LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A

Transcrição

LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A
1
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A RELAÇÃO DAS PARASITOSES E
O BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR
Bibliographical Survey on the List of Low Income and School Parasitosis
Dulcianne Soares Camargo ¹
Katymilla Guimarães Girotto²
¹ Graduanda no Curso de Licenciatura Plena em Biologia do Instituto Luterano de Ensino
Superior da Universidade Luterana Brasileira (ILES/ULBRA) de Itumbiara, GO, Brasil
<[email protected]>
² Graduada em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Mestre
em Parasitologia e Imunologia Aplicadas pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU),
docente adjunto no curso de Biologia do Instituto Luterano de Ensino Superior na
Universidade Luterana Brasileira (ILES/ULBRA)
de Itumbiara, GO, Brasil
<[email protected]>
¹ Endereço para correspondência:
Avenida Beira Rio, 1001, Nova Aurora, Itumbiara GO, Brasil CEP -75523230
2
LEVANTAMENTO BIBLIOGRÁFICO SOBRE A RELAÇÃO DAS PARASITOSES E
O BAIXO RENDIMENTO ESCOLAR
Bibliographical Survey on the List of Low Income and School Parasitosis
Resumo: O presente trabalho teve como objetivo comparar artigos publicados que
mencionam se há alguma relação entre parasitas intestinais e o mau desempenho escolar.
Foram utilizados artigos científicos dos últimos 22 anos (1990 à 2012), caracterizando uma
pesquisa bibliográfica, para isso, foram utilizados artigos em português e/ou inglês e que
relacionavam as verminoses com o desempenho escolar . Os artigos foram comparados entre
si, de modo que indicaram ou não relação entre as notas e desempenho escolar de crianças que
cursam o Ensino Fundamental e possíveis exames laboratoriais realizados. Os artigos
analisados apontaram que a presença de parasitas influenciam o rendimento escolar das
crianças, e a falta de informação e saneamento básico constituem os principais fatores para a
contaminação das crianças.
Palavras chave: Parasitas. Saneamento Básico. Desempenho Escolar.
Abstract: This study aimed to compare published articles that mention if there is any
relationship between intestinal parasites and poor school performance. Papers were used in 22
years (1990 to 2012), featuring a literature search for this, we used articles in Portuguese and /
or English and that the worms related to school performance. The articles were compared to
each other, so that indicated whether or not the relationship between grades and school
performance of children who attend elementary school and possible laboratory tests
performed. The articles analyzed showed the presence of parasites influence the academic
performance of children, and lack of information and basic sanitation are the main factors for
contamination of children.
Keywords: Parasites. Sanitation. School Performance.
3
Introdução
As verminoses infestam milhões de Brasileiros, sobretudo, no interior de estados,
estão catalogadas, estreitamente, com duas amplas áreas de acréscimo humano- educação para
a saúde e saneamento básico. Segundo Milliano (2005), a educação e a saúde, vistas muitas
vezes como assuntos menos importantes, são questões que interferem uma na outra e que
merecem ser vistas em conjunto.
Educação para a saúde na escola cita à formação de caráteres e valores que levam o
aluno ao comportamento inteligente, revertendo em benefício de sua saúde e da saúde dos
outros. Não se limita a dar informações; preocupa-se em motivar a criança para analisar,
aprender e aferir as fontes de conhecimentos, em torná-la capaz de propor seu comportamento
com base no conhecimento (BRITO, 2003).
A educação em saúde tem por cargo tornar o cidadão capaz de alterar seus hábitos e
comportamentos e de estar em condições de reivindicar seus direitos, portanto, a prática
educativa em saúde ajuda a construir um cidadão consciente de seu papel enquanto agente
social (LOUREIRO, 1996)
Segundo Santos et al,(1990), mesmo que haja ampla literatura sobre a seriedade das
enteroparasitoses para a saúde pública, de maneira especial, em relação a escolares, pouca
atenção tem sido dada ao assunto, nos programas de formação de educadores.
O parasitismo intestinal se constitui em um dos mais graves problemas de saúde
pública no Brasil, sobretudo pela sua correlação com o grau de desnutrição das populações
