JC Relations

Transcrição

JC Relations
Jewish-Christian Relations
Insights and Issues in the ongoing Jewish-Christian Dialogue
Wistrich, Robert S. | 01.07.2007
Anti-semitismo moslim - Um Perigo claro e Presente
por Robert S. Wistrich
Introdução
Faz dezesseis anos que o historiador Bernard Lewis, autoridade líder em história do Médio Oriente
observou friamente:
O volume de livros e artigos anti-semíticos publicados, o tamanho e número de edições e
impressões, a eminência e autoridade daqueles que os escrevem, publicam e os patrocinam,
o lugar deles em currículos de escola e colégio, o seu papel na mídia de massa, parecem
todos sugerir que o anti-semitismo faz parte essencial da vida intelectual árabe no tempo
presente – quase tanto quanto o aconteceu na Alemanha nazista, e consideravelmente mais
que no fim do século dezenove e no início do século vinte na França.1
Apesar de preocupação séria sobre a produção vasta de literatura anti-semita no mundo árabe e
moslim, Lewis, como a maioria de outros comentadores, cria que esse ódio árabe carecesse da
qualidade visceral e intensamente intima do anti-semitismo da Europa central e oriental. Segundo a
sabedoria convencional, o anti-semitismo em terras árabes era “ainda largamente político e
ideológico, intelectual e literária”, carecendo de qualquer animosidade pessoal profunda ou
ressonância popular.2
… Harkabi pensava que o anti-semitismo árabe era principalmente literário e político,
produto de propaganda governamental e de elites, sem fundamento popular. Hoje, isso é
claramente não o caso.
Apesar da sua veemência e ubiqüidade, a judeufobia do Médio Oriente era vista dominantemente
(até por Lewis) como função do conflito árabe-israeli, cinicamente explorada para razões de
propaganda por regentes elites intelectuais árabes: era “algo que vêm de cima, da liderança, antes
que de baixo, da sociedade – uma arma política e polêmica, a ser descartada se e quando não mais
procurada” 3.
Mas essa suposição era, por meu ver, excessivamente otimista e intelectualmente questionável
mesmo no tempo em que foi feita. Nos anos recentes, chegou isso a ser crescentemente aparente
como o vírus anti-semítico tomou raiz na política corporal do Islame a um degrau sem precedentes.4
Vê Robert S. Wistrich, Hitler"s Apocalyse … "Nesse livro argüi que o anti-semitismo árabe e
islâmico tivesse potencial genocidal, e que via o Estado de Israel como a encarnação do
próprio mal, merecendo da sentença de morte. Sugeri que "visões árabes-moslins de
estrangular Israel jogando-o no mar, mostrassem uma afinidade óbvia com o nazismo" …
Creio que essa análise vindicou amplamente nos anos recentes."
A reivindicação desarmadora está sendo, não obstante, ainda ouvida em certos quartéis árabes que,
desde que os árabes são “semitas”, estes não podem, por definição, serem considerados como antisemitas. Esse sempre era e é um argumento absurdo por muitas razões.
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Primeira, o conceito “semita” é classificação lingüista, não uma racial ou nacional, que tem um
significado preciso somente em relação à família de línguas, a qual inclui hebraico, árabe e
aramaico.5
Segunda, o termo “anti-semitismo”, primeiro cunhado na Alemanha por Wilhelm Marr em 1879, não
era intentado para significar árabes. Era claramente dirigido exclusivamente a judeus como arma
contra a sua emancipação. O seu colorar obviamente racial o fazia soar como um substituto
científico para o ódio mais religioso tradicional aos judeus. Raça no fim do século dezenove, deve ser
lembrado, não adquirira o opróbrio e estigma que iria atrair mais tarde.
Terceira, Hitler e os nazistas não eram mais que felizes para convidar o grande mufti de Jerusalém e
o líder do movimento nacional árabe palestinense, Haj Amin al-Husseini, à Berlim do tempo da
guerra como hospede honrado e aliado, mesmo quando estavam embarcando no assassínio em
massa da Judiaria européia. Que al-Hussein pertencia ao braço da família lingüística “semítica” não
deteve Heinrich Himmler, o cabeça implacável da SS, do desejar ao grande mufti qualquer sucesso
na sua luta “contra os judeus estrangeiros”.6
Vê Moshe Pearlman, Mufti of Jerusalem …! Para o telegrama de congratulação do 2 de
novembro de 1943 de Himmler no aniversário da Declaração de Balfour. O telegrama
começou por especificamente lembrando que o partido nazista inscrevera na sua bandeira “a
exterminação da Judiaria Mundial”. A cumplicidade poderia dificilmente ser mais evidente.
Também, por sua parte, nenhum sentido de fidelidade a “anti-semitismo” impediu al-Husseini de
declarar entusiasticamente em 2 de novembro de 1943 que “os alemães sabem como livrar-se dos
judeus”. De fato, o líder nacional dos árabes palestinenses enfatizou o elo ideológico entre alemães
e moslins:
Os alemães nunca prejudicaram qualquer moslim, e estão outra vez combatendo o nosso
inimigo comum… Mas na maior parte, resolveram definitivamente o problema judaico. Esses
vínculos, e especialmente o último [a “Solução Final”], faz da nossa amizade com a
Alemanha, não uma provisória, mas sim uma amizade permanente e duradoura baseada no
interesse mútuo.7
… O discurso de Haj Amin al-Hussein começou com várias citações anti-judaicas do
Corão. Em 1º de março de 1944, falando outra vez na rádio Berlim, o mufti de
Jerusalém chamou os árabes a se levantarem e lutarem: “Matai os judeus seja onde
for que os encontrardes. Isso agrada a Deus, à historia e `religião. Isso salva a vossa
honra. Deus está com vós” … Vê Wistrich, Hitler’s Apocalipse [A Apocalipse de
Hitler]…para a crença de Haj Amin há semelhanças ideológicas fortes entre o Islame
e o Nacional-Socialismo, especialmente o autoritarismo, anticomunismo e ódio aos
judeus deste.
Mas a gente não precisa recorrer à colaboração árabe, moslim ou palestinense com a judeufobia
nazista genocidal para perceber que atitudes hostis profundas a judeus não cessam ser antisemíticas, simplesmente porque estão sendo expressas por árabes em língua árabe. Por exemplo, os
Protocolos dos Presbíteros de Sião é produto típico do anti-semitismo da Rússia do fim do século e
europeu, derivando duma tradição histórica e cultural obviamente distinta daquela dos árabes
moslins. Mas quando está sendo publicado em edições repetidas pelo mundo árabe, cessa a ser
produto puramente europeu, entrando na corrente principal do pensar árabe.8
Pelo ano de 1870, já havia nove edições separadas dos Protocolos no mundo árabe moslim.
… Hoje há mais que 60 edições e língua árabe diferentes, facilmente conseguíveis em lojas
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de livros nas grandes cidades do mundo moslim.
O seu apelo chega a ser tanto maior porque, para muitos moslins e árabes, a noção de judeus como
incorporando uma força onipotente, oculta chegou a ser mais palpável e concretizada por vendo os
Protocolos como “manifesto sionista para a conquista do mundo”9 Ao mesmo tempo, o espectro
duma conspiração poderosa, satânica ajuda também para aliviar o trauma psicológico e a
humilhação de derrotas árabes sucessivas nas mãos de Israel e do Oeste. Faz só poucos meses que
os Protocolos foram até “dramatizados” numa série de trinta partes de multi-milhão de dólares
produzida no Egito pelo rádio e televisão árabes, exibindo um lance de 400. Segundo um semanal
proeminente do Egito, expectadores árabes podiam finalmente ser expostos à estratégia central “de
que até este mesmo dia, a política, aspirações políticas e o racismo de Israel dominam”.10
Intelectuais árabes e anti-sionistas ocidentais que, contra toda a evidência, não obstante continuem
negar a existência de anti-semitismo “semítico”, muitas vezes pretendem que haja uma distinção
pontuada entre judeus e sionistas na literatura relevante. Realmente, isso era raramente o caso até
no passado, e onde tal diferenciação possa uma vez ter existida, foi totalmente erosada.
Por mais que cinqüenta anos, o termo “judeu” (Yahûd) tem sido, de fato confundido ou usado de
modo trocável com “sionista” (Sahyyûniyyûn), com “israelis” ou “Crianças de Israel” (Banû Isrâîl).11
A escala aumentante e extensão íngreme dessa literatura e comentário veementemente antisemíticos nas gazetas, jornais, rádio, televisão e na vida cotidiana do Médio Oriente inundavam
aquela minoria de árabes que realmente tentavam separar as suas atitudes aos judeus da sua
rejeição do sionismo.12
Além disso, a onda correncial presente de anti-semitismo se tem cristalizada por alguns anos para
um fenômeno genuinamente de massa. Faz cinco anos, Daniel Piper já observou:
Nos vinte anos desde Camp David, o sentimento egípcio contra Israel foi de mal para pior.
Em números esmagadores, políticos, intelectuais, jornalistas e figuras religiosas continuem
rejeitar o legado de Sadat, difamando e injuriando o estado judaico.13
O mesmo padrão é verdadeiro do populacho jordaniano nos anos recentes, apesar do tratado de paz
com Israel. Associações e negócios profissionais na Jordânia mantêm boicotes oficiais e inoficiais de
Israel, enquanto líderes religiosos jorram calúnias viciosas sobre sionismo e judeus nos seus sermões
semanais e aparências públicas.
Atrás dessa rejeição árabe jaz uma barragem de imagens derrogatórias e repulsivas de judeus e
Judaísmo a ser encontrada na mídia endossada tanto por governo quanto por oposição, em
publicações populares e acadêmicas, em imagens de televisão, em caricaturas e nos gravadores de
cassetes de clérigos, muito antes obscureceram qualquer fronteira remanescente entre antisionismo e anti-semitismo. A corrente de imagem visual e verbal vitriólica se estende de Marrocos
aos estados do golfo e ao Irã; está tão forte no Egito supostamente “moderado” com está nas
nações árabes abertamente hostis com Iraque, Líbia e Síria.
Os judeus estão sendo retratados em cartões árabes como demônios e assassinos, como gente cheia
de ódio, repugnante a ser temida e evitada. Estão sendo vistos como a origem de todo o mal e
corrupção, autores duma conspiração escura, insensível para infiltrar e destruir a sociedade moslim
afim de eventualmente assumir o mundo.14
A distorção mais visual mais comum do judeu é retratá-lo como um homem escuro, barbudo que usa
roupa preta com um nariz comprido, curvado e uma aparência diabólica – uma espécie de
estereótipo horrível familiar do trapo da propaganda nazista clássica, Der Stürmer. 15 O próprio
Judaísmo está sendo apresentado como uma religião sinistra imoral, baseada em intrigas e rituais de
sangue, enquanto os sionistas estão sendo sistematicamente igualados ou identificados com racistas
ou nazistas criminosos. A finalidade é, não simplesmente delegitimar Israel moralmente como
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estado judaico e entidade nacional no Médio Oriente, mas desumanizar o Judaísmo e o povo judaico
como tal. No observador objetivo remotamente familiar com essa cascada de ódio correntemente
alcançante alturas de difamação, pode duvidar que esteja profunda e totalmente anti-semita. O
pretexto “anti-sionista” trivial para esse material dessa sarjeta chegou a ser francamente um insulto
à inteligência de qualquer indivíduo decente. Como Hillel Halkin observou:
Israel é o estado dos judeus. Sionismo é a crença de que os judeus devem ter um estado.
Difamar Israel é difamar os judeus. Querer que nunca tivesse existido ou cessasse de existir
é querer destruir os judeus.16
O intento de destruir Israel tem, no entanto, continuado de ser a força central de motivação na
perspectiva de muitos árabes. A premissa cerne de que Israel tenha de sumir do mapa é, não é
somente um axioma fundamentalista religioso, mas um amplamente compartilhado pelos
nacionalistas árabes e palestinenses, bem como pela maioria da rua árabe. O anti-semitismo chegou
a fazer de fato parte integral e orgânica dessa cultura árabe-moslim de ódio – instrumento potente
de incitamento, terror e manipulação política.17
A persistência, integridade e profundeza desse ódio não nos devem cegar, no entanto, para o fato de
que, historicamente falando, anti-semitismo é um fenômeno relativamente novo entre os moslins em
geral. Não existia como força significante no mundo islâmico tradicional, como veremos que algumas
das sementes das atitudes anti-judaicas contemporâneas podem ser encontradas no Corão e em
outras fontes islâmicas primitivas. Apesar da escuridão da fase presente nas relações moslêmicasjudaicas, é útil lembrar que houve momentos de paz e harmonia, bem como de conflito amargo
nessa história longa de interação.
