Malebranche e o Ocasionalismo: entre o poder de Deus e a vontade
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Malebranche e o Ocasionalismo: entre o poder de Deus e a vontade
Malebranche e o Ocasionalismo: entre o poder de Deus e a vontade humana Aylton Fernando Andrade de Brito* * aluno de Filosofia da Universidade Estadual de Santa Cruz _______________________________________________________________________________ Malebranche (1638-1715) considerado como um dos grandes cartesianos e conhecido como o “filósofo ocasionalista”. Ele defende que somente Deus é o agente causal, e que tudo que existe no mundo só promove uma ocasião para Deus manifestar seu poder. Neste trabalho, irei tratar sobre seu sistema ocasionalista, frisando a problemática cartesiana do ponto de vista de Malebranche que envolve as relações alma-corpo e sua explicação ocasionalista, tendo como foco principal as questões que envolvem vontade humana e poder de Deus; sobre os seguintes aspectos: as leis que Deus estabeleceu e que regem nossos corpos, a vontade como uma condição para Deus manifestar seu poder, sabedoria de Deus para coordenar os movimentos dos corpos e possíveis consequências morais implicadas na aceitação da doutrina ocasionalista. Segundo Malebranche, somente leis necessárias vindas de um único legislador são capazes de manter a regularidade causal do mundo, como também, do nosso corpo. Primeiro que, tendo em vista que, não somente o poder de Deus, mas as leis que ele estabeleceu devem ser fundamento e parâmetro para qualquer vontade humana que venha se manifestar; consequentemente, que a vontade tem que estar submetida à essas leis das quais Deus estabeleceu, sendo que não existe uma relação necessária entre vontade e acontecimento. Terceiro, que, toda e qualquer ação moral humana, sendo resultante da vontade humana, não pode ter como conseqüência Deus, de qualquer mal que venha acontecer. Neste sentido, com os argumentos da teoria ocasionalista, Malebranche tenta tanto dar uma resposta sobre a questão da causalidade, quanto salvar sua apologia cristã.