(FERREIRA E ANDRADE, 2005) e pelos efeitos que podem ocasionar sobre os estados
físicos, nutricional e mental da população infantil (CIMERMAN E CIMERMAN, 2005).
As parasitoses intestinais representam um sério problema de saúde pública, assim
como em outros países em desenvolvimento, visto que acometem grande número de pessoas,
necessitando de maior atenção quando afeta as crianças, principalmente com carência
alimentar. As enteroparasitoses podem causar a desnutrição, do mesmo modo que a
desnutrição pode facilitar a ocorrência de infecções por enteroparasitas (NESTLÉ, 1999;
BRITO et al., 2003).
Contudo, as parasitoses intestinais acontecem principalmente em regiões menos
desenvolvidas. O acontecimento de parasitoses, e sua prevalência variam de acordo com
clima, qualidades socioeconômicas, educacionais e sanitárias da região. Nos países em
desenvolvimento, elas podem chegar à índices de 90%, aumentando à medida que agrava o
nível socioeconômico (ORLANDINI 2001; MATSUMOTO 2001). Porém, as crianças com
parasitoses intestinais apresentam pior estado nutricional (peso/altura) quando comparadas
àquelas sem parasitas (TSUYOKA et al 1999; BAILEY et al, 1999; GUIMARÃES et al,
1999) A população que é mais acometida por essas doenças são as crianças, acarretar um
déficit nutricional, anacronismo no desempenho escolar e retardo no acréscimo físico
(PINHEIRO et al, 2007), solicitando a incapacidade intelectual e física dos sujeitos
parasitados (MARQUES et al, 2001; MACEDO, 2005).
Portanto, com base nesta argumentação, indaga-se: pode a existência de parasitas
influenciar no desempenho escolar de crianças? Tem-se, portanto, como hipótese que existe
estreito relacionamento da existência de parasitas nas crianças com o seu desempenho escolar.
Pautados na problemática e na hipótese, estabelece-se como objetivo geral, comparar
artigos publicados que mencionam se há alguma relação entre parasitas intestinais e o mau
desempenho escolar. Com isso, espera-se detectar se entre os diversos artigos publicados
sobre as parasitoses intestinais, algum prove que crianças portadoras de algum parasita
intestinal influenciam no mau desempenho na sala de aula.
Assim sendo, se buscará verificar se tal fato acontece pela falta de informações
necessárias e básicas, e até mesmo por descuido dos pais. Ainda nesta direção os objetivos
4
específicos procurarão averiguar se as verminoses se destacam nas populações de baixa renda,
se esses parasitas podem causar outro tipo de retardo na vida social da criança, e ainda
verificar se de fato o mau rendimento escolar e notas baixas podem estar ligadas à existência
de parasitas, tudo isso estudado, pesquisado, e comprovado em artigos sobre as parasitoses
intestinais.
É relevante destacar que devido à falta de saneamento básico e dificuldades de acesso
ao atendimento médico no Brasil, os surtos e as epidemias atingem cada vez mais as
populações mais pobres. Essas questões acarretam problemas no desempenho escolar das
crianças também. Com isso a proposta de verificar se as existências de parasitas intestinais
podem influenciar direta ou indiretamente no rendimento escolar das crianças, buscando
compreender se outros fatores como a falta de informação, e renda baixa podem estar
relacionados à existência desses parasitas é de extrema importância.
Metodologia
Este estudo caracteriza- se como uma pesquisa bibliográfica em que foram utilizados
artigos científicos dos últimos 11 anos (2011 à 2012), os quais relacionaram a presença de
verminoses com o desempenho escolar das crianças. Os critérios de inclusão utilizados foram
a língua portuguesa e/ou inglesa e os artigos publicados nos últimos 22 anos; enquanto que os
critérios de exclusão envolviam aqueles artigos publicados antes de 1990, em outra língua
sem ser o português e/ou inglês. Além disso, os artigos que não deram prioridade em crianças
com idade escolar como público alvo de sua pesquisa, também foram excluídos.
O site utilizado para a busca foi o Google Acadêmico. Eos artigos artigos analisados
estavam publicados em revistas indexadas. As palavras- chave utilizadas na busca foram:
crianças e parasitas, mau desempenho escolar, parasitismo intestinal, relaçã entre parasitas
intestinais e crianças em idade escolar.
Os artigos foram comparados entre si, de modo que indicaram ou não relação entre