Relações moslêmicas-judaicas na História: Nem tudo “de Ouro”
Judeus e moslins coexistiam continuamente desde a emergência do Islame no século sete da era
cristã. Havia períodos quando tolerância relativa prevalecia e judeus podiam fazer progressos
intelectuais reais, gozar de prosperidade econômica e ocasionalmente também atingir alguma
influência política sob o regime islâmico.18 No entanto, mais frequentemente do que está sendo
geralmente reconhecido, a sua existência de Marrocos ao Irã era pontuada por miséria, humilhação
e violência popular.19 Essas tribulações, particularmente nos séculos onze e doze, até incitavam o
maior filósofo judaico medieval, Maimônides, a se referir amargamente à “nação de Ishmael, que
nos persegue severamente, e que trama modos de nos prejudicar e aviltar.”20 De fato, a “Era Áurea”
dos judeus sefarditas, que coincidia com um dos pontos altos da civilização islâmica medieval, não
ocorria sem provocar a inveja e hostilidade moslins sobre a influência bem como do sucesso sócioeconômico dos judeus.21
O status legal de judeus e cristãos sob o Islame na era pré-moderna era essencialmente aquele de
dhimmis (“gente protegida”), cujas religiões foram oficialmente reconhecidas pelas autoridades.
Com pagamento de taxa por cabeça (jîzya) podiam praticar livremente as suas fés, gozar de certo
grau de seguridade pessoal e ter as suas organizações comunais próprias.
Mas a proteção proporcionada ao “povo do livro” (ahl al-kitab) era combinada com subjugação; a
“tolerância” de que se beneficiavam existia dentro da estrutura social de discriminação e
inabilidades que constantemente enfatizavam a superioridade dos moslins a tanto judeus como
cristãos.
Judeus não podiam, p.ex., carregar armas; não podiam andar a cavalo; precisavam usar roupa
distintiva (o emblema amarelo tinha as suas origens em Bagdá, não na Europa medieval); e foram
proibidos a construírem novos lugares de veneração.22 O seu status dhimmi, como elaborado por
juristas moslins a partir do começo do Islame até no início do século vinte, tem sido sumarizado
sucintamente como segue:
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Dhimmis eram muitas vezes considerados impuros e tinham de estar segregados da
comunidade moslim. Entrada em cidades moslins santos, mesquitas, banheiros públicos,
bem como certas ruas, lhes era proibida Os seus turbantes – quando eram permitidos a usalos – os seus costumes, cintos, sapatos, a aparência das suas mulheres e dos seus servos,
tinham de ser diferentes daqueles de moslins, afim de os distinguir e humilhar, pois dhimmis
nunca pudessem ter permissão de esquecer que fossem seres inferiores.23
É verdade, a legislação discriminatória não era sempre rigorosamente aplicada por regentes moslins
quando conflitava com seus interesses políticos e econômicos. Mas quase qualquer exercício de
autoridade ou de influência conspícua por dhimmis podia despertar a ira das massas moslins e
acender demandas por reformadores religiosos para devolvê-los aos seus lugares próprios deles.
Qualquer divergência das normas moslins de humilhação e degradação legais e sociais aplicadas a
judeus e cristãos era sujeita a ser vista como rompimento do “Pacto de ‘Umar’” (os decretos do
califa do século oito ‘Umar I, que primeiro regulara o status dhimmi). Quaisquer sinais de “altivez” e
“arrogância” por judeus e cristãos corriam o risco de ser puníveis por morte.24
Em países mais remotos como Marrocos, Irã e Iêmen, onde judeus especialmente sofriam de
degradação, desdém e insegurança física, as restrições de dhimmi estavam sendo reforçadas com
rigor especial. Tumultos moslins e o matar judeus eram mais freqüentes em tais países periféricos,
até para dentro do início do século vinte.25 Pilhar, saquear e o assassínio de judeus indefesos
também ocorreriam em qualquer lugar do norte da África em intervalos nitidamente regulares
durante s século dezenove.
Assim é que também a calunia de “libelo de sangue” o fazia, a qual originou no império otomano
moslim entre cristãos ortodoxos gregos, levando ao pogrom de Esmirna (1872), Hama (1829) e,
sobretudo, o Acontecimento notório de Damasco de 1840. À difamação foi dado crédito amplo por
católicos europeus e apoiada pelo próprio cônsul francês.26 A calúnia medieval de sangue (acusando
judeus de assassinar crianças cristãs, usando o sangue das vítimas para cozinhar matsôt para
Peçah) era, de fato, completamente alheio à fé e tradição islâmicas. Como um número de outras
noções anti-semiticas européias clássicas, a fantasia da calúnia de sangue foi introduzida ao mundo
moslim por cristãos nativos (gregos ortodoxos, católicos, maronitas, etc.) que geralmente estavam
na vanguarda da nova ideologia do nacionalismo árabe secular moderno no início do século vinte.27
Stillman … reivindica que o começo de anti-semitismo no mundo árabe jaz nos esforços da
minoria cristã parcialmente emancipada para se proteger contra a “competição econômica”
duma minoria menos assimilada, os judeus. Vê, no entanto, Bat Ye’ot … que demonstra os
efeitos de auto-ódio e de bumerangue da judeufobia e anti-sionismo cristãos-árabes no sapar
a posição de dhimmis cristãos no Médio Oriente.
Apesar da servitude e discriminação implícitas no status de dhimmi da era pré-moderna, os judeus
sob Islame estavam, não obstante, numa posição relativamente melhor que os seus correligionários
em países cristãos. Não carregavam, por exemplo, o ódio teológico de matadores de Cristo como
marca de Caím na sua fronte. Os mais autoconfiantes moslins medievais não sentiam a mesma
compulsão como os seus contra-partes cristãs para negar Judaísmo como religião, para engajar em
polêmicas denigratórias sem fim, ou substituir a “Aliança Velha” com um Israel “novo” de espírito.
Para moslins medievais, a Cristandade era, por razões óbvias, um desafio teológico, político e militar
muito mais sério que o Judaísmo, e também parecia significativamente mais alienígeno.28 Em
comparação, os judeus eram raramente uma ameaça aos moslins e eram até aliados possíveis. Além
disso, o status de dhimmi sob o regime islâmico – em contraste à Cristandade medieval – não
confinava usualmente judeus em guetos, os restringia à usura ou os impedia de possuir terra e de
praticar várias artes. A discriminação que sofriam sob Islame era qualitativamente muito mais
benigna que a sua exclusão e demonização na Cristandade medieval.29
No entanto, a imagem corânica do judeu que tem sido correntemente tão muito exacerbado e
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radicalizado nos escritos islâmicos contemporâneos, estava longe de ser inofensivo. No Corão, há
umas passagens notavelmente ásperas, nas quais Maomé marca os judeus como inimigos do Islame,
pintando-os como possuindo um espírito malévolo, rebelde.30 Há também versículos que falam do
seu rebaixamento e pobreza, dos judeus sendo “onerados com a ira de Deus” pela sua
desobediência. Teriam de ser humilhados “porque desacreditaram os sinais de Deus e mataram os
profetas iniquamente” (sura 2:61/58).
Segundo outro versículo (sura 5:78/82), “os infiéis das Crianças de Israel” foram amaldiçoadas por
tanto Davi como por Jesus. A punição por descrença nos sinais de Deus e nos milagres realizados
pelos profetas era que sejam transformados em macacos e porcos ou veneradores de ídolos (sura
5:60/65).
O Corão particularmente enfatiza que os judeus rejeitaram Maomé, mesmo embora (segundo fontes
moslêmicos) o conhecessem para ser profeta – supostamente por ciúme puro para os árabes e
ressentimento porque ele não era judeu. Tais ações estão hoje apresentadas como sendo típicas da
natureza enganosa, traiçoeira e intrigante dos judeus como retratados no texto corânico. Pelos
traços de caráter tão maus, está-lhes prometido “degradação neste mundo” e um “castigo
poderoso” no mundo por vir.31
A variedade de dos versículos ainda ataca os judeus com “falsidade” (sura 3:71), distorção (4:46),
cobardia, ganância e sendo “corruptores da Escritura”. 32 Esta última acusação se refere a uma
crença islâmica de que as revelações originais do Antigo e Novo Testamentos foram autênticas, mas
que foram subseqüentemente desfiguradas pelos seus guardas (judeus e cristãos) indignos. Daí, as
Escrituras bíblicas tiveram de ser substituídas pela Corão, a palavra literal de Deus mediada pelo
Seu profeta Maomé pelo anjo Gabriel.33 Essa versão moslim de supersessionismo considera Maomé
como o último dos profetas, aquele a quem foi doado a revelação final e completa de Deus na forma
de Islame.
O estereótipo mais básico promovido pelo Corão fica a acusação de que os judeus
rejeitaram obstinada e voluntariamente a verdade de Allah.34
O Corão declara explicitamente (sura 5:85) que “o inimigo mais forte contra aqueles que
crêem são os judeus e os idólatras”.
Não só isso mas, segundo do texto sagrado, têm sempre perseguido os seus profetas, inclusive
Maomé, que era conseqüentemente obrigado a expulsar dois clãs judaicos maiores de Medina e a
exterminar a tribo terceira, os Quraya. O hadith (tradição oral) vai mais adiante, reivindicando que
os judeus, de acordo com a sua natureza pérfida, deliberadamente causaram a morte penosa,
protraída de envenenar. Além disso, judeus malévolos, conspiratórios estão para serem culpados por
tentativa sectária no Islame primitivo, por heresias e deviações que minaram ou periclitaram a
unidade da umma (a nação moslim). 35 Esse é um assunto que tem sido pegado e expandido pelos
fundamentalistas modernos que olham para inspiração para a sua guerra com judeus
contemporâneos para a luta própria do profeta contra eles na Arábia do século sete. O bem
entrincheirado arquétipo duma “ameaça judaica” ou desafio que existia desde o próprio nascimento
do Islame assumiu forma estridente e militante desde 1948, e especialmente na batalha contra
Israel e a Judiaria mundial hoje.
A noção, por exemplo, de que judeus sejam “arrogantes falsificadores”, de que estejam
continuamente planejando intrigas e conspirações novas para semear desacordos, conflitos e divisão
dentro da comunidade moslim, está sendo vista como auto-evidente e perfeitamente consistente
com o ensino do Corão. Só aderência tenaz a valores islâmicos verdadeiros , está sendo
constantemente repetido, pode preservar moslins contra a ameaça lúgubre representada por
infiltração judaica-sionista e imperialista ocidental – um perigo alegadamente antecipado pelos
textos sagrados corânicos. Essa é a mensagem central de “Nossa Luta com os Judeus” de Sayyid
Qutb – um ensaio seminal escrito no meio da década dos anos de 1950 pelo ideólogo moslim egípcio
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liderante daquele tempo, que subseqüentemente inspirou muito da doutrina fundamentalista
contemporânea.
Para Qutb, os judeus e sionistas epitomaram o ponto nevrálgico na crise civilisacional do Islame,
magnificada ainda mais por receios moslins e fraqueza na face da modernidade secular,
permissividade sexual e o poder invasivo da cultura americana de massa.
Emancipação judaica da regra moslim (percebida para ser resultado do envolvimento ocidental
crescente no mundo islâmico) tivera sido seguida por algo muito mais amedrontador – o
estabelecimento dum estado judaico no próprio coração do mundo árabe-moslim. A falha árabe de
prevenir esse “desastre” significou para Qutb e seus seguidores a extensão plena de decadência
cultural, pressagiando o colapso possível do Islame depois de vários séculos de declínio.36 No cenário
severamente pessimista, os judeus serviam primeiramente como catalisador para crise cultural, mas
“moslins decaídos” ou “não-crentes” (kuffâr) e reinantes nacionalistas árabes seculares eram uma
quinta coluna igualmente perigosa que enfraquecia a resistência do mundo islâmico para Israel e o
ocidente.
Para moslins fundamentalistas, os judeus vieram a representar um “inimigo eterno” do Islame a
partir das suas intrigas “traiçoeiras” contra o profeta na Arábia do século sete ao presente cercado
por inimigos, cometidos, como eram sempre, para destruir o credo islâmico. Segundo Qutb, judeus
inventaram as doutrinas modernas de “materialismo ateísta” (comunismo, psicanálise e sociologia)
para precisamente esse fim; igualmente, estavam por trás “da destruição da família e do
despedaçar de relacionamentos sagrados na sociedade”37. Os ensinamentos de Marx, Freud e
Durkheim eram exemplos clássicos do papel subversivo no sabotar fé e introduzir “imoralidade”
universal nas áreas coração de Dar al-Islam. Era a disposição naturalmente mal-querente,
misantropia, ódio permanente de moslins (como testificado pelo Corão) que instigavam tais ações,
mas a sua intriga vai ultimamente falhar, quando os crentes tiverem voltado à sua fé invencível.
