Adriana Sapata - Faculdade Tecsoma
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FACULDADE TECSOMA Curso de Biomedicina Diogo Oliveira da Silva INFLUÊNCIA DA FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO E DE ÁGUA POTÁVEL NA PREDISPOSIÇÃO A PARASITOSES INTESTINAIS EM ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPAL FREI BROCARDO STOKOHF DA ZONA RURAL DE PARACATU/MG. Paracatu - MG 2012 Diogo Oliveira da Silva INFLUÊNCIA DA FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO E DE ÁGUA POTÁVEL NA PREDISPOSIÇÃO A PARASITOSES INTESTINAIS EM ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPAL FREI BROCARDO STOKOHF DA ZONA RURAL DE PARACATU/MG. Monografia apresentada ao Curso de Biomedicina da Faculdade Tecsoma, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Biomedicina. Orientadora: MSc. Cláudia Peres da Silva Orientação Metodológica: Geraldo Benedito Batista de Oliveira. Paracatu - MG 2012 Silva,Diogo Oliveira da. Influência da falta de saneamento básico e de água potável na predisposição a parasitoses intestinais em alunos da escola municipal Frei Brocardo Stokohf DA ZONA Rural de Paracatu/MG.Diogo Oliveira da Silva.Paracatu,2012. 45f Orientador: MSc. Cláudia Peres da Silva Monografia (Graduação) – Faculdade Tecsoma, Curso de Graduação em Biomedicina. CDU: 616.008.99 Diogo Oliveira da Silva INFLUÊNCIA DA FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO E DE ÁGUA POTÁVEL NA PREDISPOSIÇÃO A PARASITOSES INTESTINAIS EM ALUNOS DA ESCOLA MUNICIPAL FREI BROCARDO STOKOHF DA ZONA RURAL DE PARACATU/MG. Monografia apresentada ao Curso de Biomedicina da Faculdade Tecsoma, como requisito parcial para a obtenção do título de bacharel em Biomedicina. . ______________________________________________ Prof (a): MSc. Cláudia Peres da Silva - FATEC Orientador (a) _______________________________________________ Geraldo Benedito Batista de Oliveira - FATEC Orientador Metodológico Paracatu,07 de Julho de 2012 A minha mãe Dona Regina pelo apoio. A meus avós Dona Maria Freancisca e Senhor Manoel pela confiança. A minha namorada Mariana por não deixar que eu desistisse mesmo quando longe dela. AGRADECIMENTOS Agradeço oportunidade de primeiramente a Deus por ter me concedido essa realização desta graduação e por me abençoar a cada instante desta caminhada. Agradeço meus avós, Dona Maria Francisca, Senhor Manoel Nascimento e minha mãe Regina Aparecida por todo apoio no momentos dificeis e confiança deposita em mim. A minha namorada Mariana que amo mais que tudo, por me apoiar desde quando vim para esta cidade, e por se esforçar para estar hoje aqui ao meu lado, sempre me confortando. Não poderia deixar de esquecer dos amigos da república “Os Kuekas” , pessoas como Marcos Alan, Marcelo Mendes, Josemar, Lazaro, Reinaldo, Juscélio sem deixar de fora Alan Almeida e o nono elemento Danilo Assunção ficarão para sempre na memoria. Mais algumas pessoas que não poderia deixar de citar alguns “irmãos” Thiago Vieira, Felipe Neto, Pedro Henrique, Netinho, Ana Cláudia, André, Bruno... No mais agradeço a todos que de alguma forma contribuiram para minha conquista, pois infelismente não posso citar todo mundo mas, são tão importantes quanto. Agradeço também a Cláudia Peres coordenadora do curso de Biomedicina e orientadora deste trabalho, por todo incentivo, paciencia e puxões de orelha. E claro sou só mais um louco desse bando de loucos apaixonados pelo S. C. Corinthians Paulista que entre vitórias e derrotas, faz esse sentimento aumentar mais e mais. “A vida é uma peça de teatro que não permite ensaios. Por isso, cante, chore, dance, ria e viva intensamente, antes que a cortina se feche e a peça termine sem aplausos”. “Charles Chaplin” RESUMO Este trabalho teve como proposito auxiliar para o entendimento dos fatores determinantes das parasitoses intestinais envolvendo 50 crianças com faixa etaria entre 7 e 8 anos que estudam na Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf na zona rural do municipio de Paracatu-MG, relativamente com as mesmas condições, ambientais e socioeconômicas. O estudo trata da influência da falta de saneamento básico e de água potavél na predisposição a parasitoses intestinais. Foi realizada a analise de 28 amostras fecais de crianças entre 7 a 8 anos e aplicado um questionário para definição da condição socioeconomica da população em questão. Os resultados apresentados através de gráficos e tabela, onde pode - se notar uma prevalência de 39% das crianças parasitadas deixando assim evidente a influencia da falta de saneamento básico adequado e a predisposição para parasitoses intestinais. Tendo em vista a análise dos resultados, evidência - se a prevalencia de Giardia lamblia com 64% e Entamoeba histolytica em 27% das amostras positivas. Este estudo confirma a necessidade da comunidade em questão de uma assistência especializada na área de saneamento básico e água potavél. Palavras Chave: Saneamento, parasitoses e crianças. ABSTRACT This work had as purpose to assist the understanding of the determinants of intestinal parasitic infections involving 50 children aged between 7 and 8 years studying at the Municipal School Friar Brocardus Stokohf in rural municipality of Paracatu, MG, for the same conditions, environmental and socioeconomic. The study deals with the influence of the lack of sanitation and drinking water in the predisposition to intestinal parasites. We analyzed fecal samples from 28 children aged 7-8 years and a questionnaire to define the socioeconomic status of the population in question. The results presented through graphs and tables where you can - if you notice a prevalence of 39% of children parasitized thus leaving a clear influence of the lack of proper sanitation and predisposition to intestinal parasites. In order to analyze the results, evidence - if the prevalence of Giardia lamblia with 64% and Entamoeba histolytica in 27% of positive samples. This study confirms the need of the community in a matter of expert assistance in the area of sanitation and drinking water. Keywords: Sanitation, and children parasitoeses LISTA DE GRÁFICOS Gráfico 1 - Número de habitantes por residência (n=28) ................................. 26 Gráfica 2 - Renda Familiar mensal (n=28) ...................................................... 