sido os mais eficientes.
No inicio de desenvolvimento das plantas, o tratamento de sementes oferece proteção.
Durante o ciclo da planta os inimigos naturais têm ação primordial na manutenção do
equilíbrio. Raramente tem sido necessário tomar outras medidas de controle.
O controle biológico natural tem sido eficiente. Em picos populacionais, quando se
justificar o controle, deve-se dar preferência a produtos químicos de baixa toxicidade e
seletivos pois, assim, pode-se baixar a população da praga e permitir um novo equilíbrio
biológico, mantendo a praga em níveis não econômicos. (CRUZ et al., 1995).
2.2.3 Pragas do colmo
2.2.3.1 Broca da cana-de-açúcar – Diatraea saccharalis
De acordo com Viana (1994), essa praga tem constituído um problema sério para a
cultura do milho no Brasil Central. Em altas infestações, o ataque desse inseto pode causar
perdas de até 21% na produção.
25
2.2.3.1.1 Morfologia
De acordo com Cruz (1995), o inseto adulto de D. saccharalis é uma pequena
mariposa de coloração amarelo-palha, com aproximadamente 20 mm de envergadura. A
mariposa fêmea coloca os ovos com aspecto de escamas nas folhas do milho e, com um
intervalo de quatro a nove dias, ocorre a eclosão das lagartas, que inicialmente alimentam-se
da folha. Posteriormente, dirigem-se para a bainha e penetram no colmo, fazendo galerias
ascendentes. O período larval médio é de 69 dias. As lagartas apresentam a cabeça marrom e
o corpo esbranquiçado, com inúmeros pontos escuros. Quando atingem o completo
desenvolvimento, as lagartas constroem uma câmara, alargando a própria galeria até o colmo,
onde cortam uma seção circular, que fica presa com fios de seda e serragem, e transformam-se
em pupas, permanecendo nesse estádio por um período variável de 9 a 14 dias, até emergir o
adulto.
2.2.3.1.2 Sintomas e danos
De acordo com Waquil et al. (1986), essa praga tem causado danos diretos e indiretos,
afetando o enchimento dos grãos, bem como provocando o quebramento do colmo devido a
infecção por microorganismos e ao próprio dano causado pela broca na haste da planta.
Quando o ataque é intenso, a planta pode secar precocemente e se tornar improdutiva.
2.2.3.1.3 Métodos de controle
Na cultura da cana-de-açúcar, o controle desse inseto tem sido realizado com sucesso
através de inimigos naturais. Os principais parasitóides são o Metagonistylum minense e o
Trichogramma spp., podendo o parasitismo da lagarta chegar a atingir 20%. Para regiões onde
o milho é plantado na safra e na safrinha, e onde várias outras culturas hospedeiras da broca
são cultivadas durante quase todo o ano, aumenta a importância desse método de controle.
26
Experimentalmente, os inseticidas lufenuron (15 g i.a./ha) e neocotinóide (750 g
i.a./ha) aplicados antes de a broca penetrar no colmo, possibilita um controle eficiente da
praga. Eliminação de restos culturais de plantas hospedeiras ajuda a reduzir a infestação na
próxima safra. (CRUZ et al., 2010).
2.2.4 Pragas da espiga
2.2.4.1 Lagarta-da-espiga – Helicoverpa zea
Tipicamente o inseto coloca seus ovos nos estilos-estigmas, local onde as lagartas
recém-nascidas iniciam os seus danos, podendo ocasionar falhas na produção de grãos. Á
medida que a larva desenvolve, ela dirige-se para a ponta da espiga para alimentar-se dos
grãos em formação. Os prejuízos estimados para essa praga é cerca de 8% nos rendimentos.
(WAQUIL, 1998).
2.2.4.1.1 Morfologia
De acordo com Cruz et al. (2005), o ovo da lagarta-da-espiga mede cerca de 1 mm de
diâmetro, possui forma hemisférica, apresenta saliências laterais e pode ser visualizado
através de um exame minucioso do "tufo de cabelos", com uma lupa ou mesmo a olho nu.
Após a eclosão, as lagartas penetram nas espigas, deixando um orifício bem visível de saída.
Na fase de milho verde, geralmente se encontra uma lagarta no interior da espiga infestada,
normalmente na ponta da mesma.
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2.2.4.1.2 Sintomas e danos
A lagarta-da-espiga Helicoverpa zea é referida prejudicando a cultura de três formas:
atacando os estigmas, impedindo a fertilização e, em consequência, ocasionando falhas nas
mesmas; alimentando-se de grãos leitosos, os destruindo e; finalmente, os orifícios deixados
pelas lagartas nas espigas, por ocasião da fase de pupa, facilitam a penetração de
microrganismos que podem causar podridões. (GASSEN, 1996).
2.2.4.1.3 Métodos de controle
O controle de H. zea se faz quase que exclusivamente mediante emprego de
inseticidas, sendo a eficiência deste método, muito baixa. Isto se deve ao fato das lagartas,
encontrarem-se protegidas no interior das espigas. Além disso, provoca um efeito negativo no
equilíbrio biológico existente entre o inseto-praga e seus inimigos naturais, e o mau uso dos
químicos acabam também por forçar a seleção de populações resistentes aos pesticidas.
(CRUZ, 2002).
28
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nos últimos anos, a cultura do milho no Brasil, vem passando por importantes mudanças
tecnológicas, resultando em aumentos significativos da produtividade e produção. Entre as
tecnologias adotadas, destacam-se a utilização de sementes de cultivares melhoradas
(variedades e híbridos), alterações no espaçamento e densidade de semeadura de acordo com
as características das cultivares, além da conscientização dos produtores da necessidade de
melhoria na qualidade de aplicação dos defensivos. Todos esses aspectos ajudam na produção
do milho em relação as pragas, melhorando no combate e tendo uma melhor produção.
Hoje em dia uma grande vantagem de controle destas pragas é a grande quantidade de
inseticidas para seu combate, e o uso do controle biológico que também vem sendo cada vez
mais empregado.
Considera-se então que as pragas do milho é uma grande barreira para uma boa produção
de milho, tanto em aspecto de milho para silagem como para grão.Então este trabalho retrata
todos os aspectos das principais pragas do milho no Brasil, para que possamos ter um melhor
conhecimento sobre estas pragas. Sabendo assim sua identificação na lavoura, os danos
causados e suas formas de controle.
29
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DECLARAÇÃO E AUTORIZAÇÃO
Eu, Thiago Amthauer Tavares, declaro, para os devidos fins e sob pela da lei, que o Trabalho
de Conclusão de Curso:Principais pragas do milho no Brasil, é de minha exclusiva autoria.
Autorizo o Centro Universitário de Goiás, Uni- ANHANGUERA a disponibilização do texto
integral deste trabalho na biblioteca (consulta e divulgação pela Internet, estando vedadas
apenas a reprodução parcial ou total, sob pena de ressarcimento dos direitos autorais e penas
cominadas na lei.
(Thiago Amthauer Tavares)
Goiânia (GO), 15 de junho de 2012