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Imagem corporal em escolares do ensino médio com sobrepeso e obesidade Araujo, Evelin Karine de3 Borella, Douglas Roberto1 Storch, Jalusa Andréia2 Harnisch, Gabriela Simone4 Duarte, Anne Caroline4 Frank, Robson4 Resumo Sabe-se que no século XXI vem ocorrendo algumas preocupações excessivas com a própria imagem e com a imagem desejada. Ter um corpo perfeito é prioridade para muitas pessoas que querem estar nos padrões de beleza estabelecidos pela mídia. Muitas pessoas chegam a acreditar que todo sacrifício é pouco para se conseguir um corpo ideal, pois estes ganham visibilidade e são tratados como mercadorias a serem vendidas pela indústria cultural. Dessa forma, o objetivo do presente estudo foi analisar a percepção da imagem corporal em escolares do Ensino Médio com sobrepeso e obesidade, de um colégio público de um município de pequeno porte, localizado no oeste paranaense. A amostra foi composta por 10 escolares do gênero masculino e 04 do gênero feminino, com idade entre 14 a 20 anos. Trata-se de uma pesquisa descritiva de análise quantitativa, no qual o instrumento utilizado foi um questionário contendo informações sobre os dados pessoais, dados antropométricos (massa corporal e estatura), questões relacionadas à imagem corporal e suas respectivas influências, além da percepção corporal através da Escala de Figuras de Silhuetas de Stunkard, Sorensen e Schulsinger citado por Tritschler (2003). Com isso, conclui-se que o gênero feminino apresenta maior preocupação com a imagem corporal em1 relação ao gênero masculino, mas a insatisfação corporal atinge ambos os gêneros, além disso, pode-se dizer que os adolescentes optaram pelas figuras que apresentam uma forma corporal maior do que aquela que2 possuem. Borella , Douglas Roberto Storch , Jalusa Andréia Araujo3, Evelin Karine de Palavras-chave: Imagem corporal. Satisfação corporal. Escolares. Harnisch4, Gabriela Simone Duarte4, Anne Caroline Frank4, Robson 1 Professor do Colegiado de Educação Física na Univ. Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. Mestre e Doutor em Educação Especial – Univ. Federal de São Carlos – UFSCar. e-mail: [email protected] 2 Mestranda no Programa de Pós-graduação em Educação Especial – Univ. Federal de São Carlos – UFSCar. Bolsista de produtividade CNPq. 3Licenciada em Educação Física – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 4Acadêmicos do Curso de Educação Física – Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE. 17 Revista Géfyra, São Miguel do Iguaçu, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012. Borella, D. R.; Storch, J. A.; Araujo, E. K. de Harnisch, G. S.; Duarte, A. C.; Frank, R.. Imagem corporal em escolares do ensino médio com sobrepeso e obesidade Introdução pessoa estar acima do peso ideal, enquanto a obesidade é o excesso de gordura no corpo. Corroborando com as idéias supracitadas e melhor conceituar a obesidade, Nóbrega (2007) explica que a mesma é considerada como um distúrbio do metabolismo energético, pois ocorrem modificações nos hábitos alimentares, com maior consumo de alimentos industrializados, que geralmente são uma “bomba calórica” e também a falta de exercícios físicos regulares contribuem para esta doença crônica. Apesar de a obesidade atingir adolescentes e adultos, as crianças não estão imunes, pois as mesmas apresentam repercussões negativas em sua auto-estima, e ainda, vão crescer sob pressão psicológica e sociocultural por um padrão estético de magreza, sem contar nas complicações clínicas como: alterações de taxas de colesterol, de pressão arterial, de taxa glicêmica, entre outras. Por não corresponder ao padrão estético cultuado desencadeia discriminação social, seguido de sentimentos de auto-rejeição, que acaba fazendo com que as crianças adotem comportamentos defensivos, ou