27 Gráfico 3 - Residências que possui banheiro domiciliar (n=28) ...................... 28 Gráfico 4 - Quantas casa possuem rede de esgoto em domicilio (n=28) ........ 29 Gráfico 5 - Hábito de lava as mãos antes de cada refeição (n=28) ................ 30 Gráfico 6 - Hábito de lava os alimentos antes de comer (n=28) ....................... 31 Gráfico 7 - Os alunos da Escola Municipal Frei Brocardo Stocohf brincam em contato com areia (n=28) ................................................................................. 32 Gráfico 8 - Hábito de andar descalço (n=28) .................................................. 33 Gráfico 9 - Demonstração do numero de crianças parasitadas (n=28) ............ 34 Gráfico 10 - Prevalência de parasitas intestinais encontrados em crianças 7 a 8 anos da Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf (n=28) .................................. 35 SUMARIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................. 11 1.1 Justificativa............................................................................................... 12 2 OBJETIVOS ................................................................................................. 14 2.1 Objetivos Geral ......................................................................................... 14 2.2 Objetivos Específicos .............................................................................. 14 3 REFERENCIAL TEÓRICO.......... .................................................................. 15 3.1 Saneamento básico ................................................................................. 15 3.2 Parasitoses intestinais............................................................................. 16 4 METODOLOGIA ........................................................................................... 20 4.1 Tipo de estudo ......................................................................................... 20 4.2 Local de estudo ....................................................................................... 20 4.2.1 Caracterização do municipio ............................................................... 20 4.2.2 Caracterização do local de estudo ...................................................... 20 4.3 Delimitação do publico alvo ................................................................... 21 4.4 Aspectos éticos ....................................................................................... 21 4.5 Desenvolvimento do estudo .................................................................... 22 5 RESULTADOS .............................................................................................. 25 5.1 Distribuição dos dados obtidos através questionário aplicado aos pais dos alunos de da escola Municipal Frei Brocardo Stokohf ................ 25 6 DISCUSSÃO ................................................................................................ 36 7 CONCLUSÃO .............................................................................................. 38 REFERÊNCIAS ................................................................................................ 39 APÊNDICES .................................................................................................... 42 1 INTRODUÇÃO Entre os patógenos mais frequentes encontrados em seres humanos os parasitas intestinais. Alguns autores encontraram em trabalhos com crianças sobre enteroparasitoses, muitos encontraram como parasita mais frequente protozoários do gênero Giardia. (MACHADO et al., 1999, FERREIRA ; COSTA et al., 1998, PITTNER et al., 2007, ROCHA et al., 2000). e alguns comensais como Entamoeba coli (FERREIRA; ANDRADE, 2005; MENEZES et al., 2008). Enteroparasitas podem causar grandes danos a seus portadores que incluem entre outros agravos: desnutrição, anemia, quadros de diarreia, obstrução intestinal e má-absorção. As manifestações clínicas são frequentemente proporcionais à carga parasitária albergada pelo indivíduo. (SILVA et al., 2011). De acordo com Ferreira outros (2006), as infecções parasitárias podem ser definidas a partir da penetração, desenvolvimento, ou multiplicação de um agente infeccioso no homem ou mesmo no animal. A parasitose intestinal tem altos índices de prevalência em algumas regiões do Brasil e estão distribuídas por todo o mundo, sendo um importante problema de saúde pública, sendo que a transmissão dos parasitas está diretamente relacionada às condições de vida e higiene das comunidades e seus moradores, ocorrendo assim grande prevalência na população de baixo nível sócio econômico, principalmente entre as crianças. (DE CARLI, TASCA e MACHADO, 2006). As parasitoses intestinais estão distribuídas por todo o mundo com altos índices de prevalência em algumas regiões do Brasil. A transmissão dos parasitas está relacionada às condições de vida e higiene das comunidades, ocorrendo alta prevalência na população de baixo nível sócio econômico, principalmente entre crianças. (DE CARLI, TASCA e MACHADO, 2006). Tendo em vista que a falta de saneamento básico provoca índices elevados de parasitoses intestinais; segundo Coura e outros (1994), relaciona a presença de grupos populacionais de baixo índice socioeconômico e precárias condições sanitárias, ocasionando determinados agravos, sobretudo um alto índice de parasitoses intestinais. A falta de Saneamento Básico e de água potável em algumas regiões pode levar as famílias mais carentes da cidade de Paracatu/MG principalmente 11 da zona rural a atingir altos índices de parasitoses intestinais. O grau de conhecimento da atual situação das enteroparasitoses em crianças préescolares de comunidades menos favorecidas também é muito baixo (COSTA et al., 1998). Assim se mostra necessário a existência de saneamento básico que é o fornecimento de água tratada, estação de tratamento de esgoto, existência de rede de coleta e destino adequado do lixo juntamente à educação da população como a principal forma profilática das enteroparasitoses. (SILVA et al., 2011). Segundo Coura e colaboradores (1994) relacionam determinados agravos como o auto índice de parasitoses intestinais com a presença de grupos populacionais com baixo padrão socioeconômico e precárias condições sanitárias. No noroeste de Minas Gerais, pouco se conhece a respeito da prevalência das parasitoses intestinais, segundo SILVA e outros (2011) em Belo Horizonte foi verificado que crianças menores de 12 anos atendidas pela rede pública de saúde apresentaram os maiores índices de prevalências para parasitoses intestinais. 