a Biografia de Exemplo

Transcrição

a Biografia de Exemplo
ÍNDICE
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Chico, um tigre de sofá
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Uma nova vida
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Sua Alteza Real, Eu
(quem mais poderia ser?)
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Um belo presente
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Férias repousantes
CHICO,
UM TIGRE
DE SOFÁ
O meu nome é Chico, pertenço à raça de gatos
Europeu Comum e achei que seria interessante
contar-vos a minha história. É uma história
feliz, mas podia não ter sido. Vamos lá então.
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asci numa rua de Lisboa, por volta de
fevereiro de 2008. Dias depois, eu e os
meus irmãos fomos recolhidos por alguns
voluntários muito simpáticos do SOS Animal,
que nos levaram para a sua casa. Para quem
não sabe, o SOS Animal é uma associação
sem fins lucrativos, uma Organização Não
Governamental (ONG) que recolhe animais
abandonados, trata deles e procura-lhes novos
donos. O SOS Animal tem sido a tábua de
salvação de muitos animais ao longo dos anos,
por isso merecem ser apoiados das mais diversas
formas, não acham? O trabalho de voluntariado
que eles fazem é muito importante.
Quando me chamava “Spooky”.
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Mas continuemos. Na casa para onde nos
levaram trataram de nós e deram-nos muito
carinho. Ainda assim, estávamos bastante
assustados. Para nós, tudo era diferente e
estranho. Eu era o mais assustadiço de todos,
por isso deram-me a alcunha de Spooky, que
significa “assustadiço”.
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Os voluntários do SOS Animal colocaram
anúncios na Internet para nos encontrar novos
donos. Certo dia, apareceu lá em casa um casal
muito simpático – a Teresa e o Eduardo.
Eles já tinham tido um gato, que se chamava
Nice. Pelo que dizem, o Nice era muito bonito e
“senhor do seu nariz”. Tinha pelo amarelo claro
e a barriguita branquinha. A personalidade dele
era forte. Infelizmente, o Nice já fora encontrar-se com os anjos, e a Teresa e o Eduardo tinham
saudades de ter novamente um animal em casa.
Por isso, fizeram uma coisa muito bonita – em
vez de comprarem um gato, decidiram adotar.
E assim foi.
Este era o Nice. Que lindo.
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Quando me viram pela primeira vez ficaram
logo conquistados. Eu cabia numa palma da
mão. Era tão pequeno e frágil que parecia
um milagre se sobrevivesse. Os meus novos
donos assinaram um documento em como se
responsabilizavam a tratar-me bem e a dar-me
tudo o que eu precisasse. E lá fui para a minha
nova casa.
Em bebé adorava explorar tudo.
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UMA
NOVA VIDA
Fui muito bem tratado desde o início. Os meus
donos levaram-me à veterinária, para sabermos
se eu estava bem de saúde. Eu era tão pequenino
que a srª Dr.ª me pesou numa balança de
cozinha. Também me fez análises, vacinou-me e
desparasitou-me. O Eduardo queria chamar-me
“Ozzy”, que é o nome de um cantor de rock,
mas a Alice, que é mãe da Teresa, lembrou-se de
me batizar como Chico. Realmente foi melhor
assim. Gosto muito do meu nome.
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essa altura (maio de 2008) eu tinha apenas
3 meses. Ninguém sabe o dia exato em
que nasci, por isso a veterinária escolheu o Dia
dos Namorados como o do meu aniversário.
É um dia bonito, portanto foi uma boa escolha.
Ao início, eu estava muito assustado e com medo.
Nas primeiras semanas que passei na minha nova
casa fiquei a maior parte do tempo refugiado
atrás do sofá. Era aí que me sentia seguro.
Praticamente só saía de lá para comer, beber água
e fazer as minhas necessidades. Apesar de os meus
donos falarem muito comigo e tentarem “tirarme do buraco”, eu fazia-me “caro”.
A praticar o meu desporto favorito.
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Eles acabaram por conquistar a minha confiança,
mas antes disso preguei-lhes um susto que nunca
mais esqueceriam. Um dia, o meu dono pegou
em mim para me fazer festinhas.
Se calhar eu não estava para aí virado, ou senti-me ameaçado, e enfureci-me. De repente ericei
o pelo todo, comecei a gritar muito alto e saltei
das mãos do meu dono. Parecia que ganhara
asas. Até tripliquei de tamanho, parecia um gato
adulto. Os meus donos arregalaram os olhos e
assustaram-se imenso. Nunca tinham visto nada
assim. Fiquei mesmo zangado, não me apetecia
estar ao colo. Caí no chão e, a bufar, fui
esconder-me atrás de um móvel até ficar mais
calmo. Depois disso, habituei-me rapidamente
à minha nova família. Percebi que só queriam
o meu bem.
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Como já disse, eu era muito frágil. Estava
muito carente, também. Precisava imenso de
miminhos. Quando estava perto dos meus
donos e recebia as suas festinhas ficava de tal
forma satisfeito que fazia um “rom-rom” que
mais parecia um pequeno motor a trabalhar.
Os meus donos divertiam-se bastante com isso
e passaram a dizer que eu tinha um pequeno
motor na barriga.