seja, isolando-se ou expondo-se na pele de um personagem extrovertido (SILVA, 2005). Indivíduos que apresentam baixo peso possuem certo “status” no mundo moderno. Entende-se então, que o excesso de peso é prejudicial à saúde, porém não se pode permitir que valores estéticos se sobreponham a tantos outros que ajudam a constituir a personalidade das pessoas. Pois, as pessoas são aquilo que apresentam, sentem, pensam e agem. (SILVA, 2005). Neste ideal de perfeição, percebe-se a dificuldade de valorização das outras dimensões que o corpo tem, ou seja, de que o corpo não se reduz apenas a imagem, e sim, ao conjunto dela com todas as suas significações e diferenciações. Porém, o corpo não se define simplesmente por ser, por ocupar um espaço, mas por fazer parte do mundo, se relacionando com ele, interagindo com as coisas do mundo e com os outros corpos (DAÓLIO, 1994). Para Marmilicz (2002), o corpo é a imagem no qual ostenta a vida, para expressar o gosto pelo viver. Por isso, devemos ter o cuidado com ele, mas não chegar ao ponto da obsessão de “endeusar” o corpo, da preocupação quase doentia em estar sempre em forma. A partir do momento em que deixa-se de ser um bebê, o corpo do ser humano até a adolescência conserva uma identidade, sofrendo uma alteração dos caracteres sexuais secundários. As mudanças que ocorrem nesse período levam a uma perda da A construção de uma imagem corporal baseada na busca do corpo perfeito esta cada vez mais presente na sociedade atual, pois nos últimos anos a valorização excessiva da aparência do corpo tem levado muitas pessoas, principalmente mulheres, à sacrifícios que podem comprometer a saúde, como dietas radicais que se estendem a cada semana e exercícios físicos em excesso, com o intuito de chegar ao corpo ideal. O corpo não deixa de ser um importante marcador social diante do cenário mercantilizado e influenciador de modelos imaginados e desejados, porém a imagem corporal se configura como um importante componente do complexo mecanismo de identidade pessoal (LE BRETON, 2003). Para confirmar tal pensamento, Romano e Itosaku (2002), explicam que a mídia e o imaginário coletivo parecem estabelecer uma relação entre a forma do corpo e a saúde, como se todos os regimes, dietas, exercícios físicos pudessem ser utilizados no sentido do indivíduo cuidar-se melhor, tornando-se mais saudável. No entanto, na última década, os casos de transtornos alimentares difundiram-se principalmente nos quadros de bulimia, anorexia nervosa e obesidade, criando-se ambulatórios de saúde específicos para o tratamento médico e psicológico. Existem artifícios que são usados por um grande número de pessoas, dentre eles estão à anorexia e a bulimia que apresentam em comum a representação distorcida da forma corporal, a preocupação excessiva com o peso e o medo patológico de engordar (NÓBREGA, 2007). Outro artifício com oposição da anorexia e bulimia é a vigorexia. Atingem um grande número de homens que se auto-impõem uma drástica mudança alimentar, desenvolvendo transtornos como a anorexia e bulimia nervosa, mas em sua grande maioria, não chegam a apresentar um grau de magreza extrema, isso porque homens anoréxicos e bulímicos, em geral, guardam um passado de sobrepeso e obesidade, e por essa conseqüência, submetem-se a dietas e exercícios físicos radicais, e acabam adoecendo por desenvolverem medo exagerado de engordar novamente e passarem por situações constrangedoras vivenciadas anteriormente (SILVA, 2005). Conforme Garcia (2005), a anorexia, a bulimia, a vigorexia, o sobrepeso e a obesidade são proposições distintas que diferenciam bastante a relação do corpo com o espaço e com o mundo. O sobrepeso é um estado que alerta a possibilidade de qualquer 18 Revista Géfyra, São Miguel do Iguaçu, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012. Borella, D. R.; Storch, J. A.; Araujo, E. K. de