1.1Justificativa Estima-se que o ser humano pode ser infectado por mais de 100 tipos de parasitas diferentes em toda sua, sendo estas infecções parasitárias responsáveis por mais de um milhão de mortes por ano no Brasil. (FERREIRA et al., 2006). A ocorrência dos parasitos e comensais intestinais em Paracatu (MG) representa um bom indicador das condições socioeconômicas, ambientais e sanitárias que os escolares estão expostos. (MACEDO et al., 2004). Devido ao histórico de precariedade de saneamento básico e o não abastecimento por água potável em zona rural na cidade de Paracatu/MG, se faz necessário um estudo de acompanhamento da região visando minimizar a propagação de parasitoses intestinais na zona rural da cidade. Estudos como o de Macedo et al., (2004) comprovam os autos índices de parasitoses intestinais em Paracatu-MG, onde as maiores taxas de prevalência ocorreram em 12 indivíduos com 08 a 09 anos de idade e menor prevalência em indivíduos na faixa etária de 11 a 13 anos. De acordo com mesmo autor alunos da segunda serie de escolas da rede pública municipal de Paracatu – Mg, apresentou maior índice de indivíduos parasitados, correspondendo a 18% de todos os alunos infectados. Os resultados deste estudo permite verificar a incidência das parasitoses neste grupo contribuindo com uma melhor qualidade de vida aos alunos da Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf de Paracatu/MG e região. . 13 2 OBJETIVOS 2.1 Objetivo Geral Avaliar a prevalência de parasitoses intestinais e das correlações com condições higiênico sanitário dos alunos da Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf. 2.2 Objetivos Específicos Demonstrar a prevalência das parasitoses intestinais entre crianças de 7 a 8 anos da Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf. Analisar se a falta de Saneamento Básico e de fornecimento de água potável são causas de parasitose intestinais entre as crianças em estudo. Orientar através de cartilhas informativa procedimentos corretos de realização de higiene pessoal e alimentar para minimizar as causas de parasitoses intestinais principalmente em crianças. 14 3 REFERENCIAL TEÓRICO 3.1 Saneamento básico É considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) o saneamento como a medida prioritária em termos de saúde pública, até porque, o investimento em saneamento representa uma economia em gastos com prestações de saúde curativa. (BARROSO, 2002). O déficit do setor de saneamento básico no Brasil é elevado, principalmente no que se refere ao esgotamento e tratamento de esgotos, com uma carência mais ampla nas áreas de periferias dos centros urbanos e nas zonas rurais, onde está concentrada a população com menor poder aquisitivo. (GALVÃO JUNIOR, 2009). O censo realizado em 2000 no Brasil evidenciou que a cobertura dos serviços de abastecimento público de água e da coleta de resíduos, atendia três quartos da população brasileira. Entretanto essa cobertura de rede geral de esgotamento sanitário supria mais ou menos a metade dessa população. (FERREIRA et al., 2006). Segundo MOREIRA (2002), 90% dos esgotos são despejados in natura nos solos, rios, córregos e nascentes, ou seja, apenas 10% do total de esgotos produzido recebe algum tratamento, constituindo a maior fonte de degradação do meio ambiente urbano e de proliferação de doenças infecciosas e parasitárias. A região Sudeste é coberta por 77,4% de redes de esgoto, enquanto as regiões Nordeste, Sul e Norte têm, respectivamente, 27%, 25,9% e 4% de cobertura; em relação à renda, a população com renda superior a 20 salários mínimos tem 76,6% de acesso às redes de esgoto, mais do que o dobro das famílias com menos de dois salários mínimos. (GALVÃO JUNIOR, 2009). 15 3.2 Parasitoses intestinais Segundo Neves (2005) a associação entre seres vivos, em que existe unilateralidade de benefícios, sendo um dos associados prejudicados pela associação chama-se parasitismo. Assim o parasito é o agressor, o hospedeiro é o que alberga o parasito. Há estimativa que o ser humano seja infectado por mais de 100 tipos de parasitas, sendo estas infecções parasitárias responsáveis por mais de um milhão de mortes por ano. (FERREIRA et al., 2006). A pré-disposição racial, genética ou a suscetibilidade específica, não passam a serem os fatores que determinam a prevalência de parasitas intestinais, já as diferenças na educação, na cultura e nos hábitos alimentares podem aumentar a exposição à infecção. (DE CARLI, TASCA e MACHADO, 2006). Menezes e outros (2008) afirmam que as aglomerações das crianças em creches podem ser um dos fatores que justifica a maior prevalência de parasitoses nessa população. A infecção parasitária é mais comum em crianças, por meio da via oral– fecal, sendo águas e alimentos contaminados os principais veículos de transmissão. (TOSCANI et al., 2007). Visser e outros (2011) afirmam que as enteroparasitoses são um problema grave de saúde pública, que acomete, na maioria das vezes, crianças pré-escolares (em creches) e escolares, sendo que as áreas menos favoráveis são as mais acometidas. Menezes e outros (2008), em estudo observou como enteroparasitose mais prevalente a Entamoeba coli, sendo assim acometidas 14% das 472 crianças que realizaram o exame de fezes. Já em um inquérito parasitológico realizado pelos autores Uchoa e outros (2004) com 590 crianças e 100 funcionários de uma creche comunitária em Niterói, no período de 4 anos (2000 - 2004), observaram que a maior prevalência foi da parasitose Giárdia lamblia. Dentre os grupos de parasitas que se utilizam do ser humano para completar seu ciclo biológico, destacam-se aqueles relacionados com hábitos e nível socioeconômico da população, tais como a Giardia lamblia, a Entamoeba 16 histolytica, o Ascaris lumbricoides, os Ancilostomídeos, o Strongiloides stercoralis, o Trichuris trichiura e o Enterobius vermiculares. Segundo