As teorias de Conspiração: Os Protocolos e o Libelo de Sangue no Estilo
Islâmico
A judeufobia de Qutb, como aquela dos seus seguidores fundamentalistas, se tem misturada
bastante facilmente com muito mais motivos de século vinte modernos de anti-semitismo racista e
político de fontes ocidentais. Em primeiro lugar entre essas importações européias houve os
Protocolos dos Presbíteros do Sião, que provêem uma teoria conspiratória completa da história na
qual judeus satânicos inflexivelmente lutam para dominação do mundo; comunismo, maçonaria,
sionismo e o estado de Israel são todos julgados para serem instrumentos nesse sistema diabólico
da Judiaria. A sua atração para moslins ingênuos cresce imensamente com cada derrota por Israel.38
A teoria anti-semita de conspiração está, por exemplo, uma feição espantosamente importante do
Convênio Hamas Palestinense de 1988, cujo artigo 32 determina:
Porque o intrigante sionista não tem fim nenhum, e depois de Palestina cobrirão expansão do
Nilo até o Eufrates. Só quando terão completamente digerido a área na qual puseram a sua
mão, olharão para frente para mais expansão, etc. O seu esquema tem sido exposto nos
Protocolos dos Presbíteros de Sião, e a sua [conduta] atual é a melhor prova do que está dito
aqui.39
Os judeus estão sendo abertamente acusados pela Hamas (o Movimento de Resistência Islâmica) de
controlar a riqueza do mundo e a média de massa deste, e de instigar as revoluções francesa e
russa e duas guerras mundiais para cinicamente promover objetivos sionistas. Igualmente, estão
sendo culpados de estabelecer organizações clandestinas (p.ex. Clubes Rotary ou Lions, Maçonaria,
etc.) para fins de espionagem e subversão.40 Os judeus, está sendo asseverado, eliminaram o
califado islâmico e a seguir estabeleceram a Liga das Nações na década dos anos de 1920, “afim de
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reinar o mundo por seu intermédio”.41 Segundo os fundamentalistas moslins, “não havia guerra
nenhuma que irrompeu em qualquer lugar sem as suas [judaicas] impressões de dedo nela”. 43
Não faz virtualmente distinção entre sionistas e judeus nos seus folhetos extremamente agressivos.
Caracteristicamente, a literatura da Hamas evoca a conquista de Khaibar por Maomé em 628 E.C [da
Era Comum]. – um oásis na península árabe onde os judeus “traiçoeiros” foram eliminados pelo
profeta – como inspiração para sua guerra atual para destruir Israel.
Uma ideologia semelhantemente radical motiva o movimento Shi’a libanês, Hezbolá (“o partido de
Deus”), que surgiu a proeminência seguindo a sua resistência à invasão do Líbano em 1982. A sua
negação total da existência de Israel e a sua visão do Judaísmo como o inimigo mais velho e mais
amargo do Islame deve muito à pregação “anti-sionista” do ayatolá Khomeini e ao relacionamento
simbólico com a República Islâmica do Irã. De acordo com a sua fonte doutrinal de inspiração, a
Hezbolá se opõe a nacionalismo, imperialismo e “arrogância ocidental”, enquanto pondo ênfase
especial na liberação da Palestina e de Jerusalém como o maior alvo estratégico. Como pela Hamas
e outros agrupamentos fundamentalistas, Israel está sendo retratado como títere ocidental instalado
no Médio Oriente para capacitar o imperialismo a continuar a sua dominação e exploração dos
recursos regionais árabes. Israel está sendo invariavelmente visto como a fonte de todo o mal e
violência na área e como o obstáculo à unidade islâmica. Daí, deve ser totalmente erradicado.44 A
saída recente de Israel do Líbano não é mais que o prelúdio para a sua obliteração futura do grande
“inimigo usurpante” do Islame – freqüentemente descrito por Hezbolá (como na propaganda
iraniana) como o “câncer” e veneno que afeta o mundo inteiro.
O clérigo mais sênior da Hezbolá, o xeque Husayn Fadlallah, enfatizava continuamente durante o
decênio dos 1950 que Israel era não justamente um estado judaico no sentido formal do mundo. Era
a expressão última de personalidade “judaica” corrupta, traiçoeira e agressiva. Os judeus eram de
fato “o inimigo da raça humana inteira”, congenitamente “racistas” e condescendentes na sua
atitude a outros povos e cruelmente determinados à dominação mundial. Numa entrevista no fim da
década 1980, Fadhallah já expressou uma atitude fundamentalista amplamente mantida referente a
ambições judaicas alegadamente ilimitadas
:
Os judeus querem ser um super-poder do mundo. Esse círculo racista de judeus quer tomar
vingança no mundo inteiro por sua história de perseguição e humilhação. Nessa luz, os
judeus trabalharão na base de interesses judaicos acima de todos os interesses do mundo.45
A filosofia consistentemente intransigente de maior guerra possível contra Israel, sionismo e os
judeus tem uma calçadura anti-semítica inconfundivelmente virulenta ligada a sua perspectiva
revolucionária de pan-islâmica geral. A sua malignidade também deriva das atitudes do Shi’i
iraniano referente aos judeus como infiéis imundos, impuros e corruptos. Esse é um assunto que
permeava a perspectiva do ayatolá Khomeini, e que influencia a liderança iraniana atual. 46 Como
Hamas e Jihad Islâmico, Hezbolá se engaja na demonização total do inimigo judaico e sionista,
abraçando zelosamente a violência, “bombardeamentos suicidas”, martírio e terror como o caminho
único a “liberar” Palestina, destruir Israel e derrotar o Ocidente.47
Raphael Israeli … enfatiza o estilo planejado, premeditado dos “suicídios” organizados por
terroristas moslins, que estão projetados a dar dano máximo ao inimigo sionista
“abominável”.
Cada coisa está feita subordinada ao imperativo supremo do jihad – a guerra santa a ser feita para a
morte contra o infiel – até que todas as terras islâmicas sejam liberadas e um estado
verdadeiramente islâmico restaurado.48
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A mídia ocidental, como é o costume desta, tem sido extremamente relutante para relatar a guerra
terrorista atual contra Israel e o Ocidente às suas raízes ideológicas no Islame ou fontes e sentidos
do jihad. Está igualmente avessa a conectar terrorismo com as obsessões anti-judaicas que
atualmente animam milhões de moslins.49 Surpreendentemente pouca atenção foi dada à
abundância, energia e viciosidade do anti-semitismo moslim contemporâneo de Cairo e Gaza a
Damasco, Bagdá, Teerã e Lahore. A parada aparentemente sem fim de falsidades grotescas exibidas
na difamação árabe e moslim de judeus e do estado judaico parecem raramente impingir na
consciência ocidental. No máximo, está sendo percebida com nota de pé à tempestade assolante de
anti-americanismo ou como forma de “oposição política” a ações israelis. Nem as reivindicações
árabes exuberantes de que o Holocausto era fabricação inventada por sionistas e judeus (que atrai
muita atenção na mídia européia quando feita por neonazistas ou direitistas extremos) incitam mais
que as respostas mais lânguidas no ocidente.50 Também não houve muito interesse nos desvarios
anti-semíticos do ministro atual de defesa, Mustafá T’las (no seu posto desde 1972!), que durante
anos tem procurado com determinação zelosa a acusação medieval de que judeus bebem o sangue
de crianças gentílicas. No prefácio do seu livre agora “clássico”, The Matzo of Zion, primeiro
publicado em 1983, T’las escreveu:
O judeu te pode matar e tomar o teu sangue afim de fazer o seu pão sionista. Abre diante de
nós uma página mais feia que o próprio crime: as crenças religiosas dos judeus e as
perversões que contêm, que tiram a sua orientação do ódio escuro referente a toda a
humanidade e a todas as religiões.51
Em 8 de fevereiro de 1991, um delegado sírio à Comissão dos Direitos Humanos das Nações Unidas
em Genebra urgiu atualmente todos os representantes presentes para lerem T’las para pegar
melhor a natureza do “racismo sionista”. Em 1999, o ministro de defesa sírio estava ainda repetindo
a sua reivindicação no The Matzo of Zion de que o caso do libelo de sangue de 1840 em Damasco
fora baseado nos “fatos conhecidos” de que judeus fanáticos cometem assassínio ritual.52 Mais
tarde, no mesmo ano, um magazine literal sírio publicou a “peça de mestre” seguinte, a qual
combina várias praias no anti-semitismo árabe, incluindo o libelo de sangue:
As instruções do Talmude, saturadas em ódio e hostilidade contra a humanidade, estão
gravadas na alma judaica. Através de toda a história, o mundo sabia mais que um único
Shylock, mais que um único Pai Tomas [ os alegados alvos dos judeus de Damasco em 1840],
como vítimas da instrução talmúdica e esse ódio… Agora Shylock do tempo de Nova Iorque
veio… o matzo de Israel continuará imergir em sangue, o derramamento deste está
permitido no Talmude, afim de glorificar o exército judaico.53
A retórica desumanizante e delirante, atualmente ecoada em variações através de muito da cultura
árabe e moslim, está devagar mas certamente infectando outras partes do mundo. A erradamente
chamada “conferência contra racismo” em Durban, África do Sul (concluída somente quarenta-e-oito
horas antes do ataque terrorista no World Trade Center em Nova Iorque), produziu em Durban talvez
o documento mais imprudentemente anti-semítico em qualquer reunião internacional desde 1945.
Liderados por organizações árabes, palestinenses e moslins, acusaram repetidamente Israel de
genocídio contra o povo palestinense, de limpeza étnica e de ser um “estado de apartheid racista”
puro. a assim chamada “Catástrofe” palestinense perpetrada por israelis era etiquetada no foro NGO
de Durban como um “holocausto terceiro”. O parágrafo chave condenando anti-semitismo era
deliberadamente eliminado da discussão, mas num ato de fala ambígua orwelliana pura, “as práticas
sionistas contra semitismo” eram agora elevadas para dentro de uma forma de racismo
contemporâneo.54
Esse carnaval venenoso de incitamento. Que contribuiu para uma greve americana, derramou logo
das salas da conferência para as ruas. Literatura de ódio distribuída por NGOs [ Organizações NãoGovernamentais] árabes não recuavam de retratar judeus com unhas pingantes de sangue e usando
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elmos inscritos com suásticas nazistas. Talvez o mais falante em toda essa orgia de ódio era um
panfleto exibido no Centro de Exibição de Durban exibindo um retrato Adolf Hitler com a legenda “Se
tivesse ganho a guerra, nenhum … sangue palestinense teria sido perdido.” 55
“Fascismo Islâmico”: Paralelas Ominosas na Luz do Setembro 11
Menção de Hitler nos leva para trás em círculo pleno aos paralelos inconfundíveis entre nazismo e
aquilo que noutro lugar chamei de “fascismo islâmico” – semelhanças que emergiram em relevo
mais pontudo seguindo os ataques das Torres Gêmeas do setembro 11 de 2001.56 Faz mais que
meio século, no dia 18 de novembro de 1947, o confidente mais próximo, Albert Speer, escreveu a
recordação seguinte no seu diário de Spandau, que hoje soa misteriosamente profético:
Recordo como (Hitler) queria ter filmes mostrados na Chancelaria do Império sobre o
incêndio de Londres, sobre o mar de fogo sobre Varsóvia, sobre comboios explodindo e a
espécie de alegria voraz que o pegou cada vez. Mas nunca o vi tão fora de si como quando,
num delírio, pintou Nova Iorque descendo em chamas. Descreveu como os arranja-céus
seriam transformados em tochas queimantes gigantescas, como ruiriam em confusão, como
a reflexão da cidade queimante estaria contra o céu escuro.57
Em setembro de 2001, esse imaginário wagneriano frenético chegou a ser fato. Os perpetradores
terroristas islâmicos do ataque do setembro, como os nazistas e fascistas faz sessenta anos, falam
uma linguagem de ódio inextinguível, não só para a América e o Ocidente, mas também para Israel
e o povo Judaico.58
Para uma consideração de toque de tambor de anti-americanismo maligno no mundo árabe:
vê Fouad Ajami. “The Sentry’s Solitude” [A Solidão da Guarda]! … Ajami destaca que terror
sombreava a presença americana no Médio Oriente pela década dos 1990. Não discute, no
entanto, o anti-semitismo violento que precedia e exacerbou ainda mais pela Pax Americana.
Esses radicais moslins radicais escolheram consciamente um culto de morte, tornando o motivo de
sacrifício e martírio para algo urgente, elementar, pseudo-religioso e até místico.59
Memri 226 (8 de junho de 2001) cita o clérigo de alto grau de Autoridade Palestinense, o
mufti de Jerusalém xeque Ikrem Sabri, como dizendo: “Os nossos inimigos [isso é Israel]
pensam que possam assustar o nosso povo. Dizemos a eles: enquanto vós amais vida – o
moslim ama morte e martírio. Há grande diferença entre aquele que ama o depois daqui e
aquele que ama este mundo. O moslim ama morte e [empenha-se para] martírio.”
A sua bíblia pode ser o Corão e não Mein Kampf [Minha Luta = o livro de Hitler; trad.], mas as
estruturas mentais e visão do mundo atrás dessas ações em analogias notáveis com o nacionalsocialismo alemão.60
Nesse contexto, a popularidade consistente de Hitler no mundo árabe é significante. … . Para
um exemplo recente característico, veja o “Graças a Hitler” do colunista Ahmad Ragab no
jornal egípcio patrocinado pelo governo Al-Akbar (citado em Memri, 20 de abril de 2001).
