a Biografia de Exemplo
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a Biografia de Exemplo
ÍNDICE 5 Chico, um tigre de sofá 11 Uma nova vida 21 Sua Alteza Real, Eu (quem mais poderia ser?) 27 Um belo presente 33 Férias repousantes CHICO, UM TIGRE DE SOFÁ O meu nome é Chico, pertenço à raça de gatos Europeu Comum e achei que seria interessante contar-vos a minha história. É uma história feliz, mas podia não ter sido. Vamos lá então. 3 N asci numa rua de Lisboa, por volta de fevereiro de 2008. Dias depois, eu e os meus irmãos fomos recolhidos por alguns voluntários muito simpáticos do SOS Animal, que nos levaram para a sua casa. Para quem não sabe, o SOS Animal é uma associação sem fins lucrativos, uma Organização Não Governamental (ONG) que recolhe animais abandonados, trata deles e procura-lhes novos donos. O SOS Animal tem sido a tábua de salvação de muitos animais ao longo dos anos, por isso merecem ser apoiados das mais diversas formas, não acham? O trabalho de voluntariado que eles fazem é muito importante. Quando me chamava “Spooky”. 4 Mas continuemos. Na casa para onde nos levaram trataram de nós e deram-nos muito carinho. Ainda assim, estávamos bastante assustados. Para nós, tudo era diferente e estranho. Eu era o mais assustadiço de todos, por isso deram-me a alcunha de Spooky, que significa “assustadiço”. 5 Os voluntários do SOS Animal colocaram anúncios na Internet para nos encontrar novos donos. Certo dia, apareceu lá em casa um casal muito simpático – a Teresa e o Eduardo. Eles já tinham tido um gato, que se chamava Nice. Pelo que dizem, o Nice era muito bonito e “senhor do seu nariz”. Tinha pelo amarelo claro e a barriguita branquinha. A personalidade dele era forte. Infelizmente, o Nice já fora encontrar-se com os anjos, e a Teresa e o Eduardo tinham saudades de ter novamente um animal em casa. Por isso, fizeram uma coisa muito bonita – em vez de comprarem um gato, decidiram adotar. E assim foi. Este era o Nice. Que lindo. 6 7 Quando me viram pela primeira vez ficaram logo conquistados. Eu cabia numa palma da mão. Era tão pequeno e frágil que parecia um milagre se sobrevivesse. Os meus novos donos assinaram um documento em como se responsabilizavam a tratar-me bem e a dar-me tudo o que eu precisasse. E lá fui para a minha nova casa. Em bebé adorava explorar tudo. 8 9 UMA NOVA VIDA Fui muito bem tratado desde o início. Os meus donos levaram-me à veterinária, para sabermos se eu estava bem de saúde. Eu era tão pequenino que a srª Dr.ª me pesou numa balança de cozinha. Também me fez análises, vacinou-me e desparasitou-me. O Eduardo queria chamar-me “Ozzy”, que é o nome de um cantor de rock, mas a Alice, que é mãe da Teresa, lembrou-se de me batizar como Chico. Realmente foi melhor assim. Gosto muito do meu nome. 11 N essa altura (maio de 2008) eu tinha apenas 3 meses. Ninguém sabe o dia exato em que nasci, por isso a veterinária escolheu o Dia dos Namorados como o do meu aniversário. É um dia bonito, portanto foi uma boa escolha. Ao início, eu estava muito assustado e com medo. Nas primeiras semanas que passei na minha nova casa fiquei a maior parte do tempo refugiado atrás do sofá. Era aí que me sentia seguro. Praticamente só saía de lá para comer, beber água e fazer as minhas necessidades. Apesar de os meus donos falarem muito comigo e tentarem “tirarme do buraco”, eu fazia-me “caro”. A praticar o meu desporto favorito. 12 13 Eles acabaram por conquistar a minha confiança, mas antes disso preguei-lhes um susto que nunca mais esqueceriam. Um dia, o meu dono pegou em mim para me fazer festinhas. Se calhar eu não estava para aí virado, ou senti-me ameaçado, e enfureci-me. De repente ericei o pelo todo, comecei a gritar muito alto e saltei das mãos do meu dono. Parecia que ganhara asas. Até tripliquei de tamanho, parecia um gato adulto. Os meus donos arregalaram os olhos e assustaram-se imenso. Nunca tinham visto nada assim. Fiquei mesmo zangado, não me apetecia estar ao colo. Caí no chão e, a bufar, fui esconder-me atrás de um móvel até ficar mais calmo. Depois disso, habituei-me rapidamente à minha nova família. Percebi que só queriam o meu bem. 14 15 Como já disse, eu era muito frágil. Estava muito carente, também. Precisava imenso de miminhos. Quando estava perto dos meus donos e recebia as suas festinhas ficava de tal forma satisfeito que fazia um “rom-rom” que mais parecia um pequeno motor a trabalhar. Os meus donos divertiam-se bastante com isso e passaram a dizer que eu tinha um pequeno motor na barriga. Sempre fui um bocadinho desajeitado, e nessa altura ainda era mais. Era bebé e estava a aprender a movimentar-me. Quando me sentava ficava sempre com a patita esquerda de lado, esticada, por isso os meus donos pensavam que eu tinha um problema na pata. Afinal, não era nada disso. Simplesmente, era essa a forma como me dava jeito sentar-me. 16 17 Eu tinha outra mania estranha: por vezes abria a boca e ficava assim durante um bocado. Os meus donos ficavam preocupados – julgavam que eu tinha um problema nos maxilares que momentaneamente me impedia de fechar a boca. Tal como na situação de me sentar de lado, tudo estava bem, confirmou a veterinária. Era apenas uma tontice minha. Gato sofre... 