Barçante e outros (2008), a prevalência de parasitoses intestinais desencadeia quadros de desnutrição, deficiência no aprendizado e no desenvolvimento físico e mental, o que se observa em locais de maior aglomeração de pessoas, principalmente, em instituições como creches. A manifestação desses sintomas é comum, principalmente, nas crianças freqüentadoras de creches, pois vivem em um ambiente com constante contato direto com outras crianças, o que favorece também a fácil disseminação das parasitoses. Barçante e socioeconômicos, outros (2008) saneamento reiteram básico, a influência analfabetismo, de higiene fatores pessoal, sobretudo, nos países em desenvolvimento, na prevalência de parasitoses. Os autores analisam que a frequência à creche pode ser considerada um fator de risco ao aumentar a exposição e a probabilidade de a criança adquirir e desenvolver infecções. Andrade e Ferreira (2005) confirmam que, mesmo que a creche tenha seu ambiente com condições de saneamento adequadas podem ocorrer índices de parasitoses intestinais, isso nos mostra que, ainda assim, são encontradas parasitoses, devido à falta de orientação e higiene por parte da população. Ressaltam que as práticas educacionais, quando bem aplicadas, levam as pessoas a adquirirem os conhecimentos para a prevenção de parasitoses, alcançando objetivos propostos e evidenciando o valor da conscientização da população.e da orientação pedagógica. De acordo com Moraes (2008) as crianças se contaminam a maioria das vezes com agentes infecciosos por não terem o conhecimento para se proteger contra a infecção. As defesas naturais dos animais, inclusive o homem, estabelecem-se lentamente com o aumento da idade, portanto em crianças e adultos sujeitos às mesmas possibilidades de infecção, os índices de infecção são mais altos nas crianças. Segundo Costa e outros (2003) as doenças parasitárias, geralmente, não podem ser diagnosticadas simplesmente com o exame médico, tornando a análise laboratorial necessária para definir se o paciente está ou não infectado com parasita e qual a espécie do mesmo. 17 Os variados tipos de infecção parasitária é mais comum em crianças, pela da via oral–fecal, sendo águas e alimentos contaminados os principais veículos de transmissão. (TOSCANI et.al., 2007). Segundo Rey (2002), dentre os grupos que utilizam o ser humano para completar seu ciclo biológico, destacam-se aqueles relacionados com hábitos e nível socioeconômico da população, tais como a Giardia lamblia, a Entamoelba histolytica e o Ascaris lumbricoides. A giardíase é uma parasitose intestinal causada por protozoário flagelado conhecido por Giardia intestinalis, conhecida como (Giardia lamblia, Giardia duodenalis e Lamblia intestinalis), Em geral o parasitismo por Giardia lamblia se mostra assintomático, quando presentes os principais sintomas são as diarreias líquidas ou pastosas, podendo apresentar muco e raramente sangue ou pus, numero aumentado de evacuações, cólicas abdominais, mal-estar, fraqueza e perda de peso. (REY, 2002). Segundo o mesmo autor sintomatologia em crianças é semelhante constituindo-se por diarreia crônica, dor abdominal e abdome distendido, anorexia, perda de peso e crescimento retardado. Observa-se em áreas endêmicas maior prevalência em crianças nos primeiros anos de vida, reduzindo suas taxas com o aumento da idade. (REY, 2002; FERREIRA et al., 1997). A Entamoeba histolytica de morfologia esférica ou ovóide é apesar de varias espécies de amebas encontradas em parasitismo com o homem a única que tem a capacidade de invadir a mucosa intestinal alimentar-se de bactérias, fragmentos celulares, hemácias. REY (2002). Segundo REY (2002) este parasita é capaz de encistar na luz do intestino grosso e ser expulso pelas fezes. Segundo NEVES (2005) sua frequência é mais ascendente em áreas onde a população apresenta baixo nível socioeconômico e higiênico sanitário e admite-se que cerca de 10% da população mundial seja acometida por amebíase. Em sua grande maioria os casos de amebíase se mostram assintomáticos ou com poucos sintomas, porém, pode haver algumas formas latentes que conduzem a surtos agudos da doença e eventualmente, graves complicações. 18 É importante relatar que a amebíase pode levar a complicações como perfuração intestinal (rara), hemorragia, devido à ulceração da mucosa causada pelo parasita, apendicite e ameboma que consiste na formação de tecido granulomatoso firme e com ulcerações, principalmente na parede anorretal e no cecum. (Rey, 2002; NEVES, 2005). A ascaríase, que também é conhecida como ascaridíase ou ascariose, é uma parasitose causada por um nematoide chamado Ascaris lumbricoides, popularmente conhecido por lombriga ou bicha, onde no intestino delgado, principalmente ao longo das alças jejunais fica sua localização no hospedeiro, e mede cerca de 30 a 40 cm (fêmea) e 15 a 30 cm (macho). Pode ser considerada a mais comum entre todas as parasitoses intestinais e com distribuição mundial, chegando a atingir um quarto dessa população. (MACHADO et al., 1999). Segundo REY (2002), a ascaridíase é frequente em lugares com clima quente e úmido e sua prevalência é maior em crianças de um a dez anos de idade, principalmente com condições socioeconômicas precárias, uma vez que se trata de uma geo-helmintose. Estes parasitas podem permacer no intestino sem causar manifestações clínicas, sendo diagnosticados, na maioria dos casos, por eliminação da larva nas fezes ou por exame parasitológico positivo. Quando sintomáticos, porém, os principais sintomas relatados são: desconforto abdominal do tipo cólica intermitente, dor epigástrica e má digestão, náuseas, perda do apetite, emagrecimento, prurido no nariz, irritabilidade, sono intranquilo e ranger de dentes. (REY, 2002). Existem vários métodos de analise laboratorial dentre os mais comuns estão: método direto e método de concentração por sedimentação que evidencia respectivamente em fezes liquefeitas e formadas parasitos como Ascaris lumbricoides; Giardia lamblia; Trichuris trichuria; Entamoeba histolytica. 