Harnisch, G. S.; Duarte, A. C.; Frank, R.. Imagem corporal em escolares do ensino médio com sobrepeso e obesidade antiga imagem corporal e da identidade infantil, ocorrendo à busca de uma nova identidade (ABERASTURY citado por CAMPAGNA, 2006). Nesta fase de mudança ocorrem períodos de insatisfações, de inseguranças, de incertezas, de experimentação de limites e recursos. As transformações corporais que vêm ocorrem e são difíceis de serem vividas, ocasionando muitas vezes um descontentamento por esse corpo estar abandonando a infância e entrando num mundo de autonomia (BUCARETCHI e CORDÁS, 2003). Na fase da adolescência o desenvolvimento dos indivíduos ocorre a partir das mudanças físicas. No entanto, a puberdade e adolescência correspondem a dois fenômenos específicos. Enquanto a puberdade abrange transformações biológicas inevitáveis, a adolescência está relacionada aos componentes psicológicos e sociais que estão interligados aos processos de mudanças físicas provocados nesse período (OSÓRIO, 1989). A imagem corporal é um constructo psicológico que se desenvolve por meio de pensamentos, sentimentos e percepções acerca da própria aparência corporal (TRITSCHLER, 2003). Nesse sentido, pode-se destacar que a imagem do corpo é a vivência que se “constrói” sobre o esquema corporal, pois é na imagem que estão presentes os afetos, os valores, a história pessoal, marcada nos gestos, no olhar, no corpo que se move, que repousa, que simboliza (FREITAS, 1999). Porém, a imagem corporal refere-se às características “psicológicas” e subjetivas e o esquema corporal está relacionado com as características “biológicas”, servindo de base para a construção da imagem corporal (TAVARES, 2007). Quando se perde o limite do próprio corpo, pode-se perder também o respeito por ele, pois há certos limites que não tem a necessidade de serem ultrapassados, e sim valorizados. Segundo Tritschler (2003), as medidas perceptivas da imagem corporal incluem a estimativa do tamanho do corpo, as técnicas de distorção da imagem e as técnicas das silhuetas. Esses métodos incluem a avaliação de uma região ou do corpo inteiro. As dimensões percebidas são normalmente comparadas com as dimensões reais medidas por ferramentas antropométricas padronizadas ou por observação objetiva. Diante do exposto, surge a pergunta norteadora para o presente estudo: qual é percepção da imagem corporal de escolares com sobrepeso e obesidade? Do mesmo modo, explana-se o objetivo da pesquisa: analisar a percepção da imagem corporal em escolares do Ensino Médio com sobrepeso e obesidade, matriculados num colégio da rede pública de um município de pequeno porte. Método Caracterização da Pesquisa Este estudo caracteriza-se como descritivo. De acordo com Thomas, Nelson e Silverman (2007) o objetivo da pesquisa descritiva é estudar características de um grupo. Os procedimentos utilizados nesse tipo de pesquisa podem ser em forma de questionários, entrevistas, estudo de casos, estudos correlacionais e levantamento normativo. Em função da análise a pesquisa caracteriza-se por uma abordagem quantitativa, pois irá envolver medidas precisas, controle de variáveis e análise estatística (THOMAS, NELSON e SILVERMAN, 2007). População e Amostra Para responder o objetivo do estudo, após realizadas as medidas de estatura e massa corporal nos 118 escolares, a amostra perfez-se de 14 participantes, estes apresentando sobrepeso e obesidade, sendo 10 do gênero masculino e 04 do gênero feminino. A faixa etária dos participantes variou entre 14 a 20 anos. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS) estar com o IMC acima de 25 a 29,9 indica sobrepeso, e acima de 30 a obesidade. Instrumento de coleta de dados O instrumento para a coleta de dados foi um questionário adaptado de Gotz e Conte (2009) constituído de questões relativas aos dados pessoais e antropométricos, além de satisfação corporal atual dos adolescentes. Para determinar o IMC foram realizadas medidas de estatura e massa corporal, e na sequência foram efetuados os cálculos de acordo com a fórmula do Índice de Quetelet: IMC = M.C/Est.