as notas e desempenho escolar de crianças que cursam o Ensino Fundamental e possíveis
exames laboratoriais realizados.
Abaixo estão listados os artigos utilizados para essa pesquisa, totalizando 19
documentos (quadro1):
Referência
Título
Revista
ANTUNES, R. M.; ANTUNES, Prevalência
de Enciclopédia biosfera, Centro
M. V.J.; OLIVEIRA, L.G.;
enteroparasitoses em crianças Científico Conhecer - Goiânia,
de um centro Escolar de vol.7, N.12; 2011
ambiente rural de São
Mateus, ES, Brasil.
BAMABÉ,A.S; LOPORTA, Parasitoses intestinais em
G.Z; GULHERME P.E, crianças de uma creche em
CUTLAC, V; GNAM, M.
Santo André e em uma
Unidade Básica de Saúde
em Mauá.
CASTRO, A. Z.
Levantamento
das
Parasitoses Intestinais em
Escolares da Rede Pública
na Cidade de Cachoeiro de
Itapemirim – ES
FIGUEIREDO,
M.I.O.; Parasitoses Intestinais em
SERRES, P.S.
Crianças com Idade de 24 a
58 Meses das Escolas
Saúde Coletiva , 57- 60.
2008.
NewsLab - edição 64 – 2004
NewsLab - edição 106 –
2011
5
FONSECA,
K.C.L.E.;
SILVEIRA, L.V.P.C
GOMES R.P
KUNZ, J. M. O.; VIEIRA,
A. S.; VARVAKIS, T.;
GOMES, A.A.; ROSSETO,
A.A.; BERNARDINI, O.J.;
Municipais de Educação
Infantil,
Relacionando
Alguns
Aspectos
Socioeconômicos,
Uruguaiana, RS.
Estudo das parasitoses
gastrointestinais
em
crianças de 0 a 12 anos
atendidas pelo laboratório
central de Anápolis-GO.
Fatores condicionantes de
parasitoses intestinais em
crianças de 1 a 8 anos de
idade.
educação
e
prevalência.
Parasitas intestinais em
crianças
de
escola
municipal de Florianópolis,
SC – Educação ambiental e
em saúde.
Anhaguera Educacional S.A
2010
Academia de ciência e
Tecnologia de São José do
Rio Preto.
Biotemas, 21 (4): 157-162,
dezembro de 2008
LIMA, L.G.F;
Enteroparasitoses
em Avesso avesso, Araçatuba,
crianças de idade pré escolar v.2 n.2, p. 124 -136. jun.
e escolar.
2004
MACEDO,H. S.
Prevalência de Parasitos e
Comensais Intestinais em
Crianças de Escolas da
Rede Pública Municipal de
Paracatu MG.
Importância do estudo da
prevalência de parasitos
Intestinais de crianças em
idade escolar.
MELO,E. M.
RBAC vol. 37(4): 209-213,
2005.
Rev. Saúde e Biol., v. 5, n. 1,
p. 43-47, jan./jul. 2010
ORO, D.; KOPROSKI, G.K.; Prevalência
de
parasitas Unoesc & Ciência - ACBS,
ORO, N.A.; SBARDELOTTO, intestinais em crianças de Joaçaba, v. 1, n. 2, p. 151C.; SEGER, J.
Descanso – Santa Catarina –
156, jul./dez. 2010.
Brasil.
PITTNER, E.
Enteroparasitoses
em
crianças
de
uma
Comunidade escolar na
cidade de Guarapuava, PR.
PRADO, M. S.; BARRETO, Prevalência e intensidade
M. L.; STRINA, A.; FARIA, da infecção por parasitas
J. A. S.; NOBRE, A, A.; intestinais em crianças na
JESUS,S. R.;
idade escolar na Cidade de
Salvador (Bahia, Brasil)
Revista Salus-GuarapuavaPR. jan./jun. 2007; 1(1): 97100
Revista
da
Sociedade
Brasileira
de
Medicina
Tropical 34(1):99-101, janfev, 2001.
RUELA, A.I.S; MATTOS, B.F; Frequência de parasitoses em Universidade do Vale do Rio
FERREIRA, E.A.R; SILVA, crianças em idade escolar e a Doce.
P.M.
relação com o índice de massa
6
corporal-imc
municipal São
distrito de São
Itabira
da
Itabirinha-MG.
na
escola
Sebastião do
Sebastião do
cidade
de
SANTOS,B.
M. de O.; Epidemiologia
das
CANO, M. A.T; JÚNIOR L. Parasitoses intestinais em
A. N. UNIFRAN SP.
Crianças de Creches de Rio
Verde-GO.
SILVA, A. N.;
Avaliação de parasitoses
intestinais em crianças de
uma escola Municipal de
passo Fundo-RS.
SILVA,
C.
À.
S, Condições de saneamento e
AZAVEDO, J. D. F.; a incidência de parasitoses
MOURA, C. S., FRANÇA, intestinais como fatores de
M. T.; MAGALHÃES, R. risco
para
o
baixo
S.;
SOUZA,
E.
C.; rendimento escolar.
FERREIRA
F. E. D.;
SILVA, K. M.; PAIVA, M.
N .; MAIO, R. M ; SOARES,
J. M.; SOUZA, S. M. S.
TREVISAN,
A.C.C.;
ZIEMBOWICZ,
G.;
MARTINS, J.; FALCÃO, M.É.
F.;
GERSTBERGER,
M.;
KRUG, N.; FORNO, R. D.;
R. V. SIQUEIRA e J. E.
FIORINI
Medicina, Ribeirão Preto,
2008; 41 (2), abr./jun. p.4.
2008
Comunidade
Evangélica
Luterana
São
Paulo
Reconhecida pela Portaria
Ministerial, 2009.
Saúde Coletiva, 57- 60.
2008.
Ocorrência de parasitoses Revista Contexto & Saúde,
intestinais em crianças de Editora UniJui v.3, n7, p 177uma instituição municipal da 182. Jul/dez 2004
cidade de Santo Ângelo (RS,
Brasil).
R. Un. Alfenas, Alfenas, 5:215Conhecimentos
e 220, 1999
procedimentos
de
crianças em idade escolar
frente as parasitoses
intestinais.
Resultados e Discussões
Para esse trabalho, foram analisados 19 artigos, 100% afirmaram que a maioria dos