19 4 METODOLOGIA 4.1 Tipo de estudo Esta pesquisa é de caráter quantitativo-descritivo. Segundo LAKATOS et al., 2009, este tipo de pesquisa consiste em investigação empírica cujo objetivo principal é o delineamento ou analise das características de fatos ou fenômenos, a avaliação de programas, isso pode ser feito através de técnicas como entrevistas, questionários, formulários dentre outros, e empregam procedimento de amostragem. 4.2 Local de estudo 4.2.1 Caracterização do município O município de Paracatu está situado no Planalto Central de Minas Gerais/Goiás, fazendo parte da Mesorregião Noroeste de Minas Gerais, segundo o censo do IBGE 2011 Paracatu contem 82.362 habitantes. Se localiza a 490 Km de Belo Horizonte e 220 Km de Brasília, ocupando uma área de 8.229,11 Km2. As coordenadas geográficas da cidade de Paracatu são latitude: 17 graus, 13 minutos e zero segundos com longitude: 46 graus, 52 minutos e 27 segundos. (IBGE, 2011). 4.2.2 Caracterização do local de estudo A pesquisa foi realizada na Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf da zona rural na região da Fazenda Contagem na BR mg 188 km de Paracatu/MG. O presente projeto teve sua realização entre os meses de fevereiro e março de 2012, será realizado na Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf localizada na zona rural a aproximadamente 12 km do município de ParacatuMg, esta escola esta com 50 crianças de 7 a 8 anos matriculadas na 2ª serie do ensino fundamental. 20 4.3 Delimitação do publico alvo A Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf foi escolhida por estar na zona rural e mesmo assim ser de fácil acesso, por possuir 50 crianças na faixa etária escolhida de 7 a 8 anos de idade matriculadas na 2ª serie do ensino fundamental, de acordo com a prevalência de incidências comprovadas em estudos já realizados por outros autores. O município de Paracatu-MG possui atualmente 40 escolas conveniadas entre pré-escola e nono ano do ensino fundamental. Segundo Macedo (2004), constatou em sua pesquisa as maiores taxas de prevalência ocorreram em indivíduos com 08 a 09 anos de idade e menores na faixa etária de 11 a 13 anos. De acordo com o mesmo autor a segunda série de escolas da rede pública municipal de Paracatu – Mg, foi observado o maior índice de indivíduos parasitados, correspondendo a 18% de todos os alunos infectados. Atualmente, apesar das campanhas realizadas nas escolas, sabe-se que os níveis de parasitismo continuam elevados, especialmente em crianças com idade inferior a 12 anos em várias regiões brasileiras quer seja na cidade ou em zonas rurais. (NEVES, 2005; REY, 2002). 4.4 Aspectos éticos Todas as etapas deste estudo foram fundamentadas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde, a qual “incorpora, sob a ótica do indivíduo e das coletividades, os quatro referenciais básicos da bioética: autonomia, não maleficência, beneficência e justiça, entre outros, e visa assegurar os direitos e deveres que dizem respeito à comunidade científica, aos sujeitos da pesquisa e ao Estado”. (UCHOA et al., 2004). O presente estudo teve o objetivo detectar se com a falta de saneamento básico e de água potável há prevalência de parasitas intestinais nas crianças com idade entre 7 e 8 anos da Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf. 21 4.5 Desenvolvimento do estudo O Trabalho foi executado em quatro etapas descritas a seguir: Primeira etapa: Foi realizada uma visita no local do estudo, para uma demonstração de como seria realizado o projeto para a diretora do colégio, neste momento foi entregue para ela os termos de consentimento, frascos para coleta, avaliação dos critérios de inclusão e exclusão da pesquisa e orientação do participante quanto aos procedimentos de coleta da amostra. Esta primeira etapa ocorreu na primeira quinzena de fevereiro de 2012 sendo realizada apenas na Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf ParacatuMg. Este procedimento teve por finalidade buscar consentimento da direção da escola que foi realizado o estudo, com isso foi passado para a diretora Vânia os termos de consentimento livre esclarecimento (Anexo A) que foram devidamente assinados por 28 responsáveis autorizando assim seus filhos a participarem do projeto, também foram entregues neste momento os frascos para a realização da coleta das amostras juntamente com um informativo de como deve ser coletada a amostra além de um questionário socioeconômico que foi preenchido pelos responsáveis com o intuito de realizar uma correlação de clinica com possíveis casos de parasitoses intestinais nas crianças em estudo. Os termos correspondentes como termo de consentimento, informativo de método de coleta, questionário socioeconômico estão anexo ao projeto. Segunda etapa: Aconteceu o recolhimento dos questionários, termos de consentimento e das amostras, sendo feita a sua devida identificação e assim transportada até o laboratório Bioclínica onde foi realizado os exames assim que a amostra chegou ao laboratório. Esta segunda etapa que ocorreu na segunda quinzena de fevereiro de 2012, consistindo no recolhimento dos questionários e termo de consentimento devidamente preenchido e assinado pelo responsável, juntamente com a amostra coletada que foi identificada com o nome da criança e um numero que também estava presente no questionário, esta identificação foi feita com uma caneta especifica para escrever em coletores plásticos, após a identificação as 22 amostras foram conduzidas dentro de uma caixa de isopor, preservando a integridade das mesmas para o laboratório Bioclínica onde foi realizado o exame parasitológico de fezes. O exame parasitológico de fezes foi realizado através da sedimentação espontânea que segue os seguintes passos: Colocar cerca de 5g de fezes, coletados de várias partes do bolo fecal, em copo graduado ou Becker de 250 ml. Completar o volume de 50 a 60 ml de água corrente e misturar vigorosamente. Preparar a suspensão juntando 100 ml de água corrente. Filtrar essa suspensão através de gaze dobrado 4 vezes, recolhendo-a em copo de sedimentação de capacidade de 125 ml. Se necessário, adicionar água corrente, até completar aproximadamente ¾ do volume do copo cônico. Deixar a suspensão em repouso durante 1 a 2 horas. Com uma longa pipeta capilar, fixada a um bulbo de borracha, colher uma pequena porção do sedimento na camada inferior, depositando sobre uma lâmina. Se a preparação estiver muito espessa, diluir com