². Após coletados os dados antropométricos, os escolares que foram classificados com sobrepeso e obesidade responderam a um questionário incluindo o “teste de silhuetas” referente à imagem corporal. Foi utilizada a escala de silhuetas concebidas por Stunkard, Sorensen e Schulsinger (1980), para identificar a percepção corporal que cada adolescente tem de si mesmo, conforme a figura a seguir. (STUNKARD, SORENSEN e SCHULSINGER citado por TRITSCHLER, 2003). 19 Revista Géfyra, São Miguel do Iguaçu, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012. Borella, D. R.; Storch, J. A.; Araujo, E. K. de Harnisch, G. S.; Duarte, A. C.; Frank, R.. Imagem corporal em escolares do ensino médio com sobrepeso e obesidade Figura 1: Silhuetas de Stunkard Fonte: Tritschler, 2003 Procedimento de coleta de dados significado, elaboradas categorias e quantificadas as respostas que foram apresentados em forma de gráficos e quadros. Após a autorização para a realização da pesquisa na escola, os escolares que aceitaram participar do estudo receberam uma carta convite e o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido informando seus responsáveis sobre o assunto e autorizando a participação de seus filhos. Após a autorização e assinatura do Termo de Consentimento, os escolares participaram da coleta de dados incluindo medidas de massa corporal, estatura e um questionário contendo questões fechadas e abertas com abrangência dos objetivos. Na sequência, foram realizadas as medidas com os escolares. Após a coleta dos dados antropométricos, somente as pessoas classificadas com sobrepeso e obesidade responderam o questionário. Aspectos éticos Foi realizado um primeiro contato com a diretora e com os professores de Educação Física do estabelecimento apresentando os objetivos da pesquisa, deixando-os cientes da responsabilidade da pesquisa. Concedida a autorização por parte da diretora e dos professores de Educação Física, os alunos responderam o questionário. Foram considerados todos os aspectos de proteção à confidencialidade da pesquisa, não sendo identificado qualquer indivíduo da amostra. Considerando a resolução nº 196 de 10 de outubro de 1996, do Conselho Nacional de Saúde e as determinações da Comissão de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, o respectivo estudo tem o interesse de analisar a percepção da imagem corporal em escolares do ensino médio com sobrepeso e obesidade. Análise dos dados Os dados para as questões fechadas foram tabulados e organizados por meio de quadros e gráficos no programa Excel 2010. Os resultados foram analisados por meio da freqüência absoluta seguidos da discussão a partir do referencial teórico. Para as questões abertas, foram retiradas as unidades de 20 Revista Géfyra, São Miguel do Iguaçu, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012. Borella, D. R.; Storch, J. A.; Araujo, E. K. de Harnisch, G. S.; Duarte, A. C.; Frank, R.. Imagem corporal em escolares do ensino médio com sobrepeso e obesidade Apresentação e discussão dos resultados A idade das participantes variou de 15 a 18 anos, havendo média de 16,25 anos. A diferença de idade entre os gêneros femininos e masculinos foram mínimas. No gráfico 1 observa-se os resultados sobre a percepção do próprio corpo pelos escolares a partir da escala de Stunkard. Percepção corporal atual 4.0 3.0 Masculino 2.0 Feminino 1.0 0.0 Figura 1 Figura 2 Figura 3 Figura 4 Figura 5 Figura 6 Figura 7 Figura 8 Figura 9 Gráfico 1: Percepção corporal atual dos escolares. Quanto à variável silhueta, nota-se que 04 escolares do gênero masculino percebeu sua forma corporal