Os fundamentalistas – como os nazistas durante a Shoáh – blasonam contra “poderes anônimos” de
globalização e o ocidente plutocrático (simbolizado pelo World Trade Center e a cidade de Nova
Iorque) tão ferozmente como martelavam as cidadelas do comunismo soviético no Afeganistão faz
mais que uma década. Semelhantemente aos seus predecessores totalitários, reivindicam
(falsamente) falar para massas enganadas, sub-privilegiadas e empobrecidas por elites regentes
moslins e implacavelmente exploradas pelo capitalismo internacional. Para os moslins radicais, a
Nova Iorque “judaica”, tanto quanto o estado sionista de Israel, é a encarnação do mal satânico,
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justamente como Wall Street incorpora o quartel geral de malvadez e Judiaria cosmopolita para os
nazistas e outros crentes verdadeiros fascistas de pré-guerra.61
… Lewis enfatiza que era a liderança árabe que iniciou aproximações à Alemanha nazista
entre 1933 e 1945.
Teorias de conspiração anti-semita jazem no próprio coração da visão moslim do mundo de
fundamentalistas e nacionalistas árabes hoje – ligando finança plutocrática, maçonaria internacional,
secularismo, sionismo e comunismo como forças escuras, ocultas lideradas pelo octópode da Judiaria
internacional, cujo alvo alegado é destruir o Islame e subverter a identidade cultural dos crentes
moslins.62
A gente pode encontrar tais teorias de conspiração na obra de Ayyid Qutb, o escritor
fundamentalista moslim egípcio executado por Nasser em 1966, que via a luta com os judeus
como guerra cósmica e fatídica para o Islame. …
Essa estrutura mítica de pensamento está em muitos modos idêntica com o anti-semitismo nazista,
apesar de este ter sofrido um processo de “islamização” e as suas citações de versículos do Corão
para unificar atos terroristas monstruosos. O Islame fundamentalista tem a mesma aspiração
totalitária, pseudo-messiânica para hegemonia do mundo que o nazismo alemão ou o comunismo
soviético. Pode também articular uma retórica latente e por vezes explicitamente genocidal no
ataque à civilização “de cruzadores judaicos” que faz aparecer ecos alarmantes do passado.63 Para
grupos militantes islâmicos, tais como Al-Qaeda, Taliban, Hamas, Hezbolá e muitos outros, antisionismo serve uma parte intrínseca da posição de mente nihilista-totalitária. Os terroristas
jihadistas estão cometidos para violência, determinados em confrontação total com os infiéis em
políticas ou-ou de vitória ou morte, abraçando uma perspectiva raizada numa polarização entre as
forças de luz e de escuridão. Os bin Ladens desse mundo estão sendo empurrados, não só por
extremismo fanático – por seu repugnar de “Cruzadores Cristãos”, heréticos, dissidentes, judeus e
mulheres e sua rejeição da América e da modernidade ocidental por si -, odeiam civilização num
modo que é radicalmente niilista.
É altamente característico da sua visão do mundo niilista que os ataques do 11 de setembro contra
os Estados Unidos eram saudados com êxtase em muitas partes do mundo moslim, inclusive a
Autoridade Palestinense. Por exemplo, o mufti de Jerusalém, pregando o seu sermão da sexta-feira
na mesquita Al-Aqsa, chamou abertamente para a destruição de Israel, Grã-Bretanha e dos Estados
Unidos:
Oh Allah, destruí América, pois está reinada por judeus sionistas… Allah vai pintar a Casa
Branca de preta.64
Outros clérigos moslins, tais como o xeque Ibrahim Mahdi, focalizaram os seus esforços mais no
louvar “bombardeadores suicidas” em Israel. Em palavras ventiladas repetidamente pela televisão
da Autoridade Palestinense, Mahdi encorajava entusiasticamente o sacrifício cínico de crianças como
sendo atos de “martírio” contra Israel:
‘Todas as armas devem ser apontadas aos judeus, aos inimigos de Allah, a nação maldita no
Corão, a qual o Corão descreve como macacos e porcos… Vamo-los dinamitar em Dadera,
vamo-los dinamitar em Tel Aviv e em Netanya… Abençoamos todos que educarem as suas
crianças a Jihad e ao martírio. 65
Citado em L’Arche: “Essa guerra continuará, mais e mais violenta, até que tivermos
vencido os judeus.”
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A onda atual dos bombardeamentos suicidas moslins, fobia de Israel e terrorismo parecem gozar de
ressonância massiva entre a maioria dos palestinenses e num grande número de árabes e moslins.
O anti-semitismo islâmico se tem também espalhado com velocidade elétrica entre imigrantes
moslins e árabes nas democracias ocidentais. Esses imigrantes já carregam consigo a bagagem antisemítica dos seus países e cultura mãe, exacerbados por cobertura intensiva da mídia do conflito
escalante do Médio Oriente. No setembro e outubro de 2000, isso resultou em incremento alarmante
em assaltos anti-semíticos moslins/árabes em comunidades judaicas da diáspora, especialmente na
Europa – incluindo a queima de sinagogas, profanações, ataques físicos, bombas de carta e
incitamento verbal vitriólico da mais intimidante espécie.66 A combinação perigosa de anti-sionismo
radical (ominosamente deslizando para dentro de anti-semitismo na mídia francesa liberal e
esquerdista) que se fundiu com a judeufobia islâmica dos imigrantes moslins e alarmou seriamente a
Judiaria francesa.68 Assim também na Grã-Bretanha um padrão semelhante de anti-semitismo
moslim está emergindo, que fez os judeus ( já alarmados sobre o surrar Israel da mídia britânica
liberal) crescentemente ansiosos.69
A liberação anti-semítica de ataques de terror e o susto de antraz revelaram o índice das
profundezas do ódio árabe moslim para a América, Israel e os judeus. Inicialmente, as reações eram
aqueles de celebração e alegria expressadas com veemência particular por círculos
fundamentalistas, por humilhar da americana “arrogância, tirania e jactância”70
… O semanário da Hamas em que essa peça apareceu está baseado em Gaza.
O jornal baseado no Egito da Irmandade Moslim saudou extasiantemente mente Osama bin Laden
como “herói em senso pleno da palavra”.71 Outro semanal egípcio se regozijou de que “América está
no caminho para colapse, como todos os impérios de oposição pela história”.72
Editor Issam Al-Ghazi, Al-Maydan, 24 de setembro de 2001. Este é um semanário egípcio
independente …
Como Al Ahram Al Arabi o expressou em 4 de outubro de 2001, a América estava finalmente
testando o veneno da sua opressão implacável própria e, com o colapso “da cidade de globalização”,
Nova Iorque, assim também, foi predito corajosamente, “será enterrada a teoria de globalização”73
O semanal da oposição pan-arábica Ubil o fez muito claro que não tivesse simpatia nenhuma para
América na aflição desta, e um colunista que assistiu o inferno em Nova Iorque confessou que
aqueles momentos de “inferno esquisito, incandescente” eram “os momentos mais preciosos da
minha vida”74.
Um semanal nasserista expressou satisfação não-disfarçada sobre o fato de que “os americanos
estão finalmente testando a amargura da morte”.75
Até colunistas do diário Al-Ahrar do Partido Liberal Egípcio sentiam que aquela delícia desinibida é
obrigação nacional e religiosa desde que “a posição dos EUA no conflito árabe-sionista causa os
árabes regozijarem sobre qualquer desastre visitado no governo americano”.76
Para a Irmandade Moslim, o golpe do terror era nada menos que “retribuição divina”, não por último
porque os americanos “preferiam macacos [isso é: os judeus] a seres humanos, tratando seres
humanos de fora dos EUA baratos, suportando homossexuais e usura”.77
Radicais islâmicos, pan-árabistas e nasseristas, todos sentiam uma alegria comum sobre o colapso
repentino dos “símbolos mitológicos do poder imperialista americano” e o golpe que criam que
tivesse sido lançado em nome de moslins em luta na Palestina, Iraque, Cachemira e outras áreas
conturbadas no planeta.
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Mas não menos prontamente, através da sociedade moslim e árabe, a culpa pelo ataque terrorista e
de antraz era firmemente posta nos sionistas, no governo israeli e no Mossad. O embaixador sírio
para Teerã foi citado como dizendo em boa autoridade que “os israelis estiveram envolvidos nesses
incidentes e nenhum funcionário judaico estava presente no prédio do World Trade Center no dia”.78
Segundo o jornal do governo sírio Al Thaura, o primeiro-ministro Ariel Sharon, com isso, tentou
divertir a atenção dos seus planos agressivos para os palestinenses.79 Criara oportunamente essa
oportunidade áurea afim de causar dano máximo e provocar um cisma profundo nas relações árabesamericanas.80 No jornal jordaniano Al-Dustour em 13 de setembro de 2001, um artigo apareceu (de
maneira nenhuma excepcional) que argüiu que o ataque de Torres Gêmeas eram de fato “o ato da
grande inteligência dominante que controla a economia a mídia e política do mundo” e o complô
diabólico estava rapidamente levando o mundo a um desastre global.81
No mesmo assunto, um negador libanês-jordaniano do Holocausto advertiu os árabes contra as
“mãos sionistas atrás do evento terrível”; outro colunista jordaniano enfatizou a sabedoria árabe
prevalecente de “Israel é aquele … de se beneficiar grandemente da operação do terror sangrento,
repugnante”.82
Memri 270, artigo por Hayat Al-Hweick ‘Arija e Rakan Al-Majadi, que acrescentou que os
judeus mais que qualquer um “estão capazes de esconder um ato criminal que perpetram, e
podem estar certos que ninguém os vá perguntar sobre aquilo que fazem”.
O xeque egípcio Mohammad Al-Gamei’a, imã anterior do Centro Cultural Islâmico e da Mesquita de
Nova Iorque, tinha também pouca dúvida de que os judeus estivessem por trás dos ataques
terroristas do setembro: O elemento judaico é como Allah o descreveu… Sabemos que sempre
quebraram convênios, assassinaram injustamente os profetas e traíram a fé.”83 A teoria de que o
Mossad, o serviço de inteligência de Israel, estivesse por trás do ataque à Torre Gêmea era
especialmente popular no Paquistão Moslim. O major-general Hamid Gul, cabeça anterior do serviço
de inteligência do Paquistão, era adamantino:
Digo-vos, era um golpe [tentativa], e posso dizer por certo quem era atrás dele, mas são os
israelis que estão cirando tanta miséria no mundo. Os israelis não querem ver qualquer
poder em Washington que não seja o seu subserviente para os seus interesses, e o
presidente Bush não era subserviente. 84
Em apoio à teoria de conspiração sionista, o Jihad-Times baseado em Lohore e outra mídia
paquistanês reciclou a legenda de que cerca de 4.000 israelis e judeus trabalhando no World Trade
Center receberam uma diretiva segreda do Mossad de não se apresentar para serviço no dia 11 de
setembro. Os ataques foram alegadamente ordenados pelos “Presbíteros de Sião” em reação ao
golpe esmagador anti-Israel que fora distribuído na Terceira Conferência das Nações Unidas contra
Racismo em Durban.85
“Sionistas Poderiam Estar Atrás do Ataque no WTC e Pentágono”, 14 de outubro de 2001, no
site web www.islamweb.net/english. Os “fatos” atrás do artigo vêm do Paquistão, embora o
site está registrado para o Estado de Qatar, Ministério de Doações e Assuntos Religiosos.
Bastante notavelmente, segundo o levantamento da opinião paquistanesa no outubro de 2001, mais
que dois terços concordaram com que era “possível” que judeus foram prevenidos de não ir a
trabalho no 11 de setembro.86 Um número semelhante cria evidentemente que o sionismo mundial
estivesse por trás do massacre. Eram convencidos de que judeus controlavam o tratamento da mídia
dos eventos e ditaram a “campanha de vilificação contra os moslins”.