uma gota de solução salina a 0,85% ou água corrente. Colher amostra adicionais do centro e do fundo do sedimento. Examinar ao microscópio, a presença de ovos, larvas e cistos. Após o exame microscópico foi realizado a elaboração dos laudos que foram elaborados e assinados pelo laboratório Bioclinica. Terceira etapa: Esta etapa consistiu na entrega dos resultados na escola em questão, onde não foi possível a presença dos país e por isso foi mandado para cada responsável as cartilhas de como se higienizar e como higienizar os alimentos antes de consumi-los, a diretora e professores estiveram presentes para entrega dos laudos e cartilhas. Nesta etapa que ocorreu na primeira quinzena de março de 2012, a entrega dos resultados foi realizada juntamente com a entrega de cartilhas educativas demonstrando maneiras profiláticas para minimizar a incidência de parasitoses intestinais nestas crianças, demonstrando em forma de gráficos os dados encontrados com a pesquisa realizada com eles mesmo para com isso deixar claro que este mau esta acontecendo com eles o que pode acontecer 23 com qualquer pessoa, mas também mostrou que tem caminhos e maneiras para minimizar e até evitar essa ocorrência. Quarta etapa: Foi realizada na segunda quinzena de março de 2012, consiste no processamento dos dados obtidos através do questionário e resultados dos exames parasitológicos, sendo realizada uma comparação com a literatura existente. Avaliando desta forma a predisposição dos pesquisados a parasitoses intestinais. Sendo assim após a realização dos exames parasitológicos e da conferencia dos questionários, foi feito o levantamento comprobatório de que estes indivíduos estão sendo parasitados e que a falta de saneamento básico e de água potável juntamente com a falta de informação estão contribuindo para este acometimento. Este levantamento está demonstrado em gráficos. 24 5 RESULTADOS Participaram desta pesquisa 28 crianças com idade entre 7 e 8 anos, todas na 2ª serie do ensino fundamental da Escola Municipal Frei Brocardo Stocohf, as quais residem da zona rural próxima a escola. 5.1 Distribuição dos dados obtidos através questionário aplicado aos pais dos alunos de da escola Municipal Frei Brocardo Stokohf Através do questionário estruturado aplicado aos pais dos alunos, foi possível conhecer a realidade de cada criança matriculada na escola, sobre questão de higiene pessoal entre outros aspectos que serão apresentados nos gráficos a seguir. De acordo com o Gráfico 1 o numero de habitantes por residência encontrado entre os alunos da Escola Municipal Frei Brocardo Stocohf varia entre 3 pessoas com 57,15%, 4 pessoas 25%, 5 pessoas 10,7% e 6 ou mais com 7,15%. Onde a prevalência de parasitoses intestinais aumentou de acordo com o maior número de habitantes por residência. Segundo Orlandini e Matsumoto (2010) de acordo com o número de moradores na residência as condições de vida de uma família podem variar, pois a renda mensal, quando dividida de forma “per capta”, será diluída entre eles. Em estudo realizado pelo mesmo autor foi observado que entre as famílias que habitavam 05 moradores predominou a prevalência de enteroparasitas. 25 Gráfico 1 - Número de habitantes por residência (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva Como demonstrado no gráfico 2 a renda familiar dos alunos da Escola Municipal Frei Brocardo Stocohf varia em valores entre 1 salário mínimo correspondendo a 10,70%, até 2 salários mínimos 75% e até 3 salários mínimos com 14,30% das famílias. No estudo realizado por Orlandini e Matsumoto (2010), constatou que a renda familiar pode estar diretamente relacionada a incidências de enteroparasitoses, já que foi observado que famílias com renda de 1 salário mínimo mensal teve uma maior prevalência entre as demais famílias com renda mensal superior a 1 salário mensal. 26 Gráfica 2 - Renda Familiar mensal dos alunos com faixa etária entre 7 a 8 anos matriculados na Escola Municipal Frei Brocardo Stocohf (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva De acordo com os resultados do questionário demonstrados no gráfico 3 evidenciou que 95,5% das famílias possuem banheiro em casa e apenas 3,5% não possuem banheiro em casa. Segundo Ferreira e colaboradores (2005) em estudo realizado sobre aspectos socioeconômicos relacionados a parasitoses intestinais em escolares de Estiva Gerbi - SP, em questão a localização da privada, verificou-se que na maioria (73,9%) das casas a privada era dentro da residência, sendo que 97,8% destas possuía descarga, ou seja, quase a sua totalidade. Também foi observada uma diferença significativa para a localização dos banheiros nas residências, sendo maior o número de casos positivos para enteroparasitas quando os banheiros eram localizados fora das residências. 27 Gráfico 3- Residências que possui banheiro domiciliar (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva Conforme o gráfico 4, as famílias não são atendidas pelo tratamento de rede de esgoto, este muitas vezes são jogados a céu aberto elevando assim a possibilidade das crianças serem acometidas por parasitoses intestinais. Segundo MOREIRA (2002), no Brasil apenas 10% do total de esgotos produzido recebe algum tipo de tratamento, sendo assim, 90% são despejados in natura nos solos, rios, córregos e nascentes, desta forma constituindo a maior fonte de degradação do meio ambiente urbano e de proliferação de doenças infecciosas e parasitárias. É importante salientar que o saneamento básico é uma das medidas que causa maior impacto sobre algumas das principais doenças humanas, como a ascaridíase e a diarreia. (ROCHA et al., 2000). Segundo Moreira (2002), apenas 10% do total de esgotos produzido recebe algum tratamento, ou seja, 90% são despejados in natura nos solos, rios, córregos e nascentes, constituindo a maior fonte de degradação do meio ambiente urbano e de proliferação de doenças infecciosas e parasitárias. 