atual na silhueta 6 (seis). Em seguida se destaca a silhueta 5 (cinco) com 03 escolares e para as silhuetas 4 (quatro), 7 (sete) e 8 (oito) foram percebidas por apenas 01 escolar. No gênero feminino pode-se observar que 02 afirmaram estarem na silhueta 5 (cinco), 01 na silhueta 4 (quatro) e 01 na silhueta 7 (sete). Observa-se que os valores mínimos e máximos apresentaram diferença onde as meninas se classificaram entre as silhuetas 4 a 7 e os meninos entre 4 a 8. Sendo assim, pode-se considerar que nesta questão o gênero masculino sejam mais críticos com sua imagem corporal do que o gênero feminino, pois se classificaram em relação a silhuetas maiores. Com isso, pode-se perceber que os escolares não apontaram as figuras menores, isso quer dizer, que eles têm consciência de que estão acima do peso e compreende-se também, que houve marcações de figuras em nível elevado, isto deve ter ocorrido pelo fato de se considerarem maior do que realmente são. No gráfico 2 são apresentados os resultados sobre a percepção corporal desejada dos escolares. Gráfico 2: Percepção corporal desejada dos escolares. 21 Revista Géfyra, São Miguel do Iguaçu, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012. Borella, D. R.; Storch, J. A.; Araujo, E. K. de Harnisch, G. S.; Duarte, A. C.; Frank, R.. Imagem corporal em escolares do ensino médio com sobrepeso e obesidade No gráfico 2 é possível observar que as silhuetas 3 (três) a 6 (seis) foram as desejadas pelos escolares do gênero masculino, havendo 05 escolhas na silhueta 5 (cinco), 03 na silhueta 4 (quatro) e 01 nas silhuetas 3 (três) e 6 (seis). Já para o gênero feminino houve predominância nas silhuetas 1 (um) a 4 (quatro), com 01 na silhueta 1 (um) e 4 (quatro) e 02 na silhueta 3 (três). Com relação à silhueta desejada do gênero masculino, houve predominância na silhueta 5 (cinco) e para o gênero feminino a silhueta 3 (três), o que leva a entender que na média dos escolares avaliados, o gênero feminino possui o desejo de ter uma silhueta menor, enquanto o gênero masculino ter uma silhueta maior. Neste sentido, fica evidente que a maioria dos escolares, comparando-se ao gráfico anterior, apresentou desejo de reduzir o tamanho da silhueta corporal, principalmente o gênero feminino que desejaram formas corporais mais magras. Em síntese, pode-se conceber que para o gênero feminino o estereótipo de beleza atual é ter corpo esbelto e magro, seguem o ideal de beleza da boneca Barbie, que representa o ideal de magreza feminino, em contrapartida para o gênero masculino, o ideal de beleza é uma figura mais musculosa (TRICHES e GIUGLIANI, 2007). participantes do gênero masculino, 04 se encontravam satisfeitos, 04 pouco satisfeitos, 01 insatisfeito e 01 muito satisfeito. Quanto à satisfação dos escolares com sua forma corporal atual, percebeu-se que 02 escolares do gênero feminino e 05 do gênero masculino encontram-se satisfeitos, e consequentemente, 02 do gênero feminino e 05 do gênero masculino insatisfeitos. Mesmo havendo insatisfações, a maioria dos meninos não estavam preocupados com o que os outros pensavam sobre sua aparência física, apenas 2 das meninas mostravam-se preocupadas. Considerando o exposto, as silhuetas com maiores escores para forma corporal atual do gênero masculino foi 6 e 5, para o gênero feminino 5, 4 e 7 (havendo a mesma quantidade de escolha na figura 4 e 7). Pode-se dizer que os adolescentes optaram pelas figuras que apresentam uma forma corporal maior. Para a forma corporal desejada os meninos encontravam-se entre as silhuetas 5 e 4 e as meninas 3, 1 e 4. Percebe-se que houve marcações de figuras inferiores para as meninas, pois a figura 1 é extremamente magra, por outro lado, para os meninos encontravam-se normal. Com base nos dados, também foi possível constatar que os artifícios que os escolares utilizariam, utilizam ou pretendem