A noção de que a Judiaria contemporânea exerça uma “ditadura da mídia” procurando
deliberadamente envenenar relações entre Islame e o ocidente tem sido muito espalhada em muitos
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círculos moslins. Ainda mais popular é a idéia de que os judeus manipulam a Mídia ocidental de
massa como um todo, especialmente nos Estados Unidos.87 O Iran Daily reivindicou, por exemplo,
que desde o 11 de setembro o ocidente tem sido inundado pela propaganda de “círculos sionistas
[que] tem de modo quase não controlado emitido o seu desdém profundo do Islame”.88
A associação de jornalistas palestinenses também insistiu em que a mídia ocidental era
completamente sob o polegar da finança internacional e dos judeus sionistas.89 O website do
Ministério Palestinense de Informação foi ainda mais adiante, declarando que havia um monopólio
absoluto da mídia de notícias dos EUA. Uma estreita minoria tivesse “o poder de moldar as nossas
mentes para satisfazer os seus próprios interesses talmúdicos… [Teriam] influência decisiva no
nosso sistema político [americano] e controle virtual das mentes e almas das nossas crianças, cujas
atitudes e idéias estão formadas mais pela televisão judaica e filmes judaicos do que por seus pais,
suas escolas ou qualquer outra influência”.90
A Autoridade Palestinense, como os sauditas e os egípcios, era furiosa quando o prefeito não-judaico
de Nova Iorque, Giuliani, rejeitou oferta politacalmente carregada do príncipe saudita Al-Walid bin
Talal de assistência à Cidade de Nova Iorque. Não só o príncipe saudita mesmo, mas também o
presidente egípcio Hosni Mubarak lamentaram-se publicamente do lobby judaico na América e do
seu “apoio cego” para Israel sobre terrorismo e assuntos relacionados. Al Hayat Al-Jadida juntou-se
ao coro, acusando o prefeito Giuliani de “ódio aos árabes”, enquanto um jornal líder saudita o
marcou ironicamente como um “judeu” que sacrificou o bem público e interesses americanos por
ganho privado.91
As teorias anti-Israel e anti-semiticas de conspiração que escalaram no mundo árabe e moslim desde
o 11 de setembro não são novas em si. Mas é que revelam uma mistura altamente inflamável de
anti-ocidentalismo, fanatismo ideológico, ódio cru e irracionalidade que calçam uma praia de pensar
moslim contemporâneo. A atitude aos judeus, em particular, com linguagem veemente e ênfase em
“solução radical”, está perturbativamente reminiscente das décadas de 1930 e 1940. Os
estereótipos anti-semitas, como vimos, são freqüentes tanto na Jordânia quanto no Egito, que têm
tratados de paz com Israel, e estão na Síria, na Autoridade Palestinense, Arábia Saudita ou outros
Estado do Golfo. Os exemplos abundam e poderiam ser multiplicados ad nauseam. No Tishreen, um
diário de propriedade do governo sírio, o editor chefe, Mohammed Kheir al-Wadi, escrevendo no
janeiro de 2000, tomou-o por certo que “o sionismo criou o mito de Holocausto para fazer
chantagem e terrorizar os intelectuais e políticos do mundo”.92
Um mês mais tarde, um editorial num outro jornal controlado pelo governo sírio, Al-Thawra, escrito
por Muhammed Ali Bourba, também declaro como auto-evidente:
Israel se revelou como entidade imergida em racismo, ódio e terrorismo patrocinado pelo
estado, que ultrapassou até os nazistas em seus atos criminais de assassínio, destruição e
devastação e no seu desdém para humanidade.93
… Vê também Al Ba’ath, 28 de fevereiro de 2000!: “Todos aqueles que viram Levy na
televisão tratando Líbano foram relembrados do período nazista.”
Por vezes, também, a negação do Holocausto e o mito de “sionismo-é-nazismo” estão sendo
fundidos, como na resposta da rádio de propriedade do estado sírio no fim de fevereiro de 2000 à
advertência severa ao Líbano da plataforma da Kneçet, para levar as rédeas para a Hezbolá. A rádio
síria prontamente acusou Israel de “jogar o papel dos executores nazistas que, segundo os sionistas,
queimaram os judeus em Auschwitz”. A televisão libanesa movida pelo estado do 28 de fevereiro de
2000, ecoou essa propaganda síria por mover e mostrar casualidades dos ataques das IDF [Israel
Defense Forces = Forças de Defesa de Israel] no Líbano postas lado a lado com campos de
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concentração nazistas, seguidas pelas palavras “O mesmo ódio. O mesmo racismo. A mesma
criminalidade. A mesma história.94
O comprimento da televisão libanesa do 28 de fevereiro de 2000, mostrando o discurso de
David Levy à Kneçet ameaçando “o solo do Líbano” (em retaliação por ataques da Hezbolá)
ao longo do comprimento ao lado de reuniões nazistas de Hitler.
Nos estado do Golfo, também, a declaração de Levy foi tomada como prova de que “sionismo era
descendente do nazismo”.94
Nos estados do Golfo, também, a declaração de Levy foi tomado com prova que “o sionismo era
descendente do nazismo”.95 Apesar dos seus esforços para conseguir paz, o primeiro-ministro israeli
Ehud Barak – como os seus predecessores menos conciliatórios Beguin, Shamir e Netanyahu, ou
Ariel Sharon hoje – encontrou-se regularmente retratado em uniforme nazista com um bracelete de
suástica; quando aviões bombardearam o Líbano, predizivelmente, a legenda em Al-Watan lê: “No
Líbano Israel está se comportando como os nazistas.” 96
Nem é qualquer surpresa grande descobrir que a fobia de Israel e o anti-semitismo estavam
igualmente presentes na mídia egípcia na virada do milênio, apesar do pacto de paz de 1979 com o
estado judaico. Comparações de Israel com os nazistas, negação do Holocausto e libelos medievais
de sangue aparecem regularmente na imprensa endossada por governo (inclusive os diários mais
amplos Al-Ahram e Al-Goumhurriya, e o magazine popular October) assim como em jornais de
oposição esquerdistas, nasseristas e fundamentalistas. Piores ainda, os cartões deformam
consistentemente os judeus. São quase sempre quase sujos, de nariz aquilino, agarrando dinheiro,
vindicativos, intrigantes e cruéis.97
… “Os traços abomináveis expressos no comportamento de Israel estão percebidos como
singulares e intrínsecos no seu próprio ser judaico, sendo assim compartilhados pelo todo de
Israel bem como por outros judeus” … Sionismo, no seu sentido mais profundo, está sendo
considerado como sendo “a essência do Judaísmo”.
O estereotipar visual e verbal extremamente hostil num país considerado o centro de importância do
mundo árabe – um, ainda, cujos jornais, magazines e livros ajudam para formar a opinião pública por
toda a região – está tanto perigoso como alarmante.
Inserção especial: Ilustrações: Vê as caricaturas no texto inglês!
1. Capa dum livro distribuído pela União de Advogados Árabes na Conferência de Durban
patrocinada pelas Nações Unidas
2. O Diabo Sionista, Al-Dustour, Jordânia, 30 de setembro de 1994
3. Sharon como sucessor de Hitler, Al-Gumhunta, Egito, 12 de dezembro de 2001
4. Os Crimes de Israel Comparados com os Crimes dos Nazistas, Tishree,, Síria, 15 de abril de
1993
5. Israel Über Alles [Sobre Tudo], Al-Gumhuria, Egito, 25 de maio de 1994
6. O Sangue de uma Criança Palestinense, Um Presente para o Dia da Mãe, Al-Doustour, 22 de
março de 1994
7. Sharon devorando Crianças Palestinenses, Al-Quds, Palestinense, 17 de maio de 2001
8. Capa de A Luta Entre o Corão e o Talmude, um livro atualmente disponível nos Estados
Unidos
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Falsidades Anti-Semitas: De Envenenadores de Alimento a Assassinos de
Crianças
Os exemplos de falsidades anti-semíticas são verdadeiramente inúmeros e consistentemente
ultrajantes. Assim, Israel está sendo repetidamente alegado por fontes notícias egípcias (e
jordanianas) de distribuir chicles e bombons adicionados de drogas, intentados para fazer mulheres
sexualmente corruptas e matar crianças. Al-Ahram, o diário patrocinado pelo governo liderando no
Egito, expõe em grande detalhe numa série espécie como judeus usam sangue de gentílicos para
fazer matsôt (pães ázimos) para a Páscoa. Um intelectual egípcio, escrevendo no Al-Akhbar faz
menos que um ano, explica que o Talmude (descrito como livro segundo mais santo dos judeus)
“determina que as ‘matsôt‘ do Dia de Reconcilação [sic!] devem ser amassadas ‘com sangue’ de
não-judeus. A preferência é para o sangue de jovens depois de raptá-los”.98
Esse era um motivo favorito do falecido rei Feisal da Arábia Saudita, que não só insistia em que
judeus executaram o assassínio ritual de crianças, mas argüiu que isso provasse “a extensão do ódio
e malícia seus [dos judeus] referente aos povos não judaicos” 99
Na véspera do milênio novo, o órgão semanal dos escritores árabes em Damasco trouxe um libelo
de sangue posto em dia com a seguinte jóia literária:
A matsah [de Páscoa] de Israel está molhada com o sangue dos iraquis, descendentes dos
babilônios, dos libaneses, dos descendentes dos sidoneses e dos palestinenses, os
descendentes dos canaanitas. Essa matsah está sendo amassada por armamento americano
e os mísseis de ódio apontado aos árabes tanto moslins e cristãos.100
No primeiro dia do terceiro milênio cristão, o semanal sírio escalou os seus ataques israelofôbicos
aos “Acordos de Camp David notórios” e os “métodos satânicos sujos usados [pela entidade
sionista] … para destruir a fábrica da sociedade egípcia”. Esses métodos “sionistas” incluíam
espalhar AIDS entre jovens árabes por enviar-lhes “prostitutas judaicas de HIV-positivas ao Egito e
dispensando chicletes para despertar concupiscência sexual”.101
… Vê também Al Ahram, 29 de abril de 2001, que relembra as “revelações” de Mu’ammar Alqadlufi de que crianças libanesas tiveram sido injetadas com AIDS por enfermeiras
estrangeiras. O diário do governo ecoa as acusações daqueles que crêem que a CIA ou
Mossad israeli estava atrás desse crime.
Essa calúnia absurda – amplamente difundida entre egípcios e palestinenses – era sem dúvida trigo
para o moinho dos oponentes sírios de qualquer “normalização” com Israel.
O ocidente eventualmente recebeu um olhar rápido público demasiadamente raro do bigotismo tão
general no mundo árabe, quando o presidente sírio novo, Bashar Al-Assad, saudou o papa João Paulo
II na sua visita histórica a Damasco no começo do março de 2001. O hospedeiro sírio fez o seu
melhor para amalgamar junto em uma única sentença a mensagem coração da Cristandade
Européia e a Judeufobia Islâmica. Era uma façanha de vilificação estúpida:
Eles [israelis e judeus] tentam matar os princípios das fés divinas com a mesma mentalidade
de trair Jesus Cristo e O torturar, e do mesmo modo tentavam cometer traição contra o
profeta Maomé.102
O veneno anti-judaico que surgiu tão naturalmente dos lábios de Assad chegou agora a ser feição de
pilha do programa educacional da Autoridade Palestinense. Nos livros de texto palestinenses de
hoje, referência aos judeus é mínima, exceto para generalizações negativas que atribuem a eles
traços de caráter de malandragem, ganância e barbaridade. Insinuam também que os judeus nunca
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observam convênios como o fazem os moslins.103
A conexão judaica à Terra Santa está senão geralmente negada ou, de contrário, restrita à
antiguidade e virtualmente ignorada depois do período romano. Não há referência a lugares santas
dos judeus ou a qualquer conexão especial de judeus ou Judaísmo à cidade de Jerusalém.104
O hebraico nem está sendo considerado ser uma das línguas da terra, e o sionismo está sendo
mencionado somente no contexto de intrusão, invasão ou infiltração alheia. O Estado de Israel não
está sendo reconhecido de qualquer jeito e o seu território internacionalmente reconhecido está
sendo referido somente a termos tais como o “interior” ou as “terras de 1948”. Por definição, o
estado judaico está apresentado como usurpador e ocupador colonista.105 Brutal, inumano e
ganancioso, o estado judaico está tido como exclusivamente responsável para obliterar a identidade
nacional palestinense, destruindo a economia palestinense e expropriando terras, água e aldeias
palestinenses.106
Os mapas em livros de texto palestinenses, sem exceção, desconsideram a existência de Israel e
aquela dos seus 5,6 milhões de habitantes. A Palestina que se estende do Rio Jordão até o Mar
Mediterrâneo está sendo designado como pura e exclusivamente Árabe.107 A imagem global que
emerge é que os judeus, o sionismo e Israel não têm reivindicações legítimas quaisquer a uma terra
árabe e moslim chamada de Palestina. Nem os judeus têm qualquer elo histórico a Jerusalém.
Lugares santos moslins e cristãos estão sendo evocadas, mas não há reivindicação judaica nenhuma
a Cidade de Davi ou a site do Templo de Salomão. Se essa falsificação histórica ainda não seria
suficiente, há a afirmação igualmente absurda e paralela de que os árabes palestinenses
(supostamente como descendentes diretos dos canaanitas) precederam historicamente os judeus na
terra de Israel.