28 Gráfico 4 - Quantas casas possuem rede de esgoto em domicilo (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva Como demonstrado no gráfico 5 dos alunos em questão 75% dizem lavar as mãos antes das refeições e 25% afirmam não realizar essa higienização, quando é feito de maneira correta ajuda a prevenir a contaminação por parasitas intestinais. Segundo Zaiden e colaboradores (2008) por crianças não realizarem corretamente a higienização das mãos, acabam sendo importantes meios de transmissão. Principalmente, porque as crianças costumam colocar as mãos contaminadas de terra na boca. Além do convívio com animais de estimação, podendo carregar cistos de parasitos em seus pelos, também se tornando fonte de contaminação para seus donos, principalmente as crianças. 29 Gráficos 5 - Hábito de lavar as mãos antes de cada refeição (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva Lavar os alimentos antes de ingeri-los pode evitar que a criança ou qualquer outra pessoa leve diretamente um parasita para seu organismo, principalmente em zona rural onde é frequente o cultivo de arvores frutíferas que, quando o fruto cair pode ocorrer a ingestão sem a devida higienização deste alimento,conforme o gráfico 6. Segundo Toscani e outros (2007) as criança estão mais sujeitas a serem contaminadas por infecção parasitária, por meio da via oral–fecal, tendo como principais veículos de transmissão águas e alimentos contaminados. Zaiden e colaboradores (2008) relacionaram a prevalência de parasitoses com os cuidados na preparação, na forma incorreta de consumo e na manipulação dos alimentos, como hortaliças e carnes, por estes estarem contaminados. 30 Gráfico 6 - Hábito de lavar os alimentos antes de comer (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva Para crianças é praticamente impossível realizar qualquer atividade sem que haja o contato com o solo, aumentando assim sua exposição a parasitas intestinais. Como demonstrado em gráfico 7 todas as crianças desta escola brincam em contato com a areia que na maioria das vezes esta contaminada. Segundo Machado e colaboradores (1999) a contaminação do solo por helmintos e protozoários acontece através da eliminação de seus cistos, ovos ou larvas nas fezes, podendo ser transportados por meio da poeira dos alimentos ou por correntes de água. 31 Gráfico 7 – Os alunos da Escola Municipal Frei Brocardo Stocohf brincam em contato com areia (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva Como mostra o gráfico 8, 32,14% das crianças costumam andar descalças mantendo assim seu contato com o solo contaminado e 67,86% afirmam não andarem descalças. Com relação ao controle da doença devem-se desenvolver atividades de educação em saúde com relação a hábitos pessoais de higiene, particularmente o de lavar as mãos antes das refeições e o uso de calçados. Evitar a contaminação do solo mediante a instalação de sistemas sanitários para eliminação das fezes, especialmente nas zonas rurais (BRASIL, 2006). 32 Gráfico 8 - Hábito de andar descalço (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva Este estudo revelou que 39% das crianças pesquisadas albergavam cistos, larvas ou ovos de pelo menos uma espécie de parasito intestinal. Como demonstrado no gráfico 9. Um estudo seccional realizado por Coura e outros (1994) na população residente em um de cada quatro domicílios habitados na cidade de Barcelos, norte do Estado do Amazonas, visando avaliar as condições sociais, sanitárias e os indicadores específicos para as parasitoses intestinais e para infecção chagásica, mostrou que 69,4% das amostras apresentavam um ou mais parasitos. 33 Gráfico 9 - Demonstração do número de crianças parasitadas (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva O protozoário Giardia lambia foi o parasito mais encontrado em toda a análise correspondendo 64% das amostras positivas, seguida por Entamoeba histolytica com 27% das amostras positivas e Ascaris lumbricoides correspondendo 9% das amostras positivas, como demonstrado no gráfico 10. De acordo com Moraes, (2008) transmissão pode acontecer de diversas formas, no caso da giardíase (Giardia intestinalis) e da amebíase (Entamoeba histolytica), os cistos são os agentes infectantes, porém estes só são viáveis no caso de sofrerem a ação do ar, razão pela qual não há auto-infecção sem a passagem pelo ar. Os ovos desses vermes podem contaminar a água, os alimentos e o ar, tendo acesso ao organismo por ingestão de vários modos. Segundo Ferreira et al., 2005 a doença parasitária pode ser causada tanto por protozoários como por helmintos. Em se tratando de helmintos, um dos mais frequentes é o nematelminto Ascaris lumbricoides dentre outros. Já entre os protozoários, destacam-se Entamoeba histolytica e Giardia duodenalis. 34 Gráfico 10 - Prevalência de parasitas intestinais encontrados em crianças 7 a 8 anos da Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf (n=28) Fonte: Elaborado pelo acadêmico Diogo Oliveira da Silva 35 6 DISCUSSÃO O estudo realizado com os alunos da Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf, foi bem esclarecedor e confirmou o que relatam autores como, Moraes (2008) as crianças se contaminam com agentes infecciosos por não saberem se proteger contra a infecção. As defesas naturais dos animais, inclusive o homem, estabelecem-se lentamente com o aumento da idade, portanto em crianças e adultos sujeitos às mesmas possibilidades de infecção, os índices de infecção são mais altos nas crianças. Moraes e outros (2008) também afirmam que as enteroparasitoses são um grave problema de saúde pública, acometendo, principalmente, crianças pré-escolares (em creches) e escolares, sendo que as áreas menos favoráveis são as mais acometidas. Foi possível evidenciar o relatado por grandes autores como os citados acima, comprovando através dos resultados obtidos que crianças tem sim uma maior predisposição a estarem contraindo diversas parasitoses intestinais como as mais encontradas nas analises Giardia lamblia, Entamoeba histolytica e Ascaris lumbricoides. Uchoa e outros (2004) em inquérito parasitológico realizado com 590 crianças e 100 funcionários de uma creche comunitária em Niterói, no período de 4 anos (2000-2004), observaram que a maior prevalência foi da parasitose Giárdia lamblia. Já no estudo realizado pelos autores Menezes e colaboradores (2008), a enteroparasitose mais prevalente foi a Entamoeba coli, sendo que foram acometidas 14% das 472 crianças que realizaram o exame de fezes. Segundo Ferreira et al., 2005 a doença parasitária pode ser causada tanto por