utilizar para mudar sua forma corporal foram às práticas de atividades físicas e dietas alimentares que mais se destacaram, seguindo de remédios e suplementos. A prática de atividades físicas auxilia na melhora da força muscular, da flexibilidade, fortalecimento dos ossos e das articulações, além de perda de peso e porcentagem de gordura corporal, diminuição do colesterol total e aumento do HDL-colesterol (“colesterol bom”), auxiliando também no controle de doenças. Uma pequena mudança nos hábitos de vida é capaz de provocar uma grande melhora na saúde e na qualidade de vida (SILVA, 2009). Dessa forma, é de suma importância se tratar desse conhecimento, conscientizando os alunos sobre os benefícios da prática regular de atividades físicas e dos seus malefícios, quando feitas de forma incorreta. Quanto aos principais hábitos de atividade física dos escolares foram às aulas de Educação Física e a academia para o gênero masculino e para o gênero feminino as aulas de Educação Física e exercícios físicos. Enquanto membros da cultura ocidental, confrontados através dos meios de comunicação social, com verdadeiros modelos estéticos, que nos impõem ou criam o desejo de alcançarmos esses Considerações finais Vivemos em um mundo no qual as informações são de fácil acesso, rápidas e ao mesmo tempo efêmeras. Sendo assim, sofremos influência da indústria cultural e dos meios de comunicação, os quais se encarregam de criar desejos e reforçar imagens por meio de padrões corporais de mulheres magérrimas e homens musculosos. Decorrente disso, a imagem corporal passou a ser extremamente valorizada por muitas pessoas, principalmente jovens, pois acreditam que ter um corpo magro e definido é requisito para o sucesso. Desta forma, constituem um grupo de risco potencial para o desenvolvimento de distúrbios da imagem corporal, caracterizado pela rejeição de si e das próprias formas, pela percepção inadequada do próprio corpo e valorização das formas do corpo alheio. Com isto, teve-se a preocupação em analisar a percepção da imagem corporal em escolares do Ensino Médio com sobrepeso e obesidade. Contudo, todos os escolares do gênero feminino estavam insatisfeitas ou pouco satisfeitas com sua aparência física, porém, em relação à satisfação dos 22 Revista Géfyra, São Miguel do Iguaçu, v. 1, n. 1, jan./jun. 2012. Borella, D. R.; Storch, J. A.; Araujo, E. K. de Harnisch, G. S.; Duarte, A. C.; Frank, R.. Imagem corporal em escolares do ensino médio com sobrepeso e obesidade padrões propostos pela sociedade. Sem dúvida, o ideal de magreza é “cobiçado” por todos, e quando não se consegue atingir o corpo esperado ocorrem sentimentos de inferioridade e de baixa auto-estima. Ao longo do estudo, ficou evidente a maior preocupação com a imagem e manutenção da beleza corporal por parte do gênero feminino. Foi possível constatar que a insatisfação corporal é uma reali- dade também no gênero o masculino e que o número de transtornos alimentares nos homens vem aumentando. Espera-se que este estudo incite novos trabalhos, além de servir como ponto de partida para comparações futuras, pois é importante avaliar com mais profundidade as origens e consequências da insatisfação corporal dos adolescentes. Referências BUCARETCHI, H.A.; CÓRDAS, T. A. Anorexia e Bulimia Nervosa Uma Visão Multidisciplinar, 1. ed. São Paulo: Casa do psicólogo, 2003. CAMPAGNA, V. N.; SOUZA, A. S. L. Corpo e imagem corporal início da adolescência feminina. Boletim de Psicologia, São Paulo, v. 55, n. 124, jun. 2006. Disponível em: http://pepsic.bvsalud.org/scielo. php?pid=S0006-59432006000100003&script=sci_arttext&tlng=en. Acesso em 07 abr. 2011. DAÓLIO, J. A apresentação do trabalho do professor de educação física na escola. Revista Brasileira de Ciências do Esporte, Rio Claro, v. 15, n. 2, set. 1994. 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