18 19 SUA ALTEZA REAL, EU (QUEM MAIS PODERIA SER?) Em bebé era muito frágil, mas tornei-me um belo gato. Cresci saudável e lindo, como podem ver pelas fotografias. Digam lá: sou ou não sou uma beleza? Já viram bem o meu pelo magnífico, farfalhudo e bem tratado? Já olharam para estes olhinhos meigos e irresistíveis? Parece que fui esculpido, não é? OK, posso parecer vaidoso, mas tenho razões de sobra para isso. 21 N o entanto, estou um bocadinho gordo. Os meus donos preocupam-se bastante com isso, mas o que é que hei-de fazer? Sempre fui preguiçoso. O único exercício que faço é correr para o prato da comida, com as banhas da minha real pança a abanarem de um lado para o outro. Eles bem tentam incentivar-me a mexer-me, mas isso dá trabalho. Mesmo para brincar não me esforço muito. Quando estou deitado na alcofa e os meus donos tentam incentivar-me a agarrar qualquer coisa limito-me a levantar uma pata, sem grande convicção. 22 23 Portanto, os meus desportos favoritos são comer e dormir. Sou muito bom nisso. É pena que só possa comer 80gr de ração por dia (caso contrário poderia ficar diabético), mas o meu estômago é tão grande que ando sempre atrás dos meus donos para me alimentarem. Fartome de miar a pedir-lhes comidinha. Ando atrás deles por toda a casa, para ver se me cai mais ração no prato. Às vezes, quando já estou desesperado, mordo-lhes as barrigas das pernas para me alimentarem. Mordo mas com cuidado, claro. Ainda assim, eles dizem que dói muito. São uns xoninhas, é o que é. Sua majestade, eu! Ajoelhem-se a meus pés. 24 25 UM BELO PRESENTE Em 2010 os meus donos deram-me o melhor presente que eu podia ter: um dono mais pequenino. Eles adotaram um menino, o Gabriel, que adoro. O meu dono mais novo também gosta muito de mim. Anda sempre a pegar-me ao colo, a fazer-me festas e a dar-me beijinhos. 27 N os primeiros meses depois de ele ter chegado à nossa casa eu ficava um pouco assustado, porque ele corria atrás de mim para brincar. Nunca tinha tido um gato, por isso ainda não sabia como fazer. Os meus donos mais velhos foram-no ensinando e agora ele tem muito jeito para mim. Somos inseparáveis. Quando ele estuda no quarto leva-me sempre para junto dele. Gosta imenso da minha companhia. O que é que se passa aqui? 28 29 Este ano, para o aniversário da Teresa o Gabriel e o Eduardo tiveram uma ideia muito engraçada: resolveram mandar estampar uma fotografia minha numa almofada de decorar. Por cima da fotografia mandaram colocar a frase “I’m the boss!”, ou seja “eu é que mando”. Quero dizer, eu não mando nada, mas sou tratado com um rei. Consigo dos meus donos tudo o que quero. Bom, mas o que interessa é que a almofada ficou bem bonita e a minha dona adorou-a. A almofada com a minha fotografia. 30 31 FÉRIAS REPOUSANTES Para mim, este verão foi diferente. Pela primeira vez, passei férias fora de casa. Ah pois, nós, animais, também temos esse direito. Estive duas semanas a descansar num hotel para gatos. Comer e dormir todo o dia cansa muito, como devem imaginar. 33 G ostei muito do hotel, que tem o curioso nome de O Cão Laranja. Lá, também têm uma loja de animais, fazem tosquias e dão banhos. É um sítio com ótimas condições e tratam-nos como se fôssemos reis. Gostei muito de lá estar. Quando me foram lá pôr, os meus donos estavam mais ansiosos do que eu. Pensavam que eu ia ficar deprimido por estar duas semanas longe da família, mas passei esse tempo muito tranquilo. Foi muito bom, aproveitei para pôr as ideias no lugar. 34 35 É muito bom ter uma família que nos trata bem. Aliás, para mim a família é tudo. Gostamos imenso de estar uns com os outros e à noite fazemos questão de passar o serão em família. Inteligente como sou, quando algum dos meus donos demora muito tempo a lavar os dentes e se atrasa para nos juntarmos na sala de estar, vou chamá-lo. Como é que faço isso? Miando, claro. Chamo a atenção do meu dono (ou dona) que não se despacha e indico-lhe o caminho da sala de estar. Começo a andar à sua frente como se lhe dissesse: “Está na hora de ir descansar, despacha-te!”. Às vezes os humanos têm que ser postos na ordem, certo? Olha, uma mosca. 36 37