protozoários como por helmintos. Em se tratando de helmintos, um dos mais frequentes é o nematelminto Ascaris lumbricoides dentre outros. Já entre os protozoários, destacam-se Entamoeba histolytica e Giardia duodenalis. E de acordo com Barçante e outros (2008) que reiteram a influência de fatores sócio-econômicos, saneamento básico, analfabetismo, higiene pessoal, sobretudo, nos países em desenvolvimento, na prevalência de parasitoses. A falta de saneamento básico, abastecimento por água potável, higiene pessoal dentre outros fatores são aspectos que podem ter contribuído para 36 essa predisposição a parasitoses intestinais pelas crianças, pois isso fica evidente relacionando as respostas dos questionários aplicados aos resultados da analise das amostras fecais destas crianças uma vez que estejam expostas a condições precárias de saneamento básico. Segundo Moreira (2002), apenas 10% do total de esgotos produzido recebe algum tratamento, ou seja, 90% são despejados in natura nos solos, rios, córregos e nascentes, constituindo a maior fonte de degradação do meio ambiente urbano e de proliferação de doenças infecciosas e parasitárias. Não foram observadas diferenças estatísticas consideráveis em relação aos coeficientes de prevalência dos parasitas intestinais segundo idade, gênero. 37 7 CONCLUSÃO O presente estudo teve como objetivo avaliar se a falta de saneamento básico, de água potável e de higiene pessoal adequada aumenta a predisposição a parasitoses intestinais entre crianças com idade de 7 a 8 anos da 2ª serie do ensino fundamental da Escola Municipal Frei Brocardo Stokohf na zona rural do município de Paracatu-MG. Necessita que os programas de controle das parasitoses devem dar prioridade às crianças, por representarem o grupo mais vulnerável ao aparecimento de parasitoses (MORAES, 2008). Dentre as amostras de 28 crianças analisadas observou-se que 39% dessas albergavam pelo menos um tipo de parasita, o que diferenciou de estudos brasileiros como o de Ferreira e outros (2002) que encontrou 59,7% (n=72), no assentamento de Campo Florido, Minas Gerais. Os indivíduos parasitados tiveram a prevalência de 64% parasitadas por Giardia lamblia, 27% parasitadas por Entamoeba histolytica e 9% parasitadas por Ascaris lumbricoides. Segundo Ferreira e colaboradores (2005) a doença parasitária pode ser causada tanto por protozoários como por helmintos. Em se tratando de helmintos, um dos mais frequentes é o nematelminto Ascaris lumbricoides dentre outros. Já entre os protozoários, destacam-se Entamoeba histolytica e Giardia duodenalis. Tendo em vista o presente estudo, demonstra que as crianças da faixa etária não beneficiada pela assistência sanitária, sem água potável e sem realizar higiene adequada tanto pessoal quanto alimentar, contribui para a predisposição de parasitoses intestinais, ficando clara a necessidade de medidas corretivas para que esse acometimento não aumente e com tratamento medicamentoso faça essas crianças deixarem de ser portadoras destes parasitas. 38 REFERÊNCIAS ANDRADE, S. F. C.; FERREIRA, R. G. 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Trop., Uberaba, v. 38, n. 5, p. 402-405, set./ out. 2005. 39 FERREIRA, H. et al .;Estudo Epidemiológico Localizado da freqüência e fatores de risco para enteroparasitoese e sua correlação com o estado nutricional de crianças em idade pré-escolar. Publicado. UEPG: Ciências Biológicas. Saúde, Ponta Grossa, 12 (4):33-40, dez 2006. GALVÃO JUNIOR, AC. Desafios para a universalização dos serviços de água e esgoto no Brasil. Revista Panamerica de Saude Publica, Public Helth, 25 (6): 548-556, 2009. IBGE. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. 2011.- Disponível em http://www.ibge.gov.br. Acessado em 13 de Nov. 2011. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Fundamentos da Metodologia Científica. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2009. 315p. MACHADO, RC et al; Giardíase e helmintíase em crianças de creches e escolas de 1° e 2° graus (públicas e privadas) da cidade de Mirassol (SP, Brasil). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 32 (6): 697704, nov/dez 1999. MENEZES, A. et al. 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Medicina, Ribeirão Preto, v. 41, n.2, p.182-187, 2008. 41 APENDICE 42 APENDICE A- TERMO DE AUTORIZAÇÃO DE PAIS OU RESPONSÁVEIS (PARA MENORES DE DEZOITO ANOS) Eu___________________________________, Carteira de Identidade nº__________SSP/_______ CPF nº_____________________responsável legal, na qualidade de __________________________________(pai, mãe ou tutor), do menor _______________________________________________________________, Certidão de nascimento nº_____________, nascido (a) em ___ de ________do ano de _________, AUTORIZO(AMOS) a participação no Projeto de pesquisa INFLUÊNCIA DA FALTA DE SANEAMENTO BÁSICO E DE ÁGUA POTÁVEL NA PREDISPOSIÇÃO A PARASITOSES INTESTINAIS EM ALUNOS DA ESCOLA FREI BROCARDO STOKOHF DA ZONA RURAL DE PARACATU/MG, assumindo toda a responsabilidade pela presente autorização e participação do menor. A presente declaração tem por objetivo permitir a participação do menor, no projeto em questão. Paracatu – MG, ____de _____________de 2012 ____________________________________________________________ Assinatura do Responsável legal. 43 APENDICE B: QUESTIONARIO NOME DO MENOR:______________________________________Nº_____ IDADE:________ SEXO: ( ) MASCULINO ( )FEMININO NOME DO RESPONSAVEL________________________________________ 1. QUANTAS PESSOAS MORAM EM SUA CASA CONTANDO COM VOCÊ? ( )2 ( ) 3 ( ) 4 ( ) 5 ( ) MAIS DE 5 2. QUAL A RENDA MENSAL DA FAMILIA? ( ) ATÉ R$545 ( ) ATE 2 SALARIOS MINIMOS ( ) ATE 3 SALARIOS MINIMOS ( ) ATE 4 SALARIOS MINIMOS ( ) MAIS DE 4 SALARIOS MINIMOS 3. EM SUA CASA POSSUI BANHEIRO? ( ) NÃO ( ) SIM 4. EM SUA CASA TEM REDE DE ESGOTO: ( ) NÃO ( ) SIM 5. COSTUMA LAVAR AS MÃOS ANTES DAS REFEIÇÕES? ( ) NÃO ( ) SIM 6. TEM O HABITO DE LAVAR OS ALIMENTOS ANTES DE INJERILOS? ( ) NÃO ( ) SIM 7. BRINCA EM CONTATO DIRETO COM AREIA? ( ) NÃO ( ) SIM 8. COSTUMA ANDAR DESCALÇO? ( ) NÃO ( ) SIM Paracatu – MG ____de __________de 2012. _____________________________________________________ Assinatura do Responsável Legal 44
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