casos diagnosticados de parasitoses intestinais, apresentam ligação direta com os níveis
socioeconômicos, ou seja, as famílias de baixa renda não possuem tanto acesso à rede pública
de saúde, deixando vasta incompreensão quanto aos parasitas, formas de profilaxia e
tratamento. Contudo, as crianças possuem mais facilidades de adquirir algum parasita
intestinal, pois nas escolas e em suas moradias há déficit de saneamento básico e ausência de
conhecimento. Observa- se ainda que a maioria dos casos acontece entre a população de
difícieis condições sanitárias e níveis sócio-econômicos mais baixos (SMITH e UCHÔA
2001). Segundo Quadros et al., 2004; Tome et al.(2005) os fatores envolvidos na analogia
parasito- hospedeiro são essenciais para compreensão da história natural da doença e para a
construção de níveis de atenção básica de saúde. Assim, entender as exterioridades ambientais
onde os indivíduos vivem como, saneamento básico, passa a ser de extrema seriedade para a
dedução crítica da forma em que as parasitoses surgem numa comunidade. Muitas dessas
parasitoses que são transmitidas ao ser humano são originadas de animais, e essa transmissão
7
se dá de caráter direto ou indireto, por isso é de tamanha necessidade as informações sobre
zoonoses parasitárias, tornando- se essencial sob o ponto de vista de saúde pública. Contudo
entende-se por saneamento básico, de acordo com Barroso, (2002) o conjugado de ações
integradas que envolvem as diversas fases, do ciclo da água. São elas as que mais se
destacam: adução, tratamento, distribuição, a captação efusão industrial e o esgotamento.
Contudo, a frequência de parasitoses intestinais no Brasil é intensa, tanto quanto em
outros países em desenvolvimento, sofrendo determinando variáveis quanto à região, grau de
escolaridade, nível sócio-econômico, condições de saneamento básico, idade e aos hábitos de
higiene de cada pessoa (MACHADO et al, 1999). Portanto dos 19 artigos analisados 100%
afirmam que a falta de saneamento básico é de extrema importância para a proliferação de
parasitas intestinais, no Brasil, o déficit do setor de saneamento básico é elevado, sobretudo
no que se refere ao tratamento de esgotos e esgotamento, com alta carência nas zonas rurais,
nas áreas periféricas dos centros urbanos, onde há aglomeração da população mais carente
(GALVÃO JUNIOR, 2009). Rego; Faleiros et al., 2002 e Santos et al., (1999) observaram
que as condições de saneamento básico não foram alcançadas de maneira aceitável, já que a
população quando questionada sobre esse assunto, informou de forma inadequada suas
respostas, pois não tinham conhecimento exato sobre o destino do esgoto de suas casas.
Podemos salientar, com base no questionário respondido, que essa população possui um
saneamento básico aceitável. Podendo não ser esse o pretexto da existência de parasitoses nas
crianças observadas. Porém, sabe-se que a ligação com as condições de saneamento básico e
as parasitoses, é primordial para viabilizar a propagação mais intensa desses parasitas.
Diante dos artigos analisados encontra- se apenas 10,52 % que afirmam ser o descuido
dos pais o fator cooperador para o contágio das crianças por parasitas intestinais. Santos,
Cano e Júnior 2008, relataram que as crianças permanecem sob encargo da mãe, o que
comprova uma conduta típica da sociedade brasileira, em que a mesma, na maior parte dos
fatos, se responsabiliza pelos cuidados dos filhos. A despeito da escolaridade dos
responsáveis não ter se apontado expressivo na ocorrência de parasitoses intestinais, outros
autores como Machado, Cristante, Marcari e Carareto (1999), apontam esse fator como
referência de maior suscetibilidade às parasitoses.
Dentre os 19 artigos analisados, 100% apontam que essas crianças contraem esses
parasitas por não possuírem hábitos adequados de higienização , tais como não lavarem as
mãos antes das refeições, andar descalço, fazerem uso do banho de bacia e poços de água
estarem em ligação com cursos d’água, onde há presença de dejetos humanos. Constatou- se
que há forte relação entre a qualidade de vida destas crianças que na maioria das vezes é
precária, com incidência de parasitose intestinal e o seu acréscimo que não é suficiente
(SILVA,1997 apud FERREIRA et AL., 2006) . Segundo Giraldi, Vidotto, Navarro e Garcia,