Sempre fui um bocadinho desajeitado, e
nessa altura ainda era mais. Era bebé e estava
a aprender a movimentar-me. Quando me
sentava ficava sempre com a patita esquerda de
lado, esticada, por isso os meus donos pensavam
que eu tinha um problema na pata. Afinal, não
era nada disso. Simplesmente, era essa a forma
como me dava jeito sentar-me.
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Eu tinha outra mania estranha: por vezes abria
a boca e ficava assim durante um bocado. Os
meus donos ficavam preocupados – julgavam
que eu tinha um problema nos maxilares que
momentaneamente me impedia de fechar a
boca. Tal como na situação de me sentar de
lado, tudo estava bem, confirmou a veterinária.
Era apenas uma tontice minha.
Gato sofre...
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SUA
ALTEZA
REAL, EU
(QUEM MAIS PODERIA SER?)
Em bebé era muito frágil, mas tornei-me
um belo gato. Cresci saudável e lindo, como
podem ver pelas fotografias. Digam lá: sou ou
não sou uma beleza? Já viram bem o meu pelo
magnífico, farfalhudo e bem tratado? Já olharam
para estes olhinhos meigos e irresistíveis? Parece
que fui esculpido, não é? OK, posso parecer
vaidoso, mas tenho razões de sobra para isso.
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o entanto, estou um bocadinho gordo.
Os meus donos preocupam-se bastante
com isso, mas o que é que hei-de fazer? Sempre
fui preguiçoso. O único exercício que faço é
correr para o prato da comida, com as banhas
da minha real pança a abanarem de um lado
para o outro. Eles bem tentam incentivar-me a
mexer-me, mas isso dá trabalho. Mesmo para
brincar não me esforço muito. Quando estou
deitado na alcofa e os meus donos tentam
incentivar-me a agarrar qualquer coisa limito-me a levantar uma pata, sem grande convicção.
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Portanto, os meus desportos favoritos são comer
e dormir. Sou muito bom nisso. É pena que
só possa comer 80gr de ração por dia (caso
contrário poderia ficar diabético), mas o meu
estômago é tão grande que ando sempre atrás
dos meus donos para me alimentarem. Fartome de miar a pedir-lhes comidinha. Ando
atrás deles por toda a casa, para ver se me cai
mais ração no prato. Às vezes, quando já estou
desesperado, mordo-lhes as barrigas das pernas
para me alimentarem. Mordo mas com cuidado,
claro. Ainda assim, eles dizem que dói muito.
São uns xoninhas, é o que é.
Sua majestade, eu! Ajoelhem-se a meus pés.
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UM BELO
PRESENTE
Em 2010 os meus donos deram-me o melhor
presente que eu podia ter: um dono mais
pequenino. Eles adotaram um menino,
o Gabriel, que adoro. O meu dono mais novo
também gosta muito de mim. Anda sempre
a pegar-me ao colo, a fazer-me festas e a
dar-me beijinhos.
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os primeiros meses depois de ele ter
chegado à nossa casa eu ficava um pouco
assustado, porque ele corria atrás de mim para
brincar. Nunca tinha tido um gato, por isso
ainda não sabia como fazer. Os meus donos mais
velhos foram-no ensinando e agora ele tem muito
jeito para mim. Somos inseparáveis. Quando ele
estuda no quarto leva-me sempre para junto dele.
Gosta imenso da minha companhia.
O que é que se passa aqui?
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Este ano, para o aniversário da Teresa o
Gabriel e o Eduardo tiveram uma ideia muito
engraçada: resolveram mandar estampar uma
fotografia minha numa almofada de decorar.
Por cima da fotografia mandaram colocar a frase
“I’m the boss!”, ou seja “eu é que mando”.
Quero dizer, eu não mando nada, mas sou
tratado com um rei. Consigo dos meus donos
tudo o que quero. Bom, mas o que interessa
é que a almofada ficou bem bonita e a minha
dona adorou-a.
A almofada com a minha fotografia.
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FÉRIAS
REPOUSANTES
Para mim, este verão foi diferente. Pela primeira
vez, passei férias fora de casa. Ah pois, nós,
animais, também temos esse direito. Estive
duas semanas a descansar num hotel para gatos.
Comer e dormir todo o dia cansa muito, como
devem imaginar.
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ostei muito do hotel, que tem o curioso
nome de O Cão Laranja. Lá, também
têm uma loja de animais, fazem tosquias e dão
banhos. É um sítio com ótimas condições e
tratam-nos como se fôssemos reis. Gostei muito
de lá estar.
Quando me foram lá pôr, os meus donos
estavam mais ansiosos do que eu. Pensavam que
eu ia ficar deprimido por estar duas semanas
longe da família, mas passei esse tempo muito
tranquilo. Foi muito bom, aproveitei para pôr as
ideias no lugar.
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É muito bom ter uma família que nos trata
bem. Aliás, para mim a família é tudo.
Gostamos imenso de estar uns com os outros
e à noite fazemos questão de passar o serão em
família. Inteligente como sou, quando algum
dos meus donos demora muito tempo a lavar
os dentes e se atrasa para nos juntarmos na sala
de estar, vou chamá-lo. Como é que faço isso?
Miando, claro. Chamo a atenção do meu dono
(ou dona) que não se despacha e indico-lhe o
caminho da sala de estar. Começo a andar à sua
frente como se lhe dissesse: “Está na hora de ir
descansar, despacha-te!”. Às vezes os humanos
têm que ser postos na ordem, certo?
Olha, uma mosca.
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