Daí, não é surpresa encontrar autores islâmicos tais como Safi Naz Kallam francamente citado no
jornal oficial da PA [Palestinian Authority = Autoridade Palestinense] como afirmando “que não há
nenhum povo ou terra denominado de Israel”, somente ladrões sionistas impróprios para
estabelecer uma nação ou ter a sua língua e religião próprias; ou descobrir que os judeus estão
sendo “shylocks da terra” [sobressaltantes da terra] metidos para vazar as bolsas dos
palestinenses;108 ou para aprender que aí houve um plano sionista maior de expansão fixada em
pedra sempre que os Protocolos dos Presbíteros de Sião foram alegadamente preparados por Herzl
em 1897.109 ,
Naturalmente, o assunto de expansão sionista está sendo raramente evocado sem referência aos
pecados originais de racismo, colonialismo e nazismo. Al Hayat Al-Jadeeda nunca cansa relembrar os
seus leitores, por exemplo, de que “a entidade sionista racista tem sido implementando formas
várias de terrorismo na base diária que são repetição do terror nazista”.110 A “ocupação colonialista
israeli da Palestina” está sendo energicamente caracterizada pelo diretor geral do Ministério de
Informação da PA como uma “ofensiva talmúdica que dilacera as páginas do Corão, e que ofende o
Mestre de Profetas, Maomé, a bênção de Allah esteja com ele, e a Virgem Abençoada, mão de
Cristo”.111
Clérigos, intelectuais e escritores palestinenses, não hesitaram em anos recentes para não admitir
ou distorcer a realidade histórica do Holocausto, como também acusam o sionismo de ser o herdeiro
do nazismo. Um artigo por Hiri Manzour no jornal palestinense oficial em 13 de abril de 2001,
afirmou que “a figura de seis milhões de judeus cremados nos campos de Auschwitz nazistas é
mentira”, enquanto pretender que embuste era promovido por judeus como parte da sua “operação
de mercado” 112
… O artigo de Hiri Manzour publicado no Dia de Memória do Holocausto de Israel, era
provocativamente intitulado “A Fábula do Holocausto” para causar ofensa máxima.
A “grande mentira” técnica, primeiramente aperfeiçoada por Hitler e Goebbels está, no entanto, de
jeito nenhum confinada a assuntos relacionados ao Holocausto. Oficiais palestinenses não recuam,
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por exemplo, das alegações mais estranhas e difamatórias sobre “crimes contra a humanidade”
israelis.
Na Comissão sobre Direitos Humanos em Génova em 17 de março de 1997, Nabil Ramlawi atordoou
delegados declarando que “autoridades israelis … infetaram por injeção 300 crianças palestinenses
com o vírus HIV durante os anos de intifada”. O comandante do Serviço de Seguridade Geral
Palestinense de Gaza, não menos mentirosamente, culpou Israel por encorajar “moças judaicas
russas com AIDS para espalhar a doença entre jovens palestinenses”. 113
O ministro de suprimentos, Abdel Hamid al-Quds, até tinha a bílis para informar o jornal israeli Yediot
Aharonot que
Israel está distribuindo alimento que contém material que causa câncer e hormônios que
prejudicam a virilidade masculina e deterioraram produtos de alimento … afim de envenenar
e prejudicar a população palestinense.114
Na mesma veia torcida, Suha Arafat, esposa do presidente da PA, numa conferência de imprensa na
presença de Hillary Clinton (então primeira dama), acusou falsamente Israel de deliberadamente
envenenar ar e água palestinenses. O próprio Yasir Arafat, no Foro Econômico Mundial de 2001 em
Davos, Suíça, chocou a sua audiência distinta por insistir na frente do ministro do exterior israeli
Shimon Peres que Israel estivesse usando urânio depleto e gás de nervos contra civis palestinenses.
Clipes de filme da televisão oficial da PA eram apropriadamente preparados para mostrar as vítimas
alegadas torturadas por convulsões e vômitos. Em outros casos, havia cenas de rapto e assassínio
que supostamente tiveram sido executados por soldados israelis “restabelecidos” por câmaras.115
Tais incitamentos e falsificações anti-semíticos não deveriam ser trivializados ou reduzidos a um
mero anexo da luta política palestinense contra a ocupação israeli, como a sabedoria convencional o
habitualmente apresenta. A última intifada o fez transparentemente claro que queixas
palestinenses, árabes e moslins contra o estado judaico não podem ser satisfeito simplesmente por
concessões territoriais e políticos israelis.
O antagonismo não só jaz muito mais fundo e vai bem além do assunto de “colonizações”, mas
estende-se ao projeto nacional judaico inteiro, à própria existência de Israel no Médio Oriente, à
rejeição daquilo que o grande filósofo humanitário e moral Saddam Hussein repetidamente chamou
de a “entidade sionista criminal”. Precisamos reconhecer que uma cultura de ódio surgiu que chegou
a ser um fim em si mesmo, antes de uma forma de política por outros meios.
Israel como “Abstração Diabólica”
Na dispensação árabe corrente, Israel é outra face de racismo europeu ou nazismo, mas atualmente
“um nazismo duplo”.116
… A citação “nazismo duplo” é dum colunista no Al-Arabi em maio de 2001.
Para citar aquele outro moralista político renomado, o presidente Assad da Síria, Israel é “mais
racista que os nazistas”. Fiamma Nierenstein somou de modo rígido o estado verdadeiro da
ocorrência como segue:
Israel foi transformado em pouco mais que uma abstração diabólica, não um país qualquer
mas uma força maligna incorporando qualquer atributo – agressor, usurpador, pecador,
ocupador, corruptor, infiel, assassino, bárbaro… O sentimento incomplicado produzido por
essas caricaturas está sendo capturado pelo canto último de sucesso em Cairo, Damasco e
Jerusalém leste. Seu título é: “Odeio Israel”117
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Essa imagem alarmante do estado judaico como encarnação de infortúnio maligno naturalmente
encoraja a idéia de que todos os judeus de Israel deveriam ser eliminados. Num solo tal fertilizado
por demonologia, o culto de martírio floresce mais prontamente e perde os seus últimos inibições
morais. O clero moslim fundamentalista joga um papel especial nesse ciclo diabólico de incitamento.
Em junho de 2001, a televisão da PA transmitiu o sermão do xeque Ibrahim Mahdi abençoando
“cada um que uma vez pôs um cinto de explosivos no seu corpo ou naquele do seu filho,
mergulhando no meio dos judeus”. 118 Há literalmente milhares de tais sermões pregando violência
contra judeus.
Igualmente horrorizante é o modo com que colunistas árabes e palestinenses extaticamente saúdam
os bombeadores suicidas que destroem vidas inocentes israelis bem como as suas próprias. Tais
terroristas gozam de suporte moral nos inquéritos de opinião de mais que três quartos de todos os
palestinenses. No entanto, o jihad contra Israel está sendo visto pelos islamistas em particular, não
só como batalha militar-política para o inalienável “sagrado solo moslim” (Waqf) da Palestina, mas
também como luta contra uma força muito mais ampla – seja esta a América ou o poder oculto dos
judeus.
Para o líder mais bem conhecido da Hezbolá no Líbano, Ayatollah Fadhallah, o Estado de Israel é
simplesmente arma da conspiração judaica mais ampla, o núcleo de espalhar dominação econômica
e cultural dos judeus; segundo Fadhallah, há um “movimento judaico mundial que trabalha para
privar o Islame das suas posições atuais de poder”; os judeus querem controlar o potencial e os
recursos econômicos do mundo islâmico, enfraquecê-lo espiritualmente sobre a questão de
Jerusalém e geograficamente sober Palestina. 119 Para Fadlallah, essa é uma luta por cultura mesma,
até mais que para terra palestinense ou para Jerusalém. É uma apocalíptica, visão maniquéia do
conflito. Como Martin Kramer o põe, essa é “uma visão de moslim e judeu fechados numa
confrontação total, a qual continuará até um lado completamente subjugar a outra”.120
Qualquer convênio de paz com Israel sujeitaria, nos olhos dos islamistas, fatalmente o mundo
moslim à dominação judaica completa. Segundo o porta-voz da Hamas, Ibrahim Ghawshah, se
houvesse uma vez um compromisso entre árabes e israelis, então “Israel dominaria a região como o
Japão domina o sudeste da Ásia, e os árabes chegarão a serem empregados dos judeus”.121
O espetro de “dominação judaica” que sublinha o anti-semitismo islâmico contemporâneo, faz parte
da sua visão compreensiva duma conspiração judaica mundial. Essa é uma visão do mundo que
ganhou constantemente força desde a derrota esmagadora árabe nas mãos de Israel em 1967. Essa
perda humilhante era, não justamente um golpe ao orgulho, machismo e ambição nacional árabes,
mas a reflexão para muitos moslins da crise do Islame – da sociedade e cultura letárgicas,
retrógradas por um inimigo poderoso, moderno, tecnologicamente avançado e altamente motivado.
O nacionalismo pan-árabe e o socialismo árabe que previamente tinha influência foram parcialmente
desacreditados. Em seu lugar veio uma tendência em direção a ver o Islame como engajado numa
batalha fatídica pela civilização.122
Israel estava doravante anatematizado como parte do Ocidente ascendente, poderoso. Num eco de
retórica não-marxista, os “invasores sionistas” eram percebidos como colonizadores brancos que
ameaçavam a identidade cultural do próprio Islame.
Logo depois do desastre do junho de 1967, os fundamentalistas mais conservativos exacerbavam e
fiavam a imagem tradicional do sionismo e dos judeus para dentro de algo totalmente vil e perverso
que pudesse somente merecer erradicação total.123 Em ponto de fato, o anti-semitismo árabe
moslim do fim da década dos 1960 já era genocidal nas suas implicações. Virtualmente, todos os
teólogos árabes reunidos no Cairo em 1968 denotaram os judeus como “inimigos de Deus” e
“inimigos da humanidade”; como um refugo a um rife antes que um povo cujo estado foi visto como
culminação ilegítima de características alegadamente imutáveis e permanentemente depravadas.
Como os seus livros sagrados amplamente demonstravam, “mal, perversidade, quebra de votos e
veneração ao dinheiro” eram “qualidades inerentes” nos judeus, que chagaram a ser
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horrificavelmente visíveis na sua conquista da Palestina. 124 Na linha dessa tendência islâmica
conservativa de pensamento, o presidente Sadat do Egito, em 25 de abril de 1972, referiu-se aos
judeus como a “uma nação de mentirosos e traidores, planejadores de complôs, um povo nascido
para feitos de traição”, que seriam logo “condenados à humilhação e miséria”, como profetizado no
Corão. 125 O cabeça da Academia de Pesquisa Islâmica, o dr. Abdul Halim Mahmoud, era ainda mais
explícito, num livro importante de 1074 publicado um ano depois da Guerra de Yom Kipur:
Allah comanda os moslins a combaterem os amigos de Satã onde quer que forem
encontrados. Entre os amigos de Satã – de fato, entre os primeiros amigos de Satã na nossa
era presente – estão os judeus. 126
Desde a guerra de 1973, apesar de vinte anos de paz com o Egito, pelo menos duas gerações de
moslins foram sistematicamente ensinadas para odiar os diabos judaicos e israelis. Daí, chegou a ser
lugar-comum que os líderes israelis consistentemente estão sendo retratados como monstros em
caricaturas árabes, seja que for o ex-primeiro-ministro Ehud Barak em regalias nazistas, as mãos
gotejando com sangue, ou seja Ariel Sharon surgindo dum caixão com uma suástica no seu lado. A
estação de TV popular Al-Jazeera traz essa espécie de incitamento a incêndio para dentro de milhões
de lares árabes127, repetidamente provendo imagens dum Israel demoníaco que deliberadamente
espalha drogas, vícios e prostituição para dentro do mundo árabe e gasea os palestinenses ou
deliberadamente envenena a sua alimentação e água. Essa é uma nação criminosa liderada por um
ogro sanguinolento, canibalesca que devora crianças palestinenses cada manhã para café da
manhã.
Negação do Holocausto e Apropriação de Símbolos Nazistas
Anti-semitas árabes e moslins anexaram em décadas recentes os símbolos e expressões do antisemitismo europeu, até que “islamizavam” a sua mensagem. Um exemplo particularmente
significante onde o anti-semitismo árabe se provou virtualmente idêntico com formas neonazistas e
“anti-sionistas” da judeufobia ocidental é o assunto da negação do Holocausto. De fato, em anos
recentes isso chegou a ser ponto central de plataforma do anti-semitismo árabe e moslim.128 A
gente encontra uma disposição no mundo árabe para crer que os judeus conscientemente
inventaram a “mentira de Auschwitz”, o “embuste” da sua própria exterminação como parte dum
plano verdadeiramente diabólico para alcançar a dominação do mundo. Nesse cenário supermaquiaveliano, o arquétipo satânico do judeu conspiratório – autor e beneficiário do maior “mito” do
século vinte – alcança apoteose horrível e novel.
Uma das atrações da negação do Holocausto para árabes claramente jaz na sua minação radical das
fundações morais do estado israeli. Os primeiros bruxuleantes do “revisionismo do Holocausto” do
Médio Oriente já deram uma superfície na década dos 1980. Em 1983, Mahmoud Abbas (mais bem
conhecido hoje como Abu Mazen), que subsequentemente emergiu como arquiteto-chefe principal
da PLO dos Acordos de Oslo, escreveu um livro de negação do Holocausto intitulado The Other Side:
The Secret Relationship between Nazism and the Zionist Movement [O outro Lado: O relacionamento
Segredo entre Nazismo e Movimento Sionista]. Nesse, ele sugere que o número de vítimas judaicas
da Shoáh era “até menos que um milhão”.129
… Abu Mazen nunca retraiu publicamente o seu livro de negação do Holocausto, apesar da
petição de fazê-lo do Centro Simon Wiesenthal em Los Angeles. Contou ao jornal israelense
Ma’ariv que escreveu a obra num tempo quando a PLO estava “em guerra com Israel”.