2001, a higiene pessoal, como lavar as mãos antes das refeições, tomar banho todos os dias e
após a defecação, cortar as unhas, andar calçado, dentre outras conceitos básicos, são
essenciais para uma vida saudável. Esses fatores são importantes na redução dos riscos de
infestação por parasitos entre as crianças. Em abundantes regiões, as parasitoses intestinais
estão profundamente relacionadas com as condições sanitárias, pela frequência com que
acontecem e pela probabilidade de incapacitarem as pessoas abordadas (SANTOS et al.,
1999).
Dos 19 artigos analisados, 31,57 % relataram que a falta informações necessárias e
básicas são um dos fatores para que crianças venham contrair algum parasita. De acordo com
Munhoz et. al., (1990) o desconhecimento sobre conceitos preventivos são fatores que
colaboraram para que as populações menos beneficiadas e, em particular, as crianças
adquiram parasitoses intestinais. Segundo Vitalle et al., (2003); Souza et al., (1997); Castro et
al.,(2005), a falta de conhecimento, falta de moradia, promiscuidade, são fatores que
favorecem as parasitoses intestinais, o que elucida cada vez mais o controle do meio ambiente
8
como decisivo do processo saúde-doença. Gomes (2006), diz ainda que os fatores
condicionantes para o parasitismo intestinal, podem ser a carência de atitudes corretas para
profilaxia e de informações básicas .
Nos 19 artigos analisados, 100 % apontaram que a presença de parasitas pode
influenciar no rendimento escolar. Oliveira (2007) diz que a presença de parasitas intestinais
provoca déficit nutricional, prejudicando o desenvolvimento infantil e ainda com o
agravamento das doenças parasitárias, além de ser prejudicial no adiantamento físico e o
aproveitamento escolar da criança, causando também diarréia, perda protéica, desnutrição
intestinal, anemias, dor abdominal e má absorção de nutrientes (BENCKE et al, 2006;
BISCEGLI, 2009; FERREIRA et al, 2006). Uma das desordens que mais afetam crianças são
as infecções parasitárias e exercem alarmantes efeitos no desenvolvimento escolar,
crescimento estatural e estado nutricional.
Os países decadentes são os mais afetados por estas contaminações, pois suas
qualidades sanitárias são inferiores se comparadas às dos países em crescimento (PRADO et
al., 2001). Melo, (2010) diz que o principal agravo das parasitoses intestinais em crianças em
idade escolar é o acometimento do acréscimo físico e mental, atrapalhando assim, o início do
aprendizado. A anemia, ocasionada por verminoses, pode ocorrer pequenos sangramentos
intestinais, aumentando a perda de ferro (DOMENE, 2004). As decorrências tendem a afetar o
desempenho, principalmente quanto à capacidade de atenção e rendimento escolar,
enfraquecendo a agilidade para a prática do aprendizado. Dentro deste contexto o
acontecimento da anemia em crianças torna-se comprometedora da conduta, principalmente
quanto à aptidão de atenção e rentabilidade escolar, diminuindo a habilidade para o
aprendizado, ao mesmo tempo proporcionando repetência, idade inadequada da criança na
série e evasão escolar (ARAÚJO et al, 2009).
Conclusões
Os artigos analisados apontaram que a presença de parasitas influenciam o rendimento
escolar das crianças, a falta de esclarecimentos e saneamento básico são uns dos principais
fatores para a contaminação das crianças em idade escolar. Acredito que características
próprias de crianças em idade escolar e o clima podem estar também relacionado a esses
fatores. Observa-se também que a maioria dos artigos apontam que as crianças são mais
vulneráveis quanto a contaminação de parasitas intestinais, principalmente em escolas, onde o
aglomerado se torna mais intenso, dificultando que elas tenham hábitos corretos de higiene.
Contudo essas crianças em grande parte são ainda dependentes dos pais para terem hábitos
corretos de higiene, quando os pais não recebem nenhum tipo de informação e esclarecimento
por parte de seus responsáveis e do governo através de programas sociais, torna- se quase
impossível que seus filhos também recebam a informação necessária para aprenderem a ter
bons e corretos hábitos de higiene, com isso conclui-se que a falta de informação dos pais
pode fazer com que a criança adquira algum parasita. Creio que possivelmente na maioria dos
casos em que algumas crianças se desenvolvem mais lentamente que as demais, podem estar
com algum parasita hospedeiro, mesmo que durante sua vida não tenha feito exames para
comprova- lo de fato, contudo o exame de fezes seria indispensável a todas as crianças que
apresentassem os sintomas. Percebendo-se também que a existência e o grau de parasitos nas
crianças de baixa renda pela ingestão de alimentos mal cozidos, pela ingestão de frutas ou
verduras sem o cuidado preciso e correto quando lavados.
9
Referências
ARAÚJO, BS; SANTOS, JF; NEIVA, TS; MAGALHÃES FILHO, RR & RIOS, DS.
Associação das parasitoses intestinais com anemia e eosinofilia em escolares do povoado de
Matilha dos Pretos, Feira de Santana, Bahia, Brasil. Sitientibus Série Ciências Biológicas, 9
(1): 3-7, 2009.
BARROSO, LM. Saneamento Básico: competências constitucionais da União, Estados e
Municípios. Revista de Informação Legislativa, Brasília, 38 (153): 255- 270, jan/mar 2002.
BENCKE, A. et al. Enteroparasitoses em Escolares Residentes na Periferia de Porto Alegre,
RS, Brasil. Vol. 35 (1): 31-36. Jan-abr. 2006
BISCEGLI, T. S.; Romera, J. R.; Candido, A. B.; et al. Estado nutricional e prevalência de
enteroparasitoses em crianças matriculadas em creche. Revista. Paul Pediatra 2009; 27(3):
289-95.
BRITO, L. L. et al. Fatores de risco para anemia por deficiência de ferro em crianças e
adolescentes parasitados por helmintos intestinais. Revista Panam Salud Publica/ Pam Am J
Public Health, 14 (6), 422-431, 2003.
CASTRO, T. G.; NOVAES, J. F.; SILVA, M. R. et al.Caracterização do consumo alimentar,
ambiente socioeconômico e estado nutricional de pré-escolares de creches municipais.
Revista Nutrição, maio/jun. 2005, vol. 18, n.º 3, p. 321-330.
CIMERMAN, B.; CIMERMAN, S. Parasitologia Humana e seus fundamentos gerais. 2.
ed. São Paulo: Atheneu, 2002.
DOMENE, SMA. O Papel do ferro sobre a nutrição e a saúde. Serviço de Informação da
Carne, Comitê Técnico do SIC, PUC, Campinas, 2004.
FALEIROS, J. M. M. et al. Ocorrência de enteroparasitoses em alunos da escola pública de
ensino fundamental do município de Catanduva (São Paulo, Brasil). Revista Instituto Adolfo
Lutz 2004; 63 (2): 243-7.
FERREIRA, H. Et AL. Estudo epidemiológico localizado da frequência de fatores de risco
para enteropearasitoses e sua correlação com o estado nutricional de crianças em idade préescolar: Parasitoses intestinais e desenvolvimento infantil. Publicação UEPG Ciências
Biológicas Saúde, Ponta Grossa, v.12, m.4, p.33-34, dez. 2006.
FERREIRA,G.R.;ANDRADE, C. F. S. Alguns aspectos socioeconômicos relacionados a
parasitoses intestinais e avaliação de uma intervenção educativa em escolares de Estiva Gerbi,
SP. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, São Paulo, v. 38, n. 5, p. 402405, set-out, 2005.
GALVÃO JUNIOR, AC. Desafios para a universalização dos serviços de água e esgoto no
Brasil. Revista Panam Salud Publica, Public Helth, 25 (6): 548-556, 2009.
GIRALDI N, VIDOTTO O, NAVARRO IT, GARCIA JL. Enteroparasites prevalence among
daycare and elementary school children of municipal schools, Rolandia, PR, Brazil. Revista
Sociedade Brasileira de Medicina tropical 2001; 34 (4): 385-7.
10
GOMES, R.P. Fatores condicionantes de parasitoses intestinais em crianças de 1 a 8 anos de
idade. Educação e prevalência. Academia de Ciências e Tecnologias de São José do Rio
Preto, 2006.
LOUREIRO, C. F. B. "A Problemática de Saúde da Criança no Brasil: Desafios p/ uma
Prática Educativa". Revista Brasileira de Saúde na Escola, 4 (1/2) 1996
MACEDO, H. S. Prevalência de parasitos e comensais intestinais em crianças de escolas da
rede pública municipal de Paracatu (MG). Revista Brasileira de Análises Clínicas, São
Paulo, v. 37, n. 4, p. 209-213, 2005.
MACHADO, RC; MARCARI, EL; CRISTANTE, SFV & CARARETO, CMA. Giardíase e
helmintíase em crianças de creches e escolas de 1° e 2° graus (públicas e privadas) da cidade
de Mirassol (SP, Brasil). Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 32 (6):
697-704, nov/dez 1999.
MARQUES, S. M. T.; BANDEIRA, C.; QUADROS, R. M. Prevalência de enteroparasitoses
em Concórdia, Santa Catarina, Brasil. Parasitol Latinoam, v. 60, p. 78 - 81, 2005.
MACHADO RC, MARCARI EL, CRISTANTE SFV, CARARETO CMA. Giardíase e
helmintíase em crianças de creches e escolas de 1º e 2º graus (públicas e privadas) da cidade
de Mirassol (SP, Brasil). Revista Sociedade Brasileira de Medicina Tropical.1999; 32 (6):
697-704.