Depois de Oslo, ele reivindicou, não teria feito essas notas. Mas agora que Oslo está morta,
significa isso que a negação de Holocausto possa outra vez considerada politicamente
expediente?
Na década dos 1980, o ex-oficial do exército de Marrocos, Ahmed Rami, começou também a
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desenvolver uma campanha de negação muito mais emplumada e violentamente anti-semítica a
partir de Estocolmo, Suécia, onde fundou “Rádio Islame”. Sob a cobertura do “anti-sionismo”, onde
fundou a “Rádio Islame”. Sob a cobertura de “anti-sionismo” e ostensivamente defendendo a causa
palestinense, Rami chamou para um “Hitler novo” que reunisse o Ocidente e o Islame contra o
câncer do “poder judaico”, e os liberasse do jugo mendacioso do “talmudismo” e da indústria do
Holocausto.130
… Ahlmark, que co-fundiu o Comitê sueco contra Anti-Semitismo, chamou as declarações
chamou as declarações de negação de Rami do “Holocausto” de “a campanha mais viciosa
anti-judaica na Europa desde o Terceiro Império”. Rami prosseguiu em cortes suecas por três
ocasiões. Foi outra vez convencido e finalizou em outubro de 2000.
No Irã, também, começando no início da década dos 1980, uma forma embrionária da negação do
Holocausto já existia ao lado das caricaturas semelhantes às daqueles da Stürmer do “judeu
talmúdico”, a promoção obsessiva do mito dos Protocolos, repetindo chamadas para erradicar o
câncer sionista da face da terra.131
A negação do Holocausto era o passo final lógico para o radicalismo militante de estilo Khomeini que
totalmente demoniza o sionismo, vendo nele a re-encarnação malevolente e insidiosa do século
vinte do Judaísmo subversivo e espírito astuto do judaísmo.132
Contra esse fundo histórico, não é surpresa grande encontrar o líder do Irã do presente dia, ayatolá
Khameini, recentemente reivindicando:
Há evidência que mostra que o sionismo tem relações estreitas com os nazistas alemães e
exageraram as estatísticas sobre matanças de judeus. Há até evidência na mão de que
número grande de rufiões e assassinos não-judaicos da Europa Ocidental foi forçados para
emigrar à Palestina como judeus … para instilar no coração do mundo islâmico e estado antiislâmico sob o pretexto de suportar as vítimas do racismo.133
Jerusalem Post, 25 de abril de 2001. Um ano anterior, o jornal iraniano conservativo,
o Teheran Times, insistira num editorial em que o Holocausto era “uma das grandes
fraudes do século vinte”. Isso incitou uma queixa pela MP britânica Louise Ellman ao
embaixador em Londres. …
O mufti de Jerusalém, o xeque Ikrima Sabri, não para ser sobrepujado, contou ao New York Times em
março de 2000:
Cremos que o número de seis milhões está exagerado. Os judeus estão usando esse assunto,
em muitos meios, também para fazer chantagem aos alemães financeiramente… O
Holocausto está protegendo Israel. 134
… Sabri acrescentou: “É certamente não falha se Hitler odiava os judeus. Não eram
eles odiados bem muito em qualquer lugar.”
Outros palestinenses chegaram também a ser explicitamente difamatórios nos anos recentes sobre
o Holocausto. Hassan al-Agha, professor na Universidade Islâmica na cidade de Gaza, declarou num
programa televisionado de assuntos culturais da PA em 1997:
Os judeus o [o Holocausto] vêem como atividade profitável assim que inflar o número de
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vítimas todo o tempo. Em mais outros dez anos, não sei que número alcançarão… Como
sabeis, quando chega a investimentos econômicos, os judeus têm sido muito expertos até
desde os dias do Mercados da Veneza. 135
Seif Ali Al-Jarwan, escrevendo um ano mais tarde no jornal palestinense Al-Hayat Al-Jaeeda, também
envolveu a sombra de Shylock, representando “a imagem da ganância, astúcia, má, e desprezou
judeus” que sucederam em lavar cérebro na opinião pública americana e européia sobre a
existência da Shoáh.
Conectaram histórias horríveis de câmaras de gás que Hitler, reivindicavam, usava para
queimá-los vivos. A imprensa inundava com imagens de judeus sendo matados a tiros … ou
puxados para dentro de câmaras de gás… a verdade é que tal perseguição era fabricação
maliciosa pelos judeus.136
… Um recente problema de palavras cruzadas (18 de fevereiro de 1999) pediu aos
leitores que adivinhassem o nome do “centro judaico para eternalizar o Holocausto e
os seus mentiras”. A resposta correta era Yad Vashem, o memorial israelense do
Holocausto em Jerusalém.
Anti-semitas árabes invariavelmente vêem a história do Holocausto como complô sionista “afim de
levar o mundo fora do caminho” 137. Segundo o jornal egípcio Al-Akhbar, “isso foi feito com o alvo de
motivar os judeus emigrar a Israel e extorquir dos alemães dinheiro bem como conseguir apoio do
mundo para os judeus”. 138
O estado judaico está sendo considerado nesses círculos como existindo e prosperando
primariamente em virtude “da mentira do Holocausto”. Essa é “a cola que mantém os judeus
juntos”, segundo o escritor e político libanês dr. Isaam Naaman.139 Outros, tais como Mahmoud AlKhatib, escrevendo no jornal jordaniano Al-Arab Al-Yom, revezam mais em “revisionistas” do
Holocausto ocidentais, quando erroneamente reivindicam que não haja “prova nenhuma” da Shoáh
exceto pelas “testemunhas conflitantes de uns poucos ‘sobreviventes’ judaicos”. No máximo,
segundo Al-Khatib, Hitler assassinou cerca de 300.000 judeus, e os matou, não porque eram judeus,
“mas antes porque traíram a Alemanha”.140
Al-Quds Al Arabi, 22 de abril de 1998, (traduzido pelo Antisemitsm Monitoring Fórum, em
www.antisemitism.org.il). Como é muitas vezes o caso com a literatura da negação do
Holocausto, o artigo está cheio de confusão e ignorância, triunfantemente asseverando que 6
milhões judeus nunca viviam na Alemanha antes daquela guerra, como se a “Solução Final”
estivesse sido primeiramente à Judiaria alemã, e os nazistas nunca tivessem conquistado o
continente europeu inteiro.
Um exemplo particularmente sinistro desse gênero popular está no artigo do editor de Tishreen, o
diário líder da Síria, que faz dois anos acusou os sionistas de cinicamente inflar o Holocausto “a
proporções astronômicas” e usa-lo “para iludir a opinião pública internacional, ganhar a sua empatia
e o extorquir”. Israel e as organizações judaicas, escreveu, encorajam “a sua versão distorcida da
história” a extorquirem cada vez mais fundos da Alemanha e outros estados europeus em
pagamentos de restituição, usam também o Holocausto “como espada pendurando sobre os
pescoços de todos que se opõem ao sionismo”.141 No entanto, os sionistas foram golpeados de medo
pelas questões começando a serem levantadas sobre o Holocausto por escritores tais como Robert
Faurisson, David Irving, Arthur Butz e outros “revisonistas” que levaram o seu marco na opinião
pública e na mídia. Segundo a visão síria, o esforço sionista de paralisar a memória, lógica e
discussão humanas era ligado a falhar:
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Israel, que se apresenta como o herdeiro das vítimas do Holocausto, cometeu e anda comete
muito mais crimes do que aqueles cometidos pelos nazistas. Os nazistas não expulsaram
uma nação inteira o enterraram gente e prisioneiros vivos, como os sionistas o fazem.142
Mas o “revisionista” europeu mais freqüentemente mencionado como fonte para os negadores do
Holocausto árabes era o intelectual (e convertido ao Islame) de ala esquerda francesa Roger
Garaudy. De fato, o processo e convicção de Garaudy na França em 1998 por “négationisme” o
fariam herói em muito do Médio Oriente.143
Al-Ahram, 14 de maio de 1998, defende Garaudy argüindo, entre outras coisas, que não
havia “nenhum sinal de câmaras de gás” que eram supostas de terem existidas na
Alemanha. De fato, não havia câmaras de gás instaladas na Alemanha mesma – todos os
campos de morte estavam instalados na Polônia.
Entre os seus admiradores estava o ex-presidente do Irã, Ali Akbar Hashemi Rafsanjani, que num
sermão na rádio Teerã declarou-se plenamente convencido de que “Hitler matara somente 20.000
judeus e não seis milhões”, acrescendo que “o crime de Geraudy se deriva da dúvida que joga na
propaganda sionista” 144.
Rafsanjani é o mesmo clérigo “moderado” que, faz somente um par de meses, proclamou no “Dia de
Jerusalém” no Irã que “uma única bomba atômica apagasse Israel sem traço”, enquanto o mundo
islâmico fosse apenas danificado antes de destruído por retaliação nuclear israelense.145
As observações foram feitas nas preces de sexta feira tidas na universidade de Teerã em 15
de dezembro de 2001 e amplamente reportadas na mídia do mundo. Um dia antes, na
televisão iraniana, declarou: “O estabelecimento do Estado de Israel é o pior evento da
história. Os judeus que vivem em Israel terão de migrar mais uma vez.” …
No caso iraniano, temos um exemplo de israelofobia genocidal e de terrorismo puxados pelo culto de
jihad profundamente anti-semítico nas suas premissas que sem remorsos advoga a erradicação “do
tumor chamado de Israel”. Está tudo demasiadamente característico dessa postura mental fanática
que o Holocausto nazista real infligido sobre os judeus deve tão estrenuamente negado por aqueles
que o repetissem.146
Não é acidente que negadores do Holocausto europeus como o engenheiro austríaco
Wolfgang Fröhlich e o suíço Jürgen Graf estão sendo cordialmente recebidos e residentes do
Irã. …
O assunto Garaudy, originando do livro do autor francês de 1995 Os Mitos Fundadores do Israel
Moderno (que argúi que os judeus essencialmente fabricaram o Holocausto por ganho financial e
político), está revelando precisamente porque expôs a vitalidade do novo anti-semitismo de negar o
Holocausto através dos mundos moslim e árabes. As traduções árabes da obra de Garaudy
chegaram a ser mais compradas em muitos países do Médio Oriente, embora na própria França
estivesse acusado como incitante a ódio racial.147
… Um antigo católico, a seguir comunista, Garaudy chegou a ser moslim em 1982 e casou
com uma mulher nascida em Jerusalém. …
Muitos profissionais árabes ofereceram ansiosamente os seus serviços para ajudar Garaudy. Sete
membros da Associação Beirut Bar se ofereceram para defender o escritor na própria França, e a
União de Advogados Árabes no Egito despachou um time legal a Paris no seu suporte. Mensagens de
solidariedade e contribuições financeiras (inclusive a doação generosa da esposa do líder dos
Emirados Árabes Unidos) inundavam o jornal do Golfo Árabe que publicara um apelo a seu
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respeito.148
Para sumário útil vê Ester Webman …: anota que há poucas vozes árabes críticas que
demandem reconhecimento do Holocausto como crime extraordinário contra a humanidade.
…
No entanto, o cimento ideológico ligante atrás dessa efusão de solidariedade por Garaudy era um
anti-semitismo de estilo Protocolos que o considera quase como verdade auto-evidente que o
Holocausto era de fato uma invenção sionista. Daí, a reação muito favorável à tese de Garaudy por
tantos jornais e magazines árabes e por clérigos como o xeque Muhammad Al-Tantawi, políticos
como Rafiq Hariri e intelectuais como Muhammad Hassanin Haikal.149
Garaudy podia encontrar um solo tão fértil entre árabes porque, durante muitas décadas, legendas
perniciosas sobre colaboração nazista-sionista, a representação pictórica de “sionismo e nazismo” e
a crença de que judeus manipulavam o Holocausto para justificar o estabelecimento de Israel têm
sido axiomáticas.150 Autores árabes se referiam longamente à política “genocidal”, compararam
Auschwitz a assim-chamados “campos sionistas na Palestina”, igualaram a invasão de 1972 do
Líbano com o Blitzkreig [Guerra Relâmpago] alemão, e repetiram a reivindicação de que sionismo e
nazismo têm origens ideológicas idênticas.151
… O autor alemão cita um número de fontes árabes. Nota também a demanda de Al-Hayar
(15 janeiro de 1998) para um reconhecimento “de um outro Holocausto cometido por Israel
contra o mundo árabe”. Isso foi proposto pelo editor, em toda a seriedade, como um prérequisito para o reconhecimento árabe do Holocausto contra os judeus.
Escritores árabes pretendiam também freqüentemente que os interesses financeiros estivessem por
trás da “mentira do Holocausto”; ou ainda que as pressões políticas do lobby sionista forçadamente
empurravam a relembrança oficial desse evento (puramente ficcional) num público de cérebro
lavado.
Assim, para a audiência do Médio Oriente, os argumentos de Garaudy não representavam revelação
por si. Eram antes confirmação de imagens árabes pré-existentes referentes a judeus e sionistas
todo-poderosos e “criminosos”. Esses monstros conspiraram para inventar um Holocausto Nazista
não-existente, mesmo quando executaram os seus próprios “crimes genocidais” contra os
palestinenses.