MATSUMOTO, L. S. Prevalência de Parasitoses Intestinais em Escolares. Universidade
Estadual do Norte do Paraná, Campus Luiz Meneghel (UENP/CLM),2001.
MELO, E. M. Importância do Estudo e Prevalência de Parasitas Intestinais de Crianças em
Idade Escolar. Revista Saúde e Biologia., v. 5, n. 1, p. 43-47, jan./jul. 2010
MILLIANO, M. M. Problemas de saúde interferem expressivamente no desempenho escolar .
Dissertação de mestrado realizado na USP em 2005. Publicado em 2011.
MUNHOZ, R.A. R..; FAINTUCH, M.B.; VALTORTA, A. Enteroparasitoses em pessoal de
nutrição de um hospital geral: incidência e valor da repetição dos exames. Revista Hospital
Clínicas Faculdade Medicina São Paulo, v.45, n.2, p.57-60, 1990.
NESTLÉ NUTRITION SERVICE, 44. Resumo do 44º Seminário de Nestlé Nutrition: Riscos
para as crianças na cadeia alimentar. Nestlé Nutrition Service, 1996.
ORLANDINI, M. R. Prevalência de Parasitoses Intestinais em Escolares. Escola Estadual
Imaculada Conceição, Jacarezinho-PR, 2001.
OLIVEIRA C. B.; S., A. S.; M. , S. G. Occurrence of Parasites in Soil of Childish Squares in
Day Care Center Municipality of Santa Maria – RS. Revista da FZVA. Uruguaiana, v.14,
n.1, p. 174-179. 2007
PINHEIRO, R. O. et al. Ocorrência de parasitas intestinais entre crianças do pré-escolar de
duas escolas de Vassouras, RJ. Revista Brasileira de Farmácia, v. 88, n. 2, p. 98-99, 2007.
11
PRADO, M. S.; BARRETO, M. L.; STRINA, A. et al.. Prevalência e intensidade da infecção
por parasitas intestinais em crianças na idade escolar na Cidade de Salvador (Bahia, Brasil).
Revista Brasileira de Medicina Tropical, jan./ fev. 2001, vol. 34, n.º 1, p.99-101.
QUADROS, R.de et.al. Parasitas intestinais em centros de educação infantil municipal de
Lages SC, Brasil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.37, n.5, p. 422
– 423, set./ out.2004.
REGO, R. C. F.; Barreto, M. L, Killinger, C. L. O que é lixo afinal? Como pensam mulheres
residentes na periferia de um grande centro urbano. Caderno Saúde Pública; 18 (6): 158392. 2002.
SANTOS MG, M. Cl, M. GS. Conhecimentos Sobre Helmintoses Intestinais De Crianças De
Uma Escola De Minas Gerais, Revista Brasileira de Programa de Ciências, 42:188-194,
1990. Disponivel em: <www.google.com.br> acessado em: 09/09/11
SANTOS,B. M. de O.; CANO, M. A.T; JÚNIOR L. A. N. UNIFRAN SP. Epidemiologia das
Parasitoses intestinais em Crianças de Creches de Rio Verde-GO, p.4. 2008
SANTOS, J. F. dos. Estudo das Parasitoses intestinais na comunidade carente dos bairros
periféricos do município de feira de Santana (BA), 1993-1997. Sitientibus, Feira de Santana,
n.20, p.55-67, Jan./jun. 1999
SIGULEM DM, T. ES, Paiva ER, Guerra CCC. Anemia nutricional e parasitose intestinal em
menores de 5 anos. Revista Paulista de Medicina 103:308-312, 1985.
SILVA, C. G.; SANTOS, H. A.. Ocorrência de parasitoses intestinais da área de abrangência
do Centro de Saúde Cícero Idelfonso da Regional Oeste da Prefeitura Municipal de Belo
Horizonte, Minas Gerais. Revista de Biologia e Ciências da Terra, v. 1, n. 1, 2001.
SILVA, N. R., CHAN, M. S., BUNDY, D. A. P. Morbidity and mortality due to ascariasis: reestimation and sensivity analysis of global numbers at risk. Tropical Medicine and
International Health, 2: 519-528, 1997
SOUZA JUNIOR, J. A.; MOURA, J. R.; BENTSSON, A. M et al. Incidência de parasitose
intestinal em escolares da rede municipal de ensino da zona rural de Juiz de Fora. Revista
Brasileira de Medicina, 1997, vol. 54, n.º 7, p. 544-558.
TOME, R. O. et.al. Inquérito epidemiológico sobre conceitos de zoonoses parasitárias para
professores de escolas municipais de ensino infantil de Araçatuba- SP, Brasil. Revista
Ciência em Extensão, v.2, n.1, 2005. ISSN:1679- 4605.
TSUYUOKA, R., BAILEY, J. W., GUIMARAES, A. M. d'A. N. et al. Anemia e parasitoses
intestinais em escolares de primeiro grau em Aracaju, Sergipe, Brasil. Cad. Saúde Pública,
abr./jun. 1999, vol.15, no.2, p.413-421.
UCHÔA, C. M. A. et al. Parasitoses intestinais: prevalência em creches comunitárias da
cidade de Niterói, Rio de Janeiro – Brasil. Revista Instituto Adolfo Lutz, v. 60, n. 2, p.97101, 2001.
VITALLE, M. S. S.; ROMERO, K.T.; MEDEIROS, E.L.G.R. Prevalência de anemia
carencial ferropriva, parasitoses intestinais e estado nutricional em pacientes assistidos no
12
centro de atendimento e apoio ao adolescente. Revista Brazilian Pediatric News, vol. 5, n.º
1, março, 2003.

Documentos relacionados

Adriana Sapata - Faculdade Tecsoma

Adriana Sapata - Faculdade Tecsoma regiões do Brasil e estão distribuídas por todo o mundo, sendo um importante problema de saúde pública, sendo que a transmissão dos parasitas está diretamente relacionada às condições de vida e hig...

Leia mais

helmintíases em pré-escolares de uma escola

helmintíases em pré-escolares de uma escola constituem um importante problema de saúde devido ao caráter endêmico, à repercussão negativa no progresso socioeconômico e aos efeitos negativos sobre a população infantil (MACHADO, 1999; STEPHENS...

Leia mais

FACULDADE TECSOMA Curso de Biomedicina Talita Emanuela

FACULDADE TECSOMA Curso de Biomedicina Talita Emanuela De acordo com Uchôa et al. (2001) as crianças de zero a cinco anos de idade estão mais vulneráveis as infecções parasitárias, devido a alguns fatores como: imaturidade do sistema imunológico, defic...

Leia mais

Parasitoses intestinais em crianças de uma região rural da

Parasitoses intestinais em crianças de uma região rural da As parasitoses intestinais (helmintoses e protozooses) representam um grave problema de saúde pública nos países em desenvolvimento. A morbilidade causada por estes agentes patogénicos é na maioria...

Leia mais