Não é menos revelador que intelectuais, clérigos e legisladores palestinenses mostraram a sua
relutância de incorporar qualquer aspecto da Shoáh nos seus currículos de ensino, temendo que isso
possa fortalecer os reivindicações sionistas à Palestina.152 Hatem Abd Al-Qader, um líder da Hamas,
explicou num debate palestinense interno recente que instrução tal representasse “um perigo
grande para a formação dum consciência palestinense”; ameaçasse diretamente sonhos políticos e
aspirações religiosas palestinenses, tais como a promessa de Allah de que o todo da Palestina fosse
posse sagrada para os árabes.
Outros intelectuais mencionaram “dúvidas” alegadas sobre a “veracidade” da Shoáh entre
pensadores europeus e sobre a cena internacional, ou chamaram para um foco mais concentrado no
“terror”, “crueldade” e “massacres” sionistas contra palestinenses sem-defesa; ou simplesmente
constatam que qualquer referência a vítimas judaicas do Holocausto tem de ser minimizada, senão
excluída.153
Al-Risala, 13 de abril de 2000. O dr. Sisalem negou no passado a existência das câmaras de
gás. Afirmou que os sionistas estivessem ainda “estorcendo” dinheiro de nações européias
como resultados da Shoáh. Além disso, em Estocolmo (janeiro de 2000) os judeus
pressionaram muitos governos para introduzir o Holocausto nos seus currículos. Esta decisão,
disse, era intentada para cobrir os crimes repugnantes na Palestina.
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Segundo o intelectual Abdallah Horani, a Israel e aos sionistas dificilmente deve ter assistência
palestinense para propagar as suas “mentiras” e a sua “história falsa” da Shoáh. Nessa visão, o
próprio levantar desse assunto faria parte do complô americano-israeli para apagar a memória
nacional palestinense em favor da “cultura de paz” globalizante e para preparar o fundo para uma
invasão ideológica-cultural da Palestina pelo ocidente.154 O cabeça do Jihad Islâmico Palestinense em
Gaza, o xeque Nafez Azzam, foi mais breve e absoluto: “Querer ensinar a Shoáh em escolas
palestinenses contradiz à ordem do universo.”155
A “Entidade Sionista”: Recusa de Aceitar a Existência de Israel
A feição central do anti-semitismo anti-sionista árabe era e permanece a recusa categórica de
aceitar o direito de Israel para existir e a sua legitimidade moral. A premissa fundamental foi
agravada por educação implacavelmente direcionada a odiar Israel e os judeus. Nessa propaganda,
Israel é o bode expiatório para a inabilidade árabe contínua de conseguir unidade política,
desenvolvimento econômico ou outras metas nacionais. Frustração na falha de modernizar com
sucesso levou a deslocação de raiva a judeus e o estado judaico como “agente de imperialismo,
globalização e cultura modernista invasora ocidental na região”.
Mas há alguns regentes árabes, tais como Saddam Hussein que foram muito mais longe em tanto
sua retórica como seus atos. Falam da “entidade sionista”, não só como “implante” alheio, mas
como “octópode” multi-tentacular, um “câncer mortífero” ou um “vírus AIDS” que deve ser
completamente eliminado.156
… Na televisão iraqi (22 de fevereiro de2001) referiu-se à “entidade sionista imunda”; em 27
de março de 2001, chamou para mobilização total “para liberar a Palestina”, acrescentando
que “os judeus devem ir ao inferno”; na rádio Bagdá, (28 de maio de 2001) chamou o conflito
sionista-árabe de uma guerra de destino; ou a nação árabe viveria em paz (o que requeresse
a extinção de Israel) ou os sionistas se expandiriam a despesa árabe. Em 28 de agosto de
2001, a rádio Bagdá exortou a nação islâmica árabe a se levantar e “expulsar os filhos de
macacos e porcos entre os sionistas da terra conquistada (Palestina)”.
Durante o ano passado, tais declarações chamando para a extinção de Israel foram repetidamente
feitas tanto por nacionalistas pan-árabes seculares do partido Ba’ath reinante no Iraque, bem como
por fundamentalistas moslins, “Palestina é árabe e deve ser liberada do rio ao mar e todos os
sionistas que emigraram à terra de Palestina devem partir”.157
Há um anti-semitismo tanto implícito como explicito que está por baixo dessa retórica nacionalista
exclusivista, tão visceral em caricaturas árabes, agudado por que chegou a ser um retrato
completamente desumanizado de israelis. Estão sendo estigmatizados como assassínios, criminais,
refugos, a escória da terra. Os israelis são simplesmente uma coleção de judeus desarraigados,
nômades que ilegalmente roubaram uma terra que não era a sua própria, afim de criar um estado
“nazificado” baseado em sonhos de dominação do mundo como expostos nos Protocolos. Esse
estado “artificial” e mau, que explora a religião judaica “imperialista” e o seu conceito dum “povo
escolhido” para pegar cada vez mais terra arábica, é análogo a um câncer que se espalha, e que
deve ser cirurgicamente removido.158
Esse assunto está particularmente forte na Síria, no Iraque e na propaganda governamental
do Irã, mas expressões similares podem ser encontradas em países árabes mais
“moderados”, como a Arábia Saudita, Jordânia e Egito.
O anti-semitismo árabe e moslim tem sempre um gume agudamente político que deriva da
intensidade do conflito árabe-israeli. Mas a dimensão territorial palestinense não nos deve cegar
para o fato de o anti-semitismo tem uma dinâmica autônoma própria sua.159
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Y. Harkabi consistentemente argüia Que o anti-semitismo árabe era “o resultado de
circunstâncias políticas”, não “a causa do conflito, mas um produto deste”. …
Respeitosamente, descordo com Harkiri nesse ponto.
Há uma estrutura distintiva, subjacente para a ideologia do anti-semitismo árabe-moslim, além das
circunstâncias políticas imediatas, da propaganda governamental, do conflito territorial com Israel e
o uso instrumental de estereótipos e símbolos importados do ocidente.
Discutimos algumas das fontes indígenas dessa praia antijudaica no próprio Islame primitivo e as
conseqüências do status dos dhimmi sob regime moslim. A propagação do “libelo de sangue” e
outros estereótipos entre árabes cristãos no século dezenove e a adoção dos mesmos por moslins
nos cem anos passados foram também notadas.160
Vê Sylvia Haim: … Traduções arábicas de literatura anti-semítica francesa (feitas por árabes
cristãos) eram um cinto transportador para a transmissão de estereótipos judaicos
originando na cultura cristã européia.
O nacionalismo árabe moderno, também, construiu uma ideologia de “arabismo” (al-‘uruba) inimical
à presença judaica no Médio Oriente. Facilitou um modo geralmente estereotipado de pensar sobre
todos os “estranhos” (inclusive judeus) como “alienígenas” e inimigos. Já no Egito de Nasser durante
a década dos 1950 e nos movimentos ba’atistas da Síria e do Iraque, a gente vê como facilmente um
anti-semitismo ocidental e até “nazificado” mourejado para dentro de visão pan-arábica duma nação
singular, poderosa, homogenia falando árabe. O ressentimento histórico contra colonialismo e
imperialismo ocidentais, bem como a amargura provocada por derrotas sucessivas nas mãos de
judeus israelis, agravou grandemente a sua armação de pensamento. Teorias de conspiração
postulando um “sionismo internacional” (conceitualmente amalgadas com “Judiaria mundial”)
fechado numa inimizada eterna à nação árabe, têm sido amplamente espalhadas entre nacionalistas
árabes como estão em círculos fundamentalistas.161
Nacionalistas pan-árabes seculares, já antes de 1976, consideraram a existência e consolidação de
Israel como “desafio civilisacional”, um sintoma patológico de fraqueza árabe e do seu atraso. O que
era particularmente incompreensível era que os dhimmis judaicos sem poder e indefesos erigiram
com sucesso e criaram um estado judaico independente capaz de derrotar vários exércitos no
campo de batalha. A gente pode talvez explicar no melhor a raiva emocional peculiar atrás do antisemitismo árabe-moslim como tentativa de desviar as traumas não-resolvidas que os poderes
militares e tecnológicos infligiram a psique árabe.
A Guerra dos Seis Dias intensificou muito a demonologia do sionismo e dos judeus, especialmente
entre os moslins fundamentalistas. Havia um senso profundo de humilhação sobre a perda de
território islâmico em 1967 e a captura da cidade santa de Jerusalém pelos israelis; não por
acidente, fundamentalistas agora puseram o conflito em termos de luta entre Islame e os judeus –
uma luta de cultura, civilização e religião.162 A vitória chegou a ser para eles sintoma de mal-estar e
degradação do Islame – da inabilidade deste de recuperar as fontes religiosas da sua glória passada
e superar o desafio posto por uma modernidade ocidental “decadente” se poderosa. Rejeição radical
de todas as coisas ocidentais e a crença de que somente o Islame fosse a solução (Islam huwa
al-hal), daqui em diante andava junto com uma visão nova do perigo judaico e de Israel como
inimigo total e ameaça existencial.
O medo existencial atrás do anti-semitismo islâmico e árabe recorda o paradigma nazista de ódio
aos judeus, fazendo-o parecer particularmente dinâmico, volátil e até genocidal nas suas
implicações. Israel e os judeus estão sendo percebidos, não só como ameaça militar, política e
econômica aos árabes e ao Islame, são também símbolo de todas as fobias provocadas por
secularismo e pelo “veneno” da cultura ocidental – pornografia, AIDS, prostituição, música rock,
Hollywood, consumismo de massa, crime, drogas e alcoolismo.163
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Uma das Feições mais conspícuas do anti-semitismo árabe-islâmico é a qualidade fixada, quase
estática dos seus estereótipos subjacentes. Judeus são constantemente denegridos e
irremediavelmente criaturas más, corruptas, imorais, intrigantes, enganosas e avarentas, ou estão
sendo vilificados como “vampiros” racistas, colonialistas e fascistas. Exatamente faz vinte anos, um
cientista egípcio proeminente, o dr. Lutfi abd-al-‘Adhim, escreveu sobre os judeus e o conflito Israelárabe em exatamente na mesma linguagem anti-semítica que é tão lugar-comum hoje:
Porque judeus são judeus, não mudaram durantes milhares de anos: incorporam traição,
baixeza, engano e desprezo por valores humanos. Devorariam a carne duma pessoa viva e
beber o sangue desta por motivo de roubar a propriedade dela.164
Nesse mesmo artigo está sendo acertado que os judeus estariam fazendo “uma guerra total de
aniquilação … contra a nação árabe”. Para Abd-al-‘Adhmim, era óbvio que havia “nenhuma diferença
entre os bandos de sabotadores que governam Israel e os lobbies ao redor do mundo”. Tinha, pelo
menos, a honestidade de admitir que isso era anti-semitismo árabe, enquanto explicando que “o
nosso anti-semitismo está [direcionado] contra semitas judaicas”.165
Durante os vinte anos passados, muito pouco mudou no reportório básico e contento do antisemitismo árabe. Mas chegou, infelizmente, a ser mais espalhado, intenso e “islâmico” em caráter.
Em 1990, escrevi que “uma ideologia árabe anti-judaica se tem cristalizado e adquirido o seu
momento próprio durante o curso das últimas poucas décadas, uma que distorceu e pretejou a
imagem do judeu em modos que eram historicamente sem precedentes para o mundo islâmico”.166
A conclusão ao meu livro Antisemitism: The Longest Hatred [Anti-semitismo: O Ódio mais Longo],
escrito mais que faz uma década, ainda me parece estar válido:
Mitos populares sobre a traição ocidental da Palestina e sobre a conspiração judaica sinistra
de subverter arabismo e Islame continuarão provavelmente para florescer… Pois no coração
do problema do Médio Oriente, para a maioria dos árabes, é a sua recusa emocional de
aceitar Israel e o direito dos judeus de exercer qualquer soberania num domínio moslim. Nem
no nacionalismo árabe nem no Islame, a independência e igualdade nacionais podem ser
toleradas para judeus. Para palestinenses, também, que têm igualmente saudado um
opressor cruel, brutal como Saddam Hussein como o seu herói e libertador, “paz” e “justiça”
parecem significar pouco menos que a demanda para completar a arabização do estado
judaico. 1
Na minha sentença concluinte, adverti que, se as destruições pelo anti-semitismo moslim e árabe
não fossem paradas, essa falta “pode só levar o Médio Oriente mais para baixa de estrada para
autodestruição”. Nunca essa advertência parecia mais apropriada que hoje.
Notas de fontes
1
a:
162
no fim do texto alemão.
Robert S. Wistrich é Neuberger professor de História Européia e Judaica Moderna na Universidade
Hebraica em Jerusalém
Texto inglês
Tradução: Pedro von Werden SJ – Rua Padre Remeter, 108 – Bairro Baú – 78.008-150 Cuiabá-MT
–BRASIL – [email protected]
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